Leon Hirszman Frente Ao Cinema Brasileiro: O Reconhecimento Ante O Esquecimento

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Leon Hirszman Frente Ao Cinema Brasileiro: O Reconhecimento Ante O Esquecimento Leon Hirszman frente ao cinema brasileiro: o reconhecimento ante o esquecimento por Caio Moreto Mazzilli1 Discente do curso de Cinema e Audiovisual da UFPel INTRODUÇÃO A obra de Leon Hirszman passa por um processo de restauração e digitalização desde 2006, num belíssimo projeto desenvolvido por seus três filhos, Maria, Irma e João Pedro Hirszman. Com apoio do Ministério da Cultura (MINC) e da Cinemateca Brasileira, o projeto “Restauro Digital da Obra Leon Hirszman” é patrocinado pelo Programa Petrobras Cultural da própria empresa, sendo o restauro por conta da produtora Cinefilmes Ltda. A curadoria é de Eduardo Escorel, Lauro Escorel e Carlos Augusto Escorel. Até 2011, o projeto já lançou quatro coletâneas dos filmes do cineasta: Leon Hirszman 01-02 (com os filmes, Eles Não Usam Black-tie, ABC da Greve, Pedreira de São Diogo, Megalópolis e Deixa que eu falo), Leon Hirszman 03 (com São Bernardo, Maioria Absoluta e Cantos de Trabalho), Leon Hirszman 04 (com A Falecida, Nelson Cavaquinho e Cantos de Trabalho) e o ainda não lançado Leon Hisrzman 05 (com dois filmes nunca distribuídos, Imagens do inconsciente e A emoção de lidar ou O egresso). Com exceção de Deixa que eu falo e a coletânea por vir, todos os filmes foram analisados para este artigo. A OBRA São Bernardo (Leon Hirszman, 1972) Carioca nascido na Vila Isabel, filho de poloneses fugitivos 1 [email protected] 248 249 de uma Europa pré-nazifascista, Leon Hirszman desde a destruição de sua moradia. Aqui essa representação da novo encontrou o que seria sua vida de militância política luta de classes inicia um caminho que percorrerá por quase misturada com o carnaval: uma carreira cinematográfica todos os filmes do diretor, um marxista declarado. No filme, permeada de análises político-sociais e a música típica do percebe-se forte influência do russo Serguei Eisenstein Brasil, que gravadas na película seriam as grandes paixões (1898 – 1948), que seria seu grande referencial e cineasta do diretor. predileto. Com a edição de Nelson Pereira dos Santos, vê- se o uso de diferentes tipos de montagem criados pelo Iniciado no cinema pelo cineclubismo, funda em 1958 a cineasta russo, onde a cadência do batuque da trilha Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro. No mesmo sonora segue em compasso com os cortes da película, ano, liga-se ao Teatro de Arena de São Paulo, onde conhece, ora mostrando a face e mãos brutas dos trabalhadores, dentre outros, Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal e ora seus instrumentos de trabalho; oora suas casas em Oduvaldo Vianna Filho, figuras importantes para sua obra cima da pedreira, ora seus olhares ao patrão. Quem faria o e vida. Em 1961, após diversos encontros com a esquerda mesmo, quanto à edição em suas produções, seria Jean- estudantil do País, faz parte da criação e dirige o CPC Luc Godard, que apenas alguns anos antes teria feito seu (Centro Popular de Cultura) da UNE (União Nacional dos primeiro longa-metragem, Acossado, em 1959. Estudantes). Esse núcleo influenciará na corrente mudança do Cinema Brasileiro, lançando não só Hirszman ao mundo Em 1964, Leon Hirszman dirige outro curta-metragem, cinematográfico, mas bem como Eduardo Coutinho, Maioria Absoluta (16 min., preto e branco e 35 mm), com Carlos Diegues, Vianinha, Miguel Borges, Joaquim Pedro roteiro co-assinado pelo próprio diretor, Arnaldo Jabor de Andrade, Thomaz Farkas, Milton Gonçalves, entre (também o produtor executivo), Aron Abend e Luís Carlos outros. Em 1962 o CPC produz o filme Cinco Vezes Favela, Saldanha (que também se responsabilizou pela fotografia que é composto por cinco curtas-metragens de ficção, a e câmera). A montagem ainda segue com Nelson Pereira fim de explorar a realidade dos cidadãos marginalizados dos Santos. Seguindo seu anseio de espaço a todos, pela sociedade brasileira das favelas do Rio de Janeiro. Hirszman mais uma vez dá a voz à classe trabalhadora, só Hirszman fica responsável pela direção de um desses, que dessa vez em formato de documentário e não uma Pedreira de São Diogo. ficção. Seu lado antropológico começa a florescer, mesmo não sendo essa sua primeira documentação etnográfica Pedreira (1962) é o primeiro filme de Hirszman e desde por excelência, uma vez que o diretor mostra sua opinião então vê-se a preocupação em expor a real face do Brasil. com total clareza. Com narração em off de Ferreira Gullar, Com duração de 18 min., preto e branco e filmado em o foco dessa vez é centrado nos analfabetos em estado de 35 mm, o curta conta a história de trabalhadores de um miséria do esquecido Nordeste brasileiro. pedreira que fica embaixo de suas casas, na favela. Frente à obrigação de explodi-la, os empregados se mobilizam O curta inicia com o narrador imparcial, mesclado a para impedir que suas casas venham morro abaixo com depoimentos de pessoas pertencentes às classes alta e a explosão. Eles entram em acordo com a comunidade média, dando sua opinião sobre os pobres do País. Desde local, que corre para onde estão as dinamites e impedem então, se escancara a hipocrisia dessas classes, mostrando 250 251 uma mulher que sabe o problema do país, um homem de mini-documentário. Ainda em 1964, a obra é confiscada sunga tomando sol na praia e dizendo que “todo brasileiro pela recém-instaurada ditadura militar brasileira e só será deve ter vergonha na cara”; outra mulher, sentada no exibida novamente em 1980 no País, enquanto estava em sofá de sua casa mobiliada e recheada de artigos de luxo, circuito no resto do mundo. Uma pena que por aqui caiu dizendo que o povo é indolente e não aceita as coisas que em não conhecimento da população em questão e são só a ele são ofertadas; um jovem que diz que analfabeto não disponíveis em pequenos nichos (cineclubes e via internet) deve votar e uma voz em off, dizendo que deveriam ser mediante a totalidade de pessoas no Brasil, assim como o importados para o Brasil, alemães, ingleses, holandeses e curta-metragem Maranhão 66 (1966) de Glauber Rocha. até norte-americanos. O absurdo. Onde ambos, em conteúdo, nunca deixaram de ser atuais. A partir de então, o narrador começa a tomar partido No ano seguinte, 1965, Hisrzman é convidado a dirigir uma da classe dos analfabetos e as imagens que sobressaem adaptação homônima de uma peça escrita por Nelson na tela são das mais difíceis de serem vistas: um povo Rodrigues. A Falecida (95 min., preto e branco, 35 mm) oprimido e sofrido, magro e com fome, com expressões se faz, então, o primeiro longa-metragem da carreira de dor, mas sempre com um sorriso esboçado no rosto, do diretor. Ele divide o roteiro com Eduardo Coutinho, sempre trabalhando e sem parar. Somada à narração, essas a edição ficou por conta de Nello Meli e fotografia de imagens fazem uma denúncia como nenhum outro filme José Medeiros, num dos primeiros trabalhos do fotógrafo de Hirszman fará. Uma verdadeira denúncia da doença no cinema, e a produção é de Joffre Rodrigues, filho do social brasileira. Homem falando sozinho, outro que treme dramaturgo Nelson Rodrigues (e que inicialmente havia há mais de uma década, uma mulher cuja vida é trabalhar proposto o filme ao Glauber Rocha). por uma ninharia até quando “deus resolver chamá-la”, homens, mulheres e crianças com fome, num País, onde O filme é um retrato fiel da sociedade carioca da época, apenas 3% da agricultura se destina à alimentação, como em especial das comunidades. Pessoas mais próximas, diz o narrador. Segue esse discurso até surgir a indagação o samba presente, e a quase todo momento o futebol, do narrador, junto de filmagens aéreas da recém-construída “marca registrada” por todo o filme. A trilha é também Brasília: “Dos 40 milhões de brasileiros analfabetos, 25 popular e assinada pelo gaúcho Radamés Gnattali (o milhões maiores de 18 anos estão proibidos de votar. No mesmo de Rio, 40 graus, Nelson Pereira dos Santos, entanto, eles produzem o teu açúcar, o teu café, o teu 1955), e faz tema da composição “Luz Negra” de Amâncio almoço diário. Eles dão ao seu país a sua vida, os seus Cardozo e Nelson Cavaquinho, que seria o alvo da filhos. E o país o que lhes dá”. próxima produção de Hirszman. A personagem principal é defendida por Fernanda Montenegro, em seu primeiro O filme termina com um resto de narração, já um pouco papel para o cinema (curiosamente, o ator José Wilker faz desnecessária, e imagens desses brasileiros em labuta, sob seu primeiro papel cinematográfico aqui também, numa sol e chuva, incansáveis, com uma canção de trabalho na “ponta” ao final do longa). A história aqui gira em torno de voz de mulheres ao fundo (que seria tema de um de seus Zulmira, uma dona de casa de meia idade que passa por próximos trabalhos). Um grande final, para um grande uma profunda decadência sobre as crenças em sua O filme 252 253 todo é recheado de cortes e planos que remetem a filmes para um nível de vida baixo, essa diminuição de Alfred Hitchcock, e novamente a Serguei Eisenstein, de suas possibilidades, não fosse a segunda talvez por ser seu primeiro longa, Hirszman aproveita para parte do filme, em que um retrospecto dá a demonstrar a paixão pelo cinema russo. Tomadas fechadas explicação do comportamento de Zulmira: do rosto de Zulmira durante o filme todo tencionam ainda tudo isso porque fora adúltera e apanhada mais o psicológico fragilizado da personagem, em especial em flagrante por uma vizinha. O filme então numa belíssima cena em que ela toma um banho de chuva resvala para uma psicanálise de folhetim, no quintal de sua casa, rodando e rindo sozinha. Outra perdendo-se todas as implicações da primeira cena que permeia sua auto-confiança, é quando ela está parte.” (BERNADET, 1967, p.
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