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LISBOA REVISTA MUNICIPAL LISBOA revista mun ic ipal ANO XLVIII - 2 SÉRIE - N .º 20 - 2.0 TRIMESTRE DE 1987 - NÚMERO AVULSO: 500$00 0 1 RECTOR O RLANDO MART I NS CAPITAO SUBOIRECTOR FERNANDO CASTELO BRANCO ASS STENTE TECN I CO ALFREDO THEOOORO s um á r io APONIANICVS POLISCINIVS - UM FALSO TEÔNIMO o A IGREJA 00 MENINO· DEUS - PEÇA IMPORTANTE 00 BARROCO OLISI PONENSE OUE RESISTIU AO TERRAMOTO OE 1755 E CUJA AUTORIA E OISCUTIVEL • A • ASSEMBLEIA BRITÀNICA· EM LISBOA E A SUA SEDE ( 177 1-18 19) o A AULA 00 COMtRCIO OE LISBOA· IV DOS PROGRA MAS AOS EXAMES • LISBOA NOTICIÁRIO EOIÇAO DA e M . L - o s . e e REPARTIÇAO OE ACCAO CULTURAL PALACIO DOS CORUCHtUS - RUA ALBERTO OE OLIVEIRA - LISBOA - TELffONE 76 62 68 T.ragem: 2000 exemplares - OepOs110 Legal n 18 112187 Compos1çao e impressão Heska Portuguesa - Rua EI as Garcia. 27-A - Venda Nova - Amadora Losboa - St Pedro o· Alcantara ReptOduçào paroal da nona estampa da obra • O>X Vues de usbonne .•, ed !ada em 1832 por uth. de Schm•d, Genebra i: autora Celest'ne Brelaz (1811-1892) mais tarde Sr · lenoir. nasoda em Lisboa. 2 os ARTIGOS PUBLICADOS SÃO DA RESPONSABILIDADE DOS seus AUTORES JOSt CARDIM RIBEIRO /\PONIANICVS POLISCINIVS UM FALSO TEÓNIMO A publicação de 1nsc11çóes. por an1l gos autores, enfermou muitas vezes de um apressado ou pouco cuidadoso exame dos monumentos e respec11vos textos, situação que uma generalizada mentalidade •Pré·cientlf1ca• proporcio· nou, ainda que aliada é mtrlnseca falla de preparação e de rigor por parte de alguns daqueles pollgrafos, bem como às incó· modas e/ou deficientes condlçóes flsl· cas de observação frequentemente veri· licadas. Limitando-se. na maior parte dos ca· sos. as uller1ores e modernas comp1- laçoes (como. vg., o CIL.) a aprove11ar quase só essas 1nd1rec1as noticias e re colhas - ainda que então su1e1tas a apertada critica hermenêutica -. foram assim postos a circular e acreditados. entre os espec1a1is1as. 1numeros dados falsos ou menos vend1cos. sobre1udo no campo da onomástica Deste facto têm a pouco e pouco to· mado consc1énc1a mu11os dos actua1s 1n vest1gadores - merecendo especial destaque. no que concerne à Hispania. o caso de Albertos Firmai (cfr, v.g. 1972, pág. 2: 1975'. pag 6. e, sobre1udo, 1975') -. recomendando o 1mpe11oso e d11ec10 relorno aos monumen1os 011g1- na1s. sempre que possivel. Foi assim que. ao longo dos ul11mos vinte anos e em relação à Península, se corrigiram ou mesmo sup11m11am abun· dantes antropónimos e 1eón1mos ditos pré-latonos que. anies. figuravam como elementos reais e concretos em vários corpora e /exica (cfr., v.g .. Albertos Flr· mat, 1975'. pág. 947, 1976, pp, 64 e 65; 1977). Porém. nem sempre se tornou possf· vel o reencon1ro e exame de peças antes publicadas. ou porque entretanto foram destruídas. ou porque - desafiando os esforços já empreendidos - continuam até hoje transviadas. Nestes casos res1a· -nos, pois. o retorno aos an11gos autores e sua renovada. melódica e exaustiva Fig 1- Ep. Ols. 144·G•l.LER 721 escalpehzaçâo, conlron1ando cmeroosa- 3 Q-======f..,......,,...'IQdkm Fig 2 - Locais de proveniência rela11vos mente entre si as diversas fontes ma concelho e cidade de Lisboa)I (fig. 2). foi a Ep. 01/s. 144-G e a C.1.L. 11272 nuscritas e/ou bibliográficas disponíveis então recolhida no Museu da Cidade de (cfr .. v.g. e no que se refere à Híspania, Lisboa, onde oportunamente se proce Mayer. 1984: Donati. 1984; Fabre. 1984; deu ao seu exame e fotografia (cfr. Vieira Bonneville, 1984; além de Cardim Ribei da Silva, 1954; idem, 1944, pág. 268). ro. 1982/83. Appendix); quanto a casos No entanto. fruto de irresponsáveis e ab mais recentes - porque, paradoxalmen surdas directrizes superiores- ainda te. também os hã -. poder-se-á ainda que alheias à direcção e corpo técnico proceder ao exame de antigos materiais do Museu -. transitou alguns anos mais fotográficos. sempre que porventura tarde este monumento para inadequado existam. tocai silo em Coimbra, onde se acabou Foi este. afinal, o processo que segui por perder ou destruir ('). De facto. todas mos ao tentar. de forma cabal, decidir se as buscas que empreendemos no senti na epigrafe /.LER. 721 (= Ep. O/is. 144- do de o reencontrar resultaram. até ago ·G) se deveria efectivamente ler o teónl• ra. totalmente vãs. mo •Apon ianicus Poliscinius. ou tão só os antropónimos de uma Aponia Nicopo A epigrafe em questáo foi estudada e lis seguidos da consagração a um publicada em primeiro lugar por Vieira da Genius. Siiva (1954, pâg. 307; 1944, n. 144-G), que nela julga poder ler um teónimo lndi· gena composto. •Aponianicus Polisci· A árula em causa (fig. 1) ('), descober nius, cujo primeiro elemento nos propõe ta em 1944 - com outras epigrafes (vo aproximar etimologicamente de Aponia tivas e funerárias) - em plenos agri do na Insula, situada na costa siciliana oci Município Olisiponense !·Zona SE• dental. Interpreta a totalidade do texto do 4 (Poço de Cortes, freguesia de Olivais, seguinte modo: . c(aro ?, vel grato?) s(uo vel sibi).I Vieira da Silva e tendo então talvez em médias sem qualquer pontuação ( v g .. Aponian1co/Poliscintolsacruml a(nimoJ conta a de Pflaum/Mertin, não incluira apesar de truncado('), Eph Ep. IX 24 Ep l(ibensJ ainda em obras anteriores (v.g .• 1962> Ol1s 5 = Lambrino. 1951 n. 4 a t.L.E.R. ('). O mesmo se terá passado com AI· 4561 (Olis1po)) Afirma ainda que "ªs letras C.S (linha benos Firmat (1975', pág. 56). Quanto a nós. a pretensa ara a •Apo· 1) podem ter ainda outras significações Nós próprios. a dada altura (197 4177. nianicus Potiscm1us nao passa de mais mais ou menos verosfme1s. que nos dís· pág. 312. n 63) e por direcla influência um exemplo deste tipo, resultando pois pensamos de mencionar• da obra de Encarnação. chegámos a admi - segundo esta perspectiva - m1encio· Esla "d1v1ndaae- não é apenas adm1· tir a existência da supracitada (pseu· na/ e por razões meramente estéticas. a tida por este autor e - na sua este11a - do)·d1v1ndade Porém. não vemos ho1e omissão de pontos observável nas res· também por Vives (l.L.E.R. 721), mas qualquer especial significado na argu· pecllvas linhas 2.3 e 4 (linhas 1ntermé· ainda por Encarnação (1975, pp. 91 e mentação desse autor versus Pflaum, dias), factor que não deve assim induzir 92). por Albertos Firmal ( 1975'. pág. 56, acreditando-a pois perleuamente discuti· a uma forçosa leitura escalonada por a 1) e por Blázquez (1975, pág. 28. cot vet e ultrapassável linhas 2). Contudo. Pflaum (segundo referência Assim e apesar dos pontos existentes As acentuadas preocupações es1e11- m Mertin, 1950, pág. 252, n 259) propu· nas linhas 1 e 5 da epigrafe, não julga cas de simetria do ordmator - preocu· sera 1â. oportunamente, uma outra mos que a falta de sinais de separação pações que o lapiclda tentou respeitar ao leitura. nas outras linhas actue como lactor deci gravar a epigrafe em causa - permane <G>(ento} s(acrum) 1 Apon1a Nicolpo· sivo na leitura e compreensão do texto cem ainda claramente explícitas através /1s <Ge>ntolsacrum, a(n1moJ t(1bensJll, Para 1á. os pontos das tinhas 1 e 5 tém da presença de faixas .. em branco· que um carácter mais estético que funcional, ·emolduram· o campo ep1gráf1co. faixas leitura e interpretação que cremos esta não só porque dois deles surgem colo que, ao ser executada a 1nscriçao, loram rem muito próximas das verdadeiras e cados. de forma supérflua, no fim das apenas algo desrespeitadas em três que foram ainda. recentemente, consi· linhas, mas porque os restantes sepa pontos deradas por Untermann (1985. pâg ram. afinal abreviaturas fá de si bastante a) O campo epigráfico podena ter des· 345) distanciadas e, nesse sentido. revetam c1do um pouco. em bloco, de molde a Entre os autores que seguem a pro· -se igualmente supérfluos. que a faixa supenor igualasse a inferior; posta Inicial - a de V1e1ra da Silva De facto, verificamos não ser Invulgar. na realídade, a faixa superior resultou apenas Encarnação ( 1975. pág. 92) ar· quer no Mun1clp10 Ohs1ponense. quer demasiado estreita. e a inferior demasia risca rebater abena e conscientemente a em geral, no Império. a existência de do larga [o que talvez. porém. tenha sido hipótese de Pttaum. para o que evoca as epigrafes onde. em simultâneo no mes 1ntenc1onat e motivado por meras ques· seguinles razões· mo texto, se observam linhas ostentando tões de perspect1vaçào e correcção ópti· 1) • Na pedra não hã a separação de pontos de separação - funcionais e/ou ca. porventura determinadas atendendo palavras pretendida por Pflaum•. apenas ornamentais - e linhas onde tais a uma normal observação e leitura do li) A •repetição de Genio sacrum ( ... ) sinais permanecem de todo ausentes monumento a partir de plano inferior parece pouco explicável• [cfr Hubner. 1885, pp. LXXVII e LXXVlll àquele em que a arula se encontraria vul· Considera ainda este autor como um (e. v.g, exempta 193. 391. 598, 758. garmente colocada) G a primeira letra exarada na epigrafe. e 761. 1068, 1102. 1163. 1165. 1181. b) Na tinha 1, o espaço "em branco• a sua interpretação difere da de Vieira da 1193), Cagnat, 1914, pag 29; Batlle. inicial é menor que o espaço "em bran· Silva apenas no que se reporta àquela 1946, pág. 26; Gordon & Gordon. t977, co • hnal: contudo. tal desequ1llbrio é mesma linha. que desenvolve na ex pp. 183 e t84; Sus1m. t982. pág 92. compensado peto correspondente avan· pressão G(enioJ SfanctoJ. supondo-a além de Malton. 1982, pág 248, n. 8] ço uniforme da última tinha, o que equ1li· natural atributo de • Apon1antcus Poflsc1 Nestes exemplares há palavras que se bra o con1unto.