A Experiencia Jornalística De Paulo Barreto
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ELIETEMAROCHI A EXPERIENCIA JORNALÍSTICA DE PAULO BARRETO Dissertação de mestrado apresentada ao curso de Pós-Graduação em Letras Teoria Literária/ Literatura Brasileira da Universidade Federal, como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre em Teoria Literária. Orientador Prof. Dr. Carlos Eduardo Scmidt Capela Florianópolis, junho de 2000. “A experiência jornalística de Paulo Barreto” Eliete Marochi Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título MESTRE EM LITERATURA Área de concentração em Teoria Üterária e aprovada na sua forma final pelo Curso de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina. BANCA EXAMINADORA: Profa. Dra. Oma. Messer Levin (UNICAMP) Profa. Dra. Gilka Girardello (UFSC) Prof. Dr. Marco Antonío Casteli (UFSC) SUPLENTE Dedico este trabalho à minha mãe, D. Nilza que me apoiou em todos os momentos. E à minha filha. Flora, que me impulsionou à terminá-lo. AGRADECIMENTOS — Ao mestre, orientador e amigo Carlos Eduardo Capela, por sua paciência, compreensão e porque acreditou em mim mais do que eu pude acreditar. — À amiga e professora Tereza Virginia de Almeida por sua compreensão e pela porta que me abriu, aceitando minhas decisões. — À minha irmã e “ouvido”, Elizabete, que escutou com paciência e compreensão todas minhas queixas e lamentações. — À minha amiga Chirley, que me emprestou livros e compartilhou comigo suas dúvidas e conhecimentos à respeito de João do Rio. — Aos amigos Róbison e Luisa pelo apoio dado desde o início do curso. — Ao Professor Raúl Antelo por sua atenção, dicas e pelo empréstimo de livros raros. — À Dedé e Vera e aos Orixás pela ajuda espiritual. — Ao Cnpq, por ter financiado esta pesquisa. — À Coordenação, aos funcionários e aos professores do Curso de Pós- Graduação em Letras, pela atenção, pelo carinho e paciência. — E ao Vilson, meu companheiro e amigo de todas as horas. SUMARIO 1) Introdução............................................................................................................6 2) Jomal e Jornalismo na Bela Época Brasileira..............................................13 3) Profissão Jornalista ou A Profissão de Paulo Barreto................. .............. 31 4) Breve Trajetória de Paulo Barreto na Imprensa.........................................53 5) O Jornalismo Como Vivência e Experiência............................................. 63 6) As Máscaras......................................................................................................85 7) A Reportagem.................................................................................................. 97 8) Jornalismo e Cinema.....................................................................................112 9) Para Concluir................................................................................................. 119 10) Bibliografia.................................................................................................. 124 11) Anexos..........................................................................................................129 RESUMO O objetivo da presente Dissertação é fazer uma análise dos textos meta- jomalísticos de Paulo Barreto, de acordo com o conceito de experiência, de Walter Benjamin e Henri Bergson. Os textos reunidos em anexo são em sua maioria inéditos e estão organizados cronologicamente. Foram por mim pesquisados e coletados das páginas de jornais cariocas e paulistanos, no período compreendido entre 1899 e 1922. INTRODUÇÃO A minha motivação para entrar para a pós-graduação veio através de uma curiosidade e de uma atração pela literatura francesa decadente do final do século XIX. O gosto pelo estilo despertou-me a curiosidade em saber o que estaria acontecendo nesta mesma época, em termos de literatura, no Brasil. Aos poucos, o caminho foi se abrindo para este período, até então tão desconhecido por mim, da literatura nacional. Tive muitas surpresas ao descobrir que essa mesma literatura da qual eu gostava era fonte de inspiração para escritores brasileiros e que o Rio de Janeiro também tivera a sua “belle époque”. Nestas andanças pelo Rio antigo cheguei a João do Rio. O primeiro livro com que travei contato foi A Alma Encantadora das Ruas, e em seguida, As Religiões do Rio, e fascinei-me com suas crônicas sobre a cidade carioca. Talvez por eu ser graduada em Comunicação Social com habilitação em jornalismo, chamou-me atenção o fato de Paulo Barreto ter sido um jornalista. Inúmeras questões me vieram à cabeça, a respeito desse jornalismo praticado no início do século; a notícia, o fato, eram notadamente trabalhados literariamente, mas de que modo eram colhidas as informações? Como eram feitas as pautas no jornal? Como se fazia a reportagem? Como era feito esse jornalismo que abria espaço nas suas páginas para crônicas literárias? Seria a crônica o carro chefe do jornalismo? Como se trabalhava com a veracidade dos fatos? E as fontes? Outra coisa que muito me chamou a atenção foi a questão dos pseudônimos; o fato de criar um personagem para desenvolver o trabalho jornalístico, e no caso de Paulo Barreto, eram vários personagens, múltiplos eus, agindo nas colunas e páginas de periódicos cariocas. Por que mascarar- se? Qual era o sentido em criar personagens para falar de coisas e fatos reais? Sem dúvida, tais perguntas eram feitas pela jornalista, mas foram, de certa forma, o impulso inicial para o desenvolvimento de todas as minhas leituras e do meu projeto inicial de entrada para o curso de pós-graduação. Ao longo de minha pesquisa algumas perguntas foram se tomando irrelevantes; outras, até hoje permanecem sem respostas concretas, e novas perguntas se formaram ao conhecer melhor o autor no decorrer dos cursos e do meu aprofundamento na obra barretiana. Os textos e as crônicas de João do Rio me fizeram ver que o jornalismo da virada do século, por ser uma nova instituição, agora desenvolvida em ritmo industrial, era feito e criado através de; a) imitação de periódicos franceses, americanos e portenhos; b) as crônicas e matérias jornalísticas eram prolongamentos de idéias e modos narrativos retirados da literatura européia; c) que o flâneur e o detetive, figuras tão típicas da literatura, foram inspiração para os jornalistas desenvolverem ou criarem o jornalismo investigativo e a reportagem; d) o novo arsenal tecnológico “comunicativo”, como o telégrafo, o telefone, o cinematógrafo e até mesmo o automóvel dinamizaram a produção e criaram um ritmo “vertiginoso” — ditando novos ritmos de trabalho e de observação para a composição de textos —, dando início ao desenvolvimento das primeiras técnicas do jornalismo e, finalmente, que o jornal, e seu “stado nascendi”, formava-se através da vivência’ dos escritores na cidade, como veremos demonstrado nos capítulos a seguir. Ao pesquisar toda a extensão da obra de Paulo Barreto, percebi que inúmeras vezes o tema de suas crônicas e de seus artigos ou colunas voltava-se para o jornalismo. Eram reflexões acerca da profissão, do jornal e do jornalismo que se desenvolviam ao longo dos anos (1899-1921) em que ' Vivência ou lírlehnis, de acordo com o conceito de Walter Benjamin. se manifestaria na ‘'impressão forte, que precisava ser assimilada às pressas, produzindo efeitos imediatos atuou na imprensa carioca. Denomino tais crônicas como constituintes de sua “experiência”^ como jornalista. Ao longo de seus vinte e dois anos de imprensa, Paulo Barreto está constantemente colocando ao seu “público ledof’ a problemática do jornalismo e da profissão de jornalista. Ele analisa carta de leitores, faz conferências sobre o jornalismo e luta por um melhoramento e uma “profissionalização” da atividade, critica a imprensa ante determinados problemas mal abordados, aconselha jovens jornalistas, aponta erros cometidos pela revisão e pela tipografia, entre inúmeras outras questões. Tanto suas reflexões como suas “vivências” proporcionadas pelo jornalismo formaram escola no Brasil. Muitos historiadores, pesquisadores, como, por exemplo, Brito Broca, Raimundo Magalhães ou Cremilda Medina, asseguram que João do Rio foi o criador do jornalismo investigativo e responsável pela origem da reportagem no Brasil. Esse trabalho visa discutir a “experiência jornalística” de Paulo Barreto, que seria a inspirador de seu trabalho como cronista, contista, teatrólogo e jomalista. Por se tratar de um material fragmentário, tendo como fio condutor os conceitos de experiência e de vivência, optei também pelo método benjaminiano de “construção historiográfica”. Partindo do pressuposto de ■ No conceito benjaminiano. Erfahrung. pode ser definido como “conliecimento obtido através de uma experiência que se acumula, que se prolonga, que se desdobra tomo numa viagem": “o sujeito integrado numa comunidade que dispõe de critérios que lhe permitem ir sedimentando as coisas com o tempo". que a “história é o objeto de uma construção”, passei a buscar nos livros uma coletânea de materiais, criando uma “constelação” de fragmentos de uma série de obras da literatura brasileira e francesa, da história do Rio de Janeiro, depoimentos de amigos do autor, pesquisas realizadas sobre João do Rio, e, por fim, textos teóricos que pudessem ajudar-me na composição fmal de meu trabalho. Na segunda parte da Dissertação, apresento uma coletânea de textos de Paulo Barreto, muitos inéditos, que chamo de “Jornalismo Visto Por Dentro”, nos quais suas reflexões giram em tomo do jornalismo praticado no período compreendido entre 1899 e 1922. Esta coletânea é resultado de uma pesquisa e de uma pré-seleçào de acordo com