Joãosinho Trinta Na Oficina Três Rios, Em São Paulo M a R I a L U C I a M O N T E S

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Joãosinho Trinta Na Oficina Três Rios, Em São Paulo M a R I a L U C I a M O N T E S Valtemir Valle Joãosinho Trinta na Oficina Três Rios, em São Paulo M A R I A L U C I A M O N T E S O erudito e o que é popular ou Escolas de samba: a estética negra de um espetáculo de massa MARIA LUCIA MONTES é professora do Departamento de Antropologia da FFLCH-USP e autora de, entre outros, E Descobrindo o Brasil: a Festa na Política, com Marlyse Meyer (T. A. Queiroz), e “O Ideal Republicano e o Imaginário das Luzes”, in Tiradentes, Imaginário e Política na República Brasileira (Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte). com o samba das grandes escolas cariocas, RÓLOGO INTIMISTA, que vi pela primeira vez em 1976, em esta- À GUISA DE RECORTE do de graça e como tocada por uma ilumi- DE UM TEMA nação. Foi nesse ano que, depois de brigar P CONTROVERSO por algumas horas com cambistas encanta- dos em arrancar o último tostão da paulista meio perdida e seu companheiro inglês, “Quem não gosta de samba bom sujeito típicos turistas no Rio de Janeiro – vale não é: é ruim da cabeça ou doente do pé”, dizer, o casal de otários perfeitos, na lógica diz o samba convertido em sabedoria popu- da malandragem carioca –, subi enfim à lar e, não sendo pelo menos “ruim da cabe- balouçante arquibancada (então era ainda ça”, é claro que gosto de samba. Samba das de madeira) para deslumbrar-me com um batucadas que se improvisam, espontâne- mar de plumas e brilho – vermelho, branco, as, no boteco da esquina ou num fundo de dourado, negro! – em meio ao qual desfila- quintal, sábado à tarde, depois da feijoada, va o Salgueiro. Entretanto, no mais puro regado a cachaça e cerveja, tanto mais en- estilo suburbano ou de periferia (como se tusiasmado se puder somar ao motivo ale- diz lá e cá), entre algazarra e virado-de-fran- atório da festança a celebração da vitória do go, cordialidade amistosa para encampar na Timão em jogo no Pacaembu. E também farra os forasteiros, oferecendo a cachaça samba que partilha com o batuque e o jongo escondida, sanduíches, café e coca-cola, a ambígua condição de folclore, samba-de- aquele povão que lotava a arquibancada roda, de-lenço ou de-umbigada, com lugar barata mal prestava atenção ao desfile, ape- de destaque nos Festivais de Olímpia, mas sar da maravilha que se desdobrava diante dançado mesmo com prazer num de nossos olhos. Dele só ouvia dizer que quintalzinho da Vila Palmeiras, em meio naquele ano “não dava para mais ninguém, ao burburinho da megalópole paulistana, porque o Carnaval era da Beija-Flor”. ou num terreiro de Mauá, depois de um terço Beija-Flor? Mas o que era Beija-Flor? com ladainha cantada, numa celebração Nilópolis? Quem já ouvira falar? E nos doméstica do Treze de Maio. E ainda, natu- imensos intervalos de mais de uma hora ralmente, samba de desfile de escolas de que então separavam o desfile de uma a samba, o da loucura do Carnaval, mais outra escola, as pessoas ainda cantavam um humilde, pobre e até meio sem graça, quan- samba irônico, leve e divertido, escandalo- do apresentado na avenida neste túmulo do samente laudatório do proibido jogo do samba que era São Paulo – como malicio- bicho em que, no entanto, todos fazem uma samente costumavam dizer há alguns anos fezinha, proclamando a céu aberto que “so- os cariocas –, ou simplesmente triunfal no nhar com rei dá leão”... Assim, intrigada e Rio de Janeiro, desde os tempos da Praça um pouco furiosa por haver perdido, de- Onze e da Presidente Vargas, hoje brilhan- pois de briga e dinheiro gasto, o que pare- do na Marquês de Sapucaí. cia constituir a grande zebra do desfile – e Variados são, pois, esses caminhos do não deu outra: Beija-Flor na cabeça! –, des- samba, cruzados em mais de vinte anos cobri o que viria a ser, a partir de então, uma de andanças por periferias pacatas ou de grande paixão da minha vida, a escola de má fama das grandes metrópoles, sono- samba que, na ocasião, tinha – e pelos pró- lentas cidadezinhas interioranas ou pe- ximos dezessete anos teria – como carnava- quenas propriedades rurais de difícil aces- lesco um homenzinho irrequieto e imenso so, encravadas no meio do mato, que fui artista, João Clemente Jorge Trinta. encontrar em busca das festas e outras Joãosinho Trinta, como se sabe, foi manifestações da chamada cultura popu- aquele mesmo que teve a genialidade de lar: travessias. dizer, na frase histórica e lapidar, uma ver- Um pouco mais caro e complicado sem- dade que, pesquisadora acadêmica do mun- pre foi, no entanto, nesse mundo, o contato do popular, sempre havia confusamente 8 R E V I S T A U S P, S Ã O P A U L O ( 3 2 ) : 6 - 2 5 , D E Z E M B R O / F E V E R E I R O 1 9 9 6 - 9 7 compreendido, sem clareza (ou coragem) Perdi a conta das vezes em que briguei para expressá-la com tão brutal precisão: por causa de João Trinta e da Beija-Flor, “povo gosta mesmo é de luxo; quem gosta com os mais variados interlocutores, de de pobreza é intelectual”. Só isso já basta- desconhecidos a amigos próximos, de es- ria para fazê-lo credor de uma homenagem pecialistas da cultura popular a populares que a Academia nunca ousou prestar-lhe, aficionados do samba, que – muitas vezes por haver, antes de qualquer um de nós, com as nossas categorias acadêmicas – posto o dedo na ferida, apontando para o culpavam a escola e o carnavalesco pelo engano reducionista e o qüiproquó político desvirtuamento do Carnaval, com a intro- que sempre estiveram mais ou menos cla- dução de um luxo excessivo e imoral, sus- ramente envolvidos em nossas análises tentado pelo dinheiro sujo dos banqueiros empobrecedoras da cultura popular. Ori- do jogo do bicho... Aos poucos, quase fui entados por um generoso mas confuso com- perdendo a esperança de explicar e fazer promisso com a causa dos oprimidos, entender, convencida de que certos temas perdemo-nos muitas vezes entre a ingenui- trazem consigo uma tão sólida carga ideo- dade e a ignorância, a boa fé e a má cons- lógica que se tornam explosivos, quase ciência, tentando redimir-nos menos com impossíveis de se enfrentar abertamente, um mea culpa aberto que com uma espécie tal o mal-entendido que envolvem. Mais de fúria moralizadora, procurando separar valeria, portanto, retomá-los pelo viés de engajados e alienados, como se dizia nos questões menos candentes, para desmon- Saída do carro anos 70 ou, na versão de hoje em dia, os tar categorias de análise e modos de pensar politicamente corretos e os racistas, que, como uma camisa-de-força, impõem Gigante Brasil da machistas, sexistas, etc. – em suma, nós e à discussão de qualquer tema a obrigação Beija-Flor, os outros. de reduzir-se à sua própria e estreita medi- Carnaval de 1990 Valtemir Valle R E V I S T A U S P, S Ã O P A U L O ( 3 2 ) : 6 - 2 5 , D E Z E M B R O / F E V E R E I R O 1 9 9 6 - 9 7 9 da. Assim, as vicissitudes da vida acadêmi- viaduto da Presidente Vargas, próximo à ca me fariam derivar por outros caminhos passarela – ou quando a câmera da TV e, com isso, samba e Carnaval, João Trinta Manchete focalizou o Cristo no Corcovado e Beija-Flor continuariam a ser mero en- e, depois, descendo favela abaixo, veio cantamento pessoal, dormitando à sombra congelar a imagem na figura interdita co- das nascentes dessa cultura popular de onde berta de negro, a quem se suplicava “Mes- continuávamos, o carnavalesco e eu, ines- mo proibido, olhai por nós”! gotavelmente a tirar novos temas de traba- Entre a vergonha do julgamento que, lho, não fosse a enormidade do evento pro- na quarta-feira, tirou da escola o primeiro duzido pela escola no Carnaval de 1989. lugar e a perspectiva do Desfile das Cam- “Ratos e urubus larguem minha fanta- peãs, no sábado, não havia tempo para he- sia”, clamava o enredo da Beija-Flor, reto- sitação. Precipitei-me em direção ao Rio mando, na linguagem polissêmica da arte e de Janeiro para presenciar ao vivo a reedição na síntese alucinante produzida pelo espe- do milagre e – a Imperatriz Leopoldinense táculo multimídia, a longa reflexão em ato que me perdoe – saí sem ver a campeã do que João Trinta vinha desenvolvendo atra- Carnaval daquele ano... vés de seus carnavais, desde os tempos Assim, pois, o refrão do samba-enredo heróicos da primeira vitória em 1976 – a da escola, “Lebara ô, ebó Lebara...” – um reflexão mais dramática e pungente que “africanês sem sentido”, na preclara opi- jamais se vira sobre este país, o lixo de sua nião de um dos jurados, que tirara da Beija- riqueza iníqua, a miséria e o luxo de seu Flor um dos três preciosos pontos, rouban- povo, glória efêmera do carnaval, trajetó- do-lhe o campeonato –, indicava sem equí- ria da própria Beija-Flor! Um espetáculo voco a enormidade da tarefa que João Trin- que, tendo deixado sem fala espectadores e ta decidira empreender naquele carnaval, comentaristas, no momento de sua apre- para nos fazer compreender o enigma Bra- sentação, provocaria depois – compensan- sil. Agô, Elegbara, Exu dono da rua, senhor do esse silêncio “estuporado”, como disse do povo-da-rua, e cuja cachaça o aquece no um jornalista – uma torrente de artigos em inverno sem abrigo; agô, Elegbara, senhor jornais e revistas, sem contar a série dos caminhos, que os cruza e os embaralha, infindável dos programas de rádio e TV.
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