UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Ricardo Lobato Torres a INDÚSTRIA AUTOMOBILÍST
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A indústria automobilística brasileira [disserta- ção] : uma análise da cadeia de valor / Ricardo Lo- bato Torres ; orientador, Silvio Antonio Ferraz Ca- rio. - Florianopólis, SC, 2011. 179 p.: il., grafs., tabs. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Sócio-Econômico. Programa de Pós-Graduação em Economia. Inclui referências. 1. Economia. 2. Indústria automobilística. 3. Lo- gística nacional. 4. Concorrência. 5. Gestão de em- presas - Brasil. I. Cario, Silvio Antonio Ferraz. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Economia. III. Título. CDU 33 Ricardo Lobato Torres A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DA CADEIA DE VALOR Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de “Mestre em Economia”, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Economia. Florianópolis, 21 de janeiro de 2011. ________________________ Prof., Dr. Hoyêdo Nunes Lins. Coordenador do Curso Banca Examinadora: ________________________ Prof., Dr. Silvio Antônio Ferraz Cário Orientador Universidade Federal de Santa Catarina ________________________ Prof., Dr. Walter Tadahiro Shima, Universidade Federal do Paraná ________________________ Prof., Dr. Hoyêdo Nunes Lins, Universidade Federal de Santa Catarina ________________________ Prof., Dr. José Antônio Nicolau, Universidade Federal de Santa Catarina AGRADECIMENTOS Agradeço, em primeiro lugar, à minha família, pais e avós, e a Greiciely Lopes, pelo apoio financeiro e emocional que permitiram minha conclusão do curso de mestrado em Economia. Agradeço ao meu professor, orientador e grande amigo, Silvio Antônio Ferraz Cário, pelo incentivo e confiança em meu trabalho. Agradeço aos professores Hoyêdo Nunes Lins, José Antônio Nicolau e Walter Tadahiro Shima, membros da banca avaliadora, pela colaboração na leitura e participação antecipada na defesa da dissertação, necessária para meu ingresso no doutorado. Agradeço à Evelise Elpo, secretária do curso de Pós-Graduação em Eco- nomia da UFSC, pelo apoio e ajuda fundamentais no decorrer desta jorna- da. Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa do programa REUNI, fundamental para minha manu- tenção na cidade e conclusão do curso. Meus sinceros agradecimentos aos coordenadores do curso de ensino à distância de economia do programa UAB, pela oportunidade e aprendizado proporcionados enquanto fui tutor em diversas disciplinas. Agradeço também o apoio e a amizade dos colegas de curso e demais pro- fessores da UFSC com quem tive a oportunidade de passar momentos agra- dáveis no meio acadêmico. Em especial, gostaria de destacar alguns colegas que propiciaram momentos de discussão e reflexão sobre a dissertação: André da Silva Redivo, Luiz Mateus da Silva Ferreira e Douglas Campanini Maciel. E os professores Pedro Antônio Vieira e Hoyêdo Nunes Lins pelo interesse e apoio ao trabalho. RESUMO O presente trabalho apresenta um estudo da evolução da cadeia de valor da indústria automobilística brasileira no período de 1996 a 2008, com foco em três aspectos centrais: a modernização da indústria, a distribuição de renda entre os elos da cadeia e a governança exercida pelas montadoras. Para a análise da modernização, foram reunidos indicadores de produtivi- dade, tanto em valor e quanto em quantidades físicas. Constatou-se expres- sivo ganho de produtividade das montadoras ao longo do período, e relativa estabilidade ou até mesmo declínio em outros setores. Também foram ana- lisados indicadores de inovação tecnológica, em que se verificou um maior esforço em atividades inovativas desempenhadas pelas montadoras de veí- culos, embora, no período de 1998 a 2000, no auge dos novos investimen- tos decorrentes do Regime Automotivo Brasileiro, o setor de fabricação de peças e acessórios apresentou melhores indicadores de inovação, o que sugere que as empresas do setor tiveram que se modernizar nesse período para atender às novas demandas das montadoras. Para o estudo da distribui- ção da renda, foram analisadas as remunerações das empresas, medidas pelo valor adicionado, e dos trabalhadores, medidas pelos salários. Verifi- cou-se que menos de 1% das empresas do setor responde por 40% do valor adicionado na cadeia, e que os salários são mais elevados nos setores de montagem de veículos, não havendo, ao longo do período analisado, altera- ção significativa nesse quadro. Constatou-se, ainda, uma pequena descen- tralização da atividade produtiva e, consequentemente, da renda e do em- prego, face à instalação de montadoras fora do eixo São Paulo – Minas Gerais. As regiões Sul e Nordeste foram as principais beneficiadas, mas a região Sudeste permanece sendo o polo dinâmico da indústria automotiva. Para a análise da governança, foi realizado um estudo de caso da Renault do Brasil, mediante aplicação de um questionário. Os resultados mostram que a empresa exerce um papel ativo de governança, principalmente com os fornecedores de primeiro nível. Estes, em sua maioria, são empresas multi- nacionais, que tem capacidade de operar em um sistema de just-in-time mesmo não estando presentes na planta industrial da montadora. O estudo revelou uma estrutura de governança modular em relação aos fornecedores de primeiro nível, e uma relação puramente mercadológica com os fornece- dores de segundo nível. Palavras-chave: Indústria automobilística brasileira, cadeia de valor, go- vernança. ABSTRACT The present work shows a study on evolution of Brazilian automobile in- dustry value chain in the period 1996-2008, focusing three core aspects: industry upgrading, income distribution within the chain and the gover- nance of automakers. To upgrading analysis several productivity indexes was calculated. It was observed an impressive productivity gain by auto- makers in that period and relative stability or even decline in others sectors. Technological innovations indicators also were evaluated and the results show that, again, automakers have employed major efforts in innovation activities. But, between 1998 and 2000, when a lot of investment was done in response to Brazilian Automotive Regimen, the autoparts sectors showed better innovation indicators. It suggests that the firms had to upgrade in that period to attend the new demand of automakers. To income distribution study, it was analyzed firms and workers remuneration, measured by added value and wage and others remuneration, respectively. Results show that 1% of firms have 40% of value added in the chain, and higher wages are in automakers sector and no change was performed along the period. Yet, a few trend of decentralization of production and of income has been seen, by the installation of new plants out of the axis São Paulo – Minas Gerais. South and Northeast regions were the main beneficiates, but Southeast is still the dynamic polo of automotive industry in Brazil. To governance analysis, Renault’s case study was performed by doing an inquiry to firm managers. The results show that the company exerts an active role in chain governance, mainly respect to first tier suppliers. These suppliers are big transnational corporations that have the capability to operate just-in-time system even when they are not located near to automakers plants. The study revealed a modular structure of governance respect to first tier supplier, and a purely market-based governance to second tier suppliers. Keywords: Brazilian automobile industry, value chain, governance. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Modelo teórico da cadeia de valor da indústria automobilística...... 29 Figura 2 – Modelo empírico da cadeia de valor da indústria automobilística... 30 Figura 3 – Elos de uma cadeia de valor simples................................................ 39 Figura 4 – Cinco tipos de governança de cadeias globais de valor................... 51 Figura 5 – Há uma hierarquia para a modernização industrial?........................ 54 Figura 6 – Participação das regiões na produção de automóveis, 1999-2009... 72 Figura 7 – Participação mundial das companhias na produção mundial de veículos, 1998- 2009.......................................................................................... 75 Figura 8 – Distribuição regional da produção de veículos da Ford, GM, Toyota e VW, 2000 e 2009................................................................................ 76 Figura 9 – Valor das exportações mundiais de Veículos e Autopeças, 1995 a 2009 (US$ bilhões)............................................................................................ 78 Figura 10 – Produção de veículos automotores no Brasil, 1955-1970.............. 88 Figura 11 – Produção de veículos no Brasil, 1968-1989..................................