TESE Defendida
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ELIAZAR JOÃO DA SILVA A SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL NOS JOGOS DA COPA DO MUNDO ENTRE 1930 E 1958: O ESPORTE COMO UM DOS SÍMBOLOS DE IDENTIDADE NACIONAL UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP ASSIS 2004 2 ELIAZAR JOÃO DA SILVA A SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL NOS JOGOS DA COPA DO MUNDO ENTRE 1930 E 1958: O ESPORTE COMO UM DOS SÍMBOLOS DE IDENTIDADE NACIONAL Tese apresentada à Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, Campus de Assis, para a obtenção do título de Doutor em História. Área de Concentração: História e Sociedade Orientadora: Prof. Dra. Flávia Arlanch Martins de Oliveira UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP ASSIS 2004 3 ELIAZAR JOÃO DA SILVA A SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL NOS JOGOS DA COPA DO MUNDO ENTRE 1930 E 1958: O ESPORTE COMO UM DOS SÍMBOLOS DE IDENTIDADE NACIONAL Comissão Julgadora Tese para obtenção do título de Doutor Presidente: Professora Dra. Flávia Arlanch Martins de Oliveira – UNESP/Assis 2º Examinador: Dra. Maria Helena Rolim Capelato - USP 3º Examinador: Dra. Laura Antunes Maciel - UFF 4º Examinador: Dra. Zélia Lopes da Silva - UNESP/Assis 5º Examinador: Dra. Tânia Regina de Lucca – UNESP/Assis ASSIS 2004 4 A minha mãe, e em memória de meu pai. Do céu, ele deve estar comemorando mais um “gol”. 5 AGRADECIMENTOS Contei com a colaboração de várias pessoas para que este trabalho fosse realizado. Quero agradecer a todas elas, e de maneira particular: À professora Dra. Flávia Arlanch de Oliveira, orientadora sempre exigente, ponderada e atenciosa nas suas observações. Ao ingressar nos cursos de Mestrado e, logo após, no de Doutorado, fui constantemente advertido de que seria um historiador, e não um atleta ou ex-atleta de futebol. Não sei se consegui atingir esta consciência. Se a alcancei, devo isso à minha orientadora. Aos professores do curso de História da Universidade Federal de Ouro Preto, em especial, ao professor Dr. Marco Antônio Villa, pelo seu incentivo em relação ao objeto pelo qual optei em pesquisar. Sua disponibilidade em acompanhar o estudo, não se restringiu apenas ao período em que permaneceu como professor da UFOP, mas também depois dele. À Professora Dra. Tânia Regina de Lucca, pelas sugestões pertinentes no exame de qualificação da tese. Suas indicações foram muito oportunas para o enriquecimento deste trabalho. Aos companheiros da pós graduação da UNESP, Campus de Assis. Cada um, à sua maneira, dava seus “palpites” sobre a história do futebol, bem como nas “peladas históricas” sobre o futebol. Quero expressar minha gratidão, sobretudo, ao Protásio Langer. Aos colegas do Departamento de História da Universidade Vale do Rio Doce, pela agradável convivência e indicações durante a redação da tese; sou grato aos professores Ciro Bandeira de Melo, Haruf Salmen, Margarida Vieira, Terezinha Vilarino, e Marcos Rogério. Devo agradecer, especialmente, ao professor Jean Luiz. Além de dividirmos uma caminhada acadêmica semelhante, temos uma amizade que não se resume apenas aos limites dos cursos de Graduação, de Mestrado, de Doutorado, e, agora, da Universidade em que lecionamos. A Amanda Araújo e a Rafael Rhajão, pela colaboração no trabalho de levantamento e reprodução dos microfilmes de algumas das fontes utilizadas 6 nesta pesquisa. Quero agradecer à professora Bernadete de Almeida e a Maria Helena pela revisão do texto. Aos amigos das “categorias de base” do Clube Atlético Mineiro, e de tantos outros clubes de “várzea” nos quais joguei. Várias questões apresentadas neste trabalho fazem parte das inúmeras situações vividas “dentro de campo”. Seguramente, o fato de ter sido jogador me fez levantar aqui, apontamentos de alguém que, um dia, foi atleta de futebol. Sou grato a Gabriela Figueredo, amiga no curso de graduação, companheira no curso de Doutorado. Por fim, agradeço a Deus e aos meus irmãos, por tudo. 10 SUMÁRIO Introdução 10 Capítulo 1 O significado do futebol na década de 1930 68 Capítulo 2 A conquista do campeonato mundial de 1938 como uma das formas de propaganda de regimes políticos 111 Capítulo 3 A atividade esportiva no Brasil: um dos instrumentos de fortalecimento da nação 173 Capítulo 4 A construção de centros esportivos 204 Capítulo 5 Brasil: O país do futebol 235 Considerações Finais 304 Fontes 313 Referência Bibliográfica 318 Resumo 332 Abstract 333 Résumé 334 11 INTRODUÇÃO O esporte brasileiro não poderia viver mais tempo divorciado do espírito e da doutrina do Estado Novo.1 No período denominado Estado Novo, o governo federal concebeu o esporte no Brasil como algo que deveria integrar-se à sua ideologia. Embora esta função do esporte dissesse respeito apenas a esse período, acreditamos que a atividade esportiva de modo geral, e o futebol de modo particular, para além de ter sido explorado como um dos elementos que deveria ajustar-se à “doutrina do Estado Novo”, foi compreendido também como um dos símbolos de identidade nacional em momento posterior ao fim desse regime. Consideramos, deste modo, que esta construção não se restringiu apenas ao período mencionado, mas também nas décadas subseqüentes, em especial a partir de 1950, quando o Brasil foi sede da Copa do Mundo, a mais importante competição internacional do futebol. A compreensão deste esporte como um dos símbolos de identidade nacional entre as décadas de 1930 e 1950, é o que pretendemos analisar neste trabalho. Para tanto, é necessário recuar ao final do século XIX, ocasião em que o futebol, sob a sua forma oficial, foi introduzido no país2. O cenário social e político do Brasil nesse período se caracteriza por apresentar algumas mudanças significativas. Dentre elas, vale menção a abolição da mão de obra escrava e a instalação do regime republicano. Paralelamente a essas mudanças, houve a 1 Cf. MAZZONI, Thomaz. O esporte a serviço da pátria. São Paulo: Olympicus, 1941. p. 21. 2 Há uma vasta bibliografia relacionada à introdução dos esportes no Brasil, que aponta 1894 como o ano oficial da introdução do futebol no país. Dentre os autores, mencione-se FILHO, Mário. O negro no futebol brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. MAZZONI, Thomaz. A história do futebol no Brasil – 1894/1950. São Paulo: Olympicus, 1950. ROSENFELD, Anatol. Negro, macumba e futebol. São Paulo: Perspectiva, 1993. CALDAS, Waldenyr. O pontapé inicial: memória do futebol brasileiro. São Paulo: Ibrasa, 1990. PEREIRA, Leonardo Afonso de Miranda. 12 reforma e o nascimento dos grandes centros urbanos, e, associado a este fenômeno, o surgimento de novas práticas sociais, entre as quais, a difusão de inúmeras atividades esportivas.3 Dentre essas atividades, a prática do futebol merece destaque pelo fato de, no início do século XX, ela adquirir um amplo sentido de popularidade, diferentemente de outras modalidades como natação, hipismo ou remo, por exemplo4. Os esportes difundidos tiveram como um de seus objetivos, atender aos anseios daqueles que buscavam se moldar a tudo que dissesse respeito à Europa, em especial à França e à Inglaterra. Algumas das muitas modalidades esportivas propagadas no país no final do século XIX como o futebol, já vinham, desde décadas anteriores, sendo praticadas na Europa.5 Como forma de acompanhar o comportamento especialmente do londrino e do parisiense, os jovens oriundos das famílias mais abastadas, e/ou que haviam estudado na Europa, também iriam praticar o esporte, na expectativa de se moldar aos hábitos da juventude européia, o que passava a idéia de garantia da perspectiva do físico saudável. Das modalidades esportivas praticadas, o futebol chamou especial atenção pela sua rápida transição de esporte inicialmente destinado às elites, para também as camadas sociais menos privilegiadas economicamente. Na década de 1930, o futebol se tornou uma atividade oficialmente remunerada. A profissionalização deste esporte esteve diretamente associada à sua popularização.6 Footballmania: uma história social do futebol no Rio de Janeiro – 1902/1938. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. 3 Cf. SEVCENKO, Nicolau. São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. Ver especialmente o cap. 1: “A abertura em acordes heróicos dos anos loucos”. p. 23-88. 4 Cf. CALDAS, Waldenyr. O pontapé inicial: memória do futebol brasileiro. São Paulo: Ibrasa, 1990. 5 Cf. ROSENFELD, Anatol. Negro, macumba e futebol. São Paulo: Perspectiva, 1993. p. 73-105. 6 Cf. SILVA, Eliazar João da. Bola na rede – o futebol em São Paulo e Rio de Janeiro: do amadorismo à profissionalização. Assis/UNESP: Dissertação de Mestrado, 2000. 13 Ao se tornar um esporte que passou a ser legalmente uma profissão, o futebol adquiriu novos contornos, suscitando questões instigantes quanto às novas funções que ele exerceu em meio à sociedade, e, em especial pelo poder público nas décadas de 1930, 1940 e 1950. Eis aqui um dos temas principais sobre o qual o trabalho se ocupará ao longo desta tese, a saber: a exploração do futebol por representantes do governo federal como um dos símbolos de identidade nacional nas décadas mencionadas. Até a década de 1930, o futebol não foi objeto de maior atenção por parte do governo federal, tal como aconteceu nas décadas subsequentes. A sua popularização e a sua consequente profissionalização em momento posterior, estão ligadas à sua absorção por diferentes camadas sociais. À medida que ele se tornou um fenômeno popular de massa,7 não havia mais como ignorar sua influência como elemento que fazia parte dos hábitos e das práticas cotidianas do país, em especial a população ambientada nos grandes centros urbanos. Diante desse novo cenário que se desenhava, personalidades do governo federal não hesitaram em disso tirar proveito. Elas empenharam-se na aproximação do futebol com a nação, em ocasião de realização das copas do mundo, sobretudo a partir do campeonato de 1938, disputado na França. O ano da realização desse campeonato coincidiu com o período de instauração do Estado Novo. Neste sentido, a participação da seleção brasileira nesse campeonato, significou um momento privilegiado para aguçar o sentimento de “amor à pátria”.