Papagaio, Pira, Peteca E Coisas Dos Gêneros

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Papagaio, Pira, Peteca E Coisas Dos Gêneros SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEORIA E PESQUISA DO COMPORTAMENTO PAPAGAIO, PIRA, PETECA E COISAS DOS GÊNEROS LÚCIA ISABEL DA CONCEIÇÃO SILVA Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para obtenção do título de doutora. Orientador: Professor Dr. Fernando Augusto Ramos Pontes. BELÉM / PARÁ Junho / 2006 1 1 S586p Silva, Lúcia Isabel da Conceição. Papagaio, pira, peteca e coisas dos gêneros / Lúcia Isabel da Conceição Silva. – Belém: UFPA, 2006. 288p. : il. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Pará, 2006. 1. Interação social – Grupos. 2. Brincadeiras - Comportamento humano. I. Lúcia Isabel da Conceição Silva. II. Título. CDD – 302.4 2 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEORIA E PESQUISA DO COMPORTAMENTO TESE DE DOUTORADO PAPAGAIO, PIRA, PETECA E COISAS DOS GÊNEROS. LÚCIA ISABEL DA CONCEIÇÃO SILVA DATA DA DEFESA: 26 DE JUNHO DE 2006 RESULTADO: APROVADA Banca Examinadora Profº Drº Fernando Augusto Ramos Pontes (UFPA – Orientador) Profª Drª Júlia Bucher-Maluschke (UNIFOR – Membro) Profª Drª Maria Lúcia Seidl de Moura (UERJ – Membro) Profª Drª Celina Colino Magalhães (UFPA – Membro) Profª Drª Marilice Garotti (UFPA – Membro) 3 Brincava a criança, com um carro de bois. Sentiu-se brincado e disse, eu sou dois! Há um brincar, e há outro a saber. Um vê-me a brincar e outro vê - me a ver. Estou atrás de mim, mas se volto a cabeça Não era o que eu qu‟ria. A volta só é essa... Outro menino não tem pés nem mãos Nem é pequenino, não tem mãe ou irmãos. E havia comigo por trás de onde eu estou, Mas se volto a cabeça já não sei o que sou. E o tal que eu cá tenho e sente comigo, Nem pai, nem padrinho, nem corpo ou amigo, Tem alma cá dentro „stá a ver-me sem ver, E o carro de bois Começa a parecer. Fernando Pessoa (Brincava a criança. Poesias Inéditas). 4 Para Eduardo, Lia e Isabela, por tudo que partilhamos. 5 Agradecimentos Esta página não é somente para cumprir uma formalidade no corpo desta tese. Pretendo com e através dela expressar meu mais primoroso, mais profundo e mais carinhoso reconhecimento a todos e todas que de muitas e diferentes formas estiveram presentes durante a realização deste trabalho. É com quem também quero dividir toda a alegria que sinto por mais essa etapa vencida. Ao Professor Dr. Fernando Augusto Ramos Pontes, orientador e amigo, de quem além da competente participação em todo o percurso do doutorado, a compreensão, o incentivo e a confiança foram imprescindìveis. “Muito Obrigada Professor”! Aos professores do Programa de Pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento da UFPa com um carinho especial à Professora Drª. Celina Magalhães, presença sensível, competente e amiga e ao Professor Drº Olavo Galvão, grande incentivador desde os tempos da graduação. Aos Professores participantes da banca de qualificação: Profª Drª Júlia Bucher, Profª Drª Nilda Bentes, Profª Drª Regina Brito, Profª Drª Marilice Garotti pela leitura atenta e criteriosa do trabalho e pelas importantes contribuições à finalização do mesmo. À Secretaria Municipal de Educação, pela liberação das minhas atividades profissionais permitindo com isso, o tempo necessário à condução do curso; Aos bolsistas de iniciação científica que foram responsáveis por parte da coleta dos dados e aos integrantes do GIBI, pela possibilidade de vivenciar momentos de estudos e trocas de idéias. À amiga Sarah Danielle (Dani), grande parceira em vários trabalhos, amiga sincera, presente. Que me manteve sempre informada de tudo. À Liliane e Lair, os cicerones na rua, companhia e acolhida amável e dedicada. 6 Aos meus familiares, amigos e amigas, presentes das mais diversas formas, fonte de confiança, força e apoio. Às minhas amigas “de sempre”: Selma, Jô e Mari aquelas com quem “sempre conto” nos momentos difíceis e nos muitos de prazer e felicidade. Meu eterno amor e respeito. À memória da Dona Ivana, minha mãe e do Seu Fernando meu pai, presenças constantes, indeléveis. À Lia, sinônimo de companheirismo, conforto e quietude. Grande presença de todas as horas. Aos meus filhos Eduardo e Isabela, minhas crianças amadas, por darem um sentido sempre novo à minha vida, a tudo que faço e sou. E finalmente, às famílias e às crianças das Passagens Samaumeira, Angelim e Amazônia, presentes em todas as páginas deste trabalho, por permitirem partilhar de seus momentos de brincadeiras na rua, com um forte desejo de que continuem a fazer deste, um espaço de crescimento, em todos os sentidos que esta palavra possa significar. 7 ÍNDICE LISTA DE FIGURAS vii LISTA DE TABELAS vii RESUMO viii ABSTRACT ix 1 INTRODUÇÃO 02 1.1 Interação social e desenvolvimento humano: contextos e modelos explicativos 06 1.1.1 O Modelo Bioecológico de Bronfenbrenner 07 1.1.2 A Perspectiva da Rede de Significações 10 1.1.3 Robert Hinde e os Diferentes Níveis de Complexidade Social 14 1.1.4 Pensando Possibilidades de Interação dos Modelos 22 1.2 A Cultura de Pares: o Grupo de Brincadeiras na Rua Como Contexto Social. 27 1.3 Brincar é preciso! O significado do brincar 32 1.4 A construção da cultura de gênero 41 1.4.1. O papel dos companheiros de grupo na construção da cultura de gênero. 53 1.4.2 Os gêneros nas brincadeiras infantis. 56 1.4.3 Diferenciação e segregação sexual no contexto da cultura de pares. 61 1.4.4 Categorização e identidade de gênero: diferenças de estilos, estereótipo e segregação sexual. 66 2 OBJETIVOS 79 2.1 Objetivo geral 2.2 Objetivos específicos 3 MÉTODO 80 3.1 Sujeitos 81 3.2 Ambiente 81 3.3 Material 81 3.4 Procedimentos de coleta 82 3.4.1 Etapa 1: caracterização do contexto cultural 82 3.4.2 Etapa 2: identificação das peculiaridades dos grupos: elementos da segregação sexual, tipificação das brincadeiras, índice de preferência sexual e caracterização das preferências de gênero. 83 3.4.3 Etapa 3: Descrição do conteúdo e qualidade das interações das crianças e adolescentes na rua 84 3.5 Tratamento e Análise dos dados 86 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 93 4.1 Caracterização do local / contexto cultural 93 4.2 Dados quantitativos: análises dos dados de participação na rua 100 4.2.1 Diferenças de sexo/gênero na participação na rua 100 4.2.2 Diferenças na participação por composição dos grupos: discutindo a segregação sexual e a interação cross-sex. 104 4.2.3 A variedade e preferência por brincadeiras: o que brincam crianças e 8 adolescentes na rua. 113 4.2.4 Gênero e preferência: tipificação das brincadeiras 117 4.2.5 Situando individualmente as preferências 123 4.3 Dados qualitativos: discutindo conteúdo e qualidade das interações na rua 128 4.3.1 Conteúdo e qualidade das interações em grupos de mesmo sexo: comparando e discutindo estilos e padrões de interação 131 4.3.2 Explorando conteúdo e qualidade das interações nos diferentes tipos de grupos mistos 142 4.3.3 Brincadeiras e relações de gênero: identificando outros elementos no confronto intersubjetivo 150 5 RETOMANDO AS PERGUNTAS: considerações finais 170 5.1 Hipótese de aproximação unilateral entre os grupos de sexo/gênero: como as meninas ocupam seu espaço na rua. 176 5.2 Limites e incompletudes 181 Referências bibliográficas 184 Anexos Anexo 1: Formulário de Cadastro dos Moradores da Área 190 Anexo 2: Folha de Registro Scans 191 Anexo 3: Freqüência de Todos os Sujeitos Encontrados na Rua 192 Anexo 4: Total de Brincadeiras por Sexo 199 Anexo 5: Descrição das Brincadeiras Tradicionais Infantis 205 Anexo 6: Transcrição Completa dos Episódios 258 9 LISTA DE FIGURAS Figura nº Página 1. Diagrama da área de pesquisa 81 2. Comparação entre o número de moradores e de registros de brincadeiras por grupo de sexo/gênero. 101 3. Participação das meninas por grupos 107 4. Participação dos meninos por grupos 107 5. Relação entre faixas etárias e composição dos grupos nas meninas 108 6. Relação entre as faixas etárias e composição dos grupos nos meninos 109 7. Brincadeiras de maior registro na área 114 8. Preferência das brincadeiras por faixas de idade 116 9. Critérios de tipificação sexual das brincadeiras em função do IPS 119 10. Índice de preferência sexual das brincadeiras 121 11. Comparação das brincadeiras tipificadas por composição etária 125 LISTA DE TABELAS Tabela n º Página 1. Distribuição dos sujeitos por idade e sexo 80 2. Composição da amostra cadastrada por idade e sexo 94 3. Caracterização das residências 95 4. Escolaridade dos moradores da área 96 5. Ocupação dos moradores acima de 20 anos 98 6. Renda familiar da população cadastrada 98 7. Religiões da população cadastrada 99 8. Distribuição dos sujeitos e freqüência na rua por faixa etária e sexo 102 9. Registros das meninas por composição dos grupos e função na brincadeira 105 10. Registros dos meninos por composição dos grupos e função na brincadeira 106 11. Percentual de segregação: meninas 111 12. Percentual de segregação: meninos 112 13. Classificação das brincadeiras segundo Índice de Preferência Sexual 120 14. Índice de preferência individual por sexo 124 15. Quadro síntese: episódios selecionados para análises com respectivas 128 especificações. 10 SILVA, Lúcia Isabel da Conceição. Papagaio, pira, peteca e coisas dos gêneros. Belém, Pará. 2006. 288 p. Tese (doutorado). Programa de pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento. Universidade Federal do Pará. RESUMO Este estudo investigou o significado dos grupos de brincadeiras na rua como um contexto da cultura de pares, percebendo-os não apenas como espaços de expressão e reprodução da cultura de gênero, mas principalmente como contexto de reconstrução e co- construção destes aspectos: papéis sexuais, identidade de gênero e ideologia de papéis sexuais.
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