REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS AA

ANO LIX - Nº 222 - QUARTA-FEIRA, 29 DE DEZEMBRO DE 2004 - BRASÍLIA-DF MESA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS (Biê nio 2003/2004)

PRESIDENTE JOÃO PAULO CUNHA – PT – SP

1º VICE-PRESIDENTE INOCÊNCIO OLIVEIRA – PFL – PE

2º VICE-PRESIDENTE LUIZ PIAUHYLINO – PSDB – PE

1º SECRETÁRIO – PMDB – BA

2º SECRETÁRIO SEVERINO CAVALCANTI – PP – PE

3º SECRETÁRIO NILTON CAPIXABA – PTB – RO

4º SECRETÁRIO CIRO NOGUEIRA – PFL – PI

1° SUPLENTE DE SECRETÁRIO GONZAGA PATRIOTA – PSB – PE

2º SUPLENTE DE SECRETÁRIO WILSON SANTOS – PSDB – MT

3º SUPLENTE DE SECRETÁRIO CONFÚCIO MOURA – PMDB – RO

4º SUPLENTE DE SECRETÁRIO JOÃO CALDAS – PL – AL CÂMARA DOS DEPUTADOS

CONVOCAÇÃO EXTRAORDINÁRIA

SEÇÃO I

SUMÁRIO

1 – ATA DA 10ª SESSÃO DA CÂMARA DOS Nº 992/04-CN – Do Senhor Senador Eduardo DEPUTADOS, ORDINÁRIA, DA 4ª SESSÃO LE- Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente, no GISLATIVA EXTRAORDINÁRIA, DA 52ª LEGISLA- exercício da Presidência do Senado Federal, co- TURA, EM 28 DE DEZEMBRO DE 2004 municando o encaminhamento do PLV nº 63/04 à I – Abertura da sessão sanção...... 57315 II – Leitura e assinatura da ata da sessão Nº 994/04-CN – Do Senhor Senador Eduardo anterior Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente, no III – Leitura do expediente exercício da Presidência do Senado Federal, co- OFÍCIOS municando o encaminhamento do PLV nº 64/04 à sanção...... 57315 Nº 939/04-CN – Do Senhor Senador José Sar- Nº 996/04-CN – Do Senhor Senador Eduardo ney, Presidente do Senado Federal, comunicando a Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente, no leitura do Aviso nº 61/04-CN e seu encaminhamento exercício da Presidência do Senado Federal, co- à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos municando o encaminhamento do PLV nº 65/04 à e Fiscalização (CMPOPF)...... 57306 sanção...... 57315 Nº 968/04-CN – Do Senhor Senador José Sar- Nº 998/04-CN – Do Senhor Senador Eduardo ney, Presidente do Senado Federal, comunicando a Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente, no promulgação da Lei nº 11.001/04, oriunda da MPV exercício da Presidência do Senado Federal, co- nº 211/04...... 57306 municando o encaminhamento do PLV nº 67/04 à Nº 970/04-CN – Do Senhor Senador José Sar- sanção...... 57315 ney, Presidente do Senado Federal, comunicando a Nº 2.499/04 – Do Senhor Senador Alberto promulgação da Lei nº 11.008/04, oriunda da MPV Silva, Segundo-Secretário, no exercício da Primei- nº 215/04...... 57308 ra-Secretaria do Senado Federal, encaminhando o Nº 975/04-CN – Do Senhor Senador José autógrafo do Decreto Legislativo nº 471/04...... 57316 Sarney, Presidente do Senado Federal, comunican- Nº 2.501/04 – Do Senhor Senador Alberto do a constituição de Comissão Mista destinada a Silva, Segundo-Secretário, no exercício da Primei- emitir parecer à MPV nº 229/04, bem como o es- ra-Secretaria do Senado Federal, encaminhando o tabelecimento de calendário para a tramitação da autógrafo do Decreto Legislativo nº 637/04...... 57316 matéria...... 57310 Nº 976/04-CN – Do Senhor Senador José Sar- Nº 2.541/04 – Do Senhor Senador Mão San- ney, Presidente do Senado Federal, comunicando ta, no exercício da Primeira-Secretaria do Senado o término do prazo, sem interposição de recurso, Federal, comunicando o encaminhamento do PLC para apreciação do PDC nº 14/04-CN pelo Plená- nº 96/04 à sanção...... 57317 rio do Congresso Nacional, e que o mesmo irá à COMUNICAÇÃO promulgação...... 57311 – Do Senhor Deputado , co- Nº 979/04-CN – Do Senhor Senador José Sar- municando sua renúncia à Presidência da Comissão ney, Presidente do Senado Federal, comunicando a de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática, promulgação da Lei nº 11.029/04, oriunda da MPV a partir de 15-12-04...... 57317 nº 218/04...... 57311 Nº 981/04-CN – Do Senhor Senador José Sar- RELATÓRIOS ney, Presidente do Senado Federal, comunicando – Do Senhor Deputado Jamil Murad, de Via- o encaminhamento do PLV nº 61/04 à sanção...... 57312 gem em Missão Oficial, para participar do Seminário Nº 990/04-CN – Do Senhor Senador José Sar- “Iniciativas Internacionais para a aproximação entre ney, Presidente do Senado Federal, comunicando a a esquerda Euro-Mediterrânea e o Oriente Médio”, promulgação da Lei nº 11.034/04, oriunda da MPV realizado em Trípoli, Líbano, no período de 19 a nº 224/04...... 57312 21-11-04...... 57317 57302 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004

– Da Senhora Deputada Maria Helena, de Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990 e dá providên- Viagem em Missão Oficial, para participar da “Se- cias correlatas...... 57337 gunda Reunião da Comissão de Meio Ambiente e Nº 4.579/2004 – Do Sr. Feu Rosa – Acres- Turismo do Parlamento Latino Americano-Parlati- centa dispositivo à Lei nº 8.666, de 21 de junho de no”, realizada em Oranjestad, Aruba, nos dias 18 1993, que “regulamenta o art. 37, inciso XXI, da e 19-11-04...... 57319 Constituição Federal, institui normas para licitações – Da Senhora Deputada Mariângela Duarte, e contratos da Administração Pública e dá outras de Viagem em Missão Oficial, para participar da providências”...... 57337 “Conferência da Região Sul – Estatuto do Despor- Nº 4.583/2004 – Do Sr. Eduardo Cunha – Dis- to”, em Florianópolis/SC, nos dias 18 e 19-11-04. 57321 põe sobre a dedutibilidade de medicamentos de – Da Senhora Deputada Vanessa Grazzio- uso continuado na apuração do imposto de renda tin, de Viagem em Missão Oficial, para participar da pessoa física...... 57338 da “Reunião da Comissão de Serviços Públicos e Nº 4.584/2004 – Do Sr. Eduardo Cunha – Defesa do Consumidor do Parlamento Latino Ame- Dispõe sobre a concessão de bolsa de estudos a ricano-Parlatino”, realizada em Oranjestad, Aruba, estudantes em instituições particulares de ensino nos dias 18 e 19-11-04...... 57322 superior que comprovadamente prestem serviço – Da Servidora Karla Schaefer, de Viagem voluntário...... 57338 em Missão Oficial, para participar, como Secretária Nº 4.586/2004 – Do Sr. José Divino – Esta- Administrativa do Grupo Brasileiro, da “Reunião do belece a busca imediata de pessoa desaparecida Comitê Executivo, por ocasião da 111ª Assembléia menor de 18 anos e portadora de deficiência física da União Interparlamentar”, realizada em Genebra, ou mental...... 57339 Suíca, nos dias 25 a 27 e 30-9-04...... 57322 Nº 4.588/2004 – Do Sr. Eduardo Cunha – Veda PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO o estabelecimento de conteúdo programático de ní- Nº 341/2004 – Do Sr. Almir Moura – Dá nova vel de escolaridade superior ao exigido pelas atri- buições a desempenhar, nos processos seletivos redação ao art. 19, I, da Constituição Federal...... 57323 que especifica...... 57339 PROJETOS DE LEI Nº 4.592/2004 – Do Sr. Dimas Ramalho – Al- Nº 4.544/2004 – Do Sr. Cabo Júlio – Modifica tera a Lei nº 8.742, de 1993, que dispõe sobre a a redação dos artigos 248 e 249 do Código Penal organização da Assistência Social e dá outras pro- Brasileiro (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro vidências, aumentando de 1/4 do salário mínimo de 1940)...... 57326 para um salário mínimo a renda máxima mensal Nº 4.555/2004 – Do Sr. Henrique Fontana de família com deficiente ou idoso...... 57340 – Dispõe sobre a obrigatoriedade da Natureza Pú- Nº 4.602/2004 – Do Sr. Fernando Coruja – Es- blica dos Bancos de Cordão Umbilical e Placentário tabelece que nenhum saldo devedor de financia- e do Armazenamento de Embriões resultantes da mento imobiliário poderá ser superior ao valor de Fertilização Assistida e dá outras providências. .... 57327 mercado do imóvel...... 57341 Nº 4.557/2004 – Do Sr. Onyx Lorenzoni – Dis- Nº 4.606/2004 – Do Sr. Roberto Gouveia põe sobre a destinação de recursos com publicidade, – Dispõe sobre a responsabilidade sanitária dos divulgação e propaganda institucional dos órgãos e agentes públicos e a aplicação de penalidades ad- entidades da Administração Federal, na produção ministrativas...... 57341 de obras literárias de autores brasileiros...... 57334 Nº 4.610/2004 – Do Sr. Marcos de Jesus – Nº 4.562/2004 – Do Sr. Silas Brasileiro – Dis- Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que põe sobre a identificação de assinantes de serviços “Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescen- de correio eletrônico em redes de computadores te, e dá outras providências”, para garantir acesso destinadas ao uso público, inclusive a Internet. .... 57335 à educação a crianças e adolescentes internados Nº 4.571/2004 – Do Sr. Carlos Nader – “Fica em hospitais e demais instituições de atendimento assegurado às pessoas cegas o direito ao acesso a à saúde...... 57347 informações escritas em relevo pelo sistema Braille Nº 4.713/2004 – Do TRIBUNAL DE CONTAS em todo território Nacional e dá outras providên- DA UNIÃO – Altera a remuneração dos servidores cias.” ...... 57336 públicos integrantes do quadro de pessoal do Tri- Nº 4.574/2004 – Do Sr. Ronaldo Vasconcellos bunal de Contas da União...... 57347 – Torna possível às Organizações da Sociedade SESSÃO ORDINÁRIA DE 28-12-2004 Civil de Interesse Público, manter a qualificação IV – Pequeno Expediente obtida com base em diplomas legais diversos ...... 57336 MAURO BENEVIDES (PMDB – CE) – Artigo Nº 4.578/2004 – Do Sr. Corauci Sobrinho Governabilidade, de autoria do ex-Ministro Maurício – Acrescenta, onde couber, inciso ao artigo 20 da Corrêa, publicado pelo jornal Correio Braziliense. 57348 Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57303

GONZAGA PATRIOTA (PSB – PE) – Desen- PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Agrade- volvimento de vacina contra a AIDS pela Universi- cimento ao Deputado Dr. Heleno pela manifestação dade Federal de Pernambuco. Crônica O Vigário de elogiosa...... 57358 Sertânia, extraída do livro Bilhetes do Sertão, de ROBERTO BALESTRA (PP – GO) – Associa- Luiz Cristóvão dos Santos, publicada pelo Jornal ção às manifestações do Presidente em exercício de Arcoverde...... 57350 dos trabalhos e do Deputado Dr. Heleno a respeito ZONTA (PP – SC) – Princípio básico do coope- da exibição desairosa de fotografias de Parlamen- rativismo. Importância das cooperativas do trabalho tares em outdoors. Posse do orador como membro como instrumento de inclusão social e de combate do Conselho da República. Passamento do poeta à informalidade...... 57352 e político goiano Getúlio Vaz...... 57358 JOSÉ DIVINO (PMDB – RJ) – Discriminação NELSON BORNIER (PMDB – RJ) – Caráter praticada contra o Estado do Rio de Janeiro no to- desprezível do reajuste concedido pelo Governo cante à distribuição de verbas do Orçamento Geral Federal a aposentadorias e pensões mantidas pelo da União. Destinação de recursos orçamentários INSS. Pobreza dos indicadores sociais a despeito para a restauração da BR-101, no trecho entre o da crescente produção de riquezas no País...... 57359 Município de Campos dos Goytacazes até a divisa INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL – PE) – Regozijo com o Estado do Espírito Santo. Divulgação pela com o retorno do Deputado Roberto Magalhães ao mídia de imagens de assassinatos e esquarteja- Partido da Frente Liberal...... 57359 mento de marginais no Morro da Mineira, no Rio de PEDRO CORRÊA (PP – PE) – Importância Janeiro. Omissão do Governo Federal e do Governo socioeconômica da produção de biodiesel no País. Rosinha Matheus sobre o quadro de violência rei- Evolução do agronegócio brasileiro. Elogio à atua- nante no Estado. Conveniência de determinação, ção do Presidente da Casa, Deputado João Paulo pelo Presidente da República, de intervenção na Cunha, e aos demais integrantes da Mesa Diretora. área de segurança pública fluminense...... 57352 Votos de próspero Ano-Novo aos Congressistas e LUCI CHOINACKI (PT – SC) – Perseguição aos servidores da Casa...... 57360 política empreendida pelo Vice-Governador do Esta- do de Santa Catarina, Pinho Moreira, contra o Pre- V – Grande Expediente feito Décio Gomes Góes, do Município de Criciúma. GONZAGA PATRIOTA (PSB – PE) – Posse do Mobilização dos munícipes contra a cassação do Deputado Roberto Balestra como membro do Con- Prefeito pela Justiça Eleitoral...... 57353 selho da República. Saudação ao público presente CARLOS NADER (Bloco/PL – RJ) – Empenho nas galerias do plenário. Balanço das realizações do do Prefeito Antônio Francisco Neto na urbanização primeiro biênio do Governo Luiz Inácio Lula da Silva. de favelas do Município de Volta Redonda, Estado Superávit contínuo na balança comercial brasileira. do Rio de Janeiro. Êxito do projeto municipal Vilas Importância das viagens internacionais do Chefe do da Cidadania, destinado à construção de casas Executivo para a expansão do mercado brasileiro. populares para a população residente em áreas Estabilização dos indicadores macroeconômicos. de risco...... 57353 Retomada do crescimento da economia em bases COLBERT MARTINS (PPS – BA) – Anúncio sustentáveis. Perspectiva de investimentos vultosos da revisão, pelo Prefeito eleito de Salvador, Estado em infra-estrutura de transportes, com destaque da Bahia, João Henrique, das tarifas públicas cobra- para a revitalização do modal ferroviário. Enfoque das pela Prefeitura do Município. Questionamento da gestão petista na diminuição de desigualdades acerca da superficialidade das investigações e da sociais. Imprescindibilidade da implementação dos forma de encerramento dos trabalhos da CPI do projetos de revitalização e transposição das águas BANESTADO...... 57354 do Rio São Francisco. Recomposição do valor do FERNANDO FERRO (PT – PE) – Documen- salário mínimo. Reversão da escalada do desem- to elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento prego. Efetivo combate à corrupção administrativa. Agrário sobre a importância socioeconômica da Acerto da aprovação da reforma estrutural do Poder agricultura familiar. Repúdio aos latifúndios impro- Judiciário. Persistência de altos índices de crimi- dutivos no País...... 57354 nalidade. Desafio de superação do crônico déficit ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB habitacional. Deficiências dos setores de educação – SP) – Caráter falacioso de campanha sobre a su- e saúde pública. Votos de feliz Ano-Novo ao povo posta inocuidade do amianto crisotila...... 57355 brasileiro. Aprovação, pelo Congresso Nacional, de DR. HELENO (PP – RJ) – Perspectiva da ins- proposições essenciais à continuidade do desen- talação, no País, de sede do Centro Internacional volvimento socioeconômico do País...... 57361 para Cooperação Técnica sobre HIV/AIDS. Retros- DRA. CLAIR (PT – PR. Pela ordem.) – Con- pectiva de acontecimentos marcantes na vida do gratulações ao Presidente João Paulo Cunha e ao orador em 2004. Elogio ao Presidente e ao Vice- 1º Vice-Presidente Inocêncio Oliveira pela condu- Presidente da Mesa Diretora da Casa...... 57357 ção democrática dos trabalhos da Casa. Balanço da 57304 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 atuação parlamentar da oradora em 2004. Votos de Orçamento Geral da União no mês de julho. Protesto feliz Ano-Novo aos Parlamentares, aos funcionários contra a cassação, pela Justiça Eleitoral, do registro da Casa e à população brasileira...... 57366 da candidatura do Prefeito reeleito Décio Góes, de LUPÉRCIO RAMOS (PPS – AM) – Êxito da Criciúma, Estado de Santa Catarina. Votos de Feliz política econômica do Governo Federal. Constran- Ano Novo ao Deputado Inocêncio Oliveira...... 57375 gimento com a situação do Brasil no ranking da RONALDO VASCONCELLOS (PTB – MG. educação, segundo relatório divulgado pela UNES- Pela ordem.) – Saudações aos Deputados Inocên- CO. Oportunidade de convocação, pelo Presidente cio Oliveira e Nilson Mourão. Anúncio, pelo orador, Luiz Inácio Lula da Silva, dos Governos Estaduais de renúncia ao mandato parlamentar para posse e dos Municipais e da sociedade civil organizada no cargo de Vice-Prefeito de Belo Horizonte, Es- para cruzada nacional contra a violência urbana. tado de Minas Gerais. Expectativa de agilização Relação entre o baixo investimento em educação dos trabalhos da Casa. Regozijo com a instituição com o aumento do índice de violência. Potencia- do Dia do Bacharel em Turismo, por projeto de lei lidades da Amazônia e do Nordeste em favor do apresentado pelo orador. Apresentação de projeto crescimento sustentável da economia brasileira. de lei estabelecendo a profissão de turismólogo em Votos de próspero Ano-Novo aos Congressistas, lugar de bacharel em turismo. Conveniência de di- particularmente ao Deputado Inocêncio Oliveira, 1º minuição dos períodos de recesso parlamentar no Vice-Presidente da Mesa Diretora. Elogio à atuação Congresso Nacional...... 57376 do Deputado Gonzaga Mota à frente da Presidên- PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Agra- cia da Comissão de Desenvolvimento Econômico, decimento ao orador pelas referências elogiosas. Indústria e Comércio. Proposta de realização de se- Votos ao Deputado Ronaldo Vasconcellos de pro- minário sobre manejo florestal como possibilidade fícua gestão na Vice-Prefeitura de Belo Horizonte, econômica para os povos da floresta...... 57367 Estado de Minas Gerais...... 57376 WALTER PINHEIRO (PT – BA) – Inadequação JORGE GOMES (PSB – PE. Pela ordem.) – do debate do Orçamento Geral da União no período Outorga do Prêmio Fernando Figueira a instituições de festividades de fim de ano. Risco permanente destacadas no atendimento pediátrico humanizado de procrastinação na elaboração orçamentária pela e no estímulo ao aleitamento materno no Estado falta de quorum. Vulnerabilidade do processo de de Pernambuco. Felicitações às instituições premia- elaboração do Orçamento a interesses regionais e das, particularmente ao Instituto Materno Infantil corporativos e à corrupção. Debate sobre a aloca- de Pernambuco. Elogio aos integrantes da Mesa ção de recursos para revitalização e ampliação do Diretora da Casa. Votos de próspero Ano-Novo aos modal ferroviário no Estado da Bahia. Contemplação orçamentária do Município de Salvador. Importância Congressistas e aos funcionários...... 57377 da garantia da liberação de recursos previstos no NILSON MOURÃO (PT – AC) – Solidarie- Orçamento. Perspectiva de efetivação de programas dade aos países asiáticos atingidos por tsunamis de reforma agrária e fortalecimento da agricultura causadas por forte terremoto no leito oceânico. Ex- na Bahia. Aumento do número de administrações pectativa de ajuda brasileira às vítimas da tragédia municipais geridas pelo PT no Estado. Defesa da no sul da Ásia. Registro do pronunciamento do Mi- adoção do Orçamento impositivo...... 57369 nistro-Chefe da Casa Civil, José Dirceu, sobre as MAURO BENEVIDES (PMDB – CE. Pela or- realizações dos 2 primeiros anos do Governo Luiz dem.) – Empenho do Governador Lúcio Alcântara Inácio Lula da Silva. Votos de feliz Ano-Novo aos no incremento do setor de turismo no Estado do Parlamentares e funcionários da Casa...... 57377 Ceará...... 57373 REINALDO BETÃO (Bloco/PL – RJ. Pela or- VIEIRA REIS (PMDB – RJ. Pela ordem.) – Ma- dem.) – Balanço positivo dos trabalhos legislativos nifestação de votos de condolências às famílias das do Congresso Nacional em 2004. Expectativa de vítimas de maremoto ocorrido em países asiáticos. instalação no País do 1º Centro Internacional para Pedido a Chefes de Estado para auxílio às popula- Cooperação Técnica sobre HIV/AIDS, do programa ções atingidas...... 57374 UNAIDS, da ONU. Transcurso do 60º aniversário da REINALDO BETÃO (Bloco/PL – RJ. Pela Fundação Getúlio Vargas. Lançamento, pela insti- ordem.) – Atraso no pagamento de clínicas de he- tuição, do Índice de Preços por Atacado segundo modiálise pelo Ministério da Saúde. Homenagem Estágios de Processamento (IPA-EP)...... 57385 ao Coral dos Canarinhos de Petrópolis. Protesto ROBERTO MAGALHÃES (Sem Partido – PE. contra a rejeição da emenda orçamentária desti- Pela ordem.) – Agradecimento ao Deputado Inocên- nada à duplicação da BR-493, no Estado do Rio cio Oliveira pelas referências elogiosas ao orador, de Janeiro...... 57374 ao ensejo do retorno aos quadros do PFL...... 57385 MAURO PASSOS (PT, SC. Pela ordem.) – PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Rea- Conveniência do fim do recesso parlamentar no firmação do enaltecimento do Deputado Roberto mês de julho. Vantagens do início da elaboração do Magalhães...... 57386 Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57305

MIGUEL DE SOUZA (Bloco/PL – RO. Pela Liana Chaib na Presidência do Tribunal Regional do ordem.) – Expectativa de lançamento de licitação Trabalho do Estado do Piauí. Luta do orador pela para construção de rodovia de interligação do País instalação e fortalecimento da instituição...... 57391 com portos no Oceano Pacífico. Votos de feliz ano PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Aviso ao novo ao povo brasileiro...... 57386 Plenário sobre a transferência da sessão do Con- ANTÔNIO CARLOS BIFFI (PT – MS. Pela gresso Nacional destinada à votação de créditos ordem.) – Desempenho da bancada do Estado de suplementares e do Orçamento Geral da União Mato Grosso do Sul no Congresso Nacional. Luta para o dia 29 de dezembro de 2004, às 11h...... 57391 dos Parlamentares sul-mato-grossenses pela ga- Apresentação de proposições: CARLOS NA- rantia de recursos do Orçamento Geral da União DER, RONALDO VASCONCELLOS...... 57391 ao Estado. Contestação a declarações do Deputado VI – Comunicações Parlamentares Vander Loubet sobre suposta inércia da bancada (Não houve oradores.) do PT...... 57388 VII – Encerramento ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (PFL – BA. Pela ordem.) – Balanço das atividades COMISSÕES legislativas da Casa. Prejuízos contabilizados no 2 – ATAS desempenho da Casa decorrentes da abusiva edi- a) Comissão Especial destinada a “efetuar es- ção de medidas provisórias e da crise instalada na tudo em relação à matérias em tramitação na Casa, base de sustentação do Governo. Regozijo com cujo tema abranja o Sistema Tributário Nacional”: a aprovação de projeto de lei complementar, de *1ª Reunião, em 26-2-03 (Instalação e Eleição do autoria do orador, sobre a nova Lei de Falências. Presidente e dos Vice-Presidentes), * 2ª Reunião Preocupação com a possibilidade de prejuízos na (Ordinária), em 13-3-03, *3ª Reunião (Ordinária), pauta de votações do Congresso Nacional em 2005, em 20-3-03, *4ª Reunião (Audiência Pública), em pela proximidade das eleições majoritárias no País. 27-3-03, *5ª Reunião (Audiência Pública), 3-4-03, Urgente tramitação da reforma política...... 57389 6ª Reunião (Ordinária, em 10-4-03, *7ª Reunião WASNY DE ROURE (PT – DF. Pela ordem.) (Audiência Pública), em 15-4-03, *8ª Reunião (Or- – Votos de louvor à atuação dos Parlamentares in- dinária), em 24-4-03, * 9ª Reunião (Ordinária), em tegrantes da Comissão Mista de Planos, Orçamen- 8-5-03...... 57392 tos Públicos e Fiscalização. Elevação dos recursos *Atas com notas taquigráficas alocados para o Distrito Federal. Elogio à Mesa 3 – DESIGNAÇÕES Diretora da Casa pela celeridade na aprovação de projeto de lei concessivo de reajuste salarial dos a) Comissão de Finanças e Tributação, em servidores da Casa. Urgente votação da proposi- 28-12-04...... 57606 tura pelo Senado Federal...... 57390 SEÇÃO II HAMILTON CASARA (Bloco/PL – RO. Pela 4 – MESA ordem.) – Desafios da bancada do Estado de Ron- 5 – LÍDERES E VICE-LÍDERES dônia na Câmara dos Deputados, em especial na 6 – DEPUTADOS EM EXERCÍCIO garantia de condições para o desenvolvimento so- 7 – COMISSÕES cioeconômico do Estado. Saudação ao povo ron- doniense...... 57390 SUPLEMENTO PAES LANDIM (PTB – PI. Como Líder. Discurso Ato da Mesa nº 53/04, sairá publicado em retirado pelo orador para revisão.) – Posse da Juíza Suplemento a este Diário. 57306 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Ata da 10ª Sessão, da 4ª Sessão Legislativa Extraordinária, da 52ª Legislatura, em 28 de dezembro de 2004 Presidência dos Srs. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente; Carlos Nader, Reinaldo Betão, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno

I – ABERTURA DA SESSÃO Senhor Presidente, O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Ha- Com referência ao Oficio PS-GSE nº 1.710, de 6 vendo número regimental, declaro aberta a sessão. de dezembro de 2004 dessa Casa, comunico a Vossa Sob a proteção de Deus e em nome do povo Excelência que, nos termos do art. 62 da Constituição brasileiro iniciamos nossos trabalhos. Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucio- O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da nal nº 32, o Congresso Nacional aprovou e esta Presi- sessão anterior. dência promulgou a Lei nº 11.001, de 16 de dezembro II – LEITURA DA ATA de 2004, que “abre em favor dos Ministérios dos Trans- portes e da Integração Nacional crédito extraordinário O SR. GONZAGA PATRIOTA, 1º Suplente de no valor de R$60.000.000,00 para os fins que especi- Secretário, servindo como 2º Secretário, procede à fica”, cujas disposições foram adotadas pelo Excelen- leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem tíssimo Senhor Presidente da República como Medida observações, aprovada. º O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Pas- Provisória n 211, de 6 de setembro de 2004. sa-se à leitura do expediente. Em anexo, encaminho a Vossa Excelência o texto O SR. GONZAGA PATRIOTA, 1º Suplente de promulgado para arquivo nessa Casa. Secretário, servindo como 1º Secretário, procede à Atenciosamente, – Senador José Sarney, Presi- leitura do seguinte dente da Mesa do Congresso Nacional. III – EXPEDIENTE LEI Nº 11.001, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2004 Of. nº 939/2004-CN Abre em favor dos Ministérios dos Brasília, 15 de dezembro de 2004 Transportes e da Integração Nacional crédito extraordinário no valor de R$60.000.000.00 Exmo Sr. para os fins que especifica. Deputado João Paulo Cunha Presidente da Câmara dos Deputados Faço saber que o Presidente da República adotou º Senhor Presidente, a Medida Provisória n 211, de 2004, que o Congres- Comunico a V. Exa e, por seu alto intermédio, à so Nacional aprovou, e eu, José Sarney, Presidente Câmara dos Deputados, que foi autuado e lido, na ses- da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do são do Senado Federal realizada nesta data, o Aviso nº disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a re- 61, de 2004-CN (nº 2.307-GP-TCU/2004, na origem), dação dada pela Emenda Constitucional nº 32, com- do Presidente do Tribunal de Contas da União, e foi binado com o art. 12 da Resolução nº 1, de 2002-CN. encaminhado à Comissão Mista de Planos, Orçamen- promulgo a seguinte lei: tos Públicos e Fiscalização. Art. 1º Fica aberto em favor do Ministério dos Aproveito a oportunidade para renovar a V. Exa Transportes crédito extraordinário no valor de R$ protestos de estima e consideração. – Senador José 10.000.000,00 (dez milhões de reais) para atender à Sarney, Presidente do Senado Federal. programação constante, do Anexo I desta Lei. Publique-se. Arquive-se. Parágrafo único. Os recursos necessários à aber- Brasília, 28 de dezembro de 2004. – João tura do crédito de que trata o caput deste artigo de- Paulo Cunha, Presidente. corem de superávit financeiro apurado no Balanço Ofício nº 968 (CN) Patrimonial da União do exercício de 2003. Brasília, 21 de dezembro de 2004 Art. 2º Fica aberto crédito extraordinário em fa- vor do Ministério da Integração Nacional no valor de A Sua Excelência o Senhor R$50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais) para aten- Deputado João Paulo Cunha der à programação constante do Anexo II desta lei. Presidente da Câmara dos Deputados Parágrafo único. Os recursos necessários à aber- Assunto: Promulgação de Medida Provisória tura do crédito de que trata o caput deste artigo de- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57307 correm de anulação parcial de dotação orçamentária, Congresso Nacional, 16 de dezembro de 2004 conforme indicado no Anexo III desta lei. 183º da Independência e 116º da República. Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua Senador José Sarney, Presidente da Mesa do publicação. Congresso Nacional. 57308 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004

Oficio nº 970 (CN) LEI Nº 11.008, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2004

Brasília, 21 de dezembro de 2004 Dispõe sobre o reajustamento dos va- A Sua Excelência o Senhor lores dos soldos dos militares das Forças Deputado João Paulo Cunha Armadas, e dá outras providências. Presidente da Câmara dos Deputados Faço saber que o Presidente da República adotou Assunto: Promulgação de Medida Provisória a Medida Provisória nº 215, de 2004. que o Congres- Senhor Presidente, so Nacional aprovou, e eu, José Sarney, Presidente Com referência ao Oficio PS–GSE nº 1.714, de da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do 10 de dezembro de 2004, dessa Casa, comunico a disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a re-

Vossa Excelência que, nos termos do art. 62 da Cons- dação dada pela Emenda Constitucional nº 32, com- tituição Federal, com a redação dada pela Emenda binado com o art. 12 da Resolução nº 1, de 2002–CN, Constitucional nº 32, o Congresso Nacional aprovou promulgo a seguinte lei: e esta Presidência promulgou a Lei nº 11.008, de 17 Art. 1º Os valores dos soldos dos militares das de dezembro de 2004, que “dispõe sobre o reajusta- Forças Armadas, discriminados na Tabela 1 do Anexo mento dos valores dos soldos dos militares das Forças 1 da Medida Provisória nº 2.215-10, de 31 de agosto Armadas, e dá outras providências”, cujas disposições de 2001, passam a vigorar na forma da Tabela cons- foram adotadas pelo Excelentíssimo Senhor Presidente tante do Anexo desta Lei. da República como Medida Provisória nº 215, de 16 Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua de setembro de 2004. publicação, com efeitos financeiros a partir de 10 de Em anexo, encaminho a Vossa Excelência o texto setembro de 2004. promulgado para arquivo nessa Casa. Congresso Nacional, 17 de dezembro de 2004; Atenciosamente, 183º da Independência e 116ª da República. – Sena- Senador José Sarney, Presidente da Mesa do dor José Sarney, Presidente da Mesa do Congresso Congresso Nacional. Nacional Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57309 57310 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004

Publique-se. Arquive-se. Brasília, 28 de dezembro de 2004. – João Paulo Cunha, Presidente.

OF. Nº 975/2004–CN Brasília, 21 de dezembro de 2004. Exmo Sr. Deputado João Paulo Cunha Presidente da Câmara dos Deputados Senhor Presidente, O Senhor Presidente da República adotou, no dia 17 de dezembro de 2004, e publicou no dia 18 do mesmo mês e ano, a Medida Provisória nº 229, de 2004, que “Acresce parágrafos ao art. 10 da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, dá nova redação ao art. 3º da Lei nº 10.891, de 9 de julho de 2004, e prorroga os prazos previstos nos arts. 30 e 32 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003”. Nos termos do § 2º do art. 2º da Resolução nº 1, de 2002–CN, e da Resolução nº 2, de 2000–CN, fica constituída a Comissão Mista e estabelecido o calendário para a tramitação da matéria, conforme relação anexa. Aproveito a oportunidade para renovar a V. Exa protestos de elevada estima e distinta consideração. Senador José Sarney, Presidente do Senado Federal. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57311 *Designação feita nos termos da Resolução nº Publique-se. Arquive-se. 2, de 2000–CN. Em 28-12-2004. – João Paulo Cunha, De acordo com a Resolução nº 1, de 2002-CN, Presidente. fica estabelecido o seguinte calendário para a trami- Of. nº 976/2004–CN tação da matéria: Brasília, 21 de dezembro de 2004 – Publicação no DOU: 18-12-2004 (Ed. Extra) o – Designação da Comissão 21-12-2004 Exm Sr. – Instalação da Comissão: 22-12-2004 Deputado João Paulo Cunha – Emendas: até 15-2-2005 (7º dia da publica- Presidente da Câmara dos Deputados ção) Senhor Presidente, – Prazo final na Comissão: 18-12-2004 a 22-2- Comunico a V. Exª e, por seu alto intermédio, à 20O5 (14º dia) Câmara dos Deputados, que terminou no dia 20 do cor- – Remessa do processo à CD: 22-2-2005 rente o prazo, sem interposição de recurso, para que o – Prazo na CD: de 23-2-2005 a 8-3-2005 (l5º ao Projeto de Decreto Legislativo nº 14, de 2004-CN, seja 28º dia) apreciado pelo Plenário do Congresso Nacional. – Recebimento previsto no SF: 8-3-2005 Informo, ainda, que o Projeto vai à promulgação. – Prazo no SF: de 9-3-2005 a 22-3-2005 (42º Aproveito a oportunidade para renovar a V. Exª dia) protestos de estima e consideração. – Se modificado, devolução à CD: 22-3-2005 Senador José Sarney, Presidente do Senado Federal. – Prazo para apreciação das modificações do SF, pela CD: de 23-3-2005 a 25-3-2005 (43º ao 45º dia) Publique-se. – Regime de urgência, obstruindo a pauta a partir Em 28-12-2004. – João Paulo Cunha, de: 26-3-2005 (46º dia) Presidente. – Prazo final no Congresso: 9-4-2005 (60 dias) Ofício nº 979 (CN) O Senhor Presidente da República adotou em 17 Brasília, 21 de dezembro de 2004 de dezembro de 2004, e publicou em 18 do mesmo mês e ano, a Medida Provisória nº 229, de 2004, que A Sua Excelência o Senhor Deputado João Paulo Cunha “Acresce parágrafos ao art. 10 da Lei nº 9.615, de 24 Presidente da Câmara dos Deputados de março de 1998, dá nova redação ao art. 3º da Lei Assunto: Promulgação de Medida Provisória nº 10.891, de 9 de julho de 2004, e prorroga os prazos previstos nos arts. 30 e 32 da Lei nº 10.826, de 22 de Senhor Presidente, dezembro de 2003”. Com referência ao Ofício OS–GSE nº 1.718, de 10 De acordo com as indicações das lideranças, e de dezembro de 2004, dessa Casa, comunico a Vossa nos termos da Resolução nº 1, de 2002-CN, art. 2º e Excelência que, nos termos do art. 62 da Constituição seus parágrafos, fica assim constituída a Comissão Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional Mista incumbida de emitir parecer sobre a matéria: nº 32, o Congresso Nacional aprovou e esta Presidência promulgou a Lei nº 11.029, de 21 de dezembro de 2004, que “autoriza a União a fornecer equipamentos e auxílio técnico aos países africanos no combate à praga de ga- fanhotos”, cujas disposições foram adotadas pelo Exce- lentíssimo Senhor Presidente da República como Medida Provisória nº 218, de 27 de setembro de 2004. Em anexo, encaminho a Vossa Excelência o texto promulgado para arquivo nessa Casa. Atenciosamente, – José Sarney, Presidente da Mesa do Congresso Nacional. LEI Nº 11.029, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2004 Autoriza a União a fornecer equipa- mentos e auxílio técnico aos países africa- nos, no combate à praga de gafanhotos. Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida Provisória nº 218, de 2004, que o Congres- so Nacional aprovou, e eu, José Sarney, Presidente da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a re- 57312 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 dação dada pela Emenda Constitucional nº 32, com- Ofício nº 990 (CN) binado com o art. 12 da Resolução nº 1, de 2002–CN, Brasília, 22 de dezembro de 2004. promulgo a seguinte lei: Art. 1º Fica a União autorizada a fornecer equi- A Sua Excelência o Senhor pamentos e auxílio técnico aos países africanos no Deputado João Paulo Cunha combate à praga de gafanhotos que vem ocorrendo Presidente da Câmara dos Deputados no ano de 2004. Assunto: Promulgação de Medida Provisória § 1º O disposto no caput deste artigo inclui a do- ação à República do Senegal de aeronave destinada Senhor Presidente, à aplicação aérea de inseticidas. Com referência ao Ofício PS–GSE nº 1.768, de § 2º A doação prevista no § lº deste artigo será 14 de dezembro de 2004, dessa Casa, comunico a efetivada mediante termo lavrado perante a autorida- Vossa Excelência que, nos termos do art. 62 da Cons- de competente do Ministério da Agricultura, Pecuária tituição Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, o Congresso Nacional aprovou e Abastecimento. 11.034 Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua e esta Presidência promulgou a Lei nº de 22 de dezembro de 2004, que “altera dispositivos da Lei publicação. Congresso Nacional, 21 de dezembro de 2004. nº 9.657, de 3 de junho de 1998, que cria, no âmbito das Forças Armadas, a Carreira de Tecnologia Mili- – 183º da Independência e 116º da República – Sena- tar, a Gratificação de Desempenho de Atividade de dor José Sarney, Presidente da Mesa do Congresso Tecnologia Militar e os cargos que menciona; da Lei Nacional. nº 10.551, de 13 de novembro de 2002, que dispõe Publique-se. Arquive-se. sobre a criação da Gratificação de Desempenho de Em 28-12-2004. – João Paulo Cunha, Atividade de Controle e Segurança de Tráfego Aéreo Presidente. – GDASA e da Gratificação Especial de Controle do Ofício nº 981 (CN) Tráfego Aéreo – GECTA; e da Lei nº 10.910, de 15 de julho de 2004, que reestrutura a remuneração dos Brasília, 21 de dezembro de 2004 cargos das Carreiras de Auditoria da Receita Federal, A Sua Excelência o Senhor Auditoria-Fiscal da Previdência Social, Auditoria-Fiscal Deputado João Paulo Cunha do Trabalho, altera o pró-labore, devido aos ocupan- Presidente da Câmara dos Deputados tes dos cargos efetivos da carreira de Procurador da Assunto: Projeto de Lei de Conversão à sanção. Fazenda Nacional, e a Gratificação de Desempenho de Atividade Jurídica – GDAJ, devida aos ocupantes Senhor Presidente, dos cargos efetivos das Carreiras de Advogados da Comunico a Vossa Excelência que, para os fins União, de Procuradores Federais de Procuradores do do disposto no art. 13 da Resolução nº 1, de 2002–CN, Banco Central do Brasil, de Defensores Públicos da foi encaminhado ao Excelentíssimo Senhor Presiden- União e aos integrantes dos quadros suplementares de te da República o Projeto de Lei de Conversão nº 61, que trata o art. 46 da Medida Provisória nº 2.229 – 43, de 2004, aprovado pelo Senado Federal, em sessão de 6 de setembro de 2001, e dá outras providências”, realizada no dia 20 de dezembro do corrente ano, que cuja as disposições foram adotadas pelo Excelentís- “dispõe sobre a criação do Plano de Carreira dos Car- simo Senhor Presidente da República como Medida gos de Reforma e Desenvolvimento Agrário do Instituto Provisória nº 224, de 21 de outubro de 2004. Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA e Em anexo, encaminho a Vossa Excelência o texto a criação da Gratificação de Desempenho de Atividade promulgado para arquivo nessa Casa. de Reforma Agrária – GDARA; altera as Leis nos 10.550, Atenciosamente, – Senador José Sarney, Pre- de 13 de novembro de 2002, e 10.484, de 3 de julho sidente da Mesa do Congresso Nacional. de 2002; reestrutura os cargos efetivos de Agente de

Inspeção Sanitária e Industrial de Produtos de Origem LEI Nº 11.034, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2004 Animal e de Agente de Atividades Agropecuárias do Altera dispositivos da Lei nº 9.657, de Quadro de Pessoal do Ministério da Agricultura, Pe- 3 de junho de 1998, que cria, no âmbito das cuária e Abastecimento e reajusta as parcelas remu- Forças Armadas, a Carreira de Tecnologia neratórias que lhe são devidas; institui a Gratificação Militar, a Gratificação de Desempenho de Específica de Publicação e Divulgação da Imprensa Atividade de Tecnologia Militar e os cargos Nacional – GEPDIN; e dá outras providências.” que menciona; da Lei nº 10.551, de 13 de Atenciosamente, – Senador José Sarney, Pre- novembro de 2002, que dispõe sobre a cria- sidente do Senado Federal ção da Gratificação de Desempenho de Ati- Publique-se. Arquive-se. vidade de Controle e Segurança de Tráfego Em 28-12-2004. – João Paulo Cunha, Aéreo – GDASA e da Gratificação Especial Presidente. de Controle do Tráfego Aéreo – GECTA; e Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57313 da Lei nº 10.910, de 15 de julho de 2004, que a contar da data de publicação desta lei, sobre nova reestrutura a remuneração dos cargos das disciplina para a aferição de avaliação de desempe- Carreiras de Auditoria da Receita Federal, nho individual e institucional para fins de pagamento Auditoria-Fiscal da Previdência Social, Audi- da GDASA. toria-Fiscal do Trabalho, altera o pró-labore, Art. 4º O inciso II do art. 6º da Lei nº 10.551, de devido aos ocupantes dos cargos efetivos 13 de novembro de 2002, passa a vigorar com a se- da carreira de Procurador da Fazenda Na- guinte redação: cional, e a Gratificação de Desempenho de “Art. 6º ...... Atividade Jurídica – GDAJ, devida aos ocu- II – o valor correspondente a 21 (vinte pantes dos cargos efetivos das Carreiras e um) pontos, quando percebida por período de Advogados da União, de Procuradores inferior a 60 (sessenta) meses. Federais, de Procuradores do Banco Cen- ...... “(NR) tral do Brasil, de Defensores Públicos da União e aos integrantes dos quadros suple- Art. 5º O inciso I do art. 7º e o art. 14 da Lei nº mentares de que trata o art. 46 da Medida 10.910, de 15 de julho de 2004. passam a vigorar com Provisória nº 2.229 – 43, de 6 de setembro a seguinte redação: de 2001, e dá outras providências. ‘Art. 7º ...... Faço saber que o Presidente da República adotou I – até 30% (trinta por cento), em decor- a Medida Provisória nº 224, de 2004, que o Congres- rência dos resultados da avaliação de desem- so Nacional aprovou, e eu, José Sarney, Presidente penho individual do servidor; da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do ...... “(NR) disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a re- “Art. 14. Nos meses de agosto e setem- dação dada pela Emenda Constitucional nº 32, com- bro de 2004 poderão ser antecipados, em cada binado com o art. 12 da Resolução nº 1, de 2002–CN, mês, até 50% (cinqüenta por cento) do valor promulgo a seguinte lei: máximo da Gifa e das parcelas do pró-labore Art. 1º A partir de 10 de maio de 2004, os per- e da GDAJ referidas, respectivamente, no art. centuais para cálculo da Gratificação de Desempenho 4º, no inciso II do caput do art. 5º e no inciso II de Atividade de Tecnologia Militar – GDATM, de que do caput do art. 7º desta Lei, dispensada, para trata o Anexo da Lei nº 9.657, de 3 de junho de 1998, os referidos meses, a avaliação do resultado passam a vigorar de acordo com os valores constan- institucional de desempenho, observando-se, tes do Anexo 1 desta Lei. nesses casos: Art. 2º A partir de 1º de maio de 2004, os valores I – a existência de disponibilidade or- do ponto da Gratificação de Desempenho de Atividade çamentária e financeira para a realização da de Controle e Segurança de Tráfego Aéreo – GDASA, º despesa; e estabelecidos no Anexo II da Lei n 10.551, de 13 de II – a compensação da antecipação con- novembro de 2002, passam a ser os constantes do cedida nos pagamentos das referidas gratifica- Anexo II desta lei. ções dentro do mesmo exercício financeiro. Art. 3º Até que seja instituída nova disciplina para § 1º Na impossibilidade da compensação a aferição de avaliação de desempenho individual e integral da antecipação concedida na forma do institucional e concluídos os efeitos vigentes do últi- inciso II do caput deste artigo, o saldo rema- mo ciclo de avaliação, a GDASA será paga no valor nescente deverá ser compensado nos valores equivalente a 70 (setenta) pontos aos servidores ati- devidos em cada mês no exercício financeiro vos alcançados pelo art. 10 da Lei nº 10.551, de 13 seguinte, até a quitação do resíduo. de novembro de 2002, respeitados os níveis do cargo § 2º No período de outubro de 2004 a efetivo e os respectivos valores unitários do ponto, fi- março de 2005 ou até que seja processada a xados no Anexo II desta lei. primeira avaliação de resultado institucional de § 1º O pagamento da GDASA na forma estabe- desempenho, se anterior ao último mês deste lecida no caput deste artigo dar-se-á com efeitos re- período, a parcela da GDAJ de que trata o in- troativos a 1º de maio de 2004 para os servidores que ciso II do caput do art. 7º desta lei será paga tenham obtido resultado inferior a 70 (setenta) pontos de acordo com o valor máximo fixado, mês a na avaliação vigente naquela data. mês, para pagamento da parcela do pró-la- § 2º Aplica-se o disposto neste artigo aos servi- bore referida no inciso II do caput do art. 5º dores ativos alcançados pelo art. 1º da Lei nº 10.551, desta lei.”(NR) de 13 de novembro de 2002, ocupantes de cargos em comissão. Art. 60 O inciso II do art. 9º da Lei nº 10.550, de § 3º O Poder Executivo disporá, em regulamen- 13 de novembro de 2002, passa a vigorar com a se- to a ser editado no prazo de 120 (cento e vinte) dias guinte redação: 57314 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 “Art.9º ...... to á remuneração, o disposto nos arts. 32, 33 e 35 da ...... mesma medida provisória. II – o valor correspondente a 30 (trinta) Parágrafo único. A vantagem pessoal nominal- pontos, quando percebida por período inferior mente identificada a que se refere o art. 36 da Medida a 60 (sessenta) meses. Provisória nº 216, de 23 de setembro de 2004, não será ...... “(NR) devida ao servidor que retome ao Quadro de Pessoal Art. 7º Os servidores integrantes do Plano de da Imprensa Nacional a partir da data de exercício da Carreira dos Cargos de Reforma e Desenvolvimento opção referida no caput deste artigo. Agrário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Art. 9º Para fins do disposto no caput e nos §§ Agrária – INCRA, a que se refere o art. 18 da Medida 1º e 2º do art. 38 da Medida Provisória nº 216, de 23 Provisória nº 216, de 23 de setembro de 2004, quando de setembro de 2004, não se considera redução de cedidos para o Ministério do Desenvolvimento Agrário remuneração a renúncia às parcelas de valores incor- farão jus à Gratificação de Desempenho de Atividade porados à remuneração, na forma prevista no § 2º do de Reforma Agrária – GDARA, calculada como se es- art. 32 da mesma medida provisória. tivessem em exercício no Incra. Art. 10. Esta lei entra em vigor na data de sua Art. 8º Os servidores redistribuídos do Quadro publicação, com efeitos financeiros a partir de 1º de de Pessoal da Imprensa Nacional que, no interesse da Administração, retornarem para o mesmo quadro maio de 2004 para os arts. 1º, 2º, 3º e 4º e a partir de mediante processo administrativo de redistribuição 1º de agosto de 2004 para os arts. 6º e 7º. iniciado a partir de 25 de setembro de 2004 poderão Art. 11. Revoga-se o § lº do art. 41 da Medida exercer a opção de que trata o § 1º do art. 32 da Me- Provisória nº 2.229 – 43. de 6 de setembro de 2001. dida Provisória nº 216, de 23 de setembro de 2004, Congresso Nacional, 22 de dezembro de 2004. – 183º no prazo de 60 (sessenta) dias a partir da data de pu- da Independência e 116º da República. – Senador José blicação do ato de redistribuição, aplicando-se, quan- Sarney, Presidente da Mesa do Congresso Nacional. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57315 Oficio nº 992 (CN) Ofício nº 996 (CN) Brasília, 23 de dezembro de 2004 Brasília, 23 de dezembro de 2004 A Sua Excelência o Senhor A Sua Excelência o Senhor Deputado João Paulo Cunha Deputado João Paulo Cunha Presidente da Câmara dos Deputados Presidente da Câmara dos Deputados Assunto: Projeto de Lei de Conversão à sanção. Assunto: Projeto de Lei de Conversão à sanção. Senhor Presidente, Senhor Presidente, Comunico a Vossa Excelência que, para os fins Comunico a Vossa Excelência que, para os fins do disposto no art. 13 da Resolução nº 1, de 2002-CN, do disposto no art. 13 da Resolução nº 1, de 2002-CN, foi encaminhado ao Excelentíssimo Senhor Presidente foi encaminhado ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República o Projeto de Lei de Conversão nº 63, de da República o Projeto de Lei de Conversão nº 65, de 2004, aprovado pelo Senado Federal, com emenda de 2004, aprovado pelo Senado Federal, com emendas de redação, em sessão realizada no dia 21 de dezembro redação, em sessão realizada no dia 21 de dezembro do corrente ano, que “dispõe sobre o desconto de cré- do corrente ano, que “dispõe sobre o Certificado de dito na apuração da Contribuição Social sobre o Lucro Depósito Agropecuário – CDA, o Warrant Agropecuário Líquido – CSLL e da Contribuição para o PIS/Pasep e – WA, o Certificado de Direitos Creditórios do Agronegó- Cofins não cumulativas e dá outras providências.” cio – CDCA, a Letra de Crédito do Agronegócio – LCA Atenciosamente, – Senador Eduardo Siqueira e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio – CRA, os Campos, Segundo Vice-Presidente do Senado Federal, dá nova redação a dispositivos das Leis n 9.973, de no exercício da Presidência. 29 de maio de 2000, que dispõe sobre o sistema de armazenagem dos produtos agropecuários, 8.427, de Publique-se. Arquive-se 27 de maio de 1992, que dispõe sobre a concessão de Em 28-12-2004. – João Paulo Cunha, subvenção econômica nas operações de crédito rural, Presidente. 8.929, de 22 de agosto de 1994, que institui a Cédula Oficio nº 994 (CN) de Produto Rural – CPR, 9.514, de 20 de novembro de 1997, que dispõe sobre o Sistema de Financiamento Brasília, em 23 de dezembro de 2004 Imobiliário e institui a alienação fiduciária de coisa A Sua Excelência o Senhor imóvel, e altera a Taxa de Fiscalização de que trata a Deputado João Paulo Cunha Lei nº 7.940, de 20 de dezembro de 1989, e dá outras Presidente da Câmara dos Deputados providências.” Assunto: Projeto de Lei de Conversão à sanção. Atenciosamente, – Senador Eduardo Siqueira Campos Segundo Vice-Presidente do Senado Federal, Senhor Presidente, no exercício da Presidência. Comunico a Vossa Excelência que, para os fins Publique-se. Arquive-se. do disposto no art. 13 da Resolução nº 1, de 2002-CN, Em 28-12-2004. – João Paulo Cunha, foi encaminhado ao Excelentíssimo Senhor Presiden- Presidente. te da República o Projeto de Lei de Conversão nº 64, de 2004, aprovado pelo Senado Federal, em sessão Ofício nº 998 (CN) realizada no dia 21 de dezembro do corrente ano, que Brasília, 23 de dezembro de 2004 “dispõe sobre a criação de cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS, A Sua Excelência o Senhor no âmbito do Poder Executivo Federal, e dá nova re- Deputado João Paulo Cunha dação a dispositivos das Leis nos 10.438, de 26 de abril Presidente da Câmara dos Deputados de 2002, 10.683, de 28 de maio de 2003 e 10.848, de Assunto: Projeto de Lei de Conversão à sanção. 15 de março de 2004.” Senhor Presidente, Atenciosamente, – Senador Eduardo Siqueira Comunico a Vossa Excelência que, para os fins Segundo Vice-Presidente do Senado Federal, Campos, do disposto no art. 13 da Resolução nº 1, de 2002-CN, no exercido da Presidência. foi encaminhado ao Excelentíssimo Senhor Presidente Publique-se. Arquive-se. da República o Projeto de Lei de Conversão nº 67, Em 28-12-2004. – João Paulo Cunha, de 2004, aprovado pelo Senado Federal, com emen- Presidente. das de redação, em sessão realizada no dia 21 de 57316 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 dezembro do corrente ano, que “estabelece normas serviço de radiodifusão comunitária na cidade de Ibi- para o plantio e comercialização da produção de soja coara, Estado da Bahia. geneticamente modificada da safra de 2005, altera a Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá out- data de sua publicação. ras providências.” Senado Federal, 16 de agosto de 2004. – Senador Atenciosamente, – Senador Eduardo Siquei- José Sarney, Presidente do Senado Federal. ra Campos, Segundo Vice-Presidente do Senado Publique-se. Arquive-se. Federal,no exercício da Presidência. Brasília, 28 de dezembro de 2004. – João Publique-se. Arquive-se. Paulo Cunha, Presidente. Em 28-12- 2004. – João Paulo Cunha, Ofício nº 2.501 (SF) Presidente. Brasília, 10 de dezembro de 2004 Ofício nº 2.499 (SF) A Sua Excelência o Senhor Brasília, 10 de dezembro de 2004 Deputado Geddel Vieira Lima A Sua Excelência o Senhor Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados Deputado Geddel Vieira Lima Assunto: Remessa de autógrafo de Decreto Legislativo. Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados Senhor Primeiro-Secretário, Assunto: Remessa de autógrafo de Decreto Legislativo. Encaminho a Vossa Excelência, em substituição Senhor Primeiro-Secretário, ao ofício SF nº 1.605 de 26 de agosto de 2004, por ter Encaminho a Vossa Excelência, em substituição saído com incorreção, referente ao Decreto Legislativo ao ofício SF nº 1.375 de 20 de agosto de 2004, por ter nº 637, de 2004, promulgado pelo Senhor Presidente saído com incorreção, referente ao Decreto Legislativo do Senado Federal, que “aprova o ato que renova a nº 471, de 2004, promulgado pelo Senhor Presidente permissão outorgada à Rádio Clube de Tupã Ltda., do Senado Federal, que “aprova o ato que autoriza a para explorar serviço de radiodifusão sonora em onda Associação Comunitária e Assistencial de Ibicoara- média na cidade de Tupã, Estado de São Paulo.” BA a executar serviço de radiodifusão comunitária na Refere-se esse ato ao Projeto de Decreto Legis- cidade de Ibicoara, Estado da Bahia.” lativo nº 234, de 2003, originário da Câmara dos Dep- Refere-se esse ato ao Projeto de Decreto Legislativo utados e aprovado em revisão, pelo Senado Federal, onde tomou o nº 484, de 2004. nº 2.629, de 2002, originário da Câmara dos Deputados Atenciosamente, Senador Alberto Silva, Segun- e aprovado em revisão, pelo Senado Federal, onde to- do-Secretário, no exercício da Primeira Secretaria. mou o nº 220, de 2004. Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, Atenciosamente, Senador Alberto Silva, Segun- e eu, José Sarney, Presidente do Senado Federal, nos do-Secretário, no exercício da Primeira-Secretaria. temos do art. 48, inciso XXVIII, do Regimento Interno, Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, e promulgo o seguinte eu, José Sarney, Presidente do Senado Federal, nos termos do art. 48, inciso XXVIII, do Regimento Interno, DECRETO LEGISLATIVO promulgo o seguinte Nº 637, DE 2004 DECRETO LEGISLATIVO Aprova o ato que renova a permissão Nº 471, DE 2004 outorgada à Rádio Clube de Tupã Ltda., para explorar serviço de radiodifusão sonora Aprova o ato que autoriza a Associa- em onda média na cidade de Tupã, Estado ção Comunitária e Assistencial de Ibico- de São Paulo. ara-BA a executar serviço de radiodifusão O Congresso Nacional decreta: comunitária na cidade de Ibicoara, Estado Art. 1º Fica aprovado o ato a que se refere a da Bahia. Portaria nº 419, de 31 de julho de 2000, que renova, O Congresso Nacional decreta: a partir de 1º de novembro de 1993, a permissão out- Art. 1º Fica aprovado o ato a que se refere a Por- orgada à Rádio Clube de Tupã Ltda. para explorar, por taria nº 659, de 30 de abril de 2002, que autoriza a As- 10 (dez) anos, sem direito de exclusividade, serviço sociação Comunitária e Assistencial de Ibicoara-BA a de radiodifusão sonora em onda média na cidade de executar, por dez anos, sem direito de exclusividade, Tupã, Estado de São Paulo. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57317 Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na Oficio nº 187/2004 data de sua publicação. Brasília, 6 de dezembro de 2004 Senado Federal, em 20 de agosto de 2004. – Se- nador José Sarney, Presidente do Senado Federal. Ao Excelentissimo Senhor Publique-se. Arquive-se. Mozart Viatina de Paiva Em 28-12-2004. – João Paulo Cunha, Secretário Geral da Mesa Presidente. Nesta Oficio nº 2541 (SF) Excelentíssimo Senhor Presidente, Brasília, em 23 de dezembro de 2004 Ao cumprimentá-lo cordialmente, encaminho para Vosso conhecimento o Relatório da viagem em Missão A Sua Excelência o Senhor Oficial ao Líbano, ocorrido de 19 a 21 de novembro Deputado Geddel Vieira Lima do corrente ano, conforme determina o ato da mesa Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados nº 35/03. Assunto: Comunicação de remessa de matéria à san- Sendo o que requer o momento, despeço-me. ção. Respeitosamente. – Jamil Murad, Deputado Fe- deral PCdoB – SP. Senhor Primeiro-Secretario, Comunico a Vossa Excelência que, aprovado com Seminário “Iniciativas Internacionais para a Apro- emenda de redação pelo Senado Federal, em revisão, ximação entre a Esquerda Euro-mediterrânea e o foi encaminhado ao Excelentíssimo Senhor Presiden- Oriente Médio” te da República, para os fins constantes do art. 66 da Data: 19 a 21 de novembro de 2004

Constituição Federal, o Projeto de Lei da Câmara nº Local: Anfiteatro do Salinas Hotel – Tripoli – Líbano

96, de 2004 (PL nº 4.321, de 2004, nessa Casa), que Organização: Partido Comunista Libanês “antecipa parcela constante do Anexo III-B, da Lei nº 10.476, de 27 de junho de 2002, que trata da remu- – Participaram do encontro delegações de partidos neração dos integrantes das Carreiras de Analista e comunistas, socialistas e de esquerda dos seguintes Técnico do Ministério Público da União.” países e regiões: Líbano, França. Itália, Portugal, Es- Atenciosamente,Senador Mão Santa, no exercí- panha, Alemanha, Inglaterra, Grécia, Suécia, Marrocos, cio da Primeira-Secretaria. Federação Russa, Sudão, Venezuela, Brasil, Cuba, Jordânia, Síria, Egito, Palestina, Bahain, Catalunha, Publique-se. Arquive-se. China e Marrocos, além do Comitê Mundial Pela Paz Em 28-12-2004. – João Paulo Cunha, e do Parlamento Europeu. Presidente. – A programação diária consistiu em atividades Of. nº 138/04 em tempo integral, com intensas discussões sobre o Brasilia, 15 de dezembro de 2004 quadro político mundial e a situação do Oriente Médio A Sua Excelência o Senhor – onde pudemos constatar que a maioria dos partici- Deputado João Paulo Cunha pantes compartilham de opiniões semelhantes. Presidente da Câmara dos Deputados Com relação à situação política internacional: Nesta – Os Estados Unidos foram identificados como potência hegemônica mundial, que passaram a tomar Senhor Presidente, decisões unilaterais e ignorando os interesses dos out- Cumprimentando Vossa Excelência, venho in- ros países. Eles também criaram uma estratégia de se- formar-lhe que estou renunciando ao mandato de gurança nacional, agindo unilateralmente e de maneira Presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Co- agressiva, em nome da luta contra o terrorismo. municação e Informática da Câmara dos Deputados, Para colocar em prática esta doutrina, os Estados a partir de 15 de dezembro de 2004. Unidos constroem planos e projetos para várias regiões Informo ainda que a minha renúncia deve-se a do mundo – inclusive para o Oriente Médio, objeto de minha posse no dia 01 de janeiro de 2005, na Vice- discussão do encontro. Para esta região foi criado o Prefeitura do Município de São Paulo. projeto do “Grande Oriente Médio”, que é uma maneira Atenciosamente, Gilberto Kassab, (PFL/SP). de implementar a estratégia de segurança nacional Publique-se. norte-americana contra o terrorismo. De acordo com Em 28-12-2004. – João Paulo Cunha, este plano, os regimes políticos, econômicos e sócio- Presidente. culturais da região serão bastante reorganizados. 57318 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 – Chegou-se à conclusão de que, com estas me- – Os participantes do encontro também respon- didas, os Estados Unidos tentam recolonizar o mundo deram de maneira afirmativa ao chamado para a par- – inclusive com a ocupação militar em alguns países, ticipação no Fórum Social Mundial que acontecerá em como é o caso do Iraque e do apoio irrestrito à ocupação Porto Alegre, em janeiro de 2005, além da mobilização israelense nos territórios palestinos, além da recente de parlamentares dos países árabes para o Fórum de interferência na política interna do Líbano. Parlamentares Árabes e Parlamentares dos Países da – A política de segurança nacional dos Estados América do Sul que será realizado no mesmo período Unidos levou este país a formular um projeto que des- que o respectivo encontro de chefes de Estado destes respeita os interesses nacionais dos países e dos po- países. vos do mundo, particularmente os árabes. As forças – Vale destacar que o encontro foi realizado na ocasião das comemorações pelos 80 anos do Partido progressistas presentes ao encontro são contra as Comunista Libanês. As atividades aconteciam em tempo mudanças de cunho político, econômico e sócio-cul- integral e, ao final de cada dia, os delegados partici- tural impostas pelos Estados Unidos com a desculpa pavam de eventos políticos e culturais nas cidades de de combater o terror e defender a democracia. Trípoli e Beirute. – O encontro procurou amadurecer pontos de – Depois de 115 anos o Brasil enviou, pela primei- vista em comum contra a ocupação do fraque e da ra vez, o seu presidente a um país árabe com o intuito Palestina, defendendo a cooperação entre as forças de aproximar os dois povos, dentro de uma política de políticas e sociais pela paz, a independência, a au- cooperação e proveito mútuo. Estamos certos de que todeterminação dos povos, o progresso dos países nossa participação neste seminário contribuiu para árabes, o Estado Palestino Independente com capital aprofundar estes laços e levar adiante a política do gov- em Jerusalém, o direito do retomo dos palestinos hoje erno brasileiro de somar esforços para que as nações, exilados e a desocupação do Iraque, com a garantia a por meio da ONU, alcancem a paz e o progresso. seu povo do direito de construir, de maneira unificada, Atenciosamente. – Deputado Federal Jamil um Iraque independente e democrático. Murad, PcdoB – SP.

Publique-se, nos termos do Ato da Mesa nº 35/03. Em 28 de dezembro de 2004. – João Paulo Cunha, Presidente. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57319 GAB-MH/909 Ofício Nº 248 ABERTURA: Brasília, 8 de dezembro de 2004 Engenheiro Edison Brisen, Ministro do Turismo e Transporte de Aruba após os cumprimentos e votos Ao Senhor de boas vindas, o ministro apresentou um panorama Mozart Viana de Paiva das atividades turísticas de seu país. Secretário Geral da Mesa da Câmara dos Depu- PAUTA: tados • TEMA 1: Turismo em Aruba, Turismo de Cruzeiros: Senhor Secretário, impacto econômico e ambiental Tendo em vista a minha participação na Segunda • TEMA 2: Turismo sustentável: avaliação dos acordos Reunião da Comissão de Meio Ambiente e Turismo do e Declarações de Quebec, de Galápagos e do Parlamento Latino Americano, à qual compareci em Rio Amazonas. viagem oficial à Aruba, e em cumprimento às normas Apresentação das ações realizadas nesse aspec- da Casa encaminho o relatório das atividades nessa to, por países. Papel do Parlamento Latino-americano desenvolvidas. no cumprimento dos objetivos contemplados nos do- Atenciosamente, Maria Helena, Deputada Fe- cumentos acima descritos. deral PPS/RR. • TEMA 3: Organismos Geneticamente Modificados. RELATÓRIO DA VIAGEM OFICIAL POR OCASIÃO • TEMA 4: Avaliação do Cumprimento das decisões DA II REUNIÃO DA COMISSÃO DE e compromissos da Cúpula de Johannesburgo MEIO AMBIENTE E TURISMO DO PARLAMENTO e dos Acordos constantes da Declaração de LATINO AMERICANO Montevidéu. Apresentação de informes por países. DEPUTADA MARIA HELENA • TEMA 5: Propostas de Planos de Trabalho da Comis- são para o ano de 2005 a serem apresentadas Local de Realização: Oranjestad, Aruba na Reunião de Diretorias de Comissões, em São Período: 18 – 19 de novembro de 2004 Paulo, Brasil, em 9 de dezembro de 2004: Na ausência do Presidente da Comissão, Depu- Temas relacionados com o Meio Ambiente. tado Raúl René Robles Ávila (Guatemala) e do Primei- Temas relacionados com o Turismo. ro Vice-presidente, Senador William Marlin (Antilhas) • TEMA 6: Definição de data e local da próxima reu- a Presidência da Reunião foi assumida pelo Segundo nião. Vice-presidente, Deputado Adolfo Taylhardat (Vene- ABORDAGENS RELEVANTES REGISTRADAS zuela). DURANTE A REUNIÃO

• TEMA 1: Turismo em Aruba, Turismo de Cruzeiros: impacto econômico e ambiental. Conferencistas: Professora Mírna Hansen, Diretora de Turismo de Aruba e Professor Marion Arends, Diretor da Secretaria de Turismo Latino-americano de Aruba. Os conferencistas apresentaram diversos aspec- tos das atividades turísticas de Aruba, bem como acer- ca das principais atribuições dos órgãos que dirigem. Enfatizaram a importância da indústria do turismo para Aruba, demonstradas por meio de cifras e dados esta- tísticos, que representam essa atividade como fonte de emprego e renda para a economia daquele pais. Um segundo conferencista, o Biólogo Marino Byron Boekhoudt, fez uma exposição aprofundada acerca dos aspectos relacionados com o impacto am- biental, sob o vetor da atividade turística em Aruba. Foi aberto, então, um intenso debate sobre os temas enfocados. Principais pontos levantados na discussão: 57320 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 • necessidade de assegurar um equilíbrio entre a ticamente Modificados, e Deputado Adolfo Taylhardat exploração do turismo, como setor da maior importância que discorreu sobre o tema Uso Seguro e Sustentável para o desenvolvimento econômico e social; da Biotecnologia: o papel do Centro Internacional de • necessidade de assegurar a proteção do meio Engenharia Genética e Biotecnologia (CIIGB) e a ges- ambiente, particularmente nos ecossistemas frágeis e tão dos organismos geneticamente modificados. delicados como o do ambiente marinho; A Comissão apreciou uma proposta do Deputado • importância do turismo para divulgação do pa- Roberto Freire de que se proponha às autoridades do trimônio natural e cultural da localidade; Parlatino a realização de uma Conferência Parlamen- • necessidade de se levar em consideração as tar dedicada especificamente ao tema de Engenharia implicações sociais, econômicas e ambientais da in- Genética e Biotecnologia, considerando-se os alcances dústria do turismo que, ao mesmo tempo em que traz políticos, sociais, morais e econômicos da utilização benefícios para as comunidades locais, traz danos dessas tecnologias, que foi acolhida. Se acordou, ain- para o meio ambiente; e da, em se solicitar o apoio do Programa das Nações • necessidade de se considerar o impacto so- para o Meio Ambiente, da Universidade das Nações cial e econômico que podem causar a exploração dos Unidas e do Centro Internacional de Engenharia Gené- cassinos. tica e Biotecnologia na preparação e realização dessa • TEMA 2: Turismo sustentável: avaliação dos acor- Conferência Parlamentar. dos e Declarações de Quebec, de Galápagos e do • TEMA 4: Avaliação do cumprimento das decisões Rio Amazonas. e compromissos da Cúpula de Johannesburgo e Apresentação das ações realizadas dos Acordos constantes da Declaração de Mon- nesse aspecto, por países. tevidéu. Papel do Parlamento Latino-americano Apresentação de informes por paí- no cumprimento dos objetivos contempla- ses. dos nos documentos acima descritos. Conferencistas: Senadora Emilia Patrícia Gómez Conferencistas: Deputada Ana Maria de la Torre (México), Deputada Ana Maria De la Torre (Cuba), (Cuba) e Senadora Emilia Patrícia Gómez Bravo (Mé- Deputada Maria Helena (Brasil), Deputado Roberto xico) e um informe escrito apresentado pela Senado- Freire (Brasil) e Congressista Fabiola Morales (Perú). ra Maria Elisa Castro (Argentina). O Deputado Adrián Em suas intervenções os parlamentares destaca- Chávez (México) fez, também, comentários e propor- ram que as distintas formas de turismo, especialmente cionou informações adicionais, em relação à situação o ecoturismo, se desenvolvido de forma sustentável, de seu país nesse tema. podem representar uma valiosa oportunidade eco- A Comissão recebeu os demais informes dos nômica para os países e para as populações locais. países participantes, para que fossem incorporados Porém, enfatizaram que é necessário que se desen- à ata da Reunião. volvam projetos de educação ambiental para que os • TEMA 5: Propostas de Planos de Trabalho da Co- visitantes sejam também responsáveis pela sustenta- missão para o ano de 2005 a serem apresentadas bilidade e preservação do meio ambiente, de forma na Reunião de Diretorias de Comissões, em São a minimizar os possíveis impactos negativos sobre o Paulo, Brasil, 9 de dezembro de 2004: ecossistema. Temas relacionados com o Meio Am- Destacaram a importância de que os países con- biente tem com um marco regulador que defina as políticas, Temas relacionados com o Turismo planos de gestão e programas de aproveitamento da indústria turística. Para eles seria necessário que o A Comissão tomou conhecimento da proposta da Parlatino considerasse a conveniência de levantar as Organização Ação Global de Parlamentares (Parlia- legislações existentes em matéria de turismo e meio mentarian Global Action – PGA) para a realização de ambiente e harmonizar um sistema regional de avalia- painéis com trabalhos conjuntos para a realização do ção de impacto ambiental na prática do turismo. Quarto Fórum Mundial de Água, em Junho de 2006, no México. Esses teriam como objeto fundamental as- •TEMA 3: Organismos Geneticamente Modifica- sociar a atividade dos parlamentos membros do Parla- dos. tino aos preparativos do Fórum, de forma a assegurar Conferencista: Doutora Claret Michelangeli, que a presença expressiva de parlamentares durante sua enfocou aspectos gerais sobre os Organismos Gene- realização. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57321 A Comissão expressou sua confiança de que a Relatório da Conferência da Região Sul – Estatuto Junta Diretiva do Parlatino acolherá favoravelmente a do Desporto Realizada em Florianópolis nos dias proposta da Ação Global de Parlamentares, de forma 18 e 19 de novembro de 2004 a adiantar os preparativos para a realização dos pai- Eu, Mariângela Duarte, Deputada Federal, venho néis propostos. atenciosamente à presença de V.Exa, apresentar re- • TEMA 6: Definição de data e local da próxima latório de viagem em missão oficial, ocorrida nos dias reunião. 18 e 19 de novembro p.passado, onde participei da A Comissão acordou que seriam incluídos na Conferência da Região Sul – Estatuto do Desporto, no Pauta de sua próxima reunião os seguintes temas: Hotel Cambirela, em Florianópolis no Estado de Santa – Turismo em todos os seus aspectos, Catarina, nos termos que seguem: incluindo turismo e o funcionamento das ca- 1. O evento foi uma iniciativa da Câmara dos sas de jogo, e turismo de cruzeiros: impacto Deputados e sob a coordenação do Deputado Ivan econômico, social e ambiental; Ranzolin (SC), e contou com a presença de depu- – Turismo sustentável: avaliação dos tados, secretário de estado da Organização do Lazer Acordos e Declarações de Québec, de Ga- (SC), gerente do Unisul Esporte Clube, presidente do lápagos e do Rio Amazonas. Informes por Tribunal de Justiça Desportiva (SC), presidente da países; Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul, – Avaliação de cumprimento das decisões diretor geral da Fundação Catarinense de Desporto e compromissos da Cúpula de Johannesburg (SC), presidente da Confederação Brasileira de Vo- e dos Acordos constantes da Declaração de leibol, superintendente administrativo e financeiro do Montevidéu. Informes por paises; Comitê Olímpico Brasileiro, coordenador de solidarie- – Proteção das espécies migratórias; dade olímpica do Comitê Olímpico Brasileiro, Conselho – Biopirataria e Tráfico Ilegal de organis- Estadual de Desportos (SC), secretaria de estado da mos endêmicos: proposta da Deputada Maria Educação e Inovação (SC), diretor-geral da Fesporte Helena acatada pela Comissão; além de diversas autoridades e personalidades do – A data e a sede da próxima reunião da mundo esportivo. Comissão serão estabelecidas pela Secretaria 2. O encontro de Florianópolis foi dividido em de Comissões, em conjunto com a Diretoria cinco painéis sobre Políticas Públicas para o Esporte, da Comissão. Desporto de Alto Rendimento, Esporte Social, Futebol Brasília, de dezembro de 2004. – Deputada Ma- e Legislação Esportiva. ria Helena, PPS/RR. 3. Sobre a importância do esporte na constru- ção da auto-estima da população, como nos ensina o professor Celso Antunes, “a ferramenta essencial da educação é a auto-estima e o esporte, pelo seu po- der motivador e de disciplina, dá à pessoa perspec- tivas para ultrapassar seus limites, renovando o seu próprio valor”, afirmei que o esporte é indissociável da educação. 4. Defendi a necessidade de perseguição e con- quista da formulação de lei que regularize a situação do desporto no País. Sugeri a atualização da LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para que o desporto seja conduzido na seara do ensino escolar pelo Ministério da Educação. 5. Ressaltei também a necessidade de discus- são da questão dos tributos para que sejam justos e não escorchantes e conclui dizendo que há urgência na definição do Estatuto do Desporto e do Futebol. – Deputada Mariângela Duarte, PT/SP. 57322 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Após o encerramento dos trabalhos da foi reali- zado um ato comemorativo aos quarenta anos de exis- tência do Parlamento Latino Americano, ato que contou com as presenças do Primeiro Ministro de Aruba, do Presidente do Parlamento de Aruba e do Presidente do Parlatino, Deputado Ney Lopes. Vanessa Grazziotin, Deputada Federal, PCdoB/ AM.

OF. Nº 75/GD2004 Brasília/DF, 25 de Novembro de 2004 Excelentíssimo Senhor Deputado João Paulo Cunha Of. nº 30/04 Presidente da Câmara dos Deputados Brasília, 18 de outubro de 2004 Senhor Presidente, Ilmo. Senhor Ao cumprimentá-lo cordialmente, sirvo-me do pre- Dr. Mozart Vianna de Paiva sente para encaminhar a Vossa Excelência, conforme Secretário Geral da Mesa da Câmara dos Depu- determina o ato da mesa nº 35/03, o relatório de viagem tados. realizada pelo Parlatino - Parlamento Latino Americano, Senhor Secretário Geral, nos dias 19 e 20 de novembro de 2004, para participar Como Secretária Administrativa do Grupo bra- da Reunião da Comissão de Serviços Públicos e De- sileiro da União Interparlamentar solicito a Vossa Se- fesa do Consumidor em Oranjestad- Aruba. nhoria a gentileza de encaminhar à Mesa da Câmara Sendo o que requer o momento. dos Deputados o relatório do trabalho da Reunião do Cordialmente, Vanessa Grazziotin, Deputada Comitê Executivo, por ocasião da 111ª Assembléia da Federal, PCdoB/AM. União Interparlamentar, realizada em Genebra nos dias Relatório 25, 26, 27 e 30 de setembro do corrente ano. Atenciosamente, – Karla Schaefer, Secretária Nos dias 18 a 19 de novembro de 2004, participei, Administrativa. em Aruba da reunião da Comissão de Serviços Públicos e Defesa do Consumidor do Parlamento Latino Ameri- Brasília, 18 de outubro de 2004 cano, Parlatino, onde tratou-se do tema “Elaboração do Reunião do Comitê Executivo, por ocasião da 111ª ante Projeto de Lei de Serviços Públicos do Parlamento Assembléia da UIP Latino Americano, para definir idéias gerais e caracte- rísticas do Serviço Público, onde foi apresentado uma Senhor Secretário Geral, proposta de analise do referido Projeto de Lei. Tendo participado da Reunião do Comitê Exe- No segundo dia, a Comissão se reuniu para ela- cutivo da União Interparlamentar, em Genebra, nos borar propostas de modificação da Lei de Defesa do dias 25, 26, 27 e 30 de setembro do corrente ano, Consumidor e para definir os temas que carecem de venho apresentar o relatório dos trabalhos por mim atenção e o Plano de Trabalho para 2005. desenvolvidos. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57323 O Brasil faz parte agora do Comitê Executivo próxima 112ª Assembléia em Manila (Filipinas), de 03 da União Interparlamentar e para esse cargo foi elei- a 08 de abril de 2005. Foram examinadas as ativida- to o Senador José Jorge que participou de mais esta des dos diversos comitês e grupos reunidos durante reunião. a 111ª Assembléia. Questões relativas ao secreta- A reunião realizada na sede da União Interpar- riado da União Interparlamentar também são decidi- lamentar iniciou-se com a adoção da Ordem do Dia e das pelo Comitê Executivo. Finalmente aprovaram a depois tratou da aprovação da Ata da 242ª Reunião Ordem do Dia da 176ª Reunião do Conselho Diretor. do México. As atividades do Presidente da União In- O Senador José Jorge explicou que por estarem os terparlamentar seguido pelo Relatório Provisório do parlamentares brasileiros envolvidos com as eleições Secretário Geral sobre as Atividades da União em de 03 de outubro, pela primeira vez o Brasil não se 2004 foram os seguintes debates. No item “questões faria representar. relativas aos membros e ao estatuto de observadores O Senador José Jorge apresentou, por escrito, da UIP”, tratou-se dos pedidos de filiação e refiliação uma carta dando apoio a Cuba para ocupar um lugar no à União e da “situação de alguns membros”. “Exten- Comitê Executivo e outra carta apoiando a candidata da são da UIP”, o comitê discutiu medidas para ampliar Venezuela para ocupar a Presidência do GRULAC. o número de Membros da UIP. O Comitê avaliou a Para qualquer outra informação estarei na Se- situação do conjunto de observadores da União Inter- cretaria do Grupo Brasileiro, no 19º andar, sala 1.909. parlamentar. Ficou decidido que parlamentares deve- – Karla Schaefer, Secretária Administrativa. rão ajudar a República Dominicana e Honduras que estão no momento, fora da UIP. Importante também foi o pedido para que parlamentares, mostre a impor- tância da volta dos Estados Unidos a União Interpar- lamentar. As “questões financeiras” foram discutidas por bastante tempo, situação financeira da União, projeto de programa e orçamento para 2005, funda- ção interparlamentar para democracia, nomeação de dois fiscais de contas para o exercício de 2004 e emendas do Regulamento financeiro. Sobre a reforma da União Interparlamentar os membros continuaram debatendo sobre a questão e depois foram convoca- dos a refletir sobre a viabilidade de sub-comissões procedentes de três Comissões permanentes. Coo- peração da União com as Nações Unidas: fatura linha de atuação na área de cooperação entre as Nações Unidas e a UIP durante o período preparatório da Segunda Conferência Mundial dos Presidentes dos PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Parlamentos. Um relatório foi feito sobre o seguimento Nº 341, DE 2004 dado às conclusões do Grupo de eminentes perso- (Do Sr. Almir Moura e outros) nalidades sobre as relações entre as Nações Unidas e a sociedade civil (Grupo Cardoso). Os preparativos Dá nova redação ao art. 19, I, da Con- para a Segunda Conferência Mundial dos Presiden- stituição Federal. tes dos Parlamentos foram bastante debatidos. O Despacho: Apense-se A(O) Pec- que aparentemente ficou decidido é que fariam um 202/2003 contato com a ONU para que a reunião se realizasse Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- em Nova York, na sede da ONU. Falou-se nas Reu- ciação do Plenário niões Especializadas passadas como a Reunião dos Presidentes dos Parlamentos dos países vizinhos ao As Mesas da Câmara dos Deputados e do Se- fraque, sobre o processo constitucional desse país, nado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Con- Reunião parlamentar por ocasião da XI UNCTAD. e stituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao o Seminário para a região árabe sobre Ö Parlamento texto constitucional: e o processo orçamentário, especialmente na pers- Artigo único. O inciso I do artigo 19 da Constitu- pectiva do equilíbrio entre homens e mulheres”. Tra- ição Federal de 1988 passa a vigorar com a seguinte tou-se das “Futuras Reuniões Interparlamentares”. A redação: 57324 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 “Art. 19...... Data de Apresentação: 30/11/2004 17:09:00 I – estabelecer cultos religiosos ou igre- Ementa: Dá nova redação ao art. 19, I, da Constitu- jas, subvencioná-los, embaraçar-lhes a criação, ição Federal. o funcionamento, a organização e a estrutura- Possui Assinaturas Suficientes: SIM ção interna, negar-lhes o registro de atos con- stitutivos ou manter com eles ou seus repre- Total de Assinaturas: sentantes relações de dependência ou aliança, Confirmadas: 171 ressalvada, na forma da lei, a colaboração de Não Conferem: 10 interesse público. (NR) Fora do Exercício: 0 II – ...... Repetidas: 43 III – ...... ” Ilegíveis: 0 Retiradas: 0 Justificação Assinaturas Confirmadas Embora a liberdade religiosa seja um direito já 1 – ADELOR VIEIRA (PMDB – SC) assegurado pela Constituição Federal de 1988 (arti- 2 – ALBERTO FRAGA (PTB – DF) gos 5º, VI e 19, I), não raro nos vemos às voltas com 3 – ALCEU COLLARES (PDT – RS) projetos de lei ou mesmo leis que restringem, indevi- 4 – ALMEIDA DE JESUS (PL – CE) damente, tal direito fundamental. 5 – ALMERINDA DE CARVALHO (PMDB – RJ) Parece-nos, infelizmente, que o fato de um direito 6 – ALMIR MOURA (PL – RJ) ser previsto na Carta Magna não lhe garante a devida 7 – ALMIR SÁ (PL – RR) eficácia, basta notar-se o contraste existente entre a 8 – AMAURI GASQUES (PL – SP) finalidade constitucional atribuída ao salário mínimo 9 – ANDRÉ LUIZ (PMDB – RJ) (art. 7º, XXIII, CF) e a realidade, que demonstra sua 10 – ANGELA GUADAGNIN (PT – SP) total insuficiência para atender às necessidades bási- 11 – ANÍBAL GOMES (PMDB – CE) cas do indivíduo e de sua família. 12 – ANN PONTES (PMDB – PA) O mesmo acontece com a liberdade religiosa. 13 – ANTONIO CAMBRAIA (PSDB – CE) Qualquer lei ordinária pode limitar este direito, como o 14 – ANTONIO CRUZ (PTB – MS) fez o Código Civil, que obrigava as instituições religio- 15 – ANTONIO JOAQUIM (PP – MA) sas a se organizarem como associações ou fundações, 16 – ARIOSTO HOLANDA (PSDB – CE) limitando muito o seu raio de ação, tanto que houve 17 – ASSIS MIGUEL DO COUTO (PT – PR) necessidade de editar-se a Lei nº 10.825, de 2003, para 18 – ÁTILA LINS (PPS – AM) fazer valer a liberdade dos cultos religiosos. 19 – ÁTILA LIRA (PSDB – PI) Daí a necessidade de se explicitarem, na Consti- 20 – AUGUSTO NARDES (PP – RS) tuição, os limites que condicionam a elaboração leg- 21 – B. SÁ (PPS – PI) islativa, ou seja, deve-se deixar claro que a legislação 22 – BABÁ (S.PART. – PA) infraconstitucional de todos os entes federados não 23 – BENEDITO DE LIRA (PP – AL) pode interferir na criação, no funcionamento, na orga- 24 – BONIFÁCIO DE ANDRADA (PSDB – MG) nização, estruturação e registro dos atos constitutivos 25 – BOSCO COSTA (PSDB – SE) das igrejas e cultos religiosos, sob pena de se vulnerar 26 – CABO JÚLIO (PSC – MG) o próprio direito à liberdade de crença e religião, as- 27 – CARLOS DUNGA (PTB – PB) segurado no nosso Estado laico. 28 – CARLOS MOTA (PL – MG) Daí a importância da presente proposta de emen- 29 – CARLOS NADER (PL – RJ) da constitucional que, embora baseada na redação 30 – CARLOS RODRIGUES (PL – RJ) atribuída, pela Lei nº 10.825/2003, ao artigo 44, §1º, 31 – CARLOS SANTANA (PT – RJ) do Código Civil, traz o tratamento da matéria para o 32 – CARLOS SOUZA (PP – AM) corpo da Constituição Federal, de modo impedir sua 33 – CARLOS WILLIAN (PSC – MG) violação pela legislação infraconstitucional. 34 – CELSO RUSSOMANNO (PP – SP) Por estes motivos, contamos com o apoio dos 35 – CHICO DA PRINCESA (PL – PR) ilustres Pares nessa empreitada. 36 – CONFÚCIO MOURA (PMDB – RO) Sala das Sessões, 30 de novembro de 2004. 37 – COSTA FERREIRA (PSC – MA) – Deputado Almir Moura. 38 – DANIEL ALMEIDA (PCdoB – BA) Proposição: PEC-341/2004 39 – DARCI COELHO (PP – TO) Autor: ALMIR MOURA E OUTROS 40 – DARCÍSIO PERONDI (PMDB – RS) Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57325 41 – DR. BENEDITO DIAS (PP – AP) 94 – LEONARDO MONTEIRO (PT – MG) 42 – DR. FRANCISCO GONÇALVES (PTB – MG) 95 – LEONARDO VILELA (PP – GO) 43 – DR. RIBAMAR ALVES (PSB – MA) 96 – LEÔNIDAS CRISTINO (PPS – CE) 44 – EDMAR MOREIRA (PL – MG) 97 – LINCOLN PORTELA (PL – MG) 45 – EDSON DUARTE (PV – BA) 98 – LINO ROSSI (PP – MT) 46 – EDUARDO BARBOSA (PSDB – MG) 99 – LUCIANA GENRO (S.PART. – RS) 47 – EDUARDO CUNHA (PMDB – RJ) 100 – LUCIANO LEITOA (PSB – MA) 48 – EDUARDO SCIARRA (PFL – PR) 101 – LUIZ BASSUMA (PT – BA) 49 – ELAINE COSTA (PTB – RJ) 102 – LUIZ SÉRGIO (PT – RJ) 50 – ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO (PRONA – SP) 103 – MANATO (PDT – ES) 51 – ENIO BACCI (PDT – RS) 104 – MARCELINO FRAGA (PMDB – ES) 52 – ENIO TATICO (PTB – GO) 105 – MARCELO CASTRO (PMDB – PI) 53 – FÉLIX MENDONÇA (PFL – BA) 106 – MARCELO ORTIZ (PV – SP) 54 – FRANCISCO APPIO (PP – RS) 107 – MARCONDES GADELHA (PTB – PB) 55 – FRANCISCO GARCIA (PP – AM) 108 – MÁRIO HERINGER (PDT – MG) 56 – FRANCISCO RODRIGUES (PFL – RR) 109 – MAURÍCIO RABELO (PL – TO) 57 – FRANCISCO TURRA (PP – RS) 110 – MAURO LOPES (PMDB – MG) 58 – GERVÁSIO OLIVEIRA (PDT – AP) 111 – MEDEIROS (PL – SP) 59 – GIACOBO (PL – PR) 112 – MENDES RIBEIRO FILHO (PMDB – RS) 60 – GILBERTO NASCIMENTO (PMDB – SP) 113 – (PMDB – SP) 61 – GONZAGA MOTA (PSDB – CE) 114 – MIGUEL DE SOUZA (PL – RO) 62 – GONZAGA PATRIOTA (PSB – PE) 115 – MILTON CARDIAS (PTB – RS) 63 – GUSTAVO FRUET (S.PART. – PR) 116 – MOACIR MICHELETTO (PMDB – PR) 64 – HAMILTON CASARA (PSB – RO) 117 – MORAES SOUZA (PMDB – PI) 65 – HELENILDO RIBEIRO (PSDB – AL) 118 – NELSON MARQUEZELLI (PTB – SP) 66 – HENRIQUE AFONSO (PT – AC) 119 – NELSON MEURER (PP – PR) 67 – HOMERO BARRETO (PTB – TO) 120 – NEUCIMAR FRAGA (PL – ES) 68 – HUMBERTO MICHILES (PL – AM) 121 – NILSON MOURÃO (PT – AC) 69 – IBERÊ FERREIRA (PTB – RN) 122 – NILSON PINTO (PSDB – PA) 70 – ILDEU ARAUJO (PP – SP) 123 – NILTON CAPIXABA (PTB – RO) 71 – INÁCIO ARRUDA (PCdoB – CE) 124 – ODAIR (PT – MG) 72 – INALDO LEITÃO (PL – PB) 125 – OLIVEIRA FILHO (PL – PR) 73 – ISAÍAS SILVESTRE (PSB – MG) 126 – OSMÂNIO PEREIRA (PTB – MG) 74 – JAIME MARTINS (PL – MG) 127 – (PMDB – PR) 75 – JOÃO BATISTA (PFL – SP) 128 – OSVALDO BIOLCHI (PMDB – RS) 76 – JOÃO CAMPOS (PSDB – GO) 129 – OSVALDO REIS (PMDB – TO) 77 – JOÃO LEÃO (PL – BA) 130 – PAES LANDIM (PTB – PI) 78 – JOÃO MAGALHÃES (PMDB – MG) 131 – PASTOR AMARILDO (PSC – TO) 79 – JOÃO MATOS (PMDB – SC) 132 – PASTOR FRANKEMBERGEN (PTB – RR) 80 – JOÃO PAULO GOMES DA SILVA (PL – MG) 133 – PASTOR PEDRO RIBEIRO (PMDB – CE) 81 – JOÃO TOTA (PL – AC) 134 – PASTOR REINALDO (PTB – RS) 82 – JONIVAL LUCAS JUNIOR (PTB – BA) 135 – PAULO BALTAZAR (PSB – RJ) 83 – JORGE BOEIRA (PT – SC) 136 – PAULO BAUER (PFL – SC) 84 – JOSÉ DIVINO (PMDB – RJ) 137 – PAULO FEIJÓ (PSDB – RJ) 85 – JOSIAS QUINTAL (PMDB – RJ) 138 – PAULO GOUVÊA (PL – RS) 86 – JOSUÉ BENGTSON (PTB – PA) 139 – PAULO KOBAYASHI (PSDB – SP) 87 – JOVAIR ARANTES (PTB – GO) 140 – PEDRO CANEDO (-) 88 – JOVINO CÂNDIDO (PV – SP) 141 – PEDRO CHAVES (PMDB – GO) 89 – JÚLIO CESAR (PFL – PI) 142 – PEDRO NOVAIS (PMDB – MA) 90 – JÚNIOR BETÃO (PPS – AC) 143 – PHILEMON RODRIGUES (PTB – PB) 91 – JURANDIR BOIA (PSB – AL) 144 – RAIMUNDO SANTOS (PL – PA) 92 – LEODEGAR TISCOSKI (PP – SC) 145 – RENATO CASAGRANDE (PSB – ES) 93 – LEONARDO MATTOS (PV – MG) 146 – ROBERTO JEFFERSON (PTB – RJ) 57326 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 147 – ROBERTO PESSOA (PL – CE) 15 – HELENILDO RIBEIRO (PSDB – AL) 148 – ROMEL ANIZIO (PP – MG) 16 – ILDEU ARAUJO (PP – SP) 149 – ROMEU QUEIROZ (PTB – MG) 17 – INALDO LEITÃO (PL – PB) 150 – RONALDO VASCONCELLOS (PTB – MG) 18 – JÚLIO CESAR (PFL – PI) 151 – RONIVON SANTIAGO (PP – AC) 19 – LEONARDO MATTOS (PV – MG) 152 – RUBINELLI (PT – SP) 20 – LINO ROSSI (PP – MT) 153 – SANDES JÚNIOR (PP – GO) 21 – LUIZ SÉRGIO (PT – RJ) 154 – SANDRO MABEL (PL – GO) 22 – MAURO LOPES (PMDB – MG) 155 – SARAIVA FELIPE (PMDB – MG) 23 – MENDES RIBEIRO FILHO (PMDB – RS) 156 – SEVERIANO ALVES (PDT – BA) 24 – MIGUEL DE SOUZA (PL – RO) 157 – SILAS BRASILEIRO (-) 25 – OSMÂNIO PEREIRA (PTB – MG) 158 – VADÃO GOMES (PP – SP) 26 – OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) 159 – VANDERLEI ASSIS (PP – SP) 27 – OSVALDO REIS (PMDB – TO) 160 – VICENTINHO (PT – SP) 28 – PAULO BALTAZAR (PSB – RJ) 161 – VIEIRA REIS (PMDB – RJ) 29 – PAULO GOUVÊA (PL – RS) 162 – VIGNATTI (PT – SC) 30 – PEDRO NOVAIS (PMDB – MA) 163 – WAGNER LAGO (PP – MA) 31 – RONIVON SANTIAGO (PP – AC) 164 – WALTER PINHEIRO (PT – BA) 32 – TATICO (PTB – DF) 165 – WANDERVAL SANTOS (PL – SP) 33 – VANDERLEI ASSIS (PP – SP) 166 – WELLINGTON ROBERTO (PL – PB) 34 – VIEIRA REIS (PMDB – RJ) 167 – ZÉ GERALDO (PT – PA) 35 – VIGNATTI (PT-SC) 168 – ZÉ GERARDO (PMDB – CE) 36 – WALTER PINHEIRO (PT – BA) 169 – ZENALDO COUTINHO (PSDB – PA) 37 – WANDERVAL SANTOS (PL – SP) 170 – ZEQUINHA MARINHO (PSC – PA) 38 – ZICO BRONZEADO (PT – AC) 171 – ZICO BRONZEADO (PT – AC) PROJETO DE LEI Nº 4.544, DE 2004 Assinaturas que Não Conferem (Do Sr. Cabo Júlio) 1 – ADÃO PRETTO (PT – RS) 2 – CARLOS DUNGA (PTB – PB) Modifica a redação dos artigos 248 e 3 – EDUARDO VALVERDE (PT – RO) 249 do Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei 4 – MARCUS VICENTE (PTB – ES) nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940). 5 – MORONI TORGAN (PFL – CE) Despacho: Apense-se A(O) Pl- 6 – ROBERTO BALESTRA (PP – GO) 1857/2003 7 – ROBSON TUMA (PFL – SP) Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- 8 – TADEU FILIPPELLI (PMDB – DF) ciação do Plenário 9 – TATICO (PTB – DF) O Congresso Nacional decreta: 10 – WELLINGTON ROBERTO (PL – PB) Art. 1º Esta lei modifica a redação do Código Assinaturas Repetidas Penal Brasileiro, aumentando as penas previstas nos seus artigos 248 e 249. 1 – ALCEU COLLARES (PDT – RS) Art. 2º Os artigos 248 e 249 do Decreto-lei nº 2 – ALMERINDA DE CARVALHO (PMDB – RJ) 2.848, de 7 de dezembro de 1940, passam a vigorar, 3 – ANDRÉ LUIZ (PMDB – RJ) respectivamente, com as redações abaixo: 4 – CARLOS DUNGA (PTB – PB) 5 – CARLOS MOTA (PL – MG) “Art. 248...... 6 – CELSO RUSSOMANNO (PP – SP) ...... 7 – EDUARDO BARBOSA (PSDB – MG) Pena – detenção, de 2 (dois) meses a 2 8 – ENIO BACCI (PDT – RS) (dois) anos, ou multa. (NR) 9 – ENIO TATICO (PTB – GO) Art. 249...... 10 – FRANCISCO APPIO (PP – RS) ...... 11 – FRANCISCO GARCIA (PP – AM) Pena – detenção, de 4 (quatro) meses a 4 12 – FRANCISCO TURRA (PP – RS) (quatro) anos, se o fato não constitui elemento 13 – GERVÁSIO OLIVEIRA (PDT – AP) de outro crime. (NR) 14 – GONZAGA MOTA (PSDB – CE) ...... ” Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57327 Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua ção, tem finalidade marcadamente esclarecedora, pois publicação. há casos de subtração de crianças sem as finalidades que mencionamos, como por exemplo a retomada de Justificação filhos, por entender a parte que lhe será possível dar A criança é ser puro, indefeso, que segue os melhores condições de vida, ou para evitar um perigo caminhos traçados pelos adultos a quem, em geral, físico ou moral eminente. deposita sua confiança, a ele abandonando-se. Os Não é necessário que a subtração prevista no incapazes, por não possuírem capacidade de autode- Código Penal redunde em fatos criminosos subse- terminação, a eles se assemelham sob essa ótica. qüentes, para tipificar o comportamento descrito nos Muitas vezes a subtração se dá por motivos sen- artigos. timentais ou interesses outros. Em alguns casos, en- Entretanto o crime neles descrito pode ser a fonte tretanto, o destino da criança leva-a à degradação e geratriz dos outros fatos mais graves. Por isso decidimos morte. apená-los, com sentido preventivo mais gravemente, A mídia, de modo geral e corriqueiramente, nos aumentando as penas. traz notícias de crianças desaparecidas. Em alguns São as justificações do PL, para o qual pedimos casos, para os menos infelizes, são subtraídos e leva- total apoio dos nobres Colegas. dos para o domínio de famílias bem constituídas e Sala das Sessões, 1º de dezembro de 2004. organizadas, sendo-lhes garantido um porvir adequa- – Deputado Cabo Júlio. do, restando-lhes, entretanto, o fato de não estarem com seus pais verdadeiros; e a dor desses pais que PROJETO DE LEI Nº 4.555, DE 2004 perderam os filhos é pior, por estarem em condições (Do Sr. Henrique Fontana) que não lhes permitem saber que destino foi dado às Dispõe sobre a obrigatoriedade da Na- crianças e se algum dia voltarão a vê-las. tureza Pública dos Bancos de Cordão Um- Um dos casos mais pungentes e dolorosos foi o bilical e Placentário e do Armazenamento do famoso caso “Pedrinho”, em que a criminosa, ad- de Embriões resultantes da Fertilização entrando à maternidade, subtraiu a criança ainda em Assistida e dá outras providências. fase de aleitamento, deixando a mãe em completa Despacho: Apense-se A(O) Pl- angústia e desespero, incidindo nas penalidades do 3055/2004 Código Penal. Apreciação: Proposição sujeita à apre- Embora o caso tenha tido um epílogo aceitável, ciação conclusiva pelas Comissões – Art. 24 face às circunstâncias, devemos ter presente, e bem II presente, que na maioria dos casos as inocentes víti- mas são insumos que irão compor a indústria impes- O Congresso Nacional decreta: soal e criminosa que oferece como produto a satisfa- Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre a obrigatoriedade ção da sanha doentia dos pedófilos e, na seqüência, da natureza pública dos bancos de sangue de cordão a escravatura da prostituição. umbilical e placentário e do armazenamento e dis- Decidimos aproveitar o ensejo para modificar ponibilização de embriões resultantes da fertilização também as penas do artigo 248, pelo fato de os com- assistida, estabelecendo penas e punições. portamentos descritos no artigo ter correlação inques- Art. 2º. Os serviços de seleção de doado- tionável com desaparecimentos de crianças. ras, coleta, transporte, processamento de células, Semelhantes fatos ocorrem com pessoas que acondicionamento, armazenamento, disponibili- embora não sendo crianças, são incapazes, devido o zação, descarte e registros de cordão umbilical e seu desenvolvimento tardio, de se defenderem e se placenta para transplantes de células tronco he- autodeterminarem. matopoiéticas e os serviços de armazenamento O pior é que tais modalidades de crimes muitas de embriões resultantes da fertilização assistida vezes envolvem autoridades, o que torna mais difícil são considerados serviços de relevância pública e a apuração. serão exercidos, exclusivamente, por instituições No caso do presente PL, enfocamos nas justifi- de natureza pública. cações os aspectos mais negativos da subtração, que Parágrafo único. Os serviços definidos no caput podem estar por trás dos comportamentos descritos deste artigo, prestados por estabelecimentos privados, no artigos 248 e também, no caso do artigo 249. A existentes na data da aprovação desta Lei, serão con- hipótese citada de criança subtraída para dar susten- siderados de interesse público e seus responsáveis táculo a outro crime e que se identifica como subtra- serão seus depositários fiéis. 57328 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Art. 3º. É proibida a veiculação, através de duas células, depois em quatro, em oito e assim por qualquer meio de comunicação social de anúncio diante, por um processo denominado mitose em que as que configure: células resultantes são todas iguais (indiferenciadas). a) publicidade dos serviços definidos Cerca de cinco dias após a fertilização o embrião se no art. 2º desta Lei, por estabelecimentos pri- torna um blastocisto, uma esfera com aproximadamente vados; 100 células. As células da camada externa vão formar b) apelo público no sentido da doação a placenta e outros órgãos necessários ao desenvolvi- de sangue de cordão umbilical e placentário mento fetal. As células do interior vão formar os dife- ou embrião para pessoa determinada, identi- rentes tecidos que constituem os diferentes órgãos que ficada ou não, ressalvado o disposto no pará- compõem o ser humano. Estas são as células tronco grafo único; utilizadas em pesquisas e podem ser: c) apelo público para a arrecadação de a) Totipotentes ou embrionárias que são fundos para o financiamento dos serviços defi- capazes de diferenciar-se em todos os tipos de nidos no art. 2º desta Lei. células que constituem os diferentes tecidos Parágrafo único. Os órgãos de gestão nacional, do corpo humano (cerca de 200). regional e local do Sistema Único de Saúde realiza- b) Pluripotentes que podem diferenciar- rão, periodicamente, através dos meios adequados de se em quase todos os tecidos humanos à ex- comunicação social, campanhas de esclarecimento ceção da placenta e anexos. público dos benefícios esperados a partir da vigência c) Oligopotentes que podem diferenciar- desta Lei e de estímulo à doação de sangue do cor- se em poucos tecidos. d) nipotentes que, como o nome sugere, dão umbilical e placentário, conforme a necessidade podem diferenciar-se em um único tecido. étnica e epidemiológica da população. Art. 4º. Não serão objeto de comercialização, os As células no indivíduo adulto morrem constan- embriões, nas condições definidas na Lei, para obten- temente e são renovadas a partir de células maduras ção de células tronco embrionárias. de mesmo tipo celular por um processo denominado Art. 5º. É vedada, aos Bancos de Sangue de mitose. As exceções são as células sangüíneas, ner- Cordão Umbilical e Placentário para Transplantes de vosas e musculares. Células Tronco Hematopoiéticas, a comercialização de As células vermelhas do sangue que têm uma sangue de cordão umbilical e placentário. vida média de aproximadamente 120 dias, são substi- Art. 6º. Constituem crimes: tuídas por novas células formadas a partir de células I – Armazenar ou disponibilizar tecido ou sangue tronco adultas encontradas na medula óssea. de cordão umbilical e placenta sem autorização legal As células tronco adultas podem ser encontradas ou nos caso vedados por esta lei. também no fígado, na polpa dentária, na placenta e Pena: reclusão de 06 (seis) meses a 02 (dois) no cordão umbilical. Os cordões umbilicais e placen- anos. tas descartados normalmente após o parto, possuem II – Comercializar tecido ou sangue de cordão células tronco adultas que, se transplantadas, tem umbilical e placentário. enorme valor terapêutico. Pena: reclusão de 01 (um) a 03 (três ) anos. Estudos recentes vêm demonstrando que com III – Comercializar embriões resultantes de fer- o uso de células tronco é possível a regeneração de tilização assistida. outros tecidos, abrindo a possibilidade de cura para in- Pena: reclusão de 02 (dois) a 06 (seis) anos de úmeras doenças como Alzhimer, Parkinson e doenças reclusão. neuromusculares. Pode vir a ser possível também, a Art. 7º. Revoga-se o Parágrafo único do art. 2º da regeneração e a repopulação, por exemplo, das células Lei No 10.205, de 21 de março de 2001. que compõem as ilhotas de Langherhans, no pâncreas Art. 8º. Esta lei entra em vigor na data de sua endócrino, responsáveis pela produção de insulina. publicação. As células tronco embrionárias, pluripotentes, são obtidas de embriões humanos produzidos por fertiliza- Justificação ção in vitro e não utilizadas no procedimento. Podem 1) Sobre as células tronco: ser utilizadas para fins de pesquisa e terapia celular. Os animais, neles incluído o ser humano, começam 2) Sobre as fontes de células tronco: sua existência com uma célula simples, o zigoto ou ovo A obtenção de células tronco adultas é mais fácil (o óvulo fertilizado). O zigoto começa a dividir-se em a partir do sangue do cordão umbilical e da placenta Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57329 que da medula óssea. Assinalamos algumas diferen- mento e sua reversão em prol da proteção e da mel- ças mais importantes: horia das condições de vida e do bem estar de toda a população. Por isto, é necessário estabelecer me- canismos de acesso ao conhecimento gerado e aos benefícios sociais e econômicos deles advindos, para romper com situações históricas de desigualdades regionais e locais, e ainda, impedir o acesso definido pelas diferenças de poder econômico ou de classes sociais. No caso das células tronco, é fundamental am- pliar e diversificar os pontos de coleta para aumentar as chances de compatibilidade e de oportunidade para o acesso a esta tecnologia. Bem assim, é a necessidade de se prevenir e impedir a possibilidade de vigência de mecanismos de desvio de finalidade destes avan- As células tronco do sangue do cordão umbilical e ços tecnológicos e de novas descobertas, tais como da placenta devem ser consideradas como importante a comercialização e a seleção de doadoras e recep- reserva biológica que devem ser utilizadas de forma a tores por critérios que extrapolem as razões técnica e beneficiar universalmente e em condições de igualdade, eticamente defensáveis. àqueles que delas necessitam. Por isto, propomos que Conforme avaliação do Ministério da Saúde, vinte os serviços de coleta, armazenamento e disponibiliza- mil amostras de cordões umbilicais garantem toda ção dessas células sejam exercidos por instituições de a diversidade biogenética (fenotípica) da população natureza pública; propomos uma regra de transição para brasileira, embora, atualmente, haja a necessidade os serviços de armazenamento privados existentes, a de cinqüenta mil amostras para assegurar estoque tipificação de crimes e a definição de penas. tecnicamente adequado do ponto de vista epidemi- A polêmica em torno do uso das células embrion- ológico. Das 2,5 mil indicações anuais para transplante árias está na concepção do que seria o início da vida. de medula no Brasil, 1,5 mil pacientes não tem ainda, No caso de uso de embriões, produzidos para fertil- doador compatível. ização in vitro, aqueles não utilizados ou que sejam Existem três formas de doação de sangue de inviáveis, poderão até ser descartados, sem que ofe- cordão umbilical e placentário: reçam a esperança de cura a muitos seres humanos. a) Doação heteróloga, voluntária, para o A regulamentação pretendida com esta proposição, Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Pla- sobre as células embrionárias, diz respeito tão so- centário (BSCUPA), sem custo para a família, mente à natureza pública de seu armazenamento, sendo que as células ficam disponíveis para a proibição de sua comercialização, a tipificação de qualquer pessoa que necessite. crimes e a definição de penas, posto que a pesquisa b) Doação autóloga, quando há, compro- para a sua utilização para fins terapêuticos é objeto do vadamente, um parente compatível que apre- projeto de biossegurança, em fase final de tramitação sente doença que necessite de um transplante no Congresso. de medula óssea, sem custo para a família. c) Doação autóloga, de sangue de cordão 3) Sobre os Tipos de Bancos de Sangue de Cordão umbilical e placentário (SCUP) e armazena- Umbilical e Placentário mento com o objetivo de atender, exclusiva- As descobertas da ciência trazem novas tecnolo- mente, à própria família. Para isto, existem cen- gias que podem melhorar a qualidade de vida humana. tros que executam a coleta privada, devendo Foi assim com a descoberta da vacina, do antibiótico os custos serem cobertos pela família. e da energia nuclear. Mas o uso de tecnologia sem critério, pode causar danos à humanidade. Da ener- Quanto a organização do sistema nacional de gia existente no núcleo do átomo surgiu a tomografia coleta, armazenamento e distribuição de sangue de computadorizada e a ressonância magnética, mas sur- cordão umbilical e placentário, o Ministério da Saú- giram também as bombas atômicas e os acidentes de de instituiu a Rede Pública de Bancos de Sangue de Chernobil e do Césio 137, em Goiânia (GO). Cordão Umbilical e Placentário (BrasilCord). Trata-se No caso da genética molecular e da genética de uma importante fonte de células para transplante, humana, bem como em outros campos da ciência e principalmente para os pacientes que não têm um tecnologia, o grande desafio é a geração de conheci- doador familiar e dependem de doadores voluntários 57330 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 cadastrados em Registros de doadores. Para coletar Privados e a Rede Pública de Bancos de Sangue de amostras de sangue de cordão umbilical e placentário Cordão Umbilical e Placentário. capazes de representar toda a diversidade étnica bra- Os que defendem os bancos privados, como mais sileira, as dez unidades da BrasilCord serão instaladas vantajosos para a doação autóloga, argumentam que, em hemocentros distribuídos pelas cinco regiões do caso ocorra a necessidade de uso das células tronco, país. As cidades-sede dos bancos serão Belém (PA), com esses bancos, não será necessário procurar um Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), doador compatível, pois o sangue da própria pessoa, Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Ribeirão já estará disponível, coletado na hora do parto, e que, Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). esses bancos funcionam como uma reserva biológi- Compete à Agência Nacional de Vigilância Sani- ca para a própria pessoa ou familiares para casos de tária (ANVISA) definir a normas sanitárias de funciona- transplantes de medula (linfomas, neuroblastomas, mento dos Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e etc.) ou mesmo como fonte de células tronco para uso Placentário, dentre elas, a autorização do doador para potencial em medicina regenerativa de acordo com descarte do material depois do prazo considerado se- recentes pesquisas (diabetes, doenças degenerativas guro para utilização; a existência de um manual técnico cardíacas, etc.). Além disto, que uma das principais operacional com detalhes de todos os procedimentos vantagens da guarda de células tronco em bancos autólogos, além da ausência de rejeição, é a garantia de seleção de doadoras, coleta, transporte, processa- da disponibilidade destas células. mento de células, armazenamento, liberação, descarte Para os pesquisadores, Claudio L. Lottenberg, e registros. É competência do Ministério da Saúde pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein e garantir a gratuidade da doação; a vinculação de todo Carlos A. Moreira-Filho, pesquisador do Instituto de banco de sangue a um serviço de hemoterapia ou de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e do Depto. de Imu- transplante de células progenitoras hematopoéticas. nologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, A ANVISA, por meio da Resolução RDC nº 153, “o banco público possui importantes vantagens sobre de 14 de junho de 2004, estabelece que: o congelamento privado de SCU. A mais importante a) Entende-se por “Banco de Sangue de é que o transplante autólogo (com células do próprio Cordão Umbilical e Placentário para uso alo- paciente) tem resultado pior do que o alogênico (com gênico não-aparentado” (BSCUP), os serviços células de um doador, aparentado ou não) em casos que coletam, testam, processam, armazenam de leucemia, imunodeficiências e anemia aplástica. e liberam células progenitoras hematopoéti- Além disso, a probabilidade de que uma criança vá cas obtidas de sangue de cordão umbilical e precisar de suas próprias células é, segundo a maioria placentário para uso alogênico não-aparenta- dos estudos, muito baixa (1:100.000), não justificando do”, ou seja, aqueles que recebem doações os custos do depósito para uso próprio”. heterólogas, para utilização de usuários não- A maior limitação no uso de células tronco adultas aparentados, cujo destino das células tronco da própria pessoa é que, nos casos de portadores de é definido pelo Sistema. doença genética, as células tronco também carregar- b) Entende-se por “Banco de Sangue iam o mesmo defeito. Por outro lado, a quantidade de Cordão Umbilical e Placentário para uso de células tronco na medula óssea é pequena. Outra autólogo (BSCUPA), os serviços que coletam, limitação é que a quantidade de células obtidas de um testam, processam, armazenam e liberam cé- único cordão pode, no máximo, servir para o tratamento lulas progenitoras hematopoiéticas obtidas de de pacientes com até 50 quilos. Com a existência de sangue de cordão umbilical e placentário para Bancos públicos, torna-se possível combinar cordões geneticamente compatíveis e tratar pacientes de maior uso autólogo”, ou seja, aqueles que recebem peso. Além disso, as células tronco adultas não são doações autólogas, para utilização em usuá- capazes de se diferenciarem em qualquer tecido, o que rios aparentados. Aquelas doações, cujo des- reforça a importância de estudos com células tronco tino das células tronco é definido pela própria embrionárias. Alguns estudos com células de medula família do doador. óssea de ratos foram capazes de produzir diferentes 4) Sobre a Natureza Jurídica dos Bancos de San- tecidos in vitro o que levanta a hipótese de que essas gue de Cordão Umbilical e Placentário células também poderiam apresentar maior alcance. É crescente a procura pela guarda das células Nos bancos privados de sangue de cordão um- tronco, tanto para uso da própria pessoa/família, quan- bilical e placentário, cerca de trinta centros existentes to para uso de toda a população. Existem os Bancos para transplantes entre familiares, a família da cri- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57331 ança desembolsa, inicialmente, entre R$ 3.950,00 a dade junto ao Sistema Único de Saúde, onde cientis- R$ 5.000,00 relativos ao procedimento de coleta, tes- tas podem depositar células desenvolvidas por eles e tes e armazenamento do sangue, valor este, dividido retirar outras criadas em outros bancos, e os usuários, conforme capacidade de pagamento da família. A ma- de forma equânime e universal podem se beneficiar nutenção cobrada, depois de um ano e para o resto desta ação de saúde. Atualmente, muitos bancos de da vida, tem um preço anual que varia de R$ 500,00 células são administrados por institutos de pesquisa a 1.000,00. e empresas privadas. Os pacientes com indicações para transplante A utilização de células tronco hematopoiéticas não-aparentado devem ser cadastrados pelo Registro para pesquisa e uso terapêutico é necessária, mas Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), não se pode permitir que qualquer laboratório faça instalado fisicamente no Instituto Nacional de Câncer essa manipulação e, é aí, que entra o papel regu- (INCA), de acordo com suas características. Isso é feito latório e controlador do Estado, que deve ser laico e através do teste de laboratório para compatibilidade de pluralista conforme determina a Constituição Federal. Antígenos Leucocitários Humanos (HLA), que identifica Além de legislação, é necessário vigilância e controle geneticamente o doador. É feito um cruzamento de in- social, para se evitar o comércio de tecidos ou órgãos formações entre o REDOME e o Registro Nacional de e para assegurar que milhões de vidas sejam salvas Doadores de Sangue de Cordão Umbilical e Placen- com transplantes. tário (RENACORDE), instalado no Sistema Nacional A importância de Bancos Públicos e Redes de de Transplantes (SNT/DAE/SAS/MS), com a finalidade Bancos é indiscutível pois traz o conceito de relevância de identificar um doador compatível entre as unidades pública e de acesso universal e equânime. armazenadas. As chances de se encontrar um doador A existência de serviços que se propõem a reali- dependem da tipagem do HLA, da forma da tipagem zar a coleta, processamento e armazenamento para e do número de doadores voluntários cadastrados no utilização para a própria criança (bancos autólogos, banco. O serviço de Registro Nacional de Receptores privados) tem suscitado muita controvérsia. Entre os de Medula Óssea (REREME) será responsável pelos pontos em discussão encontra-se o fato de que a maio- cadastros de receptores e buscas de doadores tanto ria das doenças para as quais o transplante de medula no REDOME como no RENACORDE, quanto nos reg- óssea está indicado, têm sua origem nas células tronco istros internacionais, tais como no National Marrow e, portanto, não estaríamos trazendo benefício algum Donor Program (NMDP), Caitlin Raymond International para o paciente que armazenou suas células. Registry (CRIR), na World Marrow Donor Association A tese de que a doação autóloga deve servir (WMDA), maior rede mundial de doadores, e no New para uso futuro em medicina regenerativa ainda não York Blood Center (NYBC), dentre outros. está provada, pois poderiam ser utilizadas também as O processo de transplante é semelhante ao uti- próprias células tronco do adulto para tal finalidade, lizado para medula óssea, ou seja, após um regime além do que, mantidas as condições atuais de preser- de preparação com quimioterapia e/ou radioterapia, vação, pode-se garantir esta armazenagem, apenas o paciente recebe as células tronco, através de uma por 20 anos. transfusão. As enfermidades que são divulgadas como pas- A coleta e armazenamento de cada unidade custa síveis de tratamento com as células tronco armazena- em torno de R$ 2 mil para o SUS no primeiro ano e das nestes bancos, não possuem ainda um suporte em mais R$ 1.000,00 para cada ano subsequente. Já a pesquisa para a sua utilidade e na sua maioria são tão importação de unidades de sangue de cordão umbili- raras que pouquíssimos pacientes seriam beneficia- cal vindas de centros internacionais fica em torno de dos. Vemos com muitas restrições a existência destes US$ 32.000 dólares. Além disto, as chances de um bancos privados. Há necessidade de regulamentação e brasileiro localizar um doador em território nacional é fiscalização dos bancos existentes e de fortalecimento vinte vezes maior que a chance de encontrar o mesmo da rede pública oferecendo aos brasileiros, quando ne- doador no exterior segundo pesquisa realizada pelo cessário, unidades para tratamento. Existem serviços Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (RE- privados com suporte em escritórios de advocacia DOME). Isso ocorre devido às características genéticas alertando famílias para o direito de se fazer a coleta comuns à população brasileira. e a criopreservação já que o setor público ainda não No Brasil, há muito tempo, os pesquisadores tro- atende às demandas necessárias. A possibilidade de cam células tronco entre si. A Rede Pública de Bancos estarmos diante de um comércio enganoso existe e de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (Brasil- combatê-lo é o foco principal desta proposição. Nos Cord) surgiu da necessidade de organizar esta ativi- USA existem quase 200.000 unidades de sangue de 57332 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 cordão umbilical armazenadas em empresas privadas tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados há cerca de oito anos e apenas duas foram utilizadas e outros insumos.” até hoje para transplante autólogo cujos resultados não A Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90), em seu foram cientificamente divulgados. Em países como a Capítulo I, dos Objetivos e Atribuições, inclui no cam- Itália e a Bélgica nos quais o sistema de Rede já ex- po de atuação do Sistema Único do Saúde (art. 6º) a iste, os bancos privados são proibidos. formulação e execução da política de sangue e seus É necessário normas rígidas para o controle de derivados (XI). O Capítulo IV, Seção I, que trata das qualidade do funcionamento dos bancos privados ex- Atribuições Comuns (art. 15), estabelece que a União, istentes; decisão política pela impossibilidade da cria- os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, ção de novos bancos dessa natureza; normas rígidas em seu âmbito administrativo, dentre outras, a imple- para a regulação da publicidade de suas atividades, mentação do Sistema Nacional de Sangue, Componen- evitando que as famílias sejam enganadas com falsas tes e Derivados (XIV). Na Seção II, da Competência, promessas; e, vínculos institucionais que garantam a atribui à direção nacional do Sistema Único da Saúde manutenção do serviço em caso de descontinuidade da (art. 16) a competência para normatizar e coordenar empresa prestadora de serviço, bem como a definição nacionalmente o Sistema Nacional de Sangue, Com- de normas de segurança para a preservação do ma- ponentes e Derivados (XVI). terial conservado. A Lei n.º 9.434, de 4 de fevereiro de 1.997, que A implementação dos Bancos Públicos em Rede dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes já é uma medida desestimuladora da criação e da ma- do corpo humano para fins de transplante e tratamen- nutenção dos serviços privados, já que o governo seria to, permite a disposição gratuita de tecidos, órgãos e o responsável pelo fornecimento de unidades de célu- partes do corpo humano, em vida ou post mortem, las tronco, embora a atividade se torne alvo perman- para fins de transplante e tratamento, na forma de- ente de tentativas, caso não seja impedida a atuação sta Lei (art. 1º). Esta Lei condiciona a realização de privada. Além disto, tranqüiliza a população quanto as transplante ou enxertos de tecidos, órgãos ou partes possibilidades de atendimento adequado em caso de do corpo humano por estabelecimento de saúde, pú- necessidade terapêutica e não apenas quando possuir blico ou privado, e por equipes médico-cirúrgicas de condição econômica privilegiada. remoção e transplante, à autorização prévia do órgão 5) Sobre a Relevância Pública dos Bancos de San- de gestão nacional do Sistema Único de Saúde (art. gue de Cordão Umbilical e Placentário 2º), tipifica como crime para quem “comprar ou vend- A Constituição Federal assegura (art. 197) que er tecidos, órgãos ou partes do corpo humano”, com “São de relevância pública as ações e serviços de pena de reclusão, de três a oito anos, e multa, de 200 saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos a 360 dias-multa, bem assim, a quem “promover, in- da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e con- termediar, facilitar ou auferir qualquer vantagem com trole, devendo sua execução ser feita diretamente ou a transação” (Art. 15.). E ainda, como crime, “realizar através de terceiros e, também, por pessoa física ou transplante ou enxerto utilizando tecidos, órgãos ou jurídica de direito privado”. partes do corpo humano obtidos em desacordo com O art. 199 da CF assegura liberdade à iniciativa os dispositivos da Lei”, com pena de reclusão, de um a privada. A prestação privada da assistência à saúde seis anos, e multa, de 150 a 300 dias-multa (Art. 16.). no sistema único de saúde deve ser complementar, Prevê ainda, sanções administrativas para aqueles segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito que incorrerem nos crimes previstos nos arts. 14, 15, público ou convênio, tendo preferência as entidades 16 e 17, dentre outros: filantrópicas e as sem fins lucrativos. Assegura ademais “...... que, “a lei disporá sobre as condições e os requisitos Art 21. No caso dos crimes previstos nos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e sub- arts. 14, 15, 16 e 17, o estabelecimento de stâncias humanas para fins de transplante, pesquisa saúde e as equipes médico-cirúrgicas envolvi- e tratamento, bem como a coleta, processamento e das poderão ser desautorizadas temporária transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado ou permanentemente pelas autoridades com- todo tipo de comercialização.” petentes. O art. 200 da Carta Magna estabelece competên- § 1º Se a instituição é particular, a au- cia ao sistema único de saúde para, além de outras toridade competente poderá multá-la em 200 atribuições, nos termos da lei, “controlar e fiscalizar a 360 dias-multa e, em caso de reincidên- procedimentos, produtos e substâncias de interesse cia, poderá ter suas atividades suspensas para a saúde e participar da produção de medicamen- temporária ou definitivamente, sem direito a Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57333 qualquer indenização ou compensação por pelos bancos privados de sangue de cordão umbilical investimentos realizados. e placentário, via de regra, extrapolam os valores dos § 2º Se a instituição é particular, é proi- mesmos materiais, procedimentos e serviços cobrados bida de estabelecer contratos ou convênios em outras prestações do setor saúde. É difícil para os com entidades públicas, bem como se benefi- órgãos de fiscalização calcular e controlar a cobrança ciar de créditos oriundos de instituições gov- dos valores reais, já consagrados no “mercado”, sem ernamentais ou daquelas em que o Estado é que sejam embutidos nos valores totais dessas op- acionista, pelo prazo de cinco anos. erações, os valores referentes às ações de “coleta, Art. 22. As instituições que deixarem de processamento, estocagem, distribuição e aplicação manter em arquivo relatórios dos transplantes do sangue, seus componentes e derivados”, proibidos realizados, conforme o disposto no art. 3.º § pela legislação. 1º, ou que não enviarem os relatórios men- Neste sentido, melhor solução é definir tais ações cionados no art. 3º, § 2º ao órg ão de gestão e serviços como de relevância pública, devendo sua estadual do Sistema único de Saúde, estão prestação ser, exclusivamente, exercida pelo Setor sujeitas a multa, de 100 a 200 dias-multa. Público e sob seu absoluto controle, nos casos de ...... serviços privados existentes, atualmente. Art. 23. Sujeita-se às penas do art. 59 O sentido e alcance da expressão “relevância da Lei n.º 4.117, de 27 de agosto de 1962, a pública” empregada no texto constitucional deve levar empresa de comunicação social que veicu- em consideração o conjunto de princípios e normas lar anúncio em desacordo com o disposto no jurídicas – sistema – em que se encontra ela inserida. art. 11.” Em ambos os dispositivos em que foi empregada (ar- A Lei No 10.205, de 21 de março de 2001, que tigo 129, II e 197), “relevância pública” qualifica, ou regulamenta o § 4o do art. 199 da Constituição Fed- adjetiva, serviços e ações merecedores de especial eral, relativo à coleta, processamento, estocagem, atenção do Poder Público – aí inserido o Ministério distribuição e aplicação do sangue, seus componen- Público, no exercício da função de “curatela” que lhe tes e derivados, veda a compra, venda ou qualquer foi atribuída – devido ao reconhecido interesse social outro tipo de comercialização do sangue, componen- na sua prestação. tes e hemoderivados, em todo o território nacional, a Numa minuciosa interpretação do artigo 197 da pessoas físicas ou jurídicas, em caráter eventual ou CF, deve-se atentar para a circunstância de que a saúde permanente (art. 1º), definindo por “sangue, compo- pública configura, no âmbito do texto constitucional, nentes e hemoderivados os produtos e subprodutos uma garantia fundamental (Título II da CF), revelada originados do sangue humano venoso, placentário ou pelo Legislador Constituinte como direito social (artigo de cordão umbilical, indicados para diagnóstico, pre- 6º), traduzido como “direito de todos e dever do Estado” venção e tratamento de doenças”. O parágrafo único do (artigo 196). A eficácia que decorre da interpretação art. 2º, ressalvou que “não se considera como comer- de tais normas é dupla. De um lado, o dever do Estado cialização a cobrança de valores referentes a insumos, de efetivar a prestação de serviços e ações de saúde, materiais, exames sorológicos, imunoematológicos e e, de outro, o direito público subjetivo conferido a toda demais exames laboratoriais definidos pela legislação competente, realizados para a seleção do sangue, coletividade para reclamar pela devida prestação de componentes ou derivados, bem como honorários por tais serviços e ações, inclusive mediante o ajuizamento serviços médicos prestados na assistência aos paci- de ações judiciais cabíveis para compelir o “devedor” entes e aos doadores.” ao cumprimento de sua obrigação constitucional. A Portaria nº 2.381/GM, de 29 de setembro de A afirmação constitucional de que “são de rele- 2004, que cria a Rede Nacional de Bancos de Sangue vância pública as ações e serviços de saúde” (primeira de Cordão Umbilical e Placentário para Transplantes parte do artigo 197 CF), e, reafirmada para o objeto de Células Tronco Hematopoiéticas (BrasilCord), veda específico desta proposição, encerra no contexto do (art. 8º) aos mesmos a comercialização de Sangue de próprio dispositivo em que está contida a afirmação, Cordão Umbilical e Placentário. uma finalidade própria, que guarda estreita relação com A questão que se coloca é que os “valores refer- a norma atributiva de função institucional conferida ao entes a insumos, materiais, exames sorológicos, imu- Ministério Público no artigo 129, II, da CF. Cabe destacar noematológicos e demais exames laboratoriais”, assim que a efetivação da garantia fundamental à saúde deve como os “honorários por serviços médicos prestados ser enfocada pelo Estado-Administração pelo prisma na assistência aos pacientes e aos doadores” cobrados da essencialidade e da indisponibilidade. 57334 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Analisada a premissa perante o conjunto de dis- ações de saúde recentes em nosso país, nos positivos que constituem a Carta Magna vigente, con- parece pertinente incluí-los, na legislação, na firma-se a intencionalidade da norma pela verificação condição de serviços de relevância pública, para de que encerra a expressão “relevância pública” múlti- que seja fortalecida a condição interventora do plos significados e conseqüências: Estado nesta prestação e controle, visando a a) sendo de relevância pública, identifi- sua conformação com os ideais do Estado De- cam-se as ações e serviços de saúde com o mocrático de Direito; interesse social (adotado aqui o termo no senti- e) alguns dos postulados mais importantes do de interesse público), e, consequentemente, do Estado Democrático de Direito são o resguar- caracterizam-se pela indisponibilidade inerente do da dignidade da pessoa humana; a constru- ao interesse público sempre perseguido pela ção de uma sociedade livre, justa e solidária; a Administração, cuja atuação, neste particular, erradicação da pobreza e da marginalização, e é vinculada e não discricionária; a redução das desigualdades sociais e regio- b) sendo a saúde uma garantia funda- nais, etc.. Por conseguinte, foi imperioso que o mental e um direito social, cuja concretização – legislador constituinte concebesse uma “fórmula” mediante ações e serviços – constitui questão que pudesse legitimar a atuação estatal na con- de relevância pública, dado o interesse público cretização desses postulados, ainda que essa na sua concretização, encontra-se legitimado intervenção tivesse que ocorrer na esfera privada. todo o grupo social, coletiva ou individualmen- Isto porque a Constituição Federal reconhece e te, ou o Ministério Público, para reclamar do valoriza a propriedade privada, os valores sociais Estado a formulação de uma política de saúde do trabalho e da livre iniciativa. eficaz e de cunho universal, além da prestação f) a atuação do Ministério Público, no efetiva de ações e serviços que a concretizem, exercício da função que lhe foi conferida pelo bem como insurgir-se contra qualquer ato ou artigo 129, II, da CF não se deve ser restrita procedimento do Estado que possa causar àqueles serviços considerados expressamente danos à saúde pública. Significa isso, que o como sendo de relevância pública pelo artigo direito público versado é de natureza difusa, 197 da CF, mas deve abranger todo e qual- transindividual ou supraindividual; quer serviço, mediante verificação quanto à c) como responsável direto pela “regu- primazia dos serviços enfocados, tomando-se lamentação, fiscalização e controle” de tais por parâmetro para tal definição os princípios serviços e ações de relevância pública (artigo fundamentais estabelecidos no Título I da CF 197,2ª parte), compete ao Estado intervir, sem- e os direitos e garantias fundamentais estabe- pre que necessário, por si próprio (autoexecu- lecidos no Título II, que se consubstanciam em toriedade) ou através do Poder Judiciário, para cláusulas pétreas, inalteráveis, da Constituição que sejam seguidas por seus próprios órgãos Federal (artigo 60, parágrafo 4º, IV, da CF). e pelos prestadores de serviços de saúde da iniciativa privada, as normas diretoras traça- Pelo exposto, entendemos e convocamos os nos- das pelo próprio Estado, titular da competên- sos pares para assim o fazê-lo, que o acesso universal, cia normativa, com caráter de imperatividade igualitário e equânime à Rede Pública dos Bancos de e não meramente de forma indicativa; Sangue de Cordão Umbilical e Placentário e o arma- d) a relevância pública das ações e ser- zenamento pelo poder público de embriões obtidos viços de saúde decorre de sua caracterização nos processos de fertilização assistida, devem ser en- como direito social, garantia fundamental conexa tendidos como direitos humanos básicos, essenciais e a um dos fundamentos da República Federativa indisponíveis, portanto, bens públicos que devem ser do Brasil, a dignidade da pessoa humana. Ou- geridos e prestados pelo poder público e controlado tros direitos podem vir a ter reconhecido esse pela sociedade, para o bem da sociedade. caráter de relevância pública, por designação Sala das Sessões, 2 de dezembro de 2004. – direta do legislador ordinário ou como fruto de Henrique Fontana, Deputado Federal. uma interpretação jurisprudencial. No caso des- PROJETO DE LEI Nº 4.557, DE 2004 ta proposição, pela especificidade de seu objeto, (Do Sr. Onyx Lorenzoni) mesmo como uma ação de saúde pública, mas sendo os bancos de sangue de cordão umbilical Dispõe sobre a destinação de recursos e placentário e o armazenamento de embriões com publicidade, divulgação e propaganda Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57335 institucional dos órgãos e entidades da Ad- Ao se formular este Projeto, pretende-se desti- ministração Federal, na produção de obras nar tão-somente 3% desse montante para fomentar a literárias de autores brasileiros. produção de obras literárias de autores brasileiros sem Despacho: Apense-se A(O) Pl- vínculo ou contrato com editoras. 3983/2004 Tais obras seriam adquiridas para escolas, bib- Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- liotecas e outras instituições públicas facilitando aos ciação Conclusiva Pelas Comissões – Art. estudantes em geral mais necessitados o acesso à 24 II cultura e o conhecimento da língua e da literatura brasileira contemporâneas. O Congresso Nacional Decreta: Para evitar favorecimentos, previu-se a adoção de Art. 1º Os órgãos e entidades da Administração processo licitatório para a seleção das obras literárias, Federal, contemplados na Lei Orçamentária anual, com e os temas correspondentes não poderão ter conota- dotações para publicidade, divulgação e propaganda ção político-partidária, ideológica ou similar. institucional, destinarão três por cento desse mon- Entendemos, assim, estar incentivando a cria- tante para a aquisição de obras literárias de autores ção nacional e contribuindo para a formação de nos- brasileiros independentes. sas crianças e jovens, para o que solicitamos o apoio § 1º Entende-se por independente o autor que dos pares. não possuir vínculo ou contrato com Editora. Sala das sessões, 2 de dezembro 2004. – Depu- § 2º Entende-se por obra literária a publica- tado Onyx Lorenzoni. ção escrita nos campos de memória, histórico-docu- mental, institucional e outros gêneros diversificados, PROJETO DE LEI Nº 4.562, DE 2004 como poemas, contos, ensaios, romances, novelas (Do Sr. Silas Brasileiro) e crônicas. Dispõe sobre a identificação de as- § 3º O beneficiário desta lei somente poderá ter sinantes de serviços de correio eletrônico sua obra adquirida uma vez por ano, em tiragem es- em redes de computadores destinadas ao tipulada pelo Conselho Nacional de Educação. uso público, inclusive a Internet. Art. 2º A aquisição das obras literárias que trata Despacho: Apense-se A(O) Pl- o “caput” do artigo 1º dessa lei, será prioritariamente 3016/2000 destinada a escolas da rede pública, bibliotecas públicas Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- e em outras instituições de acesso público que obje- ciação do Plenário tivem a promoção cultural de nossos artistas e nossa história cultural, e se dará da seguinte forma: O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Esta lei determina a coleta de dados para I – O Ministério da Educação abrirá lici- identificação do assinante, na concessão de endereços tação visando selecionar os autores e obras eletrônicos por provedores de serviços de correio ele- de que trata o art. 1, dessa lei. II – O conteúdo trônico em redes de computadores destinadas ao uso das obras literárias de que tratam o § 2º do público, inclusive a Internet. art. 1º dessa lei, não poderá tratar de assun- Art. 2º Os provedores de serviços de correio tos político-ideológicos, político-partidários, eletrônico em redes de computadores destinadas ao ou de qualquer outra forma de manifestação uso público, inclusive a Internet, ou em redes a estas que enalteça ou critique determinada forma de conectadas, deverão coletar, arquivar e manter atual- pensamento ideológico/partidário. izados os seguintes dados a respeito dos titulares de Art. 3º Após a aprovação dessa lei fica o Poder endereços eletrônicos por estas assignados: Executivo fica obrigado a apresentar na próxima pre- I – nome completo; visão orçamentária inclusa no orçamento do Ministério II – domicílio; da Educação, o montante destinado as obras literárias III – número de identidade, CPF, título de de que tratam o § 2º do art. 1º dessa lei eleitor ou outro documento válido e verificável Art. 4º Esta lei entra em vigor na data de sua para identificação do usuário. publicação. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica- Justificação se igualmente a serviços gratuitos ou prestados a um É volumoso o gasto com propaganda e publici- público restrito ou bem delimitado. dade efetuada pela União, que envolve, inclusive, as Art. 3º Os provedores de que trata esta lei de- entidades da administração indireta. verão manter, por um prazo não inferior a um ano, o 57336 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 endereço eletrônico do destinatário das mensagens III – Identificação do número do andar nas áreas expedidas por cada usuário de correio eletrônico e a internas de prédios de acesso público. data hora do envio. Art. 2º O não cumprimento do disposto nesta lei Art. 4º A desobediência às disposições desta lei implicará em multa diária no valor de 500 (quinhen- sujeita o infrator à pena de multa de até cinco mil reais, tas) UFIR’S. acrescida de um terço na reincidência. Parágrafo único. Em caso de reincidência, a multa Art. 5º Esta lei entra em vigor na data de sua diária será cobrada em dobro. publicação. Art. 3º As empresas terão o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para adaptar-se ao disposto nesta lei. Justificação Art. 4º Esta lei entra em vigor na data de sua O enorme número de mensagens não solicitadas publicação. (SPAM) na Internet cresceu enormemente nos últimos Art. 5º Revogam-se as disposições em con- anos e corresponde, hoje, a mais da metade do total trário. de e-mails que transitam na rede. Se o crescimento Justificação dessas mensagens acompanhar o ritmo atual, o correio eletrônico tornar-se-á inviável e cairá em desuso. A anagliptografia é um conjunto de caracteres Parte dessas mensagens, em especial as destina- codificados e impressos em relevo, permitindo a leitura das a fins maliciosos, como a inoculação de vírus em através do toque dos dedos das mãos pelo tato. Este computadores ligados à rede, são emitidas por usuários espetacular sistema de escrita, foi criado, há quase que se cadastram em provedores gratuitos, que não 200 anos, pelo francês Louis Braille por causa da sua exigem identificação rigorosa do solicitante. própria condição de cego. Para coibir a prática do SPAM e sinalizar aos pro- A apresentação deste projeto de lei é uma forma vedores a necessidade de uma prática mais rigorosa de tentar minimizar as diferenças que nos permeiam. de identificação de seus usuários, ofereço aos ilustres Nosso compromisso é com a erradicação das formas Pares este projeto, que cria tal obrigação sem sobre- de exclusão social. O número de deficientes de uma carregar as empresas de informática com procedimen- forma geral no Brasil é bastante significativo, contando tos de segurança dispendiosos. Certo de sua eficácia, com 14,5% da nossa população. peço aos colegas parlamentares o apoio indispensável Diante do aqui exposto solicito o apoio dos nobres à sua discussão e aprovação. Pares, para aprovação da presente proposição. Sala das Sessões, 6 de dezembro de 2004. – Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2004. – Deputado Silas Brasileiro. Deputado Carlos Nader, PL/RJ. PROJETO DE LEI Nº 4.571, DE 2004 PROJETO DE LEI Nº 4.574, DE 2004 (Do Sr. Carlos Nader) (Do Sr. Ronaldo Vasconcellos)

“Fica assegurado às pessoas cegas Torna possível às Organizações da So- o direito ao acesso a informações escritas ciedade Civil de Interesse Público, manter a em relevo pelo sistema Braille em todo ter- qualificação obtida com base em diplomas ritório Nacional e dá outras providências.” legais diversos Despacho: Apense-se A(O) Pl- Despacho: Apense-se A(O) Pl- 4354/2004 3877/2004 Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- ciação Conclusiva Pelas Comissões – Art. ciação do Plenário 24, II O Congresso Nacional decreta: O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Esta lei possibilita às Organizações da Art. 1º Fica assegurado às pessoas cegas, em Sociedade Civil de Interesse Público a manutenção todo território nacional, o direito a terem colocadas a simultânea de qualificações obtidas com base em di- sua disposição as seguintes informações escritas pelo plomas legais diversos. sistema de escrita Braille: Art. 2º O artigo 18 da Lei nº 9.790, de 1999, passa I – As informações de destino nos pontos de a vigorar com a seguinte redação: ônibus; “Art. 18 As pessoas jurídicas de direito II – Identificação das telas de acionamento de privado sem fins lucrativos, qualificadas com elevadores prediais; base em outros diplomas legais, poderão quali- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57337 ficar-se como Organizações da Sociedade Civil inclusão de inciso ao artigo 20 da Lei nº 8036/90, ob- de Interesse Público, desde que atendidos os jetiva permitir que o trabalhador utilize o saldo de sua requisitos para tanto exigidos, sendo-lhes as- conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de segurada a manutenção simultânea dessas Serviço caso ele próprio ou qualquer de seus depen- qualificações. (NR)” dentes seja portador do mal de Parkinson. Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua O próprio Poder Judiciário, através de recente publicação. decisão do Superior Tribunal de Justiça, reconheceu o direito de portador daquele mal sacar os valores Justificação de seu FGTS em ação ajuizada por cidadão contra a O projeto de lei que apresento à consideração Caixa Econômica Federal. desta Casa visa a tornar possível que as Organizações A exemplo de casos hoje já previstos para aquela da Sociedade Civil de Interesse Público possam ser movimentação – neoplasia maligna, doença grave, declaradas de utilidade Pública. AIDS, etc – a permissão para o levantamento da con- Não se compreende a proibição em vigor, na me- ta vinculada do trabalhador no FGTS, quando ele ou dida em que ambas as noções – “interesse público” e qualquer de seus dependentes for portador do mal de “utilidade pública” são distintas, não havendo motivo Parkinson, é medida de elevado alcance social e será para torná-las mutuamente excludentes. de extrema importância para os inúmeros brasileiros Retenha-se que, aqui, estamos a tratar de socie- que hoje padecem daquela doença, pois permitirá que dades sem fim lucrativo e que, portanto, os benefícios tenham acesso aqueles valores, generalizando assim advindos da aprovação deste projeto de lei reverterão aquela sábia decisão do Poder Judiciário. a favor de toda a sociedade. Estes os motivos que me levaram a formular esta Sendo assim, conto com o apoio de meus Pares proposta e conto com o inestimável apoio dos nobres no sentido da aprovação desta proposição. pares para a sua pronta aprovação. Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2004. – Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2004. – Deputado Ronaldo Vasconcellos. Deputado Corauci Sobrinho. PROJETO DE LEI Nº 4.578, DE 2004 PROJETO DE LEI Nº 4.579, DE 2004 (Do Sr. Corauci Sobrinho) (Do Sr. Feu Rosa) Acrescenta, onde couber, inciso ao Acrescenta dispositivo à Lei nº 8.666, artigo 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de de 21 de junho de 1993, que “regulamenta o 1990 e dá providências correlatas. art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, Despacho: Apense-se A(O) Pl- institui normas para licitações e contra- 3310/2000 tos da Administração Pública e dá outras Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- ciação Conclusiva Pelas Comissões – Art. providências”. 24, II Despacho: Apense-se A(O) Pl- 2236/1996 O Congresso Nacional decreta: Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- Art.1º O artigo 20 da lei nº 8136, de 11 de maio de ciação do Plenário 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso: O Congresso Nacional decreta: “Artigo 20 ...... Art. 1º A Lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993, Inciso ... – quando o trabalhador ou passa a vigorar acrescida do seguinte artigo: qualquer de seus dependentes for portador do mal de Parkinson.” “Art. 32-A. A documentação de que trata o art. 27 será dispensada no caso de empresas Art.2º O Poder Executivo regulamentará o dis- inscritas no Sistema Integrado de Pagamento posto nesta Lei no prazo de 30 (trinta) dias após a de Impostos e Contribuições das Microem- sua publicação. presas e das Empresas de Pequeno Porte Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua – SIMPLES, instituído pela Lei n.º 9.317, de 5 publicação. de dezembro de 1996”. Justificação Art. 2º O disposto no art. 1º não se aplica às lici- A propositura que ora submeto à apreciação dos tações cujos editais já tenham sido publicados à data ilustres componentes desta Casa de Leis, propondo a de publicação desta lei. 57338 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua PROJETO DE LEI Nº 4.583, DE 2004 publicação. (Do Sr. Eduardo Cunha) Justificação Dispõe sobre a dedutibilidade de medi- As microempresas e empresas de pequeno camentos de uso continuado na apuração porte desempenham um papel fundamental na eco- do imposto de renda da pessoa física. nomia brasileira. De acordo com dados do Serviço Despacho: Apense-se A(O) Pl- Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empre- 3018/2004 sas – SEBRAE, disponíveis em dezembro de 2004, Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- as micro e pequenas empresas representam 98% ciação Conclusiva Pelas Comissões – Art. das 4,1 milhões de empresas formais na indústria, 24, II comércio e serviços, respondem por 20% do PIB O Congresso Nacional decreta: e empregam 45% da força de trabalho que possui Art. 1º Altere-se a alínea a, do inciso II, do art. carteira assinada. 8º, da Lei n.º 9.250, de 1995, passando a vigorar com A importância desse segmento econômico foi a seguinte redação: reconhecida no âmbito da Constituição Federal, cujo “Art.8º ...... art. 179 estabelece que a União, os Estados, o Dis- II – ...... trito Federal e os Municípios dispensarão às micro- a) aos pagamentos efetuados, no ano- empresas e às empresas de pequeno porte, assim calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas visando a incentivá-las pela simplificação de suas ocupacionais e hospitais, bem como as obrigações administrativas, tributárias, previden- despesas com exames laboratoriais, ser- ciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução viços radiológicos, aparelhos ortopédicos, destas por meio de lei. Ainda no texto constitucional, próteses ortopédicas e dentárias, medica- o inciso IX do art. 170 indica como princípio geral mentos para diabetes, medicamentos para da ordem econômica o tratamento favorecido para cardiopatias e medicamentos de uso con- as empresas de pequeno porte constituídas sob as tinuado;” (NR) leis brasileiras e que tenham sua sede e administ- ração no País. Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publi- A Lei n.º 9.841, de 5 de outubro de 1999, veio cação e produzirá efeitos financeiros a partir do primeiro regulamentar os citados dispositivos constitucionais. dia do exercício seguinte ao de sua publicação. Em seu art. 24, a lei estabelece que a política de com- Justificação pras governamentais dará prioridade à microempresa São sobejamente conhecidas as dificuldades e à empresa de pequeno porte, individualmente ou de por que passam as pessoas portadoras de moléstias forma associada, com processo especial e simplificado, crônicas, dependentes de tratamentos medicamento- nos termos do regulamento. sos muitas vezes indisponíveis. Na linha do que estabelecem os mencionados Apesar dos avanços ocorridos nos últimos anos, dispositivos constitucionais e legais, o presente pro- no sentido de serem desenvolvidos medicamentos jeto de lei pretende simplificar a participação das genéricos, de preços mais acessíveis, a par da redução microempresas e empresas de pequeno porte nas de tributos incidentes, os remédios ainda se apresen- licitações. Para esse fim, propõe-se que as empre- tam com custos inaceitáveis para a maioria de sua sas inscritas no Sistema Integrado de Pagamento população. de Impostos e Contribuições das Microempresas e Desta maneira, o presente projeto de lei pretende das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, insti- permitir a dedução de seu custo na apuração do Im- tuído pela Lei n.º 9.317, de 5 de dezembro de 1996, posto de Renda das pessoas físicas, como forma de sejam dispensadas da apresentação da documen- observar o princípio da capacidade contributiva e de tação pertinente à fase da habilitação nos procedi- resgatar lacuna na legislação tributária. mentos licitatórios. Pela justiça e alcance social, contamos com o É como submetemos a presente proposição à apoio dos nobres Pares para aprovação deste pro- apreciação dos ilustres Pares. jeto de lei. Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2004. – Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2004. – Deputado Feu Rosa. Deputado Eduardo Cunha. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57339 PROJETO DE LEI Nº 4.584, DE 2004 PROJETO DE LEI Nº 4.586, DE 2004 (Do Sr. Eduardo Cunha) (Do Sr. José Divino) Dispõe sobre a concessão de bolsa de Estabelece a busca imediata de pessoa estudos a estudantes em instituições par- desaparecida menor de 18 anos e portadora ticulares de ensino superior que comprov- de deficiência física ou mental. adamente prestem serviço voluntário. Despacho: Apense-se A(O) Pl-981/2003 Despacho: Apense-se Ao Pl 3795/2004. Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- ciação Conclusiva Pelas Comissões – Art. ciação Conclusiva Pelas Comissões – Art. 24, II 24, II O Congresso Nacional decreta: O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Esta lei determina à autoridade policial que Art. 1º As instituições particulares de ensino supe- proceda imediatamente à busca de pessoa desapare- rior poderão abater, anualmente, do imposto de renda cida menor de dezoito anos e portadora de deficiência devido, nos limites estabelecidos pela legislação espe- física ou mental. cífica, os valores relativos à concessão de bolsas de Art. 2º A autoridade policial procederá imediata- estudos a estudantes regularmente matriculados em mente à busca de pessoa desaparecida, quando esta seus cursos de graduação e superiores de formação for menor de dezoito anos e portar deficiência física específica, e que comprovem a prestação de serviço ou mental. voluntário nos termos da Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro Parágrafo único. Para os fins desta lei, a pessoa de 1998, conforme estabelecido em regulamento. definida no caput será considerada desaparecida a Parágrafo único. O disposto no “caput” aplica-se partir da comunicação do desaparecimento à autori- exclusivamente a instituições e cursos que apresentem dade policial. desempenho considerado satisfatório pela avaliação Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua conduzida no âmbito do Sistema Nacional de Avalia- publicação. ção da Educação Superior – SINAES, mantido pelo Justificação Ministério da Educação. Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua O projeto de lei que ora apresento à apreciação publicação. desta Casa visa a estabelecer a obrigatoriedade da busca imediata de menor de dezoito anos, quando este Justificação for portador de deficiência física ou mental. Trata-se de criar mais um estímulo para dar aces- Tal norma é necessária, pois a praxe é a da au- so à educação superior de qualidade aos estudantes toridade policial aguardar um prazo de 48 horas para que, sendo economicamente carentes, estão dispos- dar a pessoa como desaparecida. É fácil perceber que tos a oferecer à sociedade um serviço comunitário essa demora agrava a situação de menores de 18 anos relevante. portadores de deficiência física ou mental – facilitando O meio proposto, o de abatimento do imposto de a prática de crimes relativos ao tráfico de órgãos e à renda devido pelas instituições particulares, constitui exploração sexual. incentivo significativo para a sua mobilização, promov- Assim, conto com o esclarecido apoio de meus endo a eficácia do instrumento de eqüidade social que Pares, no sentido da aprovação desta proposição. inspira a proposição. Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2004. – Finalmente, busca-se materializar, também Deputado José Divino. por este meio, a obrigação constitucional do Estado PROJETO DE LEI Nº 4.588, DE 2004 brasileiro de garantir o “acesso aos níveis mais el- (Do Sr. Eduardo Cunha) evados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (art. 208, V, da Veda o estabelecimento de conteúdo Constituição Federal). programático de nível de escolaridade su- Estou convencido de que as fundadas razões perior ao exigido pelas atribuições a de- que motivam a apresentação deste projeto de lei hão sempenhar, nos processos seletivos que de assegurar o apoio dos ilustres Pares para sua especifica. aprovação. Despacho: Apense-se A(O) Pl-252/2003 Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2004. – Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- Deputado Eduardo Cunha. ciação do Plenário 57340 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O Congresso Nacional decreta: mínimo a renda máxima mensal de família Art. 1º É vedado o estabelecimento de conteúdo com deficiente ou idoso. programático de nível de escolaridade superior ao ex- Despacho: Apense-se A(O) Pl- igido pelas atribuições a desempenhar, em processos 3967/1997 seletivos franqueados a administração pública direita, Apreciação: Proposição Sujeita À Aprecia- indireta ou a qualquer interessado que cumpra requisi- ção Conclusiva Pelas Comissões – Art. 24, II tos de caráter impessoal estabelecidos no instrumento O Congresso Nacional decreta: que disciplinar sua realização. Art. 1º O § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93, de 7 Art. 2º A incidência de conteúdo programático de de dezembro de 1993, passa a vigorar com a seguinte nível de escolaridade superior ao exigido pelas atri- redação: buições a desempenhar implicará em cancelamento do processo seletivo. “Art. 20...... Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua ...... publicação. § 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência Justificação ou idosa a família cuja renda mensal per capita A Carta Magna firmou em seu art. 37, I o princípio seja igual ou inferior a 1 (um) salário mínimo. da ampla acessibilidade aos cargos, empregos e fun- ...... ” ções no que tange ao ingresso no serviço público. Art. 2º Os recursos destinados a atender o § 3º Uma das formas mais cruéis de eternizar os do art. 20 desta Lei serão devidamente alocados nos abismos que segregam os brasileiros no mercado de Orçamentos Gerais da União. trabalho é a realização de processos seletivos teori- Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua camente abertos a qualquer interessado, mas que se publicação. realizam em condições que exigem dos candidatos conhecimentos superiores aos indispensáveis para o Justificação desempenho das tarefas a executar. Isso se verifica A Lei n.º 8.742/93 determina no caput do art. 20 que com desconfortável freqüência nos concursos públicos, é assegurado à pessoa do idoso, com mais de 70 (setenta) onde são muito comuns os casos de profissionais de anos de idade, ou ao deficiente físico e desde que ambos nível superior que ocupam postos reservados à pes- não possuam outras formas de sustentar-se ou de tê-la soas com menor escolaridade. provida por sua família, o benefício da prestação continu- A proposta aqui defendida, com alcance univer- ada, cujo valor eqüivale a 1 (um) salário mínimo. sal, abrangendo processos seletivos abertos tanto no Entretanto, o § 3º do mesmo art. 20 da norma em serviço público quanto na iniciativa privada, tem como referência determina que é “incapaz de prover a ma- propósito coibir esse tipo de conduta. Note-se que para nutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa os empregadores do setor não estatal a matéria tem a família cuja renda mensal per capita seja inferior a efeito meramente indicativo, porque só se aplicará aos 1/4 (um quarto) do salário mínimo.” empregadores que resolverem – e isso é medida de seu Ora, ocorre que o índice retro citado, de 25% próprio talante – adotar o caminho da seleção impes- do salário mínimo, é ínfimo para que uma pessoa se soal de seu corpo de empregados. A regra tem alcance mantenha, muito mais árduo é para uma família in- absoluto no âmbito administrativo porque, no caso do teira sobreviver e quase impossível para um grupo de Poder Público, a seleção por meio de tais critérios é indivíduos que residem sob o mesmo teto, com uma objetivamente imposta pelo ordenamento jurídico. pessoa idosa ou um deficiente físico. Pelos motivos antes explicitados, pede-se aos Assim, a presente proposição objetiva aumentar o nobres Pares apoio à importante iniciativa. limite de 1/4 (um quarto) para 1 (um) salário mínimo a Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2004. – renda per capita máxima de famílias que aspiram receber Deputado Eduardo Cunha. o benefício assistencial ao idoso ou ao deficiente. PROJETO DE LEI Nº 4.592, DE 2004 Dessa forma, conta-se com o apoios dos nobres (Do Sr. Dimas Ramalho) pares para que o projeto que se analisa seja aprovado e dilate esse percentual tão reduzido para a concessão Altera a Lei nº 8.742, de 1993, que dis- de um direito tão necessitado por famílias carentes e põe sobre a organização da Assistência So- desamparadas. cial e dá outras providências, aumentando Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2004. – de 1/4 do salário mínimo para um salário Deputado Dimas Ramalho, PPS/SP. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57341 PROJETO DE LEI Nº 4.602, DE 2004 Art. 2º Os dirigentes públicos da área da saúde (Do Sr. Fernando Coruja) são os responsáveis pela execução das políticas de saúde, expressas em planos de saúde, devendo obser- Estabelece que nenhum saldo devedor var os princípios do Sistema Único de Saúde, inscritos de financiamento imobiliário poderá ser su- em leis específicas. perior ao valor de mercado do imóvel. Art. 3º Ressalvada a competência do Presidente Despacho: Apense-se A(O) Pl-848/2003 da República, dos Governadores de Estado e do Dis- Apreciação: Proposição Sujeita à Aprecia- trito Federal e dos Prefeitos para a prática de atos es- ção Conclusiva Pelas Comissões – Art. 24, II pecíficos decorrentes do exercício da chefia do Poder O Congresso Nacional decreta: Executivo, a direção do Sistema Único de Saúde é ex- Art. 1º Em nenhum momento, sob qualquer hipó- ercida, na União, pelo Ministro da Saúde, no Estado, tese, o saldo devedor do financiamento imobiliário no Distrito Federal e no Município pelos Secretários poderá ser superior ao valor de mercado do imóvel. de Saúde ou autoridade equivalente. Art. 2º A avaliação do valor de mercado do imóvel, Parágrafo único. Além do Ministro e dos Secre- levará em conta o valor originalmente financiado corrigido tários, as demais autoridades sanitárias do Sistema à data de avaliação, e considerará as condições normais Único de Saúde são as identificadas na organização de depreciação e conservação, sendo a avaliação feita do Ministério da Saúde e das Secretarias ou órgãos pelo agente financeiro, sem ônus para o mutuário. equivalentes, e nos atos regulamentares de fiscaliza- ção, controle das ações e serviços de saúde. Justificação CAPÍTULO II Os financiamentos habitacionais mostram-se injus- Das Responsabilidades Sanitárias tos pois geram distorções que muitas vezes levam mu- tuários a deverem mais do que vale o imóvel no mercado, SEÇÃO I considerando que os agentes nem mesmo são obrigados Das Transferências de Recursos aos Fundos a aceitarem os imóveis em dação de pagamento. de Saúde A nossa legislação, lamentavelmente, pouco tem estimulado aqueles que fazem um grande esforço, Art. 4º A União, os Estados, o Distrito Federal e sacrificando muitas vezes a maior parte do orçamento os Municípios devem alocar recursos para o financia- familiar, para honrar as prestações do imóvel adquirido mento da saúde, conforme dispõem os incisos I, II e no âmbito do sistema de financiamento por agências III do § 2º do art. 198 da Constituição Federal e leis financeiras controladas pelo Poder Público. específicas. Peço a provação deste projeto por se tratar de Art. 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Mu- uma matéria de grande interesse social, e que com nicípios, para receberem as transferências de recursos certeza irá resolver grande parte dos problemas hab- obrigatórias da União, e os Municípios, para receberem itacionais do país. as transferências obrigatórias dos Estados, de forma Sala das Sessões, 8 de dezembro de 2004. – regular e automática, na forma de leis específicas, para Deputado Fernando Coruja. o financiamento e a execução de ações e serviços de PROJETO DE LEI Nº 4.606, DE 2004 saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde deverão (Do Sr. Roberto Gouveia) contar com: I – Fundo de Saúde; Dispõe sobre a responsabilidade sani- II – Conselho de Saúde; tária dos agentes públicos e a aplicação de III – Plano de Saúde; penalidades administrativas. IV – Relatórios de gestão; Despacho: Apense-se A(O) Pl- V – Prestação semestral de informações para o 4010/2004 Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos Apreciação: Proposição Sujeita à Aprecia- em Saúde ou outro que venha a lhe substituir; ção Conclusiva Pelas Comissões – Art. 24, II VI – Alocação de recursos de suas receitas, con- O Congresso Nacional decreta: forme determinam os incisos I, II e III do § 2º do art. 198 da Constituição Federal e regulamentos próprios. CAPÍTULO I § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Das Disposições Preliminares deverão comprovar a observância do disposto no caput Art. 1º A saúde é uma das condições essenciais da deste artigo mediante o envio de relatório de gestão ao liberdade individual e coletiva e de garantia da dignidade Conselho de Saúde respectivo, até o dia 30 de março humana, constituindo-se em direito público subjetivo. do ano seguinte à execução financeira, cabendo ao 57342 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Conselho emitir parecer conclusivo mencionando o para apreciação e aprovação no prazo máximo trinta cumprimento ou não do estabelecido no caput, o qual dias, publicados na imprensa oficial quinze dias após será publicado na imprensa oficial, amplamente di- sua aprovação e incluídos na proposta da lei orçamen- vulgado para a população e encaminhado ao Tribunal tária, anualmente. de Contas respectivo, juntamente com a prestação de § 3º Os Planos de Saúde serão plurianual e anual contas anual dos entes federativos. e deverão conter indicação precisa das metas anuais a § 2º Anualmente os Estados, o Distrito Federal e serem alcançadas e dos recursos financeiros, devendo os Municípios atualizarão sua ficha cadastral no Sistema observar na sua elaboração, no que couber, as regras de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde, e os prazos previstos para a confecção das propostas ou outro que venha a lhe substituir, fazendo menção às do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamen- exigências mencionadas no caput e indicando a data tárias e da Lei Orçamentária e, no que for pertinente, de aprovação do relatório de gestão pelo respectivo compor aquelas propostas. Conselho de Saúde e a data de sua publicação na im- § 4º As modificações e os aditamentos aos Planos prensa oficial, sendo que a comprovação da existência de Saúde poderão ocorrer a qualquer tempo, desde de declaração que não corresponda à realidade será que sejam compatíveis com as leis orçamentárias, caracterizada como crime de falsidade ideológica. aprovados pelos Conselhos de Saúde e publicados Art. 6º Os recursos destinados ao financiamento na imprensa oficial no prazo máximo de quinze dias e à execução de ações e serviços de saúde proveni- contados da sua aprovação. entes dos percentuais mínimos de receitas próprias § 5º É vedada a descontinuidade de serviço de dos entes federativos, das transferências regulares e saúde, exceto nos casos em que houver justificativa automáticas de outros entes da Federação, das op- epidemiológica. erações de crédito internas e externas vinculadas à Art. 8º Os Planos de Saúde deverão prever a saúde e de outras receitas destinadas à saúde serão obtenção de resultados mínimos, de acordo com me- depositados e movimentados pelos Fundos de Saúde tas estabelecidas periodicamente pelo Ministério da de cada esfera de governo, devendo sua execução Saúde, em relação a pelo menos: ser acompanhada e fiscalizada por meio de relatórios I – mortalidade infantil e materna; ao Conselho de Saúde respectivo, sem prejuízo do II – mortalidade por doenças e agravos evi- acompanhamento pelos órgãos de controle interno e táveis; externo de cada esfera de governo. III – infecção hospitalar; SEÇÃO II IV – parto cesariano; Dos Planos de Saúde V – filas de espera; Art. 7º Os Planos de Saúde, elaborados pela di- VI – atendimento humanizado; reção do Sistema Único de Saúde em cada esfera de VII – fornecimento de medicamentos; governo, mediante critérios demográficos, epidemiológi- VIII – programa de saúde da família; cos e de organização dos serviços, serão a base das IX – protocolos técnicos de condutas profission- atividades e programação da União, dos Estados, do ais nas áreas de promoção, proteção e recuperação Distrito Federal e dos Municípios, e seu financiamento da saúde; será previsto na respectiva proposta orçamentária, sendo X – capacitação e formação de pessoal. vedada a transferência de recursos para o financiamento § 1º O Ministério da Saúde, baseado em fatores de ações e serviços que não estejam previstos no Plano, epidemiológicos, poderá exigir o cumprimento de re- exceto em situações emergenciais ou de calamidade sultados mínimos em relação a outros indicadores de pública, na área da saúde, constituindo infração admin- saúde. istrativa a aplicação de recursos em atividades não pre- § 2º Os Municípios deverão prever em seus Pla- vistas no Plano de Saúde e seus aditamentos. nos de Saúde a aplicação de, no mínimo, quinze por § 1º O Plano Nacional de Saúde deverá conter cento dos recursos transferidos pela União em ações metas mínimas discutidas e aprovadas pelo Consel- e serviços básicos de saúde. ho Nacional de Saúde, periodicamente, devendo ser comprovado que, da totalidade dos recursos da União SEÇÃO III transferidos para Estados e Municípios, setenta por Dos Relatórios de Gestão cento foram para os Municípios. Art. 9º O relatório de gestão, instrumento que § 2º Os Planos de Saúde e sua proposta orça- permite verificar, anualmente, a execução do Plano mentária serão apresentados aos Conselhos de Saúde de Saúde pelos agentes públicos em todos os seus Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57343 aspectos, inclusive o financeiro, deverá conter, dentre dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, outros elementos, obrigatoriamente: deverão: I – A identificação dos fatores sócio-econômicos I – manter comissão de ética em condicionantes e determinantes da saúde; saúde; II – o montante de recursos aplicados e suas fon- II – manter comissão de infecção hospi- tes; as auditorias iniciadas e concluídas no período; talar e ambulatorial; III – a oferta e a execução de serviços na rede III – manter comissão de verificação de de atenção à saúde, própria e complementar, quanto à óbito; capacidade da oferta e quantidade de ações e serviços IV – manter comissão interna de pre- executados e quanto ao perfil de ações de promoção, venção de acidente ou comissão de saúde e proteção e recuperação da saúde; trabalho; IV – os indicadores de qualidade dos serviços e V – notificar a morte encefálica à Cen- os resultados alcançados, de acordo com o previsto tral de Notificação, Transplante e Captação de no Plano de Saúde; Órgãos de seu Estado; os segmentos da população atendidos; a demonstra- VI – notificar os agravos à saúde, consid- ção de evolução do cumprimento do Plano de Saúde; erados de notificação compulsória. V – o atendimento das metas pactuadas com as demais esferas de governo, no âmbito da regionaliza- Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a ção; o cumprimento de compromissos pactuados na todos os serviços privados de assistência à saúde, com Comissão Intergestores Tripartite e Comissão Interg- ou sem fins lucrativos, independentemente de partici- estores Bipartite, conforme o caso; parem ou não do Sistema Único de Saúde. VI – a forma de participação do ente político na CAPÍTULO III regionalização, destacando direitos e deveres; Das Infrações Administrativas e das Penalidades VII – a apuração das denúncias do cidadão feitas às ouvidorias de cada esfera de governo; Art. 13. Considera-se infração administrativa no VIII – formas de valorização dos servidores pú- âmbito do Sistema Único de Saúde a desobediência ou blicos da saúde e de seu comprometimento com a a inobservância ao disposto nesta Lei, sem prejuízo das população. responsabilidades civil e criminal que o ato ensejar, em Art. 10. O relatório de gestão deverá ser elab- especial a responsabilidade pela prática de ato consid- orado pela direção do Sistema Único de Saúde em erado como de improbidade administrativa, nos termos do cada esfera de governo, até o dia 30 de março do ano Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940; da Lei seguinte à execução orçamentária, observadas as di- nº 1.079, de 10 de abril de 1950; do Decreto-Lei nº 201, retrizes e padrão definidos pelo Ministério da Saúde, de 27 de fevereiro de 1967; da Lei nº 8.429, de 2 de junho e apresentado ao Conselho de Saúde respectivo, que de 1992, e demais normas da legislação pertinente. emitirá parecer sobre o seu conteúdo que será publi- Art. 14. Responderá pela infração o agente pú- cado na imprensa oficial no prazo máximo de 15 dias, blico que por ação ou omissão lhe deu causa, concor- devendo ser dada ampla divulgação em audiência reu para a sua prática ou dela se beneficiou. pública nas Casas Legislativas. Art. 15. Considera-se agente público, para os efei- tos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transi- SEÇÃO IV toriamente ou sem remuneração, por eleição, nomea- Dos Conselhos de Saúde ção, designação, contratação ou qualquer outra forma Art. 11. Os Conselhos de Saúde deverão ser or- de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou ganizados em conformidade com as diretrizes legais função no âmbito do Sistema Único de Saúde. de âmbito nacional e as leis específicas de cada esfera Art. 16. As infrações administrativas serão puni- de governo, e reunir-se-ão ao menos uma vez a cada das alternada ou cumulativamente com as penali- mês, cabendo ao Ministério da Saúde, às Secretarias dades de: da Saúde ou aos órgãos equivalentes proverem as I – advertência; condições necessárias ao seu funcionamento. II – multa; III – declaração de inidoneidade para contratar SEÇÃO V ou conveniar com o Sistema Único de Saúde. Das Notificações e das Comissões de Saúde Art. 17. A pena de advertência será aplicada no Art. 12. Os serviços de saúde da administração caso de infração leve e a de multa quando a infração direta ou indireta, autárquica ou fundacional da União, for considerada grave. 57344 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 § 1º São infrações leves aquelas que não causam § 1º Quando o ente jurídico apenado for entidade prejuízos diretos para a saúde da população. privada, com ou sem fins lucrativos, que participa do § 2º São infrações graves aquelas que: Sistema Único de Saúde de forma complementar o I – Causam prejuízos diretos ou implicam poten- valor da multa será descontado dos recursos que o cial risco de prejuízo para a saúde da população; Fundo de Saúde lhe transfere regularmente para a II – cerceiam o direito do Conselho de Saúde de execução de ações e serviços de saúde. exercer as suas funções; § 2º Os valores das multas não recolhidas pelas III – impedem ou dificultam o acompanhamento da entidades privadas, com ou sem fins lucrativos, serão aplicação dos recursos do Fundo de Saúde pelo sistema inscritos na dívida ativa da esfera de governo corre- de controle interno e externo e pelo controle social. spondente e servirão de título executivo para cobrança § 3º O cometimento sucessivo de infrações leves judicial, na forma da lei. será considerado infração grave, a critério da autori- Art. 22. Os recursos dos Fundos de Saúde irregu- dade competente. larmente aplicados em outras áreas públicas deverão Art 18. O ato de declaração de inidoneidade para ser devolvidos no prazo máximo de quinze dias após contratar ou conveniar com o Sistema Único de Saúde a comprovação administrativa do fato e notificação do aplica-se, tão-somente, aos entes privados, com ou infrator, sem prejuízo da aplicação das penalidades sem fins lucrativos, em razão do descumprimento do previstas nesta lei. disposto no art. 12, cabendo ao sistema de audito- CAPÍTULO IV ria, controle e avaliação do Sistema Único de Saúde, Da Fiscalização, Controle e Avaliação no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em procedimento administrativo Art. 23. Os serviços do sistema de auditoria, próprio, propor a aplicação da penalidade ao Ministro controle e avaliação do Sistema Único de Saúde, no da Saúde, ao Secretário de Saúde ou autoridade sani- âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e tária equivalente, conforme o caso. dos Municípios, deverão verificar, em suas respectivas Parágrafo único. O ato de declaração de inidonei- esferas de governo, pelo sistema de amostragem, o dade de contratar ou conveniar com o Sistema Único cumprimento do disposto nesta lei, além de verificar de Saúde será cabível quando houver reincidência de a veracidade das informações constantes do relatório infração grave. de gestão, privilegiando a averiguação in loco dos re- Art. 19. No caso de cometimento de infração sultados alcançados em relação a documentos formais grave o valor da multa será de até vinte vezes o valor de comprovação, sem prejuízo do acompanhamento da remuneração percebida pelo agente público, a cri- pelos órgãos de controle externo de cada esfera de tério da autoridade competente, que levará em conta governo e do Ministério Público. a extensão do dano causado. Art. 24. As infrações administrativas serão apuradas Parágrafo único. No caso de reincidência do come- em procedimento próprio pelos serviços do sistema de timento de infração grave, o valor da multa poderá chegar auditoria, controle e avaliação do Sistema Único de Saúde, a até trinta vezes o valor da remuneração percebida pelo no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e agente público, a critério da autoridade competente. dos Municípios, e encaminhadas ao Tribunal de Contas Art. 20. O valor da multa pelo não cumprimento respectivo, para aplicação da penalidade administrativa pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pe- quando o infrator for agente público federal, estadual, los Municípios do disposto no inciso VI do art. 5º desta distrital ou municipal, exceto aquelas decorrentes do lei, a não apresentação por dois anos consecutivos do descumprimento do disposto no art. 5º e art. 12 quando, relatório de gestão e o descumprimento por dois anos então, serão competentes para a apuração e a aplicação consecutivos de cinqüenta por cento das metas pre- das penalidades os serviços do sistema de auditoria, con- vistas no Plano de Saúde será de trinta vezes o valor trole e avaliação do Sistema Único de Saúde. da remuneração percebida pelo agente público e os § 1º As autoridades do Sistema de Vigilância serviços de auditoria, controle e avaliação do Sistema Sanitária de cada esfera de governo são consideradas Único de Saúde competentes deverão promover com- competentes para verificar o cumprimento do disposto pleta fiscalização contábil, financeira e de resultados no art. 12 e aplicação da penalidade, devendo haver nos serviços de saúde do ente federativo, com acom- prévia articulação entre as autoridades sanitárias dos panhamento do Ministério Público. entes federativos, a fim de impedir a duplicidade de Art. 21. No caso de inobservância do disposto no ações administrativas. art. 12, o valor da multa será estabelecido em regula- § 2º A autoridade sanitária competente para apli- mento próprio, pelo Ministério da Saúde. cação da penalidade poderá optar pela celebração de Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57345 termo de ajuste de conduta quando a infração cometida cial do ato condenatório, devendo na mesma data ser não causar prejuízo direto para a saúde da população, encaminhado aviso pelo correio. devendo, nestes casos, ser dada ciência ao Conselho Art. 32. Caberá recurso ao Ministro da Saúde, ao de Saúde e ao Ministério Público para acompanha- Secretário da Saúde ou a autoridade sanitária equiva- mento do cumprimento do acordo. lente, conforme a esfera de governo autuante, no prazo Art. 25. No caso de aplicação de multa, o agente pú- máximo de quinze dias após a publicação na imprensa blico infrator será notificado a recolhê-la no prazo máximo oficial, da decisão de encaminhamento do processo ad- de cento e oitenta dias ao Fundo de Saúde da esfera de ministrativo ao Tribunal de Contas respectivo, devendo governo da autoridade processante, sob pena de inscrição na mesma data ser encaminhado aviso pelo correio. na dívida ativa daquela esfera de governo. § 1º O recurso será apreciado no prazo máximo Parágrafo único. Os valores das multas não re- de trinta dias, sob pena de apuração de responsabi- colhidas pelos agentes públicos serão inscritos na lidade do agente público em processo administrativo, dívida ativa da esfera de governo correspondente e nos termos da legislação pertinente, e a decisão será servirão de título executivo para cobrança judicial, na publicada na imprensa oficial, devendo ser emitida, na forma da lei. mesma data, notificação ao infrator. Art. 26. São autoridades sanitárias, além do Min- § 2º Quando o agente público infrator for Chefe istro da Saúde e do Secretário da Saúde, competentes do Poder Executivo, da União, dos Estados, do Distrito para a fiscalização e aplicação da penalidade, na forma Federal ou dos Municípios, Ministro da Saúde, Secre- do disposto nos arts. 23 e 24, os servidores públicos tário da Saúde ou autoridade equivalente, o recurso investidos formalmente na função de auditores ou fis- será interposto perante o Conselho de Saúde respec- cais do Sistema Único de Saúde das esferas federal, tivo, na forma e no prazo previsto no caput. estadual, distrital e municipal e as autoridades do Siste- § 3º. Em se tratando do Conselho de Saúde, ma de Vigilância Sanitária de cada esfera de governo, será nomeada uma comissão para apreciar o recurso conforme o disposto no § 1º do art. 24. no prazo máximo de trinta dias, devendo o relatório Art. 27. A aplicação da penalidade pelo descum- ser apresentado ao plenário do Conselho na sessão primento do disposto no art. 5º caberá ao dirigente máximo seguinte, para decisão final. do sistema de auditoria, controle e avaliação do Sistema CAPÍTULO VI Único de Saúde, federal ou estadual, conforme o caso, Das Disposiçoes Gerais CAPÍTULO V Art. 33. O Ministério da Saúde poderá instituir incen- Do Direito de Defesa tivos para os Estados, Distrito Federal e Municípios que Art. 28. É assegurado a todos os agentes públi- alcançarem as metas previstas em seu Plano de Saúde cos e entidades privadas o direito a ampla defesa e e atenderem os demais requisitos previstos nesta lei. ao contraditório, além do direito de interpor recurso à Art. 34. A União deverá manter Comissão Interg- autoridade superior ou pedido de reconsideração no estores Tripartite e os Estados Comissões Interges- caso de condenação em processo administrativo, na tores Bipartite, composta pelos dirigentes da saúde forma e nos prazos previstos nesta lei. das esferas de governo, com a finalidade de discutir Art. 29. O direito de apresentação de defesa e decidir sobre questões sobre a rede regionalizada e nos processos administrativos será de quinze dias, a hierarquizada da saúde e seus aspectos econômico- contar da data da notificação do infrator na imprensa financeiros, além de outros assuntos de organização, oficial, devendo, na mesma data, ser encaminhado direção e gestão da saúde, em função da realização aviso pelo correio. simultânea e articulada dos princípios da integralidade, Art. 30. O direito de recorrer será de quinze dias, eqüidade e universalidade. a contar da data da publicação da condenação na im- Parágrafo único. As decisões das Comissões In- prensa oficial, devendo na mesma data, ser encamin- tergestores serão publicadas na imprensa oficial. hado aviso pelo correio. Art. 35. As autoridades administrativas terão Parágrafo único. O recurso não terá efeito sus- acesso a todos os documentos necessários ao cum- pensivo primento de suas atividades, ressalvadas as hipóte- Art. 31. Cabe pedido de reconsideração do ato ses de sigilo legal, devendo os servidores federais, de declaração de inidoneidade que será dirigido ao estaduais, distritais e municipais, investidos formal- Ministro da Saúde, Secretario de Saúde ou autoridade mente nas funções de auditores do Sistema Único de equivalente de cada esfera de governo, no prazo de Saúde, manter permanente articulação entre si, para quinze dias contados da publicação na imprensa ofi- o cumprimento desta lei. 57346 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Art. 36. Nenhum processo administrativo poderá pela Constituição e por leis, como o de manter todo o ultrapassar o prazo de cento e cinqüenta dias entre a dinheiro da saúde em Fundos de Saúde, fazer funcio- sua abertura e decisão final, considerados os prazos nar os Conselhos de Saúde, elaborar planos de saúde, para o exercício do direito de defesa e de interposição prestar contas à população, manter comissões de ética, de recurso, sob pena de apuração de responsabili- de óbito, melhorar o atendimento ao cidadão. dade. É inadmissível pensar que, decorridos 15 anos Parágrafo único. Os processos encaminhados de implantação do Sistema Único de Saúde, muitos ao Tribunal de Contas deverão estar concluídos no de seus princípios e diretrizes ainda não venham prazo máximo de cento e vinte dias após o seu rece- sendo cumpridos por alguns dirigentes da saúde, bimento, cabendo àquele órgão regulamentar os seus sem possibilidade de aplicação de penalidades, uma trâmites. vez que não estão elas previstas na Lei Orgânica Art. 37. Qualquer cidadão poderá e o conselheiro da Saúde. de saúde deverá informar aos serviços do sistema de E a penalidade de devolução dos recursos da auditoria, controle e avaliação do Sistema Único de União desviados ou mal-aplicados na saúde aos co- Saúde e ao Tribunal de Contas da esfera de governo fres do fundo de saúde da União implica penalizar a correspondente, o descumprimento desta lei, sob pena população duas vezes, o que não resolve o problema de responsabilidade dos conselheiros aqui definidos da saúde. como agentes públicos que colaboram com o Poder Tampouco é admissível privilegiar o controle dos Público, sem remuneração. recursos públicos federais, quando o importante é o Art. 38. Independentemente das penalidades controle dos recursos públicos nacionais, sejam eles aplicáveis aos agentes públicos, na forma desta lei, arrecadados pela União, pelo Estado ou Município. O no caso de inobservância do disposto no art. 5º pelos importante é que os recursos são públicos, pertencem Municípios ou pelos Estados e pelo Distrito Federal a à população e devem ser honrados como tal. administração dos recursos provenientes das trans- Por outro lado, o controle hoje existente está cer- ferências obrigatórias para execução de ações e ser- cado de formalidades que, sem privilegiar a avaliação viços de saúde será feita pelos Estados e pela União, dos resultados alcançados em relação às necessidades respectivamente. da população, exigem excessiva documentação que Art. 39. Esta lei entra em vigor na data de sua tramita de uma esfera de governo para a outra, sem a publicação. menor possibilidade de a União analisá-la a contento Justificação e fazer sozinha a verificação in loco. O presente projeto de lei representa um esforço de Deve-se privilegiar os sistemas de controle ex- aprimoramento do PL 4010 apresentado em agosto de terno e interno de cada ente político, a participação da 2004 e tem a finalidade de definir as responsabilidades sociedade e a verificação dos resultados em relação administrativas dos agentes públicos na área da saúde, a simples controles centralizados. aqui denominadas “responsabilidade sanitária”. Os controles devem ser descentralizados e a Responsabilidade sanitária significa o compro- punição deve alcançar o agente público faltoso, sem misso público que o Chefe do Poder Executivo e os onerar os cofres públicos, sob pena de se punir a popu- dirigentes da saúde devem assumir no âmbito do lação em vez do infrator. Sistema Único de Saúde. Ao agente público cabe assumir as responsabi- Desse modo foram definidas infrações adminis- lidades inerentes ao cargo que ocupa, sejam aquelas trativas que podem ser cometidas pelos agentes pú- de cunho geral, aplicáveis a todos os dirigentes pú- blicos que deixarem de observar requisitos mínimos blicos, sejam as específicas de cada área, como é o aqui previstos e outros constantes de leis – como a Lei caso da saúde pública. n. 8.080/90 e Lei n. 8.142/90 – e ainda de lei comple- É o que pretende o presente projeto de lei: criar mentar prevista no § 3º do artigo 198 da Constituição responsabilidades sanitárias, eliminar controles mera- Federal, bem como deixarem de atingir resultados mente formais, definindo obrigações administrativas e mínimos de diminuição do risco de agravo à saúde em sua conseqüente punição. áreas como mortalidade infantil, controle de infecção Estas são as razões pelas quais apresento o pre- hospitalar, entre outros. sente projeto de lei, esperando a atenção dos ilustres Hoje não se pode mais admitir que o dirigente parlamentares e o apoio para sua aprovação. da saúde, bem como os Chefes do Executivo deixem Sala das Sessões, 9 de dezembro de 2004. – de cumprir requisitos administrativos mínimos exigidos Deputado Roberto Gouveia. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57347 PROJETO DE LEI Nº 4.610, DE 2004 pelo poder público, ou sua oferta irregular, importa re- (Do Sr. Marcos de Jesus) sponsabilidade da autoridade competente. Se o texto constitucional deixa claro que toda criança de sete a Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho quatorze anos de idade tem direito à educação, cabe, de 1990, que “Dispõe sobre o Estatuto da portanto, ao Estado oferecê-la e aos pais ou respon- Criança e do Adolescente, e dá outras pro- sáveis efetivar a matrícula de seus filhos ou tutelados, vidências”, para garantir acesso à educação não podendo ser impedimento o fato de essas crianças a crianças e adolescentes internados em estarem impossibilitadas de freqüentar escolas regu- hospitais e demais instituições de atendi- lares por força de problemas de saúde. mento à saúde. A criança ou o adolescente de sete a quatorze Despacho: Apense-se A(O) Pl- 4191/2004 anos de idade que esteja internado em hospitais ou Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- em outro tipo de instituição de atendimento à saúde já ciação Conclusiva Pelas Comissões – Art. tem, portanto, seu direito à educação salvaguardado 24, II pela Constituição Federal. Incluir, na legislação infra- constitucional, mais especificamente no Estatuto da O Congresso Nacional decreta: Criança e do Adolescente, a obrigatoriedade de oferta Art. 1º A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, de atividades educativas por parte do Poder Público Estatuto da Criança e do Adolescente, passa a vigorar e dos hospitais ou instituições afins é forma de refor- acrescida do seguinte artigo: çar a responsabilidade do Estado e da sociedade em “Art. 12-A. Os hospitais e demais estab- propiciar o acesso de todos ao ensino. elecimentos de atendimento à saúde deverão O Hospital de Base de Brasília (HBDF), desde 1967, proporcionar condições materiais para que a dá andamento a um projeto que pode serve de inspira- criança ou adolescente internados tenham ção para a medida que propomos. Num convênio entre acesso a atividades educativas. “ (NR) a Secretaria de Saúde, que fornece o espaço físico no Art. 2º O art. 53 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de próprio hospital, e a Secretaria de Educação, que fornece 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso VIII: professores especializados, crianças e adolescentes in- ternados pelas mais distintas razões vivenciam atividades “Art. 53...... educacionais. O projeto do Hospital de Base, em todos os VIII – acesso a atividades educativas anos de funcionamento, tem como inquestionável mérito regulares para aqueles que se encontram inter- nados em hospitais e demais estabelecimentos propiciar aos internos o exercício do direito à educação de atendimento à saúde. “ (NR) bem como, ao mesmo tempo, melhorar a auto-estima e diminuir o estresse dos jovens pacientes. Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua A oferta de atividades educativas à criança ou ao publicação. adolescente que passa pela traumática experiência de Justificação um longo período de internação hospitalar traz a re- boque a possibilidade de constituir-se alegria, alento e A Constituição Federal, em seu art. 6º, institui a distração para esses pacientes e a vantagem prática de educação como um dos direitos sociais dos cidadãos evitar que os mesmos percam o ano letivo ao saírem brasileiros. O art. 205, por sua vez, estabelece ser ela recuperados do hospital. direito de todos e dever do Estado e da Família. Tal É por essas razões que contamos com os ilustres dispositivo garante a qualquer pessoa a possibilidade pares para a aprovação da iniciativa que ora propomos. de ter acesso aos meios de educação que lhe convém ou que lhe são disponíveis. Sala das Sessões, 9 de dezembro de 2004. – Inscrever o direito de todas as pessoas à edu- Deputado Marcos de Jesus. cação é medida calcada no preceito da igualdade de PROJETO DE LEI Nº 4.713, DE 2004 todos perante a lei. As diferenças de oportunidade e (Do Tribunal de Contas da União) as vicissitudes a que estão sujeitos os indivíduos não MENSAGEM Nº 02-GP/TCU podem afastá-los daquilo que lhes é essencial. Para garantir o direito de cada cidadão brasileiro à educação, Altera a remuneração dos servidores o art. 208 da Carta Magna estabelece ser o acesso ao públicos integrantes do quadro de pessoal ensino fundamental direito público subjetivo. do Tribunal de Contas da União. Em seu § 2º, o referido artigo determina, ai- Despacho: ÀS Comissões de Trabalho, nda, que o não-oferecimento do ensino obrigatório de Administração e Serviço Público; Finanças 57348 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 e Tributação (ART. 54 RICD); e Constituição e Assim, por não haver restrição da Corte Suprema Justiça e de Cidadania (ART. 54 RICD) à alteração de remuneração dos servidores, e a fim de Apreciação: Proposição sujeita à ser cumprida integralmente a decisão do STF, de ser apreciação conclusiva pelas Comissões atendida a vontade do Congresso Nacional manifestada - Art. 24, II. por meio do Ato Conjunto no 1, de 2004, e, por fim, de serem evitados os prejuizos à normalidade dos traba- PROJETO DELEI Nº 4.713, DE 2004 lhos desta Corte que a frustração de fundadas e justas (Do Tribunal de Contas da União) expectativas dos servidores certamente acarretaria, o Altera a remuneração dos servidores Tribunal de Contas da União, por intermédio de seu públicos integrantes do quadro de pessoal presidente, nos termos do art. 29 de seu Regimento do Tribunal de Contas da União. Interno, respeitosamente solicita do Congresso Nacio- nal a aprovação, por ambas as Casas Legislativas, do O Congresso Nacional decreta: presente projeto de lei. Art. 1º Fica alterada em 15% (quinze por cento), Tribunal de Contas da União, em 22 de dezembro a partir de 10 de novembro de 2004, a remuneração de 2004. – Valmir Campelo, Presidente. dos servidores públicos integrantes do quadro de pes- soal do Tribunal de Contas da União. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Finda Parágrafo único. O reajuste de que trata este ar- a leitura do expediente, passa-se ao tigo não se aplica à remuneração dos Ministros e dos IV – PEQUENO EXPEDIENTE Membros do Ministério Público junto ao Tribunal de Concedo a palavra ao Sr. Deputado Mauro Ben- Contas da União. evides. Art. 2º Ficam revogados, no âmbito do Tribunal O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB – CE. Pro- de Contas da União, os efeitos do Ato Conjunto nº 1, nuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. de 2004, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Deputados, após afastar-se, por implemento de idade, do Senado Federal. Supremo Tribunal Federal, mesmo mantendo incomparável Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua vitalidade intelectual, o Ministro Maurício Corrêa continua publicação. defendendo as suas idéias através de artigos publicados na Justificação imprensa, com lúcidas considerações em torno de nossa Por meio do Ato Conjunto nº 1, de 2004, as Mesas realidade política, jurídica, social e econômica. da Câmara dos Deputados e do Senado Federal altera- A exemplo do que vem fazendo, ultimamente, aquele ram, em 15% (quinze por cento), a partir de 10 de novem- ilustre cultor do Direito, com extraordinária sensibilidade, bro de 2004, as remunerações dos servidores daquelas emite opinião abalizada sobre temas da atualidade, em Casas Legislativas e do Tribunal de Contas da União, estilo escorreito e com clarividente exegese de fatos a seu a fim de dar cumprimento a comandos da Constituição juízo relevantes para a opinião pública brasileira. Federal e da Lei nº 8.443/92 – Lei Orgânica do TCU – e Anteontem, no Correio Braziliense, Maurício de tomá-las compatíveis com a complexidade das ativi- Corrêa abordou, sob várias angulações, a questão da dades exercidas por aqueles servidores, bem como com governabilidade, palavra-chave que vem sendo utilizada a de carreiras com atribuições assemelhadas. indiscriminadamente, até como forma de justificar apoio Contudo, ao julgar pedido de liminar formulado aos que se alçaram ao poder, e cujo afastamento, se pelo Ministério Público da União na Ação Direta de In- ocorrer, poderá gerar dificuldades intransponíveis para constitucionalidade nº 3.369, o Supremo Tribunal Federal a condução de matérias do interesse público. encerrou controvérsias existentes sobre a matéria e dei- Na recente crise interna nos quadros do PMDB, xou claro que a realização de alterações remuneratórias com 2 grupos em disputa conflituosa, transferida agora no âmbito do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas para o Superior Tribunal de Justiça, nunca se men- da União somente pode ser realizada mediante lei em cionou tanto a palavra “governabilidade”, no seio dos sentido estrito, que exige cumprimento do procedimento que defendiam a continuidade de apoio ao Primeiro legislativo estipulado pela Constituição Federal. Assim, Mandatário do País. aquela Corte, liminarmente, suspendeu os efeitos ao Pelas lúcidas considerações tecidas por Maurício Cor- aludido Ato Conjunto nº 1, de 2004. rêa no aludido artigo, entendi de transcrevê-lo nos Anais da A aludida deliberação liminar, entretanto, não im- Casa, como parte integrante deste pronunciamento. pugnou o mérito do aumento concedido aos servidores, Muito obrigado. já que limitou-se a apontar a impropriedade formal do ins- ARTIGO A QUE SE REFERE O ORA- trumento escolhido para o incremento da remuneração. DOR Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57349 57350 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. GONZAGA PATRIOTA (PSB-PE. Pronun- ainda, 433 alunos do Colégio de Aplicação, que oferece cia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. ensino médio. O quadro de professores é formado por Deputados, quero fazer registro de fato que, certamen- 1.648 docentes efetivos. Desse total, 770 têm título de te, representa grande avanço na luta contra a AIDS. doutorado e/ou pós-doutorado, 565 de mestrado, 155 de Cientistas da Universidade Federal de Pernambuco, especialização e 158 de graduação. em Recife, liderados pelo Prof. Dr. Luís Cláudio Arraes Nossas congratulações aos cientistas e pesquisa- – filho do nosso colega Deputado Miguel Arraes —, dores envolvidos no desenvolvimento dessa vacina e juntamente com professores do Centro Biomédico de a todos os professores, funcionários, alunos e direção Saints-Pères, em Paris, conseguiram progresso mar- da Universidade Federal de Pernambuco, que tanto cante e internacionalmente reconhecido ao desenvolver orgulho dá ao Estado e ao Brasil. vacina que está tendo ótimo resultado no combate à Apelo ao Sr. Ministro da Educação, Tarso Genro, doença e que está sendo muito bem recebida e divul- para que não deixe faltar as verbas necessárias para essa gada por publicações científicas de renome mundial. instituição. Sobretudo com o reforço de R$1,7 bilhão para Testes feitos com a vacina contra a AIDS em pa- o orçamento da educação, temos esperança de que ne- cientes infectados pelo vírus HIV no Brasil tiveram resul- nhuma pesquisa será paralisada na UFPE, pois não se faz tados positivos, segundo pesquisa publicada on-line na pesquisa sem dinheiro. Temos certeza de que essa e outras revista especializada Nature Medicine. De acordo com em andamento continuarão para o avanço no tratamento os pesquisadores da UFPE, 4 meses após a aplicação de doenças e para a promoção do bem-estar geral. da vacina, houve redução de mais de 80% na taxa de Deixo, portanto, meu irrestrito apoio a essa sólida linfócitos CD4, o principal alvo do vírus. Mesmo após um instituição, que representa marco na qualidade de ensi- ano sem tomar nenhum remédio, dos 18 pacientes que no no Nordeste e em todo o Brasil, e que dá às moças e receberam a vacina, 8 apresentavam redução de mais de aos moços pernambucanos educação sólida e posição 90% da carga de vírus HIV e 4 tinham concentração tão cobiçada no mercado de trabalho, além de irradiar conhe- baixa que os impedia de transmiti-lo a outras pessoas. cimento, formação e informação para toda a região. São necessárias mais pesquisas para aperfeiçoar Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. a vacina, por enquanto só usada para tratamento dos Gostaria que ficasse registrada nos Anais da pacientes, e não como forma de prevenção da doen- Câmara dos Deputados uma verdadeira jóia, uma pé- ça. Ela funciona de forma semelhante à terapia celular rola da literatura regional que anexo a este pequeno individual aplicada no combate ao câncer. pronunciamento. Trata-se da crônica O Vigário de Ser- Nos trabalhos, os cientistas usam células do siste- tânia, escrita e publicada pela primeira vez em 1950, ma imunológico e vírus desativados do sangue de cada por Luiz Cristóvão dos Santos, um dos gigantes das indivíduo. A combinação resulta em vacina específica letras pernambucanas, como se percebe nesse texto para cada paciente. Com isso, os cientistas do Centro magistral, providencialmente transcrito no Jornal de Biomédico de Saints-Pères, em Paris, e da Universi- Arcoverde de agosto de 2004. dade Federal de Pernambuco conseguiram “acordar” O editor do jornal e o responsável pela coluna Bilhetes as células do sistema imunológico e garantir resposta do Sertão estavam realmente inspirados ao resgatar essa do corpo à infecção pelo HIV. preciosidade, que nos tocou profundamente, evocando A Universidade Federal de Pernambuco, Sr. Presi- saudades dos doces tempos de outrora. O vigário de Ser- dente, vem realizando trabalho silencioso e eficiente no tânia, a que o título da crônica em questão faz referência, Nordeste. Apesar do momento difícil por que passam as é o Monsenhor Urbano de Carvalho V.Exa. o conheceu, universidades brasileiras, o ensino, a pesquisa e a exten- Sr. Presidente, nascido em Belmonte e descendente dos são prosseguem a todo vapor na UFPE. São muitas as Carvalhos, que se fixaram no Pajeú na época em que se áreas de atuação que fazem dessa universidade, em 58 levantaram os primeiros currais e as primeiras fazendas, anos de existência, uma das mais dinâmicas do Brasil. depois transformados em vilas e cidades nos primórdios da Na área de pesquisa e de pós-graduação, a UFPE civilização sertaneja. Monsenhor Urbano era hábil orador, é bem avaliada: possui a 7ª melhor produção científica profundo conhecedor dos fatos da língua, da gramática, do nacional entre as universidades federais. Está ainda em latim, da literatura. Era professor e verdadeiro educador. 7º lugar entre todas as instituições brasileiras, de acor- Ensinava as letras à criançada do sertão com do com o Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho calma, amor e dedicação inigualáveis. Padre Urbano Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico educou várias gerações, Sr. Presidente. Ex-alunos do (CNPq). Atualmente, tem 29.159 alunos, sendo que Monsenhor Urbano andam por todo o Brasil: são mé- 22.241 nos cursos de graduação; 4.082 nos de especia- dicos, Deputados, engenheiros, bacharéis, padres, lização; 2.006 em mestrados; e 830 em doutorados. Há, fazendeiros, trabalhadores nas mais diversas profis- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57351 sões, pois relevante e vasto em seus efeitos é o tra- todo o nosso sertão, que a crônica O Vigário de Sertânia balho do educador. conste nos Anais desta Casa, como memorial desse gran- Tenho a honra de dizer, Sr. Presidente, que fui privile- de homem, servo de Deus, benfeitor do povo do sertão, giado, pois Monsenhor Urbano de Carvalho é meu padrinho e cuja saudosa memória jamais deve ser apagada das de batismo, o que considero uma das maiores bênçãos de mentes daqueles que o conheceram. minha vida. Por isso, entendo de extrema importância não Muito obrigado. apenas para Sertânia, Mirandiba ou Belmonte, mas para CRÔNICA A QUE SE REFERE O ORADOR 57352 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. ZONTA (PP-SC. Sem revisão do orador.) praticar a gestão empresarial, pois qualquer atuação – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, funcionários cooperativista é considerada empresa. da Casa, ocupo a tribuna para mais uma vez explicitar Neste momento que antecede o encerramento o desafio da organização dos segmentos de trabalho da Sessão Legislativa de 2004, vamos dignificar o co- e produção do País que tem como caminho, forma e operativismo e homenagear todos os seus integran- doutrina o cooperativismo. tes. Invocamos nossos pares a nos irmanarmos para O Brasil, cada vez mais, tem um caso especial transformar este País numa grande república coope- com o cooperativismo. Pelas dimensões, pelas carac- rativista. (Palmas.) terísticas diferenciadas, pelo povo, que trabalha e pro- O SR. JOSÉ DIVINO (PMDB-RJ. Sem revisão do duz, surge cada vez mais forte o cooperativismo como orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na maneira de organizar os diversos segmentos dentro condição de filho adotivo de Campos dos Goytacazes, das suas necessidades, especialmente os menores, estou trabalhando na Comissão de Orçamento para que os menos favorecidos, que isoladamente têm dificul- o Rio de Janeiro receba aquilo que lhe é devido, já que dades em vencer desafios. é o segundo Estado da Federação que mais contribui Esse o princípio básico do cooperativismo sem para a arrecadação do Governo Federal, e lamenta- envolvimento partidário, ideológico ou religioso, sem a velmente, até o momento, recebeu apenas 7,42% de necessária repartição do patrimônio entre os degraus tudo o que foi aprovado no Orçamento de 2004. do poder. O cooperativismo se consagra cada vez mais Agora estamos reeditando para 2005 o que foi como instrumento de inclusão social. feito anteriormente, na esperança de que isso se mate- Por isso, o tema abordado no Simpósio Brasileiro rialize. Nas negociações de hoje, conseguimos ampliar de Cooperativismo, de 6 a 8 de dezembro, em Cuiabá, os recursos de infra-estrutura para os pontos críticos é muito próprio para que a população brasileira, espe- da BR-101, a conhecida “rodovia da morte”, que liga cialmente a menos favorecida, adote o cooperativismo a cidade do Rio de Janeiro – atravessa toda a região como saída para suas necessidades. do Norte Fluminense – ao Município de Campos. Tais O cooperativismo é sinônimo de inclusão social. recursos são extremamente necessários, tendo em Basta observar que a empresa é constituída não de vista o alto índice de acidentes naquele trecho. Dessa forma, esperamos que o Ministério dos capital, mas de pessoas. Os associados e seus fami- Transportes conclua as obras e dê solução a esse liares são o maior patrimônio dessa organização que problema, para salvar as vidas das pessoas que dia- não visa a lucros, e sim a manutenção. riamente transitam naquela rodovia. Lógico, é preciso autogestão responsável para É lamentável ter de usar constantemente esta cumprir seus objetivos, e para isso existe a lei. É em- tribuna para cobrar tais iniciativas do Poder Executivo, presa que congrega pessoas, que busca no anonimato que tem sido omisso quanto a esse aspecto. Fala-se as menos favorecidas, que oferece oportunidades e muito em privatizar a BR-101, em cobrar pedágio do faz inclusão social. povo sofrido, mas não vemos resultados práticos que Vejamos o cooperativismo do trabalho. Hoje há equacionem o grave problema daquela rodovia, que no Brasil milhões de pessoas na informalidade, que se torna ainda mais preocupante com a chegada das não têm a oportunidade de emprego formal. O coo- chuvas de verão. perativismo do trabalho pode ser, e será, o grande Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito caminho para retirar da informalidade esses cidadãos, também a oportunidade para lamentar o estado em num gesto de inclusão. que se encontra o Rio de Janeiro no que se refere à Nas cidades, os catadores de lixo se organizam segurança pública. Ontem, a imprensa escrita, falada em cooperativas, assim como, no campo, os bóias-frias, e televisada, mais uma vez, chocou a opinião públi- os cortadores de cana. Os operários se juntam nas fá- ca ao divulgar as imagens de 7 marginais esquarte- bricas para o crédito e para o consumo. O pequeno agri- jados no Morro da Mineira, todos assassinados por cultor forma cooperativas agropecuárias para a compra traficantes. em escala de bens de consumo e insumos, assim como O Governo Federal tem ouvidos, mas não ouve; para a comercialização dos produtos da agroindústria. tem olhos, mas não vê; tem boca, mas não fala; enfim, É nessa escala que se inclui o pequeno. é omisso, assim como o Governo do Rio de Janeiro. As iniciativas do cooperativismo no Brasil têm sido O ex-Governador Garotinho não quis assumir nova- muito férteis e compõem realmente grande patrimônio, mente a Secretaria de Segurança Pública, porque que hoje envolve mais de 20 milhões de pessoas em ficou conhecido no Estado e no Brasil como “Secre- 13 ramos de atividade. tário da Insegurança Pública”, porque não conseguiu Vamos encerrar o ano de 2004 com grandes avan- resolver o problema que hoje afronta, amedronta toda ços no setor, principalmente a inclusão de milhares de a população fluminense e a deixa refém do marginal, associados e dependentes, das mulheres e dos jovens. que impõe o terror e o medo. Infelizmente, o Governo Independentemente do tamanho da atividade ou do lo- assiste a tudo de modo passivo, sem tomar atitudes cal onde seja realizada, todos têm a oportunidade de concretas na área de segurança. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57353 Recentemente, a pedido do Governador do Es- porque nossa luta é para o povo ser feliz e não infe- pírito Santo, Paulo Hartung, o Governo interveio nes- liz. É inadmissível que se cometa tal brutalidade com se sentido. Esperamos que a Governadora Rosinha S.Exa. Está sendo feita injustiça tão grande que não tenha a humildade de reconhecer que vidas estão há como medi-la. Esperamos que Tribunal Regional sendo ceifadas, sangue está sendo derramado e peça Eleitora reveja sua decisão. urgentemente ajuda ao Governo Federal. A população O povo de Criciúma está nas ruas e permanece- do Rio de Janeiro é a maior vítima, pois, além de pa- rá vigilante para não deixar ninguém assumir a Prefei- gar altos impostos, está com sua auto-estima abalada tura no tapetão. Queremos justiça! Estamos na luta, pela insegurança. apoiando e conclamando a população daquela cidade Solicito ao Presidente da República que interve- a que vá às ruas, que acampe, leve suas bandeiras nha na segurança pública do meu Estado, porque todos em defesa do nosso Governador. Tudo o que foi feito os dias há morte de civis e policiais. Vivemos pior do pelo Governo do PT causa inveja e ódio no coração que a população do Iraque, que está em guerra. de algumas pessoas. A alternância de governos é Esse o protesto que faço neste final de ano. importante e precisa ser respeitada. Se o PT tivesse Muito obrigado. perdido as eleições, teria respeitado o seu adversário, A SRA. LUCI CHOINACKI (PT-SC. Sem revisão como sempre o faz. da oradora.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Reitero minha solidariedade ao Prefeito de Criciú- funcionários da Casa, venho a esta tribuna prestar ma Décio Góes e a toda a sua equipe. Há muito ladrão minha solidariedade ao Prefeito de Criciúma, Décio para ser cassado. Peço que não cometam injustiça com Gomes Góes, que tem sido alvo de vingança por parte essa digna pessoa, que tem desempenhado magnífico do Vice-Governador de Santa Catarina, Pinho Moreira, trabalho e merece continuar seu Governo. Seu grupo que odeia o PT e a administração popular, não ganhou de assessores tem história de lutas, de compromisso as eleições e é capaz de tudo para ganhar no tapetão. social e de justiça e não de enriquecimento. Aliás, isso não é de se estranhar, já que o PMDB pre- Conclamo o povo a que continue mobilizado con- judicou o PT em todo o Estado de Santa Catarina. Nos tra a cassação do Prefeito. Se lutarmos, poderemos lugares visitados pelo Vice-Governador, os votos do PT mudar a realidade. Foi assim que conquistamos nossos foram subtraídos. No caso de Indaial, onde eles não direitos. Esta é a hora de continuarmos lutando pelos conseguiram ganhar as eleições, incomodaram todo nossos direitos conquistados nas urnas: de ter um go- o tempo o nosso Governo. Fizeram de tudo para que verno justo. Não se pode abrir um precedente e, devido o Prefeito não se candidatasse à reeleição, e, mesmo à perseguição política, punir aquele Prefeito. depois de ter sido reeleito, tentaram derrubá-lo. Parabéns ao povo pela coragem de levantar a O mesmo está acontecendo com a administra- ção popular de Criciúma. O Prefeito Décio Góes é um cabeça e de lutar pela sua dignidade. Se formos para político intocável pela sua grandiosidade e generosi- as ruas, seremos vitoriosos! dade, além de ter coerência em seus atos. Olha para O SR. CARLOS NADER (Bloco/PL-RJ. Pronun- o povo com carinho; faz daquela administração não cia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. sua casa, sua propriedade, mas governa de forma Deputados, gostaria de dedicar o pronunciamento de participativa; faz mudança de cultura política; permite hoje novamente ao tema moradia, ao qual me referi a interação das pessoas; cria nova entidade política, ontem, porque entendo que os bons exemplos devem mostrando que ela pode ser exercida por todos; melhora ser seguidos, independentemente de quais sejam os as condições de vida para o povo, e destina recursos autores das iniciativas. públicos para solucionar os problemas deixados pelo Há 8 anos, quando assumiu a Prefeitura de Volta governo do PMDB, tais como esgoto a céu aberto, Redonda, no sul do Estado do Rio de Janeiro, o Prefeito bairros sujos etc. Antônio Francisco Neto encontrou uma cidade com 150 O que incomoda àqueles que fazem de tudo núcleos favelados. Eram áreas que não dispunham de para tirar do poder o Governador – entram na Justiça infra-estrutura e que, por isso mesmo, submetia seus e acirram disputas – é exatamente o fato de S.Exa. ter moradores a uma série de sacrifícios. acabado com a corrupção e os privilégios do governo Hoje, entretanto, todos esses núcleos estão pa- anterior, além de ter garantido a destinação dos recur- vimentados, urbanizados, com rede de água e esgoto. sos públicos para o bem-estar da população. Os moradores, enfim, desfrutam de cidadania! Para Neste momento, desejo me somar aos movi- levar essa melhoria a milhares de pessoas, o Municí- mentos sociais e às entidades que estão levantando pio desenvolveu amplo projeto de investimentos nos acampamento em frente à Prefeitura de Criciúma em núcleos favelados, o que foi cumprido com intensidade apoio e solidariedade ao Prefeito Décio Góes. Não e empenho. E não se limitou a isso. Hoje, Volta Redon- podemos nos calar diante da injustiça de se preten- da exibe ótimo exemplo de que, com planejamento e der cassar um Prefeito por colocar no seu slogan de disposição para cumprir projetos, é possível melhorar campanha a palavra “feliz”, que também consta de hi- a vida das pessoas, incluindo-as verdadeiramente na nos da Prefeitura. Costumamos usar a palavra “feliz”, sociedade. 57354 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Há alguns anos, é desenvolvido na cidade um mas todos com responsabilidade pública, apurou fatos projeto chamado Vilas da Cidadania. São casas cons- que deverão, sim, ser investigados pelo Ministério Pú- truídas pelo Poder Público, com verbas municipais, blico, independentemente dos nomes citados. estaduais e federais, destinadas a receber famílias re- Sr. Presidente, nós, do PPS, não podemos acei- sidentes em áreas de risco. Centenas de casas foram tar que uma Comissão Parlamentar de Inquérito que construídas para abrigar pessoas que moravam pró- investiga remessas ilegais de recursos para fora do ximas a ribanceiras, em condições arriscadas. Essas País por meio das chamadas contas CC5, depois casas, Sr. Presidente, que já são entregues equipadas de exaustiva apuração, encerre seus trabalhos sem com pia, chuveiro e vaso sanitário, custam em média análise e votação do relatório e conseqüentes enca- 9 mil reais. São residências de boa qualidade, entre- minhamentos. gues em nome da esposa do chefe de família, para Essa CPI não foi constituída apenas para fazer garantir que não venham a ser vendidas em caso, por denúncias. Houve problemas? Sim, mas eles têm de exemplo, de separação do casal, situação em que a ser corrigidos para o bem do Congresso Nacional e mulher e os filhos continuam abrigados. Trata-se de das próprias Comissões Parlamentares de Inquérito, projeto que pode muito bem ser seguido por outras que a cada dia perdem a isenção. cidades, principalmente se houver apoio dos Estados É importante dar finalização adequada a um pro- e do Governo Federal. cesso que ainda não terminou. O que houve ontem no Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a di- Congresso Nacional foi a tentativa de jogar o resultado vulgação deste pronunciamento nos órgãos de comu- da CPI debaixo do tapete. Não podemos permitir que nicação da Casa. se ocultem os fatos. Eles precisam se tornar públicos O SR. COLBERT MARTINS (PPS-BA. Sem revi- e ter conseqüências práticas. são do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Se existem problemas na remessa de recursos funcionários, ouvintes da TV Câmara e da Rádio Câma- para o exterior, que eles seja solucionados. Não pode- ra, quero me referir a 2 temas neste pronunciamento. mos aceitar que interesses partidários sirvam de obs- O Prefeito eleito de Salvador, Deputado Estadual táculo para uma ação que não é apenas da Comissão João Henrique, iniciou hoje discussão sobre as tarifas Parlamentar de Inquérito, mas do Congresso Nacional públicas cobradas pela Prefeitura daquela cidade para como um todo. Na condição de Deputado Federal, sin- qualquer tipo de solicitação, inclusive inscrição em con- to-me particularmente atingido por esses fatos. cursos. Antes de iniciar o mandato em 1º de janeiro pró- Portanto, o PPS exige o devido encerramento ximo, S.Exa. já detecta e enfrenta o problema mediante dos trabalhos da CPI do BANESTADO. estudos encomendados sobre o assunto. O objetivo é Muito obrigado. fazer revisão desses custos. Quando necessário, eles O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Sem revisão serão reduzidos, abolidos, ou cobrados de acordo com do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a possibilidade de pagamento dos solicitantes. ocupo a tribuna para dar repercussão a documento É cada vez mais elevado o número de taxas sobre serviços públicos que oneram o cidadão. Entretanto, a produzido pelo Ministério de Desenvolvimento Agrá- Prefeitura de Salvador criará fórmula que permita justi- rio, que apresenta resultados das cadeias produtivas ça nessa cobrança. Vamos participar da administração da agricultura familiar. municipal, e entendemos que ações inovadoras sempre De acordo com o documento, a agricultura brasi- terão bom espaço para serem implementadas. leira é responsável por 33% do Produto Interno Bruto. Sr. Presidente, na condição de Deputado do PPS, Desse percentual, 20% compreende a contribuição da o segundo ponto que gostaria de abordar refere-se à agricultura patronal, o grande agronegócio, e 10,1% é finalização da CPI do BANESTADO. Não é possível que da agricultura familiar. o trabalho dos Parlamentares seja encerrado dessa Sr. Presidente, esse documento consolida nossa forma. Não podemos permitir que se concretize essa idéia a respeito da importância da agricultura familiar situação, que depõe contra o Congresso Nacional. O no Brasil. instituto da Comissão Parlamentar de Inquérito vai Na agricultura familiar existe grande geração para o ralo, a persistir a decisão tomada ontem pelo de empregos, como também se observam as maio- Congresso Nacional. Depois de longo período de apu- res preocupações com a questão ambiental e laços rações, não é possível que tudo termine em pizza e de solidariedade. Por meio da agricultura familiar se que não se responsabilizem os culpados. consolidam as populações no campo, onde lhes são Nós, do PPS, representados naquela Comissão oferecidas oportunidades de cidadania. pelo Deputado Dimas Ramalho, entendemos que todos Esse estudo, desenvolvido pela Fundação Ins- os nomes citados, repito, todos, quem quer que seja, tituto de Pesquisas Econômicas – FIPE nos autoriza devem ser investigados pelo Ministério Público. Não a continuar a luta em defesa da reforma agrária e da podemos permitir disputa partidária em relação a esse distribuição de terra no País. O agronegócio familiar ponto. Muito pelo contrário. A CPI, da qual participaram é uma realidade no Brasil e participa com quase 157 Deputados e Senadores de vários matizes políticos, bilhões de reais do PIB. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57355 Essa espetacular eficácia da agricultura familiar África do Sul, onde o amianto tem sido utilizado e as revela claramente a importância de lutarmos contra o mortes decorrentes de tal uso começam a ser ques- latifúndio improdutivo. Matam-se trabalhadores no cam- tionadas na Justiça. po, cortam-se sonhos e impõem-se grandes prejuízos Em 1996, o Instituto Nacional de Saúde e Pes- a este País, obstaculizando o desenvolvimento. quisa Médica da França publicou inquestionável rela- Estou convicto, portanto, de que esse estudo do tório, concluindo cientificamente que “todas as fibras Ministério do Desenvolvimento Agrário, tendo em vista de amianto são cancerígenas, qualquer que seja o seu as informações que traz, reforça a política do Governo tipo ou origem geológica”. Em função desse relatório, do Presidente Lula de incentivo à agricultura familiar. a França baniu, no ano seguinte, a exploração e o uso Mais do que isso, acho que estamos diante da possibi- de amianto em todo o seu território. lidade de que o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Não bastasse o exemplo e a cautela internacio- numa próxima etapa, faça um estudo detalhado sobre nais, estudos e pesquisas feitos pelos Drs. Arthur Frank a agricultura familiar e a agricultura patronal, para con- e René Mendes mostram que o amianto crisotila brasi- ferirmos a eficácia e o rendimento dessas duas moda- leiro deve ser considerado como tendo potencialidade lidades de agricultura. Tenho certeza de que a balança biológica de produzir cânceres, incluindo a asbestose penderá para o lado da agricultura familiar. e o mesotelioma. Esse estudo é importante para que se crie no Não existem condições aceitáveis para o uso do Brasil a consciência de que o latifúndio é improdutivo amianto, o que foi denunciado em documento intitulado por excelência, e também violento, porque ali se mata, Chamamento Internacional, elaborado pelo Collegium vidas são ceifadas e frustrados se vêem os sonhos e Ramazzini, de Roma, academia científica internacio- expectativas de produção num país agrário como o nal composta de 180 membros. Segundo o colegiado, nosso. “existe farta disponibilidade de substitutos mais seguros O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME e apropriados para o produto,” – o amianto sob todas (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, as formas – “não sendo aceitável seu uso nem em na- Sras. e Srs. Deputados, temos assistido, nos últimos ções desenvolvidas, nem naquelas de industrialização meses, a intensa campanha na mídia em defesa do mais recente”. uso, da comercialização e da produção do chamado De se concluir, portanto, que a tentativa de disso- amianto crisotila, na tentativa de mostrar à população ciação do amianto crisotila brasileiro dos males causa- brasileira que se trata de modalidade especial, inócua dos à saúde pelo amianto crisotila do resto do mundo e inofensiva, que não causa danos à saúde. Ao contrá- não passa de ardil propagandista, cuja sordidez, aliás, rio, a opinião internacional consolidada a respeito é de está prevista pelo Código Brasileiro de Auto-Regula- que esse produto é cancerígeno e causa asbestose, mentação Publicitária, do Conselho de Auto-Regula- câncer de pulmão e mesotelioma. mentação Publicitária, em seus arts. 23, 27 e 32: A Organização Mundial de Saúde editou, em 1998, a normativa Critério de Saúde Ambiental nº 102, “Art. 23 Os anúncios devem ser realiza- na qual estabelece, de forma cristalina, que qualquer dos de forma a não abusar da confiança do tipo de amianto, inclusive a crisotila, aumenta o risco Consumidor, não explorar sua falta de experi- de contrair as referidas doenças. ência ou de conhecimento e não se beneficiar Portanto, dar outro nome ao amianto é dourar de sua credulidade. a pílula, é iludir a opinião pública. Desde logo, tor- ...... na-se importante denunciar essa tentativa industrial Art. 27 O anúncio deve conter uma apre- de substituir o nome convencional pelo da crisotila, sentação verdadeira do produto oferecido, ação cujas conseqüências não podem ser minimiza- conforme disposto nos artigos seguintes desta das nem consideradas efêmeras, por ser atentatória Seção, onde estão enumerados alguns aspec- à saúde pública. tos que merecem especial atenção. O amianto, também chamado de asbesto, é um § 1º – Descrições. No anúncio, todas as mineral de fibras finas e sedosas. Seja do tipo crisotila descrições, alegações e comparações que se ou não, é produto de uso proibido em 42 países, onde relacionem com fatos ou dados objetivos de- são comuns ações indenizatórias contra empresas que vem ser comprobatórias, cabendo aos Anun- o utilizaram ou ainda o utilizam. Só na Europa, 5 mil ciantes e Agências fornecer as comprovações, pessoas morrem anualmente devido a doenças originá- quando solicitadas. rias do amianto. Como, se na maioria dos países ele já § 2º – Alegações. O anúncio não deverá está proibido? Ocorre que os sintomas se manifestam, conter informação de texto ou apresentação muitas vezes, anos depois da exposição ao produto. visual que direta ou indiretamente, por impli- Estima-se que o volume de indenizações, só nos paí- cação, omissão, exagero ou ambigüidade, leve ses da Comunidade Européia, chegue a 80 bilhões de o Consumidor a engano quanto ao produto dólares, segundo relatório da Price Waterhouse Coo- anunciado, quanto ao Anunciante ou seus pers, feito em 2002. Processo semelhante ocorre na concorrentes, nem tampouco quanto à: 57356 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 a) natureza do produto (natural ou ar- órgãos controladores e até desta Casa. A saúde da tificial; população espera mais, muito mais, de todos nós. b) procedência (nacional ou estrangei- É triste observar que enquanto vários países vão ra); banindo o amianto das suas fronteiras, a posição do c) composição; Brasil continua tímida em relação ao assunto. Na Fran- d) finalidade. ça, o Parlamento anunciou que vai instalar nos próximos ...... dias Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar Art. 32 Tendo em vista as modernas ten- danos causados por exposição ao amianto, cuja co- dências mundiais, e atendidas as normas per- mercialização está proibida naquele país desde 1997. tinentes do Código de Propriedade Industrial, Hoje são registradas 3 mil mortes por ano como con- a publicidade comparativa será aceita, con- seqüência da aspiração de poeira do mineral, segundo tanto que respeite os seguintes princípios e cálculos das autoridades sanitárias francesas. limites: A estratégia dos lobistas do amianto na Europa, a) seu objetivo maior seja o esclarecimen- no Brasil, no Canadá, em vários países emergentes to, se não mesmo a defesa do Consumidor; e do Terceiro Mundo é tentar minimizar os efeitos de- b) tenha por princípio básico a objetivi- sastrosos dessas fibras para a saúde, fato que cons- dade na comparação, posto que dados subje- titui um dos grandes escândalos de saúde pública tivos, de fundo psicológico ou emocional, não nos últimos anos. Tais países permitem a exploração constituem uma base válida de comparação e comercialização desse produto, agindo de forma perante o Consumidor; idêntica, geralmente orientados por associações de c) a comparação alegada ou realizada defesa do produto. seja passível de comprovação...” No Brasil, que tem uma das maiores minas de A campanha publicitária em questão propala a amianto do mundo, a de Goiás, várias cidades (São idéia de que a exploração e a comercialização de pro- Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Osasco, dutos à base de amianto crisotila brasileiro são alta- São Caetano do Sul, entre outras) e 3 Estados (Rio de mente controladas e que estariam de acordo com as Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco) aprovaram mais exigentes normas da Organização Internacional leis que proíbem o uso do produto. Infelizmente, as leis do Trabalho. Não é verdade, tanto que as primeiras e estaduais de São Paulo e de Mato Grosso do Sul fo- maiores vítimas são os trabalhadores. Proliferam os ram revogadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), processos de descaso com a saúde de trabalhadores sob a alegação de que ambos os Estados invadiram ligados à mineração e à industrialização do amianto, a competência do Governo Federal. sendo notórios os prejuízos à saúde causados por Na verdade, pesaram nessa decisão os interes- dita indústria, que age em total descumprimento aos ses econômicos envolvidos. O Governo de Goiás tem preceitos da OIT, aceitos pelo Brasil através do De- na exploração desse mineral a segunda arrecadação creto nº 126/91. de ICMS do Estado. A campanha de defesa do amianto crisotila usa O forte lobby das mineradoras tem conseguido de artifício leviano, que não se coaduna com a realida- evitar uma legislação restritiva e manter a produção de de, visto que, indubitavelmente, a exploração e a co- artigos contendo amianto, mesmo com a multiplicação mercialização do referido minério e seus subprodutos de casos de doenças fatais. expõem a população a desnecessários e constantes Em vários países, entretanto, a mobilização pelo riscos de contaminação. banimento do minério tem obtido sucesso. No último No Brasil, a maioria das caixas d’água residenciais dia 21 de novembro, por exemplo, foi aprovada em Tó- e industriais são de cimento-amianto, mesma matéria- quio a Declaração Anti-Amianto, durante o Congresso prima utilizada na fabricação de telhas e canaletas, em Mundial do Amianto (GAC/2004), evento que reuniu tubos e como isolante térmico. Usa-se o amianto na quase mil representantes de mais de 40 nações. O indústria automotiva e em brinquedos e materiais es- Japão foi um dos maiores consumidores mundiais de colares. Em todos os casos, existem substitutos com amianto e grande importador do Brasil, mas, através características melhores. Porém, predomina o inte- dos esforços conjuntos da sociedade japonesa, auto- resse comercial na sua exploração e utilização, inde- ridades públicas, ativistas e associações de vítimas, pendentemente do fator de risco imposto à população. já proibiu a maioria de suas utilizações. Saber que o mal existe e vendê-lo é ato de barbárie. Desde 1998, o Critério de Saúde Ambiental 203, São bárbaros os que conhecem o problema e não se da Organização Mundial da Saúde (OMS), considera dispõem a enfrentá-lo, de forma a bani-lo, expurgá-lo, o amianto crisotila ou asbesto altamente cancerígeno como fizeram e fazem outros países. e responsável por doenças respiratórias como a as- Por isso, não estamos dispostos a calar em face bestose, uma fibrose pulmonar que diminui a elastici- da ofensa contida na propaganda ilegítima, falsa, na dade dos pulmões, dificultando a respiração, e a me- agressão à inteligência do povo, dos dirigentes, dos sotelioma, tumor do pulmão. O mineral é utilizado na Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57357 fabricação de telhas, caixas-d’água, pastilhas de freio, Esse centro englobará a cooperação técnica sobre roupas especiais, termoplásticos e tintas. HIV/AIDS e encontra-se inserido em acordo proposto Por apresentar riscos para a saúde humana e para pela UNAIDS ao Presidente Lula. O protocolo de in- o meio ambiente, seu uso foi proibido em 42 países. A tenções prevê investimento na ordem de 1 milhão de partir de 2005, será também na Europa. Nos Estados dólares americanos, com recursos adicionais a serem Unidos, o amianto já matou mais de 200 mil, número arrecadados na iniciativa privada e em organismos que pode se elevar a 750 mil até 2030. internacionais. No Brasil, dados do Ministério do Trabalho re- A grande importância desse centro é que ele fun- ferentes apenas às empresas com cadastro oficial cionará como organismo de capacitação de profissio- revelam que 165 indústrias produzem, utilizam ou nais e técnicos dos países em desenvolvimento com comercializam amianto. Juntas empregam 15 mil tra- os quais o Brasil tem acordo na área. Será um centro balhadores, dos quais 3.500 (23%) mantêm contato de referência onde haverá perfeito intercâmbio de in- direto com o minério. formações envolvendo prevenção, tratamento, direitos Apesar dos sucessivos exemplos internacionais, humanos e vigilância epidemiológica. o amianto ainda é muito utilizado no Brasil, um dos Esse acontecimento vem coroar o trabalho que o maiores produtores mundiais, para coberturas, telhas nosso País vem realizando desde 1995, com vista ao e tubulações de cimento-amianto, isolamento térmico, efetivo combate desse terrível mal. Estão hoje ombre- principalmente na indústria bélica, pesada e naval, ados com o Brasil cerca de 25 países, que funcionarão materiais de fricção etc. O Governo brasileiro optou como multiplicadores dessa prática, sempre respeitan- pela tese do “uso seguro” do amianto, colocando o do as especificidades culturais de cada um. País numa posição de explícita defesa da crisotila e Outro passo importante que gerou a vinda desse na contramão da história, para prejuízo da saúde, da centro foi a implantação, ainda em 2002, do Programa vida e do meio ambiente. de Cooperação Internacional – PCI com outros países Na verdade, a intenção brasileira de adotar a em desenvolvimento, que tem como objetivo precípuo Convenção nº 162 da Organização Internacional do compartilhar experiências no campo. Trabalho, que trata da utilização do asbesto em con- São fatos dessa natureza que nos enchem de dições de segurança, é uma forma de proteger o mi- orgulho, levando-nos a parabenizar a administração neral, permitindo que seja utilizado em condições con- do Governo do Presidente Lula pelo trabalho que vem sideradas “seguras”. O objetivo é impedir o banimento implementando no setor. completo e imediato do asbesto e garantir alguns anos Portanto, é de grande importância a implantação de sobrevida aos negócios da crisotila, com a legiti- do Centro de Cooperação Técnica sobre HIV/AIDS, mação internacional estabelecida em um fórum com que, além de difusor de informações, dará verdadei- o prestígio da OIT. ro certificado de credibilidade ao eficiente trabalho Durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, desenvolvido pelo nosso serviço sanitário, o qual, a de 26 a 31 de janeiro de 2005, está prevista a reali- exemplo do passado, continua merecendo reconhe- zação da Oficina das Vítimas do Amianto, que reunirá cimento mundial. trabalhadores, ex-empregados e expostos em geral da Sr. Presidente, ao encerrar este ano, aproveito Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. para expressar meu orgulho em ver que demos vários Será grande oportunidade para o Governo Lula anun- passos à frente e nenhum para trás. Por isso, quero ciar medida eficaz de banimento do mineral no País. aplaudir meus colegas Deputados. O discurso oficial é que uma decisão definitiva será Ontem, em conversa com vários deles, afirmei de tomada até abril, mas outras promessas foram feitas grandes alegrias que experimentei recentemente: pri- anteriormente, e as soluções têm sido adiadas. meiro, o nascimento do meu quarto neto, há 4 meses; Temos grande expectativa de que também no segundo, a comemoração dos 100 anos de idade de Brasil se pare de comercializar a saúde e a vida da po- minha mãe, no dia 7 de setembro; terceiro, a vitória, pulação. Já existem alternativas seguras e apropriadas com o apoio dos colegas, contra perversa mentira di- para o uso do amianto. Só com o banimento definitivo vulgada pela CUT; quarto, a reativação da biblioteca do produto protegeremos o trabalhador brasileiro. pública e do centro cultural, ainda não inaugurado, em Muito obrigado, Sr. Presidente. Duque de Caxias. O SR. DR. HELENO (PP-RJ. Sem revisão do ora- Pediram-me para não falar sobre a CUT, mas a dor.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o pro- notícia mentirosa dada pela Central aos trabalhadores grama brasileiro de combate à AIDS, que contempla as de que acabaríamos com o 13º salário, o Fundo de áreas de prevenção, assistência e tratamento, acaba Garantia e o auxílio-natalidade fez com que 253 cole- de ganhar reconhecimento mundial. Isso porque nosso gas perdessem a última eleição. Isso me doeu e feriu País poderá ser o primeiro a sediar o Centro Interna- minha honra. Tenho como princípio de vida o respeito cional para Cooperação Técnica sobre HIV/AIDS do aos direitos dos trabalhadores e menos favorecidos. Programa Conjunto das Nações Unidas – UNAIDS. Como podia sofrer tamanha infâmia? Até minha filha 57358 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 chegou em casa chorando, certo dia, e me chamando Felizmente, a CUT fez o desmentido, reconhecendo de monstro. Eu já havia contado isso aqui. que nunca foi votado projeto dessa natureza. Portanto, Graças à Mesa Diretora, tudo acabou sendo es- como poderíamos tê-lo aprovado? clarecido. A CUT teve de se retratar, e divulgou no seu Foi uma infâmia cometida contra Parlamentares site que nunca fizera parte da nossa pauta qualquer de bem, como V.Exa., Deputado Dr. Heleno, que tem projeto contra o 13º salário, o Fundo de Garantia e o zelado pelo seu mandato, defendendo com denodo sua auxílio-natalidade. Assim, minha honra foi lavada. querida Duque de Caxias e todo o Rio de Janeiro, e Minha quarta grande alegria, repito, foi a reativa- honrando os eleitores daquele Estado que confiaram ção da biblioteca pública e do centro cultural na minha em V.Exa. brilhante homem público que tem engran- cidade, após 5 anos de luta. A biblioteca é a segunda decido muito a nossa instituição. maior do Estado. Caxias, antes terra do bangue-bangue, Parabéns, Deputado Dr. Heleno! passa a ser referência cultural. Nossos sonhos tornam- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem se realidade. Antes, tínhamos de estudar no Rio de a palavra meu grande amigo e futuro Secretário de Janeiro, mas agora temos nossa própria biblioteca. Agricultura do Estado de Goiás, o nobre Deputado Portanto, Sr. Presidente, estou feliz pelo meu de- Roberto Balestra. sempenho parlamentar e pela alegria em estar com os O SR. ROBERTO BALESTRA (PP-GO. Sem colegas, como numa grande família, e também pelo revisão do orador.) – Sr. Presidente, quero me somar fato de ser o porta-voz da minha cidade, Duque de a V.Exa. e ao nobre colega Deputado Dr. Heleno, que Caxias. Na última eleição, não saiu vitorioso o nosso me antecedeu na tribuna, porque também fui uma da- candidato. Mesmo assim, lá estarei para ajudar com quelas vítimas. Apesar de tudo, acho que valeu, pois a minha voz e com mais recursos. Conforme eu disse não tinha condições de fazer propaganda em outdo- ao novo Prefeito, não existem inimigos políticos. Acima ors, e eles, agindo assim, estamparam minhas fotos de tudo, tenho obrigação com a minha cidade, Duque por todo o Estado, o que até me ajudou. De qualquer de Caxias, e com o Estado do Rio de Janeiro. Por isso, maneira, o tempo passou e, como dizem, o tempo é repito, estou feliz. que cura queijo. Quero parabenizar os membros da Mesa, o Presi- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, duas ra- dente, o Vice-Presidente e os Secretários pela condu- zões me trazem hoje à tribuna. A primeira delas ale- ta exemplar. Eu conversava há pouco com um colega gra-me bastante: há poucos meses esta Casa, por e comentava que nunca – estou aqui há 6 anos e 90 indicação do meu Partido, o PP, elegeu-me membro dias, estes em estágio, vi atuação tão salutar, hospi- do Conselho da República, e, na semana passada, a taleira e humana como a da atual Mesa Diretora, que Presidência da República comunicou-me que eu toma- sempre deu aos pequenos oportunidade de externar suas opiniões. ria posse hoje, às 16h30min. Como foi a Casa que me Que marquemos, no ano bom que está chegan- conduziu ao cargo e como o mandato pertence tam- do, presença neste chão brasileiro, com vontade e vo- bém aos nobres colegas, apesar do convite já enviado cação de transformar este País, sempre respeitando a cada gabinete parlamentar, achei por bem reiterá-lo. o próximo. Convido todos a prestigiarem hoje, às 16h30min, nos- Que o Deputado Inocêncio Oliveira mantenha sa posse no Conselho da República, onde procurarei a inocência absoluta de querer fazer o bem para o representar a Câmara dos Deputados à altura de todos próximo e defender sua terra, como sempre tem feito. os seus membros. S.Exa. é um grande companheiro, e de sua sabedoria O segundo motivo que me traz à tribuna não me muito aprendi. provoca satisfação, muito pelo contrário. Anuncio, com Ao Presidente desta Casa, Deputado João Paulo muita tristeza, o passamento do grande companheiro Cunha, os meus parabéns pelo desempenho. e amigo Getúlio Vaz. Vereador de Inhumas, de 1954 A essas meninas bonitas e capacitadas que traba- a 1960, pela União Democrática Nacional – UDN, foi, lham conosco, nosso abraço afetuoso e nosso desejo em seguida, eleito por 3 vezes consecutivas Deputado de que os seus lares tenham prosperidade e paz. Só Estadual, também pela UDN. assim poderemos trabalhar melhor e progredir mais. Meu conterrâneo, Getúlio Vaz nasceu em Inhu- A todos os colegas, os meus parabéns! mas, em 5 de março de 1931. Como já disse, ingressou O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Meu muito jovem na vida pública; além de político, foi um caro Deputado Dr. Heleno, agradeço os elogios a mim grande poeta, escrevendo grandes obras, a exemplo dirigidos, bem como ao Presidente João Paulo Cunha de Madrugada e Versos Diversos. Ressalto que a nova e a toda a Mesa Diretora. edição de Madrugada foi revisada e ampliada. Também eu, Deputado Dr. Heleno, fui vítima da- Falo de Getúlio Vaz, filho do Sr. Joaquim Pedro quele panfleto infame, distribuído em Municípios do meu Vaz e de D. Jovita Póvoa Paz. Deixa 3 irmãos – Carlos Estado, dizendo que tínhamos aprovado um projeto Alberto dos Passos, Abelardo Vaz e Atayde Póvoa Vaz aqui que acabava com o 13º salário, com a auxílio-na- —, bem como 2 filhos – Marcelo Rodrigues, que mora talidade e até com as férias dos nossos trabalhadores. em Luziânia, e Eliane Moura, em Goiânia. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57359 Também deixa alguns sobrinhos, dentre eles que a economia seja estável o desemprego, tolerável, Abelardo Vaz, Prefeito eleito de Inhumas, que, certa- com plena consciência de suas aspirações e respon- mente, dará continuidade ao trabalho do tio, embora sabilidades, diferentemente da situação brasileira, que não mais pela UDN, mas pelo PP, o sucedâneo da- fechou o mês de fevereiro último com cerca de 1,5 mi- quele partido. lhão de desempregados. Foi um dileto amigo, e seu passamento deixa Sr. Presidente, os brasileiros não agüentam mais a cidade e todo o Estado de luto, pois em sua vida tamanho arrocho salarial e financeiro! Este Governo prestou grandes e relevantes serviços, principalmente jamais titubeia ao optar entre a melhoria da qualida- quando atuou pela oposição, adversária do então PSD de de vida da população e o cumprimento das metas de Pedro Ludovico Teixeira; e, quando Vereador, fazia draconianas impostas pelo Fundo Monetário Inter- oposição ao Prefeito, também do PSD. nacional. O resultado é que a população brasileira Getúlio Vaz foi autêntico homem público. Desem- continua a cumprir sua triste sina de passar fome em penhou com muito denodo a função pública. Aposen- meio à fartura. tou-se por invalidez quando exercia a função de Pro- Causa-me enorme indignação constatar que os curador do Estado. nossos aposentados, continuam sendo tratados como Sr. Presidente, solicitamos a V.Exa. o registro de marionetes. Ao longo dos 5 séculos de história do Bra- seu passamento nos órgãos de comunicação desta sil, nossos trabalhadores derramaram sangue, suor e Casa. lágrimas para produzir riquezas fantásticas, mas que ja- Durante o discurso do Sr. Roberto Ba- mais se traduziram em indicadores sociais minimamente lestra, o Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presi- aceitáveis para o bem da população brasileira. dente, deixa a cadeira da presidência, que é Enquanto a riqueza acumulada pelo trabalho de ocupada pelo Sr. Carlos Nader, § 2º do art. 18 nossos homens, mulheres e até crianças é enviada do Regimento Interno. sem escrúpulos ao exterior, milhares de cidadãos bra- sileiros continuam morrendo feito moscas, diariamen- O SR. PRESIDENTE (Carlos Nader) – Concedo te, por falta das mais básicas condições de higiene e a palavra ao nobre Deputado Nelson Bornier. de alimentação. O SR. NELSON BORNIER (PMDB-RJ. Pronun- Lamentavelmente, a qualidade de vida dos apo- cia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. sentados brasileiros não é prioridade para o Governo Deputados, contrariando as expectativas dos aposen- do nosso País. Para os embaixadores do capital inter- tados na Nação brasileira, que esperavam a passagem nacional, prioritário é o cumprimento rigoroso de todas de ano em clima de otimismo e confiança nos destinos as metas estabelecidas pela equipe econômica. Feita do País, o Governo se antecipa para conceder-lhes um a pilhagem, as migalhas são lançadas à nossa sofrida reajuste equivalente apenas à reposição da inflação, população, envolvidas em palavras bonitas e acompa- um verdadeiro presente de grego que nada tem a ver nhadas por atraentes campanhas publicitárias. com a realidade dos nossos dias. Sr. Presidente, está na hora de rompermos defini- O que vemos, Sr. Presidente, é que, pelo terceiro tivamente com essa trágica vocação que faz de nosso ano consecutivo, o Governo vai conceder aos aposenta- País um renitente acumulador de riquezas à custa do dos e pensionistas que recebem mais do que um salário sacrifício e da dignidade dos brasileiros! mínimo – ou seja, 37,2% dos 22 milhões de benefici- O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pronun- ários do INSS – apenas a reposição do INPC (Índice cia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE. Deputados, manancial de sabedoria e fonte inesgotá- Diante disso, o reajuste dos benefícios acima do vel de lições de vida, a Bíblia relata a parábola do filho mínimo não deverá ser superior a 6%, pois o INPC entre pródigo que resolveu deixar o lar paterno em busca de janeiro e novembro foi de 5,23%. Com a elevação do novos horizontes. O evangelista Lucas nos conta que mínimo para 300 reais, o percentual de reajuste con- o filho pródigo andou por mil caminhos, colheu ventos cedido pelo Governo foi de 15,3%, o que provocará um e tempestades, alegrias e infortúnios. Conheceu terras impacto de 1,6 bilhão de reais nas contas do INSS. hospitaleiras e abrigou-se em tendas estrangeiras. Na Todos nós sabemos que este tratamento diferen- descoberta de novos horizontes ele haveria de lembrar ciado aos aposentados com proventos acima do mínimo que havia deixado seus laços afetivos no lar paterno. levará estes a um achatamento de renda. Isso porque o Em meio a uma dessas caminhadas, o filho pró- salário da maioria dos beneficiários já não corresponde digo resolveu voltar às origens. Caminhou em direção as necessidades básicas de uma família. ao lar e foi recebido com alegria e festa pelo seu pai. Portanto, os índices encontrados pelo Governo Houve a celebração do reencontro. O pai mandou não são suficientes para atender à classe dos aposen- sacrificar o novilho mais cevado para simbolizar um tados e pensionistas. novo tempo de fartura. De volta ao lar paterno, o filho Evidentemente, não vamos comparar um país pródigo confessou que não se acostumara nas terras em desenvolvimento com um país desenvolvido, em por onde andou. 57360 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Numa adaptação da parábola aos tempos moder- turosas ao lado dos companheiros do partido para a nos, se poderia lembrar a frase do escritor e notável conquista de novos horizontes. político paraibano José Américo de Almeida de que Muito obrigado. “voltar é uma forma de renascer e ninguém se perde O SR. PEDRO CORRÊA (PP-PE. Pronuncia o no caminho da volta”. seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Depu- A parábola do filho pródigo vem à mente neste tados, é com grande satisfação e orgulho que venho a reencontro do Deputado Roberto Magalhães Melo com esta tribuna para ressaltar alguns dos avanços obtidos suas origens partidárias. Num certo momento de tran- pelo País em 2004, resultado de votações nesta Casa sição, ele revelou que havia mudado para continuar fiel e da atuação direta de Parlamentares. a si mesmo. Assim aconteceu em sua trajetória polí- Um dos assuntos a que me refiro é a decisão da tica, na busca e na descoberta de novos horizontes, utilização do biodiesel na mistura com o óleo deriva- em meio a alegrias e infortúnios inerentes ao exercí- do do petróleo. Além da economia com a redução do cio da vida pública e às nossas próprias contingências consumo de diesel – da ordem de 800 milhões de litros existenciais. A parábola do filho pródigo é rica em re- somente em 2005, conforme dados do Ministério de flexões sobre a busca de conhecimentos, privações, Minas e Energia —, a qualidade do ar, principalmente a generosidades e reencontros. dos grandes centros, será afetada positivamente, o que Somos todos filhos pródigos em algum momento resultará na diminuição de casos de doenças alérgicas da vida, mesmo os que continuaram sempre à sombra e broncopneumonias, aliviando o movimento e reduzin- do lar paterno. do os gastos nas unidades públicas de saúde. Hoje, tenho a alegria e a honra de saudar o ami- E o mais importante: o programa do biodiesel vai go e companheiro Roberto Magalhães Melo na cele- gerar emprego e renda nas regiões mais pobres do bração do seu retorno ao Partido da Frente Liberal. Brasil, beneficiando pequenos agricultores, e será ca- Apresento meu testemunho de que, mesmo quando paz de impulsionar o desenvolvimento de áreas como percorreu outros caminhos em busca de novos hori- o semi-árido nordestino, região cuja pobreza conheço zontes, ele manteve os laços afetivos e eletivos com de perto e à qual tenho dedicado minha vida pública suas origens partidárias. Continuou a cultivar os laços de mais de 25 anos, no sentido de reduzir as carências da amizade e da lealdade. de tantos Municípios, sobretudo os situados na zona Em sua trajetória de homem público, como Secre- da Chapada do Araripe, que fica entre meu Estado, tário de Estado, Vice-Governador, Governador, Prefeito Pernambuco, o Piauí e o Ceará. do Recife e Deputado Federal, Roberto Magalhães foi O fato é que o programa do biodiesel, aliado ao pródigo na realização de obras em favor do bem co- PROÁLCOOL, transformará o Brasil na principal po- mum. Ao ocupar esses cargos, deixou sua marca de tência mundial produtora de combustíveis alternativos, competência e de espírito público. de fontes renováveis, e de custos significativamente De minha parte, aprendi com meu querido pai, menores aos da extração ou importação de petróleo. Missena (Vicente Inácio de Oliveira), a realizar sem Isso será possível pela evolução da pesquisa agrí- prometer, para não ser um comprador nem um vende- cola e pela quantidade de terras produtivas no País. O dor de ilusões. Surgem daí nossas afinidades em torno biodiesel é um combustível renovável produzido com de princípios e ideário do social-liberalismo. oleaginosas como mamona, soja, dendê e girassol, Em janeiro de 1994, ao exercer a liderança do encontradas em abundância no Brasil. O óleo vegetal Partido da Frente Liberal, este Parlamentar indicou o é extraído dessas plantas por esmagamento e, em se- Deputado Roberto Magalhães para ser o Relator da guida, posto a reagir quimicamente com álcool, metanol Comissão Mista de Inquérito sobre o Orçamento da ou etanol, com a presença de um catalisador. União, sob a Presidência do Senador Jarbas Passari- Os 57 Deputados que hoje compõem a bancada nho. Naquele momento, havia o clamor da sociedade do Partido Progressista, a quarta maior da Câmara e para que o Congresso Nacional fizesse a depuração que tenho a honra de presidir, muito se empenharam dos elementos acusados de corrupção infiltrados em e continuam trabalhando para que toda a legislação seu organismo. O Relator cumpriu a missão com exem- referente ao programa do biodiesel seja aprovada plar equilíbrio e propriedade, sendo encaminhadas as nesta Casa. conclusões do relatório para que fossem adotadas as Outro motivo de orgulho para todos os brasileiros providências complementares pelo Ministério Público é a evolução do agronegócio no nosso País. Essa ati- e pela Justiça. vidade tem sustentado os sucessivos saldos positivos Mudou o Natal, mudou o Brasil e mudamos todos do conjunto da nossa balança comercial. Este ano, a nós, como diria o escritor Machado de Assis. Nestes balança do agronegócio atingiu superávit acima de 29 prenúncios de Natal e Ano-Novo, desejamos que Ro- bilhões de dólares, o que representa um aumento de berto Magalhães seja bem-vindo, ao modo do filho quase 35% na comparação com o resultado do ano pródigo de volta ao lar paterno! passado, que superou os 21 bilhões de dólares. E que esta união fraterna seja campo fértil, sob Os destaques de 2004 no agronegócio foram os o signo dos nossos ideários, para caminhadas ven- aumentos de remessas de produtos dos complexos Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57361 soja e carnes, assim como a redução de importação O SR. GONZAGA PATRIOTA (PSB-PE. Sem revi- de trigo, devido ao aumento da produção doméstica são do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, do grão. inicialmente, quero saudar o eminente Deputado Rober- O sucesso desse segmento deve-se, em grande to Balestra pela posse no Conselho da República. parte, à atuação do Governo Federal, que liberou um Desejo que Deus o ilumine e que o Conselho seja montante maior de financiamento, estimulou pesqui- convocado apenas para ajudar nosso Governo. sas científicas, por meio da EMBRAPA, para aumento A folha corrida de trabalhos que S.Exa. tem nesta da produtividade, tem investido na defesa sanitária e Casa já demonstra o que vai realizar naquele órgão. defendido, de forma decisiva, na Organização Mundial Sr. Presidente, o meu pronunciamento – e desde do Comércio, os interesses dos produtores brasileiros já agradeço ao Deputado Lupércio Ramos pela permu- contra os subsídios de outros países. ta – objetiva mostrar uma imagem positiva do nosso O Partido Progressista também tem contribuído País, embora faça parte do Governo. para o crescimento do agronegócio. No passado, com No Governo de José Sarney, passei 4 anos na 2 Ministros da Agricultura que ajudaram a criar as con- Constituinte representando o PMDB. Com a ajuda do dições necessárias para que a atividade deslanchasse: então Presidente Sarney, conseguimos elaborar uma o Deputado Francisco Turra e Pratini de Moraes. No Constituição duradoura. Mesmo assim, naquele mo- presente, com a forte atuação da Comissão de Agri- mento, privava-me de fazer pronunciamentos afirman- cultura da Câmara, presidida pelo Deputado Leonardo do que o Presidente Sarney, embora não tenha sido Vilela, do PP de Goiás, e com o trabalho incansável eleito pelo voto direto, preparava a redemocratização de mais 11 Deputados da legenda, que fazem parte do País. da mesma Comissão. Hoje, porém, me sinto na obrigação de fazer este Os resultados alcançados pelo agronegócio são pronunciamento porque trabalhei muito durante anos, inúmeros e não quero aqui me alongar em números. na qualidade de funcionário da Rede Ferroviária Fe- Mas, por meio do crescimento dessa atividade, a ren- deral e advogado, para levar aos quatro cantos deste da de agricultores familiares aumentou e foram cria- País a palavra da redemocratização, da tomada do dos verdadeiros pólos de produção, especialmente no poder, enfim, da mudança. Há 2 anos e pouco meses, conquistamos, com o Centro-Oeste, onde há prosperidade e melhoria da Partido dos Trabalhadores, a eleição do companheiro qualidade de vida de todos os habitantes. Lula para Presidente da República. No entanto, o povo O agronegócio tem contribuído, ainda, para fixar quer saber o que mudou neste País e o que o Brasil o homem no campo, evitando o inchaço maior dos conseguiu durante o Governo do Presidente Lula. grandes centros. Quero saudar a platéia que vê o plenário vazio O tema agronegócio me apaixona, mas não pre- e dizer que nossos companheiros estão na Comissão tendo cansar os senhores. Mista do Orçamento. Aproveito a oportunidade para parabenizar o Parabenizo todos por virem a esta Casa, onde Presidente desta Casa, Deputado João Paulo Cunha, debatemos os problemas do Brasil. pela correta e digníssima atuação durante todo o seu Sr. Presidente, estou neste Grande Expediente mandato, que conquistou o respeito e a admiração de para dizer ao Brasil, que nos vê através da TV Câma- seus pares. ra e nos ouve pela Rádio Câmara, que este Governo Estendo meus cumprimentos a todos os integran- que apóio e que ajudei a eleger está no caminho certo. tes da Mesa Diretora, especialmente aos meus com- Nossas dificuldades são enormes, mas o Presidente panheiros de bancada, Deputado Severino Cavalcanti Lula conseguiu em 2 anos de governo fazer a expor- e Deputado Ciro Nogueira. tação de nossos produtos como nunca foi feito. São Ao Presidente e às Sras. e aos Srs. Parlamen- 95 bilhões de dólares de exportações este ano contra tares, aos funcionários, assessores, jornalistas e fre- uma importação de pouco mais de 62 bilhões de dóla- qüentadores do Congresso desejo um feliz ano novo res. Cresceram as importações, mas cresceram muito e que os sonhos se transformem nas obras que ima- mais as exportações. Com isso, tivemos um superávit ginamos e que possam melhorar as condições do de mais de 33 bilhões de dólares. povo brasileiro. Perguntam por que Lula foi à Ásia, por que dis- Era o que tinha a dizer. cutiu tanto aqui na América Latina, por que foi à África O Sr. Carlos Nader, § 2º do art. 18 do Regimento e ficou por lá. Por que o Presidente Lula viajou tanto? Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada Viajou não só para ver os problemas dos negros, que pelo Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente. trouxeram essa civilização extraordinária para o Brasil, O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Pas- que desbravaram as fronteiras virgens brasileiras, mas sa-se ao também para abrir os mercados aos produtos brasilei- V – GRANDE EXPEDIENTE ros, para mostrar o que é o Brasil. Concedo a palavra ao Sr. Deputado Gonzaga Com a autoridade de um Presidente que teve Patriota. S.Exa. dispõe de 25 minutos na tribuna. mais de 50 milhões de votos, conseguiu também a 57362 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 estabilidade da economia de fato e de direito, e não esses problemas quando tivermos um programa social uma estabilidade feita em computadores. Conseguiu que una as pessoas. impor respeito aos países credores. Nossa economia Por isso, Deputado Zarattini, fico muito feliz em começou a se valorizar na hora em que o Risco Brasil ver algumas coisas do seu Governo sendo resolvidas. ia desaparecendo após ter chegado a 1.500%. Conse- O salário mínimo, por exemplo. O Governo teve a co- guimos baixar esse número para menos da metade. ragem de não conceder no início deste ano o aumento Falam que os juros estão altos. Sim, estão altíssi- que queriam para quebrar o Brasil. No próximo ano, mos. No entanto, recebemos o País com juros de 27% o salário mínimo vai ultrapassar os 100 dólares que ao ano. Ele está agora entre 16% e 18%, mas, se Deus queriam no início do ano. É uma grande distribuição quiser, vamos chegar a juros suportáveis. de renda. O crescimento no ano passado foi zero e o deste A outra forma de distribuição de renda foi a ge- ano vai ultrapassar os 6%. ração de novos empregos. O crescimento da econo- Nesse sentido, é bom perguntar: será que vamos mia gerou novos empregos. Houve a confiança dos suportar? Estamos crescendo muito, principalmente empresários, que, em vez de comprarem dólares, de na área de produção de grãos, e as rodovias e ferro- aplicarem no mercado financeiro, investiram nas em- vias do País foram aniquiladas; os portos, da mesma presas, e o Brasil cresceu 6%. maneira. Neste ano, estamos chegando a 2 milhões de Já estamos vendo o Governo preocupado em re- empregos no Brasil. vitalizar as malhas rodoviária e ferroviária. Na semana Ouço, com muita atenção, meu eminente e eterno passada, o Presidente Lula chamou-nos ao Palácio líder paulista, Deputado Zarattini. do Planalto para mostrar uma grande indústria que O Sr. Zarattini – Deputado Gonzaga Patriota, será instalada em Recife com o custo de 2 bilhões de tenho a maior admiração por V.Exa. E minha admira- reais. Mais de mil empregos diretos serão criados só ção aumenta ainda mais ao ouvir seu brilhante pro- na sua construção. nunciamento em defesa do Governo Lula. V.Exa. é um Disse-nos ainda S.Exa: “Vamos tratar ainda hoje dos melhores Deputados desta Casa e uma liderança da Ferrovia Transnordestina, para interligar o Porto de inconteste do Nordeste. Quero me alinhar ao discurso Petrolina ao Porto de Suape, em Recife, e interligar o de V.Exa., que analisa com descortino e brilhantismo o Porto de Petrolina ao Porto de Pecém”. Serão feitos que foi feito durante esses 2 anos de Governo Lula e dois pequenos ramais, sendo um para pegar todo o mostra o que será feito, particularmente em benefício gesso do Brasil, que está na região do Araripe. do nosso Nordeste. V.Exa. sabe, apesar de ser Depu- Sr. Presidente, comecei a perguntar-me se vale tado de São Paulo, que tenho muitas raízes históricas a pena trazer este pronunciamento para mostrar que o Brasil cresceu, que o PIB cresceu, que o Governo de luta no Estado de Pernambuco e no Nordeste em está construindo estradas, que vai construir ferrovias, geral. Congratulo-me com V.Exa. e o parabenizo pelo que vai revitalizar o Rio São Francisco, que andou seu pronunciamento, que retrata a verdade de um novo morrendo. Brasil que se construirá e que certamente colocará o O outro lado que o Governo Lula mais cuidou foi Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado dos gran- o das pessoas. des estadistas da história recente, como Getúlio Vargas Como patriota, não poderia deixar de respeitar as e Juscelino Kubitschek. opiniões dos companheiros da Oposição. Eles dizem: O SR. GONZAGA PATRIOTA – Deputado Zarat- “Fome Zero, para quê? Para que Bolsa-Renda? Para tini, agradeço a V.Exa. e, com sua permissão, incorpo- que Vale-Gás, Bolsa-Escola?” Isso é uma vergonha. rarei seu aparte a meu modesto pronunciamento. Diz isso quem nunca passou fome, quem tem um Antes de V.Exa. chegar, eu dizia que não é do botijão de gás em casa, quem não vê que a política do meu feitio ou do meu costume, em vinte e tantos anos crescimento está viva e que estamos fazendo a política de Parlamento, vir à tribuna para fazer prestação de social para amanhã não precisarmos do Bolsa-Renda. contas do Governo, ou mostrar o que está certo, porque Escuto as pessoas dizerem: “Para que transposição ou é obrigação do Governo fazer as coisas certas. revitalização do Rio São Francisco? Para que investir Aproveitei este último dia que terei na tribuna 1 bilhão de reais na preservação das matas ciliares porque, se Deus quiser, amanhã, aprovaremos o Orça- ou em saneamento, a fim de que o esgoto não seja mento de 2005, vamos para o Estado de Pernambuco, jogado no Rio São Francisco?” Quando ouço isso, co- para Salgueiro, para a minha querida Sertânia. Apro- meço a me perguntar se é porque querem a miséria veitei para fazer este levantamento sobre a coragem do da indústria da seca, aquela que faz com que coronéis Presidente Lula, que esteve aqui na Esplanada gritando tomem assento nesta Casa por 10, 20, 30, 40 anos, contra determinadas reformas que quiseram fazer na sem olhar os problemas, que chamam de pequenos, Constituição brasileira. Mas o Presidente assumiu a mas que são grandes, como o problema da fome, do responsabilidade, por exemplo, de fazer a reforma da desequilíbrio social, da falta de confraternização, de Previdência. E eu votei contra, caladinho ali no canto, amizade, de paz e de amor. Só conseguiremos superar o item da taxação dos inativos. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57363 Hoje, vemos que não foi apenas essa a reforma O semi-árido é outra região muito pobre e só há que se fez. Ela teve um acompanhamento. A Polícia uma saída para ela: a revitalização do Rio São Francisco Federal do Brasil, a Receita Federal e o INSS se jun- e a transposição de suas águas. Não adianta perfurar taram para diminuir a evasão de arrecadação, e vemos poços; são apenas quebra-galhos, paliativos. hoje a Previdência Social fechando o ano positivamen- No que se refere à educação, ainda falta muito te. Estão todos de parabéns. para que o analfabetismo seja erradicado de vez, pois Por outro lado, o Governo conseguiu fazer com o índice ainda é muito alto. Quanto á saúde, gasta-se que o Senado Federal concluísse a reforma do Poder dinheiro, mas os índices de pessoas doentes é alto Judiciário, que foi aplaudida pelo Presidente do Supre- no País. mo Tribunal Federal. Com essa reforma, colocamos Participarei de reunião para tratar de recursos para o Judiciário no lugar em que deveria sempre estar, os programas sociais. Não queremos programa social respeitado, acima de qualquer suspeita, com controle que vicie o cidadão, mas que, concomitantemente, o externo como têm os outros Poderes, a súmula vin- cidadão que recebe a bolsa-renda, quando empregado, culante para evitar que processos se acumulem nos não tenha direito ao benefício nem o queira. tribunais, quando outros iguais já foram julgados no Sr. Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, Supremo Tribunal Federal. V.Exa. que é um bravo Deputado, sertanejo, nordesti- Sabemos, Deputado e Presidente Inocêncio Oli- no, conhece todos esses problemas. Este é apenas um veira, que 90% dos processos que se acumulam nos preâmbulo do pronunciamento que farei, para mostrar tribunais são de autoria do Poder Executivo. São os que houve crescimento, que o Governo acertou. Mostro Municípios, Estados e a própria União que bancam também do que precisamos. processos para que eles fiquem sobrestados nos tri- Sras. e Srs. Deputados, no segundo ano do Go- bunais. verno do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, muitos Por último, quero dizer que são muitos os progra- foram os desafios. Muitas foram as conquistas. Muito mas sociais existentes no País. Mas mesmo depois de há ainda a ser feito. Mas robustos são os dados que indicam que todos avançamos. 2 anos de Governo, ainda são muitas as dificuldades A balança comercial brasileira registrou um su- do País. Sabemos que ele cresceu, exportou, produ- perávit de 1,188 bilhão de dólares na quarta semana ziu muito, aumentou a produção de grãos este ano em de dezembro (entre os dias 20 e 26) e já acumula um quase 15; por outro lado, as estradas estão em estado saldo positivo de 33,081 bilhões de dólares neste ano. de calamidade, precisamos de recursos, precisamos Dessa forma, faltando uma semana para o fim do ano, melhorar os portos, precisamos fazer a revitalização do o Brasil conseguiu ultrapassar a estimativa do Banco Rio São Francisco, e depois a sua transposição para Central de atingir um superávit comercial de 32,5 bi- o Ceará, para o Rio Grande do Norte, pelo eixo oes- lhões de dólares neste ano. te, para o Estado da Paraíba, terminando pelo Estado Segundo dados divulgados pelo Ministério do de Pernambuco. Temos de resolver sérios problemas Desenvolvimento, o superávit da balança na semana que não puderam ser combatidos, como a violência passada foi resultado de exportações de 2,313 bilhões no País. de dólares e importações de 1,188 bilhão de dólares. Não podemos ficar seguros nem dentro da nossa No mês de dezembro, a balança acumula um su- casa. Vimos recentemente, aqui em Brasília, um caso perávit de 2,885 bilhões de dólares. Já no ano, o saldo que chocou o Brasil inteiro. alcança 33,081 bilhões de dólares, resultado de expor- O programa de arrendamento residencial, ainda tações de 94,898 bilhões de dólares (crescimento de é muito pálido, começou agora. É oferecida habitação 32,7% em relação ao mesmo período do ano passado a pessoas população de baixa renda, que pagarão um pela média diária) e de importações de 61,817 bilhões leasing inferior ao preço do aluguel. Mas o programa de dólares (alta de 30,7%). não atinge 1% da população. Precisamos, então, de O superávit recorde da balança comercial acu- mais recursos para habitação. mulado neste ano até a semana passada, de 33,081 Na qualidade de candidato a Prefeito de Petrolina, bilhões de dólares, contribui para a queda da cotação coloquei no programa de governo 2 pontos fundamen- do dólar, para o recuo da inflação e também para o tais. E não é difícil fazer isso. Espero que o Prefeito aumento da confiança dos investidores de que o Bra- Fernando Bezerra Coelho o faça. Todas as pessoas sil será capaz de honrar os compromissos de dívida que moram em Petrolina poderiam ter um lugar para externa. morar, basta que o Prefeito desaproprie terras na cida- Exportamos mais e são menores e melhor nego- de e as ofereça à população com pelo menos um piso ciadas as nossas dívidas externa e interna, colocan- de casa. As próprias pessoas conseguiriam com uma do o Brasil numa situação de confiança no mercado carrada de pedra aqui, outra ali, fazer o alicerce para externo. um quarto e depois outro e estariam pagando não o O crescimento econômico, de fato, já é uma rea- aluguel, mas a própria casa. É assim com o Programa lidade sentida e percebida pela população. Na geração Arrendamento Residencial. de empregos, o ano de 2004 bate recordes históricos: 57364 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 de janeiro a setembro, foram criados cerca de 1,8 mi- dos problemas sociais, no crescimento da nossa econo- lhões de postos de trabalho com carteira assinada. mia, na diminuição da nossa dívida interna, poderemos O crescimento do PIB de 6,1% no terceiro trimes- fazer muito mais no próximo ano de 2005. tre também é uma realidade irrefutável. Com a ajuda do meu partido, o PSB, as coisas Outro elemento a ser considerado é a atuação acontecerão do jeito que eu imaginava que deveriam do sistema financeiro estatal – BNDES, Banco do Bra- acontecer. Seja no crescimento do turismo, seja no sil, Caixa, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste crescimento da agricultura, seja no crescimento da – assegurando o financiamento à produção. Além de indústria, no crescimento da geração de empregos. abundante, esse crédito para a exportação e para o A prova de que nossos pensamentos e anseios setor agrícola (inclusive a agricultura familiar) contém sociais já se traduzem em ações se consolidam com um razoável subsídio: o crédito ao setor agrícola é con- a aprovação de matérias importantes. cedido a uma taxa pré-fixada de 8,75% ao ano, quando Dentre essas matérias, podemos destacar: o a taxa básica de juros – SELIC – está atualmente em Estatuto do Idoso, cujo projeto estava engavetado 16% e teve no ano passado a média de 22%. há mais de 12 anos, mas conseguimos aprová-lo no Vemos portanto, Sr. Presidente, que o rumo pro- Congresso Nacional e já está funcionando; a reforma posto pela equipe econômica parece ser o mais ade- da Previdência Social, que trará benefícios no curto quado. prazo; o Bolsa-Família, com o qual atingiremos 6,5 Digo isso, e muitos outros aqui e lá fora, senão milhões de famílias agora neste finalzinho de dezem- a maioria, já o dizem; este é o sentimento do povo bro e, se Deus quiser, chegaremos a 8,7 milhões de brasileiro com relação ao nosso Governo, qual seja: famílias em 2005 – nesse campo, também acho que confiança em suas propostas, visto que elas têm co- estamos avançando. erência e se efetivam eficazmente. Tem sido um sucesso extraordinário o nosso pro- É necessário que se destaquem, também, as vi- grama da Saúde Bucal. Pela primeira vez, o Estado toriosas articulações do Governo Lula no cenário in- oferece ao povo a possibilidade de fazer um tratamento ternacional, como a sua atuação na América do Sul, odontológico de qualidade, o Brasil Sorridente. a política junto ao continente africano e a construção As farmácias populares têm sido um sucesso, e de parcerias econômicas e relações com países fora pretendemos continuar fazendo no próximo ano. do chamado eixo sul—norte. A postura do Brasil muda O PROUNI também é outro ponto positivo. Te- este eixo, fortalecendo a política entre os países da mos mais de 100 mil vagas colocadas à disposição do parte sul do planeta. A retomada do relacionamento Governo. Anunciamos neste final de ano o projeto do com os povos árabes, com a Rússia, a China e a África biodiesel, que é o grande projeto deste País, porque do Sul, mantendo-se, também, a continuidade de um vamos mudar a matriz energética do Brasil. Portanto, intenso relacionamento com o Japão, a Europa e os estamos no caminho certo. Estados Unidos, merece destaque, assim como a atu- Colegas, não bastassem todas essas conquistas, ação do Brasil no MERCOSUL e na ONU. Todos esses para o ano de 2005 aponta-se um crescimento ainda avanços podem resultar em uma vaga, para o Brasil, maior, com as metas fiscais e o controle rigoroso da no Conselho de Segurança das Nações Unidas. inflação em nada afetados, o que indica, portanto, que Uma boa política externa, Sr. Presidente, impul- as políticas econômicas e sociais contarão com mais siona fortemente as vendas brasileiras no Exterior. recursos e deverão avançar sobre temas, que, nesses Isso, sem dúvida, é outro fator do êxito do setor expor- dois anos, ainda não foram possíveis. Há espaço para tador, que puxou o crescimento da economia brasileira valorizar o salário mínimo, tornar mais justa a tabela no seu conjunto. O investimento estrangeiro direto no do Imposto de Renda e implantar uma política para a País apresentou crescimento significativo no terceiro juventude – que o País nunca teve. trimestre de 2004 se comparado ao mesmo período Aguardemos ainda mais da Câmara dos Depu- do ano anterior. tados, do Senado Federal e do Congresso Nacional, Mesmo na área social, em que as realizações do Sr. Presidente, meus colegas Parlamentares, não bas- Governo ainda não são tão bem percebidas quanto as tassem as exitosas conquistas que o povo brasileiro realizações da área econômica, os avanços são sig- alcançou nesta sessão legislativa. nificativos e se consolidam dia-a-dia. E isso tem sido O trabalho de coordenação política da coalizão possível porque o País voltou a crescer e de maneira que sustenta o Governo no Congresso Nacional abriu sustentável. caminho para as mudanças estruturais que o País preci- Exaustivamente publicados, os indicadores estão sa e levou adiante matérias da agenda microeconômica aí, apontando nos mais variados setores da economia: e de reestruturação das instituições brasileiras. crescimento significativo, mais empregos com cartei- Muito mais, tivemos nesta Casa, neste ano que ras assinadas e, conseqüentemente, menores taxas se encerra, Sr. Presidente algumas realizações. de sua ocupação na informalidade. Fizemos o Programa de Arrendamento Residen- Se em 2004 conseguimos dar o salto extraordiná- cial, que oferece habitação à população de baixa renda rio que demos na geração de emprego, no tratamento por meio da opção do arrendamento. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57365 Criamos o Instituto Nacional do Semi-Árido, que 2004. Todos sabemos o quanto foi difícil a deliberação fará estudos para o Ministério de Ciência e Tecnologia de projetos em um ano eleitoral como este. Conseguir com o objetivo de integrar pólos socioeconômicos e essa aprovação ainda este ano traz a todos a certeza ecossistemas estratégicos do semi-árido para o de- de que 2005 começará já com efetivas ações na área senvolvimento sustentável da região. de infra-estrutura, segurança, habitação, saneamento, Fizemos o Programa Nacional de Apoio ao Trans- dentre outros. porte Escolar e o Programa de Apoio ao Sistemas de Não estaremos mais engessados pela legislação Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e limitada, mas abertos ao desenvolvimento de forma Adultos. Esses programas reforçam a estratégia de responsável e segura tanto para o Poder Público como universalização da educação – o Governo deve gas- para a iniciativa privada. tar nesse ano 246 milhões de reais com o transporte Importante é frisar que além de todos os benefí- escolar em áreas rurais para atender 3,25 milhões de cios internos que os contratos a se realizarem causa- crianças. rão, a aprovação das PPPs já traz para o nosso País Criamos o Bolsa-Atleta, que dá condições míni- maior credibilidade junto ao cenário internacional. A mas para que os atletas brasileiros ligados ao Comitê simples aprovação do projeto já fez com que os ne- Olímpico Internacional e Comitê Paraolímpico Interna- gócios na bolsa de valores se mostrassem mais está- cional possam competir no País e no Exterior. veis e o investidor estrangeiro tivesse mais confiança Também podemos apontar a Lei de Diretrizes na política brasileira. Orçamentária para 2005, que estabeleceu parâmetros Este é só um exemplo das portas que se abriram macroeconômicos para o próximo ano, dentro do PPA para 2005. Se me perguntarem se estou satisfeito com 2004-2007, cuja meta de inflação é de 4,5%; o cres- tudo que temos feito direi que não. Estou, sim, feliz por cimento do Produto Interno Bruto, estimado em 4%; ver que o Brasil deixou de ser o país do futuro e age e a previsão de redução da taxa de juros SELIC dos como um país responsável no presente para angariar 16% atuais para 11,75%. benefícios futuros. Mas não estou satisfeito, muito mais O Plano Plurianual para o período de 2004 a 2007 pode ser feito. prevê investimentos de 1,8 trilhão de reais até 2007. A Para que o País melhore o seu crescimento é ne- maior parte dos recursos será destinada à educação, cessária a modernização dos portos e um maior investi- saúde e energia. O PPA ainda incluiu 10 milhões de mento do Governo nas diversas formas de transportes, reais para o Ministério da Justiça destinar à Campanha como por exemplo a expansão do uso das ferrovias e a do Desarmamento. melhoria da qualidade das estradas. Estaremos aten- Para o setor habitacional, instituímos um regime tos para que o programa de parceria exposto acima opcional para os incorporadores imobiliários, com a seja bem administrado e realmente consiga atingir a unificação do Imposto de Renda e das contribuições melhoria que acabamos de citar. sociais numa alíquota de 7% (hoje é 8,6%). Sua maior Há outras matérias, Sr. Presidente, que também vantagem é permitir que, em caso de quebra da em- merecem destaque. A Lei de Informática, que trata da presa, os compradores possam contratar outra cons- capacitação e competitividade do setor de informática trutora para dar continuidade às obras. no País e amplia o prazo de benefícios dos bens de Reduzimos as alíquotas do PIS/PASEP e da CO- informática em dez anos até 2020, gradativamente, FINS, incidentes na importação e na comercialização conforme o ano e o produto a ser comercializado. O de fertilizantes e defensivos agropecuários, por meio texto estabelece como contrapartida às isenções fis- de uma medida provisória. Tal lei ainda isenta o feijão, cais o investimento em pesquisa e desenvolvimento. o arroz e a farinha de mandioca da cobrança dessas Dessa forma, o desenvolvimento tecnológico também contribuições. está garantido para os próximos anos. Aqui, em espe- Não é, no entanto, só isso. Criamos um conjunto cial, cabe destacar o papel importante do PSB junto de regras que permite a reestruturação da empresa em ao Ministério da Ciência e Tecnologia, por intermédio dificuldade financeira, a Lei de Falências, cujo projeto do Ministro Eduardo Campos. foi apresentado na Câmara em 1993 e só foi votado Há que se citar a inovação tecnológica, que cria agora. A lei que vigorou até antes da aprovação da Lei incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecno- de Falências cuidava apenas da divisão do que restava lógica do ambiente produtivo. O objetivo é permitir o da empresa falida, sem pensar na sua recuperação. alcance da autonomia tecnológica e o desenvolvimento Aprovamos o projeto de lei das parcerias públi- industrial do País. A Agência Brasileira de Desenvol- co-privadas, que institui regras gerais para a licitação vimento Industrial fomentará estratégias competitivas e o funcionamento das PPPs. Com esse instrumento, que auxiliem o Brasil a transpor o atual estágio de o Governo pretende obter novos investimentos para desenvolvimento industrial para atingir novo patamar, setores carentes de recursos, como infra-estrutura, baseado nos processos de inovação. segurança, habitação e saneamento. A recriação da SUDENE e da SUDAM teve como Foi de vital importância a aprovação do proje- grande avanço a instalação de comitês gestores, que to que trata das parcerias público-privadas ainda em possibilitarão à sociedade acompanhar e fiscalizar 57366 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 o andamento dos planos, projetos e programas pro- Casa, para que o Governo tome conhecimento do que postos. acertou e do que falta fazer. A SUDENE abrangerá os nove Estados da Região Aproveito a oportunidade deste último discurso Nordeste e Municípios de Minas Gerais, do Espírito de 2004 para desejar a todos um Ano-Novo de muita Santo, que sofrem com a seca. O Conselho Deliberativo paz, prosperidade e desenvolvimento. será composto pelos Governadores dos Estados, Minis- Deus ilumine a todos. tros de Estado, Superintendente do órgão, o Presidente O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – V.Exa. do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), representantes será atendido. dos Municípios que abrange, dos empresários e dos Durante o discurso do Sr. Gonzaga Patriota, as- trabalhadores de sua área de atuação. sumem sucessivamente a Presidência os Srs. Carlos No novo formato da SUDAM, a criação do comitê Nader, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, e Inocên- gestor será de fundamental importância para impedir as cio Oliveira, 1º Vice-Presidente. irregularidades e a corrupção que levaram à extinção O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – An- do órgão. Também garante investimentos na infra-es- tes de passar a palavra ao próximo orador do Grande trutura, uma das grandes carências da Região Norte. Expediente, concedo a palavra para uma breve comu- Não podemos esquecer do projeto da biossegu- nicação à Sra. Deputada Dra. Clair. rança, que já teve o seu parecer aprovado na Comis- A SRA. DRA. CLAIR (PT-PR. Pela ordem. Pronun- são Especial e aguarda a sua inclusão na Ordem do cia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Dia desta Casa. Acho que isso se dará no início da Deputados, inicialmente parabenizo o Presidente desta próxima sessão legislativa. O PL da Biossegurança Casa, Deputado João Paulo Cunha, V.Exa., Deputado tem papel importante, dentre outros, a regulamenta- Inocêncio Oliveira, e toda a Mesa Diretora pela gestão ção do uso das famosas células-tronco. A terapia com democrática dos trabalhos desta Casa. células-tronco poderá no futuro tratar muitas doenças Aproveito a oportunidade, nesta última semana degenerativas, hoje incuráveis, causadas pela morte de 2004, para fazer uma prestação de contas do meu prematura ou mau funcionamento de tecidos, células mandato. ou órgãos. Como exemplo, podemos citar as doenças Chegamos ao final de 2004 com a sensação do dever cumprido. Ao longo de 2 anos representando o neuromusculares, diabetes, doenças renais, cardíacas meu Estado na Câmara dos Deputados, tenho busca- ou hepáticas. Para isso, estão sendo feitas inúmeras do manter uma linha de defesa das causas nacionais, pesquisas no mundo todo para descobrir como fazer dos direitos dos trabalhadores e da melhoria das con- as células-tronco se diferenciarem no tecido que está dições de vida do trabalhador brasileiro, por meio da doente. geração de emprego e da justa distribuição de ren- O Governo Lula procurou, nesses dois anos, pro- da, mantendo-me sempre fiel à trajetória profissional mover a participação popular em conselhos e conferên- e política que me consagrou a primeira mulher eleita cias: da Terra, das Cidades, do Esporte, da Juventude, Deputada Federal do Paraná. dos Direitos Humanos, das Mulheres, e outras. Elas Nesse período, tenho travado muitas lutas, contan- mobilizaram muitas pessoas. do sempre com apoio de diversos setores da socieda- Por essas e outras razões, a avaliação do Gover- de paranaense, com meus companheiros de partido e no mostra um bom desempenho em todos os índices com a equipe que me acompanha e contribui de forma pesquisados. Com efeito, a avaliação de ótimo e bom efetiva para o desempenho do meu mandato. do Governo subiu de 38% para 41%; a confiança no Tenho dedicado grande parte do meu mandato à Presidente Lula subiu de 58% para 63%, e a avaliação discussão da dívida pública e dos problemas que ela de desempenho de Lula subiu de 55% para 62%. acarreta para o desenvolvimento do País. Criamos a Repetindo, Sr. Presidente, muito foi feito, mas Frente Parlamentar de Acompanhamento da Dívida, faremos muito mais ainda, sem desviar um milímetro que reúne Deputados e representantes de vários seg- sequer de nossa doutrina, que tem por pressupostos mentos da sociedade civil, para debater a dívida e básicos, mesmo diante da chamada “internacionaliza- sugerir alternativas para o enfrentamento deste grave ção da economia”, que o Estado brasileiro seja sobe- problema que coloca o Brasil numa posição vulnerável rano, sem adjetivações. no mercado financeiro internacional, refletindo ainda Que não sendo gigante, também não seja mínimo, nos números do Orçamento de 2005. mas o necessário para manter o que conquistamos até Para os cidadãos brasileiros terem conhecimento, aqui; para promover as políticas públicas indutoras do a previsão de receita para o próximo ano é de 1 trilhão, desenvolvimento, visando atender as necessidades ali- 616 bilhões de reais, sendo que 935 bilhões e 500 mi- mentares básicas de todo o povo brasileiro, conforme lhões de reais referem-se ao refinanciamento da dívida consubstanciado na Constituição Federal, respeitado pública, sobrando apenas 457 milhões de reais de re- o estado democrático de direito. ceitas correntes. Deste valor, 141 milhões vão para o Solicito a V.Exa. que autorize a divulgação des- pagamento dos juros e amortização da dívida pública te pronunciamento pelos órgãos de comunicação da interna e outros 37,4 milhões serão destinados para Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57367 o pagamento dos juros da dívida externa. Com isso, pessoas que têm o compromisso com o País e com restam apenas 11,5 bilhões para investimento. o povo brasileiro, para participar de um grande movi- Vários debates foram realizados ao longo do ano mento em defesa de uma política econômica mais justa pela Frente Parlamentar de Acompanhamento da Dí- e que privilegie o trabalhador e a renda e não mais o vida Pública, do Sistema Financeiro e da Política de mercado financeiro e os grandes detentores do capital, Juros, atraindo a atenção de várias entidades para como temos visto até agora. essa questão crucial. É hora de colocarmos o Brasil definitivamente O petróleo entrou na pauta do nosso mandato. nos trilhos do crescimento econômico com distribuição Em agosto deste ano, a Agência Nacional do Petróleo, de renda. Por isso vamos continuar lutando pela redu- que realizou a 6ª Rodada de Licitação das Bacias Pe- ção do superávit primário, para que os recursos hoje trolíferas, leiloou grandes áreas com potencial de pro- destinados ao pagamento dos juros da dívida sejam dução. Envidamos todos os esforços, com o apoio do investidos em infra-estrutura, saúde, educação e pro- Governador Requião, da Associação dos Engenheiros gramas de distribuição de renda, como o Bolsa-Famí- da PETROBRAS, da Federação Única dos Petroleiros, lia e o Primeiro Emprego. Vamos defender também a bem como de outras entidades e de personalidades, redução dos impostos para desonerar as empresas e para evitar a realização desse leilão e para questio- favorecer a produção e a redução dos juros. nar a Lei do Petróleo, que fere a Constituição do País Aproveito o ensejo para desejar aos Parlamen- ao permitir a apropriação do petróleo brasileiro por tares, servidores, a população brasileira, a população empresas multinacionais vencedoras das licitações. do Paraná, um 2005 de paz de desenvolvimento, de Aguardamos a posição final do Supremo Tribunal Fe- avanços e da realização de nossos sonhos. deral em relação à constitucionalidade da matéria e O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- esperamos que seja mantido o preceito constitucional cedo a palavra ao nobre Deputado Lupércio Ramos, que garante o monopólio da propriedade do petróleo que disporá de 25 minutos na tribuna. pela União. O SR. LUPÉRCIO RAMOS (PPS-AM. Sem revi- Batalhamos pela melhoria das condições de vida são do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, dos trabalhadores brasileiros: apresentamos um pro- estamos vivendo momento propício para reflexões e jeto que altera o processo da Justiça do Trabalho, a análises sobre a realidade do povo desta Nação. O final fim de garantir maior agilidade nos processos e pres- do ano é sempre momento para grandes reflexões. tação jurisdicional dos trabalhadores; apresentamos Os analistas econômicos e políticos dão conta uma emenda em relação ao salário mínimo no valor do bom momento vivido pelo Governo, bem como pelo de 300 reais. Felizmente, o Governo Federal decidiu consumidor e pelo povo simples das ruas. Todos nós que o salário mínimo, a partir de maio de 2005, será sentimos no ar certa esperança. Estamos passando de 300 reais, o que beneficiará mais de 100 milhões por momento de especial euforia, com a elevação de de brasileiros e toda a sociedade, uma vez que, com 5,3% em relação ao conjunto das riquezas produzi- mais dinheiro circulando no mercado, haverá também das pelo País. uma dinamização da economia. Com isso, toda a so- Não somos do PT, mas da base de sustentação ciedade será beneficiada. do Governo. Sentimos, por isso, certo alívio. Para se Posicionamo-nos contra a Lei de Falências e a chegar a este momento foram necessários alguns alteração do Código Tributário Nacional, pois entende- gestos de coragem e certo desprendimento na hora mos que esses projetos só beneficiaram os créditos de votarmos algumas reformas impopulares ou alguns financeiros. projetos intragáveis. Participamos da luta pela reestruturação do se- Muito ainda vamos ter de avançar. Naturalmente tor ferroviário brasileiro, por entender que essa é uma ainda teremos de votar coisas amargas, difíceis sob bandeira fundamental para permitir um maior desen- o ponto de vista eleitoral, mas precisamos entender volvimento econômico para o Brasil. que não se constrói um país sem os dissabores das Além disso, não tenho esquecido o Paraná, Estado horas difíceis. que me elegeu. Nesses dois anos, apresentei diversas Vamos continuar apoiando o Presidente Lula. emendas ao orçamento para contemplar projetos de Essa é a decisão de dois terços da bancada do PPS vários Municípios e também ações do Estado, no intuito nesta Casa. Esse é o nosso compromisso com a Na- de melhorar as condições de saúde, educação, infra- ção. estrutura e moradia dos meus concidadãos. Projetos Temos consciência de que avançamos ainda muito como o de Vila Audi, que reloca 192 famílias que vi- pouco. Nem só de macroeconomia vive o povo brasi- viam em condições precárias, na região de manancial leiro. Contudo, sabemos que está chegando a hora de do Rio Iguaçu, está em andamento graças à emenda cobrarmos outros avanços, em especial os sociais. de minha autoria. O ano de 2004 foi do Ministro Palocci. É preciso Para o próximo ano, vamos seguir firme na de- que 2005 e 2006 sejam anos do Presidente Lula. terminação de construir um Brasil melhor. Para isso, O esforço para manter a economia sem sobres- vamos mobilizar a sociedade civil, sindicatos, ONGs, saltos é de fundamental importância, mas apenas terá 57368 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 significado quando começar a influir na qualidade de dos Municipais, o crime não acaba, os criminosos só vida de todos. mudam de lugar. O que vamos esperar agora? Queremos mais Trato desses 2 temas porque acredito que a edu- investimento na educação. O nosso futuro depende cação deficiente e o crescimento da violência estão também de outras questões essenciais, e uma delas diretamente relacionados. O reduzido investimento em é justamente a capacitação e qualificação de nosso educação aumenta, com certeza, o número de crimi- capital social, por meio da educação. nosos. A educação pode não resolver de imediato o Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nenhum problema da violência, mas a longo prazo resolve. país conseguirá ter um desenvolvimento sustentável Lugar de criança é na escola, e o Brasil está com sem educação de qualidade. É necessário que o Brasil tantas e tantas crianças nas ruas. Lugar de criança é encontre urgentemente recursos financeiros para que no banco da escola, não nos bancos das ruas. A soma todos tenham acesso à escola e que esta seja de boa de educação e oportunidades pode operar o milagre qualidade para todos. Entretanto, o tema ainda pare- que a repressão policial e a privação da liberdade não ce não ter entrado na pauta das discussões nacionais conseguiram resolver nas últimas décadas. como deveria. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este mo- Relatório sobre a situação da educação no mun- mento é propício para profunda reflexão. O País atra- do, divulgado no início de novembro pela Organização vessa um bom instante no que diz respeito à ma- das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a croeconomia. Essa reflexão, no entanto, tem de se Cultura – UNESCO, coloca o Brasil na 72ª colocação estender às questões cruciais da vida doméstica, ao num ranking de 127 nações. feijão-com-arroz. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, povo bra- Desejo ainda, nobres colegas, fazer menção ao sileiro, tal situação é vergonhosa. Nossa posição nesse eminente Presidente da Comissão de Desenvolvimen- ranking nos envergonha. O Brasil precisa ficar alerta to Econômico, Indústria e Comércio, nosso grande quanto a essa realidade. Se não conseguirmos mudá- ex-Governador do Ceará, Deputado Gonzaga Mota, la, não há como acontecer o crescimento do PIB de que deu neste ano feição alegre e de permanente tra- forma permanente; não poderemos esperar que esse balho àquela Comissão. Dizia eu, ao assumir o mandato nesta Casa, crescimento que tanto comemoramos produza efetiva que a Amazônia havia sido sempre região esquecida melhoria nas condições de vida de nossa gente. e considerada problema para o restante do País. Na- Esperamos que o Governo não perca este bom turalmente, esse mesmo pensamento dizia respeito momento. É louvável seu esforço para equilibrar as ao Nordeste. Hoje, insisto em dizer nesta Casa que a contas públicas. É louvável o avanço nas relações in- Amazônia e o Nordeste não são mais problemas para ternacionais e no comércio exterior. Mas não menos o restante do País. A Amazônia é, antes de tudo, uma importante é a atenção que temos de dar aos proble- grande solução. mas domésticos. No momento em que teço comentários a respeito Chegou a hora de o Presidente Lula convocar os do avanço da macroeconomia, pergunto como vamos Governos Estaduais e os Municipais e a própria socie- fazer para que o País assegure crescimento e desen- dade para uma verdadeira cruzada nacional contra a volvimento sustentáveis. Dou a resposta: se o Governo violência urbana. atentar para as possibilidades econômicas da nossa O crescimento da criminalidade e da insegurança região, a Amazônia vai passar a ser solução perma- nos últimos anos está fazendo com que a população nente para os problemas nacionais. Se quisermos que não encontre lugar seguro para viver. O pânico está a nossa economia tenha crescimento sustentável, pre- dominando a sociedade. O povo está com medo de cisamos olhar para a Amazônia. Um pouco mais de sair às ruas ou mesmo de ficar em casa. Não encon- conhecimento, aliado a mais investimento em ciência tramos mais nenhum lugar seguro. e tecnologia, com isso podem ser exploradas as gran- Ou os Governos enfrentam, com um projeto na- des potencialidades econômicas da região. cional, inteligente e bem estruturado, o crime organi- A Amazônia é hoje, reconhecidamente, celeiro de zado, ou a violência vai marcar para sempre de preto riquezas. Precisamos, entretanto, estabelecer parâme- este País verde-amarelo. tros relativos aos projetos estruturantes de que o País Os especialistas concordam: é necessário um necessita, ao pensamento ecológico e à necessidade conjunto de ações coordenadas e de longo alcance de preservação do meio ambiente. para uma mudança real no quadro de violência. Neste Há mais de 1 ano, Sr. Presidente, o Governo anun- momento, a segurança pública se torna um dos gran- cia o início das obras do Gasoduto Coari—Manaus, des desafios do atual Governo. que esbarra permanentemente em questões ambien- Não há solução imediata. Essa é a verdade. Preci- tais que não são superadas. Mais um problema que samos de projetos de longo prazo. Se não se promove o Governo precisa solucionar: reduzir a burocracia e uma ação abrangente e coordenada, com a participa- estabelecer parâmetros entre o crescimento e a pre- ção do Governo Federal, dos Governos Estaduais e servação do meio ambiente. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57369 A Amazônia tem 1,5 trilhão de dólares só em é patrimônio da humanidade, é patrimônio do Brasil. madeira. Não é preciso, Sr. Presidente, explorar se- Isso tem de ficar bem claro. É patrimônio do Brasil. E quer 10% desse recurso. Mas precisamos, de forma nós, brasileiros, temos a obrigação de encontrar um inteligente, com investimentos sérios em estudos e caminho de desenvolvimento para aquela região, cami- técnicas avançadas, reflorestar as áreas degradadas nho sustentável, que possa trazer o desenvolvimento e fazer as verdadeiras fazendas florestais, que come- preservando aquilo que é necessário preservar. Ao en- çam a surgir na Amazônia. cerrar este pequeno aparte, cumprimento V.Exa. pelo Quando nosso gás, nosso potencial pesqueiro, pronunciamento. Repito: só teremos um Brasil rico com nossa madeira e nossa floresta forem trabalhados de a Amazônia rica, fazendo com que as demais regiões, forma sustentável, quando tudo isso começar a surgir como o meu Nordeste, possam também se beneficiar como potencial econômico, a verdadeira vida do povo do crescimento esperado daquela grande região. Meus abandonado daquela região vai mudar, bem como a parabéns, Deputado Lupércio Ramos. situação do Brasil. O SR. LUPÉRCIO RAMOS – Agradeço ao Depu- O mesmo digo com relação ao Nordeste, que tado Gonzaga Mota as palavras. nos dá exemplo com a indústria limpa do turismo, com Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não po- a criação de peixes e crustáceos, demonstrando que deria deixar de agradecer de forma muito especial o onde há água há riqueza. É preciso urgentemente que nosso querido Deputado Gonzaga Mota, Presidente da o Governo inicie o grande projeto de redenção de boa Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e parte do Nordeste, com a transposição de águas do Comércio, que promoveu vários seminários este ano Rio São Francisco. sobre potencialidades econômicas no País e fez dela Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, antes de a mais atuante desta Casa em 2004. encerrar o meu pronunciamento, desejo um final de S.Exa. me fez também imaginar uma proposta, ano feliz a todos, em especial ao nosso Presidente a qual pretendo efetivar no início de 2005, sobre a re- Inocêncio Oliveira, pela gentileza, pela tranqüilidade e alização de seminário em nossa Comissão acerca de pela persistência com que sempre dirige os trabalhos manejo florestal como possibilidade econômica para nesta Casa. O Presidente Inocêncio Oliveira tem de- os povos da floresta. monstrado sua quase onipresença nesta Casa. Manejo florestal é hoje uma realidade no Bra- Estamos felizes, Presidente Inocêncio Oliveira, sil. Quando se fala nesta Casa sobre a derrubada de por este ano que termina, pelo avanço que o Congres- uma árvore na floresta amazônica, o teto pode desa- so Nacional e esta Casa, a Câmara dos Deputados, bar. Mas, se começarmos a discutir francamente, com conseguiram imprimir à vida nacional. Todo este bom conhecimento científico, a respeito das possibilidades momento que vivemos na macroeconomia surgiu nesta Casa, por meio dos votos às vezes arrepiantes relati- técnicas do manejo florestal, certamente a população vos a matérias intragáveis, difíceis sob o ponto de vista brasileira entenderá que os que habitam a Amazônia eleitoral, impraticáveis para nós que somos políticos. precisam da floresta para sobreviver. Agimos com a consciência de que não construiremos Feliz Ano-Novo a todos. um País melhor e rico sem os dissabores das horas Muito obrigado. amargas. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- Ouço, com prazer, o aparte do Deputado Gon- cedo a palavra ao Sr. Deputado Walter Pinheiro, que zaga Mota. disporá de 25 minutos na tribuna. O Sr. Gonzaga Mota – Meu caro Deputado Lu- O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão pércio Ramos, ouvia suas palavras, estava no gabi- do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nete, e me desloquei até aqui para ter a oportunidade desejo, com este pronunciamento, fazer uma reclama- de dizer algo sobre sua bela oratória. Em primeiro lu- ção. Este momento é diferente, pois nossa presença na gar, enalteço o bom caráter de V.Exa. ao elogiar nos- Casa, no período destinado ao recesso parlamentar, so 1º Vice-Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira. prende-se à votação do Orçamento Geral da União, É cidadão que merece todo o nosso respeito, toda a de suma importância, mas, lamentavelmente, pouco nossa consideração. Em segundo lugar, digo para os debatido em ocasiões como esta, de esvaziamento e amigos daquela região tão bela, a região amazônica, afogadilho. que V.Exa. foi permanente defensor de tal localidade, A peça mais importante para a Nação é exata- trazendo, como o faz agora, idéias e propostas que mente a Lei Orçamentária. Aqui discutimos a alocação realmente são viáveis. Meu caro Deputado Lupércio e a destinação de recursos levando-se em conta a real Ramos, digo a V.Exa. – já tive oportunidade de fazê-lo necessidade dos Estados e Municípios, programas. O na nossa Comissão, da qual tenho a honra de parti- debate que deveria nortear o trabalho de forma mais cipar, juntamente com o amigo – que o Brasil só será qualitativa do Parlamento, lamentavelmente, é feito com rico, independente e pujante quando tiver a Amazônia a Casa quase vazia, sofrendo a pressão de um calen- realmente voltada para os interesses do povo brasileiro. dário festivo. Sr. Presidente, digo isso extremamente A Amazônia é tudo que precisamos. A Amazônia não constrangido. Essa é uma reclamação que faço nesta 57370 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Casa há anos, devido à importância que todos termi- tária se isso não acontecer. Enfim, obras de diversas namos por emprestar ao Orçamento Geral da União. frentes estão sendo apontadas para a Bahia. Voltaremos aqui, talvez, amanhã, já próximo do Quanto ao campo da tecnologia, Salvador deve dia mais importante para muitos – a virada do ano. O receber um centro de capacitação tecnológica. Re- dia 31 de dezembro é um momento em que alguns, cursos estão sendo apresentados. Menciono também até de forma mística, consideram como redenção ou a instalação dos infocentros – Programa Casa Brasil como se fosse a passagem da morte para a vida. —, centros para capacitação de jovens, adultos, enfim, Na verdade, nesta Casa, neste período, age-se centros de inclusão digital. Objetiva-se a retirada, de de afogadilho. Tanto é assim que, por diversas vezes, uma vez por todas, das vendas sobre os olhos daque- ficamos submetidos à vontade de um Parlamentar les que não conseguem adentrar no novo mundo do que, tendo os seus interesses, ou os do Estado, ou trabalho, porque as novas ferramentas do conhecimen- os do Município, feridos, pode solicitar a verificação to ainda lhes são extremamente distantes. Podemos de presença e, conseqüentemente, derrubar a ses- solicitar esses aportes. são, dificultando, assim, a aprovação dessa peça de Também podemos citar importantes iniciativas suma importância. relacionadas ao campo, no Estado da Bahia. Emen- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos das dizem respeito ao Ministério do Desenvolvimento debatendo na Casa, por exemplo, a respeito de recur- Agrário. Trata-se de pequenas iniciativas, geração de sos para construção e recuperação da malha rodoviária renda, abertura de estradas, consolidação de cami- em nosso País. No caso específico da Bahia, travamos nhos para a pequena e média produções, que têm sido grande debate sobre a necessidade da retomada de aquinhoadas este ano com recursos da ordem de 7 vários trechos ferroviários e a efetiva possibilidade bilhões de reais, para todo o Brasil, a fim de atender de construção de uma ferrovia que resgate o Porto à demanda no campo. de Campinhos, importante instrumento de desenvol- Na região de Irecê, do semi-árido baiano, do vimento econômico para o Estado. Esse debate será sertão da Bahia, estamos dispensando recursos a es- feito sem o conhecimento daquele Estado, sem que sas iniciativas. Na realidade, há todo um esforço con- tenha demandado de forma muito mais intensa – até centrado para que possamos, de uma vez por todas, com base no que se estava fazendo quanto ao Porto apresentar ao Estado um orçamento que possibilite de Campinhos. não só a gestão do Governador, mas também a dos Estamos discutindo nesta Casa algo de suma Prefeitos que assumem. importância, e talvez a população da Bahia, os mora- O Partido dos Trabalhadores aumentou de 7 para dores, os plantadores de soja daquela região, que se 19 o número de administrações pelas quais é respon- tem distanciado de outros Municípios do Estado por sável no Estado. Administramos cidades importantes sua pujança econômica, nem saibam. Trata-se de im- na Bahia, como Senhor do Bonfim e Alagoinhas, onde portante debate sobre as ferrovias para a cidade de os meus irmãos nasceram – o que digo com orgulho. Camaçari. Não tive o mesmo privilégio de meus irmãos. O Desde a campanha, nosso companheiro Caetano, meu pai era um velho ferroviário e aquela era uma ci- que deve tomar posse no dia 1º de janeiro, já levanta- dade caracterizada pela ferrovia. Hoje, Deputado Mau- va a necessidade da retirada da ferrovia do centro dos ro Passos, a característica marcante é exatamente a Municípios de Cachoeira e São Félix, da velha ponte saída, o abandono, o desmonte da ferrovia. A velha por onde o trem passa, que causa transtorno até hoje, Alagoinhas, juntamente com Aramari, e todo o seu porque paralisa a cidade. Há também o problema do arsenal de construção de vagões estão hoje abando- envelhecimento da malha ferroviária. Isso está sendo nados. Queremos, portanto, dar importância para a debatido agora na Comissão de Orçamento, com o retomada do desenvolvimento nessas áreas. aporte de mais de 20 milhões de reais para a execu- A cidade de Vitória da Conquista, verdadeira ção de projetos. capital regional no sudoeste baiano, é administrada A cidade de Salvador, cujo novo Prefeito, João pelo companheiro José Raimundo, que faz belíssimo Henrique, tomará posse em 1º de janeiro, de certa forma trabalho na área de saúde, trabalho de excelência, de foi muito bem tratada neste Orçamento pela bancada destaque no Brasil inteiro e no mundo. Aquela cida- federal da Bahia. Só para obras de vias públicas, terá de ganhou prêmio porque soube, de forma qualitati- no Orçamento algo na ordem de 27 milhões de reais, va, gerenciar o sistema de saúde, atendendo a todos com a possibilidade efetiva de tirar essa espinha cra- com qualidade. vada na garganta do povo baiano, particularmente na Também ganhamos a administração de Muni- do povo soteropolitano. cípios importantes como Entre Rios e a própria cida- Para o metrô, que foi objeto de demanda na últi- de de Cipó, muito marcada pelas estâncias hídricas. ma campanha, com ataques de todos os lados, estão Na realidade, trata-se de uma cidade com potencial sendo destinados quase 90 milhões de reais. Porém, para o lazer. Contudo, é necessário retomar o traba- precisamos nos esforçar para conseguir a liberação de lho, ajustar a vida dos pequenos e médios produtores recursos, porque de nada adianta uma peça orçamen- daquela região, criar as condições para que os com- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57371 panheiros possam administrar as cidades que usam Executivo também o adota como pressão. Ou seja, se o seu potencial. liberarem emendas, votamos; se não votarmos, não li- A nossa pequenina Pintadas – terceira gestão do berarão emendas. E ficamos nesse jogo lamentável. Partido dos Trabalhadores, cravada no sertão, vive o O Orçamento tem que ser respeitado. Ele é um problema da ausência de recursos hídricos. Superamos instrumento de promoção do desenvolvimento. Preci- isso. A Prefeita Neusa entrega a gestão com todas as samos ser mais profissionais ao tratarmos dessa ques- casas da zona rural providas de cisterna. Demarcamos tão, até mesmo ao adotarmos o Orçamento impositivo. o campo, mas é preciso fazer mais agora. Precisamos Vamos realizar um orçamento factível, e não de ficção. partir para a etapa efetiva do desenvolvimento. O que discutimos é um orçamento de ficção. Depois, Aquela cidade, Deputado Mauro Passos, tem algo negociamos parte a parte. interessante. Recordo-me de que, na nossa primeira Alguns até satanizam a liberação de emendas. vitória, na eleição de 1996, vários companheiros foram Os Deputados gostam de emendas. Se elas tiverem fazer campanha em Ribeirão Preto, porque boa parte caráter estruturante, acabará o tratamento individual, dos baianos de Pintadas estavam em Ribeirão Preto, a relação promíscua com empreiteiras e coisas do gê- cortando cana, ganhando a vida com a mão. Essa ex- nero. Romperemos essa barreira na medida em que pressiva parcela da população voltou à cidade de Baixa tratarmos dessa matéria de forma correta, como um Grande, vizinha de Pintadas, que agora tem a primeira todo, discutindo projetos. experiência com o companheiro Gilvan. Eles sentiram Há pouco discutíamos na Comissão Mista de que surgia a esperança e que era possível retomar o Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização a libera- crescimento, aproveitar seu potencial e elaborar novas ção de recursos para o CNPq, um dos órgãos mais alternativas. A cidade carece de infra-estrutura, de algo respeitados do País, que ajuda a desenvolver nosso que faça o cidadão ter desejo de viver, como assistên- conhecimento científico e tecnológico. O esforço dos cia médica, boas escolas e condições de sobrevivência Deputados nessa votação não tem relação com inte- para o pequeno e o médio agricultor. resses pessoais, mas relação direta com um dos prin- Poderia citar as 19 experiências de desafios no cipais caminhos do desenvolvimento, a aplicação da Estado da Bahia, mas é importante dizer que as ini- ciência. Trata-se de iniciativas adotadas por bancadas ciativas adotadas por nossa bancada buscam exata- ou Parlamentares para o desenvolvimento de seus Es- mente canalizar recursos para que o baiano se orgu- tados. Esse procedimento é lícito. lhe de suas cidades e tenha condições de viver com Lidamos, porém, com o Orçamento como se ele dignidade. fosse um ioiô, uma peça que vai e volta. Às vezes, dis- Nobre Deputado Inocêncio Oliveira, V.Exa. tem cutimos; outras vezes, recuamos. Quando pensamos vários mandatos e larga experiência nesta Casa. Sou que vão liberar o recurso, não liberam mais. Assim, um Deputado neófito, ainda estou engatinhando no permitimos que a força de um seja maior que a do ou- que diz respeito a essas experiências, mas contento- tro. Permitimos que prevaleça o interesse localizado, me com o amadurecimento de nossa bancada. Quan- não mais o interesse geral, que não predominem os do cheguei à Câmara dos Deputados, nossa bancada instrumentos que ajudam os Estados a se desenvol- sequer se reunia para discutir os problemas do Estado. ver, mas, sim, os que ajudam interesses pontuais, às As divergências e até mesmo o sectarismo dos Par- vezes, perigosos. lamentares da bancada estão hoje literalmente supe- A Casa já realizou verdadeiro esforço para acabar rados. Convivemos com nossas divergências. Cada com o esquema de corrupção que envolvia a votação um defende suas idéias, mas temos a capacidade de do Orçamento. Atribuir a responsabilidade do Orça- entender que o que deve estar em primeiro plano é o mento somente a esta Casa é errado. Elaboramos o interesse dos baianos, que, de certa forma, depositam Orçamento, mas sua liberação ocorre do outro lado confiança em seus Parlamentares. Hoje é possível, na da rua. Não há liberação sem a peça orçamentária; bancada da Bahia, mais coesão, com a finalidade de mas, se não houver liberação, não adianta votarmos identificar as prioridades. a peça orçamentária. Trata-se de uma relação. Se Esse aspecto muito me anima. Fui uma das pes- essa relação for correta, séria, ela se tornará perene, soas que batalhou para que a bancada tratasse desses transparente, consistente e pública. Ou seja, todos a assuntos de forma correta e amadurecida. E demos conhecerão. Esse é o melhor mecanismo para coibir um significativo exemplo. a corrupção e dizer ao povo brasileiro, do Ceará, de Evidentemente, ainda temos problemas na ela- Santa Catarina, da Bahia, que as representações, as boração orçamentária. Ainda vamos brigar muito com bancadas parlamentares querem exatamente buscar o Executivo, para que ele compreenda a natureza da a melhoria da condição de vida e de desenvolvimento liberação de recursos. Precisamos mudar o trato com econômico e social dos Estados e Municípios. a peça orçamentária. Ela não pode ser instrumento Acabaremos, portanto, com histórias como essa de chantagem. Trata-se de um caminho de mão dupla. que ouvimos há poucos dias, de que o Congresso Na- Quando quer extrair vantagem, o Legislativo usa esse cional se movia levando em conta liberações pontuais instrumento; quando quer servir-se do Legislativo, o de emendas. Isso é um negócio nefasto. Como disse, 57372 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 satanizaram o método porque ele está errado. Preci- Parece que eu estava adivinhando ao não aceitar samos corrigi-lo. Por isso, insisto: precisamos discutir aquele convite. Dez anos depois, ao ouvir as palavras mais a peça orçamentária, atribuição mais importante de V.Exa., posso dizer que não fui para a Comissão desta Casa. No entanto, nós a discutimos em 15 dias. pelas razões que V.Exa. acabou de apresentar. Passa- Matéria que envolve mais de 1 trilhão de reais é discu- ram-se quase 10 anos, e não criamos um mecanismo tida em alguns segundos. E, se não houver um amplo independente de elaboração do Orçamento, a principal acordo, ela não será votada. peça desta Casa e do Senado, ou seja, do Congresso Ouço, com prazer, o aparte do nobre Deputado Nacional. Suas palavras lembraram-me 10 anos atrás. Mauro Passos. Continua a mesma coisa. Tomara que para o ano mude O Sr. Mauro Passos – Deputado Walter Pinheiro, essa sistemática. Nós temos responsabilidade nesse inicialmente gostaria de parabenizá-lo por tratar de as- sentido. Mas não sei se existe uma força do Executi- sunto tão atual como a questão orçamentária de forma vo de 10 anos atrás atuando agora ou pronta a agir tão lúcida e oportuna. Somos testemunhas do que se daqui para frente – institucionalmente, digo, uma vez passa na Casa às vésperas da votação do Orçamen- que me referi a 1995 e estou me referindo a 2004. Pre- to. Questões que deveriam ser consideradas com um cisamos, para corrigir as falhas que o Deputado tão olhar mais amplo são muitas vezes tratadas com uma bem apontou, modificar a Lei Orçamentária. A V.Exa., lupa dirigida a um determinado Estado ou segmento. Deputado Walter Pinheiro, os meus cumprimentos, a Isso, inclusive, confunde a opinião pública em relação minha admiração e o meu respeito, porque, embora ao nosso trabalho e denigre o papel do Congresso pertencendo ao PT, partido que merece todo o respei- Nacional neste momento histórico em que se discute to e toda a consideração, V.Exa. também fez críticas a o Orçamento. Fomos informados do movimento de al- esse partido. Da mesma forma, àquela época integran- guns Parlamentares do Rio de Janeiro que procuram do o PMDB, fiz críticas ao meu partido. Precisamos ter utilizar este momento importante para incluir matérias, a visão de que o importante para esta Casa é o povo. como a antecipação de royalties daquele Estado. Esse O PT, o PSDB, partido a que pertenço, o PMDB e o procedimento é impróprio e cria constrangimentos para PFL precisam trabalhar em favor do povo, com trans- a Casa. Parece uma espécie de chantagem. Existem parência, com objetividade, visando, acima de tudo, à até vários projetos em tramitação na Casa para que melhoria da qualidade de vida da população brasileira. esse assunto seja revisto e tratado da forma mais iso- Muito obrigado, Deputado. Meus parabéns! nômica possível, uma vez que está havendo grande O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Consi- convergência de recursos para determinado Estado e derando a importância do discurso de S.Exa., vou con- alguns Municípios. Cumprimento V.Exa. por trazer à ceder mais 5 minutos ao Deputado Walter Pinheiro. discussão esse assunto, dando-lhe a devida dimen- O SR. WALTER PINHEIRO – Agradeço o apar- são, haja vista a responsabilidade de se votar matéria te ao nobre Deputado Mauro Passos e ao experiente relativa a mais de 1 trilhão de reais, como comentou Deputado Gonzaga Mota, que atuou no Executivo. V.Exa. de forma muito lúcida e oportuna. Saúdo V.Exa. Insisto, Deputado Gonzaga Mota: essa é uma e o parabenizo por sua manifestação. das questões que me têm preocupado muito. Quando O SR. WALTER PINHEIRO – Agradeço a V.Exa. falam em Orçamento, o que os noticiários mais questio- o aparte, Deputado Mauro Passos. nam é se esta Casa vota ou não vota, se ela vai varar Ouço, com prazer, o aparte do nobre Deputado a madrugada. Saímos da Comissão de Orçamento às Gonzaga Mota. 4h da manhã. Trabalhamos a noite inteira. O Sr. Gonzaga Mota – Nobre Deputado Walter É importante discutir. Estamos debatendo as li- Pinheiro, fazia muito tempo que não ouvia um pro- nhas mestras do desenvolvimento: educação, saúde, nunciamento tão objetivo e sincero acerca do nosso infra-estrutura, ciência e tecnologia. Tudo o que o País Orçamento. Estou nesta Casa desde 1991 e digo com vai fazer mais à frente depende da Lei Orçamentária. toda sinceridade que nunca me interessei em participar Portanto, ela não pode continuar sendo analisada de daquela Comissão, apesar de conhecer e reconhecer afogadilho neste Parlamento, ao apagar das luzes, na sua importância. Comissão que no começo da década virada do ano. Não há neste plenário 100 Parlamen- de 90 sofreu muito, teve muitos problemas. Em 1994, tares. Além dos integrantes da Comissão, aqui estão lembro-me bem, fui Relator da matéria concernente ao muito poucos – não pretendo, com isso, tirar o mérito Plano Real. O Líder do PMDB era o Deputado Tarcísio daqueles que aqui estão. Delgado, pai do nosso querido colega Deputado Júlio Como lei tão importante pode ser debatida dessa Delgado. S.Exa. convidou-me para participar dessa forma? Ela vai mudar rumos, vai acrescentar recursos Comissão, mas eu recusei. Na época, o Presidente aqui ou acolá, vai estabelecer novos corredores de da Casa era o nosso querido Deputado Inocêncio Oli- desenvolvimento econômico. Sua discussão não pode veira. A relatoria da Comissão de Orçamento caberia ser processada em tão pouco tempo, Deputado Mau- ao PMDB e à Câmara dos Deputados. Os 2 maiores ro Benevides. As propostas ali inseridas não servirão partidos da Casa eram o PMDB e o PFL. A Presidência apenas para o ano de 2005; elas fazem parte de um da Comissão ficaria com o PFL e o Senado Federal. plano plurianual e, portanto, devem vigorar por pelo me- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57373 nos 4 anos, pois referem-se a linhas de investimento, desenvolver o País, gastando o dinheiro bem, com com recursos de alto valor, não só para saneamento, conseqüência – assim não há colapso nem atraso no manutenção de estradas e portos, mas também para desenvolvimento de que o Brasil tanto precisa. geração de emprego. O SR. MAURO BENEVIDES – Sr. Presidente, Na realidade, essa é discussão mais importante peço a palavra pela ordem. desta Casa. V.Exa., Deputado Mauro Benevides, que O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem já presidiu o Congresso Nacional, sabe exatamente o V.Exa. a palavra. que isso significa. Poderíamos debater o Orçamento O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pela em setembro, outubro e novembro e adentrar dezem- ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, o bro. Seriam quase 4 meses para debater a lei mais im- incremento das atividades turísticas no Ceará vem portante para este Parlamento – eu assim a considero. atingindo percentuais animadores, graças aos esfor- Devemos discuti-la todo o ano, de forma extremamen- ços despendidos pelos setores governamentais com- te qualitativa, tirando do Orçamento a terrível pecha petentes, em meio a uma campanha intensiva que de que envolve corrupção, isso e aquilo. Precisamos busca divulgar as nossas atrações, sobretudo para afastar esses ataques e realizar um debate à altura da alcançar, tanto interna como externamente, aqueles grandeza dessa lei e das necessidades da Nação. que aspiram deslocar-se de seus Estados e Países em O Deputado Gonzaga Mota tem razão: com trans- busca de outros ambientes que lhes propiciem lazer e parência, e tendo o povo em primeiro lugar, vamos fazer entretenimento, bem assim, em muitos casos, negócios um grande debate sobre a Lei Orçamentária. rentáveis, numa permuta que quase sempre atinge os Ouço, com prazer, o nobre Deputado Mauro Be- mercados internacionais, num esforço de captação de nevides. divisas para o Brasil. O Sr. Mauro Benevides – Nobre Deputado Walter Em recente entrevistas concedida à imprensa de Pinheiro, V.Exa., de maneira extremamente cavalhei- meu Estado, o Secretário Allan Aguiar admite que, com resca, fez referência a mim próprio e à minha atuação base em pesquisas estatísticas até fevereiro vindouro parlamentar. Permito-me deslustrar o seu discurso na – ou seja, na chamada alta estação – é apontado o tarde de hoje fazendo uma sugestão mínima, que se número de 570 mil visitantes, que seriam absorvidos enquadra nesse raciocínio cuja argumentação expen- por uma rede hoteleira de boa classificação, inclusive dida vai-nos conduzir a um espaço de tempo. Podería- pousadas na área litorânea, especialmente em Jijoca mos perfeitamente antecipar a chegada do Orçamento de Jericoacoara, cujo Prefeito, agora reeleito, Sérgio a esta Casa – que para cá vem no dia 31 de agosto Jimenez, vem adotando medidas elogiáveis, capazes – para 1º de agosto. Assim já ganharíamos 30 dias. de ajustar-se às exigências dos que demandam aque- Não se trata de contribuição tão significativa, mas la fascinante faixa de nossas praias, na zona norte com isso teríamos um espaço a mais para que não do Estado. nos situássemos, de forma imperiosa, a assistir esse Ressalta-se que, com base em levantamento quadro a que V.Exa. alude: a aprovação de matéria a procedido, recentemente, pela Associação Brasileira toque de caixa, sem que se interessem todos os 513 dos Agentes de Viagens, Fortaleza, Natal e Salvador Deputados e 81 Senadores. Isto, pelo que apreendi, são identificadas como as cidades que mais se pre- é o que V.Exa. pretende: participação efetiva de todos dispuseram a oferecer apoio ao desenvolvimento do os Parlamentares na discussão e votação de matéria turismo, na região nordestina, enquanto o Rio continua que é inquestionavelmente a mais relevante de todo situado como o polo que capitaliza maior gama de vi- o ano legislativo. sitantes, apesar das questões vinculadas à violência O SR. WALTER PINHEIRO – Agradeço a V.Exa., e o tráfico de drogas, combatidos, empenhadamente, Deputado. pelos governos Federal e Estadual. Sr. Presidente, diz um ditado popular que “a es- Segundo informações do Secretário Allan Aguiar, perança é a última que morre” e diz o Evangelho que através do Aeroporto Pinto Martins, desembarcam em a nossa esperança morreu, mas ressuscitou – a nossa Fortaleza, até o final do ano, dois milhões e trezentos esperança está firmada em Cristo. Portanto, renovo a mil passageiros, o que exige das companhias aéreas e esperança de que possamos restabelecer esses cami- da INFRAERO um esforço permanente, que se amplia nhos, renovar nossos compromissos e repensar estas nos meses de maior movimentação, particularmente questões: Orçamento impositivo; Orçamento com maior os que são destinados às ferias tradicionais. prazo de discussão; Orçamento com caráter cada vez Mesmo sendo um aeroporto moderno, constru- mais estruturante, eliminando a disputa pessoal; Orça- ído com recursos do PRODETUR, em projeto de que mento com transparência, publicidade e ampla partici- fui Relator, em 1993, no Senado Federal, a INFRAE- pação da sociedade e dos setores interessados. RO, presidida exemplarmente pelo Dr. Carlos Wilson Assim é que vamos superar problemas e cami- Campos, já cogita de ampliar as atuais instalações, nhar na direção do resgate da confiança da socieda- levando em conta a necessidade imperiosa de acom- de: aprovando uma lei que efetivamente cumpra seu panhar a preferência que os turistas vêm emprestando objetivo principal, atender às demandas e ajudar a à nossa metrópole. 57374 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Sabe-se que o Governador Lúcio Alcântara em- Sras. e Srs. Deputados, o Ministério da Saúde atrasou penha-se com tal objetivo, ampliando-se, dessa forma, o pagamento de mais de 650 clínicas que realizam o as possibilidades de que se acresça um maior número tratamento de terapia renal substitutiva no Brasil. O de turistas, a partir de agora, como prognostica o atual pagamento refere-se ao mês de outubro deste ano e Secretário Allan Aguiar. deveria ter sido feito até o dia 2 de dezembro, o que Vale mencionar, por outro lado, que o turismo re- não aconteceu. ligioso, que tem a cidade de Juazeiro do Norte como O atraso nos repasses, Sr. Presidente, prejudica centro galvanizador das atenções, pela figura lendá- o atendimento a mais de 60 mil pacientes renais crôni- ria do Padre Cicero Romão Batista, apresta-se para cos, que dependem desse tratamento para sobreviver. acomodar os romeiros de todos os níveis sociais, in- A situação é gravíssima. As clínicas filiadas à Asso- clusive dispondo de hotel cinco estrelas, ao lado de ciação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante centro de hospedagem para os devotos do milagroso – ABCDT estão preocupadas e aflitas, pois não têm sacerdote, cujo prestígio já ultrapassou as fronteiras recursos para comprar nem sequer os medicamentos do nosso País. necessários ao tratamento dos pacientes ou pagar aos A Serra do Araripe, por seu turno, ensejando, em fornecedores, que já estão se negando a entregar os suas cidades adjacentes, pesquisas paleontológicas, materiais. Os funcionários também serão prejudica- passa a ser também alvo preferencial de cientistas de dos, uma vez que as clínicas não terão condições de outras nacionalidades, o que repercutirá nas estatís- pagar salários, impostos e o décimo terceiro salário. ticas de desenvolvimento turístico de nossa Unidade As dívidas já acumulam em milhões de reais. E se o Federada. Governo continuar agindo dessa maneira, a situação O Ceará, assim, situa-se entre aqueles que me- tende a piorar ainda mais, chegando a ameaçar a saú- lhor se estruturaram para incentivar a indústria sem de da coletividade. chaminés, num permanente reforço ao nosso cresci- As clínicas de hemodiálise trabalham desde 1996 mento econômico. com normas impostas pelo Ministério da Saúde. Mas, O SR. VIEIRA REIS – Sr. Presidente, peço a pa- apesar de terem padrões de primeiro mundo, o Minis- lavra pela ordem. tério paga com uma defasagem de 40% no valor da O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem hemodiálise e ainda não estabeleceu um cronograma V.Exa. a palavra. para a transferência desses recursos. No ano passado, O SR. VIEIRA REIS (PMDB-RJ. Pela ordem. Sem por exemplo, o mês de outubro foi liberado com atraso revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Depu- de 2 meses para os gestores estaduais e municipais, tados, lamento profundamente o acidente ocorrido no deixando as clínicas sem recursos até mais ou menos continente asiático e por isso presto minhas condolên- dia 19 de janeiro de 2004. Uma verdadeira vergonha. cias às famílias enlutadas nos países afetados pelas O problema agrava-se ainda mais devido ao fato ondas gigantes. de as Secretarias Municipais e Estaduais, que são as Apelo aos Governos de todos os países que es- gestoras dos recursos, levarem mais de 20 dias para tão colaborando para que não meçam esforços neste efetuar a transferência, sendo que o prazo determinado momento de tragédia, principalmente ao Governo do pela Portaria nº 3.478, de 1998, são 5 dias úteis. Brasil, um país rico – graças a Deus, nada nos falta. Portanto, faço um apelo ao Ministro da Saúde, Que nosso Presidente se sensibilize e envie a ajuda Humberto Costa, para que trate com carinho e agi- necessária aos irmãos que estão sofrendo. Países ri- lidade a transferência dos recursos às clínicas que quíssimos como os Estados Unidos, que gastam muito realizam o tratamento de hemodiálise, pois 60 mil pa- com armas, podem ajudar mais os irmãos que estão cientes renais crônicos dependem desse tratamento passando por este momento difícil. para sobreviver. Meu apelo é para que os países que estão se Passo a outro assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. mobilizando não ofereçam migalhas às nações vítimas Deputados. Parabenizo nesta oportunidade o Coral dos dessa calamidade, mas as ajudem de forma contun- Canarinhos de Petrópolis, da nossa região serrana do dente, de coração aberto, porque realmente o povo Estado do Rio de Janeiro, que, como é de costume, está sofrendo. atuou com brilhantismo e empolgou corações. Nesta hora de dor e aflição, vamos abrir o co- Um coral de tamanha beleza que encanta crian- ração e ajudar os irmãos que passam por este mo- ças, jovens, adultos e idosos há mais de 60 anos. É mento difícil. ainda o mais antigo e também um dos mais famosos Muito obrigado. coros do Brasil e se dedica ao canto coral não só O SR. REINALDO BETÃO – Sr. Presidente, peço como instrumento de apresentação, mas sobretudo a palavra pela ordem. de formação. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem O repertório do Coral dos Canarinhos de Petró- V.Exa. a palavra. polis conta com obras que vão desde o canto grego- O SR. REINALDO BETÃO (Bloco/PL-RJ. Pela or- riano até a música contemporânea, incluindo a música dem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, popular brasileira, tendo como característica predomi- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57375 nante o cultivo da música sacra. Músicas que pare- ansiedades. Aquele período ficaria em aberto. Partici- cem tocar o céu. Uma verdadeira maravilha, Sras. e pariam os Deputados mais interessados, que poderiam Srs. Deputados. trazer contribuição antecipada à peço do Orçamento, a Fundado em 1988 pelo Frei José Luiz Prim, o fim de evitarmos este afogadilho de final de ano, como Coral é composto por meninas e meninos e já realizou sempre ocorre, em meio a outra situação de incerte- concertos em todos os Estados da Região Sudeste e zas e indefinições sobre tão importante matéria que também em Goiás, no Pará e no Rio Grande do Sul. É tramita no Congresso Nacional. bom lembrar que esse coral é mantido pela Associação Sr. Presidente, o motivo principal da minha pre- Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, localizada sença na tribuna é para registrar o que temos viven- em Petrópolis. ciado em Santa Catarina: uma diferença profunda nas Além das muitas apresentações pelo Brasil, o decisões do Poder Judiciário em relação às últimas Coral fez, ainda, concertos internacionais em Portugal, eleições de outubro e novembro. na Itália, na Áustria e na Alemanha. Tivemos a infelicidade de assistir à decisão ju- Gostaria também de parabenizar os maestros dicial que cassa o mandato do nosso Prefeito Décio Marco Aurélio Liste e Marcelo Vizzani, que têm feito Góes, da cidade de Criciúma – um excelente Prefeito, um excelente trabalho à frente do Coral dos Canari- que ganhou com folga a reeleição no primeiro turno. A nhos de Petrópolis. partir do dia 1º de janeiro próximo, o cargo de prefeito Portanto, Sr. Presidente, é um orgulho muito gran- será outorgado ao segundo colocado nas eleições, o de para nós, do Estado do Rio de Janeiro, ter repre- candidato Antonelli, pelo PMDB. sentantes tão ilustres como o Coral dos Canarinhos Para nossa surpresa e de toda a sociedade ca- de Petrópolis, que divulga de forma ímpar a nossa tarinense, o motivo principal da cassação do registro querida região serrana. da candidatura do companheiro Décio Góes, legiti- Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para mamente vitoriosa nas urnas, foi sua participação na manifestar minha indignação contra o corte de verbas Festa das Etnias, evento que ocorre há vários anos no do Orçamento referentes ao Rio de Janeiro, Estado Município de Criciúma. A cassação do Prefeito mar- tão sofrido, que só teve liberado 7% do Orçamento ca muito o povo daquele Município, tanto que já está deste ano. Agora, querem cortar 10 milhões de reais, sendo organizada uma manifestação a ser feita no 1º medida prejudicial à infra-estrutura da BR-493, única dia do ano. Antes, na noite de Natal, o povo já havia estrada por onde podem trafegar caminhões, proibidos se reunido na praça localizada em frente à sede da de utilizarem a Ponte Rio – Niterói. Os acidentes ocor- Prefeitura, onde organizou uma ceia. ridos naquela estrada são gravíssimos, fatais mesmo, Sr. Presidente, de forma alguma pretendia que e agora querem rejeitar emenda de bancada no valor de 10 milhões de reais destinada à duplicação daque- minha manifestação fosse entendida como choro de la importantíssima estrada. O trecho Magé – Manilha, derrotado. Aconteceram derrotas em outras cidades. no Município de Magé, é de apenas 25 quilômetros. A Blumenau, por exemplo, onde o PT comandou, por Ponte Rio – Niterói não permite mais a passagem de 2 mandatos consecutivos, aquela Prefeitura, não se caminhões com cargas perigosas, tipo inflamáveis, e questionou absolutamente nada por termos perdido pesadas. A BR-493 liga a região serrana com a região nas recentes eleições. dos lagos e todo o interior do Estado. É impossível conviver com tamanha disparida- A discriminação do Governo Federal contra o de! Há 2 dias, em Florianópolis, por exemplo, a Jus- nosso Estado é absurda. tiça julgou o processo de Dário Berger e o manteve Obrigado, Sr. Presidente. na Prefeitura. Os Desembargadores entenderam que O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Quero o resultado das urnas deve ser preservado e a von- agradecer ao ilustre Deputado Nilson Mourão, orador do tade popular deve estar acima de qualquer situação. Grande Expediente, pela compreensão e paciência. Compartilhamos com esse pensamento. No entanto, Concedo a palavra ao nobre Deputado Mauro a 250 quilômetros dali não foi o que se viu. A vontade Passos, que disporá de 5 minutos na tribuna. popular foi negada ao se criar total desconfiança em O SR. MAURO PASSOS (PT-SC. Pela ordem. Sem relação ao processo ali estabelecido. revisão do orador.) – Muito obrigado. Também agradeço Vejam, Sras. e Srs. Deputados, que esse tipo de- ao Deputado Nilson Mourão a paciência. cisão vem se repetindo em vários Municípios. Talvez a Sr. Presidente, depois de ouvir tantas observa- conjugação do rigor da legislação com o instrumento ções pertinentes à peça orçamentária, ocorreu-me que da reeleição esteja gerando situações constrangedo- a responsabilidade sobre esse tema talvez nos leve a ras para quem governa, pois o administrador candida- discutir a conveniência de darmos fim ao recesso do to a reeleição tem de ficar impedido de participar de mês de julho. Quem sabe, o mês de julho não seja eventos promovidos por sua própria administração. E propício para que se faça o primeiro esboço da peça por quê? Porque tal fato pode ser caracterizado como orçamentária, ocasião em que seriam incorporadas eventual uso da máquina pública do cargo que esteja as primeiras manifestações, as primeiras demandas e ocupando. 57376 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Acho que esse caso terá repercussões em todo Aproveito estes instantes rápidos para dizer que, o País. As manifestações contrárias à decisão judicial pessoalmente, talvez pelo fato de ser engenheiro e crescem em Criciúma. Não vou entrar no mérito da de- professor, penso que, por ser morosa, a nossa Casa cisão da Justiça Eleitoral no Estado, mas, com certeza, precisa agilizar os seus trabalhos. Alguns, prezado ela deve à sociedade catarinense uma explicação sobre Deputado Reinaldo Betão, consideram a Câmara amo- o ocorrido em Florianópolis e em Criciúma. rosa. Ela pode ser amorosa, mas continuo insistindo Sr. Presidente, desejo um bom Ano-Novo a V.Exa. que também é morosa. e a sua família. Espero que no próximo ano estejamos Penso que, em determinados momentos, discute- aqui novamente trabalhando juntos nesta Casa pelo se pouco, fala-se muito e vota-se pouco nesta Casa. Brasil. É importante que eu faça o mea-culpa pelos 6 O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Depu- anos que aqui permaneci. tado Mauro Passos, retribuo os votos a V.Exa, meu Há pouco, o Deputado Walter Pinheiro lembrou particular amigo, a vossa família e a vossos amigos, que o Orçamento precisa ser impositivo. Concordo com que lhe são muito caros. Receba pois meus votos de S.Exa. Outros Deputados falaram do recesso parla- feliz Ano-Novo, com muita felicidade, paz, saúde e mentar. Quero deixar claro que defendo, no máximo, prosperidade. um recesso parlamentar de 2 meses por ano. O SR. RONALDO VASCONCELLOS – Sr. Pre- Até apresentei proposta de emenda constitucio- sidente, peço a palavra pela ordem. nal determinando os meses de janeiro e julho para o O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem recesso parlamentar, embora ainda pense que deveria V.Exa. a palavra. ser de apenas 30 dias. O SR. RONALDO VASCONCELLOS (PTB-MG. Por fim, Sr. Presidente Inocêncio Oliveira, minhas Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, colegas e meus colegas, quero dizer que me afasto Sras. e Srs. Deputados, quero começar saudando o Pre- desta Casa em decorrência do exercício da função de sidente desta sessão por uma das características que Vice-Prefeito, mas que minha vontade é um dia voltar o homem público deve ter: determinação. O Deputado para cá, o terceiro grau da política brasileira. Inocêncio Oliveira preside sempre com competência Tive oportunidade de aqui apresentar 199 pro- esta Casa, não importa o momento. posições, entre propostas de emenda constitucional Quero saudar também o Deputado Nilson Mou- e projetos de lei. rão, que também exerce outra virtude importante na Também tive o prazer, Sr. Presidente, colegas vida de todos nós políticos: a paciência. Muito obrigado, Deputados, de ter um projeto transformado em lei. É Deputado Nilson Mourão, pelo exercício da paciência, quase um milagre. Ele foi aprovado na Câmara dos dando-nos a oportunidade de conversar com nossos pares e com os brasileiros, por intermédio dos órgãos Deputados, no Senado Federal e, por fim, sanciona- de comunicação da Casa. do. Meu projeto, que foi transformado em lei, instituiu Sr. Presidente, assumo esta tribuna para anunciar a data de 27 de setembro como o Dia do Bacharel que, amanhã, renunciarei a meu mandato. Apresso-me em Turismo. a explicar por quê. O companheiro Fernando Pimentel Termino este meu mandato, Sr. Presidente, apre- e eu tivemos a oportunidade de ser eleitos Prefeito e sentando outro projeto de lei, desta vez para a criação Vice-Prefeito da magnífica, prazerosa e agradável Belo e regulamentação do exercício da profissão de turis- Horizonte, cuja administração assumiremos a partir do mólogo. É uma idéia minha que espero seja transfor- dia 1º de janeiro de 2005. mada em lei. A Constituição brasileira exige que renunciemos. Portanto, termino este mandato apresentando Farei esse ato, que às vezes não soa bem aos ouvi- esse importante projeto de lei para o turismo brasilei- dos ou aos olhos de alguém que ouve ou lê a palavra ro e os turismólogos, antes chamados de bacharéis “renúncia”, mas não há outra expressão. Qualquer ou- em Turismo. tra, apesar do que disse o Deputado Nilson Mourão, Sou muito grato aos Deputados, aos Senadores é eufemismo. Seja Deputado Federal, seja Deputado e ao Governo, que me ajudaram. Estadual, seja Vereador, ninguém pode exercer 2 car- Sr. Presidente Inocêncio Oliveira, receba meu gos eletivos ao mesmo tempo. abraço de reconhecimento pessoal e, ao mesmo tem- Portanto, anuncio a esta Casa, que me recebeu po, na condição de representante do Parlamento bra- tão bem há alguns anos, o ato que tomarei amanhã, sileiro, instituição que me recebeu muito bem e que com regozijo, para, a partir do dia 1º de janeiro de 2005, muito me ensinou. ao lado do meu companheiro Fernando Pimentel e de Muito obrigado. (Palmas.) 41 Vereadoras e Vereadores, na Capital mineira, a bela, O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Agra- aprazível e ainda segura Belo Horizonte, trabalhar com deço ao nobre Deputado Ronaldo Vasconcellos as afinco, humildade, determinação e paciência, repetindo referências elogiosas à minha pessoa e, sobretudo, a as palavras já citadas em referência aos Deputados esta Casa, desejando-lhe um profícuo trabalho na Vice- Inocêncio Oliveira e Nilson Mourão. Prefeitura da grande capital mineira, Belo Horizonte. E Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57377 que continue sendo o político correto, sério, honesto, na última quinta-feira, dia 23, no auditório do Instituto decente e competente como tem sido nesta Casa. Materno Infantil de Pernambuco, em Recife. Tenho certeza de que V.Exa. vai se sair muito O segundo registro que faço, por uma questão bem nessa nova função, continuando sua brilhante de justiça e reconhecimento, refere-se à Mesa Dire- carreira política, sempre em defesa do seu glorioso tora desta Casa. Estamos encerrando os trabalhos. Estado de Minas Gerais. Quero parabenizar o Presidente João Paulo Cunha; Meus cumprimentos, nobre Deputado Ronaldo V.Exa., Deputado Inocêncio Oliveira, Vice-Presidente Vasconcellos! desta Casa e que preside esta sessão; e os demais O SR. JORGE GOMES – Sr. Presidente, peço a membros da Mesa, que soube conduzir com muita palavra pela ordem. maestria os trabalhos durante este período, dando O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem maior significado à Câmara Federal, ao Congresso V.Exa. a palavra. Nacional e, mais do que isso, à democracia que todos O SR. JORGE GOMES (PSB-PE. Pela ordem. queremos alcançar. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. A democracia firma-se na medida em que o Po- Deputados, primeiramente, agradeço ao Deputado Nil- der Legislativo também se firma. A Mesa dirigida pelo son Mourão a gentileza de permitir que antecipasse Presidente João Paulo Cunha, pelo Vice-Presidente minha intervenção ao seu pronunciamento no Grande Inocêncio Oliveira e pelos demais membros soube se- Expediente para fazer um registro importante. guir na direção de firmar cada vez mais a democracia No primeiro semestre, estive aqui para falar so- em nosso País. bre a criação do Prêmio Fernando Figueira, que visa Por último, Sr. Presidente, desejo a V.Exa., aos homenagear este grande pediatra pernambucano fun- demais membros da Mesa Diretora, às companheiras dador do IMIP e também estimular as instituições hos- e aos companheiros Deputados e aos funcionários pitalares a garantir a humanização na assistência às desta Casa votos de que possam viver a esperança crianças e a seus familiares. do ano que se inicia. Pois bem, no último dia 23, o prêmio instituído Se Deus quiser, as demandas sociais do nosso pelo Ministério da Saúde teve em Recife, Pernambuco, País serão atendidas pelo nosso Presidente Lula, para sua primeira edição. Quarenta instituições de 23 Esta- que tenhamos um 2005 repleto de alegria, um ano de dos inscreveram-se, e a maioria delas esteve presente desenvolvimento para nosso País e de justiça social para receber a premiação. Onze foram premiadas e para todos. outras tantas receberam menção honrosa. Feliz Ano-Novo para todos. Sr. Presidente, a solenidade contou com a presen- Muito obrigado. ça do Ministro da Saúde, o companheiro pernambucano O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Dan- Humberto Costa, do Secretário Estadual de Saúde, do do prosseguimento ao Grande Expediente, concedo Secretário Municipal, da Vice-Governadora do Estado a palavra ao nobre Deputado Nilson Mourão. S.Exa. do Pará e de outras autoridades, e ali tivemos um mo- dispõe de 25 minutos. mento importante porque, repito, nessa primeira edição, O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Sem revisão concorreram 40 instituições de 23 Estados. do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, O prêmio foi concedido às instituições indicadas em primeiro lugar, quero manifestar da tribuna desta pelas Secretarias Estaduais de Saúde por atenderem Casa minha solidariedade a todos os povos do Sul da aos critérios estabelecidos, tais como aleitamento ma- Ásia, vítimas de uma tragédia da natureza. Nós, que terno e atendimento humanizado à mulher e à criança. tivemos a oportunidade de estudar na escola um pouco É muito importante estrategicamente, porque, com ele, de História, sabemos que, de tempos em tempos, po- dentro do Sistema Único de Saúde, haveremos de re- vos, sociedades, continentes inteiros vivem momentos duzir a mortalidade materna e neonatal. Ele destaca de tragédia. Esse maremoto na Ásia atingiu mais de o atendimento pediátrico humanizado e o estímulo ao 2 milhões de pessoas, em diferentes países, e levou aleitamento materno. à morte, pelo menos, 30 mil pessoas. Levantamentos O Ministro da Saúde fez a entrega de todos os ainda estão sendo feitos em áreas remotas, havendo prêmios, e outras autoridades entregaram as men- a expectativa de que o número de mortos e desapa- ções honrosas. recidos seja muito maior. Registro minhas congratulações a todas aquelas Sr. Presidente, cidades inteiras foram destruí- entidades que se inscreveram e foram premiadas, em das e milhares de pessoas se viram arruinadas por especial ao Instituto Materno Infantil de Pernambuco esse acontecimento da natureza. Quero sugerir ao – IMIP, fundado por Fernando Figueira e que enche Presidente Lula que, com seu espírito de solidarieda- de orgulho todos os pernambucanos. O IMIP ganhou de internacional e pelo êxito da política externa que o prêmio nas 2 categorias e recebeu destaque todo tem empreendido, se associe aos demais países do especial. mundo inteiro que neste momento expressam gestos Sr. Presidente, julgo importante o registro que faço concretos de solidariedade aos povos do sul da Ásia da entrega do Prêmio Professor Fernando Figueira, vitimados por essa tragédia. 57378 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Sr. Presidente, neste Grande Expediente, quero Pronunciamento do ministro-chefe da Casa Civil, fazer um balanço, ainda que resumido, dos 2 anos do José Dirceu, sobre o balanço de dois anos do Go- Governo do Presidente Lula. Para isso, socorro-me verno, no Palácio do Planalto do extraordinário pronunciamento, feito no dia 16 de 16 de dezembro de 2004. dezembro passado, pelo Ministro-Chefe da Casa Ci- Eu estou atrasado, mas peço desculpas, por- vil, José Dirceu. que foi involuntário. Eu fui representar o Presidente, Trata-se de um discurso brilhante, claro, concreto no Tribunal de Contas da União, na posse do Adylson e que vai ao ponto, relatando todas as realizações do Motta, que foi meu colega na Câmara dos Deputados. Governo Lula nos primeiros 2 anos de administração. Fiz questão de ir e o evento atrasou. Meu papel, hoje, Entre outras coisas, o discurso do Ministro José Dirceu é apresentar para a sociedade, para a imprensa, a relata os avanços do Governo do Presidente Lula no determinação do Presidente da República e indica- que diz respeito à merenda escolar, ao Programa de ção da Coordenação do Governo, dos ministros e das Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e ao Programa ministras que me deram essa honra, um balanço dos Universidade para Todos (PROUNI), já aprovado por últimos dois anos, que eu vou procurar fazê-lo em 15 esta Casa e que vai destinar a alunos carentes mais minutos, ressaltando os aspectos mais importantes. de 100 mil bolsas de estudo em escolas privadas. Re- Primeiro, que acredito que todo o País destaca, é o fere-se ainda à criação e funcionamento das primeiras crescimento econômico, o maior dos últimos dez anos, farmácias populares, que vão alcançar o Brasil inteiro, e um feito não esperado, que é o não crescimento da começando pelas capitais, ressaltando que o Governo carga tributária, até porque o Governo adotou, como continua comprometido com uma política consistente nós vamos ver, uma série de medidas de isenções de afirmação da mulher e do negro, tendo lançado o tributárias durante esse ano para incentivar o investi- Programa Quilombola. S.Exa. cita ainda o programa mento, o mercado de capitais, o mercado imobiliário, de investimentos do Governo Federal para obras de os fundos de pensão e estimular o consumo popular infra-estrutura, prevendo investimentos maciços na re- abatendo impostos da cesta básica. Pela primeira vez cuperação, pavimentação e duplicação de rodovias, na o nosso País vai ter, depois, também, de mais de uma modernização de portos; enfim, um amplo programa década, um desemprego menor que 10%, de um dígito de infra-estrutura que pretende modernizar nosso País – e geramos 1 milhão e 800 mil empregos. E o mais e fazê-lo avançar no caminho do crescimento. importante que procurei destacar, inclusive, ontem, numa entrevista, é que esse crescimento econômi- Sr. Presidente, solicito a transcrição nos Anais co e do emprego vem acompanhado do crescimento da Casa da íntegra do pronunciamento do Ministro dos investimentos, que é três vezes maior no último José Dirceu proferido em 16 de dezembro de 2004, trimestre, e o crescimento do PIB. Isso é muito impor- em que S.Exa. faz um balanço dos 2 anos do Governo tante, porque todos nós sabemos o papel que tem o do Presidente Lula. Foram 2 anos vitoriosos – anos de investimento no crescimento econômico para além da luta, mas que recolocaram o Brasil no patamar em que demanda. No terceiro trimestre os investimentos pri- realmente deve se encontrar. vados cresceram 20,1%, comparado com o mesmo Sou petista, Deputado Federal da base do Gover- trimestre de 2003. É o menor risco-Brasil nos últimos no do Presidente Lula e sinto-me orgulhoso por poder sete anos. Vamos lembrar que a dívida externa está apoiar um Governo que moralizou o País, que avan- caindo e que nós conseguimos reduzir a dívida inter- çou na questão da segurança pública, que combate a na, vis-à-vis o PIB. Ela foi desdolarizada, prefixada em corrupção diariamente, doa a quem doer, que faz da quase um quarto e foi alongada. democracia um dos seus pilares de sustentação, que Para que o País cresça é preciso um marco legal, avança no crescimento econômico, que gera empre- regulatório, segurança jurídica, além da democracia, gos e faz com que o nosso País esteja efetivamente que é um fato no nosso País – e as eleições são um no patamar em que deveria estar, de crescimento, de exemplo claro disso. Esse é um governo reformista, de distribuição de renda, de elevação do PIB, de aumen- reformas não só sociais, como político/institucionais, to das exportações e das importações, enfim, num tributária, previdenciária, reforma do Judiciário. Ontem, caminho que leva a uma nação cada vez mais justa aqui, o nosso Presidente, o Presidente Nelson Jobim, e solidária. o Presidente Samey, o Presidente João Paulo Cunha, Caro Deputado Inocêncio Oliveira, que preside encaminharam projetos importantíssimos para o Con- esta sessão, meu amigo Presidente João Paulo Cunha, gresso Nacional, que vão consolidar um Judiciário Sras. e Srs. Deputados que se encontram no plenário, ágil, transparente, um Judiciário que vai dar garantias todo o corpo técnico da Câmara dos Deputados, faço ao cidadão e às empresas. A Lei de Falências que foi aprovada ontem. Vamos lembrar que há mais de 15 votos de que entremos felizes no ano de 2005! anos o País falava em criar uma lei de recuperação PRONUNCIAMENTO A QUE SE REFE- das empresas. No Brasil existe uma verdadeira indús- RE O ORADOR tria de concordatas que vai deixar de existir. A parceria Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57379 público-privada que, tenho certeza, será aprovada pelo total da situação que o Brasil tinha antes, de déficit de Senado e pela Câmara depois. A legislação do crédito mais de 30 bilhões nas contas correntes. Noventa e imobiliário. A Lei de Inovações, que é uma cinco bilhões de exportação, 32 bilhões de superávit. revolução na pesquisa e na inovação do Brasil. Vamos lembrar que houve um processo extraordiná- Uma integração da universidade com a empresa, um rio de desburocratização nas exportações, radar co- novo papel de pesquisador, para o financiamento pri- mercial, Siscomex, estado exportador, capacitação de vado e público na inovação. O principal elemento do agentes. E o Brasil, hoje, é um País que por meio da desenvolvimento, do aumento da produtividade e do Apex tem um programa vasto de promoção no exterior crescimento econômico, é o aumento da produtividade da marca Brasil – 410 eventos foram realizados esse e da eficiência, e, nesse sentido, a Lei de Inovação é ano e 500 serão realizados no ano que vem. O País uma lei que dará ao Brasil, hoje não é um País que exporta por causa de um surto seguramente, um crescimento maior. de queda da demanda interna, é um País que as suas Quanto às agências reguladoras, a legislação empresas e o Governo têm um programa consistente ficou para o ano que vem, mas nós vamos trabalhar de ocupação do mercado internacional vis-à-vis a po- para aprová-la antes da Semana Santa. O novo mode- lítica externa que o Presidente lo do setor elétrico é um exemplo cabal e uma vitória Lula tem exercitado. extraordinária do País, da sociedade, de uma questão Os recordes são históricos e o agronegócio tem gravíssima que nós recebemos do governo passado, um papel fundamental, mas para o agronegócio avan- que era a falência do setor elétrico e a ausência de çar foi preciso criar condições para o financiamento regulação, as tarifas estavam dolarizadas, as empre- da agricultura. O certificado de depósito agropecu- sas inadimplentes e o Banco Nacional de Desenvolvi- ário, o Warrant Agropecuário, a regulamentação do mento Econômico e Social sob o risco, dado que era seguro rural, do prêmio, que era uma bandeira histó- um grande credor rica do setor. E hoje o pequeno agricultor brasileiro, o dessas empresas. Tudo isso foi saneado. agricultor familiar, tem seguro obrigatório, não só da E o marco regulatório do saneamento, que vamos perda da safra, mas de renda. Ele tem a garantia de enviar no começo do ano para o Congresso. sobrevivência da sua família, no caso de perda da sa- Isso se dá, essas reformas, esse crescimento, no fra. Quero destacar a desoneração da produção, que marco de um projeto de desenvolvimento nacional. é um assunto que toda a sociedade acompanha e a Um governo que tem política industrial de co- imprensa conhece, do PIS/Cofins para a cesta básica. mércio exterior e que fez o sistema público retomar o Praticamente todos os produtos da cesta básica hoje papel de fomento para alavancar o desenvolvimento têm desoneração do PIS/Cofins e os estados também científico e tecnológico, as exportações, a pequena e estão dando desoneração de ICMS. O brasileiro vai média empresa, o setor produtivo nacional, fortalecer comer mais, melhor e mais barato nos próximos anos, a empresa nacional, e dar aos setores que impulsio- até porque a produção da agroindústria garante. De- soneração dos bens de capitais e do Reporto (Regime nam o desenvolvimento tecnológico, o desenvolvimento Tributário para Incentivo à Modernização e Ampliação do País – como máquinas e equipamentos, fármacos, da Estrutura Portuária), também, para os portos, redu- biotecnologia, informática, e também a petroquímica, ção do imposto de importação para os bens de capital siderurgia, papel e celulose, os setores de insumos – nós antecipamos – e o incentivo à poupança, que – condições de crescimento e de desenvolvimento eu já falei, firme e consistente, inclusive para as coo- tecnológico. perativas, para os fundos de pensão e para os planos O Governo criou a Agência Brasileira de Desen- de Previdência. volvimento Industrial, que o Senado está aprovando; o O País vai incentivar a tecnologia, o aumento Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, que nas bolsas de doutorado de 18%, vamos alcançar 10 se reuniu ontem, inclusive, e o Presidente compareceu; mil doutores em 2006. Os fundos setoriais tiveram 600 milhões de desembolso este ano, tem a gestão nova, aprovou a Lei de Informática, a Lei de Inovação, que mais eficiente, e sustentamos os programas de tecno- eu já falei, e tem um programa consistente de apoio logias sensíveis, espacial e o nuclear. aos arranjos produtivos. O Governo apoiou e sustentou a agroindústria, Não vou citar, mas os exemplos da retomada do mas deu cobertura e apoio para a agricultura familiar papel do sistema financeiro estão evidentes do Funtec, – de 4,2 bilhões, da safra de 2002/2003, passamos no Prosoft, no Profarma, no financiamento de bens de para 7 bilhões nessa safra. É uma variação extraordi- capital e no Modermaq. São financiamentos consisten- nária de 89%, que estavam estagnados há quatro anos. tes, que somam mais de 1 bilhão nesses programas O seguro agrícola, que eu já disse, e o apoio a 200 de financiamento, o que significa que o País, hoje, tem mil famílias do semi-árido, que já tiveram garantia de fundos permanentes, consistentes, para sustentar o de- safra esse ano. A reforma agrária, que não atingiu as senvolvimento tecnológico. Exportações – isso significa metas que o Governo tinha planejado, por uma razão país forte, país com risco-Brasil cadente, um país que simples: porque nós recebemos 500 mil famílias com honra seus compromissos externos, um país que tem passivo do assentamentos e tivemos que dar financia- superávit comercial e na conta corrente, uma inversão mento, levar água, luz, habitação, estrada, assistência 57380 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 técnica e crédito a essas famílias, e ao mesmo tempo e uma reestruturação. Há, hoje, em toda política públi- realizar a reforma ca, a dimensão ambiental prévia – só se pode aprovar agrária – 36 mil no ano passado e, até outubro o projeto se tem as garantias ambientais. O Sistema deste ano, 66 mil. Há um esforço do Ministério do De- Nacional de Meio Ambiente foi fortalecido, treze mi- senvolvimento Agrário, da equipe econômica, nossa, nistérios estão numa ação conjunta, nesse momento, para atingirmos 95 mil famílias esse ano, e acredito contra o desmatamento na Amazônica. Vocês podem que vamos conseguir. E passamos o crédito da agri- observar que não houve queimada esse ano em Ro- cultura assentada, que era de R$7,7 mil, o inicial, para raima, ao contrário dos anos anteriores. Há um Plano R$16 mil. O Governo se preocupou com a demanda, com oito bases de fiscalização instaladas, em conjunto com microcrédito, com o aposentado, com o servidor com os Ministérios, com o acompanhamento das Forças público, com microempresário, e criou um programa Armadas, da Polícia Federal e do Ministério Público. consistente de microcrédito e inclusão bancária; 3,9 Portanto, esse é um governo que cuida do licencia- milhões de contas nos bancos públicos federais foram mento e da prevenção ambiental. Inclusão Social. O abertas, conta e poupança simplificada. Reduzimos os Presidente, no discurso da reunião ministerial, deixou juros em 50% para quem faz o desconto em folha, con- claro que os anos de 2005 e 2006 são anos do desen- signando o empréstimo, 61% de crescimento em 2004. volvimento com inclusão social, criação de empregos, E o microcrédito popular, que o Presidente lançou há além de crescimento econômico. Nós conseguimos dar poucas semanas, que significa juros de 2% ao mês, a atenção à agricultura familiar – de 42 mil agricultores metade ou um terço dos juros que se pagava antes. E que recebiam a compra de produtos, passamos para a luta contra a agiotagem que infernizava a vida dos 67 mil; o Programa de Leite, hoje, atinge 32 mil famílias servidores públicos e dos aposentados. É muito impor- pecuaristas pequenas e atende quase 800 mil famílias tante isso em respeito à cidadania no Brasil. com um litro de leite por dia, e vai crescer; 30 mil cis- O BNB destinou para o CrediAmigo US$720 mi- ternas em 2003/2004, no semi-árido, que passarão a lhões, de outubro(?) a outubro de 2003 a 2004, e 842 ser 50 mil no ano que vem. mil operações, o que mostra o impacto que isso tem Merenda Escolar: 116% de aumento nos valo- para a agricultura pequena, para o autônomo, para res repassados, que passou a atender 881 mil crian- ças de 18 mil creches, além de toda a rede básica de aquilo que faz a economia local crescer além das gran- Ensino Fundamental, que teve um aumento de 15% des empresas, dos grandes centros urbanos do País. A de valor no repasse em 2004. Bolsa-Família. Talvez a micro e a pequena empresa receberam uma atenção maior conquista do País, 6,5 milhões de famílias serão especial do Governo, por meio da APEX, para a ex- atendidas neste final de ano, sendo que 5,9 milhões já portação. Hoje ela tem uma participação fundamental. foram atendidas até novembro. O valor médio que era O Programa Pré-empresa, que fez um regime espe- de R$28,00 passou para R$75,00, sendo que mais da cial tributário até R$36 mil, é importantíssimo para o metade das famílias recebe R$80,00 ou mais. Isso é empreendedorismo isso. E as medidas de certificação uma mudança extraordinária. Sem falar no vale-gás, e bônus de produtos que o Inmetro e o Sebrae adota- que era de R$7,50, e também teve um aumento, che- ram, além do BNDES, que fez 206 mil operações, 22 gando mais próximo da realidade, porque o preço do bilhões entre outubro e outubro de 2003 e 2004 – isso gás não aumentou este ano. Isso é um apoio extraor- é muito importante, porque são recursos importantes dinário a milhões de famílias brasileiras. para a pequena e média empresa brasileira. E vamos O Governo continua sustentando o PETI (Progra- lembrar o parcelamento de débitos que fizemos para ma de Erradicação do Trabalho Infantil), ao contrário apoiá-las. do que se dizia, e 930 mil famílias foram atendidas O País cresce também no turismo: 16% entre em 2.785 municípios, um milhão e nove mil idosos, 2003 e 2004, 24% ingressos de divisas e aumento de em outubro, foram incorporados pelo Estatuto do Ido- 18% no fluxo doméstico de turistas. E o Brasil cada so; dois milhões e 170 mil pessoas beneficiadas pelo vez mais vai descansar e passear, inclusive porque o programa de prestação continuada, benefício de ação Governo vai iniciar a modernização da BR-l0l, de Sal- continuada, idosos e pessoas com deficiência, o que vador até Natal, começando por Natal/Palmares, em significa R$5,5 bilhões; sete mil, quinhentos e setenta Pernambuco, cujo projeto já está em audiência pública, trabalhadores foram libertados do trabalho escravo, vai ser licitado e estará pronto antes do o que significa 99% de crescimento com relação aos final do mandato do Presidente Lula. últimos dois anos. Isso é uma marca deste Governo: Meio ambiente. Ao contrário do que se dizia e o combate ao trabalho escravo e ao trabalho infantil, a se afirmava, e, muitas vezes, por erro nosso de infor- promoção social do idoso, da pessoa deficiente, e da mação, para vocês terem uma idéia, das 16 usinas já transferência de renda. E o Governo adotou todas as concedidas, apenas quatro aguardam licenciamento. medidas que a imprensa e o Ministério Público indica- Das 17 usinas do novo modelo, que precisam de licen- ram para combater a fraude e para atender às famílias ça prévia, que serão licitadas, apenas três aguardam que estavam excluídas do programa (de transferência licenciamento. Houve uma modernização do Ibama e de renda), como é natural num programa que tinha do Ministério, o Governo aprovou um plano de cargos cinco cadastros, cinco vales e estava distribuído por Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57381 cinco Ministérios. E hoje está concentrado e articulado não consegue sorrir. Por isso que esse programa teve com saúde e educação, articulado com alfabetização. esse nome: “Brasil Sorridente”. O Governo continua A universidade e a educação. Todos sabem, a principal com a política consistente de afirmação da mulher, prioridade do Governo nesse próximo ano é, além da do negro e da negra e, o Programa Quilombola, que infra-estrutura e da ciência e tecnologia, a educação. é uma realidade no País, saneamento básico, obra de O Prouni já é uma realidade, o Senado aprovou, vai eletrificação rural, programa de geração de emprego, aprovar, aliás – o líder Mercadante, ontem, conversava de saúde, sistema de cota na universidade, e o governo comigo sobre a aprovação do Projeto – serão mais de retomou uma política pública para as aldeias indígenas: 100 mil bolsas para alunos carentes ou necessitados. saneamento em 354 aldeias, convênio para assistência Cinco milhões de brasileiros estão sendo alfabetizados médica, de saúde, em todas as aldeias. E de maneira neste momento, em 4.339 municípios. Nós vamos erra- consistente vem homologando (áreas indígenas) - aca- dicar o analfabetismo no Brasil nos próximos anos. O bou de homologar 7,2 milhões de hectares, 47 terras Governo retomou a criação de universidades. São dez indígenas. Nunca houve tanta homologação no Bra- novos campi em sete Estados da Federação: Paraná, sil. E o Governo vai homologar Raposa Serra do Sol, São Paulo, Rio, Bahia, Pernambuco, Pará e Acre. Con- assim que resolver o litígio judicial. Está recorrendo, tratamos professores e técnicos para as universidades, está trabalhando para que o Judiciário casse as limina- reorganizamos carreiras e aumentamos os salários dos res que hoje impede o Governo de fazer a regulação. servidores e dos professores das universidades. Enfim, Não é verdade que a Raposa Serra do Sol não é ho- iniciou-se um amplo processo constituinte de reforma mologada por falta de vontade política do Presidente da universidade. Isso significa que R$1,7 bilhão serão ou do governo. Há uma decisão judicial que impede aplicados a mais na educação, particularmente, quero o governo de tomar essa decisão. O Presidente dis- repetir, técnico-profissional. Como eu tenho dito, esse se e nós, Ministros – o Ministro Ciro Gomes está aqui é o maior desafio do Brasil, porque temos 11 milhões me dando a honra da sua presença – já dissemos ao de jovens fora do ensino médio, que é um problema Presidente que vamos cumprir com esta tarefa, que social, cultural, de cidadania, além de ser um proble- ma socioeconômico. O Brasil necessita de centenas é preciso acabar com as filas, com a humilhação do de milhares de técnicos e há escassez de técnicos e cidadão e da cidadã brasileira na saúde pública e na técnicas qualificados. Vamos fazer um mutirão da edu- Previdência Social. E nós já começamos a tomar uma cação técnico-profissional nesses próximos dois anos: série de medidas. A criação da Secretaria da Receita chão de fábrica, longa distância, por correspondência, e Previdenciária e a luta contra as fraudes e a sonegação vamos ampliar, com os governadores e governadoras, que é real hoje, além da atuação da Polícia Federal, o ensino médio no País. Saúde. Quatro mil, novecentas do Ministério Público e do governo, do ministro Amir Lando, é pública, notória e dispensa provas, será uma e onze novas equipes de médico de família; nós temos obsessão do governo. Mas nós já conseguimos recor- no País, hoje, vinte e uma mil, seiscentas e nove equi- des históricos de receita corrente e de recuperação de pes, vinte mil novos agentes comunitários de saúde. créditos, porque a receita corrente vem do crescimen- Avança de maneira consistente a saúde preventiva e to do emprego também e da economia, mas a recu- popular no Brasil. E cuidamos de algo muito grave, peração de créditos é ação do governo. De janeiro a nas cidades com mais de 100 mil habitantes, que é setembro, tivemos arrecadação de 65,1 bilhões contra a emergência, a urgência. Instalamos 67 serviços de 54,9 bilhões do ano passado. A variação da despesa atendimento móvel, SAMU, 245 municípios com 607 com pagamento de benefícios foi de 18,1. Nós vamos unidades móveis. Até 2007 nós vamos universalizar a arrochar a fiscalização nos benefícios, porque há um prevenção, a urgência que, vocês sabem, grande parte crescimento desproporcional de benefícios, por exem- dos óbitos vem da falta de atendimento de acidentes plo, a licença de saúde, e é preciso fiscalizá-los. Foram graves nos grandes centros urbanos. auditadas 70 mil 399 empresas e recuperados R$6,5 Farmácia Popular: uma nova realidade. Além de bilhões em créditos. Então, o Governo está autuando aumentar e dar consistência a um programa de dis- na Previdência e vai atuar não só contra as fraudes e tribuição de remédios gratuitos a toda a rede básica a sonegação, mas na melhoria da gestão. O Ministro do SUS, o Governo implantou 26 farmácias, com 84 Amir Lando está implantando um programa-piloto, que medicamentos com preços 80% menores que na rede vai melhorar a gestão e vai melhorar o atendimento, varejista. E vai ampliar este Programa e consolidá-lo. e nós vamos priorizar isso nos próximos dois anos, O Brasil, hoje, conta com um novo programa, o juntos – o Ministro Humberto Costa passou, ontem, à Brasil Sorridente. Quatro mil, quinhentas e cinqüenta tarde, em reunião com o Presidente, eu acompanhei, e uma novas equipes de saúde bucal, aumento de por determinação do Presidente, essa audiência, e o 100% com relação à 2002. Este é um programa im- foco do Ministério será melhorar a qualidade do aten- portantíssimo, um programa não só que diz respeito à dimento, diminuir as filas, e ele apresentou, já, um pri- saúde pública, mas a algo muito importante para todo meiro programa para o Presidente, neste sentido. Nós ser humano: a auto-estima. Nada mais grave do que vamos trabalhar duro, nos próximos dois anos, com este um cidadão e uma cidadã não ter auto-estima, porque objetivo. O Governo tem um programa consistente de não consegue ter uma saúde bucal e, muitas vezes, Segurança Pública não só na Campanha do Desar- 57382 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 mamento, com a qual já chegamos a 180 mil armas tro-Oeste à toda rede de gás do Brasil. O Brasil terá até novembro, quando o objetivo era 80 mil – mas a gás barato para calefação, para as indústrias e será integração das polícias e da Segurança Pública dos exportador de gás no futuro. Luz para Todos. Levar luz estados, a informatização, o serviço de inteligência, o elétrica para 12 milhões de brasileiros. Já foram be- combate ao narcotráfico e ao crime organizado, inves- neficiadas 617 mil famílias, atingindo 2,8 milhões de timentos em meios tecnológicos, expansão do sistema pessoas; gerando 130 mil empregos, consumindo 2,5 automatizado de identificação por impressão digital bilhões. Esse é um programa real, que vai atingir 12 para todas as unidades da Federação, os laborató- milhões de famílias até 2007. rios de DNA, que estão instalados no Rio de Janeiro, O Governo cuidou do meio ambiente. Lançou o no Rio Grande do Sul, no Distrito Federal, na Bahia e Proinfa, com 3.300 megawatts contratados de ener- no Amazonas e na Universidade Federal, em Alago- gia alternativa: eólica, biomassa e pequenas centrais as, e no Pará em fase de implantação, laboratórios de hidrelétricas. E esse grande fato, que é o biodiesel. O entomologia forense, responsáveis por diagnósticos Brasil é o país do futuro da biomassa e do biodiesel e precisos em exame de cadáveres. será um abastecedor do mundo e nós vamos mudar a A nossa primeira prioridade é a infra-estrutura, matriz energética brasileira, introduzindo o biodiesel. porque o País não crescerá se nós não resolvermos Já vai atender a 250 mil famílias em curto prazo e va- o estrangulamento na infra-estrutura, seja social, sa- mos reduzir a importação de diesel, inclusive, vamos neamento, habitação – e nós colocamos em disponi- poder melhorar a matriz do País. Já foram tomadas bilidade R$5 bilhões para financiamento de obras e medidas legais de isenções tributárias, há linhas de saneamento em 21 estados e 329 municípios, cujo financiamento, em todo o país surgem unidades pro- beneficio chega a quase 6 milhões de famílias. E va- cessadoras de biodiesel, a indústria automobilísticas já se preparou para adicionar 2% de biodiesel, e o País, mos continuar. seguramente, terá um programa similar ao Proalcool. Habitação. Contratados R$3,9 bilhões nos últimos Será uma conquista tecnológica e nós esperamos, so- dois anos. Atendimento a quase 900 mil famílias, com cial, porque o Proalcool, como sabemos, concentrou prioridade para famílias com renda até cinco salários riqueza e se transformou num programa com grande mínimos. Financiamento de imóveis novos e usados, êxito do ponto de vista tecnológico e econômico, mas urbanização de assentamentos, aquisição de mate- não do ponto de vista social. Vamos evitar isso com rial de construção e reforma de moradia. E, ontem, o o biodiesel. Conselho do Fundo de Garantia tomou decisões his- Nas telecomunicações implantamos 3.200 pon- tóricas, inclusive destinando R$l bilhão para a equali- tos de telecentros comunitários do Gesac. Avançamos zação de programas sociais, o que não existia antes. num modelo de tecnologia digital, e a rede giga expe- Era o Tesouro, por meio do Orçamento, que fazia essa rimental de alta velocidade já interligou 20 instituições equalização. de ensino e pesquisa de São Paulo e Rio – vai inter- Eu fui questionado pela imprensa sobre o progra- ligar todas as instituições, o que vai dar um salto na ma “Papel Passado” – se não me engano foi o jornal O pesquisa, também, do nosso País. Globo que me fez o questionamento – então, levanta- O Correio Aéreo foi revitalizado. Recuperamos mos os dados e vou passar agora: tivemos ações em 5.300 km de estrada, contratamos conservação em 25 estados, 136 municípios, 314 mil famílias benefi- 42.000km e sinalizamos 17.781km. Sabemos que fi- ciadas com regularização fundiária. Não é o que nós camos a desejar em matéria de rodovias, mas como queremos, mas é um bom começo. E esse progama todos sabem, temos mais R$2,5 bilhões, além do vai continuar. Já falei de energia. Foi o programa mais Orçamento, no ano que vem, em rodovias, o que vai importante na infra-estrutura. O Brasil construiu 7.766 garantir um programa consistente e a conclusão da megawatts de energia (aumentou o potencial instala- Fernão Dias, a Régis Bittencourt, início da BR-l63, da do), e 6.829 quilômetros de linhas de transmissão, e BR-l01 Sul, o inicio da BR-lOl Nordeste, e impedir o vai manter, nesses próximos anos, pelo menos 5.000 estrangulamento dos corredores de exportação, ga- megawatts por ano, pelo menos 3.000km de redes de rantindo ainda corredores turisticos para o País, que extensão. Os investimentos estão contratados e, como é a BR- 101 Sul e Nordeste. eu mostrei, a questão ambiental está sendo resolvida. Vamos investir nos portos. Já temos R$400 mi- Há uma Sala de Situação, que funciona todo o tempo lhões para a modernização dos portos, enquanto que online com o Governo, juntos, Minas Energia, Casa nos aeroportos foi investido R$l,1 bilhão, porque a Civil, os ministérios ligados à área de infra-estrutura e Infraero tem um programa consistente e conseguiu Meio Ambiente, para equacionar os problemas da in- elevar de 97,9 milhões de passageiros/ano para 110 fra-estrutura, particuLarmente das hidrelétricas. milhões em 2004. Gasoduto. O pais ampliou sua malha em 1.315km, Com relação aos portos, o Governo destinou com destaque para as obras em andamento no trecho R$400 milhões de investimentos para modernização Campinas-Rio de Janeiro, Dom Aratu-Camaçari, e o e a segurança dos portos. E a iniciativa privada tem começo das obras de Urucum e do Gazem, que vai um programa consistente por meio de concessões e unir o Sudeste e o Sul ao Nordeste, e, depois, o Cen- arrendamento. Com as obras em ferrovias, que são Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57383 concessões hoje, nós teremos, tenho certeza, nos porque tem dotação orçamentária. Tudo isso foi feito, próximos anos, por meio de concessões, parcerias quero lembrar, particularmente na presença da impren- público-privadas, investimentos públicos, que estão sa, com diálogo e democracia. Esse é um governo da garantidos no Orçamento, como eu disse, nos portos, democracia, da pareceria, do diálogo. sendo R$290 milhões só para garantir o programa de Pactuação da reforma previdenciária e tributária segurança internacional que o Brasil é obrigado a cum- e aprovação de todas as legislações, dialogando com prir, o ISPS Code, nos 11 principais portos do País. a oposição, com os governadores, prefeitos e com a Hoje, funcionam 11 forças-tarefas nesses 11 portos e sociedade. O governo partilhou os recursos da Cide há uma “Agenda Portos” que interliga todos os minis- com os estados e com os municípios, mandou o pro- térios e funciona também na Casa Civil, diariamente, jeto do Fundo de Desenvolvimento Regional, aumen- pode-se dizer, online, junto com o grupo de trabalho tou o Fundo de Participação dos Municípios, atendeu de ferrovias, com a Sala de Situação de hidrelétricas as reivindicações dos governadores em matéria de e meio ambiente, e com o grupo de trabalho de rodo- transporte, de merenda escolar, de salário-educação. vias. Esse é um trabalho que o Presidente determi- É um governo que recebeu os prefeitos, as suas mar- nou que a Casa Civil, junto com os ministros da área chas, quando eles eram reprimidos no passado. É um de infra-estrutura, coordenasse, e o País pode estar governo que trabalha com a sociedade. O Presidente seguro de que não sofrerá nenhum apagão logístico teve 247 encontros com organizações sociais. O Con- nos próximos anos. selho de Desenvolvimento Econômico e Social fez Um dos mais importantes avanços do País foi a dez reuniões plenárias, e nós fizemos conferências retomada da construção naval da bandeira nacional e nacionais em todas as áreas do governo, com 31 mil da construção de navios. O Brasil terá estaleiros novos pessoas nas etapas nacionais, um milhão de partici- no Nordeste, no porto de Suape, e no Rio Grande do pantes nos encontros preparatórios municipais e estad- Sul, em Rio Grande. Foram contratadas 73 embarca- uais, tanto para o Programa Plurianual, o PPA, como ções, e o país, hoje, tem um programa consistente. A para as Conferências da Mulher, do Meio Ambiente, Transpetro acabou de lançar a licitação de 22 novos da Saúde e da Educação. Tivemos e temos diálogo navios. Tanto a Petrobrás como a iniciativa privada ini- regular e negociação com os setores específicos da ciou programas consistentes, e, assim, tanto a indústria sociedade. E, ontem, foi o exemplo mais claro com metalúrgica como a de construção naval vai crescer o salário mínimo e o Imposto de Renda. Quero fazer nos próximos anos com base na construção naval. E uma autocrítica: o Conselho Federal de Jornalismo o país vai diminuir a participação da bandeira estran- não foi discutido, não foi debatido com a sociedade, geira da cabotagem internacional. e teve o fim que teve no Congresso Nacional, ontem. Retomamos as obras do metrô de Fortaleza, Uma lição para todos nós: dialogar com a sociedade Recife, Salvador e Belo Horizonte, não na velocida- cria consensos progressivos e viabiliza a aprovação no de que precisa, não com os recursos que precisam, Congresso Nacional das medidas que o País reclama mas retomamos. As obras deixaram de ser obras pa- ou que os partidos propõem ou o governo, no nosso ralisadas. E vamos trabalhar para que no orçamento caso, o governo. Novos conselhos foram criados: das de 2005/2006 tenhamos recursos para terminar, pelo Cidades; da Agricultura e da Pesca; da Transparên- menos, dois desses metrôs. Em 2007/2008 terminar cia Pública e Combate à Corrupção; o Conselho de todos esses metrôs. Promoção da Igualdade Racial, entre muitos outros. O Ministro Ciro Gomes, que está aqui, liderou a O Fórum Nacional do Trabalho, que já tem a reforma ampliação da aplicação dos fundos constitucionais, que sindical, a qual o Presidente autorizou e será enviada também estavam engavetados e paralisados; R$4,5% ao Congresso, e está discutida a reforma trabalhista bilhões foram aplicados em 2004, sendo R$3 bilhões que ficará pronto antes do final do mandato do Presi- na região Nordeste, isso é recursos na infra-estrutura, dente. E a reinstalação do Consea, que tinha deixado recursos para o desenvolvimento do Nordeste, Centro- de funcionar. Este é um governo que não rouba, não Oeste e do Norte – aliás, aumentamos, ministro Ciro, deixa roubar e combate a corrupção, e os exemplos RS 1 bilhão para o Centro-Oeste, que é uma das re- são públicos e notórios. Nós criamos as Ouvidorias do giões de maior crescimento do País, 12% ao ano. De- Poder Executivo, 92 unidades, 55 delas implantadas a senvolvimento integrado e sustentado do semi-árido. partir de 2003, ou seja, metade delas no nosso governo. Doze obras de infra-estrutura hidráulica em andamen- Temos, nesse sentido, o Conselho de Transparência to, beneficiando 2,5 milhões de pessoas. Promoção Pública, o Portal da Transparência, e hoje temos todos da sustentabilidade dos espaços regionais, ações em os recursos transferidos da União para os estados e 12 regiões apoiando arranjos de sistemas, setores e municípios nesse Portal. O governo reduziu em 29% a cadeias produtivas, e o programa da integração da despesa com compras, contratações, bens e serviços. bacia do semi-árido, do Vale do São Francisco, que já E essa é uma tarefa importante, também, a desburocra- está sendo implantado, dependendo das audiências, tização, a simplificação. Combater a corrupção é trazer do licenciamento ambiental, mas já é uma realidade o Ministério Público e o TCU para dentro do governo e as obras começam no primeiro semestre, mesmo federal, para as licitações. Combater a corrupção é o 57384 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 governo eletrônico e licitações eletrônicas. Combater a dos – ativos, aposentados e pensionistas. Isso é uma corrupção é informatizar o governo. Nós vamos reduzir revolução no serviço público brasileiro. Isso significou as despesas e os custos com contratações de bens e um investimento de 1 bilhão e 238 milhões em 2003, e serviços, limpeza, alimentação, segurança, serviço de 4 bilhões e 900 milhões em 2004, incluindo o reajuste informática, passagens. O Presidente vai acompanhar salarial, evidentemente. O servidor público, depois de isso dia-a-dia, e o Ministro Nelson Machado e a Casa muitos anos, voltou a ter reajuste real do seu salário, Civil já assumiram essa tarefa e nós nos responsabili- e as carreiras reestruturadas passaram a ter salários zamos com o Presidente de que isso será uma priori- dade nos próximos dois anos. A saúde reduziu o custo equivalentes a sua qualificação técnico-profissional e de aquisição de medicamentos em 30%, em média, ao mercado nacional. nos últimos dois anos. A centralização das licitações do É verdade que nós contratamos e é verdade que INSS em pólos regionais gerou economia de 30% tam- nós demos aumentos, mas para que o Estado fique mais bém. E o pregão eletrônico já atinge 61% das compras eficiente e exerça o seu papel social e de planejamento e contratações, gerando redução média dos preços em e que a segurança pública chegue ao cidadão, a Justiça 20%. Isso aqui é para responder àqueles que dizem que chegue ao cidadão, porque fizemos, no Judiciário, no o nosso governo não é eficiente – porque tem alguns Poder Legislativo e também no Tribunal, por demanda saudosistas com a ineficiência, que andam afirmando desses Poderes ou do Ministério Público, reestrutura- que o nosso governo não é eficiente. ções e aumentos reais também. Sem tolerância com Nós estamos remontando o Estado brasileiro. a fraude e a sonegação. Arrecadação da divida ativa, A maior autorização de concursos da última década simplificação de procedimento, foco na cobrança dos – isso também é para responder a um ex-presidente grandes devedores, possibilitar e ampliar para cerca da República que nos criticou por causa de contrata- de 10 bilhões/ano, nos últimos dois anos, valor 50% ção. Contratação onde? Na Educação, na Segurança superior ao verificado em 2002. Isso é o trabalho da Pública, na Previdência, na Fiscalização, na Receita, AGU. Travou-se uma intensa luta contra as fraudes na na Policia Federal, na AGU, na CGU, onde é preciso Previdência, como eu já falei: oito grandes operações o Estado estar presente para atender bem ao cidadão em 2004; 98 fraudadores presos, dentre os quais 28 e para combater a corrupção, para melhorar a gestão servidores públicos. Fora todo um trabalho que o gov- e reduzir os custos. Não é empreguismo, não é nepo- erno faz e não aparece, de combate ao crime orga- nizado, de combate ao narcotráfico. O governo tem feito tismo, não é desperdício de recursos públicos. E eco - operações em vários estados brasileiros, desmante- nomia de recursos públicos, é para fazer planejamento, lado quadrilhas sem grande publicidade, porque esse é para executar as ações do governo, é para atender trabalho, se é feito com publicidade, vocês sabem que o cidadão. Substituímos os técnicos vinculados a or- ele vaza, e não tem o efeito necessário para o País. ganismos internacionais, até porque era ilegal e o Cento e sessenta e três prisões relacionadas a fraudes Ministério Público há muitos anos exigia do governo em benefícios ou na arrecadação da Previdência. Sete federal para fazê-lo, e nós cumprimos determinação mil e seiscentos benefícios considerados irregulares, do Ministério Público. gerando uma economia de 137 milhões/ano, já foram Estamos iniciando a composição do quadro de cancelados. pessoal próprio das agências reguladoras, porque há O governo vai aumentar o controle sobre as também aqueles que nos criticam, dizendo que nós fraudes na Previdência, inclusive, o governo vai prati- não fortalecemos as agências reguladoras. Mas elas camente visitar todo o cadastro de aposentados, que não tinham um quadro próprio, e passaram a ter um não tinha CPF, todo ele terá CPF – vejam que absurdo: quadro próprio. Nada mais importante para uma agên- nós pagamos beneficio da Previdência e não há con- cia reguladora do que ter o seu próprio quadro. trole de cruzamento por meio que já começou. A Polí- Remontamos a Mesa Nacional de Negociação cia Federal combater o crime organizado e a lavagem Permanente que, aliás, não existia, recriamos, e o de dinheiro: trezentas prisões, inclusive de políticos e servidor público é respeitado nesse governo, tem seus servidores públicos; apreendeu 120 toneladas de en- direitos respeitados e é tratado com dignidade. torpecentes; recuperou cargas roubadas nas rodovias É longa a relação, mas só quero dar um dado, federais, em torno de 85%, e estabeleceu um programa para que vocês tenham uma idéia do que esse governo de fiscalização, a partir de sorteios públicos, que a fez para reorganizar e modernizar o sistema público: Controladoria-Geral visitou, com isso, 681 municípios. cinqüenta carreiras foram estruturas ou reestruturadas; Termino essa apresentação com a confiança de que 11 grupos de cargos isolados foram tratados como se cumprimos com aquilo que nos comprometemos com carreira fossem, estruturados e reestruturados, sendo a sociedade brasileira, nesses últimos dois anos, e que que três desses grupos de cargos isolados passaram precisamos trabalhar mais e melhor nos próximos dois por duas negociações; cento e onze tabelas remuner- anos para avançar nas prioridades de governo que atórias reestruturadas; quarenta e seis negociações o Presidente já determinou: a infra-estrutura, a edu- concluídas temos seis em andamento; um milhão, cação, a ciência e tecnologia e o financiamento dos cento e dezesseis mil, cento e trinta e oito servidores investimentos para sustentar o crescimento da econo- tiveram os seus cargos, carreiras e tabelas reestrutura- mia, a segurança pública, a saúde e os investimentos Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57385 para combater a desigualdade regional e sustentar 60 anos de existência. Não é novidade para a socie- um crescimento ambiental para o País, que é um dos dade brasileira que essa fundação seja um verdadeiro principais problemas da humanidade, hoje. centro de excelência na área educacional, formadora Muito obrigado. dos principais índices econômicos do País. Só mais uma coisa: vai ser distribuído esse cad- No mês passado, um novo salto qualitativo foi erno que é o balanço “O Brasil na Era do Desenvolvi- dado com o lançamento do Índice de Preços por Ata- mento Sustentável”, do ano 2, n° 4, que foi organizado cado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP). pela Secom, em conjunto com a Casa Civil e os Minis- O novo indicador detalha a evolução dos preços nos térios do governo federal, com ação e participação diversos estágios do processo econômico: poderosa de todos os ministros e ministras e coordenação do ferramenta para a compreensão do comportamento ministro Gushiken, da Secom, e apoio da Casa Civil, inflacionário. por meio da Secretaria de Monitoramento e Avaliação, A Fundação Getúlio Vargas sempre esteve em dirigida pela doutora Miriam Belchior, sem a qual não destaque no cenário econômico do País. Foi a gran- teria sido possível esse trabalho. de responsável pela modernização do Estado nas Durante o discurso do Sr. Nilson Mourão, décadas de 50, 60 e 70. E, hoje, é a casa do planeja- assumem sucessivamente a Presidência os mento estratégico. Em meados da década de 80, por Srs. Reinaldo Betão, § 2º do art. 18 do Regi- exemplo, a instituição era responsável pelas contas mento Interno, e Inocêncio Oliveira, 1º Vice- nacionais (como o PIB) e pelo cálculo da inflação ofi- Presidente. cial do Brasil. O SR. REINALDO BETÃO – Sr. Presidente, peço Estou convicto, Sr. Presidente, que a escola de a palavra pela ordem. professores da FGV no Rio de Janeiro fez da educa- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem ção um tema central como caminho para desenvolver V.Exa. a palavra. o País, distribuir renda e combater a miséria da nos- O SR. REINALDO BETÃO (Bloco/PL-RJ. Pela sa gente. ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presi- Parabenizo, portanto, o ilustre Presidente da FGV, dente, Sras. e Srs. Deputados, antes de tratar do tema Dr. Carlos Ivan Simonsen Leal, homem competente, de meu pronunciamento, quero fazer uma rápida re- sério e empreendedor, que tem conduzido com êxito flexão a respeito do nosso trabalho no ano de 2004. uma instituição tão relevante para a Nação como é a Nós, Parlamentares, tão injustamente discriminados Fundação Getúlio Vargas. pela imprensa, muitas vezes viramos madrugadas a Parabéns à família FGV! trabalhar. O SR. ROBERTO MAGALHÃES – Sr. Presidente, Parabenizo toda a nossa equipe técnica, em es- peço a palavra pela ordem. pecial os taquígrafos, sempre empenhados no nosso O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem trabalho; a Mesa Diretora, na pessoa de V.Exa., Depu- V.Exa. a palavra. tado Inocêncio Oliveira, e do Deputado João Paulo O SR. ROBERTO MAGALHÃES (Sem Partido- Cunha e seus assessores. PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presi- Meus parabéns ao Líder do Partido Liberal, Depu- tado Sandro Mabel, pelo excelente trabalho neste ano; dente, eminente amigo e conterrâneo Deputado Ino- ao Presidente do partido, Valdemar Costa Neto e a cêncio Oliveira, quero expressar, muito sensibilizado, toda a bancada do PL, sempre fiel ao Governo nas o meu testemunho e o meu agradecimento por suas votações, até mais do que a própria bancada do PT. palavras ditas hoje neste plenário a respeito do meu Parabenizo a união da nossa bancada, que realmente retorno ao Partido da Frente Liberal. realizou grande trabalho neste ano. V.Exa. sabe que fui Governador e, também, um Quero também registrar que o Brasil poderá ser dos dissidentes do PDS quando do apoio à candidatura contemplado com o primeiro Centro Internacional para de Tancredo Neves. Em Pernambuco, consegui grande Cooperação Técnica sobre HIV/AIDS do programa convergência – não como disse o Líder do PT recen- conjunto das Nações Unidas – UNAIDS. Isso premia o temente pela imprensa, que o PDS se cindiu porque excelente programa de combate à AIDS desenvolvido queria continuar poder. V.Exa. sabe que não é nada pelo Brasil, que tem sido referência mundial. O Centro servirá como intercâmbio de informa- disso, ninguém entrega o poder ao adversário sem que ções, envolvendo prevenção, tratamento, direitos hu- tenha um sentido nobre e um fim elevado. manos e vigilância epidemiológica, tendo como ob- V.Exa. esteve ao meu lado em toda aquela luta jetivo precípuo o compartilhamento de experiências e sabe que fizemos aquilo porque sabíamos que o no campo. País não suportaria mais um presidente indireto por 6 Todos sabem que o programa contra a AIDS de- anos. Achávamos que era a última chance de o País senvolvido pelo Brasil tem sido referência mundial. convergir para a redemocratização sem que houvesse Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o motivo luta entre irmãos, e ninguém sabia em que extensão deste pronunciamento é prestarmos uma homenagem à e quais seriam as dores e prejuízos que a Nação bra- Fundação Getúlio Vargas (FGV), que este mês completa sileira teria numa luta fratricida. 57386 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Sr. Presidente, suas palavras me tocam por várias Lembro que só fiz um exigência: quero ser in- razões. A primeira delas porque V.Exa. começa falando dependente. E durante os 3 meses de trabalho da da parábola do filho pródigo. Eu não posso me dizer Comissão nem V.Exa. nem Luis Eduardo Magalhães filho pródigo porque sou um dos mais velhos em Per- jamais me procuraram para me pressionar ou sequer nambuco, mas, inegavelmente, o sentimento que tive, para tentar me induzir a uma decisão a favor ou con- desde a decisão até aquele momento, foi de alegria e tra alguém. descontração pelo retorno ao partido. Quero dizer, Sr. Presidente, que voltei, estou feliz Digo a V.Exa. que fiz o caminho em direção às por ter voltado e muito motivado. O artigo de hoje na minhas origens. Minha decisão foi política, mas foi, Folha de Pernambuco dá a medida de como exerce- principalmente, ditada pelos meus sentimentos, por- rei a oposição nesta Casa: com responsabilidade, de que, voltando ao PFL, é como se eu tivesse retificado forma construtiva, mas também corajosamente e, se um segmento da minha biografia. possível, sempre me antecipando aos fatos. Não bas- Evidentemente, não encerrarei agora minha vida ta apenas fiscalizar e criticar, é preciso antecipar-se pública, mas logo adiante, certamente. E não poderia para que não se tenha de criticar o que foi feito quan- encerrá-la se não fosse ao lado dos companheiros do, muitas vezes, é possível evitar. com os quais a iniciei. Repito o que eu disse no ato de congraçamento Suas palavras me comoveram. E mais: poucos de minha volta ao partido, após citar José Américo de teriam sua autoridade para me saudar dizendo o que Almeida. Não esqueci o caminho, não perdi o rumo e disse hoje neste plenário. São mais de 20 anos de volto a este porto seguro como um velho marinheiro, convivência, de luta política, às vezes em posições que conhece o mar e não teme as suas ondas, por não muito fáceis. Eu Governador; V.Exa. Deputado que maiores que sejam. é sempre reivindicante. V.Exa. Líder e eu seu lidera- Muito obrigado, Deputado Inocêncio Oliveira. do; V.Exa. Líder e eu na Presidência da Comissão de O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Meu Constituição e Justiça. grande amigo Deputado Roberto Magalhães, essas Nesta hora, lembro gesto nobre e de grandeza palavras são poucas para traduzir o homem público de V.Exa. nesta Casa: eu era Presidente da Comissão que é, sem sombra de dúvida, V.Exa. Posso dizer, sem de Justiça e não via condições de votar, na reforma elogio de corpo presente, porque o faço em todas as da Previdência do Presidente Fernando Henrique, o oportunidades, que V.Exa. sempre honrou todos os dispositivo que faria incidir a cobrança da contribuição cargos que ocupou, é homem sério, correto, decente. previdenciária sobre os aposentados. O que fiz: enviei Foi um dos melhores Governadores de Pernambuco, carta a V.Exa. 48 horas antes comunicando que votaria foi o homem que interiorizou o desenvolvimento; foi um contra, mas deixando-o à vontade para que me afas- dos melhores Prefeitos da cidade de Recife; Presiden- tasse da Comissão de Constituição e Justiça, dizendo te da Comissão de Justiça, fez trabalho extraordinário, que entenderia o gesto da Liderança. V.Exa. silenciou. sempre autêntico, sempre mostrando sua autonomia Até o momento da reunião, eu não sabia qual seria a e sua eficiência. Foi Relator do Orçamento quando decisão do Líder. ninguém queria, porque era missão ingrata, e V.Exa. Votei contra o Governo que eu apoiava, e, logo a exerceu airosamente, brilhantemente. depois, a imprensa correu para V.Exa. a perguntar se Por isso, nobre Deputado Roberto Magalhães, Roberto Magalhães seria ou não punido pelo PFL em tudo que se disser do homem público Roberto Maga- face de sua rebeldia. V.Exa. disse o seguinte: “Roberto lhães, do pai de família exemplar, do cidadão Roberto Magalhães é homem de caráter”. Puxou minha carta Magalhães é pouco para traduzir em palavras o sen- do bolso e disse: “Ele me entregou a Presidência da timento de reconhecimento, de gratidão por tudo que Comissão 48 horas antes e não o tirei da Comissão, V.Exa. tem feito por Pernambuco e pelo Brasil. V.Exa. não tiraria, e se alguém quisesse tirar, primeiro teria engrandece não só a política de Pernambuco, mas a de me destituir da Liderança. Eu não tiraria Roberto política brasileira. Magalhães da Presidência da Comissão”. A trajetória de V.Exa. faz com que nós outros Sr. Presidente, atos como esse são raros e mais possamos acreditar que a vida pública, embora árida, raro ainda o reconhecimento deles. Mas sou reconhe- tem homens públicos que a engrandecem e servem cido e enquanto estiver nesta Casa e tiver acesso a de estímulo e de exemplo para todos nós. V.Exa. é um esta tribuna, sempre que necessário, lembrarei atos deles, sem sombra de dúvida. de grandeza como este. Muito obrigado. V.Exa. disse que me designou para a CPI do Or- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- çamento, mas quero lembrar, uma vez que ACM Neto cedo a palavra ao nobre Deputado Miguel de Souza. está sentado a seu lado, que V.Exa. me indicou, mas S.Exa. dispõe de 5 minutos. foi Luis Eduardo Magalhães, Presidente da Casa, que O SR. MIGUEL DE SOUZA (Bloco/PL-RO. Pela me convenceu, com V.Exa., a aceitar aquela função ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Ino- que ninguém queria. É muito ingrato realmente inves- cêncio Oliveira; Sras. e Srs. Deputados, estamos às tigar colegas, sobretudo pedir a cassação. vésperas de ver concretizada a realização de um so- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57387 nho de milhares de brasileiros, bolivianos e peruanos: guá, que forem exportadas via os portos do em 2005, será lançado edital de licitação para constru- Pacífico (Ilo ou Matarani), terão uma redução ção da estrada que ligará o Brasil aos portos do Oce- significativa nos valores dos fretes, passando ano Pacífico. Essa ligação terrestre é de importância a compensar esta alternativa”. geopolítica e de desenvolvimento para toda a região Pouco tempo depois, o Grupo André Maggi, que centro-oeste e norte do nosso País e para as regiões possui empreendimentos na região da Chapada dos nordeste da Bolívia, sul e sudeste do Peru. Parecis, em Mato Grosso, e que também realizava Eu disse concretização de um sonho, pois a estudos sobre a inversão do fluxo do transporte de iniciativa do Presidente Lula, ao assinar no dia 8 de cargas, passou a usar a modalidade bimodal (rodovi- dezembro, na cidade de Cuzco, o acordo para cons- ário e fluvial), vendo os custos de frete se reduzirem trução da rodovia interoceânica, deu passo decisivo a cada ano, aumentando a lucratividade e expandindo no caminho que alguns idealistas vêm percorrendo os negócios. há muitos anos. Como Presidente da Federação das Indústrias O Grupo André Maggi comparou os custos de frete do Estado de Rondônia, ao assumir o primeiro man- entre o norte de Mato Grosso e os portos de Santos e dato, em 1989, comecei a colocar em prática idéia que Paranaguá, distantes 2.500 quilômetros da região pro- já me acompanhava há muitos anos, desde quando dutora. Para acessar um dos portos exportadores, o conheci o projeto de integração dos países da Amé- transporte de 1 tonelada de soja custa entre 80 e 155 rica Latina por rodovias e vi que Rondônia estava em dólares por modal rodoviário. Utilizando o modal rodo- posição geográfica ímpar naquele cenário que então viário e o corredor fluvial Madeira Amazonas, a econo- se traçava. mia foi de 30 dólares por tonelada de soja transportada A instabilidade política e econômica em nosso e posta no Porto de Roterdam, comparativamente ao País e nos países vizinhos fez com que esse plano menor preço, 60 dólares, por modal rodoviário. fosse postergado, mas em 1992, liderando caravana Em estudo realizado pela Fundação Getúlio Var- pioneira composta por 25 pessoas – entre empresários, gas e pela Universidade de São Paulo para a Bolsa de políticos e técnicos de vários Ministérios –, partimos Mercadorias e Futuros – BM&F, denominado Impacto em busca da saída para o Pacífico, revivendo, guar- Econômico e Espacial do Desenvolvimento do Centro dadas as proporções, as aventuras e desventuras que Oeste Brasileiro e Abertura de um Eixo de Comércio portugueses e espanhóis conheceram nos primeiros Exterior com o Pacífico, de 30 de junho de 2003, é feita tempos da colonização da América do Sul, nos sécu- a relação entre o crescimento populacional da Ásia, los XVI e XVII. especialmente da China, e o potencial que Rondônia Conseguimos cumprir nossa meta e provamos e Mato Grosso têm para atender essa demanda de que era possível transpor os Andes e chegar, via ter- alimentos, facilitado pela proximidade geográfica dos restre, até a costa peruana. Vimos que muito teria de 2 Estados com a costa do Oceano Pacífico. ser feito. Naquela época, eram poucos os trechos das Na área diplomática, muito foi feito. O ex-Presi- estradas percorridas em condições de tráfego o ano dente Fernando Henrique Cardoso lançou bases só- todo. Eram necessárias obras de contenção de en- lidas para que a aproximação dos países da América costas, pontes, bueiros e infra-estrutura para abrigar do Sul não se ativessem apenas a laços diplomáticos, os viajantes, sejam turistas, sejam vendedores, sejam mas também aos comerciais e de intercâmbio cultural. caminhoneiros. O tema “saída para o pacífico”, ou os eixos de integra- O tempo passou, e a nossa convicção de estar ção da América Latina, passou a fazer parte do PPA indo na direção certa fez com que realizássemos cen- do Brasil e, logo depois, da pauta de prioridades da tenas de palestras para empresários e estudantes no Brasil, no Peru e na Bolívia, para tentar convencer a Comunidade Sul-Americana. Lembro que a última visi- população em geral e o empresariado em particular de ta do Presidente Fernando Henrique Cardoso ao Acre que todos tínhamos a ganhar com a integração. foi para inaugurar o asfaltamento da BR-317, em Assis Em paralelo a isso, começamos a freqüentar os Brasil, na tríplice fronteira – Brasil, Bolívia e Peru. gabinetes dos Ministérios, e pouco a pouco as coisas O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua foram acontecendo. Onde antes encontrávamos ares vez, começou seu Governo por onde FHC parou: dando de zombaria, de dúvida, passamos a encontrar apoio, continuidade a essa iniciativa ao assinar a ordem de e o que era chamado de Exército de Brancaleone serviço para a construção da ponte sobre o Rio Acre, transformou-se numa bandeira geral. ligando Assis Brasil e Iñapari, no lado peruano. Incomodamos tanta gente que o GEIPOT enco- A criação da Iniciativa para Integração da Infra- mendou um estudo para verificar a viabilidade econô- Estrutura Regional da América do Sul – IIRSA, tendo mica do projeto. Quem leu o documento até o final viu a participação não só dos governos, mas também de o parecer, que vamos reproduzir em síntese: órgãos de fomento e a pressão da iniciativa privada, “O transporte das cargas – especialmente acelerou ainda mais o processo. grãos – que saem do norte do Mato Grosso, Nos últimos 2 anos, vimos a concretização verti- em direção aos portos de Santos e Parana- ginosa de um sonho acalentado há décadas. A luta de 57388 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 anônimos brasileiros, peruanos e bolivianos foi coroada Conseguimos também – e é importante salientar de êxito pelo espírito realizador do Presidente Lula ao que lutamos muito – recursos para a criação da se- anunciar a construção da rodovia interoceânica. Num gunda universidade federal de Mato Grosso do Sul. Já momento em que tentam desacreditar o MERCOSUL, se encontra nesta Casa projeto com urgência consti- a resposta foi a criação da Comunidade Sul-Americana tucional, para que no início de 2005 possamos apro- de Nações, unindo os países do MERCOSUL àqueles vá-lo, fruto de uma luta de mais de 15 anos do povo que são membros da Comunidade Andina. mato-grossense-do-sul, principalmente da região da Esta é a uma resposta prática: os países sul-ame- Grande Dourados. ricanos demonstram, em conjunto, que querem uma Estranhamente, vimos hoje na grande imprensa integração física e política e que têm projetos práticos do meu Estado avaliação de um de nossos compa- para que as nações se interliguem por meio de uma nheiros, um Deputado Federal, que critica a ação da grande rede de infra-estrutura, fortalecendo os laços bancada, dizendo que ela está inerte e não consegue comerciais, hoje bastante longe do ideal. ampliar os recursos do Orçamento. É preciso dizer ao Para finalizar, quero agradecer, sem distinção, a povo do meu Estado que na primeira versão do Orça- todos os que carregaram essa bandeira conosco, não mento de 2004 os recursos giravam em torno de 70 se importando em serem chamados de malucos ou vi- milhões de reais e com a ação da bancada chegamos sionários. Valeu a pena a insistência, valeram a pena a 120 milhões de reais. Estamos lutando para que eles as cansativas viagens, as intermináveis reuniões, a sejam implantados. Lamentavelmente, há contingencia- repetição de um argumento milhares de vezes. mento, dificuldades do superávit, mas já conseguimos liberar para Mato Grosso do Sul mais de 50 milhões de Nunca passou por nossa cabeça estarmos pre- reais do orçamento previsto. Esperamos que até o final gando no deserto. E o resultado aí está: estamos ca- desta semana, quando se fecham os empenhos, Mato minhando para a integração de toda a América Lati- Grosso do Sul possa garantir mais investimentos. na, como Simon Bolívar sonhou e fez com que tantos Com relação ao Orçamento para 2005, a banca- sonhassem o mesmo sonho e o transformassem em da fez hoje sua quarta reunião com o Relator, Senador realidade. Romero Jucá, e, de uma previsão orçamentária de 109 Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divul- milhões de reais, acordamos agora à tarde 160 milhões gação deste pronunciamento nos meios de comunica- de reais para Mato Grosso do Sul de emendas de ban- ção da Casa, a fim de que tão importante fato chegue cada. Acrescidas dos 38,5 milhões de reais das emen- ao conhecimento da população brasileira. das individuais, chegamos a 200 milhões de reais. Muito obrigado. Com o trabalho da bancada federal junto ao DNIT Desejo a todos um próspero Ano-Novo. e ao Ministério dos Transportes, tínhamos previsão de O SR. ANTÔNIO CARLOS BIFFI – Sr. Presiden- 80 milhões de reais em investimentos para as estradas te, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem federais de Mato Grosso do Sul e conseguimos previ- V.Exa. a palavra. são de 190 milhões de reais para 2005. A ação da bancada, portanto, está-se traduzin- O SR. ANTÔNIO CARLOS BIFFI (PT-MS. Pela do naquilo que Mato Grosso do Sul está recebendo. ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. Pela primeira vez na história, nos 6 anos do Governo o e Srs. Deputados, ocupo a tribuna neste final de ano, nosso Governador consegue chegar a Brasília acom- quando praticamente encerramos as atividades parla- panhado dos 3 Senadores e da maioria da bancada mentares – falta apenas a votação do Orçamento para federal, o que não acontecia no passado. Isso é fruto 2005 –, para fazer breve relato da atuação da bancada do trabalho de unidade da nossa bancada. de Mato Grosso do Sul, que, apesar de ser composta Lamentamos a declaração impensada do Depu- apenas por 8 Deputados e 3 Senadores, tem prestado tado Federal Vander Loubet. S.Exa. está mal informado a respeito do que vem ocorrendo, precisa participar grande trabalho àquele Estado e ao Brasil. mais das reuniões de bancada, estar mais perto da Durante este ano, a bancada atuou de forma efe- bancada e de alguns Ministérios e dar o seu apoio para tiva no sentido de dar solução aos graves problemas que efetivamente os 11 Parlamentares que compõem de Mato Grosso do Sul, administrado há 6 anos pelo a nossa bancada ampliem as conquistas logradas até Partido dos Trabalhadores, pelo companheiro Zeca do o momento. PT. Conseguimos, por exemplo, graças ao trabalho junto Sr. Presidente, desejo neste momento dar uma à Caixa Econômica Federal, ao Ministério da Saúde, resposta ao povo de Mato Grosso do Sul, que não me- ao Governador do Estado e ao Ministério da Saúde, rece esse tipo de declaração. Isso enfraquece a nossa recursos para a Santa Casa de Campo Grande, um ação junto aos Ministérios e o conceito da bancada fe- dos maiores hospitais do Brasil e que passa por séria deral conquistado ao longo dos últimos anos perante crise estrutural. Em Dourados, conseguimos implantar o nosso povo, uma recuperação não só da imagem do o equipamento do Hospital Universitário, a nova Santa homem público, mas também do nosso Poder. Casa de Dourados. Foram aplicados mais de 5 milhões A grande maioria da bancada, Senadores e Depu- de reais do Governo Federal. tados, está em Brasília, trabalhando na Comissão de Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57389 Orçamento para conseguir junto aos Ministérios a li- ações pouco corretas tomadas pelo Governo do Pre- beração de verbas nestes momentos finais. sidente Lula ao longo desse processo eleitoral. Desejo a todo o povo sul-mato-grossense e ao Tenho feito questão de dizer a todos os cida- povo brasileiro um feliz 2005. Que a perspectiva de uma dãos que me abordam pedindo um balanço do ano vida melhor realmente se efetive no próximo ano. que não se pode considerar este ano perdido, afinal Sr. Presidente, era este o registro que queria de contas, trabalhamos e produzimos. Estamos hoje fazer. aqui e provavelmente estaremos amanhã, na Câmara Muito obrigado. dos Deputados e no Senado Federal, em sessão con- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- junta do Congresso Nacional, quando iremos votar e cedo a palavra, pela ordem, ao nobre Deputado Antonio aprovar o Orçamento. Carlos Magalhães Neto. S.Exa. dispõe de 5 minutos. Orgulho-me de dizer que aprovamos, neste ano, O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO projeto de lei complementar de minha autoria que (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. viabilizou a votação da nova Lei de Falências. A pro- Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesses últimos dias posta tramitava na Casa há cerca de 12 anos. Nesta do ano de 2004, tenho sido permanentemente instado Legislatura, houve a decisão firme dos Deputados e a fazer um balanço das atividades legislativas. Senadores de dar celeridade à tramitação dessa nova É evidente que em qualquer balanço é necessário regulamentação falimentar para o Brasil. Finalmente, a inicialmente reconhecer que houve comprometimento matéria foi aprovada, em condições de ser promulgada nos trabalhos da Câmara dos Deputados e do Congres- pelo Exmo. Sr. Presidente da República. so Nacional, ocasionado por 2 razões principais. Além disso, avançamos em alguns pontos da re- A primeira e mais importante é a quantidade forma tributária, da PEC paralela da Previdência e em absurda de medidas provisórias que ano a ano são modificações importantes para o sistema de ensino su- editadas. Elas tramitam na Câmara dos Deputados e perior do Brasil. Entretanto, Sr. Presidente, considero no Senado Federal e trancam a pauta de votações e a que esses avanços precisam ser transformados em agenda do Congresso Nacional. Digo isso com grande decisões mais arrojadas no próximo ano. pesar, porque o PT do passado, o PT das oposições, O ano de 2005 não pode ser pautado pelas dis- o PT dos discursos ferrenhos sempre se colocou con- putas eleitorais. Vamos deixar para discutir as eleições tra a edição das medidas provisórias. E muitas vezes em 2006. É natural que cada partido já comece a si- crucificou o ex-Presidente Fernando Henrique Cardo- nalizar qual será o seu posicionamento, que queira ter so por usar e abusar desse expediente. Infelizmente, um projeto nacional próprio. Inclusive nosso partido o Presidente Lula, quando chegou ao Governo, es- pretende apresentar um projeto alternativo ao que está queceu o passado, os diversos pronunciamentos que no Poder. Contudo, não podemos deixar que os ânimos não somente ele mas todos os Parlamentares de seu eleitorais ou pré-eleitorais do ano de 2006 prejudiquem partido fizeram ao longo de sua história. Além de man- a pauta de votações da Câmara e do Senado em 2005. ter esse volume absurdo de edição de medidas pro- Se, por um lado, avançamos na PEC da Previdência visórias, seu Governo foi capaz de aumentá-lo. Essa e na reforma tributária, por outro, não concluímos de- foi uma das causas. finitivamente essas votações. No momento oportuno – talvez um pouco tardio, Há ainda uma matéria que está paralisada na Co- mas ainda oportuno –, o Congresso Nacional reagiu missão de Constituição e Justiça e de Cidadania por e, por decisão conjunta dos Presidentes João Paulo falta de acordo político e que precisa progredir, ser vo- Cunha e José Sarney, constituiu Comissão Especial tada, aprovada ou rejeitada. Refiro-me, Sr. Presidente, para rever toda a matéria sobre as medidas provisó- à reforma política, que gera controvérsias, discussões rias, seja sobre sua edição, seja sobre sua tramitação acaloradas e divergências, porém é importante para o e seus limites. Essa Comissão já está se reunindo e vai sistema político brasileiro. Trata-se de matéria de van- apresentar um projeto inovador. O Relator é o grande guarda, cujas transformações vão proteger o próprio Deputado Sigmaringa Seixas e o Presidente, o Sena- Congresso Nacional e os políticos brasileiros. Temos dor Antonio Carlos Magalhães. Ela vai oferecer a esta que definitivamente nos posicionar: aprovar aquilo Casa um novo processo de tramitação das medidas que é objeto de consenso e discutir, de forma mais provisórias, que, em parte, resolverá esse problema. prolongada e equilibrada, o que não é concordância Há um segundo fator que comprometeu os tra- coletiva. O que não podemos é deixar essa matéria balhos legislativos deste ano: a desorganização que dormitando na Comissão de Constituição e Justiça e se instalou dentro do coração da base do Governo, de Cidadania. devido a um processo não muito bem conduzido de Encerro este pronunciamento, o último de 2004, articulação política nas eleições municipais. O que se conclamando os líderes partidários para, num acordo viu? Logo depois de passado o pleito de outubro, uma da Casa, fazer uma pauta produtiva para 2005. Temos reação feroz de Parlamentares que compõem partidos de começar votando, logo no início dos trabalhos, da própria base aliada se recusando a votar matérias essas matérias tão importantes para o Brasil. Temos importantes para o País, como forma de protesto contra que pensar naqueles que são os nossos fiscais, os 57390 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 verdadeiros donos de nossos mandatos, os milhares Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, encerro de eleitores brasileiros, que se orgulham, sim, do seu meu pronunciamento desejando a todos, particular- Congresso Nacional, mas são fiscalizadores e sabem mente aos moradores de Brasília, feliz 2005. Será um cobrar. A cobrança de nossos fiscais é o farol sinaliza- ano de grandes avanços, assim como foi 2004. Com dor de nossas posições e decisões políticas. certeza, o grande avanço será equacionar a crise do Felicito V.Exa. e todos os Parlamentares, dese- desemprego. Sem dúvida alguma, sob administração jando um ano de 2005 muito próspero, muito feliz e de do Presidente Lula, Já houve redução no índice de muito trabalho para esta Casa. desemprego, mas é preciso avançar. Espero que con- Muito obrigado. sigamos essa vitória para o povo brasileiro. O SR. WASNY DE ROURE – Sr. Presidente, peço Muito obrigado. a palavra pela ordem. O SR. HAMILTON CASARA – Sr. Presidente, O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem peço a palavra pela ordem. V.Exa. a palavra. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem O SR. WASNY DE ROURE (PT-DF. Pela ordem. V.Exa. a palavra. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. O SR. HAMILTON CASARA (Bloco/PL-RO. Pela Deputados, neste final de ano, destaco o trabalho da ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, é uma Comissão Mista do Orçamento, especificamente do honra vir à tribuna em momento em que V.Exa. preside Deputado Paulo Bernardo, dos Relatores-Setoriais e os trabalhos. Deputado Inocêncio Oliveira, V.Exa. nos do Relator-Geral, Senador Romero Jucá. tem dado muitos exemplos. Acima de tudo, com seus Naturalmente, há desafios com relação à amplia- ensinamentos ao longo dos anos, tem feito com que ção da isenção fiscal do Imposto de Renda, ao aumento busquemos cada vez mais a harmonia nesta Casa. do salário mínimo na Previdência Social e à questão Primeiramente, cumprimento o nobre Deputado referente à Lei Kandir, que exigirá do Governo Federal Anselmo de Jesus, meu companheiro do Estado de aporte de recursos, sobretudo aos Estados exporta- Rondônia que se faz presente, e o Deputado Paes dores, no valor de 5,3 bilhões de reais. É uma tarefa Landim, que se encontra à mesa, para então fazer um gigantesca. Foi ampliado o valor das emendas dos Srs. balanço das nossas atividades parlamentares nesta Parlamentares de 2,5 para 3,5 milhões de reais, como Casa e, acima de tudo, cumprimentar os brasileiros, também das emendas de bancada. em especial o valoroso povo de Rondônia, que tem Em nome da população do Distrito Federal, agra- ajudado aquele Estado tão novo a despontar em todos deço ao Relator, que deslocou os 89 milhões de reais, os segmentos da economia do País. Que a bancada preliminarmente previstos, para 119 milhões de reais, federal de Rondônia possa intensificar suas ações em posteriormente, fechou em torno de 156 milhões de prol daquele povo. reais. Trata-se de significativo aumento do valor das Ao findar este ano de 2004, nossa bancada deve emendas de bancada deste ano, que esteve em torno voltar-se para um plano de desenvolvimento que busque de 109 milhões de reais. Será uma grande oportuni- acima de tudo dar a Rondônia a alavancagem de que dade para o Governo do Distrito Federal. o Estado precisa para gerar emprego e renda para a Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao regis- população, mediante atividades dos diversos setores trar meus cumprimentos de final de ano à população da economia, de forma a promover a circulação de ri- do Distrito Federal, aos servidores da Casa, aos Srs. queza, fortalecer a economia do Estado e acenar para Parlamentares, quero lamentar a decisão do Supremo a população com perspectiva positiva. Tribunal Federal que acatou a Ação Direta de Incons- Despedindo-me de 2004 e já saudando 2005, titucionalidade, impetrada contra decisão da Câmara que pensemos num programa de desenvolvimento dos Deputados e do Senado Federal em relação ao que envolva todas as forças políticas do nosso Estado, reajuste de 15% de seus servidores. no âmbito do Executivo, do Legislativo e do Judiciá- Naturalmente, o Presidente desta Casa encami- rio, ouvindo cada setor: o da pesca e da agricultura, o nhou para votação em plenário projeto de lei conce- florestal, o comercial e o industrial, de maneira a for- dendo aumento de 15% aos servidores. Mas é neces- talecer esses segmentos e incluir nesse grande plano sário que o Senado Federal o aprove. Caso contrário, de desenvolvimento todas as variáveis necessárias ao no próximo mês, o Departamento de Pessoal terá de conjunto da nossa sociedade. cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal e os Temos de necessariamente pensar em um gran- servidores terão que devolver 45% de seus salários. de projeto de desenvolvimento para Rondônia, que Aproveito a oportunidade para fazer um apelo à inclua as variáveis social, cultural, política, ética e Mesa Diretora desta Casa para que sensibilize, ainda ambiental. nos últimos dias deste ano, a Presidência do Senado No que se refere aos recursos naturais, precisa- Federal, a fim de que coloque em votação o projeto de mos fazer com que se transformem em oportunidades lei aprovado pelo Plenário desta Casa. para os rondonienses e os brasileiros, evidentemente Cumprimento a Presidência da Casa e sua Mesa protegendo estoques estratégicos de materiais gené- Diretora pela celeridade dada a esse processo. Infeliz- ticos, tão necessários para que novas atividades eco- mente, a situação não está plenamente resolvida. nômicas e novos postos de trabalho surjam no País. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57391 No que diz respeito ao setor agropecuário, pode- uma Comunicação de Liderança, pelo PTB. S.Exa. se perfeitamente buscar a conciliação entre atividade dispõe de 6 minutos na tribuna. econômica e área de proteção, dando um belo exem- DISCURSO DO SR. DEPUTADO PAES plo a toda a Amazônia e ao Brasil. LANDIM QUE, ENTREGUE À REVISÃO DO Quanto à pecuária, o setor começa a se verticali- ORADOR, SERÁ POSTERIORMENTE PU- zar. Podemos trabalhar no melhoramento genético, na BLICADO. área de sanidade animal, no manejos de pastagens e em outros instrumentos. Assim como nesse segmento, O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Infor- podemos fortalecer outras políticas, como a agrícola, a mo aos Srs. Deputados que a continuação da sessão do florestal, a pesqueira, a ambiental, conciliando ações Congresso Nacional convocada por este Presidente, em e buscando a harmonia entre atividade econômica e substituição ao Presidente José Sarney (faço parte da serviço de proteção. 1ª Vice-Presidência da Mesa do Congresso Nacional), No Estado de Rondônia, particularmente no en- e marcada para as 19h de hoje foi transferida. torno da BR-364, situam-se Municípios importantes A sessão foi suspensa quando havia quorum de como Porto Velho, Ariquemes, Ji-Paraná, Jaru, Ouro 61 Srs. Senadores e 297 Srs. Deputados. Será reini- Preto, Pimenta Bueno, Cacoal, Vilhena, Colorado e ciada amanhã, às 11h, mantida a pauta de hoje, para tantos outros. Há também o Vale do Guaporé, onde votação de créditos e do Orçamento Geral da União, haverá grandes oportunidades, porque ele engloba as grandes bacias do nosso Estado, como os Rios Gua- cumprindo assim nosso compromisso para com a Na- poré, Mamoré, Madeira e Machado. ção de votarmos a lei mais importante do Congresso E, com certeza, com as oportunidades advindas Nacional, que trata da manutenção da máquina admi- desses recursos hídricos, poderemos gerar outras ativi- nistrativa do País e dos investimentos relativos a infra- dades, fortalecer a pesca, valorizar o pescador, promo- estrutura e geradores de emprego e renda. ver ações em piscicultura e, acima de tudo, incrementar Portanto, transfiro a reabertura da sessão do no Estado a atividade do turismo. Com isso, gera-se a Congresso Nacional, antes convocada para hoje, às sustentabilidade necessária às atividades econômicas 19h, para amanhã, às 11h, no plenário do Senado que se encaixam no eixo da BR-364. Federal, com a mesma pauta de hoje e a votação da É desta forma que vemos a Rondônia do futuro, que os rondonienses esperam: uma Rondônia prós- Lei Orçamentária. pera, onde haja igualdade entre todos. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Apre- Muito obrigado, Sr. Presidente. sentação de proposições. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- Os Senhores Deputados que tenham proposições cedo a palavra ao nobre Deputado Paes Landim, para a apresentar queiram fazê-lo. 57392 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Vai- Eduardo Sciarra, Eliseu Resende, Giacobo, Júlio Re- se passar ao horário de decker, Márcio Reinaldo Moreira, Pedro Fernandes, Roberto Pessoa, Vanessa Grazziotin, Yeda Crusius e VI – COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES Wasny de Roure suplentes; Jovair Arantes, Professor Não há oradores inscritos. Luizinho e Nelson Peregrino, não-membros. Deixaram VII – ENCERRAMENTO de comparecer os Senhores Deputados Edmar Mo- reira José Militão, José Roberto Arruda, Narcio Rodri- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Nada gues, Ricardo Fiuza, Silas Câmara e Walter Pinheiro. mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão. Havendo número regimental, o Senhor Presidente, O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – En- Deputado Delfim Netto, deu por abertos os trabalhos cerro a sessão, convocando outra, para quinta-feira, destinados a instalação e eleição do Presidente e dos dia 30, às 14h. Vice-Presidentes da Comissão. Em seguida, passou AVISOS a palavra ao Presidente da Câmara, Deputado João Paulo Cunha. Em seu pronunciamento, o Presidente PROPOSIÇÃO EM FASE DE RECEBIMENTO da Casa discorreu acerca da importância da matéria DE EMENDAS OU RECURSOS objeto desta Comissão, ressaltando que a construção de uma proposta consensual exigirá, por se tratar de EMENDAS um tema árido e difícil, paciência e determinação. Por fim, elogiou a escolha das lideranças para os cargos RECURSOS de Presidente e Relator da Comissão e informou que a sua presença à instalação desta Comissão mos- (Encerra-se a sessão às 18 horas e 5 trava o compromisso da Mesa da Câmara com uma minutos.) Reforma Tributária. Usaram da palavra os Deputados COMISSÕES Jovair Arantes, Professor Luizinho, Nelson Peregri- no, Pauderney Avelino, Walter Fedman, Renato Ca- ATAS sagrande, Luiz Carlos Hauly, Eduardo Paes, Antonio Carlos Mendes Tamer, Romel Anízio, Júlio Semeghini COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR e Eduardo Valverde. Passou-se à ORDEM DO DIA: ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM Instalação da Comissão e Eleição do Presidente e TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA dos Vice-Presidentes. O Senhor Presidente, Deputado O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL. Delfim Netto, dando início a Ordem do Dia informou, (SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL) conforme acordo de Lideranças Partidárias, o nome Ata da 1ª Reunião, Realizada em 26 de Feve- do candidato ao cargo de Presidente: Deputado Mus- reiro de 2003. (Instalação e Eleição do Presidente sa Demes, pelo PFL. A seguir, convidou o Deputado e dos Vice-presidentes) Pauderney Avelino para auxiliar à Mesa no processo de votação. Procedida a chamada nominal dos parla- Aos vinte e seis dias do mês de fevereiro de dois mentares, votaram os Deputados Carlito Merss, Jorge mil e três, às dezesseis horas e quarenta minutos, no Bittar, Luciano Zica, Paulo Bernardo, Paulo Rubens, Plenário 01, do Anexo II da Câmara dos Deputados, Virgílio Guimarães, Eduardo Paes, Machado, Mussa sob a presidência do Deputado Delfim Netto, na for- Demes, Pauderney Avelino, Antonio Cambraia, Júlio ma do art. 39, § 4º, in fine, do RICD, reuniram-se os Semeghini, Luiz Carlos Hauly, Walter Feldeman, Del- Deputados membros da Comissão Especial destinada fim Netto, José Militão, Ronaldo Vasconcellos, Sandro a efetuar estudo em relação às matérias em tramitação Mabel, Renato Casagrande, Lupércio Ramos e André na Casa, cujo tema abranja o Sistema Tributário Na- Zacharow, titulares: Wasny de Rouge, Eduardo Sciarra, cional. Compareceram os Senhores Deputados André Pedro Fernandes e Vanessa Grazziotin, suplentes. En- Zacharow, Antonio Cambraia, Beto Albuquerque, Del- cerrada a votação e aberta a urna, verificou-se a coinci- fim Netto, Eduardo Paes, Gerson Gabrielli, João Leão, dência entre o número de votantes e o de sobrecartas: Julio Semeghini, Luiz Carlos Hauly, Lupércio Ramos, 25 ( vinte e cinco). Processada a apuração, o Senhor Machado, Mussa Demes, Pauderney Avelino, Rena- Presidente proclamou o resultado, declarando eleito e to Casagrande, Romel Anizio, Ronaldo Vasconcellos, empossado para o cargo de Presidente, o Deputado Sandro Mabel, Sérgio Miranda, Walter Feldman, Carli- Mussa Demes, com 24 ( vinte e quatro) votos válidos. to Merss, Jorge Bittar, Paulo Rubens Santiago, Virgílio Com a palavra, o Senhor Presidente eleito, Deputado Guimarães, Paulo Bernardo e Luciano Zica, titulares; Mussa Demes, designou, nos termos do art. 41, VI, Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57393 do RICD, o Deputado Virgílio Guimarães, Relator da que exigirá muita paciência e determinação até que se Comissão Especial. Falaram ainda, os Deputados construa a proposta mais consensual possível. Ronaldo Vasconcellos, Carlito Merss, Sandro Mabel, Os Governadores também terão papel fundamen- Rubem Santiago, Gerson Gabrielli, Wasny de Roure, tal nesse debate, bem como as entidades empresariais Antonio Cambraia e João Leão. Nada mais havendo a e de trabalhadores. Enfim, a cidadania brasileira, que tratar, o Senhor Presidente, Deputado Mussa Demes, já contribui de forma direta ou indireta para a arreca- encerrou a presente reunião, às dezoito horas e sete dação nacional, passará a ter a partir de agora desta- minutos, convocando outra para o dia 13 de março do cado papel na construção dessa proposta. corrente ano, às dez horas, no plenário doze. A pre- Evidentemente, como bem disse o companhei- sente reunião foi gravada e suas notas taquigráficas, ro e amigo Delfim Netto, o Deputado Mussa Demes é após decodificadas farão parte integrante desta Ata. E, identificado com o tema e, com sua recente experiência para constar, eu, Angélica Maria Landim Fialho Aguiar, como Relator da reforma tributária, dará grande contri- secretária, lavrei a presente Ata, que depois de lida e buição à Comissão no exercício da presidência. aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e irá O Deputado Virgílio Guimarães, indicado para a à publicação. Relatoria da Comissão pelo Partido dos Trabalhadores, O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) por intermédio do seu Líder, Deputado Nelson Pelle- – Havendo número regimental, declaro abertos os tra- grino, é sabidamente preparado no que diz respeito balhos da presente reunião e instalada esta Comissão à história econômica e política do País, além de ter a Especial destinada a efetuar estudo em relação às virtude de saber dialogar e ouvir todas as opiniões – e matérias em tramitação na Casa cujo tema abranja o tenho certeza de que assim agirá para estabelecer o Sistema Tributário Nacional – REFTRIBU. que é a média da Comissão. Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, devo Esse comando, sustentado pela experiência dos vários companheiros que aqui vejo, dará ao País – tenho esclarecer que estou presidindo a reunião neste iní- certeza – a melhor reforma tributária possível. Muito cio de nossos trabalhos em função de triste fato: sou provavelmente não será a reforma tributária ideal, por- o membro mais velho da Comissão. Assim, o exercício que cada um ou cada partido tem a sua; será a reforma da presidência deve-se apenas à tragédia da idade. possível, levando-se em consideração a composição Em nome de todos, agradeço ao ilustre Presidente do Parlamento, o momento que vivemos e a correlação da Casa a presença. Certamente, esta Comissão será de forças que se estabeleceu na sociedade brasileira. uma mais importantes para as reformas que pretende- Estou certo de que formularemos uma reforma que mos implantar – e o Brasil muito depende delas. ajudará o Brasil a dar um passo adiante. Mediante acordo partidário, a Presidência desta Fiz questão de comparecer para mostrar o com- Comissão será ocupada pelo Deputado Mussa De- promisso da Mesa da Câmara dos Deputados com mes, grande conhecedor da área das finanças. A Re- esta Comissão, com o tema e, conseqüentemente, latoria ficará a cargo do Deputado Virgílio Guimarães, com o Brasil. que vem trabalhando conosco há algum tempo e cuja Quero deixar meu abraço para o Deputado Delfim eficiência já pôde ser demonstrada. Convido os dois Netto, que vai continuar conduzindo os trabalhos até Deputados para fazerem companhia na mesa a este que se processe a eleição da Mesa, e para os Depu- velhinho. (Risos.) tados Mussa Demes e Virgílio Guimarães, que, com Após ter tido o privilégio de abrir nossos traba- certeza, representarão esta Casa, os partidos e a so- lhos, passo a palavra ao ilustre Presidente da Casa, ciedade brasileira de forma correta e altiva, fazendo o Deputado João Paulo Cunha. melhor para o Brasil. O SR. PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPU- Agradeço a todos a atenção e peço licença para TADOS (João Paulo Cunha) – Deputado Delfim Netto, me retirar, pois ainda vou participar da instalação de V.Exa. não é somente o mais idoso da Comissão, é outra Comissão e, posteriormente, dar início à Ordem também o mais experiente – e esta foi uma das razões do Dia no plenário. para a escolha de seu nome. Portanto, é conseqüência Muito obrigado a todos. do tempo, mas também da experiência. O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES – Sr. Quero saudar as companheiras e os companhei- Presidente, seria importante que V.Exa. me ouvisse, ros Deputados que hoje passam a integrar esta Co- porque é uma questão de ordem o que o PSDB vai missão, que terá papel fundamental não somente no apresentar neste momento. âmbito da Casa e dos partidos, mas especialmente para O SR. PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPU- a sociedade brasileira. Trata-se de tema árido, difícil, TADOS (João Paulo Cunha) - Deputado Jovair Aran- 57394 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 tes, vou devolver a palavra ao Deputado Delfim Net- Ela é justa e legítima. Entretanto, o assunto deve ser to. S.Exa. está presidindo a reunião, mas vou ouvir a decidido pelo Presidente, ouvindo os Líderes. Embora questão de ordem de V.Exa. o Regimento esteja sendo cumprido, não queremos O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) que seja na base da força e da bota; queremos esta- – Tem V.Exa. a palavra, Deputado Jovair Arantes. belecer uma relação democrática na Casa, em que O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES – Sr. todas as forças políticas tenham oportunidade, e não Presidente, nós, do PSDB, queremos externar nossa apenas o PSDB. preocupação quanto à escolha dos Presidentes e Rela- Obrigado, Deputado Jovair Arantes, pelo alerta tores das Comissões, ou seja, quanto à distribuição de que muito nos ajudará. Pelo menos, como já demons- cargos nas Comissões. O PSDB entende necessário trado, não repetiremos o que V.Exas. não souberam ou discutir sua participação na Presidência ou na Relatoria não tiveram condições de cumprir no passado. de uma das Comissões. Hoje, na ordem de importância Obrigado. dos partidos, o PT é o primeiro; o PFL, o segundo; o O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES – Sr. Pre- PMDB, o terceiro, e o PSDB, o quarto partido. O PSDB sidente, fui citado várias vezes pelo Deputado Profes- sente-se alijado da discussão do processo. sor Luizinho, e eu não tinha... Por isso, queremos registrar nossa preocupação e solicitar a inclusão do partido nessa discussão, sob O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO pena de termos problemas com a bancada, o que, no – Deputado Jovair Arantes, só contra-argumentei, di- futuro, poderá atrapalhar o bom andamento dos tra- zendo que concordava com V.Exa. balhos nesta Casa. O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES – Eu sei. Era a questão de ordem que desejava fazer. Sr. Presidente, é importante... O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO – – Acolho a questão de ordem de V.Exa. e vou remetê- Deputado Jovair, eu disse que concordava com V.Exa. la à Presidência da Casa. Qual o problema? O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES – Depu- – Sr. Presidente, pela ordem. tado Professor Luizinho, não cabe a V.Exa. me negar O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) a palavra, mas, sim, ao Presidente. – Tem V.Exa. a palavra. O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO – V.Exa. alega que eu o citei. Não citei, disse apenas – Sr. Presidente, quero parabenizar o Deputado Jovair que concordava com V.Exa. Arantes. Acredito válido S.Exa. reivindicar o direito de O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES – Sr. o PSDB compor, mediante processo negociado entre Presidente... o Presidente da Casa e as bancadas majoritárias, as O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) Comissões Especiais. Sou profundamente favorável – Por favor, um de cada vez. a isso. Quero dizer que, de nossa parte, S.Exa. terá O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES – Sr. Pre- toda guarida, por mais que tenhamos sido alijados sidente, quero saber se quem pode... desse processo, quando por oito anos o partido de O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO S.Exa. esteve à frente dos trabalhos, ou seja, era a – Sr. Presidente, estou apenas dizendo que não citei maioria aqui. S.Exa.; apenas concordei, o que é diferente. O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES – Não é O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES – Sr. Pre- verdade, Deputado. sidente, se V.Exa. puder me dar a palavra... Só quem O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO – V.Exa. pode verificar a distribuição de todas as Co- pode conceder ou cassar a palavra aqui é V.Exa., e missões Especiais. Sr. Presidente, nós já fomos a não o Deputado Professor Luizinho, a quem sempre quarta bancada. A distribuição era feita da seguinte respeitei como colega nesta Casa. S.Exa. também forma: primeira, segunda, terceira e quinta. A quarta tem de respeitar o meu ponto de vista e o ponto de bancada sempre era excluída. Quero que S.Exa. cite vista partidário. uma Comissão que o PT tenha presidido ou relatado Estamos falando aqui de uma agremiação parti- durante os últimos oito anos. Diga uma, Deputado, e dária, de um partido político brasileiro de grande porte eu lhe darei razão. que tem importantes contribuições a dar às reformas Mesmo assim, porém, mesmo tendo agido de propostas pelo partido do próprio Deputado Professor forma tão autoritária, prepotente e determinada em ex- Luizinho. E, hoje, nós não nos sentimos incluídos no cluir a Oposição, concordamos com sua reivindicação. processo de discussão dessas propostas. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57395 O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO Quero ainda dizer ao Deputado Jovair Arantes – Exatamente por isso concordei com V.Exa., Depu- que também nessas Comissões se aplicarão as regras tado Jovair Arantes. das Comissões Permanentes, ou seja, haverá Vice- O SR. DEPUTADO NELSON PELLEGRINO – Sr. Presidentes, o que permitirá ao PSDB e aos demais Presidente, peço a palavra como Líder. partidos maior participação. O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) Sr. Presidente, era o que, na qualidade de Lí- – Vamos colocar um pouco de ordem em nossa reu- der, tinha a dizer, para darmos início aos trabalhos da nião. Comissão de forma tranqüila e para que V.Exa. possa Acredito que estamos desvirtuando o objetivo conduzir o processo de eleição da Mesa. da reunião. Estamos aqui para eleger os membros da O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) Comissão. Entendo que tem toda razão o companheiro – A demonstração de desejo de participar é muito que apresentou a reclamação, assim como tem razão saudável e absolutamente necessária, porque todos o Deputado Professor Luizinho. Isso é passado e – não aqui têm importante contribuição a dar – cada um de adianta – já está decidido. nós tem conhecimento especial sobre alguma coisa, Na minha opinião, essa discussão está restrita e todas as participações serão importantes. ao Presidente e aos Líderes. Não é prerrogativa des- Com a palavra o ilustre Deputado Pauderney ta Comissão. Essa discussão faz parte da construção Avelino. das quatro Comissões. O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO – Sr. Concordo com V.Exa., apesar de também o PPB Presidente, Deputado Delfim Netto, que muito mais nunca ter recebido uma Relatoria sequer. pela experiência do que pela idade merece presidir O SR. DEPUTADO NELSON PELLEGRINO – Sr. esta Comissão, quero dizer que critiquei a decisão do Presidente, peço a palavra como Líder. Presidente João Paulo Cunha de criar essas Comis- O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) sões Especiais. E o fiz pelo fato de não haver proposta – Tem V.Exa. a palavra. de emenda constitucional que justifique isso. O SR. DEPUTADO NELSON PELLEGRINO – Sr. Após alguma reflexão, contudo, entendo hoje que, Presidente, entendo justo o pleito do nobre Deputado além do fato político que representa, é extremamente Jovair Arantes. salutar a instalação dessas Comissões Especiais, desde Quando o Presidente João Paulo Cunha criou as que tenhamos plataformas sobre as quais possamos quatro Comissões, todos ficamos preocupados, pois iniciar a discussão e que ela não caia no vazio. se trata das Comissões que vão discutir as grandes Bem disse o Presidente João Paulo Cunha, quan- reformas propostas pelo Governo, a saber: a reforma do aqui esteve minutos atrás, ser árido e difícil o tema da Previdência, a tributária, a política e a trabalhista. desta Comissão, tema que atrai a poucos e expurga a Há outras reformas importantes, como a do Po- muitos, tema que devemos levar com a maior respon- der Judiciário e a da segurança pública, e podemos sabilidade, porque diz respeito ao dia-a-dia de cada um advogar perante a Casa que também sejam elas objeto de nós, à União Federal, aos Estados, aos Municípios de discussão, uma vez que também são essenciais. A e, sobretudo, aos segmentos econômicos do País. grave situação da segurança pública no País está hoje Portanto, há imperiosa necessidade de termos a reclamar a retomada desse processo. aqui algo sobre o que nos debruçarmos para proce- Estamos, portanto, sensíveis ao pleito de V.Exa., der à discussão – e isso todos compreendem. Não Deputado Jovair Arantes, afinal o PSDB é uma ban- podemos fazer reuniões sem ter o que discutir. Deve- cada importante. mos aguardar, a meu ver, o que o Executivo vai nos Na mesma linha do que vinha dizendo o Deputado encaminhar. Professor Luizinho, quero dizer ao Deputado Jovair Ainda no Governo Collor, um grupo de notáveis Arantes que é justo o pleito do PSDB. Assim, coloco-me foi constituído exatamente para apresentar proposta à disposição de V.Exa. no sentido de debater o assunto de reforma tributária ao País, proposta que, embora no Colégio de Líderes, de modo que também o PSDB não levada a efeito, foi a base sobre a qual se elaborou seja contemplado, e todos tenham espaços privilegia- a PEC enviada em 1995 pelo Governo do Presidente dos nas Comissões, dando sua contribuição. Fernando Henrique Cardoso. Discutimos essa PEC ao Portanto, Deputado Jovair Arantes, vou procurar longo de dois mandatos, apresentando à sociedade os Líderes Jutahy Junior, José Carlos Aleluia e outros substitutivo elaborado por Comissão Especial, cujo e conversar com o Presidente João Paulo Cunha, a Relator foi o Deputado Mussa Demes. fim de buscar uma solução negociada que assegure E é a partir daí que começo: precisamos buscar ao PSDB seu espaço nesta Casa. atalhos. 57396 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Deputado Virgílio Guimarães, que hoje inicia seu nhamento, porque se prevalecer a primeira hipótese, mandato de Relator da reforma tributária, precisamos não poderíamos instalar esta Comissão Especial no encurtar os caminhos, porque esta é uma reforma es- dia de hoje. Levanto essa preliminar, para saber qual perada com ansiedade pelos brasileiros. Precisamos será o encaminhamento posterior. apresentar propostas concretas ao Brasil e mostrar que O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) realmente vamos fazer a reforma tributária. Precisamos, – Vou responder. Tenho pelo Presidente João Paulo portanto, fazer reuniões e chamar novamente todos os Cunha grande admiração. S.Exa. é um homem afeito segmentos da economia, todos os profissionais envol- à filosofia de Aristóteles, de forma que sua lógica é vidos com a área, discutir e encaminhar uma solução, impecável. Certamente, a segunda hipótese é a cor- partindo do substitutivo do Deputado Mussa Demes, reta, a não ser que V.Exa. queira acrescentar algo a para que, ainda no primeiro ano de mandato do Pre- Aristóteles. sidente eleito, possamos apresentar uma proposta de O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO reforma tributária, que, claro, não irá agradar a todos, – Sr. Presidente, quero deixar claro que o PSDB, para mas que seja de interesse da sociedade brasileira. a frente, terá garantido o direito reivindicado. É só isso. O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) Agora estamos instalando as quatro Comissões. Isso – Muito obrigado. Realmente esse processo é inte- já está decidido. ressante. Ele já foi utilizado na construção do PIS e O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) do PASEP. O Congresso prepara um anteprojeto com – Tem a palavra o ilustre Deputado Renato Casa- a participação do Executivo. Se todos estiverem de grande. acordo, podemos levá-lo a uma comissão definitiva, O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE especial. – Sou Deputado pelo PSB do Espírito Santo. Quero Tem a palavra o ilustre Deputado Walter Feld- fazer uma observação e um questionamento ao Sr. man. Presidente. A Mesa Diretora da Casa decidiu instalar O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Depu- as quatro Comissões. Trata-se de decisão politicamente tado Delfim Netto, a nossa intervenção também se importante e vital para que o Congresso Nacional possa constitui uma questão de ordem pelo fato de sermos debater esses temas de forma mais intensa. Entendo neófitos nesta Casa e ainda estarmos aprendendo, na que, apesar de a Comissão Especial ter a função de prática, as regras regimentais. Da mesma forma que o analisar emendas à Constituição, devemos aproveitar Deputado Pauderney Avelino, também apresentamos esta oportunidade, assim como outras, para fazermos em plenário nossa discordância em relação à criação um grande debate, envolvendo todos os segmentos da dessas Comissões Especiais. Entendemos a alegação política e regimental do Deputado João Paulo Cunha. sociedade que têm a ver com a reforma tributária. Essas Comissões começam a ser instalar, porém to- Quero dar algumas opiniões sobre como devemos dos sabemos que há uma expectativa da sociedade nos conduzir nesta Comissão. Já vamos debater o tema brasileira, talvez do mesmo tamanho da expectativa nesta reunião? Vamos instalar a Comissão hoje? Va- quanto à reforma previdenciária, em relação ao resul- mos decidir hoje a metodologia de trabalho ou apenas tado desta Comissão ou, eventualmente, em relação instalar a Comissão? Vamos definir sua coordenação a votações posteriores no plenário que modifiquem o e marcarmos outras reuniões? arcabouço tributário do nosso País. Sr. Presidente, dependendo da respostas, vou Tendo em vista essa expectativa e também a re- alongar minha intervenção. alidade, apresento essa questão de ordem a V.Exa., O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) até para compreender a reclamação do Deputado – Na verdade, esta reunião destina-se exclusivamente Jovair Arantes e a contradita do Deputado Professor a eleger o Presidente, que, depois, designará o Relator. Luizinho, complementada pelo Líder Nelson Pellegri- A Comissão deverá se reunir hoje ou amanhã. Eles é no. Em relação a essa discussão democrática e regi- que vão resolver e decidir sua forma de trabalhar. mental sobre a necessidade de instalação das quatro O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE Comissões Especiais, contemplando uma determina- – Posteriormente, apresentarei minhas propostas. ção regimental ou pelo menos a vontade regimental O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. dos partidos, tendo em vista sua proporcionalidade, Presidente, quer dizer então que estamos instalando pergunto a V.Exa. se essa questão será remetida ao uma Comissão que não tem proposta. O Governo não Colégio de Líderes ou se a proposta do Deputado Pro- tem proposta e não há proposta sobre a Mesa para a fessor Luizinho será aplicada nas próximas Comissões instalação da Comissão. Estamos instalando uma Co- a serem instaladas. Não está claro para mim o encami- missão para desenvolver quais projetos? Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57397 O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) a nossa concordância – é que esta Casa precisa ter – Superabundam no Congresso Nacional propostas a iniciativa. O Deputado Luiz Carlos Hauly tem razão de reforma tributária. O primeiro passo será a remessa quando diz que o Governo Federal deveria encaminhar dessas sugestões à Comissão. Fizemos isso há pouco sua proposta de reforma tributária. Agora, já que não a mais de seis meses, quando instalamos a Comissão encaminhou e supostamente não a tem, que esta Casa do PIS e do PASEP. Não existia nada. Depois de nos tome a iniciativa. O Presidente João Paulo Cunha foi reunirmos, por sugestão do Presidente, como está muito lúcido ao instalar as quatro Comissões. sendo feito agora – e não se tratava de uma Comissão Acho que deveríamos adiar a discussão, até Especial, não tinha nenhuma característica diferente porque muitos dos questionamentos apresentados – preparou-se um projeto. Quando ficou pronto, foi en- deverão ser dirigidos ao Presidente que será eleito. O viado ao Presidente que instalou a Comissão Especial Deputado Delfim Netto deixou muito claro o seu des- para discuti-lo. conforto por estar dirigindo os trabalhos apenas por O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. ser o Deputado mais antigo. Presidente, só para concluir. Meu questionamento aca- Portanto, Sr. Presidente, que se proceda à elei- ba de ser satisfeito por um ato da Presidência que tem ção do Presidente e à posterior designação do Relator. propostas do Governo passado. A proposta que está Aí, sim, esta Comissão poderá iniciar a discussão, se sobre a mesa é encabeçada pela PEC nº 175 enviada vamos apreciar essa ou aquela PEC, essa ou aquela pelo Governo Fernando Henrique Cardoso. O Governo proposta anterior, e como serão os trabalhos. Acho que Lula da Silva não tem proposta de reforma tributária devemos proceder à votação. É a sugestão que faço. para apresentar à Câmara dos Deputados. Quero fa- Devemos avançar e escolher o Presidente. zer este registro. O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) – Aí surge outra discussão. Se é para a Comissão Muito obrigado. Antes de conceder a palavra ao ilustre fazer a formulação, sem o Governo dar sua posição, Deputado Mendes Thame, devo acrescentar que esta devemos fazer outra discussão. Casa já fez muita coisa sem precisar de sugestões do V.Exa. apresenta o caso do PIS com muita pro- Executivo, como, por exemplo, a Constituição. priedade. Era uma anseio da sociedade, não do Gover- O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO – Sr. no que aceitou a discussão na Casa. Nós aprovamos Presidente, apenas uma sugestão: que V.Exa. dê início a PEC nº 175, mas ela não se viabilizou. O Governo ao processo de votação e dê a palavra a quem dela não aceitou, e a proposta voltou à pauta junto com quiser fazer uso. outras tantas, inclusive várias de minha autoria. Que- O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) ro deixar bem clara minha posição: para se discutir a – Já concedi a palavra ao ilustre Deputado Mendes matéria, é preciso que o Governo Lula apresente sua Thame. Após o início da votação, vamos continuar a proposta. Sem proposta não é possível discutir nada, discussão. porque não se irá a lugar nenhum. Se o Governo tem O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MEN- uma proposta, nós a discutiremos, aceitaremos ou DES THAME – Sr. Presidente, essa discussão envolve não, aperfeiçoaremos ou não. Esta é a posição para a uma questão conceitual, inclusive relacionada ao papel qual o meu partido, o PSDB, tende a direcionar. Espero dos três Poderes. Ela envolve questões constitucionais que esta seja também a posição dos nobres compa- relacionadas à iniciativa privativa do Executivo em de- nheiros da Casa. O Governo é que tem de dar o nor- terminadas matérias, como a Constituição exige. Mais te. Ele é que tem de dizer o que deseja, para depois ainda: dá a entender que o Poder Executivo não quer discutirmos. Ele vai aceitar ou não as modificações assumir o seu papel de definir vencedores e perdedo- que iremos propor. res, e é uma prerrogativa do Poder Executivo, o qual, na O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) verdade, em todas as mudanças, se baseia em trocar – Obrigado. Tem a palavra o ilustre Deputado Eduar- perdas no presente por futuros ganhos. Na realidade, do Paes. ele está querendo dividir o ônus com este Parlamento. O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Sr. Pre- Ou seja, vai dizer que a proposta que encaminhou é sidente, ouvi atentamente as ponderações dos Srs. aquela que nasceu no Parlamento. Deputados que me antecederam e o exemplo sobre o Muito mais grave do que isso é saber qual será ocorrido há seis meses citado por V.Exa. Nós, na Le- o próximo lance. Digamos que este Parlamento, com gislatura passada, fizemos isso também, por exemplo, base no relatório do Deputado Mussa Demes e da na discussão do salário mínimo. O que o Presidente Presidência, elabore um projeto. Esse projeto poderá João Paulo Cunha afirmou – e o Deputado Pauderney tramitar normalmente ou será apenas uma consulta Avelino, falando em nome do PFL, deixou muito claro encaminhada ao Executivo para que ele opine. Se isso 57398 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 ocorrer, estaremos transformando este Parlamento no Regimento, até para debater as quatro principais num órgão consultivo, como se fosse um “conselhão”. reformas de que o País tanto necessita. Uma delas é Ora, isso é uma capitis diminutio que não podemos a reforma tributária, que o Governo anterior não teve aceitar. Na minha opinião, tal situação só se resolve interesse político de aprovar, embora tivesse maioria se trabalharmos no mundo real, e não no mundo vir- no Congresso Nacional. O Congresso discutiu vários tual, com projetos concretos que consubstanciem a projetos de lei, mas faltou vontade política para dar determinação do Executivo, mostrando como que ele ao País uma estrutura tributária que reativaria o pacto quer governar o País. federativo, desoneraria a produção e, principalmente, O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) mudaria o viés da nossa estrutura tributária, hoje pau- – Vou iniciar a votação, depois passarei a palavra a tada no consumo e na renda do trabalho. quem tiver interesse. Em todos os países desenvolvidos, a carga tri- O SR. DEPUTADO ROMEL ANIZIO – Era o que butária incide sobre o patrimônio e sobre a renda do eu ia solicitar a V.Exa., Sr. Presidente. capital. A perversidade de nossa estrutura resulta em O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI – Sr. Pre- uma carga tributária de quase 36% do PIB, que impede sidente, questão de ordem. Sei que V.Exa. está tentando o crescimento econômico, desestimula o investimento fazer o mais importante, a eleição, mas o que está sen- e onera as classes populares e o setor produtivo. O do discutido aqui é exatamente o processo de eleição, momento é oportuno para o Congresso Nacional de- se devemos ou não instalar hoje a Comissão, com a bater o tema com profundidade, especialmente discutir eleição do Presidente e do Relator. Se V.Exa. iniciar a o encaminhamento dessa reforma. votação, estará dando por decidida a posição de que Agradeço a V.Exa. a benevolência. não deve ser dada continuidade ao debate quanto à O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) participação ou não de partidos como o PSDB. – Muito obrigado. Todos queremos a reforma, e tenho certeza abso- Dando continuidade aos trabalhos, vamos passar luta de que reina nesta Casa a intenção de começarmos à votação do Presidente desta Comissão Especial. Já bem para acabarmos bem. É muito importante concluir- estão aqui as cédulas. Esclareço aos nobres pares que mos a reforma, criarmos um ambiente de construção. esta Comissão é composta de 38 Deputados titulares Todos os partidos estão aqui para construir e fazer as e igual número de suplentes, em conformidade com o reformas de que o País precisa. Acho que não deve Ato da Presidência, que passo a ler. ser dada continuidade à votação sem avançarmos no “O Presidente da Câmara dos Deputados, debate, nem que a conclusão seja pela votação. nos termos do art. 17, inciso I, alínea “m”, dos Há mais inscritos para falar sobre esse processo. arts. 22, inciso II, e 33, parágrafo 1º, do Regi- Solicito a V.Exa. que leve em conta minha sugestão. mento Interno, decide: Esta reunião é muito importante para o andamento da 1 – Constituir Comissão Especial desti- Comissão. Espero que continue como sempre foi. nada a efetuar estudo em relação às matérias O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) em tramitação na Casa cujo tema abranja o – Agradeço a V.Exa. Na verdade, estamos cumprindo Sistema Tributário Nacional, e resolve desig- a determinação do Presidente da Casa. Não estamos nar para compô-la, na forma indicada pelas fazendo nada mais do que isso. A decisão já foi tomada. Lideranças, os Deputados constantes da re- Todas as objeções devem ser dirigidas ao Presidente lação anexa. da Casa. Estamos cumprindo nossa tarefa. Disseram 2 – Convocar os membros ora designados que eu era o mais velho, sentei-me aqui e estou tentan- para reunião de instalação e eleição a realizar- do cumprir essa tarefa, mais nada. Devemos cumprir se no dia 26 de fevereiro, quarta-feira, às 15 a decisão do Presidente e fazer a eleição. horas, no Plenário 1 do Anexo II.” Vou conceder a palavra ao Deputado Patrus Ana- Está iniciada a votação. nias e, em seguida, iniciar a votação. O SR. DEPUTADO EDUARDO VALVERDE – Sr. Peço ao Secretário que comece a convocar os Presidente, peço vênia, pois pedi a palavra há cerca de Srs. Deputados. quinze minutos e não tive a benevolência de V.Exa. O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO – O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) Iniciado o processo de votação, passo a chamar os – Tem V.Exa. a palavra. Parlamentares do PT. O SR. DEPUTADO EDUARDO VALVERDE – Acho Deputado Carlito Merss. (Pausa.) que o Presidente João Paulo Cunha tomou a atitude Deputado Jorge Bittar. (Pausa.) correta ao instalar as Comissões Especiais previstas Deputado Luciano Zica. (Pausa.) Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57399 Deputado Paulo Bernardo. (Pausa.) Deputado Eliseu Resende. Deputado Paulo Rubem Santiago. (Pausa.) Deputado Júlio Cesar. Deputado Virgílio Guimarães. (Pausa.) Deputado Gervásio Silva. Deputado Walter Pinheiro. (Ausente.) Deputado Roberto Pessoa. Deputados do PFL. (Pausa.) Suplentes do PSDB: Deputado Eduardo Paes. (Pausa.) Deputado Anivaldo Vale. Deputado Gerson Gabrielli. (Ausente.) Deputado Antonio Carlos Mendes Thame. Deputado José Roberto Arruda. (Ausente.) Deputado Yeda Crusius. Deputado Machado. (Pausa.) Suplentes do PPB: Deputado Mussa Demes. (Pausa.) Deputado Augusto Nardes. Deputado Pauderney Avelino. (Pausa.) Deputado Júlio Redecker. Deputado José Carlos Aleluia. (Pausa.) Deputado Márcio Reinaldo Moreira. Os Deputados do PMDB que comporão a Comis- Falta um Deputado do PPB. são ainda não foram indicados. Suplente do PTB: Deputados do PSDB. Deputado Pedro Fernandes. Deputado Antonio Cambraia. (Pausa.) Deputado Julio Semeghini. (Pausa.) Suplentes do PL: Deputado Luiz Carlos Hauly. (Pausa.) Deputado Jaime Martins. Deputado Narcio Rodrigues. (Pausa.) Deputado João Caldas. Deputado Walter Feldman. (Pausa.) Deputado João Paulo Gomes da Silva. Deputados do PPB. Suplente do PCdoB: Deputado Delfim Netto. (Pausa.) Deputada Vanessa Grazziotin. Deputado Ricardo Fiuza. (Pausa.) Vinte e cinco Srs. Parlamentares votaram. Deputado Romel Anizio. (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Delfim Netto) Deputados do Partido Trabalhista Brasileiro. – Vinte e cinco Deputados votaram. É a maioria. Va- Deputado José Militão. (Pausa.) mos passar à apuração. Deputado Ronaldo Vasconcellos. (Pausa.) Convido o ilustre Deputado Pauderney Avelino Deputado Silas Câmara. (Pausa.) para permanecer na Mesa e nos ajudar na apuração. Deputados do PL. (Pausa.) Deputado Edmar Moreira. (Pausa.) São 25 envelopes. Terminou a apuração. Com 24 Deputado João Leão. (Pausa.) votos, foi eleito Presidente da Comissão o Deputado Deputado Sandro Mabel. (Pausa.) Mussa Demes. Deputados do PSB. O ilustre Deputado Mussa Demes obteve 24 vo- Deputado Beto Albuquerque. (Pausa.) tos e está eleito Presidente. (Palmas.) Deputado Renato Casagrande. (Pausa.) Tenho o prazer de passar a palavra ao novo Pre- Deputados do PPS. sidente para que dê continuidade à sessão. Deputado Lupércio Ramos. (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Deputados do PDT. – Nos termos do art. 41, inciso VI, do Regimento Interno, Deputado André Zacharow. (Pausa.) designo para a Relatoria da Comissão o Sr. Deputado Deputados do PCdoB. Virgílio Guimarães. (Palmas.) Deputado Sérgio Miranda. (Ausente.) Aproveito este primeiro contato com todo o gru- Do PT, um suplente. Deputado Ary Vanazzi. (Pausa.) po para agradecer a todos a presença e a confiança Deputado José Mentor. (Pausa.) que demonstram ter no Presidente que acabam de Deputado Paulo Pimenta. (Pausa.) eleger. Deputado Reginaldo Lopes. (Pausa.) Tendo em vista que muitos dos companheiros Deputada Telma de Souza. (Pausa.) presentes daqui a pouco deverão estar no plenário Deputado Vignatti. (Pausa.) da Casa para votação das matérias da Ordem do Dia, Deputado Wasny de Roure. (Pausa.) gostaria, antes de passar a palavra ao Relator, de in- Do PT está completo. dagar do grupo qual seria o dia e o horário ideais para Suplentes do PFL: realização de reuniões semanais. Deputado Aroldo Cedraz. Com a palavra o Deputado Renato Casagran- Deputado Eduardo Sciarra. de. 57400 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE – Sr. O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Obriga- Presidente, nas quartas-feiras funcionam as Comissões do, Deputado. Permanentes. Sugiro as quintas-feiras pela manhã. Sr. Presidente, concordo com a sugestão de re- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) alizarmos os trabalhos da Comissão às terças-feiras, – É também a minha sugestão: quinta-feira, por volta ou quartas-feiras, à tarde, porque, se numa quinta- das 10 horas da manhã, porque teremos Ordem do feira houver Ordem do Dia, teremos de cancelar a Dia toda quinta-feira, conforme decisão do Presidente reunião. No caso de definirmos as reuniões para as João Paulo Cunha. terças-feiras, ou quartas-feiras, à tarde, teremos a op- Ouço o Deputado Pauderney Avelino. ção, quando houver Ordem do Dia mais pesada, de O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO – Sr. nos reunirmos na quinta-feira pela manhã. Assim, não Presidente, na Legislatura passada fazíamos reuni- perderíamos a semana, já que trataremos de matéria ões sistematicamente às 14h ou 14h30min das quar- muito importante. tas-feiras, hora em que a Ordem do Dia ainda não se O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) iniciou e dia em que todos estão em Brasília. Minha – Concedo a palavra ao Deputado Paulo Rubem San- sugestão é de iniciarmos as reuniões, nas quartas- tiago. feiras, às 14h. O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIA- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) GO – Sr. Presidente, em primeiro lugar, quero saudar – Ouço o Deputado Ronaldo Vasconcellos. V.Exa., o Deputado Virgílio Guimarães e o Deputado O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS Delfim Netto, que conduziu esta sessão. – Sr. Presidente, como a Casa é política, o consenso Nas duas últimas legislaturas, na condição de vem com o tempo. Gostaria de lembrar que às quartas- membro titular, acompanhei os trabalhos da Comissão feiras à tarde diversas Comissões se reúnem, como, de Finanças, Orçamento e Tributação, da Assembléia por exemplo, a Comissão de Segurança Pública. Quero Legislativa de Pernambuco, e creio ter feito parte de aproveitar a idéia do Deputado Pauderney Avelino e uma torcida de Parlamentares pelo bom desempenho sugerir que nos reunamos às terças-feiras, às 14h. de V.Exa. na condução dos debates sobre a reforma O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) tributária. – Com a palavra o Deputado Carlito Merss. Chego a esta Casa exatamente a partir da expe- O SR. DEPUTADO CARLITO MERSS – Sr. Pre- riência que tive, repito, em dois mandatos, como titular sidente, sendo um admirador de V.Exa, acredito que da Comissão que trata desta matéria na Assembléia quinta-feira pela manhã seja a melhor sugestão. As Legislativa do Estado. Comissões normalmente funcionam às terças-feiras e quartas-feiras, quando, infelizmente, o volume de Gostaria de falar da surpresa que tive ao cons- reuniões é muito grande. Marcando nossas reuniões tatar a coincidência entre as rotinas das duas Casas para as quintas-feiras, poderemos até mudar um pou- Legislativas. Refiro-me ao fato de os trabalhos de Co- co a agenda da mídia e da Casa em razão da impor- missões serem realizados praticamente só às terças- tância da reforma em questão. Considero quinta-feira feiras e quartas-feiras. o melhor dia. Desejo observar também, conforme já expressa- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) ram alguns Deputados, que, em razão da magnitude – Com a palavra o Deputado Romel Anizio. dos trabalhos a serem desenvolvidos, esta Comissão, O SR. DEPUTADO ROMEL ANIZIO – Sr. Pre- sem dúvida, merecerá tempo destacado, tempo nobre, sidente, também vou discordar, uma vez que esta é poderia assim dizer, para que os trabalhos não fiquem a Casa do contraditório. Penso que nossas reuniões prensados pelo teto, ou seja, quando – às 15h, 16h, devem realizar-se às terças-feiras ou quartas-feiras à 16h30min, ou a qualquer momento – tenhamos de sus- tarde. Tenho dados que comprovam maior freqüência pender os trabalhos para irmos ao plenário votar. Creio nesses dias. ser de bom alvitre que esta Comissão tenha tempo O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) bastante largo para desenvolver suas atividades. – Concedo a palavra ao Deputado Paulo Rubem San- Entendo, a priori, que a ponderação de V.Exa., no tiago. que diz respeito à realização das reuniões às quintas- O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO feiras pela manhã, talvez seja a mais adequada para – Sr. Presidente, parece-me que o Deputado Sandro desenvolvermos o trabalho plenamente. Mabel havia solicitado a palavra. Era o que tinha a dizer. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – Concedo a palavra ao Deputado Sandro Mabel. – Muito obrigado, Deputado Paulo Rubem Santiago. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57401 Como não há consenso e o número de Deputados em relação à negociação com Governadores, traba- presentes a esta primeira reunião ainda está muito lhadores, empresários e conosco, Parlamentares, que aquém do que certamente teremos a partir do início representamos o Brasil inteiro. dos trabalhos, marco a próxima reunião da Comissão Sr. Presidente, conte conosco para o que for de para a primeira quinta-feira seguinte à da semana do interesse nacional. Carnaval, dia 13 de março, às 10 horas da manhã. Continuo a cobrar a proposta do Governo. Segundo informações, na semana do Carnaval não O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) haverá Ordem do Dia no plenário da Casa. Acredito – Obrigado, Deputado Luiz Carlos Hauly. V.Exa., cuja que esse cronograma dará tempo suficiente para re- competência é reconhecida, muito já contribuiu – e con- estruturarmos a Comissão Especial da PEC nº 175, tinuará a fazê-lo – para os trabalhos da Comissão. que funcionou por um bom tempo. Com a palavra o Deputado Gerson Gabrielli. O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO – Ter- O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Sr. ça-feira à tarde é melhor, porque na quinta-feira todos Presidente, é uma satisfação tê-lo no comando da Co- já terão ido embora. missão, ao lado do querido Deputado Delfim Netto, pa- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) trimônio do Brasil, e nosso amigo Virgílio Guimarães. – Não terão, Deputado; não depois de uma semana É muito grande a expectativa dos brasileiros em de folga, como a do Carnaval. relação aos trabalhos desta Comissão, e a eles me Portanto, marco reunião para quinta-feira, dia somo nesse sentimento. Creio que ela está muito bem, 13 de março, às 10h. Aliás, dia 13 é muito bom – dia entregue às mãos de dois Parlamentares competen- do PT. tes e experientes, sabedores da necessidade de con- Quero expressar meus agradecimentos ao Depu- tribuirmos para a reestruturação do caótico sistema tado Delfim Netto, que, com muita competência, mais tributário nacional. uma vez conduziu a presente reunião e permitiu que O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) a eleição se desse ainda hoje. – Com a palavra o Deputado Wasny de Roure. Antes de passar a palavra ao Relator, Deputado O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – Sr. Virgílio Guimarães, para que S.Exa. apresente aos Presidente, inicialmente, desejo cumprimentá-lo, bem companheiros sua proposta de trabalho em relação como o Deputado Virgílio Guimarães, pela tarefa que à matéria, concedo a palavra ao Deputado Luiz Car- assumem não só perante a Presidência da Casa e seus los Hauly. membros, mas também ante a sociedade brasileira, O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. tendo em vista sua magnitude e importância. Presidente, parabéns a V.Exa. e ao Deputado Virgí- Tive oportunidade de ouvir alguns reclamos polí- lio Guimarães. Desejo sucesso a todos. Contem com ticos em razão de o novo Governo não ter apresenta- nossa colaboração. do sua proposta. Creio não haver grandes diferenças Gostaria de fazer uma ponderação com relação políticas entre os partidos no que diz respeito à ma- à fala do Presidente da Casa, Deputado João Paulo téria em análise, em razão de sua magnitude e das Cunha. dificuldades que enseja para a sociedade brasileira e Disse S.Exa. que, entre o ideal e o possível, faria para o Erário. o possível. Apelo para o Relator e para os membros da Sr. Presidente, V.Exa. é a síntese do esforço que Comissão no sentido de optarem pelo ideal. O ideal é esta Casa tem feito para apresentar uma nova proposta olharmos para o mundo. para o País. Naturalmente, nós do PT não teremos ver- O Brasil quer inserir-se na economia mundial. gonha nenhuma em reconhecer o que de importante o Há hoje dois modelos: o americano e o europeu. antigo Governo soube encaminhar nesta área, apesar No Brasil, que nem seguiu um nem outro, deu tudo de, infelizmente, não terem tido capacidade política de errado. Nosso sistema tributário é anárquico, caótico. enfrentar os óbices para implantar uma reforma tão Produziu-se aqui um manicômio tributário, que gera relevante para a sociedade. inúmeros problemas na economia brasileira, como O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) desemprego e instabilidade de empresas. – Obrigado, Deputado Wasny de Roure. Tenho certeza Nosso objetivo – isto é o ideal – deve ser harmo- de que a contribuição de V.Exa., como ex-Secretário nizar o sistema tributário, aproximando-o de um dos de Fazenda do Distrito Federal, será da maior impor- dois modelos atuais. tância para o aperfeiçoamento dos textos já existentes. Não há imposto mais corruptor no mundo do que E V.Exa. também de certo modo participou conosco o ICMS, pois enseja brutal sonegação. Isso para se desses debates no início dos trabalhos da Comissão ter uma idéia do que temos pela frente, por exemplo, sobre a reforma tributária. 57402 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Com a palavra o Deputado Sandro Mabel. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- – Obrigado, Deputado Sandro Mabel. Sou de um Es- sidente, participei da Legislatura de 1995/98. Fui Vice- tado muito mais pobre do que o de V.Exa. Evidente- Líder do Governo. O então Presidente queria fazer uma mente, não trabalharemos para contribuir para que se reforma na CLT mais ou menos semelhante ao que alarguem ainda mais as desigualdades regionais. Tanto se pretende com a reforma tributária, que há anos se isso é verdade que, no substitutivo que acabamos de discute. Comecei a trabalhar com 13 anos de idade. ver aprovado na Comissão Especial, esses Estados Naquela época, meu pai dizia que o Brasil iria melhorar foram efetivamente contemplados; inclusive, até para porque estava para acontecer uma reforma tributária surpresa de muitos, com o apoio, na época, do sau- importante. Portanto, já faz mais de trinta anos que ela doso Governador Mário Covas, de São Paulo, Estado é discutida e que eu a espero. que assim mais perde em favor dos demais. Gostaria de sugerir ao Relator que adotássemos o O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sempre princípio que propus para o então Presidente Fernando no curto prazo, Sr. Presidente. Henrique Cardoso. Com autorização de S.Exa., fize- Sou paulista de nascimento. O paulista tem sua mos algumas reformas na área trabalhista. A proposta visão de reforma tributária, que é importante também, seria reformar por grupos de impostos. Conseguimos porque defende seu Estado, que tem de continuar a instituir o contrato por tempo determinado, o banco de crescer, pois lá também vivem pessoas. Entretanto, horas e revogamos uma série de legislações; tirou-se embora perca no curto prazo, está claro que, com um pedaço do Sistema “S” e de uma contribuição que essa reforma, São Paulo ganha no longo prazo. Mas desonerou um pouco a mão-de-obra para algum tipo teremos tempo para debater. de trabalho. Ora, mudança na CLT jamais vai acontecer. Minha sugestão – eu dizia isto ao Presidente, e Podem montar quantas Comissões quiserem, que esta S.Exa. nos deixou avançar na idéia – se baseia na ex- Casa nunca vai reformar a CLT. Também não vai fazer periência que tive, uma vez que participei da criação reforma tributária, de maneira geral. Acho que deverí- da legislação trabalhista. Por etapas, conseguimos amos pegar por grupos de impostos. Como sugestão, revogar um monte de leis que não serviam mais e im- cito a CPMF, que, como já se comprovou, pode servir plantar uma série de modificações importantes para de intermediária quando da mudança de um grupo de manutenção e geração de novos empregos. impostos. Pegando por grupos de impostos, ao longo O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) do tempo, fazemos a reforma tributária. – Obrigado a V.Exa. pela participação. Tenho certeza Já entro nesta Comissão discordando da reforma de que a contribuição de V.Exa. será muito mais efetiva tributária, da forma como está posta, porque sou per- no decorrer dos debates. tencente a um dos Estados pobres da Federação; ou Concedo a palavra ao nobre Deputado Antonio seja, represento um dos Estados pobres, que, por ser Cambraia, do Ceará. desigual, não pode ser tratado igualitariamente. Não O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – Sr. adianta. É diferente do que pensa o Deputado Luiz Presidente, Deputado Mussa Demes, na verdade, o Carlos Hauly, é diferente do que pensa o pessoal de PFL foi muito feliz em indicar V.Exa para presidir esta São Paulo, de Minas e do Rio. Goiás, Sergipe, enfim, Comissão Especial; V.Exa. que há tantos anos cuida da os Estados do Nordeste devem pensar diferente. Nós reforma tributária no Brasil. Lembro que, no início na somos diferentes. Precisamos de guerra fiscal e de década de 1990, na condição de Secretário de Finan- subsídios, senão ninguém instala empresas lá, onde ças da Prefeitura de Fortaleza e, depois, de Prefeito de há onça. Ou vamos todos para a lavoura, literalmen- Fortaleza, tantas vezes procurei V.Exa. a fim de obter te. Repito: acho que devemos reformar por grupos de informações sobre o andamento da reforma tributária impostos. Trabalharei na Comissão sempre com essa na Câmara dos Deputados. Depois, na qualidade de proposta. membro desta Casa, acompanhei o trabalho de V.Exa. Desse modo, gostaria que o Relator e o Presi- como Relator da Comissão Especial da Reforma Tri- dente, com a experiência que têm, analisassem minha butária, que culminou com a apresentação à Casa de sugestão. A reforma tributária está tramitando na Casa um substitutivo, aprovado na Comissão com apenas desde 1995, e há o risco de esta Legislatura passar um voto contrário, proposta que, infelizmente, não foi sem termos construído o Brasil melhor que tantos de- votada no plenário da Casa. sejam. Podemos simplificar muitas coisas. Fico muito contente com a eleição de V.Exa. para Prometi a meu pai que, antes de sua morte, sairá Presidente, porque sei que saberá sistematizar os pelo menos uma parte da reforma tributária que ele nossos trabalhos. Na verdade, há uma interrogação espera há trinta anos. a respeito do lugar a que queremos chegar. Há ques- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57403 tões constitucionais, como as prerrogativas do Poder Concedo a palavra ao nobre Deputado Ronaldo Executivo, na proposta de reforma tributária. A matéria Vasconcellos. está em tramitação na Casa; chegaremos a um substi- O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS tutivo a ser apresentado pelo Relator, que será votado – Sr. Presidente, em primeiro lugar, quero elogiar V.Exa por nós para ser apresentado como proposta final, ou por continuar a fazer parte desta Comissão. V.Exa. foi o Governo vai enviar outra. São assuntos que vamos Relator, na legislatura passada, de um projeto que só discutir a partir da primeira reunião desta Comissão. não foi votado devido a uma ação pública do Governo Mas quero parabenizar V.Exa., como também o Depu- Federal de então. Hoje tive o prazer e o privilégio de tado Virgílio Guimarães, de quem passei a gostar nos votar em V.Exa. para a Presidência desta Comissão. quatros anos de convivência na legislatura passada. Quero também antecipar elogios ao Deputado Sei que esta Comissão fará um trabalho de excelência Virgílio Guimarães, que conheço bem de Minas Ge- pelo Brasil. Muito obrigado. rais, até porque caminhamos em campos opostos. Ten- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) do sido Vereador em Belo Horizonte e Presidente do – Obrigado, Deputado Antonio Cambraia. Sindicato dos Economistas de Minas Gerais, S.Exa., Não sei se eu deveria me antecipar ou se o Depu- que tem espírito pragmático e age com sensibilidade tado Virgílio Guimarães deseja fazê-lo, mas posso na resolução de problemas, conhece os assuntos mu- deixar uma sugestão a esse respeito. O Presidente nicipais e os aspectos políticos envolvidos, estando da Câmara, em conversa que manteve comigo sobre qualificado para a tarefa. o interesse de seu próprio partido em que eu compu- Desse modo, o PFL acertou ao indicar V.Exa, sesse a Comissão na condição de seu Presidente, Deputado Mussa Demes, assim como o PT acertou disse-me, de certo modo, o que pretendia fazer, e não na indicação do Deputado Virgílio Guimarães, e acer- foi por acaso que decidi continuar no grupo. Eu pode- tamos ao aceitarmos fazer parte disto. ria ter tido outro destino que não o de Presidente da Quero deixar claro – porque a palavra do Rela- Comissão Especial da Reforma Tributária, mas preferi tor é sempre a mais importante – que vou me dedicar continuar aqui exatamente porque participamos desta aos Municípios brasileiros, que não podem perder no Comissão conscientes de que no Executivo se ultima processo de reforma tributária. Sem querer ser chato, um projeto de reforma tributária cuja referência é o mas sendo redundante, quero dizer o que V.Exa., Sr. texto votado na Comissão Especial. Estimulou-me tam- Presidente, já sabe: devemos trabalhar muito em ques- bém o fato de que, ao longo dos dois ou três últimos tões relativas ao turismo e ao meio ambiente. meses, estivemos discutindo a matéria com base no Desejo felicidades a todos nós, em especial ao texto aprovado anteriormente na Comissão Especial Deputado Virgílio Guimarães. e em outras propostas surgidas ao longo do tempo, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) o que nos proporcionou um texto para compararmos – Muito obrigado ao Deputado Ronaldo Vasconcellos, com o que nos for remetido pelo Poder Executivo. Foi que tanto contribuiu para nossos trabalhos relativos à o que me disse o Presidente João Paulo Cunha. Isso proposta que acabou sendo aprovada na Comissão tornaria, acredito, muito mais fácil um entendimento Especial por 35 votos a 1, bem como ao Deputado aqui no grupo, de maneira que a proposta pudesse Romel Anizio, que foi nosso Terceiro Vice-Presidente, tramitar com mais rapidez. Foi o que me disse o Presi- tendo participando ativamente dos trabalhos. dente João Paulo Cunha, repito. Acredito que o desejo Dito isso, tenho a honra de passar a palavra ao de S.Exa. seja fazer com que a reforma seja aprovada Relator, a quem caberá a responsabilidade maior de ainda neste ano. conduzir este trabalho, Deputado Virgílio Guimarães, S.Exa. disse muito bem ao afirmar que nenhuma meu antigo companheiro na Assembléia Nacional proposta de reforma tributária será consensual em lu- Constituinte. Aliás, por uma feliz coincidência, à Mesa gar nenhum. Quando se pretende fazer uma reforma estão hoje três Parlamentares daquela época: Depu- neutra, em termos de arrecadação, em virtude das tados Delfim Netto, Virgílio Guimarães e eu. dificuldades que sabemos existir no Brasil, País que O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – O estrago não pode perder receita, sempre que alguém for deso- nós já fizemos! (Risos.) nerado do pagamento de uma parcela do tributo outro O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Nós segmento haverá de ser onerado no lugar daquele. En- temos autoridade para mudar. tão, consenso não haverá. O que devemos descobrir Muito obrigado, Deputado Mussa Demes, Depu- são mecanismos que permitam sejam essas transfe- tado Delfim Netto e demais Deputados. rências feitas da forma menos traumática possível para Em primeiro lugar, agradeço a todos a confiança aqueles que terão sua situação agravada. em mim depositada. Ao meu partido por me indicar; 57404 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 ao Colégio de Líderes pelo acerto que fez de acolher o início, ainda na Subcomissão de Tributos. Ou seja, a indicação do PT; ao Deputado José Carlos Aleluia, somos colegas desde a Subcomissão de Tributos, ali, por ter concordado, na qualidade de Líder do PFL, com no início da Constituinte. Portanto, mais do que nin- a indicação de Deputados do PT para Relatores das guém sabemos como é difícil a caminhada e como é Reformas Tributária e Previdenciária. importante termos um bom ponto de partida. De maneira muito especial, quero fazer um agra- O ponto de chegada vamos definir juntos. Evi- decimento ao Deputado Mussa Demes. Quando meu dentemente, terá em seu esqueleto, em sua gênese, o nome foi lembrado para Relator, a primeira preocupa- Projeto Mussa Demes. Mas todos aqui vão participar: ção que senti dizia respeito ao que pensava o Depu- o Deputado Lupércio Ramos, que conheço há menos tado Mussa Demes. Conversei com S.Exa., pessoa tempo, um amigo, com quem aprendi a trabalhar; o despojada, que carrega esta bandeira há tanto tempo, Deputado Antonio Cambraia, já experiente no assun- e S.Exa. me tranqüilizou quando afirmou que também to; o Deputado Ronaldo Vasconcellos, que também iria participar da Comissão. traz sua experiência angariada em vários setores; Minha primeira preocupação ao aceitar a Relato- o Deputado Romel Anizio – Romão, como chamam ria era no sentido de não haver qualquer tipo de confli- S.Exa. no Triângulo Mineiro – , com sua experiência to ou mal-entendido com o Deputado Mussa Demes, acumulada. porque, como se diz, eu sentia o peso da camisa ao Precisamos de todos. Cito o Deputado João Leão, substituí-lo na condição de Relator. Não é fácil – eu meu colega nos quatro últimos anos, tempos de cata- dizia a um colega – herdar a camisa 10 da Seleção cumba – estávamos lá meio sumidos; a mídia não nos Brasileira. Mas esse peso é mais fácil de ser levado via, nem as pessoas. Era aquela confraria, mas lugar tendo S.Exa. ao nosso lado. de aprendizado e companheirismo. Cito o Deputado Sem dúvida alguma, quero ser um Relator que Gerson Gabrielli. Fui seu liderado na Comissão de expresse a Comissão como um todo. Faço questão Economia. E logo eu, que tinha um débito com aquela de apresentar cada relatório ou sugestão de maneira Comissão, porque me dedicava sempre à Comissão coletiva, sobretudo com o apoio de nosso Presidente. de Orçamento, da qual fui Vice-Presidente e Sub-Re- Podemos até enfrentar a dificuldade de não haver, no lator e onde fui Líder do PT. Esperava pagar esse dé- primeiro momento, um projeto claro do Executivo. Mas, bito agora, mas vou continuar devendo, porque, sen- sem dúvida, isso será superado pelo fato de já termos do agora Relator da Comissão Especial da Reforma uma proposta: o substitutivo do Deputado Mussa De- Tributária, não sei se poderei ter com a Comissão de mes, aprovado pela Comissão Especial que funcionou Economia a dedicação que eu gostaria de ter. Cito o na legislatura passada. Deputado Delfim Netto. A experiência de S.Exa. será Portanto, acima de qualquer outro agradecimento fundamental para todos nós. pela indicação recebida de meus companheiros, quero Enfim, a reforma em que vamos trabalhar terá de mencionar o estímulo que recebi hoje pela manhã di- expressar o consenso e o dissenso nacionais. Teremos retamente do Presidente Lula, que fez questão de me de enfrentá-los. E nosso desafio será ainda maior, chamar ao Palácio do Planalto para manifestar seu total porque trabalharemos pari passu com a discussão da apoio à indicação de meu nome e, inclusive, sugerir reforma previdenciária. E aqui quero manifestar publi- quem procurar e como conduzir o processo. camente minha confiança no Presidente da Comissão Além de agradecer pelo estímulo recebido e pela Especial da Reforma Previdenciária, Deputado Roberto confiança, quero manifestar minha felicidade em ter Brant, e em seu Relator, Deputado José Pimentel. ao meu lado o Deputado Mussa Demes, com quem Haverá momentos em que realizaremos audiên- pretendo trabalhar de maneira conjunta. cias públicas e faremos alguns acertos para conduzir- O projeto de S.Exa., a que me referi, será nosso mos a proposta. ponto de partido. Entretanto, quero deixar claro que, Chega aqui o Deputado Eliseu Resende. Depu- em momento algum, como sugeriram alguns, pretendi tado, precisamos definir prazos, a fim de que ainda deixar de lado o debate nacional ou afirmar que esta este ano tenhamos aprovada a legislação infracons- Comissão não tem mais o que fazer ou que o Conse- titucional. Esse é um objetivo a ser alcançado – não lho de Desenvolvimento Econômico e Social a tivesse sei se factível – para que os efeitos do nosso trabalho abolido. Não. Trata-se de um bom ponto de partida para já se façam sentir no próximo ano. um assunto muito polêmico e complexo. Nós três, que Finalizando, cito de forma muito especial o Depu- fomos Constituintes, estamos reformando aquilo que tado Paulo Bernardo. S.Exa., que ora volta ao Congres- fizemos. De maneira mais grave, nós dois, Deputado so Nacional, era uma opção do PT para a Relatoria. Mussa Demes, que participamos do processo desde S.Exa. registrou brilhante passagem pela Comissão Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57405 Mista de Orçamento e foi Secretário da Fazenda do se o Executivo vai ou não concordar com ela. Temos Governo do Mato Grosso do Sul, experiência vitorio- de fazer a reforma tributária que o Brasil quer, que o sa, que, com certeza, se refletirá nos trabalhos, auxi- Brasil deseja, não a reforma tributária imposta pelo liando-nos. Lembro o companheiro Paulo Bernardo, presidente de plantão. Por essa razão, é essencial a presente até há pouco, mas que teve de ausentar-se. criação desta Comissão antes que chegue um projeto Faço questão de fazer referência especial a S.Exa., do Poder Executivo, que deverá inspirar-se na proposta pois que, sem dúvida alguma, poderia ocupar esta que produzirmos aqui. Presidência, quem sabe, até com melhor desempenho. Fiquei um pouco preocupado ao observar que as De todo modo, conto com seu companheirismo e sua pessoas estão com dificuldade de assumir responsabi- ajuda. Gostaria muito que S.Exa. tivesse posição de lidades, achando que o mal tem de ser feito pelo Exe- relevo na Comissão. cutivo, restando para nós o bem, o bom. Não, temos Com a união dos membros da Comissão, nosso de enfrentar isso. E a reforma tributária, como disse trabalho poderá chegar a bom termo. o Deputado Mussa Demes, tem uma coisa implícita: Sr. Presidente, Deputado Mussa Demes, Depu- como a soma das coisas vai ficar constante, quando tado Delfim Netto, o encargo é pesado, mas, porque uma diminuir, a outra necessariamente terá de aumen- vamos dividi-lo, sinto-me otimista na missão que V.Exas. tar. Teremos de aprender isso. me delegam, que só não considero tão pesada por tê- Cumprimento todos os colegas. los junto de mim. Muito obrigado! Como disse anteriormente, estava passando por O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes acaso e recebi a triste notícia de que sou o Deputado ) – Vamos ouvir o Deputado João Leão. mais velho. Por esse motivo designaram-me para pre- O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO – Sr. Presi- sidir a reunião. É só por isso que estou aborrecendo dente, quero desejar sucesso à Comissão e dizer que V.Exas. estamos muito bem representados na Mesa por três Muito obrigado. (Palmas.) grandes figuras da política nacional: o Ministro Delfim O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Netto, V.Exa., Deputado Mussa Demes, e o meu amigo – Secundando essa profissão de fé do Deputado Del- Deputado Virgílio Guimarães. É um prazer estarmos fim Netto, que todos reverenciamos, declaro encerrada entregues a esse grupo. a reunião e convoco a próxima para quinta-feira, dia O Deputado Delfim Netto, com certeza, vai nos 13, às 10 horas. ajudar bastante com a experiência que tem na área COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR de economia. Nós vamos chegar lá! ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA – Obrigado, Deputado João Leão, pelo voto de con- O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL. fiança. (SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL) Ouçamos agora o Deputado Delfim Netto. O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – Caro Presi- Ata da 2ª Reunião, Realizada em 13 de Março dente, quero apenas fazer uma observação: o encanto de 2003. do Parlamento é que, quanto mais muda, mais fica a Aos treze dias do mês de março de dois mil e três, mesma coisa. Vimos há pouco o PSDB espernear, dizer às dez horas, no Plenário 12, do Anexo II da Câmara que foi discriminado, protestar porque eventualmente dos Deputados, sob a presidência do Deputado Mus- lhe foi retirada uma Relatoria ou uma Presidência. Já o sa Demes, reuniu-se a Comissão Especial destinada PMDB nem sequer compareceu: acha que essas coi- a efetuar estudo em relação às matérias em tramita- sas não funcionam. Pobrezinho de mim! Lembro-me de ção na Casa, cujo tema abranja o Sistema Tributário que, ao chegar aqui, às vésperas da Constituinte, o Dr. Nacional. Compareceram os Senhores Deputados Ulysses Guimarães, aquela representação fantástica André Zacharow, Antonio Cambraia, Carlito Merss, da democracia, disse-me: “Você já mandou demais. Delfim Netto, Eduardo Paes, Gerson Gabrielli, João Agora não pode entrar em nada.” (Risos.) Então, o Leão, José Mentor, José Militão, Julio Semeghini, Luiz PMDB ficou fora de tudo. Ou seja, não temos nenhu- Carlos Hauly, Lupércio Ramos, Machado, Mussa De- ma responsabilidade pela tragédia. (Risos.) Enfim, é mes, Paulo Bernardo, Paulo Rubens Santiago, Renato sempre a mesma coisa. Isso mostra que o Parlamen- Casagrande, Ronaldo Vasconcellos, Sandro Mabel, to é realmente importante; continua o mesmo, mas se Virgílio Guimarães, Walter Feldman e Walter Pinheiro, reforma e se aperfeiçoa a cada instante. titulares; Ary Vanazzi, Eduardo Sciarra, Eliseu Resende, Estou convencido de que vai sair daqui uma pro- Fernando Gabeira, Jaime Martins, João Caldas, João posta de reforma tributária importante. Não importa Paulo Gomes da Silva, Júlio César, Wasny de Roure 57406 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 e Yeda Crusius, suplentes; Coriolano Sales, Reinaldo o Presidente da Associação Brasileira de Municípios. Betão e Feu Rosa, não-membros. Deixaram de com- O requerimento nº 06/03 foi aprovado. O Senhor Pre- parecer os Senhores Deputados Beto Albuquerque, sidente anunciou, então, que na próxima semana seria Edmar Moreira, Jorge Bittar, José Roberto Arruda, realizada reunião de Audiência Pública com o Dr. José Narcio Rodrigues, Pauderney Avelino, Ricardo Fiuza, do Carmo Garcia, Presidente da Associação Brasileira Romel Anízio, Sérgio Miranda, Silas Câmara. Haven- de Municípios – ABM. Nada mais havendo a tratar, o do número regimental, o Senhor Presidente, declarou Senhor Presidente, Deputado Mussa Demes, encerrou abertos os trabalhos. ATA – O Deputado Eduardo Paes a presente reunião às doze horas e cinqüenta e nove solicitou a dispensa da leitura da ata da 1ª reunião, minutos. A presente reunião foi gravada e suas notas cujas cópias haviam sido distribuídas antecipadamen- taquigráficas, após decodificadas farão parte integrante te. Em discussão e votação, a ata foi aprovada, sem desta Ata, E, para constar, eu, Angélica Maria Landim restrições. EXPEDIENTE – Ofício da Consultoria Le- Fialho Aguiar, Secretária, lavrei a presente Ata, que gislativa informando a designação dos consultores le- depois de lida e aprovada, será assinada pelo Senhor gislativos Dr. João da Silva Medeiros Netto e Dr. Paulo Presidente e irá à publicação. Euclides Rangel. ORDEM DO DIA: Definição do Roteiro O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) dos Trabalhos. O Senhor Presidente, após consultar o – Havendo número regimental, declaro abertos os traba- Plenário, informou que as reuniões da Comissão se- lhos da presente reunião desta Comissão Especial. riam realizadas, às quintas-feiras. A seguir, concedeu Sobre a mesa, cópia da ata da primeira reunião. a palavra ao relator, Deputado Virgílio Guimarães, que Indago aos Srs. Parlamentares sobre a necessidade discorreu acerca do tema em tela; sugerindo que a Co- de sua leitura. missão, ao iniciar seus trabalhos, tivesse como base o substitutivo adotado pela Comissão da Reforma Tri- O SR. EDUARDO PAES – Sr. Presidente, peço butária na legislatura anterior; no que foi acatado pelo a dispensa da leitura da ata. Senhor Presidente. Ressaltou, também, a importância O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) da realização de visitas aos estados, pela Comissão. – Dispensada. Apresentaram, também, sugestões e breves conside- Em discussão a ata. (Pausa.) rações os Deputados Antônio Cambraia, Carlito Merss, Não havendo quem queira discuti-la, em vota- Eduardo Paes, Fernando Gabeira, Gerson Gabrielli, ção. José Mentor, José Militão, Luiz Carlos Hauly, Lupércio Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam Ramos, Machado, Paulo Rubens Santiago, Renato Ca- como se encontram. (Pausa.) sagrande, Ronaldo Vasconcellos, Sandro Mabel, Wal- Aprovada. ter Feldman, Walter Pinheiro, Wasny de Roure. Após Sobre a mesa, ofício da Consultoria Legislativa falarem os deputados inscritos, o Senhor Presidente, em que informa a designação dos consultores legis- atendendo as solicitações ali colocadas, manifestou- lativos João da Silva Medeiros Netto e Paulo Eucli- se a favor da realização de reuniões com o objetivo de des Rangel para acompanharem os trabalhos desta ouvir os Ministros da Fazenda, Antônio Palocci Filho e Comissão, dando a ajuda necessária à Relatoria e à da Previdência Social, Ricardo José Ribeiro Berzoini, Presidência. uma vez que os mesmos participaram da Comissão da Ordem do Dia. Reforma Tributária na legislatura passada. O Senhor Esta reunião foi convocada para definirmos nosso Presidente solicitou ao Deputado Walter Feldman que roteiro de trabalho. verificasse a disponibilidade de agenda dos Senhores Antes, porém, informo que, caso os Srs. Depu- Ministros. Passou-se, então, à votação dos requerimen- tados queiram sugerir nomes para serem ouvidos em tos. O Senhor Presidente, com vistas a uma melhor audiência pública, deverão fazê-lo por meio de requeri- organização da agenda da Comissão, consultou os mento escrito e autenticado nos termos do Ato da Mesa parlamentares Vanessa Graziotin e Ronaldo Vascon- nº 49, de 2000, devendo o mesmo ser apresentado à cellos, autores de requerimentos, acerca da prioridade Secretaria da Comissão com antecedência que permita de votação das solicitações de reuniões de Audiência sua publicação na Ordem do Dia das Comissões. Os Pública. O Deputado José Mentor justificou a ausência, requerimentos que vierem a ser apresentados durante no momento, da Deputada Vanessa Graziotin na sala ou após a reunião somente serão apreciados depois da reunião. O Deputado Ronaldo Vasconcellos, autor de de regimentalmente aprovados. requerimentos, deixou a necessidade de votação para Antes de iniciar a reunião, quero ouvir o Plenário o Senhor Presidente decidir. O Deputado Eduardo Paes sobre a possibilidade de realizarmos nossas reuniões, ressaltou a importância da realização de reunião com as ordinárias e as de audiência pública, nas manhãs Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57407 de quinta-feira. Na reunião passada, alguns compa- no. Creio, então, que devemos começar a discussão a nheiros discordaram dessa data e horário. partir da proposta do Sr. Deputado Mussa Demes. Na A palavra está facultada ao Plenário para deba- minha opinião, deve haver esse consenso. termos a questão. Antes de começarmos a analisar a pauta, a votar O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Sr. Pre- esses requerimentos para ouvirmos essa ou aquela sidente, peço a palavra pela ordem. pessoa, ressalto a importância de selecionarmos bem O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) as pessoas que ouviremos em audiência pública. Acre- – Com a palavra o nobre Deputado Eduardo Paes. dito que o Sr. Relator é a pessoa mais indicada para O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Sr. Pre- tratar do assunto. Na pauta de hoje, por exemplo, vejo sidente, desejo me antecipar ao questionamento de que há enorme quantidade de requerimentos com no- V.Exa. Acabei de receber a pauta desta reunião, da qual mes de pessoas a serem ouvidas, o que atrasaria os consta uma série de requerimentos. Entendo funda- trabalhos desta Comissão. Urge uma reforma tributá- mental, antes de colocarmos essa pauta em discussão ria, e o Brasil clama por ela. Sendo assim, devemos e votação, que alguns pontos sejam considerados, em diminuir o número de audiências públicas, ou, então, razão das peculiaridades da Comissão. adotar sistema diferente, criando grupos para ouvir Quanto aos dias em que realizaremos as reuni- esse ou aquele Ministro. ões, parece-me que esta Comissão precisa de dedica- Seria fundamental, Sr. Presidente, uma discus- ção quase que integral à discussão do tema “reforma são mais em campo. Durante a Legislatura passada tributária”. A Comissão já funciona há duas legislatu- – e o Sr. Deputado Mussa Demes foi a maior vítima ras – salvo engano. Portanto é uma discussão que já disso, houve objeção por parte de Governadores e vem se exaurindo. É óbvio que há Deputados novos Prefeitos quanto à reforma tributária. Portanto, nes- que não participaram dessas discussões e que têm o te primeiro momento, parece-me que os Prefeitos e direito e o dever de aprofundar seu conhecimento e Governadores deveriam ser os principais atores con- formar seu juízo acerca do tema, mas parece-me que vidados para essa discussão, além, obviamente, do temos de dar celeridade a esta Comissão. Governo Federal, para que não ocorra o mesmo que Se formos realizar uma série de audiências pú- aconteceu na Comissão passada, em que Prefeitos e blicas, ouvindo diversas pessoas – e há na pauta uma Governadores começaram a operar contra o relatório série de requerimentos de convocação, precisaremos aprovado por se sentiam prejudicados ou porque dei- nos reunir mais que um dia por semana. Sei que, nas xavam de ganhar. terças, quartas e quintas-feiras, todos temos a vida Essa é a lógica terrível da discussão da reforma bastante atribulada, mas seria fundamental que esta Comissão se reunisse pelo menos duas vezes por tributária no Brasil: ninguém pode perder. E, no final semana, nas terças e quartas-feiras, como ocorreu das contas, quem acaba perdendo com essa carga na Legislatura passada, quando V.Exa. era Relator e tributária absurda é o cidadão contribuinte. o ex-Deputado Germano Rigotto, hoje Governador do Como última sugestão, Sr. Presidente, esta Comis- Estado do Rio Grande do Sul, Presidente. Eventual- são, que pretende realizar um trabalho sério e efetivo mente, até nas quintas-feiras nos reuníamos. – esse é o objetivo do Sr. Presidente, do Sr. Relator e Portanto, creio que devemos aumentar os dias de todos os Srs. Deputados que aqui estão, deve co- de reunião da Comissão de Reforma Tributária para meçar a criar um espírito de corpo, como ocorreu na darmos celeridade à matéria. Legislatura passada, e se posicionar contrariamente Sr. Presidente, não sei se este é o momento ade- a qualquer proposta de remendo fiscal encaminha- quado – se não for, peço a V.Exa. que me alerte nesse da pelo Poder Executivo para ser votada no plenário sentido, mas quero destacar que, por essas caracte- desta Casa. rísticas já citadas, a Comissão já tem uma proposta Se estamos aqui para cumprir uma tarefa, mo- aprovada quase que por unanimidade na Legislatura dificar o Sistema Tributário Nacional, estabelecer um passada. É claro que a Comissão que se instala nesta sistema tributário mais justo, que respeite o pacto fe- Legislatura não deve adotá-la de pronto. Obviamente derativo e o cidadão contribuinte, é inaceitável que que não. Mas ela deve servir de base de discussão. Não esta Comissão não se posicione sobre todas as pro- podemos analisar novamente todas as PECs existen- postas a serem encaminhadas pelo Poder Executivo. tes. A Assessoria da Comissão nos forneceu relatório Em geral, são medidas de prorrogação de CPMF, informando sobre todas as PECs apresentadas pelos discussão acerca desse ou daquele tema, como foi Deputados e sobre a PEC nº 175-A, de 1995, a que o caso, por exemplo, da aprovação da CIDE para os deu origem a esta Comissão, encaminhada pelo Gover- combustíveis. 57408 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Todas essas questões têm de ser trazidas para a O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Sr. Comissão de Reforma Tributária, porque senão, mais Presidente, sugiro que as reuniões sejam feitas nas uma vez – digo isso com muita tranqüilidade, pois fui terças-feiras à tarde. Ficaríamos com as quintas-feiras muito próximo da Mesa Diretora da Comissão passada reservadas para as audiências especiais. Nas tardes – , não teremos o respeito e o respaldo da sociedade de terça-feira estamos um pouco menos adensados de e do Poder Executivo. Ficaremos discutindo o que não trabalho. Então, seria um dia bom. Teríamos a quarta e tem de ser debatido. a quinta-feira para trabalhar mais objetivamente. Sr. Presidente, peço desculpas por me ter alon- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) gado, mas considero fundamental registrar alguns po- – Com a palavra o Sr. Deputado Paulo Rubem San- sicionamentos que me parecem relevantes, antes de tiago. passarmos à apreciação da pauta. O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO Muito obrigado. – Sr. Presidente, fiz minha inscrição somente para o O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) debate. – O experiente Deputado Eduardo Paes é um dos O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) companheiros que mais contribuíram para o sucesso – Com a palavra o Sr. Deputado João Leão. (Pausa.) do nosso texto na Comissão Especial da Legislatura Com a palavra o Sr. Deputado Luiz Carlos Hauly, passada. Responderei a S.Exa. por partes. mais um veterano. Em primeiro lugar, temos de definir uma data para O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. realizarmos nossas reuniões de caráter ordinário. Nada Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Parlamentares, esta impede que extraordinariamente possamos nos reunir é uma nova etapa da vida do Parlamento brasileiro e em outro momento e em outro local, se for o caso, para diz respeito ao item mais importante das atividades realizarmos eventuais audiências públicas. do Congresso Nacional. A expectativa da sociedade, Quanto ao texto votado na Legislatura passada e das empresas, dos trabalhadores, de todos, enfim, é que acabou não sendo submetido à consideração do a de acertarmos o Sistema Tributário Brasileiro, que Plenário, deixaremos para discuti-lo oportunamente. é um verdadeiro manicômio tributário e, ao contrário Vou seguir a lista de inscrições e peço a cada do modelo europeu e do americano, impõe tributação companheiro que se manifeste preliminarmente sobre indevida. a data e o horário das nossas reuniões. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Concedo a palavra ao Sr. Deputado Antonio Cam- – Sr. Deputado, para o melhor andamento dos traba- braia. lhos, pediria a V.Exa. que, nesta primeira oportunidade, O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – Sr. Presidente, na hora da discussão, sugiro que essa se manifestasse apenas sobre a data e o horário das ordem seja mantida. Inscrevi-me para fazer alguns nossas reuniões ordinárias. A lista de inscrição será questionamentos com relação à própria discussão que mantida para o debate, que será feito em seguida. deveria ser feita nesta Comissão, e não apenas para O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Des- falar a respeito da data das reuniões. culpe-me, Sr. Presidente. Concordo com V.Exa. quanto O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) à data e ao horário. Acabo de chegar. Pensei que es- – Eu o farei, Sr. Deputado Antonio Cambraia. tivéssemos já na discussão da matéria. É a ânsia de O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – Con- fazermos logo a reforma. cordo com a sugestão de nos reunirmos nas quintas- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) feiras, às 10h da manhã. – Com a palavra o Sr. Deputado Ronaldo Vascon- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) cellos. – Concedo a palavra ao Sr. Deputado Renato Casa- O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS grande. – Sr. Presidente, tenho a honra de dizer que o meu O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE voto foi talvez o único contrário ao relatório de V.Exa., – Sr. Presidente, inscrevi-me para o debate. Espero porque defendo a proposta do imposto único federal e que V.Exa. mantenha a ordem de inscrição. Quanto à discordei de V.Exa. quanto à questão do turismo. data das reuniões, acho que V.Exa. deveria dar algu- Aproveito para sugerir as datas de terça-feira à mas sugestões e colocá-las em votação. Do contrário, tarde e quinta-feira pela manhã. Acho que devemos demoraremos muito nessa discussão. fazer, pelo menos, duas reuniões semanais. Repito: O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) terça-feira à tarde e quinta-feira pela manhã. – É o que estamos fazendo, Sr. Deputado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Com a palavra o Sr. Deputado Gerson Gabrielli. – Com a palavra o Deputado Wasny de Roure. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57409 O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – Sr. Pre- o ponto de vista de cada um, para que, coletivamente, sidente, vou ater-me à discussão do mérito do debate, possamos buscar as soluções. para mim, às terças ou quintas-feiras está ótimo. Para que façamos um trabalho surpreendente, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) digamos assim, diante do ceticismo que existe em di- – Com a palavra o Deputado João Caldas. (Pausa.) versos setores, devemos observar duas questões: o Ausente S.Exa. desejo da sociedade de fazer uma reforma tributária e Com a palavra o Deputado Fernando Gabeira. um certo ceticismo quanto à possibilidade de solução O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Sr. – e o Deputado Eduardo sabe o quanto isso pesa. Presidente, inscrevi-me para discutir outro tema. Temos uma vantagem em relação aos momentos O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) anteriores: um ponto de partida, o relatório já votado. – Deputado Sandro Mabel. Não é apenas uma homenagem ao Presidente e ex- O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Terças- Relator Mussa Demes. Em conversa particular com o feiras à tarde, Sr. Presidente. Presidente Mussa Demes, pedi que fosse distribuído O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) o parecer votado pela Comissão passada. S.Exa. con- – Então, pelas manifestações que acabo de ouvir, va- cordou, dizendo: “Faço isso desde que sejam distribu- mos manter as reuniões às quintas-feiras pela manhã, ídas também todas as demais proposições”. A Angéli- porque só três dos companheiros preferiram a terça- ca, nossa secretária, disse que nem tudo foi incluído, feira à tarde, sem prejuízo de que possamos realizar porque nem tudo estava impresso, e que poderia ser reuniões nessas datas também, na medida em que a distribuído depois. necessidade venha a determiná-lo. Há aqui muitos Deputados que participaram da Sem observar ainda a ordem de inscrição, con- Comissão anterior, mas também há muitos Deputado cedo a palavra ao Relator, a fim de que S.Exa. se di- novos. Aqueles que chegaram agora, de modo geral, rija ao grupo, especialmente para dar conhecimento já têm certa familiaridade com os debates que ocorre- aos companheiros de seu pensamento a respeito de ram ao longo da Legislatura anterior. Então, gostaria como pretende conduzir a elaboração do texto que que fizéssemos esta primeira discussão de mérito, ou deverá produzir. seja, tomarmos o relatório – e até a emenda aglutina- Com a palavra o nobre Deputado Virgílio Gui- tiva, que depois também será distribuída simultanea- marães. mente – como ponto de partida, para facilitar nossos O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – trabalhos. Sr. Presidente, Deputado Mussa Demes, Srs. e Sras. Que tenhamos uma discussão abrangente, ou- Deputadas, em primeiro lugar, quero agradecer-lhes vindo a sociedade, os Governadores, os especialistas. a confiança em mim depositada, sobretudo por causa Vamos organizar audiências públicas, mas, simulta- do desafio que é suceder o Deputado Mussa Demes, neamente, vamos apresentar algum modelo, algum sinônimo de competência e referência para todo o esboço, para que essas discussões já se façam um Brasil. Esse fardo só não é mais pesado na medida passo à frente da coleta de opiniões dispersas a res- em que temos aqui a presença do S.Exa., agora na peito dos problemas. condição de Presidente da Comissão – a referência Temos a vantagem de partir de modelo já votado permanece. e de travar discussões, numa forma de testar não só A Nação nos colocou diante de grande desafio: esse modelo, mas também as soluções que ainda va- vamos realizar finalmente aquilo que todos esperam, mos agregar. Não queremos partir do marco zero, nem a reforma tributária, e fazê-la funcionar. temos essa idéia de esquecer tudo o que veio antes e Em primeiro lugar, ressalto que precisamos fazer pensar que aqui se começa nova vida, com novo Re- um trabalho coletivo. Quero ser um Relator na verda- lator, e que teremos o “Relatório Virgílio Guimarães”. deira acepção da palavra. Alguém que relate aquilo Nada disso. Vamos partir de uma caminhada já traçada que foi produzido coletivamente nesta Comissão. Pre- para, com rapidez, chegar a resultado. cisamos de reforma tributária socialmente justa (este Sem a pretensão de estabelecer cronogramas, é o seu primeiro sentido); economicamente dinâmica quero ressaltar que seria bom se conseguíssemos (esta é a necessidade do Brasil) e politicamente viável, apresentar, ainda neste semestre, aquilo que a reforma portanto, agregadora. tributária tem de reforma constitucional e nos debruçar Se quisermos viabilizar tanto as mudanças cons- sobre a complicadíssima questão infraconstitucional. titucionais, quanto as infraconstitucionais, temos de O País espera modificações no Imposto de Renda ter uma atitude política agregadora. Esse é o primeiro e soluções para a COFINS – ou ela será imediatamente aspecto. Quero ser um Relator agregador, que some substituída, ou deverá ser desmontada na legislação 57410 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 infraconstitucional. Essas são questões sobre as quais O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – temos de nos debruçar, ainda no segundo semestre Mas é verdade. Delfim, antigamente falávamos Co- deste ano. É um desafio enorme. missão... Sugiro que cada um apresente sugestões de au- O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – Mas ele diências públicas. O Presidente João Paulo Cunha, no é mentor mesmo. intuito de apoiar a Comissão, já disponibilizou condi- O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – ções para realizarmos audiências públicas nos Esta- S.Exa. é o mentor. Antigamente, chamava-se Comis- dos, onde ouviríamos Secretários mais rapidamente. são de Sistematização. Que façamos audiência pública aqui ou nos Estados, Ressalto o papel de sistematizador do Relator. onde os companheiros julgarem melhor, para ouvirmos Habitualmente, o Relator é aquele que produz e lança especialistas. Não podemos ouvir apenas pessoas co- idéias. Nesse sentido, quero acentuar as qualidades nhecidas nacionalmente, autores de colunas de jornais do Relator pertinentes à sistematização. de circulação nacional. Há questões específicas que Desejo que S.Exa. colabore como uma espécie pesam sobre um ou outro Estado, e tudo isso precisa de adjunto de Plenário, a fim de coletar as sugestões. ser incorporado. Talvez, S.Exa. pudesse ser um coletor de dados, mas, Precisamos fazer essa programação de trabalhos, em se tratando de sistema tributário, não vou usar tal ouvir, incorporar sugestões, e cada um tem de ser valo- denominação, porque alguém pode imaginar que nos- rizado nesse particular – cada Estado e cada membro sas intenções são muito drásticas, não é? desta Comissão. Mas não podemos aguardar que tudo (Intervenção inaudível.) isso ocorra para começar a trabalhar alternativas. Será O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – melhor se as discussões forem feitas já tendo um mo- Não podemos usar a palavra “coletor” e, muito menos, delo para ser testado e soluções, no todo ou em parte, “receptador”. É melhor optar pelo vocabulário antigo: “encarregado da sistematização”. para serem verificadas. Assim, não teremos de partir O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) de novo, como já disse, do marco zero. Faremos tudo – Vamos usar o dicionário para ajudar, Deputado Vir- ao mesmo tempo. O objetivo é a celeridade, realizar gílio. discussões voltadas para as soluções. O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Al- Faremos um grande fórum de debates e teremos guém que vai nos auxiliar nesse sentido. S.Exa. seria em mente, sobretudo, a nossa função de legislado- o adjunto de sistematização, a fim de fornecer as re- res. Portanto, cada debate deve significar mudanças ferências para o Plenário. em determinada redação. O esforço legiferante será Os diversos partidos também poderiam, se fos- o timoneiro da coleta de opiniões e dos testes de hi- se o caso, designar alguém – conforme a dinâmica de póteses. cada um, a fim de democratizar a participação no de- Temos a vantagem de receber parte do trabalho bate, sem priorizar nesta Comissão a representação já feito, mas também o desafio de enfrentar e vencer do Colégio de Líderes. o ceticismo. Temos de funcionar coletivamente. Tais Deputados seriam os elos do Relator com Discutiremos o relatório. Pretendo ser o Relator da as bancadas. O trabalho será coletivo, mas haverá proposta coletiva e, para tanto, desejo, trabalhar com a companheiros responsáveis pelas tarefas cotidianas. colaboração de todos os membros da Comissão. A Relatoria não pode funcionar apenas no momento Evidentemente e de forma muito particular, o Pre- das reuniões. sidente desta Comissão desempenhará função muito Assim, repito, para elaborar as proposições de além do exercício da presidência. O Deputado Mussa forma democrática, sugiro que os diversos partidos Demes será um parceiro, cuja participação terá a mes- designem Deputados, para auxiliar a Relatoria nas ma importância de outros Parlamentares, do ponto de suas atividades habituais. vista da produção de resultados. Temos nesta Comissão companheiros experien- Sou economista. O Deputado Mussa e eu es- tes, que já estudam a matéria há muito tempo, como tivemos, desde a Constituinte, debruçados sobre a o Srs. Deputados Luiz Carlos Hauly, Delfim Netto e questão tributária, nos idos de 1987, 1988, e sabemos José Militão; Deputados novos, que conhecem outras que o tema é difícil. práticas, e ainda os Parlamentares novos/antigos, a O Deputado José Mentor se dispôs a me auxi- exemplo do Deputado Paulo Bernardo. liar. S.Exa. é advogado e será o ordenador da coleta Aproveito esta oportunidade para destacar – já de... mencionei tal fato na reunião passada, quando o Depu- (Intervenção inaudível.) tado não estava presente – que S.Exa. poderia per- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57411 feitamente participar desta Comissão na condição de propostas de emenda constitucional. Indago: vamos Relator. O PT considerou a alternativa. discutir apenas as questões constitucionais ou vamos Agradeço, portanto, publicamente a S.Exa. a soli- também considerar as matérias infraconstitucionais? dariedade. Em razão da sua experiência de Parlamen- Qual será o sentido do debate? Elaborar o rela- tar e de Secretário, talvez S.Exa. tenha mais preparo tório final. E por quem será votado? Esta Comissão, do que eu para relatar a matéria. Espero contar com regimentalmente, não tem a mesma competência das a sua colaboração e tenho certeza de que, se traba- Comissões Permanentes ou das Especiais instituídas lharmos juntos, produziremos muito. para discutir propositura específica e, ao final, apre- São as minhas considerações no que diz respei- sentar parecer que deve ser apreciado pelo Plenário. to à dinâmica de trabalho da Relatoria: trabalhar com Ou seja, não tem poder terminativo. o auxílio do Presidente, Deputado Mussa Demes, e Então, para que servirá o documento final? Temos também com a colaboração do Deputado Mentor. Re- de considerar o fato de que o Governo está anunciando gistro a idéia para que possamos coletivizar o trabalho que enviará, antes de junho, sua proposta à Câmara desta Comissão. Ao mesmo tempo em que discutire- e que ela – há um facilitador – virá com o aprovo dos mos a matéria, construiremos proposições concretas. 27 Governadores. A unanimidade prévia dos 27 Go- O ponto de partida será o relatório do Deputado Mus- vernadores será muito difícil, principalmente quando sa Demes. se trata de matéria tão complexa: a modificação do Espero que possamos estabelecer um colégio de Sistema Tributário Nacional. representantes dos partidos para cooperar com o tra- Por outro lado, há algumas manifestações, tan- balho cotidiano desta Relatoria. A proposta final, mais to do Presidente da República como do Ministro da do que socialmente justa e economicamente dinâmica, Fazenda, que nos levam a crer que tudo que está em precisa ser politicamente viável. debate nesta Casa não contemplará o que o Governo Ao exercer o papel de Relator, conto com o auxí- está querendo. Por exemplo, reforçar os Municípios lio de V.Exas. Caso contrário, o País poderá se frustar com mais recursos, com mais arrecadação, sem tirar mais uma vez. as verbas dos Estados e da União. Indago: de onde Vamos mostrar, já no primeiro ano desta Legis- vamos tirar tais recursos? latura, a nossa capacidade de resolver problemas e O Sr. Ministro da Fazenda disse ainda que a carga superar desafios. tributária que incide sobre o consumidor de mais baixa Muito obrigado. renda é muito alta. S.Exa. declarou que a proposta de O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) reforma tributária trará encaminhamentos para dimi- – Parabenizo o Relator pela maneira democrática com nuir a carga tributária do consumidor de menor renda. que pretende conduzir seu trabalho. Trata-se de forma As propostas sob exame nesta Casa, pelo que sei – a evidente de valorizar o grupo selecionado pelas lideran- PEC nº 175 e o relatório final – não contemplam tal ças partidárias. Tais procedimentos ajudarão, com toda objetivo. a certeza, a criar aquele espírito de corpo a que ser re- Como seria feito? Vamos tributar mais as grandes feriu o Deputado Eduardo Paes e que é absolutamente fortunas, o patrimônio, a renda? Será suficiente? No necessário para, de fato, produzirmos texto compatível que diz respeito aos impostos indiretos, como estabe- com as necessidades que tem o País hoje. leceremos a diferença entre o de maior e o de menor Registro, com prazer, a presença do nobre Depu- renda? São problemas muito complexos e diferentes tado Eliseu Resende, Presidente da Comissão de Fi- daquilo que já discutimos. nanças e Tributação e membro desta Comissão. S.Exa. Devemos definir o que vamos discutir, com que foi um dos Parlamentares mais ativos da Legislatura finalidade, em que patamar pretendemos chegar e, se passada. o fizermos, qual será o encaminhamento a ser dado Ouviremos as ponderações dos companheiros, ao documento produzido nesta Comissão. pela ordem de inscrição. Eram as minhas ponderações. Muito obrigado, Com a palavra o Deputado Antonio Cambraia. Sr. Presidente. O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Sr. Presidente, fomos convocados para esta reunião – Deputado Antonio Cambraia, o Presidente João Paulo para definir os trabalhos da Comissão. Nesse senti- Cunha, na abertura dos trabalhos desta Comissão foi do, apresentarei, a título de esclarecimento, algumas claro ao dizer que não se tratava ainda de Comissão questões. Especial, mas que deveria sê-lo a partir do momento Primeiro, pergunto o que e para que vamos dis- em que recebêssemos o texto concreto do Poder Exe- cutir nesta Comissão. A Mesa sugeriu o debate sobre cutivo, a exemplo do que aconteceu com a PEC nº 175 57412 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 – A. S.Exa. disse ainda que, se o texto do Executivo De 1986 à 2002, a carga tributária cresceu 530%; demorasse muito ou se viéssemos a produzir algum o PIB, no mesmo período, aumentou 227%. A carga documento que valesse a pena ser objeto de avaliação, tributária, portanto, cresceu o dobro do PIB. a atual Comissão seria transformada em Especial. Essas referências devem nortear os trabalhos Ora, evidentemente, não podemos iniciar os tra- desta Comissão. Precisamos definir qual a intensida- balhos sem ponto de partida, porque, ao longo dos de da reforma tributária que almejamos. Para tanto, últimos sete anos, trabalhamos com o objetivo de ob- temos de avaliar duas questões. Primeiro: qual é a ter proposta efetiva que pudesse ser votada, e ela, no autonomia do Congresso Nacional e da Câmara dos final, foi apreciada na Comissão Especial. Deputados? Segundo: Temos condições de apresen- Por isso o Relator deseja iniciar o trabalho em tar a nossa proposta independentemente da posição cima do texto aprovado na Comissão Especial por 35 do Governo Federal? votos contra 1. Se há manifestação expressa do Mi- Precisamos saber qual é a posição do Gover- nistro do Planejamento e do Ministro da Fazenda no no. Encaminhei à Mesa requerimento de convite ao sentido de que o texto deverá servir como referência Ministro Antônio Palocci para participar de audiência para o início dos trabalhos, considero correta a idéia pública conosco, porque declarou S.Exa. ontem, em de estudá-lo, tentar melhorá-lo e apresentar ao Relator determinada reunião com Prefeitos, que defenderá as sugestões pertinentes. uma reforma tributária enxuta, com poucas modifica- As audiências públicas também contribuirão para ções constitucionais. aprimorar o texto. Poderemos ouvir a opinião de Gover- É legítimo o fato de o Governo Federal, neste mo- nadores, de Secretários de Fazenda, de representantes mento, ter interesse em alterar a legislação do ICMS, dos segmentos mais interessados e mais preocupados federalizar o imposto. Os Prefeitos pediram para que o ISS continue como tributo exclusivamente da autonomia com a matéria, de trabalhadores, de diversas catego- e de competência municipal. O Governo quer juntar o rias profissionais e do empresariado brasileiro, como PIS com a COFINS e propor uma pequena mudança já ocorreu no passado. para facilitar a aprovação das medidas. Encontrou nes- Faremos uma espécie de aquecimento antes se mecanismo o ponto de aglutinação. de elaborar o texto definitivo. Temos de caminhar de Devemos ouvir o Ministro Antônio Palocci para agora para diante. conhecer o real entendimento do Governo Federal so- Com a palavra o nobre Deputado Renato Ca- bre o tema e tratar a reforma tributária como assunto sagrande. do Congresso Nacional e da Câmara dos Deputados. O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE A discussão poderá ocorrer em dois momentos. A – Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, mudança tem de extrapolar apenas o debate sobre nesta reunião definiremos o primeiro ponto para al- a federalização do ICMS ou a junção de um imposto cançar produtividade: os procedimentos de trabalho com outro? desta Comissão. A discussão da reforma tributária deve ser per- Temos de discutir qual a profundidade da refor- manente nesta Casa, para que possamos, por meio de ma tributária. alguns princípios de simplificação do complexo sistema Há acúmulo de debate na Câmara dos Deputados tributário que temos hoje, diminuir a incidência de tri- e no Congresso Nacional. butos. Na atualidade, tributa-se muito mais o trabalho O Presidente da República promoveu a discus- e o consumo e muito menos o capital. são, porque atualmente a sociedade debate a reforma Os dados são alarmantes: o Brasil tributa o ca- tributária com muita intensidade. Os jornais trazem pital em 11,77%; o trabalho em 25,21%; e o consumo matérias diárias com informações importantes sobre entre 22% a 41%. Países mais desenvolvidos tributam o perverso sistema tributário implantado no País. o capital em 38,43%. Então, o tributo sobre o capital Ontem, a Folha de S.Paulo publicou interessan- está aquém das necessidades da reforma tributária te matéria em que afirmava que quanto maior a renda socialmente justa que nós precisamos aprovar. – todos sabíamos disso, mas os dados apresentados Repito: devemos convidar o Ministro para que são importantes – menor o imposto pago. S.Exa. apresente, de forma clara, a idéia do Governo O imposto sobre os salários no Brasil chega a Federal. Assim, poderemos propor as mudanças ini- 41,7%. Temos conhecimento do que acontece, o cres- ciais de interesse da sociedade e, ao mesmo tempo, cimento da carga tributária é constatado todos os dias, continuar a discussão da matéria, para aprovar a re- mas temos de divulgá-lo cada vez mais . forma tributária mais profunda possível, algo que mude Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57413 a estrutura política dos tributos e altere a condição de ca, para que chegássemos à matéria hoje distribuída vida dos trabalhadores de menor renda. a todos nós, Deputados. Obrigado, Sr. Presidente. Acredito que poderemos também dar outro pas- O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Sr. Presi- so – concordo com o colega que me antecedeu – no dente, terça-feira, o Ministro Palocci, virá à Câmara para sentido de valorizar os consensos e discutir o que foi participar da reunião conjunta das Comissões de Fi- aprovado até a Legislatura passada. Mas, no caso, nanças e Tributação, de Economia e de Orçamento. eu teria uma lógica diferente da do Deputado Rena- Poderíamos aproveitar a oportunidade para dis- to Casagrande. Penso que já poderíamos iniciar os cutir a questão com o Ministro. debates com uma audiência com a Associação Bra- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) sileira de Secretários das Finanças das Capitais ou – Deputado José Militão, não será apropriado, porque com a Associação Brasileira dos Municípios, ouvindo S.Exa. vai falar sobre economia. Certamente, o tempo em seguida os Secretários de Fazenda dos Estados. que S.Exa. reservará para a discussão da reforma tri- E incluiria desde já as representações das Procura- butária, a fim de haver algum resultado, será mínimo. dorias dos Estados. Em muitos casos não é a divisão O Deputado Renato Casagrande apresentou re- do tributo que prejudica os Estados; eles próprios têm querimento de convocação do Sr. Ministro. Vou exami- sido ineficazes na ação de suas Procuradorias para ná-lo extrapauta, porque foi encaminhado há pouco. defender o tributo que é parte de sua receita. Estou de acordo em que devemos ouvir a opinião do Tivemos a oportunidade de exercer dois mandatos Ministro o mais rápido que pudermos. no Legislativo Estadual e pudemos verificar que esse Se aprovarmos o requerimento do Deputado Re- tem sido um problema – eu diria até suprapartidário – , nato Casagrande, podemos tentar falar com o Ministro em muitas Unidades da Federação. Entendo que numa Palocci, porque S.Exa. é um dos maiores interessados etapa subseqüente será importante, paralelamente ao na aprovação do texto da reforma, inclusive porque foi debate dos consensos aprovados até a Legislatura pas- Vice-Presidente da Comissão no passado. Se S.Exa. sada, ouvirmos a instância da União, que também tem tiver disponibilidade, talvez, possamos ouvi-lo daqui algo a acrescentar sobre aquilo que o Deputado Luiz a duas semanas. Carlos Hauly definiu como manicômio tributário – em- Agradeço a V.Exa. a colaboração. bora saibamos que nesse manicômio tributário alguns Concedo a palavra ao Deputado Renato Casa- loucos estão muito melhor do que os doidinhos, que grande. são a massa de consumidores deste País. O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE – Concordo com o Presidente: esta Comissão vai Se o requerimento for apreciado extrapauta, podemos enfrentar uma fase transitória e, apenas a partir do dar tramitação ao mesmo para que outros Deputados envio pelo Poder Executivo da nova proposta de es- possam assiná-lo, se for preciso. trutura tributária, entraremos no jogo propriamente dito O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – estamos ainda, como disse V.Exa., no aquecimento. – Não, não é necessário. Já é suficiente o requerimento Então, poderemos discutir os consensos e, ao mes- estar assinado por V.Exa. mo tempo, compartilhá-los, ouvindo a Associação de Concedo a palavra ao nobre Deputado Paulo Secretários de Finanças de Capitais, Secretários de Rubem Santiago. Fazenda, procuradores, enfim, a esfera federal. O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO Eu faria uma ponderação apenas quanto à con- – Sr. Presidente, Deputado Mussa Demes; prezado Re- vocação do Ministro Antônio Palocci – e reconheço lator, Deputado Virgílio Guimarães; Sras. e Srs. Depu- que vários Ministros têm vindo às Comissões, como tados, inicialmente externo o mesmo entendimento já os Ministros Luiz Fernando Furlan, Cristovam Buar- proferido quanto à essência, à natureza e aos objetivos que, Gilberto Gil e Ricardo Berzoini – , porque temos desta Comissão. um interesse maior, qual seja, o de discutir a proposta Tivemos tal compreensão quando o Presidente que virá do Poder Executivo. Pergunto-me se, neste João Paulo Cunha ofereceu a esta Casa a iniciativa de momento, será eficaz para os nossos objetivos e os abertura das quatro Comissões Especiais. interesses da Nação chamarmos o Ministro Palocci Concordo com a opinião do Relator quanto à re- para discutir o picadinho da proposta que virá em 30, levância de valorizar os consensos, e, nesse sentido, 60 ou 90 dias. aproveitar, por exemplo, o que foi discutido e votado Vejam V.Exas. que não me oponho à convoca- até a Legislatura passada. Reconheceríamos, assim, ção do Ministro, mesmo porque outros Ministros têm o esforço do Congresso Nacional, a participação de vindo à Casa, espontaneamente ou a convite das Co- entidades de todos os tipos e de natureza econômi- missões. 57414 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Sr. Presidente, são as ponderações que faço a Já temos uma pauta de pessoas a serem convidadas V.Exa. e aos demais colegas da Comissão. em seguida, e essa lista atende especificamente a in- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) teresses localizados. – Muito obrigado, Deputado Paulo Rubem. Seguramen- Na minha opinião, vamos ter enorme perda de te os Secretários de Fazenda e Procuradores haverão tempo, repito, pois a matéria já está por demais cons- de ser ouvidos por esta Comissão. Quanto à oportuni- truída. Creio que deveremos nos concentrar essencial- dade de audiência do Ministro Antônio Palocci, quem mente nas matérias polêmicas e, a partir daí, construir vai definir realmente é o grupo. No momento oportuno, equações que resolvam e permitam o avanço do rela- submeteremos à votação o requerimento do Deputado tório que V.Exa. vai elaborar. Renato Casagrande. Obrigado, Sr. Presidente. Tem a palavra o Deputado Luiz Carlos Hauly. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) (Pausa.) – Obrigado, Deputado Wasny de Roure. Tenho certeza Ausente S.Exa. de que sua contribuição será efetiva, uma vez que V.Exa. Tem a palavra o Deputado Ronaldo Vasconcellos. foi um Secretário de Fazenda extremamente compe- (Pausa.) tente e conhece bem o trabalho até aqui realizado. Ausente S.Exa. Tem a palavra o Relator. Tem a palavra o Deputado Wasny de Roure. O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – No- O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – Sr. Pre- bre Deputado Wasny de Roure, vou esclarecer o nosso sidente, talvez algum dia eu tenha o privilégio de ouvir pensamento. Já conversamos com o Presidente, e a a pronúncia correta de meu nome: de Roure. Imaginem idéia do texto base não é só para termos subsídios para V.Exas. como dizem os eleitores! (Risos.) trabalhar, mas também para discutir e realizar audiên- Sr. Presidente, ouvi as observações dos colegas cias públicas. Ao mesmo tempo, já temos construções e imaginava que nosso competente Relator já pudesse objetivas, de tal maneira que, nas audiências públicas, esboçar, em matéria que temos conquistado de forma cada vez mais debateremos temas já H abordados. pacífica, com base nos textos desenvolvidos no último Então, não é só retórica dizer que vamos home- período e no relatório do Deputado Mussa Demes, nagear e aproveitar o trabalho da Comissão passada. quais são os pontos polêmicos, os grandes temas. Pelo acúmulo de trabalho já realizado e também pelo A partir daí, poderíamos concentrar as convocações. fato de os membros da Comissão serem em boa parte Não temos restrições em ouvir qualquer pessoa, até veteranos nessa discussão, ao mesmo tempo em que mesmo uma dona de casa, mas, infelizmente, só virão os novos, em grande parte, são veteranos no assun- os profissionais, os que têm maior número de informa- to, pois são empresários, ex-Secretários de Fazenda ções sistematizadas. e ex-Presidentes de Assembléia, temos condição de A minha grande preocupação é a de que ve- rapidamente produzir soluções objetivas para algum nhamos a perder tempo, uma vez que grande parcela tributo, no caso o IVA e o ICMS, e para enfrentar de- da problemática já foi construída e delineada nesta bates sobre a inclusão ou não de todos os serviços ou Casa. Por outro lado, ganharíamos tempo tendo claro de parte deles no grande imposto de consumo. Enfim, os grandes temas, a origem, o destino, a questão da são assuntos para os quais já podemos apresentar administração fiscal, da partilha dos tributos, o que soluções imediatas. compete à União, aos Estados e Municípios, e como Conversando com o nosso Presidente, eu dizia vamos tratar isso do ponto de vista de um texto obje- que devíamos fazer como o Saldanha, quando foi cha- tivo, seguro. mado para ser técnico da Seleção Brasileira de 1970. Nesse sentido, percebo que a grande temática No dia da entrevista coletiva, perguntaram: “Você tem que teremos é o problema político. Será necessária seu time?” Ele disse: “Tenho. Os onze titulares são a participação não apenas do Governo Federal, mas estes; os onze reservas são aqueles”, e surpreendeu também dos Governadores e Prefeitos. Creio que esse ao dizer: “Minhas feras são estas”. Nós temos de ra- é o ponto nevrálgico, porque o grande tributo, alvo pidamente dizer: “As nossas feras são estas. A nossa desta reforma, é o ICMS. Não adianta simplesmente solução está aqui”. Podemos ter como ponto de partida mergulharmos em outros tributos já trabalhados por o relatório do Deputado Mussa Demes, a emenda vo- esta Comissão. tada, mas com rapidez já podemos dizer quais foram Nesse sentido, gostaria que V.Exa., Deputado os obstáculos e as soluções para superá-los, e isso Virgílio Guimarães, pudesse fazer um esboço de como pode ser o foco do debate. pretende metodologicamente construir o relatório para, Quanto à observação do colega, ressalto que não a partir daí, termos clareza sobre quem serão os atores. quero impedir o debate, mas não quero também ter Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57415 de cumprir todo o roteiro de consultas nacionais para, Hoje não falamos apenas em desenvolver a economia, ao final, começar a trabalhar, porque isso de alguma mas em fazê-lo de forma sustentada. maneira já está feito. Essa coleta de opiniões seria até Ouvi dizer que está tudo mais ou menos deter- enfadonha para quem está aqui há muito tempo. Iríamos minado e que temos de concluir rapidamente os traba- chamar as mesmas pessoas. Já sabemos a opinião da lhos. Mas peço um pouco de paciência a V.Exas. para imensa maioria dos tributaristas e dos representantes analisar esse novo tema. de classe. Queremos chamá-los de novo para saber o Muito obrigado, Sr. Presidente. que pensam sobre a solução que vamos apresentar. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Então, as audiências públicas se tornarão novas, fér- – Nobre Deputado Fernando Gabeira, informo a V.Exa. teis e objetivas para nossas construções. Pelo menos que há um pedido de convocação da Ministra Marina é esse o nosso pensamento. Silva a esta Comissão. Quando dizemos que temos um ponto de parti- O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Mas da, não é retórica nem homenagem, mas um trabalho é pouco. acumulado. Essa metodologia de trabalho não exclui O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) as audiências públicas, na medida em que já teremos – Ainda é pouco? Então, solicito a V.Exa. que faça suas resultados e proposições focados no pensamento da sugestões à Secretaria. Comissão sobre determinado tributo ou sobre a ar- Peço desculpas ao nobre Deputado Walter Feld- quitetura mais geral do sistema tributário que vamos man por não tê-lo ouvido antes do Deputado Fernan- propor. do Gabeira. Desculpe-me se me alonguei, Sr. Presidente, mas Faltam apenas dois Deputados inscritos ante- foi necessário fazê-lo para reiterar meu pensamento riormente que desejam usar a palavra: Luiz Carlos e, talvez, para consolidar determinada metodologia Hauly e Ronaldo Vasconcellos. Daremos oportunida- de a S.Exas. de trabalho. Antes, concedo a palavra ao nobre Deputado O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Walter Feldman. – Foi muito oportuna sua manifestação, Deputado Vir- O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. gílio Guimarães. Presidente, não sou economista nem tributarista. Sou Tem a palavra o Deputado João Caldas. (Pau- médico, assim como o Ministro Antônio Palocci. O sa.) Ausente. Ministro José Serra não era médico, mas ocupou a Tem a palavra o Deputado Fernando Gabeira. Pasta da Saúde. Portanto, é apenas uma questão de O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Sr. disposição, de vontade de aprofundar e compreender Presidente, como V.Exa. sabe, não pude participar da a matéria. primeira Comissão que tratou da reforma tributária. É claro que a velocidade daqueles que já tiveram Acompanhei-a não só pelo fato de me interessar pelo uma participação anterior é maior. Fiquei assustado tema, mas também pelo trabalho de V.Exa., um grande com a velocidade proposta pelo Deputado Eduardo especialista no Congresso Nacional. Paes, porque se é maior a daqueles que já partici- O Partido dos Trabalhadores me indicou para param, evidentemente não podemos acompanhar a compor esta Comissão e espero não desapontá-lo. sugerida pelo colega, até porque devemos dar um Sabe V.Exa. que a minha participação é no sentido de tempo adequado. buscar um viés ecológico para a reforma tributária. Na Por mais que avancemos, temos de acompa- Alemanha, esse processo avançou muito, e hoje já se nhar o que será produzido pelo Poder Executivo, que discute a reforma tributária ecológica. ainda não apresentou a sua reforma. Sabemos que Gostaria de trazer para esta Comissão esse viés foi apresentada uma proposta preliminar, conceitual, ecológico por meio de audiência pública ou seminário. diagnóstica, aos Governadores, na reunião realizada Fui informado de que o Banco Mundial estaria também recentemente nesta Capital. Esse material merece, interessado em colaborar especificamente com esse inclusive, já ser estudado por esta Comissão. tema e com a formulação de um seminário. É nesse sentido que proponho sejam estabele- Concordo com os fundamentos da simplificação cidas algumas regras do ponto de vista metodológico, tributária, do combate à sonegação, da realização da como disse o Deputado Virgílio Guimarães, que me Justiça, de redução do Custo Brasil e do aumento na parecem interessantes. competitividade do País – já explicitados no relatório O Ministro Antônio Palocci já se manifestou várias de V.Exa. – , mas é necessário que haja também o fun- vezes sobre a questão da reforma tributária. Portanto, damento da sustentabilidade ecológica da economia. parece-me adequado ouvir S.Exa., seja em reunião 57416 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 ordinária desta Comissão, seja em outra reunião, a Peço a V.Exa. que intermedeie a presença de ambos exemplo do que ocorreu ontem com o Ministro Ricardo aqui, no momento em que acharem possível. Berzoini, oportunidade em que os Deputados soube- Com a palavra o nobre Deputado Sandro Ma- ram o que S.Exa. está pensando a respeito do assunto bel. não apenas por meio da imprensa, como tem aconte- O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- cido até agora. A questão tributária também envolve sidente, Sr. Relator, sem dúvida, temos de esperar os Ministérios da Fazenda e da Previdência Social. que o Governo nos envie o texto global, mas podemos Há uma interface entre a reforma previdenciária e a adiantar a discussão de pontos específicos. reforma tributária. Eu venho de Goiás. V.Exa. e vários Deputados Seria interessante a Comissão ouvir, com priori- desta Comissão também vêm de Estados pobres. A dade, o que o Executivo pensa a respeito do assunto, proposta de emenda ao projeto de reforma tributária mesmo que ainda não tenha uma proposta esquema- trata de forma muito simples milhões de cidadãos das tizada e formalizada. Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste que esperam Concordo com a idéia do marco zero, formulada uma vida melhor, ao propor igualdade de tributos para pelo Deputado Mussa Demes. Mas há outros documen- todos os Estados. tos que também devem ser analisados. Por exemplo, Sr. Presidente, a modificação proposta ao art. há uma articulação antiga dos Secretários de Fazenda 154, inciso IX – Seção IV, Dos Impostos da União, dos do Estado, comandada pelo Secretário Albérico Ma- Estados e dos Municípios – , é a seguinte: “é vedada chado Mascarenhas, que têm feito reuniões periódicas a concessão de isenção, incentivos e benefícios fis- e formulado idéias. cais relativos à parcela estadual dos impostos”. Isso Eu proporia à Comissão Especial, que ainda está me deixa temeroso. esquentando os motores, que recolhesse tudo o que Que esperança terão os jovens do nosso Estado, há na praça, inclusive o material apresentado pelo bem como os de outras regiões do País, se acabarmos Presidente Lula aos Srs. Governadores e o documento com os incentivos? Assim fazendo, em três, quatro ou formulado pelo Deputado Mussa Demes. Esse material cinco anos vamos acabar com a possibilidade de os servirá como substrato da discussão que realizaremos Estados atraírem indústrias e, conseqüentemente, ge- com os órgãos estratégicos para a formulação da po- rarem trabalho. Que expectativas terão esses jovens? lítica econômica do Governo Federal. De tornarem-se agricultores, de pegarem em enxadas? Segundo, eu proporia ouvir os setores do ca- Não que isso traga demérito algum, mas não é o que pital e do trabalho, os tributaristas e os acadêmicos. eles esperam. Isso permitiria recolher o que já foi produzido e o que Tampouco pretendem adotar a nova “profissão” está sendo pensado neste momento por esses vários prevista no art. 203, Parágrafo Único, que diz: “a União segmentos. instituirá programas de renda mínima”. Quando per- Sr. Presidente, essa é minha proposta metodoló- guntarem a esses jovens qual é a sua profissão, eles gica para o encaminhamento dos nossos trabalhos. responderão que uma Comissão de Deputados em O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Brasília igualou todas as alíquotas no Brasil, acabou – Deputado Walter Feldman, entendo que são oportu- com os incentivos, para resolver o problema da desi- nas as audiências com os Ministros Antônio Palocci e gualdade, e criou a profissão da renda mínima. Dirão Ricardo Berzoini, uma vez que ambos foram membros que não têm emprego, e sim renda mínima. desta Comissão. O Ministro Antônio Palocci, o Depu- Sr. Presidente, Sr. Relator, precisamos ter uma tado Germano Rigotto e eu já mantínhamos contato visão diferente. Podemos até criar blocos de incentivo com as autoridades da área econômica do Governo ou uniformizar incentivos, mas dar a Goiás o mesmo tra- anterior sobre o assunto. tamento que se dá a São Paulo é uma temeridade. No entanto, temos de pensar também na disponi- Eu vou protestar até o final da reforma tributária bilidade de tempo de S.Exas. Por isso, sugiro que seja se ela não der aos jovens de Goiás que estão na facul- realizada audiência daqui a duas semanas com o Mi- dade condições de, ao concluir seus cursos, trabalhar nistro Antônio Palocci, que já vai participar de reunião no próprio Estado em vez de se mudar para São Pau- conjunta na próxima terça-feira. lo, Minas Gerais, Paraná ou Rio Grande do Sul e se Solicito a V.Exa., Deputado Walter Feldman, que tornar administradores de empresas ou especialistas é muito influente dentro do seu partido, que procure em ciências da computação. Para lidar com enxada agendar essa audiência o quanto antes. Tenho certeza não é preciso ter formação superior. de que há interesse de todo o grupo em conhecer o Se não levarmos progresso a Estados como o pensamento de ambos os Ministros a respeito do tema. nosso, na próxima eleição encontraremos cartazes Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57417 com os dizeres: “Estes Deputados votaram a favor da tônio Palocci. Para discutir os incentivos, por exemplo, renda mínima”. devemos trazer pessoas para debatê-los conosco. Podemos debater esses assuntos independente- Não estive aqui na legislatura passada, mas na mente do envio de proposta de reforma pelo Ministro anterior acompanhei a elaboração da Lei Kandir, que Antônio Palocci. Há outros temas que afetam o elei- em um de seus dispositivos resolvia o assunto num torado e a Nação, e nós, que viemos para esta Casa tapa só. Na época, eu era Vice-Líder do Governo e com expressiva votação, precisamos discuti-los. Eu consegui, junto com os demais colegas, mudar aquela não gostaria de dar menores chances ao jovem da regra, que teria prejudicado todos os Estados. minha região, ao acabar com a possibilidade de o Es- Repito: por se tratar de tema acalorado, devemos tado se desenvolver, do que as que tem o jovem na discuti-lo desde já. Região Sul. Mas, quando tudo se igualar, sem dúvida O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) o desenvolvimento se dará na Região Sul, mas não – Com toda a certeza, avançaremos nisso. na Região Centro-Oeste. O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. Pernambuco, por exemplo, teve desenvolvimento Presidente, peço a palavra para fazer um rápido co- espetacular só porque foram criados programas que mentário. incentivaram a industrialização naquele Estado. As O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) indústrias instaladas nessas regiões visam atender – Pois não, Sr. Relator. os grandes centros de consumo, e os incentivos têm O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. o fim de possibilitar o transporte de mercadorias para Presidente, como eu disse, o Relator vai refletir sobre diversas localidades. Se não descentralizarmos o de- todas as opiniões, mas também vai expressar seus senvolvimento no Brasil, cidades como São Paulo e pontos de vista. Rio de Janeiro cada vez mais serão alvo da violência Nobre Deputado Sandro Mabel, entendo que de- e do crime. Se a população do interior tiver uma vida vemos ter como ponto de partida, além do relatório, mais tranqüila, não vai pressionar as Capitais. Temos grandes objetivos fixados. Acabar com as diferenças de olhar o assunto com seriedade. fiscais seria um deles; outro seria a manutenção da Poderemos convocar os Secretários de Fazenda Federação. Ou seja, não podemos criar um sistema para discutir conosco esses temas específicos, de for- tributário que faça tábula rasa do sistema federativo, ma que possamos decidir se pretendemos selar dessa até porque há diferenças entre os Estados. forma o futuro dos nossos jovens. Eu, particularmente, Como candidato do PT votado na região nordeste não pretendo fazer isso. de Minas Gerais, tenho imensa sensibilidade ao pro- Gostaria que os paulistas, os mineiros e os pa- blema das diferenças regionais e à necessidade de ranaenses entendessem que em outras regiões há jo- incentivos, inclusive fiscais e tributários. A superação vens com as mesmas expectativas que os de Estados da guerra fiscal tem de estar de mãos dadas com a mais desenvolvidos. compreensão das diferenças regionais e da importân- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) cia de indutores de desenvolvimento nas regiões mais – Nobre Deputado Sandro Mabel, a questão dos in- necessitadas. centivos fiscais foi amplamente debatida no plenário A resolução desse quebra-cabeças será um de- da Comissão Especial nas legislaturas anteriores e safio, mas resolvê-lo é questão de princípio, senão de tenho certeza de que continuará sendo um tema mui- toda a Comissão, seguramente do Relator. to envolvente. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – Acredito que haveremos de chegar a um texto que Com a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Hauly. não prejudique os Estados mais pobres da Federação. O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. Pertenço a uma região talvez mais necessitada que a Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Parlamentares, de V.Exa., porque é menos industrializada e tem uma agora é o momento de nos pronunciarmos a respeito das menores rendas per capita do País. da nossa Comissão. A discussão será acalorada. Haverão de ser fei- O sistema presidencialista pressupõe que ini- tos muitos questionamentos em relação ao texto. Ele ciativa da envergadura da reforma tributária deva ser foi aprovado dessa forma, mas poderá vir a ser alte- tomada pelo Presidente da República. Gostaria muito rado, dependendo do que decidirmos no decorrer dos que o País adotasse o regime parlamentarista sou par- trabalhos. lamentarista e tenho lutado por esse regime anos a fio, O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- mas enquanto isso não acontece, temos de aguardar sidente, a discussão de temas acalorados como esse que o Presidente da República tome a iniciativa, para independe do envio de proposição pelo Ministro An- depois agirmos. 57418 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Quanto ao princípio federativo, que nosso Relator O Brasil sempre teve muita simpatia pelos mo- acabou de declinar, a Constituição brasileira estabelece delos tributário, previdenciário e trabalhista europeus, Estados e Municípios como entes federados. como sempre teve admiração pelo desenvolvimento dos É tradição em nosso País a imposição tributária Estados Unidos. Na Europa, a questão trabalhista e a da União, de Estados e Municípios, e a autonomia fi- previdenciária têm peso maior; nos Estados Unidos, nanceira e orçamentária nos três níveis de governo. Na menor. No entanto, os Estados Unidos são o país que verdade, num País de dimensões continentais isso tem mais cresce no mundo. suas vantagens, mas também desvantagens – não é Estamos numa encruzilhada. Ou vamos nos as- essa a questão a ser discutida. O fundamental é que sociar à União Européia ou à ALCA, da qual fazem o Brasil, ao longo de décadas, conseguiu a proeza de parte Estados Unidos, Canadá, México e outros pa- ter o pior sistema tributário do mundo, em função de íses da América. Pessoalmente, entendo que o mo- muitos problemas. delo sugerido pelo Deputado Mussa Demes, que vem Na Assembléia Nacional Constituinte – eu era da Comissão de Reforma Tributária, é muito parecido Secretário da Fazenda do Paraná à época – , os Se- com o europeu. cretários de Estado da Fazenda, com a força de Go- Os modelos europeu e americano diferem quanto vernadores e Prefeitos, conseguiram impor aos Cons- ao IVA, que existe no primeiro. Os Estados Unidos ado- tituintes solidários mudanças favoráveis aos Estados tam o imposto sobre vendas a varejo. No resto, quase e Municípios: a retirada dos antigos cinco impostos tudo é igual: Imposto de Renda muito forte, chegando únicos, que saíram da União e passaram para a base quase à metade da arrecadação americana e euro- tributária do ICMS; o aumento da participação dos péia, imposto seletivo na origem e IVA ou Imposto de Estados e Municípios no Imposto de Renda e no IPI, Vendas a Varejo. A contribuição previdenciária varia que passou de 32% para 47% e 57%, respectivamente conforme o país: ora maior, ora menor. Sabe-se que quanto maior o tributo, maior o problema na formali- – criou-se um fundo constitucional de compensação zação da mão-de-obra. pelas perdas nas exportações, com 10% do IPI; e tan- O Brasil, no tocante à contribuição previdenciária, tas outras questões importantes, como o adicional do também contraria a regra universal do cálculo atuarial. Imposto de Renda para os Estados. Previdência é expectativa de vida e contribuição. Digo O que aconteceu nos anos seguintes? A União, isso com conhecimento de causa – e com dor, porque ao perder recursos e ao manter seu nível de despe- perdi muitos votos graças a essa bobagem – , para che- sas, foi em busca de novas receitas. E, para fugir da gar ao óbvio: um país sério precisa de uma previdência partilha do Imposto de Renda e do IPI, que deveriam séria. E previdência séria é cálculo atuarial, expectativa ser os dois grandes impostos federais, começou a so- de vida e contribuição. Para ter direito a aposentado- brecarregar o sistema tributário com novos tributos. Foi ria especial é preciso pagar uma conta maior. Então, criada a CPMF; a COFINS, que era algo insignificante paga-se a conta, mas se impõe aos pobres o custo, e tornou-se um tributo gigantesco; o PIS, que é dos porque cada vez que se privilegia alguém de um setor trabalhadores mas tem papel gigantesco na arreca- A, B ou C, outro paga a conta – normalmente, o pobre dação, e outros. coitado que ganha salário mínimo, não tem emprego Então, o sistema é contra a produção, portanto, e está embaixo na escala social. contra o trabalhador, porque gera desemprego e es- Minha proposta concreta é que abramos portas tabelece o caos, no que se refere à competitividade e janelas e olhemos o mundo. Analisemos os cinco das empresas brasileiras. Toda essa carga tributária países europeus mais bem-sucedidos, os Estados maluca vai formar preços, principalmente de bens de Unidos, o Canadá e o México, façamos comparação consumo da grande massa de trabalhadores. entre o sistema por eles adotado e o nosso, a fim de Na verdade, os 35% da arrecadação do PIB si- descobrir como podemos aproximá-los, e realizemos tuam o Brasil entre os países que mais arrecadam no as contas. Depois, basta saber do Governo de São mundo. Entretanto, em virtude da sonegação, dos in- Paulo, Estado que tem a maior arrecadação de ICMS, centivos fiscais, da elisão e da corrupção do sistema, se aceitaria trocar esse imposto por outro seletivo e devemos ter hoje carga tributária legal de mais de 55% por uma parte do Imposto de Renda. do PIB. Devemos perder 20% do PIB em incentivos Estou pensando em voz alta, porque o assunto é fiscais, sonegação e elisão. do interesse de todo o Brasil, não apenas de um seg- O grande problema do Brasil é a competitivida- mento. Se o PT e o Presidente Lula fizerem a reforma de, e isso influi nos sistemas tributário, previdenciário tributária aproximando nosso modelo desse sistema, e trabalhista. eu lhes asseguro: o Brasil crescerá 5% ao ano, 3% a Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57419 mais do que o previsto, só em função da reforma tribu- do Município dele, consigo um terreno e um incenti- tária. Se acertar nas reformas previdenciária e traba- vo de dez anos em impostos municipais. Quer dizer, lhista, vai crescer muito mesmo, o que vai assegurar consigo um benefício fiscal. Vou ao BNDES, faço um aos companheiros um futuro político mais certo. financiamento de longo prazo e compro máquinas no- Mas há um senão. O Brasil é uma sociedade vas. Com esse sistema, quebro a outra fábrica. O que complexa. O Estado brasileiro é complexo, talvez tan- acontece? Ela começa a sonegar. to quanto o norte-americano e, certamente, um dos A conclusão da ópera é essa. O sistema é preda- mais complexos do mundo. O funcionalismo público tório. A economia de mercado no Brasil é uma fraude: no Brasil, especialmente na esfera federal, elitizado todo mundo faz de conta que paga e que recebe, mas e bem preparado, domina o Governo. O atual, pelo a competição é predatória. Ou se conserta isso, ou não que estou sentindo nos seus dois meses e treze dias se tem crescimento econômico. de atuação, já está dominado pela burocracia. Estou Nosso grande erro até hoje foi não ter conserta- falando com o coração. V.Exas. me conhecem bem. do esse sistema. As relações negociais precisam ter Está dominado. como base a lei da seriedade. E um sistema errado A questão tributária no Brasil é tão grave que proporciona um contencioso que é a alegria de escri- não damos importância à quebra de empresas. Elas tórios e de bancas que se enriquecem em todo o Bra- são questão de segurança nacional, porque geram sil, porque, é claro, o sistema lhes favorece. Está nas emprego, receitas e impostos para o País. Cada em- nossas mãos, e não nas do Governo. presa, por menor que seja, é uma unidade de interes- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) se nacional. – Com a palavra o nobre Deputado Ronaldo Vascon- Tem-se um contencioso hoje, algo em torno de cellos. 600 bilhões referentes à Receita Federal e à Previdên- O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS cia – isso apenas do Governo Federal junto ao empre- – Sr. Presidente, serei rapidíssimo. sariado e a pessoas físicas. Esse contencioso está-se Concordo com as observações de V.Exa. e dos purgando, porque não se recebe. Alguns dizem que se Deputados Virgílio Guimarães, Walter Feldman e Fer- está recebendo 1,8 bilhão do REFIS e mais um pouco nando Gabeira sobre ter uma visão um pouco mais do parcelamento tradicional. Porém, o Governo Federal abrangente da reforma, ou seja, acabar com a visão precisa da arrecadação mensal, do fluxo. Tem-se um apenas fiscalista. Temos alguns teóricos aqui que pen- estoque e um fluxo. Para se ter um fluxo saudável, tem sam saber um pouco mais do que nós, mas acho que se que resolver o estoque e o contencioso. E o que é todos os Deputados são iguais. o contencioso? Na verdade, são dois: o administrativo e o judicial. O administrativo, em todas as instâncias, e Para se ter uma visão mais abrangente, mais ho- aquilo que a Receita não alcançou ainda, isto é, o que lística e, ouso dizer, mais inteligente que a fiscalista, vem sendo sonegado por aí afora. Se o pacto fiscal não é preciso levar em conta a questão ecológica, como for retroativo, como estabelece a Medida Provisória nº disse o Deputado Fernando Gabeira, e a situação dos 66, aumentarão nossas dificuldades. Municípios, conforme alertou o Deputado Walter Feld- Falo com toda clareza. Um empresário tem uma man e assinalou o Relator em seu relatório. microempresa que fatura 30 mil por mês, mas que vive Vamos cumprir nossa obrigação. Não precisamos enrolada há dez anos. Deve mais de 300 mil. Como mais ouvir ensinamentos. O Relator oficial da Comis- ela vai pagar? Qual é a solução? Fechar a empresa são é o Deputado Virgílio Guimarães. e abrir outra? Mas é dele, é do coração dele. É a sua O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) primeira empresa, o seu amor. Trago este caso porque – Obrigado, Deputado Ronaldo Vasconcellos. já o havia discutido ontem com um colega, quando con- Tem a palavra o Deputado Walter Pinheiro. versávamos a respeito de empreendimentos. O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO – Sr. Sou Deputado, tenho meu nome e zelo por ele. Presidente, também serei rápido. Brigo pelas minhas causas e tenho minhas idéias. Os Quero fazer uma brincadeira com o Deputado micro, pequenos e médios empresários fazem a mes- Luiz Carlos Hauly. S.Exa. estava falando em bolacha, ma coisa. Se não compreendermos isso, não compre- mas foi almoçar. Colocou a gente de castigo e se enderemos o Brasil. mandou, para não comer as bolachas do Deputado A carga de 55% do PIB é impagável. Sandro Mabel. Vou dar o exemplo do Deputado Sandro Mabel, Sr. Presidente, todo mundo fala em reforma tri- cuja família tem fábrica de bolachas há cinqüenta anos. butária, até os excluídos desse cenário da economia. Se eu também quiser montar uma, vou até a Prefeitura Todos debatem o velho dilema de como reduzir a car- 57420 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 ga tributária. Não há quem não tenha a idéia de fazer o diabo. Devemos discutir o assunto nesta Comissão essa redução. e temos todas as condições para fazê-lo. É óbvio que tivemos esse aprendizado, principal- O traçado, a arquitetura – como disseram alguns mente nesta Casa. Nenhum Governo, nem o do PT, quer – , o mosaico inicial da Comissão não serve mais. Va- deixar de aumentar sua capacidade de arrecadação. mos ter de inaugurar novos processos nesta Casa. Portanto, para resolver essa equação, de um lado há Há muito tempo participo de Comissões Temá- os que desejam reduzir a carga tributária, e, de outro, ticas na área de ciência e tecnologia, e começo a me os que pretendem manter os níveis de arrecadação. questionar sobre o modelo de audiência pública que Assim, teremos de chegar a uma equação que, temos na Câmara dos Deputados. O convidado vem, na minha opinião, vai atingir uma área crítica, a cha- fala por duas ou três horas, responde a trezentas per- mada área tributável. Ou seja, para que essa equação guntas diferentes e simplesmente vai embora. dê certo, Sr. Relator, temos de alterar o atual estágio Precisamos encontrar uma fórmula que nos per- da tão propalada área de tributação. mita eficiência no debate, até para que o próprio Relator Se quisermos reduzir a carga tributária e manter e a Comissão saibam como extrair, com profundidade, a arrecadação, precisaremos ampliar a área de tribu- contribuições para a construção do relatório. O mosaico tação. Será preciso inserir no contexto de tributação é necessário, por exemplo, para definir sub-relatorias setores até então beneficiados ou isentos. Portanto, e Subcomissões a fim de debater alguns temas em voltamos ao velho debate sobre a sonegação. O Depu- separado e de juntá-los posteriormente. tado Luiz Carlos Hauly bem descreveu a crueldade do É importante aproveitar experiências anteriores e sistema tributário. analisar parâmetros de outros países, especialmente O Congresso Nacional tem condições de promo- os europeus e o norte-americano. Precisamos debater ver esse debate. Todas as vezes em que debatemos a Área de Livre Comércio das Américas para estabe- qualquer tema, sejamos de situação ou de oposição, lecer um relacionamento internacional, até porque não não queremos receber pacote pronto. Queremos, sim, estamos isolados, como disse o Deputado Fernando construir uma proposta que se ajuste ao desejo da Gabeira, com muita propriedade. Falamos muito em maioria desta Casa. economia sustentável, mas não há como praticá-la Ora, se é assim, também é natural, compreensí- sem entrar na seara do meio ambiente. Que impacto vel e correto que o Governo, por intermédio do Minis- ela teria sobre a reforma tributária? tro da Fazenda, apresente sua proposta. É coerente Sr. Presidente, noutro dia uma pessoa que tem que ele possa discutir todos os aspectos do problema um terreno em determinada cidade me fez a seguinte e apresentar soluções para a construção de uma re- ponderação: ela não é estimulada a plantar absoluta- forma tributária que talvez não seja a ideal, mas que mente nada nesse terreno e acha que no dia em que caminhe no sentido de corrigir ou atenuar a cruelda- plantar alguma coisa não poderá construir, porque não de aqui apontada por alguns Deputados. Acho que há terá como derrubar. Assim, ela me perguntou se, do acúmulo de impostos, sim. ponto de vista tributário, ela não poderia ser isenta do Gostaria de ouvir nesta Comissão o Secretário- pagamento de tributos em relação à utilização dessa Adjunto do Ministério da Fazenda. À época do debate área durante certo período. sobre a reforma tributária, ele era Secretário de Fa- São elementos como esse – eu trouxe um exem- zenda do Governo do Rio Grande do Sul e foi um dos plo muito simples – que devemos inserir na discussão. expoentes da Frente dos Secretários, que debateu o Como disse o Deputado Fernando Gabeira, as questões polêmico ICMS. Portanto, poderia nos ajudar bastante, ecológica e ambiental, que envolvem a sustentabilidade ao trazer sua experiência sobre esse explosivo tema. econômica, devem ser discutidas nesta Comissão. O Deputado Sandro Mabel fez referência à guerra Por isso, é importante ouvirmos o Ministro Antô- fiscal. Disse que naquela época não estava na Casa, nio Palocci. Não vejo nenhum problema nisso; acho até mas vivenciou o problema. que deveria ser a primeira pessoa a ser ouvida. Vamos O Governador Mário Covas tinha um posiciona- acabar com a impressão de que nós, do PT, não que- mento firme, duro, e, vale dizer, corretíssimo, nessa remos que o Ministro Palocci venha à Comissão. Ele questão. Foi correta a intervenção do Governador àque- tem de vir, como veio o Ministro Berzoini à Comissão la época em que assistimos a uma verdadeira guerra que discute a reforma da Previdência. fiscal. O Governo, para atrair investimentos, cometia Deputado Virgílio Guimarães, é importante que verdadeiros atropelos tributários, e, de maneira inci- o Ministro Antônio Palocci venha a esta Comissão e siva, prejudicou Estados mais humildes como o Piauí apresente a posição do Governo em relação à reforma – não costumo chamá-los de pobres porque pobre é tributária. Em seguida, podemos fazer outros debates. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57421 Seria bom ouvir o Secretário de Estado, o Secretário- época. Na verdade, não havia vontade de se aprovar Adjunto, os segmentos econômicos, os juristas, os a reforma tributária. acadêmicos e os tributaristas, para evitar o terreno Creio que os grandes problemas nacionais es- conflituoso das disputas judiciais. Vamos fazer isso? tão sendo resolvidos. Foi inédita a reunião que o Pre- Creio que a experiência do Sr. Presidente da Comis- sidente Lula promoveu com a presença de todos os são poderá nos ajudar muito. Governadores, que levantaram a questão fundamental Precisamos também de tempo para debater so- da reforma tributária. bre o que pensa o Congresso Nacional acerca do Temos de definir logo nossa posição. Por quê? modelo tributário. Como estimular o crescimento da Porque a guerra fiscal, como observamos nos últimos arrecadação por meio da propalada redução da carga tempos, fez com que todos perdessem. Concordo ple- tributária? Todo mundo fala a respeito disso. Dizem que namente com o Deputado Walter Pinheiro. Lembro-me só no setor de telecomunicações se reduziriam 41%. muito bem da atitude do já falecido Governador Mário Como se faz isso? Simplesmente reduzindo? De onde Covas, que teve muita coragem, à época, de posicio- virá a arrecadação? Não há almoço de graça. Quando nar-se frontalmente contra a guerra fiscal. alguém come, paga. Precisamos, sim, discutir o des- Nós, do PT, sabemos o quanto custa adotar uma locamento desse pagamento. posição coerente. O ex-Governador do Rio Grande do A Comissão tem ferramentas e condições su- Sul, Olívio Dutra, disse textualmente à Ford: “Nós não ficientes e, eu diria até, eficientes, para promover o vamos colocar 460 milhões de reais” – que corres- debate. pondiam a 460 milhões de dólares, pois a paridade O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) era de um para um – “na conta da Ford”. O que fez o – Obrigado, Deputado Walter Pinheiro. Governo Federal? Pagou a conta, porque aprovamos Tem a palavra o último orador inscrito, o nobre nesta Casa um incentivo para a Ford instalar-se na Bahia. Isso custou aos cofres da União 1 bilhão de Deputado Carlito Merss. reais em incentivos. O SR. DEPUTADO CARLITO MERSS – Sr. Pre- Hoje, há diversas empresas em situação dificí- sidente, Sr. Relator, serei breve. lima no meu Estado. Algumas precisam do socorro Ouvi atentamente todas as manifestações. Eu diria do BNDES. É estranho que alguns setores da mídia que há uma diferença fundamental entre esta Comissão tentem desqualificar o Prof. Carlos Lessa por afirmar e as duas últimas que debateram a reforma tributária. que o BNDES pode ser um hospital de empresas. O Fui Deputado Estadual no período de 1995 a 1998, em BNDES tem de ser, sim, um órgão que ajude as em- Santa Catarina, quando acompanhei a discussão sobre presas a gerar empregos. o assunto. No último período, também a acompanhei, A guerra fiscal talvez seja um dos frutos mais apesar de tê-lo feito de forma marginal, e presenciei terríveis da política praticada nos últimos anos, por- o consenso a que chegamos. Na verdade, o relatório que todos saíram prejudicados. Precisamos ter um a que o Relator tão brilhantemente conseguiu chegar Governo central que determine uma política de desen- à época foi o consenso possível. volvimento regional com incentivos, sim, mas que não Como disse, há uma diferença fundamental en- permita que Estados se ataquem de forma fratricida, tre o período que estamos vivendo agora e o anterior. pois todos perdem. Vejam o Estado do Paraná: hoje, Desta vez, o Executivo efetivamente quer a reforma diversas empresas lá instaladas, inclusive algumas tributária, mesmo que não seja a da sua vontade, mas multinacionais, quebraram, apesar de contarem com há um movimento muito grande na sociedade no sen- incentivo fiscal. tido de que não é mais possível protelar tal reforma Sr. Presidente, esse será um dos primeiros acor- nem continuar apenas ouvindo discursos. dos que teremos pela frente nesta Comissão. Temos O Deputado Sandro Mabel me dizia que no Brasil posição muito clara contra a guerra fiscal, infelizmente há três coisas que não se discutem: religião, futebol e já instalada em nosso Estado. reforma tributária. É impressionante: todo mundo deseja Fui informado de que, no próximo final de se- a reforma tributária, mas ela não acontece. mana, os Secretários estaduais estarão reunidos em Lembro-me bem da nossa frustração ao aprovar busca de consenso. Essa reunião é um dos frutos da o relatório na Comissão. Até hoje ele está na mesa da reunião dos Governadores. Presidência – aliás, esteve lá por quase dois anos. Isso Com base nesse consenso, podemos fazer gran- frustrou muita gente. Lembro-me também da angústia des acordos que contemplem as preocupações de Go- do Deputado Germano Rigotto – hoje Governador do vernadores e Prefeitos. Por exemplo: o ISS é o imposto Rio Grande do Sul – , Presidente da Comissão àquela principal? É. E o ITR? Desgraçadamente, não se cobra 57422 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 quase nada. Tenho dados de 1998 que mostram que tiva, que não esvazie as diversas regiões brasileiras e todo o ITR cobrado no País não chegou à metade do não dê continuidade à política de privilegiamento das cobrado pela Prefeitura de Porto Alegre, por exemplo. grandes metrópoles, o que, na verdade, vai prejudicar É uma vergonha! Está na hora de definir claramente o Governo. se o ITR é ou não um imposto principal. Se o Prefeito Se chegarmos a um acordo com os Governado- for amigo de grandes fazendeiros, que ele, o Prefeito, res e os Prefeitos, boa parte do caminho estará trilha- seja cobrado por não ter arrecadado o imposto. da. Há interesse dos grandes lobbies em inviabilizar a Por fim, Sr. Presidente, se quisermos efetivamente reforma, apesar do discurso favorável. Mediante esse reduzir a carga tributária, temos de dizer claramente acordo, fica mais fácil expor os setores que não que- quem vai perder com essa redução. Alguns setores rem a reforma tributária no Brasil. não podem mais pagar. Por exemplo: por que mais Se chegarmos ao consenso o mais rápido pos- imposto sobre consumo? Os pobres não podem mais sível, haverá a possibilidade concreta de votarmos a pagar. Outro exemplo: a classe média, que até dez reforma tributária talvez neste primeiro trimestre. Vamos anos atrás não reclamava muito, mas percebeu clara- cooperar com o Relator e com o Presidente da Comis- mente que estava pagando muito Imposto de Renda são, para não perder tempo com discussões passadas. e CPMF, também não pode mais ser cobrada. E as Vamos buscar o consenso para não frustrar mais uma grandes fortunas? E o sistema financeiro? E aqueles vez a sociedade brasileira, que há muito espera a re- que nunca pagaram impostos? forma tributária – talvez a mais esperada de todas. Essa discussão deve ser transparente, porque a Muito obrigado. sociedade brasileira tem o direito de saber que está O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) pagando muito. Alguns não pagam nada ou pagam – O Deputado Machado também pediu-me para se muito pouco. manifestar. Esta Comissão terá de saber, inclusive, com base Solicito a S.Exa. que seja breve, porque temos nos números que a Receita pode nos fornecer, quem de votar requerimento. faz discurso a favor da reforma tributária, mas, na prá- Com a palavra o Deputado Machado. tica, tenta inviabilizá-la de todas as formas. O SR. DEPUTADO MACHADO – Sr. Presidente, Em depoimento no Senado na terça-feira, o Mi- como Deputado de primeiro mandato, desde o prin- nistro Antônio Palocci esclareceu, de certa forma, os cípio manifestei à Liderança do meu partido o desejo cinco principais itens da reforma. Ela tem de ser efe- de participar desta Comissão. tivamente muito simples para que a elisão e as mil e Como representante de pequeno Estado do so- uma formas de sonegação possam ser pelo menos frido Nordeste, tenho preocupações mais ou menos reduzidas. coincidentes com as do Deputado Sandro Mabel, do Tenho até brincado com os números. Se nos pró- Estado de Goiás. ximos quatro anos do primeiro mandato do Governo O Relator falou em reforma tributária justa e poli- Lula conseguirmos reduzir em 30% a sonegação, a ticamente viável, que agregue. Uma reforma justa tem elisão e outras práticas que hoje retiram dinheiro da de procurar fundamentalmente diminuir as desigual- República, considero-me um cidadão feliz. Se fizermos dades sociais no País. Não podemos conviver com com que os sonegadores paguem impostos, teremos um nordeste, um centro-oeste e um norte pobres, en- condições de resolver todos os outros problemas so- quanto temos um sul e um sudeste muito ricos. Esse ciais que nos afligem. assunto deve ser debatido. Não somos pobres por Acredito que a base para tais ações tem de ser opção. Abrigamos hoje, na Região Nordeste, um terço o relatório de V.Exa., Sr. Relator. Talvez possamos, no da população brasileira, que representa mais de 50% final de semana, receber um sinal dos Secretários da do número de miseráveis no País. Fazenda sobre o assunto. Sr. Presidente, para terminar, concordo com a Em alguns casos, a transição nos Estados é fun- estratégia de audiência sugerida pelo Deputado Walter damental. A preocupação do Deputado Sandro Mabel é Feldman, de São Paulo. Acredito que esse é o caminho, correta, até porque não há política de desenvolvimen- ou seja, ouvir primeiro Ministros, depois, Secretários to regional. Ora, os Estados maiores acabam sendo de Fazenda dos Estados, representantes do capital e valorizados, devido à política que durante cinqüenta do trabalho e, por fim, acadêmicos e tributaristas. anos manteve a siderurgia no Sudeste, levando para Faço um apelo aos membros desta Comissão, a região todos os incentivos. especialmente ao Presidente – nordestino como este Temos a obrigação de cobrar do Ministério da In- Deputado que agora usa da palavra – para que procu- tegração Nacional do atual Governo uma política efe- remos priorizar fundamentalmente a reforma tributária. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57423 Dessa forma, diminuiremos as desigualdades sociais frido Mares Guia, ou o Presidente da Associação Bra- que atrasam o desenvolvimento da Nação. sileira de Municípios, aliás conterrâneo do Deputado Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Luiz Carlos Hauly. Estou de acordo com a escolha de O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – qualquer um dos requerimentos. Agradeço ao nobre Deputado Machado as palavras. O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Sr. Pre- Temos de examinar ainda requerimentos de con- sidente, faço uma breve sugestão, tendo em vista vocação e de convite a pessoas para se manifestarem a observação do Deputado Ronaldo Vasconcellos. junto ao grupo. Parece-me, dentre os requerimentos de S.Exa. – até A Deputada Vanessa Grazziotin propõe que se pela dimensão que ganhou nesta semana o encontro convide meia dúzia de pessoas, o que imagino poderia dos Prefeitos – , pertinente convidar o Presidente da atravancar um pouco a pauta. S.Exa. não se encontra Associação Brasileira de Municípios para manifestar presente. sua posição. O SR. DEPUTADO LUPÉRCIO RAMOS – Sr. O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. Presidente, sugiro que não seja convidado apenas o O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Presidente da ABM, porque existem várias entidades – Deputado Lupércio Ramos, aguarde um minuto. Em nacionais que representam os Municípios, como a seguida, concederei a palavra a V.Exa.. Frente Nacional de Prefeitos e as Secretarias de Fi- Conversei pessoalmente com a Deputada Va- nanças das capitais. nessa Grazziotin, que me disse ficar satisfeita se pu- O SR. DEPUTADO JOSÉ MENTOR – Sr. Presi- déssemos, num primeiro momento, ouvir o Presidente dente, peço a palavra pela ordem. da CIEAM. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Com a palavra o Deputado Lupércio Ramos, do – Só um minutinho, Deputado José Mentor. Amazonas. Temos de nos ater aos requerimentos encami- O SR. DEPUTADO LUPÉRCIO RAMOS – Sr. nhados à Mesa, e o único encaminhado até agora é Presidente, uma vez que a Deputada Vanessa Gra- para que se convide o Presidente da ABM. Assim, acho zziotin, da bancada do meu Estado, teve de viajar hoje, razoável fazermos o convite a S.Sa. e, na seqüência, solicito a V.Exa. a retirada de pauta de todos os reque- convidarmos os outros Presidentes, como o Presiden- rimentos de sua autoria. Dada a explicação do nosso te da CNM, Paulo Ziulkoski. Imagino que a Comissão Relator de que é possível a realização de audiências queira ouvi-lo mais adiante. em alguns Estados ou em algumas regiões, proporei Com a palavra o Deputado José Mentor. à Deputada Vanessa que façamos um debate na re- O SR. DEPUTADO JOSÉ MENTOR – Sr. Pre- gião amazônica, onde poderemos ouvir as pessoas sidente, faço uma ponderação em face da discussão que S.Exa. deseja convidar. de hoje. São contribuições de vários tipos, mas a in- Assim sendo, peço a V.Exa. a retirada de pauta cumbência do Sr. Relator é trazer proposta detalhada dos requerimentos. para esta Comissão. Deixo então a sugestão inicial O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) de suspendermos, neste momento, a apreciação dos – Se o grupo concordar, nós o faremos, até porque a requerimentos e analisarmos os mesmos na próxima Deputada Vanessa não está presente para definir a reunião. Dessa forma, talvez possamos acatar a su- sua prioridade imediata. gestão de vários Deputados de convidar o Ministro Ouviremos a seguir o Deputado Ronaldo Vas- Antônio Palocci para um primeiro encontro conosco. concellos, que também apresentou à Mesa alguns Esta é uma medida, creio, interessante, porque pode requerimentos. Pergunto a S.Exa. se podemos nos dar parâmetros à Comissão quanto à intenção do Go- limitar a apenas um, neste primeiro momento, para verno, o que nos possibilita fazer uma cronologia dos que tenhamos oportunidade de pautar os nossos tra- convites a outras entidades. balhos não com celeridade, mas que possamos ouvir Portanto, reitero aos Deputados o adiamento adequadamente as pessoas que se pretendem convi- momentâneo da apreciação dos requerimentos e a dar. Quais seriam os convidados então, nobre Depu- aprovação do convite ao Ministro Palocci. tado Ronaldo? O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO – Sr. O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS Presidente, peço a palavra pela ordem. – Sr. Presidente, como quero ajudar, concordo com a O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) proposta de V.Exa. e deixo essa indicação inteiramente – Ouço o Deputado Walter Pinheiro. a seu critério e do Sr. Relator. Talvez seja interessante O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO – Creio convidar a Senadora Marina Silva, ou o Ministro Wal- que a sugestão do Deputado José Mentor é boa, pois 57424 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 nos possibilita montar um cronograma. A minha preo- O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Está cupação é quanto ao fator tempo. Então, desejo saber bem. se o Deputado aceita um adendo à sua proposta: o de O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) retirarmos o requerimento de convocação do Ministro – Nada mais havendo a tratar, vou encerrar os traba- Antônio Palocci hoje como indicativo, do ponto de vista lhos da presente reunião. de trabalho, e acatarmos a sugestão de convidar uma Está encerrada a reunião. entidade representativa dos Municípios, ou Secretá- COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR rios de Estados, ou acadêmicos, ou juristas. Essa seria ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM basicamente a linha de audiências públicas que faría- TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA mos na Comissão, conforme sugerido pelo Deputado O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL. Walter Feldman e diversos outros. (SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL) V.Exa., Sr. Presidente, e o Sr. Relator também poderiam apresentar à Comissão, na próxima reunião, Ata da 3ª Reunião, Realizada em 20 Março um calendário para aqui recebermos essas entidades. de 2003. Como disse, poderiam ser Secretários ou entidades Aos vinte dias do mês de março de dois mil e três, representativas, como a UNAFISCO, por exemplo, de às dez horas e trinta e sete minutos, no Plenário 13, do acordo com proposta da Deputada Vanessa. Anexo II da Câmara dos Deputados, sob a presidência O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) do Deputado Mussa Demes, reuniu-se a Comissão – Faço uma sugestão para talvez resolver esse impas- Especial destinada a efetuar estudo em relação às se. Já solicitei ao Deputado Walter Feldman um contato matérias em tramitação na Casa, cujo tema abranja com o Ministro Palocci para ver sua disponibilidade de o Sistema Tributário Nacional. Compareceram os Srs. tempo. Se S.Exa. se dispuser a vir na próxima semana, Deputados André Zacharow, Beto Albuquerque, Carlito o assunto estará definitivamente resolvido. Caso sua Merss, Carlos Eduardo Cadoca, Delfim Netto, Eduardo agenda não permita, ficaríamos autorizados a trazer Paes, Gerson Gabrielli, João Leão, Jorge Bittar, José o Presidente da Associação Brasileira de Municípios. Mentor, José Militão, Julio Semeghini, Luiz Bittencourt, V.Exas. concordam? Luiz Carlos Hauly, Lupércio Ramos, Machado, Mussa (Intervenção inaudível.) Demes, Paulo Bernardo, Paulo Rubem Santiago, Re- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) nato Casagrande, Romel Anizio, Ronaldo Vasconcellos, – Muito bem. Sandro Mabel, Sérgio Miranda, Virgílio Guimarães, O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS Walter Feldman, Walter Pinheiro e Francisco Dornelles, – Sr. Presidente, solicito a V.Exa. e à Angélica – com- titulares; Anivaldo Vale, Antonio Carlos Mendes Thame, petente dirigente da sua equipe – , com base naqui- Eduardo Sciarra, Eliseu Resende, Fernando Gabeira, lo que foi dito hoje aqui sobre transparência, que se Jaime Martins, Júlio César, Paulo Afonso, Pedro Fer- utilizem os famosos meios eletrônicos para informar nandes, Reginaldo Lopes, Roberto Pessoa, Vignatti, a todo o País sobre o andamento dos trabalhos desta Wasny de Roure e Yeda Crusius, suplentes. Deixaram Comissão. Não sei se já foi ou não providenciado, mas de comparecer os Srs. Deputados: Antonio Cambraia, sugiro a abertura de um canal eletrônico com toda a Armando Monteiro, Edmar Moreira, José Roberto Ar- sociedade brasileira. ruda, Marcelo Teixeira, Max Rosenmann, Narcio Ro- O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- drigues, Pauderney Avelino e Silas Câmara. Havendo sidente, pela ordem. número regimental, o Sr. Presidente, declarou abertos O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) os trabalhos. ATA – O Sr. Presidente colocou a ata em – Tem V.Exa. a palavra. discussão e votação, sendo aprovada sem restrições. O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Para dar- ORDEM DO DIA: Apreciação de requerimentos. O Sr. mos celeridade, se o Deputado Ronaldo Vasconcellos Presidente informou ao plenário que a Comissão havia o permitir, além da ABM, podemos convidar mais duas convidado, para uma reunião de audiência pública, o ou três entidades ligadas aos Municípios, como a Fren- Sr. José do Carmo Garcia, Presidente da Associação te Parlamentar de Prefeitos, para realizarmos apenas Brasileira de Municípios, mas que a reunião fora can- uma audiência, porque o discurso será o mesmo. celada, pela impossibilidade do expositor comparecer. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Passando a ordem do dia, o Sr. Presidente, colocou – A experiência mostra, Deputado Sandro Mabel, que em apreciação os seguintes requerimentos: Requeri- não é possível realizar audiências com muitas repre- mento nº 14, do Deputado Walter Feldman, que “solici- sentações. Há interesse em ouvir todos os citados do ta seja convidado o Secretário de Estado da Fazenda grupo, mas na oportunidade não haverá tempo. da Bahia a comparecer a esta Comissão Especial, a Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57425 fim de prestar esclarecimentos sobre a reforma”; e, Um deles é o requerimento de convocação do Requerimento nº 18, do Deputado Luiz Carlos Hauly, Secretário da Fazenda do Estado da Bahia, e também que “solicita que seja convidado o Sr. Professor Doutor Presidente do CONFAZ, Sr. Albérico Mascarenhas. Ives Gandra Martins a comparecer a esta Comissão S.Sa. é o único remanescente do antigo grupo de Se- Especial, para participar de reunião de audiência pú- cretários de Fazenda no atual mandato. Eu o conheço blica a ser realizada por esta Comissão”. Submeten- bem. Foi de fato um dos que muito contribuíram com do as considerações de seus pares, fizeram uso da nossos trabalhos. É memória viva, entre os Secretários palavra os Srs. Deputados: Gerson Gabrielli, Renato de Fazenda, da época em que elaboramos e acabamos Casagrande, Virgílio Guimarães, Wasny de Roure, por aprovar matéria na Comissão Especial. Esse é o Walter Felldman, Romel Anizio, Paulo Afonso, Walter primeiro nome que sugiro a V.Exas.. O requerimento Pinheiro, Paulo Rubem Santiago, André Zacharow, Jú- é de autoria do Deputado Walter Feldman. lio Semeghini, José Militão, Eliseu Rezende, Eduardo O outro requerimento é do Deputado Luiz Carlos Paes, Luiz Carlos Hauly e Sandro Mabel que discorre- Hauly, para que ouçamos um dos maiores especialistas ram sobre a metodologia de trabalho que a Comissão brasileiros na matéria, o Prof. Ives Gandra Martins. deveria adotar. O Relator salientou a necessidade da Podemos convidar os dois. Ouviríamos o pri- Comissão visitar alguns Estados da Federação, dando meiro na próxima semana e o segundo na semana ênfase aos Estados de São Paulo, Amazonas, Mato seguinte. Grosso, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. O Gostaria de ouvir o Plenário a esse respeito, se Deputado Wasny de Roure sugeriu a abertura de uma concorda, se tem alguma objeção, se prefere ouvir ou- página na internet, para que a sociedade pudesse se tra pessoa, para que possamos colocar em votação manifestar. O Deputado Walter Pinheiro apresentou um os requerimentos. roteiro para que a Comissão desenvolvesse seus traba- Passo a palavra ao Sr. Deputado Gerson Ga- lhos. O Sr. Presidente concordando com as exposições brielli. de seus pares passou a votação dos requerimentos 14 O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Sr. e 18 que foram aprovados sem restrições. Nada mais Presidente, congratulo-me com V.Exa. Para come- havendo a tratar, o Sr. Presidente, Deputado Mussa çarmos nossos trabalhos, acho perfeita a sugestão. Demes, encerrou a presente reunião às onze horas e O Sr. Ives é um excelente especialista na matéria. E, cinqüenta e oito minutos. antes convocou reunião para se não recuperarmos a memória do CONFAZ, ela se a próxima quinta-feira, dia 27 de março, às 10 horas. perderá em decorrência das novas contribuições dos A presente reunião foi gravada e suas notas taquigrá- Secretários. ficas, após decodificadas farão parte integrante desta O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Ata. E, para constar, eu, Heloisa Pedrosa Diniz, Se- – Muito obrigado, Deputado Gerson Gabrielli. cretária-Substituta, lavrei a presente Ata, que depois A Secretária desta Comissão lembra-me que de lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente preliminarmente coloque em votação a ata da reunião e irá à publicação. anterior, que foi distribuída aos companheiros. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Em discussão a ata. (Pausa.) – Declaro abertos os trabalhos da presente Comissão Não havendo quem queira discuti-la, dou por Especial do Sistema Tributário Nacional, convocada aprovada a ata. para deliberação de requerimentos apresentados a Concedo a palavra ao Sr. Deputado Renato Ca- esta Comissão. sagrande. Informo ao Plenário que convidamos o Presi- O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE dente da Associação Brasileira de Municípios para – Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, dar uma palestra e discutir conosco a matéria, mas, temos vinte requerimentos, e V.Exa. está propondo infelizmente, S.Sa. não poderá comparecer. Contudo, o destaque de dois ou três. Para que avancemos na tivemos hoje reunião muito longa e produtiva com o discussão com o Plenário, proponho que façamos al- Sr. Ministro da Fazenda. gumas audiências em bloco. Sugiro que selecionemos dois palestrantes, den- V.Exa. sugere que ouçamos os Secretários de tre os inúmeros pedidos de convites, para que venham Fazenda Estaduais por intermédio do Presidente do prestar esclarecimentos à Comissão. Dos vinte reque- CONFAZ. Acho importante ouvirmos a posição dos rimentos que temos, gostaria de submeter à conside- Estados. Podemos até convidar outros Secretários ração dos companheiros dois que me parecem mais para que estejam aqui juntamente com o Presidente apropriados no momento em que começamos este do CONFAZ. Temos solicitações para participação de trabalho. diversas entidades. Então, sugiro que, em vez de apro- 57426 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 varmos um ou outro requerimento, aprovemos uma Peço que cada um reflita a respeito do assunto, estratégia de blocos de requerimento. para resolvermos o que será feito. No entanto, quem É melhor ouvirmos entidades nacionais. Não há quiser poderá propor assuntos específicos. Procura- justificativas para trazer entidades estaduais a estas remos atender no que for possível. audiências. Num dia, ouvimos entidades nacionais da O SR. DEPUTADO ROMEL ANIZIO – Sr. Presi- indústria, do comércio, de serviços, da pequena e mi- dente, peço a palavra pela ordem. croempresa. No outro, ouvimos Secretários Estaduais, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) como apresentado por V.Exa. – Deputado Romel Anizio, V.Exa. é o terceiro inscrito. Com relação à questão técnica, solicitou-se a Quando chegar o momento, concederei a palavra a presença de técnicos, o que já foi manifestado pelo V.Exa. Presidente; e um dia seria reservado aos Municípios. Com a palavra o Deputado Wasny de Roure. Se pegássemos três blocos de entidades e de técni- O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – Sr. cos, talvez pudéssemos contemplar grande parte dos Presidente, sugiro aos colegas Parlamentares que requerimentos apresentados na pauta de hoje. sejamos bastante objetivos em matéria de audiência Obrigado, Sr. Presidente. pública. Naturalmente, o Relator e o Presidente, com O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) a experiência acumulada de cada um, terão discerni- – Alguém mais deseja se manifestar? mento para ouvir os mais indicados. Acompanhei um Concedo a palavra ao Sr. Relator, Deputado Vir- trabalho feito por V.Exa., um tanto quanto de longe gílio Guimarães. por não ter tido o privilégio de estar nesta Casa, mas O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. houve ampla participação. Entretanto, idéias, contri- Presidente, a respeito deste assunto, quero repassar buições e problemas novos deverão existir. Proponho uma informação aos demais membros da Comissão que, independentemente do número de audiências, e colher manifestações quanto a uma idéia – a qual já que elas sejam bastante objetivas. foi conversada – , que pode ajudar no debate em tor- Sr. Presidente, quero deixar uma sugestão: V.Exa. no da audiência pública. Sugerimos a visita a alguns e o Relator podem abrir uma página na Internet, entrar Estados, de maneira especial aos que apresentem em contato com os Secretários de Fazenda, e torná-la maiores problemas, quer seja por perdas na mudança consulta pública – seja via Internet, seja via informa- do sistema de cobrança, quer seja pela maior tradição ções das entidades patronais de trabalhadores e dos de incentivos fiscais, quer seja por outra questão. Secretários da Fazenda – , o que pode ser estendido Exemplifico. Queremos muito ir a São Paulo, já à própria sociedade para que se manifeste por meio conversei com o Deputado Walter Feldman; ao Amazo- desses canais. Simultaneamente a esse processo, nas, já conversei também com os Deputados daquele haveria algumas audiências previamente planejadas Estado; ao Mato Grosso, até para encontrar com o para que pudéssemos maximizar nossos esforços Governador , do qual já ouvimos hoje de- – sem entender contudo que vamos redescobrir ou clarações; a Goiás; a Minas Gerais, que também tem redesenhar a roda. problemas específicos de perdas, mas sem prejuízo O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) de possíveis audiências públicas nas localidades. Po- – Obrigado, Deputado Wasny de Roure. deriam ser audiência públicas ou reuniões de trabalho. Concedo a palavra ao Deputado Walter Feld- O Deputado Mussa Demes tem grande experiência man. nessa área. Em alguns lugares, tem que haver reuni- O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. ões de trabalho, com equipe técnica e a presença do Presidente, objetivamente, há muitos requerimentos Secretário da Fazenda e seus assessores. Aproveitan- na pauta para serem discutidos e eventualmente apro- do a visita, podemos realizar audiência pública com os vados, mas me parece que a Comissão, além da sua segmentos, até para colher opiniões com especialistas. organização formal, tem que ter agilidade na captação O Espírito Santo, Deputado Renato Casagrande, deve de informações, oriundas da sociedade, que surgem estar incluído nesse roteiro. independentemente da nossa Comissão. Essa é minha intenção, enquanto Relator. Evi- Fico relativamente incomodado quando ouço que dentemente, isso seria estendido a toda a Comissão, existe um documento, um fórum, uma articulação dos aos Deputados que quiserem participar, mas não será Secretários de Fazenda do Brasil. Então, interessa-me obrigatório. Muitas vezes, quando se marca reunião da saber, como Comissão, o que eles estão discutindo, Comissão em determinado lugar, todos se sentem na quais os consensos, o que está sendo buscado lá. In- obrigação de ir, mas não se trata disso. Seriam algu- teressa-me ouvir Ives Gandra Martins, porque é um mas visitas de trabalho e audiências públicas. dos melhores técnicos na área tributária do Brasil, ou Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57427 seja, se fatos novos acontecem no Brasil, o que Ives O Deputado Virgílio Guimarães, na condição de Gandra está pensando a respeito? Relator, sente necessidade – e eu também sentia na- A ação da Comissão hoje, de ouvir de maneira quela época – de viajar, de ouvir diversos segmentos informal o Ministro Palocci, foi brilhante. Então, já tenho da sociedade interessados na matéria, de conversar uma idéia de viva voz do Ministro em relação ao que com Governadores, Secretários de Fazenda. Há pro- pensa o Governo Luiz Inácio Lula da Silva a respeito blemas localizados, sabemos muito bem, especialmen- da reforma tributária. te em razão do sistema origem/destino de incentivos Cabe razão a todos os Deputados que querem fiscais, para ser mais claro. E S.Exa. pode fazer isso, adotar um sistema, uma metodologia. Até propus algo independentemente da marcação das nossas reuniões semelhante na reunião passada. Mas precisamos ter semanais. E é isso que deseja fazer. E, se quiser, pode agilidade e ouvir rapidamente o que está sendo fala- também se fazer acompanhar de alguns companheiros do pelas figuras ou pelos fóruns mais importantes do que têm interesse. Por exemplo, o Deputado Sandro Brasil. Mabel provavelmente vai ter interesse de ir com S.Exa. Portanto, minha sugestão é que, neste momen- a Goiás; o Deputado Lupércio Ramos provavelmente to, aprovemos esses dois requerimentos, convocando terá interesse de ir à Zona Franca de Manaus. o Secretário de Fazenda do Estado da Bahia e o Sr. Posso acompanhá-los ou não. Minha participação Ives Gandra, mas que isso não nos impeça de elaborar não é importante nem significativa, até porque sou ape- cronograma um pouco mais extenso e de ter melhor nas o Presidente e já conheço a maioria dos Estados; organização. praticamente já visitei todos. O ex-Deputado Germano Minha sugestão de encaminhamento neste mo- Rigotto também o fez naquela ocasião. Se houver con- mento é essa. veniência ou algum convite, posso até acompanhar os O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) companheiros que desejarem chegar aos Estados. Mas – Obrigado, Deputado Walter Feldman. é fundamental, enquanto não dispusermos do texto – é Com a palavra o Deputado Romel Anizio. bom lembrar que é muito difícil fazer reforma tributária O SR. DEPUTADO ROMEL ANIZIO – Sr. Presi- só da nossa cabeça – , saber qual o pensamento for- dente, nobre Relator, estamos desde 1995 discutindo mal do Poder Executivo para começar as discussões, sistema tributário nacional, ou seja, há quase 8 anos, ouvir os Estados interessados e saber como acham praticamente, com algum interregno. Minha sugestão que a reforma deve ser feita. Evidentemente, cada um é que definamos um prazo para realizar nosso traba- vai querer contemplar seu Estado, não temos dúvida. lho. É brilhante a idéia do Relator de ouvir todos os Mas o somatório de experiências vai dar ao Relator segmentos da sociedade brasileira, de fazer reuniões oportunidade de formar juízo próprio a respeito do texto setoriais. Isso e importante, é fundamental, mas pre- que ele deverá apresentar como substitutivo. E é ine- cisamos definir o tempo que temos para fazer essas vitável que isso também aconteça com a proposta do reuniões. Acho que não adianta querermos abranger Poder Executivo quando ela aqui chegar. todo mundo, se vamos gastar dois anos para ouvir. É A impressão que nos ficou, segundo conversa praticamente impossível. que mantivemos hoje com o Ministro Palocci, é que Temos que ouvir o básico, o fundamental no pro- não deve demorar muito, até porque S.Exa. pretende cesso, o que foi feito na última Comissão de Reforma fazer um texto mais enxuto e deixar que alguns pro- Tributária, da qual V.Exa. foi o Relator. Ouvimos o fun- blemas maiores e questões mais polêmicas possam damental e conseguimos realmente extrair um relató- ser discutidas, quem sabe até remetidas depois via rio que praticamente atendia a 80% dos anseios da infraconstitucional. sociedade brasileira, nos Estados e nos Municípios. Dito isso, ouço o nobre Deputado Paulo Afonso. Então, temos de partir deste princípio: primeiro, define- O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – Sr. Pre- se o tempo que vamos ter; buscamos ouvir segmentos sidente, Sr. Relator, Srs. Deputados, em primeiro lu- responsáveis, para que nos dêem sustentação, subsí- gar, não participei da reunião anterior, porque, até dios a fim de que o nobre Relator faça um trabalho que aquela data, meu partido, o PMDB, não havia ainda atenda aos anseios da sociedade brasileira, senão no indicado nome algum para nossa participação nesta todo, mas pelo menos em parte, Sr. Presidente. Comissão. Era apenas isso. Como esse é um assunto que me interessa sobre- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) maneira e no qual milito há muitos anos, quero expor – Antes de passar a palavra ao Deputado Paulo Afon- brevemente aos colegas o seguinte: ainda estou me so, quero comentar um pouco as intervenções formu- acostumando aos rituais da Câmara dos Deputados, ladas. como recém-chegado, e a toda uma sistemática, a pro- 57428 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 cesso muito característico do Legislativo. Mas minha País proposta concreta de reforma tributária em prazo preocupação, semelhante à do Deputado do Distrito relativamente curto. Federal que se pronunciou há pouco, é que sejamos O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) objetivos. Vejo que assuntos relativos à questão tribu- – Obrigado, Deputado Paulo Afonso. Apesar de V.Exa. tária são discutidos há muitos anos. ter sido eleito por Santa Catarina, é meu conterrâneo, Sr. Presidente, já foi aqui mencionado o trabalho, nasceu no Piauí. o qual há alguns dias ando lendo e relendo, à época Concedo a palavra ao Deputado Walter Pinhei- realizado por V.Exa. na Comissão da Reforma Tributária ro. na Câmara dos Deputados, cujo Presidente era o hoje O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO – Sr. Governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Presidente, estou preocupado porque já discutimos Efetivamente, é importante trabalho do qual devemos esse assunto na reunião passada. Vou revelar o mo- nos valer nesta Comissão. Essa é minha opinião. tivo da minha angústia e da minha agonia. Temo que, Do mesmo modo, ainda que considere impor- se continuarmos assim, desestimularemos a vinda dos tantes todas as audiências, não tenho, nobre Relator, membros a esta Comissão. expectativas muito diferentes com relação ao que va- O ponto de partida do trabalho atual pode ser mos ouvir nessas conversas. Não vou imaginar que aquele realizado anteriormente pela Comissão, para um Secretário de Fazenda de Estado – e fui Secre- que assim comecemos a colocar a mão na massa. Isso tário de Fazenda – vá propor que se retirem receitas foi reafirmado por diversos Deputados experientes, in- dos Estados; não posso imaginar que um Prefeito vá clusive pelos novatos com experiências anteriores. defender que se encolham as receitas municipais; não Acho que a Comissão pode definir roteiro míni- posso acreditar que a Federação das Indústrias venha mo para começar a funcionar imediatamente. Se há aqui defender o aumento da carga tributária. Então, disposição de se visitar as regiões, podemos compor nesse ponto de vista, parece-me que não vamos ter Subcomissões regionais – com o Presidente, o Relator surpresas. e diversos membros da Comissão – , encarregadas Não sei se isso faz parte do ritual da Câmara ou de fazer a coleta do material nas Regiões Norte, Nor- não, mas na verdade precisamos ter decisões políticas. deste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, trazendo-o para Já sabemos mais ou menos como é o sistema: temos cá, e podendo agregar-se até a proposta do Deputado noção do que é ICMS em âmbito estadual, do que se- Wasny de Roure. ria o ICMS unificado e da possibilidade de se fundir o Na realidade, acho que podemos abrir essa dis- IPI, o ICMS, o ISS num único tributo. Temos idéia dos cussão ao público. Assim, todos teriam oportunidade impostos das grandes fortunas e de como funcionam de enviar sugestões. A Comissão designa um corpo os impostos patrimoniais. Trata-se muito mais de de- técnico para acolher, comparar, compatibilizar as su- cisão política do que de fazer algo. gestões e distribuí-las para que todos tomem conhe- Temos a proposta que virá do Governo. E en- cimento. tendi que o Presidente da Câmara dos Deputados, Como propôs o Deputado Walter Feldman na Deputado João Paulo Cunha, tenha instalado estas reunião passada, a questão dos cinco já ficou mais ou Comissões para que produzamos alguma coisa. Então, menos acertada. Vamos convidar o fórum de Secretá- neste momento, precisamos tomar decisões, colocá- rios, tributaristas, acadêmicos – poderíamos convidar o las no papel e, em cima dele, com no mínimo algumas Sr. Ives Gandra, como sugeriu o Deputado Walter Fel- orientações e alguns nortes, discutir com as pessoas. dman – e empresários, para falarem de sua angústia e Caso contrário, vamos ficar ouvindo de novo as mes- dos seus problemas, e um representante internacional mas situações. para relatar sua experiência, a fim de sabermos como Portanto, partindo do documento que foi fruto esse assunto é tratado nos diversos países. de muito estudo, muito debate; de outras propostas Podemos abrir os debates na Comissão a partir que já existem ou de um momento de trabalho efetivo desses quatro pontos. Mas precisamos começar os na Comissão, proponho que se coloque tudo no pa- trabalhos a partir da experiência que temos aqui e do pel e se decida, por exemplo, por um ICMS nacional, anúncio que o Ministro fez hoje de enviar o material pela instituição do imposto sobre grandes fortunas ou para ser apreciado pela Comissão. Estamos ávidos pela desoneração dos produtos de consumo prioritá- para trocar essas informações e começar a montar rio de baixa renda. Acho que assim começaremos a nosso mosaico de trabalho. avançar. Não estou menosprezando os requerimentos, Minha proposta, ainda que genérica, pois ain- mas podemos seguir a linha que vários membros da da não está efetivada, tem como objetivo oferecer ao Comissão sugeriram. Em seguida, passaríamos à se- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57429 gunda bateria de audiências, para verificar as experi- Hoje, é a Casa onde se dão os embates, os desenten- ências e as propostas dos auditores. dimentos entre as Unidades da Federação no tocan- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) te à guerra fiscal. Não há hoje praticamente nenhum – Obrigado, Deputado Walter Pinheiro. Oportunamente, Estado da Federação, que, sentindo-se ameaçado por quando a lista de inscrição se completar, atentaremos benefícios fiscais concedidos por seus vizinhos, não para a observação de V.Exa. tenha recorrido ao STF, quase sempre ganhando, em Concedo a palavra ao Deputado Paulo Rubem princípio, as liminares para inutilizar normas individuais Santiago. que Estados têm concedido. O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO Após essa rodada institucional, além do Poder – Sr. Presidente, Deputado Mussa Demes, prezado Judiciário, precisamos ouvir a representação da máqui- Relator, Deputado Virgílio Guimarães, Sras. e Srs. na fazendária. Por melhor que seja a norma tributária, Deputados, sucintamente, insisto nas observações quem vai executá-la e assim prover o Poder Público que fizemos na reunião passada. E já vou eliminar a de sua arrecadação é o pessoal fazendário, da Re- primeira etapa, fechando-a com as palavras do com- ceita Federal dos Estados, máquinas que consomem panheiro Walter Pinheiro e tomando a liberdade de grande soma de recursos das despesas públicas na batizá-la com o nome de rodada institucional. categoria de pessoal, de investimentos informatizados, Temos abertura para ouvir, aqui e nos Estados, da modernização de postos, da estrutura de arrecada- representantes de vários agentes econômicos e es- ção. Eles precisam ser ouvidos até para nos dizer que pecialistas nas questões fiscais e tributárias. Mas, se legislação devemos fazer que lhes assegure eficiência prolongarmos este debate, não conseguiremos chegar na arrecadação fiscal para a União, os Estados e os a uma proposta enxuta e objetiva no prazo que temos Municípios. para o trabalho desta Comissão. O Ministro Antonio Não podemos pensar na modernização e na Palocci disse da expectativa do Governo Federal, tan- eficácia da norma tributária sem ouvirmos também a to na etapa constitucional como na de legislação que representação fazendária. Após essa rodada institu- virá em seguida. cional, passaríamos aos debates específicos. Desde Da primeira rodada participariam, como disse já, destacaria, sem prejuízo de outras temáticas – con- o Deputado Walter Pinheiro, representantes de Mu- tribuições e área financeira – , a discussão do ICMS, nicípios, Secretários de Fazenda, e eu acrescenta- da tributação na origem e no destino, dos incentivos ria a estrutura federal, a Secretaria do Tesouro, com e da guerra fiscal. seus respectivos procuradores, porque boa parte da Lembro que a década que fez com que surgissem ineficiência da arrecadação tributária dos Estados e os agressivos programas de incentivos fiscais nos Es- Municípios não é resultado da injustiça fiscal nem da tados da Federação foi, coincidentemente, a década complexidade da legislação tributária, mas da inefici- do esvaziamento das políticas federais de desenvolvi- ência da estrutura dos entes públicos, das suas Pro- mento regional. Os Governadores se questionavam o curadorias, que, em muitos casos, deixam prescrever que fariam no Conselho Deliberativo da SUDENE, se processos de execução fiscal. Há casos escandalosos era muito mais ágil, fácil e eficaz oferecer incentivos conhecidíssimos no Brasil. fiscais estaduais. Daí, a política de desenvolvimento A partir da rodada institucional, acredito que será regional acabou, com todas suas conseqüências. La- fundamental ouvirmos a representação do Poder Ju- mentavelmente, nenhum Estado apresentou até hoje diciário. Por que argumento dessa forma? Com todo à Federação relatório claro, convincente, de auditoria nosso empenho para discutir esta matéria e dos con- sobre seus programas de incentivos fiscais. sensos que esta Casa produziu sob a coordenação Depois da rodada institucional – Municípios, Fa- de V.Exa., às vezes, pensamos que estamos criando zendas Estaduais e Procuradorias e a esfera fazendária a mais objetiva, eficiente e enxuta norma tributária. Já federal, Poder Judiciário, representação da máquina ouvimos depoimentos de juízes de Varas da Fazenda fazendária, dos operadores da norma tributária – , te- Pública questionando como o Poder Legislativo cria mos os temas específicos. E, aí, reforço a discussão leis ou normas tributárias que facilitam sobremaneira dos impostos estaduais, até porque são indiretos. a elisão fiscal, perguntando o que se espera do Poder Esta Comissão pode, de uma vez por todas, se- Judiciário na defesa da receita pública quando nós, os parar o que é tributação direta da indireta, evitando legisladores, por várias razões, assim agimos. os riscos de aprovarmos boa norma, mas não, junto a Creio que será igualmente importante ouvirmos ela, o sistema de proteção do tributo para que ele não o Poder Judiciário, a representação das Varas da Fa- seja desviado da finalidade. zenda Pública, sobretudo do Supremo Tribunal Federal. Obrigado. 57430 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) podemos esquecer que as entidades mudaram e que- – Concedo a palavra ao Sr. Deputado André Zacha- rem participar. row. A Internet é, no mundo de hoje, muito simples e O SR. DEPUTADO ANDRÉ ZACHAROW – Sr. dinâmica e pode ser instalada, como já foi, numa es- Presidente, apresentei requerimento, item 18, para que pécie de audiência pública para colher sugestões, até fosse ouvido o Sr. Secretário de Fazenda do Paraná, porque não vamos ter tempo. A proposta do Deputado a exemplo da Bahia. O Secretário exerce o cargo pela Wasny de Roure sobre a Internet é importante. segunda vez, foi Procurador-Geral do Município de Podemos encontrar uma soma de tudo isso. O Curitiba e Procurador-Geral da Fazenda Nacional. Pela Deputado Walter Pinheiro fez bom resumo, separando importância do Estado e sua estrutura econômica de alguns grupos para exaurirmos o assunto, sem ficarmos grande produtor/exportador de cereais, 25% dos grãos chamando um ou outro, mas para, quando trouxermos do Brasil, e também exportador de energia, poderá representantes da sociedade, debatermos. muito contribuir para nossa Comissão. O encaminhamento que V.Exa. está fazendo é O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) importante. Não devemos nos prender ao que já foi – Colocaremos em votação o requerimento. É importan- feito, porque se trata de nova Comissão, de um novo te ouvir o Secretário de Fazenda do Paraná pelo que o momento em que o Brasil vive, de um novo Presiden- Estado significa e também pela situação de incentivos te da República, de novos Governadores. Temos que fiscais que vem se utilizando nos últimos anos. ganhar esse tempo para encaminharmos. Concedo a palavra ao Sr. Deputado Julio Se- Volto a insistir que, em algumas viagens, acho meghini. importante que o Presidente vá com o Relator, porque O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI – Sr. tenho certeza de que S.Exas. vão nos ajudar com o Presidente, as intervenções de V.Exa. e do Deputado que precisa ser feito. Walter Pinheiro vêm bem na linha de meu pronuncia- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) mento. Os dois requerimentos são imprescindíveis, e – Sou muito grato à manifestação do Deputado Ju- sua intervenção veio em boa hora. Só quero fazer al- lio Semeghini. Não estou me furtando, apenas disse gumas correções. que não quero ser uma sombra para o Relator. Como S.Exa. disse que o Relator tem que começar a Presidente, quero contribuir e colaborar. Se o Relator fazer visitas aos Estados. Acho importante, porque gran- achar que devo, irei a qualquer Estado. Por enquanto, de parte dos Governadores foram substituídos, o que S.Exa. não está sabendo, mas não vai dar conta dos é ponto forte na decisão para avançarmos na reforma convites que receberá. tributária. A proposta do Relator é importante. São Paulo está esperando e vamos nos preparar. A estratégia de Obrigado, Deputado Julio Semeghini. Farei uma como visitar os Estados foi bem abordada. São pontos observação depois de ouvir o último orador inscrito, que poderão causar problema na reforma, e os mais Deputado José Militão. importantes, polêmicos, devem ser debatidos. O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Sr. Pre- Sr. Presidente, V.Exa. teve papel fundamental na sidente, parece-me que isso já está consolidado. O construção do documento realizado pela Câmara dos Relator Virgílio Guimarães tem razão em fazer essas Deputados, principalmente com suas visitas. Foi muito viagens. importante para o debate sua presença, principalmente Quero sugerir que as reuniões da Comissão se- nos pontos mais difíceis e polêmicos de discussão. jam feitas às terça-feiras à tarde, e as reuniões nos Devemos discutir e achar uma metodologia. Todos Estados, quintas e sextas-feiras. estão abordando temas claros. O pessoal tem insisti- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – do que já temos um trabalho pronto e quer votar. Na Colocaremos a matéria para apreciação do Plenário. verdade, estamos aguardando proposta do Governo, Concedo a palavra Eliseu Resende. e temos, sim, um trabalho bem construído. Mas não O SR. DEPUTADO ELISEU RESENDE – Sr. Pre- podemos desprezar a sociedade, que está com von- sidente, havia pedido a palavra, mas, segundo a linha tade de participar. de ganho de objetividade, vi que vários Parlamentares É interessante a proposta feita aqui de ouvir en- já tocaram no assunto. tidades nacionais, a estratégia que o Deputado Walter Quero lembrar a V.Exa. que tivemos durante todo Pinheiro abordou de definir alguns pontos ou os fó- este tempo discutindo a reforma tributária; chegamos runs de Secretários propostos pelo Deputado Walter a ter até reuniões sem quorum, dada a proliferação de Feldman – já está aqui o primeiro Secretário, que foi audiências públicas, de convites àqueles que sentiam Presidente do maior encontro da Bahia – , mas não que poderiam dar contribuição. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57431 Dentro da linha de velocidade na tramitação desta O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Sr. Pre- matéria, pedida pelo próprio Governo, já que tivemos sidente, só para fazer coro com o Deputado Eliseu ocasião de ouvir exaustivamente tantas manifestações Resende. nos últimos anos sobre reforma tributária, devemos Lembro, Deputado Eliseu Resende, que, na pri- ganhar muita objetividade nas audiências públicas. Vi meira Comissão, nossa tendência era sempre contestar a solicitação de audiências públicas, o que me trouxe qualquer movimento de mudança no sistema tributário certa dose de preocupação. A questão de visita aos que não passasse por aquela Comissão. A questão dos Estados é importante, porque se ganha objetividade; combustíveis era naquele momento o exemplo mais não há perda de tempo dos membros da Comissão. As relevante e importante. Como a Comissão não andou, Subcomissões podem visitar os Estados e a conversa avançou-se na reforma constitucional em relação ao será com o Governador, com o Secretário de Fazenda, setor dos combustíveis. V.Exa. está absolutamente correto. Deveríamos com a Federação da Indústria local. Será um ganho da imediatamente iniciar a discussão e a avaliação da Comissão. Agora, se estendermos nossa lista de con- legislação infraconstitucional; talvez esse seja o mo- vites a tantos quantos desejam fazer exposição, vamos delo, até porque vai acontecer depois com o ICMS, nos perder no tempo, talvez na objetividade. como um todo, e com o novo IVA. Além do que a não- Fiquei impressionado hoje com a reunião que ti- regulamentação, a não-definição dessa legislação vemos com o Ministro Palocci no café da manhã. En- infraconstitucional continua gerando problemas para tendemos que S.Exa. trouxe questões fundamentais, a arrecadação brasileira. Quer dizer, a sonegação, os importantes, no sentido da simplificação da mensagem problemas existentes antes da aprovação da reforma da reforma constitucional, tentando fazer uma dicoto- constitucional, no caso dos combustíveis, continuam. mia entre o que é, constitucionalmente falando, maté- Portanto, quero fazer coro com o Deputado Eli- ria adequada e o que é a legislação da infra-estrutura seu Resende para que avancemos na legislação in- constitucional. É um ganho importante. Fico até um fraconstitucional acerca dos combustíveis, com debate pouco preocupado com esse mecanismo. Já fiz a pri- nesta Comissão. meira pergunta a V.Exa. de como é possível separar, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) de que forma será feito. Sem dúvida nenhuma, trata- – Concedo a palavra ao Sr. Deputado Luiz Carlos se de contribuição importante. O Ministro Palocci é da Hauly. filosofia cartesiana, de dividir as grandes complexida- O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. des nas mais simples por intermédio de dicotomia de Presidente, abordei na reunião anterior questão fun- tratamento de matérias. damental. Temos União, Estados e Municípios, em- Assim, existe, no caso do ICMS – a grande dis- presários, trabalhadores no contexto brasileiro, mas cussão na reforma tributária – , a questão da unificação há outro componente, o internacional. das alíquotas e da situação origem/destino. Já temos No último fórum interparlamentar das Américas, uma reforma tributária pronta na área de combustíveis. fizemos um seminário de dois dias. Não consegui, Precisamos avançar um pouco, e temos discutido a por meio dos convidados, atingir o objetivo que eu respeito com V.Exa., na legislação infraconstitucional desejava de trazer o modelo tributário dos países das Américas para fazer a comparação do sistema tribu- de matéria em que já há aprovação constitucional da tário de cada um. alíquota única e da aplicação do destino, com toda a Precisamos achar, e estou convocando os cole- eliminação das conseqüências danosas do passeio mo- gas, alguém especializado no assunto, seja da Casa, lecular dos combustíveis no Brasil. Devemos preparar a dos Ministérios ou das embaixadas, para fazer uma legislação infraconstitucional pendente de regulamenta- exposição. Precisamos conhecer as contribuições e ção, a PEC nº 33, que mudou o art. 177 da Constituição a carga tributária da União, dos Estados e Municípos e o art. 155, que trata do ICMS. Se pudermos cuidar dos Estados Unidos da América, da França, Inglaterra, dessa matéria, resolvendo essa questão cartesiana- Alemanha, Espanha e Itália, para discutir o modelo e mente num tipo de produto, que é o mais importante sistema desses países. Vamos ver quais os impostos, no ICMS da arrecadação dos Estados, teremos dado as contribuições fiscais e a carga tributária do modelo grande contribuição para a análise mais cartesiana americano e europeu. De que maneira? Diretamente da reforma tributária, estabelecendo paradigma que no salário, nas rendas de qualquer natureza, no con- possa ser estendido a todos os produtos. sumo, nas empresas. Feito isso, vamos poder elabo- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) rar, à luz do que conhecemos do sistema brasileiro, – Concedo a palavra ao Sr. Deputado Eduardo Paes. nossa proposta. 57432 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O que desejo fazer? Temos de nos harmonizar as de quintas-feiras. Deixo à consideração do grupo a com o sistema tributário vigente no mundo. Tudo o que proposta do Deputado José Militão. fizemos nos últimos anos foi nos distanciar dos dois O Deputado Virgílio Guimarães, na condição de modelos. Para se ter aproximação, é preciso conhecer Relator – acho que há consenso no grupo – , deve via- o modelo deles: o sistema e a carga tributária. jar realmente. Eu me disponho a acompanhá-lo tantas Estou raciocinando em voz alta. Se alguém tiver vezes for necessário e para os Estados onde existir in- sugestão, depois da reunião, poderemos discuti-la. teresse na minha presença. Acho também que qualquer Faremos isso não aqui, mas em separado, e poste- companheiro da Comissão poderá ir. Fizemos isso no riormente traremos a contribuição resumida para a trabalho anterior. Muitas vezes eu me fazia acompa- Comissão, a fim de que um grupo de Parlamentares nhar de Parlamentares que também desejavam ir, e a sobre ela se apliquem. participação deles foi muito importante. O fundamental O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) é trabalharmos em grupo. – Obrigado, Deputado Luiz Carlos Hauly. Esta Comissão acabou aprovando nosso subs- Vamos então fazer um resumo do que o Relator titutivo por trinta e cinco votos a um porque o projeto e eu ouvimos das propostas até agora apresentadas. não era do Relator, mas da própria Comissão. Todos Vou começar pelas propostas dos Deputados Wasny os assuntos foram discutidos aqui. Houve participa- de Roure, Walter Pinheiro e Paulo Rubem Santiago. ção efetiva de todo o grupo. Confesso-lhes que houve Entendo também que é da maior importância tomar- Deputado que tinha pouca intimidade com a matéria mos algumas providências no sentido de motivar a ao chegar aqui, mas saiu em condições de fazer pa- sociedade civil organizada a participar deste debate, lestras nos Estados. Isso nos deixou profundamente tal qual fizemos no passado. gratificados, porque sentimos que aquela participação Recordo-me de que, quando produzi o texto que deu condições a todos de formarem juízo a respeito do acabou servindo de esqueleto para o texto definitivo texto e permitiu sua aprovação de forma esmagadora e que aqui foi votado, nós o colocamos na Internet, à consagradora para a equipe da Legislatura passada. disposição de todas as pessoas, e recebemos volume O Deputado José Militão chama a atenção para muito grande de contribuições, muitas da maior utili- o único voto contrário que tivemos, de natureza pura- dade e incorporadas ao nosso texto. mente conceitual. Portanto, esse trabalho deverá ser coordenado O Deputado Marcos Cintra propunha a introdu- e conduzido pelo Relator. Ele poderá colocá-lo na In- ção no País do chamado Imposto Único, que, pelo ternet para recolher sugestões, só que, por enquanto, que ouvimos hoje do Ministro Antonio Palocci, é algo terá de fazê-lo em cima de um texto que não existe. simplesmente impossível de acontecer, porque, para Não podemos dizer com segurança que a proposta que se arrecadar 240 milhões de reais, precisamos da alí- aprovamos na Comissão Especial será o texto que o quota de 2.0 na entrada, 2.0 na saída, ou seja, 4.0. O Ministro da Fazenda vai nos encaminhar, mas pode- Ministro acha que mais do que 0,39 simplesmente que- remos colher sugestões sobre uma série de assuntos. bra os bancos, como aconteceu na Argentina e como As pessoas vão se manifestar sobre guerra fiscal, si- esteve muito próximo de acontecer no País. É inevitá- tuação origem/destino, tributação de combustíveis, vel que haja fuga generalizada no sentido bancário na sonegação. Enfim, essas manifestações poderão ser medida em que, numa economia sem inflação, não é utilizadas com esse objetivo. razoável que alguém ponha seu dinheiro no banco e, Quanto às nossas reuniões, o Deputado José em vez de receber compensação por ele, perca 4% Militão propõe que as façamos às terças-feiras. Isso só do que depositou. será possível se for na parte da manhã e se todos se Muito bem, essa proposta dificilmente seria acolhi- comprometerem a vir pela manhã, porque me parece da aqui. Gostaria de sugerir, antes de passar a palavra praticamente impossível obtermos êxito se marcarmos ao Deputado Virgílio, ao grupo, o seguinte: vamos ter reunião para as 14h30min, pois ninguém vai chegar aqui de ouvir os segmentos a que nos referimos há pouco. nesse horário. Normalmente, saímos daqui depois do Temos vinte pedidos. É impossível que ouçamos todas meio-dia. Como vamos almoçar, chegaremos por volta essas pessoas, especialmente porque não dá para de 15h, 15h30min. Nesse horário, embora não tenha ouvir uma ou duas a cada semana sem comprometer acontecido realmente, já se dará formalmente o início o tempo maior de trabalho da Comissão. da Ordem do Dia, com a matéria que vai ser colocada Quero sugerir que, enquanto não chegar a pro- em votação. Se o grupo achar conveniente, podemos posta do Governo, a qual nos debruçaremos objetiva- fazer isso. Nada impede, entretanto, que excepcional- mente, trabalhemos em cima de temas, como propôs mente façamos reunião às terças-feiras e mantenhamos o Deputado Paulo Rubem. Por exemplo, as questões Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57433 que suscitam maior polêmica nesta Casa são o sistema duração das audiências públicas, centralizadas e na- origem/destino, a guerra fiscal, as formas de comba- cionais, como as daqui. te à sonegação que poderiam ser discutidas, a elisão Então, parece-me que, com essa metodologia, fiscal, como lembra o Deputado Carlito Merss. Esses economizaremos em audiências públicas – como vá- são temas que podem ser apresentados ao Plenário rios Deputados se posicionaram aqui, inclusive o Presi- para serem discutidos. Quem sabe haveria contribuição dente da nossa Comissão Permanente, o Sr. Deputado a ser dada. Se não vierem no texto do Poder Executi- Eliseu Resende. Poderíamos realizar uma ou várias vo, podemos até tentar incorporá-los, porque o Minis- audiências no Estado de Minas Gerais. Temos lá no tro Antonio Palocci, que foi muito franco, disse que a Triângulo Mineiro a questão do Fundo Centro-Oeste. proposta do Poder Executivo não é a definitiva. S.Exa. Os Srs. Deputados mineiros querem ouvir uma série quer mandar o que é consensual no momento e pede de segmentos. São todos importantes. Poderíamos que acrescentemos ou não alguma coisa a mais dentro fazer uma bela audiência pública no Estado de Minas da discussão que faremos nesta Casa. Naturalmente, Gerais, sem prejuízo algum. Ao Estado de São Paulo, dentro do que S.Exa. venha a encaminhar, é possível teremos de ir várias vezes, pois além de ouvir o Go- que venhamos a recusar alguma coisa ali contida. verno, teremos de ouvir entidades. Concluindo, antes de passar a palavra pela ordem Então, creio que essa é uma maneira do Relator ao Deputado Sandro Mabel e ao Deputado Paulo Afon- fazer importantes contatos para a relatoria e também so, gostaria de ouvir o Relator a respeito disso. Aliás, uma forma de cada um, no espaço que conhece, tra- S.Exa. ainda não teve oportunidade de se manifestar zer segmentos que achar relevantes, a fim de que a respeito do que discutimos até agora, justamente a possamos realizar audiências públicas locais, mas de parte mais importante deste trabalho. repercussão nacional. Concedo a palavra ao Sr. Relator. Inicialmente, tinha pensado em fazer uma visita O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – mais técnica ao Estado de São Paulo, onde me parece Recebo essas manifestações de reconhecimento do haver a questão maior. É um problema para o Relator. amigo Mussa Demes, nosso sol nesta Comissão. Para Talvez façamos uma viagem a São Paulo, uma visita aqueles que não sabem, eu o acompanho há 17 anos. ao Governo. Inclusive, hoje conversei com o Sr. Depu- É o décimo-sétimo ano que estou ao lado do Depu- tado Delfim Netto sobre isso. S.Exa. tem agendada uma tado Mussa Demes, desde os idos de 1987. Não é viagem para o Nordeste, mas me disse estar solidário verdade, Deputado? Era seu aprendiz. São 17 anos. a essa questão. Peço, então, a cooperação dos três Aprendendo com S.Exa. na mesma Subcomissão. Nós Srs. Deputados paulistas. Depois, poderemos fazer dois somos colegas da Subcomissão de Tributos e Or- uma audiência pública no Estado de São Paulo. Sem çamento, aliás, uma boa idéia, os mesmos que lidam nenhum problema. Creio que, pela grande expressão com a arrecadação podem organizar as despesas. En- de São Paulo, terá de ser algo mais corriqueiro. tão, somos colegas há muito tempo e não é nenhuma Temos seis Deputados do Estado de Minas Ge- falsa homenagem, Deputado. Temos uma peça inicial, rais. Há a questão mineral. Podemos discutir o impos- o relatório que foi votado. Podemos perfeitamente co- to sobre minerais em Minas. Se for o caso, traremos meçar a receber sugestões nacionais em torno do que o assunto para Brasília. Quanto à questão da Zona está contido ali, até mesmo para aperfeiçoá-lo, para Franca, ela já está estabelecida. discordar daquilo que evidentemente o noticiário está Não temos nenhum Deputado do Estado do Mato mostrando. Grosso nesta Comissão, mas é um Estado que preci- Mas nossa discussão hoje é sobre procedimen- sa ser visitado. Talvez haja na Comissão do Deputado tos. Quero afirmar – para que fique mais claro – que Eliseu Resende. acredito ser essa metodologia a mais rápida. Dispo- O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Que- nho-me a viajar, primeiramente, porque é necessário ro dizer que o Centro-Oeste tem uma Frente Parla- e também porque mais tarde isso resultará em eco- mentar, representada aqui por este amador de muita nomia processual para a Comissão. Essas idas aos vontade. Estados são importantes para fazer o trabalho polí- O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – tico, para acertar pontos da reforma tributária. Mas Como o Estado de Goiás também está incluído, gos- isso também cria espaço, e quero dizer isso a todos taria, então, de contar com V.Exa. no sentido de orga- os companheiros da Comissão, para eventualmente nizarmos um evento regional para discutirmos essas mobilizarmos os segmentos que representam, os es- questões. pecialistas que o Estado tem para opinar, para fazer O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Perfei- um evento, sem necessidade de estender demais a tamente. 57434 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – material acumulado, tem pessoas experientes e in- Então, insisto que isso será no sentido de economia clusive já realizou audiências públicas que ajudarão processual, e não de ter de esgotar os assuntos para muito. Não vamos esperar toda a caminhada para co- começarmos a trabalhar. Serão coisas simultâneas. meçarmos o trabalho. Como bem lembraram nosso Podemos realizar as audiências numa segunda-feira, ex-Governador e vários outros Deputados, felizmente sexta-feira ou, eventualmente, num fim de semana – já há algo acumulado e, sobretudo, a continuidade no dia que for melhor para termos maior repercussão está garantida com a permanência do Deputado Mus- no Estado, em que o noticiário não estiver totalmente sa Demes na Comissão. Quando fui lembrado para tomado pelas emanações de Brasília, do Congresso ser Relator, a primeira pessoa que procurei foi S.Exa. Nacional. Devemos ir ao Nordeste, ao Estado da Bahia, Tê-lo ao lado significa acesso ao conhecimento que apesar de que iremos convidar o Secretário de Estado S.Exa. adquiriu e garantia da continuidade do trabalho da Bahia para aqui comparecer. realizado até agora. Acho que as audiências externas são um pouco O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) constrangedoras para o Deputado que não tem muita – Obrigado, Sr. Deputado Virgílio Guimarães. afinidade e não quer ser faltoso. Às vezes, é um es- Pela ordem, concedo a palavra ao Sr. Deputado torvo para ele ter de fazer uma viagem. Então, prefiro Sandro Mabel. que – com a concordância do Deputado Mussa Demes O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- – sejam audiências públicas da relatoria, com o con- sidente, Sr. Relator, certamente é importante realizar vite ao Presidente e evidentemente aos Deputados. reunião na Região Centro-Oeste. Estamos à disposição Isso dá mais mobilidade. Não tem de ser votado aqui. de todos para discutir o assunto – uma nova fronteira, Não precisa de roteiro. Organizaremos com mais agi- sobretudo agrícola, está surgindo. lidade, sem ter o compromisso formal de votar um Sr. Presidente, gostaria de fazer algumas con- requerimento, de fazer um roteiro oficial. Tudo isso no siderações. Quando saio às ruas – principalmente sentido de economizarmos tempo, de darmos agilida- por fazer parte desta Comissão – , as pessoas me de ao processo. perguntam se vamos acabar com o monte de taxas e Para concluir, Sr. Presidente, gostaria que come- impostos que existe. Para elas a reforma tributária vai çássemos desde já os trabalhos com o seguinte proce- acabar com tudo isso, restando uma coisa só. Vê-se dimento: além das audiências públicas – e esta é uma o desejo do empresariado e das pessoas em geral de das razões pelas quais eu queria ter um adjunto com que acabemos com o excesso de taxas. São quase as características do Deputado José Mentor – , acho setenta as taxas cobradas pelo Governo Federal. Acho importante começarmos com cada um já fazendo suas propostas. Esta Comissão é diferente das outras. Ela importante estudarmos uma forma de reduzir a CPMF. é experiente. Boa parte de seus membros participou Temos de deixar visível que acabamos com pelo me- da passada, e os novos chegam com pontos de vista nos cinqüenta dessas taxas. Para quê? Para darmos já estruturados. Então, o Relator já quer ouvir cada um satisfação à sociedade a respeito de que reforma tri- dos colegas – o que pensam, o escopo, a estrutura butária estamos fazendo. Acho que para a sociedade da reforma tributária que têm em mente. Vamos ouvir essa informação é importante. Aliás, é importante in- todos. Intuitivamente, pelas discussões que fizemos, serirmos isto em nosso discurso: vamos acabar com sinto que as divergências não serão muito grandes. tantas taxas. A população nos cobra isso todo dia. To- As bases, as grandes estruturas da Reforma Tributária dos entendem que, feita a reforma tributária, restarão – como bem lembrou nosso Governador e meu vizi- apenas dois, três impostos. No entanto, quando lemos nho – já se formam. Quero ser Relator. Quero, mais do a reforma, não constatamos que tantos impostos as- que tudo, relatar. A proposta que sair daqui será nos- sim vão acabar. sa. Cada um vai reconhecer nela a sua contribuição. Isso me preocupa, Sr. Relator, porque precisamos Vai reconhecer a discussão que fez. Vai reconhecer a passar uma boa imagem para a sociedade. Isso real- preocupação do seu Estado. mente facilitaria o trabalho de muita gente, não seria Então, desde já quero começar a recolher idéias, necessária a fiscalização de tantas pequenas taxas. conhecer em detalhes o que cada um pensa sobre a Agruparíamos taxas que pudessem ser resu- estrutura geral do nosso sistema tributário, para que midas, faríamos uma redistribuição para que não se depois possamos realizar discussões mais objetivas. perdesse a arrecadação, mas acabaríamos definitiva- Podemos fazer reuniões por grupos, por partidos ou mente com o excesso de taxas. por regiões. Enfim, como V.Exas. acharem que deva O SR. PRESIDENTE(Deputado Mussa Demes) ser. Mas que comecemos desde já. A Comissão tem – Com a palavra o nobre Deputado Paulo Afonso. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57435 O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – Gostaria tem hoje treze impostos apenas, se não me engano. de solicitar um esclarecimento na medida em que ain- O restante são contribuições que entram no conceito da estou tomando pé dos trâmites regimentais. Den- de tributos e taxas e também se incluem no contexto. tro de alguns dias ou em outro prazo determinado, o Em relação às contribuições, não me parece que se- Governo enviará ao Congresso Nacional sua proposta jam próprias de uma modificação no sistema consti- formal, na forma de proposta de emenda à Constitui- tucional em razão disso. Elas podem ser zero e cem, ção, de projetos de lei complementares. A tramitação dependendo do serviço que for colocado à disposição de tais proposições merece tratamento regimental do contribuinte ou a ele prestado. específico. Ouço o Deputado Virgílio Guimarães a respeito Quando ocorrer tal fato, o que acontecerá com do assunto. esta Comissão? Será ela a Comissão que analisará O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – a proposta de emenda à Constituição ou será forma- Deputado Sandro Mabel, o assunto, evidentemente, da outra? Regimentalmente, como se dará o trâmite é importante. A maneira que as pessoas encontram a partir do instante em que chegar à Casa a proposta para se referirem à simplificação tributária é mencio- do Governo? nar a quantidade de tributos e taxas existentes. Sem O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) dúvida nenhuma – e vamos amadurecer a idéia de – A essa indagação posso responder de imediato, a como fazê-lo – , creio que a reforma tributária trará outra deixarei para o Relator. essa marca. Não sei o que ocorrerá em relação às O Presidente João Paulo Cunha, ao constituir taxas – neste aspecto participo das observações do esta Comissão, o fez sem que ela tivesse a condição e nosso Presidente – , mas, sem dúvida alguma, dentro o aspecto formal de Comissão Especial. Ela será real- dos nossos limites, promover a simplificação tributária mente Comissão Especial a partir do momento em que é um objetivo. o Relator apresentar um texto definitivo ou antes disso O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Preci- se o Poder Executivo encaminhar proposta nesse sen- samos ter essa preocupação, porque vemos que a tido. Até lá, discutiremos o assunto de maneira informal sociedade espera isso. – eu diria – , porque ainda estamos ao aguardo do texto O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) que o Governo seguramente haverá de encaminhar, – Com a palavra o Deputado Gerson Gabrielli. pelo que ouvimos hoje do Ministro. Acreditamos até O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Há que isso possa ser feito ainda no mês de abril. uma propaganda na Bahia que diz: Bahia, o Brasil co- O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – Então, meçou aqui. Gostaria que a primeira visita da Comis- Sr. Presidente, será esta a Comissão que depois fará são fosse à Bahia para começarmos bem. a análise formal da emenda? O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – Já estão começando a surgir os convites. – É a palavra do Presidente João Paulo Cunha, que Com a palavra o Deputado Walter Pinheiro. estou autorizado a divulgar. S.Exa. me disse isso pes- O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO – Sr. soalmente, como também ao Relator, Deputado Vir- Presidente, insisto no meu encaminhamento. Sei que gílio Guimarães. vamos votar requerimentos, vamos ter oportunidade Só me anteciparei um pouco, Deputado Virgílio de discutir taxas, impostos, contribuições, mas eu gos- Guimarães, porque a indagação do Deputado Sandro taria de insistir em algo que me está preocupando: o Mabel tem certa importância. ordenamento que daremos ao nosso trabalho. Deputado Sandro Mabel, parece-me, não sei se Vou repetir a proposta que fiz à Comissão. Su- ao restante do grupo também – eu gostaria de ouvir o giro que ela seja dividida em três tópicos. O primeiro Deputado José Mentor nesse sentido – , que, em rela- tem que ver exatamente com as audiências públicas. ção à quantidade de taxas que existe no Governo, não Para esse tópico proponho quatro itens: primeiro, re- teríamos como fazer a redução dentro de um projeto alização de fórum com Secretários Estaduais, Muni- de reforma constitucional. A taxa pressupõe a presta- cipais, etc.; segundo, convite a tributaristas e juristas, ção de um serviço feito ou colocado à disposição do incluindo-se com isso o Poder Judiciário na discussão; contribuinte. Não são só taxas federais. Não existem terceiro, convite a empresários e trabalhadores – po- setenta taxas federais, há também estaduais e mu- dem ser chamados representantes de entidades na- nicipais. Mas não chegam a setenta. Muitas pessoas cionais do ramo empresarial – e quarto, experiências confundem, dizem que o Brasil tem cinqüenta e qua- internacionais. tro impostos. Não é assim. Nesse cálculo estão inclu- Os outros dois tópicos são os roteiros de via- ídas as contribuições e as taxas. Na verdade, o Brasil gens, que precisamos definir exatamente como serão, 57436 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 e a consulta pública, que poderá ser feita por meio Fui à França e lá tive oportunidade de conhecer o mo- da Internet. delo da Comunidade Econômica Européia. Ali foi que Uma vez definida a divisão nos três tópicos, pas- me convenci. saríamos à votação dos requerimentos por tema. Por O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO – Para exemplo, em relação ao fórum de Secretários, decidi- sacrifício como esse de ir à França, estou me candi- ríamos quais viriam: se o da Bahia, o do Piauí, o do datando. (Risos.) Rio Grande do Sul, etc. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – Faço esta proposta até para podermos discutir Acredito que o grupo lhe concederá tal oportunidade. aspectos próprios de cada ponto. Por exemplo, se vem É preciso fazer um registro. No grupo há muitos Secretário de Estado, o que queremos debater é a Deputados ainda de primeiro mandato que pensam guerra fiscal, o ICMS. Dessa maneira, cada audiência que podemos fazer tudo. Na verdade não podemos. servirá também para fazermos debate. A idéia pode Por exemplo, reunião da Comissão fora daqui não é até não se distanciar do texto referência anterior, mas possível realizar, o Regimento não permite. Reunião tal procedimento permitirá, como disse o Deputado formal tem de ser feita aqui. Entretanto, visitas podem Julio Semeghini, ampliar nosso horizonte. ser feitas à vontade. O Presidente da Casa tem a maior Insisto nesse encaminhamento para que possa- boa vontade em permiti-las. Já nos disse S.Exa. que mos ordenar nossos trabalhos. autorizará deslocamentos sem prejuízo nosso em re- O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Peço lação à presença na Casa para as votações, porque a palavra pela ordem, Sr. Presidente. a matéria de que trata esta Comissão também é im- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) portante. – Tem V.Exa. a palavra. Dito isso, devemos votar o convite ao Secretário O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – O que da Fazenda da Bahia, Sr. Albérico Mascarenhas, para propõe o Deputado Walter Pinheiro pode ser feito por ser nosso primeiro palestrante na próxima semana. meio de um requerimento único a ser elaborado pelo O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Con- Relator. Para que S.Exa. tenha condições de prepa- cordo com a proposta. Acredito ser um bom começo rar o documento, a votação terá de ocorrer na próxi- restabelecer a memória do CONFAZ; creio que ofere- ma reunião, mas seria importante sairmos desta com cerá muito subsídio à Comissão. algo já definido. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) A metodologia é perfeita. Não tenho nenhum – Obrigado Deputado Gerson Gabrielli. acréscimo a fazer. Entretanto, vindo do Relator um re- Não havendo mais quem queira manifestar-se, querimento elaborado dessa maneira, fica mais fácil, submeto à votação o requerimento. Os Srs. Depu- porque podemos realizar uma votação única. Decide-se tados que o aprovam permaneçam como se encon- e pronto. Hoje votaríamos alguns dos requerimentos tram. (Pausa.) já apresentados. Aprovado o requerimento. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Para a semana seguinte, convidaremos o Prof. – Obrigado, Deputado Walter Feldman. Ives Gandra Martins, se S.Sa. estiver disponível na A linha é exatamente essa, Deputado Walter Pi- data – a Secretaria consultará o professor. nheiro, tanto que deveremos submeter a votação, a O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO – Sr. partir de agora, o requerimento sobre convite ao Sr. Al- Presidente, seria possível trazermos algum represen- bérico Mascarenhas, Secretário da Fazenda da Bahia, tante do Poder judiciário no mesmo dia em que virá o que estaria incluído na categoria de representantes de Prof. Ives Gandra Martins? Realizaríamos audiência Estados – não diria propriamente de Municípios. Na pública com a participação de um tributarista e de al- seqüência, votaremos o requerimento sobre convite guém do Judiciário. Ouviríamos os dois e faríamos o ao Prof. Ives Gandra Martins, que, na linha de racio- debate em relação às duas posições. Não sei se há cínio de V.Exa., inclui-se entre os tributarias e juristas. algum problema. Ficaríamos para definir na próxima reunião quem dos O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) segmentos de empresários e trabalhadores convida- – Não há nenhum requerimento formal a respeito de ma- ríamos para a terceira reunião. gistrados. Poderíamos ver isso na próxima semana. Em relação ao quarto item, experiências inter- O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO nacionais, tenho minhas preocupações e dúvidas, até – Levando em consideração a ponderação de V.Exa., porque a impressão que tenho é de que seria mais encaminharei ainda hoje à Secretaria da Comissão re- produtivo se designássemos dois ou três companhei- querimento nesse sentido, porque fui autor da suges- ros nossos para fazer o trabalho no exterior. Fiz isso. tão de ouvirmos também representantes do Judiciário. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57437 Depois discutiremos se será alguém da esfera federal, em relação às matérias em tramitação na Casa, cujo se das Varas da Fazenda Pública dos Estados. tema abranja o Sistema Tributário Nacional. Compare- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) ceram os Senhores Deputados André Zacharow, Anto- – Tenho minhas preocupações com realização de au- nio Cambraia, Armando Monteiro, Beto Albuquerque, diência de duas pessoas no mesmo dia. No passado Carlito Merss, Edson Duarte, Eduardo Paes, Gerson isso se mostrou muito cansativo. E é constrangedor Gabrielli, Jorge Bittar, José Mentor, José Militão, Julio para nós, depois de ouvido um convidado, ver todos Semeghini, Luiz Bittencourt, Luiz Carlos Hauly, Lupér- irem embora. Houve caso de palestrante que falou para cio Ramos, Machado, Marcelo Teixeira, Mussa Demes, duas ou três pessoas. Gostaria que isso fosse evitado. Narcio Rodrigues, Pauderney Avelino, Paulo Bernardo, Além do mais, mesmo que demore muito, todos vão Paulo Rubens Santiago, Renato Casagrande, Romel querer fazer questionamentos. Anízio, Ronaldo Vasconcellos, Sandro Mabel, Sérgio Vamos fazer uma experiência com o Sr. Albérico Miranda, Virgílio Guimarães, Walter Feldman, Wal- Mascarenhas e ver quanto tempo vamos utilizar. Se ter Pinheiro e Francisco Dornelles, titulares; Anivaldo terminar cedo, poderemos convidar duas pessoas para Vale, Ary Vanazzi, Eduardo Sciarra, Gervásio Silva, a semana seguinte. Jaime Martins, João Paulo Gomes da Silva, Júlio Cé- O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Sr. Presi- sar, Júlio Redecker, Márcio Reinaldo Moreira, Paulo dente, gostaria de fazer uma sugestão. Afonso, Pedro Fernandes, Reinaldo Lopes, Reinaldo O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Betão, Roberto Pessoa, Vignatti, Wasny de Roure, Yeda – Com a palavra o Deputado José Militão. Crusius e Zequinha Marinho suplentes. Deixaram de O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Na audi- comparecer os Senhores Deputados Carlos Eduardo ência que vamos ter com o Prof. Ives Gandra Martins, Cadoca, Delfim Netto, Edmar Moreira, João Leão, José poderíamos ouvir a Profa. Misabel Abreu de Machado Roberto Arruda, Max Rosenmann, Nelson Marquezelli Derzi, da Universidade Federal de Minas Gerais, su- e Ricardo Fiuza. Havendo número regimental, o Se- gestão do nosso Relator, Deputado Virgílio Guimarães. nhor Presidente declarou abertos os trabalhos. ATA S.Sa. também nos pode ajudar muito na reforma tribu- – O Deputado Romel Anízio solicitou a dispensa da tária, pois tem larga experiência no assunto, inclusive leitura da ata da 3ª reunião, cujas cópias haviam sido em tributação internacional. distribuídas antecipadamente. Em discussão e votação, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) a ata foi aprovada, sem restrições. ORDEM DO DIA: – O nome é bem lembrado. A Profa. Misabel é refe- Audiência Pública com o Dr. Álberico Mascarenhas, rência nacional na área. Como ainda não há pedido Secretário da Fazenda do Estado da Bahia e Coorde- formal, gostaria que o Deputado José Militão o fizesse nador do Conselho Nacional de Política Fazendária para ser apreciado na próxima semana. – CONFAZ. Antes de passar a palavra ao palestrante, (Não identificado) – Mas não seria na primei- o Senhor Presidente destacou a presença do Dr. Ma- ra? noelito Souza, Secretário da Fazenda do Município de O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Salvador. Concluída a apresentação, o palestrante, por – Para a próxima semana talvez não desse mais, Depu- solicitação do Deputado Mussa Demes, comprometeu- tado, de acordo com o Regimento. se a enviar cópia de sua exposição para reprodução e Nada mais havendo a tratar, encerro a presen- distribuição aos membros da Comissão. Participaram te reunião e convoco outra para as 10h do dia 27 de dos debates os Senhores Deputados Eduardo Paes, março. Renato Casagrande, Walter Feldman, Paulo Afonso, COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR Anivaldo Vale, Edson Duarte, Wasny de Roure, Sandro ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM Mabel , Luiz Carlos Hauly, Paulo Afonso, Paulo Rubens TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA Santiago, Renato Casagrande e Virgílio Guimarães, O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL. Relator. Tendo em vista o início da Sessão Extraordi- (SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL) nária da Câmara dos Deputados, o Senhor Presidente encerrou a reunião às treze horas e vinte e sete minu- Ata da 4ª Reunião, Realizada em 27 de Março tos, antes convocando outra para quinta-feira, dia 03 de 2003. de abril. A presente reunião foi gravada e suas notas Aos vinte e sete dias do mês de março de dois taquigráficas, após decodificadas farão parte integrante mil e três, às dez horas e trinta e quatro minutos, no desta Ata. E, para constar, eu, Angélica Maria Landim Plenário 13, do Anexo II da Câmara dos Deputados, Fialho Aguiar, Secretária, lavrei a presente Ata, que sob a presidência do Deputado Mussa Demes, reuniu- depois de lida e aprovada, será assinada pelo Senhor se a Comissão Especial destinada a efetuar estudo Presidente e irá à publicação. 57438 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Desvantagem competitiva do setor produtivo na- – Havendo número regimental, declaro abertos os tra- cional, tanto no mercado externo como no mercado balhos da presente reunião da Comissão Especial do interno, causada pelos impostos em cascata, que tor- Sistema Tributário Nacional. nam o sistema cumulativo; Devido à distribuição antecipada de cópias da Forte distorção nas decisões de alocação de ata da terceira reunião a todos os membros presen- recursos, que prejudica a eficiência econômica, em tes, indago ao Plenário se há necessidade de leitura função da complexidade do sistema de tributação do da mesma. comércio interestadual; O SR. DEPUTADO ROMEL ANIZIO – Peço a Imposição de ônus tributário aos bens de capital, dispensa da leitura, Sr. Presidente. que desestimula o investimento, tendo em vista cumu- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) latividade e prazo para a utilização de crédito de ICMS – Dispensada a leitura da ata, a pedido do Deputado relativo a aquisição de ativos; Romel Anizio. Complexidade do sistema, a ponto de dificultar a Em discussão a ata. (Pausa.) harmonização tributária internacional, motivada pelos Não havendo quem queira discuti-la, declaro-a tributos sobre produção e consumo cobrados parale- aprovada. lamente pelas três esferas de Governo; Ordem do dia. Falta de uniformidade na legislação e grande Esta reunião foi convocada para ouvirmos em au- quantidade de alíquotas;... diência pública o Sr. Albérico Machado Mascarenhas, Por exemplo, qualquer empresa que tenha filiais Secretário da Fazenda do Estado da Bahia, a quem em todos os Estados brasileiros tem um custo imenso convido para tomar assento à Mesa. na área de tributação e precisa de uma área específica O Sr. Albérico Mascarenhas, como os senhores para cuidar das contas, porque cada Estado tem uma sabem, é remanescente do grupo de Secretários de legislação, uma alíquota, um regulamento. Fazenda da Legislatura anterior, um dos mais desta- Os regulamentos do ICMS chegam a mil artigos, cados Secretários por ocasião dos nossos trabalhos. em média, fora as constantes mudanças de decretos e Foi também coordenador do grupo atual e exerce em leis que os alteram e oneram o custo de administração seu Estado funções que todos conhecem muito bem. do imposto, às vezes facilitando a sonegação e a eva- A Bahia tem características próprias, um Estado que são fiscal, até por desconhecimento da legislação; tem muito do Nordeste pobre, mas também muito do Facilidade de evasão, até um estímulo à evasão, Sul, altamente industrializado, em razão do pólo pe- que gera iniqüidade e competição desigual em função troquímico e de outras tantas indústrias de porte ali da carga tributária elevada e da complexidade da le- sediadas. Portanto, o depoimento que ouviremos hoje gislação;... é da maior importância, e não foi por acaso que aca- O novo sistema tributário deve eliminar a comple- bamos por escolhê-lo como o primeiro. Tenho certeza xidade. A tributação brasileira tornou-se mais complexa de que o Sr. Albérico Mascarenhas poderá ajudar a ao longo do tempo, e isso reflete, em parte, a maior esclarecer muitas de nossas dúvidas. complexidade que a própria economia brasileira ad- Com a palavra, para sua exposição inicial, o Se- quiriu ao longo do seu processo de desenvolvimento. cretário Albérico Machado Mascarenhas. No entanto, parte dela, que cria custos para a admi- O SR. ALBÉRICO MACHADO MASCARENHAS nistração tributária e para o contribuinte, é desneces- – Exmo. Sr. Presidente da Comissão Especial cria- sária e pode ser eliminada. Como exemplo podemos da para o estudo de matéria relacionada ao sistema ressaltar a existência de 27 legislações estaduais re- tributário nacional, Deputado Mussa Demes, Exmo. lativas ao ICMS. Deputado Virgílio Guimarães, Relator da referida Co- A cobrança de tributos em cascata no Brasil é missão, demais Deputados, colegas de Secretarias de hoje responsável por mais de 20% da receita tributária Fazenda aqui presentes, é com muita satisfação que total do País. PIS, COFINS, CPMF e ISS são tributos retorno a esta Casa legislativa para tratar de um tema cumulativos, e essa cumulatividade é plenamente pre- tão importante da vida nacional. judicial a nossa economia, na medida em que onera A reforma tributária se faz urgente e necessá- as exportações e os bens de capital, torna a carga ria. sobre produtos nacionais maior que a incidente so- O atual sistema brasileiro se caracteriza por uma bre similares importados, altera os preços relativos e série de pontos e aspectos negativos, dos quais me distorce as decisões quanto ao método de produção, arrisco a enumerar os principais: criando ineficiência no sistema produtivo e dificultando Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57439 a harmonização do sistema tributário brasileiro com do Deputado Flávio Rocha. Mas houve, sem dúvida, um os nossos parceiros comerciais. momento mais importante nos anos de 1999 e 2000, O novo sistema tributário precisa também dificultar com um intenso debate entre União, Estados e o Con- e desestimular a evasão tributária. A evasão é a maior gresso Nacional, promovido pela Comissão Especial inimiga da eqüidade fiscal e obriga os que recolhem de Reforma Tributária da Câmara dos Deputados. regularmente seus tributos a pagar mais que sua justa Em 1999, a Comissão Especial de Reforma Tri- parcela no financiamento das ações governamentais butária da Câmara dos Deputados aprovou substituti- para compensar a receita perdida; gera competição vo pelo Deputado Mussa Demes, Relator da referida desigual entre os que pagam corretamente os tributos Comissão. Em janeiro de 2000, uma comissão tripar- e os que os sonegam. tite formada pelo Governo Federal, representado pe- Embora o controle da evasão deva ser feito prin- los Ministros da Fazenda, Pedro Malan, das Minas e cipalmente pela administração fiscal, o problema deve Energia, Rodolpho Tourinho Neto, do Desenvolvimento ser tratado desde a concepção do sistema tributário, Agrário, Alcides Tápias, e pelo Secretário da Receita para evitar brechas na legislação que facilitem a so- Federal, Everardo Maciel, pelos Governos Estaduais, negação e a elisão. representados pelos Secretários de Fazenda de cada Outra meta do novo sistema deve ser a redução Região – da qual fiz parte, pelo Nordeste – , e pela do peso da tributação sobre a folha de pagamentos. A Comissão Especial da Câmara dos Deputados, repre- utilização da folha de salários como base tributária para sentada principalmente por seu Presidente, à época o o financiamento da Previdência Social é uma prática Deputado Germano Rigotto, por seu Vice-Presidente, bastante difundida. Esse tipo de tributação, no entanto, Deputado Antonio Palocci, e por seu Relator, Depu- afeta a competitividade do sistema produtivo do País. tado Mussa Demes, voltou a discutir o relatório espe- Quanto mais intensa ela for, vis-à-vis a adotada pelos cial da Comissão, buscando consenso entre as três competidores no mercado internacional, menor será esferas de governo mais envolvidas e interessadas a competitividade do País. no processo. A chamada guerra fiscal do ICMS decorre da ine- Após longas e exaustivas reuniões, várias su- xistência de uma política nacional de desenvolvimento gestões foram apresentadas à Comissão Especial, regional e do fato de que todos os Estados, por dis- que finalmente aprovou, em 10 de março de 2000, porem de tributos semelhantes, oferecem incentivos uma emenda aglutinativa que incorporou parte das similares. Nestas circunstâncias, se o Estado não con- propostas. ceder os incentivos, estará condenado a não hospedar No que diz respeito aos Estados, posso relatar que novos empreendimentos. Assim sendo, a concessão de algo a princípio utópico, que seria um consenso entre incentivos se generaliza e aprofunda, transformando- eles, praticamente veio a acontecer. Todos os pontos se em guerra fiscal. Esse é um ponto muito importante apresentados na proposta entregue à comissão tripar- do sistema brasileiro atual. Eu sempre disse, e repito, tite em 13 de janeiro de 2000 foram exaustivamente que nenhum Estado concede incentivo fiscal porque debatidos por todos os Secretários de Fazenda, com gosta ou acha bonito. o respaldo de seus Governadores. A concessão dos incentivos fiscais, principalmente Os Estados propuseram: nas regiões mais deprimidas, menos desenvolvidas, é 1 – Extinção do ICMS e do ISS; fundamental para a atração de novas empresas e para 2 – Criação de um IVA estadual de base o desenvolvimento. Nenhuma empresa se instala no ampla com as seguintes características: Nordeste ou em qualquer outra região menos desen- (Criação de um Imposto sobre Vendas volvida do País se não tiver mercado consumidor, mão- a Varejo e Serviços, a ser cobrado pelos Mu- de-obra qualificada e preparada para atender e infra- nicípios, com alíquota de 4%, para substituir estrutura digna e decente, para que possa transferir sua o ISS) produção. Esse recurso usado pelos Estados, que nós - competência tributária conjunta dos Es- reconhecemos ser uma distorção do processo tributá- tados, instituída por lei estadual, em ratifica- rio nacional, foi algo que os Governadores não tiveram ção à lei complementar de iniciativa privativa como evitar. Ele não é desejável. É, portanto, impor- de dois terços dos Senadores e um terço dos tante que o sistema que venha a ser aprovado aponte Governadores; soluções para essas necessidades passadas. - regulamentação por órgão colegiado, A reforma tributária vem sendo discutida desde que seria o CONFAZ; 1991, portanto três anos depois da Constituição de - adoção do princípio de destino, isto 1988, com uma proposta de imposto único, na época é, o imposto passaria a pertencer ao Estado 57440 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 destinatário, podendo ser atribuída parcela nios celebrados entre os Estados no âmbito da receita para o Estado de origem, visando do CONFAZ; custear a fiscalização – esse era um ponto – ampliação do prazo de tratamento cons- importante da reforma, porque quem iria fis- titucional à Zona Franca de Manaus por quinze calizar as empresas, já que o imposto perten- anos, contados a partir da cobrança do novo cia não ao Estado de origem, mas ao Estado imposto; destinatário? – ; – instituição, via lei complementar, das - viabilização do princípio de destino, formas de aproveitamento dos saldos credo- através de fundo constituído por receitas de res do ICMS atual; arrecadação do imposto nas operações inte- – fortalecimento do instituto da substitui- restaduais; ção tributária, com aprimoramento da redação - alíquotas fixadas por resolução do Se- do dispositivo constitucional correspondente; nado Federal, de iniciativa privativa de um - não-incidência do IVA estadual sobre terço dos Senadores ou de um terço dos Go- as exportações; vernadores, aprovadas por dois terços de seus - incidência do IVA estadual sobre a ex- ploração de bens corpóreos e incorpóreos membros; que assegurem a fruição ou criem utilidades, - lei estadual para definir o aumento de inclusive por meios eletrônicos, bem como a alíquotas em até 20%, por classe, nas opera- transferência de bem de uso, consumo, ativo ções de prestação interna, com o objetivo de fixo ou de mercadoria entre estabelecimentos ser uma salvaguarda para o caso de a refor- da mesma pessoa; ma significar alguma redução na receita dos - estabelecimento de regimes especiais Estados; ou simplificados de tributação, através de lei - adoção de cinco classes de alíquotas, complementar, para atender às pequenas e que seriam: padrão, para todas as operações às microempresas, que hoje têm sistema sim- e prestações; reduzidas e ampliadas para ope- plificado não só na União, mas em todos os rações e prestações de serviços definidos em Estados; lei complementar; especial para serviços de - estabelecimento de período de transição educação e gêneros alimentícios de primeira de sete anos para implementação do princípio necessidade listados em lei complementar, do destino, com redução da partilha – origem além de energia elétrica produzida por fontes e destino – do imposto a partir do quarto ano, eólica ou solar, por biomassa ou por pequenas à razão de 20% ao ano; centrais hidrelétricas; seletivas para tabaco e - manutenção das configurações atuais outros produtos de tabacaria, bebida, energia do FPE, FPM, FPEX e fundos regionais, inclu- elétrica, serviços de comunicação e outras sive os percentuais de participação, com sim- mercadorias ou serviços definidos em lei com- ples adequação dos dispositivos ao imposto plementar. Durante um período de cinco anos, da União que substituiria o IPI. as alíquotas para a transição seriam: padrão, Posso afirmar que, de todos os pontos discutidos, 15%; reduzida, 12%; ampliada, 18%; seletiva, apenas nas questões relativas aos incentivos fiscais 25,5%; e especial, até 30% da alíquota padrão, concedidos fora do CONFAZ, à respectiva forma de que seria de 4,5%; compensação e ao período de transição do novo modelo – vedação à concessão de novos bene- do princípio de origem para o destino não obtivemos fícios, quando isso resultasse em renúncia de consenso. Todos os demais pontos da reforma tribu- receita, admitida a concessão de subsídios à tária, dentre os quais eu citei os 22 mais importantes, conta do orçamento dos Estados e do Distri- foram consenso entre os 27 Estados brasileiros. to Federal; Em relação à guerra fiscal e respectivos incen- – manutenção, pelo prazo máximo de tivos concedidos, alguns Estados defenderam a tese quinze anos, dos benefícios fiscais que teriam de suspensão imediata, outros a sua manutenção pelo sido concedidos até 31 de dezembro de 1999 período de sete anos, e a maioria, cerca de 21 Esta- por legislações estaduais, sob condição e por dos, um prazo de quinze anos, mesmo prazo aprovado prazo certo; para o incentivo da Zona Franca de Manaus. – redução, na razão de um terço ao ano, Em relação ao fundo de compensação, outra di- dos benefícios fiscais concedidos por convê- vergência, alguns Estados defendiam um fundo res- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57441 trito às operações estaduais, que apelidamos na épo- Vale ressaltar que a Comissão Especial, na emen- ca de “fundinho”, outros defendiam um fundo amplo, da aglutinativa aprovada, deixou o assunto para ser apelidado de “fundão”. Todos os demais pontos da re- definido em lei complementar, atendendo ao pleito forma do ICMS foram consenso entre os 27 Estados dos Estados, podendo ser um ou a combinação dos brasileiros. modelos sugeridos ou ainda outro que viesse a ser É evidente que a proposta dos Estados se limi- encontrado. tou basicamente ao ICMS e a alguns outros pontos Sem dúvida contamos com a boa vontade dos de interesse, como o Fundo de Participação. Já a membros da Comissão, em especial do Relator, que emenda aglutinativa da Comissão Especial tratava de atendeu a esse pleito dos Estados, uma grande polê- toda a reforma, bem mais ampla, e incorporava tribu- mica, deixando a definição em aberto, para ser resol- tos federais. vida por lei complementar. Os pontos de divergência ou de não-incorporação Entendo que perdemos a oportunidade de concluir total da proposta dos Estados em relação à emenda a reforma naquele momento. Vale ressaltar os amplos aglutinativa aprovada pela Comissão Especial foram debates, a profundidade com que o assunto foi discutido principalmente os seguintes: pelos Estados – principalmente através do CONFAZ, Criação do IVA federal incidente sobre a circu- que considero o fórum correto, em termos estaduais, lação de mercadorias e a prestação de serviços em para se discutir a reforma – e pelo Governo Federal geral, exceto energia elétrica, petróleo e derivados, e a disposição da Comissão Especial da Câmara dos combustíveis, serviços de comunicação e minerais Deputados de levar adiante aquela reforma, que infe- – os Estados não o desejam – ; lizmente não efetivamos. Não vêm ao caso as razões; Efeito vinculante em relação às decisões defini- aliás, não as tenho. Poderíamos, entretanto, estar hoje tivas de mérito relativas ao IVA federal e estadual pro- discutindo outras reformas, outros temas de interesse feridas por, no mínimo, dois terços dos membros do nacional, e o País talvez estivesse alcançando índices STF – a proposta dos Estados prevê que esse efeito de desenvolvimento e de crescimento mais expressi- se daria em relação à matéria tributária em geral – ; vos. Mas quero crer que, apesar da frustração daquele Mecanismo viabilizador do princípio do destino, momento, a discussão não foi em vão. A partir daquele que poderia ser o modelo do “barquinho”, um fundo ponto, começa a nova proposta de reforma tributária. constituído por receitas da arrecadação dos impostos Talvez seja repetitivo, até mesmo enfadonho, mas nas operações interestaduais ou outros mecanismos vale lembrar que os princípios da reforma tributária dis- – os Estados defendiam a constituição de um fundo; cutidos em 1999 e 2000 são praticamente os mesmos Prazo da Zona Franca de Manaus ampliado até que se discutem hoje. Senão, vejamos. 2023 – os Estados defendiam a ampliação do prazo A Carta de Brasília, fruto da reunião havida en- para quinze anos, contados a partir da cobrança do tre o Exmo. Sr. Presidente da República e os 27 Go- novo imposto, para coincidir com o prazo dos demais vernadores estaduais, estabelece prioridade para as incentivos estaduais; reformas tributária e previdenciária e indica pontos de Não-incidência do Imposto sobre Serviços de convergência do novo modelo tributário brasileiro, entre Radiodifusão Sonora e de Transmissão de Sons e os quais destaco: promoção de justiça fiscal; eficiên- Imagens de Recepção Livre e Gratuita; cia e competitividade econômica; estímulo à produção O FPEX passaria a ser distribuído com base na e a investimentos produtivos; simplificação; redução totalidade das exportações e não só naquelas relativas da sonegação e da evasão fiscal; neutralidade entre a produtos industrializados – os Estados defendiam os entes federados; ampliação da base tributária e a manutenção da configuração atual do mencionado maior eficiência, sem aumento da carga, até mesmo fundo. com a criação de condições para a redução da carga O ponto mais polêmico, sem dúvida, Deputado individual; um novo ICMS, unificado em todo o País, Mussa Demes, foi a transição do princípio de origem com legislação e normas uniformes e redução do nú- para os destinos. Os Estados defendiam a criação de mero de alíquotas; normas e regras do novo imposto um fundo para a compensação, e a Comissão Especial definidas por lei complementar; contribuição patronal defendia um mecanismo que ficou conhecido como total ou parcial sobre faturamento, reduzindo o peso “barquinho”, que consiste na seguinte combinação: não- dos impostos sobre a folha de pagamento; redução cobrança do IVA estadual – alíquota zero – nas vendas gradual da incidência cumulativa; implementação de para outros Estados, cobrança apenas do IVA federal, uma política de desenvolvimento regional sustentada cuja alíquota seria aumentada para preencher o espaço que reduza as desigualdades regionais e supere os deixado pela não-cobrança do IVA estadual. conflitos tributários; e aproveitamento do relatório da 57442 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Comissão Especial da Reforma Tributária da Câmara na qualidade de Coordenador dos Secretários Esta- dos Deputados no processo de reforma. duais de Fazenda. É evidente que os pontos, muito bem coloca- Voltando ao ICMS, os pontos básicos da emenda dos na Carta de Brasília, representam a unidade do aglutinativa da proposta dos Estados estariam manti- pensamento da União e dos Estados e, acredito, de dos. Dois pontos, entretanto, são agora rediscutidos, toda a sociedade, pelos princípios fundamentais e e infelizmente já não mais existe a unidade verificada até universais ali estabelecidos. A esses princípios, no ano 2000. O primeiro se refere à base de incidência os Estados acrescentariam a preocupação com uma do ICMS e à criação do IVVS, Imposto sobre Vendas reforma ampla, envolvendo todo o sistema tributário a Varejo e Serviços. nacional, com a solução de problemas concernentes Entendemos, após inúmeras análises e deba- à cumulatividade do sistema, e umaparticipação equi- tes, que a ampliação da base do ICMS, incorporando librada entre a União e os Estados nos mecanismos o ISS, poderia gerar distorções em muitos setores de estímulo às exportações, com formulação de polí- prestadores de serviço e, principalmente, a criação de ticas capazes de compensar o esforço exportador dos mais um Imposto sobre Vendas a Varejo e Serviços, de Estados e eliminar distorções causadas pelo acúmulo competência municipal, que, além de mais um tributo de créditos do ICMS. incidindo sobre o consumo, poderia gerar problemas Outro tema de fundamental importância para os de administração e cobrança principalmente nas pe- Estados é a garantia da unidade recíproca em relação quenas cidades, abrindo a possibilidade de uma nova às contribuições especiais, principalmente o PASEP, guerra fiscal ou até mesmo de altos índices de sone- que os Estados são obrigados a recolher para os co- gação, considerando a dificuldade que têm esses pe- fres do Governo Federal, numa clara desobediência ao quenos Municípios de manter uma máquina tributária princípio da imunidade recíproca entre os Poderes. que cobre os impostos municipais. Defendemos, dessa forma, a manutenção atual A compensação dos fundos constitucionais é im- da base do ICMS, inclusive com a manutenção de sua periosa para os Estados. Desde a Constituição de 1988, denominação – ICMS – , porém com a superação das vimos as receitas não-compartilhadas pela União com atuais áreas de atrito existentes entre os dois impos- Estados e Municípios ultrapassar as receitas comparti- tos, ICMS e ISS. Hoje há uma zona cinzenta: alguns lhadas, que são compostas apenas do IPI e do Imposto Estados entendem que a tributação é do ICMS, os de Renda. Em 1998, as receitas compartilhadas com Municípios estendem que é do ISS. É preciso equali- Estados e Municípios representavam 65% da arreca- zar essa questão. dação total da União; em 2001, essas receitas, com Outro tema que deixou de ser consenso é a ques- Imposto de Renda e Imposto sobre Produtos Industria- tão da entrega do imposto, se ao Estado de origem, lizados, representavam somente 45% da arrecadação; como hoje, se ao Estado de destino. Em 2000, houve em 2002, a União arrecadou 196 bilhões com COFINS, consenso em torno do princípio do destino. Filosofica- PIS, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e CPMF. mente, não tenho dúvida de ser esse o princípio mais Sua participação no bolo tributário nacional aumentou justo. O cidadão de um Estado deve pagar imposto 4% nos últimos dez anos, mesmo percentual perdido ao Estado de onde demanda todos os seus serviços. pelos Estados. Se considerarmos ainda que a carga Não é justo o cidadão baiano, o cearense, o pernam- tributária aumentou em pelo menos 10% nos últimos bucano pagarem impostos para outro Estado, quando dez anos, concluiremos que o ganho da União em re- eles consomem em seus Estados. Eles vão demandar lação aos Estados foi muito significativo. do seu Estado saúde, educação, serviço público, de Além disso, a permissão de compensação para modo geral. O problema é que, com a mudança do sis- impostos federais compartilhados tem subtraído parcela tema, os Estados chamados de importadores líquidos, considerável do Fundo de Participação. Os Estados, aqueles com pequena produção de bens de consumo na sua totalidade, entendem que os fundos constitu- final, teriam ganho de receita – isso atinge os Estados cionais, principalmente o FPE e o FPM, devem ser menos desenvolvidos, o que, sem dúvida, não deixa estabelecidos com base na receita da totalidade dos de ser muito importante – , e os Estados exportado- impostos e contribuições federais, evidentemente com res líquidos, aqueles que vendem mais no comércio percentuais a serem definidos de forma a manter a estadual, evidentemente, teriam perda. atual distribuição. O caso mais tipificado é o do Estado de São Pau- Enfim, não queremos aumentar a fatia do bolo lo. Em 1999 e 2000, o então Governador Mário Covas dos Estados, e sim participar de todo o bolo, com uma concordou com a adoção do princípio de destino, con- fatia menor. Falo aqui em nome de todos os Estados, siderando que o ICMS amplo, com a incorporação do Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57443 ISS e o fim da guerra fiscal – acirrada àquela época ma necessária para o País crescer e se desenvolver. – , reduziria significativamente sua perda de receita. Esse é o desejo de todos. Hoje, sem a certeza da incorporação do ISS e com a Muito obrigado. guerra fiscal menos intensa, a compensação estaria O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) comprometida. – Parabenizo o Secretário Albérico Mascarenhas pela Lembramos que um dos princípios fundamentais magnífica exposição. da reforma é sua neutralidade. Ou seja, nenhum ente Inclusive, como foi um trabalho escrito, peço a federado poderá perder receita, até porque não há con- V.Sa. permissão para tirar cópias e distribuí-las a to- dições para isso. Nenhum Estado, mesmo aquele que dos os membros desta Comissão Especial, a fim de consegue manter suas contas em dia, tem possibilidade avaliá-lo convenientemente, tamanha a importância de perder receita, porque não pode mais sacrificar seu para esta discussão. pequeno nível de capacidade de investimento. O SR. ALBÉRICO MACHADO DE MASCARE- O CONFAZ, mediante grupo de trabalho, está NHAS – Sr. Presidente, como o texto só foi concluído realizando as análises das balanças comerciais dos ontem, pude observar algumas falhas. Contudo, com- Estados, objetivando fornecer mais subsídios para to- prometo-me a encaminhá-lo ainda hoje, com as devi- mada de decisão. das correções, à Presidência para que o distribua, via Esse seria hoje o ponto mais polêmico em rela- e-mail, a todos os Srs. Deputados. ção ao ICMS, porque quando se definir se deve ser O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. mantido o princípio de origem ou de destino, vamos Presidente, peço a palavra pela ordem. discutir a questão dos incentivos fiscais do passado O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) e do futuro. Mas é imperioso que essa transição não – Tem V.Exa. a palavra. seja tão rápida para que se possa avaliar, primeiro, os O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. resultados do novo sistema. Quer dizer, precisamos Presidente, desejo saber do Sr. Secretário se pode, implantar o novo ICMS e verificar o que acontece com nesse trabalho escrito, identificar a posição consen- sua receita; se efetivamente conseguiremos manter sual do CONFAZ. o nível sem elevar a carga, porque há grande espa- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) ço para, reduzindo a elisão, a evasão e a sonegação – Obrigado, Deputado Walter Feldman. fiscal, ter ganho, sem aumentá-la, e com ganhos na O SR. DEPUTADO JÚLIO CESAR – Sr. Presi- arrecadação. A partir daí, quantificado esse ganho, dente, peço a palavra pela ordem. inicia-se o processo de transição. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Nesse período, boa parte dos incentivos con- – Tem V.Exa. a palavra. cedidos fora do CONFAZ já estariam amortecidos, já O SR. DEPUTADO JÚLIO CESAR – Sr. Secretá- estariam resolvidos. Essa conta seria bem menor. A rio, desejo saber o que significa consenso com todos transição seria feita com mais tranqüilidade, e aque- os Estados brasileiros. les Estados exportadores líqüidos não teriam perda O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) de arrecadação. – Vamos agora ouvir os Parlamentares inscritos para Outro ponto fundamental é a Carta de Brasília. o debate. Peço a todos, tendo em vista a sessão em Os Estados das Regiões menos desenvolvidas, andamento no plenário, que se atenham aos termos especialmente o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste, regimentais. precisam de política nacional de desenvolvimento. E os Cada Parlamentar disporá de três minutos para Secretários de Fazenda dos Estados estão debatendo se manifestar, tendo idêntico tempo o expositor, Se- o assunto inclusive com o Ministério da Fazenda. cretário Albérico Mascarenhas, uma vez que há doze Todos nós, Secretários, estamos abertos e dis- inscrições, com possibilidade de réplica e de tréplica. postos a nos reunir com a Comissão, em qualquer foro, Com a palavra o primeiro orador inscrito, Depu- para efetivamente levarmos avante esse importante e tado Eduardo Paes. urgente tema à vida nacional. O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Sr. Presi- Agradeço a esta Comissão a oportunidade de dente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro poder debater minhas idéias e algumas dos Estados lugar, saúdo o Dr. Albérico Mascarenhas. brasileiros. Esta Comissão inicia seus trabalhos de forma Deputados Mussa Demes e Virgílio Guimarães, certa ao trazer aqui o Secretário de Fazenda da Bahia, mais uma vez, coloco-me à disposição de V.Exas. para representando todos os Secretários de Fazenda, para levar o tema à exaustão, a fim de que façamos a refor- discutir o ponto mais polêmico da Comissão. 57444 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Vou direto às perguntas a fim de respeitar os Muito mais do que pergunta, faço um pedido aos três minutos solicitados pelo Presidente, Deputado Secretários de Fazenda: mesmo que tenhamos de ce- Mussa Demes. der no prazo de transição de um modelo para outro, ou, Dr. Albérico, confesso que, quando V.Sa. começou conforme disse o Dr. Albérico, de tratar dos Fundos de sua exposição, fiquei bastante animado; no meio dela, Participação dos Estados e dos Municípios, que foram atingi o clímax. Porém, ao final, desanimei completa- tungados pelo Governo Federal desde a Constituinte mente, sem fazer aqui qualquer tipo de comparação. de 1988 – Dr. Albérico apresentou aqui impressionan- A mudança do Sistema Tributário Nacional é o as- tes e assustadores dados, não é possível o Governo sunto mais polêmico e importante desta Comissão. aumentar só a carga tributária dos tributos que não Deputado Virgílio Guimarães, confesso que fico partilha com Estados e Municípios. assustado quando há amplo consenso entre os entes Os membros desta Comissão devem buscar o da Federação. Se o Governo Federal está a favor, os consenso com os Estados, senão a reforma tributária Estados estão a favor e os Municípios estão a favor, não irá avançar. É fundamental todos os Secretários coitado do contribuinte! entenderem a vontade desta Comissão de trabalhar Na verdade, no final de 1999 e no início de 2000, questões que possam compensar os Estados. Não se houve consenso político numa emenda aglutinativa, e pode dizer: “A Bahia, que deu incentivos para a fábrica já se podia perceber claramente a pouca vontade, à da Ford, hoje não vale nada”. época, do Governo Federal – e digo isso com a auto- O Deputado Walter Feldman, naturalmente, com ridade de ter pertencido àquela base Parlamentar – de toda razão, defende São Paulo, e também devemos efetivar a reforma tributária. Portanto, como sabíamos ter ampla visão de Brasil. Ninguém aqui deseja que que o Governo Federal não queria, todos concorda- aquele Estado se quebre. Já vivemos difícil situação. vam com tudo. E a proposta apresentada simplesmen- Portanto, existe aqui essa leitura. Só temos de tomar cuidado com duas questões: primeiro, não podemos te aumentava absurdamente a possibilidade de taxar aumentar a carga tributária dos contribuintes, e, segun- o contribuinte; como se não bastasse o aumento da do, não é admissível que não se mude, de uma vez carga tributária global, criava-se o IVV para os Muni- por todas, na prática, aquilo que todos consideramos cípios, o Estado começava a cobrar, o ICMS tinha sua conceitualmente correto. base ampliada. Óbvio, não havia perda para ninguém, O Secretário fala, como um dos objetivos da Co- a não ser para o contribuinte. Era inaceitável aquela missão, em dificultar e eliminar a evasão tributária por proposta. intermédio da definição do Sistema Tributário Nacional. Imaginava que o Dr. Albérico fosse dizer que ti- Desejo saber do Dr. Albérico que sugestões concretas vesse a leitura do consenso. Seria muito interessante podem ser dadas ao dispositivo constitucional para criar afirmar que existe conceitualmente a compreensão de esse tipo de dificuldade, desde que não signifique, cla- todos os Secretários de que a tributação do ICMS deve ro, mais opressão ou dificuldade para o contribuinte, se dar no destino. Esse conceitual está muito bem ar- porque chegou o momento de começarmos a trabalhar rumado, mas a premissa, para o início da discussão, em defesa do cidadão que paga seus impostos e não é partirmos do pressuposto de que as desigualdades consegue ter a retribuição do Estado. regionais do Brasil têm de ser resolvidas por intermé- Os brasileiros trabalham três meses do ano para o dio de políticas de desenvolvimento regional. Governo Federal, de graça, sem ter, em boa parte das Sou da Região Sudeste, supostamente mais vezes, a retribuição desses recursos investidos. desenvolvida, mas é óbvio que desejo para a Região Torço para que possamos voltar àquele clímax, Nordeste política de desenvolvimento regional – não presente no meio de sua intervenção, muito em breve. pelo mesmo motivo do Ministro Grazziano, de manei- Eram essas as minhas considerações. ra alguma. Essa política fundamental não só para o Muito obrigado, Dr. Albérico. Nordeste como para o Centro-Oeste, para o Sudeste O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) e para o Sul não pode ser feita com receita, mas com – O Secretário responderá às questões formuladas em orçamento, conforme consenso. blocos de três Parlamentares. E atingi o anticlímax, no final de sua exposição, Antes de passar a palavra ao segundo orador porque parece-me não haver hoje mais consenso inscrito, registro a presença do Secretário de Finanças entre os Secretários de Fazenda. Se amarrarmos a da Prefeitura de Salvador, Dr. Manoelito Souza, que apresentação de política de desenvolvimento regio- fará o acompanhamento deste trabalho em relação ao nal ao estabelecimento de consenso, ficará difícil ca- Municípios brasileiros. minharmos aqui. Com a palavra o Deputado Gerson Gabrielli. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57445 O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Sr. sujeitos sociais; e o maior exemplo desse desequilíbrio Presidente, Sr. Relator, Dr. Albérico Mascarenhas, é a própria guerra fiscal. para objetivar o debate, como o líder do CONFAZ A renúncia que os Estados têm praticado de um traz a posição do órgão, desejo saber se na discus- imposto indireto, pago no ato da compra da merca- são anterior – no trabalho feito pelo CONFAZ, já que doria pelo consumidor final, tem criado estrutura de os entes têm interesses comuns – houve fórum de crédito do setor público às empresas sem qualquer Prefeitos. Soubemos que o Presidente da República tipo de encargo ou de comparação tanto nos bancos e o Relator estiveram em reunião com os Municípios. oficiais quanto nos privados. Mas, o mesmo Estado Queremos saber se existe por parte do CONFAZ o que dispõe de autonomia fiscal para conceder crédito repasse dessas informações para os Municípios, se e promover a guerra fiscal, possui também atribuições há liderança de forma organizada do debate nacional constitucionais, em alguns casos, com normas carim- por causa dessa distribuição, já mencionada com pro- badas: 25% para Educação, os recursos destinados priedade por V.Sa. em relação à distribuição do bolo à Saúde, havendo uma forma de atravessamento de da arrecadação fiscal. determinados sujeitos. Antes de a receita entrar nos Outro assunto. Estamos regidos pela Lei de Res- cofres públicos e financiar os direitos sociais assegu- ponsabilidade Fiscal. O Estado da Bahia está equili- rados pela Constituição, são transformados em capital brado, pois conseguiu aprovar suas cotas, o que lhe para determinados sujeitos. credita, pois V.Sa. é competente coordenador autori- Para concluir essa linha de raciocínio, há gravís- zado do CONFAZ. simos problemas em setores importantes do consumo V.Sa. disse que houve abrandamento da guerra no País, tais como o de combustíveis, o setor atacadista fiscal. Dentro das propostas já alinhavadas, ou que de alimentos, o setor de material de limpeza, o setor de se tem notícia por intermédio do encontro do Presi- bebidas, o setor de cigarros, derivado não de manobra dente com os Governadores, há alguma atualização destinada à sobrevivência fiscal das empresas, mas da da proposta do CONFAZ em relação à guerra fiscal? atuação organizada do crime fiscal e tributário. Ela é iminente? Será superada? Qual a visão, se for Então, a nosso ver, para mudar a realidade tri- possível falar agora, do novo conjunto de Secretários butária temos de atuar em duas frentes: discutir novas e Governadores? normas tributárias, equilibradas, sensatas, razoáveis, A última pergunta diz respeito a assunto polê- com expectativa de eficácia para os Estados, Municípios mico que está nos jornais. O Relator já vem falando e para a União e, ao mesmo tempo, trabalhar para que sobre ele e o próprio Secretário já emitiu sua opinião sejam reduzidas as facilidades e possa se extinguir de diferente. Trata-se das alíquotas da CPMF que têm, de vez do convívio fiscal no País a esperteza fiscal. certa forma, motivado o debate, não só porque existe Destaco algumas preocupações, e desejo saber sinalização da manutenção da carga, acrescida no final do Secretário sua concordância e a discussão dessas do ano com aquela derrama de aumento de impostos, questões no CONFAZ. mas também pela possibilidade de simplificação des- Primeiro, rigorosa mudança no cadastro mercan- ses impostos, o que representaria ganho comparativo til das empresas no País, sem violentar a liberdade muito grande em relação ao setor produtivo. da atuação comercial e da constituição de empresas, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) não permitirá mais sobreviver com as facilidades que – Obrigado, Deputado Gerson Gabrielli. encontramos para essa constituição, cujo único fim é Com a palavra o Deputado Paulo Rubem San- a acumulação de créditos tributários contra a fazenda tiago. dos Estados, e, no intervalo de seis meses a um ano, O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO o desaparecimento total delas. – Sr. Presidente, prezado Relator, Sras. e Srs. Depu- Segundo, cadastro único de contribuinte, especial- tados, prezado Secretário, inicialmente compartilho de mente junto às Secretarias de Fazenda dos Estados. uma linha de raciocínio: todos temos falado da ineficá- Temos encontrado disparidades enormes em algumas cia, das desigualdades, dos desequilíbrios da realidade Unidades da Federação onde o cadastro da Junta Co- tributária brasileira, e precisamos mudá-la. mercial é um e a mesma empresa tem outro cadastro Se ficarmos apenas discutindo novas normas na Secretaria de Fazenda, às vezes com defasagem tributárias, não permitiremos ao País a possibilidade de até uma década na constituição e na juntada de de chegar a produtiva situação. Isso porque há sérios documentos da empresa. problemas no processo de arrecadação dos tributos, Ao mesmo tempo, a realidade tributária e os equívocos e desequilíbrios na distribuição entre os en- constantes apelos dos Secretários e das autoridades tes da Federação, especialmente entre os diferentes quanto à evasão e à elisão fiscal nos obriga a claro 57446 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 discernimento entre esses mecanismos de planejamen- administrativa dos Estados. Para tentar segurar isso to tributário. Ao fazermos as leis, deixamos algumas é muito difícil. Realizamos intensa discussão sobre a portas abertas, por mais cuidadosos que sejamos, questão, que sabemos irá acabar definitivamente com com a intervenção organizada do crime na área fiscal a mudança do princípio do destino. e tributária. São Paulo aceita o princípio da origem do destino Terceiro, não podemos sair do processo de refor- desde que se encontrem mecanismos que não impli- ma tributária sem definir especificamente na lei meca- quem perda de arrecadação, porque, evidentemente, nismos de tratamento rigorosos contra a atuação do aquele Estado fez amplo ajuste fiscal e não está dis- crime fiscal e tributário. posto a perder. Então, o que mudou em relação àquilo A vinda do Secretário de Fazenda a esta Casa são apenas esses dois pontos. No que diz respeito a ilustra o consenso do todo, do CONFAZ, dos Secretários um já existe consenso; quanto ao outro poderá haver de Fazenda e também da Secretaria de Fazenda do consenso desde que haja uma forma de compensar Estado da Bahia. Portanto, desejo as três informações o Estado. que relatam o processo de arrecadação e distribuição, O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Existe especificamente naquele Estado. alguma proposta concreta nesse sentido? Sr. Secretário, qual é hoje o montante da dívida ati- O SR. ALBÉRICO MACHADO MASCARENHAS va na Bahia, o que está em execução fiscal, o que está – Não. Estamos quantificando por meio do CONFAZ. na esfera administrativa? Há programa de incentivos Há grupo de trabalho na COTEB que está tentando fiscais? Qual é, nesse programa, a renúncia prevista na concluir as análises em relação ao comércio interes- Lei de Diretrizes Orçamentárias do Estado da Bahia? tadual para que se veja o tamanho da perda de cada De que modo o Estado tem aprovado legislações para o um. Tendo conhecimento da perda, fica mais fácil co- parcelamento, para a redução de multas, de encargos, meçar a discutir como fazer. e qual a eficácia desses programas de parcelamento Na minha avaliação, deve haver transição para da dívida tributária no Estado da Bahia? o outro sistema, um novo ICMS, e manter, por três ou O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) quatro anos, como na proposta anterior, o sistema de – Obrigado, Deputado Paulo Rubem Santiago. tributação na origem – como é hoje. Nesse período, Concedo a palavra ao Secretário Albérico Mas- avalia-se sua capacidade de ganho de arrecadação com carenhas para se manifestar sobre as três interven- redução de sonegação fiscal. Essa transição pode ser ções feitas. mais longa ou mais curta. Isso pode vir em forma de O SR. ALBÉRICO MACHADO MASCARENHAS lei complementar. Não sei se o Estado de São Paulo – Pela ordem, vou responder primeiro ao Deputado Eduardo Paes. Na verdade, não sei se deixei transpa- aceitaria dessa forma, mas é a sugestão de encami- recer a V.Exa. tal sentimento, mas há um consenso no nhamento que temos de discutir. CONFAZ. Listei os 22 pontos daquela reforma anterior, O Deputado Paulo Rubem Santiago falou sobre de 1999 e 2000, e mudamos o pensamento em rela- sugestões para a redução da sonegação. A simplifica- ção à atual posição dos Estados, após uma série de ção do sistema facilita a elisão, a evasão e a sonegação avaliações com relação ao IGVS. Hoje tenho dúvidas. fiscal. Muitos contribuintes fazem isso não por vonta- À época, não seria um erro a criação do IGVS, por- de própria. Muitos contribuintes não usam de má-fé; que todos concordavam que iria resolver o problema a legislação é simplesmente muito complexa, princi- dos Estados exportadores e conseguir a transição do palmente para os pequenos empresários. A legislação princípio de origem para o destino. é primitiva. Precisamos de condições para executar Esse ponto, na consciência dos Estados, não mais rapidamente os empresários que sonegam por existe, porque mudou a forma de pensamento. Antes dolo, má-fé, fraude, calçamento de notas, tudo que o os Estados aceitavam a criação do IGVS. Hoje enten- fisco já conhece. Por não conseguirmos rápida conde- dem ser ele não mais necessário. nação para esse tipo de ação, outros continuam com O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Mas isso tais práticas ilegais. Certamente, esse ponto poderia pressupõe não haver acordo na origem do destino. trazer práticos resultados. O SR. ALBÉRICO MACHADO MASCARENHAS Na Bahia, por exemplo, temos a representação do – Os Estados entendem que o princípio mais justo e Ministério Público que atua com a área de inteligência correto para acabar definitivamente com a guerra fis- fiscal, com a auditoria interna. Ainda assim, há grande cal e com uma série de possibilidades de evasão e dificuldade de se chegar à fase final: a punição. Muitas de fraude fiscal é por meio de simulações de opera- vezes, mesmo com a presença do Ministério Público, ções, que representam imenso custo para a máquina não conseguimos prender o empresário sonegador. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57447 Não sei como podemos agir nesse sentido, se O SR. ALBÉRICO MACHADO MASCARENHAS com o fortalecimento da legislação ou com ação dife- – Com relação à CPMF, sou contra a ampliação da lei. renciada do próprio Judiciário. Deve haver, sem sombra Considero-a um imposto hoje não tão nocivo quanto se de dúvida, legislação que puna rapidamente qualquer imaginou inicialmente. Existem muitas vantagens até do tipo de fraude, conforme o caso citado pelo Deputado ponto de vista de respaldo para a própria fiscalização Paulo Rubem Santiago de crimes fiscais em que a identificar, por meio de movimentação financeira, uma pessoa não consegue rápidas providências. Isso é série de fraudes, possibilidades de lavagem de dinheiro, muito importante. enfim, uma série de ações que podem ser feitas. O Deputado Gerson Gabrielli citou as Prefeituras. O aumento da alíquota, pelo princípio da Carta de Na época, o Prefeito de Belo Horizonte, representan- Brasília, não vai aumentar a carga tributária. Há preo- do os Prefeitos, participou de algumas reuniões, mas cupação de não haver aumento da carga tributária, e as Prefeituras efetivamente não tiveram participação sim redução, porque ela é muito maior do que arreca- forte. damos e já não estamos conseguindo arrecadar. Dimi- Com relação à guerra fiscal, existe consenso entre nuindo-se a elisão, a sonegação, podemos beneficiar os Estados – a grande maioria já reviu todo seu siste- alguns setores como, por exemplo, o da alimentação. ma de concessão de incentivos – de que ela precisa A cesta básica precisa ser desonerada do imposto, ser eliminada. O grande problema do incentivo fiscal até do ICMS. Mas os Estados não suportariam. Na hoje é quando se fala que ele pode ser feito via orça- Bahia, não pode haver desoneração da cesta básica, mentária. A vinculação de receita dos Estados é uma que corresponde a quase 200 milhões de reais por proposta. Então, na hora em que se recebe o imposto, ano de receita. O Estado não suportaria. 25% vai para Educação, 13% vai para a dívida, 10,4% O SR. DEPUTADO PAULO BERNARDO – V.Sa. vai para a Saúde. Quando se faz a vinculação, com a pode repetir? política tributária existente, sobra muito pouco. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Por isso, defendemos política de desenvolvimen- – Deputado Paulo Bernardo, peço a V.Exa. que espere to nacional mediante o apoio a essas regiões que não a ocasião própria, porque senão vamos ter discussão usam propriamente o imposto, mas infra-estrutura, fi- paralela e os demais Deputados não terão oportuni- nanciamentos. Quer dizer, a empresa que se instalar dade. numa região degradada, menos desenvolvida, terá di- O SR. DEPUTADO PAULO BERNARDO – (In- reito a incentivo – pode ser benefício fiscal ou financei- tervenção inaudível.) ro – quando estiver produzindo, gerando, por exemplo, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) número mínimo de empregos. Esse seria o caminho. A – Peço ao Secretário, então, que atenda ao Deputado partir daí, a empresa teria seus ganhos, teria de casar Paulo Bernardo, com minhas escusas. esses mecanismos e eliminar a possibilidade de o im- O SR. ALBÉRICO MACHADO MASCARENHAS posto vir a ser diretamente a forma de tributo. – Para esclarecer o Deputado, repito o que disse an- O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO teriormente: se conseguirmos reduzir a sonegação, a – Só um complemento, Sr. Secretário. A legislação elisão, conseguiremos melhorar a arrecadação. Com dos programas de incentivos aos Estados, em grande isso, poderemos também trabalhar a redução da car- número de Unidades da Federação, não só assegura ga em alguns setores, como o da cesta básica. É fun- mecanismos de controle, de auditoria e de acompa- damental hoje, no Brasil, pela condições de vida da nhamento das metas, principalmente das metas de população, que eliminemos a carga tributária sobre a geração de emprego, como também é omissa. Os cesta básica; progressividade importante para o im- próprios Tribunais de Contas se ressentem de meca- posto, mas os Estados não suportariam. Os Estados nismos eficazes para acompanhar o prometido, o que, do Nordeste não suportariam abrir mão da carga tri- via de regra, não é atingido. butária da cesta básica. Reduzimos alguns produtos, O SR. ALBÉRICO MACHADO MASCARENHAS eliminamos outros, mas é difícil conseguir isso. Na – É verdade. O Deputado Paulo Rubem Santiago abor- Bahia, por exemplo, seriam quase 200 milhões de dou a questão da mudança do cadastro. perda de arrecadação. O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Sr. A substituição tributária é fundamental instrumen- Presidente, lembro apenas que levantei a questão da to para o processo de arrecadação. Se fragilizarmos CPMF. Aproveitando a oportunidade, existe o aumento o sistema de substituição tributária, a sonegação irá do número de mecanismos de substituição tributária. tomar conta do País. O Supremo Tribunal Federal teve Nessa proposta, como fica essa questão hoje cres- grande consciência quando tomou a decisão de con- cente no País. siderar constitucional a substituição. Imaginem cobrar 57448 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 de segmentos altamente sonegadores, que fraudam, Federal, Estadual e Municipal, porque o sonegador no caso do setor de cigarros, de bebidas. Se fôssemos normalmente o faz nos três segmentos. Então, é pos- cobrar isso em cada ponto de venda seria impossível. sível saber exatamente o que está acontecendo em Portanto, é preciso fortalecer, cada vez mais, a subs- cada um deles. tituição tributária. Com relação ao levantamento da dívida pública, O Deputado Paulo Rubem abordou também a a Bahia possui uma dívida de aproximadamente 4 mi- mudança no cadastro. Para podermos reduzir a sone- lhões de reais, incluindo a dívida em cobrança judicial gação fiscal é fundamental adotarmos cadastro único e a administrativa. em todos os Estados brasileiros. Não faz sentido os Estamos desenvolvendo hoje importante trabalho. Estados terem um cadastro e a União ter outro para a Temos feito reuniões periódicas com o Presidente do mesma empresa. O CNPJ pode ser a única inscrição Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, que também do contribuinte, com o controle dos fiscos estaduais e tem realizado trabalho fundamental com os juízes de do fisco federal e tendo seu cadastro atualizado dia- Vara de Fazenda Pública. riamente. Caso haja fraude no fisco estadual, constará A Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia pro- no cadastro do Estado e o fisco federal descobrirá na move cursos de pós-graduação e de especialização hora. Se ele pratica um crime no fisco estadual – isso para os integrantes do Judiciário, na área do Direito é histórico – pratica no federal. Tributário – inclusive juízes participam dos cursos – , Há alguns anos, estamos tentando fazer essa tro- como forma de integrar os dois Fiscos e de preparar ca, que está na pauta. O Secretário da Receita, Jorge as pessoas que trabalham nos cartórios, para que Rachid, já se comprometeu a discutir a questão no seio consigamos juntos fazer esse tipo de ação. Por isso, dos Estados. Os fiscos devem se integrar mais. Não o trabalho do Presidente tem sido importante. podemos conceber fiscos que falem linguagem diver- Determinado juiz na Bahia está há quatro anos gentes. Às vezes, eles fiscalizam a mesma empresa, sem proferir sentença em uma única ação fiscal, o que sem saber o que acontece em outra. A integração e acaba ajudando os sonegadores. Então, a integração a disponibilidade das informações dos fiscos são de com o Judiciário é fundamental, porque muitas vezes fundamental importância para o combate à evasão. eles apostam no tempo. Leva-se vinte, trinta anos sem O próprio fato de haver Juntas Comerciais dis- que a sentença seja decretada. sociadas é outro ponto. Na Bahia, atualmente, não há O Deputado perguntou também sobre o programa mais inscrição estadual e da Junta. O empresário abre de incentivos fiscais. No Estado da Bahia, há o chama- sua empresa na Junta Comercial, e a documentação do Programa Desenvolve, com o qual se tem a dilação que lá apresenta serve para a Secretaria de Fazenda. de prazo no pagamento do ICMS, e o benefício pode O cadastro é único. Quando preciso, vou lá buscar. chegar a 75% do imposto, que é a parte que cabe ao Nesse processo, simplesmente buscamos dificultar a Estado. Ele passa por uma matriz de aderência, em abertura de novas empresas, principalmente nos seto- que o número de empregos oferecidos, a localização res que sabemos ser de muita sonegação. Por exemplo, da empresa, o comprometimento com o meio ambien- o setor atacadista. É comum, na abertura de comér- te e outros fatores são colocados numa planilha, para cio atacadista, por exemplo, gerar crédito, não pagar estabelecer se o benefício será maior ou menor. Se impostos e, após seis meses, ele fechar. O chamado ele se estabelecer numa região de semi-árido, numa “laranja”. Existe muito isso. Certa vez fomos atrás de região menos desenvolvida, terá incentivo maior, por- um empresário sonegador e constatamos que ele mo- que sua capacidade é menor. Apesar de não ser ideal, rava num humilde bairro de Salvador e nem sabia que é um sistema inteligente. O ideal seria congregar num era dono da empresa; era um “laranja”. só sistema os federais, os estaduais, os financeiros Por isso, hoje exigimos a comprovação da capa- e os de infra-estrutura e só ser concedido a partir do cidade financeira do sócio. Quando a empresa pede momento em que se comprovasse geração de empre- a inscrição, verificamos se o sócio tem capacidade go e mais estabilidade e condições de crescimento de possuir aquela empresa. Solicitamos o endereço naquela atividade. para verificar se o cidadão mora numa favela, se não Outra questão trata do parcelamento e dos pro- possui bens ou se está sendo usado pelo patrão para gramas de redução de multas, que instituímos em dois registrar a empresa no nome dele. no Estado da Bahia, em conjunto com o CONFAZ. Pos- Temos combatido dessa forma. Mas a forma fun- so afirmar que os resultados foram muito bons, apesar damental e preponderante de se combater a sonega- de não serem ainda os desejáveis. Mas conseguimos ção, sem dúvida, é a integração dos fiscos em todas recuperar parcelas significativas, principalmente de as esferas de Governo: INSS, fisco federal, Receita pequenos e microempresários. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57449 Antigamente, numa infração havia 100% de mul- obtido no País ou aquilo que puder ser construído como ta, mora pesada e correção monetária. Com isso, o solução. Ao mesmo tempo, sou uma pessoa absoluta- imposto de 1.000 reais terminava se transformando mente entusiasmada com a idéia da reforma tributá- em 10 mil reais. Então, o importante para o Estado é ria. Efetivamente, temos de fazê-la. Tenho sobretudo a cobrar o imposto, e não cobrar multa. Precisamos co- convicção do desafio histórico de fazer agora a reforma brar o imposto que a sociedade destinou para o Estado tributária. Para mim, é um imenso desafio. – repito – , e não a multa. Muitas empresas hoje não As virtudes da reforma tributária são evidentes – e têm condições de pagar essa dívida, principalmente o Secretário mencionou isso. A manutenção do atual as anteriores ao ano de 1994, porque se torna sim- sistema traz perversidades evidentes. S.Exa. mesmo plesmente inviável fazê-lo. Fizemos um esforço muito reconheceu que lamenta não poder desonerar os produ- grande de cobrança, inclusive com a participação do tos de primeira necessidade. Temos algumas questões Judiciário, e conseguimos, por duas vezes, recupe- que devam ser evitadas. Devemos preferir os impostos rar o prejuízo. O último foi concedido pelo CONFAZ diretos em relação aos indiretos, os não cumulativos no ano passado, porque alguns Estados estavam em em relação aos cumulativos. São posições, de princí- situação extremamente difícil e tentaram fazê-lo, até pio, filosóficas, que nos orientam, mas não nos impõem num ato de desespero. decisões objetivas e absolutas sobre elas. Isso seria No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o impossível. Ninguém aqui ousa fazer qualquer redução CONFAZ entendeu necessária, digamos, a anistia na- absoluta em torno dessas questões. quele momento para multas e acréscimos moratórios, A meu ver, para fazer a reforma tributária, de- cobrando imposto corrigido e concedendo parcelamen- vemos, em primeiro lugar, fazer a inclusão tributária. to maior. Os parcelamentos só foram estendidos para Como fazer reforma tributária sem aumentar a carga as cooperativas. Para o contribuinte comum, o prazo e fazendo a inclusão daqueles que estão hoje à mar- era de cinco anos – hoje é igual em todos os Estados. gem? Tudo que propiciar outra maneira de aumentar a Essas anistias de multas e juros não são desejáveis, arrecadação sem aumentar a carga é desenvolvimento mas, pelas distorções do sistema e pelas dificuldades econômico, tudo que favorecer o desenvolvimento e a enfrentadas, às vezes está se acabando com empre- produção é positivo. Temos de evitar a cumulativida- sas, empregos e criando mais dificuldades para o País, de, é verdade, mas o principal monstro cumulativo é porque os Estados concordaram e aprovaram, no ano a COFINS, que deve ser desmontada e exerce efeito 2002, a dispensa disso. sobre o ICMS e a receita dos Estados. Para se evitar O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) o pagamento da COFINS, deve-se também neces- – Obrigado, Sr. Secretário. sariamente passar para a informalidade e deixar de Ouço agora o Relator, Deputado Virgílio Gui- recolher o ICMS. marães. De todos os tributos cumulativos – isso é resul- O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Mui- tado de observação – , o menos perverso, sem dúvida to obrigado, Sr. Presidente. alguma, é a CPMF. O SR. DEPUTADO LUIZ BITTENCOURT – Sr. Se quisermos fazer a reforma tributária – e o Se- Presidente, peço a palavra para uma questão de or- cretário reconhece, na sua fala, que falta algo para ela dem. se tornar viável, inclusive diminuir a carga tributária em O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) outros tributos – , precisamos de solução objetiva. – Deputado Luiz Bittencourt, não sei se o Relator ainda Nesse sentido, vou dar uma explicação. Propus vai fazer questão de ordem. Concederei a palavra em para mim a tarefa de ser talvez até o Judas da Quares- seguida a V.Exa., para sua questão de ordem. ma, ficar ali para tomar pancada. Mas não posso com- Tem a palavra o Deputado Virgílio Guimarães. partilhar isso com V.Exas. Falo apanhar para podermos O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – discutir, analisar a reforma tributária no seu conjunto. Obrigado, Sr. Presidente. A observação feita pelo Depu- Sou radicalmente contra o aumento da CPMF. Admito tado Gerson Gabrielli, que se dirigiu diretamente ao a reforma tributária – aliás, é posição do meu partido. Relator, até me proporciona condições de esclarecer Sempre fui contra o aumento da CPMF, e não quere- alguns pontos que considero imprescindíveis para o mos discuti-la, e sim a reforma tributária. bom funcionamento da Comissão. No bojo de outra reforma ou de outro modelo, Reitero, na condição de Relator – espero ser o quem sabe possamos transformar a CPMF num impos- mais fiel possível à Comissão: que possamos constituir to, com participação de Estados e Municípios? Esse um corpo coletivo de debates e discussões conjuntas. deve ser o princípio geral, à exceção daquelas contri- Pretendemos que esta Comissão expresse o consenso buições que são aplicadas em alguns segmentos, em 57450 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 alguma função exclusiva da União. As compartilhadas eternamente dependentes da atual CPMF: falsa, por- deviam ser compartilhadas também. Não há razão que não é provisória. para a CPMF continuar sendo essa fantasia, ela é um Se, futuramente, quisermos reduzir a carga tri- tributo, um imposto que, depois de experimentado na butária da CPMF, precisamos dessa transição para condição de provisório, será ou não incluída. Precisa- perder a dependência dessa droga, no sentido dos mos encarar a realidade. impostos cumulativos. A CPMF já mostrou as suas Faço a minha parte. Pretendo discutir – já anun- virtudes como tributo fiscalizatório e já mostrou tam- cio – duas questões, não em nome da Comissão. bém as suas virtudes como tributo arrecadatório. Digo Não tenho por que pedir apoio de quem quer que virtudes porque, sem dúvida, é o menos perverso de seja para isso. Conheço a posição do Presidente e de todos os cumulativos. muitos Deputados. Não tenho por que também evitar Coloco-me de forma aberta e sinto que estou o debate porque não obtive o consenso ainda. Então, cumprindo a minha função. Discutir algumas posições vamos fazê-lo. com o Deputado Walter Feldman implica bônus e ônus. Desejo discutir também uma contribuição que S.Exa. já viveu essa situação, então, ganhou bônus. possa alcançar alguns excluídos da solidariedade tri- Ótimo. Há exposição de mídia? Espero compartilhar butária, aquelas pessoas que recebem do setor público com todos, mas há o ônus também de abrir certos altos rendimentos, seja de salários, de aposentadorias, debates desagradáveis. Se se chegar a bom termo, de proventos, que recebam do Regime Geral da Pre- compartilharão, se não se chegar, é o preço que pa- vidência, precatórios do setor público, que recebem garemos pela posição assumida. mais de dez salários mínimos. Não tenho de pedir au- Reafirmo minha solidariedade, na condição de torização para a Comissão porque seria injusto com Relator coletivo, com esta Comissão. V.Exas., meus colegas. Vamos abrir essa discussão, Muito obrigado. e, depois, se for o caso, ela seria incluída, até por for- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) ça do Relator. – Obrigado, Deputado Virgílio Guimarães. Reitero meu compromisso absoluto com a solida- Com a palavra o Deputado Renato Casagran- riedade no funcionamento, na condição de Relator, que de. seja inclusivo também nas opiniões, nos resultados e O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE na participação de cada um. Se a sociedade brasileira – Sr. Presidente, Sr. Relator, Sr. Secretário Albérico nos cobra soluções, vamos apresentar caminhos, Se- Mascarenhas, Srs. Deputados que participam desta cretário. O caminho pode não ser esse, mas deve haver Comissão, serei bastante rápido. algo nessa transição, que tanto nos entusiasma. Sou É importante apresentar algumas questões, como entusiasta, e vamos encontrar o caminho do desen- a importância da posição dos Secretários da Fazenda volvimento, da ampliação da base tributária, mediante nos Estados. Trabalho baseado em algumas lógicas, e a inclusão, porque evitará a sonegação, a elisão. Des- uma delas é a visão nacional que a Câmara dos Depu- sa forma, viabilizaremos inclusive a desoneração dos tados deve ter. A outra é forte: é como vai ficar a situação produtos de primeira necessidade, os próprios paga- de cada um dos nossos Estados após a implantação mentos, a produção e conseguiremos o crescimento e a aprovação da reforma tributária no País. econômico e o incremento das exportações. Se, nesse Duas questões interessam todos os Estados, conjunto, não conseguirmos a compreensão nacional especialmente o meu, conforme V.Exa. já abordou, posso fazer a transformação da CPMF para IMF, sem mas vou relatá-las. E, como disse o Ministro Antonio aumentar um centavo para a União, faremos uma re- Palocci, podem ser uma parede no processo da re- forma tributária que não vai acrescentar ou tirar nem forma tributária se não soubermos transpô-las. Uma mais um centavo para a União. delas é a discussão origem/destino. O Espírito Santo, Se quero incluir Estados e Municípios, tenho de por exemplo, como outros Estados importadores cujo fazer um ajuste em que todas as análises econômi- comércio externo é muito forte, tem muito receio em cas mostrem ser absolutamente suportável a fixação alterar o sistema híbrido hoje existente. Atualmente, em 0,5%. Não tenho nenhuma dificuldade para dizer temos um sistema em que boa parte da tributação isso. A Argentina fixou em 1,2%, caiu para 0,6%. Não está na origem, e outra parte, no destino. O Estado quero também a solidariedade de ninguém para virar adaptou-se a essa situação e criou mecanismos de paladino disso, porque é desagradável e contraria a desenvolvimento ligados à importação. Portanto, essa nossa posição, o princípio de reduzir a carga tributá- é uma das dificuldades, de fato, que os entes envol- ria dos cumulativos, mas tenho convicção também de vidos identificaram e vamos ter de enfrentar. A outra que, sem fazer a transformação tributária, vamos ficar diz respeito aos mecanismos de desenvolvimento e Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57451 aos incentivos. Se conseguirmos ultrapassar esses O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) dois caminhos numa proposta consensual, a reforma – Deputado, gostaria que V.Exa. tentasse ser um pouco ficará bem mais fácil. mais rápido, por causa da quantidade de companheiros Também peço ao Sr. Relator que pondere o se- inscritos. Precisamos dar oportunidade a todos. guinte: as principais idéias da proposta do Governo, O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE embora ainda não apresentada à Casa nem formula- – Estou terminando, Sr. Presidente. Penso que esta da oficialmente, mas de conhecimento da sociedade Casa deveria radicalizar para simplificar e diminuir a e da Câmara, relacionam-se ao ICMS, à regulação da carga tributária das microempresas. Isso é fundamen- legislação federal, à transferência – se não de uma tal no processo. vez, pelo menos gradual – da cobrança da contribui- Outra questão. Mesmo que os Estados não te- ção previdenciária sobre a folha de pagamentos, por nham condições de promover a justiça social, pois para valor bruto, da arrecadação da empresa, da desone- isso é preciso alguma compensação, a desoneração ração da cesta básica, apresentada a esta Casa pelo da cesta básica é fundamental no País. Sr. Ministro, e da transformação da CPMF num impos- Desculpe a demora, Sr. Presidente, e muito obri- to permanente. Essas são as propostas básicas que gado. vêem sendo debatidas pelo Governo Federal e talvez O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) não sejam alteradas muito além disso. – Obrigado, Deputado Renato Casagrande. Estuda-se também o piso da COFINS e a unifi- Com a palavra o Deputado Walter Feldman. cação dos dois tributos. Pergunto: na sua visão, o que O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Cum- está sendo anunciado vai fazer com que cheguemos primento o nobre Secretário da Fazenda do Estado da aos objetivos de simplificação dos impostos, de gera- Bahia, Dr. Albérico Mascarenhas, que, na formulação ção de emprego, de competitividade com outros paí- geral, representa também o CONFAZ e não apenas a ses, enfim, com que cheguemos a todos os princípios posição do Estado baiano. Agradeço-lhe a vinda. Como que devem nortear a reforma tributária? O que está dirigente do CONFAZ, S.Exa. tem acumulado infor- sendo gestado hoje no Governo Federal vai propiciar mações sobre o pensamento dos Estados brasileiros. alcançarmos esses objetivos, ou a discussão por parte Cumprimento também o Deputado Virgílio Guimarães, do Governo ainda é muito tímida? cuja sinceridade muito me agrada. Acho bom que as Essa é uma questão, mas desejo apresentar coisas sejam assim, porque sempre há um fundo ma- mais duas. quiavélico em tudo o que se faz, e acredito que deve- A reforma tributária deve servir para algo. Se va- mos reduzir esse aspecto. mos mudar a legislação, temos de criar um sistema que promova a justiça social. Precisamos arrecadar de Sr. Presidente, Deputado Mussa Demes, que, quem tem recursos para transferi-los para quem não com muita precisão, dirige esta Comissão, existe um os tem, a fim de diminuir as desigualdades sociais do equívoco cultural em relação a São Paulo, Estado País, uma das maiores do mundo. Sabemos que não sempre citado como uma estrutura que eventualmente vai haver diminuição da arrecadação, de acordo com dificulta o caminho. Isso é um equívoco. São Paulo é os entes envolvidos na discussão. Apesar de a carga um Estado de brasileiros. Seguramente, não há lugar tributária nos últimos anos ter crescido 530% e o PIB onde existam mais baianos, a não ser a Bahia, e isso 287%, acomodamo-nos nessa situação devido aos se reflete em todos os outros Estados. Um dos luga- gastos e aos compromissos da administração pública. res com mais prestígio da zona leste de São Paulo é Mas a tendência é não haver alteração nem diminuição a Praça do Forró, onde todos os finais de semana mi- da carga tributária. lhares de nordestinos se reúnem para atividades de Duas questões são fundamentais para que pos- lazer e cultura. Lá não existe diferenciação. samos buscar o mínimo de justiça social. Primeiro, ra- No Brasil, apesar das diferenças regionais, há dicalizarmos numa posição para simplificar e diminuir a grande integração e fraternidade entre os Estados. carga tributária sobre as microempresas. Precisamos Entretanto, temos uma formação patrimonialista. Nós radicalizar para atender à questão da inclusão, como entendemos a gestão de Estado e de Município do disse o Deputado Virgílio Guimarães. Hoje a Consti- ponto de vista dos nossos limites, o que dificulta bas- tuição estabelece tratamento diferenciado, o Governo tante. Esse é um dos problemas, Deputado Virgílio Federal tem o SIMPLES federal, diversos Estados têm Guimarães, por exemplo, que dificultam a ação admi- tratamento diferenciado, outros Estados não o têm, nistrativa gerencial nas questões metropolitanas. Os embora devessem tê-lo. Acho que se esta Comissão Municípios vizinhos não se entendem para uma gestão pudesse orientar... muitas vezes conjunta e necessária sobre transporte, 57452 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 lixo, transporte, abastecimento etc. Esse é um defeito sentido, no capitalismo aberto, o Estado proteger de- que temos de superar. terminada indústria, em detrimento de outra. Não tem São Paulo, como todos sabem, adquiriu um tipo lógica essa definição. Portanto, a guerra fiscal deveria de desenvolvimento industrial e tecnológico que, na ser uma questão conceitual, e não deveria ser neces- nossa avaliação, não retira os benefícios que o Estado sário criarmos mecanismos para evitá-la. Deveríamos proporciona para a Nação brasileira, haja vista a ques- evitá-la em seu conceito. tão do Fundo de Participação dos Estados. A própria Outra questão que me parece extraordinariamen- CPMF, mencionada pelo Deputado Virgílio Guimarães, te importante é o projeto Mussa Demes, que, embora embora seja questão extremamente polêmica, repre- preliminar, sofre alterações todo o tempo. Quando o senta 63% da arrecadação do Estado, e o IOF, 68%. Governador Mário Covas definiu que deveríamos apoiar Portanto, damos extraordinária contribuição ao Tesouro, origem e destino baseado no projeto Mussa Demes, mas isso fica também registrado como um peso maior estava lá a idéia do ISS, do ITR, do IPI. Tudo isso, neste sobre São Paulo. Essa é uma questão dramática que momento, está sendo desconsiderado como não possí- tem de ser vista. vel. Tenho informações de que há estudos de que o IVV Quanto à sugestão feita por V.Exa. de elevar a é positivo para os Municípios, porque, evidentemente, CPMF para 0,50%, até para criar um mecanismo de se incorporarmos o ISS, vai haver maior repartição e compensação para ajudar os Estados exportadores a cobrança do ISS pelo IVV, quando grande parte dos líquidos, Municípios não cobram nada. serão esses mesmos Estados que darão a maior O Ministro Antonio Palocci, na casa do Deputado contribuição para esse fundo, porque lá haverá a maior João Paulo Cunha, informou que não há compromis- incidência de arrecadação. so com os Municípios e que, depois da marcha dos Portanto, não é simples, é complicado tomarmos Prefeitos, isso estava resolvido. Parece-me que ainda decisões como essas e, por princípio, por conceito não devemos baixar essa bandeira, fundamental para – parece que há vários conceitos genéricos aqui, não a estrutura da arrecadação. O ISS não deve ser consi- devemos aumentar a carga tributária. A situação não derado uma coisa já resolvida para o poder tributário apenas é dramática para o cidadão, para o contribuinte, dos Municípios. Devíamos continuar discutindo-o, e mas também fundamental para a transformação com essa parece ser também a opinião do Deputado Mus- que sonhamos: a questão da exportação e a compe- sa Demes. Quando S.Exa. fez seu relatório, não havia titividade. CPMF nem CIDE e o ISS era um consenso. Enfim, uma Outro ponto que me parece interessante é o po- série de mudanças foram realizadas. pulismo, que faz parte da história brasileira. Sempre gostamos de dizer aquilo que a sociedade quer ouvir. Para encerrar, quero dizer que estamos trans- O problema é quando tomamos medidas que a so- formando o debate da reforma tributária na discussão ciedade quer que sejam tomadas, mas que, a longo do ICMS. Ainda não vejo a contrapartida do Governo prazo, criam mudanças estruturais dramáticas, como Federal, que fala em folha de pagamentos, às vezes o tema da guerra fiscal, ponto em que discordo do Sr. na questão da CPMF, mas sem definir muito, além da Secretário. Os Governadores não deveriam ter feito a descrição como imposto, a redução. O aumento da guerra fiscal: ela é maléfica para o Estado, é maléfica arrecadação com o PIS, na transformação do fim da para a competição do capitalismo aberto que temos cumulatividade, já poderia ser o início de um fundo de hoje e é maléfica também para os Estados, que im- compensação de origem e destino. Vejo que a COFINS portarão tributos que não foram pagos. vai mudar também, e nós vamos continuar com esse Desde 1998, a guerra fiscal não tem levado os recurso federal. Estados que a adotaram a percentuais adequados. Qual a contrapartida do Governo Federal em re- Muito pelo contrário, temos uma tabela que demonstra lação às transformações do ICMS que vamos fazer? que os Estados que anteriormente eram os que mais Ainda não consegui ver nenhum sinal em relação a exportavam e atraíam mais investimentos continuam isso. os mesmos, pois não é apenas o incentivo que leva à Quero dizer ao Deputado Virgílio Guimarães que atração dos investimentos. é muito difícil para nós alterarmos a CPMF. Entendo Como disse o Deputado Eduardo Paes, temos a preocupação de V.Exa. e acho que a redução da de discutir o desenvolvimento regional. Não se deve CPMF, do PIS/COFINS e do próprio IPI poderia ser a disputar com a Bahia características que só ela tem, contrapartida federal para resolvermos origem e des- ou que o Piauí ou Minas Gerais têm – é uma guerra tino, possibilidade essa que deixo para discussão. fratricida, e o resultado é ruim para todos. Não tem Obrigado. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57453 O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) veementemente dessa idéia de neutralidade. É claro – Obrigado, Deputado Walter Feldman. que não tenho a irresponsabilidade de achar que to- Como é visível a ausência do Deputado Armando das essas transformações e neutralidades possam ser Monteiro, que era o próximo inscrito, passo a palavra instantâneas, mas que, no mínimo, sejam gradativas. ao Deputado Paulo Afonso. Tomemos a própria questão da carga tributária. Não O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – Sr. Presi- acho justo que o Presidente Lula pague a conta, mas dente, Sr. Relator, Sr. Secretário, a quem cumprimento me parece justo que, a médio prazo, também os con- pelas considerações tecidas, vou me permitir apenas tribuintes deixem de pagá-la. Devemos ter em mente algumas breves análises e indagações. que, pelo menos a médio prazo, há que haver algum Comungo da empolgação do Relator relativamente tipo de redução. à reforma tributária. Temos uma responsabilidade históri- Também, Sr. Secretário – e este é o ponto aonde ca neste momento e não devemos apenas tangenciar a queria chegar, ouvi sua manifestação sobre a reparti- questão, mas ir fundo nela, transformando esta Comissão ção das receitas, que, embora não seja uma matéria e este Parlamento num agente efetivo da consecução essencialmente tributária, é de cunho financeiro e me dessa reforma tão importante para o País. parece fundamental para esta discussão. Disse V.Sa. Não vou aqui defender a guerra fiscal, quero ape- que, em princípio, fica tudo como está. Quero dizer nas fazer uma observação sobre a última considera- que discordo disso. Acho que este é o momento de ção tecida pelo Sr. Secretário: a necessidade de uma modificar a repartição, até por uma razão muito clara: política de desenvolvimento. Entendo que tivemos um a repartição de hoje não é a mesma de poucos anos período crítico de guerra fiscal pela absoluta ausência atrás. Então, cometeríamos a injustiça de deixar tudo de política de desenvolvimento. como está depois que alguém correu na frente e já Quero também dizer ao Deputado Walter Feld- ajeitou seu lugar. man que passei pelo Executivo e acredito que nenhum No mínimo, teríamos de retroagir ao período an- Governador, nenhum Secretário, nenhum Prefeito de terior, porque é público, notório e sabido que a União, forma entusiasmada abre mão de receita ou oferece nesses últimos anos, encarregou-se de ampliar sua vantagens, ou o que for porque tem interesses escusos arrecadação, de estabelecer e tratar com carinho os em relação à empresa que vai se instalar, mas porque tributos não-compartilhados e deixar, com certa negli- sofre pressão violenta no sentido de gerar empregos e gência, os tributos compartilhados – o Secretário citou de fomentar o desenvolvimento, a tal ponto que a pró- esses números. Acho fundamental revermos essa re- pria população diz que oferece o que tiver e o que não partição, ainda que em implantação gradativa. tiver, o que puder ser dado no futuro ou o que puder Eu gostaria de ouvir a opinião de V.Sa., para ver ser resgatado do passado. Essa é a realidade. se entendi bem ou se os Secretários acordaram no Se não tivermos uma política de desenvolvimen- sentido de manter a divisão atual, que também vai to, ciclicamente, com ou sem reforma tributária, vamos manter o quadro de estrutura do Estado brasileiro, essa ter momentos dessa natureza, porque a lógica do in- peregrinação dos mendigos a Brasília – os Prefeitos e vestimento empresarial é ir em direção oposta à das Governadores que vêm atrás de recursos. regiões deprimidas, não apenas em âmbito nacional. Para finalizar – minha opinião é técnica e políti- mas em âmbito estadual. Vejo isso na própria realidade ca – , concordo, Deputado Walter Feldman: é funda- de meu Estado. A lógica do investimento é ir para onde mental mexermos nesse eixo que o Deputado Virgílio já haja boa infra-estrutura, mão-de-obra qualificada, Guimarães citou, dos impostos diretos e indiretos. É para onde estão os concorrentes, pela própria cultu- interessante observar que nós – eu também me incluo ra daquela atividade. Ora, com todo o respeito e com nesse problema – sempre acabamos discutindo os todo o aplauso, isso leva os investimentos para São impostos indiretos. Nossa discussão de reforma tribu- Paulo, para Santa Catarina... Para inverter um pouco tária é o ICMS, o IPI. Não saímos desse eixo, quando, essa situação, há que se ter algum tipo de compen- na verdade, tínhamos de pensar um pouco no outro sação que leve o empresário a reconsiderar. Portanto, eixo, porque os impostos indiretos constituem o nú- se não fomentarmos a política de desenvolvimento, a cleo da injustiça – conceitualmente, o imposto indire- guerra fiscal vai ser cíclica. to é injusto, sabemos disso. Ele pode ser necessário, Em relação à reforma tributária como tal, pre- mas é injusto. ocupa-me ouvir falar das neutralidades. Fazer uma Pergunto se não seria mais sensato pensarmos reforma cheia de neutralidades soa-me como realizar num ICMS seletivo, efetivamente concentrarmos o esfor- as mudanças essenciais para o País desde que, ao ço de arrecadação do tributo indireto em determinados final, fique tudo mais ou menos como está. Discordo bens e produtos que, pela sua dimensão e pelo valor 57454 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 de sua arrecadação, já satisfariam o interesse arreca- o objetivo do ICMS. É uma legislação única para todo datório. O ICMS não é um imposto complicado. Afirmo o Brasil, com regulamento único – e isso já garante isso porque conheço o assunto. Ele só é complicado uma simplificação muito grande, com alíquotas unifor- porque precisamos abrir exceções sistematicamente, mes por tipo de produto, por classe. Isso, sem dúvida, mas ele é um imposto simples, extremamente simples. constitui mudança muito grande no sistema. É claro Porém, toda vez que se abrem as exceções necessá- que há o problema do princípio de origem e destino, rias, gera-se uma complexidade enorme na legislação. que ainda não está definido, mas é fundamental nes- Esse é o problema. Como se tributa? Tributa-se a venda, se processo. credita-se depois, e assim por diante. Imaginem que se Com relação aos impostos federais, ainda não decida não tributar o leite. Faz-se um decreto abrindo posso responder a S.Exa., porque ainda não conheço exceção para o leite. Mas se for leite que contém cál- em detalhes a proposta do Governo Federal. Há um cio tem de se tributado. Então, modifica-se o decreto ditado que alerta que o diabo mora no detalhe, pois esclarecendo que só fica isento o leite que não tenha é no detalhe que veremos se efetivamente estamos o aditivo de cálcio. De outra parte, existe o programa atingindo isso. Então, eu realmente ainda não teria social de alimentação das Prefeituras. Nova alteração: como dizer, por não conhecer em detalhes o que vem quando se tratar de leite com cálcio para o programa do Governo Federal, se ela é suficiente ou não. das Prefeituras dos Estados, também fica isento. Isso Quanto à simplificação de impostos para micro- vira uma loucura, do ponto de vista da arrecadação. empresas e redução da carga, acho isso fundamental. Estou dando um exemplo prático porque vivi isso – sou Quem mais gera emprego no Brasil são os pequenos fiscal de carreira, Secretário da Fazenda – e posso e microempresários. garantir que acontece, que é verdade. Na Bahia há um sistema muito interessante. O Penso que essa complexidade só vai se desfazer microempresário baiano, além de pagar um valor fixo, se adotarmos critérios, à exceção da pequena e mi- com uma carga inferior a 1% do ICMS, ele paga na croempresa. Hoje, em Santa Catarina, por exemplo, o conta de luz. Isso é bom para o Estado, porque reduz grosso do ICMS – e vejam que temos um Estado até a sonegação, e é bom para ele, porque não há nenhum dinâmico do ponto de vista econômico e com boa pro- tipo de burocracia. Quando ele se inscreve, indica sua dução – é a energia, o combustível, a telefonia. Isso é faixa. Não precisa ter livros, apenas notas fiscais de que faz a arrecadação do ICMS. compra e venda registradas. Não há necessidade de Pergunto a V.Sa.: não seria esse o caminho para livros fiscais. Ele paga o ICMS na conta de luz. O valor simplificarmos, agilizarmos, melhorarmos os impos- é fixo, mas varia em função da faixa. Acho que isso é tos indiretos e tentar dar ênfase maior à tributação direta? um grande avanço. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) A respeito dos ambulantes, nós os isentamos do – Muito obrigado, Deputado Paulo Afonso. pagamento. Devido ao esforço de cobrança e à capa- O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Sr. Presi- cidade contributiva, concluímos que não vale a pena dente, peço a palavra. cobrar de ambulantes. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) É fundamental e muito importante, não tenham a – V.Exa. pede a palavra para apresentar questão de menor dúvida, que quem mais gera e tem capacidade ordem ou deseja fazer perguntas ao Sr. Secretário? de gerar emprego no País são mesmo os pequenos e O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Eu só gos- microempresários. taria de fazer uma indagação ao Secretário. O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Sr. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Secretário, só para enriquecer, a substituição tributária, – Solicito a V.Exa. que se inscreva e aguarde, pois, que V.Sa. disse ser um mecanismo interessante, em no próximo bloco, com certeza será ouvido. Há outros muitos casos exclui o pequeno e o microempresário, oradores inscritos. quando implantada em determinados setores. Há al- Com a palavra o Sr. Secretário Albérico Machado gum caminho para equacionar isso? Muitos pequenos de Mascarenhas. empresários foram beneficiados com o SIMPLES, com O SR. ALBÉRICO MACHADO DE MASCARE- o SimBahia, mas quando entram nas substituições são NHAS – Começo pelo Deputado Renato Casagrande. automaticamente excluídos e há uma carga tributária S.Exa. perguntou, objetivamente, se o que está sendo remanescente muito forte. gestado é suficiente. Com relação ao ICMS, sim, pois O SR. ALBÉRICO MACHADO DE MASCARE- estamos discutindo e propondo o que estava no rela- NHAS – Esse é um problema bem complexo, Deputado. tório do Deputado Mussa Demes e acho que atingimos Sabemos que temos dificuldades de cobrar determina- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57455 dos setores, historicamente. Quando não se cobra de objetivava fazer com que aquele Estado ganhasse ninguém, prejudica-se o pequeno empresário. um pouco mais. Essa guerra fiscal é extremamente Com relação ao microempresário, como cobra- predatória. mos um valor fixo, ele já paga automaticamente. E se O sistema hoje está tão complexo que no CON- o segmento é altamente sonegador, o médio empre- FAZ, por exemplo, criamos um grupo de trabalho para sário que sonega tem poder de concorrência melhor tentar resolver essa situação. Não conseguimos. Hou- do que o microempresário. Então, às vezes a substi- ve empenho e vontade dos Secretários e do Governo tuição pode, em princípio, parecer prejudicial, porque Federal, mas não conseguimos resolver. Então, essa aumenta um pouco a carga dele, mas em termos de guerra é extremamente predatória. competitividade ela dá melhores condições ao peque- Concordo também com que a guerra para atração no empresário. de investimentos não é a melhor saída, mas não resta Na Bahia, V.Exa. se lembra, tivemos uma discus- alternativa. Não temos opção, por exemplo, para cida- são muito acalorada sobre substituição tributária no des do interior do Estado da Bahia e do Nordeste em setor de autopeças. Há forte sonegação nesse setor. que não há uma única forma de geração de emprego. Quando fizemos a substituição, houve ganho na arre- Não pode ser turismo, porque não existem atrativos cadação e equilibramos muito mais o sistema. Os pe- turísticos, são regiões pobres, de semi-árido, onde quenos podem estar pagando mais, mas há condições não se tem o que fazer. Essas populações acabam de competitividade muito maior, porque quando ele é indo para as grandes cidades em busca de emprego. pequeno, normalmente seu custo é menor também. Cito como exemplo o setor calçadista na Bahia, que Então, nesse aspecto, ele pode beneficiar. gera hoje mais de 30 mil empregos. É um custo alto No que se refere à desoneração da cesta básica, para o Estado, concordo com isso. Na verdade, está já emiti minha opinião: sou totalmente favorável. Tal- comprando emprego, mas é a única esperança que vez seja este o momento de incluirmos o assunto, de temos. Mesmo com toda essa dificuldade, a Bahia buscarmos uma forma de desonerar a cesta básica, cresceu sua participação no ICMS nacional de 4,5%, mesmo que seja gradativamente. em 1995, para 4,9%, em 2002. Temos conseguido Deputado Walter Feldman, São Paulo não está crescer, mas concordo com que esse não é o melhor dificultando. O ex-Secretário Yoshiaki Nakano, ferre- mecanismo. Concordo também com que os Governa- nho negociador no CONFAZ, o Secretário Fernando dores de Estados menos desenvolvidos não tiveram Dalacqua, e agora o Secretário Eduardo Guardia te- outra opinião. mos conversado. Hoje à tarde, eu, o Secretário Edu- No que se refere ao IVVS, há uma polêmica. Mi- ardo Guardia e o Secretário-Executivo do Ministério nha preocupação maior nesse aspecto são as peque- da Fazenda vamos ter um debate sobre isso, vamos nas cidades. De modo geral, no consumo cobra-se 4%. conversar sobre reforma. São Paulo tem dado uma No setor de veículos, por exemplo, cidades grandes contribuição muito grande. Entendo a posição de São cobram normalmente 4%. Cidades pequenas estarão, Paulo, mas realmente é um fator que dificulta a refor- no final, trocando por 1%, 0,5% ou até por 0% para ter ma neste momento. Se houvesse consenso, se não uma revendedora no Município gerando emprego e mo- houvesse essa perda de São Paulo, teríamos resolvido vimento. Com isso está se gerando uma outra guerra 95% da proposta de reforma. fiscal. Minha preocupação é nesse sentido. Quanto à guerra fiscal, que dizem que os Gover- Deputado Paulo Afonso, concordo plenamente nadores não deveriam ter feito, respondo também ao com a responsabilidade e com a reforma. Citei que Deputado Paulo Afonso. Existem dois tipos de guerra em 1991 chegou ao Congresso Nacional a proposta fiscal, uma das quais extremamente predatória: aquela de imposto único. De lá para cá, a sociedade está can- que concede benefício a determinado setor na tenta- sada de ouvir falar em reforma. Tenho preocupações tiva de atrair um pouco mais de operações, às vezes nesse sentido, confesso. Na condição de Secretário de simuladas – por exemplo, a circulação apenas da nota Fazenda envolvido no processo, sou questionado por fiscal e não da mercadoria. Nesse caso, um setor é muitas pessoas que dele estão fora, leigos, consumi- beneficiado em um Estado e, em cascata, os outros dores: “Secretário, quanto eu vou deixar de pagar de Estados terminam por conceder esse benefício tam- imposto com a reforma?” Além de não fazer a reforma, bém. Dou exemplo do setor atacadista. Praticamente temos este outro grande problema: a frustração que todos os Estados brasileiros concederam determinado a sociedade terá quando perceber que não diminuiu benefício ao setor atacadista por conta de um Estado em nada, que se manteve e em alguns casos até au- ter concedido um benefício em que circulava simples- mentou. A carga no final pode terminar aumentando. mente a nota fiscal, a mercadoria nunca ia. A medida Essa é uma preocupação. 57456 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Nós, que somos permanentemente cobrados ou compensados do IPI e do Imposto de Renda o PIS, pelo menos questionados pela população de modo a COFINS e outros impostos e contribuições que não geral, temos duas frustrações. A primeira que a car- são compartilhados, diminuindo a base da arrecadação ga tributária da sociedade e o seu dia-a-dia não se- dos Estados. Eles que não têm como se defender dis- rão mudados com redução de imposto. A segunda é so. Então, quero tirar do Estado essa imagem de vilão. não fazer mais uma vez a reforma. As pessoas estão Nesse processo de reforma, os Estados estão inten- cansadas de ouvir isso há doze anos e essa reforma samente ao lado do Governo Federal. Todos estamos nunca chegar efetivamente. empenhados na reforma, achamos importante, mas é A respeito de modificar a repartição, acho que preciso que haja essa compreensão de que os Estados o desejo dos Estados era recompor o que a Consti- não são efetivamente os vilões da história. tuição de 1988 estabeleceu. Os Estados tinham 65% Em relação ao imposto seletivo, entendo que dos impostos compartilhados. E, de lá para cá, mudou esse é um imposto muito importante para os Estados completamente. Esse era o desejo dos Estados. En- e deve representar mais de 30% da arrecadação. Mas tendemos também, a partir de um pleito não ostensivo acho também que talvez haja um esgotamento dessa dos Estados, que na condição atual e pela necessidade tributação: sobre gasolina, 25%, 27% – alguns Estados de ajuste fiscal feito pelo Governo Federal de superávit chegam a 30%; sobre telecomunicações, 25%; sobre primário e tudo mais, fica difícil pedir agora mais esse energia, 25% – não sei se seria supérflua ou não essa sacrifício do Governo Federal. Acho que se transmiti- discussão. Para quem consome até 30 quilowatts no ria para toda a sociedade, na medida em que teria de Estado, estamos com uma tributação menor. Mas é algo haver mais cortes, para atingir um resultado primário que acho perfeito do ponto de vista de imposto, mas dentro do que é esperado. talvez a carga tenha levado a um esgotamento disso. Agora, o que quero refutar, aproveitando a opor- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) tunidade, é a história de que os Governos Estaduais – Obrigado, Secretário Albérico Mascarenhas. são sempre os vilões da história, querem renegociar a Com a palavra o Deputado Anivaldo Vale. dívida, querem isso e aquilo. Eles não tiveram o mes- O SR. DEPUTADO ANIVALDO VALE – Sr. Pre- mo ganho de receita que a União teve ao longo desse sidente, Sr. Relator, Sr. Secretário, registro minha sa- tempo. Então, não podem ser culpados por isso. Mui- tisfação pela disposição do nosso Relator em fazer um tos Estados tiveram mais dificuldades, outros menos, trabalho representativo do pensamento desta Comissão. outros foram mais resistentes e conseguiram manter Quero parabenizar o Sr. Secretário e dizer também da um equilíbrio fiscal maior. Sei que há uma dificuldade minha satisfação em ouvir de V.Exa. que o ideal seria muito grande em se fazer isso. partir para essa reforma tributária de onde terminou o E a União colabora com algumas coisas. Por relatório do Deputado Mussa Demes. exemplo, os Estados do Nordeste estão perdendo Ouvi o que se disse a respeito da política de de- 1 bilhão de reais neste ano no FUNDEF. O Governo senvolvimento. Sou de um Estado periférico, o Pará. Federal criou o FUNDEF com o objetivo de dar condi- Ao longo do tempo, temos discutido a situação do Pará ções mínimas para o ensino fundamental, mas deso- no contexto nacional. Minha fala no dia de hoje vai fi- bedece a lei e não corrige os valores. Desde 1998 não car circunscrita a dois pontos: Imposto de Importação são corrigidos corretamente os valores de FUNDEF. e energia elétrica. Só a Bahia está perdendo 1 bilhão de reais este ano, Quanto ao Imposto de Importação, o Estado do deixando de receber do Governo Federal, porque os Pará sempre é o segundo maior exportador e, em ex- valores não foram corrigidos corretamente, sendo 300 portação líquida, é o maior exportador do Brasil. Não milhões de reais do Estado e 600 milhões de reais dos tenho nenhuma restrição aos Estados importadores. Municípios. Muito pelo contrário: São Paulo continua importando O Governo criou um sistema em que onera o Es- mais, gerando empregos e melhor qualidade de vida tado – a Bahia transfere para os Municípios quase 400 para o povo paulista. E o meu vizinho, o Estado do milhões de reais – e deixa de transferir o que é de sua Amazonas, através da Zona Franca de Manaus, conti- obrigação, criando mais um problema para o Estado, nua importando e também gerando emprego e melhor que não tem como se defender. Quando a dívida não qualidade de vida. Não é justo, porém, nós, periféri- é paga num dia pelo Estado, no dia seguinte estão blo- cos, sermos o principal pagador dessa conta, depois queados os recursos. Se não cumpre o programa de de Minas Gerais. ajuste fiscal, no dia seguinte é multado, como aconte- Tem de haver um mecanismo – e esse mecanis- ceu com Minas Gerais recentemente. Os Estados não mo tem de sair desta Comissão, sensibilizada que foi têm como se defender. A União permite que sejam – de compensação financeira como forma de termos Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57457 condição de possuir também saneamento básico, edu- Seria bom a Comissão também visitar o Porto da cação e infra-estrutura capaz de ser representativa do SOTAVE, que foi estatizado e tem abrigado sobretudo desenvolvimento e, sobretudo, da melhor qualidade de o narcotráfico. Não foi operacionalizado nem concluído. vida do nosso povo. Nem o Pará nem o Brasil têm condição de se dar o luxo Vi priorizada aqui a visita dos membros desta de manter parado aquele porto, onde talvez seja preciso Comissão ao meu Pará, mas gostaria que ela não fi- criar uma estrutura de frigorificada, com contêineres casse circunscrita apenas aos centros industriais ou à frigorificados, para que ele tenha condição de receber Capital do Estado. Que os membros desta Comissão navios frigorificados em linhas normais e exportar nos- visitem também os Municípios, porque sua popula- sa fruta, nosso peixe e nossa carne e se integrar a um ção está abaixo da linha de pobreza, vive na miséria, contexto internacional. Essa certamente seria a porta apesar de o Estado ser o maior exportador brasileiro. de entrada no processo de desenvolvimento. Gostaria que fossem lá, pois a maioria dos nossos Essa é a preocupação que externo principal- Municípios não tem receita própria. Este assunto tem mente ao Relator e ao Presidente da Comissão, que de ser aqui discutido. conhecem profundamente esses assuntos. Esses os Quanto à questão do Imposto sobre Energia Elé- dois pontos que me incomodam muito como cidadão trica, que V.Exa. acaba de dizer que pode ser tratada e Parlamentar. até como supérflua, no nosso Estado consumimos Muito obrigado. apenas 50% da energia elétrica que produzimos, o O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) resto exportamos. – Obrigado, Deputado Anivaldo Vale. O Pará, num futuro próximo, pois acredito que Belo Com a palavra o Deputado Edson Duarte. Monte será construída, dentro de um plano estratégico O SR. DEPUTADO EDSON DUARTE – Sr. Pre- e energético para o País, vai ser o maior produtor de sidente, cumprimento V.Exa. e nosso querido Relator, Deputado Virgílio Guimarães, cujo entusiasmo e vibra- energia da América Latina. Não é justo tributar na ori- ção nos animam muito. gem, onde está instalada a usina que gera a energia, O País sinalizou recentemente que quer mu- porque esse sistema cria um feudo de privilégio não dança. Mas não podemos continuar na mudança do só lá, mas em todo o Brasil. Um Município fica com faz-de-conta, precisamos realizar. E essa realização um monte de dinheiro e, ao redor, aqueles que têm da mudança que o povo brasileiro exige implica fazer o impacto são tratados com uma política medíocre, reformas. mentirosa e falaciosa de royalties. Isso na montante. Eu, particularmente, acredito na reforma tribu- No que se refere à jusante, não têm tratamento algum tária. Ela exige uma reflexão profunda, a criação de e sofrem todos os impactos ambientais. consensos. Esse é o único caminho para sairmos da Alegra-me por demais ouvir que há disposição política do faz-de-conta. para corrigir essas distorções. Mesmo compreendendo que as diferenças regio- Trago essa preocupação do meu Estado como nais precisam ser respeitadas e consideradas, entendo cidadão e como Parlamentar que sou. Agradeço so- que o interesse do País está acima de qualquer outro bremaneira ao Deputado Mussa Demes a disposição interesse. É preciso pensar no País como um todo. e a sensibilidade, pois na discussão anterior permitiu Cumprimento o Secretário Albérico Mascare- que esse assunto fosse exaustivamente debatido. Tão nhas pelo trabalho, pela competência e pela gentileza relevante é o tema que apresentamos uma PEC a res- de estar aqui prestando essas informações. S.Exa. é peito. Nós a separamos do contexto, e essa PEC, por profundo conhecedor dessas questões. Passo a duas todo lugar que passou, foi aprovada, até pela Comis- abordagens muito rápidas. são de Constituição e Justiça e de Redação, mas não Quanto à distribuição, já tratada aqui pelo Depu- se constitui e não se vota. tado Paulo Afonso – essa matéria é mais de cunho Urge dar tratamento à correção de desigualdades. financeiro do que tributário – , cada Estado adota Não adianta querer criar política de desenvolvimento uma regra no que se refere à distribuição de ICMS e no contexto dela colocar tantas amarras que a em- entre os Municípios. Cada Estado criou uma série de perrem. Assim não há desenvolvimento. Meu Estado regras para distribuição, mas, ao que me parece, a está estribado nos dois meios de transporte mais ca- maioria baseou-se no critério da arrecadação local, ros do mundo: o aéreo e o rodoviário. Já perdemos o aquela feita pelo próprio Município. Acontece que os mamão e o melão, produtos da Amazônia que foram Municípios que têm áreas de preservação ambiental cultivados em outros lugares, porque o frete inviabili- e áreas indígenas estão sendo punidos por preservar zou nossa cultura. algo que é de interesse de toda a coletividade, porque 57458 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 nessas áreas não se pratica atividade que gere ren- levância nesta área. E V.Exa. cumpre papel histórico da, arrecadação. Em alguns Estados, como o Paraná de convencer a sociedade brasileira da relevância da e Minas Gerais, criou-se o fator ambiental. Na Bahia CPMF e da necessidade de transformá-la em tributo – e gostaria de questionar o Secretário a esse respei- permanente. to – , recentemente, houve mudança nos critérios de A respeito da alíquota, vamos, após pareceres distribuição. Avançou-se bastante, mas não se chegou técnicos, identificar qual o melhor percentual. Apenas a criar o fator ambiental, nem o fator indígena. O Mu- solicito a V.Exa. que não seja intransigente, porque nicípio de Banzaê, por exemplo, tem 80% do seu ter- com o tempo identificaremos o percentual. ritório tomado por área indígena, assim como outros, Dirijo ao Secretário três questionamentos simples de forma que ele acaba sendo punido por preservar e objetivos para detectar sua experiência no Estado algo do interesse de toda a coletividade. da Bahia. O primeiro: qual sua visão quanto ao ITR? Quanto à arrecadação, se incentivos podem ge- Trata-se de tributo que deve ser de fato extinto ou de rar guerras e disputas... tributo que merece ser fortalecido e, conseqüentemen- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) te, transferido para os Municípios, sobretudo neste – Peço ao Deputado Edson Duarte que seja breve, momento em que a agricultura brasileira se fortalece não por meu desejo, mas porque vai ter início a Or- no mercado internacional? O País este ano torna-se dem do Dia e temos ordens de encerrar a reunião tão o maior exportador de soja, mas a rentabilidade do logo isso aconteça. produto vindo da terra não é tributada em patamares O SR. DEPUTADO EDSON DUARTE – Sr. Pre- que lhe dêem a devida responsabilidade. sidente, vou concluir dizendo que se o incentivo gera O segundo diz respeito à Contribuição de Me- disputas e guerras, há determinados aumentos também lhoria, tributo esse criado recentemente, mas que não que causam uma série de conseqüências. Por exemplo, alcançou o vigor desejado. Qual a sua opinião a res- na Bahia a alíquota do diesel foi aumentada em 25%, peito? V.Exa. é pela sua extinção ou pela sua imple- transformando-se esse Estado naquele de mais alta mentação, desde que em condições de se transformar alíquota do País. Isso está criando uma série de con- em tributo viável? Há possibilidade de a Contribuição seqüências, tais como: demissão, férias coletivas em de Melhoria transformar-se em tributo viável na socie- alguns postos e redução de 50% na venda do diesel dade brasileira? nas rodovias federais. As taxas são menosprezadas. Esse tributo, que O Secretário tem informação de que a alíquota poderia ser fortalecido, porque calcado em serviços do diesel esteja sendo revista? Estados vizinhos, como concretos que o Estado pode oferecer à sociedade Pernambuco, têm alíquota de 18%, e regiões frontei- – e tem oferecido – , não gera retorno satisfatório. Cito riças – é o caso das cidades de Juazeiro e Senhor do aqui um exemplo muito comum a nós que vivemos na Bonfim – sofrem com a diferenciação nas alíquotas. Os Capital da República: a ocupação das áreas públicas. caminhões que transportam cargas têm autonomia de Praticamente não há captação desse recurso, algo 2 mil quilômetros e passam pela Bahia sem abastecer. concreto de que a sociedade poderia dispor e não o Isso está gerando uma série de conseqüências. tem porque se trata de um tributo sem o prestígio e o Muito obrigado, Sr. Presidente. apoio político necessários. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Obrigado, Sr. Presidente. – Com a palavra o Deputado Wasny de Roure. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – Obri- – Com a palavra o Secretário Albérico Mascarenhas. gado. O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- Sr. Presidente, cumprimento a Mesa. sidente, concede-me V.Exa. a palavra? Serei bem objetivo. Quero destacar duas falas O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) que considerei relevantes: a primeiro do brilhante con- – Se V.Exa. puder ser breve, em virtude das razões ferencista e do Deputado Paulo Afonso, que afirmaram que já expus, agradeço. ser necessário estabelecer uma relação de equilíbrio O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Desconfio e não de dominação entre Estados e União. Com isso, que V.Exa. ia me deixar de fora, Sr. Presidente. o conceito do pacto federativo torna-se enfraquecido, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) torna-se muito mais linguagem de decoração do que – Absolutamente, apesar de V.Exa. ter chegado aqui propriamente uma relação transparente. na undécima hora. A segunda, feita pelo Relator, Deputado Virgílio O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Presi- Guimarães, diz respeito à CPMF. É nobre a capaci- dente, Sr. Relator, Sr. Secretário, eu estava escutando dade dos que têm de convencer a sociedade da re- as observações do Secretário da Fazenda e a preo- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57459 cupação que a Bahia tem. Sou do Estado de Goiás Estado é complicado, distante, difícil, e não pode ser e preocupo-me com o Nordeste, o Centro-Oeste e o tratado da mesma forma. Norte no que se refere aos incentivos fiscais. Foi interessante o que o Deputado Paulo Afonso Ao se extinguir um incentivo fiscal, como se pre- disse. Sabem como o Estado de Santa Catarina trata vê no relatório preliminar, estaremos tirando todo esse as desigualdades? Existem Municípios, como há no trabalho que a Bahia e outros Estados tiveram ao longo agreste da Bahia, que têm incentivos maiores, para desses anos para tentar diminuir as grandes desigual- o camarada não ir para Joinville. Eles dão incentivos dades que existem no Brasil. maiores para Araquari, que teve uma depressão eco- O Deputado Walter Feldman disse que existem nômica. Vejam que essas desigualdades existem dentro muitos baianos em São Paulo. Sem dúvida nenhuma. do próprio Estado e de Estados que enxergam isso e Muitos gostam de morar lá, mas tenho certeza de que agem de forma diferenciada, como na Bahia mesmo. boa parte gostaria de continuar morando na Bahia, Para concluir, Sr. Relator, gostaria de dizer a V.Exa. perto dos seus familiares, e não conseguem porque para considerar, como o próprio Dr. Albérico Mascare- lá não há emprego suficiente. nhas lembrou, a visão da sociedade, a cobrança que Sr. Secretário, os incentivos fiscais hoje nivelam a a sociedade faz e o que ela espera da reforma. Na se- arrecadação. Disse V.Exa. que se não houvesse perda mana passada, trouxe para V.Exa. – na semana que em São Paulo estaria tudo bem. Não concordo. O tra- vem vou apresentar aos outros Deputados – um quadro balho feito na Bahia ao longo desses anos pelo grupo que mostra que temos sessenta contribuições, sete político que lá está – deram uma arrumada na Bahia, o impostos comuns, só da União, e mais dois esforços. que gerou grande desenvolvimento, assim como ocor- As taxas, de tantas que existem, não houve como re- reu em muitos Estados, para diminuir as desigualdades, lacionar. Estas são as que a Receita Federal mostra, com a guerra fiscal – aliás, não chamo a isso guerra, embora mascare aqui e ali. Mas trouxe para V.Exa. a relação: são sessenta contribuições, e para tudo. É mas incentivo fiscal, ficará perdido se entendermos impressionante. Assinalei algumas delas e verifiquei que as receitas hoje devem ser iguais. Se houver esse que a minha empresa paga, pelo menos, 35 das 60 entendimento, não se sabe o que o Estado de V.Exa. contribuições. vai virar daqui a dez anos. Sem o mecanismo do in- Sr. Relator, temos de analisar o assunto com ca- centivo fiscal para manter essa desigualdade – porque rinho e dar à sociedade uma resposta, mostrar que a o País cresce, e vai continuar crescendo, só no Sul e reforma tributária vai dar uma enxugada na quantidade no Sudeste, daqui a dez anos seu Estado estará com de impostos deste País, sem perder o saldo positivo a desigualdade que existia há dez e levou todo esse da arrecadação. Temos de simplificar o sistema, reti- tempo para ser reduzida. rar alguns tributos absurdos. Se não fizermos isso, a O Ministro Palocci disse que deveríamos fazer reforma simplesmente modificará o ICMS, o IPI. isso através de fundos para se acertarem políticas Sr. Relator, vou passar este material a V.Exa. E de desenvolvimento. Para tanto, seriam necessários gostaria de ouvir a opinião do Secretário de Fazenda 27 bilhões anuais, aproximadamente o que se tem de da Bahia justamente sobre os incentivos e o mecanis- incentivos, de um jeito ou de outro. mo a ser adotado para que consigamos alocar mais 27 Sendo V.Exa. Secretário da Fazenda de um Esta- bilhões no Orçamento. Esperamos que V.Exa. continue do e de uma região importantes, deveria pensar nisto: corrigindo as desigualdades da Bahia, que são muitas. estamos em luta, pois não podemos ser tratados como Há Municípios em que não há o que fazer. iguais em questões desiguais. E essa questão tributária São essas as minhas considerações. Obrigado, é desigual. Se o que o seu Estado deixa de arrecadar Sr. Presidente. de imposto fosse colocado em um fundo e se V.Exa. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) recebesse por esse fundo, esse incentivo que S.Exa – Obrigado, Deputado Sandro Mabel. hoje não arrecada viria com todas as receitas vincu- Com a palavra o Secretário Albérico Machado ladas, e V.Exa. teria apenas 12% de receita disponí- Mascarenhas. vel. Seria preciso arrecadar dez vezes mais para ter o O SR. ALBÉRICO MACHADO MASCARENHAS mesmo dinheiro necessário para realizar o incentivo – Sr. Presidente, vou tentar ser objetivo. no Estado. É impossível! O Deputado Anivaldo Vale não está mais pre- Precisamos pensar nisso com carinho, meu que- sente, mas vou registrar a preocupação constante do rido Relator, meu Presidente. Vamos abrir desigualda- Secretário de Fazenda do Pará, manifestada em todas de outra vez em lugares que estão sendo arrumados. as reuniões do CONFAZ, em relação ao imposto de O Deputado Anivaldo Vale disse a mesma coisa: seu importação e, principalmente, aos royalties. 57460 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Deputados Mussa Demes e Virgílio Guimarães, pação de nossa parte. No entanto, não é caso de sim- é necessário rever, efetivamente, a legislação sobre plesmente acabar com os incentivos. os royalties relativos a recursos hídricos e minerais, Temos desenvolvido intenso trabalho, por exem- porque ela está desatualizada. E não podemos des- plo, no setor de calçados, que cresceu muito na Bahia, considerar o fato de que ela é muito importante para no sentido de trazê-lo para a cadeia produtiva. Para Estados como o Pará. isso não precisamos mais oferecer o mesmo nível de Deputado Edson Duarte, a respeito das conside- incentivos. O incentivo ao setor é muito pequeno por- rações feitas por V.Exa., uma das quais sobre o diesel, que se tem a massa crítica, o comprador, ali dentro. como se trata de assunto da Bahia, depois podemos Sendo assim, indústrias de componentes de calçado conversar, porque tenho de abreviar o tempo, que está têm vindo para a Bahia praticamente sem incentivo al- se esgotando. gum, sem nada, porque a fábrica de sapatos está ao No que se refere ao ICMS dos Municípios, con- lado, e elas sabem que vão vender. O setor ocupa de sidero a atual forma de distribuição realmente injusta. maneira impressionante a mão-de-obra local porque Setenta e cinco por cento do ICMS são fruto de defi- o produto é basicamente manufaturado. nição constitucional, portanto, são pagos em virtude Conforme disse, a guerra fiscal é motivo de gran- da produção. Na Bahia, por exemplo, cidades como de preocupação. Entretanto, fiz questão de frisar várias Camaçari e São Francisco do Conde, por terem pólo vezes que os Estados do Nordeste não podem abrir petroquímico e a refinaria da PETROBRAS, arrecadam mão de alguns incentivos já concedidos a empresas, juntas praticamente o mesmo que Salvador. Elas têm sob pena de haver aumento enorme do desemprego na receita per capita de mil e poucos reais/ano, enquan- região. É preciso estabelecer uma política de desenvol- to a de Salvador não chega a 100 reais. É extrema- vimento regional que crie mecanismos de desconcen- mente ruim essa distribuição. Esse índice precisa ser tração, senão, como V.Exa. considerou, as empresas alterado na Constituição. Os outros 25% são de livre vão instalar-se onde houver tais mecanismos. escolha das Assembléias Legislativas. E já está em Quem conhece um pouco do assunto ou já se fase de estudo o que chamamos de ICMS ecológico. deu ao trabalho de informar-se a respeito do que ocor- Poderemos até levar o projeto este ano à Assembléia, re em outros países, sabe do que estou falando. Por para discussão. exemplo: nos Estados Unidos existe enorme, imensa Deputado Edson Duarte, poderíamos agregar concorrência – lá se chama concorrência; aqui, guerra mais algumas pessoas – Deputados Estaduais, pes- fiscal, entre os Estados em relação à concessão de soas que atuam na área do meio ambiente, a exemplo incentivos. O que transformou aquele país foi a políti- do Deputado Luiz Carreira, para, em conjunto, verifi- ca de desenvolvimento calcada em incentivos fiscais car se o projeto da Secretaria de Fazenda da Bahia e em investimentos públicos, implementada na década atende às necessidades do setor. Acho bastante justa 40 pelo Presidente Roosevelt. As medidas transforma- a causa ambiental. ram a região sul dos Estados Unidos, que à época era Deputado Roure, acho que o ITR pode até ser tão pobre quanto é hoje o Nordeste brasileiro. Foram um imposto regulatório, mas que não incida cobre as feitos investimentos públicos maciços na região para atividades produtivas, ou que se cobre menos delas e provê-la de infra-estrutura, e ofereceram-se incentivos mais da terra improdutiva. A União não dispensa aten- fiscais. Chegou-se a oferecer fábricas a empresários ção especial a esse imposto. No passado, concordou com a exigência única de que gerassem número míni- em transferi-lo para os Estados ou até mesmo para os mo de empregos. O resultado foi alcançado: as regiões Municípios, conforme propôs o Deputado Mussa De- ficaram em iguais condições, e o país se transformou mes. A discussão a ser feita, considerando-se o tama- na potência que é hoje. Grande parte desse sucesso, nho o imposto hoje e a forma como a União trabalha sem dúvida, deve-se ao trabalho do estadista Roose- com ele, diz respeito às propostas de transferi-lo para velt, que percebeu a necessidade de acabar com a os Estados ou de acabar com ele. concentração industrial. Com relação às taxas, como não conheço os Precisamos fazer o mesmo no Brasil. E o momento detalhes de sua implementação, prefiro não emitir é este, a hora é esta. Acredito que o Presidente Lula, opinião agora, mas me comprometo a comentá-las que é nordestino, tenha essa percepção. Temos bas- posteriormente. Tendo em vista tratar-se de impostos tante esperança em que a situação vai mudar. municipais, talvez o Sr. Manoelito, Secretário Municipal Muito obrigado. de Fazenda, possa explicá-las. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) No que diz respeito à guerra fiscal mencionada – Antes de encerrar, pergunto se o Deputado Luiz Car- pelo Deputado Sandro Mabel, existe enorme preocu- los Hauly ainda quer manifestar-se. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57461 (Intervenção inaudível.) 1966 ou 1967, o ICMS era incipiente, mas se tornou O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) um grande imposto. No ano passado foi responsável – O Deputado Luiz Carlos Hauly está inscrito. Enquanto por arrecadação de 103 bilhões de reais. não chega a recomendação para encerrarmos a ses- Quero trabalhar na linha da avaliação do Estado. são, podemos ouvi-lo. União, Estados e Municípios precisam de arrecadação. O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. Chegamos ao patamar de 35% do PIB, mais Fundo Presidente, quero apenas cumprimentar o Deputado de Garantia e PIS, que pertencem aos trabalhadores. Sandro Mabel por ter contribuído para a implemen- Temos de manter esse nível de arrecadação. Não há tação do Projeto Fome Zero na Comissão Especial. perspectiva de crescimento. E, para atingir 35%, a carga (Risos.) tributária legal passa de 50% do PIB. O próprio ICMS (Intervenções simultâneas ininteligíveis.) é o maior exemplo disso. Com alíquotas de 18%, são O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) apurados mais de 21%, porque ele é 18% do preço – Com a palavra o Deputado Luiz Carlos Hauly. 100. Quando se calcula 18% de 82%, o resultado é O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. de aproximadamente 21% – não fiz a conta. Eu fazia Presidente, Sr. Secretário, Sras. e Srs. Deputados, o cálculo de 17%, que equivale a 20% do PIB, apro- abordarei o assunto realçando o fato de o Brasil, in- ximadamente. Os 25% representam, na maioria dos serido no MERCOSUL há dez anos, negociar acordos Estados, 27% – combustível e telefonia. Somados aos bilaterais e multilaterais com a ALCA e com a União 25%, totalizava 33%; com 27%, o resultado vai beirar Européia. 36% ou 37% da carga tributária. Está constatado que, se não fizermos as refor- Ousamos dizer que a base tributária do ICMS po- mas tributária, previdenciária e trabalhista, não tere- deria gerar arrecadação de 200 bilhões de reais. Des- mos competitividade. O modelo brasileiro, anárquico contando-se o incentivo fiscal, as renúncias fiscais, a e caótico, completamente diferente dos modelos vi- inadimplência e a sonegação, chega-se a 103 bilhões gentes na Europa e nos Estados Unidos, é resultado de reais. O Silveirinha, do Rio de Janeiro, é um dentre da Constituinte de 1988. Para se proteger do avanço tantos fraudadores que pode haver no Brasil, em razão dos Estados na receita da União, o Governo Federal da complexidade do ICMS. Desculpem-me, mas não começou a criar impostos e contribuições sociais so- acredito que o ICMS tenha conserto. bre o lucro líqüido. Em vez de investir no Imposto de Louvo-me no ex-Deputado Luís Roberto Ponte, Renda e no IPI, sobrevalorizou a cobrança da COFINS, com quem brigava muito, mas terminava me enten- do próprio PIS e, finalmente, da CPMF. dendo, e no Deputado Mussa Demes. Há muitos anos A verdade é que o sistema tributário, em decor- rência de escamoteamentos, virou um monstrengo, discutimos a matéria, desde a Constituinte. O lobby que cuja ação prejudicial à produção é sentida no preço fiz, na condição de Secretário de Fazenda do Estado do final estabelecido para o consumidor. O incentivo fiscal, Paraná, foi muito forte e poderoso. Conseguimos tirar de mãos dadas com a elisão demanda dos cidadãos cinco impostos únicos federais e incluí-los na base do contra Municípios, Estados e União, com a sonegação ICMS. Saímos de 32% do Imposto de Renda e do IPI e e com a corrupção, gerou o caos tributário, que fere chegamos a 57% do IPI e 47% do Imposto de Renda, de morte o setor produtivo brasileiro. Eu afirmo que a além de criar o adicional do Imposto de Renda. Esta- economia de mercado no Brasil é uma fraude: quem dos e Municípios tinham enorme força na Assembléia pode mais chora menos, seja com obtenção de crédito Nacional Constituinte, em decorrência da receptividade e incentivos, seja com sonegação, seja com promoção de muitos ex-Secretários, a exemplo dos Deputados de corrupção, etc. Mussa Demes, Benito Gama, José Serra e tantos ou- Há dez anos negociamos com o MERCOSUL a tros que exerciam o cargo na esfera estadual. alíquota zero. Nenhum Estado brasileiro tem alíquo- Seguindo a linha do ex-Deputado Luís Roberto ta zero em suas transações comerciais. Não existe a Ponte, percebemos que a incidência dos chamados ALCE – Associação de Livre Comércio dos Estados. impostos seletivos, embutidos no ICMS, tais quais Como pode este País negociar alíquota zero com o os cobrados sobre energia, combustível, cigarro, be- resto da América e com a Europa, se entre os Esta- bidas e veículos, ocorre na origem. Ou seja, é preci- dos federados a alíquota é de 7% a 12%? Cria-se uma so compatibilizar origem e destino na partilha. Fiquei indústria de problemas: crédito frio, problemas com o estarrecido ao notar que só com o ICMS aplicado a ICMS – nota calçada, paralela, de todas as espécies combustível foram arrecadados no ano passado 28 – , fato gerador não constatado. O sistema brasileiro é bilhões de reais. Ou seja, 28 bilhões do total de 103 o inverso do europeu. Quando instalado no Brasil, em bilhões de reais. 57462 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Se buscamos a compatibilização da arrecadação na Bahia, no começo de abril, para depois firmarem nos Estados, temos de partir para a simplificação, que acordo com o Governo Federal. Minha posição vai ser acabará com toda a discussão. Imagino que os impos- colaborar de forma construtiva e até radical, se preci- tos incidentes sobre esses itens, os antigos impostos so for, para que chegue a bom termo a discussão do únicos, devem estar beirando os 60%. projeto do eminente Deputado Virgílio Guimarães, com No mais, a tributação no chamado varejo, no con- a experiência e o conhecimento do Deputado Mussa sumo de massa, ficou sem controle. São milhões de Demes e a participação dos demais membros desta empresas comerciais, mas o serviço, parte expressiva Comissão Temática, muito enriquecida com novos in- da economia brasileira, não tem tributação. Se manti- tegrantes, muito bem preparados. vermos a tributação do ISS na base do Município, como O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) está hoje – o Governo já disse isto – , a encrenca per- – Obrigado, Deputado Luiz Carlos Hauly, V.Exa. mais manece, pois não se faz abrangência de base. uma vez contribui com seu talento e inteligência para Quanto aos modelos europeu e americano, a di- os debates na Comissão. ferença é apenas o IVA e o IVVS. O Imposto de Renda Com a palavra o Sr. Albérico Machado Masca- é forte, conforme demonstrei há pouco em planilha. renhas. Metade da arrecadação de alguns países, um pouco O SR. ALBÉRICO MACHADO MASCARENHAS mais, um pouco menos, vem do Imposto de Renda. Aí – Deputado Luiz Carlos Hauly, há um ponto importante está a chave do problema. Por isso, na semana passa- que devemos frisar: no Brasil, acostumou-se a pensar da estudamos a carga efetiva e os impostos dos prin- que a despesa do Poder Público é calculada em função cipais países, para não fazermos nada diferente. Tudo da receita, quando deveria ser o inverso. Na verdade, o que é diferente prejudica a economia, a produção, o temos de dizer qual a receita disponível e, com base emprego e a renda. nela, programar os gastos. Talvez por isso tenhamos Outro dia, em entrevista, afirmei que, se o Gover- conseguido manter satisfatório nível de equilíbrio fis- no fizer as reformas tributária, previdenciária e traba- cal na Bahia. Em primeiro lugar, definimos projeções lhista como devem ser feitas, o Brasil crescerá 5% ao bastante corretas e depois programamos os gastos. Só ano. O comentarista Bóris Casoy olhou-me com ar de para se ter uma idéia, nossa previsão de receita coin- gozação. Eu o desafio a convidar-me, quando quiser, cidiu em 99,5% com o efetivamente arrecadado, quer para ir a seu programa dar meu testemunho. Só o fim dizer, foi praticamente igual. Se a receita for maior, óti- da intermediação entre a carga legal e a carga efetiva mo, porque poderemos ter maior nível de investimento. tirará de 7% a 10% do peso do PIB sobre o preço das Entretanto, não se pode comprometer o ganho poten- mercadorias e dos bens de consumo e elevará a massa cial com compromisso permanente. Se isso ocorrer, e de consumo do País, gerando emprego e renda. Essa o aumento na receita não se repetir no ano seguinte, questão é primordial. nunca mais se recupera o equilíbrio. O Governo já errou em não fazer amplo REFIS Esse é um ponto que precisaríamos mudar no logo no início. A eleição de Lula constituiu mudança de conceito público brasileiro para termos efetivamente paradigma político e deveria ter sido também mudan- condições de avanço em termos de equilíbrio fiscal, de ça de paradigma econômico. A falta de compreensão capacidade de investimento do Estado e, conseqüen- de que não havia fato fiscal a ser resolvido, mas, sim, temente, de desenvolvimento do País como um todo. fato econômico – o excessivo endividamento das em- Volto a dizer que tenho dúvidas em relação ao presas com o Governo Federal – remeteu novamente IVVS. Mesmo nas grandes cidades é difícil cobrar im- a questão para a esfera fiscal: as empresas devem e posto de varejo de barracas de praia, por exemplo, no não sabem como pagar. A tendência é a liqüidação. À caso de Salvador, de bancas que vendem cigarro, de massa falida, à receita e aos demais credores, adeus. postos de gasolina de cidades pequenas que não têm Quando defendíamos um REFIS amplo, nós o fazía- qualquer infra-estrutura tributária e não terão, porque mos exatamente com a perspectiva da reintrodução não têm capacidade para tanto. Para mim, é preferível das empresas na economia ativa, da geração de im- não ter um fiscal a ter um mal pago, porque a corrupção postos, de renda e de riqueza. certamente será imensa. Em primeiro lugar, é preciso Não tive o privilégio de ouvi-los aqui, mas na se- haver condições para que o sistema funcione. mana passada conversei por aproximadamente duas O caso brasileiro é diferente do americano. Nos horas com um assessor do Paraná sobre o que está Estados Unidos, a aplicação do IVVS é viável porque acontecendo no CONFAZ, a fim de me atualizar em a sonegação é pequena. Além do espírito de não so- relação ao assunto. Em breve V.Exas. deverão fechar a negar, característica do povo, a punição a esse tipo questão, se não me engano em reunião a ser realizada de crime lá é muito severa. Então, pode-se cobrar o Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57463 imposto na ponta. Cobrar na ponta aqui ainda é muito O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) complexo. Tenho certeza de que o índice de sonegação – A Comissão agradece ao Sr. Albérico Machado Mas- será muito alto. Seria o ideal, porque os Estados têm carenhas a importante e valiosa contribuição que aca- maior capacidade de arrecadar o ISS. Agora, tenho ba de receber. dúvidas quanto à efetividade do IVVS na ponta. Indago ao Deputado Virgílio Guimarães, Relator Acho que a legislação que estamos imaginando da proposta, se ainda deseja tecer algumas conside- acabaria por criar um novo ICMS, algo que mudasse rações. completamente o aspecto do imposto, porque se acaba O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. com a parafernália de 27 legislações, com 27 regula- Presidente, eu já o fiz anteriormente, mas considero mentos, com, no mínimo, mil artigos cada um. É impos- minha intervenção apenas uma antecipação do que sível trabalhar com um imposto dessa natureza. diria agora. Teremos oportunidade de voltar a tratar Entretanto, é extremamente complexo resolver a do assunto. questão do ICMS na reforma. Estamos apenas come- Desejo apenas agradecer ao nosso convidado, çando o trabalho. A reforma constitucional representa Dr. Albérico, o enriquecimento que trouxe ao debate talvez 10%, ou menos, de tudo que se precisa fazer e dizer que contamos com S.Exa. de maneira mais em relação ao ICMS. O grande problema será a lei intensa na elaboração de uma opção para a reforma complementar e, mais grave ainda, sua regulamen- tributária. tação. O diabo mora no detalhe. É no detalhe que a Muito obrigado, Sr. Presidente. reforma será difícil. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) O primeiro passo é alterar a Constituição. Pre- – Muito obrigado, Deputado Virgílio Guimarães. cisamos definir o que efetivamente deve ser mantido Nada mais havendo a tratar, vou encerrar os tra- na Carta Magna e o que pode ficar fora dela. Temos a balhos, antes marcando nova reunião para a próxima cultura de constitucionalizar tudo. Talvez alguns pon- quinta-feira, dia 3 de abril. tos possam ser tratados em lei complementar, para Está encerrada a reunião. que a regulamentação seja mais objetiva. Repito: o COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR que estamos fazendo aqui talvez represente 10% de ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM tudo o que precisaremos fazer, porque as leis com- TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA plementares necessárias serão, sem dúvida alguma, O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL. o trabalho mais complexo. Temos de nos empenhar na (SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL) reforma da Constituição, para que, uma vez concluída, imediatamente se comece a trabalhar num projeto de 52ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária lei complementar. Ata da 5ª Reunião, Realizada em 03 de Abril Eu não sei como trabalha o Congresso Nacio- de 2003. nal, mas acho que a Comissão Especial tem de ser mantida. Os Governos Federal e Estaduais também Aos três dias do mês de abril de dois mil e três, precisam ter suas comissões, para imediatamente co- às dez horas e trinta e um minutos, no Plenário 13, do meçarem a trabalhar no projeto de lei complementar. Anexo II da Câmara dos Deputados, sob a presidência Caso contrário não vamos concluir a reforma tributária do Deputado Mussa Demes, reuniu-se a Comissão em menos de dois anos. Especial destinada a efetuar estudo em relação às Há outro fato que pode frustar a população, para o matérias em tramitação na Casa, cujo tema abran- qual quero chamar a atenção de V.Exas.: se a emenda ja o Sistema Tributário Nacional. Compareceram os constitucional que trata da reforma for aprovada neste Senhores Deputados André Zacharow, Antonio Cam- ano, conforme acreditamos, não surtirá efeito em 2004, braia, Armando Monteiro, Beto Albuquerque, Carlito porque ainda será necessária a lei complementar. E Merss, Carlos Eduardo Cadoca, Delfim Netto, Eduar- ainda corremos risco de ela não surtir efeitos nem em do Paes, Francisco Dornelles, Gerson Gabrielli, Jor- 2005, porque, depois de aprovada a lei complementar, ge Bittar, José Mentor, José Militão, Julio Semeghini, terão de ser elaboradas as leis estaduais e os regula- Luiz Bittencourt, Luiz Carlos Hauly, Marcelo Teixeira, mentos. Ainda teremos essa dificuldade. Max Rosenmann, Mussa Demes, Narcio Rodrigues, Portanto, uma reforma tributária feita agora só Pauderney Avelino, Paulo Bernardo, Paulo Rubens começará a surtir efeito em relação a alguns impos- Santiago, Renato Casagrande, Romel Anízio, Ronal- tos – em especial aos mais pesados, digamos assim, do Vasconcellos, Sandro Mabel, Virgílio Guimarães, como o ICMS, atualmente o principal imposto nacional Walter Feldman e Walter Pinheiro, titulares; Anivaldo – em 2005 ou 2006, e olhe lá. Vale, Ary Vanazzi, Augusto Nardes, Eduardo Sciarra, 57464 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Gervásio Silva, Jaime Martins, João Paulo Gomes da Tendo em vista a distribuição antecipada de cópias Silva, Júlio Redecker, Paulo Afonso, Pedro Chaves, da ata da 4ª reunião a todos os presentes, indago do Pedro Fernandes, Reinaldo Lopes, Reinaldo Betão, Plenário se há necessidade da leitura da mesma. Roberto Pessoa, Vanessa Grazziotin, Vignatti e Wa- O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. sny de Roure, suplentes; Jorge Borim, não-membro. Presidente, peço dispenso da leitura da ata. Deixaram de comparecer os Senhores Deputados Ed- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) mar Moreira, Edson Duarte, João Leão, José Roberto – O nobre Deputado Luiz Carlos Hauly pede dispensa Arruda, Lupércio Ramos, Machado, Nelson Marque- da leitura da ata. zelli e Sérgio Miranda. Havendo número regimental, o Submeto o pedido à consideração do Plenário. Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. ATA Se alguém tiver alguma objeção que o faça agora. – O Deputado Luiz Carlos Hauly solicitou a dispensa (Pausa.) da leitura da ata da 4ª reunião, cujas cópias haviam Em discussão a ata. sido distribuídas antecipadamente. Em discussão e vo- Não havendo quem queira discuti-la, considero- tação, a ata foi aprovada, sem restrições. ORDEM DO a aprovada. DIA: A – Audiência Pública com o Dr. Ives Grandra da Esta audiência pública foi convocada para ouvir- Silva Martins, Tributarista. Após informar os procedi- mos o Dr. Ives Gandra Martins, conhecido e respeitado mentos regimentais que seriam adotados na reunião, o em todo o País e, com toda a certeza, o maior espe- Senhor Presidente concedeu a palavra ao palestrante. cialista brasileiro em Direito Tributário, com admirável Finda a apresentação do Professor Ives Granda, parti- volume de trabalhos publicados que têm servido de ciparam dos debates os Senhores Deputados Antonio referência a muitos julgamentos nos Tribunais Supe- Cambraia, Armando Monteiro, Carlito Merss, Gerson riores da República. Sua presença nesta Casa, como Gabrielli, Luiz Carlos Hauly, José Militão, Paulo Afonso, já aconteceu na discussão dessa matéria em legisla- Paulo Rubens Santiago, Renato Casagrande, Romel turas passadas, muito nos honra. Com certeza, seus Anízio, Sandro Mabel, Vanessa Grazziotin e Virgílio conhecimentos nos fornecerão importantes subsídios Guimarães, Relator. Ao final, o Professor Ives Gandra para que possamos produzir o texto que atenda aos entregou, ao Senhor Presidente, publicações de sua anseios da população brasileira. autoria e cópia da Proposta para Revisão Constitucional Com a palavra o Prof. Ives Gandra Martins. de 1993 – da Comissão Paulista de Estudos Constitu- O SR. IVES GANDRA MARTINS – Sr. Presiden- cionais para análise da Comissão. O Deputado Mussa te, Deputado Mussa Demes; Sr. Relator, Deputado Demes, Presidente, atendendo solicitação do Deputado Virgílio Guimarães; Sras. e Srs. Deputados; senho- Sandro Mabel, autorizou a distribuição, pela secretaria, ras e senhores presentes, como estudioso do Direito de tabela simplificada do Sistema Tributário Nacional Tributário, minha intenção nesta exposição é trazer a aos membros da Comissão. Em seguida, o Senhor Pre- V.Exas. algumas preocupações com relação ao Siste- sidente, após consultar a Comissão, marcou reunião ma Tributário Brasileiro. acerca da questão origem e destino para a próxima Farei uma análise inicial muito rápida acerca do semana. Na seqüência, passou-se ao segundo item sistema que está plasmado na Constituição Federal. da pauta: B) Apreciação de Requerimentos. Requeri- Numa segunda etapa, um pouco mais demorada, exa- mento nº 20, do Senhor Luiz Carlos Hauly, minarei alguns mitos que têm que ser desfeitos para que solicitava “convidar o Excelentíssimo Senhor que possamos efetivamente enfrentar os problemas de Doutor Tarso Genro, Secretário Especial do Conselho uma reforma tributária que de fato melhore o sistema de Desenvolvimento Econômico e Social”. Em votação, brasileiro. Por fim, farei algumas sugestões concretas foi aprovado. Nada mais havendo a tratar, o Senhor Pre- para a adoção de um sistema adequado. sidente encerrou a reunião às treze horas e quarenta e Em primeiro lugar, quero dizer, também, que sou sete minutos, antes convocando outra para quinta-feira, absolutamente contrário, sendo cidadão, que se come- dia 10 de abril. A presente reunião foi gravada e suas ce a discutir o projeto de reforma tributária do Governo notas taquigráficas, após decodificadas farão parte pelo Senado Federal. Durante oito anos os senhores integrante desta Ata. E, para constar, eu, Angélica Ma- ouviram um número enorme de tributaristas, Deputados ria Landim Fialho Aguiar, Secretária, lavrei a presente especialistas examinarem pormenores. Aprofunda- Ata, que depois de lida e aprovada, será assinada pelo ram-se nos méritos e deficiências do sistema atual e Senhor Presidente e irá à publicação. são os mais habilitados a examinar as possibilidades O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) maiores ou menores da proposta a ser apresentada – Declaro abertos os trabalhos da presente reunião. pelo Governo Federal. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57465 Os senhores, representantes dos cidadãos, de- Hoje temos o grosso das receitas da União repre- vem lutar para que a reforma comece por esta Casa, sentadas por contribuições, numa distorção completa. que é a mais habilitada. Técnica e juridicamente as contribuições têm de ser O Deputado Mussa Demes foi Relator da última específicas. A contribuição é criada com uma função, proposta da Câmara dos Deputados. Quantas vezes não tem a generalidade que caracteriza o imposto, grupos de Professores de Direito Tributário se apro- que, uma vez cobrado, pode ser destinado ao que for fundaram no conhecimento e no deslinde de vários necessário no orçamento público. problemas! Alguns dos senhores sabem perfeitamen- Essa distorção levou àquilo que Estados e Muni- te das muitas dificuldades de se fazer uma reforma cípios pensaram ser uma grande conquista, na medida tributária adequada. em que o sistema gradativamente se desfigurou. E as Nossa Constituição foi aprovada com 245 artigos, emendas criadas vieram a se desfigurar ainda mais, além de 70 disposições transitórias e 45 emendas, e porque o art. 149, que falava de forma enxuta e correta tem 15 anos. A constituição norte-americana tem 7 sobre os três tipos de contribuições – intervenção do artigos, apenas 26 emendas e 215 anos de existên- domínio econômico, sociais e contribuições do interesse cia. A verdade é que o projeto original que saiu da das categorias – , recebeu inúmeras emendas – e as Subcomissão de Tributos, em 1987, cujo Presidente de nºs 33 e 39 descaracterizam, no conceito universal era Francisco Dornelles e o Relator, Mussa Demes, doutrinário, o que é conceito de contribuição. a meu ver, foi o melhor texto que se produziu sobre A Contribuição de Iluminação, na verdade, é uma sistema tributário. taxa sem nenhum aspecto material, espacial, pessoal Posteriormente, houve uma série de alterações definidos; é um serviço público que foi inserido no art. – sou técnico e não político, em matéria de exame 149 para obter determinadas receitas. O Constituinte das questões tributárias – e o texto final não ficou tão deixou de caracterizar qual é a contribuição, quem é bom. Ele seria adequado se não houvesse algumas o contribuinte, como ele vai pagar. O que exigiria pelo deformações não no Capítulo do Sistema Tributário, menos lei complementar explícita, como era exigido que vai dos arts. 145 a 162, mas no que diz respeito para o adicional de Imposto de Renda Estadual, eli- às relações de Direito Financeiro entre as unidades minado pela Emenda nº 3. federativas, no próprio capítulo sobre orçamentos. O sistema aprovado na Subcomissão, na época Em programa da TV Cultura, debati com o fale- em que o Deputado Mussa Demes foi o Relator, era cido ex-Deputado Federal José Roberto Magalhães adequadíssimo, a meu ver. Foi desfigurado para ser Teixeira. Na época, alertei para o fato de que, ao se aprovado em 1988, o que se compreende pelos diver- elevar de 33% para 47% a verba da União destinada sos aspectos, de acordo com aumento do número de aos Estados e Municípios, certamente aumentaria o entidades federativas. nível de despesas, porque se criariam novos Estados Hoje verificamos que o sistema está desfigurado. e se aumentaria o número de representação na Câ- No capítulo sobre sistema constitucional, as espécies mara dos Deputados e nos tribunais. Enfim, criar-se- tributárias – impostos de taxas de contribuições, melho- ia uma estrutura administrativa maior na União, e a rias, contribuições especiais e empréstimos compulsó- perda de receita se compensaria de forma a distorcer rios, que vão dos arts.145 a 149, ficaram desfiguradas. o sistema tributário. O capítulo de taxas também, devido à confusão com Naquela ocasião, o então Deputado José Ro- o conceito de contribuição. berto Magalhães Teixeira, em longo programa de que Na parte sobre limitações constitucionais no po- participou também o Secretário da Receita Federal der de tributar, tivemos também desfiguração, porque Substituto na época, disse que não concordava com o que deveria ser cláusula pétrea, com base no art. 60, o texto porque os Estados e Municípios ficariam com § 4º, inciso IV, passou a ser capítulo: na medida em responsabilidades que pertenciam à União, o que re- que o Estado necessitava de mais receitas, levava-se duziria as necessidades da União. em consideração que as limitações não deveriam ser A impressão política foi de que o aspecto tributário tão grandes. não iria acontecer, e realmente não aconteceu porque Se do ponto de vista de técnica de arrecadação a quem tem poder não o perde. Não houve disciplina de substituição tributária representava facilidade de fisca- delegação de competências para Estados e Municípios. lização, do ponto de vista do contribuinte representava Vimos a distorção completa do sistema tributário, em alargamento do poder de tributar e não uma limitação. que a União deixou de trabalhar com dois impostos de Isso foi inserido no Capítulo das Limitações do Poder natureza arrecadatória, IPI e IR, para criar as contri- de Tributar, no § 7º, art. 150, numa espécie de contra- buições que não teriam de transferir receita. dictio interminis; o que era cláusula pétrea deixou de 57466 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 ser, o que era limitação passou a ser um alargamento um estudo para saber qual seria a carga ideal, levan- do poder de tributar. do em consideração a eliminação da cumulatividade; Um dos impostos do sistema inteligentemente e chegou-se a 1,1%. não foi aplicado, porque no mundo inteiro não repre- Compreendo que os Governos façam o “colchão senta qualquer espécie de arrecadação: imposto sobre de tranqüilidade”: como não sabem o que vai acontecer grandes fortunas. Nos outros doze, verificamos que os com o novo sistema, aumentam mais do que projetam impostos regulatórios passaram a ter mais importância para, se houver decréscimo, não perderem. O Gover- que os arrecadatórios. no nunca perde. O mito é que com a reforma haverá Em determinados momentos da história brasileira, redução da carga tributária. Isso nunca ocorreu em 45 o IOF foi utilizado como forma de arrecadação; verifi- anos de trabalho exclusivamente em Direito Tributário. camos o IR e o IPI perdendo função, pela necessidade Em todas as reformas houve aumento, e o contribuinte de serem transferidos 47%, vimos o campo das con- pagou a conta. tribuições, que passaram a não ter mais destinações O terceiro mito é que a tributação auxilia a distri- específicas e a ser utilizados como manobra de caixa buição de renda. Ela ajudaria se fosse repassado dire- para, muitas vezes, atender aos famosos superávits tamente ao Estado. Hoje temos uma carga tributária em primários, a fim de manter a credibilidade do País ex- torno de 37%, 36,5%,37,2%, 36%, conforme o instituto ternamente. que a calcula. O certo é que isso está sendo utilizado Esse é o sistema atual. para pagar administrações públicas e transferência. Dentro desse sistema, que foi gradativamente O Deputado Delfim Netto e eu dizíamos anos atrás desfigurado, parece-me importante analisar alguns que a Federação não cabe dentro do PIB, é maior do mitos, o que talvez não agrade os senhores, pelo que que ele. Foram criados 1 mil e 600 Municípios e re- me desculpo. Mas falo na qualidade de velho professor munerados todos os Vereadores. V.Exas. tiveram de de Direito Tributário que não tem vocação política e, ao criar emenda limitando a remuneração nas Câmaras mesmo tempo, não sabe até que ponto a necessidade Municipais, porque algumas gastavam de 25% a 30% de composição tem de sacrificar o purismo do Direito da receita, inclusive a transferida para pagar seus Ve- em função das necessidades acima do Direito. readores. Detectei dez mitos, e vale a pena enfrentá-los Cada vez que se aumenta a alíquota, sempre o para que não sejam manchetes de jornais. Estado encontra uma forma de absorver o aumento. O primeiro tem sido gradativamente dito. Hou- Adolfo Wagner, grande economista, escreveu, no fim do ve perda de receita de Estados e Municípios desde a século XIX, notável tratado sobre o aumento da capa- Constituição de 1988. Na verdade, a União teve ga- cidade de dispêndio do Estado. Disse que, sempre que nho, pela desfiguração do sistema, mas os Estados se aumenta a tributação, o Estado absorve; se houver não perderam. No momento em que a Constituição necessidade, ele a transfere à sociedade, mas quase foi aprovada, tínhamos uma carga tributária de 26%; sempre fica nas próprias administrações. hoje é de 37%. Essa realidade não é brasileira, é histórica, está Os Estados perderam receita por culpa própria, em todos os espaços geográficos. Trata-se de verda- em função de uma guerra fratricida provocada pelo de universal. Pode ser utilizada como slogan, mas os ICMS. Perderam receita por não querer cobrar e por contribuintes que pagam a conta sabem perfeitamen- dar incentivos fiscais. Não é um critério que leva repe- te que não há tributação por meio do Estado. Melhora tidas vezes o Supremo Tribunal Federal a dizer que as de condições sociais se obtém com desenvolvimento, medidas de guerra fiscal são inconstitucionais, como gerador de emprego, e com criação de poupança para efetivamente são. Dentro dessa linha, os Estados e Mu- investimento. O Estado é mau distribuidor de riquezas. nicípios não ganharam tanto; ganharam muito menos Se um país cuja carga tributária é de 37% tem a crise que a União, mas não perderam receita em relação à social que o nosso tem, há algo errado. Diria mesmo carga tributária que recebiam em 1988. que a maior carga tributária do mundo é a do Brasil, O segundo mito é a afirmação permanente de que porque todos os países cuja carga tributária é de 37% a carga tributária continuará a mesma, não pode ser – maior que a do Japão, a da Austrália, a da Suíça e reduzida. Advogo em Direito Tributário desde 1958. Os a dos Estados Unidos, semelhante à da Alemanha e Deputados Delfim Netto e Francisco Dornelles sabem. um pouco menor que a da Suécia etc. – prestam ser- Em todas as reformas tributárias feitas no País, nunca viços públicos. No Brasil, além de não termos serviços as alíquotas foram reduzidas, mas sempre aumenta- públicos à altura necessária, lidamos com algo muito das. Recentemente, quando os senhores aprovaram mais grave: somos obrigados a prestar serviço públi- o aumento do PIS de 0,65% para 1,65%, a FIESP fez co a nós mesmos. Se quisermos pôr nossos filhos em Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57467 determinadas escolas que sejam um pouco melho- Primeiro: a “operação barquinho”. Engenhosa- res, não receberemos qualquer auxílio do Governo; mente criada por meu querido mestre Mussa Demes teremos de pagar Imposto de Renda, porque não po- – é verdade, S.Exa. sabe perfeitamente do nosso demos deduzir esse gasto. Além do que, precisamos respeito pelo assunto desde a Constituinte de 1988, ter nossos planos de saúde, porque a prestação de quando, em audiência pública na Subcomissão de serviços é muito pequena. Tributos, discutíamos a matéria – , ela criaria créditos Então, há distribuição pro domo sua para aqueles absolutamente incompensáveis do ICMS federal. O que detêm o poder e, na verdade, por força de estrutu- próprio Deputado Mussa Demes reconheceu o fato, ras que muita vezes não foram criadas por quem detém a ponto de não ter colocado no projeto final o modelo o poder, mas é obrigado a viver dentro dela. do barquinho. Por exemplo: vende-se uma mercadoria Esse, portanto, é outro mito que precisamos exa- de São Paulo para o Piauí. Essa mercadoria, se a alí- minar. Não conheço na história brasileira momentos em quota fosse a 18, e 4 o ICMS federal, de 18 passaria que aumento de carga tributária tenha representado para 22 de ICMS federal. Lá seria compensado em 4 melhor distribuição de renda. o ICMS federal, e o Estado receberia os 18 de ICMS Há um quarto mito que deveríamos examinar. A estadual. Esses 22 nunca caberiam nos 4. Seriam pre- questão diz respeito especificamente ao ICMS e foi a cisos lucros de 600% ou créditos. O Deputado Mussa grande discussão que durante anos o Deputado Mus- Demes, com muita propriedade, disse que a operação sa Demes e eu tivemos em seminários e conferências moralizaria os governos, que teriam de devolver aquilo realizados nesta Casa. Regime de destino não existe que fosse devido. Mas a prática brasileira é esta: os no mundo, mas já há no Brasil. Onde existe regime de governos, nesse ponto, nem sempre estão dispostos destino em relação ao Imposto sobre Valor Agregado? a ser moralistas. O quanto eles puderem ganhar – o Nos países cuja legislação estudei, o IVA é sempre um máximo possível – eles ganham; senão não teríamos tantas discussões no Superior Tribunal de Justiça e no imposto centralizado, mesmo nas federações. Existe Supremo Tribunal Federal apenas para ganhar tempo regime de destino na União Européia, mas entre pa- em questões nas quais a União e os Governos dos íses. Se se vende uma mercadoria da Bélgica para Estados e dos Municípios já perderam. a França, paga-se na França. Vale dizer: trata-se de Segundo sistema: câmara de compensações. O regime de destino entre países, mas não regime de Estado que manda recolhe tudo e manda para o Estado destino dentro do país, mesmo nas federações, como de destino. Cria-se uma câmara de compensações, e é o caso da Alemanha. o Estado exportador líquido pagaria o diferencial para O Brasil tem regime de destino? Tem. Quando o Estado importador líquido. Essa câmara de compen- importo uma mercadoria, onde pago o ICMS? No país sações se pretendeu adotar na União Européia entre que remete ou no que recebe? Pago no país que rece- países no começo da década de 1990. be. Vale dizer: regime de destino já existe no ICMS no Em 1998 participei de Congresso sobre o IVA in- Brasil, quando se importam mercadorias, no mesmo ternacional e fiz uma palestra sobre o ICMS, que eles nível em que existe na União Européia. Entretanto, na chamavam de IVA brasileiro. Perguntei-lhes por que não União Européia e nos outros países que adotam o IVA tinham aplicado aquilo que já tinham aprovado. O Diretor não há, porque o ICMS é o imposto de vocação nacio- do IVA de Portugal, em um jantar, respondeu: ”Porque nal que foi regionalizado. Na prática, estou convencido todos os países têm medo de que não se faça a lição de que a regionalização, ao conferir autonomia tribu- de casa”. O Estado que não vai ganhar um centavo tária aos Estados, criou uma federação de inimigos, não vai ter muito interesse em cobrar e fiscalizar. Se em que os Estados brigam entre si para pegar uns ele for exportador líquido e fizer bem a lição de casa, dos outros investimento pago com tributo do Estado mas o outro não, ele perde duas vezes. Perde porque de onde eles retiraram. ele exporta mais do que importa e perde porque ele fez Erramos em adotar um tributo de vocação mun- bem a lição de casa e o outro não fez. Resultado: até dial central – nas federações, federalizado – transfor- 1998 não tinha sido aplicado. Liguei para saber se já mando-o em imposto regional de vocação nacional. havia sido adotado e descobri que ainda não foi ado- Se adotarmos o regime de destino, estou convencido tado na Europa. Está no papel, mas todos têm medo de que haverá mais problemas do que atualmente. de que não funcione. Eles, que têm maior experiência Além do que, o contribuinte terá de pagar uma conta em IVA, Imposto sobre Valor Agregado, porque o IVA muito alta. surgiu na França, resolveram, por enquanto, adotar o Vamos examinar os três grandes sistemas do mesmo regime de destino que temos no Brasil: chega regime de destino. mercadoria em Portugal, cobra-se me Portugal; chega 57468 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 mercadoria importada aqui no Estado de São Paulo, No Brasil, quisemos dar autonomia aos Municí- cobra-se no Estado de São Paulo. pios, aos Estados e à União. Esse é um aspecto importante. Vamos admitir Na União, o IPI perdeu a função. De tudo que que consigamos uma fórmula mágica. A melhor delas cobra, a União repassa a metade. O ICMS acarreta é exatamente essa da câmara de compensações, de as guerras fiscais; o ISS também causa conflitos nos que, na Europa, com a experiência que têm, todos têm Municípios. receio, em relação ao IVA. No Superior Tribunal de Justiça, o meu queridís- A terceira forma seria o Estado de origem não simo amigo, eminente Ministro Demócrito Reinaldo, cobrar nada, tudo ser cobrado no destino. V.Exas. po- hoje aposentado, declarou que, apesar de o Decreto- dem imaginar o que traria efetivamente todas as mer- Lei nº 406 estabelecer que se deve cobrar o ISS na cadorias circularem pelo Brasil sem nenhum tributo e sede das companhias, não é justo e, por tal motivo, a dificuldade de fiscalização no Estado de destino. o imposto deveria ser cobrado no local da prestação Para mim é um mito. Falar-se em regime de des- de serviços. O STJ aceitou a orientação do Ministro tino, na verdade, representa uma inviabilidade mate- Demócrito Reinaldo, deixou de ser Tribunal legislador rial. Apresento apenas um dado: o Deputado Mussa negativo para não dar seqüência a leis inconstitucio- Demes e o ex-Deputado Germano Rigotto, que indis- nais e se transformou em uma espécie de Câmara dos cutivelmente são das pessoas que mais estudaram Deputados, porque, apesar do que estabelece a lei, sistema tributário no Brasil, até porque o Deputado seus membros dizem que querem que o entendimento Mussa Demes foi 1º Vice-Presidente da Subcomissão seja de determinada forma. Logo, transformou-se em de Tributos, depois de todos os esforços empreendi- verdadeiro legislador. dos, a melhor solução que encontraram foi uma que Os Municípios cobram duas vezes o ISS. Toda a Europa tem medo de adotar: a câmara de compen- empresa que trabalha em mais de dois ou três Muni- sações. Isso porque não há solução possível para o cípios é obrigada a pagar ISS tanto na cidade em que regime de destino. A única solução viável é o regime está sediada quanto naquela em que fornece seus ser- em que os dois interessados podem fiscalizar ade- viços. Foi instituída a guerra, inclusive de alíquotas, que quadamente para combater a sonegação. Saber qual V.Exas. solucionaram em parte ao introduzir a alíquota alíquota se deve adotar é um problema de calibragem. mínima de 2% para evitar a luta predatória. Mas os dois têm de ter interesse, caso contrário o sis- Se outros países entenderam de forma inteli- tema não vai funcionar. gente o IVA, imposto único que abrange a circulação Diria até mais: se encontrássemos a fórmula má- de mercadorias e serviços – impostos circulatórios – , gica para equacionar definitivamente o problema do para facilitar a vida do contribuinte e as cobranças, é regime de destino, o aumento da carga tributária seria evidente que nós, até para nos inserirmos no contexto indiscutível. Todos os Estados importadores líquidos internacional, deveríamos partilhar o tributo correta- ganhariam; todos os Estados exportadores líquidos mente. Talvez, devêssemos deixar a cobrança daque- perderiam. E, não podendo perder, teriam de receber las parcelas para a entidade com maior vocação, mas compensação da União, por intermédio do aumento repartir um único tributo. tributos, a ser pago pelo contribuinte. Caso contrário, O Brasil, por intermédio da globalização, está os Estados teriam de tornar maiores seus próprios tri- entrando nos espaços comunitários, com todas suas butos. O regime de destino representaria para todos os deficiências. O País, pela sua dimensão, é uma das contribuintes brasileiros o aumento da carga tributária. quatro grandes baleias da economia mundial emergen- Não há outra solução. te – China, Rússia, Índia e Brasil – e não pode ficar Outro mito: a autonomia das entidades federa- alheio ao contexto internacional. Lá só existe um tributo tivas que o ICMS e o ISS concedem aos Municípios. internacional comunitário: o IVA. As tarifas aduaneiras Considero errado o sistema com cinco tributos circu- com o tempo desaparecerão. Na União Européia, já latórios – IPI, ICMS, ISS, COFINS e PIS – e um semi- desapareceram. No MERCOSUL, a TEC, no dia em circulatório – a CPMF. que as exceções terminarem, não terá mais o papel Na Europa trabalha-se com um tributo, o Imposto de proteção naquele mercado. sobre Valor Agregado, que incide sobre a produção, O tributo comunitário por excelência é o Imposto comércio e serviços. Partilha-se a receita, mesmo nas sobre Valor Agregado. Imposto de Renda e contribui- Federações; a exemplo da Alemanha. O tributo é di- ções são tributos locais de cada país. A França, Por- vidido mediante critérios predefinidos. Ele circula por tugal e a Bélgica têm o seu estilo, mas o IVA é regime todo o país de vocação. jurídico único. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57469 No momento em que partilhamos o imposto cir- Fortunas, que o Governo da França, na época em que culatório entre diversos tributos, saímos do contexto Mitterrand ganhou as eleições, defendeu como se fos- internacional. Mesmo países do MERCOSUL – Argenti- se uma forma de redistribuir riquezas, foi constatado na, Uruguai e Paraguai – já adotam o sistema europeu que ele representava menos de 0,01% da arrecadação. do Imposto sobre Valor Agregado. Portanto, praticamente desistiram da sua cobrança. No Brasil, continuamos com o sistema partilhado. O Governo Lula tem declarado que não é por Não sei se os inteligentes somos nós, que optamos aí, afirmação que desestimulará poupanças e inves- pela partilha, ou eles não entendem muito do assunto, timentos. mas não têm problemas. Nos Estados Unidos, qual é a situação o Impos- Se pretendemos proceder à reforma tributária, to sobre Herança? A primeira vez em que se falou em devemos examinar o mito em profundidade. Imposto sobre Herança foi na Lex Julia, por intermédio E quanto à autonomia das entidades federativas? do Imperador Augusto. Depois de 1698, o tributo foi in- No momento em que os tributos forem da Federação troduzido na Inglaterra, retirado, e, em seguida, reintro- e não da União, dos Estados e Municípios, o ICMS duzido. Também foi aplicado nos Estados Unidos. terá de ser cobrado pelos Estados, que têm a maior No Brasil, fala-se em progressividade. Até 1964, máquina de arrecadação; o Imposto Patrimonial pelos houve progressividade até 40% do Imposto sobre He- Municípios, no que diz respeito ao patrimônio imobiliá- rança, quando Roberto Campos e Bulhões de Carvalho rio; o Imposto de Renda e os tributos regulatórios pela perguntaram por que, se a taxação é de 40% e tan- União, cuja visão é global. Assim, nos aproximaremos ta gente morre, arrecada-se tão pouco. Percebeu-se dos sistemas mais modernos. que, quanto maior a alíquota progressiva, tanto mais Outro mito. Temos de melhorar e manter os atu- esquemas e planejamentos tributários se fazem, para ais tributos. Em certa palestra, realizada num único dia que ninguém pague. Então decidiram, em 1964, que o em Fortaleza, há duas semanas aproximadamente, o imposto iria incidir apenas sobre os bens imobiliários, Ministro Delfim Netto, eu, o atual Secretário da Recei- e com uma alíquota que não motivasse a sonegação. ta Federal, Jorge Rachid, e o ex-Secretário Everardo Passou-se a conhecer a riqueza do Brasil nas decla- Maciel mostramos que o custo de despesas repre- rações efetivas que se faziam. sentado pelo sistema tributário parafernálico, que só Mas, nos Estados Unidos, por exemplo, existe a para circulação exige cinco tributos, faz com que – os progressividade, e ela dá imunidade de 600 mil dóla- dados foram apresentados pelo ex-Secretário Everar- res a qualquer patrimônio, algo em torno de 2 milhões do Maciel – o custo de cobrança e fiscalização corres- de reais. O grosso da população não paga um centa- ponda a 3% do PIB. Não fui eu quem o disse, mas o ex-Secretário da Receita Federal. Por quê? Porque o vo desse tributo. Além disso, se o cidadão doar seus processo é extremamente complexo. bens para a esposa antes de morrer, para a esposa A Alemanha tem 218 tributos, segundo dados não há nenhuma tributação. O imposto sobre doação é de 2000, e apenas 3 impostos representam mais de menor do que o imposto sobre a herança, e a doação 90% da arrecadação. Então, são 3 tributos – o resto pode se feita. Eles têm também uma figura chamada é perfumaria tributária. Portugal tem 2 tributos que trust, que administra os bens. O americano delega a representam em torno de 90% da arrecadação, o Im- alguém a administração dos seus bens, e o trust apa- posto de Renda e o IVA; todos os outros também são rece como um acervo de bens, que tem beneficiários. perfumaria tributária. Quase sempre, no trust o cidadão põe como benefici- No Brasil, os 12 tributos têm peso próprio – com ários seus filhos, e ele como primeiro beneficiário. O exceção do ICMS, cuja valia é maior, visto que é cobra- trust recebe um tratamento tal que praticamente foge do pelos Estados. Na verdade, o sistema dispõe não de ao sistema da herança. 2s ou 3 tributos, mas de 12 tributos, além da COFINS Para que os senhores tenham melhor noção, no e do PIS, que também representam receita. mundo inteiro essa carga tributária representa 0,21% É evidente que simplificar é extremamente im- do PIB, e me refiro a países desenvolvidos, como Ale- portante. manha, Suécia, França, Inglaterra. Isto é, apesar de Desejo fazer outra observação, antes de apresen- se falar em progressividade, essa progressividade não tar sugestões e ficar à disposição de V.Exas. Trata-se afugenta capitais nem investimentos, nem cria planeja- de dois impostos: o Imposto sobre Grandes Fortunas mentos. Num país como a Alemanha, onde é pesado e o Imposto sobre Heranças progressivo. Realmente, o imposto sobre herança, a carga tributária representa alguns países optam pela progressividade no Imposto 0,43% do PIB, porque se criam empresas, enfim, há sobre Herança. E, quanto ao Imposto sobre Grandes fórmulas notáveis. 57470 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Vamos admitir que adotemos no Brasil a prática cada um para cuidar de um capítulo da Constituição e que se imaginava. O Dr. Antonio Ermírio de Moraes tem, apresentar proposta para a revisão. Participei da Co- segundo se fala, uma fortuna considerável. Se sobre missão Miguel Reale e fiquei encarregado do capítulo sua herança incidisse uma alíquota progressiva, como do sistema tributário. Estou trazendo a proposta que era a norma em 1940, seus herdeiros teriam de dar nós apresentamos a esta Casa em 1993 como contri- 40% de todas as empresas para o Estado, que era o buição para a reflexão. quanto se cobrava no Estado de São Paulo em 1964. Pessoalmente, estou convencido – vou apresentar Ou seja, a empresa desapareceria, porque uma das minhas idéias, que poderão ser para os senhores não formas de continuar é permitir que na sucessão não minoritárias, mas unitárias, pois só eu as defendo – de haja impossibilidade de os empreendimentos autenti- que, se outros países adotaram sistemas simplificados, camente nacionais estarem crescendo. É algo que tem não temos motivo para não fazer o mesmo. de ser estudado com muita cautela. Temos problemas monumentais, uma carga tri- Último aspecto, e já apresento as minhas su- butária brutal, de 37%. Nenhum país emergente tem gestões. Não estou convencido, apesar de considerar carga tão alta. O México exporta 160 bilhões de dó- extremamente importante, de que a reforma tributária lares por ano e tem uma carga de 20%. Nós ainda deva anteceder a reforma administrativa. Reproduzo patinamos, exportando de 55 a 60 bilhões de dólares. aqui as palavras proferidas por meu amigo Deputado Agora estamos crescendo, mas pode ser que, com a Delfim Netto, em Fortaleza: “Precisamos regular as queda do dólar, venhamos a perder um pouco desse despesas”. A capacidade de dispêndio do Estado é avanço nos saldos comerciais. Essa queda, que é útil, coberta principalmente pela receita tributária, se não vai, entretanto, provocar uma performance menor das pelo financiamento. Eu e o ex-Secretário da Receita nossas exportações. Federal Everardo Maciel certa vez brincávamos, em Os países emergentes têm carga tributária de palestra que fazíamos juntos: se eu conseguisse fa- 20%, por quê? Por uma razão muito simples: os cida- zer qualquer proposta de redução da carga tributária, dãos são obrigados a prestar eles mesmos os serviços poderia candidatar-me a Governador do meu Estado, públicos. Em todos os países emergentes, onde o Es- Pernambuco, porque eu seria um herói nacional. Por tado não presta o serviço público – os países desen- que eu não posso fazer isso? Porque sou obrigado a volvidos prestam – , a carga tributária é menor porque gerar receitas para sustentar essa Federação que não quem assume essa função é o contribuinte. cabe dentro do PIB. Ora, temos carga tributária de país desenvolvido, A reforma fundamental, a meu ver, e depois es- mas somos obrigados a nos autoprestar serviços pú- tudaríamos a maneira de financiá-la, é a administrati- blicos. Isso emperra o País. Não estamos crescendo, va, de União, Estados e Municípios. Regulamentar as estamos patinando entre 1,2%, 1,5% a 2% ao ano de despesas, para daí saber de que forma tiraríamos da crescimento, arcando com uma carga tributária de 37% sociedade os recursos para gerar desenvolvimento e do PIB, que todos os anos cresce e que uma eventual aplicá-los nessa regulação de despesas. reforma tributária certamente irá aumentar. Lendo os orçamentos todos esses anos – como Por exemplo, analisemos a COFINS. Se a não- professor sou obrigado a examiná-los, não percebo cumulatividade for para 7%, vamos ter mais do que um grande esforço para a redução das despesas. Ao o grosso teria como possibilidade de compensação, contrário, todos os anos todos os orçamentos aumen- porque muitos, principalmente o setor de serviços, não tam. A capacidade dispenditiva do Estado é infinita, e têm o que compensar em termos de COFINS, o que não há reforma tributária que possa gerar desenvol- significaria uma alíquota absurda. vimento, emprego e poupança nacional – para não Acho que deveríamos adotar sistemas que já ficarmos dependendo de poupança externa – se con- funcionam em outros países. Não quero adotar o sis- tinuam retirando recursos da sociedade para susten- tema americano de se cobrar na ponta, que poderia tar o Estado. ser adotado para os Estados – uma vez conversei lon- O último ponto desses mitos é que eu gostaria, gamente com o Deputado Luiz Carlos Hauly – se nós primeiro, de regular as despesas, porque assim seria tivéssemos impostos seletivos. Assim não teríamos a fácil saber de que forma vou financiá-las. cumulatividade. Mas, se quisermos adotar um sistema Por fim, eu gostaria de apresentar algumas suges- de integração do MERCOSUL e ALCA com a União tões. Trago para o Deputado Mussa Demes os seguin- Européia, se chegarmos a fazer um acordo, teremos tes dados. Quando da revisão de 1993, o Governo do de ter um regime geral único de IVA, e eu preferiria ter Estado de São Paulo criou uma comissão denominada um IVA da Federação. Não seria da União nem de Es- Comissão Miguel Reale. Dez juristas foram convidados, tados ou de Municípios, seria aprovado no Congresso Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57471 Nacional como representante da Federação. Dizem coisa, mas, se analisada a situação da década de 50 que o Senado é a Casa da Federação. Em parte, por- na Inglaterra, na Suécia e na Alemanha, ficaremos que os Municípios não estão representados no Sena- impressionados com a acentuada queda nos dias de do, estão representados na Câmara dos Deputados. hoje. Ela serve para diferenciar, mas não pode chegar Então as duas Casas são da Federação. Teríamos um ao ponto de inibir poupança e investimentos, que no Imposto de Renda, um Imposto sobre Valor Agregado, Brasil precisam ser estimulados. no mesmo sistema europeu, único, abrangendo os im- A última sugestão, num sistema extremamente postos circulatórios, partilhados por União, Estados e simplificado, seria que as contribuições teriam de ter Municípios, e, como a máquina maior é dos Estados, destinação e aplicação específicas, e os outros impos- a cobrança seria feita lá. A União emprestaria suas tos – empréstimo compulsório só em casos excepcio- Casas legislativas para regular a matéria, mas os Es- nais – e taxas seriam cobrados em função do serviço tados é que cobrariam e partilhariam os resultados público específico. entre Estados, União e Municípios. Com isso passarí- Vamos admitir que se queira manter essa “vaca amos a ter a possibilidade de integração, um sistema sagrada dos hindus”, o instituto da progressividade, comunitário. Não teríamos o problema que temos hoje muito melhor nos seus ideais do que nos seus resulta- com o MERCOSUL, por exemplo. Não podemos fazer dos, porque, em verdade, num mundo globalizado, ele nenhum tratado internacional sobre o ICMS porque a termina estimulando o investimento em outros países. União não pode fazer nenhuma concessão, dar ne- Uma solução seria, admitida a progressividade, estipu- nhuma isenção sobre esse imposto, por proibição ex- lar um percentual menor para todos aqueles que resol- pressa da Constituição. Por essa razão, o Brasil entra vessem investir no País, estimulando os investimentos nos acordos internacionais limitado. internos e gerando poupança, o que representa, em Seguindo essa linha, eu sugeriria um IVA nacional, última análise, nos impostos em que haveria possibili- um imposto de renda nacional, um imposto patrimonial dade de progressividade, renda e transmissão. Parece nacional, regulatório de comércio exterior nacional. E que eles pretendem transferir dos Estados para a União quando digo nacional é da Federação, partilhado de o imposto de transmissão. Sou contrário a essa idéia, acordo com a vocação de cada entidade federativa. É pois é da tradição brasileira os Estados onde estão os a posição unitária. Como não acredito que isso pas- bens cobrarem esse imposto. Tal fato enfraqueceria o se no Congresso, a outra alternativa que apresento é poder federativo. adotarmos de imediato um sistema em que teríamos Então, ficaríamos com os três fatos geradores a união de ICMS e ISS, com três requisitos estabele- clássicos: renda, patrimônio, circulação de bens e cidos na Constituição. serviços. Com a regulação de contribuições, taxas e Primeiro, a legislação teria de ser centralizada. empréstimos compulsórios com destinos específicos Fiquei muito satisfeito porque o Presidente Lula conse- ou por serviços públicos específicos e divisíveis, terí- guiu dos Governadores, na Carta de Brasília, o compro- amos uma simplificação do sistema. misso de que haverá uma legislação federal. Segundo, Se todos os tributos fossem da Federação, pas- teríamos de definir alíquotas idênticas, a ser partilhadas saríamos a ter essa vocação natural de partilha, de tal na origem e no destino, calibradas de acordo com as maneira que, mesmo que fossem apenas por legisla- necessidades. Terceiro, não se poderia, em nenhuma ção federal, haveria a inibição da utilização da políti- hipótese, dar incentivos fiscais por meio do ICMS. Vale ca tributária para desfigurar o sistema. Poderíamos, dizer que, se o Estado quiser emprestar dinheiro, é pro- assim, ter um sistema mais simplificado como o exis- blema do seu orçamento. Política tributária e incentivo tente na Alemanha, em Portugal e em outros países fiscal seriam absolutamente impossíveis. Assim viabili- desenvolvidos. zaríamos um ICMS regional de vocação nacional, mas Sou advogado há 45 anos. Quando verifico as com critérios que impossibilitariam essa guerra fratricida grandes questões que tramitam nos tribunais, obser- na Federação brasileira. Quando me perguntam sobre vo que quase todas são tributárias. Diria que 60% das o pacto federativo, digo aos meus alunos que isso não grandes questões em trâmite nos tribunais são de or- é possível num país em que cada Estado vê o outro dem tributária, outras administrativas e a menor parte, como inimigo e quer tirar dele alguma parte – o ICMS contencioso entre cidadãos, excetuando-se matérias colabora para isso – e os Municípios limítrofes vivem trabalhistas. Isso ocorre por causa da complexidade brigando por assumir receitas. Também adotaríamos do sistema. Quanto mais complexo o sistema, maior um imposto de renda que não desse grande peso à a possibilidade de corrupção e sonegação. Sempre progressividade. A progressividade é um instituto em se encontra uma forma de se planejar tributariamente queda em todo o mundo. Existe para regular alguma pagamentos, e aí o sistema é muitas vezes confisca- 57472 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 tório, o que gera corrupção e sonegação, que mantêm Peço a todos que colaborem com a Mesa a fim um casamento indissolúvel através da história e dos de que não aconteça como da última vez, em que ter- espaços geográficos. minamos a reunião com apenas três companheiros, o Se se pretende fazer um sistema tributário per- que demonstra um certo desinteresse em relação aos manente, precisamos partir para a simplificação e, se questionamentos. possível, a simplificação partilhada, ou seja, União, Es- Com a palavra o Deputado Antonio Cambraia. tados e Municípios, com três impostos circulatórios que O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – Sr. representem o que há de mais importante na arrecada- Presidente, sugiro também que as respostas do con- ção tributária do País. Haveria um IVA, que englobaria ferencista sejam dadas em bloco para ganharmos IPI, ICMS e ISS, e daria aos Estados, que, assim, não tempo. poderiam reclamar, o direito de cobrá-lo e depois o par- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) tilharia com os Municípios e a União. É legítimo que o – Bem lembrado, Deputado Antonio Cambraia. Foi o façam, já que a máquina de fiscalização das unidades que fizemos na reunião anterior. Faremos bloco de federativas, a máquina estadual, é consideravelmente três perguntas. maior do que a de fiscalização federal. Com a palavra o Deputado Sandro Mabel. São algumas idéias que trago para reflexão de O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- V.Exas. sidente, na reunião passada, entreguei um quadro ao Deixarei com o Deputado Mussa Demes o livro Relator, Deputado Virgílio Guimarães. Direitos Fundamentais do Contribuinte, coordenado pelo Como alguns Parlamentares pediram cópia, se Ministro Moreira Alves, do Supremo Tribunal Federal, V.Exa. não se incomodar, solicito à Secretária que Ministros do STJ, diversos professores e por mim. Os distribua aos outros Deputados o quadro que mostra Estados Unidos, que combatem duramente a sonega- o número atual de contribuições no Brasil, para que ção, aprovaram na década passada um código de de- todos possam ter uma idéia da complexidade do nos- fesa do contribuinte. Vários códigos semelhantes têm so sistema. sido utilizados em todo o mundo. Aqui no Brasil ainda Preocupa-nos a sociedade ter de esperar desta não avançamos, apesar de termos na Constituição um Comissão a transformação de um monte de impostos capítulo inteiro dedicado às limitações constitucionais em alguns poucos. ao poder de tributar. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Trouxe essas idéias para que possamos produ- – Perfeitamente, Deputado Sandro Mabel. Recebo zir, a partir da Câmara dos Deputados e depois com sua contribuição e autorizo a Secretaria a fazer a dis- a revisão do Senado, um projeto que possa levar à tribuição. melhoria do sistema e não apenas a uma partilha de Passo a palavra ao primeiro inscrito, Deputado receitas entre as entidades federativas, o que repre- Renato Casagrande. sentaria uma carga tributária maior para todos os con- O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE tribuintes e acarretaria maior desemprego e perda de – Sr. Presidente, Sr. Relator, Prof. Ives Gandra, em competitividade internacional. primeiro lugar, quero dizer que sua exposição foi muito O que se propõe efetivamente é simplificar o sis- rica e importante, ainda mais neste momento, quando tema, utilizando o que há de bom nos outros sistemas, discutimos aqui o sistema tributário. para que possamos efetivamente ter um sistema mais Inicialmente, vou falar sobre a reforma. Podere- enxuto, eficaz, que combata melhor a sonegação e a mos cometer injustiças em relação à proposta do Go- corrupção e que auxilie o desenvolvimento e a justiça verno, pois ela ainda não foi formalizada. Entretanto, tributária. já nos reunimos com o Ministro Antonio Palocci e te- Era o que tinha a dizer. mos acompanhado as informações divulgadas sobre O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) o assunto na imprensa. – Com o brilhantismo que lhe é peculiar, o Prof. Ives Minha primeira pergunta é: essa proposta do Gandra praticamente esgotou a matéria. Governo vai atender aos fundamentos da desone- Em razão do alto quorum que temos hoje, sei que ração e do estímulo à produção? Ela vai nos levar à muitos dos nossos companheiros irão querer tirar dú- eficiência econômica, como a ampliação da base de vidas, fazer indagações ao nosso ilustre conferencista. contribuintes? Ela atenderá efetivamente aos princípios Por isso, peço que se limitem ao tempo de três minutos, fundamentais de um sistema tributário que beneficie tendo em vista que todos que se inscreveram desejam a população? participar do debate. Também sugiro aos Parlamentares Alguns colegas já disseram que, de fato, a refor- limitarem-se à formulação de três questões. ma poderá aumentar a carga tributária, proposta que, Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57473 do meu ponto de vista, está longe do exposto aqui por mais de 50% no PIB. Incentivos fiscais, sonegação, re- V.Sa. Parece-me que ela será muito superficial e não visão, corrupção destroem o sistema, transformando-o atenderá a esses fundamentos. Mesmo que tramite num manicômio tributário, num caos, numa economia nesta Casa com mais facilidade, não atenderá aos de mercado predatória: quem pode mais, chora menos. princípios e aos fundamentos de uma reforma, pelo Tem sido assim no Brasil. menos da que desejamos. A conspiração contra o Brasil não dependeu até Penso que se a reforma for muito superficial, não agora nem da Trilateral, nem do Consenso de Wa- modificará realmente o sistema tributário. shington, nem do FMI, nem dos inúmeros demônios Segundo, V.Sa citou o IVA, imposto federal, para do mundo, mas da nossa insanidade legislativa, da substituir o ICMS e outros. Hoje, diversos Estados es- nossa incapacidade de fazer o entendimento nacional tabelecem tratamento diferenciado para as pequenas com um sistema mais simples e objetivo de tributar, e microempresas. O SIMPLES estadual usa o ICMS clássico e mundial. Não adianta contrariar a regra uni- estadual muitas vezes para promoção desse setor im- versal de tributos. portante da economia. Expôs V.Sa. com muito conhecimento o modelo Conforme avaliou V.Sa., na hora em que se fede- europeu – V.Sa. faz parte da Academia Internacional ralizar o ICMS, vamos criar dificuldades em relação ao de Direito Tributário – e o americano, as duas econo- tratamento dado às pequenas e microempresas, que mias com mais sucesso no mundo. Os Estados Unidos tem diferenças na esfera federal e estadual – aliás, em são a maior potência e, portanto, estão alguns degraus quase todos os Estados. Trago esse questionamento acima das economias européias. A ênfase na Europa em relação às pequenas empresas que utilizam o ICMS é o IVA e nos Estados Unidos, o IVV. Os dois têm im- estadual – a legislação é estadual. postos seletivos e impostos de renda forte, ou seja, Outra questão. Apesar de estar explícito na Cons- incidência maior da arrecadação. tituição que as pequenas e microempresas terão tra- Temos de nos conscientizar de que, se adotarmos tamento diferenciado, pergunto: é necessário incluir o IVA, mesmo com lei federal, se cada um continuar na proposta de emenda à Comissão, explicitar no ca- cobrando, vamos continuar longe do ideal; se fizermos pítulo do sistema tributário, o tratamento diferenciado um IVA nacional, como V.Sa. sugeriu, ficaremos perto para as pequenas e microempresas ou outro artigo já do ideal. Diminuirão a sonegação, a corrupção, drasti- contempla esse tratamento? camente a elisão e o desentendimento nacional. Será O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) o fim da guerra fiscal. – Obrigado, Deputado Renato Casagrande. Não quero estender-me. Hoje tentei calcular as Concedo a palavra ao Deputado Luiz Carlos alíquotas de propriedade, renda, consumo, separando Hauly, autor do requerimento. Fundo de Garantia e o PIS/PASEP. Mais ou menos 1% O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. da arrecadação brasileira do PIB vem de proprieda- Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, ilustre Prof. Dr. de. São eles: IPTU, ITR, Imposto sobre Transmissão Ives Granda Martins, V.Sa. expõe o pensamento tribu- Causa Mortis e Doação, Imposto de Transmissão Inter tário necessário a esta Comissão. Vivos e IPVA. Oito por cento do PIB vêm do Imposto Nossa cultura de muitos anos de debates vem ao de Renda, pessoas física e jurídica, e da Contribuição encontro do que não conseguimos manifestar ainda Social Sobre o Lucro Líquido; 25% por cento, do ICMS, nesta Casa. Trata-se de o início da discussão da re- IPI, ISS, IOF e da COFINS, importação, exportação e forma do sistema tributário ser nesta Casa, a Câmara CPMF; e 2%, de FGTS e PIS/PASEP. dos Deputados, como determina a Constituição, e não Setenta por cento da tributação brasileira incidem na Casa Revisora, o Senado da República. Grande sobre consumo. Onera a produção, cria deficiência na equívoco seria cometido se se iniciasse por lá. Seria economia e altera preços. Imposto de Renda, 23% da também um desrespeito a esta Comissão, criada pelo arrecadação; propriedade, 2%; Fundo de Garantia e Presidente da Câmara dos Deputados, em continuida- PIS/PASEP, mais ou menos 5%, fora taxas e emolu- de à Comissão anterior. mentos cobrados pelos três níveis de Poder. Primeiro, solicito a V.Sa. que deixe a proposta ideal Hoje esta Comissão tem a incumbência de buscar e a proposta dois, alternativa escrita de V.Sa., se pos- o melhor caminho para solucionar o grande impasse do sível com detalhes – e não precisa ser agora – , para desenvolvimento brasileiro. A livre concorrência brasi- que esta Comissão tenha a referência de um sistema leira tem sido impedida pelo sistema tributário e pelas clássico fundamental para analisar o País. taxas de juros que oneram o Custo Brasil. Penso que se arrecadarmos 36%, 37%, – tenho Sr. Presidente, Deputado Mussa Demes, penso refletido sobre isso na Comissão – , temos carga de que o Dr. Ives deu uma referência a esta Comissão. 57474 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Precisamos encontrar um caminho entre o modelo eu- Fez V.Sa. a referência, com a qual concordo em ropeu e o americano. Não há escapatória. princípio, de que tributação não seria distribuição de Em relação aos países do MERCOSUL, acho que renda. É verdade. Tributação, quando muito, é forma- o futuro da ALCA é ser uma espécie de União Euro- ção de receita. Na verdade, o Estado – e aí vem uma péia. Quanto à comercialização, teremos de deixar os discordância salutar – não é alguém que não saiba acordos bilaterais e partir para os multilaterais, cada distribuir renda. Não, o Estado distribui renda muito vez mais amplos e mais utilizados em todo o mundo. bem para poucos segmentos e muito mal para a maio- Dr. Ives Gandra, meu objetivo nesta intervenção é ria da sociedade. deixar explícito o modelo ideal. Vamos apostar no ideal, Na última terça-feira, ouvimos aqui o Presidente para ver se com o novo Governo, com a mudança de do Banco Central, que se referiu ao cumprimento da paradigma político, haverá mudança no paradigma do Lei de Responsabilidade Fiscal. S.Exa. nos apresentou desenvolvimento econômico e social deste País. Até um conjunto de lâminas, onde demonstrou a evolução agora só houve mudança de paradigma político; não na década de 90, sobretudo nos últimos anos, do sig- houve nenhuma mudança de paradigma econômico. nificado da dívida líquida do setor público em relação Se se acertarem as reformas tributária, previdenciá- ao PIB e de todos os encargos produzidos pelas me- ria e trabalhista, a relação sociedade/Governo, vamos didas macroeconômicas. Na sexta-feira anterior, num crescer muito, de 4 a 5% ao ano. debate na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, Outro dia, um apresentador – não sei qual a no Recife, ouvimos de um representante desse gru- emissora – fez uma ironia quando eu disse que o Bra- po a preocupação extrema com o aumento da carga sil poderia crescer mais de 5% ao ano. Poderá, sim. tributária. Ele demonstrou essa preocupação numa Tem todas as condições porque o nó está no sistema transparência que ocupou quase todo o auditório. Por tributário e nos juros cobrados no País. isso a chamei de o salto do canguru. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Na última década, a carga tributária em relação – Obrigado, Deputado Luiz Carlos Hauly. ao PIB foi expressiva. Contudo, tal aumento não redun- Concedo a palavra ao Deputado Paulo Rubem dou em maior oferta de crédito, em maior financiamen- Santiago. to de investimentos sociais, nem na recuperação da O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO capacidade da União no tocante ao desenvolvimento – Sr. Presidente, prezado Relator, prezado Dr. Ives regional; redundou, sim, em financiar diversos encar- Gandra, expresso minha satisfação em poder ouvi-lo gos alheios a esses três itens aos quais me referi. aqui. Há algum tempo sou observador pendular de suas Peço a V.Sa. que comente a respeito do aumento da opiniões e contribuições, ora concordando plenamente, carga tributária. ora mantendo-me em dúvida, ora discordando demo- Além disso, V.Sa. fez referência a que a reforma craticamente, mas sempre com a intenção de ouvi-lo tributária deveria ser precedida de uma reforma admi- a cada momento. nistrativa. Não sei se V.Sa. se referiu à administração Vou ser muito breve. Gostei muito da referência stricto sensu ou a uma provável revisão das competên- que V.Sa. fez aos mitos. Geralmente os mitos repre- cias constitucionais do Estado, que talvez não possa sentam a voz do mais forte ou a hegemonia de deter- ser definida em um ano. Então, deveríamos partir para minados interesses, chegando em alguns momentos uma boa avaliação no tocante ao PPA ou aos planos a impedir o debate e a defesa de idéias que podem decenais, que poderiam sinalizar folgas de médio e ser diametralmente opostas. longo prazos para redefinição de investimentos e do Estados e Municípios perderam receita. Observou papel do Estado. V.Sa. muito bem a guerra fiscal, a não-cobrança das No fundo, temos adotado a reflexão, Dr. Ives Gan- competências tributárias. Há hoje na pauta dois reque- dra, de que não podemos pensar a reforma tributária rimentos sobre convite a Ministros do Supremo Tribunal como há séculos pensou-se que a Terra era o centro Federal para discutirmos aqui a guerra fiscal. do universo. Tenho ido a muitos debates, ouvido muitas Seria interessante também ouvir os Secretários observações importantes, mas em alguns momentos de Fazenda dos Estados e Municípios, bem como os verifico falta de visão na relação tributo/financiamento Procuradores das Fazendas Públicas. Muitos desses do Estado e outras questões, típicas da nossa história órgãos estão com suas estruturas absolutamente des- como Nação, como brutal concentração de renda, baixa montadas, e é exatamente aí que Estados e Municípios capacidade de investimento na estrutura produtiva por perdem receita. Não se trata de a União ter chegado longos e longos anos e violenta exclusão social, que antes e abocanhado tudo, mas, sim, do fato de a má- não existem de igual forma nos Estados Unidos nem quina efetivamente não funcionar. na Europa. Não tenho a convicção de alguns colegas Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57475 de que não há alternativa: ou é o modelo tributário Qual seria a primeira medida? Tentar descons- norte-americano ou é o europeu. titucionalizar o sistema tributário, o que considero um Foi na última década que floresceu não só a perigo, porque desconstitucionalização pode represen- guerra fiscal como também o abandono absoluto das tar, num determinado momento, a retirada de inúmeras políticas de desenvolvimento regional – diria que foi garantias que representam ainda balizamento numa a política fiscal de Pôncio Pilatos. O Governo Federal Federação com 5.500 entidades federativas. lavou as mãos e os Governadores gostaram, acharam Eu e o Prof. Celso Bastos comentamos a Constitui- muito melhor. O Governo Federal, ao invés de buscar ção brasileira em quinze volumes, pela Editora Saraiva. mecanismos de cooperação, investimentos e créditos, São 12 mil páginas. Reconhecemos: são os maiores promoveu o desenvolvimento regional. Ficou muito mais comentários em termos de extensão, embora superfi- fácil negociar nas Secretarias Estaduais de Fazenda e ciais, porque nossa Constituição é complexa. Entretanto, nos palácios dos próprios Governadores. como disse, reconhecemos no Volume VI, Tomo I, ser Mais uma coincidência. Na maior parte das Unida- o sistema tributário brasileiro o mais pormenorizado des da Federação, Dr. Ives, a legislação de incentivos de todos os sistemas inseridos em uma Constituição fiscais estaduais não assegura qualquer mecanismo de – e estudamos 50 Constituições; cada artigo sempre auditoria independente para que se averigúem todas traz o Direito Comparado e o Direito anterior. Apesar as intenções, número de empregos gerados, investi- disso, seria importante ter balizamentos para impedir a mentos realizados, além de todas as contradições já desfiguração do sistema, conforme os humores e as ne- muito bem expostas aqui por V.Sa. cessidades do Erário. Mesmo assim, não conseguimos. Para terminar, solicito a V.Sa. que nos exponha Houve desfigurações constitucionais de 1988 para cá. seu ponto de vista sobre a retomada do papel do Go- Se passarmos todo o sistema para a lei complementar, verno Central em relação às políticas de desenvolvi- V.Exas. podem imaginar o que acontecerá. Até mesmo mento regional, mediante compensações fiscais ou até a desfiguração da própria Federação, dependendo da à efetiva regionalização da capacidade de investimento forma como vai ser aprovada a lei complementar, com do Governo Federal. quorum menor, por exemplo, e, portanto, não exigin- Obrigado. do tanta discussão, o que me parece muito perigoso. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Prefiro um sistema tributário simplificado e posto na – Obrigado, Deputado Paulo Rubem Santiago. Constituição; não desejo transferir tal discussão para Concedo a palavra ao Sr. Ives Gandra Martins. a legislação complementar. O SR. IVES GANDRA MARTINS – Acolho todas Em relação a outros aspectos, quando se diz as considerações apresentadas. São de extrema rele- vância, como, aliás, não poderia deixar de ser. que não se vai discutir o regime de destino, o ICMS, Vou iniciar respondendo a pergunta do Deputado a sensação que tenho é de que eles também ainda Renato Casagrande. Não estou vendo, na proposta do não têm uma posição definitiva. Preferem o regime de Governo, senão uma tentativa de melhorar um siste- destino, mas não o estudaram em profundidade. Para ma que está, em parte, ultrapassado; mas não a vejo saber se funciona ou não, é preciso compará-lo com como uma reforma tributária, pelo menos a que os outros países. Como a maioria dos países não adota jornais vêm noticiando. esse regime... Outro dia – e talvez para V.Exas. essa questão (Intervenção inaudível.) não tenha grande relevância, mas foi o meu primeiro O SR. IVES GANDRA MARTINS – Se for nacional grande amor, porque tinha 7 anos de idade e já torcia fica resolvido. Vamos entrar naquele tema de campa- pelo São Paulo – , eu, na condição de Presidente do nha, imposto sobre herança, que só se justificaria se Conselho Consultivo do São Paulo Futebol Clube, jun- houvesse uma fórmula para estimular a formação de tamente com o Conselho de Cardeais de São Paulo, poupança e não, com herança, eliminar investimentos. fui ao Presidente da República emprestar apoio ao É mais um aspecto a ser examinado. Não vejo, na pro- Programa Fome Zero e oferecer o Estádio do Morumbi posta de Governo, nada que possa alterar o sistema. para realização de espetáculos a custo zero – apesar Eles pretendem melhorar o sistema, mas não refor- de S.Exa. ser corintiano e de estarmos perdendo o má-lo. Estou convencido de que eles não sabem, até campeonato. Naquela ocasião, S.Exa. nos disse que este momento, porque assumiram agora, o que seria o projeto estava praticamente pronto e que já o estava efetivamente a reforma real do sistema. ultimando. Efetivamente, sinto que se está pretenden- O segundo aspecto, em relação ao IVA, incenti- do melhorar o que aí está, mas isto não é fazer uma vo a médias e pequenas empresas, está colocado no reforma tributária. art. 179. Da forma como está redigido, foi delegada a 57476 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 cada Estado a responsabilidade de aplicar o imposto de 37%, o aspecto circulatório, que é maior, eviden- como bem entender. temente, não seria tão distorcido se a carga tributária Na prática, temos sistemas diferentes. Em alguns não fosse tão elevada. lugares, o sistema é mais complicado. Creio que esse Deputado Luiz Carlos Hauly, nos Estados Unidos aspecto poderia ser inserido no capítulo do sistema e nos países europeus, com maior tributação sobre a tributário. Está no art. 179, Da Ordem Econômica, e no renda, o que ocorre é que os níveis de deduções e de 170, como princípio geral da Ordem Econômica, mas incentivos para investimentos em projetos de desen- faltam alguns elementos fundamentais para se dizer volvimento econômico, social, cultural e esportivo são que não pode haver tratamento diferenciado, tem de de tal natureza que todos aqueles que têm bastantes ser dessa maneira, e uma maneira de privilégios, de recursos passam a receber grandes benefícios. Por preferências, porque tem de se fortalecer essa rede exemplo, as universidades americanas. Tudo que os capilar representada pelos médios, pequenos e micro- empresários investem nelas é dedutível. As universi- empresários. Nesse particular, estou plenamente de dades americanas são praticamente promovidas por acordo com V.Exa. pessoas, por entidades, por empresas. As pesquisas Em relação a incentivos, é só não se tributar a são incentivadas. Os Estados brasileiros, por exemplo, exportação, como fazem todos os países desenvol- exercem pouca função na área educacional – 70% vidos. É só inserir essa norma – um parágrafo – na das nossas universidades são privadas. E, vejam só: própria Constituição, por exemplo, no art. 150, §2º, graças a isso, embora não estejam no nível desejado, inciso X, que trata da exportação de produtos. Seria podemos dar ensino universitário a muita gente. um incentivo. Aqui, o que se procura fazer é retirar os incenti- Da mesma maneira, a Lei Complementar nº 87, vos não só de quem paga universidade privada, por- que, de forma inconstitucional, mas séria e necessária, que não pode deduzir grande parte, como daqueles trata dos produtos semi-elaborados – não há lista de que estão fazendo o que o Governo deveria fazer com semi-elaborados; portanto, são todos – , não poderia nossos tributos, e não faz. Nos Estados Unidos, as nulificar o dispositivo constitucional. Na verdade, cor- universidades recebem recursos das empresas, que rigiu-se um erro, porque nenhum país exporta tributos. deduzem, e essas universidades produzem Prêmio Podemos ter os incentivos possíveis no texto consti- Nobel, o que não é o nosso caso. E temos de fazer, tucional. Fora disso, não se deveria dar, porque, caso sim, essas comparações. contrário, se passar tudo para a lei complementar, fi- Estou convencido de que entre esse sistema, caremos sem garantias. Como nosso País vai precisar, o que eu gostaria, o sistema que seria possível, em durante muito tempo, de financiamentos, meu receio é função das nossas peculiaridades, eu preferiria ter que a lei complementar venha a ser muito mais desfi- um imposto efetivamente estadual, com uma legisla- gurada do que a Constituição foi até agora. ção federal, a um imposto qualquer, com aqueles três Deputado Luiz Carlos Hauly, também concordo mecanismos que evitariam incentivos. Isto significaria com V.Exa. Aliás, discutimos muito sua proposta, a eliminar do próprio texto constitucional, por exemplo, o PEC nº 47. Entendo que a carga tributária brasileira incentivo às pequenas e microempresas, retirar o art. sobre a circulação é maior do que a dos países de- 179, explicitar o que não está explicitado e inseri-lo no senvolvidos sobre a renda. Vejam o modelo america- capítulo do sistema tributário. no: a carga tributária é de 28%; a nossa é de 37%. Se Por outro lado, com aqueles três mecanismos, considerarmos o que hoje incide sobre nossa renda, abriríamos a possibilidade de fazer uma legislação na prática, e o que incide sobre uma renda com per- federal e de um imposto que não gerasse tantos pro- centual de 28% de carga tributária, verificaremos que blemas, sem mexer no regime de destino e de origem, não somos muito diferentes. Profundamente injusto que interessaria às duas fiscalizações, mas sem in- no sistema brasileiro é a tributação sobre quem mais centivos fiscais e com alíquotas predeterminadas. necessita. Aqui, tributamos operários, trabalhadores... Evidentemente, já estaríamos eliminando, em grande Nos Estados Unidos também não há isenção, mas parte, a guerra fiscal. todos podem deduzir praticamente tudo, o que repre- Caso contrário, é evidente que uma das alterna- senta uma isenção muito maior do que a nossa de até tivas seria os tributos seletivos, como no sistema ame- 15%. A partir de 300, quatrocentos e poucos dólares ricano. O que equivale dizer que, se não adotarmos o – 1.100 reais – , o cidadão já passa a pagar 15%. Aí sistema do IVA, o sistema do MERCOSUL, os siste- está a grande distorção. Se compararmos o nível de mas da Argentina, do Uruguai e do Paraguai, que se um país que presta serviço público, com carga tribu- adaptaram a uma eventual adesão à União Européia tária de 28%, com um que não presta serviço e carga ou ao Brasil – quando adotarmos um IVA nacional – , Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57477 é evidente que poderemos optar por um sistema em do que em outros países que não tributam a circula- que os Estados seriam compensados com impostos ção do dinheiro. seletivos, mais fáceis de fiscalizar, e introduziríamos um É muito maior do que pagariam normalmente ou- imposto que poderia ser, na ponta, estadual ou federal, tros países onde há circulação de dinheiro. Aí a dívida semelhante ao sales tax norte-americano. seria menor. O ex-Ministro Delfim Netto, em palestra Por fim, Deputado Paulo Rubem Santiago, em que fizemos juntos outro dia, brincou e provocou risos relação aos mitos. Participamos de um programa de na platéia ao dizer: “Os nossos credores internacionais televisão com o Vice-Presidente da FIESP, na terça- são uns canalhas, e o são porque querem receber feira, na Academia Internacional de Direito Econômico, o que emprestaram”. Quer canalhice maior do que e debatemos a guerra no Iraque. essa? E quer canalhice maior do que não querer voltar Há certos mitos que viram slogan, como disse a emprestar se o país não quer pagar? Na verdade, o Deputado. Por exemplo: tenho a impressão de que aqui investem os países que querem receber. Se não o nome que se deu ao ataque ao Iraque está bem sabemos como temos de receber ou resolvemos tri- correto em função de quem o fez: Choque e Pavor. O butar o dinheiro pensando que a dívida possui infinita que eles estão querendo provocar é choque e pavor, elasticidade, corremos esse risco. A essa altura, somos apesar de estarem querendo dar um tom um pouco prisioneiros da política que nos levou a essa posição. menos violento ao ataque. Essa a razão pela qual tenho a impressão de que a Criou-se um mito para os americanos de que isso confiabilidade do Governo está em como vai desarmar é bom para a humanidade e de que eles são seus guar- isso, que não pode ser nunca no desarmar o calote, diões. Para as famílias iraquianas que estão morrendo pois, ao fazê-lo, arrebenta toda a economia. Creio que no Iraque, eles são um verdadeiro desastre. Criou-se nisso o Ministro Palocci está indo bem, mas é profun- um mito nos Estados Unidos. Porém, esse mito foi des- damente injusto e poderíamos começar a pensar que, com tributação de circulação de dinheiro, que é funda- mascarado pelo próprio título que deram à operação mental para Estados, Municípios e empresários, enfim, ou pela ação de destruição denominada de Choque e para todos, pois é com isso que se alavanca a econo- Pavor. Quer dizer, os Estados Unidos provocam cho- mia, vamos manter o fato de que só ganha a União, que e pavor, segundo sua própria definição. mas todos são prejudicados, e a taxa de juros fica no Dentro desses mitos que se transformam em nível em que se encontra. E dizem que vão controlar slogans estou absolutamente convencido de que se os sonegadores através da CPMF. Não é por aí. Eles tem de equacionar o problema de guerra fiscal e de se estão querendo receita mesmo; não sei se esse é o encontrar, nas formações de receita, uma distribuição melhor caminho. Não podemos esquecer que a lei de de renda que seja mais justa e não aquela em que o sigilo bancário ainda está sendo discutida. Estado recebe, distribui para uns poucos e não distri- Em relação às competências da administração bui para os demais, os mais necessitados. pública, vou falar de duas delas. Temos de reexaminar Também quero expor, no âmbito do Direito Tri- a competência dos Estados também no âmbito da ad- butário, algo que me impressiona: por que pagamos ministração pública. Aqui temos crescido. Cada vez que tantos juros? Por culpa do Governo. E por que culpar entra uma nova administração, mantemos grande parte o Governo? Porque o Brasil tributa a circulação de di- dos servidores anteriores e contratamos novos; criam- nheiro. Quantos países conhecidos nossos tributam a se novas Secretarias de Estado e de Municípios, novos circulação de dinheiro? Brasil, Argentina e Colômbia. Ministérios. Tudo isso representa aumento de pesso- Quando se tributa a circulação de dinheiro, o que ocor- al. O acréscimo de novos sem eliminação dos antigos re? Na verdade, como o maior devedor da praça é o gera efetivamente um peso, e é a sociedade que tem Governo, ele tributa, faz caixa imediato, mas cria um de sustentá-lo, assim como as competências. spread maior. Se tem um custo do dinheiro já elevado Por exemplo, no campo universitário, a sensação a um determinado nível que não só o prejudica, mas que tenho – e sou professor universitário desde 1960; também a Estados e Municípios já tão endividados, portanto, há 43 anos – é de que poderia haver muito os investidores consideram que terão de ter rentabi- mais incentivos e utilizar muito mais as instituições pri- lidade acima daquele custo e um spread maior, por- vadas, com melhores critérios de avaliação, e não criar que o Governo pode, em determinado momento, não mais instituições universitárias, estimulá-las, mediante pagar mais. Então, a tributação sobre a circulação do critérios de eficiência, a fazer o que o Estado não tem dinheiro, imposto de renda na fonte, exclusiva – IOF dinheiro para fazer. e principalmente a CPMF – , faz com que o spread O Setor Saúde também precisa ser incentivado. que o Governo é obrigado a pagar seja muito maior Por exemplo, os hospitais. Sou irmão da Santa Casa 57478 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 de Misericórdia de São Paulo, onde atendemos mais nada mais é, em certa medida, do que a expressão da pessoas do que qualquer hospital municipal. Nossos sonegação no plano da contratação etc. prontos-socorros atuam com dificuldades e ainda te- Portanto, nessa proposta, o Governo quer levar a mos de discutir no Supremo Tribunal Federal o direito contribuição patronal para a seguridade social, transfe- de ter imunidade, quando fazemos o que o Governo rindo a base folha de pagamento para uma nova base. deveria fazer, e não faz. Falou-se em faturamento, mas agora já constatamos Portanto, deveríamos discutir as competências, que, se o fizermos, estaremos retornando à cumulativi- o que realmente seria função essencial do Estado. Es- dade. Possivelmente, a idéia era transferi-la para uma tamos com um peso enorme de servidores públicos, base que não fosse cumulativa, e aí evidentemente que têm de ter suas próprias carreiras. Os bons ser- seria o IVA. Essa é uma questão. vidores, aqueles necessários e fundamentais, estão Segundo, quero saber se nesse modelo que o ganhando pouco; e há muitos que ganham muito e lá professor preconiza as contribuições sociais, de ma- nem deveriam estar. Repito, as competências têm de neira geral, também estariam incorporadas ao IVA. Por ser examinadas. exemplo, o PIS já se transformou num imposto de valor Por fim, o financiamento de renda. À medida que adicionado e essa medida seria estendida à COFINS o Governo caiu na própria armadilha de ele mesmo num segundo momento. criar um tributo no qual toma dinheiro emprestado da V.Sa. falou da distorção da arrecadação. Creio sociedade – ele pede dinheiro e tem de devolvê-lo um que a solução seja recalibrar a alíquota, pois fizeram dia – , deixou de implantar políticas regionais. Na mi- um cálculo por cima. Então, professor, onde ficariam nha opinião, só vamos reduzir juros quando deixarmos as contribuições sociais no modelo apresentado por de tributar a circulação do dinheiro. Com juros mais V.Sa.? baixos, teremos juros menores também para empre- Outro aspecto do qual senti falta na exposição sas, que poderão investir mais e com certa política do professor, pela sua relevância e peso, foi não ter de estilo. Lembro-me do tempo do Roberto Bulhões, discutido a Previdência, sobretudo a dimensão fiscal quando criaram a CONEP, em 1964. Dava-se incentivo do problema previdenciário. O professor disse bem que a quem pagasse corretamente o Imposto de Renda. a carga tributária está relacionada ao valor de dispên- Ou seja, empresas que conseguissem não aumentar dio do Estado. Atualmente só o déficit previdenciário seus preços, para combater a inflação, tinham seu representa mais da metade das despesas primárias Imposto de Renda diminuído de 33% para 28%, e de do Governo, excluindo os juros. Assim, fica evidente a 28% para 23%. ligação íntima entre a questão fiscal e a tributária. Quer dizer, através de estímulos dessa natureza, Finalmente, professor, uma pergunta sobre o condicionados a segurar preços e combater a inflação, sistema tributário e a distribuição de renda. Creio que seriam estabelecidas políticas que levariam as em- no Brasil o quadro perverso da distribuição de renda presas a investir, gerando fatalmente mais empregos; detém múltiplos fatores ligados à nossa formação e a e, gerando mais emprego, mais tributos; e com mais um gap educacional; a meu ver, está muito ligado à tributos, carga tributária menor. qualidade do gasto público, que possui esse caráter Creio que temos de voltar a fazer isso, mas an- regressivo assinalado pelo professor, e às distorções tes o Governo terá de desmontar as armadilhas que do sistema tributário. Penso que, se aumentarmos a ele mesmo criou, o que não é tão fácil se continuarem carga do atual sistema tributário, como bem disse o com os tributos geradores dessa armadilha, como IOF, professor, não estaremos distribuindo renda, mas, se Imposto de Renda na fonte e CPMF. reformarmos o sistema, certamente poderemos buscar O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) outro, com melhores condições também no plano da – Obrigado, professor. distribuição da renda, seja na dimensão interpessoal, Com a palavra o Deputado Armando Monteiro. seja na dimensão inter-regional, que me parece tam- O SR. DEPUTADO ARMANDO MONTEIRO – bém afeta o sistema tributário. Prof. Ives, creio que algumas questões de caráter mais O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) geral já foram devidamente esclarecidas. Tenho duas – Concedo a palavra ao Deputado Romel Anízio. questões mais específicas. O SR. DEPUTADO ROMEL ANÍZIO – Sr. Pre- V.Sa. não se referiu a algo que considero extre- sidente, Deputado Mussa Demes, Sr. Relator, nobres mamente importante: a desoneração da folha, ou seja, colegas, Prof. Ives Gandra, V.Sa. nos deu uma ver- reduzir o peso da contratação formal no mundo do dadeira aula sobre Direito Tributário. Tenho acompa- trabalho. Temos um quadro trágico, o da grande infor- nhado as reformas tributárias desde a primeira, em malidade hoje existente nas relações trabalhistas, que 1993, e participado de todas as Comissões. Nossos Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57479 companheiros que o interpelaram fizeram perguntas Apenas como um reconhecimento, devo dizer altamente objetivas. Na verdade, V.Sa. disse que, sem que constam dos arts. 145 a 149 da Constituição três regular despesa, fica impraticável fazer qualquer refor- princípios gerais: o princípio das espécies tributárias, ma tributária neste País. Não se fará reforma tributária que são cinco; o princípio da capacidade contributiva e se os Estados não regularem suas despesas. o princípio da lei complementar como sistematizadora Em Minas Gerais, o Governador Aécio Neves tem do sistema tributário brasileiro. feito o dever de casa. S.Exa. assumiu o Governo com Nas espécies tributárias, o art. 149 cuida de uma 27 Secretarias; reduziu-as para 16, cortou 12 mil car- delas, as contribuições sociais, que nós, tributaristas, gos em Comissão, baixou os salários de Governador, chamamos de contribuições especiais, pois existem de Vice-Governador e dos Secretários e cortou mais as sociais de intervenção do meio econômico e a de de 2 mil telefones celulares que andavam espalhados interesse das categorias. Estou convencido de que se por aquelas Secretarias. Realmente, tem S.Exa. feito trata de matéria fundamental. o dever de casa, ao antecipar a reforma tributária que Devemos analisar o capítulo das contribuições o Governo Federal ainda está elaborando. como forma de desoneração da folha, porque hoje Professor, peço a V.Sa. que fale um pouco sobre as empresas com menor capacidade tecnológica em- o Imposto Único. pregam mais e as mais automatizadas têm pequena O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) folha de trabalho, o que vale dizer que, muitas dessas – Obrigado, Deputado Romel Anízio, que, na Legislatura empresas, não porque queiram, mas por questão de passada, foi 3º Vice-Presidente desta Comissão. sobrevivência, são obrigadas a entrar na formalida- Com a palavra o Deputado José Militão. de. O ex-Secretário Osíris Lopes de Azevedo Filho O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Sr. Pre- dizia que grande parte dos que não pagam tributos sidente, Sras. e Srs. Deputados, Prof. Ives Gandra, é são inadimplentes, não são sonegadores. Para entrar sempre uma honra tê-lo como palestrante, dando-nos, no mercado são obrigados a trabalhar dessa forma. cada vez mais, importantes ensinamentos. Não vou me No preço, eles reduzem o valor da tributação para ter alongar muito. Farei apenas algumas referências. competitividade. E a economia informal, uma economia Nossa preocupação reside no fato de que o Gover- de sonegação ou, pelo menos, de inadimplência, não no tem grande compromisso com o superávit primário, dá garantia ao trabalhador e a ninguém. Então, temos no qual evidentemente estão inseridas as receitas da excesso de leis e pouca arrecadação. COFINS e da CPMF, e delas o Governo não abre mão Estou convencido de que a solução seria tributar de jeito nenhum. Se formos fazer uma reforma tribu- no faturamento, não nele todo, mas de forma a deso- tária que modifique apenas o ICMS, transformando-o nerar em parte a folha de pagamento, pois considero em IVA, ou, pelo menos, fazendo com que a legisla- um erro passar tudo para o faturamento. ção seja federal, creio que, de fato, não faremos uma (Intervenção inaudível.) reforma tributária. Para fazê-la, teremos de incorporar O SR. IVES GANDRA MARTINS – Não, mas todos os impostos e algumas contribuições num gran- quero abordar esse aspecto. de IVA, da forma como V.Sa. expôs, fazer com que ele Então, uma parte para o faturamento e outra para seja realmente compartilhado e venha a ser, então, o se ter sempre um referencial, mantendo o art. 195 da grande tributo brasileiro. Além disso, precisaríamos Constituição com os três incisos, conforme se encon- incorporar o ISS dos Municípios. tram. Na não-cumulatividade das contribuições também No Relatório Mussa Demes, na Comissão passa- se teria de examinar, no sistema ideal, a calibragem da, incluímos o IVV. Ou seja, o Imposto sobre Vendas correta. Sem calibragem correta nas contribuições, se- a Varejo seria uma parcela do IVA destinada aos Mu- ria preferível a cumulatividade com alíquota suportável. nicípios. Àquela época, pelo menos na Prefeitura de Diz-se que a cumulatividade é ruim, mas se tivésse- Belo Horizonte, calculamos um ganho de 180 milhões mos mecanismos para anulá-la, por exemplo, com o de reais. O que V.Sa. pensa do IVV? nível de exportações já existente, poderíamos eviden- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) temente adotá-la ou, então, adotar a não-cumulativi- – Obrigado, Deputado José Militão. dade, sistema ideal para contribuições, mas não como Concedo a palavra ao Prof. Ives Gandra. se pretende passar de 3% para 7%. Por quê? Porque O SR. IVES GANDRA MARTINS – Sr. Presiden- 7% mais IPI, mais ICMS, mais CPMF, na prática, seria te, já conversei com o Deputado Armando Monteiro. mais uma forma de induzir à sonegação. Não abordei a desoneração da folha porque achei que Entendo que para uma reforma dessas teríamos essa matéria deverá ser mais discutida na Comissão de, ao adotar a não-cumulatividade, que poderia ser que trata da reforma previdenciária. adotada também como contribuição social destinada 57480 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 especificamente à Previdência, calibrar corretamente Estou convencidíssimo de que o grande avalista desde o início; caso contrário, manteríamos a infor- de Fernando Henrique para que o Brasil continuasse malidade. com credibilidade quando a Argentina perdeu a sua foi Por fim, falei dos impostos no meu sistema: um Everardo Maciel. Quando ele garantiu ao Fundo Mone- imposto sobre a renda, com fato gerador clássico; um tário Internacional que ia produzir o superávit primá- imposto de patrimônio, com fato gerador clássico; um rio, à custa de violências, ele manteve a credibilidade imposto circulatório, com fato gerador clássico; impos- e aquele financiamento dos 30 bilhões de dólares, do tos regulatórios, com fato gerador clássico; mantendo qual estamos até agora retirando parcelas. as contribuições que não poderiam ser desfiguradas. Essa qualidade é fundamental, mas para isso Há desfigurações efetivas nas contribuições. A contri- tem de haver esforço. Particularmente, tenho a sensa- buição de iluminação, da Emenda nº 39, é um arre- ção de que esse vai ser o grande drama do Governo medo de imposição tributária. Sem lei complementar, Lula, porque grande parte dos que apóiam o PT está todas as leis passam a ser inconstitucionais, porque no serviço público. Separar o joio do trigo não será fá- não tem fato gerador, não há aspectos materiais ou cil. Definir qual servidor público é absolutamente ne- espacial. Coloco uma barraquinha numa determinada cessário, que está sendo vilipendiando, porque está rua e utilizo... Outro dia, o tributarista Condorcet Re- ganhando pouco, não está ganhando de acordo com zende, sócio de Gilberto de Ulhôa Canto, um dos auto- as necessidades, e aquilo que foi incorporado, fazen- res do Código Tributário Nacional, disse que só há um do com que não haja qualidade dessas despesas. Se contribuinte certo para a contribuição de iluminação, o não tivermos qualidade do gasto público a distorção cachorro, que usa os postes. Ele disse: “Esse é o úni- continuará e qualquer reforma no sistema tributário co que conheço e que posso definir na lei. Os outros, vai ser inútil. não posso, porque não sei quem vai utilizar um carro Com uma carga tributária de 37% já estamos fora da competitividade internacional. Fazemos uma compe- que passa por lá, ou como será em outro Município, titividade às avessas, temos juros maiores aqui no Bra- como vai pagar...” Então, na prática, será necessário sil do que o produto importado; temos tributos maiores discutir e votar uma lei complementar. para produtos internos do que os produtos importados, Quer dizer, no meu sistema, as contribuições te- que ainda têm internamente tributos menores, porque riam de ter destinação específica. Agora, a qualidade não pagam a comutatividade da COFINS e da CPMF. do gasto público... Estou convencido de que isso é necessário. (Intervenção inaudível.) Deputado Romel Anízio, quando o Marcos Cin- O SR. IVES GANDRA MARTINS – Veja, Depu- tra lançou a idéia do Imposto Único, a pedido do Dr. tado, o José Pastore fez um trabalho sobre o aspecto Otavio Frias, da Folha de S Paulo, publiquei artigo di- previdenciário que talvez valesse a pena trazer. Não zendo que pela primeira vez não escrevia na Folha, sei como ele chegou aos 102%, que são a oneração mas apenas enumerava os tributos que o brasileiro é da folha de trabalho, tanto os trabalhos diretos como obrigado a suportar. Naquela ocasião, enumerei 54; os indiretos. Na verdade, na comparação que faz em o que foi surgindo de cabeça, depois se verificou que percentuais globais, o segundo nível elevado estaria temos hoje, entre todos os tributos, taxas, contribui- com 67% e aí viriam outros menores, que não saberia ções diversas, quase uma centena, mas impostos só quantificar em relação aos Estados Unidos, mas eles temos doze. estariam com uma carga tributária sobre a mão-de- A vantagem que o Marcos Cintra estava trazendo obra um pouco superior a um terço, enquanto esta- em relação ao sistema tributário era a apresentação de mos com 100%. uma proposta que tinha de ser discutida. Mas eu mos- É só pedir que o Sr. José Pastore manda um es- trava que esse imposto não poderia ser único, porque tudo muito bom sobre o assunto. não poderia eliminar os impostos regulatórios, como Continuo a dizer que a qualidade do gasto pú- de importação e exportação, determinados impostos blico é a essência do problema. Se não o equacionar- internos e outros tipos de contribuição. Em um segundo mos, estaremos falando efetivamente de perfumaria artigo, reconhecendo, ele mantinha o Imposto Único tributária. Qualquer que seja o sistema, por melhor em relação aos impostos arrecadatórios, mas admitia que seja, para gerar superávits primários, para aten- os impostos regulatórios. der à credibilidade internacional, teremos uma carga Depois ele foi melhorando, a ponto de ter adotado crescente, e cresceu todos os anos. Este ano de 2003 algo que, se os Governos conseguissem aplicar, talvez vamos ter carga tributária superior a 37%. Superávit fosse possível estudar como viabilidade interna, não primário para 4,25%... externa, que era adotar a tabela de Leontief, ganhador Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57481 do Prêmio Nobel de Economia. Tabela com a teoria de União Européia... No ano passado, em uma palestra no matriz/insumo/produto, com a qual se saberia a quanti- Congresso da OMC, na Universidade de Coimbra, eu ficação do reflexo de cada produto, de cada serviço, de dizia o seguinte: “Os senhores pensam que são uma cada operação no mercado, e isso poderia definir essa confederação de países, mas os senhores já são uma quantificação ao final para saber a oneração da CPMF federação de países. Quando se tem um Tribunal de e não permitir que o Imposto Único criasse distorções Luxemburgo, uma Comissão, um Conselho, um Tribunal e a inviabilidade de determinados sistemas. Mas não de Contas, um Banco Central e um Parlamento euro- iríamos ter um Imposto Único, teríamos um imposto peu, que nos assuntos comunitários prevalece sobre eventualmente com alíquotas diferenciadas ou com um o direito local, os senhores já são nações que abriram cálculo que tornaria o sistema complexo. mão da sua soberania para o direito comunitário”. O mais importante é que, se adotássemos o Im- E agora os europeus estão preparando o texto posto Único e houvesse a desintermediação do siste- de uma Constituição européia, o que vale dizer que ma financeiro, correríamos o risco de o País quebrar haverá as Constituições nacionais, como temos as de um dia para o outro. Constituições dos Estados, e haverá uma Constituição Na Argentina, quando chegou a 1,25% o Imposto européia. Estamos a caminho de um Estado que até do Selo, começou a funcionar o sistema tributário dos o fim desse século poderá ser um Estado universal, pacotaços. O banco fornecia uma pacotaço de pesos, porque o mundo, com toda a tecnologia, as divergên- que era colocado nos depósitos de uma agência de cias, com os Bushs da vida, evidentemente, caminha segurança e o cidadão recebia um vale. Ao comprar para isso. Podemos estar com pessoas que não per- um carro, por exemplo, pagava com o vale para não ter ceberam o encaminhamento da história. a intermediação daquele dinheiro depositado em uma O Prof. Euzebio Gonzales, apoiado pela União agência de segurança, era uma nova moeda. A Argen- Européia, tem o Projeto Alfa, em que está estudando, tina acabou eliminando a cobrança de 1,25% porque com uma equipe de tributaristas do mundo inteiro, a estava quebrando o sistema financeiro do país. E só criação de um sistema tributário universal, para, grada- introduziram o imposto na tentativa de salvar o peso, tivamente, ser aplicado no momento em que ganhar- de resolver a crise argentina temporária. mos essa universalidade comunitária. Também vivemos uma crise temporária, mas está Nessa linha, não posso entender como não par- se tornando permanente. Isso onera o sistema e não timos, de imediato, para o IVA, entregando aos Esta- teríamos um referencial comunitário. Por exemplo, se dos a cobrança. Quando discutimos a questão com o o Brasil pretende fazer um acordo definitivo de um im- Deputado Mussa Demes, apresentou-se o IVV com uma posto comunitário, como a União Européia, que tem o das soluções, porque já estava pela Constituição de IVA, não teríamos como fazer. A Argentina tem o IVA, 1988, tendo sido mais tarde dela retirado pela Emenda o Uruguai tem o IVA, o Paraguai tem o IVA e o Brasil Constitucional nº 03. Na prática, o IVV procurava dar teria que ter um IVA para que fosse o mesmo regime uma espécie de contrapartida semelhante ao que há jurídico nas negociações entre os quatro países ou no sistema americano. E nos Estados Unidos funciona outros que viessem a aderir. Com o Imposto Único, porque lá a alíquota é baixa e não há sonegação dos estaríamos fora do sistema tributário internacional. Estados. Se tivermos um IVA, reconheço que será uma O que vejo como grande mérito no trabalho do solução – adotaremos o sistema europeu ou o sistema Marcos Cintra, indiscutivelmente um economista de americano – , mas será uma solução. muito valor e uma pessoa que tem estudado e procu- Nas longas discussões que travamos em seminá- rado melhorar a proposta, é que começou, em 1990, a rios, em jantares que se prolongaram até a madrugada, discussão da reforma tributária. O ex-Deputado Rocha sobre matéria tributária, sempre defendi ter um sistema Azevedo inclusive apresentou a PEC nº 17. de Imposto sobre Valor Agregado, unindo os três. Deputado José Militão, sobre o IVV, o superávit O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) primário e o ISS, pessoalmente gostaria de ter o ISS, – Obrigado, Prof. Ives Gandra. o ICMS e o IPI em um único tributo, até para facilitar Com a palavra o Deputado Paulo Afonso. nossa integração internacional. É uma convicção que O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – Prof. Ives consta de livro que escrevi em 1977, chamado Estado Gandra, cumprimento V.Sa. pela exposição, com a qual de Direito, Direito de Estado: Acho irreversível o Estado me entusiasmei bastante. universal. Naquela época ainda era o Mercado Comum Quero fazer algumas observações. A primeira Europeu, hoje os espaços comunitários estão criando trata de discordância em relação ao seu primeiro mito: uma nova realidade. Se pegarmos o Tratado de Ma- perda da receita. Na verdade, não se fala em perda da astrich, o Tratado de Amsterdã, verificaremos que a receita, mas numa redução na participação no bolo. 57482 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Isso é verdadeiro, e V.Sa. há de concordar comigo, pela rias vezes em financiar o imposto pago – a empresa razão que V.Sa. mesmo expôs: o Governo Federal criou beneficiada nos paga e financiamos aquele valor para novas modalidades tributárias não compartilhadas. ela. Ocorre que, todos sabemos, uma vez o recurso Hoje, se olharmos o gráfico, veremos que Estados e entrando em caixa, além das vinculações constitucio- Municípios tiveram uma redução na sua participação no nais justas, como as dos Municípios, há a participa- bolo geral da receita. Isso é verdade. É claro que, com ção do Judiciário, do Tribunal de Contas, do Ministério a Constituição de 1988, houve aumento dessa receita. Público, do fundo de tecnologia, do fundo do esporte, Também com o próprio processo econômico e até com do fundo de não-sei-mais-o-quê, a tal ponto que, na a inflação, evidentemente, hoje Estados e Municípios hora de retornar na forma de financiamento, o valor arrecadam mais do que arrecadavam há algum tempo. não mais existe. É apenas uma observação muito respeitosa em rela- Não podemos ver a reforma tributária como guer- ção ao primeiro item exposto por V.Sa. ra fiscal. Guerra fiscal tem de ser resolvida por uma Pareceu-me fundamental nas suas considera- política de desenvolvimento. Estaremos incorrendo em ções a tônica da reforma. É importante que isso nos erro se centrarmos nossa visão de reforma tributária contagie. Preocupo-me – e já manifestei isso em ou- na guerra fiscal. V.Sa. centrou sua abordagem na po- tras reuniões – porque se fala em reforma, mas o que lítica de desenvolvimento, mas não deixou de falar a ocorre na verdade são apenas alguns ajustes, alguns respeito da guerra fiscal. paliativos. E V.Sa. abordou o espírito da reforma, de Chego, enfim, à pergunta propriamente dita, que uma maneira ou de outra, com esses ou aqueles tri- é muito mais de aluno, que não conseguiu anotar, ao butos, mas reforma. E até, permita-me dizer, o próprio professor, ao final da aula. Peço a V.Sa. que repita sua Governo, no que diz respeito às propostas – pelo menos proposta, por gentileza. Eu a classifiquei, nas minhas é o que se lê na imprensa – , tem uma conversa mui- anotações, como ideal. Refiro-me à que foi apresenta- to mais de ajuste do que de reforma, no que até vejo da no final. Eu anotei IVA geral e IPI, ICMS e ISS jun- um certo contra-senso, porque se fala da importância tos. Não entendi bem, mas parece-me que V.Sa. falou fundamental dessa e de outras reformas para o Brasil, em imposto patrimonial nacional e depois falou sobre mas a solução é paliativa. É mais ou menos como se, aquela que me pareceu a sua proposta do possível. diante de um paciente em estado grave, propusésse- Aliás, foram duas as sugestões apresentadas. Peço a mos fazer alguns curativos, sem indicar uma cirurgia, V.Sa. que as repita, para que eu possa anotar. Peço quando sabemos que os curativos servem apenas para desculpas, Prof. Ives Gandra, por não ter tido habili- proteger e que sem eles o paciente pode até ficar bom, dade, agilidade para fazer a anotação. mas sem a cirurgia seria mais difícil. Imagino que dentro do espírito de reforma e des- Acho que um dos erros dessa visão, que parece sa sugestão apresentada por V.Sa. poderemos come- tão intensa – e até mesmo V.Sa., ainda que tenha falado çar a trabalhar em cima desses aspectos. Acredito ter em reforma, não deixou de resvalar um pouco por esse sido uma contribuição muito importante a que tivemos assunto – , é a guerra fiscal. Em algumas matérias, esta manhã. parece que se quer fazer o ajuste no intuito de terminar O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) com a guerra fiscal. Aí reside o equívoco, pois temos – Tem a palavra o nobre Deputado Sandro Mabel. de fazer a reforma para melhorar o sistema. O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- Não se trata de defesa de Governo ou de Gover- sidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Relator, Prof. Ives nadores e Prefeitos, mas a guerra fiscal existiu ou existe Gandra, quero também falar sobre os mitos. Antes, pela absoluta ausência de políticas de desenvolvimen- quero dizer que vou mudar meu título para Santa Ca- to econômico. Essa é a grande verdade. Acredito que tarina para votar no Deputado Paulo Afonso. Vou deixar nenhum Governador ou Prefeito fica satisfeito em abrir de ser Deputado, pois com um Deputado como S.Exa. mão de receita ou tem algum interesse escuso junto às eu não preciso mais voltar para cá. empresas beneficiadas quando promovem esse tipo Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Prof. Ives de iniciativa. Ele é pressionado pela demanda da so- Gandra, esse mito da guerra fiscal é para aquele que ciedade, em determinadas regiões, em determinados a considera apenas como um lado degenerativo do Estados, pela geração de empregos, pela produção de sistema tributário, o lado que é como um câncer. riquezas e acaba abrindo mão da receita. O Brasil possui desigualdades muito grandes. Há também um ponto que talvez passe desper- Falamos em igualdade no Brasil, mas constatamos cebido de muitos. Refiro-me aos mecanismos orça- – e falamos, em determinado momento, no substitutivo mentários de fomento que acabam tendo dificuldades. adotado por esta Comissão – que é vedada a conces- Em Santa Catarina, por exemplo, pensamos por vá- são de incentivos. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57483 No art. 203, falamos que a União instituirá Pro- incentivos fiscais não irão para o bolso do empresá- grama de Renda Mínima. V.Sa. acha que há algum rio ou de quem leva o desenvolvimento para aquele pobre que precisa de renda mínima em São Paulo? Estado. Servirá de fomento para o consumo e menos Não. Mas no Centro-Oeste há um monte. No Nordes- carga tributária acabará no bolso do consumidor, por- te, mais ainda. Na região do Relator, Deputado Virgí- que aquela carga tributária não vai para o patrimônio, lio Guimarães, no Vale do Jequitinhonha, no nordeste mas para a geração de novos mercados. de Minas Gerais, vemos, à-vontade, quem precisa de Podemos minimizar a situação? Sim, mas se ti- renda mínima, assim como no Norte. rarmos esses instrumentos. A União terá de criar um Mas, Prof. Ives Gandra, se tratarmos as desigual- instrumento, aplicá-lo num primeiro momento, para ser dades com igualdade, quando eu voltar a Goiás, daqui descontado desse estadual, ver que funciona, para a uns dez anos, vou perguntar a um jovem, que até lá utilizá-lo. Senão, vamos pegar Estados, como Santa já não vai estar mais tão jovem, o que ele faz, qual a Catarina, mesmo onde há Municípios com depressão sua profissão, e ele vai dizer que é renda mínima. Vou econômica. Eles corrigem a desigualdade ali mesmo, perguntar: “Renda Mínima?” Ele responderá: “É. Uma ao conceder incentivo maior para que, naqueles Mu- vez um grupo de Deputados fez uma reforma e igualou nicípios, se instalem determinados pólos de desen- todo mundo. Eu ganho renda mínima aqui.” Não é isso volvimento. o que queremos com o Programa de Renda Mínima. A União tem de ter essa preocupação. Espero que O Deputado Paulo Afonso considerou que a guer- V.Sa. reflita sobre o assunto. Convido-o para conhe- ra fiscal começa na União. A União nunca vai passar a cer o nosso Estado e verificar como foram aplicados arrecadação para os Estados. Sabem por quê? Porque os incentivos ao longo do tempo, como conseguimos ela frauda os Estados. A União cria impostos não vin- acabar com algumas desigualdades. Se criássemos culados, contribuições e vai dando a volta nos Muni- fluxos migratórios contrários, onde levássemos o pes- cípios, nos Estados. Ela arredada para ela e não quer soal que está em São Paulo, Rio, para Goiás ou para saber dos outros. Esse negócio de todo mundo querer o Nordeste, a fim de o consumo ir para essa região, arrecadar mais do que o outro é institucionalizado. E não precisaríamos mais de incentivo fiscal. Os fluxos a União não vai concordar nunca com essa partilha: migratórios hoje diminuíram, funcionam exatamente ao “os Estados recolhem e depois nós partilhamos”. Isso contrário, porque as regiões começaram a criar uma porque ela recolhe muita coisa. estabilização. Paramos de remeter gente para pressio- Num quadro que oferecemos aos Deputados, nar bolsões de miséria nas grandes Capitais. V.Sa. vai ver que em determinado momento ela muda Professor, antes de falarmos em guerra tributá- a contribuição porque mudou a legislação e aquilo ria, criemos um mecanismo adequado. Estou neste entrou partilhado. Congresso por essa razão. A meu ver, é impossível acabarmos com as guer- Outro dia um Deputado disse que me interesso ras fiscais, que não se chamam guerras fiscais, mas no assunto porque tenho uma empresa que recebe programas de desenvolvimento para se resolver desi- incentivo. Tenho, sim, e gerei muitos empregos. Seria gualdades. Quando se vai fazer esse tipo de proposta, ótimo para a minha empresa se isso acabasse, como primeiro, a União é lenta, corrupta. É difícil resolver o está na legislação. Eu teria quinze anos de reserva problema dos incentivos nacionais. de mercado, porque eu receberia incentivos para me O Deputado Paulo Rubem Santiago disse que instalar e outros, não. Para mim, na condição de em- os Estados não fiscalizam os incentivos. Fiscalizam, presário, seria ótimo, mas, na de brasileiro, é péssimo, sim, e muito mais. V.Sa. não vê um caso de SUDAM, porque vou estar crescendo sozinho. Vai ser ótimo para SUDENE num Estado, porque o Estado vai atrás do mim, mas para a minha região, para os jovens, não, dinheiro dele. Ele fiscaliza, vê planos de incentivos, pois eles não terão condições. quer saber se gerou o número de empregos, senão Quero que V.Sa. analise essa situação. ele abaixa a sua alíquota e, de maneira geral, ele fis- V.Sa. disse que o Estado precisa ser reformado caliza, sim. Agora, a União, não. Na União, V.Sa. vê em relação às suas competências. Essa reforma te- esses escândalos nacionais. ria de ser aprovada antes da tributária. Qual atuação A guerra tributária é mito. Nem gosto de usar esse do Estado, na sua visão equivocada, mereceria essa nome, porque não acho que seja uma guerra, mas uma reforma antes da tributária? E mais, como a revisão maneira de acabar com as desigualdades. Os Estados administrativa poderia acabar com a corrupção e com aprendem a gastar menos. E é o que precisamos fazer essa elisão fiscal? O que precisaríamos fazer a título neste País. Se o Estado recolher menos, ele aprenderá de ajuda, excluindo a reforma tributária que preten- a gastar menos. Aprendendo a gastar menos, aqueles demos fazer? 57484 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Obrigado. presença de alguém que tenha uma visão diferente, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) imparcial, técnica, que, creio, encontraríamos entre – Antes de passar a palavra ao professor Ives Gandra, os Parlamentares, para que pudéssemos aferir, com para que responda os questionamentos formulados, a documentação técnica, os dois pontos de vista. Do quero tratar de dois assuntos. contrário, a Comissão será palco de visões particulari- Primeiro, a importância do exame da questão zadas, por interesses regionais, divisões, ou interesses origem/destino. Se houver concordância do grupo, re- partidários. Quer dizer, o que consagra a posição do servaremos a próxima reunião para discussão interna meu querido Ives Gandra é que ela é isenta, já que sobre o assunto. ele é um técnico. O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Ex- Sr. Relator, preocupo-me com o fato de, na próxi- celente. ma semana, ouvirmos opiniões muito pessoais, talvez O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) sem tanta profundidade. O ideal seria ouvir a opinião – É da maior importância que nos situemos em relação do professor e de alguém com opinião diferente. ao problema, até porque muitos de nós estamos em O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) conflito, após ouvir o Prof. Ives Gandra. Parece que o – Certamente, Deputado Gerson Gabrielli, no curso de próprio Relator concorda conosco. nossos debates, teremos a oportunidade de ouvir pes- Precisamos definir quem será o próximo pales- soas que, como o Deputado Sandro Mabel, defendem trante. Tenho quase quarenta pedidos, e, evidentemen- a política de incentivos fiscais. Com todo o respeito, te, não poderemos atender a todos. Para mim, seria falta um programa de desenvolvimento regional, que interessante ouvirmos o ex-Prefeito de Porto Alegre, o Governo realmente nunca se preocupou em ter. O Tarso Genro, que hoje é presidente do Conselho de único trabalho efetivamente importante que vi fazerem Desenvolvimento Econômico e Social, até porque ima- em relação a isso foi o da Zona Franca de Manaus, gino que ele possa, na condição de Presidente desse cujos resultados, por sinal, são altamente positivos. Conselho, trazer informações e subsídios que até o Creio que todos hoje pensam assim. momento aqui não chegaram. Consulto o Plenário se homologaremos o con- Parece-me que a reforma tributária, em vez de vite ao Sr Tarso Genro, para daqui a duas semanas. começar na Comissão Especial, está começando na (Pausa.) imprensa e em outros órgão da administração pública, Está aprovado o convite ao Sr. Tarso Genro para ou privada, não sei. A verdade é que seguidamente sou daqui a duas semanas. A reunião seguinte será desti- indagado sobre o que acho da proposta do Governo, e nada ao debate interno sobre a situação origem/des- não posso dar resposta, porque não recebi ainda essa tino, guerra fiscal e sonegação. proposta. Quem sabe até o Sr. Tarso Genro possa nos O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Quero dar alguns subsídios, que, pelo menos, possam servir apenas alertar que, daqui a duas semanas, teremos de balizamento para futuras audiências, se for esse o o feriado da Semana Santa. Parece que o Congres- desejo do grupo. so vai funcionar na segunda, terça e quarta-feiras de O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – (In- manhã. tervenção ininteligível.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – Então, poderíamos antecipar nossa reunião para – Deputado Virgílio Guimarães, tenho o máximo inte- terça-feira. resse nisso. Inclusive pedi que ele esteja presente na O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Mas próxima reunião, antes mesmo de ouvir o Plenário. terça-feira será o dia “quente”, parece-me que vão Porém, seu secretário me comunicou que ele não terá funcionar todas as Comissões... condições de vir na próxima semana, mas se disporá O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) a fazê-lo daqui a duas semanas. – Não, não. O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Não? Então fica assim, na próxima reunião discutiremos o Então fica o alerta. restante. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Anteciparemos a reunião de quarta para terça-feira. – É verdade. Professor, antes de passar-lhe a palavra para as O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Sr. observações finais em relação ao que expuseram os Presidente, tivemos uma opinião abalizada sobre o Deputados Sandro Mabel e Paulo Afonso, quero fazer imposto na fonte. Seria bom – claro que não vamos um comentário. Tenho falado pouco sobre o assunto, poder repetir essa dose fantástica de exposição – a até porque acho que o Presidente não deve falar muito. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57485 O Relator também ouve muito e fala pouco, mas vai que criou uma contribuição, a mais deformada que ter a oportunidade de se manifestar. conheço em conformação. Fiquei interessado na proposta de criação de um Em segundo lugar, também estou plenamente imposto da Federação, porque ao longo desses anos de acordo em que o Governo está preparando ajus- todos sempre questionamos na Casa a proposta do tes no sistema atual, mas que não pretende fazer a chamado Imposto Único, que primeiro foi trazida pelo reforma de um sistema, como aconteceu quando Gil- Deputado Flávio Rocha, do Rio Grande do Norte, depois berto de Ulhôa Canto, Rubens Gomes de Sousa, Tito teve a participação efetiva do companheiro Deputado Rezende e Carlos da Rocha Guimarães prepararam o Marcos Cintra, na Legislatura anterior, e, antes dele, anteprojeto do Código Tributário Nacional, a Emenda do Deputado Luís Roberto Ponte. Essa proposta, en- Constitucional nº 18/65, uma revolução que se aplicou, tretanto, sempre esbarrou no preceito constitucional a partir de 1967. que estabelece que os Municípios e os Estados, como Essa revisão foi tão bem-feita, começando com entes federados, têm de ter sua autonomia não apenas estudos do Código e da emenda, que o Código Tribu- administrativa, mas também financeira. tário Nacional, com 218 artigos (ainda vigentes quase Um imposto denominado Imposto da Federação todos os artigos), não teve um dispositivo considera- seria uma figura nova no conceito do tributo brasilei- do inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, o ro, porque não existe imposto da Federação, existe que demonstra o teor da qualidade do texto, o que re- imposto do Estado, imposto do Município e imposto presenta que se poderia pensar numa reforma como da União. Então, se for possível que se faça assim aconteceu na famosa reforma de 63. – imagino que seja, porque vem de uma autoridade Minha posição sobre a guerra fiscal. não apenas em Direito Tributário, mas também em Di- Fiz política de 62 a 64, quando, a pedido do Depu- reito Constitucional – , muita coisa pode mudar, porque tado Raul Pila e do Senador Mem de Sá, por eu ser uma receita não seria apenas transferida ao Estado parlamentarista desde os anos acadêmicos, concorri e ao Município, eles teriam uma participação efetiva à eleição, como candidato do partido à Presidência do na arrecadação desse tributo, sem depender dessa Diretório Metropolitano do Partido Libertador, em São transferência constitucional. Assim, poderíamos tentar Paulo. Fui eleito Presidente, contra Rodrigues Alves. moldar um sistema, na medida em que outros tributos Mas, quando veio o Ato Institucional nº 2, mandei uma poderiam continuar sendo da competência dos Muni- carta para o Senador Mem de Sá, a quem sempre cípios, Estados e União. admirei profundamente e continuo admirando, dizen- A idéia é muito interessante e despertou grande do que, a partir daquele momento em que havia sido interesse do grupo. Seria importante que V.Sa. deta- lhasse de que forma isso poderia ser feito, na medida eliminada a democracia no País e criado dois conglo- em que, como bem observou o Deputado Luiz Carlos merados, nunca mais faria política e iria me dedicar Hauly, a palestra de V.Sa. servirá, com toda certeza, exclusivamente às atividades profissionais e acadêmi- de referência para o andamento dos trabalhos. cas. Não me arrependo, porque realmente não tinha Dito isso, ouço agora o Prof. Ives Gandra a res- vocação política. peito do que disseram os dois últimos Deputados, Estou convencidíssimo de que a guerra fiscal já Sandro Mabel e Paulo Afonso, para depois passar a começa com profunda injustiça. Vejo empresas que sus- palavra ao Relator, Deputado Virgílio Guimarães, para tentam os governos. Aquelas que passam a ser mais suas considerações. oneradas continuam a pagar tributos para que outras O SR. IVES GANDRA MARTINS – Sr. Presidente, empresas mais fortes economicamente venham para inicialmente, quero dizer que às vezes falo pensando esse Estado, para esse Município gozar de incentivos que estou sendo claro, mas não estou. Disse que a só possíveis aos bons contribuintes que criaram o de- União ganhou mais, mas os Estados também ganha- senvolvimento na região. ram. Os únicos que perderam foram os contribuintes, Tenho visto casos de injustiça. Empresas às ve- pois a carga subiu de 26% para 36%. zes ficam inadimplentes, apesar de terem 70, 80, 90 Em primeiro lugar, em relação ao bolo, não tenho anos, porque têm de continuar pagando tributos. E dúvida alguma, porque a União criou esses tributos que empresas multinacionais poderosas, que viriam para não são repassados. Desfigurados do ponto de vista o Brasil de qualquer forma, mesmo que os Estados de conceituação dos tributos considerados no mundo não se digladiassem, gozam de incentivos. O princí- inteiro, foram trabalhados pela doutrina e pela prática pio da isonomia é implodido. O contribuinte sustenta e efetivamente trouxeram o que chamo de sistema os incentivos fiscais nesses Estados e Municípios, a tributário desfigurado, até a Emenda nº 39, a última título de geração de emprego. 57486 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Estou convencido de que não há uma política de Paulo, sem que o Estado tenha direito à receita. Dizem quantificar, como foi levantado aqui. Será que aqueles que não há miseráveis em São Paulo. Infelizmente há empregos realmente foram criados por meio de incenti- muitos, há até demais, o que é muito triste. vos? Creio que, de início, isso fere o princípio de isono- Deputado Sandro Mabel, é evidente que todos es- mia daqueles contribuintes que continuam sustentando tamos querendo o desenvolvimento do País. E quando o Estado e o Município e que não gozam de qualquer discutimos um sistema tributário, não é para veleidade incentivo. Agora, as multinacionais poderosas gozam acadêmica. Fico satisfeito de ver o sistema que sem- de incentivos, apesar de terem recursos maiores. pre discuti em classe ser discutido por todos. Tudo o Estou convencido também de que poderemos queremos – e vou dizer sinceramente, Deputado, sou adotar sistema semelhante ao da Alemanha. Lá, os um homem de 68 anos que poderia tranqüilamente Estados menos desenvolvidos têm retorno do próprio estar descansando, porque quase todos os meus co- sistema para esses Estados, se não chegam ao pa- legas de classe já estão aposentados, mas minha in- tamar ideal. É um sistema um pouco mais complexo, tenção é contribuir – é um sistema tributário eficiente, mas funciona num sistema de arrecadação fácil e de que possa gerar desenvolvimento regional, emprego, redistribuição, sendo que os Estados mais poderosos uma forma de controlar e não apenas dizer que, para terminam passando de determinado nível. Teria de se se governar bem durante quatro anos, tem de se fazer estudar para ver se seria viável no Brasil não a guerra um ajuste aqui, outro lá e dessa maneira continuar com fiscal entre os Estados, mas essas políticas de desen- um sistema amorfo, mas que vai dar a impressão de volvimento regional que seriam fundamentais. um governo razoável. Valeria a pena trazer, por exemplo, um especia- Se queremos fazer uma reforma, porque não pen- lista do Direito Tributário alemão, para mostrar como sar numa reforma em profundidade? E, nesse particular, esse sistema funciona bem. Inclusive foi o que permitiu não vejo diferença, Deputado Paulo Afonso, Deputado a integração da Alemanha Oriental à Alemanha Oci- Sandro Mabel, no que V.Exas. dizem. Talvez tenhamos dental. Aquela situação provocou um descompasso que encontrar o caminho correto. Quem sabe o sistema imediato. Se não fosse o sistema de incentivos esta- alemão, que cria políticas regionais. duais, a partir de uma redistribuição federal, porque a Estou convencido de que a política de guerra fis- Alemanha é uma federação, aquela integração seria cal municipal e estadual é uma solução profundamen- muito mais difícil. te injusta para os contribuintes que pagam impostos Deputado Sandro Mabel, quantos habitantes tem e geram desenvolvimento naquelas regiões durante a cidade de Goiânia? anos. Eles pagam aquilo que os poderosos não preci- O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Um mi- sam pagar. Por que as multinacionais poderosas vêm lhão e duzentos. investir aqui? Porque elas sabem que há disputa. En- O SR. IVES GANDRA MARTINS – Um milhão e tão, eles fazem um leilão entre os Estados. Aquele que duzentos. A cidade de São Paulo tem 1 milhão e 500 oferecer melhores condições será o escolhido. Isso favelados. O número de miseráveis de São Paulo é é ruim. Na prática, estou convencido de que muitos maior do que a população de Goiânia. O que acontece desses empreendimentos viriam necessariamente com essa população? De todos os tributos federais ar- para o Brasil, pois aqui há potencialidade de mercado. recadados na cidade de São Paulo, o Estado fica com A OMC diz que há quatro países emergentes, que o 1%. O restante é distribuído para o Fundo de Partici- mundo não pode desconsiderar: China, Índia, Rússia pação dos Municípios etc. A cidade de São Paulo, com e Brasil. A Argentina entrou em crise e foi abandonada. maior número de habitantes que Portugal, tem uma O Brasil não poderia, porque teria reflexos mundiais. população de favelados maior do que a população da Por que não utilizarmos mais o nosso poder, e não o sua cidade, Goiânia. esfrangalharmos dessa forma? Cada Estado faz com O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Temos que sejamos mais reféns dos investimentos do que que ver quantas pessoas... donos deles. O SR. IVES GANDRA MARTINS – Não estou Agora, estou absolutamente convencido de que dizendo que não seja justo. há necessidade de políticas regionais. Teríamos que O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Esses pensar numa reforma tributária para valer, como pro- favelados não são paulistanos, são goianos, nordes- duzir essas políticas regionais de desenvolvimento. tinos... O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) O SR. IVES GANDRA MARTINS – Esse é outro – Vamos nos ater ao Regimento, que permite a réplica dado que decorre dessa política. São baianos, pernam- pelo prazo de um minuto para cada Parlamentar e a bucanos etc., mas têm que ser sustentados por São tréplica, a seguir, para o Prof. Ives Gandra. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57487 Com a palavra o Deputado Paulo Afonso. para a Bahia, que deu 1 bilhão para ela. Isso é errado. O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – Creio que Eu não daria, seria contra. Professor, esses mitos são estamos dizendo a mesma coisa. Não defendo a guerra clássicos que existiriam na guerra fiscal em detrimento fiscal, explico por que ela ocorre. A reforma tributária de dezenas de milhares de pequenas empresas que não pode ser um castigo para aqueles que praticam a se instalaram e criaram aquela população vinda do guerra fiscal. Diz a imprensa que a reforma seria tirar Centro-Oeste e do Nordeste que está lá em São Paulo, dos Estados a competência do ICMS, como punição muitos deles ou a maioria sendo os favelados de São pela guerra fiscal. Se caminharmos nesse ritmo, não Paulo. Os favelados da São Paulo não são paulistanos. vamos fazer a reforma. Se se fizer um censo, V.Sa. verá que a grande maioria Estou aqui defendendo a reforma, como também é proveniente de outros Estados. entendo que, se não tivermos a política de desenvolvi- Queremos segurar o nosso povo na nossa região. mento, mesmo que não haja a competência legislativa Por isso, precisamos corrigir as desigualdades. Não ou administrativa dos Estados ou mesmo dos Municí- podemos entender uma reforma tributária, sem dizer: pios, as regiões deprimidas vão arranjar um mecanis- “Vamos cuidar, não vamos punir”. Vamos dar condi- mo lateral de oferecer alguma coisa. ções para esse pessoal continuar sobrevivendo; não Quando V.Sa falou, por exemplo, nas multinacio- fazer com que o pessoal vá mais para lá, mas dando nais – e vivemos isso justo naquela época – , é claro esperança para esses Estados e, ao mesmo tempo, que elas viriam de qualquer maneira, mas viriam para corrigindo as desigualdades. Aí, sim, Professor, vamos regiões específicas onde já exista cultura, mão-de-obra criar um país em que daqui a alguns séculos talvez qualificada, mercado. E o que se fez? Por que uma foi tenhamos uma Federação mais igualitária. para o Rio Grande do Sul e outra, para a Bahia? Porque O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) alguma vantagem teve que se oferecer. Como o Go- – Com a palavra o Deputado Carlito Merss. verno Federal não tinha um direcionamento para dizer: O SR. DEPUTADO CARLITO MERSS – Prof. “Vou levar vocês para lá, por meio desse mecanismo, Ives Gandra, fazia tempo que eu não lia os seus ar- porque preciso incentivar o Estado de Goiás, o oeste tigos. Havia acompanhado um projeto do Senador de Santa Catarina ou o sul de Minas Gerais”. Não, fi- Jorge Bornhausen, citado por V.Sa. no início da fala, caram todos correndo atrás, e ai daquele governante sobre o Código de Contribuintes. É um projeto com- que não corresse atrás. Esse era outro ponto. plicadíssimo, na forma como ele praticamente reduz Vimos inclusive o desgaste do Governador Olívio a fiscalização no Estado. Dutra, quando quis questionar essa situação. Eu tam- Estou feliz de ouvi-lo falar sobre a guerra fiscal, bém vivi esse problema. Quando via os pedidos, fica- ou sei lá o que seja, mas que deixou muito Governador va estarrecido, mas ai de mim se dissesse que íamos angustiado. Eu era Deputado Estadual e lembro-me pensar. Chegavam a pedir celular e automóvel. Como do que o ex-Governador Paulo Afonso passou, por- explicar isso? Dizendo: “Não, eu não vou fazer força que teve a coragem de dizer: “Isso não é possível!” Ele para que venha a multinacional?” A própria população pagou um preço por esse ato, como também o nosso não entenderia isso. ex-Governador Olívio, porque depois aprovamos aqui Então, não podemos encaminhar a reforma, como 1 bilhão de incentivos pela União para que a empresa às vezes vejo na imprensa, só para evitar a guerra fis- se instalasse lá. cal, mas, sim, fazer a cirurgia que o paciente precisa. Fizemos um levantamento em Curitiba e lá, hoje, Esta é a minha proposta, a minha idéia. as fábricas estão fechando. Quase destruíram o Estado O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) do Paraná, e as fábricas estão indo embora, porque – Com a palavra o Deputado Sandro Mabel. não tem mercado e por outros motivos. O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Profes- A meu ver, o desenvolvimento regional é funda- sor, concordo com V.Sa. e com o Deputado Paulo Afon- mental. so. Não somos contra a reforma, somos contra essa Muito obrigado. punição. Simplesmente, se examinarmos o texto das O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) reformas, veremos que elas acabam com isso, mas – Concedo a palavra ao Sr. Ives Gandra Martins. não criam um mecanismo. Então, esse mecanismo O SR. IVES GANDRA MARTINS – Sr. Presidente, não pode deixar de existir. nesse caso, vejo um problema de semântica, porque Depois, quero levar V.Sa. para conhecer Goiás. todos nós queremos o desenvolvimento regional. No Lá não temos nenhum poderoso. Nossas indústrias entanto, a forma como está sendo feita é absolutamente são pequenas. Há os clássicos, os mitos da guerra fis- incorreta do ponto de vista de constitucionalidade, de cal. A Ford deixou de ir para o Rio Grande do Sul e foi desfiguração do sistema e de injustiça para os contri- 57488 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 buintes que geraram o desenvolvimento no Estado e Quando o Presidente americano invade uma na- nos Municípios que efetivamente têm a maior carga. ção – e não quero defender em nada o Presidente do Acho que valeria a pena o estudo. Vou procurar obter Iraque, Saddam Hussein, um homem sanguinário que elementos referentes ao sistema alemão, que é um tem a pior das intenções como líder – , a verdade é que sistema de redistribuição do mais poderoso para o o Direito Internacional não foi respeitado e o conceito mais fraco, sem afetar o sistema tributário e sem des- de soberania foi esfrangalhado. Participei, em 1991, de figurá-lo, e vou enviá-los a V.Exas. um seminário em Bonn, na Alemanha, onde houve uma Em relação às considerações do Deputado Mus- discussão severa. Estávamos eu, Roberto Campos e, sa Demes sobre a reforma administrativa, quero dizer à época, o Ministro das Relações Exteriores, Francis- que essa matéria é tão complexa que vou preferir co Rezek, discutindo com ecologistas e professores o deixar para discuti-la em outra oportunidade. Tenho fato de que, se o Brasil não sabe preservar a Amazô- todo um sistema, mas teria que fazer outra exposição nia, caberia à comunidade internacional preservá-la. sobre esse tema. Corremos um risco. Quanto à Deputada Vanessa Grazziotin, e levan- Então, parece-me fundamental que a Zona Franca do em consideração a proposta do Deputado Mussa seja preservada. É o único pólo realmente de desen- Demes, sou absolutamente favorável aos incentivos volvimento na região. Precisamos pôr gente lá dentro, da Zona Franca. porque os olhos do mundo estão voltados para lá. Temos hoje um problema sério no Direito Inter- Nesse particular, estou inteiramente de acordo com a nacional. O conceito de soberania não mais existe. Os proposta do Deputado Mussa Demes. Estados Unidos, mesmo contra o direito de veto e o Deixei aqui alguns trabalhos publicados referentes apoio da ONU, decidiram, por meio de um plano de- à proposta do imposto da Federação, que também é nominado Choque e Pavor, destruir o Iraque para sal- proposta da Comissão. Peço até desculpas, pois pedi à minha secretária para pegá-la e ela esqueceu de vá-lo, quando a soberania de cada país é definir seus copiar na Comissão Miguel Reale. Mandarei por fax, próprios caminhos. Em 1999, dado fornecido pelo então assim que chegar em São Paulo. Trata-se da mesma Vice-Governador, Samuel Hanan, o Chefe do Estado- proposta que está neste artigo. Maior das Forças Armadas americanas, que me deu o Na Comissão Professor Miguel Reale, tínhamos texto naquela ocasião, declarou, em Massachussetts, feito todo um projeto de reforma efetiva da Constituição que um dia os Estados Unidos – este é o meu receio de 1993. Ela era composta dos seguintes juristas: Ada – teriam de estar preparados para intervir na Amazô- Pellegrini Grinover, Américo Lacombe, Carlos Sundfeld, nia. O que vale dizer: a mais rica região do mundo em Celso Lafer, Divaldo Sampaio, Fernanda Menezes de termos de reserva de água, florestas, biodiversidade Almeida e Ieda Andrade Lima – eu fiz a parte do sis- etc. pode ser invadida em função do esfrangalhamento tema tributário e orçamento – , José Afonso da Silva, do Direito Internacional no que diz respeito ao conceito Maurício Augusto Gomes, Miguel Reale Júnior e Tércio de soberania. Ontem, foi a Iugoslávia, hoje é o Iraque Sampaio Ferraz Júnior. e, um dia, pode ser o Brasil, até porque muita gente Essa comissão de juristas de São Paulo fez uma olha para o nosso País. proposta ao Governo do mesmo Estado. Essa minha Temos na Constituição um elemento para der- proposta do imposto da federação está lá. Como eu rubar a Amazônia, ao darmos aos índios um estatuto veria esses tributos na federação? próprio dizendo que 25% da Amazônia lhes pertence. A proposta ideal está nesses textos que deixei De acordo com o art. 232, os índios são uma civilização e mais dois pequenos artigos que depois o Deputado à parte e cabe apenas à União preservá-la. Se V.Exas. Mussa Demes poderá passar para V.Exas. Eu teria o analisarem o artigo no texto constitucional, verão que Imposto de Renda, o Imposto sobre Valor Agregado é algo que impressiona. Qualquer país poderá dizer: e o Imposto Patrimonial Imobiliário. Fora isso, teria Olha, nós vamos proteger a nação indígena, porque os tributos regulatórios e o Imposto sobre Comércio a União está protegendo mal”. A redação que V.Exas. Exterior. Seriam quatro impostos. Teria contribuições deram, como Deputados, é extremamente perigosa. e essas poderiam ser variadas, mas com destinação O art. 231 diz: especifica. “São reconhecidos aos índios sua organização Poderíamos adotar contribuição para destinação social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os di- específica. Neste caso, não poderia cobrar senão para reitos originários sobre as terras que tradicionalmente aquela finalidade específica. Poderíamos adotar, por ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e exemplo, contribuições previdenciárias sobre mão-de- fazer respeitar todos os seus bens.” obra simplesmente, ou um sistema misto, isto é, sobre Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57489 mão-de-obra e faturamento, e com não-cumulativida- Uma última intervenção. Tenho a impressão de de, mas seria uma possibilidade a ser criada mediante que nunca se discutiu tanto reforma do Sistema Tri- lei complementar. butário como nesta Comissão. E não é a primeira vez Como os impostos seriam da federação, con- que aqui compareço. Compareci no primeiro mandato forme a capacidade contributiva e a vocação natural, do Presidente Fernando Henrique Cardoso, no seu se- a entidade com aquela vocação natural é que faria a gundo mandato e estou comparecendo agora. cobrança. Vamos admitir o IVA. Teria de ser pelos Esta- O que isso representa? Tenho a impressão de dos, porque quem partilharia entre União e Municípios que os senhores já adquiriram material mais do que seriam os Estados, pois eles têm máquina de fiscali- suficiente para poderem trabalhar junto ao Governo zação maior e vão poder fiscalizar melhor. numa proposta que não seja, como o senhor disse, Contribuições. A União teria que partilhar a con- um mero curativo. Estamos precisando de cirurgia e tribuição se, por destinação específica, os Estados e estão nos oferecendo mertiolate e aspirina. É isso o Municípios tivessem responsabilidade sobre ela. Ago- que efetivamente vai acontecer. ra, se a contribuição fosse destinada apenas para a Se queremos criar um país competitivo interna- União, ela não deveria ser partilhada. Por exemplo, a cionalmente, por meio inclusive de sistema tributário Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico justo, que faça com que os investimentos naturalmente para se construir estradas, se os Estados têm de cons- venham para o País, temos de ter, nos impostos circu- truí-las, tem que partilhar. latórios, um sistema que se integre ao sistema mundial, O meu sistema seria flexível nas outras espécies bem como fórmulas racionais para gerar mais emprego tributárias, mas nos impostos de destinação geral te- e desenvolvimento, não tornando mitos que já caíram ríamos os impostos da federação. Isso foi aprovado nos países desenvolvidos elementos que venham a pelo Governo do Estado de São Paulo, em 1993, na atrapalhar nosso desenvolvimento. Para isso, é funda- mental que se faça uma reforma tributária como se fez Comissão Miguel Reale e fui eu o encarregado dessa em 1965. Na época foi boa, depois é que houve uma proposta. série de situações. Ou como foi o primeiro projeto que Agora, qual a segunda alternativa que considero o Relator Mussa Demes apresentou, aquele primeiro, viável? Termos o IVA, ponto central de discussão, e antes da Comissão de Sistematização. Na minha opi- manter todo o resto da minha proposta. Mas o que não nião, foi o melhor dos projetos relativos ao sistema tri- acho viável, porque os Estados não vão abrir mão de butário; depois foi tendo uma certa desfiguração – na ter regionalizado o tributo, é ter legislação federal. ocasião, dei meu depoimento. Caso contrário, vamos O Presidente Lula conseguiu o compromisso de continuar apenas discutindo reforma tributária, e nes- os Governadores colaborarem nesse sentido, sem dar sa expressão cabe tudo: a União, Estados e Municí- pelo IVA incentivos fiscais, com alíquotas bem definidas pios querendo mais tributos e o contribuinte querendo e eventuais incentivos – por exemplo, a microempresa pagar menos, o que, vale dizer, é uma equação que – colocadas no próprio texto constitucional e em legis- nunca vai fechar. lação federalizada. Se quisermos um sistema, temos de instituciona- Agora, a Constituição poderia inserir no capítulo lizar, primeiro, as linhas básicas, quantificar e só depois do Direito Financeiro – art. 157 ao 162 – a definição de apresentar, e não dizer, como opinião pública, que, como se fazer políticas regionais com a arrecadação como todos querem isto para desonerar, o que vamos dos tributos, o que se poderia fazer como um sistema fazer é um remendo, que pode trazer mais distorções, de estímulo: os incentivos vêm em políticas regionais porque não foram quantificados todos os outros as- para os Estados mais poderosos. Assim, essas empre- pectos. Nesse particular, acho que vale a pena, como sas não irão para Estados que não se interessariam fizemos na Comissão Miguel Reale, trazer aquelas por (falha na gravação). Isso é problema que a União pessoas que a vida inteira discutiram o tema, porque terá de resolver, porque o art. 151 já impõe essas po- podem trazer sua contribuição. E os senhores já têm líticas que deixaram de ser feitas. elementos mais do que necessários nesta Comissão Portanto, não há possibilidade de que digam que para poder apresentar um projeto efetivamente con- estou querendo tirar, pela guerra fiscal, a possibilidade sistente, com apoio do Governo. E o Governo, neste de os Estados trazerem. Não quero cometer injustiça primeiro ano, terá credibilidade para fazer isto. com os que estão lá e também não quero utilizar um Estou convencido também de que, se não for feito sistema deformado. algo em maior profundidade neste ano e se se pretender Esta a proposta. Ela está em alguns textos que fazer um pequeno remendo, vamos ter mais três anos deixei com o Deputado Mussa Demes. sem nenhuma reforma tributária neste País. 57490 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Agradeço muito a atenção e paciência dos se- Ministro Ciro Gomes tem algumas idéias que consi- nhores. dero importantes para esse início de debate, que está O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) inserido, sem dúvida alguma, no seio das discussões – A Deputada Vanessa Grazziotin aqui esteve e foi a sobre a reforma tributária. Temos de ajudar, e contri- terceira a se inscrever para ouvi-lo, Professor. buir com o Governo para que se faça efetivamente a Obrigações junto a outras Comissões fizeram-na reforma tributária. voltar só no final de sua intervenção. Todavia, gosta- Agradeço a V.Exa. a benevolência, Sr. Presi- ria que o Plenário desse a oportunidade de ouvirmos dente. também a Deputada. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) A SRA. DEPUTADA VANESSA GRAZZIOTIN – V.Exa. merece mais, Deputada Vanessa Grazziotin. – Sr. Presidente, pelas informações que colhi, o Prof. Concedo a palavra ao Relator, Deputado Virgílio Ives Gandra ficou de enviar a esta Comissão uma sé- Guimarães, para suas considerações finais. rie de materiais. Fiquei curiosa quanto a alguns pontos O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. da sua intervenção inicial, particularmente no que se Presidente, agradeço ao Prof. Ives Gandra a presença. refere ao que seria necessário debater primeiro, até Tivemos oportunidade de nos reciclar, de adquirir no- anteriormente à reforma tributária, ou seja, a reforma vos conhecimentos. Vamos incorporar todos os seus administrativa. ensinamentos, todas as suas idéias. Há aqui um acer- Traçando um paralelo, os países emergentes vo de informações, que permitirão a esta Comissão têm carga tributária menor, entretanto, a população encontrar soluções. autofinancia sua própria assistência social. No Brasil, Prof. Ives Gandra, partilhamos da opinião de V.Sa. temos carga tributária maior, mas boa parte da popula- sobre essa certa voracidade tributária que o Estado ção também autofinancia sua assistência social, suas sempre demonstrou ao praticar aumentos da carga necessidades próprias, que deveriam ser financiadas tributária, mas o Brasil pode ter certeza de que desta pelo Estado. vez o problema está em boas mãos. Esta Casa, junta- Parece que já se questionou o Prof. Ives Gandra a mente com o Poder Executivo, vai se empenhar para respeito do que S.Sa. pensa da reforma administrativa, solucioná-lo da melhor maneira. que não é um debate simples, envolve a concepção de A minirreforma do ano passado mostrou ter efeitos Estado, e fui informada de que S.Sa. vai nos mandar extremamente positivos, inclusive no âmbito da arre- material mais elaborado a respeito do assunto. cadação. Tenho certeza de que isso virá pela primeira Quanto à sua explanação inicial sobre a cobran- vez. Caso se confirme que a calibragem tenha sido ça de ICMS no destino, acho ser esse um problema superior, seguramente as alíquotas serão ajustadas. sério. Esta Comissão vai trabalhar de maneira determinada Outra questão fundamental que deve nortear para fazer uma reforma que atinja os objetivos centrais nosso trabalho é a proposta – pelo menos é o que de que o Brasil precisa. está sendo divulgado pela imprensa – de cobrança ou A reforma tributária não é um poema que tem sua com destino definido agora ou de jogar essa decisão beleza por si mesmo. A beleza da reforma são seus para depois, o que significaria desconstitucionalizar o efeitos: o desenvolvimento da economia, o destrave sistema tributário, que também é um problema prelimi- e a expansão das exportações, a geração de empre- nar. Concordo com S.Sa: isso seria criar um problema go. Tenho certeza de que vamos atacar as questões maior, não para um futuro distante, mas para um futuro centrais. extremamente próximo. Da mesma forma, tenho certeza de que os pro- Eu aqui me penitencio por não ter assistido ao blemas do dispêndio do Estado serão atacados. Esta é debate todo, mas teremos outra oportunidade, porque uma determinação do Governo Lula, e por isso vamos S.Sa. já se comprometeu a ir com o Relator e o Pre- trabalhar juntos neste Parlamento. sidente ao Amazonas para realizar um grande debate Sabemos por que os recursos arrecadados tor- sobre a reforma tributária, quando se discutirá não nam-se de certa maneira esterilizados. Causa disso é apenas temas ligados à Zona Franca ou à Amazônia o pagamento de taxas de juros, o superávit primário e em si, porque o componente desenvolvimento regional o volume de inativos. Não passam por enxugamento, tem de ser forte, e nisso entram vários aspectos. Por na sua essência, no custeio. É evidente que não ad- exemplo, o Governo passado acabou com o FINOR mitimos a idéia de que um servidor deixe o casaco na e o FINAM e criou os fundos constitucionais, que não poltrona. Mas se pretendemos atingir o cerne da ques- funcionam. Vamos ter de retomar a discussão, a fim tão tributária também pelo lado do dispêndio, temos de de promover o desenvolvimento dessas regiões. O atacar os monstros centrais, que são esses três. E isso Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57491 é tarefa nossa. Se queremos resolver o problema do sos trabalhos, e sei que o fará sempre que tivermos superávit primário, temos de oferecer um Banco Cen- necessidade de sua presença aqui. tral estabilizado, uma reforma tributária concretizada Parabenizo-o, Professor, em nome da Casa, pelo e uma reforma previdenciária que dê tranqüilidade em brilhantismo de sua exposição e pela forma como se termos de futuro. Aí, sim, vamos derrubar esse primeiro conduziu ao longo dos debates, diante dos questiona- monstro. E isso o Governo Lula vai fazer com determi- mentos dos nossos companheiros. nação e com nossa ajuda. E vai derrubar as taxas de Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada juros, o que implica, evidentemente, resolver a questão a presente reunião. da formação dos juros bancários, e sobretudo desabar COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR os juros impostos pelo Governo para administração da ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM dívida interna. Isso é tarefa nossa. TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA Nesse sentido, temos de fazer a reforma tributária O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL. de olhos fixos nos grandes sorvedouros, onde estão (SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL) sendo esterilizados os imensos recursos que foram captados. Se o Brasil cresceu sua carga tributária, 52ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária cresceu também a esterilização de recursos tributá- rios, nesses três itens, que não têm reflexos imediato Ata da 6ª Reunião, Realizada em 10 de Abril na população, no contribuinte. de 2003. Tenho certeza de que esta Comissão dará res- Às dez horas e trinta e cinco minutos do dia dez de postas rápidas a essas questões centrais. A reforma abril de dois mil e três, reuniu-se a Comissão Especial será feita, independentemente da Oposição, do Gover- destinada a efetuar estudo em relação às matérias em no, deste ou daquele partido – até porque todos aqui tramitação na Casa, cujo tema abranja o Sistema Tri- pretendem ser Governo um dia. A reforma tributária butário Nacional, no Plenário 7 do Anexo II da Câmara não é para um ou outro; é para o País. E vamos fazer dos Deputados, com a presença dos Senhores Depu- isso, removendo os entraves centrais. tados Mussa Demes – Presidente; Virgílio Guimarães Aprendemos com todo esse período fantástico de – Relator; André Zacharow, Antonio Cambraia, Beto experimentação que antecedeu a Constituição de 1988, Albuquerque, Carlito Merss, Carlos Eduardo Cadoca, ocasião em que houve a tentativa de fazer a reforma Delfim Netto, Edson Duarte, Eduardo Paes, Francisco tributária, no entanto, imediatamente frustrada, pela Dornelles, Gerson Gabrielli, Jorge Bittar, José Mentor, contra-reforma concentradora que veio depois. Temos José Militão, Julio Semeghini, Luiz Bittencourt, Luiz de aprender com isso também e procurar ver o que o Carlos Hauly, Machado, Paulo Bernardo, Paulo Rubem País suporta, o que é socialmente justo, economica- Santiago, Renato Casagrande, Romel Anizio, Ronaldo mente dinâmico, politicamente viável e juridicamente Vasconcellos, Sandro Mabel, Sérgio Miranda, Walter aplicável. Para tanto, contamos com a ajuda, sempre, Feldman e Walter Pinheiro – Titulares; Anivaldo Vale, dos grandes luminares do Direito Tributário – felizmen- Arnon Bezerra, Ary Vanazzi, Eduardo Sciarra, Fernando te, os dois maiores estão aqui. Gabeira, Gervásio Silva, Gonzaga Mota, Jaime Mar- Não teria condição de aceitar essa tarefa desa- tins, João Paulo Gomes da Silva, Júlio Cesar, Paulo fiadora se aqui não estivesse meu mestre, meu amigo, Afonso, Pedro Chaves, Pedro Fernandes, Reginaldo Deputado Mussa Demes, que, com todo o acervo de Lopes, Vignatti e Wasny de Roure – Suplentes. Com- experiência que tem, sobretudo com sua bondade, seu pareceu também o Deputado Serafim Venzon, como desprendimento e a vontade de coroar sua trajetória não-membro. Deixaram de comparecer os Deputados nesse esforço, nos ajudará a fazer uma reforma tribu- Armando Monteiro, Edmar Moreira, João Leão, José tária que será motivo de orgulho para todos nós. Roberto Arruda, Lupércio Ramos, Marcelo Teixeira, Max Muito obrigado. Rosenmann, Narcio Rodrigues, Nelson Marquezelli e O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Pauderney Avelino. Havendo número regimental, o Se- – Obrigado, Deputado Virgílio Guimarães, pela gene- nhor Presidente declarou abertos os trabalhos. ATA – O rosidade de seus conceitos a meu respeito. Todavia, Deputado Eduardo Paes solicitou a dispensa da leitura conheço minhas limitações. Tenho certeza de que es- da ata da 5ª reunião, cujas cópias haviam sido distribu- tou muito longe de me incluir entre os grandes tribu- ídas antecipadamente. Em discussão e votação, a ata taristas do País. foi aprovada, sem restrições. EXPEDIENTE: O Senhor A Mesa, sensibilizada, agradece a gentileza do Presidente informou que a secretaria distribuiu cópia Prof. Ives Gandra em atender ao nosso convite. É a da relação da correspondência recebida e expedida terceira ou quarta vez que S.Sa. comparece aos nos- – Correspondências Recebidas: Ofício nº 78-L-PFL/03 57492 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 de 26/02/2003, do Deputado José Carlos Aleluia, Líder nº 04/03 de 20/03/2003 convidando o Secretário da do PFL, indicando o Deputado Gerson Gabrielli para Fazenda do Estado da Bahia, Dr. Albérico Machado ocupar o cargo de 1º Vice-Presidente desta Comissão Mascarenhas, para participar de audiência pública Especial; Ofício nº 01/03 de 26/02/20003, do Deputado nesta Comissão, no dia 27/03/2003; Ofício Pres. nº Givaldo Carimbão, Presidente da Comissão Defesa do 05/03 de 27/03/2003 convidando o Tributarista, Dr. Consumidor, Meio Ambiente e Minorias, comunicando Ives Gandra Martins, para participar de audiência pú- sua posse na Presidência da respectiva Comissão, jun- blica nesta Comissão, no dia 03/04/2003; Ofício Pres. tamente com os Deputados Nelson Bornier (1º Vice- nº 06/03 de 01/03/2003 solicitando ao Deputado João Presidente), Júlio Lopes (2º Vice-Presidente) e Luiz Paulo Cunha, Presidente da Câmara dos Deputados, Alberto (3º Vice-Presidente); Ofício nº 134/03-SGM/P providências no sentido de dispensar, a pedido, o Se- de 13/03/2003, do Deputado João Paulo Cunha, Pre- nhor Valmir Francisco dos Santos, Assessor Técnico, sidente da Câmara dos Deputados, encaminhando CNE 12, ponto nº 113593, do cargo que exerce nesta pronunciamento do Sr. Deputado Fernando Gabeira, Comissão, a partir de 01/02/2003; Ofício Pres. nº 07/03 no qual ele manifesta sua preocupação com a har- de 01/04/2003 solicitando ao Deputado João Paulo monização dos trabalhos desta Comissão, e propõe Cunha, Presidente da Câmara dos Deputados, provi- um mecanismo de articulação com a Comissão da dências no sentido de dispensar, a pedido, o Senhor Reforma Previdênciária; Ofício S/N – FENAC-DF de Gustavo Frejat, Assessor Técnico, CNE 12, ponto nº 11/03/2003, do Presidente da FENAC – Federação 113228, do cargo que exerce nesta Comissão, a partir Nacional de Cultura, Sr. Walter de Andrade, colocando desta data; Ofício Pres. nº 08/03 de 02/04/2003 solici- a respectiva federação à disposição no intuito de co- tando ao Consultor-Chefe de Orçamento e Fiscalização laborar nos trabalhos desta Comissão; Ofício nº 30/03 Financeira, Sr. Eugênio Greggianin, designação do Dr. de 25/03/2003, do Deputado João Caldas, 4º Suplen- José Fernando Cosentino, Consultor de Orçamento, te da Mesa, cumprimentando o Deputado Mussa De- para prestar assessoramento ao Relator desta Comis- mes pela eleição para a Presidência desta Comissão, são. ORDEM DO DIA: Debate sobre o Sistema “Ori- estendendo congratulações aos demais integrantes, gem-Destino”, Guerra Fiscal e Sonegação. O Senhor bem como destacando a importância dos trabalhos Presidente, Deputado Mussa Demes, após consultar da Comissão; Ofício GP-O/492/03 de 17/03/2003, do a Comissão, informou que a reunião com o Dr. Tarso Deputado João Paulo Cunha, Presidente da Câmara Genro, Secretário Especial do Conselho de Desenvol- dos Deputados, encaminhando sugestão oferecida vimento Econômico e Social, seria realizada no dia 15 pelo Deputado Jorge Boeira(PT-SC), de realização de de abril. Em seguida, teceu esclarecimentos quanto à seminário sobre as reformas previdenciária, tributária ordem dos trabalhos e passou a palavra, segundo a e trabalhista com a participação dos presidentes de lista de inscrição, aos Senhores Deputados: Renato Assembléias Legislativas, visando “integração entre o Casagrande, Eduardo Paes, Antonio Cambraia, Was- Legislativo Federal e os Legislativos Estaduais, visto ny de Roure, Paulo Rubens Santiago, Walter Feldman, que as decisões, na esfera federal, vão repercutir no Sandro Mabel, Gerson Gabrielli, Luiz Carlos Hauly, âmbito estadual”; Ofício nº 19/03 de 03/04/2003, do Fernando Gabeira, Paulo Afonso e Gonzaga Mota. O Diretor da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Deputado Paulo Rubens Santiago justificou, em seu Financeira, Sr. Eugênio Greggianin, indicando o fun- pronunciamento, a importância do Colegiado ter conhe- cionário José Cosentino Tavares, ponto 6.156, para cimento do montante da renúncia fiscal dos Governos prestar consultoria técnica ao Ralator. Correspondên- Estaduais. O Senhor Presidente acatou a sugestão e cias Expedidas – Ofício Pres. nº 01/03 de 26/02/2003 determinou à secretaria que oficializasse a solicitação solicitando ao Deputado João Paulo Cunha, Presidente aos Presidentes das Assembléias Estaduais. Às doze da Câmara dos Deputados, espaço físico específico horas e quarenta e seis minutos, o Deputado Walter e estrutura de assessoramento adequada para reali- Feldman assumiu a Presidência da Comissão. O Se- zação plena das tarefas da Comissão; Ofício Pres. nº nhor Relator falou da metodologia a ser adotada nos 02/03 de 11/03/2003, ao Diretor da Consultoria Legis- trabalhos da Relatoria, comunicando que havia con- lativa, Dr. Ricardo José Pereira Rodrigues, solicitando vidado o Deputado José Mentor para ocupar o cargo assessoria e consultoria técnica especializada para a de Relator Adjunto. Com a palavra ainda, o Deputado Presidência e Relatoria desta Comissão; Ofício Pres. Virgílio Guimarães, Relator, deu ciência ao Plenário do nº 03/03 de 13/03/2003 convidando o Presidente da calendário de visitas aos Estados e, após, discorreu ABM-Associação Brasileira de Municípios, Dr. José acerca do tema em tela. Nada mais havendo a tratar, do Carmo Garcia, para participar de audiência públi- o Senhor Presidente, Deputado Walter Feldman, en- ca nesta Comissão, no dia 20/03/2003; Ofício Pres. cerrou a reunião às treze horas e vinte e quatro minu- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57493 tos, antes convocando outra para terça-feira, dia 15 de de certa forma, não realizar a reforma tributária que abril. A presente reunião foi gravada e suas notas ta- todos nós desejamos. quigráficas, após decodificadas farão parte integrante Mas o mais importante, neste momento, é que desta Ata. E, para constar, eu, Angélica Maria Landim o Presidente, o Relator e os membros da Comissão Fialho Aguiar, Secretária, lavrei a presente Ata, que definam uma pauta de discussões internas. Peço des- depois de lida e aprovada, será assinada pelo Senhor culpas se estiver dizendo algo errado por falta de in- Presidente e irá à publicação. formação. Na última reunião não pude estar presente O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) porque houve uma reunião do meu partido. Também – Declaro abertos os trabalhos desta Comissão Es- não participei de toda a reunião antecedente; então, pecial que realiza estudos sobre o Sistema Tributá- talvez me falte informação. Mas acho que seria interes- rio Nacional. Tendo havido a distribuição antecipada sante o Relator e dois ou três Deputados definirem a de cópias da ata da 5ª reunião a todos os membros agenda de discussão interna. Esse, para mim, repito, presentes, indago ao Plenário se há necessidade de é o ponto mais importante. leitura. (Pausa.) Estou resistindo, mas também há a questão da O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Solicito tributação da renda. dispensa da leitura da ata, Sr. Presidente. Dividir os diversos temas relevantes e mais polê- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) micos, para que possamos fazer pelo menos mais duas – O Deputado Eduardo Paes solicita a dispensa. Al- ou três reuniões e buscar atingir o consenso, parece- guém mais quer manifestar-se? (Pausa.) me muito mais importante do que realizar audiências Fica dispensada a leitura da ata, a pedido do públicas, do que ouvir esse ou aquele autor, apesar Deputado Eduardo Paes. de achar que isso também é relevante. Em discussão a ata. (Pausa.) Sobre estas discussões internas, quero lembrar Não havendo quem queira discuti-la, em vota- que na Comissão anterior promovíamos cafés da ma- ção. nhã na Fundação Getúlio Vargas, que serviam bem para Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam que a Comissão chegasse a um discurso único, a uma como estão. (Pausa.) espécie de consenso, o que é fundamental. Aprovada. Portanto, proponho definirmos a agenda ainda A Presidência já distribuiu cópias do expediente para este mês de abril, com mais duas ou três discus- recebido e expedido. sões internas, para tratarmos de temas que podem ser Esta reunião foi convocada para iniciarmos o de- polêmicos, como a questão de origem e destino. bate acerca do sistema origem/destino, e, em conse- Estou inscrito para falar; quando V.Exa. me cha- qüência, das formas de sonegação que esse tipo de mar tecerei meus comentários acerca da questão de sistema provavelmente impediria que acontecessem. origem e destino. Antes de iniciarmos o debate, porém, quero apre- Muito obrigado, Sr. Presidente. sentar duas sugestões ao grupo. A primeira é sobre O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) a forma de fazermos os debates. Proponho que cada – Muito bem, Deputado Eduardo Paes. Ouviremos daqui Deputado disponha inicialmente de 5 minutos para a pouco o Relator a respeito da sua sugestão. Talvez manifestar sua opinião, a fim de podermos ouvir todos ele já tenha formado uma opinião a esse respeito. De- os interessados em discutir essa matéria. Se todos vemos aprofundar os debates nas próximas reuniões, concordarem, poderemos então, ao iniciarmos os de- e é ele quem nos apontará o momento oportuno. bates, estabelecer esse prazo. Antes, todavia, gostaria de ouvi-los a respeito da Ouço o Deputado Eduardo Paes. nossa próxima reunião. Na oportunidade em que de- O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Sr. Pre- cidimos que o próximo convidado a ser ouvido seria sidente, quero só tecer algumas considerações. Antes o Presidente do Conselho de Desenvolvimento Eco- de iniciar o debate, quero saudar a iniciativa de fazer- nômico e Social, o ex-Prefeito Tarso Genro, não nos mos uma reunião para debate interno da Comissão, lembramos, infelizmente, de que não vai ser possível para tratar, na minha opinião, do tema mais polêmico, ouvi-lo na quinta-feira, porque não haverá Ordem do Dia mais relevante desta discussão em torno da reforma na Casa, e obviamente os Deputados estarão em seus tributária, que vai exigir, vai demandar a mobilização Estados para comemorar a Semana Santa. O Secretá- dos Deputados no sentido de atingirmos um consenso. rio do Dr. Tarso Genro disse-nos que, se a Comissão Se não for desta forma, teremos muita dificuldade de desejar, S.Exa. poderá vir na terça-feira de manhã. O avançar nesse tema. E avançar nesse tema, mesmo Diretor-Geral da Mesa, Dr. Mozart Viana, informou-nos que seja para um longo período de transição, significa, que haverá sessões deliberativas na segunda, na terça 57494 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 e na quarta-feira. Também fui informado pela Secretária poderíamos realizar a reunião com o Sr. Tarso Genro desta Comissão, a Sra. Angélica, de que as Comissões às 13h30. Os Deputados estão de acordo? do Trabalho, da Reforma Política e da Previdência não Fico satisfeito ao ver que o grupo realmente tem marcaram nenhuma reunião para a próxima semana, interesse em realizar a reunião, até porque o Sr. Tarso provavelmente por temerem que o quorum seja baixo. Genro pode trazer-nos informações importantes. Talvez É possível que o mesmo aconteça nesta Comissão, o projeto já esteja bem adiantado e em condições de um quorum baixo e pouco representativo diante da im- ser enviado a esta Casa. portância de nosso palestrante. Portanto, gostaria de Concedo a palavra ao Deputado Antonio Cam- saber do grupo se deveríamos ouvir o Sr. Tarso Genro braia. na terça-feira ou na primeira reunião a ser realizada O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – Sr. na semana posterior à Semana Santa. Presidente, durante a Semana Santa os trabalhos na Tem a palavra o Deputado Wasny de Roure. Câmara dos Deputados serão diferentes. Na segunda- O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – Sr. feira haverá sessão deliberativa. Dessa maneira, seria Presidente, esta Comissão, a despeito de ainda não adequado reunirmo-nos na terça-feira pela manhã, por- termos uma proposta formal do Governo, precisa tra- que há informação de que as outras Comissões não se balhar de forma acelerada, porque há muitas oitivas, reúnem nesse dia; as Comissões Permanentes também muitas propostas a serem ouvidas. Seria interessante vão reunir-se na quarta-feira. Todos estaremos livres ouvirmos o Ministro Tarso Genro já na próxima terça- na terça-feira pela manhã para participar da audiência feira. Quanto antes agendarmos essa audiência, me- pública com o Ministro Tarso Genro. Se nos reunirmos lhores condições de estabelecer os critérios de prio- na terça-feira à tarde, deveremos encerrar cedo, devido ridade teremos. Se protelarmos para a outra semana, à Ordem do Dia, ficando prejudicada a audiência pú- naturalmente vamos acumular trabalho para o Relator, blica. Portanto, seria mais proveitoso reunirmo-nos na terça-feira pela manhã. Já que na quarta-feira haverá e menos informações teremos. E, apesar de não ter sessão deliberativa, os Deputados estarão aqui. participado do grupo que tratou da reforma tributária, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) considero relevante ouvir, em especial, o Ministro que – Vamos resolver democraticamente, por meio do está articulando o debate entre o Governo e a socie- voto, se marcamos a reunião para terça-feira às 10h dade civil organizada. Portanto, terça-feira, às 10h, ou às 14h. seria a data mais adequada, principalmente devido Concedo a palavra ao Deputado Sandro Mabel. ao horário da Ordem do Dia no plenário. O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) sidente, Sr. Relator, o calendário da Liderança indica – Algum outro Deputado deseja manifestar-se? (Pau- que segunda-feira à tarde haverá Ordem do Dia. Ou sa.) seja, na terça-feira de manhã obrigatoriamente todos A reunião não poderia ser às 14h porque teremos estaremos aqui. O melhor horário seria na terça-feira Ordem do Dia na terça-feira à tarde, segundo informou pela manhã. o Diretor-Geral da Mesa. O único horário de que real- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) mente dispomos com liberdade seria o da manhã da – Muito bem, Deputado Sandro Mabel. Vamos então próxima terça-feira. tomar os votos. Tem a palavra o Deputado Walter Feldman. (Pau- Deputado Walter Feldman. sa.) Deputado Machado. O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. Pre- Deputado Eduardo Paes. sidente, a Ordem do Dia sempre começa mais tarde. Com a palavra o Deputado Fernando Gabeira. Portanto, o horário de terça-feira às 14h é possível, uma O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Sr. vez que muitos Deputados chegam à Brasília nesse dia Presidente, abstenho-me de votar porque gostaria de um pouco mais tarde, embora na próxima semana haja conhecer o projeto que veio do Conselho e os relatos sessão com Ordem do Dia a partir de segunda-feira. sobre como foi formulado. O texto que vem de lá é De qualquer forma, não vejo prejuízo em realizarmos mais importante. Para mim, a audiência poderia ser a audiência na terça-feira à tarde, já que a Ordem do feita no final, pois ouvir o Ministro Tarso Genro agora Dia costuma começar sempre por volta das 16h, e creio não é prioritário, em relação a outras audiências. Por- que não será diferente na próxima terça. tanto, pode ser às 14h. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – A Ordem do Dia realmente começará às 13h, mas a – Registre-se a abstenção do Deputado Fernando votação só terá início mesmo entre 16h e 17h. Creio que Gabeira. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57495 Deputado Wasny de Roure. dos Fundos Constitucionais que se atenderá a todo o Deputado Renato Casagrande. Brasil? Será por meio da arrecadação dos Estados? Deputado Gerson Gabrielli. Ou da arrecadação da União? Deputado Paulo Afonso. Para abrir mão dos incentivos fiscais, é preciso Deputado Gonzaga Mota, abstenção. que haja, por parte do nosso Governo, uma proposta Deputado Antonio Cambraia, abstenção. real de desenvolvimento regional, que possa suprir, Deputado Ary Vanazzi. compensar o trabalho que é feito hoje a partir dos in- Deputado Paulo Rubem Santiago. centivos dados pelos Estados. Deputado Sandro Mabel. O outro ponto do debate é o sistema origem/des- Deputado Carlito Merss. tino. A posição que defenderei nesta Comissão é no Fica definido o convite. Encarrego-me de ligar sentido de que a situação permaneça como está. O Prof. para o secretário do Dr. Tarso Genro dizendo que a Dr. Ives Gandra, na audiência passada, fez a mesma Comissão vai ouvi-lo na terça-feira às 10h. defesa, dada a falta de experiências em outros países, Há oradores inscritos para debater o sistema ori- e a situação regional também, porque o Espírito Santo gem/destino. Concedo a palavra ao Deputado Renato será o Estado mais prejudicado no Brasil, caso haja Casagrande. a mudança da origem para o destino. Se houver essa O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE mudança, com base em dados de 1999 – não temos – Sr. Presidente, quero fazer algumas considerações, ainda os dados de 2002 – , o Espírito Santo perderá a fim de colocar o Relator a par de alguns itens, já que 26,8% do seu ICMS. Perderemos muito. E o Estado amanhã S.Exa. participará de debate promovido pela é superavitário na balança comercial. Dados de 1999 Rede Gazeta de Comunicações, no Espírito Santo, e indicam um superávit de 1 bilhão e 800 milhões de re- é importante que tenha esses conhecimentos. ais. Esse processo de mudança causará prejuízo ao Em primeiro lugar, o debate de hoje é sobre sis- Espírito Santo e também a outros Estados. tema origem/destino, guerra fiscal e sonegação. A argumentação principal provém dos Estados Entendo que a guerra fiscal entre os Estados traz que vão ganhar com a mudança. Esses Estados estão malefícios a todos. Mas, por falta de uma política de num nível de desenvolvimento mais baixo. Já o Espí- desenvolvimento regional, os Estados decidiram esta- rito Santo está crescendo. Precisa crescer mais; não belecer alguns mecanismos de desenvolvimento por tem ainda o mesmo desenvolvimento que têm o Rio meio da renúncia de tributos, o que leva a essa guerra, de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e alguns Estados essa disputa autofágica que acontece entre eles. do Sul, mas está crescendo. Não podemos abrir mão Quero dar minha opinião sobre a questão dos do processo atual. Outros Estados que não estão no incentivos fiscais. Alguns Estados desenvolveram-se mesmo nível de desenvolvimento já têm uma compen- usando esse mecanismo. Não quero cometer equívo- sação: o FPE, fundo que compensa as desigualdades cos; os Deputados desses Estados podem depois con- regionais. Na minha visão, a manutenção do atual firmar ou não, mas o Estado do Ceará, por exemplo, sistema atende melhor à questão regional. Falo em cresceu muito, desenvolveu-se usando o instrumento defesa do meu Estado. do incentivo fiscal, e o Estado da Bahia cresceu da Além disso, como disse o professor na audiência mesma forma. Meu Estado, o Espírito Santo, desen- passada, ainda não há experiência no mundo que nos volveu-se usando também alguns mecanismos de in- permita ter segurança em relação a essa nova medida. centivo fiscal. Goiás, que o Deputado Sandro Mabel É uma questão que devemos avaliar. já citou aqui, recebeu até reclamação de um Depu- Desejo fazer outra observação, Sr. Presidente, tado de Minas Gerais. Foi devido à ausência de uma para encerrar minha intervenção. Não é ponto da pau- política de desenvolvimento regional que os Estados ta, e acho que também não será ponto de discussão adotaram essa política de incentivos fiscais, muitas na reforma tributária, mas quero falar do Imposto de vezes renunciando aos impostos sobre os quais eles Renda, sobre o qual houve um debate nesta semana têm competência para legislar. na Câmara dos Deputados. O Imposto de Renda tem Na minha avaliação, temos de acabar com todos de ser alterado. Ele começa com uma alíquota muito os incentivos fiscais. Mas só poderemos fazê-lo, ten- elevada, e há poucas alíquotas – apenas três – para do em vista que os incentivos permitem que Estados abranger toda a margem de ganhos da pessoa física. menos desenvolvidos alcancem um nível maior de É um número muito pequeno de alíquotas. Esta Co- desenvolvimento, se junto com a reforma o Governo missão, mesmo que o tema não faça parte, neste mo- apresentar uma proposta de desenvolvimento regio- mento, da reforma tributária, tem de corrigir a tabela nal para o País, o que é fundamental. Será por meio do Imposto de Renda. 57496 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O DIEESE diz que hoje um casal com dois filhos imposto que onera a renda pessoal – este é um manda- precisa de aproximadamente 1.300 reais mensais para mento internacional – e na maior utilização dos impos- viver com dignidade. No entanto, sobre rendimentos a tos sobre consumo como fonte de receita do Governo partir de 1.100 reais já começam a ser cobrados 15%, e como instrumento de distribuição de renda. Essa é a na tabela de Imposto de Renda! Portanto, é preciso questão fundamental. Portanto, a tributação do consu- haver uma correção dessa tabela, o que esta Comis- mo, a discussão do sistema origem/destino é, na mi- são pode defender, assim como pode defender uma nha opinião, o ponto fundamental da reforma que nós alíquota menor para o início do desconto: em vez de discutimos hoje no nosso País. Aliás, fiz anteriormente 15%, poderia ser de 5%, por exemplo. Além disso, uma intervenção para destacar essa questão. podemos subdividir em mais níveis de descontos as Existe uma tributação do consumo que pesa mui- alíquotas do Imposto de Renda, para cometermos me- to sobre a exportação; incide sobre bens de capital, nos injustiças com os assalariados. incide sobre matéria-prima e sobre insumos utilizados Essas as observações que eu gostaria de fazer, no processo de produção. Ou seja, é uma tributação tendo a oportunidade de iniciar a discussão, para que do consumo absolutamente equivocada. possamos, entre nós, definir algumas questões im- Sr. Relator, como disse, dei uma olhada em al- portantes acerca dos encaminhamentos do Governo gumas notas que havia feito anteriormente. Considero Federal que chegarão a esta Casa. importante entendermos o porquê do nosso sistema. Muito obrigado, Sr. Presidente. Muitos dos Deputados presentes, inclusive o Presidente O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) e o nosso Relator, estavam aqui na época da Consti- – Muito obrigado, Deputado Renato Casagrande. tuinte. Lembro que ainda em 1999, ou em 2000, tive Com a palavra o Deputado Eduardo Paes. acesso a algumas análises feitas sobre os trabalhos O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Sr. Pre- da Constituinte, e encontrei uma muito interessante, sidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, busquei que citava três motivos que contribuíram para que os algumas anotações que fiz há algum tempo acerca Estados mais pobres defendessem a manutenção do dessa questão, e quero destacar a importância do ICMS na origem, o sistema atual – afora, é claro, a tema que estamos discutindo. manobra do nosso ex-candidato à Presidência José Todas as vezes em que se fala sobre reforma tri- Serra, que acabou tirando a questão do petróleo, be- butária, é óbvio que o discurso mais fácil, com o qual neficiando seu Estado e prejudicando, nesse caso, o se consegue mais facilmente dialogar com a popula- Rio de Janeiro. E mais uma vez os Parlamentares do ção, é o de que a tributação sobre a renda no Brasil Rio de Janeiro, numa atitude muito pouco bairrista, dei- é muito baixa, os países de Primeiro Mundo têm uma xaram que isso passasse. Mas, enfim, isso é passado. tributação sobre a renda muito mais alta, e portanto Foram basicamente três motivos: primeiro, o receio de temos de incentivar esse tipo de tributação. aumento da evasão fiscal, já que as administrações Eu discordo dessa postura. Desde meu primeiro tributárias estaduais, àquela época, estavam desapa- mandato, tenho tentado, de maneira muito séria, e às relhadas para exercer o efetivo controle do trânsito de vezes pouco política, contestar alguns tributos inse- mercadorias nas fronteiras; segundo, à época pensa- ridos no texto constitucional, como o Imposto sobre va-se já na incorporação do IPI ao ICMS; terceiro, os Grandes Fortunas, demostrando que são absoluta- Estados mais pobres não queriam a substituição das mente ineficazes, e só geram “desinvestimento”, fuga receitas transferidas por um aumento de competência de capitais. própria, com maior custo administrativo e político. Quanto à tributação sobre a renda, é importante Esse trabalho foi feito por um assessor da Lide- que fique muito claro que todas as vezes em que se rança do PSDB, que no Governo passado cumpriu uma fala de Imposto de Renda nós estamos falando em função importante e esteve algumas vezes na Comis- tributar ainda mais a classe média, porque o “gran- são anterior. Refiro-me a José Roberto Afonso. dão” consegue escapar da tributação sobre a renda. O Deputado Fernando Gabeira já chamava a nos- Acaba-se atingindo aquele que em geral pertence à sa atenção para o fato de que toda vez que se entra classe média brasileira, já tão sofrida. Enfim, é isso com a discussão origem/destino – o Deputado Renato que ocorre. Casagrande também deixou isso muito claro, ao intro- Desejo começar a discussão introduzindo este duzir o tema – o que se leva em consideração é a au- dado: a partir da década de 80, todas as recomenda- tonomia do Estado. Somos de uma Federação, o que ções de política tributária passaram a se concentrar pressupõe autonomia dos Estados. O pacto federativo na redução dos encargos incidentes sobre poupança dá-se basicamente por meio do sistema tributário. É e investimento, na atenuação da progressividade do impossível discutir o sistema tributário sem tratar do Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57497 pacto federativo. O Deputado Fernando Gabeira per- Hoje Deputados do Rio de Janeiro já não falam guntava: será justo o Poder Central ter autoridade e com a mesma autoridade de 20 anos atrás. O Estado competência para conceder incentivos e os Estados tem problemas gravíssimos e está empobrecido. Essa não terem? Será que isso não fere, de certa maneira, é a triste realidade. Precisamos, portanto, de uma polí- a autonomia dos entes federativos? tica de desenvolvimento regional. Mas considero equi- Essa é uma discussão que temos de levar sempre vocada a discussão de primeiro resolver a política de em consideração. Parece-me que adotando o princípio desenvolvimento regional para depois acabar com a do destino – do qual sou defensor – podemos constituir guerra fiscal. Temos de respeitar, Sr. Relator – e lem- um modelo que apresente uma alternativa superior à bro a presença do Secretário de Fazenda da Bahia, idéia de adotar-se o princípio da origem simplesmente representando os outros Secretários – o período de pelo medo ou pelo fato de se estar ferindo a autono- transição. Se ele for longo, conseguiremos superar a mia do Estado. oposição de qualquer Estado. Outro problema pouco percebido, mas que é Para concluir, quero deixar clara minha opinião: sempre levantado pelos representantes dos Estados a Comissão deve, o mais rapidamente possível, fechar mais pobres, é o fato de que o IVA, o ICMS, seja lá questão quanto à discussão. Se não definirmos o prin- o que for, esse grande tributo do consumo brasileiro cípio origem/destino, dificilmente conseguiremos pro- na origem apresenta uma transferência indevida de mover a mudança desejável, aquela que vai produzir recursos, de renda dos Estados mais pobres para os efeitos positivos para a economia, o sistema produtivo, Estados mais ricos. Tem-se a impressão de dispor do as exportações, e, conseqüentemente, trazer benefí- instrumento da guerra fiscal como forma de promover cios para a sociedade como um todo. Mais uma vez, desenvolvimento no Estado; não é verdade. O sistema faço essa defesa. que temos hoje é o de transferência indevida de renda Depois, Sr. Presidente, Sr. Relator, teremos de definir como isso fica na prática. O texto no qual nos dos Estados mais pobres para os mais ricos. Essa é baseamos continha o “sistema do barquinho”, muito a grande verdade. Não sou economista, não estudei complexo, difícil de ser entendido. Na minha opinião, economia e só li um livro de economia na vida, cujo esse texto, pela riqueza de detalhes, não deve ser título sempre esqueço, mas esse livro de introdução dispositivo constitucional. É grande o medo de que a à economia, de capa laranja, cita um princípio básico, mudança gere prejuízo para esse ou aquele Estado. que vem de desde que o mundo é mundo, desde que Não seria bom que constasse do texto constitucional se fazem trocas: não se exportam tributos. Portanto, algo que deve ser tema de legislação infraconstitucio- a única maneira – e esse é o grande pleito do setor nal. Essa deve ser a nossa discussão futura. produtivo brasileiro – de conseguirmos desonerar a Eram esses os meus comentários. produção e não exportar tributos, como se fazia nes- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) te País há algum tempo, é a implantação do princípio – Com a palavra o Deputado Antonio Cambraia. do destino. O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – Sr. A implantação do princípio de destino suscita, Presidente, Srs. Deputados, gostaria de discutir nesta nesta transição, muitas discussões. O Deputado Re- Comissão uma proposta concreta de reforma tributária nato Casagrande deixou clara a possibilidade de os do Poder Executivo, até para sabermos o que o Go- Estados concederem incentivos. Perguntei ao Deputado verno quer. Não sabemos se o tema origem/destino Fernando Gabeira o que vinha primeiro, se a galinha virá na proposta do Governo. Já ouvi o Ministro da Fa- ou o ovo. Será que vamos ter de esperar uma política zenda dizer que a questão será tratada em legislação de desenvolvimento regional para efetuar a mudança? infraconstitucional. Não seria interessante discutirmos Faremos a mudança já contando com que o Governo previamente uma questão que sequer sabemos se vai venha a ter uma política de desenvolvimento regional? constar da proposta do Governo. Esse é o grande dilema que enfrentamos. De qualquer forma, é muito salutar a discussão Confesso aos senhores que fico tentado a optar para sedimentarmos opiniões. pela segunda alternativa. É fundamental termos um O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) sistema tributário integrado ao restante do mundo. – Deputado Antonio Cambraia, não é usual a Mesa inter- Assim, vamos também privilegiar a produção e tribu- romper o orador, mas faço-o para lembrar a todos – até tar o consumo de forma correta. Por meio de correta porque há pessoas que estão aqui pela primeira vez pressão, faremos com que o Governo central adote e podem não estar suficientemente informadas – que uma política de desenvolvimento regional. Isso é ab- podemos fazer as alterações que bem entendermos. solutamente fundamental, não há dúvida. É regimental. A proposta não será necessariamente a 57498 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 do Governo. O Plenário pode introduzir qualquer tipo Desenvolvimento Industrial, que conheço muito bem, de modificação que entender necessária. pois fui Secretário de Fazenda daquele Estado. O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – Sr. Com a palavra o Deputado Wasny de Roure. Presidente, V.Exa. há de convir que não é usual dis- O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – Sr. cutirmos antecipadamente uma proposta da qual não Presidente, lamento profundamente não ter acompa- temos conhecimento. Não estou absolutamente dimi- nhado desde o início este debate. Ouvi a exposição do nuindo a posição desta Comissão. É salutar a discussão, Dr. Ives Gandra, de quem já havia lido muitos artigos. mas devemos ouvir as autoridades tributárias sobre o Confesso que fiquei um pouco decepcionado quan- assunto. Na audiência pública anterior ouvimos o tri- to à sua visão do que é um Estado de peso político. butarista Ives Gandra, que enriqueceu o debate. Segundo ele, os Estados do Rio de Janeiro e de São Fiz essa observação até para manter coerência Paulo teriam maior peso político. com a posição que tenho assumido desde a instalação Qual o objetivo e a finalidade da reforma tributá- desta Comissão. Se não considerasse importante esta ria? Ela é necessária? discussão, não estaria aqui. Aliás, sempre estive; nun- Muitos gargalos do sistema de arrecadação já fo- ca faltei a uma reunião. Quero deixar isto bem claro: ram discutidos, mas o que mais me fascina na reforma estaremos praticando justiça fiscal se a cobrança do tributária é a simplificação. Nessa perspectiva, acredito ICMS ou do IVA for no destino. O imposto será mais que a discussão do problema origem/destino deve dar- bem distribuído, mesmo porque, entre os 26 Estados, se não apenas pelo crescimento da carga tributária, os que produzem são poucos. como ocorreu no último Governo, mas pelo que o pú- Mudança repentina na cobrança do imposto po- blico contribuiu em termos tributários para o País. derá trazer perda de recursos para os Estados produto- O mercado informal no Brasil cresceu assus- res. Por isso, muitos acham que – não vou reportar-me tadoramente. A reforma tributária deve não somente ao que disse anteriormente – o IVA ou o ICMS futuro simplificar, mas incorporar uma enorme massa do deve ser objeto de legislação federal, com cobrança e mercado, não apenas do sistema produtivo, pois hoje operacionalização no âmbito da União. A União depois a grande incidência de tributos recai sobre a comercia- distribuiria os resultados desse imposto aos Estados. lização e o serviço, que estão à margem da contribui- Essa seria a forma de não apenar os Estados produ- ção tributária. Esse exército de contribuintes precisa tores. Mas, na minha opinião, a cobrança deve ser nos ser incorporado ao nosso sistema de arrecadação. A Estados de destino. simplificação não é para facilitar para o empresário, A guerra fiscal sempre existirá, independente- mas para incorporar as pessoas que estão à margem mente da legislação que será aprovada. Dizem alguns que o Ceará tem praticado a guerra fiscal, ou tem do sistema de arrecadação. concedido incentivo fiscal diretamente do imposto, O segundo aspecto que considero relevante é a mas isso é feito de forma indireta, via Orçamento, via definição no âmbito federal das alíquotas do IVA, ou Fundo de Desenvolvimento Industrial. O Estado con- mesmo do ICMS, se for esse o termo que vier a preva- cede benefícios às empresas que queiram instalar-se lecer. A partir daí teremos condição de cercear a guer- lá, e dá a elas a infra-estrutura. O Ceará há muito não ra fiscal. Estamos destruindo-nos. As empresas estão pratica a guerra fiscal no sentido pejorativo, digamos abusando do interesse público para poder gerar alguns assim, ou com incentivo fiscal diretamente do seu poucos empregos. O fenômeno da FORD deve servir ICMS, mas por outros mecanismos, e tem alcançado de exemplo para nós. Os Governos estaduais têm sido bons resultados. reféns dos interesses de grandes corporações. Há um Eram essas as minhas observações. constrangimento político, do ponto de vista da altivez e O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) da autonomia política dos Governos estaduais. – O Deputado Antonio Cambraia mencionou... O terceiro aspecto que considero relevante é a O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – Não desoneração da mão-de-obra. Nosso País tem uma me corte a palavra! dívida com a sociedade por não trabalhar a reforma O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) tributária na perspectiva concreta de viabilizar a incor- – Não lhe corto a palavra, apenas aproveito a opor- poração da mão-de-obra ao processo produtivo. Creio tunidade para situar melhor os que chegaram à Casa que esse é um dever social. O Ministro Palocci enfatizou neste ano. V.Exa. é um veterano e expôs muito bem a um ponto simples e relevante no sistema produtivo bra- situação do Ceará, que não pratica guerra fiscal preda- sileiro: a desoneração do recolhimento previdenciário, tória, até porque os incentivos lá são feitos por emprés- da folha, para o valor agregado ao faturamento. Esse timos realizados pelo Governo do Estado via Fundo de ponto, por si só, já justificaria a reforma. Ele é extre- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57499 mamente importante, porque estimula a incorporação arrecadam e como se executam os créditos tributários da mão-de-obra ao processo produtivo. da União, dos Estados e Municípios, um sistema de Por último, com relação à perda dos Estados, proteção do tributo. que alguns estão apresentando como parâmetro, se Temos observado nas normas tributárias vigen- trabalharmos a reforma tributária pensando no que tes no País, particularmente nas das duas últimas vamos perder ou ganhar estaremos estreitando muito décadas, que muitas vezes o tributo serve para tudo, a capacidade de representação desta Casa, lutando particularmente para ser desviado da sua finalidade. apenas pelas corporações e pelos nossos votos, não No caso dos impostos indiretos, a bandalheira corre pelo interesse público. Temos de ter muita precisão solta em boa parte das Unidades da Federação. Se – nesse sentido, o Governo delega-nos um importan- tivéssemos tido a oportunidade de receber de cada te papel, tanto o Estadual quanto o Federal – nas de- Secretaria da Fazenda de Estado as estimativas de cisões que tomarmos. Ouvi alguns, aqueles que, na arrecadação dos impostos, qual o montante da dívida minha opinião, consideram-se semideuses, dizerem ativa tributária e qual a capacidade do respectivo Es- aqui, na base do chute, o que vamos perder ou não. tado de arrecadar essa dívida ativa tributária, certa- Isso não pode acontecer. Temos de ter clareza quan- mente chegaríamos à conclusão de que os impostos to ao nível de perda. Se um perde, outro ganha. Isso estaduais, especialmente o ICMS, têm sido objeto de precisa ficar esclarecido, Deputado Virgílio Guimarães. um grande processo de desvio das suas verdadeiras V.Exa. será o Relator de uma matéria extremamente finalidades, do seu destino. complicada. Aí, sim, teremos coragem de criar o fun- Quando abdica da arrecadação do imposto que do de compensação da perda do sistema de arreca- deveria financiar educação e saúde, quando se arvora dação brasileira. de promotor do desenvolvimento e transfere o impos- Caso contrário, eu até concordaria: não podemos to como crédito, muitas vezes sem qualquer encargo criar condições de viabilizar parte do interesse do País financeiro, para um conjunto de empresas, o Estado prejudicando a própria Unidade da Federação. Creio está assumindo a posição de financiar o lado mais forte, não ser esse o objetivo da reforma tributária. usando para isso um imposto que sai na ponta, sai do Obrigado. consumidor final, que não tem proteção alguma, não O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) consegue fazer lobby junto às Secretarias da Fazenda – Obrigado, Deputado Wasny de Roure. e constituir uma instituição independente para fiscalizar Com a palavra o Deputado Paulo Rubem San- os programas de incentivos fiscais, até porque – que tiago. me provem o contrário – a legislação dos Estados que O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO concedem incentivos fiscais teve o cuidado de não – Sr. Presidente, Deputado Mussa Demes, Deputado inserir, em nenhum artigo, em nenhum parágrafo, o Virgílio Guimarães, colegas Deputados da Comissão princípio das auditorias independentes. Especial de Reforma Tributária, quero expressar al- Não me convence o discurso desenvolvimentis- gumas opiniões, e insistirei, logo de início, no ponto ta da guerra fiscal. Ou me apresentam os números de vista que já externei em ocasiões anteriores, qual concretos da geração de empregos, da arrecadação seja o sentimento preliminar em relação ao que cabe tributária, do desenvolvimento no espaço de cada Es- a esta Comissão, à Câmara dos Deputados, enfim, ao tado – Zona da Mata, agreste, sertão, zona rural do Congresso Nacional junto à sociedade brasileira. Rio de Janeiro, interior de São Paulo, oeste do Paraná É importante pensarmos a reforma tributária etc. – , ou então não vamos mais debater guerra fiscal como uma dimensão da reforma do Estado, porque nem reforma tributária. vamos mexer com o financiamento do próprio Estado, Portanto, nesta primeira fase, sugiro debatermos no âmbito da União, dos Estados e dos Municípios. algumas preocupações que devem entrar conjunta- Como estamos discutindo inclusive a guerra fiscal, mente com a discussão de novas normas tributárias. vamos também mexer nas funções que o Estado pode São seis pontos. Primeiro, é preciso rever o cadastro desempenhar em relação ao seu desenvolvimento. mercantil das empresas. Este País tem de acabar com Temos uma enorme responsabilidade na discussão empresa constituída para atuar na área comercial ape- das novas normas para o País. Temos de apresentar nas para acumular crédito tributário, empresa essa que ao povo, a partir da discussão da reforma tributária, desaparece depois de seis meses ou um ano. Não há uma ampla proposta de reformulação do processo de procurador de Fazenda, mestre ou doutor em Direito arrecadação e execução fiscal. Devemos construir, Tributário que consiga encontrar uma empresa des- num esforço conjunto, além de novas normas tribu- sas para entregar a notificação de um processo que tárias e desse processo de reformulação de como se está em execução fiscal. Segundo, este País precisa 57500 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 reformular seu contencioso administrativo e tributá- Federação em que a Promotoria Pública, ou a Secre- rio. Se nos dermos o trabalho de visitar os Estados, taria de Fazenda, ou o Tribunal de Contas não tenha veremos processos de quatro, cinco, seis, oito, dez iniciado processos investigatórios e encontrado ne- anos nos contenciosos administrativos tributários sem gócios escabrosos de empresas que se constituíram qualquer tipo de rendimento para arrecadação. Tercei- apressadamente, foram beneficiadas por decretos de ro, precisamos reformular a lei de execuções fiscais concessão de incentivos e sequer tinham cadastro nas e retomar o debate da legislação dos crimes fiscais e Secretarias de Fazenda. tributários. Não podemos tratar uma empresa que por Concordamos com o que disse o Deputado Re- razões econômicas retarda o recolhimento do tributo nato Casagrande. De fato, essa guerra fiscal coincidiu da mesma forma que tratamos empresas constituídas com o abandono das políticas de desenvolvimento re- com documentos ilícitos, com procedência de carga gional. Diria eu também que coincidiu com a década duvidosa, que constituem crédito tributário e que, para do esfacelamento das políticas de crédito via bancos serem fiscalizadas, fazem o Poder Público gastar uma estaduais. Aqueles que investigaram a falência de al- fábula com auditores, agentes de fiscalização, postos guns bancos estaduais, como fizemos em Pernambuco, fiscais e delegacias de crimes contra a ordem tributá- constataram que 95% dos créditos foram destinados ria. O sujeito que constitui uma empresa assim não é a meia dúzia de grandes grupos. A base maior da ati- sequer notificado, porque simplesmente desaparece, vidade econômica comercial, industrial e contributiva e a Fazenda Pública fica a ver navios. passou ao largo das portas, dos guichês dos bancos. Quarto, temos um ponto de vista – e não é ape- Então, faliu a política de crédito dos bancos estaduais, nas nosso, mas de alguns especialistas – a respeito e o Governo Federal adotou outros valores para a po- do sigilo fiscal: não cabe sigilo fiscal para impostos lítica de desenvolvimento. A máxima “cada um por si indiretos. Todo imposto indireto presume um mecanis- e o crédito fiscal por todos” foi implantada. mo de compensação do crédito. Em muitos Estados, Temos de retomar essa discussão. Concordo que as Secretarias de Fazenda, muitas vezes ao final do o Governo Federal tem o comprometimento, na dis- ano, premiam os grandes contribuintes do ICMS, para cussão do PPA e da LDO, de retomar as políticas de dizer quem recolheu mais (não há sigilo fiscal no caso desenvolvimento regional. Ao mesmo tempo, temos de do ICMS) e quem deixou de recolher o imposto pago investir, de aproveitar o debate da reforma tributária, da pelo consumidor final. Essa regra foi posta na legisla- reformulação da máquina do Estado, para aperfeiçoar ção a partir de pressões daqueles que queriam usar a arrecadação e a execução fiscal. Temos de investir o ICMS ou que continuaram tentando usar o IVA que na superação dessas desigualdades. vai ser pago na ponta pelo consumidor final como ins- Até que me provem o contrário, acredito que trumento de crédito. precisamos retomar a discussão do destino. Temos Quinto, Sr. Presidente, uma observação: a Lei de de criar mecanismos de compensação. Os grandes Responsabilidade Fiscal é muito acanhada. Precisaria Estados não têm culpa de, ao longo da sua história não apenas fazer a exigência que já faz, ou seja, de econômica, terem-se constituído como forças produti- nos casos de política de incentivos fiscais assegurar vas, possuírem melhor infra-estrutura, matéria-prima, que a previsão de renúncia esteja na LDO, ou que mão-de-obra qualificada, créditos privados etc. Deve- haja a compensação da renúncia fiscal, mas exigir, em mos pensar numa reforma tributária como pensamos no todo e qualquer caso de política de incentivos fiscais, refinanciamento do Estado, também sob a perspectiva o princípio da auditoria independente, bienal, trienal, de superação das desigualdades regionais. ou a cada quatro anos, para que não se concedam Sr. Presidente, sugiro à Comissão que solicite às incentivos a partir de uma carta de intenção de um Assembléias Legislativas suas Leis de Diretrizes Or- grupo empresarial. Não há qualquer controle! Apre- çamentárias para verificar o montante das renúncias sentem-me o Estado da Federação, o Governador fiscais dos Estados. Cito um exemplo: Pernambuco que conseguiu aprovar nas leis mecanismos de audi- está entre a décima e a décima segunda economia do toria para averiguar se determinada empresa gerou o País, e previa-se, na sua LDO de 2002, 2003 e 2004, número de empregos prometidos e recolheu o ICMS uma renúncia fiscal de 255 milhões de reais – renúncia comprometido no processo. Não há qualquer controle! essa que na LDO de 2003 para 2004 e 2005 foi revista Trata-se de uma orgia fiscal desenfreada. e alterada para 95 milhões; mas chegou-se a prever Por último, Sr. Presidente, falarei sobre os in- para o triênio 2002/2003/2004 uma renúncia de 255 centivos e a guerra fiscal. Com raras exceções, as milhões de reais, o que equivale a 20% a mais da re- políticas de incentivo transformaram-se num grande ceita cheia do ICMS mensal! É um enorme volume de balcão de negócios. Não há uma única Unidade da recursos transferidos sem encargos financeiros. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57501 Gostaria de conhecer profundamente a experiên- Aqueles que leram a respeito do comportamento cia do Ceará, que não concede crédito, mas transfe- de Gandhi na Índia, no momento do afastamento da re-o mediante compensação financeira. Mas a política Inglaterra, perceberam como a todo momento ele era de incentivos fiscais transformou-se num banco com estimulado a aceitar a guerra como necessária, mas encargo zero na maior parte das Unidades da Fede- sempre, por conta dos seus conceitos, da sua forma- ração em que tivemos acesso à legislação. Inclusive ção, contrapôs-se a ela. há inúmeros casos em que os contratos não foram A guerra fiscal, além de ser desnecessária e ilegal, honrados para ressarcir à Fazenda o ICMS financiado; compromete a sociedade brasileira. Ela não beneficia os créditos do Estado foram transformados em crédito os Estados. Há um benefício apenas aparente, seja do presumido das empresas. Essa orgia fiscal não pode ponto de vista fiscal, seja do ponto de vista da criação continuar, sob pena de legislarmos apenas para a de empregos, mas é a população mais humilde que parte mais forte, e não para os que são normalmente paga essa concessão de benefícios feita pelos Estados lembrados aqui. que admitem a guerra fiscal – além do fato de que os O imposto sobre o consumo é muito alto. Os que Estados que importam seus produtos é que pagarão, mais consomem não financiam campanhas, não têm em última análise, aquilo que está sendo concedido base política eleitoral, não são orgânicos, sob o ponto pelo Estado que concebe a guerra. de vista dos partidos, e não têm expressão para fazer Há um ano o jornal Folha de S.Paulo publicava lei. Os que têm mais expressão são os mais organi- matéria dizendo que o Brasil perdia em torno de 10 zados, os mais fortes em termos de conhecimento, bilhões de reais com a aceitação da guerra fiscal. poder econômico e influência na composição das Ca- Na nossa avaliação, há todo um conjunto de valo- sas Legislativas. res que demonstram que temos de fazer um programa Sr. Presidente, sugiro à Comissão, portanto, que de desenvolvimento regional possível e passível de ser feito. Isso acontece também de Município para Muni- solicite às Assembléias Legislativas as respectivas cípio e de Estado para Estado. Nós, não; São Paulo LDOs e leis estaduais de incentivos fiscais para que não quer competir com outros Estados, por causa de possamos averiguar de fato os números reais ou as suas características próprias. Sabemos que há mui- meras propensões ao desenvolvimento, como em mui- to a ser feito em Estados como, por exemplo, os do tos casos acontece. Centro-Oeste. Não foi necessário haver guerra fiscal Era o que tinha a dizer. no Mato Grosso para o Estado ser hoje o maior pro- Obrigado. dutor e exportador de algodão do mundo, superando O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) inclusive a produção americana. Estamos ampliando – Deputado Paulo Rubem Santiago, a Secretaria da nossas fronteiras agrícolas. E os Estados do Nordeste Comissão vai tomar as devidas providências para po- incorporaram segmentos da indústria não apenas por dermos acatar a sugestão de V.Exa. concessões ou benefícios fiscais, mas também porque Com a palavra o Deputado Walter Feldman. a mão-de-obra era mais barata, havia proximidade de O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. Pre- outras fronteiras, como a questão do Centro-Oeste, e sidente, temos um projeto de lei de forte componente há também produtos que podem desenvolver-se com tributário. Senti-me, por isso, no direito de distribuí-lo mais facilidade em determinadas regiões do território nesta Comissão, a fim de que todos pudessem ter nacional. acesso a ele e eventualmente pudéssemos discuti-lo, Nesse sentido, o combate à guerra fiscal deveria tendo em vista o mais grave problema por que passa ser um consenso a ser construído, independentemente o Brasil hoje: o desemprego. Esse assunto tem de ser de origem e destino, estabelecendo-se o destino como tratado de forma emergencial. nosso objetivo final. Sempre considerei o destino como Sou um pacifista por concepção. Sou contra a a melhor concepção. Segundo Ives Gandra Martins, o guerra. Não gosto de violência em hipótese alguma. A destino não é necessariamente a melhor saída; é um guerra fiscal deveria ser – como está sendo a guerra valor novo. Não se esperava, inclusive no Direito, na do Iraque – consensualmente combatida. Não nego questão tributária comparativa, a informação de que que me estranha o fato de legisladores contempla- na prática não existe entre os Estados da Federação, rem a idéia de que a guerra não é um bom caminho, nem na União Européia, essa acepção do mecanismo mas é necessária. Essa argumentação serve também do destino como o mais adequado; portanto, é um ele- para a guerra entre o Iraque e os Estados Unidos. Nós mento novo a ser acrescentado às nossas análises. achamos que não é, que ela deve, a todo momento, Dados técnicos demonstram que a GM, por exem- ser evitada. plo, no Rio Grande do Sul, obteve em subsídios um 57502 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 total de 759 milhões – capital investido, 600 milhões, prerrogativa nossa, independentemente da omissão ou e um prazo de 29 anos; a Mercedes-Benz, em Minas da vontade do Poder Executivo, quando encaminhar- Gerais, obteve 690 milhões de subsídios, e 695 de mos a proposta já teremos discutido o assunto com capital investido; a Renault foi a melhor: 353 milhões muita responsabilidade. Jamais faríamos isso sem um de subsídios, 1 bilhão de capital investido e um prazo período longo de transição, que permitisse a todos os em 10 anos. Estados da Federação adequarem seus orçamentos O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Deputado ao novo sistema, se isso vier a acontecer. Walter Feldman, permite-me V.Exa. um aparte? Desculpe-me a interrupção, Deputado Walter O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Ouço, Feldman. com prazer, o Deputado José Militão. O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – A in- O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Sr. Depu- terrupção de V.Exa. agregou valor, informação e co- tado, Minas Gerais não dá subsídios para as indús- nhecimento ao que estamos dizendo. trias que lá se instalam. Os subsídios do Estado são Fiquei impressionado com o depoimento do Depu- orçamentários. tado Fernando Gabeira quanto à tributação do meio O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Como ambiente. É evidente que poderíamos desenvolver um é feito? forte setor produtivo em áreas como a Amazônia, por O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – A empre- exemplo, contanto que tivéssemos uma tecnologia lim- sa paga, recolhe o ICMS, que vai para o Fundo Pró- pa, uma construção ambiental para o desenvolvimento, Indústria, e depois retorna para a empresa com uma como também em várias outras regiões do País. Temos taxa de juros bem diferenciada. uma capacidade de turismo ecológico impressionante, O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Para com forte potencial de atração de investimentos e de a empresa que se instalou? pessoas, e poderíamos incrementar muito o turismo O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Isso. Toda nacional, como se faz na Espanha, na França e nos a importação feita pela Mercedes-Benz no Brasil é feita Estados Unidos. Trata-se de um segmento muito pouco em Minas Gerais. E lá se recolhem os impostos. explorado, apesar de ser uma grande indústria, cuja O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Muito capacidade de competição daria enormes vantagens bom. Acho que isso nos auxilia. à economia nacional. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Parece-me que São Paulo é sempre tido como – O sistema é parecido com o do Ceará. o vilão, ou seja, como aquele que não quer resolver a O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Bom, questão origem/destino. Fiquei muito grato por receber não cabia pronunciamento mais direito. É uma forma em nosso Estado os Deputados Virgílio Guimarães e de guerra fiscal; ou seja, quem compra carro produzido José Mentor, que conversaram mais de duas horas pela GM paga o imposto. com o Governador Geraldo Alckmin e demonstraram O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – O desejo de contribuir para que a guerra fiscal fosse re- ICMS da Mercedes é recolhido mensalmente. solvida. Pude sentir, naquela oportunidade, a amargura O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sim, do Deputado Virgílio Guimarães, que, percebendo a mas é devolvido. disposição do Governador Geraldo Alckmin, tentava O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sim, encontrar um mecanismo de compensação. mas não de graça, e sim com uma taxa de juros. Como encontrar um mecanismo de compensa- O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Tudo ção sem aumentar a carga tributária? Como manter a bem. neutralidade? Como fazer aquilo sobre o que conver- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) sávamos aqui: aceitarmos abrir mão de dez, contanto – Deputado, apenas para poder contribuir com o deba- que o retorno fosse em duas parcelas de cinco, ou te, os incentivos são feitos das formas mais variadas cinco de dois, ou dez de um? possíveis. Ultimamente, todavia, essa é a posição de Hoje, nenhum Estado brasileiro pode, até por con- Minas Gerais, do Ceará e de alguns outros Estados da ta do reajuste fiscal realizado, abrir mão de receitas. É Federação. A grande maioria, nos últimos anos, evo- evidente que o problema maior ainda não foi resolvido, luiu para um tipo que considero predatório – estamos Deputado Virgílio Guimarães. O que o Brasil precisa em discussão, também sou Deputado, e posso falar mesmo é de uma ampla reforma administrativa. Que sobre isso – , que é o do crédito presumido no valor Estado brasileiro queremos construir? Partimos do prin- total do imposto que seria devido. Esse, sim, é o mais cípio de que a reforma tributária tem de ser feita, mas predatório de todos os modelos. Na verdade, se vier- sem mexer muito na construção do Estado, que é mal mos a adotar o sistema origem/destino, o que é uma construído, permitindo a regressividade e uma enorme Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57503 sonegação fiscal, que neste momento só se poderá que não deve ser dirigido por nós, até porque somos combater com a simplificação do ICMS, instrumento incapazes de alterar profundamente o quadro tributário sobre o qual já existe um certo consenso. nacional. As mudanças possíveis e necessárias têm de A guerra fiscal, na nossa avaliação, com todo o ser feitas por etapas, construindo consensos. A partir respeito aos que acham que é um instrumento neces- daí, deveríamos medir, como verdadeiro termômetro, sário, é uma sonegação de caráter público. Abrimos o sucesso e o benefício dessas alterações, e construir, mão de uma tributação, de um imposto que tem caráter baseando-nos nos resultados, novos rumos. nacional, até porque é circulatório, caminha pelo País As reuniões com o Ministro Palocci e com profis- na sua característica de valor agregado. sionais de outros níveis técnicos ou políticos demons- Nesse sentido, consideramos que a reforma tri- tram que há alguns elementos que ainda podem ser butária deveria caminhar junto com elementos da re- constituídos, obviamente na expectativa do envio da forma administrativa. O Estado brasileiro poderia ser mensagem à Câmara dos Deputados, o que deve ser repensado. O Governo do Presidente Luiz Inácio Lula feito. Não há mais dúvida de que a matéria inicialmente da Silva equivocou-se nessa questão. Ocupou rapida- vem para a Câmara, e não para o Senado. mente os espaços e não discutiu o novo formato que o O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Mas Estado brasileiro deveria ter. Não discutimos a questão a da Previdência vai. do teto nem a do subteto. O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – A re- Em São Paulo, reduzimos mais de duzentos im- forma da Previdência vai? Menos mal para a nossa postos, particularmente dos segmentos que mais atin- Comissão, apesar de que todas deveriam. gem a população mais humilde, e a arrecadação au- O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – De- mentou. Saltamos de 700 milhões de arrecadação de veriam mesmo. ICMS mensal, no início de 1995, para algo próximo a O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – De- 2 bilhões – além de um trabalho tecnológico avança- pois explico-lhe o sentido do de fiscalização e acompanhamento da questão do DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. Presiden- IPVA, que beneficiou os Municípios, tendo em vista te, Deputado Mussa Demes, em primeiro lugar, minha que 50% do IPVA também vai para os Municípios. Ou sugestão prática é a de construirmos uma mudança seja, houve aumento de arrecadação com redução tributária com o tempo. Não é necessário realizar mu- de impostos. danças profundas e perigosas no início dos nossos Na medida em que pensamos a reforma tributá- mandatos. ria, em hipótese alguma cogitamos aumentar a carga Em segundo lugar, devemos concentrar-nos na- tributária. Poderíamos reduzi-la, mas o jurista Ives Gandra Martins disse que isso nunca aconteceu. Será quilo que pode ser mudado hoje, como a simplificação que seríamos revolucionários mudando essa tendência da CPMF, a retirada da cumulatividade dessa contri- natural? Teríamos de trabalhar para isso. É evidente buição e a desoneração da folha de pagamentos. Em que é difícil. conclusão, a partir da análise dessas matérias, devemos Na guerra fiscal, a contratação de pessoal é muito construir algo bastante unitário entre todos nós. baixa. Isso pode trazer alguns benefícios, aumento de Era o que tinha a dizer. arrecadação e deslocamento de setores produtivos, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) mas, em geral, os setores que mais empregam não – Obrigado, Deputado Walter Feldman. estão envolvidos nessa atividade. Refiro-me à cons- Com a palavra o Deputado Sandro Mabel. trução civil, à habitação e ao saneamento. O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- Ontem o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lan- sidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, temos çou o plano de construção de habitações populares. de abolir o termo “guerra fiscal”. Não se trata de uma Deveríamos convidar o Governador do Rio Grande guerra, mas de uma política de correção das desigual- do Sul Germano Rigotto para participar de audiência dades regionais existentes no País, reconhecidas pela pública nesta Casa. A presença de S.Exa. na Comis- Constituição e conhecidas por todos nós. são, tendo em vista que a presidiu, é de suma impor- O Deputado Paulo Rubem Santiago, que não está tância. Além do mais, no cargo de Governador, está mais presente à reunião – ainda não tive oportunidade sentido de perto a dificuldade para realizar ações no de falar com ele sobre o assunto – , disse que existe Poder Executivo. uma orgia de incentivos estaduais. Isso é um grande Inicialmente, sugiro à Comissão, contra a qual erro. Há uma orgia nos controles dos incentivos da me insurgi no começo, que trabalhe durante os qua- União. Podemos observar o que acontece na SUDAM, tro anos. A reforma tributária tem de ser um processo na SUDENE e em outros grandes instrumentos gover- 57504 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 namentais de desenvolvimento. Nesses órgãos ocorre pretendiam migrar para o sistema misto, porque so- corrupção porque não existe controle. mente o do destino não funcionava. Os incentivos estaduais, como o de Santa Catari- Em Portugal, o índice de sonegação é de 30%; no na, ampliam o número de emprego e os investimentos. Brasil, 34%. Qual a distância que existe? Podemos até Os incentivos em Goiás, em Mato Grosso, em Sergipe ir agora em julho à Europa visitar a Comunidade Euro- ou em outros Estados são inspecionados. O incentivo péia e verificar como a coisa funciona. Não sou eu que estadual é reduzido quando não se tem condição de diz isso, e, sim, o representante daquela Comunidade cumprir as metas, porque o Estado faz tal exigência. em palestra realizada no fórum do CONFAZ. Quando ao fato de Pernambuco permitir a renún- O sistema misto aproxima os Estados. Temos aqui cia fiscal, registro a seguinte tese: é melhor renunciar entre os presentes pessoas que foram Secretários de a 5%, ou 30%, ou 40% de algo do que não arrecadar Fazenda dos Estados, como é o caso do nosso Presi- nada. Se não forem instaladas empresas no Estado dente. Digam-me: o Estado que arrecada no destino, – como acontece na minha região, nos Estados do que vontade ele tem de ver a produção? Nenhuma. Centro-Oeste, do Norte, do Nordeste – , não haverá As notas podem sair calçadas, do jeito que for, serem renúncia fiscal, mas também não haverá arrecadação. impressas em qualquer gráfica, que ele não vai mais Se no Orçamento está prevista a renúncia fiscal, isso autenticar como... Os Estados que não têm desenvol- significa dizer que está começando a haver arreca- vimento saem atrás de arrecadação, como é o caso dação. do meu, que autentica bloco de nota fiscal, para que não seja falsificado. Vai haver essa preocupação? De A guerra fiscal também está prevista, Deputado jeito nenhum. A preocupação é somente em saber Walter Feldman, Sras. e Srs. Deputados, no Art. 24 da onde está o dele, do destino, o da saída, não vai ter. Constituição, que diz o seguinte: Vamos desintegrar a política tributária. O SINTEGRA “Art. 24. Compete à União, aos Estados atualmente traz os Estados mais próximos. Um tem e ao Distrito Federal legislar concorrentemen- interesse, outro tem na outra parte; enfim, essa visão te sobre: vai desaparecendo. I – direito tributário, financeiro, peniten- Depois temos de levar em conta uma posição, ciário, econômico e urbanístico; Deputado Feldman: por exemplo, o algodão do Mato II – orçamento; Grosso tem 75% de incentivo, por isso se desenvolveu, III – juntas comerciais; mas não se desenvolveu com 75% de incentivo somen- IV – custas dos serviços forenses; te por desenvolver, mas, sim, para que tenha qualida- V – produção e consumo; de suficiente para ser exportado. Lá o programa tem E aí há vários outros incisos, até o XVI. efeito qualitativo, buscam a qualidade para exportar o Diz o § 3º, desse mesmo art. 24º, o se- algodão produzido no Centro-Oeste, no Mato Grosso. guinte: Mas ele tem 75% de incentivo. Se esses 75% forem re- ...... tirados, torna-se inviável, não se consegue transportar, “§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas produzir, o insumo não chega. Não se chega ao preço gerais, os Estados exercerão a competência internacional com a qualidade que é pretendida e que legislativa plena, para atender a suas pecu- permite ao Brasil exportar e Mato Grosso tornar-se um liariedades. “ dos maiores produtores de algodão. Também esse mito de montadoras, isso são fa- É lógico. Não existe nem existirá um plano na- ses, ciclos de descentralização. Por outro lado, mui- cional. O Governo Federal não tem disposição, nem tas das montadoras colaboram na balança de paga- competência para resolver desigualdades. Pensarmos mentos porque descentralizaram, mas exportam uma que ele tem é bobagem. É querer tampar o sol com a quantidade grande. Nosso Estado produz cada vez peneira e dizer que vamos resolver as desigualdades. mais e colabora na balança de pagamentos do País, Não é verdade. O Relator, Deputado Virgílio, acha que sem receber um centavo por isso. A Lei Kandir tirou temos de mudar o eixo. Essa história de destino....Não essa possibilidade. Compensou naquela época, mas vamos longe. não compensa mais hoje. Atualmente, quanto mais No seminário nacional sobre tributação da circu- produzirmos, menos vamos arrecadar. Aquela região lação de mercadoria realizado no Ceará no dia 20 de tinha de parar de produzir. Aquilo só serve para gerar setembro de 2002, disse o representante da Comu- empregos, mas para efeito de arrecadação a nossa nidade Européia – estou preparando o material e vou colaboração para o País é nada. A soja que lá se pro- distribuí-lo na próxima reunião desta Comissão – que duz normalmente é desonerada, porque vai quase toda Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57505 para a exportação. Temos de incentivar e beneficiar Região Centro-Oeste propôs muitas vezes aumentar essa soja dentro do nosso Estado, transformá-la em a alíquota do ICMS da carne para 7%, mantendo-a óleo para podermos ter o consumo e sobrevivência firme, porque precisa dessa arrecadação. Mas São para nosso povo. Se não for assim, vamos somente Paulo não concorda. Lá, o ICMS é de 2%. E temos plantar e colher para dar ao povo o que comer. E no de acompanhar os 2%, caso contrário não vendemos Estado, nada se faz? Não. As desigualdades sociais nossa carne. É uma situação de depressão de desen- do País têm de ser analisadas. volvimento. Sabemos que, tirando a região do Vale Sr. Relator, devemos olhar o outro eixo do desen- do Ribeira, o Índice de Concentração de Consumo volvimento. Se não existe uma política de desenvolvi- – ICC é menor. Logicamente não é uma região como mento, não há solução para o País. Se não tentarmos Barretos, Ribeirão Preto, Campinas e daí por diante. corrigir algumas diferenças, não haverá solução. Por Então, cria-se uma política, senão os frigoríficos saem exemplo – volto a dizer – na região que o elegeu, o Vale de lá também. do Jequitinhonha, Minas Gerais, em Pernambuco, no Essas são questões que precisam ser adaptadas Centro-Oeste etc. estamos conseguindo êxito com a nessa região. Minas é rica no Triângulo Mineiro, mas política de correção de desigualdades regionais. não no Vale do Jequitinhonha, pois lá existe uma de- Recuso-me a falar em guerra fiscal. Nasci pau- pressão. Santa Catarina tem um projeto espetacular: lista, estudei em São Paulo. Quando fui para Goiás, vi eles corrigem por região e por Município. O Município que tudo o que eu pregava nada valia. Vi que existe está em depressão econômica, cria-se uma política desigualdade. O aluno entra na faculdade e dela sai para aquele Município. com idéias de Esquerda. Entra para o mercado de tra- Portanto, Sr. Relator, Sr. Presidente, sugiro inver- balho e começa a ver que ele não é bem assim. Hoje termos um pouco o eixo da questão ou, então, abrirmos estamos vendo o PT no Governo, aliás, fazendo ex- outra linha, a da calibração dos percentuais, dessa con- celente trabalho, tendendo para soluções de Direita, dição fiscal, dentro desse sistema misto, para podemos não que sejam de Direita, mas para soluções de que avançar nessa proposta. Ainda dentro da calibração e o mundo necessita. do caso do ICM temos de nos preocupar com os tri- Portanto, Sr. Relator, esse foco de destino não butos federais. Existe uma série de impostos, taxas e levará esta Comissão adiante. Há dificuldades com o tributos. Precisaríamos dar uma resumida em tudo isso Governador, com o sistema tributário. Não existe uma e dizer que esta Comissão acabou com pelo menos política de incentivos federais. Assim sendo, temos uns cinqüenta tributos, fez uma reforma, concentrou que trabalhar com a calibração, ou seja sobre o que é tributos, enfim, fez alguma coisa nessa direção. essa diferença que tem de ser dada. Vamos diminuir, Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs. Deputados, fico vamos modificar a calibração. Se hoje a transferência angustiado com isso. Já fui Deputado Federal anterior- é de 7%, vamos diminuir um pouco mais esse incen- mente, mas na penúltima eleição não me candidatei tivo em São Paulo e compensá-lo em outros Estados para cuidar de filho. Voltei novamente por conta des- para que se possa arrecadar, corrigir e fazer alguma sas políticas de desenvolvimento que o pessoal pediu coisa. Vamos equilibrar pela calibração. que viéssemos ajudar a defender nesta Casa. Num A União Européia reconhece que o seu sistema primeiro momento, estava meio contrariado, apesar de destino não é perfeito, então, vem buscar no Bra- de ter obtido uma votação maluca. Tenho uma porção sil um sistema misto. Sabe que nosso sistema misto de outras coisas para cuidar, mas hoje vejo o quanto é melhor que o deles. Se existe um problema de cali- é importante estar aqui, pois não poderia estar lá fora bração, vamos equilibrar. assistindo a essa discussão sem participar. Todas as O que queremos? Acabar com os incentivos fis- discussões são legítimas. Cada um defende o seu cais, com nossa política de correção de desigualdades, ponto de vista, mas devemos pensar também no eixo tirar a condição de o Estado legislar, previsto no art. 24 de desenvolvimento. O Distrito Federal precisa se de- da Constituição, sem criar nada? E nós, quando vamos senvolver dentro da Região Centro-Oeste, como as ter esse tipo de compensação? Região Norte, Nordes- demais regiões. te, Sudeste e aí vamos para o Sul, com Estados como Trarei esse material na próxima reunião, para que Santa Catarina e Paraná. Deputado Feldman, somen- tenhamos uma base um pouco maior de discussão. te para que V.Exa. tenha uma idéia dessa questão de Entendemos que destino não é o que a Comunidade correção de políticas de desigualdades regionais, São Européia quer. Ela já revê isso e entende que, na ques- Paulo também corrige, como é o caso de Presidente tão brasileira, o sistema misto encontra uma condição Prudente e Presidente Bernardes, onde atualmente de arrecadação melhor e mais justa também. há uma concentração muito grande de frigoríficos. A Obrigado. 57506 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) problema, principalmente agora que a guerra terminou – Pela ordem, concedo a palavra ao Deputado Walter e o mundo está mais pacificado. (Risos.) Feldman. O Prof. Ives Gandra, por quem tenho o maior O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Gos- respeito, já que é um estudioso dessa matéria como taria de registrar que, nos últimos anos, perdemos talvez ninguém no País, disse que o sistema funciona quase todos os frigoríficos em São Paulo, Deputado entre países, mas pode não funcionar entre Estados. Sandro Mabel, por conta da guerra fiscal, particular- Existe hoje o cruzamento dessas informações. O Es- mente de Estados do Centro-Oeste. Essa modulagem tado está informatizado, mas acho válida também a foi necessária para que a perda não fosse tão extra- observação que V.Exa. fez em relação à proposta de ordinariamente maléfica para as finanças públicas de alterar as alíquotas interestaduais e dar uma compen- São Paulo. sação maior aos Estados consumidores. O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sem O Relator está anotando tudo isso, porque é dúvida, só que a terra de São Paulo não é para criar S.Exa. quem vai construir de fato essa proposta. Como boi. Terra para criar boi é a de Goiás. Há problemas mencionou o Deputado Antonio Cambraia, não estamos nas estradas, que estão muito esburacadas. Há que trabalhando em cima de um texto já efetivo, até porque se matar o boi e transportar a carga e não o boi em não sei se virá ou não. Até agora, não veio. Pode ser pé. Devemos pensar nesses ajustes, senão como de- que nem venha também. Estamos aguardando. O único senvolver o Brasil? órgão que não teve conhecimento desse texto é a Co- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) missão designada para esse fim. Enquanto estivermos – Pela ordem, concedo a palavra ao Deputado Fer- sem esse texto, Deputado Antonio Cambraia, temos nando Gabeira. de raciocinar sobre hipóteses, discutindo o sexo dos O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – anjos, mas no final contribuirá, tenho certeza, para a Como hoje é quinta-feira e as circunstâncias são mais elaboração desse texto final. O Governo anuncia que apertadas, proponho à Mesa que controle o tempo de encaminhará essa reforma o mais rapidamente pos- cinco minutos propostos inicialmente. Do contrário, nem sível, já determinou um período para isso e disse que todos poderão falar. o fará neste mês ainda. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – Sr. Pre- Tentaremos acolher a sugestão do Deputado Fernando sidente, peço a palavra pela ordem. Gabeira. Faltam apenas dois Deputados para fazerem O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) uso da palavra. Depois será a vez de V.Exa. – Tem V.Exa. a palavra. O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Eu O SR. DEPUTADO SANDRO MABEL – A Comis- sairei às 12h30m. são deverá se reunir para tratar da questão do texto. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Tenho um medo muito grande de que vire uma PEC 53. – Muito provavelmente todos os que estão presentes Basta uma desconstitucionalização de toda essa ma- terão oportunidade de se manifestar. Tentarei controlar téria tributária. Esse é o texto que deve vir para depois o tempo, mas é difícil. Compreenda a posição da Mesa. ser discutido em lei complementar. Temos trabalhado É difícil cercear a exposição de um companheiro entu- nessa PEC há muitos anos. Creio que encostaremos siasmado na defesa de seu ponto de vista. o texto do Governo para trabalhar em cima do nosso O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – mesmo, pode ter certeza, Sr. Presidente. Proponho que a Mesa avise quando estiver faltando O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) um minuto. – Tenho minhas dúvidas de que possa vir a ser aprova- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) da. Os Governadores dificilmente aceitariam mudanças – Farei isso, Deputado Fernando Gabeira. no ICMS, como se propõe. Talvez esse tributo venha a Deputado Sandro Mabel, fiquei impressionado provocar maiores discussões sem garantias constitucio- com alguns dados que V.Exa. acaba de mencionar nais que lhe possam assegurar a autonomia financei- em seu depoimento. Há cerca de quatro anos, estive ra e administrativa que pretendem continuar tendo. Já em Paris, conversando com o Secretário da Receita começamos a notar uma certa resistência exatamente Federal de lá a respeito do sistema origem/destino. porque Governador nenhum quer trocar um quorum de Na ocasião, a informação que tive é que o sistema de três quintos para um de maioria absoluta. lá estava funcionando normalmente. Não quero dizer Com a palavra o Deputado Gerson Gabrielli. que seja impossível ter havido evolução negativa em O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Sr. relação a isso. O Relator deve ir à Comunidade Econô- Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, há vinte mica Européia para se situar melhor em relação a esse anos os brasileiros esperam a retomada do desenvol- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57507 vimento. Esse período foi muito rico de intervenções Muitas vezes, discutimos sobre o imposto no des- do Governo na sociedade brasileira: planos, pacotes, tino ou na fonte. Alguns Estados estão testando o que medidas provisórias, mudança de moeda, uma de- chamam de substituição tributária. Essa experiência, sarrumação extraordinária. Ao longo desse período, de alguma forma, tem contribuído para equacionar o foram criadas algumas equações tributárias, alguns problema da elisão e da sonegação. Alguns Estados impostos provisórios viraram permanentes, a carga avançam de maneira acelerada nessa direção. tributária foi-se acumulando e chegamos ao patamar Não seria prudente e inteligente – concordo com que estamos hoje, praticamente insuportável. Fala-se o Deputado Feldman discutirmos, primeiro, o tamanho muito em sistema tributário. Quero muito chegar a um do Estado que queremos? Deveríamos fazer uma pro- padrão tributário, que não temos – o que temos é um funda reforma administrativa. A partir daí, saber que manicômio tributário, um Bebê de Rosemary, constru- tamanho de receita precisamos para administrar esse ído ao longo de vinte anos. Estado. Fiquei muito motivado com o café da manhã com O Estado a cada dia é mais perdulário, e esta- o Ministro Palocci, até porque me surpreendeu a visão mos aqui a cada dia aumentando mais os impostos. pragmática de S.Exa. quando desmistifica algumas pa- Até o projeto do novo Governo, que é de geração de lavras de ordem que precisamos começar a rever, como emprego para combater a fome, fica comprometido. As sonegação e elisão fiscal. O próprio Ministro Palocci, empresas já não suportam mais a carga tributária que experiente Parlamentar, que participou dos estudos existe no Brasil. E aí ficamos discutindo, no Congres- tributários e foi Prefeito de uma importante cidade do so Nacional, o REFIS, que uns acham que é benefício Brasil, fala que muitas vezes a elisão ou a sonegação para quem atrasou, outros que é malefício para quem são fruto da necessidade que o empresário tem de pagou em dia. Essa discussão é fruto exatamente de tentar sobreviver a esse peso, a essa carga tributária vinte anos de desarrumação, de multas, juros, corre- que se vem agigantando no Brasil. ções, inadimplências, uma série de fatores que desar- Por outro lado, dados do SEBRAE indicam cerca rumaram a economia nacional. Dizem até que na MP de quatro milhões e meio de micro, pequenas e médias 107, que votaremos na terça-feira, está embutida um empresas, que acabaram, ao longo desses vinte anos, aumento. É o que se está analisando. elegendo muitos Deputados, Governadores, Prefeitos Sr. Presidente, proponho discutir a respeito da e até Presidente da República, que as usaram como adequação da distribuição de renda, dos equilíbrios bandeira de luta, de conquista. Diferentemente disso, regionais, ou seja, voltemos a discutir a proposta sobre essas empresas são hoje beneficiadas, privilegiadas ou o imposto federal. Trabalhemos na direção do impos- distinguidas quase como um processo de recuperação de alguns males feitos. Hoje, em vez de se buscar que to na fonte. Vamos tirar milhares e milhares de fiscais, essas empresas sejam um fator de desenvolvimento, de carros, de burocracia de cima dos empresários do está-se criando mecanismos para que elas se man- Brasil e deixar a turma trabalhar em paz para produzir. tenham pelo menos vivas, já que a motilidade dessas Será muito mais fácil. Haverá muito menos empresas empresas, segundo dados do próprio SEBRAE, é de fornecedoras. Por que não pegar esses impostos e dei- um a dois anos, exatamente porque muitos sonhadores xar o varejo trabalhar em paz? Há milhares e milhares criam empresas, mas, quando caem nas armadilhas dos de empresas no Brasil. tributos ou do sistema financeiro, não prosperam. O Congresso Nacional não pode se tornar a cai- Sr. Presidente, esta Casa é de douto saber. Esta xinha da maldade. Toda vez que se reúne há uma ex- Comissão é composta de especialistas, pessoas ma- pectativa do setor produtivo de que existirá um alívio duras, experientes. Há aqui muitos ex-Governadores, tributário, uma equação tributária. Aí vem a tal derrama, ex-Prefeitos, Secretários Municipais, Estaduais, Fiscais como vem acontecendo ao longo dos vinte anos. da Receita Federal. São pessoas que têm profundo Proponho a discussão um pouco mais aprofun- conhecimento sobre o sistema fiscal, mas, data ve- dada sobre origem e destino. Defendo a tese de que nia, quero me lembrar desses milhares de pequenos é muito mais fácil e barato tirar o peso burocrático, e microempresários do Brasil que, muitas vezes – e milhares de fiscais, carros, um monte de postos de V.Exa. sabe disso, Sr. Presidente – , recebem a visita fiscalização, uma pressão violenta e trabalhar na dire- de um fiscal, que vem num carro da fiscalização, com ção de que os impostos devam ser cobrados na fonte, motorista e um militar do lado, e são constrangidos na origem. por esse manicômio tributário, que vem com a sirene Esta é a minha proposta para aquecer um pouco ligada, tentando constrangê-los ou mesmo coagi-los o trabalho dentro do foco que V.Exa. propôs no come- por ações fiscais muito fortes. ço do debate. 57508 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) de compra. Hoje, no Brasil, incentivo fiscal, sonegação, – Obrigado, Deputado Gerson Gabrielli. elisão e corrupção chegam a 100 bilhões de reais por Com a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos ano. O País arrecadou 104 bilhões e outros 100 bilhões Hauly. estão perdidos por aí. É o mais canalha dos impostos O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. que há no Brasil. Da forma que é cobrado, é o pior, o Presidente, Sr. Relator, colegas Parlamentares, nes- mais canalha do mundo. Para mim, esse imposto não ses anos todos temos trabalhado com orçamento, re- tem conserto. Estou exagerando para ver se chegamos ceita, despesa. ao ponto desejado. Quando falamos em reforma do Estado, reforma A Europa usa o valor agregado, mas o povo que fiscal, que compreende os dois lados, arrecadação e lá vive há 2 ou 3 mil anos pertence a grupos étnicos. despesa, para mim, está muito claro, Deputado Fer- Nós somos um povo formado por europeus, asiáticos, nando Gabeira, que será muito difícil desmontar hoje africanos, ou seja, uma miscigenação, uma síntese do o nó que criamos na parte da despesa. Havia grande mundo, com diferenças culturais imensas. chance de fazer isso no Plano Real, quando a folha O Imposto sobre Valor Agregado é para europeu, era baixa. Colocamos 60% na Lei Rita Camata; briguei tanto que a América do Norte, muito mais sabida que por 50%; o Relator, Deputado José Serra, fechou com nós – e nós é que somos inteligentes, temos os me- a Deputada Rita Camata em 60%. Não me conformei lhores modelos, queremos ser um misto do europeu e apresentei emenda constitucional para 50%. Depois com sul-americano, mas não conseguimos chegar lá veio a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabeleceu , não tem o Imposto sobre Valor Agregado. É óbvio! alguns critérios. Já admitimos que, de partida, 60% do Uma federação não tem acerto. Lá há interesses de, que se arrecada é para a folha. mais ou menos, cinqüenta Estados e 27 aqui. O total Então, quando se fala em reformar o Estado, do ICMS dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, tem-se de pensar que hoje, com a Previdência – esta- Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Santa Ca- mos com 36% de arrecadação do PIB , seguramente tarina chega a 71,5% de arrecadação. se dispõe de 20%, 21% para pagar a folha da União, Trabalhamos na Assembléia Nacional Constituin- Estados, Municípios e Previdência. Não há poupança, te, regulando o ICMS com o Fundo de Participação. sobra para investimento. Hoje, o investimento no Brasil, Deixamos São Paulo com 1% do Fundo para a com- no setor público, só é produzido às custas da rolagem pensação poder ser trabalhada. Trabalhamos mais: da dívida. Com o tamanho do Orçamento da União, mantivemos a monstruosidade da interestadual: 12% dispor-se de 10 bilhões por ano para investir é uma entre Sul e Sudeste e 7% para o Nordeste. demonstração de que o setor público faliu há muitos Li estudos sobre a Região Nordeste em dois as- anos. Num país desse tamanho, faz-se investimento pectos: primeiro, que as políticas e incentivos fiscais com alavancagem de financiamento. de efeito locacional foram todos frustrados no Nordeste No lado da receita, o sistema é pior ainda, tão – isso pela SUDENE. Lembro-me muito bem da Sra. grave quanto na linha do manicômio tributário. Cria- Tânia, que foi Secretária da Fazenda do Estado de Per- mos um caos no setor público. Produzimos serviços nambuco na gestão do ex-Governador Miguel Arraes. que não são bons, não são adequados e não são Lembro-me até hoje dos estudos que S.Sa. trazia ao completos. Por exemplo, fazemos educação de meia- CONFAZ. Por outro lado, também já ouvi que o ICMS sola. No Brasil, creche, pré-escola, 1º, 2º e 3º graus de 7% para o Nordeste também desincentiva a indus- atendem parte da população e parte do tempo. Nos trialização e o desenvolvimento. Estados Unidos, Europa e Japão, a criança fica o dia Ontem, encontrei o Sr. Ponte e disse-lhe que inteiro na escola. Se estiver em creche, pré-escola e estava trabalhando parte dos seus dados. Ele disse- 1º grau – até 14 anos, até onde der – , a criança fica me que também iria fazer o mesmo. Sempre defendi na escola. Aqui, mal agüentamos meio período. Essa o imposto seletivo. Parece-me que vamos mudar esse é a verdade. Veio o Bolsa-Escola; agora vem a ação imposto seletivo para os Estados, na sua origem. de combate à fome; orelha de jegue. Orelha de jegue O Deputado Gerson Gabrielli abordou o imposto é o que se usava nas empresas que fecham o círculo. seletivo: 60% dos 104 bilhões são de energia, combus- Em vez de pagar o salário, dá-se vale à pessoa para tíveis, telecomunicações, cigarros, bebidas e veículos. ir ao supermercado. Coloca-se mais um, dois ou três itens e carrega-se Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o sistema na alíquota. Vamos falar dos 100% da arrecadação é iníquo e injusto. O ICMS não presta. Esse imposto na origem. Não haverá nota fiscal ou paralela e vai-se vagabundo destruiu a economia brasileira. Ele pune o controlar o fisco estadual. Pode-se transformar numa trabalhador de duas maneiras: no emprego e no poder entidade nacional com quotas dos Estados. Faz-se Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57509 uma entidade só. Não tivemos capacidade para fazer cionalismo. O Governo passou o primeiro mico ao dar isso? Portanto, resolve-se a equação do consumo. É aumento esta semana. Fernando Henrique Cardoso óbvio! pagou mico durante oito anos, mas sua folha cresceu Por que o sistema se transformou nesse caos de mais de 200%. As categorias de funcionários públicos hoje? Quando veio o texto constitucional, assunto a engoliram o Estado. Isso ocorreu nos Governos Es- que já me referi, os Estados e Municípios ficaram com taduais e Municipais. São poderosas, fortes e ficam 47% do Imposto de Renda. A União não faz nenhuma o dia inteiro atrás do Governador, do Presidente da força para ampliar a base, para melhorar o Imposto de República e do Ministro. Conseguiram todas as mu- Renda, porque ela tem de dar 47% aos Estados e Mu- danças que queriam. nicípios. O imposto que é usado nos Estados Unidos Eu extinguiria o IPI, a COFINS, o PIS, a CPMF, o e na Europa, o maior imposto em arrecadação, aqui é ISS, o ICMS e ficaria com o valor agregado. Talvez se subutilizado, porque há o problema constitucional da possa colocar valor agregado no Estado e na União, partilha. Será que não temos capacidade de resolver além de Imposto de Renda. Propriedade, importação, isso? Tudo bem, ou calibramos no valor agregado a exportação e contribuição previdenciária seriam me- parte do Imposto de Renda federal ou distinguimos nores. Se houver necessidade de complementação uma parte. Fazemos o fundo e compensamos. de receita, deve-se carregar no Imposto de Renda e Vejo um Deputado falando sobre impostos de no seletivo. uma determinada região. Vamos falar sobre a Ama- Há muitos anos, desde o Paraná, venho defen- zônia: o Amazonas também é contra o destino de 1 dendo destino, mesmo perdendo. Cheguei a propor bilhão e 950 milhões, que é 1,86%. Vai-se prejudicar o no Senado que as alíquotas fossem reduzidas 1% ao raciocínio de um sistema melhor porque há três, quatro ano até zerar. De 12% para 11%, 10%, 9%. A de 7% problemas no País? para 6%, 5%. Não entenderam a proposta e gerou-se Hoje, na minha cabeça, passa-se o seguinte: confusão. Só no combustível, no ano passado, já deu quanto ao IPI, nunca deveria ter existido um imposto 28 bilhões de reais. Ainda existem 4 bilhões de sone- federal dessa natureza. Ele tributa máquinas e equipa- gação no ICMS. É preciso ser regulamentado, mas mentos. O ICM também. Resolvemos, através da Lei não fizemos isso até agora. kandir, da qual tive a honra de ser o Relator, desonerar O Deputado Mussa Demes ainda não fez sua máquinas e equipamentos. Os Governadores disseram palestra. O Ponte deve expor os estudos que fez a que seria aproveitado o crédito das máquinas e equipa- respeito dos grandes números. Não há necessidade mentos, mas em 48 meses. Isso é custo para montar de audiência pública. Devemos discutir com um gru- uma indústria, um estabelecimento. Conspiramos contra po que se interesse pelo assunto. Se quiser, também nós mesmos quanto ao desenvolvimento. Se tirarmos poderemos fazer audiência com o Ponte. toda essa carga do setor produtivo, principalmente do O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) ativo fixo das empresas, o sistema torna-se mais sim- – O Deputado Luiz Carlos Hauly tem uma grande vir- ples. O que acontecerá? Não falo da Previdência nem tude: não tem preconceito contra nada. Já mudou de da reforma trabalhista. Refiro-me à reforma tributária, opinião a respeito dessa matéria em diversas ocasi- que, para mim, representa dois terços do problema. ões. E faz isso publicamente, com a franqueza que lhe Dois terços do problema do desenvolvimento brasileiro é característica. estão ligados à tributação. Pode-se conciliar a Previ- Ouvido o Relator, solicito ao Deputado Luiz Carlos dência na arrecadação global. Não falo que há discus- Hauly que se aprofunde nesse estudo. Deve colocar são sobre funcionário público. A discussão a respeito numa planilha a receita potencial com essa proposta, do cálculo atuarial, para mim, é óbvia. Se não quer que se aproxima, de certo modo, daquela do ex-Depu- dar, deve pagar. Deve-se manter o privilégio e pagar, tado Luiz Roberto Ponte, que apresenta uma série de como estamos fazendo até hoje. Se quiser fazer cálcu- questionamentos, mas é possivelmente viável, desde lo atuarial, tem de mudar. Se não quiser, se quer fazer que ajustada. concessão, tira dinheiro do pobre para dar àquele que O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Tra- tem melhor condição no setor público. ta-se de evolução de minha parte. Realmente, defendi O Brasil tem uma das maiores elites públicas por muitos anos o modelo clássico. Defendi o destino e do mundo. Nos Estados também há elite de funcio- continuo defendendo-o, na ausência dessa proposta. nários públicos. Todas elas engoliram o Estado. Em Ajudei a construir o modelo que o Deputado Mussa pleno Plano Real, a folha de pagamento saltou de 18 Demes relatou. bilhões e 94 milhões de reais para 76 bilhões de re- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – ais. No entanto, não houve aumento geral para o fun- Concedo a palavra ao Deputado Virgílio Guimarães. 57510 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – A Por outro lado, o Deputado Sandro, acha que sim, proposta apresentada, pelo que entendi, é o seletivo, o que ele é interessante, sem o qual não haveria desen- Imposto de Renda e os regulatórios. É o modelo simpli- volvimento, e que é melhor ter 20% de determinada ficado. Para arrecadar, o seletivo e o Imposto de Renda. produção do que zero. Dever-se-ia reduzir todos os Os regulatórios são para importação, exportação etc. preços ao mínimo, porque é melhor vender a merca- Ah, sim, e os de propriedade e os municipais. doria pelo mínimo. Do contrário, não se venderia por O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) um preço alto. Quer dizer, essa questão é uma lacuna – Com a palavra o Deputado Fernando Gabeira. nesta Comissão. Apesar de tantos especialistas, não O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Sr. vi nenhum estudo que desse a visão de que o incen- Presidente, tentarei ser bastante sintético. Em primeiro tivo interessa ou não do ponto de vista econômico ou lugar, porque é uma reunião de especialistas. Então, se ele é um avanço ou não. Portanto, esse é um ponto darei um refresco de cinco minutos, falando do ho- que precisa ser esclarecido no futuro. rizonte de um novo especialista. Em segundo lugar, Há também uma questão nessa luta fiscal entre porque estou falando diante do meu guru neste tema, Estados. Necessariamente, o Governo central dis- que é o Presidente, a quem consultei várias vezes ao porá da possibilidade de incentivar. Como o próprio longo desse processo. Deputado Eduardo mencionou, seria interessante ou A primeira questão é de ordem política. Concordo possível eticamente que o Governo Federal tivesse o com o Deputado Walter Feldman. Tenho falado muito poder de conceder incentivo e retirasse o poder dos sobre isso no Brasil: não devemos banalizar a expres- Estados da Federação? A única maneira de legitimar são “guerra”. Neste momento, controla o mundo, de esse fato seria por intermédio de planos e projetos de certa maneira, um grupo do Pentágono, para quem a desenvolvimento regional. Quer dizer, seria necessá- banalização dessa expressão interessa muito. O Bra- rio que o Governo replanejasse, voltasse ao País a sil criou o slogan: “A nossa guerra é contra a fome”. perspectiva de planejamento, perdida durante algum Imediatamente depois, a embaixadora americana, no tempo. Pode ser que essa luta fiscal tenha surgido jornal Folha de S.Paulo, escreveu um artigo dizendo também por essa inexistência de planejamento que o seguinte: “Essa guerra nós apoiamos. Vocês têm a pudesse, de certa maneira, contemplar o desenvolvi- sua guerra, nós temos a nossa, os outros têm as de- mento das regiões. les”. Quer dizer, a guerra é uma banalidade, uma con- Existe um aspecto que também considero impor- tingência da realidade. Não é isso! O espírito humano tante e fundamental – transversal à nossa discussão, pode acabar com a guerra. Existe essa possibilidade mas ninguém toca diretamente, como o Deputado no horizonte. E nós devemos contribuir para isso. Luiz Carlos Hauly já abordou – quanto às despesas Sobre a discussão destino e origem, embora mi- do Governo. Vivi na Suécia, país onde a carga de im- nha tendência seja tentar entender o que há por trás posto era muito grande, sobretudo o Imposto de Renda disso, quer dizer, retirar do âmbito da geografia e en- – eu, particularmente, pagava 45% – , mas ninguém trar no âmbito da economia mesmo, vejo que também reclamava tanto da carga de imposto. A maioria se podíamos discutir a questão da relação produção e sentia mais ou menos contemplada pela devolução consumo. As expressões “destino” e “origem” envol- dos serviços e pela maneira como o Estado conduzia vem muito também a questão produção e consumo. É os gastos. Vejo barbaridades. claro que esse não é o único critério. Eu mesmo sou Venho de uma região onde houve recentemente um defensor de privilegiar certas regiões que não se um desastre ecológico de grandes dimensões. Trata- desenvolvem porque protegem o meio ambiente e uma se de Campos, que recebe 500 milhões de reais de série de coisas que já foram mencionadas aqui. royalties do petróleo, já estipulados na lei, que deve- Com relação à questão do incentivo fiscal, te- riam ser, por antiga lei de Nelson Carneiro, utilizados nho trabalhado num projeto visando a um incentivo no dessa ou daquela maneira. Eles gastam dinheiro com campo do turismo. Tenho tido uma dificuldade muito time de vôlei e shows, mas, quando há uma crise, não grande em quantificar o que significa de retorno cada conseguem resolver o problema da água porque não real renunciado em imposto. Não sei se é ignorância há dinheiro para fazer uma alternativa de captação no da minha parte, não sei se todos partiram dela, mas eu Rio Muriaé. Essa questão enfraquece muito qualquer aconselhava esta Comissão, para avançar um pouco sistema tributário. nesse debate, a fazer um levantamento dos estudos Se não houver transparência, será um processo que apresentem claramente isso. O Deputado Paulo de sonegação. Isso é muito importante. Daí a necessi- Rubens levantou essa questão aqui. Ele duvida se o dade de tentarmos articular, cada vez mais, um plano incentivo é realmente interessante. de reforma tributária com projetos de orçamentos par- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57511 ticipativos. Se não tivermos a perspectiva, na própria O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feld- visão da reforma tributária, de que o melhor combate à man) – Com a palavra o Deputado Paulo Bernardo. sonegação é a transparência, continuaremos remando (Pausa.) Ausente. com dificuldades. Concedo a palavra ao Deputado Paulo Afonso, Finalmente, sobre essa questão muito rígida de que dispõe de quatro minutos regimentais. destino e origem, não tenho condições técnicas de O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – Sr. Pre- responder, embora penda para o destino. Por uma sidente, Srs. Deputados, como sou novo na Casa, a questão até de sabedoria na área sentimental, toda vez obediência ao tempo faz parte da lógica dos nossos que perguntamos usando os termos ou “ele” ou “eu” é trabalhos e deve ser implementada desde o primeiro sempre ele. Então, prefiro não ter respostas muito rígi- instante, não que pretenda me alongar nas minhas ex- das. É melhor, talvez, trabalharmos num sistema que posições, mas não me parece correto que os primei- tenha alguma flexibilidade, que tem de haver também ros participantes se manifestem sem limite de tempo no processo de distribuição. Tenho dito que não pode- e depois haja restrição aos seguintes. Creio que have- mos, da mesma forma, pensar na redistribuição com rá um tratamento desigual. Parece-me que devamos, critérios puramente populacionais. Há regiões que não nas próximas reuniões, estabelecer o limite de tempo se desenvolvem porque têm de defender mananciais efetivo, até para que as mesmas não se alonguem em e uma propriedade coletiva do meio ambiente. A ex- demasia como acabam acontecendo. periência do imposto, do ICM verde, no Paraná, que Esta Comissão propõe-se a tratar da reforma está sendo realizada agora no Tocantins, foi extrema- tributária. Também haverá as reformas previdenciária, mente vitoriosa. política, trabalhista, judiciária e outras. Quando trata- Sugeri à Comissão que encarasse também essa mos da palavra reforma, há o pressuposto de que são experiência, sobretudo a que está sendo realizada transformações mais abrangentes, mais profundas de uma estrutura e de uma realidade que temos. agora no Tocantins, inspirada no Paraná. Eu me integrei a esta Comissão na área da refor- São estas as minhas pequenas observações. ma tributária, assunto que penso conhecer um pouco, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) até com bastante empolgação, porque a vi como um – Deputado Fernando Gabeira, V.Exa. é um Deputado instrumento e num momento da realidade política que muito competente e experiente. No passado, na Co- o Brasil está vivendo. A cada dia que passa, perco essa missão anterior, pessoas como V.Exa. chegaram aqui empolgação, porque me parece que estamos cami- até intimidadas, imaginando serem pouco preparadas nhando em outro sentido. Também a nossa Comissão para uma discussão desse nível. Tenho certeza de parece que se contagia um pouco com isso. que V.Exa., a exemplo de muitos outros, sairá daqui Hoje, abordaram muito, novamente, o assunto da formando um juízo perfeito a respeito de todas essas guerra fiscal. Não entrarei nessa discussão, porque já matérias, inclusive sobre o sistema origem/destino. manifestei a minha opinião na última reunião. Quero dis- O ex-Deputado Antonio Palloci, que foi Vice-Pre- cordar frontalmente que discutamos reforma tributária sidente desta Comissão, talvez soubesse muito menos tendo como eixo a guerra fiscal. Esse é um equívoco sobre isso do que V.Exa. e saiu daqui para ser Ministro em que esta Comissão não pode cair e é, na verdade, da Fazenda, o que, de qualquer maneira, para nós, é o equívoco dos burocratas da República que parece realmente muito honroso. contagiar também os próceres, as autoridades petistas O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – que assumiram suas posições recentemente. Com a convivência com V.Exa., sei que vou aprender, Temos mil razões para tratar de reforma tributária. mas o destino do ex-Deputado Antonio Palloci eu não Talvez uma delas possa ser não a guerra fiscal, mas quero, porque não tenho habilidade específica para os incentivos que Estados e Municípios dão a determi- o poder. nadas atividades. Agora, não podemos imaginar que a O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) reforma tributária seja feita em função de guerra fiscal. – Talvez não tenha apetência, mas habilidade eu sei Então, não haverá reforma tributária. Simplesmente, que tem. teremos alguns paliativos no ICMS. Existem ainda duas inscrições: a do Deputado Eu gostaria que discutíssemos efetivamente a Paulo Afonso e a do Deputado Gonzaga Mota. Como fusão dos impostos, a questão do Imposto de Renda. tenho um compromisso às 13h, peço ao Deputado Não é possível que, num país como o Brasil, o Imposto Walter Feldman que assuma esta Presidência, uma de Renda tenha tão pouco significado ainda no nosso vez que S.Exa. tem experiência no assunto, Presidente bolo de arrecadação, discussão essa que passa ao que foi da Assembléia Legislativa de São Paulo. largo. Há uma complexidade tributária que não esta- 57512 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 mos discutindo. Assim, caímos na questão da guerra o que acontece – que daqui a algum tempo, até pelas fiscal. Ao que tudo indica, meu caro Relator, e lamento próprias nuanças de governo, a força advinda das urnas profundamente, receberemos, dentro em breve, uma dos primeiros instantes se arrefeça. Por mais popular proposta do Poder Executivo que nada mais é do que que o Presidente seja, por mais oportunidade de ree- um ajuste para que os Estados não tenham mais a leição que tenha – é o caso do Presidente Fernando autonomia que hoje têm para tratar desses assuntos. Henrique – a força das transformações se arrefece. Quero repetir: isso vem do vício da burocracia de Para concluir, gostaria de dizer que, nas próximas Brasília, que vê nos Estados e Municípios os males reuniões que tivermos, tão produtivas como esta, do deste País, o que não é verdadeiro. Aliás, no mesmo ponto de vista de manifestação individual, espero que aspecto da Lei de Responsabilidade Fiscal, como se ampliemos as discussões sobre o Imposto de Renda, as mazelas, os desvios, o mau uso de dinheiro esti- a fusão do ICMS, IPI, ISS como Imposto Único de vessem lá na pequena cidade ou mesmo nos Estados Circulação e Produção, com objetivo de simplificar a e não nos grandes investimentos da República, com estrutura tributária, a fusão dos impostos patrimoniais. valores e utilidades questionáveis, cujo cálculo de 10% Estes são aspectos mais importantes até do que dis- a 15% de uma dessas grandes obras corresponde ao cutir origem, destino, que não é fundamental neste Orçamento de centenas de Prefeituras durante muito momento. Não me parece que isso seja crucial. tempo. Mas, como é fácil sempre apontar para Prefei- Eram estas as minhas manifestações. tos e Governadores, passa-se ao largo a problemáti- Muito obrigado. ca nacional. O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) Lembro também, embora seja um assunto late- – Está inscrito para falar o Deputado José Militão. ral, que Estados e Municípios tiveram de se adaptar às (Pausa.) Ausente. novas realidades financeiras e promoveram os ajustes Com a palavra o Deputado Gonzaga Mota. a duras penas. Ao longo dos anos, a União teve de O SR. DEPUTADO GONZAGA MOTA – Sr. Presi- criar novos tributos, como a CPMF, de emitir títulos etc. dente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente, Mesmo assim, Estados e Municípios continuam sendo gostaria de dizer que esta é a primeira reunião de que os vilões da história. estou participando. Fico muito feliz pelo alto nível aqui Quero pedir, muito objetivamente, que afastemos demonstrado pelos colegas. Há alguma discordância, do eixo da reforma tributária a tal guerra fiscal. Esta- que faz parte do processo e é importante para o Sr. mos numa oportunidade ímpar de realizar as reformas Relator firmar seu ponto de vista. Digo, com toda cer- de que o Brasil precisa. O Presidente Lula possui res- teza, que recebi verdadeiras aulas hoje de manhã. paldo popular oriundo das urnas das eleições do ano Sempre me referi a essa reforma tributária, nos passado. Portanto, o PT tem credencial para tratar de anos que exerci o mandato de Deputado Federal, como determinados assuntos mais delicados. Quem mais que uma reforma ímpar, por dois pontos: sua importância e o PT pode mexer na história do funcionário público? que só poderá ser feita em ano ímpar, devido a razões O PT pode fazer isso. Afinal de contas, desculpem-me eleitorais nos anos pares. Em ano par não é possível a sinceridade, protegeu os benefícios e as estruturas realizá-la. Em 1995, eu dizia ao então Ministro Fer- do funcionalismo público durante esses anos todos. nando Henrique, quando do Plano Real, do qual fui Nada mais justo que, com nossa ajuda, desfaça o que Relator, que era importante fazer a reforma tributária fez durante esse período. Este é o momento. Ninguém também em 1994, mas S.Exa. levantou o problema do mais tem condições de mudar tais questões. Quem ano par, a exemplo do que fez o Presidente Lula, que pode tratar, até com mais credibilidade e legitimidade, ponderou, na semana passada, a necessidade de se da reforma da Previdência senão o próprio PT, com a fazer no ano ímpar. Há perfeita sintonia entre o Presi- ajuda de todos nós? É um momento ímpar. dente Fernando Henrique Cardoso e o Presidente Lula É o apelo que faço para que não percamos esta no tocante aos anos par e ímpar. Em relação ao ano oportunidade histórica. Espero que aquilo que se pre- ímpar, acho importante que seja votado agora. Caso nuncia da reforma tributária, tão tímida e restrita, ape- contrário, meu caro Relator, só em 2005, porque em nas para tratar da tal guerra fiscal, não seja, Deputado 2004 e em 2006 não haverá possibilidade. Virgílio Guimarães, a regra das reformas previdenciária, Em 1995, alguns Deputados devem estar lembra- trabalhista e política. Não acredito que nos próximos dos porque participaram da Comissão, fui Presidente anos tenhamos momento tão favorável, do ponto de da Comissão de Finanças e Tributação. Em 1994, hou- vista da realidade nacional, da legitimidade e credibili- ve o Plano Real; em 1995, nova Legislatura. Assumi a dade política de um governante, como o que estamos Presidência da Comissão logo no primeiro ano e criei tendo agora. É verdadeiro também – é mais ou menos a Subcomissão de Reforma Tributária, formada por Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57513 pessoas inteligentes, como Luiz Carlos Hauly, Mussa Tenho a impressão de que, se chegarmos a rea- Demes, Pedro Novaes, Celso Daniel, Conceição Ta- lizar essa audiência pública com o Presidente Mussa vares, Luiz Gushiken, Roberto Campos, Delfim Neto, Demes, muita coisa poderá ser esclarecida. Francisco Dornelles, Ponte, Germano Rigotto, que Agradeço a atenção e reitero a V.Exa. o pedido trabalharam intensamente durante uns seis meses. de que analise a possibilidade da realização dessa Ao final da Subcomissão, foi feito o relatório, não di- audiência pública. ria consensual, no qual o Relator mostrou tendências O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) distintas e diversas. Em seguida, houve o relatório do – Antes de encerrarmos, tendo em vista que a lista de Deputado Germano Rigotto. O último relatório apre- oradores está encerrada, concedo a palavra ao Depu- sentado foi o do Deputado Mussa Demes. tado Virgílio Guimarães. Sr. Presidente e Sr. Relator, gostaria de fazer uma O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Mui- to obrigado, Sr. Presidente ad hoc, Deputado Walter sugestão sobre a qual comentei com o Deputado Luiz Feldman. Carlos Hauly há pouco. Li atentamente o relatório do Em primeiro lugar, faço uma consideração que Deputado Mussa Demes e conversei com S.Exa. du- até pode responder ao Deputado Eduardo Paes. O rante a elaboração do relatório. Considero S.Exa. uma Presidente da Comissão não está presente no mo- das pessoas que mais conhecem o problema tributário mento, mas S.Exa. já me havia dito que tinha tido a no Brasil, apesar de sua humildade. idéia de organizar melhor a Comissão. Parece-me que Esta é a primeira reunião da qual participo. Ao numa próxima reunião S.Exa. vai sugerir a eleição ler a pauta, percebi que há uma série de requerimen- de alguns Vice-Presidentes. Portanto, já é bom irmos tos convocando “a” e “b”, pessoas importantíssimas pensando nisso. para nós. Vou relembrar para quem estava presente e in- O Deputado Antonio Cambraia disse-me que o formar para quem chegou depois que o Deputado relatório do Deputado Mussa Demes havia sido distri- Eduardo Paes sugeriu que houvesse maior número buído. Distribuir é uma coisa. Nossa vida é muito atri- de pessoas representativas que pudessem ajudar a bulada. Participamos de reuniões e de sessões, viaja- conduzir a Comissão, a elaboração de relatórios etc. mos muito e não temos tempo de ler. O Ministro Tarso Então, o Presidente Mussa Demes já me havia dito Genro está sendo convocado para a próxima semana. que seguiria o critério das Comissões Permanentes, Perguntaria se seria possível convidar o Presidente depois de consultar o Presidente da Casa, Deputado Mussa Demes para uma audiência pública conosco. João Paulo Cunha. Parece que a idéia seria ter um Quando S.Exa. está na Presidência fica limitado, não Vice-Presidente do mesmo partido, que é o critério pode sequer votar, a não ser que haja empate. Quem usual, e, na seqüência, pela representação dos parti- leu o relatório e entendeu, tudo bem, mas acho que dos, proporcionalmente. nem todo mundo entendeu tudo, como eu. Seria impor- Eu já havia convidado o Deputado José Mentor tante nos reunirmos antes mesmos dessas pessoas para ser meu adjunto, até porque nós nos completa- convocadas. Aqueles que já estão agendados conti- mos, já que eu sou economista e S.Exa. é jurista. Pen- nuam, mas deveríamos convidar o Deputado Mussa sei, então, em utilizar o mesmo critério: ir chamando os partidos na seqüência para ampliar. Parece-me Demes para uma audiência pública. O Deputado Wal- que seria o PPB e o PTB. Os Vice-Presidentes se- ter Feldman assumiria e S.Exa. poderia expor para riam eleitos e o adjunto seria convidado. É evidente nós o que pensa, o que consta do Relatório que foi que isso seria colocado em discussão. Tenho certeza distribuído. Esta é uma sugestão que valeria a pena, de que tal procedimento será muito útil, não podendo, a meu juízo, mas não sei qual a opinião dos demais porém, significar a perda da importância da Comissão Srs. Deputados. como um todo. Para encerrar, Sr. Presidente, Sr. Relator, eu disse Mesmo aceitando a consideração feita pelo Depu- que tive verdadeiras aulas aqui, pois ouvimos pessoas tado Eduardo Paes e pelo Presidente, com a qual eu do mais alto nível, mostrando conhecimento em várias concordo, e ampliando também a participação parti- áreas, dentro do sistema tributário, mas é bom não nos dária nas Relatorias-Adjuntas, mantenho meu com- esquecermos dos macroobjetivos. Alguém aqui falou, promisso inicial de valorizar a opinião de cada um e en passant, de alguns, tais como emprego, distribuição de ser um relator que expresse a opinião do conjunto. de renda, desoneração das importações e investimen- O relator pode ser experimental nas idéias, nas pro- tos, redução das desigualdades etc. Devemos sempre posições, mas no relatório eu quero ser absolutamen- de ter em mente esses macroobjetivos. te coletivo. Esclareço até, para aqueles que não me 57514 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 conhecem, que sou de Minas Gerais, um Estado que de produzir nosso resultado. Assim, estaríamos reves- já é inserido no Centro-Oeste, por meio do Triângulo. tidos da condição da Comissão que analisa o projeto. O sul de Minas hoje já faz parte do Grande ABC, do Ele será apensado, naturalmente, e nós vamos levar ponto de vista da planta industrial. O norte de Minas nosso substitutivo ao plenário. Gerais é Nordeste, até por definição legal. Sou filho Evidentemente, o substitutivo vai dar formato à de pai sertanejo e de mãe da região metalúrgica. Sou reforma. O Ministro Palocci já disse que vai enviar as um sertanejo que mora no miolo do setor minerador, estruturas gerais. É como se fosse um prédio. S.Exa. metal e mecânico. vai enviar o esqueleto, mas quem vai fazer as pare- Era este o esclarecimento que eu queria dar des, as divisórios, o piso, a decoração, pintar paredes sobre a sugestão de organização dos debates e dos e distribuir móveis somos nós aqui. E não é tarefa nossos trabalhos. fácil. Já houve quem avisasse: ”Se reservarem para Evidentemente estamos aqui nos organizando, mim só um quartinho, um cantinho com divisória, não nos conhecendo melhor. Nosso ponto de partida é serve. Precisamos de pelo menos um quarto e sala o relatório passado e também a experiência política nesse prédio”. Outros podem pedir um salão comu- passada. Esta Comissão vai poder trabalhar com a nitário, como me alerta o Deputado Walter Feldman, vantagem de ter bom acervo de debates. A maioria com toda razão. dos companheiros já fizeram parte da Comissão, e Ainda sobre os novos procedimentos, ficou como os que não fizeram já vieram muito preparados – até atribuição do Relator e do Presidente, cuidar das au- mesmo o Deputado Fernando Gabeira, que sempre diências nos Estados, para não atrapalharmos o cro- se proclamou leigo, conhece muito bem a respeito nograma da Comissão. Resolvemos dessa forma para de imposto verde, está bem preparado, já montou um não haver deslocamentos no cronograma da Comissão, núcleo dentro da nossa Comissão. Tudo isso vai-nos para não haver alterações na pauta. ajudar a ter resultado ainda neste ano. As audiências já estão sendo realizadas, na me- O grande desafio é, ainda em 2003, termos a dida da necessidade. O Relator sentiu necessidade de reforma tributária, na sua parte constitucional, votada procurar os Governadores dos Estados onde o impacto no primeiro semestre e, na parte infraconstitucional, da questão origem/destino pode ser maior, indepen- discutida no segundo semestre, mesmo que alguma dentemente de qualquer iniciativa dos Parlamentares questão infraconstitucional, que não seja indispensável locais, mas sempre em conjunto. Já estivemos com o para regulamentar a parte constitucional, possa ficar Governador de São Paulo, e parece-me que já está para o primeiro semestre do ano que vem. marcada para amanhã audiência com o Governador Esse cronograma pode parecer um pouco arroja- do, mas ele tem de ser uma meta. Meta nós podemos de Minas Gerais. Também teremos audiência com o cumprir ou não, mas vamos procurar cumprir. Não es- Governador do Mato Grosso, que se tem posicionado tamos perdendo tempo. Realizaremos audiências pú- de maneira muito enfática. Foi até o próprio Governador blicas, que são indispensáveis, mas não serão tantas de São Paulo que nos lembrou da importância dessa como no passado – parece que foram mais de cem discussão, já que se levantou um montante. Parece- audiência públicas. me que será no dia 14. A idéia é irmos trabalhando nessa base, come- Estamos fazendo tudo isso em conjunto com çando pelo relatório da Comissão passada. Creio que os Srs. Parlamentares. Portanto, esclareço que esta- já poderíamos aprová-lo, depois de uma exposição mos à disposição. É importante o Deputado mostrar circunstanciada do mesmo. E vamos aguardar o pro- aos segmentos econômicos os dados que conhece, jeto do Governo, não para aceitarmos, mas porque ele porque do contrário teremos que remontar toda a li- será incorporado, do ponto de vista da tramitação. Já nha das cento e tantas audiências realizadas. Cada que o Governo vai enviar o projeto, temos de incorpo- Deputado também tem determinada inserção no seu rá-lo para levar à votação. Poderíamos votar. O relató- Estado, e isso é importante. É até um reconhecimento rio passado está concluído, pronto para ir ao plenário. da comunidade. Tecnicamente, temos condições de levá-lo ao plenário. Como Relator, estou tendo que falar todo dia so- Nossa Comissão teria legitimidade para apresentar bre o assunto. No meu Estado, estou indo a faculda- um substitutivo, uma fusão, pois já nos foi delegada a des, a universidades e a outras regiões, pois nesses função de trabalhar o projeto que o Governo vai enviar. lugares está meu auditório, a quem tenho que ouvir e Mas já estamos trabalhando, já estamos em processo a quem tenho que falar. de produção e de acerto de idéias. Quando o projeto Repito, portanto, que estamos à disposição para do Governo chegar, rapidamente teremos condições tudo isso. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57515 De memória, informo que já estão marcadas legitimidade inteira, quando não há briga por recursos. viagens para os dias 25 e 26. No dia 25, estaremos É uma entidade num determinado Estado incentivan- em Santa Catarina e no dia 26, no Paraná – Curitiba do uma região de si mesma. Não há por que discu- pela manhã, Londrina à tarde, Florianópolis pela ma- tir quem quer abocanhar do outro o resultado dessa nhã, Joinville à tarde. No dia 14, a audiência será no operação. Isso é uma parte legítima. Evidentemente, Mato Grosso. Não há Parlamentares do Mato Grosso em toda atividade humana, há uma questão legítima na Comissão, mas os Parlamentares do Centro-Oeste que de alguma maneira pega o descaminho, que não estarão presentes. O Governador Borges Maggi tem gera questões novas, não desenvolve região. É uma sempre pontuado esse assunto. questão predatória que se convencionou chamar de Há a idéia de algumas audiências no Nordeste. O guerra fiscal, que temos também de analisar. Deputado Gerson Gabrielli já está reivindicando uma Como sempre lembro ao Deputado Sandro Ma- data. Seria importante fazermos um roteiro no Nor- bel, eu diria, com essa minha característica de mineiro deste, incluindo Bahia e Recife – não sei como está a e sertanejo da área mineira, do semi-árido, do pedaço questão no Ceará. nordestino de Minas Gerais, que se trata de assunto que Também já há um compromisso firmado, mas não temos de trabalhar com muito equilíbrio. Tenho muita agendado, com a Zona Franca de Manaus. Da mes- simpatia por qualquer que seja o sistema adotado. ma forma, há um debate marcado, se não me engano Como Relator, não deveria estar falando muito, para o dia 5, em Porto Alegre, onde teríamos uma au- mas penso que nós deveríamos ter talvez no País um diência com o ex-Deputado Luiz Roberto Ponte e uma CONFAZ renovado, que pudesse ter cotas para in- visita, por cortesia e reconhecimento, ao Governador centivos; enfim, que o Estado pudesse dar o incentivo. Germano Rigotto. Mas, se ele deu aqui, não pode dar infinitamente. Não Não sei se foi confirmada para amanhã, pela é como uma conta-movimento em que você pode sacar manhã, a audiência em Belo Horizonte, com o Go- sempre. Temos que regular para forçar pela escolha. vernador Aécio Neves – o Senador Eduardo Azeredo Talvez possa ser o caminho, até porque não temos estava cuidado do assunto, juntamente com o Secre- como cortar tudo agora, porque temos os incentivos já tário de Governo Danilo de Castro, que é Deputado direcionados. Temos também que saber resolver. Não licenciado. À tarde e à noite realizaremos audiência podemos transferir isso para alguém que foi, de certa no Espírito Santo. maneira, vítima de uma concorrência desleal não só Eram estas as questões de encaminhamento. com o Estado, mas também com a empresa produti- Com relação ao conteúdo, o Relator está preo- va que busca eficiência e produtividade. Então, é um cupado em ter as orelhas bem grandes e a boca pe- quena. aspecto que se tem de levar em conta. A respeito da importante polêmica havida aqui, Quanto à questão da transição – não vou falar só sobre a questão dos incentivos fiscais e da guerra fiscal, de origem e destino – , digo que qualquer transição tem temos de analisar o assunto com muita propriedade. É um custo. Mesmo se formos fazer apenas a unificação evidente que o incentivo fiscal tem uma razão inegável. das alíquotas do ICMS, não vamos nos esquecer de Vamos esquecer a questão de entes diferenciados da que alguns perdem e outros ganham. É impossível, Federação e vamos imaginar um Estado onde se ti- sem alterar a carga tributária. É impossível. Se que- vesse uma região já com sua infra-estrutura definida, remos manter a mesma carga e unificar as alíquotas, portanto com economias de escala, próximo da área alguns Estados vão ganhar e outros perder, sem dar de consumo. Quem se implantar ali já terá aeroporto, a grande cambalhota da origem para o destino. Não já terá estrada, técnicos, empregados já formados, es- existe calibragem que vai deixar todo o mundo igual, colas, pessoas que já trabalharam em outra empresa, a menos que queira fazer isso de maneira sub-reptí- que estão no turn over, disponíveis. Imaginem outra cia, sem explicitar, e aumentar a carga. Se for tudo por região longínqua, com estradas ruins, com custo de baixo, a carga despenca, mas aí há um outro efeito, transporte, com custo de implantação. É do próprio in- que é o desequilíbrio das finanças públicas, que nin- teresse desse Estado, desse País não federado, para guém quer. desenvolver aquela região, diminuir o “Custo Região”. Muitos aqui falaram sobre a questão do tamanho Então, tira-se a parte do Governo e ela passa a ter com- do Estado. É importante. O problema é que o tamanho petitividade. É exatamente para equiparar a condição do Estado hoje é sobretudo superávit primário e juros. de competição que se cria a questão mais legítima do Esse é o grande tamanho do Estado. O que o Governo incentivo fiscal, até porque gradativamente deixa de ser está fazendo hoje é atacar esse tamanho do Estado. necessário. Isso é o incentivo na sua origem e na sua Se conseguirmos derrubar a taxa de juros e a neces- 57516 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 sidade do superávit primário, estaremos atacando o Não havendo requerimentos a serem votados, vilão maior do gigantismo. por orientação do Presidente efetivo, vamos dar por Aliás, se alguém tiver o cuidado de analisar o que encerrados os trabalhos, não sem antes convocar os aconteceu com as contas públicas, verá que o cres- Srs. Deputados para a próxima reunião, dia 15 de abril, cimento da carga tributária é exatamente a parte que terça-feira, às 10h, neste mesmo plenário. responde por esses itens. Se observar os investimen- Obrigado. tos, o custeio etc. verá que a carga tributária brasilei- Boa tarde a todos. ra não mudou. O que mudou foi a carga em cima do Está encerrada a reunião. consumidor, do contribuinte, para a parcela esterilizada COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR do recurso público. ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM E o ganho que a União teve, a guerra fiscal que TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA a União fez em relação a Estados e Municípios é exa- O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL. tamente essa parte. Foi o aleijão produzido por um (SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL) modelo que gerou juros astronômicos e um superávit primário insuportável. Temos que atacar isso. Então, 52ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária temos que fazer a reforma tributária já este ano, para Ata da 7ª Reunião Ordinária Audiência Pública derrubar o vilão principal, e a reforma previdenciária Realizada em 15 de Abril de 2003. também. Acabei de falar como mineiro, como brasileiro, Às dez horas e oito minutos do dia quinze de abril como cidadão vindo do semi-árido e também como de dois mil e três, reuniu-se a Comissão Especial desti- servidor público. Deputado Paulo Afonso, ex-Gover- nada a efetuar estudo em relação às matérias em trami- nador, temos que defender a sustentabilidade do sis- tação na Casa, cujo tema abranja o Sistema Tributário tema previdenciário e tributário. Como defensores dos Nacional, no Plenário 13 do Anexo II da Câmara dos servidores públicos – sou um deles – , temos que ter Deputados, com a presença dos Senhores Deputados uma sustentabilidade do sistema previdenciário públi- Mussa Demes – Presidente; Virgílio Guimarães – Rela- co. Isso daí não é ter uma posição antes e mudar de- tor; André Zacharow, Antonio Cambraia, Armando Mon- teiro, Beto Albuquerque, Carlito Merss, Carlos Eduardo pois. Não é a questão. Temos que procurar soluções Cadoca, Eduardo Paes, Gerson Gabrielli, João Leão, conjuntamente, eventualmente com alguma medida José Mentor, José Militão, Julio Semeghini, Luiz Carlos na área tributária. Tenho convicção de que vai haver Hauly, Lupércio Ramos, Marcelo Teixeira, Narcio Ro- esse tipo de incidência. Qualquer transição tem cus- drigues, Paulo Rubem Santiago, Renato Casagrande, to. Os Governadores sabem muito bem disso. Em re- Sandro Mabel e Walter Feldman – Titulares; Anivaldo lação à Previdência complementar, alguém tem que Vale, Ary Vanazzi, Eduardo Sciarra, Eliseu Resende, pagar. Mas isso é útil e importante para os servidores Enio Tatico, Fernando Gabeira, Gervásio Silva, Gonza- públicos. Então, a idéia não é confiscar direitos, mas ga Mota, Jaime Martins, Júlio Cesar, Márcio Reinaldo assegurar a sua aplicabilidade para agora, para médio Moreira, Paulo Afonso, Paulo Pimenta, Pedro Chaves, e longo prazos. Pedro Fernandes, Reginaldo Lopes, Roberto Pessoa, Estes os comentários que eu tinha a fazer. Telma de Souza, Vanessa Grazziotin e Wasny de Rou- Quero agradecer a todos os presentes. Tenho re – Suplentes. Compareceram também os Deputados certeza de que vamos fazer esse trabalho conjunta- Chico Alencar, Dra. Clair, Henrique Fontana, Leonardo mente. Quero dizer que a reunião de hoje foi muito rica. Monteiro, Marcelo Castro, Maria do Rosário e Sandes Nós estávamos precisando ouvir mais uns aos outros. Júnior, como não-membros. Deixaram de comparecer Creio que outras audiências como esta ou encontros os Deputados Delfim Netto, Edmar Moreira, Edson Du- em que as pessoas possam ficar mais à-vontade para arte, Francisco Dornelles, Jorge Bittar, José Roberto fazer suas reflexões sejam indispensáveis para apren- Arruda, Luiz Bittencourt, Machado, Max Rosenmann, dermos a conhecer melhor as idéias, os pontos de vista Nelson Marquezelli, Pauderney Avelino, Paulo Bernardo, que nós mesmos vamos construir conjuntamente para Romel Anizio, Ronaldo Vasconcellos, Sérgio Miranda votar a reforma tributária ainda este ano. e Walter Pinheiro. Havendo número regimental, o se- Muito obrigado. nhor Presidente declarou abertos os trabalhos. ATA O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) – O Deputado Gonzaga Mota solicitou a dispensa da – Muito bem. Agradecemos ao Deputado Virgílio Gui- leitura da ata da 6ª reunião, cujas cópias haviam sido marães a sua postura franca e tranqüila na condução distribuídas antecipadamente. Em discussão e vota- dos seus trabalhos. ção, a ata foi aprovada, sem restrições. EXPEDIENTE: Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57517 Ofício Nº 0319-L-PFL/2003, de 10/04/2003, do Líder depois de lida e aprovada, será assinada pelo Senhor do PFL, Deputado José Carlos Aleluia, indicando o Presidente e irá à publicação. Deputado Machado para exercer a coordenação da O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Bancada do PFL nesta Comissão. ORDEM DO DIA: – Declaro abertos os trabalhos da Comissão Especial A) Audiência Pública com o Dr. Tarso Genro, Secre- do Sistema Tributário Nacional. tário do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Como houve a distribuição antecipada de cópias Social. O Senhor Presidente, após anunciar as normas da ata da 6ª reunião a todos os membros presentes, regimentais que norteariam os trabalhos, passou a pa- indago ao Plenário se há necessidade de leitura. lavra ao convidado. Com a palavra, o Dr. Tarso Genro, O SR. DEPUTADO GONZAGA MOTA – Sr. Pre- primeiramente, esclareceu que as posições por ele sidente, considerando que a ata foi distribuída com apresentadas não eram necessariamente do Governo, antecedência, sugiro a V.Exa. que dispense a leitura. uma vez que o Conselho de Desenvolvimento Econô- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) mico e Social é um órgão de assessoramento do Po- – Dispensada a leitura da ata, a pedido do Deputado der Executivo. Em seguida, informou que os diversos Gonzaga Mota. grupos de trabalho do Conselho valeram-se do mate- Em discussão a ata. rial da Comissão da Reforma Tributária na Legislatura Não havendo quem queira discuti-la, em vota- anterior e que o trabalho foi centrado em quatro postos ção. básicos: ICMS, contribuição previdenciária, CPMF e Os Deputados que a aprovam permaneçam como não-cumulatividade de tributos. Ainda com a palavra, estão. (Pausa.) o Dr. Tarso Genro apresentou à Comissão os consen- Aprovada. sos, as recomendações e as sugestões do órgão que Expediente: representa. Encerrada a exposição, o Senhor Presiden- Sobre a mesa o Ofício nº 0319-L, do PFL, de 10 te fez indagações ao palestrante e a seguir, passou, de abril de 2003, do Líder do PFL José Carlos Aleluia, segundo a lista de inscrições, a palavra aos Senhores indicando o Deputado Machado para exercer a coorde- Deputados Walter Feldman, Wasny de Roure, Antonio nação da bancada do partido nesta Comissão. Cambraia, Carlito Merss, Paulo Rubens Santiago, Hen- Esta reunião foi convocada para ouvirmos em rique Fontana, Maria do Rosário, Pedro Fernandes, audiência pública o Dr. Tarso Genro, Secretário Es- João Leão, Ari Vanazzi, José Militão, Eduardo Paes, pecial do Conselho de Desenvolvimento Econômico Anivaldo Vale, Luiz Carlos Hauly, Paulo Afonso, Dra. e Social. Clair, Vanessa Grazziotin e Marcelo Castro. Ao final, o Após ouvirmos nosso convidado e serem aten- Senhor Relator, Deputado Virgílio Guimarães fez con- didos os questionamentos que vierem a ser feitos, vo- siderações acerca do assunto em tela. B) Apreciação taremos os requerimentos para sabermos qual será a de Requerimentos. O Senhor Presidente, Deputado pauta da próxima reunião. Mussa Demes, colocou em apreciação o Requerimen- Antes de passar a palavra ao convidado, esclareço to nº 33/03, do Senhor Deputado Júlio Redcker, que que, para o ordenamento dos trabalhos, adotaremos os solicitava convidar “o Governador do Estado do Rio seguintes critérios, estabelecidos no Regimento Interno Grande do Sul, Germano Rigotto, para participar de da Casa: o convidado disporá de 20 minutos para sua audiência pública a ser realizada por esta Comissão”. exposição, não podendo ser aparteado; se esse tempo O Deputado Walter Feldman pronunciou-se a favor do não for suficiente, poderá ser prorrogado pelo tempo requerimento, sugerindo que a Comissão na mesma que entender necessário; terminada a exposição, ini- reunião ouvisse, também, o Deputado Mussa Demes, ciaremos os debates. Os Deputados interessados em Relator da Comissão Especial da Reforma Tributária interpelar o convidado deverão inscrever-se previamen- na Legislatura passada. No mesmo sentido, manifes- te junto à Secretaria; cada interpelante deverá fazer tou-se o Senhor Relator. O Requerimento nº 33/03 foi sua formulação em no máximo três minutos, permitida aprovado com a seguinte alteração: inclusão do nome a réplica e tréplica pelo mesmo prazo. do Deputado Mussa Demes. Nada mais havendo a Concedo a palavra ao nosso ilustre convidado tratar, o Senhor Presidente, Deputado Mussa Demes, de hoje, o Ministro Tarso Genro. encerrou a reunião às treze horas e quarenta minu- O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Exmo. Sr. tos, antes convocando outra para quinta-feira, dia 24 Presidente, Deputado Mussa Demes; Exmo. Sr. Rela- de abril. A presente reunião foi gravada e suas notas tor, companheiro Virgílio Guimarães; Sras. e Srs. Depu- taquigráficas, após decodificadas farão parte integrante tados, é uma grande honra para mim participar dos desta Ata. E, para constar, eu, Angélica Maria Landim trabalhos desta Comissão. Faço-o com muito orgulho, Fialho Aguiar, Secretária, lavrei a presente Ata, que não só porque pertenci a esta Casa, mas porque aqui 57518 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 travei um conjunto de relações políticas extraordina- dologia: levou ao Presidente da República os pontos riamente qualificadas e vitais para a minha formação. sobre os quais houve consenso, e também, na forma Aprendi muito com o Parlamento nacional; aprendi a de recomendações, aqueles que obtiveram aceitação ser mais tolerante, profundo, e, obviamente, a amar da clara maioria, e na forma de sugestões aqueles mais o nosso País. Portanto, Sr. Presidente, agradeço itens que não polarizaram. esta oportunidade. Como se verificaram o consenso e a recomenda- Passo a expor, dentro do prazo regimental, os ção? Como se diferenciaram essas duas informações pontos fundamentais sobre os quais verteu o nosso de posições do Conselho levadas ao Presidente? Sim- trabalho. plesmente pelo princípio da aparência imediata. Como Preliminarmente, esclareço que essas não são Secretário Executivo e Coordenador do Conselho, em as posições do Governo, mas de uma instituição polí- nome do Presidente da República, eu perguntava, de- tica criada pelo Governo atual, de caráter público, não pois da discussão dos pontos, se havia alguma diver- estatal. O Conselho é uma instituição pública; os com- gência sobre o que estava sendo proposto. Quando ponentes são egressos da sociedade civil, designados não havia divergência, verificava-se o consenso. Se pelo Presidente da República, e têm como exclusiva havia alguma divergência, eu pedia às pessoas diver- finalidade subsidiar, induzir e qualificar a formação de gentes que emitissem rápida opinião sobre o assunto. opinião do Executivo; portanto, a Secretaria, no âmbito E se dos 82 representantes da sociedade civil apenas ministerial, é uma estrutura do Executivo, apoiada num 6 ou 7 emitissem sua opinião, verificávamos que ha- Conselho majoritariamente composto por membros da via ampla maioria favorável ao tema e aquilo se tor- sociedade civil e por 10 Ministros, sendo esse Conse- nava uma recomendação. Se surgiam várias críticas, lho presidido pelo Presidente da República. adendos, pedidos de retificações, transformávamos O Conselho tem a finalidade de instituir o marco aquele item em apenas uma sugestão – portanto, não normativo mediante o qual o Governo compõe uma uma recomendação, nem um enunciado de natureza janela de escuta com a sociedade civil organizada e consensual. com ela dialoga. Essa janela de escuta produz enun- Foram pontos de consenso: ciados que são levados ao Presidente da República a) Quanto aos princípios: para ele decidir sobre seu aproveitamento ou não. É – promover a justiça fiscal, elevar a efici- uma forma de participação democrática, aberta, cons- ência e a competitividade, buscar a simplifica- trutiva e plural. ção e intensificar o combate à sonegação; O Conselho tratou, além de outros assuntos me- – a neutralidade da reforma; nos importantes, de dois temas estruturais da conjun- – a ampliação da base de incidência; tura: as reformas tributária e previdenciária. – maior eficácia da arrecadação, criando A reforma previdenciária foi um tema de tratamen- condições para a redução da carga individual to mais fácil. Havia um acúmulo de trabalho produzido nos setores mais frágeis. nesta Casa ao longo de aproximadamente 10 anos, inclusive pelo trabalho realizado pelo Presidente da Esses princípios foram enunciados há muito tem- Comissão à época, o atual Governador do meu Estado po pela Comissão. Germano Rigotto, ,juntamente com o Ministro Antônio b) Quanto ao ICMS: transformá-lo em Palocci e o Presidente desta Comissão, o Deputado imposto estadual unificado em todo o País, Mussa Demes, que produziram um rico manancial de com legislação e normatização uniformes, opiniões a respeito do sistema tributário nacional e da reduzindo o número de alíquotas e eliminan- sua reforma. O Conselho, portanto, viu-se perante um do as 27 legislações diferentes que existem conjunto de dados, fruto da organização das opiniões atualmente – as normas e as regras de tran- e dos debates realizados, e seus grupos temáticos pu- sição para o novo imposto serão definidas em deram trabalhar mais tranqüila e rapidamente apoiados lei complementar; nesse vasto material, cuja confecção foi presidida por c) Quanto à contribuição previdenciária: V.Exa., Sr. Presidente. subtração parcial ou total da atual base de Os temas mais relevantes tratados nas reuniões cálculo (folha de pagamento) da contribuição dos quatro grupos temáticos foram: princípios, ICMS, patronal para a Seguridade Social; sendo par- contribuição previdenciária, CPMF e incidência não cial, isto é, mista, serão consideradas a folha cumulativa das contribuições. O relatório já foi entre- de pagamento e a contribuição não cumulati- gue ao Sr. Presidente da República. O Conselho, como va; optando-se pela substituição total, deverá não é um órgão deliberativo, adotou a seguinte meto- ser adotada uma contribuição não cumulativa. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57519 Assim, a contribuição previdenciária, de acordo – adoção de um imposto simplificado com a proposta do Conselho, teria um trânsito e único, tendo como justificativa a incorpora- em direção ao faturamento da empresa, parti- ção do IPI e do ISS, a fim de evitar a cumu- cularmente ao valor agregado. latividade; d) Quanto à CPMF: redução progressiva, – definição da contribuição na origem ou tornando-a permanente, com alíquota simbó- no destino, mediante discussão prévia com os lica, para controle fiscal, buscando fontes al- Governadores – embora o destino tenha sido ternativas de receitas para suprir a perda de aprovado por consenso amplamente majo- arrecadação. ritário, há uma recomendação do Conselho, e) Quanto à incidência não cumulativa que não sofreu contestação, mas não teve das contribuições: redução gradual da inci- apoio da maioria, de que ele seja tratado de dência cumulativa das contribuições sociais, maneira adequada com os Governadores, objetivando o aperfeiçoamento da tributação que constituem uma fonte de formação de relativamente a seus reflexos na economia. opinião estrutural para o Governo e para o próprio Congresso; Os pontos de recomendações, em última análise, – incidência sobre o valor adicionado em foram aqueles em torno dos quais houve visível maio- cada etapa da cadeia de produção e distribui- ria do Conselho. Podemos dizer que são amplamente ção, respeitando o princípio da não-cumulati- majoritários, mas não consensuais. As recomendações vidade e seletividade; sempre reuniram em torno de 80% dos conselheiros. – utilização do princípio da seletividade São eles: o princípio da aplicação do ICMS ou IVA com das alíquotas com imunidade para a cesta bá- base no destino da mercadoria – mais de 80% com base sica, com avaliação da seletividade do imposto no destino da mercadoria – e uma incidência mais forte em nível regional; da contribuição previdenciária sobre o valor agregado – adoção do IVA calculado por fora (por- tanto, imposto sobre consumo); em relação à folha de pagamento. Portanto, esse trân- – mecanismo de crédito garantido para sito deve dar-se, de acordo com essa recomendação, todos os gastos, incluindo investimentos, via- mais rapidamente sobre o valor agregado. bilizando seu efetivo aproveitamento; Os pontos de sugestões são aqueles temas que – preocupação com a manutenção do apareceram e não polarizaram, temas que obtiveram disposto no art. 179 da Constituição Federal, 30% ou 40% de impulso, sem contestação mais aguda, garantindo tratamento diferenciado para as mas que não lograram uma conformidade majoritária, pequenas e microempresas, em especial o muito menos o consenso. São eles: SIMPLES, considerando que na PEC nº 175 estão vedadas as concessões de isenções e a) Quanto aos princípios – os princípios benefícios fiscais; “promoção da justiça social” e “simplificação – manutenção e aperfeiçoamento do e transparência fiscal” estão como sugestões regime do SIMPLES; porque não foram debatidos, não porque tives- – desoneração total do tributo para em- sem algum tipo de impugnação mais aguda. presas exportadoras inscritas no regime es- Outros itens: pecial do SIMPLES – essa sugestão foi muito – adoção de política tributária que prio- polêmica no conselho. Ela começou como rize o desenvolvimento sustentável; recomendação, com visível maioria, mas o – limitação ou ampliação do aumento debate nos grupos temáticos, posteriormente, da carga tributária pelo Governo; transformou-a em sugestão, mostrando que, – minimização ou compensação dos na sociedade civil organizada que lá está re- eventuais impactos de migração ou deslo- presentada, existe um ponto de vista favorável camento da carga tributária entre diferentes a essa concepção, mas não é hegemônico, atividades econômicas ou outros tipos de em- sequer majoritário, pelo menos por enquanto, presa; nos debates realizados no conselho; – aplicação de tributos exclusivos so- – adoção do Sistema Nacional de Compen- bre cada base de cálculo, de forma a evitar a sação, inclusive envolvendo impostos federais; cumulatividade e proporcionar transparência – revisão da tributação do setor elétrico ao contribuinte. para que o valor agregado seja também con- b) Quanto ao ICMS: siderado na geração de energia; 57520 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 – desoneração dos investimentos produ- Essa, obviamente, é uma questão muito polêmi- tivos, com fixação de alíquotas menores para ca, e, na minha opinião, não tem fundamento, não é os bens de capital, no sentido de promover a função do Conselho, mas sou obrigado a trazer aqui elevação da taxa de investimento da economia o que foi colocado como sugestão. – este foi um ponto também muito discutido, f) Outros temas: os pontos aqui descritos são su- e aqui está como sugestão não porque tenha gestões relativamente a outros temas não diretamente menor importância, mas porque provocou po- vinculados à reforma tributária. Vou repetir às Sras. e larização, mas, no Pleno do Conselho, não foi Srs. Deputados que chegaram tarde à reunião, como possível verificar hegemonia e consenso. é de costume, obviamente, desde a minha época de Deputado, apenas para esclarecer elementos impor- Casualmente, saí agora de uma reunião com o tantes para a compreensão do que foi exposto. Ministro Furlan, que me chamou atenção especialmen- O Conselho trabalhou com três níveis de deci- te para esse ponto; sua visão (que quero discutir no são: os consensos, temas explicitamente unitários no momento oportuno) é no sentido de que essa ques- Conselho, alguns deles importantes, relativamente à tão da desoneração de investimentos produtivos deve reforma tributária; as recomendações, temas visivel- ser trabalhada com prudência, mas será fundamental mente majoritários; e as sugestões, temas com menor para alavancar a retomada do crescimento do País. grau de aceitação, ou que não foram discutidos, ou que Como fazer isso de maneira que não haja perda de não polarizaram no Conselho, e, portanto, não sofre- arrecadação será um desafio técnico e político para o ram qualquer tipo de aferição mais precisa. próprio Congresso. As recomendações e os consensos constituem os c) Quanto à contribuição previdenciária, as reco- elementos vitais que o Conselho levou ao Presidente mendações são aquelas expostas na tela “Tributação da República, com referência não somente à reforma sobre Valor Agregado” e repetem aquelas observa- tributária, mas também à reforma previdenciária. ções. Esta é a informação que trago a V.Exas. O con- Há um item de extrema importância que causou teúdo dos projetos será tratado pelo Presidente com bastante polarização no conselho. Trata-se da separa- a equipe econômica e com a Casa Civil. O trabalho ção total, radical e transparente das contas da Previ- do Conselho, como instituição, vai até este nível, o de dência. Há um problema histórico nas contas da Previ- emprestar e oferecer ao Presidente os consensos e as dência, discutido inúmeras vezes por este Parlamento sugestões que acabamos de expor a V.Exas. – na minha época inclusive essa era uma questão im- Muito grato pela atenção. portante, quando discutíamos a reforma previdenciária O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – , e de diversas formas podemos dizer que há uma – Está sendo distribuído aos senhores o relatório apre- tendência bastante significativa no Conselho de que sentado pelo Ministro Tarso Genro. É extremamente isso venha a ser regulamentado. importante que todos dele tenham conhecimento e Depois vêm essas recomendações colocadas possam fazer uma avaliação, na medida em que es- na tela. São sugestões. Aqui, repete-se a questão das tarão fazendo perguntas. No substitutivo aprovado na contas da Previdência, cujo orçamento deverá ser dis- Comissão Especial, há muitos pontos examinados pelo sociado do Orçamento Geral da União. Conselho que merecem reflexão e deverão, evidente- d) Quanto à CPMF, as sugestões são conheci- mente, ser discutidos nesta reunião. das e foram debatidas nesta Casa. Algumas delas têm Indago inicialmente ao Relator, ao Deputado Vir- um critério mais de especialidade de recomendações gílio Guimarães, se deseja fazer algumas considera- ções agora ou ao final da reunião. e consensos que já constaram dos enunciados gerais O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. anteriores Presidente, prefiro ouvir os Deputados; farei as consi- e) Quanto à incidência não cumulativa das con- derações ao final. tribuições: O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) preservação da eficiência arrecadatória; – Com a palavra o Deputado Walter Feldman. calibragem; O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. aqui, uma sugestão que, na minha opi- Presidente Mussa Demes, sugiro que V.Exa. fale em nião, não vai prosperar, mas é necessário que o primeiro lugar. próprio Congresso preste atenção: participação O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) do CDES na definição das alíquotas a serem – Preparei-me para falar no final, mas disponho-me a aplicadas com o fim da cumulatividade. fazê-lo neste momento. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57521 Ministro, na sua exposição V.Exa. informa-nos compensatórios, para que o processo econômico se que o Conselho decidiu por uma redução gradual da equilibre em relação ao sistema tributário. CPMF e uma redução gradual da contribuição pre- Em relação à CPMF, há uma visão de redução videnciária. E parece-me ter ouvido V.Exa. dizer que até que ela se transforme numa alíquota simbólica, buscaríamos formas alternativas para repor essas re- para mero controle fiscal. ceitas de que estaria sendo desfalcado o Erário, em Já quanto à contribuição previdenciária a visão razão dessa redução gradual. Indago de V.Exa. se o foi outra. Talvez eu não tenha explicado de maneira Conselho já tem idéia de qual seria a forma de termos clara. É a visão de desoneração da folha – esse foi o essa recomposição. componente principal de conteúdo – , fazendo-se uma Quanto ao princípio do destino da CPMF, trata- transferência e oferecendo-se uma dupla possibilida- se certamente de uma questão polêmica. Há Gover- de: sobre o valor agregado ou sobre o faturamento nadores favoráveis e outros que temem o resultado da empresa. Isso ficou em aberto, mas o princípio da disso. Tivemos inclusive uma discussão interna na desoneração da folha é um elemento que o Conselho semana passada, e esse talvez seja o ponto mais de- entendeu como estímulo à criação de empregos. Essa licado da discussão. Gostaria de saber de V.Exa. qual é a visão facilmente verificada no Conselho, inclusive foi o sentimento do grupo quanto à questão do destino como consensual. da CPMF, quais foram os Estados que apresentaram O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) maior resistência, até para que possamos avaliar, pela – Obrigado, Ministro Tarso Genro. composição de suas respectivas bancadas, qual seria Com a palavra o Deputado Walter Feldman. a perspectiva de resultado num eventual confronto. O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Quero Também ouvi V.Exa. citar a incorporação do IPI dar boas-vindas ao Ministro Tarso Genro e dizer-lhe da e do ISS ao ICMS. Essa foi uma das medidas que admiração que nós, em São Paulo, temos pela sua co- adotamos na Comissão Especial, cujo substitutivo, erência político-ideológica. Estamos, porém, no frescor votado há três anos, para compensar os Municípios, da Carta do Rio Quente. Houve uma calorosa discussão criava o Imposto Sobre Vendas a Varejo e Serviços, quanto à opinião dos Governadores tucanos sobre o cobrado exclusivamente na ponta, para que os Muni- eventual processo das reformas, particularmente a re- cípios tivessem receita própria em relação ao Imposto forma tributária, que é o nosso temor. Os Governadores Sobre Serviços que hoje mantêm. Indago a V.Exa. se levantaram algumas preocupações; a primeira delas: a realmente essa proposta de incorporação do IPI e do reforma está caminhando para ser parcial. ISS passou no Conselho com relativa tranqüilidade ou É uma opção. Nós mesmos, na Comissão, parece- mereceu questionamentos mais fortes. me, temos a convicção de que, neste momento, uma São as indagações que faço a V.Exa. ampla reforma tributária, que, na prática, fosse uma O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Sr. Presi- reforma fiscal, que avaliasse inclusive as questões da dente, a incorporação do IPI ao ICMS foi uma suges- estrutura do Estado, a reforma administrativa neces- tão; portanto, não obteve maioria visível no Conselho, sária, que deveria ser feita concebendo o novo modelo muito menos consenso. Mas há um ponto de vista fun- de receitas e despesas, não será possível. Mas consi- damentado que aponta para essa incorporação. Não deramos, como outros que já se posicionaram a esse se pode dizer, porém, que essa seja uma posição do respeito, que a reforma tributária pode ser um processo Conselho. Quanto à questão do estímulo, sim, Sr. Pre- onde se vão realizando as mudanças, e, progressiva- sidente, essa é uma recomendação que obteve amplo mente, poderemos construir algo mais justo, como as nível de polarização. Isso significa que, pelo princípio propostas genéricas, mais progressivo, um modelo que, da aparência imediata, mais de 80% dos conselheiros desonerando as atividades econômicas, possa levar a apoiaram essa visão. Mas houve uma observação muito um Brasil mais exportador, mais produtivo. clara, feita pelos conselheiros e também adotada no Além disso, consideramos que existe um debate Conselho: deveria haver uma transição que oferecesse acumulado na questão tributária, na sociedade brasi- mecanismos de compensação, para que finalmente a leira, sobre o fortalecimento do poder federal, particu- economia fosse adaptando-se e isso não causasse per- larmente por meio das contribuições. Não há qualquer das significativas ou prejuízos aos Estados. Meu Estado mecanismo que tenha sido sugerido, pelo menos até do Rio Grande do Sul, por exemplo, com a aplicação agora, para uma repartição mais adequada, tendo em do princípio do destino, perderia receita. Mas o próprio vista inclusive o que se acumulou nos Estados e Mu- Governador Germano Rigotto concorda com essa visão, nicípios em termos de tarefas adicionais, em relação desde que haja a transição, num determinado período ao que vinha sendo praticado no passado. O poder de tempo, respeitável, e que haja esses mecanismos federal fortaleceu-se e os Estados e Municípios en- 57522 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 fraqueceram-se tributariamente, porém acumularam O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – Sr. mais funções e encargos. Presidente, Sr. Ministro, minhas indagações são um Outra questão não resolvida é a da Contribuição tanto provocativas. Em primeiro lugar, qual o papel de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE. Não político que o Governo vislumbra para esse Conselho, temos clareza de como será a repartição e a aplicação no processo de interação do Poder Legislativo com o desses recursos. Poder Executivo? Até que ponto essas contribuições Sr. Ministro, nesta Comissão há uma polêmica so- representam aquilo que os próprios Parlamentares bre a aceitação ou não do princípio do destino. Quem eleitos pelas suas bases já trazem consigo? vai decidir é o Congresso Nacional. Não será um ou Em segundo lugar, nesse debate que o Conselho outro Estado que vai impedir uma decisão que me pa- desenvolveu, interessa-me entender qual o aspecto dis- rece estratégica, principalmente no combate à guerra tributivo vislumbrado na proposta de reforma tributária. fiscal. Quero saber de V.Exa., além dessas conside- Exceto a proposta de transferência da incidência da rações, se a guerra fiscal foi discutida no Conselho, cobrança previdenciária na folha de pagamento para o afora a orientação de transferência para o destino, ou valor agregado ou o faturamento, que aspectos foram seja, se outros mecanismos foram discutidos, anali- previstos ou vistos na perspectiva distributiva do pro- sados, como o eventual fortalecimento do CONFAZ, jeto do nosso Governo, portanto, naquilo que acredi- a aplicação de medidas mais rígidas, a aplicação da tamos ser a própria razão de ser da reforma tributária, lei, que não vem acontecendo, para que se pudesse, e não apenas uma desoneração, diminuição de carga pelo menos durante um período, reduzir aquilo que nós ou coisa que o valha? nos mencionamos na outra reunião, que não parece Em terceiro lugar, pelo pouco que consegui ver ser uma conduta adequada, até do ponto de vista do nas planilhas, parece-me que o Conselho entende interesse nacional e dos Estados que aplicam a guer- que a CPMF tem apenas um papel fiscalizador, pela ra fiscal. Temos elementos que depois passaremos a perspectiva da alíquota de incidência que deve con- V.Exa. e que demonstram que, com o passar do tempo, solidar nas realizações financeiras. Qual é o objetivo há uma perda considerável daquilo que se esperava do Conselho quanto à CPMF? Apóia a CPMF como obter com a guerra fiscal, até por parte dos Estados tributo, ou apenas como agente fiscalizador? Eu nun- que aplicaram esse mecanismo. ca ouvi falar em tributo simbólico. Isso para mim é até Sr. Ministro, tenho aqui a lista de todos os impos- novidade, mas tudo pode acontecer. tos, federais, municipais e estaduais. É claro que no Por último, acompanho a preocupação do Depu- Brasil quem tributa mais é a área federal. Mas a refor- tado Walter Feldman com relação às políticas fiscais. ma tributária está concentrando-se muito no ICMS, que O País foi pródigo na elaboração de tais políticas no talvez corresponda no máximo a um quarto da tribu- âmbito dos Estados, o que acarretou e alimentou o tação. Dispomos de dados, um tanto desatualizados, processo das guerras fiscais. Isso foi bastante notó- mas indicando que em torno de 25% da arrecadação rio. Que proposta alternativa esse Conselho vê para no Brasil vêm do ICMS. Se somarmos a eventual mu- substituição dessas políticas de incentivos fiscais que dança da COFINS, teremos mais 11%; portanto, será os Estados desenvolveram ao longo dos anos de ma- uma reforma tributária, em termos de processo, con- neira bastante criativa? siderável, mas muito pequena, do ponto de vista da O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) contribuição federal. – Obrigado, Deputado Wasny de Roure. Por fim, passo a abordar o problema da origem Com a palavra o Deputado Antonio Cambraia. e do destino. Qual a compensação? O que está sendo O SR. DEPUTADO ANTONIO CAMBRAIA – Sr. sugerido não é só a idéia de se transferir a cobrança Presidente, Sr. Ministro, Srs. Deputados, considero mui- para o destino? Qual a compensação que será dada to importante a vinda do Ministro Tarso Genro a esta aos Estados exportadores? Nós, paulistas e amazonen- Comissão. Tenho dito, nas minhas intervenções, que ses, estamos preocupados com essa possibilidade, e gostaríamos de estar analisando e discutindo aqui uma para nós é difícil aceitar que isso seja repassado para proposta de reforma tributária vinda do Poder Executi- a lei complementar. Se essa decisão vier a ser tomada, vo; o Ministro Tarso Genro, porém, mesmo não tendo se o fundo de compensação for apresentado, nossa trazido essa proposta, já delineia algumas de suas pre- visão é de que a compensação deve ser assegurada missas, a partir das recomendações e sugestões do na Constituição, e não na lei complementar. Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, e O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) isso é muito importante, tanto que daqui para a frente – Concedo a palavra ao Deputado Wasny de Roure. não vou mais dizer que gostaria de estar analisando Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57523 as propostas. Vamos discutir os pontos que já temos, Eram as minhas considerações. que têm sido trazidos a esta Comissão. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Na verdade, essa discussão sobre uma reforma – Obrigado, Deputado Antonio Cambraia. tributária para o País é antiga. O Ministro lembra que Concedo a palavra ao Ministro Tarso Genro. em 1995, quando éramos Prefeitos, respectivamente, O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Reitero de Porto Alegre e Fortaleza, fazíamos nossas peregri- minha afirmação inicial: não estou trazendo aqui as nações pelos gabinetes de Ministros e Parlamentares posições do Governo, e sim as do Conselho de De- tentando apresentar nossa posição frente à reforma senvolvimento Econômico e Social, com todas as suas que estava para ser enviada ao Congresso. Então, essa propriedades, impropriedades ou limitações. Faço este proposta é antiga, e a sociedade brasileira anseia por registro porque o diálogo que pretendo estabelecer essa reforma. está baseado nessas orientações do Conselho, que O consenso a que se está chegando, não só ainda não abordou determinados temas. no Governo, mas também aqui no Congresso, é o de Responderei rapidamente as perguntas que me que não teremos uma reforma ampla, mas uma sim- foram feitas. Deputado Walter Feldman, o saudoso Go- plificação, uma racionalização do sistema tributário vernador Mário Covas foi um dos campeões na luta nacional, o que é importante neste momento. Estou contra a guerra fiscal. É com imenso orgulho que digo perfeitamente de acordo. isso, porque falamos mais de uma vez sobre o assun- Estou sentindo que a posição do Governo – e to. Durante a sua gestão, o Governador Mário Covas gostaria que o Ministro Tarso Genro confirmasse – é no recusou-se a participar dessa guerra, assumindo uma sentido de deixar para a legislação infraconstitucional posição de vanguarda no Brasil. Ele não usou toda a a modificação da cobrança do ICMS na origem para a força econômica que São Paulo tem, não usou a ca- cobrança no destino. Acho que não devemos empurrar pacidade de articulação política e social que estava à isso com a barriga, porque é o ponto mais polêmico sua disposição, justamente porque era, por princípio, da reforma. Deveríamos definir isso já na emenda à contra a guerra fiscal. É com imenso orgulho que re- Constituição, porque, se deixarmos para depois, essa cordo aquele grande líder político do nosso País. mudança, que visa à racionalização, à diminuição da Dois princípios verteram do Conselho com rela- guerra fiscal via ICMS ou IVA, pode virar letra morta, ção a essa questão. O primeiro foi o de que unificar a pode não ser implantada como se quer. legislação do ICMS é o ponto de partida para combater Há dois pontos que gostaria de salientar com re- a guerra fiscal. É óbvio que devem ser respeitadas as lação ao ICMS. A alíquota proposta pelo Conselho, de particularidades dos Estados, mas há que haver nor- 0,01%, é simbólica. Só em movimentações acima de mas que tenham, na sua generalidade, força norma- 100 reais é que haveria registro desse imposto. Então, tiva suficiente para combatê-la. Em segundo lugar, é o valor é simbólico, e talvez os custos sejam muito al- preciso haver mecanismos de compensação, a partir tos, embora a finalidade não seja arrecadatória, mas da unificação das leis que regem o ICMS, ou mesmo de controle fiscal. Ora, talvez uma alíquota um pouco da criação de um imposto sobre o valor agregado que mais alta fosse mais razoável, até como motivação. Em o substitua. Posso dizer, com absoluta tranqüilidade, segundo lugar, o que viria a substituir a arrecadação que o Conselho atentou fortemente para esse aspecto, hoje obtida pela Governo via CPMF, que representa embora não tenha havido uma discussão específica valores consideráveis, valores que serão desprezados sobre a questão da guerra fiscal, ou mesmo sobre a ao longo desses seis anos, conforme a recomendação criação de mecanismos que ousássemos sugerir ao do Conselho? Presidente da República para tratar dessa questão. A questão distributiva já foi abordada aqui. O Sobre a compensação, o Conselho discutiu a Ministro Antônio Palocci tem afirmado que o sistema criação de um fundo, e havia força política suficiente tributário é muito injusto para o consumidor de baixa – a aprovação de 80% dos conselheiros – para que renda, e de fato é. Proporcionalmente, o consumidor isso saísse de lá como recomendação. Isso não acon- de baixa renda, com os impostos indiretos, paga muito teceu porque o Presidente da FIESP, Horácio Lafer mais do que os de maior poder aquisitivo – eu citaria Piva, com toda a sua capacidade de persuasão, e por ainda o Imposto de Renda, que só é pago pela classe colaborar intensamente com a Comissão, disse que média assalariada, mas esse não é o caso. Pergunto: achava melhor que a criação do fundo não saísse como como exonerar o consumidor de baixa renda dessa recomendação porque isso poderia dividir os conse- tributação tão penosa que ele sofre? Até agora não lheiros, apesar de a idéia ter enorme força lá dentro. vislumbrei nada a esse respeito nas sugestões apre- Como coordenador, minha tarefa é sempre buscar a sentadas. solução consensual, embora não abstrata, mas sim 57524 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 concreta. Portanto, propus que a criação desse fundo cutidos alguns pontos em que o assunto foi abordado constasse apenas como sugestão. Isso ocorreu em de maneira indireta: primeiro, a desoneração da cesta nome do consenso e em função de uma intervenção básica, ou seja, a busca seletiva de uma desoneração; oportuna, politizada e de qualidade do Presidente da segundo, a desoneração da folha, no sentido de criar FIESP, mas a visão que se tinha ali era no sentido da oportunidades de emprego, estimulando as contrata- promoção de um fundo. ções; e nos princípios tratou-se do caráter distributivo, A questão da CIDE não foi debatida pelo Conse- erigindo como princípio, como proposta para o Presi- lho; então, não poderia externar uma posição quanto dente da República, que a reforma tivesse o sentido a isso em nome dos conselheiros. expresso de acabar com a regressividade. Portanto, O Deputado Wasny de Roure pergunta, primeiro, nesses três momentos o Conselho tratou do sentido qual seria o papel político que o Governo vislumbra distributivo da reforma, embora o tenha feito de forma para o Conselho. Trata-se de uma estrutura de asses- paralela à discussão dos temas essenciais sobre os soramento do Presidente da República; é um órgão do quais estava debruçado. Poder Executivo que produz enunciados que não são Finalmente, foram citados o destino e os limites originários da representação política. A representação da reforma – e penso que, falando sobre esses dois política está aqui, é o Congresso Nacional. O Conse- pontos, terei atendido a todos os eminentes Depu- lho é um órgão de escuta do Presidente da República, tados que usaram da palavra. É verdade: a reforma da sociedade civil organizada, composto por pessoas é moderada em termos de transformação, e essa foi representativas. Não se trata de um órgão de repre- uma opção política do Governo. Ele não vai apresen- sentação, e o Governo nunca fez esse tipo de alusão. tar uma reforma que represente o ponto de vista do Num determinado momento, pensou-se que o Conse- Partido dos Trabalhadores, de algum setor específico lho poderia competir com esta Casa, mas isso seria da sociedade ou mesmo da frente política que gover- uma ignorância constitucional da nossa parte e uma na o País. O Governo quer apresentar um boa refor- ousadia absolutamente inconseqüente e irrealizável. ma, para que possamos ter o gosto de dar um salto, O Conselho tem o papel político de estabelecer uma colocando o sistema tributário nacional, sobre o qual conexão organizada entre o Presidente da República e tanto se tem discutido, em um novo patamar. A partir pessoas representativas da sociedade civil para auferir daí, depois que a sociedade puder superar esses en- opiniões. Ele constitui, portanto, um marco normativo traves, poderemos, na legislação infraconstitucional e de formação da opinião do Governo por meio de uma em outras reformas laterais, mas não menos impor- relação consultiva. tantes, aprofundar essa mudança. Os conselhos existem em todos os países do A opção do Governo foi por uma reforma contida mundo onde há uma democracia avançada, alguns da- em assuntos essenciais, uma boa reforma que possa tando de 1930, e têm funções diferenciadas, mas todos ser discutida e acolhida por ampla maioria no Con- produzem enunciados que não têm caráter vinculativo. gresso, fazendo deste momento inclusive um marco Apenas um ou outro conselho tem poder de propor pro- de “concertação” política e social no País. Esse ele- jetos de lei, que são enviados ao Executivo, o qual por mento é vital e empresta um sentido político àqueles sua vez os envia ao Parlamento, coisa que não ocorre princípios que foram produzidos no Conselho e que no Conselho proposto pelo Presidente Lula. o Governo vai transformar em projetos de emenda à Quanto à CPMF, é verdade que não existe im- Constituição para serem submetidos à decisão sobe- posto simbólico na doutrina tributária. Concordo plena- rana de V.Exas. mente com meu companheiro de bancada. Referi-me O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – E so- ao valor simbólico para dar uma finalidade ao tributo, bre a guerra fiscal? a finalidade fiscalizatória. Quero advertir que o valor O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Abordei ra- que está ali foi uma sugestão, não é consenso. O que pidamente a questão em dois pontos, ou seja, o Con- é consenso, Deputado Antonio Cambraia, é apenas a selho considera a unificação da legislação do ICMS o visão de que deve ser mantida a CPMF com uma alí- momento inicial de combate à guerra fiscal, e esse é quota que resulte num valor simbólico com um efeito um dos elementos essenciais das propostas que esta- fiscalizatório da circulação financeira no País. Essa é mos fazendo; e também defende a instituição de me- a visão do Conselho. canismos, de princípios que são até recomendações O distributivismo do sistema é outro item que não administrativas feitas no elenco final de sugestões. foi especificamente discutido pelo Conselho; portanto, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) também seria irresponsabilidade de minha parte ex- – Para usar o direito de réplica, concedo a palavra ao ternar uma posição quanto a isso. Foram, porém, dis- Deputado Walter Feldman. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57525 O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Minis- que leiam o excelente material que penso que todos os tro, é evidente que o Conselho, pela sua formação, pela Deputados receberam da nossa Consultoria Legislativa, sua expressão na sociedade, é moderado. Por essa que traz um resumo dos últimos oito anos de debates característica, por absorver uma proposta de carac- havidos aqui, e observem que, no fundo, eles contêm terísticas moderadas, o Governo compreende a nova praticamente todos os consensos e as recomendações realidade, e, portanto, não fará mudanças tão radicais que o Conselho nos tem trazido. e profundas como se esperava antes de ele ganhar as Em conversa, aqui, com um companheiro Depu- eleições. Essa é a primeira questão. A segunda é esta: tado, eu dizia que adoraria poder aprovar minha re- não ficou claro como se fará a mudança da cobrança forma tributária, que atingiria os bancos, as grandes do ICMS na origem para no destino, se por lei com- fortunas, as pessoas que vivem de renda e não tra- plementar ou de caráter constitucional. balham; porém, de forma muito objetiva, acreditando O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) muito na necessidade de mudança, talvez não con- – Tem a palavra o Sr. Ministro Tarso Genro. seguisse 150 votos nesta Casa. Esse é o problema: o O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Em relação povo brasileiro quer mudança, o setor produtivo quer ao destino, embora não se tenha manifestado expres- mudança, mas em cima de uma estrutura que nos últi- samente isso, não esteja escrito, posso afirmar que a mos anos só fez concentrar renda, sim, principalmente idéia que perpassou pelo Conselho foi de um enunciado via contribuições. Sete anos atrás tentamos explicar a de natureza constitucional, inclusive já com a obrigação diferença entre um “i” e um “c”, mas as pessoas não compensatória, para que isso possa realmente ocor- perceberam, e hoje sabem no que se transformaram a rer e haja confiabilidade nas diversas forças políticas CPMF e outras contribuições. Então, esse é um grande para ser aprovado. imbróglio, mas não posso aceitar que não aproveitemos Em relação à natureza das reformas, sim, o Parti- os consensos que temos aqui, trazidos pelo Conselho do dos Trabalhadores é um partido de movimento e de de Desenvolvimento Econômico e Social, por mais luta, que passa a ser também partido de Governo, e o questionáveis que sejam. Governo, como ente público, não atua exclusivamente Tenho observado algumas viúvas liberais baterem para a sua base social, mas numa determinada corre- com força, dizendo que o Conselho nada significa. Mas lação de forças, visando à melhor possibilidade para Conselho é isto: uma instituição pública não-estatal. Eu a sua base social. Portanto, a natureza das reformas comentava com o Deputado Walter Feldman que existe está imbricada nessa concepção de responsabilidade na Constituição mas nunca se reuniu o tal Conselho da de Governo, em que temos de governar respeitando a República. Tenho certeza que esse Conselho é muito pluralidade da sociedade e a capacidade que ela tem mais do que isso. É claro que existem falhas; talvez não de, por meio do Parlamento, contribuir para a cons- haja representação de todos setores; mas o Conselho tituição de um modelo econômico alternativo para o envolve dez Ministros e mais de oitenta pessoas da Brasil, colocando nossa democracia num novo pata- sociedade civil brasileira, que estão trabalhando gra- mar civilizatório. tuitamente, procurando fazer uma reforma que seja a Essa é uma visão de realismo político, que não é melhor possível para a população. cínico, mas democrático, e coloca a dimensão utópica Tenho dito, desde a nossa primeira reunião, que do nosso projeto transformador dentro dos limites da o grande problema é o ICMS. Estou convencido de que democracia e da correlação de forças que a socieda- o ICMS deve ser federal, cobrado no destino. Quem faz de nos impôs democraticamente. Isso reflete-se, sim, circular a mercadoria não é quem produz, mas quem na concepção das reformas que vamos apresentar à compra. É o comprador que faz a mercadoria circular, consideração desta Casa. e por isso surgiu esse imposto – aprendi isso nos anos O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) 70, na faculdade. É óbvio que, nesse caso, São Paulo – Obrigado, Sr. Ministro. perde, o Amazonas perde, mas é importante que se Com a palavra o Deputado Carlito Merss. entenda que o Sudeste cresceu, está industrializado O SR. DEPUTADO CARLITO MERSS – Sr. Presi- como o Sul, onde moro, porque houve decisões polí- dente, Deputado Mussa Demes, Sr. Relator, Deputado ticas anos atrás, há 60 anos, nesse sentido. Poderia Virgílio Guimarães, Sr. Ministro Tarso Genro, boa parte ter sido na Bahia, em Pernambuco ou no Amazonas do que V.Exa. abordou sobre os consensos, recomen- – que também, por uma decisão política, tem a Zona dações e sugestões do Conselho de Desenvolvimento Franca, que tem de continuar. Então, entendo que é Econômico e Social é fruto de anos de debates havidos fundamental encontrarmos um mecanismo, um fundo nesta Casa. Sugiro a todos os membros da Comissão, de compensação para essa transição, porque na minha valorizando a nossa Casa, Sr. Presidente e Sr. Relator, cabeça isto está claro: se não resolvermos esse ponto, 57526 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 que, penso, representa mais de 80% do problema, de debates, de construção coletiva, a fim de oferecer ao nada vai adiantar o esforço. País uma reforma tributária, e sinto-me satisfeito se Os males trazidos pela guerra fiscal são claros, e ela for entendida como constitucional. no caso de CPMF, de redução gradual, de definição de Em segundo lugar, observando os pontos de TR, quer dizer, de uma série de impostos, é consenso consenso e as linhas de raciocínio que são ofereci- que a simplificação deve dar-se na prática. É pena que das pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e essa reforma vai ser moderada, porque poderíamos Social, vejo que há uma sintonia com dois artigos da avançar mais. Carta Magna, que me parecem tratar de forma muito Ministro Tarso Genro, gostaria de saber se a pro- incisiva as questões da pobreza, da marginalização, posta realmente virá até o final do mês para que pos- da redução das desigualdades sociais e regionais. samos trabalhar. Ontem reunimo-nos com o Ministro Refiro-me aos art. 3º, III, e 170, que tratam da ordem Guido Mantega, e com a LDO e o PPA é que vamos econômica, colocando como um dos seus princípios a começar a discutir o planejamento e as grandes trans- redução das desigualdades regionais e sociais. formações do País. Temos clareza de que as duas Não vejo por que ficarmos tergiversando quanto à reformas mais importantes a serem discutidas este natureza da reforma. Ela tem que se iniciar atendendo semestre, a tributária e previdenciária, podem inclu- a um fim último, as normas constitucionais, e deve ter sive mudar o conteúdo da discussão tanto do PPA e a ousadia, sem com isso pretender ser autoritária, de da LDO como também do Orçamento, a partir do ano colocar, em princípio, em dois dos artigos da Constitui- que vem. Então, minha indagação é, basicamente, so- ção o comprometimento com o recolhimento de tributos bre se efetivamente está prevista a entrega do projeto da órbita dos entes da Federação, dos Estados. Por ainda este mês. exemplo, o art. 155 trata, entre outras coisas, da com- O consenso de anos de discussões, o consen- petência dos Estados e do Distrito Federal de instituir so que temos no Conselho e a vontade da maioria na impostos. Já o art. 157 discrimina a competência da Casa é fazer a mudança, mesmo que não seja a ide- tributação para os Estados e o que pertence a esses al, desde que seja possível, depois, nas discussões entes da Federação. infraconstitucionais, realizarmos avanços importantes, Acho que o anúncio da transferência para um para que se possa ter um pouco mais de justiça tribu- processo de lei complementar dessa etapa da reforma tária no Brasil. tributária é um retrocesso. Discordo profundamente O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) de que não se trate disso já no texto constitucional. – Com a palavra o Deputado Paulo Rubem Santiago, Por exemplo, além da competência dos Estados e do a quem informo que o ofício para as Assembléias Le- Distrito Federal de instituírem impostos e do que per- gislativas já foi encaminhado. tence aos Estados, matéria dos arts. 155 e 157, por O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO que não inserir já no texto constitucional a norma re- – Sr. Presidente, Deputado Mussa Demes; Sr. Relator, ferente à arrecadação do tributo no destino, no caso Deputado Virgílio Guimarães; Ministro Tarso Genro, das operações interestaduais? A lei complementar Sras. e Srs. Deputados, recordo aqui o ano de 1959, regulamentaria de que maneira se poderia promover quando, a partir do sertão do Estado de Pernambuco, a compensação entre os Estados. Aí há também ob- foi anunciada ao País a Carta de Salgueiro, que expu- jeções que merecem ser mais discutidas. nha os fundamentos da constituição da SUDENE. Gostaria muito, Sr. Presidente, que tivéssemos Como foi dito pelo Deputado Carlito Merss, não em mão os dados reais das Secretarias Estaduais de seria tarefa inócua pensarmos, neste momento, nas Fazenda, das Procuradorias dos Estados e das Varas competências que o Governo Federal tem e que deve de Fazenda Pública, que sofrem com uma situação exercer para produzir com a sociedade e o Congresso, cristalizada por um mecanismo em que os Estados com a contribuição do Conselho, uma reforma tributá- consumidores, ao adquirirem mercadorias nos Esta- ria sobretudo constitucional. Vou esforçar-me para não dos produtores, deixam lá uma parcela da alíquota do cair na discussão de se essa deve ser uma reforma ICMS, e a parcela subseqüente é recolhida quando a tributária moderada, aguda, contundente, radical ou mercadoria entra no Estado consumidor. Esse meca- extremista; acho que isso não vai contribuir, até por- nismo tem como conseqüência uma estrutura brutal que não estamos em fim de mandato. Estamos ainda de sonegação, que se vale exatamente do desvio de próximos da conclusão do primeiro quadrimestre do destino. mandato do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Muitos dos Srs. Deputados tiveram a oportuni- creio que não podemos abdicar da autoridade do Go- dade de passar por Secretarias de Fazenda, ou, por verno Federal, mediante mecanismos de diálogo, de exercício profissional, foram vinculados ao Fisco, e Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57527 sabem que é comum a constituição do mecanismo de serem industrializados. Cabe, aí, sim, a competência desvio de destino, em que uma mercadoria é adquirida do Governo Federal, que constitucionalmente tem a no Estado produtor, no Centro-Sul ou no Sudeste, na responsabilidade de construir e promover mecanismos nota fiscal comunica-se ao Fisco que ela vai para um de desenvolvimento regional, e essa competência foi determinado Estado, mas essa mercadoria é desovada jogada no lixo, pelo menos na última década. num Estado diverso. Por quê? Porque na diferença de Muito obrigado. sete para dezessete, ou de doze para vinte e cinco, o O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) sonegador embolsa dez ou até mais daquilo que de- – Com a palavra o Deputado Henrique Fontana. veria ser recolhido nos Estados. O SR. DEPUTADO HENRIQUE FONTANA – Sr. Portanto, não se trata apenas de inserir no texto Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, Minis- constitucional que, nas operações interestaduais de tro Tarso Genro, diversos pontos foram apresentados, circulação de mercadorias, o recolhimento vai ser feito alguns próximos ao consenso dentro do Conselho, integralmente no destino, mas é preciso também, e esse mas quero fazer uma pergunta sobre um tema que, é um dos pontos de consenso do relatório do Conselho parece-me, tem sido pouco debatido na discussão da de Desenvolvimento Econômico e Social, intensificar o reforma tributária, qual seja, o de se ampliar a fatia dos combate à sonegação e à evasão tributária. chamados impostos diretos. Não vejo por que o Governo assumir, no início Num País que vive a crise que vivemos hoje, de- do seu mandato, posturas tímidas – não diria mode- terminada pelas opções políticas que foram adotadas radas; acho que são posturas tímidas – , até porque ao longo dos últimos anos, estamos enfrentando muita não estamos, neste caso, Deputado Mussa Demes, dificuldade de atuação e intervenção do Estado bra- enfrentando a hegemonia ou a correlação de forças dos sileiro no sentido de recuperar, por exemplo, setores setores economicamente mais fortes, especialmente fundamentais e estratégicos da nossa infra-estrutura. na área financeira; o que estamos enfrentando de fato Outra questão é o desafio que o Presidente Lula já são desequilíbrios históricos, que vêm acontecendo há lançou ao País, que é este amplo movimento, pode- décadas, e, ao mesmo tempo, entre a parte da tributa- mos assim chamá-lo, de luta contra a exclusão no seu ção que fica no Estado produtor e a outra parcela que sentido mais duro, o combate à fome, programa esse fica no que consome, um brutal e desonesto esquema que também enfrenta, como é compreensível, proble- de sonegação fiscal. mas de financiamento e de orçamento. Nosso entendimento é o de que a matéria cons- Minha pergunta é: o Conselho debateu, de alguma titucional deve cingir-se à questão do destino, o que maneira, a instituição de um tributo que, por exemplo, ficaria junto da competência que os Estados têm de possa taxar a transferência de bens nos processos de instituir os impostos e do que pertence aos Estados, os herança? Certamente o Conselho aprofundou esse arts. 155 e 157. A lei complementar, numa etapa poste- debate, como foi dito por V.Exa. em diversos pontos rior, serviria para discutir os mecanismos de compen- da exposição. sação entre os Estados. Não vejo por que o Governo Acho que hoje temos uma posição amplamente Federal abrir mão da sua autoridade de estabelecer majoritária no País no sentido de coibir e, se possível, esses mecanismos, sejam eles compensatórios, seja eliminar a guerra fiscal. Na minha avaliação, esse é um uma revisão dos fundos de participação, sejam outros procedimento que privilegia muito poucos, aqueles que mecanismos de investimento direto. têm o poder de chantagear o Poder Público no sentido Abdicar da mudança no texto constitucional e de obter vantagens que não podem ser estendidas a jogar tudo para daqui a dois anos é abrir campo para todo o setor produtivo, gerando inclusive desequilíbrio a sonegação que se vale do desvio de destino, man- do ponto de vista da concorrência e da economia, o que tendo as desigualdades regionais. por si só já é algo extremamente nefasto, e também re- Concluo, Deputado, lembrando o diálogo que ti- tirando do Estado parcela fundamental da arrecadação, vemos na última sexta-feira com especialistas neste dinheiro que lhe falta para implantar programas que in- assunto. Eles apresentaram-me uma planilha que es- teressam à sociedade como um todo, como programas tima que o que os Estados consumidores do Nordeste de desenvolvimento econômico, programas sociais e remetem anualmente para os Estados produtores do tantos outros. A adoção do princípio da cobrança no Centro-Sul e Sudeste equivale a oito vezes o orçamento destino parece-me ser uma excelente medida para da SUDENE. Então, não há motivo para que os Esta- coibir, em grande parte, a guerra fiscal. dos consumidores transfiram renda para os Estados Há o temor compreensível por parte de alguns industrializados, como também não há motivo para Estados de que a adoção do princípio de cobrança no que os Estados industrializados sejam penalizados por destino possa gerar desequilíbrios do ponto de vista 57528 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 arrecadatório. Parece-me que a melhor alternativa para produzido como elemento de escuta da sociedade ci- enfrentar essa possibilidade é exatamente constituir, vil organizada em um marco normativo proposto pelo com parcela do crescimento da arrecadação que alguns próprio Governo. Estados terão num processo como esse, um fundo ge- Está presente a esta reunião um eminente mem- rido pelos próprios Estados, que possa, considerando bro do Conselho, o Presidente da Confederação Nacio- a recente série histórica de arrecadação, promover um nal da Indústria, que foi convidado não porque é Depu- mecanismo de compensação para aqueles que seriam tado, e sim porque é Presidente da CNI. No Conselho prejudicados por uma iniciativa como essa. S.Exa. processa sua opinião, sua participação, suas Não devemos, na minha opinião, perder este mo- influências e suas relações nessa condição, e não na mento histórico, em que há uma grande vontade nacio- de Deputado Federal de grande importância política nal de fazer a reforma tributária, nem esta possibilidade para o nosso País e para esta Casa. Pode, portanto, de coibir a guerra fiscal a partir das modificações que dar seu testemunho, se os senhores acharem conve- vamos votar aqui no Congresso. niente, no momento oportuno, sobre como o Conselho Essas são as minhas duas perguntas. opera, como discute, dialoga e produz determinados O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) consensos, verificando na plenária aquilo que é a me- – Obrigado, Deputado Henrique Fontana. lhor possibilidade. Tem a palavra o Ministro Tarso Genro. Não é possível perder de vista um conceito que O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Algumas está na base do Conselho: trata-se de um órgão que das considerações não foram questionadoras, e não está tratando conjunturalmente das reformas, mas com vou tecer qualquer comentário sobre elas, porque ob- um projeto de longo curso, que é a criação de uma viamente não é este o meu papel. Estou inclusive de “concertação” nacional, de um grande acordo político acordo com a maioria delas. no País – não uma unanimidade – para colocar a Na- Reitero um aspecto que foi salientado no início ção em um outro patamar civilizatório, democrático, da minha exposição: esses enunciados propostos pelo distributivo, desenvolvimentista, que, em última aná- Conselho não são necessariamente aqueles que serão lise, evidentemente, é o interesse e a visão da ampla adotados. O Governo submeterá à soberania desta maioria desta Casa. Casa projetos de lei ou projetos de emenda à Consti- O companheiro Virgílio Guimarães fez a obser- tuição que levarão em consideração as conduções polí- vação de que a palavra “concertação” não existe em ticas do Conselho e as relações com os Governadores Português. e demais instituições que têm presença política no jogo O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – de formação de opinião e de produção de consensos na sociedade brasileira. O Conselho é um marco que Concertamento. o Governo instituiu para esse fim. Portanto, espero, O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Não existe sim, que muitas das sugestões, dos consensos, das no dicionário, mas existe na língua portuguesa, porque recomendações estejam nas propostas do Governo, tirei do Conselho de Concertação de Portugal. mas obviamente nem todas estarão. O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Aproveito para dizer ao meu companheiro Depu- Concertamento. tado Henrique Fontana que nada foi discutido a res- O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Concerta- peito da criação de novos tributos que aumentariam ção. Posso mostrar a V.Exa. o livrinho, editado pelo a arrecadação do Governo. Isso partiu de uma pauta Governo português. Tive o cuidado... proposta pelo Presidente da República ao Conselho O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – como órgão auxiliar, que busca a neutralidade da Não existe “harmonizamento” nem “concertação”. Se reforma. Então, essa possibilidade não foi debatida, for harmonizar, é harmonização. Se for concertar, é mas isso não quer dizer que o próprio Congresso não concertamento. possa produzir normas desse tipo, ou que o Governo O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – eventualmente mude de opinião e mande, à revelia do Peço que sigamos adiante. Conselho, uma proposta nesse sentido. Creio que não O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Tive o cuida- o fará, mas não está impedido moralmente, nem politi- do de não ter a ousadia do ex-Ministro Magri de criar camente, nem do ponto de vista legal. Poderá fazê-lo algum neologismo. Mas o documento no qual me baseei se assim entender. para utilizar a palavra, já que realmente existe polêmica O compromisso do Presidente da República com em torno dela, é de Portugal, nosso país irmão. Mas o Conselho, do qual é Presidente – sou o Secretário isso não é relevante. O importante é o grande bloco Executivo – , é levar em consideração aquilo que foi social e político que temos de criar – contraditório e Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57529 polarizado às vezes, mas que tem, evidentemente, o porque precisamos operar um conjunto de ações, e o interesse nacional como projeto superior. programa de governo como um todo, para conseguir O Deputado Carlito Merss pergunta se as refor- implementar a inclusão social com a qual estamos to- mas virão até o final do mês. O Presidente disse que dos comprometidos. Essa inclusão deve combater as sim. Diversas vezes manifestou-se no sentido de que desigualdades econômicas, regionais, de gênero, raça a pressa nas reformas constitui a dialética do debate e idade, e as condições informais de trabalho. Parece- interno do Conselho, do Conselho com a sociedade me que a proposta que estamos observando, quando civil, internamente nesta Casa, e desta Casa para a trata de interação com o tema da Previdência Social, sociedade. já aborda a natureza das ações que queremos imple- Em determinado momento eu disse: “Presiden- mentar, que devem estender a Previdência à sociedade te, o Conselho não será impedimento para o envio da brasileira como um todo, considerando que boa parte reforma. V.Exa. determina qual é o prazo e fazemos dos trabalhadores brasileiros estão à margem desse várias reuniões extraordinárias”, como fizemos, dos direito. A questão do valor agregado é nova no que se grupos temáticos e do próprio Conselho. E hoje temos refere a buscarmos a implementação; não é um deba- a honra de dizer que as recomendações e os consen- te novo, mas parece que estamos caminhando para sos sobre reformas da Previdência e tributária já estão um importante conceito, com o objetivo de incluir, num nas mãos do Presidente da República. sistema de Previdência Social, boa parte da sociedade Finalmente, respondo à pergunta sobre o fun- brasileira que está na informalidade. do de compensação, feita pelo Deputado Henrique Quero tratar com V.Exa. exatamente desse tema, Fontana. Minha opinião sobre isso, que vi debatida de como vamos incluir, especialmente porque Seguri- no Conselho, é a de que o fundo de compensação, dade Social no Brasil, além da Saúde, tem outros dois inclusive por orientação constitucional, deve ser ele- eixos fundamentais: Previdência e Assistência Social. mento chave para que seja aprovada nesta Casa a E há uma parcela da sociedade brasileira, que não é unificação da legislação do ICMS, as balizas norma- pequena, que talvez pela via do trabalho não tenha tivas que vão determinar essa legislação. Acho que é condições de ser incluída imediatamente ou em curto uma forma positiva. Mas isso, em última análise, vai espaço de tempo. É aquela população altamente mar- ficar a cargo, evidentemente, do projeto que o Presi- ginalizada, que vivencia as situações de rua, que está dente remeter e da própria soberania desta Casa para nos abrigos, nos albergues, aquela população que está discutir essa matéria. completamente empobrecida não só do ponto de vista O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) econômico, e que teve as portas fechadas para sua – Obrigado, Sr. Ministro. inclusão na economia, na cultura, na escolarização, Tem a palavra a Deputada Maria do Rosário. em todos os fatores que podemos considerar para a A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO – Sr. mobilidade social. Presidente, Sr. Relator, prezado Ministro Tarso Genro, Com esse objetivo, a Assistência Social tem um talvez a palavra “concertação” não esteja no nosso di- papel fundamental para os segmentos mais vulnerá- cionário, mas já está fazendo parte da vida política do veis da sociedade. A proposta que observo na reforma Brasil, da Nação brasileira e vem acompanhada, na tributária indica a separação da Seguridade Social das fala de V.Exa., normalmente, das palavras consenso, contas do Tesouro, pelo menos como uma das suges- diálogo e construção. Portanto, a idéia de que estamos tões, passando a incorporar um outro Orçamento da promovendo, na sociedade brasileira, a construção, Previdência Social. Como V.Exa. prevê isso, especial- por meio do diálogo permanente, com um instrumento mente considerando o crescimento de críticas à CO- novo para o Brasil, que é o Conselho de Desenvolvi- FINS, que é um instrumento essencial para a política mento Econômico e Social, inaugurado pelo Governo nacional de assistência social, uma política que de- do Presidente Lula, já indica que estamos operando manda recursos, que precisa deles e que tem de es- mudanças na estrutura do Estado e para a sociedade tar estruturada para garantir essa inclusão social com brasileira, buscando trabalhar essas mudanças com eficiência e com uma gestão pública acima de tudo. amplos setores da sociedade. E essa parece-me ser Quero indagar sobre a questão da assistência social: a idéia contida no termo “concertação”, uma idéia de como o Conselho de Desenvolvimento Econômico e diálogo, uma idéia democrática das instituições bra- Social está trabalhando? sileiras. Outra questão, Sr. Ministro, diz respeito à pró- As reformas em si, Ministro, possivelmente, não pria gestão democrática, à democratização da gestão têm isoladamente o potencial de atuar para a trans- fiscal. V.Exa. foi titular de uma das experiências mais formação da realidade social do Brasil, especialmente importantes que considero em termos de controle 57530 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 social sobre Orçamento público, o Orçamento Partici- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) pativo. Como vamos construir para o Brasil, que é tão – Obrigado, Deputado Pedro Fernandes. complexo, processos nos quais a sociedade civil e os Tem a palavra o Ministro Tarso Genro. movimentos sociais, a sociedade como um todo, con- O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Deputado siga compreender a política fiscal e estabelecer uma Pedro Fernandes, o Governo tem preocupação com gestão democrática dessa política. a reforma administrativa, mas desconheço qualquer São as duas questões, Sr. Ministro, que formulo projeto que esteja sendo trabalhado para isso. E tam- para sua apreciação. Saúdo o Conselho de Desenvolvi- bém seria irresponsabilidade da minha parte dar-lhe mento Econômico e Social pelas iniciativas, celeridade uma opinião mais profunda ou informações mais pre- e pelo trabalho desenvolvido. cisas sobre essa questão. A única coisa que tenho Obrigada. a lhe dizer é que compartilho, integralmente, da sua O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) preocupação. – Obrigado, Deputada Maria do Rosário. O Estado brasileiro gasta mal, e aqui não me Tem a palavra o Deputado Pedro Fernandes. estou referindo particularmente a nenhum governo, O SR. DEPUTADO PEDRO FERNANDES – Sr. mas a um processo constitutivo genético do Estado Presidente, Sr. Relator, Sr. Ministro, em primeiro lugar, brasileiro que não só superpôs uma série de estru- quero dizer que vejo com bons olhos o Conselho, até turas político-administrativas na base da sociedade, porque é uma forma de o Poder Executivo ouvir a so- que poderiam ser fundidas, como também funcionou, ciedade refletida. através de determinadas normativas, de determinadas É evidente que o Executivo levará em conside- políticas que desenvolveu, fundamentalmente como um ração tanto o que ocorrer no Conselho como nesta Estado que propunha e desenvolvia, direta ou indire- Casa, porque, com certeza, os lobbies que lá vão atuar tamente, a acumulação de renda na ponta, ou seja, a atuarão nesta Casa. concentração de renda. Sr. Ministro, tenho participado de alguns fóruns Segundo, a carga é alta. O ideal é que façamos sobre debates da reforma tributária desde a Legislatura uma reforma tributária que nos permita, a médio prazo, passada, e duas teses sempre são levantadas: a primei- reduzir a carga tributária. ra, que a carga tributária brasileira é grande e sempre Hoje isso me parece difícil, por isso o Governo crescente; a segunda, que o Estado brasileiro gasta defende a neutralidade da reforma por causa da dívida mal. São duas teses que sempre se apresentam. pública brasileira e do tipo de engendramento de rela- A minha pergunta, Sr. Ministro, é se o Executi- ções objetivas, independente da nossa vontade, que vo leva em consideração a possibilidade de uma re- nos vinculam ao capital financeiro globalizado. forma administrativa. Se não pensarmos em reforma Tenho a mesma visão do Ministro Furlan: acho administrativa, sempre iremos imaginar – e aí há uma que a desoneração do investimento produtivo, parcial ou desconfiança da sociedade – que a carga tributária total, dependendo desse investimento, é uma matriz e continuará crescente. uma força motriz essenciais para o desenvolvimento. Um dos aspectos que considero, e fui questionado Entendo que o objetivo de uma reforma, como sobre o assunto na semana passada em uma reunião a que estamos fazendo, é dar higidez fiscal ao País com Prefeitos de pequenos Municípios, é que, por não e promover taxas de crescimento superiores que nos terem os Municípios um plano de cargos e salários e permitam, a médio e a longo prazos, sim, reduzir a uma segurança funcional adequada, muitos profissio- carga tributária. nais só vão para lá trabalhar com contratos temporários Não temos uma carga tributária exagerada em de alto valor, como no caso dos médicos. relação a alguns países altamente desenvolvidos. Em Sou autor, inclusive, de uma indicação ao Minis- países que não têm miséria, a carga tributária chega tério da Saúde, a fim de que o Governo Federal ban- a 52%. Mas o que devemos questionar é o seguinte: que os pequenos Municípios, através da FUNASA, no como essa carga tributária funciona, opera, para com- pagamento desses profissionais, até para diminuir o primir e obstar o processo de desenvolvimento? Essa custo da Saúde pública nessas pequenas municipa- é a questão que se apresenta. lidades. Estou convencido, também, em função do tipo A minha pergunta básica é: o Governo Federal de competitividade global a que estamos, em última tem proposta ou pensa na possibilidade de uma re- instância, submetidos, que precisamos de uma es- forma administrativa que, do meu ponto de vista, é trutura tributária que acabe com a regressividade, muito urgente? que onere os que têm muito e que permita que haja Muito obrigado. mecanismos de estímulo ao desenvolvimento a par- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57531 tir de um sistema tributário justo, que desonere, cada Precisamos de agilidade para modernizar, sem vez mais, o salário e, portanto, estimule o consumo e, desconstituir direitos, mas também temos de propor- automaticamente, reforce o processo de acumulação cionar condições para que todos esses setores sejam interna pública e privada através de um forte mercado abarcados pelo sistema formal do Estado. Isso significa interno de massas. lançar pontes do Estado formal sobre a sociedade in- Compartilho da opinião de V.Exa. formal. Funciona também como elemento de consen- Deputada Maria do Rosário, os mecanismos de sualidade política, de concerto social que não permita políticas sociais que o Conselho tem trabalhado, além a ruptura entre as sociedades formal e informal, para desses que enunciei em relação ao sistema tributário, evitar que só conversem através da violência, o que desoneração da cesta básica, é política econômica, mas ocorre hoje em determinados lugares do nosso País, também social. Estão mais vinculados a duas reformas conforme sabemos. Ou seja: quando as sociedades que estão sendo discutidas: uma é a reforma da legis- formal e informal dialogam apenas pela violência, te- lação trabalhista; a outra, a reforma previdenciária. mos a barbárie. Temos de recriar o sistema normativo Por exemplo, na reforma previdenciária, há dois brasileiro para restabelecer, permanentemente, essas enunciados apresentados consensualmente ao Pre- pontes. sidente da República. O primeiro é que o Governo Esses são, na minha opinião, embora não sejam o desenvolva mecanismos de ampliação da cobertura tema da audiência, dois elementos essenciais que de- tributária que contemple os idosos urbanos com a vem presidir as reformas previdenciária e trabalhista. mesma carga protetiva que contempla os idosos ru- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) rais. Esse é o enunciado da reforma previdenciária, – Obrigado, Sr. Ministro. que foi consensual. Tem a palavra o Deputado João Leão. Quais são os mecanismos para isso? O Conselho O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO – Caro Presi- não tem condições atuariais, condições técnicas para dente, Deputado Mussa Demes, caro Relator, Depu- dizer, mas esta Casa tem. E o próprio Governo tem tado Virgílio Guimarães, caro Ministro Tarso Genro, também para negociar com a Câmara os mecanismos fui Prefeito de Lauro de Freitas, uma cidade da região sem aumentar a carga tributária. metropolitana de Salvador, onde tive a felicidade de O segundo é uma visão de que, tanto no sistema criar um conselho idêntico ao criado pelo Governo Lula previdenciário brasileiro, como na reforma trabalhista, e que, por coincidência, tinha o mesmo nome: Con- temos de fazer um grande processo de formalização selho de Desenvolvimento Econômico e Social. Não da informalidade. Para isso, o Conselho recomenda era Tarso Genro o Secretário-Geral, mas havia uma alíquotas especiais, por exemplo, para se buscar a figura maravilhosa, o Pe. João Abel, um belga que me integração no sistema de seguridade social de vastos ensinou muito. E um dos problemas do nosso Muni- setores informais que estão completamente separados cípio é a existência de regiões diferenciadas. Quando desse manto de cobertura estatal, que é essencial para o avião pousa em Salvador, aterrissa na pista situada populações de baixa e de baixíssima rendas. em Lauro de Freitas, e a estação de passageiros fica São recomendações. Aliás, são consensos no em Salvador. Conselho essas normativas que estou explicitando e V.Exa. sabe que no Brasil existem regiões dife- que passam pela questão da reforma tributária. renciadas. E o meu Município era diferenciado da re- O conteúdo das discussões é sempre imputa- gião metropolitana. Para V.Exa. ter idéia, na época em do ao Ministro temático. É ele que responde pelas que exerci o cargo de Prefeito, nossa arrecadação era discussões, pela organização da discussão, com o de 130 mil dólares. Camaçari, ao lado, arrecadava 7 assessoramento da Secretaria e, obviamente, com a milhões de dólares; Simões Filho, do outro, arrecada- minha colaboração. va 4 milhões de dólares. E só arrecadávamos 130 mil O Ministro Jaques Wagner tem dito que a refor- dólares. Por quê? Porque Lauro de Freitas era cida- ma trabalhista tem dois sentidos: simplificar, agilizar, de-dormitório. E o que poderíamos fazer para que o desburocratizar e não sonegar direitos; e formalizar a Município deixasse de ser diferenciado? Só havia uma informalidade, ou seja, buscar novos sistemas e normas saída: incentivos fiscais e não guerra fiscal. Guerra fis- que contemplem a horizontalização, a fragmentação, a cal é uma coisa, incentivo fiscal é outra totalmente di- terceirização, uma constelação de serviços e articula- ferente. Neste País, precisamos continuar concedendo ções na base produtiva moderna, com conseqüências incentivos fiscais a regiões diferenciadas. na base produtiva tradicional do Brasil, que hoje leva Hoje, o Município de Lauro de Freitas arrecada 52% da população a ficar à margem das legislações 2,5 milhões de dólares, dos quais 50% provêem do trabalhista e previdenciária. ISS, que variava de 5% a 10% e que baixamos para 57532 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 algo entre 1% e 3%. Começamos a atrair as empresas e também pelo trabalho que tem desenvolvido à frente e geramos empregos. A empresa que empregava mais do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. de 50 funcionários era beneficiada com ISS de 1%. Embora tenham sido feitas muitas críticas e levantadas Quanto à guerra fiscal – ICMS, IVA, destino da muitas preocupações com a possibilidade de o Con- mercadoria – , São Paulo alega que vai ser prejudi- selho exercer o papel do Parlamento, hoje fica claro e cado porque gera mais riqueza e emprego. Em com- evidente que tem uma contribuição extraordinária a dar pensação, consome mais. É a locomotiva deste País; ao País, fundamentalmente no debate das reformas o desenvolvimento brasileiro se dá em São Paulo; a tributária, previdenciária, política, enfim, de todas as classe produtora e econômica do País está em São reformas propostas pelo Governo Federal. Paulo. Obviamente, vai haver compensação. Precisa- Na minha avaliação, o Conselho está composto mos calcular esses custos. Precisamos saber se re- por todos os representantes da sociedade brasileira. almente São Paulo vai perder. Acredito que talvez até Nada melhor do que ouvir a sociedade brasileira, fun- saia ganhando. damentalmente as entidades que estão com a mão E o que dizer do ICMS sobre a participação dos na massa, como diz o ditado popular, na condução da Municípios, Sr. Ministro? Coitados deles! Espero que, política econômica e social do País. com essa reforma fiscal, realmente mudemos a reali- Minha primeira pergunta diz respeito aos próximos dade dos Municípios. Tudo neste País acontece em um passos do Conselho como contribuição nesse proces- determinado Município. Nada acontece fora deles, a não so de debate das reformas. Apresentou as sugestões, ser no Distrito Federal, e são os mais prejudicados. mas e agora? Vai dar prosseguimento a esse debate A distribuição do ICMS aos Municípios pelos Es- na sociedade? Essa idéia não é tão explorada e de- tados. Às vezes, há um Município privilegiado em de- batida publicamente porque não há cultura que visu- terminado Estado, a exemplo de Camaçari, na Bahia. alize a reforma tributária como elemento fundamental Levaram a fábrica da Ford para lá. Que beleza, que para a distribuição de renda neste País? Acredito que maravilha! Camaçari ficará cada dia mais rica, e os o Conselho tem papel estratégico na construção das outros Municípios cada vez mais pobres. Está errado. reformas e quero entender um pouco os seus próximos Temos de fazer a compensação, senão uauá, que está passos em relação ao Parlamento e à sociedade. Nes- lá na ponta, no sertão, vai continuar eternamente na se aspecto, porque se afunila o debate no Parlamento, pobreza, na miséria. evidentemente que a voz, a decisão ou a relação que (Intervenção inaudível.) estabelecer com esta Casa vai ser fundamental para Meu companheiro Walter Feldman, falemos ago- a aprovação ou não do projeto. ra de São Paulo e dos Estados do Nordeste. V.Exas. entendem que somos o mercado de vocês. A nossa Tenho certeza absoluta de que, embora se cons- população é paupérrima. José Graziano estava certo: truam muitos consensos, haverá muito debate político a marginalidade de São Paulo é, muitas vezes, obra e muitos atritos do ponto de vista da finalização e da de nordestinos. Está claro. Se V.Exas. quiserem co- aprovação do projeto. A questão da qual não abrimos nhecer, a partir de um projeto meu, foi feita em deter- mão e que talvez seja o expoente maior do radicalismo minada região do Nordeste uma espécie de Censo, deste momento histórico que vivemos é a aprovação de casa em casa, e se constatou que 53,7% daquela das reformas tributária e previdenciária que há muito população foram para São Paulo. Se quiserem saber tempo tramitam. quantos estão presos, dou-lhes os nomes. Temos 111 Sr. Ministro, faço outra pergunta que acredito ser presos lá. Este é o Brasil, Deputado Walter Feldman, extremamente importante: quais são os mecanismos e precisamos mudá-lo nesta Comissão. que o Conselho debateu e que vão ser aplicados no Ministro, só lhe peço para não esquecer os nos- combate à sonegação fiscal no País? Acredito que sos Municípios. Quando conseguir mudar algo, saiba a reforma tributária vai diminuir muito o número de que cada alíquota acima dos 13,8% que os Municípios impostos, mas esse não é o maior problema. Existe recebem hoje vai melhorar a vida da sua população. uma cultura no País que prima pela sonegação fiscal. É só isso, muito obrigado. Quais são os instrumentos, os elementos novos de que O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) vamos tratar neste País a partir da reforma tributária, – Obrigado, Deputado João Leão. para conscientizar quem produz e quem consome a Com a palavra o Deputado Ary Vanazzi. combater a sonegação? O SR. DEPUTADO ARY VANAZZI – Sr. Presiden- A sonegação fiscal no País é muito elevada e te, nobre Relator, Sr. Ministro, parabenizo V.Exa. por ter dificulta a aplicação das políticas sociais de qualquer vindo a esta Comissão que discute a reforma tributária Governo. A mudança da cultura política construída ao Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57533 longo da história é fundamental para que se faça re- O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Sr. Presi- forma tributária eficaz na sua implementação. dente, Sr. Relator, Sr. Ministro, Sras. e Srs. Deputados, Os grandes defensores da guerra fiscal no País acredito que nunca tivemos oportunidade tão boa para talvez ainda não tenham tido a coragem de fazer a fazermos reforma tributária que resolva os problemas autocrítica, mas a verdade é que ela foi predadora em relativos ao Custo Brasil, à sonegação. O atual sistema muitos aspectos. Hoje todos dizem que a guerra fiscal tributário brasileiro, todo encalacrado, dificulta a vida deve ser abolida. Diminuir ou acabar com a guerra fis- dos os brasileiros e das empresas, principalmente da- cal, o que o Conselho apontou como princípio básico, quelas que exportam. objetivo fundamental da reforma tributária, é um ele- Mais da metade dos atuais membros desta Co- mento que envolve grandes empresários, grandes as- missão fizeram parte da Comissão anterior. Quando sociações empresariais e movimentos sindicais. Esse o Deputado Mussa Demes instalou esta Comissão é um elemento inovador. Deveríamos aprender com os Especial, disse o Deputado Delfim Netto que alguns erros cometidos no passado, mas a guerra fiscal foi membros eram dinossauros da reforma tributária, a elemento predador da nossa economia e de algumas exemplo dos Deputados Mussa Demes e Virgílio Gui- regiões. São avanços significativos a avaliação de tal marães, Relator da matéria. instrumento e a idéia de não mais retomá-lo. Acredito que o Conselho criado pelo Governo re- Qual a opinião do Conselho sobre a taxação presenta de forma plural a sociedade brasileira. Muitos das grandes fortunas? Essa é uma das propostas do nunca ouviram falar em tributos, mas grande parte das nosso Governo, aliás, muita corajosa. Tratamos aqui pessoas conhece, a exemplo do Deputado Armando da reforma fiscal, mas a idéia de taxação de gran- Monteiro, que fez parte da Comissão anterior e já de- des fortunas é importante do ponto de vista de exigir bateu muito a reforma tributária. contribuição maior de quem acumulou muita riqueza A grande dificuldade de fazer a reforma tributária é o imenso superávit primário que temos de gerar para neste País. Isso significa melhor distribuição de renda cumprir o acordo com o Fundo Monetário Nacional, que e tratamento diferenciado a trabalhadores e à maioria não condeno. Elogio o Governo Lula pela coragem de da população. ter definido esse aumento do superávit primário, porque Sr. Ministro, o Governo brasileiro tentou várias também acredito que só assim, num futuro até bastante vezes incluir no processo de arrecadação de tributos próximo, comecemos a reverter a situação. Repito: é milhares de empresas. O REFIS e vários outros pro- necessário fazer esse superávit primário hoje; acredito gramas nunca foram eficazes. Na minha avaliação, nas razões apontadas pelo Governo. por causa da burocracia instalada no País. O pequeno Devo admitir que acreditei, quando soube da empreendedor quer se enquadrar, mas espera meses nomeação do Ministro Palocci para o Ministério da e paga inúmeras taxas, enfim, enfrenta a histórica Fazenda – S.Exa. foi Vice-Presidente da anterior Co- burocratização do Estado. Qual a opinião do Conse- missão Especial da Reforma Tributária – , que apre- lho sobre a burocratização? O que pensa fazer para ciaríamos um texto mais ousado, que mexeríamos no resolver o problema? Muitas empresas não atuam le- grande miolo da reforma tributária e faríamos com que galmente em razão das resistências burocráticas do as contribuições deixassem de ser cumulativas. Atual- Estado brasileiro. mente, a cumulatividade dos tributos sobrecarrega a Essas questões constituem, eu acredito, a inicia- produção, constituindo fator principal para o aumento do tiva e a determinação política do Governo brasileiro, custo das mercadorias e das exportações. O trabalho que deseja também incluir as reformas constitucionais realizado pela Comissão anterior mostrou o enorme na pauta do Congresso e votá-las no primeiro semes- peso da COFINS, da CPMF, da Contribuição Social tre. Aqui já estiveram vários Ministros e pessoas que sobre o Lucro Líquido e da CIDE sobre o faturamento conhecem a matéria. Não sou dos grandes conhece- das empresas. dores, mas vivo o dia-a-dia das dificuldades e recebo Acredito que não precisamos mexer muito no especialistas, para aprofundar o debate. ICMS. Discutimos a origem e o destino das mercadorias, O Governo tem feito um grande esforço. Com mas não é por aí que devemos começar a discussão. certeza vamos levar a cabo a reforma tributária, e ela Se conseguirmos unificar o regulamento do ICMS e as vai iniciar um novo ciclo de crescimento econômico, alíquotas, num tratamento bom e inquestionável juridi- político e social no nosso País. camente, para a substituição tributária, resolveremos O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) grande parte do problema tributário dos Estados, que – Obrigado, Deputado Ary Vanazzi. terão mais de 95% de suas receitas incluídas nessa Com a palavra o Deputado José Militão. questão. Na maioria dos Estados brasileiros talvez mais 57534 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 de 60% das receitas sejam geradas no destino ou por Nessas cinco páginas, que supostamente são as substituição tributária, cobrada por meio das tarifas de páginas da convergência e do consenso, vemos que combustíveis, telecomunicações, energia elétrica e dos nada há nelas de objetivo. Na verdade, se fizéssemos preços de automóveis, bebidas, cigarro etc. um clipping das manifestações dos diversos políticos Sendo membro desta Comissão e tendo integra- de todos os partidos, das diversas instituições em- do a Comissão anterior, acredito que perdemos uma presariais da sociedade civil, os pontos apresentados grande oportunidade. Com a legitimidade do Gover- como convergentes são os que todos querem. Mas no e o conhecimento do Ministro da Fazenda sobre a como analisá-los de forma concreta? reforma tributária, poderíamos aprofundar o debate Tenho ouvido falar, desde o Governo passado em torno da matéria e torná-la mais eficaz. E mais: – não é essa uma novidade do atual Governo – , da se a reforma for modesta, esta Comissão vai tentar possibilidade de desconstitucionalizarmos a discussão aprofundá-la. da reforma tributária. Falava sobre isso na última reunião O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) desta Comissão. Fazia parte da outra Comissão, junto – Obrigado, Deputado José Militão. com o Deputado José Militão, e a proposta do Relator Com a palavra o Deputado Eduardo Paes. Mussa Demes, que aprovamos, baseou-se no con- O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Saúdo o senso do grupo. Creio que o Deputado Mussa Demes Sr. Presidente, o Sr. Secretário, o Sr. Relator, as Sras. concorda que aquela proposta avançava em aspectos e os Srs. Deputados. Antes de começar, deixo mui- que não precisavam constar do texto constitucional. to claro que sou daqueles Deputados que acreditam Mas não podemos estar nem tão lá nem tão cá. que a iniciativa de criação do Conselho é positiva. Em Preocupo-me quando vejo o Conselho apresentar momento algum imaginei que ele pudesse disputar esta proposta ao Presidente da República, porque ca- com o Parlamento, enfim, com as nossas atribuições minharemos fatalmente para a desconstitucionalização do sistema tributário. Isso é grave. Diversos Governa- e tarefas. dores do PSDB trataram dessa questão nos jornais e Quando fui Vereador no Rio de Janeiro e Presi- mostraram muito claramente que temem perder receita dente da Comissão de Orçamento da Câmara Munici- e arrecadação. Eles não deixarão essa desconstitucio- pal, desenvolvi com o então Vereador Jorge Bittar uma nalização caminhar à solta. versão do Orçamento Participativo, o Orçamento Cida- A desconstitucionalização não é uma tradição dão. Portanto, acredito que todos esses instrumentos do sistema jurídico brasileiro, principalmente no que de comunicação com a sociedade civil são positivos. diz respeito ao sistema tributário. A Constituição deve Por entender que o Conselho cumpre importante definir muito claramente certas questões relativas ao papel, principalmente no que diz respeito ao asses- sistema tributário, ou seja, as competências tributárias, soramento ao Presidente da República, confesso que as vedações ao poder de tributar. Fala-se dos três ti- fiquei muito preocupado quando recebi este documen- pos de tributos do nosso sistema tributário: impostos, to. Primeiro porque havia expectativa muito grande contribuições de melhorias e taxas. É óbvio que, se por parte do nosso Presidente, manifestada na última as taxas e as contribuições de melhorias não esti- reunião, devido à informação de que o Conselho teria verem muito bem definidas, não há muito problema tido acesso a alguma proposta encaminhada a esta porque elas pressupõem contraprestação específica. Casa. Portanto, poderíamos descobrir algo e discutir No caso dos impostos, tudo muda. Se não estiverem mais concretamente. Claro, decepcionei-me um pouco muito bem definidos, corremos o risco de enfrentar porque isso não se verificou. balbúrdia ou confusão. Quanto ao ICMS, para buscar De certo modo, observei no documento enca- o consenso não podemos jogar tudo para a legislação minhado que, de maneira muito inteligente, a meto- complementar, até porque seu objetivo é resguardar o dologia do relatório apresenta consenso, pontos de dispositivo constitucional e não definir o que deve ser convergência, recomendações, maior grau de aferição feito ou não; é dirimir invasões de competência que e sugestão com menor grau de aferição. Os consen- eventualmente surjam. sos, ou seja, os pontos de convergência, somam cinco Saúdo o Conselho pela iniciativa que tomou. páginas; e as sugestões com menor grau de aferição Imagino como deve ter sido difícil para o Sr. Secretá- somam quinze páginas. Isso me preocupa sobrema- rio tentar reunir grupos que muitas vezes divergem em neira. Já ouvi diversos Deputados falando sobre o grau suas opiniões e buscar o consenso. Imagino também da reforma. O Deputado José Militão acabou de tratar que não deve ser fácil chegar a esta Comissão com um disso. A reforma será profunda ou tratará de poucos documento mais consolidado. Jamais esperaria que o temas e avançará o mínimo possível? Conselho contasse quanto um pede e quanto o outro Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57535 ganha; isso é obviamente impossível. Mas é claro para já que se adotou o princípio de que devemos aprovar mim que o Presidente da República precisa de alguns reforma tributária no mínimo boa para o País. pontos mais objetivos. Por exemplo: nem a questão Quanto ao princípio da aparência imediata, é um da origem e do destino das mercadorias foi incluída modo de aferição que adotamos no Conselho em ho- aqui. Creio que está enquadrada nas recomendações menagem a esta Casa. Digo com toda a tranqüilidade e não no consenso. e com todo o respeito que foi em homenagem a esta Sugiro que não se desconstitucionalize tanto a Casa, para que o Conselho não votasse e não estimu- reforma. Ela não pode ser tão branda ou, então, não lasse, portanto, a imaginação prodigiosa e legítima de obteremos um consenso total. O Governo deve definir concorrência com o Parlamento. O que fazemos, na o que vai fazer e defender as suas teses nesta Casa, verdade, é verificar o assunto pelo princípio da aparên- por intermédio da base parlamentar. cia. E depois proponho como consenso determinadas Sr. Secretário, V.Exa. usou expressão que consi- normativas, bem como recomendações, em função da derei muito interessante: “princípio da aparência ime- visibilidade, do número de pessoas que defendem uma diata”. Fico com medo de que essa proposta esteja ou outra posição e assim por diante. fundamentada no princípio da aparência imediata e Todas as propostas, quero deixar bem claro, são que esses consensos não estejam bem estabelecidos. direta ou indiretamente fruto de consenso. Se percebo Nesse caso, a reforma tributária ficará muito aquém que não há unanimidade em relação a alguma propos- do que desejamos e do que o Brasil precisa. O siste- ta, digo à plenária do Conselho que vou apresentá-la ma tributário é tudo isso de que se falou aqui e talvez como recomendação, depois de ouvir sua opinião. um pouco pior. Esse modo de aferição está relacionado com Muito obrigado. o próprio projeto do Conselho, um instrumento de O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) concertamento social, ou seja, de constituição de um – Obrigado, Deputado Eduardo Paes. bloco. Tendo em vista o nível e a qualidade do diálogo Com a palavra o Sr. Secretário Especial do Con- travado aqui, vejo que é possível constituir um patamar selho de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso mínimo de entendimento na sociedade brasileira para Genro. fazer o País avançar, sem que pessoas, grupos e par- O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Sr. Presi- tidos percam sua personalidade ou sejam impedidos dente, começarei respondendo ao nobre Deputado de defender suas visões mais ou menos utópicas ou Eduardo Paes, que tratou de questões que dizem res- mais ou menos realistas. Isso é perfeitamente possível peito à legitimidade política – e não me refiro à legiti- no Brasil maduro configurado neste debate: o Brasil midade vinculada a algum preceito legal – da proposta trazida a debate. politizado que sabe o que quer. Quero fazer novamente um esclarecimento preli- Essa não é uma conquista do Governo Lula. Ela minar. Esses enunciados são do Conselho para o Pre- foi obtida no Governo Sarney, na transição democrá- sidente da República, não refletem necessariamente tica que agora tem o seu ápice demonstrado na qua- aquilo que S.Exa. remeterá à apreciação de V.Exas. Se lidade das reformas que vamos fazer e também na as propostas são efetivamente contidas e os consensos sua contenção. são questionáveis, significa que o Conselho trabalhou Quando falamos em reformas boas para o País, bem politicamente. Ele não apresentou ao Presidente com o máximo de consensualidade, estamos pedindo da República o diagnóstico do que não há no Parla- um mínimo de conflitos e de desentendimentos sociais, mento, mas do que há na sociedade civil organizada. embora este seja necessário ao processo democrático. E estes pontos, as cinco páginas citadas por V.Exa., Chamamos a atenção de todos para a fase especial são consensuais, bem como as recomendações. vivida pela sociedade brasileira, ou seja, a afirmação Se a reforma vai ser mais ou menos ousada do de um ciclo republicano e o início de outro ciclo republi- que as proposições contidas neste documento, é uma cano a partir de um novo modelo de desenvolvimento decisão do Presidente da República, que não se abe- para o nosso País, que talvez tenha a unanimidade bera somente dos estudos do Conselho para formar que este Parlamento deseja. o seu juízo, mas, sim, do que já foi produzido por esta Agradeço a V.Exa. as observações. Já falei aos Casa, da relação com a sua bancada, com a bancada meus companheiros de partido do seu trabalho no oposicionista, com os Governadores, cuja importância Rio de Janeiro. Lamento que o tenha decepcionado sabemos ser muito grande. Teoricamente, é possível um pouco, mas é melhor decepcionar pelo cuidado do que a proposta a ser examinada por esta Casa seja mais que ganhar pouco com ousadia demasiada. Essa é a ousada ou até – quem sabe? – um pouco mais contida, visão com que trabalhamos neste projeto. 57536 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Deputado José Militão, concordo integralmente Finalmente, há um terceiro grupo que vai percor- com V.Exa. quando diz que esta Casa tem o direito rer provavelmente um ano de debate: Fundamentos e o dever de aprofundar a proposta que o Governo Políticos de um Projeto de Desenvolvimento. Ele vai quer enviar. O Parlamento vai definir o grau de apro- trabalhar de maneira articulada com os demais Minis- fundamento possível das reformas e não o Conselho. térios para transformar esse grupo de trabalho, que Buscamos apresentar os níveis de consensualidade, teve o maior número de inscrições – 53 inscritos – , porque fazemos parte de um órgão representativo da em dois, a fim de discutir as relações entre economia sociedade civil, mas a representação política da so- e política. O grupo vai discutir como se constituem es- ciedade está aqui. O grau de aprofundamento e de sas diretrizes de concertação em cima de um projeto legitimidade aqui determinado vai ter legitimidade na nacional alternativo, na sua relação com o movimento sociedade brasileira. da economia. Isso é fundamental e não é tratado nos Deputado Ary Vanazzi, o Conselho não discutiu compartimentos por um setor do Governo. a burocratização nem a taxação de grandes fortunas, É necessário que se faça isso através de uma embora tenha dito que o princípio de todas as reformas concertação interna, e o Conselho vai exercer impor- deve tender para a redução drástica da regressividade tante papel unificador desse processo. Isso deverá do nosso sistema tributário. chegar no ano que vem, no I Congresso Nacional de Quanto à sonegação, afirmou que a reforma deve Concertação Política, que será o momento original da criar mecanismos para evitar a evasão e a sonegação evolução política republicana do País, em que preten- fiscais, mas não há discussão profunda sobre isso, a demos soldar o primeiro degrau de um novo contrato não ser sobre princípios. social, ou seja, a formação de uma articulação social Quais os próximos passos do Conselho? Temos e política dando sustentabilidade a um projeto de de- três pautas a apreciar daqui em diante. A primeira é a senvolvimento que tenha a idéia de um projeto nacional como centro e de justiça social como meta. reforma trabalhista, a ser discutida de maneira articu- Deputado João Leão, V. Exa. não sabe a identi- lada com o foro comandado pelo Ministro Jaques Wag- dade que temos, que é dupla. Primeiro, sua vocação ner. A segunda é a constituição de um grupo temático para Prefeito. Segundo, sua admiração tributada ao Go- especial para tratar da importância das pequenas e vernador Mário Covas, grande figura política do nosso microempresas no processo de desenvolvimento do País. E concordo integralmente com V. Exa. pela minha País. O que fará? Apresentará enunciados sobre as experiência política e como gestor público por quase relações, na política econômica, de pequenas e micro- nove anos em Porto Alegre – primeiro como Secretário empresas como instituições fundamentais para o proje- de Governo e Vice-Prefeito e depois sucessivamente to de desenvolvimento nacional. Estamos maduros de como Prefeito. ver os países desenvolvidos valorizarem a importância Temos em Porto Alegre, na grande Região Metro- dessas empresas na constelação de relações do pro- politana, exatamente as mesmas questões que V.Exa. cesso produtivo moderno, que favorece a autonomia, observa. Está aqui o Deputado Ary Vanazzi, originário a concentração, o surgimento de estruturas micro e daquela região, que não me deixaria mentir sozinho. pequenas de serviços e de produção, mas por outro A cidade de Cachoeirinha, por exemplo, é tida como favorece também o esmagamento dessas instituições. cidade dormitório, o que é uma visão humilhante. Não A economia, num nível ótimo, combina essas relações; é uma cidade dormitório, é uma comunidade que tra- combina a emergência de pequenas e microempresas balha, que tem aspirações de constituir um ambiente com a possibilidade de constituição de grandes e for- favorável de integração e coesão social. tes grupos econômicos, com capacidade de disputa Sou absolutamente favorável aos incentivos, que global, o que cada nação deve ter. não são instrumentos de política tributária, embora Recomendo a V.Exa. a leitura da Segunda Carta muitos devam estar na legislação tributária, são instru- de Concertação, em que, por unanimidade, o Conselho mentos de políticas de desenvolvimento regional, que diz que o Brasil deve constituir grandes corporações devem ser articuladas como política tributária. Acho que com capacidade de disputa multinacional para ter uma o Governo não deve eliminar incentivos, porque é um relação ofensiva com o mercado mundial. Isso se de- instrumento de intervenção macroeconômica que ele cide a partir da visão de desenvolvimento, mas pres- deve deter, de maneira articulada com as regiões, os supõe forte e protegida legalmente rede de pequenas Municípios e os Estados. e microempresas, com capacidade competitiva, pois Portanto, concordo plenamente com V. Exa. O constitui a base de apoio para o surgimento de médias combate à guerra fiscal, na minha opinião, não quer e grandes empresas. dizer que o Governo não tenha instrumento de desen- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57537 volvimento do incentivo como instrumento de combate tenho nada contra o processo de importação, pois gera aos desequilíbrios regionais. mais ICM, mais emprego, mais renda etc. Não tenho O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) nada contra a Zona Franca de Manaus. Sou contra – Com a palavra o Deputado João Leão. essa enorme injustiça, porque meu Estado é o maior O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO – De 1988 para exportador de divisa líquida para este País. cá, todos os impostos criados – essas taxas e contri- Preocupa-me o que aconteceu no Amapá, na buições criadas são impostos – ficaram exclusivamente Serra do Navio. O minério foi todo retirado, e o Estado para a União. Os Municípios ficaram lá. Concertação ficou a ver navios. O nosso Estado é exportador de ou concertamento é a oportunidade de V. Exa., que foi 95% de recursos naturais, sejam minerais ou flores- Prefeito, de consertar isso que está aí. tais. Quanto mais aumenta a exportação da Vale do O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Rio Doce, mais aumenta o buraco que ela deixa, pois – Obrigado, Deputado João Leão. não tem nenhum compromisso com o Estado do Pará. Com a palavra o Deputado Anivaldo Vale. Aumenta o buraco no solo do Pará, no meio ambiente, O SR. DEPUTADO ANIVALDO VALE – Sr. Presi- nos aspectos sociais. dente, Sr. Secretário, Sr. Relator, caros colegas Depu- Em relação a Eldorado do Carajás, se tivessem tados, não estou no rol dos dinossauros, mas já estou pensado num processo maior e não houvesse aque- no terceiro mandato. Quando cheguei a esta Casa, não le portão em Paraopebas, que separa a nobreza da tinha um cabelo branco, e meus cabelos já estão ficando pobreza, talvez tivéssemos oportunidade de uma in- grisalhos. Estou sempre ouvindo pelos corredores da serção maior, de um processo de inclusão maior na Câmara dos Deputados, do Congresso Nacional e do sociedade. próprio Ministério a disposição da reforma tributária. E Esperava que a resposta viesse ao encontro eu imaginava que se fizesse a reforma tributária, mas da proposta de reforma tributária, já que o Deputado que não houvesse um componente tão forte. Todos Mussa Demes e toda a Comissão que discutiu a ques- querem a reforma tributária. O empresário quer a re- tão e andou por este País tiveram a preocupação de forma tributária, mas não quer pagar mais; o Município compreender que tinha que haver uma compensação quer a reforma tributária, mas não quer perder; o Es- financeira para o Estado do Pará. tado quer a reforma tributária, mas não quer perder; a Anotei dois tópicos que foram tratados en pas- União quer a reforma tributária, mas também não quer sant, sem o aprofundamento necessário, sobre a parte perder. Então, esse desencontro talvez tenha sido a da exportação. Também somos produtores de energia motivação para o alongamento do prazo de discussão elétrica e exportamos essa energia para outros Esta- da reforma tributária. Já que o Presidente da última Comissão, da qual dos, que cobram na ponta algo do tipo do Imposto de fiz parte, que discutiu a reforma tributária nesta Casa, Importação, em torno de 25% de ICMS. Na energia tam- é hoje o Governador do Rio Grande do Sul, Germano bém cobram 25% de ICMS. Gera emprego, gera renda, Rigotto, que seu Vice-Presidente é o Ministro Antonio gera melhor qualidade de vida para toda a sociedade Palocci e o Relator é o Deputado Mussa Demes, pen- brasileira. Quero o desenvolvimento do Estado. sei que iríamos iniciar a discussão da reforma tributá- Nos últimos cinco anos, contribuímos para a ba- ria a partir da proposta do Deputado Mussa Demes. lança comercial com 10 milhões de dólares. Somos o Lamentavelmente, estou vendo que a coisa não está principal pagador dessa conta de importação do País, caminhando bem assim. Fico verdadeiramente preo- mas não podemos continuar pagando essa conta com cupado. a fome do povo paraense e com a qualidade de vida Louvo a iniciativa da criação do Conselho, órgão que estão experimentando. Temos 20% de reserva de consultivo que poderá oferecer uma colaboração fantás- água doce em toda a Bacia Amazônica, e o Estado do tica ao Presidente da República. Lamento que em sua Pará é um dos privilegiados. É um absurdo que várias composição não participe nenhum órgão da sociedade comunidades não tenham água para beber e, quan- civil ou cérebro inteligente, tanto da iniciativa privada do têm, não seja tratada. Somos o maior produtor de quanto do setor público, do meu Estado. Então, vejo- energia deste País. É o cúmulo do absurdo as comu- o até como discriminador do meu Estado, que, aliás, nidades não terem energia elétrica. está sendo discriminado há muito tempo. Vejo que a concepção do Conselho é espetacu- São Paulo, como bem disse o Deputado João lar e digna de aplauso por toda a sociedade brasileira, Leão, é a força motriz deste País, mas é o maior im- mas ela não pode permitir que continuem com essa portador. O segundo maior importador é o Estado do injustiça. Não posso pagar a conta com a dignidade de Amazonas, em função da Zona Franca de Manaus. Não um povo. Essa reforma tributária traz para a sociedade 57538 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 brasileira uma oportunidade de corrigir desigualdades A verdade é que completaremos em outubro entre as regiões e não estou vendo isso aqui. quinze anos da promulgação do texto constitucional, Espero que, ao compulsar aquela proposta de e o sistema brasileiro deu marcha a ré e se constitui o reforma tributária do hoje Presidente, então Relator da pior sistema tributário do mundo: onera a produção e reforma tributária, com essa disposição, certamente, os consumidores, e milhões de pobres pagam a maior vão-se minorar as dificuldades que estamos experi- parte da conta. mentando naquela região. Essa constatação é feita hoje em todo o País. É Somos um Estado que está diante de uma situa- um manicômio tributário que transforma o Judiciário ção ímpar no processo de exportação, quando se fala também num manicômio, porque 60% das ações dos em política de exportação, pela nossa localização, por tribunais hoje têm origem nas demandas tributárias; termos escoando para ali 25 mil quilômetros de rios entope as repartições públicas no 1º Grau de jurisdi- navegáveis. Poderiam perfeitamente até fechar o Rio ção e no famigerado Conselho de Contribuintes com Amazonas e não permitir que os navios entrassem milhares – talvez milhões – de ações. mais ali, dando oportunidade às pequenas embarca- Estamos numa encruzilhada. A mudança de pa- ções para fortalecer o sistema de transporte fluvial, radigma político já aconteceu com a ascensão de Lula que é outra ponta que precisa ser trabalhada nesse ao poder. Um operário de esquerda, o que não se processo de reforma tributária. imaginava, chega ao poder. Estou aqui há doze anos. Sr. Ministro, V.Exa. tem uma história de trabalho Quando Secretário da Fazenda do Paraná, participei e de preocupação com a injustiça social. Está sendo intensamente da Assembléia Nacional Constituinte, na entregue pelas suas mãos ao Presidente da Repúbli- qual a Carta de Canela se impôs perante o texto tribu- ca uma ferramenta de trabalho que certamente con- tário, porque a maioria dos Deputados da Comissão tinuará a ser discutida aqui no Congresso Nacional. de Reforma eram oriundos de Secretarias de Fazen- da, como os Deputados Mussa Demes, Benito Gama Espero que V.Exa. ainda tenha a disposição de pedir e tantos outros. ao Presidente que corrija essa injustiça que tanto nos V.Exas. têm a oportunidade de fazer algo que re- incomoda. solva a situação. Se não modificarmos agora, nesse Obrigado. esforço do novo Governo, neste ano, não consertare- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) mos mais para a frente. Os interesses federativos e – Obrigado, Deputado Anivaldo Vale. Com a palavra o outros interesses se sobrepõem. E há a velha história Deputado Luiz Carlos Hauly. da guerra fiscal, que, junto com a sonegação, a elisão O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. e a corrupção, transformaram nossa economia de mer- Presidente, Sr. Relator, Sr. Secretário, Sras. e Srs. Par- cado numa fraude, onde quem pode mais chora me- lamentares, a oportunidade é resultado do amadure- nos. Quem pode mais vai ao Governo, pede incentivo cimento da matéria nesta Casa e no País. fiscal ou creditício, e quem não pode se sacode. Essa A reforma tributária está sendo desejada desde é a triste realidade do País em que vivemos. a promulgação da Constituição de 1988. Os colegas Sobre a economia afirmei outro dia que – e um Constituintes levaram para Estados e Municípios uma apresentador de TV até fez uma ironia – , se fizermos parcela da receita da União, notadamente os antigos um sistema tributário semelhante aos modelos vigentes impostos únicos e um percentual muito grande do Im- na Europa e nos Estados Unidos, vamos crescer, só posto de Renda e do Imposto sobre Produtos Indus- por efeito da reforma tributária, em torno de 4%, 5% a trializados. mais, sem falarmos na questão creditícia, quando me- O que a União fez, de 1988 para cá, assim como xemos no spread, no custo do dinheiro no País. todos os que passaram pelo Governo, foi contornar Evidentemente, as reformas trabalhista e pre- o problema constitucional através de impostos ruins, videnciária fazem parte desse elenco. Mas a relação como a CPMF, a COFINS, a Contribuição Social so- do Estado com a sociedade é feita pela cobrança dos bre o Lucro Líquido, para poder desviar da partilha impostos e das contribuições, e, do jeito que está, não constitucional para Estados e Municípios. E o sistema há o menor cabimento. Pelo padrão europeu/america- se agravou. A idéia era uma, e o resultado foi outro. O no, cerca de 40% a 50% da arrecadação tem origem sistema se agravou e a economia brasileira, nesses no Imposto de Renda de pessoa física ou jurídica, anos todos, sofreu inúmeros planos econômicos, des- acentuadamente de pessoa física, que, quanto mais de o Governo Sarney, passando pelo Governo Collor, direto, menos regressivo. No Brasil, cerca de 20% da até chegar ao Plano Real, no Governo Fernando Hen- arrecadação é oriunda do Imposto de Renda e da rique Cardoso. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. O grosso Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57539 da arrecadação vem da base do consumo, que é ex- os 10% da cobrança direta de Imposto de Renda dos tremamente regressivo, suscetível à sonegação. milhões de pobres, por 35%, 40% de carga indireta, e Venho meditando sobre isso. Acompanhei o as- aumentaríamos o poder de compra. Essa seria a gran- sunto durante muitos anos, ajudei a formatar o texto de revolução. Ativaria a economia brasileira, geraria do Deputado Mussa Demes. Participamos ativamente empregos e mais impostos. Então, dá para ampliar o da discussão origem/destino. Chegamos à conclusão, Imposto de Renda. Ele não foi ampliado por uma única no passado, de que o destino era muito melhor. A Co- razão: não dar mais dinheiro a Estados e Municípios. missão anterior, presidida pelo ex-Deputado Germano Resolvida essa equação, completaria a Receita Rigotto, colega nosso do Rio Grande do Sul, por meio Federal também com o Imposto Seletivo. Ficaríamos do projeto do Deputado Mussa Demes, teria resolvido com o Imposto de Renda forte, o Imposto Seletivo for- a questão origem/destino. Agora a discussão volta. te na União e nos Estados, manteríamos os impostos Tomada essa decisão, continuamos a meditar. Os de importação e de exportação e o imposto sobre a impostos declaratórios, como IVA, ICMS, IPI, ISS têm propriedade, que é de característica municipal, e c’est características européias. A América do Norte nunca fini. A contribuição previdenciária poderia também ser teve um imposto desses. Os Estados Unidos são um colocada no bolo do seletivo e do Imposto de Renda, continente, o Brasil é um continente, e há 27 legislações. com uma diminuição da imposição do INSS empre- Até brinco que temos o MERCOSUL, estamos nego- gado/empregador – mas não para zerar, apenas para ciando com a ALCA e a União Européia, mas não temos diminuir, a fim de tornar mais fácil a regularização dos a ALCE – Associação de Livre Comércio dos Estados. empregos no Brasil. Mantemos aqui a cobrança de 12% e de 7%, entre os Então, estou insistindo nessa linha. Alguns co- Estados federados, o que é uma coisa louca. legas que por aqui passaram defenderam outras te- Se hoje eu fosse autoridade do Paraná, não com- ses parecidas. O Ponte, por exemplo defendeu uma praria nada, nenhum produto, de nenhum Estado, com- tese parecida, só que ele calcava tudo no Seletivo, e praria tudo do exterior. Faria uma campanha imensa briguei muito com ele. Eu dizia: Ponte, vamos dividir para comprar tudo do exterior, só para implodir o sis- Imposto de Renda e Seletivo, que saímos juntos fa- tema do ICMS. zendo a pregação. Outros vieram com o imposto úni- O ICMS não presta, é um imposto vagabundo, co, e acabamos ficando no pior dos mundos, sempre corrupto, que tanto corrompe a máquina quanto os mantendo o que há de pior, acumulando. Quando veio empresários e leva a uma concorrência predatória. a história do imposto único, não deu outra, virou mais O IPI é da mesma natureza, do mesmo parentesco. um imposto, hoje com o nome de contribuição – mas Temos alternativa e não estamos querendo enxergá- começou como imposto. la. Sessenta por cento da arrecadação do ICMS vem Sr. Ministro, a questão é uma decisão histórica dos impostos seletivos: energia elétrica, combustíveis, na vida do País. Os senhores que estão no Governo comunicação, cigarros, bebida e veículos. Se fizermos hoje não percam a oportunidade de fazer essa mu- um pouco mais de esforço de raciocínio, poderemos dança. Não importa o partido, o que importa é o País. arrecadar 100% do ICMS com imposto seletivo, com Resolver a equação existente entre Estado produtor e meia dúzia de contribuintes – estou exagerando na Estado de destino é facílimo, é só fazer contas, porque, expressão. Acabaríamos com toda a tributação na se permanecer o status quo, se ficar na origem, nós, venda a varejo, acabaríamos com toda essa parafer- do Paraná, da Bahia, de Santa Catarina, que temos nália de débito, crédito, nota fiscal calçada, paralelo, usinas hidrelétricas, petróleo, essas coisas, vamos crédito frio, toda essa mesquinharia e malandragem querer também cobrar na origem. Mas aí há um com- que há no Brasil. plicador: perdemos 500 milhões por ano, deixamos de E o Governo Federal, que tem 20% do Imposto arrecadar por conta da não-incidência sobre energia de Renda, e não o deixa crescer, porque tem que parti- elétrica e combustíveis. lhar com Estados e Municípios, resolve essa equação, Até deixei essa luta paranista de lado, pensando vê quanto os Estados arrecadaram nos últimos nos, sempre no maior, no País. Eu sempre disse: não, espere mantém o mesmo nível de partilha de arrecadação, que virá a reforma. Passaram-se seis meses, um ano, mas constrói um Imposto de Renda progressivo, de dois anos, e ela não veio. Cheguei aqui defendendo alíquotas progressivas e de base larga. tributar a energia, na origem, com o ICMS, porque é Se isentarmos toda a comida no Brasil, toda a um casuísmo o que houve no texto constitucional de roupa, todos os bens de uso e consumo doméstico e 1988. Aliás, o único. familiar, poderemos nos atrever a cobrar uma alíquota Não sei se ficou claro para o Ministro, mas este é pequena de Imposto de Renda de todos. Eu trocaria o momento de fazer as reformas. Não está difícil, não 57540 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 está longe, é só sentar e fazer as contas. Deve-se con- Ora, Sr. Ministro, se essa reforma é imprescin- vocar representantes dos partidos e a Academia para dível para o Brasil e para os brasileiros e ela não vai uma reunião fora do Congresso Nacional, pode ser no ser apresentada, pelo menos na dimensão da pala- Banco do Brasil, até sairmos de lá com um texto. De- vra reforma, penso o seguinte: ou a premissa é falsa pois o apresentamos e discutimos. Fundamentalmente, ou não estamos sendo suficientemente responsáveis vamos fazer contas para Estados e Municípios, para a para implementar aquilo de que o Brasil necessita partilha, mas, no resultado final, teremos conseguido, neste momento. sem dúvida alguma, algo extraordinário, que é solucio- Quero dizer a V.Exa. que gostaria muito – e falo nar um grave problema. E, solucionando-se o problema muito mais ao ilustre integrante do Governo, não pro- tributário, resolve-se também o previdenciário. priamente ao Secretário do Conselho, mas a alguém Raciocine, Ministro. Se trabalharmos com Impos- que tem um peso político fundamental no atual to de Renda de base larga e progressivo atingiremos Governo – que houvesse a reforma. Vamos tentar fazê- também a contribuição, porque o Imposto de Renda la, que não se entregue o jogo antes de ele começar; retido na fonte é receita própria de Estados e Municí- que a busca do consenso, do agradar a todos, o que pios. Podemos ampliar e resolver também a questão parece num primeiro momento muito saudável, não previdenciária estadual e municipal. iniba o mandato popular e democrático que o Presi- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) dente Lula e o Governo do PT alcançaram nas urnas – Obrigado, Deputado Luiz Carlos Hauly. ano passado. Isso é fundamental. Faz parte da cultu- Com a palavra o Deputado Paulo Afonso. ra petista muita discussão, muito debate, mas houve O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – Sr. Mi- uma grande discussão nacional, ano passado, com nistro Tasso Genro, tenho por V.Exa. grande admira- todos os brasileiros, no maior fórum possível, e essa ção. Acompanhei seu trabalho no Rio Grande do Sul e discussão lhes deu, merecida e democraticamente, a oportunidade de governar e implementar as reformas gostaria que tomasse minhas palavras como a contri- que todos desejamos; eu, inclusive, mesmo não sen- buição de alguém que está profundamente empenha- do do PT. do em ajudar nas reformas de que, tenho certeza, o Portanto, gostaria que o Governo exercesse esse Brasil necessita. mandato na sua plenitude. Se for para a reforma não Estou convencido, neste momento – e já disse sair da maneira desejada, que seja por responsabilida- isso em outras reuniões – , de que não teremos, pelo de, quem sabe, de Congressistas conservadores, que menos da parte do Pode Executivo, uma proposta de não estão afinados com o pensamento popular, mas reforma tributária. não porque ela já venha, de antemão, tacanha, tímida, Não vou entrar na discussão lingüística que há castrada, pelo medo do debate ou do voto. pouco tivemos sobre a palavra “concertação”, mas o De antemão, quero dizer ao Ministro que a refor- entendimento que temos da palavra reforma, o que ma tributária terá meu voto, independentemente de o compreendemos desse vocábulo é uma mudança, PMDB fazer ou não parte da base do Governo, o que, uma transformação razoavelmente significativa na es- para mim, é absolutamente irrelevante. Quero que haja trutura de algo, de tal modo que o resultado posterior a reforma tributária. seja substancialmente diferente do que tínhamos no Para isso, Ministro, há que se avançar em alguns início, quando começamos a reforma. Estou vendo, pontos, sem dúvida. Vi a apresentação de V.Exa. e co- por tudo o que li e ouvi até este instante, que teremos mungo com algumas das observações que aqui foram algumas propostas de ajustes tributários, mas não a feitas. Com todo o respeito que merecem os eminen- reforma de que, efetivamente, eu imagino e acredito, tes membros do Conselho, que são pessoas ilustres, o Brasil necessita. o consenso obtido não vai muito além do território do Isso me preocupa, Sr. Ministro, não porque es- óbvio. Buscar justiça fiscal, simplificação e combate teja escrito em algum lugar que 2003 será o ano da a sonegação é consenso absoluto. Não há consenso reforma, ou porque alguém tenha assumido comigo exatamente nas questões que são fundamentais na ou com algum outro Parlamentar o compromisso com reforma e na transformação. Isso não pode nos sur- essa reforma, mas porque o que nos está sendo dito preender. Não poderíamos imaginar que num Plenário – e comungo desse pensamento – é que as reformas desta natureza, heterogêneo como ele é, a exemplo são fundamentais e indispensáveis para o desenvolvi- da sociedade brasileira e deste Congresso, todos fôs- mento e o bem-estar da população. Aliás, na discussão semos concordar com as mesmas coisas. Então, em sobre as prioridades, disseram que a reforma tributá- algum momento, teremos que votar as efetivas trans- ria seria a primeira. formações, naquilo que não é consenso, que são su- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57541 gestões, idéias, propostas. E, certamente, prevalecerá acentuada concentração individual de renda, desigual- a idéia majoritária, e quero ajudar a construí-la. Que dade regional e de setores também. Por exemplo, o a proposta do Governo não seja tímida, mas ousada, setor produtivo é muito taxado e o setor financeiro é dentro da idéia de que essa reforma é fundamental o que ganha mais, porquanto há uma concentração para o País. de renda. A população mais pobre é quem paga os Sr. Ministro, ainda que eu tenha ouvido com cui- impostos. dado, V.Exa. falou em evitarmos conflitos. Sem dúvi- Sr. Ministro, esses pontos que V.Exa. traz para da, temos de fazer isso. Mas vamos buscar um pouco nós como sendo de consenso resolveriam os proble- – e não digo isso com ironia – aquela energia, aquele mas da concentração de renda, das desigualdades vigor, aquele entusiasmo, aquela forma agitada com de setores, da sonegação e da excessiva quantidade que o PT, na Oposição, enfrentava governantes, para de impostos? que contamine o próprio Governo do PT. Que não te- Entendo que o Conselho de Desenvolvimento nhamos medo de fazer as reformas que o Brasil ne- Econômico e Social é conservador demais. A socie- cessita. Estamos dispostos a ajudar. Não vamos en- dade anseia por profundas reformas. O Governo foi tregar o jogo antes de ele começar. Não pretendo ser eleito com o objetivo de fazer essas reformas. Os pon- titular do time – não sou do PT – , mas quero ajudar. A minha proposta é que assumam, que governem. O tos que V.Exa. traz para esta discussão são tímidos e Brasil precisa dessa atuação. não resolverão os grandes problemas da sociedade Sr. Ministro, não haverá, em curto prazo, outro mo- brasileira. mento tão favorável, tão especial como este para que Gostaria de saber de V.Exa. se não seria o caso o Brasil tenha as referidas transformações, momento de adotarmos, neste momento, o imposto único em em que o PT, com toda a sua história, contradições e nosso País. virtudes, chega ao Governo respaldado por mais de Muito obrigado. 50 milhões de brasileiros. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Muito obrigado. – Obrigada, Deputada Dra. Clair. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Com a palavra a Deputada Vanessa Grazziotin. – Obrigado, Deputado Paulo Afonso. A SRA. DEPUTADA VANESSA GRAZZIOTIN O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Sr. Presiden- – Sr. Presidente, serei breve, devido ao adiantado da te, peço a palavra só para uma observação. hora. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Sr. Ministro, eu tive que me ausentar por alguns – Tem V.Exa. a palavra. minutos, mas antes pude observar a forma maravilhosa O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Deputado com que o Congresso Nacional representa a Nação. Paulo Afonso, o discurso de V.Exa. não é o do PT, mas Ouvimos Parlamentares de Santa Catarina, ouvi- já está convidado. (Risos.) mos as justas observações do Deputado Anivaldo Vale. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Cada Deputado é eleito pelo seu respectivo Estado. É – Restam apenas três Parlamentares inscritos. óbvio que não poderíamos deixar de priorizar a defesa Eu indagaria se não seria melhor o Ministro fa- dos nossos Estados. Entretanto, para mim, cada Parla- zer as observações finais ao cabo dessas três inter- mentar deve se dirigir ao interesse macro do País. venções. Sou de um Estado que é criticado permanen- Muito obrigado a todos. temente no Congresso Nacional por causa da Zona Concedo a palavra à nobre Deputada Dra. Franca de Manaus. Muitos que a criticam sequer a co- Clair. A SRA. DEPUTADA DRA. CLAIR – Sr. Pre- nhecem. Imaginam que seja uma série de estruturas e sidente, Sr. Relator, eminente Ministro, Sras. e Srs. de galpões de montagens, mas, na realidade, não é. Deputados, somo-me às palavras do nobre Deputado Segundo os dados, o Estado do Amazonas é respon- Paulo Afonso. sável por aproximadamente 60% da arrecadação de Ao avaliar a real situação tributária do País, ve- tributos federais de toda a Região Norte. rifico que a carga tributária é muito pesada. A sone- Precisamos discutir o problema da concepção do gação é um dos problemas centrais que teríamos de País. Não defendo a Zona Franca pensando apenas resolver. Outros pontos fundamentais dizem respeito no Amazonas, Deputado Anivaldo Vale, mas pensan- aos excessivos impostos indiretos, que geram grandes do no Brasil em geral, porque não consigo ver o Brasil desigualdades sociais, e o caráter distributivo de uma sem o Amazonas nem o Amazonas sem a Zona Fran- reforma, que gera vários problemas. No Brasil, existe ca de Manaus. 57542 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Sr. Ministro Tarso Genro, V.Exa. enfatizou que Concordo com o que disseram os colegas que brevemente o Conselho de Desenvolvimento terá re- me antecederam: não podemos deixar de fazer uma presentantes da Região Norte. reforma tributária no País. No documento que V.Exa. trouxe a esta Comis- Tenho em mão alguns gráficos que mostram a são está enfatizada a expressão “outros temas”, que, evolução da carga tributária no Brasil nos últimos dez de forma direta ou indireta, tem algo em comum com anos: de 25% para 34% do PIB. Onde a carga tribu- a reforma tributária, com o debate aqui e com o do tária evoluiu? Nos Estados e Municípios? Não. Não é Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. verdade. O Imposto de Renda não é ampliado, porque Mas não existe uma linha sobre Zona Franca de Ma- significa mais recursos para Estados e Municípios. naus, não existe uma linha sobre políticas de incentivos Estados e Municípios tinham 11% de carga tributária fiscais. Disse V.Exa., com toda propriedade, que é a sobre o PIB em 1991; em 2001, tinham 13%; a União, favor de políticas de incentivos como forma de propi- de 14% foi para 21% do PIB. Não sei se estou fazen- ciar o desenvolvimento do País. Eu vou mais além. A do chover no molhado. Mas é necessária essa refor- Constituição brasileira deveria ser cumprida à risca, ao ma tributária. dispor que políticas de incentivos fiscais têm de estar Srs. Deputados, onde aumentou a carga tributá- necessariamente ligadas a projetos de desenvolvimento ria? Em 1990, impostos e contribuições representavam regional. O País não será desenvolvido se as Regiões percentual de 9%. Na evolução dessa última década, Norte e Nordeste continuarem pobres. os impostos caíram 6,8% em relação ao PIB; as con- Para combater a corrupção, oGoverno Fernando tribuições, 13,1%. Não seria possível mudar essa rea- Henrique acabou com a SUDAM e com a SUDENE – e lidade? É a população desempregada ou empregada, digo acabou porque não considero a transformação quando compra uma caixa de fósforo ou um litro de delas em agências, mesmo porque não o foram, basta leite, quem paga tributo neste País. observarmos a aplicação dos recursos da ADA, que Sr. Ministro, que essa reforma tributária não seja não liberou um centavo de seus recursos, e da ADE- tão moderada como V.Exa. abordou. Não sei se a me- NE – , modificou os fundos fiscais – FINAM e FINOR todologia da enganação, de começar a discussão e – e criou os fundos orçamentários. A Desvinculação não concluir, é a melhor de todas. Estamos cansados de Receitas da União – DRU é um grande problema disso. Precisamos otimizar a aplicação dos recursos do País. e o debate político. Todos têm oportunidade de partici- Sr. Ministro, gostaria de ouvir a opinião de V.Exa. par de Comissões Especiais para debater a Reforma sobre a Zona Franca de Manaus. Durante a campanha Tributária. Por que ela nunca sai? eleitoral, em meu Estado, conversamos muito com o Quando perguntado pelo Deputado Walter Fel- candidato Lula a respeito da Zona Franca de Manaus. dman sobre lei complementar, V.Exa. respondeu que, S.Exa. enfatizou que, de acordo com a Constituição, ela dentro do Conselho de Desenvolvimento, sentiu que permanece até 2013. Perguntou-nos se não era muito as reformas vêm via emendas constitucionais e não cedo para debatermos esses dez anos de prorrogação por leis ordinárias. Estou extremamente preocupada de Zona Franca de Manaus. Não é, Ministro. As indús- com esse aspecto. Temo que essas divergências en- trias não receberam incentivo fiscal para se instalarem tre regiões do País levem o Governo ou o Congresso lá, mas um incentivo na produção. Se não queremos Nacional a adotarem o critério de desconstitucionalizar ver aquele importante parque industrial para o Brasil e agora e jogar a polêmica para frente, a fim de que seja para a região paralisado ou num processo de retração, resolvida por meio de lei complementar. precisamos resolver esse problema agora. Nenhum Apesar de tantos defeitos no sistema tributário empresário no mundo levará o seu investimento para brasileiro, um não é defeituoso, porque a Constituição um local distante, de difícil acesso, como é a Amazô- trata de forma criteriosa o assunto. Desconstitucionalizar nia, não tendo perspectiva de evoluir. o sistema tributário, na minha opinião, não representará O Deputado Mussa Demes e eu visitamos a fá- um avanço e, sim, um retrocesso. É colocar o Gover- brica Moto Honda, que tem o maior índice de nacio- no cada vez mais na mão de interesses corporativos nalização. Nem tudo é fabricado em Manaus. Muitos e regionais, que não interessam ao País. componentes são fabricados em São Paulo. Aliás, a Muito obrigada. Zona Franca de São Paulo é maior do que a Zona O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Franca de Manaus. É óbvio que se estivéssemos dis- – Obrigado, Deputada Vanessa Grazziotin. cutindo reforma tributária, a política de incentivos fis- Concedo a palavra ao último Parlamentar inscrito, cais estaria inserida na discussão. Deputado Marcelo Castro, do PMDB do Piauí. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57543 O SR. DEPUTADO MARCELO CASTRO – Sr. ro? Há ainda aquele caso gritante de um reles funcio- Ministro, temos um sistema tributário muito complexo, nário público com milhões de dólares na Suíça. Bom, cheio de leis, de artigos, de parágrafos, de normas, que se existe esse tipo de gente, imaginem o que não está causa grande problema para o setor produtivo. acontecendo nos Municípios, nos Estados, na União. Certa vez, o ex-Secretário Everardo Maciel dis- No fundo, a nossa legislação permite que tudo isso se que para cada real arrecadado um era sonegado. venha a acontecer. Ainda que não seja tanto, há um consenso no Brasil Não sou da área, sou psiquiatra, mas leio muito de que a sonegação é gritante. sobre o assunto. E o que os tributaristas dizem? Que Logo depois do início da arrecadação da CPMF, imposto bom é aquele que tem ampla base, baixa foi publicado que das cem maiores movimentações alíquota, é insonegável, arrecada muito e é universal financeiras no Brasil metade não pagava Imposto de e automático na sua cobrança. Cito como exemplo Renda; das 530 maiores empresas do País, metade o Imposto Único e a CPMF. A União não gasta nada não pagava Imposto de Renda. Quarenta e dois por para arrecadá-la. Isso é feito automaticamente. É um cento dos sessenta maiores bancos do País também imposto insonegável, com base ampla, baixa alíquota não pagavam. e alto poder arrecadatório. Seria muito mais justo e Nosso sistema faz com que a máquina arrecada- decente a União, os Estados e os Municípios deixa- dora da União, dos Estados e dos Municípios consuma rem de cobrar imposto sobre carne, leite, ovos, arroz, grande parte do que é arrecadado, porque ela tem de feijão e cada brasileiro pagar um pouquinho de CPMF. ser hipertrofiada para cumprir sua finalidade. Em con- O Deputado Hauly pensa no Imposto de Renda, eu já trapartida, as empresas têm de contratar advogados, penso na CPMF, porque a considero bem mais prática. contadores – um papelório que não tem fim – e fazer Na minha opinião, deveríamos marchar rumo a uma planejamento tributário, que na realidade serve para reforma exatamente contrária àquela que pretende o sonegação. Governo. Se querem acabar com a CPMF, sugiro que Certa vez um empresário disse-me que gasta procurem corrigir os impostos que trazem todo esse 70% do seu tempo útil com advogado da sua empre- problema e aumentem mais a alíquota da CPMF, que é sa e 30% com sua atividade fim, que é a construção. um imposto tranqüilo. Pago 27% de Imposto de Renda, Acredito que essa realidade não é diferente da de 11% de contribuição previdenciária e não sei quanto outros empresários. O Deputado Luiz Carlos Hauly de não sei o quê. Pago imposto por tudo que compro. disse que isso leva a ações judiciais infinitas. Tudo é De tudo isso, se pagar 0,38%, ainda vou me queixar? causa de dúvida, de disputa; pode cobrar, não pode; o Isso não é nada diante de tudo que já pago. Portanto, imposto é cobrado em tal cidade. A Localiza, uma das grandes locadoras do País, é de Minas Gerais – todo gostaria de chamar a atenção para o fato de utilizarmos mundo sabe disso – , mas paga imposto no Paraná. esse grande imposto, apesar de o Deputado Hauly ter Agora está querendo voltar para Minas Gerais, porque dito que ele era um imposto ruim... o Governador Aécio Neves baixou o ISS. Tudo isso O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Não, leva a uma desigualdade muito grande. Qual é a minha não tenho nenhum preconceito. preocupação? Que os sonegadores, os maus profis- O SR. DEPUTADO MARCELO CASTRO – Exato. sionais, empresários e comerciantes levem vantagens Não queremos que esse imposto seja mais um, e sim sobre os bons, os honestos. Se sou vendedor de açúcar que venha para substituir os demais. Esse é o sentido e cumpro rigorosamente a minha obrigação de bom da minha intervenção. brasileiro e pago todos os tributos, mas um camarada Muito obrigado. instala um armazém de açúcar na minha frente e não O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) honra seus compromissos, posso entrar em falência. – Obrigado, Deputado Marcelo Castro. V.Exa. dá uma Se sou um comerciante, como vou educar meus filhos? grande contribuição ao nosso debate de hoje. Os aspectos de que trato são os fundamentos morais Com a palavra o Deputado Anivaldo Vale. da formação da nossa sociedade. Por quê? Porque O SR. DEPUTADO ANIVALDO VALE – Não te- não vou educar meu filho para ser um bobão, para os nho nada contra a Zona Franca de Manaus, pelo con- outros lhe passarem a perna. Pergunto: vou educá-lo trário, considero-a de grande valia e sou favorável à para ser um sonegador de impostos? ampliação de seu prazo de permanência. Precisamos de uma legislação profunda, simples, Quero deixar bem clara a situação da Vale do prática, que naturalmente impeça os espertalhões de Rio Doce, que tem 36% do PIB paraense. Trata-se de nos passarem a perna. Ora, se há tantos Silveirinhas Estado dentro do próprio Estado. No entanto, não pre- no Brasil, por que eles não estão só no Rio de Janei- cisamos que surjam mais três empresas desse tipo, 57544 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 sem compromisso com o Pará, apenas explorando a forte significado material e também simbólico na vida nossa matéria-prima. política e institucional do País, é correto. Sr. Ministro, queremos uma compensação por Se formos adotar a posição do Deputado Paulo essa conta que estamos pagando. Somos o Estado Afonso, que propõe não uma reforma tributária, por- com maior volume de exportação do País. Não é justo que não guarda nenhum vestígio daquilo que existia continuarmos pagando essa conta à custa da fome e anteriormente, teremos uma revolução tributária. O da desigualdade social que experimentamos. Governo está propondo uma reforma, mas o Depu- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) tado Paulo Afonso propõe uma revolução, ou seja, – Tenho certeza, Deputado Anivaldo Vale, de que a uma transformação muito profunda naquilo que a so- Câmara dos Deputados e o Senado da República ha- ciedade brasileira, segundo S.Exa., desejaria. Penso verão de compreender a preocupação de V.Exa. e do que grande parte da sociedade brasileira deseja isso Pará, porque de fato isso representa uma gritante in- mesmo, uma reforma um pouco menos moderada do justiça com o Estado que tem seus recursos naturais que a proposta pelo Conselho. Compartilho com parte não renováveis diminuídos a cada ano sem nenhuma da visão de S.Exa., só que o Governo tem de consi- compensação financeira. derar o conjunto das determinações políticas que vai Com a palavra o Ministro Tarso Genro. permitir a aprovação da reforma. Nessa melhor sínte- O SR. MINISTRO TARSO GENRO – Sr. Pre- se política que vai formar os projetos do Governo, o sidente, vou responder as indagações feitas, sem Congresso vai poder agir. Se o ponto de vista de uma evidentemente tecer comentários sobre as opiniões transformação ou de uma revolução tributária mais for- apresentadas, não apenas pelo respeito que tenho te for majoritário no Congresso, isso poderá ser feito por esta Casa, mas também por não ser esta a minha evidentemente no processo de negociação que este função. Portanto, vou ater-me às perguntas dos Srs. debate vai seguramente instaurar. Portanto, agradeço Deputados e respondê-las de forma objetiva. ao Deputado Paulo Afonso a manifestação. Faço, con- O Deputado Marcelo Castro abordou a questão tudo, um registro: não me parece que esta seja uma de acabar ou não com a CPMF. Insisto que trouxe a reforma inócua. esta Comissão a posição do Conselho, que não é a Se resolvermos a questão origem/destino, solu- posição do Governo, nem a minha. Ressalto esse fato cionarmos a unificação do ICMS – inclusive não acho porque é importante que se compreenda a contribuição a proposta do Conselho moderada, nem tímida, tam- que o Conselho quer dar para a formação do juízo do pouco tacanha – , tivermos boa decisão sobre a CPMF, Presidente da República, que remeterá a esta Casa um desonerarmos, como recomenda o Conselho, a folha projeto tratando ou não da questão da CPMF. Gostaria de pagamento, já estaríamos iniciando a transformação de dizer-lhe, Deputado, que tenho a mesma visão que de que o País necessita. A reforma é mais moderada é V.Exa. a respeito da CPMF. É um imposto controlável, modesta do que desejo. Não é também o que propõe transparente. A regressividade não me espanta, porque o meu partido. Partido nenhum pode, ao chegar ao ela se resolve com a natureza do investimento feito pelo Governo, deixar de considerar o que pensa a maioria Estado. Corrige-se, portanto, a questão da eventual re- desta Casa e da sociedade brasileira. Ninguém pode gressividade com a natureza dos investimentos que o ser autocrata. Temos de preservar o interesse público Governo possa vir a fazer. Mas a posição do Conselho e colocar a sociedade em outro patamar político. É isso é transformar a CPMF num tributo de valor simbólico que pretendemos com esse processo de reformas e para funcionar como controle fiscal. de renovação do contrato social que está na base da Esta Casa certamente saberá mediar sua posi- proposta do Presidente Lula. ção, com a pluralidade de opiniões existentes aqui, com Obviamente, Deputado Paulo Afonso, não tomaria aquilo que for mandado como projeto pelo Presidente as palavras de V.Exa. como uma desconstituição do tra- da República. A própria pluralidade exposta nas diver- balho feito. Sei que é a colaboração de um Parlamentar sas manifestações desta Comissão, a singularidade de digno e experiente, como V.Exa. o é, porque também opiniões sobre os diversos temas e até as divergências o acompanho e o conheço há muito tempo. que existem sobre a reforma que emana dos enuncia- Deputada Vanessa Grazziotin, sou a favor, não dos do Conselho demonstram que não é tão fácil assim tenho nenhuma vacilação em dizer isso, das zonas fazer uma revolução tributária no País. Temos muitos francas. A preocupação de V.Exa. é correta e tem de pontos de vista divergentes expressos pelos próprios ser muito bem discutida, para que eventuais distorções Deputados. Isso implica concluir que o método desen- sejam corrigidas. Concordo que a política de incentivo volvido pelo Governo a partir dos enunciados do Con- que se reflete em zonas francas, com políticas de de- selho, demandando uma reforma possível, que tenha senvolvimento para o País, é um método correto. Tem Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57545 de ser avaliado a partir de agora. Estou de acordo, articula-se e alimenta-se dos fatos. Portanto, essas sim, com essa visão e não tenho nenhum preconceito transformações são mudanças também que se origi- contra incentivos, obviamente que a partir dessa visão nam dessa maior complexidade do processo produtivo do combate às desigualdades regionais. a que temos de estar atentos para acompanhar e, ao Quero dizer ainda que não há um tensão po- mesmo tempo, simplificar. lítica no Governo para desconstitucionalizar as Em relação finalmente à composição do Con- questões tributárias. Os enunciados feitos pelo selho, Deputado Anivaldo Vale, é intenção do Presi- Conselho, que serão traduzidos na proposta do dente da República resolver esse problema. Estamos Governo, serão muitos deles predominantemente tentando solucionar essa questão com um aumento constitucionais. Portanto, vai-se constitucionalizar do número de conselheiros por votação do Congres- determinados conteúdos e a extensão deles vai so. Não sei se isso foi deliberado ontem. Embora o depender do projeto e da votação da Casa. Nada Conselho não seja uma estrutura de representação impede – como disse o Deputado Walter Feldman federativa, apresenta lacunas gritantes que não de- – que se tenha, por exemplo, o início do combate correram de nenhum preconceito nem de uma visão à guerra fiscal com o fim desses retalhos de ICMS prévia de isolamento de qualquer região do País. que se espalham em toda a Federação. Que se crie, O Pará, em particular, e outros Estados da região portanto, uma concentração normativa, adequada, amazônica estão realmente sub-representados, e regulada, com parâmetros claros para uma legisla- vamos resolver essa questão. Temos compromis- ção unificada, e que a própria norma constitucional so com essa região, com as lideranças de todos os contenha o mandamento da compensação. Não há partidos que nos procuraram e vamos tratar, sim, nenhum problema com relação a isso. Essas situa- de negociar um aumento no número de vagas, o ções, portanto, constitucionalizariam a solução e não que já está sendo feito no Congresso, para ampliar a jogariam para uma legislação infraconstitucional, as representações dos Estados da Amazônia, não o que é também uma possibilidade. O próprio Con- apenas pela importância que tem essa região, como gresso poderá efetivamente decidir sobre o assunto também pela contribuição óbvia que esses Estados com a soberania e a propriedade com que tem agido podem dar à dimensão estratégica do Conselho, ao em outras grandes questões nacionais. novo projeto de contrato social que está na base da Deputado Luiz Carlos Hauly, quanto à simplifi- nossa visão de desenvolvimento. cação, não tenho nenhum comentário a fazer. Essa Agradeço aos Srs. Deputados a participação nesta preocupação é importantíssima. Ela inclusive pode reunião. Aprendi muito com esta Comissão, sinto-me ser vertida, na minha opinião, por intermédio dessa primeira etapa das reformas. Estou de acordo com a estimulado no meu trabalho e cada vez mais respon- preocupação de V.Exa. e acredito que ela é uma ten- sável por essas tarefas que todos estamos cumprindo dência moderna. Não concordo – não foi V.Exa. que em defesa do Brasil e do seu futuro. disse isso – com a afirmação de que a mera simpli- Muito obrigado. (Palmas.) ficação das normas tributárias possa reduzir os con- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) flitos judiciais que se originam do sistema normativo. – Obrigado, Ministro Tarso Genro. A participação de Não é essa a tradição, inclusive, nos países mais V.Exa. foi da maior importância para o enriquecimento desenvolvidos. Hoje nos Estados Unidos, por exem- do debate, especialmente porque o Congresso Na- plo, os conflitos de ordem tributária, o jogo de ações, cional é a caixa de ressonância da sociedade brasi- as demandas e os conflitos de toda ordem, inclusive leira, assim como o Conselho de Desenvolvimento com infinitos e demasiados casos de sonegação, ori- Econômico Social é uma representação altamente ginam-se de uma legislação tributária que começou expressiva dessa mesma sociedade pela composi- de maneira muito simples, mas que hoje tem enorme ção de seus membros recrutados praticamente em complexidade para atender às mutações que ocor- todos os setores. rem no processo produtivo. Não podemos esquecer Antes de passar a palavra ao Sr. Relator, Depu- um dado fundamental: a simplificação é necessária, tado Virgílio Guimarães, para suas observações finais, mas existe um processo de adequação que tem de gostaria de sugerir ao plenário convidarmos o Governa- acontecer em função das transformações que ocor- dor Germano Rigotto, ex-Presidente desta Comissão, rem na base produtiva. para uma audiência pública nesta Casa. Tenho certeza Vou dar o exemplo das telecomunicações e a de que S.Exa. deverá estar pensando, onde quer que importância desse setor hoje comparativamente há esteja, seriamente e cada vez mais na proposta que 20, 30 anos. Jus ex facto oritur, o Direito persegue, tanto se esforçou por ver aprovada e que acaba de ser 57546 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 votada na Comissão Especial. Gostaria de saber se COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR todos estão de acordo com o convite. ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM Com a palavra o Deputado Walter Feldman. TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL. Presidente, além de concordar com o convite ao Go- (SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL) vernador Germano Rigotto, na ausência de V.Exa., enquanto eu presidia a reunião por alguns minutos, 52ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária foi sugerida pela Comissão que convidássemos S.Exa. Ata da 8ª Reunião Ordinária, Realizada em 24 para uma audiência, a qual proponho não seja formal, de Abril de 2003. mas com características mais internas. Talvez V.Exa. possa decidir sobre isso. Às dez horas e trinta e três minutos do dia vinte O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – e quatro de abril de dois mil e três, reuniu-se a Comis- Quem sabe, Sr. Presidente, V.Exa. poderia ficar com são Especia destinada a efetuar estudo em relação às parte da Mesa e elegermos o Vice-Presidente na pró- matérias em tramitação na Casa, cujo tema abranja o xima reunião, porque há a idéia de que deve haver um Sistema Tributário Nacional, no Plenário 5 do Anexo II da aprofundamento sobre o que foi a experiência passa- Câmara dos Deputados, com a presença dos Senhores da, embora todos a conheçam. Quem sabe as duas Deputados Mussa Demes – Presidente; Virgílio Gui- propostas se juntem bem. marães – Relator; André Zacharow, Antonio Cambraia, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Carlito Merss, Delfim Netto, Eduardo Paes, Francisco – Como o Plenário gostaria que fosse? O Governador Dornelles, Gerson Gabrielli, João Leão, José Militão, Germano Rigotto falaria primeiro e eu, depois? Ou José Roberto Arruda, Julio Semeghini, Luiz Bittencourt, vice-versa? Ou os dois falariam no mesmo momento? Luiz Carlos Hauly, Marcelo Teixeira, Max Rosenmann, Portanto, já fica marcada audiência do ex-Presidente Paulo Bernardo, Paulo Rubem Santiago, Renato Casa- e do atual Presidente para a próxima reunião. grande, Ronaldo Vasconcellos, Sérgio Miranda e Walter Nós elegeremos, neste momento, os três Vice- Feldman – Titulares; Anivaldo Vale, Ann Pontes, Edu- Presidentes de que tanto estamos carecendo. ardo Sciarra, Fernando Gabeira, Gervásio Silva, Jai- Concedo a palavra, para suas considerações fi- me Martins, Júlio Cesar, Paulo Afonso, Pedro Chaves, nais, ao Relator da Comissão Virgílio Guimarães. Pedro Fernandes, Reginaldo Lopes, Wasny de Roure O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. e Yeda Crusius – Suplentes. Compareceram também Presidente, depois da exposição feita pelo Ministro Tarso os Deputados Jairo Carneiro e Serafim Venzon, como Genro, estou inteiramente de acordo com o fato de que não-membros. Deixaram de comparecer os Deputados cabe a nós enriquecer a reforma, sem dúvida alguma. O Armando Monteiro, Beto Albuquerque, Carlos Eduardo Governo e o Conselho estão nos enviando as vigas mes- Cadoca, Edmar Moreira, Edson Duarte, Jorge Bittar, tras da reforma, aquilo que vai viabilizar o essencial. José Mentor, Lupércio Ramos, Machado, Narcio Ro- Cabe a nós enriquecê-las, e tenho certeza de que drigues, Nelson Marquezelli, Pauderney Avelino, Ro- o faremos. Por isso, estou inteiramente de acordo tanto mel Anizio, Sandro Mabel e Walter Pinheiro. Havendo com o Ministro como com a maioria dos membros desta número regimental, o Senhor Presidente, Deputado Comissão que querem uma reforma mais completa. Sem dúvida a faremos. A discordância é sobre uma palavra Mussa Demes, declarou abertos os trabalhos. ATA apenas. Percebi que aqui vou ter muito trabalho para har- – O Deputado Luiz Carlos Hauly solicitou a dispensa monizar as opiniões. Meu papel de Relator será voltado da leitura da ata da 7ª reunião, cujas cópias haviam para promover o consenso de opiniões nesta Comissão, sido distribuídas antecipadamente. Em discussão e vo- enquanto V.Exa. pratica o neologismo da “concertação”. tação, a ata foi aprovada, sem restrições. ORDEM DO Como conterrâneo e leitor ávido do maior criador de DIA: O Senhor Presidente, Deputado Mussa Demes, neologismos, Guimarães Rosa, prefiro então acolher dando início a Ordem do Dia, justificou a ausência do mais essa até para não atrair a ira familiar. Governador do Rio Grande do Sul e informou que a Parabéns, Ministro Tarso Genro. reunião com o Dr. Germano Rigotto seria realizada na Muito obrigado. próxima semana. Passou-se ao primeiro item da pauta O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) : A) Eleição do Primeiro Vice-Presidente: O Senhor Pre- – Obrigado, Deputado Virgílio Guimarães. sidente, Deputado Mussa Demes, anunciou, conforme Nada mais havendo a tratar, vou encerrar os tra- acordo de liderança, o nome do candidato ao cargo de balhos da presente reunião. Primeiro Vice-Presidente: Deputado Gerson Gabrielli, Está encerrada a reunião. pelo PFL. Em seguida, procedeu a chamada nominal Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57547 dos Senhores Deputados para a votação e, após, pas- da ata da 6ª reunião a todos os membros presentes, sou a presidência ao Deputado Walter Feldman. indago ao Plenário se há necessidade de sua leitura. Encerrada a votação, o Senhor Presidente, Depu- (Pausa.) tado Walter Feldeman, proclamou o resultado, anuncia- O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. do que, num total de vinte e quatro votantes, houve um Presidente, peço dispensa da leitura da ata. voto em branco e vinte e três votos para o Deputado O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Gerson Gabrielli (PFL-BA), que foi declarado eleito – Fica dispensada a leitura da ata, a pedido do Depu- e empossado. O Deputado Gerson Gabrielli, em seu tado Luiz Carlos Hauly. pronunciamento, agradeceu a confiança de todos e Em discussão a ata. (Pausa.) discorreu sobre o tema objeto da Comissão. O Relator, Não havendo quem a queira discutir, em vota- Deputado Virgílio Guimarães, solicitou a palavra para ção. convidar os Deputados Delfim Netto e José Militão Os Deputados que a aprovam permaneçam como para, juntamente com o Deputado José Mentor, cola- se encontram. (Pausa.) borarem com os trabalhos da relatoria. Participaram Aprovada. da votação nominal os Senhores Deputados Carlito A reunião foi convocada com a finalidade de ele- Merss, Paulo Bernardo, Paulo Rubens Santiago, Vir- ger o 1º Vice-Presidente desta Comissão. Ainda não gílio Guimarães, Eduardo Paes, Gerson Gabrielli, Luiz houve indicação de nomes para os cargos vagos de 1º Bittencourt, Marcelo Teixeira, Max Rosenmann, Julio e 2º Vice-Presidentes. Disputarão o cargo de 2º Vice- Semeghini, Luiz Carlos Hauly, Walter Feldeman, Del- Presidente o Deputado Carlos Eduardo Cadoca, indi- fim Netto, Francisco Dornelles, José Militão, Fernando cado pelo PMDB – só agora o ofício foi encaminhado Gabeira, Reginaldo Lopes, Wasny de Roure, Eduardo à Mesa – , e o Deputado Luiz Carlos Hauly, que deverá Sciarra, Gervásio Silva, Paulo Afonso, Pedro Chaves, ser indicado pelo PSDB. Anivaldo Vale e Jaime Martins. B) Audiência Pública O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Por com o Deputado Mussa Demes, Relator da Comissão que não elegemos agora os dois indicados? Especial da Reforma Tributária na Legislatura anterior: O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Antes de passar a palavra ao Deputado Mussa Demes, – Acho melhor elegermos apenas o 1º Vice-Presiden- o Deputado Walter Feldman informou que continuaria te, porque é o que consta da pauta de hoje. Podemos presidindo os trabalhos, uma vez que o Deputado Ger- fazer a votação no decorrer da exposição. Como é um son Gabrielli, Primeiro Vice-Presidente, ausentou-se processo rápido e como há quorum, podemos providen- da reunião em razão de compromissos inadiáveis. O ciar isso de imediato. Nesse caso, o eleito assumirá a Deputado Mussa Demes, na qualidade de palestrante, Presidência, já que, infelizmente, sou o único expositor fez um histórico, desde a Constituinte, das discussões de hoje – o Governador Germano Rigotto teve um con- acerca das questões tributárias, enfatizando o trabalho tratempo e não poderá comparecer, tendo já assumido das Comissões Especiais da Reforma Tributária nas o compromisso de vir na próxima semana. duas últimas Legislaturas. Encerrada a exposição, usa- Então, se o Plenário estiver de acordo, faremos ram da palavra os Senhores Deputados Anivaldo Vale, agora a eleição do 1º Vice-Presidente, deixando os Ann Pontes, Delfim Netto, Fernando Gabeira Francisco demais cargos da Mesa para serem decididos na pró- Dornelles, Gerson Garielli, Jairo Carneiro, José Mili- xima reunião. tão, Luiz Carlos Hauly, Paulo Afonso, Sérgio Miranda O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – Não pode e Walter Feldman. C) Apreciação de requerimentos : ser por aclamação? Os requerimentos, constantes da pauta, não foram O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) apreciados. ENCERRAMENTO: Nada mais havendo a – Infelizmente, não. tratar, o Senhor Presidente, Deputado Mussa Demes, Vamos começar a reunião. Simultaneamente os encerrou a reunião às treze horas e vinte e cinco mi- Deputados poderão ir votando, e a Secretaria contro- nutos. A presente reunião foi gravada e suas notas ta- lará a votação. Todos concordam? quigráficas, após decodificadas farão parte integrante O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Até desta Ata. E, para constar, eu, Angélica Maria Landim porque é preciso que alguém assuma a Presidência. Fialho Aguiar, Secretária, lavrei a presente Ata, que O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Pela depois de lida e aprovada, será assinada pelo Senhor ordem, Sr. Presidente. Presidente e irá à publicação. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) – Com a palavra o Deputado Walter Feldman. – Declaro abertos os trabalhos da presente reunião. O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Sr. Tendo em vista a distribuição antecipada de cópias Presidente, o depoimento de V.Exa. é a própria história 57548 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 da reforma tributária. Lamentavelmente o Governador Deputado Max Rosenmann. (Pausa.) Germano Rigotto não poderá estar presente, mas a Pelo PSDB: exposição de V.Exa. nos contemplará. Deputado Antonio Cambraia. (Pausa.) Aproveito a oportunidade para manifestar minha Deputado Julio Semeghini. (Pausa.) estranheza com a fixação da taxa de juros em 26,5% Deputado Luiz Carlos Hauly. (Pausa.) pelo COPOM. Peço ao Deputado Virgílio Guimarães Deputado Narcio Rodrigues. (Pausa.) que ajude o Brasil. O momento era propício para a Deputado Walter Feldman. (Pausa.) redução dos juros, mas o COPOM frustou nossas ex- Pelo PPB: pectativas. Deputado Delfim Netto. (Pausa.) Presente. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Deputado Francisco Dornelles. (Pausa.) Pre- – Deputado Walter Feldman, no momento oportuno sente. o Deputado Virgílio Guimarães se manifestará a res- Deputado Romel Anizio. (Pausa.) Ausente. peito. Pelo PTB: Ouço o Deputado Luiz Carlos Hauly. Deputado José Militão. (Pausa.) Ausente. O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Não Deputado Nelson Marquezelli. (Pausa) Ausente. haverá problema. Com a aprovação da MP nº 107 a Deputado Ronaldo Vasconcellos. (Pausa.) Au- COFINS será elevada em 33%. O spread terá mais sente. esse acréscimo. Pelo PL: O SR. DEPUTADO PAULO BERNARDO – Sr. Deputado Edmar Moreira. (Pausa.) Ausente. Presidente, o COPOM já retirou o viés de alta, sinali- Deputado João Leão. (Pausa.) Ausente. zando que poderá reduzir os juros. Deputado Sandro Mabel. (Pausa.) Ausente. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Pelo PSB: – O Deputado Paulo Bernardo já fez a defesa da ma- Deputado Beto Albuquerque. (Pausa.) Ausente. téria, votada ontem. Deputado Renato Casagrande. (Pausa.) Ausente. O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Mas Pelo PPS: ainda não se estabeleceu o viés de baixa. Deputado Lupércio Ramos. (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Pelo PDT: – Temos de discutir essa matéria agora. Ela já foi de- Deputado André Zacharow. (Pausa.) cidida no plenário. Pelo PCdoB: Vamos dar início à votação. Deputado Sérgio Miranda. (Pausa.) Como determina o Regimento, procederemos Pelo PV: à chamada. Os presentes receberão o material e se Deputado Edson Duarte. (Pausa.) dirigirão à cabine. A Secretaria controlará a votação. Os suplentes presentes, Deputados Wasny de Encerrada a votação haverá um intervalo. Em seguida Roure, Paulo Afonso e Pedro Chaves, já podem votar. apuraremos o resultado. Se eleito, o Deputado Ger- O Deputado Reginaldo também. son Gabrielli assumirá o comando dos trabalhos, em O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – Sr. substituição ao Deputado Walter Feldman, a quem Presidente, quem são os candidatos? convidarei para assumir a Presidência logo após a O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) chamada. (Pausa.) – O candidato único é o Deputado Gerson Gabrielli. Passo a chamar os Srs. Deputados. O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. Pelo PT: Presidente, pela ordem. Deputado Carlito Merss. (Pausa.) Ausente. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Deputado Jorge Bittar. (Pausa.) Ausente. – Com a palavra o Deputado Virgílio Guimarães. Deputado José Mentor. (Pausa.) Ausente. O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – De Deputado Paulo Bernardo. (Pausa.) acordo com o critério normalmente adotado para a com- Deputado Paulo Rubem Santiago. (Pausa.) Au- posição das Vice-Presidências, o 1º Vice-Presidente sente. seria do mesmo partido do Presidente, e os maiores Deputado Virgílio Guimarães. (Pausa.) partidos, sucessivamente, indicariam os outros Vice- Deputado Walter Pinheiro. (Pausa.) Presidentes. Pelo PFL: Não tenho de eleger o colégio adjunto de relato- Deputado Eduardo Paes. (Pausa.) res, até porque se trata de um ato informal. Indiquei o (Falha na gravação.) Deputado José Mentor, do PT, que é advogado, para Deputado Marcelo Teixeira. (Pausa.) Presente. suprir minha deficiência jurídica e me ajudar na próxi- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57549 ma fase, em que, imagino, as atividades irão aumen- A Subcomissão de Tributos – eu era o Primeiro tar, na sistematização dos trabalhos. Gostaria também Vice-Presidente; os Deputados Virgílio Guimarães e de convidar um representante de cada um dos outros Delfim Netto trabalharam conosco; o Deputado Fran- dois maiores partidos, o PP e o PTB. Então, convido os cisco Dornelles era o Presidente da Comissão Temá- Deputados Delfim Netto e José Militão para comporem tica, da Comissão da Reforma Tributária – entendeu o colegiado de relatoria conosco e com o Deputado por bem elevar a participação dos Estados e Municí- José Mentor. pios na arrecadação do Imposto de Renda e do IPI, O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – Aceito, os dois tributos mais importantes da União. Elevamos com alegria. de 14% para 21,5% a participação dos Estados e de O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – 17% para 22,5% a participação dos Municípios. Isso Obrigado. Oportunamente perguntarei ao Deputado provocou uma reação muito forte do Presidente da José Militão. Evidentemente, não se trata de votação, República e da equipe econômica, comandada pelo é uma escolha do Relator. Procurei, dessa forma, con- Ministro Mailson da Nóbrega. Para eles a alteração templar todos os partidos, pelo menos os de represen- proposta tornaria o País ingovernável. O fato ocorreu tação numérica mais significativa. Tenho certeza de exatamente no momento em que aquele Governo não que, em termos de composição da relatoria, tenho aí tinha a mesma força dos anteriores. Por que isso acon- um time de craques, que me ajudará muito. tecera? Porque o Presidente da República assumira Obrigado, Deputado Delfim Netto. Chegando o em decorrência do falecimento do Presidente eleito. Deputado José Militão, farei pessoalmente a S.Exa. Além do mais, a Assembléia Nacional Constituinte tem o convite. um poder muito mais forte do que qualquer projeto de Muito obrigado. emenda constitucional, na medida em que realmente podia tudo. Tanto que o Presidente José Sarney tinha O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) dificuldade para se manter no cargo durante o tempo – Obrigado, Deputado Virgílio Guimarães. para o qual foi eleito como Vice-Presidente, tendo de Enquanto se processa a votação, para dar con- renunciar um ano antes do fim do mandato. Esse foi o tinuidade aos trabalhos, convido o Deputado Walter entendimento acordado naquela oportunidade. Feldman a assumir a Presidência para que eu possa O que fez a União a partir dali? Procurou recom- fazer a minha exposição. por as suas receitas? Como isso aconteceu? Logo no O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) primeiro momento, através da criação da Contribuição – Agradeço ao Deputado Mussa Demes o convite para Social Sobre Lucro Líquido, a União retirou 25% da ar- presidir a sessão. recadação do Imposto de Renda de Estados e Muni- Conforme combinado na última reunião, hoje ou- cípios, por quê? Porque da Contribuição Social Sobre viríamos o Governador Germano Rigotto e o Deputado Lucro Líquido nasceu a alíquota de 9%. Mussa Demes. O Governador não pôde vir. Portanto, Naquela oportunidade, a alíquota das pessoas concentraremos nossa atenção na exposição do Depu- jurídicas foi reduzida de 35% para 25%. E a alíquota tado Mussa Demes, que disporá de vinte minutos, im- de 9% da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido não prorrogáveis. Em seguida, concederei a palavra aos era repartida com os Estados e Municípios. Srs. Deputados. Daí por diante houve uma sucessão de atos que Com a palavra o Deputado Mussa Demes. reduziram a receita dos Estados e Municípios. Foram O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Obrigado, criadas contribuições e elevados os percentuais de Deputado Walter Feldman. Antes de entrar na matéria outras já existentes, como é o caso da COFINS, que objeto do debate – reforma tributária – , gostaria de, inicialmente tinha uma alíquota de 0,2% e chegou a voltando no tempo, lembrar a época da Assembléia 3%. O PIS também teve a alíquota majorada e criou-se Nacional Constituinte. Alguns de V.Exas. estavam pre- a Contribuição Sobre o Salário-Educação. Essas con- sentes – os Deputados Francisco Dornelles, Delfim tribuições não são partilhadas com Estados e Municí- Netto, Virgílio Guimarães. pios. Por último, a Contribuição Sobre Movimentação Naquela ocasião, nossa participação na Comissão Financeira – CPMF, criada inicialmente como provisória do Sistema Tributário e na Subcomissão de Tributos e que hoje se pretende tornar um imposto definitivo. praticamente se restringiu à redistribuição da receita Somando-se todas as contribuições – por incrí- tributária entre as diferentes esferas de governo. Con- vel que pareça – a União tem arrecadação tributária cluímos que a União dispunha de muitos recursos e praticamente igual à dos dois tributos regulatórios os Estados e Municípios tinham participação muito existentes em 1998. A arrecadação com CPMF, Con- pequena no bolo tributário. tribuição Social Sobre Lucro Líquido, COFINS, PIS, 57550 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 salário-educação, é praticamente igual à do Imposto Esta era a situação quando a Presidência da de Renda e do IPI. Casa foi assumida pelo Deputado Michel Temer, que Houve uma elevação brutal da carga tributária e deu contribuição das mais importantes para o anda- a União recompôs sua receita e inverteu os percen- mento dos trabalhos. Reconstituiu-se a Comissão, tuais que haviam sido alcançados com a Constituição que passou a ser presidida pelo Deputado Germano de 1998. Ou seja, a União, que com a Constituição de Rigotto, que lhe deu uma enorme dimensão. Em face 1988 detinha cerca de 40% da arrecadação, com as do seu temperamento combativo, agressivo, às vezes alterações que foram ocorrendo passou a arrecadar considerado impertinente, em muitos momentos deu à mais de 60% dos tributos recolhidos no País inteiro. Comissão a dimensão que ela realmente tinha. Era este o quadro que existia quando chegou Dessa forma, o texto que produzimos finalmen- ao Congresso a PEC nº 175-A, a proposta de reforma te foi votado. Traduzia muito mais o pensamento do tributária apresentada pelo Governo naquela oportu- grupo que o do Relator, que via o trabalho não como nidade. O Presidente da Comissão era o Deputado obra exclusivamente sua, mas do grupo. Tanto isso Jurandir Paixão e eu era o Relator. A proposta nasceu é verdade que o substitutivo foi aprovado por trinta e no Ministério do Planejamento, comandado pelo Minis- cinco votos. tro José Serra. Desde o primeiro momento verificou- Depois que o Deputado Germano Rigotto assu- se uma fogueira de vaidades, porque o Ministério da miu a Presidência da Comissão, continuamos a con- Fazenda, tradicionalmente encarregado de formular a versar com a equipe econômica do Governo, já sob política tributária do Governo, ficou isolado. o comando do Ministério da Fazenda. Começamos a A condução se deu pelo Ministro do Planejamen- fazer perguntas ao Ministro Pedro Malan e a seu in- to, que contou com a participação expressiva do então terlocutor, o Secretário da Receita Federal, Dr. Eve- Ministro da Justiça, Nelson Jobim. O Ministro Pedro rardo Maciel. Mas havia divergências insuperáveis, que acabaram por impedir que o substitutivo aprovado Malan praticamente apenas subscreveu o texto. Essas quase por unanimidade na Comissão fosse votado no são as informações históricas sobre como realmente plenário da Câmara. aquilo se processou. O Ministro nos disse que não podia perder re- Em razão disso, foi mínimo o interesse do Go- ceita. Mas o que se viu foi a carga tributária, de 1995 verno em acompanhar o trabalho. Nem o Ministério do até agora, mesmo sem a reforma tributária, aumen- Planejamento, por paradoxal que pareça, nem o Minis- tar cerca de 20%, saltando de algo em torno de 30% tério da Fazenda, que se sentia alijado do processo, para 36%, 37%. mobilizou-se em favor da proposta. Trabalhamos sempre com uma máquina de cal- O quadro completou-se com a saída do Ministro cular na mão, para, além de aperfeiçoar o sistema, José Serra para concorrer, no ano seguinte, à Prefeitura manter o nível de arrecadação. de São Paulo. Passou a comandar a equipe econômica Muito do que hoje se anuncia como proposta do do Governo o ex-Deputado e então Ministro Antonio Ministério da Fazenda já estava no nosso substitutivo. Kandir, a quem competia dar celeridade ao processo, Ele se concentrou na reunião de todas as contribuições dialogar conosco e viabilizar a aprovação do texto. Tal- então existentes – COFINS, PIS, salário-educação —, vez por não concordar com a proposta, S.Exa. não se exceto a Contribuição Social sobre Lucro Líquido, que mostrou interessado em sua aprovação. não é cumulativa, é apenas um percentual retirado do Quando tentamos forçar a agilização dos proce- resultado das empresas, por isso, não é contribuição dimentos, numa reunião na Casa do Deputado Juran- social geral. Tinha como objetivo puro e simples tornar dir Paixão, Presidente da Comissão, o Ministro Anto- mais fácil ao contribuinte o pagamento dos tributos. nio Kandir disse-nos que a reforma tributária não era O que mais alteramos foi o ICMS. Por quê? Pre- prioridade. Mostrou grande preocupação em aprovar tendíamos, a exemplo do atual Governo, acabar com as o projeto que acabou sendo conhecido no País inteiro vinte e sete legislações sobre a matéria – cada Estado por Lei Kandir. Deu-se por satisfeito, pelo menos tem- tem o seu próprio regulamento, muitas vezes conflitan- porariamente, com a aprovação da Lei Kandir. tes, criando dificuldades ao contribuinte. Imaginamos Com isso, a reforma tributária ficou praticamente que a legislação poderia ser federal, um regulamento paralisada durante três anos. Apesar de dois substituti- único feito pelos Estados e aprovado pelo Congresso vos que conseguimos apresentar, nunca conseguimos Nacional. Este assunto é consensual no projeto, que, quorum para colocar em votação qualquer dos textos, espero, logo nos será encaminhado. talvez porque o Governo mobilizasse a sua base Par- No substitutivo uniformizávamos as alíquotas, lamentar em sentido contrário nesta Casa . reduzindo-as a cinco, como hoje pretende o Governo, Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57551 quer dizer, uma alíquota básica, uma ampliada, uma – de recomposição de parte das receitas que iriam especial, uma reduzida e uma especial para produtos perder, e ainda reservando para os Municípios um supérfluos. imposto cobrado exclusivamente na conta do comér- Dessa forma, imaginamos que o ICMS terá uma cio varejista, o chamado IVV. Esse imposto é cobrado administração mais adequada, acabando com os con- em alguns Estados norte-americanos com alíquota flitos entre os Estados. variando de 8% a 9%. Aqui, preliminarmente, fixamos Naquela ocasião, em entendimentos com os Se- a alíquota em 4%. cretários da Fazenda e desses com os Governadores, Tudo isso formou um conjunto que, na nossa conseguimos levar a cobrança – hoje o sistema é híbri- avaliação, mediante as alíquotas que havíamos proje- do, parte pertence ao Estado de origem, parte pertence tado, permitiria uma arrecadação no mesmo nível da ao Estado de destino – diretamente para o destino. Este que se tinha. Acabamos com os tributos de natureza nos parece o sistema mais justo, capaz de reduzir as cumulativa, como aconteceu com o PIS no final do ano desigualdades regionais nesse campo. E pode reduzir passado. Já naquela época propusemos, não apenas drasticamente a sonegação desse tributo. Desapare- em relação ao PIS, mas também ao salário-educação cendo as alíquotas interestaduais, acabará o passeio e à COFINS, que a cumulatividade desaparecesse. Por da nota fiscal, que provoca graves danos, inclusive aos sinal, este acabou sendo o nosso principal confronto Estados produtores. Isso acontece por causa de uma com o Governo, ao final desse trabalho. prática muito utilizada de se vender produtos dentro O Governo, na verdade, nunca aceitou a nossa do Estado e se emitir nota fiscal como se estivesse proposta. Nós negociamos com os Estados a transfe- vendendo para outro Estado, especialmente no Norte rência da origem para o destino. Acabamos por formular, e no Nordeste, onde a complementação da alíquota é por iniciativa dos Estados, a idéia de os Estados pro- substancialmente maior. Apenas exemplificando, por dutores recolherem os impostos diretamente para um um produto vendido em São Paulo e lá mesmo entre- fundo que seria partilhado entre os Estados consumi- gue, faturado como se fosse para a Bahia, paga-se 7% dores, por meio de um grupo representativo, quer dizer, de ICMS. Se fosse dentro do próprio território de São um grupo em que cada Estado teria um representante. Paulo pagar-se-ia 18%. Eles fariam a partilha dos recursos arrecadados, mais Tudo isso foi possível, mas a um preço. Não foi à ou menos como faz hoje o CONFAZ, numa reunião toa que o Governador Mário Covas defendeu publica- mensal. Isso foi negociado já depois da aprovação do mente o nosso substitutivo. Ele sabia que, apesar de texto, por meio de uma emenda aglutinativa, que tam- São Paulo ser o Estado que mais perderia num primeiro bém acabou não sendo votada exatamente por causa momento, a médio prazo ganharia com a possibilidade do confronto com o Governo. de um combate mais intenso à sonegação e com o fim O que fez o Governo quando sentiu que iríamos da guerra fiscal. Tal aconteceria porque os Estados não aprovar de qualquer forma o projeto? Sim, iríamos apro- teriam mais imposto na origem para conceder esse vá-lo, porque esse era o sentimento suprapartidário tipo de incentivo. Aliás, no começo isso acontecia de do grupo, que acabou por fazer com que viéssemos a forma tímida, na forma de devolução e de empréstimo. votá-lo na Comissão, obtendo uma aprovação quase Além disso, para as empresas que ali se instalavam por unanimidade, não fora voto contrário do Deputado a juros altamente subsidiados e por um prazo muito Marcos Cintra, que defendia um modelo inteiramente longo, acabou sendo oferecido crédito presumido no diferente, o chamado imposto único, sempre questio- valor exato do imposto a ser cobrado. nado pelo grupo, mas que acabou por não ser votado, Insisto em dizer que o sistema atual está exauri- tendo em vista que a proposta do Relator foi aprovada do. No caso da Ford, instalada na Bahia, só não houve naquela oportunidade, como os senhores acabaram prejuízos porque não havia empresas da mesma área de ouvir. de atuação no Estado. Mas se pensarmos em conceder Na tarde do dia em que aprovamos a matéria, o esse tipo de incentivo a empresas da indústria têxtil, Ministério da Fazenda fez publicar nota extremamente por exemplo, haverá grande prejuízo para empresas já violenta contra o nosso trabalho, com algumas frases instaladas, que não contarão com qualquer incentivo. absolutamente incompreensíveis. Recordo-me muito Muito bem. Qual foi o preço que tivemos de pagar bem da afirmação de que o Estado do Tocantins, por por isso naquela oportunidade? A inclusão, na base exemplo, teria a sua receita reduzida a 5%. Não sei do ICMS, do Imposto Sobre Serviços, que daria, pelo de onde tiraram esse número. Nunca nos deram ne- potencial de arrecadação que representa, uma capa- nhuma explicação a respeito, mesmo que o Estado do cidade aos Estados – já que os Estados mais fortes Tocantins tivesse ganhos significativos com o sistema têm uma base econômica realmente muito grande origem/destino, pois era um Estado que acabava de 57552 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 nascer e vivia praticamente de transferências federais Até entendo a situação, porque a preocupação do ICMS e do Imposto de Renda. Com o sistema ori- maior do Ministro sempre foram os problemas externos. gem/destino, tudo que fosse consumido lá dentro se- S.Exa. enfrentou muitas turbulências que rodeavam o ria revertido para o Estado. O Ministro da Fazenda à Brasil naquela ocasião, como a queda das bolsas na época, Sr. Pedro Malan, dizia que o chamado sistema Ásia e os problemas econômicos do México. Talvez isso barquinho era inexeqüível. Esse sistema foi discutido o tivesse levado à conclusão de que se não se traba- longamente para ser incluído no texto, não de forma lhasse como preconizava o Sr. Secretário da Receita definitiva, mas como uma opção a ser adotada depois não teríamos a arrecadação necessária para alcançar por lei complementar, levando o benefício do imposto o superávit primário com que S.Exa. já se compromete- para o Estado do destino. Paradoxalmente, esse mes- ra, o que acabaria por afetar a estabilidade da moeda mo Ministro havia adotado isso no projeto que nos que era sua obrigação defender. havia mandado. O que ele propunha era exatamente Os senhores conhecem o texto que aprovamos o sistema do barquinho, que depois viria a dizer que na Comissão Especial, mas hoje não estamos propria- era inexeqüível. mente discutindo o seu teor, apenas alguns de seus Mais uma vez a Comissão, de forma altiva, deu tópicos. Se formos analisá-lo pontualmente, todos irão uma resposta muito dura à equipe econômica do Go- querer abordar algum dos seus aspectos, o Deputado verno. O Deputado Eduardo Paes, que muito contribuiu Anivaldo Vale, por exemplo, irá falar sobre o prejuízo dos para o texto que aprovamos, dizia que o Congresso Estados exportadores. Tenho a impressão de que, até era a Casa da democracia e não a marionete da tec- por curiosidade, todos irão querer se situar em relação nocracia. Instalou-se um clima de hostilidade entre o a cada um desses pontos que aprovamos aqui. Poder Legislativo e o Poder Executivo, porque tivemos Basicamente, quais foram as alterações feitas no o apoio decidido, desde o primeiro momento, do Presi- texto? Em relação à União, extinguimos o IPI e criamos o chamado ICMS federal, que era uma superposição dente da Casa, Deputado Michel Temer. O Presidente do ICMS estadual ou o IVA com que tanto sonhava o da República estava no exterior. Soubemos que depois Secretário da Receita Federal. Todavia, ele não inci- de seu retorno houve uma reunião muito tensa entre dia sobre combustíveis e lubrificantes, como exigiram eles, disso resultando uma espécie de entendimento, os Estados. Eles temiam que a União acabasse por proposto pelo Ministério da Fazenda, no sentido de transformá-lo num imposto mais importante para União nos reunirmos semanalmente, a Mesa da Comissão, do que era para eles. Era o IVA, de competência da assim entendida: o Presidente, o Relator e os três Vice- União, em substituição ao IPI. Presidentes, incluindo ainda o Sr. Antonio Palocci, que Os Fundos de Participação de Estados e Muni- nos acompanhou em todos aqueles momentos com as cípios passariam a receber desse IVA, já que o IPI ia autoridades da área econômica. Era uma comissão tri- desaparecer. Transformaríamos todas as contribuições partite, que tinha, na sua composição, representantes em contribuições de natureza não cumulativa, agrupa- dos Estados designados pelo grupo. das numa contribuição social única. Ao longo de todo esse tempo tentamos viabilizar O ITR, que pouca arrecadação proporcionava, um entendimento que permitisse a votação, mas esbar- seria transferido para os Estados, porque eles mostra- ramos na intransigência, especialmente do Secretário vam um grande interesse na época em promover a sua da Receita, que não admitia de forma alguma a não- arrecadação. Não deixamos com os Municípios, que cumulatividade e que queria também, para aprovar o inclusive têm uma participação na partilha, porque, se texto, que criássemos um imposto sobre bens e servi- a União já tinha dificuldades de cobrá-lo, imaginem o ços, algo sem definição, que, pela avaliação da nossa que aconteceria nos Municípios, onde o cidadão pra- assessoria, poderia implicar a tributação de tudo o que ticamente se confunde com o eleitor, especialmente pudesse ser considerado fato gerador desse tributo. nos Municípios menores. Então, o ITR ficaria na com- Ao longo do tempo sentimos as dificuldades exis- petência dos Estados. tentes e chegamos à conclusão de que era pratica- Criamos o IVV exclusivamente para o comércio mente impossível votar aquele projeto no Governo varejista. Os Municípios, responsáveis por sua co- do Presidente Fernando Henrique Cardoso, embora brança, poderiam fazer convênios com os Estados, S.Exa. dissesse, de vez em quando, que a culpa era que têm uma forma muito mais impessoal de cobrar, do Congresso Nacional, que não queria realizar as teriam sua participação e já garantiriam a sua partici- reformas. Na verdade o Congresso sempre quis im- pação na arrecadação do ISS que eles iriam perder, plementá-las, mas a equipe econômica sempre colo- uma vez que já têm essa participação na arrecadação cou obstáculos. do ICMS, que é de 25%, normalmente. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57553 Em relação ao Estado do Pará, de cuja situação da instância, mas uma verdadeira facada no contri- falei, há uma queixa muito justa, porque a cada dia re- buinte, para cuja condição, como V.Exa. bem disse, cursos não renováveis, como madeira e minério, estão devemos olhar. deixando o Estado sem qualquer compensação. O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Agradeço Aprovamos dispositivo que permitia a destinação a intervenção do nobre Deputado Francisco Dornelles, de 15% da arrecadação do imposto de importação ex-Ministro da Fazenda, ex-Secretário da Receita Fe- para atender os Estados que tinham saldo positivo deral e ex-Procurador da Fazenda Nacional. na balança comercial. Os dois Estados que mais se Como o discurso do Deputado Francisco Dor- beneficiaram foram exatamente os Estados do Pará nelles enriquece nossa modesta contribuição, apelo e Minas Gerais, onde os recursos estão se exaurindo para o Relator a fim de que registre em sua mente as há algum tempo. palavras de S.Exa. O contribuinte é um parceiro nosso. Em relação ao contribuinte, introduzimos no texto O contribuinte não é nosso adversário, como muitos, dispositivo, derrotado por destaque, por força do qual muitas vezes, procuram fazer crer. nenhum contribuinte poderia ser terminantemente pro- O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – No cessado antes de encerrado o julgamento do processo Brasil, falar em reforma tributária une os Secretários administrativo na esfera própria. O que me fez levar esse de Fazenda. Quer dizer, o conjunto das posições com dispositivo ao texto foi a situação de um contribuinte a visão de Estado, quando, na verdade, deveria ser de Santa Catarina que chorou no meu gabinete. Ele foi também, ou principalmente, o conjunto das visões processado criminalmente e estava cumprindo pena dos contribuintes. quando o processo administrativo, que demorou mais O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – É verdade, do que o processo criminal, foi julgado insubsistente. Deputado Fernando Gabeira. Um outro ponto em que O Ministério Público não é obrigado a esperar a con- fui derrotado, também por pequena margem – estou clusão do processo administrativo. No entendimento dizendo, isso não está mais no texto —, foi com rela- dele, se havia sonegação, ele devia logo encaminhar ção à substituição tributária. o processo. Isso fez com que o contribuinte fosse con- Nunca aceitei a substituição tributária, que entrou denado. São problemas que devemos corrigir. timidamente na nossa legislação e passou de exceção Perdi por três votos por causa de um lobby muito a regra, como tributação definitiva. Por quê? Porque forte dos Secretários da Fazenda. era mera especulação sobre por quanto o produto O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES será negociado. Ele pode ser negociado por mais ou – V.Exa. me permite um aparte? por menos. O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – À vonta- Estava no substitutivo que esse ajuste seria fei- de, Ministro. to na ocasião da venda definitiva do bem. Far-se-ia O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES a substituição no ato do faturamento pela empresa – Sobre esse assunto que V.Exa. acabou de mencio- obrigada a efetuar o recolhimento. Todos sabem, por nar, no final de 1995 aprovamos dois dispositivos nesta exemplo, que os automóveis em estoque no dia 31 de Casa, um de autoria do Deputado Roberto Campos e dezembro acabam sendo negociados abaixo do preço outro de minha autoria. de custo. Mas como têm um preço de referência, que O meu, que teve o seu apoio, previa que se a Re- em regra é 30% mais caro do que o preço de custo, o ceita instaurasse procedimento contra um contribuinte ICMS é cobrado sobre esse valor, e não sobre o valor e, no julgamento, ficasse comprovado dolo do agente efetivo pelo qual o bem foi negociado. público, o contribuinte teria direito a ressarcimento de Também perdi. A substituição tributária, hoje, valor igual ao que lhe estava sendo cobrado. O dis- praticamente assegura isso: o imposto é cobrado pelo positivo do Roberto Campos referia-se ao Ministério valor da venda. Agora, isso dá margem a excessos e Público. Caso a denúncia fosse improcedente, cabia a abuso, como todos sabem. ao contribuinte pleitear perdas e danos. Esses dois O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – dispositivos foram aprovados na Câmara e no Senado Deputado Mussa Demes, posso fazer uma interven- Federal e vetados pelo Presidente da República por ção? pressão do Secretário da Receita. O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Pis não, Sabe-se que o negócio funciona da seguinte for- Deputado Fernando Gabeira. Tem V.Exa. a palavra. ma: eles chegam no fiscal e jogam um auto de 100, O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – sabendo que vale um; depois, no intermediário, ne- Uma das coisas sérias que lançamos no Brasil foi, por gociam para que aquilo volte para um. Não há perda exemplo, a indústria da reciclagem. Temos uma garrafa para a Receita quando se dá o julgamento em segun- de plástico para ser reciclada. Pagamos o imposto no 57554 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 momento em que ela é produzida. Depois, quando ela honrado com o convite e espero que, extraindo da ex- vai para a reciclagem, tem-se que pagar novamente o periência do nosso Relator, Deputado Mussa Demes, imposto. Ela é duplamente tributada. Com isso, estamos, possamos fazer um trabalho tão bom quanto o que de certa maneira, inibindo a indústria de reciclagem no S.Exa. realizou em 1999 e que desta vez possamos Brasil. Não podemos avançar com isso. O imposto so- implantar definitivamente um novo sistema tributário bre o produto reciclado deveria ser encarado de forma no País. diferente. Isso não foi contemplado ainda. Muito obrigado. O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Sem dú- O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) vida, Deputado. – Votaram 24 Srs. Deputados. Vinte e três votaram no O Presidente me pede que encerre minha expo- Deputado Gerson Gabrielli. Um votou em branco. sição, a fim de que possamos iniciar o debate. Estarei Declaro eleito e empossado o Deputado Gerson à disposição dos companheiros para os questiona- Gabrielli no cargo de 1º Vice-Presidente desta Comis- mentos e pedidos de esclarecimentos que desejem são. Parabéns a S.Exa. (Palmas.) me dirigir. O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Obri- Pergunto ao Presidente se já está concluída a gado, Sr. Presidente. Não votei em mim porque ficaria votação. esquisito. (Risos.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feld- O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES man) – Sim. – V.Exa. se conhece. (Risos.) Agradeço ao Deputado Mussa Demes, que fez O SR. DEPUTADO GERSON GABRIELLI – Agra- uma exposição consistente, histórica, auxiliando a nos- deço aos companheiros. sa Comissão a dar continuidade a esse trabalho. O Deputado Mussa Demes fez um histórico. Em- Está encerrada a votação para o cargo de 1º bora o projeto ainda não tenha chegado a esta Casa, Vice-Presidente da Comissão. os jornais estão sinalizando, muitas entrevistas e mui- A partir de agora iniciaremos a apuração dos votos tos indicativos partiram do próprio Ministro Antonio para proclamar o resultado e podermos festejar a elei- Palocci, sobre a direção que está seguindo a reforma ção, provavelmente, do Deputado Gerson Gabrielli. tributária. Votaram 24 Srs. Deputados. Vamos proceder à Sem querer fazer nenhum tipo de aprofunda- apuração e, imediatamente, proclamar o resultado. mento, queria fazer uma provocação ao Deputado O Deputado Mussa Demes vai nos ajudar. (Pau- Mussa Demes. Do que vem sendo sinalizado, do que sa.) ouvimos no café da manhã com o Ministro Palocci, Votaram 24 Srs. Deputados. em que o projeto atual difere, em que se distancia do O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. anterior e o que foi aperfeiçoado dentro da atual rea- Presidente, peço a palavra pela ordem. lidade socioeconômica do País? A proposta consoli- O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) dada recebeu um upgrade, houve algum crescimento – Tem V.Exa. a palavra. ou retrocesso? E sobre a atualização dos indicativos O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. feitos até agora? Presidente, gostaria de registrar a presença do Depu- O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Não. A tado José Militão. Conforme anunciei à Comissão, o proposta aprovada na Comissão Especial é de fato Presidente adotou como critério – que é o critério geral muito mais abrangente do que se falou naquela opor- – ter como 1º Vice-Presidente alguém do seu partido tunidade, até porque também S.Exa. não tem como e mais dois Vices dos partidos por ordem de tamanho. falar muito, na medida em que o texto não está pronto. Como tinha razões de complementaridade da minha Na ocasião, S.Exa. disse que queria a uniformidade formação, já havia convidado o Deputado Mentor, do de alíquotas, que queria uma legislação federal para meu partido, para compor um colegiado de Relatores. dar uniformidade às alíquotas por produto do ICMS e Assim, seguindo o mesmo critério, convidaria dois que o problema origem/destino não deveria ser tratado Deputados dos partidos maiores na seqüência, o PTB naquele momento. e o PP. Como no caso de eleição é prerrogativa do Francamente, falando a respeito, acho muito difí- Relator, convidei o Deputado Delfim Netto, que, para cil aprovar uma reforma tributária em relação ao ICMS nossa alegria e honra, acolheu a indicação. Convido sem abranger todos os pontos. Vou explicar por quê. também publicamente o Deputado José Militão para O sistema origem-destino trata especificamente da compor conosco esse colegiado. partilha dessa receita, alterando a forma de partilha O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Muito obri- da arrecadação desse tributo. Então, há Estados que gado, Deputado Virgílio Guimarães. Sinto-me muito terão menos e outros que ganharão mais por conta Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57555 da perda daqueles Estados. Os Estados do Norte, Alguma discordância? Dia 8 de maio cai numa Nordeste e Centro-Oeste, quase todos, seguramente quinta-feira, e seria no mesmo horário, às 10 horas. terão mais; os Estados do Sul e Sudeste seguramente Os Srs. Deputados que forem favoráveis a essa terão menos. Por isso mesmo, naquela ocasião, esta- data, permaneçam como se encontram. (Pausa.) belecemos um prazo de transição em torno de sete Aprovada. anos, exatamente para que os Estados pudessem se Se o Deputado Mussa Demes concordar, vou ajustar a essa perda, que seria compensada natu- abrir a palavra aos Srs. Deputados. S.Exa. pode ano- ralmente com a incorporação dos serviços do ICMS tar as perguntas e respondê-las no momento em que e com combate mais intenso à sonegação, conforme achar adequado. falei há pouco, em razão do desaparecimento das alí- Concedo a palavra ao Deputado Paulo Afonso, quotas interestaduais. primeiro inscrito da lista de oradores. Estou raciocinando sobre hipóteses, o que não O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – Sr. Pre- gosto muito de fazer, mas o Deputado Gerson Ga- sidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar brielli provocou e me sinto na obrigação de responder cumprimento o Presidente expositor, Deputado Mus- a S.Exa. Se fosse Governador de São Paulo ou de sa Demes. De certa maneira ganhamos a semana ao Santa Catarina, Estados eminentemente exportado- presenciar, testemunhar e ouvir a exposição sempre res líquidos, altamente industrializados, inclusive com serena e abalizada de S.Exa., historiando a reforma renda per capita bem acima da média nacional, se tributária na Câmara dos Deputados e nos dando ex- decidisse deixar tudo para o destino, ficaria definitiva- plicações e detalhes dos debates que ocorreram, de mente prejudicado. No caso dos Estados do Nordeste modo a nos instrumentar para esse novo round, quando e do Centro-Oeste, poderia pensar que, se não fizesse teremos alguns resultados concretos, ainda que não nada, minha legislação seria federalizada e não teria sejam aqueles que imaginamos os mais adequados ou os mais necessários na sua amplitude. ganho nenhum. Cumprimento V.Exa. e agradeço a oportunidade E por que eles se afligem e ficam reticentes em ímpar que estamos tendo esta manhã. votar esse tipo de proposta? Porque hoje o quorum para Vou fazer algumas breves indagações. A primeira, se fazer alteração na Constituição é de três quintos, Sr. Presidente, refere-se à possível fusão do ICMS, do ou seja, 308 Deputados. Se esquecermos o sistema IPI e do ISS. Se foi, e deve ter sido, objeto de discus- origem/destino, podemos modificá-la por lei comple- são ao longo desse tempo, quais os obstáculos e as mentar. Mas, no caso, a lei será federalizada com um dificuldades? Gostaria de saber sua opinião técnica e quorum de 257 Deputados. política sobre o tema e a viabilidade de retomarmos Isso está levando o Ministro Antonio Palocci a essa discussão no debate da reforma tributária, consi- fazer o que gostaria, isto é, aprovar primeiro a federa- derando o caráter muito parecido desses tributos, ainda lização para depois conduzir a seu modo. Agora, tenho que de competências diferentes, no caso da União, dos minhas dúvidas de que S.Exa. consiga fazê-lo, na me- Estados e Municípios. Queremos ouvir sua opinião e dida em que já se sentem algumas resistências entre saber como isso foi debatido. os Governadores, tanto de um lado como de outro. Também me permito abordar outro tema, sem me Por que nosso substitutivo foi aprovado e contou alongar. V.Exa. começou a exposição tocando em um com o apoio dos Governadores da época, por intermé- ponto que me parece crucial: a distribuição das recei- dio de seus Secretários da Fazenda? Porque levamos tas. Ainda que isso não seja matéria essencialmente tudo para o texto: o sistema origem/destino e como era tributária, vejo que não podemos fugir dessa discus- feito; a uniformização das alíquotas e quantas seriam; são. E ainda que tenha sido discutido preliminarmente as expectativas de arrecadação para cada um, e nin- que a reforma que iremos debater será neutra do pon- guém se sentia prejudicado. Os que perdiam receita to de vista da distribuição das receitas, o quadro que sabiam que a recuperariam a médio prazo. V.Exa. apresenta confirma aquilo que sabemos: houve O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feld- uma redução expressiva da participação de Estados e man) – Considerando que o Deputado Gabrielli tem Municípios no bolo da receita tributária nacional, em audiência no Ministério do Desenvolvimento, vamos decorrência do fato de que a União negligenciou não continuar, extraordinariamente, no exercício da presi- apenas a arrecadação, mas a legislação e a ação no dência dos trabalhos. que diz respeito aos impostos compartilhados, e vol- Submeto ao Plenário a possibilidade da vinda a tou a sua força, o seu poder, tanto legiferante quan- esta Comissão do Governador Germano Rigotto, que to fiscalizador e tributário, para os outros tributos não sugere a data de 8 de maio. compartilhados. 57556 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Vejo, Sr. Presidente, que dificilmente teremos, no O certo é que o trabalho do Deputado Mussa curto prazo, outro momento de discussão para rever Demes, agora como Presidente da Comissão e não essa questão, ainda que seja para dar um novo enca- mais como Relator, é notável. Primeiro, sua capaci- minhamento. Como é consenso que hoje os Municípios dade é indiscutível. Trata-se de um homem preparado estão em posição de mendigar receitas dos Estados, e culto. Segundo, é um homem paciente. Tem uma do ponto de vista da participação orçamentária, não paciência admirável, tolera diversas discussões. Eu vejo como fugir desse tema. Ainda que não tenha sido nunca vi, nesses anos todos, o S.Exa. perder a paci- debatido, porque estamos em outra fase, um ponto que ência. Nunca vi. pretendo apresentar, discutir, debater, é a repartição Meu caro Deputado Mussa Demes, V.Exa. é um das receitas, ainda que de forma bastante gradativa, Parlamentar que honra seu Estado, honra seus elei- considerando e respeitando a posição do Governo tores, engrandece o Parlamento com sua dedicação, Federal no que diz respeito ao superávit primário e a sempre presente, sempre atuante. Quero dizer que todo esse discurso até então neoliberal, para não de- para nós é muito importante essa exposição de V.Exa. sequilibrar as finanças públicas. e a sua presença constante. Depois de tantos anos Quero saber de V.Exa. exatamente isto: como de debates, ainda está disposto a ir aos Estados, fa- podemos avançar na retomada da maior participação zendo o mesmo que fazia há alguns anos. Imaginem principalmente de Municípios, mas também de Estados, o sacrifício! nesse bolo? Sobre a criação de um único fundo em V.Exa. me dizia que amanhã tem compromisso que entrariam as contribuições, a CPMF, fazemos um em um Estado, depois de amanhã no meu Estado, e bolo só, como foi discutido na Constituinte, de forma que é aniversário de sua filha e de seu neto. Ninguém a não ter mais nenhum tipo de receita não comparti- enxerga isso. V.Exa. abre mão do aconchego de sua lhada? Qual a opinião de V.Exa.? E do ponto de vista família para correr o País e discutir a reforma pela qual político, que defendo, como V.Exa. vê a possibilidade a sociedade anseia. A reforma do sistema tributário é de retomarmos a maior participação de Estados e um desejo nacional. Municípios? Nesta oportunidade quero parabenizá-lo. Este é Muito obrigado. um momento em que devemos falar sobre nossa vivên- O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) cia aqui. Conheço-o há 12 anos e 3 meses, aqui mais – Muito bem. Se o Deputado Mussa Demes concordar, cotidianamente. Conheci-o na Assembléia Nacional vamos dar seqüência à lista de oradores, para dar mais Constituinte, porque eu era Secretário da Fazenda e agilidade aos debates. estava presente o tempo todo na Subcomissão e na Com a palavra o Deputado Luiz Carlos Hauly. Comissão Temática relativa ao sistema tributário. Por- O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. tanto, conheço seu papel e sua influência. Presidente, Srs. Deputados, não tive oportunidade de Em 1988 não foi feita uma reforma total porque participar da apresentação do Deputado Mussa Demes havia um novo clima, considerava-se tudo o que havia em função de uma proposta de emenda à Constituição para trás uma grande maldade, e tínhamos de tirar o de minha autoria estar sendo analisada na Comissão dinheiro da União, que a União não dava porque não de Constituição e Justiça. Por isso minha ausência queria. Aquele foi um momento sobretudo de partilha, momentânea. Mas conheço, creio eu, razoavelmente em que os Estados e Municípios assumiram um pedaço as posições do Deputado Mussa Demes, o histórico considerável da arrecadação da União. Mal sabíamos que vivenciamos nos últimos anos em que discutimos naquela época que depois de fazer aquilo a União, o texto de reforma do sistema tributário. poderosa como é, necessitando de recursos, criaria O projeto que V.Exa. relatou representava, na monstrengos aos longos dos anos, que contribuíram época, um entendimento nacional. Tanto é verdade, decisivamente para transformar o sistema tributário que houve apenas um voto contrário a ele. Esse texto brasileiro no pior do mundo, em função da ganância, contempla um ICM nacional e um ICM estadual; extin- da grandiosidade da boca do cofre da União, que não guiria os demais tributos na área de consumo, o que pára um segundo. seria realmente uma grande evolução. Se no Governo passado aumentamos a carga Hoje estou mais preocupado, porque segundo a tributária, podem ter certeza de que neste ano vamos imprensa nacional o que está vindo servirá apenas para aumentar mais, porque o novo PIS foi aprovado já sob tangenciar a questão tributária, e ficaríamos apenas orientação do novo Governo. A manutenção do adicional no ICMS. Espero que não seja assim. E, se for essa a do Imposto de Renda, aumentando-se a alíquota de proposta, devemos convocar a Casa para fazer as mu- 25% para 27,5%, a nova CIDE, o adicional de 1% na danças e adaptações necessárias ao texto tributário. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e mais dois Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57557 dispositivos da Medida Provisória nº 107 darão neste gerada por impostos tecnicamente válidos, ou seja, ano mais de 1% do PIB, talvez até 2%, de acréscimo não-cumulativos, impostos que tenham consistência de receita para a União Federal. econômica, fatos geradores que representem a capa- Meu caro Deputado Mussa Demes, V.Exa. tem cidade contributiva. uma posição coerente, sempre firme. Rendo-lhe mi- Então, temos a seguinte situação: precisamos nhas homenagens. V.Exa. representa o que temos de manter o superávit, a União não pode perder receita, o bom na Casa: conhecimento, cultura, história. Estado não pode perder receita, o Município não pode Podem criar conselho social, podem criar o que perder receita. Não podem e não querem. Se abando- quiserem no País, porque esta Comissão tem uma narmos esses parâmetros para uma reforma tributária, cultura e um acúmulo de informações, de dados, de vamos simplesmente fazer um belo trabalho acadêmico, experiências. E não só a Comissão de Reforma Tri- mas sem nenhuma consistência prática. O sistema tri- butária, também as outras Comissões, com outros butário ideal o Deputado Delfim Netto pode redigir em acontecimentos, com as mudanças constitucionais, duas horas. Acontece que, muitas vezes, esse sistema com outras mudanças na área tributária, e foram mui- não gera a arrecadação que queremos. tas. Talvez a legislação que mais se altere no Brasil Considerei muita positiva a exposição do Minis- seja a tributária. tro Palocci, muito realista. Dizia que não se pode abrir Meus parabéns, Deputado. No momento em que mão da arrecadação, e tal. O caminho é tentar, em um o Governo enviar a proposta, já teremos capacitado a primeiro momento, atirar nas incidências mais nefas- equipe de Parlamentares da nova Legislatura, como tas, aquelas que trazem as maiores distorções – entre foi capacitada a equipe da Comissão Temática da Le- elas, na minha opinião, a COFINS, a CPMF e o antigo gislatura passada. PIS/PASEP, que V.Exa. corrigiu. Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Lembro-me da sua discussão – embora de lon- O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) ge, acompanhando com o Secretário Everardo Maciel – Com a palavra o Deputado Francisco Dornelles. – sobre qual seria a alíquota não-cumulativa do PIS/ O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES PASEP. Passar dos 0,65% cumulativos para 1,65% – Sr. Presidente, não vou fazer elogios à pessoa do não-cumulativos foi o resultado, não foi? Pois bem, Deputado Mussa Demes, principalmente porque S.Exa. com essa mudança o crescimento da arrecadação sabe que eu tenho grandes divergências com S.Exa. do PIS/PASEP, em valores correntes, no período de e se falasse ele ia achar que eu estou mentindo. (Ri- janeiro a março, foi de 50%. Isso demonstra que não sos.) era necessário e que V.Exa. estava certo quando dizia Temos de entrar na discussão da reforma tributária que a substituição de 0,65% cumulativos não precisava com uma posição muito realista. Acordos internacionais chegar a 1,65% não-cumulativos. exigem que o País mantenha, durante determinado Hoje estou convencido de que podemos chegar período, superávit primário de 4,25% do PIB. Mesmo à COFINS não-cumulativa com alíquota menor do que com esse superávit primário, ainda estamos tendo um aquela que eu mesmo pensava, quando vi a transfor- déficit operacional de 3%. Isso significa que estamos mação de 0.65% para 1.65%. Essa deve ser a nossa pagando em juros de 7% a 8% do PIB. primeira meta para resolução do problema. Raciocinando, se pudéssemos ter uma carga Em segundo lugar, sabemos que as pessoas tributária, que hoje está em 36%, na faixa de 30%, às vezes têm muitos arrependimentos. Tenho alguns. poderíamos... Um deles foi quando me coloquei contrário à posição O SR. DEPUTADO SÉRGIO MIRANDA – Depu- de V.Exa.. Até hoje me vejo daquela tribuna, no lado tado Francisco Dornelles, estamos pagando de juros esquerdo, defendendo a participação dos Estados e mais de 9% do PIB. Pagamos 5% de juros nominais Municípios na arrecadação total da União. e 4% do superávit. O que houve? Em 1988, apenas demos conti- O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES nuidade à reforma tributária de 1967 e transferimos – Mineiro geralmente fala mais modestamente, para para os Estados as incidências sobre energia elétrica, não agredir muito o Governo. combustível e comunicações, o que hoje represen- Vejam só, se pudéssemos ter uma carga tributária ta 35% da arrecadação do (ininteligível). Tiramos da por volta de 30% do PIB, poderíamos simplesmente União e passamos para os Estados. E achamos que zerar a COFINS, e pronto, não precisaria de substitui- estávamos dando grande reforço aos Estados. Mas o ção. Mas a verdade é que não se pode fazer isso. que fez a União? Simplesmente anulou impostos que Estamos fazendo uma reforma tributária tendo eram repartidos, Imposto de Renda e IPI. Na época, a necessidade de gerar receita que dificilmente será constava num levantamento que o IPI, em 1984, e o 57558 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Imposto de Renda representavam quase 90% da ar- Agora, se tentarmos fazer, aqui no Congresso recadação federal. Hoje, vejo que os dois somados Nacional, aquela reforma tributária ambiciosa, mudar representam cerca de 40%. tudo, fazer aquele sistema ideal – falei com o Ministro Quando falávamos de arrecadação federal, tam- Delfim que eu faria em duas horas o que S.Exa. escreve bém tínhamos que analisar, calcular a alíquota da em uma hora —, acho que não vamos sair do lugar. COFINS, para saber se não seria mais justo reduzir Por isso, a palavra para essa reforma tributária esse imposto. Em vez de uma alíquota elevada, não- agora é “pragmatismo”, porque o Governo tem uma si- cumulativa, pensar no Projeto Mussa Demes. Não sou tuação financeira extremamente complexa. Dificilmen- defensor de tributação elevada, mas admito ser difí- te tem condições – se o Ministro Delfim me autorizar cil justificar que um assalariado de 4 mil reais pague dizer – de reduzir essa meta de superávit primário. E, 27.5% de Imposto de Renda e aquele com rendimento mesmo que ainda haja queda de juros – nunca vou de capital de um ou dois bilhões pague apenas 15% na me pronunciar sobre o problema de juros, porque, fonte, sem qualquer outro imposto de empresa. quando eu estava no Ministério, a coisa que mais me Em relação a esse jogo de que temos que manter, deixava louco era alguém falar sobre taxas de juros para superávit do PIB, a mesma arrecadação, tirando sem ter todos os dados, como eu não os tenho para aquelas incidências mais negativas, estas poderiam falar —, o que pode sobrar é maior folga no Governo ser substituídas por alguma incidência mais válida, na para atender algumas atividades essenciais, porque renda, sobre o IPI, para que não seja colocada nova o País está parado. Nunca o País esteve tão parado incidência muito elevada para substituir a COFINS. como está agora. A situação das Forças Armadas é Tenho dúvidas a respeito do que V.Exa. diz sobre drástica. Os aviões não estão voando. O próprio Ministro a tributação do ICMS no destino. Vejam só, estou rea- da Educação tem dito que o País parou. O Brasil hoje prendendo tributação, porque fiquei muito tempo fora, está mantendo superávit fiscal, superávit primário, o e agora estou começando a esquentar os motores. Não que neste momento é até correto. Mas quero alertar ouvi nem os debates da Comissão e pode ser que eu que é nesta situação que vamos votar uma reforma tri- esteja falando uma grande heresia. Tenho muito receio butária. Não adianta. Acho que sairíamos da realidade de que o ICMS no tributado no destino – tecnicamente se pensássemos naquela reforma que todos nós que- correto – leve a um processo de evasão incontrolável. ríamos, fatos geradores de base econômica, seletivo, No momento em que sai uma mercadoria da indústria eliminação de todos os cumulativos, sem CPMF, sem do Estado de São Paulo, V.Exa. diz que, se o imposto COFINS. PIS/PASEP foi agora enquadrado. estadual for menor, a mercadoria é desovada dentro Mas estou certo de que, sob o comando de V.Exa., do próprio Estado. E se sair com zero, como seria? com a relatoria do Deputado Virgílio Guimarães, as- Tenho muito medo do destino pela evasão fiscal, pelo sistido pelos dois Sub-Relatores, por ele convidados, grau de evasão que ele representaria. será possível, com os pés no chão, avançar. É prefe- Por último, concordo plenamente com a lei fe- rível avançar pouco a não avançar nada. deral do ICMS, com número reduzido de alíquota. De Eram essas as ponderações que queria fazer. acordo com as linhas gerais indicadas pelo Ministro O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – V.Exa. da Fazenda, acho que é uma reforma possível: atingir abordou questão interessante. Eu e o Deputado Mussa o tumor onde ele é mais grave, ou seja, na COFINS, Demes sabíamos que o Everardo tinha colocado um e tentar unificar a legislação do ICMS, estabelecer coeficiente de ignorância sobre a transformação, mas algumas alíquotas. Antes de lancetarmos a COFINS, não sabíamos que era de superignorância. (Risos.) em vez de pensar em transferência de 3% de COFINS O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES cumulativa, ou em quanto representa o não-cumulati- – Os dados demonstram que o acréscimo foi, em ter- vo, não seria possível fazer algum jogo, de modo que mos nominais, de 50%. Em preço de março, de 30%. essa arrecadação da COFINS pudesse ser substituí- Isso mostra que, como os outros tributos não cresce- da por maior arrecadação do Imposto de Renda sobre ram na mesma proporção, foi a alíquota. rendimentos do capital? O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – É Hoje todos temos que reconhecer, principalmente menor. lucros e dividendos que não são tributados no Brasil. O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES Inclusive hoje estamos perdendo dinheiro para o fis- – Não, não. Estou falando de PIS/PASEP. co estrangeiro, porque, quando eles tributam lá e dão O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sim, crédito aqui, como aqui não há imposto, eles cobram mas, para se comparar o desempenho do cumulativo a diferença. Pergunto se não seria importante verificar e do não-cumulativo, talvez o deflator adequado fosse essa substituição. o desempenho da COFINS. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57559 O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Você um entusiasta. Ele imaginava que teria arrecadação pode garantir lá mais 5 bilhões no Orçamento. muito maior se tivéssemos feito assim. O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Entretanto, surpreendentemente para nós – e só Não, entendi. Ao se usar a preço corrente, mas a CO- atribuo isso à má vontade do Secretário da Receita FINS também teve aumento. para com a nossa proposta —, o Secretário insistiu, O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES nas reuniões da comissão tripartite, numa proposta – O aumento da COFINS foi de 24%, acrescido da ar- de criação de um imposto sobre bens e serviços. Em recadação; do PIS/PASEP foi de 50%. vez desse tributo novo, também chamado de ICMS, O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – En- até mesmo por razões de ordem técnica, porque se tão, use como deflator a COFINS. Dá bem menos. imaginava que se chamássemos esse imposto de IVA, O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES por exemplo, poderia haver questionamentos na área – Exatamente. Se fizermos a base de 0.65% para judicial, preferimos chamar de ICMS Federal, pois trin- 1.65%, quase 300%, não foi isso? ta anos de ICMS faziam com que essas questões não O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – É 2.5%. fossem mais suscitadas. E o que são bens e serviços? Na verdade, sabíamos que tinha sido acrescentada Simplesmente tudo; não escapava nada da tributação alguma coisinha, porque ele tinha medo de ter algum federal que ele iria fazer depois por lei complementar, prejuízo. Todos sabíamos do coeficiente de ignorância, naturalmente, e ao modo dele. mas ninguém sabia que era dessa tamanho. (Não identificado) – Os bens corpóreos e in- O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES corpóreos. – Se era 2.5%, pode ser bem menor. Pode ser 1.7%, O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – É verdade, 1.8%, o que abriria caminho. Agora, insisto, acho que o entrava tudo: Internet... Não escapava nada. Projeto Mussa Demes, na área de Imposto de Renda, O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – Sessão tinha que ser considerado como um instrumento para espírita. compensar uma redução da COFINS. O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – A voraci- O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) dade do Secretário realmente era muito conhecida. E, – Muito bem. Deputado Mussa Demes, quer responder nesse particular, ele se afirmou realmente como Secre- ou podemos dar seqüência aos trabalhos tário que maior arrecadação proporcionou ao País. O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – O Depu- O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Com tado Paulo Afonso começou perguntando por que na- a nossa cumplicidade, com a nossa conivência. quela ocasião entendíamos que devíamos fazer a fusão O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – É verda- do ICMS com o IPI, ISS. De que forma isso aconteceu? de. E ainda hoje ele passa essa impressão mesmo. Evidentemente, isso foi negociado. Ele foi convidado para ser Secretário da Fazenda de Em primeiro lugar, devo lembrar ao grupo que o Minas Gerais, se não me engano, e do Rio Grande do IPI sempre foi entendido pelo Secretário da Receita, Sul também. que era o nosso interlocutor junto ao Ministro naquela O problema é que o Everardo vê a arrecadação época, como uma espécie de moeda de troca. Os mais como uma atividade-fim e não como uma atividade- antigos, o Luiz Carlos Hauly, o Ministro Delfim, o Minis- meio. Fica difícil realmente se entender isso. Por essa tro Dornelles, o Militão devem se lembrar bem que o razão, sempre achei que havia um erro de avaliação. Everardo sempre quis jogar o IPI como moeda de troca Eu acho que o formulador da política econômica nunca para os Estados, com a fixação que ele sempre teve poderá ser também um arrecadador. Eu achei que o na criação de um IVA na competência da União. coordenador da política econômica deveria ser o Mi- Po isso mesmo, entendíamos que, se criássemos nistro, e não o Secretário. Mas essa é uma avaliação um ICMS federal com a mesma base do ICMS, seria pessoal minha. O Ministro Malan, com as ocupações mais fácil de acontecer. Agregamos a isso o ICMS, como que tinha fora do País, deixava tudo praticamente na falei há pouco, para compensar os Estados exportado- mão do Everardo, e este fazia tudo como gostava de res líquidos pela perda que deveriam sofrer, criando fazer, sempre uma maneira mais fácil de arrecadar e nos Municípios um Imposto sobre Vendas a Varejo e no sentido de impedir a pessoa de sonegar, tanto que Serviços, que, depois de devidamente avaliado pelos ele, que no início era o adversário da CPMF, acabou Secretários de Fazenda dos Municípios, especialmen- se tornando seu mais ardoroso defensor, exatamente te dos Municípios da Capital, se tornou perfeitamente pela facilidade de arrecadação e pela quase impossi- aceitável para recompor as receitas municipais, até bilidade de sonegá-la. com certo ganho. O Prefeito de Belo Horizonte defen- O Deputado Paulo Afonso perguntou como acon- dia isso, não é Militão? O Prefeito Célio de Castro era teceu a recomposição das receitas dos Estados e 57560 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Municípios. V.Exa. está se referindo, naturalmente, às Agora a moeda está se sobrepondo a tudo, até perdas. no campo social. Vocês acabaram de ouvir o Ministro O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – É, no Dornelles falar sobre os hospitais. Em Fortaleza, por sentido de retomarmos, ainda que gradativamente, exemplo, doentes que deveriam estar na UTI morrem maior participação. nos corredores. Isso acontece em todo o País. As es- O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Lembro tradas estão esburacadas. A segurança pública hoje que tive essa preocupação na época da Assembléia não existe, a tal ponto que estamos vendo o Rio de Nacional Constituinte. Janeiro se transformar quase numa Colômbia. Isso O Ministro Francisco Dornelles lembrou isso de porque tudo se concentra no cumprimento das metas passagem, quando fez sua exposição. Naquela épo- acertadas com o FMI. ca, tive uma premonição. Quando vi que a União ia Mesmo assim, estamos vendo os Governadores perder um naco substancial da sua receita, sabia que de hoje esperneando e tentando, junto à área econômi- ela não iria se conformar. Naquele tempo tínhamos ca do Governo, receber um naco desses tributos que como contribuição, se não me falha a memória, ape- hoje não são partilhados, como é o caso da COFINS nas o FINSOCIAL, com alíquota muito baixa – 0,5% e também da CPMF, se vierem a ser confirmados na – e altamente questionada juridicamente, tanto que proposta do Ministro Palocci, e certamente haverão de a maioria dos processos que as empresas moveram ser acolhidos pelo Relator. S.Exa. já nos transmitiu esse contra a União para não pagar o FINSOCIAL acabaram sentimento e vai falar para vocês mais adiante. prosperando, e a Receita Federal vinha compensando Meu caro Luiz Carlos Hauly, a V.Exa. só posso com a COFINS os ganhos na Justiça que as empresas dizer muito obrigado. A generosidade de suas pala- vinham obtendo. Mas tive uma premonição: achei que vras só posso atribuir à amizade que nos liga há doze era por ali que a União tentaria sair. anos, à participação intensa de V.Exa, mesmo antes Já na Comissão de Sistematização, entrei com de Deputado, na condição de Secretário da Fazenda uma emenda em que eu reduzia. Calculei quanto re- do Paraná, quando aqui esteve conosco discutindo e presentariam os 22,5% dos Municípios e os 21,5% dos influindo decisivamente naquilo que chamou, na oca- Estados e cheguei a uma equação, se não me engano, sião, de pura partilha. É verdade. Naquela ocasião, não em torno de 17% – certo, Ministro Dornelles? – sobre nos preocupamos com qualquer alteração de fundo no toda a arrecadação federal. sistema. Achávamos que se arrecadava o bastante e O que eu buscava naquela ocasião era impedir que a União ficava com quase tudo e dava muito pouco que acontecesse o que acabou acontecendo: que a aos Estados e Municípios. Aproveitamos o momento União, a cada momento que se passou dali em diante, – não sei se fomos muito egoístas naquela época ou fosse isolando o Imposto de Renda, o IPI – só dava até inconseqüentes – e desfalcamos brutalmente a isenção se fosse por conta do Imposto de Renda ou do União dos seus recursos. IPI —, e criando contribuições não partilhadas. E ela começou a se recompor. Só que quando Foi isso que o Ministro Dornelles mencionou há isso aconteceu, veio com um Governo forte e numa pouco, ao dizer que se arrependeu de não ter votado voracidade que nunca mais parou, o que acabou acar- a favor. No mesmo sentido, já ouvi manifestações do retando aumentos sucessivos da carga tributária, pois ex-Deputado Firmo de Castro, que também não votou sempre há compromissos com a dívida pública para comigo, do César Maia, que quando desci da tribuna, serem honrados. As receitas dos Estados e dos Muni- após fazer a sustentação, veio me cumprimentar e di- cípios não diminuíram em termos nominais. Em termos zer que não votaria com ela porque o grupo já estava percentuais, hoje eles têm realmente uma situação todo fechado. muito diferente da que tinham após a Constituição A proposta de reforma tributária passou incólume de 1988. na Comissão de Sistematização, sem qualquer alte- O Ministro Francisco Dornelles expôs muito bem o ração; tudo fruto de ampla negociação. Então, minha problema do PIS/PASEP, que votamos no ano passado. proposta acabou por não ser considerada na época. Naquela ocasião, V.Exa. estava no Ministério do Traba- Acho que agora ainda é o momento de se fazer. lho. Essa foi uma iniciativa do Ministro Delfim Neto, que O superávit primário, como mencionou bem o Ministro me chamou e disse: “Mussa, vamos tentar dar um jeito Dornelles, é o grande problema que vamos enfrentar, de resolver esse negócio da COFINS, porque reforma porque a União diz: “Eu tenho de cumprir isso”. A de- tributária não fazemos mais este ano”. O laboratório foi fesa da estabilidade da moeda é da maior importân- mesmo o gabinete do Ministro Delfim Neto. cia para o País. Um país sem moeda estável não tem A título de experiência, fizemos uma proposta para nada, realmente. tornar não-cumulativo o PIS, porque ele representava Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57561 um quinto da arrecadação da COFINS – naquela época, para a venda direta ao consumidor, que não tinha cré- 0,65% para 3%. Se chegássemos a uma alíquota que dito nenhum. Vai tudo direto para as gôndolas. Então, parecesse razoável, já que a base tributária é a mesma, teriam triplicado a cobrança do imposto, o que inviabi- poderíamos depois estender a COFINS mais adiante. lizou muito a comercialização desses produtos. Esse foi o raciocínio do Ministro Delfim Netto. Tivemos também problemas no setor agrícola, Conversei com o Líder do PFL na época, Depu- com relação às cooperativas. O Deputado Luiz Carlos tado Inocêncio Oliveira, que nos apoiou também. Con- Hauly foi grande defensor delas. E acabamos negocian- versamos com o Presidente da Casa, Deputado Aécio do, por intermédio da Medida Provisória nº 66. Estra- Neves, que também foi francamente favorável. Pouco nhamente para nós, essa negociação acabou – fruto, depois – a mim parece, S.Exa. nunca me disse nada tudo indica, de um entendimento entre o Everardo e o – houve articulação do próprio Ministro Delfim com o Governo do Presidente Lula, que se iria iniciar – sendo Ministro Pedro Malan. O Malan nos chamou e mos- objeto de veto do Presidente da República. trou interesse na proposta. Tenho a impressão de que, Se não tivesse havido esse veto, a alíquota ain- àquela altura, o FMI, os organismos internacionais já da pareceria, pelo menos neste primeiro momento, se sentiam incomodados com a cumulatividade brutal extremamente elevada. Acho que deveríamos ter um dessas contribuições. E nós próprios sabemos que se pouco de cautela em relação ao assunto, pois esse continuarmos assim, com essas contribuições sendo número pode se alterar. Fevereiro está muito próximo arrecadadas de forma cumulativa, dificilmente o Bra- a janeiro. O sistema começou em janeiro. Pode haver sil terá condições de ir à ALCA, porque não há como ainda alguma coisa. desonerar a produção de forma definitiva se não for O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES por meio desse sistema não-cumulativo. É altamente – Pega março. improvável que se consiga fazer isso no sistema atual, O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Esse nú- cuja única alternativa para se saber exatamente o que mero de 50% já pega o mês de março? Então, já é um desonerar é um salto no escuro, digamos assim. Seria indicador mais forte do que imaginava. um crédito presumido em relação a isso, que nunca O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Em funciona bem, até porque quando essa experiência foi janeiro já deu... adotada, o próprio Secretário suspendeu e deixou difi- O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Em março culdades para muitos que já tinham fechado contratos já deu 50%. Vamos conversar sobre isso depois. fora. Então, tem de ser algo definitivamente acertado O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – em lei, especialmente no texto constitucional. Também tenho certa cautela a respeito dessa avalia- O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – Na verda- de, foi o próprio Presidente da República, num ataque ção. Se partíssemos do desempenho desse primeiro de lucidez, que disse: “Toque para frente esse projeto”. trimestre, que alíquota estaria projetada para a CO- Disseram: “Mas o Malan não concorda”. S.Exa. disse: FINS, se fôssemos calcular? O caminho que percorro, “ O Malan você deixa comigo”. Deputado Francisco Dornelles, não leva a um otimismo O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Esse é um tão grande. Isso trabalhando com números. depoimento muito importante, pois demonstra algo que O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES sempre achei. Infelizmente, digo isso até com tristeza, – Essas dúvidas vão existir sempre. Por isso, sugiro até pelo respeito enorme que tenho pelo Ministro Malan, ao Presidente e ao Relator que peçam à Receita que pela sua competência profissional, mas imagino que coloque à disposição de cada membro desta Comissão num determinado momento tamanha era sua preocu- o ANGELA, sistema com todos os dados não-sigilosos. pação fora, que S.Exa. acabou sendo refém do próprio Assim, seria possível fazer avaliações menores. Secretário, da sua vontade e do seu pensamento. No momento em que se faz uma reforma tributária, O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – E temos 100 acessos ao Sistema ANGELA. É difícil se quem não é? emitir com exatidão os dados. A Receita Federal emite O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Se foi um documento mensalmente. Considero fundamental bom ou não para o País, não sei. Só o futuro vai di- termos acesso a esse sistema. zer. Não vamos ter nunca como saber nesse primeiro O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – momento. Sim, mas utilizando os dados, considerei a evolução Ministro Francisco Dornelles, todos nós tínhamos da COFINS e do PIS/PASEP, ou seja, se não tivesse desconfiança sobre aquela alíquota de 1,65%. Ainda havido a desoneração, a evolução teria sido igual. En- tentamos negociá-la. Alguns setores eram fortemente tão, o cálculo é maior nessa hipótese. Não é a evolu- atacados. Caso, por exemplo, dos produtos importados ção nominal nem a real, mas o adicional em face do 57562 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 desenvolvimento da COFINS. Isso daria algo em torno e pode ser utilizado sem imposto adicional, inclusive de 25% de efeito ignorância. nas remessas para o exterior. O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – Efeito ig- Isso foi devidamente quantificado pelas assesso- norância. rias e consultorias especializadas e representam hoje O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES perda estimada em 7 bilhões de reais. Infelizmente o – Mas é isso que está dando. projeto não foi aprovado. Houve mudança de Relator O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – sucessivas vezes, e ele foi arquivado. Por questão de Não são esses números. Foram 20% a mais, não é justiça, esse assunto deveria ser retomado. Quem sabe isso, Delfim? alguém no Governo do PT quer fazer isso? Na época, O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES eles estiveram interessados, mas também abandona- – Não chamaria de ignorância, mas de vivacidade. ram o projeto. O fato é que nesta Casa as coisas só O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Vi- acontecem mesmo se o Governo quiser. Só se vota o vacidade. Então, os nossos números estão iguais. Às que vem do Governo; a pauta está sempre atravancada vezes, alguns números nos levam à interpretação de por medida provisória que não é votada, por projeto que houve... de emenda à Constituição. É muito difícil um projeto O SR. DEPUTADO SÉRGIO MIRANDA – Depu- de lei ordinária ter seguimento. tado Virgílio, quero informar ao Ministro Francisco Dor- Procurei chamar a atenção do Poder Executivo, nelles que temos acesso ao ANGELA. A Comissão de da equipe econômica, num determinado momento. Não Orçamento conseguiu incluir, nas duas últimas LDOs, consegui sensibilizá-los. Pelo menos era esse o meu o acesso ao sistema de informação da Receita, o AN- papel e o do Ministro Francisco Dornelles, que muito GELA, claro que preservando o sigilo fiscal. Temos uma nos ajudou naquela época. Nossa participação já foi boa equipe de análise de arrecadação na Consultoria dada, vamos ver se mais adiante isso acontece. de Orçamento e poderíamos integrá-la à da Comis- são, o que, sem dúvida, será de grande valia para as Quando o Ministro me perguntou se não seria o nossas análises. caso de trocar a COFINS pelo juro de capital próprio, O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – Na verda- respondi-lhe que não seria possível, porque a arre- de, o coeficiente é de 1.3%. cadação da COFINS está estimada em cerca de 50 O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) bilhões. – Vou pedir ao Deputado Mussa Demes que encerre O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES esta parte, para que possamos dar continuidade à lista – Não falei em trocar. Um percentual da COFINS, dos oradores inscritos. uma parte. O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – O Ministro O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Essa parte Delfim Netto citou os chamados juros sobre o capital representaria menos de 10% do juro sobre o capital, próprio, objeto de projeto de lei por mim oferecido à a COFINS tem nove. Casa. S.Exa. sempre o defendeu e o sustentou como O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES forma de modificar alteração feita na Secretaria de Re- – Doze por cento. A arrecadação da COFINS está es- ceita Federal, que, a nosso juízo, proporcionou enorme timada em 60 bilhões. perda de receita, que só beneficiou, na verdade, as O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – E a do maiores empresas, as multinacionais, as sociedades juro sobre o capital próprio, sete. anônimas e as de capital aberto. A alteração não teve O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES caráter isonômico, na medida em que trata também – Cinco. de diferenciar essas empresas das pequenas, que O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Então, não têm contabilidade e não podem utilizar esse be- quanto daria de 60? nefício, e das próprias pessoas físicas na declaração O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES de ajuste, que não têm nenhuma correção no imposto – Uns 12%. Menos, 10%, 8%. que lhes é retido. Esse sistema permite que as empre- O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Isso seria sas deduzam a correção do balanço como despesa possível. Os Governadores estão querendo um pedaço operacional, no período de doze meses, por meio da nisso tudo; vamos ver como eles se saem. TJLP, pagando apenas alíquota de 15% de Imposto (Intervenção inaudível.) de Renda. Se isso não existisse, elas pagariam em O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Não sei torno de 34%, considerando o Imposto de Renda e se esclareci todas as dúvidas do Ministro. a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Além do O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES que, isso é distribuído na pessoa física dos dirigentes – ICMS no destino e sonegação. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57563 O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – ICMS no primário, que o Governo está certo em fazer, vamos destino. A visão do Ministro é a de que isso poderia ficar muito presos ao ICMS e vamos deixar, então, a proporcionar sonegação ainda maior se optássemos questão da não- cumulatividade da COFINS para uma pelo destino. Não sei, pois isso seria também ignorar etapa posterior. a fiscalização estadual, a chamada fiscalização da O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) mercadoria em trânsito. Temos alguns ex-Secretários – Com a palavra o Deputado Serafim. (Ausente.) de Fazenda presentes – Hauly, Wasny, Paulo, que Com a palavra o Deputado Fernando Gabeira. não foi apenas Governador do seu Estado, Militão, (Ausente.) Júlio César. A fiscalização da mercadoria em trânsito Com a palavra o Deputado Anivaldo Vale. (Au- inibe muito essa prática, especialmente nas cidades sente.) maiores, se feita com intensidade. Seria, então, um Com a palavra a Deputada Ann Pontes. problema de gerenciamento, mas me parece um sis- A SRA. DEPUTADA ANN PONTES – Sr. Presi- tema mais justo. dente, Sras. e Srs. Deputados, nesta minha primeira Evidentemente, o assunto vai ser objeto de muita participação na Comissão quero trazer à baila a te- discussão ao longo do nosso trabalho, venha ou não mática sobre a criação do Fundo de Compensação às no texto do Ministro Palocci. Unidades Superavitárias da Federação. Em pesquisa O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) realizada nesta Casa foram localizadas duas propos- – São 12h30min. Há vários Deputados inscritos. Se tas em tramitação: a PEC nº 175-A, de que V.Exa. foi todos concordarem em ser sintéticos, darei seqüên- o Relator, e a PEC nº 14, de 2002, de autoria do Se- cia a toda a lista. nador Fernando Ribeiro. Com a palavra o Deputado Militão. A PEC nº 175-A propõe a destinação de 15% O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Sr. Presi- do Imposto de Importação aos Estados e ao Distrito dente, Sr. Relator, prezado Deputado Mussa Demes, Federal, na forma de lei complementar, proporcional- estou sentindo que a proposta que o Governo deve mente ao saldo anual positivo de suas exportações enviar ao Congresso Nacional é retirar a exigência das para o estrangeiro em relação a suas importações. Já mudanças via emenda constitucional e levá-las para a PEC nº 14 propõe a destinação de 20% do Impos- lei complementar. Acho muito importante a tomada de to de Importação aos Estados e ao Distrito Federal, decisão sobre a legislação federal de ICMS, o que por na forma de lei complementar, proporcionalmente ao si só já combate muita sonegação, mas também con- saldo anual positivo da respectiva balança comercial sidero importante avançarmos nessa questão com a com o exterior, limitada a participação de cada uni- incorporação definitiva do ISS à base do ICMS. Hoje dade federada a 10% do saldo que produzirem. Se muitas atividades são alcançadas apenas pelo ISS e não me falha a memória, ficou especificado que este poderiam ser alcançadas por um novo ICMS. Fundo será aplicado em infra-estrutura nos Estados A questão que nos preocupa parece ser relativa superavitários. às contribuições. No relatório passado, V.Exa. propôs Meu questionamento é o seguinte: qual o posi- a fusão de todas as contribuições – COFINS, PIS/PA- cionamento de V.Exa. no sentido de incorporarmos SEP, salário-educação – numa única contribuição, essas propostas na discussão da reforma tributária, não cumulativa. O Governo Federal parece que está assegurando a discussão das mesmas nesta Comis- propondo nova contribuição, para aliviar a folha de são, com a possibilidade, inclusive, de viabilizarmos pagamento. Se imaginarmos uma única contribuição audiência pública com os Governadores dos Estados incidindo sobre o faturamento, perguntaríamos: qual superavitários? deve ser o tamanho dessa contribuição, o tamanho O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) da alíquota, para os diversos setores da economia, de – Com a palavra o Deputado Jairo Carneiro. forma a proporcionar a receita desejada pelo Governo, O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO – Sr. a receita atual mais a futura receita, e substituir parte Presidente, caros Relatores, caros colegas, esta não da folha de pagamento? é a fala de um expert, mas considero importante ma- Se tivéssemos longa cadeia de produção, evi- nifestarmos aqui, diante de Plenário tão seleto, de es- dentemente teríamos que ter alíquota menor da CO- pecialistas, alguns sentimentos nossos. Primeiro, eu FINS, e se tivéssemos cadeia curta, como é o caso diria que seria em defesa do Governo, da pregação do dos serviços, teríamos alíquota maior. Com a preocu- Governo, e ante a perspectiva de frustração da socie- pação de achar essa alíquota, iríamos cair na mesma dade. O que se espera? Uma reforma que modifique coisa em que caiu a mudança da não-cumulativida- o cenário atual, esse patrimônio, essa herança, esse de do PIS. Então, acho que, por causa do superávit legado, e que atinja determinadas metas, como a re- 57564 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 dução da carga tributária. Tenho isso gravado como País para enfrentar a competição com as empresas discurso do Presidente Lula em sua campanha. Não estrangeiras multinacionais a fim de aumentarmos a podemos nos amedrontar com os compromissos que exportação? devem ser honrados, principalmente os internacionais, Não desejo ter frustração também como político mas mecanismos devem existir na busca de fórmulas que quer apoiar uma proposta vigorosa, ousada, de ini- que possam estabelecer o convívio entre o escopo da ciativa do Poder Executivo, enriquecida e aperfeiçoada reforma tributária para o País e a observância dessas pelo Legislativo. Mas não apenas a visão estritamente obrigações, com alongamento de dívida, com refinan- técnica. Desculpem-me os puristas e os experts. Não ciamento ou com outra solução, nas negociações bi- podemos nos acomodar. Não é possível que o superá- laterais ou multilaterais. vit tem de ser “x”. Com todo o respeito ao Ministro e a De nada adiantará se a carga tributária permane- todos que assim pensem, temos de pensar diferente e cer como está. Será uma frustração para todos. Será um mudar o quadro desse sistema caótico que aí está. desgaste para o Governo e para o Congresso Nacional. São essas as observações que faço. Espero sa- O povo está ansioso. O cidadão que paga Imposto de tisfazer-me com as manifestações. Renda hoje, o assalariado, a classe média, que está O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) destroçada, não vai se conformar em permanecer pa- – Tem a palavra o Deputado Anivaldo Vale. gando a mesma coisa ou aumentar sua contribuição O SR. DEPUTADO ANIVALDO VALE – Sr. Pre- para a Previdência Social. sidente, Sr. Relator, senhor expositor, meus colegas, Então, é preciso buscar negociação para que se reputo o depoimento do Deputado Mussa Demes como aliviem essas tensões do movimento das contas den- histórico. Esta reunião traz informações verdadeira- tro do País e possamos ter um horizonte mais largo mente interessantes para a reflexão sobre o Sistema no cumprimento das obrigações internacionais. É im- Tributário Nacional. portantíssimo que o Governo leve isso adiante e con- Sempre defendi que a reforma tributária deveria siga resultado concreto. Com isso, teremos recursos começar pelo relatório do Deputado Mussa Demes. mais abundantes. Vejo até com preocupação quando no seu próprio de- O Governo tem compromisso também com a poimento diz que alguns fatores vão ser considerados redução das profundas desigualdades que existem e outros não, mesmo porque o atual Ministro da Fa- entre os cidadãos e entre as regiões do País, os gran- zenda era o Vice-Presidente da Comissão, participou des desequilíbrios regionais. O Presidente Lula tem de todos os debates e sabe que houve um esforço anunciado também como uma de suas metas, como muito grande do nosso Deputado Mussa Demes e do determinação na elaboração do PPA, o enfoque para ex-Deputado Germano Rigotto, que fizeram peregri- a redução das desigualdades. Não sou perito nem es- nação por todos os Estados e procuraram apresentar pecialista, mas creio que o sistema tributário deve ser à Nação uma peça que pudesse corrigir as distorções instrumento para a realização de uma política gran- experimentadas por todos. diosa nesse sentido. Isso envolve a revisão do pacto Pensava que seria mais do que justo o Ministro federativo quanto à partilha do bolo da arrecadação da Fazenda pegar esse documento e, a partir dele, tributária, maior participação dos Estados e Municípios desenhar uma reforma tributária. Mas também vejo nessa partilha, inclusão das contribuições neste bolo. com preocupação o depoimento do Ministro Francisco Por isso, ao mesmo tempo, estou fazendo indagações Dornelles, quando diz: “Vamos trabalhar naquilo que ao ilustre amigo e companheiro Mussa Demes e ao é possível, e não adianta querermos abrir os braços, ilustre e querido amigo Deputado Virgílio Guimarães. porque não conseguiremos fechar”. É como se fosse Estou ansioso para ouvir algo sobre essas questões uma galinha que se dispusesse a chocar muitos ovos que estou apresentando. e muitos deles acabassem por gorar. Qual o pensamento do Deputado Mussa Demes Na medida em que se coloca em discussão ape- sobre o aumento desse bolo que seja partilhado? nas a questão do ICMS como meta do Governo, fico Ontem li nos jornais declaração do nosso queri- preocupado com o aspecto sobre origem e destino. do Governador Aécio Neves sobre maior participação Fico preocupado também com o depoimento, quando dos Estados – eu diria também dos Municípios – na vemos que a participação da União sai de 40% para partilha do bolo da arrecadação. 60% da receita, e o Constituinte, em 1988, não per- No campo social, queremos aumentar os índices cebeu e deixou essa janela aberta. As contribuições de emprego, de geração de oportunidades de traba- sociais elevaram para 60% a participação da União. lho para os cidadãos. Com a carga tributária que está Com toda a competência do Everardo Maciel, mas com aí, se mantivermos o que é hoje, qual a condição do a visão muito pequena daquilo que é a Federação, ele Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57565 prejudicou sobremaneira os Estados e os Municípios. periférico, nosso desenvolvimento foi dificultado, ape- Hoje os Estados estão experimentando uma dificul- sar de termos 25 mil quilômetros de rio navegável na dade muito forte, pois houve a preocupação de se Amazônia. O Porto de Santana foi desativado, pois foi fortalecer a receita da União sem dar a participação construída uma estrutura fantástica para exploração dos Estados. Não se vai construir uma Nação sem as do minério, que acabou, e aquele porto está parado. unidades federadas. Essa preocupação tem de haver. O Porto de Vila do Conde, que está sendo estruturado, Na minha região, há Municípios verdadeiramente em poderia até ter base frigorificada, com linhas regula- dificuldades. res de navio, para termos a oportunidade de exportar A Lei Kandir, que resumiu todo seu desejo de carne, frutas, peixe. E há o Porto da SOTAVE. O País reforma tributária, foi uma desgraça para nós, Depu- não pode se dar o luxo de ter um porto daquele para- tado Mussa Demes. Pegue o relatório da mão do nos- do, servindo apenas aos narcotraficantes. so Relator e verá que prejudica mais ainda o Estado Estribamos nosso desenvolvimento em dois meios do Pará. de transporte mais caros do mundo: o aéreo e o ro- Nossa perda é de quase 80% das receitas. Nossa doviário. Não temos a preocupação do Governo de participação, que hoje deveria ser em torno de 220, 270 promover a valorização do transporte fluvial, nem no milhões, está limitada entre 80 e 140 milhões. Hoje, sentido da conclusão das ferrovias, da construção de nossa participação é de 7,5 milhões, que vai dar 100 outras e do fortalecimento desses sistemas, da mo- milhões. Estamos perdendo 50% da receita. dernização do transporte fluvial. Portanto, com base nessa perda, estamos rei- Peço à Mesa desta Comissão que convide o vindicando uma compensação financeira sobre o Im- Ministro Antonio Palocci para uma audiência pública, posto de Importação, até como forma de minimizar a com o intuito de expor os principais pontos da Propos- dificuldade que estamos experimentando, agravada ta Mussa Demes a fim de saber se o Governo pode pela Lei Kandir. absorver alguns pontos. Quem sabe, contemplar a Quando vejo no Pará uma cidade que não tem sociedade paraense. saneamento básico ou não tem um programa de se- Obrigado, Sr. Presidente. gurança, ou de saúde, lembro da Lei Kandir, que re- O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) tirou recursos. – Por ser provavelmente a última reunião antes do envio Pior do que isso, quando importamos um pro- do projeto de lei, não quero perder a oportunidade de cesso, instala-se uma serraria, são gerados créditos dizer aos Deputados que a expectativa que tínhamos para esse empresário, o que aumenta ainda mais a era de uma reforma tributária muito mais avançada. dívida do Estado. Portanto, perdemos duas vezes: De tudo que ouvi, considero o relatório do Depu- primeiro, o Estado importador tem uma compensa- tado Mussa Demes o mais avançado, talvez o mais ção por meio do ICM, que não temos, porque somos completo, pois envolve a maioria dos tributos. Sabemos exportadores; segundo, quando instalam a empresa, que o que será enviado será algo pequeno. Até disse a geração de crédito passa a ser um débito dobrado na imprensa ser o possível. Mas não nego que se es- contra o Estado. perava do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva muito Quero deixar registrado que o Estado do Pará mais ousadia, muito mais decisão. Antes da reunião, está sofrendo grande injustiça, agravada pela Lei Kan- os Deputados diziam que o controle da arrecadação do dir. Vejo no depoimento do Deputado Mussa Demes Sistema Tributário Nacional é do Secretário da Receita uma injustiça maior do que a praticada contra o Esta- Federal e também a fiscalização, sobre a qual há uma do do Pará: a condenação de uma pessoa por sone- série de suspeitas de corrupção e sonegação. gação, cujo direito de defesa foi cerceado ou, então, Antes de fazer a reforma tributária, precisamos apressado o julgamento. O Governo tem de corrigir saber qual o tamanho do Estado. Assim, saberemos essa injustiça. qual a arrecadação necessária. Peço ao Deputado Virgílio Guimarães que faça A impressão que tenho é de que o Brasil é um uma reunião com os membros da Mesa e com o Mi- leão que ruge, que tem enorme disposição de cres- nistro da Fazenda a fim de iniciar a reforma a partir cer, de disputar mercado, de competir com as grandes deste relatório. Vamos ver se a proposta do Gover- potências do mundo, mas não consegue por amarras no pode contemplar o relatório do Deputado Mussa que impedem o estímulo da produção, da economia, Demes. Ele representa o esforço da Comissão, é um que desoneremos o trabalho, uma série de medidas trabalho sério. que poderiam ser tomadas. V.Exa. há de convir que a situação tende a se O Ministro Tarso Genro já disse que serão feitas agravar para o Estado do Pará. Já somos um Estado reformas moderadas. Compreendemos. Não há acú- 57566 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 mulo social nas relações políticas para que as reformas Virgílio Guimarães terá de resolver a questão com o sejam mais profundas, mas, pelo menos, gostaríamos Ministro Ricardo Berzoini. de saber qual a opinião do Governo em relação a elas. A linha de raciocínio de que não se pode perder Isso não está claro. receita deverá se situar em termos tais que permita No Estado de São Paulo, reduzimos mais de 200 reduzir substancialmente o déficit da Previdência. Não impostos e houve aumento de arrecadação, ou seja, vejo como isso possa acontecer sem realmente causar houve estímulo à atividade econômica. danos graves às empresas que são obrigadas a essa O Deputado Luiz Carlos Hauly é considerado contribuição. De uma forma ou de outra haverá ônus, incendiário porque propõe algo absolutamente novo. já que não pode haver perda de receita na concepção Vamos mexer nos impostos vagabundos, como diz da equipe econômica do Governo. S.Exa., e no seletivo. Será que não seria possível ser- O Deputado Anivaldo Vale e a Deputada Ann mos um pouco mais ousados? É muito desagradável Pontes são do Pará e expressam preocupação co- imaginar que o Secretário da Receita manda mais do mum. Dirijo um apelo ao Relator. O grupo realmente que o próprio Governo, do que os que dirigem a Na- se sensibilizou muito com a situação do Pará, talvez ção, e mais do que o Congresso Nacional, e sobre ele o Estado, não em termos nominais, mas em termos não passa nada, porque quer que seja assim, porque relativos, mais prejudicado da Federação com esse sis- só pensa no tamanho do Estado que foi criado e tem tema que estamos adotando. Minas Gerais entra com a responsabilidade de sempre tributar mais. um ganho bom também, mas que não é tão significati- O jurista Ives Gandra diz que nenhuma reforma vo. Em números absolutos a situação é parecida, mas é neutra. Vamos aumentar a carga tributária. Portanto, em números relativos, dada a economia mais forte do além de fazermos uma pequena reforma, ainda have- Estado de Minas, não é tão significativa. rá aumento de carga tributária. Segundo ele, não há Naquela oportunidade, a Comissão se sensibili- registro histórico para que isso não aconteça. zou de tal maneira que admitimos introduzir no texto Sobre a incorporação do ISS, no Relatório Mus- algo que conceitualmente não deveria acontecer. Os sa Demes isso era possível. Hoje parece que aban- impostos de natureza regulatória não têm finalidade de donamos a idéia. Seguramente, facilitaria a origem e arrecadação. Portanto, deveriam servir, pelo menos te- destino. oricamente, de instrumento de política econômica para Na prática, seria possível um dia pensarmos em que o Governo pudesse, em determinado momento, uma reforma maior ou se este será o início de todo o estimular ou inibir a exportação. processo, ou seja, um pouco agora, um pouco depois? Na prática, temos visto que os impostos de natu- Quem sabe, um dia dominaremos o leão, que é o Se- reza regulatória acabam servindo para fazer caixa do cretário, não é o Brasil. Na verdade, o grande leão deste Governo e muito pouco é utilizado como instrumento País é o Secretário da Receita Federal, poderoso, mais de política econômica. Por essa razão, a Comissão re- do que todos nós, ou eventualmente escolhemos um solveu destinar 15% da arrecadação desse tributo para que se enquadre em nossa idéia, e não ao contrário, compensar perdas de natureza permanente. Recursos o que normalmente acontece. não-renováveis significa dizer que daqui a pouco não Concedo a palavra ao Deputado Mussa De- haverá esses recursos à disposição e não haverá ne- mes. nhuma compensação por isso, a não ser um enorme O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Sr. Presi- buraco ou áreas florestais inteiramente devastadas. dente, tentarei ser breve. O Deputado Anivaldo Vale também se queixa O Deputado José Militão preocupa-se com a alí- muito das perdas que aconteceram com a Lei Kandir. quota que poderia ser adotada. Temos de raciocinar Praticamente todos os Estados brasileiros se queixam sobre impostos. Primeiro, não sabemos em que termos disso. Não sei se existe alguma providência do atual virá o projeto de contribuição sobre a folha, que inclusi- Governo. Os Governadores têm-se queixado. Não ve não virá para esta Comissão, mas para a Comissão sei se o Presidente Lula vai encontrar uma forma de Especial da Reforma da Previdência. compensar essas perdas que aconteceram também O Deputado José Militão deve recordar muito no Governo passado. bem que naquela ocasião trabalhamos com alíquota. Não sabemos exatamente o que o Presidente da Se realmente fizéssemos desaparecer a cumulativida- República prometeu, mas parece que o Governador de de uma alíquota de contribuição da ordem de 8% a Aécio Neves está satisfeito com as conversas que teve 9% sobre todas as contribuições então existentes, se com S.Exa. Quem sabe o Governador de Minas Ge- viesse essa contribuição sobre a folha, imagino que rais conseguiu alguma promessa de reposição, pelo isso não aconteceria em nosso projeto. O Deputado menos parcial, das perdas do passado. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57567 As observações do Deputado Walter Feldman fo- de um destemor, de um arrojo! Impressiona-me como ram dirigidas ao Relator. Peço a S.Exa. que, em suas conseguiu tanto em tão curto espaço de tempo. considerações, que devem iniciar-se agora, responda Não nos esqueceremos da nossa situação. Quan- os questionamentos. do o contribuinte paga muito e recebe pouco, parte é O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – devido à corrupção, à incompetência e o restante ao Muito obrigado. desperdício. Em números redondos, 50 bilhões de re- Em meu comentário final, não poderia deixar de ais são inativos públicos; 50 bilhões de reais, superávit assinalar que a contribuição do nosso companheiro e primário, e 100 bilhões de reais, juros, totalizando 200 mestre Deputado Mussa Demes será permanente ao bilhões de reais. longo de todo o trabalho. Ao fazer referência à mon- É justo pagar inativos? Claro, é um dever! Mas o tagem do colegiado de Relatores, o Deputado Mussa retorno ocorreu no passado, não agora. Temos de en- Demes, com a humildade que tem, disse que o papel frentar a situação. A carga tributária era distribuída da do Relator é insubstituível, mas S.Exa. é o nosso co- seguinte forma: 5% do PIB do Município, mais 10% e ordenador. A palestra que fez hoje dá continuidade ao mais 10%. Aumentamos dez pontos, ficando 5%, 10% e que aprendi quando nos conhecemos na Constituinte. 20%, ou seja, a União cresceu 10% do PIB. Essa parte É bom lembrar que naquela época fizemos algo abso- esterilizada representa 10% do PIB. A União ganhou lutamente correto: discutimos o sistema tributário e o o encargo de ter de suportar os juros de rolagem da Orçamento na mesma Subcomissão. dívida e o superávit primário. Quando ouvimos comentários sobre o que fizemos O Governo deverá atirar nesse problema com ab- na ocasião, não podemos nos esquecer de que fizemos, soluta determinação, com mão firme, mas dependerá do ponto de vista da elaboração orçamentária, uma de nós ultrapassá-lo. Trata-se da vida ou morte do impe- verdadeira revolução. Criamos um sistema que ainda rador. Essa não é uma reforma pequena. Vegetaremos não funciona inteiramente: PPA, LDO e o Orçamento mais três, quatro anos, trabalhando todo o País, sem anual. Saímos daquela armadilha de o Deputado não aplicar em nada, sem realizar obras, ou enfrentaremos, poder emendar o Orçamento. Estabelecemos as dire- corajosamente, a questão central? Devemos fazer uma trizes para o ano e plurianualmente vai-se organizan- reforma responsável com as finanças públicas. Não do o endividamento. Aquelas variáveis nas quais não devemos entender que o Governo é voraz e não quer se pode mexer a cada ano passam a ser resolvidas a repartir. À medida que ficarmos livres desse encargo médio e longo prazo. E isso também foi pensado para pesado, que não é apenas dos Governos Federal e o Orçamento. Quando foi feita a descentralização, isso Estadual, mas de todo o povo brasileiro, reduziremos estava em mente. Houve o fortalecimento dos Municí- a carga tributária que cabe à União. pios, mas a idéia é que as atividades fossem descen- Como bem disse o nobre Deputado Francisco tralizadas. Então, não foi um ato irresponsável. Dornelles, poderíamos simplesmente voltar àquela Presto esse reconhecimento ao Deputado Mussa situação da Constituinte. Não teríamos mais de gerar Demes, que não fará apenas um discurso, mas uma superávit, pagaríamos a taxa de juros e aboliríamos os orientação, uma inspiração, inclusive no que se refere monstrengos que foram criados para gerar recursos. ao ponto de partida, ao relatório votado. Realmente, seria uma fantástica reforma tributária. Mas O Governo enviará um projeto que em nada con- não poderemos fazê-la. Se formos irresponsáveis com flita com o relatório do Deputado Mussa Demes, que as finanças públicas, mandaremos as taxas de juros, busca atingir alguns objetivos centrais que estavam que estão nas nuvens, para a estratosfera, para a lua, presentes. não sei para que galáxia. Empresário nenhum quer Comento um pouco a idéia de que a proposta do fazer downsizing em finança pública, o que seria um Governo seria tímida, limitada, restrita e de pequeno tiro no pé. Para onde jogaria a taxa de juros? alcance. Quando ouço alguém falar isso, lembro da- Corajosamente, precisamos enfrentar a situação, queles filmes infanto-juvenis. Havia sempre a arena e o Governo está fazendo o melhor. Já há consenso dos gladiadores romanos. Eles lutavam até que um era com os Governadores e, por intermédio do Conselho vencido. O vencedor, antes de dar o golpe de miseri- de Desenvolvimento Econômico e Social, com os seg- córdia, olhava para o imperador e esperava ele dizer: mentos econômicos do País quanto às vigas mestras vida ou morte. Era um discurso tímido, pequeno, mas que orientarão o objetivo central: dar sustentabilidade que representava tudo: vida ou morte para o vencido. às finanças públicas dos Estados e da União, à Previ- Nem sempre discursos curtos têm pouco significado. dência Social pública, tomando medidas no sentido de A reforma que o Governo está enviando a esta torná-la mais justa socialmente, além da desoneração Casa significa tudo. O que o Governo está fazendo é de alguns produtos do ICMS e da reforma do Imposto 57568 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 de Renda, que tornarão a economia mais dinâmica e inativo entra ou não entra não deveria ser feita lá. É potente. A reforma que receberemos virá com avanço uma discussão de orientação geral. Devem discutir lá imenso, com a consciência de Governadores e de seg- o modelo de Previdência que querem. Vamos discutir mentos econômicos, empresariais e trabalhistas. o sistema tributário, porque ele é integrado. Como va- Teremos agora o que faltou ao Deputado Mussa mos financiar uma coisa ou outra? Demes para as reformas: apoio significativo de Gover- Em relação à desoneração da folha, eles podem, nadores de todos os partidos, pois a reforma deixou no máximo, dizer que querem a contribuição para de ser partidária. Quem se colocar contra ela, estará o Regime Geral da Previdência carimbada. Aliás, o se colocando contra o Governador de seu partido ou Ministro Ricardo Berzoini disse-me hoje, com toda a confessando que nunca será Governo Federal. A re- clareza, que tem de ser carimbada e que não dá para forma não é para o Governo, mas para o País, não é diluir tudo em uma contribuição genérica. Tudo bem. para este momento, mas para o futuro. Essa é a integração que temos de fazer, mas defendo Isso é o que temos de positivo no momento, além que tributo é da reforma tributária, para fazermos uma da experiência e do legado que nos deixou nosso com- discussão mais integrada e sistêmica possível. panheiro Deputado Mussa Demes. Nós é que temos o desafio de fazer uma reforma Não vamos receber uma reforma tão completa, mais ampla, inovadora e harmônica. Essa é uma ta- mas o esqueleto de um prédio. Temos o endereço. Não refa nossa, respeitando essas vigas mestras. É como podemos desmontar tudo e levá-lo para outro lugar. A se fosse uma estrada, falta atravessar um grande rio. estrutura metálica está montada, já temos o volume, o Eles nos ofereceram a ponte. Vamos fazer a caminhada número de andares e a localização. Vamos completar inteira. Se demolirmos a ponte, ficará difícil. Que dife- isso. Se será bom ou não, nós é que vamos fazê-lo. rença faz ouvir o relato histórico do Deputado Mussa Esse é um dever do Poder Legislativo. O Governo não Demes e o nosso relato curto e histórico? A Nação está mandando uma reforma acabada, com todos os quer uma reforma tributária. Há um consenso de Go- detalhes. Respeitado esse esqueleto do prédio, po- vernadores, apoios importantes do empresariado para deremos embelezá-lo mais ou menos, fazer tudo com as questões centrais. escada rolante, sem escada rolante, com elevador e Como vamos compor a questão da origem e do mezanino. Nós é que vamos dar conforto ou não. Va- destino? Como faremos as compensações? Vamos mos fazer as divisórias, pintar e decorar. Nós é que discutir essas questões com competência, até porque vamos rechear essa reforma. Não vamos mudar as todos aqui são experientes e na época em que foram vigas mestras, porque isso já vem com a consciência Governo já viram frustrados uma série de sonhos. dos Governadores, dos segmentos econômicos. É esse Reafirmo minha absoluta crença em que ainda o nosso espaço de trabalho, e é enorme, grandioso, este ano faremos as reformas, a fim de que no dia 1º acertado inclusive com a reforma da Previdência. de janeiro de 2004 elas já possam entrar em vigor. Em relação ao comentário do nosso Presidente Faremos as reformas com soberania, ousadia e cria- a respeito da desoneração da folha e de outras ques- tividade. E, para isso, pretendemos contar com a co- tões, gostaria de expressar minha opinião. Hoje, em laboração de todos. um longo café da manhã, que começou às 7h30min, Desculpem-me, mas sou um entusiasta deste com os Ministros José Dirceu e Ricardo Berzoini, es- assunto – não sei se isso ajuda ou atrapalha. Tenho tava lá também o Deputado Carlito Merss, disse que consciência das dificuldades, mas minha determinação tributo, seja ele qual for, é assunto da reforma tributá- é do mesmo tamanho ou maior do que elas. Sei que ria. Essa é a minha opinião. Trata-se de uma discussão esta Comissão tem o mesmo sentimento e determina- sistêmica. Tudo pode ser, se a discussão for integrada. ção de fazer o que precisa ser feito e já. O Brasil não Não vamos necessariamente aumentar a carga tribu- pode esperar por essas reformas! A União, os Estados tária, porque a nossa discussão é sistêmica, integra- e o povo não podem continuar a ser esmagados pela da. Pode-se fazer a homogeneização de alíquotas do drenagem insuportável do esforço produtivo brasileiro. ICMS sem que nenhum Estado perca, desde que haja De uma maneira ou de outra, chegamos a essa difícil compensações, ou sem aumento de carga tributária, situação e precisamos superá-la. desde que se baixe a carga em outro lugar. A discus- Digo aos companheiros de velhas jornadas, que são é sistêmica. já estão nesta Casa há mais tempo, pois somos jurás- Acredito e vou defender – se o Governo não sicos – refiro-me aos Deputados Jairo Carneiro, Mussa entender, não vou ficar triste – que contribuição, seja Demes, a mim e a outros que já se afastaram —, que ela previdenciária ou social, é tributo e deveria ser não podemos sair do Parlamento sem deixar a marca discutida nesta Comissão. Essa discussão sobre se dessas reformas. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57569 Quando o Deputado Mussa Demes foi Relator da de Governo, na medida em que todos sabem que a Constituinte, essas reformas foram tentadas por nós, União fez crescer as suas e, proporcionalmente, não mas naquela época as circunstâncias fizeram com que fez o mesmo com Estados e Municípios – e isso é re- a grande reforma acabasse não produzindo seus efei- almente preocupante. tos, pois já no dia seguinte foi feita uma contra-refor- O Deputado Virgílio Guimarães disse que no mo- ma reconcentradora. Aliás, talvez essa contra-reforma mento oportuno isso poderá acontecer. O momento atu- tenha sido motivada pela drenagem de recursos que al não permite que já façamos essas alterações, pois os vinha ocorrendo. compromissos assumidos no plano internacional nos Deputado Jairo Carneiro, não vamos sair desta obrigam a ter certa cautela, sem o que poderíamos ver Casa sem realizar esse sonho que é nosso e, sobretu- comprometida a própria estabilidade da moeda. do, do Deputado Mussa Demes, que será nosso Pre- Comungo de seu sentimento e me preocupo muito sidente nesta grande transição. Vamos fazer a nossa com essa situação. Como Deputados, sofremos grande parte! O Brasil vai agradecer agora e no futuro. assédio, especialmente em virtude do tipo de legenda O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) a que pertencemos, que nos torna mais ligados aos – Os dinossauros podem ser modernos. Municípios do que os Deputados da Esquerda. Nossos Cumprimento o Deputado Virgílio Guimarães por companheiros Deputados da Esquerda são mais bem sua contundência verbal. Às vezes, uma boa provoca- votados nas grandes cidades e Capitais, enquanto nós ção promove um debate bastante saudável. Também o somos nas periferias, para as Guaribas e Acauãs cumprimento S.Exa. pela elegância. da vida, onde a cobrança é muito maior. Afinal, quase O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – Os em sua totalidade os Municípios que representamos que me conheceram na Legislatura passada talvez te- não têm base econômica para sobreviver, a não ser nham dificuldades de me reconhecer agora, pois já fui por meio das receitas transferidas. Essa é a razão de eleito o mais deselegante Deputado. nossa grande preocupação. O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feld- Se não pode haver a redução da carga tributária, man) – Nosso Relator, V.Exa. tem de estar sempre que pelo menos agora, durante o processo de reforma muito elegante. tributária, preocupemo-nos com a partilha. Temos de O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO – Sr. Pre- conseguir transferir para os Municípios, principalmente sidente, o Duda Mendonça está penetrando em todas para os mais carentes, parcela maior do que a atual. as esferas do poder. Parece que essa preocupação já ocorre em âmbito O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) estadual. Observei que o Governador do Estado de – Exato, inclusive em nossa Comissão. Minas Gerais tem reclamado bastante da situação. Concedo a palavra ao Deputado Mussa Demes, Imagino que o Governador da Bahia também esteja que fará algumas considerações a respeito da per- fazendo essa mesma cobrança. gunta do Deputado Jairo Carneiro. Imediatamente O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO – Des- depois, S.Exa. assumirá a Presidência e encerrará culpe-me a interrupção, Deputado Mussa Demes, nossa reunião. mas lembro que houve a Carta de Natal, feita pelos O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Deputado Governadores do Nordeste. Naquela ocasião, o Go- Jairo Carneiro, V.Exa. é meu velho companheiro, as- vernador de Minas Gerais estava presente, discutiu o sim como o Deputado Virgílio Guimarães, da época assunto, manifestou sua preocupação e expôs suas da Assembléia Nacional Constituinte. expectativas. Em primeiro lugar, peço-lhe desculpas, pois em O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – É eviden- virtude de descuido de minha parte e do qual me peni- te que a partilha é objeto da reforma tributária. Tenho tencio, sua manifestação foi feita entre a da Deputada certeza de que nosso Relator, que vem acompanhan- Ann Pontes e a do Deputado Anivaldo Vale, acabei do assídua e diariamente nossos trabalhos e anotan- por esquecê-la. Peço desculpas a V.Exa., meu velho do todos os pontos para que possamos formar nossa companheiro e amigo. opinião, vai nos ajudar no momento oportuno. Creio que o Relator, Deputado Virgílio Guima- O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – rães, já forneceu se não uma explicação, uma sa- Deputado Mussa Demes, permita-me. tisfação sobre a forma como o processo está sendo Deputado Jairo Carneiro, para que a redução da conduzido, uma vez que V.Exa. cobra a redução da carga tributária seja possível, temos de levar em con- carga tributária prometida pelo Presidente Luiz Inácio ta as medidas. Isso não quer dizer que agora alguma Lula da Silva na época da campanha. V.Exa. também redistribuição não possa ser feita; pelo contrário, con- cobra a redefinição da partilha nas diferentes esferas sidero que isso deve ocorrer, sobretudo do ponto de 57570 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 vista social, mas também regional e de outras esferas Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada da Federação. Apesar de todas as dificuldades, espero a presente reunião. que essa reforma seja vista como municipalista. COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR Deputada Ann Pontes, V.Exa. sugeriu a realização ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM de uma audiência pública. Aproveito a oportunidade TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA para dizer a todos que a primeira providência tomada O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL. pelo Vice-Presidente eleito foi marcar uma audiência (SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL) pública no Estado da Bahia. Se não me engano, essa audiência será feita no próximo dia 23. Realizaremos 52ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária audiências em outros lugares. Temos o compromisso Ata da 9ª Reunião Ordinária, Realizada em 08 de realizá-las sobretudo onde as preocupações com de Maio de 2003. a reforma sejam mais acentuadas. É claro que uma audiência pública será realizada Às dez horas e trinta e dois minutos do dia oito em Manaus. Ontem, à noite, estive com o Governador de maio de dois mil e três, reuniu-se a Comissão Espe- do Estado do Amazonas. Na oportunidade, reiterei o cial destinada a efetuar estudo em relação às matérias compromisso de ir a Manaus, o que faremos com muito em tramitação na Casa, cujo tema abranja o Sistema prazer. Faltou apenas acertarmos uma data. Parece-me Tributário Nacional, no Plenário 4 do Anexo II da Câ- que, com relação à Bahia, a data já está combinada. mara dos Deputados, com a presença dos Senhores Precisamos ainda acertar o dia com o Estado do Pará. Deputados Mussa Demes – Presidente; Virgílio Gui- Já foi marcada a audiência pública em Santa Catarina marães – Relator; André Zacharow, Antonio Cambraia, e no Paraná. No Estado do Rio Grande do Sul, a au- Armando Monteiro, Beto Albuqueque, Carlito Merss, diência será no dia 5. Todas essas datas foram mar- Carlos Eduardo Cadoca, Edson Duarte, Eduardo Paes, cadas ontem – estou falando os dias de acordo com Francisco Dornelles, Gerson Gabrielli, João Leão, Jorge o que me recordo. Bittar, José Militão, Julio Semeghini, Luiz Bittencourt, O Deputado Pedro Chaves me procurou, e mar- Luiz Carlos Hauly, Lupércio Ramos, Machado, Max camos para o dia 6 a audiência em Goiânia. Aliás, Rosenmann, Nelson Marquezelli, Pauderney Avelino, Paulo Rubem Santiago, Renato Casagrande, Romel encontrei-me com o Deputado Pedro Valadares, que Anizio, Ronaldo Vasconcellos, Sandro Mabel, Walter nos deixou muitas saudades. Chamei o Deputado Pe- Feldman e Walter Pinheiro – Titulares; Ann Pontes, dro Chaves de Pedro Valadares, mas creio que S.Exa. Eduardo Sciarra, Fernando Gabeira, Gervásio Silva, não se ofendeu, porque o outro também é um grande Jaime Martins, Júlio Cesar, Júlio Redecker, Paulo Afon- companheiro. so, Paulo Pimenta, Pedro Chaves, Pedro Fernandes, Marcamos a data com o Deputado Pedro Cha- Reginaldo Lopes, Wasny de Roure e Yeda Crusius ves, que também é nosso companheiro aqui e na – Suplentes. Compareceram também os Deputados Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Darcísio Perondi, Elimar Máximo Damasceno, Francisco Fiscalização. Appio, Marcelo Castro, Milton Cardias, Pastor Reinal- Enfim, Deputada Ann Pontes, a questão é sim- do e Serafim Venzon, como não-membros. Deixaram plesmente acertarmos a agenda. Parece-me que tam- de comparecer os Deputados Delfim Netto, Edmar bém existe uma preocupação com relação ao Estado Moreira, José Mentor, José Roberto Arruda, Marcelo do Tocantins, mas depois combinarei essas visitas Teixeira, Narcio Rodrigues, Paulo Bernardo e Sérgio com o Presidente. Miranda. Havendo número regimental, o Senhor Pre- Nosso escritório está quase funcionando. Com sidente, Deputado Mussa Demes, declarou abertos os a chegada do projeto do Governo, a situação se es- trabalhos. ATA – O Deputado Eduardo Paes solicitou a tabelecerá. dispensa da leitura da ata da 8ª reunião, cujas cópias Muito obrigado. haviam sido distribuídas antecipadamente. Em discus- O SR. PRESIDENTE (Deputado Walter Feldman) são e votação, a ata foi aprovada, sem restrições. EX- – Com muita alegria, registro a presença do Deputado PEDIENTE: Correspondências Recebidas: a) Ofício nº Benito Gama, ex-Presidente da nossa Comissão. 252/2003 do Presidente da Assembléia Legislativa do Passo a palavra ao Presidente, Deputado Mussa Estado de Rondônia, Deputado Carlão de Oliveira, en- Demes, para que encerre nossa reunião. caminhando cópia da Lei de Diretrizes Orçamentárias, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) bem como da legislação existente no que se refere a – Agradeço ao Deputado Walter Feldman a maneira incentivos fiscais e b) Ofício nº 354/2003, do Presidente como conduziu os trabalhos. da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57571 Deputado Romário Dias, informando que a legislação O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) sobre incentivos fiscais de 1988 até hoje, bem como – Havendo número regimental, declaro aberto os tra- a Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de balhos da presente reunião da Comissão Especial do 2002 encontram-se disponibilizados no site da Assem- Sistema Tributário Nacional. bléia. ORDEM DO DIA: O Senhor Presidente anunciou Tendo em vista a distribuição antecipada de có- que a reunião fora convocada para eleição do Segundo pias da Ata da 8ª reunião, realizada em 24 de abril de e Terceiro Vice-Presidentes; Audiência Pública com o 2003, a todos os membros presentes, indago ao Ple- Governador do Rio Grande do Sul, Dr. Germano Ri- nário se há necessidade da leitura da mesma. gotto; e apreciação de requerimentos. Prosseguindo, O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Sr. Pre- o Deputado Mussa Demes, com a anuência da Co- sidente, solicito a dispensa da leitura da ata. missão, informou que a eleição dos Vice-Presidentes, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) ficaria para a próxima semana. Em seguida, anunciou – O Deputado Eduardo Paes pede a dispensa da lei- a presença do Deputado Victorio Emanuele Falsitta, tura da ata. Relator da Comissão da Reforma Tributária da Itália, Em discussão a ata. (Pausa.) justificando a importância da Comissão ouvir o depoi- Não havendo quem queira discuti-la, passa-se à mento do parlamentar italiano. Durante a exposição votação. (Pausa.) do parlamentar italiano, adentrou ao Plenário da Co- Aprovada. missão o Governador do Rio Grande do Sul que foi Correspondência recebida. saudado com palmas pelo Colegiado e convidado a Dou conhecimento à Casa de ofício recebido do tomar assento à Mesa. A palavra foi dada, novamente Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de ao Deputado Falsita para as considerações finais. A Rondônia, Deputado Carlão de Oliveira, encaminhando seguir, o Senhor Presidente, Deputado Mussa Demes, cópia da Lei de Diretrizes Orçamentárias, bem como da legislação existente no que se refere a incentivos agradeceu ao Deputado Victorio Falsitta a breve ex- fiscais. Solicitação feita pelo Deputado Paulo Rubem posição e registrou as presenças do Embaixador da Santiago. Itália e do Senador Pedro Simon à reunião. Na seqü- Ofício nº 354/2003, do Presidente da Assembléia ência, o Deputado Mussa Demes, Presidente, passou Legislativa do Estado de Pernambuco, Deputado Romá- a palavra ao Dr. Germano Rigotto, Governador do Rio rio Dias, informando que a legislação sobre incentivos Grande do Sul e Presidente da Comissão Especial da fiscais de 1988 até hoje, bem como a Lei de Diretrizes Reforma Tributária, na Legislatura anterior. Finalizada Orçamentárias para o exercício de 2002, encontram- a exposição e após os devidos agradecimentos, o Se- se disponibilizados no site da Assembléia. nhor Presidente passou a palavra ao Deputado Júlio Aliás, nós já os recolhemos também. Redecker, autor do requerimento que originou a vinda Ordem do Dia. do Governador. A seguir, interpelaram o palestrante os Esta reunião foi convocada com a seguinte fina- Senhores Deputados Luiz Carlos Hauly, Paulo Afonso, lidade: eleição de 2º e 3º Vice-Presidentes; audiência Renato Casagrande, Francisco Dornelles, José Militão, pública com o Governador do Rio Grande do Sul e Wasny de Roure, Júlio César, Ann Pontes, Vanessa apreciação de requerimentos. Grazziotin, Marcelo Castro, Paulo Rubens Santiago e Sugiro ao Plenário que transfiramos a eleição do Virgílio Guimarães, Relator. O Deputado Gerson Ga- 2º e 3º Vice-Presidentes para a próxima reunião, uma brielli, Primeiro Vice-Presidente, presidiu a reunião das vez que estamos um pouco atrasados para o início onze horas e vinte e cinco minutos às treze horas e dos nossos trabalhos e também porque nos honra hoje cinco minutos. Os requerimentos constantes da pauta com o seu comparecimento ao plenário da Comissão não foram apreciados. ENCERRAMENTO: Às quatorze o Sr. Deputado Vittorio Emanuele Falsitta, Relator da horas e cinqüenta e três minutos, o Senhor Presidente Comissão de Reforma Tributária da Itália. (Palmas.) encerrou a reunião e convocou uma próxima para quin- Eu, na condição de Presidente, o convidei a pres- ta-feira, dia 15, às 10h, com a seguinte pauta: debate tar à nossa Comissão depoimento a respeito de como sobre a proposta de Reforma Tributária, enviada pelo andam os trabalhos no seu país. Convido, portanto, o Governo. A presente reunião foi gravada e suas notas Deputado Vittorio Falsitta para compor a nossa Mesa taquigráficas, após decodificadas farão parte integrante de hoje. desta Ata. E, para constar, eu, Angélica Maria Landim Tendo em vista que o ex-Deputado e atual Gover- Fialho Aguiar, Secretária, lavrei a presente Ata, que nador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto ainda não depois de lida e aprovada, será assinada pelo Senhor chegou a este recinto, gostaria que o Plenário ouvisse Presidente e irá à publicação. do Deputado Vittorio Falsitta como anda a tramitação 57572 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 na Itália da proposta que visa promover alterações no Essa faixa de renda isenta de imposto diminui em sistema tributário daquele país. função do aumento da renda. E ela acaba mais ou me- Com a palavra o Deputado Vittorio Falsitta. nos em um valor de 20 mil dólares. Então, quem tem O SR. VITTORIO EMANUELE FALSITTA – (Ex- uma renda de aproximadamente 150 mil dólares por posição em italiano.) ano não terá custos a ser deduzido dos impostos. O SR. FILIPPO LA ROSA (Intérprete) – Muito Outro elemento que vai se destacar na nossa obrigado, Presidente. Muito obrigado, sobretudo pela reforma se refere às pessoas jurídicas. Há o reconhe- oportunidade que me oferecem aqui. cimento de um consórcio de empresas. A holding que Quero dizer muito claramente, desde o começo, controla um grupo de empresas vai ser o único sujeito que agradeço e estou muito fascinado pelo jeito, pela que vai pagar os impostos. O regime jurídico dos bens forma que no Brasil está-se encarando a questão da que circulam no interno da holding, das empresas que reforma tributária, com muita paixão, porque só quando fazem parte da holding, é neutro. Não se paga imposto existe uma paixão como essa é que se vai realmente na movimentação entre as empresas. conseguir fazer mudanças profundas. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Tendo conhecimento que essa é uma sessão mui- – Acaba de chegar ao recinto o ex-Presidente da Co- to importante, vou tratar de ser muito breve e só dizer missão de Reforma Tributária, Governador Germano as partes mais fundamentais da nossa reforma. Rigotto, para quem peço uma salva de palmas. (Pal- Na Itália, mais ou menos temos os mesmos pro- mas.) blemas que os senhores têm aqui; o que muda são Peço ao Deputado Vittorio Falsitta que continue as razões, as causas que determinaram essas ques- sua exposição. tões. O SR. VITTORIO EMANUELE FALSITTA – (Ex- Mas também temos limites e problemas profun- posição em italiano.) dos para interferir, para fazer mudanças no sistema O SR. FILIPPO LA ROSA (Intérprete) – Agrade- tributário fiscal. ço. Vou tentar terminar, para não tomar mais o tempo Os problemas que temos e os vínculos que temos de V.Exas. lá são dois. Temos de fazer política monetária sem fazer Quero sublinhar que o momento em que se vai política fiscal, porque estamos na área do euro. decidir mudar o sistema fiscal é, na realidade, o mais Também na política fiscal temos capacidade li- oportuno para voltar a conceber de forma diferente mitada, porque temos de respeitar os parâmetros de o que é a tarefa de um sistema fiscal dentro de uma Mastrich. sociedade. De todo jeito, temos de mudar nosso sistema fis- Há vários modos de enxergar o sistema fiscal. Um cal, porque ele é injusto, está sendo ineficiente, e pode que acha que os impostos não têm de alterar, turbar, ser um mau exemplo. É injusto, porque os impostos modificar o sistema produtivo, e aquele que acha que não estão sendo pagos de forma uniforme por todas o imposto tem, de forma absoluta, de incidir, modificar, as categorias de trabalhadores. Sobretudo estão sendo ter repercussões sobre o processo produtivo, de modo pagos pelos trabalhadores dependentes. a ajudar os setores que são definidos bons, enquanto É ineficiente, porque temos na Itália uma quanti- são bons para o sistema produtivo, e não ajudam a dade enorme de leis; são muitas leis e elas repercutem gerar problemas para aqueles que são considerados sobre a estabilidade do quadro legislativo fiscal. bons para o sistema produtivo. E não é competitivo pela empresa, porque a im- Eu me incluo nessa segunda categoria que acha posição fiscal na Itália fica sendo muito elevada, e, que o sistema fiscal pode modificar os processos pro- pela empresa, também são elevados os custos para dutivos. Creio que o sistema fiscal, como estava expli- determinar a renda que tem de ser taxada, para de- cando, hoje pode ser o instrumento principal, se utiliza- terminação do impunível que vai ser taxado. do de um jeito correto, para conduzir ao bem comum, Um dos pontos mais importantes que se destacam ajudar as áreas mais pobres da sociedade. Acho que na nossa reforma é o seguinte: tem de haver impostos ele pode se tornar um sistema principal para governar sobre a pessoa física. os efeitos negativos do sistema neoliberal. Vamos passar de um regime com cinco alíquotas Então, se essa vai ser a direção que este Parla- a um regime com duas alíquotas. Uma de 23%, com mento vai tomar, nós ficaremos ao lado de vocês. Fico valor de mais ou menos 100 mil dólares. E acima dos à disposição para qualquer tipo de ajuda futura. 33%, para o imposto sobre as pessoas físicas, estamos Muito obrigado. (Palmas.) prevendo uma alíquota, uma faixa de crédito que não O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) tem alíquota que são isentas de impostos. – A Mesa agradece ao Deputado Vittorio Falsitta a Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57573 gentileza de proferir essa breve exposição, muito im- que não se conseguiu até aqui, ou seja, não apenas portante para que nossos trabalhos continuem se de- promover o debate de um projeto e aprovar a proposta senvolvendo. É uma legislação que também se aper- de um sistema tributário que surja desse debate, uma feiçoa no país vizinho. estrutura tributária nova, mas a aprovação do Plenário. Registro, no momento, a presença do Embaixa- Conseguimos a aprovação por 35 votos a 1, ou seja, dor da Itália, Dr. Vincenzo Petrone, a quem agradeço um voto contrário foi mais de protesto, porque existia também o comparecimento. (Palmas.) a tese dos tributos não-declaratórios. E como existia Honrando nossos trabalhos, agradeço também tributo declaratório ficou marcada a posição. Com 35 ao destemido, combativo e respeitado Senador Pedro votos a 1, aprovamos uma proposta de reforma tribu- Simon, do Rio Grande do Sul, a presença. (Palmas). tária passando por cima de divergências partidárias e Meus prezados companheiros, a audiência de ideológicas. Conseguimos avançar na negociação com hoje, com toda certeza, de todas as que realizamos a União, Estados e Municípios depois da aprovação até agora, é a mais esperada. na Comissão, uma alternativa que aperfeiçoava aque- Vamos ter hoje a oportunidade e o privilégio de le trabalho. Infelizmente, até hoje, estamos esperando ouvir o ex-Presidente desta Comissão, o Presidente que o projeto seja votado no plenário. Mudaram os Go- que deu a ela realmente a dimensão que merecia ter vernos Estaduais, o Governo Federal e o Congresso na Legislatura passada, com seu estilo combativo, Nacional. Temos, então, a oportunidade de discutir e destemido, que nunca faltou com sua presença onde votar definitivamente essa reforma. se fez necessária, que percorreu, num curto espaço O Deputado Virgílio Guimarães, nosso Relator, de tempo, todos os Estados da Federação brasileira tem a incumbência de ser o ponta ou centroavante e que deu altivamente respostas às provocações que e ajudar na concretização da reforma. Fiquei muito recebemos em diversos momentos dos nossos tra- feliz, Deputado Virgílio Guimarães, de tê-lo recebido balhos, partidas especialmente naquela ocasião do em nosso Estado, há poucos dias, para debater essas próprio Poder Executivo. questões. Agora esse debate começa a acontecer com A presença do Governador Germano Rigotto nes- muito mais profundidade no intuito de definir o que vai ta Comissão é, para nós, motivo da mais alta satisfa- ser alterado em relação à proposta do Executivo. ção, porque com sua experiência, com o conhecimento Sr. Presidente, cumprimento os Deputados Virgílio que acumulou ao longo dos anos, certamente agora, Guimarães e Gerson Gabrielli, membros desta Comis- na condição de Governador do seu Estado, enrique- são, os Deputados que se encontram aqui presentes cerá nossos trabalhos com a exposição que nos fará e trabalharam conosco, os Deputados do Estado do a partir de agora. Bem-vindo, Governador Germano Rigotto, eterno Rio Grande do Sul e de todos os Estados da Federa- Presidente da Comissão da Reforma Tributária. ção que compõem a Comissão de Reforma Tributária O SR. GERMANO RIGOTTO – Eu gostaria de e meus colegas do Congresso Nacional. Agradeço cumprimentar a todos e dizer, Presidente Mussa Demes, ao Senador Pedro Simon a presença. Na pessoa da da alegria que é retornar à Casa e à nossa Comissão. Angélica, nossa eterna Secretária da Comissão de Quando digo à nossa Comissão é porque estou ali na Reforma Tributária, cumprimento toda a assessoria galeria, com muita honra e orgulho, ao lado de Depu- da Comissão e todos os funcionários da Casa. Cum- tados como Francisco Dornelles e Yeda Crusius, aqui primento também a imprensa que cobre essa reunião. presentes, e vários outros Parlamentares que passaram Agradeço, portanto, a todos a presença. pela Presidência da Comissão de Finanças e Tributa- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na verda- ção. E aqui é a nossa sala da Comissão de Finanças de, após trabalho realizado no sentido de aprovarmos e Tributação. E era nesta sala, neste Plenário 4, que a reforma tributária – e não aconteceu a aprovação da acontecia a maior parte das reuniões da Comissão de reforma tão esperada na Legislatura passada —, alguns Reforma Tributária, quando tive a honra de presidir os diziam: todo o tempo foi perdido; tudo o que foi feito, na trabalhos da Comissão. verdade, foi tempo perdido. Visitamos 27 Estados da Tenho a alegria de ver na Presidência da Co- Federação e conversamos com Governadores, Prefei- missão o Deputado Mussa Demes, eterno Relator da tos e entidades representativas da sociedade. Comissão de Reforma Tributária, que hoje mudou de O então Presidente da Comissão aproveitava as posição: não é ponta direita nem ponta esquerda, é palestras para as quais era convidado e pedia a quem centroavante, ou mudou de centroavante para pontei- me convidava que indicasse um local onde pudesse ro. Espero, Deputado Mussa Demes, com a ajuda dos pernoitar. Visitamos 27 Estados da Federação – sem membros da Comissão, que possamos conseguir aquilo nenhuma passagem e diária pagas pelo Legislativo 57574 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 —, mobilizamos todos em favor da reforma e procu- Agregado, e um tributo sobre patrimônio e renda, no ramos ouvir todos. Brasil, temos essa doidice que é o sistema tributário. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Prezado companheiro e amigo Francisco Dornel- – Com as minhas desculpas, peço às pessoas que se les, à época da promulgação da Constituição Federal, encontram na bancada que cedam seus lugares aos de 1988, não havia essa situação. O modelo tributário, Deputados, porque há muitos Parlamentares, inclusi- que foi pensado à época, não tinha esse conjunto de ve membros da Comissão, de pé. Essa bancada está contribuições sociais que complicou o sistema tribu- reservada aos Deputados, tendo em vista que hoje o tário, recaindo sobre a base de consumo. Mas o pior comparecimento a esta Casa foi muito maior do que de tudo é que temos 27 ICMS e mais de quarenta alí- o esperado. quotas do ICMS; o pior de tudo é que o Governador O SR. GERMANO RIGOTTO – Sr. Presidente, Germano Rigotto resolve anunciar que vai reduzir, no Srs. Deputados, considero que o que foi feito não se seu Estado, a alíquota para zero. perdeu. Com o resultado de vários anos de debate – Não há nada que exista no meu Estado que te- como Presidente desta Comissão durante dois anos, nha no Maranhão em relação a determinado setor. E promovi debates desde 1995 com várias Comissões eu vou tentar trazer uma empresa do Maranhão para – criamos um conjunto de informações e alternativas cá, reduzir a alíquota para zero – não há impactação que estão contidas, muitas delas, na proposta envia- nas minhas finanças, porque, na realidade, não vou da pelo Executivo ao Congresso Nacional. É bom que perder nada – e atrair o investimento daquele Estado. se diga que muitas propostas debatidas, analisadas, E tento puxar o investimento do Maranhão, com a re- dissecadas pela Comissão de Reforma Tributária, na- dução de alíquota, sem respeito ao CONFAZ, porque quela ocasião, estão contidas no texto enviado pelo o CONFAZ está desmoralizado. E simplesmente fica Executivo. o Estado do Maranhão com duas alternativas: ou re- É bom lembrar que o Vice-Presidente da Co- duz alíquota e perde receita, no momento em que os missão era o atual Ministro Antonio Palocci, que teve Estados não podem perder receita, ou simplesmente importante papel durante os trabalhos da Comissão, diz que não vai reduzir a alíquota e perde competitivi- como também o ex-Deputado Antonio Kandir – infe- dade. A situação é insuportável. lizmente para o Congresso Nacional hoje não é mais Esta doidice de termos 27 legislações com de- Deputado Federal. Mas quero fazer justiça ao trabalho zenas de alíquotas cria problemas seriíssimos, inclu- que fez. Como membro da Mesa Diretora da Comis- sive o aumento da evasão fiscal. Isso tem de ser dito, são, S.Exa. fez um trabalho muito forte, como todos porque alguns entendem que isso tira a autonomia os Deputados da Comissão. dos Estados. Posso citar o trabalho de cada um. O que fez o Será que 27 Governadores e Secretários de Fa- Ministro Antonio Palocci? Aproveitou aquele projeto e zenda de então, quando presidíamos a Comissão de retirou dele pontos importantíssimos que estão conti- Reforma Tributária, concordaram com isso naquele dos no projeto atual. Se V.Exas. me perguntarem qual momento e 27 Governadores e Secretários da Fa- o ponto que destacaria – a meu ver é fundamental que zenda estão concordando com isso hoje porque é seja aprovado na reforma tributária —, eu diria que é ruim? Será que é por ser ruim que 27 Governadores o ICMS com uma única legislação e com cinco faixas concordaram naquela oportunidade e estão concor- de alíquotas em todo o território nacional. dando hoje? Com certeza, é por ser uma mudança Agora Governador, estou dando conta de que fundamental para termos um sistema tributário mais – mais do que me dava conta como Deputado Federal racional, mais eficiente e com mais estabilidade – é o – essa bagunça do ICMS não pode continuar. Se o objetivo da reforma tributária. Deputado Vittorio estudasse um pouquinho mais o Alguém poderia me perguntar se o ICMS tem a IVA, Imposto sobre o Valor Agregado, cobrado na Itália, ver com a federalização do ICMS. São coisas total- na Alemanha, na Espanha e na França, certamente mente diferentes. concluiria que aquele imposto nada tem a ver com os Lembrem-se, meus companheiros de Comissão nossos impostos. na Legislatura passada, de que a Receita Federal Na verdade, temos vários tributos, como o ICMS, chegou a aventar a possibilidade de termos o ICMS IPI, COFINS, PIS, CPMF e ISS, recaindo sobre a mes- federal. Lembrem-se disso. O ICMS seria arrecadado ma base de consumo, uma situação horrível pela qual pela União, haveria uma fusão com o IPI, algo positi- está passando o sistema tributário brasileiro. vo, teríamos um processo de racionalização, poderia Quando no mundo inteiro há um grande tributo trazer contribuições para dentro disso, e haveria uma sobre o consumo, geralmente o Imposto sobre o Valor partilha com os Estados. Alguns podem dizer que a Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57575 federalização do ICMS seria muito mais racional. Só que nas contribuições não teremos grandes mudanças. que politicamente é inviável. E é inviável o Estado per- O que está sendo acenado no campo das contribui- der seu tributo dentro da formação da Federação bra- ções? Uma alíquota máxima da CPMF de 0,38%. sileira. Não estou falando de federalização do ICMS, Discordo do Relator, Deputado Virgílio Guima- mas de legislação única do ICMS, o que é totalmente rães, que chegou a conversar sobre a possibilidade diferente. A arrecadação é do Estado. de termos um aumento dessa alíquota da CPMF para Considero este um ponto importantíssimo den- resolver pendências como, por exemplo, o Fundo de tro da proposta de reforma tributária que o Executivo Compensação dos Estados Exportadores. Há outras enviou a esta Casa, porque não saiu do nada, mas de formas. A alíquota de 0,38% é a máxima a que pode- um grande debate e da análise do quadro atual, que mos chegar, e esse teto deve constar da Constituição não pode continuar. Federal. O que diz o Governo? Ela poderá chegar a Se me perguntarem sobre outras mudanças pro- 0,08% e ser aquilo que defendíamos, uma Contribui- postas pelo Executivo ao Congresso Nacional, eu di- ção sobre Movimentação Financeira que instrumen- ria que, nas contribuições sociais, não estamos tendo talize a Receita Federal e que sirva não tanto pelo efetivamente grandes mudanças. Temos acenos de efeito arrecadatório, mas exatamente para combater mudança. a evasão fiscal. Conseguimos aqui fazer com que o PIS deixas- Ficará na Constituição Federal a alíquota de se de ser uma contribuição cumulativa para ser uma 0,38%, com a possibilidade de chegar a 0,08%. Mas contribuição sobre valor agregado. Daí a preocupação se não houver a definição do tempo, isso vai para o com a calibragem de alíquota. espaço. Vai ficar eternamente em 0,38%. Não tenho Se a reforma tributária não deve tirar receita da dúvida. Cheguei a dizer isso ao Ministro Palocci. Terí- União, dos Estados e dos Municípios, ela não está amos que determinar, nem que fosse nas Disposições acontecendo também para aumentar a carga tributá- Constitucionais Transitórias, o período de redução da ria. Ela é neutra na sua arrancada. Sempre se disse alíquota de 0,38% para 0,08%. Não podemos tirar re- isso. Ela, mesmo neutra na arrancada, dentro de um ceita da União neste momento. Ela não pode abrir mão sistema mais racional e mais eficiente, vai permitir a dos 20 bilhões de reais que arrecada com a CPMF. melhor distribuição da carga tributária. Com a desone- Só que também precisamos compreender que, se o ração das exportações, a diminuição da carga sobre objetivo é caminhar de 0,38% para 0,08%, não pode- os produtos essenciais e a desoneração da produção mos apenas deixar que esses valores representem o vai ter efeitos de redução de cargas setoriais, mas teto e o piso. Temos de saber como iremos caminhar sempre com a calibragem de alíquota fazendo com para 0,08%. que não tenhamos perda de arrecadação para União, Esteve nesta Comissão, no mês passado, o Sr. Estados e Municípios. Ives Gandra, ocasião em que disse algo que considero Vou falar sobre o pacto federativo depois e dar verdadeiro: precisamos ter cuidado na mudança de um minha opinião sobre a movimentação dos Prefeitos e tributo, porque podemos ter embutido nela algo positi- até de Governadores para rediscutir a fatia de Estados vo, que é o fim da cumulatividade de uma contribuição e Municípios. Mas vamos lá. A reforma é neutra. social e um aumento de carga tributária. Para os meus amigos da imprensa que aqui es- Tivemos aumento de carga tributária com o PIS. tão – alguns dizem que não teria por que realizar uma O Sr. Ives Gandra disse que a alíquota do PIS, segundo reforma neutra, porque não vai haver mudança – vai estudo da FIESP, deveria ser de 1,1%. Há um cálculo haver mudança sim. Vai distribuir melhor a carga. A que mostra que a União, só com a mudança no PIS, reforma pode ser neutra na arrancada, pode estabe- terá um aumento de arrecadação de 6 bilhões de reais, lecer uma carga tributária que não diminua, pode ter o que significa que houve aumento de carga tributária uma calibragem de alíquota que signifique a manu- – o dobro, está dizendo o ex-Ministro Dornelles. tenção da carga tributária, mas terá um efeito que, se Precisamos ter cuidado, porque às vezes o obje- ampliada a base tributária, irá reduzir a evasão fiscal tivo é um, e terminamos chegando a outro porque au- e o País vai ter um sistema tributário mais eficiente, mentamos a carga tributária. O que representa retirar a porque vai ampliar a base e dar condições de reduzir cumulatividade de uma contribuição? Dar transparência cargas setoriais. àquilo que está sendo cobrado. Se observarmos, por É um equívoco pensar que uma reforma tributária exemplo, o café que está aqui e o que vamos comprar neutra não vá significar a manutenção do status quo. no supermercado, a COFINS está na tinta vermelha, Nada disso. Vai haver redução de cargas setoriais e, na tinta amarela, na tinta azul, no papel que determi- obrigatoriamente, uma diminuição da evasão fiscal. Diria nou a embalagem. Se há três etapas de produção, há 57576 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 três incidências de COFINS – o PIS agora está como Alguns me dizem que em determinados Estados valor agregado; se tivermos cinco etapas, a COFINS já existe alíquota reduzida. Mas em outros, não. De será cobrada cinco vezes! Isso não determina transpa- acordo com o produto e com o Estado existe variação rência nenhuma. Não sabemos quanto está embutido de alíquotas. Então, teremos em todo o território na- de tributo no produto que estamos consumindo. De cional uma alíquota muito reduzida para alimentos e acordo com o número de etapas, será cobrada tantas medicamentos. vezes a COFINS. Essa alíquota especial é muito importante, e dis- Essa situação – que, no meu modo de ver, é uma cordo do Sr. Ives Gandra, que diz que com reforma tributação sobre valor agregado, transformado de cumu- tributária não se faz distribuição de renda ou não se lativo para valor agregado – dá transparência. consegue enfrentar os problemas sociais. Alguns dizem que irá aumentar a alíquota. Claro Hoje o trabalhador de baixa renda não tem como que aumenta a alíquota, mas há transparência. E mais fugir da tributação indireta. O trabalhador que ganha do que transparência, não ocorrem os problemas que até três salários mínimos não paga Imposto de Renda. existem no tributo cumulativo. Por mais que se diga que Mas quanto ele paga de tributo embutido no alimen- conseguimos retirar tributos cumulativos das exporta- to? Tivemos aqui depoimentos que mostraram que o ções, desonerá-las, com eles é muito difícil acreditar alimento industrializado chega a ter 34,7% de imposto que se vai realmente desonerar as exportações. En- embutido, e a média mundial é 9%. Quem é que paga tão, temos tributos cumulativos que efetivamente não essa conta? Todos nós. Só que nós podemos pagar existem em outros lugares do mundo. Apenas três ou aquilo que um trabalhador que ganha um, dois, três quatro países têm esse tipo de tributo, não mais do salários não sabe que está pagando – e perdendo 13% que isso. É claro que, no momento em que ser retira do que ganha com tributos embutidos no alimento. a cumulatividade, ocorre aumento de alíquota. Alguns dizem que a redução de impostos sobre Se observarmos bem, veremos que o aumento os alimentos não se vai refletir no preço dos produtos. de alíquota não significou aumento de carga tributária. Pelo amor de Deus! Pode até não se refletir no primeiro Se calibrarmos bem essa alíquota, não existe aumento momento, mas se reflete no segundo. Obrigatoriamente de carga tributária. tem que diminuir o preço do produto. O que me preocupa é que na proposta que che- Existem avanços importantíssimos nas mudan- gou ao Congresso Nacional temos acenos importan- ças do ICMS. Poderiam me perguntar sobre os proble- tes para a retirada da cumulatividade. Temos a CPMF mas. Eu avançaria na mudança origem/destino. Nós, com redução de alíquota, temos alguns acenos, mas com toda a dificuldade, pensamos em uma câmara de acho que a Comissão e o Congresso teriam de acer- compensação que pode ser aperfeiçoada. Tínhamos tar melhor isso. sete anos de transição para mudar origem/destino. A E muito cuidado com a questão de calibragem mudança origem/destino, com o tempo, põe fim a essa de alíquota! Se não houver cuidado com isso, efetiva- absurda guerra entre Estados, que vai chegar a uma mente vamos ter aumento de carga tributária. Se me situação insustentável de perda de arrecadação. Vai perguntarem se podemos garantir isso na Constitui- cair a arrecadação dos Estados devido a essa guer- ção, responderei que não. Trata-se de matéria objeto ra fiscal. de legislação infraconstitucional. Mas, no momento em Aqueles que acham que estão ganhando hoje que estivermos trabalhando a mudança na Constitui- vão perder amanhã. Então, se não entrarem na guer- ção, temos de trabalhar junto o que vai representar a ra fiscal, estarão perdendo investimento. Não dá para legislação infraconstitucional, inclusive com alíquotas, continuar do jeito que está. fazendo simulações. Se me perguntarem se a legislação única de Vejo críticas ao estabelecimento de uma alíquo- ICMS termina com a guerra fiscal, direi que não. Ela dá ta especial para os alimentos, que considero uma das um novo ordenamento, melhor. A guerra fiscal efetiva- grandes vantagens que teremos na reforma tributária. mente tem condições de ser barrada com a mudança Haverá uma alíquota especial, uma alíquota amplia- origem/destino, que não vai ser feita num curtíssimo da, uma alíquota reduzida, uma alíquota básica, uma espaço de tempo. No nosso projeto estava prevista uma alíquota seletiva, e a legislação infraconstitucional vai transição de sete anos. A resistência de Governadores definir que produtos terão alíquota especial. No meu – e quando digo de Governadores, estou dizendo de modo de ver, não devem ser apenas os alimentos. Os Estados – à mudança origem/destino fez com que o medicamentos também deveriam ter alíquota especial. Governo optasse por manter a origem. E alimento não é o caviar, alimento é o produto essen- Acredito que um dos trabalhos mais difíceis que cial, que vai estar com uma alíquota bem reduzida. esta Comissão deve ter é na discussão da mudança Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57577 origem/destino, do que ela representa e da forma para tributos que recaem sobre o comércio exterior: o Im- realizar uma boa transição, porque tanto na reforma posto de Importação, o Imposto de Exportação, tributos previdenciária quanto na reforma tributária o segredo regulatórios, porque parte desses tributos não compõe o está na transição. Se houver transição, as coisas po- fundo para repor a perda dos Estados exportadores. dem ser conseguidas com mais facilidade. Trago essa sugestão à Comissão e faço um apelo Talvez com uma boa transição e com uma garantia aos Srs. Deputados: que ao analisar a constitucionali- na câmara de compensação possamos ter maior se- zação da desoneração das exportações, não deixem gurança para os Estados produtores e a possibilidade de analisar a constitucionalização também do fundo de realizar a mudança para o destino. de reposição de perdas, senão a qualquer momento Outro ponto que ressaltamos para o Ministro Pa- podemos perder uma arrecadação absurda, pelo es- locci, desde o primeiro momento – essa foi uma dis- forço exportador que cada Estado faz. cussão também realizada na Comissão de Reforma Chamo a atenção para isso porque, no projeto Tributária, na Legislatura passada, foi o esforço para encaminhado ao Congresso Nacional, está defini- que o Brasil fique menos dependente do capital es- da apenas a desoneração, mas não na Constituição. peculativo internacional, o que significa termos mais Por mais que o Governo diga querer que o fundo se superávit na balança comercial. Precisamos exportar mantenha e até que seja aperfeiçoado, prefiro que se mais, e esse esforço para exportação tem de ser feito tenha a desoneração de forma constitucionalizada, pelos Estados. Agora os Estados exportadores não assim como o fundo. podem pagar a conta, pelo esforço que fazem, para Coloco-me à disposição, Sr. Presidente, Sr. Re- aumentar suas exportações. lator, Sras. e Srs. Deputados, para tentar esclarecer A desoneração das exportações está constitucio- alguma dúvida. Todos os presentes que participaram nalizada no projeto do Governo. É preciso constitucio- do nosso trabalho sabem o que foi feito, sabem como nalizar também a reposição das perdas dos Estados construímos, sabem a base que foi montada para o exportadores. Não estou pedindo favor nenhum para projeto que está aí – que é diferente, mas tem muita os Estados. coisa daquilo que produzimos. Ontem o Vice-Presidente José Alencar foi ao Rio Agradeço aos Deputados Mussa Demes, Virgílio Grande do Sul e disse que é totalmente a favor disso; Guimarães, Gerson Gabrielli, Pauderney Avelino, bem o Ministro Palocci também nos tinha dito. como a cada um dos membros da Comissão a lembran- A Lei Kandir desonerou as exportações, e esta- ça de me convidarem para participar deste encontro. mos recuperando 40% das perdas dos Estados ex- Fiquei muito honrado por ter sido o primeiro depoente portadores com ela. Tivemos ameaça, no final do ano ouvido após a chegada do projeto de reforma tributá- passado, de ficar sem os recursos de reposição da Lei ria ao Congresso Nacional. Fico muito agradecido pela Kandir. Por quê? Porque o fundo estava caducando, es- lembrança, pela consideração que tiveram comigo. tava chegando o final do ano, e simplesmente ninguém O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) se movimentou para revalidá-lo. E não havia recursos – Obrigado, Governador. V.Exa. encaminhou essa ma- no Orçamento para repor as perdas dos Estados. téria durante dois anos, e tudo indica que vai continuar Graças a um trabalho que iniciei, conseguimos no Governo do Rio Grande do Sul e na convivência fazer uma mobilização para garantir recursos, com o com seus companheiros. Esperamos produzir um texto apoio dos Srs. Deputados, e revalidar o fundo, que ca- que, se não representar o anseio de toda a sociedade ducava, no dia 31 de dezembro. Os Estados exporta- brasileira, seja o possível na atual conjuntura. dores ficaram ameaçados de perder receita absurda, A lista de inscrições está comigo, mas peço li- que não tinham a mínima possibilidade de perder. cença ao plenário para me ausentar por alguns mi- Pois bem, temos de aproveitar este momento para nutos e passar a Presidência dos trabalhos ao Vice- discutir o que representa o esforço para exportar, a Presidente, Gerson Gabrielli, tendo em vista que sou constitucionalização da desoneração das exportações, o Presidente do PFL no Piauí e que neste momento e também a constitucionalização do fundo de reposição se realiza convenção nacional, no auditório Petrônio das perdas dos Estados. E o fundo não pode ser o que Portela. Voltarei em seguida, para acompanhar os de- temos hoje. Segundo ele, os Estados ficam com cré- bates até o final. ditos que não têm como adiantar. Estamos recebendo O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Gabrielli) apenas 40% das perdas que temos. – Com a palavra o Deputado Walter Feldman. O fundo, no meu modo de ver, precisa de recur- O SR. DEPUTADO WALTER FELDMAN – Não sos do Orçamento, como tem hoje – neste ano foram sei se me desconcentrei, mas me parece que no início 3 bilhões de reais no Orçamento, e de recursos dos da exposição o Governador Germano Rigotto disse que 57578 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 faria uma consideração sobre o pacto federativo. An- a reforma ainda neste ano. E a reforma, no meu modo tes de começarem as perguntas dos Srs. Deputados, de ver, tem de ser votada neste ano. peço ao Governador que aborde o assunto. O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Gabrielli) O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Gabrielli) – Por questões regimentais, daremos a preferência – Com a palavra o Governador Germano Rigotto. da fala inicial ao Deputado Júlio Redecker, autor do O SR. GERMANO RIGOTTO – Deputado Walter requerimento de convocação. Em seguida, falarão de Feldman, acho que a lembrança é procedente. Disse três em três Parlamentares. Pedimos que aproveite- que daria minha opinião sobre a distribuição do bolo, mos ao máximo a experiência do nosso convidado, na sobre o fato de aproveitarmos a reforma tributária para qualidade de ex-Presidente desta Comissão e, agora, fazer aquilo que seria o ideal, redistribuirmos o total como Governador, para termos uma visão mais clara arrecadado entre União, Estados e Municípios. Mas é da proposta do Governo. bom que se lembre que teríamos de redistribuir tam- O SR. DEPUTADO JÚLIO REDECKER – Sr. Go- bém atribuições e competências. vernador, Sr. Presidente, Sr. Relator, nobres colegas, Tenho muita dificuldade de acreditar. Meu colega a razão de convidar o Governador Germano Rigotto Romel Anizio, com toda a contribuição que deu sen- para participar desta audiência deve-se ao seu notório do Vice-Presidente da nossa Comissão de Reforma Tributária, sabe das dificuldades que tivemos quando saber e esforço em prol de uma reforma tributária. Nós, pensávamos em rediscutir o pacto federativo. Se fôs- gaúchos, muito alegres com o seu Governo – já que semos rediscutir o pacto federativo, isso significaria participamos do apoio para sua eleição —, não pode- tirar receita de alguém. ríamos deixar de buscar a experiência de um Parla- Pergunto: se tiro receita da União para dar aos mentar experimentado, agora também vivendo do outro Estados e aos Municípios, terei condições de fazer a lado do balcão, como Governador de Estado, sofrendo reforma avançar? Dificilmente. Se tiro receita dos Es- com nosso anacrônico sistema tributário, que não traz tados para dar aos Municípios, a reforma avançará? os resultados objetivos de que precisamos. É muito difícil. Então, temos de compreender que uma Sr. Governador, nossa grande preocupação é coisa é ter uma mudança no sistema tributário e que com a finalidade do presente texto de reforma tributá- a mudança no ICMS, no meu modo de ver, significará ria encaminhado pelo Governo. Uma reforma tributária aumento de arrecadação para os Municípios. Com um deveria considerar dois importantes pontos. Primeiro, sistema mais eficiente, teremos obrigatoriamente os uma pergunta que temos recebido das bases eleito- Municípios também ganhando. Os Municípios vão ga- rais, dos nossos amigos e companheiros, em todo o nhar parte do ICMS, e não tenho dúvida de que esse Brasil: essa reforma tributária, segundo as palavras ICMS será mais eficiente do que o que temos hoje. Mas de V.Exa., vai melhorar a funcionalidade da arreca- se pensarmos em rediscutir o pacto federativo neste dação? Do ponto de vista do contribuinte, vai diminuir momento, dificilmente a reforma tributária avançará. as alíquotas? O Brasil cobra, em média, 37% do seu Preferiria ter um processo de racionalização do sistema Produto Interno Bruto, tirando competitividade, ofere- que, num segundo momento, permitisse a discussão cendo serviços que não condizem com a alta taxação mais aprofundada das competências, das atribuições sobre a produção e sobre a renda da pessoa física, se e dos recursos que vão financiá-las. compararmos com países concorrentes como México Estou dando a minha opinião. Poderia ser muito e Argentina, onde a carga tributária está em 20% do tranqüilo, no papel de Governador, dizer: “Prefiro redis- PIB. Essa é uma questão fundamental. cutir tudo, até para ter uma fatia maior para os Estados Por outro lado, vai melhorar a arrecadação para neste momento”. Se fizesse isso, estaria ajudando a não haver reforma tributária alguma. Estou dizendo, os Estados e também para os Municípios? Sabemos com muita clareza, o que penso que podemos fazer, que, na média, a União tem 60%, os Estados, 25%, ou seja, avançar para um sistema melhor, em que todo e os Municípios, 15%. Essa reforma tributária vai me- o mundo ganha. lhorar a distribuição do bolo tributário? Queremos ter A sociedade termina ganhando se cuidarmos da a resposta para essa pergunta. calibragem de alíquotas. Ganham também a União, os A proposta melhora a situação para o contribuinte, Estados e os Municípios, porque o sistema vai ser mais para o Município e para o Estado. O Município disporá eficiente. Porém, não se rediscutiu o tamanho da fatia de mais dinheiro para cumprir suas funções. O Estado de cada um, o que teria de trazer consigo a discussão melhorará seu desempenho a partir do aumento da ar- das atribuições e competências dos três entes federa- recadação. O comprometimento do esforço produtivo tivos. Não vejo tempo para isso, de forma a votarmos nacional em relação aos contribuintes diminuirá. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57579 Por outro lado, Sr. Governador, queremos sua requerimento. Em seguida, concederemos a palavra opinião sobre se estamos enganados ou se, mais uma em bloco de três Deputados. Há quinze inscritos para vez, não ocorrerá um aumento da carga tributária. participar do debate. Em primeiro lugar, esse aumento da carga tri- O SR. GERMANO RIGOTTO – Em primeiro lugar, butária decorreria da CPMF, que deveria cair para agradeço ao Deputado Júlio Redecker a iniciativa de 0,08%, em 2004, e ser eliminada em 2005. Além dis- me convidar para participar desta reunião. Em segundo so, com a criação do novo CSS/CMF, ela fica fixada lugar, a pergunta feita por S.Exa. é aquela que tem de em 0,38%; assim, se não criarmos outro tributo, va- ser formulada: o que representa uma reforma tributária mos cobrar o percentual máximo. Corremos o risco de para o contribuinte e para a sociedade? continuar pagando esse mesmo valor com essa nova A reforma com que sonho não é esta que chegou contribuição. ao Congresso Nacional. A reforma que aqui chegou A arrecadação também aumentará porque haverá está muito longe daquela de que precisamos. E, mais a tributação dos servidores inativos. Haverá o aumento do que isso, esse projeto terá de ser aperfeiçoado no compulsório da contribuições dos trabalhadores cele- Congresso Nacional. Mas a verdade é que não con- tistas com renda entre o atual e o novo teto. Também seguiremos fazer uma reforma ideal. Há quantos anos aumentarão os impostos patrimoniais e de transmis- discutimos a reforma tributária? Há quanto tempo idea- são, indicativos de aumentos sobre proprietários ru- lizamos um sistema no qual não existe evasão fiscal, e, rais, herdeiros, compradores de imóveis e grandes por conseqüência, conseguindo uma base muito ampla, afortunados. que terminaria determinando a redução de cargas indi- Estamos vendo que a carga tributária aumen- viduais? E desejamos essa redução sem que a União, tará. E que reforma tributária é essa que aumenta a os Estados e Municípios percam receita. arrecadação do Estado como um todo e as despesas Se a União, os Estados e os Municípios não po- do contribuinte? Na realidade, a reforma proposta visa dem perder receita, não podemos passar à opinião apenas a melhorar a funcionalidade da arrecadação. pública a idéia de que a reforma tributária reduz. E Sr. Governador, também gostaria que V.Exa. abor- explico bem essa idéia, para que não saia uma notí- dasse duas outras questões cruciais do Estado brasilei- cia distorcida amanhã. A reforma tributária reduzirá a ro. A primeira delas é a funcionalidade da arrecadação carga tributária total. Se a reforma é neutra – e sempre para que não haja evasão fiscal. se discutiu uma reforma neutra na arrancada —, ela Sempre defendi os impostos compulsórios e a não interfere na carga tributária total. Ela não diminui idéia de, se o Estado consegue minimizar ou acabar nem aumenta. com a sonegação, que tenhamos no Brasil uma fisca- Como vamos ter certeza disso? Com o cuidado lização mais efetiva. Poderíamos utilizar membros da que o Congresso Nacional terá de ter com relação à Receita Federal, da Receita Estadual, do Tribunal de calibragem de alíquotas. Não é na mudança constitu- Contas da União e dos Tribunais de Contas dos Es- cional, mas na calibragem de alíquotas que devere- tados para fiscalizar a aplicação do dinheiro público, mos ter o cuidado de não gerar um aumento de carga porque se resolvermos o problema da arrecadação, tributária. teremos de dar conta também da aplicação do dinhei- Deputado Júlio Redecker, não lhe posso dizer ro público. que, ao mudar a Constituição e buscar um sistema Segundo dados, de cada cem reais arrecada- mais perfeito, depois não terei um aumento de carga dos, somente a metade chega ao destino, nas áreas tributária. Não posso lhe garantir, porque isso vai de- de saúde, educação e infra-estrutura. Um país pobre pender da legislação infraconstitucional e do cuidado como o Brasil não pode permitir isso. que vamos ter com a calibragem de alíquota. Sr. Governador, saúdo sua presença em nossa É bom que se diga que, se alguém pensar em re- Comissão. E espero poder saudar o ex-Secretário da tirar receita da União, dos Estados e Municípios, neste Receita, Sr. Everardo Maciel, e o Sr. Pratini de Moraes, momento não está analisando a realidade do País. Se que falarão sobre a tributação do agronegócio. não é para aumentar e não é para diminuir, a pergunta A proposta deve melhorar a vida do brasileiro no é: para que reforma tributária para o contribuinte, para sentido de diminuir a alíquota, melhorar a arrecadação a União, para os Estados e para os Municípios? dos Estados e dos Municípios e não aumentar a carga Dei o exemplo do ICMS. No momento em que se tributária. O que a reforma tributária traz de novidade racionaliza mais o sistema tributário e se tem sistema nesses campos? mais eficiente, obrigatoriamente tem de haver menos O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Ga- evasão. Menos evasão fiscal significa a possibilidade de brielli) – O Sr. Governador responderá ao autor do diminuir a carga tributária para quem paga muito, Depu- 57580 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 tado Júlio Redecker. Quer dizer, pode-se ter a mesma for possível. A proposta do Governo está aí para bali- arrecadação, mas distribuída de forma diferente. zar. Se conseguíssemos apenas avançar no IVA, em Então, qual o objetivo de uma reforma? É ter um vez dessa quantidade de tributos que recaem sobre o sistema mais eficiente, mais racional, mais funcional. consumo, seria o melhor dos mundos. E se conseguir isso, haverá a possibilidade concreta No momento, não se pode tirar receita da União, de reduzir a carga de quem paga muito. Como se vai dos Estados e Municípios. Essa questão tem de ficar desonerar totalmente a exportação sem que a União, clara, porque se a tirarmos neste momento, criaremos Estados e Municípios percam receita? Tem de haver um um problema. Não podemos vender a idéia de que a re- sistema mais eficiente que compense a desoneração forma tributária vai reduzir todas as cargas e tirar receita das exportações. E não vamos deixar de considerar da União, dos Estados e dos Municípios para sermos que a desoneração das exportações, da produção, ativa simpáticos. Ela é neutra na arrancada, mas redistribui a a economia. Ativar a economia significa mais tributos carga tributária; poderá fazer com que tenhamos mais gerados e mais empregos criados. justiça fiscal e redução de cargas setoriais. Não podemos olhar a reforma tributária como pa- Deputado Júlio Redecker, respondendo à sua liativo para todos os males do País. Temos que olhá-la pergunta, o contribuinte pode ganhar, sim. A questão como algo que vai significar a possibilidade concreta das alíquotas vai depender da calibragem que há na de uma economia ativada. Isso significa maior arre- legislação infraconstitucional. Não pode acontecer o cadação, o que pode determinar com a neutralidade, que aconteceu no PIS, em que está comprovado que redução de cargas setoriais. a alíquota foi turbinada. Se temos no PIS uma alíquota Quando falei sobre o tributo que recai sobre a turbinada, isso não pode acontecer na regulamentação cesta básica, sobre o produto essencial, vai haver re- da reforma tributária. Quanto à COFINS turbinada, já flexo na população de baixa renda. E tem que haver. tem gente falando em 8% de alíquota. Duvido que a A população de baixa renda tem de ganhar. alíquota da COFINS, com valor agregado, não possa As centrais sindicais nunca se mobilizaram pelas ser muito inferior a isso; deve ser transparente e tirar reformas. Eu disse ao Vicentinho, ao Paulinho, ao Pe- os problemas de uma contribuição cumulativa. gado e ao Alemão que eu não entendia por que a refor- Vai melhorar a arrecadação para Estados e Mu- ma tributária ficava sendo algo de empresário, porque nicípios? Com certeza, se tivermos um sistema mais o trabalhador pagava duas vezes a conta: a primeira, racional, mais eficiente, um sistema que amplie a base com o desemprego, pela perda de competitividade da tributária, um sistema que gere mais desenvolvimen- nossa economia; e a segunda, pela injustiça fiscal do to na economia, num segundo momento, poderemos sistema tributário brasileiro. manter a arrecadação. Paralelamente, haverá aumento Quando o capital especulativo não tem a tributa- da participação de Estados, Municípios e da própria ção que deveria ter e o pequeno está excessivamente União como resultado do aumento que vai gerar a re- tributado – não estou falando sobre o capital produ- forma tributária na economia, com maior desenvolvi- tivo mas sobre o capital especulativo —, é injusto. E mento econômico. não se vêem as centrais sindicais se movimentarem. Temos, Deputado Júlio Redecker, que compre- No entanto, se garantirmos a redução da carga sobre ender que a neutralidade, no início, não significa que produto essencial, teremos efeito direto sobre a popu- os contribuintes, os Estados, os Municípios e a União lação de baixa renda. não ganharão pela funcionalidade que V.Exa. citou A indústria calçadista será mais competitiva se em relação ao novo sistema tributário. É claro que garantirmos a desoneração total das exportações? ganharão. Com certeza, será. Atualmente, a complexidade do sistema tributá- A reforma tributária que o Congresso Nacional rio, a elisão fiscal está aumentando a cada dia, porque vai votar é a ideal? Vai evitar a evasão fiscal? Será que enquanto não há uma reforma tributária que estabilize vamos chegar a um sistema tributário só de tributos mais o sistema, estamos aqui reunidos e estarão saindo não declaratórios, que alguns vêem como o caminho convênios pelo Brasil afora. Estamos aqui reunidos e para termos um sistema em que não haja evasão fis- se pensa em decretos que modificam o sistema tribu- cal? Acho que seria o ideal. Pergunto: do ideal para o tário. Estamos aqui reunidos e, de repente, em algum possível, quanto falta? Estado da Federação, há um projeto sendo gestado Apenas a criação de tributos não declaratórios para modificar o sistema tributário. No Ministério da não interfere na Federação? Interferir na Federação Fazenda, da mesma forma. Então, essa instabilidade não cria um problema político para aprovar uma pro- do sistema tributário gera um cipoal na legislação. As posta como essa? Temos que avançar dentro do que pessoas buscam o Judiciário em cima da vírgula, da Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57581 palavrinha mal colocada, para não pagar tributo. E isso o Governo do Estado e, se não tivermos minimizado está crescendo. o problema da Previdência, este vai estourar em cima Qual é o problema do nosso sistema tributário? de quem assumir o governo daqui a quatro anos. Te- Os 37% da carga tributária são citados como o gran- nho de ser responsável e dizer que estas reformas são de problema do Brasil, mas o maior problema é a fundamentais para a União e para os Estados. distribuição errada dessa carga; o maior problema é Desculpem-me se me alonguei, mas prometo a concentração da carga de quem paga, que está na que serei muito objetivo nas respostas às perguntas formalidade e que compete com quem está na infor- que me forem feitas, até porque o Deputado Júlio Re- malidade. O maior problema dessa carga tributária é decker esgotou todas as questões. que ela é muito concentrada e se concentra cada vez O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Gabrielli) mais, porque mais gente sonega, pela informalidade e – Nosso Governador continua entusiasmado com os pela elisão. Ou modificamos essa situação em busca desafios tributários do Brasil. de mais eficiência, ou vamos ajudar a continuar essa Temos três Deputados inscritos. Inicialmente, fa- doidice que está aí. larão os Deputados Luiz Carlos Hauly, Eduardo Paes Por favor, entendam, disputei com o PT o Gover- e Serafim Venzon. no do Estado do Rio Grande do Sul, disputei com o Passo a palavra ao eminente Deputado Luiz Ministro Tarso Genro. Neste momento, entendo que a Carlos Hauly. reforma tributária e a reforma previdenciária são tão ou O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Obri- mais importantes para os Estados que para a União. gado, Sr. Presidente. Querido amigo Governador do Sobre a Previdência dos Estados, no Rio Grande do Rio Grande do Sul, ex-Deputado Germano Rigotto, é Sul os inativos contribuem há muito tempo. Mas se uma honra tê-lo nesta Casa. A proposta elaborada pela não houver o comando constitucional, com o passar Comissão da Câmara, presidida por V.Exa. e relatada do tempo... Provavelmente com o teto estabelecido o pelo Deputado Mussa Demes, é infinitamente melhor Rio Grande do Sul perde arrecadação. Se não houver o do que a proposta elaborada pelo Governo. comando constitucional, se buscará o Judiciário e gra- Aproveito duas palavras ditas por V.Exa. para dativamente vai desaparecer a arrecadação do Estado. tratar da questão maior, do crescimento econômico Outros Estados não a têm, e o sistema previdenciário e da geração de emprego e renda. Estou convenci- dos Estados caminha para a falência. do, como V.Exa. e muitos no Brasil estão, de que não Estou entrando na questão dos inativos porque crescemos mais por conta da carga tributária, do sis- o Deputado Júlio Redecker a levantou. Não se trata tema tributário iníquo, injusto, regressivo, concentrador apenas de aumentar a arrecadação, mas de resolver da renda e da riqueza do País e, conseqüentemente, o problema da Previdência Pública e da Previdência fator de empobrecimento e desemprego e por causa em geral, que está caminhando para a falência. Alguns das taxas de juros e tributação elevadas, as mais al- dizem: “Não, é só utilizar o recurso da Previdência na- tas do mundo. quilo”. Há alguns anos os recursos da Previdência eram O que fazer? Qual o caminho? Temos hoje, den- canalizados para tudo. Hoje não adianta esses recur- tro das três bases tributárias clássicas e conhecidas, sos permanecerem na Previdência, porque estamos a propriedade, a renda e o consumo. A propriedade num buraco que, se não for logo tapado, vai gerar um arrecada mais ou menos 3% do bolo tributário; a ren- problema muito sério e os servidores, que atualmente da, 20%; o consumo direto, sem a Previdência, 57%. resistem a alguma mudança, amanhã serão os primei- Esses números não estão com precisão de 100%, ros a serem prejudicados pela falência do sistema. apenas 90%, porque os recuperei rapidamente para Estou dizendo isso com muita tranqüilidade, por- poder explicitar o que desejo. que essa questão não pode passar despercebida. Talvez A primeira pergunta feita ao colega Deputado o PT, meus prezados Deputados do PT, tenha errado italiano que esteve nesta Comissão, Deputado Vitto- na análise que fez há algum tempo sobre as reformas, rio, dizia respeito à carga tributária e à incidência do inclusive faz-se hoje um mea-culpa. Quando chegamos Imposto de Renda no sistema tributário italiano. Ele ao Governo nos deparamos com realidades que não respondeu que na Itália isso correspondia a mais da são vistas quando se está de fora. Mas não podemos metade da arrecadação. No Brasil, a 20%. Quanto mais cometer o erro de ser Governo ou Oposição, de olhar progressivo, menos regressivo. O Imposto de Renda é para este quadro e dizer: “Olha, não tenho nada a ver progressivo. Portanto, a primeira deficiência do Brasil é com isso. Esse é um problema do Governo que está aí”. a baixa tributação do Imposto de Renda, apenas 20%. Não, é problema nosso. Hoje sou Governador, Deputado No entanto, quando se fala em aumento de Imposto de Júlio Redecker, mas amanhã V.Exa. poderá assumir Renda, os brasileiros dão chilique. Claro, é preciso ter 57582 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 uma macrovisão. Se se dobrar a carga do Imposto de depois nós vamos conversar com a União se fazemos Renda no Brasil, tem se de tirar os 20% do consumo Imposto de Renda maior, rediscutir com os Estados a de milhões de pessoas pobres. partilha, diminuir a carga do PIS e da COFINS sobre Por que não cresce? As razões nós já sabemos. o Imposto de Renda. Os Estados trabalhariam com o Tem-se que dar 47% do Imposto de Renda aos Esta- seletivo. V.Exa. sabe, me conhece de cor e salteado, dos e Municípios e o Fundo Constitucional. A terceira e eu também a V.Exa. base tributária é o consumo, com 57% da carga, mais Quando nós não cobramos ICMS da água, o que os 20% da Previdência; então, cerca de 77%. a União fez? Ela pôs 1,65% de PIS e 3% de COFINS A proposta do Governo mantém o status quo. Não na água, que é também uma unidade de referência alterando isto, não resolve o problema do crescimento para arrecadação, em vez de se ter um sistema que econômico, da distribuição de renda e da geração de tribute no País inteiro, igual à energia elétrica. Mas a emprego e renda no País. A proposta que vem melhora União cobrou, na sua voracidade. o ICM? Melhora infinitamente, sem dúvida alguma. Isto é o que eu quero dizer: vamos olhar macro, Nós estivemos no Paraná, juntamente com os vamos olhar concentrado para a economia. Só há um Deputados Mussa Demes e Virgílio Guimarães. Depoi- jeito: acertar a reforma tributária e acertar a previden- mento do Secretário da Fazenda do Paraná – o Paraná ciária. Se se acerta no Imposto de Renda, aumenta-se tem 170 mil empresas: “Nós já fazemos a seletivida- a base para baixo e para cima, progressivamente, e de no Paraná. Mil e quinhentas empresas arrecadam se mata metade do problema previdenciário, porque o 96% do ICMS do Estado e 168 mil e 500 empresas Imposto de Renda retido na fonte é arrecadação pró- correspondem a 4%”. pria dos Estados e Municípios. E para a União também O fundamental argumento de que eu precisava podemos consignar isso. para analisar a perspectiva: o Governo, a União Fe- Eu não vou mais alongar-me, mas queria falar deral, não entra no mérito dos seus impostos, a não com precisão da nossa tese. ser para terminar com a cumulatividade da COFINS, O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Gabrielli) a exemplo do que já foi feito com o PIS. Por que nós, – Gostaria de registrar que começou a Ordem do Dia. nos Estados, não vamos direto ao seletivo monofásico, As sinalizações que temos são de que as votações já que energia, combustíveis, comunicação, cigarros, poderão acontecer por acordo. Então, se os compa- comida e veículos correspondem a quase 60% da ar- nheiros puderem alternar-se e só marcar a presença, recadação estadual? nós daremos continuidade ao trabalho. Não há votação Para que vamos entrar num supermercado, num nominal por enquanto. Carrefour, com 35 mil itens, com milhões de empresas Tem a palavra o nobre e eminente Deputado no Brasil? É incontrolável a circulação. Um compra, um Eduardo Paes. vende, devolve mercadoria, vai e vem, nota para cá, ca- O SR. DEPUTADO EDUARDO PAES – Agrade- minhão para lá. Um país continental como o nosso! Se ço, Sr. Presidente. Quero saudar o nosso Governa- fôssemos a França, a Alemanha, Portugal, a Inglaterra dor Germano Rigotto e especialmente, nessa Mesa, ou a Itália, tudo bem. Esses países são do tamanho do os Deputados Gerson Gabrielli e Virgílio Guimarães, Estado de São Paulo, com um mesmo povo, e 90% da porque quem já se sentou a essa Mesa da reforma população é da mesma raça, da mesma origem. Eles tributária, no mínimo, terminou Governador de Estado têm cultura, tradição, estudo, saber. ou Ministro da Fazenda. (Risos.) O futuro de V.Exas. Imagino o erro histórico que cometemos ao in- é muito promissor. sistir naquilo que foi repetido por V.Exa. várias vezes, Nosso Governador Germano Rigotto vem mais o imposto declaratório. Ele é declaratório no ICM, no uma vez aqui, com a sua capacidade de comandar, de ISS, no PIS, no COFINS, no IPI, no IOF. Então, o in- liderar. Eu acho que o Governador tem várias qualida- ferno de Dante é aqui mesmo. des, características que lhe são muito peculiares, mas Quando defendemos o REFIS e aquelas coisas a que mais me impressiona é a capacidade de mobi- todas... O empresário brasileiro é herói. Apesar de lizar e defender suas teses, porque eu tenho certeza tudo, apesar disso, a carga tributária incidente sobre de que são convicções. É muito difícil defender teses a produção ainda paga 36% do PIB. sem que elas venham lá de dentro. Eu tenho absoluta Então, Governador, fiquei mentalizando: “O Ger- convicção de que assim é a personalidade do Gover- mano vem, preciso...” Se V.Exa., na linha do seu Secre- nador Germano Rigotto. tário, Luiz Roberto Ponte, que mais do que eu nesta Eu tenho horror, Governador, de ter que discor- Casa defendeu... Só que S.Sa. fazia uma defesa mais dar de V.Exa., até porque V.Exa. sabe do meu carinho ampla, queria tudo no seletivo. Não, ICM por seletivo, e pessoal, da minha admiração. Eu já lhe disse até que Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57583 gostaria de, em 2006, votar em V.Exa. lá do Rio de nessa questão. Mas o que se está fazendo – parece- Janeiro, sem que tenha que mudar de domicílio elei- me – são alguns absurdos que permitirão aumentos toral. Portanto, para mim é sempre doloroso ter que de carga tributária. E não é aumento carga tributária discordar de sua opinião. Mas vou permitir-me discor- global somente, é aumento de carga tributária sobre dar um pouco. determinados setores da nossa economia. Não me quero estender. A proposta tem uma série Queria concordar com V.Exa., Governador Ger- de incorreções, de imperfeições, de problemas graves mano Rigotto. Parece que cabe a nós, Deputado Virgílio que têm de ser tratados e sanados. Tenho certeza de Guimarães, falar sobre a questão da origem/destino. que o Deputado Virgílio Guimarães, com a sua capa- Trata-se de uma falta de sensibilidade. Pior é quando cidade, vai tratar deles. vejo os Estados mais pobres dizerem que têm de man- Ouvi atentamente o Governador dizer: “Estamos ter na origem. Não acredito que o sujeito não consiga fazendo a reforma tributária possível”. Desde que V.Exa. ver o que está a sua frente. Isso significa carrear re- presidia esta Comissão – e tive a honra de fazer par- cursos de Estado pobre para Estado rico. E o Estado te da Comissão, de participar daquele trabalho – era rico está bem do jeito que está; o Estado pobre está muito claro isso: nós vamos ter que fazer reforma tri- ferrado com origem/destino. Tem de ser no destino. Ali- butária possível. Não adianta ninguém chegar aqui e ás, tributação do consumo tem de ser tributada onde achar que vai fazer a reforma tributária dos sonhos, se consome, por isso é que se chama tributação do porque não vai fazer. Não é possível se fazer tudo – é consumo. Então, tem que concordar. preciso acordo político, é muito interesse, mexe-se com Esta é a primeira reunião que realizamos com a tudo, com o financiamento do Estado, com prestação proposta do Governo na mesa, portanto, talvez alguns de serviço, com as pessoas, com o cidadão que paga Deputados estejam se estendendo até demais, tendo seus impostos. em vista que não conseguíamos nem tratar de muita Lembro-me da primeira reunião que tivemos na coisa aqui sem proposta. Comissão. Foi a primeira Comissão Especial de que Há aspectos que me preocupam, e vou falar eu participei como Deputado. V.Exa. me delegou, ao apenas dois deles. O primeiro é a desconstituciona- Deputado Marcos Cintra, que depois foi o voto con- lização. trário, e ao ex-Deputado Emerson Kapaz a tarefa de Governador Germano Rigotto, concordo que o definir consensos e pressupostos para o início da dis- grande avanço dessa reforma é a unificação da legis- cussão. E eu me lembro de que alguns consensos e lação do ICMS. Fico feliz de ver isso acontecer, mas pressupostos para o início da discussão se referiam me assusta jogar tudo para a lei complementar. Até a exatamente à impossibilidade de diminuição da carga definição da repartição que abre aos Municípios do fun- tributária, tendo em vista as dificuldades fiscais por que do de participação foi jogada para a lei complementar. passa o País. Não vamos debater os motivos, porque Isso é inconstitucional, porque as competências tribu- eles são muito menos relacionados com o aposenta- tárias e repartição desses tributos têm de estar no texto do, o cidadão comum, e têm muito mais a ver com a constitucional. Isso não pode prosperar, avançar. incompetência da nossa categoria, os políticos. A justificativa do Governo é que os Municípios Estou desde segunda-feira lendo a proposta. pediram isso. Eu não consigo acreditar! Conversando Estive fora na semana passada, portanto, só na se- aqui com o Deputado Francisco Dornelles a esse res- gunda-feira comecei a lê-la. A cada dia em que a leio, peito, vimos que desconstitucionalizar, jogar para a lei descubro uma possibilidade nova de aumento de car- complementar, é muito perigoso. O Governador Ger- ga tributária. mano Rigotto disse que depois vai caber ao Congresso Sei que o Estado, o Município e a União não Nacional calibrar isso, definir alíquota e tal. podem perder arrecadação, e nós não permitiremos Governador, se V.Exa. estivesse aqui terça-feira que percam arrecadação, mas também o cidadão não e visse o que se votou de aumento de imposto nesta agüenta pagar mais. Assim, vamos aumentar a infor- Casa, o que se votou de mudança! O Deputado Fran- malidade deste País. cisco Dornelles fez pronunciamentos. Houve mudança Nesta Comissão, há sempre setores empresa- no REFIS, mudança na tributação de pequenas e micro- riais importantes que acompanham as discussões. Eu empresas, no SIMPLES, enfim, as coisas mais absur- estava conversando com uma pessoa de uma grande das, e sabemos como funciona. Fico com muito medo empresa, e ela me disse: “Olha, daqui a pouco, vamos da desconstitucionalização, porque depois vai acabar sobrar só nós”. mais uma vez servindo para se aumentar tributo. Temos que seguir a idéia do Ponte mesmo, fazer Portanto, Sr. Governador, faço um apelo, pela sua um seletivo sobre alguns produtos e mandar brasa grandeza, pela sua capacidade de mobilização, pela 57584 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 sua força política, pela legitimidade do seu mandato, ou no exercício seguinte e o perenizamos, obviamen- não teve eleição mais emocionante e mais bonita em te estamos aumentando a carga tributária, ainda que todo o Brasil do que a sua, no Rio Grande do Sul. To- não neste instante, mas um pouco mais adiante. Se- dos aqui vibraram, até aqueles que eram de partidos ria importante que V.Exa. enfatizasse esse aspecto, adversários que disputavam a eleição vibraram com aliás, um dos pontos que pretendo que se encaminhe sua eleição no Rio Grande do Sul. Portanto, V.Exa. tem quando das nossas deliberações, para que não fique possibilidade muito grande de chamar a atenção para em aberto essa questão, já que há premissa de não- alguns pontos. Eu não quero que se resolva tudo, não. aumento da carga tributária. V.Exa. conhece meus pontos sobre a reforma, sabe o Segundo ponto. V.Exa. enfatizou a questão da que acho do sistema tributário ideal, mas existem al- guerra fiscal. Tenho-me batido um pouco contrariamente guns pontos dos quais não podemos abrir mão. a esse tema, porque não aceito, Governador – não foi Apelo para que V.Exa. use sua força política, sua bem isso que V.Exa. fez, mas de qualquer maneira sem- capacidade de mobilização a fim de que possamos pre tangencia nesse aspecto —, que transformemos a ter uma reforma tributária que efetivamente repre- questão da guerra fiscal no mote da reforma tributária, sente alguns avanços e que o contribuinte mais uma na razão de ela acontecer, até porque se fosse esse o vez não perca, embora se respeitem os Estados, os nosso problema federalizaríamos o nosso ICMS, resol- Municípios, a União. Ninguém quer quebrar ninguém veríamos em definitivo essa questão e o Brasil estaria aqui, mas que o contribuinte, mais uma vez, não saia com seus problemas resolvidos. Nossos males do de- pagando essa conta, porque ninguém mais agüenta semprego, da má distribuição de renda e da falta de isso neste País. desenvolvimento não estão na guerra fiscal – esta é Muito obrigado. uma observação que quero fazer, respeitosamente, a O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Gabrielli) V.Exa. Se não tivermos políticas de desenvolvimento, – Com a palavra o eminente Deputado Paulo Afonso. não adianta unificar a legislação, não adianta nada O SR. DEPUTADO PAULO AFONSO – Sr. Pre- disso, porque Governadores e Prefeitos, com toda a sidente, Deputado Gerson Gabrielli, Sr. Relator, meu razão, sempre buscarão e acharão mecanismos para, caro Governador Germano Rigotto, Sras. e Srs. Depu- de alguma maneira, privilegiar investimentos, como te- tados, em primeiro lugar, da mesma forma como os nho certeza de que V.Exa. faria e fará no seu Estado companheiros que me antecederam, quero dizer que em regiões mais carentes. é enorme satisfação ouvir o Governador. E diria mais: Em relação à carga tributária, Governador, tenho ganhamos a semana ao ter esta oportunidade de tê-lo uma preocupação. Em tese, a reforma está aumentan- aqui e ouvir sua posição abalizada, seu conhecimen- do a carga tributária. Quase me convenci, mas não de to, a experiência de alguém que esteve à frente da todo, da sua observação de que haverá redução seto- Comissão de Reforma Tributária e hoje, com todos os rial. Então, fiquei um pouco mais tranqüilo. Mas tenho méritos, experimenta o exercício da chefia do Poder a seguinte visão: a carga, creio que aumenta. Parece- Executivo Estadual. V.Exa. tem, portanto, visão ainda me mais razoável essa explicação para sua visão de mais abrangente dessa questão. divisão setorial. Não tenho convencimento de tudo. Também me permitiria dizer que, ouvindo ma- Finalmente, quero discordar do fato de não me- nifestação do Deputado Eduardo Paes no sentido de xermos na participação e na ampliação das receitas desejar ser seu eleitor, em breve, sem mudar a juris- dos Estados e Municípios. E a minha preocupação é dição, fica reforçada minha tese, sobre a qual já con- que não vejo a médio prazo outra oportunidade de re- versamos várias vezes, informalmente. A manifesta- forma tributaria. Não estaremos, a cada Legislatura, ção de S.Exa. fortalece o que já lhe disse em outras discutindo essa matéria de novo. A própria questão da oportunidades. chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da Queria fazer algumas breves considerações e República, tudo o que estamos vivendo é o momento também manifestar algumas discordâncias, Governa- de encaminharmos propostas, num prazo mais longo, dor. Vou começar por um ponto que queria vê-lo re- ainda que não de mudanças imediatas. Vejo que quanto forçar aqui, porque me parece fundamental, qual seja à questão da repartição das receitas, principalmente a questão da CPMF. no que diz respeito ao fortalecimento dos Municípios, Também defendo que temos que estabelecer o ou damos o encaminhamento agora ou não ocorrerá prazo e o mecanismo da redução da alíquota, sob pena a curto prazo, se não podemos tirar da União receitas de estarmos desmentindo a premissa de não-aumento neste momento. da carga tributária. Evidentemente, se temos um tri- Podemos ter um sistema gradativo no sentido buto que se estaria extinguindo no próximo exercício de, a médio prazo, essa repartição ser modificada. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57585 Além disso, o que vimos – e não creio que seja muito realmente entre a fundo na questão dos não declara- diferente, apesar da mudança de pessoas no Gover- tórios”. E é a linha do que S.Exa. está dizendo aqui. no – é que a União insiste nos tributos que não são Deputado Hauly, se esta Comissão conseguir compartilhados. Isso não vai ser diferente agora e não maior seletividade, com a tributação monofásica do será diferente se V.Exa. for Presidente. Isso é a própria ICMS, como ficam os outros produtos: a bebida, o ci- burocracia. A própria visão faz isso. garro, o combustível, a energia elétrica e as telecomu- A questão é: ou colocamos tudo num bolo só e nicações? Como ficam os outros que terão mais dificul- encaminhamos o fortalecimento dos Municípios ou dade em não ser monofásicos? Monofásico funciona não vamos ter na próxima década uma questão des- bem em algum setores, mas em outros, não. sa natureza. A proposta tem que estabelecer, Deputado Hauly, Quanto à questão da carga tributária, concordo qual a carga que teremos sobre bebida, cigarro, ener- que, neste momento, não temos condições de reduzi-la. gia, telecomunicações e combustível. A reforma poderia sinalizar essa questão, no decorrer Temos uma situação a considerar. O monofásico dos anos. Poderia, sim, porque não vamos ter outra e o seletivo são os melhores. Mas qual é o efeito do reforma a curto prazo e poderíamos ter um encami- aumento da alíquota que vamos ter na energia, teleco- nhamento que dissesse que nos próximos quatro ou municações, combustível, bebida e cigarro? Hoje, 30% até oito anos teríamos, gradativamente, desoneração do que se arrecada com cigarro... Poderíamos arrecadar do conjunto, de modo a reduzir a carga tributária. mais, não fosse a sonegação existente, o contrabando. Muito obrigado. Uma alíquota mais alta incentiva mais a sonegação. O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Ga- Essa questão tem que ser bem analisada. brielli) – Com a palavra o eminente Governador Ger- De qualquer forma, quero dizer ao Deputado mano Rigotto. Luiz Carlos Hauly que a Comissão tem todas as con- dições. O SR. GERMANO RIGOTTO – Quando trabalha- Reforma possível, Deputado Eduardo Paes, não mos na reforma tributária, os Deputados Luiz Carlos é a proposta que o Governo mandou. Reforma possível Hauly e Eduardo Paes foram duas das maiores lide- é a proposta que o Governo mandou e o resultado de ranças nesse trabalho em todo o Brasil. O Deputado todo o debate que vai surgir aqui. Não estou afirmando Eduardo Paes ficou responsável pela definição, no início que tem de ser a proposta mandada pelo Executivo, do trabalho, dos alicerces, consensos e pressupostos tanto que levantei pontos – e V.Exa. mencionou muito da reforma tributária. Estabelecemos, naquela opor- bem – no sentido de que a mudança origem/destino tunidade, um conjunto de consenso, entre os quais o deve ser buscada pela Comissão. de que a reforma seria neutra, não haveria aumento O Governo não conseguiu avançar na negocia- ou diminuição de carga tributária. ção com os Governadores, com os Estados, mas a O Deputado Luiz Carlos Hauly é autor de proposta Comissão pode avançar. Eu acho que a Comissão de reforma, assim como o Deputado Nelson Proença, tem condições de avançar na mudança origem/desti- o Deputado Armando e tantos outros. Não sei se o Max no. Então, quando eu falo em reforma possível, estou Rosenmann é autor de proposta. Talvez o Deputado falando que, por mais que esta Comissão, a Câmara José Militão seja autor de propostas. Temos um con- e o Senado debatam o assunto; não vamos conseguir junto de propostas de reforma tributária que vão das a reforma ideal. mais audazes e radicais às mais conservadoras. A mais Em relação ao pacto federativo, Deputado Paulo radical de todas era a do Deputado Marcos Cintra, que Afonso, V.Exa. disse uma coisa muito bonita e muito estabelecia o Imposto Único. Essa proposta foi trazida importante: pode haver uma sinalização de que, num para cá pelo Deputado Flávio Rocha, quando o Marcos segundo ou num terceiro momento, vai haver uma Cintra não era Deputado. redistribuição de parte das receitas que hoje são da Tivemos um conjunto de variações nas propostas União. Mas não num primeiro momento. É preciso ha- que levavam em consideração os tributos declarató- ver transição. Aí é possível caminharmos para uma rios e os não declaratórios. Num primeiro momento, o distribuição melhor do total arrecadado. Deputado Luiz Carlos Hauly entendia a dificuldade de Hoje está acontecendo uma coisa muito séria, termos um encaminhamento para tributo não declara- que é esse bater de cabeças de Estados, Municípios e tório. Quando terminamos o trabalho na Comissão, o União. Desculpem-me – fui Deputado, participei disso Deputado Luiz Carlos Hauly disse: “Rigotto, mudei toda —, mas essa história de mandar a verba para Estados a minha posição. Estou mudando. Agora estou indo e Municípios da forma como ocorre hoje, por tudo que para a radicalização. Quero um sistema tributário que temos de defender no sistema atual, pelas brigas por 57586 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 emendas parlamentares e de bancada, não é a ideal. vai ter de definir as alíquotas. Por quê? Porque não é A União, os Estados e os Municípios deveriam ficar normal haver na Constituição alíquotas, a Constituição cada um com o que é seu. Mas isso só pode ocorrer detalhar alíquotas. com atribuições claras, definidas. O passeio do dinhei- Mas eu concordo com V.Exa.: é preciso haver, ro público não é bom. obrigatoriamente, comando constitucional na defini- Será que temos condições de, neste ano, definir ção de competências e repartição dos tributos. Mas claramente quais são as atribuições e competências quando digo que a legislação infraconstitucional vai da União, Estados e Municípios e o que é preciso para determinar a calibragem de alíquotas estou dizendo a financiar essas atribuições e competências? verdade. Haverá aumento de carga tributária se formos Estou sendo sincero. Não acredito que neste incompetentes na calibragem de alíquota. Se puxarmos ano tenhamos condições de redefinir o pacto federa- para nós, que somos incompetentes, que não teremos tivo. Este ano é o tempo que temos para votar essa condições de garantir a neutralidade na arrancada – e reforma. Mas, como o Deputado Paulo Afonso disse, uma neutralidade que não signifique não termos uma pode haver já um indicativo de transição, a Comissão distribuição melhor da carga e uma ampliação da base já pode encontrar uma forma. – vamos, então, dizer que não faremos nada, que dei- Aconteceram absurdos. A Contribuição de Inter- xaremos tudo como está, e vamos continuar votando venção no Domínio Econômico – CIDE foi criada por remendo fiscal, como foi votado nesses dias, um em esta Casa com parte dela ficando para os Estados. cima do outro, complicando mais o sistema, jogando Qual é o Estado que está recebendo parte da CIDE? mais pessoas para a informalidade, jogando carga para O acordo que possibilitou a votação da CIDE estabe- cima dos que estão pagando impostos. Dessa forma, lecia que eles ficariam com uma parte da arrecadação vamos caminhar para a insubordinação fiscal de quem para conservar as rodovias federais dos Estados. No está pagando. Esta é a verdade. meu Estado, a maior parte delas está numa situação O Deputado Paulo Afonso diz ainda que a CPMF muito complicada. E essa situação não é diferente nos deveria ter a redução de alíquota já encaminhada, outros Estados. E onde está a parte da CIDE que de- definida. Concordo plenamente. Não pode ficar 0,8%, veria ficar com os Estados? 0,38%. Não se pode transformar um tributo provisório Em segundo lugar, obrigatoriamente, tem que ha- em permanente e dizer que no dia de São Nunca sua ver um comando constitucional prevendo que qualquer alíquota vai chegar a 0,8%. Como disse na reunião com tributo que venha a ser criado, contribuição ou o que o Ministro Palocci, o Presidente Lula e os Governado- quer que seja, tenha que ser partilhado entre União, res, é muito importante definir já o prazo da transição Estados e Municípios. Isso não acontecendo, houve de 0,38% para uma alíquota menor. margem para que a União criasse as contribuições so- Obrigado. ciais para não partilhá-las com Estados e Municípios, O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Gabrielli) concentrando carga. – Com a palavra o Deputado Renato Casagrande e, Então, Deputado Eduardo Paes, quero apenas posteriormente, os Deputados Francisco Dornelles, dizer a V.Exa. que reforma possível vai ser a reforma Sandro Mabel e José Militão. que resultar deste debate. V.Exa. pegou o projeto do O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE – Governo e viu imperfeições naturais. Vai ser preciso tra- Sr. Presidente, Sr. Relator, Sr. Governador, Sras. e Srs. balhar para sanar essas imperfeições. Mas não vamos Deputados, quero, inicialmente, saudar o Governador conseguir fazer a reforma dos nossos sonhos neste ano, Germano Rigotto e agradecer-lhe pela bela exposição infelizmente. Se ficarmos trabalhando na reforma dos que faz na Comissão de Reforma Tributária. sonhos, acabaremos não fazendo reforma alguma. E Tenho a opinião do Deputado Virgílio Guimarães: a unificação do ICMS, que é importante, ficará perdida melhor uma reforma tímida do que nenhuma reforma. também. Mas isso já seria um grande avanço. Então, temos que avançar em algumas questões. Creio Com relação à questão da lei complementar, que- que esta Casa pode avançar em pontos importantes. ro que entendam o que eu disse. Não é na Constituição Penso que a reforma que o Governo encaminhou para que tem de haver alíquota. Não estou dizendo que não esta Casa atende ao princípio da simplificação, mas tem de haver um comando constitucional. Se eu falei não ao da progressividade. Atende à simplificação – a que tem de haver um comando constitucional em rela- questão do ICMS é fundamental —, mas é ineficaz ção à reposição de perdas dos Estados, a questão da com relação a propostas para um sistema tributário repartição dos recursos dos Municípios também tem progressivo neste País, por meio do qual as pessoas que ser objeto de um comando constitucional. O que que ganham mais possam, de fato, pagar mais, e não eu disse foi que a legislação infraconstitucional é que o contrário, como acontece hoje. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57587 Na hora de avaliarmos as leis complementares e O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Ga- de redefinirmos as cinco alíquotas de ICMS, e com a brielli) – Com a palavra o nobre Deputado Francisco perenização da CPMF, a primeira impressão que tenho Dornelles. é de que teremos aumento de carga tributária. Mas, ao O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES mesmo tempo, creio que podemos aproveitar para de- – Governador Germano Rigotto, reitero minha admi- sonerar setores importantes da sociedade, os pobres e ração e profunda amizade por V.Exa. os pequenos. É importante, Governador, primeiro, que Serei objetivo, Governador. Concordo plenamente a alíquota referente aos alimentos e também aos me- com V.Exa. em que o projeto é o possível e tem aspectos dicamentos – concordo com essa inclusão —, tenda a positivos, entre os quais cito a unicidade da legislação zero. Se não for zero, que seja uma alíquota simbólica. do ICMS, o grupo reduzido de alíquotas, a possibili- Esse é o primeiro questionamento: é possível haver dade de transformar uma parte da contribuição social uma alíquota zero, nenhuma alíquota ou uma alíquota sobre os salários e a COFINS em valor adicionado. tendendo simbolicamente a zero? Considero essa a parte positiva do projeto. Há outra maneira de fazer com que haja desone- Ma há partes extremamente perigosas, que não ração de setores importantes que sempre sofreram com podemos deixar, de modo algum, no projeto. Uma delas o sistema tributário nacional. Precisamos radicalizar é a repartição do ICMS para os Municípios, que hoje – já usei esse termo nos debates da Comissão – para é de três quartos pelo valor agregado, um quarto pela que haja desoneração completa na exportação para legislação interna. Ninguém sabe por que colocaram as pequenas e microempresas. Porém, pergunto: se isso para ser fixado em lei federal complementar. Quer hoje temos a desoneração do ICMS, é possível avan- dizer, o Governo Federal é que vai estabelecer, por çarmos numa desoneração maior para as pequenas e lei complementar, votada por maioria absoluta, como microempresas? Também acho fundamental avançar- o Estado vai distribuir o ICMS para o Município. Con- sidero isso a raia do absurdo. Não entendo de onde mos na decisão desta Comissão, com o nosso Relator, saiu essa medida. Deputado Virgílio Guimarães. Em segundo lugar, considero também um pon- Em contrapartida, creio que esta Casa terá con- to extremamente perigoso o imposto de transmissão dições de estabelecer algumas mudanças no Impos- progressivo. Acho que no momento em que se tem to de Renda. É necessário, Governador, instituirmos a transmissão, você tem o ganho de capital daquele algum comando constitucional para que possamos que vende, que deveria ser tributado com o Imposto já apontar para as mudanças do Imposto de Renda, de Renda. A compra é um ato jurídico de transferên- depois, na votação, na apreciação de uma lei comple- cia. O sujeito chega, entrega 100 mil reais e recebe mentar? Há algum comando constitucional importante uma casa. Por que o que compra vai pagar o imposto que podemos propor nesta Comissão com relação ao progressivo? Deveria pagar imposto sobre ganho de Imposto de Renda? capital quem vende, e não pagar imposto progressivo Gostaria de saber a opinião do Governador com quem compra. Também considero isso absurdo. relação ao ITR Estadual, já que S.Exa. ainda não se Como Governador, talvez V.Exa. tenha uma po- referiu a esse assunto. sição divergente, mas acho que o IPTR deveria ser O outro questionamento vem em forma de pro- municipal. Se o Imposto Predial Territorial Urbano é posta. Como o Governo deseja uma retirada de 50% municipal, não vejo por que o Territorial Rural não seria da contribuição previdenciária da folha de pagamento do Município. A reforma estabelece, ainda, que a União, de pessoal, será que não poderíamos começar com por lei complementar, vai definir o que é pequena gleba, uma retirada de 50% e, no prazo de quatro anos, che- para a não-incidência do Imposto Territorial Rural. Ora, gar a 100%? acho que o Estado é que deveria fazer tal definição. A outra questão é com relação ao ICMS. Parece- O que é uma pequena gleba no Amazonas ou no Rio me que foram retirados da Constituição os critérios de Grande do Sul? Será uma lei federal complementar distribuição do ICMS entre Estados e Municípios. que vai dizer o que é pequena gleba dentro do Estado? O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – A Acho esse aspecto totalmente incongruente. distribuição entre os Municípios, sim, foi transferida da O outro problema, Governador, é que a grande Constituição e agora consta de lei complementar. fortuna tem que ser tributada com Imposto de Renda O SR. DEPUTADO RENATO CASAGRANDE ou imposto sobre patrimônio. Não há outro caminho. – Pois é. Então, se foi retirado, gostaria de saber se Pois bem. A Constituição estabeleceu a tributação da V.Exa. tem alguma opinião com relação a isso. grande fortuna por lei complementar. Ainda não se Muito obrigado, Sr. Presidente. tributou porque, no momento em que se quiser criar 57588 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 a tributação, vai-se recorrer aos patrimônios e rendas – não haver pressão de aumento de carga tributária. existentes. Mas foi retirada a expressão “lei comple- Vamos dar um exemplo prático. A alíquota do diesel mentar”, pelo que se pode dizer que as grandes for- no Rio Grande do Sul é 12%, em São Paulo também; tunas poderão ser tributadas por medida provisória, o no Rio de Janeiro, é 18%. Na unificação, ou a alíquota que considero um absurdo, porque o art. 146 dos Atos do Rio de Janeiro vai para 12% ou a dos outros Esta- Gerais da Constituição proíbe medida provisória para dos vai para 18%. assuntos constitucionais votados até 2000. Nos últimos Tendo em vista o peso dos três impostos – com- dias tivemos aqui medida provisória revogando artigo bustível, energia elétrica e comunicação – , que V.Exa. do Código Civil, assim como já tivemos medida provi- disse representarem quase 40% da arrecadação de sória aumentando em 180% o imposto sobre serviços ICMS, acho difícil que, na unificação de alíquota, não pago pela sociedade civil. Amanhã, podemos acordar haja carga tributária. Se se unir por baixo, haverá perda com uma medida provisória que cria um imposto sobre de receita, o que os Estados certamente não aceitarão; grandes fortunas, e ninguém vai saber. se por cima, parece-me que haverá, obrigatoriamente, Então, minha observação geral sobre a reforma é aumento de receita. que essa parte perigosa, juntamente com a prorrogação Em termos operacionais, eu gostaria de discutir da CPMF e da DRU, pode entrar quase imediatamente um ponto com a assessoria de V.Exa. Muitas vezes se em vigor, e a parte positiva vai depender de uma rede jogam as linhas gerais e na hora da operacionalidade de leis complementares. Corremos o risco de, aprova- aparece a complicação. Se me for permitido discutir com da a medida provisória neste ano, haver aumento de a assessoria de V.Exa. eu até irei ao Sul. Eu gostaria CPMF, quer dizer, manutenção da alíquota de 0,38%, de saber como seria a operacionalidade desta ope- manutenção da DRU, o Imposto sobre Grandes For- ração: o Senado Federal fixa a “aliquotagem”, vamos tunas, o ITR progressivo, o Imposto de Transmissão dizer, as cinco alíquotas, e depois o CONFAZ coloca Progressivo, o Imposto Territorial Rural progressivo. E, cada produto dentro dessa norma de alíquotas. Eu o que é bom, por lei complementar, que nunca sabe- realmente não saberia como fazer isso. mos quando vai ser votada. Muito obrigado. No campo específico, apresento a V.Exa. um pro- O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Gabrielli) blema operacional. Uma resolução do Senado Federal, – Concedo a palavra ao Deputado José Militão. aprovada por três quintos, vai fixar os grupos de alíquo- O SR. DEPUTADO JOSÉ MILITÃO – Sr. Presi- tas, mas posteriormente, quase um CONFAZ – vamos dente, Sr. Governador Germano Rigotto, Sr. Relator, chamar assim —, como está na proposta, vai dizer que Sras. e Srs. Deputados, essa reforma pode não ser a produtos entrarão naquelas alíquotas. Ora, ninguém ideal, mas é melhor que tudo que aí está. diz que esse CONFAZ, que essas “aliquotagens” têm Tenho dito ao Relator, Deputado Virgílio Guima- de ser aprovadas por três ou quatro quintos. rães, que temos de nos inspirar no relatório produzido Então, pergunto a V.Exa., que é Governador do pelo Deputado Mussa Demes na última Comissão for- Rio Grande do Sul e que hoje tem competência para mada pela Câmara dos Deputados. Entretanto, admito fixar a alíquota interna: V.Exa. não acha que ficaria muito que, se fizéssemos alguns ensaios, juntamente com a dependente, vamos admitir, de uma série de Governa- Receita Federal e os Estados, poderíamos voltar a ter dores de outros Estados para fixar a alíquota do Rio algo produzido pelo relatório Mussa Demes. Grande do Sul? Não seria preciso uma salvaguarda Por exemplo, se fundíssemos o ISS e parte do maior? Imaginemos determinado produto importante IPI na base do ICMS, haveria uma base muito mais para o Rio Grande do Sul que não tenha nenhuma im- ampla, que hoje não é alcançada pelo ICMS, a exem- portância para os Estados do Norte, Nordeste e Cen- plo do ISS da construção civil. Poderíamos tirar todos tro-Oeste. Essa alíquota poderia ser fixada em níveis aqueles produtos que não representam grande coi- não admitidos pelo Rio Grande do Sul. sa para a União, em termos de IPI, fundi-los com o Essa operacionalidade de colocar produtos den- ICMS e criar para a União um imposto seletivo sobre tro das classes de alíquota é extremamente perigosa. os produtos que pesam mais de 90% na arrecadação É aquela questão: pimenta nos olhos dos outros é re- do IPI, a fim de que não haja perda de receita, tanto fresco. Os Governadores deveriam pensar em como do FPE quanto do FPM. Exemplo: petróleo, energia, será a operacionalidade de o Senado Federal fixar a bebidas, cigarro etc. “aliquotagem” e o CONFAZ colocar os produtos dentro Há uma grande preocupação com o que está de cada série. formatado pela proposta de emenda constitucional. Por fim, Governador Germano Rigotto, em ter- A proposta deixa de fora da base de cálculo do IPI mos ainda de ICMS, acho difícil – em tese, é possível aqueles produtos que serão exportados de um Esta- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57589 do para outro. Isso pode gerar novamente, se não for tura de distribuição de renda no Brasil é vergonhosa. bem trabalhado, o passeio de nota fiscal, já que os O que me deixa profundamente angustiado é que isso produtos seriam destinados a determinado Estado e não nos incomoda. Não incomoda os grandes homens descarregados no próprio Estado de origem. públicos deste País e está-se perpetuando. Isso, sim, Outra preocupação é, no que se refere ao relatório deve-nos incomodar seriamente, não simplesmente que será produzido pelo Deputado Virgílio Guimarães, o fato de os banqueiros agora passarem a pagar um criarmos uma forte base de sustentação para a substi- pouquinho mais. De repente, é a grande carga tributá- tuição tributária, de modo que não haja questionamento ria que está crescendo no Brasil. Precisamos dar um jurídico e haja a garantia, para aqueles Estados que basta nesse tipo de discurso. A sociedade quer ver a receberão a mercadoria, de que efetivamente o con- taxa de retorno desses tributos. Nesse caso, a inda- tribuinte que destinou a mercadoria seja responsável gação é correta. pelo pagamento do imposto. Foi dito aqui que V.Exa. fez um trabalho maravilho- Sr. Governador, V.Exa. tem um importante papel so, bem superior ao projeto ora encaminhado. Não tenho na reforma tributária, porque, pelo trabalho produzido na dúvida disso. Mas por que não foi votado? Por que não última Comissão e pela liderança que exerce, podemos lhe foi dado encaminhamento, se era tão bom, eficien- construir, junto com o Deputado Virgílio Guimarães, um te e competente? Por que não houve conclusão? Não relatório que corrija todos os defeitos citados, a fim de havia responsável neste País? Todos tiveram o mesmo criarmos um ICMS com a fusão do ISS e uma parte do grau de participação ou havia alguém mais responsável IPI; fazermos um seletivo para o IPI da União, que re- que outro? Por que essa tão eficiente proposta de re- presenta mais de 90%; e criarmos para os Municípios, forma tributária, bem superior à ora apresentada, não a fim de que não haja perda de receita, o IVV proposto foi aprovada? Deve haver uma explicação. Pergunto a no relatório do Deputado Mussa Demes. V.Exa. por que esse trabalho não foi adiante e não foi O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Ga- aprovado. Quem foram os responsáveis? brielli) – Concedo a palavra ao eminente Deputado Há uma segunda questão. Temos acumulado Wasny de Roure. seriamente neste País um projeto de incentivo fiscal. O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE – Sr. Os economistas que mais trabalharam com teorias de Presidente, Sr. Governador, Deputado Virgílio Guima- desenvolvimento econômico tratam dessa matéria de rães, Srs. Deputados, meus cumprimentos. maneira temporária e não permanente. Entretanto, vejo Gostaria de parabenizá-lo, Sr. Governador, por que alguns querem perpetuar programas de incentivos sua desenvoltura com relação à matéria. Cheguei fiscais na estrutura produtiva. recentemente a esta Casa, mas tive oportunidade de ouvi-lo, por ocasião de um congresso da UNALE, V.Exa. sucedeu um Governador do meu partido, quando V.Exa. fez uma exposição. A partir daí, passei por quem tenho um grande apreço pessoal, no Estado a acompanhá-lo e a apreciar a maneira séria e res- onde houve um ponto polêmico discutido pela socieda- ponsável com que trata essa matéria. Quiçá todos os de como um todo. Refiro-me à transferência da fábrica homens públicos tivessem esse compromisso. Infeliz- da Ford do Rio Grande do Sul para a Bahia. A maté- mente, não é a realidade em nosso País. ria tornou-se polêmica. Eu gostaria que V.Exa. fizesse Duas questões me preocupam profundamente. uma avaliação dos programas de incentivos fiscais e Tenho observado vários Parlamentares criticarem, de do papel que têm representado para o desenvolvimen- maneira violenta mas competente, o crescimento da to econômico do nosso País, particularmente do seu carga tributária. Parece que a carga tributária cresceu Estado. Sou do PT, mas não tenho constrangimento numa rapidez estúpida, em alguns meses. Alguns foram nenhum em receber qualquer observação crítica. Ministros, outros estão nesta Casa por vários mandatos Por último, nessa proposta, V.Exa. apontou um e não viram passar por este Parlamento os aumentos aspecto com o qual concordo: a federalização dos tri- tributários que, de repente, viraram o grande crimino- butos estaduais, em parte até em face do problema so deste País, como se o Brasil tivesse estagnado em anteriormente exposto. Eu gostaria que V.Exa. abor- função do aumento da carga tributária. Estou cansado dasse o princípio da progressividade nesse projeto e estarrecido diante desse discurso, porque ele não como um todo. Essa proposta da federalização tipifica diferencia as classes sociais. Pobre neste País paga cinco grandes grupos, sendo que o dos produtos bá- muito imposto, mas rico paga pouco. sicos teria a menor alíquota e, conseqüentemente, a A questão de diferenciar socialmente neste País de melhor impacto social. Além dessa, que outra pers- perdeu vigor. O País mantém um nível de concentração pectiva de progressividade V.Exa. veria na proposta de renda singular. Ninguém desconhece que a estru- ora encaminhada? 57590 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 O SR. PRESIDENTE (Deputado Gerson Ga- va uma alíquota maior. Mas, pelo menos, haverá um brielli) – Com a palavra o eminente Governador Ger- ordenamento novo e não essa confusão de aumentar mano Rigotto. alíquota, diminuir alíquota, zerar alíquota e um Esta- O SR. GERMANO RIGOTTO – Respondo pri- do criar problema para outro Estado. Com relação ao meiramente ao Deputado Renato Casagrande, com alimento, quem paga a conta é geralmente quem ga- relação à progressividade. Não sei que outro Depu- nha menos. tado mencionou o assunto, além do Deputado Wasny Deputado Renato Casagrande, é possível cami- de Roure. nharmos para uma alíquota zero para alguns produtos. Progressividade no Imposto de Renda, Deputado A média mundial para os alimentos é 9%. No alimento Renato Casagrande, não precisa estar na Constitui- industrializado, como eu disse, a carga tributária pode ção. Não há necessidade de se mudar a Constituição chegar perto dos 35%, como no Brasil. Isso é injusto e para haver progressividade no Imposto de Renda. A irracional. Deve haver separação por faixas de alimento. Constituição é clara: o Imposto de Renda tem que ser Não podemos dizer que o caviar é alimento que deve progressivo. A maior ou menor progressividade será ser pouco tributado. Ele tem de continuar sendo tribu- definida na legislação infraconstitucional, que trata de tado como produto supérfluo, mas o feijão, o arroz, a alíquotas. mandioca, os produtos da cesta básica, o pão, obri- Na Comissão de Finanças e Tributação, várias gatoriamente, devem ter uma carga tributária diferente vezes debatemos a possibilidade de maior progressi- da que existe hoje. Estou analisando o Brasil como um vidade do Imposto de Renda, ao que sou totalmente todo, não um Estado ou outro da Federação. favorável. O Imposto de Renda tem de ser mais progres- Quanto à desoneração maior para as micro e sivo do que é. Votei a favor, na Comissão de Finanças pequenas empresas, após muito trabalho nesta Casa, e Tributação, de uma proposta do Deputado Ricardo um dos grandes avanços do sistema tributário, den- Berzoini, hoje Ministro da Previdência, nesse sentido. tre tantos remendos fiscais votados ao longo desses O Imposto de Renda tem de ser mais progressivo, mas anos, foi o SIMPLES, pois ele faz o que a Constituição não é preciso mudar a Constituição para que essa pro- determina: desburocratiza. gressividade ocorra. Uma legislação infraconstitucional Está ao meu lado o Deputado Gerson Gabrielli, pode determiná-la com mais facilidade. homem que tem a vida parlamentar voltada para a Com relação ao aumento de carga tributária que defesa das micro e pequenas empresas. O Deputado poderia haver num primeiro momento, volto a dizer que Max Rosenmann é outro que trabalhou no SIMPLES, ele pode acontecer se não houver uma calibragem que foi um grande avanço. É possível avançarmos mais bem-feita de alíquotas. Pode haver a desoneração de na desoneração e na desburocratização? Podemos setores da sociedade no momento em que houver um até avançar mais, mas hoje já temos com o SIMPLES sistema tributário mais eficiente, pois haveria menor uma diferenciação da micro e pequena empresa no evasão e maior possibilidade de reduzir cargas seto- que diz respeito à desburocratização e à diminuição riais. Então, essa redução pode acontecer. da carga tributária. Aqui muito se falou na justiça fiscal para deso- Quanto ao ITR, não pode continuar havendo o nerar o alimento. A alíquota para o alimento pode ser ITR federal. Pela proposta que mandou, o próprio Go- zero? Produtos essenciais da cesta básica podem ter verno Federal concorda em que esse é um tributo cuja uma alíquota zero. Quanto aos demais alimentos, eles arrecadação é insignificante. O Governo Federal não não podem continuar sendo tributados da forma como vê o ITR como tributo que possa lhe gerar arrecadação é no Brasil. Os Governos perdem de um lado, mas ga- e não há interesse em mantê-lo. nham de outro pelo aumento da produção. Além disso, Por que deve haver um comando federal? Por a menor tributação do alimento vai-se refletir no preço causa da política de reforma agrária. Se há uma polí- do produto para o consumidor final, e o trabalhador de tica de reforma agrária, é preciso haver um comando baixa renda vai-se beneficiar. federal que defina os parâmetros de cobrança do ITR Se me perguntarem se a alíquota seria zero, eu para tributar mais as propriedades não-produtivas. Se diria que poderia haver uma alíquota pequena. Inclu- é preciso haver esse comando federal e o Governo sive, defendo essa alíquota especial também para me- entendeu que o ITR não deve ser cobrado pela União, dicamentos. Uma alíquota muito pequena será muito pois ela não é eficiente na cobrança do imposto, há a melhor do que a bagunça que é hoje. opção de a cobrança ser efetuada pelo Estado ou pelo O Deputado Francisco Dornelles tem razão. No Município. Uma das idéias é a cobrança ficar a cargo momento em que se colocar o feijão na alíquota es- do Estado, sendo que 40% do valor arrecadado ficaria pecial, haverá gente contrariada, pois o Estado usa- com o Município. Há a opção de um convênio do Esta- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57591 do, permitindo que o Município cobre e até fique com O Deputado José Militão levanta que o ideal é a totalidade do ITR. Existe abertura para isso. o Imposto Sobre Serviços junto com o ICMS e com Os Deputados que participaram da Comissão de o IPI, os três tributos transformados num novo ICMS. Reforma Tributária na Legislatura passada lembram que Não tenho dúvida de que o IPI está cada vez mais houve um grande debate. A proposta comandada pelo ineficiente para a União, que o arrecada efetivamente Deputado Fetter Júnior, que infelizmente hoje não está sobre muito poucos produtos. Sobre os restantes, ela entre nós e muita falta faz à Casa, foi no sentido de não se interessa em cobrar. Não existe nem a fiscali- que o ITR passasse para o Município. Para quem não zação que deveria existir sobre alguns setores, e cada sabe, há alguns dias, o Deputado Fetter Júnior, com vez mais o IPI se concentra sobre menos itens. toda sua juventude, sofreu um infarto, mas, graças a Para a União, não haveria grande problema em Deus, está em processo de recuperação. fundir o ICMS com o IPI e receber um pedaço disso. É Naquela oportunidade, se a proposta tivesse sido um processo de racionalização, de simplificação. Pelo votada pelo Plenário, o ITR teria ido para o Municí- menos, a União poderia fazer o IPI seletivo, como dis- pio; ou para o Estado e o Município, com este ficando se o Deputado Luiz Carlos Hauly. É muito mais fácil com 40% da arrecadação, ou a totalidade dentro de fazer um seletivo monofásico com o IPI do que com o um convênio entre Estado e Município, sob o coman- ICMS. Como a União está jogando o IPI sobre poucos do da legislação federal. Esta serve exatamente para itens, por que não jogá-lo monofasicamente sobre um que haja uma política que leve em consideração o im- seletivo? Não há aquela loucura de fiscalizar, e a União posto, na busca de tributar mais a propriedade não- não está fiscalizando eficientemente. produtiva. Esse é o objetivo da legislação federal. Às Aquilo que disse o Deputado Luiz Carlos Hauly vezes, no Estado, isso pode não acontecer da forma é mais fácil, sem dúvida, no IPI do que no ICMS. Acho como deveria. que a Comissão pode avançar, Deputado José Militão, Claro, Deputado Francisco Dornelles, V.Exa. tem na busca de um grande IVA, um ICMS novo, com uma razão. O Estado é que sabe o pode, mas não vejo risco legislação com cinco faixas de alíquotas, trazendo o de as peculiaridades do Rio Grande do Sul não serem IPI, e a União pode ficar com uma parte disso. Não se consideradas, assim como as diferenças do Piauí, do está querendo tirar receita da União. Deputado Marcelo Teixeira, nesse balizamento que Acho mais difícil o ISS, dentro da nossa proposta. será feito. O balizamento pode levar em consideração Digo-lhe, com toda tranqüilidade, que os Municípios toda a realidade nacional e analisar o que pode levar ganhariam. Os grandes Municípios não querem nem a essa tributação. ouvir falar em perder o Imposto Sobre Serviços. Felizmente, um dos avanços da proposta é a com- Temos dificuldade em convencer a sociedade de preensão do Governo Federal de que o ITR é ineficiente que o Imposto de Vendas a Varejo, o IVV, é bom. Há se cobrado pela União e pode ser muito mais eficiente forte oposição a ele. Ele vai contra o trabalho que fa- se cobrado pelo Estado ou Município. Talvez pelo Esta- zemos. Estamos racionalizando de um lado, mas, de do mais do que pelo Município. Se a receita pode ficar outro, criando um tributo que não sabemos exatamen- com o Município, se pode haver esse convênio entre te o que vai determinar. Pode ser eficiente no resulta- Estado e Município, isso deve ser analisado. do da cobrança e bom para os Municípios, mas não Em relação à contribuição patronal sobre a folha, tenho convicção de que seria bom para a sociedade. a medida que está sendo adotada é a melhor, ou seja, Não tendo essa convicção, não posso dizer que esse transitar de uma contribuição que leve em conta a fo- será o melhor caminho. lha de pagamentos para outra em que 50% é folha e Deveria acontecer uma racionalização, uma sim- 50% é contribuição sobre valor agregado. Se derem plificação, uma fusão dos tributos que recaem sobre certo esses 50%, pode-se até avançar na direção de o consumo, o que já é proposto pelo Deputado José uma contribuição patronal do INSS. Militão. Não podemos ter ICMS com 27 legislações, O SR. DEPUTADO FRANCISCO DORNELLES ISS, IPI, ICMS, COFINS, PIS e CPMF incidindo sobre – A proposta nem estabelece proporção. Podem ser a mesma base. Isso é uma loucura! 50%, 60%, 80%. A grande reforma de que precisamos não é no O SR. GERMANO RIGOTTO – Se a Constitui- tributo sobre o patrimônio e a renda. Para alterá-los, ção não estabelece isso, pode-se migrar de 50% para pode-se mudar a legislação infraconstitucional, o que 100%. Num primeiro momento, seria 50%, até por ex- é mais fácil do que mudar a Constituição. Temos o co- periência, porque com certeza isso vai determinar um mando constitucional na questão da renda e do patri- auxílio à formalidade do trabalhador. Esse é um avanço mônio, mas existe a possibilidade de mudança por lei considerável na proposta. complementar. 57592 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Quanto à questão dos tributos sobre consumo, fosse mais eficiente o estadual, com a participação do ou se mexe na Constituição, ou vai continuar o que Município na cobrança. está aí. Então, a grande reforma é sobre os tributos Quanto ao imposto sobre grandes fortunas, da que recaem no consumo. A reforma que vem depois, mesma forma. A grande fortuna pode ser tributada a progressividade, as melhorias no Imposto de Renda, como patrimônio e renda. Há condições de fazer a tri- nos tributos sobre patrimônio podem vir por lei com- butação sobre grandes fortunas. plementar ou em paralelo à reforma constitucional. É A retirada da repartição do ICMS com os Mu- isso que alguns não entendem. nicípios da Constituição foi um pedido das entidades Deputado José Militão, a Comissão pode avan- municipais, mas eu preferiria que ela ficasse. Deve çar nessa questão. O Deputado Francisco Dornelles haver o comando constitucional. Essa retirada, pelo fala sobre o ICMS e aborda uma questão verdadeira: que sei, foi solicitação de entidades representativas teremos problemas depois de votarmos, porque ha- de Municípios. É bom a Comissão ficar atenta a isso, verá cinco faixas de alíquota. O Senado Federal terá analisar esse problema e trazer representantes dos de definir as alíquotas e os Estados definirão o que Municípios para discuti-lo aqui. constará nessas faixas. Que produtos estarão nelas? Eu gostaria de falar ao Deputado Wasny de Rou- Aí haverá realmente um problema. re sobre crescimento de carga tributária. Quando se Se a maioria dos Estados tem alíquota quase igual toca nesse assunto, há um equívoco. O problema em telecomunicações, combustíveis e energia, alguns não é o crescimento, mas a má distribuição. Se ela têm um pouquinho mais e poderão perder arrecada- cresceu, cresceu mais ainda sua má distribuição, sua ção no momento em que a alíquota for uniformizada concentração. Esse é o maior problema. A carga tri- em todo o território nacional. Outros poderão ganhar butária efetiva sobre quem paga tributo é superior a se conseguirmos uma alíquota intermediária. Em de- 37% do PIB, porque a evasão está crescendo. Então, terminado Estado, haverá aumento de carga tributária esta é a discussão que temos de fazer: como evitar se o imposto sobre o combustível passar de 12% para o crescimento da sonegação, da informalidade e da 15%, por exemplo. Essa questão exigirá realmente um elisão fiscal? trabalho muito grande na calibragem da alíquota e na Seria bom que tivéssemos uma carga tributária análise dos produtos que comporão cada faixa. Depu- de menos de 37% do PIB? Seria. Hoje, essa carga é tado Francisco Dornelles, mesmo que haja dificuldade, o mínimo necessário para o Estado enfrentar o qua- não se pode deixar de enfrentá-la. dro que temos, mas o maior problema é que ela está Há uniformização da legislação do ICMS. Unifor- concentrada tremendamente sobre quem paga e joga mização é diferente de federalização. Federalização é muita gente para fora do sistema. Cada votação que o ICMS para a União, é bom que se diga. O ICMS con- acontece aqui ou nos Estados e que determina au- tinua com o Estado, mas teria uma legislação única. mento de carga tributária está jogando para fora do Mesmo que V.Exa. tenha razão, Deputado Fran- sistema uma quantidade incrível de empresas, seto- cisco Dornelles, teremos de enfrentar essas dificul- res e pessoas. É isto que tem de ser discutido: como dades, não só nas alíquotas, mas na definição das a distribuição dessa carga poderá ser melhor num faixas dos produtos que comporão cada uma delas. primeiro momento? O pior é continuar como está: alíquotas diferenciadas Com relação ao fato de que o rico paga pouco, em 27 legislações. acho que a tributação sobre o capital especulativo é Com relação à transitoriedade do Imposto de muito menor do que deveria ser. No que se refere à Transmissão e à progressividade prevista, eu diria que vergonhosa distribuição de renda, nosso sistema tri- devemos ter muito cuidado, porque às vezes pode-se butário leva também à concentração de renda. Quem pensar em ganhar receita, mas terminar perdendo. De ganha menos não paga Imposto de Renda, mas paga qualquer forma, deve haver um comando constitucio- imposto embutido no alimento, no vestuário, uma quan- nal e uma legislação infraconstitucional. Alguma coisa tidade absurda de impostos indiretos que não tem como deve estar na Constituição. Não se pode delegar tudo pagar. Então, vai perdendo renda. Se não se tributar o à legislação infraconstitucional. capital especulativo mais fortemente, haverá pessoas Concordo em que possa existir o ITR municipal. ganhando cada vez mais. Os Estados não têm tanta oposição a que isso acon- Então, o sistema tributário é fator, sim, de con- teça. É bom para os Estados, porque ficarão com uma centração de renda, e a Comissão terá de verificar parte do ITR, mas não há uma oposição enorme. A como trabalhar para construir um sistema que ajude Comissão pode migrar para um ITR municipal. Talvez a enfrentar a questão da má distribuição. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57593 Antes de responder à última pergunta sobre in- cia nessas políticas. Por exemplo: se quero trazer uma centivo fiscal, Deputado Wasny de Roure, digo de co- empresa para meu Estado e tenho orçamento para ração que não tenho dúvida de que o fato de a Ford isso, vou estabelecer um valor para atrair investimen- ter ido para a Bahia não foi bom para o Rio Grande do tos para aquela região. O Município doa o terreno, faz Sul, onde estou tentando fazer com que a GM dobre a a terraplanagem, e, de posse do dinheiro, eu decido sua planta. Pergunte para o Prefeito de Gravataí, que ser esse investimento estratégico para o Estado. Com é do seu partido, o que representou a ida da GM para a planta da empresa, posso definir claramente meu aquela região. investimento no orçamento. Essa realidade ainda vai Não vou discutir o porquê de termos perdido a existir e certamente será muito melhor do que a atual Ford, mas tenho certeza de que não foi bom para o situação. Ao lado disso, é preciso fundos e projetos de Rio Grande do Sul. E lhe digo com toda a tranqüilida- desenvolvimento para enfrentar o problema das desi- de: a questão da guerra fiscal é absurda e não pode gualdades regionais. continuar da forma como está. Se não entro nela, per- O Estado que hoje não entra na guerra fiscal pára co investimento. Se entro, termino criando problemas, e perde investimentos. Vejam que situação! Um Gover- inclusive para governos futuros. nador que resolver zerar uma alíquota não perde re- Estamos caminhando para uma situação em que, ceita, mas atrai investimento, e outro que tenha o setor às vezes, o fato de alguns governos não serem trans- forte tem duas opções: ou zera a alíquota para ganhar parentes – e tenho procurado dar muita a transparên- competitividade e perde a arrecadação ou mantém a cia às atitudes que estão sendo tomadas e a todas as arrecadação e perde a competitividade. Da forma como discussões que fazemos para buscar investimentos está, não é possível continuar. Isso é uma doidice! Eu – cria problemas futuros, e essa guerra fiscal vai com- já tinha consciência disso e hoje, como Governador, plicar as finanças dos Estados de forma absurda. O tenho muito mais. Estado que acredita estar ganhando hoje certamente Quanto à última pergunta, Deputado Wasny de vai perder amanhã. Roure, sobre o que aconteceu com aquele projeto Alguns Governadores dizem que se não houver tão debatido, elogiado e aprovado pela Comissão, guerra fiscal não há solução para o projeto de enfren- realmente ele tem imperfeições e teria de ser amplia- tamento das desigualdades regionais. Por isso, deve do. Não tenho convicção de que o IVV seja uma boa haver projetos para resolver essas questões. Não é alternativa. O Deputado Mussa Demes sabia que o possível que elas continuem. Pode parecer que a guer- projeto ainda sofreria alterações, mas não foi votado ra fiscal vai resolver esses problemas, num primeiro porque o Governo Federal preferiu mudar o sistema momento, mas, ao contrário, ela acaba por gerar ou- tributário por tópicos. Não houve discussão sobre as tros mais sérios. contribuições sociais. Não é incoerência de minha parte dizer que no Quando houve acordo com todos os Estados so- Rio Grande do Sul existe fundo de desenvolvimento bre o ICMS e discutimos os tributos federais, puxou-se o para atrair investimentos. Se não dispuser dele, sim- tapete e o freio. Havia o medo de se perder a arrecada- plesmente vou perder qualquer tipo de investimento ção. O conservadorismo dizia ser melhor que o sistema que poderia ir para o Estado. tributário fosse modificado por medida provisória. Isso Temos de pôr um freio à guerra fiscal. Para isso, fez com que o freio fosse puxado. Numa república pre- deve primeiro existir a legislação única de ICMS, mas sidencialista, o Congresso Nacional pode querer fazer ela não é suficiente, porque os Estados podem con- tudo, mas se não tiver o Poder Executivo caminhando tinuar a dar incentivos. Segundo, se houver uma boa ao seu lado – não só no Brasil, mas em qualquer parte transição, poderemos chegar a uma mudança origem/ do mundo —, as coisas não acontecem. destino. Dessa forma, será bastante difícil manter a O Governo anterior, do qual tive a honra de ser guerra fiscal hoje existente. Líder no primeiro ano e meio, cometeu o erro de falar O Presidente da Comissão, Deputado Mussa muito na reforma tributária, mas de preferir mudanças Demes, e o Relator, Deputado Virgílio Guimarães, pontuais e, não, estruturais. Produzimos nosso projeto têm conhecimento de toda essa discussão. Mas, infe- com muita negociação. Deputado Wasny de Roure, fo- lizmente, alguns Estados hoje julgam a guerra fiscal ram seis horas diárias de negociação no Ministério da o melhor dos mundos. Vão dar com os burros n’água, Fazenda, depois de o termos aprovado na Comissão, vão quebrar lá adiante. Ela não é boa para os Estados com o Governo Federal, com Governadores e com que estão se beneficiando dela nem para o País. representantes de Municípios. Seis horas diárias! Era Precisamos de políticas de desenvolvimento para algo absurdo. Fizemos tudo o que podíamos, mas hou- as regiões mais oprimidas e devemos ter transparên- ve a decisão de que era preferível não correr o risco 57594 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 de perda de arrecadação e manter o sistema tributário proporção inversa à renda per capita, favorecendo os com mudanças pontuais. Essa foi a razão pela qual o mais pobres em detrimento dos mais ricos? projeto de reforma tributária não foi adiante. Essas são as questões que desejo que V.Exa. Hoje, vejo a enorme determinação do Presidente esclareça. Luiz Inácio Lula da Silva para fazer as reformas. S.Exa., O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) inclusive, diz que elas vão lhe custar caro em termos – Obrigado, Deputado. de popularidade e lhe trarão desgastes, mas, se não Concedo a palavra à Deputada Ann Pontes. acontecerem, não adianta ser Presidente com altos A SRA. DEPUTADA ANN PONTES – Sr. Presi- índices de popularidade. dente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Governador, acom- Essa postura é muito forte. Sinto sinceridade nas panhei com satisfação sua exposição, em que manifes- palavras de S.Exa., mesmo com a cobrança de que tou preocupação em constitucionalizar o fundo para os seu partido há algum tempo votou de forma diferente, Estados superavitários. Meu Estado, o Pará, se inclui mas agora, no Governo, entende que essas reformas entre eles, e, se não se tomarmos cuidado nesta Co- têm de acontecer. missão, corremos o risco de transformá-los constitucio- Essa decisão é muito importante para que a nalmente em devedores das empresas exportadoras. reforma avance. Se o Poder Executivo claudicar, o No caso específico do Pará, cujas exportações estão Congresso poderá promover grande debate e, mais voltadas basicamente para recursos naturais não-reno- uma vez, as reformas tributária e previdenciária não váveis – minérios —, seria punir duplamente o nosso se concretizarão e não serão aprovadas na Câmara Estado, ao criar déficit social e ambiental. nem no Senado. Com a devida vênia, acredito ser este o momento O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) propício para reavaliarmos a questão do pacto federa- – Obrigado, Governador. tivo. Sou de Tucuruí, localizada no sul do Pará. Pode- mos perceber que as pequenas Prefeituras assumem Com a palavra o Deputado Júlio Cesar. responsabilidades que originalmente caberiam aos O SR. DEPUTADO JÚLIO CESAR – Governador Estados ou à União. Hoje temos funcionários do INSS, Germano Rigotto, ouvi atentamente V.Exa. e estou mui- da Defensoria Pública e dos fóruns que nos prestam to preocupado com a afirmação de que os Municípios, serviços, e os Municípios acabam tendo de custear as os Estados e a União não podem perder. E a briga gira despesas desses funcionários sob pena de ficar sem em torno de quem perde e de quem ganha. esse atendimento. Vou abordar especificamente as transferências Portanto, este é o momento ideal para rediscutir constitucionais. No mês de março, esteve aqui o Se- essa questão e fazer justiça social. Somente assim cretário de Fazenda do Estado da Bahia e afirmou poderemos aplicar o princípio constitucional para com- que, em 1988, com a nova Constituição, as receitas bater as desigualdades regionais. compartilhadas com os Estados e Municípios, que re- Obrigada. presentavam 65% do bolo da receita total da União, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) hoje representam 45%. Então, eles já vêm perdendo – Obrigada, Deputada. ao longo desses 15 anos. Concedo a palavra ao Deputado Max Rosen- V.Exa. questiona o problema da origem e do des- mann. tino. Na proposta, a tributação será feita na origem, O SR. DEPUTADO MAX ROSENMANN – Sr. mas a maioria esmagadora dos Governadores quer no Presidente, Srs. Membros desta Comissão, Sr. Relator, destino. O senhor também afirmou que um Governador com satisfação saúdo o ex-Deputado e Governador de determinado Estado pobre defendeu a tese de ser Germano Rigotto, cuja liderança está dando rosto ao tributado na origem. Não sei o que esse Governador PMDB, partido grande e que possui várias silhuetas. está pensando, porque em todas as projeções do Depu- Confio em S.Exa. e acredito que seu nome satisfaça tado Mussa Demes, os Governadores dos Estados mais ao partido e ao País pela notável liderança política, que pobres são beneficiários da tributação no destino. E testemunhamos por meio do seu trabalho diário, do seu dizem, à boca pequena, que esse fundo de 2% criado patriotismo, da sua honestidade, da sua sinceridade e do IPI foi apenas para satisfazer os Governadores das da sua competência, atestadas na monumental vitória Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. nas eleições, em que foi eleito praticamente sozinho. Quanto às desigualdades regionais, como vamos É disso que o Brasil precisa. combatê-las se não houver realmente tratamento di- O Rio Grande do Sul está muito bem servido. ferenciado como aquele dado em 1999, com a distri- Pena que não possamos ter um Germano Rigotto em buição dos fundos constitucionais para os Estados em cada Estado! Creio que, em muito pouco tempo, po- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57595 deremos ter a avaliação positiva do seu trabalho no lerador do gasto e não no da redução, porque no Brasil Executivo. se aumenta a arrecadação para gastar como se quer e A meu ver, o que ocorreu com a proposta de re- não se diminui a despesa nem se faz economia. forma tributária, que não foi aceita pelo Governo, foi Em qualquer situação, vejo o País como viável, muito semelhante ao que aconteceu com a CPMF, porque vai ter capacidade de vender seus produtos, idealizada pelo ex-Ministro Adib Jatene para a Saú- faturar mais e superar a incompetência de todos os de e, depois de aprovada, tomada pelo Governo para Governos passados e futuros. Quer dizer, o Brasil vai si. Da mesma forma, o Governo Fernando Henrique crescer no faturamento, na exportação e, conseqüen- nunca sinalizou o desejo de fazer a reforma tributária, temente, no desenvolvimento. Vamos discutir tanto porque um governo que evolui de 22% para 37% de que talvez até aprendamos a governar com econo- arrecadação não vai correr o risco de perdê-la. mia. Confio muito no Governo de V.Exa. em relação Entretanto, o Governo anterior – inclusive eu era à economia. Acredito que V.Exa. esteja tomando as do mesmo partido, na época – cobrava, pela televisão, medidas necessárias nessa área, o que muitos não votações no Congresso Nacional. No presidencialismo estão fazendo. não existe a possibilidade de se votar uma matéria de A Lei de Responsabilidade Fiscal é muito boa, cuja decisão o Presidente não participe. mas quero que me digam se alguém foi censurado ou O SR. GERMANO RIGOTTO – Deputado Max condenado por não cumpri-la. O Governador Jaime Rosenmann, para não haver mal-entendido, temos aqui Lerner, do Paraná, assumiu o Estado com uma dívida a imprensa e a TV Câmara transmitindo o debate sobre de 1 bilhão e meio de reais e o entregou com uma dí- a reforma constitucional para todo o Brasil. vida de 27 bilhões de reais! Gastou o que quis, do jeito O Congresso Nacional tem todas as condições que quis, privatizou como quis, e onde está a Lei de de votar lei ordinária ou complementar. Entretanto, para Responsabilidade Fiscal? Ela serve de balizamento, haver reforma constitucional numa república presiden- é muito importante, deveria ser seguida e respeitada, cialista são necessários três quintos de votos em vá- mas, na verdade, não tem conseqüência, como tudo rias votações. Sem a presença do Governo Federal, o que não é para valer. Congresso não tem condições de aprovar esse tipo de Infelizmente, tudo leva a crer que querem au- reforma, e vice-versa. Senão, o Congresso não seria mentar impostos. Ainda nesta semana, Governador, necessário. O caso da reforma tributária é muito pior, tivemos aqui mais uma sessão para votar aumento de porque mexe na arrecadação. impostos. A maioria dos Deputados que afirmaram ser O SR. DEPUTADO MAX ROSENMANN – E o contrários foram ao plenário, votaram a favor e ainda presidencialismo está arraigado em tudo, até em um congratularam o Relator da matéria pela genialidade clube. Ninguém aumenta ou reduz mensalidade de de promover o aumento sem dor. Então, é um siste- um clube se o presidente não quiser. Não existe essa ma fantástico. história de o conselho deliberativo decidir. Da mesma forma, vejo a questão do discurso po- Não votei no Presidente Lula e não tenho espe- lítico sobre a distribuição de renda. Gostaria de um dia rança na qualidade do seu governo, mas, pelo menos pedir a cada um dos Parlamentares desta Casa que, na questão da reforma, S.Exa. está sendo aparente- em vinte linhas, escrevesse o que entende sobre distri- mente sincero. Isso para mim é muito importante. Em buição de renda, porque, pelo que estou vendo, todos outras questões, tenho minhas dúvidas, porque vejo pensam que distribuir renda é aumentar salário. Na ver- a voracidade do Governo, demonstrada inclusive em dade, essa distribuição se dá quando os benefícios são depoimentos feitos nesta Casa, em aumentar a arre- levados ao cidadão; quando a escola e a saúde públicas cadação. funcionam com qualidade; quando há garantia de vida Alguns têm vontade de aumentar impostos de à família e assistência à saúde; quando há verdadeira qualquer natureza. Esta Comissão é composta por segurança no País. Distribuição de renda é viver em mais de trinta Deputados. Apenas cinco ou seis são um País onde o dinheiro público é bem aplicado. Não defensores do contribuinte e 25 são defensores do tem nada a ver com Imposto de Renda e aumento de Estado, independentemente de serem de esquerda salário. No entanto, todos pensam assim. ou de direita. Querem o Estado forte e o povo fraco. Essas questões realmente nos preocupam. Por Essa é a filosofia da maioria dos políticos nesta Casa, isso, tive o cuidado de entregar minha proposta nas principalmente nesta Comissão. mãos do Relator. Há contribuições pontuais que po- Há anos trabalho em defesa do contribuinte e vejo dem ser aproveitadas. Pude levantar junto a S.Exa. com preocupação este Governo, com tantos Ministros uma questão ainda não debatida com contabilistas, e tantos gastos. O Governo já entrou com o pé no ace- com representantes de fóruns, com outras áreas de 57596 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 serviço, com os fiscais estaduais, com todo aquele e a dívida com a União. Caso contrário, as contas do grupo que constituímos: a redução da contribuição Estado são bloqueadas e teremos incrível dificulda- previdenciária sobre a folha de pagamentos, para que de, pois contamos com pouquíssimos recursos para não recaia somente nela. investimento. Há 40 milhões de brasileiros sem carteira assina- É dificílimo trabalhar assim, mas nosso Estado da. Isso demostra que esse sistema não funcionou. É tem um incrível potencial e sabemos que podemos re- válida a tentativa para que a contribuição seja reparti- verter esse quadro, apesar de não ser em curtíssimo da pelo menos meio a meio, ou sessenta e quarenta. prazo. Espero deixar para o meu sucessor o Estado Para não fazer de uma vez só, estou de acordo em em melhores condições, Deputado Max Rosenmann, que se vá calibrando – fiquei muito satisfeito quando de governar, com menor grau de dificuldade que o que V.Exa. usou a palavra calibrar. Temos de aumentar o estamos enfrentando. faturamento. Precisamos ter coragem para fazer essa Queremos criar um ambiente com menos tensão. reforma tributária, além de capacidade e rapidez para O Rio Grande do Sul estava com as posições muito fazer as leis complementares que calibrem o todo, mas radicalizadas. Tenho procurado ouvir e conversar com não como ocorreu nesta semana. Se o Deputado Pro- todos, inclusive a oposição, na tentativa de compreen- fessor Luizinho novamente exercer todas as relatorias der o seu papel de criticar e fiscalizar. e calibrar o País ao seu estilo, vamos ter uma carga Essa semana, por exemplo, foi aberto espaço tributária entre 45% e 50%. Corro o risco. O meu de- para críticas na televisão. Na verdade, não dei mo- sejo é o de votar essa reforma previdenciária e ter a tivos para críticas até agora, mas estavam tentando coragem de, neste democrático Congresso, discutir as criar algo para poder criticar. Até entendo esse tipo de leis complementares. Por isso estou disposto a pros- postura, mas não vou entrar em um jogo de procurar seguir nessa questão e não ser negativista. radicalizar, que gere um ambiente desfavorável ao de- Novamente, registro minha admiração e orgulho, senvolvimento do Estado e o impeça de enfrentar as Governador Germano Rigotto, pelo exemplo do bom desigualdades regionais, sociais e sua difícil situação político que V.Exa. é e de que este País precisa. Não financeira. Vamos reverter esse quadro. precisamos de político do tipo velhaco, que já cansou o Respondendo ao Deputado Júlio Cesar, quanto Brasil. V.Exa. obteve maravilhosa vitória por ser exem- às transferências constitucionais, eu diria que a situa- plo contrário desse tipo de político. ção do bolo tributário passou de 65 para 45 ao longo O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) dos anos. Vários Governos criaram as contribuições – Obrigado, Deputado. sociais exatamente para não partilhar com os Estados Concedo a palavra ao Governador Germano Rigotto. e os Municípios. O SR. GERMANO RIGOTTO – Agradeço ao Quanto à questão do pacto federativo, quando os Deputado Max Rosenmann as carinhosas e sinceras Governadores estiveram com o Presidente Lula e com palavras, que vêm do coração e muito têm a ver com o o Ministro Palocci, perguntaram por que não se pegar trabalho que juntos desempenhamos. S.Exa. foi Presi- um pedaço da CPMF. A CPMF, que era provisória, é dente do Núcleo de Assuntos Tributários e Contábeis, mantida com 0,38%, então, por que o Governo Federal que contou com o forte assessoramento das entidades não compreende a realidade e deixa uma fatia dessa dos contabilistas do Brasil sobre as questões que tra- arrecadação para os Estados e os Municípios? mitavam no Congresso e que se referiam a mudanças, O Ministro Palocci disse que se a União perder principalmente no sistema tributário. receita neste momento haverá dificuldade no enfren- Depois de S.Exa., tive a honra de presidir esse tamento do déficit público com todas as repercussões núcleo de assuntos tributários e contábeis, antes até que na inflação, na política cambial e na questão dos de ser Presidente da Comissão de Reforma Tributária. juros, que têm de cair, mas só cairão se o quadro for Obrigado, Deputado, pelas palavras que nos animam diferente. Tudo isso tem a ver com o enfrentamento do e nos dão força. déficit público. Segundo a União, será um complicador Desde o meu primeiro dia de Governo, o Rio perdermos a arrecadação agora. Grande do Sul vem atravessando uma situação eco- Ficou aqui acordado que parte da CIDE ficaria nomicamente forte, com finanças tremendamente com- com os Estados. No entanto, não foi isso que ocorreu. balidas. Muito antes de olhar para trás, de buscar res- O acordo não está sendo cumprido – talvez o seja no ponsáveis, procuro olhar para frente e saber que temos ano que vem. Esta Comissão e o Congresso Nacional de enfrentar essa realidade, às vezes contando cada podem encaminhar, com cuidado e com responsabili- real para chegar ao final do mês e poder pagar a folha dade, sugestões dos Estados e Municípios. Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57597 Deputado Júlio César, se é verdade que a ar- repare, com o passar do tempo, essas perdas dos Es- recadação da União e a participação dos Estados e tados produtores. Municípios aumentaram principalmente devido às con- Esse fundo de 2% – a meu ver, um paliativo – sur- tribuições sociais, também é verdade que se mexer- giu, porque três Governadores se recusaram a mudar mos nos recursos da União, de uma hora para outra, a origem e o destino, alegando que a desigualdade provavelmente, primeiro, inviabilizaremos a reforma entre as regiões continuaria. tributária e, segundo, criaremos um problema para Deputado Max Rosenman, V.Exa. tem razão quan- nós mesmos. do enfatiza que aumentar o faturamento é uma forma Deputado Virgílio Guimarães, concordo plena- de termos um País menos dependente do capital es- mente com a proposta do Deputado Mussa Demes, peculativo – o sistema tributário tem de sinalizar para que é favorável à mudança da origem e do destino com isso —, que a questão da calibragem da alíquota é transição de sete anos e fundo de compensação. perigoso e, se não tivermos cuidado, poderá haver au- O meu Estado, o Rio Grande do Sul, é mais pro- mento de carga tributária sobre o contribuinte. V.Exa. dutor do que consumidor, tem saldo comercial positivo. sempre teve o cuidado de olhar para o contribuinte e Uma boa mudança na origem e no destino aperfeiçoa com certeza trabalhará a questão da emenda cons- o sistema, freia a guerra fiscal, faz com que tenhamos titucional, que tem a seu lado um anteprojeto de lei mais justiça tributária e enfrentemos inclusive a ques- complementar a ser votado depois da mudança cons- tão das desigualdades. Sem isso, não há solução. Há titucional. Isso trará o mínimo de segurança para o quem diga que esse fundo de compensação não fun- contribuinte, que saberá que a emenda constitucional ciona. Vamos estudá-lo e analisá-lo um pouco mais está sendo votada, mas já há todo um balizamento até ficarmos seguros do que queremos. Não posso com relação às alíquotas. trabalhá-lo no voto, na Comissão ou no plenário da Nós, Governadores, conversamos com o Ministro Casa, mas o farei formando opinião a favor. Antonio Palocci quando soubemos que a desoneração Só conseguiremos enfrentar as desigualdades das exportações estava sendo constitucionalizada an- regionais se inserirmos no Orçamento da União fundos tes de o projeto chegar a esta Casa. controlados para alavancar as regiões mais oprimidas O Governador do Pará, Simão Jatene, disse que tributariamente, que têm potencial para se desenvolver. se deve constitucionalizar ou não o fundo. Ambos Ao longo dos últimos anos, houve grande concentra- preferimos que continue constitucionalizada a deso- ção de riqueza. neração das exportações. No entanto, se o Governo O SR. DEPUTADO MAX ROSENMANN – Gover- assim não o fizer, será melhor desconstitucionalizar a nador Germano Rigotto, peço a V.Exa. que comente a desoneração, uma vez que o Estado do Pará, grande questão dos 2%. exportador de minério, poderá perder muito, porque a O SR. GERMANO RIGOTTO – Na verdade, os Lei Kandir permite que se recupere apenas 40% do 2% surgiram no momento em que não houve mudan- que foi perdido. Um Estado exportador é incentivado a ça na origem e destino. Há Estados não produtores não exportar pela perda de arrecadação. Precisamos que trabalharam contra a mudança na origem e des- exportar para que a balança comercial seja supera- tino. Não se esqueçam de que essa mudança freia a vitária e, assim, tenhamos um Estado que enfrente guerra fiscal e há Estado que ganha muito com essa inclusive o problema da dependência do capital espe- guerra. Digo, com toda tranqüilidade, que a mudança culativo internacional. na origem e no destino não avançou na proposta por- Os Deputados Júlio Cesar e Paulo Afonso en- que São Paulo e outros Estados resistiram. fatizaram a questão do pacto federativo. O ideal seria O Governador Geraldo Alckmin tem toda razão que houvesse redistribuição do bolo tributário. Mas quando diz que a proposta de mudança na origem e isso só será possível se tivermos sinalização de uma no destino, que teve apoio do ex-Governador Mário boa transição. Covas e do Secretário Nakano, traz o ISS para dentro Seria antipático chegar aqui e dizer para os se- do IVA, o que amplia consideravelmente a base do Im- nhores que a reforma tributária na arrancada é neutra, posto Sobre Serviços e faz com que a perda de São que não mexe na carga tributária, que não pode tirar Paulo seja muito menor que 5 bilhões, se não houver receita da União, do Estado e do Município. Atualmen- uma forma de compensação. É difícil acreditar que um te, se um desses três perder receita será um horror. Governador aceitará uma perda de cinco bilhões na Não significa que a reforma tributária não permitirá sua arrecadação. redução de receitas a cargas setoriais. Se houver sis- Devemos ter certeza de que esse fundo de com- tema mais eficiente, haverá condições, com alíquotas pensação, formado por recursos do próprio ICMS, bem definidas, de se reduzir as cargas setoriais sem 57598 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 restringir a carga global. A carga é melhor distribuída tomo a intervenção do Deputado Max Rosenmann como e a base é ampliada. Mas alguns Governadores as- sendo minha, já que o tempo está adiantado. Todas as sim não compreendem. Abordei essa questão ante- referências dele a V.Exa. é o reconhecimento de todos riormente, e um jornal brasileiro de grande circulação nós pela sua postura nesta Casa e, certamente, no publicou que para se fazer reforma tributária a carga Rio Grande do Sul, com grande responsabilidade de tributária global deverá ser igual. Não entendeu que enfrentar as dificuldades por que passa o seu Esta- houve ampliação da base e redistribuição da carga do. O seu empenho neste debate tem sido essencial com redução de cargas setoriais, e quem ganha com para o Brasil. isso é a sociedade. Disse V.Exa. que no texto da PEC, enviada pelo O objetivo da reforma é o de haver a mesma Governo, a menor alíquota do ICMS é a de gêneros carga melhor distribuída e mais adiante reduzir a car- alimentícios de primeira necessidade. Na Legislatura ga global. passada, aprovamos lei que concedia incentivos para Nobre Deputada Ann Pontes, o pacto federativo os medicamentos – PIS e COFIS —, ou seja, lista de pode ser tocado, mas não podemos visar apenas de- medicamentos constantes e alguns de uso continuado terminado Município. Citou V.Exa. o exemplo do Mu- da RENAME, elaborada pelo Ministério da Saúde. nicípio de Tucuruí, no sul do Pará. Não posso pensar Na minha opinião, poderíamos pensar, de forma nele, por mais injustiçado que seja, sem analisar a muito bem definida, no texto constitucional, porque atribuição, a competência e a receita que receberá. adicionar medicamentos de forma ampla é extrema- Temos de focalizá-lo como um todo; o que é atribuição mente preocupante. Os medicamentos são diferentes de cada ente federativo, o que faz, o que terá, o que é do segmento da alimentação, porque passam por todo necessário para cumprir, quais suas competências e um processo produtivo e boa parte dos insumos são suas atribuições. Só assim teremos clara definição da importados. Resolveremos o preço dos medicamentos redistribuição desse bolo tributário, o que é muito difí- no Brasil e o acesso da população a eles não com re- cil. Se ficarmos discutindo pacto federativo, que seria formas tributárias ou com isenção de incentivos fiscais, a melhor saída, não teremos mudança na estrutura mas por meio de política de fiscalização. Esse setor não tributária, fundamental para a União, Estados, Muni- pode ser comparado ao automobilístico, ao do vestuá- cípios e para a sociedade. rio, porquanto é essencial à vida. Por isso deve haver A SRA. DEPUTADA ANN PONTES – Exmo. Go- regras. Em quase todo o mundo se controla o custo e vernador Germano Rigotto, só citei Tucuruí a título de a produção de medicamentos. Precisamos estabelecer exemplificação para sabermos o que acontece, via de algumas medidas que apontem para essa política. regra, com os Municípios. A questão da origem e destino continuará sendo O SR. GERMANO RIGOTTO – Entendi. a grande polêmica. O SR. DEPUTADO MAX ROSENMANN – No- O Deputado Max Rosenmann enfatizou que quem bre Governador, desejo fazer uma rápida observação, recebe a mercadoria no destino pode rasgar as notas mesmo sabendo que o Deputado Mussa Demes não fiscais. concorde comigo. Sabemos que V.Exa., Governador, é defensor da Quanto à questão do destino, tenho notícias de cobrança do ICMS no destino, e isso seria uma gran- que é comum chegar mercadorias do Sul para as Re- de arma para acabar com a guerra fiscal. Para mim, giões Norte e Nordeste e os empresários rasgarem a PEC já enfrenta o maior mecanismo para frear a a nota fiscal, porque não interessa o crédito, tal a so- guerra fiscal no País: a legislação única de ICMS. Por negação. outro lado, será que o ICMS cobrado no destino não Seria interessante enfatizarmos esse caso para aumentaria a possibilidade da sonegação e dificultaria saber onde e como isso funciona. o controle das mercadorias? O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Nobre Governador Germano Rigotto, V.Exa. sabe – Na verdade, Deputado Max Rosenmann, não tenho que sou do Amazonas, um Estado pobre, mas que preconceito quanto a isso. Estamos aqui para discutir não perderia, como São Paulo, e acabaria economica- e avaliar essas questões. mente, caso a definição do Poder Executivo fosse pelo Ouviremos agora os questionamentos dos três destino e não pela origem. O meu Estado somente se últimos inscritos. soergueu devido à aplicação de modelo de desenvol- Concedo a palavra à nobre Deputada Vanessa vimento que hoje serve não só àquele Estado, mas a Grazziotin. toda a Região Norte. A SRA. DEPUTADA VANESSA GRAZZIOTIN Sou defensora da origem e V.Exa. do destino, – Sr. Presidente, Sr. Governador Germano Rigotto, mas outros elementos devem vir à tona. O tributarista Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57599 Ives Gandra e muitos outros afirmam que essa mu- blema de seu Estado. O Supremo Tribunal Federal, ao dança poderia dificultar a fiscalização e aumentar a decidir sobre a ADIN nº 310, estabeleceu que todas as sonegação. prerrogativas asseguradas à Zona Franca de Manaus, Desejo saber de V.Exa. se seria possível, por meio pela Constituição de 1988, terão de ser preservadas de lei complementar, resolver não só os conflitos da até o ano de 2013. Inclusive, inserimos mecanismos regulamentação do ICMS como o estabelecimento das para isso no texto, que acabou por não ser votado no cinco alíquotas para milhares de produtos diferencia- plenário da Casa, mas o foi na Comissão Especial. dos existentes em cada Estado, estabelecendo-a de Tenho absoluta certeza de que o Relator, Deputado acordo com sua realidade objetiva. Virgílio Guimarães, estará muito atento, até porque, Nunca tivemos reforma tributária no Brasil, pelo como todos nesta Casa, S.Exa. é defensor das desi- menos nos últimos anos, não porque o Congresso, gualdades regionais. V.Exa., quando Presidente da Comissão de Reforma Faço apenas essa observação sobre seu pro- Tributária, ou o Relator, Deputado Mussa Demes, não nunciamento. se empenharam ou não quiseram. Pelo contrário, sou Concedo a palavra ao Deputado Marcelo Cas- testemunha não só dos pronunciamentos de V.Exa. no tro. plenário da Câmara, mas da verdadeira andança que O SR. DEPUTADO MARCELO CASTRO – Inicial- fez por todo o Brasil em busca de apoiamento para mente, parabenizo o Governador Germano Rigotto pela aprovar uma reforma tributária. Não houve reforma brilhante palestra. Somando-me aos que já se pronun- tributária porque o Governo não quis. ciaram, no Estado do Piauí, estamos com nosso título Essa proposta que chega ao Congresso Nacio- de eleitor preparado para votar em V.Exa. no próximo nal não é a reforma tributária ideal – essa opinião é pleito, sem que seja preciso a mudança de domicílio unânime —, não é a reforma radical; não é a reforma eleitoral. Nós, peemedebistas, acreditamos que V.Exa. que mexe na estrutura, mas é possível idealizá-la. é hoje a grande estrela do nosso partido, que, confor- Concordo com V.Exa. quando diz ser esse o primeiro me disse o Deputado Max Rosenmann, está amorfo, passo a ser dado para enfrentar um grande problema. indefinido, e necessita de melhor estampa. Mas essa Mesmo porque, se analisarmos o projeto enviado pelo questão deve ser discutida em outra oportunidade. Governo, a modificação no sistema tributário é muito Governador Germano Rigotto, como V.Exa. sabe, pequena – basicamente no ICMS. essa não é a minha praia, mas como sou curioso, ouço Quanto à aplicabilidade dessa reforma, ela não a opinião de um e de outro, participo das palestras desta será a curto ou a médio prazo, porque haverá ampla Comissão, da qual não faço parte, e tenho identifica- discussão para aprovar a PEC, e depois virão as leis do, fazendo breve síntese, três grandes problemas do complementares, que terão de resolver problemas sistema tributário brasileiro. maiores – teremos conflitos menores, mas em núme- Primeiro, a arrecadação às custas dos impostos ro extremamente maior. Depois da lei complementar, indiretos. Isso vai na contramão dos países mais de- virão os colegiados. Ou seja, possivelmente teremos senvolvidos e é um sistema extremamente regressivo, sua aplicabilidade a partir de quatro anos. resultando em muitas mazelas. Essa a iniciativa de um governo que pretende Segundo, há complexidade de leis muito grande, enfrentar o problema do sistema tributário brasileiro. o que traz, no seu bojo, o problema da sonegação. Todos nós, no Congresso Nacional, estamos prontos Terceiro, nossa carga tributária é elevadíssima a colaborar. Essa proposta é do Governo, é do Poder para um país em desenvolvimento como o Brasil. Executivo. Temos toda a possibilidade de, com matu- Essa reforma não ataca nenhum dos três pro- ridade e muita responsabilidade, mudar aquilo que for blemas; talvez simplifique um pouco a complexidade necessário e possível. do sistema. Então, mais uma vez, estamos perdendo Aproveito a oportunidade para agradecer ao Go- oportunidade de ter um sistema consentâneo como os vernador Germano Rigotto a presença. Certamente, existentes hoje no mundo moderno – uma legislação V.Exa. será convidado a comparecer a esta Comissão mais simples, com aplicabilidade mais automática e mais vezes, e não tenho dúvidas de que estará à dis- que dificulte a sonegação hoje gritante. posição para contribuir com a Casa. Quando encontro amigos empresários, comer- Muito obrigada. ciantes, pergunto a eles como é esse negócio do im- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) posto. Na verdade, eles pagam pouco imposto. Quem – Deputada Vanessa Grazziotin, não é costume do paga muito imposto, no Brasil, é classe média assala- Presidente se manifestar sobre pronunciamento dos riada, porque é descontado na fonte. Por exemplo, vou Deputados, mas desejo tranqüilizá-la quanto ao pro- citar nosso caso. Pagamos 11% de contribuição pre- 57600 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 videnciária; 27,5% de Imposto de Renda – são quase V.Exa. já deu sua opinião: acha que a CPMF deve 40% —; se compramos um carro, pagamos 40% de ter apenas um papel fiscalizador, e não arrecadador. imposto; uma camisa, mais 25% de imposto. No final Minha opinião é justamente contrária à sua. Já que a das contas, não ficamos nem com 40% do nosso sa- CPMF mostrou ser um imposto tão eficiente, que ar- lário. Sessenta por cento vai para o Governo. Em um recada tanto, todos pagam muito pouco, deveríamos ano, dos doze meses trabalhados, ficamos com a ren- continuar nessa direção. Poderíamos englobar na CPMF da de apenas quatro ou cinco meses. Esse sistema é impostos cumulativos, como a COFINS, o PIS, o IOF injusto. Não estamos, portanto, atacando os problemas e tantos outros. Simplificaríamos o sistema, teríamos principais do nosso sistema tributário. poucos impostos e dificultaríamos a sonegação. Vejam, por exemplo, o caso dos impostos indi- Para finalizar, quero dizer que esse problema retos. O Presidente Lula está a encampar belíssima da sonegação traz uma séria influência na formação campanha contra a fome. Muitas pessoas estão na moral do povo brasileiro. Hoje em dia nenhum empre- miséria, fazem um enorme sacrifício para conseguir sário, nenhum comerciante ensina seu filho a pagar comprar um quilo de carne, quando poderiam comprar imposto, porque se pagar todos os impostos devidos, dois se não houvesse imposto. Segundo pesquisas da não se estabelece. Então, ensinando o filho a burlar os empresa de consultoria Arthur Anderson relativas ao impostos, ensina uma série de distorções nas relações preço da carne, nela incidem 47% de imposto. sociais. Crescemos ouvindo nossa mãe dizer para não Não é justo uma pessoa que esteja passando mentir, não roubar, não matar, não enganar ninguém. fome, quando for comprar arroz, feijão, pão, macar- Hoje, nenhum comerciante aconselha seu filho a não rão, carne, leite, ovos pagar índice tão alto de impos- sonegar. E o sujeito que aprende a sonegar, aprende to, de 30%, 40%, quando, como bem disse V.Exa., também uma série de outras coisas, o que traz reper- sabemos que no restante do mundo a incidência de cussões muito graves para a sociedade. imposto sobre esses alimentos gira em torno de 7% Quero parabenizar, mais uma vez, o Governador a 9%, segundo estatísticas. Então, precisamos atacar Germano Rigotto e dizer que conto com S.Exa. para esse problema. A tributação sobre alimentos básicos conseguirmos a aprovação dessas reformas, cujas pro- deveria ser zero ou bem próximo disso. Nesse caso, postas, no meu entender, não têm a abrangência e a teríamos de encontrar uma maneira de compensar a intensidade necessárias que o momento exige. arrecadação dos Estados. Muito obrigado. Outro problema é a elevada carga tributária. Ne- O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) nhum país como o Brasil, que possui renda per capita – Concedo a palavra ao último orador inscrito, Depu- de 3 mil dólares, tem carga tão elevada – 37% do PIB. tado Paulo Rubem Santiago. Isso traz enorme malefício para a sociedade. A Suécia O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIAGO e a Suíça possuem alta carga tributária, mas são países – Sr. Presidente, Deputado Mussa Demes; prezado com renda per capita superior a 20 mil dólares. Agora, Relator, Deputado Virgílio Guimarães; Governador uma vez que V.Exa. já tocou no assunto, 37% é a média Germano Rigotto; olhando para o relógio, lembrei-me – há milhares de sonegadores. Os bons pagadores, da época do ginásio, nos anos 70. Por alguns anos com certeza, estão pagando 50%, 60%. Portanto, a estudei num turno de 11h às 15h, chamado pela me- carga tributária, hoje, no Brasil, é absurda. ninada de turno da fome. Esse turno ainda existe em V.Exa. já se manifestou contrariamente à CPMF, algumas redes estaduais de ensino. Felizmente, ele mas não sei por que há tanta implicância com esse está sendo extinto, porque é uma agressão à capa- tributo. Houve muitas dúvidas quanto à sua implanta- cidade de aprendizagem das crianças e dos jovens. ção, deu muita celeuma, mas a contribuição mostrou Fazendo uma comparação, estamos em pleno turno ser muito eficaz. Primeiro, porque não há gasto de da fome, mas daqui a pouco contaremos com o Pro- arrecadação; ela entra gratuitamente nos cofres do grama Fome Zero. Governo. A União, os Estados e os Municípios gastam Gostaria de expor algumas questões. Antes, po- muito com arrecadação de seus impostos. Quanto à rém, quero dizer ao Governador Germano Rigotto que CPMF, não há gastos, praticamente não há sonega- é sempre um prazer muito grande ouvi-lo. Já tive essa ção. A base é ampla e a alíquota, muita reduzida. O oportunidade na Casa, embora exercesse mandato na que a União arrecada com o IPI é o mesmo que arre- esfera estadual, assim como em um dos congressos cada com a CPMF. Um carro, uma geladeira poderiam da UNALE, em Recife, quando S.Exa. lá esteve. custar a metade do que custam se não incidisse sobre Listei algumas perguntas que, na verdade, não eles o IPI. E a CPMF é um imposto que pagamos sem são para o Governador Germano Rigotto, mas peixes perceber, sem sentir. que pescaríamos. Olhando para o território nacional, Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57601 gostaria de compartilhar algumas dúvidas com todos Se abrirmos os jornais nas páginas econômicas, o senhores. Segundo o Secretário de Segurança do veremos 4 ou 5 bancos e 3 ou 4 consultorias que, com Rio de Janeiro, o Rio perdeu o controle contra a violên- seus releases, fazem uma pagina de opinião econô- cia. Nos últimos anos reapareceram cólera e dengue. mica sobre o câmbio. A repetência e a evasão escolares caem a ritmo de Ouvi bem a preocupação do Governador com a preguiça. Temos 50 milhões de brasileiros abaixo da questão da guerra fiscal. Vou mais além: não tivemos linha de pobreza. Apenas 10% das crianças de 4 a 6 guerra fiscal no País, mas orgia fiscal. E trabalhamos anos estão nas salas de aula de educação infantil. Um isso durante 8 anos. Já discutimos essa matéria aqui. por cento dos ricos neste País detêm 50% da riqueza. A imensa maioria dos Estados praticou orgia fiscal. Por que tudo isso acontece? Projetos de transferência de recursos públicos foram Levaria um bom tempo colhendo os pequenos pei- para interesses privados, sem a norma de auditorias xes dessa tarrafa de pescador. Na verdade, se pudés- independentes, sem relatórios apresentados às As- semos sintetizar, quando se trata de discutir legislação sembléias Legislativas. Verdadeiros lobbies foram feitos tributária sobre a renda, a pressão dos interesses dos em cima das Secretarias de Indústria e Comércio, com mais fortes é muito grande; é praticamente determinan- promessas de emprego mirabolantes, sem que uma te para que se molde um modelo tributário. única vez um Tribunal de Contas tenha feito auditoria Aqueles que estão do outro lado do balcão, os nos números dessas promessas. que mais consomem, os assalariados, a maioria da Concordo com o Governador, quando sinaliza população, não são os que fazem a lei. Muitos até vo- que a mudança da sistemática origem e destino vai tam em nós, mas passam ao largo das questões que tolher os passos da guerra fiscal. Talvez tolha muito são discutidas aqui. Então, os mais fortes fazem a lei mais. Certamente, o Governador tem mais a dizer so- para se preservarem. bre isso. Existe quadrilha que atua no desvio de mer- Já perdi a conta das vezes em que nesta Comis- cadorias dos Estados industrializados para os Estados são ouvimos repetidas alusões à elevada carga tribu- do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. tária. Fico esperando que, depois dessas referências, Presidi a CPI da Sonegação Fiscal durante seis virão perguntas essenciais: por que a carga tributária meses. O que mais encontramos no setor de alimentos subiu tanto? Para quê? Para quem foi essa receita? industrializados, eletroeletrônicos e combustíveis foi o Ontem, li nos jornais que, de um ano para cá, desvio de destino. Esta Casa acaba de implantar a CPI aumentou 45% o rendimento da carteira de títulos pú- dos Combustíveis, da qual vou ser Vice-Presidente. blicos de um banco, mas a carteira de crédito só teve O Deputado Max Rosenmann falou de se rasgar 0,22% de rendimento. Ou seja, criou-se no País uma a nota fiscal. Não se rasga, não. Ela sai bonitinha de orgia de financiamento com dinheiro público. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro ou de qual- Perguntava ao Deputado Carlito Merss: quanto quer outro Estado. A mercadoria deveria ir para um é mesmo que descontamos de Imposto de Renda? supermercado no interior da Paraíba, no interior de Em torno de 4 mil reais. Toparia descontar 5 mil reais, Pernambuco, mas a danada fica na Bahia, em Alago- aumentar para 35% a alíquota. Só tenho uma fonte de as, em Sergipe. Esse é o famoso passeio. renda, contribuo com o Partido dos Trabalhadores e A minha pergunta é a seguinte: se podemos apre- pago pensão alimentícia. Porém, aceitaria o aumento sentar ao Congresso Nacional uma reforma constitu- se, além da discussão da norma, tivéssemos o com- cional na matéria tributária, por que, ao mesmo tempo, promisso de que se universalizariam as competências não apresentamos projetos de reforma do processo constitucionais. administrativo tributário? Em alguns casos, é preciso ir Legou-se a este País uma Lei de Responsabili- ao DNA, à gênese do processo de sonegação: a fragi- dade Fiscal que de fiscal stricto sensu não tem quase lidade do controle do cadastro mercantil deste País. nada – só dois artigos, o 11 e o 14 – e vem diploman- Se houvesse tempo, deveríamos convidar alguns do Prefeitos e Governadores pelo bom cumprimento dos mais destacados auditores que andam com se- da norma. No entanto, o Prefeito não tem uma sala de gurança e têm identidades preservadas porque são aula de educação infantil; o Governador não colocou inteligências tributárias das Secretarias de Fazendas todos os adolescentes no ensino médio, o que é sua estaduais. Tenho certeza, Sr. Presidente, Srs. Depu- competência. Há Prefeitos e Governadores que fazem tados, ilustre Governador do Rio Grande do Sul, de política de desenvolvimento industrial tirando impos- que aprenderíamos talvez a ver pelo outro lado quem tos pagos pela população, antes de universalizarem cuida de proceder à arrecadação tributária. as competências constitucionais, porque prevalece a Quero compartilhar com os senhores uma publi- lei dos mais forte. cação de 10 anos da Editora Vozes, de um auditor do 57602 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Rio Grande do Sul, Deoni Pelizzari: “A Grande Farsa Apontam para que no ICMS, conforme o art. 155, da Tributação e da Sonegação”. Demorei para acredi- inciso II, da Constituição Federal, não haja mais sigilo tar no que estava escrito. É desmontado esse senso fiscal, porque se trata de imposto sobre consumo, assim comum, fictício, de que se não sonegar não sobrevi- como o STF já decidiu que não existe sigilo bancário ve. Há inadimplência e evasão lícitas, previstas nos para empresa tomadora de crédito público. Daí a ne- espaços da lei, mas há quadrilhas criminosas fiscais cessidade de qualquer processo de benefício, incen- e tributárias que estão passando ao largo da reforma tivo, crédito fiscal com imposto indireto pago na ponta tributária. Tínhamos a responsabilidade de reinserir o pelo consumidor, ser objeto de publicidade eletrônica. debate da criminalidade fiscal e tributária, a não ser O bom contribuinte, que recolhe, paga a Secretaria de que o Estado jogue fora procuradores da Fazenda, au- Fazenda. Todo fim de ano é uma festa, a Secretaria de ditores fiscais, auditores tributários, informatização de Fazenda publica no jornal os grandes contribuintes de postos fiscais, fechamento de fronteiras. Então, vamos ICMS. Companhias telefônicas não pagam ICMS, mas jogar tudo fora, porque gastamos uma fortuna com a nós que usamos o telefone. máquina fazendária e, quando a máquina fazendária Pergunto se é viável, para obter transparência separa o joio do trigo, misturamos novamente e faze- fiscal, não haver mais sigilo fiscal para ICMS, que é mos uma panqueca. imposto indireto. A não ser que aquele que compra Quero saber o sentimento do Governador quanto mercadoria e paga a conta telefônica exija para si a aos dois lados da moeda. Vamos redefinir normas tribu- prerrogativa do sigilo fiscal. Mas para quem é mero tárias, a estrutura interna entre Estados e Municípios, recolhedor numa sistemática que, tributando no des- alíquotas, a matriz tributária que caberia a cada Estado tino, não vai ter mais crédito, para que sigilo fiscal com da Federação. Será que vamos chegar a algum lugar, ICMS? Para preservar sonegador? São essas minhas se neste mesmo momento, neste mesmo empenho, indagações ao Governador. neste mesmo comprometimento não avançarmos no O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) processo administrativo tributário e criarmos condições – Obrigado, Deputado Paulo Rubem Santiago. para que não tenhamos que passar por esse prejuízo Tem a palavra o Governador Germano Rigotto. ético de pais ensinarem a filhos que têm que se sone- O SR. GERMANO RIGOTTO – Em primeiro lu- gar para não quebrar a empresa? Será que não deve- gar, quero agradecer à Deputada Vanessa Grazziotin ríamos inserir no currículo das escolas públicas e nos suas palavras. Não só o carinho, mas o respeito foram cursos superiores a disciplina Finanças, Orçamento e sentimentos bonitos que deixei nesta Casa e orgulho- Tributação? Talvez pudéssemos começar a construir me muito disso. Agradeço também ao meu partido as outra cultura fiscal. palavras carinhosas externadas pelo Deputado Mar- Por fim, pondero sobre o Fundo de Desenvol- celo Teixeira. Sempre houve respeito aos partidos de vimento Regional. Vi pela imprensa a ansiedade dos oposição com os quais convivi nesta Casa. Em muitos Governadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste com momentos, tive com a Deputada Vanessa Grazzio- um cala-boca pela não-mudança da sistemática origem tin posições divergentes, mas sempre nos tratamos e destino. Ora, essas mesmas instâncias regionais que com muito respeito. Lembro que, quando fui Líder do talvez tenham-se mantido caladas agora, com o FDR Governo, em todos os projetos que necessitavam de de 2%, foram os Estados e até alguns Governadores negociação, procurava a Oposição e tentava mostrar reeleitos, que deixaram vazias sua cadeira no Conselho como podíamos aperfeiçoá-los. Nunca tive uma atitu- Deliberativo da SUDENE ou da SUDAM. Antes de es- de de desrespeito no plenário ou da Oposição para perar que o Governo Federal fizesse política de desen- comigo, pela forma como conduzíamos os processos. volvimento regional, e não o fez em 8 anos, ficou mais Ficou uma marca muito importante no sentido de que fácil receber os empresários na Secretaria de Fazenda, esse respeito e essa admiração existem e são mútu- na sala do Governador e negociar o incentivo fiscal. os. Sempre admirei a Deputada Vanessa Grazziotin Será que esse Fundo de Desenvolvimento Regional pela garra, determinação, vontade e aprofundamento terá um mecanismo de operacionalidade eficaz ? nas questões em que se envolvia. Estava justamente A última pergunta de fato – quando dizemos a últi- dizendo isso ao Deputado Mussa Demes. ma, Sr. Presidente, sempre há a última que vem depois Então, é importante termos nossas diferenças, da última: temos discutido no País, e há um consenso mas elas têm de ser externadas sempre num alto nível até entre juristas e membros do Poder Executivo que e com muito respeito, porque o Congresso Nacional a reforma tributária deve dar tratamento definitivamen- cresce com isso. Agora temos a TV Câmara, que trans- te diferente a impostos diretos e a impostos indiretos mite os trabalhos para o Brasil inteiro, e é impressio- sobre o consumo. nante sua audiência. Às vezes não nos damos conta de Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57603 que um ato, uma atitude, um desrespeito a um colega A mudança origem e destino, com certeza, deter- atinge a instituição como um todo. De outra forma, a minam um freio. Deputada Vanessa Grazziotin, entendo consideração até na divergência, muitas vezes, é a que a mudança do destino não aumenta a sonegação. forma grande de se portar, significa um crescimento O que a aumenta é essa loucura de alíquotas internas, na instituição. alíquota interestadual. Como disse o Deputado Pau- Fico muito feliz com essas palavras, Deputada lo Rubem Santiago: vai a nota e fica o produto. E aí a Vanessa Grazziotin, e quero lhe dizer que quando me evasão fiscal é absurdamente alta. referi a medicamentos que poderiam entrar na alíquota Essa questão da mudança origem e destino será especial, claro que não são todos os medicamentos. discutida pelo Deputado Mussa Demes nas próximas Houve por parte do Congresso Nacional, na Legislatura semanas dentro de uma fórmula, junto com o Depu- passada, a preocupação em reduzir a carga da COFINS tado Virgílio Guimarães e com a Comissão. Esse será e do PIS para os medicamentos. O Congresso Nacional o grande debate da Comissão. Não tenho a menor e o Governo Federal entenderam que o medicamento dúvida de que isso vai envolver todos. Deveria haver deve ser menos tributado. Isso não atingiu o ICMS, e algumas reuniões só para discutir origem e destino, estamos falando desse tributo que tem várias alíquo- abordando as diferentes posições. tas pelo Brasil afora. Pense na possibilidade de haver O Deputado Ives Gandra aqui esteve e disse que uma alíquota especial para um medicamento de uso mudança origem e destino é loucura, não há como contínuo que será colocado no posto de saúde para fazê-la, e que o fundo de compensação que pensamos atender à população. De repente, por mais que seja o ainda não foi implementado na Europa, porque, apesar Estado que esteja colocando medicamento à disposi- de criado lá, não tiveram coragem de implementá-lo ção da população – e o Estado não precisa pagar para entre os países. Disse ainda que há diferenças de ori- ele mesmo —, há uma realidade em que muitas vezes gem e destino entre países e dentro de uma Federa- o medicamento será comprado na farmácia, porque, ção. Mas não há muita diferença. Temos de saber se o por uma razão ou outra, a população não teve acesso fundo é um instrumento que realmente garantiria essa a ele, mas está muito tributado porque não foi incluído mudança origem e destino. como produto essencial. Poderia citar medicamentos, Portanto, Deputada Vanessa Grazziotin, com como os de emagrecimento. Não estou falando de uma certeza, com mais esclarecimento e debate, podere- pessoa obesa, mas de uma pessoa que vai tomar o mos formar mais opinião a favor ou contra a mudança medicamento porque acha que precisa perder quatro origem e destino. ou cinco quilos. Claro, esse é um medicamento que não Senador Leonel Pavan, é bom vê-lo de volta. pode entrar na faixa de uma alíquota especial. Então, Soube do seu acidente e fico muito feliz em vê-lo na a relação que determinou o balizamento para o PIS e atividade. a COFINS poderia ser a que determinaria a alíquota É natural ver imperfeições no projeto. Nenhum do ICMS, dentro da alíquota especial. projeto de emenda à Constituição chega ao Congresso Com relação à guerra fiscal, a legislação única Nacional e é votado; todos sofrem aperfeiçoamentos. O do ICMS é um grande avanço, mas não resolve o pro- projeto baliza todo o processo de discussão, mas sofre blema. O que termina com essa guerra é o incentivo, um aperfeiçoamento. Essa é a função do Congresso e, no meu modo de ver, se não for feito, perde-se o Nacional. Se é difícil não haver modificação em projeto investimento. Não podemos simplesmente fechar os de lei, imaginem em emenda constitucional que mexe olhos e dizer que em nosso Estado não entra incentivo na estrutura tributária. Teremos de trabalhar em cima nenhum porque lá há o FUNDOPEM. Todos os Gover- desse projeto para aperfeiçoá-lo, pois essa é a função nos utilizaram esse fundo, uns mais outros menos, e principal da Comissão. outros deram incentivos maiores. E aí a contestação. Por isso, há a questão da aplicabilidade e do tem- Mas se não houver incentivo num Estado e houver no po para termos a legislação infraconstitucional. Prefiro Estado ao lado, este leva o investimento daquele. demorar 3 a 4 anos para ver uma mudança no ICMS a Essa situação está chegando a um nível insusten- esperar 10 a 15 anos e não acontecer mudança. Então, tável e, sem sombra de dúvida, há falta de transparên- se tivermos de mudar o ICMS para uma única legis- cia na maior parte das vezes. Além disso, se houver no lação com cinco faixas de alíquota, mesmo sabendo orçamento a definição clara do que significará atração, da dificuldade que terei no segundo momento, prefiro do que será investido para atrair mais investimentos, saber como será a legislação infraconstitucional, o que a forma será transparente e estará dentro do seu pe- vai constar em cada faixa, qual a alíquota do especial ríodo de Governo. A guerra fiscal não termina com a e qual poderemos trabalhar paralelamente à reforma legislação única do ICMS. constitucional. A Comissão é que tem de fazer esse 57604 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 trabalho. Se formos mudar o ICMS, qual o debate que economia, utilização de moeda e queda na arrecada- faremos sobre a legislação infraconstitucional? Temos ção da CPMF. Ela é eficiente, concordo, até um deter- de fazê-lo agora. Isso vai dar trabalho, mas se não ti- minado ponto. vermos coragem de enfrentá-lo, ficaremos com essa A CPMF não é progressiva, mas regressiva, pe- bagunça que é o ICMS. naliza o pequeno, não é um tributo bom em termos de O Deputado Marcelo Castro, com todo seu ca- justiça fiscal e tem o sério problema da cumulatividade. rinho e suas palavras elogiosas, resultado do tempo Assim, a CPMF tem uma grande virtude, que S.Exa. em que trabalhamos juntos, é médico, mas sempre abordou muito bem: é fácil de cobrar, de arrecadar e se preocupou muito com a questão tributária. S.Exa. dá resultado. Mas temos de considerar que seu resul- demonstra vontade de ajudar em tudo que se envolve. tado começa a cessar e a não ser tão eficiente quando S.Exa. está aqui até o final da nossa reunião e nem é a alíquota começa a crescer. Creio que uma alíquo- membro da Comissão. ta de 0,38% está de bom tamanho, mas estou vendo O SR. DEPUTADO PAULO RUBEM SANTIA- uma CPMF que era para ser provisória e que está-se GO – Governador, se o Ministro da Fazenda é médi- tornando permanente, com um aceno de que um dia co, não há problema em discutirmos tributo, finanças, será de 0,8%. Não estou querendo dizer que esse área fiscal. percentual de 0,8% tem de vigorar agora. O Governo O SR. GERMANO RIGOTTO – É verdade. Mas Federal não pode perder 20 bilhões de reais em receita discordo do Deputado Marcelo Castro quando tratou da neste momento. Mas quem sabe temos de acenar nas arrecadação em cima dos impostos indiretos, a comple- Disposições Transitórias com uma transição? Para a xidade das leis e a carga tributária elevada. Quando se sociedade isso tem efeito. E o Governo vai preparar- mexe no ICMS e se acabam com as 27 legislações e se com o tempo para a mudança, com a redução da as mais de 40 alíquotas, mexe-se na complexidade. De alíquota da CPMF. certa forma, quando se mexe na complexidade, mexe- Creio que a CPMF é eficiente, mas apresenta se na evasão. Mexendo na evasão, teremos condições problemas, como a cumulatividade, a regressividade de reduzir cargas setoriais. Se reduzimos a carga sobre e outros que não podemos deixar de considerar. Ela produto essencial, estaremos atingindo muita gente. é fácil de cobrar, realmente, mas nem sempre impos- Então, a proposta pode não ser perfeita, mas mexe na to fácil de cobrar é o mais justo e o melhor tributo. A complexidade, podendo mexer menos do que deveria. CPMF não é imposto, mas uma contribuição. Ela possui Aí temos de avançar onde pudermos para mexer mais. vantagens, mas também tem problemas. Ela mexe na arrecadação em cima de impostos indi- Alguns disseram que a CPMF podia substituir retos e, nessa questão, S.Exa. tem razão. Acredito que teríamos de avançar na direção todos os tributos por ter surgido como alternativa para de acabar com alguns dos tributos que recaem sobre o imposto único. Qual seria a alíquota da CPMF como o consumo, que não têm transparência e criam toda imposto único? Pelo amor de Deus! Mesmo os defenso- essa confusão. res do imposto único através da CPMF se deram conta, O Governo Federal está arrecadando menos, não com o tempo, de que não é possível ter nela a base de tem grande interesse no IPI. Então, que se faça um IPI todo o sistema tributário, porque a alíquota e a desin- seletivo, monofásico, cobrado apenas sobre alguns termediação financeira seriam brutais. E eles mesmos produtos que são os que dão arrecadação à União hoje estão compreendendo a impossibilidade de termos e se racionalize o sistema tributário. Isso mudaria a a CPMF como base de um sistema tributário. questão da tributação sobre o consumo. O Deputado Marcelo Castro falou da carga total Creio que a Comissão tem de trabalhar no IPI, e do problema da formação moral que leva à sonega- pois o Governo Federal não tem tido muita aptidão para ção. No Rio Grande do Sul, enviamos à Assembléia aumentar a arrecadação desse imposto. A Comissão projeto de educação tributária, com envolvimento da tem condições de avançar nisso, isto é, na CPMF, CO- Secretaria de Educação e de outras Secretarias de FINS e PIS. S.Exa. disse que, na CPMF, seria interes- Estado, para mostrar o que representa pagar o tributo sante manter 0,38%, talvez até aumentar. Acredito que e por que ele é importante. Vamos fazer uma campa- o máximo que podemos ter na CPMF é uma alíquota nha envolvendo, inclusive, entidades sociais, a fim de de 0,5%, com risco. A CPMF é eficiente com uma alí- buscarmos a exigência da nota. quota até determinado limite, a partir do qual existe a Todos somos responsáveis pela sonegação. desintermediação financeira, a fuga da intermediação Quem não chega a um shopping center e compra, bancária. Quer dizer, onde houver crescimento muito com a maior naturalidade, um produto sem pedir a alto da alíquota, haverá uma monetarização maior da nota? E cadê a nota? É incrível a naturalidade com Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57605 relação ao não fornecimento da nota. Então, estamos Não condeno quem faz planejamento fiscal, mas o incentivando a evasão fiscal. sistema permite isso. Portanto, a questão da educação é cultural. Po- Nesse sistema, o grande não paga imposto, e o dem alguns não gostarem do que vou dizer. Em Nova pequeno paga. Há o aumento do desnivelamento so- Iorque, há uma taxa embutida na nota que é cobrada cial, da concentração de renda. O sistema permite a na hora da compra. Na loja de brasileiros não é preciso elisão fiscal, o planejamento fiscal. Está errado quem pagar a taxa. É uma questão cultural. faz? Está errado quem busca o Judiciário? O sistema Não dá para deixar de dizer que temos um sis- é que está errado. tema tributário com esse grau de complexidade, de ir- Temos de agir com inteligência na gestão tribu- racionalidade e que fortalece a evasão fiscal. Não dá tária. Temos de enfrentar a pirataria, o contrabando, a para deixar de considerar que temos uma concentra- sonegação. Precisa haver integração, cruzamento de ção de carga que fortalece a fuga. Alíquota alta, mui- informação. Contamos hoje com a informática. A in- tas vezes, é um incentivador de evasão fiscal. Muitas formatização permite que haja entrelaçamento entre vezes, comprovadamente, ao reduzir uma alíquota, os órgãos arrecadadores e fiscalizadores da União e em vez de se perder arrecadação, ganha-se, por tra- dos Estados. zer para a formalidade setores que estavam na infor- Então, isso tem a ver com administração tributá- malidade. Mas isso é muito difícil dentro do sistema ria. O aumento da arrecadação virá do combate à so- tributário atual, pois vemos o impacto da redução de negação, de quem tem de pagar imposto e não paga. alíquota. Hoje temos um sistema que incentiva a fuga S.Exa. tem toda a razão. Inteligência tributária significa e uma cultura que, na verdade, ajuda a evasão fiscal. utilizar todos os meios possíveis para fazer com que Essa a verdade. aqueles que não pagam passem a pagar. Ou seja, se Portanto, quando falamos em problema de forma- reduz a carga sobre os que pagam, porque há amplia- ção moral, estamos dizendo que a questão da educa- ção da base tributária. ção tributária tem de acontecer em todos os Estados Peço desculpas por ter-me alongado muito. O da Federação. Deputado Carlito Merss ainda não falou, isso até me Respondendo ao Deputado Paulo Rubem San- preocupou, mas sei que S.Exa. é um dos grandes de- tiago, quando S.Exa. fala em administração tributária, fensores da reforma. posso afirmar que isso não tem a ver efetivamente O SR. DEPUTADO CARLITO MERSS – Estou com a reforma. fazendo o mesmo que o Relator. Agora sou Governo; Muitos não vão gostar do que vou dizer. Infeliz- quero ouvir V.Exas. mente, nos setores de arrecadação e fiscalização – e O SR. GERMANO RIGOTTO – Eu sei, Deputado. ao meu lado está alguém que veio desses setores; Quero protestar quanto à ausência do Deputado Beto não gosto de generalizar – existe conservadorismo e Albuquerque, Vice-Líder do Governo, que só apare- corporativismo com relação a mudanças no sistema ceu no início e no final da reunião. Estou brincando. tributário. Pessoas que ajudaram a criar o monstro não S.Exa. me avisou que teria muita dificuldade para es- querem entender que ele precisa ser reformado. O pai tar aqui. não quer reconhecer que gerou um monstrinho e então O SR. DEPUTADO BETO ALBUQUERQUE – tem dificuldade de aceitar a modificação. Quero aproveitar a oportunidade, Sr. Governador, e Muitas pessoas acham que uma racionalização dizer da nossa honra e orgulho em tê-lo aqui. Infeliz- maior do sistema significará perda de poder de fiscali- mente, tive atribuições no plenário – hoje pela manhã zar e de cobrar – e isso também determina a resistên- tivemos sessão com Ordem do Dia, o que me impediu cia. Mas não podemos generalizar. Conheço pessoas de ouvi-lo, embora já conheça suas posições, muito dos setores de arrecadação e fiscalização que são claras, consistentes, sobre a reforma tributária. os maiores defensores da racionalização do sistema. Então, em nome da Liderança do Governo, saú- Mas, como disse, há também muito conservadorismo do sua presença e parabenizo os Deputados Mussa e corporativismo. Muitos trabalham com planejamento Demes e Virgílio Guimarães pelo trabalho que vêm fiscal, falam em reforma tributária, mas quando há uma fazendo à frente da Comissão. O Governador é muito proposta concreta, são os primeiros a bombardeá-la. bem-vindo. É sempre muito bom poder ouvir S.Exa., Não estou generalizando! Há pessoas que ganham fiel na defesa das medidas que o Governo Lula está muito com planejamento fiscal, enchem a boca dizen- propondo para melhorar não apenas a vida de um ou do que querem a reforma tributária, mas são os pri- outro segmento, mas a vida de todo o País. meiros a ser contra ela. Por quê? Porque acham que O SR. GERMANO RIGOTTO – Agradeço ao a mudança do sistema tributário vai significar perda. Deputado Beto Albuquerque, a cada um dos Srs. e 57606 Quarta-feira 29 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Dezembro de 2004 Sras. Deputados, às entidades presentes, à imprensa, O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) aos senhores e senhoras que ficaram até esta hora, – Antes de encerrar os trabalhos, convoco reunião para quase 15h. Agradeço mais uma vez à Secretária An- a próxima quinta-feira, com a seguinte Ordem do Dia: gélica e aos funcionários da Comissão, a quem tive a eleição do 2º e do 3º Vice-Presidentes e debate so- alegria de reencontrar. bre a proposta formalmente apresentada pelo Poder Sr. Presidente, Deputado Mussa Demes, agrade- Executivo, que, no momento, tramita na Comissão de ço muito o convite que me foi feito para prestar este Constituição e Justiça e de Redação. depoimento. Respeito V.Exa., pelo companheirismo, Está encerrada a reunião. pelo trabalho que sempre realizou na Casa, e continua DESIGNAÇÕES realizando, agora presidindo esta importante Comis- são. Estou à sua disposição para tudo aquilo que pre- COMISSÃO DE FINANÇAS E TRIBUTAÇÃO cisar, e que, modesta e humildemente, puder ajudar. Da mesma forma, estou à disposição do Deputado DESIGNAÇÃO DE RELATOR Virgílio Guimarães, que tem muita responsabilidade, Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) como Relator da matéria. designação(ões) de relatoria: Não tenho dúvida de que a Casa se sairá bem, aperfeiçoaremos o projeto, que será votado pela Câ- Ao Deputado Alex Canziani mara e pelo Senado ainda este ano. PROJETO DE LEI Nº 4.183/04 – do Poder Exe- Muito obrigado a todos. Estou à disposição, sem- cutivo – que “dispõe sobre a transformação do Centro pre que necessário, para atender a qualquer convoca- Federal de Educação Tecnológica do Paraná em Uni- ção da Comissão e da Casa. versidade Tecnológica Federal do Paraná, e dá outras Um abraço a todos. (Palmas.) providências”. O SR. PRESIDENTE (Deputado Mussa Demes) Ao Deputado Antonio Cambraia – Governador Germano Rigotto, quem agradece é a PROJETO DE LEI Nº 3.635/04 – do Sr. Léo Al- Comissão e todos os seus membros. V.Exa., mais uma cântara – que “altera o inciso V do art. 1º da Lei nº 10.179, de 06 de fevereiro de 2001”. vez, reafirmou o elevado brilhantismo e a competência PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 222/04 que sempre demonstrou quando comandou os traba- – do Sr. Ney Lopes – que “estabelece norma geral de lhos desta Comissão. Na ocasião, levou a cabo tarefa matéria tributária relativa ao IPTU”. que parecia impossível: votar, no plenário da Comis- Ao Deputado Carlito Merss são, projeto de reforma tributária, o que durante 4 anos PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 220/04 não foi possível. As razões são conhecidas por todos – do Sr. Ricardo Izar – que “altera a Lei Complemen- da imprensa e desta Casa também. tar nº 101, de 4 de maio de 2000, e dá outras provi- Sabemos que V.Exa. continuará nessa luta co- dências”. nosco, na trincheira dos interesses do seu Estado e Ao Deputado Coriolano Sales do País, e não se furtará, temos certeza, a compa- PROJETO DE LEI Nº 3.380/04 – da Comissão recer novamente a este plenário, quando houver ne- de Legislação Participativa – (SUG 52/2003) – que cessidade. “dá nova redação ao art. 2º da Lei nº 10.555, de 13 de Passo a palavra agora ao Deputado Virgílio Gui- novembro de 2002, para assegurar aos maiores de marães, nosso Relator. sessenta anos e seus beneficiários com igual idade O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES – o direito ao complemento de atualização monetária Queria apenas agradecer ao Governador Germano Ri- previsto na Lei Complementar nº 110, de 29 de junho gotto e dizer que S.Exa. usou bem a expressão “eterno de 2001”. Relator” para se referir ao Deputado Mussa Demes. O Ao Deputado Eduardo Cunha nosso relatório vai-se mirar na herança positiva que PROJETO DE LEI Nº 4.713/04 – Tribunal de recebemos da Comissão passada. Mas vamos tam- Contas da União – que “altera a remuneração dos bém – nós dois, os membros da Mesa e os integran- servidores públicos integrantes do quadro de pessoal tes de pequeno colegiado de relatoria que formamos, do Tribunal de Contas da União”. que vai trabalhar para viabilizar maior integração da Ao Deputado Fernando Coruja Comissão – lançar mão de sua colaboração ao longo PROJETO DE LEI Nº 3.073/00 – do Senado Fe- dos trabalhos e, sem dúvida nenhuma, ouvi-lo depois deral – José Eduardo Dutra – (PLS 597/1999) – que que tivermos um projeto de relatório pronto. “dispõe sobre a distribuição gratuita de medicamentos Muito obrigado. Até outra ocasião. e materiais necessários à sua aplicação e à monito- Dezembro de 2004 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Quarta-feira 29 57607 ração da glicemia capilar aos portadores de diabetes PROJETO DE LEI Nº 1.694/03 – do Sr. Walter inscritos em programas de educação para diabéticos”. Pinheiro – que “altera o art. 10 da Lei nº 7.998, de 11 (Apensados: PL 6321/2002, PL 533/2003, PL 5664/2001 de janeiro de 1990, que regula o Programa do Seguro- e PL 3522/2004) Desemprego, o Abono Salarial, institui o Fundo de Am- PROJETO DE LEI Nº 863/03 – do Sr. Pompeo paro ao Trabalhador – FAT, e dá outras providências”. de Mattos – que “dispõe sobre a criação do Programa PROJETO DE LEI Nº 2.974/04 – do Sr. João Al- de Medicamentos ao Trabalhador – PMT, em comple- fredo – que “altera a Lei nº 10.420, de 10 de abril de mento aos programas de saúde assistencial ou ocu- 2002, com a redação dada pela Lei n° 10.700, de 09 pacional”. de julho de 2003, e dá outra providências”. (Apensa- PROJETO DE LEI Nº 1.702/03 – do Sr. Serafim dos: PL 3092/2004 e PL 3289/2004) Venzon – que “acrescenta § 6º ao art. 11 da Lei nº Ao Deputado Paulo Rubem Santiago 8.213, de 24 de julho de 1991, para determinar a filia- PROJETO DE LEI Nº 6.600/02 – TST – que “dis- ção facultativa do médico residente ao Regime Geral põe sobre a criação de cargos de provimento efetivo de Previdência Social”. no Quadro de Pessoal do Tribunal Regional do Traba- Ao Deputado Feu Rosa lho da 8ª Região”. PROJETO DE LEI Nº 3.969/04 – do Poder Execu- PROJETO DE LEI Nº 2.334/03 – TRIBUNAL tivo – que “fixa os efetivos do Comando da Aeronáutica SUPERIOR DO TRABALHO – que “dispõe sobre a em tempo de paz e dá outras providências”. criação de cargos de provimento efetivo e funções Ao Deputado João Magalhães PROJETO DE LEI Nº 652/03 – do Sr. Luciano Zica comissionadas no Quadro Permanente de Pessoal – que “altera a redação do artigo 2º da Lei nº 10.336, do Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região e dá de 19 de dezembro de 2001, que institui Contribuição outras providências”. de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre PROJETO DE LEI Nº 2.548/03 – TRIBUNAL a importação e a comercialização de petróleo e seus SUPERIOR DO TRABALHO – que “cria e transforma derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico no Quadro de Pessoal do Tribunal Regional do Traba- combustível (Cide) e dá outras providências”. lho da 4ª Região, os cargos que menciona e dá outras PROJETO DE LEI Nº 2.749/03 – do Sr. Salvador providências”. Zimbaldi – que “institui a obrigatoriedade de todas as PROJETO DE LEI Nº 4.659/04 – do Poder Exe- indústrias automobilísticas a produzirem carros movi- cutivo – que “dispõe sobre a instituição da Fundação dos a GNV – Gás Natural Veicular”. Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD, PROJETO DE LEI Nº 4.079/04 – do Sr. Paulo por desmembramento da Fundação Universidade Fe- Delgado – que “dispõe sobre a proibição de exclusi- deral do Mato Grosso do Sul – UFMS, e dá outras vidade na contratação de instituições bancárias para providências”. depósito dos valores de quitação da folha de paga- Ao Deputado Wasny de Roure mento das empresas”. PROJETO DE LEI Nº 3.507/04 – do Sr. Carlos Ao Deputado José Carlos Araújo Nader – que “dispõe sobre a inclusão de quadras po- PROJETO DE LEI Nº 1.895/03 – do Sr. Zonta liesportivas nos projetos de construção de escolas – que “autoriza o Poder Executivo a instituir o Progra- públicas e dá outras providências”. ma Florestal Trabalho e Renda em todo o Território À Deputada Yeda Crusius Nacional, ajustado ao Programa Fome Zero, do Go- PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 221/04 verno Federal”. – do Sr. Max Rosenmann – que “altera o art. 195 da Ao Deputado Mussa Demes Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966”. (Apensado: PROJETO DE LEI Nº 3.319/04 – do Sr. Reinal- PLP 226/2004) do Betão – que “obriga as empresas de concessão de Sala da Comissão, 28 de dezembro de 2004 crédito a emitir documento explicando a razão da não – Nelson Bornier, Presidente. aprovação do crédito solicitado”. Ao Deputado Paulo Afonso SEÇÃO II MESA DIRETORA Presidente: PSDB JOÃO PAULO CUNHA - PT - SP Líder: CUSTÓDIO MATTOS 1º Vice-Presidente: Vice-Líderes: INOCÊNCIO OLIVEIRA - PFL - PE Alberto Goldman (1º Vice), Jutahy Junior, Yeda Crusius, Antonio 2º Vice-Presidente: Cambraia, Ronaldo Dimas, Lobbe Neto, Carlos Alberto Leréia, LUIZ PIAUHYLINO - PDT - PE Antonio Carlos Mendes Thame, Luiz Carlos Hauly, João Almeida, 1º Secretário: Antonio Carlos Pannunzio, Walter Feldman e Zenaldo Coutinho. GEDDEL VIEIRA LIMA - PMDB - BA 2º Secretário: Bloco PL, PSL SEVERINO CAVALCANTI - PP - PE Líder: SANDRO MABEL 3º Secretário: Vice-Líderes: NILTON CAPIXABA - PTB - RO Miguel de Souza, Carlos Rodrigues, Inaldo Leitão, Lincoln 4º Secretário: Portela, João Paulo Gomes da Silva, Carlos Mota, Aracely de CIRO NOGUEIRA - PP - PI Paula, Luciano Castro, Paulo Marinho, João Mendes de Jesus, 1º Suplente de Secretário: Almir Moura e Maurício Rabelo. GONZAGA PATRIOTA - PSB - PE 3º Suplente de Secretário: PPS CONFÚCIO MOURA - PMDB - RO Líder: JÚLIO DELGADO 4º Suplente de Secretário: Vice-Líderes: JOÃO CALDAS - PL - AL Lupércio Ramos (1º Vice), B. Sá, Cláudio Magrão, Maria Helena, Geraldo Resende e Cezar Silvestri.

LÍDERES E VICE-LÍDERES PSB Líder: RENATO CASAGRANDE PT Vice-Líderes: Líder: ARLINDO CHINAGLIA Dr. Evilásio (1º Vice), Dr. Ribamar Alves, Isaías Silvestre e Pastor Vice-Líderes: Francisco Olímpio. Angela Guadagnin, Antônio Carlos Biffi, Vignatti, Durval Orlato, Fernando Ferro, Henrique Fontana, Iara Bernardi, Iriny Lopes, PDT Ivan Valente, João Grandão, José Eduardo Cardozo, José Líder: DR. HÉLIO Pimentel, Luiz Sérgio, Maria do Rosário, Nilson Mourão, Neyde Vice-Líderes: Aparecida, Orlando Desconsi, Paulo Pimenta, Paulo Rocha, Pompeo de Mattos (1º Vice), Álvaro Dias e Severiano Alves. Roberto Gouveia, Wasny de Roure e Zezéu Ribeiro. PCdoB PMDB Líder: RENILDO CALHEIROS Líder: JOSÉ BORBA Vice-Líderes: Vice-Líderes: Jamil Murad, Perpétua Almeida e Inácio Arruda. Mendes Ribeiro Filho, Sandra Rosado, Benjamin Maranhão, Asdrubal Bentes, Adelor Vieira, Osvaldo Biolchi, Carlos Eduardo PSC Cadoca, Leandro Vilela, Osmar Serraglio, Mauro Benevides, Líder: PASTOR AMARILDO , Wilson Santiago, Jorge Alberto, Zé Vice-Líderes: Gerardo, José Divino, Rose de Freitas, Jader Barbalho, Silas Renato Cozzolino (1º Vice) e Zequinha Marinho. Brasileiro (Licenciado), Takayama e Max Rosenmann. PV PFL Líder: EDSON DUARTE Líder: JOSÉ CARLOS ALELUIA Vice-Líderes: Vice-Líderes: Deley e . Rodrigo Maia (1º Vice), Roberto Brant, Murilo Zauith, Kátia Abreu, José Roberto Arruda, Luiz Carlos Santos, José Rocha, Antonio Carlos Magalhães Neto, Onyx Lorenzoni, Ronaldo Caiado, Parágrafo 4º, Artigo 9º do RICD Abelardo Lupion, Paulo Bauer, Pauderney Avelino, Nice Lobão, José Carlos Machado, Moroni Torgan, Ney Lopes e Corauci PRONA Sobrinho. Repr.: ENÉAS

PP Liderança do Governo Líder: PEDRO HENRY Líder: PROFESSOR LUIZINHO Vice-Líderes: Vice-Líderes: Celso Russomanno (1º Vice), José Linhares, Francisco Dornelles, Beto Albuquerque, Sigmaringa Seixas, Vicente Cascione e Romel Anizio, Ivan Ranzolin, Francisco Appio, Mário Negromonte, Renildo Calheiros. Ricardo Fiuza, Ricardo Barros, Professor Irapuan Teixeira, André Zacharow, Reginaldo Germano e Julio Lopes. Liderança da Minoria Líder: JOSÉ THOMAZ NONÔ PTB Líder: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO Vice-Líderes: Ricarte de Freitas (1º Vice), Arnaldo Faria de Sá, Nelson Marquezelli, Eduardo Seabra, Josué Bengtson, José Carlos Elias, Ricardo Izar, Pastor Reinaldo, Marcondes Gadelha, Iris Simões, Paes Landim, Ronaldo Vasconcellos e Jackson Barreto. DEPUTADOS EM EXERCÍCIO Maurício Rabelo - PL Osvaldo Reis - PMDB Roraima Pastor Amarildo - PSC Alceste Almeida - PMDB Ronaldo Dimas - PSDB Almir Sá - PL Maranhão Dr. Rodolfo Pereira - PDT Antonio Joaquim - PP Francisco Rodrigues - PFL César Bandeira - PFL Luciano Castro - PL Clóvis Fecury - PFL Maria Helena - PPS Costa Ferreira - PSC Pastor Frankembergen - PTB Dr. Ribamar Alves - PSB Suely Campos - PP Gastão Vieira - PMDB Amapá João Castelo - PSDB Antonio Nogueira - PT Luciano Leitoa - PSB Coronel Alves - PL Neiva Moreira - PDT Davi Alcolumbre - PDT Nice Lobão - PFL Dr. Benedito Dias - PP Paulo Marinho - PL Eduardo Seabra - PTB Pedro Fernandes - PTB Gervásio Oliveira - PDT Pedro Novais - PMDB Hélio Esteves - PT Remi Trinta - PL Janete Capiberibe - PSB Sarney Filho - PV Pará Sebastião Madeira - PSDB Anivaldo Vale - PSDB Terezinha Fernandes - PT Ann Pontes - PMDB Wagner Lago - PP Asdrubal Bentes - PMDB Ceará Babá - S.PART. Almeida de Jesus - PL Jader Barbalho - PMDB Aníbal Gomes - PMDB José Priante - PMDB Antonio Cambraia - PSDB Josué Bengtson - PTB Ariosto Holanda - PSDB Nicias Ribeiro - PSDB Arnon Bezerra - PTB Nilson Pinto - PSDB Bismarck Maia - PSDB Paulo Rocha - PT Gonzaga Mota - PSDB Raimundo Santos - PL Inácio Arruda - PCdoB Vic Pires Franco - PFL João Alfredo - PT Wladimir Costa - PMDB José Linhares - PP Zé Geraldo - PT José Pimentel - PT Zé Lima - PP Léo Alcântara - PSDB Zenaldo Coutinho - PSDB Leônidas Cristino - PPS Zequinha Marinho - PSC Manoel Salviano - PSDB Amazonas Marcelo Teixeira - PMDB Átila Lins - PPS Mauro Benevides - PMDB Carlos Souza - PP Moroni Torgan - PFL Francisco Garcia - PP Pastor Pedro Ribeiro - PMDB Humberto Michiles - PL Roberto Pessoa - PL Lupércio Ramos - PPS Rommel Feijó - PTB Pauderney Avelino - PFL Vicente Arruda - PSDB Silas Câmara - PTB Zé Gerardo - PMDB Vanessa Grazziotin - PCdoB Piauí Rondônia Átila Lira - PSDB Agnaldo Muniz - PPS B. Sá - PPS Anselmo - PT Ciro Nogueira - PP Confúcio Moura - PMDB Júlio Cesar - PFL Eduardo Valverde - PT Marcelo Castro - PMDB Hamilton Casara - PL Moraes Souza - PMDB Marinha Raupp - PMDB Mussa Demes - PFL Miguel de Souza - PL Nazareno Fonteles - PT Nilton Capixaba - PTB Paes Landim - PTB Acre Simplício Mário - PT Henrique Afonso - PT Rio Grande do Norte João Correia - PMDB Álvaro Dias - PDT João Tota - PL Betinho Rosado - PFL Júnior Betão - PPS Fátima Bezerra - PT Nilson Mourão - PT Henrique Eduardo Alves - PMDB Perpétua Almeida - PCdoB Iberê Ferreira - PTB Ronivon Santiago - PP Nélio Dias - PP Zico Bronzeado - PT Ney Lopes - PFL Tocantins Sandra Rosado - PMDB Darci Coelho - PP Paraíba Eduardo Gomes - PSDB Benjamin Maranhão - PMDB Homero Barreto - PTB Carlos Dunga - PTB Kátia Abreu - PFL Domiciano Cabral - PSDB Enivaldo Ribeiro - PP João Almeida - PSDB Inaldo Leitão - PL João Carlos Bacelar - PFL Lúcia Braga - PT João Leão - PL Luiz Couto - PT Jonival Lucas Junior - PTB Marcondes Gadelha - PTB José Carlos Aleluia - PFL Philemon Rodrigues - PTB José Carlos Araújo - PFL Ricardo Rique - PL José Rocha - PFL Wellington Roberto - PL Josias Gomes - PT Wilson Santiago - PMDB Jutahy Junior - PSDB Pernambuco Luiz Alberto - PT André de Paula - PFL Luiz Bassuma - PT Armando Monteiro - PTB Luiz Carreira - PFL Carlos Eduardo Cadoca - PMDB Marcelo Guimarães Filho - PFL Fernando Ferro - PT Mário Negromonte - PP Gonzaga Patriota - PSB Milton Barbosa - PFL Inocêncio Oliveira - PFL Nelson Pellegrino - PT Joaquim Francisco - PTB Paulo Magalhães - PFL Jorge Gomes - PSB Pedro Irujo - PL José Chaves - PTB Reginaldo Germano - PP José Mendonça Bezerra - PFL Robério Nunes - PFL José Múcio Monteiro - PTB Severiano Alves - PDT Luiz Piauhylino - PDT Walter Pinheiro - PT Marcos de Jesus - PL Zelinda Novaes - PFL Maurício Rands - PT Zezéu Ribeiro - PT Miguel Arraes - PSB Minas Gerais Osvaldo Coelho - PFL Anderson Adauto - PL Pastor Francisco Olímpio - PSB Aracely de Paula - PL Paulo Rubem Santiago - PT Athos Avelino - PPS Pedro Corrêa - PP Bonifácio de Andrada - PSDB - PPS Cabo Júlio - PSC Renildo Calheiros - PCdoB Carlos Melles - PFL Ricardo Fiuza - PP Carlos Mota - PL Roberto Freire - PPS Carlos Willian - PSC Roberto Magalhães - S.PART. César Medeiros - PT Severino Cavalcanti - PP Custódio Mattos - PSDB Alagoas Dr. Francisco Gonçalves - PTB Benedito de Lira - PP Edmar Moreira - PL Givaldo Carimbão - PSB Eduardo Barbosa - PSDB Helenildo Ribeiro - PSDB Eliseu Resende - PFL João Caldas - PL Fernando Diniz - PMDB João Lyra - PTB Geraldo Thadeu - PPS José Thomaz Nonô - PFL Gilmar Machado - PT Jurandir Boia - PSB Herculano Anghinetti - PP Olavo Calheiros - PMDB Isaías Silvestre - PSB Rogério Teófilo - PPS Ivo José - PT Sergipe Jaime Martins - PL Bosco Costa - PSDB João Magalhães - PMDB Cleonâncio Fonseca - PP João Magno - PT Heleno Silva - PL João Paulo Gomes da Silva - PL Ivan Paixão - PPS José Militão - PTB Jackson Barreto - PTB José Santana de Vasconcellos - PL João Fontes - S.PART. Júlio Delgado - PPS Jorge Alberto - PMDB Lael Varella - PFL José Carlos Machado - PFL Leonardo Mattos - PV Bahia Leonardo Monteiro - PT Alice Portugal - PCdoB Lincoln Portela - PL Antonio Carlos Magalhães Neto - PFL Marcello Siqueira - PMDB Aroldo Cedraz - PFL Márcio Reinaldo Moreira - PP Claudio Cajado - PFL Maria do Carmo Lara - PT Colbert Martins - PPS Maria Lúcia Cardoso - PMDB Coriolano Sales - PFL Mário Assad Júnior - PL Daniel Almeida - PCdoB Mário Heringer - PDT Edson Duarte - PV Mauro Lopes - PMDB Fábio Souto - PFL Narcio Rodrigues - PSDB Félix Mendonça - PFL Odair - PT Fernando de Fabinho - PFL Odelmo Leão - PP Geddel Vieira Lima - PMDB Osmânio Pereira - PTB Gerson Gabrielli - PFL Paulo Delgado - PT Guilherme Menezes - PT Rafael Guerra - PSDB Jairo Carneiro - PFL Reginaldo Lopes - PT Roberto Brant - PFL Angela Guadagnin - PT Romel Anizio - PP Antonio Carlos Mendes Thame - PSDB Romeu Queiroz - PTB Antonio Carlos Pannunzio - PSDB Ronaldo Vasconcellos - PTB Arlindo Chinaglia - PT Saraiva Felipe - PMDB Arnaldo Faria de Sá - PTB Sérgio Miranda - PCdoB Carlos Sampaio - PSDB Virgílio Guimarães - PT Celso Russomanno - PP Vittorio Medioli - PSDB Cláudio Magrão - PPS Espírito Santo Corauci Sobrinho - PFL Feu Rosa - PP Delfim Netto - PP Iriny Lopes - PT Devanir Ribeiro - PT José Carlos Elias - PTB Dimas Ramalho - PPS Manato - PDT Dr. Evilásio - PSB Marcelino Fraga - PMDB Dr. Hélio - PDT Marcus Vicente - PTB Dr. Pinotti - PFL Neucimar Fraga - PL Durval Orlato - PT Nilton Baiano - PP Edna Macedo - PTB Renato Casagrande - PSB Elimar Máximo Damasceno - PRONA Rose de Freitas - PMDB Enéas - PRONA Rio de Janeiro Gilberto Kassab - PFL Alexandre Cardoso - PSB Gilberto Nascimento - PMDB Alexandre Santos - PP Iara Bernardi - PT Almerinda de Carvalho - PMDB Ildeu Araujo - PP Almir Moura - PL Ivan Valente - PT André Costa - PT Jamil Murad - PCdoB André Luiz - PMDB Jefferson Campos - PMDB Antonio Carlos Biscaia - PT João Batista - PFL Bernardo Ariston - PMDB João Herrmann Neto - PDT Carlos Nader - PL João Paulo Cunha - PT Carlos Rodrigues - PL José Eduardo Cardozo - PT Carlos Santana - PT José Mentor - PT Chico Alencar - PT Jovino Cândido - PV Deley - PV Julio Semeghini - PSDB Dr. Heleno - PP Lobbe Neto - PSDB Edson Ezequiel - PMDB Luciano Zica - PT Eduardo Cunha - PMDB Luiz Antonio Fleury - PTB Eduardo Paes - PSDB Luiz Carlos Santos - PFL Elaine Costa - PTB Luiz Eduardo Greenhalgh - PT Fernando Gabeira - S.PART. Luiza Erundina - PSB Fernando Lopes - PMDB Marcelo Ortiz - PV Francisco Dornelles - PP Marcos Abramo - PFL Itamar Serpa - PSDB Mariângela Duarte - PT Jair Bolsonaro - PTB Medeiros - PL Jandira Feghali - PCdoB Michel Temer - PMDB João Mendes de Jesus - PSL Milton Monti - PL Jorge Bittar - PT Nelson Marquezelli - PTB José Divino - PMDB Neuton Lima - PTB Josias Quintal - PMDB Orlando Fantazzini - PT Juíza Denise Frossard - PPS Paulo Kobayashi - PSDB Julio Lopes - PP Paulo Lima - PMDB Laura Carneiro - PFL Professor Irapuan Teixeira - PP - PMDB Professor Luizinho - PT Luiz Sérgio - PT Ricardo Izar - PTB Maria Lucia - PMDB Roberto Gouveia - PT Miro Teixeira - PPS Robson Tuma - PFL - PMDB Rubinelli - PT Nelson Bornier - PMDB Salvador Zimbaldi - PTB Paulo Baltazar - PSB Telma de Souza - PT Paulo Feijó - PSDB Vadão Gomes - PP Reinaldo Betão - PL Valdemar Costa Neto - PL Renato Cozzolino - PSC Vanderlei Assis - PP Roberto Jefferson - PTB Vicente Cascione - PTB Rodrigo Maia - PFL Vicentinho - PT Sandro Matos - PTB Walter Feldman - PSDB Simão Sessim - PP Wanderval Santos - PL Vieira Reis - PMDB Zarattini - PT São Paulo Zulaiê Cobra - PSDB Alberto Goldman - PSDB Mato Grosso Ferreira - PSDB Carlos Abicalil - PT Amauri Gasques - PL Celcita Pinheiro - PFL Lino Rossi - PP Ricardo Barros - PP Pedro Henry - PP Selma Schons - PT Ricarte de Freitas - PTB Takayama - PMDB Teté Bezerra - PMDB Santa Catarina Thelma de Oliveira - PSDB Adelor Vieira - PMDB Welinton Fagundes - PL Carlito Merss - PT Distrito Federal Edison Andrino - PMDB Alberto Fraga - PTB Fernando Coruja - PPS Jorge Pinheiro - PL Gervásio Silva - PFL José Roberto Arruda - PFL Ivan Ranzolin - PP Maninha - PT João Matos - PMDB Sigmaringa Seixas - PT João Pizzolatti - PP Tadeu Filippelli - PMDB Jorge Boeira - PT Tatico - PTB Leodegar Tiscoski - PP Wasny de Roure - PT Luci Choinacki - PT Goiás Mauro Passos - PT Barbosa Neto - PSB Paulo Afonso - PMDB Carlos Alberto Leréia - PSDB Paulo Bauer - PFL Enio Tatico - PTB Vignatti - PT João Campos - PSDB Zonta - PP Jovair Arantes - PTB Rio Grande do Sul Leandro Vilela - PMDB Adão Pretto - PT Leonardo Vilela - PP Alceu Collares - PDT Luiz Bittencourt - PMDB Ary Vanazzi - PT Neyde Aparecida - PT Augusto Nardes - PP Pedro Chaves - PMDB Beto Albuquerque - PSB Professora Raquel Teixeira - PSDB Cezar Schirmer - PMDB Roberto Balestra - PP Darcísio Perondi - PMDB Ronaldo Caiado - PFL - PMDB Rubens Otoni - PT Enio Bacci - PDT Sandes Júnior - PP Érico Ribeiro - PP Sandro Mabel - PL Francisco Appio - PP Vilmar Rocha - PFL Francisco Turra - PP Mato Grosso do Sul Henrique Fontana - PT Antônio Carlos Biffi - PT José Ivo Sartori - PMDB Antonio Cruz - PTB Júlio Redecker - PSDB Geraldo Resende - PPS Kelly Moraes - PTB João Grandão - PT Luciana Genro - S.PART. Murilo Zauith - PFL Luis Carlos Heinze - PP Nelson Trad - PMDB Maria do Rosário - PT Vander Loubet - PT Mendes Ribeiro Filho - PMDB Waldemir Moka - PMDB Milton Cardias - PTB Paraná Nelson Proença - PPS Abelardo Lupion - PFL Onyx Lorenzoni - PFL Affonso Camargo - PSDB Orlando Desconsi - PT Airton Roveda - PMDB Osvaldo Biolchi - PMDB Alex Canziani - PTB Pastor Reinaldo - PTB André Zacharow - PP Paulo Gouvêa - PL Assis Miguel do Couto - PT Paulo Pimenta - PT Cezar Silvestri - PPS Pompeo de Mattos - PDT Chico da Princesa - PL Tarcisio Zimmermann - PT Colombo - PT Yeda Crusius - PSDB Dilceu Sperafico - PP Dr. Rosinha - PT Dra. Clair - PT Eduardo Sciarra - PFL Giacobo - PL Gustavo Fruet - S.PART. Hermes Parcianello - PMDB Iris Simões - PTB José Borba - PMDB José Janene - PP Luiz Carlos Hauly - PSDB Max Rosenmann - PMDB Moacir Micheletto - PMDB Nelson Meurer - PP Odílio Balbinotti - PMDB Oliveira Filho - PL Osmar Serraglio - PMDB Paulo Bernardo - PT COMISSÕES PERMANENTES COMISSÃO DA AMAZÔNIA, INTEGRAÇÃO NACIONAL E DE COMISSÃO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL ABASTECIMENTO E DESENVOLVIMENTO RURAL Presidente: Júnior Betão (PPS) Presidente: Leonardo Vilela (PP) 1º Vice-Presidente: Agnaldo Muniz (PPS) 1º Vice-Presidente: Fábio Souto (PFL) 2º Vice-Presidente: Davi Alcolumbre (PDT) 2º Vice-Presidente: Assis Miguel do Couto (PT) 3º Vice-Presidente: Asdrubal Bentes (PMDB) 3º Vice-Presidente: Titulares Suplentes Titulares Suplentes PT PT Antônio Carlos Biffi Josias Gomes Adão Pretto Guilherme Menezes Antonio Nogueira Paulo Rocha Anselmo Odair Henrique Afonso Terezinha Fernandes Assis Miguel do Couto Orlando Desconsi Nilson Mourão Zé Geraldo João Grandão Paulo Pimenta PMDB Josias Gomes Rubens Otoni Ann Pontes Mauro Lopes Zé Geraldo Vignatti Asdrubal Bentes (Dep. do PSDB ocupa a vaga) PMDB (Dep. do PPS ocupa a vaga) 2 vagas Airton Roveda vaga do PTB Darcísio Perondi (Dep. do PSC ocupa a vaga) Confúcio Moura José Ivo Sartori Bloco PFL, PRONA Moacir Micheletto vaga do PSC Leandro Vilela Enéas Elimar Máximo Damasceno Odílio Balbinotti Osvaldo Reis 2 vagas Nice Lobão Silas Brasileiro (Licenciado) Pedro Chaves Vic Pires Franco Waldemir Moka PP Zé Gerardo Carlos Souza vaga do Bloco PL, PSL Suely Campos Bloco PFL, PRONA Francisco Garcia 1 vaga Fábio Souto Abelardo Lupion Zé Lima Kátia Abreu João Carlos Bacelar vaga do PC do B PSDB Ronaldo Caiado Lael Varella Helenildo Ribeiro Anivaldo Vale vaga do PMDB (Dep. do PP ocupa a vaga) (Dep. do PP ocupa a vaga) 1 vaga João Castelo 1 vaga Zenaldo Coutinho PP PTB Augusto Nardes Benedito de Lira João Lyra Ricarte de Freitas Dilceu Sperafico vaga do PSDB Cleonâncio Fonseca (Dep. do PDT ocupa a vaga) (Dep. do PPS ocupa a vaga) Francisco Turra Érico Ribeiro vaga do Bloco PFL, PRONA Bloco PL, PSL Leonardo Vilela Roberto Balestra Miguel de Souza Hamilton Casara vaga do PSB Luis Carlos Heinze Romel Anizio (Dep. do PP ocupa a vaga) Luciano Castro Nélio Dias vaga do PC do B Raimundo Santos Zonta vaga do Bloco PFL, PRONA PPS PSDB Agnaldo Muniz vaga do PMDB Lupércio Ramos Anivaldo Vale Bosco Costa Júnior Betão Maria Helena vaga do PTB Antonio Carlos Mendes Julio Semeghini PSB Thame (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a Janete Capiberibe Júlio Redecker 2 vagas vaga) (Dep. do PP ocupa a vaga) PDT PTB Davi Alcolumbre Dr. Rodolfo Pereira Carlos Dunga Alberto Fraga Gervásio Oliveira vaga do PTB José Carlos Elias Joaquim Francisco PC do B Rommel Feijó Josué Bengtson Perpétua Almeida Vanessa Grazziotin (Dep. do PMDB ocupa a Nelson Marquezelli PSC vaga) Zequinha Marinho vaga do PMDB Bloco PL, PSL Secretário(a): Cristiano Ferri Soares de Faria Almir Sá Jorge Pinheiro Local: Anexo II - Sala T- 59 Anderson Adauto Mário Assad Júnior Telefones: 216-6432 Heleno Silva Welinton Fagundes FAX: 216-6440 PPS Cezar Silvestri Júnior Betão COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, COMUNICAÇÃO E PSB INFORMÁTICA Luciano Leitoa 1 vaga Presidente: PDT 1º Vice-Presidente: Wilson Santiago (PMDB) Dr. Rodolfo Pereira Pompeo de Mattos 2º Vice-Presidente: Julio Semeghini (PSDB) PC do B 3º Vice-Presidente: Júlio Cesar (PFL) (Dep. do Bloco PFL, PRONA ocupa (Dep. do PP ocupa a vaga) Titulares Suplentes a vaga) PT PSC Jorge Bittar Angela Guadagnin (Dep. do PMDB ocupa a Zequinha Marinho Mariângela Duarte Fernando Ferro vaga) Nazareno Fonteles Mauro Passos Secretário(a): Moizes Lobo da Cunha Professor Luizinho Paulo Delgado Local: Anexo II, Térreo, Ala C, sala 36 Walter Pinheiro Zarattini Telefones: 216-6403/6404/6406 (Dep. do PSB ocupa a vaga) (Dep. do PMDB ocupa a vaga) FAX: 216-6415 PMDB Adelor Vieira vaga do PTB Confúcio Moura vaga do PT Sigmaringa Seixas Nelson Pellegrino Aníbal Gomes vaga do PP Edson Ezequiel (Dep. do PSDB ocupa a 1 vaga Eduardo Cunha Luiz Bittencourt vaga) Henrique Eduardo Alves Pastor Pedro Ribeiro PMDB Jader Barbalho Vieira Reis Eliseu Padilha Ann Pontes Wilson Santiago Zé Gerardo Jefferson Campos Asdrubal Bentes (Dep. S.PART. ocupa a vaga) José Divino Cezar Schirmer Bloco PFL, PRONA Mendes Ribeiro Filho João Matos Corauci Sobrinho José Carlos Araújo Michel Temer Mauro Benevides Gilberto Kassab José Carlos Machado Nelson Trad Sandra Rosado

vaga do PP (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa Osmar Serraglio 2 vagas João Batista a vaga) Takayama José Mendonça Bezerra (Dep. do PDT ocupa a vaga) Bloco PFL, PRONA José Rocha Antonio Carlos Magalhães vaga do PDT André de Paula Júlio Cesar Neto PP José Roberto Arruda Coriolano Sales Lino Rossi Antonio Joaquim Luiz Carlos Santos Enéas Ricardo Barros Augusto Nardes Ney Lopes Laura Carneiro (Dep. do PMDB ocupa a vaga) Reginaldo Germano Paulo Magalhães Marcos Abramo (Dep. do Bloco PFL, PRONA Vic Pires Franco Moroni Torgan vaga do PP Sandes Júnior ocupa a vaga) Vilmar Rocha Onyx Lorenzoni PSDB Robson Tuma vaga do PC do B Ariosto Holanda Alberto Goldman Ronaldo Caiado vaga do PSB Julio Semeghini Carlos Alberto Leréia (Dep. S.PART. ocupa a vaga) Narcio Rodrigues Nilson Pinto PP PTB Darci Coelho Celso Russomanno Iris Simões Antonio Cruz Ildeu Araujo Ivan Ranzolin (Dep. do PMDB ocupa a vaga) Romeu Queiroz Odelmo Leão Sandes Júnior (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a Reginaldo Germano (Dep. do PPS ocupa a vaga) Salvador Zimbaldi vaga) (Dep. do Bloco PFL, PRONA ocupa Ricardo Fiuza Bloco PL, PSL a vaga) Mário Assad Júnior Almir Moura Wagner Lago 1 vaga Paulo Marinho Carlos Nader vaga do Bloco PFL, PRONA PSDB Pedro Irujo vaga do PTB João Mendes de Jesus Aloysio Nunes Ferreira Antonio Carlos Pannunzio Raimundo Santos Maurício Rabelo Bosco Costa Átila Lira PPS João Almeida Bonifácio de Andrada Nelson Proença Raul Jungmann Jutahy Junior Helenildo Ribeiro PSB Vicente Arruda vaga do PT João Campos vaga do PSC Jurandir Boia vaga do PT Renato Casagrande Zenaldo Coutinho Léo Alcântara Luiza Erundina (Dep. do PPS ocupa a vaga) 1 vaga PDT PTB

(Dep. do Bloco PFL, PRONA vaga do Bloco PFL, PRONA Antonio Cruz Jair Bolsonaro Dr. Hélio ocupa a vaga) Edna Macedo Jovair Arantes 1 vaga Paes Landim Luiz Antonio Fleury PC do B Vicente Cascione Neuton Lima Jamil Murad Alice Portugal 1 vaga Roberto Jefferson PSC Bloco PL, PSL Costa Ferreira Pastor Amarildo Carlos Mota Almeida de Jesus S.PART. Carlos Rodrigues Coronel Alves Gustavo Fruet vaga do PMDB Edmar Moreira Jaime Martins Secretário(a): Myriam Gonçalves Teixeira de Oliveira Inaldo Leitão João Leão Local: Anexo II, Térreo, Ala A, sala 49 João Paulo Gomes da Silva Neucimar Fraga Telefones: 216-6452 A 6458 PPS FAX: 216-6465 Dimas Ramalho Agnaldo Muniz Juíza Denise Frossard vaga do PSDB Colbert Martins COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA vaga do PP Presidente: Maurício Rands (PT) Roberto Freire Fernando Coruja 1º Vice-Presidente: Antonio Carlos Biscaia (PT) PSB 2º Vice-Presidente: Vic Pires Franco (PFL) Alexandre Cardoso Isaías Silvestre (Dep. do Bloco PFL, PRONA ocupa 3º Vice-Presidente: Nelson Trad (PMDB) Gonzaga Patriota Titulares Suplentes a vaga) PT PDT Antonio Carlos Biscaia Dra. Clair Alceu Collares Severiano Alves José Eduardo Cardozo Fátima Bezerra PC do B (Dep. do Bloco PFL, PRONA ocupa José Mentor Gilmar Machado Sérgio Miranda Luiz Eduardo Greenhalgh Iara Bernardi a vaga) Maurício Rands Ivan Valente PSC Odair João Alfredo Pastor Amarildo (Dep. do PSDB ocupa a vaga) Rubens Otoni José Pimentel PV Rubinelli Luiz Couto Marcelo Ortiz Sarney Filho S.PART. 1 vaga Zico Bronzeado Roberto Magalhães vaga do Bloco PFL, PRONA PMDB Secretário(a): Rejane Salete Marques Bernardo Ariston Luiz Bittencourt Local: Anexo II,Térreo, Ala , sala 21 Carlos Eduardo Odílio Balbinotti Telefones: 216-6494 Cadoca FAX: 216-6499 Edson Ezequiel Paulo Afonso Bloco PFL, PRONA COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Fernando de Fabinho Carlos Melles Presidente: Paulo Lima (PMDB) Gerson Gabrielli Jairo Carneiro 1º Vice-Presidente: Luiz Bittencourt (PMDB) 1 vaga (Dep. do PTB ocupa a vaga) 2º Vice-Presidente: Julio Lopes (PP) PP 3º Vice-Presidente: Jonival Lucas Junior (PTB) Dr. Benedito Dias Delfim Netto Titulares Suplentes 1 vaga Nélio Dias PT PSDB Dr. Rosinha Antonio Nogueira Gonzaga Mota Bismarck Maia vaga do PV Maria do Carmo Lara Luiz Bassuma Léo Alcântara vaga do PV Júlio Redecker Simplício Mário Rubinelli Ronaldo Dimas vaga do PTB Yeda Crusius (Dep. do PMDB ocupa a Vittorio Medioli Walter Pinheiro vaga) PTB PMDB Nelson Marquezelli Armando Monteiro vaga do PPS Leandro Vilela André Luiz (Dep. do PSDB ocupa vaga do Bloco PFL, PRONA Dr. Francisco Gonçalves Luiz Bittencourt Max Rosenmann a vaga) Olavo Calheiros Silas Brasileiro (Licenciado) Enio Tatico Pastor Pedro Ribeiro vaga do PV Bloco PL, PSL Paulo Lima Almeida de Jesus Giacobo Wladimir Costa vaga do PT Reinaldo Betão Ricardo Rique Bloco PFL, PRONA PPS José Carlos Machado Marcelo Guimarães Filho Lupércio Ramos Nelson Proença Marcos Abramo Ney Lopes PSB Robério Nunes (Dep. do PCdoB ocupa a vaga) 1 vaga 1 vaga PP PV Celso Russomanno Alexandre Santos (Dep. do PSDB ocupa (Dep. do PSDB ocupa a vaga) Julio Lopes Ricardo Fiuza a vaga) PSDB Secretário(a): Aparecida de Moura Andrade Paulo Kobayashi Manoel Salviano Local: Anexo II, Térreo, Ala A, sala T33 Sebastião Madeira Professora Raquel Teixeira Telefones: 216-6601 A 6609 PTB FAX: 216-6610 Jonival Lucas Junior Alex Canziani (Dep. do PSC ocupa a vaga) Ricardo Izar COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO URBANO Bloco PL, PSL Presidente: Silas Câmara (PTB) Maurício Rabelo Amauri Gasques 1º Vice-Presidente: Jackson Barreto (PTB) Medeiros Wellington Roberto 2º Vice-Presidente: Walter Feldman (PSDB) PPS 3º Vice-Presidente: Cezar Schirmer (PMDB) (Dep. do PMDB ocupa a Titulares Suplentes Dimas Ramalho vaga) PT PSB Ary Vanazzi Carlito Merss Jorge Gomes Givaldo Carimbão Fátima Bezerra Devanir Ribeiro PV Terezinha Fernandes Ivo José (Dep. do PMDB ocupa a Zezéu Ribeiro Maria do Carmo Lara Deley vaga) PMDB PCdoB Cezar Schirmer Jader Barbalho Daniel Almeida vaga do Bloco PFL, PRONA Jorge Alberto Leonardo Picciani PSC Mauro Benevides Marinha Raupp Renato Cozzolino vaga do PTB (Dep. do PTB ocupa a vaga) 1 vaga Secretário(a): Lilian de Cássia Albuquerque Santos Bloco PFL, PRONA Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala C, sala 152 Claudio Cajado Dr. Pinotti Telefones: 216-6920 A 6922 (Dep. do PPS ocupa a vaga) Francisco Rodrigues FAX: 216-6925 (Dep. do PTB ocupa a vaga) José Roberto Arruda PP COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, Romel Anizio Zé Lima INDÚSTRIA E COMÉRCIO (Dep. do PTB ocupa a 1 vaga Presidente: Gonzaga Mota (PSDB) vaga) 1º Vice-Presidente: Dr. Benedito Dias (PP) PSDB 2º Vice-Presidente: Almeida de Jesus (PL) Walter Feldman Paulo Kobayashi 3º Vice-Presidente: Reginaldo Lopes (PT) 1 vaga Sebastião Madeira Titulares Suplentes PTB PT Jackson Barreto José Carlos Elias Durval Orlato Luiz Eduardo Greenhalgh Joaquim Francisco vaga do PDT Pastor Frankembergen Jorge Boeira Paulo Bernardo José Chaves vaga do PMDB Tatico vaga do PP Reginaldo Lopes Vicentinho Pedro Fernandes vaga do Bloco PFL, PRONA Ricardo Izar vaga do Bloco PL, PSL Titulares Suplentes Silas Câmara PT Bloco PL, PSL Carlos Abicalil Antônio Carlos Biffi Paulo Gouvêa Anderson Adauto Chico Alencar Colombo (Dep. do PTB ocupa a vaga) Chico da Princesa Iara Bernardi Fátima Bezerra PPS Ivan Valente Henrique Afonso Ivan Paixão vaga do Bloco PFL, PRONA B. Sá Maria do Rosário vaga do PSB Paulo Rubem Santiago Maria Helena Neyde Aparecida Selma Schons vaga do PMDB PSB PMDB Dr. Evilásio Barbosa Neto Gastão Vieira vaga do PTB Luiz Bittencourt PDT João Matos Osmar Serraglio (Dep. do PTB ocupa a vaga) 1 vaga José Ivo Sartori Paulo Lima PC do B Marinha Raupp (Dep. do PT ocupa a vaga) Inácio Arruda 1 vaga Osvaldo Biolchi Secretário(a): James Lewis Gorman Júnior Bloco PFL, PRONA Local: Anexo II, Pavimento Superior, Ala C, Sala 188 Antonio Carlos Magalhães Celcita Pinheiro Telefones: 216-6551/ 6554 Neto FAX: 216-6560 César Bandeira Clóvis Fecury Osvaldo Coelho Murilo Zauith COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS PP Presidente: Mário Heringer (PDT) Professor Irapuan Teixeira Márcio Reinaldo Moreira 1º Vice-Presidente: Luiz Couto (PT) Suely Campos Vanderlei Assis 2º Vice-Presidente: Jairo Carneiro (PFL) (Dep. do PSDB ocupa a vaga) Wagner Lago 3º Vice-Presidente: Zelinda Novaes (PFL) PSDB Titulares Suplentes Átila Lira Domiciano Cabral PT Bonifácio de Andrada vaga do PP Eduardo Barbosa Iriny Lopes Adão Pretto Lobbe Neto Rafael Guerra Luci Choinacki Carlos Abicalil Nilson Pinto vaga do Bloco PL, PSL Luiz Couto Chico Alencar Professora Raquel Teixeira Orlando Fantazzini Luiz Alberto PTB Maria do Rosário vaga do PMDB Eduardo Seabra Elaine Costa PMDB Kelly Moraes Rommel Feijó Fernando Diniz (Dep. do PT ocupa a vaga) (Dep. do PMDB ocupa a vaga) (Dep. do PSC ocupa a vaga) (Dep. do PPS ocupa a vaga) 2 vagas Bloco PL, PSL 1 vaga Milton Monti Humberto Michiles Bloco PFL, PRONA (Dep. do PSDB ocupa a vaga) Wanderval Santos Jairo Carneiro (Dep. do PDT ocupa a vaga) PPS (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a Rogério Teófilo Athos Avelino Zelinda Novaes vaga) PSB PP (Dep. do PT ocupa a vaga) Luciano Leitoa 2 vagas José Linhares PDT Nilton Baiano Severiano Alves 1 vaga PSDB PC do B Thelma de Oliveira João Almeida Alice Portugal Sérgio Miranda (Dep. do PV ocupa a vaga) (Dep. do PV ocupa a vaga) PSC PTB Costa Ferreira vaga do PTB 2 vagas Marcus Vicente Secretário(a): Anamélia Lima Rocha Fernandes Pastor Reinaldo Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala C, sala 170 Bloco PL, PSL Telefones: 216-6622/6625/6627/6628 (Dep. do PDT ocupa a vaga) Lincoln Portela vaga do Bloco PFL, PRONA FAX: 216-6635 Paulo Gouvêa PPS COMISSÃO DE FINANÇAS E TRIBUTAÇÃO Geraldo Thadeu Cláudio Magrão Presidente: Nelson Bornier (PMDB) Miro Teixeira vaga do PMDB 1º Vice-Presidente: Alexandre Santos (PP) PSB 2º Vice-Presidente: Paulo Rubem Santiago (PT) Pastor Francisco Olímpio 1 vaga 3º Vice-Presidente: Carlos Willian (PSC) PDT Titulares Suplentes Mário Heringer vaga do Bloco PL, PSL Enio Bacci vaga do Bloco PFL, PRONA PT PV Carlito Merss Henrique Fontana Leonardo Mattos vaga do PSDB Edson Duarte vaga do PSDB José Pimentel Jorge Bittar Secretário(a): Ruy dos Santos Siqueira Paulo Rubem Santiago Jorge Boeira Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala A, sala 185 Vignatti José Mentor Telefones: 216-6575 Virgílio Guimarães Wasny de Roure FAX: 216-6580 PMDB Marcelino Fraga vaga do PTB André Luiz COMISSÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA Max Rosenmann Eduardo Cunha Presidente: Carlos Abicalil (PT) Nelson Bornier João Magalhães 1º Vice-Presidente: César Bandeira (PFL) Paulo Afonso 1 vaga 2º Vice-Presidente: João Matos (PMDB) Pedro Novais 3º Vice-Presidente: Professora Raquel Teixeira (PSDB) Bloco PFL, PRONA Coriolano Sales Gerson Gabrielli PSDB Eliseu Resende João Batista Alberto Goldman Luiz Carlos Hauly Félix Mendonça José Carlos Araújo Manoel Salviano Walter Feldman Luiz Carreira Júlio Cesar PTB Mussa Demes vaga do Bloco PL, PSL Paulo Bauer vaga do PSC Elaine Costa (Dep. do PSC ocupa a vaga) Onyx Lorenzoni vaga do PC do B Sandro Matos (Dep. do PP ocupa a vaga) Pauderney Avelino vaga do PSB Bloco PL, PSL Roberto Brant vaga do PTB Almir Moura Carlos Rodrigues PP Carlos Nader vaga do Bloco PFL, PRONA João Caldas Alexandre Santos vaga do PDT Feu Rosa (Dep. do PMDB ocupa a vaga) Benedito de Lira Francisco Turra PPS Delfim Netto Zonta (Dep. do PDT ocupa a vaga) Rogério Teófilo Francisco Dornelles PSB PSDB Barbosa Neto (Dep. do PDT ocupa a vaga) Antonio Cambraia Gonzaga Mota PV Luiz Carlos Hauly Ronaldo Dimas (Dep. do PP ocupa a vaga) (Dep. do PP ocupa a vaga) Yeda Crusius Vittorio Medioli PDT PTB Enio Bacci vaga do PPS Pompeo de Mattos vaga do PSB Armando Monteiro Alex Canziani PSC (Dep. do PMDB ocupa a vaga) José Militão Cabo Júlio vaga do PTB (Dep. do Bloco PFL, PRONA vaga do Bloco PFL, PRONA Sandro Matos Renato Cozzolino ocupa a vaga) Secretário(a): Edilson Saraiva Alencar Bloco PL, PSL Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala A, sala 161 João Leão Almir Sá Telefones: 216-6671 A 6675 (Dep. do Bloco PFL, PRONA José Santana de Vasconcellos FAX: 216-6676 ocupa a vaga) PPS COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA Fernando Coruja Miro Teixeira Presidente: André de Paula (PFL) PSB 1º Vice-Presidente: (Dep. do Bloco PFL, PRONA Beto Albuquerque 2º Vice-Presidente: Colombo (PT) ocupa a vaga) 3º Vice-Presidente: Jaime Martins (PL) PDT Titulares Suplentes (Dep. do PP ocupa a vaga) 1 vaga PT PC do B Colombo Orlando Fantazzini (Dep. do Bloco PFL, PRONA 1 vaga Lúcia Braga Tarcisio Zimmermann ocupa a vaga) Paulo Bernardo (Dep. do PSB ocupa a vaga) PSC PMDB (Dep. do Bloco PFL, PRONA Almerinda de Carlos Willian 3 vagas ocupa a vaga) Carvalho Secretário(a): Maria Linda Magalhães Moraes Souza Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala C, sala 136 1 vaga Telefones: 216-6654/6655/6652 Bloco PFL, PRONA FAX: 216-6660 Abelardo Lupion Fernando de Fabinho André de Paula Laura Carneiro vaga do PTB COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E CONTROLE (Dep. do PSDB ocupa a vaga) Presidente: José Priante (PMDB) PP 1º Vice-Presidente: André Luiz (PMDB) Nilton Baiano Enivaldo Ribeiro 2º Vice-Presidente: João Magno (PT) 1 vaga Ronivon Santiago 3º Vice-Presidente: Enio Bacci (PDT) PSDB Titulares Suplentes 2 vagas Eduardo Barbosa vaga do Bloco PFL, PRONA PT Eduardo Gomes Eduardo Valverde Luiz Sérgio Vicente Arruda João Magno Professor Luizinho PTB Wasny de Roure Roberto Gouveia Marcondes Gadelha João Lyra (Dep. do PP ocupa a vaga) Virgílio Guimarães (Dep. do Bloco PFL, PRONA ocupa a Roberto Jefferson PMDB vaga) André Luiz Aníbal Gomes Bloco PL, PSL João Correia vaga do Bloco PL, PSL Nelson Bornier Jaime Martins Inaldo Leitão João Magalhães Wladimir Costa 1 vaga Marcos de Jesus José Priante S.PART. Bloco PFL, PRONA João Fontes 2 vagas José Carlos Araújo José Carlos Machado 1 vaga Paulo Bauer José Roberto Arruda PSB (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa vaga do PT (Dep. do PSC ocupa a vaga) Luiza Erundina a vaga) Secretário(a): Gardene Maria Ferreira de Aguiar PP Local: Anexo II, Pavimento Superior, Ala A, salas 121/122 Leodegar Tiscoski vaga do PT Dr. Heleno Telefones: 216-6692 / 6693 Márcio Reinaldo Moreira José Janene vaga do PV FAX: 216-6700 Ronivon Santiago Odelmo Leão Simão Sessim vaga do PV Pedro Corrêa vaga do PTB Luiz Sérgio Luciano Zica COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO Mauro Passos Vander Loubet SUSTENTÁVEL PMDB Presidente: Paulo Baltazar (PSB) Marcello Siqueira Alceste Almeida 1º Vice-Presidente: Givaldo Carimbão (PSB) Moreira Franco João Matos 2º Vice-Presidente: César Medeiros (PT) Rose de Freitas Josias Quintal 3º Vice-Presidente: João Alfredo (PT) (Dep. do PP ocupa a vaga) 1 vaga Titulares Suplentes Bloco PFL, PRONA PT Aroldo Cedraz Celcita Pinheiro vaga do PSC César Medeiros Anselmo Betinho Rosado vaga do PSC César Bandeira Ivo José vaga do PTB Assis Miguel do Couto Eduardo Sciarra Luiz Carlos Santos João Alfredo Iriny Lopes Gervásio Silva Pauderney Avelino vaga do PDT Leonardo Monteiro Nazareno Fonteles Robério Nunes Luciano Zica PP Luiz Alberto vaga do PTB Dr. Heleno Nelson Meurer PMDB João Pizzolatti Ricardo Barros Osvaldo Reis vaga do PDT José Divino José Janene vaga do PMDB Simão Sessim vaga do PTB Teté Bezerra Luiz Bittencourt Vadão Gomes vaga do PPS (Dep. do PV ocupa a vaga) Max Rosenmann PSDB 1 vaga Eduardo Gomes Antonio Cambraia Bloco PFL, PRONA Nicias Ribeiro Lobbe Neto (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a Paulo Feijó vaga do PSB Gervásio Silva vaga) PTB (Dep. do PSB ocupa a vaga) José Roberto Arruda Marcus Vicente vaga do PDT Edna Macedo 1 vaga Milton Barbosa vaga do Bloco PL, PSL Osmânio Pereira (Dep. do PP ocupa a vaga) (Dep. do PSC ocupa a vaga) Salvador Zimbaldi PP Bloco PL, PSL Antonio Joaquim (Dep. do PV ocupa a vaga) João Caldas Aracely de Paula Roberto Balestra 1 vaga José Santana de Vasconcellos Miguel de Souza PSDB PPS Itamar Serpa Affonso Camargo (Dep. do PP ocupa a vaga) Leônidas Cristino (Dep. do PSB ocupa a vaga) Antonio Carlos Mendes Thame PSB PTB (Dep. do PSDB ocupa a vaga) Jurandir Boia (Dep. do PT ocupa a vaga) Paes Landim PDT (Dep. do PT ocupa a vaga) Ronaldo Vasconcellos (Dep. do Bloco PFL, PRONA (Dep. do PTB ocupa a vaga) Bloco PL, PSL ocupa a vaga) Jorge Pinheiro vaga do Bloco PFL, PRONA Pedro Irujo PSC (Dep. do Bloco PFL, PRONA (Dep. do Bloco PFL, PRONA (Dep. do Bloco PFL, PRONA Oliveira Filho ocupa a vaga) ocupa a vaga) ocupa a vaga) Welinton Fagundes Secretário(a): Damaci Pires de Miranda PPS Local: Anexo II, Térreo, Ala C, sala 56 B. Sá Cezar Silvestri Telefones: 216-6711 / 6713 PSB FAX: 216-6720 Givaldo Carimbão vaga do PSDB Janete Capiberibe Paulo Baltazar COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DE DEFESA Renato Casagrande vaga do Bloco PFL, NACIONAL PRONA Presidente: Carlos Melles (PFL) PDT 1º Vice-Presidente: Maninha (PT) (Dep. do PMDB ocupa a vaga) Davi Alcolumbre 2º Vice-Presidente: Marcos de Jesus (PL) PV 3º Vice-Presidente: André Zacharow (PP) Edson Duarte vaga do PMDB Jovino Cândido vaga do PP Titulares Suplentes Sarney Filho Marcelo Ortiz PT S.PART. Maninha João Magno Fernando Gabeira 1 vaga Paulo Delgado Leonardo Monteiro PSC Zarattini Nilson Mourão Carlos Willian vaga do Bloco PFL, PRONA Zico Bronzeado Sigmaringa Seixas Secretário(a): Aurenilton Araruna de Almeida PMDB Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala C, sala 150 Edison Andrino Marcelino Fraga Telefones: 216-6521 A 6526 Fernando Lopes Moreira Franco FAX: 216-6535 Vieira Reis (Dep. do PV ocupa a vaga) (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a (Dep. do PSDB ocupa a vaga) COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA vaga) Presidente: João Pizzolatti (PP) Bloco PFL, PRONA 1º Vice-Presidente: Eduardo Gomes (PSDB) Carlos Melles Claudio Cajado 2º Vice-Presidente: Rose de Freitas (PMDB) Francisco Rodrigues vaga do Bloco PL, PSL João Carlos Bacelar 3º Vice-Presidente: Eduardo Sciarra (PFL) José Thomaz Nonô Robério Nunes vaga do Bloco PL, PSL Titulares Suplentes Murilo Zauith Roberto Brant vaga do PTB PT Vilmar Rocha Fernando Ferro Eduardo Valverde PP Luiz Bassuma Hélio Esteves André Zacharow Dilceu Sperafico Feu Rosa Francisco Dornelles Raul Jungmann Juíza Denise Frossard vaga do PSDB Ivan Ranzolin Luis Carlos Heinze vaga do PPS Roberto Freire Professor Irapuan Teixeira S.PART. PSDB Babá Luciana Genro Antonio Carlos Pannunzio Aloysio Nunes Ferreira PDT João Castelo Antonio Carlos Mendes Thame Pompeo de Mattos vaga do PP Zulaiê Cobra Luiz Carlos Hauly vaga do PMDB PCdoB Professora Raquel Teixeira Perpétua Almeida vaga do Bloco PFL, PRONA PTB PSC Arnon Bezerra Jackson Barreto Cabo Júlio vaga do PMDB Jair Bolsonaro (Dep. S.PART. ocupa a vaga) Secretário(a): Kátia da Consolação dos Santos Viana (Dep. do Bloco PFL, PRONA Local: Anexo II, Pavimento Superior - Sala 166-C Pastor Frankembergen ocupa a vaga) Telefones: 216-6761 / 6762 Bloco PL, PSL FAX: 216-6770 Lincoln Portela vaga do PMDB João Paulo Gomes da Silva (Dep. do Bloco PFL, PRONA COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA Marcos de Jesus ocupa a vaga) Presidente: Eduardo Paes (PSDB) (Dep. do Bloco PFL, PRONA 1º Vice-Presidente: Eduardo Barbosa (PSDB) ocupa a vaga) 2º Vice-Presidente: Dr. Francisco Gonçalves (PTB) PPS 3º Vice-Presidente: Selma Schons (PT) Átila Lins (Dep. do PP ocupa a vaga) Titulares Suplentes PSB PT (Dep. do PCdoB ocupa a vaga) Dr. Evilásio Angela Guadagnin Dr. Rosinha PDT Guilherme Menezes Durval Orlato João Herrmann Neto Manato Henrique Fontana Luci Choinacki PCdoB Roberto Gouveia Maninha Renildo Calheiros vaga do PSB Selma Schons Telma de Souza PV PMDB Leonardo Mattos vaga do PMDB Benjamin Maranhão Almerinda de Carvalho S.PART. Darcísio Perondi Jorge Alberto Fernando Gabeira vaga do PTB Hermes Parcianello vaga do PSC Silas Brasileiro (Licenciado) Secretário(a): Fernando Luiz Cunha Rocha Sandra Rosado Teté Bezerra Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala A, sala 125 Saraiva Felipe Telefones: 216-6739 / 6738 / 6737 Bloco PFL, PRONA FAX: 216-6745 Dr. Pinotti José Mendonça Bezerra Elimar Máximo Zelinda Novaes COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO Damasceno CRIME ORGANIZADO Milton Barbosa (Dep. do PSB ocupa a vaga) Presidente: Wanderval Santos (PL) (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a Nice Lobão 1º Vice-Presidente: Coronel Alves (PL) vaga) 2º Vice-Presidente: Moroni Torgan (PFL) PP 3º Vice-Presidente: João Campos (PSDB) José Linhares André Zacharow Titulares Suplentes (Dep. do PPS ocupa a Dr. Benedito Dias PT vaga) Nelson Pellegrino Antonio Carlos Biscaia 1 vaga (Dep. do PTB ocupa a vaga) Paulo Pimenta Maurício Rands PSDB Vander Loubet Reginaldo Lopes Eduardo Barbosa Thelma de Oliveira PMDB Eduardo Paes Walter Feldman Gilberto Nascimento Luiz Bittencourt Rafael Guerra 1 vaga Josias Quintal 2 vagas PTB (Dep. do PSC ocupa a Arnaldo Faria de Sá Arnon Bezerra vaga do PP vaga) Dr. Francisco Gonçalves Kelly Moraes Bloco PFL, PRONA Homero Barreto Marcondes Gadelha Laura Carneiro (Dep. do PCdoB ocupa a vaga) Milton Cardias vaga do PSC Moroni Torgan 1 vaga Osmânio Pereira PP Bloco PL, PSL Sandes Júnior Carlos Souza vaga do Bloco PL, PSL Amauri Gasques Carlos Mota (Dep. do PDT ocupa a Neucimar Fraga Remi Trinta Darci Coelho vaga do Bloco PFL, PRONA vaga) Roberto Pessoa Francisco Appio PPS PSDB Athos Avelino Geraldo Thadeu Carlos Sampaio Zulaiê Cobra Geraldo Resende vaga do PP João Campos (Dep. do PPS ocupa a vaga) PSB PTB Dr. Ribamar Alves Alexandre Cardoso vaga do Bloco PFL, PRONA Alberto Fraga Vicente Cascione Jorge Gomes Ronaldo Vasconcellos 1 vaga PDT Bloco PL, PSL Manato Mário Heringer Coronel Alves Edmar Moreira PC do B Wanderval Santos (Dep. do PP ocupa a vaga) Jandira Feghali Jamil Murad PPS PSC (Dep. do PMDB ocupa a (Dep. do PTB ocupa a vaga) (Dep. do PTB ocupa a vaga) vaga) PMDB Secretário(a): Flávio Alencastro Alceste Almeida Edison Andrino Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala A, sala 145 (Dep. do PTB ocupa a vaga) Jefferson Campos Telefones: 216-6787 / 6781 A 6786 (Dep. do PTB ocupa a vaga) Marcelo Teixeira FAX: 216-6790 Bloco PFL, PRONA Marcelo Guimarães Filho Eduardo Sciarra COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E 1 vaga José Rocha vaga do Bloco PL, PSL SERVIÇO PÚBLICO (Dep. do PCdoB ocupa a vaga) Presidente: Tarcisio Zimmermann (PT) PP 1º Vice-Presidente: Dra. Clair (PT) (Dep. do PV ocupa a vaga) Ildeu Araujo 2º Vice-Presidente: Isaías Silvestre (PSB) (Dep. do PT ocupa a vaga) Julio Lopes 3º Vice-Presidente: Luciano Castro (PL) PSDB Titulares Suplentes Bismarck Maia Carlos Alberto Leréia PT (Dep. do PTB ocupa a vaga) Jutahy Junior Dra. Clair Carlos Santana PTB Paulo Rocha José Eduardo Cardozo Alex Canziani vaga do PT Philemon Rodrigues Tarcisio Zimmermann Lúcia Braga Enio Tatico vaga do PSDB Ronaldo Vasconcellos Vicentinho Neyde Aparecida José Militão PMDB Josué Bengtson vaga do PT Leonardo Picciani Ann Pontes Pastor Reinaldo (Dep. do PTB ocupa a vaga) Luiz Bittencourt Ricarte de Freitas vaga do PMDB 1 vaga 1 vaga Tatico vaga do PMDB Bloco PFL, PRONA Bloco PL, PSL Clóvis Fecury (Dep. do PDT ocupa a vaga) Hamilton Casara vaga do PSB Reinaldo Betão Rodrigo Maia 2 vagas (Dep. do Bloco PFL, PRONA João Mendes de Jesus (Dep. do PC do B ocupa a vaga) ocupa a vaga) PP João Tota Érico Ribeiro Mário Negromonte PPS Pedro Corrêa Vadão Gomes Colbert Martins (Dep. do PDT ocupa a vaga) PSDB PSB Carlos Alberto Leréia Ariosto Holanda (Dep. do Bloco PL, PSL Dr. Ribamar Alves (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a ocupa a vaga) Carlos Sampaio vaga) PDT 1 vaga Narcio Rodrigues João Herrmann Neto vaga do PPS PTB PCdoB Jovair Arantes Arnaldo Faria de Sá Renildo Calheiros vaga do Bloco PFL, PRONA Luiz Antonio Fleury Eduardo Seabra PV Milton Cardias vaga do PMDB Homero Barreto vaga do PPS Deley vaga do PP Bloco PL, PSL Secretário(a): Elizabeth Paes dos Santos Luciano Castro Medeiros Local: Anexo II, Ala A , Sala 5,Térreo Ricardo Rique vaga do PSDB Paulo Marinho Telefones: 216-6831 / 6832 / 6833 Sandro Mabel PPS COMISSÃO DE VIAÇÃO E TRANSPORTES Cláudio Magrão (Dep. do PTB ocupa a vaga) Presidente: Wellington Roberto (PL) PSB 1º Vice-Presidente: Giacobo (PL) Isaías Silvestre Pastor Francisco Olímpio 2º Vice-Presidente: Pedro Chaves (PMDB) PC do B 3º Vice-Presidente: Neuton Lima (PTB) Daniel Almeida 1 vaga Titulares Suplentes Vanessa Grazziotin vaga do Bloco PFL, PT PRONA Carlos Santana Ary Vanazzi PV Devanir Ribeiro Zezéu Ribeiro Jovino Cândido Leonardo Mattos Hélio Esteves (Dep. do PTB ocupa a vaga) PDT Telma de Souza 1 vaga Alceu Collares vaga do Bloco PFL, PRONA PMDB Secretário(a): Anamélia Ribeiro Correia de Araújo Marcelo Castro Eliseu Padilha Local: Anexo II, Sala T 50 Marcelo Teixeira Marcello Siqueira Telefones: 216-6805 / 6806 / 6807 Mauro Lopes Osvaldo Reis FAX: 216-6815 Pedro Chaves 1 vaga Bloco PFL, PRONA COMISSÃO DE TURISMO E DESPORTO Lael Varella Aroldo Cedraz Presidente: José Militão (PTB) (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a (Dep. do Bloco PL, PSL 1º Vice-Presidente: Pastor Reinaldo (PTB) vaga) ocupa a vaga) 2º Vice-Presidente: Colbert Martins (PPS) (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a 1 vaga 3º Vice-Presidente: Hamilton Casara (PL) vaga) Titulares Suplentes PP PT Francisco Appio Francisco Garcia Gilmar Machado César Medeiros Mário Negromonte Leodegar Tiscoski Orlando Desconsi vaga do PP João Grandão PSDB (Dep. do PTB ocupa a vaga) Mariângela Duarte Affonso Camargo Nicias Ribeiro Domiciano Cabral Paulo Feijó 1 vaga Paulo Marinho PTB PSB Neuton Lima Carlos Dunga Alexandre Cardoso Janete Capiberibe Philemon Rodrigues Iris Simões Luiza Erundina Renato Casagrande Romeu Queiroz vaga do PSC José Chaves vaga do PSC PPS Pedro Fernandes vaga do PT Nelson Proença 1 vaga Bloco PL, PSL PDT Aracely de Paula vaga do Bloco PFL, PRONA João Tota vaga do Bloco PFL, PRONA Severiano Alves Manato Chico da Princesa vaga do PDT Milton Monti PC do B Giacobo Oliveira Filho Jamil Murad Inácio Arruda Humberto Michiles vaga do Bloco PFL, PRONA PRONA Wellington Roberto 1 vaga Elimar Máximo Damasceno PPS Secretário(a): Mário Dráusio Oliveira de A. Coutinho Leônidas Cristino Átila Lins Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A PSB Telefones: 216-6203 / 6232 Beto Albuquerque Gonzaga Patriota FAX: 216-6225 PDT (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROPOR DIRETRIZES Mário Heringer vaga) E NORMAS LEGAIS RELATIVAS AO TRATAMENTO A SER PSC DADO AOS ARQUIVOS GOVERNAMENTAIS DADOS COMO (Dep. do PTB ocupa a vaga) (Dep. do PTB ocupa a vaga) CONFIDENCIAIS, RESERVADOS E/OU SECRETOS, BEM Secretário(a): Ruy Omar Prudencio da Silva COMO PROMOVER A CONSOLIDAÇÃO DAS NORMAS E Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala A, sala 175 LEGISLAÇÃO EXISTENTES SOBRE O MESMO ASSUNTO. Telefones: 216-6853 A 6856 Presidente: Mário Heringer (PDT) FAX: 216-6860 1º Vice-Presidente: 2º Vice-Presidente: COMISSÕES TEMPORÁRIAS 3º Vice-Presidente: Relator: Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A "ACOMPANHAR AS Titulares Suplentes NEGOCIAÇÕES DA ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO DAS PT AMÉRICAS". Luiz Eduardo Greenhalgh Presidente: José Thomaz Nonô (PFL) PMDB 1º Vice-Presidente: Edson Ezequiel (PMDB) Mauro Benevides 2º Vice-Presidente: Alberto Goldman (PSDB) PFL 3º Vice-Presidente: Francisco Garcia (PP) Vilmar Rocha Relator: Maninha (PT) PTB Titulares Suplentes Vicente Cascione PT PL José Pimentel Ary Vanazzi Lincoln Portela Maninha Dra. Clair PDT Paulo Delgado Henrique Fontana Mário Heringer Rubens Otoni Ivan Valente Secretário(a): Heloisa Pedrosa Diniz Tarcisio Zimmermann Luci Choinacki Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A 1 vaga Paulo Pimenta Telefones: 216-6201/6232 PFL FAX: 216-6225 Fábio Souto Robério Nunes José Thomaz Nonô (Dep. do PTB ocupa a vaga) COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR ESTUDO DE Marcos Abramo 3 vagas PROJETOS E AÇÕES COM VISTAS À TRANSPOSIÇÃO E À Ney Lopes INTEGRAÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS PARA A Ronaldo Caiado REGIÃO DO SEMI-ÁRIDO. PMDB Presidente: José Carlos Machado (PFL) Cezar Schirmer Bernardo Ariston 1º Vice-Presidente: Luiz Carreira (PFL) Edson Ezequiel Moacir Micheletto 2º Vice-Presidente: Henrique Eduardo Alves (PMDB) Max Rosenmann 2 vagas 3º Vice-Presidente: Silas Brasileiro (Licenciado) Relator: Marcondes Gadelha (PTB) PSDB Titulares Suplentes Alberto Goldman Aloysio Nunes Ferreira PT Antonio Carlos Mendes Thame Luiz Carlos Hauly Fátima Bezerra Zezéu Ribeiro Antonio Carlos Pannunzio Nilson Pinto Fernando Ferro 5 vagas Yeda Crusius 1 vaga José Pimentel PP Josias Gomes Feu Rosa Francisco Dornelles Luiz Couto Francisco Garcia Leodegar Tiscoski Nazareno Fonteles Francisco Turra Vadão Gomes PFL PTB Fernando de Fabinho (Dep. S.PART. ocupa a vaga) Jackson Barreto Arnaldo Faria de Sá José Carlos Machado (Dep. do PTB ocupa a vaga) Roberto Jefferson Arnon Bezerra José Rocha 3 vagas vaga do PFL Paes Landim Luiz Carreira PL Osvaldo Coelho João Paulo Gomes da Silva Humberto Michiles PMDB Benjamin Maranhão Aníbal Gomes Feu Rosa 2 vagas Henrique Eduardo Alves Sandra Rosado Ivan Ranzolin Jorge Alberto 2 vagas PSDB Marcelo Castro Antonio Carlos Pannunzio Bonifácio de Andrada PSDB Zulaiê Cobra Carlos Sampaio Antonio Carlos Mendes Thame Bosco Costa (Dep. do PPS ocupa a vaga) João Campos Átila Lira Eduardo Barbosa PTB Helenildo Ribeiro Gonzaga Mota Jackson Barreto Pastor Frankembergen Manoel Salviano João Castelo Marcondes Gadelha 2 vagas PP Milton Cardias Benedito de Lira Mário Negromonte Bloco PL, PSL Cleonâncio Fonseca Nélio Dias Coronel Alves Almir Moura Enivaldo Ribeiro 1 vaga Edmar Moreira João Paulo Gomes da Silva PTB Lincoln Portela Wanderval Santos Jackson Barreto Carlos Dunga PPS Marcondes Gadelha Paes Landim vaga do PFL Juíza Denise Frossard vaga do PSDB Átila Lins Ronaldo Vasconcellos (Dep. do PDT ocupa a vaga) PL PSB Almeida de Jesus Ricardo Rique Isaías Silvestre 1 vaga Heleno Silva 1 vaga PDT PSB Dr. Hélio Severiano Alves Gonzaga Patriota Isaías Silvestre João Herrmann Neto vaga do PPS Pastor Francisco Olímpio Luciano Leitoa vaga do PDT PC do B 1 vaga Perpétua Almeida 1 vaga PPS PSC B. Sá 1 vaga Cabo Júlio Costa Ferreira PDT PV Severiano Alves (Dep. do PSB ocupa a vaga) Leonardo Mattos Edson Duarte PC do B Secretário(a): Eveline de Carvalho Alminta Daniel Almeida 1 vaga Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A PV Telefones: 216-6211/6232 Edson Duarte Sarney Filho FAX: 216-6225 S.PART. João Fontes vaga do PFL COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Secretário(a): José Maria Aguiar de Castro À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 002-A, DE Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A 2003, QUE "ACRESCENTA ARTIGOS 90 E 91 AO ATO DAS Telefones: 216-6209/6232 DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS, FAX: 216-6225 POSSIBILITANDO QUE OS SERVIDORES PÚBLICOS REQUISITADOS OPTEM PELA ALTERAÇÃO DE SUA COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER LOTAÇÃO FUNCIONAL DO ÓRGÃO CEDENTE PARA O À MENSAGEM N º 183, DE 2004, DO PODER EXECUTIVO, ÓRGÃO CESSIONÁRIO". QUE "SUBMETE À CONSIDERAÇÃO DO CONGRESSO Presidente: NACIONAL O TEXTO DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES 1º Vice-Presidente: UNIDAS CONTRA A CORRUPÇÃO". 2º Vice-Presidente: Presidente: Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) 3º Vice-Presidente: 1º Vice-Presidente: Zulaiê Cobra (PSDB) Titulares Suplentes 2º Vice-Presidente: Moroni Torgan (PFL) PT 3º Vice-Presidente: Luciano Zica Iara Bernardi Relator: Paulo Rubem Santiago (PT) Wasny de Roure João Alfredo Titulares Suplentes Zé Geraldo 4 vagas PT 3 vagas Antonio Carlos Biscaia 6 vagas PMDB Orlando Fantazzini Marcelo Castro 5 vagas Paulo Delgado Mauro Benevides Paulo Pimenta Osvaldo Reis Paulo Rubem Santiago Sandra Rosado Selma Schons Wilson Santiago PMDB Bloco PFL, PRONA Ann Pontes 5 vagas Gervásio Silva 4 vagas Edison Andrino Laura Carneiro Eliseu Padilha Milton Barbosa Marcelino Fraga Vilmar Rocha Vieira Reis PP Bloco PFL, PRONA Érico Ribeiro Vadão Gomes José Carlos Aleluia 4 vagas Mário Negromonte 2 vagas Moroni Torgan Pedro Corrêa Onyx Lorenzoni PSDB Roberto Brant Carlos Alberto Leréia Eduardo Gomes PP Nicias Ribeiro Itamar Serpa André Zacharow Professor Irapuan Teixeira Zenaldo Coutinho João Campos PTB Pastor Francisco Olímpio 2 vagas Jovair Arantes 3 vagas 1 vaga Nelson Marquezelli PPS Philemon Rodrigues Raul Jungmann Colbert Martins Bloco PL, PSL PDT Paulo Marinho Almeida de Jesus Manato Davi Alcolumbre Reinaldo Betão Luciano Castro PC do B Ricardo Rique Medeiros Renildo Calheiros 1 vaga PPS PV Geraldo Thadeu Lupércio Ramos Jovino Cândido Marcelo Ortiz PSB S.PART. Gonzaga Patriota 1 vaga Roberto Magalhães vaga do PTB PDT Secretário(a): Ana Lucia R. Marques Pompeo de Mattos Alceu Collares Local: Anexo II Pavimento Superior s/170-A PC do B Telefones: 261-6214/6232 Sérgio Miranda 1 vaga FAX: 216-6225 PSC Cabo Júlio Renato Cozzolino COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER PV À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 54-A, DE Marcelo Ortiz 1 vaga 1999, QUE "ACRESCENTA ARTIGO AO ATO DAS Secretário(a): - DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS" (DISPONDO QUE O PESSOAL EM EXERCÍCIO QUE NÃO COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER TENHA SIDO ADMITIDO POR CONCURSO PÚBLICO, À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO, Nº 3-A, DE ESTÁVEL OU NÃO, PASSA A INTEGRAR QUADRO 1999, QUE "ALTERA OS ARTS. 27, 28, 29, 44 E 82 DA TEMPORÁRIO EM EXTINÇÃO À MEDIDA QUE VAGAREM OS CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E INTRODUZ DISPOSIÇÕES CARGOS OU EMPREGOS RESPECTIVOS). TRANSITÓRIAS, DE FORMA A FAZER COINCIDIR OS Presidente: Laura Carneiro (PFL) MANDATOS ELETIVOS QUE MENCIONA E ATRIBUIR-LHES 1º Vice-Presidente: Antonio Nogueira (PT) NOVO PERÍODO DE DURAÇÃO" E APENSADAS. 2º Vice-Presidente: Presidente: Affonso Camargo (PSDB) 3º Vice-Presidente: Eduardo Barbosa (PSDB) 1º Vice-Presidente: Vicente Arruda (PSDB) Relator: Átila Lira (PSDB) 2º Vice-Presidente: Rubens Otoni (PT) Titulares Suplentes 3º Vice-Presidente: Eliseu Padilha (PMDB) PT Relator: Eduardo Sciarra (PFL) Antonio Nogueira 6 vagas Titulares Suplentes Carlos Abicalil PT Fátima Bezerra Chico Alencar Luiz Couto Jorge Boeira José Eduardo Cardozo Maria do Carmo Lara Odair Paulo Delgado 4 vagas Tarcisio Zimmermann Paulo Rocha PFL Rubens Otoni João Carlos Bacelar Antonio Carlos Magalhães Neto Rubinelli Laura Carneiro José Roberto Arruda PFL Ney Lopes 3 vagas André de Paula Fernando de Fabinho (Dep. do PP ocupa a vaga) Eduardo Sciarra Rodrigo Maia 1 vaga Jairo Carneiro Ronaldo Caiado PMDB Mendonça Prado (Licenciado) (Dep. do PL ocupa a vaga) Jefferson Campos Adelor Vieira Nice Lobão 1 vaga Jorge Alberto 3 vagas PMDB José Ivo Sartori Cezar Schirmer Marcelo Castro Leonardo Picciani Eliseu Padilha 3 vagas PSDB Henrique Eduardo Alves Átila Lira Ariosto Holanda Jefferson Campos Eduardo Barbosa Zenaldo Coutinho PSDB Helenildo Ribeiro 2 vagas Affonso Camargo Antonio Carlos Pannunzio (Dep. do PL ocupa a vaga) Aloysio Nunes Ferreira Bonifácio de Andrada PP Rafael Guerra Bosco Costa Feu Rosa Nilton Baiano Vicente Arruda Zenaldo Coutinho Nélio Dias Zé Lima PP Sandes Júnior 1 vaga Enivaldo Ribeiro Leodegar Tiscoski Vanderlei Assis vaga do PFL Pedro Corrêa Mário Negromonte PTB Romel Anizio 1 vaga Eduardo Seabra Philemon Rodrigues PTB José Carlos Elias Ronaldo Vasconcellos Vicente Cascione Arnaldo Faria de Sá PL (Dep. S.PART. ocupa a vaga) Luiz Antonio Fleury Hamilton Casara vaga do PSDB Medeiros PL Luciano Castro Welinton Fagundes João Paulo Gomes da Silva Carlos Nader vaga do PFL Paulo Marinho Lincoln Portela Inaldo Leitão PSB Oliveira Filho Gonzaga Patriota 2 vagas PSB Pastor Francisco Olímpio PPS (Dep. do PP ocupa a vaga) Zequinha Marinho Agnaldo Muniz Geraldo Thadeu PV PDT (Dep. do PP ocupa a vaga) 1 vaga Alceu Collares Pompeo de Mattos Secretário(a): Maria Terezinha Donati PC do B Local: Anexo II - Pavimento Superior sala 170-B Alice Portugal 1 vaga Telefones: 216.6215 PV FAX: 216.6225 Jovino Cândido Marcelo Ortiz Secretário(a): Carla Rodrigues de M. Tavares COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A APRECIAR E Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A PROFERIR PARECER À PROPOSTA DE EMENDA À Telefones: 216-6207 / 6232 CONSTITUIÇÃO Nº 92-A, DE 1995, QUE "DÁ NOVA REDAÇÃO FAX: 216-6225 AO ART. 101 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL", DETERMINANDO QUE OS MEMBROS DO STF SERÃO COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER ESCOLHIDOS DENTRE OS MEMBROS DOS TRIBUNAIS À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 58-A, DE SUPERIORES QUE INTEGREM A CARREIRA DA 2003, QUE "DISPÕE SOBRE A CONVALIDAÇÃO DE MAGISTRATURA, MENORES DE SESSENTA E CINCO ANOS ALIENAÇÕES DE TERRAS PROCEDIDAS PELOS ESTADOS DE IDADE, INDICADOS EM LISTA TRÍPLICE PELO PRÓPRIO NA FAIXA DE FRONTEIRA". TRIBUNAL, COM NOMEAÇÃO PELO PRESIDENTE DA Presidente: João Grandão (PT) REPÚBLICA E APROVAÇÃO DO SENADO FEDERAL. 1º Vice-Presidente: Presidente: Antonio Carlos Biscaia (PT) 2º Vice-Presidente: Eduardo Sciarra (PFL) 1º Vice-Presidente: 3º Vice-Presidente: 2º Vice-Presidente: Relator: Luis Carlos Heinze (PP) 3º Vice-Presidente: Titulares Suplentes Relator: José Divino (PMDB) PT Titulares Suplentes Ary Vanazzi Antonio Nogueira PT Eduardo Valverde Hélio Esteves Antonio Carlos Biscaia Iriny Lopes João Grandão Zico Bronzeado Eduardo Valverde 5 vagas José Eduardo Cardozo 3 vagas João Alfredo Nilson Mourão José Eduardo Cardozo Vignatti Maurício Rands PMDB Paulo Delgado Alceste Almeida Darcísio Perondi PFL Confúcio Moura João Matos Antonio Carlos Magalhães Coriolano Sales Osmar Serraglio Moacir Micheletto Neto Teté Bezerra Nelson Trad José Roberto Arruda José Thomaz Nonô Waldemir Moka 1 vaga Luiz Carlos Santos (Dep. do PTB ocupa a vaga) Bloco PFL, PRONA Marcelo Guimarães Filho 2 vagas Eduardo Sciarra Ronaldo Caiado (Dep. do PP ocupa a vaga) Francisco Rodrigues 3 vagas PMDB Murilo Zauith José Divino Ann Pontes Onyx Lorenzoni José Ivo Sartori Osmar Serraglio PP Marcelino Fraga 2 vagas Cleonâncio Fonseca vaga do PV Ivan Ranzolin Nelson Trad Luis Carlos Heinze vaga do PSB José Janene PSDB Mário Negromonte 1 vaga Carlos Sampaio Bonifácio de Andrada Pedro Henry Nicias Ribeiro Helenildo Ribeiro Ronivon Santiago Vicente Arruda Zenaldo Coutinho Zonta vaga do PSC (Dep. do PPS ocupa a vaga) (Dep. do PL ocupa a vaga) PSDB PP Antonio Carlos Mendes Thame Helenildo Ribeiro Cleonâncio Fonseca Ivan Ranzolin Júlio Redecker Manoel Salviano Darci Coelho vaga do PFL 2 vagas Thelma de Oliveira Nicias Ribeiro Dilceu Sperafico PTB Ricardo Fiuza Nelson Marquezelli Iris Simões Wagner Lago vaga do PDT Ricarte de Freitas Silas Câmara PTB 1 vaga 1 vaga Luiz Antonio Fleury Antonio Cruz Bloco PL, PSL Vicente Cascione Paes Landim vaga do PFL Carlos Mota Anderson Adauto 1 vaga Inaldo Leitão Edmar Moreira PL 1 vaga João Paulo Gomes da Silva Edmar Moreira Inaldo Leitão vaga do PSDB PPS José Santana de Mário Assad Júnior Maria Helena Lupércio Ramos Vasconcellos PSB Raimundo Santos (Dep. do PP ocupa a vaga) Barbosa Neto PSB PDT (Dep. do PSC ocupa a vaga) 2 vagas Gervásio Oliveira Dr. Rodolfo Pereira 1 vaga PC do B PPS Jamil Murad 1 vaga Cezar Silvestri Dimas Ramalho PSC Juíza Denise Frossard vaga do PSDB PDT PSC (Dep. do PP ocupa a vaga) Severiano Alves Pastor Amarildo vaga do PTB PC do B Secretário(a): Carla Rodrigues de M. Tavares Jamil Murad 1 vaga Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A PV Telefones: 216-6207/6232 Sarney Filho Marcelo Ortiz FAX: 216-6225 PSC Carlos Willian vaga do PSB COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Secretário(a): Walbia Vânia de Farias Lora À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 115-A, DE Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A 1995, DO SR. GERVÁSIO OLIVEIRA, QUE "MODIFICA O Telefones: 216-6205 / 6232 PARÁGRAFO 4º DO ART. 225 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, FAX: 216-6225 INCLUINDO O CERRADO NA RELAÇÃO DOS BIOMAS CONSIDERADOS PATRIMÔNIO NACIONAL". COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Presidente: Ricarte de Freitas (PTB) À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 101-A, DE 1º Vice-Presidente: Celcita Pinheiro (PFL) 2003, QUE "DÁ NOVA REDAÇÃO AO § 4º DO ART. 57 DA 2º Vice-Presidente: Luiz Bittencourt (PMDB) CONSTITUIÇÃO FEDERAL" (AUTORIZANDO A REELEIÇÃO 3º Vice-Presidente: DOS MEMBROS DAS MESAS DIRETORAS DA CÂMARA DOS Relator: Neyde Aparecida (PT) DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL). Titulares Suplentes Presidente: Arlindo Chinaglia (PT) PT 1º Vice-Presidente: Vic Pires Franco (PFL) Antônio Carlos Biffi Zezéu Ribeiro 2º Vice-Presidente: Jader Barbalho (PMDB) João Grandão 5 vagas 3º Vice-Presidente: Luiz Sérgio (PT) Maninha Relator: Paes Landim (PTB) Neyde Aparecida Titulares Suplentes Rubens Otoni PT Wasny de Roure Arlindo Chinaglia Devanir Ribeiro PFL José Pimentel Fernando Ferro Celcita Pinheiro Eliseu Resende Luiz Sérgio Neyde Aparecida José Roberto Arruda Lael Varella Professor Luizinho Nilson Mourão Vilmar Rocha Ronaldo Caiado Rubens Otoni Paulo Rocha 2 vagas 2 vagas Zarattini 1 vaga PMDB PMDB Aníbal Gomes 4 vagas Fernando Diniz Almerinda de Carvalho Fernando Diniz Gastão Vieira Aníbal Gomes Luiz Bittencourt Jader Barbalho Pastor Pedro Ribeiro Moacir Micheletto José Borba Wilson Santiago PSDB Nelson Trad Zé Gerardo Carlos Alberto Leréia Átila Lira Bloco PFL, PRONA Professora Raquel Teixeira João Campos Laura Carneiro Ney Lopes Ronaldo Dimas (Dep. do PL ocupa a vaga) Moroni Torgan Rodrigo Maia Thelma de Oliveira 1 vaga Robério Nunes 2 vagas PP Vic Pires Franco Romel Anizio Carlos Souza PP Zé Lima 2 vagas Benedito de Lira Feu Rosa 1 vaga Leodegar Tiscoski Romel Anizio PTB Professor Irapuan Teixeira 1 vaga Ricarte de Freitas Ronaldo Vasconcellos PSDB Sandro Matos 1 vaga Aloysio Nunes Ferreira Bismarck Maia PL Jutahy Junior Bosco Costa Jaime Martins Hamilton Casara vaga do PSDB Luiz Carlos Hauly Carlos Alberto Leréia Maurício Rabelo Raimundo Santos PTB Ricardo Rique José Múcio Monteiro Iris Simões PSB Paes Landim Jovair Arantes Janete Capiberibe 2 vagas (Dep. do PSC ocupa a vaga) 1 vaga 1 vaga Bloco PL, PSL PPS Luciano Castro Inaldo Leitão Raul Jungmann Júnior Betão Sandro Mabel Medeiros PDT Valdemar Costa Neto Paulo Marinho Dr. Rodolfo Pereira Enio Bacci PPS PC do B (Dep. do PDT ocupa a vaga) Átila Lins Daniel Almeida 1 vaga PSB PRONA Dr. Evilásio Jorge Gomes 1 vaga Elimar Máximo Damasceno PDT Secretário(a): José Maria Aguiar de Castro Álvaro Dias Mário Heringer Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A João Herrmann Neto vaga do PPS Telefones: 216-6209/6232 PC do B FAX: 216-6225 Daniel Almeida Jamil Murad PV COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Sarney Filho Jovino Cândido À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 227-A, DE 2004, QUE "ALTERA OS ARTIGOS 37, 40, 144, 194, 195 E 201 2004, QUE "ALTERA O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, PARA DISPOR SOBRE A DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". PREVIDÊNCIA SOCIAL, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS" ( Presidente: Mussa Demes (PFL) PEC PARALELA - ALTERANDO A EMENDA 1º Vice-Presidente: Gerson Gabrielli (PFL) CONSTITUCIONAL Nº 41, DE 2003 - REFORMA DA 2º Vice-Presidente: Pedro Novais (PMDB) PREVIDÊNCIA). 3º Vice-Presidente: Luiz Carlos Hauly (PSDB) Presidente: Roberto Brant (PFL) Relator: Virgílio Guimarães (PT) 1º Vice-Presidente: Onyx Lorenzoni (PFL) Titulares Suplentes 2º Vice-Presidente: Antonio Joaquim (PP) PT 3º Vice-Presidente: Yeda Crusius (PSDB) Carlito Merss Devanir Ribeiro Relator: José Pimentel (PT) Jorge Bittar José Pimentel Titulares Suplentes José Mentor Nilson Mourão PT Paulo Bernardo Paulo Delgado Eduardo Valverde Devanir Ribeiro Virgílio Guimarães Paulo Pimenta Henrique Fontana Durval Orlato Walter Pinheiro Paulo Rubem Santiago José Pimentel Guilherme Menezes Zezéu Ribeiro Wasny de Roure Maurício Rands Ivan Valente PFL Nelson Pellegrino Mariângela Duarte Antonio Carlos Magalhães Neto Abelardo Lupion Nilson Mourão Paulo Pimenta Gerson Gabrielli Eduardo Sciarra Professor Luizinho Roberto Gouveia José Roberto Arruda Eliseu Resende PFL Mussa Demes José Carlos Machado Gervásio Silva Dr. Pinotti Pauderney Avelino Luiz Carreira Júlio Cesar Laura Carneiro Vic Pires Franco Paulo Bauer Murilo Zauith Pauderney Avelino PMDB Onyx Lorenzoni Robson Tuma Eduardo Cunha André Luiz Roberto Brant 2 vagas Henrique Eduardo Alves Ann Pontes Vilmar Rocha Osmar Serraglio Benjamin Maranhão PMDB Pedro Chaves José Priante Aníbal Gomes Adelor Vieira Pedro Novais Wilson Santiago Fernando Diniz Mauro Benevides PSDB Jorge Alberto Silas Brasileiro (Licenciado) Antonio Cambraia Anivaldo Vale Olavo Calheiros 2 vagas Julio Semeghini Antonio Carlos Mendes Thame Wilson Santiago Luiz Carlos Hauly Gonzaga Mota PSDB Walter Feldman Ronaldo Dimas Alberto Goldman Antonio Carlos Pannunzio Zenaldo Coutinho Yeda Crusius Anivaldo Vale Bismarck Maia PP Eduardo Barbosa Zenaldo Coutinho Delfim Netto Enivaldo Ribeiro João Campos (Dep. do PPS ocupa a vaga) Francisco Dornelles Feu Rosa Yeda Crusius 1 vaga Romel Anizio Professor Irapuan Teixeira PP PTB Antonio Joaquim Benedito de Lira Armando Monteiro Jackson Barreto José Linhares Dr. Benedito Dias José Militão Pedro Fernandes Ronivon Santiago 1 vaga Philemon Rodrigues Vicente Cascione PTB PL Arnaldo Faria de Sá Ricardo Izar Miguel de Souza Carlos Rodrigues Iris Simões Ricarte de Freitas Raimundo Santos Humberto Michiles Luiz Antonio Fleury 1 vaga Sandro Mabel Jaime Martins PL PSB Carlos Rodrigues Almir Moura Beto Albuquerque Barbosa Neto Inaldo Leitão Chico da Princesa Renato Casagrande Gonzaga Patriota Milton Monti Wellington Roberto PPS PSB Lupércio Ramos (Dep. do PDT ocupa a vaga) Dr. Evilásio Dr. Ribamar Alves PDT Paulo Baltazar Jurandir Boia Manato Dr. Rodolfo Pereira PPS João Herrmann Neto vaga do PPS Leônidas Cristino Geraldo Thadeu PC do B Juíza Denise Frossard vaga do PSDB Sérgio Miranda Daniel Almeida PDT PRONA Alceu Collares Manato Enéas Elimar Máximo Damasceno PC do B Secretário(a): Angélica Fialho Jamil Murad Inácio Arruda Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A PV Telefones: 216-6218 / 6232 Leonardo Mattos Deley FAX: 216-6225 Secretário(a): Maria Terezinha Donati Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Telefones: 216-6215 / 6232 À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 272-A, DE FAX: 216-6225 2000, QUE "DÁ NOVA REDAÇÃO À ALÍNEA "C" DO INCISO I DO ART. 12 DA CONSTITUIÇÃO E ACRESCENTA ARTIGO AO COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS, À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 228-A, DE ASSEGURANDO O REGISTRO NOS CONSULADOS DE Antonio Carlos Biscaia Mauro Passos BRASILEIROS NASCIDOS NO ESTRANGEIRO". Chico Alencar 5 vagas Presidente: Gilmar Machado 1º Vice-Presidente: Orlando Desconsi 2º Vice-Presidente: Selma Schons 3º Vice-Presidente: Walter Pinheiro Titulares Suplentes PFL PT Corauci Sobrinho Laura Carneiro Leonardo Monteiro 6 vagas Dr. Pinotti Marcelo Guimarães Filho Maninha Milton Barbosa 3 vagas Nilson Mourão Vilmar Rocha Orlando Fantazzini 1 vaga Paulo Delgado PMDB Zarattini Almerinda de Carvalho Alceste Almeida Zé Geraldo vaga do PMDB Edson Ezequiel João Correia PMDB Nelson Bornier 2 vagas Fernando Lopes 5 vagas Pedro Chaves João Correia PSDB Vieira Reis Alberto Goldman Átila Lira Wilson Santiago Nicias Ribeiro Helenildo Ribeiro (Dep. do PT ocupa a vaga) Ronaldo Dimas Paulo Kobayashi Bloco PFL, PRONA 1 vaga Professora Raquel Teixeira Francisco Rodrigues 4 vagas PP João Carlos Bacelar André Zacharow vaga do PDT 3 vagas Murilo Zauith Cleonâncio Fonseca Vilmar Rocha Márcio Reinaldo Moreira PP Roberto Balestra André Zacharow Dilceu Sperafico PTB Feu Rosa Francisco Dornelles José Carlos Elias Milton Cardias Ivan Ranzolin Professor Irapuan Teixeira 1 vaga Pastor Reinaldo PSDB PL Bosco Costa Antonio Carlos Pannunzio Carlos Rodrigues Heleno Silva Helenildo Ribeiro Luiz Carlos Hauly Wellington Roberto João Paulo Gomes da Silva João Castelo Manoel Salviano PSB PTB Isaías Silvestre 2 vagas Arnon Bezerra 3 vagas Pastor Francisco Olímpio Jackson Barreto PPS 1 vaga Leônidas Cristino Lupércio Ramos Bloco PL, PSL PDT Almeida de Jesus Edmar Moreira (Dep. do PP ocupa a vaga) Mário Heringer Carlos Mota Inaldo Leitão PC do B João Paulo Gomes da Silva Jaime Martins Jamil Murad Daniel Almeida PPS PRONA (Dep. do PDT ocupa a vaga) Átila Lins Elimar Máximo Damasceno 1 vaga PSB Secretário(a): Leila Machado C. de Freitas Alexandre Cardoso 1 vaga Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A PDT Telefones: 216-6212 / 6232 João Herrmann Neto vaga do PPS Mário Heringer FAX: 216-6225 Severiano Alves PC do B COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Jamil Murad 1 vaga À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 349-A, DE PSC 2001, DO SR. LUIZ ANTONIO FLEURY, QUE "ALTERA A Zequinha Marinho Carlos Willian REDAÇÃO DOS ARTS. 52, 53, 55 E 66 DA CONSTITUIÇÃO PV FEDERAL PARA ABOLIR O VOTO SECRETO NAS DECISÕES 1 vaga 1 vaga DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL". Secretário(a): - Presidente: Juíza Denise Frossard (PPS) 1º Vice-Presidente: Ney Lopes (PFL) COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER 2º Vice-Presidente: À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 347-A, DE 3º Vice-Presidente: 1996, QUE "DÁ NOVA REDAÇÃO AO PARÁGRAFO 2º DO Relator: José Eduardo Cardozo (PT) ARTIGO 57 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL" (INCLUINDO O Titulares Suplentes DISPOSITIVO QUE PROÍBE A INTERRUPÇÃO DA SESSÃO PT LEGISLATIVA SEM APROVAÇÃO DO ORÇAMENTO ANUAL). Chico Alencar 6 vagas Presidente: Orlando Desconsi (PT) José Eduardo Cardozo 1º Vice-Presidente: Nilson Mourão 2º Vice-Presidente: Orlando Desconsi 3º Vice-Presidente: Rubens Otoni Relator: Isaías Silvestre (PSB) Sigmaringa Seixas Titulares Suplentes PMDB PT Cezar Schirmer 5 vagas Eliseu Padilha Gilberto Nascimento vaga do PSB Osvaldo Reis José Ivo Sartori Marcelo Castro Sandra Rosado Paulo Afonso Max Rosenmann 1 vaga 1 vaga Paulo Afonso Bloco PFL, PRONA PSDB José Roberto Arruda Eduardo Sciarra Antonio Cambraia Carlos Alberto Leréia Luiz Carlos Santos Onyx Lorenzoni Eduardo Barbosa Rafael Guerra Ney Lopes 2 vagas Thelma de Oliveira Walter Feldman Ronaldo Caiado Yeda Crusius (Dep. do PPS ocupa a vaga) PP PP Francisco Turra Enivaldo Ribeiro Benedito de Lira André Zacharow vaga do PDT Romel Anizio Márcio Reinaldo Moreira José Linhares Antonio Joaquim 1 vaga 1 vaga Suely Campos Zonta PSDB 1 vaga Bosco Costa Antonio Carlos Pannunzio PTB Zenaldo Coutinho Átila Lira Kelly Moraes Arnaldo Faria de Sá (Dep. do PPS ocupa a vaga) Bonifácio de Andrada Marcondes Gadelha 1 vaga PTB PL Luiz Antonio Fleury Jovair Arantes Almeida de Jesus Marcos de Jesus 2 vagas 2 vagas Oliveira Filho Wanderval Santos Bloco PL, PSL PSB Almir Sá João Leão Luiza Erundina 2 vagas Carlos Rodrigues Mário Assad Júnior (Dep. do PMDB ocupa a vaga) João Paulo Gomes da Silva Oliveira Filho PPS PPS Athos Avelino Geraldo Resende Ivan Paixão Dimas Ramalho Juíza Denise Frossard vaga do PSDB Juíza Denise Frossard vaga do PSDB PDT PSB Mário Heringer (Dep. do PP ocupa a vaga) Alexandre Cardoso Renato Casagrande PC do B PDT Jamil Murad Alice Portugal 1 vaga Enio Bacci PRONA PC do B Elimar Máximo Damasceno 1 vaga Renildo Calheiros Jamil Murad Secretário(a): Angélica Maria L. F. Aguiar PSC Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Costa Ferreira 1 vaga Telefones: 216-6218 / 6232 PV FAX: 216-6225 Marcelo Ortiz Sarney Filho Secretário(a): Mário Dráusio de O. Coutinho COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 438-A, DE Telefones: 216-6203/6232 2001, QUE "DÁ NOVA REDAÇÃO AO ART. 243 DA FAX: 216-6225 CONSTITUIÇÃO FEDERAL" (ESTABELECENDO A PENA DE PERDIMENTO DA GLEBA ONDE FOR CONSTADA A COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER EXPLORAÇÃO DE TRABALHO ESCRAVO; REVERTENDO A À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 431-A, DE ÁREA AO ASSENTAMENTO DOS COLONOS QUE JÁ 2001, QUE "ACRESCENTA PARÁGRAFOS PRIMEIRO E TRABALHAVAM NA RESPECTIVA GLEBA). SEGUNDO AO ARTIGO 204 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL", Presidente: Isaías Silvestre (PSB) DESTINANDO 5% DOS RECURSOS DO ORÇAMENTO DA 1º Vice-Presidente: José Thomaz Nonô (PFL) UNIÃO FEDERAL, ESTADOS, DF E MUNICÍPIOS PARA 2º Vice-Presidente: Bernardo Ariston (PMDB) CUSTEIO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL. 3º Vice-Presidente: Anivaldo Vale (PSDB) Presidente: Jamil Murad (PCdoB) Relator: Tarcisio Zimmermann (PT) 1º Vice-Presidente: Titulares Suplentes 2º Vice-Presidente: PT 3º Vice-Presidente: Antonio Carlos Biscaia Chico Alencar Relator: Mário Heringer (PDT) Dra. Clair Eduardo Valverde Titulares Suplentes Leonardo Monteiro João Grandão vaga do PSB PT Neyde Aparecida Jorge Boeira Angela Guadagnin 6 vagas Paulo Rocha Orlando Fantazzini Jorge Boeira Tarcisio Zimmermann Zé Geraldo Maria do Rosário 1 vaga Selma Schons PFL Tarcisio Zimmermann Francisco Rodrigues Abelardo Lupion Telma de Souza José Thomaz Nonô Fernando de Fabinho PFL Kátia Abreu José Carlos Araújo André de Paula 5 vagas Marcos Abramo Milton Barbosa Fábio Souto Ronaldo Caiado (Dep. do PSC ocupa a vaga) Jairo Carneiro PMDB Laura Carneiro Almerinda de Carvalho Sandra Rosado Mendonça Prado (Licenciado) Asdrubal Bentes 3 vagas PMDB Bernardo Ariston Cezar Schirmer João Correia Teté Bezerra PSDB Cleonâncio Fonseca 3 vagas Aloysio Nunes Ferreira Bosco Costa Márcio Reinaldo Moreira Anivaldo Vale João Almeida Mário Negromonte Eduardo Barbosa Júlio Redecker PTB Helenildo Ribeiro Léo Alcântara Jackson Barreto Jonival Lucas Junior PP Marcondes Gadelha 1 vaga André Zacharow Cleonâncio Fonseca PL Wagner Lago Enivaldo Ribeiro Heleno Silva João Leão Zé Lima Ivan Ranzolin Jaime Martins Roberto Pessoa PTB PSB Homero Barreto Alberto Fraga Givaldo Carimbão 2 vagas Josué Bengtson Pastor Reinaldo Gonzaga Patriota PL PPS Medeiros Luciano Castro Raul Jungmann Colbert Martins Ricardo Rique (Dep. do PSC ocupa a vaga) PDT PSB Mário Heringer Severiano Alves Isaías Silvestre (Dep. do PT ocupa a vaga) PC do B Luiza Erundina 1 vaga Daniel Almeida 1 vaga PPS PRONA Colbert Martins Geraldo Resende 1 vaga 1 vaga PDT Secretário(a): Angélica Maria L. Fialho Aguiar 1 vaga Dr. Rodolfo Pereira Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A PC do B Telefones: 216-6218/6232 Daniel Almeida Jamil Murad FAX: 216-6225 PV Marcelo Ortiz 1 vaga COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER PSC À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 534-A, DE Pastor Amarildo vaga do PL 2002, QUE "ALTERA O ART. 144 DA CONSTITUIÇÃO Zequinha Marinho vaga do PFL FEDERAL, PARA DISPOR SOBRE AS COMPETÊNCIAS DA Secretário(a): Eveline de Carvalho Alminta GUARDA MUNICIPAL E CRIAÇÃO DA GUARDA NACIONAL". Local: Anexo II, Pavimento Superior s/ 170-A Presidente: Iara Bernardi (PT) Telefones: 216.6211 1º Vice-Presidente: FAX: 216.6225 2º Vice-Presidente: 3º Vice-Presidente: COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Relator: Arnaldo Faria de Sá (PTB) À PEC 524-A, DE 2002, QUE "ACRESCENTA ARTIGO AO ATO Titulares Suplentes DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS, A PT FIM DE INSTITUIR O FUNDO PARA A REVITALIZAÇÃO Antonio Carlos Biscaia Durval Orlato HIDROAMBIENTAL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Devanir Ribeiro José Mentor DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO". Eduardo Valverde Odair Presidente: Fernando de Fabinho (PFL) Iara Bernardi Patrus Ananias (Licenciado) 1º Vice-Presidente: Luiz Carreira (PFL) Mariângela Duarte 2 vagas 2º Vice-Presidente: Daniel Almeida (PCdoB) Paulo Rubem Santiago 3º Vice-Presidente: Jackson Barreto (PTB) PFL Relator: Fernando Ferro (PT) César Bandeira Abelardo Lupion Titulares Suplentes Coriolano Sales José Carlos Araújo PT Dr. Pinotti 3 vagas Fernando Ferro Josias Gomes Félix Mendonça José Pimentel 5 vagas Paulo Magalhães Luiz Bassuma PMDB Virgílio Guimarães Benjamin Maranhão Edison Andrino Walter Pinheiro Cezar Schirmer Osmar Serraglio Zezéu Ribeiro Gilberto Nascimento Silas Brasileiro (Licenciado) PFL Mauro Lopes 1 vaga Fernando de Fabinho José Carlos Araújo PSDB José Carlos Machado Júlio Cesar João Campos Bosco Costa José Rocha 3 vagas Zenaldo Coutinho Helenildo Ribeiro Luiz Carreira Zulaiê Cobra Vicente Arruda Osvaldo Coelho (Dep. do PPS ocupa a vaga) 1 vaga PMDB PP Jorge Alberto 4 vagas Dr. Heleno Érico Ribeiro Mauro Lopes Francisco Garcia Julio Lopes Olavo Calheiros Nelson Meurer Leodegar Tiscoski Wilson Santiago PTB PSDB Alberto Fraga Ricardo Izar Eduardo Gomes Antonio Cambraia Arnaldo Faria de Sá Romeu Queiroz Gonzaga Mota Narcio Rodrigues PL Helenildo Ribeiro Vicente Arruda Coronel Alves Humberto Michiles João Almeida Walter Feldman Edmar Moreira Maurício Rabelo PP PSB Givaldo Carimbão 2 vagas (Dep. do PP ocupa a vaga) Mário Heringer Gonzaga Patriota PC do B PPS Jamil Murad 1 vaga Geraldo Resende Dimas Ramalho PV Juíza Denise Frossard vaga do PSDB Leonardo Mattos Sarney Filho PDT PSC Pompeo de Mattos Mário Heringer Carlos Willian vaga do PSB PC do B S.PART. Perpétua Almeida 1 vaga Gustavo Fruet vaga do PMDB PV Secretário(a): Leila Machado Campos de Freitas Jovino Cândido Leonardo Mattos Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Secretário(a): Heloísa Pedrosa Diniz Telefones: 216-6212 / 6232 Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A FAX: 216-6225 Telefones: 216-6201 / 6232 FAX: 216-6225 COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER AO PROJETO DE LEI Nº 1399, DE 2003, QUE "DISPÕE COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A APRECIAR E SOBRE O ESTATUTO DA MULHER E DÁ OUTRAS PROFERIR PARECER À PROPOSTA DE EMENDA À PROVIDÊNCIAS". CONSTITUIÇÃO Nº 544-A, DE 2002, QUE "CRIA OS Presidente: Sandra Rosado (PMDB) TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS DA 6ª, 7ª, 8ª E 9ª 1º Vice-Presidente: Marinha Raupp (PMDB) REGIÕES". 2º Vice-Presidente: Celcita Pinheiro (PFL) Presidente: Luiz Carlos Hauly (PSDB) 3º Vice-Presidente: 1º Vice-Presidente: Custódio Mattos (PSDB) Relator: Dr. Francisco Gonçalves (PTB) 2º Vice-Presidente: Titulares Suplentes 3º Vice-Presidente: PT Relator: Eduardo Sciarra (PFL) Iara Bernardi Iriny Lopes Titulares Suplentes Luci Choinacki Maninha PT Maria do Rosário 4 vagas Dra. Clair Orlando Fantazzini Mariângela Duarte Eduardo Valverde 5 vagas Selma Schons Gilmar Machado Telma de Souza Guilherme Menezes PFL Iriny Lopes Celcita Pinheiro (Dep. do PSC ocupa a vaga) João Magno Kátia Abreu 4 vagas PFL Laura Carneiro Coriolano Sales Murilo Zauith Nice Lobão Eduardo Sciarra (Dep. do PP ocupa a vaga) Zelinda Novaes Fábio Souto 3 vagas PMDB Fernando de Fabinho Almerinda de Carvalho Benjamin Maranhão 1 vaga Ann Pontes Teté Bezerra PMDB Marinha Raupp 2 vagas Mauro Lopes (Dep. do PPS ocupa a vaga) Sandra Rosado Rose de Freitas vaga do PSDB 3 vagas PSDB Wilson Santiago Professora Raquel Teixeira Eduardo Barbosa Zé Gerardo Thelma de Oliveira Ronaldo Dimas (Dep. S.PART. ocupa a vaga) Yeda Crusius Sebastião Madeira PSDB (Dep. do PPS ocupa a vaga) Zulaiê Cobra Custódio Mattos Affonso Camargo PP João Almeida Narcio Rodrigues Benedito de Lira Celso Russomanno Luiz Carlos Hauly Sebastião Madeira Cleonâncio Fonseca 2 vagas (Dep. do PMDB ocupa a vaga) (Dep. do PL ocupa a vaga) Suely Campos PP PTB André Zacharow vaga do PDT Darci Coelho vaga do PFL Dr. Francisco Gonçalves Kelly Moraes Dilceu Sperafico Mário Negromonte Elaine Costa 1 vaga Herculano Anghinetti 2 vagas PL (Dep. do PL ocupa a vaga) Maurício Rabelo Carlos Mota PTB Oliveira Filho Marcos de Jesus Iris Simões 2 vagas PSB José Militão Janete Capiberibe 2 vagas PL Luiza Erundina João Tota vaga do PP Carlos Mota PPS Mário Assad Júnior Chico da Princesa Juíza Denise Frossard vaga do PSDB Geraldo Thadeu Oliveira Filho Inaldo Leitão vaga do PSDB Maria Helena PSB PDT Pastor Francisco Olímpio 2 vagas Alceu Collares Álvaro Dias (Dep. do PSC ocupa a vaga) PC do B PPS Alice Portugal Jandira Feghali Geraldo Thadeu Cezar Silvestri PV Maria Helena vaga do PMDB (Dep. S.PART. ocupa a vaga) Leonardo Mattos PDT PSC Renato Cozzolino vaga do PFL S.PART. COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Fernando Gabeira vaga do PV AO PROJETO DE LEI Nº 1756, DE 2003, QUE "DISPÕE Secretário(a): Fernando Maia Leão SOBRE A LEI NACIONAL DA ADOÇÃO E DÁ OUTRAS Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A PROVIDÊNCIAS". Telefones: 216-6205/6232 Presidente: Maria do Rosário (PT) FAX: 216-6225 1º Vice-Presidente: Zelinda Novaes (PFL) 2º Vice-Presidente: Severiano Alves (PDT) COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A APRECIAR E 3º Vice-Presidente: Kelly Moraes (PTB) PROFERIR PARECER AO PROJETO DE LEI Nº 146, DE 2003, Relator: Teté Bezerra (PMDB) QUE "REGULAMENTA O ART. 37 INCISO XXI DA Titulares Suplentes CONSTITUIÇÃO FEDERAL, INSTITUI PRINCÍPIOS E NORMAS PT PARA LICITAÇÕES E CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO Angela Guadagnin Luiz Couto PÚBLICA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". Fernando Ferro Neyde Aparecida Presidente: José Carlos Elias (PTB) Maria do Rosário Terezinha Fernandes 1º Vice-Presidente: Enio Tatico (PTB) Rubens Otoni 3 vagas 2º Vice-Presidente: Eliseu Padilha (PMDB) Selma Schons 3º Vice-Presidente: Abelardo Lupion (PFL) Telma de Souza Relator: Sérgio Miranda (PCdoB) PFL Titulares Suplentes Corauci Sobrinho Celcita Pinheiro PT Laura Carneiro Kátia Abreu João Grandão 6 vagas Paulo Bauer Nice Lobão José Pimentel Zelinda Novaes 2 vagas Paulo Bernardo (Dep. do PP ocupa a vaga) Paulo Rubem Santiago PMDB Vander Loubet João Matos Ann Pontes 1 vaga Marcelo Castro Marinha Raupp PMDB Paulo Afonso 2 vagas Eliseu Padilha 5 vagas Teté Bezerra Marcelino Fraga PSDB Max Rosenmann Eduardo Barbosa Professora Raquel Teixeira Nelson Trad Helenildo Ribeiro Yeda Crusius Zé Gerardo Júlio Redecker 2 vagas Bloco PFL, PRONA Thelma de Oliveira Abelardo Lupion Eduardo Sciarra PP Corauci Sobrinho Pauderney Avelino Darci Coelho vaga do PFL Antonio Joaquim Gilberto Kassab Paulo Bauer Francisco Garcia 2 vagas Mussa Demes 1 vaga José Linhares PP 1 vaga Pedro Corrêa 3 vagas PTB Ricardo Barros Kelly Moraes Jonival Lucas Junior Zonta Rommel Feijó 1 vaga PSDB PL João Almeida Julio Semeghini Marcos de Jesus Almeida de Jesus Léo Alcântara Luiz Carlos Hauly 1 vaga Lincoln Portela Paulo Kobayashi Walter Feldman PSB PTB Luiza Erundina 2 vagas Elaine Costa Dr. Francisco Gonçalves 1 vaga Enio Tatico José Chaves PPS José Carlos Elias 1 vaga 1 vaga 1 vaga Bloco PL, PSL PDT José Santana de Vasconcellos Edmar Moreira Severiano Alves Enio Bacci Miguel de Souza João Leão PC do B Milton Monti 1 vaga Perpétua Almeida 1 vaga PPS PV Átila Lins Geraldo Thadeu Marcelo Ortiz Deley PSB Secretário(a): Fernando Maia Leão Gonzaga Patriota 1 vaga Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A PDT Telefones: 216-6205/6232 Mário Heringer 1 vaga FAX: 216-6225 PC do B Sérgio Miranda Vanessa Grazziotin COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER PSC AO PROJETO DE LEI Nº 2377, DE 2003, QUE "DISPÕE Carlos Willian Zequinha Marinho SOBRE LINHAS DE CRÉDITO FEDERAIS DIRECIONADAS ÀS PV ATIVIDADES TURÍSTICAS QUE MENCIONA E DÁ OUTRAS Marcelo Ortiz Edson Duarte PROVIDÊNCIAS". Secretário(a): Carla Medeiros Presidente: Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A 1º Vice-Presidente: Telefones: 216-6207/6232 2º Vice-Presidente: FAX: 216-6225 3º Vice-Presidente: Titulares Suplentes PFL PT Abelardo Lupion Aroldo Cedraz João Grandão César Medeiros Celcita Pinheiro Carlos Melles Maninha 5 vagas Kátia Abreu José Carlos Araújo Mariângela Duarte Onyx Lorenzoni Murilo Zauith 3 vagas Ronaldo Caiado (Dep. do PPS ocupa a vaga) PMDB PMDB Alceste Almeida 5 vagas Darcísio Perondi Jorge Alberto Carlos Eduardo Cadoca Marcelo Castro Leandro Vilela João Matos Moacir Micheletto 2 vagas Pedro Chaves Silas Brasileiro (Licenciado) 1 vaga PSDB Bloco PFL, PRONA Antonio Carlos Mendes Thame Ariosto Holanda Fábio Souto 4 vagas Bismarck Maia Helenildo Ribeiro Marcelo Guimarães Filho Nilson Pinto Júlio Redecker Ney Lopes Yeda Crusius Julio Semeghini 1 vaga PP PP Dilceu Sperafico Augusto Nardes Alexandre Santos Francisco Garcia Leonardo Vilela Francisco Turra Dr. Benedito Dias 2 vagas Luis Carlos Heinze 1 vaga João Pizzolatti PTB PSDB Dr. Francisco Gonçalves Alberto Fraga Bismarck Maia Eduardo Paes Iris Simões Arnaldo Faria de Sá Carlos Alberto Leréia Luiz Carlos Hauly PL Domiciano Cabral Professora Raquel Teixeira Chico da Princesa Giacobo PTB Paulo Gouvêa Hamilton Casara vaga do PSB Alex Canziani Arnon Bezerra Oliveira Filho Ronaldo Vasconcellos 2 vagas PSB 1 vaga Alexandre Cardoso Jurandir Boia Bloco PL, PSL (Dep. do PC do B ocupa a vaga) (Dep. do PL ocupa a vaga) Chico da Princesa João Tota PPS João Mendes de Jesus Ricardo Rique Nelson Proença Cezar Silvestri vaga do PFL Reinaldo Betão Roberto Pessoa Roberto Freire PPS PDT Geraldo Thadeu Nelson Proença Dr. Hélio Dr. Rodolfo Pereira PSB PC do B Isaías Silvestre Barbosa Neto Renildo Calheiros Perpétua Almeida PDT Vanessa Grazziotin vaga do PSB Severiano Alves Álvaro Dias PV PC do B Edson Duarte Sarney Filho Perpétua Almeida 1 vaga Secretário(a): Fernando Maia Leão PSC Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Costa Ferreira 1 vaga Telefones: 216-6205 / 6232 PV FAX: 216-6225 1 vaga 1 vaga Secretário(a): Carla Rodrigues de M. Tavares COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER AO PROJETO DE LEI Nº 3.337, DE 2004, QUE "DISPÕE COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER SOBRE A GESTÃO, A ORGANIZAÇÃO E O CONTROLE AO PROJETO DE LEI Nº 2401, DE 2003, QUE "ESTABELECE SOCIAL DAS AGÊNCIAS REGULADORAS, ACRESCE E NORMAS DE SEGURANÇA E MECANISMOS DE ALTERA DISPOSITIVOS DAS LEIS Nº 9.472, DE 16 DE JULHO FISCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES QUE ENVOLVAM DE 1997, Nº 9.478, DE 6 DE AGOSTO DE 1997, Nº 9.782, DE 26 ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS - OGM E DE JANEIRO DE 1999, Nº 9.961, DE 28 DE JANEIRO DE 2000, SEUS DERIVADOS, CRIA O CONSELHO NACIONAL DE Nº 9.984, DE 17 DE JULHO DE 2000, Nº 9.986, DE 18 DE BIOSSEGURANÇA - CNBS, REESTRUTURA A COMISSÃO JULHO DE 2000, E Nº 10.233, DE 5 DE JUNHO DE 2001, DA TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA - CTNBIO, MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.228-1, DE 6 DE SETEMBRO DE DISPÕE SOBRE A POLÍTICA NACIONAL DE 2001, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". BIOSSEGURANÇA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". Presidente: Henrique Fontana (PT) Presidente: Silas Brasileiro (PMDB) 1º Vice-Presidente: Eliseu Resende (PFL) 1º Vice-Presidente: Darcísio Perondi (PMDB) 2º Vice-Presidente: Ricardo Barros (PP) 2º Vice-Presidente: Kátia Abreu (PFL) 3º Vice-Presidente: Eduardo Gomes (PSDB) 3º Vice-Presidente: Yeda Crusius (PSDB) Relator: Leonardo Picciani (PMDB) Relator: Darcísio Perondi (PMDB) Titulares Suplentes Titulares Suplentes PT PT Fernando Ferro Devanir Ribeiro Fernando Ferro Adão Pretto Henrique Fontana Eduardo Valverde João Grandão Anselmo Luciano Zica José Pimentel José Pimentel Assis Miguel do Couto Mauro Passos Telma de Souza Josias Gomes João Alfredo Paulo Bernardo Zezéu Ribeiro Luci Choinacki Selma Schons Terezinha Fernandes 1 vaga Paulo Pimenta Zé Geraldo PMDB Eliseu Padilha Almerinda de Carvalho Milton Barbosa Leonardo Picciani Darcísio Perondi Zelinda Novaes Mauro Lopes Eduardo Cunha 1 vaga Moreira Franco Gilberto Nascimento PP Osmar Serraglio José Priante Celso Russomanno José Linhares Bloco PFL, PRONA Ildeu Araujo Suely Campos Eduardo Sciarra Aroldo Cedraz Julio Lopes 1 vaga Eliseu Resende José Carlos Araújo PSDB José Roberto Arruda Rodrigo Maia Eduardo Barbosa Rafael Guerra Vilmar Rocha 1 vaga Professora Raquel Teixeira Walter Feldman PP Thelma de Oliveira (Dep. do PPS ocupa a vaga) Dr. Benedito Dias André Zacharow PTB Francisco Appio Leodegar Tiscoski Arnaldo Faria de Sá Luiz Antonio Fleury Ricardo Barros Vadão Gomes Pastor Reinaldo Marcus Vicente PSDB Rommel Feijó Ricardo Izar Alberto Goldman Julio Semeghini Bloco PL, PSL Antonio Carlos Mendes Ronaldo Cezar Coelho Lincoln Portela Coronel Alves Thame (Licenciado) Maurício Rabelo Marcos de Jesus Eduardo Gomes Ronaldo Dimas Paulo Gouvêa 1 vaga PTB PPS Iris Simões Jovair Arantes Athos Avelino Juíza Denise Frossard vaga do PSDB Jackson Barreto Luiz Antonio Fleury 1 vaga Jonival Lucas Junior Nelson Marquezelli PSB Bloco PL, PSL Dr. Evilásio Luciano Leitoa José Santana de PDT Medeiros Vasconcellos Severiano Alves Enio Bacci Luciano Castro Paulo Marinho PC do B Mário Assad Júnior Ricardo Rique Daniel Almeida 1 vaga PPS PSC Fernando Coruja Roberto Freire Pastor Amarildo Costa Ferreira PSB PV Renato Casagrande Dr. Evilásio Leonardo Mattos Deley PDT Secretário(a): Mário Dráusio Coutinho Dr. Hélio Severiano Alves Local: Anexo II - Pavimento Superior s/ 170-A PC do B Telefones: 216.6203 Sérgio Miranda Inácio Arruda FAX: 216.6225 PSC Renato Cozzolino Cabo Júlio COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER PV AO PROJETO DE LEI Nº 3884, DE 2004, QUE "INSTITUI Sarney Filho Deley NORMAS GERAIS DE CONTRATOS PARA A CONSTITUIÇÃO Secretário(a): Leila Machado DE CONSÓRCIOS PÚBLICOS, BEM COMO DE CONTRATOS Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A DE PROGRAMA PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Telefones: 216-6212 PÚBLICOS POR MEIO DE GESTÃO ASSOCIADA E DÁ FAX: 216-6225 OUTRAS PROVIDÊNCIAS". Presidente: COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER 1º Vice-Presidente: AO PL Nº 3638, DE 2000, QUE "INSTITUI O ESTATUTO DO 2º Vice-Presidente: PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS E DÁ OUTRAS 3º Vice-Presidente: PROVIDÊNCIAS". Titulares Suplentes Presidente: Leonardo Mattos (PV) PT 1º Vice-Presidente: Angela Guadagnin Orlando Desconsi 2º Vice-Presidente: Antonio Carlos Biscaia Reginaldo Lopes 3º Vice-Presidente: Carlos Abicalil 4 vagas Relator: Celso Russomanno (PP) Maria do Carmo Lara Titulares Suplentes Neyde Aparecida PT Zezéu Ribeiro Angela Guadagnin 6 vagas PMDB Antônio Carlos Biffi Eliseu Padilha 5 vagas Assis Miguel do Couto João Magalhães Luci Choinacki Max Rosenmann Maria do Rosário Paulo Afonso Neyde Aparecida Zé Gerardo PMDB Bloco PFL, PRONA Almerinda de Carvalho 5 vagas Fábio Souto 4 vagas Marinha Raupp Fernando de Fabinho Osvaldo Biolchi José Carlos Aleluia Rose de Freitas José Rocha 1 vaga PP Bloco PFL, PRONA Alexandre Santos 3 vagas Laura Carneiro 4 vagas André Zacharow Antonio Joaquim Reinaldo Betão Maurício Rabelo PSDB PPS Aloysio Nunes Ferreira Alberto Goldman Júnior Betão Cláudio Magrão Antonio Carlos Pannunzio Gonzaga Mota PSB Bismarck Maia Yeda Crusius Dr. Ribamar Alves Luciano Leitoa PTB PDT Eduardo Seabra Jackson Barreto Pompeo de Mattos Davi Alcolumbre Enio Tatico 2 vagas PC do B 1 vaga Daniel Almeida 1 vaga Bloco PL, PSL PSC Almeida de Jesus 3 vagas Carlos Willian Costa Ferreira Almir Moura PV Almir Sá Deley Leonardo Mattos PPS Secretário(a): Eveline de Carvalho Alminta Geraldo Thadeu Ivan Paixão Local: Anexo II - Pavimento Superior s/ 170-A PSB Telefones: 216.6211 Alexandre Cardoso Luciano Leitoa PDT COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Gervásio Oliveira Mário Heringer AO PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 184, DE 2004, QUE PC do B "INSTITUI, NA FORMA DO ART. 43 DA CONSTITUIÇÃO, A Perpétua Almeida 1 vaga SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO PSC SUSTENTÁVEL DO CENTRO-OESTE - SUDECO E DÁ Pastor Amarildo Carlos Willian OUTRAS PROVIDÊNCIAS". PV Presidente: Carlos Abicalil (PT) Deley 1 vaga 1º Vice-Presidente: Ronaldo Caiado (PFL) Secretário(a): - 2º Vice-Presidente: Professora Raquel Teixeira (PSDB) 3º Vice-Presidente: COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A OFERECER PARECER Relator: Sandro Mabel (PL) ÀS EMENDAS DE PLENÁRIO RECEBIDAS PELO PROJETO Titulares Suplentes DE LEI Nº 4874, DE 2001, QUE "INSTITUI O ESTATUTO DO PT DESPORTO". Antônio Carlos Biffi Maninha Presidente: Deley (PV) Carlos Abicalil Sigmaringa Seixas 1º Vice-Presidente: Marcelo Guimarães Filho (PFL) João Grandão 4 vagas 2º Vice-Presidente: Bismarck Maia (PSDB) Neyde Aparecida 3º Vice-Presidente: Rubens Otoni Relator: Gilmar Machado (PT) Wasny de Roure Titulares Suplentes PMDB PT Luiz Bittencourt Leandro Vilela César Medeiros Antônio Carlos Biffi Nelson Trad 4 vagas Dr. Rosinha 5 vagas Pedro Chaves Gilmar Machado Teté Bezerra João Grandão Waldemir Moka Jorge Bittar Bloco PFL, PRONA Mariângela Duarte Celcita Pinheiro José Roberto Arruda PMDB Murilo Zauith Vilmar Rocha Aníbal Gomes Nelson Bornier Ronaldo Caiado 2 vagas Darcísio Perondi Tadeu Filippelli 1 vaga Gastão Vieira 3 vagas PP Pedro Chaves Darci Coelho Pedro Henry Wilson Santiago Leonardo Vilela Sandes Júnior Bloco PFL, PRONA 1 vaga 1 vaga José Roberto Arruda Claudio Cajado PSDB José Rocha Corauci Sobrinho Carlos Alberto Leréia Eduardo Gomes Marcelo Guimarães Filho Onyx Lorenzoni João Campos Ronaldo Dimas Ronaldo Caiado Rodrigo Maia Professora Raquel Teixeira Vittorio Medioli PP PTB Ivan Ranzolin Alexandre Santos Enio Tatico 3 vagas Julio Lopes Pedro Corrêa Jovair Arantes Ronivon Santiago 1 vaga Ricarte de Freitas PSDB Bloco PL, PSL Bismarck Maia Lobbe Neto Jorge Pinheiro Luciano Castro Léo Alcântara Nilson Pinto Lincoln Portela vaga do PV Maurício Rabelo 1 vaga Professora Raquel Teixeira Sandro Mabel Miguel de Souza PTB 1 vaga José Militão Josué Bengtson PPS Jovair Arantes Ronaldo Vasconcellos Geraldo Resende Júlio Delgado Marcus Vicente Sandro Matos PSB Bloco PL, PSL Barbosa Neto 1 vaga Carlos Rodrigues João Mendes de Jesus PDT Paulo Marinho João Tota Severiano Alves Mário Heringer PC do B Elimar Máximo Damasceno 1 vaga Perpétua Almeida 1 vaga Secretário(a): Eveline de Carvalho Alminta PSC Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Pastor Amarildo Zequinha Marinho Telefones: 216-6211 / 6232 PV FAX: 216-6225 (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a vaga) 1 vaga Secretário(a): Valdivino Tolentino Filho COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A AO PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 91, DE 2003, QUE Telefones: 216-6206/6232 "INSTITUI, NA FORMA DO ART. 43 DA CONSTITUIÇÃO, A FAX: 216-6225 SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA - SUDAM, ESTABELECE A SUA COMPOSIÇÃO, COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER NATUREZA JURÍDICA, OBJETIVOS, ÁREA DE AO PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 76, DE 2003, QUE COMPETÊNCIA E INSTRUMENTOS DE AÇÃO". "INSTITUI, NA FORMA DO ART. 43 DA CONSTITUIÇÃO, A Presidente: Átila Lins (PPS) SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO 1º Vice-Presidente: Marinha Raupp (PMDB) NORDESTE - SUDENE, ESTABELECE A SUA COMPOSIÇÃO, 2º Vice-Presidente: Vic Pires Franco (PFL) NATUREZA JURÍDICA, OBJETIVOS, ÁREA DE 3º Vice-Presidente: Hamilton Casara (PL) COMPETÊNCIA E INSTRUMENTOS DE AÇÃO". Relator: Paulo Rocha (PT) Presidente: Marcelino Fraga (PMDB) Titulares Suplentes 1º Vice-Presidente: José Pimentel (PT) PT 2º Vice-Presidente: Fábio Souto (PFL) Anselmo Antonio Nogueira 3º Vice-Presidente: Carlos Abicalil Eduardo Valverde Relator: Zezéu Ribeiro (PT) Hélio Esteves Nilson Mourão Titulares Suplentes Henrique Afonso Zé Geraldo PT Paulo Rocha Zico Bronzeado Fátima Bezerra João Alfredo Terezinha Fernandes 1 vaga José Pimentel Josias Gomes PFL Leonardo Monteiro Luiz Alberto Kátia Abreu Clóvis Fecury Luiz Couto Maurício Rands Pauderney Avelino Francisco Rodrigues Paulo Rubem Santiago Terezinha Fernandes Vic Pires Franco 3 vagas Zezéu Ribeiro 1 vaga (Dep. do PP ocupa a vaga) PFL 1 vaga André de Paula José Carlos Araújo PMDB César Bandeira 4 vagas Alceste Almeida Ann Pontes Fábio Souto Asdrubal Bentes Confúcio Moura Luiz Carreira Marinha Raupp Wladimir Costa 1 vaga Osvaldo Reis 1 vaga PMDB PSDB Jorge Alberto Carlos Eduardo Cadoca Nicias Ribeiro Anivaldo Vale Marcelino Fraga Mauro Lopes Nilson Pinto Eduardo Gomes Mauro Benevides Moraes Souza (Dep. do PL ocupa a vaga) João Castelo Sandra Rosado Zé Gerardo 1 vaga Zenaldo Coutinho PSDB PP Antonio Cambraia Átila Lira Darci Coelho vaga do PFL Zé Lima Bosco Costa Gonzaga Mota Francisco Garcia (Dep. do PL ocupa a vaga) Helenildo Ribeiro João Castelo Ronivon Santiago 1 vaga João Almeida 1 vaga Suely Campos PP PTB Benedito de Lira Enivaldo Ribeiro Pastor Frankembergen Josué Bengtson Cleonâncio Fonseca Márcio Reinaldo Moreira Silas Câmara 1 vaga Ricardo Fiuza Wagner Lago vaga do PDT PL Zé Lima Hamilton Casara vaga do PSDB Coronel Alves vaga do PSB PTB Humberto Michiles João Tota vaga do PP Armando Monteiro José Carlos Elias Raimundo Santos Luciano Castro 1 vaga 1 vaga Maurício Rabelo PL PSB Jaime Martins Inaldo Leitão Dr. Ribamar Alves (Dep. do PL ocupa a vaga) Roberto Pessoa Sandro Mabel Janete Capiberibe 1 vaga PSB PPS Eduardo Campos Átila Lins 1 vaga Isaías Silvestre (Licenciado) PDT Maurício Quintella Lessa Dr. Rodolfo Pereira Davi Alcolumbre 1 vaga (Licenciado) PC do B PPS Perpétua Almeida Vanessa Grazziotin B. Sá Leônidas Cristino PV PDT Sarney Filho Deley Álvaro Dias (Dep. do PP ocupa a vaga) Secretário(a): Maria Terezinha Donati PC do B Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Renildo Calheiros Inácio Arruda Telefones: 216-6215 / 6232 PRONA FAX: 216-6225 S.PART. COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR ESTUDO EM Luciana Genro vaga do PT RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO Secretário(a): Maria Terezinha Donati TEMA ABRANJA A REFORMA PREVIDENCIÁRIA. Local: Anexo II, Pavimento Superior, sala 170-A Presidente: Roberto Brant (PFL) Telefones: 216-6215 / 6232 1º Vice-Presidente: Onyx Lorenzoni (PFL) FAX: 216-6225 2º Vice-Presidente: 3º Vice-Presidente: COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR ESTUDO EM Relator: José Pimentel (PT) RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO Titulares Suplentes TEMA ABRANJA A REFORMA DO JUDICIÁRIO. PT Presidente: José Eduardo Cardozo (PT) Arlindo Chinaglia Adão Pretto 1º Vice-Presidente: João Alfredo (PT) Dr. Rosinha Assis Miguel do Couto 2º Vice-Presidente: Nelson Trad (PMDB) Eduardo Valverde Durval Orlato 3º Vice-Presidente: João Campos (PSDB) Henrique Fontana Guilherme Menezes Titulares Suplentes Ivan Valente Maninha vaga do PSB PT José Pimentel Mariângela Duarte vaga do PSB Antonio Carlos Biscaia Iriny Lopes Nilson Mourão Roberto Gouveia Dra. Clair Mariângela Duarte (Dep. S.PART. ocupa a vaga) João Alfredo 5 vagas 1 vaga José Eduardo Cardozo PFL José Mentor Félix Mendonça vaga do PTB Luiz Carreira Maurício Rands Gervásio Silva Vic Pires Franco Rubinelli Murilo Zauith Vilmar Rocha PFL Onyx Lorenzoni (Dep. do PTB ocupa a vaga) Coriolano Sales José Mendonça Bezerra Roberto Brant (Dep. do PL ocupa a vaga) Jairo Carneiro Robério Nunes Robson Tuma (Dep. do PP ocupa a vaga) Luiz Carlos Santos Vilmar Rocha (Dep. do PP ocupa a vaga) Mendonça Prado (Licenciado) (Dep. do PL ocupa a vaga) PMDB (Dep. do PP ocupa a vaga) 2 vagas Adelor Vieira Osvaldo Biolchi (Dep. do PTB ocupa a vaga) Darcísio Perondi 4 vagas PMDB Jorge Alberto Bernardo Ariston Osmar Serraglio Mendes Ribeiro Filho Marcelino Fraga Paulo Lima (Dep. do PTB ocupa a vaga) Nelson Trad 3 vagas PSDB Wilson Santiago Alberto Goldman Anivaldo Vale 1 vaga Custódio Mattos Bismarck Maia PSDB Eduardo Barbosa João Campos Aloysio Nunes Ferreira Bonifácio de Andrada Yeda Crusius (Dep. do PP ocupa a vaga) João Campos Bosco Costa (Dep. do PP ocupa a vaga) 1 vaga Vicente Arruda Nicias Ribeiro PP (Dep. do PPS ocupa a vaga) Zenaldo Coutinho Alexandre Santos vaga do PSDB Antonio Joaquim 1 vaga Zulaiê Cobra Darci Coelho vaga do PFL Feu Rosa vaga do PSDB PP José Linhares Ivan Ranzolin Benedito de Lira Celso Russomanno (Dep. do PTB ocupa a vaga) Reginaldo Germano vaga do PFL Darci Coelho vaga do PFL Nélio Dias 1 vaga Ronivon Santiago Feu Rosa Roberto Balestra PTB Ricardo Fiuza Alberto Fraga vaga do PMDB Jair Bolsonaro Wagner Lago vaga do PDT Arnaldo Faria de Sá Marcondes Gadelha vaga do PFL PTB Dr. Francisco Gonçalves Ricardo Izar Luiz Antonio Fleury Arnaldo Faria de Sá Marcus Vicente vaga do PP Vicente Cascione Paes Landim vaga do PFL Jair Bolsonaro (Dep. do PFL ocupa a vaga) Vicente Cascione 1 vaga PL 1 vaga Carlos Mota Humberto Michiles PL Chico da Princesa Maurício Rabelo Carlos Mota João Paulo Gomes da Silva Medeiros Paulo Marinho vaga do PFL Inaldo Leitão Paulo Marinho vaga do PFL Wellington Roberto José Santana de Vasconcellos Raimundo Santos PSB Wellington Roberto Dr. Evilásio (Dep. do PT ocupa a vaga) PSB Paulo Baltazar (Dep. do PT ocupa a vaga) Renato Casagrande 2 vagas PPS (Dep. do PSC ocupa a vaga) Leônidas Cristino Geraldo Thadeu PPS PDT Dimas Ramalho Fernando Coruja Alceu Collares (Dep. do PSL ocupa a vaga) Juíza Denise Frossard vaga do PSDB PC do B PDT Jandira Feghali Alice Portugal (Dep. do PP ocupa a vaga) Pompeo de Mattos PRONA PC do B Enéas 1 vaga Perpétua Almeida 1 vaga PSL PRONA João Mendes de Jesus vaga do PDT 1 vaga 1 vaga PSC Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Carlos Willian vaga do PSB Telefones: 216-6214 / 6232 Secretário(a): Heloisa Pedrosa Diniz FAX: 216-6225 Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Telefones: 216-6201 / 6232 COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR ESTUDO EM FAX: 216-6225 RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA A REFORMA TRABALHISTA. COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR ESTUDO EM Presidente: Vicentinho (PT) RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO 1º Vice-Presidente: Maurício Rands (PT) TEMA ABRANJA A REFORMA POLÍTICA. 2º Vice-Presidente: Presidente: Alexandre Cardoso (PSB) 3º Vice-Presidente: 1º Vice-Presidente: Relator: José Chaves (PTB) 2º Vice-Presidente: Titulares Suplentes 3º Vice-Presidente: PT Relator: Ronaldo Caiado (PFL) Carlos Santana Antônio Carlos Biffi Titulares Suplentes Dra. Clair Antonio Carlos Biscaia PT Luiz Alberto Henrique Afonso Chico Alencar César Medeiros Maurício Rands Josias Gomes Devanir Ribeiro Colombo Orlando Desconsi Neyde Aparecida Fernando Ferro João Alfredo Paulo Rocha Tarcisio Zimmermann José Eduardo Cardozo Luiz Sérgio Vicentinho (Dep. S.PART. ocupa a vaga) Luiz Couto Maria do Carmo Lara PFL Paulo Delgado (Dep. S.PART. ocupa a vaga) Coriolano Sales Celcita Pinheiro Rubens Otoni 1 vaga João Batista Gerson Gabrielli PFL Paulo Bauer Onyx Lorenzoni André de Paula Antonio Carlos Magalhães Neto Robson Tuma (Dep. do PTB ocupa a vaga) Luiz Carlos Santos Eduardo Sciarra Vilmar Rocha 2 vagas Marcos Abramo José Rocha (Dep. do PL ocupa a vaga) Ronaldo Caiado Marcelo Guimarães Filho PMDB Vic Pires Franco Paulo Bauer Leonardo Picciani Jefferson Campos (Dep. do PTB ocupa a vaga) Zelinda Novaes Marcelo Teixeira Leandro Vilela PMDB Wladimir Costa Pastor Pedro Ribeiro Cezar Schirmer Almerinda de Carvalho (Dep. do PTB ocupa a vaga) Takayama José Divino Jorge Alberto (Dep. do PPS ocupa a vaga) 1 vaga Marcelino Fraga Leandro Vilela PSDB Osmar Serraglio Mauro Benevides Antonio Carlos Pannunzio Ariosto Holanda Osvaldo Biolchi Vieira Reis Carlos Alberto Leréia Átila Lira PSDB Eduardo Paes Carlos Sampaio Affonso Camargo Carlos Alberto Leréia Ronaldo Dimas 2 vagas Aloysio Nunes Ferreira Nicias Ribeiro Zenaldo Coutinho Bonifácio de Andrada Thelma de Oliveira PP João Almeida Vicente Arruda Francisco Dornelles Leonardo Vilela Professora Raquel Teixeira 1 vaga Nelson Meurer Luis Carlos Heinze PP Roberto Balestra Vadão Gomes Leodegar Tiscoski Nélio Dias PTB Mário Negromonte Ricardo Barros Iris Simões Homero Barreto Nilton Baiano 1 vaga Joaquim Francisco Paes Landim vaga do PFL PTB José Chaves vaga do PMDB Philemon Rodrigues Jackson Barreto Edna Macedo José Múcio Monteiro 1 vaga Paes Landim vaga do PFL José Múcio Monteiro PL Philemon Rodrigues Neuton Lima Almir Moura Heleno Silva (Dep. S.PART. ocupa a vaga) Miguel de Souza Milton Monti PL Paulo Marinho vaga do PFL Raimundo Santos Carlos Rodrigues Almeida de Jesus Sandro Mabel João Paulo Gomes da Silva Mário Assad Júnior PSB Lincoln Portela Oliveira Filho Dr. Ribamar Alves Luciano Leitoa vaga do PDT PSB Isaías Silvestre 2 vagas Alexandre Cardoso 2 vagas PPS Luiza Erundina Cláudio Magrão Raul Jungmann PPS Maria Helena vaga do PMDB Agnaldo Muniz Átila Lins PDT PDT Pompeo de Mattos (Dep. do PSB ocupa a vaga) Severiano Alves Mário Heringer PC do B PC do B Daniel Almeida Jamil Murad Renildo Calheiros Inácio Arruda PRONA PV 1 vaga 1 vaga Jovino Cândido Marcelo Ortiz S.PART. S.PART. Babá vaga do PT Roberto Magalhães vaga do PTB João Fontes vaga do PT Secretário(a): Valdivino Tolentino Filho Secretário(a): Ana Lúcia Ribeiro Marques Local: Anexo II, Pavimento Superior, sala 170-A Telefones: 216-6206 / 6232 Secretário(a): Angélica Maria Landim Fialho de Aguiar FAX: 216-6225 Local: Anexo II, Pavimento Superior, sala 170-A Telefones: 216-6218 / 6232 COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A EFETUAR ESTUDO EM FAX: 216-6225 RELAÇÃO ÀS MATÉRIAS EM TRAMITAÇÃO NA CASA, CUJO TEMA ABRANJA O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL. COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A OUVIR OS DIVERSOS Presidente: Mussa Demes (PFL) POSICIONAMENTOS A RESPEITO DO TEMA E PROPOR 1º Vice-Presidente: Gerson Gabrielli (PFL) MEDIDAS VISANDO A REFORMA UNIVERSITÁRIA. 2º Vice-Presidente: Carlos Eduardo Cadoca (PMDB) Presidente: 3º Vice-Presidente: Luiz Carlos Hauly (PSDB) 1º Vice-Presidente: Relator: Virgílio Guimarães (PT) 2º Vice-Presidente: Titulares Suplentes 3º Vice-Presidente: PT Titulares Suplentes Carlito Merss Ary Vanazzi PT Jorge Bittar Paulo Pimenta 6 vagas 6 vagas José Mentor Reginaldo Lopes PMDB Paulo Bernardo Telma de Souza Gastão Vieira Osmar Serraglio Paulo Rubem Santiago Vignatti João Matos 4 vagas Virgílio Guimarães Wasny de Roure José Ivo Sartori Walter Pinheiro (Dep. S.PART. ocupa a vaga) Marinha Raupp PFL Osvaldo Biolchi Gerson Gabrielli Aroldo Cedraz Bloco PFL, PRONA José Carlos Machado Eduardo Sciarra César Bandeira 4 vagas José Roberto Arruda Eliseu Resende Clóvis Fecury Mussa Demes Gervásio Silva Corauci Sobrinho Pauderney Avelino Júlio Cesar Murilo Zauith (Dep. do PSDB ocupa a vaga) Vic Pires Franco PP PMDB Feu Rosa Márcio Reinaldo Moreira Carlos Eduardo Cadoca Ann Pontes Professor Irapuan Teixeira Ronivon Santiago Luiz Bittencourt Jorge Alberto Simão Sessim Suely Campos Marcelo Teixeira Paulo Afonso Vanderlei Assis Wagner Lago Max Rosenmann Pedro Chaves PSDB (Dep. do PTB ocupa a vaga) 1 vaga Átila Lira Bonifácio de Andrada PSDB Nilson Pinto Lobbe Neto Antonio Cambraia Anivaldo Vale Professora Raquel Teixeira Rafael Guerra Eduardo Paes vaga do PFL Antonio Carlos Mendes Thame PTB Julio Semeghini Gonzaga Mota Alberto Fraga Alex Canziani Luiz Carlos Hauly Yeda Crusius Eduardo Seabra Elaine Costa Narcio Rodrigues (Dep. do PTB ocupa a vaga) Jonival Lucas Junior Paes Landim Walter Feldman Bloco PL, PSL PP Carlos Mota Almir Moura André Zacharow vaga do PDT Augusto Nardes Milton Monti João Caldas Delfim Netto Márcio Reinaldo Moreira Paulo Marinho Pedro Irujo Francisco Dornelles 1 vaga PPS Romel Anizio Rogério Teófilo Fernando Coruja PTB PSB Armando Monteiro vaga do PMDB Arnon Bezerra vaga do PSDB Luciano Leitoa 1 vaga José Militão Enio Tatico PDT Nelson Marquezelli Pedro Fernandes Severiano Alves 1 vaga Ronaldo Vasconcellos (Dep. do PSC ocupa a vaga) PC do B PL Alice Portugal Jamil Murad Edmar Moreira Jaime Martins PSC João Leão João Paulo Gomes da Silva Costa Ferreira 1 vaga Sandro Mabel Reinaldo Betão PV PSB Sarney Filho Marcelo Ortiz Beto Albuquerque Pastor Francisco Olímpio Secretário(a): - Renato Casagrande 1 vaga PPS COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A APRECIAR AS Lupércio Ramos (Dep. do PDT ocupa a vaga) SOLICITAÇÕES DE ACESSO A INFORMAÇÕES SIGILOSAS PDT PRODUZIDAS OU RECEBIDAS PELA CÂMARA DOS vaga do PPS (Dep. do PP ocupa a vaga) João Herrmann Neto DEPUTADOS NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES 1 vaga PARLAMENTARES E ADMINISTRATIVAS, ASSIM COMO PC do B SOBRE O CANCELAMENTO OU REDUÇÃO DE PRAZOS DE Sérgio Miranda Vanessa Grazziotin SIGILO E OUTRAS ATRIBUIÇÕES PREVISTAS NA PV RESOLUÇÃO N º 29, DE 1993. Edson Duarte Leonardo Mattos Presidente: PSC 1º Vice-Presidente: vaga do PTB Zequinha Marinho 2º Vice-Presidente: S.PART. 3º Vice-Presidente: vaga do PT Fernando Gabeira Titulares Suplentes PT Titulares Suplentes Antonio Carlos Biscaia PT PMDB Fernando Ferro Guilherme Menezes Mendes Ribeiro Filho João Alfredo José Pimentel PFL Luiz Alberto Maurício Rands Moroni Torgan Luiz Couto Nelson Pellegrino Secretário(a): - PFL Local: CEDI José Carlos Araújo Fernando de Fabinho Telefones: 216-5615 / 5625 José Carlos Machado vaga do PRONA Rodrigo Maia Marcelo Guimarães Filho 1 vaga COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A 1 vaga "INVESTIGAR O TRÁFICO DE ANIMAIS E PLANTAS PMDB SILVESTRES BRASILEIROS, A EXPLORAÇÃO E COMÉRCIO Josias Quintal Pastor Pedro Ribeiro ILEGAL DE MADEIRA E A BIOPIRATARIA NO PAÍS". Marcelo Castro Sandra Rosado Presidente: Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB) Mauro Lopes 1 vaga 1º Vice-Presidente: Moacir Micheletto (PMDB) PSDB 2º Vice-Presidente: Josué Bengtson (PTB) Bosco Costa Carlos Sampaio 3º Vice-Presidente: Perpétua Almeida (PCdoB) Helenildo Ribeiro João Campos Relator: Sarney Filho (PV) Vicente Arruda 1 vaga Titulares Suplentes PP PT Enivaldo Ribeiro Márcio Reinaldo Moreira Dr. Rosinha João Alfredo Mário Negromonte Nélio Dias Henrique Afonso 3 vagas PTB Leonardo Monteiro Jonival Lucas Junior Arnaldo Faria de Sá Nilson Mourão Romeu Queiroz Osmânio Pereira PMDB PL Leandro Vilela 3 vagas João Caldas Almeida de Jesus Luiz Bittencourt Marcos de Jesus Edmar Moreira Moacir Micheletto PSB Bloco PFL, PRONA Dr. Ribamar Alves 1 vaga João Carlos Bacelar 3 vagas PPS Robson Tuma Geraldo Thadeu Colbert Martins 1 vaga PDT PP 1 vaga Davi Alcolumbre Antonio Joaquim Roberto Balestra PC do B 1 vaga 1 vaga Daniel Almeida 1 vaga PSDB PRONA Antonio Carlos Mendes Thame Nicias Ribeiro Elimar Máximo (Dep. do PFL ocupa a vaga) Nilson Pinto Thelma de Oliveira Damasceno PTB Secretário(a): Francisco de Assis Diniz Antonio Cruz Pastor Reinaldo Local: Anexo II, Sala 151-B Josué Bengtson 1 vaga Telefones: 216-6213 / 6252 Bloco PL, PSL FAX: 216-6285 Coronel Alves João Caldas Hamilton Casara vaga do PSB 1 vaga REQUER A INSTALAÇÃO DE COMISSÃO EXTERNA Miguel de Souza DESTINADA A ACOMPANHAR E TOMAR MEDIDAS CABÍVEIS PPS NAS DENÚNCIAS DE DESVIO DE VERBAS FEDERAIS Lupércio Ramos Maria Helena RELATIVAS À SAÚDE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. PSB Titulares Suplentes (Dep. do Bloco PL, PSL ocupa a vaga) 1 vaga PT PDT Chico Alencar Gervásio Oliveira Dr. Rodolfo Pereira PMDB PC do B José Divino Perpétua Almeida Vanessa Grazziotin PFL PV Laura Carneiro Sarney Filho Edson Duarte PSB Secretário(a): Saulo Augusto Alexandre Cardoso Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 151-B PC do B Telefones: 216-6276/6252 Jandira Feghali FAX: 216-6285 Secretário(a): -

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A COMISSÃO EXTERNA DESTINADA A ACOMPANHAR AS "INVESTIGAR A AÇÃO CRIMINOSA DAS MILÍCIAS PRIVADAS INVESTIGAÇÕES SOBRE SUCESSIVOS ATAQUES, E DOS GRUPOS DE EXTERMÍNIO EM TODA A REGIÃO SEGUIDOS DE MORTE, PRATICADOS CONTRA NORDESTE". MORADORES DE RUA NA CIDADE DE SÃO PAULO. Presidente: Bosco Costa (PSDB) Coordenador: Orlando Fantazzini (PT) 1º Vice-Presidente: Vicente Arruda (PSDB) Titulares Suplentes 2º Vice-Presidente: Luiz Alberto (PT) PT 3º Vice-Presidente: Geraldo Thadeu (PPS) Luiz Eduardo Greenhalgh Relator: Luiz Couto (PT) Orlando Fantazzini Marcos de Jesus PMDB PDT Gilberto Nascimento João Herrmann Neto Jefferson Campos PV Bloco PFL, PRONA Edson Duarte Dr. Pinotti S.PART. PP Fernando Gabeira Celso Russomanno Secretário(a): - PSDB Zulaiê Cobra COMISSÃO EXTERNA DESTINADA A ACOMPANHAR AS PTB INVESTIGAÇÕES DO ASSASSINATO DOS AUDITORES Arnaldo Faria de Sá FISCAIS E DO MOTORISTA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO, Bloco PL, PSL NA REGIÃO NOROESTE DE MINAS GERAIS, NA CIDADE DE Wanderval Santos UNAÍ. PPS Coordenador: Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) Geraldo Thadeu Relator: Carlos Mota (PL) PSB Titulares Suplentes Luiza Erundina PT Secretário(a): - Eduardo Valverde Luiz Eduardo Greenhalgh COMISSÃO EXTERNA DESTINADA A VERIFICAR, "IN LOCO", Virgílio Guimarães AS CAUSAS DO INCÊNDIO E BUSCAR CONHECIMENTO PFL PARA QUE AS POLÍTICAS PÚBLICAS FEDERAIS POSSAM José Roberto Arruda DESENVOLVER O ESTADO DE RORAIMA. PTB Titulares Suplentes Arnaldo Faria de Sá PT PSDB Josias Gomes Eduardo Barbosa Paulo Rocha PL Professor Luizinho Carlos Mota Zico Bronzeado PPS PMDB Colbert Martins Alceste Almeida PCdoB PFL Sérgio Miranda Francisco Rodrigues Secretário(a): Maria de Fátima Moreira PTB Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Pastor Frankembergen Telefones: 216-6204/6232 PP FAX: 216-6225 Suely Campos PDT COMISSÃO EXTERNA DESTINADA A VISITAR A BAHIA E Dr. Rodolfo Pereira AVERIGUAR AS RAZÕES DO CONFLITO ENTRE OS PC do B MÉDICOS BAIANOS E OS PLANOS DE SAÚDE. Vanessa Grazziotin Titulares Suplentes Secretário(a): - PT Angela Guadagnin COMISSÃO EXTERNA DESTINADA A REALIZAR VISITAS ÀS Guilherme Menezes INSTALAÇÕES DE ENRIQUECIMENTO DE URÂNIO Nelson Pellegrino LOCALIZADAS EM RESENDE - RJ, EM CAITITÉ - BA EM PMDB OUTROS MUNICÍPIOS, E ELABORAR RELATÓRIO Geddel Vieira Lima DESCRITIVO, CONTENDO ANÁLISE E AVALIAÇÃO Jorge Alberto CIRCUNSTANCIAL DOS PROCESSOS E PRECEDIMENTOS Bloco PFL, PRONA OBSERVADOS NO PROJETO NUCLEAR BRASILEIRO. José Rocha Titulares Suplentes 1 vaga PT PP Maninha Nilton Baiano Zarattini Vanderlei Assis PMDB PSDB Moreira Franco João Almeida PFL PTB Carlos Melles Jonival Lucas Junior Murilo Zauith Bloco PL, PSL Robério Nunes Amauri Gasques PP PPS Feu Rosa Colbert Martins Ivan Ranzolin PSB PTB Jorge Gomes Jair Bolsonaro PC do B PSDB Alice Portugal Antonio Carlos Pannunzio Secretário(a): - PL PP COMISSÃO EXTERNA DESTINADA A AVERIGUAR A Luis Carlos Heinze SITUAÇÃO DE CONFLITO EXISTENTE ENTRE OS PTB MORADORES E O IBAMA, NO ENTORNO DO PARQUE Alberto Fraga NACIONAL DO IGUAÇU, NO ESTADO DO PARANÁ. Nilton Capixaba Titulares Suplentes PL PT Miguel de Souza Assis Miguel do Couto PPS PMDB Agnaldo Muniz Osmar Serraglio PCdoB PFL Perpétua Almeida Eduardo Sciarra PV PP Edson Duarte Nelson Meurer Secretário(a): Eveline de Carvalho Alminta PTB Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Alex Canziani Telefones: 216-6211/6232 PSDB FAX: 216-6225 Luiz Carlos Hauly S.PART. COMISSÃO EXTERNA DESTINADA A VISITAR AS UNIDADES Fernando Gabeira PRISIONAIS DO SISTEMA PENITENCIÁRIO DO ESTADO DO Secretário(a): - RIO DE JANEIRO E DESENVOLVER DIÁLOGO COM AS AUTORIDADES DO ESTADO PERTINENTES À ÁREA, COM COMISSÃO EXTERNA DESTINADA A ACOMPANHAR AS VISTAS A BUSCAR SOLUÇÃO PARA A GRAVE CRISE DO INVESTIGAÇÕES SOBRE O ENVENENAMENTO DE ANIMAIS SETOR. OCORRIDO NA FUNDAÇÃO ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO. Coordenador: Mário Heringer (PDT) Coordenador: Marcelo Ortiz (PV) Titulares Suplentes Titulares Suplentes PT PT Antonio Carlos Biscaia Devanir Ribeiro Chico Alencar Roberto Gouveia PMDB PMDB Gilberto Nascimento Ann Pontes Josias Quintal (Dep. do PV ocupa a vaga) Bloco PFL, PRONA Bloco PFL, PRONA Laura Carneiro Dr. Pinotti PP (Dep. do PV ocupa a vaga) Reginaldo Germano PP PSDB Ildeu Araujo (Dep. do PPS ocupa a vaga) Professor Irapuan Teixeira Bloco PL, PSL PSDB Almir Moura Antonio Carlos Mendes Thame Wanderval Santos PTB PPS Arnaldo Faria de Sá Geraldo Thadeu Bloco PL, PSL Juíza Denise Frossard vaga do PSDB Amauri Gasques PSB PPS Alexandre Cardoso Geraldo Thadeu PDT PSB Mário Heringer Dr. Evilásio Secretário(a): - PV Edson Duarte vaga do PMDB COMISSÃO EXTERNA COM A FINALIDADE DE AVERIGUAR Marcelo Ortiz AS CAUSAS E A EXTENSÃO DOS DANOS CAUSADOS AO Sarney Filho vaga do Bloco PFL, PRONA MEIO AMBIENTE PELO VAZAMENTO DE UMA BARRAGEM Secretário(a): José Maria Aguiar de Castro DE REJEITOS DA INDÚSTRIA CATAGUASES DE PAPEL Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A LTDA., ATINGINDO MUNICÍPIOS DOS ESTADOS DE MINAS Telefones: 216-6209/6232 GERAIS E DO RIO DE JANEIRO. FAX: 216-6225 Coordenador: César Medeiros (PT) Relator: Renato Cozzolino (PSC) COMISSÃO EXTERNA DESTINADA A ACOMPANHAR AS Titulares Suplentes INVESTIGAÇÕES SOBRE OS CONFRONTOS ENTRE OS PT GARIMPEIROS E ÍNDIOS CINTA-LARGA PELA EXPLORAÇÃO César Medeiros ILEGAL DO GARIMPO DE DIAMANTES NA RESERVA Leonardo Monteiro ROOSEVELT, SITUADA NO SUL DE RONDÔNIA. PMDB Coordenador: Alberto Fraga (PTB) Luiz Bittencourt Relator: Luis Carlos Heinze (PP) Nelson Bornier Titulares Suplentes PP PT Julio Lopes Carlos Abicalil PTB Eduardo Valverde Ronaldo Vasconcellos Sandro Matos Iara Bernardi PSC PMDB Renato Cozzolino Gastão Vieira PV PFL Deley Paulo Magalhães Edson Duarte PSDB Jovino Cândido Aloysio Nunes Ferreira Leonardo Mattos Professora Raquel Teixeira Marcelo Ortiz Secretário(a): - Sarney Filho S.PART. Fernando Gabeira Secretário(a): .

GRUPO DE TRABALHO DESTINADO A EFETUAR ESTUDO EM RELAÇÃO AOS PROJETOS EM TRAMITAÇÃO REFERENTES AO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E À REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E OFERECER INDICATIVO À CASA SOBRE A MATÉRIA. Presidente: Osmar Serraglio (PMDB) Relator: Vicente Cascione (PTB) Titulares Suplentes PT Durval Orlato Jorge Boeira Maria do Rosário Terezinha Fernandes PFL Laura Carneiro Zelinda Novaes (Dep. do PP ocupa a vaga) PMDB Ann Pontes Osmar Serraglio Rose de Freitas PSDB Aloysio Nunes Ferreira Eduardo Barbosa Thelma de Oliveira PP Darci Coelho vaga do PFL Ivan Ranzolin Ricardo Fiuza PTB Luiz Antonio Fleury Vicente Cascione PL Carlos Mota PSB Luiza Erundina PPS Rogério Teófilo PDT Severiano Alves Secretário(a): Saulo Augusto Pereira Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Telefones: 216-6276/6232 FAX: 216-6225

GRUPO DE TRABALHO DESTINADO A, NO PRAZO DE 20 DIAS, EXAMINAR E OFERECER UM INDICATIVO AO PLENÁRIO REFERENTE AO PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 383, DE 2003, QUE "SUSTA O DECRETO N° 3.860, DE 9 DE JULHO DE 2001, QUE DISPÕE SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR, A AVALIAÇÃO DE CURSOS E INSTITUIÇÕES, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS", INCLUINDO O RECADASTRAMENTO DAS UNIVERSIDADES. Titulares Suplentes PT CÂMARA DOS DEPUTADOS CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO COORDENAÇÃO DE PUBLICAÇÕES TÍTULOS PUBLICADOS — 2002

POLÍTICAS DE INCENTIVO AO COMÉRCIO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI- EXTERIOR ÁRIDO BRASILEIRO: SEMINÁRIO

ISBN: 85-7365-254-3 ISBN: 857365-256-X R$ 2,20 R$ 5,50

UM PANORAMA DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL RELATÓRIO FINAL

ISBN: 85-7365-164-4 ISBN: 85-7365-222-5 R$ 1,10 R$ 9,90

CARTILHA DE ORIENTAÇÃO SOBRE A VIOLÊNCIA URBANA E SEGURANÇA PÚBLICA: IMPLANTAÇÃO DA LEI Nº 10.287/01 SEMINÁRIO

ISBN: 85-7365-252-7 ISBN: 85-7365-227-6 R$ 2,20 R$ 7,70

Locais de venda: Mídia Livraria. Ed. Principal e Anexo IV da Câmara dos Deputados. Telefones: (61) 318-6477/7271. Informações: Coordenação de Publicações. Telefone: (61) 318-6864. E-mail: [email protected] EDIÇÃO DE HOJE: 346 PÁGINAS