A Fase Utópico-Patriótica Da Poesia Angolana (1965-1985)
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CORE Metadata, citation and similar papers at core.ac.uk Provided by Repositório Institucional da Universidade de Aveiro Universidade de Aveiro Departamento de Línguas e Ano 2014 Culturas SILVIA A FASE UTÓPICO-PATRIÓTICA DA POESIA BRUNETTA ANGOLANA (1965-1985) Universidade de Aveiro Departamento de Línguas e Ano 2014 Culturas SILVIA A FASE UTÓPICO-PATRIÓTICA DA POESIA BRUNETTA ANGOLANA (1965-1985) Tese apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Literatura, realizada sob a orientação científica da Doutora Isabel Cristina Saraiva de Assunção Rodrigues Salak, Professora Auxiliar do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, e coorientada pelo Doutor José Luís Pires Laranjeira, Professor Associado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Apoio financeiro da FCT e do FSE no âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio. 2 ao meu filho David aos meus pais e ao meu irmão à minha avó 3 o júri presidente Prof. Doutor Vitor José Babau Torres professor catedrático da Universidade de Aveiro Prof.ª Doutora Ana Mafalda de Morais Leite professora associada com agregação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Prof. Doutor Francisco José de Jesus Topa professor associado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto Prof.ª Doutora Maria do Rosário da Cunha Duarte professora auxiliar da Universidade Aberta Prof.ª Doutora Ana Margarida Corujo Ferreira Lima Ramos professora auxiliar da Universidade de Aveiro Prof.ª Doutora Isabel Cristina Saraiva de Assunção Rodrigues Salak professora auxiliar da Universidade de Aveiro 4 agradecimentos Considerando que a elaboração desta dissertação correspondeu a um longo percurso durante o qual aprofundei, não apenas os meus conhecimentos científicos, mas também aquilo que me é mais íntimo, cumpre-me agradecer às pessoas que me acompanharam ao longo desta viagem. Antes de mais, agradeço aos meus orientadores pelo apoio e pela amizade: à Doutora Isabel Cristina Rodrigues, pela capacidade de descomplicar as coisas difíceis, e ao Doutor Pires Laranjeira por ter sempre acreditado em mim. Um outro agradecimento é devido à minha mãe Renata, ao meu pai Luciano e ao meu irmão Daniele, a minha família de origem, assim como ao Banjai e ao David, a família que construí: eles são os pilares da minha vida. Quero agradecer ainda à Doutora Otília da Conceição Pires Martins, pela amabilidade com que me recebeu e acarinhou desde que comecei a dar aulas no Departamento de Línguas e Culturas. Ao Doutor João Manuel Nunes Torrão agradeço igualmente o facto de me ter recebido no DLC, bem como a disponibilidade sempre demonstrada. Agradeço à minha amiga de longa data Alessia, por ser uma presença constante e animadora na minha vida, apesar da distância geográfica que nos separa. Devo ainda um agradecimento às minhas amigas e colegas Katty e Inês, por terem partilhado comigo felicidades e inquietações e por me terem infundido a força necessária para ultrapassar as dificuldades. 5 palavras-chave poesia angolana, espaço utópico, angolanidade, pós- colonialidade. resumo O presente trabalho propõe-se analisar a poesia dos autores angolanos que publicaram entre 1965 e 1985, identificando este segmento temporal como uma fase literária da literatura angolana (designada como utópico-patriótica), a qual exprime os princípios anticoloniais e projeta um espaço utópico genuinamente angolano. Tendo em conta a evolução da literatura angolana, subjaz à produção poética dos autores estudados um certo sentido de continuidade, o qual, estimulado pela difusão do nacionalismo, passa pela poesia «da terra» dos mensageiros e continua com os versos encriptados e anticoloniais das décadas de 60 e 70. O espaço utópico projetado na primeira parte da fase utópico- -patriótica encontra a sua possibilidade de concretização com a independência de Angola, em 1975, participando os escritores da construção do recém-nascido Estado-Nação. A produção poética da segunda parte da fase utópico-patriótica é, assim, caraterizada pela celebração dos heróis, na ótica de uma (re)perspetivação da história nacional. A partir de 1985, quando se torna evidente o falhanço da utopia, a poesia angolana ensaia um novo rumo pela mão da «geração das incertezas». Ao longo deste percurso, a poesia angolana publicada entre 1965 e 1985 representa um meio de consciencialização ético- -política dos cidadãos e concorre para a construção da identidade político-literária da nação angolana, cuja legitimação decorre do processo de conquista da independência. 6 keywords Angolan poetry, utopian space, angolanness, post-colonialism. abstract The main goal of this dissertation is to provide an analysis of the poetry and the poetic identity of the Angolan authors who published varied works between 1965 and 1985. This time frame is recognised as a literary phase designated as utopian- patriotic, a designation which encompasses the anti-colonial principles and projects a utopian space whose characteristics are genuinely Angolan. When analysing the evolution of Angolan literature, it is possible to perceive a continuity line on the poetry works of the studied authors, stimulated by the gradual spread of nationalism, which focuses firstly on the messengers’ poetry «of the earth» and then moves on to the encrypted and anti-colonial verses from the 60’s and 70’s. After the independence of Angola in 1975, the utopian space devised on the first part of the utopian-patriotic period gets its chance of fulfilment and the writers join in the foundation of the newly born nation. The poetical production of the second part of the utopian-patriotic phase is shaped by the acclaim of the heroes, within the scope of a (re)consideration of the national history. From 1985 onwards, when utopia clearly begins to fail, Angolan poetry seeks a new orientation, this time led by the «generation of uncertainty». Within this context of continuity, Angolan poetry published between 1965 and 1985 represents a way of raising self- consciousness. Furthermore, it promotes the construction of a national identity, both on a literary and a political level, validated by the advent of independence. 7 Índice Introdução...............................................................................................................11 Parte I – A consciencialização e o nacionalismo: projetos de individualização cultural e literária ................................................................................................................... 27 1. A «Geração da Mensagem» e a construção de um discurso literário autónomo....... ............................................................................................................ 27 1.1. Mensagens de Luanda e da metrópole: o MNIA e a CEI ............................... 27 1.2. A poesia da «geração da Mensagem» ............................................................. 33 1.3. Continuidade dos projetos para a literatura angolana: Cultura (II) ................ 42 2. O papel da literatura: entre ideologia e cultura ............................................ 46 2.1. O nacionalismo em armas: expressão ideológica, poesia de guerrilha e representação do povo ............................................................................................ 46 2.2. A representatividade da literatura no processo de construção da Nação e as repercussões do discurso político na cultura .......................................................... 64 2.3. O caleidoscópico conceito de angolanidade ................................................... 72 Parte II – Da resistência à independência: estratégias de afirmação literária ... 78 1. O processo de legitimação da literatura angolana ......................................... 78 1.1. A produção literária das décadas «silenciadas» .............................................. 78 1.2. Sobre a (não) existência da «Geração de 70» ............................................... 101 1.3. A fase utópico-patriótica da poesia angolana, na última década do regime colonial: encriptação da mensagem e renovação formal ..................................................... 111 1.4. A preconização de um espaço utópico angolano pela voz abafada dos intelectuais..... ....................................................................................................... 129 2. A modernidade no seu apogeu ....................................................................... 147 2.1. Transtextualidades: traços de projeção transnacional ................................... 147 2.2. Individualidade versus crioulidade: a afirmação da identidade .................... 158 2.3. A presença de elementos etnográficos africanos e o uso do português, língua do poder. .................................................................................................................... 166 2.4. A afirmação da nacionalidade literária: identidades imaginadas .................. 180 8 Parte III – A afirmação cultural e literária na passagem do colonial a «um só Povo, uma só Nação» ........................................................................................................ 196 1. A institucionalização da literatura nacional ................................................ 196 1.1. Formas de legitimação: prémios literários, publicações periódicas e antologias.......... .................................................................................................... 196 1.2. A constituição da UEA e a institucionalização do sistema literário angolano............... ................................................................................................