A Escrita De Si Na Crônica De Clarice Lispector

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A Escrita De Si Na Crônica De Clarice Lispector UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE LETRAS E LINGÜÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEORIA LITERÁRIA AUTOBIOGRAFIA AO CORRER DA MÁQUINA: A ESCRITA DE SI NA CRÔNICA DE CLARICE LISPECTOR UBERLÂNDIA 2011 LUANA MARQUES FIDÊNCIO AUTOBIOGRAFIA AO CORRER DA MÁQUINA: A ESCRITA DE SI NA CRÔNICA DE CLARICE LISPECTOR Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Teoria Literária do Instituto de Letras e Lingüística da Universidade Federal de Uberlândia como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Teoria Literária. Área de concentração: Teoria Literária Orientadora: Profª. Drª. Joana Luíza Muylaert de Araújo UBERLÂNDIA 2011 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil. F451a Fidêncio, Luana Marques, 1985- Autobiografia ao correr da máquina [manuscrito]: a escrita de si na crônica de Clarice Lispector. / Luana Marques Fidêncio. - Uberlândia, 2011. 180 f. Orientadora: Joana Luíza Muylaert de Araújo. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Letras. Inclui bibliografia. 1. Literatura brasileira - História e crítica - Teses. 2. Crônicas brasileiras - Teses. 3. Lispector, Clarice, 1925-1977 - Crítica e interpretação - Teses. I. Araújo, Joana Luíza Muylaert de. II. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Letras. III. Título. CDU: 869.0(81)(091) Agradeço a CAPES que possibilitou a realização desse trabalho com a dedicação exclusiva que ele exigia. Agradeço ao Instituto de Letras e Lingüística da UFU na figura de seus professores, técnicos e secretários pelo auxílio durante a minha graduação em Letras e Literaturas de Língua Portuguesa. Agradeço especialmente aos professores: Aldo, Joana, Roberto, Paula, Maria Suzana, Maria Ivonete, Benice, Jackeline, Maurício, Evandro, Maura entre muitos outros. Agradeço ao DALVIM, Diretório Acadêmico do curso de Letras Vinícius de Moraes, espaço que me possibilitou, durante a graduação exercitar meus direitos de discente e trocar experiências com a comunidade do ILEEL-UFU. Agradeço à coordenação do Mestrado em Teoria Literária desse Instituto pelos dois anos de intenso trabalho e enriquecimento para a minha formação enquanto pós-graduanda, na figura de seus professores. E ao secretário deste Programa, Renato, pelos constantes auxílios. Agradeço às funcionárias da copa da Universidade pelos sete anos de café grátis. Agradeço a banca de qualificação à qual esse trabalho foi submetido quando ainda bastante incipiente. Pois foram as contribuições desses professores, Roberto Daud e Jacy A. de Seixas, que possibilitaram estabelecer os rumos seguidos nesta dissertação, sob as constantes orientações, revisões e acompanhamento da minha orientadora Joana Luíza Muylaert de Araújo. Dedico este trabalho a professora Joana Luíza Muylaert de Araújo, minha orientadora, por ter sempre se excedido nos cuidados com meu trabalho e com minha pessoa. Ao professor Roberto Daud que me tornou uma estudiosa da obra de Clarice Lispector e foi meu co-orientador nesse percurso. Ainda aos professores: Aldo Luís, Paula Arbex, Maria Suzana, Maria Ivonete, Jacy, e a todos os outros que foram responsáveis pela minha formação. Dedico este trabalho a Diego Mendonça, Marco Antônio R. Azevedo, e a minha família. Dedico este trabalho a Leon de Aguiar. E aos meus outros amigos escritores: Abraão José, Augusto Corvo S. Garcia, Danislau Tamen, Muryel de Zoppa, Tatielle C. Freitas, Dom Manoel Veronez, Aline Romani, Marillu Caixeta, Fhaêsa Nielsen, Robinson Sete, Guilherme Problema e Juliana Schorëden. Dedico este trabalho aos amigos que foram muito importantes para que eu enfim escrevesse essa dissertação de mestrado: Luma Maria, Esthefânia, Shigueo, Paulo, Renan, Flávia, Gil, Geraldo Vinícius, Ademir César Sampaio, Viviane, Bárbara, Walter Pereira Guimarães Neto. Dedico este trabalho também aos amigos: Brunão, Bruno Eliai, Felipe Dedão, Jason, Jaka, Diegão, Adriana Célia, Carol, Gustavo Todinho, Daniel Testa, Giordano Tripa, Manolo, Thalita, Fernanda, Flávio Citton, Rose, Natália, Luana Magrela, Alessandra, Gabriela Parreira, Jack Will, Elias Gram, Luciano Pereira, Carlos Eduardo Armond, Naiana, Danilo, Breilla Zannon, André PV, e ainda muitos outros que não designarei nominalmente aqui. Ultimamente têm passado muitos anos. Rubem Braga Tentar possuir Ângela é como tentar desesperadamente agarrar no espelho o reflexo de uma rosa. No entanto bastava eu ficar de costas para o espelho e teria a rosa de per si. Mas aí entra o frígido medo de ser dono de uma realidade estranha e delicada de uma flor. Clarice Lispector Todos trabalharão esse eu sem carne, Sem carne não há guerra, Leon de Aguiar RESUMO O livro A descoberta do mundo (1999) reúne crônicas de Clarice Lispector publicadas no Jornal do Brasil, de 1967 a 1973, num conjunto que se configura como espaço singular na obra clariciana. A importância dessas crônicas ainda não foi devidamente reconhecida pela historiografia e crítica literária brasileiras. Essa obra faz-se importante também para o estudo das especificidades e mesmo da versatilidade da escrita clariciana. Pois Clarice transitava entre diferentes modalidades de narrativa, alternando-se na escrita de contos, romances e crônicas e mesmo republicando contos e partes de romances em sua coluna de jornal ou o contrário. Quanto às peculiaridades da escrita cronística da autora, devemos lembrar que ela não só não se enquadra nos moldes mais tradicionais do gênero em questão como também não deixa de problematizar, enquanto mote da própria criação cronística, esse seu relutante descompasso. Sendo comum em suas crônicas a presença do questionamento sobre o próprio gênero naquilo mesmo que o constituiria: “Crônica é um relato? É uma conversa? É o resumo de um estado de espírito?” (LISPECTOR, 1999, p. 112). Ainda devemos aludir àquela acentuada preocupação de Clarice, marcante nas crônicas, e que se refere ao fato do gênero implicar, ou mesmo exigir, uma pessoalidade, uma referencialidade incômoda para a escritora, que ora confessava o desejo de se revelar autobiograficamente diante de seus leitores, ora afirmava o contrário. A descoberta do mundo (1999) responde ainda ao nosso anseio de pensar aqueles escritos, no caso a crônica, que estiveram à margem das fontes tradicionalmente privilegiadas na crítica historiográfica brasileira, mas que podem mostrar-se de grande riqueza frente ao intento de se escrever em outras chaves a história de nossa literatura. Há que se dizer ainda que a leitura dessas crônicas permite-nos refletir não apenas sobre o gênero crônica e suas especificidades, mas também sobre a autobiografia e alguns conceitos relativos à escrita de si, para assim nos posicionarmos diante de outra questão que aqui se anuncia, qual seja, a da relação das crônicas de Clarice Lispector com uma escrita de caráter autobiográfico. Palavras-chave: Clarice Lispector – literatura brasileira – gêneros – crônica – autobiografia. RÉSUMÉ A descoberta do mundo (1999) est un recueil de chroniques de Clarice Lispector – parues dans le Jornal do Brasil, entre 1967 et 1973 – qui constitue un espace singulier dans l‟oeuvre claricienne. L‟importance des ces chroniques n‟a pas encore été dûment reconnue par l‟historiographie et la critique littéraire brésiliennes. Cet ouvrage s‟impose également dans le domaine des études concernant les spécificités, voire la versatilité, de l‟écriture claricienne, une fois que sa production a toujours compris de différentes modalités narratives s‟étendant tantôt aux contes, aux romans, tantôt aux chroniques, ou à la publication de ces écrits dans le Jornal do Brasil. Quant aux particularités de l‟écriture de ses chroniques, il faudra souligner que Clarice met continuellement en question son inadaptation face au double mouvement d‟obéissance et insoumission aux contours du genre en question. Cela constitue la raison pour laquelle nous pouvons déceler dans ses chroniques la présence d‟une mise en question des composants du genre lui-même : « La chronique comprend-t-elle un récit ? Une discussion? C‟est le condensé d‟un état d‟esprit? » (LISPECTOR, 1999, p. 112). Il faut encore dire que le souci majeur de Clarice, toujours présent dans ses chroniques, se rapporte au fait que le genre comprend, ou même exige, la conception d‟un trait personnel, voire une référence bouleversante, dérangeant l‟écrivain qui avouait être guidée à la fois par un paradoxal désir de se tourner vers l‟autobiographie ou faire tout juste le contraire. A descoberta do mundo répond encore au besoin d‟analyser des écrits qui ont été en marge des sources traditionnellement privilégiées dans la critique historiographique brésilienne, mais qui peuvent constituer une grande richesse face au dessein de reécrire l‟histoire de notre littérature. La lecture de ces chroniques nous permettra de réfléchir aussi bien sur le genre et ses spécificités que sur l‟écriture autobiographique et quelques notions relatives à l‟écriture de soi, ce qui nous conduira à une autre question qui s‟ébauche dans ce travail, c‟est-à-dire le rapport entre les chroniques de Clarice Lispector et une écriture aux fondements autobiographiques. Mots-clés: Clarice Lispector – literature brésilienne – genres – chronique – autobiographie. SUMÁRIO PRÊAMBULOS ........…….………………………………………............... 13 CAPÍTULO 1 - DA ESFINGE ...........……………………………............... 21 1.1 – O enigma Clarice .................................................................................. 30 1.2 – O monumento Clarice ……..........…………………….......................
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