No Cinema Com a Psicanálise: Seven E a Perversão

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No Cinema Com a Psicanálise: Seven E a Perversão Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Programa de Pós-graduação em Letras NO CINEMA COM A PSICANÁLISE: SEVEN E A PERVERSÃO João Pessoa – PB Maio / 2012 Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Programa de Pós-graduação em Letras NO CINEMA COM A PSICANÁLISE: SEVEN E A PERVERSÃO Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Letras (PPGL), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Letras. Mestrando: Natanael Duarte de Azevedo Orientadora: Profª. Drª. Socorro de Fátima Pacífico Barbosa João Pessoa – PB Maio / 2012 2 A ficha abaixo d A994n Azevedo, Natanael Duarte de. No cinema com a psicanálise: Seven e a perversão / Natanael Duarte de Azevedo. -- João Pessoa, 2012. 150f. : il. Orientadora: Socorro de Fátima Pacífico Barbosa Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCHLA 1. Psicanálise – cinema. 2. Perversão. 3. Sexualidade. 4. Inversão religiosa. UFPB/BC CDU: 159.964.2:791.43(043) 3 Natanael Duarte de Azevedo NO CINEMA COM A PSICANÁLISE: SEVEN E A PERVERSÃO DISSERTAÇÃO apresentada ao Programa de Pós- graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba, como requisito institucional para obtenção do título de MESTRE EM LETRAS. BANCA EXAMINADORA: ____________________________________ Prof.ª Dr.ª Socorro de Fátima Pacífico Barbosa (Orientadora – UFPB) ____________________________________ Prof.ª Dr.ª Genilda Azeredo (Examinadora – UFPB) ____________________________________ Prof.ª Dr.ª Isabela Barbosa do Rêgo Barros (Examinadora – UNICAP) 4 Dedico: ¾ À minha mãe que tanto amo, Marlene Duarte de Azevedo, pessoa guerreira e de muita grandeza, que me deu os maiores bens que poderia me dar: a educação e vontade de lutar e vencer. ¾ Aos meus irmãos, Naasson e Nathalia, a quem tanto amo e por quem tanto prezo. ¾ A Theo, meu companheiro, pessoa-exemplo de estudo e dedicação, que sempre me guia e me conforta, tanto no percurso acadêmico como no pessoal. ¾ De uma maneira muito especial, à minha orientadora, Socorro Pacífico, que me fez acreditar novamente no meu potencial e foi uma grande parceira na construção intelectual que desenvolvi nessa dissertação. ¾ Aos meus padrinhos que muito confiaram e acreditaram em meu avanço. ¾ A minhas tias (maternas e paternas), exemplos de carinho e admiração, que sempre me fizeram sorrir. ¾ E por último e mais especial, dedico esta dissertação aos meus avós, Vicente e Valda, e Salete pelo exemplo de amor e de família. Amarei vocês até a eternidade. 5 Agradecimentos Assim como a psicanálise aponta que nós precisamos dessa relação com o outro e a teoria da adaptação nos diz que os discursos vivem em uma tensão de diálogo, não posso deixar de agradecer aos meus outros que sempre dialogaram comigo: ¾ Ao Senhor Nosso Deus, àquele que me deu forças e me ajudou a seguir em momentos tão difíceis dessa dissertação; ¾ Aos professores da Pós: Sandra Luna, Genilda Azeredo, Margarida Assad, Socorro Aragão, Pedro Francelino, Regina Celi que sempre me conduziram com maestria durante o curso e à Mônica Nóbrega que me introduziu na busca do aperfeiçoamento; ¾ À Elisalva Madruga, grande mestra-mãe; ¾ Aos amigos de EAD: Daniele Campos e Marcos Túlio, pelo apoio constante; ¾ Aos amigos que sempre suportaram minhas colocações “perversas”: Ina, Scoth, Isabela, Denise, Isabelle, Manuela e Sérvulo, Bernadete Mariz, Neilson, Eny, Regina, Suele, Ana Luísa e tantos outros que passaram em minha vida; ¾ Aos cunhados e amigos que sempre me socorreram no momento de cansaço me chamando para as festas: Juliana, Robson, Cida, Dionete e Sílvia. ¾ Aos funcionários da Coordenação da Pós-graduação em Letras, Rose e Mônica, pela disposição e pela competência com que sempre me atenderam; ¾ À CAPES pelo financiamento que permitiu a minha participação em eventos acadêmicos; ¾ A todos que, de alguma forma, fizeram e fazem parte desse trabalho: meus sinceros agradecimentos! 6 Aos libertinos Voluptuosos de todas as idades e de todos os sexos, a vós somente ofereço essa obra; nutri-vos de seus princípios, eles favorecem vossas paixões, com que estúpidos e frios moralistas tentam vos horrorizar, são apenas os meios que a natureza emprega para fazer o homem atingir as metas que traçou para ele. Não ouvi senão essas paixões deliciosas: sua voz é a única que pode vos conduzir à felicidade. (Sade) 7 Resumo: A presente dissertação trabalha com os estudos acerca da perversão, desde o conceito de sexualidade desviante, visto na Idade Média, até os estudos estruturalistas, propostos por Jacques Lacan, verificando no filme Seven, de David Fincher, a possibilidade de uma leitura dos atos do personagem John Doe como característicos da perversão. Objetivamos demonstrar de que modo as ações do assassino em série do filme Seven podem revelar movimentos do inconsciente que seguem uma motivação/manipulação do desejo. Para atingirmos nosso objetivo, iremos recorrer a três linhas de discussão teórica, a saber: 1) a perversão sob as óticas da fetichização (objetificação do desejo sexual), da degeneração cerebral, da substituição do desejo e da estrutura psíquica (Cf. ROUDINESCO, 2008; BINET, 1904 [1879]; KRAFFT-EBING (apud ROUDINESCO, 2008); FREUD, 1989 [1905]; LACAN, 1988 [1956] e 1999 [1958]); 2) os sete pecados capitais como forma de manutenção e reintegração do poder da Igreja (Cf. DELUMEAU, 2003; LE GOFF, 2011; AQUINO, 2000); 3) a adaptação fílmica pelo prisma da transtextualidade (Cf. STAM, 2006; ANDREW, 1984; HUTCHEON, 2011). Analisamos o filme Seven, buscando inferir dos crimes cometidos pelo assassino (sujeito), John Doe, os movimentos do inconsciente que revelem o desvio do desejo para objetificação, ou coisificação, das vítimas. Percebemos que esses desvios do objeto sexual podem ser vistos tanto do ponto de vista da inversão religiosa, como do ponto de vista da psicanálise. Para nossa análise, iremos nos ater ao texto verbal e visual das cenas dos assassinatos apresentados pelo filme, e, em seguida, propomo-nos a analisar a sequência de crimes com base em dois tipos de perversão: voyeur (prazer na fixação em olhar o outro) e sádico (prazer em subjulgar e humilhar o outro). Verificamos em nossa pesquisa a relação intrínseca existente entre os atos voyeur e sádicos com a motivação religiosa que condiciona os crimes por meio da purificação dos pecados capitais. Assim, com a possibilidade da leitura do filme Seven como uma adaptação baseada em textos-fonte que tratam da temática do pecado e da transgressão da lei, observamos que a construção do filme (em especial da movimentação criminosa de John Doe) nos revela uma (re)leitura dos textos sobre os pecados capitais e sobre a clínica perversa. Palavras-chave: psicanálise; cinema; sete pecados capitais, perversão; Seven. 8 Abstract: This present paper intends to works with studies about perversion, including the conception of deviant sexuality, from Middle age, to the structuralist studies proposed by Jacques Lacan, verifying in the movie Seven, by David Fincher, the possibility of interpreting that John Doe’s acts are characteristics of perversion. Our object is to demonstrate how the serial killer’s actions in the movie Seven can reveal movements of the unconscious that follow a motivation/manipulation of desire. To accomplish our goal, we will resort to three lines of theoretical discussion: 1) the perversion under the vision of fetishization (objectification of the sexual desire), the brain degeneration, the substitution of the desire and psychological structure (Cf. ROUDINESCO, 2008; BINET 1904 [1879]; KRAFFT-EBING (apud ROUDINESCO, 2008); FREUD, 1989 [1905]; LACAN, 1988 [1956] and 1999 [1958]);2) the seven capital sins as a way of maintenance and reintegration of the power of the church (Cf. DELUMEAU, 2003; LE GOFF, 2011; AQUINO, 2000); 3) the filmic adaptation through the prism of transtextuality (Cf. STAM, 2006; ANDREW, 1984; HUTCHEON, 2011). We analyze the film Seven seeking to infer from the crimes committed by the murderer John Doe, the movements of the unconscious that reveal the diviation of the desire to objectification of the victims. We realize that the diviation of the sexual objects can be seen both from the point of view of the religious inversion such as psychoanalysis. For our analysis, we will show the verbal and visual texts of the murders presented by the film, then, we propose the analysis of the sequence of crimes based on two types of perversion: voyeuristic (pleasure to look at the other) and sadism (pleasure to overpower the other). We observed in our research the intrinsic relationship between voyeur and sadistic acts and religious motivation witch can determine the crimes by the purification of the capital sins. Thereby, with the possibility of reading the film Seven as an adaptation based on source texts that deal with themes such as sin and transgression of the law, we saw that the construction of the film reveals us a (re) reading of the texts about capital sins and clinical work with perversion patients. Key-words: psychoanalysis; cinema; seven capital sins; perversion; Seven. 9 SUMÁRIO CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 11 CAPÍTULO I – PERVERSÃO E O LUGAR DO DESEJO ..................................... 18 I.I O papel da sexualidade na história: da Idade Média ao século XVIII ............... 22 I.II A aberração perversa: o desvio da norma para a medicina .............................. 40 I.III Freud e a teoria da sexualidade: um ensaio sobre a perversão .......................
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