Português De Macau
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
FILOZOFICKÁ FAKULTA MASARYKOVY UNIVERZITY ÚSTAV ROMANSKÝCH JAZYKŮ A LITERATUR Portugalský jazyk a literatura Bc. Miluše Gráfová Português de Macau Magisterská diplomová práce Vedoucí práce: Mgr. Iva Svobodová, PhD. 2013 Prohlašuji, že jsem diplomovou práci vypracovala samostatně s využitím uvedených pramenů a literatury. Tištěná verze se shoduje s verzí elektronickou. …………………………………….. 2 Děkuji Mgr. Ivě Svobodové, PhD., za cenné připomínky, věnovaný čas a trpělivost. 3 1. Índice 1. Índice 4 2. Introdução 6 3. Metodologia e objectivo 7 4. Língua portuguesa em Macau 8 5. Contexto sócio-histórico 10 5. 1 População em Macau 10 5. 2 Situação linguística em Macau 12 5. 3 Ensino em Macau 15 5. 4 Manutenção da língua portuguesa em Macau 18 5. 5 A situação actual 19 6. Ortografia e transcrição 20 7. Fonética e fonologia 21 7. 1. Os ditongos 22 7. 2 Vogais [ẹ] [ọ] em variação com ditongos [ej] [ow] 23 7. 3 Vogal [eɳ] em variação com [ẽ] 25 7. 4 A africada [ʧ] 25 7. 5 As fricativas s, z 26 7. 6 A vibrante r 30 7. 6. 1 R – posição inicial 31 7. 6. 2 R – posição central 32 7. 6. 3 R – posição final 34 4 7. 7 As palatais de português standard [λ] [ŋ] 36 7. 8 L alveolar em vez de l lateral dental 36 7. 9 Omissão de uma consoante, vogal ou grupos de consoantes, sílabas 36 7. 10 Algumas outras particularidades 38 8. Morfologia e sintaxe 39 8. 1 Queda do r na posição final no verbo infinitivo 44 8. 2 Concordância verbal, entre sujeito e predicado, e entre sujeito e predicativo 44 9. Lexicologia 50 10. Conclusão 55 11. Bibliografia 56 12. Apêndice 58 5 2. Introdução A presente tese propõe-se a investigar as diferenças entre o português europeu e o português de Macau do ponto de vista linguístico. Como a fonte principal da língua padrão, servir-nos-á a Nova Gramática do Português Contemporâneo de Cunha (1991). Estudaremos diferentes manifestações da língua macaense na área de fonética e fonologia, de morfologia, de sintaxe e de lexicologia. Não tomamos em consideração o acordo ortográfico porque não é o nosso objetivo estudar a forma escrita. Por vastidão da problemática, concentraremos o nosso interesse principalmente em aspectos com uma considerável variação sociolinguística e esperamos que sirva como inspiração para futuras investigações. Escolhemos este tema porque a língua macaense tem sido pouco estudada e deixada para trás por patuá. A nossa pesquisa, feita no próprio terreno, pretendia adquirir informações sobre o verdadeiro estado da língua portuguesa utilizada pelos falantes de origem portuguesa, que nasceram e viveram em Macau e que fazem parte da vida pública. Um factor importante, levado em consideração no nosso trabalho, foi também a origem dos pais deles. Também eles deveram nascer e viver nesta cidade. Não foram incluídos na nossa pesquisa falantes portugueses recentemente chegados a Macau e nem pessoas que não falam português apesar de serem de origem portuguesa ou conhecem só algumas palavras. Na investigação aplicámos também, embora marginalmente, o factor sociológico: analisámos a língua falada por pessoas da mesma classe social, quase da mesma idade e com a mesma possibilidade de utilizar a língua portuguesa no trabalho. Para a análise, utilizámos gravações de quatro entrevistas que foram realizadas a diferentes pessoas sobre vários assuntos ligados com Macau, feitos para a Rádio Macau, que nos amavelmente disponibilizou o chefe do Departamento Rádio Macau Canal Português, Gilberto Lopes. Devido à longueza dos diálogos, analisámos só dez minutos da conversa Conseguimos também conhecer através de perguntas, baseadas em informações obtidas das fontes secundárias (Baxter: 2009, Correia: 1999, Diez: 2000), o estado da língua na geração mais nova. Analisámos a língua portuguesa falada por um jovem macaense. Outras 6 informações recebemos de um chinês, estudante de língua portuguesa na Faculdade de Direito.1 Infelizmente foram só estes dois que se prestaram a ajudar-nos.2 O nosso estudo compor-se-á de nove capítulos. No primeiro capítulo apresentaremos as informações básicas sobre a cidade de Macau, sobre a sua história e sobre o seu estado actual. À continuação, dedicar-nos-emos a fonologia e fonética, morfossintaxe e lexicologia do português macaense comparando o material obtido da análise com os resultados de Alan N. Baxter no livro O português em Macau: contacto e assimilação (2009), de Ana Cristina Rouillé Correia no livro A Língua Portuguesa em Macau. Do passado para o presente: Que futuro? (1999) e de Blanca Aurora Diez no livro Language Change in progress in the Portuguese of Macau (2000). Sendo o nosso objectivo investigar a diferença entre o português de Macau e o português padrão, escolhemos pessoas de profissão no sector público que realmente têm a possibilidade de falar português. Devido ao carácter formal das entrevistas, pressupomos que as diferenças fossem mínimas. 3. Metodologia e objectivo Como já mencionámos acima focalizamos o nosso interesse na variedade da língua portuguesa, à qual não se tem prestado muita atenção, do ponto de vista linguístico. O nosso objetivo é estudar sobretudo o registo gravado. Não nos interessa a forma escrita. Como fonte primária serviram-nos entrevistas gravadas de quatro pessoas que confrontamos com os resultados de outros autores que se dedicaram a esse assunto e com a Nova gramática do português contemporâneo de Cunha (1991). Visto que o português de Macau tem raízes na língua do século XVI e está sob a influência de chinês, tentamos também encontrar alguns traços que podiam demonstrar esta influência no português macaense. 1 Achamos contributivo saber sobre os problemas e as dificuldades de chineses com a língua portuguesa. 2 As informações básicas sobre os dois participantes, foram colocadas no apêndice. 7 4. Língua portuguesa em Macau Com o desenvolvimento do negócio português nas costas de outros continentes surgia também a importância da língua portuguesa. Esta servia como uma comunicação não apenas entre os negociantes mas também pelos governantes locais nos seus contactos com outras pessoas. A língua portuguesa nessa altura se mantem no Brasil, São Tomé e Príncipe, Mosambique, Cabo Verde, Angola e Timor L´Este. Em algumas localidades muitas palavras portuguesas foram incorporadas por vários idiomas orientais como por exemplo as da Índia, do suaili, malaio, indonésio, bengali, japonês, do Ceilão, o tetum de Timor, da África do Sul.3 Nós dedicar-nos-emos a Macau onde ainda hoje a língua portuguesa serve como a língua oficial e a sua importância ainda surge por contactos comerciais com o Brasil e por esforço do Instituto de Camões. Macau é uma região administrativa especial da República Popular da China. O seu nome parece ter origem na deusa A-Ma, Amagau (baía de A-Ma), Amacao, Macao e, no fim, Macau. A bandeira portuguesa esteve sempre içada em Macau, mesmo durante a ocupação de espanhóis em Portugal, e D. João IV, Rei de Portugal, recompensou este acto de confiança gratificando Macau com o título "Cidade Santo Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal". Macau é território chinês e esteve sobre a administração portuguesa, até ao dia 20 de Dezembro de 1999.4 No início foi povoado por pescadores e camponeses chineses. No século XVI chegaram os portugueses e estabeleceram-se nesta localidade. Para os portugueses era um importante intermediário no comércio entre a China, a Europa o Japão. 3 Revistasarara.com. Macau – sua história e cultura. Disponível em: <http://www.revistasarara.com/int_pente_finoTexto04.html>. 4 Wikipedia.org. História de Macau. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Macau#Origem_do_estabelecimento_portugu.C3.AAs_de_M acau>. 8 Após a conquista da Índia por Afonso de Albuquerque em 1509, Dom Manuel tentou dominar as linhas comerciais-marítimas do Índico e do Mar da China. O primeiro contacto com a China conseguiu ao conquistar Malaca em 1511. Passados dois anos, Jorge Álvares domina a ilha de Tamão (hoje ilha de Lantau e incluída no território de Hong Kong), em 1516 Rafael Perestelo atingiu Cantão. Em 1520 os chineses atacaram os portugueses por estes não respeitarem o decreto do Imperador que fechava o porto de Cantão aos estrangeiros. Os portugueses estabeleceram feitorias em Liampó e Chinceu, no litoral. Nos anos quarenta, como chegaram ao Japão, aumentaram o comércio e estabeleceram novas feitorias nas ilhas de Sanchuang e Lampacau. Naquele tempo, o capitão Leonel de Sousa conseguiu obter do governador de Cantão licença para que os portugueses se pudessem fixar naquela aldeia de pescadores. Sanchuang e Lampacau entraram em declínio e Macau começou a crescer, tornando-se uma povoação de mercadores. Em 1557 os portugueses fixaram-se permanentemente em Macau, quando o pirata Chang Tse-Lac foi vencido com a ajuda deles nos mares da costa de Macau, esta terra foi concedida pelo imperador chinês aos portugueses. Logo os portugueses conseguiram manter o monopólio que assegurava o comércio entre o Oriente e o Ocidente até fins de século XVII.5 Macau tornou-se cedo, por um lado, um porto muito próspero, mas por outro lado também um lugar de muitas actividades ilícitas, sendo que os portugueses asseguraram a sua posição também por ajudarem às autoridades locais suprimindo revoltas das tropas costeiras. A conclusão do Tratado de Amizade e Comércio entre a China e Portugal em 1887 possibilitou a Portugal “a perpétua ocupação e governo de Macau”, mas ficaram dúvidas quanto à soberania do Território pertencer à China ou a Portugal.6 Já na segunda metade do século XX, em 1979, quando a China e Portugal estabeleceram relações diplomáticas, ficou acordado que Macau seria um território chinês sob administração 5 Wikipedia.org. História de Macau. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Macau#Origem_do_estabelecimento_portugu.C3.AAs_de_M acau>. 6 Revistasarara.com. Macau – sua história e cultura. Disponível em: <http://www.revistasarara.com/int_pente_finoTexto04.html>.