CÂMARA MUNICIPAL DE

Revisão do Plano Estratégico de Arborização para o Monte de Santa Quitéria

RELATÓRIO DE FUNDAMENTAÇÃO

JANEIRO DE 2020

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> Equipa Técnica

Coordenação

Laura Roldão Costa

Equipa Técnica

António Assunção Gaspar Freitas João Bento Laura Roldão Costa Renata Amaral

Imagem da capa e contracapa retirada de:

Alameda de Santa Quitéria transformada em parque aventura para milhares de crianças. Expresso de Felgueiras. 31.05.2019.

https://www.expressofelgueiras.com/alameda-de-santa-quiteria-transformada-em-parque-aventura-para-milhares-de-criancas/

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> Elementos Escritos » Índice

» Capítulo 0 – aspetos gerais 5 »» introdução 5 »» metodologia 6 »» produção de cartografia base 6 » Capítulo 1 – estudos de caracterização 8 »» enquadramento territorial administrativo 8 »» caracterização biofísica-clima 8 »» caracterização biofísica – hipsometria e hidrologia 9 »» caracterização biofísica – exposições solares e declives 10 »» caracterização biofísica - vegetação 11 »» incêndios – revestimento vegetal 14 »» elementos referenciais e culturais 15 »» intrusões visuais – elementos desqualificadores da qualidade visual e ambiental 16 »» mobilidade 18 »» monte de Santa Quitéria na estrutura ecológica da cidade 21 » Capítulo 2 – estratégia e conceito 22 » Capítulo 3 – proposta 24 »» reperfilamento do terreno 24 »» drenagem 26 »» pontes, caminhos e passadiços 29 »» materiais construtivos e perfis transversais 31 »» pontes e passadiços/pontes 33 »» muros e contenções 35 »» construções de carácter definitivo e não definitivo 36 »» delimitação de áreas de pasto 37 »» mobiliário e equipamento 38 »» outros equipamentos associados ao recreio e lazer 42 »» redes de água 44 »» Revestimento vegetal 45 »» compatibilidade com a REN 70 » Capítulo 4 – Conclusões 73 »» anexos »» estimativa orçamental

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> Elementos Desenhados

» Plano de apresentação 2225.01.R00 » Cadastro e vermelhos e amarelos e limites de intervenção 2225.02.R00 » Modelação do terreno e hipsometria 2225.03.R00 » Modelação 2225.04.R00 » Cortes 2225.05.R00 » Pavimentos 2225.04.R00 » Iluminação, Equipamentos, Espaços de lazer 2225.06.R00 » Cortes tipo de pavimento 2225.05.R00 » Pormenores tipo de equipamento, drenagem, passadiços e vedações 2225.05.R00 » Arborização 2225.07.R00 » Anexos

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Capítulo 0 – aspetos gerais

0.1 Introdução

Refere-se a presente memória descritiva ao Plano Estratégico de Arborização para o Monte de Santa Quitéria, pertencente ao concelho de Felgueiras, de Margaride, Várzea, Lagares, Varziela e Moure cujo plano é promovido pela Câmara Municipal de Felgueiras. O Plano Estratégico de Arborização para o Monte de Santa Quitéria resultou de uma metodologia que assenta em duas fases. Na primeira fase apresentam-se os estudos e levantamentos realizados e que permitem a análise e o diagnóstico da situação atual em que se encontra o Monte de Santa Quitéria. Na segunda fase, e face aos resultados obtidos na primeira, apresentam-se as propostas para a implementação do coberto arbóreo e de espaços de recreio e lazer, que se designou de Plano Estratégico de Arborização. Este trabalho vem no seguimento de um conjunto de ações e estudos que a autarquia tem vindo a realizar nos últimos anos, e tem por principal objetivo ser um instrumento estratégico para a implementação da arborização a realizar no Monte de Santa Quitéria (espaço público) em função da situação atual, em todas as suas encostas, e dos diferentes tipos de recreio e espaços de apoio. De entre os estudos e obras que têm vindo a ser realizados no Monte de Santa Quitéria e que foram ponderados, incluídos e valorizados no contexto do presente trabalho, destacam-se os trabalhos de avaliação de risco das áreas florestais, projeto de espaços exteriores e de integração paisagística da Alameda e Igreja de Stª Quitéria incluindo o percurso do Calvário, Requalificação do Monte de S. Domingos e o Master Plan para o Parque Urbano desenvolvido para a encosta Sul do Monte de Stª Quitéria e Monte de S. Domingos. A proposta do Plano Estratégico para o Monte de Santa Quitéria que se apresenta reflete sobre todos os estudos realizados, incorpora as obras implementadas, o levantamento, análise e avaliação da situação atual dos solos e da floresta, alterações climáticas, condições socioeconómicas e a situação cadastral, oferecendo estratégias de ação sobre o espaço que incorporam os valores culturais, ecológicos e sociais locais sem descurar a importância da rentabilidade financeira do solo atendendo às aptidões e vocações do local.

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0.2 Metodologia

A Metodologia adotada para o desenvolvimento do Plano Estratégico de Arborização do Monte de Santa Quitéria obriga ao conhecimento sólido da realidade local em presença da situação concreta em que se encontra a arborização, usos que são dados ao solo, enquadramento legal aplicável às classificações do solo e condicionantes aos usos e viabilidade e programas de execução e financiamento existentes. Como referido a metodologia utilizada assenta em dois momentos, um primeiro de recolha de informação que se considera necessária para que se possam obter sínteses e diagnósticos que permitam passar ao segundo momento que é o da apresentação de propostas de ação para o Monte de Santa Quitéria. Os trabalhos relativos aos levantamentos e recolha de informação foram orientados em duas frentes/domínios: No primeiro domínio encontra-se a informação cartográfica e levantamentos topográficos tendo sido fornecida pela autarquia e complementada pelo gabinete. Também se fez observação comportamental dos visitantes no espaço e pesquisa bibliográfica. No segundo domínio encontram-se os levantamentos Morfológicos e de Uso do Solo onde foram abordadas as características físicas observáveis do território e usos atuais sobre o território, sendo esta informação explanada nas diversas cartas temáticas apresentadas.

0.4 Produção de cartografia base

Para a elaboração da Cartografia Base de apoio à Elaboração do Plano Estratégico do Monte de Santa Quitéria, foi necessário definir desde a área de intervenção, bem como selecionar os elementos que iriam servir de suporte à produção da cartografia base. Para a produção de uma cartografia atualizada do Monte de Santa Quitéria foi necessário tendo por base o levantamento topográfico fornecido pelo Câmara Municipal de Felgueiras introduzir a altimetria e planimetria existente no gabinete resultante de projetos pontuais anteriormente realizados no Monte de Santa Quitéria e que tiveram por designação: Requalificação do Percurso do Calvário e Requalificação da Alameda de Santa Quitéria. Deste modo, a produção da cartografia vetorial de suporte ao desenvolvimento da Cartografia Base fez- se em três fases interligadas: a aferição dos limites da área de intervenção, a extração vetorial planimétrica e altimétrica de projetos e o levantamento topográfico fornecido pela Câmara Municipal de Felgueiras. Face à combinação e articulação de informação proveniente de fontes tão destintas aceita-se que podem existir pequenas discordâncias altimétricas e planimétricas em relação ao terreno, mas dada a escala de intervenção não se consideram ser relevantes. A delimitação da área de intervenção foi sendo aferida ao longo da realização do trabalho e resultou das seguintes considerações: - área integrada em REN – Reserva Ecológica Nacional; - área arborizada “entrincheirada” entre frentes urbanas e que apresenta risco de incêndio;

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- área arborizada que confronta com a cidade de Felgueiras que apresenta baixa qualidade visual e sensorial; - áreas que sofreram cortes e/ou incêndios recentes; - áreas públicas, vias infraestruturadas e equipamentos coletivos (cemitério); - espaços de valor cultural e referencial.

Fig. 1 – do concelho de Felgueiras e localização do Monte de Santa Quitéria

Capítulo I – estudos de caracterização

No âmbito dos trabalhos relativos aos Estudos de Caracterização do Monte de Santa Quitéria, etapa que sustenta a definição do modelo estratégico de arborização, o primeiro desafio que se colocou foi a recolha, sistematização e organização da informação necessária, para a construção de um modelo de ocupação do território vocacionado para o recreio, lazer, produção florestal e educação para a floresta. Neste âmbito os Estudos de Caracterização reuniram informação de diversas temáticas, nomeadamente: a) Recolha da legislação em vigor aplicável no local e identificação de condicionantes, designadamente zonas de proteção, bem como das condicionantes necessárias à concretização dos planos de proteção de carácter permanente, destacando-se os relacionados com riscos de incêndios; b) Instrumentos de Gestão Territorial em vigor e/ou atinentes para a elaboração do presente Plano com especial enfase dada à REN;

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c) Caracterização biofísica tendo em consideração a situação demográfica; d) Caracterização do cadastro da área de intervenção; e) Caracterização das redes urbana, viária, equipamentos, bem como as tipologias do revestimento arbóreo presentes. Dentro de cada tema e subtemas atribuídos, foram selecionados os dados considerados mais relevantes à análise do Monte de Santa Quitéria e dos objetivos a efetivar.

Enquadramento Territorial Administrativo

O contexto territorial administrativo é essencial no entendimento das possibilidades e condicionantes de um local. Esse contexto enquadra o Monte de Santa Quitéria como sendo um dos locais mais relevantes do município, pela sua centralidade geográfica e posição altimétrica, podendo-se usufruir de pontos de grande visibilidade. O Monte de Santa Quitéria situado na união de freguesias de Margaride, Várzea, Lagares, Varziela e Moure tem na encosta sul do Monte de Santa Quitéria a cidade de Felgueiras, que é hoje sede de município e uma das áreas mais populosas do concelho.

Caracterização biofísica – clima

A região de Felgueiras apresenta um clima húmido e mesotérmico, o que lhe confere aptidão para usos do solo agrícola e silvícola pois a precipitação abundante e a humidade atmosférica elevada durante boa parte do ano, num ambiente de temperaturas amenas, não ocorrendo deficiências de água no solo muito prolongadas, proporciona um potencial de produção de biomassa elevado. Para além das questões relacionadas com a produção de biomassa, o clima também interfere com o modo como se processa o recreio no espaço exterior, potenciando uma maior utilização durante os meses de Primavera e Verão, pelo que se terá que potenciar áreas que atendam a diferentes condições de conforto bioclimático, oferecendo situações de clareira com a chegada de radiação solar para permitir a estadia nos meses mais amenos e situações de mata mais fechada, com menor radiação para os meses mais quentes. Neste estudo, também se ponderaram aspetos relacionados com as alterações climáticas que de acordo com os estudos de Climate Change in : Scenarios, Impacts and Adaptations measures realizados pelo SIAM e tendo por base cenários estabelecidos com base o HadRM (Hadley Centre Regional Climate Model) (Pereira, 2007:133)1 apontam para a região Norte de Portugal, logo com influencia no Parque de Santa Quitéria, para que relativamente aos recursos hídricos haja tendência para a redução da disponibilidade de água (principalmente em aquíferos superficiais) devido a redução da recarga e aumento da evapotranspiração, se observe um possível aumento da assimetria sazonal de recarga e escoamento (concentração da precipitação no Inverno e redução nas restantes estações) e um potencial rebaixamento de níveis freáticos que irá ter várias implicações na vegetação e biodiversidade.

1 Pereira, João S., (2007). O futuro da floresta – as alterações climáticas. in Árvores e Florestas de Portugal – Floresta e Sociedade: uma história em comum .Lisboa. Público, Comunicação Social, S.A., Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento.

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No que diz respeito aos efeitos das alterações climáticas sobre a vegetação, e também para a região Norte, e tendo por base os mesmos estudos e autores, aponta-se o aumento do stresse ambiental durante o período seco, devido ao aumento da temperatura e diminuição da precipitação, o potencial aumento da produtividade no Inverno, devido ao aumento da temperatura e a eventual ocorrência de pragas e doenças com maior frequência, que associadas a incêndios poderão ter um impacto bastante severo na economia florestal. Também poderá ocorrer alteração da Biodiversidade na estrutura e composição da vegetação. Como aspetos positivos poderá verificar-se um aumento da produção nas áreas de Eucalipto e Pinheiro- bravo, tal como se pode verificar um potencial beneficio para o Sobreiro, devido ao aumento da temperatura.

Caracterização biofísica – solos, hipsometria e hidrografia Relativamente aos solos não existe uma classificação única de aceitação universal, mas uma diversidade de classificações o que dificulta a correlação entre os solos e a interpretação. Sendo assim neste estudo optou-se nos estudos de caracterização pelo uso da carta de solos da FAO- Unesco ISRIC de 1988 como sendo uma base de referência. De acordo com a carta de Solos da FAO/UNESCO podem-se encontrar no Monte de Santa Quitéria 3 unidades: antrossolos, cambissolos e leptosolos distribuídos por 3 subunidades cartográficas. A subunidade cartográficas antrossolos engloba os solos que resultaram da atividade humana ao longo dos tempos encontrando-se muito alterados por diferente tipo de ações: soterramento dos horizontes originais, remoção ou perturbação dos horizontes superficiais, cortes e escavações, adição de detritos urbanos, etc. Esta subunidade corresponde essencialmente aos solos ocupados pelo edificado, e espaços permeáveis adjacentes e a área do Monte de Santa Quitéria que têm vindo a ser sujeitos a ocupação por habitação e edifícios religiosos. Uma outra subunidade cartográfica designada por RU 5.1 designada de Regossolos úmbricos em granito abrange o sopé sul/poente do Monte de Santa Quitéria ocupado predominantemente por Eucalipto, Pinheiro e Sobreiro. Esta unidade pedológica em granitos, regra geral apresenta um horizonte A com espessura de 25/60cm e textura franco-arenosa ou arenoso-franco e por vezes franco e o horizonte C constituído por material resultante da alteração e desagregação de rocha subjacente, rocha dura e continua a profundidade superior a 50cm. A subunidade cartográfica designada de LU 1.2 designada de Leptossolos úmbricos em xisto e Regassolos úmbricos abrange parte da encosta sul/poente, norte/nascente e planalto do Monte de Santa Quitéria sendo predominantemente ocupada por Eucalipto e Pinheiro aparecendo pontualmente o Sobreiro e o Carvalho. Apresenta como unidade Pedológica-dominante Leptossolos úmbricos em xistos e rochas afins e Regossolos úmbricos em xistos e rochas afins. Os primeiros caracterizam-se por ter um horizonte A franco-arenoso, franco ou franco-limoso frequentemente húmico. Os Regossolos úmbricos em xistos ou rochas afins onde o horizonte A terá 20/50cm franco ou franco-arenoso e C constituído por rocha fragmentada e alguma terra; rocha dura e continua a partir de 30/50cm de profundidade. Estes solos quando em situações planas podem apresentar problemas de drenagem. Morfologicamente o Monte de Santa Quitéria é um dos relevos mais significativos do município apresentando uma altimetria que varia entre a cota 470 e a cota 370.

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O Monte de Santa Quitéria encontra-se praticamente na zona de transição entre a bacia hidrográfica do Ave e do Douro. As linhas de água presentes no terreno não se encontram muito evoluídas o que se deve ao facto de aí se iniciarem (cabeceiras), não havendo uma vegetação distintiva a elas associada. As linhas de água têm regime torrencial, ou seja, não apresentam caudal permanente observando-se apenas escoamento quando da ocorrência de pluviosidade. Os caudais são variáveis porque dependentes do tipo e quantidade de precipitação mas dada a inclinação das encostas e velocidade podem provocar erosão dos solos.

Caracterização biofísica – Exposições solares e declives O Monte apresenta marcadamente duas orientações dominantes: a sul/poente sobranceira à cidade de Felgueiras que obtendo um maior número de horas com radiação solar e consequentemente maior aquecimento, permite maior produção de biomassa e diversidade de espécies mais adaptadas a climas quentes e a exposição norte/este, que sendo a encosta mais sombria e fria implica menores produções de biomassa e a utilização de espécies vegetais mais resistentes ao frio. No que diz respeito aos declives observa-se que a encosta sul/poente apresenta grandes extensões territoriais com declives superiores a 15% e que cerca de metade da encosta se encontra com declives superiores a 20%. Por sua vez a encosta norte/este apresenta declives menos acentuados mas sempre com inclinações superiores a 5-10%. Em resumo pode-se dizer que morfologicamente o Monte de Santa Quitéria é um dos relevos mais significativos do município apresentando declives muito acentuados (> a 30% em cerca de 1/3 da sua área). Associando-se os solos, relevo e regime hídrico verifica-se que no Monte de Santa Quitéria: - os solos estão sujeitos a grande erodibilidade necessitando de ações de proteção; - apresenta elevada aptidão para a floresta, matos e pastorícia e baixa aptidão para a agricultura com exceção da vinha; - apresenta aptidão para o recreio passivo podendo ser ativo quando associado à prática desportiva e à natureza; - apresenta elevada dificuldade para a mobilidade confortável. Face ao que se tem vindo a expor torna-se necessário, ainda no âmbito dos estudos de caracterização, obter informação relativa à vegetação natural potencial, uso atual do solo e incêndios florestais.

Caracterização biofísica – vegetação natural Associando solos, clima, declives, altitude e exposição solar definem-se zonas fito-ecológicas. Nesta região a zona fito-ecológica é a do Atlântico/Mediterrâneo-atlântico. De entre as formações naturais que se podem encontrar nesta fitoregião destaca-se o carvalhal caducifólio dominado por Quercus robur (Carvalho roble ou alvarinho), Quercus suber (Sobreiro), Acer pseudoplatanus (Bordo), Corylus avellana (Aveleira), Arbutos unedo (Medronheiro), Crataegus monogyna (Pilriteiro) e o Ilex aquifolium (Azevinho). No sub-bosque podem-se encontrar várias espécies destacando-se as Urzes (Erica australis, Erica tetralix, Erica cinerea), Queiroga (Erica umbelata), Torga (Calluna vulgaris), Tojos (Ulex minor, Ulex europaeus), Carqueja (Chamaespartum tridentatum), Tomilho (Thymus caespititus), Sargaço (Halimium alyssoides), Sanganho (Cistus psilosepalus) e a Murta (Myrthus communis).

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Nas matas ribeirinhas (floresta ripícola) que se situam ao longo dos cursos de água e onde a ação antrópica não é muito intensa é ainda possível encontrar Amieiros (Alnus glutinosa), Freixos (Fraxinus angustifolia), Ulmeiro (Ulmus minor), Choupos (Populus nigra) e Salgueiros (Salix alba). No monte de Santa Quitéria, dada a intensa ação antrópica que o espaço tem vindo a sofrer, quase não é percetível a presença das espécies arbóreas e arbustivas autóctones, aparecendo apenas pontualmente, por regeneração natural e nas zonas de maior acumulação de humidade. Verifica-se uma forte presença de espécies introduzidas destacando-se o Pinheiro bravo (Pinus pinaster) e o Eucalipto (Eucalyptus globulus), havendo frequentemente situações de povoamentos mistos. Ainda se encontram Mimosas (Acacia dealbata), Acácias (Acacia melanoxylon), Ailantos (Ailanthus altíssima) e Falsa Acácia (Robinea pseudoacacia), também por ação antrópica e que se comportam no Monte de Santa Quitéria como invasoras proliferando pelas encostas. Foram introduzidas ao longo de arruamentos, alameda e espaços verdes outras espécies ornamentais destacando-se o Liquidambar (Liquidambar styraciflua), Tília (Tília cordata), Plátano (Platanus x hispanica), Cedro (Cupressus lusitanica), Macieira de Jardim (Malus baccata) e Magnolia de folha persistente (Magnolia grandiflora), manifestando umas espécies maior capacidade de adaptação (Plátano, Liquidambar, Cupressus) do que outras (Tilia, Macieiras, Magnolias). Dado as linhas de água serem muito incipientes a vegetação ripícola não se consegue implementar de forma espontânea.

Caracterização biofísica - uso atual do solo As áreas florestais do Monte de St. Quitéria eram predominantemente constituídas por Eucalipto, implantado com frequência em situações de declive acentuado, associados à presença de intensas cargas combustíveis provenientes do desenvolvimento de vegetação arbustiva espontânea, a que se juntam resíduos provenientes de exploração e de intervenções culturais no arvoredo, para além da acumulação localizada de lixos urbanos. À medida que a autarquia tem adquirido terrenos tem-se atuado sobre a vegetação existente através do abate e limpeza das áreas ardidas e abate de Eucaliptos visando a alteração do revestimento arbóreo existente. É reconhecível um alinhamento das encostas do Monte de Santa Quitéria ao longo da direção sueste - noroeste proporcionando uma disposição das parcelas ao longo das duas vertentes maioritariamente expostas a sul e poente num caso e a norte e este na outra situação. Claramente que em resultado desta disposição, a composição da vegetação espontânea, nomeadamente a presença de regeneração de espécies arbóreas evidencia a diferença de comportamento do Sobreiro (a sueste) e do Carvalho (a norte). Observa-se que nos locais que sofreram remoção dos Eucaliptos e com boa exposição solar se tem vindo a desenvolver Sobreiro por regeneração natural face às boas condições que encontra para o seu desenvolvimento. Nas áreas onde não se procedeu à remoção dos raizeiros dos Eucaliptos verifica-se rebentação transformando o espaço em áreas de grande densidade de ramos. Observam-se ainda manchas extremes de vegetação arbustiva com representação nula ou escassa de regeneração de espécies arbóreas, localizadas na base da encosta sul, em grande proximidade do aglomerado urbano;

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Para além das áreas de regeneração dispersa e mais ou menos abundante de sobreiro, é de referir a ocorrência de pequenos bosquetes Carvalho, para além de repovoamentos pontuais com Pinheiro manso e Cupressus. Merece especial referência a ocorrência duma pequena área (cerca de 1 ha) de Carvalhal adulto, em situação de base de encosta na periferia da área do projeto. Na envolvente imediata das habitações, verifica-se a presença de pequenas hortas e pomares, geralmente em situações de terraços.

Fig. 2 – Encosta Sudeste. Revestimento do solo: Eucaliptos em rebentação por corte ou pós incêndio e Sobreiro em regeneração. Núcleos pontuais de acácia.

Fig. 3 – Encosta Nordeste. Revestimento predominante do solo com Eucaliptos em crescimento e em rebentação por corte ou pós incendio. Núcleos pontuais de Carvalho e Acácia

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Fig. 4 – Encosta Sueste. Ao longo do percurso do Calvário núcleos densos de acácia pontuados por Pinheiro, Eucalipto, Carvalhos e Sobreiro.

Manchas de alguma dimensão de Acácia com carácter invasor, especialmente localizadas na encosta sueste com certa proximidade às áreas de culto do tempo e das capelas, em situação sobranceira a casas de habitação também se observam. Embora estas manchas estejam relativamente confinadas começam a apresentar uma dimensão preocupante que poderão criar sérias dificuldades no futuro, se não for desde já iniciado um esforço para a sua erradicação. Os Ailantos e Falsas acácias aparecem em núcleos de menor dimensão mas que vão pontuando os espaços sempre que encontre situações de luminosidade para se desenvolverem.

Fig. 5 – Encosta Este junto da Alameda de St Quitéria. Aparecimento de núcleos de Falsa Acácia

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incêndios | revestimento vegetal O Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios – Plano de Ação 2013 refere que o Município de Felgueiras2 sendo afetado por incêndios estes não afetaram grandes área o que permite a rápida regeneração das áreas ardidas, pois como referido o clima e solo são propícios ao desenvolvimento de espécies de Eucalipto, Sobreiro e Pinheiro pelo que o problema da erosão nas áreas afetadas por incêndios não adquiriu grande dimensão. De acordo com dados fornecidos pelo município os incêndios ocorridos nos últimos 5 anos (2015-2019) em Sta. Quitéria continuam a ser de pequena dimensão apresentando-se:  2016 - Local: Sta. Quitéria - Data: 10/10 - Área Florestal: 2,21 ha  2018 - Local: Monte de Sta. Quitéria (quinta da Samoça) - Data: 03/10 - Área Florestal: 8,39 ha  2019 - Local: Monte de Sta. Quitéria (S. Domingos) - Data: 12/09 - Área Florestal: 0,46 ha No entanto estas áreas em regeneração quando não devidamente conduzidas têm por resultado áreas com grande densidade de plantas e com grande produção de combustível o que leva ao aumento da probabilidade da ocorrência de mais e cíclicos incêndios, redução da aprazibilidade do local para o recreio e perda de biodiversidade. Os problemas acrescem quando não se efetua a remoção do arvoredo danificado eliminando-se os problemas de segurança para pessoas e bens, doenças e a perda de qualidade ambiental. A divisão fundiária do Município, com parcelas de pequena dimensão, não facilitava as operações de reflorestação em grande escala uma vez que é necessário mobilizar um grande número de proprietários, muitos dos quais ausentes. Felizmente a autarquia tem vindo a adquirir um elevado número de parcelas o que lhe permite definir e implementar planos de arborização promotores da alteração do coberto florestal numa extensão territorial significativa, ação que se deseja seja formativa/informativa e valorizadora ambiental e sensorialmente sem deixar de equacionar a rentabilização florestal no que se entende ser uma floresta multifuncional. De acordo com a Carta de Perigosidade constante do PMDFCI em vigor (fig. 6) verifica-se que a encosta Sul/Poente do Monte de Santa Quitéria apresenta classe de Muito alta a Alta perigosidade de incendio florestal e que a encosta Nascente/Norte apresenta a classe de Alta perigosidade de incendio florestal pelo que se pode concluir que todas as intervenções a realizar no Monte devem promover a redução do risco de incêndio.

2 Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios – Plano de Acção 2013. http://www.cm- felgueiras.pt/download/pt/ficheiros/pmdfci-caderno-2-plano-de-acao.pdf

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Fig. 6 – Carta de Perigosidade constante do PMDFCI em vigor com proposta de intervenção sobreposta. Fonte: CMFelgueiras

Tendo sido abordados os fatores biofísicos que se consideram ser mais relevantes no local torna-se necessário focar os aspetos de ordem antrópica.

Elementos referenciais e culturais Encontram-se presentes no espaço elementos construídos que contribuem positivamente para a valorização da paisagem e que se tornam necessários de referir: a) por apresentarem elevado valor religioso/referencial/cultural: - Igreja de Santa Quitéria; - Capelas do Percurso do Calvário; - Pelourinhos; - Fonte de Santa Quitéria. - Imagem de Santa Quitéria; b) por apresentarem valor referencial na paisagem: - Miradouros de Santa Quitéria; - Parque de Santa Quitéria;

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Estes elementos são uma mais-valia porque atraem visitantes ao longo do ano e nas épocas de festividade e pontuam o espaço constituindo-se como pontos de referência associados a percursos e miradouros.

Fig. 7 – Capelas do escadório do Monte de Santa Quitéria. Elementos referenciais de valor cultural e religioso. Vistas do Monte sobre o vale onde se desenvolve a cidade de Felgueiras.

Intrusões visuais | elementos desqualificadores da qualidade visual e ambiental Outros elementos resultantes da atividade humana são desqualificadores da paisagem do Monte de Santa Quitéria podendo-se enumerar: - zonas recentemente ardidas ou excessivamente em processo de rebentação; - escavações e taludes que ficam com inclinação excessiva e sem revestimento vegetal; - deposito de entulhos e lixos; - caminhos em processo de erosão; - podas tecnicamente mal realizadas em elementos de pontuação. As imagens que se apresentam são ilustrativas de alguns dos elementos desqualificadores que se podem encontrar o longo dos percursos do Monte de Santa Quitéria.

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Fig. 8 – Lixos e entulhos depositados ao longo dos caminhos

Fig. 9 – Taludes com inclinação excessiva a sofrer forte erosão

Fig. 10 – Caminhos em terra batida de forte inclinação em processo erosivo

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Fig. 11 – Linhas de água de carácter torrencial em processo erosivo

Fig. 12 – Podas tecnicamente mal executadas sobre árvores

Mobilidade Pode-se aceder ao Monte de St Quitéria por veículos rodoviários (automóvel e autocarro), bicicleta e caminhada. O automóvel percorre as vias que se encontram revestidas com tapete betuminoso e cubo de granito enquanto as bicicletas e peões utilizam todas as vias e caminhos revestidos em cubo ou saibro. É principal preocupação desta análise entender os principais fatores condicionadores ou promotores da deslocação de peões e bicicletas. Não havendo um valor consensual existem vários autores que apontam para distâncias e tempos dos percursos considerando que não devem ultrapassar os 30 minutos, pois indicam que os indivíduos não estão disponíveis para “andar a pé” durante mais de 10 minutos para alcançar uma paragem/estação de

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transportes públicos, ou 30 minutos para chegar a outros serviços de que necessita, nomeadamente parques de estacionamento. Tem-se também que atender que a velocidade de deslocação se encontra intimamente associada à extensão das deslocações pedonais pelo que quando se dimensionam caminhos que têm por principal objetivo a circulação pedonal adota-se, regra geral, uma extensão máxima de percurso entre 1500 m e 800 m. Estas extensões de deslocação correspondem a tempos de circulação compreendidos entre 10 e 30 minutos (CCDRN, 20083), considerando que um peão que se desloque livremente tem, em geral, uma velocidade média de circulação de 2 m/s (Austroads, 19884; CCDRN, 20085) O mesmo documento (CCDRN, 2008) ressalva a necessidade de se estabelecer a relação entre a distância de deslocação admissível (1500m e 800m) e o grau de “penosidade” do trajeto, estando este habitualmente associado ao seu declive. Assim, a presença de escadas e de rampas reduz os valores apresentados para as extensões de deslocação apresentados. Um indicador possível para o grau de penosidade de um trajeto é o “consumo de oxigénio”, já que é um bom indicador do esforço despendido pelo peão quando se desloca. Sabendo-se que por unidade de distância percorrida este aumenta linearmente com o declive, existindo um consumo, aproximadamente, duplo perante um declive de 10% relativamente a um declive de 0% é possível utilizar esta relação na quantificação de “distâncias equivalentes”. Ainda se deverá atender a que crianças, idosos e grupos de mobilidade condicionada apresentam maior dificuldade na circulação, pelo que os percursos para estes grupos devem apresentar menor distância. No que diz respeito ao lazer e prática desportiva os percursos apresentam outros limites quanto à extensão e mais uma vez são várias as opiniões entre os vários autores sobre distância entre espaços verdes de recreio, embora, em geral, os valores rondem os 300 e 400m que corresponde a um percurso de cerca de 10 – 15 minutos a pé. No entanto, este valor tende a variar de acordo com a tipologia de espaços, já que nem todos possuem a mesma atratividade ou interesse quotidiano, assim como com o caráter da paisagem urbana e cultura da sociedade (Quintas, 20136). Gehl (20067) refere ainda que a distância aceitável para caminhar depende não só da distância física real como da distância experimentada (percebida), ou seja, percorrer uma mesma distância em linha reta é uma experimentação pouco interessante porque pode parecer um percurso mais longínquo do que fazer exatamente a mesma distância com um percurso segmentado, onde vão surgindo diferentes tipos de experimentação. Caminhos sinuosos e interrompidos por largos, cruzamentos, zonas de estar, miradouros são mais adequados para a circulação pedonal, pois provocam o efeito psicológico de fazer parecer as distâncias mais curtas dado o trajeto ficar subdividido em etapas, sendo cada uma facilmente realizável. Percursos sinuosos ou fragmentados passam a ser realizados por objetivos de etapas e não através de um grande percurso. A riqueza das experiências, o conforto físico e bioclimático, a ausência de conflito e a relação de escala são outros dos aspetos fundamentais para promover a circulação a pé. A seleção dos meios de transporte e dos percursos também depende da qualidade da paisagem. No que diz respeito à distância de circulação, quando da deslocação em bicicleta considera-se que o declive do perfil longitudinal é uma condição de elevada importância e está diretamente relacionada com

3 CCDRN, 2008. “Manual do Planeamento de Acessibilidade e Transportes – Peões”. 4 Austroads, 1988. “Guide to Traffic Engineering Practise; Part 13, Pedestrians”, Austroads. Sydney. 5 CCDRN, 2008. “Manual do Planeamento de Acessibilidade e Transportes – Peões”. Porto 6 Quintas, A., 2013. Desenho e Avaliação da Estrutura Verde Urbana. Modelo de implementação para a promoção da qualidade de vida e valorização da paisagem urbana. Tese de Doutoramento. FCUP 7 Gehl, J., 2006. “La humanización del Espacio Urbano – La Vida Social entre los Edificios”; Editorial Reverté, S.A. Barcelona

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o conforto e segurança no uso de uma ciclovia. Segundo o IMTT8 os declives ideais para uma ciclovia compreendem valores entre 0 e 5%. Terrenos com declives superiores a 5% são considerados impróprios para a circulação de bicicletas, podendo funcionar como espaços cicláveis de ligação para distâncias limitadas. Segundo a Danish Roads Directorate (20009) os comprimentos máximos admissíveis de acordo com o declive, encontram- se indicados na tabela que se apresenta:

Declives Distancia para Distancia considerada para Aptidão grupos especiais ciclistas pelo IMTT de peões Declives compreendidos entre 0-3% 500 – 800m com Sem limites à distância Aptidão total pausas confortável Declives compreendidos entre 3-5% 500 – 800m com Distancia média Aptidão elevada pausas Declives compreendidos entre 5-6% Percursos até 240m Aptidão boa Declives compreendidos entre 6-7% Percursos até 120m Aptidão boa Declives compreendidos até 7-8% Percursos até 90m Aptidão média Declives compreendidos até 8-9% Percursos até 60m Aptidão média Declives compreendidos até 9-10% 250 – 400m com Aceitável em percursos até Aptidão baixa pausas 30m Declives superiores a 11% 250 – 400m com Aceitável em percursos até Aptidão baixa pausas 15m Tabela. Declives associados a percursos de peões e de bicicletas Fonte Adaptado de DRD (2000)

Tendo em consideração a altimetria que o Monte de St Quitéria presenta a mobilidade para peões e bicicletas deverá ser estudada no sentido de promover a circulação de peões e bicicletas e o de estimular a menor concentração de veículos num mesmo local. Atualmente por ser necessário percorrer grandes extensões ao longo de declives muito acentuados é o veículo automóvel individual o mais utilizado fazendo-se o parqueamento na Alameda de Santa Quitéria, estacionamento adjacente ao Parque Urbano ou Rua Point Saint Matence. Neste momento os pavimentos não ponderam situações de mobilidade para pessoas com mobilidade reduzida.

8 IMTT, 2011. Rede Ciclável: Princípios de Planeamento e Desenho – Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, I.P Colecção de Brochuras Técnicas/Temáticas. 9 DRD, 2000. Collection of Cycle Concepts. Danish Roads Directorate – DRD; Copenhaga.

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Monte de Stª Quitéria na Estrutura Ecológica da cidade A estrutura ecológica é um sistema da maior importância, quer sob o ponto de vista da função quer da estrutura, nomeadamente pelas múltiplas funções que desempenha assegurando a conservação dos recursos naturais. A nível estrutural tem também um papel estratégico na definição da forma dos espaços e na respetiva legibilidade. Planear, projetar, construir e gerir estruturas ecológicas ou de elementos que a constituem obriga à observância dos fatores que se encontram presentes nos espaços, podendo ser de origem biótica, abiótica ou resultantes da atividade humana. Os territórios que nos chegam hoje refletem-se em complexas paisagens que não são urbanas nem rurais, mas sim espaços naturais onde prevalecem os materiais vivos e onde será necessário fazer diálogos permanentes com a cidade edificada e infraestruturada, pelo que, o espaço natural e espaço edificado têm valor idêntico no desenho do espaço urbano, não podendo a estrutura ecológica ser concebida a posteriori. Nesse sentido, e mesmo considerando que nalgumas situações o desenho que se apresenta com a indicação das principais tipologias de elementos naturais e edificados possa estar ultrapassado e/ou sofrer alterações significativas por ser uma proposta que se encontra em desenvolvimento (Fig. 13), julga-se ser relevante a sua apresentação por transmitir a estratégia base de desenvolvimento de estrutura ecológica integrada com o desenvolvimento urbanístico para Felgueiras no futuro mais próximo. No extrato da carta que se apresenta pode-se observar a relevância que o Monte de Santa Quitéria tem dada a sua localização e dimensão constituindo-se como um parque estratégico a partir do qual se definem corredores verdes que ligam as cotas altas com as cotas baixas e que permitem definir uma “cintura verde” que envolve a cidade de Felgueiras interligando-se e estabelecendo pontes com a estrutura verde fundamental – REN. Na cidade de Felgueiras serão o Monte de Santa Quitéria e o vale agrícola os alicerces da sua estrutura ecológica.

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Fig. 13 –. Extrato da Proposta de desenvolvimento urbanístico e de Estrutura Ecológica para Felgueiras (Carta em desenvolvimento) Fonte: CMFelgueiras

Capítulo 2 – estratégia e conceito

Ponderando a estratégica localização geográfica do Monte de Santa Quitéria, características demográficas da população do concelho, uso atual do solo, frequência de incêndios, cadastro e os objetivos de inserção do Monte na Estrutura Ecológica do Município definiu-se como conceito para o Monte de Santa Quitéria o de parque na floresta. Com este parque na floresta pretende-se implementar: 1.1 Estrutura verde de recreio integrante da Estrutura Ecológica de Felgueiras; 1.2 Espaço florestal com elevada diversidade de espécies devidamente adaptadas às condições edafoclimáticas ponderando as consequências das alterações climáticas;

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1.3 Espaço florestal pedagógico demonstrativo de espécies a aplicar, técnicas de instalação e de manutenção e dos sistemas agrícolas relacionados com a floresta; 1.4 Estrutura de mobilidade apoiada em caminhos, trilhos e passadiços situados ao longo das encostas capazes de assegurar as atividades de modo seguro e ambientalmente sustentável. A componente de segurança, combate a incêndios e ações de manutenção também serão ponderadas na definição dos caminhos; 1.5 Estrutura patrimonial e cultural. Ponderando os elementos presentes no monte a salvaguarda e valorização far-se-á considerando os destintos enquadramentos visuais. Os sistemas agroflorestais a implementar também se inserem na valorização cultural a dar ao espaço; 1.6 Serviços ambientais. A floresta permite a retenção de CO2, libertação de O2, moderação climática, infiltração de água no solo, proteção do solo, retenção de partículas na atmosfera e promoção da biodiversidade oferecendo serviços ambientais; 1.7 Estrutura científica e tecnológica. O monte apresenta diferentes condições ecológicas que permitem a definição de diferentes ecossistemas. O parque na floresta de Santa Quitéria ao indicar modos de produção associados à floresta pretende constituir-se como um “manual de boas práticas vivo” que permita inverter o abandono e descrédito a que a floresta tem sido votada. No entanto é importante referir que neste momento, em todas as operações de reflorestação, haverá sempre especial atenção e cuidado com as espécies a implantar, privilegiando-se, naturalmente, as autóctones de forma a obstar à disseminação indiscriminada de espécies de crescimento rápido com o consequente empobrecimento da paisagem. Também pelos mesmos fatores apresenta elevado potencial para a floresta, devendo assegurar-se a presença do revestimento do solo com matos rasteiros controlados (altura, composição e distribuição), pelo que o modo como se efetua a gestão dos cortes e da limpeza de vegetação obriga a trabalho devidamente qualificado. O projeto foi desenvolvido considerando as alterações climáticas. Dada a área apresentar elevada sensibilidade ambiental considera-se que a proposta a apresentar deverá apresentar medidas diretas de âmbito reduzido ou “soft” e ações indiretas de âmbito alargado. As medidas “soft” são consideradas necessárias e obrigatórias de aplicar em cada intervenção que se faça na paisagem, independentemente da escala de intervenção, pois só desta forma se pode progressivamente minimizar os problemas relacionados com as alterações climáticas. No que diz respeito às ações “soft” consideraram-se: - manutenção da permeabilidade do solo; - manutenção das drenagens pluviais superficiais para o rio; - aumento da galeria ripícola – captação de CO2, produção de 02, redução do risco de erosão, menor temperatura; - utilização de sementeiras e plantas com instalação e desenvolvimento em regime de sequeiro: gestão das secas e escassez de água; - utilização de sistemas de iluminação com leds e controle de consumos levando à mitigação dos consumos energéticos. A utilização de árvores caducifólias permite melhorar as condições de

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luminosidade e de aquecimento das superfícies durante o Inverno permitindo o conforto da circulação ao longo das diferentes estações do ano; - utilização de materiais naturais e inertes que permitem o aumento da robustez e da resiliência dos sistemas expostos aos fenómenos climáticos (ações que visam melhorar a capacidade instalada em lidar com os novos padrões de variabilidade climática, recorrendo por exemplo à expansão dos sistemas de monitorização, previsão e alerta). Em toda a conceção o conceito principal foi o de desenhar uma paisagem resiliente, ou seja com capacidade dos sistemas sociais, económicos ou ambientais lidarem com perturbações, tendo a capacidade de responder ou reorganizar-se de forma a preservar as suas funções essenciais, a sua estrutura e a sua identidade, mantendo

Capítulo 3 – proposta

Reperfilamento do terreno A necessidade de implementar caminhos, trilhos, passadiços, áreas de merendas e aparcamentos ao longo das encostas obriga à realização de pequenas regularizações do terreno. Sempre que possível os elementos de mobilidade, estacionamento e estadia propostos assentam sobre acessos e plataformas existentes prevendo-se nestas situações apenas a regularização e colocação de camada de desgaste. Quando da necessidade da abertura de estacionamentos teve-se por preocupação a localização em diversos locais ao longo do Monte permitindo uma maior proximidade a cada equipamento ou área de recreio. A localização dos estacionamentos ponderou essencialmente o aproveitamento de plataformas existentes de modo a se reduzir o reperfilamento ao mínimo. Relativamente à abertura de novos caminhos eles respondem às seguintes necessidades: - ligação entre caminhos existentes oferecendo-se circuitos e ligação aos acessos à cidade; - ligação entre equipamentos existentes e propostos; - implantação de caminhos para manutenção e combate a incêndios em áreas florestais; - implantação de ciclovia. Para que se possam abrir/regularizar os caminhos referidos ter-se-á que proceder à realização da plataforma cujas larguras poderão estar compreendidas entre 2 e 4m. As concordâncias de cotas no terreno far-se-ão através de taludes adjacentes às plataformas cuja inclinação deverá estar compreendida entre 50% - 65% de modo a se evitarem ravinamentos. Os caminhos de 5 e 6 m de largura assumem carácter de vias rodoviárias principais que respondem pela ligação entre o Monte e a cidade. Sendo uma premissa do plano assegurar-se a circulação pedonal e de bicicleta, os declives foram ponderados no desenho dos caminhos de modo a que ao longo da sua extensão os perfis longitudinais apresentem preferencialmente pendentes compreendidas entre 0 e 6% de modo a permitir o acesso por pessoas com mobilidade condicionada. Em pequenas extensões e para os caminhos que integra função predominante de recreio assumem-se pendentes até 10%.

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Adquirem inclinações mais elevadas os percursos associados à manutenção da área de floresta ou percursos existentes que serão mantidos por se considerar que a abertura de novos caminhos apresenta elevado impacto visual e de alteração de cotas planimétricas. Para se implementarem os percursos de recreio, dada a inclinação do monte, e sempre que possível, os caminhos serão implementados sobre uma mesma curva de nível oferecendo troços de percursos planos com ligações aos percursos existentes. Quando da necessidade de ligações que tenham de vencer desníveis acentuados e de modo a melhor se relacionar o percurso com o terreno existente serão realizadas escadas patamar que apenas obrigam a pequeno acerto de cotas. Quando o desnível é muito acentuado serão “encastradas” escadas adoçadas ao terreno. Estas soluções topográficas também visam a redução da erosão.

Fig. 14 – Escadas patamar existentes no monte de Stª Quitéria. Modelo a reproduzir noutras áreas

O elemento a construir que vai obrigar a maior ação sobre a topografia é o lago. Dado ser objetivo do lago poder funcionar como reservatório de água para combate a incêndios terá de ter uma profundidade de 2,5m em grande parte da sua extensão. No entanto para que se possa mitigar o impacto associado à alteração da topografia o lago apresenta forma linear de modo a se “encaixar” sobre um terraço. O lago será construído com telas e oferecerá uma imagem de elemento de água naturalizado. De modo a melhor se entender o que se pretende com o lago de St Quitéria apresentam-se imagens da construção de uma estrutura nos Parques de (créditos das imagens são de Jardins de Sintra10) cuja construção pretende que seja semelhante.

10 https://jardinssintra.pt/construcao-de-um-lago/

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Fig. 15 – Imagens ilustrativas da construção de lago em telas em Sintra. Fonte: Jardins de Sintra, Lda

Drenagem A drenagem das águas pluviais realiza-se por escoamento gravítico sobre as encostas do monte. Razão da orografia e quando perante precipitações intensas a água concentra-se nos pontos mais baixos criando uma linha preferencial de circulação definindo linhas de drenagem torrencial. Não se encontrando estas linhas de água devidamente protegidas por vegetação que estabilize os solos verifica-se um processo erosivo que se deve evitar pelo que se propõe o revestimento do solo com vegetação de modo a se assegurar a infiltração e estabilização do solo. Para além do revestimento vegetal ainda se considera ser necessário de implementar outras medidas tais como: - valetas e sumidouros associadas aos espaços de mobilidade - barragens de correção torrencial Considerando o tema da drenagem tem-se que referir as valetas em pedra de granito a construir ao longo dos caminhos de saibro e pedra. Seguem-se imagens ilustrativas das soluções preconizadas do Parque de Avioso – Maia e do escadório de Santa Quitéria em Felgueiras.

Fig. 16 – Valeta em cubo de granito em pavimento de saibro e em cubo de granito

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Como referido as valetas serão construídas ao longo de todos os caminhos, no sopé do talude, de modo a receber as águas de drenagem pluvial da encosta. A via/caminho terá pendentes no sentido da valeta de modo a que as águas pluviais sejam rececionadas. A cada 25-30m deverá ser colocada uma grelha de receção que permite o escoamento das águas sobre o talude, quando em pequena quantidade de modo a não provocar erosão. Quando em situações de drenagem de elevados caudais as águas deverão ser encaminhadas até à linha de água que se situe na proximidade. As imagens que se seguem correspondem a bocas de saída em pedra e integradas na encosta.

Fig. 17 – Saídas de água dos sumidouros das valetas Sobre as encostas. Quando em situações como muito caudal encaminhar as águas – levadas – ao longo das encostas até à linha de água mais próxima.

Quando perante a colocação de manilhas em betão sob atravessamentos rodoviários - passagens hidráulicas (pavimento em cubo de granito ou tapete betuminoso) serão realizadas passagens hidráulicas que asseguram a drenagem de águas pluviais. Estas situações deverão considerar a construção de áreas de receção de águas com a construção de pequenas “lagoas” que deverão ser revestidas por pedra. Os elementos hidráulicos a colocar sob os pavimentos poderão ser em betão mas as áreas de contacto com o terreno natural serão revestidas por pedra.

Fig. 18 – Exemplo de “lagoas” de receção nos atravessamentos de linhas de água de drenagem de pluviais em caminhos. Respetivamente entrada de água a montante e saída de água a jusante com ligação a linha de água

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As barragens de correção torrencial respondem às preocupações relacionadas com a conservação e a proteção dos recursos e dos sistemas naturais presentes, pelo que se tem sempre por princípio que a linha de água é para preservar – leito e traçados. As linhas de água torrenciais e seus taludes marginais apresentam um conjunto de problemas relacionados com erosão como referido, fator que afeta o correto escoamento das águas pluviais e a qualidade sensorial do espaço. Será necessário proceder aos seguintes trabalhos ao longo das linha de água:

 Remoção da vegetação infestante e dos lixos e entulhos situados ao longo da linha de água e transporte a vazadouro.  Remoção das árvores que se encontrem instáveis.  Regularização das margens da linha de água eliminando-se ravinas.  Aplicação de técnicas de correção torrencial e de proteção de margens. Visando o controlo do escoamento das águas pluviais e a retenção de água em mini-açudes preconiza- se a construção de barragens torrenciais ao longo da linha de água. As barragens torrenciais serão construídas com os toros/troncos de madeira resultantes dos abates das árvores. Só serão fornecidos troncos para construção se necessário. Serão também aplicadas pedras de diferentes dimensões na colmatação dos espaços vazios entre toros e argila para impermeabilizar a “barragem”. A montante e a jusante serão colocadas pedras de grandes dimensões.

Fig. 19 Barragens torrenciais construídas com troncos de madeira provenientes das ações de abate. Reutilização de pedras nos espaços intersticiais e colocação de argila para assegurar impermeabilização

Definição de mini-açudes com retenção de águas de escoamento.

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Pontes, Caminhos e Passadiços

Tendo por base a preocupação de tornar os percursos possíveis de utilizar por veículos prioritários e de manutenção e pelo maior número de pessoas e tendo em consideração a compatibilização com as condicionantes da REN os pavimentos selecionados foram: saibro, mulch, calçada de granito e tapete betuminoso. No que diz respeito aos pavimentos em saibro que constituem a maioria dos percursos aplicam-se elementos de contenção periférica - pedras de granito na valeta ou elemento em madeira – que pela sua textura, linearidade e continuidade oferecem indicações sobre o limite e orientação do percurso. Sendo assim, as contenções periféricas para além de assegurarem maior resistência e contenção ao pavimento, também irão permitir a circulação dos que apresentam deficiência visual. Este elemento de remate lateral do pavimento apresenta uma tonalidade e textura distintas fazendo contraste com o pavimento, o que também assegura uma melhor leitura do percurso.

Fig. 20 - Imagem ilustrativa de um caminho em saibro que atravessa um bosquete de folhosas no período de Outono 11

O pavimento em mulch é aplicado em situações específicas de grande utilização por pessoas onde a capacidade de amortecimento à queda. Este pavimento é aplicado nos parques aventura e de merenda. O pavimento em calçada de pedra de granito (cubo de 3ª escolha ou pedra irregular) utiliza-se em áreas com elevada intensidade de uso e/ou onde as pendentes são muito elevadas havendo elevada erosão do solo.

11 Fonte da imagem: https://globalpav.pt/produtos/pavistab-saibro-estabilizado/

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Fig. 21 - Imagem de calçada irregular de granito em área natural – Foz do rio Neiva

O pavimento em betuminoso apenas é aplicado no seguimento de arruamentos existentes que apresentam este tipo de revestimento. Nas zonas de chegada a passagens de peões deverão ser definidas faixas de alerta que resultam de: - em betuminosos serão aplicadas faixas em PVC. Os declives considerados em grande parte dos percursos também permitem a circulação de cadeiras de rodas sem exigir grande destreza ou capacidade física, podendo mesmo alguns percursos serem realizados sem necessidade de acompanhantes. Em locais com rampas de inclinação elevada ou escadas deverão ser aplicados corrimãos para ajuda na subida/descida de todos os que têm maior dificuldade em circular (idosos, crianças, deficientes). Nas entradas das pontes e passadiços a textura dada pela madeira oferece leitura e perceção da alteração do pavimento e das inclinações. Estes locais terão gradeamentos e corrimão que permitem uma melhor deslocação de pessoas com deficiência ou de idosos. Nas passagens sobrelevadas – passadiços e pontes - serão instalados guardas corpos que ajudam na orientação e fazem a proteção dos peões. As guardas podem também apresentar informação táctil sempre que se verifique ser necessário. Tendo em consideração os aspetos apontados para a circulação de peões e bicicletas realizou-se a implantação dos diversos percursos visando a definição de um eixo ciclável e percursos pedonais que apresentam menores pendentes de modo a permitir a circulação do maior número possível de pessoas. No desenho de modelação | altimetria apresenta-se a implantação dos percursos, as pendentes associadas e tipologias de revestimento, verificando-se haver percursos extensos com declives inferiores a 3%, percursos de menor extensão até 10% e situações pontuais com percursos com menor extensão se superior a 10%. A largura da via para uma pista ciclável está associada ao espaço necessário para o deslocamento de um ciclista. Assim as medidas obtidas são as dimensões médias de um ciclista e do espaço que este

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necessita para poder circular de forma segura e confortável, dependendo da tipologia de via que se está associada. Pretendendo-se uma via que promova deslocações em segurança, a continuidade é um aspeto fundamental, pelo que se atendeu à ligação da ciclovia do Monte de Stª Quitéria com as que se encontram preconizadas noutros estudos desenvolvidos pela Câmara. Sendo assim a pista ciclável a enquadrar no Monte de Stª Quitéria vai permitir a coexistência de bicicletas e peões, sendo bidirecional por possibilitar economia de espaço, uma vez que a sua largura não é necessariamente o dobro de uma pista unidirecional, e são muitas as situações em que o espaço disponível na encosta limita a circulação. Também em razão dessa limitação adotou-se a largura mínima de pista de 2,0m para a circulação bidirecional. No Monte de Stª Quitéria a pista ciclável tem características de lazer podendo haver coabitação com peões, pessoas de mobilidade reduzida, utilizadores de patins, etc., uma vez que a velocidade de circulação dos ciclistas em lazer é menor. A largura recomendada para este tipo de infraestruturas é de 3 metros. Adicionalmente, de forma a aumentar a atratividade da pista atendeu-se à interligação com outros percursos aumentado assim a oferta de percursos disponíveis. Apresenta-se um extrato de uma planta de mobilidade que permite visualizar a interligação entre ciclovias.

Materiais construtivos e perfis transversais Sabendo-se que o pavimento permite estabelecer o primeiro contacto físico com a paisagem, os locais por onde se passa e como se passa relacionam-se com as sensações que o percurso e o pavimento transmitem e, portanto, a forma, o desenho, a cor e a textura são elementos sensoriais que desempenham um papel determinante para essa experiência. Sendo assim, a escolha de determinado pavimento exige que se assegure a resistência e durabilidade, conforto e transmissão de sensações e emoções que se experimentam em razão dos diferentes materiais vivos e inertes a ele associados. No entanto, o pavimento não é apreendido de um ponto de vista estático, o corpo move-se relacionando-se diretamente com os diferentes materiais que o compõem e neste movimento vão-se criando sucessivas sensações. Nesse movimento a continuidade é na maior parte das vezes marcada pelo pavimento que orienta o utilizador para determinados pontos do espaço. A direção do pavimento pode ser dada pela forma linear do espaço ou pela criação de padrões no pavimento, pois permitem organizar visualmente e psicologicamente a informação sobre o modo como devemos e pudemos circular. A cor é outro aspeto a ponderar na definição do percurso tendo que haver cuidado no enquadramento com toda a paisagem. A paisagem é constituída por elementos efémeros como por exemplo o céu que nunca tem o mesmo aspeto e dinâmicos como a luz e a vegetação que muda ao longo do dia e do ano. Portanto é necessário ter em atenção os materiais que se vão conjugar com a cor e a textura para que não hajam “conflitos” e para que a harmonia seja um ponto-chave do espaço não o tornando aborrecido e desinteressante. A experiência do pavimento é mais do que a imagem visual, é entre outros, o som dos nossos passos no pavimento, a textura dos materiais e o cheiro dos materiais no espaço público pedonal. As exigências do pavimento relativa à forma, textura e continuidade são essenciais uma vez que alguns peões requerem condições especiais, pelo que é necessário que o pavimento se possa adequar e seja acessível a todos.

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Na paisagem o cheiro, proveniente dos materiais, é também um elemento sensorial presente ao longo do espaço pedonal. Alguns materiais aplicados no pavimento, transmitem cheiros característicos derivado às mudanças climáticas, como o cheiro de calor e o cheiro de humidade. O betão, saibro e terra enquanto materiais possuem um cheiro específico principalmente sob efeito de agentes exteriores como o calor ou a água. A seleção do saibro e do mulch enquanto material de revestimento dos pavimentos do Parque na Floresta de Santa Quitéria também resultou da ponderação dos aspetos referidos considerando-se os cheiros que os materiais emanam quando chove, o som dos passos ao caminhar, as distintas cores função da humidade. No que diz respeito aos pavimentos para circulação de bicicletas constata-se que a qualidade da superfície de circulação de uma ciclovia afeta o conforto, a segurança e a velocidade dos ciclistas sendo que os pavimentos são experimentados de forma diferente por cada utilizador. Geralmente tem-se a preocupação de selecionar pavimentos duráveis e com bom envelhecimento, e de maior resistência, o que permite oferecer uma melhor superfície de circulação estimulando o uso e a reduzir dos custos de manutenção. São habitualmente utilizados nas pistas clicáveis o betão ou o betuminoso constituindo-se como materiais preferenciais em relação a materiais como a gravilha ou outros semelhantes a este no entanto a necessidade de manter a permeabilidade do solo e a coerência entre todos os percursos optou-se pela definição de uma pista em saibro. Visando uma menor manutenção e o conforto definiu-se o percurso com inclinações suaves. Quanto à cor a selecionar para o saibro e pedra teria de se apresentar neutra de modo a se poder inserir ao longo de tantos km e em diferentes situações, pelo que se selecionou o tom amarelo como a cor preferencial para todo o tipo de percursos em saibro ou pétreos. Os passadiços em madeira terão cor castanho-clara e o mulch/estilha uma mistura entre castanhos e bejes. Os passadiços em madeira, sobrelevados em relação ao solo, asseguram múltiplas funções desde a passagem sobre áreas inclinadas e acidentadas, definição de miradouros sobre a paisagem e a relação com animais sem excessiva proximidade. A opção de colocar passadiços em áreas de pastos relaciona- se com o bem-estar animal pois considerou-se que a interação direta entre pessoas e animais poderia causar stresse, alimentação desadequada por haver o hábito de dar comida e complicaria em muito a passagem dos animais entre pastos e dos pastos para o estábulo. Os passadiços serão construídos preferencialmente em madeira uma vez que se pretende que o parque mostre como a madeira é um elemento essencial da vida humana. As questões associadas ao recreio também foram ponderadas no desenho dos percursos, havendo uns de pequena pendente e rampas que são possíveis de realizar por qualquer tipo de pessoas independentemente das suas aptidões físicas ou idade em saibro; outros com níveis de dificuldade superiores que obrigam a maior destreza física e com saibro e os de elevado grau de dificuldade com pendentes acentuadas (superiores a 10%), degraus e diferentes tipos de superfícies de revestimentos, saibro e pedra. Estes percursos deverão estar devidamente assinalados com o nível de dificuldade e extensão para que os visitantes possam tomar as suas opções sobre os circuitos a realizar.

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Fig. 22 – Imagem ilustrativa do tipo de passadiço em madeira sobrelevado permitindo a passagem inferior de animais

Os miradouros serão instalados ao longo dos percursos permitindo a orientação de vistas para diferentes locais da paisagem. Os miradouros serão construídos em madeira e permitem a instalação de mobiliário e painéis informativos. Nestes locais propõe-se a instalação de mesas de leitura da paisagem.

Fig. 23 - Miradouros do Paiva em madeira 12 13. Imagens exemplificativas do tipo de soluções preconizadas.

Pontes e passadiços/pontes Também as novas pontes e passadiços/pontes serão construídas em madeira pelas razões apontadas para os passadiços.

12 Fonte da imagem: https://tiphost.pt/tour/paiva-walkways-transfer/ 13 https://www.tripadvisor.pt/Attraction_Review-g656854-d8406978-Reviews-Passadicos_do_Paiva- Arouca_Aveiro_District_Northern_Portugal.html

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As pontes e passadiços/pontes a construir asseguram a ligação entre margens de linhas de água e destinam-se à circulação pedonal, bicicletas e veículos prioritários e manutenção sendo em estrutura de madeira. Os materiais, desenho e função destas pontes reforçam a mobilidade, permitindo que um maior número de pessoas acedam ao parque. Todas as pontes e passadiços/pontes procuram leveza e integração no espaço, sendo visualmente permeáveis e permitindo o contacto com o solo, água e vegetação, tal como é possível a circulação da água quando da ocorrência de inundações. Mais do que ter estruturas que separam, tapam, ocultam, pretende-se que sejam elementos leves de imersão no local em que se implantam, locais que para além de assegurar a circulação entre margens também permitem obter belas vistas convidando ao percurso e estadia. De modo a diversificar os percursos e a oferecer diferentes perspetivas sobre a linha de água será colocada uma ponte em madeira que assegura o atravessamento entre margens no caminho de maior largura e onde se prevê maior intensidade de utilização. A ponte será colocada aproximadamente a meio da extensão da linha de água no parque permitindo visibilidade para montante e jusante e contacto com a mata ripicola.

Segundo o critério definido o material a utilzar será a madeira.

Fig. 24 – Imagem ilustrativas do tipo de ponte a colocar sobre a principal linha de água no percurso com maior acesso a veículos 14

Nas linhas de água sujeitas a menor carga de utilização serão contruídos pontões ou seja pequenas pontes em madeira com guardas que permitem o atravessamento de linhas de água secundárias.

14 Fonte da imagem: https://www.toscca.com/wood-construction-woods-pontes

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Fig. 25 – Imagem ilustrativas do tipo de passadiço/ponte a colocar sobre linhas de água secundárias para circulação pedonal.15

Muros e contenções Praticamente não serão construídos muros havendo necessidade da maioria das situações de se proceder à consolidação dos muros existentes. Quando haja lugar à construção de novos muros terão de ser executados com a mesma tipologia de materiais e técnicas construtivas dos existentes. Alguns dos muros preexistentes são integrados nos percursos por fazerem a delimitação de terrenos e contenção de terras estabilizando solos.

Fig. 26 – Imagem dos muros de pedra existentes no Monte De Santa Quitéria.

15 Fonte da imagem: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Small_Bridge.JPG?uselang=pt

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Construções de carácter definitivo e não definitivo São consideradas como construções de carácter definitivo as que pelos materiais, técnicas construtivas e materiais impliquem a impermeabilização do solo e não seja possível manter a topografia do local quando da construção e após demolição/remoção. No Parque na Floresta de Santa Quitéria essas construções são todas preexistentes com exceção do Cemitério. As capelas e igrejas, sanitários públicos, reservatório de água e anexo da zona desportiva serão preservados e requalificados. As capelas e igreja têm vindo a ser requalificadas ao longo do tempo encontrando-se em bom estado de conservação. Apenas haverá necessidade de se proceder pontualmente a ações de requalificação e valorização dos seus interiores. O reservatório de água manterá a sua função fornecendo água à Charca e ao parque. Os sanitários públicos deverão ser recuperados enquanto elemento de apoio à alameda de Santa Quitéria e parque de merendas. O cemitério apresenta um conjunto de elementos a construir com complexidade encontrando-se a memória descritiva em Anexo. Os elementos de carácter não definitivo a integrar no parque são: - café/miradouro do Parque na Floresta do Monte Santa Quitéria. Considera-se que um elemento associado à restauração com sanitários públicos seria de interesse por permitir diversificar os usos, haver utilização ao longo de todas as estações do ano e servir de apoio a festas e romarias. Seguindo os princípios definidos para o parque considera-se que o edifício deveria ser construído em madeira privilegiando as vistas para sul onde poderia ser instalada uma esplanada. A inserção deste elemento deverá ser cuidada de modo a não se constituir como elemento intrusivo e perturbador da paisagem. Este edifício também serviria de apoio ao parque de merendas e passadiço de ligação à zona de pastos. Segue-se uma imagem ilustrativa do tipo de elemento que poderia ser aplicado no parque

Fig. 27– Imagem tipo do café/restaurante/sanitários a introduzir no parque na Floresta de Santa Quitéria.16

16 Fonte da imagem: Casas tipo da modular system – madeira http://www.modular-system.com/pt/

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Outra das instalações amovíveis corresponde ao centro ambiental de interpretação da floresta que também se considera que deverá ser construído em madeira seguindo uma imagem arquitetónica semelhante à do café/restaurante/sanitários. Havendo animais no parque ter-se-á que ter um curral para ovelhas e cabras, tal como uma pequena área para guardar equipamento e materiais. Este elemento deverá ser construído em madeira e deverá ter um espaço exterior delimitado por vedações também em madeira que melhor permita gerir o rebanho. Seguem-se imagens ilustrativas do tipo de construção que poderá ser aplicada.

Fig. 28 – Imagem tipo abrigo de animais no parque na Floresta de Santa Quitéria 17

Delimitação das áreas de pasto Na delimitação das áreas de pasto e interseção com caminhos serão instaladas vedações em madeira ou rede ovelheira. As vedações em madeira têm por objetivo criar uma barreira física que impede o acesso aos terrenos com animais por parte dos que usam ou circulam nos percursos. As redes ovelheiras serão instaladas nas áreas de transição entre pastos sendo menos visíveis a partir dos percursos. As áreas a delimitar têm predominantemente uso agroflorestal pelo que se terá de assegurar que as áreas não serão invadidas ou danificadas pela presença dos utilizadores do parque nem os animais perturbados. Por outro lado, o acesso aos terrenos por parte dos proprietários e acessos eventuais de máquinas e tratores, considera-se serem apenas situações excecionais mas permitidas. Poderá haver necessidade por parte de entidades públicas ou privadas de acesso com veículos para manutenção das zonas verdes ou infraestruturas tendo-se nessas situações que colocar sinalética provisória que assegure a perfeita identificação da situação evitando-se acidentes ou situações de conflito.

17 https://www.toscca.com/estabulo-ovelhas

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Fig. 29 – Imagens ilustrativas do tipo de vedação para animais a construir em madeira 18

Mobiliário e equipamento O mobiliário e sinalética a colocar no Monte de St Quitéria deverá ser em madeira ou pedra de granito.

Bancos e mesas

Os bancos e mesas em granito foram desenhados especificamente para o Monte podendo ser os de madeira prefabricados. Os bancos são importantes enquanto elementos de descanso ao longo do percurso sendo a sua localização estudada em função: - distancia aproximada de 150m; - presença de sombra; - qualidade de vistas - presença de equipamentos nomeadamente associados a equipamento infantil e desportivo Serão colocados alguns bancos e papeleiras junto às zonas de recreio e lazer. De acordo com os pressupostos e objetivos tidos em projeto estes elementos serão em madeira para se integrarem do traçado geral do espaço.

Os bancos com costas serão colocados em locais cujas vistas preferenciais são só numa direção levando a que a sua ocupação se faça sempre numa mesma direção. Quando em relvados ou na proximidade da linha de água os bancos poderão ser ocupados em várias orientações de acordo com a preferencia de cada utilizador, pelo que são escolhidos bancos sem costas.

18 Fonte das imagens: https://www.yelp.com/biz_photos/schneider-farm-fence-mcdavid-2

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As papeleiras são colocadas nos pontos de maior passagem e/ou utilização. As papeleiras deverão ter tampa por causa do acesso a animais

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Fig. 30 - Bancos, e papeleiras pretendidos para o parque.

19 E 20

Parque aventura na floresta

Integra o desenho do parque aventura na floresta preocupações relacionadas com a conservação e a proteção dos recursos e dos sistemas presentes, pelo que se tem sempre por princípio que:

1 - as árvores e arbustos existentes são para preservar e devem ser integrados no desenho do parque;

2 - só serão abatidas árvores e arbustos quando:

i. são infestantes – acacia, robinea, etc.;

ii. apresentam elevada densidade comprometendo o desenvolvimento de outras plantas e impedindo a chegada de radiação solar ao solo - desbaste;

iii. se encontram em grande instabilidade podendo tombar.

3 - as terras vegetais são para preservar;

4 - a modelação do terreno só terá lugar para:

i. criar pequenas plataformas planas para implantação de equipamentos;

19 https://www.toscca.com/banco-moderno 20 https://www.toscca.com/papeleira-ripa-7x2-cm

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ii. estabilizar taludes excessivamente inclinados que apresentem instabilidade;

iii. construir acessos.

5 - sempre que haja lugar a regularização de terras e abertura de caixas para pavimentos, as terras vegetais serão removidas e armazenadas para posterior recolocação no parque;

6 - todos os detritos resultantes de abates de árvores e de arbustos serão reutilizados em obra de acordo com a seguinte orientação:

i. troncos e ramos que possam ser aplicados por ordem de importância: elementos de brincadeira, contenções de terras de taludes e barragens torrenciais serão utilizados;

ii. a restante madeira será transformada em estilha e utilizada na obra.

7 - são resíduos a transportar a vazadouro:

i. toiças de arbustos ou árvores de médio/pequeno porte. As toiças das grandes árvores (eucaliptos) permaneceram no local após serem desfeitas por destroçador;

ii. terras contaminadas com materiais de construção ou com elevada quantidade de pedra.

Anfiteatros informais

Os anfiteatros informais resultam do aproveitamento de situações previligiadas pelas panorâmicas que se têm e inserção no parque.

Não se pretendendo a construção de terraços ou a realização de movimentos de terras o objetivo é o de instalação de bancos/troncos nos locais de modo a serem móveis e ajustáveis a cada situação e a se inserirem no contexto geral do parque.

Apresentam-se imagens ilustrativas do tipo de anfiteatro pretendido.

O solo será revestido por mulch ou estilha permanencendo permeável.

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TREPAR Corte dos troncos com diferentes alturas para encastramento no solo. Remoção da casca da árvore e boleamento de arestas.

Lixar os troncos para impedir a existencia de farpas que possam provocar ferimentos.

Tratar adequadamente a madeira.

Com os restantes troncos e ramos fazer estilha para revestir o solo criando camada de amortecimento à queda. 21 CONVERSAR

Corte dos troncos com diferentes dimensões e alturas;

Definir plataformas planas para criar bancos para crianças.

Colocação de elementos verticais fixos ao solo e encaixanos no topo para criar a “tenda/abrigo”.

Remoção da casca da árvore. Lixar e bolear os troncos para impedir a existencia de farpas que possam provocar ferimentos.

Tratar adequadamente a madeira 22

EQUILIBRAR Corte dos troncos com diferentes alturas;

Montar os troncos cortados sobre o terreno – modelação – e sobre si definindo uma “montanha- mikado” em madeira. Remoção da casca da árvore e bolear as arestas.

Lixar os troncos para impedir a existencia de farpas que possam provocar ferimentos.

Tratar adequadamente a madeira. Fig. 31 - Parque aventura Com os restantes troncos e ramos fazer estilha que será aplicada no solo para camada de amortecimento.

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21https://www.pinterest.nz/pin/AcMQqMlVUrW_JPilll4ol37IUjTKtW71PDvRWDP0vuFAZ14dznGWr0k/?lp=true 22 https://chalkbeat.org/posts/chicago/2018/07/30/this-chicago-preschool-teacher-is-touting-an-alternative-to-the-traditional- playground/ 23 https://www.onlyinyourstate.com/oregon/westmoreland-park-natural-playground-or/

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Fig. 32 - Anfiteatro informal construido com troncos de árvores no Mosteiro de Tibães e anfitetro existente junto da Alameda a recuperar

Outros equipamentos associados ao recreio e lazer Existem diferentes tipologias de equipamentos associados ao recreio e lazer que se propõem para o Parque de Santa Quitéria e que se destinam a um público muito vasto em interesses, idades e proveniências.

I) - Ginásio ao ar livre Uma das áreas que se pretende desenvolver relaciona-se com atividades que já se praticam no Parque, nomeadamente jogging e circuitos de manutenção, mas que até ao momento não existe nenhum equipamento que permita a complementaridade da atividade física. A proposta da implantação do ginásio ao ar livre tem por objetivo colmatar essa necessidade para todas as faixas etárias e para a família. É assumida a não instalação do circuito de manutenção (que muitos dos elementos da família não terão condição física para o fazer), mas o ginásio poderá sempre ter aparelhos que independentemente da idade e da condição física estimulará a família a praticar conjuntamente exercício físico, e sem acréscimos de custos sobre o orçamento familiar.

II) - Jogos tradicionais Os campos da malha têm por função permitir a preservação e promoção dos jogos tradicionais e a passagem desta cultura entre gerações. Considera-se fundamental aproveitar espaços como este para que se possam lançar ações como a da semana dos jogos tradicionais onde a população urbana e rural de todas as idades jogue à malha, ao pau, faça corridas de saco, etc.

III) - Pólo desportivo Propõe-se a instalação de mais um campo polidesportivo e dois espaços para treino de basquetebol e futebol. O parque de Santa Quitéria deve ser entendido como um espaço de promoção de diferentes práticas desportivas saudavelmente praticadas ao ar livre. Para além das atividades “tradicionais” e dadas as características do espaço natural ainda é possível promover corrida com diferentes níveis de dificuldade, corta mato, nas áreas de escavação pode-se fazer escalada e rapel, tiro ao arco, bicicleta de

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montanha e downhill. Se devidamente coordenado e organizado pelo departamento de desporto e em conjunto com o parque escolar do concelho pode o Parque de Santa Quitéria ser fortemente dinamizador de várias modalidades desportivas para o concelho atraindo muitos utilizadores ao longo de todo o ano.

IV) - Pólo da natureza A partir da Charca e do Parque Urbano de Santa Quitéria é possível desenvolver um conjunto de percursos natureza apoiados por painéis numa primeira fase onde o visitante poderá usufruir de diferentes panorâmicas, vegetação, fauna contacto com os ciclos da natureza (frutos silvestres, aromáticas, cogumelos, etc.) e perceber os trabalhos de plantação e manutenção na floresta. Com estes percursos e atividades guiadas será possível explicar aos munícipes as diversas ações e objetivos de requalificação da floresta e prevenção ao combate aos incêndios etc.

V) - Pólo da cultura e da religião Naturalmente serão sempre dos polos mais relevantes no monte de Santa Quitéria tendo a Igreja e as Capelas espaços próprios que se pretende que sejam totalmente individualizados, independentes e com áreas significativas para que as várias atividades que lhes estão associadas possam ser realizadas da melhor forma, e a devoção que cada um pretenda demonstrar no seu ato de fé não seja perturbada pelas outras atividades. Têm vindo a ser definidos percursos próprios, largos associados a cada elemento e a aplicação de materiais nobres no sentido de se concretizarem estes objetivos, aspetos que se mantêm e reforçam no plano estratégico.

VI) - Áreas de Piquenique e zonas de estar Foram definidas diferentes áreas de piquenique para o monte de Santa Quitéria. Junto das áreas mais utilizadas ao longo de todo o ano e onde se verifica uma maior concentração populacional serão colocadas mesas individuais e pontuais para que possam ser utilizadas por famílias ou grupos de amigos. No monte e tendo por objetivo atrair famílias e grupos foram definidas áreas de grande dimensão associadas a parques de estacionamento e onde as mesas oferecem configurações em L, U, individuais de modo a se adaptar ao número de pessoas e função pretendida. Serão mesas de madeira pintadas de diversas cores oferecendo um ambiente alegre ao espaço.

VII) - Tipologias de intervenção na promoção da biodiversidade Considera-se que a biodiversidade inclui toda a variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies, a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos e à variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas. É já científica e politicamente reconhecido que as comunidades humanas não só fazem parte desta rede de diversidade biológica como dependem dela para a sua sobrevivência. Nesse sentido considera-se necessária a implementação de maior biodiversidade no monte de Santa Quitéria que se encontra reduzida pelo reduzido número de espécies vegetais que se encontram

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presentes. Deverá por isso ser potencializada a plantação e a regeneração de um maior número de espécies e, para além destas ações, dever-se-á apostar na sensibilização, formação e informação dos cidadãos sobre a biodiversidade local. De modo a se poder realizar um trabalho mais aprofundado de promoção da biodiversidade considera-se ser necessário fazer um conjunto de estudos e ações deixando-se aqui algumas sugestões: a) - inventariação e cartografia de habitats e espaços naturais em que os elementos de biodiversidade (fauna e flora) integram a paisagem do monte de Santa Quitéria, Município e GAMP sendo este um passo importante para conhecer os valores naturais da região e assim divulgá-los à comunidade científica e ao público em geral; b) - desenvolver e implementar a estrutura Ecológica de Felgueiras como modo de assegurar a conservação e proteção dos recursos naturais fundamentais e estratégicos para o funcionamento e desenvolvimento do município ao nível da biodiversidade, agricultura, floresta, turismo e lazer e recreio; c) - levantamento das áreas agrícolas e de floresta como zonas de valorização económica, turística e ambiental e de promoção e valorização da agricultura biologia e da floresta autóctone; d) - identificação dos habitats e espaços naturais mais relevantes do monte de Santa Quitéria e Município – Plano Estratégico do Ambiente de Felgueiras; e) - Desenvolvimento e implementação da rede de Parques de Felgueiras que deverá incluir os espaços de conservação, proteção e recreio do município em espaço urbano, periurbano e zonas rurais do Município. Para além do desenvolvimento estratégico da construção dos parques, permite a classificação, monitorização e acompanhamento da implantação de espécies autóctones, controle das infestantes - Campanha “Parques de Felgueiras – Espaços Verdes a Preservar”. O monte de Santa Quitéria poderá ser um dos primeiros espaços em que se vai intervir a sofrer acompanhamento e monotorização com consequente publicação em documentação técnica e não técnica podendo chegar à comunidade cientifica, ajudar na formação profissional e permitir ao público em geral entender os processos que estão a decorrer no seu município e com que objetivos e resultados; f) - classificação de árvores como de “Interesse Público” sempre que se encontrem exemplares vegetais que pelo seu porte, desenho, idade e raridade se distinguem dos outros exemplares. Os motivos históricos ou culturais são também fatores a ter em conta. As árvores e os maciços arbóreos classificados de interesse público constituem um património de elevadíssimo valor ecológico, paisagístico, cultural e histórico. Na alameda de Santa Quitéria junto da Igreja existe um conjunto de Sobreiros que deveriam ser alvo de classificação.

Redes de Água

Rede de abastecimento de água potável O abastecimento de água pública – potável – servirá para abastecimento dos bebedouros que se encontram em locais estratégicos situados ao longo do percurso. O dimensionamento da rede de distribuição de água para assegurar a ligação aos bebedouros considera um tubo em polietileno com dimensão de 1”. Os bebedouros terão alturas para adultos e crianças e serão em madeira e aço para melhor se integrarem no parque.

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Fig. – 33 – Imagem ilustrativa do bebedouro em madeira a utilizar no parque 24

Rede de Rega O projeto assentou essencialmente na implantação de uma estrutura arbórea em situação de maciços em crescimento livre. Nos canteiros de menor dimensão ou em taludes inclinados pretende-se a implementação do material vegetal com densidades e volumetrias de forma a se constituírem maciços que sejam capazes de dar volumes e florações distintas. Sendo a rega particularmente importante durante a fase de instalação do material vegetal de modo a viabilizar o seu enraizamento, foi definido um sistema manual de rega ao longo de todo o percurso. Estando-se numa região do país onde se verifica alguma precipitação mesmo no Verão considera-se que o período de stresse hídrico será reduzido e que os prados se poderão manter ao longo de todo o ano mesmo que ao longo dos meses de Verão possam ficar com tonalidade amarela. Sendo assim e no que diz respeito à rede de rega a solução de projeto recaiu num sistema manual de aconselhando-se a instalação de bocas de rega. As bocas de rega asseguram a rega manual encontrando-se afastadas de 50m (no máximo), permitindo que apenas um jardineiro efetue as operações de rega do espaço. A estas bocas de rega podem ser associados aspersores ou tripés que podem assegurar uma rega mais intensa durante o período de instalação da vegetação que corresponde aos primeiros anos 2-4 anos.

Revestimento Vegetal

Sendo o último elemento a ser referido, considera-se que o revestimento vegetal se constitui como o elemento fundamental neste projeto por assegurar:

 oferta de serviços ambientais com especial destaque para os de regulação por captação de CO2 e de partículas na atmosfera, libertação de O2; aumento da biodiversidade; regulação dos ciclos da água e da erosão e promoção da mobilidade por meios suaves ao permitir que os percursos tenham elevado conforto bioclimático.  fornecimento de serviços sociais e culturais na sua contribuição para o recreio, educação/formação e nos benefícios associados ao enquadramento estético, e de promoção da mobilidade, com benefícios para a saúde.

24 Fonte: https://www.carmo.com/pt/produtos/parques-infantis-53/bebedouro-27

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Em face da distribuição relativa das diferentes espécies arbóreas representadas na área do Parque, considera-se que os abates de arvoredo, nomeadamente para disponibilização de área para novas plantações, implantação de infraestruturas e equipamentos de recreio deverão centrar-se exclusivamente em Eucalipto ou em espécies com estatuto de invasoras. Por princípio base considerou- se que todas as restantes árvores existentes em razoáveis condições fitossanitárias que não colidissem com a implantação de iniciativas previstas seriam para preservar e integrar na conceção geral do projeto. Apenas com caráter excecional se poderá compreender que árvores de outras espécies, que não as indicadas anteriormente, possam ser abatidas; eventualmente decorrente de impossibilidade de alteração da localização prevista. As árvores adultas são uma mais-valia por terem a capacidade de oferecer todos os serviços necessários ao funcionamento do Parque, permitindo aos utilizadores a sua fruição. As árvores existentes são sempre consideradas elementos a preservar, independentemente do seu estádio de desenvolvimento como regeneração natural ou exemplares adultos. Contribuem também para amenizar a penosidade dos percursos e garantir o conforto bioclimático e a qualidade visual da paisagem. Espaços de circulação com sombras, vistas e diversidade de soluções permitem experiências mais agradáveis ao longo de todas as estações do ano e criam atratividade sobre o local. Por essa razão, a vegetação a instalar ao longo do Parque na Floresta foi selecionada com grande cuidado, não só para atender à necessidade de fornecimento de sombras, como também para garantir a sua adequação às características ecológicas de cada local. As espécies selecionadas integram não apenas as espécies características das matas da região, mas também um conjunto de outras localmente menos frequentes, cuja presença releva para a aprendizagem de aspetos pertinentes da realidade florestal; em particular persistiu a preocupação de as combinar de modo a se criarem diferentes tonalidades de cor, volume e textura dando dinâmicas distintas ao visitante ao longo do ano. Pretende-se realizar uma mistura de espécies de folha persistente e caduca pois as perenifólias, de maior porte, vão criar apontamentos de verde ao longo de todo o ano, mas as caducas, para além de marcarem as estações do ano asseguram a chegada de radiação solar ao solo e diversidade de cores e texturas, tornando o local mais interessante e apelativo. Toda a plantação foi pensada para se criar um jogo de cores, volumes e texturas, onde apetece estar ou circular, descobrindo-se cada pormenor ou detalhe ao longo das diferentes épocas do ano.

Tipologias e estratégias de intervenção no coberto arbóreo e arbustivo Com base nas observações realizadas a partir da cartografia disponível e nas frequentes visitas realizadas, sugerem-se um conjunto de intervenções que procurarão proporcionar no futuro a fruição deste espaço em condições de maior atratividade, garantindo a manutenção duma atividade de usufruto florestal com menos incidência de riscos de incêndio e proliferação de espécies invasoras, procurando uma reconversão progressiva da sua composição sem incidentes e de forma continuada. Será indispensável criar condições de melhor acessibilidade à totalidade da área, facilitando simultaneamente o acesso para a realização de intervenções culturais (limpezas, podas, desramações), bem como para a extração do material proveniente de limpezas ou cortes finais; para além da melhoria de estabilidade e revestimento dos caminhos e estradões existentes, pelo que se preconiza a abertura de vias estreitas (2-3 m) de progressão, implantadas segundo as curvas de nível e que poderão proporcionar, para além das tarefas referidas e relacionadas com a exploração florestal, também uma rede de trilhos de percursos pedestres para fins lúdicos e recreativos.

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Insere-se nesta perspetiva de se instalarem estruturas que possam contribuir para o combate a incêndios e fazer a promoção do recreio, a construção da charca junto do polo desportivo que tem por objetivos atrair fauna, tornar o espaço mais sensorialmente atrativo, criar conforto bioclimático durante os meses de canícula e ter uma reserva substancial de água que poderá ser utilizada no combate a incêndios por sapadores e bombeiros com acesso por meios aéreos. A charca tem fácil acesso, privilegiada localização no monte e o fornecimento de água aos bombeiros será feito por gravidade não havendo necessidade de recorrer a meios técnicos relevantes para o abastecimento. Os níveis de água na charca serão facilmente restabelecidos pelas águas da chuva, quer por precipitação direta quer pela orientação das drenagens das águas pluviais. O essencial das intervenções na área atualmente arborizada com Eucalipto, e que mantenham ainda essa vocação, incide na limpeza de mato, seleção de varas de rebentação e extração de resíduos lenhosos provenientes de cortes anteriormente realizados; as limpezas a realizar deverão garantir a persistência da generalidade da regeneração natural de espécies arbóreas, principalmente de Sobreiro e Carvalho, pelo que serão em geral intervenções seletivas com equipamentos moto-manuais, em detrimento de intervenções extensivas generalizadas. As operações de manutenção das limpezas deverão ser conduzidas sequencialmente nas áreas de intervenção e repetidas trienalmente. Admite-se poder ainda concretizar, na generalidade destas áreas, dois cortes finais com vitalidade fisiológica, pelo que se aponta para um período de cerca de 15 anos para conclusão deste ciclo de Eucalipto. Nesta perspetiva, no projeto de reconversão da composição florestal das encostas do Monte de St. Quitéria pretende-se evitar a exposição e remoção de vastas áreas de vegetação duma só vez. Com exceção da encosta virada a poente que em resultado da ocorrência e maior incidência de árvores ardidas obrigou ao corte e remoção da generalidade do arvoredo, nas restantes áreas segue-se uma estratégia faseada para garantir a desejada reconversão. Assim, dentro do que classificamos como “Arborização Extensiva” as plantações incidirão numa primeira fase apenas em cerca de 50% da área disponível, enquanto na área da maior parte das coleções florestais incidirão apenas em cerca de um terço da sua dimensão. Apenas no caso de parcelas de dimensão inferior a 0.5 ha, se prevê a sua reconversão na totalidade. Também nas situações de beneficiação ou recuperação e adensamento de regeneração natural se prevê que sejam intervencionadas duma só vez. Para a área que mantenha um coberto maioritário de Eucalipto, propõe-se uma intervenção de limpeza intensiva ao nível da vegetação arbustiva e rebentações de toiça, com diminuição da respetiva densidade, proporcionando uma leitura que traduza o resultado duma gestão mais efetiva e frequente. O material lenhoso sem valor comercial, proveniente dos desbastes e limpezas realizadas será estilhaçado e depositado sobre o terreno, contribuindo para a melhoria das características físicas e químicas do solo, além de garantir uma mais lenta recuperação da vegetação espontânea. As operações conducentes ao controlo e erradicação de invasoras lenhosas (Acácia) deverão ser mantidas durante um período de pelo menos 8 anos, conduzidas em faixas estreitas (5 a 10 m), sequenciais, progredindo de montante para a base, de forma a evitar deslizamentos e deslocação de pedras, evitando acidentes e prejuízos nas habitações próximas; após o corte e tratamento fito químico localizado, deverá proceder-se à plantação de Cupressus (Cupressus lusitanica) e Medronheiros (Arbutos unedo) em compassos apertados, procurando criar com eficiência condições de sombra que impossibilitem o desenvolvimento da Acácia a partir de propágulos e sementes residuais. A progressão para faixas laterais imediatamente confinantes só deverá ser iniciada com garantia de estabilidade a montante. Em alternativa ao uso de procedimentos de combate suportados em fito químicos, admite-se a possibilidade de alargar a outros processos de extração manual de propágulos e corte e descasque de troncos, na totalidade da área ou pelo menos em parte dela. Esta possibilidade poderá contribuir para

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uma intervenção da população no apoio e acompanhamento das iniciativas no Parque da Floresta, nomeadamente através de ações de voluntariado.

Espécies e distribuição espacial ao longo dos percursos

Tendo por objetivo acentuar o carácter lúdico dos percursos, propõe-se a plantação de árvores em regime de alinhamento ao longo dos principais eixos rodoviários do monte de Santa Quitéria. Havendo já situações estabelecidas (Liquidambar, Tílias, Plátanos, Carvalhos alvarinhos) o que se pretende é prolongar os alinhamentos já definidos e/ou repor árvores em situações de faltas ou compassos excessivamente alargados para que seja agradável e estimulante circular a pé pelas vias do monte de Santa Quitéria. Exemplos das intervenções a realizar:

Nova Alameda de Santa Quitéria plantação com Plátano (Platanus x hispanica); Rua Pont de Saint Matence plantação nas duas faixas laterais com Quercus robur; Rua inferior norte do Parque Urbano e Alameda de Santa Quitéria plantação com Liquidambar (Liquidambar styraciflua) no talude de cota inferior; Rua de acesso ao seminário com Plátano (Platanus x hispanica); Acesso à fonte de Santa Quitéria com Cerejeiras de flor (Prunus avium “Plena” e Prunus avium); Na envolvente da charca a construir e para promover a biodiversidade plantação de espécies associadas a zonas húmidas: Choupos (Populus nigra e Populus nigra “Italica”), Salgueiros (Salix atrocinerea) e Freixos (Fraxinus angustifolia).

Espécies e distribuição espacial nos espaços destinados ao recreio e lazer e aparcamentos associados a estas áreas Incluem-se nesta tipologia todas as áreas destinadas a piquenique, zonas de recreio infantil e juvenil e zonas de percursos pela mata. No que diz respeito às plantações a realizar nestes locais, deverão ajustar-se à composição das plantações adjacentes, eventualmente recorrendo a exemplares de maior dimensão. Especial importância deverá ser dada aos matos rasteiros que devem privilegiar composições com espécies da fitoregião local, mas que com elevada profusão de flores possam transformar estes espaços em locais muito aprazíveis, principalmente nas estações da Primavera e Verão, destacando-se: - para as zonas com exposição norte/nascente e solos provenientes de xistos as espécies: Aveleira (Corylus avellana), Pilriteiro (Crataegus monogyna), Azevinho (Ilex aquifolium), Tojos (Ulex minor, Ulex europaeus), Erica (Erica tetralix), Carqueja (Chamaespartum tridentatum), Torga (Calluna vulgaris) e Sanganho (Cistus psilosepalus); - para as zonas com exposição sul/poente e solos provenientes de granitos as espécies:

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Medronheiro (Arbutos unedo), Pilriteiro (Crataegus monogyna), Urzes (Erica australis, Erica cinerea), Queiroga (Erica umbelata), Tomilho (Thymus caespititus), Sargaço (Halimium alyssoides) e Murta (Myrthus communis). Deverá haver preocupação na distribuição dos matos devendo estes aparecer por manchas, sem continuidade, preferencialmente em situações de bordadura ao longo de caminhos e zonas de estadia e sujeitos a ações de limpeza mais intensas.

Arborização extensiva ajustada à orientação das encostas A área do Parque da Floresta corresponde globalmente com o acidente orográfico reconhecido localmente com a denominação de Monte de St. Quitéria. A sua área florestal, eminentemente constituída por Eucalipto implantado em povoamentos puros, apenas pontualmente acompanhado por outras espécies (Pinheiro bravo, Sobreiro e Carvalho) originadas por regeneração natural distribui-se ao longo das suas encostas, com especial incidência nas orientações Poente, Norte e Nascente. A encosta Sul encontra-se praticamente absorvida pela periferia urbana e edificado religioso, sendo principalmente pontuada pela presença de invasoras além de outros exemplares arbóreos dispersos. O que se pretende, é duma forma progressiva vir a corrigir essa hegemonia da presença do Eucalipto, que aliás continuará certamente a ser dominante nos próximos horizontes temporais, nas áreas florestais confinantes e duma forma geral no espaço florestal do concelho. As novas arborizações, em áreas de coberto atual arbustivo com escassa regeneração lenhosa, deverão privilegiar a escolha dum leque diversificado de espécies (folhosas e resinosas) adaptadas e de reconhecido interesse de âmbito regional, podendo constituir um catálogo expresso do seu comportamento e produtividade; ainda que se deva recorrer a operações de mecanização para a sua instalação, com ganhos de eficiência na sua adaptação, deverá procurar-se que a sua implantação coincida com o desenvolvimento de pequenos bosquetes de forma irregular, proporcionando um efeito de naturalização com o espaço urbano próximo e respetivos equipamentos de suporte. A composição florestal de base que se pretende venha a dominar a paisagem no Monte de St. Quitéria, em alternativa à presença hegemónica do Eucalipto coincide com um modelo de povoamento misto com presença repartida entre resinosas e folhosas. Para cada uma das 3 orientações das encostas anteriormente referidas (Poente, Norte e Nascente), procurou-se encontrar uma combinação que se ajustasse às vocações ecológicas e ambientais dessas áreas. Assim, para cada uma dessas situações sugere-se a escolha de 3 dos pinheiros mais característicos do nosso leque de resinosas (Pinheiro manso, Pinheiro silvestre e Pinheiro bravo) e três das folhosas mais emblemáticas da nossa flora arbórea (Sobreiro, Castanheiro e Carvalho). A combinação de espécies para as 3 orientações ficará assim distribuída: POENTE: Pinheiro manso + Sobreiro NORTE: Pinheiro silvestre + Castanheiro (+ Pseudotsuga) NASCENTE: Pinheiro bravo + Carvalho Em particular, na segunda destas situações sugere-se o reforço da presença de resinosas com Pseudotsuga, em virtude da maior fragilidade do Pinheiro silvestre nos níveis de altitude em que nos situamos. A Pseudotsuga sendo uma exótica introduzida durante os programas de florestação do século passado, mostrou-se ser uma espécie com boa adaptação às condições ecológicas de boa parte do

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território do Norte e Centro de Portugal, além de ser reconhecida pela qualidade paisagística dos seus povoamentos. A representação destes novos povoamentos de composição mista deverá sobrepor-se no futuro em cada uma das encostas, em alternativa ou em disputa do atual tipo de revestimento. Na encosta virada a Poente, em resultado da incidência recente de maior número de incêndios, com consequente abate e extração do arvoredo, em situação percetível de maior degradação ambiental, as novas soluções de ocupação do espaço deverão sobrepor-se integralmente ao anterior modelo. Já nas encostas viradas a Norte e a Nascente, haverá que compatibilizar estas novas soluções com a situação existente atualmente, com disputa e complementaridade entre ambas as situações. Pelo menos durante um período transitório, haverá que procurar nestes casos, manter parcialmente algumas vantagens inerentes ao atual tipo de coberto no que diz respeito à amenização, ensombramento, encarceramento de Carbono ou controlo de erosão e estabilidade das encostas. Para o conjunto das áreas em que se sugere a manutenção temporária do atual tipo de coberto, não se dispensará um conjunto de intervenções de manutenção que terão principalmente a ver com a diminuição da densidade, limpeza, controlo sanitário e beneficiação da regeneração natural de espécies autóctones. Procurar-se-á por esta via melhorar a qualidade do próprio arvoredo já instalado, de que resultará uma maior capacidade de penetração visual, com benefício na respetiva perceção paisagística.

Área de pastagem como elemento de diversificação Dentro do conjunto das soluções com maior expressão territorial, há ainda que ressaltar a implantação de 4 parcelas de pastagem, suscetíveis de utilização em pastoreio rotacional, que poderão suportar um pequeno efetivo de ovelhas e cabras que se estima poder atingir cerca de 15-20 animais. No total, ocuparão cerca de 4,5 ha, que se prevê possam no futuro vir a ser acrescentados com uma área de pastoreio adicional com pouco mais de 0,7 ha, correspondente a uma parcela de vocação agro florestal em que se pretende instalar uma representação da vinha de enforcado, com produção de erva (ferrã) nos respetivos patamares. Estas áreas de pastagem inscrevem-se na parte central da encosta virada a poente, onde tem certa abundancia a regeneração natural de Sobreiro que persistiu à competição com o Eucalipto e às ocorrências de fogos que por aí passaram. Pretende-se desta forma transpor para o local a atividade silvo pastoril de pastagem sob coberto, que beneficiará da ocorrência de regeneração natural, que será complementada em duas das parcelas com adensamento com carvalho.

Coleções florestais Em complemento das soluções de maior visibilidade e com maior extensão que acabámos de apresentar, inserem-se em espaços mais confinados um conjunto de 10 coleções de representação de temas relativos à floresta, de acordo com a seguinte listagem:

C1 - Floresta ripícola C2 – Frutos silvestres C3 – Floresta floral C4 – Floresta de condimentos C5 – Agro-floresta C6 – Frutos secos

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C7 – Floresta de exóticas C8 – Floresta industrial C9 – Floresta autóctone C10 – Montado de sobro

Pretende-se, assim, criar um conjunto de parcelas que proporcionem, no futuro com o seu desenvolvimento, uma série de percursos interpretativos e de formação sobre a memória da nossa floresta e que pedagogicamente possibilitem a perceção e reconhecimento das vantagens e benefícios da floresta, tão importantes, nomeadamente para o concelho de Felgueiras com uma vocação e matriz industrial tão relevante.

Descrição e elementos técnicos das parcelas de intervenção

Apresenta-se, de seguida, um conjunto de elementos de caracterização acerca dos diferentes tipos de parcelas de intervenção englobados no projeto do Parque da Floresta.

Arborização extensiva

Designação: Pm + Sb Tipologia: Arborização extensiva – Pinheiro manso e Sobreiro Exposição: Poente Justificação/Oportunidade: O Pinheiro manso e o Sobreiro constituem duas das espécies de maior utilização na arborização do País, com maior relevância no Centro e Sul de Portugal. No entanto, reconhecidamente ambas as espécies apresentam uma boa adaptação no Norte do País em localizações onde a incidência de geadas e as temperaturas extremas de inverno não sejam tão relevantes. Mesmo nas serranias do Norte, onde se verificam invernos mais rigorosos, é frequente nas encostas de maior insolação viradas a Sul, a ocorrência de sobreirais espontâneos. Também os exemplares adultos de Pinheiro manso que ocorrem nas cotas mais baixas do Monte de St. Quitéria apresentam boa adaptação e vigor vegetativo. Em ambos os casos estas espécies criam amenidades e alta qualidade visual das paisagens em que se inserem. Composição: Pinheiro manso (Pinus pinea) e Sobreiro (Quercus suber). Localização: Corresponde a uma parcela extensa que se desenvolve ao longo de toda a encosta, ocupando preferencialmente as cotas inferiores, substituindo praticamente na totalidade o Eucalipto que se apresentava ardido e em fase de declínio. Alternam situações de declive menos intenso, mas noutros casos podendo ultrapassar os 30%. Área: 5,828 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Fragmentação dos cepos e rebentação de varas de Eucalipto com enchó mecânica, seguido de destroçamento com equipamento frontal de destroçador de martelos por faixas ou total consoante o declive; em complemento prevê-se a limpeza de vegetação arbustiva e seleção de regeneração de Sobreiro com equipamento motomanual. Preparação do terreno/Mobilização: Nas situações de menor declive prevê-se a utilização de charrua e armação em vala e cômoro com duas passagens. Para as zonas de maior declive admite-se apenas uma mobilização manual ligeira, na área envolvente das plantações. Instalação: Abertura manual de covas e plantação onde tenha ocorrido mobilização em vala e cômoro. Nas situações onde não tenha sido realizada qualquer mobilização mecânica deverá proceder-se à abertura de covas com retroescavadora de lagartas. As plantações deverão ocorrer com compassos de 3x3 para o Pinheiro manso e nas plantações mistas das duas espécies, podendo alargar-se um pouco (3x4) para as plantações extremes em que se recorra apenas ao Sobreiro.

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Operações complementares: Ao segundo ano após plantação deverá realizar-se uma sacha e amontoa nos Sobreiros, ocorrendo no ano seguinte ou dois anos após, uma escolha e seleção de rebentações.

Designação: Ps + Ct + Psd Tipologia: Arborização extensiva – Pinheiro silvestre e Castanheiro Exposição: Norte Justificação/Oportunidade: O Pinheiro silvestre e o Castanheiro constituem duas espécies com grande expressão nas zonas mais altas do Norte do País, tanto com feições mais atlânticas como continentais, pelo que se considera deverem pontuar nas arborizações do Parque da Floresta. O Pinheiro silvestre hoje reconhecidamente classificado como uma espécie autóctone apresenta uma qualidade visual muito particular, com coloração das agulhas e tronco muito características. A presença do Castanheiro em povoamento misto com uma resinosa constitui uma recomendação amplamente divulgada como medida preventiva de carácter sanitário para contrariar a expansão da doença da tinta. Composição: Pinheiro silvestre (Pinus sylvestris) e Castanheiro (Castanea sativa); recomenda-se o reforço da representação de resinosas com Pseudotsuga (Pseudotsuga menziesii), dado algum desajustamento da implantação do Pinheiro silvestre nesta altitude relativamente baixa para a espécie. Localização: Área de representação dos níveis mais elevados de altitude dentro da área do Parque, envolvendo amplamente o morro em que se localiza o Marco Geodésico do Monte de São Domingos. Apresenta declives acentuados na base da elevação, um pouco mais aplanados na parte cimeira e um pouco menos acentuados na extremidade Leste da parcela. Área: 4,826 ha Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Abate de Eucalipto e vegetação arbustiva com motosserra e motorroçadoura, com eliminação de sobrantes com estilhaçamento fixo, complementada por queima localizada, incidindo nas plataformas menos declivosas em que ocorrerão as novas plantações. Preparação do terreno/Mobilização: Mobilização manual localizada, circunscrita à área das novas plantações. Instalação: Abertura de covas com retroescavadora com piso de lagartas, seguida de plantação em compasso de 3x2 para as resinosas e 3x3 para o Castanheiro. Operações complementares: Realização de sacha manual e amontoa em redor dos Castanheiros, a decorrer no 2º ano após plantação.

Designação: Pb + Cv Tipologia: Arborização extensiva – Pinheiro bravo e Carvalho Exposição: Nascente Justificação/Oportunidade: O Carvalho alvarinho constitui a caducifólia mais representada na flora arbórea espontânea do Norte de Portugal. Naturalmente surge por regeneração natural mesmo no interior de povoamentos de outras espécies, constituindo povoamentos mistos na periferia dos pinhais. Pretende-se neste talhão introduzir as duas espécies em diferentes combinações com proporções variáveis da representação de cada uma. Composição: Pinheiro bravo (Pinus pinaster) e Carvalho alvarinho (Quercus robur). Localização: Parcela localizada na meia encosta da vertente Leste do Parque, em áreas de reconversão de Eucalipto. De preferência manter-se-ão áreas remanescentes de Eucalipto nas imediações do caminho longitudinal que atravessa esta encosta, de forma a garantir ensombramento ao longo deste percurso; também se sugere a sua manutenção nas áreas mais declivosas, junto ao talude da estrada alcatroada que delimita a parcela. Área: 5,132 ha

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Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Abate de Eucalipto com motosserra e fragmentação dos respetivos cepos com enchó mecânica; segue-se uma passagem de grade pesada para estilhaçamento de sobrantes e vegetação arbustiva. Preparação do terreno/Mobilização: Armação do terreno para plantação com duas passagens de charrua e formação de vala e cômoro, longitudinalmente em curvas de nível. Instalação: Plantação manual com abertura de covas no perfil mobilizado da vala e cômoro em compasso de 3x2 para o Pinheiro bravo e 3x3 para os Carvalhos. Operações complementares: Sacha e amontoa em redor dos carvalhos com primeira escolha de rebentações dois anos após a plantação.

Áreas de pastagem

Designação: P1 / P2 Tipologia: Pastagem sob coberto de Sobreiro Exposição: Poente Justificação/Oportunidade: Nestas duas parcelas em que se prevê a manutenção controlada da vegetação herbácea e arbustiva para pastoreio, persiste um número apreciável de sobreiros provenientes de regeneração natural que sobreviveram à competição com o Eucalipto e ao fogo. Alguns destes exemplares apresentam um desenvolvimento mais promissor, com alturas que ultrapassam frequentemente os 5 m. Nos exemplares de menor dimensão, após uma primeira desramação, deverão introduzir-se protetores de forma a minimizar numa fase ainda incipiente das plantas o corte a dente pelos animais. Pretende-se acompanhar ao longo do tempo o efeito dos animais no controlo e crescimento da vegetação arbustiva. Composição: Sobreiro (Quercus suber) e pastagem sob coberto, com sementeira inicial de mistura forrageira para arranque da produção de erva, composta por gramíneas anuais (aveia e cevada) e perenes (azevém, festuca e panasco), com incorporação de leguminosas (trevos e serradelas). Localização: Parte superior da vertente virada a Poente, delimitada parcialmente pelo estradão de terra batida que cruza transversalmente esta encosta Área: P1 – 1,148 ha; P2 – 1,198 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Estilhaçamento dos cepos e rebentação das varas com destroçador frontal de martelos, que proporcionará igualmente uma limpeza da vegetação arbustiva e uniformização dos sobrantes de exploração. Preparação do terreno/Mobilização: Apenas localizada a áreas de acesso mais facilitado, com grade, para incorporação da semente das forragens. Instalação: Sementeira a lanço da mistura forrageira composta por gramíneas, antecedida de adubação e calagem de acordo com os resultados da análise de terras com enterramento superficial da semente. Operações complementares: Prevê-se o acompanhamento periódico da produção de forragem de forma a racionalizar a rotação do pastoreio entre as diferentes parcelas da forma mais eficiente.

Designação: P3 / P4 Tipologia: Pastagem sob coberto de Carvalho Exposição: Poente Justificação/Oportunidade: O pastoreio em áreas de carvalhal assume normalmente a forma de pastoreio de percurso, não estando associado a formas de pastoreio rotacional. Pretende-se nestas parcelas alargar também o pastoreio rotacional ao sob coberto do Carvalho ou doutras caducifólias. Para tal, proceder-se-á ao adensamento do coberto com plantação de carvalhos com proteção individual, além de se garantir a permanência doutras folhosas já instaladas, incluindo alguns Eucaliptos.

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Composição: Carvalho (Quercus robur) e outras caducifólias e pastagem sob coberto, com sementeira inicial de mistura forrageira para arranque da produção de erva, composta por gramíneas anuais (aveia e cevada) e azevém perene, festuca e panasco, com incorporação de leguminosas (trevos e serradela). Localização: Em continuidade com as parcelas P1 e P2, a jusante da parcela P2. Área: P3 – 1,208 ha; P4 – 1,227 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Estilhaçamento dos cepos e rebentação das varas com destroçador frontal de martelos, que proporcionará igualmente uma limpeza da vegetação arbustiva e uniformização dos sobrantes de exploração. Preparação do terreno/Mobilização: Apenas localizada a áreas de acesso mais facilitado, com grade, para incorporação da semente das forragens. Instalação: Sementeira a lanço da mistura forrageira composta por gramíneas, antecedida de adubação e calagem de acordo com os resultados da análise de terras. Operações complementares: Prevê-se o acompanhamento da evolução e disponibilidade forrageira, de forma semelhante às Parcelas P1 e P2, de forma a gerir a permanência dos animais nos diferentes parques.

Coleções florestais

Designação: Coleção C1p Tipologia: C1 – Espécies ripícolas Exposição: Poente Justificação/Oportunidade: Apresentação do conjunto de espécies ripícolas associadas ao leito, margens e envolvente das linhas de água de caráter mais permanente ou temporário, com certa capacidade para suportar situações de maior aridez estival. Esta coleção é composta por um conjunto de espécies autóctones ou de introdução muito antiga. Composição: Choupo negro e branco (Populus nigra e Populus alba); Freixo (Fraxinus angustifolia); Salgueiros (Salix alba e Salix atrocinerea); Amieiro (Alnus glutinosa); Lodão bastardo (Celtis australis). Pela maior capacidade de adaptação, a utilização dos choupos e dos salgueiros será predominante. Localização: Na ausência de linhas de água permanentes esta coleção localiza-se numa área aplanada de maior frescura e presença de água, situada a Noroeste do Parque prolongando-se um pouco para montante ao longo duma linha de convergência e escorrência de águas mais marcada; pontualmente, quando ocorrem situações de presença incipiente de linhas de escorrência de água no interior doutras coleções, serão introduzidas igualmente estas espécies em faixas mais estreitas. Área: 2,827 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: A maior parte desta mancha, mais aplanada, encontra- se invadida por silvas, prevendo-se a sua limpeza por meios motomanuais complementada com grade pesada. Nas situações mais inclinadas com declives que podem atingir os 35%, mas onde o coberto arbustivo é de menor densidade, deverá proceder-se a limpezas por faixas, recorrendo em alternativa a destroçador frontal de martelos e equipamentos motomanuais. Nas faixas de proteção da linha de água, em pelo menos 5m de cada lado, empregar-se-á, quando necessário, apenas motorroçadoras. Preparação do terreno/Mobilização: Nas situações de menor declive mobilização por vala e cômoro; nas situações intermédias até 25% de declive poderá realizar-se uma operação de ripagem, não se prevendo mobilizações para declives superiores. Instalação: Nas áreas que foram sujeitas a mobilização por vala e cômoro prevê-se em geral a plantação manual com abertura de pequenas covas e acondicionamento de plantas produzidas em vaso ou contentor; para o caso de plantas de raiz nua serão previamente abertas covas de maior dimensão. Nas situações mais declivosas previamente sujeitas a ripagem, ou sem mobilização, proceder-se-á à abertura de covas com pá mecânica de retroescavadora com lagartas. Compassos de plantação de 3x3

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para todas as espécies, de forma a garantir densidades superiores a 950 plantas/ha. Na faixa de proteção correspondente à urbanização contígua a esta mancha, a densidade de plantação será necessariamente mais baixa de forma a acomodar as normas de DFCI. Operações complementares: Apenas em caso de mortalidade superior a 20% se prevê a realização de retanchas, com utilização das espécies que se mostraram anteriormente melhor adaptadas. No 2º ou 3º ano após plantação deverá proceder-se a sacha manual e amontoa localizada na área envolvente das plantas.

Designação: Coleção C1n Tipologia: C1 - Espécies ripícolas Exposição: Nascente Justificação/Oportunidade: Apresentação do conjunto de espécies ripícolas associadas ao leito, margens e envolvente das linhas de água de caráter mais permanente ou temporário, incluindo-se igualmente outras que não sendo propriamente ripícolas apresentam preferência por localizações mais húmidas e com abundância de água. Esta coleção é composta por um conjunto de espécies autóctones ou de introdução muito antiga; apesar do seu estatuto muito vulnerável e duração efémera por incidência de grafiose, considerou-se igualmente desejável incluir o Ulmeiro (Ulmus minor) nesta coleção. O conjunto das espécies que foram acrescentadas neste grupo, relativamente às de C1p, apresentarão melhor adaptação em condições de menor insolação e temperaturas mais amenas. Composição: Ao conjunto das espécies da coleção C1p acrescentam-se o Vidoeiro (Betula celtiberica), Ulmeiro (Ulmus minor) e Bordo (Acer pseudoplatanus), normalmente presentes em maiores altitudes e ambientes mais frescos. Localização: Esta coleção situa-se na base da encosta nascente do Parque em amplas áreas de clareiras introduzidas por abate e conversão do atual povoamento de Eucalipto. Do povoamento de Eucalipto deverão manter-se alguns bosquetes que provisoriamente possibilitem o enquadramento e sombreamento ao longo do estradão que se prevê vir a abrir longitudinalmente na parte central desta encosta. Toda a área apresenta declives inferiores a 20%. A maior parte da área da parcela localiza-se fora da delimitação da REN Área: 4,341 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Deverá recorrer-se maioritariamente à utilização de enchó mecânica para destruição dos cepos e varas de eucalipto, complementada com passagem de grade pesada para destroçamento de resíduos de exploração. Preparação do terreno/Mobilização: Armação do terreno em vala e cômoro com 2 passagens de charrua. Instalação: Nas áreas que foram sujeitas a mobilização por vala e cômoro prevê-se em geral a plantação manual com abertura de pequenas covas e acondicionamento de plantas produzidas em vaso ou contentor; para o caso de plantas de raiz nua serão previamente abertas covas de maior dimensão. Compassos de plantação de 3x3 para todas as espécies, de forma a garantir densidades superiores a 950 plantas/ha. Nas faixas de proteção correspondentes às habitações localizadas na periferia desta mancha, a densidade de plantação será necessariamente mais baixa de forma a acomodar as normas de DFCI. Operações complementares: Apenas em casos de mortalidade superior a 20% se prevê a realização de retanchas, com utilização das espécies que se mostraram melhor adaptadas. No 2º ou 3º ano após plantação deverá proceder-se a sacha manual e amontoa localizada na área envolvente das plantas. Os exemplares remanescentes do povoamento original de Eucalipto deverão ser sujeitos ao corte e seleção de varas, de forma a garantir que em cada cepo permaneça apenas uma vara, possibilitando uma mais profunda penetração visual em toda a parcela.

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Designação: Coleção C2 Tipologia: C2 – Frutos silvestres Exposição: Sul e Poente Justificação/Oportunidade: Esta coleção apresenta os exemplares mais frequentes de frutos silvestres, alguns diretamente comestíveis, outros suscetíveis de entrar na confeção de bebidas licorosas ou fermentadas, ou apenas aparentadas de fruteiras domésticas. Grande parte desta parcela encontra-se ocupada por Acácia, que se espera vir progressivamente a combater e irradiar; uma das condições que contribuirá para o sucesso deste procedimento passa por proporcionar ensombramento (recorrendo em simultâneo ao Medronheiro e Cupresso) capaz de limitar e inviabilizar a rebentação e germinação de novas plântulas de Acácia. A expansão do Medronheiro com esta finalidade acompanhará a plantação das outras espécies da coleção em áreas com ausência ou menor grau de infestação. Composição: Medronheiro (Arbutus unedo), Pereira brava (Pyrus cordata), Abrunheiro (Prunus cerasifera), Macieira brava (Malus sylvestris) e Cerejeira brava (Prunus avium). Tanto o Medronheiro como a Cerejeira brava, pela maior disponibilidade de plantas para repovoamento, constituirão as espécies dominantes nesta coleção. Localização: Coincide com uma ampla área de exposição maioritária a Sul e parcialmente virada a Oeste, encaixada com infraestruturas públicas e de acesso automóvel e pedonal, criando descontinuidades na implantação da parcela; observam-se declives acentuados que ultrapassam os 30%. Área: 1,631 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Eminentemente por processos manuais e motomanuais, recorrendo-se igualmente a aplicações de herbicidas sistémicos. Preparação do terreno/Mobilização: Pelas dificuldades de declive e descontinuidade da parcela incide exclusivamente em processos manuais localizados. Instalação: Abertura de covas com ferramentas manuais e pontualmente com recurso a broca motomanual. As densidades de plantação variam entre compassos muito apertados quando se pretenda aumentar o ensombramento e compassos bem mais largos com repetição mais frequente de limpezas da vegetação invasora nas faixas de proteção a habitações e infraestruturas. Operações complementares: Intervenção demorada que progressivamente decorrendo do controlo de invasoras irá libertando áreas para novas plantações; obriga a um esforço continuado e persistente a decorrer por vários anos, com recurso a diferentes estratégias de acordo com o estado de desenvolvimento e expansão da Acácia.

Designação: Coleção C3 Tipologia: C3 – Floresta floral Exposição: Poente Justificação/Oportunidade: Esta coleção pretende evidenciar algumas das espécies arbóreas mais emblemáticas pela excelência da sua floração. Desenvolve-se na continuidade da mancha C2 onde pontua já a Cerejeira brava, em zona de proximidade com o atual cemitério e a sua área prevista de expansão. Composição: Cerejeira brava (Prunus avium), Azereiro (Prunus lusitanica), Pilriteiro (Crataegus monogyna), Tulipeiro (Liriodendron tulipífera), Tramazeira (Sorbus aucuparia), Olaia (Cercis siliquastrum) e Magnólia (Magnolia grandiflora). Estão representadas tanto autóctones como exóticas já amplamente divulgadas, tanto com finalidades produtivas como ornamentais. A maior representação incidirá na Cerejeira brava e Pilriteiro. Localização: Limitada por acessos viários e pedonais no prolongamento da mancha C2 com a qual se compatibiliza; apresenta declives da ordem dos 30%, mais acentuados pontualmente pela ocorrência de

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taludes. Apresenta ainda situações pontuais de ocorrência de Acácia, em simultâneo com a presença de outras folhosas e Sobreiro em fases de desenvolvimento e regeneração. Área: 0,735 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Eminentemente por processos manuais e motomanuais, recorrendo-se pontualmente a aplicações de herbicidas sistémicos. Preparação do terreno/Mobilização: Pelas dificuldades de declive e descontinuidade da parcela incide exclusivamente em processos manuais localizados. Instalação: Abertura de covas com ferramentas manuais e pontualmente com recurso a broca motomanual. Os compassos de plantação serão de 3x3 na maior parte das situações, havendo no entanto que compatibilizar com os exemplares arbóreos que já se encontram instalados e que serão mantidos. Nas áreas de controlo de invasoras os compassos serão substancialmente mais apertados. Operações complementares: Possibilidade de ocorrer a necessidade de realização de retanchas, dado o carácter mais exigente das espécies em presença e dificuldades de preparação do terreno e mobilizações mais eficientes.

Designação: Coleção C4 Tipologia: C4 – Floresta dos condimentos Exposição: Poente Justificação/Oportunidade: De acordo com a presença de compostos aromáticos na sua composição, em muitas espécies florestais são reconhecidos aromas característicos; esta ocorrência alarga-se a um leque numeroso de espécies arbustivas que acompanham as nossas florestas no sub bosque ou na sua periferia. Em alguns casos essas essências intervêm na prática culinária ou na confeção de licores ou infusões. Nesta coleção acrescenta-se às anteriores, centradas na floração e nos frutos, a utilização doutras partes das plantas com maior incidência na sua folhagem, tanto de exemplares arbóreos como arbustivos. Composição: Loureiro (Laurus nobilis), Tília (Tilia cordata), Alecrim (Rosmarinus officinalis), Rosmaninho (Lavandula stoechas) e Murta (Myrtus communis) em representações equilibradas do estrato arbóreo e arbustivo. Localização: Insere-se na sequência das essências com representação floral, num talhão encravado já nas áreas de pastagem, com declives que se apresentam entre os 30 e 35%. Área: 0,277 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Recorre-se em exclusivo a processos manuais e moto manuais, em virtude da inclinação da parcela e da sua extensão diminuta. A limpeza de vegetação incidirá sobretudo no estrato arbustivo e herbáceo; nos exemplares arbóreos a intervenção comportará principalmente desramações e seleção de varas de forma a reduzir a presença de Eucalipto e permitir maior penetração visual para o interior do talhão. Preparação do terreno/Mobilização: Serão apenas considerados procedimentos manuais e motomanuais localizados na área envolvente das plantações. Instalação: Abertura de covas com ferramentas manuais e pontualmente com recurso a broca motomanual. Os compassos de plantação serão de 3x3 na maior parte das situações, havendo no entanto que compatibilizar com os exemplares arbóreos que já se encontram instalados e que serão maioritariamente mantidos. A plantação das arbustivas exigirá a abertura de covas de menor dimensão, em equilíbrio com a dimensão das plantas. Operações complementares: Precedendo as plantações e adensamentos serão realizadas desramações e corte de varas de forma que os exemplares que venham a permanecer apresentem uma carga combustível mais baixa

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Designação: Coleção C5 Tipologia: C5 – Espaço agro florestal: vinha de enforcado Exposição: Inserida na encosta Oeste da área do Parque. Justificação/Oportunidade: Sendo pouco frequente nas nossas latitudes a ocorrência de situações de exploração da atividade florestal e agrícola em simultâneo, não deixa de ser reconhecível na vinha de enforcado, tão representada no território do concelho, uma exemplificação da convergência do uso agrícola e florestal sobre a mesma área. Procurar-se-á implantar esta representação por fases; numa primeira fase proceder-se-á à instalação das principais essências utilizadas como tutores, para numa segunda fase se instalar a própria vinha, e finalmente se proceder ao acompanhamento da produção de erva para corte ou pastoreio direto nas entre linhas de arvoredo. Composição: Plátano (Platanus orientalis), Choupo negro (Populus nigra) e Castanheiro (Castanea sativa) são as árvores singulares que com maior frequência se utilizam tradicionalmente como tutores, em exclusivo ou em complemento de esteios talhados em pedra de granito. Localização: No limite das parcelas de pastoreio, o que permitirá no futuro o alargamento das áreas pastoreadas também a esta parcela. Área: 0,715 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: A destruição de cepos e varas será realizado com recurso a enchó instalada em retro escavadora de lagartas, seguindo-se a utilização de destroçador frontal de martelos para partir e estilhaçar a vegetação arbustiva e material residual de operações anteriores de exploração. Preparação do terreno/Mobilização: Realização de ripagem localizada em pequenos troços com cerca de 40 m, segundo as curvas de nível, com entrelinhas largas de cerca de 10m, que constituirão no futuro patamares sucessivos ao longo da encosta, para produção de erva e pastoreio. Instalação: Abertura de covas com retroescavadora para plantação de exemplares de raiz nua, com altura aproximada de 1,5 m, num compasso de 2 m. Operações complementares: Estando a plantação dos tutores devidamente consolidada, proceder-se-á à plantação de pés de vinha com compasso mais apertado de 1 m, conduzidos verticalmente com suporte dos tutores e fiadas de arame.

Designação: Coleção C6p Tipologia: C6 – Frutos secos Exposição: Poente e Norte Justificação/Oportunidade: Associado às espécies florestais ou suas aparentadas domésticas, a produção de frutos secos representa uma atividade de grande rentabilidade que tem atraído tradicionalmente o interesse de muitos produtores, representando uma área com futuro e cujo mercado se encontra em alargamento. Nesta parcela concentram-se as espécies com maior representação no Sul do País, com especial relevo para o Pinheiro manso. Composição: Pinheiro manso (Pinus pinea), Amendoeira (Prunus dulcis), Alfarrobeira (Ceratonia síliqua), Castanheiro (Castanea sativa) e Nogueira (Juglans regia). A maior representação será repartida entre o Pinheiro manso e o Castanheiro respetivamente implantados nas incidências Poente e Norte desta parcela. Localização: Na área de transição entre as ocorrências de maior visibilidade do Pinheiro manso na encosta Poente e do Castanheiro que acompanha o Pinheiro silvestre na encosta Norte. O declive é em toda a parcela de cerca de 30%, o que limita parcialmente a possibilidade de realização de operações mecânicas. Área: 0,786 ha.

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Preparação do terreno/Controlo de vegetação: O controlo de vegetação deverá ser realizado por meios manuais e motomanuais, com corte da vegetação arbustiva e desbaste de Eucalipto com criação de pequenas clareiras em áreas menos declivosas, para implantação das espécies previstas. A destruição da vegetação sem valor comercial originada nestas limpezas deverá ser concretizada com queimas realizadas nas áreas das clareiras criadas ou, em alternativa, com recurso a destroçadores fixos, com deposição da estilha uniformemente sobre o terreno. Preparação do terreno/Mobilização: Na possibilidade de acesso de trator de rastos à área das clareiras previamente abertas, deverá proceder-se a uma mobilização por ripagem cruzada orientada obliquamente; em alternativa ou na impossibilidade de acesso de meios mecânicos, deverá proceder-se a uma mobilização manual mínima na periferia das covas de plantação. Instalação: Abertura de covas manualmente ou, de preferência, com recurso a pá mecânica de retroescavadora. Deverá adotar-se um compasso de 3x3, sendo de 6x3 no caso da Alfarrobeira. Operações complementares: Dadas as dificuldades de implantação do arvoredo, em virtude das características da parcela, será de prever a necessidade de proceder a retanchas para compensação da mortalidade. 2 anos após a plantação deverá proceder-se a uma operação de sacha e amontoa, para combate de vegetação espontânea.

Designação: Coleção C6n Tipologia: C6 – Frutos secos Exposição: Nascente Justificação/Oportunidade: Dada a diversidade ecológica das regiões em que ocorre a produção de frutos secos, houve necessidade de concentrar numa área complementar, apenas as espécies que naturalmente ocorrem em localizações mais setentrionais, normalmente com maior disponibilidade de água e temperaturas mais baixas. Repetem-se algumas das espécies já representadas na Coleção C6p, passando nesta caso também a incluir a Aveleira. Composição: Castanheiro (Castanea sativa), Nogueira (Juglans regia) e Aveleira (Corylus avellana). Localização: Pequena parcela localizada a Nordeste do Parque, relativamente aplanada. Dadas as condições favoráveis de implantação prevê-se que a parcela seja maioritariamente ocupada por estas espécies. Área: 0,510 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Abate maioritário do Eucalipto, com retirada do material lenhoso com valor comercial e posterior destruição de cepos com enchó mecânica. Em complemento deverá recorrer-se a grade pesada para destruição e fragmentação dos resíduos de exploração e material vegetal acumulado. Preparação do terreno/Mobilização: Utilização de charrua para mobilização com 2 passagens de vala e cômoro, segundo as curvas de nível. Instalação: Plantação em covas fundas abertas manualmente na área mobilizada pela charrua, em compasso de 3x3 para o Castanheiro e Nogueira e 3x2 para a Aveleira. Operações complementares: Será de considerar a realização de cava e amontoa dois anos após a plantação.

Designação: Coleção C7p Tipologia: C7 – Floresta de exóticas Exposição: Poente Justificação/Oportunidade: Pretende-se nesta coleção incluir algumas das espécies que têm surgido ao longo do tempo em arborizações nas zonas mais secas e quentes do País, em que, em simultâneo com a utilização do Pinheiro manso, se tem recorrido a uma série de exóticas na expectativa de suportarem as condições ecológicas dessas regiões.

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Composição: Cipreste do Buçaco (Cupressus lusitanica), Cupresso do Arizona (Cupressus arizonica), Plátano (Platanus orientalis), Pinheiro do Alepo (Pinus halepensis). A representação destas espécies far- se-á de forma aproximadamente equilibrada, eventualmente com proximidade a exemplares de Cupressus já existentes na parcela. Localização: Em área de influência da zona de expansão do Cemitério e em continuidade com a Coleção de espécies florais a montante e com a Coleção de autóctones meridionais a jusante. Área: 0,529 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: O controlo da vegetação arbustiva e abate e seleção de varas deverá ser feito por meios manuais e motomanuais, sendo limitada a possibilidade de recurso a meios mecânicos. A destruição e eliminação de resíduos de corte e exploração deverá concretizar-se por queima em clareiras abertas nas situações menos declivosas e onde incidirão posteriormente as ações de plantação. Preparação do terreno/Mobilização: Limitar-se-á a ações manuais de mobilização superficial e nivelamento nas imediações das covas de plantação. Instalação: Plantação em covas de média dimensão, abertas manualmente com compasso de 3x2, e ao compasso de 3x3 no caso dos Plátanos. Operações complementares: No 2º ou 3º ano após plantação deverá proceder-se a uma desramação dos Cupressus.

Designação: Coleção C7n Tipologia: C7 – Floresta de exóticas Exposição: Nascente Justificação/Oportunidade: Pretende representar-se um largo leque de exóticas a que se recorreu durante as campanhas de arborização dos Perímetros Florestais do Norte de Portugal e que hoje persistem apenas em localizações muito restritas. O concelho de Felgueiras não foi abrangido nessas campanhas de arborização que se implantaram principalmente em territórios baldios; nas serranias dos concelhos de Amarante, Fafe e na região de Basto nas proximidades de Felgueiras assistiu-se a esse programa de florestação do Estado Novo. Composição:Pseudotesuga (Pseudotsuga menziessi), Espruce europeu (Picea abies), Abeto (Abies nordmanniana), Pinheiro negro (Pinus nigra), Cedro do Atlas (Cedrus atlantica), Carvalho americano (Quercus rubra), Camaeciparis (Chamaecyparis lawsoniana), Faia (Fagus sylvatica), Liquidâmbar (Liquidambar styraciflua); Choupo branco (Populus alba); maioritariamente são representadas resinosas e apenas de forma mais limitada surgem as folhosas. Localização: No limite Norte do Parque em áreas mais aplanadas e com possibilidade de introdução de meios mecânicos, o que permite criar uma dimensão de arborização com maior visibilidade. Área: 2,218 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Abate e extração de Eucalipto com valor comercial, mantendo a presença do Pinheiro bravo e regeneração de Carvalho. Destruição dos cepos de Eucalipto com enchó mecânica e fragmentação de resíduos de exploração e vegetação arbustiva com grade pesada. Preparação do terreno/Mobilização: Utilização de charrua com realização de 2 passagens de vala e cômoro segundo as curvas de nível. Instalação: Plantação à cova com abertura manual em compasso de 3x2 para as resinosas e 3x3 para as folhosas; as resinosas serão plantas produzidas em contentor, enquanto as folhosas são normalmente disponibilizadas em raiz nua. Operações complementares: Em situações normais de plantação, a taxa de mortalidade prevista não pressupõe a necessidade de realização de retanchas.

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Designação. Coleção C8 Tipologia: C8 – Floresta industrial Exposição: Nascente Justificação/Oportunidade: A floresta constitui uma importante fonte de riqueza, pela possibilidade de fornecimento de matéria-prima para transformação industrial. Ao longo dos tempos, diferentes espécies têm mantido esse papel; se na atualidade essa função é associada principalmente ao Pinheiro bravo e ao Eucalipto, como fornecedores de material para as indústrias da serração, painéis e pasta de papel, outras houve que perderam essa importância. Outra vertente do suporte industrial coincide com o sobreiro para extração de cortiça, cuja representação se fará na Coleção 10. Composição: Eucalipto (Eucalyptus globulus), Choupo (Populus nigra), Pinheiro bravo (Pinus pinaster) e Pinheiro radiata (Pinus radiata). Localização: Implantada na encosta Leste em área mais aplanada, já com representação atual de Eucalipto adulto e em continuidade com a mancha C1n em que pontua a representação de choupo e no prolongamento da representação primária da encosta em que se evidencia o Pinheiro bravo. Área: 2,369 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Exploração e extração mecânica de cerca de 35% do Eucalipto com valor comercial, com abertura de clareiras para implantação das restantes espécies. Limpeza e seleção de varas no Eucalipto remanescente com permanência de uma ou duas varas por cepo. Fragmentação e destruição dos cepos de Eucalipto com enchó mecânica, seguida de passagem com grade pesada para destruição e incorporação de sobrantes de exploração e vegetação arbustiva. Preparação do terreno/Mobilização: Nas clareiras abertas para instalação das novas espécies, recorre-se à utilização de charrua para abertura de vala e cômoro em duas passagens segundo as curvas de nível. Numa reduzida extensão, imediatamente confinante com a delimitação da REN, proceder-se-á à mobilização com abertura de terraços; não se trata duma solução que advenha das limitações restritivas do local, mas antes como forma de deixar representada dentro da área do Parque esta forma de preparação do terreno que tendo surgido ligada à atividade agrícola, se consolidou no setor florestal com a expansão da floresta industrial, nomeadamente para a implantação de povoamentos de Eucalipto. Instalação: Plantação manual a meia altura da face mobilizada do cômoro em compasso de 3x2 para os pinheiros e 3x3 para o choupo. Para o Pinheiro bravo e Pinheiro radiata serão utilizadas plantas produzidas em vaso ou contentor, enquanto para o choupo se recorrerá a varas enraizadas de raiz nua. Operações complementares: Em condições normais de plantação não se prevê ser necessário proceder a retanchas para compensação de mortalidade.

Designação: Coleção C9p Tipologia: C9 – Floresta autóctone Exposição: Poente Justificação/Oportunidade: A floresta autóctone de latitudes mais meridionais tem entre nós uma representação hegemónica dos carvalhos de folha persistente, sobreiro e azinheira, a que acrescentámos o Pinheiro manso (representação primária desta encosta) e o Zambujeiro bravo (suporte da domesticação da oliveira). As características ecológicas das suas regiões mais representativas encontram-se com maior proximidade à encosta Poente do Parque. Composição: Azinheira (Quercus rotundifolia); Sobreiro (Quercus suber); Pinheiro manso (Pinus pinea); Zambujeiro (Olea europea). Localização: Parcela de base de encosta com alternância de situações de declive mais acentuado e outras um pouco menos inclinadas, onde se promoverá a instalação das novas plantações. A parcela encontra-se em área de prolongamento da mancha primária de referência desta encosta onde pontuam já o Sobreiro e o Pinheiro manso.

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Área: 0,685 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Dada a dimensão restrita da parcela proceder-se-á a limpezas manuais e motomanuais de vegetação, com possibilidade de destroçamento de sobrantes e vegetação arbustiva com recurso a destroçador mecânico fixo. Preparação do terreno/Mobilização: Mobilização manual em pequenas faixas segundo as curvas de nível para suporte às operações de instalação. Instalação: Sementeira de bolotas de sobreiro e azinheira em covacho ao compasso de 3x1, possibilitando alguma segurança em situação de maior mortalidade ou com finalidade de seleção de exemplares em caso de baixas taxas de mortalidade; já quanto ao Pinheiro manso e Zambujeiro prevê- se a sua plantação em compasso de 3x3. Operações complementares: Não se antecipam operações complementares específicas para estas espécies.

Designação: Coleção C9n Tipologia: C9 – Floresta autóctone Exposição: Nascente Justificação/Oportunidade: A representação da floresta autóctone das regiões mais setentrionais do País incide principalmente nos carvalhos de folha caduca e nalgumas espécies de fisionomia arbustiva/arbórea do seu sub bosque; a presença de resinosas autóctones é muito mais limitada. É este conjunto de espécies que se pretende retratar numa sequência de três níveis de disposição ao longo da encosta, incidindo principalmente em ações de adensamento, em áreas onde as folhosas apresentam já alguma visibilidade. Composição: Carvalho negral (Quercus pyrenaica) (1), Carvalho alvarinho (Quercus robur) (2), Carvalho português (Quercus faginea) (3), Teixo (Taxus baccata), Bordo (Acer pseudoplatanus), Azevinho (Ilex aquifolium); Tramazeira (Sorbus aucuparia). Os três carvalhos constituirão a representação dominante, dispostos de forma sequencial de montante para jusante, acompanhados das restantes espécies enumeradas. Localização: Parcela de certa dimensão localizada no limite SE do Parque, atravessada pelas estradas alcatroada de acesso ao Santuário; em cota inferior proceder-se-á à abertura dum novo estradão em terra batida ao longo de toda a encosta Leste, para acesso às parcelas e compartimentação. Os três níveis de disposição dos carvalhos são fisicamente separados por estas estruturas viárias. Em toda a parcela alternam situações de declive mais acentuado, intercaladas com presença de áreas mais aplanadas. Área: (1) 1,543 ha; (2) 2,210 ha e (3) 2,836 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Abate e extração sequencial do Eucalipto com interesse comercial, proporcionando clareiras para suporte às novas plantações. Fragmentação de cepos e rebentação de varas com enchó mecânica a que se segue a utilização de destroçador frontal de martelos para destruição e sobrantes e vegetação acumulada. Preparação do terreno/Mobilização: Pontualmente nos níveis 2 e 3 onde as clareiras apresentam maior dimensão poderá recorrer-se nas situações mais aplanadas a charrua para abertura de vala e cômoro, segundo as curvas de nível. Instalação: Abertura manual de covas com maior incidência no nível 1, em complemento nos níveis 2 e 3, com abertura mecânica de covas com retroescavadora de lagartas. A plantação seguirá compassos de 3x3 para a generalidade das espécies. Nas imediações das áreas de construção identificadas no PMDFCI, os compassos serão obrigatoriamente mais alargados. Operações complementares: Prevê-se a realização de sachas e amontoas no segundo ano após plantação, com especial incidência nos carvalhos.

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Designação: Coleção C10 Tipologia: Montado de sobro Exposição: Poente Justificação/Oportunidade: A presença estreme de sobreiro com baixas densidades é uma característica do montado de sobro do Sul do País. Pretende-se aqui retratar essa situação numa parcela em que o sobreiro já tem representação por via de regeneração natural e em que, em virtude da sua localização, a densidade do arvoredo terá que ser suficientemente baixa por se encontrar em faixa de contenção de combustíveis do PMDFCI. Pontualmente, haverá que proceder apenas a algum adensamento para garantir uma regularidade na sua distribuição. Composição: Sobreiro (Quercus suber) Localização: Pequena parcela contígua a área construída afetada por fogo, com declive suave em que já se procedeu à remoção dos Eucaliptos ardidos. Pela sua localização é uma área de grande visibilidade. Área: 0,377 ha. Preparação do terreno/Controlo de vegetação: Fragmentação dos cepos e varas de rebentação com enchó mecânica a que se segue a destruição de sobrantes de exploração e restante vegetação invasora com recurso a destroçador frontal. Preparação do terreno/Mobilização: Apenas pontualmente alguma mobilização manual nas imediações das covas de plantação. Instalação: Abertura manual de covas com plantação em compasso largo de 6x6 para adensamento em áreas de menor densidade. Operações complementares: Em virtude da baixa densidade que se exige nestas situações, serão necessárias operações mais frequentes de limpeza e controlo de vegetação.

Listagem das espécies a utilizar nas parcelas de arborização Na totalidade das parcelas anteriormente descritas, sugere-se a utilização dum total de 56 espécies (Tabela 1). Estas são maioritariamente espécies arbóreas ou arbustivas de grande porte, grandemente incluídas nos Grupos I e II da Sub região Homogénea do Tâmega-Sousa do Plano Regional de Ordenamento das Florestas do Entre Douro e Minho (PROF EDM). A maior parte das que não estão aí previstas apresentam uma vocação madeireira de menor importância, apresentando como principal relevância as suas particularidades estéticas e paisagísticas; haverá ainda algumas (com utilização menos alargada e apenas pontual), que não se apresentando especialmente ajustadas às características ecológicas locais constituem, no entanto, exemplos de particularidades que justificam a sua divulgação. Relativamente às formas de mobilização e preparação do terreno para plantação, embora maioritariamente se recorra a intervenções manuais e mobilização por vala e cômoro, não deixaram também de se apresentar situações com utilização de ripagem e abertura de terraços. Também quanto à limpeza de vegetação se procurou diversificar com um leque variado de soluções que comportam o recurso a meios manuais e moto manuais (motorroçadora); quanto a soluções mecânicas optou-se pela limpeza com grade de discos e dois tipos diferentes de destroçadores. Por fim, recorda-se igualmente, que embora sendo as plantas de contentor e as de raiz nua as que mais largamente se sugere, não deixa também de se aplicar limitadamente a técnica de sementeira.

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Tabela 1 - Listagem de espécies a utilizar nas arborizações Nome vulgar Parcelas Nome científico Listagem PROF Abeto C7n Abies nordmanniana Abrunheiro C2 Prunus cerasifera Alecrim C4 Rosmarinus officinalis Alfarrobeira C6p Ceratonia siliqua Amendoeira C6p Prunus dulcis Amieiro C1p, C1n Alnus glutinosa G2 Aveleira C6n Corylus avellana Azereiro C3 Prunus lusitanica Azevinho C9n Ilex aquifolium Azinheira C9p Quercus rotundifolia G1 Bordo C1n, C9n Acer pseudoplatanus G1 Camaeciparis C7n Chamaecyparis lawsoniana G1 Carvalho americano C7n Quercus rubra G2 Carvalho negral C9n Quercus pyrenaica G2 Carvalho português C9n Quercus faginea Carvalho alvarinho AE3, P3, P4, C9n Quercus robur G1 Castanheiro AE2, C6p, C6n Castanea sativa G1 Cedro do Atlas C7n Cedrus atlantica G1 Cerejeira brava C2, C3 Prunus avium Choupo negro C1p, C1n Populus nigra G2 Choupo branco C8 Populus alba Cipreste do Buçaco C7p Cupressus lusitanica G1 Cupresso do Arizona C7p Cupressus arizonica Espruce europeu C7n Picea abies Eucalipto C8 Eucalyptus globulus G1 Faia C7n Fagus sylvatica Freixo C1p, C1n Fraxinus angustifolia G1 Liquidâmbar C7n Liquidambar styraciflua Lodão bastardo C1p, C1n Celtis australis Loureiro C4 Laurus nobilis G2 Macieira brava C2 Malus sylvestris Magnólia C3 Magnolia grandiflora Medronheiro C2 Arbutus unedo G2 Murta C4 Myrtus communis Nogueira comum C6p, C6n Juglans regia G2 Olaia C3 Cercis siliquastrum Pereira brava C2 Pyrus cordata Pilriteiro C3 Crataegus monogyna G2 Pinheiro bravo AE3, C8 Pinus pinaster G1 Pinheiro do alepo C7p Pinus halepensis Pinheiro insigne C8 Pinus radiata Pinheiro Manso AE1, C6p, C9p Pinus pinea G2 Pinheiro negro C7n Pinus nigra G1 Pinheiro silvestre AE2 Pinus sylvestris G1 Plátano C5, C7p Platanus orientalis G2 Pseudotsuga AE2, C7n Pseudotsuga menziesii G1 Rosmaninho C4 Lavandula pedunculata Salgueiro C1p, C1n Salix alba, S. atrocinerea G2 Sobreiro AE1, P1, P2, C9p, C10 Quercus suber G1 Teixo C9n Taxus baccata Tília C4 Tilia cordata Tramazeira C3 Sorbus aucuparia Tulipeiro C3 Liriodendron tulipifera Ulmeiro C1n Ulmus minor Vidoeiro C1n Betula celtiberica G2 Zambujeiro C9p Olea europaea Zimbro C4 Juniperus communis, J. oxycedrus

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Compatibilização com a REN

Considerando que a REN deve contribuir para a conectividade e a coerência ecológica da Rede Fundamental de Conservação da Natureza e contribuir para a concretização, a nível nacional das prioridades da Agenda Territorial da União Europeia nos domínios ecológico e da gestão transeuropeia de riscos naturais devem as ações a propor no âmbito do plano assegurar a devida compatibilização. Parte da área de intervenção do Plano Estratégico de Arborização para o Monte de Santa Quitéria recai sobre área de Reserva Ecológica Nacional – REN pelo que se torna necessário entender se os usos e ações preconizadas são compatíveis com os objetivos de proteção ecológica e ambiental e de prevenção de riscos naturais. Tendo por base o Decreto-Lei n.º 124/2019 de 28 de agosto publicado em Diário da República, 1.ª série N.º 164 que altera o regime jurídico da Reserva Ecológica Nacional, e considerando a análise e caracterização apresentadas e as ações preconizadas em Plano observa-se que relativamente à REN delimitada e em vigor a categoria de área será a de prevenção de riscos naturais integrando áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo São áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo as áreas com risco de erosão. Na sessão III d) pontos 1 e 2 do referido Decreto-Lei inscrevem-se nesta categoria as áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo que, devido às suas características de solo e de declive, estão sujeitas à erosão excessiva de solo por ação do escoamento superficial. A delimitação das áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo deve considerar, de forma ponderada para a bacia hidrográfica, a erosividade da precipitação, a erodibilidade média dos solos, a topografia, e quando aplicável as práticas de conservação do solo em situações de manifesta durabilidade das mesmas. A área total de REN de acordo com a planta de condicionantes do PDM em vigor é de 327.038,07 m2 A tabela que se segue faz a síntese das ações e sua compatibilização com os objetivos de proteção ecológica e ambiental e de prevenção de riscos naturais.

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Tabela 2 - síntese de intervenções sobre áreas de REN

Usos e ações preconizadas são compatíveis com os objetivos de Prevenção de riscos naturais proteção ecológica e ambiental e de prevenção de riscos Elevado risco de erosão hídrica naturais. do solo - Áreas de instabilidade Ações previstas (Anexo II do artigo 20 – DR nº 164 - 1ª série de 28 de agosto de 2019 ) de vertentes (Área da intervenção quando aplicável)

Em âmbito de PDM – alteração da REN Ampliação de equipamentos de uso coletivo - cemitério Cemitério (inclui limite de 12861,80 m2 – área de REN expansão) Áreas a edificar/urbanizar em situação de colmatação e/ou Urbanização na cota alta 4454,30 – área de REN delimitação do espaço urbano (lotes, vias e espaços verdes) Urbanização da cota baixa 6542,60 – área de REN Em âmbito de REN - Usos e ações compatíveis I - Obras de construção, alteração e ampliação a) Apoios agrícolas afetos exclusivamente à exploração agrícola Ovil – abrigo de animais 100 m2 de área de e instalações para transformação de produtos exclusivamente da associados ao sistema implantação exploração ou de carácter artesanal diretamente afetos à agroflorestal exploração agrícola d) Pequenas construções de apoio aos setores da agricultura e Edifico de apoio à floresta 30 m2 de área de floresta, ambiente, energia e recursos geológicos, com sanitários públicos (2 implantação telecomunicações e industria e pesca, cuja área de implantação pisos) seja igual ou inferior a 30m2 h) Muros de vedação e muros de suporte de terras desde que Pontualmente junto de miradouros e parques de merendas apenas ao limite da cota do terreno ou até mais 0,20m acima deste II - Infraestruturas c) Charcas para fins agroflorestais e de defesa da floresta contra Lago para apoio a incêndios e pastorícia incêndios com capacidade de 2000m3 a 50.000m3 d) Infraestruturas de abastecimento de água e de drenagem e Abastecimento de água e de drenagem de efluentes do tratamento de águas residuais e de gestão de efluentes, incluindo abrigo de animais e edifício de apoio à floresta estações elevatórias, ETA, ETAR, reservatórios e plataformas de bombagem m) Redes subterrâneas elétricas e de telecomunicações e Iluminação de abrigo de animais, edifício de apoio à floresta condutas de combustíveis, incluindo postos de transformação e e dos percursos principais pequenos reservatórios de combustíveis n) Pequenas beneficiações de vias e de caminhos existentes sem Pavimentos em saibro sobre caminhos existentes novas impermeabilizações o) Melhoramento, alargamento de plataformas e de faixas de Pavimento em saibro e pedra de granito rodagem e pequenas correções de traçado de vias e de caminhos públicos existentes r) Desassoreamento, estabilização de taludes e de áreas com Barragens de contenção torrencial risco de erosão, nomeadamente muros de suporte e obras de correção torrencial (incluindo as ações de proteção e gestão do domínio hídrico) III – Setor agrícola e florestal

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d) Plantação de olivais, vinhas pomares, hortícolas e instalação Vinha de enforcado de prados sem alteração da topografia do solo

Caminhos em saibro e) Abertura de caminhos de apoio ao setor agrícola e florestal Caminhos em pedra de granito o) Operações de florestação e reflorestação Plantações de bosquetes diversidade de espécies i) Ações de controlo de vegetação espontânea decorrente de Acacias, Ailantos, Falsas Acácias exigências legais no âmbito da aplicação do regime da condicionalidade da política agrícola comum VII - Equipamentos, recreio e lazer Parques de merendas e) Espaços verdes equipados de utilização coletiva Parque aventura Parqueamento f) Abertura de trilhos e caminhos pedonais/cicláveis destinados à Ciclovia, caminhos, passadiços, miradouros, painéis educação e interpretação ambiental e de descoberta de natureza, informativos, bancos incluindo pequenas estruturas de apoio

Da análise realizada constata-se que as intervenções propostas na generalidade são compatíveis com os usos determinados em legislação em vigor dado: - apenas se definem caminhos na encosta que visam a realização de manutenções do coberto vegetal e ações de recreio. Estes caminhos serão abertos ao longo das curvas de nível de modo a se evitar erosão havendo apenas necessidade de regularização do solo para instalação de plataforma e serão em saibro mantendo-se a permeabilidade; - os caminhos que se apresentam com maior inclinação resultam do aproveitamento de preexistências que já se encontram definidas no monte e/ou em pequenos troços para assegurar a ligação entre os diversos caminhos. Serão semipermeáveis porque revestidos em pedra de granito de modo a se evitar a erosão; - serão instalados passadiços em madeira que permitem a permeabilidade do solo e a sua construção não obriga a regularização do solo; - os caminhos são preferencialmente em saibro ou mulch/estilha assegurando-se a permeabilidade do solo. São exceção o caminho de acesso ao cemitério que por apresentar grande uso pela população e veículos de manutenção se considera ser necessária a implementação de um pavimento semi- permeável – calçada de granito e os caminhos com grande inclinação; - parqueamentos aproveitam as áreas de menor declive e serão revestidos com mulch ou saibro; - os edifícios de apoio ao parque (abrigo de animais e edifício da Floresta) serão construídos em madeira e terão carácter provisório podendo ser removidos sem alterar as condições do solo; - a construção da charca tem por objetivo principal municiar o parque com uma reserva de água que possa dar apoio a bombeiros em ações de combate a incêndios. Como objetivos complementares tem- se o fornecimento de água aos animais que se encontram em pastoreio; - mesas e bancos serão colocados pontualmente, sendo em madeira sendo amovíveis. A área total de REN de acordo com a planta de condicionantes do PDM em vigor é de 327.038,07 m2

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Capítulo 4 – conclusões

O projeto apresentado reflete os objetivos e necessidades que a Câmara de Felgueiras apresentou para a instalação do Parque na Floresta de Santa Quitéria considerando-se a vertente ambiental, cultural e social. A instalação de um parque que represente os diversos tipos de sistemas associados à floresta, seu modo de instalação e benefícios associados deverá constituir-se como um instrumento de formação e educação sobre a floresta e um espaço com forte aprazibilidade para todos os que vivem, trabalham ou visitam o município. Neste tipo de intervenção pretende-se para além da constituição de um parque associado à floresta com objetivos pedagógicos também a alteração de comportamentos sociais no sentido de se promover a utilização do espaço exterior para a realização de atividades ligadas à mobilidade e uma maior perceção dos benefícios ambientais e na saúde e bem-estar da população levando a maior longevidade, menores cuidados de saúde e práticas comportamentais mais sociais e interativas. Outros objetivos prendem-se naturalmente com a valorização ambiental e ecológica do concelho oferecendo mais um espaço permeável com elevada diversidade de espécies onde as dinâmicas dos seres vivos – fauna e flora – se encontram presentes no espaço urbano associados às áreas florestais. No entanto não se pretende definir um espaço com utilizações estritas e definitivas, pelo contrário, considera-se que o corredor verde – Parque da Floresta - apresenta áreas que podem ter diferentes usos e adaptações numa perspetiva de versatilidade que é cada vez mais exigida pelas sociedades modernas. Os espaços verdes são dinâmicos nos usos e comportamento da vegetação pelo que necessitam de cuidados de gestão e manutenção de modo a assegurarem boas condições de utilização, tal como se deve evitar acidentes, promover a biodiversidade como fator de aprazibilidade e permitir a adequação dos vários espaços às diferentes cargas e funções que lhes são impostas. Na definição das diferentes unidades dos espaços verdes teve-se em consideração a redução dos custos de construção e manutenção e a otimização da gestão. A aquisição de conhecimento que permita a evolução das propostas e a melhor gestão a aplicar ao espaço também foi considerada. A obra apresenta características próprias tal como distintos níveis de dificuldade, pelo que se terão que se coordenar os trabalhos de modo a permitir acessos aos diferentes equipamentos presentes no espaço, considerar a época das chuvas e de Verão e as atividades a realizar na Alameda e Parque. Também se considera que o parque da Floresta de Santa Quitéria deverá ser construído ao longo do tempo o que se considera ser uma vantagem por permitir uma relação mais própria com a população que ao ver crescer as plantas se identifica com os seus ciclos de vida. A tabela 3 que se segue resume de certo modo o programa do parque tal como indica os elementos que foram introduzidos e requalificados

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Tabela 3 - síntese do programa do parque da Floresta

Usos e ações preconizadas no Plano de Existente Proposto Arborizaação do Monte de St. Quitéria Caminhos de apoio a áreas florestais Existem mas sem interligação em Aumento da extensão em ambas as encostas (largura de 3 e 4m) - saibro muitas situações Caminhos | trilhos de recreio Concentrados no parque e alameda Ampliação em ambas as encostas Pista ciclável Não existe Assegura a ligação a outras ciclovias e a percursos na encosta Sul/Poente Passadiços e miradouros Não existe Implantados na encosta Sul/Poente Caminhos existentes fazendo a ligação à Existente em saibro Beneficiação do existente e abertura de novo rede viária da cidade caminho assegurando interligação. Caminhos associados a áreas urbanizáveis Lugares de estacionamento de ligeiros - Existente e concentrados na área do Ampliação colocando-se estacionamento ao parque parque e alameda longo das vias principais e em núcleos no parque Lugares de estacionamento de pesados - Não existe Num dos núcleos do parque parque Edifício café | bar Existe 1 no parque Manutenção do existente e construção de outro na alameda/merendas Edifício de educação ambiental Não Existe 1 na encosta Sul/Poente Abrigo de animais Não Existe 1 na encosta Sul/Poente Edifício balneário – apoio ao desporto Existe o edifício Requalificação do edifício Sanitários públicos Existe 1 na encosta Norte junto da 4 – requalificação do existente; edifício alameda balneário; café/bar a construir; edifício de educação ambiental Campo desportivo polivalente Existe 1 2 – Manutenção do existente e construção de novo Ginásio ao ar livre 1 - Existe 1 – manutenção e requalificação do existente Anfiteatros informais 1 – Junto da alameda 2 – Requalifica-se o da alameda e outro na encosta Sul/Poente Parque infantil 1 – Existe no parque 1 – mantem-se com recuperação Parque aventura e natureza Não existe 1 – na encosta Sul/Poente Parque de merendas 1 – Na encosta Norte/Poente 4 – encosta Norte/Nascente requalifica-se o atual e constrói-se mais um; encosta Sul/poente construção de 2 Reflorestação áreas de biodiversidade Encosta sul/Poente com povoamentos Encosta sul/Poente adensamento de de sobreiro em regeneração, cedros e povoamentos de sobreiro instalação de eucalipto residual bosquetes temáticos; Encosta Norte/Nascente Encosta Norte/Nascente progressiva instalação de bosquetes temáticos predominantemente com eucalipto Floresta de produção Predomina Apenas residual e com objetivos formativos Prados para pastoreio Não existe 4 na encosta Sul/Poente para instalação de cabras e ovelhas Vinha de enforcado Não existe Bosquete agroflorestal com objetivos formativos Lago | Charca Não existe Encosta Sul/Poente de apoio ao combate de incêndios e pastoreio Estabilização de taludes e de áreas com Não se encontram instaladas A instalar em ambas as encostas risco de erosão, nomeadamente muros de suporte e obras de correção torrencial (incluindo as ações de proteção e gestão do domínio hídrico)

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Matosinhos, 15 de janeiro de 2020

Autor(es) do(s) projecto(s)

Laura Roldão Costa João Bento

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ANEXOS

Anexo I – Urbanização

Os espaços a urbanizar são dois e encontram-se identificados na planta de equipamentos. Um dos espaços encontra-se nas cotas mais altas e prevê 5 lotes numa área total de cerca de 6.600m2. O outro, de maiores dimensões, prevê a construção de 23 lotes e tem uma área total de 33.700m2. O espaço que se situa nas cotas mais altas confronta com uma via existente e com uma via a construir de modo a se assegurar a interligação de vias ao longo da encosta evitando-se situações de rua sem saída. A urbanização da cota baixa confronta com rua existente propondo-se novos arruamentos que fazem a ligação ao centro da cidade evitando-se a sobrecarga no nó de acesso ao hospital. Entre lotes são definidas áreas verdes públicas. O parqueamento de veículos ao longo da via pública faz-se em pequenos núcleos (por grupo de lotes) evitando-se áreas excessivas de estacionamento no espaço de utilização pública. Os lotes apresentam dimensões compreendidas entre os 800 m2 e 1500m2.

As áreas propostas para edificação resultaram da ponderação dos seguintes fatores: - confrontação com vias existentes que dispõem de infraestruturas; - implantação de espaços urbanos de baixa densidade que permitam criar a transição entre áreas edificadas de maior densidade e os espaços naturais; - definição de lotes de grande dimensão que permitam a implantação de uma urbanização de qualidade; - os elementos serem construídos de modo a não alterar significativamente a topografia existente; - os lotes apresentarem áreas generosas destinadas a espaços verdes - permeáveis; - entre os lotes existem espaços verdes públicos que asseguram: - circulação de água de drenagem da encosta – linhas de água; - circulação de peões – caminhos pedonais; - instalação de infraestruturas – zonas técnicas. - os lugares de estacionamento no interior do lote são obrigatórios; - o parqueamento em exterior (pelo menos 1 por lote) foi definido em pequenos núcleos (por grupo de lotes) evitando-se áreas excessivas de estacionamento no espaço de utilização pública; - as vias apresentam uma tipologia de vias partilhadas.

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Anexo II – Cemitério

Felgueiras dispõe de um cemitério situado na encosta do Monte de Santa Quitéria, freguesia de Santa Eulália - Margaride. Constata-se que este cemitério se encontra praticamente preenchido pelo que a autarquia tem necessidade de proceder à sua ampliação. Os principais objetivos que nortearam o programa definido para a ampliação do cemitério foram: 1. – edifício de apoio - instalação de complexo funerário com serviços administrativos e elevador, capelas de velório, sala de tanatopraxia, sala de repouso, sanitários públicos, capela de cremação, sala de entrega de cinzas e sala de despedida/capela com forno crematório; 2. - espaços de inumação dos cadáveres com sepulturas, jazigos, gavetões para corpos, ossários e cinzas; 3. – espaços verdes de enquadramento e acessos pedonais, de veículos funerários e de emergência e de manutenção. O programa que se apresenta para o edifício de apoio responde à indicação de um programa base a desenvolver em fases subsequentes por uma equipa específica. Este edifico ficará parcialmente enterrado entre as cotas 384 e 390 aproveitando-se os desníveis existentes e a construção de muros de sustentação. Alguns elementos como chaminés, sala técnica e elevador ficarão pontualmente visíveis, mas grande parte da cobertura/plataforma será ajardinada sendo percecionada como um espaço verde. Os espaços de inumação dos cadáveres ficarão situados entre as cotas 390 e 405 vencendo-se o desnível com a construção de plataformas. O programa definido seguiu o Regulamento do Cemitério Municipal da Câmara Municipal de Felgueiras, na redação dada pela Alteração aprovada pela C.M. em 17.06.2002 As sepulturas apresentam forma retangular, obedecendo às seguintes dimensões mínimas: comprimento de 2 m, largura de 0,70 m e profundidade 1,15 m. No total o novo cemitério disporá de 459 sepulturas. Os jazigos definidos correspondem às seguintes tipologias: I. -Subterrâneos - aproveitando apenas o subsolo e num total de 15; II. - Mistos encontrando-se “encastrados” nos muros de suporte num total de 35; - Gavetões para corpos entendidos como edificação acima do solo constituída por fiadas sobrepostas sendo consideradas 3 fiadas num total de 420; - Gavetões para ossos e cinzas de cremação tendo sido definidos como número mínimo de 3 pisos contendo um total de 240. Os espaços verdes de enquadramento e os acessos pedonais e de veículos são parte integrante do desenho do cemitério, havendo diversidade nas dimensões e revestimentos, o que oferece a perceção de se estar num espaço de jardim.

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Articulação entre espaços e inserção na encosta O cemitério desenvolve-se em socalcos dada a necessidade de se criarem plataformas planas e de se vencerem os desníveis. As primeiras duas plataformas correspondem aos dois parques de estacionamento que se implantam respetivamente na cota 379 com 13 lugares, e na cota 384 com 15 lugares, sendo que neste último são atribuídos 2 lugares a pessoas com deficiência. O edifício de apoio com cota de soleira de 384 e de cobertura a de 390 tem acesso por escadas e elevador. A plataforma da cobertura do edifício será ajardinada sendo instalados gavetões para corpos e urnas de ossos e de cinzas de cremação. Desta plataforma passa-se à plataforma 393,90 que se destina a sepulturas. O acesso faz-se por elevador, escadas e rampas. Esta plataforma faz a ligação ao escadório de Santa Quitéria também por rampas apresentando dois acessos. Este acesso também permite a chegada à 3ª plataforma que se encontra na cota 397,80, que será a plataforma com maior diversidade de situações havendo sepulturas, jazigos e gavetões. Considera-se que a plataforma estruturante do cemitério é a da cota 397,80 porque permite a distribuição para os socalcos superiores e inferiores e tem diversidade de acessos: elevador e rampas a partir do estacionamento, entrada pelo escadório de Santa Quitéria e acesso pela nova via a construir na encosta do Monte que vai permitir o acesso de peões e de veículos funerários, de emergência e de manutenção. Seguem-se mais duas plataformas, a da cota 401,7 e a de 405,60. O acesso a estas plataformas faz-se exclusivamente por escadas. Considera-se que o novo cemitério de Felgueiras, com 6 socalcos que vencem cada um 6 a 4 m num total de 21,0m, se irá constituir como um espaço funcional e articulado capaz de acolher diversidade de situações. As plataformas, rampas e escadas são implantados de modo a se relacionarem com largos de diferentes dimensões e relevância, pelo que permitem a instalação de peças escultóricas, bancos, fontes, kits de torneira/regador/vassoura e locais de depósito de resíduos. O cemitério de Felgueiras destina-se à inumação de cadáveres, independentemente da sua religião, pelo que se pretende que as referencias a aplicar no espaço assegurem a sensação de paz e bem-estar sem referência explícita a qualquer religião, considerando-se que as plantas e a água serão os elementos sensoriais e referenciais determinantes. Grande foi também a preocupação de integrar este elemento na paisagem do Monte de Santa Quitéria preconizando-se um conjunto de áreas verdes. As árvores, arbustos, sebes e relvados que surgem ao longo do espaço oferecem a sensação de se estar a percorrer um jardim com conforto sensorial, pela calma dada pela cor verde, e conforto bioclimático e luminoso, pelas sombras, pois o cemitério tem uma exposição solar nordeste sudoeste sendo muito quente durante os meses de Verão. A arborização assegurará continuidade ao longo de toda a encosta do Monte. As vistas que se obtêm a partir do cemitério para o vale são de qualidade pelo que se potencializaram alguns dos largos do cemitério como miradouros. Os espaços verdes associados a cada plataforma também têm por objetivo reduzir o impacto visual que os muros causam quando vistos a partir do vale e levar a que este elemento seja utilizado e visitado por todos os que pretendam percorrer o Monte de Santa Quitéria.

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A definição de plataformas / socalcos oferece diversidade de situações de inumação e também permite que o cemitério possa vir a ser construído por fases. A localização do cemitério na encosta do Monte de Santa Quitéria ainda permite futuras expansões para além do indicado em desenho (linha de expansão do cemitério), a serem implementadas na continuidade das plataformas definidas.

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Anexo III – Nota explicativa da Estimativa Orçamental da componente Floresta

Para efeito de apresentação duma estimativa orçamental que comporte o conjunto das ações de natureza florestal integradas numa primeira fase do Parque na Floresta, foram elaboradas fichas ajustadas a cada um dos tipos de parcelas previstas: arborizações extensivas, pastagens e coleções, que se apresentam em detalhe na Estimativa Orçamental. O conjunto dos custos unitários que estão na base da elaboração destas fichas coincide prioritariamente com os valores apresentados nas Tabelas CAOF 2015-2016 (disponíveis no site do ICNF). Por norma recorreu-se aos valores tabelados para as situações previstas mais difíceis, que parecem mais ajustados à situação local. Pontualmente, estes valores foram confrontados e complementados com os disponíveis para elaboração de projetos de investimento florestal no âmbito dos apoios do PDR 2020 (Portaria nº 226/2019 de 19 de julho). Nalguns casos não representados nas tabelas anteriores, houve necessidade de estimar de forma autónoma os custos unitários adotados. De forma simplificada, consideraram-se apenas três valores para os preços de plantas 0.25, 0.50 e 0.75 euros, respetivamente para Pinheiro bravo, Outras resinosas e Folhosas; certamente algumas das folhosas sugeridas atingem valores muito superiores, mas o número diminuto de exemplares em causa não afetam significativamente as estimativas apresentadas. No Quadro seguinte apresenta-se em resumo os custos envolvidos para cada tipo de parcela. Mancha Área (ha) Total (€) P. unit (€/ha) Benef.(€/ha) Arbor.(€/ha) Pm+Sb 5.828 18486 3172 - 3172 Ps+Cst 4.826 12984 2690 1390 3991 Pb+Cv 5.132 10936 2131 1390 2872 P1,P2 2.346 6232 2656 2656 - P3,P4 2.435 6775 2782 2782 - C1p 2.827 6796 2404 - 2404 C1n 4.341 8471 1951 1390 3074 C2 1.631 4503 2760 2025 4231 C3 0.735 1718 2337 1390 4231 C4 0.277 1172 4231 - 4231 C5 0.715 1450 2028 - 2028 C6p 0.786 1772 2255 1390 3985 C6n 0.510 995 1951 1390 3074 C7p 0.529 1348 2550 1390 4872 C7n 2.218 4329 1952 1390 3075 C8 2.369 4634 1956 1390 3088 C9p 0.685 1305 1906 1390 2937 C9n 6.589 23757 3604 1390 2833 C10 0.377 709 1880 1880 - TOTAL 45.156 118371 2621 1642 3399

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Como se pode verificar, para os cerca de 45 ha que foram considerados, atinge-se nesta fase de instalação um montante total inferior a 120 mil euros, o que corresponde a um custo médio por hectare um pouco superior a 2600 euros. Adicionalmente, apresenta-se uma média dos custos unitários repartidos entre ações de Beneficiação (Limpezas de Eucalipto, Pastagens, Controlo Acácias e Regeneração natural), substancialmente mais baixos do que os previstos com ações de Arborização; cerca de 1600 e 3400 euros respetivamente.

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