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NORBERTO O. FERRERAS organizador Desigualdades globais e sociais em perspectiva temporal e espacial HUCITEC EDITORA São Paulo, 2020 © Direitos autorais, 2020, da organização de, Norberto O. Ferreras © Direitos de publicação reservados por Hucitec Editora Ltda. Rua Dona Inácia Uchoa, 209, 04110-020 São Paulo, SP. Telefone (55 11 3892-7772) www.lojahucitec.com.br Depósito Legal efetuado. Direção editorial: Mariana Nada Produção editorial: Kátia Reis Assessoria editorial: Mariana Terra Circulação: Elvio Tezza CIP-Brasil. Catalogação na Publicação Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ D487 Desigualdades globais e sociais em perspectiva temporal e espacial / Ro- gério Haesbaert... [et al.] ; organização Norberto O. Ferreras. - 1. ed. - São Paulo : Hucitec, 2020. 306 p. ; 21 cm. Inclui índice ISBN 978-65-86039-55-9 1. Ciências sociais. 2. Desigualdade social. I. Haesbaert, Rogério. II. Fer- reras, Norberto O. 21-70461 CDD: 305.5 CDU: 316.343.7 Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária - CRB-7/6439 Sumário 13 Introdução Capítulo 1 14 A EXACERBAÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIOESPA- CIAIS E A CONTENÇÃO TERRITORIAL EM TEMPOS DE PANDEMIA. Rogério Haesbaert Capítulo 2 42 DA IGUALDADE POLÍTICA À DESIGUALDADE RACIAL: ARTHUR DE GOBINEAU E ANTENOR FIRMIN ENTRE DESIGUALDADE E DIFERENÇA Maria Verónica Secreto Capítulo 3 66 ERA UMA VEZ NO MÉXICO, CERTAS PESSOAS DE COR: 1836, O SURGIMENTO DE JURE DO TEXAS ESCRAVISTA REPUBLICANO DESIGUAL Karen Souza da Silva Sumário [ 5 ] Capítulo 4 97 O PÊNDULO DE FOUCAULT E A ORGANIZAÇÃO IN- TERNACIONAL DO TRABALHO: JUSTIÇA SOCIAL E DE- SIGUALDADES NO PRIMEIRO CENTENÁRIO DA OIT Norberto O. Ferreras Capítulo 5 120 FRICÇÕES NO ESPAÇO CULTURAL GLOBAL: TRADU- ÇÕES, ASSIMETRIAS E RELAÇÕES DE PODER Giselle Venancio & André Furtado Capítulo 6 148 ARTE COMO ARQUIVO CRÍTICO DE DESIGUALDADES: A COLAGEM NA OBRA DE ROSANA PAULINO Viviana Gelado Capítulo 7 177 TEATRO POPULAR RIO-PLATENSE: DECODIFICAÇÃO E QUESTIONAMENTO DE DESIGUALDADES Alfonso R. Cruzado Capítulo 8 200 DESIGUALDADE E DIREITO SOCIAL: ACEITÁVEL E INA- CEITÁVEL NA PERSPECTIVA DOS JURISTAS CATÓLI- COS NA AURORA DO DIREITO SOCIAL Gabriel Vitorino Sobreira Capítulo 9 234 OS SETE PECADOS CAPITAIS DA LITERATURA SOBRE DESIGUALDADES Leonardo Marques & Tâmis Parron Capítulo 10 276 DESIGUALDADES, ESCALAS DA AÇÃO E TERRITÓRIO: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA AGENDA DE PESQUISA Daniel Sanfelici & Juliana Nunes [ 6 ] Sumário Introdução Desigualdades globais e sociais em perspectiva temporal e espacial o início dos anos 2000, a questão das desigualdades não Nparecia ser um tema que chamasse a atenção dos pesqui- sadores do social e do cultural. Nos últimos 20 anos, porém, o tema foi ganhando importância e se destacando em diversas áreas de pesquisa. Até os últimos anos do século XX, o termo igualdade, valor consagrado pela Revolução Francesa e pelas democra- cias ocidentais, parecia ser o eixo central das análises. Con- tudo, recentemente, as ciências econômicas e a antropologia iniciaram uma aproximação com a noção de desigualdade, com vistas a compreender a forma como se organiza a distri- buição das riquezas nas sociedades contemporâneas e os seus impactos sociais e culturais. Em uma breve pesquisa no Ngram Viewer, que veri- fica os termos utilizados nos livros publicados em períodos Introdução [ 7 ] determinados, é possível verificar a mudança de interesse em relação ao tema, como observamos no quadro 1:1 Embora a busca pelo termo desigualdade não seja da mesma magnitude que igualdade, é possível observar um incremento relativo na utilização da categoria, apesar de uma leve queda no ano final. Fazemos esta primeira menção à comparação entre os termos porque ela permite comprovar a emergência de uma literatura, nas ciências sociais e na economia, que se depa- ra com os impactos dos anos dourados do neoliberalismo e com as medidas tomadas para incrementar os lucros empre- sariais. Os termos donwsizing, outsourcing, management entre outras técnicas utilizadas para aumentar lucros, instalando a produção em países do terceiro mundo — ou naqueles, como 1 Ver a pesquisa realizada em 1-11-2020: <https://books.google.com/ ngrams/graph?content=equality%2Cinequality&year_start=1960&year_ end=2019&corpus=26&smoothing=2&direct_url=t1%3B%2Cequali- ty%3B%2Cc0%3B.t1%3B%2Cinequality%3B%2Cc0#t1%3B%2Cequali- ty%3B%2Cc0%3B.t1%3B%2Cinequality%3B%2Cc0>. [ 8 ] Introdução China ou o México, que brindavam pequenos paraísos traba- lhistas, com locais especiais para produção com uma limitação explicita das leis trabalhistas, as denominadas EPZones (Ex- port Processing Zones) ou as maquiladoras — foram máqui- nas bem-sucedidas de transferência de recursos aos CEO’s das grandes companhias transnacionais. Poderíamos balizar o período áureo dessas práticas entre o início dos anos 1990 e a quebra mundial das Bolsas de Va- lores, em 2008. Embora tenhamos críticas ao neoliberalismo desde os seus inícios, a partir deste momento poderíamos di- zer que se evidenciaram e escancararam os erros de funciona- mento do sistema na sua totalidade: Yanis Varoufakis, Joseph Stiglitz, Paul Krugman e Thomas Piketty trouxeram à tona os resultados da forma de administração das relações econômi- cas até esse momento e o estimulo dado a elas pelo Fundo Mo- netário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mun- dial do Comércio, a Federal Reserve dos Estados Unidos e o Banco Central Europeu que, junto com outras tantas institui- ções, contribuíram para construir uma divisão quase insolúvel entre países cada vez mais ricos e países cada vez mais pobres. O termo desigualdade foi, então, incorporado a essas críticas como uma resultante necessária da distribuição de renda glo- bal e nacional. As análises macroeconômicas levaram a estudos de caso e à diversificação das abordagens e das possibilidades que o termo desigualdades trazia consigo. Aos poucos a categoria ganhou novas tonalidades e usos e se multiplicou como ferra- menta exploratória em realidades que pareciam pouco prová- veis. Novas disciplinas se apropriaram do termo e novos usos lhe foram dados. A categoria foi se transformado num con- ceito laxo e próprio para poder analisar realidades diferentes. Foi nesse contexto que um grupo de pesquisadores, conformado por historiadores, geógrafos e críticos literários, Introdução [ 9 ] decidiu testar o termo e procurar sua conceitualização, apre- sentando o projeto de pesquisa que está sendo financiado pelo Programa Capes-Print, sediado na Universidade Federal Flu- minense, que, como o título deste livro, intitula-se Desigual- dades globais e sociais em perspectiva temporal e espacial. O projeto está em andamento desde finais de 2018 e esta é uma primeira forma de apresentar os resultados das pesquisas em desenvolvimento pelo grupo. O termo desigualdades tem sido apropriado criativa- mente pelo conjunto dos pesquisadores que integram o Proje- to e, neste livro, justamente, testamos seu uso como categoria de análise. O livro mostra como variados campos e possibili- dades se abrem quando utilizamos a categoria desigualdade. Como o projeto é interdisciplinar, temos estudos que tanto avançam na possibilidade de pensar a sua conceituação até a possibilidade de utilizar a categoria desigualdade como ferra- menta analítica em questões culturais. Alcançamos o objetivo proposto por professores e alunos de pós-graduação para que se apropriassem do termo e o incluíssem nas suas investiga- ções e artigos científicos. O volume que aqui apresentamos consta de 10 capítulos com temáticas diferentes e abordagens complementares, como vemos a seguir. O primeiro capítulo do livro é de autoria de Rogério Ha- esbaert e tem por título A exacerbação das desigualdades so- cioespaciais e a contenção territorial em tempos de Pandemia. O capítulo trata do impacto desigual da pandemia de SARS- -CoV-2 no mesmo momento em que ela estava se desenvol- vendo. Por esse motivo, o autor apresenta dados em progresso e uma análise da forma por meio da qual a pandemia afetou o comportamento societário e, ao mesmo tempo, o impacto diferenciado em grupos sociais variados. O segundo capítulo, escrito por Maria Verónica Secreto, intitulado Da igualdade política à desigualdade racial: Arthur [ 10 ] Introdução de Gobineau e Antenor Firmin entre desigualdade e diferença, avança sobre os discursos que constroem e naturalizam as di- ferenças entre os grupos humanos e como se estabelece cien- tificamente quem deve estar no topo e quem permanece na base da pirâmide. A forma como Antenor Firmin, antropólo- go haitiano, rebate as conhecidas teses de Arthur de Gobineau sobre o eurocentrismo permite verificar a existência de um forte aparelho que consolida essa interpretação da realidade e o modo como ela se reproduz. O capítulo seguinte é de Karen Souza da Silva, Era uma vez no México, certas pessoas de cor: 1836, o surgimento de jure do Texas escravista republicano desigual. A autora indaga sobre outra forma de construir desigualdade no período de conso- lidação da Independência Mexicana e de intrincada relação com o Estado do Texas, junto aos Estados Unidos. Neste caso a questão da escravidão é decisiva nas relações internacionais e na conformação de uma relação necessária entre dois polos escravocratas que levará à incorporação de Texas como novo distrito dos Estados Unidos. O quarto capítulo, de autoria de Norberto O. Ferreras, foi intitulado O pêndulo de Foucault e a Organização Internacional do Trabalho: Justiça Social e Desigualdades no Primeiro Centenário da OIT. Apresenta o tratamento que as organiza- ções internacionais têm dado ao termo desigualdades. Numa análise de longa duração, o autor se propõe a acompanhar algumas das principais formas em que o termo foi incorpo- rado às análises e práticas dessas organizações. É importante pensar que elas são importantes difusoras e organizadoras dos discursos na área das ciências humanas e sociais. O capítulo quinto foi escrito por Giselle Venancio e An- dré Furtado, com o título de Fricções no espaço cultural glo- bal: traduções, assimetrias e relações de poder. Nele, os autores investigam as ações da UNESCO na promoção de processos Introdução [ 11 ] de circulação de ideias e conhecimentos, e de como eles se es- tabelecem, em grande medida, de formas assimétricas e desi- guais, entre os diversos países membros.