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1 Universidade Federal de Juiz de Fora Programa de Pós-Graduação em História Mestrado em Narrativas, Imagens e Sociabilidades Ramon de Lima Brandão O AUTOMÓVEL NO BRASIL ENTRE 1955 e 1961: A invenção de novos imaginários na era JK Juiz de Fora 2011 2 Ramon de Lima Brandão O AUTOMÓVEL NO BRASIL ENTRE 1955 e 1961: A invenção de novos imaginários na era JK Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em História, área de concentração: Narrativas, Imagens e Sociabilidades. Orientadora: Profa Dra. Valéria Marques Lobo. Juiz de Fora 2011 3 Brandão, Ramon de Lima. O automóvel no Brasil entre 1955 e 1961 : a intervenção de ovos imaginários na Era JK / Ramon de Lima Brandão. – 2011. 216 f. : il. Dissertação (Mestrado em História)—Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011. 1. Automóveis - História - Brasil. 2. Indústria automobilística - História - Brasil. I. Título. CDU 629.113(81)(091 4 AGRADECIMENTOS Este trabalho não teria chegado a bom termo não fosse a indispensável participação de inúmeros colaboradores, que dedicaram parte de seu tempo a oferecer, de maneira desprendida e incondicional, seus valiosos conhecimentos e prátcias. Devo muito a Janaína Praxedes e Stefanie Meirelles de Rossales ao longo deste percurso, pela competência e dedicação na elaboração das imagens e textos. Uma lista infindável de amigos e profissionais tomariam conta destas páginas e eu jamais seria capaz de estender meus agradecimentos ao nível dessa amizade. Os nomes aqui mencionados são legítimos representantes desse e elenco de personagens. Antônio Roza (in memorian), Paulo Henrique Arruda (in memorian), Célio Manzo, Geraldo Correa, João Carlos Soares Ribeiro, José Jorge, Manoel Tristão, Paulo Jorge Levi Mendes Coelho e Paulo Kalil Gaspar que gentilmente cederam a literatura sobre o tema, além da sua experiência e conhecimento no convívio com os automóveis do passado e, mais importante, generosamente não pouparam combustível para me presentear com simpatia e atenção ao longo dessa viagem. Serei sempre muito grato a todos pelo privilégio dessa amizade. 5 RESUMO Em 1956 chegava o automóvel DKW-Vemag trazendo ao cotidiano das cidades brasileiras uma nova realidade: o carro nacional. Junto com ele vinham também novos modos de relacionamento entre automóvel e público, até então habituado aos carros estrangeiros, preferencialmente norte-americanos. Havia todo um imaginário em torno do automóvel que vinha desde o início do século XX, fortalecido após a Segunda Guerra Mundial.. Já no governo de Getúlio Vargas, entre 1951 e 1954, começava a se desenhar o esboço da indústria automobilística no Brasil com a F.N.M. – Fabrica Nacional de Motores, mas foi a partir do Programa de Metas do governo Juscelino Kubitschek, de 1955 a 1960 que teve início efetivamente a produção de automóveis no país. Os fatores que teriam determinado o êxito do carro nacional transitariam entre a própria história do automóvel até então e a estética predominante no período, conveniências empresariais na escolha dos modelos a serem produzidos e as circunstâncias políticas e econômicas, além da capacidade da mídia especializada em automóvel em criar e divulgar opiniões favoráveis ao carro nacional junto ao público brasileiro. Palavras-chave: Carro nacional. Imaginário. Indústria automobilística brasileira. 6 ABSTRACT In 1956, the DKW Vemag car has brought to the daily life of Brazilian cities a new reality: the national car. Along with it came also new modes of relationship between car and public, until so accustomed to foreign cars, preferably American. There was a whole imaginary around the car that came from the early twentieth century, and that has been strengthened after the Second World War. In the government of Getulio Vargas, between 1951 and 1954, had began the drawing of the outline of the automotive industry in Brazil with the FNM - Fabrica Nacional de Motores, but it was from the Program Goals of Juscelino Kubitschek (1955 to 1960) that effectively had began the producing of cars in the country. The factors that would have determined the success of the national car passed through the history of the car until then, the predominant aesthetics in the period, business conveniences in the choice of models to be produced and the political and economic circumstances, besides the capacities of specialized media to create and disseminate favorable rewiews from the national car to the Brazilian public. Keywords: National car. The imaginary. The Brazilian automotive industry. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 8 2 NOVOS IMAGINÁRIOS PARA A DÉCADA DE 50 ...............................................16 2.1 Imaginários iniciais .................................................................................................... 16 2.2 Algo mais que um meio de transporte ...................................................................... 21 2.3 O futuro do automóvel nos imaginários de 1955 ..................................................... 29 2.4 A prova do mercado ................................................................................................... 42 2.5 Os limites do fordismo ............................................................................................... 51 3 ALGUMA COISA GRANDIOSA ................................................................................. 62 3.1 Imaginários norte-americanos no Brasil de Vargas ................................................. 62 3.2 A ideia do carro totalmente brasileiro e a Fábrica Nacional de Motores ................70 3.3 Um almirante no comando do carro nacional .......................................................... 82 3.4 No decreto 41.018 a receita do carro brasileiro ........................................................ 88 3.5 O formato ideal ........................................................................................................... 95 3.6 Novos imaginários na linha de produção ............................................................... 104 4 A META 27 .................................................................................................................. 114 4.1 Hierarquias automotivas ........................................................................................... 114 4.2 O Tin Lizzie brasileiro ............................................................................................... 127 4.3 Estradas de mão dupla ............................................................................................. 158 4.4 Ao apagar dos faróis ................................................................................................. 170 5 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 187 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 192 ANEXOS .......................................................................................................................... 212 8 1 IINTRODUÇÃO G. desenha e pinta uma viatura, e todas as espécies de viaturas com o mesmo cuidado e a mesma facilidade que um consumado pintor de marinhas pinta todas as espécies de navios. Toda a sua carroçaria é perfeitamente ortodoxa; cada parte está no seu devido lugar e não há nada a corrigir. Seja qual for a posição ou a velocidade em que ela for lançada, uma viatura, como um navio, recebe do movimento uma graça misteriosa e complexa, dificílima de registrar. O prazer que o olhar do artista dela recebe decorre, ao que parece, da série de figuras geométricas que esse objeto já tão complicado – navio ou carruagem – engendra de forma rápida e sucessiva no espaço. O texto da epígrafe, escrito pelo poeta e crítico de arte francês Charles Baudelaire em meados do século XIX, fala do desenhista, aquarelista e gravador Constantin Guys, especialista em pinturas de cenas urbanas e de batalhas. Nestas obras denotava-se o esmero do artista na representação fiel da arquitetura, indumentária, objetos, armas e quaisquer elementos que compunham a cena num trabalho de pintura, que poderia ser definido como documental, ou mesmo jornalístico, numa época que a fotografia apenas iniciava. Dentre seus variados aspectos estéticos, chamou a atenção de Baudelaire o capricho de Guys na representação das carruagens. Como diz o texto, qualquer tipo de veículo de tração animal servia de modelo para os pincéis de Guys. Talvez isto fosse algo incomum na época quando o máximo que se poderia permitir em termos de representação pictórica de meios de transporte era a pintura de embarcações, quase sempre no abandono de um porto, praia deserta, ou em representações de batalhas. Assim, carruagens, landaus, cabriolets, cupês e outros tipos de carruagens desfilavam nas aquarelas e gravuras de Guys. Outro aspecto que despertou o interesse de Baudelaire foi o movimento, a sensação de velocidade que o artista conseguia imprimir nas suas cenas, destacando a engenharia e a arquitetura destes veículos que lançavam suas formas geométricas no espaço no intuito de representar algo também incomum à época; o movimento rápido de objetos criados pelo homem. Compreende-se este fascínio de Baudelaire, que pode ter notado nas obras do artista alguma coisa adiante do seu tempo; um voiture automobile, ou que se move por si só, porque não há no texto de