Ordinária - CD
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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO SESSÃO: 025.3.52.E DATA: 10/02/04 TURNO: Vespertino TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD LOCAL: Plenário Principal - CD INÍCIO: 14h TÉRMINO: 20h46min DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO Hora Fase Orador 16:36 GE DANIEL ALMEIDA Obs.: CÂMARA DOS DEPUTADOS Ata da 025ª Sessão, em 10 de fevereiro de 2004 Presidência dos Srs. ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ÀS 14 HORAS COMPARECEM OS SRS.: João Paulo Cunha Inocêncio Oliveira Luiz Piauhylino Geddel Vieira Lima Severino Cavalcanti Nilton Capixaba Ciro Nogueira Gonzaga Patriota Wilson Santos Confúcio Moura João Caldas CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 025.3.52.E Tipo: Ordinária - CD Data: 10/02/04 Montagem: 4176/4171 I - ABERTURA DA SESSÃO O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A lista de presença registra na Casa o comparecimento de 200 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados. Está aberta a sessão. Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos. O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior. II - LEITURA DA ATA O SR. TARCISIO ZIMMERMANN, servindo como 2º Secretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passa-se à leitura do expediente. O SR. ..........................................................., servindo como 1º Secretário, procede à leitura do seguinte III - EXPEDIENTE 401 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 025.3.52.E Tipo: Ordinária - CD Data: 10/02/04 Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Finda a leitura do expediente, passa-se ao IV - PEQUENO EXPEDIENTE Concedo a palavra ao Sr. Deputado Edson Ezequiel. 402 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 025.3.52.E Tipo: Ordinária - CD Data: 10/02/04 Montagem: 4176/4171 O SR. EDSON EZEQUIEL (PMDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, assomo à tribuna para fazer uma breve reflexão sobre uma importante questão: a implantação do regime de cotas em nossas universidades. lnicialmente, para que não pairem dúvidas sobre meu posicionamento, registro que reconheço a enorme dívida social que temos com os nossos irmãos negros. Essa dívida começou no processo da escravatura, passando pela ausência de medidas afirmativas de real inserção dos negros na sociedade desde a libertação até os dias atuais. Efetivamente, precisamos aprofundar as medidas afirmativas de inclusão, não apenas para os negros, para os afro-descendentes, mas também para outros segmentos da população, como os portadores de deficiência, que necessitam de apoio para elevar seus níveis educacionais, sua capacitação profissional e, conseqüentemente, cumprir os pré-requisitos para progredir na sociedade, obtendo ou melhorando condições de emprego e renda. Entretanto, não posso concordar com essa simplificação adotada. E quanto a isso parabenizo o novo Ministro da Educação, Tarso Genro, por suas declarações no sentido de que é preciso aprofundar a análise do tema. Essa questão não se resolve apenas estabelecendo cotas para os negros, medida considerada até inconstitucional por alguns juristas, alvo mesmo de ações judiciais. Ora, salvo alguns poucos pobres de espírito, racistas que devem ser punidos com os rigores da lei vigente, a grande discriminação no Brasil ocorre é com os pobres, os desprovidos de poder aquisitivo. Nesse caso, todos, em maior ou menor 403 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 025.3.52.E Tipo: Ordinária - CD Data: 10/02/04 Montagem: 4176/4171 grau, são discriminados, não importando se são negros, pardos, mulatos, mestiços, índios ou qualquer classificação de raça que lhes seja dada. Nesse caso, sofrem discriminação até mesmo os “brancos”, entre aspas, já que é improvável encontrar algum brasileiro que não tenha algum ascendente negro em sua árvore genealógica. Apenas a título de ilustração, pergunto-lhes: acaso Pelé ou outro negro famoso que graças a suas lutas e seus méritos possua bom poder aquisitivo é discriminado — salvo pelos raros e estúpidos racistas já mencionados? Por outro lado, quem ainda não assistiu às lamentáveis cenas em que brancos humildes são alvo de discriminação? Além disso, é preciso tratar da questão com consistência estatística. Nesse aspecto, recorro a alguns trechos da excelente matéria publicada no jornal O Globo, edição de 29 de dezembro de 2003, sob o título Somos todos pardos. Além de um sério questionamento com relação aos argumentos e números apresentados, essa matéria merece um profunda reflexão por parte da equipe do Ministério da Educação, que está elaborando uma proposta de tratamento do assunto. A referida matéria começa com a contestação do argumento muito utilizado pelos defensores da política de cotas apenas para negros, os quais afirmam que, segundo dados de 1999, dos 53 milhões de brasileiros pobres, os brancos somam apenas 36% e os negros representam 64% do total, concluindo que os negros são pobres porque há racismo no Brasil. Ora, esses números são eloqüentes, mas inexatos. A grande omissão diz respeito aos pardos, que somam cerca de 40% do total de brasileiros, e as alterações no Censo de 2000 foram mínimas. Entre os 53 milhões de pobres, os negros correspondem a 7%, e não a 64%; os brancos, a 36%, e os pardos, a 57%. 404 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 025.3.52.E Tipo: Ordinária - CD Data: 10/02/04 Montagem: 4176/4171 Portanto, se a pobreza tem uma cor no Brasil, ela é parda. O que os defensores de cotas fazem é juntar o número de pardos ao de negros. Alguns pesquisadores, em seus estudos, primeiro estratificam a população nos vários segmentos, considerando pardos, negros, índios etc., mas depois somam os pardos e os negros, o que constituiria apenas um erro metodológico, se não se estivesse prestes a provocar uma injustiça sem tamanho. Que o Brasil é injusto todos sabemos; o que não queremos e não entendemos é que se crie mais uma injustiça. Por que os pardos, usados no cálculo para justificar as cotas, terão de ficar fora delas, mesmo sendo tão pobres quanto os negros? Por que os brancos, sendo também pobres, não merecem esse tratamento especial? Os defensores de cotas raciais dizem que os brancos são apenas 36% dos pobres. Ora, esses 36% são 19 milhões de brasileiros. Da mesma forma, o enorme número de cidadãos que se declaram pardos — 68 milhões, numa população de cerca de 170 milhões — mostra que somos uma Nação altamente miscigenada. Todos esses números só reforçam minha crença em que uma política que leve em consideração apenas as cotas raciais será sempre extremamente prejudicial e injusta. Em todas as universidades que se praticaram essas políticas há conflitos que antes não aconteciam, negros acusando brancos, negros acusando outros negros de não serem tão negros assim, pardos tentando demonstrar que são negros, brancos sentindo-se excluídos. Concordo que é necessário discutir a matéria, de modo geral, mas acrescento que, na ausência de critérios, para sermos justos precisaríamos de um projeto com alto grau de complexibilidade e sofisticação. Uma medida mais simples, porém justa, 405 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 025.3.52.E Tipo: Ordinária - CD Data: 10/02/04 Montagem: 4176/4171 seria propor cotas não apenas com base na questão racial, mas na faixa de renda. Assim estaríamos realmente abrindo a possibilidade de os pobres serem incluídos na universidade, não importando que sejam negros, pardos ou brancos; todos seriam incluídos, respeitada a sua real proporção em relação à população do nosso País. Era o que tinha a dizer. 406 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 025.3.52.E Tipo: Ordinária - CD Data: 10/02/04 Montagem: 4176/4171 A SRA. EDNA MACEDO (PTB-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, nobres Deputados e Deputadas, ocupamos esta tribuna para abordar um tema que consideramos deveras importante e que merece nossa consideração. Referimo-nos às medidas provisórias, que, a nosso ver, data maxima venia, são um instrumento incompatível com um regime presidencialista como o nosso, em que as atribuições dos 3 Poderes, harmônicos e independentes, são claramente definidas. Ocorre que, usando e abusando do instrumento legal, na realidade o Executivo passou a legislar, colocando suas determinações imediatamente em vigor, no estilo dos famigerados e tão criticados decretos-lei de outrora. A prerrogativa de legislar, que é nossa, do Congresso Nacional, está sendo transferida para o Poder Executivo, e limitamo-nos a referendar as MPs. Muitas vezes somos impedidos de derrubá-las, pois, diante do absurdo de os efeitos jurídicos por elas causados durante sua vigência permanecerem, mesmo que elas sejam rejeitadas, nossa consciência não permite que contribuamos para a ainda maior confusão judiciária que certamente