Tese Eduardo Melo França.Pdf
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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Artes e Comunicação Programa de Pós-Graduação em Letras Doutorado em Teoria da Literatura A RECEPÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA EM PORTUGAL DURANTE O SÉCULO XIX Eduardo Melo França Recife 2013 Eduardo Melo França A RECEPÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA EM PORTUGAL DURANTE O SÉCULO XIX Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco para a obtenção do grau de Doutor em Teoria da Literatura. Orientador: Anco Márcio Tenório Vieira Recife 2013 Catalogação na fonte Andréa Marinho, CRB4-1667 F814r França, Eduardo Melo A recepção da literatura brasileira em Portugal durante o século XIX / Eduardo Melo França. – Recife: O Autor, 2013. 304p.: 30 cm. Orientador: Anco Márcio Tenório Vieira. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco, CAC. Letras, 2013. Inclui bibliografia. 1. Teoria da Literatura. 2. Romantismo. 3. Literatura Brasileira – crítica e interpretação. I. Vieira, Anco Márcio Tenório (Orientador). II. Titulo. 809 CDD (22.ed.) UFPE (CAC2013-22) Para os meus pais, sem os quais eu não teria chegado até aqui. Para Rafa, que dá forma ao amanhã. Agradecimentos Ao meu orientador Prof. Dr. Anco Márcio Tenório Vieira. Amigo e professor, que desde o mestrado tem mostrado acreditar no meu trabalho. Com bom humor, dedicação e principalmente paciência, sempre me atendeu afetuosamente. Obrigado pelos livros dados e emprestados, pelas conversas, orientações e carinho. Hoje, olhando para os meus primeiros passos na pós-graduação, tenho consciência de que essa trajetória não teria sido tão rica e alegre sem a sua companhia. Ter tido um orientador que mostrou acreditar nas minhas capacidades acadêmicas e intelectuais foi fundamental para que eu chegasse até aqui. Ao fim de seis anos de intensa convivência tenho a convicção de que todos mereciam um orientador com o professor Anco. Muito obrigado pela orientação e pela amizade. À Prof. Dra. Maria Aparecida Ribeiro, minha co-orientadora em Coimbra, pela presteza e simpatia com a qual sempre atendeu aos meus e-mails, solicitações e dúvidas. Sem a sua atenção e entusiasmo minha estadia em Coimbra não teria sido tão proveitosa e tranquila como de fato o foi. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro durante minhas pesquisas no Brasil e em Portugal. Ao Prof. Me. Fernando da Mota Lima, meu primeiro orientador, ainda na graduação, que pacientemente soube me ensinar a estudar. Fernando, hoje meu amigo, permanece e permanecerá sempre como exemplo de delicadeza e honestidade intelectual. Aos meus amigos da vida, Ricardo Cícero, Lana, Cintia, Turla, Érico, Cibele, Tom, Elis, Arthur, Simone, Jorge Rodrigo e Buhr. Aos amigos de pós-graduação, com os quais, desde o mestrado, aprendi e me diverti, discutindo sobre tudo e todos, reformulando e corrigindo todas as teorias do mundo, Eduardo Cesar Maia, Artur Ataíde, Cristiano Aguiar e Raul Ferreira. Aos meus irmãos, Ciana e Pinho. À Zezé, ora mãe ora irmã. À Rafa, amor da minha vida, que conheci na primeira semana de aula da graduação, e de quem não me imagino longe. Tudo o que eu possa dizer é pouco para agradecer o carinho, os beijos, a paciência e o bom humor que tem injetado na minha vida. Primeiro namorada, agora esposa, sempre aguentou com um sorriso no rosto a chateação que é ter um namorado com pretensões intelectuais e que insistentemente, ao longo dos anos, tentou chegar a um humor machadiano. Obrigado por ter suportado as horas de estudo, a viagem, o cansaço que não poucas vezes se refletiu em mau-humor e a ansiedade diante dos processos seletivos. Obrigado por ser companheira. Amo você. E principalmente aqueles sem os quais nada, absolutamente nada disso seria possível: Edmir e Angela França, meus amados pais. Obrigado pelos melhores colégios, pelo curso de línguas, pelas aulas de música, pelo conforto da casa e tudo mais que me deram. Obrigado, fundamentalmente, por me fazerem acreditar que têm orgulho de mim e pelo amor que sempre souberam demonstrar. Por favor, aceitem esse meu doutoramento como retribuição de todo investimento material e emocional que fizeram em mim. De uma forma ou de outra, sem o disco de Amadeus ou as primeiras explicações sobre Freud, nada disso teria acontecido. Obrigado por terem me ensinado o valor do estudo e por terem sempre me dado muito mais do que eu precisei sem nunca pedir nada em troca. Amo vocês. “O que se deve exigir do escritor antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço” (Machado de Assis). “Interrogando a vida brasileira e a natureza americana, prosadores e poetas acharão ali farto manancial de inspiração e irão dando fisionomia própria ao pensamento nacional. Esta outra independência não tem Sete de Setembro nem campo de Ipiranga; não se fará num dia, mas pausadamente, para sair mais duradoura; não será obra de uma geração nem duas; muitas trabalharão para ela até perfazê-la de todo” (Machado de Assis). “Antes de ter existência histórica própria, começamos por ser uma ideia europeia. Não é possível entender-nos se se esquece de que somos um capítulo da história das utopias europeias” (Octávio Paz). RESUMO Acreditando que toda tentativa de autonomia é necessariamente um processo relacional, que envolve pelo menos dois corpora ou entidades, uma que a pleiteia e outra que supostamente a legitima, é que decidimos estudar a recepção crítica da literatura brasileira em Portugal durante o século XIX. Pesquisando entre os periódicos especializados, antologias e estudos desse período, mapeamos o que foi escrito pela crítica portuguesa acerca da qualidade e do projeto de autonomia da literatura brasileira. Não foi nosso objetivo averiguar ou problematizar a popularidade dos poetas brasileiros em Portugal, mas mapear a recepção crítica e especializada que sobre eles foi produzida. Além dos textos críticos, somamos a esse painel as publicações brasileiras nos principais periódicos portugueses especializados em literatura e cultura. Entre os autores que dedicaram atenção às letras brasileiras, destacamos os textos de Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Pinheiro Chagas e Teófilo Braga. Além desses, uma série de outros autores, que hoje ocupam lugar de menor destaque na história da crítica portuguesa, também voltaram os olhos para o que era escrito no Brasil: José da Gama e Castro, Francisco Freire de Carvalho, Luís Felipe Leite, Joaquim da Costa Cascaes, Luciano Cordeiro, F. A., Guiomar Torrezão e Sousa Viterbo. Ao fim da investigação, concluímos que tanto os principais autores brasileiros quantos aqueles de que hoje dificilmente nos lembramos receberam alguma atenção da crítica portuguesa, ainda que em alguns momentos de forma mais ou menos elaborada. O painel construído a partir desta também nos permite observar que todo o diálogo entre a literatura brasileira e a crítica portuguesa, nos Oitocentos, foi mediado pela possibilidade de autonomia e nacionalização da literatura brasileira. Ambos os conceitos, por sua vez, foram quase sempre abordados a partir da ideia de cor local ou da utilização do idioma português. Palavras-chaves: Romantismo, recepção crítica, literatura brasileira, crítica portuguesa. ABSTRACT Believing that every attempt to autonomy is necessarily a relational process, which involves two entities or corpora, one that pleads it and other that supposedly legitimates, we decided to study the critical reception of Brazilian literature in Portugal during the nineteenth century. Searching among journals, anthologies and studies of this period, we mapped what was written by the Portuguese intelligentsia about the literary quality of Brazilian literature and its project of autonomy. It was not our goal to find out or discuss the popularity of Brazilian poets in Portugal, but to map the critical and specialized reception on them that was produced. Besides the critical texts, we added to this panel the Brazilian publications in major Portuguese journals specialized in literature and culture. Among the authors who have devoted attention to Brazilian letters, we highlighted the texts of Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Pinheiro Chagas and Teofilo Braga. Besides these, a number of other authors, who today occupy a less prominent place in the history of Portuguese criticism, we also turned our eyes to what was written in Brazil: José da Gama and Castro, Francisco Freire de Carvalho, Luís Felipe Leite, Joaquim Costa Cascaes, Luciano Cordeiro, F. A., and Guiomar Torrezão Sousa Viterbo. At the end of the research, we concluded that the major Brazilian authors and those who we hardly remember today received some Portuguese critical attention, although at times it was more or less elaborate. The panel that this research provides also allows us to observe that the whole dialogue between Brazilian literature and Portuguese criticism was mediated by the possibility of nationalization of Brazilian literature, which was frequently conceived from the concept of local color or the use of the Portuguese language. Key-words: Romanticism, critical reception, Brazilian Literature, Portuguese criticism. RESUMEN Partiendo de la concepción de que toda búsqueda de autonomía inevitablemente hace parte de un proceso relacional – el cual encierra dos corpus o entidades, una que la reivindica y otra que supuestamente debe reconocer su legitimidad –, hemos decidido estudiar la recepción crítica de la literatura brasileña en Portugal durante el siglo XIX. A partir de la