Universidade Estadual De Campinas Faculdade De Educação Lavínia Faelli Coluccini Memorial De Formação
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO LAVÍNIA FAELLI COLUCCINI MEMORIAL DE FORMAÇÃO CAMPINAS 2005 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO LAVÍNIA FAELLI COLUCCINI MEMORIAL DE FORMAÇÃO Memorial apresentado ao Curso de Pedagogia – Programa Especial de Formação de Professores em Exercício nos Municípios da Região Metropolitana de Campinas da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, como um dos pré-requisitos para a conclusão da Licenciatura em Pedagogia. CAMPINAS 2005 © by Lavínia Faelli Coluccini, 2005. Ficha catalográfica elaborada pela biblioteca da Faculdade de Educação/UNICAMP Coluccini, Lavínia Faelli. C723m Memorial de Formação / Lavínia Fael li Coluccini. -- Campinas, SP : [s.n.], 2005. Trabalho de conclusão de curso (graduaç ão) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Programa Especial de Formação de Professores em Exercício da Região Met ropolitana de Campinas (PROESF). 1.Trabalho de conclusão de curso. 2. Memorial. 3. Experiência de vida. 4. Prática docente. 5. Formação de prof essores. I. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. I II. Título. 06-071-BFE Í N D I C E INTRODUÇÃO........................................................................................................................01 Início da minha musicalização..................................................................................................02 REFERÊNCIAS........................................................................................................................39 APRESENTAÇÃO: Muitas vezes uma imagem, um cheiro, uma música, um objeto provocam uma reviravolta em nossa vida. Esse memorial permite recuperar lembranças de experiências e fatos em minha vida. Vivências marcantes, que deram a oportunidade de refletir sobre a visão do mundo e sua concepção de educação. Assim poderei imprimir novos significados do passado, compreender o presente e projetar melhor o futuro. Relatarei nesse memorial as músicas que marcaram minha trajetória que funcionaram como instrumento de construção da minha profissão. “A música reúne as pessoas, revela bons segredos e aumenta o desejo de paz. A música ligando as pessoas é o contrário da guerra, refaz e renova a era, gera mais filhos que leva nos trilhos um trem de emoção. E o coração que estava escuta o apito do amor.A música tira minha dor, me faz mais gente e me dá harmonia quando começo a cantar, ela é o desejo de calma, viagem eterna e a alma da alma.”. (Paulinho Pedra Azul) INTRODUÇÃO O presente memorial tem a função de situar a trajetória de construção de conhecimento de uma professora, em constante busca de teorias adequadas à reflexão na prática, trazendo sentido a práxis pedagógica. Versa sobre suas experiências no campo da escola, da creche, da educação não- formal, da pesquisa (no campo sócio-educacional), da psicopedagogia e na ressignificação de sua prática no momento em que (re)constrói conhecimentos oferecidos na formação acadêmica vivenciada no Curso de Pedagogia. 1 Início da minha musicalização: Há músicas que contém memórias de momentos vividos. Trazem-nos de volta um passado. Lembro-me de lugares, objetos, rostos, gestos, sentidos... Lembrar-se do passado é triste-alegre...alegre porque houve beleza de que nos lembramos. Triste porque a beleza é apenas lembrança. A partir desse pequeno pensamento comecei a recordar de como a música esteve presente em todas as etapas da minha vida. Portanto esse é o ponto de partida do meu memorial. “A música” Acho que tudo começou com a família da minha mãe que era voltada para a arte de um modo geral. Seu pai adorava teatro, rádio e cinema. Mamãe e suas irmãs representavam em peças teatrais que o pai trazia para a pequena cidade em que moravam. Ele era tão apaixonado pela arte que comprou uma emissora de rádio (em que minha tia era a locutora) e mais tarde um pequeno teatro. Portanto a música e a representação sempre estiveram presentes na família da mamãe. Ela conta que cantava para mim quando ainda estava em sua barriga, e me movimentava como que se estivesse aplaudindo. Quando nasci, ela me embalava em seu colo cantando lindas canções de ninar, dizia que me acalmava ao ouvir sua voz, na hora de comer a música tinha que estar presente também, pois só abria a boca balançando uma caixinha de fósforo, sem o batuque não comia. Ao começar a andar, qualquer barulho era motivo para balançar os braços e as pernas. Nas reuniões familiares todos pediam para que dançasse, e sem cerimônia dava o meu show, era realmente a atração da família. Na hora do sono, mamãe cantava canções como: Berceuse, Bem longe de mim (Carlos Gomes) e o Sono vai chegar. Depois de rezar e de agradecer ao anjinho da guarda, a música clássica tocava na vitrola bem baixinho. A paixão pela música e pela dança era tão grande que com 4 anos de idade mamãe me matriculou no conservatório “Carlos Gomes”, para aprender balé. Lá fui uma 2 das primeiras alunas da classe. Dancei na televisão (Gincana Kibon), e no teatro Municipal de Campinas. Mas, aos 7 anos minha “carreira “ foi interrompida com o nascimento da minha terceira irmã, pois mamãe já não podia mais me levar as aulas. Comecei então a ensinar minhas irmãs e vizinhas a dançar e cantar. Essa era a nossa brincadeira preferida. A música estava também presente em todas as nossas reuniões familiares paternas, pois com o vovô era italiano, em cada ocasião tínhamos determinadas musicas que marcaram nossas vidas. Nas festas de aniversário cantávamos canções italianas, que, infelizmente não sei como escrever; a do revellion era: “ Adeus ano velho, feliz ano novo Que tudo se realiza No ano que vai nascer Muito dinheiro no bolso Saúde para dar e vender Para os solteiros Sorte no amor Nenhuma esperança perdida Para os casados Nenhuma briga Paz e sossego na vida” Depois de cantar, vovô pegava a garrafa de champanhe , chacoalhava, abria, apagava as luzes e espirrava em todos. As crianças se escondiam embaixo da mesa, mas vovô percebendo direcionava o jato na direção certa. Após essa bagunça total vovô colocava o champanhe nas taças que continham três uvas brancas, que significavam: amor, saúde e dinheiro. Quando lembro dessas músicas, recordo de todos meus familiares e da alegria que a música transformava as nossas reuniões, que por sinal bem barulhentas. Mamãe como toda boa professora e pedagoga, gostava de contar histórias para as quatro filhas, mas durante suas representações colocava músicas para definir os personagens. Lembro-me que não gostava da música dos caçadores que iam pegar o lobo 3 mal na história da Chapeuzinho Vermelho, não sei por que, talvez pelo som forte marcante e seco dos tambores que anunciavam a morte do lobo, mas assim mesmo adorávamos ouvir mamãe e sempre pedíamos mais. Como a família de mamãe morava em São Carlos, frequentemente íamos visitá-los Papai tinha uma perua enorme que era capaz de acomodar bem as 6 pessoas da família. Cada filha ficava numa janela e para evitar brigas e perguntas como “estamos chegando?” mamãe cantava e nós acompanhávamos; papai também entrava na cantoria e era um barulho só. Alguns anos mais tarde papai comprou uma chácara em Jaguariúna e todas as sextas-feiras, á noite íamos para “o meio do mato” como costumava dizer minha mãe. A casa tinha uma varanda bem grande onde mamãe colocava a rede de balanço e, lá ficávamos deitadas e ela balançava e cantava músicas que até hoje lembro com muito carinho. Músicas que marcaram minha infância e que também cantei para meus filhos como: Lampião de gás, Sereno, Fiz a cama na varanda, Não quero outra vida. Bem longe de mim distante (Carlos Gomes). Assim lembrando das músicas, revivo todo aquele momento com todos os detalhes e sinto uma sensação muito gostosa. Essas músicas também faziam parte do repertório que cantávamos quando saíamos para passear de carro ao redor da chácara. Lembro-me que mamãe, dependendo da música até fazia zigue-zague com o carro, acompanhando a melodia e nós vibrávamos. Logo que saíram as vitrolas portáteis, (que não era assim tão portátil) nós ganhamos uma do papai, junto com uma coleção de discos de musicas folclóricas. Assim, aumentamos nosso repertório e brincávamos de fazer shows na TV com música de fundo. Mas nossas canções não ficavam apenas em discos, pois gostávamos de tocar instrumentos inventados com panelas velhas, garrafas de vidro de varias formas com água em diferentes quantidades(que davam sons maravilhosos). Latas de lixo que mamãe não gostava muito, pois ficavam todas amassadas e latas vazias de cera para assoalho e do queijo palmara que minha vinha 4 numa lata vermelha redonda, formando nossa bateria. Assim, formávamos nosso conjunto e convidando os vizinhos, que naturalmente pagavam ingresso, fazíamos show e teatrinho na garagem de casa. Era muito divertido e lucrativo, pois depois pegávamos as moedinhas e íamos comprar paçoquinha e doce de banana em formato de árvore na venda do Sr. Pedro. Papai vendo toda nossa empolgação por música comprou uma gaita, um xilofone de madeira, uma castanhola e um violão, então fomos aprender a tocar violão. Nossa empregada baiana que morava em casa, adorava me ouvir tocar violão e toda vez pedia que eu cantasse, a música “ Gente humilde” ( Vinicius de Moraes e Chico Buarque de Holanda). Ficava na porta da cozinha tocando, e ela com aquele avental branco, muito branco cozinhava e cantava comigo. Mais uma vez a música me traz recordações de alguém muito importante que já partiu e que também fez parte da minha família. Assim, a música foi trilhando todas as fases da minha vida, uma música para cada momento. Quando adolescente tocava violão na igreja , nas instituições de caridade e nas reuniões com amigos. Mas nessa fase as músicas “proibidas” também surgiram como “Jet Aime”. No colégio que estudava pegávamos à vitrola portátil e levávamos para a sacristia da capela onde escondidas ouvíamos a música que não passava de sucessivos sussurros. Ao completar 15 anos, mamãe me deu de presente uma festa inesquecível. Foram convidados todos os meus amigos e familiares.