A Xilogravura Expressionista Brasileira

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A Xilogravura Expressionista Brasileira MARCOS BAPTISTA VARELA A XILOGRAVURA EXPRESSIONISTA BRASILEIRA DISSERTAÇÃO DE MESTRADOEM HISTÓRIA DA ARTE Rio de Janeiro Escola de Belas Artes Universidade Federal do Rio de Janeiro 1997 ii MARCOS BAPTISTA VARELA A XILOGRAVURA EXPRESSIONISTA BRASILEIRA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM HISTÓRIA DA ARTE ÁREA - HISTÓRIA E CRÍTICA DA ARTE ORIENTADOR: PROFESSOR DOUTOR PAULO GUILHERME SCHMIDT ORTIZ HOUAYEK Rio de Janeiro Escola de Belas Artes Universidade Federal do Rio de Janeiro 1997 lll V 293 VARELA, Marcos Baptista. A Xilogravura Expressionista no Brasil. Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Belas Artes, 1997. X, 144 f. : il. Dissertação: Mestre em História da Arte (História e Crítica da Arte) - Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1. Xilogravura - Brasil, séc XX. 2. Expressionismo - Brasil. coo 761.20981. iv MARCOS BAPTISTA VARELA A XILOGRAVURA EXPRESSIONISTA BRASILEIRA Dissertação submetida ao Corpo Docente da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos para a obtenção do Grau de Mestre. Prof. Doutor Mário Antônio Barata Universidade Federal do Rio de Janeiro Prof. Doutor Ronaldo Rosa Reis Uni ersidade Federal Fluminense /V, / Rio de Janeiro, abril de 1997. V AGRADECIMENTOS Ao Professor Doutor Paulo Houayek, orientador desta dissertação. Aos Professores do Curso de Mestrado em História da Arte da Escola de Belas Artes, pelo aprendizado e atenção durante o curso. Ao Professor Adir Botelho pelo apoio e ajuda nas conversas e idéias. Ao Professor Kazuo lha pela ajuda. A Lourdes, Pedro, Nara e Dª Lourdes pela paciência e auxílio nos momentos necessários. vi RESUMO Esta dissertação pretende verificar a permanência da linguagem expressionista na xilogravura brasileira, e o modo como se dá esta permanência. Para isto serão estudadas as diversas definições do Expressionismo como linguagem plástica na Arte Moderna; a xilogravura como meio de expressão ao longo da História da Arte; sua evolução até a xilogravura expressionista na Alemanha nos primeiros anos do século XX. Em seguida abordará a xilogravura no Brasil, desde o seu surgimento no século XIX, seu desenvolvimento como manifestação artística autônoma com o Modernismo após a Semana de Arte Moderna de 22, através dos primeiros artistas xilógrafos: Lasar Segai!, Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo. Após isto, estudam-se os xilógrafos de gerações posteriores, influenciados pelos pioneiros, dentro da linguagem expressionista, que manifestam-se com propósitos políticos e sociais ou autônomos, pessoais em sua linguagem plástica até os anos 70. Observa­ se então, a persistência de uma linguagem expressionista na xilogravura, com amplas expressões individuais, presentes até a atualidade. Vil ABSTRACT This dissertation intends to verify the permanency of the expressionist language in the brasilian woodcut, the way it happens as a constant trend in brazilian modem print. lt wiU be studied the varied definitions of Expressionism as language in Modem Art; the woodcut as artistic expression in History; it's evolution until german expressionist woodcut in first years of XX Ih century. Afterwards it will be approached the woodcut in Brazil, since it's begining, it's development as autonomous artistic manifestation after Modem Art Week in 1922, through the first woodcuters: Lasar Segai!, Oswaldo Goeldi and Lívio Abramo. Later it will be studied the posteriors generations of expressionist woodcutters influenced by pioneers, which works manifested socio-political purposes or autonomous, with personal language until 70's. lt will be observed the persistency of a expressionist language in woodcut with large personal manifestations, until today. Vlll LISTA DE ILUSTRAÇÕES 1 Paul Gauguin. Três Ídolos Tahitianos. ca. 1891. xilogravura. 20 x 17 cm p 42 2 Edvard Munch. No cérebro do homem. 1897. xilogravura p 45 3 Ernst Ludwig Kirchner. xilogravura. p 53 4 Emil Nolde. General und Diener. 1906. xilogravura. p 56 5 Kãthe Kollwitz. Os Voluntários. 1922-23. xilogravura. p 61 6 Elefante. 1937. xilogravura de tôpo. p 66 7 Alfredo Pinheiro. Marinha. segundo Émile Rouêde. 1887. xilogravura de p 69 tôpo 8 Lasar Segall. Casa do Mangue. 1929. xilogravura. 31,5 X 42 cm. p 84 9 Oswaldo Goeldi. Mortos. xilogravura. 22 X 16 cm. p 89 10 Lívio Abramo. Guerra. 1937. xilogravura. 39 X 20,8 cm. p 94 11 Axl Leskoschek. Ilustração para Dostoiévski. xilogravura. 12 X 14 cm. p 101 12 Carlos Scliar. sem título. (retirantes). 1949. linoleogravura. 21,6 X 16,5 cm. p 106 13 Renina Katz. Retirantes. xilogravura. p 108 14 Marcelo Grassmann. xilogravura. p 114 15 Karl Hansen-Bahia. Incêndio. xilogravura. 24 X 34 cm. p 116 16 Francisco Stockinger. E/ Cholo. 1958. xilogravura. 21 X 18 cm. p 118 17 Adir Botelho. Canudos. 1986. xilogravura 53,5 X 43 cm. p 119 18 Newton Cavalcanti. xilogravura. p 122 19 Roberto Magalhães. 1963. xilogravura. p 126 ix 20 Rubem Grilo. Pietá. 1982. xilogravura. 20 X 25 cm. p 128 X SUMÁRIO INTRODUÇÃO p 1 1 CONCEITUAÇÕES DO EXPRESSIONISMO p5 2 RELAÇÃO ENTRE O EXPRESSIONISMO E OS PROCEDIMENTOS p 22 DA XILOGRAVURA 2.1 O GESTO DE GRAVAR p28 2.2 A XILOGRAVURA COMO EXPRESSÃO p39 2.3 A XILOGRAVURA EXPRESSIONISTA ALEMÃ p46 3 A XILOGRAVURA EXPRESSIONISTA NO CONTEXTO DO p 63 MODERNISMO 3.1 PRIMÓRDIOS DA GRAVURA NO BRASIL p63 3.2 A XILOGRAVURA MODERNISTA p 70 3.2.1 O Modernismo no Brasil p 70 3.2.2 O Surgimento da Xilogravura Modernista p 79 4 GERAÇÕES POSTERIORES E CONTINUIDADE DA LINGUAGEM p 98 EXPRESSIONISTA 4.1 ENVOLVIMENTO SOCIAL DA GRAVURA p 98 4.2 GRAVADORES EXPRESSIONISTAS DESVINCULADOS DO p 112 ENGAJAMENTO SOCIAL 4.3 GRAVADORES EXPRESSIONISTAS MAIS RECENTES p 123 5 VIGÊNCIA DO EXPRESSIONISMO p 130 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS p 136 INTRODUÇÃO Este trabalho parte do pressuposto de que a xilogravura de caráter expressionista criou uma tradição que foi e continua sendo uma das mais fundamentais vertentes da gravura brasileira. Pretende verificar como foi criada esta tradição, como desenvolveu-se até a atualidade, partindo do Expressionismo europeu e sua influência no Modernismo, permanecendo até hoje como presença marcante no universo da Arte Brasileira. O Expressionismo visto como corrente assume importância cada vez maior na atualidade. Diante das manifestações artísticas, especialmente das pictóricas, da última década, o estudo do Expressionismo torna-se necessário para um melhor entendimento do momento atual da Arte. As análises de autores como Giulio Cario Argan, Renato De Fusco e outros, ampliam as condições de estabelecermos com mais clareza a posição desta corrente na Arte Moderna, suas influências e consequências atuais. Estes autores, principalmente De Fusco, vêem os movimentos e estilos da Arte Moderna não mais como manifestações locais contrapostas entre si, em "ismos", mas como linhas plásticas gerais, independentemente de países e situações históricas, distinguindo-se por seus caracteres formais, suas intenções plásticas, seus propósitos artísticos. Na conceituação de De Fusco a linha da expressão, em que o Expressionismo histórico, surgido na Alemanha nos primeiros vinte anos do século, convive com o Futurismo, a Abstração Expressionista, o lnformalismo, a "body art", é caracterizada pela mudança do "referente" da obra de 2 arte, deixando este de ser exterior ao artista na atitude mimética da natureza, voltando-se para o interior, refletindo os impulsos internos do artista. 1 Partindo do princípio de que o Expressionismo, uma das primeiras manifestações da arte do século XX, contribuiu e permaneceu como elemento conformador de diversos movimentos modernos, desde o Expressionismo alemão do início do século, passando pelo grupo Cobra2 até as correntes abstratas da Action Painting e o "neo-expressionismo" dos anos 80, verificamos sua importância e atualidade. A técnica da gravura cumpriu, a partir do século XV, a função de difusora de imagens de todo o tipo. Desde seu início, como veículo da religiosidade popular, passando pela execução e reprodução de obras pessoais e autônomas de artistas como Albrecht Dürer ou Rembrandt, até a simples ilustração e feitura de impressos comerciais. A xilogravura, por ter o mesmo princípio de impressão da tipografia, adaptou-se e permaneceu durante séculos associada à imprensa, sendo aproveitada para a ilustração de livros, revistas, jornais, quase sempre com objetivos práticos direcionados, como a execução de impressos industriais e comerciais diversos, acompanhando a evolução da sociedade capitalista industrial. Com o desenvolvimento dos processos fotomecânicos de impressão no século XIX, a xilogravura desligou-se dessa função somente reprodutora de imagens, permitindo que as suas possibilidades expressivas naturais predominem desde então. No início com o retorno à xilogravura nos moldes medievais, com o uso de amplas áreas negras e brancas e linhas fortemente marcadas, utilizadas pelo Art Nouveau, ampliam-se posteriormente suas possibilidades como linguagem artística 1 De Fusco, Renato. História da Arte Contemporânea. Lisboa: Presença, 1988. p 13. 2 O grupo Cobra surge imediatamente após a 2ª Guerra Mundial. É denominado assim pelas iniciais das cidades européias de seus participantes: Copenhagen, Bruxelas, Amsterdam. É marcado por um expressionismo plástico intenso, por uma arte bruta, inspirada em formas infantis, pela arte fora das convenções ocidentais. Dentre os que fizeram parte do grupo destacam-se: Asger Jom, Henry Heerup, Carl-Henning Pedersen (dinamarqueses); Pierre Alechinsky (belga); Karel Appel, Constant, Comeille (holandeses). in Storvis, Willemijn. Cobra. An Intemational Movement in
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    1 GÖLDI, ÉMIL AUGUST Outros nomes e/ou títulos: Goeldi, Emílio Augusto; Goeldi, Emílio DADOS PESSOAIS Émil August Göldi (Emílio Augusto Goeldi) nasceu em Ennetbühl, distrito de Toggenburg Superior, no Cantão de Sankt Gallen (Suíça), em 28 de agosto de 1859 (GOELDI, 2006). Era o único filho de Johannes Göldi e de Margaretha Kuntz, falecida em 22 de março de 1863. Chegou no Brasil em 1880, fixando residência na região da Serra dos Órgãos, próxima à cidade de Teresópolis (província do Rio de Janeiro), onde seus compatriotas haviam fundado o núcleo da colônia alpina. Em 1889 se casou, na cidade do Rio de Janeiro, com Adelina Meyer, com quem teve sete filhos: Walther Eugenio Goeldi (1890-1960), Cornélia Goeldi (1891-1975), Leonie Goeldi (1892 -1965), Mathilde Goeldi (1894-1983), Oswaldo Goeldi (1895-1961), importante gravador e ilustrador brasileiro, e Arnaldo Goeldi (1897-1977). Émil August Göldi faleceu no dia 05 de julho de 1917, em sua residência na cidade de Berna (Suíça), vítima de um ataque cardíaco. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Émil August Göldi cursou idiomas clássicos e científicos, em 1875, na escola Untergymmasium, e em 1877 foi admitido na escola superior de Schaffhausen, ambas no Cantão de Schaffhausen (Suíça). Estudou francês na Neuenstadt Ornithological, de 1879 a 1880. Foi para Nápoles (Itália), em 1880, para estudar italiano, e no ano seguinte ingressou na Stazione Zoológica, em Nápoles, fundada por Felix Anton Dohrn (1840 -1909), onde fez estudos ornitológicos e ictiológicos. Émil August Göldi em outubro de 1881 viajou para a Alemanha onde iniciou sua formação em zoologia e anatomia em universidades de Leipzig e de Jena.
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