A Presença Camba-Chiquitano Na Fronteira Brasil-Bolívia (1938 – 1987): Identidades, Migrações E Práticas Culturais
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DOUTORADO EM HISTÓRIA A PRESENÇA CAMBA-CHIQUITANO NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA (1938 – 1987): IDENTIDADES, MIGRAÇÕES E PRÁTICAS CULTURAIS GIOVANI JOSÉ DA SILVA Goiânia, Goiás, Brasil 2009 1 GIOVANI JOSÉ DA SILVA A PRESENÇA CAMBA-CHIQUITANO NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA (1938 – 1987): IDENTIDADES, MIGRAÇÕES E PRÁTICAS CULTURAIS Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, da Faculdade de História da UFG (Universidade Federal de Goiás), como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em História. Área de concentração: Culturas, Fronteiras e Identidades. Linha de Pesquisa: Identidades, Fronteiras e Culturas de Migração. Orientação: Profª. Drª. Joana A. Fernandes Silva. Goiânia, Goiás, Brasil 2009 2 GIOVANI JOSÉ DA SILVA A PRESENÇA CAMBA-CHIQUITANO NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA (1938 – 1987): IDENTIDADES, MIGRAÇÕES E PRÁTICAS CULTURAIS Tese defendida no Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de História da UFG, para obtenção do título de Doutor em História, aprovada em _______/ ________/ 2009, pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores: _________________________________________________________ Profª. Drª. Joana Aparecida Fernandes Silva – UFG Presidente da Banca __________________________________________________________ Profª. Drª. Izabel Missagia de Mattos – UFG __________________________________________________________ Prof. Dr. Leandro Mendes Rocha – UFG __________________________________________________________ Profª. Drª. Leny Caselli Anzai – UFMT __________________________________________________________ Prof. Dr. Osvaldo Zorzato – UFGD __________________________________________________________ Prof. Dr. Eugênio Rezende de Carvalho – UFG (Suplente) ___________________________________________________________ Profª. Drª. Sonia Maria Ranincheski – UnB (Suplente) 3 Ao Senhor Nazario Surubi Rojas, que insiste em me chamar de “mestre”, quando, na verdade, foi ele quem me ensinou muito sobre os Kamba e o viver em fronteiras, como um verdadeiro mestre... 4 AGRADECIMENTOS Muitas foram as pessoas e as instituições que contribuíram, direta ou indiretamente, para a elaboração desta tese e quero aproveitar o presente espaço para agradecê-las, tentando não cometer alguma injustiça. Primeiramente, ao Programa de Pós-Graduação em História da UFG, onde pude contar com o estímulo de vários professores, dentre os quais a minha orientadora, a antropóloga Profª. Drª. Joana Aparecida Fernandes Silva, a quem agradeço particular e especialmente pela segurança e afeto transmitidos. À UFG, pela concessão de bolsa de estudos durante praticamente todo o período em que permaneci no Doutorado, entre 2005 e 2009. Aos colegas acadêmicos que tornaram minha permanência em Goiânia, ao longo do Doutorado, uma proveitosa experiência de estudos, pesquisas e debates. A eles, especialmente à amiga Dulce Madalena Rios Pedroso, o meu respeito e a minha amizade. Aos Profs. Drs. Leandro M. Rocha, Eugênio Rezende de Carvalho, Élio Cantalício Serpa, Joana A. Fernandes Silva e Eliesse Scaramal, que contribuíram, cada qual ao seu modo, para uma sólida formação acadêmica. Aos Profs. Drs. Stephen G. Baines e Leandro M. Rocha, pelo aprendizado nos âmbitos da História e da Antropologia e pelas valiosas observações na banca de qualificação deste trabalho, realizada em setembro de 2007. Às secretárias do Programa de Pós-Graduação em História da UFG, Neuza José Rezende Lima e Elaine Maria Guimarães Monteiro, por cuidarem dos acadêmicos com tanta presteza. Aos meus pais, Gregoria Ramona Torres Silva e João José da Silva (in memorian), pessoas simples a quem simplesmente amo e dedico todos os meus esforços intelectuais. Obrigado pela paciência, apoio e força espiritual! Às minhas irmãs Giani Ramona da Silva e Rita de Cássia da Silva Souza e aos meus sobrinhos Bruna Francielle de Souza e João Pedro Giampaoli Ronceiro, por fazerem parte da minha vida de forma tão especial... Aos meus amigos Léia Teixeira Lacerda Maciel, Anna Maria Ribeiro Fernandes Moreira da Costa, Caio Nelson de Senna Neto, Vânia Perrotti Pires Graziato, Ruth Henrique da Silva, Carla Ishara Francisco e Maria Auxiliadora Vieira de Lima Arsiolli, “doutores” em amizade, afeto e respeito, que me acompanharam, de longe e de perto, nessa caminhada. 5 À amiga Terezinha Cristina Viegas, psicóloga, pelas longas conversas e pela ajuda em encontrar caminhos, quando eles pareciam tão tortuosos... Aos meus alunos da Licenciatura em História da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)/ CPTL (Campus de Três Lagoas) e CPNA (Campus de Nova Andradina), por me ensinarem a ser professor no Ensino Superior, em especial aos acadêmicos Adriana de Brito Cobra, Dennis Rodrigo Damasceno Fernandes, Elizabeth Lazarini Batista, Érica de Sousa da Silva, Gabriel Ulian, Gizelaine dos Santos Vieira e Glaucya Maria Flores da Silva, por elaborarem as transcrições das entrevistas gravadas ao longo da pesquisa, além de realizarem a revisão das mesmas. Aos colegas da UFMS/ CPNA, pela compreensão na fase final da escrita da tese, sobretudo ao Prof. MSc. Leandro Baller, coordenador do Curso de História. À Viação São Luiz, especialmente na pessoa da amiga Professora Maria Cristina Possari Lemos, por me conceder passagens de ônibus, ao longo de três anos e meio, que me possibilitaram visitar arquivos em diferentes lugares, no Brasil e na Bolívia. Aos funcionários do Dedoc (Departamento de Documentação) e da DAF (Divisão de Assuntos Fundiários) da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Brasília, pela correção com que me atenderam na realização das pesquisas nos respectivos arquivos. Ao casal de mestres Arnaldo e Vilma Begossi que me acolheram e me acolhem como um filho. Eu os respeito e os amo como se fossem meus pais... Aos amigos Veruschka, Silvana, Katiuska, Aldo, Maria José, Dario, Fernando, Joaquim, Jussara (in memorian), Janaína, Valdenice, Alexandre, Flávio, Adriana, Mário, Núbia, Mariluce, Marcelo, Francisca, Josileide, Cláudio e tantos outros, de tantas caminhadas: “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo...” (Mt. 5, 13-16). Ao Washington, pelo apoio no final desta jornada! E que venham outras... Aos não-indígenas Osvaldo Scotti, Elodia Cortez Nunes, Helena Catarina Galharte Maciel e Edmir Alves Maciel e aos indígenas Nazário Rocha, Marta Mafalda Lopes Arteaga de Oliveira e Barnabé Arteaga Lopes, pela concessão de entrevistas e/ ou por permitirem que seus nomes fossem citados neste trabalho. Por fim (e não menos importante), aos Kamba ou, como preferem ser chamados muitos daqueles que hoje vivem na “Alameda São Francisco de Assis”, em Corumbá, Camba- Chiquitano, por me abrirem as portas de um mundo desconhecido com tanta generosidade e terem contribuído para que eu me tornasse o “ouvidor” e contador de histórias que penso ser hoje! 6 Yo no sé donde soy Mi casa está en la frontera Yo no se dónde soy Mi casa está en la frontera Y las fronteras se mueven Como las banderas Las fronteras se mueven Como las banderas… (Jorge Drexler, compositor e intérprete uruguaio) 7 RESUMO A presente tese tem por objeto de estudo a trajetória etno-histórica de uma população indígena, localizada atualmente na periferia da sede do município de Corumbá, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Partindo de considerações teóricas sobre as aproximações e distanciamentos entre História Indígena e Antropologia, no uso de fontes orais, este trabalho começa por desvelar a história dos ancestrais dos Kamba, os Chiquitano, a partir de uma revisão bibliográfica em que se verificou praticamente ainda não existirem materiais escritos (ou gravados em qualquer outro tipo de suporte) a respeito do grupo. Recuperando-se os principais eventos ocorridos ao longo do tempo com os Chiquitano, surgem personagens e tramas que envolveram o processo histórico de migração e marcaram a presença dos Camba- Chiquitano (autodenominação do grupo) na fronteira Brasil-Bolívia. Com essas informações, o objetivo central passa a ser a percepção e o entendimento de como os Kamba, na segunda metade do século XX, elaboraram identidades e práticas culturais para viverem e quais as estratégias adotadas pelo grupo que lhes garantiram a sobrevivência física e cultural até os dias atuais, em uma região transnacional. Nesta elaboração estão presentes importantes elementos, tais como a memória social, as fronteiras, as culturas de migração e as identidades étnicas e nacionais, aqui analisados em perspectiva histórica. Palavras-chave: Kamba; fronteira Brasil-Bolívia; identidades; migrações; práticas culturais. 8 RESUMEN La presente tesis tiene por el objeto de estudio la trayectoria etno-histórica de una población indígena, ubicada ahora en la periferia de la casa del distrito municipal de Corumbá, en el Estado de Mato Grosso del Sur, Brasil. Saliendo de consideraciones teóricas sobre los acercamientos y alejamientos entre la Historia Indígena y Antropología, en el uso de fuentes orales, este trabajo comienza mirando la historia de los ancestrales de los Kamba, los Chiquitano, empezando por uma revisión bibliográfica em que se verificó que materiales escritos prácticamente todavia no existen (o grabados en cualquier otro tipo de apoyo) con respecto al grupo. Recuperando los eventos principales a lo largo del tiempo con los Chiquitano, aparecen personajes y tramas que involucraron el proceso histórico de migración y marcaron la presencia de los Camba-Chiquitano (autodenominación del grupo) en la frontera Brasil-Bolivia. Con eso, el objetivo central se vuelve