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Nº 5 • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.embaixadadeangola.org EDIÇÃO SERVIÇO DE IMPRENSA DA EMBAIXADA DE EM PORTUGAL

ANGOLANOS QUE REGRESSAM Aprovado PROJECTO DE REABILITAÇÃO “Vidas a Preto e Branco” de Óscar Gil da REDE VIÁRIA de “3 em 1” em Luanda para resolver o congestionamento Pág.4/5 do Trânsito

Nova rede de supermercados “NOSSOSUPER”

Pág.9 Comemoração do Dia da Paz e Dia de África em Portugal

Pág.7/12 Angola na 52ª Bienal de Veneza

Pág.12 Afrobasket 2007 Tudo a postos para o arranque Pág.6 Pág.15 © Kiluanji Kia Henda 2 P OLÍTICA • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • M WANGOLÉ Eleições mais próximas Governo dá mais 90 dias ao registo eleitoral

Por: Paulo de Jesus em Luanda

O processo de consolidação da democracia em Angola continua a dar os seus passos. Como se depreende do balanço actual da campanha de registo eleitoral, desde 15 de Novembro do ano passado a 15 de Setembro do corrente, data do término da segunda fase. Aproximadamente cinco milhões de cidadãos têm já o seu cartão de eleitor, porém, poder-se-á atingir os sete milhões de votantes previstos, depois de, recentemente, o Governo angolano ter prolongado o registo eleitoral para mais 90 dias. O Executivo, que decidiu ainda pela não realização do registo no exterior do país, garante que o prolongamento não comprometerá a realização das eleições legislativas e presidenciais, em 2008 e 2009, respectivamente.

decisão do Conselho de Ministros em e a abordagem das questões relacionadas Aprolongar o registo eleitoral, segundo o com as eleições, o que garante, em grande coordenador da Comissão Interministerial medida, o êxito deste desafi o nacional, que para o Processo Eleitoral (CIPE), Virgílio de passa por dar cumprimento à deliberação do Fontes Pereira, teve como fundamento as Presidente angolano, José Eduardo dos San- recomendações favoráveis da Comissão tos, que instou, durante a mensagem de Ano Nacional Eleitoral (CNE) e as declarações no Novo, às instituições competentes a cum- mesmo sentido na parte partidos políticos, prirem todas as etapas para a conclusão do representantes da sociedade civil, igrejas, registo eleitoral e a educação cívica dos elei- organizações não-governamentais e associa- tores, visando a realização das eleições legis- ções profi ssionais. lativas em 2008 e as presidenciais, no ano seguinte (2009). A realização das eleições, em separado, foi tomada a 20 de Dezembro, durante uma reunião do Conselho da Repú- blica, órgão de consulta do chefe de Estado de que fazem parte o presidente da Assem- bleia Nacional, o Primeiro-ministro, o Procu- rador-Geral da República, líderes dos partidos políticos e personalidades da sociedade civil. Para José Eduardo dos Santos, o êxito da lho Político da Oposição (CPO), que temiam pessoas registadas, mas, principalmente, primeira fase do registo eleitoral, realizado que milhões de angolanos poderiam fi car de pelo facto de ter surgido aquilo a que cha- entre 15 de Novembro e 15 de Dezembro fora das eleições presidencial e legislativa, mou um “novo estado de alma” no seio dos de 2006, que permitiu recensear 945 mil e se o Governo não prolongasse o programa cidadãos, com uma participação mais visível 451 cidadãos, é a “demonstração de que os de registo eleitoral. Representado por cerca de mulheres e jovens no registo eleitoral. angolanos estão mobilizados e empenhados de doze partidos, o CPO afi rmava que menos O reforço do número de brigadas permitiu em contribuír para a normalização completa de metade dos oito milhões de cidadãos acelerar o registo, acompanhado por seis mil da vida social e política”. A promessa feita, aptos a votar foram registados desde o fi nal fi scais credenciados pelos partidos políticos. foi a de que, por um lado, o Governo continu- do ano passado, mas que seria impossível Estes e os respectivos brigadistas voluntários aria a dar passos fi rmes para “consolidar as às autoridades registarem muitos eleitores, tiveram que enfrentar difi culdades relaciona- instituições democráticas e os mecanismos uma vez que vivem em zonas de difícil das com as áreas minadas, a chuva e com as capazes de promover o diálogo construtivo e acesso. O CPO havia afi rmado que não havia condições das vias de acesso aos mais remo- a participação de todas as forças actuantes da conseguido fazer o seu trabalho em várias tos quimbos do país, naquilo que se traduz na sociedade no processo de reconstrução e de- Presidente da Comissão Nacional Eleitoral, partes de Cabinda e em outras províncias, fi rme determinação dos angolanos em parti- senvolvimento” e, por outro - relativamente Caetano de Sousa devido às más condições das estradas e às cipar num conjunto de tarefas, indispensáveis à estabilidade do país - garantirá e manterá chuvas intensas ocorridas. Sobre o processo ao pleno exercício da democracia. Contudo, “a ordem, a segurança, a tolerância política Em consequência da prorrogação, a fase nor- de registo eleitoral, o Governo, na voz de é assente que muito está ainda por fazer, e a harmonia social, reforçando o combate à mal do registo eleitoral termina no dia 15 Fontes Pereira, considera-o positivo, não embora sejam contagiante e mobilizadora a criminalidade e, em particular, à delinquência de Setembro próximo (e não a 15 de Junho, tanto pela qualidade ou pelo número de confi ança com que está a decorrer o registo juvenil e infantil”. MWANGOLÉ como inicialmente previsto), com objectivo de abranger o maior número de cidadãos Arquivo ACEtnia - Cultura e Desenvolvimento nacionais com capacidade eleitoral activa. Projecto: África - Brasil - África Fotos de Christian Knepper e Ricardo Teles Estiveram na base desta medida, razões de natureza técnica ligadas à inacessibilidade de algumas áreas do país, o que concorreu para “uma certa desorganização e pressão em relação a organização logística e admi- nistrativa do processo de registo eleitoral”. A decisão do Governo teve ainda como fundamento a necessidade de garantir que o processo de registo eleitoral seja “de in- clusão e de coesão social”, em que todos os cidadãos nacionais em condições de pode- rem se registar possam fazê-lo. Esta decisão, por sua vez, acaba com o receio de alguns partidos políticos nacionais afecto ao Conse- O futuro é das crianças M WANGOLÉ • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • P OLÍTICA 3 Como vão os partidos políticos?

autoridades não instituírem um mecanis- mo que trave a sua progressão, os partidos políticos ultrapassarão as duas centenas, provocando assim, literalmente a congoliza- ção” do sistema político-eleitoral nacional. Contudo, há opiniões que falam da imprati- cabilidade de medidas administrativas (an- tigo bastonário da Ordem dos Advogados de Angola, Raul Araújo) e da inviabilidade das decisões serem tomadas apenas e só por um grupo, segundo o activista para os Direitos Humanos, Fernando Macedo. O presidente da bancada parlamentar do partido do Galo Negro mostra-se despreocupado com a co- gumelização de partidos em Angola. Para Alcides Sakala, as eleições resolveriam o pro- blema. Por outras palavras, as eleições irão mostrar “quem é quem”, declarou. Ainda a necessidade e o processo de registo eleitoral decorre a às eleições de 1992 (PAI, PDLA, PSDA, CNDA, de uma maior presença S bom termo, levando os angolanos, desta PDA e PRA), encontram-se fragilizados em vez, a acreditarem um pouco mais na sua termos de abrangência e representatividade feminina irreversibilidade, entre os partidos políticos em todo o país. Se em 1992 havia apenas s partidos políticos concorrentes às pró- nem tudo corre tão bem, sobretudo para 18 partidos, o número hoje atinge mais de Oximas eleições legislativas deverão ter aqueles que ainda procuram afi rmar-se no uma centena, sendo que maior parte existe nas suas listas um número mínimo de 30 por território nacional. apenas “para sugar os cofres do Estado”, cento de mulheres em condições de serem Tirando os três partidos históricos (MPLA, como referia uma das edições do Semanário eleitas, decisão esta já tomada a nível parla- UNITA e FNLA), que se encontram natural- Angolense. Este jornal, lançou igualmente mentar pela maior representação feminina, mente em todo o país, partidos há, inclusivé aos angolanos um desafio: Não será hora com efeito, desde o mês de Março último, alguns com assento no Parlamento, que de se travar o fenómeno de “congolização” ao lançar-se uma vasta campanha de escla- Coordenador da CIPE terão “problemas” em atingir e conquistar o face à “praga de gafanhotos com que se recimento e sensibilização dirigido ao sector e Ministro da Administração do Território, interior nas eleições legislativa e presiden- confrota o sistema partidário angolano?”. feminino da sociedade angolana, convidá-lo Virgílio Fontes Pereira cial. São os casos do PRS, curiosamente a ter- Partindo de dados do Conselho Nacional a participar mais, tendo em conta a presente ceira força mais votada nas únicas eleições Eleitoral (CNE), avançou-se que o número necessidade do registo eleitoral. é “muito lenta e inaceitável”, comparativa- gerais de 1992, e que fi cou à frente da FNLA, de partidos chamados para os trabalhos de Entende-se que só na posse do cartão de mente a países como Moçambique, Cabo assim como o PLD, o PRD, o PAJOCA, o PDP- acompanhamento e fi scalização do registo eleitor, as mulheres poderão escolher o Verde, África do Sul e Namíbia. Cohen disse ANA, PNDA, AD-Coligação e o PSD, partidos eleitoral é de 126, o que pressupõe a ne- melhor para o seu futuro. Na abordagem que a OMA, está preocupada com a fraca que conseguiram assentos na Assembleia cessidade de aplicação de uma política bem que se faz sobre a questão; sublinha-se que presença de mulheres nos órgãos de decisão Nacional. Estes e os outros que concorreram redutora, pois, escrevia o Semanário, “Se as a parceria entre homens e mulheres ainda de poder. MW A N GOLÉ

Foto de Sudika Santos 4 S OCIEDADE • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • M WANGOLÉ Angolanos que regressam com sucesso “Vidas a Preto e Branco” de Óscar Gil Por: Paulo de Jesus em Luanda Fotos: RICMIDIA Depois de realizar “Caminhos Cruzados”, uma mini-série de fi cção pedagógica dirigida às populações que vivem em zonas de risco de contaminação do vírus HIV/Sida, o produtor angolano Óscar Gil, acaba de gravar mais uma produção, a telenovela “Vidas a Preto Branco”, que será em breve uma das atracções na nova grelha de programação da Televisão Pública de Angola (TPA). Com um elenco diversifi cado, a mini-série nacional, também exibida em canais televisivos internacionais da Rádio e Televisão Portuguesa (RTP), é composta por dez capítulos, com duração de 25 minutos cada. Óscar Gil, relata a vida de uma arquitecta infectada pelo vírus de HIV/SIDA, que sofre a discriminação da sociedade, familiares e amigos.

casco urbano e há uma série de confl itos. Lu- muito bom, já há visitas às produtoras, coisa anda, por exemplo, está cheia de confl itos. É que nunca aconteceu, porque a TPA (como preciso, que o apoio da TPA, porque a televi- televisão do Estado) tem que nos ver como são entra em nossas casas sem pedir licen- parceiros e não como concorrentes. É assim ça, deve jogar um papel que vise moralizar e em qualquer parte do mundo. Quem pensar corrigir comportamentos, passar mensagens que as produtoras privadas são concorrentes positivas em relação aos problemas que nos da TPA, é um mau gestor da coisa pública. afl igem. Portanto, que se incentive mais e Diz-se que é mais barato comprar mais a produção nacional. Como gosto de telenovelas estrangeiras do que produzir sonhar, estou a planifi car novelas de mais localmente, mesmo tendo patrocínios de cem episódios. Sonhar ainda não paga de grandes empresas, como a Sonangol. impostos, vou continuar. Queremos, que Então, a pergunta é esta: porque é que todas as nossas novelas sejam didácticas, e a Sonangol não patrocina as produtoras transmitam mensagens positivas. Não é só nacionais? entretenimento e abanar a bunda. É levar uma mensagem válida. É preciso cada vez mais incentivarmos a produção nacional. O dinheiro com que se Mas essa mudança que se pretende para compram telenovelas estrangeiras, dava para a produção nacional levará o seu tempo muita coisa. Dizem que fi ca mais barato, por Devemos respeitar os laços históricos, mas cuidar de nós, de gostarmos de nós mesmos ou acha que pode ser repentina? causa da publicidade, mas não nos esque- É evidente, mas só trabalhando. Só assim çamos que estamos a comprar um produto Não tem sido fácil manter a produção de actores e de técnicos, como é que vamos começaremos a inverter o quadro e depen- envenenado. É um produto que não nos diz nacional? ultrapassar as nossas insufi ciências. Só com de muito das vontades políticas. Isso já não respeito e vem- nos colonizar culturalmente. trabalho, errando e corrigindo, tal como os passa por nós. Queremos trabalhar e já mos- A rodagem desta mini série, suspensa por A solução, é mesmo trabalharmos com a outros fi zeram no passado. trámos que somos capazes. Paulatinamente, dois anos, devido à falta de fi nanciamento, nossa gente, mostrarmos as nossas cidades, vamos fazendo as coisas. Só trabalhando foi um contratempo. De apoios nem falar. Se virmos as primeiras telenovelas bra- as nossas vilas, os nossos problemas, passar cada vez mais, vamos formando e superan- Nós apercebemo-nos, perfeitamente, que o sileiras, venezuelanas, portuguesas, não a nossa mensagem, porque as realidades Ministério da Cultura tem graves problemas têm a mesma qualidade de hoje, passados do os actores e os técnicos. Continuo a de- fender o que é nosso e não é crime nenhum. do Brasil, da Venezuela, de Portugal ou do fi nanceiros. Sabemos também que a nível quarenta anos. Eles conseguiram dar a volta México, não as nossas. São coisas que não do Orçamento Geral do Estado (OGE) há porque investiram nas suas produtoras. Todo o angolano deve defender a sua pátria e ter orgulho de tal, contribuindo com o seu nos dizem nada. Podemos ter simpatia com outras prioridades: construção de pontes, É irreversível. E digo mais: a nossa gente saber, para que Angola seja um grande país os outros, mas devemos gostar de nós mes- hospitais, escolas, entre outras, num país gosta de apreciar aquilo que é nosso. Citan- no contexto das nações. mos. Neste momento, temos que criar me- vindo de uma guerra destruidora. do, o actual vice-ministro da Cultura, André canismos para o conseguirmos. As empresas Apesar, desses problemas, apelamos para Mingas, “o que é nacional é bom e nós gos- Acha que a nova direcção na TPA poderá patrocinadoras devem apoiar as empresas que se começe a apoiar um pouco mais subs- tamos”. Também gosto das nossas coisas, ajudar para a inversão do quadro? nacionais. As produtoras estrangeiras têm tancialmente a Cultura, no quadro do próprio do que é nacional. Todas mudanças são sempre boas. Sabe 50 a 70 por cento de espaço, vamos lutar OGE, porque a Cultura é a identidade de um que o tempo nos torna viciados? Temos para inverter essa tendência. Actualmente, Acha que dando apoio à produção é povo. Se não tivermos identidade própria, que encarar as mudanças com naturalida- a produção nacional na TPA ronda os 20/30 possível diminuir o espaço das telenovelas poderemos ser considerados, aculturados. de. Não podem haver lugares vitalícios. A por cento. Em especial agora que TPA entrou estrangeiras que “invadem” a TPA? Na TPA, notamos que nestes tempos de nova direcção demonstra que há vontade agora na DSTV. É preciso que mostremos ao Sem dúvida.Temos o exemplo de Portugal, globalização, somos constantemente bom- de trabalhar com as produtoras, o que é mundo que Angola está a caminhar. onde as novelas nacionais já ocupam os pri- bardeados com conteúdos doutras televisões, meiros lugares de audiência, porque as pes- nomeadamente as telenovelas brasileiras, soas se identifi cam e gostam do nacional. mexicanas, venezuelanas e portuguesas. Se Não seja interpretado como xenofobia, mas não cuidarmos das nossas telenovelas, em o que interessa ao povo angolano os proble- que abordamos os nossos problemas, a cul- mas que se passam no Brasil, que nem têm tura da nossa gente, qualquer dia gostamos nada a ver com a nossa realidade? mais dos estrangeiros do que a nós mesmos. E, infelizmente, só há uma coisa que sempre A alegada falta de qualidade da mostram: o negro é sempre ou o escravo ou produção nacional, se calhar só se coloca criado. Isso é história, e não a podemos es- por haver pouca oportunidade para as conder. Mas tem uma carga pejorativa que produtoras… em nada se coaduna connosco. Pouco im- Este problema era fantasma levantado para portam os problemas deles. O que importa justifi car uma série de coisas que não nos é que temos que mostrar os nossos próprios dizem respeito. É evidente que temos algu- problemas, que são muitos. Saímos de uma mas lacunas, mas só trabalhando é que se guerra, grande parte da população é de poderá ultrapassá-las. Se não temos escolas origem rural, não tem enquadramento no Quem pensar que as produtoras privadas são concorrentes da TPA, é um mau gestor da coisa pública M WANGOLÉ • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • S OCIEDADE 5 Angolanos que regressam com sucesso “3 em 1” em Luanda

do cliente. Colaboramos com empresas mérito em Portugal: «Tentei aprender tudo Biografia de fornecimento de cathering, prima- que podia com eles, fazia por me tornar in- mos pela qualidade, higiene e requinte. dispensável, até que o meu trabalho foi re- Por: Paulo de Jesus em Luanda Queremos ser aceites por uma maioria conhecido. Também segui o conselho de um Fotos: RICMIDIA da população angolana, sendo um local, colega que me dizia para ganhar o máximo agradável e tranquilo, onde os clientes de experiência antes de vir para Angola». apreciem as nossas especialidades, sem o A formação marcou o início da sua carrei- menor receio em relação às condições de ra; deu aulas para o Centro Escolar Turístico higiene e outras» e Hoteleiro do Estoril (BICESSE) – Instituto Com uma formação em hotelaria e restau- de formação, médio e superior. Carla Rocha Santos, Gestora de Produção ração mais especificamente em cozinha e «Noto que é uma das grandes deficiên- do restaurante “3 em 1” pastelaria Carla Alexandra domina a área cias no mercado da restauração e hote- em que se movimenta, há quase 20 anos. laria em Angola é a falta de formação, m dos sectores em grande crescimento Teve momentos altos em Portugal onde por isso estou cheia de vontade de poder em Angola é a da restauração e hote- U sempre trabalhou ao lado de grandes pro- fazer alguma coisa, na medida em que há laria. O “3 em 1” é mais um entre vários fissionais e com marcas de prestigio como cada vez mais iniciativas. Vejo com agra- empreendimentos novos que enfeitam a Knorr. A formação é uma constante na do o surgir de restaurantes, pastelarias, Luanda. Este estabelecimento sitado na hotéis e estou disponível para passar a sua carreira, mas, opina: «É preciso que ascido a 1 de Junho de 1952, Ós- Rua Marien Ngouabi 194/196, oferece aos minha experiência, apoiando diligências tenhamos oportunidades para aplicar os Ncar Gil Rodolfo do Amaral Pereira, seus clientes um complemento de serviços que contribuam para a profissionalização conhecimentos adquIridos». passou uma boa parte da sua vida pro- que vão da pastelaria e padaria à cozinha, no ramo em que trabalho». fissional em terras lusas. Com um curso conta com os serviços de uma angolana Acha que além da formação, falta motiva- de cinema “cameraman” em WDR (West que ao fim de 20 anos, regressou ao seu ção «dá a impressão que as pessoas traba- Deutsch Rundfunch), feito em 1975, na país como diz «com o intuito de apoiar um lham apenas por necessidade de ter um Alemanha, e uma reciclagem com téc- negócio de família». Apesar de trabalhar emprego e que não estão motivadas, não o nicos franceses na TPA em 1976, Óscar aos domingos e de se dedicar de corpo e fazem por gostar daquilo que fazem e con- Gil trabalhou como “cameraman” para a alma ao trabalho mesmo em dias de lazer, tudo há pessoas com muita capacidade». Rádio Televisão Portuguesa. a cozinheira Carla Alexandra Rocha Santos, Participou em telenovelas portuguesas Sobre o mercado de trabalho em Portugal aceitou num domingo estar umas horas na diz «A invasão de mão de obra barata de grande sucesso transmitidas em ho- praia para a conversa com o nosso jornal. rário nobre pela RTP 1, RTP Internacional em muitos sectores também ocorreu na e RTP-África, designadamente “Palavras Pegar um take away no “3 em 1”, quan- restauração e hotelaria e Portugal é um Cruzadas”, “Passerelle”, “Banqueira do do não há tempo para se confeccionar um país que vive essencialmente do turismo. Povo”, “Na paz dos Anjos”, “Roseira Bra- almoço ou jantar, já é uma rotina para O facto do país ter recebido nos últimos va”, “Desencontros”, “Filhos do Vento”, muitos e alguns não se privam de trocar anos uma grande vaga de imigrantes do “Lobos”, bem como em algumas séries um pouco de conversa com a simpática Leste e do Brasil fez com que a procura Carla Rocha respondendo as questões de grande projecção internacional, como gestora de produção que nessa loja faz as superasse a oferta e isso resultou na não da repórter Ximene Fragata “Gente Remota”, de Carlos Brandão honras da casa. valorização dos profissionais especializa- dos que, ou se deparam com o desem- Lucas. Carla conquista e cuida da sua clientela sem Estudou em escolas de cozinha interna- prego, ou optam por procurar emprego É um “mwangolé”, que além da língua se poupar a esforços. Afinal, é para lá que cionalmente reconhecidas, fez parte de noutras partes do mundo». portuguesa, também domina o inglês e se dirigem muitos luandenses a fim de equipas que representaram a cozinha o nyaneka (língua nacional falada no Sul Não é fora de Angola que esta cooker vê o tomar um pequeno almoço de passagem portuguesa no estrangeiro e participou em de Angola), foi repórter de guerra em seu futuro: «Angola é um país com muito para o trabalho, p’ra lanchar ao fim de um inúmeros concursos internacionais como o 1976, nas frentes Norte, Centro e Sul, para se fazer tenho projectos de carácter dia de trabalho, ou ainda para levar uma “Toque d’Or” e “Olimpíadas de Culinária” donde reportou a prisão de mercenários das suas especialidades: Os cestos de pe- empresarial». Confessa que gostaria que a . Obteve várias medalhas, mas não se volta à terra lhe permitisse a concretização e a saída do país do então exército racis- queno almoço. ta sul-africano, a 27 de Março de 1986. envaideceu porque um dos seus lemas de de um negócio próprio e também o desejo Acompanhou digressões do primeiro Nesse estabelecimento podemos enco- vida é «ser humilde e aprender sempre». E de voltar a dar formação profissional. mendar sobremessas para depois de um explica «Quando cheguei a Portugal tentei Presidente angolano, António Agostinho A realização de grandes eventos des- jantar, e também pastelaria variada para aprender tudo que podia e isso é muito Neto, até o perecimento físico do “Ngola portivos que terão lugar nos próximos as festinhas de família. Carla é daquelas Kimbanda”, em 1979. importante em hoteleira. Devemos ser anos como o CAN 2010, e a abertura de pessoas que põe a mão na massa para re- Em 1978, foi delegado da TPA na Huí- humildes porque a vaidade impede-nos muitos hotéis novos são para ela, uma la, Namibe e Cunene, onde continuou tribuir a confiança dos clientes e não deixa de evoluir. Foi assim que fui ganhando as possibilidade, que se deve aproveitar como repórter de guerra, cobrindo vários os seus créditos por mãos alheias. minhas oportunidades». para começar a delinear acções de ca- combates e massacres dos soldados sul- «Em datas comemorativas fazemos pratos Ela sublinha igualmente o quanto se apri- pacitação dos angolanos «para que não africanos na Huíla e no Cunene, quando ornamentados, inclusive as cestas de pão, morou para acompanhar, como ajudante tenhamos que recrutar tantos técnicos ele próprio nem ainda imaginava criar, que são ornamentadas, conforme o gosto de cozinha, profissionais de reconhecido estrangeiros». MW A N GOLÉ em 1999, a “sua” Óscar Gil Produções, vocacionada para a realização de do- cumentários etnográficos, culturais, turísticos, programas de ficção (cinema, tele-histórias, telefilmes e telenovelas), produção e realização de spots publicitá- rios e campanhas publicitárias institucio- nais, entre outras. Além de documentários institucionais, realizou a mini-série “Caminhos Cru- zados”, em 2003, tendo produzido e realizado “Vidas a Preto e Branco” em 2006. É com emoção que cita ao nosso jornal nomes de realizadores com quem trabalhou, como Nuno Teixeira, Fernando Ávila, Jaime Campos, Herlander Peyroteu (Portugal) Walter Avancini (Brasil) Álvaro Sempre tive humildade para aprender com aqueles que me poderiam ensinar A vaidade impede-nos de evoluir Fugolim e Regis Cardoso. P.J. 6 S OCIAL • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • M WANGOLÉ Dentro de 12 a 18 meses Estradas de Luanda com nova roupagem Num programa bastante Cumprimento de prazos esperado e que poderá Fotos: RICMIDIA e da qualidade dar um novo alento à Recentemente, o ministro das Obras Públi- circulação rodoviária cas , recomendou a urgência diminuindo os problemas e o cumprimento escrupuloso dos prazos de execução das obras de reabilitação das vias do congestionamento rodoviárias degradadas de Luanda, adjudi- do trânsito na capital cadas a cinco empresas brasileiras. angolana, o governo Em conferência de imprensa, no termo do aprovou recentemente em acto de adjudicação das obras entre o Insti- Conselho de Ministros um tuto Nacional de Estradas de Angola (INEA) e os empreiteiros brasileiros, realizado no projecto de reabilitação Marco Histórico “4 de Fevereiro”, no muni- da rede viária de Luanda, cípio do Cazenga, Higino Carneiro enfatizou no quadro do Programa a necessidade que as obras terminem nos de Investimentos Públicos prazos estabelecidos nos acordos. “Queremos que nos finais dos prazos previs- (PIP). Com valor global tos estejam concluídas, com qualidade, to- equivalente a um bilião de das as empreitadas que até agora tratámos dólares. As obras deverão de consignar na província de Luanda”, disse Higino Carneiro, que garantiu às empresas ocorrer num período entre envolvidas toda a colaboração do seu exe- 12 a 18 meses. cutivo para “o controlo e segurança dos tra- balhadores e equipamentos”, num projecto o âmbito do programa de reabilitação de empresas de direito brasileiro, em virtu- contratos de execução das obras já foram que vai garantir emprego a cerca de cinco Ndas ruas estruturantes da cidade de de das obras serem financiadas pela linha aprovados pelo Conselho de Ministros. mil trabalhadores, na sua maioria jovens. Luanda, serão contempladas as vias Viana/ de crédito do Brasil. De acordo com o director do Instituto de Calumbo; estrada do Golfe/Viana e a Rua Foram celebrados contratos de empreitada Estradas de Angola (INEA), Joaquim Sebas- do Sanatório. A quarta, quinta e sexta Ave- por série de preços, com as empresas bra- tião, a descrição do projecto compreende nidas; a Avenida Ngola Kiluange (estrada sileiras Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, as estruturas, drenagem, iluminação públi- da Cuca); a via Boavista-Tungangó-Estrada Empresa Sul-africana de Montagem (ENSA), ca, levantamentos topográficos, travessias de Catete; via expresso Luanda-Kifangondo; Norberto Odebrecht, Camargo Correia, es- áreas e pedonais, entre outros. troço Cacuaco/Viana, e as estradas Viana-Ki- tando neles contemplados o fornecimento A integração destas obras no quadro do pro- cuxi e Viana/Cabolombo, serão igualmente dos materiais a aplicar na obra. grama de reabilitação das ruas estruturantes reabilitadas. O programa, integra ainda, a criação de da cidade de Luanda, enquadram-se num A consulta, levada a cabo para adjudicação vias alternativas ao tráfego urbano e peri- conjunto de acções visando não só a melho- das empreitadas, foi limitada à participação urbano, assim como outros troços cujos ria da circulação do tráfego, mas também a criação de melhores condições de vida para as populações dos bairros abrangidos. Para o responsável do INEA, os constantes congestionamentos do trânsito urbano e interburbano, e a situação provocada pelas últimas chuvas que caíram sobre a capital do país com consequências graves, levaram à tomada desta decisão. O programa baseia- Os responsáveis das cinco empreiteiras se num estudo elaborado em 1997, deno- contratadas, garantiram momentos após a minado Plano de Gestão de Crescimento assinatura dos contratos de adjudicação de Urbano de Luanda, liderado pelo governo da obras, que 99 por cento dos postos de tra- província de Luanda, através de um finan- balho directos em diversas áreas, serão para ciamento do Banco Mundial. jovens angolanos desempregados. Assim, o director-geral da empreiteira sul- africana ENSA, Arnaldo Silva, encarregue da reabilitação das estradas que ligam a Edificado Centro “Comandante Gika” em Luanda Boavista/Tunga Ngó/Deolinda Rodrigues, entro de dois anos Luanda terá mais nicípio da Maianga, serão erguidas numa José Leitão, presidente da assembleia da referiu que a empresa deverá empregar en- Dum hotel de cinco estrelas, um com- área de 307 mil metros quadrados. empresa AFRICON, um dos investidores tre 500 a 600 trabalhadores, enquanto que plexo habitacional com torres de escritó- Ao lançar a primeira pedra para a cons- no projecto, o empreendimento vai gerar a Odebrecht, que vai operar nas estradas rios e um centro comercial num espaço trução do Centro, o ministro-adjunto do 6.500 postos de trabalho. entre Viana/Cabo Longo/Chitundo, via ex- pressa Luanda/Kifangondo, Luanda/Viana, único, avaliados em cerca de 470 milhões primeiro-ministro, Aguinaldo Jaime, valori- As obras, estão a cargo da EDIFER e serão Viana/Kikuxi e Gamek/Antigo Controlo, de dólares. zou o montante a ser investido no projecto fiscalizadas pela Dar al-Handasah. Os propõe-se criar entre 2 mil a 2 mil e 500 Com 120 mil metros quadrados e um ho- (470 milhões de dólares),a parceria priva- investidores consideram inovador e um postos de trabalho. tel de cinco estrelas (VIP Grand Luanda), da e o envolvimento de bancos nacionais “grandioso projecto”,que responde ao duas torres de escritórios denominadas e estrangeiros. ritmo de vida cada vez mais cosmopolita Já a Camargo Correia deverá empregar 400 Garden Towers, duas torres habitacionais No local situado na antiga escola de for- dos angolanos. Os parceiros do projecto pessoas na reabilitação da quinta e da sex- chamadas Alvalade Residence e um Centro mação militar Comandante Gika, vários garantem que o local escolhido para a edi- ta Avenida, enquanto a Queiroz Galvão po- designado Luanda Shopping, as infra-es- membros do governo presenciaram a ficação tem excelentes acessibilidades e derá contratar mais de mil trabalhadores, truturas do “Empreendimento Comandan- cerimónia, bem como empresários e en- vai servir uma população alargada de cerca para o troço Viana/Kicuxi, Zamgo/Viana, te Gika”,localizado no bairro Alvalade, mu- tidades da sociedade civil. De acordo com de cinco milhões de habitantes. MW A N GOLÉ Gamek/Ngola Kiluamge, Cacuaco/Luanda (periferia). P.J. M WANGOLÉ • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • S OCIAL 7

“O renascimento africano Dia de África é uma tarefa gigantesca e urgente”

Fotos: Rute Matchabe

A capital lusa foi o palco principal meou, assinaram a Convenção Unis Droit, aprovada em 1995, um dos mecanismos de controlo da lega- do encontro anual da comemoração lidade e veracidade de bens patrimoniais. internacional do Dia de África. “Existe um vasto corpo normativo, mas é pouco No Centro Cultural de Belém (CCB), divulgado e utilizado”, afirmou, apontando, representantes de vários sectores mesmo assim, a existência de casos como as de- da sociedade e académicos ligados voluções de bens etíopes que estavam em Itália. General Loureiro dos Santos no painel Paz “Trata-se de um testemunho civilizacional de um e Segurança no Diálogo África-Europa. Ao centro aos continentes Europeu e Africano povo e a sua comercialização, ilegal ou legal, im- o Secretário da SADC, João Samuel Caholo e logo reuniram-se num colóquio que põe que se promova um diálogo entre as partes a seguir o grande Mestre David Gakunzi Franz Heimer do ISCTE, Prof. Manuel Ennes Ferreira interessadas”, defendeu. serviu para analisar e discutir e Prof. João Milando da Universidade de Lisboa temas que serão aprofundados Nesse sentido, manifestou o desejo de ver a participação de vários intelectuais como a poetisa do montante global, Maria Margarida Marques questão debatida “mais a fundo” na II Cimeira angolana Chó do Guri. Houve ainda outras acções na II Cimeira África-Europa lembrou que em 2006 os 27 países-membros dis- UE/África, visando três objectivos “essenciais”, concentradas desde as localidades de Quarteira, a ter lugar no final deste ano. ponibilizaram 48 mil milhões de euros para ajuda a definição do conceito de património cultural Olhão, Portimão, Faro, Setúbal, Sines, Aveiro e pública ao desenvolvimento, o que representa 0,42 comum, defendendo uma forma de o partilhar, o Braga com actividades culturais de vária ordem, por cento do rendimento nacional bruto da UE e é aprofundar da cooperação técnica, sobretudo no manifestações desportivas e gastronómicas, mais de 100 euros por cada cidadão comunitário. domínio da conservação e preservação, e a pro- tendo a Casa de Angola aproveitado o dia para o jecção do futuro, nomeadamente no que respeita lançamento do livro da autoria do diplomata por- A representante da Comissão Europeia em Por- à promoção da diversidade cultural e à respectiva tuguês, Luís Mascarenhas Galvão, denominado tugal adiantou que, até 2010, é intenção dos 27, partilha e usufruto”, sustentou. “Estórias de Angola”. aumentar em 20 mil milhões de euros a ajuda ao desenvolvimento, atingindo os 0,7 por cento pre- Diálogo de Civilizações Em Lisboa, a Universidade Católica também orga- conizados nos Objectivos do Milénio, assumidos nizou uma conferência sobre o desenvolvimento no âmbito das Nações Unidas. e Desenvolvimento sustentável em África. Na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, ficou uma mostra especial dos Embaixador de Angola, Assunção dos Anjos com o O presidente do IPAD, Manuel Correia, salientou Sustentável valores da gastronomia dos PALOP. Prof. Adriano Moreira, ao centro, e o director do BPI, a importância que África tem para Portugal, lem- Jorge Sampaio fez uma intervenção subordinada Hélder de Oliveira brando que como pano de fundo está a realização O Decano dos Embaixadores credenciados em ao tema “África/Europa: Diálogo de Civilizações e da Cimeira, prevista para Novembro, o último mês Lisboa ofereceu no final do dia uma recepção na Colóquio teve como lema “África/Europa: Um da presidência portuguesa dos 27, que se inicia já Desenvolvimento Sustentável”. Quinta dos Cedros, em Sintra, na qual marcou pre- O Novo Diálogo Perante os Desafios do Futuro”; a partir do mês de Julho. O general Loureiro dos Santos, doutorado em sença o presidente da Assembleia da República, promovido pelo Grupo Africano de Embaixadores Ciências Militares, fez uma alocução sobre o tema Jaime Gama, de entre outras personalidades e em Lisboa. O evento decorreu na sala Sophia de Falando em representação de Luís Amado, chefe representantes de várias associações. da diplomacia portuguesa, Manuel Correia lem- “Paz e Segurança no Diálogo África/Europa”, Mello Breynner do Centro Cultural de Belém (CCB) seguida pela intervenção de David Gakunzi, co- Interpelado por jornalistas de cadeias estrangeiras e foi dividido em quatro painéis: “Questões Cul- brou que os promotores do evento seleccionaram os temas em debate porque todos constituem ordenador do Programa Europa/África do Centro sobre a delicada questão do Zimbabué, e a ocor- turais” – no qual interviu Jorge Sampaio, na qua- Norte/Sul do Conselho da Europa, que falou sobre rência da grande II Cimeira África-Europa prevista lidade de Alto Comissário das Nações Unidas para uma «colagem à agenda da presidência portu- guesa» dos 27, em relação a África. “A União Africana e a Nova Arquitectura para a para Lisboa em finais de 2007; para Assunção dos a Aliança das Civilizações -, “Paz e Segurança”, Paz e Segurança”. Anjos, os problemas internos da nação zimba- “Integração Regional e Comércio” e “Questões de «Já é reconhecido o papel de Portugal na cimeira bueana e de Robert Mugabe, são uma «questão Desenvolvimento”. O programa incluiu 10 inter- do Cairo, a disponibilidade de Portugal em acolher complicada» que poderá ser «facilmente ultra- venções temáticas. a segunda cimeira, as parcerias africanas com as passada», pois «Os interesses de dois continentes O início da conferência foi ainda marcado pelas empresas portuguesas e todos nós sabemos o não podem ser adiados por incompatibilidades intervenções de Maria Margarida Marques repre- que vai significar a emergência do mercado afri- em relação a um chefe de Estado» referiu. cano», sustentou. sentante da Comissão Europeia em Portugal, do Ainda em relação aos convívios organizados ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Restituição de património pelas associações de imigrantes, o Embaixador Amado, do decano dos embaixadores africanos Assunção dos Anjos disse ter sido uma «acção em Lisboa, o diplomata angolano Assunção dos cultural africano espontânea… prova de que vivem o continente Anjos, que falaram sobre “O Desenvolvimento Sus- A restituição dos bens do património cultural de apesar de distantes…». Também em declarações tentável em África e as Relações Afro-europeias”. África é um assunto que terá de estar na ordem Intervenção do Alto Comissário das Nações à agência portuguesa Lusa, sobre o “Dia de Áfri- O discurso do Decano dos Embaixadores creden- do dia e ser objecto de especial atenção na próxi- ca”, o Embaixador de Angola referiu que apesar ciados em Lisboa, Assunção dos Anjos, diplomata ma II Cimeira África/Europa, prevista para Lisboa. “A SADC e os Desafios da Integração Política e de todos os desafios, a reconstrução de África é angolano dominou a abertura do evento. «também uma tarefa sublime», reafirmando: «É A defesa deste ponto de vista foi feita pelos Económica de África”, foi tema a cargo de Samuel preciso chamar a atenção para as necessidades O responsável do grupo africano de embaixado- mestres Manzambi Vuvu Fernando, catedrático Caholo, secretário executivo adjunto da Comu- do continente, nomeadamente, a educação, a res, entidade promotora do Colóquio Europa-Áfri- angolano da Universidade do Porto, e Patrícia Bar- nidade de Desenvolvimento da África Austral formação, combate às doenças, o fim dos conflitos ca, salientou o facto do diálogo afro-europeu ter reto, docente na Universidade Lusíada, de Lisboa, (SADC), enquanto sobre “O Futuro das Relações armados e como lidar com as situações de pós- atingido um nível sem precedentes, e manifestou no painel, “Questões Culturais”, do colóquio que Comerciais Euro-Africanas no Quadro da MOC”, conflito, em especial a questão dos refugiados». o desejo de que o diálogo se desenvolva através decorreu na capital portuguesa subordinado ao dissertou Manuel Ennes Ferreira, do Instituto Mais adiante o Embaixador referiu que o dia de de eventos do género salientando que as dificul- tema África/Europa: Um Novo Diálogo Perante os Superior de Economia e Gestão da Universidade África tem servido para mostrar ao mundo que os dades existentes tendem a ser ultrapassadas. Desafios do Futuro”. Técnica de Lisboa. africanos «são racionalmente optimistas quanto «De África, dirão mais coisas novas e o renas- A problemática da restituição ou retorno dos No quarto e último painel, sobre “África e a Concre- ao desenvolvimento do continente». cimento africano é uma tarefa gigantesca e bens ligados ao património cultural africano foi tização dos Objectivos do Milénio”, foram oradores urgente. África não pode esperar», sublinhou o abordada na primeira cimeira, realizada em 2000 diplomata, realçando que a comunidade interna- Franz Heimer, catedrático jubilado do ISCTE e inves- no Cairo (Egipto), mas não teve sequência devido tigador sénior do CEO, sobre o tema “A Educação cional «deve ajudar, embora caiba aos africanos à “inexistência de políticas concretas” por parte dar o passo em frente». para o Desenvolvimento nas Relações Euro-Africa- dos dois continentes,- Europa e África. Na sua nas” e João Milando, investigador também do CEO A elaboração da NEPAD e a criação da União Afri- intervenção, sob o tema “A Conservação do Patri- e do Instituto de Ciências Sociais da Universidade cana (2002), destacou Assunção dos Anjos, vêm mónio Cultural Material e as Políticas de Museus de Lisboa, abordou a Cooperação para o Desenvol- no sentido da vontade dos africanos em mudar as em África”, o mestre angolano Manzambi Fer- vimento entre África e Europa. Lusa suas políticas para que se siga o trilho do desen- nando lamentou a inexistência de condições para volvimento económico e social. a preservação dos bens e de políticas concretas Portugal festejou Embaixador de Moçambique, Miguel Constâncio Por seu turno, a representante da Comissão Eu- para a sua devolução aos países de origem. Mkaima numa das muitas intervenções do Dia de África ropeia em Portugal, Maria Margarida Marques, “Entre os dois continentes, houve uma relação de o Dia de África lamentou que meio século de ajuda ao desenvol- cinco séculos, que gerou um património comum. O Dia de África em Portugal foi ainda festejado laços de Também a CPLP através do seu maior vimento em África não tenha tido a devida reper- Mas, não existe nenhuma definição sobre o que é, um pouco por toda a parte, na margem doutras representante, felicitou a oportunidade que con- cussão, responsabilizando «políticas e políticos» de facto, o património comum, nem se sabe como localidades no continente europeu com fortes siderou boa para «aprofundar amizade, solida- pelo atraso no continente. se pode mostrar a cultura de um povo no seu comunidades de origem africana; desde Lisboa riedade e de cooperação com a União Africana», «A caridade institucionalizada há muito que deixou próprio país de origem”, afirmou. Sublinhou que ao Porto, de Coimbra a Quarteira, no Algarve, e disse Luís Fonseca numa carta oficial enviada a de ser solução; o novo modelo de assistência aos terá de haver um diálogo “construtivo”, primeiro de certa maneira por todas as regiões onde as Sassou N´Guesso, presidente da UA. Em Angola, países ACP (África, Caraíbas e Pacífico), passa pela para identificar as obras e bens e, depois, para se comunidades dos países africanos de expressão dia de feriado nacional, a efeméride foi assinala- criação de acordos de parceria económica (APE) realizar o processo de “repatriamento”. portuguesa (Palop), se organizam em associa- da pelo Parlamento em sessão extraordinária com visando criar mercados nesses países», afirmou. “Trata-se de uma questão “muito complexa”, pelo ções, e em particular este ano com destaque para vários convidados e a presença do corpo diplomá- que a comunidade internacional tem de ajudar os a presença do ex-secretário-geral das Nações tico creditado em Luanda. Salientando que a União Europeia é o maior dador Unidas, Kofi Annan, a convite do Grupo Africano para África, a nível mundial, com 56 por cento países africanos a criar condições para a preservação De recordar, que o Dia de África comemora-se desses bens”,referiu, acrescentando que Portugal de Embaixadores. desde 1972, depois de ter sido reconhecido pelas “não faz parte da lista dos maus da fita” e existem Na cidade do Porto, a data foi assinalada com Nações Unidas como o “Dia de Libertação de Áfri- projectos em curso que, embora esporádicos, têm assessores das Nações Unidas do Grupo Integrado ca”, consequência das lutas dos vários movimen- permitido, numa primeira fase, a identificação dos da ONU na Serra Leoa, a UNIOSIL, com destaque tos de libertação e da luta contra o “apartheid”, bens, nomeadamente da antiga África Portuguesa. para o assessor Rui Flores; em Lisboa, ainda no nascendo também assim da necessidade de um Patrícia Barreto, também directora do Gabinete de Bairro 6 de Maio, na Damaia, localidade situada órgão o reconhecimento oficial e de cariz imedia- Relações Culturais Internacionais do Ministério da entre Amadora e Lisboa, estas iniciativas começa- tamente internacional: a Organização da Unidade Cultura português, salientou que nem tudo depen- ram no dia anterior com festas organizadas pelas Africana (OUA). de das autoridades portuguesas e responsabilizou respectivas associações. A comemoração da data já havia sido decidida por a grande maioria dos Estados africanos pela ausên- Em Coimbra para além de uma exposição foto- um grupo de líderes africanos em Addis Abeba, cia de políticas de defesa do património cultural, gráfica sobre Angola, desenvolveram-se activi- capital da Etiópia, a 25 de Maio de 1963, com o ressalvando porém que a legislação internacional dades culturais com destaque para a poesia e um advento da independência dos primeiros países Embaixador de Angola, Assunção dos Anjos sobre a questão é “manifestamente insuficiente”, debate à volta do percurso da mulher africana a africanos até então governados e orientados por no momento do seu discurso pois apenas sete Estados africanos, que não no- cargo do Centro Universitário da cidade e com a regimes coloniais. L USA /M WANGOLÉ 8 T RIBUNA J URÍDICA • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • M WANGOLÉ

do Tribunal constituir a última e não a Aconselha-te antes de celebrar um negócio primeira das instâncias a que podem re- correr. – (Alerta a Ordem dos Advogados Os Advogados em particular na sua função que facilmente obtém através de uma - C. Distrital de Lisboa). social podem desempenhar um papel de livrança já em posse do locador cuja assi- Num inquérito recentemente realizado extrema importância na informação, con- natura em branco exigiu no momento da pela Ordem dos Advogados, apenas 46% sulta e patrocínio jurídico como previsto no entrega do veículo. O locatário, fica ainda dos inquiridos tinham consultado um texto constitucional. obrigado, a pagar juros de mora à taxa advogado para aconselhamento. Ainda Por forma a evitar desencantos do prevista numa das cláusulas do contrato segundo esse inquérito, 96% dos inqui- consumidor, em alguns países como é contados desde o vencimento das rendas ridos consideram útil ouvir um advogado o exemplo do Brasil, a validade de um e a resolução do contrato. antes de tomar decisões que envolvam contrato depende da prévia fiscalização O cenário seria totalmente diferente, se se aspectos legais. por parte de um advogado que deverá tratasse de facto de um verdadeiro contra- Por vezes o cidadão desconhece que tem alertar para eventuais riscos que podem to de compra e venda, onde o alienador só vantagens na utilização de determinados advir da sua celebração. poderia exigir o pagamento do remanes- instrumentos legais, que pode exigir de Neste artigo queremos chamar a aten- cente da dívida. terceiros a satisfação de alguns direitos ou ção dos nossos leitores sobre os riscos O segredo está em não assinar papéis garantias e que consultando um advogado que existem na aquisição de veículos sem ler e perceber cuidadosamente todas ou especialista na matéria poderá exercê- automóveis com recurso ao crédito as clásulas do contrato, ou aconselhar-se los de forma mais eficiente. Mais e melhor um momento cheio de incertezas informação jurídica dando a conhecer o e consequente crise de confiança é designado, locação financeira. A experi- junto de quem maior conhecimento ou N ência tem-se revelado desastrosa para a domínio tiver sobre a matéria. direito em vigor, permitirá um exercício prudente aconselhar-se antes de tomar maioria dos que aderem a esse tipo de efectivo dos direitos subjectivos. qualquer decisão. Muitos dos papéis, como já referido crédito por desconhecerem a natureza (livranças) assinados em branco, valem Importa referir, que o benefício do apoio O velho ditado “mais vale prevenir do jurídica desse crédito. como cheque, permitindo ao seu porta- judiciário segundo recente estudo do que remediar“ revela-se hoje de maior O que é então a locação financeira? Nos dor apor o montante a seu bel prazer, e Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos importância preventiva nas sociedades Advogados, é deficientemente conhecido, termos do art.º 1.º do Decreto-Lei 149/95 executar o título para a penhora de bens ditas de consumo, onde a pretexto do contudo, quem recorreu a este tipo de ser- de 24/06 a locação financeira é o contrato ou salários. lucro são com frequência postos em cau- viço tende a avaliá-lo favoravelmente. pelo qual uma das partes se obriga, me- O grande risco nos negócios de loca- sa muitos dos valores e bons costumes Por outro lado, todos os que nunca tiveram diante retribuição, a ceder à outra o gozo ção financeira é que não pode haver da vida em sociedade, entre os quais o qualquer contacto com um advogado ou temporário de uma coisa, móvel ou imó- incumprimento no pagamento das dever de informação. estão desinteressados dos problemas da vel, adquirida ou constituída por indicação mensalidades. O mesmo já não ocorre O Código Civil à luz do princípio da Boa Fé justiça, por desinformação ou desconheci- desta, e que o locatário “adquirente” nos negócios de compra e venda pro- impõe no art.º 227.º o dever de informação mento da importância da intervenção do poderá comprar, decorrido o período acor- priamente ditos onde as consequências tanto nos preliminares como no momento advogado, têm uma opinião mais negativa dado, por um preço nele determinado ou do incumprimento acarretam tão só da formação do contrato. (entendemos sobre a sua imagem pública. determinável, mediante simples aplicação penalizações razoáveis, e nunca a perda aqui por contrato qualquer negócio quer dos critérios nele fixados. São portanto do bem adquirido e dos valores já pagos, seja feito verbalmente quer seja escrito e elementos essenciais do contrato de loca- acrescidos de indemnizações. Contactos para aconselhamento: ou registado). A violação desse dever de ção, a cedência do gozo de uma coisa, o Provedor de Justiça: informação, no latim chamado culpa in carácter temporário e a retribuição. Vantagens de ler as Rua Pau de Bandeira, 7 – 9 contrahendo está em regra geral na base Sobre o locador “dono do bem” impende 1249-088 Lisboa dos litígios que acabam nas barras dos Tri- cláusulas de um contrato a obrigação de entregar ao locatário um Telf: 21 3926600 – Fax: 21 3961243 bunais. Assim, porque o dever de informar Em regra são as cláusulas apostas no verso bem móvel ou imóvel, mantendo, no en- Linha Azul: 808 200 084 com verdade escassea nos tempos que de um contrato em letras praticamente tanto, a propriedade do bem até ao termo Ordem dos Advogados: correm, será prudente aconselhar-se ou ilegíveis, que ditam as regras de um con- do contrato. Sobre o locatário, impende, Largo de São Domingos, 14 – 1.º exigir transparência antes de assumir um trato e consequentemente o desfecho de por sua vez, a obrigação de pagar uma 1169-060 Lisboa compromisso negocial. um eventual litígio. É extremamente im- renda ou prestação e de manter e conser- portante ter a noção e clareza do estabe- Telf: 218 824 070 – 218 880 581 Se por um lado o prestador de serviços var o bem locado (alugado). lecido nessas cláusulas. Na prática, e para Centro de Arbitragem de Conflitos tende a aproveitar-se da falta de conhe- E, após a conclusão de todos os pagamen- o infortúnio de muitos, não se dá atenção de Consumo cimento, da inexperiência, ligeireza, de- tos, subsiste um valor, residual, correspon- às regras contidas nas cláusulas. E o tribu- Telf: 218 807 030 pendência, fraqueza de carácter, ou da ne- dente a uma determinada percentagem nal na sentença condenatória, faz sempre DECO (Defesa do Consumidor) cessidade de outrem, por seu turno quem do preço de aquisição. Este valor é aquele menção de que o adquirente ou locatário Rua da Artilharia 1 n.º 79 – 4.º adquire os serviços tende a confiar na sua pelo qual o locatário tem a opção de sabia as regras do contrato que livremente Telf: 213 710 200 própria capacidade de negociar, acabando adquirir o bem. O incumprimento das obri- assinou, o qual não rescindiu no prazo que e-mail: [email protected] por ser vítima dessa presunção. gações de qualquer das partes, locador ou a lei lhe oferece (7 dias úteis). Com frequência chegam já tardiamente locatário, faculta à outra parte a resolução É verdade que existe sempre a possibi- aos advogados, aos Serviços da Defesa do do contrato, nos termos gerais. Uma vez lidade de demonstrar em juízo de que a Isaac Paulo Consumidor, e aos Meios de Comunicação operada a resolução ou findo o prazo da vontade foi viciada na fase da formação Social, queixas de pessoas lesadas em ne- locação e porque o locador mantém o do contrato e que se pretendia a compra e Biografia gócios por lhes ter faltado aconselhamen- direito de propriedade sobre o bem locado não o aluguer do veículo. Advogado, Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade to ou esclarecimentos sobre os negócios durante o prazo do contrato, deve o locatá- Pode-se alegar ainda usura, má fé do Clássica de Lisboa, em 1993; pós-gra- que celebraram ou sobre os produtos que rio restituir esse bem ao locador. alienante, etc, mas essa prova não é fácil duação no CEJ-1994; Direito Económico adquiriram indevidamente. Na prática, em caso do incumprimento do de fazer. Poderão exceptuar-se os casos e OAB – Brasil 1995; Estudos da União Felizmente na Sociedade em que vivemos locatário (suposto comprador) do veículo, de pessoas que não sabem ler ou que so- Europeia 2005; ex-conselheiro para existem serviços que nos podem alertar o locador exige a devolução do veículo; fram de alguma incapacidade que obste à os assuntos de imigração; Advogado o pagamento das rendas vencidas e não dos riscos que corremos ao celebrar de- contratação. Mas, o juízo de censura num para os assuntos externos do Consu- terminados negócios. A Ordem dos Advo- pagas; o pagamento de todos os encargos sistema em que os bens patrimoniais go- lado de Angola em Lisboa; Regressa gados, a Defesa do Consumidor e a Pro- suportados pelo locador por força da re- zam de maior protecção, penaliza sempre brevemente a Angola após 25 anos vedoria da Justiça por exemplo, dispõe de solução (procuradoria e custas judiciais); a parte mais fraca, que é o consumidor. de imigração em Portugal, Espanha, serviços que podem ser consultados antes o pagamento de uma indemnização por Impõe-se uma mudança de atitude, quer França, Suiça, Brasil, e viagens por Ho- de se assumir um compromisso. Mais perdas e danos sofridos pela locadora, do mercado em geral, quer ainda dos landa, EUA, Itália, Áustria, Alemanha, adiante deixaremos os contactos destas uma importância igual a 20% da soma cidadãos interessados na satisfação de Bélgica, Andorra e Inglaterra. instituições à quem possam interessar. das rendas vincendas e valor residual, o interesses jurídicos concretos, no sentido M WANGOLÉ • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • E CONOMIA 9

Projecto PRESILD • Angola tem nova rede de supermercados

Por: Paulo de Jesus em Luanda país conta desde os primeiros dias de O projecto prevê a construção de 10 mil OMarço, com uma nova rede de super- estabelecimentos de pequeno retalho, mercados, no quadro de um Programa de empregando 83 mil pessoas, 16 mercados Reestruturação do Sistema de Logística e municipais urbanos, suburbanos e rurais, de Distribuição de Produtos Essenciais à que vão gerar 74 mil empregos e 31 novos População (PRESILD), uma iniciativa presi- estabelecimentos comerciais de grande por- dencial, que visa facilitar a oferta e o acesso te, de auto-serviço (mais de seis mil e 400 aos produtos básicos à população, através empregos). A par disso, os CLODS vão criar de mercados abastecedores nos principais 23 mil e 500 empregos. pontos de distribuição de produtos de todo Para Manuel da Cruz Neto, vice-ministro o país. O projecto iniciou com a inauguração do Comércio, a nova rede ambiciona criar do primeiro supermercado “Nosso Super”, bases para que a produção e o consumo se no município do Sambizanga, pelo Presiden- enquadre, o que significa que o referido pro- te da República, José Eduardo dos Santos. grama terá de interagir com todos os outros programas, quer do lado da produção quer do consumo. O projecto do PRESILD, segundo Cruz Neto, estará sempre direccionado para o conceito de integração, para que tenha A construção das novas estruturas comer- gística e Distribuição dos Produtos (CLODS), uma produção à altura das necessidades do ciais, de acordo com Gomes Cardoso, está em Luanda, Malanje e Cunene. A escolha de consumidor. dividida em duas fases. A primeira compor- Malanje, segundo Gomes Cardoso, deve-se ta 31 supermercados em todo o país, cuja ao facto daquela província constituir um Coordenado pelo Ministério das Finanças, o inauguração ocorrerá a partir do primeiro ponto geo-estratégico para o Leste e o Norte programa, que custará cerca de 600 milhões trimestre de 2007, com dez unidades nas do país e outras interligações às principais de dólares, criará novas estruturas que ser- províncias de Luanda, Benguela, , zonas agro-pecuárias, enquanto que Cunene virão de pilares para a promoção comercial Huíla, Malanje, Cabinda e Bié. é um ponto estratégico no fomento da cria- no país, em conformidade com a lei da ção do gado bovino. concorrência e das actividades da respectiva O PRESILD, vai ainda requalificar as zonas organização dentro dos incentivos públicos urbanas, suburbanas e rurais, através de um e privados. programa específico de formação profissio- Cruz Neto, precisou que a proposta da No fundo, é intenção do Estado angolano nal, criando lojas pedagógicas, para o ensino criação de CLODS, com uma capacidade de inaugurar uma nova fase no sistema de dis- e aplicação de novas formas de comércio a armazenagem moderna, permitirá satisfa- tribuição de produtos essenciais à população, nível interno e externo, assim como corrigir zer as necessidades da actividade grossista. uma tarefa nos últimos anos dominada por e potenciar os agentes económicos a exercer «Inicialmente tínhamos previsto a criação comerciantes orientais, sobretudo libaneses. a actividade nos seus estabelecimentos. de um mercado abastecedor com centros O director nacional do Comércio, Gomes Car- Para a segunda fase, o projecto prevê a preferenciais de apoio à produção interna, doso, em recente conferência de imprensa, construção e reabilitação de 163 mercados 200 mil empregos mas dada a grande escassez de instituições na qualidade de coordenador do sub-grupo municipais retalhistas, em locais a indicar O sector comercial criará 186 mil e 900 capacitadas para o armazenamento e ma- técnico operativo de infra-estruturas físicas, por cada governador provincial para a con- postos de trabalho directos e indirectos nuseamento de mercadorias, ampliámos assegurou que o programa vai incidir na versão dos agentes económicos informais até 2012, com a implantação da nova rede o conceito de mercador abastecedor para organização dos mercados grossistas e reta- em formais. comercial em todo o país, bem como a CLODS, uma estrutura polivalente com ob- lhistas, visando a estruturação e implemen- A par disso, está ainda programada a rees- integração logística e equilíbrio na distri- jectivo principal de comercializar os produ- tação do PRESILD - Nova Rede Comercial. truturação e construção de Centros de Lo- buição espacial e no urbanismo comercial. tos da produção local», disse. P.J. Indústria petrolífera recebe mil milhões de dólares

O gestor, apontou ainda outras áreas para conhecimentos, sobre a gestão do sector novos negócios, tais como: a protecção e as suas empresas. ambiental, ensaios não destrutivos, cons- O Governo angolano começou a abor- trução civil, etc. dar, mais seriamente, a questão da Sobre o facto da indústria petrolífera, ser angolanização dos recursos petrolíferos um ramo industrial de capitais, exclu- com o decreto 20/82, através do qual indústria petrolífera vai receber 50 bili- lações, de equipamentos e de infra-estru- sivamente angolanos, , estabeleceu, que todas companhias que ões de dólares entre 2007 e 2013, com turas petrolíferas, assim como na operação afirmou ser isso uma realidade e repre- exploravam o “crude” no país, deviam A sentando um volume de negócios anual, contribuir para a formação técnica de vista a assegurar uma produção diária na e manutenção das mesmas. estimado em 300 milhões de dólares. angolanos. neste sector. P.J. ordem dos dois milhões de barris. O valor, destina-se ainda ao aumento progressivo «Existem óptimas oportunidades para os for- da produção. necedores e prestadores de serviços nacio- nais e a concessionária (Sonangol) continu- A informação foi dada pelo presidente do ará a promover a inserção destas iniciativas Conselho de Administração da Sonangol, dentro da indústria petrolífera», frisou. Manuel Vicente, durante o congresso “An- Para promover o empresariado angolano, golanização da Indústria Petrolífera”. disse, a classe tem no projecto de apoio à Manuel Vicente, disse que os investi- capacitação de companhias nacionais de mentos trarão novas oportunidades de prestação de serviços no ramo dos petró- Desidério da Costa Manuel Vicente negócios nas áreas de construção de insta- leos, uma ocasião, para incrementar os 10 E CONOMIA • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • M WANGOLÉ Porto de Cabinda Por: Lea Teixeira

ealizou-se, na cidade de Lisboa, a Confe- representa mais de 80% das exportações do Rrência Internacional de Transporte Marí- país. A importância desta província não se timo, Portos e Globalização das Economias deve apenas ao petróleo e ao gás natural, o que teve como objectivo principal mostrar subsolo possui urânio, ouro, diamantes, fosfa- a situação presente e os desafios que se to, manganês e ferro, entre outros minerais. colocarão na próxima década, a este meio A costa desta região é de 50 milhas, desde de transporte e aos portos. Participaram a fronteira Norte, com o rio Massabi, até um no encontro, representantes dos seguintes pouco a sul a Ponta Vermelha e, alguns rios países: África do Sul, Argélia, Angola, Brasil, e lagoas onde existe uma riqueza piscícola Cabo Verde, Espanha, Guiné-Bissau, Líbia, exuberante. A flora, é também, um factor Moçambique, S.Tomé e Príncipe, Portugal, de riqueza situando-se, em Cabinda a Flo- Timor e Tunísia. resta de Maiombe, onde existe madeira de Foram vários os temas debatidos com os grande valor económico como, por exemplo, pontos principais a seguir mencionados: o pau preto, pau-ferro, as tolas, o ébano e o Situação Presente e Perspectiva a 10 anos, sândalo africano. do Porto de Durban; Transportes Marítimos e Portos-Visão. Outros Portos Prespectiva Mundial da Movimentação de São concorrentes de Cabinda, os portos de. Cargas; Segurança do Transporte Marítimo, Matadi, Boma, Ponta Negra e Luanda, sen- Preservação dos Mares, Portos e Globaliza- doeste último, o mais importante do País, ção das Economias, entre outros. movimentando cerca de 85% do total das importações e exportações, o que represen- O Porto de Cabinda, é hoje um dos raros de 2005 e 2006, cresceu em média 40%, ta uma produção anual superior a 5 milhões portos africanos, preocupado com as que- em cada um destes anos. de toneladas de mercadorias. tões ambientais, estando a desenvolver Com o crescimento do Porto, aumentou o O porto de Luanda dispõe de 2.738 metros de esforços no sentido da sua certificação lucro das receitas das autoridades que inter- internacional nessa área, bem como na cais acostável, divididos em quatro grandes vêm no sector marítimo, o volume de negó- terminais, que representam cerca de 17 pos- segurança e qualidade. As questões de se- cios dos agentes de navegação, das empre- gurança marítima, portuária e das merca- tos de acostagem, servidos por 17 armazéns Osvaldo Lobo Nascimento, sas de camionagem e dos despachantes. 2 dorias estão a ser alvo, da melhor atenção cobertos, com uma superfície de 49.500m e Director do Porto de Cabinda 2 por parte da actual equipa. .Este porto, foi projectado para ser um porto uma área de terraplenos de 792.219m . Tem impulsionador do desenvolvimento da provín- excelentes condições naturais, protegida pela Entre os participantes dos diversos países No que concerne, concretamente à evolução cia, tirando partido da sua excelente posição destacamos: Filomeno Silva, presidente do do Porto, após vários anos de baixo desem- ilha de Luanda contra as correntes e ondula- geográfica em relação a Soyo,Cabinda, Boma Instituto Marítimo e Portuário de Angola, José penho, este começou a crescer no ano 2003 ções marítimas, garantindo óptimas condi- Kuvingwa, Director do Gabinete de Estudos, com estivagem de cêrca de 1040 conten- (Zaire), Matadi, e Ponta Negra, tendo um pa- ções para manobras de acostagem de navios Planeamento e Estatística do Ministério dos tores cheios. Com as transformações infra- pel fundamental na economia da província. na baía, e o acesso em qualquer época do Transportes de Angola, André Luís Brandão, estruturais, organizacionais tecnológicas e Em Cabinda, é extraído cerca de 70% do ano. Funciona 24 horas por dia, com níveis sa- Ministério dos Transportes e Osvaldo Lobo gestacionárias, o Porto de Cabinda, nos anos petróleo exportado por Angola, produto que tisfatórios de operacionalidade e segurança. Nascimento, Director do Porto de Cabinda que tem feito uma excelente administração, com uma visão moderna e arrojada com a e acordo com a história, foi no final do século XV, que Diogo Cão, descobriu a costa qual pretende, a médio prazo, transformar D angolana. No entanto, só a partir de meados do sec. XVII, é que, devido ao tráfico o Porto de Cabinda num exemplo a nível de escravos, Cabinda, atraiu mais navios europeus ao seu porto, tornando-se um im- mundial. Este Porto, é considerado o segundo portante entreposto de escravos, oriundos do interior de África Ocidental. mais importante de Angola. Sendo uma zona com grandes potencialidades florestais, tornou-se, rapidamente num porto comercial muito importante, para escoar, enormes quantidades de valiosa e rara madeira, com destino à Europa e novo Mundo. Dados estatísticos indicam, que durante a época colonial, a exploração de madeira na região chegou a atingir, entre 1950 e 1969, mais de 170.000m3 ano, no período pós independência, 1978 a 2004 foram ex- plorados mais de 550.000m3, o que equivale a 75.000 m3 ano, aproximadamente. Essas enormes quantidades de madeiras eram embarcadas em toros, devido à falta de condições portuárias adequadas, viajando, rio abaixo, em jangadas.

Tornar o porto de Cabinda num Porto comer- cial moderno, num grande centro logístico, onde circularão navios e entre muitos outros veículos e fluirão grandes quantidades de Quanto ao Porto de Luanda, no decurso do ano mercadorias, será o caminho a seguir para o de 2006, recebeu 3.457 navios, sendo 773 de mercado global. Segundo Osvaldo Lobo, para longo curso, 103 de cabotagem e 2.581 navios que isso aconteça, é necessário tomar uma de apoio às actividades petrolíferas. série de medidas que incluam a reconstrução A estivagem de cargas foi de 5.469.103 e remodelação da actual ponte-cais, a dis- toneladas, o que representa um aumento ponibilização de equipamentos de operação de 35% em relação ao ano anterior. A carga mais modernos e a construção de novas tor- contentorizada continua a registrar um in- res de iluminação. O aterro e a asfaltagem de cremento cada vez maior, tendo representa- uma área superior a 300.000 m2 para parque- do 45,9% do total da carga estivada. Foram amento de contentores, o aprofundamento movimentadas 377.206 Toneladas, em con- do canal de navegação de acesso a costas de tentores (198.906 cheios e vazios), tendo 9 metros e a balizagem marinha do mesmo entrado pelo Porto de Luanda um total de canal, são trabalhos já em execução. 70.147 viaturas novas e usadas. M WANGOLÉ • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • E CONOMIA 11

SONANGOL anuncia nova descoberta no BLOCO 31 Depósitos do BIC cifrados PIB angolano cresce em 207 milhões dólares Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola lizada aproximadamente a 3,5 quilómetros a de 89,6 por cento Banco Internacional de Crédito (BIC) captou (Sonangol EP) e a BP Exploration (Angola) sudeste da descoberta Miranda, recentemente A dos seus clientes, durante o primeiro trimestre Produto Interno Bruto (PIB), teve um cresci- limited anunciaram, recentemente, a descoberta anunciada. O mento entre 2002 e 2006, na ordem de 89,6 de um poço de petróleo denominado Cordélia-1, deste ano, 207 milhões de dólares norte-america- O A nota refere que o poço Cordélia-1, foi perfu- nos, elevando assim a sua carteira de depósitos à por cento, de acordo com o Relatório de Execução no bloco 31 em águas ultra profundas do offshore do Programa Geral do Governo aprovado pelo Con- rado pelo navio sonda Jack Ryan a uma profun- ordem para o total de um bilião e 350 milhões, angolano. selho de Ministros. didade de lâmina de água de 2.308 metros, a disse o presidente do conselho de administração De acordo com o comunicado de imprensa da cerca de 371 quilómetros a noroeste de Luanda da instituição financeira, Fernando Teles. A taxa de desemprego, apesar de uma recupe- Sonangol, esta é a décima quarta descoberta e atingiu uma profundidade total de 4.040 me- ração de 4 por cento em relação a 2005, mante- que a BP efectuou no BLOCO 31 e está loca- tros abaixo do nível do mar. Relativamente a empréstimos, o gestor disse es- ve-se na ordem dos 25,2 por cento e a taxa de tar aprovado créditos no valor total de um bilião O poço, foi testado, a uma taxa de produção inflação anual acumulada em Dezembro de 2006 e 170 milhões, enquanto o crédito acumulado foi de 12,2 por cento, menos 6,3 pontos percentu- operacionalmente restrita de 2.063 barris de já concedido pela institiuição aos clientes está ais que em 2005. petróleo/dia. cifrado em 770 milhões dólares. Até Dezembro Por seu turno, a taxa de inflação unificada, situou- A Sonangol é a concessionária do BLOCO 31, a de 2006, o crédito cedido era de 630 milhões de se acima da meta do Governo, estabelecida em BP Exploration (Angola) limited como operadora dólares norte-americanos. 10 por cento. MW A N GOLÉ do bloco detém 26,67 por cento de interesse. Os parceiros do bloco 31 são a Esso Exploration and Apesar do crescimento da actividade bancária Production Angola (25 por cento), a Sonangol no mercado não ter sido muito relevante nos Sector hoteleiro perspectiva Ep (20 por cento), a Statoil Angola A.S (13, 33 primeiros meses do ano, disse o responsável da investimentos na ordem por cento), Marathon International Petroleum instituição financeira, o BIC registou um fluxo de Angola Block 31 limited (10 por cento) e a Tepa caixa dentro das previsões traçadas pela adminis- de 800 milhões de dólares Limited, subsidiária do grupo Total com cinco tração do banco. sector hoteleiro angolano tem perspectivado, para os próximos dois anos, investimentos pri- por cento. MW A N GOLÉ Segundo Fernando Teles, o banco está a conceder O vados na ordem de 800 milhões de dólares norte- créditos aos agentes económicos relacionados americanos, para aumentar a capacidade hoteleira com as áreas de camionagem, agricultura, pecuá- e reduzir a carência de quartos a nível do país. ria, imobiliária e indústria. Exportações portuguesas Os investimentos privados deverão permitir, no Angola Telecom Com apenas 24 meses de actividades no mercado mínimo, a construção de doze hotéis, dentro de apresenta projectos avaliados para Angola atingiram mais angolano, o BIC tem pretensões de, a partir deste dois anos, proporcionar um aumento de emprego de um bilião de euros em 2006 ano, internacionalizar os seus serviços, a começar directo e indirecto no sector e garantir acima de em mais de 122 milhões por Portugal onde já existe um projecto concreto mil e 800 postos de trabalho. de dólares s exportações portuguesas para Angola, em para a abertura de uma filial. A realização do Campeonato Africano das Nações empresa de telefonia fixa, AngolaTelecom, A2006, atingiram o total de um bilião e 210 mi- Além da Europa, o BIC está a fazer um estudo de (CAN/2010) e do mundial de futebol na Africa do apresentou em Luanda, dois novos projectos de lhões de euros, contra os 800 milhões conseguidos mercado visando expandir a sua actividade em Sul, também em 2010, tem permitido igualmente, A alguma influência na decisão dos agentes econó- telecomunicações que visam aumentar a capacida- em 2005, indica um relatório do Instituto Portu- alguns países da SADC, com destaque para a Na- micos em investir no sector hoteleiro angolano. de de oferta de serviços na rede do país, avaliados guês do Comércio Exterior (ICEP), em Luanda. míbia e a República Democrática do Congo. em 122 milhões de dólares norte-americanos, Deste modo, entre algumas unidades a serem er- De acordo com o documento, estes resultados Tendo em conta o desenvolvimento da actividade suportados pelo Orçamento Geral do Estado e com colocaram Angola em oitavo lugar no destino das guidas, o país poderá ver construídos hotéis como de seguros no país, o BIC também pretende entrar Sava-Sivol, com 238 quartos e com estimativas de a parceria da empresa chinesa ZTE. exportações de Portugal no mundo, com um peso no mercado segurador, admitiu o seu presidente garantir 283 postos de trabalho, na capital do país. Trata-se dos projectos de telecomunicações de de 3,5 por cento do total. Apoio ao Processo Eleitoral e o de Expansão e do conselho de administração. MW A N GOLÉ O programa contempla igualmente a construção Modernização da Região Este de Angola. O pri- “Em 2006 registou-se um crescimento de 50 de uma cadeia de hotéis (denominado Sismotel), meiro, orçado em aproximadamente 20 milhões por cento nas exportações, fundamentalmente Hotel Presidente Meridien a serem erguidos em seis capitais provinciais, de dólares norte-americanos, destina-se a bene- ao nível dos bens de equipamentos”, adianta, garantindo 240 quartos por unidade hoteleira e ficiar a infra-estrutura de transmissão e de acesso avançando que, no primeiro trimestre deste ano, baixa de categoria emprego a 170 pessoas. da Angola Telecom nas capitais de província e 2007, verificou-se um aumento de 43 por cento O projecto reserva também, a construção do hotel municípios do país, abrangendo Luanda, Cabinda, das exportações face ao mesmo período de 2006, directora do Gabinete de Estudos, Planea- Horizonte, com 154 quartos e 130 postos de tra- Kuando Kubango, Cunene, Kwanza Sul, Lundas tendo Angola passado já a constituir o sétimo A mento e Estatística do Ministério da Hotela- balho, localizado na província de Luanda. Norte e Sul, Moxico, Namibe e Zaire, num total mercado de Portugal. ria e Turismo (Minhotur), Rosa António Gomes de 38 estações. O relatório salienta que em 2006 houve igual- da Cruz. Deu a conhecer em Luanda que o hotel Este projecto é composto por duas estações ter- mente um aumento de projectos portugueses Presidente Meridien, uma referência histórica renas de satélite para M´banza Congo e Luena, aprovados em Angola, um total de 191, corres- da rede hoteleira nacional, localizado junto à pela instalação de redes Vsat, redes de cabos do pondentes a 182 milhões de dólares. Em 2005, baía da capital angolana, perdeu no primeiro Luena, 1440 linhas ADSL, sete mil linhas CDMA trimestre deste ano, a categoria VIP de quatro (sem fios) de médio porte, sistema Intranet na foram aprovados somente 83 projectos, pelo ór- maior parte das capitais provinciais e redes CDMA gão encarregue desta tarefa, a Agência Nacional estrelas, baixando para três. (sem fios) de pequeno porte (500) linhas, em 25 de Investimento Privado. Segundo referiu, a desclassificação do hotel municípios, num total de 19 mil e 500 linhas. A fonte refere que as exportações portuguesas ficou a dever-se à relativa degradação das Já o segundo (de Expansão e Modernização da Re- para Angola no período 1998-2006 apresentaram suas infraestruturas e à ausência de serviços gião Este do país), avaliado em 102 milhões e 200 duas fases, sendo a primeira entre 1998 e 1999 compatíveis com a categoria que ostentava. Na província da Huíla, com capacidade de 260 mil dólares, permitirá a extensão da rede de trans- (decrescente) e a segunda após 1999 (crescente). A desclassificação do hotel Presidente Meri- quartos, será erguido o hotel Muíla, que propor- porte de telecomunicação nacional, “Backbone Segundo os últimos dados da Direcção Nacional cionará trezentos postos de trabalho. nacional”, em fibra óptica e a construção de novas dien insere-se no âmbito das acções que o de Alfândegas de Angola, em 2006, as quotas de Governo está a efectuar no sentido de levar os Dos planos existentes, consta também a cons- redes de acesso em cobre e sem fio, nos principais trução de uma cadeia de hotéis (denominada municípios da região Este de Angola. MW A N GOLÉ mercado dos principais fornecedores de Angola gestores a terem maior responsabilidade no foram as seguintes: Portugal 17,1 por cento, EUA Gondwana hotel), com 443 quartos distribuídos que diz respeito ao apetrechamento das uni- pelas 18 províncias do país e com perspectiva 9,8 por cento, Brasil 8,6 por cento, China 8,5 por dades e melhoria de serviços oferecidos. cento e África do Sul 8 por cento. de garantir mil e quatro postos de trabalho. A Governo disponibiliza Segundo referiu, “em função dos importan- “Gondwana hotel” pretende construir 21 hotéis 45 milhões de dólares Para o delegado do ICEP em Luanda, Fernando tes eventos que o país vai receber, entre no total, sendo três em Luanda. Anjos, o interesse das empresas portuguesas eles o Campeonato Africano das Nações Está também prevista a construção do hotel para Fundo do Comércio em investir no mercado angolano e estabelecer (CAN/2010), urge a necessidade de conferir “Luanda da Urbango”, com capacidade de 144 parcerias em Angola, é cada vez mais acentuado, outra imagem aos hotéis, por forma a que quartos e que permitirá a criação de 100 postos uarenta e cinco milhões de dólares norte- fruto do clima de paz e das fortes oportunidades de trabalho, bem como a reabilitação do Hotel estejam à altura da procura. MW A N GOLÉ Qamericanos é o valor total disponibilizado pelo de negócio que se apresentam. MW A N GOLÉ Presidente. MW A N GOLÉ Governo angolano para o Fundo de Garantia do Comércio, a fim de apoiar os agentes comerciais nacionais. Sonangol vai assumir construção da refinaria do Lobito O facto foi anunciado em Luanda pelo coorde- nador técnico para infra-estruturas do Programa Sociedade Nacional de Combustíveis de An- O empreendimento terá capacidade de refinar de Reestruturação do Sistema de Logística e de A gola (Sonangol) vai assumir, isoladamente, a diariamente 240 mil barris de petróleo. Numa Distribuição de Produtos Essenciais à População construção da refinaria do Lobito, por ter entrado primeira fase, a fábrica vai processar seis mi- (Presild), Gomes Cardoso, durante uma conferên- em ruptura com a empresa chinesa China Petro- lhões de toneladas métricas por ano (cerca de cia de imprensa. chemical Corporation (Sinopec), companhia, ini- 120 mil barris por dia). cialmente contratada, para formar uma parceria. Segundo a fonte, os comerciantes terão acesso ao Na segunda fase, a produção aumentará para fundo mediante critérios pré-estabelecidos, entre De acordo com o Presidente do Conselho da 10 milhões de toneladas métricas (240 mil os quais ser angolano, ter capacidade civil e estar Administração da Sonangol, Manuel Vicente, a barris/dia). integrado no sector comercial. ruptura deve-se a desentendimentos entre as Actualmente, Angola, que produz cerca de 1,4 partes sobre as especificações dos produtos que Gomes Cardoso, explicou que os beneficiários do milhões de barris por dia, possui apenas uma seriam produzidos. crédito bonificado não irão receber dinheiro, mas refinaria, construída na década de 50 nos arre- terão direito a um novo estabelecimento, já com Disse que, apesar do desentendimento, a futura dores de Luanda, cuja capacidade de produção mercadorias, avaliado em 200 mil dólares, que refinaria deverá estar operacional em 2010, está limitada a 40 mil barris diários. serão construídos em espaços cedidos pelos go- depois de resolvidos os problemas de financia- A construção da refinaria do Lobito permitirá re- vernos provinciais. mento da sua construção. solver o problema do abastecimento de combus- Avançou que o Banco de Desenvolvimento de Com a entrada em funcionamento da refinaria tíveis ao mercado interno, que a Sonangol tem Angola (BDA) negociará com os bancos comer- do Lobito, cuja construção está orçada em três vindo a resolver com o recurso à importação. ciais que servirão de mediadores a nível das biliões de dólares norte-americanos (usd), o país Angola é o segundo maior produtor de petróleo províncias, para que as empresas que estiverem vai poupar mais de usd 500 milhões em impor- da África sub-sahariana, depois da Nigéria, es- interessadas na construção dessas infra-estruturas tação de derivados de petróleo, permitindo até, tando as reservas petrolíferas do país estimadas recorram a essas instituições, evitando que haja a sua exportação. em 12 biliões de barris. MW A N GOLÉ atrasos na execução das obras. MW A N GOLÉ 12 C ULTURA • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • M WANGOLÉ

ARTE Arte angolana na Bienal de Veneza A 52ª Bienal Internacional de Veneza tem um vasto pavilhão dedicado a África e apresenta uma perspectiva actual da arte deste continente e da diáspora africana, organizado pelos curadores Fernando Alvim, artista plástico e conceptor da Trienal de Luanda, e Simon Njami, sociólogo e crítico de arte camaronês. uma digressão pela Europa com as suas bras da Sindika Dokolo - colecção afri- Viteix e Paulo Kapela apresentarão obras no fotografi as. Depois de Paris e até Setembro Ocana de arte contemporânea, sediada evento, o que terá enorme repercussão na podemos ver uma mostra de fotografias em Luanda, estão presentes na exposição. produção e divulgação artística nacional. deste artista no Centro de Artes de Sines A colecção possui cerca de 700 trabalhos A 52a Bienal Internacional de Veneza abriu (Portugal). A exposição denominada “Ngola de 140 artistas de 28 países africanos e a 10 de Junho e vai prolongar-se até 21 de Bar”, enquadra-se no programa do Centro tem sido actualizada e exibida, circulando Novembro, intitulando-se “Pensar com os Kiluanji em Veneza diante da sua obra N’gola Bar para o festival Músicas do Mundo. A ex- por galerias angolanas e pelo meio artístico sentidos – sentir com a mente. Arte no Pre- posição “Ngola Bar” mostra imagens que internacional, nomeadamente na “ARCO” sente” e o seu director este ano, o curador Luanda Pop dá o nome ao Pavilhão segundo o artista «reflectem a cidade de em Madrid e no Instituto Valenciano de Arte crítico e artista americano Robert Storr. Nas de África na 52ª Bienal de Veneza Luanda, a sua degradação e beleza, episó- Moderna, em 2006. Alguns artistas angola- dios e situações caricatas, assim como fi gu- palavras do presidente da Bienal, David Croff, Bienal de Arte de Veneza, um dos mais ras que representam bem a criatividade e nos tais como Ihosvanny, Yonamine, Kiluanji «A Bienal de Arte sempre deu provas de A prestigiosos eventos culturais internacio- Kia Henda, Nástio Mosquito, N’dilo Mutima, tendências, escolas, movimentos e individua- nais, começou com muita interactividade, algu- resistência exigidas para a vida luandense». lidades de vanguarda, que estabeleceram um mas polemicas e destaque para trabalhos com Kiluanji é um dos primeiros artistas a modelo seguido em todo o mundo». MW A N GOLÉ temáticas fortemente sociológicas e sociocul- fixar paisagens de Angola sem Guerra. As turais, entre elas o feminismo, guerra, pobreza suas exposições incluem fotografias fei- e abuso sexual. Este ano, o evento conta com tas em várias províncias. Como resultado o recorde de 76 países participantes. das suas viagens de norte a sul de Ango- Além da secção para a produção contempo- la, nas residências artísticas que a Trienal rânea do continente africano, denominada de Luanda organizou, kiluanji realizou Check List, Luanda Pop; se forem levadas o projecto “4ª Dimensão, que em breve em consideração as 34 mostras espalhadas pretende trazer a público. MW A N GOLÉ pela cidade em eventos complementares à Programa do Centro Bienal, são mais de 500 artistas presentes. www.centrodeartesdesines.com.pt Depois de Veneza, o artista cuja obra, Luanda Pop, deu o nome ao pavilhão de África em Programa completo do Festival Músicas Obra de Ihosvanny Foto de Madalena Raimundo Veneza, Kiluanji Kia Henda, está a realizar do Mundo www.fmm.com.pt

Vida e Obra Dia da Paz em Portugal de Luandino Vieira

Fotos: RICMIDIA ma numerosa assistência reuniu-se na Utarde de Domingo, 29 de Abril, à volta Artes plásticas, palestras, gastronomia, artesanato de Angola, um torneio de futebol e uma tertúlia de Luandino Vieira, para o ouvir falar do seu percurso literário, na Galeria Matos Ferreira, com o escritor Luandino Vieira tiveram lugar em Portugal, a propósito do Dia da Paz, 4 de Abril. no Bairro Alto, em Lisboa. Depois da assinatura dos acordos de paz para Angola, a Embaixada de Angola em portugal tem vindo O autor foi apresentado pela historiadora e a organizar uma série de actividades, visando assinalar o dia 4 de Abril, data considerada no calendário poeta Ana Paula Tavares, rodeada na oca- angolano como o Dia da Paz. Tais actividades este ano tiveram lugar nas cidades de Lisboa e Porto. sião por Luís Kandjimbo, adido cultural de Angola em Lisboa, e pelo jornalista António Carvalho. Pintura da Paz Ana Paula falou do autor, dos livros , da vida e do seu singularíssimo percurso. Arlete Marques, Ana Silva, Maly Gusmão, Logo a seguir Luandino, na sua intervenção, preferiu centrar-se nos “Velhos Rios“, a sua Kaptine, João Inglês e António Magina, es- última obra, descrevendo-a como muito im- tiveram representados na exposição, reve- pregnada pelo português falado de Luanda lando a existência de uma pujante diáspora e por termos de Quimbundo. artística angolana na diversidade das suas Seguiu-se depois um debate com muitas expressões. perguntas centradas na biografi a do escritor e sua identidade, e nos vários prémios que ma mostra colectiva de artistas plásti- De acordo com Luís Kandjimbo, os artistas Aldo Milá encantou os presentes recebeu. Ucos angolanos, radicados em Portugal, que se associaram a este projecto, fi zeram- tocando sembas Alguém quis saber se o facto de ter nascido concentrando o simbolismo da celebração no com a plena consciência de que a cultura em Portugal o fazia sentir-se também por- da paz, no actual contexto de Angola, foi representa o substracto da harmonia social e vontade de perpetuar o estado de espírito tuguês. O autor do “Luuanda” respondeu só ter uma unica natureza, o de ser angolano. aberta numa galeria do Bairro Alto, sob os da identidade colectiva e, «ao olhar as suas que a paz garante, num vigoroso testemu- À pergunta “quando se sentiu escritor?”, auspícios do sector cultural da Embaixada de obras percebemos as suas inquietações e a nho de natureza cívica». MW A N GOLÉ o autor respondeu que nos tornamos es- Angola em Portugal para assinalar o dia 4 de critores quando lemos a primeira palavra Abril, considerado o dia da paz no calendário impressa , mas confessou também que só angolano. se assumiu como profi ssional, nos distantes tempos em que estava preso no Tarrafal. Segundo o prefácio desta segunda mostra Quando foi informado que tinha ganho o dedicada à paz, em Portugal, assinado pelo Grande Prémio da APE (Associação Portu- adido cultural da Embaixada, Luís Kandjim- guesa de Escritores), quanto a esta situa- bo, a exposição associa «o explendor da ção, instado a explicar porque recusara o Prémio Camões, defendeu-se, dizendo que arte a um pressuposto fundamental para o não se sentia digno dele. exercício da liberdade, da criação artística e Novamente na sala perguntaram-lhe: «E fruição dos bens culturais do homem». se um dia lhe atribuírem o Prémio Nobel, também vai recusar?» Luandino pensou , Alguns dos nomes mais representativos O Embaixador Assunção dos Anjos pensou, acabando por afi rmar que era um das artes plásticas angolanas como Eleu- agradeceu aos artistas pela participação Luis Kandjimbo, Luandino Vieira, Paula assunto para pensar... J ORGE R AMOS tério Sanchez, João Inglês, Dília Fraguito, nas comemorações do Dia da Paz Tavares e António Carvalho M WANGOLÉ • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • C ULTURA 13

Zizi Ferreira de passagem pela “Arte de Rua” Fotos: RICMIDIA Com o seu sorriso o meu traço já não era o mesmo». A artista investe nas telas e aguarelas. Nem todos aberto e uma maneira os dias vende bem, mas há dias felizes. descomplicada de encarar «Quando faltam outros colegas, não temos a vida, Zizi já conquistou tanta concorrência, e em épocas de festas, a simpatia dos seus como por exemplo agora na Páscoa, há mais colegas artistas. Alguns turistas». oferecem-lhe obras em

troca das suas aguarelas. O interesse dos turistas é uma constante

Na rua Augusta, em Lisboa, dezenas de «O meu traço voltou ao que era» Com o seu sorriso aberto e uma maneira artistas ocupam os passeios pintando, ex- descomplicada de encarar a vida, Zizi já pondo e vendendo paisagens de Lisboa aos Em Portugal, os seus quadros não se inspi- conquistou a simpatia dos seus colegas ar- turistas que passam. Há cerca de um mês, ram nas gentes de Angola, como sempre tistas, alguns oferecem-lhe obras em troca a angolana Zizi Ferreira, decidiu também fez, nem em paisagens da terra, mas sim, das suas aguarelas. «Há aguarelistas que investir neste modo de vida, com a ajuda do nos gostos dos turistas. Paçoka, ensinou- trabalham aqui há mais de vinte anos, é um pintor guineense, Paçoka. lhe que o retrato dos eléctricos é dos que têm mais saída, e também lhe deu a dica privilégio para mim poder pintar ao lado de fixar, como ele fixa, com a sua máquina deles, poder aprender com eles». fotográfica, paisagens de Lisboa.

“Quando regressar a Angola, pretendo incentivar e promover a arte feita na rua”

Estar perto dos que se movem no mundo das artes é muito importante para esta artista, que depois de concluir o seu curso Com o amigo e mestre Paçoka ela aprende superior no INFAC (Instituto Nacional de Em época de páscoa, as vendas aumentam os motivos que os turistas mais compram Alex é um colega que gosta de ajudar Formação Artística) deu aulas de desenho no ensino secundário e em Lisboa frequenta A artista, que também desenha com base Artista plástica formada na especialidade de «Estamos aqui, ajudando-nos uns aos o curso de Design da Universidade Lusófo- em postais que compra de artistas como escultura pelo INFAC, fez a sua última expo- outros», diz o artista guineense realçan- na. Ela, considera a passagem por Portugal Artur Neto, afirma: «Agora, dou mais valor sição no Centro Cultural Interculturalidade do o facto da sua amiga Zizi, não possuir muito enriquecedora para a sua carreira. aos artistas angolanos que trabalham e ven- da ONG “Etnia”. A arte nunca lhe rendeu familiares em Portugal. Para ela, esta Quando não vai às aulas à noite, monta a dem em Benfica. A experiência gratificante dinheiro que chegasse para se manter mas, nova actividade, não traz apenas dinheiro: sua banca na rua do Coliseu, nas portas do que tenho tido, iluminou-me e quando ultimamente, tem vivido apenas do exerci- «Ajuda-nos a manter a prática e a contactar Sol, onde também há uma grande afluência regressar a Angola, pretendo incentivar e tar dos trabalhos que produz. outros colegas. Voltei a ganhar destreza pois de turistas. promover a arte feita na rua». S.M.

LIVROS Sector Cultural da Embaixada lança livros em Portugal algumas livrarias portuguesas, em especial Na sua visão, o ideal seria que os editores livros da Embaixada: «É um sinal até para a livraria Bulhosa (no Campo Grande). Uma angolanos pudessem suportar os custos os livreiros, de que o comércio do livro iniciativa que o sector cultural da Embaixada e colocar livros angolanos à venda em angolano pode ser feito no sentido inverso, apoiou, com base no interesse manifestado Portugal mas, uma vez que isso ainda não de Angola para Portugal», precisou ainda o por editores e autores que pretendem ver é possível, o programa de lançamento de responsável cultural. MW A N GOLÉ os seus livros no mercado português «inclu- sivé, há edições feitas cá que nós indicamos aos editores», refere o adido cultural da Nova Direcção no INALD Embaixada, Luís Kandjimbo. m despacho assinado pelo ministro da Cultura, , o economista Antó- Além deste programa, o sector cultural E nio Fonseca, foi recentemente nomeado para o cargo de director do INALD (Instituto Na- envolveu-se noutras iniciativas sobre livros, cional do Livro e do Disco), instituição vocacionada para a produção literária e discográfica. m 2006, o sector cultural da Embaixada com o objectivo de criar espaços para que os Em substituição de Jomo Fortunato, segundo uma nota de imprensa do Ministério da Cul- Ede Angola, realizou um programa de livros de autores angolanos não representa- tura, António Fonseca exercerá em acumulação o cargo de director do instituto Nacional lançamento de livros, no âmbito de um in- dos em Portugal, possam circular neste país: de Direitos dos Direitos de Autor e Conexos também afecto ao INALD. tercâmbio que pretende privilegiar leitores «Há um conjunto de autores angolanos que Assim, Fonseca, que é responsável pelos prémios literários Sagrada Esperança e António e especialistas interessados nas literaturas não chegam ao mercado português, porque Jacinto, regressa a um cargo que já exerceu em anos anteriores. O responsável é quadro africanas, tendo a angolana em particular. não são editados por editoras que possuam do Ministério tendo já pertencido ao seu Gabinete Jurídico e à Empresa Nacional do Disco O lançamento, que teve lugar na Sociedade parcerias no mercado português» sublinha (ENDIPU). É escritor e apresentador de um programa cultural na Rádio Nacional de Angola. Portuguesa de Autores, como outras em Luís Kandjimbo. 14 D ESPORTO • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • M WANGOLÉ

FUTEBOL Ângelo Cambundo em Angola Fotos: RICMIDIA O projecto de dissertação intitulado: Metodologias do treino de Jovens Futebolistas em regiões de Portugal (Cascais e Sintra) e Angola (Luanda). “Estudo comparativo ao nível do processo de treino nos escalões de iniciados e juvenis em Futebol”, levou de volta a Angola o treinador de futebol que vos apresentámos na primeira edição deste jornal.

história do treinador luso-angolano, da no âmbito do trabalho de dissertação que o projecto de dissertação intitulado: Meto- AUnião Despotiva de Tires de Cascais, lhe vai conferir o grau de Mestre em Treino dologias do treino de Jovens Futebolistas Angelo Garcia Manuel Cambundo, tem de Jovens Desportistas pela Universidade em regiões de Portugal(Cascais e Sintra) e chamado a atenção pelo seu óptimo de- Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Angola ( Luanda. “Estudo comparativo ao sempenho à frente deste clube. Angelo, é o Lisboa. nível do processo de treino nos escalões de tipo de pessoa que se pode dizer viciado no iniciados e juvenis em Futebol.” trabalho.No seu estilo moderno, arrojado e aplicado, considera as 24horas do dia insu- ficientes para organizar, estruturar e estudar futebol. Cambundo, não começou a carreira de treinador por acaso, sabia o que queria. Aperfeiçoou-se, estudou e investiu na sua Nada me acontece por acaso profissão. Por isso acredita que para ser um jogador ou um treinador de futebol tem que Este angolano também tem interesse em juntar o talento com o profissionalismo. regressar a Angola. Considera fundamental para o futebol do seu País, a formação de jovens, factor imprescindível no desenvolvi- mento de novos talentos. Fontes próximas do treinador, indicam que clubes de renome, O ex-jogador e actual treinador do Tires, fala inclusivé de Itália e França, têm procurado do seu envolvimento com Portugal. “Portu- os seus préstimos, mas indagado sobre gal deu-me grandes oportunidades, estou o assunto, pelo nosso jornal preferiu não agradecido ao governo e ao povo português confirmar e assegurou-nos que seríamos os que me acolheram com muito carinho e primeiros a saber quando fechasse algum Concluiu com sucesso o Curso de Especiali- simpatia e pela oportunidade que me foi contrato. A pergunta que fica é: Qual dos zação na temática “Treino de Jovens Despor- concedida e que tenho a consciência de ter dois países, Portugal ou Angola, conseguirá tistas” (Pós -Graduação 2005/2007) . Com sabido aproveitar. segurar este talento do futebol? MW A N GOLÉ a aprovação do seu orientador científico, Professor Doutor Jorge Proença, apresentou

Concluiu, recentemente, na Universidade Lusófana de Humanidades e Tecnologias, em Lisboa, a Licenciatura de Educação Física e Desportos, com distinção. Também tem curso superior de treinador, ministrado pela UEFA Prestige, que lhe permite ser seleccio- nador de qualquer selecção do mundo. Actualmente, Ângelo está em Luanda para realizar uma recolha de dados na associação de Futebol e Clubes de Luanda e possivel- mente irá a algumas províncias de Angola Quando tenho sorte, aproveito-a ao máximo Angola terá Conselho ANDEBOL Nacional de Desporto Africano de Andebol em Angola Conselho Nacional de Desporto para Reinserção Social, comités olímpico e pa- em 2008 Otodos será institucionalizado segundo ralímpico, federações nacionais e pessoas afirmação do ministro da Juventude e singulares ou colectivas identificadas com federação angolana de andebol aprovou Desportos, José Marcos Barrica. O minis- a causa desportiva. Para Barrica «O des- A na sua última reunião de direcção, a cria- tro explicou que a decisão surge após porto para todos já é realidade em Angola, ção de um Centro especial de Treinamento a participação de Angola no congresso mas depois do seu lançamento oficial em para a modalidade no país. Recentemente a mundial de desporto para todos, realizado 2004, foram realizadas acções muito pouco Federação solicitou ao ministro da Juventude durante a primeira semana de Maio em significativas», afirmou, acrescentando que e Desportos o alargamento do pavilhão prin- Havana, Cuba. Segundo o ministro para a isto deveu-se ao facto de não ter sido acau- cipal da Cidadela, que será palco do próximo sua efectivação, contará com as parcerias telado o envolvimento de outros sectores Africano sénior feminino, a ter lugar em Luan- dos ministérios da Saúde, Assistência e que foram agora tidos em conta. MW A N GOLÉ da em 2008. MW A N GOLÉ M WANGOLÉ • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • D ESPORTO 15

HÓQUEI EM PATINS BASQUETEBOL Hóquei angolano “Afrobasket-2007” cai um degrau Tudo a postos para o arranque no Mundial O Campeonato Africano das Nações em basquetebol, o “Afrobasket-2007”, poderá custar aos cofres do Estado equipa nacional de hóquei em patins vinte milhões de dólares. O secretário-geral da Federação A que terminou a sua recente parti- cipação internancional quedou-se em Angolana da modalidade, António Sofrimento, considera o oitavo lugar no Mundial da modalidade, montante suficiente para a realização do evento, de acordo com decorrido em Montreux, Suiça, após der- o caderno de encargos da FIBA/África. Será a terceira vez que rota diante do Brasil, por 1-7, em desafio Angola, detentora de oito títulos africanos, alberga a prova, das classificativas ao sétimo posto desta alargada às cidades do , Benguela, Cabinda e Huambo. mesma competição. Os comandados de Fernando Fallé, que face a esta má campanha, deixou a selecção angolana destituído do cargo. A selecção sofreu a sua terceira goleada na competição frente ao Brasil 7-1, depois de terem sido derrotados pela Holanda (0-7) e pela Espanha (0-8). Angola teve dois jogos dre (1º de Agosto), Carlos Morais, Milton difíceis frente à vice-campeão em título, Barros, e Eduardo Min- Argentina, ainda na fase de grupos, e gas (Petro de Luanda), assim como Divaldo cruzou-se com a campeã, Espanha, na Bungo e Emanuel Neto, que actuam nos segunda fase. Estados Unidos. João Vieira “Joy”, que se estreou com a camisola de Angola num campeonato do mundo, foi o melhor marcador da equipa nacional com nove golos, seguido por Toy Gaspar (três golos) e Kirro, Pedro Neto e Toy Adão, todos com um. O campeonato foi ganho pela Espanha, que derrotou na final a equipa anfitriã, a m Luanda já se respira o “Afrobasket-2007” avaliadas em quinhentos mil dólares, se- Suíça, por oito bolas a uma, sagrando-se E com tudo a postos para o arranque do gundo Tony Sofrimento. os espanhóis bicampeões mundiais. campeonato que terá um custo de vinte A selecção, que entrará no campeonato na milhões de dólares, incluíndo a preparação mira de ganhar mais um título, desta vez da selecção nacional angolana. No programa não contará com o jogador Ângelo Victoria- estão as melhorias das instalações, como dos no, o único até agora a estar presente nos pavilhões que acolherão as provas, transpor- oito títulos de Angola. tes, sistemas de comunicações e serviços. O seleccionador nacional Ginguba convocou As obras de remodelação do Pavilhão da para a sua lista , Armando Cidadela Desportiva, certame da final da Costa, Carlos Almeida, Olímpio Cipriano, XXIV edição do “Afrobasket-2007”, estão Abdel Boukar, Kikas Gomes, Maizer Alexan-

Portugal, outro velho candidato ao título Dos jogadores que integrarão a selecção (tem 15 títulos mundiais) ficou pela pior que vai defender as cores do país no Afro- classificação de sempre, ocupando a basket, Jogos Pan-Africanos e Taça Borislav quinta posição; primeiro ao perder com Stankovic - os três grandes compromissos a Suíça a sua participação na recta final desportivos de Angola em 2007, constam do campenato e depois ao ser derrotada ainda os nomes dos basquetebolistas Vel- pela França, na atribuição da quarta e décio Coimbra, Luís Costa (Petro de Luanda), quinta posição. MW A N GOLÉ José Nascimento, Francisco Horácio (Inter de Luanda), Felizardo Ambrósio e Victor Muza- Resultados de Angola durante di (1º de Agosto). o mundial de Montreux No sorteio do Afrobasket deste ano, rea- Angola - Argentina ...... (2-5) lizado a 20 de Abril último, em Talatona, arredores de Luanda, Angola ficou colocada Chile - Angola ...... (0-2) no grupo um, com as representações de Angola - Holanda ...... (0-7) Cabo Verde, Marrocos e Ruanda, primeiro Espanha - Angola ...... (8-0) adversário de Angola. Angola - França ...... (3-4) A discussão pelo título africano terá o seu Brasil - Angola ...... (7-1) epílogo em quatro províncias angolanas durante o mês de Agosto MW A N GOLÉ 16 A CTUALIDADE • MAIO | JUNHO | JULHO 2007 • M WANGOLÉ

A abertura da Casa em Lisboa, permitiu esta- Bem-vindos à belecer pontes para a criação de um espaço mais amplo, dedicado às culturas dos países que falam a língua portuguesa. Projecta-se já, a abertura de uma galeria, para exposi- ções de artes plásticas a partir de Setembro. Na inauguração estiveram presentes repre- sentantes de instituições universitárias de Portugal, Brasil e África lusófona, bem como representantes de Câmaras Municipais de Cabo Verde, Brasil e Portugal.

Fotos: Manuel Pessôa-Lopes Grupo “Sons do Tejo” em acção Mesa de abertura da primeira Casa da Lusofonia

Paulo Miguez, professor da Universidade O encontro da cultura em desenvolvimento Federal do Recôncavo da Bahia anunciou a abertura neste estado, em Cachoeiras, de Casa da Lusofonia outra Casa da Lusofonia. Marcos Barreto, ge- rente de Cultura da empresa Telemig Celular inaugurada em Lisboa (Brasil), manifestou total apoio ao que prevê Casa da Lusofonia faz parte de um venha a ser uma significante plataforma de A projecto cuidadosamente elaborado ao convergência da actividade cultural em dife- longo de meses e apresentado em Bissau rentes países lusófonos. no decurso da Cimeira Cultural da CPLP. Não menos significativas foram as presenças A primeira Casa da Lusofonia em Lisboa foi do embaixador Lauro Moreira, chefe da Mis- inaugurada a 12 de Maio, tendo sido mais são do Brasil junto da CPLP, representantes de duas centenas de convivas presente- das Embaixadas de Moçambique, Angola e ados na hora do jantar com gastronomia Cabo Verde, do presidente do Centro Cultural da Malaposta, do Alto Comissariado para Imi- variada dos países da CPLP e a intervenção gração e Minorias Étnicas (ACIME), do Centro musical do grupo “Sons do Tejo”, artistas Durante a inauguração foram chegando os convidados à sala principal Jacques Delors, e de diversas associações de várias origens dos palop. ligadas às comunidades lusófonas em Portu- A casa, que será um espaço-centro de encon- Freguesia de São Jorge de Arroios e o Liceu O embaixador Luís Fonseca, secretário-exe- gal, bem como figuras da intelectualidade da tros culturais na área lusófona, está situada Camões. Numa primeira fase a Casa fun- cutivo da CPLP, expressou o apoio total desta diáspora destes países. em pleno centro da capital portuguesa, numa ciona na parte do actual Auditório Camões. instituição ao projecto das Casas da Lusofo- Este projecto, no âmbito da Comunidade de parte do “histórico” Liceu Camões, instituição Cidadãos dos países africanos de expressão nia: «A CPLP está de corpo inteiro com este Países da Língua Portuguesa, terá continui- com projecção na cultura portuguesa . portuguesa e do Brasil estão empenhados projecto, que também, não quero deixar de dade em África e no Brasil, onde diligências A Casa da Lusofonia de Lisboa é uma par- no processo de criação de outras “Casas da pessoalmente subscrever», afirmou o em- estão a ser feitas para, a curto prazo, surgi- ceria que envolve a ONG Etnia, a Junta Lusofonia”. baixador. rem instalações similares. MW A N GOLÉ Programa nacional de gestão ambiental Fotos: RICMIDIA

Ministério do Urbanismo e Ambiente está controlados. Para a urbanização das cidades, tégia do Ministério do Urbanismo e Ambiente O a elaborar um programa nacional de ges- o Ministério do Ambiente prevê incentivar os (MINUA) face às novas oportunidades criadas tão ambiental que definirá as prioridades para investimentos públicos e privados na produ- com a redefinição das leis ambientais. Foi pe- a protecção da biodiversidade. A decisão foi ção dos materiais de construção e encorajar o dido aos participantes, que na abordagem dos tomada durante a celebração do Dia Mundial sector privado na promoção de habitações de temas, tenham como fim principal a identifica- do Ambiente, que este ano reflectiu sobre os custos controlados. ção de soluções práticas que ofereçam maiores efeitos das alterações climáticas que ocorrem probabilidades de contribuir para a melhoria da nas zonas polares. qualidade de vida do povo angolano e para o O ministro afirmou que o documento será sub- Na abertura do Conselho Consultivo do Minis- alcance do desenvolvimento sustentável. metido, muito brevemente, ao Conselho de Mi- tério, o ministro do Urbanismo e Ambiente, O conselho sob o lema “O papel do urbanis- nistros para aprovação. O ministério pretende Diekumpuna Sita José, disse que o programa mo, ordenamento do território, habitação e com este plano, desenvolver as mais diversas apontará soluções para o desenvolvimento ambiente no desenvolvimento sustentável sinergias com os departamentos governamen- sustentável e superação dos desafios ambien- de Angola”, foi dividido em quatro painéis tais e associações de defesa do ambiente. tais que se colocam ao país. e reuniu técnicos do MINUA a nível de todas Além do programa, Sita José anunciou que se as províncias, dos institutos de Ordenamen- está a trabalhar na elaboração da estratégia Frisou, que a curto prazo, o ministério desen- to do Território e Desenvolvimento Urbano, para a implementação do protocolo de Kyoto, volverá, em parceria com os governos provin- assim como o Instituto Geográfico e Cadas- assim como da Convenção no Quadro das Na- ciais, o plano operativo da estratégia global de tral de Angola. MW A N GOLÉ ções Unidas sobre as Alterações Climáticas. urbanização das reservas fundiárias municipais No entender do ministro, para fazer face ao fe- e de regularização fundiária para os ocupantes nómeno do crescimento descontrolado das ci- das áreas peri-urbanas. Este plano, segundo dades angolanas, o seu ministério deve actuar afirmou, será implementado mediante requi- no apuramento da relação entre o planeamen- sitos urbanísticos apropriados como forma de to urbanístico e a promoção imobiliária. Deve consolidação dos direitos patrimoniais e de ainda constituir um sistema financeiro e fiscal valorização económica dos mesmos. inovador, orientado para a facilitação de acesso Em relação ao Conselho Consultivo, salientou a ao regime de crédito bonificado para os po- necessidade de se apreciar de forma aberta as tenciais beneficiários de habitações de custos propostas básicas para a reorientação da estra-