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Teodato Hunguana fala do constitucionalismo moçambicano e lembra “falhanço” de 1999

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Teodato Hunguana fala do constitucionalismo moçambicano “Presidente Chissano é o Pai da Constituição de 1990” Por Francisco Carmona

uma das figuras incontor- ção de 3 de Outubro». Na sequência náveis de parte significa- da assinatura do acordo de Nkomati tiva do processo histórico retomaram-se contactos entre nós, Éque levou à Constituição Governo de Moçambique e a África de 1990, aquela que formalmente do Sul, num esforço de se conseguir libertou o país do monopartida- a sua implementação, e nesse con- rismo e abriu portas para o plura- texto que surge a «Declaração de 3 lismo, numa altura em que o país de Outubro». Eu só passo a integrar estava a ser dilacerado por uma a delegação moçambicana chefiada sangrenta guerra (1976-1992). A pelo General Jacinto Veloso, nessa pretexto de revisitarmos à histó- altura, nessa sequência…a delegação ria em volta da Constituição de já integrava Sérgio Vieira, Fernando 1990, que em Novembro de 2020 Honwana e outros companheiros. completa 30 anos, o SAVANA foi Em que muitos encontros foram conversar com Teodato Hungua- feitos em Pretória... na, um antigo ministro da Justiça Sim. Exactamente. Houve também (1978-1983), de Informação (1986- um em Cape Town e outros foram 1991) e Trabalho (1991-1994), nos aqui em Maputo. governos de e Joa- Nesse pós-Nkomati, o que é que quim Chissano. Descentralização, estavam a discutir? um processo sinuoso em curso, Discutíamos como implementar o DDR (Desarmamento, Desmobi- acordo, como colocar fim a guerra. lização e Reintegração), processos Foi nesse processo da continuação internos na Frelimo, um partido de da guerra que houve aquele assalto que é militante de primeira linha à Casa Banana, onde se recolheram e uma das reservas morais, foram aqueles documentos que revelavam inevitáveis, numa longa conversa o contínuo envolvimento da Áfri- onde a temática sobre Cabo Del- ca do Sul no apoio à Renamo. Esse gado, província que está debaixo diálogo levou a essa declaração de de ferozes ataques, foi incontor- 3 de Outubro de Pretória, como já nável. Formado em Direito, em referi. O que é essa declaração? Foi 1972, pela Universidade Clássica assinada por nós, pelo governo da de Lisboa, Teodato Hunguana teve África do Sul, e na mesa das con- um papel activo nas negociações de versações já apareciam elementos da Roma, que colocaram fim a chama- Renamo. Se bem me lembro estava da guerra dos 16 anos e foi também o Evo Fernandes (Antigo SG da juiz-conselheiro do primeiro Con- Renamo assassinado em Portugal) e selho Constitucional na história de outros que na altura não conhecía- Moçambique. “A meu ver, não estamos de facto perante uma segunda República, estamos na continuidade da mesma República de 1975, mos. É uma declaração em que fala ainda que tenhamos feito um «rename» da designação”. fundamentalmente da necessidade A Constituição de 1990, que este de acomodação económica, social ano completa 30 anos, foi aprovada nesse processo a Renamo serviu-lhe Exactamente. do Sul iria sacrificar a Renamo, não e política da Renamo. Portanto, já em plena guerra. Pode se considerar de instrumento de guerra contra Pode-se dizer que o acordo foi de posso afirmar, talvez outros compa- estávamos no caminho. Não se fala que foi aprovada para assegurar a Moçambique. Não há dúvidas. Não alguma forma assinado de má-fé nheiros que estiveram directamente de como liquidar ou desmantelar a paz? Conseguiu esse objectivo? vou entrar nas discussões sobre as entre as partes. Todos não cumpri- ligados ao processo, onde se discu- Renamo, mas de como acomodá- Qualquer processo constitucional origens da Renamo, não é isso que ram o que acordaram... tiam as questões de fundo, possam -la em Moçambique. Entretanto, deve ser contextualizado no pro- importa agora. Mas, na realidade, a (risos) as circunstâncias, de facto, fazê-lo. A verdade é que o apartheid a guerra prosseguiu. Em 1986, há cesso histórico em que se insere e guerra foi instrumentalizada pela forçaram-nos a ir para o Nkomati. não sacrificou a Renamo. Mas em re- Mbuzine, que é seguramente um do qual resulta. Não há como fazer África do Sul contra o regime mo- E o objectivo do Presidente Samora, lação a nós, se nós iriámos sacrificar episódio dessa guerra continuada, uma leitura objectiva da Constitui- çambicano. Ela desenvolveu-se a um daquilo que posso falar com clareza, o ANC? Certamente que não. Mas um agravamento dramático. É que ção de 1990 sem irmos a esse con- ponto que a independência de Mo- era travar a África do Sul dela en- na verdade houve medidas de restri- se o Presidente Samora, com o acor- texto. Qual foi a origem, quais foram çambique ficou em causa. O Presi- ção que foram tomadas na sequência do de Nkomati , tinha conseguido as razões, qual é a racionalidade dente Samora nessa altura assumiu do Nkomati. De tal maneira que até evitar a invasão e ocupação do País, histórica desta Constituição, para como a prioridade fundamental sal- “A verdade hoje, nós e o ANC, digamos entre tudo indicava que passara a ser ele, compreendermos porque ela surge vaguardar a independência e a sobe- alguns camaradas, no relaciona- pessoalmente, o alvo da máquina de em 1990 e não surge antes ou não rania do país. é que o facto mento paira essa nuvem de incom- guerra do apartheid, como Carlos surge depois. De facto tem a ver com Estamos a falar dos anos 84 quando preensão e de uma certa acusação de Cardoso, com particular acuidade, a guerra. Olhemos para o proces- se negociava o acordo de Nkomati? político que que Moçambique terá sacrificado o analisou e denunciou na altura ( par- so recuando um pouco para trás. A Estou a falar do que leva ao acor- ANC. A verdade é que era neces- ticularmente as ameaças pouco vela- guerra começou e teve a duração de do de Nkomati. A necessidade de deve prevalecer sário salvaguardar a independên- das do Gen. Magnus Malan). Talvez 16 anos. A partir de uma certa altura salvaguardar a independência e a cia de Moçambique. Uma invasão um agravamento, se calhar, a pre- temos presente que estávamos numa soberania do país. Havia o risco de, na Província é da África do Sul seria um desastre parar caminho para uma nova fase, situação de destruição generalizada inclusivamente, a África do Sul in- não só para Moçambique como como veio a acontecer depois, com do país, do tecido social, e estávamos vadir Moçambique e essa é a lógica aquele que resulta para a região. Mas sobretudo para a libertação de Nelson Mandela e o numa espécie de impasse militar. A de Nkomati. Que é a salvaguarda da nós, que tínhamos que olhar para início das negociações com o ANC. guerra ia crescendo, o Estado man- independência de Moçambique face do sufrágio os interesses de Moçambique, para Não sei. O facto é que o Presidente teve-se, a soberania manteve-se. A a esse perigo iminente. É por isso o nosso interesse nacional. Era pre- Chissano herda toda essa situação certo momento o presidente Samora que há sacrifícios consentidos nessa ciso que Moçambique sobrevivesse de guerra, mas também os esforços tomou a consciência de que havia o altura. O nosso apoio ao ANC, em- universal” para depois retomarmos o processo. na luta pela paz, de que o país tão perigo de que o país fosse engolido bora continuasse, teve que continuar trar abertamente em Moçambique. O Nkomati assinou-se, evitou-se a desesperadamente precisava. Porque por essa guerra, sobretudo, por causa de outras maneiras. E foi a acoberto de um acordo de invasão, mas não se evitou o prolon- embora se tenha evitado a invasão, o do principal apoio da Renamo, que A África do Sul também, de outras coexistência e boa vizinhança que se gamento da guerra. E é por isso que país estava a afundar-se na guer- era a África do Sul. O apartheid formas, continuou o seu apoio a conseguiu trava-la. Se o Presidente depois do acordo de Nkomati, no ra. Foi nessa altura que se travou opunha-se profundamente a nós e Renamo Samora tinha ilusões de que a África ano seguinte, há a célebre «Declara- na Zambézia a batalha decisiva Savana 10-07-2020 TEMA DA SEMANA 3

contra o espectro da divisão de Mo- todos nós nascemos com o Estado sei. Não vou presumir que eles nun- forte contestação da Renamo. Que çambique pelo Zambeze. O Estado moçambicano em 75 com o mono- “A política, como ca tiveram na sua agenda e que terá o Governo estava a aprovar unila- Maior das FPLM praticamente teve partido. Fomos todos moldados no sido apenas um discurso do fim da teralmente uma Constituição que que se instalar na própria Província monopartidarismo… e de repente é já vimos, tem que guerra. O que é preciso é termos esse devia ser negociada. A delegação do da Zambézia para desencadear com nos perguntado se queremos ou não material para analisarmos e conhe- governo argumentou que se estava eficácia a contra-ofensiva. Essa bata- queremos mudar e, naturalmente, a assentar em prin- cermos. A verdade é que o Presiden- num processo de revisão constitu- lha foi decisiva e foi ela que impediu resposta correspondeu aquilo que te Chissano tinha consciência de cional normal que tinha chegado o país de ficar cortado ao meio. nos tinha formatado. Mas porque o cípios, na ética, e que é preciso mudar, de que é bom ao seu termo, obedecendo às ne- Qual foi a tarefa fundamental que Presidente Chissano tinha claro que, nós mudarmos segundo aquilo que cessidades de mudanças do Estado o Presidente Chissano assumiu embora a maioria pensasse que não, quando se põem nós pensamos que é o melhor cami- moçambicano. Que o objecto das então? não significava que a maioria tinha de lado princípios nho, segundo a nossa iniciativa, do conversações não era o de se fazer Já não se tratava de salvar o país da razão. que termos que negociar essa mu- uma Constituição em Roma, coisa invasão da África do Sul, mas pôr Corrigiu-se a vontade da maioria e ética, a política dança. que cabia às instituições próprias, termo a guerra, alcançar a paz. em nome de um bem maior? O projecto da Constituição de 1990 no caso a Assembleia Popular. Que Exactamente. Era preciso ter a per- transforma-se em estava concluído, estava pronto, de- o objecto das conversações era o de Desconcentração de poderes cepção do sentido da História, ir pois de ter tido lugar o primeiro se encontrar os meios de se pôr ter- das mãos de Samora pelo caminho que a História apon- mercadoria, num encontro em Roma, em Sant’Egidio mo à guerra e estabelecer a paz. Sem Foi nesse período que se estava tava, ir no sentido dos ventos de mu- (de 8 a 10 de Julho de 1990) e antes prejuízo de que o Estado Moçam- num processo de revisão constitu- dança e não em sentido contrário.. mercado onde tudo do encontro seguinte (que teve lugar bicano continua entretanto a fun- cional... Então pretende dizer que o Pre- em Novembro de 1990). E quando cionar normalmente. No culminar Sim. Nós já estávamos num processo sidente Chissano foi pragmático se compra e tudo se a delegação do governo ia a cami- do processo de negociações, vamos de revisão constitucional, que tinha neste processo nho de Roma, para a retomada das assinar um acordo de paz, vamos às sido iniciado, e não necessariamen- Pragmático e corajoso. Era preciso vende …até a alma. conversações, a Assembleia Popular eleições, delas vão sair instituições, e te a olhar para a guerra, mas dentro romper. Romper primeiro ao nível já tinha sido convocada exactamen- uma delas é a Assembleia da Repú- do processo do desenvolvimento do do partido. Dizer não, não é por E quem tiver mais te para a aprovação da Constituição. blica. Portanto, se houver intenções Estado moçambicano. Nesse sentido aí… é por aqui que nós temos de ir, Assim, quando a delegação chegou ou pretensões de se rever a Consti- quero assinalar que, em 1986, houve não temos outra saída. Isto significa poder financeiro é a Roma , e antes de se retomar as tuição, deverão então ser submetidas o chamado processo da «desacumu- clareza e coragem próprias de uma conversações, a Assembleia Popular as respectivas propostas de revisão à lação», isto é, de desconcentração de liderança lúcida e efectiva. Nisso ele quem manda e de- adoptou a nova Constituição no dia Assembleia da República. poderes das mãos do Presidente Sa- teve um papel decisivo. Conduziu o 2 de Novembro. Quando as duas Mas antes deixe-me dizer que este mora. Desse processo resultou fun- processo. Portanto, a partir daí foi-se termina a política. delegações se sentaram à mesa de ponto foi objecto de prolongadas damentalmente que a Assembleia em marcha rápida para a conclusão conversações, a Constituição já tinha discussões e levou-se quase um Popular, que até então era presidida da revisão constitucional já com es- E isso não pode ser”. sido aprovada. Claro que houve uma ano para se sair do impasse, e pelo Chefe de Estado, passasse a ses princípios. De uma nova consti- eleger ela própria o seu Presidente ( tuição, estado de direito, pluralismo, foi a partir de então que Marcelino liberdade de imprensa, que é a cons- dos Santos foi eleito Presidente da tituição de 90. Porque a César o que Assembleia Popular) e o Conselho é de César… podemos afirmar que o de Ministros passasse a ser presidi- Presidente Chissano é, sem dúvida, o do por um Primeiro Ministro, Chefe Pai da Constituição de 1990. do Governo ( tendo sido então de- signado Primeiro-Ministro, Mário Discurso democrático da Machungo). Renamo Esse processo começa com Samo- Esta argumentação toda do Dr. ra... Teodato procura anular algumas Sim, senhor! Esse processo começa percepções que existiam na altura, com Samora. Não é desenvolvido segundo as quais a Frelimo apres- mais, porque acontece Mbuzine. sou-se para aprovar a constituição Quando acontece o Mbuzine, o pre- de 1990 para esvaziar o principal sidente Chissano é eleito e retoma argumento de guerra da Renamo, estes processos já com um objectivo que era a democracia, liberdade de claro: cessar a guerra e alcançar a imprensa, etc. Até que ponto a Fre- paz. Mas naturalmente, o presidente limo não introduziu o pluralismo Chissano, não só pelas transforma- na constituição para anular esse ções que ocorrem a nível global, no discurso de democracia que a Re- mundo, na União Soviética, a Peres- namo já fazia? troika, os ventos de democratização Pode ter tido esse efeito. Mas não que estão a soprar sobre a África, creio que essa fosse a intenção. Ad- com as Conferências Nacionais So- mito que pode ter tido esse efeito. beranas, que põem termo aos regi- Isso reflectiu-se em Roma. A ver- mes monopartidários, teria a percep- dade é que a mudança, respondendo ção de que nada iria ser como dantes. àquilo que era a evolução no mundo Não havia como pensarmos que e em África, não tinha outro jeito. Moçambique é uma ilha, que tudo Nós estávamos no monopartidaris- iria continuar como dantes. Havia a mo, estávamos no partido-Estado, necessidade de evolução interna do tal como estava a generalidade dos Estado moçambicano. A perspectiva Estados africanos. E eles estavam a de acomodação do fim da guerra, não sair, seguindo os ventos da mudan- passava pela extinção da Renamo, ça, da democratização. Nós íamos passava por integrar a Renamo na ficar onde estávamos? Íamos sair realidade política, social e económica para onde? A mudança só poderia do país. Por isso é necessário refor- ser essa. Agora, o discurso de demo- mular os modos, as normas e prin- cracia na Renamo, eu não sei exac- cípios de funcionamento do nosso tamente quando começa. A história Estado. Quer dizer que é preciso da Renamo, fora das preocupações criar um quadro constitucional, que de propaganda, acho que eles pró- nos liberte do monopartidarismo e prios ainda não se preocuparam abra para o pluralismo. Um quadro em escrevê-la. Aí talvez saberíamos constitucional em que caibam dife- quando é que eles começaram o dis- renças, realidades diferentes, que até curso da democracia. Muitos de nós aí nós, dogmaticamente, negávamos. só começamos a ouvir isso no fim da Dizíamos «bandidos armados nun- guerra, como discurso de justificação ca!» etc.. É isto que leva o Presidente à posteriori. Chissano a conduzir o processo de Há um material, entrevistas e do- revisão constitucional no sentido de cumentários, disponíveis na inter- por fim ao regime de partido único e net em que Afonso Dhlakama em abrir para o pluralismo. Houve uma meados dos anos 80 já tinha um consulta nacional centrada nesta discurso de democracia. questão. Aquilo que foi o pronun- É possível, mas há muita pouca in- ciamento generalizado, maioritário, formação. É por isso que coloco a foi de que não. Naturalmente que coisa assim, porque eu também não 4 TEMA DA SEMANA Savana 10-07-2020

durante esse tempo não faltava a damentais. O Governo/Frelimo Presidente Chissano disse que tinha Ministério o articulado relativo à violência verbal, marcada por in- não estava preparado para dar esse “Os acordos de paz, ouvido e ia-se trabalhar no assunto. liberdade de imprensa para integrar sultos e pedradas. Era a guerra que passo? Na sequência, orientou o ministro da a proposta de revisão. Na sequência, continuava na mesa das negociações. Nessa altura, em 1986, eu era mi- alguns chamam-se Informação a trabalhar no assunto. elaborámos o projecto da lei de im- Até que se adoptou o Protocolo I, nistro da Informação e, no último Nunca houve uma resistência do prensa. Saí do Ministério da Infor- que definia os princípios funda- conselho coordenador do ministé- definitivos, mas não Dr. Teodato como ministro da In- mação em Janeiro de 1991, quando mentais. Desse Protocolo resultou rio, os colegas jornalistas vindos das formação na altura? Consta que na o projecto estava praticamente con- cluído e remetido à Assembleia, ou o reconhecimento da Renamo como províncias reportaram longamente é pela designação que altura no calor do debate chamou as dificuldades que passavam no alguns jornalistas de narcoliberais. ao Conselho de Ministros, não te- uma força política, pelo Governo, e nho bem na memória. Esse projec- o reconhecimento do Governo e das dia-a-dia do seu trabalho, e quanto Não....Isso foi em fases anteriores e mais longe da capital do país pior. tudo corre bem. O a partir de situações muito concre- to, por nós elaborado, foi na íntegra suas instituições pela Renamo. Essas aprovado como Lei de Imprensa, e Os jornalistas ficavam a mercê dos tas…como crítica a certos compor- foram as balizas adoptadas no Pro- deu lugar a liberdade de imprensa governadores, dos administradores, acordo de Roma era tamentos ou atitudes. Eu agora não tocolo I, Dos Princípios Fundamen- em Moçambique. Lei ainda hoje por aí. Então reivindicavam a ne- tenho presente, mas era necessário tais, que marca o reconhecimento vigente. Claro que não inventámos cessidade de uma lei de imprensa para ser definitivo, contextualizar. Havia de facto dis- mútuo e permitiu finalmente iniciar nenhuma pólvora porque ela já tinha que definisse os direitos e deveres cussões, havia tendências narcolibe- as negociações.. sido inventada por aqueles países dos profissionais da comunicação não era para ser pro- rais e como ministro da Informação com estados de direito democrático À época, foi considerado um texto social. Discutiu-se muito durante a tinha a obrigação de tratar desses constitucional moderno. Porquê? mais ou menos consolidados. O que reunião e, como ministro de tutela, assuntos. É preciso situar as coisas as pessoas hoje têm que ter presen- O texto constitucional continua a visório. Os acordos fiz um relatório destinado ao partido no seu tempo. Aquele não era um te é que a questão de fundo não era ser moderno porque saímos de um (Frelimo). Nesse documento, mais tempo de liberdade de imprensa, era se devia ou não haver liberdade de Estado monopartidário para um do que relatar a discussão propria- que tem sido firma- um tempo em que a informação era imprensa. A questão de fundo era se Estado de Direito assente na liber- mente dita, equacionava a questão definida como «destacamento avan- devíamos ou não pôr termo ao sis- dade de criação de partidos políti- nos seguintes termos: perante a dos tem a intenção çado na luta de classes». Não era um tema monopartidário e avançar para cos, assente na formal separação de discussão havida a conclusão a que tal de «quarto poder», antes era parte a abertura multipartidária. Esta era poderes, o executivo, o legislativo, o eu, como ministro da Informação de ser definitivos”. integrante do poder, braço do poder. a questão. Porque não era concebí- judicial. Assente na liberdade de im- chegava era de que só vale a pena A informação era um braço deste vel adoptar a liberdade de imprensa Povo à Informação» e na sequência, prensa, Assente numa declaração de avançar para uma lei de imprensa se Partido-Estado e o ministro que era em condições de monopartidarismo. o Presidente Chissano convoca uma direitos, deveres e liberdades indivi- for para adoptar a lei da liberdade de colocado lá era exactamente para Isso seria como que «pôr a carroça reunião com todos jornalistas nas à frente dos bois» Uma vez decidi- duais. Então estamos perante uma imprensa. Avançar para uma lei de gerir, em nome do Partido-Estado, instalações da Organização Nacio- da essa questão de fundo, as outras ruptura, perante a primeira solução imprensa que não fosse a lei da li- essas situações de conflito que, numa nal de Jornalistas. Eu estava lá como questões resolvem-se em coerência de continuidade no constituciona- berdade de imprensa não se estaria a área eminentemente ideológica, são ministro da Informação, mas a reu- com essa decisão. lismo moçambicano. Contudo, vere- fazer nada e seria melhor não mexer frequentes. Por isso que lhe digo nião era do Presidente com os jorna- Portanto, houve muita reclamação, mos, se houver espaço para tal, como no assunto. que a discussão havida no Conselho muito discurso no pressuposto de listas. Nesse encontro os jornalistas essa ruptura acaba por se relativizar. (risos)... do partido nunca veio res- Coordenador do Ministério foi re- que haveria uma resistência, que não apresentaram as suas reivindicações, Houve, na altura, uma grande posta e mais tarde, já a caminho de portada à direção do partido, que era houve. O Presidente Chissano di- denunciando que o silêncio e o vazio pressão para se introduzir clara- 90, fomos confrontados com um an- quem tinha que decidir ou definir rigiu aquela reunião da forma mais no anteprojecto de revisão era indi- mente na Constituição o direito à teprojecto de Constituição que não uma orientação. Não era eu, Teodato pacífica deixando falar quem quis contemplava a questão da liberdade cação clara de que não havia vontade Hunguana, a decidir. Por isso que, informação, liberdade de expressão falar. de imprensa. Os jornalistas fazem política de avançar com a liberdade uma vez tomada a decisão, sem gran- e de imprensa, como direitos fun- um manifesto sobre o «Direito do de imprensa. No fim do encontro, o des dificuldades, nós preparamos no Continua na pág. 14 e 15

Não existe uma linha clara que legitime II República

om a Constituição de alguma satisfação intelectual quan- crático, introduzido por aquela inglesa de que «o poder corrom- frágio, que pode anuir ou denegar, 1990, entrámos na II do nos auto-avaliamos…. de 1990. Aprovar uma revisão da pe… e o poder absoluto corrompe uma vez atingido o limite permi- República, que o Dr. re- Penso que o que o Professor Ós- Constituição de 2004 por uma absolutamente». Quando se fala de tido pela Constituição, só há que Ccusa-se a chamar assim. car Monteiro abordou, há dias, maioria de dois terços, mas perten- corrupção a nossa tendência é de observar a Constituição. Porquê? na intervenção que fez no evento centes a um só partido, a Frelimo, pensarmos na corrupção de ordem Se assim entendermos a razão de Os outros chamam porque, em organizado pelo Conselho Cons- politicamente era o mesmo que material. Mas corrupção mais pe- ser da limitação de mandatos, re- princípio, a Constituição de 1990 titucional, sobre a contínua tutela regressar à situação de 1990. Isso rigosa, potencialmente mais danosa sulta completamente anti-ético introduz uma nova ordem: estado do partido sobre o Estado, é con- seria um recuo, uma perda, e não para uma nação, para um Estado, promover a revisão da Constituição de direito democrático, assente na sequência do que acabo de dizer. um ganho. Felizmente acabou por nem é sempre a de ordem mate- para se alterar esse limite e permi- separação de poderes, multiparti- Não é possível continuarmos com a prevalecer a Constituição de 2004, rial. Mas é aquela que se traduz no tir que determinado titular possa darismo, liberdade de imprensa, di- situação de que ele faz análise críti- sem a intentada revisão. vício que afecta a capacidade de candidatar-se a mais mandatos. reitos, deveres e liberdades da pes- ca, na cúpula do Estado, sem haver Em relação a questão dos manda- discernimento dos titulares e que Admitir isso é substituir a ordem soa e do cidadão etc. Só que para se um partido na cúpula do Estado, de tos, eu posicionei-me sempre em leva a designação de «síndrome de falar de segunda República, a meu facto. termos de princípios, não em fun- presunção». Um estudioso desta democrática pelo clientelismo, é ver, teria que ter havido uma rup- Resumindo e concluindo, a meu ção de pessoas ou de conveniências matéria, David Owen, médico e substituir a fidelidade aos princí- tura, uma solução de continuidade, ver, não estamos de facto perante conjunturais. É que só há uma ma- membro do Governo de Sua Ma- pios pela fidelidade às pessoas. A e eu interrogo-me: Houve uma so- uma segunda República, estamos neira digna de olhar para a Consti- jestade britânica, por muitos anos política, como já vimos, tem que lução de continuidade, houve uma na continuidade da mesma Repú- tuição e para o Estado de Direito Ministro dos Negócios Estrangei- assentar em princípios, na ética, e ruptura? Não. blica de 1975, ainda que tenhamos Democrático: é em termos de ética ros, com muito outros pensadores e quando se põem de lado princípios O que ocorreu, no nosso caso em feito um «rename» da designação. e de princípios, porque doutra ma- autores, desde a Grécia de Aristó- e ética, a política transforma-se em Moçambique, foi que o partido- Tal como terá acontecido no último neira a Constituição não valerá o teles e Platão até aos nossos dias, mercadoria, num mercado onde -Estado, o partido único, adoptou mandato do Presidente Guebuza, papel em que se escreve. diz que «o poder é uma droga po- tudo se compra e tudo se vende uma nova Constituição, e outorgou onde terá havido movimentações Primeiro, quanto à questão de se al- derosa que nem os líderes políticos …até a alma. E quem tiver mais essa nova constituição, tal como a para aumentar mais um manda- terar a Constituição para se admitir têm capacidade para neutralizar…» poder financeiro é quem manda Frelimo fez em 1975. Depois, ao to a favor do então presidente, há um terceiro mandato, em função de e que «A presunção é quase uma e determina a política. E isso não abrigo dessa nova Constituição, o indicações de que idêntica situação pessoas ou de conveniências con- doença profissional para os chefes pode ser. partido sai vencedor das primei- estará para acontecer agora, numa junturais, tal se deve à ignorância de governo…» Por vezes, sem ir ao extremo de ra eleições multipartidárias, assim altura em que a Frelimo tem maio- das pessoas, ou à rejeição, daquilo Daí que, como complementar à promover alterações da Consti- como as ulteriores, e continua no ria de 2/3. O Dr. Teodato na altura que foi e é a razão de ser da limita- separação dos poderes, houvesse tuição para permitir mais manda- poder. posicionou-se contra. Manteria a ção de mandatos. a necessidade de introduzir esse tos, aparentemente respeita-se a Nesse contexto consegue-se perce- mesma posição? Tudo começa com a necessidade da princípio de limitação de manda- Constituição, mas envereda-se por ber o papel e a função do presiden- A minha posição de princípio foi separação dos poderes, porque só tos. A limitação de mandatos visa práticas que configuram autênticas cialismo reforçado para se manter o que a Constituição em causa na al- poderes separados, independentes exactamente prevenir esta doença, sistema inalterado. tura, isto é, a Constituição de 2004, e interdependentes, se podem limi- este «síndrome de presunção» e os fraudes à Constituição. Quando se Então, para mim, não existe uma tinha sido adoptada pelo consenso tar mutuamente. Mas isso também seus malefícios. admite tais situações, quando com linha de demarcação suficiente- de todas as forças representadas na não basta, porque poderes separa- Então, e independentemente do elas nos conformamos, sem dúvida mente clara que legitime a quali- Assembleia da República, que, di- dos e independentes, por si sós, não mérito do titular, é estabelecido um que estamos a violar o espírito da ficação de segunda República. Isto ferentemente da Constituição de eliminam, em absoluto, a hipótese limite à possibilidade de renova- Constituição. Ainda que os políti- é, o rótulo diz muito mais do que 1990, uma Constituição portanto de um titular tentar perpetuar-se ção de mandatos. Quer dizer que, cos ou os candidatos sejam nossos a realidade que pretende designar. produzida e outorgada pela Freli- no poder indefinidamente. se para a renovação de mandato amigos, nossos familiares ou nossos Mas compreendo perfeitamente mo, esta de 2004 era a Constituição O Presidente Samora repetia-nos até onde ela é permitida, conta a camaradas, não podemos colocá- que esse qualificativo, conforte, dê fruto do Estado de Direito Demo- frequentemente a célebre máxima avaliação do mérito por via do su- -los acima da Constituição! . Savana 10-07-2020 TEMAPUBLICIDADE DA SEMANA 5 6 PUBLICIDADESOCIEDADESOCIEDADE Savana 10-07-2020

Mocímboa da Praia: Mossul é aqui! Por Armando Nhantumbo

oi onde tudo começou. Na boa se está a tornar um reduto da verdade, o local do primeiro insurgência, uma espécie de Mossul tiro. Aproximadamente três moçambicano, ressalvadas todas as Fanos depois, Mocímboa da diferenças e contexto em relação à Praia, um dos mais importantes cidade iraquiana. distritos do norte de Cabo Delga- Situado no nordeste do Iraque, do, está a se tornar num reduto dos Mossul foi, parafraseando Caroline insurgentes. Uma espécie de Mos- Hawley, correspondente de assun- sul, a cidade iraquiana que, antes de tos diplomáticos da BBC, a cidade cair no domínio do Estado Islâmico onde o EI ganhou reputação global, (EI), em 2014, era um estratégico já que, antes de tomar esta estratégia centro do noroeste do Iraque. da urbe. “Quando tomaram Mossul com um Se foi em Mossul onde o Daesh ataque impressionante que o exérci- ganhou reputação global, Mocím- to iraquiano não foi capaz de reagir, boa parece ser o bastião por onde o todos começaram a ouvir falar do EI “Al-Shabaab” moçambicano se pro- e o grupo virou uma grave ameaça jecta. que deveria ser levada a sério”, refe- A 5 de Outubro de 2017, atacaram Insurgentes deixaram Mocímboa, praticamente, aos escombros ria Hawley, em 2014. a esquadra da Polícia da vila sede do Seis meses antes de tomar Mossul, 100 km, com trouxas nas cabeças. distrito, em simultâneo com uma guiram tomar, mais uma vez, a vila e privadas, incluindo o porto local o grupo, que até então se denomi- Há os que pernoitavam nas bermas posição estacionada em Ouasse, da Mocímboa. O que se seguiu tem – no ataque de Março foi a vez do nava “Estado Islâmico do Iraque e da estrada e outros nas matas. Até há cerca de 45 km. Ali começava a um nome. Chama-se chacina. Para aeródromo - estabelecimentos co- do Levante”, já havia tomado a ci- esta quarta-feira, ainda ouviam-se violência jihadista que aterroriza o além de mortes no confronto com as merciais, residências e viaturas. dade de Faluja e depois conquistou FDS, desta vez os insurgentes assas- Também raptaram mais de 400 disparos de insurgentes, em Anga, norte da província há, aproximada- vitórias importantes na guerra civil sinaram populares, contrariando a pessoas, na sua maioria raparigas e precipitando ainda mais a fuga da mente, três anos. da Síria. estratégia de “conquistar corações”, rapazes, incluindo de idades entre população. Dali, os insurgentes espalharam o Mas quando entraram em Mossul, que usaram no assalto de Março. 8 a 14 anos de idade, para “reforçar terror por outros distritos da região, entre 10 mil e 30 mil soldados e for- Algumas pessoas eram mortas em a nossa tropa”, usando palavras que Dirigentes também fugiram subindo de escalada, até tomarem ças de segurança iraquianas abando- suas próprias residências, algumas lhes são atribuídas pela população Não é que tenham acatado as reco- vilas distritais. naram seus postos e fugiram diante degoladas, inclusivamente depois de local. mendações dos insurgentes, mas as A 23 de Março, eles regressaram ao de cerca de 800 extremistas. local onde tudo começou. Duran- amarradas. No fim do assalto, deixaram avisos autoridades administrativas tam- bém abandonaram o distrito. O Desde então, o EI destruiu a auto- te um dia, ocuparam a vila sede e ridade do Estado iraquiano na re- até içaram sua bandeira, idêntica à presidente do Conselho Autárqui- co de Mocímboa, Carlos Momba, gião, estabeleceu um regime brutal do EI. Dias depois, foram tomar a que levou a um êxodo em massa de vila de Quissanga e, mais tarde, a de confirmou, esta semana, à estação privada de televisão, STV, que ne- moradores e impôs sua autoridade Macomia. ,perseguindo minorias e matando Mas, a 27 de Junho, regressaram à nhuma instituição do Governo está a funcionar em Mocímboa. opositores. Mocímboa, o seu reduto. Desta vez, Os extremistas continuaram avan- ficaram 4 dias e não 3. Entraram a “Não há nenhum serviço sendo efectuado lá. Tudo parou. As pró- çando e tomaram boa parte da re- 27 de Junho, um sábado, e só saíram gião de Nínive, além de outras áreas, a 1 de Julho, uma quarta-feira. prias infraestruturas do Governo, tudo parou. Não temos nenhuma em questão de dias. Último grande assalto infraestrutura do Governo a funcio- Dias depois de tomar Mossul, o lí- der do grupo, Abu Bakr al Baghda- Desta vez, os insurgentes entraram nar”, disse o governante, ele próprio di, declarou o “califado”, ou seja, um em Mocímboa vindos da direcção a partir de fora do Município de que “Estado” governado segundo a lei de Anga, uma aldeia que dista cerca é edil. islâmica, a sharia. de 10 km a sudeste da vila. Teriam Mas Carlos Momba não é o único A partir de Mossul, o EI estabeleceu usado a “antiga estrada”, uma via do que abandonou sua área de juris- sua operação para recrutar seguido- tempo colonial que liga Mocímboa O rasto é de total destruição no Mossul moçambicano dição. O SAVANA sabe que os da Praia, Quissanga e Metuge. Ao administradores dos distritos mais res pelo mundo. Pela proximidade que apurámos, Anga é um posto Até aqui não é possível estimar o à população. Disseram que voltarão afectados, incluindo da própria Mo- com a Síria, tornou-se um reduto avançado dos insurgentes, por onde número real de vítimas mortais. para ocupar definitivamente a Mo- címboa, fugiram para locais seguros, de combatentes estrangeiros e se lançam os ataques a Mocímboa. Mas, apesar de não ter havido, ain- címboa. Como tal, recomendaram incluindo Pemba. tornou o prémio maior do grupo Eram cerca das 4h de 27 de Junho da, qualquer levantamento sobre a população a abandonar a vila por- Aliás, ainda esta semana, o adminis- extremista. quando entraram vila adentro. Com as mortes, o rasto é, simplesmente, que, aquele que for encontrado, será trador de Quissanga, Bartolomeu De longe, a intenção do “Al-Sha- lição estudada, as Forças de Defesa aterrador. degolado. Disseram que o seu plano Muibo, admitiu, a partir da vila de baab” moçambicano parece ser e Segurança (FDS) responderam à “O número é maior. Em Mocímboa, é “libertar” também Palma e Mueda, Metuge, para onde foi transferida ganhar território, a partir de Mo- altura, incluindo bombardeamen- neste momento, só cheira pessoas por isso, não vale a pena a população toda a sua administração, que o Go- címboa da Praia, para daí instalar tos aéreos dos mercenários da Dyck podres”, relata uma fonte local. ir se estabelecer nesses locais. verno que dirige abandonou o dis- um Estado regido pela sharia. Os Advisory Group (DAG). Alguns dos que sobreviveram dos Ainda grafitaram as principais es- trito. “Todos os serviços estão aqui”, recados à população e as grifadas Os insurgentes recuaram. Ao que disparos ou das facadas dos insur- tradas da vila, com palavras de or- reconheceu Bartolomeu Muibo, nas ruas parecem justificar essa in- nos contam fontes locais, foi festa gentes viriam a encontrar a mor- dem como “Al-Shabaab” ou “Esta- algo combalido. tenção. no seio das FDS, que celebraram te, mais tarde, por falta de socorro, do Islâmico”, o que é interpretado É a trajetória de um conflito que Se Mossul fica perto de importan- aquela que era uma das suas grandes numa vila onde não há serviços de como a expressão do plano de impor força também a fuga de governan- tes poços de petróleo, fundamentais vitórias aos pés dos insurgentes. saúde visto que o pessoal médico um Estado baseado na sharia. tes. para as finanças do Daesh, Mocím- Mas era um recuo estratégico por- também saiu à procura de refúgio. E a população, que conhece as boa também. Está a cerca de 70 km que, por volta das 17h, os insurgen- Até esta quarta-feira, corpos conti- amarguras da guerra que começou, Ganhar terreno de Afungi, o coração das operações tes voltariam à vila. E voltaram na nuavam a ser encontrados na via pú- justamente, ali, acatou as recomen- Com três grandes ataques, Mocím- de oil & gas, na bacia do Rovuma. sua máxima força. Estavam forte- blica. Também houve baixas do lado dações. É assim que Mocímboa, an- mente armados, dessa vez até com dos insurgentes. tes com cerca de 60 mil habitantes, morteiros. Fez-se inúmeras baixas Durante o seu “reinado”, em Mo- é hoje um local fantasma. A popu- do lado das FDS, incluindo o co- címboa, os insurgentes saqueavam lação está a fugir de quase todas al- mandante Horácio Charles. estabelecimentos comerciais e os deias, incluído de Ouasse, à procura Foi quando alguns militares come- produtos alimentares eram trans- de locais seguros. çaram a abandonar a vila. Populares portadas em viaturas para as bases Até ao fecho desta edição, um mo- de Mocímboa confirmaram ao Jor- do grupo, o mesmo modus operandi vimento desusado caracterizava a nal terem tomado os mesmos barcos em quase todos os assaltos. estrada que liga Mocímboa e Mue- com militares que também fugiam Também passeavam pela vila em da, com pessoas de todas idades, para as Ilhas, onde se foram refugiar. viaturas e motorizadas. Destruíram incluindo idosos e crianças, a per- Foi assim que os insurgentes conse- tudo, desde infraestruturas públicas correrem, a pé, um troço de cerca de 1D0RFtPERDRVLQVXUJHQWHVDLQGDJUDÀWDUDPDVSULQFLSDLVHVWUDGDVGDYLOD Savana 10-07-2020 PUBLICIDADE 7

CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA Anticorrupção - Transparência - Integridade PREPARADOS PARA O RETORNO ÀS AULAS?

O Governo de Moçambique vai reabrir escolas para o re- O Centro de Integridade Pública (CIP), enquanto reconhece a torno às aulas presenciais, durante o decurso do estado necessidade das crianças continuarem a aprender, defende que de emergência, anunciou o Presidente da República, Fi- as escolas públicas moçambicanas não reúnem condições para lipe Nyusi, aquando da prorrogação do estado de emer- a retoma das aulas presenciais. O Governo não investiu no me- gência, a 28 de Junho passado. lhoramento das condições de higiene nas escolas. Reabrir escolas públicas para aulas presenciais é expor a a comunidade escolar Estamos preparados para o retorno às aulas presenciais? (alunos, professores, funcionários ) e as famílias a alto risco de infecção pelo coronavírus. Nas condições actuais, as escolas mo- A maioria das escolas públicas em Moçambique não reú- çambicanas serão foco de transmissões do coronavírus! ne condições que garantam o cumprimento das medidas de prevenção da propagação do coronavírus. As salas de Para chamar à atenção do Governo, dos professores, dos pais e aulas não têm espaço para a observância do distancia- encarregados de educação, o CIP inicia uma campanha denomi- mento social. Os sanitários não têm água corrente e as nada “Preparados para o retorno às aulas?”. Passamos a publicar condições de higiene são deploráveis. Muitas escolas não imagens (fotos e videos) de escolas públicas, em todo o país, cap- têm, sequer, fonte de água para a lavagem das mãos. tadas por cidadãos voluntários. 8 PUBLICIDADESOCIEDADE Savana 10-07-2020

Cabo Delgado Militarização vai agravar violência armada

ma militarização da so- foco em acções de desenvolvimen- e for usada para canalizar recur- lução para a violência ar- to, prestando mais serviços públicos sos para elites políticas, como tem mada em Cabo Delgado essências”, disse Jerry Manghezi ao acontecido com outras instituições apenas irá agravar o con- Zitamar. estatais, vai agudizar a violência em U Cabo Delgado. flito e prolongá-lo por mais tem- A criação de emprego para os jo- po, avisam analistas citados pelo vens e a prestação de serviços fi- portal Zitamar e pelo mediaFAX, nanceiros para pequenos negócios Ataque a principal base num artigo co-produzido pelos são acções fundamentais para cor- Entretanto, as FDS moçambicanas dois órgãos, no âmbito do projec- tar o campo de recrutamento dos terão atacado a principal base dos to Cabo Ligado, em parceria com insurgentes. insurgentes na província de Cabo a ACLED. Delgado no dia 01 deste mês, mas ADIN são contraditórias as informações sobre o resultado da operação. A análise divulgada pelas duas pu- O Governo moçambicano criou a O website Notícias de Defesa, que blicações assinala que está em curso Há uma crescente militarização na direcção dos distritos de Cabo Delgado Agência de Desenvolvimento In- se presume seja uma iniciativa con- a entrega da administração dos dis- tegrado da Região Norte (ADIN). militar de Cabo Delgado e é terra terrogados e torturados. junta entre o Ministério da Defesa tritos mais assolados pela acção de Filipe Nyusi apontou que a nova natal do Presidente da República, Para Jerry Manghezi, pesquisador e o Ministério do Interior, refere grupos armados em Cabo Delgado entidade promove o desenvolvi- Filipe Nyusi, e de figuras históricas do Meio do Observatório Rural, que a acção das FDS redundou na a quadros ligados às Forças de De- mento “especialmente em áreas da Frelimo. a “militarização de Cabo Delgado morte de 100 insurgentes. fesa e Segurança (FDS). onde os terroristas e inimigos da Outros distritos de Cabo Delgado e as acções indiscriminadas das A base atacada localiza-se perto da Essa orientação poderá provocar paz destroem e manipulam pessoas estão sob controlo, de facto, de ofi- FDS” poderá agravar a escalada do vila de Mtessa e a 10 quilómetros um efeito contraproducente, aler- jovens para lutarem contra os seus ciais das FDS, uma vez que a ad- conflito armado e prolongá-lo por da principal estrada para a vila sede tam os dois órgãos de comunicação próprios irmãos”. ministração civil desses pontos do muitos anos”. de Macomia. social, com base em depoimentos O analista Eric Morier-Genoud, país saiu dos distritos para locais Jerry Manghezi avançou que mui- De acordo com o Notícias de De- de especialistas. docente de História Africana na seguros, devido a ataques de grupos tos habitantes das zonas afectadas fesa, as FDS atacaram com fogo de A análise observa que o Governo Universidade de Queens de Belfast, armados. pela violência armada em Cabo artilharia a partir das 6:30 e invadi- nomeou o polícia Tomás Bedae ad- na Irlanda do Norte, considera que Quissanga é um desses distritos. Delgado já se sentem excluídas ram a base, tendo aí permanecido ministrador de Macomia, um dos a criação da ADIN parece mostrar Está completamente militarizado. das políticas públicas do Governo entre as 14:10 e as 19:40. mais atingidos pela acção de grupos um ponto de viragem na estratégia A população e os funcionários do e uma abordagem mais repressiva O local albergava cerca de 400 in- armados em Cabo Delgado. do Governo em relação a Cabo Estado fugiram para locais segu- vai colocar as populações contra as surgentes que supostamente se pre- Antes de ser indicado para a nova Delgado, visando uma estratégia ros. A administração de Quissan- FDS e a favor dos grupos armados. paravam para atacar a vila de Pem- função, Tomás Bedae era coman- mais abrangente, que vai lidar os ga funciona a partir do distrito de Quando as FDS começaram a re- ba Metuge, o último distrito que dante do “regimento da polícia la- aspectos económicos e sociais do Metuge. pressão, as populações deixaram de vai dar a norte da cidade de Pemba, gos e rios” na província. conflito. Quissanga tem uma forte presença colaborar com o Governo e passa- capital de Cabo Delgado, e Mieze, Em mais um sinal de que preten- “É interessante notar que esta militar visando impedir um ataque ram a proteger os alegados insur- um centro de acolhimento de refu- de uma administração mais policial nova estratégia não abrange apenas à cidade de Pemba, capital da pro- gentes. giados nos arredores da capital. e militar naquele ponto do país, o Cabo Delgado, mas também ou- víncia de Cabo Delgado, por terra. O pesquisador entende que a com- As FDS terão destruído pelo me- executivo apontou Ana Como, an- tras províncias do Norte”, observou tiga directora da Academia de Sar- Nos distritos assolados por ata- plexidade da violência armada em nos 30 palhotas durante a operação. Eric Morier-Genoud. gentos da Polícia Osvaldo Assahel ques armados em Cabo Delgado, Cabo Delgado obriga a uma abor- O texto do Notícias de Defesa é A nova estratégia vai cobrir tam- Tazama de Nhamatanda, para o as FDS impuseram um recolher dagem extremamente coordenada. acompanhado por fotos com ima- bém as províncias de Nampula e cargo de administradora de Mueda. obrigatório. Civis encontrados na “A intervenção militar não deve fal- gens de fumo, capim queimado e Niassa. Mueda acolhe a principal base via pública depois das 20:00 são in- tar, mas o Estado deve colocar mais militares supostamente em acção. Caso vingue, a nova orientação Mas o portal “Bifes de Pemba” pode ser uma viragem significativa conta uma narração diferente, com e produtiva. Caso “violação do segredo do Estado” base numa fonte anónima das FDS A ADIN estará sob tutela do Mi- que o ataque gerou confrontos que nistério da Agricultura e Desen- resultaram em perdas de parte a volvimento Rural e é dirigido por parte, sem que as forças governa- Armando Panguene, 77 anos, um mentais conseguissem ocupar a Matias Guente ouvido hoje veterano da Frelimo e com longa base. carreira nas Forças Armadas, tendo A acção das FDS contou com o sido vice-ministro da Defesa Na- apoio de bombardeamentos aéreos, na Procuradoria cional. mas os helicópteros suspenderam a Mas Jerry Manguezi avisa que, se a participação nos confrontos para o agência não foi devidamente gerida reabastecimento. Editor-Executivo do Canal de Moçam- serviços de segurança entre as FDS e as empresas bique, Matias Guente, é ouvido hoje na petrolíferas, incluindo o incumprimento de algumas 7ª Secção da Procuradoria da Cidade de cláusulas nele previstas. OMaputo, num processo em que juntamen- “A alegação de que o Canal de Moçambique divul- te com Fernando Veloso, o director do jornal, é acu- gou um documento confidencial é no mínimo ab- Trabalhadores da Fenix sado da prática do crime de violação do segredo de surdo, uma vez que os órgãos de comunicação social Estado. não são depositários de informações classificadas do Estado. É preciso também sublinhar que o Canal de assassinados A acusação está relacionada com a publicação, na Moçambique não arrombou as instalações do Mi- edição do Canal de Moçambique, de 11 de Mar- nistério da Defesa Nacional para aceder ao docu- ito trabalhadores da empresa Fenix Construction foram ço deste ano, de um artigo sobre a existência de um mento confidencial, nem tão-pouco assaltou a enti- mortos, em finais de Junho, por insurgentes, próximo da acordo confidencial assinado no dia 28 de Fevereiro dade que o tinha sob sua guarda”, sublinha o CDD. OMocímboa da Praia, 60km do local da construção do pro- de 2019 entre os Ministérios da Defesa Nacional Para o CDD, o semanário Canal de Moçambique jecto de GNL, localizado na península de Afungi. e do Interior e as empresas petrolíferas Anadarko produziu a reportagem no exercício da liberdade As vítimas estavam numa viatura que foi atacada, “por cinco in- (agora Total) e Eni (agora Rovuma surgentes, aproximadamente a 4 km do lado norte da Mocímboa de imprensa e do direito à informação, bem como Venture – MRV), que exploram gás natural na ba- da Praia”. no respeito pelos deveres e limites preconizados na cia do Rovuma, em Cabo Delgado. O artigo irritou A viatura transportava 14 pessoas. “Três estão desaparecidas, e ou- Constituição da República, na Lei nº 18/91, de 10 sectores castrenses que prometeram levar o jornal à tras três conseguiram escapar sem ferimentos”, disse a Fénix em justiça para responder sobre uma alegada violação de Agosto (Lei de Imprensa), na Lei nº 34/2014, de comunicado. do segredo do Estado. 18 de Dezembro (Lei do Direito à Informação), e No entanto, uma nota da Total, a que o SAVANA teve acesso, No entanto, o Centro para Democracia e Desenvol- na demais legislação aplicável. indica que a situação não esteve relacionada “com nenhuma acti- vimento (CDD) posiciona-se contra o procedimen- O CDD defende que a Procuradoria da Cidade de vidade realizada pelo projecto Mozambique LNG”. to criminal aberto contra o Canal de Moçambique, Maputo se deve abster de acusar os jornalistas Fer- O ataque contra a viatura da Fenix “aconteceu no mesmo dia em fazendo notar que o jornal não cometeu nenhum nando Veloso e Matias Guente e seja arquivado o que os insurgentes estavam a atacar a vila da Mocímboa da Praia”. tipo legal de crime ao reportar sobre a existência de processo nº 85/11/P/2020 por falta de indícios da Além de matar e destruir casas e instituições, o referido ataque um contrato, no mínimo suspeito, de prestação de prática de crime de Violação de segredo de Estado. criou uma nova vaga de deslocados. Savana 10-07-2020 PUBLICIDADE 9

POSICIONAMENTO SOBRE O ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE RECURSO &DVR-RVLQD=0DFKHO9V5RÀQR/LFXFR

1HVWHPrVGH-XQKRHPTXHÀFDUDPH[SRVWDVDVYiULDVSURPHVVDVQmR FRXDVVLVWrQFLDSDUDDVXDOHVmRRXVHMDGHSRLVGHFHUFDGHXPPrV FXPSULGDVGRVDQRVGDLQGHSHQGrQFLDXPDQRWtFLDHPSDUWLFXODUHQ- ‡)RLREULJDGDDTXHL[RVDDPHWHUTXHL[DQHVVDDOWXUDXPDYH]TXHRSURFHVVR FKHXGHIUXVWUDomRHGHJUDQGHPiJRDDVHRVFLGDGmVGmRVSUHRFXSD- DEHUWRQRGLDGDDJUHVVmRSHODSROtFLD´GHVDSDUHFHUDµPLVWHULRVDPHQWHHHVWH GDVRVFRPDGHPRFUDFLDDMXVWLoDHDLJXDOGDGHTXHIRLR$FyUGmRGD pDWpDRPRPHQWRXPHQLJPD´LQVDQiYHOµ 6HFomR&ULPLQDOGH5HFXUVRGR7ULEXQDO-XGLFLDOGD&LGDGHGH0DSXWR ‡$YLROrQFLDGRPpVWLFDRFRUUHVHPSUHHQWUHSRUWDVHQDPDLRUSDUWHGRVFDVRV GHGH-XQKRGHTXHLQRFHQWRX5RÀQR/LFXFRGDDFXVDomRGHYLR- VHPWHVWHPXQKDVDOLiVHVVDpXPDGDVVXDVFDUDFWHUtVWLFDVPDUFDQWHVDVVLP OrQFLDItVLFDJUDYHFRQWUDDSHVVRDGH-RVLQD=0DFKHOTXHUHVXOWRXSDUD DRGHFLGLUXVDQGRHVVHDUJXPHQWRRVMXt]HVGRWULEXQDOGHUHFXUVRPLQDPH HVWDQDSHUGDGHXPROKR HQIUDTXHFHPDEDVHOHJDOTXHVXVWHQWDWRGRRHQTXDGUDPHQWRGHVWHVFULPHV (VWDGHFLVmRDWRGRVRVWtWXORVLQFRPSUHHQVtYHOpQmRVyLQMXVWDHLUUHV- 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António Souto e as medidas de combate à propagação da Covid-19 Urge a formalização do sector informal

Por Raul Senda

economista e presidente Reorganização do sector dos mentores do programa, o que da Associação Moçam- informal se propõe é abordar a presente crise bicana dos Operadores Os assentamentos de comércio in- com uma visão de curto, médio e Ode Microfinanças (amo- formal são um ponto de encontro longo prazos nesta área de comér- mif ), António Souto, advertiu obrigatório de importantes seg- cio peri-urbano. que as medidas sanitárias que mentos da população cujo núme- Sublinhou que o programa terá as vem sendo tomadas pelo Go- ro continuará a crescer no decurso autoridades municipais como prin- verno, com vista a mitigação da dos próximos anos enfrentando cipais protagonistas e consiste na propagação da Covid-19, podem problemas como: aglomerados melhoria de infraestruturas sanitá- não ser suficientes caso não sejam humanos vivendo com deficientes rias dos mercados das principais ci- consubstanciadas com políticas infraestruturas sanitárias, fraco dades do país, criação de platafor- de inclusão económica e social da acesso à água corrente, energia, mas informáticas que permitam o maioria da população que vive no transportes, meio ambiente fértil registo e a monitoria dos produtos meio de várias dificuldades. para a emergência e propagação de e operadores, assistência técnica e epidemias, ocupação e degradação capacitação de gestores dos merca- António Souto, que também é de espaços e infra-estruturas urba- dos e negociantes, criação de redes conselheiro principal do gapi- nas o que dificultará o desenvolvi- de wifi e hotspots, facilitando aces- -Group, disse que é louvável o mento sustentável das cidades. so à internet e troca de informação papel dos serviços de saúde e de Mediante o acima descrito, An- de produtos, preços e programas algumas autarquias, sobretudo na tónio Souto reconhece que nos de formação para além de opera- vertente de educação sanitária e na actuais moldes, o sector informal cionalização de um sistema de fi- retirada de vendedores informais pode ser foco de propagação da nanciamento às micro e pequenas das ruas ou dos passeios, mas es- pandemia, pelo que urge a sua empresas. António Souto explicou sas medidas, isoladas, podem não reorganização. que o acesso às tecnologias de in- ser eficazes. Pelo contrário, se mal “O sector informal é um ponto de encontro obrigatório e fonte de alimentação de É nessa senda que, a Comissão formação e comunicações é hoje geridas, podem provocar situações muitas famílias, por isso urge a sua formalização”, António Souto Técnica Científica que assessora o fundamental para que os informais fiquem dentro de uma economia de estabilidade social. mal nas ruas e nos mercados. Po- des, o sector informal não deve presidente da República (PR) em matéria da pandemia da Covid-19, formal. Souto referiu que o Governo pre- rém, por si só, as autarquias não ser combatido. Ele tem um papel solicitou apoio de renomados eco- “Não pode haver um mercado cisa fazer mais. “É preciso iden- têm capacidade de vencer esta luta. social e económico importante tificar as fragilidades e atacar o nomistas nacionais para reflectirem em que se comercializa e manu- “A luta contra esta pandemia é nas pessoas excluídas pelo sector problema através dessas lacunas”, e propor medidas que atenuem o seia produtos alimentares sem um uma tarefa de todos. Não podemos formal. O sector informal garante rematou. Indicou igualmente que a impacto da doença, sobretudo nos mínimo de saneamento. Quando deixar a carga com as autoridades a sobrevivência de famílias de cen- exclusão económica, a falta de em- grupos mais expostos. falamos de requalificação é sobre sanitárias ou com os municípios. tenas de milhares de jovens e mu- prego, o êxodo campo – cidade de- Perante a relevância do sector in- esses investimentos indispensáveis Essas entidades não estão em con- vido a falta de incentivos para viver lheres que não têm oportunidades formal no sustento e na geração para que os mercados possam co- nas zonas rurais, a baixa produção dições de resolver o drama social do sistema formal de emprego”, de renda para muitas famílias re- mercializar produtos alimentares”. e altas concentrações demográficas que a doença poderá provocar”, explicou. sidentes nas zonas peri-urbanas, o A primeira fase do programa de- nas zonas peri-urbanas, como par- disse o economista. O economista recorda que não se grupo de economistas propôs uma verá custar cerca de cinco milhões te das fragilidades que devem ser Recordou que Moçambique tem pode lutar contra este mal só com intervenção orientada para a con- de dólares americanos e caberá aos levadas em consideração. cerca de 30 milhões de habitantes, cassetete. É preciso pôr pão na versão desta rede de abastecimento municípios definirem o cronogra- Citando dados do ministério da uma taxa de crescimento demográ- mesa do moçambicano, é preciso a retalho num espaço de protecção ma e as metas tendo em conta a Saúde, o nosso entrevistado refe- fico superior ao Produto Interno que cada informal perceba que tem contra a actual pandemia e como sua capacidade infraestrutural. As riu que, dia-após-dia, o número de Bruto (PIB). Portanto, frisou, há vantagem em ser formalizado e numa base para o empoderamento autarquias irão trabalhar directa- infectados está aumentar e, em al- cada vez mais pessoas para cada que, para a formalização, os mer- económico de milhares de pessoas mente com as autoridades sanitá- gumas cidades, está-se no nível de vez menos produção. Anualmente, cados devem ter as devidas infra- que sobrevivem deste sector. rias e outros organismos técnicos contaminação comunitária. No seu cerca de 500 mil jovens atingem a -estruturas. De acordo com Souto, que é um nacionais. entender, a contaminação comu- idade economicamente activa ou nitária, além de ser um problema laboral e o mercado formal de tra- epidemiológico, é uma doença de balho só absorve pouco menos de Standard Bank: política económica na medida em 10% dessa demanda. que pode provocar consequên- Portanto, sublinha, 90% das 500 cias nefastas nos subúrbios onde a mil pessoas que entram na idade maioria da população peri-urbana laboral são excluídas pelo sector Moçambique fecha o ano com - 0,9% e dependente do negócio informal formal. vive. “A pergunta que não se cala é: para economia moçambicana vai fechar o encomendas e emprego a situarem-se abaixo do “A contaminação comunitária con- onde vão esses excluídos? De cer- ano com uma recessão de -0,9%, de- valor neutro de 50,0”, diz a análise do Standard centrada em mercados é o sintoma teza que entram no sector infor- vido ao impacto da covid-19, avança o Bank. economista-chefe do Standard Bank em de uma doença de natureza eco- mal”, disse. A O índice observa que muitas empresas fecharam nómica e política que tem gerado Moçambique, Fáusio Mussá. Segundo Souto, trata-se de um em Junho, outras registaram quedas acentuadas na uma vasta exclusão social da popu- Num comentário ao Purchasing Managers Index sistema não devidamente regu- procura e os números relativos também diminuí- lação e, tal como Covid-19, ainda (PMI), o índice do Standard Bank que mede a lado, ordenado e com sérios pro- ram, ainda que ligeiramente. não tem um fim à vista. Superar actividade empresarial no país, Fáusio Mussá diz blemas de saneamento. São cerca “Não obstante, as empresas continuavam confian- esta doença não é trabalho apenas que o cenário base actualizado aponta para uma de 500 mil pessoas que todos dias tes num aumento da produção, no decorrer do dos técnicos e cientistas de saúde. recessão de -0,9% no quarto trimestre, de -1,0% recorrem a este sector para ganhar próximo ano”, refere a análise. Em países desenvolvidos, o efeito no terceiro trimestre, -3,3% no segundo e 1,7% no a vida e no fim do dia regressam O Standard Bank nota que os esforços para a re- socialmente devastador da pande- primeiro trimestre. aos bairros suburbanos onde vão dução de custos de produção resultaram numa mia está a ser atenuado com injec- Em 2021, prossegue o economista-chefe do descida de salários no sector privado a um ritmo ção de verbas gigantescas, mas, em conviver com cerca de oito a nove Standard Bank, prevê-se uma retoma sustentada Moçambique, não há recursos que milhões de pessoas. por investimentos nos projectos de Gás Natural sem precedentes, em Junho. possam assegurar subvenções para Portanto, os mercados peri-urba- Liquefeito (GNL) na bacia do Rovuma, concre- “Os custos totais dos meios de produção caíram ficar em casa e impedir o acesso aos nos, acrescenta, são um ponto de tamente no Coral FLNG e Mozambique LNG, pelo terceiro mês consecutivo, impulsionados por mercados peri-urbanos”, advertiu. convergência, concentração e inte- superiores a 35 mil milhões de dólares. uma descida nos preços dos fornecedores”, nota o Explicou que esta pandemia leva- racção social, cultural e económi- O PMI refere que actividade empresarial em Mo- Índice PMI. -nos a outros desafios e a manu- ca de milhões de moçambicanos çambique registou uma queda substancial em Ju- Os fornecedores continuaram a enfrentar difi- tenção de estabilidade social é uma (clientes e vendedores), a maioria nho, devido à pandemia da covid-19. culdades no fornecimento das empresas, devido delas. jovens e mulheres que asseguram O PMI situou-se nos 41,7, um registo que mostra ao isolamento obrigatório a nível nacional, o que Recordou que alguns municípios a sobrevivência das respectivas fa- “um forte declínio nas condições para as empresas, provocou um aumento ainda maior nos prazos de estão a fazer um esforço louvável mílias. com os principais índices, como a produção, novas entrega. para parar com o comércio infor- “Mesmo com as suas fragilida- Savana 10-07-2020 PUBLICIDADE 11

POSICIONAMENTO DO FORCOM FACE A PARALISAÇÃO DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS DEVIDO AO CONFILITO MILITAR EM CABO DELGADO “Tentar Impedir a Imprensa de Trabalhar é Impedir Também a Sociedade de ter Acesso e Direito à Informação”. Carol Aleixo (Aleishow)

O Fórum Nacional de Rádios Comunitárias (FORCOM) mostra-se bastante do País. Dai que há necessidade de se imprimir esforços abnegados por parte preocupado com a paralisação das Rádios Comunitárias São Francisco de do Governo para restauração da paz e garantir segurança das comunidades nos Assis, localizada no Distrito de Muidumbe e Mocímboa da Praia no Distrito do 'LVWULWRVDIHFWDGRVSHORVFRQÀLWRVPLOLWDUHV mesmo nome, Província de Cabo Delgado, devido aos sucessivos ataques armados protagonizados pelos insurgentes. A situação actual está tirar vidas A génese das Rádios Comunitárias mostra que elas, respondem às necessidades humanas e, a condicionar e limitar vários direitos fundamentais tais como, o HVSHFt¿FDVGHGHVHQYROYLPHQWRGDVFRPXQLGDGHVTXHHODVVHUYHPHSRUWDQWR direito e o acesso a informação as comunidades locais. agem como voz da comunidade, e muitas vezes como intermediárias com as autoridades locais. Fortalecem a identidade da comunidade, a sua cultura e A Província de Cabo Delgado, a norte do País, é, desde Outubro de 2017, história, assim como encorajam a participação de todos no processo político palco de ataques armados. Uma questão que se coloca prende-se com a e democrático. É necessário que o Governo garanta as condições de segurança real identidade dos insurgentes e respectivas motivações e as reacções das para o pleno funcionamento das Rádios Comunitárias para que elas continuem a populações são de medo e de incerteza, gerando-se movimentos de refugiados proporcionar informação as comunidades. e deslocados envolvendo milhares de indivíduos. A violência armada atingiu níveis nunca vistos antes, com o assalto e a ocupação temporária de algumas Em Cabo Delgado há cada vez mais aldeias vazias. Dezenas de famílias das principais vilas nos Distritos de Muidumbe, Mocímboa da Praia, Quissanga deslocadas chegaram à cidade de Pemba, devido a crescente tensão e clima de e Ibo. O cenário de instabilidade político militar que resulta em sucessivos insegurança. A Província de Nampula já conta com cinco mil deslocados de guerra ataques armados está a causar luto e dor e, propicia a ocorrência de violações (fonte: STV). A maior das vítimas são mulheres, crianças e idosos, e saem das dos direitos fundamentais e humanos a igualdade de género, alimentação, Vilas sem qualquer tipo de protecção. Que o Governo crie todos mecanismos de residência, participação politica, educação, saúde que se agrava com salvaguarda do direito de protecção destas comunidades. vulnerabilidade das comunidades a contaminação pela pandemia da COVID-19 aliado ao facto de, também, estar a afectar gravemente e a condicionar o Os Distritos de Mocímboa da Praia e Muidumbe, onde se localizam as rádios funcionamento das Rádios Comunitárias assim como, o exercício da função encerradas, continuam a apresentar limitação em termos de intervenção do MRUQDOtVWLFDVREUHRFRQÀLWRHQDV]RQDVHPFRQÀLWR Governo e das Organizações da Sociedade Civil face a pandemia COVID-19. As Rádios Comunitárias seriam importantes vectores para disseminar informação para redução de níveis de contaminação nestes locais. Dos factos O FORCOM sublinha que o Direito a Informação constitui um princípio incondicional Enceramento da Radio Comunitária São Francisco de Assis - a equipa no quadro da materialização dos Direitos Humanos e está consagrada na da coordenação da rádio está fora do Distrito de Muidumbe e aguarda o Constituição da República de Moçambique e na Lei de Direito a Informação como restabelecimento da segurança para também reiniciar as actividades, não só da um Direito intransponível. rádio mas também pastorais. O grupo de insurgentes tomou de assalto a a aldeia de Mwambula onde se encontra a rádio. Na tentativa de queimarem a Igreja Estamos extremamente preocupados com as nossas comunidades. 3DURTXLDOGR6DJUDGR&RUDomRGH-HVXVGDQL¿FDUDPDOJXPHTXLSDPHQWRGD Mulheres, Crianças e Jovens! que não tem acesso a informação. rádio. No entanto, assim que as condições de segurança estiverem acauteladas os missionários irão retornar a Muidumbe. Estamos preocupados e solidários com o desaparecimento, ameaças e LQWLPLGDo}HVDMRUQDOLVWDVRFRUULGRVQRkPELWRHQDV]RQDVGHFRQÁLWRVHP Enceramento da Rádio Comunitária Mocímboa da Praia- a Rádio Comunitária nenhum tipo de esclarecimentos. de Mocímboa da Praia, pertencente a associação UMODJA e a Comunidade, HPUD]mRGRPXOWLSOLFDUHLQWHQVL¿FDUGRVDWDTXHVPLOLWDUHVQDTXHOH'LVWULWR Exigimos que sejam criadas as condições necessárias para a garantia dos foram forÇadas a abandonar o Distrito. A Rádio Comunitária Mocímboa da direitos humanos das comunidades nas zonas afectadas pela guerra. Exigimos Praia, viu-se obrigada a cortar o direito a informação as comunidades para que se crie condições para o funcionamento das Rádios Comunitárias São salvaguardar a integridade física e vida dos colaboradores encerrando as portas Francisco de Assis e Mocimboa da Praia para que continuem cumprir com das instalações. A maior parte abandonou o Distrito para refugiar-se a cidade a sua missão de informar para desenvolver, proteger e promover direitos de Pemba e Província de Nampula, sem nenhuma perspetiva de regresso as humanos das comunidades locais. zonas de origem.

Paralelamente a situação de rádios encerradas, outras têm sido indiretamente DIHFWDGDV SHOR FRQÀLWR PLOLWDU SRU H[HPSOR D UiGLR ORFDOL]DGD QR 'LVWULWR GH Nangade onde as emissões sofrem interrupções constantes devido a falta de corrente elétrica e, há também, no seio das comunidades em geral e particularmente dos jornalistas e colaboradores das rádios enorme medo do FRQÀLWRPLOLWDU

Perante os factos o FORCOM considera que o enceramento das Rádios &RPXQLWiULDV 6mR )UDQFLVFR GH $VVLV H 0RFtPERD GD 3UDLD VLJQL¿FD XP retrocesso no desenvolvimento das Comunidades Locais, porque as rádios garantem o acesso a informação e participação democrática destas na vida 12 SOCIEDADE Savana 10-07-2020

Revisão não trouxe mais valia ao pacote eleitoral

Por Argunaldo Nhampossa

través de um estudo que quais se fixa a interpretação e escla- veis e desnecessárias”, observa. de constantes revisões e multiplici- Consolidar a democracia analisa a legislação eleito- recimento das normas eleitorais cuja Uma das questões centrais levantadas dades na prática, a legislação eleitoral O director executivo do Instituto para ral no país desde 1993 até elaboração nem sempre é bem conse- pelo documento daquela agremiação apresenta os mesmos princípios e re- Democracia Multipartidária (IMD), Aaos dias de hoje, o Instituto guida pelo legislador. que lida com assuntos eleitorais é que gras gerais. Hermenegildo Mulhovo, propõe que Eleitoral para a Democracia Sus- A instituição entende que o processo as reformas feitas introduzem poucas Analisando a evolução da legislação se aposte na harmonização da legisla- tentável em África (EISA) concluiu de revisão eleitoral pode ser bem su- inovações no Direito Eleitoral, senão eleitoral no país, pega na primeira lei ção eleitoral rumo à sua consolidação que as constantes revisões do pacote cedido ao iniciar numa altura em que alguns acertos pontuais. Por isso sis- eleitoral multipartidária Lei nº4/93 em detrimento da codificação, por legislativo eleitoral não passam de não há pressão eleitoral e os corações tematizar a jurisprudência do CC é de 28 de Dezembro e compara com entender que a democracia do país mera cópia da legislação anterior, estão serenados. uma oportunidade de trazer elemen- a Lei nº3/99 de 2 de Fevereiro, que ainda é jovem, mas também há mui- sendo que devido a pressa de modi- Denominado “Da codificação à tos que podem ajudar a estabilizar a revogou a primeira, para concluir tos democracias evoluídas que não ficar certas disposições, o legislador harmonização a partir da jurispru- legislação eleitoral rumo à sua codifi- que não há alterações no conteúdo, apostam na codificação. Defende acaba introduzindo soluções que dência do Conselho Constitucio- cação ou consolidação. mas sim pequenas alterações de for- retrocedem o Direito Eleitoral em nal” o estudo do EISA, lançado esta Exemplifica com os dois últimos ma, com ligeiras excepções acerca da Mulhovo que sempre que necessário certas matérias. O EISA avança, quarta-feira, num seminário virtual, acórdãos do CC que validaram as CNE que passou a ser uma entidade se deve revisitar as leis, revê-las até nestes termos, com uma proposta faz notar que desde a introdução da eleições autárquicas de 2018 e as ge- com poderes de autoridade sobre o que estejam ajustadas o máximo pos- rumo a codificação, harmonização e democracia multipartidária no país, rais e provinciais de 2019, nos quais processo eleitoral. Na verdade e legis- sível. Frisou que a questão de fundo sistematização da legislação eleito- o legislador já aprovou sete diplomas o CC conclui que o quadro jurídico lação atinente a CNE é mais estável, reside no facto de que a fábrica elei- ral como forma de garantir a estabi- legais para reger as eleições gerais – eleitoral assenta em diplomas le- pese embora a instituição seja o cen- toral do país anda refém e a reboque lidade jurídica do processo e facilitar (presidenciais e legislativas), com o gais dispersos e compõe-se de uma tro da polémica eleitoral. de duas forças que são a acomodação a consulta interpretação. Mas há intuito de garantir uma maior parti- multiplicidade de leis eleitorais que, O estudo conclui que é preocupan- política como garantia da paz. Visto opiniões que defendem o país deve cipação e transparência dos processos embora regulando eleições diferen- te notar que a revisão da legislação que se está num período pós eleitoral apostar na consolidação eleitoral ale- eleitorais. tes contêm, grosso modo, os mesmos eleitoral não passa de mera cópia de com o clima de tensão e ânimos se- gando que a democracia ainda é jo- Na prática, sublinha, a recorrente princípios e regras gerais, acabando legislação anterior, e tendo em con- renados Mulhovo sugere o arranque vem e as constantes revisões vão um revisão do pacote legislativo elei- por afectar a unidade e coerência do ta que tudo é feito nas pressas para de uma reflexão para reforma de lei dia ajudar a ajustar as leis. toral cria problemas de aplicação e sistema do Direito Eleitoral. ganhar tempo para viabilizar as elei- eleitoral que no seu entender pode interpretação, tendo em conta a sua Para o CC, de acordo com o estudo, ções, o legislador acaba introduzindo começar com a Lei da CNE revendo Com recursos as observações e reco- dispersão, falta de unidade sistémi- há necessidade urgente de se cami- soluções que correspondem a um o seu mandado de 6 para 5 anos regu- mendações emitidas pelo Conselho ca de algumas soluções legais que nhar para uma melhor sistematização retrocesso do Direito Eleitoral em lar o STAE. Para o director executivo Constitucional (CC), nos seus dife- abordam os mesmos problemas jurí- e uniformização da legislação elei- algumas matérias. Aponta a incapa- do IMD, a CNE deve ter uma au- rentes acórdãos de validação dos plei- dicos. Mostra-se oportuno, segundo toral no seu conjunto, através de um cidade eleitoral passiva, o regime de tonomia administrativa e financeira e tos eleitorais no país, o EISA iniciou o EISA, avançar-se para à sistema- código eleitoral. Mas tendo em conta sanação de irregularidades formais estar despartidarizada. uma reflexão com vista a contribuir tização da jurisprudência produzida que o processo de codificação impli- não substantivas, a supressão do pre- O director residente do EISA-Mo- para reformar e estabilizar do Direi- pelo CC rumo ao aprimoramento da ca um processo complexo e inovador ceito legal que indicava as causas de to Eleitoral Moçambicano. legislação eleitoral. propõem-se começar com a consoli- rejeição de candidaturas, entre outros. çambique, Ericino de Salema ,diz Objectivo central deste projecto é “Um dos principais problemas susci- dação legislativa da legislação eleito- Defende o estudo que o que se nota é que ao fim de 25 anos de eleições é produzir propostas de codificação ou tados pela jurisprudência do CC é a ral que deverá consistir na reunião de que a evolução da legislação eleitoral preciso estabilizar o processo através consolidação e revisão da legislação dispersão e constantes alterações da todas as leis pertinentes num único tem sido caracterizada por avanços e de harmonização e codificação do eleitoral com base na jurisprudência legislação eleitoral, o que dificulta o diploma legal com a consequente re- recuos do regime do direito de sufrá- pacote eleitoral. do CC emitidas em sede da valida- seu manuseamento e domínio pelos vogação formal das leis incorporadas gio universal, pese embora reconheça Disse ser urgente reformar os órgãos ção dos resultados eleitorais e da ju- actores eleitorais, para além de tal e sem modificação do alcance nem importantes inovações em matéria de eleitorais sob pena de continuarmos risprudência proferida no âmbito do técnica legislativa ser permeável a interrupção. regime de apuramento dos resultados nos mesmos moldes nos próximos 25 contenciosos eleitorais através das contradições e sobreposições evitá- Anota igualmente o CC que apesar ao longo do tempo. anos.

Resumo do Destaque Rural nº 92 03 de Julho de 2020

POLÍTICA MONETÁRIA DO BANCO DE MOÇAMBIQUE E AARMADILHA DO CRESCIMENTO

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LINHA DE CRÉDITO GOV. COVID-19 Para Micro, Pequenas e Médias Empesas (MPME’s) afectadas pela COVID-19

7% de juros Curto prazo - para apoio à tesouraria, nomeadamente, pagamento de salários, pagamento de matérias primas e outras despesas correntes, visando a manutenção de empregos; 5% de juros Médio Prazo – Para investimentos de expansão com a finalidade de gerar novos empregos

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Av. Julius Nyerere, 3504 Bloco A2, 4668 Maputo, Moçambique Telefone +258 21 498 581 FAX: +258 21 498 595 14 Savana 10-07-2020 NO CENTRO DO FURACÃO Savana 10-07-2020 15

Continuação da pág. 4 “Constituição de 1990 é de descentralização”

o nível do sistema de go- implicou uma significativa relativiza- mesmo a de líder da oposição, ou seja a tanto nos partidos como na sociedade as Assembleias, continuando os órgãos dade. Porque não só se introduziram as eleições, o Estado é o mesmo. Os cida- verno, o documento não ção dessa separação de poderes. de «segundo candidato mais votado ao em geral, devendo todos participar no executivos a serem designados por no- autarquias, o poder local, como se reti- dãos e os partidos devem ter esta cultu- podia ter sido mais ou- E isso impediu que a Constituição cargo de Presidente da República», que debate, deve-se evitar que o mesmo meação. Em coerência, aliás, com os rou da Constituição todo aquele Capí- ra, que é a cultura da Constituição, bem sado, reduzindo a carga mitigasse o pendor concentracioná- goza de um estatuto legal com referên- seja pervertido por interesses pessoais, «órgãos de representação democrática» tulo IX relativo aos «Órgãos Locais do enraizada nas mentes, nas ideologias. A rio de poderes na figura do Presidente sejam da oposição ou não. previstos no n°1 do artigo 115, para o Estado». Então desta «operação» resul- Isso torna a Constituição um docu- presidencialista do modelo ainda cia constitucional, mesmo aí não deixa vigente? da República. Por exemplo, a nomea- de ser uma função privada. Olhando para esse ponto, ainda na nível provincial, e, quanto aos órgãos tou a autarcização, gradual, das partes mento com fraca segurança e estabi- A Constituição de 90 significou um ção de todos os titulares dos órgãos de É inconstitucional? acumulação de poderes de 1990, não executivos, em coerência com o esta- do território nacional que , segundo lidade jurídica? se podia ter partido do princípio do passo em frente na medida em que ins- administração da justiça e reitores de Devia ser assim entendido, mas histo- belecido nos artigos 113 e 114 sobre os critérios estabelecidos na revisão Dessa maneira a Constituição pode ser que estamos a fazer agora ou que es- constitucional e na lei, eram conside- taurou o estado de direito democrático universidades públicas. ricamente não o foi e hoje acaba por se o Governador Provincial e o Governo alterada ao sabor das maiorias, sobre- tamos a tentar fazer, que é a questão assente na separação de poderes. Porém Sim. Não há dúvidas. O problema é Provincial. rados autarcizáveis, ficando o resto do tudo, quando há maiorias qualificadas, tomar como conforme à Constituição. da descentralização para evitar que para se dar esse passo em frente, pri- que essas reformas são introduzidas, Além de se estabelecer, no artigo 187, território nacional sem autarquias mas mas até pode haver conjunturas em que Não ia funcionar? o processo tivesse que voltar a ser também sem os «Órgãos Locais do meiro deu-se um passo atrás. Como? mas o espírito e mentalidade de par- que estas Assembleias tomam «deci- não haja um partido com maioria qua- Acho que nós repescámos isso aí do di- iniciado com o culminar de mais um Estado» descentralizados, no grau em Como referi, em 1986, houve o pro- tido único continua e é ela que marca sões obrigatórias», o artigo 189 é pe- lificada, mas em que vários partidos se reito comparado, mas não repescámos conflito político-militar? que previa a Constituição, antes dessa cesso de desacumulação. Em que con- a maneira de implementar estas refor- remptório ao consagrar o princípio coligam para constituir maioria quali- aquilo que sustenta esse princípio. Está Aí temos outro grande equívoco. Quan- equívoca revisão. sistiu? A guerra estava a tornar-se cada mas. A Constituição prevê que na de- segundo o qual «Os órgãos executivos ficada, e mexam imediatamente com a aí, mas o que isso significa, podemos do os textos constitucionais avançam Ao fazer-se isso, «deitou-se fora o bebé vez mais difícil e ao nível do Comité signação dos reitores o Presidente tem prestam contas aos órgãos representa- Constituição, ao sabor de interesses ou passar todo o dia a discutir. A verdade é numa direcção mas as mentalidades com a água suja do banho», isto é, per- Central houve um debate no qual pre- que se confrontar com uma proposta tivos». conveniências…digamos de duvidoso que, entre nós, são presidentes dos par- continuam presas ao passado, então, em deu-se o que de bom a Constituição de valeceu a opinião de que o Presidente submetida pelo Conselho Universitá- Estamos, portanto, perante um sistema patriotismo. Como nos posicionamos dado momento, os processos constitu- 1990 trazia, que era a descentralização rio, dos quais o presidente escolhe um tidos que concorrem às eleições presi- descentralizado ao nível das assem- em relação a tais eventualidades? Samora devia-se concentrar na tarefa cionais são lidos no sentido de recuo dos órgãos locais do Estado assente em de entre os três nomes. denciais e nenhum deles se inscreveu bleias, e que, na lógica do seu desenvol- Isto aponta para a necessidade de que principal, que era a condução do esfor- mesmo em relação àquilo que já existiu. assembleias. Para, hoje, acabar por se Mas o Presidente não é obrigado a es- até hoje como independente. Também vimento, quando as condições estives- ço de guerra, deixando as outras tarefas Há como que uma amnésia, voluntária reintroduzir em condições negociadas questões, como o mexer-se na Consti- colher dentre os três nomes ou é uma fique claro que o facto de uma candi- sem criadas, iria evoluir para a eleição para outros níveis. Então foi decidido ou involuntária. Senão vejamos: na revisão de 2018. tuição, devam ser objecto de um am- interpretação equivocada... datura ser sustentada por um partido, A Constituição de 1990 é de facto uma dos respectivos executivos. separar a presidência da Assembleia Mas isso resultou agora e as pessoas plo debate numa sociedade plural. Só É obrigado. Claramente! ou mesmo de o candidato pertencer a Constituição de descentralização. Na Popular e a presidência do Conselho de Ora esse sistema de descentralização, não estão a compreender. E parece há debate efectivamente quando essa linha daquilo que era já a tradição da Ministros. Ainda não era separação de Lembro-lhe que, aquando da nomea- um partido, não retira ao candidato, se Nós não conseguimos fazer a reconciliação após o acordo de Roma tal como a própria Constituição de que o governador que foi eleito, que sociedade, encarada no seu pluralis- Frelimo desde o II congresso, quando ção do padre Filipe Couto para reitor se inscrever como independente, a qua- 1990, não são fruto de negociações, fez campanha tem menor protago- lítico e crítico. Porque se tratou de uma tragosto de quem pensava diferente, necessários para aprovar a Constitui- se criaram os comités do partido que da UEM, ele não estava nos três no- lidade de independente. mas foi estabelecido na linha da con- nismo em relação a um secretário de “Nós não con- coincidência entre partidos diferentes e e chegou-se ao momento da adopção ção. Assim o processo abortou. fazem a governação das zonas liberta- “A Constituição de mes propostos pela Universidade. cepção de governação das zonas li- Estado que, aparentemente, foi colo- opostos e por razões certamente dife- formal da nova Constituição pela AR. Isso significa que, ao fim do dia, aca- das e semi-libertadas. Dos comités pas- Foi uma inconstitucionalidade. Fla- bertadas adoptada no II Congresso. cado como um polícia do governador, seguimos fazer a grante. É importante clarificar isso. Dhlakama “salvou” um sec- rentes. É convocada a sessão da AR, a última bou por prevalecer a posição daqueles samos para os grupos dinamizadores, Então, de facto, tal é a questão que me 90 significou um no período de transição, e depois para no pressuposto de que a Renamo iria Vamos às competências do Presidente tor na Frelimo À Renamo, na oposição, interessava antes das eleições (1999) para um novo que dentro da Frelimo se tinham opos- coloca, não se compreende que a evolu- o sistema das assembleias do povo, da ganhar algumas províncias. reconciliação após da República previstas no Artigo 150 Em 1994, na primeira legislatura a redução dos poderes do Presidente, mandato dos órgãos de soberania: Pre- to à alteração do sistema de Governo, ção lógica e normal desse sistema tives- base ao topo. É livre de ler dessa maneira e às vezes passo em frente na (No domínio do Governo), no seu n°2, multipartidária começou o processo e via nisso um factor favorável ao seu sidente da República e Assembleia da ficando em minoria. Para eles o aborto se que resultar de negociações para se A Constituição de 1990 situa-se nesta percebo, porque é irresistível ler dessa da revisão constitucional, onde havia desempenho como oposição. Portanto, República. do processo constituiu, naturalmente, o acordo de Roma, alínea b) : «Compete, ainda, ao Presi- linha ao consagrar, no Capítulo IX, os pôr termo ao conflito com a Renamo. maneira. Mas na realidade o que tentei medida em que in- numa perspectiva de oposição. Nessa altura pareceu que a Renamo um alívio e um ganho, que se ficou a dente da República, nomear, exonerar e uma proposta para se introduzir o sis- Órgãos Locais do Estado, de que trata Por isso, e para mim, esse foi sempre explicar-lhe é a lógica do desenvolvi- Quanto à Frelimo, para se compreen- despertava para o seguinte problema: dever ao Presidente da Renamo, Afon- durante a sua im- demitir…. os Reitores e Vice-Reitores tema parlamentarista. Mas segundo com algum desenvolvimento, do artigo um equívoco, para cujo esclarecimento, mento e consolidação do Estado mo- der a lógica da sua proposta, deve-se so Dhlakama. staurou o estado de das Universidades Estatais, sob pro- reza a história, a última hora Afonso se vencesse essas eleições, o Presidente 185 ao artigo 191. pessoalmente, me empenhei até onde çambicano. Vem das assembleias e leva plementação, e posta dos respectivos colectivos de di- Dhlakama deu ordens a sua bancada partir da análise da correlação de forças da Renamo desejaria também governar Mas na verdade, no fundo, quem ce- O Artigo 187, em três números estabe- pude, porém sem sucesso. as assembleias, provinciais e distritais, recção, nos termos da lei». para recuar, no pressuposto de que dentro do partido, porque a verdade é com os poderes que ora se propunha lebrou efusivamente foram esses sec- lece o seguinte: Vale a pena, na esteira da questão que necessariamente à eleição dos executi- direito democrático depois, ao longo Portanto, a constituição manda que o venceria a eleição seguinte e também que essa proposta estava longe de ser retirar ao incumbente Presidente da tores dentro da Frelimo. Dhlakama «1- Os órgãos locais do Estado consis- me colocou, esclarecer um outro equí- vos dessas assembleias, superando-se o presidente nomeie, sob proposta. En- queria concentrar o poder. Foi assim unânime. Muito longe disso, mas a República. E se a revisão da Consti- ficou com o ónus. tem em órgãos representativos e órgãos voco que veio contribuir para maior sistema de designação por nomeação. assente na sepa- tão como é que o Presidente pode ir que tudo aconteceu? proposta obteve maioria, daí que pre- tuição procedesse, com o novo sistema Sim. Até hoje. Porque nunca mais se executivos. confusão. Ora quando se deu esse passo agora, dá dos últimos 25 buscar uma pessoa fora da lista que lhe Humm…(risos) Realmente tudo se valecesse como a proposta do partido. de Governo proposto, inviabilizava-se discutiu isso. Então é aí que eu digo e 2-Os órgãos representativos são consti- É que tudo o que explanei sobre os ór- impressão que fomos forçados pela Re- ração de poderes. é proposta, sem que esteja a violar a passou como está a descrever… vis- Retenha-se que houve quem apoiou essa hipótese. Então a Renamo retirou repito: as questões devem ser debatidas tuídos por cidadãos eleitos pelos eleito- gãos locais do Estado na Constituição namo. Forçados pela Renamo a seguir o anos. Como não Constituição? to de fora. Mas para quem andou por essa proposta e houve quem se opôs, o apoio à proposta de revisão, e desapa- a fundo, nos partidos e na sociedade. res de uma determinada área territorial. de 1990, tem a ver com a Constituição que já estava na nossa própria lógica de Porém para se Talvez por causa do medo que impu- dentro desse processo sabe que isso para se poder fazer uma leitura objecti- receram os dois terços que até aí Fre- Na minha opinião, essa questão não 3-Os órgãos executivos são designados antes daquela revisão que introduziu as consolidação do Estado. Não faz sen- tido. É o que eu chamo de equívocos. conseguimos, fica- nha a figura que na altura governava, não é tudo o que se passou. Em algum va dos ulteriores desenvolvimentos. limo e Renamo faziam. Nenhum dos foi debatida muito a fundo dentro do nos termos da lei.» autarquias locais, o poder local. Temos que repensar um pouco essa dar esse passo em as pessoas não reclamaram.... momento desta entrevista eu disse que Entretanto o processo avançou, a con- dois, isoladamente, tinha os dois terços partido. E ficou claro, para mim, que, Esses órgãos representativos eleitos são É preciso dizer que esse sistema nunca questão do secretário de Estado na O Conselho Superior de Comunica- a Renamo, em Roma, queria que nós chegou a ser implementado. Primeiro mos todos armados província. Sobretudo, a forma de ac- frente, primeiro ção Social (CSCS) para a designação discutíssemos a Constituição, que se porque, para sua regulamentação e im- de PCA,s dos órgãos do sector públi- plementação, o Governo fez aprovar a tuação. para as eventuali- negociasse a Constituição em Roma. A verdade é que o facto político que deu-se um passo co tem que ser ouvido nos termos da A posição da delegação do Governo Lei N°3/94, designada «Lei dos Dis- Constituição, mas está a ser ouvido? tritos Municipais», que de certo modo deve prevalecer na Província é aquele dades”. foi que não estávamos ali para discutir que resulta do sufrágio universal. Con- Uma vez, quando já não era mem- “Não nos reconciliámos” «municipaliza» todo o território nacio- atrás” ou fazer a Constituição mas sim para voca-se o povo para eleger as assem- poderes, mas uma separação de funções bro do governo, o Professor Armindo nal.. discutir como pôr termo à guerra e bleias e os executivos das assembleias, mo, na sua diversidade, faz o debate a partir de um bloco monolítico, cha- Ngunga, então Presidente do CSCS, durante a sua implementação, e de- são interesses nacionais( da maneira O que se está a passar em Cabo Del- E isso não violava os acordos de paz. estabelecer a paz. Quanto à Constitui- ecorre o processo do DDR, portanto, não pode depois o povo ser aberto. Quando o debate é aberto, de- mado «poder unitário do Estado». Isto convidou-me para uma celebração, que pois, ao longo dos últimos 25 anos. como os define Jacinto Veloso) ou O acordo de paz já havia sido firmado ção era competência da Assembleia da que deve terminar em Ju- gado, nós não podemos viver como confrontado com uma situação em que bate democrático, é possível construir é, uma desconcentração que poderia foi na Rádio Moçambique, e na minha Como não conseguimos, ficamos to- interesses do povo, que de facto po- em 1992, estamos em 93 e, portanto, República, em Maputo. Que havendo nho de 2021. O Dr Teo- se fosse uma coisa que se passa lá parece que há algo que escapa do su- consensos, ou identificar tendências abrir perspectivas para ulteriores de- intervenção chamei atenção sobre esse dos armados para as eventualidades. dem estar a alimentar a intolerância. aprova a lei dos distritos municipais, intenção de alterar o que quer que fos- dato foi um actor activo no longe…como se costuma dizer «em frágio universal e que reduz, relativiza dominantes, expor à avaliação de to- senvolvimentos. Portanto, esse foi um ponto. E eu estava esperançoso que vo- D Para não se ficar armado em preven- Vivemos sempre em guerra. Será que que digamos, municipaliza todo o ter- processo de Roma. Como é que olha alguns distritos do norte de Cabo esse sufrágio universal. Não é essa cer- dos as ideias e as propostas de todos. passo muito importante em 86. cês (jornalistas) fossem pegar porque se na Constituição deveriam submeter ção de uma eventualidade é preciso somos belicistas por natureza? para este processo que está a decorrer Delgado». Porque ameaça o âmago ritório nacional. tamente a função e o papel da represen- Isso esbate as presunções autocráticas, Mas quando em 1990 se instituiu a vos diz respeito, particularmente. Mas propostas na Assembleia que sairia das estarmos em paz e, para estarmos em Cabo Delgado está ai… Acontece que o Dr Domingos Arou- agora. Tem tudo para dar certo? da nação. Porque isso coloca-nos em tação do Estado nas Províncias ou nos os preconceitos partitocráticos, regio- separação de poderes não se partiu da vocês não pegaram. eleições, em cumprimento do Acordo paz, é preciso estarmos reconciliados. Isso é terrível. Precisamente por- ca, atento ao processo, levanta a lebre Não sei. Mas estamos todos a acom- perigo de desagregação. Se nós não Distritos. Porém não tenho intenção de nalistas, tribalistas, racistas… e outros situação já criada pela desacumulação de Paz que fosse alcançado em Roma. Nós não estivemos reconciliados. Na- que nós não nos reconciliámos, não A constituição diz também que o pre- panhar as declarações do Presidente e questiona como era possível criar me embrenhar nessa discussão agora. em 1986. Antes reconcentrou-se no E realmente a Renamo fez exactamen- turalmente que as sementes estão lá. consolidámos o Estado, não conso- extirparmos este fenómeno ele não igualmente perniciosos e anti-demo- sidente da República não pode ser da Renamo Ossufo Momade e não autarquias se a Constituição não pre- Isto é resultado daquilo que o Dr. te isso, logo em 1995, quando a AR Se há armas escondidas, isso é ins- lidámos a nossa convivência. A re- ficará apenas em Cabo Delgado. Irá cráticos. Se não houver esse debate Presidente da República a Chefia do presidente de um partido.. há dúvidas de que o seu optimismo, via nenhum lado o poder local, as falava antes das tais resistências. As entrou em funcionamento. A Renamo trumental. Se houver de facto uma conciliação não diz respeito apenas para Niassa, Nampula, em todo lado, fica muito complicado. Mesmo dentro Governo que já tinha sido desconcen- Não sei se a nossa Constituição é tão vindo de quem vem, é um bom sinal. autarquias. Portanto, esse processo era pessoas ainda não compreenderam submeteu uma proposta de revisão em paz sólida, as armadas escondidas à Frelimo e à Renamo. Diz respeito como bem alertou o Presidente Chis- dum partido tem que haver debate, não trada. E, para que não restassem mais expressa assim. Com efeito a Consti- Os acordos de paz, alguns chamam- inconstitucional, denunciava o ilustre Sim. Os processos são complexos. Está que a questão principal era a introdu- acabam por ficar obsoletas. Portanto, a isso e a muito mais. Diz respeito sano recentemente. Desagregação para criar unanimismo, mas para que dúvidas ou controvérsias, o n°2 do ar- tuição diz, no seu artigo 148(Incom- -se definitivos, mas não é pela desig- causídico. aí a complexidade do processo: não ção de novo sistema de governo: um o que tem falhado é a reconciliação. a todos nós do Rovuma ao Maputo, é a semente que se está a lançar em todos conheçam a fundo os problemas tigo 150 da Constituição de 1990 pas- patibilidades), que «O Presidente da nação que tudo corre bem. O acordo Com efeito, a Constituição não tratava nos movemos todos ao mesmo ritmo, Os graus de intolerância são elevados do Zumbo ao Índico. É a questão da e se posicionem de forma consequente. sou a estabelecer que «O Conselho de República não pode, salvo no casos ex- sistema semipresidencialista, em que Cabo Delgado, e essa é a gravidade e em nenhum momento do poder local, à mesma velocidade, e às vezes quando de Roma era para ser definitivo, não com consequências dramáticas e isso Unidade Nacional de novo em causa Se você não faz isso... é uma sociedade Ministros é convocado e presidido pelo pressamente previstos na Constituição, se previa a existência de um Primeiro- a perigosidade que vejo na situação de nem dos municípios, tratava sim dos damos os passos não é com toda a cla- era para ser provisório. Os acordos não é caminho para paz. O processo porque não está completamente re- Primeiro-Ministro, por delegação do exercer qualquer outra função pública -Ministro, Chefe do Governo, saído da Cabo Delgado. Para além do aspec- órgãos locais do Estado. reza e determinação de que é por aqui fechada, são partidos fechados. Isso é que tem sido firmados tem a intenção de DDR depende disso: a reconci- solvida, definitivamente consolidada. Presidente da República», numa ine- e, em caso algum, desempenhar fun- AR. to brutal, desumano, genocida, que é Porque dentro da Frelimo, nem to- que nós temos que avançar. tudo menos democracia. de ser definitivos. A pergunta que se liação. Tecnicamente pode ser bem Então as brechas estão aí. Quem é quívoca demarcação do texto de 1986, ções privadas». A Frelimo apresentou a sua própria próprio do terrorismo. A velocidade dos estavam de acordo com aquela lei, E isso não pode depender de resultados Não é por acaso que a Constituição, no coloca é se tem essa intenção, porque sucedido este processo. Mas isso não que aproveita, quem faz o quê? É in- que, nos termos do seu Art.59°, esta- E um partido político é o quê? proposta de revisão. As duas propostas e o grau de organização que estão a aproveitou-se o ensejo e decidiu-se de eleições. Não deve depender de que n°2 do seu Artigo 74 (Partidos políti- falham? Posso falar do passado, para é tudo, ainda. Se a intolerância conti- vasão estrangeira? Então como é que belecia que «O Conselho de Ministros É uma instituição privada, embora coincidiam nessa questão fundamental afastar essa lei, por inconstituciona- se as eleições forem ganhas por “A” te- cos e pluralismo), determina que «A dizer que se falhou na questão prin- nuar, as mesmas e outras pessoas vão ela encontra condições? Exactamente, demonstrar é terrível. Por isso não es- é presidido pelo Primeiro-Ministro». deva ser de utilidade pública. É uma de um novo sistema de governo, com lidade, e rever a Constituição para se mos uma perspectiva, se forem ganhas estrutura interna e o funcionamento cipal, no pressuposto basilar de uma regressar a guerra. E afinal porque quando não há reconciliação haverá tamos tão longe de Cabo Delgado ou Assim, a separação de poderes é intro- associação política. um Primeiro-Ministro saído da AR. introduzir o poder local e as autarquias. por “B” temos outra perspectiva. Dessa dos partidos políticos devem ser demo- paz que se quer definitiva: a reconci- não nos reconciliamos? Quais são muitas brechas susceptíveis de apro- Cabo Delgado não está tão longe de duzida em 1990 nas condições de um Porém ao proceder-se à revisão cons- cráticos». É que só pode haver demo- O presidente de um partido é uma Esta é uma coincidência extraordinária liação. Nós não conseguimos fazer a os interesses que nos dividem como veitamentos e que podem alimentar o Maputo. É extremamente doloroso e forma não se edifica o Estado, isso não cracia com cidadãos democratas e com presidencialismo reforçado, o que, nas função pública ou privada? digna da atenção de quem se debruce reconciliação após o acordo de Roma, povo? ou haverá interesses, que não que chamamos agora de insurgências. preocupante o que estamos a viver. titucional foi-se muito para além da consolida o Estado, antes pelo contrá- concretas circunstâncias do nosso país, Claramente que é uma função privada, sobre estes processos com espírito ana- suscitada questão de inconstitucionali- rio. Seja qual for o partido que vença as partidos democráticos. 16 PUBLICIDADE Savana 10-07-2020

PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS RELEVANTES DA LEI Nº 19/2019, DE 22 DE OUTUBRO, LEI DE PREVENÇÃO E COMBATE ÀS UNIOES PREMATURAS

Introdução é reconhecido o casamento civil, mas também o tradicional e religioso e que estas $$VVHPEOHLDGD5HS~EOLFDDSURYRXHP¿QDLVGHD/HLQž, GHGH2XWXEUR DXWRULGDGHVVmRWDPEpPSRUYH]HVFKDPDGDVDR¿FLDURXWURWLSRGHUHODo}HVLQIRUPDLV /HL GH 3UHYHQomR H &RPEDWH jV 8QL}HV 3UHPDWXUDV (/3&83  D TXDO WHP SRU REMHFWR D que não sejam necessariamente de casamento. SURLELomRSUHYHQomRHPLWLJDomR GDVXQL}HVSUHPDWXUDVDSHQDOL]DomRGRVVHXVDXWRUHVH 1HVVHV WHUPRV H GH DFRUGR FRP HVWH DUWLJR DV DXWRULGDGHV QHOH PHQFLRQDGDV ¿FDP DLQGDDSURWHFomRGDVFULDQoDVTXHVHHQFRQWUHPRXVHHQFRQWUDYDPQHVVDVXQL}HV proibidas de celebrar qualquer união formal ou informal que envolva criança, pelo que RDUWLJRGD/3&83PDLVLPS}HDHVWDVDXWRULGDGHVDREULJDWRULHGDGHGHYHUL¿FDUHP $/3&83FRPSUHHQGHDUWLJRVTXHYLVDPPDWHULDOL]DURVHXREMHFWRTXHpDSURWHFomR H FHUWL¿FDUHPVH DWUDYpV GRV GRFXPHQWRV GH LGHQWL¿FDomR H QD IDOWD GHOHV DWUDYpV GDVFULDQoDVFRQWUDDVXQL}HVSUHPDWXUDVVHQGRFRQVLGHUDGDVFULDQoDVWRGRVRVPHQRUHV GHTXDOTXHURXWURPHLROHJDOPHQWHDFHLWHDLGDGHGRVHQYROYLGRVDQWHVGHR¿FLDUHP GHDQRV$VVLPVHQGRD/3&83HVWDEHOHFHH[SUHVVDPHQWHRVDQRVFRPRDLGDGH qualquer união. PtQLPDSDUDTXDOTXHUSHVVRDDVVXPLURFRPSURPLVVRGHLPHGLDWDPHQWHRXIXWXUDPHQWH FRQVWLWXLUIDPtOLD Artigo 11 $OHLHVWDEHOHFHVDQo}HVSDUDDFHOHEUDomRGHXQL}HVSUHPDWXUDVHPLQREVHUYkQFLDGDLGDGH PtQLPDVHQGRDOJXPDVGHODVGHQDWXUH]DFLYLODWUDYpVGDFULDomRGHPHFDQLVPRVSDUDD (Efeitos patrimoniais) FHVVDomRGDVXQL}HVSUHPDWXUDVHRXWUDVGHQDWXUH]DFULPLQDOTXHWHPDYHUFRPDSXQLomR GRVVHXVDXWRUHV 1. Os bens adquiridos pela criança na constância da união prematura são incomunicaveis, sendo havidos como próprios desta. 1R kPELWR GR SURMHFWR ³)RUWDOHFLPHQWR GD 6RFLHGDGH &LYLO SDUD 3DUWLFLSDU QD$GYRFDFLD GH3ROtWLFDVVREUHRV'LUHLWRVGDV&ULDQoDV´DSRLDGRSHOR)XQGRGDV1Do}HV8QLGDVSDUD 2. Os bens adquiridos pelo adulto na constância da união prematura, a título oneroso, são D ,QIkQFLD 81,&() R )yUXP GD 6RFLHGDGH &LYLO SDUD RV 'LUHLWRV GD &ULDQoD 526& comuns. LQLFLDKRMHXPDVpULHGHGXDVSXEOLFDo}HVFRPYLVWDDOHYDUDRFRQKHFLPHQWRGRS~EOLFR DOJXPDVGDVGLVSRVLo}HVPDLVUHOHYDQWHVGHVWDOHLRIHUHFHQGRLJXDOPHQWHXPDSHTXHQDQRWD 3. No caso de cessação da união prematura, o património comum é partilhado em dois H[SOLFDWLYDUHODWLYDPHQWHDFDGDXPDGHODV terços para a criança e um terço para o adulto.

&RP HVWDV SXEOLFDo}HV R 526& SUHWHQGH FRQWULEXLU SDUD XP PHOKRU FRQKHFLPHQWR SHOD 4. Cessando a união prematura, perde o direito á partilha o que sendo adulto, tiver VRFLHGDGHGHVWHLPSRUWDQWHLQVWUXPHQWRMXUtGLFRGHSURWHFomRGDVFULDQoDVSDUWLFXODUPHQWH praticado contra a criança acto ilícito que poderia fundamentar o divórcio nos termos GDUDSDULJDSHUPLWLQGRTXHRVGLUHLWRVQHOHSUHYLVWRVVHMDPH[HUFLGRVSHORVVHXVWLWXODUHVH da Lei da Família. TXHQRJHUDODVVXDVGLVSRVLo}HVVHMDPLPSOHPHQWDGDVSHODVDXWRULGDGHVFRPSHWHQWHV 5. O disposto nos números 1 a 4 do presente artigo não é aplicável à união prematura entre

crianças, aplicando-se, neste caso, o regime da Lei de Família. ALGUMAS DISPOSIÇÕES LEI DE PREVENÇÃO E COMBATE ÀS UNIOES PREMATURAS 6. Para efeitos patrimoniais, às uniões prematuras já constituídas e que cessem na vigência da presente Lei, p aplicável o regime da comunhão de bens adquiridos. PARTE I Artigo 2 (Conceito de união prematura) NOTA: Não obstante a LPCUP estabelecer a possibilidade de se fazer cessar qualquer 1. União prematura é a ligação entre pessoas, em que pelo menos uma seja criança, união prematura, smRSURWHJLGRVDOJXQVGLUHLWRVDGTXLULGRVQDsua vigência, nomeadamente formada com propósito imediato ou futuro de constituir família. os direitos das crianças nascidas fruto dessa união, para efeitos do reconhecimento da paternidade e da maternidade, nos termos do artigo 10 e bem assim os direitos 2. O casamento, noivado, a união de facto ou qualquer relação que seja equiparável à patrimoniais, de acordo com este artigo. relação de conjugalidade, independentemente da sua designação regional ou local, No que se refere aos direitos patrimoniais, a LPCUP estabelece um regime penalizador envolvendo criança, são tidos como união prematura nos termos da presente Lei. para o adulto na união prematura, em caso da cessação da mesma, favorecendo a criança no que se refere a partilha do património comum, do qual apenas poderão fazer parte NOTA: este conceito de união prematura pEDVWDQWHDEUDQJHQWH, abarcando qualquer tipo os bens adquiridos pelo adulto, na constância da união. Os bens da criança são sempre de relação de conjugalidade, ou seja, qualquer relação que implique que uma criança próprios, não entrando, por isso, na partilha. Dos bens sujeitos à partilha, a criança esteja a viver como marido ou como mulher de um adulto ou de uma outra criança (seja WHUiVHPSUHGLUHLWRDHRDGXOWRDSHQDVDSRGHQGRSHUGHUGLUHLWRDRVEHQVFDVR em casamento ou em união do facto). tenha praticado qualquer acto lesivo contra a criança, nos termos estabelecidos na Lei O mesmo conceito cobre, ainda, qualquer tipo de promessa de casamento, o que inclui de Família. QmRVyRQRLYDGRTXHHQYROYDFULDQoDPDVWDPEpPFHUWDVVLWXDo}HVTXHVHYHUL¿FDP Artigo 13 nalgumas regiões do país, em que, logo após o nascimento de uma menina, ou nos seus primeiros anos de vida, ela objecto de promessa de casamento ou união com uma p (Cessação de outras uniões) pessoa adulta ou até com uma família, em troca do compromisso desse adulto ou família 1. Todas outras uniões prematuras cessam mediante decisão judicial a requerimento do tomar conta da sua educação e sustento, até que esta atinja a puberdade, altura em que Curador de Menores, da criança ou do adulto na união, do pai, da mãe, do padrasto, é considerado que está em condições de ser entregue para a união. da madrasta, do tutor ou outro representante legal, de qualquer parente na linha recta Todos esses comportamentos nocivos são abrangidos pelas disposições sancionatórias ou até terceiro grau na linha colateral. da LPCUP. Artigo 7 2. A união prematura referida no número 1 do presente artigo é aplicável o disposto no número 3 do artigo 12 da presente Lei. (Idade de união) NOTA: todas as uniões envolvendo criança e celebradas em violação aos preceitos da A união entre duas pessoas formada com propósito imediato de constituir família, só é LPCUP podem terminar, quer por pedido de anulação, quando se trate de casamento permitida a quem tiver completado dezoito anos à data da união. IRUPDOQRVWHUPRVGRDUWLJRHDLQGDGD/HLGH)DPtOLDTXHUSRUSHGLGRGH cessação, quando se trate doutras uniões. NOTA: este artigo estabelece os 18 anos como a idade mínima para qualquer união, uma vez que até essa idade a pessoa é considerada criança, de acordo com a LPCUP e outra Quanto às outras uniões, tais como os noivados e as uniões de facto, as mesmas podem OHJLVODomRHPYLJRU$WHQGHQGRDGH¿QLomRGHXQLmRFRQWLGDQRDUWLJRGD/3&83RV terminar mediante um requerimento ao juiz, que pode ser intentado não só pela anos são a idade mínima não só para o casamento, tal como o previsto na Lei de Família, criança ou pelo adulto na união, mas também por qualquer das pessoas mencionadas mas para qualquer outro tipo de união, incluindo o noivado. Assim sendo, a ocorrência no no 1 deste artigo, incluindo o Curador de Menores que é o Procurador ou de noivado, de casamento ou qualquer outra união de conjugalidade, em violação a este Magistrado do Ministério Público que trata da questão dos menores. artigo,GiOXJDUDVDQo}HV nos termos previstos na mesma lei. Um dos efeitos da declaração da cessação da união prematura, pDGHYROXomRGDcriança Artigo 8 envolvida na união j convivência dos seus pais ou outros representantes legais que não sejam responsiYHLVRXQmRWHQKDPFRQWULEXtGRSDUDDRFRUUrQFLDGDXQLmRRXcaso tal não (Proibição de celebração) seja possível, que a criança seja entregue ao cuidado de instituições vocacionadas para o efeito, nos termos da lei. Nenhuma autoridade seja administrativa, tradicional, local ou religiosa, deve legitimar, Artigo 22 por qualquer forma e no âmbito das suas funções, a constituição de união com propósito (Criança carente de especial protecção) imediato ou futuro de constituir família, na qual uma ou ambas as pessoas sejam crianças. NOTA: atendendo que a LPCUP veda qualquer união que envolva criança, do mesmo Para os efeitos do disposto na alínea e), do número 1 do artigo 14 da presente Lei, a modo, proíbe qualquer autoridade, seja administrativa, tradicional ou religiosa de FULDQoDHPXQLmRSUHPDWXUDFDUHFHGHHVSHFLDOHXUJHQWHSURWHFomRTXDQGRVHYHUL¿TXHP legitimar qualquer união de crianças, tendo em conta que em Moçambique não só qualquer das seguintes situações: 17 Savana 10-07-2020 PUBLICIDADE

a) seja vítima ou corra risco de vir a ser vítima de violência praticada, seja pelo c) FRPRGiGLYDRXSDUDTXDOTXHURXWUD¿QDOLGDGHFRQWUiULDiOHL parceiro na união ou qualquer outra pessoa, desde que seja por conta da união; 2. A mesma pena será aplicada a quem receber a criança entregue nos termos e para os b) demande tratamento para preservar ou restaurar a saúde e lhe seja privado o ¿QVLQGLFDGRVQRQ~PHURGRSUHVHQWHDUWLJR. acesso aos respectivos serviços, independentemente de quem dos mesmos a prive; NOTA: este artigo faz parte de um conjunto de artigos sobre crimes que podem ser c) por conta da união, tenha um modo de vida ou se comporte de forma prejudicial cometidos pelos pais ou outras pessoas que tenham a criança a sua guarda e que inclui, a própria saúde, sem que os pais, tutores, ou os que sobre ela exerçam poderes SDUDDOpPGHVWHRVFULPHVGHDXWRUL]DomRHLQFHQWLYRjXQLmRSUHYLVWRQRDUWLJR equiparáveis, providenciem pela sua protecção; FRDomRjXQLmRSUHYLVWRQRDUWLJRHRPLVVmRGHUHVJDWHSUHYLVWRQRDUWLJR d) viva com pessoa acusada, pronunciada ou condenada por crime praticado contra Nesses termos, cometem crime os pais ou quaisquer pessoas responsáveis pela criança ela; que autorizem, ou incentivem a união, coajam a criança a entrar na união ou os que VDEHQGRTXHDFULDQoDHVWiQXPDXQLmRSUHPDWXUDQDGDIDoDPSDUDWLUiODGDPHVPD e) haja fundado receio de que seja usada para cometimento de crimes ou em O crime é punido com penas mais pesadas, quando os pais entreguem a criança em actividades que ameacem a sua segurança ou saúde. troca de uma vantagem, directa ou indirecta, o que pode ser dinheiro ou qualquer outro benefício ou, ainda, para o pagamento de uma dívida sua, tal como acontece em NOTA: embora o objectivo da LPCUP seja a protecção, em geral, das crianças algumas situações em que as meninas são entregues para o pagamento de dívidas a que se encontrem em união, o legislador entende que existem algumas crianças curandeiros. que, em resultado da união, se encontram numa situação ainda mais vulnerável, Artigo 35 que agrava o risco da sua saúde e integridade física e moral. A situação destas crianças carentes de protecção é tida em conta na determinação de que medidas (Repúdio e resgate da criança) cautelares e de mitigação a aplicar pelo juiz quando decida sobre a cessação da Será isento de pena, desde que não tenha havido contacto sexual, ou outro mal à saúde ou união prematura. ao património da criança: a) o que após aceitar a união, a tiver repudiado; PARTE II Artigo 28 b) o que tendo consentido união, resgatar a criança; (Celebração por dádiva ou promessa de vantagem) c) o que tendo recebido a criança, a devolver a quem tiver guarda legal da criança 1. Quando a celebração tiver como causa o recebimento por parte do servidor ou às autoridades competentes. público, a autoridade religiosa, tradicional ou local, de qualquer tipo de vantagem ou promessa de vantagem, será punido com pena de prisão de dois a oito anos, não NOTA: este artigo pretende isentar de procedimento criminal e da respectiva pena, podendo a pena concreta ser inferior a quatro anos. o adulto que após aceitar entrar em união com criança, seja de noivado, casamento 2. A mesma pena será aplicada se o servidor público, o agente da autoridade RXRXWURWLSRGHXQLmRHDSHUFHEHQGRVHGRPDOFRPHWLGRUHSXGLDDVDLQGRGHVVD religiosa, tradicional ou local celebrar o casamento para satisfazer qualquer unimR'DPHVPDIRUPD¿FDPLVHQWRVGHSHQDRVSDLVRXRXWURVUHVSRQViYHLVSHOD vontade ou convicção, seja religiosa, moral, espiritual, cultural ou de outra guarda da criança que, após autorizarem ou entregarem, a criança em união, a índole. retirarem da mesma. No entanto, para que esta isenção seja aplicável, é necessário que não tenha havido NOTA: este crime faz parte de um conjunto de crimes, previstos na LPCUP, em qualquer contacto entre o adulto e a criança, em resultado da união ou não tenha que podem ser responsabilizadas as autoridades administrativas, religiosas e havido um outro mal à saúde ou ao património da criança tradicionais e que integra, para além deste, o crime de celebração de união com FULDQoDSUHYLVWRQRDUWLJRHRFULPHGHRPLVVmRHGHQ~QFLDSUHYLVWRQRDUWLJR Artigo 43 Ou seja, qualquer autoridade administrativa, religiosa ou tradicional que celebre RXR¿FLHXPDXQLmRPDULWDOVDEHQGRTXHXPRXDPERVRVHQYROYLGRVVmRFULDQoDV (Carácter público das infracções) comete um crime, o qual pSXQLGRFRPXPDSHQDDJUDYDGD, se a referida autoridade 1. São públicos os crimes previstos na presente Lei. DFHLWDUFHOHEUDUDXQLmRHPWURFDGHXPDYDQWDJHP¿QDQFHLUDRXTXDOTXHURXWUD YDQWDJHP PDWHULDO 'D PHVPD IRUPD FRPHWH FULPH QRV WHUPRV GR DUWLJR  D 2. Os interessados com legitimidade para requerer a declaração de invalidade da autoridade que não sendo directamente responsável pela celebração da união, mas união, têm legitimidade para constituir-se em assistente nos termos gerais da lei do dela tendo conhecimento, não a denuncie processo. Artigo 30 NOTA: 7RGRVRVFULPHVSUHYLVWRVQD/3&83VmRS~EOLFRVRTXHVLJQL¿FDTXHTXDOTXHU (União com criança) pessoa, e não apenas as vítimas ou outras pessoas afectadas, podem apresentar a queixa O adulto, independentemente do seu estado civil, que unir-se com criança será punido à Polícia. Assim sendo, qualquer pessoa, seja familiar, vizinho ou amigo que souber com pena de prisão de oito a doze anos de prisão e multa até dois anos. TXHXPDFULDQoDFDVRXXQLXVHRXQRLYRXRXYDLFDVDUXQLUVHRXQRLYDUSRGHID]HU a denúncia às autoridades competentes, para que se prossiga com o devido processo NOTA: tendo em conta que o objectivo principal da lei é impedir e proibir a criminal contra os adultos responsáveis por essa união, seja o adulto com o qual a ocorrência de uniões com crianças, o adulto, ou seja qualquer pessoa com mais de criança se encontra unida ou os pais ou outros representantes legais da criança que 18 anos, que se unir com crianoD comete o crime previsto neste artigo. A LPCUP entregaram, autorizaram ou coagiram a criança para união ou que sabendo dessa DSHQDVSHQDOL]DRDGXOWRQDXQLmRH[FOXLQGRQRVWHUPRVGRDUWLJRTXDOTXHU XQLmRQDGD¿]HUDPSDUDWLUiODGHVVDVLWXDomR responsabilidade da criança, mesmo que esta tenha aparentemente entrado Por outro lado, pGDGRDSRVVLELOLGDGHDDOJXPDVSHVVRDV de se constituírem assistentes na união, por sua vontade. eTXH, nos termos da LPCUP a criança é sempre QRVUHVSHFWLYRVSURFHVVRVFULPHGHQWUHRXWUDVR&XUDGRUGH0HQRUHVDFULDQoDQD considerada vítima, na medida em que o legislador entende que a mesma não está união, o seu pai, mãe, padrasto, madrasta, tutor ou outro representante legal, avós, em condições de, com a maturidade necessária, tomar decisões sobre a sua vida. irmãos e tios, desde que estes tenham interesse na causa e não tenham contribuído para a ocorrência da união. Artigo 31 6HUDVVLVWHQWHHPSURFHVVRSHQDOVLJQL¿FDLQWHUYLUDRODGRGD3URFXUDGRULD*HUDOGD (Auxilio a união com criança) República, auxiliando a esta a trazer para o processo provas que evidenciem em que Aquele que colaborar para que a união com criança tenha lugar, ou que por condições o crime teve lugar e quem são as pessoas envolvidas na sua prática. A posição qualquer outra forma concorra para que produzam os seus efeitos, desde que tenha de assistente dá o direito de recorrer de qualquer decisão tomada pelo Tribunal, com conhecimento de que a união envolve criança, será punido com pena de prisão e a qual o assistente não concorde, caso hajam elementos para tal. multa até um ano. Artigo 47 NOTA: A LPCUP criminaliza todas as pessoas que auxiliem e contribuam para (Gratuitidade dos serviços) que a união prematura tenha lugar e desde que essas pessoas tenham pleno conhecimento de que a união envolve criança. Assim, os eventuais padrinhos da 1. Todos os serviços a prestar pelas instituições públicas às vítimas das uniões união, os familiares que recebem dinheiro ou bens trazidos a título da união (por prematuras, nos termos da presente Lei, são gratuitos. exemplo lobolo) ou pessoas que tenham prestado serviços, a troco de dinheiro, para que a união prematura se consumasse (como por exemplo organizadores de 2. Não é devido qualquer encargo judicial ao que se constitui assistente em processo- eventos), poderão também ser responsabilizados, desde que, mesmo sabendo que crime, por crimes relativos às uniões prematuras. a união envolve criança, tenham aceitado dela participar ou tirar proveito. NOTA: tendo em conta que a criança é sempre considerada vítima, quando esteja envolvida numa união prematura e que, por isso, merece a inteira proteccão do Estado, Artigo 32 nenhuma instituição do Estado pode cobrar quaisquer taxas pela prestação de serviços às crianças vítimas dessas uniões, sejam eles serviços médicos, jurídicos, sociais ou de (Entrega de criança em troca, pagamento ou dádiva) qualquer outra natureza. 1. Sem prejuízo de pena mais grave, se a ela houver lugar, a pena de oito a doze de Do mesmo modo, às pessoas com capacidade de se constituir assistentes, nos termos prisão será aplicada a quem entregar criança para união: H[SODQDGRV QD QRWD DR DUWLJR  QmR GHYHUmR VHU FREUDGRV TXDLVTXHU WD[DV RX honorários. a) em troca de algum bem ou valor, para pagamento de dívida ou garantia desta;

b) como cumprimento de promessa ou de qualquer obrigação ou garantia desta; 18 OPINIÃO Savana 10-07-2020 Cartoon EDITORIAL Como a verdade se torna vítima da guerra

ma das consequências nunca previstas, mas ao mesmo tempo também inevitáveis de uma guer- ra é a violação generalizada dos direitos hu- Umanos, que se manifesta na banalização da vida, assassinato de civis e destruição de propriedade. Os danos, que se manifestam no sofrimento humano são incal- culáveis, mas podem ser resumidos no número de pessoas que são obrigadas a abandonar os seus lares, crianças e adultos que deixam de continuar a estudar, e inúmeras outras oportunidades que se perdem. Homens e mulheres que antes viviam do seu pró- prio esforço passam, da noite para o dia, à condição de desloca- dos, a sua sobrevivência dependente da boa vontade dos outros. Deslizes civilizacionais Esta é a condição a que ficaram reduzidos milha- res de cidadãos das zonas afectadas pela guerra em Cabo Delgado, hoje refugiados na cidade de Pem- forma trivial como Bolsona- interrogar, pede-lhe que entregue uma o sistema corrompeu o espírito alemão ro nomeia ministros já fora mantilha de renda preta que comprou à e lhe ditou a crueldade. A corrupção, ba e outras regiões da vizinha província de Nampula. comentada, ironicamente, sua mulher e lhe “transmita o seu afecto percebe aí Cristhian, começa na for- Mesmo que a guerra termine dentro dos próximos dias, as Apor Drummond de Andrade, e como pensa nela constantemente”. ma como cedemos aos apetites, lhes suas consequências terão efeitos devastadores sobre as pessoas numa crónica: « — Esse vai ser minis- Cristhian faz a visita à esposa do capi- obedecemos - paradoxal caminho da afectadas por muitas gerações futuras. Os jovens que são hoje tro, sentenciou o pai, logo que o garoto tão. Esta, de uma beleza e sensualidade derrota. Rejeita-a, e nesse gesto repele instrumentalizados dificilmente poderão voltar a ser normais. nasceu. — E você, com esse ordenado ímpares, está de saída (vai encontrar- a sua anterior cumplicidade com a ab- Mas há outras consequências da guerra que não são facilmente micho de servente, tem lá poder pra -se com um general), mas sugere que jecção. fazer nosso filho ministro?, duvidou Nas duas cenas, através das peripécias visíveis. A verdade é a primeira vítima, mas a ela associam-se a aguarde “pois quer falar com ele so- a mãe.» No baptizado, ao enunciar bre o capitão”. Ele fica por deferência, da intimidade, transparece o arco e o a degradação da integridade das instituições públicas, da dis- o nome do filho, o personagem de dir-se-ia que o seu gesto se entroniza declínio de uma postura civilizacional e ciplina e da ordem. Drummond proclamou: «— Ministro. na aprendizagem da obediência que o por isso são magníficas – embora sejam Os militares passam a ser um poder autónomo, isentos da obri- — Como?, estranhou o padre. — Mi- capitão lhe quer incutir. Ela volta de ideias de argumento que Dmytryk se gatoriedade de obediência ao poder civil eleito como acontece nistro, sim senhor, teimou o pai, irre- madrugada e acorda-o com suavidade. limita a ilustrar. em sistemas democráticos, à medida que a dinâmica no teatro dutível. A mulher ainda tentou corrigir: Ele quer compor-se, julga-se numa Contudo, para se conseguir esta com- plexidade das personagens, esta filigra- das operações vai determinando uma progressiva deterioração — Tonzinho, não foi Antônio de Fáti- postura imprópria em casa alheia, mas ma que a gente combinou?». Melhor, é ela mete-o à vontade e inverte os pa- na que oferece vários níveis de leitura nas relações entre as autoridades civis e militares. A corrupção impossível. péis, perguntando-lhe “se ele não lhe para as situações dramáticas e o implí- desenfreada instala-se nas hostes castrenses, onde cada um, à Entretanto, o que era afinal a civiliza- oferece uma bebida”. cito que abre chaves no jogo psicológico medida do poder que detém na cadeia de comando, vai pro- ção democrático-liberal? A elegância, a Depois, en passant, ele queixa-se de foi preciso uma tradição narrativa que curando tirar as melhores vantagens que lhe forem possíveis. leveza, a dignidade consentidas no flu- não ser soldado e de ter sido posto na levou séculos a apurar-se e que supunha xo do quotidiano e o sentimento de que polícia (nesta fala abre-se uma ética) e um modo fecundo de relacionamento Este foi o cenário que se viveu durante a guerra entre o go- com o que seja a inteligência e o modus as instituições funcionavam rotineira- ela confia-lhe que pode mexer os cor- verno e a Renamo, de 1976 a 1992, e que agora se repete na operandi da criativa ociosidade burgue- mente (i.é, com erros e acertos perió- déis para o transferirem. Como? Ela, província de Cabo Delgado, onde as Forças Armadas lutam sa. dicos) na regulação social; tendo como despindo-se, insinua, “com esforço...”. O que está colocado em causa nes- contra a nova ameaça do terrorismo. base valores éticos que protegiam um Cristhian compreende que é uma ques- ta época sombria. Estamos de novo A precariedade da inteligência significa, muitas vezes, que sentimento de pertença comum. tão de troca de “esforços” e, fiel à trans- na temperatura civilizacional que faz O que se conseguiu após séculos de cli- missão de afecto que lhe pediram que simples rumores ou suspeitas assumam a dimensão de verdade emergir a mediocridade e a confusão definitiva e inquestionável, o suficiente para que uma acção vagem entre diferentes narrativas civi- fizesse, satisfá-la sexualmente com uma de valores que levou Cristhian a equi- seja tomada sobre cidadãos suspeitos de colaboração com os lizacionais e até de guerras entre essas obediência cega ao acto. vocar-se em todas as escolhas políticas. terroristas. perspectivas. Ultrapassar esses obstácu- O requinte destes matizes subtende Como acontece ciclicamente, acomo- los implicou séculos de refinamento na uma ironia subtil, feroz, inteligentíssi- damo-nos à patética fase de exibição O desaparecimento de suspeitos colaboradores faz parte desta diplomacia e até nos processos narrati- ma: a cena vale o filme. matriz em que o rigor da prova, em nome do combate ao terro- narcísica em que não nos rala ficarmos vos da ficção. À frente, uma segunda cena entre os mais tolos, egoístas, e naufragados na rismo, tornou-se um mecanismo dispensável. Não deve haver Dou um exemplo extraído dum filme, dois dá-nos a chave do “ethos” de Cris- iliteracia. Escuda-nos a ilusão de que nada de errado em investigar casos de suspeitos colaboradores, Youngs Lions, de Edward Dmytryk, de thian. tudo tem um preço: primeiro efeito do mas quando isso é feito fora do que a lei impõe, o acto perde 1959 (veja no Youtube). Conta a histó- Fim da guerra. Cristhian, que vira o triunfo niilista. A vaga anti-intelectual a sua legitimidade, e deixa de haver diferença entre quem luta ria de um alemão e de dois americanos capitão em péssimo estado no hospital, que sacode os orgãos de comunicação que vão servir no exército a contragos- volta a visitar-lhe a esposa. A casa está para derrubar a lei e quem luta para a proteger. ajusta-se. to. O filme disseca os variados pontos arruinada e a rua derruida, sob efeito Trump, que se diz o novo guardião do Denúncias sobre alegadas atrocidades cometidas contra as po- de vista acerca do conflito na II Guerra dos bombardeios. Ela fala-lhe friamen- Cristo Redentor, ao “nacionalizar” as pulações civis devem merecer a devida atenção por parte das Mundial. te da morte do marido, que entretanto vacinas para o Covid-19 esvazia com autoridades oficiais. A tendência de que os acusados devem Marlon Brando é Cristhian, da Ba- se suicidou. Não se mostra alterada e isso os valores cristãos que protegiam a provar a sua inocência viola todos os princípios em que se fun- viera, instrutor de esqui, que será um atira-se de novo a ele. Ante as suas reti- validade de uma pertença comum. As da o Estado de Direito Democrático em Moçambique. Con- tenente do exército incomodado com a cências, ela pede-lhe para ser “realista”. civilizações só fazem sentido enquanto nazificação do espírito alemão. Manda- tribui também para desviar o foco sobre a verdadeira natureza Cristhian percebe: o que antes se lhe medram os valores que a sustentam – ao do para Paris, enfiaram-no na Gestapo, afigurava uma marca de liberdade afinal que se sucede a barbárie. É o que as- da guerra em Cabo Delgado, tornando-a numa confrontação com cujos métodos discorda, e pede não passa de um expediente de sobrevi- sistimos quando Trump, num lance de entre o governo e a população daquela província. uma licença ao seu capitão para ir a vência a todo o transe – mete-lhe agora poder travestido de nacionalismo, julga Berlim. Este, que vê nele um bom mi- repulsa a beleza dela, afinal um signo do corromper a vontade dos votos. Assim litar a quem só falta obedecer sem se degradado vaivém dos afectos com que começam os fascismos.

KOk NAM Editor Executivo: Colaboradores: ([email protected]) Director Emérito Francisco Carmona André Catueira (Manica) (incluindo via e-mail e PDF) ([email protected]) Aunício Silva (Nampula) Conselho de Administração: Eugénio Arão (Inhambane) Fax: +258 21302402 (Redacção) Fernando B. de Lima (presidente) 82 3051790 (Publicidade/Directo) Redacção: Maquetização: e Naita Ussene Auscêncio Machavane e Raúl Senda, Argunaldo Nhampossa e Delegação da Beira Direcção, Redacção e Administração: Hermenegildo Timana. Armando Nhantumbo Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73 Revisão )RWRJUDÀD E.P Telefone: (+258) 82 / 843171100 Telefones: Naita Ussene (editor) (+258)21301737,823171100, Publicidade [email protected] e Ilec Vilanculos Benvinda Tamele (82 3171100) Redacção Registado sob número 007/RRA/DNI/93 Propriedade da 843171100 Colaboradores Permanentes: ([email protected]) [email protected] NUIT: 400109001 Editor: Fernando Manuel, Fernando Lima, Distribuição: Fernando Gonçalves António Cabrita, Ivone Soares, Luís Guevane, Miguel Bila Administração Maputo-República de Moçambique [email protected] João Mosca e Paulo Mubalo (Desporto) (824576190 / 840135281) www.savana.co.mz Savana 10-07-2020 OPINIÃO 19

Cerveja e cachorro quente

m meados dos anos oitenta, No meu caso, eu despertava a curio- Fui o mais honesto possível, disse lhes dez que era mandar o leite condensado reportagem da revista Tempo e tínha- quando a Alemanha ainda esta- sidade porque era cidadão de um país que: “Na verdade, éramos comunistas ou em pó, para aldeias onde as mães mos acabado de receber o nosso salário va dividida em duas, fiz parte de que era determinadamente de sistema mas isso estava-nos a sair caro. Porque a amamentavam os seus filhos e leva- mensal. Eum grupo de jornalistas que foi socialista ou, pior ainda, de sistema co- comida era feita por abastecimento mensal vam-nas às costas para machamba. O salário foi encontrado intacto no convidado para visitar a “metade” oci- munista. E perguntavam-me o que era onde cada membro de uma família tinha Onde se mandava cera para cerar o bolso do Rui Zunguza. dental, que tinha, como nós sabemos, a ser comunista sendo negro num país direito a meia barra de sabão, um quilo de chão das casas, quando as casas eram O BI, o cartão de trabalhador da Re- sede na Cidade de Bona. como era o meu. amendoim ou de feijão, meio litro de óleo, de terra batida. vista Tempo. Portanto, um móbil do Éramos, maioritariamente, do con- Eu estava entre o ser orgulhoso de ser e um pouco mais do que isso.” Onde se mandava candeeiros a petró- crime não tinha sido roubo. tinente africano, mas também havia moçambicano e ser mentiroso. Ou seja, Na verdade, o que havia nas prateleiras, leo para aldeias onde não havia bombas Por coincidência, na altura, havia aqui- jornalistas da zona, que eu posso agora de mentir sobre as dificuldades pelas das cooperativas do consumo, durante de petróleo, nem petróleo a venda. lo a que se chamava ministro residen- dizer por comodismo e por facilidade quais nós passávamos. todo o resto do mês, era o papel higié- Nessa altura o Ministro do comércio te. O ministro residente no Niassa era da comunicação, das caraíbas. E o sul-africano viu a sua sinceridade nico. interno, chamou-me para o gabinete coincidentemente o ministro da Segu- Da lusofonia eu era o único. Mas havia ser bem medida quando, numa tarde E mesmo esse papel higiénico era fei- dele e disse: “Isso que você escreveu, sabe rança. um vizinho meu, um jornalista sul- de domingo, o nosso programa incluía to com cartolina reciclada ou papel de que eu te posso mandar prender?” Expliquei tudo isso sem ter que dar -africano negro. uma visita ao lado oriental de Berlim. jornal reciclado numa empresa que se Eu disse: “Mande prender-me, mas satisfações, nem com sentido de culpa. E havia dois ou três da Nigéria, dois Quando chegamos no ponto de pas- chamava FAPACAR, que era Fábrica primeiro avise ao meu Director.” Porque não tinha nada que ter culpa ou três da Tanzânia, mas uns tantos da sagem entre o Berlim Oriental e Oci- de papel e cartolinas recicladas nos ar- Ele cometeu a asneira de telefonar para nenhuma. Trinidade e Tobago ou Martinica ou dental no famoso “check point Char- redores de Maputo. o Albino Magaia e o Albino Magaia Na verdade quando cantamos: sinto- por aí. lie” ele ficou barrado porque os alemães Onde, quando, cada família tivesse um disse: Se é para prender alguém, pren- -me orgulhoso de ser africano, porque todos os meus antepassados nasceram Foram trinta ou trinta e cinco dias pas- do lado oriental disseram que: “Sul- bebé, tinha que levar o certificado de da a mim porque eu é que sou o Di- -africano não entra aqui. Porque nós não aqui, acho isso uma perfeita idiotice. sados, não muito a correr, mas visitan- nascimento para uma loja chamada rector da revista Tempo. Se esse artigo pactuamos com o regime do Apartheid.” Eu não tenho nada que me sentir or- do as principais cidades da República Ndjingiritane para ter direito a seis saiu é porque eu autorizei. O Fernando Teve que ser o nosso guia, um alemão, gulhoso de ser moçambicano, porque Federal Alemã. fraldas, não descartáveis, e uma lata de Manuel nem o Naíta Ussene não têm naturalmente, a explicar a eles do lado eu não escolhi ser moçambicano. Tipo Frankfurt, grande metrópole, leite em pó. culpa nenhuma a responder por isso. oriental que aquele era sul africano, Sou moçambicano porque nasci na Bona, naturalmente onde fomos rece- As fraldas não podiam ser trocadas, Saí ileso. O Albino Magaia era uma mas era preto, portanto, estava do lado Maxixe. Maxixe fica na província de bidos, Munique, Colónia. E, no meio até que o bebe atingisse a idade de não pessoa de muita coragem. justo da barricada. Inhambane. Inhambane faz parte de disso tudo, eu e o meu vizinho sul- usa-las mais. De tal maneira que, quando um dos Foram dez ou doze minutos de discus- Moçambique. -africano éramos as “vedetas” nas ho- são até que conseguimos entrar para o E o leite tinha que durar trinta dias, seus jornalistas, o Rui Zunguza, em Sou tão moçambicano como poderia ras de tertúlia entre as várias palestras, lado de lá. depois dos quais, os pais tinham que ir plena flor da idade, foi para Niassa ser malgaxe se tivesse nascido a mil secções de música clássica e entrevistas. Fomos visitar alguns museus, fomos juntos a loja, com a lata vazia e o bebé e veio de lá com uma reportagem a quilómetros mais a este, ou a quatro Por uma razão muito simples: o sul- visitar alguns recintos históricos de vivo para demostrar que ele tinha di- descrever, claramente, a situação sub- mil e quinhentos quilómetros mais a -africano era uma curiosidade porque Berlim oriental, mas tudo num “Chup reito a mais uma lata. -humana em que estavam a viver os noroeste, podia ser um senegalês. Ou era um preto que vinha de um país Chup” terrível. Trabalhava numa revista onde o Di- milhares de moçambicanos deportados um pouco mais para norte podia ser onde os pretos não tinham, nem direi- De tal modo que, quando estávamos rector, o senhor Albino Magaia, era de de Maputo, de Sofala, de Inhambane, um esquimó, podia ser orgulhoso na to a voto, nem direito a cidadania, nem de volta, pedimos, quase todos nós, uma coragem fora de toda questão. De de Gaza, sob o pretexto de que eram mesma. direito a reclamação. que nos deixassem uma paradinha no tal modo que, permitia que nós des- improdutivos ou eram mais solteiras O que é sentir-me orgulhoso de ser Sabendo-se, também, que sempre re- Alexandre Platz, na esplanada de um de que nos responsabilizássemos por ou prostitutas. africano? Porque os meus antepassa- clamavam isso dava mortes e criou dos bares para tomarmos uma cerveji- aquilo que escrevíamos, escrevêssemos Na mesma semana em que a repor- dos nasceram aqui. heróis como Stevie Bacoult, Albert nha e ver a placidez da Cidade naquele aquilo que achássemos que era justo tagem saiu na revista Tempo, ele foi O José Craveirinha não poderia sentir- Luthuli e por aí. domingo. escrever. barbaramente assassinado no Terminal -se orgulhoso de ser africano. Mas será Era uma curiosidade para os nossos “Nicht” disse o guia do lado oriental. Pessoalmente, fui ameaçado de prisão dos Caminhos de Ferro, em Maputo, que os antepassados do José Craveiri- colegas da Nigéria, que eram dois ou Nem pensar. Os senhores vieram visi- e deportação para Niassa quando em quando ia apanhar o comboio de re- nha nasceram aqui em África? três, da Tanzânia, das Caraíbas, que tar. Já visitaram o que tinham que ver, viagem para Nampula, com o Naíta gresso à casa porque ele vivia no bairro O José Pastor, que é um dos poetas que vinham da Trinidade e Tobago ou da agora voltem par o vosso lado. Ussene, fotógrafo, descrevemos a si- das Mahotas. eu admiro muito, poderá dizer que os Martinica, saber como é que se era ser Do meu lado, a curiosidade, como já tuação miserável em que se encontra- Não pôde haver outro tipo de motiva- antepassados dele nasceram aqui, em- jornalista num país onde os negros não tinha dito aqui, era de saber como era vam as crianças que colhiam algodão e ção pelo facto dele ter rachado a ca- bora ele fosse africano? E o Ildo Fer- tinham direito a palavra, como era a ser jornalista num país comunista afri- andavam com o rabo a mostra. beça com uma barra de ferro. É óbvio. reira, e a Zena Baccar e o Eusébio. África do Sul. cano preto. E, escrevemos também sobre a estupi- Porque nesse dia eu era ainda chefe de Para não falar de mim próprio. Bruce Lee já era* Por Rui Verde

udo começou com um grande to elaborado pelo Serviço de Informa- comunicação social, explicando o que é Ainda no âmbito da fundamentação Em relação aos outros dois documen- fogo-de-artifício, quando os no- ção e Segurança do Estado (SINSE) e a um arresto e que este pode ser decre- da decisão da juíza, esta passa a expor tos, a juíza também considera não haver vos responsáveis pela comunica- um contrato celebrado entre a empresa tado sem audiência da parte contrária, a jurisprudência sobre os incidentes falsidades efectivas, mas interpretações ção de Isabel dos Santos vieram Exem e a Sonangol. nos termos do artigo 405.º do Código da instância. Trata-se de situações se- T díspares do seu conteúdo ou da forma anunciar ao mundo que, no processo Em vez de meramente veicular as suas do Processo Civil. cundárias, mas que podem modificar judicial que determinou o arresto de queixas através das agências de comuni- Depois, a juíza explicita exaustivamente determinados elementos do processo. como foram obtidos. E conclui não ser vários bens, empresas e contas bancá- cação, Isabel dos Santos fez bem em vir as dificuldades em notificar Isabel dos Depois, a juíza explica como funciona função de um tribunal cível inquirir es- rias que esta detinha em Angola, existia a tribunal defender o seu ponto de vista. Santos, por ela já não se encontrar em este processo dentro do processo. ses aspectos. um passaporte falso com a assinatura de Os tribunais podem ter muitos defeitos, Luanda, mas a viver entre Lisboa e o Claramente, e isso é de aplaudir, Hen- No final, decide pelo indeferimento dos Bruce Lee. e têm, mas no fim de contas obrigam ao Reino Unido, sem morada conhecida. rizilda do Nascimento tem a preocupa- A chalaça foi grande, mas, lendo-se o confronto de duas posições submetidas Nesse sentido, embora sem o referir ex- ção, ao longo da sua exposição, de ser pedidos de Isabel dos Santos. Como re- despacho de 23 de Dezembro de 2019 a publicidade crítica, registando cabal- pressamente, a juíza recorre à doutrina pedagógica e explicar com cuidado o ferimos, há dois aspectos interessantes da juíza Henrizilda do Nascimento, mente as razões de cada uma, e permi- do facto público e notório, que se en- seu raciocínio. Vê-se que tem a preocu- nesta decisão. O primeiro é a preocupa- que ordenou o arresto, facilmente se tem, geralmente, a apresentação de um contra, por exemplo, reflectida no arti- pação de se dirigir à comunidade. ção pedagógica da juíza Henrizilda do percebia que não havia, na fundamen- raciocínio baseado na lei e na lógica. go 514.º do Código do Processo Civil. Finalmente, entra na questão concreta Nascimento, que explica os vários pas- tação do mesmo, qualquer referência Não se afigura que, neste caso, tenha Estes factos são os de conhecimento do passaporte. É cristalina quando afir- ao passaporte. Portanto, como escreveu havido erro na decisão. Pelo contrário, geral no país, absorvidos pelo cidadão ma: “[o passaporte] não teve relevância sos do raciocínio até chegar às conclu- Shakespeare, “much ado about nothing” ela é clara e esperada, pois coaduna-se comum, pelas pessoas regularmente na decisão da causa, pois que para a sões, dando lugar a um exercício de co- (muito barulho por nada). Isto mesmo com o que constava da decisão de De- informadas, com acesso aos meios de decisão proferida o tribunal tomou em municação pública muito interessante. defendemos na altura. zembro sobre o arresto. E nessa decisão informação habituais. consideração a existência ou possível É proveitoso haver despachos judiciais Entretanto, a 23 de Abril de 2020, Isa- não se encontrava qualquer referência Percebe-se melhor, com esta explicação, existência do crédito sobre os arrestados curtos e explicativos, e não interminá- bel dos Santos veio deduzir, junto do ao passaporte. um outro dos fogos-de-artifício que as [Isabel e associados] e o receio de perda Tribunal Provincial de Luanda, no âm- Tramitada como incidente, a alegação agências de comunicação de Isabel dos da garantia patrimonial” (p. 9 do Des- veis “lençóis” plenos de citações que não bito do processo de arresto menciona- de falsidade foi decidida, a 19 de Maio Santos têm replicado acerca do não re- pacho). De seguida, e de forma plena, a se percebem. O segundo aspecto é o ób- do, um incidente de falsidade, alegando de 2020, pela juíza Henrizilda do Nas- cebimento dos seus embargos (oposi- juíza afirma: “O tribunal não alicerçou a vio: o passaporte de Bruce Lee nunca que a referida providência, com o n.º cimento, que indeferiu o requerimento ção) ao arresto de Dezembro de 2019. sua decisão na cópia do passaporte.” (p. teve relevância no caso judicial. Acabou 3301/2019-C, “fez uso de documentos de Isabel dos Santos. Mas, uma vez que não conhecemos di- 10) Bastava ter lido a decisão de arres- falsos” fabricados por funcionários do A decisão da juíza começa por fazer al- rectamente o despacho que não aceitou to para se perceber isto, mas assim fica assim por ser contraproducente tanto Estado. Além do passaporte, Isabel dos guma pedagogia, certamente tendo em os embargos, não nos debruçamos agora manifestamente estabelecida a irrele- barulho à volta dele. Santos referia-se ainda a um documen- conta as variadas notícias veiculadas na sobre o assunto. vância do passaporte. *makaangola 20 OPINIÃO Savana 10-07-2020

É seguro para os pais deixar as crianças regressarem à escola? Por Arild Drivdal*

m inquérito recente revelou que 70 infectadas pelo vírus. Alguns investigadores em casos muito raros, mas isto aconteceu em ção e não em provas científicas, o que não é por cento dos pais moçambicanos também acreditam que as crianças podem ter pequenos apartamentos, na maioria dos casos surpreendente, uma vez que a maioria dos estão preocupados em deixar os alguma imunidade pré-existente devido à sua em ambientes urbanos. Ironicamente, pare- pais ama os seus filhos e não quereria fazer Useus filhos retornarem à escola an- frequente exposição aos outros coronavírus, ce ter sido a exposição prolongada a pessoas nada que acreditasse poder pôr em risco a sua tes de estarem em vigor medidas de protec- como os que causam a constipação comum. que viviam juntas e respiravam o mesmo ar saúde ou bem-estar. Quando o risco de uma ção mais fortes contra a pandemia. Milhares Um dos principais componentes do siste- que causou a transmissão do vírus e não as criança ficar doente ou morrer de Covid-19 de comentários nos meios de comunicação e ma imunitário humano são as células T, que crianças que frequentavam a escola. Alguns é tão baixo, no entanto, e inferior ao risco de nas redes sociais reflectem também o medo também são conhecidas como linfócitos T. investigadores acreditam que os elevadores morrer de uma vasta gama de outras doenças, que muitos encarregados de educação sentem As células T são responsáveis pela destruição também desempenharam um papel funda- precisamos de procurar um caminho prag- em relação à questão, que é, em grande parte, das células infectadas, activando outras célu- mental na transmissão do vírus. Os pequenos mático para avançar. sobre o risco de as crianças serem infectadas las imunitárias e regulando a resposta imu- apartamentos e elevadores são espaços inte- Um perito em educação propôs deixar as por outras na escola e sobre as crianças in- nitária, entre outras coisas. São produzidas riores fechados onde uma pessoa é exposta à crianças irem à escola de dois em dois dias, fectarem outros membros da família em casa. pela glândula timo, que se encontra na parte respiração de outras pessoas durante um pe- reduzindo assim a frequência das aulas em 50 As preocupações comuns dos pais incluem a superior do tórax. É importante notar que ríodo de tempo prolongado. Ao contrário de por cento e mantendo a distância social. Nes- falta de instalações de higiene adequadas na esta glândula só é activa até a criança atingir muitos países da Ásia Oriental e da América te cenário, que já está a ser implementado em maioria das escolas, a dificuldade de manter a puberdade, e depois disso começa a enco- Latina, e de grandes cidades como São Paulo, alguns países, as crianças frequentam a escola distância física entre as crianças e a superlota- lher e a tornar-se cada vez menos produtiva. apenas muito poucos moçambicanos vivem num dia e fazem os trabalhos de casa no dia ção associada aos transportes públicos. Uma Isto significa que as crianças têm glândulas em edifícios com apartamentos. seguinte. Tais medidas devem ser reforçadas vez que nem a educação à distância nem o timo altamente activas que produzem células Risco de morte. O número de crianças que por um forte impulso no sentido de melhorar facto de estar fora da escola são soluções efi- T e, segundo os investigadores, criam células morrem da Covid-19 é extremamente bai- a higiene nas escolas, proporcionando aces- cazes a longo prazo, é necessário avaliar o ris- T de protecção mais rapidamente do que o xo. No Reino Unido, apenas 5 em mais de so a água e sabão para lavagem das mãos. co de deixar as crianças regressarem à escola coronavírus as possa destruir. O vírus é como 40.000 mortes por conta da Covid-19 ocor- Os professores devem também certificar-se e adoptar medidas de prevenção adequadas, um exército invasor, mas nas crianças, as cé- reram em crianças. A maioria dos países da de que as crianças usam máscaras e mantêm para que todos se sintam seguros e protegi- lulas T constituem uma forte defesa que não Ásia Oriental que estiveram entre os primei- distância sempre que possível, ao mesmo dos. Qual é o risco de as crianças na escola é facilmente derrotada. Na maioria dos ca- ros países a serem atingidos pela pandemia tempo que encorajam mais actividades ao ar serem infectadas, de infectarem outras ou de sos, portanto, as crianças nem sequer saberão não tiveram nenhuma morte de crianças por livre. Alguns países fizeram experiências com morrerem da Covid-19? que foram expostas ao coronavírus e que não causa da Covid-19. Em Moçambique, mes- “bolhas sociais”, em que as crianças brincam O risco de serem infectadas. Em primeiro lu- apresentarão quaisquer sintomas. mo que a pandemia se deteriorasse signifi- e aprendem apenas dentro de um pequeno gar, é importante notar que a maioria da in- Risco de infectar outros. Há um consenso cativamente, as crianças correriam um risco grupo de amigos. Outros estão a promover vestigação sobre o coronavírus está numa fase emergente de que o risco de crianças em ida- muito maior de morrer de malária, HIV, uma abordagem holística, que fornece às inicial e que há muitos aspectos que ainda de escolar infectarem outra criança em idade diarreia, doenças respiratórias e desnutrição crianças informação apropriada sobre pre- não são conhecidos. No entanto, parece que escolar é muito baixo. A maioria dos países do que da Covid-19. Estas são as principais venção, apoio à saúde mental e esforços para as crianças podem ter um risco de infecção europeus reabriu as suas escolas depois de causas da mortalidade infantil no país, mas prevenir o estigma e a discriminação. O sis- inferior ao dos adultos porque têm menos as ter fechado no início do ano, e a maioria as escolas nunca são fechadas por nenhuma tema educativo moçambicano enfrenta gran- uma enzima chamada ACE-2, que é um dos países da Ásia Oriental nunca as fechou. dessas causas. Num ambiente urbano bem des desafios, mas o sistema deve adaptar-se à ponto de entrada nasal para o coronavírus. Estudos de rasteio de contactos na Austrá- controlado com medidas de prevenção ade- situação e a aprendizagem das crianças deve Esta enzima é chamada de receptor. É como lia, Reino Unido e outros países encontraram quadas, ou em escolas rurais bem ventiladas, continuar. Uma reabertura faseada das esco- uma porta para as células, e o vírus é como a nenhum ou muito poucos casos de transmis- a probabilidade de uma criança, de outra las é uma decisão sensata. chave. Uma vez que as crianças têm menor são de crianças para adultos. Em alguns paí- forma saudável, morrer da Covid-19 é pró- quantidade desta enzima, é também prová- ses da Ásia Oriental, verificou-se que crian- xima de zero. O medo sentido pelos pais é *Assessor técnico sénior da H2N. Mestrado em vel que tenham um menor risco de serem ças infectaram outros membros da família real, mas baseia-se principalmente na emo- Saúde Pública

SACO AZUL Por Luís Guevane Incertezas: só com racionalidade ão é por acaso que pais e/ou en- aderir em massa, ainda que estejam contra- pela Covid-19? Terá, pelo menos, a sorte de deixar de ser preocupante desde que se carregados de educação andam riados. Independentemente dos sentidos, pertencer à categoria “recuperados totalmen- acatem as medidas difundidas oficial- nervosos, acontecendo o mesmo coincidências e leituras da possível aderência te”? Convoquemos então a responsabiliza- mente. Há esforços para a redução da Ncom instituições de ensino pú- ou acatamento da decisão, enquanto 27 de ção. A quem responsabilizar se a categoria transmissão da Covid-19. Ainda assim, blico ou privado, ministérios, governo, Julho prevalecer como data de retorno às au- for aquela que ninguém deseja para si e seus os interesses financeiros não conseguem partidos políticos… O dilema mantem- las o receio continuará no ar, transmitindo-se mais próximos? esconder a primazia sobre os interesses -se. A escolha entre o lado económico e o de fórum para fórum. Em tempos do primeiro milhar oficial de ca- de bem-estar social na componente saú- lado social, ainda que se complementem, É responsabilidade dos pais/mães e/ou en- sos positivos de Covid-19 já se decidiu sobre a de pública. A quem responsabilizar se o não se tem afigurado fácil. Aceitar levar o carregados de educação agir “em linha” com abertura das escolas, institutos, faculdades, de “retorno” resultar em aumento de casos filho à escola em cumprimento de um co- as autoridades governamentais. É responsa- forma faseada. Como se a contaminação, fa- (positivos)? Ponderar não significa fra- mando oficial, de um comunicado, é bom, bilidade de todos. Prover educação aos seus seada também fosse. Percebemos que o “Mi- queza. Esta situação pode estar a preocu- é importante para o pai que não quer ter cidadãos é parte da responsabilidade do Go- nistério de Educação” (MINEDH) “preferiu” par o Governo angolano que já pensa em qualquer tipo de dívida moral para com verno no cumprimento da “Constituição”. ou “optou” por um trabalho de equipa com suspender o dia 13 de Julho como data as entidades governamentais. Para estas, Certo. Se tomarmos em conta que “só erra o Ministério da Saúde (MISAU). Caberia a para o reinício das aulas. No Quénia, esse cumprimento, a ser massivo, tornar- quem faz”, logo, é também responsabilidade este, dar uma espécie de aval para a reabertura o Governo já anunciou que as aulas só -se-á num excelente indicador, não pro- de todos aceitar, com um mínimo de racio- dada as condições ABC que são satisfatórias. retornarão em Janeiro de 2021. Os Go- priamente do nível de aderência, de aglu- nalidade, tais medidas de retorno tendo em A data de retorno já existe. Até 27 de Julho, o vernos vão decidindo aqui e acolá. Num tinação, mas sobretudo, de acatamento, conta as (in)certezas da Covid-19. A respon- trabalho de equipa resultará, provavelmente, país pobre como Moçambique, com uma de obediência, e, por esta via, do peso do sabilidade sobre a racionalidade, ainda que no alcance dos objectivos previamente traça- pirâmide etária tradicionalmente jovem, poder. Do lado de quem procura impor- seja de todos, recai grandemente sobre o Go- dos entre essas duas instituições. Mas, como a reabertura das escolas e faculdades -se, torna-se positivo quando a aderên- verno. É racional, é razoável, mandar a crian- o vírus não anda e nós é que o transportamos deve ser ponderada friamente, em nome cia, por ser massiva, se confunde com a ça lá para a escola? Se outros pais mandarem, fica-se com a ideia de que o crescimento de do futuro de várias gerações. Isto não é percepção de acatamento. Os pais podem vou resistir? E se a criança for grampeada casos está a ser assumido como algo que deve política, o assunto é sério! Savana 10-07-2020 DESPORTO 21

Emoções do futebol em directo continuam em alta na DStv e GOtv:

AC Milan vs Juventus Eu

em destaque na 3ª feira Os espectadores da SuperSport da DStv e GOtv terão pela frente uma emocio- Quem avisa amigo é! nante acção ao meio da semana com as transmissões em directo das melhores emoções da Liga Inglesa, La Liga e Serie A entre terça, 07 de Julho a sexta-feira, (SAÚDE PÚBLICA ) 10 de Julho de 2020. Para o efeito precisam apenas de manter as suas subscri- ções activas ou efectuarem o upgrade para desfrutarem dos melhores jogos em o início do ano, os cientistas emitiram um alerta sobre bebidas com gás, alegando directo. Para os que ainda não são Clientes DStv e GOtv, é altura de o fazerem que causam um número de 184.000 mortes por ano. e desfrutarem do melhor da emoção do desporto em directo. Mas não é a primeira vez que eles são colocados sob os holofotes. O destaque dos jogos da Serie A ao longo da semana é o encontro de dois Cheias de açúcar, produtos químicos e geralmente com zero valor nutricional, as gigantes do futebol italiano prontos para uma batalha épica entre o AC Milan N bebidas com gás são algo contra qual fomos avisados em inúmeras ocasiões, mesmo que de Ibrahimovic e a Juventus de CR7 em San Siro, na noite de terça-feira, 07 de pareçam atraentes. Julho. E não são apenas versões “full fat”. As bebidas com gás da dieta também podem ter efeitos Enquanto a Juventus se encontra no meio de uma dura batalha para revalida- extremamente prejudiciais ção do Scudetto, o Milan está lutar por uma oportunidade para jogar na Liga 1. Elas podem aumentar nosso risco de câncer! Europa da próxima temporada. É também uma oportunidade para os rossone- Existem muitos estudos que analisam as ligações em vários tipos de câncer e o consumo ri se vingarem dos bianconeri, tendo as as duas equipes se reunido em meados de bebidas com gás. Eles sugerem: GH-XQKRSDUDDVHPLÀQDOGD7DoDGH,WDOLD WHUPLQRX HSHUPLWLXTXHD Beber apenas dois refrigerantes açucarados por semana; aumenta a quantidade de insu- Juve avançasse, embora tenha perdido o título para o Napoli nos pênaltis. lina, produzida pelo pâncreas e pode dobrar o risco de desenvolver câncer do pâncreas. 0DXUL]LR6DUUL7UHLQDGRUGD-XYHQWXVDGPLWLXTXHHVWiDVHUGLItFLOSUHSDUDUD Beber apenas uma bebida com gás por dia pode aumentar a chance de um homem desen- sua equipa para essas circunstâncias únicas, com estádios vazios e temperatu- volver câncer de próstata em cerca de 40%. ras muito altas no verão na Itália. Beber apenas uma lata e meia por dia pode aumentar o risco de câncer de mama de uma O Lazio, rival do primeiro título da Juve, entrará em acção no primeiro jogo da senhora em um por cento. Alguns produtos químicos usados para colorir refrigerantes semana, na terça-feira, dia 07 de Julho, quando se deslocar ao Stadio Via del podem causar câncer. 0DUHSDUDHQIUHQWDURDQÀWULmR/HFFH2/H$TXLOHYHQFHXR/HFFHSRUDHP 2. Eles podem aumentar o risco de doenças cardíacas! Cientistas nos Estados Unidos, encontraram uma forte ligação entre a proporção de calo- Roma, quando as equipas se encontraram em Novembro de 2019 e a treinador rias diárias de alimentos, carregados com açúcares adicionados e as taxas de mortalidade Simone Inzaghi apoiará a sua equipa para completar a ‘dobradinha’ para a por doenças cardiovasculares. Eles alegaram que beber três latas por dia poderia triplicar liga e manter seu desejo de conquistar o primeiro título desde o ano 2000. o risco de doenças cardíacas. Na Liga Inglesa, a acção ao longo da semana começa com o confronto de 3. Elas podem levar a diabetes! abertura da noite de terça-feira, um clássico de Londres entre Crystal Palace Foi comprovado que bebidas, carregadas de açúcar aumentam os casos de diabetes tipo 2. e Chelsea no Selhurst Park. É um jogo importante para o Blues, que buscam Um estudo realizado entre 1990 e 2000, estimou que o aumento do consumo de bebidas JDUDQWLUXPOXJDUHQWUHRVTXDWURSULPHLURVOXJDUHVHJDUDQWLUDTXDOLÀFDomR açucaradas contribuiu para 130.000 novos casos de diabetes. para a próxima edição da Liga dos Campeões da UEFA, mas os Eagles têm um 4. Eles podem causar danos no fígado! DUGHFRQÀDQoDDVHXUHVSHLWRHRVDWDFDQWHVDIULFDQRV-RUGDQ$\HZH:LOIULHG Um estudo de 2009, descobriu que bebidas açucaradas podem causar doenças hepáticas, Zaha representam uma clara ameaça para as ambições de Frank Lampard e gordurosas e beber apenas duas latas por dia pode levar a danos no fígado. sua equipa. 5. Eles podem nos tornar violentos! Ainda na terça-feira, o Arsenal tem um verdadeiro teste em casa frente ao Em um estudo realizado com adolescentes, encontrou-se uma ligação, entre beber be- Leicester City - outro jogo com estrelas africanas, com Pierre-Emerick Auba- bidas com gás, violência e a probabilidade de eles serem portadores de uma arma. Os PH\DQJGR*XQQHUVH:LOIUHG1GLGLGRV)R[HV pesquisadores descobriram que mesmo os adolescentes que bebiam apenas duas latas por A acção da La Liga será encabeçada pelo dérbi entre Barcelona e Espanyol no semana eram agressivos com amigos e aqueles que bebiam cinco ou mais latas por semana Nou Camp. Não é apenas um confronto chave na disputa pelo título pelo Bar- também tinham maior probabilidade de beber álcool ou fumar pelo menos uma vez no celona que procura manter a perseguição ao líder Real Madrid, mas o orgulho mês anterior. catalão estará em jogo quando os Blaugrana enfrentarem os Periquitos. 6. Eles podem causar parto prematuro em mulheres grávidas! As equipes disputaram um tempestuoso empate por 2 bolas no Estádio RCDE, As mulheres grávidas foram alertadas contra o consumo de refrigerantes “diet”, após um estudo realizado na Dinamarca com 60.000 mulheres. Aquelas que bebiam refrigerantes quando se enfrentaram em Janeiro para a primeira volta do campeonato. adoçados artificialmente, com e sem gás, eram mais propensos a dar à luz prematura- Enquanto isso, o Real Madrid receberá o Deportivo Alaves no Estádio Alfredo mente. Pensa-se que os produtos químicos no adoçante artificial mudam o ventre das Di Stefano, com o técnico Zinedine Zidane a olhar para Karim Benzema, Eden mulheres. Hazard e Vinicius Junior para manterem a boa forma que mostraram desde a 7. Eles podem mudar o seu cérebro! regresso do La Liga. O Alaves não vence o Los Blancos desde 2000. Além de afectar o corpo, descobriu-se que as bebidas com gás alteram os níveis de proteí- Não perca a conclusão da temporada de futebol 2019-20 em directo e exclusivo na no cérebro, o que pode levar à hiperactividade. na DStv e GOtv para ver em qualidade 100% digital. Para mais informações, 8. Eles podem causar envelhecimento prematuro!... visite páginas Facebook da GOtv e DStv Moçambique. Os fosfatos usados nas bebidas com gás, assim como em muitos outros alimentos pro- cessados, foram encontrados para acelerar o processo de envelhecimento. Isso não é ruim Quadro de Jogos apenas em termos de rugas, mas também complicações de saúde que alguns com idade, Liga Inglesa: como doença renal crónica e classificação cardiovascular. Quinta-feira 9 de Julho 9. Eles podem causar puberdade precoce! %RXUQHPRXWK[7RWWHQKDP+RWVSXU²(P'LUHFWRQR6XSHU6SRUW6X- Um estudo da Escola Médica de Harvard com 5.583 meninas de 9 a 14 anos descobriu perSport 3 e SuperSport Maximo 1 que aquelas que bebiam apenas uma lata e meia de refrigerante por dia tinham os seus (YHUWRQ[6RXWKDPSWRQ²(P'LUHFWRQR6XSHU6SRUW primeiros períodos mais cedo do que aquelas que não bebiam. Consequentemente, isso $VWRQ9LOOD[0DQFKHVWHU8QLWHG²(P'LUHFWRQR6XSHU6SRUWH6X- significava que o risco de câncer aumentava. perSport Maximo 1 10. Eles podem-nos tornar gordos! La Liga Este pode parecer óbvio. No entanto, o que talvez não saiba, é que os refrigerantes dieté- Quinta-feira 9 de Julho ticos ainda podem afectar drasticamente a nossa cintura. Um estudo descobriu que aque- les que bebiam refrigerantes “diet” viram a cintura crescer quase três vezes mais do que 0DOORUFD[/HYDQWH²(P'LUHFWRQR6XSHU6SRUW aqueles que bebiam as que não eram de dieta, e podem estar ligadas a doença como a (LEDU[/HJDQHV²(P'LUHFWRQR6XSHU6SRUW6XSHU6SRUW0D[LPRH Alzheimer. 6XSHU6SRUW6HOHFW*R Leia. S.F.Favor: Vejam só já não é a primeira vez, que faço um reparo público, do que me $WKOHWLF%LOEDR[6HYLOOD²(P'LUHFWRQR6XSHU6SRUW6XSHU6SRUW6H- acontece nos celulares que tenho da Vodacom e da Mcel: OHFW*RH6XSHU6SRUW6HOHFW*R - Clonaram-me os mesmos, oiço eco quando falo, não consigo ligar ou tenho muitas Sexta-feira 10 de Julho dificuldades em ligar para algumas pessoas, em território nacional e para o estrangeiro (às  5HDO 6RFLHGDG [*UDQDGD²(P 'LUHFWR QR 6XSHU6SRUW  6XSHU6SRUW vezes) etc,etc. Há dias uma pessoa amiga ligou-me e os meus dois celulares tocaram ao 0D[LPRH6XSHU6SRUW6HOHFW*R mesmo tempo, vejam só!... 5HDO0DGULG['HSRUWLYR$ODYHV²(P'LUHFWRQR6XSHU6SRUW6XSHU6- Em Fevereiro, roubaram-me o celular com o número da vodacom. Em Março, quando fui port Maximo 2, SuperSport Maximoo 360, SuperSport Select Go 2 e SuperS- à loja Vodacom, para recuperar o número, quem me atendeu disse-me sinceramente e ho- SRUW6HOHFW*R nestamente, que tinha o meu número bloqueado, por estar no Departamento de Fraude! Serie A Vejam só! Nesse mesmo dia por volta das 20 horas, já estava desimpedido!!!... Quinta-feira 9 de Julho O pior é que já sei quem esta a dirigir todo este processo!!! A pergunta que me faço é: 63$/[8GLQHVH²(P'LUHFWRQR6XSHU6SRUW6XSHU6SRUW0D[LPR Qual é o papel da Vodacom e da Mcel em tudo isto? SuperSport Select Go 2 e SuperSport Select Go 5 Quanto à tal pessoa, gostaria de lembrar-lhe que desde os tempos da PIDE/DGS que +HOODV9HURQD,QWHUQDFLRQDO²(P'LUHFWRQR6XSHU6SRUW6XSHU6SRUW tenho uma enorme capacidade de encaixe!!! Maximo 2 e SuperSport Select Go 5 [email protected] 22 DIVULGAÇÃO Savana 10-07-2020

125 Anos Movimentando pessoas e bens

SUPLEMENTO Este suplemento não deve ser vendido em separado | Julho | 2020

CFM - 125 ANOS Uma trajectória que se confunde com a história de Moçambique

ssinala-se, esta quarta-feira, 08 de sa foi fundamental para a tomada de impor- Julho, a passagem dos 125 anos de tantes decisões geopolíticas e geoestratégicas existência dos Portos e Caminhos šžŽȱ ’Š›Š–ȱ Šȱ ę¡Š³¨˜ȱ Žȱ Œ’ŠŽœȱ Žȱ Ÿ’•Šœǰȱ ’—- de Ferro de Moçambique (CFM), Œ•ž’—˜ȱ Šȱ –žŠ—³Šȱ Šȱ Ž—¨˜ȱ ŒŠ™’Š•ȱ Šȱ ™›˜- Auma empresa pública cuja história se confun- A inauguração da víncia ultramarina de Moçambique, de Ilha de de com o percurso e história de Moçambique. Moçambique para Lourenço Marques, actual Presente em todas as etapas da construção do Linha Férrea Lourenço Maputo. país, a empresa CFM, depois de recuperar-se Tudo começa por volta 1870, quando, pela ˜œȱŽœŠę˜œȱ’–™˜œ˜œȱ™Ž•ŠȱžŽ››Šȱ˜œȱŗŜȱŠ—˜œȱ Marques-Transvaal, a primeira vez, o governo de Transvaal, cidade e diversas calamidades, ao longo das últimas œž•ȬŠ›’ŒŠ—ŠǰȱŽ—¨˜ȱœ˜‹ȱ˜œȱŠžœ™ÇŒ’˜œȱ˜œȱȃ‹àŽ- décadas, tem vindo a registar um crescimen- segunda maior de que há ›ŽœȄȱ‘˜•Š—ŽœŽœǰȱ™›˜™äŽȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱŽȱž–Šȱ to assinalável, contribuindo, dessa forma, em registo na África Austral, •’—‘Šȱ·››ŽŠȱšžŽȱ™žŽœœŽȱ•’Š›ȱŠȱ›’ŒŠȱ›Ž’¨˜ȱ˜ȱ impostos e taxas para a receita do Estado, ao Transvaal, hoje Pretória, a Lourenço Marques, mesmo tempo que investe na melhoria de ser- –Š›ŒŠŸŠȱ˜ȱę–ȱŽȱ—˜ŸŽȱ um plano que só se concretizaria 25 anos de- viços e modernização de infra-estruturas e seu pois, quando, em 8 de Julho de 1895, a via foi diverso património. anos de intensas obras, ˜ęŒ’Š•–Ž—Žȱ’—Šžž›ŠŠǯ “ ȱ ’—Šžž›Š³¨˜ȱ Šȱ ’—‘Šȱ ·››ŽŠȱ ˜ž›Ž—³˜ȱ iniciadas em 18 de Maio Marques-Transvaal, a segunda maior de que Actualmente, a empresa Portos e Caminhos ‘¤ȱ›Ž’œ˜ȱ—Šȱ›’ŒŠȱžœ›Š•ǰȱ–Š›ŒŠŸŠȱ˜ȱę–ȱŽȱ de Ferro de Moçambique (CFM) tem vindo a ŽȱŗŞŞŜǰȱŠ—˜ȱ˜ȱ•Š˜ȱ nove anos de intensas obras, iniciadas em 18 registar um crescimento nas quantidades de sul-africano quanto do de Maio de 1886, tanto do lado sul-africano cargas manuseadas. A título de exemplo, o quanto do lado moçambicano. manuseamento de cargas ao nível das ferro- lado moçambicano. A preferência dos transvalinos por Lourenço vias passou de cerca de 13 milhões de tone- Š›šžŽœǰȱ‘˜“ŽȱŠ™ž˜ǰȱꌘžȱŠȱŽŸŽ›ȬœŽȱ¥ȱ•˜- ladas métricas, em 2015, para mais de 20 mi- neladas, em 2019. ŒŠ•’£Š³¨˜ȱŽœ›Š·’ŒŠȱ˜ȱ˜›˜ȱŽȱŠ™ž˜ǰȱ—Šȱ lhões e meio, em 2019. A nível dos portos, o A história dos Portos e Caminhos de Ferro altura tido como porta segura ao mar, para o manuseamento de carga evoluiu de 32.4 mi- de Moçambique está intrinsecamente ligada à escoamento do ouro e outros minérios vindos lhões, em 2015, para quase 45 milhões de to- história do país, e, nalgum momento, a empre- Šȱ›’ŒŠȱ›Ž’¨˜ȱ˜ȱ›Š—œŸŠŠ•ǯ Savana 10-07-2020 DIVULGAÇÃO 23

2 125 Anos Movimentando pessoas e bens Julho | 2020

CFM e o surgimento da CFM introduziu outros sistemas de transporte cidade de Maputo Foi graças à importância estratégica dos Cami- no país nhos de Ferro e do Porto de Lourenço Marques que o regime colonial português decidiu desviar para o sul o centro da gravidade de todo o siste- ma político-administrativo, acabando por mudar a capital, de Ilha de Moçambique para Lourenço Š›šžŽœǰȱ’—’Œ’Š—˜ȬœŽȱŠœœ’–ȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱ˜ȱšžŽȱ mais tarde viria a ser conhecido como cidade de Maputo. É que, devido à sua riqueza em recursos natu- rais, a cidade sul-africana do Transvaal era consi- derada uma nova Califórnia, e, como tal, Lourenço Marques, por ser o caminho mais curto, era a porta de entrada de vários aventureiros, vindos de todo o mundo. —ŽœȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱŠȱ•’—‘Šȱ·››ŽŠȱŽȱ˜ȱ™˜›˜ǰȱ Lourenço Marques era descrita como uma peque- —Šȱ™˜Ÿ˜Š³¨˜ǰȱŒ˜–™˜œŠȱ™˜›ȱžŠœȱ›žŠœȱ’››Žž•Š›Žœǰȱ Œ˜–ȱŒŠœŠœȱŽȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱ™›ŽŒ¤›’ŠȱŽȱŠ•ž–ŠœȱŽȱŠ•- venaria, mas com cobertura de palha. Entretanto, ŽŸ’˜ȱ ¥ȱ œžŠȱ ™˜œ’³¨˜ȱ Žœ›Š·’ŒŠǰȱ ˜ž›Ž—³˜ȱ Š›- ques cresceu rapidamente, com um impulso dado pelos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique. Aliás, um dos principais desenhistas do primeiro mapa arquitectónico da cidade foi um dos enge- nheiros contratados para elaborar um estudo sobre a linha férrea do Transvaal a Lourenço Marques. ȃ˜ž›Ž—³˜ȱ Š›šžŽœȱ Žœ¤ȱ ™ŠœœŠ—˜ǰȱ Žȱ Š—˜ȱ Ž–ȱ Foi graças a esta importante rede ferroviária Moçambique. Š—˜ǰȱ™˜›ȱ–˜’ęŒŠ³äŽœȱ™›˜ž—ŠœȱšžŽȱŠȱ˜›—Š–ȱž–ȱ e cadeia de infra-estruturas que mais tarde Mo- ˜ȱŠžŽȱŠȱŽ¡™•˜›Š³¨˜ȱ˜ȱ›Š—œ™˜›ŽȱŽ››˜Ÿ’¤- dos primeiros empórios mundiais. As suas linhas çambique inaugurou vários outros sistemas de rio, os CFM foram o maior empregador no país, férreas constituem o primeiro factor da sua activi- transportes, como é o caso do transporte rodoviá- chegando a gerar mais de 19 mil postos de traba- dade comercial e do seu progresso”, testemunhou rio, através da camionagem; o marítimo, através •‘˜ǰȱ›Š³Šœȱ¥ȱœžŠȱ’ŸŽ›œ’ęŒŠ³¨˜ȱŽȱ’—ŸŽœ’–Ž—˜œǰȱ ž–Šȱ™ž‹•’ŒŠ³¨˜ȱ•’œ‹˜ŽŠȱŽȱ—˜–Žȱ •žœ›Š³¨˜ȱ˜›ž- dos portos, umbilicalmente ligados a si; e aéreo, através da aposta no transporte marítimo, rodo- guesa, nos primórdios do século passado. Š›ŠŸ·œȱŠȱ’Ÿ’œ¨˜ȱŽȱ¡™•˜›Š³¨˜ȱŽȱ›Š—œ™˜›Žȱ viário e aéreo. Nessa altura, para além da linha férrea do Trans- ŸŠŠ•ȱ Šȱ ˜ž›Ž—³˜ȱ Š›šžŽœǰȱ šžŽȱ ꌘžȱ Œ˜—‘ŽŒ’Šȱ Aéreo (DETA), que mais tarde viria a ser transfor- Maior parte dos trabalhadores estavam sedea- mais tarde como Corredor de Ressano Garcia, já mada em Linhas Aéreas de Moçambique, após as dos nos distritos, em acomodações dos CFM e existia uma curta linha que terminava na Vila Luí- nacionalizações. —¨˜ȱœàǰȱ˜ȱšžŽȱŽ£ȱœž›’›ȱŸ¤›’˜œȱ‹Š’››˜œȱŽ››˜Ÿ’¤›’˜œȱ sa, hoje Marracuene, a qual viria mais tarde ser es- O serviço público de camionagem, que surge em quase todo o país. tendida até à cidade económica de Bulawayo, na em 1930, com uma frota considerável de camiões, ˜›ȱŽœœŠȱ›Š£¨˜ǰȱ˜œȱŠ–’—‘˜œȱŽȱŽ››˜ȱŽȱ˜- Rodésia do Sul, actual Zimbabwe, tornando-se no torna-se complementar ao transporte de cargas çambique chegaram mesmo a ser considerados importante Corredor do Limpopo. para diversos pontos do país, a partir de diversas Para além desses dois importantes corredores, estações ferroviárias e de alguns portos para re- Moçambique possui uma vasta rede de linhas fér- giões remotas. Esta importante rede de transpor- reas em todas as regiões (sul, centro e norte), que, tes rodoviários, foram fundamentais para a aber- para além do importante papel de transporte de tura de algumas das principais estradas e vias de ™Žœœ˜ŠœȱŽȱ‹Ž—œǰȱŠ›Š—Ž–ȱŠȱ•’Š³¨˜ȱŒ˜–ȱ™ŠÇœŽœȱ˜ȱ acesso hoje conhecidas ao longo do país. Interland, ou seja, Zimbabwe, Malawi e Zâmbia, Na mesma década, concretamente em 1936, a incluindo a África do Sul. Maior parte desses cor- Œ›’Š³¨˜ȱ Šȱ ȱ ™Ž•˜œȱ Š–’—‘˜œȱ Žȱ Ž››˜ȱ Žȱ redores foi construída durante os primeiros trinta Moçambique, passando a explorar o transporte anos do século passado, ou seja, de 1900 a 1930. aéreo, colocou o país na rota de desenvolvimen- Trata-se, na zona sul, dos Caminhos de Ferro ˜ǰȱŒ˜–ȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱ˜œȱ™›’–Ž’›˜œȱŠŽ›˜™˜›˜œȱŽȱ de Gaza, construídos em 1909; da Linha de Goba aeródromos em diversos cantos do país. Impor- (Lourenço Marques-Swazilândia), em 1912; e a Šȱ›ŽŽ›’›ȱšžŽȱ˜³Š–‹’šžŽȱ’—’Œ’˜žȱŠȱŽ¡™•˜›Š³¨˜ȱ Œ˜—œ›ž³¨˜ȱ Šȱ ’—‘Šȱ ˜ȱ ’–™˜™˜ǰȱ Ž–ȱ ŗşŘşǯȱ Šȱ ˜ȱ ›Š—œ™˜›Žȱ Š·›Ž˜ȱ –ž’˜ȱ Š—Žœȱ Šȱ Ž—¨˜ȱ –Ž- ȃž–ȱœŠ˜ȱŽ—›˜ȱŽȱž–ȱœŠ˜Ȅǰȱ™˜’œǰȱŠ·ȱŽœœŠȱ £˜—ŠȱŒŽ—›˜ǰȱ˜ȱŽœŠšžŽȱŸŠ’ȱ™Š›ŠȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ǰȱŽ–ȱ trópole, Portugal, onde o serviço aéreo só foi in- altura, quase todos os sectores gravitavam em 1893, da linha férrea a partir do Pungoè em direc- ³¨˜ȱ¥ȱ›˜—Ž’›ŠȱŠȱ˜·œ’ŠǰȱŽ—˜ȱœ’˜ȱŒ˜—Œ•žÇŠȱ troduzido em 1945, ou seja, nove anos depois de volta dos CFM. em 1896; a partir de Quelimane e no sentido do desses povoados e vilas o papel de provedor de Gurué, construíram-se, em 1922, 143 km de linha. Um Estado dentro de um serviços sociais básicos, como água (através das Simultaneamente, a Trans-Zambezia Railways imponentes torres de água, até hoje existentes nas ˜–™Š—¢ǰȱ ™˜›ȱ Œ˜—ŒŽœœ¨˜ȱ ˜ȱ ˜ŸŽ›—˜ȱ ™˜›žž¹œǰȱ Estado Š‹›’žȱŠȱŽ¡™•˜›Š³¨˜ȱŽȱŘśŚȱ”–ȱŽȱ•’—‘Šȱ·››ŽŠǰȱšžŽǰȱ estações ferroviárias), energia, entre outros. Tal como aconteceu com Lourenço Marques, partindo de Dondo, a 26 km do Porto da Beira, se- Igualmente, os Caminhos de Ferro de Moçam- ž’ŠȱŽ–ȱ’›ŽŒ³¨˜ȱ¥ȱ›˜—Ž’›ŠȱŠȱ’ŠœœŠ•¦—’ŠȱŠ·ȱ ‘˜“ŽȱŠ™ž˜ǰȱꌘžȱŠȱŽŸŽ›ȬœŽȱŠ˜œȱŠ–’—‘˜œȱŽȱ bique tiveram um papel preponderante no desen- ao rio Zambeze. Ž››˜ȱŽȱ˜³Š–‹’šžŽȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱ˜ȱ™ŠÇœǰȱ™˜›ȱ volvimento do desporto, tendo sido responsáveis Na zona norte, o destaque vai para a constru- Ž›ȱœ’˜ȱž—Š–Ž—Š•ȱ—Šȱę¡Š³¨˜ȱŽȱ–ž’ŠœȱŸ’•Šœȱ ™Ž•Šȱ Œ˜—œ›ž³¨˜ȱ Žȱ ’–™˜›Š—Žœȱ ’—›ŠȬŽœ›žž›Šœȱ ³¨˜ǰȱŽ–ȱŗşŘşǰȱŽȱž–Šȱ•’—‘ŠȱšžŽȱ™Š›’Šȱ˜ȱ’–‹˜ȱ e povoações ferroviárias, que foram surgindo ao desportivas, com destaque para o Estádio da Ma- Ž–ȱ’›ŽŒ³¨˜ȱ¥ȱ›˜—Ž’›Šȱ˜ȱ’ŠœœŠ•¦—’ŠǰȱœŽž’—˜ȱ •˜—˜ȱŠȱ•’—‘ŠȱŽȱ—¨˜ȱœàǯ Œ‘ŠŸŠǯȱ¨˜ȱŽœŽȱœŽ–™›Žȱ˜ȱ™›’—Œ’™Š•ȱꗊ—Œ’Š˜›ȱ mais tarde até Nampula e depois até Nova Freixo Para além de garantir o transporte de bens e da actividade desportiva no país, através dos clu- (Cuamba). passageiros, a CFM desempenhava em muitos bes ferroviários espalhados por todo o país.

Endereço: Praça dos Trabalhadores Estacão Central-Maputo N0 101 24 DIVULGAÇÃO Savana 10-07-2020

Julho | 2020 125 Anos Movimentando pessoas e bens 3

A Independência e a debandada dos engenheiros e técnicos portugueses

ogo após a independência, numa altu- ›ŠȱŽ–ȱšžŽȱœŽȱ’–™ž—‘Šȱ˜ȱŽœŠę˜ȱŽȱŠ›ȱ continuidade ao tráfego para assegurar a logística dos transportes, a empresa LPortos e Caminhos de Ferro de Moçambique foi confrontada com a debandada da mão-de- -obra portuguesa, incluindo maquinistas, téc- nicos e engenheiros.

’Š—ŽȱŠȱœ’žŠ³¨˜ǰȱ˜œȱ–Š’œȱŽȱŘśŖŖȱŽ››˜Ÿ’¤›’˜œȱ moçambicanos formados durante anos, na Escola Ž››˜Ÿ’¤›’ŠǰȱŽ–ȱ —‘Š–‹Š—Žǰȱ’ŸŽ›Š–ȱŠȱ–’œœ¨˜ȱŽȱ substituir e assegurar a continuidade das linhas, —¨˜ȱœàȱ™Š›Šȱ–Š—Ž›ȱž˜ȱŠšž’•˜ȱšžŽȱ‘ŠŸ’Šȱœ’˜ȱ feito, mas também criar melhorias para servir mais e melhor às diversas regiões do país. Fruto do contributo daquela fornalha de ho- mens e mulheres, hoje, as locomotivas dos Cami- Decano do CFM, Falcão Machado Dr. Alberto Elias nhos de Ferro de Moçambique têm sido de ex- celência, quer no transporte de carga para países conómica do país, pelo seu papel preponderante e Malawi. Sem dúvidas, esta foi a linha que mais vizinhos, quer no transporte de passageiros para —¨˜ȱœàȱ—Šȱ’—Š–’£Š³¨˜ȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ǰȱ–ŠœȱŠ–- sofreu durante o período da guerra. Foi uma al- áreas urbanas, assim como para o interior, tan- bém no crescimento do país. ž›ŠȱŽ–ȱšžŽȱ’ŸŽ–˜œȱšžŽȱœžœ™Ž—Ž›ȱŠȱŒ’›Œž•Š³¨˜ǯȱ to através das linhas de Ressano Garcia, Goba e Os CFM, como empresa de transportes, aca- Mas na zona centro, a Linha de Machipanda, Chicualacuala, no sul; do Corredor Beira-Machi- baram tendo camiões automóveis, exploraram o assim como nas linhas do norte e sul, como por panda, no centro; bem como através da Linha do transporte marítimo e aéreo. Portanto, todos os exemplo, na Linha do Limpopo, os CFM sempre Norte, com destaque para o Corredor de Nacala ramos de transporte foram explorados pela em- Žœ’ŸŽ›Š–ȱ ˜™Ž›ŠŒ’˜—Š’œǰȱ —¨˜ȱ ˜‹œŠ—Žȱ Šœȱ Ÿ¤›’Šœȱ até Lichinga. presa até ao ano de 1980. O primeiro a desligar- œŠ‹˜ŠŽ—œȱŽȱŽœ›ž’³¨˜ȱŽȱ–ž’˜œȱ–ŠŽ›’Š’œǰȱ’—- Concebida no tempo colonial como um serviço -se foi o transporte aéreo, e mais tarde o Governo cluindo locomotivas”, recorda Machado. público, após a independência, a empresa Portos tentou criar a CAMOC, que era uma empresa ŠŒ‘Š˜ȱ —¨˜ȱ Ž–ȱ øŸ’Šœȱ Žȱ šžŽȱ ŽœŽȱ ˜’ȱ ˜ȱ e Caminhos de Ferro de Moçambique passou por ŽȱŒŠ–’˜—ŠŽ–ǰȱ–Šœȱ—¨˜ȱŒ‘Ž˜žȱŠȱ˜›–Š›ȬœŽǯȱȱ –˜–Ž—˜ȱ–Š’œȱŽœŠęŠ—ŽǰȱŠ—˜ȱ™Š›ŠȱŠȱŽ–™›ŽœŠȱ várias transformações, tendo em 1980 sido trans- camionagem nos CFM deve ter terminado por quanto para os trabalhadores, que tinham a difí- formada em empresa estatal, numa economia de volta dos anos de 1996”, recorda o decano dos Œ’•ȱ–’œœ¨˜ȱŽȱ›ŽŒ˜—œ›ž’›ȱŽȱ›Ž™˜›ȱŠȱ•’—‘ŠȱŽ–ȱŽ–- guerra, em que, devido à sabotagem, havia sido ferroviários. ™˜ȱø’•ǰȱ™Š›Šȱ—¨˜ȱ‘ŠŸŽ›ȱ’—Ž››ž™³¨˜ȱ—Šȱ•˜Çœ’ŒŠǯ obrigada a empreender um grande esforço para Admitido para a empresa em 1957, ou seja, 18 ȃŽŒ˜›˜Ȭ–Žȱ šžŽȱ Œ˜–ȱ Œ˜–™˜—Ž—Žœȱ Žȱ •˜Œ˜- repor os danos e prejuízos que acumulara. anos antes da Independência Nacional, Machado motivas destruídas conseguiu-se montar novas. Com grande parte das vias dilaceradas pela viveu os principais momentos da história recen- Tivemos um engenheiro, Piedade Sousa, que guerra, na década de 90, os CFM viram-se obri- Žȱ ˜ȱ ™ŠÇœǰȱ ’—Œ•ž’—˜ȱ Šȱ Žœ›ž’³¨˜ȱ ŒŠžœŠŠȱ ™Ž•Šȱ conseguiu recuperar duas locomotivas, ou seja, Š˜œȱŠȱŒ˜—ŒŽœœ’˜—Š›ȱŠȱŽ¡™•˜›Š³¨˜ȱ˜œȱ™›’—Œ’™Š’œȱ guerra dos 16 anos e a de Ian Smith. Durante esse praticamente reconstruiu e pôs duas locomoti- portos, com destaque para o de Maputo, Beira, período, os CFM perderam um grande número vas a funcionar a partir de peças destruídas. Na- Matola e Nacala, no quadro de uma grande re- de locomotivas e tiveram carris e outras infra- turalmente que me sinto bastante orgulhoso de forma institucional. -estruturas sabotadas. ter vivido todos os momentos. A empresa torna- Foi nesse âmbito que mais tarde, em 1994, foi ȃ–‹ŠœȱŠœȱžŽ››Šœȱ’ŸŽ›Š–ȱŠŒ³äŽœȱŽŸŠœŠ˜›Šœȱ -se cada vez mais importante, com um índice de transformada em empresa pública, culminan- crescimento bastante considerável”, sublinhou. do com a melhoria constante e permanente na Admitido para os quadros dos CFM, há 18 de Concebida no tempo colonial Dezembro de 1972, Alberto Elias, antigo director ™›ŽœŠ³¨˜ȱŽȱœŽ›Ÿ’³˜œǯȱ–ȱŗşşŝǰȱ·ȱŠ™›˜ŸŠ˜ȱž–ȱ como um serviço público, após ›˜›Š–ŠȱŽȱŽŽœ›žž›Š³¨˜ȱ —œ’žŒ’˜—Š•ȱŽȱ–- Comercial e do Porto de Maputo, entre outras ™›ŽœŠ›’Š•ȱ ™Š›Šȱ Šȱ ›ŠŒ’˜—Š•’£Š³¨˜ȱ Šȱ –¨˜ȬŽȬ˜‹›Šǰȱ a independência, a empresa várias funções, conta que, após a debandada de ›ŠŒ’˜—Š•’£Š³¨˜ȱ ˜œȱ ŠŒ’Ÿ˜œȱ ę¡˜œȱ Žȱ ’ŸŽ›œ’ęŒŠ³¨˜ȱ Portos e Caminhos de Ferro de quadros portugueses, o país tinha apenas um ou de negócios. dois maquinistas e alguns fogueiros, e graças a Moçambique passou por várias Ÿ’œ¨˜ȱŽȱ•ŒŠ—›ŠȱŠ—˜œȱŠȱŽ–™›ŽœŠȱ—¨˜ȱŒ˜•Š™œ˜žǯ transformações, tendo em 1980 CFM resistiu à destruição e sido transformada em empresa sabotagem da guerra civil e estatal, numa economia de guerra, dos ataques de Ian Smith em que, devido à sabotagem, havia sido obrigada a empreender um grande esforço para repor os Š•Œ¨˜ȱ ŠŒ‘Š˜ǰȱ ž–ȱ ˜œȱ –Š’œȱ Š—’˜œȱ ›Š‹Š- danos e prejuízos que acumulara. lhadores dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, que ingressou como contabilista, passando depois pelos Recursos Humanos, mas para os CFM, mas a empresa conseguiu sobrevi- šžŽȱŠŠȱŠȱœžŠȱ™›˜ęŒ’¹—Œ’ŠȱŠŒŠ‹˜žȱ™˜›ȱŠœœž–’›ȱ ver e manter as linhas sempre em funcionamento, Ÿ¤›’˜œȱ ŒŠ›˜œȱ Žȱ ’›ŽŒ³¨˜ȱ —Šȱ Ž–™›ŽœŠǰȱ ŽœŒ›ŽŸŽȱ ¥ȱŽ¡ŒŽ™³¨˜ȱŠȱ’—‘ŠȱŽȱŽ—ŠǰȱšžŽȱŽ›Šȱ–ž’˜ȱŽ¡- ȃ˜ȱ ŸŽ›ȱ ˜˜œȱ šžŠ›˜œȱ ™˜›žžŽœŽœȱ ’›Ž–ȬœŽȱ ˜œȱȱŒ˜–˜ȱœŽ—˜ȱŠȱ–Š’˜›ȱ›Š–’ęŒŠ³¨˜ȱœ˜Œ’˜Ž- tensa, com cerca de 385 quilómetros, entre Dondo embora, Eng. Alcantra Santos fez cursos inten-

Endereço: Praça dos Trabalhadores Estacão Central-Maputo N0 101 Savana 10-07-2020 DIVULGAÇÃO 25

4 125 Anos Movimentando pessoas e bens Julho | 2020

sivos para todas as áreas e com muito ou pouco conhecimento, porque havia muito nacionalismo, as pessoas asseguraram. O aspecto revolucioná- Aquisição de carruagens, locomotivas, ›’˜ȱŽ›Šȱ¨˜ȱ›Š—ŽȱšžŽȱšžŠ•šžŽ›ȱž–ȱŽœŽŸŽȱ–˜‹’- lizado para a partir da sua especialidade fazer o seu melhor. Foi a partir daí que acabaram apare- vagões e outros equipamentoss cendo maquinistas, fogueiros e todas as outras es- pecialidades. Recorreu-se a universidade, foram ‹žœŒŠ›ȱŠ•ž—œȱŽœžŠ—ŽœȱšžŽȱŽœŠŸŠ–ȱ—˜ȱę–ȱŽȱ vieram para aqui, como o caso do Ilídio Dinis, Óscar Dinis, Ferreira Mendes, entre outros que tiveram um aspecto pragmático”. Um dos melhores contribuintes para os cofres do Estado

Em face do seu crescimento, os Caminhos de Ferro de Moçambique destacam-se, nos últi- Só em 2018, a CFM fez um investimento na mos anos, como um dos principais contribuin- de cargas e transporte de pessoas. ordem dos 95 milhões de dólares para a aqui- tes para os cofres do Estado, através de receitas No âmbito do seu Plano Estratégico, para œ’³¨˜ȱ Žȱ ŒŠ››žŠŽ—œǰȱ •˜Œ˜–˜’ŸŠœǰȱ ŸŠäŽœȱ Žȱ Žȱ’Ÿ’Ž—˜œǰȱꌊ—˜ȱœ˜–Ž—ŽȱŠ›¤œȱ˜ȱŠ—Œ˜ȱ reforçar a capacidade de reboque, a empresa de Moçambique. Só para se ter uma ideia, em 2017, de um total de 11 empresas, os CFM tiveram uma contribui- ³¨˜ȱŽȱŗǰŘŗŞǯŗȱ–’•‘䎜ȱŽȱ–Ž’ŒŠ’œȱ™Š›Šȱ˜œȱŒ˜›Žœȱ do Estado, e no ano seguinte, 2018, devido a vá- ›’˜œȱŠŒ˜›ŽœȱŒ˜—“ž—ž›Š’œǰȱŠȱŒ˜—›’‹ž’³¨˜ȱ˜’ȱŽȱ 362.2, correspondentes a 8,9 por cento, segundo dados da Conta Geral do Estado referente àque- le ano. A empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) registou um crescimento nas quantidades de carga manuseada, passando de cerca de seis milhões de toneladas métricas, em 2017, para mais de sete milhões, em 2018, o que representa um incremento na ordem dos 19 por cento. Essa cifra permitiu àquela empresa equipamento ferroviário moderno, com vis- atingir um lucro no montante de 18.8 biliões de adquiriu 300 vagões e seis locomotivas para ta a reforçar a sua capacidade de logística de meticais. o transporte de cargas, destinados exclusiva- transporte e garantir melhor manuseamento Ao todo (incluindo as duas concessionárias da mente para a Linha de Ressano Garcia. ›Ž’¨˜ȱ—˜›ŽǼǰȱŽ–ȱŘŖŗŞǰȱ˜›Š–ȱ›Š—œ™˜›ŠŠœȱŒŽ›- Este investimento permitiu reposicionar a ca de 23.7 milhões de toneladas líquidas, o que empresa como actor estratégico para o trans- corresponde a um crescimento de 6.4 por cento porte de carga vinda da África do Sul e de ou- Šȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱŽȱŘŖŗŝǰȱŽ–ȱšžŽȱœŽȱę¡˜žȱŽ–ȱŘŘǯřȱ tros países, que transita no território nacional milhões de toneladas líquidas. até aos portos de Maputo e Matola, numa al- No geral, naquele ano, o sistema portuário tura em que se regista um aumento de trânsito registou um crescimento de 5.5 por cento, atin- de camiões, sobretudo na EN4, sentido África gindo cerca de 46 milhões de toneladas métri- do Sul-Ressano Garcia-Porto de Maputo, facto cas manuseadas, contra cerca de 44 milhões em que tem causado grandes transtornos na circu- •Š³¨˜ȱ›˜˜Ÿ’¤›’Šǯ 2017. ¤ȱ —˜œȱ œŽ›Ÿ’³˜œȱ Ž–ȱ Ž››Šǰȱ Žœ™ŽŒ’ęŒŠ–Ž—Žȱ —˜ȱ Tendo em vista continuar a contribuir para œ’œŽ–Šȱ Ž››˜Ÿ’¤›’˜ǰȱ —˜œȱ Œ˜››Ž˜›Žœȱ œ˜‹ȱ Žœ¨˜ȱ Šȱœ˜•ž³¨˜ȱŽę—’’ŸŠȱŽœŠȱœ’žŠ³¨˜ǰȱŽ–ȱŠ•’—‘Š- da CFM Sul e Centro, foram transportados cer- mento com outras entidades (principalmente ca de 11.4 milhões de toneladas líquidas, supe- com as Alfândegas), a CFM está a construir um rando o plano em cerca de nove por cento, e ti- porto seco, em Ressano Garcia, para onde os ŸŽ›Š–ȱž–ŠȱŸŠ›’Š³¨˜ȱ™˜œ’’ŸŠȱŽȱŒŽ›ŒŠȱŽȱ˜’œȱ ŒŠ–’䎜ȱ™˜Ž›¨˜ȱŽœŒŠ››ŽŠ›ǰȱŽǰȱŽȱ•¤ǰȱŠœȱŒŠ›- ™˜›ȱ ŒŽ—˜ȱ ˜ȱ ›Š—œ™˜›Š˜ȱ Ž–ȱ ŘŖŗŝǰȱ šžŽȱ ꌘžȱ Šœȱ œŽ›¨˜ȱ Œ˜•˜ŒŠŠœȱ Ž–ȱ ŸŠäŽœǰȱ Œ˜–ȱ Žœ’—˜ȱ em cerca de 11.1 milhões de toneladas líquidas. aos portos de Maputo e/ou Matola.

Endereço: Praça dos Trabalhadores Estacão Central-Maputo N0 101 Produção: S.T. PROJECTOS E COMUNICAÇÃO www.stpc.co.mz 26 SOCIEDADE Savana 10-07-2020

2EUDVS~EOLFDV UGEA são responsáveis pela má qualidade 3RU$UJXQDOGR1KDPSRVVD

ntervenientes do sector das co usual em Moçambique, mas obras públicas apontam o dedo muito importante noutros países. acusador às unidades gestoras Falou da necessidade de o Gover- Ie executoras das aquisições no apostar na criação de uma ma- (UGEA) pela fraca qualidade das triz de “standardização” das obras obras públicas em Moçambique. para escolas, hospitais, materni- A qualidade das construções do dades e edifícios do Estado, o que Estado foi tema de uma reflexão vai contribuir para a determinação sobre “O papel de projectistas dos padrões de qualidade e preços, e fiscais na qualidade de obras” mas também minimizar actos de promovido pelo Ministério das corrupção. Obras Públicas, Habitação e Re- White abordou a problemática da cursos (MOPHRH). programação financeira no sector das obras, referindo que a mesma não é boa para o sector. O encontro juntou antigos di- Os constantes atrasos no desem- rigentes do sector, empreiteiros, bolso de fundos prejudicam os fiscais, projectistas, consultores e empreiteiros e a qualidade da outros protagonistas da área. obras, porque estas ficam parali- O arquitecto Mário do Rosário MOPHRH busca propostas para colmatar fraca qualidade nas obras públicas sadas e sem data para o arranque. criticou a falta de um conceito so- A falta de transparência é um dos capaz, geralmente entre antigos aquilo que o fiscal deixa ser: “Eu Por fim, o ministro das Obras Pú- bre bem público, defendendo que males que prejudicam a qualidade dirigentes. prefiro um bom fiscal a fiscalizar blicas, Habitação e Recursos Hí- essa definição inclui a projecção de das obras no país e o cenário vai A falta de manutenção das obras é um mau projecto do que um mau dricos, João Machatine, acolheu as uma edificação capaz de durar no se agravando a cada dia, declarou outro nó de estrangulamento que fiscal a fiscalizar um bom projec- propostas apresentadas e compro- mínimo durante 50 anos. Francisco Pereira. concorre para o rápido desgaste to”, referiu. meteu-se a trabalhar no sentido de Rosário observou que as obras O quadro, prosseguiu Pereira, pio- das obras. “Se o fiscal recebe um mau pro- mudar a situação. públicas têm sido aprovadas com rou com a criação das UGEA ao Carlos Fragoso, engenheiro e anti- jecto, é seu dever vê-lo e colocá- Disse estar atento à corrupção e especificações técnicas incomple- nível dos distritos, sem haver pes- go director da ANE (Administra- -lo em condições e fazer com que sugeriu a simplificação dos pro- tas, situação que concorre para a soal qualificado para o efeito. ção Nacional de Estradas), apon- o empreiteiro possa implementar cessos como melhor forma de precariedade das construções. “Eu disse que isto é um grande tou a falta de capacidade para a e acompanhar o dia a dia e passo combater o fenómeno. A recente O MOPH, prosseguiu o arqui- negócio. Isso é evidente na forma implementação de diversas estra- a passo aquilo que o empreiteiro criação da Inspecção Geral das Obras Públicas é vista como uma tecto, é culpado por permitir esse como as pessoas ganham os con- tégias e regulamentos aprovados está a fazer”, disse. ao longo do tempo. Por sua vez, o antigo ministro das luz no fundo do túnel para resolver cenário. Mas as responsabilidades cursos mesmo sem qualificações”, Fragoso apelou às entidades res- Obras Públicas e Habitação, Ro- a fraca qualidade das obras, pois têm sido, regra geral, assacadas anotou. O antigo vice-ministro defendeu ponsáveis pelas obras públicas berto White, propôs a introdução espera–se que venha actuar como aos empreiteiros que executam as que é urgente a revisão do papel para revisitarem a documentação da figura de gestor do projecto, uma espécie da INAE, mas pre- obras e não aos projectistas das UGEA, retirando destas enti- produzida de modo a corrigir al- que passará a controlar as partes valecem algumas reticências pelo Como exemplo, no seu entender, é dades a componente das obras por gumas falhas na supervisão dos envolvidas, em representação dos facto de ainda não dispor de auto- o facto de em muitos projectos o ser uma área bastante peculiar. contratos. interesses do Estado. nomia administrativa, financeira e Governo determinar que a estru- Disse que grande parte dos estra- Para Fragoso, o empreiteiro é Disse tratar-se de uma figura pou- patrimonial. tura de aço em certas obras tenha gos verificados na zona centro do dois milímetros contra os quatro país, na sequência do ciclone Idai, milímetros aconselháveis. foram provocados pela má quali- Essa situação foi constatada nas dade das obras. obras de reconstrução de escolas Fez menção às estruturas de su- EDM com lucro de 80% na venda de acções da HCB destruídas pelo ciclone Dineo na porte dos edifícios, alguns dos província de Inhambane, acres- quais sem vigas e com espessura HCB comprou 7,5% venda de 2,5%, mas o excesso plano de investimento da com- centou Mário do Rosário. de chapas para cobertura não re- das acções da EDM de procura ditou o aumento da panha – Capex-Vital. “Estamos a repetir os mesmos er- comendável, tendo questionou a na barragem por 94,5 oferta por parte da hidroeléctri- O Capex-Vital foi também fi- ros cometidos há 20 anos”, subli- fiscalização das obras. milhões de dólares, ca. nanciado através de lucros e em- “Não temos instituições que apro- A permitindo à empresa de distri- A companhia já anunciou a in- nhou o arquitecto. préstimos bancários. Para a correcção da situação, a vam obras tecnicamente, apenas buição de electricidade um lucro tenção de colocar em bolsa mais O administrador-financeiro da fiscalização deve ter uma compo- aprovam administrativamente”, de 80% pelas participações que 3,5% das suas acções. HCB avançou que a operação nente técnica e científica e a legis- disse. comprou em 2012, lê-se no rela- Actualmente, as acções da HCB bolsista não visava apenas a an- lação deve obrigar os profissionais Francisco Pereira ressalvou a per- tório e contas da hidroeléctrica. estão avaliadas em quatro meti- gariação de capital no mercado, a cumprirem as suas obrigações, tinência da criação de uma en- cais cada, o que significa que os mas também a exposição da bar- A EDM havia comprado os títu- remanescentes 3,5% da hidroe- frisou Mário do Rosário. tidade com o papel de revisão de ragem ao escrutínio público. los da HCB em 2012, através da léctrica estão cotados em 3,85 Outra solução, continuou, será a projectos. Esse escrutínio, adiantou, é fun- sua subsidiária CESA por 52,5 mil milhões de meticais, o equi- retirada da carteira profissional aos Para António Muianga, da em- damental para a credibilidade da milhões de dólares. valente a 55 milhões de dólares especialistas que não apresentam presa CPG, defendeu a equação: empresa e maior capacidade de A reversão da quota foi financia- ao câmbio actual. um trabalho de qualidade. qualidade-preço-prazo, visando o angariação de recursos no mer- da pelo Millennium Bim. No ano passado, a HCB reem- Para Mário do Rosário, a corrup- alcance do resultado final. cado interno e externo em con- “É preciso ter quadros qualificados Em Maio do ano passado, a bolsou o empréstimo do Millen- ção nas obras públicas prospera HCB colocou 4% das suas par- nium Bim usado para a compra dições mais favoráveis. devido à falta de profissionalismo para executarem as tarefas, mas Em 2019, os resultados opera- quem deve emitir parecer acer- ticipações na Bolsa de Valores de dos 7,5% da participação da nas entidades responsáveis pelos Moçambique (BVM), através de EDM. cionais da HCB cresceram 4,1% concursos e nos empreiteiros. ca da qualidade não é qualificado para 9,98 mil milhões de meti- para o efeito”, explicou Muchanga. uma operação pública de venda O administrador-financeiro da (OPV). hidroeléctrica, João Gameiro, cais contra 9,59 mil milhões de 5HTXDOLÀFDU8*($ Os fiscais são contratados depois A HCB vendeu cada acção por disse ao Zitamar que a empresa meticais em 2018. Francisco Pereira, antigo vice-mi- de as obras arrancarem e não há três meticais, arrecadando 3,3 pagou o empréstimo, para evitar A melhoria no desempenho foi nistro das Obras Públicas e Habi- tempo para estudarem devida- mil milhões de meticais pela a flutuação de juros dadas as con- propiciada pela queda normal tação e actual director do Gabinete mente os projectos, referiu. venda dos 4%, o equivalente a dições adversas do mercado. das chuvas na barragem, con- Em muitos concursos, opta-se de Reconstrução-Pós Ciclones Idai 52 milhões de dólares à taxa de Os recursos que a HCB mobili- trariando previsões de seca na e Kenneth assinalou que a actuação pelo critério de menor preço, o que câmbio da altura. zou através da cotação em bolsa região em que se situa a hidroe- do projectista, empreiteiro e fiscal é faz com que as obras sejam adju- O plano inicial da HCB era a foram também usados para o léctrica. crucial para a qualidade das obras. dicadas a um empreiteiro menos Savana 10-07-2020 INFORMAL 27

Pedro Madruga (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos)

Bom preço, tio!

crise da Covid-19 transformou muitas cidades capitais mo- çambicanas de improviso num autêntico pandemónio pan- démico. A pressa de reorganizar os mercados informais nas Azonas urbanas e suburbanas fez com que gestores municipais desorganizassem o negócio das mais famosas comadres desta página. O dumbanengue está a ocupar os quintais, passeios de muitas famílias. Teresa e Felismina tiveram de tomar uma atitude enérgica e restrutu- rar o negócio. Por causa disso, hoje em dia, senhoras, senhores, jovens e crianças andam à rasca, sentados em casa diante das bancas e outros ainda na rua, à espera de vender tudo ao primeiro cliente que lhes lança os olhos. Não foi por acaso que o velho José Craveirinha recebeu a alcunha de Senhor dos vaticínios infalíveis, ao afirmar, há mais de trinta anos, que o campo tinha assaltado a cidade. Os jovens da polícia municipal e os famosos cinzentinhos que hoje atormentam o grosso dos vendedores informais estava noutros carnavais, noutros mapikos e xingombelas com os pais, a levantarem poeira da sua juventude. - Comadre, eu acho que o sofrimento é um primo dos políticos. - Como assim, comadre, o que te mordeu querida? - Mas não estás a ver, Teresa. Já imaginaste o que será de nós mais logo? - Como assim, Felismina? - Que tal não voltarem aquelas todas Marias, a quem entregamos nos- sos produtos para venderem na rua? - Xihh!, tens razão, comadre. Eu é que estou atrapalhada a pensar no salário que cortaram ao meu marido… - Tazáver, ném? A dor é uma grande brada dessa malta. Eles nos me- teram aqui onde nem um ventuzito chega. Nessas bancas onde Judas perdeu as cuecas. E estamos com as calças nas mãos, a tremer de medo, a desconfiar de quem devemos confiar, comadre. - É verdade. Liguei para a Raquelina que está com aquele grupo da terminal de Xikhelene. Ela não me atende, comadre. - Bate na madeira, comadre. Há muito barrulho nas paragens. Ela deve estar muito ocupada a gritar «bom preço, tio».Vamos confiar, irmã. - Deus é pai, filha. Não vamos dar sorte ao azar! Acabei de receber mensagem da malta do pão, rachel e badjia. Acabaram tudo há pouco tempo. - Aleluia! A sorte ainda nos cumprimenta, comadre! E que tal o cunha- do lá na banca de alface? - Está a dar-se bem ali na rua das velhas glórias, comadre. - Não me faça rir, Teresa. Isso até parece nome dele… À HORA DO FECHO www.savana.co.mz EF+VMIPEFt"/0997**t/o 1383

Foto: Ilec Vilanculos Diz-se... Diz-se

t -PHPOPJOÓDJPEBQBOEFNJB VNBBOUJHBNJOJTUSBEB&EVDB- ÎÍP  EJTTF RVF FMB QPSJB B OV BT OPTTBT NB[FMBT F JOTVmDJÐO- DJBT&FMBTBÓFTUÍP%BTFTDPMBTTFDVOEÈSJBTRVFUFNPT  BQFOBTUÐNDPOEJÎÜFTEFÈHVBFTBOJUÈSJPTQBSBBMVOPTF QSPGFTTPSFT /PT DFOUSPT EF GPSNBÎÍP EF QSPGFTTPSFT  EF VN UPUBMEFBQFOBTPGFSFDFNDPOEJÎÜFT.PSBMEBIJTUØSJB 0THPWFSOBOUFT FNWF[EFFODIFSFNPTEJTDVSTPTDPNFTUB- UÓTUJDBTEFOÞNFSPTEFBMVOPT FTDPMBTFTBMBTEFBVMBT UBNCÏN EFWJBNQSFTUBSBMHVNBBUFOÎÍPËRVBMJEBEFEBTJOGSBFTUSVUVSBT FYJTUFOUFT&RVBOEPNVJUBTWF[FTPQSPCMFNBÏBUPSOFJSBRVF EFJYPVEFGVODJPOBS PDBOPRVFSPNQFVFBGPTTBRVFFOUVQJV  QSPGFTTPSFTFFODBSSFHBEPTEFFEVDBÎÍPUBNCÏNOÍPmDBNCFN OBGPUPHSBmB t &RVBOEPWBNPTOPRVBSUPNÐTDPNBTFTDPMBTFODFSSBEBTy mOBMNFOUFPHPWFSOPEFTQFSUBQBSBBUSJTUFSFBMJEBEFEBTFT- DPMBTFGFMJ[NFOUFEFTDPCSJV64%NJMIÜFTQBSBSFQBSBÎÜFT EF FNFSHÐODJB (SBÎBT Ë DPWJE  NJMIBSFT EF BEPMFTDFOUFT NPÎBNCJDBOPTWÍPWPMUBSBUFS QFMPNFOPTQPSBMHVNUFNQP  ÈHVBQBSBMBWBSBTNÍPTFVNBDBTBEFCBOIPQBSBBTTVBTOF- DFTTJEBEFT t &DPNPBTBVMBTDPNFÎBNB SFTUBTBCFSDPNPmDBSÈPCSBÎP EFGFSSPFOUSFPTQBJTSFDFPTPTEFNBOEBSPTmMIPTËFTDPMBFP Covid-19 HPWFSOPRVFUFNBPCSJHBÎÍPEFJNQPSPiOPWPwOPSNBM VNB WF[RVFBQBOEFNJBBOEBSÈQPSDÈNVJUPTNBJTNFTFTyFB WJEBOÍPQPEFQBSBS t /P NFJP EB CPB OPWB EPT  NJMIÜFT QBSB SFBCJMJUBÎÜFT EF FNFSHÐODJB VNQSPKFDUPRVFEFWFEBSFNQSFHPTSFBJToF FMO lança iniciativa OÍPPTFNQSFHPTCPMBEBTDBMDVMBEPTQPSVNBDFSUB4E&oIÈ NVJUBTNÍPTFTGSFHBOEPEFDPOUFOUBNFOUPDPNNBJTVNBQP- UFODJBMPQPSUVOJEBEFEFHBOIBSEJOIFJSPGÈDJM3FTUBTBCFSTFP NJOJTUSPCPNCFJSPUFSÈDBQBDJEBEFEFmTDBMJ[BSPTCJTDBUFJSPT BMESBCÜFTRVFQVMVMBNDPNPNPTDBTOBÈSFBEBDBOBMJ[BÎÍPF “Contas Certas” EPTQFRVFOPTUSBCBMIPTEFQÈFDJNFOUP t 4FVOTSJFNDPNPTFNQSFHPTFNQFSTQFDUJWB PVUSPTDIPSBN DPNBEFTEJUBEBHVFSSB/ÍPCBTUBWBNPTKJIBEJTUBTRVFJNB- Fórum de Monitoria EØMBSFTEP'VOEP.POFUÈSJP*O- CJMJ[BÎÍP EF SFDVSTPT mOBODFJSPT SFNUVEPQPSPOEFQBTTBN UBNCÏNPTNJMJUBSFTEPHPWFSOP UFSOBDJPOBM '.* FPVUSPTBQPJPT KVOUP EPT QBSDFJSPT JOUFSOBDJP- do Orçamento (FMO) FOWFSFEBNQFMPNFTNPNØCJM TFNFBOEPNBJTEFTHSBÎBFUBN- lançou, esta quarta- EFNBJTQBSDFJSPTJOUFSOBDJPOBJT OBJT CÏNEFTDSFOÎBOPTÞMUJNPTEJBTFN.PDÓNCPBEB1SBJB"mOBM O-feira, a iniciativa “Res- " BKVEB Ï VNB SFTQPTUB B VN " PSHBOJ[BÎÍP BEJBOUB RVF P WBNPTQFEJSQSPUFDÎÍPPOEF posta à Covid-19 com Contas BQFMP OP WBMPS EF  NJMIÜFT '.* BTTFHVSPV  QPS BMUVSB EP t $PNPPTKPSOBMJTUBTOÍPFTUÍPQPSQFSUPQBSBSFQPSUBS BTSFEFT Certas”, visando a promoção da EF EØMBSFT RVF .BQVUP MBOÎPV BOÞODJPEBTVBBKVEB RVFPHFTUP TPDJBJT BTUBJTGÈCSJDBTEFTPOIPTJSSFBMJ[ÈWFJT DVNQSFNBTVB transparência nos recursos públi- QBSB B MVUB DPOUSB P OPWP DPSP- WJTBWB BKVEBS PT NPÎBNCJDBOPT  NJTTÍP EFOVODJBOEPBQFSEBEFCFOT PWBOEBMJTNPFBTWJPMB- cos destinados ao combate à pan- OBWÓSVT MFNCSBBRVFMBDPMJHBÎÍP  NBTUBNCÏNNBOEBSVNBNFO- ÎÜFTEPTEJSFJUPTIVNBOPTDPNBTTFWÓDJBTJNQPTUBTBUPEPTPT demia do novo coronavírus, refe- BHPSB EJSJHJEB QFMP $FOUSP QBSB TBHFNEBOFDFTTJEBEFEFOPSNB- RVFTÍPTVTQFJUPTEFBQPJBSFNPKJIBEJTNP re a coligação em comunicado. B%FNPDSBDJBF%FTFOWPMWJNFO- MJ[BS B DPPQFSBÎÍP FDPOØNJDB F t &DPNPBWJEBOÍPQÈSB BCBSSBHFNRVFEJ[FNRVFÏOPTTB  BOVODJPVVNEJWJEFOEPEF NFUJDBJTQBSBRVFNDPNQSPV UP $%% MJEFSBEPQPS"ESJBOP mOBODFJSB DPN .PÎBNCJRVF  OB BDÎÜFTBNFUJDBJTQPSVOJEBEF IÈVNBOP"SJUNÏUJDBTJN- "USBWÏT EB i3FTQPTUB Ë $P- /VWVOHB TFRVÐODJBEPDPSUFEBBKVEBEFWJ- WJEw  P '.0  DPMJHBÎÍP EF i"FOUSBEBEFBWVMUBEBTTPNBTEF QMFT RVFNDPNQSPVNJMBDÎÜFTUFNEJSFJUPBMFWBSNFUJDBJT  EPËTEÓWJEBTPDVMUBT NFOPTPTJNQPTUPTFYJHJEPTQFMPNJOJTUSPMBOÎBQFSGVNF*TUP PSHBOJ[BÎÜFT EB TPDJFEBEF DJWJM EJOIFJSPOVNDPOUFYUPFNRVFP /BPDBTJÍP P'.*SFGFSJVUFSJO- QBSBBMÏNEBCBDFMBEFNFUJDBJTEFWBMPSJ[BÎÍPEPQFDÞMJP (PWFSOPQSPDVSBSFDVQFSBSBCPB NPÎBNCJDBOBT WPDBDJPOBEBT Ë DPSQPSBEP NFDBOJTNPT EF DPO- 6NBQFEBHPHJBNBIBMBQBSBB#7.y mTDBMJ[BÎÍP EB HFTUÍP EPT SFDVS- JNBHFN F DPOmBOÎB BGFDUBEBT USPMPEPBQPJPmOBODFJSP JODMVJO- t "JOEBQFMBCBSSBHFNBOEBVNBFNCSVMIBEBNVJUPHSBOEFFO- TPT QÞCMJDPT  QSFUFOEF GB[FS B QFMPFTDÉOEBMPEBTEÓWJEBTPDVMUBT EP B QVCMJDBÎÍP EPT DPOUSBUPT USFPTEPOPTBDDJPOJTUBTEBCBSSBHFNFBTEÓWJEBTNPOVNFOUBJT - BDSFTDFBOFDFTTJEBEFEBJODMVTÍP NPOJUPSJBEPTQSPDFTTPTEFiQSP QÞCMJDPTDFMFCSBEPTOPÉNCJUPEP RVFFTTFNFTNPEPOPBDDJPOJTUBEFWFËCBSSBHFN RVFMIFWFO- DVSFNFOUwFPSBTUSFJPEBEFTQFTB EBTPDJFEBEFDJWJMOBNPOJUPSJBEB DPNCBUFËDPWJE EFFOFSHJBQBSBEJTUSJCVJÎÍPQFMBSFEFOBDJPOBM#PNNFTNP QÞCMJDBOBTQSPWÓODJBTFOPTEJT- SFTQPTUBËDPWJEw EJ[PDPNV- - .BTP'.0FOUFOEFRVFBTHB- FSBRVF&%.F)$#WJFTTFNFYQMJDBSEJSFJUJOIPPRVFTFQBT USJUPT BWBOÎBBOPUB OJDBEP TBEFTEFBGBNPTBSFWFSTÍP SBOUJBT NFODJPOBEBT QFMP '.* 0 (PWFSOP NPÎBNCJDBOP  TVT- 0'.0BTTJOBMBRVFBBKVEBEFWF t -ÈQPSGPSB 5PEE$IBQNBO MFNCSBNTFEFMF 'PJPFODBSSF- OÍP TÍP TVmDJFOUFT QBSB BTTFHV- UFOUBPDPNVOJDBEP EFWFJODMVJS DIFHBSBPTNBJTOFDFTTJUBEPT OP HBEPEFOFHØDJPTEBFNCBJYBEBEPTHSJOHPTRVFFYQFEJVVOT SBSBUSBOTQBSÐODJBOBHFTUÍPEPT B TPDJFEBEF DJWJM OB NPOJUPSJB ÉNCJUP EB QSPUFDÎÍP TPDJBM F EP UFMFHSBNBTRVFQSPWPDBSBNVNBBVUÐOUJDBQBOEFNJBDÈOB1Ï- EPT GVOEPT DBOBMJ[BEPT QBSB P QSJODÓQJPEPiWBMVFGPSNPOFZwOP SFDVSTPTEFTUJOBEPTBPDPNCBUFË SPMBEP¶OEJDP TPCSFUVEPQBSBBGBVOBRVFHSBWJUBWBFNUPSOP DPNCBUF Ë QBOEFNJB  UFOEP FN QSPDVSFNFOUQÞCMJDP DPWJE EP DBDIJNCP 5PEE $IBQNBO  BHPSB FNCBJYBEPS OP #SBTJM  - DPOUBPDPOUFYUPEFSFDVQFSBÎÍP "DPMJHBÎÍPBWJTBRVFWBJFTDSVUJ- i"QBSUJDJQBÎÍPEBTPDJFEBEFDJWJM BQBSFDFV BPT BCSBÎPT F CFJKJOIPT DPN P  QSFTJEFOUF CSBTJMFJ SP +BJS#PMTPOBSP OPEF+VMIP PEJBEBJOEFQFOEÐODJBEPT EB DPOmBOÎB KVOUP EB TPDJFEB- OBSBDPFSÐODJBEBJOUFSWFOÎÍPEP OB NPOJUPSJB EB SFTQPTUB Ë DP- WJEÏGVOEBNFOUBMOÍPTØQBSB &TUBEPT6OJEPT&#PMTPOBSPBDBCBEFUFTUBSQPTJUJWPQBSBP EFNPÎBNCJDBOBFEPTQBSDFJSPT (PWFSOPOPÉNCJUPEBFTUSBUÏHJB DPSPOBWÓSVTy JOUFSOBDJPOBJT  BQØT B RVFCSB EF EFSFTQPTUBËDPWJE RVFFTUBTNFEJEBTBEPQUBEBTQFMP DSFEJCJMJEBEF QSPWPDBEB QFMP FT- 0 '.0 FOGBUJ[B RVF B EFTDPO- '.*TFKBNFmDB[FT NBTUBNCÏN Em voz baixa DÉOEBMPEBTEÓWJEBTPDVMUBT mBOÎBEBDPNVOJEBEFJOUFSOBDJP- QBSBFTUJNVMBSPBNCJFOUFEFCPB t %P QBÓT EPT DVOIBEPT DIFHBOPT B CPB OPWB RVF  BmOBM  BT 0'.0SFDPSEBRVF OPÉNCJUP OBMEFWJEPBPFTDÉOEBMPEBTEÓWJ- HPWFSOBÎÍP WJUBMQBSBBNFMIPSJB ÈHVBTQSJTUJOBTEP#B[BSVUPOÍPTFSÍPEFWBTTBEBTQPSTPOEBT EP DPNCBUF Ë QBOEFNJB  P FYF- EBTPDVMUBTFËGBMUBEFQSPHSFTTPT EB DPOmBOÎB OB SFMBÎÍP FOUSF P FCSPDBTEFQFSGVSBÎÍP ËQSPDVSBEPPVSPOFHSP3FTUBTBCFSTF TÍPNFTNPQSFPDVQBÎÜFTBNCJFOUBJTPVVNQSPCMFNBEFUF- DVUJWPNPÎBNCJDBOPSFDFCFVVN OBCPBHPWFSOBÎÍPFOPDPNCBUF (PWFSOPFPTQBSDFJSPTEFDPPQF- TPVSBSJBEBQFUSPMÓGFSBEPCSBEB$ZSJM FNQSÏTUJNP EF  NJMIÜFT EF ËDPSSVQÎÍPFTUÈBEJmDVMUBSBNP- SBÎÍPw MÐTFOBOPUBEFJNQSFOTB 1 Savana 10-07-2020 EVENTOS EVENTOS 0DSXWRGH-XOKRGH‡$12;;9,,‡1o 1383 BNI coloca 1.6 mil milhões na economia

Banco Nacional de Inves- de Segurança Social (INSS). nacionais e os limites de financia- timento (BNI) lançou, se- O dinheiro está dividido em duas mento variam entre um milhão e mana passada, duas linhas componentes, isto é, financiamento duzentos mil meticais a 45 milhões. Ode financiamento direc- de tesouraria e investimento, sendo Os juros são considerados competi- cionadas às empresas para mitiga- que a primeira serve para o paga- tivos ao nível do mercado, estando rem os efeitos da Covid-19. mento de salários, matérias-primas na casa dos 5 a 12 em função da e outras despesas correntes, visando linha de crédito solicitada, poden- Com estes pacotes, o BNI pretende a manutenção de empregos, e a ou- do, em função da modalidade, ser criar disponibilidade e melhoria de tra para expansão do negócio com a pagos mensal, trimestral, semestral tesouraria das empresas afectadas finalidade de gerar novos empregos. ou anualmente. A maturidade varia pela pandemia por forma a fazerem As modalidades de acesso foram até um ano para a tesouraria e até face às necessidades de curto prazo desenhadas atendendo à situação 5 anos para equipamentos/investi- e garantir a manutenção, recupera- actual das empresas, tendo se flexi- mentos de expansão. ção e geração de novos postos de bilizado os critérios de elegibilidade Para facilitar e acelerar as análises, trabalho. e as condições de acesso. “Qualquer o BNI criou uma unidade de gestão Os fundos vão permitir ainda a me- empresa, desde que esteja minima- da linha de crédito onde juntou as lhoria da segurança alimentar e do mente organizada, pode aceder ao equipas da Direcção de Assessoria bem-estar da população, aumento financiamento”, garantiu em confe- e Estruturação Financeira e da Di- das receitas fiscais para o Estado rência de imprensa Tomás Matola, através de impostos e taxas e uma Presidente da Comissão Executiva recção de Crédito para constituir a gama de taxas municipais e locais, do banco. equipa de análise de crédito. Criou além do alargamento da base de Parte das condições de acesso são ainda um Comité de Crédito espe- contribuintes do sistema de segu- os balanços e demonstrações de cífico e reforçado para a aprovação rança social e consequente aumen- resultados dos três últimos exer- dos projectos. to das contribuições dos trabalha- cícios das empresas, último balan- Para submissão das candidaturas, dores ao INSS. cete acumulado disponível, mapa estão disponíveis as delegações As duas linhas consistem em mil de fluxos de caixa dos últimos três provinciais do Instituto de Promo- milhões de meticais, financiadas exercícios, resumo do livro de com- ção de Pequenas e Médias Empre- directamente por fundos do Esta- pras e vendas e nota sucinta sobre a sas, representações da Confedera- do, e 600 milhões de meticais an- empresa e sua actividade. ção das Associações Económicas, gariadas através de um empréstimo Os beneficiários do crédito são mi- agência do BNI em Tete e a sede de mercado ao Instituto Nacional cro, pequenas e médias empresas em Maputo. Governo e MISA exploram sinergias

Governo, através do cesso de identificação dos prin- e a urgência de uma política e micos e Sociedade Civil assumem conte com instrumentos le- Ministério da Ciên- cipais desafios e oportunidades de uma estratégia de Segurança um papel fundamental, vai ajudar gais específicos de Segurança cia e Tecnologia, existentes no quadro da criação Cibernética em Moçambique, a desenvolver um trabalho com Cibernética, especialmente OEnsino Superior e de um pacote legislativo sobre um processo já em curso, com o resultados mais próximos das ex- virados à protecção de dados Técnico Profissional e o MI- segurança cibernética assente nos envolvimento dos diversos inter- pectativas dos cidadãos na área de e Direitos Digitais.” SA-Moçambique reuniram, direitos e liberdades dos cidadãos. venientes. A par disso, Gabriel Ciber-segurança no país”, disse Com o trabalho conjunto, esta quarta-feira, em Mapu- Na ocasião, o Ministro do pelou- Salimo apontou a necessidade e Salimo. espera-se que nos próximos to, para explorar oportunida- ro, Gabriel Salimo, defendeu que, urgência de os instrumentos le- Para o MISA-Moçambique, re- dias seja produzido uma des de sinergias, no quadro apesar da existência de um quadro gais moçambicanos sobre a maté- presentado pelo respectivo Pre- proposta de lei de Ciber-se- da criação de um ambiente legal virado à Segurança Ciber- ria estarem em consonância com sidente, Fernando Gonçalves, “o gurança, assim como de pro- mais seguro de uso das Tec- nética, como é o caso da Lei das as normas e convenções Interna- cometimento do Governo, através tecção de dados, um processo nologias de Informação e Transações electrónicas, muito há, cionais, como é o caso da Con- do Ministério que tutela a área Comunicação no país. ainda, por se fazer para uma efec- venção de Budapeste sobre Segu- da Ciência e Tecnologia, Ensino a ser realizado a partir de um Trata-se de um dos vários tiva protecção de dados no espaço rança Cibernética. “O modelo de Superior e Técnico Profissional, conjunto de acções de pes- encontros promovidos pelo cibernético em Moçambique. coordenação que nos é sugerido representa um passo bastante quisa, debate, reflexões que MISA-Moçambique com os O governante destacou, ainda, o pelo MISA: Moçambique nesta importante para que, num futuro irão envolver a sociedade ci- intervenientes-chave no pro- trabalho do MISA-Moçambique acção, em que o Governo, acadé- não muito distante Moçambique vil, o governo e o parlamento. 2 EVENTOS Savana 10-07-2020

Três cursos da Politécnica acreditados na CNAQ

rês cursos de pós-graduação parceria com o Instituto Superior ao trabalho que a instituição vem Entretanto, para além da submissão ca novos desafios à capacidade do do Instituto Superior de de Economia e Gestão de Lisboa desenvolvendo com vista a respon- dos seus cursos a acreditação e ava- nosso mercado em termos de pro- Altos Estudos e Negócios (ISEG), que foi, pela primeira vez, der às necessidades do mercado. liação, está em curso, no ISAEN, o fissionais preparados para preen- T(ISAEN), uma unidade submetido à avaliação externa atra- “O Instituto Superior de Altos Es- processo de revisão curricular dos cher postos de trabalho nessa área. orgânica da Universidade Po- vés do CNAQ, para aferir a quali- tudos e Negócios e a Universidade programas de Mestrado em Vias As vias de comunicação são indis- litécnica, foram, recentemente, dade deste Programa de Mestrado. Politécnica estão a formar profis- de Comunicação e de Mestrado pensáveis para o progresso de um acreditados pelo Conselho Nacio- Foram, igualmente, pré-acreditados sionais com qualidade, por isso a em Contabilidade, Fiscalidade e País. Temos, por exemplo, o caso de nal de Avaliação de Qualidade do os programas de Mestrado em Pen- avaliação, a que fomos submetidos Finanças Empresariais. Cabo Delgado, que vai registar um Ensino Superior (CNAQ), órgão samento Contemporâneo e De- provou que não estávamos muito Sobre a revisão do Programa de grande desenvolvimento e o relan- responsável pela implementação e senvolvimento e de Doutoramento longe daquilo que é o ideal no en- Mestrado em Vias de Comuni- çamento da cabotagem marítima. supervisão do Sistema Nacional de em Estudos de Desenvolvimento, sino superior”, considerou Iolanda cação, o coordenador do processo, Por isso este conhecimento vai ser Avaliação, Acreditação e Garantia recém-introduzidos na instituição Wane. Engenheiro Ruy Cravo, explicou muito útil”, sublinhou. de Qualidade do Ensino Superior, e que, de acordo com a legislação, Mais do que comprovar a qualidade, que a mesma tem em vista a ac- Essencialmente, acrescentou Ruy com vista a adequá-los à legislação. deviam ser avaliados pelo órgão este processo permitiu à instituição tualização dos conteúdos, tendo Cravo, a revisão vai permitir a in- competente (CNAQ) antes de se- avaliar o seu próprio funcionamen- em conta o contexto actual, onde trodução de conteúdos ligados a Trata-se do Programa de Mes- rem lançados no mercado. to. “Não basta ter docentes e estu- se aposta mais na tecnologia e há tecnologias de baixo custo, mas de trado em Gestão de Empresas, o Para a Doutora Iolanda Wane, dantes na sala de aulas, é necessário maior preocupação com o meio alto rendimento, inovação, plani- primeiro curso de pós-graduação coordenadora da Comissão de Au- aferir como o processo decorre. Foi ambiente. ficação, monitoria e controlo com que a Universidade Politécnica in- to-Avaliação do ISAEN, este resul- importante ter a oportunidade de “O mundo mudou e hoje já se fala recurso a sistemas de softwares de troduziu no mercado, em 1999, em tado constitui um reconhecimento ver o que era necessário melhorar”. do petróleo e do gás, o que colo- gestão, entre outros. MultiChoice Group apoia ONU Fidelidade vai na luta contra a desinformação integrar estagiários MultiChoice Group, forma sem precedente. A desin- continua a afectar milhões de pes- das áreas de Gestão anunciou a sua mais re- formação, discurso de ódio e no- soas em todo o mundo e no nosso cente iniciativa na luta tícias falsas estão a alimentar e a continente. Assim, temos a honra contra a Covid-19, atra- distorcer todos esses desafios e a de poder utilizar o alcance conti- seguradora Fidelidade, nos da Fidelidade, Ália Ferreira, A nental das nossas plataformas de firmou, recentemente,reconhece que “o estágio é um dos vés da campanha “Pause” lançada corroer a verdade. Estamos muito transmissão e digitais por toda a três protocolos com ins- momentos mais importantes para no passado dia 30 de Junho, cujo entusiasmados por ter a Multi- África para facultar informações tituições de ensino su- a formação profissional. É durante objectivo é reduzir a partilha de Choice a bordo como apoiante, ao A o estágio que o futuro profissional perior do país, nomeadamente A essenciais,” afirma o Presidente informação falsa relacionada com lançar a nossa campanha por toda a Executivo da MultiChoice Group, Politécnica, o Instituto Superior tem oportunidade de entrar em a pandemia. A campanha pede que África. Estão numa posição única Imtiaz Patel. de Ciências de Educação à Dis- contato directo com a realidade laboral e é, para nós, uma grande todos façam uma pausa, pensem e para passar esta importante mensa- A MultiChoice continua a pro- tância (ISCED) e o Instituto Su- satisfação e orgulho constatar que perior de Transportes e Comuni- verifiquem antes de partilhar in- gem aos seus diversos públicos em curar oportunidades de utilizar as contribuímos para a formação cações (ISUTC). formação que possa ser imprecisa todo o continente,” afirmou Robert suas plataformas para combater a profissional dos jovens.” ou incorrecta e que possa ter efei- Skinner, Consultor Sénior para a disseminação da COVID-19. Ao Os acordos, com a validade de Refira-se que a Fidelidade conta dois anos, definem que a segura- tos prejudiciais. Comunicação Global das Nações apoiar iniciativas como a campa- com 46 colaboradores nos seus nha Pause e ao transmitir conteúdo dora irá acolher um total de doze “Estamos num momento de acerto Unidas. quadros, tendo apostado essen- educacional e de notícias alinha-se estagiários daquelas instituições de cialmente em jovens recém-licen- mundial à medida que a Covid-19 “A propagação de informação de ao seu compromisso organizacional ensino superior, de áreas ligadas à ciados em início de vida profissio- e as suas consequências sociais e confiança tornou-se fundamental de causar impacto nas comunida- Gestão. nal, desde o arranque da operação económicas desafiam o mundo de para combater esta epidemia, que des onde opera. A responsável de Recursos Huma- em Moçambique. AKDN e Município de Oeiras Banqueiro Africano doam material EPI do Ano: Figueiredo

Rede Aga Khan para o De- guesa (PALOP), a Rede Aga Khan de complexos vitamínicos infantis senvolvimento (AKDN) para o Desenvolvimento e a Câmara que se destinam ao norte do país, entre os nomeados e o Município de Oeiras Municipal de Oeiras entregaram ao uma região que atravessa um perío- ofereceram equipamento Embaixador de Moçambique em do de grande instabilidade que tem A PCA do Moza Banco, Herbert Wigwe, do Acess Bank médico e de protecção individual Portugal 2 ventiladores, 10 mil más- provocado o deslocamento de popu- João Figueiredo, é um dos da Nigéria. (EPI) a Moçambique no âmbito caras cirúrgicas e 12 mil máscaras lações. das medidas de combate à Covid-19 reutilizáveis para o apoio ao comba- nomeados para o prémio Com a iniciativa pretende-se A Associação Kanimambo juntou- Banqueiro Africano do igualmente homenagear o Banco e para o apoio aos hospitais que ser- te à Covid-19. -se igualmente a esta iniciativa, O Ano, um reconhecimento atri- Africano do Ano, Governador vem o norte do país. Foram igualmente doados 3 equi- entregando ao Embaixador de Mo- buído com o patrocínio do Ban- do Banco Central do Ano, Banco No seguimento das suas acções con- pamentos de análise laboratorial e çambique 300 protectores solares e co Africano de Desenvolvimento de Investimento do Ano, Banco juntas de cooperação com os Países 2 microscópios ao Hospital de Ibo, 100 chapéus tipo “panamá” que serão (BAD), durante os Encontros Regional do Ano, Prémio de Ino- Africanos de Língua Oficial Portu- bem como cerca de 400 embalagens distribuídos pela população local. Anuais desta instituição financeira. vação em Serviços Financeiros, A cerimónia de entrega deste equi- De acordo com o BAD, a inicia- Prémio de Realização Vitalícia, pamento teve lugar, esta sexta-feira, tiva visa fundamentalmente enal- Ministro das Finanças do Ano, dia 3 de julho, na Delegação do Ima- tecer as realizações de empresas e Negócio do Ano – Dívida, entre mat Ismaili, em Lisboa. indivíduos que contribuem para a outras categorias. Esta doação insere-se num conjunto transformação e desenvolvimento Os galardões serão atribuídos de acções que visaram vários PA- do sector financeiro ao nível do num encontro virtual, que aconte- LOP, com o objetivo de dar resposta continente africano. cerá no dia 26 de Agosto do ano à crise sanitária provocada pela Co- Para além do PCA do Moza Ban- em curso, na mesma semana em vid-19, colmatando as necessidades co, foram nomeados Ade Ayeyemi, que o BAD realiza os seus En- do Ecobank; Tarek Fayed, do Ban- contros Anuais, que este ano estão sentidas no acesso a equipamento co do Cairo-Egipto; James Nwan- agendados para Abidjan, Costa de tratamento médico e protecção gi, do Equity Bank do Kenya; e do Marfim. individual. 3 Savana 10-07-2020 PUBLICIDADEEVENTOS

LINHA DE CRÉDITO BNI COVID-19 Para Micro, Pequenas e Médias Empesas (MPME’s) afectadas pela COVID-19

Taxa de juros: 8 a 12%

Curto Prazo Para apoio a tesouraria, nomeadamente, pagamento de salários, pagamento de matérias primas e outras despesas correntes, visando a manutenção de empregos;

Médio Prazo Para investimentos de expansão com a finalidade de gerar novos empregos

Para mais informações: www.bni.co.mz Para esclarecimentos contacte: +258 84 33 99 050 ou [email protected] Para envio de propostas/pedidos de financiamento em versão electrónica: [email protected] ou [email protected] Para entrega de propostas/pedidos de financiamento em versão física: BNI Sede, BNI Agência de Tete, Representações Provinciais e Distritais em todo país, do IPEME, CTA, Agência do Zambeze e Centros de Emprego da Secretaria do Estado da Juventude e Emprego.

Av. Julius Nyerere, 3504 Bloco A2, 4668 Maputo, Moçambique Telefone +258 21 498 581 FAX: +258 21 498 595 4 PUBLICIDADEEVENTOS Savana 10-07-2020

MUNICIPIO DE QUELIMANE CONSELHO MUNICIPAL UNIDADE GESTORA EXECUTORA DAS AQUISIÇÕES Anúncio de Concursos

1.O Conselho Municipal de Cidade de Quelimane convida as pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, interessadas para apre- sentarem propostas fechadas para os concursos discriminados na tabela abaixo:

Nº Modalidade de Objecto do Concorrentes elegíveis Data e hora de Data e hora Validade Anúncio de Garantia Provisória Ordem contratação Concurso entrega das de abertura das posicionamento propostas das propostas Propostas

01 Concurso Público Fornecimento de Qualificação Jurídica, 12/08/2020 12/08/2020 60 Dias 17/08/2020 Valor Validade Nº1/UGEA/CMCQ equipamento Económica – Financeira. 8:30h 8:45h 8:45h 70.000,00 60 Dias /2020 informático e Qualificação Técnica e Mt acessórios. Regularidade Fiscal

02 Concurso Público Pavimentação da Av. Qualificação Jurídica, 12/08/2020 12/08/2020 60 Dias 17/08/2020 Valor Validade Nº2/UGEA/CMCQ Lurdes Mutola, com Económica – Financeira. 10:15h 10:25h 9:20h 266.000,0 60 Dias /2020 uma extensão de Qualificação Técnica e 0Mt 1045m Regularidade Fiscal

03 Concurso Público Asfaltagem da Rua Qualificação Jurídica, 12/08/2020 12/08/2020 60 Dias 17/08/2020 Valor Validade Nº3/UGEA/CMCQ 3040 com uma Económica – Financeira. 10:10h 10:25h 10:00h 250.000,0 60 Dias /2020 extensão de 1100m Qualificação Técnica e 0Mt Regularidade Fiscal

04 Concurso Público Asfaltagem da Rua Qualificação Jurídica, 12/08/2020 12/08/2020 60 Dias 17/08/2020 Valor Validade Nº4/UGEA/CMCQ 4000 com uma Económica – Financeira. 10:50h 11:00h 10:45h 351.000,0 60 Dias /2020 extensão de 1700m Qualificação Técnica e 0Mt Regularidade Fiscal

Concurso limitado Execução de Qualificação Jurídica, 28/07/2020 28/07/2020 30 Dias 03/08/2020 Valor Validade Nº1/UGEA/CMCQ trabalhos de Económica – Financeira. 8:30h 8:45h 8:45h 26.500,00 30 Dias /2020 Assentamento da Qualificação Técnica e Mt plataforma na Regularidade Fiscal Av. Da Liberdade

Concurso limitado Fornecimento de Qualificação Jurídica, 28/07/2020 28/07/2020 30 Dias 03/08/2020 Valor Validade Nº2/UGEA/CMCQ Motorizadas e Económica – Financeira. 10:15h 10:25h 9:20h 27.000,00 30 Dias /2020 Bicicletas Qualificação Técnica e Regularidade Fiscal Mt

Concurso limitado Fornecimento de Qualificação Jurídica, 28/07/2020 28/07/2020 30 Dias 03/02/2020 Valor Validade Nº3/UGEA/CMCQ material de trabalho Económica – Financeira. 10:45h 10:25h 10:00h 14.000,00 30 Dias /2020 Qualificação Técnica e Regularidade Fiscal Mt

Concurso limitado Construção de Qualificação Jurídica, 28/07/2020 28/07/2020 30 Dias 03/02/2020 Valor Validade Nº3/UGEA/CMCQ parque público de Económica – Financeira. 11:30h 11:45h 10:45h 14.000,00 30 ia /2020 Sangariveira Qualificação Técnica e s Regularidade Fiscal Mt

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