Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos AS MÚSICAS DE MARTINHO DA VILA (1972 A 1994) E O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Fábio de Oliveira Cardoso - Professor PDE1 Vanda Fortuna Serafim - Professora - Orientadora IES2

Resumo: O Presente artigo faz uma análise dos estudos e ações do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) entre os anos de 2013 e 2014, implementado com uma turma de alunos e alunas de 9º ano do Colégio Estadual Tânia Varella Ferreira – E. F. M., no qual visou atender a demanda da Lei n. 10.639/2003, quanto à obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na escola com o tema: O uso de novas fontes no ensino de história e cultura afro-brasileira por meio das músicas de Martinho da Vila – 1972 a 1994 e intitulado: As músicas de Martinho da Vila (1972 a 1994) e o ensino de história e cultura afro-brasileira. No desenvolvido do Projeto de Intervenção Pedagógica no Colégio utilizou-se a Produção Didático-Pedagógica da Unidade Didática, elaborada com base nas fontes musicais: “Jubiabá”, “O Caveira”, “Festa de Umbanda”, “Casa de bamba”, “Nas águas de Amaralina” e “Semba dos ancestrais”, das quais, foram analisados os temas extraídos da linguagem musical, relacionados ao simbolismo das religiões de matriz africana e identificados pelos discentes como hibridismo cultural religioso afro-brasileiro. Os aportes teóricos consistiram principalmente nos estudos de Peter Burke, Marcos Napolitano e Reginaldo Prandi.

Palavras-chave: Ensino de história. Música. Cultura afro-brasileira. Martinho da Vila. PDE.

Introdução

Muitas foram às expectativas na participação do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, durante os anos de 2013 e 2014, entre elas a oportunidade de retornar aos estudos acadêmicos, buscando melhorar a prática pedagógica em sala de aula e aprofundar estudos, na área do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, com a possibilidade de avançar na carreira do magistério como professor de história de escola pública na rede Estadual do Paraná. Cabe destacar a importância de poder optar pela linha de estudo da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena, com um recorte a aplicação Lei 10.639/2003, voltada para o foco no ensino de história e cultura afro-brasileira, com grandes desafios e possibilidades de elaboração de novos materiais didáticos e a implementação da Produção Didático-Pedagógica, a partir da realidade do Colégio para a relevância do tema: O uso de novas fontes no ensino de história e cultura afro-brasileira por meio das músicas de Martinho da Vila – 1972 a 1994, que nortearam o Projeto de Intervenção Pedagógica e elaboração da Unidade Didática

1 Fabio de Oliveira Cardoso professor PDE, Licenciado em história em 1997 pela FAFIMAN, com Pós- Graduação: Especialização em história do Brasil: abordagens econômicas em 1998; Lotação no Colégio Est. Tânia Varella Ferreira – E.F.M. email - [email protected]. 2 Vanda Fortuna Serafim é Doutora em História pela UFSC e docente do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá (UEM); email – [email protected]. implementada no primeiro semestre do ano de 2014, numa turma de 9º ano do Colégio Estadual Tânia Varella Ferreira – Ensino Fundamental e Médio, localizado no município de Maringá no Estado do Paraná.

1 LIMITES E POSSIBILIDADES DE ESTUDOS NO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE/2013

O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2013 oportunizou a retomada dos estudos acadêmicos, em várias áreas do conhecimento, entre as quais foram o ensino de história, o uso da tecnologia na educação e a iniciação científica. Notoriamente, muitos anos após a conclusão dos estudos de Licenciatura em História, fez-se necessário rever conceitos, já consolidados pela historiografia com o objetivo de aprofundar novos conhecimentos que contribuíram para mudanças no ensino de história na escola, principalmente, ao referido ensino história e cultura afro-brasileira e africana. Assim, foram observadas as etapas de desenvolvimento do Programa:

1.1 SOCIALIZAÇÃO DO GRUPO DE TRABALHO EM REDE – GTR/2014

, O Grupo de Trabalho em Rede – GTR/2014, compôs uma das etapas do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, realizada até o mês de maio. Nesse processo de formação, o professor PDE exerceu a função de professor-tutor acompanhando um grupo de cursita composto por dezessete professores e professoras da rede pública Estadual do Paraná, com formação em História. Esses socializaram e analisaram os materiais produzidos pelo professor PDE. Esse curso foi organizado no modelo de ensino a distância, com acesso no ambiente virtual na plataforma Moodle/E-escola3, no qual, os cursistas acessaram e fizeram as leituras dos textos para a discussão nos Fóruns e registros nos Diários, com postagens das atividades interativas e reflexivas do Projeto de Intervenção Pedagógica na escola, incluindo a Unidade Didática e o Plano de Ação, a cerca da temática: O uso de novas fontes no ensino de história e cultura afro-brasileira por

3 Disponível em: . Acesso em: 01 Mar. 2014. meio das músicas de Martinho da Vila – 1972 a 1994.

1.1.1 Análise dos cursistas sobre Projeto de Intervenção Pedagógica na escola

Nas postagens, os cursistas relataram a viabilidade da implementação do Projeto de Intervenção Pedagógico na escola. Consideraram para isto, a aplicação da Lei n. 10.639/2003, e sua alteração pela Lei n. 11.645/2008, a qual referia à obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana e indígena nos estabelecimentos de ensino brasileiro. Destacaram que o professor, autor do Projeto, buscava proporcionar uma nova metodologia, com o uso de novas fontes para o ensino de história e cultura afro-brasileira por meio das letras musicais de Martinho da Vila, que permitiria a mediação entre o conhecimento histórico com maior facilidade, como forma de sensibilizar pela empatia histórica os alunos e as alunas do 9º ano. A implementação e viabilização do referido Projeto poderia ser também realizada em outras turmas. Consideraram o Projeto inovador por atender a demanda de novos materiais para o acervo didático, relacionado ao ensino de história e cultura afro-brasileira na escola, além da grande relevância e pertinência do referencial teórico-metodológico do Projeto, norteado pelo hibridismo cultural identificado nas letras das músicas cantadas por Martinho da Vila (1972 a1994). Relataram também que os alunos e as alunas de 9º ano passariam a conhecer as novas fontes musicais, fazendo o uso de conceitos referentes ao universo das religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé, os quais possibilitariam a estes, reverem valores da cultura afro-brasileira, de maneira mais autônoma e consciente, por meio de reflexões sobre sua identidade étnico-cultural com base em novos conhecimentos. Comentaram que a discussão do gênero musical, , em sala de aula, propõe um repensar dos gostos musicais entre os discentes e que, a contribuição dos afro-brasileiros, na formação da sociedade brasileira, é importante para ser estudada na escola, por meio dessa temática, e mencionaram que os professores e professoras precisam, de fato, aprofundar seus conhecimentos sobre essa temática, para continuar o trabalho pedagógico, em sala de aula, com Projetos voltados para a o ensino de história e cultura afro-brasileira.

1.1.2 Observações dos cursistas sobre a Unidade Didática

Em um segundo momento do Grupo de Trabalho em Rede – GTR/2014, notoriamente os cursistas relataram que implementariam o Projeto de Intervenção Pedagógica em sua escola com base na Produção Didático-Pedagógica da Unidade Didática na sua totalidade ou parcialmente. Elogiaram a iniciativa do professor PDE em desenvolver os conteúdos da Unidade Didática de forma estruturada e articulada ao tema do ensino de história e cultura afro-brasileira, de forma que os textos da Unidade Didática iniciavam pela discussão das Leis: n. 10.639/2003 e n. 11.645/2008, passando pela história de vida do cantor Martinho da Vila e seus projetos voltados para a cultura afro-brasileira. Descreveram que os textos foram organizados de maneira que os alunos e alunas de 9º ano pudessem compreender o conceito de hibridismo cultural afro- brasileiro presentes nas músicas de Martinho da Vila, ao fazer a análise das músicas com o uso do roteiro proposto. Argumentaram que a abordagem musical buscava sensibilizar os alunos e alunas de 9º ano para o conhecimento das religiões de matriz africana e possibilitaria o desenvolvimento de uma nova consciência, a partir de novos conceitos apreendidos, permitindo estabelecer novas relações étnico-sociais com seus colegas. Disseram também, que a Unidade Didática propunha a mobilização de vários recursos tecnológicos da educação tais como: o uso de vídeos, a TV pen drive e o laboratório de informática o que tornaria as aulas de história mais dinâmica. Diante disso, alguns professores e professoras mencionaram o fato de que teriam algumas dificuldades para acessar todas essas tecnologias em seus respectivos estabelecimentos de ensino.

1.1.3 Apreciação do Plano de Ação e apresentação das experiências sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira na escola

Os cursistas analisaram o Plano de previsão das ações de implementação do Projeto de Intervenção na escola e descreveram a possibilidade de realização, desde que, seguida às ações conforme fora prevista. Pois, essa organização facilitaria o trabalho pedagógico, durante o processo de ensino-aprendizagem em sala de aula. Comentaram, com base no relato do professor PDE, que a implementação no Colégio Estadual Tânia Varella Ferreira – Ensino Fundamental e Médio, na turma de 9º ano, estava atingindo os objetivos propostos e observaram a maneira relevante que vários recursos didáticos e tecnológicos foram manuseados pelo professor PDE, para fazer a leitura e análise das músicas, como o uso do laboratório de informática, a TV pen drive e a confecção de cartazes, os quais, possibilitaram um dinamismo no ensino de história e cultura afro-brasileira. Durante o Fórum de troca de experiências, os cursistas do GTR/2014, apresentaram suas sugestões de atividades para o ensino de história e cultura afro- brasileira, as quais poderiam ser desenvolvidas com alunos e alunas do Ensino Fundamental de 6º ao 9º ano e Ensino Médio. Na atividade final do GTR/2014, os cursista apresentaram a elaboração de seus Projetos de ensino sobre a temática e acrescentaram às seguintes estratégias Didático-Pedagógicas fazendo uso das fontes musicais de Martinho da Vila (1972 a 1994): organizar uma rádio na escola com essas músicas e outros , parodiar as letras musicais, tematizar o racismo a partir de filmes e reportagens e confeccionar uma árvore genealógica de cada aluno e aluna das turmas que desenvolveriam os projetos.

2 A FONTE COMO RECURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA POR MEIO DAS MÚSICAS DE MARTINHO DA VILA - 1972 A1994

A implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica no Colégio Estadual Tânia Varella Ferreira – Ensino Fundamental e Médio com o titulo: as músicas de Martinho da Vila (1972 a 1994) e o ensino de história e cultura afro-brasileira iniciou- se, com a apresentação do Projeto aos professores e professoras, equipe pedagógica e direção; posteriormente para os alunos e alunas de 9º ano por meio da Unidade Didática que contemplou a Música Popular Brasileira – MPB, no gênero de samba, com seis músicas, que contaram com a participação, autoria, adaptação e interpretação do cantor Martinho da Vila (1972 a 1994), as quais, na sua linguagem musical foram problematizadas e contextualizadas a partir de temas explorados em sala de aula, como fontes históricas na sua diversidade cultural hibrida e étnica afro- brasileira, remetidas ao universo simbólico das religiões de matriz africana do Candomblé e da Umbanda. Nesse processo os discentes discutiram a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana com base na Lei n. 10.639/2003, a qual oficializou:

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro- Brasileira. § 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil (BRASIL, 2003).

E compararam a mudança dessa Lei, com a criação da Lei n. 11.645/2008, que incluiu o ensino de história e cultura indígena e determinou:

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro- brasileira e indígena. § 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil (BRASIL, 2008).

Diante disso, foi constatado que os discentes não conheciam o conteúdo dessas Leis, por conta desse não conhecimento o Projeto se fez mais relevante e motivo-os para começar os estudos dessa temática. Em um segundo momento, a história do cantor Martinho da Vila foi abordada e muitos discentes lembraram-se do artista, principalmente, como cantor carnavalesco da Escola de Samba no Rio de Janeiro, no entanto, puderam conhecer sobre seus projetos culturais com ênfase na cultura afro- brasileira, além de outros aspectos de sua vida social, a partir dos quais, confeccionaram cartazes com fotos e versos de suas músicas. E para entender o conceito geral de hibridismo cultural, os discentes recorreram aos exemplos da cultura afro-brasileira e puderam identifica-los em algumas práticas híbridas religiosas como demonstra o historiador Peter Burke:

Esta situação pode ser comparada àquela dos escravos africanos nas Américas, que às vezes aparentemente se adequavam ao cristianismo, principalmente as primeiras gerações de escravos, ao mesmo tempo em que mantinham suas crenças tradicionais. [...] A invocação a Santa Bárbara pode ter sido “para inglês ver”. No entanto, o que começou como um mecanismo consciente de defesa se desenvolveu com o passar dos séculos e se transformou em uma religião híbrida (BURKE, 2010, p. 67-68).

Com isso, aprenderam novos conceitos do hibridismo cultural religioso, percebidos no cotidiano da sociedade brasileira, presentes principalmente na cultura afro-brasileira. Embasado por novos conceitos e orientados pelo professor, os discentes iniciaram as atividades, utilizando novas fontes no ensino de história e cultura afro- brasileira por meio das músicas de Martinho da Vila (1972 a 1994) e puderam apontar, em um primeiro momento, os diferentes estilos de gêneros musicais da Música Popular Brasileira – MPB. Falaram sobre as músicas de maior ênfase entre o segmento da população afro-brasileira como o Rap e Funk. Identificaram as características próprias das músicas do samba de Martinho da Vila (1972 a 1994) com base em documentos históricos e destacaram os elementos das religiões de matriz africana dessas músicas. Para as análises das fontes musicais, em sala de aula, os discentes seguiram a orientação de um roteiro previamente elaborado na Unidade Didática, o qual teve como ponto de partida os dados técnicos da música, seguido das características musicais envolvendo a sonoridade e a letra, finalizando com os aspectos históricos da música, composto com os seguintes itens de questionamento: a) Identificação da música: nome da música. Nome do autor e o ano; b) Análise da letra e música: com atenção ouça a música, você já conhecia essa música? De onde?Leia individualmente a letra da música, depois cante acompanhado o tocar da música, anote o gênero musical a qual pertence, descreva os instrumentos que acompanham, comente sobre a harmonia da melodia, á uma repetição de versos e o emprego de rimas? Como isso aparece na música? Comente sobre tema da música. Qual a mensagem traz a música? Quais são as relações de conflito que apresenta? Destaque os elementos da história e cultura afro-brasileira que aparecem na letra da música e faça suas anotações. De que maneira refere-se a elementos das religiões de matriz africana? Anote o significado de uma estrofe que mais chamou a sua atenção e faça em folha de papel A4 uma ilustração representativa para expor para os colegas. Grife e anotar as palavras desconhecidos para você e em grupo de três pesquise na Internet o significado. Depois confeccione cartazes elaborando frases usando essas palavras e exponha para os demais colegas; c) Relações históricas: Faça um quadro e registre as diferenças e semelhanças entre a fonte musical e os demais documentos que estão apresentados ao lado. Busque na Internet o contexto político e social da época em que a música foi produzida e faça suas considerações. Produza uma pequena narrativa histórica argumentando sobre os novos conhecimentos adquiridos a respeito do tema da música. Assim, fizeram uso desse roteiro e iniciaram as análises sobre as músicas em que ouviram atentamente e cantaram acompanhados de suas melodias.

2.1 Fonte 1: Jubiabá

Foram identificados os dados da fonte musical Jubiabá de autoria e interpretação de Martinho da Vila, do ano de 1972, do disco Batuque na cozinha da gravadora RCA Victor, na qual, os discentes relataram que a letra musical pertencia ao gênero de samba do partido alto, combinava a ironia romântica entre versos e canção de maneira temática e apresentava a figura de um homem que vivia um paradoxo entre o certo e o errado, o olho do bem e o do mal, constatada antíteses no decorrer dos versos, conforme destacaram fragmentos dessa música de Martinho da Vila:

[...] Se seca o olho da maldade /O homem vai sofrer [...] E sem seu olho da bondade [...] Jubiabá, ô Jubiabá /Faz o feitiço bem feito /Quero meus olhos bem abertos /Quero bem longe enxergar /Vendo o errado e o certo [...] (VILA, 1972 apud PRANDI4, p. 187-188).

Além disso, esses versos foram os que mais chamaram atenção dos discentes; também identificaram algumas rimas nesses versos: maldade / bondade; abertos / certo.

4 Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2013. Na comparação da música Jubiabá com o filme Kiriku e a Feiticeira5 do ano de 1998, os discentes perceberam algumas semelhanças e relacionaram-nas ao significado lendário do feitiço atribuído a cultura afro-brasileira no caso da música Jubiabá que retratou um homem que buscou na realização do feitiço o amor da mulher amada, enquanto que no filme Kiriku e a Feiticeira o sentido lendário do feitiço para um povoado da África Ocidental buscou-se, explicar o fato da falta d’água, o que indicava que ambos recorreram ao feitiço para explicar as diferentes realidades e destinos das pessoas envolvidas nas histórias. Narraram que, historicamente, muitas pessoas no seu cotidiano, utilizavam as expressões conhecidas popularmente como olho gordo ou olho que seca pimenteira e esses sempre recorriam à religião ou ao mito da magia, a exemplo do feitiço pedido para o caboclo Jubiabá no caso da música, como forma para desfazer a crença do mau-olhado e do olho que tudo seca, com isso, procuravam mudar os destinos de suas vidas e trazer a pessoa amada de volta, como falava na música da nêga.

2.2 Fonte 2: O Caveira

Na leitura da fonte musical O Caveira, os discentes identificaram o gênero de samba de autoria e interpretação de Martinho da Vila, do ano de 1973, do disco Origens, da gravadora RCA Victor. Nos argumentos contextualizados lembraram que a ironia do autor estava em transformar em música de samba o cotidiano da população negra do Rio de Janeiro, que denuncia a opressão social e política por meio da canção, já que na década de 70 a liberdade de expressão fora muitas vezes proibida. Destacaram que nessa fonte musical, o autor de maneira irônica e harmoniosa, articulava letra e canção ao contexto temático de um homem que desabafava com sua companheira a nêga sobre os problemas financeiros de seu

5 Sinopse: Kiriku é um garoto pequeno, mas muito inteligente e com dons especiais, que nasceu com a missão de salvar sua aldeia. A cruel feiticeira Karabá secou a fonte d´aguá do lugar onde Kiriku mora com amigos e parentes e, possivelmente, comeu o pai e os tios do menino. Encontrando amigos e seres fantásticos pelo caminho, Kiriku vai resolver a situação. História baseada em uma lenda da África Ocidental. O filme tem duração de 71 minutos e seu lançamento foi em 1998, com a Direção de Michel Ocelot (Extraído de: . Acesso em: 13 set. 2013). convívio social. Notaram que na letra da música O Caveira de maneira simbólica retratou o cotidiano do trabalhador pobre em que O Exu Caveira foi representado pelos cobradores: do aluguel e do condomínio, das promissórias vencidas e pelo Senhoril, pois são esses sujeitos que sempre cercam seus caminhos. Somatizaram a isso, o cansaço do trabalho pesado ao salário mal remunerado, que não dava para pagar as despesas mensais de uma casa. Relacionaram algumas despesas, de que falava essa música com seus cotidianos, os quais, no final de cada mês, seus familiares recebiam as cobranças das dívidas atrasadas e o aluguel a ser pago. Fizeram essa análise, com base no autor:

[...] Nesse meu raciocínio /Quando vence o condomínio /O porteiro á uma caveira /Um Caveira, nêga, um Caveira /Aluguel tão atrasado /Fico muito assustado /Senhoril é uma caveira /Um Caveira, nêga, um Caveira [...] (VILA, 1972 apud PRANDI6, p. 287).

Salientaram também, que nessa música, tal homem recorreu aos santos do catolicismo: São Benedito e Nossa Senhora pra livra-lo dessa situação e melhorar sua vida. Destacaram nesse sentido, a relação do hibridismo cultural religioso afro- brasileiro entre os santos do catolicismo com as entidades da Umbanda como O Caveira.

Perceberam as semelhanças entre o documentário: Exu a Boca que tudo come7 e a música O Caveira, e argumentaram que ambas as fontes contavam como as pessoas no seu cotidiano imaginavam o Orixá Exu, fosse ele, na figura ambígua do bem e do mal ou o dono dos caminhos e das encruzilhadas. Fizeram essa atividade com base na visão de Yvonne Maggie (2001):

Entidade que representa o bem e o mal. Algumas vezes é identificado com o diabo. Sua imagem de cerimônia representa um homem com pés de bode e orelhas pontiagudas, segurando às vezes um tridente, vestido quase sempre com capa preta ou vermelha e usando . Outras vezes são homens de peito nu. Os exus, quando estão no terreiro, dizem palavrões e fazem gestos obscenos, dão gritos lancinantes e gargalhadas estridentes. Sua figura é ambígua, pois, podendo fazer o bem e o mal, tornam-se perigosos e poderosos. A relação dos homens com os exus é quase sempre

6 Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2013. 7 Sinopse: Filmado na Feira de São Joaquim com direção de Liana Cunha e Samanta Pamponet. O vídeo mostra a presença e influência do órixa na vida dos baianos. Tempo de duração 5 min. e 2 seg. (Disponível em: . Acesso: 19 nov. 2013.) um risco, pois eles podem trapacear seus filhos, dizendo uma coisa e fazendo outra. Os exus são os donos das encruzilhadas e do cemitério, onde são depositadas as oferendas (MAGGIE, 2001, p.144).

Durante as atividades de sala, com o uso didático dessa música, os discentes observaram também algumas rimas no final dos versos entre as expressões: atrasado / assustado.

2.3 Fonte 3: Festa de Umbanda

Com facilidade os discentes identificaram a fonte musical Festa de Umbanda, adaptação e interpretação de Martinho da Vila do ano de 1974, do disco Canta canta, minha gente, da gravadora RCA Victor, conforme trechos dessa música:

O sino da igrejinha /Faz Belém blem blam /O galo já cantou /Seu tranca rua /Que é dono da Gira /Oi corre Gira /Que Ogum mandou /Tem pena dele /Benedito tenha dó /Ele é filho de Zambi /Ô São Benedito tenha dó [...] (VILA, 1974 apud PRANDI8, p. 153-154).

A partir dessa fonte musical, os discentes destacaram que o autor combinou a ironia da letra do samba com a harmoniosa da canção e relacionaram-na, com o hibridismo cultural religioso, pois os elementos das celebrações religiosas do catolicismo representada pelo sino da igrejinha e o cantar do galo, fazia um paralelo com a Gira que é uma cerimônia religiosa da Umbanda, na qual, uma pessoa recebia por meio do Guia um ancestral africano do caboclo, que pedia a Deus Zambi a proteção dos Orixás: Ogum o combate do mal e Nanã para vencer a dicotomia vida / morte. Havia também, um apelo ao santo do catolicismo, São Benedito pela cura de alguma enfermidade. Contrataram com isso, as semelhanças dos aspectos da cultura hibrida religiosa entre a letra da música Festa de Umbanda e o filme: O pagador de promessas9 do ano de 1962, no qual narrou a história de Zé do Burro na Bahia que

8 Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2013. 9 Sinopse: filme dirigido por , no ano de 1962, o qual foi baseado na peça teatral “O pagador de promessas” de Dias Gomes. Tempo de duração 1 h. e 31 min, 43 seg. (Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2013.) fez uma promessa à Santa Barbara que é Iansã no Terreiro de Candomblé para uma Mãe de Santo, com o intuito que seu burro doente fosse curado, mediante a promessa de dividir suas terras para os mais pobres. Zé do Burro seguiu o pagamento da promessa, carregou uma cruz desde sua terra até a igreja de Santa Bárbara em Salvador, onde ofereceu ao padre local a cura de seu burro e foi impedido de cumpri-lá. Nesse sentido o hibridismo cultural religioso foi entendido com apoio de Burke (2010, p. 67): “tradução de Ogum, Xangô ou Iemanjá para seus equivalentes católicos, São Miguel, Santa Bárbara ou a Virgem Maria, permitiu aos cultos africanos sobreviverem disfarçados entre os escravos no Novo Mundo”. Nas narrativas históricas, os discentes lembraram que no contexto social dos anos 60 e 70, a população pobre vivia desprovida de atendimento a saúde pública, muitas vezes, buscava as curas para determinadas doenças nas crenças da cultura afro-brasileira, de Terreiro de Candomblé e da Umbanda e faziam promessas para as curas das doenças, além dos tratamentos com ervas medicinais, como as matas da Jurema. Ação bastante comum, principalmente, entre às camadas sociais menos favorecidas, mas também difundidas na classe média, que recorria a esses remédios de Terreiro para cuidar de moléstias que a ciência não conseguia resolver, praticas essas dos adeptos das religiões de matriz africana. Comentaram ainda, que na letra da música havia uma relação temática intima da Umbanda com o meio ambiente, pela referência aos elementos das florestas como: as matas da Jurema e Samambaia, o que tem constituido-se, para essa cultura religiosa, uma necessidade da preservação dessas matas, as quais, são realizados ainda hoje, seus cultos e rituais e extraídas as ervas medicinais utilizadas poder várias pessoas do segmento religioso da Umbanda e também do Candomblé.

2.4 Fonte 4: Casa de bamba

No uso pedagógico da fonte musical Casa de bamba anotaram a autoria e interpretação de Martinho da Vila do ano de 1983, do disco: História da MPB - Série Grandes Compositores da gravadora fabricante/Selo: Abril Cultural, conforme canta:

Na minha casa todo mundo é bamba /Todo mundo bebe, todo mundo samba /Não se fala do alheio / nem se liga pra Candinha /Na minha casa ninguém liga pra intriga /Todo mundo xinga, todo mundo / briga /Macumba lá na minha casa /Tem galinha preta, azeite de dendê [...] Mas logo se reza pra São Benedito /Pra Nossa Senhora /E pra Santo Onofre [...] (VILA, 1983 apud PRANDI10, p. 97).

Na análise dessa música, os discentes apontaram rimas nos finais dos versos com as expressões: bamba / samba. Comentaram que o autor articulou a letra e canção no samba de maneira harmoniosa, da qual destacaram alguns temas relacionados à Casa de Terreiro, como um espaço de celebração, de experiências religiosas e convivência social, nos quais, os cotidianos das pessoas que nela conviviam, de maneira entrelaçadas ao universo religioso do Terreiro de Umbanda. Descreveram nas narrativas históricas que os membros dessa Casa reuniam- se para socializar seus problemas sociais e financeiros de diferentes situações vivenciadas durante a década de 80 pela população brasileira. Somaram-se a isso, os sentimentos das desilusões amorosas, os quais foram colocados na cerimônia religiosa no espaço sagrado do Terreiro, para que as pessoas continuassem celebrando, cantando, dançando e partilhando a comida e a bebida de maneira organizada. Assim, compararam os discentes ao relato de David Eduardo de Oliveira (2006), que diz:

As organizações espaciais das comunidades de terreiro congregam o espaço público e o privado. A disposição das casas – espaço doméstico, cotidiano, ordinário – em volta do terreiro, e o terreiro – espaço sagrado, do coletivo, da celebração da vida – ao centro demonstram bem a visão orgânica do povo-de-santo. O espaço privado – mas que está institucionalizado no espaço público – e o público - a dimensão da comunidade, interagem organicamente, e se confundem, por exemplo, nos momentos em que no terreiro não se está realizando algum ritual, ele serve como espaço recreativo para as crianças, como reunião da comunidade para resolver assuntos domésticos etc. Em toda roça de candomblé o espaço-mato é considerado o lugar mais importante. Lá vivem os orixás. Lá eles serão alimentados (OLIVEIRA, 2006, p. 106).

10 Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2013.

Narraram também, que elementos do hibridismo cultural religioso foram identificados nessa música, entre o fazer macumba da Umbanda e as rezas para os santos católicos: São Benedito, Nossa Senhora e Santo Onofre, ambas as completam o rito realizado no espaço sagrado da Casa de Terreiro da Umbanda.

2.5 Fonte 5: Nas águas de Amaralina

Com relação à fonte musical Nas águas de Amaralina, os discentes identificaram que era de autoria de Martinho da Vila e Nelson Rufino e interpretação de Martinho da Vila do ano de 1994, no disco: Semba dos ancestrais e destacaram alguns trechos da música:

Fui pras águas do mar de Amaralina /Com mágoas demais em cima /Dos meus sonhos juntei perfumes e flores /Desejos, temores /Prometi novamente voltar pras águas /Se a força do mar /Me vingasse as mágoas [...] (VILA e RUFINO, 1994 apud PRANDI11, p. 267-268).

Notoriamente, os discentes evidenciaram que no final dos versos dessa música, as expressões: flores / temores, apresentavam rimas. Relataram a maneira harmoniosa que os autores articularam a letra e canção de samba, os quais contaram a história de uma pessoa que foi até o mar de Amaralina e fez suas oferendas com perfumes e flores para a Mãe Menina, conhecida como Janaína, a rainha das águas. Em troca pediu vingança de um desamor, com a promessa de voltar a essa águas, quando seu pedido fosse atendido, porém essa pessoa, da qual fala a música, recebe uma mensagem de um Velho que é interpretada como sua sina, depois disso, ela procurou esqueceu esse grande amor. Diante desse contexto histórico, os discentes narraram que de maneira temática, essa música procurava demonstrar, a importância da preservação dos elementos da natureza para o universo religioso afro-brasileiro, como as águas do mar de Amaralina, localizado em um bairro de classe média na cidade de Salvador na Bahia. Espaço esse, utilizado na realização de cerimônias religiosas afro- brasileiras do Candomblé e da Umbanda. Compararam as semelhanças na Festa a

11 Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2013. Iemanjá na Bahia, realizada nas águas do Rio Vermelho, com base na reportagem de Cadena12:

A Festa de Iemanjá é a mais africana das festas baianas, é muito tênue o sicretismo com Nossa Sra da Piedade, ou Nossa Sra do Rosário, referências de outras épocas que não mais são consideradas. Festa de origem incerta, entretanto, em especial em relação à data de 02 de fevereiro cuja motivação para a escolha continua desconhecida. Hoje a festa é celebrada no Rio Vermelho, distante dos locais onde nasceu o culto original: Dique do Tororó, Amoreira em Itaparica e Itapagipe. Lá o Pai de Santo, Ataré, reunia os maiorais dos terreiros de Candomblé da Bahia para homenagear a Rainha das Águas. “presentes todos os país de terreiro que trajavam roupas de brim de linho branco e chapéu Chile, ostentavam relógio e comprido correntão de ouro Pôrto”; assim descreveu Manoel Querino. A Rainha das Águas não é apenas Iemanjá. Mas também Janaina, Princesa do Mar, Princesa do Aioká, Sereia do Mar, Oloxum, Dona Maria, Rainha do Mar, Sereia Mukumã, Inaê, Marabô, Dandalunda, dentre outras denominações que o cronista e Diretor dos Diários Asociados, Odorico Tavares, colheu na década de 60. Festa, em todo caso, que mantém o seu ritual original com as oferendas do povo e os pedidos à Iemanjá depositadas nos balaios, e no meio da tarde o cortejo pelo mar, tal vez não com a mesma solenidade de outrora, mas certamente com a mesma devoção (2013).

Destacaram também, do referido texto, os elementos do hibridismo cultural religioso, presente na Festa de Iemanjá na Bahia ente a Orixá Iemanjá e Nossa Senhora do Rosário a Santa Católica.

2.6 Fonte 6: Semba dos ancestrais

Por fim, os discentes identificaram facilmente os dados da fonte musical Semba dos ancestrais de autoria de Martinho da Vila e Rosinha de Valença e interpretação de Martinho da Vila, do ano de 1994, do disco: Semba dos ancestrais os quais, escreveram: “Se teu corpo se arrepiar /Se sentires também o sangue ferver /E a cabeça viajar /E mesmo assim estiveres num grande astral [...]” (VILA e VALENÇA 1994 apud PRANDI13, p. 391). Os discentes descreveram que essa música de samba, buscava representar a relação harmoniosa entre letra e canção, o que simbolicamente seria o rito da

12 Disponível em: . Acesso em: 19 set. 2013. 13 Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2013. chegada do ancestral africano de Luanda, que por meio do transe, buscava estabelecer um elo entre a pessoa na comunicação com a ancestralidade africana, na forma do Guia. Fizeram essa atividade, apoiados nas ideias de David Eduardo de Oliveira (2007), que lembra:

Os ancestrais, portanto, é a referência cultural maior para orientar as ações do grupo. Com uma visão que “cruza dimensões”, o ancestral detém a memória do grupo e é seu principal arquiteto na construção de uma vida comunitária saudável. Os ancestrais e a natureza estão para a comunidade assim como o leito para as águas do rio. São seus “guias”, sua “visão”; sua sabedoria e direção. A comunidade, por sua vez, alimentará os ancestrais com iguarias da terra e da água. Ancestral é natureza divinizada! (OLIVEIRA, 2007, p. 266).

Nas narrativas históricas, os discentes mencionaram que esse rito seria uma prática dos adeptos das religiões afro-brasileiras, os quais tem buscado no transe a orientação dos ancestrais africanos. No final da implementação do Projeto em sala de aula, foi possível perceber que os discentes conseguiram aprender significativamente sobre os temas das desenvolvidos pelas músicas, os quais representaram por meio de ilustrações. Quanto aos instrumentos de acompanhamento das músicas, notaram que nos ritmos dos sambas continham principalmente, os sons do atabaque, pandeiro, cuíca, reco-reco, viola e tamborim.

Considerações Finais

Salientamos, que as ações desenvolvidas durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE nos anos de 2013/2014, foram de fundamental importância para a aprendizagem de novo conhecimentos, principalmente ao referido ensino de história e cultura afro-brasileira e sua elaboração de materiais didáticos por meio da implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica no Colégio Estadual Tânia Varella Ferreira – Ensino Fundamental e Médio numa turma de 9º, com certeza contemplou a Lei n. 10.639/2003. Nesse processo de ensino, novos conceitos como o hibridismo cultural religioso afro-brasileiro foram bem assimilados pelos discentes, por meio das abordagens e estratégias de leitura desenvolvidas com o uso das fontes musicais de Martinho da Vila (1972 a 1994), as quais propiciaram a esses, o desenvolvimento de uma nova consciência sobre o universo das religiões de matriz africana e a construção de novas relações étnico-raciais com seus colegas. Esse período foi oportuno, para analisar e ensinar história e cultura afro- brasileira no Colégio, como também socializar os estudos aprofundados com os alunos, além de discutir esse tema com outros professores e professoras da área de história.

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