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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES O ARQUITECTO MATEUS VICENTE DE OLIVEIRA (1706-1785) UMA PRÁXIS ORIGINAL NA ARQUITECTURA PORTUGUESA SETECENTISTA Mónica Ribas Marques Ribeiro de Queiroz DOUTORAMENTO EM BELAS ARTES Especialidade de Ciências da Arte 2013 1 UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES O ARQUITECTO MATEUS VICENTE DE OLIVEIRA (1706-1785) UMA PRÁXIS ORIGINAL NA ARQUITECTURA PORTUGUESA SETECENTISTA Mónica Ribas Marques Ribeiro de Queiroz DOUTORAMENTO EM BELAS ARTES Especialidade de Ciências da Arte Tese orientada pelo Professor Doutor José Fernandes Pereira 2013 2 Resumo O arquitecto Mateus Vicente de Oliveira viveu entre 1706 e 1785. Trabalhou ao longo de cinquenta anos em obras de construção de palácios e igrejas do país, ao serviço dos reis D. João V, D. José I e D. Maria I. Destacou-se no convento de Mafra, na obra do palácio de Queluz ao serviço da Casa do Infantado, na igreja do Mosteiro do Lorvão e igreja de Santo António de Lisboa. Seguidor do arquitecto Borromini, original na forma como interpretou a tratadística italiana, ousou ser um arquitecto diferente dentro do panorama da arquitectura portuguesa setecentista, revelando versatilidade. A sua grande obra, a igreja, convento basílica da Estrela revela as características da sua mestria e da sua personalidade, uma forma original de conceber um espaço na arquitectura portuguesa. Abstract The architect Mateus Vicente de Oliveira lived from 1706 to 1785. He worked for over fifty years in the construction of palaces and churches, at the service of Kings D. João V, D. José I and D. Maria I. He excelled at the convent of Mafra, in the work of the Palace of Queluz to the service of the House of Infantado, in the Church of the monastery of Lorvão and Church of Santo António de Lisboa. Follower of architect Borromini, original in the way he used the Italian tratadistica, dared to be a different architect within the panorama of the 18th century Portuguese architecture, revealing versatility. His major work, the Church, convent Basilica da Estrela reveals the characteristics of its mastery and his personality, an original way of building a space on Portuguese architecture. PALAVRAS CHAVE: Mateus Vicente de Oliveira, Arquitectura Barroca Portuguesa , Palácio de Queluz, Basílica da Estrela, Borromini. KEYWORDS: Mateus Vicente de Oliveira, Portuguese Baroque Architecture, Palace of Queluz, Basilica da Estrela, Borromini. 3 Agradecimentos À memória do orientador científico Professor Doutor José Fernandes Pereira na condução deste projecto de trabalho e por ter defendido a importância que o arquitecto Mateus Vicente de Oliveira teve na arquitectura portuguesa. À Professora Doutora Margarida Calado pelas sugestões enviadas na fase de revisão da presente tese, após o falecimento do Professor Doutor José Fernandes Pereira. Ao Professor Doutor Fernando António Baptista Pereira e especialmente ao Professor Doutor Eduardo Duarte, pela orientação, apoio, ânimo e por acreditarem neste trabalho. Aos funcionários da DGARQ, Torre do Tombo, especialmente a Odete Martins, Célia Adriano, Céu Cardoso, Lídia Mendes, Paulo Tremoceiro e Fernando Costa pela ajuda na pesquisa e facilidades concedidas na investigação e no acesso à documentação. A toda a Equipa da Biblioteca Municipal Central das Galveias, especialmente a Anabela Santos e Manuela Mira. A Margarida Montenegro Carneiro e Fernanda Santos do Palácio e Convento de Mafra. A José Rodrigues Pisco pela visita guiada ao interior da igreja do Mosteiro do Lorvão. À Santa Casa da Misericórdia de Mafra no acesso ao arquivo da Irmandade do Santíssimo Sacramento, através da colaboração de Saldanha Lopes. 4 À Casa Pia de Lisboa, pelas visitas concedidas aos colégios de Santa Clara e de Santa Catarina. A João Villaverde Cotrim Mendes, descendente do arquitecto Mateus Vicente de Oliveira pelas informações concedidas. A Leopoldo Drummond Ludovice, descendente do arquitecto João Frederico Ludovice pela entrevista dada em Arruda dos Vinhos, pelas informações de família disponibilizadas e de apoio à presente investigação. Agradecimento também à empresa RRJ Arquitectos, que permitiu o acesso ao Palácio do Patriarcado, a Luís Norton de Matos do Palácio do Mitelo, a Vítor Lourenço da Academia Militar no Palácio da Bemposta, ao Padre Delmar da Igreja de Santo Estêvão de Alfama, a Carlos Beloto pela visita à Quinta de Caxias, ao Recolhimento de Nossa Senhora do Carmo da Lapa, à Escola de Fuzileiros de Vale de Zebro e ao pároco Pedro da Basílica de Santa Quitéria de Meca, pelo acesso ao escasso arquivo da Irmandade. Ao Arquivo Municipal de Lisboa pelas facilidades concedidas. A Maria Lucinda, Tomaz e Guilherme pela ajuda, incentivo e paciência nas horas mais difíceis da concretização deste trabalho. Ao arquitecto Mateus Vicente de Oliveira. 5 6 ÍNDICE Introdução 9 Parte I 1.1 Mateus Vicente na Historiografia Portuguesa 12 1.2 Biografia 21 1.3 Aprendizagem no estaleiro: Mafra 37 1.4 A Biblioteca de Mateus Vicente de Oliveira 44 1.5 A aquisição de uma cultura arquitectónica – Francesco Borromini e as divergências com a arquitectura da época. A originalidade no estilo de Mateus Vicente 51 Parte II Obras de aprendizagem e de parceria com outros arquitectos 64 2.1 Palácio, Igreja e Convento de Mafra – Sacristia 65 2.2 Palácio do Patriarcado 71 2.3 Palácio Mitelo e capela do Senhor Jesus dos Perdões 80 2.4 Mosteiro de São Vicente de Fora 87 2.5 Igreja e Convento da Graça 95 2.6 Igreja de Santo Estêvão de Alfama 100 2.7 Palácio Ludovice, a São Pedro de Alcântara 108 Parte III Principais obras de Mateus Vicente de Oliveira 3.1 Palácio de Queluz 111 3.2 Igreja de São Francisco de Paula 142 3.3 Igreja do Mosteiro do Lorvão 155 3.4 Igreja de Santo António de Lisboa 170 3.5 Igreja de Nossa Senhora da Lapa 184 3.6 Igreja de Santa Luzia e de São Brás 192 3.7 Basílica de Santa Quitéria em Meca 197 3.8 Igreja da Memória 206 7 Parte IV Obras diversas e dispersas 4.1 Moinhos de Maré no Seixal 216 4.2 Fábrica do Biscoito 221 4.3 Palácio da Junqueira ou dos Patriarcas 225 4.4 Igreja de São Martinho em Sintra 229 4.5 Palácio de Belém 233 4.6 Jardim da Real Quinta de Caxias 238 4.7 O Túmulo da Rainha D. Maria Ana de Áustria 243 4.8 Convento do Desagravo das religiosas do Louriçal a Santa Clara 246 4.9 Palácio do Morgado em Arruda dos Vinhos 249 4.10 Palácio Estoi em Faro 254 Parte V O Arquitecto: Percurso profissional 5.1 Arquitecto ao serviço da Casa do Infantado e do Priorado do Crato 259 5.2 Inquiridor e Distribuidor da cidade de Coimbra – Mosteiro do Lorvão, Real Colégio de São Paulo e casas da Inquisição 267 5.3 Arquitecto do Senado da Câmara de Lisboa de 1760 a 1785 270 Parte VI 6.1 Convento, Palácio e Basílica da Estrela 278 6.2 O Arquitecto Mateus Vicente de Oliveira: Uma práxis original na arquitectura Portuguesa setecentista 298 Conclusão 301 Bibliografia 306 Índice onomástico 329 Volume II Anexo: I –Parte I a VI - Imagens Volume III Anexo: II- Parte I a VI - Documentos Anexo III – Sumários dos principais contratos de obras dos XII Cartórios Notariais de Lisboa de 1730 a 1785. 8 Introdução Revelar a obra e a pessoa de Mateus Vicente de Oliveira é o principal objectivo deste trabalho. Um arquitecto que nasceu em 1706, percorreu todo o século XVIII, assistiu e viveu três reinados: D. João V, D. José I e D. Maria I. De origem humilde fez a carreira à sua custa, conseguiu ingressar nas obras de Mafra, onde aprendeu e começou como canteiro, cativando a atenção do arquitecto e depois brigadeiro João Frederico Ludovice, que o terá impulsionado a continuar como seu discípulo. Seguiu para Lisboa, onde iniciou uma carreira, que afinal haveria de ser promissora. Aliado ao seu talento e dadas as relações que encetou ainda em Mafra, teve especial importância a ligação que manteve com o arquitecto Manuel da Costa Negreiros que o introduziu ao serviço da Casa do Infantado. O infante D. Pedro encarregou-o da missão de construir o palácio de Queluz, a sua primeira grande obra, na qual trabalhou até à morte, em 1785. Assistiu a um sismo que destruiu a cidade de Lisboa e abalou um país, mas recomeçou, como toda a geração que viveu esse acontecimento. Teve trabalho em Coimbra, participou na reconstrução de Lisboa, em obras menores, sempre no seu estilo muito próprio e influenciado pela arte do arquitecto Francesco Borromini. Assinou a maioria dos seus trabalhos com o frontão contracurvado, o frontão borromínico que empregou com uma absoluta fidelização. Percorreu o país inteiro, desde Braga até Faro, como arquitecto do Infantado, assistiu às obras, vistoriou e emitiu pareceres. Em reconhecimento deste trabalho foi finalmente empossado no cargo de arquitecto do Paço e Obras Reais e, mais uma vez, indigitado para uma segunda grande obra, a Basílica da Estrela, que não terminou. Foi um arquitecto que se especializou no desenho e na concretização de igrejas, conventos, palácios e jardins, mas também com uma grande versatilidade no decorrer do seu percurso profissional, na reconstrução de moinhos de maré, em fábricas e prisões. 9 Ponderado, metódico, tinha uma personalidade que soube adaptar-se às diversas conjunturas políticas e económicas, familiar do Santo Ofício, constituiu a sua família em Torres Vedras e acumulou uma pequena fortuna a avaliar pelo inventário post mortem. Em suma, a sua rectidão e características específicas, tornaram-no capaz de aproveitar as oportunidades que teve e de sobreviver num panorama artístico que lhe era adverso, divergente da sua atitude e gosto pessoal, mas que no final conseguiu coexistir. Pretendemos nesta tese revelar a sua biografia e o percurso profissional mais relevante do arquitecto.