Quem Canta Seus Males Espanta
Quem canta seus males espanta "A música tem sido um recurso interessante para atravessar esse momento" Fabiana Guerrelhas (Terapeuta Analítico-Comportamental) Ouvi dizer que dois dos sintomas da Covid-19 são a perda de olfato e de paladar e, consequentemente, de apetite. Acho que não contraí vírus algum, pois estou seguindo à risca o distanciamento social e todas as medidas de segurança, mas mesmo assim, a quarentena mexeu com meu apetite, por vários motivos. Não tenho muita vontade de me exercitar, de comer coisas gostosas, de beber, e de ler alguma coisa diferente de notícias relacionadas ao Corona. Muito curioso esse fenômeno, já que essas atividades fazem parte do meu cotidiano e algumas delas são praticamente diárias. Atualmente, eu como, basicamente, para me alimentar, e bebo um pouquinho, já que, conforme canta Chico Buarque, "a gente vai tomando, que sem a cachaça ninguém segura esse rojão". Ler e malhar, quase nada, "necas de pitibiriba". Isso não quer dizer que eu esteja deprimida ou desmotivada. Me divirto com filhas e marido, continuo atendendo intensamente meus pacientes agora no sistema online , tenho me reunido com outros psicólogos para discutir os efeitos emocionais de toda essa reviravolta e intensifiquei meu contato com amigos próximos e familiares. Sem falar nas atividades domésticas, que, aliás, são uma forma de "malhação". Cozinhar, lavar, varrer e desinfetar devem consumir muitas calorias e fortalecer alguns músculos. Posso até dizer que tenho encontrado algum prazer nisso: prazer de tarefa cumprida, de deixar o ambiente limpo e agradável, de cuidar de quem está confinado comigo. E como podem ver, a vontade e o hábito de escrever, eu não perdi.
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