Ou a Partir De - Filmes, Alguns Têm a Felicidade Da Fácil Escolha, Ficando Logo Associados Ao Nome De Um Diretor, Ator, Momento Histórico, Período, Estilo, Etc
INTRODUÇÃO Dentre as pessoas que gostam de cinema e se colocam a pesquisar sobre - ou a partir de - filmes, alguns têm a felicidade da fácil escolha, ficando logo associados ao nome de um diretor, ator, momento histórico, período, estilo, etc. Outros, e incluo-me aqui, não conseguem escolher. Passam os olhos de tela em tela sem nunca estabelecer fidelidade, sem nunca tentar (e se recusando a fazê-lo) alinhavar filmes, temáticas, estilos, técnicas e o que mais acompanha o cinema. O ritual da sala escura é uma ação soberana, da mesma matéria do erotismo ou do ato de fumar um cigarro, só pela chance de ver a fumaça, como explicava Bataille: pura dissipação e consumo, sedução e consumação só conhecida por aqueles que foram educados para os desvios e os fetiches. Por isso, ao fixar um filme e analisá-lo colocando em perspectiva as questões com as quais venho lidando há tempos, a escolha acabou recaindo numa obra que é um monumento técnico que lembra do que o cinema é capaz e, ao mesmo tempo, uma memória, que se quer extirpar, do século XX. Simultaneamente, uma obra para a qual o termo cinematográfico (no sentido que as pessoas o utilizam hoje, isto é, soberbo, emocionante, impactante, etc.) coubesse tão bem quanto a constatação, também comum, de que se trata de um filme pavoroso, odiento e que guarda, no celulóide, as imagens do mal. Uma vez que era difícil escolher um diretor ou um filme que desse conta dessa educação pela qual passei, desde a infância, mirando a tela grande, em homenagem ao cinema, escolhi O Triunfo da Vontade, de Leni Riefenstahl.
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