Literatura Brasileira

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Literatura Brasileira RONALD DE CARVALHO PEQUENA HISTORIA DA LITERATURA BRASILEIRA 6/ EDIÇÃO F. BRIGUIET & C.'A EDITORES Pequena Historia da Literatura Brasileira RONALD DE CARVALHO PEQUENA HISTORIA LITERATURA° BRASILEIRA PEEPACIO D E MEDEIROS E ALBUQUERQUE (PRÊMIO ACADEMIA BRASILEIRA) 6." EDIÇÃO REVISTA 19 3 7 F BRIGUIET & C , Editores BUA DO OUVIDO», 109 BIO DE JANEIBO BEDESCHI — imprimiu RONALD DE CARVALHO nos entregou, poucos dias antes do trágico desastre que o vi- ctimou, os originaes da 5.a edição. Accrescentamos ao original seu retrato e sua biographia succinta, preito de saudade ao inesque­ cível e pranteado Amigo. OS EDITORES. RONALD DE CARVALHO Rouald de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, capi­ tal dos Estados Unidos do Brasil, a 16 de Maio de 1893. Formou-se no Colégio Abilio em ciências e letras; e, na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, em 1912, colou grau de bacharel em direito. Bm 1913 esteve na Europa, onde completou, em Paris, a educação intelectual, seguindo cursos de filoso­ fia e sociologia. Bm 1914 entrou para o Ministério das Relações Ex­ teriores, onde galgou, por merecimento, todos os postos, até enviado extraordinário e ministro plenipotenciario. Percorreu, em suas missões, quasi todos os paizes da America, e, na Europa, foi 1.° secretario da embai­ xada em Paris, e encarregado de negócios na Holanda. Esteve no México, em 1923, convidado especialmen­ te pelo governo mexicano, que o considerou hospede de honra da nação. Realizou varias conferências na Uni­ versidade do México e em diferentes cidades daquele paiz, tendo sido recebido pela Academia Mexicana de Ia Lengua, em sessão solene. Desde sua estréa na imprensa, no Rio, em 1910, como colaborador do "Diário de Noticias", sob a di­ reção de Ruy Barbosa, escreveu em quasi todos os jor- 8 PEQUENA HISTOEIA nais do Rio de Janeiro; em "La Prensa" e "La Nacion", de Buenos Aires; no "Bxcelsior" e no "Universal", do México; no "El Comercio", de Lima; na revista "Inter- America", de New York; no "Mercure de France"; no "L'Esprit Latin", na "Revue de Genéve", de que foi, durante muitos anos, correspondente no Brasil; na "Re­ vue de l'Amerique Latine"; ultimamente, fora convi­ dado para colaborador do "Studio", de Londres. Realizou em Paris varias conferências na Sorbon- ne, no Collège de France, no Palais de Justice, etc. Publicou os seguintes livros: "Poemas e Sonetos", premiado pela Academia Bra­ sileira de Letras, 1919. "Pequena Historia da Literatura Brasileira", prê­ mio Academia Brasileira de Letras, 1919 — F. Bri- guiet & Cia. Editores, Rio. "Bpigramas Irônicos e Sentimentais", 1922. "Espelho de Ariel", 1922 — Anuario do Brasil, ed. "Estudos Brasileiros" (1." série) — 1924 — F. Briguiet & Cia. Editores. "Toda a America", 1926 — Pimenta de Mello, ed. "Jogos Pueris", 1926. "Imagem do México", 1930. "Estudos Brasileiros" (2.» série) — 1931 — F Briguiet & Cia. Editores. "Estudos Brasileiros" (3." série) — 1931 — F Briguiet & Cia. Editores. "Rabelais e o riso do Renascimento", — 1931 — F. Briguiet & Cia. Editores. "Imagens do Brasil e do Pampa" de Luc Durtain, (tradução). — 1933 — Ariel, editora. DA LITERATUBA BRASILEIRA 9 "Le Brésil et le génie français", 1933 — Imprensa Nacional — Rio. Publicou em Paris, na casa editora Harzan, 1932. "Rabelais et le rire de Ia Renaissance", com um prefa­ cio de Luc Durtain. Foram traduzidas as seguintes obras suas: Para o francês: "Epigrammes ironiques et sentimentales", por Francis de Miomandre. "Toute l'Amerique" por M. von Wellish e E. H. Barbier, além de vários ensaios, vertidos por Jean Du- riau, Luc Durtain, Philéas Lebesque e Manoel Gahisto Para o hespanhol: "Toda Ia America", por Francisco Villaespesa; "La Psiquis brasilena". Para o italiano: "Tuta 1'America", por Agenóre Magno. Vários poemas de "Toda a America" teem sido tr» duzidos em inglês, francês, russo e alemão. Seu nome figura em muitas Antologias americanas e européas. Deixa no prelo: "Itinerário". "Caderno de imagens da Europa". Deve ser editada breve, sua obra, em vários vo­ lumes : "O Império do Brasil e as fronteiras do Prata" 10 PEQUENA HI8TOEIA Com Francis de Miomandre, verteu para o francês "Dom Casmurro", de Machado de Assis, que vai ser edi­ tado pelo Institut de Cooperation Intellectuelle, de Paris. Pertenceu ás seguintes associações: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Socie­ dade de Geografia do Rio de Janeiro; Real Sociedade de Geografia da Itália; Instituto de Coimbra; Acade­ mia Hispano-Americana de Ciências e Artes; Junta Nacional de Historia do Uruguai; Poefs Guild of Ame­ rica, de Washington; Academia Latina, de Paris; Soe. Felipe de Oliveira, Fundação Graça Aranha. Faleceu no Rio de Janeiro, a 15 de fevereiro de 1935, em conseqüência de um desastre de automóvel, pouco depois de ser eleito, pelos intelectuais brasileiros, em grande maioria, "Príncipe dos prosadores brasilei­ ros", em substituição a Coelho Netto. PREFACIO Si ha um livro que não precize aprezentação é este. Êle se aprezenta por si mesmo. v A Pequena Historia da Literatura Brazileira só é pequena no nome. De fato, é um grande livro. Ronald de Carvalho tem a vantagem dos que, che­ gando mais tarde, acham o caminho preparado. Diante dele, Jiavia sobretudo dois autores: Sylvio Romero e José Veríssimo. Outras histórias de literatura, como as de Coelho Netto e João Ribeiro, foram feitas com sim­ ples intuitos pedagógicos. O trabalho de Sylvio Romero foi prodigioso. O que êle encontrou — os livros de Ferdinand Wolff, de Sotero dos Reis e de Joaquim Norberto — de bem pouco lhe serviu. Seu esforço pessoal superou de muito a magra contribuição desses predecessores. Sylvio tinha virtudes e defeitos muito característi• cos. Por um lado, com o seu espirito mais propenso á sinteze do que á analize, era um melhor expozitor de generalidades do que um minucioso e frio julgador de personalidades. Por isso mesmo, a primeira parte de sua obra, em que êle expõe os fatores da literatura brazileira, é muito superior á segunda em que o seu critério do julgamento dos autores varia a cada ins­ tante. 12 PEQUENA HISTOEIA Veio depois dele José Veríssimo. Espirito menos apaixonado que o de Sylvio, tinha normas mais fixas de apreciação. Mais fixas, porém mais estreitas. Êle padecia de dois graves defeitos: por um lado, a sua absoluta incapacidade de julgar tudo o que diz respeito á poezia; por outro, uma grande ignorância de couzas de ciência e filozofia. Da primeira afirmação a prova está nos seus julga­ mentos sobre vários poetas: são julgamentos singula- rissimos. Lidando, porém, com Veríssimo, logo se com­ preendia a causa do fato. Êle era dessas pessoas de quem se diz que "não tem ouvido" Citando versos de memória, êle lhes dava ou lhes tirava varias sílabas, sem se aperceber disso. Foi aliaz um dos raros escritores brazileiros que não começaram pelo indefectível vo­ lume de poezias. Da segunda afirmação se pode ter idéia, sabendo que, quando Nabuco publicou as suas Pensées Déta- chées, Veríssimo, no artigo do Jornal do Commercio, com que saudou o volume, caridozamente advertiu o autor de que êle exagerava quando dizia que todos os corpos eram porozos... A maioria das suas aprecia­ ções sobre "Homens e Couzas Estrangeiras" são sim­ ples paráfrazes de estudos europeus sobre os mesmos assuntos. Ronald de Carvalho é demasiado generozo com Veríssimo, quando diz que, fazendo critica, êle não via os homens e só as obras. O que ha é que êle dissimulava melhor. Assim, a sua antipatia pessoal por Sylvio Ro­ mero o levou a esta monstruoza injustiça: consagrar á obra de um dos mais formidáveis trabalhadores da literatura nacional apenas 7 linhas. Nem mais uma. E é bem discutível que Veríssimo pudesse ter levado a cabo a sua obra, si não encontrasse a do seu grande e ilustre predecessor. DA LITEEATUEA BEASILEIEA 13 Sylvio e Veríssimo tinham um defeito comum: não sabiam escrever. Os livros de ambos são abominavel- mente mal feitos. Os de Sylvio têm, entretanto, uma vantajem: talvez mais incorretos, são mais fluentes e mais claros. Nos de Veríssimo, sobretudo os últimos, ha umas pretenções esporádicas de classicismo, que chegam, ás vezes, a ser cômicas. O estilo é duro, áspero, pedregozo. Ronald de Carvalho tem esta primeira orijinali- dade, entre os nossos grandes historiadores da literatura nacional: é o primeiro que sabe escrever. O seu estilo é simples, claro, harmoniozo. Diz bem o que quer dizer. Poeta, dos melhores do seu tempo, os poetas não correm com êle o perigo que corriam com José Verís• simo. Ao contrario dos seus predecessores, êle procura mais aprezentar em conjunto os grandes movimentos sociaes de que rezultaram as correntes literárias. E tudo isso é feito sem solenidade nem pedantismo. Em parte nenhuma o autor aparece como um mestre-escola a distribuir prêmios e castigos. Sem duvida é possível discordar de muitos dos seus juízos. Basta comparar algumas de suas apreciações com as de Sylvio e Veríssimo, já entre si discordantes, para sentir que a crítica literária está ainda muito lonje de ser uma ciência, com critérios fixos. Em todo cazo, Ronald de Carvalho, si não poude, como ninguém po­ derá esquecer a sua equação pessoal, tem ao menos o mérito de ter procurado tomar critérios de ordem mais geral, porque em vez de apreciar autor por autor, como si cada um fosse um fenômeno izolado do seu meio, é, ao contrario, filiando-os a esse meio, que êle procura 14 PEQUENA HISTOEIA julga-los, destacando os mais significativos reprezen- lantes de cada época. Tudo isso permite repetir aqui o que se disse ao principio: a Pequena História da Literatura Brazileira deve ser considerada uma grande obra. MEDEIROS E ALBUQUERQUE (Da Academia Brasileira) INTRODUCÇAO A Terra: a Atlantida e as ilhas fabulosas na Antigüi• dade e na Idade-Mêdia. — O Brasil na época do descobrimento. — O Meio Physico: A Natureza e os Factores Mesologicos. — Algumas opiniões de escríptores estrangeiros sobre o Brasil.
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