José Manuel Abrunhosa De Figueiredo Ferreira 2º Ciclo De

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José Manuel Abrunhosa De Figueiredo Ferreira 2º Ciclo De 1 José Manuel Abrunhosa de Figueiredo Ferreira 2º Ciclo de Estudos em Ciências da Comunicação Variante de Estudos de Média e Jornalismo Ciberjornalismo na Sociedade Hiperurbana do Séc. XXI: da Convergência ao Conteúdo 2014 Orientador: Prof. Dr. Helder Bastos Classificação: Ciclo de estudos: Dissertação/relatório/Projeto/IPP: Versão definitiva 2 Resumo: Passou um “mero instante” na evolução do homem. Segundo António Damásio “No princípio foi a emoção, claro, e no princípio da emoção esteve a acção” . Em 1903, em Berlim, Georg Simmel, realçava a “intensificação nervosa” do homem da grande cidade. Para Gabriel Tarde, “o leitor de um jornal(…) tem tempo para reflectir sobre o que lê(…) pode trocar de jornal(…) [e] o jornalista procura agradar-lhe e cativá-lo”. No princípio do séc. XX, segundo Ortega Y Gasset, a pele do mundo mudou. Os jornais perderam “o prestígio da actualidade” para os ecrãs, primeiro para a televisão e agora, para o computador, o telemóvel e o tablet. Em Portugal, 46% da população habita nas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto onde se concentra mais de 70% da população urbana. Segundo Helder Bastos “Apesar de as comunicações online existirem há mais de um quarto de século, conheceram nos anos 90 um florescimento sem precedentes”. A leitura de notícias na web e nos ciberjornais tem vindo a aumentar. Segundo um estudo do Reuters Institute publicado em 2014, atinge 92% dos utilizadores de internet no Reino Unido, 95% em França e 97% na Alemanha. Justifica-se, no entanto, não só verificar a tendência de um aumento de consumo, mas também de qual o conteúdo das notícias consultadas. Em Portugal, qual será o conteúdo das notícias mais lidas e mais comentadas nos ciberjornais generalistas nacionais: Público, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Correio da Manhã? As conclusões principais apontam para o tema Crime e Morte nas notícias mais lidas e Política nas mais comentadas. Palavras chave: Jornalismo, Ciberjornalismo, Hipermodernidade, Convergência, Espaço Público Abstract: A “mere moment” went by in man’s evolution. According to Antonio Damasio “In the beginning was the emotion, of course, and in the emotion’s beginning was the action”. In 1903, in Berlin, Georg Simmel emphasized the “nervous intensification” of man in the big City. For Gabriel Tarde, “ The newspaper reader (…) has time for reflection about what he reads(…) can change of newspaper (…) [and] the journalist seeks to please and captivate him.”. In the beginning of the XX century, according to Ortega Y Gasset, the skin of the world has changed. The Newspapers have lost “news prestige” to the screens, first to the television and now, for the computer, the mobile phone and tablet. In Portugal, 46% of the population lives in large metropolitan areas of Lisbon and Porto concentrates more than 70% of urban population. According Helder Bastos "Although online communications exists for over a quarter century, met in the 90s unprecedented rise". The news reading on the web and in cyber newspapers has increased. A study by the Reuters Institute, published in 2014, indicate that it reaches 92% of internet users in the UK, 95% in France and 97% in Germany. Therefore, it is justified to investigate not only the trend of increased consumption but also the content of the news. Which will be the content of the most read and most commented news in the national general online newspapers in Portugal: Público, Diário de Notícias, Jornal de Notícias and the Correio da Manhã? The main conclusions point to Crime and Death as the most read and Politics as the most commented. Key words: Journalism, Cyberjournalism, Hipermodernity, Convergence, Public Sphere 3 Índice: Introdução……………………………………………………………………… …………….4 Parte I- O Indivíduo e a Invenção da Sociedade Moderna .………………….……………..11 1- O Indivíduo e o “Redor”………………………………………………………….....11 2- Qual o Valor de um Sentimento?................................................................................16 3- Um “Mero Instante” na História da Evolução………………………….....................21 4- A Europa das Luzes e a Revolução da Escrita…………….…………………………23 5- Os Tempos Modernos e as Revoluções..………………………………………….....27 6- O Jornalismo foi inventado no Séc.XIX?…………….………………………….......30 7- Da Multidão ao Público: o “Cheio” da Modernidade no Séc. XX……………..……34 Parte II- O Nosso Tempo: da Hiperurbanidade e do Ciberjornalismo-Propriamente-Dito ....40 1- Hiperurbanidade – Espaço Público, o Homem e a Cidade ……………....………….46 1.1- Da Hiperurbanidade-Propriamente-Dita ………………….….……………..…51 1.2- Da Hiperurbanidade em Portugal........................................................................53 2- O Nosso Tempo: os Jornais em Papel na Vida Urbana das Cidades………................56 2.1- Os Jornais Diários Generalistas em Portugal……………….................………..64 3- O Ciberjornalismo e o Jornalismo:o Período Conturbado do Funâmbulo…................69 3.1- Os Ciberjornais Generalistas em Portugal…………............................................72 4- O Nosso Tempo: O Ciberjornalismo e a Sociedade em Rede…..................................75 4.1- Ciberjornalismo e os Conteúdos Visualizados………………………………….78 Parte III- Metodologia…………………………………………………………………….....82 Parte IV– Pesquisa: Apresentação e Análise dos Resultados………………….…………….89 Parte V – Conclusão………………………………………………………………..………...97 Bibliografia……………………………………………………………………….. ……….104 Apêndice ………………………………………………………….......................................110 Anexos …………………………………………………………………………………......112 4 Introdução: “Isn’t this the golden age for journalism? Larger audiences than ever before, more ideas being shared, more topics being covered” (Paulson in Nielsen,2012:68) Como Gabriel Tarde se apercebeu no início do séc. XX, o homem urbano da grande cidade afastava-se já da discussão pública de notícias nos anteriores espaços de tertúlias, cafés e salões, porque “lia-o” mais tarde nos jornais. Mas o que leria depois de se furtar à opinião partilhada? Os jornais representavam, nessa altura, o que Tarde intitulava de “prestígio da actualidade”. No entanto, no mundo hipermoderno e hiperurbano do séc.XXI, o jornalismo partilha com a imprensa outros espaços, como a Rádio, a Televisão e a Internet, esta dividida em vários ecrãs: 24% dos inquiridos no Reino Unido dizem utilizar principalmente o telemóvel para consulta de notícias e 16% o Tablet (Reuters Institute,2014). A atenção do leitor pela qual lutam os meios na consulta de notícias, revela uma tendência expressiva em relação à substituição dos tradicionais pelos novos digitais. Em termos de tempo consumido diariamente com os média, segundo a eMarketer1, no Reino Unido, em Março de 2014, para +18anos, a Internet ultrapassa a televisão, 3h41 contra 3h15 (ver Anexo 3). Segundo a mesma fonte, no Reino Unido, o tempo médio diário gasto com a imprensa é de 20 minutos, num país com 315,9 exemplares/ 1000 habitantes (Pascual,2012:116). Em Portugal, como se verá na Parte II, no caso dos jornais diários generalistas de âmbito nacional2, considerando a circulação total no 3º bimestre de 2014 o valor é de 31,1 exemplares./1000 habitantes. Os ecrãs dos smartphones crescem, melhoram as funcionalidades técnicas e adaptam-se a esta nova realidade na área de leitura. O ecrã inicial dos anos 90, fazendo lembrar as linguagens MS-DOS dos primeiros computadores, disponibilizava o número de telefone, acessos a menus através de setas e teclas, não muito diferente do conceito de uma lista ou uma agenda onde se guardam notas, folhas que se consultam. O novo ecrã é táctil, na ponta dos dedos, numa viagem mais ilustrada de imagens, em cores próximas da realidade, incluindo gravador, mapas, camaras fotográficas de alta resolução, com mais de 20 megapixel no caso dos últimos modelos da Sony. O “dilúvio de sinais” que rodeia o transeunte na cidade já não é acompanhado pelo jornal debaixo do braço. O estranho na multidão liga-se ao “redor” em ausência, através do portátil, do tablet e principalmente através do smartphone. Ocorre muitas das vezes, como Sherry Turkle3 também 1 In http://www.emarketer.com/Article/Digital-Set-Surpass-TV-Time-Spent-with-Media-UK/1010686 (consultado em 22 de Setembro 2014) 2 Público, Diário de Notícias, Correio da Manhã, Jornal de Notícias e jornal I 3 TEDx in http://video.mit.edu/watch/ted-talks-2012-sherry-turkle-connected-but-alone-10822/ (consultado em 11 de setembro de 2014) 5 denunciou, entre os jovens, o estar em grupo estando só, com o seu smartphone, dando um novo sentido à frase de La Bruyère que Edgar Allan Poe, em meados do séc. XIX, usava como epígrafe do seu conto “O Homem na Multidão”: “Ce grand malheur de ne pouvoir être seul”. O “redor” perde nitidez em função do “sem limites” da viagem que o ecrã permite. A tendência para o consumo de notícias parece passar também por aí, mas haverá tempo para ler a notícia para além do título? Na lista que surge qual será a notícia que mais provoca o clique e dá motivo para “falar” (Dana em Park,1940:42)? Depois de três ou quatro cliques ainda haverá tempo para ler o que disse o Primeiro-Ministro sobre a reunião em Bruxelas? Ou vemos depois mais tarde na Televisão? Ou não interessa ver? No princípio do séc. XX, Arthur Schnitzler (1862-1931) escreveu numa peça de teatro um diálogo de jornalistas na redacção em que um deles perguntava ao outro se o chefe já o tinha interrogado, ao que o outro responde: “ A que propósito? (…) toda a gente sabe que o meu campo é a filoxera(…) Política? Deixe-me em paz! Há coisas mais importantes(…) A primeira escalada do lado norte da torre Winkler….O desfile
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