Relatório técnico final do projeto

Tudo bem – A negociação das identidades nacionais e transnacionais nas co-produções luso-brasileiras (1995 – 2007)

de Carolin Overhoff Ferreira

Bolsa CNPq pós-doutoramento sênior

Realizado no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo

Supervisão: Prof. Dr. Ismail Xavier

Agosto 2008 – Julho 2010

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Conteúdo

Atividades de pesquisa programadas ...... 3

Objetivo principal ...... 3

Metodologia: ...... 5

Atividades realizadas: ...... 7

Lista de trabalhos realizados e publicados durante a vigência da bolsa de pós-doutoramento sênior ...... 14

Lista de trabalhos em publicação ...... 17

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Atividades de pesquisa programadas

Objetivo principal O projeto “Tudo bem – A negociação das identidades nacionais e transnacionais nas co- produções luso-brasileiras (1995 – 2007)” foi desenvolvido para contribuir para um maior entendimento das inter-relações e negociações de identidade e discursos identitários nas 24 co-produções luso-brasileiras realizadas entre 1995 e 2007, produções estas que resultaram do protocolo assinado entre ambos os países em 1994. Desta forma, o estudo teve como final objetivo oferecer novas perspectivas para a atual discussão e definição do conceito de transnacionalidade nos estudos de cinema e, ainda, para um esclarecimento do conceito de identidade transnacional nos discursos sobre luso- tropicalismo e lusofonia que ocorrem presentemente em várias áreas do conhecimento relacionadas com os estudos culturais brasileiros e portugueses. O corpo de análise consistiu nos seguintes filmes luso-brasileiros:

Nome do Filme Realizador País Ano 1 O Judeu Jom Tob Azulay B 1995 2 Terra Estrangeira B 1995 3 Bocage, O Triunfo do Amor Djalma Limogi Batista B 1997 4 Tentação Joaquim Leitão P 1997 5 O Testamento do Senhor Napumoceno Francisco Manso P 1997 6 Amor & Cia Helvécio Ratton B 1998 7 O Rio do Ouro Paulo Rocha p 1998 8 O Xangô de Baker Street Miguel Faria Jr. B 1999 9 Hans Staden Luiz Alberto Pereira B 2000 10 Palavra e Utopia P 2000 11 Estorvo Ruy Guerra 2000 11 A Mulher Polícia Joaquim Sapinho P 2001 12 Tudo isto é Fado Luís Galvão Teles P 2003 13 SA Ruy Guerra B 2003

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14 A Selva Leonel Vieira P 2003 15 Desmundo Alain Fresnot B 2003 16 O Diabo a Quatro Alice de Andrade B 2004 17 O Veneno da Madrugada Ruy Guerra B 2004 18 Diário de um novo mundo Paulo Nascimento B 2005 19 Um tiro no escuro Leonel Vieira P 2005 20 Viúva rica solteira não fica José Fonseca e Costa P 2006 21 Sonhos e Desejo Marcelo Santiago B 2006 22 O Céu de Suely Karim Ainouz B 2006 23 A Ilha dos Escravos Francisco Manso P 2008

Em um segundo passo, o projeto almejou também esclarecer melhor a influencia dos modos de produção sobre estes filmes. Assim, pretendemos comparar as co-produções com os filmes nacionais que lidam com as mesmas temáticas (migração e colonialismo). A comparação poderia elucidar se as produções luso-brasileiras resultam principalmente de interesses unilaterais (ideológicos e financeiros), ou se a transnacionalidade oferece possibilidades de refletir em conjunto sobre as identidades lusófonas, ultrapassando deste modo velhos mitos e perspectivas binárias. Sendo que não existe filme português que se debruça sobre questões relacionadas com a época colonial, apresentamos os seguintes filmes brasileiros como corpo de análise para a comparação:

Título do filme Realizador Ano 1 O Guarani Laura Bengell 1996 2 Tiradentes Oswaldo Caldeira 1998 3 Brava Gente Brasileira Lúcia Murat 2000 4 Caramuru Guel Arraes 2001

O fato de Portugal não ter realizado filmes sobre a época colonial resulta da história recente do país: a problemática das colônias portuguesas em África é mais presente e, por isso, a necessidade de debater e narrar o envolvimento com as “províncias ultramarinas” de maior importância, pois está fortemente relacionado com a nova identidade portuguesa no 4

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contexto europeu, ou seja, como membro da União Européia. Mesmo assim, consideramos que a comparação dos filmes transnacionais com os filmes nacionais brasileiros oferecer pistas sobre as diferenças entre co-produções e produções nacionais. Fez parte da análise a reflexão sobre o fato de que Portugal encontrou nas co-produções uma oportunidade de discutir o passado colonial brasileiro, que, muito provavelmente (e isto nos indica a falta de filmes em nível nacional) jamais teria ocorrido.

Metodologia: O estudo consistiu em um primeiro momento na análise de um corpo de 24 co-produções de ficção e, em um segundo, na comparação destes com quatro produções nacionais brasileiras que desenvolvem discursos sobre a identidade nacional e transnacional nos contextos do colonialismo e pós-colonialismo. Devido à longa história dos vínculos entre ambos os países e derivando da constante revitalização destes discursos, é possível assinalar cinco aspectos que guiaram nossas análises:

1. Os discursos sobre os relacionamentos entre o Brasil e Portugal e a afirmação ou reformulação destes nos filmes; 2. Os discursos sobre a constituição da identidade brasileira e dos seus mitos fundadores desde a chegada dos primeiros portugueses até os dias atuais e a afirmação ou reformulação destes nos filmes, 3. A representação de personagens em trânsito transatlântico, tanto de personagens brasileiros quanto de portugueses que se deslocam antes e depois da independência brasileira; 4. A discussão da lusofonia nas adaptações de literatura portuguesa, brasileira ou luso- brasileira ou através de filmes sobre autores canônicos da língua portuguesa; 5. As diferentes categorias de transnacionalidade nos filmes (questões ideológicas, financeiras, geográficas e sócio-culturais); 6. A comparação dos filmes luso-brasileiros com os filmes portugueses que a) possuem personagens que migram entre Portugal e o Brasil em um contexto colonial ou neo-

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colonial e b) que possuem personagens imigrantes em um contexto pós-colonial, elaborando assim os pontos 1) e 3).

Estes seis aspectos resultaram da revisão bibliográfica que demonstrou a importância dos seguintes conceitos para os filmes realizados entre o Brasil e Portugal: a identidade nacional e transnacional, a lusofonia e o lusotropicalismo, isto é o legado lingüístico, étnico, cultural e histórico. Autores que guiaram a escolha dos aspectos foram: Gilberto Freyre (1933), Caio Prado Júnior (1942), Sérgio Buarque de Holanda (1947), Benedict Anderson (1989), Andrew Higson (1989), Alfredo Bosi (1994), Walter D. Mignolo (1998), Eduardo Lourenço (1999), Philip Schlesinger (2000), Boaventura Souza Santos (2001), Bela Feldman- Bianco (2002), Robert Rowland (2002), Onésimo de Almeida (2005), entre outros.

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Atividades realizadas:

1. No contexto do ponto 1 (Os discursos sobre os relacionamentos entre o Brasil e Portugal e a afirmação ou reformulação destes nos filmes) e 3 (A representação de personagens em trânsito transatlântico, tanto de personagens brasileiros quanto de portugueses que se deslocam antes e depois da independência brasileira), especificamente sobre o trânsito de personagens portuguesas para o Brasil, organizamos uma mesa no Congresso Narrating the Portuguese Diaspora (1928-2008): International Conference on Storytelling na Universidade de Lisboa em Outubro de 2008 com o título “Identidade portuguesa em trânsito – o cinema nacional e trans-nacional na era da globalização”. A nossa comunicação “Em trânsito – a negociação da identidade portuguesa nas produções transnacionais luso-brasileiras desde 1995” foi depois submetida e aceite como capitulo de livro para a publicação que resultará do encontro com o título “Brothers or Strangers – The construction of identity discourses in contemporary Luso-Brazilian co-productions with Portuguese migrating characters”. Resumimos os resultados da nossa comunicação da seguinte forma:

Podemos concluir que as co-produções analisadas apostam na sua maioria em discursos identitários que apresentam a imigração portuguesa como referência histórica positiva e elemento de identificação. Esta identidade híbrida luso- brasileira possui como maior característica a audácia ou mesmo a virilidade que ocultam, na verdade, ou paternalismo ou desprezo pelo Outro e apagam os verdadeiros protagonistas da imigração portuguesa, além de dar relevo à imigração branca. Apenas Desmundo reconhece que a formação da identidade brasileira com base na identidade portuguesa resulta da opressão do Outro. O modo de produção transnacional estimula certamente o encontro de portugueses e brasileiros na produção cultural, quando comparado com a usual ausência do Outro na literatura, e negocia a identidade dos imigrantes de forma que esta ultrapasse os velhos preconceitos. Ao mesmo tempo, resulta em filmes comemorativos que parecem ser feitos para agradar ambos os lados do Atlântico, indiferente da origem do realizador, porém, perdem a complexidade das relações

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luso-brasileiras históricas, e, lembrando Schengen, também não contemplam o relacionamento contemporâneo.

2. Preparamos sobre o ponto 2 (Os discursos sobre a constituição da identidade brasileira e dos seus mitos fundadores desde a chegada dos primeiros portugueses até os dias atuais e a afirmação ou reformulação destes nos filmes) para o Congresso Luso-Afro-Brasileiro, que ocorreu em Fevereiro 2008 em Braga, uma comunicação intitulada “Processo civilizatório, raízes e formação do Brasil nas co-produções cinematográficas luso-brasileiras (1995 -2007)”, no contexto de um grupo de trabalho que incluiu professores da UNIFESP e da USP. Apesar de não ter obtido financiamento para participar do evento, será publicado um livro pela editora da UNIFESP para o qual fomos convidados a participar com o nosso trabalho e que deve sair em 2010. No texto que escrevemos para o pedido de apoio, encerramos assim: Na construção de imaginários do período colonial brasileiros, as quatro co- produções luso-brasileiras optam na sua maioria por momentos não só pouco representativos deste, mas também raramente abordados no cinema brasileiro: a chegada de mulheres brancas, a colonização do sul, a presença dos jesuítas. Apenas Hans Staden encontra-se em dialogo com uma temática cardeal da época, o encontro entre brancos e índios, entre a cultura européia e indígena, que já possui tradição na cinematografia brasileira. Contudo, pisar novos terrenos de um ponto de vista transnacional não significa necessariamente visões que fossem além de mitos hegemônicos. Pelo menos no caso de Palavra e Utopia revisita-se a lusofonia do Quinto Império sem que a redefinição do processo civilizatório dos últimos tempos fosse levado em consideração. Diário de um Novo Mundo não se interessa muito pelo contexto histórico, mas glorifica a colonização do sul. Hans Staden também não consegue oferecer um ponto de vista inovador em relação ao primeiro século da colonização, sobretudo em relação aos indígenas, porém, afasta-se da antropofagia de Como era gostoso o meu francês. Apesar do seu desencanto em relação aos encontros coloniais, o filme fica preso à descrição supostamente etnológica do

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texto em que se baseia, mas cuja perspectiva encontra-se desde muito ultrapassada. Desmundo é o único filme em sintonia com as críticas formuladas pelas ciências sociais e humanas, tanto do início quanto do final do século 20. Devido às suas personagens complexas, a sua visão é curiosamente menos desencantada, mas mais violenta do que a de Hans Staden que retrata o mesmo período, o final do século 16. Realizados por três cineastas brasileiros e um português, podemos concluir que as co-produções luso-brasileiras abordam de formas bem distintas a época colonial. O que sobressai, contudo, é um maior interesse em personagens oriundas de Portugal, seja o caso das mulheres enviadas do reino ou dos colonos açorianos do Sul. Produções de orçamento elevado, os filmes procuram o diálogo transnacional, mas não são necessariamente bem sucedidos. Apenas Desmundo e, parcialmente, Hans Staden oferecem perspectivas multilaterais que apontam o lado obscuro da colonização portuguesa. Palavra e Utopia perpetua o mito e a mitologia do padre António Vieira e Diário de um Novo Mundo acaba desenvolvendo um mito fundador, mesmo que superficial, da colonização meridional. No entanto, dois filmes comemorativos e dois filmes críticos são um saldo razoável, tendo em consideração o pequeno número de filmes dedicados a um assunto sensível senão polemico entre o Brasil e Portugal.

3. Apresentamos sobre o ponto 4 (A discussão da lusofonia nas adaptações de literatura portuguesa, brasileira ou luso-brasileira ou através de filmes sobre autores canônicos da língua portuguesa) uma comunicação intitulada “Monólogos lusófonos ou diálogos trans-nacionais – O caso das adaptações luso-brasileiras” na Abralic Internacional, em Julho de 2008 que estuda os dez filmes que se baseiam ou em textos literários ou biografias de autores de língua portuguesa (tanto de portugueses quanto brasileiros, porém sem incluir a adaptação luso-afro-brasileira O Testamento do Senhor Napumoceno, por se tratar de um texto cabo-verdiano). Esta comunicação foi publicada na Ata do congresso e ainda submetida como capítulo para o livro que está sendo preparado pelas organizadoras do grupo de trabalho do congresso.

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Chegamos à seguinte conclusão:

Pelo visto, não é preciso temer um império da lusofonia, liderado por Portugal e construído através das adaptações literárias. Existe apenas um filme que pode ser considerado um monólogo lusófono, Palavra e Utopia, porém, com sotaque brasileiro. Por outro lado, também não se estabelecem muitos diálogos transnacionais. As produções, quase sempre caras e tecnicamente bem feitas, ou procuram impor uma única voz, evitando o diálogo transcultural na obra escolhida, como A Selva – a mais cara produção da história cinematográfica portuguesa –, ou escolhem um texto já cheio de clichês para fazer piadas corriqueiras sobre todas as culturas, como em Xangô de Baker Street, ou, ainda, optam pelo esquecimento da história compartilhada, seja da colonização, seja das ditaduras, como ocorre em Diário de um Novo Mundo e Sonhos e Desejos. No caso de Amor e Cia, usa-se somente a reputação de Eça de Queiróz. Em suma, das 11 adaptações, cinco – O Judeu, Bocage, Hans Staden, Estorvo e Desmundo – apresentam realmente diálogos que envolvem o imaginário lusófono, procurando uma discussão do legado lingüístico, histórico e cultural luso-brasileiro.

Apresentamos ainda um seminário no dia 10 de Março de 2009, intitulado “Tudo Bem - A negociação das identidades nacionais e transnacionais nas co-produções luso-brasileiras (1995 – 2007)”, no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, no contexto do “Seminário de Pesquisa” organizado pelo Prof. Dr. Rubens Machado Júnior. Neste seminário oferecemos uma introdução ao projeto, bem como os resultados relativos ao estudo das adaptações literárias.

4. Apresentamos sobre o ponto 5 (As diferentes categorias de transnacionalidade nos filmes (questões ideológicas, financeiras, geográficas e sócio-culturais) uma comunicação na SOCINE 2009, organizado na Universidade de São Paulo, 6-10 de Outubro, no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) da Escola de Comunicação e Artes (ECA), onde apresentamos a seguinte conclusão:

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Conforme o conteúdo dos filmes, existem três categorias de co-produções transnacionais: a econômica, a histórica e a sócio-cultural. Um grande número de produções, 38%, segue um interesse econômico, procurando também, porém, mais como efeito colateral, de aproveitar o mercado de língua portuguesa para a divulgação de seus filmes. Este tipo de produção é realizado majoritariamente por realizadores portugueses (67%) e não se envolve com o relacionamento entre o Brasil e Portugal. Existem ainda nove co-produções com financiamento de outros países, majoritariamente da União Européia – dos quais quatro filmes pertencem ao grupo da transnacionalidade econômica, três ao grupo histórico e dois ao grupo sócio-cultural. Os filmes que estabelecem relações temáticas, seja de forma histórica ou cultural, contabilizam no total 62% (e 33% ou 29% respectivamente) das produções, realizadas por um número quase igual de realizadores brasileiros e portugueses. Dentro destas produções que possuem uma transnacionalidade temática, podemos distinguir três tipos de abordagem: filmes que abordam situações históricas ou sócio-culturais que desenvolvem uma perspectiva de identidade transnacional, de diferença transnacional ou, de um ponto de vista mais diferenciado, que contemplam a existência de identidade e diferença. É ainda possível observar nas produções temáticas um maior interesse por parte dos brasileiros em temas históricos. Contudo, é no contexto das temáticas sócio-culturais onde se encontra o maior número de produções que conseguem estabelecer um diálogo mais diferenciado e que ultrapassa a idéia anacrônica de uma lusofonia neocolonial portuguesa ou a simples constatação de diferença multicultural entre as nações. Apesar de termos encontrado mais filmes que demonstram consciência de diferença (7 em relação à 5), são apenas 21% de todas as produções transnacionais que manifestam esta visão complexa. Pelo visto, sobressaem os velhos mitos descritos por Lourenço e poucas co-produções procuram realmente estabelecer um diálogo através do Atlântico.

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5. Apresentamos uma comunicação, “Resentment and delirium – travels between and Portugal in national film productions” que foi apresentada no Fifth International and Interdisciplinary Conference Alexander von Humboldt, 2009: Travels Between Europe and the Americas em Berlim, 27-31 de Julho, para a qual aprofundamos os pontos 1 e 3, no sentido de comparar os discursos identitários sobre os personagens brasileiros e portugueses em co-produções e filmes nacionais. Os resultados podem ser resumidos da seguinte forma:

The analysis of the films indicates that the discourses detected by Eduardo Lourenço have a strong hold on believe. However, within the context of Luso- Brazilian productions, the Brazilian directors show a greater capacity of revising and restructuring their discourse of resentment: only New World Diary insists in the idea that Brazilians are children of their own, while Foreign Land, The Jew, Desmundo and Bocage venture out on new paths by either showing the complexity and contradictions of the existing discourses, by appointing continuities in the execution of power, or by celebrating difference within the shared legacy of language and culture. The Portuguese directors are more reluctant in adjusting their discourses in the co-productions and insist mostly in the glorification of the good deeds of their migrants to Brazil, or, in the case of Fado Blues, suggest that Portugal is now the country of the future, which, now as a country of immigrants, is also willing to embrace the lusophone cultures in its own territory. In conclusion, five of the nine co-productions on the subjects related to colonialism and post-colonialism use their depiction of travels between Portugal and Brazil in order to develop new discourses on the Luso-Brazilian historical and cultural relationships. If one understands the transnational productions as an imaginary journey between the former colonizer and the ex-colonized, one can argue that, at least in the case of Brazil, this journey is fruitful, since the co-productions offer an incentive to challenge old myths.

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Neste contexto, escrevemos ainda um capítulo sobre a utilização de plurilingualismo no cinema europeu para um livro organizado pela Universidade de Vienna, Áustria. O nosso capítulo “Languages and identities adrift – Lusophone encounters in Portuguese Cinema” que analisa tanto filmes de Pedro Costa sobre a imigração africana em Portugal quanto as co-produções luso-brasileiras que possuem imigrantes brasileiros como personagens principais. O capítulo deve sair em novembro de 2010.

6. Apresentamos um resumo do nosso projeto sob o título “Tudo bem –A negociação das identidades nacionais e transnacionais nas co-produções luso-brasileiras (1995 – 2007)”, no context da Ia Semana de Pesquisa, ECA 2009, Universidade de São Paulo, 3-6 de Novembro 2009.

7. Como resultado mais importante do pós-doutoramento sênior podemos referir a aceitação do nosso livro “Identity and Difference –Postcoloniality and Transnationality in Lusophone Films”, que será publicado pela Manchester University Press no final de 2010. No livro estão incluídos três capítulos escritos durante a vigência da bolsa do CNPq.

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Lista de trabalhos realizados e publicados durante a vigência da bolsa de pós- doutoramento sênior

Seminário/Aulas:

1. “Tudo bem – A negociação das identidades nacionais e transnacionais nas co-produções luso-brasileiras (1995 – 2007)”, Ciclo de Seminários de Pesquisa para o Curso de Pós- graduação em Audiovisual, Departamento de Cinema, Rádio e Televisão, Escola de Comunicações e Artes, USP, organizado pelo Prof. Dr. Rubens Machado Júnior, São Paulo, 10 de Março 2009.

2. Duas aulas no Curso “O FILME-ENSAIO NO CINEMA MODERNO E CONTEMPORÃNEO”, docente responsável: PROF. DR. ISMAIL NORBERTO XAVIER (supervisor do pós-doutoramento), no segundo semestre de 2009: “Alexander Kluge” e “Harun Farocki”.

Comunicações e palestras:

1. Ferreira, Carolin Overhoff: “Violência mágica: A Guerra civil no cinema luso- moçambicano. Colóquio Sonho e Razão II: História e Arte no mundo Ibérico, Núcleo de estudos Ibéricos/UNIFESP, Instituto Cervantes, São Paulo, 26 Abril 2010.

2. --: “Tudo bem – A negociação das identidades nacionais e transnacionais nas co- produções luso-brasileiras (1995 – 2007)”, Ia Semana de Pesquisa, ECA 2009, 3-6 de Novembro 2009.

3. --: “Entre irmandade e neo-colonialismo – Para uma taxonomia das co-produções luso- brasileiras“, XIII SOCINE, 6-10 de Outubro 2009, ECA/USP, São Paulo.

4. --:“Resentment and delirium – travels between Brazil and Portugal in national and transnational film productions”, Fifth International and Interdisciplinary Conference Alexander von Humboldt, 2009: Travels Between Europe and the Americas 27-21 de Julho 2009, Berlim.

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5. --: “Em trânsito – a negociação da identidade portuguesa nas produções transnacionais luso-brasileiras desde 1995”, Narrating the Portuguese Diaspora - International Conference on Storytelling (1928-2008), Universidade de Lisboa, 23-25 Outubro 2008.

6. --: “O Princípio Esperança no Cinema Novo Português”, Palestra no Instituto Camões, Embaixada Portuguesa, Brasília, 15 Outubro 2008.

7. --: “Os descobrimentos do paradoxo – a expansão européia nos filmes de Manoel de Oliveira”, XII SOCINE, Universidade de Brasília, Brasília, 14-17 Outubro 2008.

8. --: “Monólogos lusófonos ou diálogos trans-culturais? O caso das adaptações luso- brasileiras”, XI Congresso Internacional Abralic, Universidade de São Paulo, 13-17 Julho 2008.

Organização de eventos:

1. Cinemateca Brasileira, São Paulo: Curadoria para “Manoel de Oliveira 100 anos”, em colaboração com a Cinemateca Brasileira, o Instituto Camões e a Universidade Federal de São Paulo, 6-14 de Dezembro 2008.

• Moderadora: “O Ato de Documentar”, Manoel de Oliveira 100 anos, Ciclo de filmes na Cinemateca Brasileira, São Paulo, com Prof. Dr. Fernão Ramos, Prof. Dr. Paulo Menezes e Prof. Dr. Mauro Luiz Rovai, 11 de Dezembro 2008.

• Debatedora: “História, Pátria, Memória” 100 anos Manoel de Oliveira, Ciclo de filmes na Cinemateca Brasileira, São Paulo, Prof. Dr. Ismail Xavier, Profa. Dra. Adma Fadul Muhana, Mediação: Prof. Dr. Mauro Luiz Rovai, 6 de Dezembro 2008.

Participação em outros eventos: 1. Debatedor: “Do cinema mudo até a primeira indústria de cinema”, Tesouros da Cinemateca Portuguesa, Cinemateca Brasileira, 12 December 2009. 2. Debatedor: “O outro lado do muro: o cinema na Alemanha oriental”, Centro Cultural do Banco do Brasil, Brasília, 3 December 2009.

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3. Debatedor: “Novo Cinema Independente Alemão: Uma Outra Política do Olhar”, Centro Cultural do Banco do Brasil, São Paulo, com Christian Borges e Martine Floch, 17 February 2009.

Livros:

1. Ferreira, Carolin Overhoff: (org.) Dekalog - On Manoel de Oliveira. Wallflower Press: Londres, 2008.

Capítulos em livros:

1. --: “Os paradoxos do Quinto Império nos filmes de Manoel de Oliveira”, in: Renata Soares Junqueira (org.), Ensaios sobre Manoel de Oliveira. Editora Perspectiva: São Paulo, 2010.

2. --: “Introduction: Manoel de Oliveira and the Art of Filming Doubt” in: Carolin Overhoff Ferreira (org.), Dekalog – On Manoel de Oliveira. Wallflower Press: Londres, 2008.

3. --: “Heterodox/Paradox - The representation of the Fifth’s Empire in Manoel de Oliveira’s cinema”, in: Carolin Overhoff Ferreira (org.), Dekalog – On Manoel de Oliveira. Wallflower Press: Londres, 2008.

4. --: “Pouco canónicas – As adaptações de Fernando Lopes ‘Uma Abelha na Chuva’ (1972) e ‘O Delfim (2001)” in: Irene Blayer, Francisco Cota Fagundes (org.), Narrativas em Metamorfose: Abordagens Interdisciplinares. Cathedral Publicações: Cuiabá, 2009, p. 319-338.

Artigos em revistas:

1. --: “Non-inscription and Dictatorship in Non-canonical Adaptations--A Bee in the Rain (1972) and The Dauphin (2001) by Fernando Lopes”, in: Adaptation 2010; doi: 10.1093/adaptation/apq007.

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2. --: “Palavras sem Utopia: A Adaptação de El Rei Sebastião por Manoel de Oliveira”, in: Recorte – Revista de Linguagem, Cultura e Discurso, Ano 5, nº 9, Julho – Dezembro 2008, Available: http://www.unincor.br/ recorte/artigos/edicao9/9_artigo-carolin.html

3. --: “Uma breve história do teatro brasileiro moderno”, in: Nuestra América – Revista de Estudios sobre la Cultura Latinoamericana, nº 5, Cultura Brasileira, 2008, pp. 131-146.

4. --: “A devastação do sonho através da lucidez do pesadelo: a reescrita da ‘conquista espanhola’ em El Dorado de Carlos Saura”, in: Tempo Brasileiro, nº 174, Julho- Setembro 2008, pp. 19-26.

Outras publicações:

1. --: “The ‘Fifth Empire’ in the films of Manoel de Oliveira”, in: Randal Johnson (org.), The Talking Pictures of Manoel de Oliveira. UCLA Film and Television Archive: Los Angeles, 2008.

2. --: “Monólogos lusófonos ou diálogos trans-nacionais - O caso das adaptações luso- brasileiras”, in: Sandra Nitrini et al, Anais do XI Congresso Internacional da Abralic 2008: São Paulo, SP – Tessituras, Interações, Convergências, e-book.

3. --: “O Novo Cinema Português”, in: Centro Cultural do Brasil (org.), Cinema Novo – Os Verdes Anos do Cinema Português. CCBB: São Paulo, 2008.

Lista de trabalhos em publicação

Livro:

1. Ferreira, Carolin Overhoff: Identity and Difference – Postcoloniality and Transnationality in Lusophone Films. Manchester University Press, Manchester (no prelo).

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Capítulos em livros:

1. Ferreira, Carolin Overhoff: “Identities adrift – Lusophone encounters in Portuguese Cinema”, in: Verena Berger, Karl Ille, Miya Komori (org.), Plurilinguism in Cinema, Lit-Verlag: Muenster/Hamburg/Berlin/Wien/London (no prelo).

2. --: “Brothers or Strangers – The construction of identity discourses in contemporary Luso-Brazilian co-productions with Portuguese migrating characters” (no prelo).

3. --: “A dimensão imaginária da palavra – o Quinto Império em Palavra e Utopia de Manoel de Oliveira”, in: Fausto Cruchinho, António Pedro Pita (org.), Manoel de Oliveira, Imprensa da Universidade de Coimbra (no prelo).

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