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Press Review Page T Ruínas da Catedral de São Paulo, em Macau, cidade onde as culturas chinesa e portuguesa continuam a coexistir. Macau, aporta que ficou aberta Quase duas décadas depois da transição de administração, em dezembro de 1999, Macau emerge como uma plataforma para as relações sino-lusófonas. Fórum Macau estimulou interesse da população pela língua portuguesa. JOSÉ CARLOS M ATI AS/PLATAFORMA Macau a estudar em Portugal. Aprender Macau Direito em Portugal permite compreender a cultura jurídica e praticar a língua portu- Lee tinha apenas 6 anos quan- guesa num contexto de imersão", salienta, do a bandeira portuguesa foi substi- ao mesmo tempo que garante que das cida- tuída pela da República Popular da des em que já viveu -incluindo duas nos China, nos primeiros segundos do Estados Unidos - "excetuando Macau, Lis- dia 20 de dezembro de 1999. Abria-se boa é a favorita". um novo capítulo na história de Ma- Jacky Contrariamente a Jacky Lee, Calvin Chui, cau, após mais de 400 anos de admi- 27 anos, regressou a Macau, onde está a rea- nistração portuguesa. Contudo, esse lizar um estágio de advocacia num dos momento não resultou num desapareci- principais escritórios de advogados da ci- mento da lusófona na então re- presença dade. cém-criada região administrativa especial. O português mantinha-se como língua ofi- Português está na moda cial - a do chinês - em 2003, o par e, gover- Atualmente estudam no ensino superior no central criou o Fórum para a Coopera- em Portugal cerca de duas centenas de jo- ção Económica e Comercial entre a China vens de Macau, com os cur- e os países de língua portuguesa (Fórum destaque para sos de Direito e Línguas. As bolsas de estudo Macau) . Lee já tinha ouvido falar da impor- estudar em Portugal têm aumentado tância do português na cidade, mas foi aos para nos últimos anos, em linha com o reforço na 16 anos que deu o passo que mudou a sua da de vida: inscreveu-se no curso noturno de lín- aposta formação quadros bilingues (que dominem chinês e português) . Essa gua portuguesa no Instituto Português do tendência verifica- se sobremaneira tam- Oriente (IPOR) . Um par de anos depois es- bém em Macau com a subida do número de tava em Lisboa para um curso intensivo de chineses locais e da China continental a português e iniciar a licenciatura em Direi- no IPOR nas to na Universidade de Lisboa. "Macau apli- aprender português quer quer escolas onde a oferta do tem au- ca o sistema jurídico de raiz portuguesa português mentado. Por outro lado, aEscola conforme o princípio Um País, Dois Siste- Portugue- sa de Macau conheceu recentemente um mas e considerei que estudar em Portugal aumento do número de alunos iria reforçar as minhas competências no significativo de famílias chinesas a via de futuro", explica Lee, natural de Macau de optarem pela ensino e currículo etnia chinesa, ao Diário de Notícias. E foi português. O Instituto Politécnico de Macau (IPM) isso que aconteceu. Prosseguiu os estudos, tem tido também um papel liderante nafor- desta vez em Coimbra, num mestrado em mação de tradutores e especialistas nas cul- Relações Internacionais, e tem estado ati- turas lusófonas ao longo destas duas déca- vo na área de tradução e promoção de coo- das. Mais recentemente, a Universidade Ma- perações comerciais e económicas envol- cau (UM) também reforçou a aposta nesta vendo marcas e chinesas. Para portuguesas área. Rui Martins, vice-reitor da UM desde já, aos 25 anos, Jacky Lee planeia permane- antes da transferência de administração de cer em Portugal nesta fase da sua carreira. Macau, realça que a realidade acaboupor Calvin Chui tem um percurso semelhan- superar as melhores expectativas. 'Após um te. Também começou por seguir a via de período crítico entre 1999 e 2003, com acria- ensino em chinês antes de rumar ao Oci- ção do Fórum, as coisas mudaram comple- dente. Primeiro Estados Unidos, para com- tamente, a ponto de o programa de Direito pletar o ensino secundário; depois Lisboa, em português nunca ter tido tantos alunos para estudar Português e Direito na Univer- como agora", diz Rui Martins, chamando a sidade Católica. Na capital portuguesa, atenção também para a explosão da procu- Chui, primo do atual chefe do executivo de ra de cursos de Português não apenas em Macau, Fernando Chui Sai On, fundou a Macau como na China continental. Ao pas- Associação de Estudantes Luso-Macaense, so que há2o anos havia apenas duas univer- juntando as várias dezenas de jovens de sidades chinesas a oferecer programas de português, agora são cerca de 30 as institui- ções a fazê-10. Ao nível da cooperação, quer o IPM quer a UM firmaram vários acordos de cooperação e programas conjuntos com instituições de ensino superior de Portugal e de outros países lusófonos. A presença portuguesa também se refle- te nos meios de comunicação social. Além dos canais de rádio e televisão em portu- guês daTeledifusão de Macau (TDM), são publicados três jornais diários em língua portuguesa (Jornal Tribuna de Macau, Pon- to Final e Hoje Macau), um semanário bi- lingue (Plataforma Macau) e o semanário católico O Clarim. A Associação de Impren- sa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) conta atualmente com cerca de 90 sócios, 65 dos quais são jornalistas portugueses. Uma presença de 442 anos ? A presença portuguesa estabeleceu-se em 1557. Em 1583 foi criado o Senado de Macau, que substituiu o capitão-mor. Em 1784, uma reestruturação exigida por D. Maria I conferiu poderes ao governador. Com a democracia, Macau passa a ser uma região administrativa especial, de que o general Rocha Vieira foi o último governador, até à transição, em 1999..
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