Lisboa Africana”
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LUZIA GOMES FERREIRA A POÉTICA DA EXISTÊNCIA NAS MARGENS: PERCURSOS DE UMA MUSEÓLOGA-POETA PELOS CIRCUITOS ARTÍSTICOS DA “LISBOA AFRICANA” Orientador: Professor Doutor Marcelo Nascimento Bernardo da Cunha Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Lisboa 2018 LUZIA GOMES FERREIRA A POÉTICA DA EXISTÊNCIA NAS MARGENS: PERCURSOS DE UMA MUSEÓLOGA-POETA PELOS CIRCUITOS ARTÍSTICOS DA “LISBOA AFRICANA” (versão provisória para defesa pública) Tese apresentada para a obtenção do Grau de Doutora em Museologia no Curso de Doutoramento em Museologia, conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Orientador: Professor Doutor Marcelo Nascimento Bernardo da Cunha. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Departamento de Museologia Lisboa 2018 Luzia Gomes Ferreira. A poética da existência nas margens: percursos de uma museóloga-poeta pelos circuitos artísticos da Lisboa Africana. 2 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Departamento de Museologia Luzia Gomes Ferreira. A poética da existência nas margens: percursos de uma museóloga-poeta pelos circuitos artísticos da Lisboa Africana. a Não-tEse metodologias… epistemologias… fontes… campos… dados… análises… produção… escritas… contratos… intelectualidades… títulos… diplomas… desconhecimentos em margens atlânticas… outro dia me peguei pensando: onde está a minha tese? qual corpo corporificado habita essa tese? se alguém já disse antes de mim por que eu preciso repetir? eu quero criar uma não-tese em desuso desejo validar as minhas vivências atlânticas… escrever conforme os pressupostos de uma vida lazer segundo a desformatação do saber de acordo com o cotidiano-vivido observado da minha janela aberta em dia de verão… (luZgomeS) Um dia ainda vou me redimir por inteiro do pecado do intelectualismo viu, se Deus quiser. Não vou ter mais necessidade de falar nada, de ficar pensando em termos descontrários de tudo para tentar explicar as pessoas que eu não sou perfeito, mas que o mundo também não é. E que eu não tô querendo ser dono da verdade. E que eu não tô querendo fazer sozinho uma obra que é de todos nós e de mais alguém, que é o Tempo, o verdadeiro grande alquimista, aquele que realmente transforma tudo. Um pequenino grão de areia é o que eu sou. Só que o grão de areia já conseguiu sendo tão grande ou maior do que eu, ser bem pequenininho e não, não precisar se mostrar mais, tá lá, trabalha em silêncio. Mais mineiro eu sou mais baiano ainda. (Gilberto Gil) 3 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Departamento de Museologia Luzia Gomes Ferreira. A poética da existência nas margens: percursos de uma museóloga-poeta pelos circuitos artísticos da Lisboa Africana. 4 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Departamento de Museologia Luzia Gomes Ferreira. A poética da existência nas margens: percursos de uma museóloga-poeta pelos circuitos artísticos da Lisboa Africana. À minha avó Helena de Jesus, por ter-me ensinado a amar a escrita com total insubmissão ao mundo letrado. Vó, serei doutora como a senhora queria! Às mulheres imigrantes e refugiadas deslocadas pelo mundo, na tentativa de construir outros mundos para si e para os seus! À Lisboa, cidade na qual renasci poeta à beira do Tejo, imersa nas águas do Paraguaçu. Essa Lisboa de LuzBoa também é negra. Amo-te, Lisboa! 5 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Departamento de Museologia Luzia Gomes Ferreira. A poética da existência nas margens: percursos de uma museóloga-poeta pelos circuitos artísticos da Lisboa Africana. 6 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Departamento de Museologia Luzia Gomes Ferreira. A poética da existência nas margens: percursos de uma museóloga-poeta pelos circuitos artísticos da Lisboa Africana. AGRADECIMENTOS Me molhei no mar (e nada pedi) só agradeci. (Gerônimo Duarte/Everaldo Calazans De Almeida Filho) Sempre falo que há três coisas que me fazem amar Lisboa: a luz, o Tejo e os encontros. E o maior encontro que Lisboa me ofertou foi comigo mesma. Não cheguei até aqui sozinha. Muitas pessoas cruzaram o meu caminho antes, durante e depois da travessia atlântica de avião, e não de navio negreiro. Tenho muito o que agradecer e agradecerei a todas as pessoas importantes para mim no processo de investigação e escrita desta tese. Sem me importar com o número de páginas que os meus agradecimentos ocuparão, agradeço: A mim por não ter desistido de mim mesma e desta tese, por ter aprendido a encarar de frente os meus sucessos e fracassos, as minhas alegrias e tristezas, por compreender que é importante dizer «não sei, não quero, não gosto e não posso», por ter aceitado a arte que habita em mim como parte do meu ser nesta existência. À poesia por ter-me feito renascer após ter pisado nos caquinhos de vidro das minhas emoções que fizeram o meu corpo todo sangrar de dor e as minhas forças serem sugadas. A poesia despertava-me, quando só me apetecia dormir sem acordar. A poesia embalava-me, quando desejava ser embalada pela profundidade do Tejo e me sentia covarde por não ter coragem de lançar-me às águas. A poesia era a minha companheira fiel num quarto escuro qualquer de Lisboa. A poesia conhece-me por dentro. Às mulheres artistas e aos homens artistas por não me deixarem sozinha, mesmo quando estou só, imersa nas minhas dores profundas e na minha animação contagiante. Agradeço imenso por vocês fazerem-me ver o mundo como ele não é, na extrema beleza e áspera dureza da vida vivida em ficção-realidade. Artistas, sem vocês e os seus trabalhos que me deram trabalho, não teria escrito esta tese. Ao meu orientador, professor doutor Marcelo Nascimento Bernardo da Cunha, por ter suportado as minhas fugas silenciosas, as minhas ausências materializadas, mas também por ter acreditado em mim, com respeito à minha escrita, sendo o meu cúmplice nessa jornada entre as Artes e as Ciências. 7 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Departamento de Museologia Luzia Gomes Ferreira. A poética da existência nas margens: percursos de uma museóloga-poeta pelos circuitos artísticos da Lisboa Africana. À Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT), na pessoa do Magnífico Reitor, o professor doutor Mario Moutinho, pela criação do edital que me concedeu a bolsa de isenção do pagamento de propinas, sem a qual não teria condições financeiras de fazer um doutoramento pleno fora do Brasil. À Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Museologia da ULHT, professora doutora Judite Primo, que sempre me atendeu com generosidade, quando batia à porta, à procura de orientações sobre os trâmites acadêmicos. E agradeço especialmente pelo seu telefonema, que me deu forças para encarar a travessia do Atlântico e aportar nessa cidade de águas tejanas. À professora doutora Cristina Bruno, ao professor doutor Mário Chagas e ao professor doutor Pedro Cardoso, docentes do Doutoramento em Museologia da ULHT, com aulas instigantes, fazendo-me repensar a Museologia, assim como o meu projeto de tese. Aos meus colegas de turma Tadeu Costa, António Acciaioli Campos e Maria Messias pelas discussões em sala de aula, pelas referências acadêmicas, poéticas e cinematográficas que me ofertaram. Tadeu Costa, parceiro de travessia atlântica e de partilha de casa, agradeço-te também por saber esperar o meu banho de banheira e toda a confecção da minha maquiagem naqueles dias frios na Encarnação, nos quais tínhamos que sair correndo, para não chegarmos atrasados à aula. À Universidade Federal do Pará (UFPA), especialmente a Faculdade de Artes Visuais (FAV) do Instituto de Ciências da Arte (ICA), que me possibilitou cursar o doutoramento com liberação integral. À professora doutora Sue Anne Costa e ao professor doutor Orlando Maneschy. Na época do meu afastamento, a professora era coordenadora do curso de Museologia, e o professor, diretor da FAV. Ambos cuidadosamente adiantaram todo o meu processo de afastamento, para que eu não perdesse o prazo de estar presencialmente em Lisboa, para o início do semestre letivo. Aos meus queridos discentes dos cursos de Museologia e Artes Visuais, que me tornam uma docente em constante construção e reconstrução, fazendo-me atentar para o mundo que nos rodeia. À minha amiga e colega de trabalho professora mestra Marcela Guedes Cabral por ter realizado a entrega do meu apartamento alugado em Belém, enquanto eu já atravessava o Atlântico, por ter sido a minha procuradora no primeiro momento, por ter 8 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Departamento de Museologia Luzia Gomes Ferreira. A poética da existência nas margens: percursos de uma museóloga-poeta pelos circuitos artísticos da Lisboa Africana. encontrado lugar seguro para abrigar os meus livros e roupas, por ter cuidado de toda a burocracia na UFPA. Marcelinha, você foi a minha anjinha-da-guarda, com toda a sua singularidade e generosidade. A Carolina Silva, a minha flor de açaí, por ser a minha atual procuradora até o meu regresso para o Brasil. Pessoa que cuidadosamente recebeu o meu salário mensal e o enviou para mim, enfrentando filas de banco, sistema fora do ar e gerente que não entendia as minhas necessidades de estrangeira na Europa. Evidentemente que, nesse processo de transferência, perdi e perco uma parte considerável dos meus rendimentos, mas arquei com as escolhas que fiz, aprendi a viver com menos, a ter uma vida modesta, com prioridades bem definidas. A Maíra Zenun e Bia Leonel, as minhas amoras-flores de Oyá no cerrado e do cerrado: Mairinha e Biazita. Mulheres-flores dos ventos, pessoas-poemas, que Lisboa me ofertou. Tão diferentes entre si, mas flores de carinho e generosidade que crescem e embelezam o meu jardim do amor.