UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS Departamento De História
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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS Departamento de História CUANHAMA: ESTRATÉGIAS INTERNAS E PRELÚDIO DA PERDA DA SUA AUTONOMIA (1900-1915) Isildo Gouveia Martins Dissertação Mestrado em História Especialidade de História de África 2015 UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS Departamento de História CUANHAMA: ESTRATÉGIAS INTERNAS E PRELÚDIO DA PERDA DA SUA AUTONOMIA (1900-1915) Isildo Gouveia Martins Dissertação orientada pelo Professor Doutor José da Silva Horta Mestrado em História 2015 RESUMO Desde que se fixaram no seu actual território, que se encontra distribuído pelas regiões sul e norte das repúblicas de Angola e da Namíbia, os cuanhamas criaram e fortaleceram as suas instituições e abandonaram algumas delas para agilizarem os mecanismos da sua sociedade. O seu grande salto qualitativo aconteceu quando começaram a acumular grandes riquezas, respeitantes aos produtos procurados pelo comércio internacional e pelos produtos que adquiriam aos estrangeiros. Por volta de 1891, o povo cuanhama começou a sentir a pressão exercida pelos portugueses com o objectivo de ocuparem os seus territórios. Os africanos responderam a esta pressão impedindo, durante vinte e quatro anos, os estrangeiros de alcançarem os seus propósitos. Este trabalho tem como objectivo saber quais foram as estratégias utilizadas pelos cuanhamas nas suas relações com os europeus e como foi a sua evolução, após os primeiros contactos, de maneira a manterem a sua autonomia. Os africanos privilegiaram a via diplomática para evitarem um confronto militar com os portugueses e impedirem a ocupação do seu território, mas, tendo em conta a progressão daqueles, os cuanhamas, dentro das suas possibilidades, armaram-se e preparam-se para o conflito bélico. Em 1915, os africanos estavam enfraquecidos por não terem conseguido fazer frente às catástrofes ambientais que geraram fome, tumultos sociais e milhares de mortos que consequentemente contribuíram para a queda do principal objectivo do povo cuanhama, ou seja, a defesa do seu território. Apesar de todas estas contrariedades, enfrentaram os portugueses na sua caminhada para o sul e criaram-lhes grandes dificuldades, pois estes nem sempre tiveram em consideração a capacidade militar dos cuanhamas. Contudo, o povo cuanhama acabou por ser derrotado nas cacimbas da Môngua, o que conduziu à desagregação das elites dirigentes e à perda de influência dos espaços africanos e de algumas das suas instituições. Palavras-chave: Cuanhama, 1900-1915, Mandume, Instituições Cuanhamas, Comércio Internacional, Administração Colonial, Guerra. ABSTRACT Since settled in their current territory, which is distributed to the south and north regions of the Republics of Angola and Namibia, the Kwanyama created and strengthened their institutions and left some of them to streamline the mechanisms of their society. Their qualitative leap happened when they started accumulating great wealth, represented by the products demanded by international trade and the products acquired to foreigners. Around 1891, the Africans began to feel the pressure exerted by the Portuguese in order to occupy their territories. The Kwanyama responded to this pressure by preventing foreigners, for twenty-four years to achieve their objectives. This work aims to know what were the strategies used by Kwanyama in their relations with European and how it has developed, after the first contact, in order to maintain their autonomy. The Africans privileged the diplomatic channels to prevent the occupation of their territory and to avoid all possibilities of military confrontations with the Portuguese, but, based on the progression of those, sought to arm themselves and prepare to war. In 1915, Africans were weakened because they weren´t able to cope with environmental disasters that led to famine, social unrest and thousands of dead. Consequently Kwanyama’s main objective falls apart, namely the defense of their territory. Despite all these setbacks, the Kwanyama faced the Portuguese on their journey to the south and created them great difficulties, because the Portuguese have not always considered the military capacity of Africans. Still the Kwanyama were defeated in the ponds of Môngua, which led to the breakdown of the elites leader and the loss of influence of African spaces and some of its institutions. Keywords: Kwanyama, 1900-1915, Mandume, Kwanyama Institutions, International Trade, Colonial Administration, Warfare. ÍNDICE INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................1 PARTE I – CONFIGURAÇÕES INTERNAS E SUAS TRANSFORMAÇÕES 1. O Cuanhama, as organizações políticas e de governação em 1900....................................5 2. Estratégias diplomáticas e a imigração de estrangeiros ...................................................15 2.1 As instalações militares e religiosas dos estrangeiros ....................................................22 2.2 As alianças regionais ou o Ovambo independente..........................................................29 2.3 O significado dos autos de vassalagem ............................................................................36 3. Alterações económicas e sociais pautadas pelas relações externas ..................................42 4. A liderança dos chefes no comércio externo ......................................................................46 4.1 O alargamento das fronteiras económicas ......................................................................50 4.2 O lançamento de impostos ................................................................................................52 4.3 A criação de gado bovino, caprino e equino....................................................................55 4.4 A fome, as revoltas e a emigração ....................................................................................59 5. O exército como garante do estado cuanhama ..................................................................63 5.1 O papel do exército na adesão à economia internacional ..............................................65 6. O comando do exército perante os desafios exógenos .......................................................67 6.1 Os efectivos e a mobilização..............................................................................................74 6.2 O treino militar e o seu arsenal ........................................................................................76 PARTE II – GUERRA E DESAGREGAÇÃO 1. Os objectivos portugueses para o Cuanhama em 1900.....................................................80 2. A acção do exército português.............................................................................................87 2.1 A rede de fortes em redor do Ovambo ............................................................................93 2.2 O efeito da derrota de Naulila ..........................................................................................96 2.3 O comando do exército....................................................................................................102 2.4 Os efectivos e o seu material de guerra .........................................................................108 3. As batalhas entre os cuanhamas e os portugueses...........................................................113 3.1 As estratégias e as tácticas utilizadas.............................................................................117 3.2 A derrota dos cuanhamas e o abandono de Ondjiva....................................................121 3.3 A repressão portuguesa...................................................................................................125 3.4 A desintegração do exército cuanhama .........................................................................127 3.5 O fim da autonomia dos cuanhamas..............................................................................131 CONCLUSÃO.........................................................................................................................138 ANEXOS .................................................................................................................................147 FONTES ..................................................................................................................................158 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................161 GLOSSÁRIO ..........................................................................................................................167 CRONOLOGIA......................................................................................................................175 Em memória da Clara Vieira, minha companheira, e dos meus amigos, estudantes universitários da Huíla, que tombaram na luta pela independência de Angola, Eugénio Martins “Ciccio”, Isaías Estêvão e José Sequeira “Cubas”, de quem nunca me esqueci e que me ajudaram, ao longo da minha vida, pelo seu exemplo e coragem. AGRADECIMENTOS Esta dissertação não é apenas o resultado do meu empenho, mas o conjunto dos esforços, apoios e incentivos de várias pessoas que não posso deixar de agradecer: Ao Senhor Professor Doutor José da Silva Horta, pelo seu acompanhamento e pelas suas sugestões que foram de extrema importância para a definição e execução desta dissertação e pela disponibilidade que me concedeu, apesar do seu horário muito preenchido. Aos trabalhadores do Arquivo Histórico