Festas De Encantarias

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Festas De Encantarias FESTAS DE ENCANTARIAS AS RELIGIÕES AFRO-DIASPÓRICAS E AFRO-AMAZÔNICAS, UM OLHAR FRATRIMONIAL EM MUSEOLOGIA por Diogo Jorge de Melo Aluno do Curso de Doutorado em Museologia e Patrimônio Linha 02 – Museologia e Patrimônio Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio. Orientador: Professora Doutora Priscila Faulhaber Barbosa UNIRIO/MAST - RJ, Fevereiro de 2020 Catalogação informatizada pelo(a) autor(a) Jorge de Melo, Diogo J528 FESTAS DE ENCANTARIAS: AS RELIGIÕES AFRO- DIASPÓRICAS E AFRO-AMAZÔNICAS, UM OLHAR FRATRIMONIAL EM MUSEOLOGIA / Diogo Jorge de Melo. -- Rio de Janeiro, 2020. 269 Orientadora: Priscila Faulhaber Barbosa. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio, 2020. 1. Museu. 2. Museologia. 3. Patrimônio. 4. Religiões Afro-diaspóricas. 5. Religiões Afro- amazônicas. I. Faulhaber Barbosa, Priscila, orient. II. Título. iv Dedico a toda a diversidade cultural e espiritual afro-diaspórico presente no Brasil, que constituíram um complexo religioso que muito me encanta e que de muitas formas possibilitaram a existência deste trabalho. v Estou vivendo como um mero mortal profissional Percebendo que às vezes não dá pra ser didático Tendo que quebrar o tabu e os costumes frágeis das crenças limitantes Mesmo pisando firme em chão de giz De dentro pra fora da escola é fácil aderir a uma ética e uma ótica Presa em uma enciclopédia de ilusões bem selecionadas E contadas só por quem vence Pois acredito que até o próprio Cristo era um pouco mais crítico em relação a tudo isso E o que as crianças estão pensando? Quais são os recados que as baleias têm para dar a nós, seres humanos, antes que o mar vire uma gosma? Cuide bem do seu Tcheru Na aula de hoje veremos exu Voando em tsuru Entre a boca de quem assopra e o nariz de quem recebe o tsunu As escolas se transformaram em centros ecumênicos Exu te ama e ele também está com fome Porque as merendas foram desviadas novamente Num país laico, temos a imagem de César na cédula e um "Deus seja louvado" As bancadas e os lacaios do Estado Se Jesus Cristo tivesse morrido nos dias de hoje com ética Em toda casa, ao invés de uma cruz, teria uma cadeira elétrica (Trecho da Letra, “Exu nas Escolas” de Edgar e Kiko Dinucci e cantada por Elza Soares) vi AAGGRRAADDEECCIIIMMEENNTTOOSS Primordialmente gostaria de agradecer a minha orientadora Priscila Faulhaber, por sua e dedicação e empenho em me auxiliar este trabalho acadêmico. Suas contribuições foram imensas, sempre me apresentando novas leituras e pontos de vista a serem abordados. Também gostaria de agradecer as sugestões feitas pela banca de qualificação, que sem elas não teria conseguido configurar este trabalho em sua etapa final. Como as sugestões do Dr. Mario Chagas e Dra. Aline Rocha S. F. de Castro por suas contribuições sobre Museologia. Ao Dr. Luiz Rufino por sua colaboração para um melhor entendimento das religiões afro- diaspóricas e Dr. Roberto Carlos da Silva Borges por suas observações, principalmente em relação as questões étnico-raciais. Gostaria de lembrar também o MSc. Luiz Antonio Simas, mesmo sem saber, mas através de breves conversas e algumas palestras, me incentivou a desenvolver esta proposta de pesquisa. Também destaco as contribuições da Dra. Taissa Tavernard de Luca. Agradeço também aos membros da banca de defesa, que também muito contriuiram para o alinhamento final deste trabalho, dentre eles a Dra. Maria Amélia de Souza Reis, o Dr. Mário de Souza Chagas, a Dra. Elizabeth Larkin Nascimento e a Dra. Mariza de Carvalho Soares. Teria uma lista enorme de pessoas da comunidade de terreiros para citar nomes, no entanto, destaco os que contribuíram mais diretamente com esta pesquisa como: Mãe Eloisa Ninfa Oliveira Siqueira de Xangô do Terreiro Dois Irmão, que sempre me acolheu carinhosamente; ao Pai Tayandô, mesmo tendo tido muito pouco contato com ele, sem dúvidas ele foi uma personagem que incentivou e instigou este tipo de pesquisa; Doté Júlio de Ayrá, que me recebeu em sua casa como um filho de santo e por meio de muitas conversas me ensinou sobre a Umbanda Omoloko e o Candomblê Jeje-Mahim; ao Pai Pingo de Oxumaré e Mãe Maria de Cabocla Mariana, que me ensinaram muito sobre os fundamentos do Tambor de Mina e da Umbanda no Pará; a dirigente da Casa Espírita de São Pedro, Gisele Pontes da Silva, que muito me ensinou sobre a Umbanda de Zélio de Morais; e ao Pai Pequeno Gabryel de Xangô do Instituto Afrodescendente TUCAM, que concedeu diversas imagens e informações para o trabalho. Devo destacar diversos amigos acadêmicos que debateram comigo o tema da tese, tornando este ofício acadêmico mais prazeroso e palatável, como os doutorandos Thayron R. Rangel, Renato F. de Arruda, Marla Michele N. P. do Prado, a MSc. Aline R. S. Guimarães e MSc. Cássia Liberatori e os mestrandos Lidiane da C. Monteiro e Rodolpho G. Perreira, a museóloga Renata C. G. da Silva e a pedagoga Luciane Adriano. Presto assim meus profundos agradecimentos todos os citados e a todos que fizeram parte deste trabalho, com suas contribuições afetivas e axés positivos, como meus pais, amigos e familiares, e todos que considero meus irmãos de fé, como os membros do Templo Cabocla Mariana do Conjunto Maguari (PA), da Casa Espírita de São Pedro em Santa Teresa (RJ) e do Terreiro Kwê Sejá Obá Ãra Iná, em Saquarema (RJ). vii RREESSUUMMOO MELO, Diogo Jorge de. Festas de Encantarias: as religiões afro-diaspóricas e afro- amazônicas, um olhar fratrimonial em Museologia Orientador: Priscila Faulhaber Barbosa. UNIRIO/MAST. 2020. Tese. Este trabalho se inicia com um convite para se conhecer as “festas de encantarias”, por buscar um olhar diferenciado para com a Museologia e os Museus a partir dos saberes/epistemes afro-diaspóricos, tendo seu foco nas religiões afro-amazônicas. Concepção que se estrutura teoricamente a partir de diversos autores, principalmente dos Estudos Culturais e aquele que promovem e acreditam na possibilidade de um giro decolonial. Um embasamento teórico que se soma a percepção da Museologia como uma área detentora de um caráter filosófico e ético. O que abre caminho para que os saberes afro-diaspóricos sejam uma chave para se repensar, reestruturar e implementar novas possibilidades teóricas e de atuação. A partir do pensar nagô, de Muniz Sodré, e das concepções de Exu como signo, que são as bases das proposições teóricas da tese. Onde Exu e suas encruzilhadas configuram a Pedagogia das Encruzilhadas, de Luiz Rufino, que foi utilizada de base na elaboração da proposta da Museologia das Encruzilhadas. Proposição que possibilita novas práticas museais e museológicas, assim como uma utilização plena do termo fratrimônio. Uma alternativa diferenciada da concepção de patrimônio, considerada patriarcal, pois o termo se referencia ao homem branco/europeu como mecenas do mundo. Deste ponto, faz-se a proposição para percepção de outros espaços como sendo reconhecidos como museais, detentores de musealidade, mesmo estando deslocados do contexto cultural ocidental. Como os terreiros, que são considerados espaços museais, assim como o Oráculo de Ifá. Aspecto que nos lança para um estudo de caso dos terreiros afro-amazônicos como espaços museais potenciais, onde se destacam os “encantados”. Considerados membros da comunidade imaginada afro- amazônica e que fazem parte das relações fratrimoniais vigentes. Por fim, o imaginário dos “encantados” se mostra como uma possibilidade de atuação da Museologia das Encruzilhadas e nos afirma ser possível pensar em teorias e práticas museais e museológicas que se estruturem em processo de descolonização, entendidos como giros decoloniais. Palavras-chave: Museu, Museologia, Patrimônio, Fratrimônio, Religiões Afro-diaspóricas, Religiões Afro-Amazônicas viii AABBSSTTRRAACCTT MELO, Diogo Jorge de. Enchanted Feasts: afro-diasporic and afro-amazonian religions, a “fratrimonial” look at Museology Advisor: Priscila Faulhaber Barbosa. UNIRIO/MAST. 2020. Tese. This work begins with an invitation to know the “enchanting feasts”, by seeking a different look at Museology and Museums from the afro-diasporic knowledge/epistemes, focusing at afro- amazonian religions. Conception that is theoretically structured from several authors, mainly from Cultural Studies and the one that promotes the decolonial turn. A theoretical basis that adds the perception of Museology as an area with a philosophical and ethical character. This opens the way for afro-diasporic knowledge to be a key to rethink, restructure and implement new theoretical and acting possibilities. From the Muniz Sodré “think nagô” and the conceptions of Exu's as a sign, that supported theoretical propositions of this thesis. Where Exu and its crossroads configure Luiz Rufino's Pedagogy of the Crossroads, which was used as basis in the elaboration of the proposal of the Museology of the Crossroads. Proposition that enables new museological practices, as well as a full use of the term fratrimônio (proposal the Portuguese term). A different alternative from the concept of heritage (patrimônio in Portuguese), considered patriarchal, because the term refers to the white European man as patron of the world. From this point, this proposed to perceive other spaces as being recognized as museal, with museality holders, even being displaced from the western cultural context. Like the terreiros, which are considered spaces museum, as like Ifá Oracle. This brings us a case study of afro-amazonian terreiros as potential spaces museum, where the “enchanted” highlights.
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