Musica Musica Coleca O Coleca O
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MUSICA MUSICA COLECAO COLECAO Jonas Vieira Jonas Vieira, jornalista e radialista, biógrafo, brasileiro, natural de Fortaleza, Ceará, nascido no dia 25 de dezembro de 1934, iniciou sua carreira como jornalista na condição de revisor dos jornais Gazeta de Notícias e O Povo, ambos da capital cearense, com a idade de 16 anos. Fez o curso secundário no Liceu do Ceará, ao mesmo tempo em que comple- tava outro curso, de inglês, no Instituto Brasil Estados Unidos (IBEU), onde passou a lecionar, a partir de 1955, aos 21 anos de idade. Ainda em 1955, empregou-se na Ceará Rádio Clube, como assistente de produção. Deixou o IBEU em 1958, filiando-se, integralmente, ao jornalismo, na condição de repórter do jornal Correio do Ceará, pertencente à cadeia de emissoras de rádio e jornais, Diários e Rádios Associados. Colunista da seção de rádio do jornal Unitário, sob pseudônimo de J. Júnior. Viaja para o Rio, em 1959, dando prosseguimento à carreira jornalística. Primeiramente, como tradutor da antiga Editora Cruzeiro, que publicava inúme- ras revistas. Repórter dos jornais O Dia e A Notícia, durante o ano de 1959, e, no ano seguinte, do Diário da Noite e O Jornal. Ainda em 1960, foi contratado pela agência de notícias norte-americana Associated Press, como repórter. Em 1962, foi admitido como repórter do jornal Última Hora, onde permaneceu até o ano de 1969, retornando, então, aos jornais O Dia e A Notícia. Na época, anos setenta, criou e editou os house organs do Club de Regatas Vasco da Gama, da Associação dos Profissionais da Caixa Econômica do Rio de Janeiro (APCE) e da cadeia de supermercados, Casas Sendas. Redator da agência de notícias Reuters. Em 1978 e 1979, trabalhou como redator e subeditor da agência de notícias Jornal do Brasil, saindo em 1980 para ingressar na agência de notícias O Globo, também como redator e subeditor. No mesmo período, atuou como produtor e apresentador de programas na Rádio Roquette Pinto AM, do Rio de Janeiro, e, posteriormente, transferiu-se para a Rádio Nacional do RJ, a fim de exercer idênticas funções, além de redator de jornais falados da emissora. Passagem, como redator, pelo Jornal dos Sports e pauteiro do jornal O Povo do Rio de Janeiro. No começo dos anos 90, foi contratado como pauteiro e redator das rádios CBN e O Globo, e, em 1996, como redator e editor de jornais falados da Rádio Tupi. Autor de três biografias: Orlando Silva, o cantor das multidões, premiada pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), recentemente lançada em terceira edição; Herivelto Martins, uma escola de samba, em parceria com o jornalista Natalício Norberto; e César de Alencar, a voz que abalou o rádio. Por publicar, Francisco Carlos, ídolo do rádio e do cinema nos anos dourados, e Gonzagão e Gonzaguinha, duas vidas. 03971 - 12083521 CAPA pb.indd 1 22/03/13 15:39 Francisco Carlos O Maior Ídolo dos Anos Dourados JONAS VIEIRA 1 2 Francisco Carlos O Maior Ídolo dos Anos Dourados JONAS VIEIRA 3 Sumário Prefácio 7 Carlos Drummond 9 Cyll Farney 21 Getúlio 22 Francisco Alves 23 Marta Rocha 26 Carlos Manga 27 Sílvio Santos 32 Teresinha Morango 34 Cauby Peixoto 35 Jorge Goulart 37 Laura Alvim 40 Harry Stone 42 Norma Benguell 44 Elis Regina 46 Lupicínio Rodrigues 48 Araguari 49 Ângela Maria 50 Capiba 51 Orlando Silva 52 Gregório Barrios 54 César de Alencar 56 Cearense 59 Belo Horizonte 60 João Gilberto 62 Clube da Chave 65 Carlos Lacerda 72 Grande Emoção 74 Jk e Sarney 77 Vestido de Noiva 78 Flamengo 81 Machado de Assis 82 Noel Rosa 83 Dálmatas e Faisões 84 Sônia Dutra 85 Mara Rúbia 86 Fiorentina 88 Nestor de Holanda 89 Os Cafajestes 90 Cantores 93 Jango e a Vedete 98 Lamartine Babo 101 Ídolo 103 Acontecimentos 105 Aviso aos Navegantes 108 Ângela Maria 112 Nelson Gonçalves 113 Barnabé, Tu és Meu 114 Garotas e Samba 117 1958 121 Rádio Nacional 124 Francisco Carlos Eternamente 138 Francisco Carlos Já 141 Agradecimentos 146 Crédito das fotografias 147 4 5 Francisco Carlos com 6 meses Com três anos Com sua irmã Cléa Rodrigues 6 PREFÁCIO Francisco Carlos Chico Carlos Olhos verdes tentadores, olhos meigos de criança; são teus olhos dois amores. E assim brincando de olhos, me olhei no espelho, e ele viu o que eu ainda não sabia: Não o inventei: ele já estava pronto; o mundo já o fizera assim. Quando o conheci, eu um aluno de um professor de risos Oscarito, (esque- cido pela memória do Brasil), deparei-me com um Carioca não de berço, mas de espírito, cantor de grandes sucessos e com uma enorme veia cômica. Na ocasião, Cyll Farney estava filmando na Alemanha, e me ocorreu a ideia de lançá-lo como um galã no cinema. Mais uma vez meus Protetores, aprova- ram e ficaram contentes: por não terem de me ajudar: ele já era um vencedor. Francisco Carlos − Chico − porque todo Francisco, é um Chico − como Francisco Alves − lembrei-me também de Carlos − Roberto Carlos − uma junção de nomes e talentos. Chico Carlos. Lembrei-me agora do humor contagiante, hilariante de Chico, uma criança como a própria alegria. Quando a noite terminava num bar, lá vinha Chico, contando estórias para os garçons e amigos presentes. Tecia-as encantando a todos. Chico era uma festa de gargalhadas. Ou melhor, uma explosão de alegria, que enchia o ambiente em que estava, prolongava as noites com seu riso e nos trazia manhãs de felicidade. Modesto, uma vez viajando juntos de avião, ele levantou-se da poltrona, quando o avião aterrissou, e me disse: Manga, estamos em Belo Horizonte, gentilmente deixou que eu fosse à sua frente, cedendo-me a passagem; ao chegar à porta, deparei-me com uma multidão de meninas, brotos que vinham enlouquecidas correndo em minha direção; aos berros, agitando fotos, cartazes, etc. Amedrontado, corri de volta ao avião, ficando escondido no banheiro. Chico Carlos, faceiro, com seus enormes olhos 7 verdes e grande sorriso, desceu calmamente a escada do avião, abrindo os braços como que dizendo: Venham, estou em suas mãos, em seus braços, em seus corações. Ali entendi por que era chamado O Rei dos Brotos. E eu acrescentei ao meu dicionário: broto, amigo, querido, companheiro, iluminado e muito, muito engraçado. Francisco Carlos, um perfume que se evaporou, deixando todos aprisionados na alegria de sua voz e na saudade de sua presença. Uma cadeira vazia, não preenchida por ninguém. Até breve Chico; tenha paciência. Posso demorar mais um pouco? Mas vou, é claro que vou até você, para abraçá-lo e reviver o riso, a voz, os meigos olhos verdes. Até. Rio de Janeiro, 10 de Março de 2010 Carlos Manga 8 Carlos Drummond Duas marchinhas, lançadas para o carnaval de 1950, não só alegraram milhões de foliões por todo o País. Muito mais do que isso, os seus respectivos títulos passaram a identificar e nomear dois tipos especiais de mulheres: o broto (brotinho), designativo de mocinha, entre 14 e 18 anos (podendo avançar, em certos casos, até os 20 anos) e balzaquiana, em homenagem às mulhe- res maduras, depois dos 30. A primeira, Meu Brotinho, de autoria de Humberto Teixeira e Luís Gonzaga, teve como porta-voz um jovem cantor, Francisco Carlos, em início de carrei- ra, com 21 anos; e a segunda, Balzaquiana, de Antônio Nássara e Wilson Batista, consagrou outro jovem cantor, Jorge Goulart, de 23 anos. Por curio- sa coincidência, ambas composições deslancharam as carreiras artísticas dos dois intérpretes, que colheram, então, seus primeiros sucessos. As letras de Meu Brotinho e Balzaquiana são de um preciosismo extraordi- nário e autênticos hinos de louvor à mulher: Ai ai brotinho/ não cresça meu brotinho/ nem murche como a flor/ ai ai brotinho/ eu sou um galho velho/ mas eu quero o teu amor/ Meu brotinho por favor não cresça/ por favor não cresça/ já é grande cipoal/ veja só que galharia seca/ está pegando fogo neste carnaval. Balzaquiana foi uma espécie de contraponto ao Brotinho, uma sacada, digamos assim, de dois gênios da MPB, o cartunista e jornalista Antônio Nássara, e o sambista Wilson Batista, inspirada no romance do compositor francês Honoré de Balzac, A mulher de trinta anos: Não quero broto/ não quero não quero não/ não sou garoto/ pra viver mais de ilusão/ sete dias na semana/ eu preciso ver minha balzaquiana/ O francês sabe escolher/ por isso ele não quer qualquer mulher/ papai Balzac já dizia/ Paris inteira repetia/ Balzac tirou na pinta/ mulher só depois dos trinta. As expressões brotinho e balzaquiana não saíram do uso popular, por muitos e muitos anos, até serem substituídas por gírias mais recentes: gata, em substituição a broto, e coroa, no lugar de balzaquiana. É interessante registrar que a música popular brasileira tornou a focalizar os mesmos temas, a mulher jovem e a mulher madura, por meio de dois sambas, ambos de Luís Antônio, Mulher de trinta, de 1957, e Menina moça. 9 Mulher de trinta deslanchou a carreira do cantor Miltinho, até então crooner do conjunto de Djalma Ferreira na Boate Drink, no Rio de Janeiro, para se tornar um dos artistas mais populares do País. Depois ele lançou Menina moça, sucesso tão grande quanto Mulher de trinta, que deu a Miltinho e ao compositor Luís Antônio uma grande alegria e uma inesquecível tristeza. A historinha merece ser contada, rapidamente, para ilustrar como o Brasil funciona: um candidato a empresário, de nome Geraldo Lima, que frequenta- va a Boate Drink, revelou a Miltinho que estava inaugurando uma etiqueta de discos para lançamento de jovens valores e quis saber se o cantor se interessaria em inaugurar o negócio como seu primeiro artista.