Anexo a – Estudo Comparativo Das Traduções De

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Anexo a – Estudo Comparativo Das Traduções De 111 ANEXO A – ESTUDO COMPARATIVO DAS TRADUÇÕES DE HELIODORA E NUNES 112 Sonho de Uma Noite de Verão Sonho de Uma Noite de Verão Tradução de Carlos Alberto Nunes Tradução de Bárbara Heliodora Rio de Janeiro, Ediouro, 19__. Rio de Janeiro, Lacerda, 2004. Personagens: Personagens: TESEU, Duque de Atenas. TESEU, Duque de Atenas. EGEU, pai de Hérmia. EGEU, pai de Hérmia. LISANDRO, apaixonado de Hérmia. LISANDRO, jovem cortesão apaixonado por Hérmia. DEMÉTRIO, apaixonado de Hérmia. DEMÈTRIO, jovem cortesão apaixonado por Hérmia. FILÓSTRATO, diretor de festas na corte FILOSTRATO, mestre dos festejos de Teseu. de Teseu. QUINCE, carpinteiro. QUINA, o carpinteiro – Prólogo no Interlúdio. SNUG, marceneiro. JUSTINHO, o marceneiro – Leão no Interlúdio BOTTOM, tecelão. BOBINA, o tecelão – Píramo no Interlúdio. FLAUTA, remenda-foles. SANFONA, o remendão de foles – Tisbe no Interlúdio. SNOUT, caldeireiro. BICUDO, o funileiro – Parede no Interlúdio. STARVELING, alfaiate. FOMINHA, o alfaiate – Luar no Interlúdio. HIPÓLITA, rainha das amazonas, noiva HIPÓLITA, rainha das Amazonas, noiva de de Teseu. Teseu. HÉRMIA, filha de Egeu, apaixonada de HÉRMIA – apaixonada por Lisandro. Lisandro. HELENA, apaixonada de Demétrio. HELENA – apaixonada por Demétrio. OBERON, rei dos elfos. OBERON – Rei das Fadas. TITÂNIA, rainha dos elfos. TITÂNIA – Rainha das Fadas. PUCK, ou o Bom Robim. PUCK ou ROBIN GOODFELLOW, bobo e servidor de Teseu. FLOR-DE-ERVILHA, elfo ERVILHA DE CHEIRO, fada a serviço de Titânia. TEIA-DE-ARANHA, elfo TEIA DE ARANHA, fada a serviço de Titânia. TRAÇA, elfo. MARIPOSA, fada a serviço de Titânia. SEMENTE-DE-MOSTARDA, elfo. SEMENTE DE MOSTARDA, fada a serviço de Titânia. UMA FADA, a serviço de Titânia. Outros elfos do séqüito de Oberon e Outras fadas no séqüito de Oberon e Titânia. Titânia. Séqüito de Teseu e Hipólita. Nobres e criados dos séquitos de Teseu e Hipólita. CENA Atenas e um bosque próximo. 113 ATO I ATO I Cena I Cena I Atenas. O palácio de Teseu. (Entram Teseu, Hipólita, Filóstrato e Séqüito) Entram Teseu, Hipólita, Filóstrato e pessoas do séqüito. TESEU – TESEU – Depressa, bela Hipólita, aproxima-se Aproxima-se a hora, bela Hipólita, A hora de nossas núpcias. Quatro dias De nossas núpcias. Quatro alegres dias felizes nos trarão uma outra lua. Trarão a lua nova; mas, pra mim, Mas, para mim, como esta lua velha Como é lento o minguante! Ao meu desejo se extingue lentamente! Ela retarda Ele lembra a madrasta ou tia velha meus anelos, tal como o faz madrasta Que custa a dar ao jovem a sua herança. ou viúva que retém os bens do herdeiro. HIPÓLITA – HIPÓLITA – Mergulharão depressa quatro dias Quatro dias em breve serão noites; na negra noite; quatro noites, presto, Quatro noites do tempo farão sonhos: farão escoar o tempo como em sonhos. E então a lua nova, arco de prata E então a lua que, como arco argênteo. Retesado no céu, verá a noite No céu ora se encurva, verá a noite De nossas bodas. Solene do esposório. TESEU – Vai, Filóstrato, TESEU – Filostrato, vai! concita os atenienses para a festa, Conclama a Atenas jovem pra a alegria; desperta o alegre e buliçoso espírito Desperta o espírito do riso leve; da alegria, despacha para os ritos Melancolia é bom pra funerais: fúnebres a tristeza, que essa pálida Não quero gente triste em nossa festa. (Sai Filostrato) hóspede não vai bem em nossas pompas. (Sai Filóstrato) De espada em mão te fiz a corte, Hipólita; Querida, fiz-lhe a corte com uma espada, o coração te conquistei à custa E conquistei-lhe o amor com rudes golpes; de violência; mas quero desposar-te Mas vamos nos casar num outro tom, com música de tom mais auspicioso, Com pompas, com triunfos e com festas. com pompas, com triunfos, com festejos. (Entram Egeu, Hérmia, Lisandro e (Entram Egeu, sua filha Hérmia, Lisandro e Demétrio). Demétrio.) EGEU – EGEU – Salve, Teseu, nosso famoso duque! Salve Teseu, nosso afamado duque! TESEU – TESEU – Bom Egeu, obrigado. Que há de novo? Bom Egeu, obrigado. O que há de novo? EGEU – EGEU – Cheio de dor, venho fazer-te queixa Aqui venho vexado, pra queixar-me, de minha própria filha, Hérmia querida. E acusar a Hérmia, minha filha. Vem para cá, Demétrio. Nobre lorde, Demétrio, vem aqui. Nobre senhor, tem este homem o meu consentimento Este homem teve a minha permissão para casar com ela. Agora avança, Pra casar-me com ela. Aqui, Lisandro. Lisandro. E este, meu príncipe gracioso, Mas este, meu senhor, com encantamentos, o peito de Hérmia traz enfeitiçado. Prendeu-me a filha. Tu lhe deste versos, Sim, Lisandro, tu mesmo, com tuas rimas! Trocaste juras com a minha Hérmia, 114 Prendas de amor com ela tu trocaste; Fizeste-lhe serestas ao luar, sob a sua janela, à luz da lua, Fingindo amor com voz esganiçada, cantaste-lhe canções com voz fingida, Captando toda a sua fantasia, versos de amor fingido, e cativaste Com fios de cabelo, anéis, bobagens, as impressões de sua fantasia Berloques, florzinhas e até doces com cachos de cabelo, anéis, brinquedos, (Que falam forte à fraca juventude). ramalhetes, docinhos, ninharias, Com mil ardis roubaste o coração mensageiros de efeito decisivo De minha filha, e sua obediência nas jovens ainda brandas. Com astúcia, (Que era minha) agora é teimosia. à minha filha o coração furtaste, Bom duque, se ela aqui, aos vossos olhos, mudaste-lhe a filial obediência Não aceitar casar-se com Demétrio, em dura teimosia. Por tudo isso, Invoco a antiga lei ateniense: meu mui gracioso duque, se ela, agora, Sendo minha filha, posso eu dela dispor; diante de Vossa Graça, com Demétrio Ou ela vai pra este cavalheiro, não quiser se casar, eu me reporto Ou pra morte, segundo a nossa lei, à antiga lei de Atenas que confere Que abrange todo caso igual a este. aos pais direito de dispor dos filhos. É minha filha, posso dispor dela. Ou a entregarei para este cavalheiro, ou para a morte, o que, sem mais delongas, segundo nossa lei, deve ser feito. TESEU – TESEU – O que diz, Hérmia? E pense bem, Hérmia, que respondeis? Sede prudente, mocinha: bela menina. Como a um deus devíeis Seu dever é ter seu pai como um deus, ver sempre vosso pai, um deus que vossa Aquele que compôs sua beleza, formosura plasmou, pois sois apenas Pra quem você não passou de uma cera a cera a que ele conferiu a forma, Que ele mesmo moldou, com seu poder restando-lhe o poder de conservá-la, De dar-lhe forma ou de a desfigurar. ou de esfazer a imagem. É Demétrio Demétrio é um rapaz de grande mérito... cavalheiro mui digno. HÉRMIA – E assim Lisandro. HÉRMIA – E Lisandro também. TESEU – TESEU – Sim, em si mesmo; mas uma vez que ele Como pessoa. com vosso pai não conta, deveríeis Porém, não tendo o voto de seu pai, o outro considerar como mais digno. Temos de achar que o outro mais merece. HÉRMIA – Ah, se meu pai o visse com HÉRMIA – Se ao menos meu pai visse co’os meus olhos! meus olhos. TESEU – Com o juízo dele é que razoável TESEU – Antes os seus devem julgar co’os fora dele. Que vosso olhos vissem. HÉRMIA – HÉRMIA – Vossa graça Eu rogo a Vossa Alteza que perdoe; me perdoe, mas não sei que força oculta Não sei que força encontro para ousar, me dá tanta ousadia, nem compreendo Nem como ofendo, assim, o meu pudor, como a minha modéstia me consente Por proclamar aqui meus pensamentos. defender minha causa em tal presença. Mas rogo a Vossa Graça que me informe Suplico a Vossa Graça declarar-me Qual o pior castigo a que me arrisco, o que de pior me tocará por sorte, Se eu me recuso a desposar Demétrio. se eu me negar a desposar Demétrio. TESEU – TESEU – 115 Ou morrer morte crua, ou, para sempre, Ou a pena de morte ou o repúdio Sair da sociedade. Por tudo isso, Eterno da presença masculina. formosa Hérmia, falai com vossas próprias Portanto, bela Hérmia, questione aspirações, pensai na mocidade, Seus desejos de jovem e o seu sangue, examinai a fundo vosso sangue Pra saber se, negando a voz paterna, e vede se é possível suportardes Vai suportar o hábito de freira, um hábito de freira, para o caso Presa pra sempre em obscuro claustro, de recusardes a paterna escolha, Vivendo irmã estéril toda a vida, ficar encarcerada para sempre Cantando,à lua fria, frias loas. num convento sombrio, como estéril Benditas as que o sangue assim dominam irmã passar a vida, hinos dolentes E fazem casta peregrinação; cantar à lua infrutuosa e fria. Porém é mais feliz aqui na Terra, Abençoados três vezes os que podem, A rosa destilada do que aquela dessa maneira, dominar o sangue Que, murchando no espinho, virgem cresce, e a peregrinação fazer virgínea. Vive e morre em solidão abençoada. Mas muito feliz na terra é a rosa que destilar se deixa do que quantas no espinho virgem crescem, vivem, morrem em sua solitária beatitude. HÉRMIA – HÉRMIA – Assim crescer prefiro, meu bom lorde. Senhor, que assim eu cresça, viva e morra, Viver e perecer, a ver os sacros Antes que eu ceda a minha virgindade privilégios de minha mocidade À opressão de um amo indesejado, em poder de um senhor, cujo aborrido que minh’alma não quer por soberano. jugo minha alma do íntimo repele. TESEU – TESEU – Refleti mais um pouco. Na outra lua - Reflita até chegar a lua nova, quando tiver de ser selado o liame Data que une a mim o meu amor sempiterno entre mim e a minha amada - E faz-nos companheiros para sempre. nesse dia terei de decidir-vos Esteja pronta, então para morrer ou a morrer por desacato franco Por não querer obedecer seu pai.
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