Universidade Federal De Santa Catarina Centro De Comunicação E Expressão Programa De Pós-Graduação Em Estudos Da Tradução
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA TRADUÇÃO A TEORIA DA EPIFANIA E SEUS ECOS EM FINNEGANS WAKE: A PALAVRA EM LATÊNCIA E O GESTO DA TRADUÇÃO LEIDE DAIANE DE ALMEIDA OLIVEIRA ORIENTADORA: PROFESSORA Drª. DIRCE WALTRICK DO AMARANTE COORIENTADORA: PROFESSORA Drª. MARIA RITA DRUMOND VIANA LINHA DE PESQUISA: Teoria, crítica e história da tradução Florianópolis 2020 Leide Daiane de Almeida Oliveira A TEORIA DA EPIFANIA E SEUS ECOS EM FINNEGANS WAKE: A PALAVRA EM LATÊNCIA E O GESTO DA TRADUÇÃO Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Estudos da Tradução. Orientadora: Profa. Dra. Dirce Waltrick do Amarante Coorientadora: Profa. Dra. Maria Rita Drumond Viana Florianópolis 2020 Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC. Oliveira, Leide Daiane de Almeida A TEORIA DA EPIFANIA E SEUS ECOS EM FINNEGANS WAKE: A PALAVRA EM LATÊNCIA E O GESTO DA TRADUÇÃO / Leide Daiane de Almeida Oliveira ; orientador, Dirce Waltrick do Amarante, coorientador, Maria Rita Drumond Viana, 2020. 197 p. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós Graduação em Estudos da Tradução, Florianópolis, 2020. Inclui referências. 1. Estudos da Tradução. 2. Tradução literária, James Joyce, Finnegans Wake, Estudos irlandeses. I. Waltrick do Amarante , Dirce. II. Drumond Viana, Maria Rita. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós Graduação em Estudos da Tradução. IV. Título. LEIDE DAIANE DE ALMEIDA OLIVEIRA A TEORIA DA EPIFANIA E SEUS ECOS EM FINNEGANS WAKE: A PALAVRA EM LATÊNCIA E O GESTO DA TRADUÇÃO O presente trabalho em nível de doutorado foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros: Prof. Dr. Vitor Alevato do Amaral Universidade Federal Fluminense (UFF) Prof.ª Dr.ª Aurora Fornoni Bernardini Universidade de São Paulo (USP) Prof.ª Dr.ª Andréia Guerini Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção do título de doutora em Estudos da Tradução. ___________________________ Coordenação do Programa de Pós-Graduação ____________________________ Prof.ª Dr.ª Dirce Waltrick do Amarante Orientadora Florianópolis, 2020. Para dona Valmir AGRADECIMENTOS Sou profundamente grata a todas as pessoas que me apoiaram quando decidi embarcar no meu “bateau ivre” e navegar por um rio que mudou de curso diversas vezes, me levando aos lugares mais inesperados e me proporcionando experiências intensas. Tenho um enorme sentimento de gratidão a todas as pessoas que contribuíram não apenas para minha formação acadêmica, mas também aquelas que me presentearam com amizade e presença. São inúmeros os meus agradecimentos. Menciono alguns: À minha orientadora, Prof.ª Dirce Waltrick do Amarante, pela confiança a mim depositada e pela importante sugestão de mudança de corpus que mudou os rumos da tese. Agradeço também por me incluir em diversos projetos que me fizeram aprender muito e amadurecer enquanto pesquisadora e, entre outras coisas, por seu tratamento sempre afetuoso. À minha coorientadora, Prof.ª Maria Rita Drumond Viana, pelas leituras atentas e indispensáveis. Pelos diversos comentários, questionamentos e elogios (eles fizeram muita diferença e me deram ânimo para seguir escrevendo). Por toda ajuda e apoio no processo de seleção para o doutorado sanduíche e outras seleções, e por fazer a diferença nos rumos da minha vida acadêmica desde que começou a me orientar no mestrado. Ao Prof. Sérgio Medeiros, que me acompanhou como orientador até um pouco depois da qualificação e com quem tive o prazer de fazer os estágios de docência. Agradeço também pelas disciplinas ministradas e por sua sensibilidade no trato do texto literário. À minha orientadora na University College Dublin, Prof.ª Anne Fogarty, pelas importantes indicações de leitura, pelas diversas conversas sobre a tese e sobre a vida, e principalmente por sua disponibilidade e gentileza que me tocaram profundamente durante minha estadia na Irlanda. À Prof.ª Teresa Caneda-Cabrera, que tive o prazer de conhecer na UCD, com quem aprendi muitíssimo durante suas palestras e depois em nossas conversas pelos cafés de Dublin. À Prof.ª Rosario Lázaro Igoa, pela sua maravilhosa leitura e comentários durante a banca de qualificação da tese, por sua amizade e por sua generosidade intelectual que sempre me inspirou muito. À Prof.ª Martha Pulido, também pela sua participação na banca de qualificação e por nos presentear com disciplinas incríveis durante o doutorado. À International James Joyce Foundation, pela bolsa concedida a mim para participar do Simpósio Internacional de James Joyce que ocorreu em 2019, no México. Ao Prof. Vincent Cheng por seus comentários valiosos sobre meu trabalho durante o Simpósio de Joyce no México, por sua simpatia e cordialidade e principalmente por seu caro trabalho crítico sobre a obra de Joyce, que tanto me fez refletir durante a escrita da tese. Ao Prof. Vitor Alevato do Amaral, por gentilmente aceitar participar da minha banca de defesa e por ser um dos joyceanos mais ativos e inspiradores do Brasil atualmente. Às professoras Andréia Guerini e Aurora Bernardini também pela gentileza de aceitarem o convite para participar da banca de defesa. À CAPES, pelo apoio financeiro durante o doutorado e pela bolsa PDSE para a realização do doutorado sanduíche. À minha família, principalmente à minha mãe, a pessoa mais inteligente e sensata que conheço, que sempre me apoiou em todas as minhas decisões; e à minha irmã, Denise Oliveira, que transforma tudo em poesia. Ao meu marido, Vincent Reinbold, pelo apoio incondicional e todo entusiasmo em relação a tudo que faço. Agradeço por ser tão compreensivo e me ajudar a suportar a distância física que esse período nos impôs, e por tudo mais que nem consigo expressar com palavras. À Daniela Stoll, com quem tive o privilégio de compartilhar uma casa, uma estante e muitas alegrias. Agradeço pelo amor, pela amizade, pelo aprendizado diário, pela leveza e lindeza de todos os dias. Agradeço por ter lido a minha tese mesmo já sendo escritora famosa e indicada a um dos melhores prêmios literários do Brasil. À Naylane Araújo, pela amizade, pelo apoio, pelas conversas, pela parceria e por tudo que compartilhamos durante todos esses anos. À Mariana Hilgert (Namour), por ser uma pessoa-sol e ter me ensinado muito sobre estado de presença e sobre outras formas de olhar e estar no mundo. À Elisani Bastos e ao Enrique Muriel, pela amizade tão bonita e sincera, por serem um porto seguro nas mais diversas situações, por todos os almocinhos de domingo, por tudo que compartilhamos. À Dóris Lutz, por nossas longas conversas, nossas caminhadas, por todas as palavras de apoio e força, por todas as aventuras que vivemos. Ao Paulo Pappen, pela leitura e revisão do texto para a qualificação e pela amizade ao longo desse percurso. À Iaiá, que apesar de ter chegado já no finzinho dessa viagem chamada tese, já até me ofereceu um rim quando achei que o meu estava perdido. A todos os professores e colegas do doutorado, em especial à Larissa Ceres Lagos, pelas diversas parcerias em oficinas, minicursos, traduções, etc., que envolviam a obra de Joyce e de Beckett. Ao Joyce, pelo abalo sísmico causado em minha vida desde que apareceu nela. Aos governos do PT, nas pessoas de Lula e Dilma, que ajudaram a tornar possível que uma mulher nordestina, filha de pais lavradores e sem educação formal, se tornasse doutora. Quem, como Aristóteles, demanda o fim, despreza o acessório, nivela paisagens, centra o secundário no essencial. A circularidade viconiana, ao contrário, energia do Finnegans Wake derruba marcos, apaga fronteiras, confunde ninharias e relevâncias, embaralha tempos, mistura acontecimentos, dissolve cristalizações elaboradas na vigília em Construções oníricas, aniquila vínculos causais, abre buracos, anunciam abismos, vivências encadeadas esplendem no banal. Sequências não-teleológicos despertam o que a seleção enobrecida despreza. Desejos realizados em onirodédalos afrontam determinações da natureza. A lição dos sonhos ativa fluxos, anima associações livres, rompe cadeias, poetiza a vida. Donaldo Schüler (2019, p. 49) Creio que FW seja ainda mais fácil de se traduzir porque os... critérios normais não se aplicam a ele. É perda de tempo dizer: “mas tem um sentido que você perdeu”. Óbvio, há muitos sentidos que perdemos. Por outro lado, em uma obra mais comum podemos culpar o tradutor por não ter mantido algum sentido com alguma exatidão. Mas, em FW, os limites são outros. Quando se tem alguma ideia que dê vida à tradução, deve-se usá-la. Será diferente, mas com efeito similar. Então, creio que ela deva ser mais orientada ao efeito. Fritz Senn (2019, p. 177) RESUMO A noção de epifania – que James Joyce (1882-1941), aos seus moldes, tanto transformou em uma teoria como passou a fazer pequenos registros de situações do cotidiano e chamá-los de epifanias – teve um papel fundador no sentido de convencer seu autor de sua vocação para a escrita. Nossa hipótese é que, embora a teoria da epifania tenha sido elaborada em um trabalho da juventude, ela pode ser percebida em Finnegans Wake no modo como Joyce lida com determinadas criações linguísticas. O trabalho de artífice da palavra que Joyce realiza em seu último romance remonta aos argumentos, em Stephen Hero, sobre como um objeto pode chegar à epifania. Como muitas palavras em Finnegans Wake são, por vezes, tratadas como objetos, os leitores e leitoras, munidos de novas noções sobre leitura e com os sentidos preparados para receber a obra, podem testemunhar o processo de epifanização das palavras. Assim, o objetivo principal dessa tese foi realizar a tradução comentada do capítulo I.5 de Finnegans Wake, conhecido como “Mamafesta” ou “capítulo da galinha”, utilizando como suporte, entre outras coisas, a teoria da epifania.