O Idiomatismo Do Violão De Sete Cordas, Da Consolidação a Raphael Rabello
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Luís Fabiano Farias Borges TRAJETÓRIA ESTILÍSTICA DO CHORO: O IDIOMATISMO DO VIOLÃO DE SETE CORDAS, DA CONSOLIDAÇÃO A RAPHAEL RABELLO Brasília-DF 2008 UMA TRAJETÓRIA ESTILÍSTICA DO CHORO: O IDIOMATISMO DO VIOLÃO DE SETE CORDAS, DA CONSOLIDAÇÃO A RAPHAEL RABELLO Luís Fabiano Farias Borges Dissertação de Mestrado realizada sob orientação da Profª. Drª. Maria Alice Volpe e apresentada à Banca examinadora para defesa, em 20 de novembro de 2008, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Música - Programa de Pós-Graduação “Música em Contexto”, Universidade de Brasília. Brasília-DF 2008 ii UMA TRAJETÓRIA ESTILÍSTICA DO CHORO: O IDIOMATISMO DO VIOLÃO DE SETE CORDAS, DA CONSOLIDAÇÃO A RAPHAEL RABELLO Luís Fabiano Farias Borges Orientadora: Profa Dra. Maria Alice Volpe Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Música da Universidade de Brasília - UnB, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Música. Aprovada por: _______________________________________ Prof. Dra. Maria Alice Volpe (orientadora) _____________________________ Prof. Dra Márcia Taborda ______________________________ Prof. Dra Beatriz Magalhães Castro Brasília-DF 2008 iii Dedico esta pesquisa (in memoriam) a Raphael Rabello, uma das minhas maiores referências violonísticas. iv AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a minha família e a minha namorada, Aline, pelo apoio e por estarem sempre ao meu lado, superando os difíceis obstáculos que dificultaram lograr a realização de um sonho; mas se tornou possível com a conclusão deste trabalho. À professora Drª. Maria Alice Volpe pela orientação, atenção e, sobretudo, por mostrar-me os caminhos da pesquisa. À banca examinadora: professoras Dra Márcia Taborda e Dra Beatriz Magalhães Castro. A todos os colegas e professores da Universidade de Brasília, que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização de mais esta etapa da minha vida. À instituição CAPES pelo arrimo, o qual possibilitou a realização desta pesquisa. Ao meu amigo Alexandre Dias, pesquisador e apaixonado pela música brasileira. Ao Jorge Mello pelas preciosas informações sobre Garoto, as quais contribuíram para a construção da trajetória estilística do choro proposta para esta pesquisa. Ao José Silas pelas preciosas informações acerca de Pixinguinha. À lista de discussão O Malho, que contribuiu significativamente para este trabalho mediante saudáveis discussões e tempestivas informações. Ao fórum de violão clássico e popular pelas essenciais discussões acerca do violão. Aos meus amigos das “rodas de choro” de Uberaba-MG: Faustinho, Reinaldo... Aos meus amigos “chorões” de Brasília: Nivaldo, Lício, Jorge Cardoso... A todas “rodas de choro” que eu estive presente. A todos os entrevistados: Luciana Rabello, Luiz Otávio Braga, Maurício Carrilho, Alencar Sete Cordas, Turíbio Santos, Zé Paulo Becker, Marcello Gonçalves e Fernando de La Rua e Guinga. A todos os músicos amantes da música popular brasileira tradicional. v “... E aí começo a ver Que eu nunca fui sozinho Meu violão me acompanhou Por todo o meu caminho E isso eu quero agradecer Fazendo uma canção Falando de você, Amigo violão, Que comigo estará Até eu morrer”. (Sete Cordas, de Raphael Rabello e Paulo César Pinheiro) vi RESUMO Este trabalho visa a explorar os recursos estilísticos do violão de sete cordas no choro brasileiro. Após uma breve discussão acerca dos pioneiros do choro, que se justifica pelo repertório tradicional ao qual o violão de sete cordas se vincula, seguida de uma análise da contribuição violonística de Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, abordamos as modificações de ordem técnica e timbrística que ocorreram, sobretudo, ao longo da segunda metade do século XX no Brasil, com Dino Sete Cordas e Raphael Rabello. Considerados os maiores expoentes do referido instrumento, tiveram o choro como base musical e coadunaram recursos provenientes de outros gêneros, o que contribuiu sobremaneira para transformações organológicas e estilísticas do violão de sete cordas no choro. Tais transformações, as quais consubstanciaram um estilo de tocar, se tornam relevantes na medida em que diversos gêneros e estilos de música instrumental encontraram no choro o ponto de referência. Propomos ainda uma divisão da obra de Rabello em duas fases: a primeira concerne à fase acompanhadora, na qual predomina o estilo tradicional, anteriormente consolidado por Dino; e uma segunda fase, quando se observa uma valorização do repertório solista, cujos elementos virtuosísticos e possibilidades timbrísticas são transpostos para o estilo de acompanhamento de instrumentistas e cantores. Pouco explorados pelos violonistas de sua época, tais elementos evidenciam um estilo não-tradicional para a obra do violão de sete cordas solista de Rabello. As inovações estilísticas são mais bem compreendidas se contextualizadas pelos conceitos inseridos no âmbito das ciências sociais (hibridismo e tradição), os quais corroboram a hipótese de que os dois estilos supracitados coexistem pacificamente. Verifica-se, portanto, que a união de estilos em Rabello foi determinante para que o violonista se tornasse uma das principais referências do instrumento na atualidade e consolidasse o violão de sete cordas solista no Brasil. Palavras-chave: Raphael Rabello, Dino Sete Cordas, violão de sete cordas, choro, tradicional, hibridismo. vii ABSTRACT This work aims at exploring the stylistic resources of the seven string-guitar in the Brazilian ‘choro’. It presents a brief description of the pioneers of ‘choro’, which is justified due to the traditional repertoire which the seven-string guitar covers, followed by an analysis of Garoto´s (Aníbal Augusto Sardinha) guitar contribution, this research deals with the changes of technique and timbre that occurred, mainly during the second half of the 20th century in Brazil, with Dino Sete Cordas and Raphael Rabello. Considered the most important representatives of the seven-string guitar, these musicians had the ‘choro’ as their musical basis and associated resources from other genres and styles, which strongly contribute to organological and stylistic changes concerning the instrument within the ‘choro’. These transformations, which consecrated a way of playing, were meaningful since many instrumental music genres and styles found their reference in the ‘choro’. Furthermore, we propose a division of Rabello´s work in two periods: one of them refers to the accompaniment phase, which reflects mainly traditional features like those which were consolidated by Dino Sete Cordas; and the second one, when one notices an increasing number of solo pieces in his repertoire, whose virtuosic elements and timbre possibilities are transposed to the accompaniment style of the instrumentalists and singers. Little explored to his contemporaries, those elements make evident a nontraditional style in Rabello´s seven-string guitar work. The stylistic innovations will be more comprehended if contextualized by concepts included in the social science field (hybridism and tradition), which underpin the assumption that both styles mentioned coexist peacefully. One verifies, therefore, that the union of styles in Rabello was determinant so that he could become one of the greatest references of the seven string-guitar nowadays. Key-words: Raphael Rabello, Dino Sete Cordas, seven-string guitar, choro, tradition, hybridism. viii SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1 CAPÍTULO 1 - Considerações metodológicas .......................................................................... 5 1.1. Delimitação do objeto de estudo ..................................................................................... 5 1.2. Mapa conceitual .............................................................................................................. 6 1.3. Questões norteadoras da presente pesquisa ..................................................................... 7 1.4. Objetivos ......................................................................................................................... 7 1.5. Explicação das fontes de pesquisa .................................................................................. 8 1.6. Metodologia .................................................................................................................. 11 CAPÍTULO 2 - Contextualização e trajetória estilística do choro ........................................... 14 2.1. Os pioneiros do choro: rumo a práticas improvisatórias ............................................... 14 2.2. A consolidação do choro como gênero ......................................................................... 18 2.3. O choro tradicional e não-tradicional: uma digressão sobre preceitos sociológicos e estilísticos ............................................................................................................................. 23 2.4. Considerações sobre aspectos híbridos ......................................................................... 30 2.5. Ferramentas analíticas e taxonomia das progressões harmônicas: relevância das análises utilizadas e constituídas pela comunidade do choro ............................................... 33 2.6. Rumo a transformações harmônicas no choro .............................................................. 53 2.6.1. Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto: breve biografia e considerações estilísticas . 58 2.7. A “baixaria”, a improvisação e os aspectos