SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE PARANÁ GOVERNO DO ESTADO

FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título Crônica literária: o estudo e o conhecimento como uma proposta de letramento.

Autor Maria Aparecida de Sales Escola de Atuação Colégio Estadual Lourenço Filho – Ens. Fundamental e Médio Município da escola Umuarama - Paraná Núcleo Regional de Educação Umuarama - Paraná Orientador Marciano Lopes e Silva Instituição de Ensino Superior UEM - Maringá Disciplina/Área (entrada no PDE) Português - Letras Produção Didático-pedagógica Unidade Didática Relação Interdisciplinar Não há Público Alvo Alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Localização Col. Est. Lourenço Filho Ens.Fund. e Médio - Rua Brasília, nº723, Serra dos Dourados distrito de Umuarama-Paraná. A presente Produção Didática apresenta uma proposta de Apresentação: estudo sistematizada que objetiva o conhecimento da história do gênero crônica literária, as características composicionais e os autores cronistas. Paralelamente, propõe-se um breve

estudo do gênero em que a crônica se apóia, enriquecendo assim, o conhecimento do aluno e capacitando-o para identificá-la em qualquer suporte, seja ele jornal, livro didático e outros. Esse estudo tem por finalidade ampliar o conhecimento do aluno a respeito desse gênero textual muito presente em nossa sala de aula e com o qual tem pouca ou nenhuma familiaridade. Assim, acredita-se que isso já é o suficiente para justificar um estudo mais profundo, pois os alunos possuem muita dificuldade em encontrá-lo ou reconhecê-lo no jornal ou no livro didático e até mesmo diferenciá-lo de outros gêneros literários circulantes por aí. Portanto, espera-se que com esse trabalho o aluno adquira condições de produzir suas próprias crônicas Palavras-chave Crônica, história, estudo, características, cronistas.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

MARIA APARECIDA DE SALES

UNIDADE DIDÁTICA

CRÔNICA LITERÁRIA: O ESTUDO E O CONHECIMENTO COMO UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO

MARINGÁ 2011

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Maria Aparecida de Sales

Área PDE: Língua Portuguesa

NRE: Umuarama

Professor Orientador IES: Marciano Lopes e Silva

IES vinculada: UEM

Escola de Implementação: Colégio Estadual Lourenço Filho

Público objeto da intervenção: Alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, turma B do período vespertino.

SUMÁRIO

FICHA CATÁLOGO ...... 1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ...... 3 APRESENTAÇÃO:...... 6 CAPÍTULO 1 - HISTÓRIA DO GÊNERO CRÔNICA E SUAS CARACTERÍSTICAS ...... 8 OBJETIVOS ...... 8 PROCEDIMENTOS/RECURSOS ...... 9 HISTÓRIA DO GÊNERO CRÔNICA ...... 9 CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO CRÔNICA ...... 12 ATIVIDADE EXTRACLASSE ...... 13 CAPÍTULO 2 - CRÔNICA NARRATIVA ...... 14 CONTO E SUAS CARACTERÍSTICAS ...... 14 TEXTO: APÓLOGO BRASILEIRO SEM VÉU DE ALEGORIA ...... 15 ESTUDO DO TEXTO ...... 15 ...... 19 CRÔNICA 1: O HOMEM NU, FERNANDO SABINO ...... 20 ESTUDO DO TEXTO ...... 21 DISCUSSÃO SOBRE O TEXTO ...... 24 PRODUÇÃO DE TEXTO: CRÔNICA NARRATIVA ...... 24 PARA SABER UM POUCO MAIS SOBRE FERNANDO SABINO ...... 24 CAPÍTULO 3 – CRÔNICA POEMA-EM-PROSA ...... 25 GÊNERO LÍRICO ...... 26 TEXTO: UM POEMA DE MANUEL BANDEIRA ...... 27 GÊNERO ARGUMENTATIVO ...... 29 TEXTO: UM ARTIGO DE OPINIÃO ...... 29 ESTUDO DO TEXTO ...... 30 ...... 32 CRÔNICA 2 - ELA TEM ALMA DE POMBA, RUBEM BRAGA...... 34 ESTUDO DO TEXTO ...... 34 DISCUSSÃO SOBRE O TEXTO ...... 36 PRODUÇÃO DE TEXTO: CRÔNICA POEMA-EM-PROSA ...... 38 PARA SABER UM POUCO MAIS SOBRE RUBEM BRAGA ...... 38 CAPÍTULO 4 – CRÔNICA COMENTÁRIO OU CRÔNICA INFORMATIVA ...... 39 GÊNERO NOTÍCIA ...... 39

TEXTO NOTÍCIA ...... 39 ESTUDO DO TEXTO ...... 41 SÉRGIO PORTO ...... 43 CRÔNICA 3: O REPÓRTER POLICIAL, STALISLAW PONTE PRETA ...... 44 ESTUDO DO TEXTO ...... 45 PRODUÇÃO DE TEXTO: CRÔNICA COMENTÁRIO ...... 47 PARA SABER UM POUCO MAIS SOBRE SÉRGIO PORTO ...... 47 CAPÍTULO 5 – CRÔNICA METAFÍSICA OU REFLEXIVA ...... 48 REFLEXÃO FILOSÓFICA...... 48 TEXTO: O ÚLTIMO DISCURSO ...... 49 ESTUDO DO TEXTO ...... 49 MACHADO DE ASSIS ...... 50 CRÔNICA 4: UM CASO DE BURRO, MACHADO DE ASSIS ...... 52 ESTUDO DO TEXTO ...... 53 PRODUÇÃO DE TEXTO: CRÔNICA FILOSÓFICA ...... 56 PARA SABER UM POUCO MAIS SOBRE MACHADO DE ASSIS ...... 56 CRÔNICA 5: O MANDACARU NA SALA DE JANTAR ...... 57 ESTUDO DO TEXTO ...... 57 PRODUÇÃO DE TEXTO: CRÔNICA REFLEXIVA ...... 59 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES ...... 59 AVALIAÇÃO/CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS ...... 61 REFERÊNCIAS ...... 63 REFERÊNCIA DE IMAGENS ...... 65

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APRESENTAÇÃO

Esta Unidade Didática é parte integrante do projeto de Intervenção Pedagógica na Escola e apresenta como proposta um trabalho sistematizado de estudo visando o conhecimento da história gênero textual crônica literária e suas características. Assim a elaboração cuidadosa desse material e as atividades aqui propostas permitirão ao aluno um conhecimento embasado em teoria e pesquisa do gênero em estudo, com o objetivo de ampliar o conhecimento a respeito desse gênero textual muito presente em nossa sala de aula e com o qual o educando tem pouca ou nenhuma familiaridade. Em função do pouco contato com esse gênero tão peculiar, o aluno acaba encontrando dificuldade em reconhecê-lo ou até diferenciá-lo de outros gêneros literários circulantes. Objetivando melhorar e aprofundar o conhecimento do aluno a respeito da crônica, propõe-se a elaboração desse material para ser estudado junto aos alunos do 9º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Lourenço Filho em Serra dos Dourados, distrito de Umuarama - PR. O material elaborado integra atividades sistematizadas que discorrem sobre a estrutura geral do gênero, análise e interpretação de textos de autoria dos cronistas em estudo, pesquisa e atividades práticas como a produção de texto. O presente material constitui-se em uma atividade estruturada em capítulos. O capítulo que inicia esta unidade é composto por um texto de fundamentação teórica que aborda a história e as características do gênero em estudo. Os demais capítulos apresentam uma breve bibliografia dos autores estudados: Fernando Sabino, Rubem Braga, Sérgio Porto, Machado de Assis e Arnaldo Jabor, juntamente com um texto de suas autorias, atividades que exploram a estrutura do gênero e questões de compreensão sobre o tema. Paralelamente a esse estudo propõe-se um breve estudo do gênero em que a crônica estudada se apoia. Em todos os capítulos serão criadas condições para a produção de texto e nesse momento específico do estudo, o aluno receberá instruções e até sugestões de como melhorar e aperfeiçoar o texto por meio da revisão e da reescrita. Desse modo acredita-se que o estudo e o conhecimento fundamentado que será oferecido ao aluno possa contribuir de forma significativa para o seu aprendizado. Além disso, o aluno terá outras informações relacionadas ao estudo – indicações de textos e livros de literatura, páginas da internet, filmes – para que de acordo com o interesse de cada um ou da turma, possam ser 7 encontradas com maior facilidade. Essa indicação é importante porque possibilita o aluno ter maior quantidade de informação sobre o assunto abordado de modo a ampliar seu conhecimento e despertar seu senso critico e estético.

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CAPÍTULO 1 - História do gênero crônica e suas características

Este capítulo tem por objetivo enriquecer o conhecimento do aluno

a respeito do gênero textual crônica literária com base numa

fundamentação teórica, fornecendo-lhes subsídios para entender o

seu hibridismo e suas características. Questões para verificação e

ativação de conhecimentos prévios e adaptadas de acordo com os

objetivos que se deseja atingir, que são levar o aluno a conhecer a

história da crônica literária para construir um conceito para o

gênero e ser capaz de reconhecê-lo em qualquer suporte.

Objetivos

Estudar a história do gênero textual crônica literária buscando informações para entender seu hibridismo, isto é, a transformação de um gênero em outro ou a mistura de dois gêneros para se formar outro. Entender como as crônicas saíram dos jornais e foram parar em livros de literatura e nos livros didáticos. Conhecer a biografia dos cronistas para compreender suas crônicas e o contexto em que as mesmas foram produzidas. Verificar como alguns escritores cronistas fazem para transpor episódios do cotidiano para comover o leitor usando as palavras de forma artística e pessoal, fazendo assim da crônica uma arte literária. Verificar como os cronistas constroem seus personagens e recriam os ambientes incorporando em seus textos fatos histórico - sociais ou acontecimentos cotidianos.

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Procedimentos/Recursos:

Levantamento do conhecimento prévio sobre o tema: apresentar o título, levantando hipóteses sobre o possível assunto, motivando-o por meio de perguntas como: O que é uma crônica? Você leu alguma nesses últimos dias? Qual? Quem era seu autor? Você conhece algum cronista brasileiro? Qual? Em que lugar as crônicas são veiculadas? Onde podemos encontrá-la?Como é a estrutura da crônica? Que elementos caracterizam um texto conhecido como crônica? Apresentar aos alunos material impresso com informações que respondam aos questionamentos levantados. Explanação sobre o contexto histórico-social da crônica e suas características. Apresentar aos alunos material impresso com informações pertinentes ao assunto abordado. Fazer levantamento de elementos empregados pelo escritor que em muitas vezes revela o período histórico-social em que se situa o texto e, ainda o modo como o cronista incorpora ao seu texto características da cultura local em que viveu ou vive. Propor pesquisa para aprofundar conhecimento sobre um assunto que estiver relacionado ao contexto de produção da crônica. Analisar crônicas dos autores: Machado de Assis, Fernando Sabino, Rubem Braga e Sérgio Porto fazendo um contraponto entre os textos desses cronistas.

História do gênero crônica

A palavra Gênero vem do latim Generu, que significa família; ou seja, agrupamento de indivíduos ou seres que têm características comuns.

Portanto, os gêneros literários são agrupados por suas semelhanças. É da

Antiguidade Clássica a primeira classificação dos textos literários.

A palavra crônica que conhecemos hoje tem sua origem na palavra grega khronus (tempo) e designava relato de acontecimentos na ordem cronológica. Assim 10 a crônica é um gênero textual que existe desde a Idade Média e vem se modificando ao longo do tempo. Naquele tempo, os cronistas relatavam acontecimentos históricos, principalmente aqueles relacionados às pessoas importantes como reis, imperadores e generais. Com o surgimento da imprensa os grandes acontecimentos históricos começaram a aparecer no jornal, dando conta também da vida social, dos costumes, da política, em fim fatos do cotidiano da sociedade, que ao serem registrados, davam-se a eles uma narrativa em primeira ou terceira pessoa, assim como quem conta um caso. Nesse contexto, nasce a crônica, que passa também a ser registrada em revistas e folhetins. Assim, a crônica como a conhecemos hoje teve origem no folhetim francês do século XIX, espécie de almanaque, que ficava na parte baixa do jornal, onde tinha pouco ou nenhum valor. Mas na segunda metade do século XIX o folhetim deixa de ser relegada ao segundo plano e passa a ser chamado de crônica, portanto foi nessa época em 1852 que a crônica apareceu pela primeira vez na imprensa brasileira

A crônica brasileira começou com Francisco Otaviano, no Jornal Commercio do (2 de dezembro de 1852), e a ele se seguiram José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis, Araripe Júnior, Raul Pompéia, Coelho Neto, Olavo Bilac, Humberto de Campos, Constâncio Alves, Álvaro Moreyra, João do Rio, Henrique Pongetti, Genolino Amado, Manuel Bandeira, Ribeiro Couto, Carlos Drummond de Andrade, Eneida, Peregrino Júnior, Rubem Braga, Raquel de Queiroz, Elsie Lessa, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Ledo Ivo, José Carlos Oliveira, Carlos Eduardo Novaes e outros (COUTINHO, 2008, p.106).

A diversidade de crônicas é grande, Coutinho (2008) classifica assim, as crônicas: a) A Crônica Narrativa é aquela que conta uma história, ou seja, ―se aproxima do conto contemporâneo‖, Fernando Sabino é um exemplo de cronista narrativo. b) A Crônica metafísica possui conteúdo filosófico, ou seja, faz uma reflexão sobre o cotidiano humano. Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade são dois exemplos clássicos. c) A Crônica poema-em-prosa é aquela tem um ―conteúdo lírico‖, Manuel Bandeira e Rubem Braga são exemplos. d) A Crônica- comentário mostra os fatos juntamente com comentários a respeito do mesmo, José de Alencar, Machado de Assis, Lourenço Diaféria, Sérgio Porto e outros podem ser 11 considerados exemplos. e) A Crônica informação divulga um fato permeado de pequenos comentários a exemplo da anterior, porém menos pessoal. As literaturas pesquisadas mostram que a crônica como a conhecemos hoje é um texto curto e leve, no qual os cronistas empregam trechos de diálogos permeados de expressões cotidianas e, assim, vai escrevendo como quem conversa com seus leitores. Como se estivessem bem próximos, os cronistas também cercam os seus leitores com opiniões sobre costumes, política, economia e outros assuntos, às vezes de uma forma leve e cheia de humor e outras vezes mais séria e irônica, mas nunca deixando de imprimir-lhes um caráter poético, esse aspecto, indica assim, um caráter literário. Apesar de ser um gênero de difícil conceituação, é muito importante deixar claro que um bom trabalho com o gênero textual crônica em sala de aula é o caminho para o refinamento do olhar do aluno para observação do cotidiano, podendo, assim contribuir de maneira significativa para o ensino e aprendizado de literatura. O estudo proposto pode até funcionar como um ótimo recurso para o estímulo da leitura de crônicas. A crônica foi utilizada por Machado de Assis como meio para se comunicar com os seus leitores, entre 1859 e 1900. Ao longo de sua intensa trajetória como jornalista/cronista, Machado escreveu também sobre a própria atividade.

Em crônica de 30 de outubro de 1859, Machado de Assis, definindo o folhetim e o folhetinista, deu as características da crônica, tal como hoje a entendemos. Aliás, no fundo o folhetim era outro nome para a crônica, denominação esta que veio a prevalecer. Venceu e generalizou-se. Mostra Machado que o folhetinista é originário da França, espalhando-se graças ao grande veículo que é o jornal. (COUTINHO, 2008, p. 104).

Ao focar o cotidiano, o cronista enquadra na sua lente muitas coisas miúdas que acontecem simultaneamente, mas em meio a tantas frivolidades, apenas uma é capaz de chamar sua atenção e é esta que será compartilhada com o leitor com o objetivo de despertar nele emoções e sensações nunca sentidas antes. Portanto, esses ajustes especiais que o cronista dá aos acontecimentos corriqueiros, interessam o leitor para a leitura do texto. 12

A título de reforço: ―O cronista é um solitário com ânsia de comunicar-se. Para utilizar-se literariamente desse meio vivo insinuante, ágil, que é a crônica‖ (COUTINHO, 2008, p. 106). O jornal, que para alguns estudiosos do assunto, é considerado como o primeiro suporte onde se originou a crônica, tem como característica a duração de um dia, isto confere à crônica uma vida curta e breve, mas, o que a salva do completo esquecimento é a sua literaridade. Portanto, só a literatura pode garantir à crônica sua sobrevivência. Segundo o crítico Jorge de Sá

Assim quando a crônica passa do jornal para o livro, amplia-se a magicidade do texto, permitindo ao leitor dialogar com o cronista de forma bem mais intensa, ambos agora mais cúmplices no solitário ato de reinventar o mundo pelas vias da literatura (SÁ ,2008 p.86).

Em suma, a diversidade de apreensões do cotidiano aproximam a crônica do dia a dia, deixando-a bem perto da gente. Com base nisso entendemos que um bom trabalho com o gênero textual crônica em sala de aula pode contribuir de maneira significativa para o ensino de língua portuguesa e literatura.

Características do gênero crônica

Na esfera literária o gênero escolhido para estudo possui várias características. A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto, narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor parece "dialogar" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. A versatilidade da crônica é vasta, pois encontramos nela aspectos tipológicos diversos como narrar, comentar, descrever, analisar, argumentar e relatar. Por se tratar de um gênero textual híbrido – mescla literário/jornalístico padrão informal em linguagem informal, próxima do leitor. Partindo do que foi exposto, podemos concluir ainda que a crônica é um gênero peculiar e apresenta as seguintes características: O texto é breve. 13

Possui como marca a subjetividade do autor. Apresenta diálogo com o leitor (dialogismo). A linguagem predominante é informal ou coloquial, bem próxima da oralidade Explora o humor. É construída a partir de fatos colhidos no noticiário jornalístico ou no cotidiano. É escrita para ser veiculada em jornais e revistas, por isso a linguagem oscila entre a dos textos literários e a dos textos informativos. Apresenta linguagem clara, objetiva e com marcas da oralidade. Via de regra é publicada originalmente em jornais e revistas (impressos ou online), somente depois sendo transpostas para livros aquelas que se apresentam menos ―datadas‖, ou seja, que conseguem manter-se atuais, capazes de serem compreendidas e manterem o interesse do leitor para além do momento em que foram criadas.

ATIVIDADE EXTRACLASSE

Propõe-se a pesquisa e coleta de textos do gênero em estudo,

objetivando enriquecer o conhecimento do aluno a respeito da

crônica. Já nos primeiros encontros, o aluno receberá orientações de

como realizar a pesquisa e em quais suportes elas poderão ser

encontradas. O passo seguinte é a análise e estudo dos textos

pesquisados. Logo o que se espera é que o aluno tenha retido

informações suficientes ao que diz respeito às especificidades do

gênero, tema, modo composicional (estrutura), estilo (uso da língua),

sem se esquecer de estar observando sempre aspectos da situação de

produção, autor, interlocutor, finalidade do texto, esfera de

ciculação e suporte.

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CAPÍTULO 2 – Crônica narrativa

Neste capítulo, o aluno terá a oportunidade de conhecer a Crônica

narrativa que é aquela que conta uma história, ou seja, “se aproxima

do conto contemporâneo”, Fernando Sabino é um exemplo de cronista

narrativo. Para estudo das características da crônica narrativa

propõe-se o estudo paralelo do gênero conto no qual a crônica

narrativa se apoia.

Conto e suas características

O conto é a designação da forma narrativa de menor extensão e se diferencia do romance e da novela não só pelo tamanho, mas por características estruturais próprias. (SOARES, p.53-54). O conto é um texto ficcional. O conto cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Para Massaud Moisés, 1982, ―o conto conhece sua época de maior esplendor no século XIX, nesse período torna- se nobre e passa a ser largamente cultivado ao lado de outras produções poéticas. A modalidade de narrar ganha estrutura e características compatíveis com seu desenvolvimento histórico, a partir de então publicam-se dezenas e dezenas de exemplares de conto, cresce o número de contistas e o conto passa a dividir espaço com o romance‖. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, porém, diversamente do romance e da novela, tem pequena extensão, poucos personagens, apresenta apenas um drama (um conflito), tem espaço e tempo restritos e a história narrada inicia próximo ao clímax (momento de maior tensão). Todas estas características o tornam um gênero conciso (condensado) e contribuem para que apresente uma alta densidade dramática.

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Você vai ler um conto escrito por Alcântara Machado (1901-1935),

consagrado como uma das figuras mais expressivas do movimento

modernista. Sua obra destacou-se pela vivacidade da linguagem,

novidade do estilo, fidelidade na reprodução dos tipos e costumes

paulistas, bem como pela sátira acirrada e certeira com que

alvejava os nossos ridículos.

Texto: Apólogo brasileiro sem véu de alegoria

O trenzinho recebeu em Magoari o pessoal do matadouro e tocou para Belém. Já era noite. Só se sentia o cheiro doce do sangue. As manchas na roupa dos passageiros ninguém via porque não havia luz. De vez em quando passava uma fagulha que a chaminé da locomotiva botava. E os vagões no escuro. Trem misterioso. Noite fora noite dentro. O chefe vinha recolher os bilhetes de cigarro na boca. Chegava a passagem bem perto da ponta acesa e dava uma chupada para fazer mais luz. Via mal e mal a data e ia guardando no bolso. Havia sempre uns que gritavam: — Vai pisar no inferno!

MACHADO, Alcântara. Apólogo brasileiro sem véu de alegoria. Disponível em: Acesso em 20 de ago. de 2011.

Estudo do texto

1. Use o dicionário para encontrar o significado das seguintes palavras do texto: a) Ignara______b) magarefe______c) façanhas______d) taioca______16 e) surrupiada______f) motim______O conto intitula-se ―Apólogo brasileiro sem véu de alegoria‖. Esse título, à primeira vista pode causar estranheza ao leitor. Para compreendê-lo, conheça os significados das palavras apólogo e alegoria.

Apólogo: narrativa curta, às vezes confundida com a fábula e a

parábola, devido à moral explicita ou implícita. Quanto aos

personagens: o apólogo é protagonizado por objetos inanimados, a

fábula por animais, e a parábola por seres humanos.

Alegoria: consiste na expressão ou concretização do pensamento

abstrato por meio de imagens que o tornem concreto. Exemplo: a

idéia de justiça é abstrata, porém a imagem da mulher de toga, com

venda nos olhos, segurando uma balança em uma mão e a espada

na outra, lhe torna palpável, concreta. As ideias de igualdade e

equilíbrio no julgamento são representadas pela balança e pela

venda nos olhos; a ideia de que a justiça é sábia é representada pela

figura da mulher, que é a deusa Atenas (ou Minerva). A espada

representa a força, o poder, que em alguns casos é representado pelo

fato de ela estar sentada em um trono ao invés de estar segurando a

espada.

1. Qual a história contada? Resuma os fatos que compõem a ação narrada? ______2. Qual o cenário em que se desenrola a história? ______17

______3. Que fato provocou o desenrolar dos acontecimentos descritos no texto? ______4. Quantos personagens participam da ação apresentada no texto? Quem são eles? ______5. Em que momento surge o conflito da história? Que fato o desencadeia? Em outras palavras: que fato provocou o desenrolar dos acontecimentos descritos no texto? Explique. ______6. Releia: ―Porém aconteceu que no dia seis...‖. Esse parágrafo do texto foi iniciado pela conjunção porém. Essa conjunção estabelece uma relação de oposição. Faça uma leitura atenta ao texto e depois conclua porque esse termo foi empregado. ______7. Em que passagem do texto ocorre o clímax, ou seja, o momento de maior tensão da história? Explique. ______8. Qual o desfecho (epílogo ou conclusão) da história? ______9. O tempo nesse conto não está claro, a única referência que temos é a que diz respeito ao período do dia em que a viagem acontecia. Qual é esse período? ______10. No conto o narrador participa da história ou simplesmente conta a história estando fora dela? Qual o nome dado a esse tipo de narrador? ______18

______11. Quando o trem chegou a Belém a confusão finalmente acabou. Observe: ―Em dois tempos os vagões se esvaziaram‖. O que isto nos revela quanto à atitude dos passageiros? Explique. ______12. Nota-se que enquanto o cego esbravejava, os passageiros dentro do ônibus mostravam-se conformados com a falta de luz. A atitude do cego estava coerente com sua condição? Explique. ______13. Os últimos parágrafos nos apresentam o desfecho da narrativa. Neles aparecem o delegado e um dos passageiros. Quem era esse passageiro e como o delegado entendeu a sua declaração? Analise. ______14. Podemos retirar alguma moral (algum ensinamento) da história narrada? Explique. ______15. O conto pode ser interpretado como sendo um apólogo ou seria mais adequado considerá-lo como uma parábola? Explique. ______16. O conto ―Apólogo brasileiro sem véu de alegoria‖ apresenta quais características do gênero conto? Justifique. ______19

Agora, você vai conhecer a bibliografia do escritor Fernando Sabino, considerado um dos mais importantes cronistas da contemporaneidade, O homem nu é uma crônica escrita por ele em

1960.

Fernando Sabino

Imagem 1: Fernando Sabino

Fernando Tavares Sabino nasceu em Belo Horizonte em 12 de outubro de 1923. Começou sua carreira literária muito cedo, ainda no ginásio já escrevia para o jornal do colégio e vencia inúmeros concursos literários. Aos 17 anos, ingressou na Faculdade de Direito e publicou seu primeiro livro a coletânea de contos Os “Grilos não Cantam Mais”, sendo que alguns desses contos foram escritos quando Fernando Sabino tinha apenas quatorze anos. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1944. Depois de se formar em Direito na Faculdade Federal do Rio de Janeiro em 1946, viajou com Vinícius de Moraes aos Estados Unidos da América, onde morou por dois anos e trabalhou no Consulado Brasileiro. Fernando Sabino tornou-se colaborador regular do jornal Correio da Manhã onde conheceu Vinícius de Moraes de quem se tornou amigo. Uma de suas obras mais conhecidas ―O encontro marcado‖ foi lançada em 1956, ganhando 20 edições até no exterior, além de ser adaptada para o teatro. Em 1957 Sabino decidiu então viver exclusivamente como escritor e jornalista. Iniciou uma produção diária de crônicas para o Jornal do Brasil e escrevia mensalmente também para revistas. Em 1964, é contratado por João Goulart para trabalhar em Londres, a permanência na Inglaterra o fez correspondente da Copa de 66 para o Jornal do Brasil. Fernando Sabino teve uma vida literária muito produtiva, em 80 anos de vida, somou mais de quarenta anos de obras literária entre elas estão as mais conhecidas: A Vida Real (1952) O encontro marcado - romance (1956), O Homem nu - crônicas (1960), A mulher do vizinho - crônicas (1962), O Grande Mentecapto - romance (1979), O Menino no Espelho - romance (1982), O Gato Sou Eu - crônicas (1983), A Faca de Dois Gumes (1985), A Volta por Cima (1990), Com a Graça de Deus (1994), A nudez da verdade – novela (1994), Com a graça de Deus - leitura fiel do Evangelho (1995), Um corpo de mulher - novela (1997), Amor de Capitu - recriação literária (1998), Cartas perto do coração - correspondência com Clarice Lispector (2001), Cartas na mesa - correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino (2002), Os caçadores de mentira - história infantil (2003), Os movimentos simulados – romance (2004). Em julho de 1999 Fernando Sabino recebe da Academia Brasileira de Letras o prêmio "Machado de Assis" pelo conjunto de sua obra. Fernando Sabino morreu vítima de câncer no fígado, no dia 11 de outubro de 2004 às vésperas de completar 81 anos, o escritor lutava contra a doença desde 2002. O corpo de Sabino foi sepultado na manhã do dia 12 de outubro, ao som de canções de jazz, no cemitério São João Baptista, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro.

Biografia Fernando Sabino Disponível em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Sabino> Acesso em 16 de jul. de 2011.

Crônica 1: O homem nu

Ao acordar, disse para a mulher: — Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, 21 estou a nenhum. — Explique isso ao homem — ponderou a mulher. — Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.

SABINO, Fernando. O homem nu. Disponível em: http://www.releituras.com/fsabino_homemnu.asp> Acesso em 18 de jul. de 2011.

Estudo do texto

1. Substitua a palavra destacada por outra de significado equivalente. Para isso consulte o dicionário. a) ―— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir...‖ ______b) ―E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha‖. ______c) ―Refugiado no lanço da escada entre os andares...‖ ______2. A crônica narrativa é quase sempre um texto curto, com poucas personagens, situações do dia-a-dia, tempo e espaço limitados. a) Quais são as personagens envolvidas na história? ______b) Onde acontecem os fatos narrados? ______c) Qual é aproximadamente o tempo de duração desses fatos? ______d) Qual é o tipo de narrador na crônica ―O homem nu‖? Justifique com trechos do texto. ______3. Que tipo de variedade lingüística é adotado na crônica: a variedade padrão formal 22 ou a variedade padrão informal? Justifique sua resposta com um trecho do texto. ______4. A crônica estudada possui características próprias de um texto narrativo. Sublinhe essas características:

personagem rimas narrador espaço estrofes reflexão tempo limitado um fato ações subjetividade desfecho clímax

5. Existe uma relação entre a situação vivida pelas personagens da crônica e a de nosso dia-a-dia? Justifique. ______6. Esta crônica chama a atenção do leitor? Justifique ______7. Por que o homem ficou nu? ______8. Por que a mulher não abriu a porta do apartamento quando a campainha tocou? ______9. Por que a vizinha gritou que o padeiro estava nu? ______10. No quarto parágrafo do texto, o homem afirma: ―— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago‖. Qual sua opinião a respeito dessa atitude do homem? Comente. ______11. Releia: ―Ao acordar, disse para a mulher‖ 23 a) A expressão ao acordar, marca o tempo na narrativa. Busque no texto outras expressões. ______12. O termo da oração que revela o interlocutor, ou seja, a quem o autor ou algum personagem dirige a palavra, recebe o nome de vocativo. Exemplo: ―— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu‖. Identifique no texto outros exemplos de vocativo. ______13. ―Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro [...]‖.

Assinale a alternativa que explica o sentido do trecho sublinhado. a)( ) Expressa uma consequência. b)( ) Indica uma causa. c)( ) Estabelece uma comparação.

14. Para recompor resumidamente a história da narrativa, enumere as ações conforme a sequência cronológica dos acontecimentos. a)( ) A porta do apartamento se fecha, deixando o homem para fora. b)( ) O marido pega o embrulho do pão. c)( ) Os vizinhos vão ver o que se passava. d)( ) O marido põe a água para esquentar. e)( ) O marido entra no elevador e aperta o botão de emergência. f)( ) A mulher vai para o banho. g)( ) O homem e a mulher decidem fingir que não estão em casa. h)( ) O elevador começa a subir. i)( ) O marido tira a roupa para tomar banho. j)( ) O marido toca a campainha do apartamento. l)( ) O cobrador da televisão bate à porta. m)( ) A mulher abre a porta. 24

Discussão sobre o texto

1. Considere essa informação: ―Um homem ao sair nu para pegar o pão na porta de seu apartamento é surpreendido por uma rajada de vento que faz sua porta bater, deixando-o preso, totalmente nu, do lado de fora, somente com o pão nas mãos para esconder sua nudez. Sem saber o que fazer ele sai correndo em disparada para a rua...‖. Você acha que na realidade é possível nos acontecer situação semelhante à vivenciada pela personagem principal desse texto? Justifique sua resposta. ______

Produção de texto: crônica narrativa

1. Chegou o momento de você estrear no papel de escritor de crônica narrativa e ―registrar o circunstancial‖ Escreva sua crônica nos moldes dos textos estudados nesse capítulo. Escreva sua crônica, observando se ela apresenta os elementos narrativos básicos; se o texto ficou curto e leve; se é divertido; se a linguagem empregada é a variedade linguística padrão formal ou se é mais informal. Escreva uma crônica que possa provocar no leitor a vontade de lê-la até o fim.

Para saber um pouco mais sobre Fernando Sabino

Fernando Sabino. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=on66qzbsnBM 25

A vida e a obra de Fernando Sabino. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=kF7IU7yCTZw&feature=related

Você também pode ler outros textos sobre o assunto estudado:

Os cem melhores contos brasileiros do século. Ítalo Moriconi. Objetiva. Antologia escolar de ouro — Contos brasileiros. Vários autores. Ediouro. Criança dagora é fogo. Carlos Drummond de Andrade. Record. Deixa o Alfredo falar. Fernando Sabino. Record.

CAPÍTULO 3 – Crônica poema-em-prosa

Neste capítulo o aluno terá a de oportunidade de conhecer a

estrutura e as características da Crônica poema-em-prosa. Algumas

dessas crônicas são verdadeiros poemas, só que escritos em prosa em

vez de verso. Este é um tipo de texto que contribui muito para soltar

a imaginação e as ideias empregando uma linguagem poética. Para

este capítulo do projeto foi selecionado o cronista Rubem Braga,

considerado um dos maiores cronistas brasileiros, escreveu crônicas

tão carregadas de poeticidade e de subjetividade que muitos críticos

consideram seus textos verdadeiros poemas escritos em prosa. A

crônica escolhida Ela tem alma de pomba é um texto que possui

características predominantemente argumentativas. Para

estabelecer um contraponto entre as características do gênero em

que a referida crônica se apóia, foram selecionados dois textos um 26

poético e outro argumentativo. Assim este capítulo também

contempla atividades de estudo do vocabulário, atividades de análise

textual que explora a estrutura dos gêneros aqui estudados,

atividades linguísticas, questões de compreensão sobre o tema e

produção de texto.

Gênero lírico

A palavra lírico vem do latim, que significa lira; instrumento musical usado para acompanhar as canções dos poetas da Grécia antiga. Daí a denominação de "líricos". Originalmente os textos acompanhados ao som da lira possuíam um acentuado teor de emoções e de sentimentos. O gênero lírico usa a função emotiva ou expressiva da linguagem (sentimentos e emoções). As características do gênero lírico são: subjetividade (visão pessoal e particular do mundo expressa na primeira pessoa), ilogismo (resultante da quebra das normas linguísticas), musicalidade em função do uso da rima, do ritmo, figuras de linguagem, verso livre (mais solto e distante das regras tradicionais).

Agora, você vai ler um poema escrito por Manuel Bandeira (1886 –

1968), poeta, contista, cronista e historiador literário. Seus poemas

são caracterizados por vários fatos de vida e episódios do cotidiano,

escritos com amargura, humor e até ironia. Poema é um texto que

explora a subjetividade do “eu” lírico, como sentimentos e emoções.

Emprega também recursos como a rima, o ritmo e figuras de

linguagem.

27

Texto: um poema de Manuel Bandeira

A estrela

Vi uma estrela tão alta, Vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo Na minha vida vazia.

BANDEIRA, Manuel. A estrela. Disponível em: Acesso em 20 de jul. de 2011.

Estudo do texto

1. Use o dicionário para encontrar o significado do verbo Luzir, que aparece conjugado duas vezes no poema, e transcreva-o abaixo: ______2. Assim como as linhas dos textos em prosa agrupam-se em parágrafos, os versos dos poemas agrupam-se em estrofes. Cada estrofe é separada da seguinte por um espaço em branco. a) Quantos versos há no poema ―A estrela‖? ______a) Quantas estrofes e quantos versos por estrofe há no poema de Bandeira? ______3. Nos poemas, a sonoridade é muito importante. A rima é um dos recursos sonoros mais usados. Que palavras rimam no poema? Copie-as abaixo indicando qual rima com qual. ______28

______4. Marque com um (X) os recursos empregados no texto que o caracterizam como poético: a) ( ) Versos, descrição, argumentos. b) ( ) Descrição, rimas, diálogos e ação de personagens. c) ( ) Rimas, estrofes, linguagem figurada. d) ( ) O fato de ser assinado por um poeta.

5. Além da rima, outro recurso sonoro empregado é o ritmo. Uma das formas de se obter ritmo é repetir o mesmo som a intervalos regulares. Aponte estas repetições no poema e discuta onde o ritmo é mais acentuado? ______6. Nos poemas existe uma voz que exprime seus sentimentos e que não deve ser confundida com o autor. Essa ―voz‖ recebe o nome de ―eu‖ lírico. Sobre ele, pergunta-se: a) No poema A estrela quem é o eu lírico? Como podemos descrevê-lo? ______b) Que elemento comum caracteriza o eu lírico e a estrela? Justifique sua resposta com versos das primeiras estrofes. ______c) O ―eu‖ lírico às vezes se manifesta de forma subjetiva, com verbos ou pronomes na primeira pessoa. Outras vezes prefere guardar maior distância do tema exposto, usando a terceira pessoa. No poema, qual foi a forma usada pelo eu lírico? Justifique sua resposta com exemplos retirados do poema. ______7. Paradoxo é uma figura que se forma a partir da associação de ideias ou conceitos que resulta em contradições. Que versos do poema contêm um paradoxo e reforçam 29 o caráter melancólico do poema? Explique esse paradoxo. ______

Gênero argumentativo

Artigo de opinião é um texto argumentativo publicado em jornais ou

revistas. O autor do texto apresenta seu ponto de vista sobre

determinado tema e o defende com argumentos. Para articular as

ideias, usam-se operadores argumentativos como: portanto, mas,

além disso, contudo, portanto, etc. Para exemplificar o gênero, você

vai ler um texto argumentativo escrito por Rosely Sayão psicóloga,

escritora de livros com temas relacionados à família, à educação e à

sexualidade, e ainda atua como consultora em educação e escreve

semanalmente um artigo no jornal Folha de S. Paulo.

Texto: um artigo de opinião

Queremos a infância para nós

O mundo anda bem atrapalhado: de um lado, temos crianças que se comportam, se vestem, falam e são tratadas como adultos. Do outro, adultos que se comportam, se vestem, falam e são tratados como crianças. Pelo jeito, infância e vida adulta têm hoje pouco a ver com idade cronológica. Não é preciso muito para observar sinais dessa troca: basta olhar as pessoas no espaço público. É corriqueiro vermos meninas vestidas com roupas de adultos, inclusive sensuais: blusas e saias curtas, calças apertadas, meia-calça e sapatos de salto. E pensar que elas precisam é de roupa folgada para deixar o corpo explodir em movimentos que devem ser experimentados... Mas sempre há um traço 30 que trai a idade: um brinquedo pendurado, um exagero de enfeites, um excesso de maquiagem etc.

SAYÃO, Rosely. Queremos a infância para nós. Disponível em: Acesso em 21 de ago. de 2011.

Estudo do texto

1. Consulte o dicionário e descubra o significado das palavras abaixo: a) amuleto______b) ícones______c) estridente______

2. Um artigo de opinião apresenta uma estrutura que apresenta, por ordem: 1) a introdução, onde geralmente a opinião do autor é explicitada; 2) o desenvolvimento, onde se apresentam os argumentos que justificam o seu ponto de vista, isto é, explicam porque pensam daquela forma, 3) a conclusão, onde se realiza a retomada dos argumentos com o objetivo de resumi-los, assim concluindo a discussão do texto. A conclusão também pode apresentar um argumento mais forte para convencer o leitor, deixar uma sugestão de reflexão ou propor uma ação concreta para a solução do problema exposto. Agora, com base nestas informações, indique o início e o fim de cada parte estruturante do texto de Rosely Sayão. a) Introdução ______b) Desenvolvimento ______31 c) Conclusão ______3. Como foi dito antes o texto que você acabou de ler é um artigo de opinião, no qual a autora tem o objetivo de expor uma opinião a respeito de um tema e defendê-la com argumentos. Pergunta-se: a) Quem é a autora do texto? ______b) Qual é o tema abordado pela autora? ______c) Qual a opinião exposta pela autora do texto? ______d) Qual é o objetivo da produção deste texto? ______e) Onde (em qual suporte) o texto artigo de opinião é publicado? ______f) Qual é a opinião da autora sobre a atuação dos educadores nos dias de hoje? ______4. Em sua opinião, por que a autora afirma que as crianças estão tendo sua infância ―roubada‖? ______5. Que características o texto apresenta que o caracterizam como sendo um texto 32 argumentativo? ______

Agora, você vai conhecer a biografia de Rubem Braga e depois ler e

analisar a crônica Ela tem alma de pomba que foi escrita na década

de 70. Rubem Braga tornou-se célebre por ser o único escritor

nacional a se dedicar exclusivamente à crônica. Seus textos retratam

acontecimentos cotidianos com uma linguagem simples e ao mesmo

tempo poética.

Rubem Braga

Imagem 2: Rubem Braga

Rubem Braga era capixaba de Cachoeiro de Itapemirim (ES), nasceu em 12 de janeiro de 1913. É considerado o antecessor de todos os cronistas, pois em toda sua vida só escreveu esse gênero, construído com acontecimentos corriqueiros 33 e revestido de uma linguagem coloquial e temática simples. Sua vasta produção inclui crônicas que abordam os mais diversos assuntos como momentos de infância, universo feminino, as impressões e sentimentos que o espaço urbano é capaz de despertar nos indivíduos, apreensão do cotidiano por uma perspectiva lírica bastante peculiar. O lirismo é uma constante nas crônicas do autor. Rubem Braga é um observador atento dos aspectos profundamente humanos do mundo que analisa e narra. Por isso é considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis. O cronista também era famoso pelo seu peculiar temperamento introspectivo e por gostar da solidão. Rubem Braga foi sem dúvida um apaixonado pelo instante, pois sabia apreendê-lo e narrá-lo com leveza, despretensão, lirismo e sensibilidade. Quando tinha 22 anos, o escritor publicou seu primeiro livro, "O Conde e o Passarinho", pela Editora José Olympio. Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália onde escreveu o livro "Com a FEB na Itália" em 1945, lá fez amizade com Joel Silveira. De volta ao Brasil, Rubem Braga morou em Recife, Porto Alegre e São Paulo, antes de se estabelecer definitivamente no Rio de Janeiro, primeiro numa pensão do Catete, onde foi companheiro de Graciliano Ramos. Como jornalista, Braga exerceu as funções de repórter, redator, editorialista e cronista em jornais e revistas do Rio, de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Foi correspondente de "O Globo" em Paris, em 1947, e do "Correio da Manhã" em 1950. Em 1961, com os amigos Jânio Quadros na Presidência e Affonso Arinos no Itamaraty, tornou-se Embaixador do Brasil no Marrocos. Mas Braga nunca se afastou do jornalismo. Rubem Braga fez reportagens sobre assuntos culturais, econômicos e políticos na Argentina, nos Estados Unidos, em Cuba e em outros países. Morreu no Rio de Janeiro em 19 de dezembro de 1990. Entre as obras conhecidas do cronista estão ―O Conde e o Passarinho‖ (1936), ―O Morro do Isolamento‖ (1944), ―Um Pé de Milho (1948), ―O Homem Rouco‖ (1949), ―A Borboleta Amarela‖ (1956), ―A Cidade e a Roça‖ (1957), ―Ai de Ti, Copacabana‖ (1960), ―A Traição dos Elegantes‖ (1967), ―Pecado de Primavera‖ (1984), ―Crônicas do Espírito Santo‖ (1984), ―Coisas Simples do Cotidiano (1984), ―As Boas Coisas da Vida‖ (1998), ―Aventura‖ (1999),―200 Crônicas Escolhidas‖ resumo da crônica ''Um sonho de simplicidade''.

Biografia Rubem Braga. Disponível em: Acesso em 21 de ago. de 2011. 34

Crônica 2: Ela tem alma de pomba

Que a televisão prejudica o movimento da pracinha Jerônimo Monteiro, em todos os Cachoeiros de Itapemirim, não há dúvida. Sete horas da noite era hora de uma pessoa acabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois pegar a sessão das 8 no cinema. Agora todo mundo fica em casa vendo uma novela, depois outra novela. O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai ver um jogo do Estrela do Norte F.C., se pode ficar tomando cervejinha e assistindo a um bom Fla-Flu, ou a um Inter x Cruzeiro, ou qualquer coisa assim?

BRAGA, Rubem. 200 Crônicas Escolhidas. 22ª edição. Editora Record RJ 2004.p. 485.

Estudo do texto

1. Use o dicionário para encontrar o significado das seguintes palavras do texto: a) making love______b) intestinal______c) frêmito______d) entrevado______e) estupor______f) assalto______

2. Com base no conteúdo do texto responda: a) Que consequências a TV trouxe para: o cinema______as crianças______o futebol______b) Essas consequências foram positivas ou negativas? Por quê? 35

______3. O cronista pode ter vários objetivos: entreter ou divertir o leitor fazê-lo refletir sobre a vida de forma crítica, explicar o comportamento humano e até mesmo apresentar ao leitor sua opinião sobre os acontecimentos. a) Qual é o objetivo do autor da crônica? ______b) Qual é a opinião do autor diante do fato apresentado? ______4. O escritor Rubem Braga voltou seu olhar atento para o fato de que a chegada da televisão no interior, principalmente em Cachoeiro de Itapemirim provocou mudanças na vida das pessoas. Ele registra com sensibilidade e poesia, ora criando humor ora, ora puxando uma reflexão crítica e argumentativa acerca do fato. Com base no que foi exposto descubra se o texto é predominantemente: a)( ) argumentativo. b)( ) narrativo. c)( ) descritivo.

5. A crônica ―Ela tem alma de pomba‖ pode ser dividida em duas partes: a primeira argumentativa, a segunda poética, onde podemos encontrar algumas figuras de linguagens como:

Anáfora consiste na repetição da mesma palavra ou construção no início de várias orações, períodos ou versos.

Hipérbole consiste no exagero intencional com a finalidade de tornar mais expressiva a idéia.

Gradação esta relacionada com a enumeração, onde são expostas 36

determinadas idéias de forma crescente ou decrescente. a) Identifique essas figuras de linguagem no texto. ______b) As figuras que você identificou no texto, são mais comuns nos textos em prosa ou nos poemas? ______6. No último parágrafo o autor se refere à TV por meio de uma metáfora: ―a corujinha da madrugada‖. Lembrando que toda metáfora traz implícita uma comparação entre dois elementos, que semelhanças existem entre a TV e a coruja? ______7. Como foi dito anteriormente, a crônica de Rubem Braga pode ser dividida em argumentativa e poética. Aponte até onde vai a parte argumentativa e inicia a parte lírica, ou poética. ______8. Observe que a segunda parte (a lírica) inicia com uma palavra que estabelece uma relação de oposição entre ideias existentes em diferentes orações por ela conectadas (ligadas), por tal razão é chamada de conjunção adversativa. Pergunta-se: que palavra é esta? Ainda: que outras conjunções adversativas poderiam ser utilizadas em seu lugar com a mesma função? ______

Discussão sobre o texto

1. O título do texto é ―Ela Tem Alma de Pomba‖. Considerando que a pomba é 37 normalmente associada a significados como paz, tranquilidade, pureza, leveza, espiritualidade, fidelidade (os pombos escolhem um único parceiro por toda a vida). Depois de realizar uma leitura global do texto, faça uma reflexão sobre o título dado à crônica ―Ela tem alma de pomba‖: a) Quem é ―ela‖? ______b) Por que teria ―alma de pomba‖? ______2. Hoje a televisão está presente em quase todos os lares brasileiros como forma de lazer e entretenimento, mas no geral virou moda criticá-la, sob a alegação de que ela prejudica os estudos dos jovens, a leitura, o relacionamento familiar, influencia no comportamento das pessoas. Vamos discutir o tema a partir do ponto de vista do cronista Rubem Braga, será que ele critica ou defende a televisão? ______3. A temática da crônica é a televisão, meio de comunicação que começava a se impor no início dos anos 60. Em alguns trechos do texto o autor escreveu ―a televisão prejudica o movimento da pracinha‖, ―o futebol também poder ser prejudicado‖ ―a televisão prejudica a leitura‖, ―a televisão paralisa a criança numa cadeira mais do que o desejável‖, e descreve uma briga familiar motivada pela TV. Do ponto de vista do texto a responsável por todos esses problemas seria a TV? Será que ela tem mesmo alma de pomba? ______4. No texto, Rubem Braga também aponta aspectos positivos a respeito da TV, de acordo com o escritor para quem, de modo geral, ela é benéfica? O que a TV 38 proporciona a essas pessoas? ______

Produção de texto: crônica poema-em-prosa.

1. Escreva sua crônica poema-em-prosa observando se ela apresenta uma visão pessoal do assunto que você escolheu; se, nela, há os elementos básicos dessa modalidade de crônica; se o texto ficou curto e leve; se ele diverte ou promove uma reflexão crítica/argumentativa sobre o assunto escolhido; se a linguagem empregada se aproxima de uma conversa com o leitor e, portanto, se é mais informal.

Para saber um pouco mais sobre Rubem Braga

Rubem Braga. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=tJp7Bctd3WQ http://www.youtube.com/watch?v=tJp7Bctd3WQ http://almanaque.folha.uol.com.br/rubem_braga.htm# http://www.overmundo.com.br/guia/casa-dos-braga http://www.youtube.com/watch?v=8P69tqsXNVA

Você também pode ler

"Para Gostar de Ler: Crônicas", Vários autores (volumes 5 e 7), Editora Ática. 39

CAPÍTULO 4 – Crônica comentário ou crônica informativa

Nesse capítulo vamos estudar a Crônica comentário que é aquela que

mostra os fatos juntamente com comentários a respeito do mesmo,

cercando-se de impressões críticas permeadas de ironia, sarcasmo ou

humor. A crônica comentário resulta num texto cujo ponto forte são

as interpretações do autor a respeito de um determinado assunto

numa visão quase que jornalística.

Gênero notícia

A notícia é um texto de caráter informativo que se dirige aos leitores com finalidade de informar com clareza, objetividade e rapidez um fato atual e novo. A notícia se caracteriza pela atualidade. A notícia se alimenta dos acontecimentos de interesse público. O jornalista é quem faz a narração, geralmente em 3ª pessoa de maneira impessoal e sem emitir opiniões da equipe jornalística, às vezes até pode emitir pontos-de-vista direta ou indiretamente (este último através de adjetivos, substantivos ou palavras que emitam juízos de valor). As informações que compõem uma notícia são, geralmente, apresentadas por ordem decrescente de importância. A notícia apresenta uma estrutura bastante sólida, composta essencialmente por título e texto.

Texto notícia: Operação contra "táxis piratas" prende cinco motoristas

Os veículos possuíam todas as características dos táxis oficiais da cidade do Rio de Janeiro, mas sem registro na prefeitura.

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12/9/2011 - Alana Carvalho Policiais da 28ª DP (Campinho) realizaram uma operação no último sábado (09/09) e madrugada do domingo (10/09) para coibir atividades dos chamados ―táxis piratas‖ na circunscrição daquela distrital. Rafael Guaglianoni da Silva, 28 anos, Ricardo Alves dos Santos, 52 anos, Wagner Machado de Aguiar, 40 anos, Orlando Marques de Oliveira, 27 anos, e Anderson Oliveira da Silva, 31 anos, foram presos em flagrante. Os táxis conduzidos pelos criminosos tinham todas as características de um táxi oficial da Cidade, mas sem cadastro na Prefeitura para o transporte de passageiros. Os veículos foram apreendidos e os motoristas autuados por uso de documento falso e exercício ilegal da profissão. As investigações tiveram início após denúncias de passageiros sobre as cobranças abusivas das corridas e ameaças quando questionados sobre os valores cobrados. As ações para reprimir a atuação de táxis piratas já resultaram na apreensão de 34 veículos e prisão de seus respectivos motoristas.

Disponível em: Acesso em 12 de set. de 2011.

Assim como a reportagem, a notícia se compõe de modo geral, de três partes título (ou manchete) lide e corpo. O lead (ou, na forma aportuguesada, lide) é, em jornalismo, a primeira parte de uma notícia, geralmente posta em destaque e fornece ao leitor a informação básica sobre o tema com o objetivo de despertar-lhe o interesse. É uma expressão inglesa que significa "guia" ou "o que vem à frente".(Fonte: ). Portanto o lide corresponde a todo o primeiro parágrafo e apresenta um resumo da notícia. Geralmente esse resumo responde às seguintes perguntas: o que ocorreu, com quem, quando, onde, como e porquê.

41

Estudo do texto

1. Reescreva as frases substituindo as palavras ou expressões destacadas por outras de sentido equivalente. Use o dicionário. a) Realizaram uma operação (...) para coibir atividades dos chamados ―táxis piratas na circunscrição daquela distrital. ______b) Os veículos foram apreendidos e os motoristas autuados por uso de documento falso e exercício ilegal da profissão. ______2. Com base na notícia lida, identifique estas partes do texto: a)Título ou manchete. ______b) Subtítulo da notícia ______3) O lide é a primeira parte de uma notícia, geralmente posta em destaque e fornece ao leitor a informação básica sobre o tema com o objetivo de despertar-lhe o interesse. Leia a notícia e depois responda: a) O que aconteceu? ______b) Onde aconteceu? ______c) Com quem? ______d) Quando se deu o fato? ______42

4. Quase sempre nem todas as perguntas são respondidas no lide, às vezes temos que localizá-las em outras partes do texto. Encontre no texto as seguintes perguntas que faltaram: a) Por que aconteceu? ______b) Como aconteceu? ______5. Qual é o fato informado na notícia lida? ______6. Que variedade línguística foi empregada? ______7. Em que pessoa a notícia foi relatada? ______8. Podemos afirmar que os fatos foram apresentados de forma impessoal, sem opiniões do redator? Explique. ______9. Marque (V) ou (F) conforme for verdadeira ou falsa as afirmativas abaixo: a) Geralmente a notícia apresenta as seguintes características: linguagem objetiva, clara, direta, concisa e com dados precisos, porque ao leitor interessa saber os fatos e não as impressões do jornalista. ( ) b) O texto estudado se caracteriza como notícia porque as informações apresentadas foram extraídas de diálogos entre o repórter e um especialista no assunto abordado. ( ) c) Notícia é um texto jornalístico que apresenta o registro de fatos recentes, com informações objetivas e de interesse geral. ( ) 43

Agora, você vai conhecer a bibliografia de Sérgio Porto, ler e

analisar a crônica O repórter policial escrita por ele. Sérgio Porto

foi cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro. Era mais

conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. Foi também

muito conhecido por suas crônicas ácidas, incisivas e divertidas.

Sérgio Porto nasceu no Rio de Janeiro em 11 de janeiro de 1923 e

morreu também no Rio de Janeiro em 30 de setembro de 1968.

Sérgio Porto

Imagem 3: Sérgio Porto

Sérgio Marcos Rangel Porto ou Stanislaw Ponte Preta nasceu em 11 de janeiro de 1923 no Rio de janeiro. Era filho de Américo Pereira da Silva Porto e de D. Dulce Julieta Rangel Porto. O pseudônimo Stanislaw Ponte Preta surgiu em uma época em que os cronistas de pouco reconhecimento dominavam as páginas dos jornais e, nessa época era inadmissível que um jornal saísse às ruas sem a presença de seu colunista social. Infelizmente a maioria desses colunistas não tinha o mesmo prestígio que gozava João do Rio e outros. Por isso Sérgio Porto se reinventa como personagem, crítico constante da realidade do Rio de Janeiro. Stanislaw Ponte Preta 44 surge então para reforçar a família dos cronistas sem prestígio que como ninguém sabia empregar o humor a irreverência e a criticidade como ingrediente indispensável para uma boa crônica. O regionalismo urbano encontra-se muito presente no trabalho do escritor, considerado um dos mais importantes cronistas do mundo carioca, tanto pela carga de humor de seus textos como pelo profundo sentido crítico que incutiu a seus trabalhos, ora irreverente e cáustico, ora intensamente irônico. O escritor observa que ao rirmos de nós mesmos e das situações aparentemente absurdas percebemos melhor as incoerências do nosso cotidiano, por isso o personagem principal que esses cronistas empregam em suas narrativas é o povo: o homem ―comum‖, o ―carioca‖. Sérgio Porto fez escola e por isso muitos cronistas seguiram a sua linha criando personagens típicos e caricatos, entre eles estão Luís Fernando Veríssimo e Carlos Eduardo Novais e outros. Como Stanislaw Ponte Preta escreveu as seguintes obras: ―Tia Zulmira e Eu‖ (1961), ―Primo Altamirando e Elas‖ (1962), ―Rosamundo e os Outros‖ (1963), ―Garoto Linha Dura‖ (1964), ―FEBEAPÁ 1‖ (Primeiro Festival de Besteira que Assola o País) (1966), ―FEBEAPÁ 2‖ (Segundo Festival de Besteira que Assola o País) (196), ―Na Terra do Crioulo Doido‖ (1968), ―FEBEAPÁ 3‖ (1968), ―A Máquina de Fazer Doido‖ (1968). Como Sérgio Porto: ―A Casa Demolida‖ (1963), ―As Cariocas‖ (1967), ―A velhinha contrabandista‖ (1967). Sérgio Porto ou Stanislaw Ponte Preta faleceu no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1968.

Biografia Stanislaw Ponte Preta Disponível em Acesso em 21 de jun. de 2011.

Crônica 3: O repórter policial

O repórter policial, tal como o locutor esportivo, é um camarada que fala uma língua especial, imposta pela contingência: quanto mais cocoroca, melhor. Assim como o locutor esportivo jamais chamou nada pelo nome comum, assim também, o repórter policial é um entortado literário. Nessa classe, os que se prezam nunca chamariam um hospital de hospital. De jeito nenhum. É nosocômio. Nunca em 45 tempo algum, qualquer vítima de atropelamento, tentativa de morte, conflito, briga ou simples indisposição intestinal foi parar num hospital. Só vai pra nosocômio.

PONTE PRETA, Stanislaw. O repórter policial. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/49159375/Dois-Amigos-e-Um-Chato-Stanislaw-Ponte-Preta Acesso em 28 de jun. de 2011.

A crônica que você leu não chega a ser o melhor exemplo de crônica comentário ou informativa, pois há muito de narração, o que a aproxima dos gêneros conto e crônica narrativa. No entanto a escolhemos por tratar do trabalho do policial e, especialmente, do repórter policial.

Estudo do texto

1. Use o dicionário para pesquisar o significado das seguintes palavras: a) contingência______b) cocoroca______c) cupincha______d) esmigalhado______

2. De que assunto o texto trata? ______3. Quem são os personagens do texto? Como se caracterizam? ______4. Onde ocorreu o fato contado pelo autor do texto? ______5. Que fato desencadeou todas as ações contadas no texto? 46

______6. Quais características pertinente ao gênero crônica podemos encontrar nesse texto do Stanislaw Ponte Preta? ______7. O conteúdo dessa crônica é irônico. Qual/quais fato(s) garante o tom irônico do texto? ______8. Vamos reler a frase: ―Eis, portanto, que é preciso estar acostumado ao métier para morar no noticiário policial‖. No trecho acima o cronista empregou o verbo morar com sentido diferente do que é usado normalmente. De acordo com o contexto, qual o seu significado? ______9. Ao longo do texto o cronista usou em algumas gírias e expressões da linguagem coloquial intimamente associada à oralidade como: ―da gente‖ ―é batata‖, ―um cara‖, ―tá lá‖, ―pra‖, ―pras‖. Explique os significados destas expressões. ______10. Releia o primeiro parágrafo para responder as questões a seguir: a) Como o repórter policial é caracterizado pelo cronista? ______b) Como o cronista caracteriza a linguagem empregada pelo repórter policial? ______c) Qual a opinião de cronista a respeito desse tipo de jornalismo? ______47

Produção de texto: crônica comentário.

1. Imagine que você deseja, como o autor dos textos estudados, escrever uma crônica que tenha um aspecto jornalístico como se você estivesse dando uma notícia permeada de ironia, sarcasmo ou humor. Para isso é preciso observar os lugares, as pessoas, os acontecimentos do cotidiano, tentando encontrar um assunto que possa resultar em uma crônica comentário. A partir de então selecione a situação e comece a escrever seu texto. Pense no leitor de sua crônica e procure relatar o fato de maneira a envolvê-lo e deixá-lo com vontade de ler sua produção até o fim.

Para saber um pouco mais sobre Sérgio Porto

Sérgio Porto, autor de AS CARIOCAS (1967) http://www.youtube.com/watch?v=9bhtIckdf3M&feature=related

Stanislaw Ponte Preta Copacababa http://www.youtube.com/watch?v=lUIogL_xS7g&feature=related

Sugestões de leitura

"Comédia para se Ler na Escola", Luiz Fernando Veríssimo, Editora Objetiva. "Para Gostar de Ler: Crônicas", Vários autores (volumes 5 e 7), Editora Ática.

48

CAPÍTULO 5 – Crônica metafísica ou filosófica

Neste capítulo o aluno vai conhecer a Crônica metafísica ou

filosófica, que é aquela que possui um conteúdo filosófico, ou seja, faz

uma reflexão sobre o cotidiano humano. Machado de Assis é um

representante deste gênero textual. Primeiramente será analisado

um texto cujo teor reflexivo fará um contraponto com a crônica em

estudo de modo a tornar mais claro sua proximidade com o texto

filosófico.

Reflexão filosófica

Pode-se dizer que a reflexão filosófica é o processo pelo qual o pensamento emitido volta para nós como pensamento analisado ou reformulado. Esse exercício do pensamento chamado de reflexão filosófica ocorre por meio da leitura, da argumentação do debate, da exposição e análise do pensamento e também por meio da investigação que consiste em interrogar-se a si mesmo. Uma vez que somos seres pensantes e agimos no mundo relacionando-nos com outros seres humanos, com animais, com plantas, com as coisas, com os fatos e acontecimentos, essa relação acontece por meio da linguagem como também dos gestos, da conduta, das ações e do comportamento. A reflexão filosófica é importante para compreendermos o que se passa a nossa volta. (CHAUÍ, 2011)

Agora, você vai ler um texto escrito por Charles Spencer Chaplin,

mais conhecido como Charlie Chaplin (16/04/1889 — 25 /12/1977)

Chaplin foi ator, diretor, produtor, comediante, dançarino, roteirista

e músico. Chaplin foi um dos atores mais famosos da era do cinema

mudo onde atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus

próprios filmes. 49

Texto: O último discurso

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar — se possível — judeus, o gentio ... negros ... brancos. Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo — não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.

CHAPLIN, Charlie. O último discurso. Disponível em: Acesso em 23 de ago. de 2011.

Estudo do texto

1. Use o dicionário para descobrir o significado das palavras empregadas no texto: a) gentio______b) infortúnio______c) enclausurados______d) céticos______e) morticínios______f) emperdenidos______g) prepotência______

2. Retirem do texto as ideias principais sintetizando-as. Depois faça uma reflexão sobre o mesmo. ______50

3. No texto estudado predomina a ação ou a reflexão? Comente. ______

Agora, você vai conhecer a bibliografia Machado de Assis, ler e

estudar a crônica Um caso de burro escrita e publicada em 1892.

Machado de Assis conferiu grande importância ao gênero e foi

também um dos primeiros autores a entendê-la como prática

literária e a fazê-la perpetuar entre nós. O escritor nasceu em 21 de

junho de 1839 no Rio de Janeiro morreu em 29 de setembro de 1908,

nesse mesmo estado

Machado de Assis

Imagem4: Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis foi escritor, poeta, contista, romancista e crítico, nasceu em 21 de junho de 1839 no Rio de Janeiro era filho de Francisco 51

José Machado de Assis e de Leopoldina Machado de Assis. Foi criado no morro do Livramento, no Rio de Janeiro. Passou uma infância pobre. Aos 12 anos ficou órfão de mãe e o pai, viúvo, casou-se com Maria Inês da Silva, sua madrasta, que logo passou a cuidar e educar o jovem garoto conhecido como ―Machadinho‖. Devido às precárias condições financeiras da família Machado de Assis foi obrigado a dividir seu tempo entre os estudos e o trabalho de vendedor de doces. Sua instrução veio por conta própria, devido ao interesse que tinha em todos os tipos de leitura. Graças a seu talento e a uma enorme força de vontade, Machado de Assis superou todas essas dificuldades e tornou-se um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Em 1856, Machado de Assis publica na revista Marmota Fluminense seu primeiro trabalho literário, a poesia "Ela" e apenas um ano depois consegue seu primeiro emprego na Imprensa Nacional como aprendiz de tipógrafo, onde conhece o escritor Manuel Antônio de Almeida, autor da obra Memórias de um Sargento de Milícias, quem se torna amigo. Em 1858 começa a trabalhar como revisor na Tipografia e Livraria Paula Brito, e lá então trava amizade com vários intelectuais e passa a escrever assiduamente (contos, crônicas e crítica), em jornais e revistas cariocas e assim, manteve-se, nessa atividade, com raras interrupções, quase até o fim da vida. A vasta e rica produção de Machado de Assis constitui-se de coletâneas de poemas, de sonetos, romances, peças teatrais, crônicas e contos muito deles publicados pela primeira vez em jornais e revistas. Em 1864 estréia com livro Crisálidas (poemas) Em 12 de novembro de 1869, Machado de Assis casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta e amigo Faustino Xavier de Novais, contra a vontade da família da moça, uma vez que Machado não tinha fama e muito menos posição social, mas Carolina se esforçou muito para que o marido tivesse projeção social e amadurecimento intelectual. Carolina apresentou-lhe os clássicos portugueses e vários autores de língua inglesa. A união do casal durou aproximadamente 35 anos. Não tiveram filhos. Reflexão sobre a sociedade brasileira, preocupação em analisar psicologicamente o ser humano, criticidade, ironia, pessimismo são algumas das suas marcas características. A chamada primeira fase de sua carreira, foi marcada pelas obras: ―Ressurreição‖ (1872), ―A Mão e a Luva‖ (1874), ―Helena‖ (1876), ―Iaiá Garcia‖ (1878), além das coletâneas de contos ―Contos Fluminenses‖ (1870), 52

―Histórias da Meia Noite‖ (1873), ―Falenas‖ (1870), ―Americanas‖ (1875), e das peças ―Os Deuses de Casaca‖ (1866), ―O Protocolo‖ (1863), ―Queda que as Mulheres têm para os Tolos‖ (1864). Em 1881 abandona definitivamente o romantismo da primeira fase de sua obra e publica ―Memórias Póstumas de Brás Cubas‖ que marca o início do realismo no Brasil. Da segunda fase as obras principais são: ―Quincas Borba‖ (1892), ―Dom Casmurro‖ (1900), ―Esaú e Jacó‖ (1904), ―Memorial de Aires‖ (1908), além das coletâneas de contos ―Papéis Avulsos‖ (1882), ―Várias Histórias‖ (1896), ―Páginas Recolhidas‖ (1906), ―Relíquias da Casa Velha‖ (1906), e coletânea de poesias ―Ocidentais‖. Em 1897 o ilustre escritor foi o fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupando a Cadeira de nº 23. A morte de Carolina, esposa de Machado de Assis, em 1904, foi um duro golpe para o escritor, nesse período, Machado de Assis escreve um de seus melhores poemas, Carolina, em homenagem à falecida esposa. Depois da morte da adorável esposa, o escritor fica muito solitário e triste e logo em seguida adoece. Machado de Assis morreu em 29 de setembro de 1908, em sua velha casa no bairro carioca do Cosme Velho, nesse dia foi decretado luto oficial no Rio de Janeiro.

Biografia Machado de Assis. Disponível em: Acesso em 26 de maio de 2011.

Crônica 4: Um caso de burro

Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei logo de começar por ela esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar no leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve-me a impertinência; os gostos não são iguais. Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o lugar onde era o antigo passadiço, ao pé dos trilhos de bondes, estava um burro deitado. O lugar não era próprio para remanso de burros, donde concluí que não estaria deitado, mas caído. Instantes depois, vimos (eu ia com um amigo), vimos o burro levantar a 53 cabeça e meio corpo. Os ossos furavam-lhe a pele, os olhos meio mortos fechavam- se de quando em quando. O infeliz cabeceava, mais tão frouxamente, que parecia estar próximo do fim.

ASSIS, Machado de. Um caso de burro. Disponível em: Acesso em 29 de maio de 2011.

Estudo do texto

1. Transcreva do texto as palavras correspondentes às significações dadas e localize-as numerando os parágrafos:

Palavras do texto Parágrafos Significações Insinuação

Governo de poucos. Meios de transporte parecidos com charretes

Alegres, divertidos Repugnante, nojento. Corredor Descanso, pouso. Repulsa física ou moral

2. O texto de Machado de Assis é construído com base nas informações que o cronista colhe nos lugares que percorre cotidianamente. De acordo com isso responda: a) Que fato desencadeou os acontecimentos narrados na crônica? Em que parágrafo do texto Machado de Assis menciona o acontecimento que derivou esta crônica? ______b) Descreva o lugar onde ocorreu o fato. ______54

3. Em que pessoa o narrador conta o fato? ______4. Quem são os personagens do fato narrado? ______5. O texto nos apresenta uma reflexão? Qual? ______6. Lendo a crônica, seria possível descobrir nela marcas do tempo em que os fatos são descritos? Quais marcas? Copie esses trechos. ______7. Nessa crônica Machado de Assis não apenas conta um fato, mas também expõe seu o ponto de vista sobre o assunto, fazendo jogo comparativo entre animal e ser humano empregando recursos como a metáfora. Metáfora é a figura de linguagem em que um termo substitui outro em função de uma relação de similaridade entre os elementos que esses termos designam. Essa similaridade é resultado da imaginação, da subjetividade de quem cria a metáfora. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo comparativo não está expresso, mas subentendido. Com base nessas informações, pergunta-se: para Machado de Assis, o burro é metáfora de que/de quem? Explique. ______8. Releia este trecho: ―O burro não comeu do capim, nem bebeu da água; estava já para outros capins e outras águas, em campos mais largos e eternos‖. Temos neste trecho uma figura de linguagem chamada eufemismo. O eufemismo procura atenuar o sentido de determinados termos que geralmente são considerados demasiado fortes pelos falantes da língua. No eufemismo existe uma intenção por parte do falante que é não chocar o seu interlocutor. Explique então o eufemismo contido na 55 citação acima. ______9. O título de um texto é sempre o primeiro a levantar expectativas quanto ao seu conteúdo. A partir dele fazemos uma série de suposições iniciais que depois podem ser modificadas ou confirmadas. Que emoções e ideias foram despertadas pela leitura dessa crônica? Comente. ______10. Há na nossa linguagem cotidiana muitas palavras e expressões latinas que são usadas com frequência, algumas são tão comuns que são empregadas sem que as pessoas saibam que estão usando a língua latina, por exemplo: etc – abreviatura de ―et cetera” que quer dizer e as demais coisas. Pesquise o significado da expressão ―Requiescat in pace”. Por que ela foi usada? ______11. Em seus textos Machado de Assis deixa claro que o mesmo foi escrito com base na observação dos acontecimentos corriqueiros e dos lugares que ele se percorria cotidianamente, porém nunca deixando de refletir sobre eles e principalmente de provocar os leitores com uma ―arma‖ literária muito eficaz e poderosa que só ele manejava muito bem: a ironia. Então, se o burro é considerado o símbolo da ignorância, então por que o cronista escreveu ―O que me pareceu, é que o burro fazia exame de consciência‖, ―tinha no olhar a expressão dos meditativos. Era um trabalho interior e profundo‖. Isso não parece irônico? Discuta sobre essa ironia. ______12. A crônica de Machado de Assis relata fatos da sociedade vividos no século XIX, Todos os acontecimentos da cidade mereciam ser registrados por sua pena: espetáculos artísticos, disputas políticas, fatos econômicos, relações sócio–afetivas 56 essas estavam sempre presentes em seus escritos, servindo até como espaço para denúncia da escravidão e de outras graves questões sociais da época, ora criando humor e ironia, ora puxando uma reflexão crítica acerca do fato relatado. Com base no que foi exposto reflita sobre essa crônica de Machado de Assis ______

Produção de texto: crônica filosófica

Para produzir sua crônica filosófica, põe-se a observar os lugares, as pessoas, os acontecimentos do cotidiano, tentando encontrar um assunto que possa resultar em uma cônica. A partir de então selecione a situação e comece a escrever seu texto. Pense no leitor de sua crônica e procure relatar o fato de maneira a envolvê-lo e deixá-lo com vontade de ler sua produção até o fim.

Para saber um pouco mais sobre Machado de Assis http://cariebookgratis.com/machado-de-assis-a-cartomante-e-outros-contos http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2008/machadocemanosdepois/ http://www.brasilescola.com/literatura/biografia-machado-assis.htm http://www.youtube.com/watch?v=Xnl2ZPQmpZc Machado de Assis nas telas do cinema. Disponível em: http://globonews.globo.com/platb/machadodeassis/

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Por fim, vejamos agora uma crônica metafísica escrita por Arnaldo

Jabor (12 /12 / 1940) que é cineasta, crítico, jornalista e escritor

brasileiro.

Crônica 5: O mandacaru na sala de jantar

Ontem eu comprei um mandacaru. Isso mesmo. Sempre quis ter um cáctus em casa, mas me diziam: ―Dá azar...‖ E eu desistia. Mas ontem passei num florista quase em frente a meu prédio no Rio e perguntei: ―Tem cáctus?‖ Ele abriu um caminho entre samambaias e tinhorões e apontou-me o mandacaru. Fiquei fascinado pela planta. Não era um cáctus qualquer; era um personagem do Nordeste, uma famosa planta brasileira.

JABOR, Arnaldo. Pornopolítica: paixões e taras na vida brasileira. Rio de Janeiro. Editora Objetiva, 2006. p. 37.

Estudo do texto

1. Use o dicionário para pesquisar o significado das seguintes palavras: a) mandacaru______b) cáctus______c) tinhorões______d) metafísico______e) insípidos______f) esquartejado______e) cardos______

1. Quem é autor desse texto? ______58

2. Você já viu um mandacaru? ______3. O autor sempre desejou ter um cáctus, mas sempre desistia. Por quê? ______4. Por que ele ficou fascinado pelo mandacaru? ______5. Quais as características do mandacaru, descritas pelo autor do texto? ______6. O autor se diz entediado com a história mundial. Por quê? ______7. O que o autor diz ter aprendido com o mandacaru? ______8. O cáctus na sala de jantar é comparado a um retirante nordestino. Por quê? ______9. O texto ―O mandacaru na sala de jantar‖ é uma crônica comentário porque possui características próprias. Marque com um (X) essas características: a) ( ) O autor do texto apresenta uma visão filosófica permeada de ironia e comicidade a respeito do fato que conta em forma de um comentário. b) ( ) Porque esse tipo de crônica é construído em forma de versos poéticos. c) ( ) No texto existe uma voz que exprime seus sentimentos de forma subjetiva. d) ( ) Constitui-se de reflexos filosóficos sobre aspectos da vida humana. e) ( ) Este é um texto curto e narrado em primeira pessoa, onde o próprio escritor está "dialogando" com o leitor e apresentando uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a compra de um mandacaru.

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10. Que características da crônica filosófica encontramos no texto de Jabor? E da crônica poema-em-prosa ou poética? ______

Produção de texto: crônica reflexiva

1. Nesse capítulo, você tem um exemplo de crônica reflexiva e já estudou definições sobre esse tipo de crônica. Vale ressaltar que a crônica é um gênero que também contribui para refletir sobre um fato corriqueiro do cotidiano que se amplia com exemplos de outros acontecimentos e comentários a partir do foco de quem a escreve. Crie um texto que faça o leitor refletir criticamente sobre a vida e o comportamento humano.

CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES

A implementação deste projeto será realizada no segundo semestre de 2011, totalizando 32 horas. As atividades serão desenvolvidas junto aos alunos do 9º ano, turma B do período vespertino, do ensino fundamental do Colégio Estadual Lourenço Filho em Serra dos Dourados, distrito de Umuarama. O desenvolvimento dar-se-á nas aulas de Língua Portuguesa, respeitando o horário definido pelo colégio no período que vai de agosto a novembro de 2011.

MÊS/SEMANA ATIVIDADES Agosto Conversação com os alunos para lhes apresentar o projeto de 22 a 31 implementação o objetivo e a finalidade do mesmo. Levantamento do conhecimento prévio do aluno a respeito do gênero em 60

estudo. Setembro Orientação aos alunos para a pesquisa de coletas de textos do gênero 01 a 09 crônicas em diversos suportes (internet, livros, jornais e revistas). Sistematização do estudo do gênero com base na fundamentação teórica, apresentando ao aluno a história do gênero crônica literária, as características, os autores cronistas e suas respectivas bibliografias juntamente com as atividades elaboradas. Apresentação aos alunos de texto dos autores estudado no capítulo 2 acompanhado de atividades elaboradas previamente para o estudo.

Setembro Ativação do conhecimento a respeito do gênero por meio de 12 a 30 questionamentos orais e escritos. Apresentação aos alunos de textos dos autores estudados no capítulo 3 acompanhados de atividades elaboradas previamente para o estudo. Produção de texto, empregando os conhecimentos adquiridos no capítulo estudado. Avaliação. Outubro Retomada dos textos coletados pelos alunos nos diversos suportes 03 a 14 organizando-os de acordo com a temática e o contexto histórico. Apresentação aos alunos de textos dos autores estudados no capítulo 4, acompanhados de atividades elaboradas previamente para o estudo. Produção de texto, empregando os conhecimentos adquiridos no capítulo estudado. Estruturação das produções sob a orientação do professor. Outubro Apresentação aos alunos de textos dos autores estudados no capítulo 5 17 a 31 acompanhado de atividades elaboradas previamente para o estudo. Produção de texto, empregando os conhecimentos adquiridos no capítulo estudado. Estruturação das produções sob a orientação do professor. Avaliação. Novembro Produção de texto, empregando os conhecimentos adquiridos no capítulo 01 a 14 estudado nos capítulos anteriores. Estruturação das produções sob a orientação do professor. Novembro Exposição em murais dos textos produzidos pelos alunos e também dos 16 a 30 pesquisados. Avaliação.

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AVALIAÇÃO/CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS

A presente avaliação que faz parte dessa Unidade Didática foi pensada com o objetivo de avaliar a aplicabilidade desse material junto aos alunos do 9º ano do ensino fundamental no Projeto de Intervenção na Escola, pois se entende que toda atividade escolar é passiva de avaliação. Assim, percebe-se que avaliação é o instrumento que servirá para recolher informações que deverá servir para duas finalidades básicas: apresentar aos alunos seus progressos, avanço, dificuldades e possibilidades de melhoria no processo ensino aprendizagem; e fornecer subsídios que possibilitem ao professor analisar sua prática no decorrer do processo de aplicação do projeto. Por um lado o professor, além de observar em que medida e com que intensidade os objetivos estão sendo alcançados, pode também replanejar e decidir se é preciso intervir ou modificar as atividades que vem propondo. Assim, a avaliação será um instrumento auxiliar na melhoria dos resultados esperados. O sucesso na aplicação do estudo que se oferece, não depende só da elaboração cuidadosa dessa Unidade Didática, mas também do seu encaminhamento no curso de sua implementação, para isso é indispensável que o professor elabore sistematicamente as ações para que produzam resultados esperados. Partindo do princípio de que a avaliação é um processo, portanto ela não será realizada só final do período e sim, no decorrer da aplicação deste, pois quanto melhor direcionada for a sua avaliação, melhor será a qualidade da informação sobre os sujeitos avaliados. Pela diversidade de exercícios que o material oferece, permite também uma variedade de instrumentos de avaliação, que vão desde a verificação das práticas discursivas (oralidade, leitura e escrita), estudos linguísticos (conhecimentos gramaticais), estudo do texto, produção de textual (individual e/ou grupo), pesquisa sobre o assunto estudado, leitura extraclasse, exposições em mural etc. Quanto aos critérios o professor deve observar se os alunos: Reconhecem as características do gênero estudado sendo capaz de conceituá-lo, considerando as especificidades dos gêneros e dos suportes. Demonstram compreensão aos textos lidos; retomando adequadamente as ideias principais do texto, posicionando-se criticamente diante deles. Realizam leitura compreensiva dos textos dos diferentes escritores cronistas 62

para distinguir as diferenças e semelhanças que eles guardam entre si e para melhor compreender o contexto de produção e a situação em que foram produzidos. Percebam as particularidades da situação de produção de cada gênero, identificando em suas leituras quem produz o texto, para quem, com que finalidade, usando qual suporte, qual lugar social do autor e, por fim, quando e onde o texto foi produzido. Produzem textos obedecendo à estruturação adequada da escrita, expressando suas ideias com clareza, diferenciando o contexto de uso da linguagem formal e informal, empregando recursos linguísticos e textuais com propriedade imprimindo-lhes um estilo próprio. É importante e fundamental que a avaliação leve em conta também as atitudes dos alunos, considerando: interesse e participação registros de aula e organização do material, realização das tarefas propostas, assiduidade e pontualidade na entrega dos trabalhos. A verificação no cumprimento dos objetivos será por meio da observação atenta do professor e da auto-avaliação do aluno a partir de critérios sugeridos pelo professor. Portanto a avaliação deve ser um instrumento que integre o processo de ensino/aprendizagem e, a cada realização, redirecione os objetivos e os encaminhamentos desse processo de ensino. Em todas as unidades serão criadas condições para a produção de textual e nesse momento específico o aluno receberá instruções e até sugestões de como melhorar e aperfeiçoar o texto por meio da revisão e da reescrita. A adoção de recursos/procedimentos ajudará a dinamizar o processo ensino/aprendizagem tornando-o cada vez mais instigantes. Sempre que possível, o professor poderá propor a troca de textos para correção individual ou coletiva, confecção de cartazes e montagens álbuns, delegar tarefas, por exemplo, incumbindo cada aluno (ou cada grupo) de resolver questões específicas.

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REFERÊNCIAS

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REFERÊNCIA DE IMAGENS

Imagem 1: Fernando Sabino - Disponível em: Acesso em: 01 de jun. De 2011.

Imagem 2: Rubem Braga - Disponível em: Acesso em: 01 de jun. de 2011.

Imagem 3: Sérgio Porto – Disponível em: Acesso em: 01 de jun. de 2011.

Imagem 4: Machado de Assis - Disponível em: Acesso em: 01 de jun. De 2011.