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Serra do Mar e Mosaicos da Mata Atlântica Uma Experiência de Recuperação Socioambiental

Serra do Mar e Mosaicos da Mata Atlântica

Serra do Mar e Mosaicos da Mata Atlântica

Uma Experiência de Recuperação Socioambiental

São Paulo 1ª Edição

2014

Geraldo Alckmin Governador do Estado de

om grande satisfação, apresento ao leitor este livro sobre o Programa Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica, um projeto inovador de inclusão social, recuperação e conservação ambiental e prevenção de tragédias. A maior área de Mata Atlântica preservada do Brasil está no Estado de São Paulo, nos territórios do Parque Estadual da Serra do Mar e seus três mosaicos: Paranapiacaba, Jureia-Itatins e Jacupiranga. Só no Parque Estadual da Serra do Mar são 332 mil hectares, em 24 municípios paulistas, que contribuem para regulação do clima, promovem a qualidade das águas de abastecimento e dão abrigo a mamíferos, anfíbios, rép- teis e metade das espécies de aves do bioma. Preservar os ecossistemas e, ao mesmo tempo, priorizar a melhoria concreta das condições de vida das populações carentes que havia décadas ali habitavam áreas de risco exige conhecimento, planejamento, investimento e grande competência técnica na execução. Graças à valiosa par- ceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ao trabalho da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), da Fundação Florestal e da Polícia Militar Ambiental, o Programa tornou-se referência internacional no enfrentamento dessas questões. Hoje, mais de 5 mil famílias que viviam em áreas de risco ou de preservação ambiental já foram atendidas com moradias e obras de urbani- zação, com toda a infraestrutura e oportunidades reais de progresso. Vivendo em novas comunidades estruturadas, elas também passam a se beneficiar de programas de capacitação profissional, como a parceria entre Senai e CDHU que já formou 203 profissionais da construção civil e o projeto que forma jardineiros e viveiristas para trabalhar com o reflorestamento das áreas recuperadas. Já estamos iniciando a segunda etapa do Programa, que prevê atender ao todo, com remoção e reassentamento ou obras de urbanização, aproximadamente 25 mil famílias. Em 2009, a CDHU aceitou o desafio de participar do Programa Ambiental das Nações Unidas para a Habitação Social Sustentável (Sushi), que consiste em tornar sustentáveis as habitações de interesse social construídas para população de baixa renda. O Residencial Rubens Lara, em Cubatão, foi reconhecido mundialmente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) como modelo replicável em outros países. Em 2012, o Programa foi consagrado com o prêmio Greenvana Greenbest, a maior distinção conferida no Brasil a iniciativas de qualidade no campo socioambiental. Para o Governo de São Paulo, a vitória na categoria Iniciativas Governamentais, no júri popular, é motivo de orgulho, afi- nal a avaliação do público significa conscientização da população sobre as questões socioambientais. Este também é o sentido deste livro: promover a educação ambiental, um aspecto crítico da preservação. Esta publicação explica as conquistas do Programa Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistemas de Mosaicos da Mata Atlântica e seus novos desafios. Hoje, como verá o leitor, os estudiosos já podem afirmar que a Serra do Mar está razoavelmente livre das ameaças mais graves. O momento é de avançar, e também de celebrar a mobilização de setores da sociedade civil e o trabalho dedicado de pesquisadores, ambientalistas e tantos agentes públicos que, com sensibilidade e muito trabalho, contribuem para tornar o Programa um sucesso, agora e no futuro. Boa leitura!

Daniela Carrera-Marquis Representante do BID no Brasil

poiar o Estado de São Paulo na realização do Programa Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica tem permitido ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) ampliar ainda mais sua atuação e experiência em projetos de desenvolvimento integrado. As características marcantes da região dão a tônica de um projeto socioambiental que busca equilibrar melhores condições de vida para a po- pulação local, com a expectativa de reassentamento de mais de 6.700 famílias e melhoria da qualidade da água, fortalecimento da gestão e pro- teção de unidades de conservação, além de um adicional de 20 mil hectares de Mata Atlântica protegidos e a recuperação de 1.240 hectares do Parque Estadual da Serra do Mar, em um contexto de atividade comercial intensa no litoral paulista, entre outras atividades. A complexidade geográfica, social e econômica desta região tão rica pede uma atuação combinada entre várias instâncias do setor público, da sociedade civil e do setor privado. Para atender a esta multissetorialidade, diferentes metodologias têm sido desenvolvidas e aplicadas, a fim de oferecer uma atenção às famílias que combina aspectos sociais, culturais, econômicos e ambientais. O BID se orgulha por ter ajudado a cons- truir essas metodologias. A ação de reassentamento, por exemplo, que já beneficiou 4.400 famílias e outras 1.000 em melhorias urbanas, trouxe inovações que permiti- ram às famílias sentirem-se suficientemente assistidas, antes e depois da mudança, a ponto de buscarem por uma das quinze opções de moradias oferecidas. Este é um movimento talvez inédito para este tipo de programa, considerando que as unidades habitacionais não são doadas. Deixar a casa em que se vive há muito tempo, em decorrência de fatores externos, não é uma decisão fácil, mesmo que seja para viver em melhores condições. Para as famílias que vivem em áreas semiurbanas ou rurais, outras metodologias foram desenvolvidas. Para ancorar todas as ações, a sinergia entre três instituições tem se mostrado decisiva: a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urba- no (CDHU), a Fundação Florestal e a Polícia Militar Ambiental. O BID teve a oportunidade de contribuir para o desenho deste trabalho conjunto e, justamente por isso, estamos seguros de que a visão integrada do desenvolvimento é o caminho para garantir a sustentabilidade social e ambien- tal no longo prazo, beneficiando as gerações futuras. Promover a cidadania e melhores condições de vida é responsabilidade de todas as esferas envolvidas. Seguramente, levaremos as inovações praticadas na Serra do Mar a outras regiões do Brasil, da América Latina e do Caribe, e agrade- cemos ao Estado de São Paulo pela oportunidade de fazer parte do Programa.

Sumário Introdução

Conceitos e Diretrizes 17

Serra do Mar: Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural

Características da Serra do Mar 27

Os Caminhos do Mar 33

Rainha das Serras 45

Recuperação Socioambiental: Soluções Habitacionais 55

Recuperação Socioambiental: Soluções Ambientais 83

Jureia-Itatins: Diversidade e Proteção Ambiental

Jureia: Uma Joia Natural 93

Mosaico de Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas

Mosaico de Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas 105

Sistema de Fiscalização das Unidades de Conservação

Fiscalização Ambiental 117

15

Introdução

Conceitos 17

e Diretrizes Introdução

sta publicação tem como objetivo apresentar a experiência do Programa Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica. Realizado pelo Governo do Estado de São Paulo (por meio das secretarias de Planejamento, da Habitação e do Meio Ambiente, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), da Fundação Florestal, da Polícia Militar Ambiental e do Instituto de Botânica), o Pro- grama é resultado de uma parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e tornou-se, nos últimos anos, uma das mais bem-sucedidas ações de gestão socioambiental do Estado de São Paulo.

Precedentes do Programa

Conservar e recuperar a Mata Atlântica tem sido um dos mais importantes focos de atuação do Estado de São Paulo nas últimas décadas; afinal, localiza-se no território paulista a maior porção contínua dos remanescentes da floresta. A devastação teve início ainda no século XVI, com o ciclo do pau-brasil, avançou nos períodos seguintes com a ampliação da agricultura e pecuária, o desenvolvimento industrial e a expansão tecnológica. As porções restantes da floresta continuam a sofrer pressões, demandando que tanto as instituições governamentais quanto a sociedade em geral planejem e elaborem planos de ação para a preservação, Mapa de Risco IPT, 2007 Cota 200.

Grau de risco baixo – R1 Grau de risco Médio – R2 Grau de risco Alto – R3 Grau de risco Muito Alto – R4

conservação e recuperação ambiental do conjunto de ecossistemas que a compõem. As situações mais emblemáticas de vul- nerabilidade socioambiental da Mata Atlân- tica no Estado de São Paulo tiveram como origem a construção das rodovias Anchieta (1939-1953) e Imigrantes (1974-2002). Ca- minhos economicamente estratégicos para o desenvolvimento de São Paulo e do Brasil, essas rodovias demandaram anos de estudos e soluções inovadoras de engenharia, além da vinda de milhares de trabalhadores de todo com alto risco geotécnico. Nesses mais de 60 Em 2007, o Governo do Estado de São o Brasil para a execução de suas obras. Com anos de ocupação, os impactos ambientais Paulo deu início ao Programa Recuperação o tempo, no caso da construção da Rodovia e sociais tornaram cada vez mais graves. As Socioambiental em Áreas de Proteção Per- Anchieta, cada trabalhador trazia ou cons- famílias viviam na iminência de acidentes manente no Município de Cubatão, que ficou tituía sua família, transformando os antigos geográficos, muitas em domicílios precários conhecido como Programa Serra do Mar. O acampamentos construídos pelo Departa- construídos em áreas de risco ou próximos às Programa tinha como objetivo melhorar a mento de Estradas de Rodagem (DER) em rodovias. qualidade de vida dos moradores que viviam bairros informais. Originam-se desse período Em virtude da grande quantidade de áreas nos bairros-cota e recuperar essas áreas de os bairros-cota no município de Cubatão1. de risco e da vulnerabilidade das famílias, em preservação ambiental. Nesse período, a Nas décadas seguintes, os bairros-cota tive- 1999 o Ministério Público moveu uma Ação Companhia de Desenvolvimento Habitacio- ram um aumento expressivo da população, Civil Pública (Processo nº 944/1999) contra o nal e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) expandindo-se nas áreas limítrofes do Parque Estado de São Paulo e a Prefeitura de Cuba- realizou um cadastramento das famílias dos Estadual da Serra do Mar. tão, exigindo que os milhares de domicílios bairros que identificou 7.242 domicílios e A ocupação irregular e o adensamento localizados nessas áreas de risco fossem re- estabeleceu um diagnóstico preciso das con- dessas áreas trouxeram prejuízos não só para movidos do Parque. O Estado tornou-se co- dições socioeconômicas dessa população. a preservação do Parque, mas também para -réu2 da ação por ser o responsável legal pela Concomitantemente à realização do a própria população moradora. Os bairros- área do Parque Estadual da Serra do Mar, cadastramento, a CDHU encomendou ao cota foram construídos num dos pontos de tendo de apresentar uma solução adequada Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado estreitamento da Serra do Mar − portanto, para as famílias e um programa de ações para de São Paulo (IPT) um relatório sobre as em uma das partes mais frágeis da floresta, a recuperação da floresta. condições geotécnicas dos bairros-cota. 1. As áreas das encostas da Serra do Mar são definidas por sua altura Luiz Antonio; MIRANDOLA, Fabrício Araújo; ALAMEDDINE, Nabil. em relação ao nível do mar (cota). Daí provêm os nomes dos bairros- Programa Recuperação Socioambiental da Serra do Mar: mapea- cota de Cubatão: Cotas 95/100 (localizadas à margem da Rodovia mento de risco de escorregamentos nos bairros-cota, município de Anchieta, Km 52/53 da pista ascendente, a 3 km do Centro de Cuba- Cubatão. In: CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE ESTABILIDADE DE EN- tão); Cota 200 (Km 50 da pista ascendente da ); COSTAS, 5., 2009, São Paulo. Anais. São Paulo: ABMS, 2009. v. 2, p. Cota 400 (Km 47/48 das pistas ascendente e descendente da Rodo- 231-236. 8 p. (IPT. Comunicação Técnica 168750) via Anchieta); Cota 500 (Km 45 da pista ascendente da Anchieta). 4. Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Relatório Técnico nº 97 082- 2. A Prefeitura do Municépio de Cubatão também foi indicada como 205 – 5/34. p. 8. réu pelo Ministério Público no Processo nº 944/1999. 5. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Revista Serra do Mar. 3. OGURA, Agostinho Tadashi; YOSHIKAWA, Nestor Kenji; GOMES, Novembro, 2007. Ano 1. Nº 1. p. 11.

19 Esse levantamento foi fundamental para o Esse conjunto de informações subsidiou planejamento das intervenções futuras na uma importante decisão em 2007: o congela- região, pois apresentou laudos criteriosos e mento dos bairros-cota. O congelamento foi específicos sobre as condições de cada bairro, realizado por meio da fiscalização da Polícia por meio de um mapeamento das áreas de Militar, que contava com um efetivo de 130 BID e Fundação Florestal Introdução risco, classificadas em 4 graus: R1 baixo, R2 homens, dos quais 76 eram policiais ambien- Equipe reunida no litoral Sul, novembro de 2010. médio, R3 alto, R4 muito alto3. tais. A ação consistia basicamente em conter O escopo básico adotado pelo IPT obede- o crescimento dos bairros, impedindo sua ex- cia a dois critérios para a definição dos se- pansão e o avanço dos desmatamentos, quei- tores de risco. O primeiro estava relacionado madas, captura de animais silvestres e extra- à avaliação de suscetibilidade dos terrenos e ção de espécies vegetais do Parque Estadual. probabilidade de ocorrência de instabilização Com isso, nenhuma nova família poderia se das encostas, por meio da análise da situação mudar para um dos bairros e nenhum novo do escoamento de água superficial e feições cômodo ou domicílio poderia ser construído, datóriae proteger os pescadores tradicionais de movimentação do terreno, como trincas, o que fez com que os bairros-cota deixassem e caiçaras. rachaduras e degraus de abatimento nas ca- de se expandir5. Ainda em 2008, o Governo do Estado de sas e no terreno. De 2007 a 2008, uma série de atividades São Paulo passou a negociar com o Banco In- O segundo critério estimava o potencial deu prosseguimento ao Programa Serra do teramericano de Desenvolvimento (BID) o fi- de danos às habitações e a seus moradores, Mar, entre as quais: início das ações de edu- nanciamento de parte das ações do Programa considerando a posição das moradias nas cação ambiental com a população; realiza- Serra do Mar, com o objetivo de ampliá-lo e encostas e suas distâncias em relação aos ção do processo de arrolamento e selagem torná-lo ainda mais abrangente. Em 2010, a taludes críticos − além do grau de vulnerabi- das edificações; contratação dos projetos parceria com o BID foi efetivada. O Programa lidade das próprias edificações − e avaliando básicos habitacionais e de urbanização; au- ultrapassou os limites do município de Cuba- seu padrão construtivo e nível de consolida- diência pública para a publicação dos editais tão e as atividades passaram a ser planejadas, ção urbana4. das obras do Programa (julho/2008). Nesse estendendo-se por todo o Parque (de norte A análise conjunta desses critérios permi- período, também foram criadas as Áreas de a sul do Estado), para o território de Jureia- tiu estabelecer um mapeamento de risco dos Proteção Ambiental Marinhas e constituído -Itatins e para as Unidades de Conservação setores, cujas manchas revelavam, como se o Mosaico de Ilhas e Áreas Marinhas Protegi- Marinha recém criadas, passando a se chamar pode ver no exemplo da Cota 200, que gran- das, com o intuito de aprimorar a gestão da Programa Recuperação Socioambiental da de parte dos domicílios estava localizada em conservação dessas áreas e da biodiversidade Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da áreas de risco alto e muito alto. marinha, combater a pesca industrial e pre- Mata Atlântica. Parque Estadual Serra do Mar Núcleo Itutinga-Pilões.

Mosaico Jureia-Itatins Barra do Una.

do Mar; 3. Fiscalização das Unidades de Conservação. Cada um desses componentes possui objetivos específicos, cujas ações são desenvolvidas pelos órgãos executores do Programa: (a) Secretaria de Estado do Meio Ambiente, por meio da Fundação Florestal; (b) Secretaria de Estado da Habitação, por meio da Companhia de Desenvolvimento Ha- Diretrizes do Contrato frentes de atuação, envolvendo diversas bitacional e Urbano (CDHU). equipes da administração pública. Assim, Para a operação desses componentes, o Com a expansão da atuação no município nessa primeira fase foram previstos recursos contrato entre o Governo do Estado e o BID de Cubatão para outros locais do Estado, o de mais de R$ 1 bilhão para a realização das determinou a criação de Unidades de Exe- cenário inicial do Programa tornou-se ainda atividades de conservação e recuperação da cução do Programa (UEP) nas secretarias do mais complexo. À crítica situação dos bair- Mata Atlântica, para o reassentamento das Meio Ambiente e da Habitação – cada UEP ros-cota e de seu trecho no Parque Estadual famílias dos bairros-cota e para o reassenta- contando com uma equipe mínima necessária da Serra do Mar (PESM) somavam-se agora mento de famílias residentes no interior do para a realização dos trabalhos. O contrato as questões peculiares dos litorais Norte e PESM em outros municípios do litoral. também solicitou, como uma das condições Sul, do Mosaico de Ilhas e de Áreas Marinhas As ações foram estruturadas e agrupadas prévias para o início das atividades, que esses Protegidas e do Mosaico Jureia-Itatins. Essas em três grandes componentes: 1. Proteção órgãos executores celebrassem um convênio áreas encontravam-se em estágios muito das Unidades de Conservação; 2. Investi- geral com a Secretaria de Planejamento e diferentes de preservação e uso sustentável, mentos Sociais no Parque Estadual da Serra Desenvolvimento Regional, e, ainda nesse o que exigia ações distintas de manejo e recuperação, por meio do diálogo com co- munidades quilombolas, caiçaras, pescadores, Recursos da 1ª Fase do Programa proprietários rurais, posseiros e demais po- pulações tradicionais, além de uma análise Fontes de Recursos Valor R$ Valor U$ (R$ 2,28) % detalhada para as práticas adequadas do Banco Interamericano de Desenvolvimento 369.360.000 162.000.000 35 ecoturismo, da educação ambiental e da pes- quisa científica. Governo do Estado de São Paulo e outros 702.240.000 308.000.000 65 Para equacionar essa pluralidade de si- tuações, o Programa se organizou em várias TOTAL 1.071.600.000 470.000.000 100 Mosaico Jureia-Itatins Barra do Una.

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âmbito, indicou que a Fundação Florestal fir- muito bem-sucedida, promovendo o bom an- Núcleo Cunha masse convênios específicos com o Instituto damento da implantação e gestão das ações. Núcleo Curucutu de Botânica e com a Polícia Militar Ambiental Além do apoio financeiro, essa parceria ainda Núcleo Itariru Introdução para o desenvolvimento de suas ações. prevê a avaliação de toda a metodologia de Núcleo Itutinga-Pilões Com tantas equipes de trabalho em um reassentamento das famílias e o monitora- Núcleo Padre Dória processo bastante complexo, o contrato des- mento das metas e dos impactos sociais e Núcleo Picinguaba Núcleo Santa Virgínia tacou também a criação de uma Unidade de ambientais do Programa. Núcleo São Sebastião Gerenciamento do Programa (UGP), para ga- rantir o êxito e a integração das ações desen- Mosaico Jureia-Itatins volvidas: UGP Recuperação Socioambiental Serra do Mar, Jureia-Itatins, da Serra do Mar e Sistemas de Mosaicos da Estação Ecológica Jureia-Itatins Mosaico de Ilhas e de Parque Estadual Itinguçu Mata Atlântica. Áreas Marinhas Protegidas Ligada diretamente ao Gabinete do Go- Parque Estadual Prelado vernador do Estado e à Secretaria de Pla- Reserva de Desenvolvimento Sustentável Despraiado Do ponto de vista da atuação no território, é Reserva de Desenvolvimento Sustentável Barra do Una nejamento e Desenvolvimento Regional, a possível observar as ações do Programa Re- Refúgio Estadual de Vida Silvestre das Ilhas Marinhas UGP foi estabelecida com a função de gerir cuperação Socioambiental da Serra do Mar do Abrigo e Guararitama o cumprimento dos objetivos estratégicos do e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica em Programa e executar as ações necessárias de três grandes eixos: 1. Parque Estadual da Ser- Mosaico de Ilhas e de Áreas Marinhas Protegidas coordenação interinstitucional, realizando o ra do Mar; 2. Mosaico Jureia-Itatins; 3. Mo- acompanhamento físico, técnico, institucio- Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Norte saico de Ilhas e de Áreas Marinhas Protegidas. nal e financeiro dos distintos componentes e Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Centro Cada um desses territórios possui núcleos suas atividades. Além disso, a UGP é respon- Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Sul administrativos e unidades de conservação sável pela interface com as equipes técnicas Área de Proteção Ambiental da Ilha Comprida específicas, nos quais uma série de ações tem Parque Estadual Ilha Anchieta do BID no processo de implementação do sido implementadas: Parque Estadual Programa, pois é porta-voz oficial das autori- Parque Estadual Marinho Laje de Santos dades governamentais do Governo do Estado Parque Estadual Xixová-Japuí e de outras instâncias públicas pertinentes. Parque Estadual da Serra do Mar Parque Estadual Ilha do Cardoso A integração entre as equipes de técnicos Núcleo ARIE de São Sebastião do Estado de São Paulo e do BID tem sido Núcleo ARIE do Guará Área de Proteção Marinha Litoral Norte

No caso da Serra do Mar, o Programa pre- vê ações em toda a sua extensão. No âmbito habitacional, há uma atuação concentrada nos bairros-cota no município de Cubatão, com o reassentamento de 5.300 famílias e obras de infraestrutura que beneficiarão ou- Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar mento do sistema de gestão e ainda trabalhos tras 2.400 que permanecerão em partes dos (PESM), por meio da adequação dos limites de conscientização das populações de pesca- bairros Cota 200 e Pinhal do Miranda, que do Parque, da melhoria de sua infraestrutura dores para promoção de práticas sustentáveis terão áreas urbanizadas. Também está pre- de proteção e uso público, e a recuperação de pesca, turismo e esportes marinhos. visto o reassentamento de 1.400 famílias que de passivos ambientais, com reflorestamento Vale ressaltar que em todas as Unidades de vivem em áreas do Parque Estadual da Serra e recuperação de aproximadamente 90 hec- Conservação abrangidas pelo Programa a fis- do Mar em outros municípios do Estado de tares no município de Cubatão. Outros 200 calização de seus territórios foi reforçada pela São Paulo. hectares ficarão livres de espécies exóticas e atuação da Polícia Militar Ambiental. Trata-se Já em relação às questões ambientais, serão recuperados, e também 850 hectares de de um trabalho integrado, desenvolvido pelos está prevista a implementação do Plano de florestas serão enriquecidos de forma a recu- órgãos competentes, que tem apresentado perar sua biodiversidade. Por fim, dentro das resultados expressivos. ações de recuperação ambiental está prevista Nos capítulos a seguir, cada uma das Uni- a construção e operação do Jardim Botânico dades de Conservação do Programa será apre- de Cubatão, o primeiro exclusivamente com sentada em sua totalidade, com as caracte- espécies de Mata Atlântica do país. rísticas prévias, as propostas e seus resultados No Mosaico Jureia-Itatins, os trabalhos parciais (até 2013). De modo que este − um desenvolvidos visam à conclusão do Plano dos mais importantes programas ambientais de Manejo do Mosaico, além da melhoria em andamento no país e no mundo, dada a da infraestrutura de gestão, proteção e uso riqueza em biodiversidade da Mata Atlânti- público, capacitação de pessoas e incentivos ca – poderá ser analisado em suas diversas para a adoção de atividades econômicas sus- frentes de atuação, o que certamente propi- tentáveis entre as comunidades. ciará novas perspectivas para futuras etapas e Já para o Mosaico de Ilhas e para as Áreas disseminará as boas práticas já desenvolvidas, Marinhas Protegidas estão previstos a elabo- que podem ser replicadas em outras ativida- ração e o início da implementação do Plano des e programas de conservação e recupera- de Manejo das APAs Marinhas, o fortaleci- ção socioambiental. 3 São Paulo 11

7

13 10 3 3 23 8 2 7 Introdução

9 2 2 6

12 Mapa do Programa Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica 5 1 Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Sul 1 2 Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Centro 3 Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Norte 4 Parque Estadual Ilha do Cardoso 5 Área de Proteção Ambiental Ilha Comprida 6 Mosaico Juréia-Itatins 7 Parque Estadual Serra do Mar 4 8 Parque Estadual Xixová-Japuí 9 Parque Estadual Marinho Laje de Santos 10 Parque Estadual Ilhabela 11 Parque Estadual Ilha Anchieta 12 Área de Relevante Interesse Ecológico do Guará 13 Área de Relevante Interesse Ecológico São Sebastião

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Serra do Mar: Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural

Características 27 da Serra do Mar

o âmbito do Programa Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mo- saicos da Mata Atlântica, as ações desenvolvidas na Serra do Mar correspondem aos maiores esforços paulistas de recuperação e conservação socioambiental. Tal empenho se dá não só pela riqueza ambiental dessa cadeia montanhosa, mas também pelo patrimônio histórico e cultural que ela representa para São Paulo, para o Brasil e para o mundo. A Serra do Mar é um dos mais importantes remanescentes da Mata Atlântica no Estado de São Paulo. Por esse motivo, e com o objetivo de preservá-la, em 1977 foi realizado o tomba- e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: mento da Serra do Mar pelo Governo do Estado e criado o Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) (Decreto nº 10.251), atualmente com 332 mil hectares que abrangem parte de 24 muni- cípios. Devido à sua vasta extensão e à sua localização, o PESM constitui um verdadeiro corre- dor ecológico, interligando os mais significativos remanescentes de Mata Atlântica do país − do Paraná ao . Fisicamente, “a Serra do Mar corresponde à escarpa montanhosa da borda oriental ao Pla- nalto Atlântico, acompanhando as direções geográficas e estruturais SW/NE do litoral sudeste brasileiro, vencendo desníveis médios de 1.000 metros em larguras entre 5 e10 quilômetros, e estendendo-se por cerca de 1.000 quilômetros do Estado do Rio de Janeiro ao Estado de ” (SANTOS, A.R. 2004: 17). Já em relação a sua cobertura vegetal, a floresta que caracteriza a Serra do Mar é denomi- nada Floresta Ombrófila Densa ou Floresta de Encostas, que apresenta: (a) diversidade de flora;

29 (b) grande variedade de espécies; (c) árvores que chegam a 30 metros de altura; (d) corpo florestal denso e de copas contíguas; (e) am- biente interno com sombra densa, quente e úmido; (f) denso manto florestal; (g) interior florestal com grande variedade de Pterido- phyta, orquídeas e lianas; e (h) enraizamento superficial e subsuperficial intenso e denso. Em virtude dessas características, as es- carpas da Serra do Mar – somadas à elevada declividade e à presença de condicionantes geológicos/geotécnicos, climáticos e aque- les ligados à cobertura vegetal e ao uso do solo – são palco frequente de processos de instabilização do solo, que envolvem desde o rastejo quase imperceptível dos horizontes superiores do solo até grandes escorregamen-

tos com consequências catastróficas. e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: Na figura ao lado, é possível observar a ticipação das massas polares. Está, em média, nha a maior pluviosidade do Brasil – o que média da distribuição temporal e espacial 30% a 40% menos sujeito às invasões de frio. faz com que a região seja rica em recursos das chuvas ao longo do PESM, com desta- Já a posição da Serra do Mar, bem pró- hídricos, garantindo a atividade de várias que para a elevada pluviosidade na porção xima à costa, é responsável pela acentuada indústrias e o abastecimento de água da po- central, que corresponde à região do Vale do pluviosidade mesmo no inverno. Esse é o caso pulação. Itapanhaú. do Litoral Central, que abrange o município Em relação à biodiversidade, ao longo dos O Litoral Norte e a Baixada Santista com- de Cubatão e é controlado por massas tropi- nove núcleos que compõem o Parque Estadu- põem regiões climáticas distintas. O Litoral cais e polares de clima úmido na face oriental al da Serra do Mar (PESM) foram registradas Norte, onde se situam os Núcleos Picinguaba, e subtropical. O aumento da participação das 373 espécies de aves, 111 de mamíferos, 144 Caraguatatuba e parte de São Sebastião, é massas polares, onde a Serra se aproxima da de anfíbios e 46 de répteis catalogados no controlado por massas equatoriais e tropicais, costa quase no sentido oeste-leste, aliado à Plano de Manejo. Além disso, o Parque con- com clima úmido das costas expostas à massa direção oponente às correntes perturbadas tribui para a conservação de 19% do total tropical atlântica, sujeitas a uma menor par- do sul, faz com que parte deste trecho te- de espécies de vertebrados de todo o Brasil e Vertebrados Existentes Representatividade de vertebrados existentes no Parque Estadual da Serra do Mar (% de espécies com relação à riqueza brasileira, da Mata Atlântica, do Estado de São Paulo e da Serra do Mar).

46% de toda a Mata Atlântica. Protege 53% das espécies de aves, 39% dos anfíbios, 40% dos mamíferos e 23% dos répteis registrados Anfíbios em todo o bioma. Répteis Das 704 espécies de vertebrados registra- Aves das no PESM, 70 (10%) estão compreendidas Mamíferos nas listas de espécies ameaçadas (em âmbito Total de Vertebrados internacional, nacional ou estadual), sendo 42 espécies de aves, 21 de mamíferos, quatro de anfíbios e três de répteis. 85 De todas as aves ameaçadas, merecem des- 72 70 taque: o macuco, a jacutinga, o papagaio-da- 58 cara-roxa, o papagaio-chauá, o sabiacica, o 53 57 50 48 46 pararu, o pixoxó, a cigarra-verdadeira, o ga- 41 40 44 vião-pombo-grande, o gavião-pomba. Quatro 23 entre as cinco espécies de primatas (macacos) 19 21 19 19 23 registradas no Parque são endêmicas da Mata 8 Atlântica e consideradas ameaçadas de extin- ção: o sagui-da-serra-escuro, o sauá, o bugio Brasil Mata Atlântica São Paulo Serra do Mar e o muriqui ou mono-carvoeiro. Dos grandes mamíferos, os mais ameaça- dos são a onça-pintada, a anta, o cateto e a da, principalmente na Serra do Mar. Como difícil travessia do litoral até o Planalto de queixada. A paca, a cotia, o tatu-galinha e o as sementes do palmito-juçara servem de Piratininga exigia dos que aqui nasceram tamanduá-mirim também são considerados alimento para mais de 70 espécies de aves, e dos que decidiram aqui viver incansável espécies vulneráveis, principalmente pela roedores e primatas (macacos), principalmen- persistência e coragem, traços marcantes do pressão da caça. te a jacutinga, a espécie classifica-se hoje em caráter paulista. Do ponto de vista cultural, Das espécies vegetais, a mais ameaçada é, crítico perigo de extinção no Estado de São a Serra do Mar é um patrimônio de valor sem dúvida, o palmito-juçara, cujo valor de Paulo. inestimável, e todo o seu processo de trans- mercado é alto e cujos estoques se concen- Historicamente, a Serra do Mar representa formação – do período colonial até a atual tram no interior das unidades de conservação, um dos elementos de formação do caráter recuperação socioambiental – será apresen- onde sua reprodução já se encontra ameaça- paulista e de sua identidade particular. A tado a seguir.

Os Caminhos 33

do Mar Benedito Lima de Toledo Prof. Titular de História da Arquitetura da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo)

o longo do primeiro século de colonização, São Paulo de Piratininga foi o único núcleo urbano afastado do litoral. Os descobridores presumiram que deveria haver caminhos de comunicação com o Planalto, dado que, dois dias após a chegada de Martim Afonso de Souza, os principais chefes indígenas lá estavam no litoral. Logo se descobriu que havia uma trilha acompanhando o Rio Mogi. Esse percurso correspon- de aproximadamente ao caminho utilizado no século 19 pelos engenheiros ingleses na constru- ção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Era a trilha de menor declividade e que atingia a Borda e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: do Campo, num local denominado Paranapiacaba, palavra que na língua dos nativos significa “lugar de onde se vê o mar”. Desse ponto, a estrada de ferro percorre um trecho praticamente plano até atingir a Estação da Luz. Quando os jesuítas chegaram ao litoral, decidiram fundar um núcleo serra acima. Guiados por André Ramalho, filho de João Ramalho, acabaram optando por uma acrópole cercada pelos rios Piratininga (Tamanduateí) e Anhangabaú. Nos primeiros tempos, utilizavam a trilha do Rio Mogi, mas a proximidade de tribos hostis levou-os a cogitar a abertura de uma nova trilha, afastada daquele rio. Foi escolhido o Vale do Perequê, e o Padre José de Anchieta, muito jovem ainda, presidiu a abertura dessa nova trilha, que passou à história como Caminho do Padre José. Os empreendimentos levados a cabo por esse jesuíta contradizem a ideia de que teria saúde frágil. Serra do Mar Cartão-postal do início do Século XX. Cruzeiro Quinhentista Denominação simbólica do monumento erigido para assinalar o ponto de convergência dos principais caminhos que vencem a Serra do Mar. O conjunto inclui êxedras nas margens do Caminho.

Calçada do Lorena Obra pioneira na utilização de calça- mento de pedra e um inovador traçado em zig-zag com 180 curvas entre os vales dos rios das Pedras e do Perequê.

A trilha só permitia trânsito em fila india- cunas decorrentes de escorregamentos que na e as cargas eram carregadas nos ombros ocorrem na Serra do Mar. de índios. Os doentes eram levados em redes Há em Cubatão um monumento batiza- pelos mesmos portadores. O caminho era tido do de Cruzeiro Quinhentista, denominação como um dos “piores do mundo”, onde se alegórica de uma obra edificada em 1922. O subia “agarrando-se às raízes das árvores”, no monumento assinala o ponto de convergên- dizer de cronista da época. cia dos caminhos antigos que desciam a Serra Ao tempo do Morgado de Mateus (1765- do Mar. O Cruzeiro, infelizmente, recebeu 1775), foi necessário melhorar o caminho, “restaurações” desastrosas. entre outras razões, pela necessidade de se O Caminho do Padre José, mesmo após as transportar a artilharia para o Forte de Igua- melhorias introduzidas ao tempo do Morgado temi. Foram construídas pequenas pontes, de Mateus, tornara-se insuficiente e imprati- realizados cortes e aterros, muros de arrimo cável em épocas de grandes chuvas. e, no planalto, uma estrada de troncos. Bernardo José de Lorena, que governou a Em 1979, com uma equipe, organizei uma Capitania de São Paulo entre 1788 e 1798, pesquisa tentando balizar o antigo caminho. chegou a São Paulo acompanhado de oficiais Conjugando expedições por terra com fo- do Real Corpo de Engenheiros. Esses oficiais tointerpretação, depois de muitas entradas vieram originalmente ao Brasil com a missão foi possível encontrar muros de arrimo, cor- de realizar trabalhos cartográficos, visando tes e aterros, vestígios de pontes e da estrada dar cumprimento ao Tratado de Santo Ilde- de troncos. Resultados dessa pesquisa foram fonso, celebrado em 1777 entre Portugal e publicados no Jornal da Tarde (7/5/1980 e Espanha. Não sendo necessária sua presença 24/6/1980). Em conclusão, foi demarcado o naquelas operações, Bernardo José de Lorena traçado do Caminho do Padre José, com la- encarregou-os de obras em sua Capitania. Lápide Afixada no Padrão do Lorena, onde se lê: OMNIA VINCIT AMOR SUBDITORUM, inscrição que Lorena mandou executar em homenagem à rainha D. Maria I.

35 Uma delas, a construção de uma estrada A obra ficou conhecida como Calçada do obras. O Capitão General transferiu a home- entre Cubatão e São Paulo que permitisse o Lorena. Essa invulgar obra da engenharia nagem à rainha mandando afixar outra, onde tráfego regular de tropas de muares. colonial esteve, muitas vezes, perdida em se lia a inscrição “Omnia vincit amor subdi- Baseados nos levantamentos cartográficos meio à vegetação da Serra do Mar. Depois torum” (foto 3). Essas lápides foram localiza- pioneiros que então realizaram, os oficiais de alguns anos de pesquisa, pude, trecho das por Washington Luís em 1920 e coloca- optaram pela abertura do novo caminho por por trecho, reencontrar e reconstituir seu das no monumento conhecido como Padrão um contraforte divisor de águas entre os traçado, pesquisa que integrou minha tese do Lorena (foto 4) no Caminho do Mar. vales do Rio das Pedras e do Rio Perequê. Da de doutoramento (1973) – O Real Corpo A Calçada permitiu o trânsito de tropas de acentuada declividade do terreno resultou de Engenheiros na Capitania de São Paulo, muares e abriu uma via de exportação para o um traçado em zigue-zague com 180 ângu- Destacando-se a Obra do Brigadeiro João da açúcar produzido no chamado “quadrilátero los e, o que é surpreendente, sem cortar um Costa Ferreira –, publicada por João Fortes açucareiro”. único curso d’água, em plena Serra do Mar. Engenharia em 1981. Essa via, a melhor do país em seu tempo, Com isso, evitou-se a construção de pontes, A Câmara de São Paulo fez erigir um foi utilizada pelo Príncipe D. Pedro na memo- obra de difícil manutenção naquele clima. A monumento, em 1790, com uma lápide em rável jornada de 7 de Setembro. A Calçada do maior inovação, todavia, foi a pavimentação homenagem a Bernardo José de Lorena, em Lorena constitui-se, portanto, em verdadeira em pedras, trazidas de longas distâncias, tal- sinal de gratidão e reconhecimento por suas Estrada da Independência. vez das pedreiras de São Bento em Santos.

A obra foi saudada pelos viajantes como a e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: Padrão do Lorena “melhor do país e como ela poucas eram vis- Homenageia o autor da Calçada que tas na Europa”. leva seu nome. Situa-se em um ponto O beneditino Frei Gaspar da Madre de onde o Caminho do Mar cruza a Deus, que percorrera o antigo caminho entre Calçada do Lorena. Santos e São Paulo seis vezes, ou seja, várias vezes o percurso, descreve-o com pormenores apavorantes e conclui: “(...) enfim um passo laboriosíssimo, uma série contínua de peri- gos, foi a Serra noutro tempo”. Já a nova Cal- çada era “uma ladeira espaçosa, calçada de pedras, por onde se sobe com pouca fadiga, e se desce com segurança”. Informação notável para o monge, que andava pelos 80 anos. Calçada do Lorena dia 25, subiram para São Paulo, acompanha- Em primeiro plano, a Calçada do A Estrada da Maioridade Lorena e no horizonte a Baixada dos de grande comitiva. Em homenagem aos Santista. Pintura de Oscar Pereira Em 1836, o Marechal do Corpo de Enge- insignes visitante, a nova via foi batizada de da Silva, a partir de desenho de nheiros Daniel Pedro Müller foi encarregado Estrada da Maioridade. Hercules Florence (original em de “formar o plano de uma estrada de carro Os reverendos Kidder e Fletcher editaram, branco e preto). desde o Cubatão de Santos até as povoações em 1857, a obra and the Brazilians, Charles Landseer e William John Burchell, mais consideráveis que ali exportam seus que se tornou um clássico. Nessa obra utili- exímios desenhistas ingleses que andaram produtos”. zaram “daguerreotipes views taken on the por aqui em 1825 integrando a missão de Foi na administração de Rafael Tobias de spot”. Uma gravura intitulada The bridge and Sir Charles Stuart, nos legaram magníficos Aguiar, em 1841, que a obra ficou em con- Serra do Cubitão (sic) mostra a ponte co- desenhos retratando o novo caminho e seus dições de tráfego, sob a orientação de João berta, construída pelos jesuítas, sobre o Rio usuários, os tropeiros. Hercules Florence, por Bloem. A estrada tinha 20 palmos de largura Cubatão e a Serra do Mar ao fundo. São vis- sua vez, realizou um desenho que permite ver e o trecho de serra, 3.580 braças (cerca de tos dois caminhos. Um deles, quase a prumo, no horizonte a Baixada Santista e, em pri- 7.876 metros). que os autores informam ser o caminho feito meiro plano, a Calçada e viajantes, entre eles, Em 18 de fevereiro de 1846, D. Pedro II e pelos jesuítas – na verdade, pela posição, talvez, o próprio artista. D. Teresa Cristina chegaram a Santos e, no seria a Calçada do Lorena, imprecisamente Tropeiro no Caminho do Mar Desenho de Charles Landseer (1825) mostrando um tropeiro paulista tal como descrito por vários viajantes: “... com esporas chilenas, faca na bota, poncho e chapéu de abas largas”.

Ponte e Serra de Cubatão Pintura de Oscar Pereira da Silva, re- alizada a partir de gravura originada de daguerreótipo da obra de Kidder & Fletcher – Brazil and Brazilians (1857). 37 Vergueiro elaborou um novo traçado entre a cidade e o Alto da Serra, que se iniciava no Largo da Pólvora, no centro de São Paulo. En- tre esse Largo e a Baixada, a estrada passou a ser conhecida como Estrada do Vergueiro. A atual Rua Vergueiro é um remanescente des- sa época, bem como o trecho da estrada que restou próximo à Via Anchieta.

representada –, e o outro é a Estrada da Maioridade, que esses viajantes iriam pal-

milhar. Sem dúvida, trata-se de um valioso e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: documento iconográfico.

Estrada do Vergueiro

Assumindo a Presidência da Província em 1862, Vicente Pires da Motta entregava a José Vergueiro a direção e a administração da estrada para Santos (Estrada do Verguei- ro). O novo administrador realizou extensas obras de melhoria, como cortes, aterros, pontes, muros de contenção e regularização da declividade. Primeira viagem de automóvel entre São Paulo e Santos Realizada nos dias 16 e 17 de abril de 1908. Pintura de Oscar Pereira da Silva, a partir de fotografia.

A Ferrovia

Em 16 de fevereiro de 1867 era entregue ao tráfego a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, obra que exigiu notáveis trabalhos de enge- nharia no trecho de serra e que causou uma verdadeira revolução na economia e nos cos- tumes paulistas. Com a ferrovia, a Estrada do Vergueiro conheceu progressivo abandono. O aterro na baixada entre o Rio Cubatão e Santos foi cedido à estrada de ferro. Dessa forma, a rodovia ficou quase inutilizada. Nem por isso desanimaram os tropeiros que gozavam da confiança dos paulistas e que, com suas tarifas, concorreram durante muito tempo com a ferrovia.

A Era Automobilística

A primeira viagem de automóvel entre São Paulo e Santos foi empreendida nos dias 16 e 17 de abril de 1908. Os carros eram um Motobloc francês e um Sizaire et Naudin, veículos de rodas altas que deixavam o chassi elevado do chão. A façanha foi realizada por Antônio Prado, Clóvis Glicério, Mário Cardim, repórter de O Estado de S. Paulo, Bento Canabarro e o mo- torista Malle. A viagem durou 37 horas. 39 Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: Rancho da Maioridade Implantado em local com vista privile- giada para a paisagem, contando com área para oficina de reparo de veículos e recinto destinado à necessidade de eventual pernoite.

O primeiro monumento que o viajante en- contrava no início da descida, no ponto onde pela primeira vez se avista o mar, recebeu o nome de Pouso de Paranapiacaba – parana- piacaba significa “lugar de onde se avista o mar”, na linguagem dos naturais. A viagem de D. Pedro II é evocada em ou- tro monumento, o Rancho da Maioridade. O Padrão do Lorena e o Pouso Circular fo- A situação da estrada era precária, o leito Washington Luís – Presidente do Estado, cujo ram implantados em pontos onde o Caminho quase totalmente destruído pelas enxurra- lema era “Governar é abrir estradas”. do Mar corta a antiga Calçada do Lorena. No das. Essa situação só iria melhorar em 1913, Por ocasião do Centenário da Indepen- Padrão do Lorena estão afixadas as placas em quando Rudge Ramos resolveu fundar uma dência, Washington Luís empreende obras homenagem a Bernardo José de Lorena, reen- empresa destinada a construir uma estrada significativas para comemorar o evento. Na contradas na Serra por Washington Luís em entre São Paulo e o Alto da Serra. O empre- capital manda erigir o conjunto da Ladeira suas andanças. endimento seria financiado com cobrança de da Memória, no entorno do Obelisco que Na Baixada foi edificado o conjunto do pedágio. A estrada passou a ser conhecida assinala o ponto inicial da Estrada para Soro- Cruzeiro Quinhentista, constituído por um por Caminho do Mar. caba (Rua da Consolação). Na Serra do Mar, núcleo central onde se eleva uma cruz de Nesse ano, o Conselheiro Rodrigues Al- promove a construção de monumentos ao granito, envolta por bancos de pedra que ves mandou macadamizar o trecho de serra. longo do Caminho do Mar que evocam fases ambientam e protegem o monumento. Iniciava-se, então, a era automobilística. da conquista do Planalto. Para projetar essas No ponto mais alto da Calçada do Lorena Multiplicavam-se os “raides” promovidos obras, é convocado Victor Dubugras, o mais foi erigido o Monumento do Pico, um mo- pelos aficionados do novo esporte. Um deles, original arquiteto de seu tempo em São Paulo. nólito visível da cidade de Cubatão em dias

Pouso de Paranapiacaba Primeiro dos monumentos que o via- jante encontra em sua viagem. O su- gestivo nome Paranapiacaba significa, na língua dos nativos, “lugar de onde se vê o mar”. Primeira estrada de rodagem em concreto Placa de bronze no pontilhão na raiz da Serra.

41 de sol, obra do Prefeito Firmiano de Moraes “1926 Primeira estrada de rodagem brasileira Essa região tão rica em evocações histó­ Pinto (1922). revestida com concreto”. Obra concluída no ricas deveria constituir uma área reservada Essas obras não eram apenas evocativas. governo de Carlos de Campos. aos estudos geológicos, da flora, da fauna, Serviam de ponto de apoio aos destemidos A estrada suportou, por muitos anos, o compondo um autêntico museu ao ar livre viajantes. Dispunham de fácil acesso a bicas trânsito de todo tipo de veículo, incluindo onde a população poderia se encontrar de água para arrefecer os motores. caminhões, até a construção da Via Anchie- com nossa história, narrada na paisagem O Rancho da Maioridade contava com ta. A partir de então, foi sendo gradativa- e nos monumentos. garagem, oficina para pequenos reparos e mente abandonada pela administração pú- acomodação para eventual pernoite. No Pou- blica, até chegar ao presente estado próximo so de Paranapiacaba havia um restaurante à ruína. Bibliografia com excepcional vista para a Serra do Mar e varanda à volta para os dias de sol. DOCUMENTOS INTERESSANTES PARA A HISTÓRIA E Esses pousos foram edificados em pon- Patrimônio Natural COSTUMES DE SÃO PAULO. Officios do general tos privilegiados da paisagem e construídos José Bernardo de Lorena. aos diversos funcio- em granito com largos beirais e painéis de As condições especiais da topografia da re- nários da Capitania: 1788-1795. São Paulo. v. azulejos, de autoria de J. Wasth Rodrigues, gião e o seu relativo isolamento pelas águas 46, 1924. HOLANDA, Sérgio Buarque. Cami- que narram momentos decisivos da história da represa possibilitaram a conservação de nhos do sertão. Revista de História. São Paulo, 57:69-111, 1964.

do Caminho do Mar. Os materiais utilizados um recobrimento vegetal, que constitui uma e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: revelaram-se extremamente adequados ao reserva cujo significado deve ser ressaltado. KIDDER, Daniel P. & FLETCHER, J.C. Brazil and Bra- clima imprevisível da Serra do Mar. Foi o mo- Pelos seus extraordinários recursos natu- zilians. Philadelphia: Childs & Peterson, 1857. LANDSEER. São Paulo, Candido Guinle de Paula mento em que o Governo do Estado dedicou rais, a região, compreendida entre o Rio Pe- Machado, 1972. grande apoio à história de São Paulo. requê e o Rio das Pedras, que descem a Ser- MADRE DE DEUS, Gaspar da, frei. Memórias para a ra, o Cubatão, na Baixada, e o Reservatório história da capitania de S. Vicente hoje cha- do Rio das Pedras, no Planalto, deveria ser mada de S. Paulo. São Paulo, Martins, 1953. Pavimentação de Concreto enfatizada e protegida como reserva natural MAWE, John. Travels in the interior of Brazil. Lon- pelo governo do Estado de São Paulo, sem don, Longmans, 1812. Alguns anos depois, o Caminho do Mar foi prejuízo da posterior extensão desse bene- SOUZA, Washington Luis Pereira de. Na capitania contemplado com uma técnica pioneira: o fício à área localizada entre o Rio Pilões. de São Vicente. São Paulo, Martins, 1956. uso de concreto no pavimento. Nesse vale desenvolve-se a Via Anchieta. Nas TOLEDO, Benedito Lima de. O Real corpo de Enge- Uma placa de bronze, colocada em um proximidades do Rio Mogi instala-se a Estra- nheiros na Capitania de São Paulo. São Paulo, pontilhão na raiz da Serra, ostenta os dizeres: da de Ferro Santos-Jundiaí. João Fortes Engenharia, 1981. Lapa Penha Rio Tietê

São Paulo Centro Rio Piratininga

Vila Mariana Mapa dos São Caetano do Sul Caminho do Padre José Caminhos Saúde Santo André do Mar Jabaquara São Bernardo Diadema do Campo Saí-andorinha Tersina viridis Rodovia Anchieta SP-150

Represa Billings

Alvarenga Parque Municipal do Estoril Estrada da Maioridade e Caminho do Mar

Araçá-branco Grajaú Eugenia kleinii D. Legrand SP-160 Interligação Anchieta-Imigrantes

Estrada de Ferro Sorocabana

Serelepe ou Caxinguele Sciurus aestuans

Cidade Ocean Manacá-da-serra Manacá-da-serra

São Caetano do Sul

São Mateus Martim-pescador-pequeno Chloroceryle americana

Mauá Trilha dos Tupiniquins 43 São Bernardo do Campo

Ribeirão Pires

Veado-mateiro Rio Grande da Serra Mazama americana

Calçada Paranapiacaba do Lorena Estrada de Ferro Santos-Jundiaí

Rio Itapanhaú

Bertioga Pouso de Paranapiacaba Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar:

Cruzeiro Quinhentista Cubatão Oceano Atlântico

Ponte São Vicente Pênsil Guarujá

Santos

Praia Grande

Rainha 45

das Serras Manuel Alves Fernandes Jornalista, trabalha na Baixada Santista como repórter.

Da Catástrofe à Recuperação da Serra do Mar I Um burro atrás do outro, puxando uma carroça, subia e descia a estrada de terra aberta na Ser- ra de Cubatão, em 1949. Cada muar era conduzido por um adolescente, jocosamente chamado de “pinel de burro”. A terra que transportavam era para construir a segunda pista, sentido sul (descendente), e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: da Via Anchieta. Romeu Magalhães, nascido na Vila Fabril de Cubatão, se lembra desses tempos. “Eu tinha 14 anos na época, e fui um pinel de burro. Batia levemente com uma varinha na cabeça do burro, para conduzi-lo na fila”. O apelido, acredita Romeu, devia ser uma referência popular a Philippe Pinel, médico francês que se tornou célebre por ter considerado que os seres humanos Trabalhadores do DER que sofriam de perturbações mentais Durante a construção da Rodovia Anchieta. eram doentes. Da década de 1920 a 1950, Alojamento dos trabalhadores do DER Instalações localizadas na Serra do Mar durante a construção da Rodovia Anchieta.

Trabalhadores Imagem da difícil construção da Rodo- via Anchieta, com carroças e trabalho braçal de milhares de homens. proliferaram no mundo instituições de tra- Aziz Ab’Saber, Paulo Cezar Naum, Reinaldo estava 500 metros acima do nível da maré. tamento e orientações de portadores de per- Azoubel e Paulo Nogueira Neto, sempre que Havia também a Cota 400 e a Cota 200, lo- turbações mentais com a referência ao nome falavam de Cubatão. calizadas à margem da Via Anchieta no Km de Pinel. Partiram dele os primeiros alertas sobre o 50 da pista ascendente, e a Cota 95, no lugar A tradição de usar os burros para vencer a crescimento sem controle dos bairros-cota, conhecido como Pinhal do Miranda. O trecho escarpa da serra e transportar cargas veio dos núcleos habitacionais instalados ao longo das serrano dista cerca de 7 km do Centro de engenheiros portugueses, no século XVIII, ao duas pistas da Via Anchieta, e de sua sofrida Cubatão e cerca de 15 km do polo industrial construir a Calçada do Lorena. E foi repetida população. “Quando me dei por gente, as da cidade. nos anos de 1930 e 1940. No final da década cotas já eram ocupadas. Em 1941, o Departa- “Inicialmente, os moradores dos bairros- de 1950, já existia a primeira pista, iniciada mento de Estradas de Rodagem (DER) cons- cota eram apenas trabalhadores a serviço do em 1939 pelo interventor Adhemar Pereira de truiu um acampamento na altura da Cota DER e seus descendentes”, explica o historia- Barros e por ele concluída, quando governa- 200, com escritórios, hospital e alojamentos. dor Benedito Rosalino. Concluída a estrada, o dor do Estado, em 1947. E depois permitiu que os trabalhadores cons- Estado tolerou que antigos trabalhadores do Seis anos depois, Adhemar iria inaugurar truíssem casas para suas famílias”, conta. DER e seus familiares continuassem nas cotas. também a pista sul. Mas não é de estradas Parte deles vendeu as propriedades, que pas- nem de burros que Romeu fala. Perto dos 80 II saram a ser ocupadas por famílias de baixa anos, tornou-se uma referência para os cuba- A denominação cota foi dada pelos enge- renda, transformando-se em núcleos estáveis, tenses. Ex-vereador, foi uma das vozes que nheiros do DER, em referência à altura de embora instalados em áreas pertencentes ao mais se levantou contra a poluição industrial cada núcleo na serra em relação ao nível do Estado. Em 1970, o DER esboçou a primeira e as invasões sem controle na região da Ser- mar. A Cota 500, localizada à margem da tentativa de erradicar os núcleos, com apoio ra do Mar. Tornou-se referência citada por Via Anchieta no Km 45 da pista ascendente, da Cohab Santista, ao constatar – com o aval de médicos do Hospital do Servidor Público uma referência a um compositor brasileiro do Estado de São Paulo – que aquela popula- conhecido pela letra de Chão de Estrelas, o ção vivia em áreas insalubres, sem saneamen- Orestes das Cotas nada tinha de poeta. to básico e água potável, sujeita a doenças Vindo do Nordeste nos anos 1950, foi graves, como a tuberculose. Mas apenas 20 trabalhar inicialmente em obras na Refina- famílias receberam casas e somente dez se ria Presidente Bernardes-Cubatão. E depois, mudaram. A proposta foi abortada. E os bair- como maceteiro, quebrou pedras para abrir ros-cota se transformaram em uma mancha túneis na Via Anchieta e na Rodovia dos crescente na Serra, vista de longe. Dirigen- Imigrantes. Instalado em uma das casas da tes de indústrias queixavam-se: sempre que serra, era mais conhecido na Cota 400 como um acionista vinha do exterior para visitar “Marangó”. Foi um valente nordestino, que as fábricas de multinacionais de Cubatão, não escondia ter sido integrante do corpo de espantava-se com as favelas nas encostas e volantes (tropas da polícia ou Força Pública questionava: “Por que aquilo ainda existia estadual) que caçou o cangaceiro Lampião no em uma cidade tão rica como Cubatão?”, cerco da Fazenda Angicos, em Sergipe. relembra o ex-presidente da Carbocloro, Má- Quem relembra hoje as histórias de Ma- rio Cilento. Em entrevista ao jornal santista rangó é Luiz Rosa, ex-vereador que residiu A Tribuna, já nos anos 2000 ele exaltaria a desde os anos 1960 na Cota 500 e mais tarde proposta do Governo do Estado de realocar “migrou” para o Centro de Cubatão. “Ele me os moradores das cotas. Mas não entendia dizia nos últimos anos de vida nas cotas que por que parte dos ocupantes permanecerá na estava arrependido de ter caçado Lampião”, O meu pai foi o primeiro que região da Cota 200, cujo solo frágil – como o conta Rosa. veio para a Cota, ele ajudou de toda a Serra do Mar – está sujeito a escor- O Censo realizado em 1950 indicava que regamentos nas chuvas de verão. Cubatão tinha 11.803 habitantes, sendo a construir a Anchieta, tra- 4.680 identificados como imigrantes (40% da balhava na mão porque não tinha nenhuma III população). Grande parte desses imigrantes máquina. Daí meu pai e minha mãe se casa- Orestes Barbosa de Souza, morto em 2010, já morava nas cotas, atraídos pela construção ram e ficaram morando aqui, aqui onde é a foi um dos primeiros dos muitos moradores do polo industrial. oficina agora era a casa da minha mãe”. das cotas que teria uma origem mista, distin- Segundo o escritor cubatense Joaquim ta das famílias dos construtores da estrada Miguel Couto (Industrialização, Meio Am- Aracy Mariano Potásio instaladas pelo DER. Embora seu nome seja biente e Pobreza − O caso do município de 09 de abril de 2014 COSIPA Implantação no polo industrial de Cubatão nos anos 1960.

Cubatão. Eduem, 2012), “na Cota 95, em IV passagem desse riacho intermitente. 1982, apenas 6% dos trabalhadores eram re- O primeiro alerta do risco Era uma época em que a Serra do Mar manescentes da construção da Via Anchieta, do crescimento das ocupa- estava tomada por deslizamentos de taludes. sendo 70% trabalhadores de empreiteiras” ções da Mata Atlântica foi A poluição industrial havia destruído grande no polo industrial. Em menos de 60 anos, a desencadeado em 30 de agosto de 1977. Em parte da camada vegetal que recobria o solo população de Cubatão seria multiplicada por decorrência de campanhas de ambientalistas, frágil nas encostas serranas dos vales dos rios 10, em decorrência da ampliação do polo e o Governo do Estado criou o Parque Estadual Cubatão e Mogi, onde ficavam as indústrias. da construção das duas pistas da Rodovia dos da Serra do Mar, com a legislação dando ao E nos bairros-cota, a destruição da ve- Imigrantes. poder público o prazo de cinco anos para getação para a construção de moradias re- elaborar o Plano de Manejo das comunidades sultava em efeito semelhante à poluição. “O que invadiram as áreas serranas para pontos escorregamento da Serra do Mar é líquido e urbanizados. Mas nada foi feito nesse senti- certo, e não há tempo hábil para reverter a do. situação, que é mais do que grave: é gravíssi- Na crise dos anos 1980, e em decorrência ma.” A partir dessa declaração do geólogo do da valorização dos imóveis no centro urbano, IPT, José Pedrosa, no dia 29 de maio de 1985, a população mais pobre foi obrigada a abri- na Prefeitura de Cubatão, o jornal A Tribuna gar-se em barracos nas cotas. Relatório da deu início a uma série de reportagens, sob o Secretaria de Planejamento da Prefeitura de título geral de “Catástrofe na Serra”, que se Cubatão indicava que, no ano 2000, existiam estendeu para além de julho daquele ano. cinco moradores na Cota 500, 682 na Cota Abordou todo o risco do agravamento do 400, 5.971 na Cota 200 e 2.982 nas Cotas quadro ambiental de Cubatão, cidade que na 95/100. época passou a ser internacionalmente co- Em 1988, um deslizamento no Grotão da nhecida como “O Vale da Morte”, por causa Cachoeira da Cota 95 deixaria dez mortos e da poluição industrial. A série, desenvolvida destruiria dezenas de barracos construídos na pelos jornalistas Lane Valiengo, Leda Mondim 49 e Manuel Alves Fernandes, rendeu ao Tribuna comunidade.” E exibindo o decreto de tom- de tuberculose do pais”. E − comprovariam naquele mesmo ano o Prêmio Esso-Região bamento acrescentou: “Este documento vai depois análises do Instituto Adolfo Lutz − Sudeste. gerar muitos problemas, mil problemas. A grande parte dos moradores bebia água com área tombada protege os últimos 5% rema- taxas elevadas de coliformes fecais. Técnicos V nescentes das florestas originais do Estado do IPT fizeram pesquisas nas áreas da Refi- Quando o Governo do Estado criou o Parque de São Paulo”. Presente à cerimônia, o então naria de Cubatão encostadas no sopé do tre- Estadual da Serra do Mar, a legislação deter- secretário especial do Ministério do Meio cho da Serra onde ficava a Estrada Velha do minava que o poder público teria cinco anos Ambiente, Paulo Nogueira Neto, foi proféti- Caminho do Mar e concluíram que ali havia para elaborar o Plano de Manejo das comu- co: “O padre José de Anchieta conta em um o maior risco de deslizamentos. Na extensa nidades locais. Mas depois de 1970 nenhuma dos seus escritos que, para subir a serra, já área de 60 quilômetros quadrados desde a das famílias invasoras foi deslocada para áre- em seu tempo, era preciso segurar em tron- Refinaria Presidentes Bernardes-Cubatão as urbanizadas em Cubatão. cos e raízes de árvores. Agora, vemos a natu- (RPBC) até o Vale do Quilombo, o risco de Em 1984, o governador Franco Montoro reza agredida reagindo em sentido contrário. corridas de lama era patente. baixou, com base nessa lei, decreto regulari- Troncos e raízes rolam pela serra ameaçando O Governo do Estado − concomitante- zando a ocupação do Parque Estadual Serra tombar sobre toda a Baixada Santista. A Bí- mente ao Programa de Controle Ambiental do Mar, considerando as áreas remanescen- blia disse que o homem deve usar a natureza de Cubatão, desenvolvido pela Cetesb, exi- tes da serra – naquela época destruídas pela sem agredi-la. A reação é sempre fulminan- gindo a instalação de equipamentos redu-

poluição industrial – patrimônio ecológico te”. Na época, 40 pessoas morreram em des- tores de poluentes nas indústrias − iniciou o e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: tombado, reconhecendo a importância de lizamentos de trechos serranos no Espírito replantio vegetal das encostas serranas, que um bem público que devia ser recuperado e Santo, e o Vale do Itajaí foi inundado com exibiam as cicatrizes das crateras abertas por preservado. Em 5 de junho de 1985, Montoro prejuízos à lavoura, às indústrias e à vida chuvas ácidas na área florestal. esteve na Cidade e anunciou a criação da Co- humana. No final da década, uma corrida de lama missão Especial para a Restauração da Serra chegou até o prédio da administração da do Mar na Região de Cubatão, presidida por VI RPBC, destruiu o horto da refinaria e alagou Werner Zulauf. Paulo Nogueira Neto também recomendou tanques. A Petrobras construiu, nos anos se- “Estamos contrariando muitos interesses, na ocasião a imediata remoção dos morado- guintes, barragens de pedras enrocadas, para mas definindo uma política de caráter social”, res das Cotas 95, 100, 200 e 400. E afirmou contenção de novos deslizamentos. disse Montoro. “O tombamento da Serra sig- que, além dos riscos de deslizamentos por Da mesma forma, os governos municipais nifica que agora ninguém mexerá mais com ocasião das chuvas, as áreas das cotas repre- que se seguiram remanejaram os habitantes essas matas sem dar atenção à comunidade. sentavam um dos lugares mais insalubres da da Vila Parisi para o Jardim Nova República, Acima dos lucros de alguns está a saúde da região, onde se registrava “o mais alto índice região próxima ao Jardim Casqueiro. Cota 200 Moradias localizadas na área após a urbanização.

Mas, a despeito do decreto de tombamen- to do governador Montoro e da aprovação pela Assembleia Legislativa do projeto de lei que desafetava parte das áreas dos bairros- cota sem risco de deslizamentos, os bair- ros-cota, segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), continuaram sendo invadi- dos e os deslizamentos de terra nas estações chuvosas prosseguiram, alguns seguidos de mortes. VII Nos anos 1990, novos atores ingressaram na campanha contra as invasões dos trechos serranos: os promotores de Justiça de Meio Ambiente de Cubatão. Assustava, na época, o tamanho das ocupações, curiosamente mais perceptíveis durante a noite: a serra parecia uma poética paisagem natalina iluminada por centenas de lâmpadas. Em 1999, o juízo da 4ª Vara Cível de Cuba- tão começou a examinar representação do Ministério Público contra a Prefeitura e o Governo do Estado por tolerarem esse quadro de risco. No início de 2007, a fim de resolver esses impasses de moradia irregular nas cotas, o então governador José Serra firmou com a Prefeitura parceria para a implementação de ações do Programa Serra do Mar, com o ob- jetivo de desenvolver projetos habitacionais para abrigar moradores de áreas de risco. Reunião com moradores dos Bairros-cota Apresentação dos projetos de urbani- zação e reassentamento.

51 Sentença da juíza Ariana Consani Brejão de Gregório Gerônimo, em 6 de setembro de 2007, colocou um ponto final nas dúvidas. Condenou solidariamente a Prefeitura de Cubatão e a Fazenda Pública do Estado. De- terminou a extinção física dos bairros ou nú- a moradia no interior do Parque Estadual é dos moradores em áreas delimitadas pelo IPT cleos habitacionais formados no interior do incompatível com a sua destinação, porquan- nas Cotas 95/100 e 200. Parque Estadual da Serra do Mar, realocando to a população invasora realiza intervenção No final de 2009, José Serra detalhou o os invasores para outras áreas não sujeitas a não autorizada no ecossistema, realizando projeto de recuperação socioambiental da restrições de ordem ambiental. Mandou tam- construções que claramente põem em risco Serra do Mar, considerado pelo BID (Banco bém o Estado e a Prefeitura a fiscalizarem a natureza e a função da referida área”, as- Interamericano de Desenvolvimento) como permanentemente a área para impedirem sinalou na sentença. “Os peritos indicaram o maior Programa de recuperação ambiental novas invasões no interior do parque e a haver em Cubatão áreas que podiam servir do mundo, com investimentos de aproxima- apresentarem plano de recuperação da área para urbanização e recebimento das famílias damente R$ 1 bilhão. Anunciou a remoção degradada, “além do replantio da vegetação a serem removidas”, concluiu. de 5.350 famílias (cerca de 20 mil pessoas) nativa”. que vivem em áreas de risco ou no Parque De acordo com a juíza, a Prefeitura e o VIII Estadual da Serra do Mar, local que não pode

Governo do Estado negligenciaram no dever O Governo do Estado não recorreu da deci- ser habitado por decisão judicial. Serra fez e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: de fiscalização e têm a obrigação constitu- são. Implantou o Programa de Recuperação questão de destacar a visão de estadista do cional de preservar o meio ambiente, uma Socioambiental dos Assentamentos Irregula- ex-governador Franco Montoro, em 1985, vez que o Parque Estadual da Serra do Mar é res de Cubatão, por entender que devia recu- quando deu o primeiro passo para a recupe- definido como Unidade de Conservação. “Os perar e preservar os ecossistemas do Parque ração ambiental de Cubatão. argumentos do Ministério Público, reforçados Estadual da Serra do Mar e proteger as famí- Dos 5.350 imóveis demarcados em áreas por avaliações de peritos, demonstram que, lias que hoje ocupam regiões de risco dentro de preservação da serra, 1.579 foram derru- embora as ocupações tenham sido iniciadas da área do Parque desafetada por decisão da bados em quatro meses, dentro de um proje- durante o processo de construção da Via Assembleia Legislativa, a partir de proposta to conduzido pela Companhia de Desenvolvi- Anchieta, ao longo dos anos novos invasores do então deputado estadual Oswaldo Justo, mento Habitacional e Urbano (CDHU). O ob- foram se agregando ao núcleo habitacional apresentada por vereadores de Cubatão, li- jetivo do governo é reflorestar com espécies formado por antigos trabalhadores, intensifi- derados por Liberato Manrique da Silva. Essa nativas a área da serra que estava ocupada. cando a degradação ambiental pela ocupação desafetação (separação) das áreas considerou Nas Cotas, ficarão apenas 700 moradias, em desordenada”, escreveu ela. “E é evidente que que não havia risco da permanência de parte áreas que estão sendo reurbanizadas.

Residencial Rubens Lara

IX ro. Agenor foi um dos interlocutores mais Quando o processo de realocação começou, ouvidos, na época, por Rubens Lara, assessor em 2008, com a mudança dos moradores das especial do Governo do Estado de São Paulo cotas para edifícios de apartamentos que co- e diretor-executivo da Agência Metropolita- meçaram a ser construídos na região do Jar- na da Baixada Santista (Agem). dim Casqueiro, houve uma resistência inicial de parte da população, já esperada pelos diri- X gentes políticos que conduziram o processo. Ex-deputado, figura popular e respeitada em “Muita gente estava habituada a viver em Cubatão, Lara sabia que, ao longo da história, casas com quintais, onde tinham criações que houve incentivo de ocupações em troca de não puderem levar para os apartamentos. apoio político nos bairros-cota. “Candidatos Outros imaginavam que não teriam condi- que têm base de sustentação lá ou outros ções de pagar as prestações dos imóveis, nem que querem fazer média podem falar “não viver em condomínios”, conta Agenor An- saia, fique aí, estamos fazendo melhoria.” Por tônio de Camargo. Filho de Paulino Antônio isso, trabalhamos muito com conversas e o de Camargo, um dos primeiros trabalhadores congelamento (de casas). Até agora, é um su- do DER a viver na serra, Agenor nasceu na cesso”, disse em uma das suas últimas avalia- Cota 200, em 22 de abril de 1954. Com o ções do projeto que conduzia com habilidade. Logo eu vim para cá, para o tempo, transformou-se em uma das lideran- Morreu, vítima de infarto, em 12 de março de Rubens Lara, e logo já co- ças da área chamada de “Cubatão de Cima”, 2008, aos 64 anos. mecei a ser síndico do meu condomínio. Eu decantada nos versões do autor do Hino de Hoje, Rubens Lara dá nome ao gigantesco recebi os talões do IPTU para entregar para a Cubatão, Edístio Dias Rebouças: “Salve, salve, loteamento construído no Jardim Casqueiro minha comunidade e conta para pagar nin- rainha das serras, minha amada Cubatão”. para receber os antigos moradores dos bair- Camargo morava muito perto da área de- ros-cota (pagando prestações de até 15% da guém gosta, não é? (...) No nosso caso foi di- marcada pelo traçado da Via Anchieta, cada renda familiar). E Agenor Camargo é um dos ferente, porque quando eu entregava o carnê vez mais congestionada nas temporadas. Viu síndicos dos blocos de apartamentos desse do IPTU para o morador, eu percebia que ele que os filhos precisariam subir e descer a ser- conjunto, de cujas janelas é possível ver ao ficava feliz porque aquilo ali era um docu- ra para estudar e ter melhores oportunidades longe, nas noites claras, a região iluminada mento de reconhecimento como cidadão”. de vida. E foi um dos que se mudaram com a do que restou dos bairros-cota e das histórias família para os edifícios de até oito andares dos tempos dos burros que subiam e desciam Carlos Guilherme Campos Costa em conjuntos construídos no Jardim Casquei- a serra. 02 de abril de 2014

Recuperação

Sociambiental: 55 Soluções Habitacionais

texto do jornalista Manuel Alves Fernandes traça a trajetória do surgimento e do desen- volvimento dos bairros-cota no município de Cubatão, passando pelos percalços ocasio- nados por situações de risco e vulnerabilidade social, até o início do processo de reassen- tamento das famílias e de recuperação ambiental da floresta atualmente em curso. O processo de diagnóstico da área e cadastramento das famílias iniciou-se em 2007, quan- do o Governo do Estado de São Paulo iniciou o cumprimento da sentença dada ao Processo nº 944/1999, movido pelo Ministério Público. As primeiras ações realizadas tiveram como objetivo e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: diagnosticar a quantidade e as condições de vida das famílias dos bairros-cota, na região do município de Cubatão. Sob a coordenação da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) foi realizado um cadastramento entre abril e julho de 2007, que identificou a situação socioeconô- mica das famílias e as condições dos domicílios de todos os assentamentos. O diagnóstico re- velou que 7.242 famílias viviam nos bairros-cota, enfrentando situações distintas que puderam ser avaliadas de acordo com suas características. Concomitantemente a esse processo, a CDHU solicitou uma pesquisa ao Instituto de Pes- quisas Tecnológicas (IPT) sobre as condições geotécnicas dos bairros-cota. A partir desse laudo, que diagnosticou a situação de risco em cada uma das cotas, o Governo do Estado, por meio da CDHU, pôde traçar um plano de ação eficaz para o atendimento às famílias. Cota 95/100

Cota 400 Cota 200 Rodovia Anchieta Água Fria

Sítio dos Queiróz

Rodovia dos Imigrantes

Em razão do risco e tendo como objetivo atividades realizadas nos bairros-cota per- Para a primeira fase foi desenvolvido um realizar a recuperação socioambiental da tencem ao Componente 2 (Investimentos Plano de Reassentamento para 5.300 famílias floresta, a CDHU elaborou um plano de reas- Sociais no Parque Estadual da Serra do Mar) provenientes dos bairros-cota. Inicialmen- sentamento das famílias – total ou parcial –, do contrato assinado entre o Governo do Es- te, o bairro Água Fria não estava indicado dependendo da situação de cada núcleo. tado e o BID. Esse componente compreende o nas atividades iniciais do Programa; porém, A partir da consolidação dos dados levan- atendimento aos moradores dos bairros-cota em 2011, uma grande enchente deixou seus tados pelo cadastramento das famílias dos e também a famílias residentes em outras moradores desabrigados. Com isso, as ações bairros-cota e do diagnóstico apresentado regiões do Parque. foram reorganizadas e as famílias incluídas pelo IPT, os projetos de urbanização e reas- No total, 9.100 famílias serão assistidas entre os atendimentos emergenciais e priori- sentamento se iniciaram e o diálogo com os pelo Programa por meio de ações de reassen- tários. moradores tornou-se o alicerce para o desen- tamento e urbanização, divididas em duas Como em todo processo de mudança, o volvimento de todo o processo. fases: a primeira, concentrada no reassenta- início dos trabalhos que envolvem o reassen- Dentro das diretrizes do Programa Recu- mento das famílias do município de Cubatão; tamento de famílias geralmente gera descon- peração Socioambiental da Serra do Mar e a segunda, nos municípios dos litorais Norte forto, desconfiança, insegurança e dúvidas Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica, as e Sul do Estado. por parte dos moradores. O descrédito diante Bairros-Cota, 2013

das ações do poder público – em virtude do espalhados pelos bairros-cota, onde os aten- histórico das intervenções urbanas no Brasil – dimentos às famílias eram realizados e os faz com que muitas famílias não acreditem projetos desenvolvidos com a comunidade, na implementação dos projetos. No caso dos além de servirem de base de apoio para os bairros-cota, essa percepção das pessoas era técnicos. São fomentadas atividades contínu- corroborada pela ausência de infraestrutura as com os moradores, tanto para a capacita- nos diversos setores, como redes de água e ção e o desenvolvimento socioeconômico e esgoto, iluminação pública, pavimentação e cultural quanto para o atendimento habita- outros. cional. Para reverter esse juízo de valor, as equi- Entre dezembro de 2010 e fevereiro de pes de campo no processo de reassentamen- 2011, foram realizadas 41 reuniões nas áreas to das famílias, formadas por profissionais com a presença de mais de 1.800 morado- de diversas áreas – engenheiros, assistentes res para apresentação do Programa. Nessas sociais, arquitetos, policiais ambientais, psi- reuniões, a população era informada sobre Todos os dias eram feitas cólogos, pedagogos, geólogos, historiadores, os aspectos que envolviam a necessidade do reuniões com a população, entre outros –, tiveram de iniciar um diálogo reassentamento, desde a recuperação am- tudo setorizado nessas reu- transparente com a população. Nesse pro- biental até as situações de risco em que mui- cesso, o congelamento realizado em 2007 na tos domicílios se encontravam. Na sequência, niões. Cada um falava a sua indignação, sua área mostrou-se bastante eficiente. Como a também eram apresentadas as possibilidades história e o Estado falava para nós que para Polícia Ambiental permanecia 24 horas nas de atendimento habitacional, bem como onde a gente ia seria um bairro totalmente áreas, quando o Programa foi anunciado não os projetos de arquitetura e urbanismo dos novo e que o pessoal que ia sair de lá para cá houve alteração ou expansão de ocupações novos conjuntos habitacionais que estavam ia ter condições de se manter no novo bairro, irregulares dos setores. Os moradores que sendo construídos pela CDHU. precisavam realizar algum tipo de reparo ou Esse processo não é tão simples como porque no projeto ficava uma parte lá e ou- obra em seu domicílio informavam a equipe pode transparecer em sua descrição. Ele é tras áreas vinham para cá. A parte que vinha da Polícia Ambiental, que autorizava a entra- complexo e, em geral, evidencia o conflito para cá era das áreas ambientais, preservação da do material de construção apenas para o entre a necessidade da mudança e o desejo e existe até hoje essa diretriz de norma do caso solicitado. de permanência dos moradores. A reação ne- projeto”. Na sequência, foram implantados 11 es- gativa é comum nas primeiras abordagens, o critórios politécnicos de trabalho (com a que exige novas relações das equipes, em um Severino Ferreira da Silva presença de profissionais de diversas áreas) processo de avanço, recuo, diálogo, explica- 02 de abril de 2014 Reunião com moradores Apresentação dos projetos de urbani- zação e reassentamento.

ções e soluções que levam tempo, semanas, meses e até anos para se equilibrarem. Nesse percurso, o trabalho com a memória das famílias é fundamental para estabelecer o vínculo que os moradores possuem com o tabu fosse quebrado entre a população e o tilhado por todas as famílias. Do contrário, lugar, ao mesmo tempo que ajuda a redese- poder público, o que, de certo modo, valori- o risco que se corre é o de individualizar a nhar os projetos de futuro, sob perspectivas zava de forma inédita para aqueles morado- compreensão e as necessidades de cada um, pessoais e coletivas. res a história que eles haviam construído ao focando o trabalho apenas na nova moradia, Por esse motivo, o trabalho social e de longo de décadas. sem privilegiar o entendimento do processo apresentação do projeto com as famílias se Falar das cotas, do seu surgimento e da social que desencadeou todas as etapas dessa iniciou pelo resgate da memória e das lem- sua evolução significava ancorar o trabalho história. branças que elas tinham da formação dos na origem das pessoas, com o objetivo de A partir dessa abordagem, do conheci- bairros-cota e não pelo reassentamento que tornar a nova moradia realmente sustentável. mento dos detalhes do Programa, da trans- estava por vir. Isso fez com que um grande Essa opção de metodologia de trabalho rea- parência na disseminação das informações e lizada pela CDHU está vinculada às origens da permanência constante das equipes nos porque são nesses territórios que se desenrola bairros, o Programa adquiriu credibilidade a vida da população. Quando o poder público entre os moradores, que passaram a aderir às os reconhece, a população começa a respeitar suas propostas. o Programa, numa interação mútua e retroa- Nesse momento, é importante ressaltar limentadora. Com isso, é possível identificar o que, para a realização do reassentamento de tecido social já formado nas comunidades, as uma família trazida de sua antiga moradia relações de poder, as relações que já existiam para uma unidade habitacional subsidiada naquele espaço, o que as pessoas acreditam pelo poder público, é necessária a compreen- ser importante preservar, o que acreditam são e a adesão irrestrita do morador. Afinal, a não ser importante manter, entre tantas ou- mudança não implica apenas uma alteração tras circunstâncias. geográfica de moradia, mas também em uma Com isso, foi possível trabalhar as expec- nova organização orçamentária de toda a tativas de forma coletiva, privilegiando todas família. as redes sociais estabelecidas entre todos no Os domicílios dos bairros-cota eram mo- território, valorizando, inclusive, a conquista radias informais, ou seja, não oneravam os e a expectativa do futuro como algo par- seus moradores com os encargos e as despe-

sas comuns de um imóvel. Ao se mudarem os moradores elegiam seus representantes, os para uma casa ou apartamento construído e chamados “agentes comunitários”. regularizado para moradia popular, as famí- Em cada reunião, os moradores podiam lias passam a pagar pela propriedade e pelos eleger quantos representantes desejassem. serviços que consomem, como água, energia Com isso, mais de 200 agentes comunitários elétrica, condomínio, entre outros. Sem dúvi- foram escolhidos nos diversos setores. Todos da, essa é uma das mais importantes mudan- os agentes eleitos participaram de um curso, ças por qual passam nesse processo, e todas chamado Formação de Agentes Comunitários essas questões são tratadas nas reuniões, nos de Urbanização. O objetivo desse curso era cursos e debates com os moradores, para que fortalecer a representação e a participação eles possam ter o melhor planejamento pos- popular e também promover o potencial sível para essa nova situação. criativo e a capacidade de reflexão sobre as No caso das unidades construídas e en- transformações do bairro, proporcionando a tregues pela CDHU por meio do Programa, criação de uma rede de agentes multiplica- a maior parcela é subsidiada dentro dos pa- dores aptos a identificar problemas, propor râmetros existentes para habitação social e soluções e envolver toda a população no os moradores, quando se mudam, passam a processo de urbanização. O curso foi dividido pagar as prestações que correspondem a uma em módulos com os seguintes temas: parte do valor total do imóvel. Os valores das I. Urbanização e Protagonismo Comunitá- Vim para cá ainda pequena, parcelas variam de acordo com as caracterís- rio; ll. Memória, Cidadania e Comunicação morei de aluguel a minha ticas do imóvel (casa, apartamento, sobrado Comunitária; lll. Inclusão Social e Promoção etc.) e com a renda de cada família. Humana; IV. Transformação Socioambiental e vida inteira, quando sur- As primeiras famílias chamadas para dis- Desenvolvimento Local Sustentável. Ao final, giu a oportunidade de comprar uma casa cutir o atendimento foram aquelas que se todos os participantes receberam certificados. na Água Fria para tentar mudar de vida. Aí encontravam nas áreas de alto risco, como Para fortalecer ainda mais as famílias no compramos nossa casa, ficamos lá uns dois Grotão, Pinhal do Miranda e Cota 200. As processo de reassentamento e urbanização, anos, daí teve aquela enchente que acabou reuniões foram realizadas por quadras e se- foi posta em prática uma série de ações de tores, para que as famílias vizinhas pudessem fomento à cidadania e à inclusão social dos com tudo”. conhecer o projeto e ao mesmo tempo tomar moradores, por meio de atividades de gera- Janeide Santos da Conceição ciência de como ele ficaria para seu setor. ção de renda, organização comunitária e de- 04 de abril de 2014 Nessas reuniões, além de debater o projeto, senvolvimento local e sustentável.

Arte nas Cotas No ateliê “Arte nas Cotas” são promovidas diariamente atividades do Curso de Interven- ção Artístico-Urbana, fomentando a arte-e- ducação por meio das técnicas de mosaico, desenho, pintura, estêncil e intervenções artísticas nas áreas urbanizadas. O objetivo é elevar a autoestima dos moradores e promo- ver a construção de nova identidade comu- nitária. Todas as técnicas aprendidas são apli- cadas nas fachadas das casas do bairro, vielas e praças pelos próprios moradores. Hoje, o projeto tem uma identidade visual própria e, além das intervenções nos espaços públicos, é produtor de uma linha de materiais em pape- laria e confecção. Já foram realizadas inter- venções cromáticas e artísticas em 81 casas Quando nós já estávamos e em quatro espaços públicos (praças, muros, vielas etc.). De 2011 a 2013, foram realizados formados teve o projeto das seis cursos, e mais de 120 moradores recebe- casas. Daí eles inventaram ram certificados de cursos de “Intervenção de fazer a intervenção urbana nas casas, e em Arte Urbana”. como nós já estávamos formados eles deram uma chance para nós do ateliê, porque aí a gente podia praticar o que a gente aprendeu. Daí nós começamos na Cota 200, que foi muito difícil. Caminhões, tratores, aquelas ruas que não eram asfaltadas ainda, era só lama. Começava a pintar as paredes, fazer estudo, porque a gente tinha que visitar o morador, pegar assinatura e ver mais ou me- nos quem queria. Criava os desenhos, mos- trava para eles, preparava o material, era um passo a passo muito complicado. Agora tem na Cota 200 aquelas coisas lindas, porque a pintura melhorou muito e você olha e pensa que você fez isso”. Maria José de Araújo Silva 09 de abril de 2014 Cota Viva Iniciativa conjunta da CDHU e da Fundação Florestal, o Projeto Cota Viva destina-se aos moradores dos bairros-cota e é sediado no Núcleo Itutinga-Pilões do Parque Estadual da Serra do Mar, onde está sendo construído um viveiro-escola, que será a sede de um con- junto de ações voltadas para a formação de Agentes Comunitários Ambientais. Após qua- tro meses de curso teórico e prático, os parti- cipantes inscritos no projeto recebem certifi- cados e estão aptos a trabalhar, por exemplo, no próprio reflorestamento previsto no Pro- grama, que indica a liberação de 90 hectares de áreas degradadas pelas ocupações irregu- lares. Esses agentes também podem participar da implantação do Jardim Botânico previsto para 2016 na área do atual bairro Água Fria. A primeira turma é formada de 30 alunos, e a intenção é que outras a sucedam, formando quatro turmas ao longo de 12 meses. Nesdel O Núcleo de Economia Solidária e Desenvol- vimento Local (Nesdel) atua na valorização da cultura e das potencialidades locais, pro- movendo formação, debates e mecanismos de geração de renda com base na economia solidária e no comércio justo. Esse projeto é organizado por um grupo de mulheres que se articula com outras ações e projetos sociais de outros programas da CDHU. O Nesdel pro- move e capacita para atividades de culinária profissional e industrial, além de artesanato, estimulando o empreendedorismo participa- tivo por meio de parcerias, redes de formação permanente, atuando profissionalmente em eventos e feiras (recepções, coffee break, brunch, almoços etc.). Atualmente, o Pro- grama mobiliza 21 mulheres, que se dividem em dois grupos: Empreendedoras da Serra do Mar e Fabricoteiras. Projeto ComCom ComCom significa Comunicação Comunitária. Esse projeto promove formação em diferentes mídias, com o objetivo de apropriação, pro- dução e difusão da informação pela própria comunidade. Além da formação em jornal, rádio, TV e mídias sociais, o ComCom executa um grande trabalho de mobilização das famí- lias do Programa Recuperação Socioambien- tal da Serra do Mar. Mais de 1.500 moradores dos bairros-cota já participaram das mais de 400 atividades do projeto, como oficinas, ses- sões de cinema, cabines de memórias, even- tos de mobilização e documentários. O Com- Com produz o jornal bimestral Morro Vivo! Viva o Morro!, que está em sua 17ª edição, com tiragem de 3 mil exemplares. Também há um programa de rádio, o Voz do Morro, Estou no ComCom há quatro transmitido ao vivo três vezes por semana, anos e faço de tudo um pou- já totalizando 220 edições e transmissões. Há ainda dois programas de TV intitulados co. Mas o ComCom para nós descobriu pes- “Comunidade em Ação”, por meio de parce- soas capacitadas que tinham aqui e, através rias com a TV Polo e a TV UNISANTOS. Até o dele, se tornaram mais capacitadas ainda. momento, já foram realizados 26 edições. As Todos os moradores que são membros estão atividades de formação profissional também muito felizes e eu falo que os jovens tem que já proporcionaram bons resultados, e o Com- Com já entregou 75 certificados aos morado- carregar isso. Eu já sou velho, estou ajudando res capacitados nas técnicas de reportagem, em uma coisinha ou outra, mas os jovens tem edição, vídeo, fotografia, redação e locução. que tomar conta disso aí. A gente conseguiu até uma sede que eles vão reformar para nós. Agora estamos correndo atrás (...) nós estamos com o jornal e o programa de rádio aqui em Cubatão, na área local, e nós temos o programa na UniSantos também, duas, três vezes por semana e nós estamos abrindo uma ONG para poder formalizar, ficar toda docu- mentada. Agora é só batalhar para isso durar por muitos anos aí.” Expedito Silva 09 de abril de 2014 Projetos de Urbanização e Reassentamento

lém das atividades socioeconômicas e foram preponderantes para o sucesso deste ralidade de tipologias oferecidas. As famílias, culturais que qualificam este Progra- trabalho. a partir dos critérios preestabelecidos – que ma, é importante destacar que os pro- Nas últimas décadas, a CDHU vem apri- envolvem faixa de renda, acessibilidade, tempo jetos de urbanização da Cota 200 e do Pinhal morando os projetos de habitação social de moradia nos bairros-cota, idade etc. –, po- do Miranda, bem como a qualidade das novas que está implantando em todo o Estado de diam optar por apartamentos de dois ou três unidades habitacionais dos residencias cons- São Paulo. Hoje, as unidades habitacionais dormitórios em edifícios de quatro ou nove truídos para atender as famílias reassentadas, possuem uma série de itens que trazem mais andares, casas e casas sobrepostas. Essa plura- conforto ao morador e mais sustentabilidade lidade do projeto tinha como objetivo criar um no uso dos recursos, como aquecimento solar, bairro qualificado, com unidades de comércio medidores individuais do consumo de água, e equipamentos públicos e comunitários. pavimentos drenantes, pé-direito mais alto, Por esse motivo, foi papel da Unidade de maior ventilação e iluminação dos ambientes, Gerenciamento do Programa (UGP) articular desenho universal das unidades – garantin- com outras secretarias do Estado, como de do acessibilidade –, elevadores em prédios Saúde, Educação, Transportes, a implantação de quatro andares ou mais, além de todos de escolas, creches, Unidades Básicas de Saú- os equipamentos de lazer infantis, trabalho de (UBS), linhas de ônibus etc., de maneira a paisagístico nas áreas de convivência e lazer, atender às necessidades da população. estruturas de comércio, entre outros itens. Conforme as famílias foram se mudando No caso do Programa Recuperação So- para as novas unidades, o Programa também cioambiental da Serra do Mar e Sistema de identificou novas demandas, algumas jamais Mosaicos da Mata Atlântica, a qualidade das pensadas no momento do desenvolvimen- novas unidades também está associada à plu- to dos projetos básicos e executivos para os Espaço Comunitário, Rubens Lara.

Reassentamento das Famílias Bairros-cota, janeiro de 2014.

100% 2 42 56 4 9 2 103 31 737 90% 16 15 80% 530 571

70%

60%

50%

950 1.322 149 207 T O AL Cota 200

968 Água Fria

Cota 95/100 498 40% Cota 400/500 3.908 Pinhal do Miranda Sítio dos Queirozes 30%

20%

10% 312 Quando o pessoal começou 0% a sair realmente, eu e meu Em Unidades Habitacionais Em Auxílio-Moradia A Serem Removidas marido olhamos um para o outro e fomos fazer as contas e começar a conjuntos. Esse tipo de situação nem sempre habitacionais; outras 571 estão recebendo economizar no cartão de crédito para não pode ser previsto, mas a articulação com os auxílio-moradia, enquanto aguardam a fi- passar sufoco. Porque eu vejo muita gente moradores antes, durante e depois da entrega nalização das obras dos novos conjuntos e não conseguindo pagar condomínio, pagar das novas residências é fundamental para apartamentos; e 737 deixarão seus domicílios que a mudança se torne menos impactante e nos bairros-cota para residir nos empreendi- luz, essas coisas (...). Mas se todo mundo que mais confortável, gerando melhor qualidade mentos que serão construídos pela CDHU até está em Cubatão conseguiu, a gente con- de vida para todos. 2016. segue também. É só se planejar e, graças a Com isso, e a partir de todas as etapas de Após a mudança para o apartamento ou Deus, não me apertei, vou fazendo a minha interação e opções de atendimento habita- a casa, os moradores são acompanhados pela reforma devagarzinho”. cional que os moradores puderam fazer, de equipe de pós-ocupação, que os orientam em março de 2010 a janeiro de 2014 o Programa todas as novas atribuições que eles passam a Flávia Aparecida M. de Figueiredo reassentou 3.908 famílias em novas unidades ter na vida em condomínio. 02 de abril de 2014 Urbanização da Cota 200

2009

o longo do desenvolvimento do Pro- grama Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosai- cos da Mata Atlântica, os estudos técnicos e as discussões com os moradores identifi- caram a possibilidade de urbanizar alguns setores da Cota 200, permitindo que cerca de 752 famílias continuassem morando no bairro. Essa solução foi possível graças à Lei nº 8.976/1994, que desafetou parte da área da Cota 200 do Parque Estadual da Serra do Mar. No entanto, para que os moradores pu- dessem ter melhor qualidade de vida, eram necessárias a realização de obras de infraes- trutura básica e a implantação de serviços públicos, como transporte coletivo, ilumina- ção pública, entre outros. Desde o início do projeto, foram executa- das obras de consolidação geotécnica, pavi- mentação, drenagem, iluminação e implan- tação de redes de água e esgoto, conforme 2014 pode-se observar na página ao lado: Intervenção

Consolidação Geotécnica Rede de distribuição de água e rede coletora de esgoto Drenos horizontais profundos: 5.150 m Rede de distribuição de água: 2.905 m Pano de pedra: 1.100 m² Adutora de água: 2.965 m Muro de pedra: 3.910 m² Rede coletora de esgoto: 4.260 m Solo grampeado: 7.056 m² Estações elevatórias: 5 unidades Linhas de recalque: 756 m Pavimentação Emissário: 3.129 m Pavimentação de ruas: 10.500 m² Interceptor oceânico: 2.018 m Pavimentação de vielas de pedestres: 16.500 m² Drenagem Canaleta de drenagem retangular com tampa: 4.690 m

69 Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar:

N 2009

Urbanização do Pinhal do Miranda

Pinhal do Miranda Projeto de urbanização e reflores- tamento. Imagem de 2009 com a ocupação integral. Vista aérea Cota 95-100 Pinhal do Miranda de 2014 onde se pode observar o estágio de remoção para reflores- tamento da Cota 95-100. Total de famílias em área de permanência: 1.282 (janeiro/2014).

N 2014 Residencial Vila Harmonia (Bolsão 7)

Residencial Vila Harmonia recebeu obras de infraestrutura e 600 novas unidades, sendo: 264 casas sobrepostas de 3 pavimentos com dois dormitórios; 42 unidades em prédio de 4 pavimentos, com dois e três dormitórios; 252 casas sobrepostas de 3 pavimentos com três dormitórios; e 42 sobrados unifamiliares de três dormitórios. 73 Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: Pavimento Térreo Planta

Pavimento Tipo Planta

Tipologia V052 – 3 dormitórios

Elevação Lateral Elevação Frontal

Corte A-A Corte B-B Elevação Fundos

Residencial Parque dos Sonhos (Bolsão 9)

ocalizado numa Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), o residencial Parque dos Sonhos possui as seguintes características: 1.154 unidades habitacionais em gleba de 14.610 m², divididas entre: 186 unidades com dois dormitórios (49,78 m² de área útil); 232 com três dormitórios (59,96 m² de área útil); 40 unidades de uso misto (três dormitórios + comércio/ser- viço, 78,90 m² de área útil); 424 unidades sobrepostas com três dormitórios (49,77 m² de área útil); 272 unidades sobrepostas com dois dormitórios (40,58 m² de área útil). Elevação Frontal Elevação Fundos Corte AA Corte BB 77

Pavimento Térreo Pavimento Superior Planta Planta

Casa sobreposta de 2 pavimentos e 2 dormitórios Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar:

Elevação Frontal Elevação Fundos Corte B-B Corte A-A Pavimento Térreo Pavimento Superior Planta Planta Casa sobreposta de 2 pavimentos e 3 dormitórios Pavimento Térreo Planta

Pavimento Superior Planta

Casas sobrepostas com 2 dormitórios

Elevação Frontal

Corte B-B Corte A-A Elevação Fundos Elevação Frontal Elevação Fundos

Pavimento Térreo Planta Pavimento Térreo Pavimento Superior 79 Planta Planta

Casas sobrepostas com 3 dormitórios

Corte A-A Corte B-B

Pavimento Superior Planta Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar:

Elevação Frontal Corte A-A

Elevação Fundos Corte B-B Casas sobrepostas com 3 dormitórios Residencial Rubens Lara

Adriana Levisky Arquiteta e urbanista

elatar sobre o projeto do Loteamento 1.840 famílias removidas dos bairros-cota os aspectos físicos de uma cidade, como Rubens Lara é motivo de sorte, orgu- através do Programa, que trata de complexa calçadas, equipamentos e mobiliários urba- lho, aprendizado, satisfação e gratidão. ação integrada do Governo do Estado me- nos, áreas de lazer e arborização públicas, A elaboração deste projeto trouxe oportu- diante atuação da Secretaria da Habitação e bem como a oferta de usos mistos através nidades singulares de reflexão e propositura da Secretaria do Meio Ambiente. da destinação de áreas institucionais, de a respeito da temática da Habitação Social Em consonância com a proposta socio- comércio e serviço, fazem parte de um no Brasil, bem como maior compreensão dos ambiental do Programa, o projeto se apoia único projeto. Além disso, busca, através processos de urbanização e reurbanização em diretrizes sustentáveis do ponto de vista do traçado viário proposto, uma integração historicamente adotados no país. ambiental, social, urbano e econômico. com o tecido urbano existente, estruturado Trabalhar com conceitos fundantes de Sustentabilidade ambiental, social, urba- em bairros em condição consolidada, vizi- urbanidade, cidadania, integração social e ur- na e econômica em um empreendimento de nhos ao empreendimento. bana, tecnologias limpas, desenho universal e habitação social: o que isso significa? A opção pela oferta não só de lotes sustentabilidade foi de extrema satisfação. Significa que tratar a habitação social de habitacionais, mas também de lotes comer- Desde o reconhecimento das diversidades maneira inovadora, do ponto de vista polí- ciais reflete o conceito de sustentabilidade encontradas nos bairros Cota 95, 100, 200, tico e cultural, corresponde a uma mudança urbana e socioeconômica que permeia o Pinhal do Miranda, Água Fria e Sítio dos de paradigma. projeto. Admitir a premissa de que uma Queiroz – suas tipologias, personalidades, Ousadia, coragem e postura idealista e vi- intervenção pública em habitação popular composição familiar, atividade econômica, sionária acolheram e sustentaram tais propos- garanta a instalação de usos complementa- social e cultural – até o exercício da releitura tas, que saíram do papel e viraram realidade. res ao habitacional é medida fundamental que, descendo a encosta, encontra a Baixada. Do ponto de vista da sustentabilidade, para uma adequada ação de urbanização e/ O projeto Residencial Rubens Lara situa- um dos conceitos-chave do projeto se tra- ou reurbanização de assentamentos precá- se em gleba de 197.475,50 m², no bairro de duz na inserção da população moradora dos rios. Aproximar a moradia do trabalho, do Jardim Casqueiro, município de Cubatão. bairros-cota no contexto urbano. O que sig- lazer, da saúde e da educação é um modelo Originalmente, o terreno, de topografia pla- nifica ofertar situação urbanística capaz de que merece pesquisa e atenção com vistas na, encontrava-se vazio e não arborizado. inserir o morador na vida da cidade, dando- a garantir diretrizes para programas e pro- Uma única parcela da gleba com arborização lhe a oportunidade de criar novos vínculos jetos habitacionais que venham a ser con- existente manteve-se no local como Área de na escala do bairro. Com isso, o projeto ex- cebidos e implantados em futuro próximo Preservação Permanente. trapola a discussão da viabilização da unida- ou distante. Este projeto foi idealizado para absorver, de habitacional pura e simples e busca en- após aproximadamente 15 meses de obras, quadrá-la em situação urbana na qual todos Uso do Solo

INSTITUcional Saúde Segurança Atendimento ao Idoso Desportivo Biblioteca municipal Igreja Creche Áreas Verdes Residencial 81 COMERCIAL N

Vias Adjacentes Conexões/Integração Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar:

Quadras Lotes

9P 5P 3P

Edificações Gabarito

Implantação Cores dos Revestimentos nos Edifícios Diagramas Conceituais Residências Sobrepostas Otimização do custo da terra, as- sociado à tipologias residenciais horizontais. O tamanho reduzido dos condomínio prima pela fácil administração pós-ocupação. 0 1 2 5m Elevação

Pavimento Térreo 1º Pavimento 2º Pavimento 0 1 2 5m Corte A-A Planta Planta Planta Edifício 4 pavimentos + Térreo e 2 dormitórios O edifício conta com espaço para futura instalação de elevadores, permitindo acessibilidade a todas as unidades.

0 1 2 5m Pavimento Tipo Corte AA 83 Soma-se à opção de se implantar um decorrer da história de nosso país evidencia o 5 tipologias, sendo edificações compostas de empreendimento de uso misto, a decisão caráter socioeconômico do projeto. térreo + 4 pavimentos, com apartamentos de por se aprovar um loteamento ao invés de São 121.888,98 m² de área de terreno, 2 e 3 dormitórios; de térreo + 8 pavimentos; um grande e único condomínio habitacio- organizados em 28 lotes, sendo 26 condomí- e condomínios de casas sobrepostas. As fa- nal como tradicionalmente a produção de nios residenciais e dois lotes comerciais. Cada chadas dessas tipologias, somadas à variação habitação social se estruturou ao longo condomínio não vai além de 200 unidades, de volumetria, de altura e de cores, trazem das décadas. Uma vez aprovado um lote- viabilizando sua administração e gestão futu- uma rica variação, visando à composição de amento a partir de uma grande gleba de ra pelos próprios moradores. uma situação urbana capaz de criar nichos, 197.475,50 m2, 75.586,52 m2 (correspon- Tais condomínios são acessados por vias surpresas, diferenças e identidades. dendo a 38,28% da área total) tornaram-se estritamente locais − muitas delas sem saída Do ponto de vista ambiental, o projeto áreas públicas dedicadas às áreas verdes −, que, por meio do atendimento às diretrizes propôs soluções construtivas, visando agili- (sistema de lazer e esporte), ao sistema viá- do Desenho Universal, priorizam o pedestre dade e limpeza da obra, redução do entulho, rio peatonal e carroçável e às áreas institu- através da oferta de faixas de circulação redução de prazos e, portanto, de energia, o cionais para instalação de unidades educa- sinalizadas e acessíveis, gerando um regra- que significa a opção por sistema construtivo cionais, de saúde, creches entre outras. mento para a instalação do posteamento, modular em alvenaria estrutural. Dentre as Essas áreas deixaram de onerar os mo- da iluminação pública e demais mobiliários instalações prediais, o empreendimento conta radores dos condomínios residenciais, urbanos e arborização. Vale citar que ações com aquecimento solar e medidor individua-

tornando a manutenção futura de cada integradas de infraestrutura tornaram-se vi- lizado de água – medidas favoráveis à econo- e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: conjunto condizente com a condição fi- áveis neste projeto e servem como referência mia de consumo de energia. nanceira dos moradores e favorecendo a para revisão de políticas públicas que bus- Em consonância com as características da qualidade futura do empreendimento. En- quem uma gestão qualificada e eficiente das Baixada Santista, optou-se por revestimentos fim, foi proposta a criação de um bairro, e cidades. de porcelana para as fachadas, minimizan- não de um condomínio. Não é preciso dizer O loteamento está interligado à sua vizi- do sua manutenção e garantindo melhor que, ao se tornar factível a manutenção do nhança através de uma via estrutural de liga- desempenho térmico. No mesmo sentido, espaço de moradia, também se estimulou o ção que oferece áreas de lazer públicas, um especificou-se caixilharia de alumínio com vínculo do morador não somente com sua centro comunitário, um ponto de ônibus in- pintura eletrostática, cujos vãos, mais amplos unidade habitacional, mas com seu bairro e tegrado à rede de transporte público munici- os habitualmente utilizados, em quatro fo- sua vizinhança. pal e o início da interligação de uma ciclovia lhas, favorecem a iluminação e a ventilação A possibilidade de se implantar um lo- que perpassa o bairro e se integra ao sistema natural nos ambientes de permanência, ga- teamento na contramão dos tradicionais cicloviário proposto pelo município. Esses rantindo maior salubridade, higiene e econo- conjuntos habitacionais implantados no condomínios mesclam na paisagem urbana mia de energia nas unidades habitacionais. Edifício 4 pavimentos + Térreo, 2 e 3 dormitórios No pavimento térreo: apartamento para portadores de necessidades especiais ou centro comunitário. Nos pavimentos-tipo, plantas flexíveis favorecendo o desenho universal.

0 1 2 5m Elevação Corte AA

0 1 2 5m Pavimento Tipo Edifício 8 pavimentos + Térreo e 3 dormitórios No pavimento térreo: apartamento para portadores de necessidades es- peciais ou centro comunitário. Nos pavimentos-tipo, plantas flexíveis favorecendo o desenho universal.

Elevação Corte AA 0 1 2 5m Pavimento Tipo Residencial Rubens Lara: total de Unidades Habitacionais: Ficha Técnica: Obra – Residencial Rubens Lara CDHU; Local da 1.840, divididas entre as seguintes tipologias: 11 prédios de 8 pavi- obra – Jardim Casqueiro, Cubatão, SP; Projeto – 2007; Contratante mentos mais pilotis, com um total de 352 unidades; 53 prédios de – Secretaria de Estado da Habitação/CDHU; Arquitetura – Levisky 4 pavimentos mais pilotis, com um total de 1.098 unidades; Arquitetos/Estratégia Urbana; Arquiteta – Adriana Levisky, Eduardo 65 blocos de 3 pavimentos com 390 unidades no total. Martins Ferreira Arquitetura; Fiscalização – Consórcio Sistema Pri – Enerconsult; Gerenciamento – Cobrape-Engevix; Tempo da obra – cerca de 15 meses; Construtora – Schahin Engenharia; Área do terreno – 197.475,50 m2; Área construída residencial – 140.503,80 m2: Áreas institucionais – 16.320,00 m2; Áreas comerciais – 4.646,31 m2; Áreas verdes públicas – 28.224,35 m2; Projetista da alvenaria es- trutural – Somatec; Fachada – Pastilhas Atlas; Aço – Gerdau; Esqua- drias – Cristal Line; Luminárias – Fort Ligth; Metais sanitários – Bog- nar; Louças – Deca, Celite e Icasa; Vidros – Santa Marina e Cebraci; Revestimentos – Atlas e Gyotoko; Bloco de concreto – Concremix, Dimensão, Presto, Bechelli, Renger e Oteplem; Bloco cerâmico – Se- lecta; Acabamentos elétricos – Walma; Cabos elétricos – Nambei. As luminárias especificadas aceitam lâmpadas O Governo do Estado estabeleceu o con- econômicas. ceito de Desenho Universal por meio do De- A planta das unidades habitacionais pro- creto Estadual nº 53.485/2008, que institui, põe a oferta do terceiro dormitório, seja no âmbito da Administração Centralizada e para aumentar a família seja para dispor de Descentralizada do Estado de São Paulo, a um espaço de trabalho dentro da casa, além política de implantação desse conceito na de um ambiente social de layout flexível, produção de habitação de interesse social. O aumentando a longevidade da moradia em loteamento, adaptado às diretrizes do Dese- atendimento às eventuais necessidades de nho Universal, buscou assegurar aos espaços adequação do espaço de moradia ao longo da públicos, às áreas comuns condominiais e aos mentos das instalações elétricas e hidráulicas, vida de uma família. O projeto, por solicita- espaços privativos condições que garantam permitindo, dessa forma, flexibilidade interna ção da CDHU, propõe aumentar o pé-direito a longevidade do bairro, possibilitando a da planta. até então adotado para 2,60 m, bem como manutenção das famílias em seus espaços de Desse modo, futuras necessidades de empregar pisos e paredes cerâmicas nas áreas moradia ao longo do tempo. adaptação ao longo do tempo, para atender molhadas, laje de cobertura, lavatório adicio- Essas diretrizes se traduzem em soluções às novas demandas de cada família mora- nal ampliando o uso do ambiente sanitário e que possibilitem desde a acessibilidade uni- dora, ficam simplificadas e de baixo custo, e o conforto. versal e a democratização dos acessos aos principalmente exequíveis. Reforçando essa Do ponto de vista da drenagem urbana, espaços abertos até a flexibilização e a capa- condição, algumas divisórias internas de al- toda a pavimentação do empreendimento, cidade de adaptação, reformas e reconfigu- gumas tipologias são do tipo drywall, de fácil seja ela condominial ou pública, é feita com ração dos ambientes residenciais segundo as e rápida montagem e desmontagem. São so- elementos intertravados. Vale enfatizar que a demandas das famílias no decorrer da vida. luções historicamente pouco usuais em pro- opção por uma mesma solução de pavimen- Esse conceito se faz possível através da jetos de habitação social que, sem nenhum tação, tanto para o sistema viário público solução construtiva adotada que permite a custo adicional à construção, garantem um como para o privado, atua positivamente no remoção ou reposicionamento de vedos in- espectro significativo de oportunidades à sentido da integração entre as experiências ternos não impactando na solução estrutural unidade residencial. Ainda enfatizando a do patrimônio público e do privado. Tais ex- dos edifícios tampouco na infraestrutura das capacidade de qualificação e adaptabilidade periências certamente fortalecem o vínculo e instalações hidráulicas e elétricas prediais. das unidades habitacionais ao longo do tem- o senso de cidadania da população. Quanto à Isso decorre do fato de que o projeto das ti- po, os edifícios de cinco pavimentos preveem infraestrutura empregada para saneamento pologias que compõem o Loteamento Rubens espaço para futura instalação de elevadores, básico, o projeto prevê uma estação de trata- Lara buscou soluções estruturais preferencial- à semelhança dos edifícios de oito pavimen- mento de águas servidas. mente periféricas, bem como os encaminha- tos, que já os possuem. Início da implantação do projeto Proposta de implantação 87 Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar:

Residencial Rubens Lara

Recuperação

Socioambiental: 91 Soluções Ambientais

o âmbito das soluções ambientais para a recuperação socioambiental da Serra do Mar, diversas atividades têm sido planejadas e desenvolvidas pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Fundação Florestal, da Polícia Militar Ambiental, do Instituto de Botâ- nica e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Entre as principais ações estão a implementação do Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM); com destaque para a recuperação de passivos ambientais mediante o reflorestamento e a recuperação de aproximadamente 90 hectares no município de Cubatão; e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: recuperação de cerca de 200 hectares livres de espécies exóticas; recuperação de 850 hectares de florestas em processo de enriquecimento de sua biodiversidade; e construção e operação de um Jardim Botânico.

Fatores de Pressão

Ao longo de sua história, o Parque Estadual da Serra do Mar, em virtude de sua grande exten- são (332 mil hectares que abrangem 24 municípios do Estado de São Paulo), tem sofrido di- versas pressões. Sua região centro-sul, onde se localizam os municípios que formam as Regiões Metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista, reúne as mais emblemáticas situações de pressão sobre a floresta e causadoras de impactos que exigem diferentes abordagens para a Reflorestamento Cota 400 Grotão/Cota 95 Acima, imagem do plantio em 2012; Abaixo, imagem de 2012; acima, abaixo, imagem de 2014 onde se desenvolvimento do reflorestamento pode notar o crescimento da árvore em 2014. plantada dois anos antes.

recuperação, conservação e preservação de suas casas, os moradores empreenderam todo o bioma. ações desordenadas de desmatamento, além No município de Cubatão – onde se con- de cortes e aterros dos terrenos. Tudo isso, centra grande parte dos esforços do Progra- somado aos vazamentos de água que favore- ma Recuperação Socioambiental da Serra do cem a infiltração no solo, e ainda a ausência Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica de impermeabilização e drenagem, acentuou – se concentram as maiores pressões sobre o a instabilidade do terreno. Parque, que remontam às primeiras décadas Com o passar do tempo, as situações de do século XX, quando teve início o secciona- risco se agravaram ainda mais. Historicamen- mento do contínuo florestal desse trecho da te, os assentamentos precários no Brasil não Serra do Mar, com a pavimentação do Cami- têm caráter transitório. Eles se consolidam nho do Mar (1926). E o Parque sofreu impac- e continuam causando impactos ambientais to multiplicado na estabilidade do solo com negativos, dadas suas condições perenes e de a construção das rodovias Anchieta (1940- constante expansão. No caso dos bairros-cota 1950) e Imigrantes (1976-2002). não foi diferente. Somente com o início das A ocupação humana também teve início ações do Programa Recuperação Socioam- a partir desses eventos – marcos de transpo- biental da Serra do Mar e Sistema de Mosai- sição da Serra do Mar – com o surgimento e cos da Mata Atlântica é que essa expansão o crescimento dos bairros-cota, que afeta- foi barrada com o congelamento das áreas, ram centenas de hectares da Mata Atlântica realizado através do cadastramento de todas original da região, suprimindo uma grande as habitações e da fiscalização realizada pela quantidade de espécies da flora e da fauna, Polícia Militar Ambiental, que controlava a comprometendo o solo e a qualidade das entrada de materiais de construção nos bair- águas, já que esses assentamentos precários ros. Com isso, e partir do reassentamento de não possuíam redes oficiais de serviços, como grande parte das famílias que viviam nesses abastecimento de água, esgotamento sanitá- setores, vem sendo possível a recuperação rio e coleta de lixo. ambiental das áreas mais prejudicadas. Tal situação acentuou o risco de desliza- Contudo, sob outros aspectos, também mentos e escorregamentos neste trecho da contribuíram para as pressões sobre a Serra Serra, causando acidentes de grande impacto do Mar, na região de Cubatão, a vasta rede humano e ambiental, pois, para construir de torres e linhas de alta-tensão que foram 93 Patrimônio Ambiental, Histórico e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: construídas, bem como os dutos, as hidrelé- das em: (a) expansão da perfuração da matriz tricas, as antenas, as ferrovias, as represas e, florestal; (b) severas consequências de efeito de forma bastante intensa, a implantação do de bordas; (c) prática de atividades ilegais de polo industrial. A alta concentração de indús- desmatamento, queimada, cortes seletivo e trias poluentes intensificou a fragilidade de raso; (d) extração descontrolada de produtos suas encostas, que desabaram em centenas da floresta; (e) abertura de vias de acesso e de trechos nos anos 1990, em consequência impedimento da regeneração natural e da do volume de chuvas torrenciais com efeitos sucessão ecológica da floresta degradada; (f) da chuva ácida sobre a floresta. ameaça potencial à biodiversidade; e (g) en- Assim, de forma geral as principais pres- trada de espécies exóticas, caça e capturas de sões sobre a Serra do Mar podem ser resumi- elementos da fauna silvestre. Cota 400 À esquerda, imagens de 2012; à direita, as imagens de 2014 mos- tram a evolução do reflorestamento. 95

Cota 400 Acima imagem de 2012; à esquerda, foto de 2014.

Reabilitação Ambiental do cerca de 90 hectares estão em processo de Para além da reabilitação ambiental das Parque Estadual da Serra do Mar recuperação, com ações de replantio, e outras áreas liberadas pelas ocupações irregulares, grandes porções territoriais estão em proces- o Programa Recuperação Socioambiental da Somente a partir do reassentamento das so de enriquecimento da biodiversidade. Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata famílias dos bairros-cota é que as ações de É possível afirmar que o Programa Recu- Atlântica prevê a consolidação sustentável recuperação socioambiental da Serra do Mar peração Socioambiental da Serra do Mar e das áreas urbanas desafetadas do PESM em puderam se tornar verdadeiramente efetivas Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica é um 1994. Esses núcleos têm passado por obras para a conservação desta unidade. trabalho inédito de recuperação e conser- de requalificação urbanística, que serão con-

Um dos primeiros impactos positivos vação da Mata Atlântica realizado no Brasil, cluídas com a regularização urbanística e e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: decorrentes dessa mudança – além da sig- tanto pelo desafio imposto pela própria geo- fundiária, como descrito no capítulo anterior. nificativa melhora da qualidade de vida dos grafia do espaço quanto pela riqueza das es- No entanto, vale ressaltar que, no momento moradores, conforme apresentado no capí- pécies – todas meticulosamente selecionadas das atividades de demolição de edificações e tulo anterior – é a diminuição das pressões levando em conta os critérios de variedade e remoção de entulhos, foram empreendidos antrópicas sobre a floresta. Afinal, os efeitos quantidade ideal para cada local do territó- esforços de reestabilização geotécnica das diretos da desocupação ocorrem pela imedia- rio. O trabalho foi iniciado pela área do Sítio áreas para que não haja nenhum acúmulo de ta interrupção do despejo de lixo, abertura dos Queiroz, onde 3.959 unidades de 109 es- entulho sob a terra durante a recuperação de trilhas, caminhos e clareiras não naturais, pécies diferentes foram replantadas. florestal. criação de animais domésticos, cortes e quei- Futuramente, no bairro Água Fria, será Nos terrenos livres, sem problemas eviden- madas na mata. construído o Jardim Botânico de Cubatão, tes de instabilidade, os solos superficiais se- Ao todo, somando-se todas as áreas com composto exclusivamente de espécies da rão estabilizados com a recuperação florestal, cobertura vegetal, são 141,7 hectares libera- Mata Atlântica, permitindo maior controle e ou seja, plantio de espécies nativas da Mata dos para a reabilitação ambiental, dos quais conservação desse trecho de floresta. Atlântica. Parque Estadual Cota 400 da Serra do Mar Mudas e plantio. Centro de Visitantes do Núcleo Curucutu (acima). Base de Proteção do Núcleo Caraguatatuba.

Virgínia, e ainda um Centro de Visitantes no Também está sendo implantado um sistema Núcleo Curucutu e guaritas em Itutinga-Pi- de sinalização para trilhas, com aprimoramen- lões e Curucutu. to da comunicação com o público visitante, Encontram-se em fase final as obras de por meio de exposições, folheteria, cartazes um Centro de Visitantes, uma Base de Prote- etc., que contribuirão para intensificar as ção e uma guarita no Núcleo Itutinga-Pilões, ações de educação ambiental, propiciando o no município de . uso adequado das áreas pelos visitantes.

Infraestrutura e Turismo Ecológico

Importantes obras de infraestrutura e ações de fomento ao turismo ecológico têm sido implementadas por meio do Programa Recu- peração Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica, apri- morando a gestão ambiental desta Unidade de Conservação. Foram implantadas Bases de Proteção nos núcleos Itariru, Caraguatatuba, Cunha, Santa Perímetro do Jardim Botânico de Cubatão Água Fria.

Jardim Botânico de Cubatão 97 missão “conservar espécies do Bioma Mata Atlântica, em especial do Parque Estadual da Serra do Mar, promovendo pesquisa, edu- cação, conscientização da sociedade sobre a importância das plantas na recuperação ambiental e na manutenção da qualidade de vida e da cultura das populações humanas, refletindo sobre as formas de ocupação da região e os impactos socioambientais delas decorrentes, criando espaço didático-peda- Jardim Botânico Nesse sentido, o Programa Recuperação gógico, de lazer contemplativo e educativo, Socioambiental da Serra do Mar e Sistema promovendo o cuidado com a vida, as rela- Para garantir que os esforços investidos no de Mosaicos da Mata Atlântica também de- ções humanas e a cultura da paz”. reassentamento das famílias e na liberação monstra um caráter inédito de planejamento Para realizar tal missão, o projeto – das áreas dos bairros-cota sejam efetivos, das ações no Estado de São Paulo e em uma aprovado pelo Conselho Estadual do Meio está sendo criado um Jardim Botânico na escala dificilmente comparável em qualquer Ambiente (CONSEMA) – prevê que o Jardim área liberada pela ocupação da comunidade outro lugar do mundo. As ações organizadas Botânico irá ocupar um perímetro de 364

de Água Fria. Os benefícios dessa ação serão e executadas de forma integrada entre a Se- hectares, onde estão previstos um centro e Cultural Histórico Ambiental, Patrimônio Serra do Mar: de extrema importância socioambiental para cretaria de Habitação e a de Meio Ambiente, de educação ambiental, um auditório e um a recuperação da Serra do Mar. respectivamente por seus órgãos executores prédio administrativo. O acesso será feito Em primeiro lugar, a construção do Jardim CDHU e Fundação Florestal, têm garantido a pelas principais vias da região da Baixada Botânico no local onde se localizavam as continuidade instantânea das atividades, agi- Santista, como as rodovias Padre Manoel da ocupações irregulares irá impedir que uma lizando o processo de recuperação da floresta Nóbrega e Cônego Domênico Rangoni, que nova ocupação ocorra no espaço. No Brasil, e de suas espécies de fauna e flora. interceptam as rodovias Anchieta e Imigran- infelizmente, é recorrente a reocupação de Num segundo momento, o Jardim Botâ- tes. áreas de proteção ambiental após o reassen- nico irá potencializar nessa região a conser- O Jardim Botânico de Cubatão contará tamento das primeiras famílias moradoras do vação, a educação ambiental e a proteção da com oito coleções de espécies vegetais ex- lugar. Em geral, isso se dá pela lentidão na Mata Atlântica − um dos biomas mais ricos clusivas da Mata Atlântica. Também será execução das etapas dos projetos ou mesmo em biodiversidade do mundo. implantando no local um viveiro de espé- pela ausência de alternativas e soluções de Assim, de acordo com os documentos que cies, que será responsável pela disseminação recuperação para as áreas que são liberadas. o instituem, o Jardim Botânico terá como de mudas na região da Baixada Santista.

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Jureia-Itatins: Diversidade e Proteção Ambiental

Jureia: 101 Uma Joia Natural

á pelo menos 30 anos, o maciço da Jureia, localizado na região sul do litoral paulista, tem sido motivo de grandes debates entre o poder público, pesquisadores, investidores, ambientalistas e sociedade civil no Estado de São Paulo. Certamente, há muito se sabe de sua riqueza natural, mas é possível afirmar que só a partir de 1977 essa área – uma das mais Ambiental e Proteção Diversidade Jureia-Itatins preservadas da Mata Atlântica brasileira – passou a despertar interesses contraditórios de ex- ploração e conservação entre diferentes grupos de pessoas. Em seu artigo “Breve História da Área Jureia-Itatins como Unidade de Conservação”, o pro- fessor emérito da Universidade de São Paulo, Paulo Nogueira-Neto, descreve como essa imensa área, que era propriedade de Pio Correa e depois de seu neto, Carlos Telles Correa, teve 2 mil hectares cedidos em comodato à Secretaria Especial do Meio Ambiente, com o objetivo espe- cífico de preservação. Nesse acordo, estava explícita a seguinte condição: se uma usina nuclear for construída na área, o comodato será cancelado. Nesse período, e ainda no início dos anos 1980, o governo brasileiro tinha o intuito de cons- truir usinas nucleares no país para a geração de energia. O maciço Jureia-Itatins estava listado como um dos locais potenciais para a instalação de uma usina e uma estação ecológica. No- gueira-Neto relata que, em uma reunião realizada em Brasília, argumentou-se que uma estação ecológica não deveria ter em seu interior uma usina nuclear. Mas, naquele momento, os argu- mentos pareciam não surtir efeito diante da certeza sobre a necessidade das usinas. 1. No início dos anos 1980, espalhou-se a notícia de que havia ouro saga de Ecologia e Política Ambiental, apontei uma solução. A Ju- na região sul da Serra dos Itatins, no limite norte com a Estação da reia-Itatins deveria constituir um Mosaico Ambiental, formado pela Jureia. Embora tenha havido conflitos armados em virtude dessa es- justaposição de áreas com diferentes características: Estação Ecológi- peculação, com mortes de pessoas, o fato nunca foi confirmado. ca, Parque, Reserva Extrativista, Áreas de Relevante Interesse Ecológi- 2. De acordo com o artigo do Professor Paulo Nogueira-Neto, este co. A nova Lei Federal nº 9.985/2000, que criou o Sistema Nacional de foi o momento que impulsionou a criação da Fundação SOS-Mata Unidades de Conservação, já tornou possíveis os Mosaicos Ambien- Atlântica, que marca um novo momento da sociedade brasileira e da tais”. NOGUEIRA-NETO, Paulo. Breve História da Área Jureia-Itatins discussão da atuação civil no país. como Unidade de Conservação. In: MARQUES; DULEBA. Estação Eco- 3. “Contudo, já em 1992, no meu livro Estações Ecológicas – uma lógica Jureia-Itatins. Ribeirão Preto: Holos Editora, 1ª edição, 2004.

Certamente, os propósitos do governo preocupação. Com a saída da Nuclebrás da naturais. Evidentemente, instalou-se aí um estavam em desacordo com as ações que a área, não havia mais quem a protegesse intenso debate, que dura cerca de 20 anos e Secretaria Especial do Meio Ambiente dese- da especulação imobiliária, dos posseiros e já passou por inúmeras etapas. java realizar na região – tendo como objetivo garimpeiros1. Diante desse cenário, ambien- Em 2006, como resposta às demandas da principal transformar toda a área em uma talistas paulistas, pesquisadores e alguns população foram criados a Estação Ecológica Unidade de Conservação, desapropriando as políticos iniciaram um movimento articulado dos Banhados de Iguape (Decreto Estadual glebas para preservação e pesquisa. de proteção da região, buscando fortalecer a nº 50.664/2006) e o Mosaico Jureia-Itatins A urgência do Governo Federal prevaleceu. ideia e a necessidade de preservação de toda (Lei Estadual nº 12.406/2006). Com isso, uma Pouco tempo depois, a Nuclebrás passou a a região da Jureia-Itatins junto ao Governo nova solução foi apresentada para a região, administrar a área, sob a coordenação de um do Estado2. Na época, Franco Montoro era distinguindo as áreas, suas necessidades e coronel aposentado do Exército. Entretanto, o governador de São Paulo e, em um even- possibilidades de usos para a comunidade se, por um lado, as pesquisas científicas que to realizado no Litoral Sul, com a presença tradicional, famílias residentes e turistas. A eram desenvolvidas pelas equipes da Univer- do então governador do Estado do Paraná, instituição do mosaico – defendida por es- sidade de São Paulo tiveram de superar os José Richa, ele assinou o Decreto Estadual pecialistas como o Professor Paulo Nogueira- atritos com os administradores, por outro, a nº 24.646/1986, criando a Estação Ecológica Neto3 – permitia que o território fosse pre- presença militar da Nuclebrás na área inibiu Jureia-Itatins, com uma área de 80 mil hec- servado ao mesmo tempo que pequenas por- o avanço da especulação imobiliária na re- tares. ções fossem destinadas ao desenvolvimento gião – não sem conflitos. Isso colaborou para Posteriormente, a Lei Estadual nº 5.649/ sustentável das famílias e transformadas em a preservação da reserva e impulsionou o pla- 1987 instituiu que o objetivo básico da Esta- áreas de uso público, como parques. nejamento para o processo de desapropriação ção Ecológica Jureia-Itatins era assegurar a Assim, a Lei Estadual nº 12.406/2006 ins- das glebas junto a seus proprietários formais. integridade dos ecossistemas da região, bem tituiu que o Mosaico de Unidades de Con- Contudo, a geração de energia nuclear en- como proporcionar sua utilização para fins de servação Jureia-Itatins seria composto pela contrava uma grande resistência da opinião educação ambiental e pesquisa científica. Estação Ecológica Jureia-Itatins, que foi am- pública e, poucos anos depois, o Governo Fe- De lá para cá, muitos embates e discussões pliada com a incorporação da Estação Ecoló- deral decidiu interromper o Programa Nucle- se sucederam sobre o desenvolvimento e a gica dos Banhados de Iguape, tornando-se a ar Brasileiro, apoiado também nas estimativas preservação do território. Dentre as Unidades área de maior importância do mosaico, con- dispendiosas que esse tipo de geração de de Conservação de Proteção Integral, a ca- solidando a proteção do território. energia custaria. tegoria Estação Ecológica é a mais restritiva, A Lei instituiu ainda duas Reservas de O que a princípio parecia ser uma boa não permitindo a presença de populações Desenvolvimento Sustentável (RDS) nos prin- notícia para aqueles que desejavam preser- residentes na área, a existência de proprie- cipais núcleos de populações tradicionais: var toda a região da Jureia tornou-se uma dades particulares, nem o uso dos recursos RDS do Despraiado e RDS da Barra do Una.

1986 Jureia-Itatins: Histórico A biota da vertente Atlântica da Serra do Mar é decretada como Área sob Proteção Especial do Estado. Decretação da Estação Ecológica, englobando antiga Reserva Estadual de Itatins, passando a possuir quase 80 mil hectares. 1958 1987 Criação da Reserva Estadual de Itatins. Implantação da Estação Ecológica de Juréia-Itains, Lei Estadual 5.649/87. 1979 2006 Tombamento da Serra do Mar e Paranapiacaba pelo CONDEPHAAT, abarcando o Maciço Criação do Mosaico de Unidades de Conservação Juréia-Itatins com seis Unidades de da Juréia e Serra de Itatins. Conservação: Estação Ecológica de Juréia-Itatins (EEJI), Parque Estadual do Itinguçu Contrato de Comodato assinado pela Secretaria Especial do Meio Ambiente (Governo (PEIT), Parque Estadual do Prelado (PEP), Refúgio de Vida Silvestre (RVS) nas ilhas do Federal), estabelecendo uma área de 1.100 hectares para Estação Ecológica do Maciço Abrigo e Guararitama, Reservas de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una da Jureia. (RDSBU) e do Despraiado (RDSD). Ao todo, as unidades abrangiam cerca de 110 mil hectares (Lei Estadual 12.406/06). 1980 Decretação pela NUCLEBRAS das seguintes áreas de utilidade pública para fins de 2009 desapropriação: maciços da Juréia e Parnapuã e toda a planície do rio Una do Prelado. ADIN suspende as atividades do Mosaico e a área volta a ser administrada apenas como Estação Ecológica, com apenas 79.240 hectares. 1984 Parte da área é englobada na Área de Proteção Ambiental (APA) de Cananéia, Iguape e 2013 Peruíbe – Decreto Federal 90.347/84. Nova lei nº 14.982/13, de iniciativa do Executivo, é aprovada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O Ministério Público apresenta uma nova ADIN. 1985 Aumento da área da APA, ampliando conjuntamente a área protegida na Jureia. 2014 A posse área pela NUCLEBRAS não é efetivada e toda a área retoma para seus antigos O Tribunal de Justiça por unanimidade derruba a ADIN, legitimando a Lei 14.982/13, proprietários. que cria o Mosaico de Uniddes de Conservação da Jureia-Itatins. Mapa do Mosaico Jureia-Itatins 1. Estação Ecológica de Jureia-Itatins 2. Parque Estadual do Itinguçu 3. Parque Estadual do Prelado 6 4. RDS Barra do Una 5 2 5. RDS do Despraiado 4 6. RVS Ilhas do Abrigo e Guararitama 1

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105 Também foram criados dois parques, po- dos moradores; a ampliação do Programa de sos e uma série de outros ambientes, como tencializando as atividades de uso público, Fiscalização e Gestão; criação dos conselhos brejos, lagunas, dunas, manguezais, matas de turismo ecológico e geração de renda: Parque da RDS Barra do Una, RDS do Despraiado restinga, florestas de baixada, de encosta e de Estadual do Itinguçu e Parque Estadual do do Parque Estadual do Itinguçu e do Parque altitude num contínuo de Mata Atlântica. Prelado. Por fim, para garantir a preservação Estadual do Prelado; reestruturação do Con- Um Refúgio de Vida Silvestre também dos hábitats de animais e aves migratórias, selho da Estação Ecológica de Jureia-Itatins; compõe o Mosaico, garantindo que as inú- foi instituído um Refúgio Estadual de Vida entre outros. meras espécies endêmicas e migratórias que Silvestre abrangendo as ilhas do Abrigo ou Em abril de 2013, o Governo do Estado usam as áreas protegidas possam descansar e Guaraú e de Guararitama. de São Paulo apresenta uma nova lei à As- se reproduzir. Dessa forma, com suas grandes A questão, porém, ainda não estava sembleia Legislativa (Lei 14.982/13), deli- extensões de florestas, o Mosaico permitirá definida. Em junho de 2009, o Poder Judi- mitando uma área de 97.213 hectares para o fluxo genético dos ecossistemas do norte, ciário julgou procedente a Ação Direta de o Mosaico – maior que a área da Estação das escarpas da Serra do Mar com os do sul, Inconstitucionalidade (ADIN) proposta pelo Ecológica, com 79.240 hectares. A Lei foi da região estuarina-lagunar do baixo Ribeira, Ministério Público, que argumentava que a aprovada pela Assembleia e logo o Minis- além de atrelá-los aos parques estaduais pau- instituição do mosaico era um vício de ini- tério Público apresentou uma nova ADIN. listas e paranaenses do Vale do Ribeira. ciativa, já que havia sido proposta pelo Poder Contudo, em 2014 o Tribunal de Justiça Em relação as Comunidades Tradicionais, Ambiental e Proteção Diversidade Jureia-Itatins Legislativo e que, para tal, os estudos técni- derrubou, por unanimidade, a ADIN e a área o Mosaico criou duas Reservas de Desen- cos realizados eram insuficientes. Com isso, efetivou-se como Mosaico. volvimento Sustentável, que regularizam a o território voltou à categoria de Estação A categorização da Jureia-Itatins como situação da população tradicional, conforme Ecológica, acirrando o diálogo entre o poder Mosaico representa a ampliação das áreas prevê a lei. Assim, as comunidades cabocla e público e a população local, que, por quase de proteção ambiental integral e de desen- caiçara, que habitam bairros rurais, de baixa três anos, participou da construção de Planos volvimento sustentável e ainda aponta a densidade demográfica e matem sistemas de Manejo e outras ações para o desenvolvi- resolução de conflitos que há décadas exis- tradicionais de produção – pesca artesanal, mento da região. tem na região. agricultura etc. – poderão permanecer nessas Com essa decisão do Poder Judiciário, as Com a nova lei, a preservação da região áreas específicas. ações que vinham sendo implantadas e de- será mais apropriada. A Estação Ecológica Além disso, com a nova lei, os parques senvolvidas (período de 2006 a 2009) tiveram Jureia-Itatins, que contava com 79.240 hec- Itinguçu e Prelado irão satisfazer a necessi- de ser revistas ou interrompidas, como a tares, tem sua área de proteção ampliada dade dos municípios e da população para o elaboração e implantação do Plano de Ma- para 84.425 hectares na nova configuração. desenvolvimento turístico da região, gerando nejo; realização e definição dos diagnósticos A área é um dos últimos locais de São Paulo assim novas fontes de renda, sem impacto e zoneamento das áreas com a participação que abriga praias arenosas, costões rocho- negativo à preservação da floresta.

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Jureia-Itatins e o Programa turais, propondo o restabelecimento do Mo- das Ilhas Marinhas do Abrigo e Guaritama Recuperação Socioambiental saico de Unidades de Conservação. – estabelecendo e implementando as ações Com o Mosaico efetivado em 2014, a adequadas a cada uma das áreas de acordo Quando o Governo do Estado decidiu partir da decisão do Tribunal de Justiça que com sua categoria específica. ampliar sua atuação de recuperação da derrubou a ADIN apresentada pelo Ministério Outra importante ação contempla a ade- Ambiental e Proteção Diversidade Jureia-Itatins Serra do Mar e, em parceria com o BID, Público em favor da Lei 14.982/13, pode-se quação da infraestrutura de gestão, proteção a expandiu para outras áreas de Mata dizer que uma das principais ações do Pro- e uso público, capacitação gerencial para Atlântica em São Paulo, o território da grama foi bem sucedida. A recategorização gestão e sistema de comunicação e divulga- Jureia-Itatins e outros foram incorpora- da unidade de Estação Ecológica para Mo- ção, sinalização e acessos da sede e de cinco dos ao programa, que passou a se chamar saico é uma das principais ações que vão ga- núcleos, trilhas implantadas e atendimento a Programa Recuperação Socioambiental da rantir a preservação deste importante bioma 50% do público escolar dos municípios vizi- Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da brasileiro: a Mata Atlântica. Com isso, estão nhos e de 100% da população de ocupantes Mata Atlântica. previstas algumas ações como consequência e visitantes. Nesse momento, o contexto que en- direta do desenvolvimento do Programa. O último resultado direto previsto para volvia a situação da Jureia-Itatins passava Com a efetivação do Mosaico, é necessário o Mosaico da Jureia-Itatins dentro do Pro- pelo conflito de sua classificação. Diante concluir os Planos de Manejo das seis unida- grama é a sustentabilidade socioeconômica disso, a proposta do Programa para a área des que o compõem – Estação Ecológica Ju- através da implantação de dois núcleos como tinha como objetivo readequar o status reia-Itatins; Parque Estadual Itinguçu; Parque Reservas de Uso Sustentável e a recuperação conservacionista para refletir suas reais Estadual Prelado; RDS Despraiado; RDS Barra de áreas das comunidades tradicionais locali- características sociais, econômicas e cul- do Una; Refúgio Estadual de Vida Silvestre zadas dentro do Mosaico.

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Mosaico de Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas

Mosaico de Ilhas 113 e Áreas Marinhas Protegidas e Áreas Marinhas Protegidas Marinhas e Áreas de Ilhas Mosaico

criação do Mosaico de Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas do Litoral Paulista, simultane- amente à criação de três extensas Áreas de Proteção Ambiental Marinhas, em outubro de 2008, mudou o caráter da visão institucional a respeito da preservação da biodiversi- dade e do desenvolvimento sustentável das riquezas da região costeira e marinha. Como conse- quência, foram empreendidas ações para a contratação imediata de gestores e para a formação 1. Este texto foi editado para este livro, a partir do original redigido por Fausto Pires de Campos, Felipe Augusto Zanusso Souza, Lucila de equipes para a gestão dessas áreas. Pinsard Vianna e Priscila Saviolo Moreira. Essas Áreas de Proteção Ambiental Marinhas totalizam 1.138.067,69 hectares, onde se lo- 2. As áreas de manejo contemplam e equilibram espaços onde a 2 conservação ambiental precisa ser mais rigorosa, com preservação calizam quatro áreas de relevante interesse ecológico e 14 áreas de manejo especial para a mais estrita, e espaços para a manutenção da cultura caiçara e proteção da biodiversidade. Neste processo, foram definidos os 2.119.000 hectares do Mar Terri- artesanal, com a permanência de famílias moradoras. torial da costa paulista, dos quais 53,71% constituem as APAMs3. Ao todo, as Áreas de Proteção 3. A caracterização do Mar Territorial de São Paulo foi realizada a partir das Linhas de Base Retas estabelecidas pelo Decreto Federal nº Ambiental Marinhas abrangem 15 municípios, com uma extensão de 700 km e uma população 4.983/2004, de acordo com a Lei Federal nº 8.617/1993. de 3,1 milhões de habitantes (10% do Estado). 4. O ato de criação do Mosaico das Ilhas, artigo 2º, convida as Unidades de Conservação federais para se integrarem, citando as estações ecológicas, a Área de Proteção Ambiental Federal Cana- neia-Iguape-Peruíbe e a Reserva Extrativista do Mandira. O Mosaico contará com um Conselho Gestor participativo de representantes de todo o litoral paulista, civis e governamentais.

Tabela 1 – Quadro das APAs Paulistas vimento dos Planos de Manejo. Muitas dessas ações tiveram sequência ou foram articuladas APAs Marinhas Áreas (ha) Municípios a partir do Programa Recuperação Socioam- biental da Serra do Mar e Sistema de Mosai- APA Marinha Litoral Norte 316.242,45 , Caraguatatuba, cos da Mata Atlântica. Decreto Estadual nº 53.525, de 8/10/2008 Ilhabela e São Sebastião Após a aprovação dos Planos de Manejo, APA Marinha Litoral Centro 453.082,70 Bertioga, Guarujá, Santos, deverão ser definidas e criadas as Unidades Decreto Estadual nº 53.526, de 8/10/2008 São Vicente, Praia Grande, de Proteção Integral, que irão perpetuar, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe entre outros fatores ambientais, as colônias APA Marinha Litoral Sul 368.742,53 Iguape, Ilha Comprida e Cananeia de aves marinhas insulares ameaçadas e os Decreto Estadual nº 53.527, de 8/10/2008 locais de concentração e alimentação de tar- tarugas e mamíferos marinhos. Essas medidas Total das APAs Marinhas 1.138.067,69 53,71% do Mar Territorial contribuirão para a sustentabilidade do mar, preservando suas espécies, a partir das deci- sões tomadas pelos conselhos gestores. Contudo, é preciso salientar que diversos problemas interferem na gestão das APAs Assim, o Mosaico de Ilhas e Áreas Mari- além das Áreas de Relevante Interesse Ecoló- Marinhas e, consequentemente, na sua nhas Protegidas abrange as estações ecológi- gico (ARIE) de São Sebastião e do Guará4. consolidação: resíduos sólidos (transbordo); cas federais Tupinambás e dos Tupiniquins, e crescimento demográfico; ocupação irregular os parques estaduais da Ilha Anchieta e Mari- em Áreas de Preservação Permanente (APPs − nho da Laje de Santos. Ele compreende ainda APAs Marinhas áreas de risco); sobrepesca; grandes obras; e os parques estaduais de Ilhabela, Xixová-Ja- turismo desordenado. puí e da Ilha do Cardoso, as unidades de con- Desde sua criação, as APAs Marinhas têm ob- São monitorados e discutidos alguns dos servação costeiras dos mosaicos estaduais da tido sucesso na implantação de ações de ges- maiores impactos recorrentes nos municípios: Jureia-Itatins e do Jacupiranga, e as estaduais tão articulada. Os conselhos gestores foram a poluição e contaminação com esgotos do- integrantes dos mosaicos federais da Bocaina rapidamente constituídos e houve a criação mésticos e industriais; a especulação imobi- e do Litoral Sul paulista (em composição com do Pelotão Marítimo da Polícia Ambiental, liária e degradação de ambientes; a pesca de o norte do Paraná). Por fim, integram este a Proibição da pesca de parelhas (Resolução arrasto com parelha; desrespeito a defesos; Mosaico a APA Estadual da Ilha Comprida e a SMA nº 69/2009), a proibição da pesca no os incêndios criminosos; os bombardeios em APA Municipal de Alcatrazes (São Sebastião), Setor Itaguaçu e a contratação e o desenvol- Alcatrazes; o furto e pisoteio de ovos de aves

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117 2 gestão ocorre com interação de diferentes 2 atores em prol da conservação e do uso sustentável dos ambientes marinhos. O CG tem caráter consultivo para promover o gerenciamento participativo e a integra- ção das áreas em decisões compartilhadas, 1 objetivando conservação e sustentabilida- de. Entre as principais atividades de atua- ção do conselho gestor estão mecanismos 1 Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Sul de participação social; criação de Câmaras 2 Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Centro Temáticas e Grupos de Trabalho; reuniões 3 Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Norte locais, setoriais e plenária; avaliação peri- ódica da gestão; negociação e mediação

de conflitos; linguagem apropriada; defi- Protegidas Marinhas e Áreas de Ilhas Mosaico marinhas; a captura e morte de tartarugas, civil se dá por meio de tomadas de decisão nição coletiva das pautas e temas; gestão petréis, albatrozes e golfinhos; a contamina- realizadas com diálogo e negociação para transparente (disponibilização constante ção com petróleo e lavagem de tanques; a que a preservação das áreas e das espécies de informações por meio eletrônico, pauta destruição de manguezal e assoreamento de ocorra de forma eficaz e sustentável. O con- antecipada, divulgação, reuniões); articu- rios e estuários; a caça submarinha de troféu; selho gestor tem papel fundamental nesse lação e parcerias institucionais, além de furto e tráfico para aquariofilia. processo. Ele é composto por representantes capacitação e formação. Além disso, há um conjunto de ameaças da sociedade civil – pescadores artesanais Desse modo, a participação social no à biodiversidade marinha que precisam ser e industriais, empresários de maricultura e CG leva ao fortalecimento da cidadania, combatidas com ações tratadas nos conselhos turismo náutico, ONGs e Universidades – e direciona o poder público ao cumprimento gestores e solucionadas por meio de políticas do poder público, nas esferas municipal, de suas funções distributivas e inclusivas. públicas e da criação de APAMs, como perda estadual e federal. Os participantes percebem que o prota- de hábitats, contaminação e poluição, espé- O conselho gestor (CG) é participativo e gonismo social implica direitos e deveres cies invasoras, queda da qualidade da água permanente nas APAMs, representativo dos (responsabilidade e compromisso), esta- costeira e declínio do estoque pesqueiro. usuários e interessados pelo mar. Trabalha a belecimento de regras e formas de convi- Diante desse cenário, a gestão compar- conciliação de diferentes interesses no ter- vência democrática, inclusivas e justas, e tilhada entre o poder público e a sociedade ritório marinho para tomadas de decisão. A bem-estar aliado à conservação ambiental. Conselho Gestor Figura 2 – Composição dos Conselhos Gestores Fonte: Arquivo APA Marinha Litoral Norte. 5. Conforme institui o Sistema Nacional de Unidades de Conserva- Sociedade Civil Governo ção (SNUC), os Planos de Manejo são documentos técnicos e estra- 56 entidades 50 órgãos tégicos que estabelecem o Zoneamento da Unidade de Conservação (UC) e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais. Portanto, o Plano de Manejo se constitui como Pesca artesanal ONGs Municipal e industrial documento fundamental para a gestão e conservação da natureza no território das UCs. Maricultura Universidades Estadual

Turismo náutico Federal

Planos de Manejo contribuições da equipe técnica nomeada da equipe técnica gestora das APAs Marinhas pela empresa contratada para sua elabora- e dos respectivos conselhos gestores; e do Em março de 2013 teve início a elaboração ção, baseadas na sua experiência profissional, processo participativo que será implemen- dos Planos de Manejo5 (PM) das três áreas de proporcionando uma abordagem estratégica tado em paralelo às fases de diagnóstico e Proteção Ambiental (APAs) Marinhas do Es- e prática para garantir uma gestão adequada definição de atividades para garantir o de- tado de São Paulo: (1) Área de Proteção Am- das Unidades de Conservação; das contribui- senvolvimento sustentável na Unidade de biental Marinha do Litoral Norte, incluindo a ções da equipe técnica da Fundação Florestal, Conservação. Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) de São Sebastião; (2) Área de Proteção Am- biental Marinha do Litoral Centro; (3) Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Sul, incluindo a Área de Relevante Interesse Eco- lógico (ARIE) do Guará. Esses Planos de Manejo são documentos criados de forma conjunta com a sociedade para nortear a gestão das APAs Marinhas, sempre com o acompanhamento e a par- ticipação de seu conselho gestor. Eles têm como objetivo promover o desenvolvimento da região, evitando impactos negativos cau- sados pela exploração desordenada e preda- tória dos recursos pesqueiros, protegendo a biodiversidade única abrigada pelos mares e ilhas, promovendo um turismo sustentável e respeitando o modo de vida das populações tradicionais. De forma geral, os Planos de Manejo das APAs Marinhas se constituem a partir de um estudo detalhado e do diagnóstico da Reunião da APA Marinha situação atual dos meios físico, biológico e Litoral Norte. socioeconômico no âmbito do estudo; das Etapas dos Planos de Manejo

Para alcançar seus objetivos, os Planos de Manejo das três APAs Marinhas estão sendo elaborados a partir de etapas preestabelecidas:

Etapa 1 • Diagnóstico Ambiental e Socioeconômico A caracterização técnico-ambiental e socioeconômica 119 está sendo realizada com o objetivo de permitir um amplo entendimento das APAs Marinhas e, principal- do diálogo e da incorporação da visão e das demandas duas oficinas específicas para o zoneamento, com o mente, de subsidiar as propostas de Zoneamento e da sociedade, em especial das comunidades locais. objetivo de obter uma proposta respaldada potencial- dos Programas de Gestão. Esse diagnóstico está em Esse processo representou uma oportunidade única no mente por consenso. fase de finalização e abrange o levantamento de da- litoral paulista para que se obtenha o reconhecimento dos secundários, como publicações, relatórios e docu- da importância das Unidades de Conservação e de sua Etapa 4 • Programas de Gestão mentos de atividades de planejamento já existentes e contribuição para a sociedade, ao mesmo tempo que Finalmente, será desenvolvido um modelo de gestão das oficinas realizadas com os diversos atores sociais permitiu identificar lideranças que poderão apoiar a para as APAs Marinhas que incluirá diretrizes e linhas e sua análise posterior. solução de impasses que ocorram no território. de ação para três grandes programas: Sustentabili- Para complementar esse diagnóstico, estão previstas De posse dos resultados dos diagnósticos técnico e dade Gerencial, Sustentabilidade Ambiental e Sus- saídas a campo para consolidar informações concretas participativo, será realizada, em 2014, uma análise tentabilidade Socioeconômica. Da mesma forma, as sobre a delimitação geográfica e caracterização am- do conjunto dos diferentes elementos do meio, assim linhas estratégicas principais desses programas de biental dos diferentes espaços presentes nessas UCs. como suas inter-relações, tendências e conexão com gestão também serão expostas e discutidas com os Esses dados permitirão uma avaliação objetiva do as demandas e inquietudes dos diferentes segmentos segmentos da sociedade em um processo participativo estado de conservação das APAs Marinhas e seus se- da sociedade. específico. Protegidas Marinhas e Áreas de Ilhas Mosaico tores, das Áreas de Manejo Especial, dos manguezais Essa análise resultará em uma avaliação estratégica e ARIEs, de forma a identificar usos, atores (usuários que será submetida à aprovação da equipe da Funda- Etapa 5 • Consolidação e gestores), conflitos, ameaças (problemas) e oportu- ção Florestal, das APAs Marinhas e seus conselhos dos Planos de Manejo nidades, e possibilitar o mapeamento de lacunas no gestores, constituindo a base que justificará e dará Toda a informação obtida, processada e gerada ao conhecimento. suporte à estratégia de gestão a ser desenvolvida. longo dessas etapas alimentará progressivamente a Ao longo de 2014, todo esse processo terá continuida- elaboração dos Planos de Manejo da Área de Proteção Etapa 2 • Diagnóstico Participati- de, com etapas de extrema importância para a finaliza- Ambiental Marinha do Litoral Norte, incluindo a Área vo e Avaliação Estratégica ção dos Planos de Manejo. de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) de São Sebas- Em paralelo ao desenvolvimento do diagnóstico técni- tião; da Área de Proteção Ambiental Marinha do Lito- co foi realizado o diagnóstico participativo, no qual se Etapa 3 • Zoneamento ral Centro; e da Área de Proteção Ambiental Marinha buscou garantir a participação dos diferentes segmen- As informações obtidas a partir dos diagnósticos téc- do Litoral Sul, incluindo a Área de Relevante Interesse tos da sociedade. nico e participativo subsidiarão a elaboração de uma Ecológico (ARIE) do Guará. A discussão com a sociedade e parceiros institucionais proposta de zoneamento coerente com as característi- Após suas respectivas conclusões, os Planos de Ma- durante o processo de elaboração do Plano de Manejo cas ambientais e socioeconômicas, e também com os nejo (PM) serão submetidos ao Conselho Estadual do (PM) tem sido fundamental para torná-lo ajustado à objetivos de gestão das APAs Marinhas. Essa proposta Meio Ambiente (CONSEMA) para aprovação. Somente realidade, através da troca de saberes, da instauração de zoneamento será submetida à discussão durante após essa etapa, os PMs serão implementados. Segmentos Sociais do Processo Participativo Segmento 1: Aqueles envolvidos com a pesca artesanal no mar (profissionais e grupos familiares); Segmento 2: Aqueles que realizam atividades econômicas no mar (pesca industrial e amadora), aquicultura, atividades industriais e turísticas (esportes náuticos, mergulho, entre outros), exploração mineral, transporte, uso e ocupação do solo (setor imobiliário), além de associações de usuários (vela, esportes náuticos, pesca esportiva etc.); Segmento 3: Poder público e organizações da sociedade civil (representantes dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais) Marinha do Brasil, Secretaria do Patrimônio da União, Ministério da Pesca e Aquicul- tura, IBAMA, ICMBio, Secretaria de Estado do Meio Ambiente e seus órgãos internos, Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, CATI, por exemplo, Ministério Público Federal e Estadual, prefeituras muni- cipais, dentre outros que serão identificados durante o diagnóstico técnico −, de institutos de ensino e pes- quisa, de ONGs atuantes na região, grupos de defesa de minorias, associações de moradores, dentre outros). A Participação dos Conselhos Gestores

Conforme estabelece o Decreto nº 53.525, de criação das APAs Marinhas, os Planos de Manejo são referendados pelos conselhos gestores. Atendendo a esse princípio, foi es- pulação do conjunto de municípios do litoral indicar representantes para as etapas pos- tabelecida a presença de representantes dos paulista na elaboração dos Planos de Manejo teriores. conselhos gestores das APAs Marinhas no das Áreas de Proteção Ambiental Marinha Na APA Marinha Litoral Centro: foram Grupo Técnico de Coordenação para o acom- Norte, Centro e Sul, de forma a agregar os realizadas 9 reuniões distribuídas da se- panhamento do processo de elaboração dos interesses dos diferentes setores sociais que guinte forma: 1 em Bertioga, 2 no Guarujá Planos de Manejo. fazem uso da área marítima, aqui divididos (Norte e Centro), 1 em São Vicente, 1 em Esses representantes puderam, então, em três segmentos (ver quadro). Praia Grande, 1 em Mongaguá, 2 em Ita- participar da tomada de decisão sobre cada Ao todos, foram realizadas 27 reuniões nhaém e 1 em Peruíbe. etapa de trabalho, em reuniões periódicas de apresentação com cada um dos seg- Na APA Marinha Litoral Norte: foram realizadas em São Paulo: (1) Reunião técnica mentos acima descritos, com o objetivo de realizadas 10 reuniões distribuídas da se- para discussão do Plano de Trabalho Con- apresentar informações sobre o que são as guinte forma: 3 em Ubatuba (Norte, Cen- solidado; (2) Reunião geral de apresentação APAs Marinhas; explicitar as diferenças entre tro e Sul), 1 em Caraguatatuba (Centro), 1 do Plano de Manejo; (3) Reunião devolutiva Plano de Manejo, Zoneamento Ecológico-E- em Caraguatatuba (Sul) juntamente com após a conclusão do diagnóstico participati- conômico Costeiro (ZEEC) e Gerenciamento São Sebastião (Norte), 2 em São Sebastião vo; (4) Reunião técnica para apresentação e Costeiro; apresentar informações relevantes (Centro e Sul); e 3 em Ilhabela (Centro- discussão do Plano de Manejo preliminar; (5) acerca do processo de discussão do Plano de Norte, Sul e Baía de Castelhanos), conside- Reunião técnica para apresentação e discus- Manejo; divulgar as etapas e cronogramas rando os moradores das Ilhas de Búzios e da são do Plano de Manejo consolidado. do processo participativo; e sensibilizar os Vitória). Em outras etapas, os conselhos gestores segmentos para a importância de sua parti- Na APA Marinha Litoral Sul: foram rea- são convidados a participar das Oficinas de cipação no processo. lizadas 5 reuniões distribuídas da seguinte Diagnóstico Participativo; Oficinas de Zone- Ainda foram organizadas reuniões espe- forma: 1 na Ilha Comprida (bairro de Pe- amento; Oficinas de Programas de Gestão – cíficas para o setor da pesca artesanal, para drinhas), 2 em Iguape (Barra do Ribeira e realizadas com as populações de cada região. que os participantes tomassem conhecimen- Icapara), 2 em Cananeia (Pontal do Leste, Esse processo participativo tem como to do cronograma de atividades e tivessem incluindo as comunidades do Ariri e Barra principal objetivo informar e envolver a po- a oportunidade de encaminhar sugestões e do Ararapira, e o centro da cidade).

123

Sistema de Fiscalização das Unidades de Conservação

Fiscalização 125 Ambiental

onservar áreas protegidas requer preparo, tecnologia, conhecimento e fiscalização. O Componente 3 do contrato entre o Governo do Estado e o BID trata de um dos aspectos mais importantes do Programa Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica: a fiscalização das Unidades de Conservação. Esse componente consiste basicamente em capacitar e dotar a Polícia Militar Ambiental (PMA) de equipamentos para a execução de atividades de fiscalização nas Unidades de Conservação terrestres e mari- de Conservação Unidades das de Fiscalização Sistema nhas, assim como para o desenvolvimento de um sistema de monitoramento. Sua execução é atribuição da Fundação Florestal e da Polícia Militar Ambiental e resulta do convênio firmado por meio deste Programa, com diretrizes para o monitoramento e fiscalização ambiental. Tem um valor a ser destacado por seu aspecto inovador. Trata-se de um trabalho integrado desenvolvido pelos órgãos competentes, que, de forma inédita, tem apresentado re- sultados expressivos. O papel da Polícia Militar Ambiental foi fundamental para o Programa desde o seu início, especialmente na ação de congelamento dos bairros-cota, com a fiscalização das áreas 24 ho- ras por dia, impedindo o inchaço após o anúncio do início dos trabalhos. Com a implantação de outras ações, essa atuação em campo foi aprimorada, tanto do ponto de vista da gestão quanto das condições de aparelhamento para a realização de operações terrestres e marítimas. No âmbito da gestão, o passo mais importante foi o início da integração do Sistema de Ad- ministração Ambiental da Polícia Militar Ambiental ao Sistema Operacional da Polícia Militar. 1. É importante registrar que, em 2011, houve a entrega de viaturas policiais apenas no final de junho e ainda em quantidade reduzida comparada ao total de investimentos previstos. Naquele ano, por- tanto, não foram considerados os dados relativos aos quilômetros percorridos por se referirem aos dados globais das unidades mensu- radas, impossibilitando a medição específica na área do Programa.

áreas protegidas: o Plano de Policiamento e Fiscalização das Unidades de Conservação (PRO-PARQUE) e o Plano de Policiamento Ambiental Marítimo (PRO-MAR). Esses pro- A integração dos dados possibilitou estabele- e controle na administração das ocorrências gramas orientam, respectivamente, as ações cer o perfil do infrator ambiental e conectar em andamento e de seus desdobramentos. de monitoramento nas regiões terrestres com seus registros antecedentes. Os dados Com a possibilidade de lançamento de dados – parques, estações ecológicas, trilhas de tu- passaram a ser disponibilizados para todo o pelo próprio usuário no momento do atendi- rismo ecológico, estradas, entre outros – e as sistema do Estado, sendo possível a consulta mento, haverá diminuição do trabalho manu- ações de monitoramento nas áreas marinhas através do acesso ao Sistema Operacional no al para a inserção de dados no sistema. – ilhas e APAs marinhas. momento da ocorrência, garantindo seguran- Para realizar as operações, foram criados Esses planos possibilitaram a integração ça na execução das atividades de fiscalização dois importantes planos de fiscalização das das informações, bem como a gestão e a ra-

Tabela 1 − Esforço Operacional

Realização de Trabalho 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total

Km percorridos com viatura 125.513 105.206 117.751 116.955 135.845 191.964 144.482 937.716 Horas de policiamento a pé 203 195 317 613 719 818 643 3.508 Revista pessoal (nº de pessoas) 825 815 1.124 906 795 2.531 1.556 8.552 Carros vistoriados 37 43 51 75 94 261 124 685 Motos vistoriadas 5 9 17 13 12 103 79 238 E s f o r ço Caminhões vistoriados 3 7 4 3 2 5 - 24 Embarcações vistoriadas 107 70 164 279 57 74 138 889 Prisões em flagrante (nº de pessoas) 6 7 11 16 31 30 7 108 Armas de fogo apreendidas (unidades) 11 9 15 14 27 17 13 106 Tabela 2 − Registro de Ocorrências

Ocorrências por modalidade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total

Supressão de Vegetação (ha) 26,00 27,00 11,00 2,00 27,00 2,48 1,89 97,37 Vidros de palmito apreendidos (vazios) 350 115 180 135 6 420 - 1.206 Palmito em vidro (unidade) 950 1.052 323 1.384 131 435 52 4.327 F l o ra Palmito in natura (unidade) 10.892 1.049 2.204 869 1.585 725 434 17.758 Outros produtos florestais (unidade) 123 141 138 181 22 319 - 924 127 Animais vivos (unidade) 25 15 33 49 55 57 - 234 Animais mortos (unidade) 6 5 8 11 7 4 6 47 Carne de animais (kg) 2 5 3 2 - 31 - 43 Ca ç a Petrechos de caça (unidade) 55 61 42 75 70 99 - 402 Rancho de caça localizado (unidade) 5 3 1 2 5 1 1 18 Pescado apreendido (kg) 26.329 11.426 6.718 62.600 3.136 332 3.000 113.541 Redes de pesca (unidade) 190 89 39 61 25 13 - 417 Redes de pesca (metros) 20.139 2.562 2.043 26.157 22.355 637 - 73.893 Pesc a Demais petrechos de pesca (unidade) 168 36 16 47 26 62 - 355 Embarcações apreendidas (unidade) 7 0 4 4 2 5 - 22 das Unidades de Conservação Unidades das de Fiscalização Sistema cionalização do uso dos recursos disponíveis, O resultado do esforço de implantação dos Essa análise deve levar em consideração pois todo o planejamento operacional das planos de policiamento na área de interesse os efeitos do aumento do esforço sem perder ações e suas avaliações são discutidos em do Programa foi a melhora significativa nos de vista o potencial preventivo agregado à reuniões mensais por representantes dos ór- indicadores ligados à atividade de fiscaliza- elevação da ação de presença. O primeiro gãos e instituições envolvidos. Com isso, foi ção, conforme verificamos na Tabela 1. resultado do incremento da fiscalização é o possível produzir dados unificados e socia- Podemos notar na tabela que, à medida aumento dos indicadores operacionais até lizar as informações de interesse comum. A que os investimentos foram implementados, determinado limite, os quais irão entrar em integração desde o nível gerencial até o nível houve significativo aumento nos números declínio em virtude do efeito inibidor oca- operacional foi aprimorada e acabou sendo relativos aos indicadores. Ressalte-se que os sionado pela presença das equipes de campo. expandida para aplicação em todas as Unida- números de 2013 são relativos apenas ao pri- Assim, é natural que a maior quantidade de des de Conservação, atingindo o nível de Pro- meiro semestre, corroborando a tese de que o infrações seja registrada no início do Pro- grama de Governo, sob a gestão da Secretaria aumento do esforço está diretamente ligado grama, entrando em declínio no decorrer do do Meio Ambiente. ao implemento dos investimentos1. tempo (Tabela 2, Registro de Ocorrências). Tabela 3 − Autos de Infração

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total

Flora 174 64 73 34 133 71 19 568 Fauna 35 41 38 29 26 33 2 204 Pesca 327 127 124 140 34 56 3 811 A I Outros 11 9 13 8 14 5 - 60

TOTAL 547 241 248 211 207 165 24 1.643

A Tabela 3, Autos de infração, abaixo, cor- Contudo, os investimentos realizados não robora a linha de raciocínio de maior esforço se restringiram simplesmente à aquisição de repressivo no primeiro ano e manutenção da equipamentos. Para sua efetiva implantação ordem e prevenção nos demais. era necessário treinar as equipes de trabalho, Finalmente, no que diz respeito aos indi- desenvolvendo e aprimorando competências cadores operacionais, os resultados já apre- na área de fiscalização. Foram idealizados sentados explicitam a quantidade de ações de cursos específicos de fiscalização de ativida- rotina nas áreas de abrangência do Programa, des minerarias, de reconhecimento da flora, conforme podemos ver abaixo na Tabela 4, de reconhecimento da fauna ictiológica, de Operações e Ações de Rotina. Novamente se reconhecimento de madeira desdobrada, de destaca que a implementação dos investi- condução de veículos 4x4, reconhecimento e mentos do Programa é o suporte para a ele- manejo de fauna silvestre e de geoprocessa- vação do esforço operacional, cujo resultado mento. Todos esses cursos passaram a fazer principal são os números expressivos na pre- parte da grade curricular de formação da Po- venção e repressão às infrações ambientais. lícia Militar do Estado de São Paulo e foram À medida que as ações de rotina e operações expandidos para todo o Estado. aumentam, em decorrência da maior presen- Além desses cursos, foi necessário formar A polícia ambiental come- ça do policiamento ostensivo, elevam-se os policiais para a condução das novas embar- çou a explicar para a gente indicadores de autuações e áreas degradadas cações em águas fora do limite da costa, já que ali iam ser plantadas novas plantas (...). até a inversão da curva de repressão, quando que parte das Unidades de Conservação Ma- o esforço preventivo começa a surtir efeito, rinhas está situada a mais de 20 milhas do A gente acompanhou do começo até o fim, mantendo os índices de infração em queda. continente. Com suporte técnico da Marinha eles tiravam as casas e começavam a colocar Para dar suporte a esse crescimento nas do Brasil, a experiência foi aproveitada para as coisas diferentes, praças, campinho de fu- ações de fiscalização, foram adquiridos 65 criarmos um curso de Técnicas de Policia- tebol para as crianças e foram mostrando pra veículos, 5 embarcações e 1 aeronave que mento Náutico, que também foi expandido gente o que ia acontecer realmente quando a dotaram o policiamento ambiental de mobi- para todo o Estado. Em virtude de sua natu- lidade suficiente para atingir os resultados. reza singular, terminou por despertar o inte- gente saísse de lá”. Com isso, será possível intensificar a fiscaliza- resse de outros órgãos em todo o país, como Damiana Maria da Silva ção das áreas terrestres e marinhas abrangi- a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal 02 de abril de 2014 das pelo Programa. e polícias estaduais. Projeto de Arquitetura 1º Batalhão da Polícia Ambiental.

2. Dados somente do 1º semestre de 2013, de janeiro a junho. 3. Veja os certificados nos anexos deste livro

129 indumentária da fiscalização, com alterações no corte e no desenho das roupas, e na tec- nologia têxtil dos tecidos utilizados. Por fim, foram projetadas as construções das novas sedes que darão suporte à fisca- Uma moderna plataforma de ensino a Denominado “Espiral de Sustentabilidade”, lização, colocando no mesmo local diversas distância foi contratada para dar seguimento foi idealizado pela Fundação Instituto da instituições do Sistema de Administração da à matriz de capacitação do Policiamento Am- Administração com o intuito de atingir cerca Qualidade Ambiental. Planejadas para serem biental, ficando a seu cargo a formação de de 30 mil crianças do Ensino Fundamental modernos centros de referência em fiscaliza- policiais militares especialistas em fiscaliza- da rede pública. Para executá-lo, policiais ção ambiental, as novas sedes serão construí- ção ambiental. Estima-se que essa platafor- ambientais foram selecionados dentro do das com base em conceitos de sustentabilida- ma, além de difundir e disseminar o conheci- perfil preestabelecido, recebendo treinamen- de e certificação de alta qualidade ambiental, mento técnico especializado, contribua para to específico para educadores. O projeto foi possibilitando a prestação de serviços com o aperfeiçoamento da força de trabalho exis- totalmente desenvolvido no início de 2013, excelência à população. tente e também seja utilizada como forma de e apenas neste primeiro ano de implantação Todos os projetos receberam o selo de seleção dos candidatos que queiram ingressar atingiu 18 mil crianças. certificação AQUA (Alta Qualidade Ambien- 3

no Policiamento Ambiental. Para aumentar o conforto das equipes tal) pela Fundação Vanzolini, e o projeto do de Conservação Unidades das de Fiscalização Sistema Entre outros resultados, foi idealizado um de fiscalização, foram adquiridos novos Centro de Treinamento foi contemplado com projeto de Educação Ambiental voltado às equipamentos de proteção individual, o que a maior nota de certificação AQUA do país e comunidades existentes na área do Programa. também proporcionou a mudança de toda a reconhecido pelo governo francês, com a en- trega do certificado na Embaixada do Brasil Tabela 4 – Operações e Ações de Rotina na França em novembro de 2013. Além disso, a médio prazo as novas se- Atividade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total2 des possibilitarão a economia de recursos financeiros hoje alocados no custeio de vá- Operações terrestres 203 235 305 331 187 541 502 2.304 rias sedes esparsas e adaptadas para uso dos Operações marítimas 43 29 35 47 36 50 13 253 órgãos de fiscalização ambiental. Destaca-se também a integração dos recursos humanos Ações de rotina terrestre 1.315 1.449 1.225 1.721 1.815 2.699 1.386 11.610 nas atividades de escritórios e vigilância, o que proporcionará maior disponibilidade de Ações de rotina marítimas 97 125 105 156 275 134 39 931 policiais na atividade de fiscalização. Anexos

Nº: AQUA-E-0024 de 31/01/2013 Nº: AQUA-E-0024 de 19/07/2013 Nº: AQUA-E-0038 de 26/03/2013 EMPREENDIMENTO EMPREENDIMENTO EMPREENDIMENTO 1º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL 1º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL SEDE DO 3º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL - GUARUJÁ Av. Ida Kolb, s/n - Casa Verde Av. Ida Kolb, s/n - Casa Verde Rua Cornélio Corrêa, s/n - Vila Ligia São Paulo / SP São Paulo / SP Guarujá / SP Certi cado EMPREENDEDOR Certi cado EMPREENDEDOR Certi cado EMPREENDEDOR 1º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL 1º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL 3º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO Av. Rio Branco, 1.312 - Campos Elíseos Av. Rio Branco, 1.312 - Campos Elíseos Praça Getúlio Vargas, 56 - Jardim Guaiuba São Paulo / SP São Paulo / SP Guarujá / SP

Características certi cadas A Fundação Vanzolini atesta que o empreendimento aqui Características certi cadas A Fundação Vanzolini atesta que o empreendimento aqui Características certi cadas A Fundação Vanzolini atesta que o empreendimento aqui identificado foi avaliado em conformidade com o Referencial identificado foi avaliado em conformidade com o Referencial identificado foi avaliado em conformidade com o Referencial A certificação Processo AQUA - Construção Sustentável baseia- A certificação Processo AQUA - Construção Sustentável baseia- A certificação Processo AQUA - Construção Sustentável baseia- Técnico de Certificação - Edifícios do Setor de Serviços - Técnico de Certificação - Edifícios do Setor de Serviços - Técnico de Certificação - Edifícios do Setor de Serviços - se nos desempenhos de eco-construção, de eco-gestão, de se nos desempenhos de eco-construção, de eco-gestão, de se nos desempenhos de eco-construção, de eco-gestão, de Processo AQUA - Escritórios e Edifícios Escolares - versão Processo AQUA - Escritórios e Edifícios Escolares - versão Processo AQUA - Escritórios e Edifícios Escolares - versão conforto e de saúde de um empreendimento de construção. conforto e de saúde de um empreendimento de construção. conforto e de saúde de um empreendimento de construção. Outubro de 2007, nas fases definidas abaixo. O empreendedor Outubro de 2007, nas fases definidas abaixo. O empreendedor Outubro de 2007, nas fases definidas abaixo. O empreendedor está portanto autorizado a utilizar a marca Processo AQUA. está portanto autorizado a utilizar a marca Processo AQUA. ELA ATESTA: está portanto autorizado a utilizar a marca Processo AQUA. ELA ATESTA: ELA ATESTA: • A implantação de um sistema de gestão do empreendimento • A implantação de um sistema de gestão do empreendimento • A implantação de um sistema de gestão do empreendimento permitindo fixar os objetivos ambientais, organizar o permitindo fixar os objetivos ambientais, organizar o permitindo fixar os objetivos ambientais, organizar o empreendimento para atendê-los, controlando os processos FASE PROGRAMA: 31/01/2013 empreendimento para atendê-los, controlando os processos FASE PROGRAMA: 31/01/2013 empreendimento para atendê-los, controlando os processos FASE PROGRAMA: 26/03/2013 de realização operacionais. FASE CONCEPÇÃO: não avaliado de realização operacionais. FASE CONCEPÇÃO: 19/07/2013 de realização operacionais. FASE CONCEPÇÃO: não avaliado • Que é atingido um nível excelente para ao menos 3 objetivos • Que é atingido um nível excelente para ao menos 3 objetivos • Que é atingido um nível excelente para ao menos 3 objetivos FASE REALIZAÇÃO: não avaliado FASE REALIZAÇÃO: não avaliado FASE REALIZAÇÃO: não avaliado ambientais e superior para ao menos 4 objetivos ambientais. ambientais e superior para ao menos 4 objetivos ambientais. ambientais e superior para ao menos 4 objetivos ambientais. JJAFERREIRA JJAFERREIRA • O perfil ambiental do empreendimento, estabelecido pelo JJAFERREIRA • O perfil ambiental do empreendimento, estabelecido pelo • O perfil ambiental do empreendimento, estabelecido pelo Diretor de Certificação Diretor de Certificação solicitante e verificado por meio de auditorias, é identificado na Diretor de Certificação solicitante e verificado por meio de auditorias, é identificado na solicitante e verificado por meio de auditorias, é identificado na página seguinte. Salvo revogação, suspensão ou modificação, este certificado é válido para a(s) fase(s) página seguinte. Salvo revogação, suspensão ou modificação, este certificado é válido para a(s) fase(s) página seguinte. Salvo revogação, suspensão ou modificação, este certificado é válido para a(s) fase(s) avaliada(s) acima, até o final da perfeita conclusão, desde que as três fases tenham sido avaliada(s) acima, até o final da perfeita conclusão, desde que as três fases tenham sido avaliada(s) acima, até o final da perfeita conclusão, desde que as três fases tenham sido avaliadas conformes. O referencial de certificação e a lista de certificados atualizada avaliadas conformes. O referencial de certificação e a lista de certificados atualizada avaliadas conformes. O referencial de certificação e a lista de certificados atualizada estão disponíveis no site www.vanzolini.org.br. estão disponíveis no site www.vanzolini.org.br. estão disponíveis no site www.vanzolini.org.br.

MEMBER OF MEMBER OF MEMBER OF

Nº: AQUA-E-0024 de 31/01/2013 Nº: AQUA-E-0024 de 19/07/2013 Nº: AQUA-E-0038 de 26/03/2013 EMPREENDIMENTO EMPREENDIMENTO EMPREENDIMENTO 1º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL 1º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL SEDE DO 3º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL - GUARUJÁ Av. Ida Kolb, s/n - Casa Verde Av. Ida Kolb, s/n - Casa Verde Rua Cornélio Corrêa, s/n - Vila Ligia São Paulo / SP São Paulo / SP Guarujá / SP Certi cado EMPREENDEDOR Certi cado EMPREENDEDOR Certi cado EMPREENDEDOR 1º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL 1º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL 3º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO Av. Rio Branco, 1.312 - Campos Elíseos Av. Rio Branco, 1.312 - Campos Elíseos Praça Getúlio Vargas, 56 - Jardim Guaiuba São Paulo / SP São Paulo / SP Guarujá / SP

GERENCIAR OS IMPACTOS SOBRE O AMBIENTE EXTERIOR CRIAR UM ESPAÇO INTERIOR SADIO E CONFORTÁVEL GERENCIAR OS IMPACTOS SOBRE O AMBIENTE EXTERIOR CRIAR UM ESPAÇO INTERIOR SADIO E CONFORTÁVEL GERENCIAR OS IMPACTOS SOBRE O AMBIENTE EXTERIOR CRIAR UM ESPAÇO INTERIOR SADIO E CONFORTÁVEL

ECO-CONSTRUÇÃO CONFORTO ECO-CONSTRUÇÃO CONFORTO ECO-CONSTRUÇÃO CONFORTO

1 Relação do edifício 8 Conforto higrotérmico 1 Relação do edifício Conforto higrotérmico 1 Relação do edifício 8 Conforto higrotérmico com seu entorno com seu entorno 8 com seu entorno Escolha integrada de produtos, Escolha integrada de produtos, Per l ambiental do 2 9 Conforto acústico Per l ambiental do Escolha integrada de produtos, Conforto acústico Per l ambiental do 2 9 Conforto acústico sistemas e processos construtivos 2 sistemas e processos construtivos 9 sistemas e processos construtivos empreendimento Canteiro de obras com baixo empreendimento Canteiro de obras com baixo 3 10 Conforto visual empreendimento Canteiro de obras com baixo Conforto visual 3 10 Conforto visual Impacto ambiental 3 Impacto ambiental 10 Impacto ambiental Excelente Excelente Excelente ECO-GESTÃO 11 Conforto olfativo ECO-GESTÃO 11 Conforto olfativo ECO-GESTÃO 11 Conforto olfativo Superior Superior Superior 4 Gestão da energia SAÚDE 4 Gestão da energia SAÚDE 4 Gestão da energia SAÚDE Bom Bom Qualidade sanitária Bom Qualidade sanitária Gestão da água Gestão da água Qualidade sanitária Gestão da água 5 12 dos ambientes 5 12 dos ambientes 5 12 dos ambientes Gestão dos resíduos de uso Gestão dos resíduos de uso 6 13 Qualidade sanitária do ar Gestão dos resíduos de uso Qualidade sanitária do ar 6 13 Qualidade sanitária do ar e operação do edifício 6 e operação do edifício 13 e operação do edifício Manutenção - Permanência do Manutenção - Permanência do 7 14 Qualidade sanitária da água Manutenção - Permanência do Qualidade sanitária da água 7 14 Qualidade sanitária da água desempenho ambiental 7 desempenho ambiental 14 desempenho ambiental

MEMBER OF MEMBER OF MEMBER OF

Sede do 1º Batalhão da Sede do 1º Batalhão da Sede do 3º Batalhão da Polícia Militar Ambiental Polícia Militar Ambiental Polícia Militar Ambiental Programa. Concepção. Programa. 131

Nº: AQUA-E-0038 de 26/06/2013 Nº: AQUA-E-0025 de 31/01/2013 Nº: AQUA-E-0025 de 12/07/2013 EMPREENDIMENTO EMPREENDIMENTO EMPREENDIMENTO SEDE DO 3º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL - GUARUJÁ CENTRO DE TREINAMENTO DA CENTRO DE TREINAMENTO DA Rua Cornélio Corrêa, s/n - Vila Ligia POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL Guarujá / SP Rua dos Etruscos, 41 - Vila Guarani Rua dos Etruscos, 41 - Vila Guarani Certi cado EMPREENDEDOR Certi cado São Paulo / SP Certi cado São Paulo / SP 3º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO EMPREENDEDOR EMPREENDEDOR Praça Getúlio Vargas, 56 - Jardim Guaiuba COMANDO DE POLICIAMENTO AMBIENTAL COMANDO DE POLICIAMENTO AMBIENTAL Guarujá / SP DO ESTADO DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO Rua Colônia da Glória, 650 - Vila Mariana Rua Colônia da Glória, 650 - Vila Mariana São Paulo / SP São Paulo / SP

Características certi cadas A Fundação Vanzolini atesta que o empreendimento aqui Características certi cadas A Fundação Vanzolini atesta que o empreendimento aqui Características certi cadas A Fundação Vanzolini atesta que o empreendimento aqui identificado foi avaliado em conformidade com o Referencial identificado foi avaliado em conformidade com o Referencial identificado foi avaliado em conformidade com o Referencial A certificação Processo AQUA - Construção Sustentável baseia- A certificação Processo AQUA - Construção Sustentável baseia- A certificação Processo AQUA - Construção Sustentável baseia- Técnico de Certificação - Edifícios do Setor de Serviços - Técnico de Certificação - Edifícios do Setor de Serviços - Técnico de Certificação - Edifícios do Setor de Serviços - se nos desempenhos de eco-construção, de eco-gestão, de se nos desempenhos de eco-construção, de eco-gestão, de se nos desempenhos de eco-construção, de eco-gestão, de Processo AQUA - Escritórios e Edifícios Escolares - versão Processo AQUA - Escritórios e Edifícios Escolares - versão Processo AQUA - Escritórios e Edifícios Escolares - versão conforto e de saúde de um empreendimento de construção. conforto e de saúde de um empreendimento de construção. conforto e de saúde de um empreendimento de construção. Outubro de 2007, nas fases definidas abaixo. O empreendedor Outubro de 2007, nas fases definidas abaixo. O empreendedor Outubro de 2007, nas fases definidas abaixo. O empreendedor está portanto autorizado a utilizar a marca Processo AQUA. está portanto autorizado a utilizar a marca Processo AQUA. ELA ATESTA: ELA ATESTA: ELA ATESTA: está portanto autorizado a utilizar a marca Processo AQUA. • A implantação de um sistema de gestão do empreendimento • A implantação de um sistema de gestão do empreendimento • A implantação de um sistema de gestão do empreendimento permitindo fixar os objetivos ambientais, organizar o permitindo fixar os objetivos ambientais, organizar o permitindo fixar os objetivos ambientais, organizar o FASE PROGRAMA: 26/03/2013 FASE PROGRAMA: 31/01/2013 empreendimento para atendê-los, controlando os processos empreendimento para atendê-los, controlando os processos empreendimento para atendê-los, controlando os processos FASE PROGRAMA: 31/01/2013 de realização operacionais. de realização operacionais. FASE CONCEPÇÃO: 26/06/2013 FASE CONCEPÇÃO: não avaliado de realização operacionais. FASE CONCEPÇÃO: 12/07/2013 • Que é atingido um nível excelente para ao menos 3 objetivos • Que é atingido um nível excelente para ao menos 3 objetivos FASE REALIZAÇÃO: não avaliado FASE REALIZAÇÃO: não avaliado • Que é atingido um nível excelente para ao menos 3 objetivos FASE REALIZAÇÃO: não avaliado ambientais e superior para ao menos 4 objetivos ambientais. ambientais e superior para ao menos 4 objetivos ambientais. ambientais e superior para ao menos 4 objetivos ambientais. JJAFERREIRA JJAFERREIRA • O perfil ambiental do empreendimento, estabelecido pelo • O perfil ambiental do empreendimento, estabelecido pelo • O perfil ambiental do empreendimento, estabelecido pelo JJAFERREIRA Diretor de Certificação Diretor de Certificação solicitante e verificado por meio de auditorias, é identificado na solicitante e verificado por meio de auditorias, é identificado na solicitante e verificado por meio de auditorias, é identificado na Diretor de Certificação Salvo revogação, suspensão ou modificação, este certificado é válido para a(s) fase(s) página seguinte. Salvo revogação, suspensão ou modificação, este certificado é válido para a(s) fase(s) página seguinte. página seguinte. Salvo revogação, suspensão ou modificação, este certificado é válido para a(s) fase(s) avaliada(s) acima, até o final da perfeita conclusão, desde que as três fases tenham sido avaliada(s) acima, até o final da perfeita conclusão, desde que as três fases tenham sido avaliada(s) acima, até o final da perfeita conclusão, desde que as três fases tenham sido avaliadas conformes. O referencial de certificação e a lista de certificados atualizada avaliadas conformes. O referencial de certificação e a lista de certificados atualizada avaliadas conformes. O referencial de certificação e a lista de certificados atualizada estão disponíveis no site www.vanzolini.org.br. estão disponíveis no site www.vanzolini.org.br. estão disponíveis no site www.vanzolini.org.br. MEMBER OF MEMBER OF MEMBER OF

Nº: AQUA-E-0038 de 26/06/2013 Nº: AQUA-E-0025 de 31/01/2013 Nº: AQUA-E-0025 de 12/07/2013 EMPREENDIMENTO EMPREENDIMENTO EMPREENDIMENTO SEDE DO 3º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL - GUARUJÁ CENTRO DE TREINAMENTO DA CENTRO DE TREINAMENTO DA Rua Cornélio Corrêa, s/n - Vila Ligia Guarujá / SP POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL de Conservação Unidades das de Fiscalização Sistema Rua dos Etruscos, 41 - Vila Guarani Rua dos Etruscos, 41 - Vila Guarani EMPREENDEDOR Certi cado São Paulo / SP São Paulo / SP Certi cado 3º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO EMPREENDEDOR Certi cado EMPREENDEDOR Praça Getúlio Vargas, 56 - Jardim Guaiuba COMANDO DE POLICIAMENTO AMBIENTAL COMANDO DE POLICIAMENTO AMBIENTAL Guarujá / SP DO ESTADO DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO Rua Colônia da Glória, 650 - Vila Mariana Rua Colônia da Glória, 650 - Vila Mariana São Paulo / SP São Paulo / SP

GERENCIAR OS IMPACTOS SOBRE O AMBIENTE EXTERIOR CRIAR UM ESPAÇO INTERIOR SADIO E CONFORTÁVEL GERENCIAR OS IMPACTOS SOBRE O AMBIENTE EXTERIOR CRIAR UM ESPAÇO INTERIOR SADIO E CONFORTÁVEL GERENCIAR OS IMPACTOS SOBRE O AMBIENTE EXTERIOR CRIAR UM ESPAÇO INTERIOR SADIO E CONFORTÁVEL

ECO-CONSTRUÇÃO CONFORTO ECO-CONSTRUÇÃO CONFORTO ECO-CONSTRUÇÃO CONFORTO Relação do edifício 1 Relação do edifício Conforto higrotérmico 1 8 Conforto higrotérmico 1 Relação do edifício Conforto higrotérmico com seu entorno 8 com seu entorno com seu entorno 8 Escolha integrada de produtos, Per l ambiental do Escolha integrada de produtos, Conforto acústico Per l ambiental do 2 9 Conforto acústico Per l ambiental do Escolha integrada de produtos, Conforto acústico 2 sistemas e processos construtivos 9 sistemas e processos construtivos 2 sistemas e processos construtivos 9 empreendimento Canteiro de obras com baixo empreendimento Canteiro de obras com baixo empreendimento Canteiro de obras com baixo Conforto visual 3 10 Conforto visual 3 10 Conforto visual 3 Impacto ambiental 10 Impacto ambiental Impacto ambiental Excelente Excelente Excelente ECO-GESTÃO 11 Conforto olfativo ECO-GESTÃO 11 Conforto olfativo ECO-GESTÃO 11 Conforto olfativo Superior Superior Superior 4 Gestão da energia SAÚDE 4 Gestão da energia SAÚDE 4 Gestão da energia SAÚDE Bom Bom Bom Qualidade sanitária Qualidade sanitária Gestão da água Qualidade sanitária 5 Gestão da água 12 5 Gestão da água 12 5 12 dos ambientes dos ambientes dos ambientes Gestão dos resíduos de uso Gestão dos resíduos de uso Gestão dos resíduos de uso Qualidade sanitária do ar 6 13 Qualidade sanitária do ar 6 13 Qualidade sanitária do ar 6 e operação do edifício 13 e operação do edifício e operação do edifício Manutenção - Permanência do Manutenção - Permanência do Manutenção - Permanência do Qualidade sanitária da água 7 14 Qualidade sanitária da água 7 14 Qualidade sanitária da água 7 desempenho ambiental 14 desempenho ambiental desempenho ambiental

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Sede do 3º Batalhão da Centro de Treinamento da Centro de Treinamento da Polícia Militar Ambiental Polícia Militar Ambiental Polícia Militar Ambiental Concepção. Programa. Concepção. Polícia Militar Ambiental Haroldo Ribeiro de Oliveira Milton Sussumu Nomura Hubert Bayer Costa Humberto Emmanuel Schmidt Oliveira Comandante Marilda Borba Giampietro Marina de Souza Teixeira Mônica Bartiê Rossi Instituto de Botânica Projeto ComCom Luiz Mauro Barbosa Rita Sper Ramos Santos Diretor Geral Roberta Buendia Sabbagh Rodrigo Gaeta Montagna Geraldo Alckmin Stella Maris Bilemjian Governador Valéria Sanches Programa Recuperação Vanessa Padiá de Souza Júlio Francisco Semeghini Neto Socioambiental da Serra do Mar e Viviane Frost Secretário de Estado do Planejamento Walkyria Marques de Paula e Desenvolvimento Regional Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica Cibele Franzese Fernando Barrancos Chucre Coordenador do Programa Secretária-Adjunto Agradecimentos Especiais José Serra Silvio Torres Humberto Emmanuel Schmidt Oliveira Coordenador da UEP Habitação Paulo Nogueira-Neto Secretário de Estado da Habitação Francisco Vidal Luna Marcos Rodrigues Penido Marilda Borba Giampietro Lair Alberto Soares Krähenbühl Coordenadora da UEP Meio Ambiente Secretário-Adjunto Francisco (Xico) Graziano Neto Aloysio Nunes Ferreira Filho Bruno Covas Rubens da Costa Lara (in memoriam) Secretário de Estado do Meio Ambiente Banco Interamericano Pedro Ubiratan Escorel de Azevedo Rubens Namam Rizek Junior de Desenvolvimento (BID) José Pedro de Oliveira Costa Secretário-Adjunto Helena Landazuri de Piagessi Luís Alberto Moreno José Amaral Wagner Neto Presidente Cel. Elizeu Eclair Teixeira Cel. Ronaldo Severo Ramos Companhia de Desenvolvimento Ricardo Carneiro Antonio Carlos do Amaral Filho Habitacional e Urbano (CDHU) Diretor Executivo para o Brasil João Abukater Neto José Milton Dallari Soares Daniela Carrera-Marquis Fabiana de Holanda Diretor Presidente Representante do BID no Brasil Nelson Simões e Diretor Administrativo-Financeiro Lafaiete Alarcon da Silva Annette Bettina Killmer Joaquim de Britto Costa Neto (In Memorian) Marcos Rodrigues Penido Chefe da equipe do programa pelo BID Hélio Ogawa Diretor Técnico Maria Tereza Soares Silveira Américo Calandriello Júnior Maria Teresa Stape Affleck Diretor de Planejamento e Fomento Guaracy Fontes Monteiro Filho Colaboradores Diretor de Atendimento Habitacional Adelina Mikolajaw Fundação Florestal Adriana Mattoso Solange Aparecida Marques Annette Bettina Killmer Adriana Mattoso Diretora de Assuntos Jurídicos Antonio Helio X. de Mendonça Filho Adriana Neves da Silva e de Regularização Fundiária Boris Alexandre César Alexandre Marques Oliveira Renato Basile Edmilson de Araujo Melo Júnior Aline Bezerra da Silva Gerência de Comunicação Social CDHU Eduardo Trani Ana Carolina de Campos Honora Ernani Pilla André Unti Evandro Matthiesen Leister Andrea Duarte Ferreira Fundação Florestal Fernando Arevallilo Llata Antonio Tozelli Ferrari Fernando Barrancos Chucre Aparecida Lira Ferreira Olavo Reino Francisco Jonathan Renshaw Aparecida Pereira Descio Diretor Executivo José Amaral Wagner Neto Boris Alexandre Cezar Bruno Almoraza Aranha Companhia de Desenvolvimento Geo. Edmilton Teixeira Carlos Zacchi Neto Habitacional e Urbano (CDHU) Eng. Jorge Fuji Yamamichi Cesaltino Silva Junior Geo. Álvaro Rodrigues Claudette Marta Hahn Obras Eng. José Roberto Nouh Dácio Roberto Matheus Eng. Makoto Sato Donizetti Borges Barbosa Coordenação Geral Eng. Heitor Azevedo Douglas de Souza Eng. Humberto Emmanuel Schmidt Oliveira Eng. João Carlos Custodio Edilaine Gomes Queiroz Coordenação Executiva Eng. Fernando Miragaia Peruzzo Eduardo Silva Telles Bicudo do Valle Eng. Marcello Cinquini Eng. Marco Antonio Panza Eduardo Weingartner Junior Colaboradores Eng. Joel Soares Gallis Eliane Simões Arq. Marcelo Antonio Nogueira Prado Eloa de Castro Cruzeiro Gerenciadora Cobrape/Engevix Fabio Guzzo Projeto Arq. Aglaé Vaz Fausto Pires Campos Arq. Claus Bantel Felipe Augusto Zanusso Souza Coordenação geral Fernando Arevallilo Llata Eng. Carlos Henrique Ravazzi 133 Fernanda Terra Stori Eng. Sergio Ludeman Filipe Toni Sofiati Arq. Carlos Sampaio Hélio dos Santos CDHU Arq. Rafael Castelar Ícaro Aronovich Cunha Eng. Arnaldo Alves Ivaldo José dos Santos Braz Eng. João Leopoldo Werneck Camargo Jeannette Vieira Geenen Eng. Maria Teresa Stape Affleck IPT João Bosco de Carvalho Arq. Stella Maris Bilemjian João Gabriel Bruno Arq. Guilherme Vieira Geo. Agostinho Ogura José Roberto Muratore Arq. Roberto Nery Geo. Nestor Kenji Yoshikawa Karin Cristina Oshiro Arq. Fernando Cesar Rodrigues Minto Geo. Eduardo Soares de Macedo Katia Regina Pisciota Arq. Renata Moreira Geo. Alessandra Cristina Corsi Leandro Olivo Barros Arq. José Eduardo Bossato Luciana Mota Eng. Sueli Gonçalves da Silva Fiscalizadora Sistema Pri-Enerconsult Lucimara Zanetti Eng. Maria Teresa Stape Affleck Eng. Marcelo Nogueira Luigi Borges Campos Arq. Vera Barbosa Eng. Benaldo Melo de Souza Luiz Carlos Lopes Eng. Salomão Silva Neto Maria Beatriz de Oliveira Louvison Eng. Maria Valéria Brito Boechat Social Maria Cristina Heilig Eng. Humberto S. Oliveira Coordenação Geral Maria Valéria Ribeiro dos Santos Eng. Marcello Cinquini Viviane Frost Marilda Borba Giampietro Marília Brito Rodrigues de Moraes Maubertec (Projeto Básico) Coordenação Executiva Walkyria Marques de Paula Michelle Maria Siqueira Pacifico Coordenador Nivia Maria Justino da Silva Eng. André Luiz de M. M. de Barros Olavo Reino Francisco Colaboradores Olavo Santos da Silveira Responsável técnico Adelina Mikolajaw Olívia Leopardi Marianno de Goés e Vasconcellos Eng. Luciano Afonso Borges Alessandra Regina dos Santos Moreira Patricia Andrade de Oliveira Alex dos Santos Priscila Saviolo Moreira Arq Francisco Luís Scagliusi Angelica Bichir Invernão Raimundo Lira Ferreira Filho Geo. Álvaro Rodrigues Antonio Quintino da Silva Júnior Renato Farinazzo Lorza Geo. Antonio Hatugai Clivanir Mendes Cardoso Rita Sper Ramos Santos Eng. José Roberto Nouh Cristiana Góes do Nascimento Roberto Nicácio da Costa Eng. Makoto Sato Emilly Matias dos Santos Rodrigo Antonio Praga Moraes Victor Eng. Marco Antonio Panza Evandro Matthiesen Leister Sandra Aparecida Leite Fabiana Soares Bazan Sueli de Fátima Lorejan Etemp/Paez de Lima (Projeto Executivo) Fernanda Ságuas Presas Tania Oliva de Freitas Macêa Arq. Francisco Luís Scagliusi Gabriela Puntel Carrasco Tersia Mary Ribeiro Miranda Arq. Stetson Lareu Gabriela Rahal de Rezende Thiago Correa Jacovine Arq. Zilda Gonçalves Jessika Danielle Vieira Victor Del Mazo Quartier Eng. Marcos Arruda José Geraldo Ferreira da Silva Vilson Vicente de Jesus Maeze Eng. Marcelo Veirano Lucineide Pereira de Souza Nascimento Wanda Teresinha Passos de Vasconcellos Maldonado Eng. Maurício Abramento Luiz Fernandes Serra Junior Marcel Marques Projeto de Estrutura Gerenciamento Maria Angélia Sanches Eng. Paulo Miranda Roberto Serra Projeto, Planejamento e Execução da Obra Maria Betania Paulo de Araujo Projeto de Instalações Elétricas Consórcio Cobrape-Engevix Maria Dolores Santos Eng. José Serra Netto Maria Isabel Costa dos Santos Projeto de Instalações Hidráulicas Fiscalização da Obra Mariana Lima Paz Consórcio Sistema Pri-Enerconsult Mariane Gama de Oliveira Eng. Monica Pinheiro Bousquet Muylaert Marisa Marques Ferreira Eng. Alessandro Mendes Moema Torres Parecer Geotécnico de Fundações CH Cubatão A2 – Bolsão 9 Natália Gabriela Girasol Bortolani Eng. Jorge Roberto Nouh Natasha Vieira Lopes Eng. Tiago de Paula Alonso Concepção inicial Pamela Garrido Eng. Danilo Pacheco e Silva Arq. Luiz Augusto Bicalho Kehl Paulo Cesar Pereira Botacine Autoria do Projeto Reinaldo Andrade da Costa Arq. Marcos Boldarini Renato Mirra Desenvolvimento do Projeto Executivo Rosemeire de As Cambôa Execução da Obra Solange de Cassia Ferreira Construtora OAS Ltda Desenvolvimento do Projeto Básico Susana Alves dos Santos Projeto de Implantação Viviane Feitosa Araujo Responsável Técnico Eng. Edilson da Cruz Costa Projeto de Urbanismo, Terraplenagem Arq. Marcos Boldarini Apoio Administrativo Projeto de Paisagismo Fernando Barbosa Rocha Projeto de Implantação Arq. Vera Lucia Domschek Osmar Ralph de Lima Friedrich Projeto de Urbanismo, Paisagismo Arq. Marcia Halluli Menneh Arq. Stetson Lareu Arq. Katia Luli Nakashigue CH Cubatão A4/A5 – Bolsão 7 Projeto Cromático e Geométrico Projeto de Rede Pública e Cond. de Água e Esgoto Eng. Carlos Henrique Ravazi Concepção inicial Arq. Stetson Lareu Arq. Luiz Augusto Bicalho Kehl Projeto de Terraplenagem Projeto de Drenagem Pública e Condominial Eng. Carlos Henrique Ravazi Autoria do Projeto Eng. Edmilson Geraldo Rosa Arq. Ricardo Gaspari, Escritório Levisky Arquitetos Projeto de Geotecnia Associados Ltda e Eduardo Martins Ferreira Arquitetos Eng. Eduardo Cerqueira do Val Projeto de Edificações Ltda (Tipologia V052/3) Projeto de Pavimentação Projeto de Arquitetura Eng. Manuel Fernandez Calvino Arq. Marcos Boldarini

Desenvolvimento do Projeto Básico Projeto de Drenagem, Água, Esgoto, Gás Projeto de Estrutura LENC – Laboratório de Engenharia e Consultoria Ltda Eng. Flavio A. L. de Oliveira Eng. Cassio A. L. Rossi Responsável Técnico Eng. Alexandre Zuppolini Neto Projeto de Rede Elétrica Projeto de Instalações Elétricas Projeto de Implantação Eng. Robert Paulics Eng. Yoshimi Yoshizaki Projeto de Paisagismo do Parque Linear Projeto de Instalações Hidráulicas Projeto de Urbanismo, Paisagismo, Cromático Arq. Marcia Halluli Menneh Eng. Alexandre J. C. Laranjeira Arq. Ricardo Gaspari Projeto de Terraplenagem Eng. Edmilson Geraldo Rosa Projeto de Edificações Desenvolvimento do Projeto de Geotecnia Projeto de Arquitetura Projeto Executivo das Edificações Eng. Débora Nogueira Targas Arq. Stetson Lareu LENC – Laboratório de Engenharia e Consultoria Ltda Projeto de Drenagem, Água, Esgoto, Gás Eng. Flavio A. L. de Oliveira (Tipologia V052/3) Responsável Técnico Eng. Alessandro Mendes Ribeiro Projeto de Estrutura Eng. Alexandre Zuppolini Neto Projeto de Rede Elétrica Eng. Joevilson dos Santos Araujo Eng. José Serra Netto Projeto de Instalações Elétricas Projeto de Edificações Eng. Robert Paulics Projeto de Arquitetura Projeto de Edificações Projeto de Instalações Hidráulicas Arq. Ricardo Gaspari Projeto de Arquitetura Eng. Flavio A. L. de Oliveira Arq. Sergio Teperman Arq. Ricardo Gaspari Projeto de Fundações Projeto de Estrutura Arq. Sergio Teperman Eng. Eduardo Cerqueira do Val Eng. Paulo Miranda Roberto Serra Projeto de Instalações Elétricas Desenvolvimento do Projeto Básico Projeto de Edificações Eng. Antonio Claudio Bousquet Muylaert Projeto de Implantação Projeto de Arquitetura Eng. José Serra Netto Projeto de Urbanismo, Paisagismo, Terraplenagem Arq. Sérgio Teperman Projeto de Instalações Hidráulicas Instituto Cidade – Arq Pascoal M. Costa Guglielmi Projeto de Estrutura Eng. Monica Pinheiro Bousquet Muylaert Eng. Candido Fernandez Hernando Filho Eng. Rubens Augusto Shiguihara Projeto de Pavimentação Eng. Daniele S. Neves da Rocha Projeto de Instalações Elétricas Parecer Geotécnico de Fundações Eng. Antonio Claudio Bousquet Muylaert Eng. Jorge Roberto Nouh Projeto de Rede Cond. de Água, Esgoto e Drenagem Eng. Pedro Norberto de Paula Filho Projeto de Instalações Hidráulicas Eng. Daniele Severino Neves da Rocha Eng. Monica Pinheiro Bousquet Muylaert Desenvolvimento do Projeto Executivo de Projeto de Rede Pública de Esgoto Parecer Geotécnico de Fundações Implantação/Execução da Obra Eng. Izauro da Cunha Padilha Júnior Eng. Jorge Roberto Nouh Consórcio FM Rodrigues/Gomes Lourenço Eng. Daniele Severino Neves da Rocha Projeto de Rede de Gás e Rede Pública de Água Execução da Obra Responsáveis Técnicos Eng. Daniele Severino Neves da Rocha Schahin Engenharia S/A 135 Eng. Luiz Augusto de Mello Eng. Mario França Júnior Projeto de Drenagem Pública Responsável Técnico Eng. Carlos A. A. Salgueiro Lourenço Eng. Alaôr Pinheiro Machado Júnior Eng. Amadeu de Oliveira Luiz da Costa Eng. Guilherme A. Salgueiro Lourenço Projeto de Elétrica e Telefonia Eng. Juraci Gomes da Rocha Projeto de Implantação Projeto de Implantação Eng. Fernão César Ribeiro de Andrade Projeto de Urbanismo e PaisagismO Arq. Marcelo Augusto Fernandes Bartolo Projeto de Urbanismo, Paisagismo, Terraplenagem, Projeto de Edificações Drenagem, Esgoto, Iluminação Pública Projeto de Fechamentos Condominiais, Circulação Pentarco Eng. e Arq. S/C Ltda Projeto de Arquitetura Urbana (Desenho Universal), Ciclovia e Mobiliário Eng. Luis Augusto O. Martins Arq. Adriana Blay Levisky Urbano Arq. Eduardo Martins Arq. Adriana Blay Levisky Projeto de Pavimentação Eng. Lázaro Pedro Barboza Projeto de Estrutura Projeto de Pavimentação Eng. André Calandrino de Souza (Tipologias SB22/V052 Eng. Amadeu de Oliveira Luiz da Costa Projeto de Rede Água e Estação Elevatória de Esgoto e V052/3) Eng. Helcio Valter Belondi Projeto de Rede Condominial de Água, Esgoto, Gás, Eng. Enrique Marchetti Rios (Tipologia V093) Drenagem Projeto de Edificações Projeto de Instalações Elétricas Eng. Gustavo Alves Ortega Eng. Juraci Gomes da Rocha Projeto de Drenagem Pública Projeto de Arquitetura, Instalações Elétricas e Eng. Fernão César Ribeiro de Andrade Hidráulicas Eng. Andrea R. L. Piza Pentarco Eng. e Arq. S/C Ltda Projeto de Instalações Hidráulicas Arq. João F. B. T. Piza Eng. Juraci Gomes da Rocha Eng. Luis Augusto O. Martins Projeto de Elétrica e Telefonia Eng. Daniele Severino Neves da Rocha Projeto de Estrutura e Fundações Eng. Fabrício da Silva Pereira Benvindo Eng. Claudio Gil Desenvolvimento do Projeto Executivo Projeto de Edificações LENC – Laboratório de Engenharia e Consultoria Ltda Gerenciamento Projeto de Arquitetura Responsável Técnico Arq. Marcelo Augusto Fernandes Bartolo Projeto, Planejamento e Execução da Obra Eng. Alexandre Zuppolini Neto Consórcio Cobrape-Engevix Projeto de Estrutura Projeto de Implantação Eng. Marcos Barbosa Fiscalização da Obra Projeto de Instalações Elétricas Projeto de Urbanismo Consórcio Sistema Pri-Enerconsult Arq. Ricardo Gaspari Eng. Fabrício da Silva Pereira Benvindo Projeto de Inst. Hidráulicas Projeto de Terraplenagem e Pavimentação CH Cubatão Q – Residencial Rubens Lara – Eng. Débora Nogueira Targas Eng. Gustavo Alves Ortega Jardim Casqueiro Projeto de Rede de Água, Esgoto e Drenagem Gerenciamento Eng. Rubens Augusto Shiguihara Autoria do Projeto Projeto, Planejamento e Execução da Obra Escritório Levisky Arquitetos Associados Ltda Projeto de Paisagismo Consórcio Cobrape-Engevix e Eduardo Martins Ferreira Arq. Ltda Arq. Lila Esther d’Alessandro Arq. Adriana Blay Levisky Projeto de Elétrica e Telefonia Fiscalização da Obra Arq. Eduardo Martins Eng. José Serra Neto Consórcio Sistema Pri-Enerconsult Edição 96se, 96ce, 96sd, 96id, 112, 115, 118, 121. Polícia Militar Ambiental: p. 129, 130, 131. KPMO Cultura e Arte Arquivo Histórico de Cubatão: p. 45, 46s, 46i, 48s. Projeto COMCOM: p. 51, 58ie, 58sd, 59sd, 59id, 62ic, Benedito Lima de Toledo: p. 32, 34, 35, 37se, 40, 41. 63se, 64id, 64sd, 64se, 65se, 65c, 65id, 65ie, 67se, COORDENAÇÃO EDITORIAL Daniel Ducci: p. 2-3, 6, 8, 10-11, 14-15, 16, 19, 22ie, 72cd, 72id, 72ie, 74se, 74ce, 78sd. Keila Prado Costa 24-25, 26, 28, 31se, 31sd, 31ie, 44, 47, 50, 52, 53, 54, 57, 59se, 59ie, 60, 61, 62se, 62sc, 62c, 63ce, Iconografia DIREÇÃO DE ARTE 63ie, 63ce, 63id, 63sd, 64ie, 65sd, 66s, 66c, 66i, Oscar Pereira da Silva, In: Ruth Sprung Tarasantchi Projeto e Concepção Gráfica 67sd, 68i, 71, 73i, 75, 76i, 77sd, 77c, 79id, 82ie, (2006): p. 36, 37, 38-39. © 2014 Marcello de Oliveira 82c, 82cd, 82ic, 82id, 84c, 84ce, 84i, 85se, 85sd, 87i, 98-99, 100, 103, 104, 106-107, 108, 109, 110- Mapas PESQUISA Keila Prado Costa 111, 116, 119, 120, 122-123, 124, 128. Adriana Mattoso: p. 23, 56, 97, 105, 117. Marcelle Dayer Fundação Florestal: p.12. IPT: p. 18. Levisky Arquitetos: p. 81, 82s, 83sc, 83sd, 84sd, 84se, Marcelle Dayer (a partir das bases da CDHU): p. 69, 70. REVISÃO 84cd, 85ie, 85ic, 85id, 87sd. Meire de Oliveira (com a orientação do Prof. Benedito Maria Luiza Xavier Souto Marilda Giampietro: p. 126. Lima de Toledo e colaboração da Fundação Flores- Maurício Simonetti: p. 20. tal): p. 42-43. VERSÃO EM INGLÊS Maria Cristina N. Valadares Vasconcelos

VERSÃO EM ESPANHOL María Alicia Manzone Rossi

AQUARELAS Meire de Oliveira

TRATAMENTO DE IMAGENS Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Willy Kiyoshi Okamoto (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Marcelo Pacheco Serra do Mar e Mosaicos da Mata Atlântica: Uma Experiência de Recuperação Socioambiental = Serra do Mar and the Mosaic Systems: a Social and Environmental Recovery Experience = Serra do Mar CONSULTORIA y Mosaicos de la Mata Atlántica: una Experiencia de Recuperación Socioambiental [coordenação editorial Geris Engenharia e Serviços Ltda. Keila Prado Costa; versão em inglês Maria Cristina N. Valadares Vasconcelos; versão em espanhol Maria TÜV Rheinland Group Alicia Manzone Rossi]. 1ª edição. São Paulo: KPMO Cultura e Arte, 2014. 136 páginas.

Vários colaboradores Créditos das Imagens ISBN 978-85-66844-06-1 (versão português) ISBN 978-85-66844-07-8 (versão espanhol) Legenda (s: superior; se: superior esquerda; sc: superior ISBN 978-85-66844-08-5 (versão inglês) centro; sd: superior direita; c: centro; ce: centro esquerda; cd: centro direita; i: inferior; ie: inferior 1. Mar, Serra do 2. Mata Atlântica (Brasil) 3. Meio ambiente 4. Parque Estadual da Serra do Mar esquerda; ic: inferior centro; id: inferior direita) (SP) 5. Planejamento urbano I. Costa, Keila Prado II. Título

14-06374 CDD-350 Fotos Acervo CDHU: p. 49, 68s, 70, 73sd, 73se, 76sd, 87se. Índices para catálogo sistemático: Adriana Mattoso: p. 1, 4, 21, 22sd, 29, 31id, 88-89, 90, 1. Serra do Mar: Mata Atlântica: Recuperação socioambiental: 92se, 92ie, 93, 94sd, 94se, 94id, 94ie, 95se, 95sd, Administração pública 350