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Listagem I por diretores

Breve balanço Ao começarmos o trabalho de curadoria da Na verdade, a liderança bastante desta- sobre a produção e circulação de mostra, tentamos pensar de forma ainda cada em números de filmes de nomes em espontânea (sem irmos à listagem completa geral menos lembrados por sua obra, como longas brasileiros na década 2001-2010 dos filmes produzidos) quais eram os “au- os de Evaldo Mocarzel ou Moacyr Góes, não tores de cinema” cujas obras nos pareciam é uma novidade na historiografia do cinema ter sido as mais marcantes da década. Dos nacional. Afinal, quem saberia dizer que nos nomes citados pelos curadores constavam anos 1970 os dois cineastas que mais filma- figuras como Eduardo Coutinho, Beto Brant, ram foram Ary Fernandes e Mozael Silveira No catálogo da mostra CINEMA BRASILEIRO ANOS 90, publicamos uma listagem completa José Eduardo Belmonte ou Julio Bressane, que, (com os mesmos 14 longas que Mocarzel na dos longas produzidos entre 1991 e 2000. Nossa intenção inicial seria a de fazer o mesmo portanto, nos pareciam ser alguns dos que última década), seguidos por Alberto Pieralisi, mais teriam filmado no período. Ao partirmos J. B. Tanko e Osvaldo Oliveira, com 13 longas neste catálogo, porém a produção total teve um aumento de mais de 300%, passando para uma efetiva contagem destes títulos, – como nos informa a pesquisa feita para o de pouco mais de 200 para mais de 860 longas no período de dez anos, uma quantidade porém, constatamos curiosamente que, catálogo da 4ª CineOP, que se dedicou ao perí- que inviabiliza a produção deste material impresso. Ao mesmo tempo, porém, o fato é com a exceção de Coutinho (cujos números odo? Ou que nos anos 1960, foram Victor Lima, que, desde 2001 (quando foi realizada aquela mostra), a utilização e o acesso à internet se sobressaem), havia pelo menos outros dez com 15 longas; e o mesmo J. B. Tanko, com 11 cineastas que exibiram mais longas pela (de novo, segundo pesquisa da 3ª CineOP)? tornaram muito mais democráticos, e por isso acreditamos que a disponibilidade dessa primeira vez nessa década do que os outros O interessante mesmo é perceber as pecu- listagem completa, organizada por ano no site da mostra, se provará igualmente útil – três que havíamos citado – e que outros nove liaridades que permitiram a esses cineastas permitindo ainda que eventuais exclusões sejam devidamente corrigidas. haviam filmado tanto quanto eles (quatro filmar em maior quantidade – o que pode longas cada). variar bastante, aliás. Temos, do lado de Mo- São dados como esses que nos fazem con- carzel, uma estrutura de produção extrema- Por isso, a lista completa de produção de longas entre 2001-2010 está disponível no endereço: firmar como é importante fazer estes balanços mente barata e “urgente” – e que, de alguma www.revistacinetica.com.br/anos2000/filmes.php no calor da hora, para que impressões não se maneira, encontra um espelho na produção perpetuem como fatos muito mais por ques- ultraindependente dos irmãos Pretti (com A partir dessa decisão, pensamos que seria mais interessante usar este espaço no catálogo tões relacionadas a contextos circunstanciais 6 longas no período – todos de ficção) e no (visibilidade, “coerência” da obra) do que pela próprio método de Coutinho. De outro lado, impresso para organizar e sistematizar algumas listagens menos gerais e que, no todo, realidade. Não é que deixe de ser significativo temos os chamados “artesãos do cinema permitissem algumas observações interessantes sobre a produção e circulação dos filmes pensar por que as obras de Brant, Belmonte comercial”, que no geral sempre foram os que brasileiros no período. ou Bressane nos pareceram tão marcantes no mais filmaram no país, e que aqui estão re- período (cada uma tem seus motivos), mas ob- presentados acima de tudo por Moacyr Góes servar como a dinâmica da produção atendeu (que chegou a lançar 3 longas em um mesmo linhas muito mais pragmáticas. ano), e tendo um caso de maior “autoralidade” 78 CINEMA BRASILEIRO Anos 2000, 10 questões 79

e repercussão em Daniel Filho (terceiro maior Mas o fato é que vários dos principais no- número de longas realizados). mes considerados “expoentes” das gerações Daí por diante, temos uma variedade de anteriores, e que continuaram filmando nos situações entre os que filmaram 4 ou mais anos 2000, não passaram da marca de dois vezes, passando pelos incentivos regionais ou três longas, como é o caso de Lírio Ferreira, que facilitaram projetos como os do cearense Carla Camurati, Eliane Caffé ou Lais Bodansky Rosemberg Cariry ou os gaúchos Beto Souza e (no caso da geração dos anos 1990); de Sérgio Paulo Nascimento, por exemplo. Mas, no geral, Bianchi, Hector Babenco, Sérgio Rezende, Quantidade de longas o que percebemos é uma divisão clara entre os André Klotzel, Miguel Faria Jr., Murilo Salles, que mais filmaram: estes se resumem quase Ugo Giorgetti ou Tizuka Yamasaki (anos 1980); por diretor 2001-2010 exclusivamente aos que o fizeram dentro de de Carlos Reichenbach, Hugo Carvana ou uma ideia de “cinema industrial” (casos de Ivan Cardoso (anos 1970), chegando a rema- Góes ou Daniel Filho, mas também, ainda que nescentes da geração do Cinema Novo, como 14 longas 5 longas 46 diretores exibiram em outras bases, de Fábio Barreto, Jorge Fur- Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues ou Evaldo Mocarzel Cao Guimarães 3 longas tado e Guel Arraes); ou àqueles que filmaram Geraldo Sarno. Houve inclusive vários dentre Domingos Oliveira apenas filmes muito baratos (além de Mocarzel, estas gerações que lançaram apenas um Coutinho e Pretti, podemos pensar em Cao Gui- longa nestes dez anos, como é o caso de Ruy 11 longas João Batista de Andrade 107 diretores exibiram marães, Domingos Oliveira, e os próprios Brant, Guerra, Walter Lima Jr, Paulo Cezar Saraceni, Moacyr Góes José Padilha 2 longas Belmonte e Bressane), ou aos que filmaram Neville D’Almeida, Ana Carolina, Alain Fresnot, Rosemberg Cariry exclusivamente ou parcialmente documentá- Roberto Gervitz, Guilherme de Almeida Prado, 8 longas 496 diretores exibiram rios (casos como os de João Batista de Andrade, Tata Amaral ou Paulo Caldas. Rosemberg Cariry, Eryk Rocha, José Padilha, José Filmar uma vez, porém, pode ter sido con- Daniel Filho 4 longas 1 longa Joffily, Roberto Berliner e Walter Carvalho). siderado uma vitória por alguns nomes que Beto Brant Ou seja: cineastas que buscaram criar não o fizeram nos anos 1990, e que finalmente 7 longas Beto Souza projetos autorais exclusivamente através da conseguiram retomar carreiras neste período, Eduardo Coutinho Eryk Rocha ficção, e cujos orçamentos não foram extre- como foi o caso de Maurice Capovilla, Andrea mamente baratos, não filmaram mais do que Tonacci, José Mojica Marins, Edgar Navarro, Fábio Barreto três vezes na década. Alguns estreantes do Hermano Penna, Carlos Prates ou até mesmo 6 longas Guel Arraes período até conseguiram chegar a esta marca Arnaldo Jabor e Rodolfo Nanni. Estes estão em Luiz e Ricardo Pretti Jorge Furtado apresentando-se já como nomes importantes companhia, como cineastas de apenas um José Eduardo Belmonte no cenário nacional e até internacional, como longa no período, de mais de 490 diretores – a foi o caso de Karim Aïnouz, Sérgio Machado, imensa maioria deles de estreantes que vão José Joffily Kiko Goifman e Heitor Dhalia (com três lon- desde jovens na casa dos 20 anos até direto- Julio Bressane gas cada) ou Marcelo Gomes e Claudio Assis res com uma obra reconhecida nos curtas ao Paulo Nascimento (com dois). Já outros, como principalmente longo da década de 1990 (caso de Ana Luiza Roberto Berliner Walter Salles e Fernando Meirelles (mas Azevedo ou Philippe Barcinski). Para todos, o também Andrucha Waddington), se dividiram desafio se manterá ao longo da próxima déca- Walter Carvalho entre carreiras no cinema brasileiro e em da: como (e o quanto) conseguirão fazer para grandes produções internacionais. manter as carreiras em constante produção? 80 CINEMA BRASILEIRO Anos 2000, 10 questões 81

Mercado de cinema no Brasil II b) O financiamento e o público do cinema brasileiro

Se usarmos o mesmo método de comparar O que se pode afirmar é que, principalmen- os resultados dos anos de 2001 e 2010 para o te por conta da atuação da Ancine ao longo do público específico dos filmes brasileiros nos ci- período, os métodos de financiamento da pro- nemas, poderíamos até chegar a um resultado dução brasileira têm sido bastante alterados, ainda mais animador – só que este seria um e talvez (pelo menos numa análise otimista) a) As salas de cinema e o público em geral tanto enganador. Isso porque, se em 2001 os alguns bons resultados dos últimos períodos filmes brasileiros venderam 6,9 milhões de in- possam ser relacionados a isso. Fato é que, em gressos, em 2010 este número chegou a nada 2001, mecanismos como a Lei Rouanet, o artigo Um dado sobressai quando olhamos para as mercado de salas de cinema, não foi suficien- menos que 25,6 milhões. Isso quer dizer que I da Lei do Audiovisual e os investimentos dire- dimensões do mercado de cinema no Brasil – te para impedi-lo. O fato é que hoje temos o cinema brasileiro é hoje quatro vezes maior tos da União (mais associados à imagem clás- primeiro no ano de 2001, e depois no de 2010. 2.225 telas de cinema no país, enquanto em em termos de público do que há dez anos? sica da “captação de recursos” como esta ficou No primeiro ano do período, foram vendidos 2001 elas eram 1.620. Não exatamente, porque aí sim a sazona- conhecida a partir da chamada “retomada” 75 milhões de ingressos no país; enquanto Os motivos para tal fenômeno são muitos, lidade acima citada entra com força – afinal, – ou seja, com pouca necessidade de relação que no último ano, este número chegou a e claro que passam pela estabilidade econô- nada menos que quase 11,1 milhões deste total direta entre capacidade de captação e de resul- 134,9 milhões – portanto, tivemos um aumen- mica, além do posterior processo de redistri- de 2010 se devem somente a um filme, Tropa tados efetivos de público/renda) eram respon- to total bem próximo de 100% no número de buição de renda pelo qual o país passou (que de Elite 2, que é também o maior sucesso do ci- sáveis por mais de 80% do financiamento de espectadores nos cinemas ao longo destes permitiu a chegada do cinema a áreas onde nema nacional de toda a sua história. Ou seja, longas-metragens brasileiros. Já em 2010 (e a dez anos (N. do E.: estes dados, assim como estava ausente, e, portanto, a entrada deste dentro da curva histórica que vai de 2001 a curva ao longo do período é constante), sobres- todos os outros citados nesse texto, foram público-consumidor que passara boa parte 2010, este último ano, por enquanto, represen- sai a presença dos artigos 3º, Funcines, PAR/ cedidos pelo Filme B). das décadas de 1980 e 1990 alijado deste). ta mais um desvio fora desta (como já havia PAQ e, finalmente, o recente Fundo Setorial Claro que este aumento não se deu de Além disso, porém, é preciso citar fatores sido o caso em 2003) do que exatamente o re- – todos eles relacionados, de maneiras distin- forma uniforme, já que o cinema é um mer- específicos da área, como a entrada definitiva sultado de um processo contínuo. Em termos tas, a resultados anteriores conquistados ou a cado que depende muito da sazonalidade dos do modelo dos multiplex no mercado nacional; de porcentagem de bilheteria total (o chama- projetos que levem em conta, principalmente, produtos/obras que sejam oferecidos. No en- e o incentivo dado à construção dos mesmos do market share), o cinema brasileiro em 2010 a sua viabilização posterior no mercado (de tanto, em linhas gerais, a tendência evolutiva tanto pelo aumento do número de shopping ocupou 19% do mercado – ficando, portanto, novo, pelo menos teoricamente). Em números é mesmo essa de um aumento considerável centers (onde geralmente o cinema aparece ainda abaixo do recorde no período, que são os absolutos, aliás, o Fundo Setorial promete se na importância da plataforma do cinema como elemento central) quanto por políticas 21,4% de 2003. No entanto, este é um número estabelecer cada vez mais ao longo da próxima no mercado audiovisual brasileiro – e assim colocadas em andamento pelo BNDES e pela bem acima da média geral, que variou entre 10 década como o principal meio de financiamen- percebemos que o fenômeno da pirataria, Ancine – a Agência Nacional do Cinema, cuja e 14% na maior parte dos outros anos da déca- to do cinema nacional, especialmente daquele embora tenha sido devastador no mercado criação e progressivo aumento de importância da – portanto, sem que se possa ainda real- com vistas ao mercado. do home video, mesmo que tenha prejudi- e centralidade na gestão do mesmo são ambos mente traçar uma linha que projete resultados cado um aumento possivelmente maior do fenômenos desta última década. mais regulares para o futuro. 82 CINEMA BRASILEIRO Anos 2000, 10 questões 83

As 20 maiores bilheterias nacionais nos cinemas no período 2001-2010 c) Cinema brasileiro e mercado: duas realidades distintas Tropa de Elite 2 (2010) Olga (2004) 1 11.081.199 espectadores 11 3.078.030 espectadores Desta maneira, o cinema brasileiro entra na reduzido ou para lançamentos em DVD ou Se Eu Fosse Você 2 (2009) Os Normais (2003) próxima década espelhando um dilema que circulação alternativa). Outros tantos chega- 2 12 hoje é comum a quase todas as principais ram aos cinemas com resultados inferiores a 6.137.345 espectadores 2.996.467 espectadores cinematografias mundiais, desde uma mais 5 mil espectadores (em muitos casos, menos 2 Filhos de Francisco (2005) Xuxa e os Duendes (2001) associada ao “mercado”, como a americana, de mil), brigando em geral em um circuito 3 13 até uma mais relacionada com investimentos “alternativo” reduzido e hiperocupado. 5.319.677 espectadores 2.657.091 espectadores estatais estratégicos, como é o caso da fran- É importante voltar a lembrar que essa si- Carandiru (2003) Tropa de Elite (2007) cesa. Existe um fosso enorme entre os investi- tuação não é diferente da que atravessam hoje 4 14 mentos cedidos e os resultados atingidos por mercados do mundo todo, sendo que em luga- 4.693.853 espectadores 2.421.295 espectadores uma determinada produção voltada quase res tão distintos como os festivais de Sundance Nosso Lar (2010) A Mulher Invisível (2009) exclusivamente ao “mercado” (com todas as ou Cannes, particularmente depois da mais 5 15 nuances que vão desde um megassucesso his- recente crise econômica mundial, discussões 4.060.000 espectadores 2.353.136 espectadores tórico como Tropa de Elite 2 a vários caríssimos pontuais sobre o assunto têm sido feitas – na Se Eu Fosse Você (2006) Maria – A Mãe fracassos); e uma dificuldade cada vez maior França, por exemplo, há dois anos houve um 6 16 de encontrar mecanismos de financiamento intenso movimento do chamado “cinema de 3.644.956 espectadores do Filho de Deus (2003) e espaço nas salas de cinema pelo que ainda arte” local para buscar restabelecer suas bases 2.332.873 espectadores Chico Xavier (2010) representa uma maioria de títulos produzidos de sobrevivência. Como o cinema brasileiro li- 7 com orçamentos reduzidos ou com motivações dará com as tensões resultantes desta latente 3.414.900 espectadores Xuxa e os Duendes 2 (2002) principalmente artístico-autorais. cisão é algo que resta ser visto. 17 2.301.152 espectadores Cidade de Deus (2002) Para termos ideia dos totais a que nos O único ingrediente “autenticamente 8 referimos, quase 50% dos longas nacionais brasileiro” em todo esse panorama é mesmo 3.370.871 espectadores Sexo, Amor e Traição (2004) que tiveram sua primeira exibição pública a presença da Globo Filmes. Criada em 1998, 18 2.219.423 espectadores Lisbela e o Prisioneiro (2003) em 2008 ou 2009 (não considerando 2010, já esta empresa até tem investido em produção 9 que vários dos mais comerciais ainda estão de maneira direta em alguns casos espe- 3.174.643 espectadores Xuxa Abracadabra (2003) no seu calendário normal de lançamento cíficos, mas no geral representa um braço 19 2.214.481 espectadores Cazuza – O Tempo para este ano de 2011) só foram exibidos no de marketing para vários filmes nacionais, 10 circuito dos festivais ou em espaços alterna- aproveitando-se da peculiar situação de Não Para (2004) Os Normais 2 (2009) tivos, sem terem sequer chegado ao mercado visibilidade assegurada ao grupo de comuni- 3.082.522 espectadores 20 2.177.657 espectadores exibidor tradicional (claro que isso inclui cações das Organizações Globo. Na lista das uma série de filmes realizados sem qualquer 20 maiores bilheterias abaixo listadas, por (Fonte: Filme B) N. do E.: Embora seja oficialmente um filme de 2010 (foi lançado no dia 31/12), por ter feito sua bilheteria quase toda em 2011, não expectativa real de chegar a este lançamento exemplo, apenas 3 filmes foram lançados sem consta da lista o filme De Pernas Pro Ar, que já soma mais de 3,5 milhões de espectadores até o dia 15/3/2011 – o que o posicionaria em salas, voltados mesmo para este circuito o apoio da empresa. em sétimo lugar na lista acima. 84 CINEMA BRASILEIRO Anos 2000, 10 questões 85

Filmes enviados ao Oscar III para concorrer a melhor filme estrangeiro Os 10 escolhidos

2001 Abril Despedaçado

Pode-se supor, ao tentarmos analisar a lista pragmáticas (CdD), mas também faltas de chegou aos nove filmes pré-selecionados, mas 2002 dos filmes enviados a essa categoria do Oscar, saídas (Carandiru e Olga). sem ficar entre os cinco finalistas). Nos dois Cidade de Deus que lidemos menos com a representativida- 2 Filhos de Francisco, maior sucesso de pú- anos seguintes, dois filmes urbanos, contem- de dos filmes em si, e mais com os critérios blico entre os indicados, marca uma mudança. porâneos, baseados, direta ou indiretamente, 2003 usados por nossos selecionadores de obra Neste filme, explicitamente, há vitoriosos: em casos reais: Última Parada 174 (do mesmo Carandiru para serem avaliadas em Hollywood. Os o herói trabalha e colhe. Sentimentalismo diretor de O Que é Isso Companheiro?) e Salve primeiros filmes da década a terem sido esco- assumido, vinculado à família, ao interior, à Geral. Um retorna ao personagem de Ônibus 2004 lhidos por nossas comissões tinham a lógica música popular. Do estrondoso sucesso ao 174, que já tinha apelo do caso midiático do Olga representativa e simbólica do espaço social. espírito indie no sertão: Cinema, Aspirinas sequestro ao vivo, e o outro relacionando-se à Abril Despedaçado e o sertão alaranjado para e Urubus parece ter sido uma escolha para rebelião em cadeia do PCC, em São Paulo. Pas- 2005 sua tragédia cultural e familiar (além, claro, se fugir do princípio de que o indicado para sado o momento de afeto, retornamos para as 2 Filhos de Francisco da grife de Walter Salles, que tinha concor- representar o cinema brasileiro tenha de ser marcas do social, nos casos vistos como abor- rido em 1999 com Central do Brasil). Cidade assumidamente comercial. No entanto, a tos de percursos de jovens. Nos dois casos, 2006 de Deus, nosso filme de maior visibilidade seu favor, como apelo, havia o sertão – e um impera a força do acaso, sem culpados. Cinema, Aspirinas e Urubus externa, trazia a favela como cenário de ação percurso afetuoso entre um sertanejo e um A década termina com a indicação do filme de gênero e como ringue de tensões sociais. alemão, sinal de cordialidade em nosso solo. sobre a vida de retirante e de operário do pre- 2007 Carandiru e o presídio com detentos empur- A ditadura militar já havia sido tema de sidente-mito: Lula – O Filho do Brasil, também O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias rados para lá. Embora tenham tratamentos um de nossos concorrentes bem-sucedido dirigido por um dos indicados nos anos 1990 distintos, todos lidam com a velocidade, em nos anos 1990, O Que é Isso Companheiro?, e (o primeiro, então, O Quatrilho). A lógica de 2008 todos há personagens centrais mortos. Quem retornou pela ótica doce de um criança em O 2 Filhos de Francisco, de mostrar a formação Última Parada 174 mata são os vizinhos, os concorrentes, a po- Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, filme de um pop star contemporâneo, retorna com lícia. Já Olga vale-se não de um espaço físico, enviado no ano do fenômeno Tropa de Elite. o astro na presidência. O efeito Lula, o cara, 2009 mas da História, valendo-se do heroísmo ma- Parecia claro que, em vez da violência física e poderia ser válido, mas – como em todos os Salve Geral trimonial e matriarcal. De novo, a morte. Essa da truculência estética, apostaram na emo- anos da década – a aposta não deu em nada. primeira metade da década tanto mostra ção, ainda mais na emoção de matriz judaica, E, em vários sentidos, esse nada também não 2010 saídas metafóricas (Abril Despedaçado) como algo que tem uma história na Academia (e ele significa muita coisa Lula, O Filho do Brasil 86 CINEMA BRASILEIRO Anos 2000, 10 questões 87

2001 2007 2009 Presença brasileira Abril Despedaçado Cleópatra (Mestres) Viajo Porque Preciso, (Competição) Andarilho (Orizzonti) Volto Porque Te Amo (Orizzonti) nos principais festivais internacionais Anabazys (Especial) eneza 2002 Insolação (Orizzonti) IV V Rocha que Voa 2008 (Novos Territórios) 2010 A Erva do Rato (Orizzonti) Lope (Fora de Competição) 2005 Encarnação do Demônio (Fora de Competição – Árido Movie (Orizzonti) Meia-Noite) 2006 O Céu de Suely (Orizzonti)

2001 2004 2008 Latitude Zero Contra Todos (Panorama) Tropa de Elite (Competição (Filme de 2000 - Panorama) Fala Tu (Panorama) – Urso de Ouro) Memórias Póstumas O Outro Lado da Rua Maré (Panorama) 2002 2005 2009 Berlim (Filme de 2000 - Panorama) (Panorama) Madame Satã Cidade Baixa À Deriva (Un Certain 2009 (Un Certain Regard) (Un Certain Regard) Regard) 2002 2005 Garapa (Panorama) Cidade de Deus Cinema, Aspirinas e No Meu Lugar As Três Marias (Panorama) annes Redentor (Panorama) Vingança (Panorama) (Fora de Competição) Urubus (Un Certain Regard) (Fora de Competição) C O Invasor (Panorama) 2003 2007 2010 2006 2010 2003 Casa de Areia (Panorama) Besouro (Panorama) Carandiru (Competição) Mutum 5x Favela – Agora O Homem do Ano (Quinzena dos Realizadores) Por Nós Mesmos Meninas (Panorama) Bróder (Panorama) Filme de Amor (Panorama) (Quinzena dos Realizadores) Via Láctea (Semana da (Fora de Competição) Atos dos Homens (Fórum) Lixo Extraordinário Amarelo Manga (Fórum) Crítica) A Alegria (Panorama) 2004 (Quinzena dos Realizadores) Rua Seis, Sem Número 2007 (Fórum) Glauber, o Filme 2008 O Ano em que Meus 2011 (Fora de Competição) Pais Saíram de Férias Tropa de Elite 2 (Fora de (Competição) (Competição) Competição) Festa da Menina Morta A Casa de Alice (Panorama) Os Residentes (Fórum) (Un Certain Regard) Deserto Feliz (Panorama) 88 CINEMA BRASILEIRO Anos 2000, 10 questões 89

2001 2004 2009 Eu, Tu, Eles Carandiru Carmo 2001 (filmes de 2000) 2005 2009 Amores Possíveis Domésticas (competição) Estamira Acácio 2005 2010 Eu, Tu, Eles O Diabo a Quatro Filmefobia 2002 Soy Cuba Lixo Extraordinário Cronicamente Inviável A Erva do Rato O Invasor Segredos da Tribo

oterdã 2006

O Rap do Pequeno A Festa da Menina Morta S undance 2006 R Príncipe Contra as Almas Crime Delicado Casa de Areia Apenas o Fim 2003 2011 Sebosas Cinema, Aspirinas Benjamim e Urubus Tropa de Elite 2 Urbania 2010 Ônibus 174 2007 Quanto Vale Acidente Moscou Madame Satã ou é Por Quilo? 2002 Hotel Atlântico O Cheiro do Ralo Lavoura Arcaica A Falta que Me Faz (competição) 2007 Belair Dias de Nietzsche em Baixio das Bestas 2001 2006 2009 Turim (competição – ganhador Avenida Brasília Formosa de um prêmio Tiger) Bicho de Sete Cabeças Acidente Os Famosos e Onde a Terra Acaba (Cineastas do Presente) os Duendes da Morte Acidente 2011 (competição) O Céu Sobre os Ombros 2002 Person

Serras da Desordem ocarno 2003 Rocha que Voa A Fuga da Mulher Gorila

(competição) L Narradores de Javé O Céu de Suely 33 2007 (Cineastas do Presente) (competição) A Alegria Juízo Terras 2008 Desassossego Cidade de Deus 2004 (Cineastas do Presente) A Casa de Alice Mensageiras da Luz Moacir Arte Bruta 2010 Andarilho Ônibus 174 Rua de Mão Dupla Luz nas Trevas Madame Satã Cleópatra 2008 (competição) As Três Marias Juízo 2005 Filmefobia A Festa de Margarette Fim da Linha Soy Cuba (Cineastas do Presente) Ainda Orangotangos O Signo do Caos Baixio das Bestas 2004 Mutum Jogo de Cena Filme de Amor Deserto Feliz Andarilho O Caminho das Nuvens Estômago Estrada Real da Cachaça 90 CINEMA BRASILEIRO Anos 2000, 10 questões 91

Ganhadores Festival do Rio 2001 Bellini e a Esfinge do prêmio de Melhor Filme nos de Roberto Santucci (prêmio do público) V 2002 Seja o Que Deus Quiser principais festivais brasileiros de Murilo Salles (prêmio do público) (segundo o júri oficial) 2003 Narradores de Javé de Eliane Caffé Festival de Paulínia 2004 Contra Todos de Roberto Moreira A Encarnação do Demônio Vale explicar que o critério utilizado para no- (caso de Tiradentes), ou mudaram bastante 2008 Cidade Baixa de Sérgio Machado de José Mojica Marins mear os “principais festivais” foi, no caso dos seu formato (caso do Cine Ceará), ou ainda 2005 festivais de Brasília e Gramado, a importância têm sua maior força não exatamente na luta 2006 O Céu de Suely de Karim Aïnouz 2009 Olhos Azuis de José Joffily que ambos possuem tradicionalmente no pelos prêmios (caso de Recife). Finalmente, o É 2007 Mutum de Sandra Kogut 2010 5x Vezes Favela – Agora imaginário do cinema brasileiro; e no caso do Tudo Verdade entra como principal vitrine da 2008 Se Nada Mais Der Certo Por Nós Mesmos direção coletiva Festival do Rio e do de Paulínia, a importância produção documental, já que outros festivais de José Eduardo Belmonte que adquiriram ao longo da década para os dão um espaço secundário na programação Os Famosos e os Duendes da Morte produtores. Outros festivais de destaque ou ao documentário. 2009 de Esmir Filho dão menos importância à competição em si É Tudo Verdade 2010 VIPs de Toniko Melo competição nacional

2001 A Negação do Brasil de Joel Zito Araújo Festival de Brasília Grande Prêmio do 2002 Rocha que Voa de Eryk Rocha Cinema Brasileiro 2003 O Prisioneiro da Grade de Ferro Lavoura Arcaica Memórias Póstumas de André Klotzel 2001 2001 de Paulo Sacramento (também de Luiz Fernando Carvalho 2002 Durval Discos de 2001 Bicho de Sete Cabeças de Lais Bodansky vencedor da competição internacional) Samba Riachão De Passagem de Ricardo Elias 2002 Cidade de Deus de Fernando Meirelles de Jorge Alfredo Guimarães 2003 2004 A Alma do Osso 2004 de Helena Solberg 2003 O Homem que Copiava de Cao Guimarães (também 2002 Amarelo Manga de Cláudio Assis 2005 Gaijin – Ama-Me Como Sou de Jorge Furtado vencedor da competição internacional) 2003 Filme de Amor de Julio Bressane de Tizuka Yamazaki 2004 Cazuza – O Tempo Não Para 2005 Aboio de Marília Rocha 2004 Peões de Eduardo Coutinho 2006 de Andrea Tonacci de Sandra Werneck e Walter Carvalho 2006 Caparaó de Flávio Frederico 2005 Eu Me Lembro de Edgard Navarro de Rudi Lagemann 2005 Cinema, Aspirinas e Urubus 2007 Elevado 3.5 de João Sodré, 2006 Baixio das Bestas de Cláudio Assis 2007 Castelar e Nelson Dantas de Marcelo Gomes Maíra Bühler e Paulo Pastorelo 2007 Cleópatra de Julio Bressane no País dos Generais de Carlos Prates 2006/ O Ano em Que Meus Pais Saíram 2008 Pan-Cinema Permanente 2008 Filmefobia de Kiko Goifman 2008 Nome Próprio de Murilo Salles 2007 de Férias de Cao Hamburguer de Carlos Nader 2009 É Proibido Fumar de Anna Muylaert 2009 Corumbiara de Vincent Carelli 2008 Estômago de Marcos Jorge 2009 Cidadão Boilesen de Chaim Litewski 2010 O Céu Sobre os Ombros 2010 Bróder de Jeferson De 2009 É Proibido Fumar de Anna Muylaert 2010 Terra Deu, Terra Come de Sérgio Borges 2010 a ser entregue em 2011 de Rodrigo Siqueira 92 CINEMA BRASILEIRO Anos 2000, 10 questões 93

b) Livros sobre Filmes Específicos

Bibliografia Dois apanhados críticos foram publicados realizados no período. Estes livros, além de uma proposta inicial sobre o período a partir de dois títulos de longas lançados vários outros da mesma coleção, podem ser VI no período: encontrados e baixados através do endereço: aplauso.imprensaoficial.com.br Embora ainda seja tão recente, a década de brasileiro em especial como pelo aumento Diário de Sintra: Reflexões 2001-2010 já permitiu uma série de escritos considerável dos cursos de graduação e pós- Sobre o Filme de Paula Gaitán Finalmente, é importante estar atento às sobre sua produção, algo que se pode entender -graduação em cinema (ou audiovisual) que se org. Rodrigo de Oliveira. publicações feitas pela Socine – Sociedade tanto pelo fato do período ter visto uma multi- espalharam pelo país. Fazemos aqui somente Ed. Confraria do Vento, 2009. Brasileira de Estudos de Cinema e do Audiovi- plicação de publicações (impressas ou virtuais) um primeiro balanço de parte dessa produção, sual. Embora seus trabalhos não se atenham dedicadas à critica de cinema e/ou ao cinema que tende a se multiplicar no futuro próximo. Serras da Desordem somente ao cinema brasileiro, nem ao cinema org. Daniel Caetano. Ed. Azougue, 2008. contemporâneo, sempre pode-se encontrar muitos trabalhos refletindo no calor da hora a) Livros Gerais Além destes dois, a coleção Aplauso, da Im- sobre a força de alguns filmes nacionais do prensa Oficial do Estado de São Paulo, publicou período. Mais informações no site: Mesmo publicados antes do final da década O destaque recebido pela produção docu- versões impressas de vários roteiros de filmes www.socine.org.br/livros.asp (portanto, lidando apenas parcialmente com mental deu origem a dois textos que tratam o período), três livros escritos por atuan- essencialmente de filmes do período: tes críticos de cinema lidaram com alguns c) Catálogos aspectos dessa produção (os dois primeiros Ensaios no Real: evocando mais todo o período da chamada O Documentário Brasileiro Hoje Os inúmeros catálogos de mostras e festivais Para fins específicos de pesquisa sobre os “retomada”, que começa em 1995). org. Cezar Migliorin. Ed. Azougue, 2010. de cinema organizados pelo Brasil são, cada festivais, além de uma listagem dos filmes vez mais, fontes primárias de pesquisa para produzidos e exibidos no período (inclusive Cinco Mais Cinco Filmar o Real: Sobre o Documentário quem se interessa pela história do cinema de curta ou média-metragem), existem ainda de Luiz Carlos Merten, Rodrigo Fonseca e Brasileiro Contemporâneo brasileiro. No que concerne o objeto específi- as edições anuais do Guia dos Festivais. Orga- Carlos Diegues. Legere Editora, 2007. de Consuelo Lins e Cláudia Mesquita. co do universo desta mostra, é de particular nizado e distribuído pela Kinoforum, o guia Ed. Jorge Zahar, 2007. interesse a consulta aos exemplares referen- lista todos os festivais realizados pelo país Cinema de Novo: Um Balanço tes à Mostra de Tiradentes, devido ao hábito ano a ano Mais informações no site: Crítico da Retomada Finalmente, em 2011 surge o primeiro livro desta em publicar, para além de informação www.kinoforum.org.br/guia de Luiz Zanin Oricchio. a analisar a produção independente do pe- sobre os filmes, ensaios e entrevistas sobre Ed. Estação Liberdade, 2003. ríodo, fazendo ainda uma extensa listagem o cinema brasileiro contemporâneo – além Entre as mostras temáticas realizadas em cen- dessa produção. de propor recortes temáticos a cada ano. Da tros culturais, vale destacar a mostra “Eu é um Cinema Brasileiro 1995-2005: mesma forma, os catálogos da Mostra do Outro – O Autor e o Objeto no Documentário Ensaios Sobre Uma Década Cinema de Garagem: Um Inventário Filme Livre são uma fonte importante de Brasileiro Recente”, realizada na Caixa Cultural org. Daniel Caetano. Ed. Azougue, 2005. Afetivo Sobre o Jovem Cinema informação sobre filmes pouco exibidos. do Rio de Janeiro em março de 2008, e que Brasileiro do Século XXI exibiu 36 documentários de longa-metragem de Dellani Lima e Marcelo Ikeda. realizados no período 1999-2007, com textos Edição independente, 2011. propondo recortes sobre essa produção. 94 CINEMA BRASILEIRO Anos 2000, 10 questões 95

d) Revistas Eletrônicas

Um grande número de periódicos refletiu em formato impresso, outros exclusivamen- Com a explosão do acesso à internet ao longo Já a Contracampo pode ser considerada a pio- regularmente sobre o período, alguns deles te na internet. da década surgiram e consolidaram-se as neira nesse meio, e embora suas atualizações mais diferentes iniciativas de crítica de cine- de edições estejam menos frequentes, pode- Impressas ma pela web, desde revistas de atualização -se encontrar nos seus arquivos uma quan- regular a blogs e sites pessoais. Destacamos tidade grande de pautas voltadas ao cinema Entre as impressas, destaque à Revista de Ci- Publicada pelo Núcleo de Estudos de Cinema aqui apenas alguns. brasileiro. Destaque especial ao “Cinema nema, que completou dez anos recentemente de Porto Alegre, a Teorema mistura entrevis- Falado”, transcrição de debates ao vivo entre e que acompanha principalmente as atuali- tas a textos críticos (de viés acadêmico ou Claro que precisamos começar pela Revista a redação sobre os filmes brasileiros a cada dades do cinema brasileiro. Tendo publicado não), e embora não se dedique exclusivamen- Cinética, pelo simples fato dela ser a propo- ano. Na atual edição, de número 96, existe 102 edições nas bancas até agora, vale desta- te ao cinema nacional, publicou inúmeros nente desse evento. A revista é atualizada inclusive uma edição especial sobre a década car as edições 98, 99 e 100, nas quais a revista textos sobre a produção contemporânea, frequentemente, sem possuir números de de 2000 no cinema nacional. se dedicou a fazer uma lista dos dez filmes além de entrevistar vários dos realizadores. edição, e tem feito esforços desde sua criação, www.contracampo.com.br mais importantes do cinema brasileiro dessa Encontra-se atualmente no número 14. em 2006, para estar em dia com a produ- década, e depois a analisar as tendências do ção nacional. Buscando-se pelos arquivos Entre as inúmeras outras revistas virtuais de cinema nacional no período e a dos perfis dos Além destas, vale procurar exemplares das encontram-se críticas sobre a maior parte dos maior ou menor estrutura, destacamos ainda a cineastas que mais se destacaram. O site da paranaenses Taturana e Juliette. longas brasileiros lançados no período, além Filmes Polvo (www.filmespolvo.com.br) e a Revista de Cinema é: de cobertura dos principais festivais nacio- Revista Moviola (www.revistamoviola.com). www.revistadecinema.com.br Entre as várias revistas acadêmicas que nais, e algumas pautas especiais (como uma tratam de cinema (em geral, dentro do campo dedicada ao curta-metragem brasileiro). Uma grande quantidade de críticos, jornalis- Parte importante da história recente do cine- da comunicação), destaque para a mineira www.revistacinetica.com.br tas e cinéfilos mantêm páginas pessoais ou ma nacional, a revista Filme Cultura retomou Devires, que também não se dedica exclusiva- blogs na internet. Destacamos os mantidos seus trabalhos em 2010, depois de um inter- mente ao cinema nacional, mas possui textos por Inácio Araújo (inacio-a.blogosfera.uol. valo de mais de 20 anos (havia parado de ser interessantes sobre o tema. O site dela é: com.br), Jean-Claude Bernardet publicada em 1988). O primeiro número da www.fafich.ufmg.br/~devires (jcbernardet.blog.uol.com.br), José Ge- nova edição foi o de número 50, que se dedica- raldo Couto (blogdozegeraldo.wordpress. va justamente ao “Cinema Brasileiro Agora”. A Finalmente, duas revistas que não estão com), e José Carlos Avellar (www.escrever- revista publicou recentemente o número 53, e mais regularmente sendo publicadas, mas cinema.com), por produzirem grande quan- pode ser conhecida ou encomendada pelo site: que propuseram pautas importantes na sua tidade de textos inéditos em outros suportes www.filmecultura.com.br existência no período foram a independente e por serem a principal plataforma onde eles Paisà e a Sinopse, esta ligada ao Cinusp e à se expressam em público atualmente. ECA-USP. Em sebos ainda podem ser encon- trados exemplares de ambas.