CMYB 21 de Setembro de 2007 2 / ACTUALIDADE CABOVERDE

SPORTING DA PRAIA SCAPA TECNICIL JA TEM ASSEGURADOS VAI PATROCINA OS SEUS CINCO MIL PATROCINAR ACADÉMICA DA CONTOS PARA ESTA OS PRAIA ÉPOCA, APOIO DA TRAVADORES EDITUR NA MIRA NA

A SEGUIR NÚMERO

As elevadas somas de dinheiro oferecidas aos jogadores de futebol podem ser apenas “bolas de sabão”. Um atleta contactado por LANCE desmente que tenha recebido um cheque de setecentos contos para trocar contos é a soma que, especula- o “negro” pelo “vermelho”. “Seria bom, ai seria. Nem 700 se na Praia, as grandes equipas da capital do país, / BOCAS / metade disso!!!”, assegura. nomeadamente Sporting, pagam às suas estrelas.

JORGE MELO, Presidente da ARFSA “É preciso, acima de tudo, mudar mentalidades. É incon- cebível, depois de um jogo, um atleta sair do estádio e entrar num bar, ainda trajado com o equipamento do clube, para em- briagar-se. Isso em nada dignifi - ca o nosso futebol”. “Chutar BUBISTA, técnico da Académica de SV POR: KIM-ZÉ BRITO “Sei que houve intenções de desmantelar a equipa da Acadé- Com a época desportiva à porta, os clubes de futebol come- çam a ajeitar o arranque dos treinos e a apresentação pública mica, a todo custo. Quem quiser dos novos plantéis. Todavia, a dança de jogadores promete, fazer isso que o faça, mas dentro como sempre, despoletar alguma celeuma, especialmente em da legalidade”. São Vicente onde correm rumores da eventualidade de virem a surgir duplas inscrições. Se as especulações tiverem consistên- cia, é muito provável que a Académica, campeã regional, possa ser uma das principais lesadas. Já por altura da segunda-mão TCHIDA, treinador dos Mindelense do campeonato nacional, disputado contra o Sporting da Praia, “Nós não costumamos ir a Académica terá sentido no seu interior o peso dessas espe- ‘pescar’ jogadores em nenhum culações. Aliás, o próprio técnico da Micá, Bubista, chegou a reconhecer esse facto, em contacto com Lance: “Realmente, clube. Os jogadores é que pro- sentimos uma certa perturbação porque soubemos de clu- curam o Mindelense, por ser um bes que estavam a fazer propostas avultadas aos nossos jogadores, a atrapalhar o estado de espírito dentro da for- clube sério, que cumpre as suas mação. Mas acredito que isso já foi ultrapassado.” promessas”. Segundo Bubista, a Académica conseguiu agarrar o seu plantel com alguma antecedência, a fi m de evitar a fuga de pe- dras fundamentais na estrutura da equipa. Por esta razão es- TIRANDO A SAIDA DE JÁ do cargo tranha informações que apontam para a eventualidade de um ou outro atleta ter dado a sua assinatura a outros clubes. Mas, de Treinador-Adjunto, o Sporting a ser verdade, Bubista espera que os infractores sejam disci- da Praia conseguiu manter o seu plinarmente punidos. “Sei que houve intenções de desman- telar a equipa da Académica, a todo o custo. Quem quiser plantel intacto e “roubar” pedras fazer isso que o faça, mas dentro da legalidade”, adverte o de outras equipas, como Chelo técnico da Académica, fazendo referência a eventuais propos- tas de compra de jogadores da Micá por somas “obscenas”: e Yuri, da Académica, e Tom do setecentos e oitocentos contos, fora outras alegadas regalias. Travadores. Fora do quadro especulativo, a Académica quer revalidar o título regional de São Vicente na próxima época. Bubista tenciona usar a experiência adquirida na temporada transacta UM ÁRBITRO INTERNACIONAL cabo- para formar uma equipa coesa a nível defensivo e ofensivo. Este é também o objectivo primordial do Mindelense, que verdiano considera prejudicial as elaborou uma selecção criteriosa dos seus jogadores, escolhi- promessas de dinheiro aos fute- dos a dedo com base nas suas características desportivas e individuais. Tchida, o histórico treinador dos Encarnados, quer bolistas. Este juiz já reparou nas um plantel “curto”, composto por três guarda-redes e vinte jo- guerras-frias dentro do campo gadores de campo. Nada mais. O objectivo, como diz, é evitar o desgaste desnecessário do técnico, com um número exage- entre aqueles que ganham “mais” rado de jogadores, entre estes os que não trazem mais-valias e os que ganham “menos”. para a prestação do clube. 21 de Setembro de 2007 ACTUALIDADE CABOVERDE / 3

Rian e Edipão no Sporting de Portugal Os futebolistas Rian e Edipão, do Alvalade, com base num protoco- ambos da Académica do Mindelo, lo entre a Micá e a Academia Carlos foram tentar a sua sorte no Sporting Alhinho. Até fi nal do ano, outros três Clube de Portugal. Rian e Edipão, elementos da Académica poderão de 15 e 16 anos de idade, viajaram seguir para o Médio Oriente, com a para Portugal no início desta sema- mesma fi nalidade: ingressar no fute- na, a fi m de fazerem testes no clube bol profi ssional. foto: Paulo Cabral

PALMAS Força Meninas!

Toda a selecção de basquetebol sénior masculino está de parabéns pela medalha de bronze conquis- tada no Afrobasket 2007. Mas, sem estigmatizar ninguém, os nossos aplausos vão para Marques Houtman. Tiramos-lhe o chapéu porque foi eleito o melhor base da copa e, principalmente, preferiu jogar pela selecção dos seus antepassados cabo-verdianos, sendo americano de nascimento. “Tenho orgulho em fazer parte da selecção de Cabo Verde, pois Cabo Verde é lindo, é moderno, o seu basquetebol está a crescer e a tornar-se grande...E sinto-me feliz por fazer parte dele”, declarou em entrevista ao asemanaonline o Marques Houtman. Aplaudimos o basquetebolista de 28 anos, que foi contratado pelo clube 1º de Agosto e quer ser treinador de crianças cabo-verdiano-americanas.

A selecção cabo-verdiana sénior feminina já está em Dakar, Senegal, onde hoje, 21, começa o Campeona- to Africano de Basquetebol. O objectivo das pupilas de por dinheiro Marcos Moreira é superar o 7º lugar alcançado na última copa. O grupo de que Cabo Verde faz parte é forte – inclui as selecções dos Camarões, Nigéria, RD Congo, Quénia r”“Nós não costumamos ir ‘pescar’ jogadores em nenhum tar com a aquisição de novos jogadores. e Angola – mas o seleccionador nacional está confi ante clube. Os jogadores é que procuram o Mindelense, por Outro que também trocou a camisola é o técnico Tazinho, na capacidade das suas 16 escolhidas. ser um clube sério, que cumpre as suas promessas”, diz que saltou do Boavista da Praia para os Travadores. O novo São elas: Tininha (Prédio); Jade (Portugal); Rosân- Tchida, adiantando que o Mindelense não tenciona “encher” o treinador dos Vermelhos da Praia pretende iniciar os treinos gela (ABC); Natália (Portugal); Aylin (ABC); Sú (Seven “armário” de jogadores, como chegou a acontecer em tempos ainda este mês e tem em mente aumentar a qualidade do Stars); Ticha (Portugal); Anysia (Portugal); Kira (Sal); idos. Aquilo que o técnico mindelense pretende é constituir futebol do seu novo clube, a ponto de levar mais adeptos para Yamili (Portugal); Bety (Seven Stars); Silvi (São Vicente); um grupo cujo lema será efi cácia e organização. Aliás, rea- os estádios da Capital. Odete (Seven Stars) e Esir (Seven Stars). lizadas as eleições no clube, com a reeleição de Vasconce- Na ilha do aeroporto, o Académico quer continuar a los Lopes para a direcção, o Mindelense iniciou um trabalho dar as cartas, neste caso manter uma mão forte de jo- de organização interna, que visa resgatar a glória perdida. A gadores. O clube alvinegro do Sal adquiriu mais seis re- nova direcção promete introduzir novas modalidades no seu forços – dois defesas, três médios e um atacante, este Fredson e Maria de Pina circuito, nomeadamente futebol juvenil, basquetebol, andebol, angolano – e já sonha com a revalidação do título regio- voleibol, atletismo e, acima de tudo, arrancar com uma acade- nal. À semelhança de outros grandes clubes nacionais, o no mundial de Taekwondo mia de formação desportiva. Académico teve de abrir a bolsa para poder “comprar” as Passando a bola para a capital, o Sporting da Praia perdeu peças que se encaixam no seu projecto. “Mas nada que este ano o seu treinador-adjunto para a Académica, a única se compara com aquilo que se passa em São Vicente Os bolseiros baixa registada nos campeões nacionais em título. Beto, trei- e na Praia, onde se fala de oitocentos e até de mil olímpicos residen- nador dos verdes, considerou a saída de Já uma perda para o contos por um único jogador”, vai esclarecendo. Atiça- tes nos EUA, Fred- clube leonino, mas assegura que todo o plantel que venceu o do a abrir o jogo, Moniz revela que, no Sal, o “passe” de son Gomes e Maria campeonato nacional continua fi el ao clube. Abordado acerca um atleta atinge, no máximo, cento e cinquenta contos, de Pina, vão repre- de rumores sobre a eventual saída de Loloti, o treinador Beto sem contar os extras. Preços mais “modestos” mas que, sentar Cabo Verde desmente essa informação e sublinha que o jogador em cau- na sua perspectiva, comprovam o trajecto para o semi- no mundial de Ta- sa tem sido um dos elementos mais intervenientes no clube profissionalismo do futebol cabo-verdiano. “Gostaria era ekwondo, que se leonino. que o nosso futebol fosse profissional, deste modo realiza em Setem- Rui Évora, presidente sportinguista, acrescenta que os le- os jogadores teriam mais disciplina”, lança a crítica. bro, na Inglaterra, oninos conseguiram manter os seus atletas e até reforçar o Para poder atingir a meta traçada, o Académico arran- com o apoio do seu núcleo com “jogadores de qualidade”, já perspectivando cou cedo a sua campanha desportiva. Neste momento, o Comité Olímpico os novos desafi os que o clube tem pela frente, como a partici- clube já tem o seu plantel fechado, em parte à custa do Cabo-verdiano. pação na Liga Africana de Clubes Campeões e a revalidação Juventude, que perdeu vários dos seus titulares para o dos títulos quer no regional da Praia quer no nacional. Académico. Conhecedor das virtudes e defeitos dos jogadores do “Com o seu poder fi nanceiro, o Académico apanhou Sporting, onde foi adjunto de Beto por largos anos, Já pode- mais de cinquenta por cento dos nossos jogadores e ago- Treinadores fazem rá, este ano, jogar duro na canela dos campeões nacionais. ra temos de repor a equipa”, confi rma Pedro Neves, presi- Colocado à frente da Académica da Praia, Já tem nas mãos dente do Juventude, o lanterna-vermelha no último campeo- formação no estrangeiros a grande oportunidade de mostrar as suas qualidades como nato do Sal. Neves reconhece que o seu clube tem “estado treinador principal. Segundo as suas palavras, ele assume a mal”. Mas à sombra do seu passado glorioso continua a ser Os técnicos Ma- Académica – vencedora da Taça de Cabo Verde - como um “uma referência no Sal tal como o Mindelense é em São nuel Vieira e Mário clube vocacionado para disputar o título regional da Praia, em Vicente e o Travadores é na Praia.” Jorge Gomes viaja- todos os campeonatos. Sem mais espaço para descer, o Juventude só tem que ram para Espanha, “Eticamente fi cava mal tentar trazer comigo um ou subir, para evitar o seu afundanço na terra. Mas esta subida onde vão fazer uma outro jogador do Sporting. Mesmo que quisesse, os jo- depende da capacidade do clube para contratar uma boa equi- formação a nível do gadores do Sporting costumam assinar por duas ou três pa técnica, angariar jogadores experientes ou novos talentos. andebol e do atle- épocas”, responde quando questionado se pretendia “carre- Neves garante que o clube não tem uma conta bancária re- tismo no centro de gar” consigo alguma das pedras fundamentais do seu antigo cheada e nem costuma acenar com cheques para conseguir a alto rendimento El clube. Contudo, apesar de ter vencido a Taça de Cabo Verde, atenção dos jogadores. Resta, pois, jogar com outras armas: Car, durante três a Académica sofreu algumas baixas, que Já pretende colma- apoiar os atletas na sua formação académica, procurar-lhes meses. 21 de Setembro de 2007 4 / EM DESTAQUE ““BravosBravos ccriourioulos” ddee olhosolhos emem PequimPequim 20082008

foto: Eneias Rodrigues 21 de Setembro de 2007 EM DESTAQUE / 5

“Estamos prontos para representar o nosso povo”. Quem o afi rma é Marques Houtman, quando questionado sobre a qualifi cação para os Jogos Olímpicos Pequim 2008, feito este conseguido graças à conquista da medalha de bronze no Afrobasket Angola 2007. Mas, só a gana dos jogadores não chega para colocar Cabo Verde entre as selecções que vão estar na China. Segundo Emanuel “Mané” Trovoada, a Federação Cabo-Verdiana de Basquetebol (FCBB) tem de desenhar e pôr “Bravos criouloos”s” atempadamente em prática uma estratégia para a pré-eliminatória. REPORTAGEM: TERESA SOFIA FORTES de olhos em Pequim 2008 O coração dos cabo-verdianos, de Afrobasket Angola 2007, só fi zemos um aquém e além-fronteiras, bateu mais forte treino por dia, o que é inconcebível para a 24 de Agosto, quando Cabo Verde alcan- uma selecção que se está a preparar çou, batendo o Egipto, a medalha de bron- para uma competição internacional”. ze no Afrobasket Angola 2007. Feito inédito Um sonho para o qual a FCBB já tem na história do basquetebol cabo-verdiano resposta. Segundo Kitana Cabral, “o pro- que arrancou sorrisos e lágrimas a todos jecto já está em curso. A Câmara Munici- os crioulos que viam assim as portas do pal da Praia despachou favoravelmente Torneio Mundial de Qualifi cação para os um pedido de concessão de um terreno Jogos Olímpicos Pequim 2008 a abrirem- para construção do pavilhão desporti- se para o seu pequeno país. vo. Estamos agora a angariar apoios, Bateu mais forte o coração de Cabo nomeadamente junto da FIBA. Mas, até Verde. Pois nada mais o país poderia fazer à concretização do projecto, a gerência pelos “bravos crioulos” do que apelar por do Gimno Desportivo Vavá Duarte de- esse grande amor que todo o fi lho de Cabo veria, sem esquecer as outras modali- Verde nutre por estes dez grãozinhos di dades, dar prioridade à preparação da terra”. Este é, do ponto de vista do vete- selecção de basquetebol”. rano Vitocas, um dos factores que levou a Tão ou mais prejudicial para a selecção que os nossos rapazes fossem além, muito é o fraco nível de competição do campeo- além do que a Federação Cabo-Verdeana nato nacional. Para Patana, chefe de se- de Basquetebol lhes pedia. “Cabo Verde cretaria da FCBB, não é admissível que os não colocou nenhuma pressão sobre campeonatos regionais comecem em Mar- nós. Melhorámos a cada partida, e com ço, quando a determinação é no sentido da humildade e vontade acreditámos, já competição principiar cinco meses antes: que não tínhamos noção das nossas ca- “Os basquetebolistas fi cam com pou- pacidades, fruto do pouco ou nenhum contacto internacional”, refere o jogador ® do ABC. zMas para isso, e muito mais deve ha- ver, segundo “Mané”, maior capacidade de organização da FCBB. “Precisamos O PALMARÉS que a FCBB crie rapidamente melhores condições de trabalho para que possa- DE CABO VERDE mos preparar-nos calmamente”, alega o seleccionador nacional. E Marques Hout- Cabo Verde fi liou-se na Federação man é mais peremptório: “Mostrámos Internacional de Basquetebol em 1988, que Cabo Verde é uma das selecções mas só nove anos depois viria a es- de topo de África e do mundo. A FCBB trear-se numa competição apadrinhada precisa também agir como tal. E todo o pela FIBA- o Afrobasket Senegal 1997, país sairá a ganhar”, afi rma. em que se classifi cou no 7º lugar. Kitana Cabral, presidente da FCBB, Dois anos depois, o nosso país respondendo a estes anseios anuncia que voltaria a estar numa copa africana “o orçamento para a pré-eliminatória já de basquetebol, desta vez em Angola está a ser preparado, para ser apresen- 1999, torneio em que baixou duas tado aos parceiros e governo. Este é posições, fi cando no 9º lugar da clas- um projecto nacional que todos devem sifi cação geral. Entrementes, Cabo apoiar para que a selecção seja também Verde obteve um segundo e um primei- o nosso orgulho e a nossa certeza na ro lugar no Torneio da Zona II, em 1992 qualifi cação para Pequim 2008”. Para- e 1996, respectivamente. Participações que, no seu conjunto, lelamente, a FCBB arquitecta os estágios colocaram Cabo Verde no 69º lugar dos “bravos crioulos”: o primeiro em Lis- do ranking da FIBA, com 2,0 pontos. boa, no fi m deste ano, e o segundo um Agora, com a conquista do 3º lugar no mês antes da pré-eliminatória, em Julho Afrobasket Angola 2007 e a respectiva de 2008”. medalha de bronze, Cabo Verde subiu 13 lugares e está colocado no 56º Mais pavilhão desportivo lugar, ex-aequo com a Bulgária, África do Sul e Macedónia. De acordo com “Mané”, a FCBB deve Para a FIBA não contam, mas no também construir um pavilhão desportivo palmarés da selecção nacional sénior exclusivo para o basquetebol. “A FCBB masculino de basquetebol também deveria apostar na construção de uma estão inscritos a medalha de bronze infra-estrutura que possa acolher as arrecadada nos I Jogos da Lusofonia selecções que se preparavam para Macau 2006 e o título de campeão do competições internacionais”, afi rma o II Mundialito de Basquetebol-de-praia seleccionador nacional, explicando que a em Ílhavo 2002. Agora, que venha o inexistência de tal espaço limita a prepara- almejado lugar no torneio de basquete- ção da selecção nacional para as compe- bol dos Jogos Olímpicos Pequim 2008. tições internacionais. “No estágio para o Força, bravos crioulos! 21 de Setembro de 2007 6 / EM DESTAQUE

cos jogos nas pernas e quando enfren- nais” à selecção. “Para estar na selecção apontando Vinny Lima, atleta do Benfi ca, Por outro lado, de acordo com Mané, tam atletas de outros países ressentem- é preciso humildade, responsabilidade, ab- como uma das excepções. “Ele é humilde, os tais “nacionais” chegam muitas ve- se da falta de competição”. Um handicap negação e muito trabalho. Muitos, contudo, trabalha muito e está sempre disposto a zes aos estágios sem a lição aprendida: que estorva na hora da chamada de tais principalmente os mais jovens, “só pen- ouvir e aprender. Se continuar assim, vai “não dominam as técnicas básicas. atletas à selecção e a sua participação em sam em paródia e cerveja”, alega Mané, ter um grande futuro”. Esse trabalho deve ser feito nos clu- torneios internacionais, como se constatou no Afrobasket 2007. Emanuel Trovoada confi rma a asserção de Patana ao declarar que “os jogadores Patana, o herói descon que estiveram no campeonato nacional foram os menos utilizados no Afrobasket 2007. O Vitocas, por exemplo, se tives- Ele conhece todos os cantos da casa que responde pelo nome Fe- E a sua tarefa, diz Pa se mais ritmo competitivo teria jogado deração Cabo-Verdiana de Basquetebol. E não é para menos, Patana, o mandato de Gil Évora, mais em Angola, tal como os atletas da 48 anos, está ligado ao desporto e, em particular ao basquetebol, desde anarquia. Por isso é qu mesma idade de outros países”. Palavras 1977, data em que sob a liderança de Nildo Brazão se criava a Federa- dos dirigentes e atletas tir confi rmadas por Vitocas: “Precisamos de ção Cabo-Verdiana de Basquetebol, Andebol e Voleibol de Cabo Verde. nestes 30 anos deu a sua O seu cargo ofi cial: chefe de secretaria. é, por isso, também dele. mais jogos nas pernas. Contra Angola, Mas, Patana, “rapazinho di Praia”, não é homem de fi car atrás de “Fiquei muito feliz. A principalmente no segundo jogo, está- uma secretária. “Ele faz tudo”, diz Augusto Veiga, ex-presidente da a conquista do terceiro vamos a perder por 6 pontos ao interva- FCBB, que já viu Patana na pele de roupeiro, árbitro, delegado de jogo, equipa técnica, que apo lo. Mas perdemos o jogo por mais de 30, offi ce boy. É ele quem vai pessoalmente entregar as notas de imprensa e dias do Afrobasket 2007 ta o que mostra a fraca condição física e a restante correspondência. “É que muitas vezes não há ninguém para o seu savoir-faire ao serv pouco ritmo competitivo que temos”. fazer esses serviços”, afi rma Patana. ir, mas não sou eu que m Quem o conhece e o vê todos os dias – de sandálias, t-shirt e Quem sabe não estar A paródia e a cerveja que atrapalham calças de fato de treino, a pé ou de autocarro, ao sol, vento e chuva possível concretizar mais – sabe, contudo, que a razão é bem mais profunda. Aliás, é o próprio muito educado com tod Mas a falta de competitividade, que tam- Patana que confessa: “Faço tudo isso porque gosto. Criei-me no forma de estar no basqu bém é consequência da não participação desporto e, em particular, no basquetebol. Não consigo deixar de gadores altos que possa dos escalões mais jovens nos campeona- cumprir a minha tarefa”. que vamos encontrar na tos africanos, não é o único factor a barrar a chegada dos basquetebolistas “nacio- 21 de Setembro de 2007 EM DESTAQUE / 7

gem cabo-verdiana mostram mais von- tade e interesse para representar o país na qualificação para os Jogos Olímpicos Pequim 2008. Jeff Xavier e Ryan Gomes “Mané”, são dois exemplos. o maestro do bronze “Estrageiros na selecção”

Mas o seleccionador nacional diz que “Mané é um treinador amigo e muito emotivo, capaz de cativar os jogado- não é viável ter muitos “estrangeiros” res pelo amor que tem pelo basquetebol”. A afi rmação de Vitocas, que é treinado na selecção porque, tendo em conta que por Emanuel Trovoada desde que este chegou a Cabo Verde, em 1997, é partilhada são profi ssionais, “é difícil manter os por todos os jogadores e elementos da equipa técnica da selecção nacional sénior compromissos fi nanceiros com eles”. masculino. A este propósito, o presidente da FCBB Vitocas vai mais longe e defende que “Mané” sente-se cabo-verdiano: “Isso explica que, por exemplo, o seguro de faz com que Mané – que possui experiência como jogador e conviveu com Ryan Gomes é de 3 milhões de dólares. os melhores treinadores e jogadores de Portugal e é fruto do basquetebol Um montante que nem mesmo o governo angolano, um dos melhores em África – esteja connosco nas adversidades de Cabo Verde pode cobrir. “Mas a sua e os problemas da equipa são dele também”. Aliás, “Mané” tem sangue crioulo vinda não está posta de parte”, alega a correr-lhe nas veias. É bisneto de uma cabo-verdiana que foi para S. Tomé, de apelido Da Graça, e que faleceu por lá sem deixar indicações sobre os familiares Kitana Cabral que, com o intuito de con- que fi caram em Cabo Verde. versar com Ryan Gomes e Jeff Xavier, vai As aptidões atribuídas a “Mané” são confi rmadas por Augusto Veiga, ex-pre- estar nos Estados Unidos a partir de 25 sidente da FCBB, pelas mãos de quem o técnico angolano entrou para a equipa de Setembro. técnica da selecção. “Desde 1997, ele já treinava basquetebolistas cabo-ver- Na opinião de Vitocas, deve-se mostrar dianos, em Lisboa. Conhecedor disso, convidei-o a integrar a equipa técnica a estes jogadores a realidade do país, para como adjunto de Claude Constantino”, explica Augusto Veiga, que elevou Mané evitar que eles se iludam. “Devemos mos- à condição de seleccionador principal em 1999, durante o Afrobasket em Angola, na trar-lhes que somos um país com difi cul- sequência de um incidente durante o jogo contra a Argélia. dades, onde conseguir as coisas não é “Claude Constantino teve uma ameaça de ataque cardíaco e o médico fácil. Caso contrário, poderá haver con- aconselhou-o a repousar. Então, Mané assumiu o cargo de treinador princi- fl itos e será um choque especialmente pal. No regresso a Cabo Verde, nomeei-o seleccionador e Claude Constantino para os que vêm dos EUA e da NBA. passou a ser o director técnico da FCBB”, conta Augusto Veiga que conseguiu, Conhecendo a realidade, interrogarão na altura, através da Cooperação Portuguesa, um subsídio anual de 12 mil euros certamente como é possível uma equipa para suportar a estada de Mané em Cabo Verde. “Antes, ele vinha ao país apenas com tão poucas condições chegar a um na época dos estágios da selecção”. terceiro lugar no Afrobasket”. Tendo em conta os resultados pouco brilhantes conseguidos pelo combinado Por outro lado, há os basquetebolistas crioulo no Afrobasket 99 – a descida do 7º para o 9º lugar – e em outras compe- cabo-verdianos que preteriram Cabo Verde tições, vinha-se formando desde há algum tempo alguma contestação ao trabalho a favor de Portugal, entre eles Elvis Évora, do ex-jogador Mané, conforme avança o antigo dirigente da FCBB: “Tenho conhe- Carlos Andrade e João “Betinho” Gomes. cimento de que um grupo de pessoas estava pronta para pedir a demissão de “O que o Rodrigo fez é de louvar, pois Mané caso não fossem alcançados os objectivos no Afrobasket 2007. Mas, apesar de ter nacionalidade portuguesa felizmente, estes foram alcançados e ultrapassados”. Aliás, para Augusto Veiga, “o feito de Cabo Verde no Afrobasket, tendo em prefere jogar por Cabo Verde”, declara conta as condições de trabalho da selecção, é um grande milagre. Não é qual- Mané, que aproveita para alertar que “se quer selecção que, com apenas três jogos-treino em dois anos, consegue um não forem criadas condições vamos terceiro lugar numa fase fi nal de um campeonato africano”. Para esta grande perder outros jogadores a favor de pa- vitória terão contribuído, segundo Augusto Veiga, duas grandes características de íses que oferecem melhores meios”. Mané: “o relacionamento próximo com os seus jogadores e o ascendente psi- Mas, segundo Mané, não há motivos para cológico que tem sobre esses mesmos atletas”. desespero. “O processo de remodelação E por isso, diz Marques Houtman, que chegou à selecção pelas mãos de Tro- está em curso e poderemos ter novos jo- voada há sete anos, “gostaria que ele fi casse”. Mas se ele aceitar um dos con- gadores na selecção, entre eles alguns vites que recebeu para treinar outra selecção, alega Houtman, “compreenderei que representaram Cabo Verde nos I Jo- os motivos dele. Se ele decidir fi car, fi carei então muito feliz por poder jogar gos da Lusofonia, e que não estiveram para ele porque sob a sua liderança sei que os jogadores progridem bastante. em Angola, e o fi lho do cônsul de Cabo Ninguém esperava, por exemplo, que chegássemos tão longe no Afrobasket Verde na Argentina, que joga naquele Angola 2007”. país da América do Sul.”. Em resposta, Mané, que teve como treinador-adjunto no Afrobasket 2007 um bes, na selecção não temos tempo grande ex-jogador da selecção, Ricó, diz que a sua prioridade é o combinado criou- para isso”. A lacuna abre as portas para Os adversários lo. “Aceitei o convite para treinar a selecção sénior em masculino de Cabo os “estrangeiros”. E, neste momento, de Cabo Verde na qualifi cação Verde pela oportunidade de poder fazer um trabalho a longo prazo e assim com a conquista do bronze no Afro- poder mostrar que o basquetebol cabo-verdiano tem valor. Por isso, só peço basket 2007, basquetebolistas de ori- O Torneio Mundial de Qualifi cação mais e melhores condições de trabalho”, diz Mané, lembrando que no futebol a para os Jogos Olímpicos Pequim 2008 aposta é séria, mas nem por isso esse desporto tem melhores resultados. “Sou um está agendado para meados de Julho do profi ssional, não preciso dar provas do meu valor”, conclui. próximo ano, num país ainda a determinar hecido pela FIBA. Esta competição classifi cará os três últimos eleitos para jogar, de 8 a 24 de atana, que esteve ausente da FCBB durante Agosto, em Pequim. “é manter a casa em ordem. Não gosto de China e Espanha, a primeira por ser e alguns não gostam de mim”. Mas muitos anfi triã dos Jogos Olímpicos 2008 e a se- ram-lhe o chapéu pela forma abnegada como gunda por ser a campeã do mundo já es- a vida pelo basquetebol. A conquista do bronze tão apuradas para a competição. Outras sete selecções foram apuradas através Aliás, para mim não foi surpresa nenhuma dos campeonatos dos seus continentes: lugar. Sempre lhes disse, aos jogadores e Angola, Estados Unidos da América, Ar- ostava neles”, declara Patana que naqueles gentina, Irão, Austrália, Rússia e Lituâ- ambém queria estar lá em Angola, pondo todo nia. iço dos “bravos crioulos”. “Todos queremos As três últimas vagas serão conquista- mando”, desabafa. das no Torneio Olímpico Mundial de qua- rá em Pequim, hein? Para Patana não é im- lifi cação, segundo nota divulgada esta este sonho: “Temos um bom seleccionador, semana pela FIBA. Lugares pelos quais dos e que tem uma alegria única, é a sua competirão duas selecções de África (Ca- etebol. Só precisamos de alguns postes, jo- marões e Cabo Verde), três das Américas am contrapor-se aos gigantes das selecções (Porto Rico, Brasil e Canada), duas da Ásia a pré-eliminatória para Pequim 2008”. (Líbano e Coreia do Sul), quatro da Europa (Grécia, Alemanha, Croácia e Eslovénia) e um da Oceania (Nova Zelândia). 21 de Setembro de 2007 8 / EM CAMPO

O Estádio Municipal Arsénio Ramos, com capacidade para receber três mil espectadores, terá relva sintética, bancadas, balneários e vestiários. Estádio Municipal da Boa Vista pronto em Outubro

O Estádio Mu- nicipal Arsénio Ra- mos, na ilha da Boa Vista, deverá ser entregue aos des- portistas boavis- tenses no próximo SAL mês de Outubro. As obras, iniciadas em Dezembro de ACOLHE CAMPEONATO 2006, estão num ritmo avançado, ga- NACIONAL DE ATLETISMO rante o vereador da aérea do desporto, O primeiro campeonato nacional de atletis- Geraldo Pinto. mo deverá acontecer ainda este mês no Estádio Neste momen- Marcelo Leitão, na ilha do Sal, anunciou a Fede- to, afi rma Geraldo ração Cabo-Verdiana de Atletismo. A competição Pinto, encontra-se incluirá provas de 100, 400, 1500 e 5000 metros, na fase fi nal da salto em comprimento e em altura. construção das De acordo com António Ramos, presidente bancadas e da tri- da FCA, a ideia é diversifi car e introduzir novas buna. De acordo disciplinas no atletismo cabo-verdiano. “Há a ne- com o vereador, o cessidade de começar a criar o hábito da prá- piso já está pron- tica de novas disciplinas, porque pensamos to, os materiais criar dentro em breve todas as condições para a iluminação para a realização de competições em todas e a relva sintéctica as áreas da modalidade”. já estão na ilha. O Já existem, inclusive, garantias de fi nan- arrelvamento está ciamento para a construção de uma pista de programado para atletismo com piso sintético num dos estádios fi nal deste mês. regionais com condições para receber tal infra- Com capaci- estrutura, graças a um acordo com a Federação dade para receber Internacional de Atletismo (IAAF) e o Centro Re- três mil espectadores, numa primeira fase, o Estádio foi projectado, segundo gional de Atletismo. Pinto, “a pensar no futuro”, de forma a acompanhar o crescimento “acele- rado” da ilha, já que se espera um signifi cativo aumento da população, que actualmente ronda os seis mil habitantes. O Estádio Municipal Arsénio Ramos está orçado em 130 mil contos e é totalmente fi nanciado pela CMBV. Conforme realça o detentor da pasta do des- porto, esta infra-estrutura desportiva veio em resposta a um velho anseio dos desportistas da ilha, que há muito pedem uma infra-estrutura dessa importân- cia. Refi ra-se que Boa Vista é uma das ilhas mais bem equipada em termos de infra-estruturas desportivas. A ilha possui polidesportivos em quase todos os povoados do concelho. Recentemento, por ocasião das festas do município e de Nha Santa Isabel, a edilidade local lançou a primeira pedra para a constru- ção dos estadios das localidades de Rabil e de Estância de Baixo. Uma sema- na antes, a CMBV inaugurou o estadio de Fundo das Figueiras. Também, enquadrado nas festas do dia do município, a Câmara devolveu aos desportistas da Vila de Sal Rei o Polivalente Djidjungo. O espaço, conside- rado um dos melhores polivalentes do país, é totalmente iluminado, tem banca- das com cadeiras, oito lojas comerciais, balneários e vestiários, gabinetes para associações desportivas e piso com resina. Sílvia Frederico 21 de Setembro de 2007 EM CAMPO / 9

PRAIA SANTO ANTÃO

ESTÁDIO DE SUCUPIRA DEVOLVIDO À CAPITAL JORGE MELO DESILUDIDO COM DIREGENTES DE CLUBES E ATLETAS O Estádio Municipal de Acha- da de Santo António, conhecido O Presidente cessante da Associação Regional de Futebol por Campo de Sucupira, já foi de Santo Antão (ARFSA), zona Sul, em hora de balanço diz-se devolvido aos desportistas da desiludido e não poupa nem dirigentes nem atletas dos clubes capital, depois de vários meses de Porto Novo. em obras. No sábado, 15, o pre- Segundo o nosso entrevistado, o futebol no Porto Novo está sidente da Câmara, Felisberto a atravessar um momento crítico. Basta analisar os resultados Vieira, e o secretário de Esta- que têm tido nos últimos campeonatos nacionais. Mané, como é do da Juventude e Desportos, conhecido, afi rma que isso tudo é consequência da falta de am- Américo nascimento, fi zeram a bição e motivação que reina no meio desportivo. “A ambição e entrega ofi cial. motivação têm que partir, em primeiro lugar, dos dirigentes. O Campo de Sucupira é con- Estes devem criar aos atletas condições mínimas de traba- templado com relva sintética, lho, nomeadamente, oferecendo um lanche depois dos trei- iluminado e totalmente vedado. nos, como forma de os motivar”. Questionado sobre a falta de No projecto inicial constava a recursos fi nanceiros e o peso que isso acarreta para os clubes, fi xação da bancada metálica, Mané explica. “Isto acontece porque os dirigentes não fazem mas está só será efectuada o seu trabalho. Se todos fi zessem um plano de actividades mais tarde, pois os materiais ainda não chegaram à cidade da Praia. seria muito mais fácil angariar sócios e conseguir apoio nas A selecção da Achada de Santo António e uma equipa mista da Praia - formada por casas comerciais e não só. Acontece que ninguém faz nada jogadores de diferentes equipas da capital - enfrentam-se, num jogo inaugural. Outras equi- e fi cam a espera dos apoios da Câmara Municipal”. Mané vai pas , entre elas, a selecção feminina da ASA, a Escola EPIF, a sub-15 do bairro do Brasil e mais longe. “É preciso, acima de tudo, mudar mentalidades. É representantes da Câmara Municipal, deverão jogar amanhã. inconcebível, depois de um jogo, um atleta sair do estádio e en- Os Ferro e Gaita animaram a cerimónia, dando um toque de cultura, com muita música trar num bar, ainda trajado com o equipamento do clube, para e dança ao som do funaná de gaita e ferrinho. embriagar-se. Isso em nada dignifi ca o nosso futebol”. Segundo o presidente cessante, isso leva à desmotivação por parte da população, que já não leva o futebol do Porto Novo muito a sério. “Antigamente os adeptos iam ao estádio. Actualmente não conseguimos sequer pagar as despesas com a receita das bilheteiras”, atira. Em termos de clubes, a Associação terá no próximo campeo- FOGO nato seis clubes federados a disputarem o campeonato de Santo Antão, zona Sul. Para além dos clubes federados há oito equipas ELEIÇÕES NA ASSOCIAÇÃO REGIONAL DE FUTEBOL sub-15 e oito sub-17. Mané acrescenta que já é altura de pensar o futebol no Porto Novo. E para isso é preciso criar bases, uma vez que o escalão sénior se encontra esgotado. “Quando ini- A Associação Regional de Futebol da ilha do Fogo vai ciámos os campeonatos de sub-15 e sub-17 não tínhamos a votos no princípio do próximo mês. Os clubes federados nenhum equipamento. No decorrer do campeonato consegui de futebol vão escolher o substituto de Pedro Pires, pre- alguns equipamentos em empresas e pessoas particulares. sidente da direcção cessante, que se mostra indisponível Chegámos ao fi m dos campeonatos em que a equipa de Ril- para o cargo depois de três mandatos consecutivos. do venceu no escalão sub-15 e o Marítimo no sub-17”. Mané Nesta altura a comissão presidida por Pedro Pires, diz-se desiludido, uma vez que, quando quis fazer ingressar as está a preparar a eleição dos novos corpos gerentes, bem equipas de sub-15 e sub-17 nos clubes federados, o único que como o relatório de contas e actividades, documentos que se mostrou interessado foi o Marítimo. “O que me chateia é que deve submeter à próxima Assembleia-geral da ARFF. A são os próprios dirigentes que andam a dizer que é preci- nova temporada do futebol cabo-verdiano vai iniciar-se no so refl ectir sobre o que queremos para o futebol no Porto próximo mês. Novo”, afi rma. O escrutínio, que ainda não tem a data marcada, tam- Quanto ao futebol feminino, este responsável afi rma que está bém até agora não tem candidato. “Até ao momento nin- em franco crescimento. Adianta que “No ano passado tivemos guém se posicionou ofi cialmente como candidato para um campeonato regional com a presença de quatro clubes. assumir o cargo”, diz Pires. Sabe-se, entretanto, que um No campeonato nacional, a selecção do Porto Novo foi con- grupo de dirigentes desportivos da ilha poderá vir a apoiar siderada, na Praia, uma das melhores equipas. Deixámos uma lista encabeçada por Lúcio Pinto. Este, numa curta uma boa impressão do futebol feminino que se joga na cida- conversa com o LANCE, mostrou a sua disponibilidade de do Porto Novo”. para se assumir como candidato. Segundo Pinto, só lhe Depois de dois anos à frente da Associação, Mané não irá re- faltam alguns pormenores para apresentar ofi cialmente a candidatar-se, mas, segundo as suas palavras, sai com a sensa- sua candidatura, que é apoiada por uma “forte massa de ção do dever cumprido. “Um dos meus grandes objectivos foi dirigentes associativos”. conseguido: criar bases para que, no futuro, tenhamos bons LANCE apurou que José Fernandes também mostra atletas, empenhados e motivados”. Acrescenta ainda que se disponível para assumir o cargo de dirigente de futebol mais não fez foi porque não tinha uma equipa de trabalho. “Du- no Fogo. Conforme confi denciou a este jornal, já manteve rante todo esse tempo trabalhei sozinho. E não foi por von- contactos com alguns dirigentes na ilha, que deram total tade própria. O corpo directivo que criei, fi cou só no papel. confi ança e apoio à sua candidatura. Contudo, a eleição da nova equipa directiva da Mas no Porto Novo é sempre assim: na altura de trabalhar ARFF, pode não fazer cessar confl itos latentes entre alguns dirigentes desportivos todos fogem”. E deixa um apelo ao seu sucessor: “É preciso e a Associação. muito empenho, boa vontade e motivação”. A partir da próxima semana fi cará claro quantas candidaturas entrarão na corrida A eleição do próximo presidente da ARFSA, zona Sul, terá ao pódio. Pedro Pires considera que os seis anos de mandato, apesar de vários lugar no fi nal deste mês. RLM constrangimentos fi nanceiros, decorreram com sucesso. Acha que a sua direcção deu o melhor que pôde para a massifi cação do futebol na ilha do Fogo. Em declarações ao LANCE, o presidente da Comissão que vem gerindo os des- tinos do futebol no Fogo avalia que após a sua entrada na organização, o futebol da ilha do vulcão teve ganhos signifi cativos, nomeadamente conseguiu fi liar duas novas equipas do primeiro escalão e, sobretudo, criar o segundo escalão. Para Pedro Pires, a criação da segunda divisão fez com que o futebol fosse massifi cado e praticado em todos os cantos e recantos da ilha. Um feito que levou o futebol do Fogo a ganhar não só em maior competitividade mas também em dedicação da Associação e jogadores. Um outro ganho considerado por Pedro Pires foi a concretização dos objectivos preconizados durante estes anos, sobretudo, na participação de todas as equipas do Fogo em todas as provas organizadas quer a nível regional que a nível nacional. Para o presidente cessante, a falta de infra-estruturas desportivas continua a ser um grande problema para o desenvolvimento da modalidade na ilha do Fogo. NMC 21 de Setembro de 2007 10 / LANCE INTERNACIONAL Norueguesa de 19 anos ganha Campeonato do Mundo de Poker

Annette Oberstad, de 19 anos, sagrou-se esta terça-feira, 18, em Londres, campeã do mundo de pó- quer, deixando para trás 500 dos me- lhores jogadores de todo o planeta. Esta é a primeira vez que uma mu- lher vence esta competição, em 40 anos de história das World Series of Poker Betfair. Com este triunfo a jogadora no- rueguesa – uma especialista da mo- dalidade Texas Holde’m pela Internet –, arrebatou mais de 2 milhões de dólares e uma pulseira de diamantes que é tradicionalmente oferecida aos vencedores das WSOPE. Annette Oberstad, também co- nhecida online como annette_15, per- tence à equipa de póquer da betfair. com, empresa que patrocinou a sua entrada na prova (cerca de 10.000 libras) para disputar o campeonato, nesta que é a primeira ocasião em que o torneio se disputa fora de Las Vegas. TSF regras do jogo

MANUEL DUARTE MANUEL O 4º ÁRBITRO Muitas e delicadas são as tarefas do 4º Árbitro. Mas agora olhar directamente para o infractor e, de longe, fa- apenas vamos falar de algumas que consideramos essen- zer-lhe um gesto de acalmia e aconselhamento no sentido O seu comportamento deve ser de ciais, pois não é possível falar aqui em pormenor do seu de retornar ao seu lugar. ofício, pelo que deixo outras considerações para um outro correcção, diplomacia e tranquilidade. espaço que porventura venha a ser criado. 3ª FASE - Novos protestos. Levanta-se, dirige-se ao banco e avisa o(s) infractore(s) de que se os protestos continua- Não pode entrar pela via da ANTES DO JOGO DEVE: rem, tomará as medidas disciplinares legais e regulamen- - Testar as pilhas do placard de substituição. tares. confrontação, devendo precisamente - Medir a pressão das bolas, antes de ir para o aqueci- mento das equipas. 4ª FASE - Mais protestos. Volta ao banco e agora de forma adoptar a postura contrária. - Inspeccionar o equipamento e as jóias nas substitui- mais grave e defi nitiva informa o seu responsável que para ções. além das punições disciplinares todas os comportamentos - Verifi car a localização das macas. serão motivos de relatório. - Ajudar no controlo do tempo durante o aquecimento da equipa de arbitragem, etc. - OUTROS ASPECTOS DO COMPORTAMENTO DO 4º ÁRBITRO - Atitude de não confrontação - DURANTE O JOGO menos preocupante. - Muitas e delicadas são as tarefas do 4º Árbitro. O Seu comportamento deve ser de correcção, diploma- - A sua posição deve ser sentado, porque pode ter ne- cia e tranquilidade. Não pode entrar pela via da confronta- - A atenção à substituição das bolas pelos apanha-bo- cessidade de entrar para substituir um colega e tem que ção, devendo precisamente adoptar a postura contrária. las é da responsabilidade do 4º Árbitro. Carinho e pedago- estar com os músculos aquecidos e descansados. gia são as expressões a adoptar com os miúdos. -Controlo da área técnica - deve ser feito em quatro O 4º árbitro deve ter igualmente presente que está fases distintas: perante um grupo de pessoas cuja excitação é máxima. DESCONTO DE TEMPO - Momento do contacto visual- Portanto, deve ter cuidado com as suas intervenções e 1ª FASE: Quando começam os primeiros protestos, deve também da forma como as faz. Finalmente o momento combinado para receber a infor- somente levantar-se do banco, dar um passo em frente mação de quantos minutos a acrescentar à partida, deve e olhar quase na direcção do banco, ou seja, não incidir o AQUECIMENTO DOS SUBSTITUTOS - Deve merecer atenção es- ser no decorrer dos últimos cinco minutos. olhar directamente nele. pecial. O local e a cor dos coletes devem ser respeitados. -Fico por aqui, com a promessa de voltar a este tema 2ª FASE: Protestos repetem-se – deve voltar a levantar-se e - As substituições são a sua tarefa mais visível mas a numa próxima oportunidade. * Instrutor de Árbitro da F.C.F. 21 de Setembro de 2007 LANCE DOS OUTROS / 11

O FIM DE UM CICLO ÉVORA GIL

Terminou a aventura africana para o CAN isso dizer que o trabalho de Ricardo Rocha tem 2008. Apesar de ter terminado de uma forma também de passar por aí. Esta equipa técnica, pesada (derrota com a Guiné-Conackry por 0- pela seriedade que põe no seu trabalho, pela 4) desde há muito Cabo Verde estava condena- forma aberta e transparente como dialoga com do a não estar presente na CAN. Nada de outro os actores do futebol no nosso País, merece mundo. Afi nal, nunca estivemos lá mesmo e as uma nota de confi ança de todos nós. Temos de euforias que temos vivido até agora sempre fo- ter a consciência de que chegámos ao fi m de ram sol de pouca dura. A regra é não estarmos um ciclo. Há que romper alguns tabus, lavar a presentes e daí que a questão põe-se mais do roupa suja, mudar o que é necessário mudar ponto de vista das expectativas. Sim, essas e assumir compromissos por mais duros que chegaram a estar em alta devido a dois factos eles sejam. Este é o início de uma nova fase fundamentais. Primeiro a mudança da equipa que, pela primeira vez, será cem por cento co- técnica e depois a vitória sobre a Guiné-Co- ordenada pela nova equipa técnica. Por tudo nakry, essa actual potência do futebol africano. isso Ricardo Rocha e a sua equipa técnica de- Mas com uma análise fria e realista depressa vem continuar a merecer a nossa confi ança. chegaríamos à conclusão de que nem Ricardo Para o bem do futebol. Rocha nem Mourinho poderiam operar mila- Enquanto o futebol abandona as elimi- gres, com esta selecção, em tão pouco tem- natórias para o CAN 2008, o basquetebol po de trabalho. A aposta da FCF nesta equipa feminino vai participar em Dakar no Campe- técnica e principalmente num novo modelo de onato Africano 2008. Tarefa ingrata têm as gestão das selecções é algo que deve ser lou- nossas jogadoras. Por melhor desempenho vado e seguido por todas as federações. Já é que possam ter em Dakar a comparação com altura de se largar o amado- a proeza do basque- rismo se queremos chegar tebol masculino será a algum sítio e o exemplo Esta equipa técnica, pela seriedade inevitável. Será pos- da FCF mostra em primeiro sível outra proeza? lugar uma tentativa de se que põe no seu trabalho, pela forma Muito difícil por duas operar um corte radical com aberta e transparente como dialoga razões de ideias. um passado recente. Para Primeiro o facto das com os actores do futebol no nosso isso Ricardo Rocha e a sua equipas já estarem Cabo Verde equipa técnica precisam de País, merece uma nota de confi ança alertadas em relação tempo, pois na verdade e na de todos nós. a Cabo Verde pelo prática terão de ser eles os que o factor surpre- principais actores do corte sa já não poderá no mundial de Judo que se pretende dar na fi lo- funcionar. Segundo, sofi a que até há bem pouco tempo esteve na porque esta selecção está debilitada. Lilita, A judoca Sandra Borges, residente ce do judoca Tiago Camilo - vice-cam- base dos trabalhos da nossa selecção. Existe a Tatiana e Nany fazem falta a qualquer equi- em Portugal, representou Cabo Verde peão olímpico em Sidney 2000 -, que sensação de que as convocatórias dos jogado- pa e, apesar dos reforços vindos de Portugal, na vigésima quinta edição do mundial foi também eleito o melhor atleta do res caboverdianos no exterior são feitas tam- Marcos sabe que não vai ser fácil segurar o de Judo, que, este ano, decorreu no mundial de judo. Aliás, o Brasil fi cou bém em função de alguns “lobbies” já instala- marcador quando Tininha for obrigada a ir Brasil, de 13 a 16 de Setembro. Judo- em primeiro lugar na categoria dos dos junto á equipa técnica da FCF, que muitas para o banco dos suplentes. O jogo de apre- cas de 138 países – entre os quais 24 masculinos. vezes privilegiam os nomes ao invés da forma sentação mostrou uma equipa combativa do continente africano – participaram Paralelamente ao desenrolar dos jogadores! Essa ideia, certa ou errada, ga- mas com pouco poder de choque e sabemos nha raízes particularmente quando se vê joga- que esse é o ponto forte de várias selecções no campeonato, mas escasseiam in- dos combates, foi realizada a elei- dores vindos do exterior praticarem um futebol africanas. Se não houver surpresas, a Nigé- formações sobre a prestação de Cabo ção para o cargo de presidente da tão medíocre e impróprio para um profi ssional. ria, RD Congo, Moçambique, Senegal e Mali Verde no referido campeonato. Federação Internacional de Judo. Não estou a falar do jogo em Conakry. A ver- continuarão a disputar os quatro primeiros A selecção do Japão foi a grande O romeno Marius Vizer conseguiu dade é que alguns dos jogadores que constan- lugares. Mas é legítimo pensarmos que po- vencedora do torneio, tendo conse- o lugar antes ocupado pelo coreano temente fi guram na convocatória das sucessi- deremos ombrear com equipas como o Qué- guido três medalhas de ouro, duas Young-sung Park, que apresentou a vas equipas técnicas desde há muito não têm nia, Camarões, Costa do Marfi m, Madagás- de prata e quatro de bronze. O Brasil sua renúncia ao cargo de presidente mostrado em campo que merecem lá estar. car, Tunísia e desforrar-nos da derrota que o alcançou a segunda posição do pódio da FIJ, nas vésperas do arranque do Mas estranhamente os seus nomes continuam combinado masculino teve frente a Angola. geral, graças à excelente performan- mundial de judo. a fi gurar no lote dos convocados. Quero com Sonhar é possível. Boa sorte.

POR: HUMBERTO ÉVORA* “MENS SANE IN CORPORE SANE”

Esta máxima, que vem da antiga Grécia, ainda con- bem mais complexas e menos fl oreadas do que pode pa- cerígenos que inalamos com frequência; São os produtos serva toda a actualidade. recer à primeira vista. ou aditivos tóxicos que se encontram nos alimentos que Podemos considerar-nos saudáveis se não tivermos É inegável que devemos melhorar o nosso estilo de consumimos; São as características climáticas do nosso nenhuma doença física? vida através de medidas salutares sobre o nosso físico e planeta que têm sofrido transformações nefastas, a que Diante desta paradoxa questão, a resposta parece a mente. Umas vezes podemos, mas não fazemos. Ou- não é alheia a “mão” humana ligada ao fenómeno da glo- lógica e está em sintonia com a que é dada pela OMS tras, queremos e alegamos que não podemos pelas mais balização; São os animais com que vivemos ou convive- - Organização Mundial da Saúde: ser saudável não é só variadas razões. mos, muitos dos quais vectores potenciais de organismos ausência de doença. Pressupõe a existência de saúde Sou de opinião que existem aspectos que podem ser ou micro-organismos patogénicos. física, mental e social. contornáveis se houver vontade, pois pequenos gestos, Não podemos negligenciar a infl uência para a nossa Hoje não restam dúvidas de que todas as vertentes pequenas mudanças nos nossos hábitos de vida pode- esfera mental do ambiente de trabalho em que estamos se infl uenciam mutuamente e numa dimensão superior rão trazer seguramente resultados positivos a médio ou inseridos, da família, dos amigos, inimigos, etc, etc. De- àquela que a maioria das pessoas possa imaginar. E o a longo prazo. Mas a nossa saúde não depende apenas vemos, seguramente, velar pela nossa saúde individual, que podemos fazer para sermos ou continuarmos sau- daquilo que fazemos ou ingerimos. Depende também da mas devemo-nos preocupar também – e de forma activa dáveis? infl uência de factores ambientais em que estamos envol- – com a saúde global. Já sei, já sei, dirão alguns, pois a história é sempre a vidos e interagimos de forma permanente. Estes não se Até porque seremos nós a colher os frutos daquilo mesma: evitar os bolinhos, comer mais frutas e vegetais, restringem apenas ao ar que respiramos: São os poluen- que plantamos. Para o melhor e para o pior. * Formado em Medicina Desportiva fazer mais exercício... Não! As coisas, na realidade são tes em forma de gases prejudiciais e muitas vezes can- saúde desportiva 21 de Setembro de 2007 12 / FUTEBOL NACIONAL