Universidade De São Paulo Faculdade De Filosofia, Letras E Ciências Humanas
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DANIEL CANTINELLI SEVILLANO Pro dia nascer feliz? Utopia, distopia e juventude no rock brasileiro da década de 1980 Versão corrigida São Paulo 2016 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS Pro dia nascer feliz? Utopia, distopia e juventude no rock brasileiro da década de 1980 Daniel Cantinelli Sevillano Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em História Orientador: Prof. Dr. Francisco Cabral Alambert Junior Versão corrigida São Paulo 2016 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Sevillano, Daniel Cantinelli S511p Pro dia nascer feliz? Utopia, distopia e juventude no rock brasileiro da década de 1980 / Daniel Cantinelli Sevillano ; orientador Francisco Cabral Alambert Junior. - São Paulo, 2016. 285 f. Tese (Doutorado)- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de História. Área de concentração: História Social. 1. Utopia. 2. Distopia. 3. Juventude. 4. Rock brasileiro. 5. Punk brasileiro. I. Alambert Junior, Francisco Cabral, orient. II. Título. SEVILLANO, Daniel Cantinelli Pro dia nascer feliz? Utopia, distopia e juventude no rock brasileiro da década de 1980 Tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em História Aprovado em: Banca examinadora Prof. Dr. ___________________________________ Instituição: __________________ Julgamento: ________________________________ Assinatura: __________________ Prof. Dr. ___________________________________ Instituição: __________________ Julgamento: ________________________________ Assinatura: __________________ Prof. Dr. ___________________________________ Instituição: __________________ Julgamento: ________________________________ Assinatura: __________________ Prof. Dr. ___________________________________ Instituição: __________________ Julgamento: ________________________________ Assinatura: __________________ Prof. Dr. ___________________________________ Instituição: __________________ Julgamento: ________________________________ Assinatura: __________________ Agradecimentos Qualquer trabalho acadêmico é cercado de livros, artigos, teses e outros textos que acompanham seu autor; é algo bem solitário, mas que não poderia ser feito sem a ajuda, direta ou indireta, de uma série de pessoas. Quero agradecer em primeiro lugar à Renata, que sempre me apoiou durante esses quase dez anos; sem ela, esta tese não estaria pronta, e muito do que fizemos juntos seriam ainda apenas ideias. Agradeço a meus pais, Mathias e Lenita, que sempre me deram todo o apoio que precisei em todos os momentos de minha vida. Agradeço a meus avós Espedito, Leny, Mathias (in memoriam) e Palmira, por todo o tempo dedicado durante as inúmeras férias que passei em suas casas. Agradeço ao meu orientador Francisco Cabral Alambert Junior, que desde a época da Iniciação Científica contribuiu para minha formação com sua amizade e suas sugestões precisas para a realização de minhas pesquisas. Durante o Doutorado uma pequena luz surgiu para iluminar nossos caminhos, mostrando que tudo é melhor do que parece ser. Este trabalho e tudo mais que faço é dedicado à Ana Cecília. “Walk in silence Don’t walk away, in silence.” (Ian Curtis) RESUMO SEVILLANO, D. C. Pro dia nascer feliz? Utopia, distopia e juventude no rock brasileiro da década de 1980. 2016. 285f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Através da utilização de letras de músicas produzidas entre os anos de 1981 e 1989, busquei analisar o papel que o rock brasileiro teve como elemento de manifestação da juventude que havia crescido sob a ditadura de 1964. Utilizei os conceitos de utopia e distopia para compreender de que maneira essas letras, ao mesmo tempo, serviram como representação da compreensão desses jovens de seu momento histórico e como instrumento de crítica da realidade econômica e social ao seu redor. Mais do que reflexo cultural de seu período, tais letras manifestavam a contradição ideológica da época, na qual a utopia em torno de uma sociedade melhor era negada pela própria distopia presente nas relações econômicas e sociais cotidianas. Esta mesma contradição foi observada na relação entre arte e mercado, criticada por muitas bandas, mas necessária para que suas músicas alcançassem seus ouvintes. É importante ressaltar que o movimento punk brasileiro teve papel fundamental para as bandas do rock brasileiro da década de 1980, pois ele mostrou que era possível produzir músicas para e pela juventude que vivia a transição da ditadura para a democracia. Palavras-chave: Utopia; Distopia; Juventude; Rock brasileiro; Punk rock brasileiro. ABSTRACT SEVILLANO, Daniel C. “Pro dia nascer feliz?” Utopia, dystopia and youth in Brazilian rock ’n’ roll of the 1980’s. 2016. 285f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Using lyrics of songs produced from 1981 to 1989, I tried to analyze the role Brazilian rock ’n’ roll had as an element of manifestation of youngsters who had grown up during the 1964 dictatorship. I used the concepts of utopia and dystopia to understand in which way these lyrics, at the same time, served as a representation of the understanding of these youngsters of their historical moment and as an instrument of criticism of the economic and social reality that surrounded them. More than just a cultural reflex of their period, these lyrics demonstrated the ideological contradiction of their time, in which utopia regarding a better society was denied by dystopia that could be found on daily economic and social relations. That same contradiction was observed on the relation between art and market, criticized by many bands, but necessary for the dissemination of their songs among their listeners. It is important to say that the Brazilian punk movement had a fundamental role for the Brazilian rock bands of the 1980’s, since it showed it was possible to make songs for and by the youngsters that were living the transition from dictatorship to democracy. Keywords: Utopia; Dystopia; Youth; Brazilian rock ’n’ roll; Brazilian punk rock. SUMÁRIO 1 Introdução .............................................................................................................. 9 2 A trajetória do rock ’n’ roll no Brasil (1955-1976) ........................................... 30 3 O papel do punk como antessala do BROCK (1975-1982) .............................. 70 3.1 Dias de luta: o punk e a juventude brasileira ......................................................... 96 4 O BROCK como sonho de uma geração (1981-1985) .....................................145 5 “Que país é este?”: do sonho à realidade distópica (1985-1989) ................... 200 6 Conclusão ........................................................................................................... 268 7 Fontes consultadas ............................................................................................. 275 8 Bibliografia ......................................................................................................... 278 1 - Introdução Completados 50 anos do golpe militar que impôs o fim da, até então, mais longeva experiência democrática no Brasil, a sociedade brasileira se viu às voltas com a necessidade imperativa de compreender, de forma clara, o quê aquele período de 21 anos, com seus desdobramentos posteriores, significou para o país. Embora muitos livros e artigos tenham sido escritos sobre o regime instaurado em 1964 e o período que se seguiu após seu fim simbólico em 1985, alguns autores ainda tentam compreender não apenas a ditadura em si, mas o papel que grupos da sociedade civil tiveram na sua implantação, manutenção e término1. Percebe-se que há em curso um movimento de reavaliação da historiografia em relação à ditadura; seu caráter puramente militar já foi revisto por uma série de historiadores que trouxeram à tona a participação de elementos da sociedade civil no regime ditatorial, e observa-se que sua periodização é posta em discussão por alguns pesquisadores, como é o caso de Daniel Aarão Reis Filho, para quem o ano de 1979, com a revogação dos Atos Institucionais e a Lei da Anistia, representa o início do período de “transição democrática”, cujo fim se daria com a promulgação da Constituição de 19882. Este movimento não é, no entanto, exclusividade do meio acadêmico; o próprio Estado brasileiro, por meio do Executivo federal, procura reavaliar e tornar público o que de fato aconteceu nos “porões” da ditadura. A criação de uma Comissão da Verdade no âmbito nacional, e de outras Comissões em diversos órgãos, como, por exemplo, nas 1 Dentre as obras lançadas recentemente, posso citar PINHEIRO, Milton (org.). Ditadura: o que resta da transição. São Paulo: Boitempo, 2014; SAFATLE, Vladimir e TELES, Edson (orgs.). O que resta da ditadura. São Paulo: Boitempo, 2010; e REIS FILHO, Daniel Aarão. Ditadura e democracia no Brasil: do golpe de 1964 à Constituição