Revista Brasileira 75
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Revista Brasileira Fase VIII Abril-Maio-Junho 2013 Ano II N.o 75 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. Machado de Assis ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2013 Diretoria Diretor Presidente: Ana Maria Machado Marco Lucchesi Secretário-Geral: Geraldo Holanda Cavalcanti Conselho Editorial Primeiro-Secretário: Domício Proença Filho Arnaldo Niskier Segundo-Secretário: Marco Lucchesi Merval Pereira Tesoureiro: Evanildo Cavalcante Bechara Murilo Melo Filho Comissão de Publicações Membros efetivos Alfredo Bosi Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Carlos Secchin Alberto da Costa e Silva, Alberto Ivan Junqueira Venancio Filho, Alfredo Bosi, Ana Maria Machado, Antonio Carlos Produção editorial Secchin, Ariano Suassuna, Arnaldo Niskier, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Candido Mendes de Almeida, Carlos Revisão Heitor Cony, Carlos Nejar, Celso Lafer, Mônica Fontes Cotta Cícero Sandroni, Cleonice Serôa da Motta José Bernardino Cotta Berardinelli, Domício Proença Filho, Eduardo Portella, Evanildo Cavalcante Projeto gráfico Bechara, Evaristo de Moraes Filho, Victor Burton Geraldo Holanda Cavalcanti, Helio Editoração eletrônica Jaguaribe, Ivan Junqueira, Ivo Pitanguy, João Ubaldo Ribeiro, José Murilo de Estúdio Castellani Carvalho, José Sarney, Luiz Paulo Horta, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Lygia Fagundes Telles, Marco Lucchesi, Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar Marco Maciel, Marcos Vinicios Vilaça, Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Merval Pereira, Murilo Melo Filho, Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Nélida Piñon, Nelson Pereira dos Santos, Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Paulo Coelho, Rosiska Darcy de Oliveira, Fax: (0xx21) 2220-6695 Sábato Magaldi, Sergio Paulo Rouanet, E-mail: [email protected] Tarcísio Padilha. site: http://www.academia.org.br As colaborações são solicitadas. Os artigos refletem exclusivamente a opinião dos autores, sendo eles também responsáveis pelas exatidão das citações e referências bibliográficas de seus textos. Esta Revista está disponível, em formato digital, no site www.academia.org.br/revistabrasileira. Sumário EDITORIAL Marco Lucchesi ............................................................... 5 ICONOGRAFIA Anna Letycia. .7 ENTREVISTA George Popescu Uma vanguarda centenária. 9 CICLO “EXISTÊNCIA E ALTERnaTIvaS: UM OLHAR SOBRE KIERKEGAARD” Eduardo Portella Kierkegaard, a reconstrução da existência . 15 Sergio Paulo Rouanet Adorno e Kierkegaard . 21 Emmanuel Carneiro Leão Kierkegaard, Apóstolo da Existência. 33 Vamireh Chacon Kierkegaard, Unamuno e Ortega y Gasset. 47 CICLO “ENTRE A GRAMÁTICA E A LINGUÍSTICA” Ricardo Cavaliere O gramático, o linguista e o falante. 61 Carlos Eduardo Uchôa Linguística e Gramática: por que os nós?. .77 Maria Helena de Moura Neves A linguística na gramática . 91 Evanildo Bechara Para quem se faz uma gramática?. .105 HOMEnagEM Tarcísio Padilha João de Scantimburgo . .117 MESA-REDONDA “HOMEnagEM ao ACADÊMICO LÊDO Ivo” Antonio Carlos Secchin Lêdo Ivo. .121 Luiza Nóbrega O caminho branco: a essência em movimento na poesia de Lêdo Ivo. .127 Martín López-Vega Lêdo Ivo. .137 Antonio Cicero Homenagem ao poeta Lêdo Ivo. 145 Guilherme d’Oliveira Martins Recordação de Lêdo Ivo. .147 PROSA Fernando Paixão Poema em prosa: Problemática (in)definição. .151 Dalma Nascimento A liturgia não canônica do Livro das horas de Nélida Piñon. 163 Sonia Branco Escutando a canção. 187 Arnaldo Niskier O homem-menino-peregrino. .193 Alberto Venancio Filho Afonso Pena Júnior. .201 Marcelo de Mello Rangel Teria o Império do Brasil um destino trágico?. .225 Darlene J. Sadlier O locus eroticus na poesia de Gilka Machado. .237 Marcia Sá Cavalcante Schuback Entre Kafka e Heidegger: reflexões sobre a relação entre Literatura e Filosofia na era da técnica. .245 CONTO Luis Narval As invioláveis malhas da morte . 261 CALIGRAMAS Marcelo Nacinovic . 267 CINEMA Luiz Henrique Costa Mário Peixoto crítico . 277 POESIA Marcos Siscar. 283 Cesar Leal. .291 POESIA ESTRANGEIRA Kepa Murua. 299 MEMÓRIA FUTURA José Veríssimo Alexandre Dumas. .321 Editorial Marco Lucchesi Ocupante da Cadeira 15 na Academia Brasileira de Letras. ode-se reconhecer facilmente nesta edição uma escolha cen- P trada na subjetividade. Origina-se do debate em torno de Kierkegaard, acompanhado, poucas páginas depois, através da leitu- ra de Kafka e de Heidegger. Trata-se da plenitude dos seres em escala relacional, fora de es- curos sistemas totalizantes, quando não totalitários, vistos agora de perto, dentro do alto coeficiente de solidão que os singulariza, atravessa e constitui. Subjetividade que se amplia com o ciclo “entre a gramática e a linguística”, a meio caminho entre norma e forma, langue e parole, sistema e indivíduo. Segue-se a homenagem aos acadêmicos Lêdo Ivo e João de Scan- timburgo, que, com intervalo de poucos meses, nos deixaram. Ambos confundem seus nomes com a feição desta revista e demais atividades na Academia. Perdemos também, há mais tempo, o elegante crítico de cinema e literatura, Luiz Henrique Costa, de quem apresentamos trecho de sua tese inédita, dedicada a Mário Peixoto. Outra figura que 5 Marco Lucchesi se encantou foi Svobóda Batchvárova, uma das maiores escritoras e roteiristas da Europa do Leste, radicada no Rio de Janeiro. Memória e subjetividade realizam uma tensão complexa, profunda e des- contínua. Esta é uma dentre as múltiplas tarefas desta Casa. Comparável tal- vez ao “manto da apresentação”, a obra de Arthur Bispo do Rosário, a criar uma geografia da memória, para apresentá-la diante de Deus. A Academia claramente não dispõe de compromissos metafísicos, mas coincide com Bispo do Rosário, diante do registro da História. Como o futuro dura muito tempo e o presente é infinito, a recordação é um gesto de amizade, que se sabe inacabado. 6 Iconografia Anna Letycia E ste número é enriquecido com as obras de Anna Letycia. ANNA LETYCIA, Teresópolis-RJ, 1929. Inicia seu aprendizado de gravura em metal com Iberê Camargo em 1950. Trabalha em xilografia com Oswaldo Goeldi. Em 1954, expõe gravura no Salão Nacional de Arte Moderna. Em 1958, faz sua primeira individual na Galeria Gea, com pintura e gravura. Ainda este ano, começa a trabalhar com Maria Clara Machado no Teatro Tablado, até 2000, onde executa 18 cenários e figurinos. Em 1958, com o Prêmio de Viagem ao País, vai com a pintora Djanira ao Maranhão ficando em São Luís e Alcântara, época em que Djanira prepara sua exposição na Galeria Bonino. Nessa época, passa a colaborar com o jornal Para todos, dirigido por Jorge Amado. Na década de 60, começa a ensinar gravura no MAM, Rio de Ja- neiro, a convite da gravadora Edith Behring. Em 1959, 1961 e 1963, 7 Anna Letycia expõe na Bienal dos Jovens de Paris, quando recebe o Prêmio André Maulraux pelo conjunto de obras. Em 1961, faz uma exposição em Santiago e dá um cur- so de gravura na PUC, do Chile, quando lhe é conferido o título de Professora Honoris Causa. Em 1962 e 1965, realiza exposição individual na Petite Galerie, no Rio de Janeiro e em São Paulo. No ano de 1962, obtém o Prêmio de Viagem ao Exterior, do Salão Nacional de Arte Moderna. Expõe no ano de 1962 e 1968, na Bienal de Veneza. Em 1967 e 1972, participa da Bienal de Tóquio e Bienal de Liubliana, em 1970 na Bienal de Florença, sempre em representações brasileiras. Em 1969, passa a integrar a Comissão Nacional de Belas-Artes, órgão do MEC, dirigida por Rodrigo Mello Franco, onde permanece por 8 anos. Posteriormente, integra a Comissão Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Em 1969, passa a compor o Conselho Superior das Escolas de Samba, por indicação de Eneida de Moraes e Édison Carneiro. Juntamente com Aloísio Magalhães, dirige a Sociedade de Amigos do Mu- seu de Imagens do Inconsciente, sob orientação de Nise da Silveira, Curadora da exposição Os Inumeráveis Estados do Ser, realizada em 1987 no Paço Imperial do Rio de Janeiro, exposição comemorativa dos 40 anos do Museu. Nos “anos de chumbo”, é presa duas vezes, no Rio e em Porto Alegre. Em 1975, juntamente com Márcia Barroso do Amaral, Aloísio Magalhães, Thereza Miranda e Haroldo Barroso, criam no Rio a primeira galeria de arte de- dicada à gravura e desenho. Em 1977, monta e coordena a Oficina de Gravura do Museu do Ingá, em Niterói, onde permanece por 22 anos. Por esse trabalho, rece- be o Prêmio Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Rea liza exposições individuais na Galeria Gravura Brasileira em 1979, 1984, 1988 e 2000 e na Galeria Suzana Sassoum em São Paulo exposições em 1983 e 1985. Em 1966, faz uma grande exposição no Paço Imperial do Rio de Janeiro. Participa da Mostra Rio Gravura 1999. Em 2000, participa da Mostra Internacional de Gravura de Macau e, em 2003, da Bienal Internacional de Gravura de Pequim. Em 2001, é nomeada pelo governador para compor o Conselho Estadual de Cultura. Prêmio Estácio de Sá do Governo do Estado, 2005. Continua trabalhando em gravura no Museu do Ingá, Niterói. 8 Entrevista Uma vanguarda centenária George Popescu Poeta, escritor, ensaísta, tradutor professor da Faculdade de Letras da Universidade de Craiova. REVISTA BRASILEIRA – Como o senhor interpreta o quadro atual da literatura romena? GEORGE POPESCU – Depois da queda do regime autoritário de Ceauşescu, a literatura romena expôs, junto a toda a sociedade, um momento de grande confusão: um forte sentimento de liberdade que os protagonistas – artistas em geral – haviam sonhado levou, de um lado, a uma negação acrobática das obras e personalidades daquela época e, de outro lado, à chegada de jovens artistas, da década de 1990, em busca de novos estilos literários, em espe- cial na poesia. Criou-se um caso especial em torno da “literatura de gaveta”: esperava-se, ainda nos debates subversivos dos anos 1970-1980, que existissem manuscritos, obras-primas, escritos para uma época ulterior, com a (im)provável queda do regime. Na realidade o fenômeno infelizmente não se confirmou em nível das expectativas, entre poucos nomes e pouca produção, mas há o exemplo de dois livros-documento: um, O diário da felicidade, de 9 George Popescu Nicolae Steinhardt, e O diário de um diarista sem diário, do meu mestre e amigo Ion Sîrbu.