UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar

Curso de Oceanografia

Thamy Basso dos Santos

Avaliação ecológica das Terras de Massiambú (mosaico de unidades de conservação da Serra do Tabuleiro e Terras de Massiambú), município de Palhoça (SC).

ITAJAÍ (SC), 2015

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar

Curso de Oceanografia

Thamy Basso dos Santos

Avaliação ecológica das Terras de Massiambú (mosaico de unidades de conservação da Serra do Tabuleiro e Terras de Massiambú), município de Palhoça (SC).

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Oceanografia, para obtenção do grau de Oceanógrafa.

Orientadora: Débora Ortiz Lugli Bernardes

Itajaí (SC), novembro de 2015.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus amigos e familiares que me acompanharam e apoiaram direta e indiretamente nesta fase. Á minha orientadora e amiga Débora Ortiz Lugli Bernardes, sem a qual este projeto não teria sido concretizado, meus erros corrigidos e minhas ideias não teriam se realizado. Obrigada por suas orientações e suas palavras tranquilizadoras e estimulantes em todos os momentos.

Deixo agradecimentos especiais á minha mãe Eunice e meu pai Antonio, pelo apoio em todos os sentidos que pais poderiam dar, obrigada pelo apoio moral e o incentivo ás minhas ambições, projetos e sonhos, sem isso e sem vocês nenhuma das etapas desta fase da minha vida teriam sido realizadas. Obrigada por meu ouvirem e me instruírem á sempre seguir meus sentimentos e ideias á procura de minha realização e felicidade.

Muito Obrigada á todos que participaram comigo das idas á campo, meus amigos e colegas, que sempre estiveram dispostos e empenhados á se envolver e participar. Um agradecimento especial ao meu namorado e companheiro que esteve ao meu lado apoiando e incentivando nos momentos de euforia, criação e de dificuldades, assim como toda sua família.

Agradeço á todos, á cada um, pelo mínimo apoio e ajuda, pelas simples e valiosíssimas palavras e orientações que fizeram toda a diferença para os mínimos detalhes e grandes passos neste processo da minha vida; sem essas pessoas nossos passos se tornam instáveis e incompletos, e nem todos os obstáculos seriam superados.

Obrigada á tudo e todos que fizeram parte deste ciclo de minha vida!

Agradeço á natureza.

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LISTA DE FIGURAS ...... 5

LISTA DE TABELAS ...... 7

RESUMO ...... 8

2.1. Objetivo Geral ...... 17

2.2. Objetivos específicos ...... 17

3. MATERIAIS E MÉTODOS ...... 18

3.1. Área de Estudo ...... 18

3.2. Análise Florística e Fitossociológica ...... 21

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...... 23

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 49

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 51

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Esquerda - área original do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro; Direita – configuração das áreas de proteção ambiental (APA) após o redimensionamento da área do parque, sendo (1) APA da Vargem do Braço, (2) APA do Entorno Costeiro e (3) APA da Vargem do Cedro (Fonte: citar de onde foi retirada a imagem) (Fonte: REIS, G.M. P, 2012)...... 15 Figura 2. Superior - Localização da área de estudo, Baixada do Massiambú (Palhoça, SC); (Superior). Inferior - Imagem de satélite com polígono (amarelo) da área amostral (Fonte: FATMA, 2002)...... 19 Figura 3. Barreira costeira regressiva da Pinheira Fonte: GAPLAN (1975) - Cruzeiro do Sul – Serviços Aerofotogramétricos (escala 1:25.000)...... 20 Figura 4. Faixa de vegetação psamófila entre áreas brejosas nas cavas dos cordões dunares da Barreira da Pinheira (Palhoça SC)...... 21 Figura 5. Disposição dos quadrats sobre a vegetação amostrada...... 22 Figura 6. Gêneros com maior diversidade de espécies para as cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC)...... 26 Figura 7. Famílias de maior riqueza de espécies para a cava das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC)...... 27 Figura 8. Famílias mais representativas encontradas nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC)...... 27 Figura 9. Famílias com os maiores Índices de Valor de Importância (IVI) encontradas nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC)...... 28 Figura 10. Espécies mais frequentes presentes nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC)...... 34 Figura 11. Espécies com os maiores Índices de Valor de Importância IVI (%) presentes nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC)...... 35 Figura 12. Espécies com maiores Índices de Valor de Cobertura IVC (%), presentes nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC)...... 36 Figura 13. Registro de indivíduos de fisionomia arbórea e arbustiva de baixa estatura. 39 Figura 14. Área de estudo alagada durante período de amostragem...... 40 Figura 15. Área de estudo alagada após um período chuvoso...... 40 Figura 16. Indivíduo adulto de Pinus com diversos juvenis no entorno evidenciando o alto grau de contaminação biológica que a área vem sofrendo...... 42

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Figura 17. Evidencia da contaminação biológica pelo Pinus, dominando a paisagem da área de estudo...... 42 Figura 18. Densa camada de serapilheira forma em área com presença de Pinus, com baixa diversidade de espécie nativas no local...... 43 Figura 19. Abertura de passagens em meio à vegetação nativa e plantio de Pinus...... 44 Figura 20. Abertura de clareiras em meio a vegetação nativa para circulação de automóveis e descarte de lixo...... 45 Figura 21. Pontos com grande concentração de lixo em meio à vegetação ou nas bordas das áreas alagáveis...... 45 Figura 22. Descarte e acúmulo intencional de lixo e restos da vegetação sobre áreas alagáveis...... 46 Figura 23. Uso da área para prática de apicultura...... 46 Figura 24. Abertura de clareiras para prática de apicultura...... 47 Figura 25. Ocupação urbana próximo à área de sistemas de cordões arenosos da Baixada do Massiambú (Palhoça, SC)...... 48 Figura 26. Evidencias de circulação de veículos nas cavas e em meio a vegetação de dunas para práticas esportivas...... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Lista de espécies identificadas para as cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC)...... 23 Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC)...... 31

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RESUMO

É notável o caminho de destruição que vem sendo traçado para importantes ecossistemas costeiros, tornando-se necessária e urgente a manutenção dos remanescentes destes ecossistemas ainda existentes. Visando caracterizar a Planície de Araçatuba presente na Baixada do Massiambú (Palhoça, SC), realizou-se o levantamento florístico e fitossociológico dos baixios entre os cordões arenosos da praia do Sonho. Para o levantamento florístico foi utilizado o método de Caminhamento, enquanto que para o fitossóciológico foi utilizado o método das parcelas aleatórias, estabelecendo 84 parcelas de 1 m2. Para análise fitossociológica, foi utilizado o software FITOPAC 2.1, através do qual se calculou os parâmetros fitossociológicos básicos. Foram amostrados 18.968 indivíduos, distribuídas em 115 espécies e 59 famílias botânicas. As famílias de maior riqueza foram Poaceae e Cyperaceae, seguidas por Asteraceae, Myrtaceae e Melastomataceae. Os maiores índices de Valor de Importância foram registrados para as famílias Poaceae, Cyperaceae, Lauraceae, Anacardiaceae, Myrtaceae e Pinaceae. Para as espécies os maiores VI´s constaram para Panicum spp, Aiouea saligna, Paspalum notatum, Lithraea brasiliensis, Androtrichum trigynum, Ocotea pulchella e Pinus palustris, enquanto que as espécies mais representativas foram Panicum spp., Paspalum notatum, Androtrichum trigynum, Paspalum spp, Rhynchospora tenerrima, Smilax campestris, Aristida circinalis, Paspalum spp, Paspalum almum e Cyperus spp, Aiouea saligna, Ocotea pulchella, Panicum spp e Paspalum notatum apresentaram os maiores índices de Valor de Cobertura (IVC).

Palavras chave: Dunas, florística; fitossociologia; Baixada do Massiambú.

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1. INTRODUÇÃO

A zona costeira vem sofrendo um intenso e descontrolado processo de urbanização e exploração (GEOBRASIL, 2002). A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, inciso § 4º, artigo 225, define a Zona Costeira como “patrimônio nacional”, destacando-a como uma porção de território brasileiro que deve receber atenção especial do poder público quanto à sua ocupação e ao uso de seus recursos naturais, assegurando-se a preservação do meio ambiente. Porém, contrariando a Constituição, o aumento populacional nestas áreas e a intensidade e diversidade de seus usos, tem trazido como consequências a ocupação e a exploração dos recursos naturais de maneira excessiva e sem planejamento. Esta ocupação tem levado a perda de relevantes ecossistemas como os manguezais, marismas, margens de rios, praias e dunas costeiras (MMA, 2015). Estes ecossistemas têm passado por uma série de surtos de conversão de seus usos, resultando em paisagens fortemente fragmentadas e dominadas pela ação humana (RODRIGUES et al., 2009). Segundo Nakano (2006), o processo de ocupação da costa brasileira foi iniciado com a chegada dos europeus em busca de recursos naturais e assim com os primeiros assentamentos urbanos. A partir daí até o final do século 19, a maior parte da população se concentrava nas cidades de Rio de Janeiro, Salvador e Recife, até que começou a se expandir e dissipar para outras áreas no início da década de 50 com o começo do processo de industrialização. Este processo levou a metropolização e surgimento de médias e pequenas cidades na costa brasileira que passaram a concentrar grande parte da população e de suas diversas atividades. Os avanços da urbanização e da agricultura levaram à redução da cobertura vegetal das regiões litorâneas, de maneira mais acentuada no domínio da Mata Atlântica (ARAÚJO; OLIVEIRA, 1988; MAGALHÃES. 2005). A perda de habitat, devido à conversão de áreas naturais em áreas para aquicultura; redução dos sedimentos provocado pelo barramento excessivo dos rios; disseminação de espécies invasoras; contaminação das águas continentais por agrotóxicos e fertilizantes usados na agricultura, resíduos tóxicos industriais e dejetos humanos; sobre-exploração de recursos pesqueiros e mudanças climáticas, têm sido listadas por estudiosos como as principais razões para a perda de biodiversidade costeira e marinha (BRASÍLIA, 2010).

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Porém, apesar da amplitude e intensidade dos impactos e danos causados aos ambientes da zona costeira, esta ainda acolhe uma ampla variedade de seres vivos e compreende diversos ecossistemas que proporcionam serviços essenciais à sobrevivência humana, como alimentos, manutenção do clima, purificação da água, controle de inundações e proteção costeira, além da possibilidade de uso recreativo e espiritual (BRASÍLIA, 2010). A zona costeira brasileira abrange dezessete estados, mais de quatrocentos municípios e cinco das nove regiões metropolitanas do país. Nestas ficam concentradas as atividades industriais, complexos portuários, energéticos e turísticos que contribuem com 70% do Produto Interno Bruto Nacional (PIB), além de conter importantes porções contíguas de manguezais, recifes de corais, campos de dunas, estuários e complexos lagunares (IBGE, 2006). Sendo assim, a zona costeira e os ecossistemas nela compreendidos, são os que mais sofrem com intensas e descontroladas ações antrópicas, muito em função da ocupação desigual e desordeira (CUNHA, 2005). Exemplo disto é a superação do número de habitantes por quilômetro quadrado na zona costeira (87 habitantes/km²), em relação à média nacional (17 habitantes/km²) (MMA, 2002). Nesta extensa área costeira de 8.698 km (MMA, 2006), vive cerca de 61% da população brasileira (AMBIENTE BRASIL, 2015) ao longo da qual ocorrem unidades fisiográficas variadas, que são caracterizadas principalmente por elementos climáticos, oceanográficos e continentais (SILVEIRA, 1964). Ao longo da extensa zona costeira, distribui-se a vegetação de Mata Atlântica, constituída por um conjunto de formações florestais e ecossistemas associados que incluem a Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata de Araucárias, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, “restingas”, os campos de altitude, os brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste (IBGE, 2004; RBMA, 2004). A Mata Atlântica apresenta, atualmente, apenas 7,84% (aproximadamente 100.000 km²) de sua extensão original de 1.300.000 km² (15% do território brasileiro). É considerado o segundo bioma mais ameaçado de extinção no mundo e dos quais apenas 21.000 km² (equivalente a 2% da cobertura original) estão protegidos em Unidades de Conservação de Proteção Integral (Lei nº 11.428/006). Mesmo reduzida e muito fragmentada, a Mata Atlântica ainda abriga grande diversidade de plantas. Considerando-se apenas o grupo das angiospermas, acredita-se

10 que o Brasil possua entre 55.000 e 60.000 espécies (22% a 24%) do total que se estima existir no mundo. Desse total, as projeções são de que a Mata Atlântica possua cerca de 20.000 espécies entre (33% e 36%) das existentes no País (MMA, 2004). A riqueza constatada para a Mata Atlântica é maior que a de alguns continentes (17.000 espécies na América do Norte e 12.500 na Europa) e por isso a região da Mata Atlântica é altamente prioritária para a conservação da biodiversidade mundial (MMA, 2015). Atualmente a cobertura vegetal nativa do Bioma está reduzida a aproximadamente 27% de sua área original, incluindo os remanescentes de vegetação de campos naturais, restingas e manguezais. Cerca de 7% são remanescentes florestais bem conservados, o restante é vegetação em estágio inicial e médio de regeneração (MMA, 2007). Santa Catarina é, atualmente, o terceiro Estado brasileiro com maior área de remanescentes da Mata Atlântica, resguardando cerca de 1.662.000 hectares (16.620 km2), ou 17,46% da área original. O Estado possui uma extensão territorial de 95.985 km2, dos quais 85% (81.587 km2), foram originalmente cobertos pela Mata Atlântica. A maior extensão da área ainda coberta por florestas no Estado é representada por fragmentos de floresta ombrófila densa (RBMA, 2004). Os ecossistemas inseridos no Bioma Mata Atlântica estão sendo convertidos em áreas urbanas mesmo antes da realização de estudos que visam conhecer seus componentes bióticos, bem como compreender o funcionamento, a importância deste no âmbito regional, sua influência nos sistemas adjacentes e à toda população, direta ou indiretamente dependente destes. 73% da Mata Atlântica se submete ao regime de propriedade privada, o que deveria reclamar atenção específica e estabelecimento de critérios diferenciados para sua gestão e uso sustentável (RECH; SPAREMBERGER, 2005). Ao contrário, entretanto, esta situação vem agravando o desmatamento porque os proprietários de áreas de floresta privada, temerosos de medidas administrativas que venham a limitar seu direito de propriedade, apressam-se em suprimir a mata, conforme denuncia Antunes (2004, p. 385). Apesar dos ecossistemas serem legalmente protegidos tanto na esfera Federal, Estadual e Municipal, interesses econômicos superam a legislação ambiental, e cada vez mais áreas de grande importância ecológica vêm sendo substituídas por infraestruturas urbanas e industriais. Dentre os ecossistemas costeiros mais afetados, encontram-se as praias e dunas costeiras. Estas são feições naturais presentes na maioria das praias arenosas, as quais recebem constantemente aporte de sedimento. A formação, manutenção e regime da

11 mobilidade das dunas, são determinados e influenciados pela intensidade e duração dos ventos, fatores estes que se associam ao tamanho dos grãos de areia (AVELAR et al., 1995). O processo de formação das dunas ocorre pela interação entre o sedimento arenoso, os ventos e a vegetação. Neste, o sedimento arenoso seco é transportado pelo vento e, quando ocorre o encontro do sedimento com a vegetação, a energia do transporte se reduz, depositando a areia no local. Em ação conjunta, a porção rastejante rizomatosa e as raízes da vegetação contribuem com a fixação da areia, auxiliando, assim, no crescimento adicional das dunas (CORDAZZO; SEELIGER, 1995). A interação, tanto física quanto bioquímica, entre a vegetação e o sedimento arenoso permite a formação das diferentes unidades biotopográficas das planícies costeiras, com uma grande diversidade de comunidades vegetais. Tal diversidade se torna possível, justamente devido às variações de topografia e das condições ambientais que aí se desenvolvem, tanto marinhas quanto continentais (ARAÚJO et al., 2004), bem como fatores temporais de caráter sucessional (WAECHTER, 1985). As diferentes variações topográficas e ambientais permitem a formação de múltiplas formações vegetais (KLEIN, 1981), denominada de vegetação pioneira de influência marinha (VELOSO et al., 1991), formando diversos hábitats, para numerosas espécies da fauna (CORDAZZO; SEELIGER, 1995). Estas formações vegetais ocorrem em áreas de baixadas, topos de dunas, e cordões arenosos formados no Período Quaternário (TEIXEIRA et al., 1986; FALKENBERG, 1999; CAPOBIANCO, 2001). As múltiplas associações vegetais foram definidas por diversos autores como restinga. Localizam-se nas áreas de baixadas litorâneas e são constituídas de dunas e cordões arenosos formados no Quaternário (KLEIN, 1981). O termo restinga passou por distintos níveis de entendimento e foi adotado para diversos sentidos. Segundo Suguio (1992) a origem geológica do termo faz referência a uma barreira ou barra arenosa de origem marinha que aprisiona corpos aquosos costeiros; ou designando formações sedimentares arenosas, costeiras e de origem recentes, compreendendo planícies, esporões e barras (SOUZA, 2004). Rizzini (1979), empregou a definição de restinga em sentidos relacionados exclusivamente à cobertura vegetal, fazendo referência à todas as formações vegetais

12 que cobrem as areias holocênicas desde o oceano, e que podem alcançar as primeiras elevações da Serra do Mar. Segundo Teixeira et al. (1986), a vegetação de restinga ocupa uma estreita faixa de areias ao longo do litoral brasileiro, recobrindo a maior parte dos depósitos eólicos, representados por dunas fixas e móveis, compostas por areias depositados próximo à linha de costa. Falkenberg (1999), utilizando o conceito com uma abrangência no funcionamento ecológico do ambiente, definiu as restingas brasileiras como um conjunto de ecossistemas costeiros, com comunidades de composição florística e fisionomia distintas, as quais colonizam terrenos arenosos de origens variadas; estes terrenos arenosos e seus gradientes ambientais, formam complexos vegetacionais edáficos que ocupam praias, dunas, depressões associadas, cordões arenosos, terraços e planícies. Notou-se a evolução da compreensão do ambiente de restinga, e da formulação de um conceito mais abrangente e consistente, a partir de 1999, com a publicação da Resolução CONAMA 261/99 (BRASIL, 1999). Neste, a restinga teve sua abrangência ecológica definida, e ficou conceituada como: [...] um conjunto de ecossistemas que compreende comunidades vegetais florística e fisionomicamente distintas, situadas em terrenos predominantemente arenosos, de origem marinha, fluvial, lagunar, eólica ou combinações destas, de idade quaternária, em geral com solos pouco desenvolvidos. Assim, o termo passou a abranger tanto o sentido geológico quanto fitogeográfico, facilitando a identificação de tais ambientes, sua pesquisa e avaliação. A mesma Resolução ressaltou o alto grau de fragilidade de tais ecossistemas, além da diversidade de funções sócio ecológicas, como por exemplo, abrigo de uma elevada biodiversidade, o fundamental papel para a estabilização dos sedimentos e a manutenção da drenagem natural que evitam processos erosivos, bem como a preservação da fauna residente e migratória associada. Portanto, a resolução referida consolidou a proteção legal (Áreas Protegidas), e caracterização de parte da vegetação de restinga, sendo aquela fixadora de duna como de Preservação Permanente (APP). Contudo, esta vegetação, fixadora de duna, já era reconhecida como APP pelo Código Florestal (BRASIL, 1995). Falkenberg (1999) delimitou a ocorrência da vegetação por ele definida como de restinga. Segundo o autor, a vegetação herbáceo-arbustiva distribui-se ao longo de três fisionomias marcantes: praias e dunas frontais, constituídas por plantas herbáceas com

13 estolões ou rizomas e com populações esparsas ou em touceiras, recebendo influência direta do mar; dunas internas e planícies, que se situam após as dunas frontais, estando mais distante do mar, recebendo menor influência do mesmo, sendo caracterizadas pela presença de dunas móveis ou semifixas e; lagunas, banhados e baixadas, as quais são caracterizadas por depressões com ou sem inundações, podendo haver ou não influência do mar. Segundo Hay et al. (1981 apud ROCHA et al., 2004) as restingas são ambientes frágeis em função de seu solo caracteristicamente pobre, inconsolidado e com considerável grau de salinidade em certas áreas. Aliado ao fator da natureza do solo, a recomposição da vegetação natural é lenta após desmatamento em decorrência da ausência de um banco de sementes favorável. No município de Palhoça, litoral centro-sul de Santa Catarina, encontra-se a Baixada do Massiambú. Esta compreende uma extensa área de terras baixas e planas formada durante a era cenozoica, no Cretáceo inferior, período da abertura do Oceano Atlântico (JÚNIOR, 2004). A área apresenta elevada importância ecológica, uma vez que engloba mais de um dos tipos vegetacionais presentes no Estado de Santa Catarina, como vegetação pioneira de influência marinha, a floresta atlântica, manguezais e banhados (FATMA, 2002). Segundo levantamentos realizados por KLEIN (1978), grande parte da sua cobertura vegetal agrega toda a diversidade biológica correspondente à Mata Atlântica. Sob a ótica geomorfológica, os cordões semicirculares arenosos presentes na Baixada do Massiambú foram apontados como “monumento geológico”, representando o período da formação da planície quaternária (FEEMA, 1976). Esta formação apresenta uma topografia plana composta por inúmeras lagoas, que obedecem ao alinhamento circular dos cordões arenosos. Distribuem-se por entre esta formação uma variedade de ambientes como as dunas, a faixa praial, áreas aplainadas, plano- deprimidas, margens de rios e lagoas (KLEIN; LEITE, 1990). Até o ano de 2009 a Baixada do Massiambú fazia parte do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (PEST), representando 1% do território de Santa Catarina (FATMA, 2003). Porém, desde sua criação, foi palco de inúmeros conflitos ambientais e, principalmente, pressões dos setores imobiliário e turístico. Tais conflitos e pressões surtiram efeito, levando à aprovação da Lei Estadual 14.661/2009. Esta redefiniu os limites da área do parque, que originalmente se encontrava totalmente sob o regime jurídico da proteção integral, e acabou sendo transformada em um conjunto de unidades

14 de conservação (Mosaico de Unidades de Conservação da Serra do Tabuleiro e Terras de Massiambú), sendo todas elas da categoria de Uso Sustentável (Santa Catarina, 2009). O Mosaico de Unidades de Conservação é composto por três áreas de proteção ambiental, a APA da Vargem do Braço, a APA do Entorno Costeiro (áreas litorâneas dos municípios de Garopaba, Paulo Lopes, Palhoça e Florianópolis) e a APA da Vargem do Cedro (municípios de São Martinho e São Bonifácio) (FATMA, 2003). A área de estudo encontra-se, atualmente, na Área de Proteção Ambiental (APA) do Entorno Costeiro, segundo a Lei Estadual nº 14.661/09 que criou o Mosaico de Unidades de Conservação da Serra do Tabuleiro e Terras de Massiambú (Santa Catarina, 2009). A APA integra este mosaico de Unidades de Conservação com, aproximadamente 5.260 ha (LEI nº 14.661/09, art. 16), e que ao total abrange os municípios de Garopaba, Paulo Lopes, Palhoça e Florianópolis (Figura 1).

Figura 1. Esquerda - área original do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro; Direita – configuração das áreas de proteção ambiental (APA) após o redimensionamento da área do parque, sendo (1) APA da Vargem do Braço, (2) APA do Entorno Costeiro e (3) APA da Vargem do Cedro (Fonte: citar de onde foi retirada a imagem). Fonte: REIS, G. M. P., 2012.

Esta área vem sofrendo diversos impactos ambientais negativos de origem antrópica, como o aterro de áreas alagadas, abertura de clareiras e estradas nas dunas, descarte de lixo doméstico e plantio de vegetação exótica. Diante das diversas

15 evidências da importância de toda a área do parque e seu entorno, e considerando os usos inadequados das Áreas de Proteção Ambiental, que compreende a Baixada do Massiambú, o presente estudo visou o levantamento de novos dados científicos que reafirme a importância da Baixada do Massiambú e do ecossistema de dunas costeiras ali encontrado, embasando cientificamente políticas públicas de proteção mais restritivas à área.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Caracterizar as áreas entre os cordões arenosos do extremo norte da Praia do Sonho (Palhoça/SC), como subsídio para implantação de políticas públicas de proteção ambiental.

2.2. Objetivos específicos

 Realizar o levantamento florístico das cavas das dunas do sistema de cordões arenosos;  Avaliar as características fitossociológicas das cavas das dunas do sistema de cordões arenosos.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Área de Estudo

O estudo foi desenvolvido no extremo norte da Baixada do Massiambú, localizada na planície costeira (Planície de Araçatuba) do município de Palhoça (SC) (Figura 2), pertencente à Barreira Costeira da Pinheira, e ao mosaico de unidades de conservação do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (PEST). A área amostrada é delimitada ao norte pela Baía Sul, a leste por área urbanizada da praia do Sonho, a oeste por manguezal e ao sul pela Rua Quatrocentos e seis (406) (Figura 2). A área está inserida em um domínio climático do tipo Af-chuvoso tropical e úmido, com precipitação uniformemente distribuída ao longo do ano, e subtipo Cfa- chuvoso temperado e úmido em todo o ano e com verão quente (HOFLICH, 1984). A temperatura média anual é de 18º C, com precipitação pluviométrica média de 1234 mm/ano (ORSELLI, 1986). A região possui a rede hidrográfica inserida no Sistema da Vertente Atlântica, sendo seus os principais rios da região o Massiambú ao norte, e rio da Madre ao sul, ocorrentes na forma de meandros (HANNA; JÚNIOR, 2004). A Barreira está localizada no litoral Centro-Sul, ou setor IV do estado de Santa Catarina (DIEHL; HORN FILHO, 1996). De acordo com Mendonça (1991), a Planície de Araçatuba, apresenta-se como uma reentrância da linha de costa. A área é limitada ao norte pela Baía Sul, a oeste pelas Serras Cristalinas (MONTEIRO, 1958), ao sul pela planície fluvial do Rio da Madre e um promontório rochoso, e a leste pelo Oceano Atlântico (JÚNIOR, 2004). A planície costeira teve como principal geração a justaposição lateral de depósitos sedimentares de sistemas deposicionais do tipo barreira/laguna-estuário (MENDONÇA, 1991). Devido à última grande transgressão (UGT), a linha de costa no local, localizava- se a cerca de 5,5 km a oeste de sua atual posição. Durante os últimos 5ka progradou novamente, formando e justapondo lateralmente cordões de dunas frontais, resultando em uma barreira costeira regressiva. Além desta morfologia, a barreira também possui dunas parabólicas ou transgressivas, que recobrem parcialmente os cordões de dunas (HANNA; JÚNIOR, 2004).

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Figura 2. Superior - Localização da área de estudo, Baixada do Massiambú (Palhoça, SC); (Superior). Inferior - Imagem de satélite com polígono (amarelo) da área amostral (Fonte: FATMA, 2002).

Na planície as cristas se formaram a, aproximadamente, 3.000 anos, com espaçamento variando de 20 a 30 metros (Figura 3), com intervalo de 50 anos de formação entre si (HEIN et al., 2012). Os cordões litorâneos da Barreira da Pinheira são classificados como cordões de dunas frontais (foredune ridges), pois o processo principal de sua formação é de natureza eólica (HANNA; JÚNIOR, 2004).

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Figura 3. Barreira costeira regressiva da Pinheira Fonte: GAPLAN (1975) - Cruzeiro do Sul – Serviços Aerofotogramétricos (escala 1:25.000).

Nesta área distribuem-se os ambientes de faixa praial, dunas (móveis e fixas), áreas aplainadas e plano-deprimidas, margens de rios e lagoas (KLEIN; LEITE, 1990). Tais ambientes e suas características são determinados e influenciados pelas variações de altitude, umidade, teor de matéria orgânica, ventos e insolação, principalmente devido à presença da Barreira Regressiva, que em conjunto com tais fatores abióticos, conduzem a uma disposição alternada de faixas de vegetação psamófila com faixas brejosas ou mesmo com uma lâmina d´agua (Figura 4) (FATMA, 2002).

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Figura 4. Faixa de vegetação psamófila entre áreas brejosas nas cavas dos cordões dunares da Barreira da Pinheira (Palhoça SC).

3.2. Análise Florística e Fitossociológica

As amostragens de campo foram realizadas entre março e setembro de 2015. Para o levantamento florístico foi utilizado o método de Caminhamento, proposto por Filgueiras et al., (2004). O material coletado foi armazenado em sacos plásticos e encaminhados para laboratório para identificação e herborização. Em laboratório, o material foi disposto entre folhas de jornal, prensadas em prensa de madeira, e secas em estufa de secagem de plantas (MOTA et al., 2014). A identificação das espécies foi realizada com o auxílio de chaves analíticas e literatura especializada (Lista de Espécies da Flora do Brasil do Jardim Botânico do Rio de Janeiro; Flora Digital; Tropicos - Missouri Botanical Garden, e chaves de identificação específicas para famílias), sendo cada espécie classificada de acordo com o sistema do Phylogeny Group III (APG III, 2009). Os nomes científicos e suas respectivas autorias foram confirmados de acordo com o The International Names Index (IPNI, 2015), e o estado de conservação das espécies de acordo com a Lista Vermelha da International Union for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN). Para a avaliação fitossociológica utilizou-se metodologia proposta por Mueller- Dombois; Ellenberg (1974). Foram distribuídos aleatoriamente 84 quadrats de 1 m2 nas regiões das cavas das dunas (Figura 5). Em cada quadrat foram registradas as espécies,

21 o número de indivíduos por espécie, o diâmetro (mm) com o auxílio de um paquímetro e a altura (cm) com o auxílio de fita métrica.

Figura 5. Disposição dos quadrats sobre a vegetação amostrada.

Foram também registradas a presença de epífitas, bromélias, espécies exóticas, altura média do estrato vegetal, espessura da serapilheira e salinidade (ppm) em locais com presença de lâmina d´agua. Os dados foram registrados em fichas de campo e, posteriormente, transferidos para planilhas eletrônicas. Com base nos dados obtidos em campo, foram calculados os parâmetros fitossociológicos da área utilizando o software Fitopac 2.1. Foram obtidos os dados para cada espécie de; área basal total (AB); frequência absoluta (FA); frequência relativa (FR); densidade absoluta (DA); densidade relativa (DR); dominância absoluta (DoA); dominância relativa (DoR); índice de valor de importância (IVI) e índice de valor de cobertura (IVC), conforme Mueller-Dombois; Ellenberg (1974).

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a análise florística foram amostradas 115 espécies, distribuídas em 82 gêneros e 59 famílias botânicas (Erro! Fonte de referência não encontrada.). Destas espécies, 13,91 % não foram passíveis de serem identificadas. Foram registradas 110 espécies classificadas como nativas e cinco como exóticas. Dos 82 gêneros presentes, nove apresentaram mais de uma espécie (Figura 6). Juntos, estes gêneros representados por duas ou mais espécies, representaram 22,41 % do total das espécies amostradas.

Tabela 1. Lista de espécies identificadas para as cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC). FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR HABITO ORIGEM Amaranthaceae Chenopodium ambrosioides L. Mastruz Herbáceo Nativa Aroeira-brava, Aroeira- Anacardiaceae Lithraea brasiliensis Marchand Arbóreo Nativa bugre Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira-vermelha Arbóreo Nativa

Apiaceae Hydrocotyle bonariensis Lam. Erva-capitão Herbáceo Nativa Centella asiatica (L.) Urb. Pé-de-cavalo Herbáceo Exótica

Araceae Anthurium Schott Herbáceo N.i

Nativa Anthurium acutum N.E.Br. Antúrio-do-mato Herbáceo Endêmica Asclepiadaceae Oxypetalum tomentosum Wight Liana Nativa

Peplonia axillaris (Vel.)Fontella Nativa Liana & Rapini Endêmica Carqueja-doce, Nativa Asteraceae Baccharis articulata (Lam.)Pers. Subarbustivo Carqueja-branca Endêmica Baccharis trimera (Less.) DC. Carqueja Arbustivo Nativa Arbustivo Vernonia balansae Hieron. Nativa (apoiante) Conyza bonariensis (L.) Buva Herbáceo Nativa Cronquist Tagetes minuta L. Cravo-de-defunto Herbáceo Nativa Symphyopappus casarettoi Vassoura Herbáceo Nativa B.L.Rob Nativa Baccharis uncinella DC. Alecrim, Vassoura Arbustivo Endêmica Blechnaceae Blechnum serrulatum Rich. Herbáceo Nativa

Cordia curassavica (Jacq.) Arbustivo Boraginaceae Erva-baleeira Nativa Roem. & Schult. (fanerofítico) Bromeliaceae Aechmea gamosepala Wittm. Bromélia Epífita Nativa Vriesea Lindl. Epífita Nativa

Opuntia monacantha (Willd.) Arbustivo Cactaceae Palma, Arumbeva Nativa Haw. (fanerofítico) Chamaecrista desvauxii Herbáceo/sub Caesalpiniaceae Nativa (Collad.) Killip arbustivo Mangue-de-formiga, Hemiepífito Nativa Clusiaceae Clusia criuva Cambess. Criúva primário Endêmica Commelinaceae Commelina diffusa Burm.f. Trapoeraba Herbáceo Nativa Nativa Tradescantia spp. Herbáceo Endêmica

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FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR HABITO ORIGEM Convolvulaceae Ipomoea pes-caprae (L.) R.Br. Salsa brava, pé-de-cabra Herbáceo Nativa Evolvulus glomeratus Nees & C. Azulzinha Herbáceo Nativa Mart. Cyperaceae Remirea maritima Aubl. Herbáceo Nativa

Cyperus spp N.i N.i

Rhynchospora tenerrima Herbáceo Nativa Spreng. Cyperus eragrostis Vahl Herbáceo Nativa

Rhynchospora holoschoenoides Herbáceo Nativa (Rich.) Herter Androtrichum trigynum (Spreng.) Junco, Algodoeiro-da- Herbáceo Nativa H.Pfeiff. praia Fimbristylis autumnalis (Willd.) Herbáceo Nativa Roem. & Schult. Eleocharis spp Herbáceo N.i

Scleria latifolia Sieber ex Trigo-guarani Herbáceo Nativa C.Presl Cyperus spp Herbáceo N.i

Cyperus haspan Benth. Tiririca Herbáceo Nativa Schoenoplectus californicus Herbáceo Nativa (C.A. Mey.) Soják Cladium mariscus Pohl Junquinho Herbáceo Nativa Rumohra adiantiformis Davalliaceae Samambaia-preta Herbáceo Nativa (G.Forst.) Ching Droseraceae Drosera brevifolia Orvalhinha Herbáceo Nativa Equisetaceae Equisetum giganteum L. Cavalinha Herbáceo Exótica Camarinha, groselha- Arbustivo Ericaceae Gaylussacia brasiliensis Meisn. Nativa do-brejo (fanerofítico) Syngonanthus chrysanthus Eriocaulaceae Herbáceo Nativa Ruhland Alchornea triplinervia (Spreng.) Euphorbiaceae Tanheiro Arbóreo Nativa Müll.Arg. Pera glabrata Poepp ex Baill. Tabacuva, Sapateiro Arbóreo Nativa

Desmodium incanum (G.Mey) Fabaceae Pega-pega, Mata-pasto Herbáceo Exótica DC. Desmodium barbatum (L.) Pega-pega Herbáceo Nativa Benth. Centrosema virginianum (L.) Feijão-bravo, feijão-do- Liana Nativa Benth. mato Stylosanthes leiocarpa Vogel Herbáceo Nativa

Vitex megapotamica (Spreng.) Arbustivo/Ár Tarumâ Nativa Moldenke vore Hyptis spp Herbáceo N.i

Canela-lageana, Canela- Lauraceae Ocotea pulchella Mart. Arbóreo Nativa do-brejo Nativa Aiouea saligna Meisn. Canela-vermelha Arbóreo Endêmica subulata L. Herbáceo Nativa

Utricularia tricolor A.St.-Hil. Herbáceo Nativa

Melastomataceae Acisanthera quadrata Pers. N.i Nativa

Tibouchina herbacea (DC.) Herbáceo/sub Nativa Cogn. arbustivo Nativa Tibouchina asperior Cogn. Douradinha Arbustivo Endêmica

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FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR HABITO ORIGEM Nativa Melastomataceae Tibouchina urvilleana Cogn. Orelha-de-onça Arbustivo Endêmica Tibouchina trichopoda (DC.) Quaresmeira, Arbustivo Nativa Baill. Quaresmeira-do-brejo Nativa Myrtaceae Eugenia pluriflora Mart. Guamirim Arbóreo Endêmica Hexachlamys edulis (O.Berg) Arbustivo/ár Pessegueiro-do-mato Nativa Kausel & D.Legrand vore Nativa Myrcia brasiliensis Kiaersk. Arbóreo Endêmica Myrcianthes spp. Arbóreo N.i

Arbustivo Campomanesia aurea O.Berg Guabiroba-do-campo Nativa (fanerofítico) Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz Maria-mole Arbóreo Nativa Ochnaceae Sauvagesia erecta Aubl. Herbáceo Nativa

Ludwigia tomentosa (Cambess. Arbustivo/su Onagraceae Cruz-de-malta Nativa ex St.Hil. ) H.Hara barbustivo Nativa Orchidaceae Epidendrum fulgens H.Focke Orquídea-da-praia Herbáceo Endêmica Epífita ou Nativa Cattleya intermedia Graham Orquídea rupícola, Endêmica Passifloraceae Passiflora suberosa L. Maracujá-cortiça Liana Nativa Passiflora edulis Sims. Maracujá Liana Nativa

Pinaceae Pinus palustris Mill. Pinheiro Arbóreo Exótica Peperomia glabella (Sw.) Piperaceae Epífita Nativa A.Dietr. Schizachyrium microstachyum Poaceae (Ham.) Roseng. B.R.Arrill. & Rabo-de-burro Herbáceo Nativa Izag. Panicum spp Herbáceo N.i

Grama batatais, Grama Paspalum notatum Flugge Herbáceo Nativa forquilha Capim-rabo-de-burro, Andropogon bicornis Benth. Herbáceo Nativa Capim-vassoura Aristida circinalis Lindm. Barba-de-bode Herbáceo Nativa Grama-boiadeira, Leersia hexandra Sw. Herbáceo Nativa grama-do-brejo Paspalum spp Herbáceo N.i

Stenotaphrum secundatum Grama-de-jardim Herbáceo Nativa (Walter) Kuntze Eragrostis ciliaris Kunth Herbáceo Exótica

Paspalum almum Chase Herbáceo Nativa

Sporobolus virginicus Kunth Herbáceo Nativa

Paspalum spp Herbáceo N.i

Cenchrus L. Herbáceo Exótica

Polygonaceae Polygonum persicaria L. Erva-de-bicho Herbáceo N.i Pleopeltis lepidopteris (Langsd. Polypodiaceae Herbáceo Nativa & Fisch.) de la Sota Polypodium virginianum L. Herbáceo Nativa

Rubiaceae Diodella radula (Willd. ex Roem. & N.i N.i Schult.) Bacigalupo & E.L.Cabral Diodella apiculata (Willd. ex Nativa Roem. & Schult.) Bacigalupo & Herbáceo E.L.Cabral Endêmica

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FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR HABITO ORIGEM Sapindaceae Dodonaea viscosa Jacq. Vassoura-vermelha Herbáceo Nativa Arbustivo/ar Paullinia elegans Griseb. Olho-de-boneca Nativa bóreo Smilacaceae Smilax campestris Griseb. Salsa-parrilha Liana Nativa Symplocos tetrandra (Mart.) Symplocaceae Cana-preta Liana Nativa Mart. Arbustivo/ár Typhaceae Typha domingensis Pers. Taboa Nativa bóreo Xyridaceae Xyris capensis Baker Herbáceo Nativa

Herbáceo Nativa

4,5

4

3,5

3

2,5

Númeroespéciesde 2

1,5

1

0,5

0 Cyperus Tibouchina Paspalum Baccharis Desmodium Anthurium Rhynchospora Utricularia

Gêneros

Figura 6. Gêneros com maior diversidade de espécies para as cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC).

As famílias de maior riqueza foram Poaceae e Cyperaceae (14 e 13 espécies, respectivamente) (Figura 7), seguidas por Asteraceae (7), Myrtaceae (5) e Melastomataceae (5). Estas espécies foram responsáveis por 37,9% dos táxons identificados. Poaceae e Cyperaceae foram também as famílias mais representativas, as quais juntas, representam 69% do total de indivíduos coletados (Figura 8).

26

16

14

12

10

8 Númeroespécies de 6

4

2

0 Poaceae Cyperaceae Asteraceae Myrtaceae Melastomataceae

Famílias

Figura 7. Famílias de maior riqueza de espécies para a cava das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC).

14,0

12,0

10,0

8,0

6,0 Porcentagemdeespécies

4,0

2,0

0,0 Poaceae Cyperaceae Asteraceae Myrtaceae Melastomataceae Famílias Figura 8. Famílias mais representativas encontradas nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC).

Quanto aos índices de Valor de Importância, os maiores valores foram registrados para as famílias Poaceae, Cyperaceae, Lauraceae, Anacardiaceae, Myrtaceae e Pinaceae (Figura 9). Poaceae e Cyperaceae apresentaram maiores valores de importância devido aos elevados valores de frequências e densidade, apesar de baixas dominâncias. Já as famílias Lauraceae, Anacardiaceae, Myrtaceae e Pinaceae apresentaram indivíduos com maiores dominâncias, contudo apresentaram baixas densidades de indivíduos.

27

60

RelDo. 50 IVI (%) IVI RelFr. 40 RelDe.

30

20

10

0 Poaceae Cyperaceae Lauraceae Anacardiaceae Myrtaceae Pinaceae Famílias

Figura 9. Famílias com os maiores Índices de Valor de Importância (IVI) encontradas nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC).

A representatividade das famílias Poacae e Cyperaceae está de acordo com o observado em outras áreas de dunas do sul do Brasil, onde foi verificada a predominância das mesmas, variando apenas a ordem de importância. Danilevicz (1989) inventariando a vegetação da restinga da Laguna do Peixe, Tavares (RS), constatou a ocorrência de 75 espécies, a maioria pertencente a Asteraceae, Cyperaceae e Poaceae. Em estudo florístico e fitogeográfico realizado em Pontal da Daniela, em Florianópolis (SC), Souza et al. (1991/1992) relacionaram 150 espécies encontradas em três tipos de formação vegetal (restinga, manguezal e marismas), sendo que a maioria das espécies de “restinga” pertenceram às famílias Poaceae, Cyperaceae, Asteraceae e Fabaceae, mesmas observadas no presente estudo. Caetano (2003), realizando estudo florístico na “restinga” de Palmares do Sul (RS), identificou 105 espécies pertencentes a 29 famílias, destacando-se Cyperaceae, Poaceae e Asteraceae. O destaque destas famílias pode ser explicado por mais de um fator. Um deles é que, somente Poaceae e Cyperaceae contabilizam, aproximadamente, 24% da vegetação terrestre (ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA, 2015). A família Poaceae possui cerca de 10.000 espécies distribuídas em 650 gêneros, sendo superadas apenas pelas Orchidaceae e Asteraceae (UNIVERSIDADE DE COIMBRA, 2014). Além disto, este grupo de gramíneas se diferenciam dos demais grupos por possuírem órgãos reprodutores reduzidos, sem pétalas e apresentam apenas estames protuberantes e pendentes, fatores estes que lhes permite maximizar a dispersão e captura do pólen, já que são anemocóricas (UNIVERSIDADE DE COIMBRA, 2014).

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A Cyperaceae é uma família cosmopolita, composta por 4.000 espécies, compreendidas em 90 gêneros (HERBÁRIO VIRTUAL DO MEDITERRÂNEO OCIDENTAL, 2015). No Brasil ocorrem entre 600 e 700 espécies da família, distribuídas em aproximadamente 44 gêneros (LUCEÑO et al., 1997). É encontrada principalmente associada as formações vegetais mal drenadas, como brejos, pântanos, charcos, margens de rios e corpos d’água, constituindo um importante elemento florístico e ecológico na composição sucessional de áreas sujeitas à ação antrópica (TREVISAN et.al., 2008). Ao longo do tempo criam microclimas e condições físicas cada vez mais estáveis, que permitem o início de todo o processo de sucessão vegetal. Esta família conseguiu ocupar quase todos os tipos de habitat disponíveis em todos os climas (UNIVERSIDADE DE COIMBRA, 2014). Sua morfologia padrão, com flores hermafroditas ou unissexuais e reunidas em várias inflorescências (espiga, cacho, panícula), lhe confere extrema facilidade de reprodução e dispersão assim como a família anteriormente citada. Tavares (2007), realizando um levantamento das Cyperaceas da Baixada do Massiambú relatou que, na região, são encontradas áreas propícias para o desenvolvimento de espécimes desta família, devido ao solo úmido, rico em minerais e matéria orgânica. Os resultados referentes à família Cyperaceae encontrados no presente estudo, corroboraram com REITZ (1961; 1982) para a região da Baixada do Massiambú. Segundo o autor, as áreas mais úmidas, ou fase brejosa, também conhecida como Etapa das Ciperáceas, formam associações mais restritivas favorecendo, geralmente, a presença de poucas espécies que caracterizam bem a fitofisionomia, sendo comuns nestas áreas o Cladium mariscus (tiririca), assim como as densas associações de Tipha dominguensis, formando os chamados taboais. Quanto à família Poaceae, esta compreende cerca de 10.000 espécies dentro de 700 gêneros (GPWG, 2001). Também apresenta distribuição cosmopolita, sendo esta a principal fornecedora de grãos para cultivo e consumo como alimento (UNIVERSIDADE DE COIMBRA, 2007). Os representantes da família Poaceae predominam em formações campestres, sendo menos comuns no interior das formações florestais; possui relevada importância ecológica e econômica pela sua dominância em vários ecossistemas vegetais como também sua utilização na alimentação dos animais e uso dos cereais no regime alimentar do homem (WELKER; WAGNER, 2007).

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Esta família é representada por ervas, quase sempre rizomatosas, perenes ou anuais. Ao longo das regiões costeiras, dentro dos limites do bioma Mata Atlântica, são indicadas 300 espécies de Poaceae (FILGUEIRAS et al. 2012). Segundo Silva et.al. (2015) esta família, assim como a Cyperaceae, assumiu um papel chave na colonização de ambientes antropizados em estágio de regeneração inicial, devido a eficiência na estratégia reprodutiva, altas taxas de germinação e recrutamento de jovens, suporte ao stress hídrico e variados tipos de solos. Desta forma, considerando a grande capacidade de dispersão, abrangência e capacidade das espécies representantes das famílias Poaceae e Cyperaceae formarem densas populações, justifica suas predominâncias na área do presente estudo. A Myrtaceae, quarta família em riqueza de espécies, constitui uma das mais importantes famílias de Angiospermas no Brasil, concentrada em uma única tribo, Myrteae e três subtribos Myrciinae, Eugeniinae e Myrtinae (LANDRUM; KAWASAKI, 1997). De acordo com Soares-Silva (2000) a família Myrtaceae corresponde a 1,32% do total de angiospermas conhecidas, sendo assim, bastante representativa. A família Myrtaceae compreende cerca de 140 gêneros e 3.500 espécies de árvores e arbustos. Estão distribuídas em regiões tropicais e subtropicais da Austrália, Ásia e América (ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP III, 2009). É considerada uma das famílias mais bem representadas no Brasil, e compreende diversos tipos de vegetação como: Floresta Ombrófila ou Mata Atlântica de encostas (SOARES-SILVA, 2000; MYERES et al., 2000); Floresta Amazônica (SILVA et al., 2005); Restinga (LOURENÇO; BARBOSA, 2012) e Cerrado (SILVA-FILHO, 2006). Apresenta grande potencial econômico, já que muitas de suas espécies são utilizadas na alimentação, como Psidium guajava (goiaba) e Eugenia uniflora (pitanga), consumidas em forma de suco, doces, geleias e sorvetes (LORENZI et al., 2006). Também apresentam importância ecológica, pois seus frutos suculentos e carnosos são fontes de alimento à fauna silvestre. Muitos animais que se alimentam desses frutos acabam veiculando a dispersão das sementes e favorecendo a sobrevivência e permanência dessas espécies (PIZZO, 2003; GRESSLER et al., 2006). SCHERER et al (2009) em um estudo sobre a estrutura do componente arbóreo em remanescentes florestais nas restingas sul brasileiras, constatou maior riqueza de espécies para a família Myrtaceae.

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A representatividade da família Myrtaceae registrada no presente estudo, foi próxima às outras pesquisas realizadas com a mesma fitofisionomia. Além disto, a presença da família em locais de domínio de vegetação herbácea, pode estar evidenciando processos de sucessão ecológica, seja natural ou estimulada por ações antrópicas. Danilevicz (1989) inventariando a vegetação da restinga da Laguna do Peixe, Tavares (RS), classificou-a segundo critérios fisionômicos e florísticos em vegetação halófila, psamófila e campo litorâneo arenoso, e constatou a ocorrência de 75 espécies, sendo a maioria pertencente a Asteraceae, Cyperaceae e Poaceae. Para a análise fitossociológica foram amostrados 18.968 indivíduos, distribuídos em 116 espécies (59 famílias). Destas espécies, quatorze não foram identificadas; doze foram identificadas a nível de gênero e uma espécie a nível de família. Na Praia da Ferrugem, Garopaba (SC), Danilevicz et al. (1990) encontraram 135 espécies pertencentes à comunidade herbáceo-arbustiva da restinga, número este muito próximo ao obtido no presente estudo. Avaliando os parâmetros fitossociológicos (Tabela 2), observou-se que as espécies com maior número de indivíduos amostrados foram Panicum spp., Paspalum notatum, Androtrichum trigynum, Paspalum spp., Rhynchospora tenerrima, Smilax campestris, Aristida circinalis, Paspalum spp., Paspalum almum e Cyperus spp., as quais, juntas contabilizam 10.411 indivíduos na área total amostrada de 80 m², o que representa 59,68% do total de indivíduos amostrados.

Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC). DR DoR FA FR IVI IVC ESPÉCIES N AB (m²) DA (%) (%) (%) (%) (%) (%) Aiouea saligna 1 15,904313 119 0,01 15,17 1,19 0,18 15,36 15,18 Ocotea pulchella 15 9,7313974 1785,7 0,08 9,31 5,95 0,92 10,31 9,39 Alchornea triplinervia 1 8,552986 119 0,01 8,16 1,19 0,18 8,35 8,16 Pinus palustris 66 8,1433223 7857,1 0,35 7,77 13,1 2,03 10,15 8,12 Eugenia pluriflora 14 5,7255526 1666,7 0,07 5,46 4,76 0,74 6,28 5,54 Myrcia brasiliensis 14 5,5154586 1666,7 0,07 5,26 2,38 0,37 5,71 5,34 Lithraea brasiliensis 75 5,0670748 8928,6 0,4 11,45 4,76 0,74 12,59 11,85 Symplocos tetrandra 6 4,5996058 714,3 0,03 4,39 1,19 0,18 4,6 4,42 Aechmea gamosepala 4 4,4115029 476,2 0,02 4,2 1,19 0,18 4,4 4,22 Guapira opposita 15 3,3979466 1785,7 0,08 3,25 5,95 0,92 4,26 3,33 Cladium mariscus 155 2,3235219 18452,4 0,82 2,22 3,57 0,55 3,59 3,03 Clusia criuva 1 2,2431757 119 0,01 2,14 1,19 0,18 2,33 2,15 Typha domingensis 14 1,9359279 1666,7 0,07 1,84 1,19 0,18 2,1 1,91

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DR DoR FA FR IVI IVC ESPÉCIES N AB (m²) DA (%) (%) (%) (%) (%) (%) Dodonaea viscosa 14 1,6741547 1666,7 0,07 1,6 4,76 0,74 2,42 1,68 Symphyopappus 71 1,4957123 8452,4 0,37 1,43 10,71 1,66 3,46 1,8 casarettoi Conyza bonariensis 2 0,9331316 238,1 0,01 0,9 2,38 0,37 1,28 0,91 Centrosema 6 0,8824734 714,3 0,03 0,84 2,38 0,37 1,24 0,87 virginianum Tradescantia spp. 76 0,8011847 9047,6 0,4 0,76 2,38 0,37 1,53 1,16 Myrcianthes spp. 1 0,7853982 119 0,01 0,04 1,19 0,18 0,23 0,05 Cattleya intermedia 24 0,7853982 2857,1 0,13 0 2,38 0,37 0,5 0,13 Stylosanthes leiocarpa 9 0,7542964 1071,4 0,05 0,72 1,19 0,18 0,95 0,77 Equisetum giganteum 43 0,5026548 5119 0,23 0,48 1,19 0,18 0,9 0,71 Andropogon bicornis 50 0,4656626 5952,4 0,26 0,44 4,76 0,74 1,44 0,7 Cordia curassavica 28 0,4417865 3333,3 0,15 0,42 8,33 1,29 1,86 0,57 Gaylussacia 129 0,430084 15357,1 0,68 0,41 8,33 1,29 2,38 1,09 brasiliensis Baccharis uncinella 1 0,4185387 119 0,01 0,4 1,19 0,18 0,59 0,41 Peperomia glabella 80 0,4071504 9523,8 0,42 0,39 3,57 0,55 1,36 0,81 Tibouchina asperior 6 0,3848451 714,3 0,03 0,37 1,19 0,18 0,59 0,4 Anthurium Schott 4 0,3631681 476,2 0,02 0,34 2,38 0,37 0,73 0,36 Commelina diffusa 7 0,3421194 833,3 0,04 0,32 2,38 0,37 0,73 0,36 Cyperus haspan 187 0,3216991 22261,9 0,99 0,31 4,76 0,74 2,03 1,29 Cyperus sp1 478 0,3117245 56904,8 2,52 0,3 10,71 1,66 4,48 2,82 Blechnum serrulatum 421 0,2922467 50119 2,22 0,28 23,81 3,7 6,2 2,5 Ipomoea pes-caprae 8 0,2551759 952,4 0,04 0,24 2,38 0,37 0,66 0,29 Tibouchina herbacea 96 0,2551759 11428,6 0,51 0,24 10,71 1,66 2,41 0,75 Passiflora edulis 2 0,2551759 238,1 0,01 0,25 1,19 0,18 0,44 0,26 Diodella apiculata 27 0,2551759 3214,3 0,14 0,24 2,38 0,37 0,75 0,38 Scleria latifolia 49 0,2463009 5833,3 0,26 0,23 2,38 0,37 0,86 0,49 Tibouchina urvilleana 76 0,2123717 9047,6 0,4 0,2 11,9 1,85 2,45 0,6 Aristida circinalis 605 0,2042821 72023,8 3,19 0,19 7,14 1,11 4,49 3,38 Hexachlamys edulis 17 0,1809557 2023,8 0,09 0,17 2,38 0,37 0,63 0,26 Tagetes minuta 3 0,1590431 357,1 0,02 0,15 1,19 0,18 0,35 0,17 Paspalum almum 487 0,1590431 57976,2 2,57 0,15 5,95 0,92 3,64 2,72 Polypodium 1 0,1590431 119 0,01 0,15 1,19 0,18 0,34 0,16 virginianum Rumohra adiantiformis 70 0,1520531 8333,3 0,37 0,15 5,95 0,92 1,44 0,51 Chenopodium 3 0,1385442 375,1 0,02 0,13 1,19 0,18 0,33 0,15 ambrosioides Remirea maritima 124 0,1385442 14761,9 0,65 0,13 3,57 0,55 1,34 0,79 Baccharis trimera 1 0,1256637 119 0,01 0,12 1,19 0,18 0,31 0,13 Epidendrum fulgens 147 0,1256637 17500 0,77 0,12 8,33 1,29 2,19 0,89 Baccharis articulata 3 0,1194591 357,1 0,02 0,11 1,19 0,18 0,31 0,13 Cyperus sp2 351 0,1194591 41785,7 1,85 0,11 4,76 0,74 2,7 1,96 megapotamica 74 0,1194591 8809,5 0,39 0,11 15,48 2,4 2,91 0,5 Schinus 1 0,107521 119 0,01 0,1 1,19 0,18 0,29 0,11 terebinthifolius Cyperus eragrostis 278 0,107521 33095,2 1,47 0,1 4,76 0,74 2,31 1,57

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DR DoR FA FR IVI IVC ESPÉCIES N AB (m²) DA (%) (%) (%) (%) (%) (%) Leersia hexandra 46 0,107521 5476,2 0,24 0,1 2,38 0,37 0,72 0,35 Hyptis spp 12 0,0962113 1428,6 0,06 0,09 1,19 0,18 0,34 0,16 Acisanthera quadrata 266 0,0962113 31666,7 1,4 0,09 15,48 2,4 3,9 1,49 Stenotaphrum 83 0,066052 9881 0,44 0,06 3,57 0,55 1,06 0,5 secundatum Evolvulus glomeratus 7 0,0615752 833,3 0,04 0,06 2,38 0,37 0,47 0,1 Chamaecrista 64 0,0572555 7619 0,34 0,05 4,76 0,74 1,13 0,39 desvauxii Rhynchospora 447 0,0530929 53214,3 2,36 0,05 11,9 1,85 4,26 2,41 holoschoenoides Pera glabrata 7 0,0530929 833,3 0,04 0,05 1,19 0,18 0,27 0,09 Cenchrus L. 7 0,0490874 833,3 0,04 0,05 1,19 0,18 0,27 0,08 Xyris capensis 127 0,0490874 15119 0,67 0,05 4,76 0,74 1,46 0,72 Eleocharis spp 306 0,0452389 36428,6 1,61 0,04 2,38 0,37 2,03 1,66 Tibouchina trichopoda 33 0,0452389 3928,6 0,17 0,04 3,57 0,55 0,77 0,22 Sporobolus virginicus 348 0,0452389 41428,6 1,83 0,04 4,76 0,74 2,62 1,88 Schoenoplectus 245 0,0380133 29166,7 1,29 0,04 8,33 1,29 2,62 1,33 californicus Pleopeltis lepidopteris 91 0,0380133 10833,3 0,48 0,07 5,95 0,92 1,48 0,55 Diodella radula 209 0,0346361 24881 1,1 0,03 22,62 3,51 4,65 1,14 Paullinia elegans 2 0,0346361 238,1 0,01 0,03 1,19 0,18 0,23 0,04 Oxypetalum 32 0,0314159 3809,5 0,17 0,03 13,1 2,03 2,23 0,2 tomentosum Syngonanthus 243 0,0314159 28928,6 1,28 0,06 10,71 1,66 3 1,34 chrysanthus Sauvagesia erecta 45 0,0314159 5357,1 0,24 0,03 4,76 0,74 1,01 0,27 Panicum spp 1995 0,0314159 119 0,01 0 1,19 0,18 0,19 0,01 Eragrostis ciliaris 78 0,0314159 9285,7 0,41 0,03 2,38 0,37 0,81 0,44 Desmodium incanum 39 0,0254469 4642,9 0,21 0,02 5,95 0,92 1,15 0,23 Paspalum spp 1521 0,0254469 181071 8,02 0,02 11,9 1,85 9,89 8,04 Smilax campestris 660 0,0254469 78571,4 3,48 0,02 34,52 5,36 8,86 3,5 Hydrocotyle 146 0,022698 17381 0,77 0,02 10,71 1,66 2,45 0,79 bonariensis Rhynchospora 977 0,022698 116310 5,15 0,02 7,14 1,11 6,28 5,17 tenerrima Desmodium barbatum 66 0,022698 7857,1 0,35 0,02 3,57 0,55 0,92 0,37 Ludwigia tomentosa 25 0,022698 2976,2 0,13 0,02 4,76 0,74 0,89 0,15 Paspalum spp 521 0,0201062 62023,8 2,75 0,02 11,9 1,85 4,61 2,77 Schizachyrium 327 0,0176715 38928,6 1,72 0,02 4,76 0,74 2,48 1,74 microstachyum Vernonia balansae 12 0,0153938 1428,6 0,06 0,01 1,19 0,18 0,26 0,08 Peplonia axillaris 10 0,0132732 1190,5 0,05 0,01 3,57 0,55 0,62 0,06 Androtrichum trigynum 1536 0,0132732 182857 8,1 0,01 15,48 2,4 10,51 8,11 Polygonum persicaria 27 0,0113097 3214,3 0,14 0,01 2,38 0,37 0,52 0,15 Centella asiatica 76 0,0095033 9047,6 0,4 0,01 7,14 1,11 1,52 0,41 Utricularia tricolor 49 0,0095033 5833,3 0,26 0,01 2,38 0,37 0,64 0,27 Paspalum notatum 1631 0,0095033 194167 8,6 0,02 26,19 4,07 12,68 8,62 Anthurium acutum 4 0,007854 476,2 0,02 0,01 1,19 0,18 0,21 0,03 Utricularia subulata 166 0,0063617 19761,9 0,88 0,01 4,76 0,74 1,62 0,88

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DR DoR FA FR IVI IVC ESPÉCIES N AB (m²) DA (%) (%) (%) (%) (%) (%) Fimbristylis autumnalis 263 7,854E-05 31309,5 1,39 0 5,95 0,92 2,31 1,39 Vriesea Lindl. 104 0 12381 0,55 0 10,71 1,66 2,21 0,55 Opuntia monacantha 5 0 595,2 0,03 0 1,19 0,18 0,21 0,03 Drosera brevifolia 123 0 14642,9 0,65 0 1,19 0,18 0,83 0,65 Campomanesia aurea 3 0 357,1 0,02 0 1,19 0,18 0,2 0,02

As espécies Panicum spp., Paspalum spp., Paspalum spp., Androtrichum trigynum, Smilax campestres e Paspalum notatum apresentaram maior número de indivíduos. As mesmas de maior número de indivíduos também apresentam as maiores frequências (Figura 10) que, juntamente com Blechnum serrulatum, Diodella radula, Vitex megapotamica, Acisanthera quadrata, Oxypetalum tomentosum, Pinus palustris, Rhynchospora holoschoenoides, Tibouchina urvilleana, Hydrocotyle bonariensis, Symphyopappus casarettoi, Vriesea Lindl, Cyperus spp., Syngonanthus chrysanthus, Tibouchina herbacea, Cordia curassavica e NI 13 (espécie não identificada), representam 60,02 % da frequência relativa total. As espécies Panicum spp, Aiouea saligna, Paspalum notatum, Lithraea brasiliensis, Androtrichum trigynum, Ocotea pulchella e Pinus palustris destacaram-se quando ao IVI (Figura 11).

7

6

5

4

3

2 Frequência relativa (%) 1

0

Espécies Figura 10. Espécies mais frequentes presentes nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC).

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20 18

(IVI) % (IVI) 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Panicum sp1 Aiouea saligna Paspalum Lithraea Androtrichum Ocotea pulchella Pinus palustris notatum brasiliensis trigynum

Espécies

Figura 11. Espécies com os maiores Índices de Valor de Importância IVI (%) presentes nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC).

O elevado VI (%) para Panicum spp., pode ser explicado pelo grande número de indivíduos presentes na área amostrada. Por outro lado, para Aiouea saligna, o valor de VI (%) é explicado devido ao seu valor de área basal, o qual supera todos os das demais espécies, uma vez que a mesma pode alcançar o estrato arbóreo. O mesmo pode ser observado para as espécies Ocotea pulchella, Lithraea brasiliensis e Pinus palustris. Em relação ao Índice de Valor de Cobertura, destacaram-se as espécies Aiouea saligna (15,18%), Lithraea brasiliensis (11,85%), Panicum spp (10,55%), Ocotea pulchella (9,39%) e Paspalum notatum (8,62%) (Figura 12), totalizando 55,6 % da cobertura vegetal total da área amostrada. Poucas espécies dominando em cobertura é resultado do maior diâmetro das espécies Aiouea saligna, Lithraea brasiliensis, Ocotea pulchella. As espécies herbáceas Panicum spp. e Paspalum notatum, apresentam elevado índice de Valor de Cobertura devidos suas altas densidades (10,52 % e 8,6 %, respectivamente).

35

16

14 IVC (%) IVC

12

10

8

6

4

2

0 Panicum sp1 Aiouea saligna Lithraea brasiliensis Ocotea pulchella Paspalum notatum

Espécies Figura 12. Espécies com maiores Índices de Valor de Cobertura IVC (%), presentes nas cavas das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC).

A espécie Smilax campestres apresentou a segunda maior frequência (5,36%). Esta espécie e característica da flora da “restinga” catarinense, sendo considerada espécie predominantemente dos tipos fisionômicos arbustivo e arbóreo. (FALKENBERG, 1999). Bachtold (2006) constatou que Smilax campestris foi a mais abundante em estudos realizados com lianas em ilhas da Baía da Babitonga, litoral norte catarinense. Segundo CONAMA 261/99 esta espécie indica fisionomias herbácea e subarbustiva de praias e dunas frontais, dunas internas e planícies, e ainda é identificada nas fisionomias arbustiva e arbórea primárias e em estágios médio e avançado de regeneração secundária. Para as regiões de cava das dunas da Planície de Araçatuba (Palhoça, SC), a ocorrência de Smilax campestris pode estar indicando um processo de sucessão, onde as espécies herbáceas estão dando lugar às sub-arbustivas e arbustivas. Este mesmo processo pôde ser observado no ponto onde foi registrada a ocorrência da espécie Aiouea saligna, localizada em conjunto com uma população de Typha domingensis (Taboa) e Blechnum serrulatum (samambaia), e em um local com lâmina d’água de 20 cm de altura, corroborando com a hipótese do possível processo de sucessão ecológica. A população de Typha domingensis instalou-se inicialmente em conjunto com as samambaias. Ao longo do tempo e após alterações nas condições ambientais da área, a redução da variabilidade dos fatores físico-químicos e aumento da complexidade funcional e estrutural do ambiente, permitiu a posterior colonização e desenvolvimento da espécie Aiouea saligna.

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A espécie Equisetum giganteum, conhecida popularmente como Cavalinha, foi a única em que foram encontradas referências que diferem quanto á sua origem. Mesmo, sendo considerada exótica, esta espécie recebe atenção por ser considerada uma fóssil viva. Porém, no presente estudo, foi registrada ocorrendo somente em um ponto amostral, localizado próximo a uma área urbanizada. Do total de espécies registradas, dez são consideradas como endêmicas do Brasil (JBRJ, 2015), apesar da baixa frequência registrada para estas espécies. Diodella radula (3,51%), Tibouchina urvilleana (1,85%), Epidendrum fulgens (1,29%), Eugenia pluriflora (0,74%), Peplonia axillaris (0,55%), Myrcia brasiliensis (0,37%), Aiouea saligna (0,18%), Baccharis uncinella (0,18%), Tibouchina asperior (0,18%) e Anthurium acutum (0,18%). Para as dunas semifixas da Baixada do Massiambú, de estrato arbustivo e herbáceo, foi relatada a comum ocorrência de epífitas representadas pelas espécies da família Orchidaceae: Epidendrum fulgens e Cattleya intermedia (FATMA, 2002). As espécies apresentaram 147 e 24 indivíduos, respectivamente. Isto evidencia a diversidade de ambientes e fisionomias compreendidas nas áreas de baixadas Epidendrum fulgens, foi referenciada apenas para o estado do Espírito Santo, e constatada como (EN) Em perigo na Lista vermelha da flora do Espírito Santo (SIMONELLI; FRAGA, 2007), enquanto Cattleya intermedia segundo CONAMA 261/99 indica fisionomias arbórea primária ou em estágio avançado de regeneração secundária. Cattleya intermedia também se destaca em meio às endêmicas do país, constando como em Perigo (EN) na Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA/RS, 2002), e vulnerável (VU) pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFLORA, 2015). Dentre estas espécies, Tibouchina asperior é considerada como endêmica dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na resolução Conama nº 261/99, a espécie é considerada como endêmica, rara, ou ameaçada de extinção e em perigo (EN) pela Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA/RS, 2002). No entanto, segundo Conselho Nacional de Conservação da Flora, foi considerada como Least Concern (LC), por estar protegida por unidades de conservação (SNUC). Eugenia pluriflora consta sob o sinônimo Eugenia bresolinii, na lista das espécies raras ou ameaçadas de extinção de Santa Catarina (Klein, 1990), na qual seu status de conservação é indeterminado (CNCFLORA, 2015).

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Ocotea pulchella também foi descrita como em perigo (EN), segundo a Lista vermelha da flora de Minas Gerais (COPAM/MG, 1997). Por último, fica destacada a espécie Xyris capensis, também entre as endêmicas e considerada espécie Indicadora da Vegetação Primária e dos Estágios Médio e Avançado de Regeneração dos Campos de Altitude associados ou abrangidos pela Mata Atlântica da região Sul do Brasil (CONAMA nº 423/2010). Quanto ao seu estado de conservação, em São Paulo (SP) é tida como presumivelmente extinta (LISTA VERMELHA DA FLORA DE SÃO PAULO, 2004). Deve-se ser ressaltada a importância destas espécies para a Planície de Araçatuba (Palhoça, SC). Apesar de terem apresentado baixo número de indivíduos, e com certos graus de ameaças registrados para outros Estados, devem ser devidamente consideradas e avaliadas quanto ao status de ameaças, visando prevenir o desaparecimento potencial desaparecimento da área. O fato destas espécies não terem sido constadas entre as de maiores valores de importância, não deve ser motivo para descartar o valor ecológico das mesmas. Ainda, foi registrado em campo a presença da espécie Vriesea gigantea, nativa e endêmica do Brasil (LISTA DE ESPÉCIES DA FLORA DO BRASIL, 2015) e que consta como vulnerável para o Estado de Santa Catarina. Rosabel (2006), em um estudo fitossóciológico de restinga herbáceo-arbustiva em Araranguá (SC), relacionou a distribuição das espécies vegetais em função da variação dos fatores ambientais ao longo de um gradiente (da praia para o continente - dunas frontais, dunas internas e baixadas). A autora constatou a formação de grupos distintos de espécies associadas refletindo a micro variação de altitude. Observou maior diversidade vegetal nas áreas de maior proximidade com o lenço freático, com grupos de espécies associadas para os ambientes junto às dunas internas, na sequência das dunas primárias e anteriormente à área de baixada; e para os localizados após as dunas internas, junto à área de baixada. Neste último, observou que apresentava pequenas elevações e depressões com ocorrência de áreas temporariamente alagadas. O mesmo pôde ser observado para a Planície de Araçatuba (Palhoça, SC) onde, em alguns os pontos amostrais, foi observada uma baixa diversidade de espécies nas pequenas elevações em meio às áreas de baixadas. Nestas pequenas elevações foram registradas espécies de fisionomia arbórea e arbustiva, apresentando pequeno porte (Figura 13). As espécies registradas foram Guapira oposita, Vitex megapotamica,

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Ocotea pulchella, Dodonea viscosa e Schinus terebinthifolius, sendo as duas últimas típicas de dunas fixas (FATMA, 2002).

Figura 13. Registro de indivíduos de fisionomia arbórea e arbustiva de baixa estatura.

Foram, ainda, registradas a ocorrência das espécies herbáceas Ipomoea pes- caprae, Remirea maritima, Cordia curassavica e Paullinia elegans, nas dunas móveis e semi-fixas (BRESOLIN, 1979; FATMA, 2002). Nos ambientes de baixada úmida, o padrão de distribuição espacial dos indivíduos em populações de plantas é usualmente relacionado a topografia e ao nível de flutuação do lençol freático, que determina a frequência de alagamentos, a umidade do solo e a cobertura vegetal associada (PFADENHAUER, 1978; MENDONÇA; CASTELLANI,

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1992; CASTELLANI et al., 1996). Isto pôde ser facilmente observado, o substrato das áreas amostradas se apresentava geralmente escuro e úmido, denunciando a presença de matéria orgânica e a formação de um horizonte húmico, o qual é aparentemente mantido pelas condições de afloramento do lençol freático, que em época de alta pluviosidade, chegou a alagar os baixios, formando lâminas d’água que superaram 50 cm (Figura 14 e Figura 15).

Figura 14. Área de estudo alagada durante período de amostragem.

Figura 15. Área de estudo alagada após um período chuvoso.

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A área da Baixada do Massiambú, assim como quase toda a abrangida pelo Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, sofre com contaminação biológica devido a presença do gênero Pinus, invasor mais comum no estado de Santa Catarina (UFSC, 2002). Grandes áreas florestadas por espécies do gênero Pinus spp e Eucaliptus spp já cobriam áreas do parque, principalmente na Baixada do Massiambú, como constatado no zoneamento do parque realizado no ano de 2002 (FATMA, 2002). A frequência constatada para esta espécie no presente estudo esteve ente as dez maiores (2,03%), sendo que nas demais áreas (geralmente circundantes aos locais alagados), são notados densos aglomerados que chegam a formar bosques, que certamente confirmam a grave situação de contaminação biológica que a área vem sofrendo. Ziller (2000) conceituou “Contaminação biológica” (biological contamination) como o processo de introdução de espécies exóticas que se naturalizam, tornam-se dominantes e assim invasoras, e provocando mudanças na fisionomia e a função dos ecossistemas naturais ou processos ecológicos (ciclagem de nutrientes, cadeias tróficas, polinização, processos evolutivos), levando as populações nativas à perda de espaço e ao declínio genético. O gênero Pinus é o contaminante biológico mais comum. Não possui predadores de suas sementes nem sofrer com herbivoria, não depender de animais para a polinização e ser de baixa exigência. Tais fatores permitem sua ocupação em ambientes com condições adversas e restritivas, como regiões de solos com alta acidez e baixa fertilidade (UFSC, 2002). As plantas exóticas invasoras tendem à homogeneização da flora mundial, ameaçando a biodiversidade global devido ao seu poder expansivo e degradador de ambientes naturais (LUGO, 1988). Isto torna-se um problema dentro do fator tempo, com dimensões mais agravantes do que a poluição química, que ao contrário da primeira, tende a se diluir (WESTBROOKS, 1998). O Código Florestal Brasileiro afirmou que é de “interesse social” o desenvolvimento de atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como, erradicação de exóticas (LEI Nº 12.651/ BRASIL, 2012.). Á respeito da contaminação biológica pelo gênero Pinus, esta foi claramente evidenciada durante todo o estudo in situ (Figura 16 e Figura 17). Foram observados desde esparsos e pequenos indivíduos, até grandes aglomerados de indivíduos adultos que superam áreas de 25 m² e com mais de dois (2) metros de altura.

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Figura 16. Indivíduo adulto de Pinus com diversos juvenis no entorno evidenciando o alto grau de contaminação biológica que a área vem sofrendo.

Figura 17. Evidencia da contaminação biológica pelo Pinus, dominando a paisagem da área de estudo.

É facilmente observado que a densa camada de serapilheira formada nos talhões de Pinus dificulta o crescimento e regeneração de outras espécies, já que poucas ou nenhuma outra espécie foi registrada nestas áreas (Figura 18).

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Figura 18. Densa camada de serapilheira forma em área com presença de Pinus, com baixa diversidade de espécie nativas no local.

Foi observada a grande capacidade de regeneração natural do Pinus tanto sobre as dunas semi-fixas da Baixada, quanto nos campos de altitude, representando uma ameaça em toda área da Baixada do Massiambú e praias vizinhas; a área também sofre com a substituição de gramíneas e ciperáceas nativas, por espécies utilizadas em pastagens artificias, o que as torna invasoras. (FATMA, 2002). O maior problema é que a proliferação deste gênero é visivelmente facilitada pela população local, a qual abre clareiras na vegetação para plantio intencional, no intuito de delimitar locais (aparentemente futuros terrenos), ou para produção e extração; e ainda, facilitada pela legislação ambiental, a qual não proíbe a introdução de espécies não autóctones em Áreas de Proteção Ambiental (BRASIL, 2000). Isto leva certamente a uma contradição no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável atribuído pela mesma lei antes citada para tais áreas, devido á perda de diversidade e sufocamento das comunidades naturais já comprovadas como consequência do intenso processo da invasão do Pinus. Além da invasão da área por espécies exóticas, outros fatores de impacto causados por ação antrópica foram constatados, como: aberturas de áreas para circulação de veículos (Figura 19 e Figura 20); depósito de lixo doméstico sobre as áreas úmidas e dunas vegetadas (Figura 21 e Figura 22); abertura de clareiras na vegetação para a apicultura (Figura 24e Figura 24); corte da vegetação nativa para plantio de Pinus; aterros de áreas úmidas para demarcação de futuras propriedades (Figura 25), uso da

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área para atividades esportivas (Figura 26) e lançamento de esgoto doméstico diretamente nestas áreas. A alteração nos regimes de proteção vem ocasionando um acelerado processo de ocupação da Baixada do Massiambú, de maneira desordenada e conflitante com os ecossistemas inseridos nas áreas de proteção, principalmente as Áreas de Proteção Permanente. Os ecossistemas naturais protegidos pelo PEST estão sendo afetados por ações antrópicas impactantes como caça, agricultura com uso de defensivos próximos a mananciais de água, extrativismo vegetal, pecuária, turismo desordenado, conflitos fundiários, expansão urbana e especulação imobiliária a ela associada (SOCIOAMBIENTAL, 2001), fazendo-se cada vez mais necessária a intensificação de estudos e políticas que visam a preservação destas áreas de grande relevância.

Figura 19. Abertura de passagens em meio à vegetação nativa e plantio de Pinus.

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Figura 20. Abertura de clareiras em meio a vegetação nativa para circulação de automóveis e descarte de lixo.

Figura 21. Pontos com grande concentração de lixo em meio à vegetação ou nas bordas das áreas alagáveis.

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Figura 22. Descarte e acúmulo intencional de lixo e restos da vegetação sobre áreas alagáveis.

Figura 23. Uso da área para prática de apicultura.

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Figura 24. Abertura de clareiras para prática de apicultura.

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Figura 25. Ocupação urbana próximo à área de sistemas de cordões arenosos da Baixada do Massiambú (Palhoça, SC).

Figura 26. Evidencias de circulação de veículos nas cavas e em meio a vegetação de dunas para práticas esportivas.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi observada a ocorrência da vegetação em forma de mosaico. A diversificada topografia evidenciou os gradientes climáticos e pedológicos em cada local, e os aglomerados de diferentes associações de espécies. Algumas áreas alagadas apresentaram o substrato compactado e fino, diferindo de outros locais alagados, não só pelos aglomerados de vegetação, mas também pelo sedimento lodoso de fundo. Estes últimos locais localizaram-se próximo às passagens de automóveis ou aos talhões de Pinus. As espécies constatadas como endêmicas deverão receber atenção. Estas apresentaram diferentes graus de ameaça em outros Estados brasileiros (Vulnerável e Em Perigo). A baixa densidade destas espécies pode estar indicando uma real situação de ameaça para as mesmas. Em locais relativamente pobres em diversidade onde dominaram as famílias Poaceae e Cypearceae, foi observada maior susceptibilidade às alterações no solo causadas pelas atividades antrópicas, e as quais ainda vem propiciando a invasão pelo Pinus. Os resultados obtidos para a análise fitossociológica através do software FITOPAC 2.1 se mostraram dentro do esperado para o ambiente amostrado, mesmo este sendo um software desenvolvido para tratamento de dados de vegetação arbórea. Sendo assim, a aplicação deste software para dados de vegetação herbácea deve passar a ser considerada e melhor estudada. Além da riqueza florística da área de estudo, também foi observada a sua diversidade faunística. Os pontos de alagamentos mais duradouros abrigaram aves, anfíbios, insetos e peixes. Sugere-se, desta forma, o levantamento da fauna e seu estado de conservação. A área sofre com intensos processos de contaminação tanto por deposição de grandes quantidades de lixo doméstico pelos moradores da região, quanto pela alta concentração de indivíduos do gênero Pinus. Este foi constatado desde as áreas de sedimento arenoso seco em cotas maiores de relevo, como nos alagados em menores cotas. Desta forma, sugere-se a avaliação do grau de contaminação da área pelo gênero Pinus. Levando em consideração a pressão antrópica sobre este ambiente estudado, a área ainda apresenta certo grau de conservação, constatado tanto pela presença de

49 espécies endêmicas e ameaçadas (Em perigo ou Vulnerável), como pelo estado de preservação observado para alguns locais pontuais. Ainda deve ser ressaltado que, levando em conta, as definições atribuídas para ambientes de restinga e a utilizada pela legislação brasileira, a área é classificada como de preservação permanente (APP). Sendo assim, a área deveria ser reinserida no âmbito do Parque, promovendo a merecida proteção ambiental e legal. Além disto, deve também ser considerado o potencial da área estudada como Área Úmida, de acordo com a convenção de RAMSAR. Assim, a área carece de uma melhor classificação e categorização quanto ao seu uso e preservação.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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