O Indianismo De Alencar Sob a Perspectiva De Um
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Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Faculdade de Letras Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários UBIRAJARA: FICÇÃO E FRICÇÕES ALENCARIANAS IVANA PINTO RAMOS Orientadora: Prof ª. Drª. Maria Inês de Almeida Dissertação de mestrado elaborada junto ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários - Área de concentração: Literatura Brasileira - Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte - MG 2006 ii IVANA PINTO RAMOS UBIRAJARA: FICÇÃO E FRICÇÕES ALENCARIANAS Belo Horizonte - MG 2006 iii Comissão Examinadora ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ Belo Horizonte (MG), _____ de _______________ de ________ Resultado:________________________________________ iv Para os meus amores: Ronan e Iago. v AGRADECIMENTOS À Inês pela orientação, compreensão e paciência. Ao meu esposo Ronan pelo apoio, carinho e companheirismo nessa caminhada. Ao meu filho Iago que colaborou com este trabalho desde a gestação. Aos meus pais e irmãos pelo incentivo e carinho. Às funcionárias da secretária de Pós-Graduação em estudos literários, em especial à Letícia, pela solicitude no atendimento. vi SUMÁRIO Índice de Figuras.................................................................................................. vii Resumo................................................................................................................ viii . Abstract................................................................................................................. ix Introdução............................................................................................................. 01 Capítulo 1- O propósito indianista de José de Alencar......................................... 04 1.1- Ubirajara: o mito do selvagem puro..................................................... 14 1.2- O instinto de liberdade......................................................................... 19 1.3- O nome e a imagem da natureza......................................................... 21 1.4- Lirismo natural...................................................................................... 23 1.5- Ubirajara e os Filhos de Tupã.............................................................. 30 Capítulo 2- Nas margens do texto: um estudo da perigrafia de Ubirajara............ 37 Capítulo 3- No curso das leituras de Alencar....................................................... 54 Capítulo 4- As notas de Ubirajara ........................................................................ 88 4.1- "Escoimando os fatos" - o olhar estrangeiro........................................ 107 4.2- Fricções Alencarianas.......................................................................... 113 Considerações Finais........................................................................................... 128 Referências Bibliográficas.................................................................................... 132 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 01 - Localização dos rios Tocantins e Araguaia........................................ 29 Figura 02- Páginas 18, 19, 20 e 21 do romance Ubirajara .................................. 53 Figura 03- Prova de força com a tora .................................................................. 78 vii Figura 04- Folha de rosto da revista do IHGB - 1867 .......................................... 82 RESUMO O presente trabalho corresponde a um estudo do romance Ubirajara, escrito por José de Alencar. Esse romance veio completar seu projeto indianista, iniciado com O Guarani e Iracema, porém sob uma nova perspectiva, pois retrata a imagem do selvagem nobre e puro, antes da chegada dos europeus. Ubirajara diferencia-se viii também pela estrutura, pelo processo de construção do livro, que destaca o texto e o que está fora dele, ou seja, sua perigrafia (título, nome do autor, prefácio, notas, etc.) nesse caso, especialmente as notas. Alencar em Ubirajara, constrói um texto paralelo, localizado em algumas notas, para complementar e justificar o texto principal. Neste texto periférico, disposto às margens do livro, ele traz informações históricas, etnográficas e lingüísticas, baseadas nas leituras dos cronistas, naturalistas e viajantes do período colonial, citando, comparando e criticando seus relatos. Para melhor compreensão desse processo de composição do romance Ubirajara, foi necessário um estudo aprofundado das notas, dos autores e obras mencionadas por Alencar. Com esse procedimento foi possível perceber que o autor tenta justificar a imagem do índio, idealizado e representado no texto ficcional através do texto histórico/crítico localizado nas notas, na tentativa de aproximação do real. Nessa tentativa o autor acaba caindo em contradições, causando algumas divergências entre texto e paratexto: ficção e fricções alencarianas. Além de romancista e leitor crítico, José de Alencar revelou-se também um exímio pesquisador. Com seu desejo persistente de construção da nacionalidade, mesmo abatido pelas decepções políticas, pela doença, ainda teve energia para fechar seu projeto indianista, escrevendo Ubirajara. Palavras-Chaves: 1 - Literatura brasileira; 2- José de Alencar; 3- Romance indianista; 4- Perigrafia. ABSTRACT The present work is a study of Ubirajara's romance written by José de Alencar. This romance came to complete his indianist project, began with O Guarani and Iracema, however in a new perspective, because portraits the image of a savage noble and pure, before the European's arrival. Ubirajara is also different because of its structure, ix the building process, that detaches the text and what is out of it, it means, its detaches the text and what is out of it, it means, its perigraph (title, author's name, preface notes, etc.) in this case specially the notes. Alencar in Ubirajara, builds a parallel text, located in some notes, to complete and justify the main text. In this peripheric text, setled in the book's border, it takes historics, ethnographycs and linguistics informations, based on the chronicler reading, naturalists and travellers from the colonial period, quoting, comparing and criticizing your reports. To have a better comprehension of Ubirajara's composition process, it was necessary study the notes deeply, the authors and works quoted by Alencar. With this procedure it was possible to perceive that the author tries to justify the ideal indian image represented in the ficcional text through the historic/critic text located in the notes, trying to aproximate from real. In this trial, the author falls in contradiction, causing some divergences betweem the text and paratext: alencarians fiction and frictions. Besides the romancist and critic reader, José de Alencar revealed, also, a eminent researcher. With his persistent desive in build the nacionality, even after politics decptions, the disease, he still had energy to close his indianist project, writing Ubirajara. Key Works: 1- Brazilian Literature; 2- José de Alencar; 3- Indianist Romance; 4- Perigraph 1 INTRODUÇÃO José de Alencar, com seu projeto indianista, não se deu por satisfeito com O Guarani e Iracema; havia uma lacuna que precisava ser preenchida. Ubirajara veio completar esse projeto através da construção da imagem do selvagem puro, antes da chegada dos europeus. Nesse romance, o índio é retratado com toda a magnitude e nobreza do herói romântico, com sua força, coragem, honra, etc. Ubirajara é a figura do rude representante das selvas brasileiras, idealizado como símbolo de uma literatura nascente que retorna às origens em busca da nacionalidade. Ubirajara se diferencia dos outros romances indianistas alencarianos não apenas pela imagem do selvagem puro, mas também e principalmente pelo processo de construção do livro, pela estrutura do texto e pelo que está fora dele. A perigrafia desse romance é destacada por José de Alencar através dos elementos paratextuais (título, nome do autor, prefácio, notas, etc). Nesse caso, as notas, local escolhido pelo autor para a construção de um novo texto, paralelo, complementar, sustentatório, base do texto principal, da narrativa do romance. Esse processo inovador na confecção do romance nos atraiu para um estudo mais aprofundado dessa obra. Optamos por iniciar pela discussão e comparação de alguns autores que compõem a crítica literária brasileira e que se dedicaram ao estudo das obras indianistas de José de Alencar, autor que sempre teve seus textos investigados pela crítica. Entre os vários questionamentos levantados, destaca-se a originalidade e a nacionalidade das obras indianistas desse escritor. Após esse estudo teórico, faz-se necessário uma análise da narrativa, explorando o enredo, a caracterização dos personagens, o lirismo, etc. Fase importante, pois Ubirajara não é um livro de destaque na bibliografia de Alencar, por isso poucos 2 estudos são encontrados. Trata-se de um romance que geralmente é citado, sem maiores aprofundamentos, dentro do conjunto indianista desse autor, ao contrário de O Guarani e Iracema. No entanto, seu processo de composição não o torna inferior perante esses outros romances. Nele José de Alencar se revela, além de um exímio escritor, um leitor crítico, um pesquisador da etnografia indígena brasileira. Como afirma Santiago (1984), "à medida que passam os anos, sua visada se torna mais crítica". Após um bom tempo dedicando-se às leituras dos cronistas, viajantes, naturalistas e missionários, que foram os primeiros a relatarem sobre o Brasil e seus habitantes: os índios.