FUNDACÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE ASSIS CAMPUS “JOSÉ SANTILI SOBRINHO”

ANA BEATRIZ FLORES

PROGRAMA CUSTE O QUE CUSTAR (C. Q. C): UMA ANÁLISE DESCRITIVA DOS QUADROS QUE ENVOLVEM A POLÍTICA BRASILEIRA

ASSIS 2009

FUNDACÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE ASSIS CAMPUS “JOSÉ SANTILI SOBRINHO”

ANA BEATRIZ FLORES

Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social Habilitação em Jornalismo do IMESA (Instituto Municipal de Ensino Superior), como requisito para a Conclusão de Curso, sob a Orientação da Profª. Drª. Lucinéa Marcelino Villela.

ASSIS 2009

Folha de Aprovação

Assis, _____de ______de _____

Assinatura

Orientador: ______Prof. Doutora Lucinéa Marcelino Villela

Examinadora: ______Prof. Mestra Aparecida Macena da Silva

Examinadora: ______Prof. Mestra Maria Lidia de Maio Bignotto

Dedicatória

Aos meus pais, Às minhas irmãs, Aos meus sobrinhos, Aos meus amigos, E aqueles que assistem e gostam do programa C.Q.C.

AGRADECIMENTO

Primeiramente agradeço a Deus, ser supremo e único, que foi meu maior porto seguro e que com a ajuda Dele eu tive forças para conseguir completar mais essa etapa da minha vida, muitas vezes até pensei em desistir, mas sentia uma força divina, que me amparava para poder prosseguir. Também agradeço aos meus pais, Aparecida Isabel e Sueli, ambos responsáveis pela minha educação e por cada degrau alcançado na minha vida, meu alicerce, obrigada pelos ensinamentos e broncas, nesses quatro anos vocês foram exemplo de força, de coragem e de perseverança para eu não desistir no primeiro obstáculo encontrado, amo-os incondicionalmente. Às minhas irmãs: Cíntia, Juliana e Maria Teresa, obrigada por caminhar comigo e compartilhar toda essa jornada, em especial a minha irmã Cíntia, que além de irmã sempre foi um grande exemplo de profissional para mim, desde o inicio me apoiando não só financeiramente, mas também moralmente, dizendo palavras que naquela ocasião poderiam ser duras, mas hoje eu vejo quanto foram importante para meu crescimento, essa conquista também é sua. Aos meus sobrinhos: Valentina, Cecília, Davi e Nina, que mesmo ainda sendo anjinhos, não sabem a diferença que fazem na minha vida e o quanto são importantes, amo vocês meus pequenos. À minha querida avó, Teresa, obrigada por tudo. As minhas amigas que desde a infância estiveram comigo vivenciando cada etapa da minha vida: Ana Bárbara, Aline, Karen, Raiane, Diana, Blenda, Larissa, Mariane ,Camila, Tatiane e Roberta. E aos amigos que conquistei durante esses quatro anos. Aos meus colegas de classe pelo convívio fraternal e familiar, durante esses anos vivenciando cada momento de alegria e tristeza comigo e em especial às minhas duas grandes amigas que irei levar para o resto da vida, Vanessa Silva e Nayara Aniceto vocês foram a peça chave desse curso, obrigada pela palavra amiga na hora em que eu mais precisava, pelo companheirismo, pelas risadas, pelas broncas quando era preciso e por fazer parte desse ciclo comigo, aprendi a amar vocês de uma forma muito especial, agregadas do meu coração.

Aos meus professores que pacientemente me fizeram aprender as lições da vida e isso fez toda a diferença nos meus estudos, nos meus conhecimentos. Em especial agradeço a professora e orientadora Drª Lucinéa Marcelino Villela o meu muito obrigado pela paciência de me orientar, pela competência de uma grande profissional que és. E não poderia deixar de lembrar uma pessoa que mesmo não fazendo parte mais do meu convívio, esteve ao meu lado durante um bom tempo no decorrer de quatro anos me ajudando, apoiando e me fazendo seguir em frente. Obrigada Caio Shibuya, és especial. À todas as pessoas que direta ou indiretamente fizeram parte da minha história, que me apoiaram, me incentivaram a concluir essa faculdade. Enfim à todas essas pessoas homenageadas deixo um muito obrigada.Sonho concluído!

“Eu sou a mosca que pousou em sua sopa Eu sou a mosca que pintou para lhe abusar E não adianta vir me dedetizar Pois nem o DDT pode assim me exterminar Porque você mata uma e vem outra em meu lugar”

(Raul Seixas)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise descritiva do programa televisivo Custe o que Custar (C.Q.C) do Brasil, transmitido pela emissora Bandeirantes. Serão analisados dois quadros que envolvem a política no nosso país: CQC NO CONGRESSO e Proteste Já. A proposta da análise é verificar a mistura dos gêneros do programa, o entretenimento e o jornalismo, tendo como característica o formato talk-show. O programa tem uma forma diferente de transmitir as informações, sendo assim fica mais atrativo para os telespectadores.

Palavras chaves: televisão- jornalismo-entretenimento- política

Abstract

The present study has as an objective to do a description analyzes of the TV program “Custe o que Custar (C.Q.C) from , broadcasted by Bandeirantes station. It will be analyzed two segments that involve the politician of our country: CQC NO CONGRESSO and Proteste Já. The proposal of this analyze is to verify the mixer of the kinds of the program, the entertainment and the Journalism, getting as a characteristic “talk show” – shape. The program has a different kind to broadcast the information, tha’s why it’s more attractive for the viewers.

Keywords: Television; Journalism; Entertainment; Politics Sumário

INTRODUÇÃO ...... 12 CAPÍTULO 1- HISTÓRIA DA TELEVISÃO 1.1- História da televisão...... 15 1.2- TV por assinatura...... 21 1.3- TV Digital...... 22 1.4-Indústria Cultural e Cultura de Massa...... 24 1.5- Gêneros e Formatos...... 26 CAPÍTULO 2- CQC NO BRASIL E NO MUNDO 2.1- CQC na Argentina...... 29 2.2- CQC na Itália...... 30 2.3- CQC na Espanha...... 31 2.4- CQC no Brasil...... 32 CAPÍTULO 3- ANÁLISE DESCRITIVA 3.1 Análise descritiva do programa...... 36 3.2- Análise descritiva e crítica do quadro Proteste Já ...... 50 CAPÍTULO 4-PRÊMIOS E ACONTECIMENTOS NO PROGRAMA.56 CONSIDERAÇÕES FINAIS...... 58 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS E ELETRÔNICAS...... 59 ANEXOS...... 62

Introdução

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é uma pesquisa exploratória que tem como objeto de estudo o programa CQC – Custe o que Custar transmitido pela emissora de televisão . Mais especificamente, pretendemos fazer um panorama histórico do programa apresentando-o como um gênero que mescla jornalismo, humor e crítica dentro da TV. Para se obter resultados, algumas edições da temporada do programa 2009 serão analisadas e discutidas. Levantamos e observamos as principais características de um meio de informação, pontuando-o e confirmando-o como um programa que contém uma mistura de gêneros, dentre eles o jornalístico. O CQC é um programa de televisão que vai ao ar todas as segundas- feiras, a partir das 22h15 e é reprisado aos sábados a partir das 23h45. O programa foi ao ar pela primeira vez no dia 17 de março de 2008, na Rede Bandeirantes. A nova temporada do programa estreou em 9 de março de 2009. A bancada do programa é comandada pelos apresentadores: Marcelo Tas, Marco Luque e Rafinha Bastos. O formato do CQC foi importado da Eyworks – Cuatro Cabezas, da Argentina, e sua versão é transmitida para quatro países: Argentina (original),Espanha,Brasil e Itália. Buscaremos compreender neste projeto como um programa baseado no humor e que aborda temas polêmicos atua como um meio para transmitir importantes informações, de uma forma simples, sendo de fácil compreensão ao telespectador. Neste trabalho, consideraremos que o programa CQC (Custe o que custar) possui humor, política e jornalismo, atraindo assim um público-alvo específico: os jovens. O programa mostra com irreverência os acontecimentos e dá ênfase aos fatos de maior importância da semana. Trabalharemos também com a hipótese de que a maneira utilizada pelos editores e produtores do programa de fazer entrevistas e informar atinge com maior eficiência os telespectadores. Constatamos isso quando observamos que uma matéria sobre algum tema específico, como por exemplo, política, fica mais interessante quando contada com um olhar crítico e cômico. Por isso, o 13 assunto atinge jovens de todas as camadas sociais, porque é de fácil compreensão, além de ser apresentada de uma forma engraçada. Neste estudo, temos como objetivo principal comprovar que o programa CQC, apesar de quebrar uma série de “tabus” e diferenciar-se do tradicional telejornal, possui algumas características do gênero jornalístico. Os apresentadores fazem sátiras sobre os diversos temas e quebram o protocolo, apresentando reportagens interativas, que vagamente se assemelham às tradicionais reportagens dos meios de comunicações televisivos. Esse tipo de programa, nesse sentido, pode ser considerado um meio de transmitir informações. Por tratar-se de uma pesquisa exploratória, existem poucos estudos específicos sobre o tema publicados no Brasil. Por isso serão estudados livros que abordam a televisão como tema. No livro de Jésus Barbosa de Souza, Meios de comunicação de Massa, (1996), verificaremos que a contribuição essencial dos mass media é a rapidez na transmissão de informações, propiciando assim sua grande difusão. O livro Teoria da Cultura de Massa reúne textos dos principais intelectuais que analisaram a Comunicação de Massa, no intuito de compreender todas as implicações desse fenômeno, que introduziu conceitos, ditou valores e mudou a maneira de ser e de agir de milhões de pessoas. Na obra A Televisão levada a sério, Arlindo Machado (2001) se propõe a examinar a qualidade das programações e do conteúdo da televisão e para provar isso, o autor analisa uma série de programas que podem ser tomados como referência de boa qualidade na tevê. No livro de José Carlos Aronchi de Souza, Gêneros e Formatos na Televisão Brasileira, 2004, buscaremos encontrar características com o formato talk show e uma categoria de entretenimento e para comprovar isso, o livro nos fornece as definições de cada categoria e formato. Na obra A Vida com a TV, O Poder da televisão no cotidiano, Luiz Costa Pereira Junior, (2002), debate a questão da influencia da televisão no cotidiano das pessoas do nosso país e afirma que o televisor é um aparelho indispensável nos lares dos brasileiros. Entendemos que a presente pesquisa trará contribuições para o enriquecimento dos estudos sobre televisão e para a análise de temas como: o

14 humor abordado de forma inteligente, a comunicação, o entretenimento e as informações que essas áreas transmitem.

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Capítulo 1 1.1 HISTÓRIA DA TELEVISÃO

Iniciaremos nosso levantamento bibliográfico, apresentando um panorama histórico da TV no Brasil a partir de concepções apresentadas nas obras Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial, de Guilherme Jorge de Rezende, e A televisão levada a sério, de Arlindo Machado, (2001), além disso, utilizaremos informações retiradas do site http://www.tudosobretv.com.br/. A televisão é o meio de comunicação de massa mais poderoso do século XX, isso se deve aos elementos que são veiculados em sua grade que tem em vista o público-alvo coletivo virtual. Ela não é apenas um simples aparelho de telecomunicação nos lares, além disso, seu surgimento foi uma conquista e ao mesmo tempo uma revolução para a mídia eletrônica, aparecendo como o meio de comunicação de maior influência nos costumes e na opinião pública. Ela faz parte do cotidiano da sociedade, e tem uma alta penetração em todas as camadas da população. Consideramos, no entanto, que a televisão nada mais é que entretenimento para as pessoas. É como se fosse um liquidificador cultural, capaz de misturar e homogeneizar assuntos como cinema, música, teatro, literatura, humor, em apenas um espetáculo, virando “uma vitamina” reforçada de informação com conteúdo para os telespectadores. O autor Luiz Costa Pereira Junior em sua obra, explica a importância da televisão e faz uma comparação com o mito da Caverna de Platão: Tem as imagens que o rádio e é capaz de fixar hábitos na rotina das pessoas, ao contrario da Internet. Como a porta na caverna de Platão, a TV é o contato com o ideal, com o inalcançável, com o indireto.Senta-se em família diante dela como os primitivos se sentavam ao redor da fogueira.O convívio humano direto não foi abolido e não perdeu seu poder maior de conseqüência sobre a vida de cada um.Mas a TV é um medidor de parte significativa de nossas relações sociais.(PEREIRA JUNIOR,L.C,2002)

A seguir, apresentaremos o Histórico da TV Brasileira.Optamos pela divisão por décadas, como é apresentada por diversos autores consultados.

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ANOS 50

No Brasil, a pré-estréia da TV aconteceu em 03 de abril de 1950, quando foi transmitida uma apresentação de Frei José Mojica. No dia 10 de setembro, foi transmitido um filme de Getúlio Vargas falando do seu retorno à vida política. Só em 18 de setembro ocorreu oficialmente a inauguração da televisão, apenas cinco anos depois de seu aparecimento nos países mais desenvolvidos do mundo. O Brasil recebeu a transmissão da TV muito antes de diversos países importantes, ficando atrás apenas dos países desenvolvidos como: Estados Unidos, Inglaterra e França. Assis Chateubraind Bandeira de Melo foi o pioneiro do primeiro canal no país, canal 3 na TV Tupi de São Paulo. Na capital ocorreu a primeira transmissão comercial televisiva, com a importação de 200 aparelhos de televisão espalhados pela cidade, esse número aumentou para 375 em janeiro de 1951. No final da década de 50, Rio e São Paulo contavam com quatro emissoras: TV Tupi de São Paulo, TV Tupi do Rio de Janeiro, TV Rio, TV Continental e Belo Horizonte tinha a TV Itacolomi, inaugurada em 1956. O primeiro programa transmitido pela TV Tupi foi TV na Taba, apresentado por Homero Silva com a participação dos atores Lima Duarte, Hebe Camargo, Mazzaropi, Ciccilo, Lia Aguiar, Vadeco, Ivon Cury, Lolita Rodrigues,Wilma Bentivegna, Aurélio Campos, do jogador Baltazar e da orquestra de George Henri. Para o público infantil eram transmitidos programas especiais como a primeira adaptação do Sítio do Pica Pau Amarelo de Monteiro Lobato, escrita por Tatiana Belinky e dirigido por Julio Gouveia, estreado em 1952. O programa permaneceu no ar por 14 anos. Ainda nesse ano houve a estréia do programa TV de Vanguarda, o primeiro e mais importante teleteatro da televisão brasileira. Em 27 de setembro de 1953, foi inaugurada a TV Record de São Paulo, nessa data foi ao ar o primeiro programa de entretenimento e humor da televisão brasileira, A Praça da Alegria, apresentada por Manoel de Nóbrega. Nóbrega leu por 14 anos o jornal no banco da praça e por ali passaram dezenas de personagens. Seu papel na televisão foi levar o humor para as casas dos telespectadores e isso teve grande importância na história

17 da TV brasileira. Talento e dedicação foram passados de pai para filho. Hoje seu filho, Carlos Alberto de Nóbrega, comanda o programa exibido pelo SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) A Praça é Nossa que teve sua primeira transmissão em 1987. O nome foi mudado porque o original, A Praça da Alegria, foi registrado pela Rede Globo que detém direitos. Após cinco anos da existência da televisão, aconteceu um marco importante para a TV, foi a data da primeira transmissão externa direta com o jogo Santos X Palmeiras, na Vila Belmiro, pela TV Record. Na TV Tupi o sucesso era comandado pelo programa de perguntas e respostas O Céu é o Limite de J. Silvestre. Em 1957, estreiam os programas humorísticos na TV Rio como: Noites Cariocas com Urubino Santelmo e o Professor Raimundo, com Chico Anysio, exibido às sextas-feiras.

ANOS 60 Em 1962, Chico Anysio começou a apresentar o programa humorístico Chico City. Os quadros passavam no interior do nordeste, aproveitando o sucesso da novela da época O Bem Amado, a primeira novela colorida, eram apresentados sátiras dos personagens em razão dos seus sotaques regionais. Eram variados os personagens no programa: o de mais audiência foi o Seu Popó, que implicava com seu companheiro e suas enfermeiras. Outro personagem importante era o Veio Zuza, um velho tradicional com quem as pessoas iam se consultar e falar sobre problemas de diversos gêneros. Com o fim do programa, Chico Anysio apresentou outros projetos como Chico Total, um programa mensal nos anos 80; e outros programas como: Estados Anysios de Chico City, O Belo e as Feras, Escolinha do Professor Raimundo e Chico Anysio Show. O Riso é o limite teve direção de Péricles do Amaral e co-produção de Chico Anysio, era um programa musical humorístico, exibido aos sábados e batia recorde de audiência, mas saiu do ar em 1963. No ano de 1961, por meio de um decreto federal, o intervalo comercial é fixado em três minutos e é proibida a participação de menores de 18 anos em programação de debates.

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Já em 1965, foi inaugurada a TV Globo, escudada pelo popularismo e sendo garantida financeiramente por um contrato com o grupo americano Time-Life. A Time Life foi pioneira na definição do padrão de atendimento para as técnicas do marketing direto, consolidando uma das marcas mais confiáveis e reconhecidas do mundo. Time Life é uma marca registrada de Time Warner , Na década de 70, a Rede Globo já era campeã de audiência, liderando o mercado monopolizado até então pela Record e ultrapassando a produção de novelas. Em 10 de abril de 1966 Hebe Camargo estreava seu programa dominical na TV Record e conseguia a liderança na audiência. Em 13 de maio de 1967 é inaugurada a TV Bandeirantes de São Paulo, o fundador foi João Saad, atualmente a emissora é presidida por Johnny Saad, filho de João. Em 1967 depois de alguns dias de inauguração foi ao ar Os Miseráveis à primeira novela da TV, com duração de 45 minutos cada capítulo. Em 01 de setembro de 1969, o Jornal Nacional teve sua estreia pela Rede Globo, apresentado por Heron Domingues e Léo Batista. Foi o primeiro programa a ser transmitido em rede nacional e implementou um novo estilo de jornalismo na televisão. A Tv Gazeta de São Paulo foi inaugurada em 25 de janeiro. O programa Família Trapo, estreado em 1967, um dos mais famosos programas de humor da TV Record, líder de audiência em 1967 até 1971, era transmitido ao vivo direto do Teatro Record em São Paulo, com a presença do público e 2 horas de duração. Esse formato de programa serviu de inspiração mais tarde para o programa humorístico Sai de Baixo, da Rede Globo.

ANOS 70 Dia 31 de março de 1972, aconteceu a primeira transmissão a cores da televisão brasileira: a Festa da Uva de Caxias do Sul/ RS. Em 1973, vai ao ar pela primeira vez o programa Fantástico da Rede Globo, tendo um conteúdo diverso entre informação e variedades, em razão disso conseguindo alcançar o sucesso na época.

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No ano de 1974, João da Silva foi a primeira telenovela educativa, realizada pela TV Cultura de SP. ANOS 80 No início da década de 80 o Brasil vivencia o final da censura, que teve seu início da década de 60, em diversos meios de comunicação, entre eles o telejornalismo. E em 14 de julho saiu do ar a primeira emissora: a TV Tupi de SP. Em 25 de agosto de 1981 foi inaugurada a Rede Manchete, mas somente em 05 de junho de 1983 que foi ao ar a primeira programação da emissora com equipamentos de qualidade apresentando filmes e séries voltadas à elite. Em junho de 1986, estreou o “Xou da Xuxa”, transmitido pela Globo todas as manhãs com duração de 4 horas. O programa era composto por brincadeiras, músicas e conselhos dados pela apresentadora Xuxa. Não demorou muito para que o programa virasse febre nacional no meio infantil, até hoje a apresentadora é conhecida como “a rainha dos baixinhos”. Em 26 de março de 1989, foi exibido pela primeira vez o Programa Domingão do Faustão. O programa foi criado para combater o concorrente Silvio Santos que até então era líder nas tardes de domingo, e esse objetivo foi cumprido em pouco tempo.

Os dez programas de TV de maior Categorias ou gêneros audiência no Brasil no ano 1984 Fantástico Variedades Jornal Nacional Telejornalismo Novela das 8 Novela Novelas das 7 Novela Os Trapalhões Humorístico Novelas das 6 Novela The Fall Série de Ação Hart to hart- ( Casal 20) Série de Ação Chico Anysio Humorístico Bem -Amado Humorístico

*Tabela retirada do livro, Gêneros e Formatos na Televisão Brasileira, 2001, p.71.

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ANOS 90 Em 1992, surgia na TV o programa humorístico Casseta e Planeta, Urgente! O sucesso foi imediato, pois traduzia exatamente o momento que o país estava vivendo na política. Com o abrandamento da censura, seus roteiristas possuíam mais liberdade de apresentar suas críticas. O Programa Livre, apresentado por Serginho Groisman estreou no SBT em 1993. O programa era voltado para adolescentes que por meio de convidados tentavam esclarecer dúvidas sobre problemas nacionais e questões sociais. Sai de Baixo teve sua estréia no dia 31 de março de 1995. Com o elenco de Miguel Falabella, Marisa Orth, Tom Cavalcante, Araci Balabanian, Luiz Gustavo e a Cláudia Gimenez, eles conseguiram vencer a audiência do programa Topa Tudo por dinheiro do apresentador Sílvio Santos, campeão de audiência nas noites de domingo, transmitido pelo SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Entre 1994 e 1996, nem a Rede Globo nem o SBT conseguiram alcançar a audiência que a Manchete possuía devido ao sucesso dos episódios de Cavaleiros do Zodíaco. Eles foram exibidos na época pela primeira vez no Brasil e viraram sucesso e febre entre o público adolescente. As histórias e as lutas ficaram marcadas na memória das crianças, o sucesso foi imbatível naquela época, depois de 10 anos da sua passagem não teve nenhum desenho infantil que conseguisse alcançar sua audiência. Em 1998, o telejornal da Rede Globo Jornal Nacional começou a ser apresentado pelo casal William Bonner e Fátima Bernardes e são eles que permanecem até hoje como âncoras do horário nobre.

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1.2 TV POR ASSINATURA A televisão por assinatura surgiu nos Estados Unidos, onde as pessoas pagavam um valor mensal para terem acesso à TV a cabo que captava sinais de televisão. No Brasil, a TV por assinatura surgiu em 1989, com a transmissão da RAI e da CNN, canais respectivamente italiano e estadunidense. Em 2007, o Brasil fechou contrato com 5,3 milhões de clientes em todo o país. Hoje a TV por assinatura ainda é luxo de poucos, mas essa realidade vai se manter com a TV Digital, devido ao alto custo do seu aparelho e da sua transmissão. Daqui há alguns anos não existirá mais a TV a cabo porque a população em geral terá acesso a diversos programas exibidos na televisão. O pesquisador Murilo César Ramos (1996) explica em seu trabalho apresentado no Intercom de 1995, o papel da Tv por assinatura e a cabo no país: No Brasil, a TV a Cabo, o serviço que ainda domina a TV por. Assinatura foi capaz de gerar, depois da sua acidentada história inicial, um processo largamente democrático de regulamentação, resultando em uma legislação moderna e que contempla princípios fundamentais de controle e acesso público. A regulamentação da TV a Cabo foi, no entanto, apenas um momento de um processo que se anuncia como muito mais longo e, politicamente, mais complicado: a re- regulamentação das comunicações brasileiras, preparando-as para as fusões, associações e parcerias empresariais, que poderão comprometer nossa frágil democracia, caso não sejam acompanhadas das salvaguardas necessárias de controle e acesso público, a exemplo do que ocorreu com a Lei do Serviço de TV a Cabo.Assim, se pela ótica das empresas e do mercado, a TV por Assinatura pode ser vista como oferecendo perspectivas estimulantes para seus operadores e investidores, pela ótica dos cidadãos e da democracia essas perspectivas vão estar dependentes de uma participação cada vez mais intensa da sociedade em todas as etapas presentes e futuras da implantação entre nós desta e de todas as demais, assim chamadas, novas tecnologias. Tarefa que, de difícil, não pode se tornar impossível. (RAMOS, César Murilo, 1996, p.123)

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1.3 TV DIGITAL No ano de 2007, aconteceu um marco para a história da televisão brasileira: chegada da TV digital. Sua primeira transmissão de alta definição aconteceu na cidade de São Paulo no dia 02 de dezembro. Atualmente a TV digital está em operação nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia e Porto Alegre. A alta definição de imagem e som continua sendo o atrativo da TV. O surgimento da TV Digital trouxe várias vantagens em relação à televisão analógica: a qualidade de som e imagem, interatividade com os telespectadores e a diversidade de programação. Segundo o decreto N° 4.901 de 26 de novembro de 2003: Art. 1° Fica instituído que o Sistema Brasileiro de televisão Digital SBTVD- tem por finalidade alcançar, entre outros, os seguintes objetivos: l- promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por meio do acesso a tecnologia digital, visando a democratização da informação; l l – propiciar a criação de rede universal de educação a distância; Entre esses e outros artigos, o objetivo é que todos tenham acesso à mesma informação independendo da classe social e econômica.

Os pesquisadores Médola e Teixeira (2007) confirmam a importância da TV Digital como contribuidora para modificações relevantes tanto na função como no papel social da televisão brasileira: E o que muda com a TV Digital? A aliança entre indivíduo e comunidade deixa de ter na experiência da fruição a dimensão de um laço social coletivo podendo ser individual. Do ponto de vista tecnológico, as principais alterações percebidas estão relacionadas à qualidade da imagem, qualquer que seja o padrão de definição, à qualidade do som, ao formato da tela de 4:3 para 16:9, à interface com outras mídias e aos novos serviços baseados na interatividade mediada por canal de retorno. Para além destas mudanças imediatas, a TV Digital irá alterar a relação das pessoas com o meio pela nova dinâmica de acesso, formas de fruição, modificando substancialmente a função e o papel social da televisão no país em médio prazo. (MÉDOLA, Ana Sílvia Lopes Davi; Lauro Henrique TEIXEIRA, 2007, p.7).

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Concluímos esta parte reiterando que, depois de 59 anos, a televisão continua sendo um dos meios mais acessíveis de entretenimento para os telespectadores, proporcionando distração de fácil acesso. A maioria dos telespectadores procura programações que os mantenham atentos diante da tela, sentindo-se informados e melhorando dessa forma sua qualidade de vida. Em seu livro Telejornalismo no Brasil: perfil editorial, Guilherme Jorge de Rezende (2000) apresenta a seguinte constatação nesse aspecto: “é o caso do analfabeto que, diante da TV, se sente „sabidão e informadão‟, deixando de ser humilhado por ter „de reconhecer ônibus pela cor, ou gaguejar pedindo informação sobre a localização de uma rua” (Masagão apud Rezende, 2000, p.24). Como essas pessoas têm acesso à informação e não possuem formação, acabam dando credibilidade às matérias exibidas em horários nobres de algumas emissoras. Segundo Guilherme Rezende (2000), muitos fatores fizeram com que a TV no Brasil se tornasse o meio de comunicação mais importante do que em outros países, o autor apresenta: A má distribuição da renda, a concentração da propriedade das emissoras, o baixo nível educacional, o regime totalitário das décadas de 1960 e 70, a imposição de uma homogeneidade cultural e até mesmo a alta qualidade da nossa teledramaturgia ( REZENDE, Guilherme ( 2000) (p.23).

Se soubéssemos usar a televisão adequadamente, ela serviria além de entretenimento e lazer também para a educação dos telespectadores. Arlindo Machado (2001) em seu livro A Televisão Levada a sério fala de seu uso: “a televisão é e será aquilo que nós fizermos dela, nem ela, nem qualquer outro meio,estão predestinados a qualquer coisa fixa”.(MACHADO,Arlindo,2001,p.12) Nós, telespectadores, devemos usufruir de maneira consciente do veículo de grande importância para nossas vidas e repensar ao escolhermos determinados tipos de programas, sendo assim, a televisão terá uma utilidade melhor, pois ela já se tornou um meio imprescindível em nossos lares.

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1.4 INDÚSTRIA CULTURAL E CULTURA DE MASSA

Revolução Industrial, capitalismo liberal, economia de mercado e sociedade do consumo são as palavras chaves que caracterizam a Indústria Cultural. Ela só apareceu com o surgimento dos primeiros jornais. A cultura de massa surgiu por meio de produtos como o folhetim. O termo “Indústria Cultural” surgiu em 1947, em Amsterdã, a partir de conceitos apresentados pelos filósofos Max Horkheimer e Theodor Adorno, ambos faziam parte do Instituto de Pesquisa Social filiado à escola de Frankfurt, em 1920. Para Adorno, a Indústria Cultural determina seu próprio consumo. Segundo os autores desse movimento, mesmo não tendo uma verdadeira necessidade, as pessoas são manipuladas a comprar os produtos. Essa manipulação é um poderoso instrumento utilizado pela indústria cultural, que tem seu interesse voltado apenas a consumidores, os tornando cada vez mais insatisfeitos. A indústria cultural e os meios de comunicação surgem como funções do fenômeno da industrialização. Algumas características da sociedade capitalista liberal são: o uso constante da máquina e a substituição do homem por ela, a submissão do homem e o ritmo de trabalho em excesso. Nessa época, a reificação (transformar algo em coisa) e a alienação são principais palavras para a sociedade, tudo era visto e julgado como coisa, produto. Até mesmo o homem (ser humano) era alienado de tudo, pois seu trabalho era trocado por um salário baixo no final do mês e com isso se tornava um mero objeto para o trabalho, pois não era valorizado como deveria, porque ele precisava enriquecer o patrão. O autor Teixeira Coelho (2006) relata em seu livro O que é Indústria Cultural que a cultura industrializada passa a ser vista de outra maneira, ou seja, “não como instrumento de livre expressão, crítica e conhecimento, mas como produto trocável por dinheiro e que deve ser consumido como se consome qualquer outra coisa” (COELHO, Teixeira, 2006, p.11). A produção que é realizada pela indústria cultural é focada no lucro, o que acaba impondo um padrão a ser mostrado e transforma o telespectador em

25 alguém que não desenvolve a opção de criticar, sendo assim, ele acaba se tornando manipulado. A cultura de massa é aquela que é produzida para a população em geral, das classe menos elitista, e veiculada pelos canais de meios de comunicação de massa como a televisão, o rádio, o cinema. A classe popular se sente tão influenciado pela televisão, exclusivamente pelas novelas (produto para a massa), que quer se tornar igual às atrizes, imitando suas vestimentas e “entrando no mundo” delas. A cultura brasileira é pouco explorada no país, Teixeira Coelho (2006) afirma em seu livro acima mencionado: “no rádio, são as músicas estrangeiras, na TV os „enlatados‟ e na imprensa escrita às notícias sobre o exterior”. (COELHO, Teixeira, 2006.p.77). A influência da indústria cultural é tão evidenciada, que nos remete a cultura do consumo, muitas vezes desenfreado, se tornando um vício. A cultura do consumo diz respeito a uma gama de produtos, tanto os essenciais para a subsistência física do ser humano, mas também e igualmente os produtos considerados supérfluos. O consumo supérfluo teve sua origem na sociedade feudal e estava relacionado ao estilo de vida de uma classe social ociosa, cujas diferenças eram visualizadas pelos trabalhos executados pelo integrante da classe social menos favorecida. Portanto, a indústria cultural, acaba fomentando o consumo desenfreado visando à acumulação de riquezas, cuja base está no prestígio e no poder que os indivíduos buscam no que são infinitamente insaciáveis, necessitando de um regramento específico para que haja a sua aplicação e defesa, equilibrando as relações de consumo. O termo mass media começou a ser usado logo após a Segunda Guerra Mundial, dando a entender “difusão maciça” de mensagens. Segundo o autor Jésus Barbosa de Souza, em sua obra Meios de Comunicação de Massa (1996) ele explica: trata-se de um estranho neologismo, pela sua formação anglo- latina: mass, do inglês, significa “massa” e media, plural neutro do substantivo latino médium, significando “meios”.Os meio de massa, são portanto, os veículos de comunicação destinados a um público amplo, um aglomerado gigantesco de indivíduos. A cultura de massa, veiculada pelos mass media , faz parte da sociedade industrial.(SOUZA, Barbosa Jésus, 1996, p.6)

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1.3- GÊNEROS E FORMATOS

O programa C.Q.C ( Custe o que Custar) é transmitido pela Rede Bandeirantes, canal aberto.O programa tem características da categoria de entretenimento com um gênero conhecido como:talk Show. O autor José Carlos Aronchi de Souza explica as características de um programa talk show: O talk show combina algumas das principais qualidades de outros gêneros dramáticos de sucesso:intimidade emocional e um pouco de bom humor.Sua versatilidade permite passar do musical para o jornalismo, da política e do esporete.( SOUZA, Arocnhi. José Carlos 2004 ,p.137)

O programa também utiliza o formato de auditório, assim os apresentadores podem ter um contato maior com o público. Esse tipo de formato de programa utiliza da entrevista deixando o entrevistado expor sua opinião em determinado assunto misturando vários gêneros. Um exemplo desse tipo de apresentação é O programa do Jô Soares, que é uma copia de um programa americano chamado Late Show, apresentado por David Letterman que também utiliza uma caneca em seu programa. Ainda em sua obra, Gêneros e Formatos da televisão Brasleira, Aronchi explica a definição do formato da entrevista: O uso do formato entrevista, muito empregado no gênero telejornal, tem sido cada vez mais variado. De variedades a humorísticos, passando pela teledramaturgia, quase todos os programas utilizam a entrevista para reforçar assuntos enfocados pelo programa. (SOUZA, Arocnhi. José Carlos 2004, p.173).

O programa além de exibir matérias do cotidiano e assuntos que estão em alta na semana, o programa traz como foco a política, deixando um assunto que é desinteressante, atrativo para os telespectadores de uma maneira irreverente de entrevistar e falar o que está acontecendo no Congresso, assim deixando o telespectador informados sobre os assuntos políticos.

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CATEGORIAS E GÊNEROS DOS PROGRAMAS DA TV BRASILEIRA CATEGORIA GÊNERO -Auditório -Colunismo Social -Culinário -Desenho Animado -Docudrama -Esportivo -Filme -Game Show (competição) -Humorístico -Infantil -Interativo Entretenimento -Musical -Novela -Quis Show (perguntas e respostas) -Reality Show (tv realidade) -Revista -Série -Série Brasileira -Sitcom ( comédia de situações) -Talk Show -Teledramaturgia (ficção) -Variedades -Westem (faroeste)

-Debate Informação -Documentário -Entrevista -Telejornal Educação -Educativo -Instrutivo

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-Chamada -Filme -Comercial Publicidade -Político -Sorteio -Telecompra Outros -Especial -Eventos-Religiosos

*Tabela retirada do livro, Gêneros e formatos na televisão Brasileira, 2004, p.92.

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Capítulo 2 2.1 –C.Q.C NA ARGENTINA

A proposta desse capítulo é fazer uma apresentação das características do programa CQC ( Custe o que Custar) nos seguintes países: Argentina, Itália, Espanha e Brasil. O programa Caiga Quien Caiga teve sua primeira edição na Argentina. Seu formato pertence à produtora Eyeworks Cuatro Cabezas que logo vendeu o formato para países da América Latina e da Europa. O programa na Argentina começou a ser exibido pela America TV, canal 2 de La Plata. Em 1995, participavam dele os repórteres Andy Kusnetzoff, Daniel Malnatti, Gonzalo Rodríguez e Daniel Tognetti. A irreverência e o humor sempre foram às marcas desse programa e com isso, o sucesso foi absoluto. Em 2001, ocorreu uma apresentação no Teatro Gran Rex em Buenos Aires para a mudança do C.Q.C para o canal 13, com a mudança de repórteres o programa tinha em seu elenco Clemente Cancela, Diego Della Salla, Guillermo López, Daniel Malnatti e Gonzalo Rodríguez Atualmente o programa é transmitido pela emissora argentina Telefe, exibido às segundas-feiras às 22h30min com a apresentação e comentários de Enerstina Pais, Juan Di Natale e Gonzalo Rodríguez e os repórteres Clemente Cancela, Guilhermo López, Diego Iglesias e Pablo Camaiti, com a direção geral de Diego Guebel. O objetivo do programa é passar de uma forma diferente e inovadora o resumo das notícias semanais , utilizando da ironia e humor como principal arma. Eles editam as matérias usando os recursos gráficos das imagens, deixando as notícias mais engraçadas e atraentes. O público-alvo do programa são os jovens.

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2.2 LE IENE- C.Q. C NA ITÁLIA Transmitido pelo Canal Itália1 desde 1996, Le Iene Show, que é apresentado por uma mulher, Ilary Blasi junto com Luca Bizzarri e Paolo Kessisoglu. A versão apresentada na Itália foi a pioneira do quadro CQteste.

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2.3 CAIGA QUIEN CAIGA- C.Q.C NA ESPANHA

Com o mesmo formato dos outros países, o Caiga quien Caiga da Espanha é um programa humorístico e irreverente contendo os quadros: Mr.Jones, Mano a Mano, El Informe de Actualidad, Tele Congresso, Los desayunos de CQC, Díselo a La cara, El baúl, El banquillo acusada e Sésion de control. A apresentação do programa fica no comando do espanhol Frank Blanco, que está na bancada do programa juntamente com Juanra Bonet e Toni Garrido. As matérias ficam por conta de Miguel Matín, Niño e Fox, Maldo e da Estibaliz Gabilondo que faz parte da equipe de reportagens do programa com a nova edição. O programa é transmitido pela emissora espanhola La Sexta nas noites de quarta-feira.

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2.4- CUSTE O QUE CUSTAR- C.Q.C NO BRASIL O programa C.Q.C (Custe O Que Custar) é formado por profissionais da área de comunicação.Os jornalistas são Marcelo Tas, Felipe Andreoli, Rafael Cortez e Rafinha Bastos o publicitário Danilo Gentili e os atores Oscar Filho e Marco Luque. Sua estréia foi em 17 de março de 2008 pela Rede Bandeirantes. Em 09 de março de 2009, começou a nova temporada do programa que teve alterações nas vinhetas e no cenário. No dia 13/04/2009, o programa atingiu a média de 4 pontos ficando em segundo lugar, empatado com o Programa da Hebe no ranking, perdendo para o filme “ Se eu fosse você” exibido pela Rede Globo com 32 pontos já no dia 20/04/2009 o programa conseguiu a média de 5,4 pontos, ficando em 3º lugar com uma média de 330 mil televisões ligadas, segundo a fonte CQC News. Com o uso do humor inteligente e com um modo diferenciado de transmitir as informações, eles conseguem prender à atenção dos telespectadores na telinha e com muita audácia deixam os entrevistados no maior constrangimento devido às perguntas que são feitas de um jeito indiscreto e inconveniente. A censura do programa é de 12 anos. A bancada do programa, exibido ao vivo às segundas-feiras às 22:15h, é ancorada por Marcelo Tas e pelos apresentadores Marco Luque e Rafinha Bastos. O programa semanal recorre a um tom humorístico para relatar acontecimentos do campo cultural, econômico, social e principalmente político. O restante da trupe são responsáveis pelas reportagens e pelos quadros exibidos no programa que são reprisados aos sábados às 23:45h. Com um novo estilo de fazer jornalismo, o programa consegue passar informação sem ser maçante e com uma pitada de humor e com muita irreverência. Os objetos que caracterizam os integrantes do programa são os óculos escuros e ternos pretos e por essa razão são conhecidos como os HOMENS DE PRETO. O programa tem uma marca própria que é a figura de uma mosca realçando o sentindo de vigilância e incômodo. A figura do inseto é utilizada como metáfora para lembrar aquele tipo de repórter que pode estar em todos

33 os lugares e a qualquer hora, que tudo vê e “pousa” em diversos lugares e consegue se infiltrar onde não é permitido e até nos lugares mais imundos. O programa é composto por entrevistas e quadros que a cada semana surpreendem os telespectadores pelo modo de como as reportagens são exibidas.

QUADROS Uma característica do programa C.Q.C é ter quadros definitivos como: Top Five – São escolhidas as gafes dos apresentadores e convidados de programas de televisão de todas as emissoras , inclusive da própria Bandeirantes em que eles trabalham. Dos vídeos mais comentados e das notícias estranhas dos telejornais que ocorrem ao longo da semana são escolhidos cinco, e assim são classificados para ver qual a sua colocação do Top Five. Durante algum tempo, Maísa, apresentadora infantil do SBT, ou a “mini-petiz”, assim chamada por Marcelo Tas, ficou no Top do quadro, tornando-se uma espécie de mascote para os apresentadores.

C.Q Teste- Apresentado por Rafael Cortez, no quadro ele recebe convidados famosos que são avaliados por uma seleção de cinco perguntas envolvendo os temas: política, esporte, conhecimentos gerais, celebridades, túnel do tempo, cultura geral, lógica, história, geografia e ciência. Os convidados têm 300 segundos (5 minutos) para responder e a cada pergunta errada são subtraídos 60 segundos e a cada resposta certa o cronômetro pára, os convidados têm a opção de pedir ajuda e fazer ligação a um amigo e a pontuação final equivale ao coeficiente do Q.I do convidado da semana, segundo o C.Q teste. O atual líder é o músico Rogério Flausino, vocalista da banda Jota Quest (254 pontos), tendo na última posição o piloto de Fórmula Indy Tony Kanaan (107 pontos negativos).

Controle de qualidade - Danilo Gentili vai até o Congresso e entrevista políticos federais e faz perguntas relacionadas sobre as questões ligadas ao Governo Federal, publicadas na semana. Muitos dos políticos fogem da câmera e do repórter e sempre dão a desculpa que estão falando no

34 celular.Aqueles que aceitam responder às perguntas, normalmente respondem tudo errado ou desconhecem o assunto tratado.

Palavras Cruzadas - Esse quadro surgiu com a nova temporada do programa em 2009. São sempre duas pessoas famosas de opiniões e personalidades diferentes, por exemplo: o Padre. Juarez e a atriz pornô Pamela Butt. São feitas as mesmas perguntas para as duas personalidades, certamente as respostas são divergentes. O quadro sempre é apresentado nos finais de cada programa.

Fala na Cara - O repórter Danilo Gentili vai às ruas e pergunta às pessoas qual a opinião deles sobre algum político que não tem uma reputação muito boa. Exemplo: Paulo Maluf; o entrevistado começa reclamar, falar mal, reivindicar algo que não foi feito por eles, logo em seguida, o político, que estava ouvindo tudo o que o entrevistado estava dizendo, sai do carro e o entrevistado tem que dizer na cara tudo o que havia dito. O constrangimento é total de ambas partes.

Proteste Já!- Esse é o quadro de maior sucesso no programa, Rafinha Bastos vai até uma comunidade onde as condições de vida dos habitantes não são tão boas onde possuem esgoto a céu aberto, transportes sem adaptações para deficientes, falta de recapeamento nas ruas, enfim, criticam as obrigações dos prefeitos ou de órgãos públicos Rafinha vai até o local a ser mostrado, faz a matéria e sai atrás do responsável pela obra inacabada, cobrando melhorias e soluções.Também estipula prazos a serem cumpridos e depois do prazo volta ao local para vistoriar se foi realizado o que deveria ser , normalmente os prazos são longos.

Repórter Inexperiente- Esse quadro não está mais no ar, pelo fato de as pessoas já conhecerem o programa e os repórteres sendo que ninguém mais vai cair na brincadeira. Danilo Gentili interpretava um repórter de imprensa que se atrapalhava e começava a fazer coisas que jamais deveriam ser feitas por um repórter, ele errava o tempo todo o nome do entrevistado, abaixava o microfone e o entrevistado ficava sem graça, seu celular começava a tocar

35 além de outras atitudes inadmissíveis e com isso tirava a paciência do entrevistado.

CQC no Congresso – Os repórteres do programa foram proibidos de fazer entrevistas no Congresso Nacional, porque foi alegado que eles não eram jornalistas e por isso não tinham o direito de estarem lá.

Teste de honestidade - Danilo Gentili vai até as ruas da cidade de São Paulo e testa a honestidade do brasileiro, armando situações para ver até onde ela se estendeO repórter mostrou o comportamento do cidadão na situação quando lhe é devolvido o troco errado para um valor superior, houve quem devolveu a quantia e quem embolsou a graninha extra. Danilo deixou de propósito um celular em uma praça pública e depois ligou avisando que havia perdido, uma pessoa que atendeu devolveu o celular; outro atendeu, ele estava a poucos metros do repórter, mentiu dizendo que já estava no carro e uma outra mulher atendeu e disse francamente que não devolveria porque tinha achado, Danilo só conseguiu recuperar o aparelho com a ajuda da polícia.

Assessor de Imagem - Esse quadro já não está mais no ar depois da nova temporada do programa. Warley Santana interpretava o papel de um assessor de imagem, disfarçando fazer entrevistas com políticos e se passando por repórter do programa Em Foco, que supostamente quer mostrar o lado humano dos políticos. Ele coloca os entrevistados em situações engraçadas, assim aconselhando os políticos a dizer frases “de efeito”. Gravando a entrevista novamente com entrevistado que diz exatamente o que ele sugeriu.

No primeiro ano, o programa ficou impedido de gravar por 3 meses no Congresso Nacional devido ao tratamento que os repórteres têm com os políticos, são enérgicos e duros.Isso gerou uma revolta nacional, fazendo com que a Rede Bandeirantes criasse um abaixo-assinado virtual, afim de conseguir a liberação do CQC; conseguido após mais de 270.000 assinaturas

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Capítulo 3 ANALISE DESCRITIVA DO PROGRAMA C.Q.C

3.1-Análise descritiva do programa C.Q.C

Neste capítulo temos como objetivo fazer uma análise descritiva dos programas gravados dos períodos de 13 á 20 de abril de 2009, totalizando dois programas com 1 hora e 50 minutos de gravação. A proposta do capítulo é fazer um estudo de caso dos programas gravados e analisar quadros que envolvem a política do nosso país, CQC NO CONGRESSO e Proteste Já e defender a idéia de que além de humor, o programa se enquadra nos gêneros jornalísticos devido à maneira como transmite às notícias. O programa relata um resumo semanal das notícias, que é transmitido de uma forma irônica e cômica pelos apresentadores que também comentam as matérias feitas pelos repórteres. Os assuntos são diversos no programa: esporte, cultura, cotidiano etc. A política é o tema de maior enfoque, com um jeito diferenciado de como é tratado o assunto, mesmo sendo um contexto desinteressante para a população em geral, eles conseguem transmitir com sátira e assim fica mais fácil para compreensão de todas as faixas sociais.

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No programa do dia 13 de abril de 2009, Danilo Gentili fez uma cobertura especial sobre o tema da CPI dos grampos telefônicos. Diretamente de Brasília, DF, o entrevistador conseguiu entrevistar diversos deputados e senadores, tais como: Ivan Valente- Dep. Federal (PSCLL-SP), Chico Alencar- Dep. Federal (PSOL-RJ), Antonio Carlos Magalhães Neto- Corregedor da câmara dos deputados (DEM-BA), Marcelo Itagiba (presidente da CPI dos grampos telefônicos, PMDB-RJ), Deputado Paulo Lima (deputado federal PMDB-SP). Também com exclusividade, Gentili conseguiu uma entrevista com o principal acusado da CPI dos Grampos Telefônicos, o delegado da policia federal Prótogenes de Queiroz. Para relembrarmos os principais fatos dessa CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) faremos um breve relato: A CPI dos Grampos Telefônicos teve seu inicio em dezembro de 2007. Segundo o site jornalístico G1, o banqueiro Daniel Dantas (principal acusado da CPI) prestou um depoimento (16/04/2009) ao STF (Supremo Tribunal Federal) com um habeas corpus dando-lhe direito de ficar calado. O banqueiro já havia sido preso, conforme matéria publicada no site da Globo, G1, do dia 16/04/2009: Dantas foi preso em julho de 2008 na Operação Satiagraha, acusado por crimes financeiros. Após ser solto com liminar obtida no STF, retornou à prisão porque teria tentado subornar um delegado para que seu nome fosse retirado das investigações. Porém, por força de um novo habeas corpus do Supremo, ele voltou a ser solto

Daniel Dantas em seu primeiro depoimento à comissão parlamentar de inquérito, negou qualquer escuta clandestina, também estava com hábeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal).

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O banqueiro Daniel Dantas

Segundo o site Folha on-line:

Os deputados oposicionistas afirmam que Protógenes e Lacerda faltaram com a verdade ao afirmar à comissão que a participação de homens da Abin na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, foi apenas informal. A operação investiga supostos crimes financeiros atribuídos a Dantas.

O presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), também defende o indiciamento de Protógenes e Lacerda por falso testemunho, depois da votação que aconteceria no dia 30/04/2009, foi prorrogado para o dia 05/05/2009 do relatório final, a CPI encerra suas atividades.

Os principais questionamentos que Danilo faz ao delegado da polícia federal estão relacionados aos temas: banqueiro Daniel Dantas, eleição 2010 e sua popularidade depois da CPI. As respostas, como era de se esperar, foram vagas, não objetivas tais como:

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Daniel Dantas

Danilo Gentili Protógenes de Queiroz O senhor investigou o Daniel Dantas por É! Em razão da capilaridade que ele tem que o senhor acha que ele é nocivo para né, de poder... o Brasil?

De cabelo pouco né? - é de cabelo pouco, mais de influência e por ele ter conseguido né, colocar todo um esquema internacional,no nosso país destinado a desviar recursos em riquezas, do nosso país.

Eleição 2010

Danilo Gentili Protógenes de Queiroz Eu não sei até que ponto é verdadeira Não, existe uma verbalização pública né, essa afirmação, mas eu li que o senhor sendo cumprimentada de forma disse que existem pessoas clamando carinhosa de forma generosa. para que o senhor se candidatasse. (imagem Dilma e Serra) Como o senhor sabe disso? O senhor grampeou o telefone dos eleitores?

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Popularidade do delegado depois da CPI

Danilo Gentili Protógenes de Queiroz Estão te chamando de delegado do povo, isso foi uma expressão generosamente, inclusive. eu recebi no Rio de Janeiro na Cinelândia, aonde eu vi varios jovens né, varias pessoas cantando “ o delegado do povo”.

Melhor do que aquela musica, seu - seu delegado prende o Tadeu. risos delegado prende o Tadeu, essa parece melhor...

Marcelo Tas ao chamar a matéria diz “o homem que não pode falar porque „ouviu demais‟ supostamente se referindo ao delegado da policia federal, Protogenes de Queiroz”. Mas provocaram diversos comentários irônicos da bancada do próprio programa, Marcelo Tas comentou sobre a “suposta” candidatura do delegado Protógene de Queiroz: “ [...] já pensou o delegado Protógenes de Queiroz, político?”. Rafinha Bastos com seu jeito sarcástico até sugeriu em um slogan se realmente o delegado se candidatasse: “Protógenes Queiroz, o delegado que escuta você”. Fazendo uma associação com o caso da CPI, porque o delegado foi acusado das escutas telefônicas clandestinas. No mesmo dia, 13 de abril de 2009, foi exibido no programa o quadro Proteste Já com o repórter Rafinha Bastos, que também faz parte da bancada do programa. A produção recebeu uma denúncia de uma cidade no interior do Rio de Janeiro, Seropédica. O problema era mais especificamente no bairro de Boa Fé. O bairro que há quatro anos está sem esgoto, sem encanamento e o

41 esgoto fica á céu aberto no meio das ruas, gerando doenças para, absolutamente, todos que ali vivem. Rafinha vai até o bairro conferir as condições de moradia daquela população, entrevistando moradores e se certificando que as condições são péssimas, que aquela infra-estrutura transmitia doenças para toda aquela população em geral, inclusive para as crianças. O entrevistador vai até o Posto de Saúde de Piranema, que atende o bairro de Boa Fé e conversa com o Dr.Fernando Pedrosa: Rafinha Bastos Dr. Fernando Pedrosa Doutor o bairro de Boa fé se tivesse o Com certeza! O número de crianças que saneamento básico direitinho, ia nós atendemos com infecção intestinal é desafogar um pouco o trânsito e diminuir grande, então isso causa transtorno de o gasto do estado com atendimento de tempo, de número de atendimento do saúde? pediatra que vai um número muito maior. Acredito que em torno de um terço até quase a metade dos atendimentos, são com problemas principalmente de infecção intestinal ou problemas relacionados ao saneamento básico.

Quais as doenças que a falta de Desde uma simples laringite até uma saneamento básico podem trazer para a simples gripe que evolui para uma nossa comunidade? pneumonia numa criança, que pode ser fatal, porque ela está desidratada.

Quer dizer que a falta de esgoto pode Com certeza! matar?

Depois da conversa, Rafinha vai até a CEDAE (Companhia de Esgoto e Água do Estado) para tentar solucionar o problema daquele bairro e conversa com o Wagner Victer, Presidente da CEDAE, mas antes da entrevista oficial Rafinha chega à sala do presidente, começa fazer á matéria e interrompe, dizendo que vai beber água e já volta. Rafinha passeia pelas praias do Rio de Janeiro, caminha pelo calçadão e enquanto isso o Wagner fica esperando.

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O assessor do presidente liga varias vezes no celular de Rafinha que diz para esperar só mais um pouquinho que ele já voltava para continuar a gravação. Depois de fazer o presidente esperar, é irônico ao dizer: “Wagner, me desculpa fazer esperar, mas cá entre nós nem se compare com o tempo que aquele povo ta esperando pelo esgoto”. Wagner sempre dando respostas colocando a culpa na gestão anterior, dizendo que também está muito preocupado que o projeto está caminhando e está disposto á fazer o investimento necessário daquele bairro, só bastava ter o convênio assinado. Rafinha pede para que o presidente da CEDAE grave uma mensagem para o prefeito da cidade solicitando a assinatura do convênio, o presidente aceita a proposta e diz: “Prefeito é muito importante para a população, para a saúde pública, a celebração do convenio e ao mesmo tempo trazendo mais um serviço publico bem produzido para o CQC”. Rafinha vai até a prefeitura da cidade e conversa com o secretario de comunicação de Seropédica, Alexandre Rafael e diz que há quatro anos esse dinheiro está disponível, falta apenas uma assinatura para que o dinheiro fosse liberado, não perdendo a oportunidade deixa o entrevistado sem jeito, dizendo: “é tão difícil para um prefeito dar um autógrafo, eu no caminho pra cá dei quatro”. Sem muita resposta o secretário diz que em 30 dias o convenio estaria assinado, para que as obras no bairro de Boa Fé começassem logo. A presença do entrevistador do programa surgiu efeito, Rafinha na bancada do programa comenta que “a Veneza de bosta ia acabar por lá” porque estava nas mãos o convenio assinado e que as obras começariam em 45 dias no bairro. Marcelo Tas também comenta que não é só no bairro de Boa Fé que acontece isso, mas em muitas cidades em todo o Brasil e até as obras não começarem eles teriam que usar uma rolha.

CQC NO CONGRESSO (20/04/2009) Analisamos outro dia do programa, 20 de abril de 2009, e o quadro CQC no Congresso, feito por Danilo Gentili que vai até o Congresso questionar sobre a carta publicada no jornal O Estado de São Paulo do dia 09/04/2009 de que os políticos culparam a imprensa pela péssima imagem da Câmara. A carta pode ser lida na íntegra nos anexos.

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Danilo conversou com diversos políticos tais como: Celso Russumano - Deputado Federal (PP-SP), Silvio Costa - deputado federal (PMN-), José Guimarães (PI-CE), Cândido Vaccarezza - Líder do PT na câmara dos deputados, Lupércio Ramos - deputado Federal (PMDB-AM), Michel Temer (PMDB-SP)- Presidente da Câmara dos deputados. Também entrevistou uma jornalista que estava no Congresso fazendo uma matéria, as “Misses” que estavam “embelezando” a Assembléia e um cientista político da Universidade de Brasília, João Paulo Peixoto que deu a sua opinião em relação ao papel da mídia: “Eu acredito que esse papel de crítica da mídia, é um papel legitimo é um papel extremamente importante nesse contraditório, na dialética, na critica, as instituições governamentais publicas ou privadas”. As respostas dos deputados foram o que imaginávamos, de que a mídia divulga apenas as coisas ruins que acontecem no Congresso e as coisas boas não saem nenhuma divulgação. Com o deputado José Guimarães (PI-CE) Gentili usa da sua ironia:

Danilo Gentili Dep. José Guimarães (PI-CE) O senhor acha que a imprensa tem Às vezes tem alguns exageros, mas no denegrido a imagem dos deputados? fundamental não, tem exagero que precisa ser coletivo.

Centenas de dólares na cueca, falam que Às vezes da uma manchete e quando a são milhares? pessoa é inocentada, não vem segunda manchete.

Ser inocente é obrigação né, não precisa Tem que dar para poder preservar a dar manchete disso. honra da pessoa.

Danilo faz essa pergunta para o deputado porque ele foi um dos envolvidos nos escândalos dos dólares na cueca. O deputado Lupércio Ramos - deputado Federal (PMDB-AM) foi o único quem achou que a imprensa é correta no seu papel de divulgar os escândalos que

44 acontecem no Congresso e ainda diz que não é só a imprensa brasileira, mas sim a imprensa em um modo geral. Havia no Congresso as repórteres das filiadas da Rede Globo de vários estados, mulheres bonitas e elegantes que Danilo aproveitou para ironizar o presidente da câmara dos deputados, Michel Temer, dizendo que agora sim a imagem no Congresso estava boa, com tantas mulheres bonitas, deu a entender que só com mulheres bonitas a imagem do Congresso ficaria boa, porque o restante não há seriedade. Danilo conseguiu mais uma declaração com Michel, se referindo à carta publicada no jornal O Estado de São Paulo do dia 09/04/2009, que se esquivou com uma resposta nada objetiva:

Danilo Gentili Michel Temer- Pres. Da Câmara dos deputados. Senhor presidente, o senhor reclamou Não, não você está enganado a que a imprensa ta sujando a imagem da imprensa tem um papel fundamental pra câmara? democracia.

Por que o jornal publicaria uma coisa que Foi uma carta que mandei pro estado, o o senhor não disse, ele ta querendo tirar estado que publicou com elogios a minha uma imagem negativa é isso? carta.

Gentili termina a matéria pedindo para que o presidente da Câmara, Michel Temer, lhe envie uma carta com o sim do presidente, Gentili fica todo feliz e finaliza a matéria. Independente das respostas dos deputados a bancada do programa não deixou de mandar seu recado e dar a sua opinião em relação à matéria publicada e as respostas dos deputados. Marcelo Tas comentou a resposta de Temer falando sobre a democracia e aproveitou para falar que os seguranças do deputado não deixavam ninguém chegar perto (tanto que as perguntas do Danilo Gentili foram feitas de longe), quando Tas chamou a matéria disse: “vejam vocês né, muito preocupados com as críticas negativas que eles vem recebendo, muito preocupados, sabem o que eles estão fazendo, culpando a mídia, a mídia, sempre a mídia pela

45 imagem ruim lá da Assembléia, da Câmara, dos deputados, alias Senado federal, do Congresso, ou seja, não são os escândalos de corrupção essa gastança com bobagem não, é, são jornalistas que são culpados”, diz inconformado. Rafinha Bastos comentou sobre a matéria publicada e fez uma comparação muito pertinente: “agora a culpa da má opinião das pessoas quanto à câmara é da imprensa, os caras vêem pobreza na televisão e falam que a culpa é da Regina Case, não tem sentido”.

PROTESTE JÁ! (20/04/2009) O programa recebeu uma denúncia de que na cidade de Taubaté, a 130 KM de São Paulo, existia um bairro construído em cima de um lixão, o conjunto habitacional Tancredo Neves, o bairro está em perigo porque pode ocorrer uma explosão a qualquer momento devido aos gases acumulados. Rafinha Bastos foi até o local para checar o que realmente estava acontecendo, ele entrevistou moradores e o Salvador Soares que é Assistente Social que explicou certinho o que está acontecendo no conjunto habitacional Tancredo Neves:

Rafinha Bastos Salvador Soares- Assistente Social O que ta acontecendo aqui? Bem, Rafael, foi construído aqui na década de 80, um conjunto habitacional popular, pela prefeitura A situação berrante, foi construído sobre um lixão e hoje a população ta sofrendo a conseqüência desse lixo que está em decomposição e gerando gases, assentando o solo, ta produzindo então rachaduras nas casas e doenças pulmonares (imagens crianças passando) respiratórias nas crianças que aqui moram, porem a CETESB já esteve no local pedindo pra que fosse desocupado imediatamente todo esse conjunto habitacional.

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Agora, eu te pergunto Salvador, esses Por isso é pra desocupar esse conjunto gases todo acumulado aqui dentro uma que corre risco de explosão nesse hora pode subir? conjunto habitacional.

Mas é preciso deixar claro isso, teve Teve autorização da prefeitura, do alguma autorização da prefeitura né? prefeito da época que autorizou a construção desse conjunto, tanto é que ele colocou essas famílias aqui.

Rafinha tem em mãos o laudo da CETESB dizendo: “É necessária a desocupação dos imóveis da área e que não consta na CETESB nenhum licenciamento para o conjunto habitacional Tancredo Neves” assinado pelo engenheiro Mauro Luiz Alves. O programa vai até o engenheiro e consegue uma entrevista com ele:

Rafinha Bastos Mauro Luiz Alves - Engenheiro CETESB Mario como que funciona isso, de que Bem, não é possível se edificar nenhuma forma isso pode prejudicar e ta moradia em cima de uma área que tenha prejudicando a estrutura dessas casas e sido utilizada para decomposição de lixo, a saúde dessas pessoas? consequentemente é inevitável que apareça um trinque em função da decomposição continua desse lixo e recalque do terreno.

Isso quer dizer que não é uma coisa que Não é possível imaginar que isso vá se vai se estabilizar daqui a pouco, esse estabilizar uma vez que decomposição do processo tende a piorar. lixo é permanente consequentemente essas trinca pode evoluir para ruptura total das edificações.

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Rafinha vai até as casas e mostra os danos que elas sofreram devido ao lixão. Rachaduras imensas nas paredes, as casas estão tortas, suas estruturas estão caóticas e os moradores correm o risco de perder a vida. A moradora Inês já foi à prefeitura inúmeras vezes e eles dizem que vão resolver, mas até agora não resolveram nada e a cada dia que passa as coisas vão se agravando. O entrevistador vai até a prefeitura de Taubaté para tentar achar uma solução para esse problema e conversa com o diretor de planejamento da prefeitura Carlos Monteclaro. Antes da entrevista Rafinha começa a fazer um “teste” na sala do diretor, checando para ver se as paredes não estão caindo, pulando bem forte para conferir se está resistente.

Rafinha Bastos Carlos Monteclaro Agora o pessoal lá do bairro, conjunto Não está sendo postergado, o que ocorre habitacional, disse que já veio na é que essas famílias estão sendo prefeitura, conversou diversas vezes, ta atendidas todos os dias. conversando, conversando, conversando mais o problema, ainda não foi resolvido né, o que esse problema que esse problema está sendo postergado?

Tem certeza que elas estão sendo Absoluta! Aquelas famílias que tiverem atendidas todos os dias? que ser desalojadas para que a prefeitura possa dar um abrigo necessário e assim será feito. Agora eu não posso construir uma casa da noite pro dia, porque nós temos um processo licitátorio, tem toda uma expectativa burocrática, que ela tem que ser cumprida. e os contratos emergenciais? o contrato emergencial está sendo providenciado, mas ele tem quer ser prestado conta.

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Já saiu esse laudo da CETESB dizendo Só uma pequena correção técnica ( com inclusive o seguinte: a CETESB o laudo na mão), se o senhor me permite, recomenda a adoção de providenciar não é um laudo, é um oficio. urgente de desocupação de imóveis da área, a CETESB ela é um órgão importante, a ponto da gente da uma acelerada no processo né?

Ah! Então vamos deixar o pessoal lá?! A CETESB ta recomendando que seja feito um laudo pela ITEP, mas evidentemente como a gente falou se houver situação de risco, essas pessoas serão desalojadas, abrigadas em um lugar.

E elas serão desalojadas quando? É o seguinte, nos próximos 10 dias, 15 dias.

Vamos voltar pra oito dias. Oito dias o Mas digamos o seguinte agora nós temos pessoal ta fora lá? o feriado, segunda e terça.

Então aí o pessoal da prefeitura vai Eu trabalho, sem problema nenhum, mas trabalhar no feriado, combinado? o problema é o seguinte, é que se o senhor me der 8 dias úteis eu fico agradecido ao senhor.

Oito dias úteis e a gente espera que ele - úteis úteis. sejam úteis então aqui na prefeitura.

As respostas foram secas e sempre dizendo que se precisa de uma licitação, que precisa de tempo, sendo que já faz muito tempo que os moradores reclamam e nenhuma providencia foi tomada até agora. Rafinha com sua insistência conseguiu que o pessoal do bairro fosse desalojados em oito dias úteis para que as obras começassem, e como característica do quadro, Rafinha procura um objeto de valor, que depois de

49 cumprida a promessa ele possa devolver ao dono.Então ele pega um smartphone do diretor e promete devolvê-lo assim que as obras terminarem.O diretor não questiona em momento algum, deixando Rafinha levar seu telefone e ainda brinca dizendo que sabe que está me boas mãos. Nos comentários da bancada, Tas ressalta que as casas foram feitas pela Prefeitura e que o Brasil está cheio de coisas ilegais como essa e lembra que o smartphone do diretor está bem guardado. Rafinha comenta do prazo, e espera que os oito dias sejam úteis na Prefeitura de Taubaté.

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3.2- Análise descritiva e crítica do quadro “ Proteste Já”

Para embasar nossa hipótese de que em alguns quadros do programa CQC há uma preocupação com a apresentação de denúncias em diversos âmbitos da população brasileira, escolhemos o quadro “Proteste Já” para fazer uma análise descritiva de suas características, as quais envolvem jornalismo e humor. Conseguimos informações detalhadas sobre o quadro “Proteste Já” com sua produtora Vanessa Alcântara de Holanda1. A jornalista descreve em sua entrevista2 o formato do quadro:

O “Proteste Já” tem como objetivo, a partir de reclamações enviadas pelos telespectadores, inicialmente apurar as denúncias para em seguida elaborar a melhor forma de mostrá-las à sociedade. A idéia é sempre de forma responsável, porém, irreverente, firmar um compromisso com quem está sendo denunciado. Ao contrário do jornalismo convencional que muitas vezes aborda a denúncia e não mostra o resultado, o “Proteste” sempre volta ao mesmo local onde o compromisso foi firmado, na data que o denunciado se comprometeu a resolver o problema, e mostra o resultado, seja ele positivo ou negativo. Até agora não tivemos nenhum caso negativo. (Trecho de entrevista realizada em 2008 com Vanessa Alcântara de Holanda, enviada por e-mail em 18/11/2009)

Há, portanto, no quadro uma preocupação em denunciar “de fato” quais as necessidades do público, sejam no contexto educacional, político, sanitário e até mesmo ambiental.

1 Vanessa de Alcântara de Holanda é formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha para a EYEWORKS CUATRO CABEZAS LTDA como produtora do programa CQC. Suas experiências anteriores como repórter foram nas emissoras SBT, Rede Manchete e TV Cidade de Fortaleza Ltda. Como repórter do Jornal O POVO conquistou os prêmios: IV Prêmio Imprensa Embratel 2002, Prêmio Esso Regional de Jornalismo 2005 e Prêmio Volvo de Jornalismo 2006. Além de ter sido finalista do Prêmio Esso de Jornalismo 2003.

2 Entrevista cedida em 18/11/2009 por e-mail pela produtora. Esse material fez parte em 2008 do TCC de outro aluno de Jornalismo, mas Vanessa Alcântara de Holanda autorizou a divulgação de informações nela contida. A entrevista em sua íntegra está inserida nos Anexos deste trabalho.

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A produtora afirma que atualmente o quadro só apresenta pautas que são elaboradas por sugestões do público, enviadas principalmente por meio de e-mails. Em 2008, na época da entrevista, havia 12 mil mensagens para serem analisadas pela produção do programa.

Seguem a seguir algumas das denúncias que foram inseridas no quadro “Proteste Já” do ano de 2008 e comentários sobre como a produção fez para averiguar uma a uma antes de apresentá-las:

26/05/2008 – Merenda Escolar Mairiporã – a denúncia veio de um vereador de oposição ao prefeito da cidade. Ele tinha em mãos todos os documentos que comprovavam o superfaturamento da merenda escolar. Examinamos a documentação, investigamos o pregão eletrônico que foi realizado para a contratação das empresas que forneciam a merenda escolar e chegamos à conclusão que a matéria tinha fundamento. Também investigamos a vida política do prefeito e acabamos descobrindo que ele já tinha sido acusado pelo Ministério Público por improbidade administrativa pelo mesmo problema há cerca de dois anos. Após a realização da matéria o Ministério Público entrou novamente com uma ação contra o prefeito e as empresas ganhadoras da licitação. Inclusive isso foi mencionado pelo Marcelo Tas quando a matéria terminou de ser veiculada.

02/06/2008 – Vaga para deficientes: A denúncia veio de vários e-mails enviados por deficientes físicos. Escolhemos o usuário que tinha a reunião nos Direitos Humanos porque se encaixava perfeitamente na idéia da nossa matéria. É o que chamamos de piada pronta.

21/07/2008 – Proprietários sem casa: também foi via e-mail de uma das proprietárias de um dos apartamentos. Realmente essa matéria rendeu bastante porque reunia um grande número de famílias. Como é percebido na matéria, o denunciado não conseguiu firmar um compromisso porque acabou perdendo o controle e atacou o Rafinha fisicamente. Nesse caso, estamos acompanhando junto com os proprietários o desenrolar da história que ainda está sem solução.

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28/07/2008 – Lixão de Juquitiba: Também via e-mail. Uma das dificuldades que tivemos nessa matéria foi reunir um grande número de moradores para realizar a denúncia. Nesse caso ficou bem claro o quanto a população está acostumada a viver, mesmo que dentro do lixo, e não protestar. Percebemos no momento da matéria que muitos moradores não nos davam entrevista porque diziam que como o lixão estava lá há mais de 20 anos, eles já tinham se acostumado com a situação. Quase desistimos da matéria porque não tinha ninguém com pulso para denunciar. Porém, depois do trabalho de produção no local, durante a realização da matéria, começamos a pinçar pessoas interessantes além da principal que estava denunciando. Assim foi possível realizar a reportagem.

25/08/2008 – Poluição sonora metrô: Essa foi muito interessante. Recebi um e-mail de um morador. Nesse e-mail ele detalha a vida dele de forma contundente. Dessa forma, resolvi eu mesma passar uma noite na casa desse morador junto com a esposa dele. Filmei informalmente toda a movimentação até de madrugada e percebi que a denúncia era forte. Depois de 3 horas dentro do apartamento deles eu já não agüentava mais o barulho e assim bati o martelo para a matéria. Passamos duas madrugadas gravando no local. E esse foi um “Proteste” com solução rápida. Menos de 15 dias após a reportagem o barulho já tinha melhorado sensivelmente. Recebi um telefonema do morador avisando que todo o nosso trabalho havia dado resultado positivo por isso gravamos antes do fim do prazo dado pelo metrô a solução do problema.

A partir desses exemplos dados pela produtora, podemos perceber como há um cuidado em apurar todos os fatos envolvendo as denúncias apresentadas pelo público e em alguns casos só são gravadas entrevistas com pessoas que não possuam nenhum interesse próprio nas denúncias. As fontes que possuem interesses individualistas, políticos ou até mesmo vingativos são descartadas ou permanecem no anonimato.

Ao ser questionada sobre a isenção jornalística, Vanessa de Holanda afirma:

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O papel do “Proteste Já” realmente é tentar solucionar as denúncias que são abordadas na matéria. Por isso, e até porque não poderia ser diferente, os dois lados são ouvidos. Se o denunciado é ou não culpado por determinada situação fica a critério do público julgar. De certa forma, fica bem claro que no caso do “Proteste” fica fácil julgar quando quem está sendo denunciado firma um compromisso. Ou seja, chega-se à conclusão de que essa pessoa pode solucionar o problema, se não o fez antes aí é outro julgamento. (Trecho de entrevista realizada em 2008 com Vanessa Alcântara de Holanda, enviada por e-mail em 18/11/2009)

Percebemos por meio desta resposta que o quadro “Proteste Já”, assim como todo o programa CQC, tem como missão despertar o lado crítico do telespectador, fato bastante raro no meio televisivo brasileiro.

Sabemos que há uma tendência nos programas televisivos em tornar a matéria bastante facilitada para o telespectador não se sentir muito desafiado em interpretá-la ou criticá-la. Isso se dá pelo temor que as emissoras têm em perder o telespectador para seu concorrente nesse mesmo horário.

Sobre o critério noticiabilidade, a jornalista e repórter declaram que há uma preocupação por parte da produção do quadro em divulgar matérias que tenham um impacto social grande, visando à maior audiência:

O Proteste leva muito em conta a quantidade de pessoas que estão envolvidas na matéria. Isso tem um impacto social maior, conseqüentemente temos uma matéria mais quente e firme. Se você prestar atenção todas as matérias do bloco têm cunho social. Não queremos que o Rafinha seja um justiceiro, mas sim que seja um porta-voz de quem está vivendo o problema. Por isso a idéia de sempre fazer o denunciado passar pela mesma situação de quem está denunciando. Resumindo: Primeiro é preciso saber se a matéria rende (investigação na pré-produção), segundo é avaliado o impacto social, que inclui quantidade de pessoas envolvidas, etc. e terceiro a certeza de que essa denúncia é passível de uma solução. (Trecho de entrevista realizada em 2008 com Vanessa Alcântara de Holanda, enviada por e-mail em 18/11/2009)

Não há um público-alvo pré-determinado para o programa CQC, mas no geral buscam utilizar uma linguagem bastante coloquial e possuem a participação maior por e-mail de telespectadores jovens.

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Uma característica bastante peculiar do programa é a inserção do humor nas entrevistas e matérias que envolvem temas como cultura, política, entretenimento etc. Ou seja, para os apresentadores e participantes do CQC, sempre há a possibilidade de um tema sério virar piada. Sobre este aspecto Vanessa de Holanda comenta:

No Brasil as pessoas se acostumaram com um jornalismo tão convencional que se você mudar de canal nem parece que você mexeu no controle remoto. Considero o modelo de telejornalismo careta, formatado pela emissora “padrão” chamada de Rede Globo. Isso vai desde o lead da matéria até a indumentária do repórter. É pra lá de esquisito ver um jornalista de terno e gravata em pleno Ceará à beira do mar. Não convence. Está mais para um boneco preparado para entrar no padrão Globo de jornalismo do que para um repórter com um bom texto, criatividade e conseqüentemente credibilidade. Jogue um pouco de humor nesse terno e gravata e vamos ter algo espontâneo, que atrai o telespectador. Para resumir o que eu acho do humor no jornalismo basta citar o Barão de Itararé: Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você. É exatamente isso que o Proteste Já faz, você ri porque não é com você. (Trecho de entrevista realizada em 2008 com Vanessa Alcântara de Holanda, enviada por e-mail em 18/11/2009)

Segundo a visão da produtora, há a possibilidade do jornalismo também ser um entretenimento: “Jornalismo pode ser um entretenimento, basta não ser tão formal. É possível tratar de um assunto sério de forma irreverente sem sair do foco jornalístico”. (Trecho de entrevista realizada em 2008 com Vanessa Alcântara de Holanda, enviada por e-mail em 18/11/2009)

Vanessa de Holanda ainda complementa que o inusitado do quadro está em confrontar os políticos de forma bem-humorada:

Ultimamente o humor estava restrito a programas limitados a utilizar caricaturas em vez de explorar a criatividade com assuntos sérios. Os “poderosos” estavam acostumados a não ser incomodados com perguntas que normalmente os jornalistas não fazem. Eles até podiam ser imitados, mas confrontados jamais. Perguntas nunca feitas incomodam a qualquer um, ainda mais quando é uma “autoridade parlamentar” e pública. Para se ter uma idéia a expulsão do

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CQC do Congresso Nacional ocorreu porque o presidente da câmara, , se sentiu incomodado com uma das perguntas do Danilo Gentili. Apenas incômodo, não houve agressão, não houve confronto, não houve palhaçada. Apenas uma pergunta. É isso que incomoda, perguntas. (Trecho de entrevista realizada em 2008 com Vanessa Alcântara de Holanda, enviada por e-mail em 18/11/2009)

Conforme analisado nesta parte do TCC, podemos concluir que alguns quadros do CQC, como o „Proteste Já”, deixam bastante evidente a dupla função do programa: denunciar de forma jornalística e bem-humorada. O sucesso e a boa receptividade do quadro e do programa como um todo comprovam que isso é completamente possível e que o público brasileiro começa a ter maturidade para refletir sobre matérias apresentadas em um formato menos “tradicional” e que buscam mais crítica e interação de seu receptor.

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Capítulo 4 PRÊMIOS E ACONTECIMENTOS DO PROGRAMA C.Q.C No final do ano de 2008, o programa recebeu o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) como o melhor programa humorístico do ano. Em abril de 2009 o programa recebeu o Troféu Imprensa de melhor programa humorístico de 2008. Em agosto de 2009, Marcelo Tas, foi receber o prêmio representando o programa que ganhou na categoria de humor na premiação da 3ª edição do Prêmio TDB! Em setembro de 2009 foi feito um concurso para escolher mais um repórter para o programa. Com mais 28 mil escritos, Mônica Iozzi foi a vencedora e é a única mulher do grupo, se tornando a 8ª integrante. A campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania” escolheu com 63% dos votos o C.Q.C, como o melhor programa exibido na TV brasileira. Participaram das indicações dos melhores programas em exibição na TV aberta brasileira os seguintes especialistas: Eugênio Bucci (jornalista e professor), Murilo César Ramos (professor), Venício de Lima (professor), João Freire (professor), Pedrinho Guareschi (filósofo e professor), Padre Geraldo Martins (CNBB), Márcio Araújo (CDHM), Toni Reis (ABGLT), Fátima Tassinari (ABGLT), Jacira Silva (MNU), Edgard Rebouças (professor), Cleomar Souza Manhas (INESC), Denise da Veiga Alves (CIMI), Isabella Henriques (Instituto Alana). Segundo o site, AdNews, a campanha significa: “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania” é uma iniciativa da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, em parceria com entidades da sociedade civil, e destina-se a promover o respeito aos direitos humanos e à dignidade do cidadão nos programas de televisão. A campanha nasceu em 2002, resultado das deliberações da VII Conferência Nacional de Direitos Humanos, maior evento anual do setor no país.(Disponível em http://www.adnews.com.br/midia.php?id=95297, acesso em 02 de novembro de 2009).

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Em novembro de 2009 o programa ganhou o prêmio Arte e Qualidade Brasil 2009, como o melhor programa humorístico com exatamente 17.194 votos, segundo o site o portal do C.Q.C.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho de Conclusão de Curso (TCC), tivemos como objetivo fazer uma pesquisa descritiva a respeito do programa televisivo Custe o que Custar (C.Q.C).Enfatizamos em nossas análises que há uma proposta de mistura de gêneros no programa, dentre eles o entretenimento, o jornalismo,o talk show, etc. Para comprovar nossa hipótese, escolhemos os dois quadros relacionados com a política para descrever e analisar: as respostas dos entrevistados e os comentários feitos pela bancada do programa. Escolhemos os dias: 13/04/2009 e 20/04/2009. Nas entrevistas realizadas, os apresentadores Danilo Gentili e Rafinha Bastos utilizam de muita ironia ao apresentarem as situações do Congresso Nacional e das cidades de Seropédica, no bairro de Boa Fé, e em Taubaté no conjunto habitacional Tancredo Neves. Concluímos que o programa C.Q.C abriu um espaço inédito na TV brasileira, com uma proposta inovadora e irreverente de transmitir e comentar os fatos da semana e do cotidiano, fazendo com que a informação chegue ao telespectador de uma maneira menos maçante.

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Referências Bibliográficas e Eletrônicas

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MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. 2. ed. São Paulo: SENAC, 2001.

MÉDOLA, Ana Sílvia Lopes Davi; TEIXEIRA, Lauro Henrique de Paiva. Televisão digital interativa e o desafio da usabilidade para a comunicação. Intexto, Porto Alegre: UFRGS, V. 2, N. 17, P. 1-15, Julho/Dezembro 2007.

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Anexo 1 - Transcrição do programas dos dias 13 e 20/04/2009

Dia: 13/04/2009

CQC NO CONGRESSO CPI dos Grampos Telefônicos Exclusiva com o Delegado Federal Protógenes de Queiroz Marcelo Tas: Danilo Gentili entrevista o homem não pode falar porque “ouviu demais” supostamente. Danilo Gentili- Semana santa, tudo muito calmo, tudo no marasmo, nada ta acontecendo no Congresso, não não não quase nada.( imagens vazias de cadeiras vazias no Senado). (Imagem Danilo andando pelos corredores do Congresso) O que ta acontecendo aqui é a CPI dos grampos telefônicos. 1ª ENTREVISTA Gentili- Interpreta pra gente o que ta acontecendo na CPI dos Grampos telefônicos? Ivan Valente- Dep. Federal (PSCLL-SP) Olha essa CPI não tem foco, isso aqui é das escutas telefônicas, que tem nenhuma acusação ao delegado Protógenes Queiroz de que ele tenha feito escuta clandestina. Então é uma CPI totalmente fora de foco, pra defender pra criar uma cortina de fumaça pro Daniel Dantas sair ileso (imagem de um homem soltando fumaça e deixando a imagem esbranquiçada). 2ª ENTREVISTA Gentili - agora eu ouvi falar que a Dilma ta de olho na eleição, o Serra ta ampliando o metro de SP de olho na eleição. Você acha que ele prendeu o Daniel Dantas de olho na eleição Chico Alencar- Dep. Federal (PSOL-RJ) (risada). Duvido, até porque ele gosta de ser policial. Se as pessoas fizerem coisas boas para a população (imagem de um coelho „como se fosse o da páscoa‟ com um terno e a faixa presidencial) pensando em uma eleição, menos mal, o pior é quem rouba da população pra ter dinheiro fazer campanha e ganhar a eleição.

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3ª ENTREVISTA Gentili - o senhor acha que o Daniel Dantas virou o jogo? (não colocou GC „nome do deputado‟) Eu acho que o Daniel Dantas ele tem muito poder econômico, ele ta realmente atuando em todos os poderes, entende. 4ª ENTREVISTA Gentili- Tem um boato por aí, que existe uma bancada do Daniel Dantas na Câmara. Como corregedor da Câmara o que o senhor acha disso? Antonio Carlos Magalhães Neto- Corregedor da câmara dos deputados (DEM- BA) Olha [...] Gentili interrompe a conversa, eu acho melhor o senhor responder no telefone aqui pra mim pra ficar melhor. Volta para a terceira entrevista (dep. Não colocou G.C) com o telefone na mão um fone no ouvido dele e outro no do deputado, dando a impressão de uma ligação. (barulho de telefone tocando). O senhor acha que existe uma bancada do Daniel Dantas na Câmara? Dep. Olha! Eu acho que existe! Ainda com o telefone na mão entrevista outro deputado com a mesma pergunta. Chico Alencar - existe uma bancada ligada ao empresariado Daniel Dantas em tantas empresas, que certamente muitas das suas empresas, inclusive o Banco Oportunity, financio varias dessas daí. ACM responde com o fone no ouvido. Até hoje não vi nenhum deputado se dizer da bancada do Daniel Dantas. Gentili - mas eu ouvi uns dois deputados aí que afirma forte que existe sim uma bancada do Daniel Dantas na Câmara hein?! ACM- pois é! Eles identificaram o nome? Gentili - falaram que vão identificar, mas não identificaram ainda. ACM - então quando eles identificarem a gente conversa de novo. Gentili- até lá, todo mundo é suspeito? ACM- eu acho que até lá, todo mundo tem que ser considerado insuspeito, até que se prove ao contrario.

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Gentili- insuspeito então estou grampeando aqui, como o senhor diz insuspeito ta bom, beleza, brigado!(Gentili grampeou um papel na “ligação”- nos fios que liga um telefone ao outro com a palavra SUSPEITO e como o ACM disse insuspeito gentili colocou o in na frente da palavra, bem pequeno) Ainda com o telefone na mão volta para a entrevista do deputado que não colocou GC. Gentili- O Senhor Não tem medo de ter sido grampeado aqui agora? Deputado- (risada). (Com a mesma pergunta). Chico Alencar- não, não até me pode grampear a vontade ( imagem grampeando o rosto dele) no máximo vai ouvir de indiscreto uma confissão amorosa (gemido no fundo) e não indevida. Gentili- opa! Pra mim tem alguma confissão amorosa aê? Chico- pra você sim! Uma feliz Páscoa (imagem e som de violino) que você transite da escuridão para a luz, da escravidão para a liberdade. (imagem Mosca CQC)

Gentili- Olha só que [...] esse caso, o grande indiciador de tudo isso delegado Protógenes, acabou sendo indiciado por quebra de sigilo funcional e violação da lei do grampo e um dos deputados cabeças da CPI,Marcelo Itagiba, também está sendo acusado de leve, surgiu o boato que ele recebeu a doação de um dos executivos do Banco de Daniel Dantas, acho a melhor forma de tirar essa historia a limpo é investigar de perto (colocando uma lupa no olho). Marcelo Itagiba (presidente da CPI dos grampos telefônicos, PMDB-RJ) Gentili aproveita a pergunta de outro repórter. O senhor recebeu dinheiro do grupo? Deputado Marcelo Itagiba Eu recebi sim, uma doação de 10 mil reais do Sr. Antonio Ferma que parece um dos membros do grupo Oportunity e esse recurso se deveu ao fato de nós freqüentarmos mesma concreção dos israelitas. Gentili- O senhor não ficou surpreso quando recebeu doação de um judeu? Deputado Marcelo- Não porque eu também sou judeu! (barulho de pato).

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Danilo Gentili- estamos a quase 6 horas na Campanha da CPI dos grampos telefônicos aqui em Brasília, perdi o show do QUIS pra ta aqui, tudo porque conseguimos uma exclusiva com o Protógenes e ninguém aqui conseguiu, só o CQC lá lá lá lá... Gentili - Senhor deputado durante a CPI dos grampos o senhor Reclamou que ligaram pro senhor Ameaçando e falando palavrões, que palavrões eram esses? Deputado Paulo Lima (deputado federal PMDB-SP) Ah! Ofendendo, xingamento (saindo gotas dos olhos, como se tivesse chorando) Gentili- não era a sua sogra, era? Dep. Paulo Lima- ora rapaz! Se fosse a sogra até que xingou pouco né! Já passei no [...] policia federal deve ter identificado pelo numero, porque tem um dono. Gentili- vamos pegar o telefone e o numero de quem ligou falando baixaria para o sr. E vamos punir. Deputado (antes do Gentili terminar a fala) Dep.- e ameaçar... Gentili- Ah! Vamos fazer isso é. (voz com medo) Dep. Mas e a sua sogra? Gentili pega o celular e diz- vou jogar fora isso daqui. Dep. E a sua sogra é boazinha? Gentili- to sem sogra ainda. Dep.- ta sem sogra precisa arrumar uma (imagem de um coração) Gentili- é depende, o sogro também. Quantos anos a sua filha tem? Dep. (risada).

EXCLUSIVA-PROTÓGENES DE QUEIROZ- DELEGADO DA POLICIA FEDERAL

Gentili- O senhor investigou o Daniel Dantas porque o senhor acha que ele é nocivo para o Brasil? Protogenes- É!! Em razão da capilaridade que ele tem né, de poder... Gentili- de cabelo pouco né?

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Protógenes- é de cabelo pouco, mais de influência né e por ele ter conseguido né, colocar todo um esquema internacional, no nosso país destinado a desviar recursos em riquezas, do nosso país. Gentili- eu não sei até que ponto é verdadeira essa afirmação, mas eu li que o senhor disse que existem pessoas clamando que o senhor se candidatasse. (imagem Dilma e Serra) Como o senhor sabe disso o senhor grampeou o telefone dos eleitores? Protogenes- não, existe uma verbalização publica né, sendo cumprimentada de forma carinhosa de forma generosa. Gentili- estão te chamando de delegado do povo, inclusive. Protogenes- é isso foi uma expressão generosamente, eu recebi no rio de janeiro na Cinelândia, aonde eu vi varias jovens né, varias pessoas cantando “ o delegado do povo”. Gentili- melhor do que aquela musica, seu delegado prende o Tadeu, essa parece melhor... Protogenes- seu delegado prende o Tadeu. (risos) Gentili- Seu delegado muito obrigado pela entrevista, Danilo Gentili, exclusivo para o CQC. BANCADA - COMENTÁRIOS Marcelo Tas- Rapaz! Rapaz! Vocês viram o que eu vi? Um furo do CQC, delegado Protógenes pelo andar da carruagem, se candidata, já pensou o delegado Protógenes político. Rafinha bastos- Eu tenho o slogan. “Protógenes Queiroz o candidato que escuta você”. (risadas) Marcelo Tas- agora vou falar uma coisa, só espero que não acusem a gente de ligação com o Dantas, pelo Danilo ter dado essa apertadinha do delegado Protógenes, agora Marco Luque você que um rapaz muito bem informado e ficou com esse negocio de beijo me liga, beijo me liga, pode ser grampeado com essa bobaginha aê... Marco Luque- olha! Se me grampearem o máximo que vão escutar é um trote no tele sexo. Marcelo Tas- você passa trote no tele sexo? Marco Luque- Não, eu trabalho lá! (risos)

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PROTESTE JÁ!

Rafinha Bastos- Em Seropédica interior do Rio de Janeiro no bairro de Boa Fé, não tem esgoto, não tem encanamento o “popozinho” da moçada vai para o meio da rua, isso gera doenças para as crianças, mal-estar para absolutamente todo mundo, doenças de pele, doenças intestinal. A gente foi lá mostrar isso para vocês. Marcelo Tas- Isso, o pessoal ta esperando há 4 anos.Proteste Já com Rafinha Bastos, olha. Abertura do quadro Proteste Já é o Rafinha colocando uma “armadura” e virando uma mosca, que é o símbolo do programa. Imagens lindas da praia no Rio de Janeiro. Rafinha- Que maravilha, que tranqüilidade, o negócio hoje é tirar o paletó e meter o pé na areia, eu vou pegar uns jacarés com a galera ( imagens de prédio e tiros) comer uns biscoitinhos de polvillho.(Como se o Rafinha tivesse sonhando).... Uma voz no fundo: Rafinha vamos gravar! Imagem Rafinha caminhando pela estrada olhando e vê uma placa escrita BAIRRO DE BOA FÉ, ele vira e m direção a placa e atravessa a rua e chega até o bairro. Rafinha- Seu Mariano onde nós estamos? Mariano-Estamos no bairro de Boa fé localizado no município de Seropédica (aparece um mapa localizando a cidade) que fica cerca de 90 km do Rio. Rafinha- o que ta acontecendo no bairro de Boa fé? Mariano Zatorre- líder comunitário Nós estamos sem saneamento básico. Rafinha- e água...? Mariano- a água ta barrenta, horrível! Rafinha- O pessoal que faz xixi vai pra onde? Entrevista moradora Deve ir pro poço ou pra caixa d‟agua, porque a água que sai (imagem criança bebendo água) é completamente enferrujada. Mariano- A FUNASA mandou 3,2 milhões para o Governo do Estado fazer este levantamento sanitário para o bairro de Boa Fé e Ipirarema (imagem rio).

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Rafinha- Nós temos aqui na documentação oficial escrito: a FUNASA liberou 80% dos recursos para as obras. Em que pé andam essas obras? Mariano- Estão refazendo o projeto, mas esse projeto foi refeito varias vezes. Queria saber o que o govenante de Brasília estão fazendo que não fiscalize, mas o dinheiro não é utilizado (imagem soltando fumaça pelos ouvidos) em 4 anos e até hoje cadê o tribunal de contas da União. Rafinha- O que o senhor tem para dizer sobre o esgoto da cidade? Morador- motorista, dentro do ônibus. Aqui principalmente ta péssimo, eu mesmo já estou vendendo a minha casa, que eu quero ir embora daqui. Rafinha- Seu Dauri tinha uma pensãozinha nesse espaço aqui, ele teve que destruir por falta de cliente. E a falta de cliente era culpa do que? Dauri- dono da pensão Culpa do esgoto, que aquele esgoto (imagem esgoto) que você viu ali a céu aberto, teve uma maresia que ninguém agüenta o fedo, o freguês ficava reclamando sem condições de comer nada. Rafinha- o negócio foi pra bosta? (fazendo uma comparação com o fim da pensão e o esgoto). Dauri- Foi pra merda, foi pra bosta, acabei com tudo! PASSAGEM - No meio aqui do esgoto, tem um comercio (se aproximando) local, o Seu Chico é o dono do boteco aqui, né. Rafinnha- Seu Chico, o senhor de vez em quando trabalhando recebe uma visitinha de merda? Seu Chico- dono do estabelecimento É! Recebo, até aqui uma visitinha! O pessoal vai até embora, só vem oh...Chico depois eu venho aí comprar. Rafinha - Passagem na rua do bairro. A mesma coisa que a gente viu no comercio do Seu Chico, acontece na rua inteira (rua deserta) dá uma olhadinha a rua ta toa manchada (paredes das casas) e quando a água preta sobe, isso aqui acaba prendendo nas paredes.O pessoal aqui ta vivendo literalmente na merda viu. Rafinha-a gente ta aqui, na porta da casa da Maryjane, vamos lá da uma olhadinha no que ta acontecendo. ( entra na casa e ai até o banheiro). Maryjane Brito - moradora

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Quando dá descarga (dá descarga) simplesmente não tem pra onde ir! Rafinha- Se eu tivesse de deixado um presentinho ele estaria no seu quintal agora? Maryjane - ele taria bonitinho esperando. Rafinha-Vamos lá fora então vê onde ta saindo essa “cáca”, vamos lá. Imagem do quintal da casa. Rafinha - o filho dela tava brincando no esgoto olha aqui, que é isso? Maryjane- aqui é cocódromo.( imagem de cocô passando) Rafinha- ta vendo essa aguinha que ta passando aqui, isso daqui veio direto do vaso. Se tivesse... cocô... Maryjane- Se tivesse a cáca, ela estaria aí e com certeza já estaria no meu quintal! Rafinha ( abre o portão) vamos lá na rua, mostrar o que ta acontecendo.E aqui não tem cano nenhum mesmo, não vai pra lugar nenhum. Maryjane- isso daqui volta, a gente ta tentando fazer, eu e meu marido, mas fica esse cocô parado aqui. Rafinha- A Maryjane deu um tapa nos buracos e mesmo assim você olha lá embaixo (imagem do buraco aberto) ta rolando uma surpresa ali. Maryjane- e dos vizinhos também! Rafinha- ah! Dos vizinhos também... Maryjane- a união faz a força! Rafinha- Em um dia de chuva, o que acontece com esse buraco? Maryjane- enche, transborda e vai para casa do meu vizinho, do meu outro vizinho! Rafinha-dá pra fazer uma escola de samba, Acadêmicos da merdinha? (imagem mulatas sambado com fantasia) Maryjane- Nossa, ia ser campeã! Volta para a entrevista da primeira moradora. E a gente também tem muita criança com problema de diarréia, problema de infecção intestinal. Criança moradora Até hoje tenho “pobrema” (mostrando os braços) Rafinha- você teve problema de pele por causa do cocô? Criança- hãm Hãm (concorda).

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Imagem várias crianças. Rafinha- Quem já teve problema por causa do cocô, só levanta a mão? (a maioria das crianças levantam a mão). Rafinha fala para as crianças. -Não façam mais coco no vaso. As criançadas dão risadas. Rafinha- Porque vão pra caixa d‟agua vamos segurar assim oh! Auuiiiii ( fazendo força e dando a impressão que ta segurando o cocô). Rafinha- (fachada do Posto de Saúde) Eu to aqui na frente do posto de saúde de Piranema, que atende aquele pessoal do bairro de boa fé, vamos ver como é que ta a situação aqui. Entrevista a mãe de uma criança, que está com ela no colo dentro do posto de saúde. Rafinha- O que houve com o pequenino aqui? Mãe- ta com a pele cheia de carocinho têm uma semana já que ta dando isso nele. Acho que foi da água, do esgoto aberto, sem cobertura de nada. Rafinha conversa com o bebê – Você ta brincando no cocô, ai com essa mão suja de cocô. ( Rafinha limpa o nariz onde a criança colocou a mão) passou cocô em mim! Imagem mosca CQC Rafinha- o Dr. Pedrosa atende ali no posto de saúde (de fundo para o posto). Doutor o bairro de Boa fé se tivesse o saneamento básico direitinho, ia desafogar um pouco o trânsito e diminuir o gasto do estado com atendimento de saúde? Doutor Fernando Pedrosa- Cirurgião geral Com certeza! O numero de crianças que nos atendemos com infecção intestinal é grande, então isso causa transtorno (imagem crianças) de tempo, de numero de atendimento do pediatra que vai um numero muito maior. Acredito que em torno um terço até quase a metade dos atendimentos, são com problemas principalmente de infecção intestinal ou problemas relacionados ao saneamento básico. Rafinha- qual as doenças que a falta de saneamento básico podem trazer para a nossa comunidade?

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Doutor Pedrosa- desde uma simples laringite até uma simples gripe que evolui para uma pneumonia numa criança, que pode ser fatal, porque ela está desidratada. Rafinha- quer dizer que a falta de esgoto pode matar? Dr. Pedrosa- Com certeza! Rafinha faz uma passagem com um prendedor de nariz Muitos dos esgotos ficam nas ruas, mais uma grande parte vem pra cá oh! (imagem riacho) pra um pequeno riacho. Eu particularmente não estou sentindo cheiro nenhum (devido ao prendedor no nariz), mas ta fedendo, ai dizem...... Mariano- mas você tampou o nariz! Rafinha tira o prendedor- então deixa eu dar uma olhada aqui ( ele respira fundo o mau cheiro) é! Não ta gostoso não. Mariano- ta insuportável. Essa [.] que você ta vendo é jogado num riacho que passa ali atrás, que antigamente tinha água limpa, que a garotada tomava banho, pescava e que deságua la na praia. Rafinha- A única lembrança que a gente tem (coloca novamente o prendedor) de político, de passagem de político por aqui ta aqui uma propaganda (pega um papel do chão) e é exatamente essa cifra que foi aplicada para fazer o esgoto aqui do bairro de boa fé (00 aparece no papel do candidato). Imagem mapa Seropédica e caminho até o rio de janeiro. Nova CEDAE (tentar solucionar o problema do bairro). Rafinha- eu to aqui na CEDAE a companhia de água e esgoto e vamos ver o que eles tem pra dizer sobre aquele problema do Bairro de Boa fé, é o problema do pessoal ficar tanto tempo esperando, vamos lá. Rafinha- Wagner, o pessoal de Seropédica, o bairro de boa fé ta esgotado, que ta acontecendo? Wagner Victer- Presidente da CEDAE A realidade é um projeto que vem desde gestão interior, está no convenio assinado (mostra papel) Rafinha- desculpa um minutinho. (imagem preto e branco, dando a impressão como se não tivesse gravando) e aí, alô! (bate no microfone) deixa eu tomar um pouquinho d‟água. Wagner- dá um pouquinho d‟água!

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Rafinha- um minutinho a gente volta. Rafinha Pronto agora que eu deixei ele esperando um pouquinho eu vou fazer tudo o que eu queria aqui no Rio de janeiro. Imagem rafinha na praia, andando no calçadão- imagem dividida com o Wagner esperando enquanto rafinha passeia pela praia. Rapaz liga para rafinha- imagem embaixo rafinha atende o celular Rafinha- Falaa... Não não fala pra ele esperar aê, eu não to com pressa viu! Rafinha desliga. Sentado um uma lanchonete... Viu uma água de coco! Imagem do Wagner esperando para a entrevista, relógio no meio da tela rodando. Enquanto Wagner espera Rafinha... Wagner- vou cantar uma musica- “Sou tricolor de coração” ta bom aê ou não?! E Rafinha continua na praia [.../ Wagner conta até 10. Rapaz (assessor) liga novamente Rafinha- To na beira da praia curtindo... Mas o homem não fez a cidade esperar lá bastante, ele espera um pouquinho, ele não precisa ter pressa, fala que daqui a pouquinho eu to chegando! (Rafinha deita na areia). Wagner continua a esperar, abre o celular. Imagem Rafinha no Cristo... Rafinha- Ah! Olha o Rio de janeiro é uma cidade maravilhosa viu! Assessor liga novamente... Rafinha- Tá bom! Agora eu já aproveitei, eu posso ir, manda esperar só mais um pouquinho que eu to chegando. Valeu. Tchau! Tchau. (desliga celular). Mosca CQC Rafinha volta para a entrevista... Rafinha- Wagner, primeiro desculpa de fazer esperar, mas cá entre nós nem se compare com o tempo que aquele povo ta esperando pelo esgoto (imagem martelada na cabeça de Wagner). Wagner- sem dúvida! Eu também to muito preocupado com isso. Rafinha- você tava me explicando o que... Vamos retomar. Wagner- Na realidade, primeiro explicar esse recurso foi depositado numa conta do governo do estado e não da CEDAE, desde 2005.

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Rafinha- Isso aê, são 4 anos.Não é tempo o suficiente para resolver esse problema? Wagner- concordo plenamente! Rafinha- que o pessoal da comunidade vendo uma caixa d‟água com o logotipo gigantesco da CEDAE e acha que a culpa é de vocês. Eu quero que você olhe para a comunidade e diga o que ta acontecendo! Wagner- olha isso é muito importante colocar claro, acho que qualquer administrador público tem que ter a sinceridade, humildade, não é só por a culpa nos outros. (volta à imagem que ele fala que é culpa da gestão anterior). Wagner- Nós estamos prontos para fazer o investimento, apoiar imediatamente, basta ter o convênio assinado (bate um carimbo de compromisso na fala e Wagner). Rafinha pede para Wagner gravar uma fala que ele vai levar para o prefeito.. Rafinha- eu quero que você fale para o prefeito e a gente vai passar essa mensagem para ver se a gente consegue resolver esse impasse e aquele pessoal saia do meio da merda. Imagem gravando do celular (câmera filma a filmagem) Wagner- Prefeito é muito importante para a população, para a saúde publica a celebração do convenio e ao mesmo tempo trazendo mais um serviço público, bem produzido para o CQC. Rafinha vai até a prefeitura Alexandre Rafael- Secretario de Comunicação de Seropédica Rafinha- Desde 2005 esse dinheiro ta disponível, é muito tempo aquele lugar nunca teve esgoto e nós estamos te dando aqui oh! (despertador). A gente precisa despertar Alexandre. Vamos assinar o convênio? Alexandre- Olha! Como já foi, pelo o que eu vi primeiramente falando o presidente da CEDAE Dr. Wagner, ele diz que a assinatura desse convênio também é interesse do município em assinar esse convênio. Rafinha- Demorou, demorou, demorou tudo bem, vamos desconsiderar. Quando a gente vai conseguir a assinatura disso, pra finalmente acabar com aquela merda, porque tem muita merda lá.

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Alexandre- Esse problema está acontecendo agora porque o governo passado não se preocupou em aproximar do governo do estado, houve sempre uma briga, prefeitura e governo do estado. (imagem do Wagner falando que não é só colocar a culpa nos outros) Rafinha- é tão difícil para um prefeito dar um autografo, eu no caminho pra cá dei quatro. Alexandre- eu creio que em menos de 30 dias esse convenio estará assinado. Rafinha- ta aí oh! O homem prometeu aqui, em 30 dias ( carimbo de compromisso) que esse convenio estará assinado, então comecem as obras do Bairrode boa fé, aqui no estado do Rio de janeiro, é isso aê. BANCADA COMENTÁRIOS Marcelo Tas- infelizmente o que ta vendo em Seropédica, interior do Rio de Janeiro, é o que acontece em grandes partes da cidade brasileira é um passando a batata quente para o outro né.. Marco Luque- a batata já [...]? Marcelo Tas- batata pra cá, batata pra lá. Rafinha Bastos- mas eu vou dizer uma coisa, parece que a Veneza de bosta lá vai acabar. O pessoal aqui oh! Assinou até que enfim o tal do convenio e em 45 dias parece que nós vamos começar as obras, enquanto passa esse tempo nós temos uma recomendação pra vocês. Marcelo tas- usar uma rolha né?! É isso que tem que ser feito lá.

DIA 20/04/2009

PROTESTE JÁ!

Marcelo Tas- Um bairro inteiro que existe sobre um lixão. Rafinha Bastos- bairro que está construído no bairro de Taubaté, conjunto habitacional Tancredo Neves, ele está construído no lixo e essas coisas estão desmoronando. Marcelo Tas- é em cima do lixão. Rafinha Bastos- isso, em cima do lixão mesmo é o antigo lixão aquilo lá construído um bairro, aterraram e construíram por cima mesmo e acontece risco de explosão a qualquer momento, aquele bairro pode ir pelos ares.

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Marcelo Tas- Rafinha Bastos no Proteste Já, olha aê! Rafinha veste armadura e vira mosca- abertura do quadro. Rafinha- Recebemos mais uma denuncia no Proteste já @ band.com. br, por isso estamos aqui ( ao lado da placa da cidade) na cidade de Taubaté, que ta acontecendo aqui?! O bairro foi construído em cima de um lixão e pode a qualquer momento explodir (explosão em Rafinha). Rafinha- Salvador, onde nós estamos Salvador? Salvador Soares- Assistente Social Nós estamos no interior de São Paulo Taubaté ( mapa localizando a cidade) a 130 km aproximadamente de São Paulo no conjunto habitacional Tancredo neves. Rafinha- O que ta acontecendo aqui? Salvador- Bem, Rafael, foi construído aqui na década de 80, um conjunto habitacional popular, pela Prefeitura (imagens do bairro). A situação berrante foi construído sobre um lixão e hoje a população ta sofrendo a conseqüência desse lixo que está em decomposição e gerando gases, assentando o solo, ta produzindo então rachaduras nas casas e doenças pulmonares (imagens crianças passando) respiratórias nas crianças que aqui moram, porem a CETESB já esteve no local pedindo pra que fosse desocupado imediatamente todo esse conjunto habitacional. Rafinha- Agora, eu te pergunto Salvador, esses gases todo acumulado aqui dentro uma hora não pode subir? Salvador- Por isso é pra desocupar esse conjunto que corre risco de explosão nesse conjunto habitacional. Rafinha- isso parece um grande exagero do Salvador, mas não é isso já aconteceu em outra cidade, olha isso (reportagem do conj. Habitacional de Mauá que explodiu deixando uma vitima fatal e outra ferida gravemente com seqüelas). Rafinha- Mas é preciso deixar claro isso, teve alguma autorização da prefeitura né? Salvador- teve autorização da prefeitura, do prefeito da época que autorizou a construção desse conjunto, tanto é que ele colocou essas famílias aqui. Rafinha- A CETESB que é o órgão responsável pelo licenciamento, a autorização para a construção de residência nas áreas, me deu um laudo

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Inês- A prefeitura. Rafinha- Quer dizer, isso aqui não é uma moradia irregular que um dia deu na telha da Adriana “ ai eu vou construir uma casa naquele lugar que é bacana” não é assim? Inês- Não é assim, a prefeitura deu os terrenos aqui para os moradores, tanto que a prefeitura fez essas casas. Rafinha- Da uma olhada nisso aqui (mostrando o teto da casa) essa madeira que na verdade é uma injambra, ela já ta envergada, o teto caindo. (mostrando rachaduras imensas e profundas na parece). Rafinha- pra você entender o que ta acontecendo exatamente nessa casa, vamos exemplificar gente. Vamos ver o que vai acontecer quando eu deixo ela no solo retinha (a bolinha, começa a descer) dá pra jogar boliche aqui (imagem bolinha descendo e uns pino de boliche) Rafinha- Será que a prefeitura já se deu conta da gravidade do problema? Inês- eles falaram pra gente (imagens da parede) que vai resolver que vai resolver e até agora não resolveu nada, gente! Porque a cada dia que passa aqui, cada família ta arriscada de até perder a vida. Em outra residência. Rafinha- Quem mora nessa residência, Aparecida? Maria Aparecida Silva - Moradora A minha mãe. Rafinha- sua mãe. Vamos conhecer a casa. (entram na casa). Rafinha- olha aqui, isso aqui não é uma rachadura, isso aqui é uma ofensa (um buraco no meio da parede), eu não sei nem mais o que dizer... (imagem balançando e caindo as pedras da casa). Difícil dormir aqui né Aparecida (barulho de grilo silêncio)... A Aparecida foi embora, desapareceu a Aparecida (nariz de palhaço no Rafinha). Rafinha- da uma olhada nessa porta aqui, é a casa que ta torta, eu sou eu que sou torto?! Volta para a entrevista da Inês Rafinha- Inês, vocês já tiveram lá na prefeitura conversaram com alguém, o que disseram?

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Inês- eles mandaram o engenheiro aqui para analisar as casas. O engenheiro da prefeitura falou na minha cara que a minha casa ta melhor que a dele, é brincadeira não é?! Rafinha- ele fez uma piadinha? Inês- com certeza, foi uma piada que ele fez pra mim, dizer que a minha casa ta melhor que a dele, então vem morar na minha que eu moro na dele. Teve caso que foi condenado, a casa da minha vizinha foi condenada, o engenheiro condenou a casa dela. Rafinha- ou seja, a prefeitura ta esperando literalmente a casa cair né? Inês- deve ta né, a prefeitura deve ta esperando a casa cair na cabeça de todo mundo aqui ( fumaça saindo do ouvido) e ir lá e levar o laudo da certidão de óbito é isso que ele ta querendo né?! Rafinha- Agora vou mostrar pra vocês como esse terreno do qual foi construído o conjunto habitacional Tancredo Neves, é literalmente um lixo, da uma olhada nisso daqui ( imagem do terreno), esse pequeno caminho daquele senhor lá em cima nada mais é do que resquício do lixão, olha só, temos aqui plástico, papel ou seja isso é a base e solo do conjunto habitacional Tancredo neves, seguro né?? Rafinha- eu to na frente da Prefeitura de Taubaté. Vamos ver o que o pessoal tem pra falar sobre esse assunto, vamos lá. Rafinha- o senhor é o arquiteto Monteclaro? Carlos Monteclaro- diretor de planejamento da Prefeitura Sou eu muito prazer! (aperto de mão). Rafinha- o senhor vai conversar com a gente sobre lá, conjunto habitacional Tancredo neves? Carlos- exatamente! Rafinha- Antes, nós vamos fazer um “testizinho” na sua sala pra ver se está tudo em paz, ver se não vai desmoronar nada (começa a bater na parede) a gente precisa se certificar que aqui em Taubaté existem casas que estão caindo, o senhor sabe disso. Vamos ver aqui no chão (pula forte), ta um pouquinho oco aqui, ta tranqüilo, o senhor me garante?! Tem residência que está desmoronando no conjunto habitacional Tancredo Neves, agora a casa caiu para o senhor. O que ta acontecendo?

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Carlos - essas casas foram construídas a mais de 20 anos, estamos sabendo que ela foi construída em cima de um aterro sanitário, certa forma é uma ilegalidade, realmente é, só que essa administração ta tomando todas as providencias para que essas pessoas não fiquem desamparadas. Rafinha- Pra exemplificar um pouco essa situação, Tancredo neves ta praticamente como se fosse assim um balão e nos temos o que lá?... Uma situação com os gases se propagando, saindo de dentro da terra, aquele lixo é perigoso e o que acontece a gente tem uma situação que a qualquer momento pode. (Rafinha estoura o balão cheio de sujeira) explodir, isso já aconteceu em outra cidade, o que a gente vai fazer para resolver esse problema de forma urgente? Carlos - Já estamos providenciando solução, essa situação de fato, não vai ocorrer. Rafinha-Agora o pessoal lá do bairro, conjunto habitacional, disse que já veio na prefeitura, conversou diversas vezes, ta conversando, conversando, conversando mais o problema, ainda não foi resolvido né, o que esse problema que esse problema está sendo postergado? Carlos- Não está sendo postergado, o que ocorre é que essas famílias estão sendo atendidas todos os dias. Rafinha- tem certeza que elas estão sendo atendidas todos os dias? Carlos- Absoluta! Aquelas famílias que tiverem que ser desalojadas para que a prefeitura possa dar um abrigo necessário e assim será feito. Agora eu não posso construir uma casa da noite pro dia, porque nós temos um processo licitatório, tem toda uma expectativa burocrática, que ela tem que ser cumprida. Rafinha- e os contratos emergenciais? Carlos- o contrato emergencial está sendo providenciado, mas ele tem quer ser prestado conta. Rafinha- Já saiu esse laudo da CETESB dizendo inclusive o seguinte: a CETESB recomenda a adoção de providenciar urgente de desocupação de imóveis da área, a CETESB ela é um órgão importante, a ponto da gente da uma acelerada no processo né? Carlos- só uma pequena correção técnica (com o laudo na mão), se o senhor me permite. Não é um laudo, é um oficio. Rafinha- Ah! Então vamos deixar o pessoal lá?!(sarcástico).

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Carlos- A CETESB ta recomendando que seja feito um laudo pela ITEP, mas evidentemente como a gente falou se houver situação de risco, essas pessoas serão desalojadas, abrigadas em um lugar. Rafinha- Tem que um big de uma maneira digna essas famílias, não da pra jogar em um barracão. Carlos- Absolutamente! Rafinha- e elas serão desalojadas quando? Carlos- é o seguinte, nos próximos 10 dias, 15 dias. Rafinha- Vamos voltar pra oito dias. Oito dias o pessoal ta fora lá? Carlos- mas digamos o seguinte agora nós temos o feriado, segunda e terça. Rafinha- então aí o pessoal da prefeitura vai trabalhar no feriado, combinado? Carlos- eu trabalho, sem problema nenhum, mas o problema é o seguinte, é que se o senhor me der oito dias úteis eu fico agradecido ao senhor. Rafinha- oito dias úteis e a gente espera que ele sejam úteis então aqui na prefeitura (carimbo de COMPROMISSO na tela). Carlos- úteis, úteis. Rafinha- o que você pode me dar de valor seu aqui, que eu possa te devolver em oito dias. Olha aqui nós temos um smartphone, bacana não?! Carlos- pode levar! Rafinha- Em oito dias aqui oh! Carlos- mas vou pedir uma gentileza, se minha esposa precisar ligar pra mim. Rafinha- eu atendo! Carlos- ela sabe que está em boas mãos. Rafinha- ela é bonita? Carlos- Muito bonita. Rafinha- ótimo! Liga logo então poh! (olhando para o telefone). Rafinha- Bom! Então enquanto o pessoal limpa essa bagunça ( que tinha dentro do balão) afinal de contas vai recolher o lixo, ao contrario da prefeitura que deixou o lixo lá no conjunto habitacional.Levamos o smartphone do arquiteto, enquanto isso ele vai usando aqueles telefones antigos para fazer as ligações necessárias para resolver o problema daquela comunidade.

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COMENTARIOS BANCADA Marcelo Tas- oh! Vamos lembrar uma coisa que ficou muito bem esclarecida nessa matéria, casas foram construídas pela prefeitura mesmo, há 20 anos, não importa, no Brasil to cheio de coisas ilegais como essa, mas nós fomos lá mostrar um exemplo, onde o próprio estado correu um risco e as famílias tão correndo risco agora. Nós vamos esperar que o Sr. Carlos Monteclaro, diretor do planejamento da prefeitura de Taubaté, qual é o prazo dele Rafinha. Rafinha- ele disse que oito dias úteis, o prazo já começou a contar, a gente espera que realmente esses dias sejam úteis e que nada exploda. Marcelo Tas- ta bem guardado o smartphone e a gente espera que os dias sejam úteis mesmo.

CQC NO CONGRESSO Marcelo Tas- vejam vocês né, muitos preocupados com as criticas negativas que eles vem recebendo, muitos preocupados, sabem o que eles estão fazendo, culpando a mídia, a mídia sempre a mídia pela imagem ruim lá da Assembléia, da Câmara, dos deputados, alias Senado federal, do Congresso ou seja, não são os escândalos de corrupção essa gastança com bobagem não, é, são jornalistas que são culpados, pessoas como você Rafinha. Para investigar a relação entre deputado e a mídia nos mandamos para o Congresso, ele o xarope mais amargo desse programa, Danilo Gentili no Planalto Central. Danilo- Recentemente alguns políticos culparam a imprensa pela péssima imagem da Câmara, sugeriram até medidas contra a reportagem, olha só. (essa fala foi filmada de uma televisão). Eu vou tirar essa historia a limpo, conferir de perto e prometo fazer uma matéria sem sujar a imagem de ninguém (começa a rabiscar a tela da televisão, fazendo chifre na imagem dele). Danilo- o que o senhor acha dessa matéria, onde a Câmara ta culpando a midia por imagem negativa? Deputado- a imprensa ta no seu papel de refletir aquilo que acontece. (não apareceu GC desse deputado).

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Danilo- que forma o senhor acha mais eficaz para controlar a imagem da Câmara na mídia. È controlar o que a mídia vai produzir ou os deputados pararem de fazer [...]? Deputado- Eu acho que falo aqui, você não vai cortar o que eu to falado, tem que existir reciprocidade de comportamento. (com a mesma pergunta) Celso Russumano - Deputado Federal (PP-SP) A imprensa às vezes excede seu limite, quando não dá o direito de resposta. Danilo - Que resposta se acha que daria um deputado que usa indevidamente o dinheiro publico para pagar conta de telefone da filha, ele tem direito de resposta, mas ele tem resposta pra dar, mas ele tem resposta pra dar nesse direito? Celso- (risos) tem direito! Na verdade ele não deve agir assim. Silvio Costa- deputado federal (PMN-PE) Eu acho que precisa acabar com essa relação sado-massoquista, vocês batem, a casa parece que ta feita (arquivo). Danilo- te machuquei alguma vez? Silvio- Não, você não machuca não, pelo ao contrario eu acho que o CQC é importante para democracia (deputado bate no ombro despedindo do Danilo) Danilo- Ah! O senhor me machucou agora, olha aqui oh! A relação sado- massoquista começou já. Danilo- deputado o senhor acha que a televisão mancha a imagem do político hoje em dia? José Guimarães (PI-CE) Não, a televisão faz um belo trabalho para política e principalmente para o Congresso Nacional. O programa de vocês tem uma repercussão enorme, eu inclusive gosto muito de assistir, porque alem de divertido torna-se as coisas fundamentais do país. Danilo- o senhor acha que a imprensa não tem denegrido a imagem dos deputados? Jose- as vezes tem alguns exageros, mais no fundamental não, tem exagero que precisa ser coletivo. Danilo- Centenas de dólares na cueca, falam que é milhares?

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Jose- as vezes da uma manchete e quando a pessoa é inocentada, não vem segunda manchete. Danilo- ser inocente é obrigação né, não precisa dar manchete disso. Jose- tem que dar para poder preservar a honra da pessoa. (dep. Vai saindo) Danilo- OK! Brigado honrado deputado federal, envolvido no escândalo dos dólares na cueca um tempo atrás aê. Danilo- to fazendo uma matéria, sobre essa matéria do jornal, onde a Câmara culpou a mídia por imagem negativa, o que o senhor acha disso daqui? Cândido Vaccarezza- Líder do PT na câmara dos deputados O que a câmara falou, inclusive eu, que tem várias questões positivas que a mídia não divulgou, vou te dar um exemplo: nós aprovamos aqui a medida provisória mais importante para responder a crise dos temas financeiros brasileiro, não saiu uma linha em nenhum jornal, nenhuma televisão, todas as noticias foi sobre o Edmar Moreira, como todos fossemos igual ao Edmar.Vou te dar exemplo: nos Estados Unidos foram presos dois ou três padres por pedofilia, imagina se você dissesse é toda a religião católica, o papa todo mundo, então é o mesmo caso daqui. Danilo- A de convir que quando o padre abusa de uma criança, essa noticia tem muito mais peso do que quando o padre reza a minha, porque ele não ta fazendo mais do que a obrigação de reza a missa? Candido- por exemplo, digamos que uma pessoa do CQC, jornalista, cometa um delito, vão te culpar. Danilo- não pode me culpar, porque não é porque o Cortez é afeminado que eu tenho culpa de ser também. Candido- claro! (risos). Danilo- o senhor acha que a imprensa da mais visibilidade pro um escândalo que acontece, do que pra coisa boa que vocês fazem? Lupércio Ramos- deputado Federal (PMDB-AM) Mas não é só a imprensa brasileira, é a imprensa de um modo geral e se é escândalo tem que ser divulgado (imagens palmas) e coisas boas, nós fazemos também muitas coisas boas Danilo- é obrigação também né, são pagos pra isso? Lupércio- é lógico!

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Imagem jornalista Danilo- oh, de quem é a culpa da imagem suja da Câmara, (apontando para uma jornalista no fundo) ficam sujando a imagens dos políticos, ficam aê falando dos escândalos ai nesses links o caramba, ai eu vou lá falar agora, vou tirar satisfação. Danilo- vocês ficam sujando a imagem da Câmara aê, com essas reportagens é culpa de vocês dos políticos estão com a imagem suja, você ta sabendo disso? Jornalista- (risos) Culpa nossa não, culpa de vocês. Danilo- não culpa de vocês... Jornalista- vocês que estão pegando no pé deles. Danilo- não. Vocês da imprensa aê, que tão divulgando que eles sonegam passagem pra parente usando do dinheiro publico.. Jornalista- mas é nosso papel né. Danilo- vocês estão contra a democracia, não isso tem que acabar! Danilo- o CQC agora ta numa universidade de Brasília, vamos conversar com o especialista no assunto, vamos conversar com o cientista político, porque eu vim aqui fazer o meu papel de imprensa, que é averiguar. Qual é o papel da imprensa mesmo, eu não sei... O presidente da câmara ta culpando a mídia, segundo o jornal pela imagem suja dos deputados pela imagem suja da Câmara, o que o senhor acha disso? João Paulo Peixoto- Cientista Político- UNB Eu acredito que esse papel de critica da mídia, é um papel legitimo é um papel extremamente importante nesse contraditório, na dialética, na critica, as instituições governamentais publicas ou privadas. Danilo- É o presidente da Câmara dos deputados anda realmente um pouco preocupado com a imagem dos parlamentares, olha só quem ta aqui olha só, são candidatas a “misa” para melhorar a imagem da câmara.. Imagem uma fila de mulheres. Danilo- vocês vieram melhorar a imagem da câmara um pouquinho? Amanda Bocchi- Miss Globo Paraná È nos viemos mulherar. Danilo- Melhorar ou mulherar?

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Amanda- Melhorar a imagem da câmara. Danilo- tão conseguindo viu... Danilo- Cadê a miss São Paulo? Anastácia Ribeiro- Miss Globo Acre Não chegou... Danilo- não chegou. Ah! Deve ser o transito! (nariz de palhaço) Anastácia- (risos) com certeza! Danilo- você veio aqui melhorar a imagem do Amapá na Câmara? Elaine Góes- Miss Globo Amapá Não, eu acho que não precisa, a imagem da câmara precisa melhorar por si só, não é a gente que vai mudar com uma pequena visita. Danilo- você acha que agora melhorou a imagem da câmara aê?(apontando para as mulheres) Deputado- Ah! Ta melhorando com os projetos novos aê. Danilo- melhorou bastante? Deputado- melhorou. (imagens as mulheres) Danilo- legal, bem também acho que melhorou, por si melhorou, por si melhorou, muito melhor agora. Danilo- Ei! Esse presente aê é pra quem? Jéssica Dayane- Miss Globo Pernambuco Pro senadores? (uma pessoa fala de fundo, deputados) pro deputados é isso... Danilo - ah entendi, você já sabe como funciona a casa, pra conseguir ganhar alguma coisa tem que dar um presentinho?! Jéssica- (risos) não, não é assim.. Ia ficar bem em você (colocando o presente na frente do Danilo) Danilo- Poh! Brigada, brigada, então está certo.. (vai saindo...) Danilo- senhor presidente, o senhor reclamou que a imprensa ta sujando a imagem da Câmara... ( andando, Danilo correndo atrás, pessoas empurrando) Michel Temer (PMDB-SP)- Presidente da Câmara dos deputados Não, não você está enganado a imprensa tem um papel fundamental pra democracia. Danilo- mas já tomou medidas pra melhorar a imagem da Câmara aê, cheio de miss, ta bonita agora? Michel-(faz sinal de jóia) é verdade!

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Danilo- porque o jornal publicaria uma coisa que o senhor não disse, ele ta querendo tirar uma imagem negativa é isso? Michel- foi uma carta que mandei pro estado, o estado que publicou com elogios a minha carta. Danilo- ok! O Senhor podia mandar uma carta pra mim, eu gosto de receber cartas, ta bom! Eba carta do presidente!

COMENTARIOS BANCADA Marcelo Tas- Ai, honrado deputado que assiste ao programa, esse programa respeita instituição da Câmara, mas a gente sempre ta de olho nos deputados, você viu o presidente Temer, falando da importância da democracia e os seguranças dele não deixam a comunicação ali. Rafinha pessoas como você, é verdade ficam sujando a imagem. Rafinha- é uma boa essa né, agora a culpa da má opinião das pessoas quanto a câmara é da imprensa (Tas: ééé), os caras vê pobreza na televisão e falam que a culpa é da Regina Case, não tem sentido.( Tas: ahh vai! –risos) Marco Luque- têm outra também, eles falam que a gente não da direito de resposta, mas a gente foi entrevista dos castelos ( tas: bem lembrado), e o caro ficou mais mudo, do que mudo em...minuto do silencio. Marcelo tas- ficou mudo sim!

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Anexo 2- Carta publicada no Jornal O Estado de São Paulo no dia 09/04/2009, enviada pelo presidente Michel Temer

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Anexo 3 - Matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo no dia 09/04/2009, sobre o delegado da polícia federal, Protógenes de Queiroz.

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Anexo 4 - Matéria publicada no site O Estado de São Paulo no dia 09/04/2009 sobre a Operação Satiagraha e a cronologia sobre a CPI.

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Anexo 5 - Entrevista cedida pela produtora do quadro Proteste Já Vanessa Alcântara, dada a um aluno de Jornalismo no ano de 2008.

Entrevista na íntegra

1)Qual é a missão do Proteste Já?

O Proteste Já tem como objetivo, a partir de reclamações enviadas pelos telespectadores, de inicialmente apurar as denúncias para em seguida elaborar a melhor forma de mostrá-las a sociedade. A idéia é sempre, de forma responsável porém irreverente, de firmar um compromisso com quem está sendo denunciado. Ao contrário do jornalismo convencional que muitas vezes aborda a denúncia e não mostra o resultado, o Proteste sempre volta ao mesmo local onde o compromisso foi firmado, na data que o denunciado se comprometeu a resolver o problema, e mostra o resultado, seja ele positivo ou negativo. Até agora não tivemos nenhum caso negativo.

2)Quantos e quais profissionais integram a equipe do quadro Proteste Já? (desde a pré até a pós-produção).

Vanessa Alcântara Holanda – produtora de jornalismo Raphael Cerqueira – produtor de externa e objetos de cena, além de colaborar e muito com a apuração jornalística. Maximilliano Garcia – Produtor argentino, que comandava o Proteste na Argentina. Ele, mais do que todo o resto da equipe, é o responsável pelas idéias malucas da cabeça das matérias e brincadeiras que levamos aos denunciados. Rafael Hoscman Bastos – repórter Hernan Harlak – Câmera Um assistente de produção – depende de quem está disponível no dia da gravação Yuri Costa – estagiário de produção

3)Como são elaboradas as pautas? Somente através da apuração das denúncias? Quantas sugestões chegam por semana?

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As primeiras pautas foram elaboradas por nós mesmos já que o programa não era conhecido. Agora a maioria é por meio de denúncias via e- mail e telefone. Não sei precisar quantos e-mails chegam por semana. Mas, atualmente temos cerca de 1 e-mail por minuto. Agora temos exatamente 12.0000 e-mails na nossa caixa de entrada e vamos lendo a medida que temos tempo. Por sinal estou respondendo a suas perguntas no horário que tenho para ler e-mails.

4)No episódio sobre a vaga de deficientes físicos, o Marcelo Tas explica que a matéria foi feita a partir da denúncia de um usuário de cadeira de rodas. Essa pessoa tinha uma reunião com o presidente da Comissão de Direitos Humanos de São Paulo, mas não pôde comparecer porque era no 7º andar e não existe acessibilidade para chegar ao local.

Por favor, relate brevemente a denúncia ou a idéia que originou as seguintes reportagens:

26/05 – Merenda Escolar Mairiporã – a denúncia veio de um vereador de oposição ao prefeito da cidade. Ele tinha em mãos todos os documentos que comprovavam o superfaturamento da merenda escolar. Examinamos a documentação, investigamos o pregão eletrônico que foi realizado para a contratação das empresas que forneciam a merenda escolar e chegamos a conclusão que a matéria tinha fundamento. Também investigamos a vida política do prefeito e acabamos descobrindo que ele já tinha sido acusado pelo Ministério Público por improbidade administrativa pelo mesmo problema há cerca de dois anos. Após a realização da matéria o Ministério Público entrou novamente com uma ação contra o prefeito e as empresas ganhadoras da licitação. Inclusive isso foi mencionado pelo Marcelo Tas quando a matéria terminou de ser veiculada.

02/06 – Vaga para deficientes: A denúncia veio de vários e-mails enviados por deficientes físicos. Escolhemos o usuário que tinha a reunião nos Direitos Humanos porque se encaixava perfeitamente na idéia da nossa matéria. É o que chamamos de piada pronta.

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16/06 – Dieta da Cesta Básica: Não foi uma idéia e sim uma cópia do que o Proteste Já fez na Argentina. Eles fizeram a mesma matéria lá.

23/06 – Promessas não cumpridas (muro de arrimo): A denúncia veio por e-mail. E como era diferente das outras matérias resolvemos criar um quadro dentro do Proteste Já com esse nome.

30/06 – Qualidade do transporte em Brasília: Na realidade foi idéia minha e do Rafinha. A gente foi a Brasília para fazer o CQC de volta ao Congresso Nacional e começamos a observar durante a matéria que os ônibus eram de péssima qualidade e aproveitando que estávamos em Brasília resolvemos fazer a matéria. Procuramos o Sindicato dos Motoristas Rodoviários no local e vimos que a matéria era viável.

07/07 – CQC no Congresso Nacional: Essa foi uma idéia do diretor do programa, Diego Barredo. Depois que o Danilo Gentili foi expulso do congresso nos reunimos e resolvemos criar um verdadeiro batalhão de pessoas para elaborar uma campanha para a volta do CQC ao Congresso. Criamos um site para votação onde o texto foi elaborado pelos roteiristas do programa e nós do proteste. Entramos em contato com parlamentares e entidades jornalísticas que pudessem nos apoiar. O fundamental nisso tudo foi o empenho da equipe do próprio proteste. Em três dias mandamos cartas para todos os 513 deputados federais e 81 senadores. Pedimos que se manifestassem sobre a nossa campanha. Muitos responderam e foi com eles que marcamos entrevistas para que nos apoiassem. Nesse meio tempo colocamos spots nas rádios da Rede Bandeirantes além de chamadas na programação da Band Brasília para um manifesto em frente ao congresso, onde realizamos a matéria. Esse foi o proteste que mais exigiu da equipe porque a logística era muito detalhada. Além de toda a dificuldade que tivemos em obter as credenciais via Senado Federal para entrar no Congresso. Eles realmente dificultaram muito, exigindo uma documentação que normalmente não exigem de outras equipes de jornalismo. Isso foi bastante contestado por nós e pela Federação Nacional dos Jornalista (Fenaj), que nos apoiou em todo momento.

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14/07 – Câmara Municipal de Guarulhos: a matéria foi resultado de uma denúncia via e-mail. A princípio foi uma vereadora que denunciou. Ela não compactuava com a casa pagar um absurdo de aluguel quando a antiga câmara poderia ser reformada com o próprio dinheiro gasto. Resolvemos não colocar a vereadora na denuncia porque, além de ser candidata a reeleição achamos que ela, apesar de denunciar, também não era de confiança. São detalhes que prefiro não me aprofundar. De toda forma, quando chegamos para fazer a denúncia percebemos que a população estava indignada com a situação e assim a matéria rendeu.

21/07 – Proprietários sem casa: também foi via e-mail de uma das proprietárias de um dos apartamentos. Realmente essa matéria rendeu bastante porque reunia um grande número de famílias. Como você percebeu na matéria o denunciado não conseguiu firmar um compromisso porque acabou perdendo o controle e atacou o Rafinha fisicamente. Nesse caso, estamos acompanhando junto com os proprietários o desenrolar da história que ainda está sem solução.

28/07 – Lixão de Juquitiba: Também via e-mail. Uma das dificuldades que tivemos nessa matéria foi reunir um grande número de moradores para realizar a denúncia. Nesse caso ficou bem claro o quanto a população está acostumada a viver, mesmo que dentro do lixo, e não protestar. Percebemos no momento da matéria que muitos moradores não nos davam entrevista porque diziam que como o lixão estava lá há mais de 20 anos eles já tinham se acostumado com a situação. Quase desistimos da matéria porque não tinha ninguém com pulso para denunciar. Porém, depois do trabalho de produção no local, durante a realização da matéria, começamos a pinçar pessoas interessantes além da principal que estava denunciando. Assim foi possível realizar a reportagem.

25/08 – Poluição sonora metrô: Essa foi muito interessante. Recebi um e-mail de um morador que vou anexar a essa resposta (só peço pra vc deixar o nome dele no anonimato). Nesse e-mail ele detalha a vida dele de forma contundente. Dessa forma resolvi eu mesma passar uma noite na casa desse morador junto com a esposa dele. Filmei informalmente toda a movimentação

94 até de madrugada e percebi que a denúncia era forte. Depois de 3 horas dentro do apartamento deles eu já não agüentava mais o barulho e assim bati o martelo para a matéria. Passamos duas madrugadas gravando no local. E esse foi um Proteste com solução rápida. Menos de 15 dias após a reportagem o barulho já tinha melhorado sensivelmente. Recebi um telefonema do morador avisando que todo o nosso trabalho havia dado resultado positivo por isso gravamos antes do fim do prazo dado pelo metrô a solução do problema.

De:Eduardo Silveira (Cruzeiro)

Enviada em: quarta-feira, 23 de julho de 2008 12:11

Para: '[email protected]'; '[email protected]'

Assunto: Pedido para o PROTESTE JÁ - CQC

Prioridade: Alta

Prezados Senhores,

Sou um assíduo telespectador do Programa CQC, apresentado por Marcelo Taz, que acompanho desde o Programa Saca-Rolha e suas colunas na Trip e Isto é; Rafinha Bastos, que conheci no Stand-up comedy Arte do Insulto e Marco Luque.

O Programa, de humor inteligente, também apresentado pelos repórteres Danilo Gentili, Felipe Andreoli, Rafael Cortez e Oscar Filho, chama a atenção por seus quadros de entrevista e, principalmente, na minha opinião, pelo PROTESTE, apresentado pelo Rafinha.

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Aproveitando este novo canal, que parece ser o único eficiente em nosso país, gostaria de expor o meu problema, e solicitar a ajuda de vocês para sua resolução.

Moro em um apartamento na rua Dr. Melo Alves, nos Jardins. Os fundos do apartamento, onde se encontram os quartos, são voltados para a avenida Rebouças.

Meu prédio dividia muro com um estacionamento na esquina da rua Oscar Freire com a Rebouças, terreno este que foi desapropriado para a instalação da Estação Oscar Freire do Metrô.

Foi aí que começou o martírio. Desde o início de suas obras, o Metrô causou inúmeros problemas para os vizinhos, em especial pelo barulho.

Por mais incrível que possa parecer, embora toda a movimentação fosse interna, ou seja, dentro do terreno da estação, não atrapalhando, portanto, o trânsito local, o barulho só era feito à noite.

Parecia que os operários assistiam à novela das 09, da Globo, ou ao futebol de quarta-feira, pois as máquinas eram ligadas somente após esses programas. Passavam a madrugada a fora com movimentação de caçambas no interior do terreno, Gruas, guindastes e britadeiras, que só cessavam às 07:00 da manhã.

Certa vez fiquei doente, e não pude ir para o escritório. Foi impressionante. Pela manhã, até umas 14:00, um silencio maravilhoso no Metrô. A partir das 14:00, alguma movimentação, mas nada que pudesse causar incômodo. Depois da novela.... Bom, após a novela a tortura começava.

Passava minhas madrugadas em claro, escrevendo para todos os órgão possíveis, todos os departamentos da Prefeitura de São Paulo, Governo do Estado de São Paulo, Senado, Congresso, Câmara, Metrô etc.

Para não dizer que jamais fui atendido, recebi uma resposta, uma única resposta, do Senador Eduardo Suplicy, informando que estava encaminhando

96 minha reclamação para o órgão competente, acompanhado, anexo à mensagem, pelo ofício, que anexo ao presente para sua ciência.

Não sei se foi por esse motivo, mas as obras começaram a dar algum descanso para os moradores durante a noite. De vez em quando ligavam as máquinas, mas desligavam no primeiro grito, ou quando chamávamos a polícia ou entrávamos em contato com a Prefeitura ou o Psiu.

Agora voltaram com todo o vapor, não se intimidando com os gritos dos moradores

Com relação à Polícia, informam, agora, que não podem fazer nada, e que devemos entrar em contato com a prefeitura. Nem aparecem, como faziam antigamente, no Metrô para "dar uma chamada" nos operários.

Ontem, por volta das 04:00 da manhã, quando os serviços estavam "bombando", liguei para o Psiu, e tive a mais absurda conversa com o interlocutor do outro lado da linha.

Pelo o que sabemos, mas não pudemos comprovar, o Metrô possui alvará de funcionamento noturno, desde que para serviços que não façam barulho.

Informei isso ao PSIU que, primeiramente, disse que não podia fazer nada.

Informei, também, que agora os caminhões e operários que faziam barulho pela madrugada não mais ostentavam o logo das empresas que representavam, talvez por estarem trabalhando em horário proibido.

Dito isso, a interlocutora do PSIU, Virgínia Santos, me informou que só poderia formalizar queixa se eu informasse o nome da empresa e o endereço.

Novamente, informei que os nomes estavam escondidos, motivo pelo qual não poderia fornecer essa informação. E mais, o terreno do Metrô é fechado com portão e murado em volta, o que impossibilitaria de ter essa informação até mesmo se eu fosse lá.

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Mais uma vez, a Sra, Virgínia disse ser impossível fazer algo sem essas informações.

Perguntei, então, à Virgínia se, quando assaltada, ela indicava na Polícia o nome e endereço do assaltante, pois era o mesmo caso.

Sem resposta, encerrou-se a conversa.

Portanto, Senhores, o problema é este.

Não conseguimos dormir por que o Metrô só trabalha à noite.

O merecido descanso, para enfrentar a jornada de trabalho do dia seguinte não existe.

Fora isso, sou portador de distrofia muscular, e todos sabemos que é a noite que o corpo recupera suas fibras musculares.

Pois bem, além do problema, ainda não tenho a devida reposição.

Desde que as obras começaram meu estado, com relação à doença, piorou demais.

Fora isso, estou com depressão, e trinta e cinco quilos mais gordo

Tudo isso em decorrência do descaso do governo e do Metrô.

Dessa forma, encaminho, anexo ao presente, e-mails trocados com Deus e o mundo sobre o tema e peço a ajuda de vocês para chegarmos à uma solução. Acredito que o Rafinha consiga fazer com que essa tortura acabe.

Desde já agradecido,

Eduardo Silveira

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5)O repórter tem autonomia no processo de construção da notícia?

Sim, totalmente. Mas, o repórter é brifado pela produção nos mínimos detalhes, no entanto ele também pesquisa, sugere, modifica textos de off. Tudo em conjunto com a produção.

6)Você concorda que a isenção jornalística é a melhor forma de passar as informações para o público tirar suas próprias conclusões do fato retratado?

Concordo plenamente. O papel do Proteste Já realmente é tentar solucionar as denúncias que são abordadas na matéria. Por isso, e até porque não poderia ser diferente, os dois lados são ouvidos. Se o denunciado é ou não culpado por determinada situação fica a critério do público julgar. De certa forma fica bem claro que no caso do Proteste fica fácil julgar quando quem está sendo denunciado firma um compromisso. Ou seja, chega-se a conclusão de que essa pessoa pode solucionar o problema, se não o fez antes aí é outro julgamento.

7)Sobre a relação com as fontes, é possível considerar que cada uma ouve e vê de acordo com os próprios interesses. De acordo com o estudioso Felipe Pena, “a desconfiança ajuda a sobreviver...” Você concorda que o ceticismo deva ser o principal elemento de relação com as fontes? Por quê?

Olha não que eu seja cética, mas vou ser didática com você. Estava apurando uma matéria quente (ainda não foi ao ar), muito boa mesmo, com dados interessantes, documentação que valeria como prova, etc. Apesar de estar com tudo isso em mãos a primeira coisa que perguntei para a fonte foi: Qual o seu interesse em denunciar isso? Costumo fazer essa pergunta para todas as fontes. Muitas se posicionam como detentoras da moral, decência e justiça. Nesses casos desconfio até que me provem o contrário, o que é praticamente impossível. Independente dessa posição o que me importa é a denúncia e quando tenho alguma dúvida sobre o idoneidade de quem está me repassando as informações essa fonte fica no anonimato. Ou seja, uso a fonte

99 como guia para os fatos e evito agregar a imagem dela para benefício da mesma. Já derrubamos matérias em que as fontes eram as únicas beneficiárias com a realização da matéria. Ou seja, a gente perde muito tempo com denúncias infundadas e individualistas. Essas a gente joga fora mesmo.

8)Observando os critérios de noticiabilidade (impacto do tema, quantidade de pessoas envolvidas, etc) Quais os aspectos do acontecimento que determinam a produção da matéria?

O Proteste lava muito em conta a quantidade de pessoas que estão envolvidas na matéria. Isso tem um impacto social maior, conseqüentemente temos uma matéria mais quente e firme. Se você prestar atenção todas as matérias do bloco têm cunho social. Não queremos que o Rafinha seja um justiceiro, mas sim que seja um porta-voz de quem está vivendo o problema. Por isso a idéia de sempre fazer o denunciado passar pela mesma situação de quem está denunciando. Resumindo: Primeiro é preciso saber se a matéria rende (investigação na pré-produção), segundo é avaliado o impacto social, que inclui quantidade de pessoas envolvidas, etc. e terceiro a certeza de que essa denúncia é passível de uma solução.

9)A apuração de informações para produzir uma nova mensagem (nas matérias) leva qual tipo de público em consideração?

Realmente essa é uma questão difícil de responder. Não sei se a Band tem alguma pesquisa sobre o público-alvo do CQC, nós aqui na produtora, até onde sei, não temos. Mas a nossa linguagem é a mais coloquial possível. A idéia é sempre pensar que temos um público jovem (levando em consideração a manifestação dos telespectadores via e-mail).

10)De que maneira você avalia o papel de contador de histórias e de porta-voz da sociedade concedido ao jornalista?

Eu creio que é exatamente isso que fazemos nesse bloco do CQC. Aqui, na nossa pequena redação, a cada solução que o Proteste consegue a gente comemora. Nós realmente somos os porta-vozes da sociedade. Eu avalio como positivo porque é claro que essas pessoas que estão cansadas de

100 recorrer ao poder público, que deveria ter a decência de dar um retorno, muitas vezes se encontram numa posição que culmina no desespero. Essa é uma palavra que sempre leio nas denúncias. Normalmente chegam frases como: “Não sei mais a quem recorrer”, “Estou desesperado e só vocês podem me ajudar”, e por aí vai. Por isso, eu enxergo o Proteste como um desabafo dessas pessoas. É uma forma positiva de fazer jornalismo.

11)Quando o profundo envolvimento com os fatos é inevitável, como lidar com as emoções?

Para quem está no início de carreira é bem complicado. Você se envolve sim, sente sim e se emociona junto. Ainda não tivemos nenhuma matéria do Proteste que envolvesse emoções profundas. Indignação sempre. Nós, a partir da denúncia, compramos uma briga em nome de uma pequena parte da sociedade e vamos em busca de uma solução com a mesma indignação que aquelas pessoas realizaram a denúncia. Não manifestamos isso na imagem, mas o telespectador percebe quando encostamos na parede quem está sendo denunciado. Normalmente não saímos de uma entrevista sem uma proposta de solução e uma data para isso. Essa situação muitas vezes gera um mal estar com o entrevistado, que se sente pressionado. Mas é exatamente essa pressão que faz com que o compromisso seja firmado. Posso complementar dizendo que cada entrevista dessas gera um momento tenso. A gente nunca sabe a reação do entrevistado e isso gera uma ansiedade grande em toda equipe. Mas ultimamente, como o programa está mais conhecido, as resoluções estão ficando cada vez mais tranqüilas. Ma a gente nunca sabe o que esperar da reação do entrevistado.

12)Comente sobre a função do humor no jornalismo televisivo?

Olha, humor sempre, independente ser no jornalismo ou em qualquer outra profissão. No Brasil as pessoas se acostumaram com um jornalismo tão convencional que se você mudar de canal nem parece que você mexeu no controle remoto. Considero o modelo de telejornalismo careta, formatado pela emissora “padrão” chamada de Rede Globo. Isso vai desde o lead da matéria

101 até a indumentária do repórter. É pra lá de esquisito ver um jornalista de terno e gravata em pleno Ceará à beira do mar. Não convence. Está mais para um boneco preparado para entrar no padrão Globo de jornalismo do que para um repórter com um bom texto, criatividade e conseqüentemente credibilidade. Jogue um pouco de humor nesse terno e gravata e vamos ter algo espontâneo, que atrai o telespectador. Para resumir o que eu acho do humor no jornalismo basta citar o Barão de Itararé: Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você. É exatamente isso que o Proteste Já faz, você ri porque não é com você.

13)Jornalismo e entretenimento podem se relacionar sem se afetarem?

Perfeitamente, por que não? Jornalismo pode ser um entretenimento, basta não ser tão formal. É possível tratar de um assunto sério de forma irreverente sem sair do foco jornalístico. Eu, antes de entrar para o CQC, já tinha uma idéia de como fazer isso. Por exemplo: eu morava no Ceará, sou cearense e acabei migrando para SP por motivos pessoais e profissionais, e trabalhava em um jornal local. Era conhecida por gostar de fazer confusão e me deram até o apelido de “briguenta”. Eu gostava muito de pegar pautas sérias, com denúncias pesadas e tornar leve, inclusive com brincadeiras no meio das entrevistas. Isso nunca comprometeu a reportagem, mas as vezes meu editor dizia: “menos, menos” porque eu pesava a mão nas brincadeiras. Mas isso me dava um certo diferencial sem desmerecer o trabalho dos meus companheiros, é claro.

14)O jornalismo brasileiro tem um histórico no qual o humor é utilizado como ferramenta para criticar e protestar com criatividade (basta lembrar do jornal O Pasquim). Por que essa crítica feita com humor incomoda os poderosos?

Fácil. Ultimamente o humor estava restrito a programas limitados a utilizar caricaturas em vez de explorar a criatividade com assuntos sérios. Os

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“poderosos” estavam acostumados a não ser incomodados com perguntas que normalmente os jornalistas não fazem. Eles até podiam ser imitados, mas confrontados jamais. Perguntas nunca feitas incomoda a qualquer um, ainda mais quando é uma “autoridade parlamentar” e pública. Para se ter uma idéia a expulsão do CQC do Congresso Nacional ocorreu porque o presidente da câmara, Arlindo Chinaglia, se sentiu incomodado com uma das perguntas do Danilo Gentili. Apenas incômodo, não houve agressão, não houve confronto, não houve palhaçada. Apenas uma pergunta. É isso que incomoda, perguntas.

15)Será que, devido ao formato, alguma parcela do público acredita que as matérias são somente puro entretenimento?

Acho que sim. Tem muita gente que não entende determinados blocos do programa, como por exemplo do assessor de imagem, feito pelo repórter Warley Santana. A idéia do bloco é mostrar como é fácil manipular o público com um bom marketing político. Muita gente não está compreendendo esse bloco, achando que é sem graça. Ou seja, há pessoas que consideram apenas humor quando há piadas ou comentários humorísticos. Para essas pessoas o programa não passa de mais um de entretenimento.

16)Na coluna de Bia Abramo do caderno Ilustrada (Folha de São Paulo - 07/09), intitulada, “CQC decola com jornalismo irônico”, ela comenta que “o tempo pode ser carrasco de qualquer programa de humor”. Será que a piada repetida perde mesmo a graça? Qual é a solução para continuar surpreendendo?

Na minha opinião isso depende muito da produção das pautas e da criatividade dos repórteres. Eu também acredito que o tempo possa ser um carrasco, mas também pode ser a prova de que um formato pode ser consolidado. O CQC está há 12 anos na Argentina, com um público cativo e se firmou como um programa jornalístico irreverente de referência. Acredito nas pessoas que estão fazendo o CQC no Brasil. Estamos muito engajados para que o programa não perca o ritmo.

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17)Qual o sentimento quando uma situação irregular é resolvida por causa da ação do Proteste Já? Chegará o dia em que protestar não será mais necessário?

Acredito que não, sempre, no Brasil, existirá um protesto em algum lugar. Nossa sensação quando uma denúncia é resolvida é de dever cumprido. Sempre comemoramos, recebemos os parabéns dos colegas aqui da redação e principalmente dos denunciantes. Eles são os primeiros a ligar para mim ou para o Raphael, o produtor. Aí marcamos com todos para retornar ao local para mostrar a solução e sempre convidamos os denunciados a comparecerem. Alguns se recusam, mas outros fazem questão de mostrar que os serviços prometidos por eles foram cumpridos.

18)A postura adotada pelos repórteres do „CQC‟ merece observação dos demais jornalistas? Por quê? Com certeza. Além dos comentários em matérias realizadas sobre o CQC por diversos meios jornalísticos já percebi, durante a realização de algumas matérias, as observações de jornalistas sobre o viés do programa. A gente tava no Congresso Nacional, fazendo o CQC de volta ao Congresso, quando um repórter da TV Câmara comentou: “Cara, eu queria fazer essa pergunta pra ele...”. Neste momento o Rafinha estava perguntando ao Nelson Jobim o seguinte: “O senhor mandou o Exército para os morros do RJ para combater o crime organizado, quando o senhor vai trazer o Exército para dentro do Congresso Nacional?”. Ou seja, os jornalistas gostariam de fazer perguntas diretas, que deixam os “poderosos” na saia justa, mas o padrão de jornalismo brasileiro não permite. É esse tipo de observação que percebo por parte dos profissionais.

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19)É possível imaginar que futuramente exista a disciplina de jornalismo de humor nos cursos de Jornalismo? Qual sua opinião sobre essa hipótese?

Eu creio que sim. Recentemente o proteste foi tema de um encontro de assessores de imprensa. A questão era: como tratar quando o CQC solicita uma entrevista, seja no âmbito do poder público ou privado? A maioria não soube responder. A dúvida era se era melhor receber a equipe do Proteste como qualquer outro meio de comunicação ou se recusar a receber, afinal todos sabem que haverá um elemento surpresa na hora da entrevista com quem está sendo denunciado. Esse debate durou horas, sem uma definição no final da discussão. Isso já gera um precedente, e eu sou a favor, para que o humor no jornalismo seja mais aprofundado e discutido.