REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS AA

ANO LXIII - Nº 008 - TERÇA-FEIRA, 12 DE FEVEREIRO DE 2008 - BRASILIA-DF MESA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS (Biênio 2007/2008)

PRESIDENTE ARLINDO CHINAGLIA – PT - SP

1º VICE-PRESIDENTE NARCIO RODRIGUES – PSDB-MG

2º VICE-PRESIDENTE INOCÊNCIO OLIVEIRA – PR - PE

1º SECRETÁRIO OSMAR SERRAGLIO – PMDB - PR

2º SECRETÁRIO CIRO NOGUEIRA – PP - PI

3º SECRETÁRIO WALDEMIR MOKA – PMDB - MS

4º SECRETÁRIO JOSE CARLOS MACHADO – DEM - SE

1º SUPLENTE MANATO – PDT - ES

2º SUPLENTE ARNON BEZERRA – PTB - CE

3º SUPLENTE ALEXANDRE SILVEIRA – PPS - MG

4º SUPLENTE DELEY – PSC - RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

SUMÁRIO

SEÇÃO I

1 – ATA DA 3ª SESSÃO DA CÂMARA DOS N° 2/08 – Do Senhor Deputado Leo Vivas, do DEPUTADOS, ORDINÁRIA, DA 2ª SESSÃO LE- PRB, indicando o seu nome para integrar a Comis- GISLATIVA ORDINÁRIA, DA 53ª LEGISLATURA, são Especial destinada a proferir parecer à PEC nº EM 11 DE FEVEREIRO DE 2008. 511-A/06...... 01346 I – Abertura da sessão Nº 398/07 – Do Senhor Deputado Nelson II – Leitura e assinatura da ata da sessão Marquezelli, Presidente da Comissão de Trabalho, anterior de Administração e Serviço Público, comunicando a III – Leitura do expediente apreciação do PL nº 7.213/02 e seus apensados.. 01347 MENSAGENS PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR N° 1.018/2007 – Do Poder Executivo – Enca- N° 251/2007 – Do Sr. Antonio Palocci – Altera minha, ao Congresso Nacional, o demonstrativo das a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de emissões do Real, referente ao mês de novembro 2006...... 01347 de 2007, as razões delas determinantes e a posição PROJETOS DE LEI das reservas internacionais a elas vinculadas...... 01334 N° 4.203-D/2001 – Do Poder Executivo – N° 10/2008 – Do Poder Executivo – Comunica SUBSTITUTIVO DO SENADO FEDERAL AO PRO- o Excelentíssimo Senhor Presidente da República JETO DE LEI Nº 4203-C, de 2001, que “Altera dis- que se ausentará do País, no período de 14 a 16 de positivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro janeiro, em visitas oficiais à Guatemala e Cuba..... de 1941 – Código de Processo Penal, relativos ao N° 24/2008 – Do Poder Executivo – Solicita Tribunal do Júri, e dá outras providências”...... 01347 a retirada do Projeto de Lei nº 2204, de 2007, que N° 4.207-C/2001 – Do Poder Executivo – “Dispõe sobre o Programa Nacional de Inclusão de SUBSTITUTIVO DO SENADO FEDERAL AO PRO- Jovens – Projovem, instituído pela Lei nº 11.129, de JETO DE LEI Nº 4207-B, de 2001, que “Altera dis- 30 de junho de 2005, altera as Leis nºs 9.311, de positivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro 24 de outubro de 1996, e 10.836, de 9 de janeiro de 1941 – Código de Processo Penal, relativos à de 2004, e dá outras providências”, enviado à Câ- suspensão do processo, emendatio libelli, mutatio mara dos Deputados com a Mensagem nº 660, de libelli e aos procedimentos”...... 01371 2007, em virtude da edição de medida provisória com o mesmo teor...... 01344 N° 2.535/2007 – Do Sr. Vander Loubet – Altera a Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe OFÍCIOS sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, N° 32/08 – Do Senhor Deputado Arlindo inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina Chinaglia, Presidente da Câmara dos Deputados, outras providências...... 01379 devolvendo ao Deputado Gonzaga Patriota o PL N° 2.569/2007 – Do Sr. Walter Brito Neto – nº 2.597/07, de autoria deste, pelas razões que Regulamenta as profissões de maitre e de garçom, aduz...... 01344 e dá outras providências...... 01380 N° 27/08 – Do Senhor Deputado Henrique N° 2.646/2007 – Do Sr. Walter Brito Neto – Eduardo Alves, Líder do Bloco PMDB, PSC e PTC, Acrescenta o art. 3º A, à Lei nº 1.579, de 18 de comunicando que o Deputado Leonardo Picciani março de 1952, que dispõe sobre as Comissões passa a integrar a Comissão Especial destinada a Parlamentares de Inquérito...... 01381 proferir parecer à PEC nº 511-A/06...... 01345 N° 2.687/2007 – Do Sr. Walter Brito Neto – N° 14/08 – Do Senhor Deputado Mário Ne- Altera a redação do parágrafo único, do art. 445 do gromonte, Líder do PP, solicitando tornar sem efei- Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, da to a indicação do Deputado Zonta e indicando o Consolidação das Leis do Trabalho – CLT...... 01382 Deputado Gerson Peres para integrar a Comissão N° 2.705/2007 – Do Sr. Chico Alencar – Inclui Especial destinada a proferir parecer à PEC nº 511- art. 129-A à Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, A/06...... 01345 para regulamentar a cobrança de chamadas rece- 01326 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 bidas ou originadas fora de Área de Registro no Nacional, Senador Garibaldi Alves Filho, por oca- Serviço Móvel Pessoal (SMP)...... 01383 sião da abertura dos trabalhos legislativos de 2008. N° 2.711/2007 – Do Sr. João Magalhães – Apresentação de emenda ao Regimento Interno da Altera Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, que Câmara dos Deputados, destinada ao aperfeiçoa- regula o Programa do Seguro-Desemprego, o Abono mento da atividade parlamentar. Definição de po- Salarial, institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador líticas de desenvolvimento do País. Reformulação (FAT), e dá outras providências, para dispor sobre as da Constituição Federal. Editorial Irrealismo no formas de pagamento do abono e dos rendimentos ensino superior, publicado pelo jornal O Estado do PIS/PASEP...... 01384 de S.Paulo. Necessidade de discussão, pela Casa, N° 2.716/2007 – Do Sr. Onyx Lorenzoni – Al- do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação tera a Lei nº 8.069, de 1990 – Estatuto da Criança e Expansão das Universidades Federais – REUNI. e do Adolescente, e dá outras providências...... 01385 Apelo aos Líderes partidários de apreciação da N° 2.721/2007 – Da Comissão de Legislação proposta de reforma universitária...... 01395 Participativa – Altera a Lei nº 9.503, de 23 de se- TARCÍSIO ZIMMERMANN (PT – RS) – Trans- tembro de 1997, que institui o Código de Trânsito curso do 28º aniversário de fundação do Partido dos Brasileiro, para revogar o instituto da Permissão Trabalhadores. Posse da nova diretoria estadual do para Dirigir...... 01386 partido no Rio Grande do Sul...... 01396 N° 2.728/2007 – Do Senado Federal – Insti- BARBOSA NETO (Bloco/PDT – PR) – Mal- tui a obrigatoriedade de uso de uniforme estudantil versação de recursos públicos pelo Governador do padronizado nas escolas públicas, altera o art. 70 Estado do Paraná, Roberto Requião...... 01397 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e au- MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB – CE) – toriza a criação, pela União, do Programa Nacional Transcurso do 40º aniversário de fundação da Rádio de Uniforme Escolar...... 01391 Difusora Cristal, do Município de Quixeramobim, N° 2.729/2007 – Do Senado Federal – Institui Estado do Ceará...... 01397 o ano de 2007 como “Ano do Cinqüentenário dos MANATO (Bloco/PDT – ES) – Lisura na utili- painéis Guerra e Paz”, de Candido Portinari, insta- zação de cartões corporativos pelo Poder Público lados na sede da Organização das Nações Unidas no Estado do Espírito Santo...... 01398 – ONU, em 6 de setembro de 1957...... 01392 JANETE ROCHA PIETÁ (PT – SP) – Trans- N° 2.730/2007 – Do Senado Federal – Ins- curso dos 120 anos de promulgação da Lei Áurea. creve o nome de João Cândido Felisberto, líder da Manifesto do Diretório Nacional do Partido dos Tra- Revolta da Chibata, no Livro dos Heróis da Pátria.. 01392 balhadores – PT, em solidariedade à ex-Ministra N° 2.732/2008 – Do Senado Federal – Altera Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de de Promoção da Igualdade Racial. Comemoração Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre do 20º aniversário da Constituição Federal. Ho- a obrigatoriedade do ensino da música na educação menagem à memória do líder negro Martin Luther básica...... 01393 King, ao ensejo do transcurso dos 40 anos do seu assassinato...... 01398 REQUERIMENTO DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB – RS) – Nº 2.023/07 – Da Senhora Deputada Luiza Expectativa quanto à decisão do Conselho Nacio- Erundina, requerendo a convocação de sessão so- nal de Biossegurança sobre a comercialização de lene em homenagem a Enrico Giusti...... 01393 milho transgênico...... 01400 SESSÃO ORDINÁRIA DE 11-2-08 JOSÉ GUIMARÃES (PT – CE) – Expectativa IV – Pequeno Expediente quanto à inauguração de obras realizadas com re- DÉCIO LIMA (PT – SC) – Necrológio do em- cursos do Programa de Aceleração do Crescimento presário e artista João Batista Sérgio Murad, o Beto – PAC...... 01400 Carrero...... 01394 WILLIAM WOO (PSDB – SP) – Importância FLÁVIO BEZERRA (Bloco/PMDB – CE) – da aprovação do selo de qualidade para exportação Crise social provocada por restrições à pesca de da carne brasileira à República Popular da China. lagosta no Estado do Ceará...... 01395 Participação da Ministra do Turismo, Marta Suplicy, CARLOS SOUZA (PP – AM) – Pré-candida- em festa promovida pela comunidade chinesa em tura do orador à Prefeitura Municipal de Manaus, São Paulo, Estado de São Paulo...... 01400 Estado do Amazonas. Congratulações à Comissão ARNALDO JARDIM (PPS – SP) – Considera- Executiva Nacional do Partido Progressista – PP, ções sobre o impacto da compra da Brasil Telecom pela condução democrática de questões eleitorais S/A pela empresa Oi...... 01400 no âmbito do partido...... 01395 PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Asso- WALDIR MARANHÃO (PP – MA) – Teor do ciação da Presidência ao discurso do Deputado discurso proferido pelo Presidente do Congresso Arnaldo Jardim...... 01401 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01327

LUIZ COUTO (PT – PB) – Comemoração do PAULO HENRIQUE LUSTOSA (Bloco/PMDB 50º e do 53º aniversários de criação, respectiva- – CE) – Relevância dos discursos proferidos pelo mente, da primeira Liga Camponesa do Estado da Presidente da Casa, Deputado Arlindo Chinaglia, Paraíba e da primeira Liga Camponesa da Região e pelo Presidente do Senado Federal, Senador Nordeste...... 01402 Garibaldi Alves Filho, por ocasião da abertura dos RÔMULO GOUVEIA (PSDB – PB) – Impor- trabalhos legislativos de 2008...... 01409 tância da recriação da Superintendência de Desen- FRANCISCO RODRIGUES (DEM – RR) – volvimento do Nordeste – SUDENE. Nomeação do Associação ao discurso proferido pelo Deputado engenheiro Paulo Sérgio de Noronha Fontana para Paulo Henrique Lustosa. Posicionamento contrário a presidência do órgão...... 01403 à prioridade na discussão da questão dos cartões MOREIRA MENDES (PPS – RO) – Visita do de crédito corporativos do Governo Federal, em orador à Estação Comandante Ferraz, da Marinha detrimento da apreciação de projetos relacionados do Brasil, na Antártica. Protesto contra medida à área social...... 01410 adotada pelo Governo Federal para combate ao ÁTILA LINS (Bloco/PMDB – AM) – Usurpa- desmatamento no Estado de Rondônia...... 01404 ção da prerrogativa legiferante do Poder Legislativo JANETE CAPIBERIBE (Bloco/PSB – AP) – pelos Poderes Executivo e Judiciário. Importância Solicitação às Comissões de Direitos Humanos e de matérias constantes na pauta de votações da Minorias e de Relações Exteriores e de Defesa Casa...... 01410 Nacional e ao Ministério das Relações Exteriores de providências acerca da expulsão de cidadãos MARIA HELENA (Bloco/PSB – RR) – Relato brasileiros da Guiana Francesa pelo Presidente da da participação da oradora na delegação de Parla- , Nicolas Sarkozy. Matéria da Agência EFE mentares em visita à Estação Comandante Ferraz, sobre o tema...... 01405 na Antártica...... 01411 ILDERLEI CORDEIRO (PPS – AC) – Rego- EDINHO BEZ (Bloco/PMDB – SC) – Conquista zijo com a aprovação, pela Comissão de Viação e da Copa São Paulo de Juniores de 2008 pela equipe Transportes, de emenda orçamentária destinada às do Figueirense Futebol Clube, do Estado de Santa obras da BR-364 no Estado do Acre. Urgente com- Catarina...... 01412 bate à malária na região amazônica. Má qualidade URZENI ROCHA (PSDB – RR. Pela ordem) dos serviços prestados à população pela empresa – Preocupação ante denúncias de irregularidades Gol – Linhas Aéreas Inteligentes S/A...... 01406 na utilização de cartões de crédito corporativos por VICENTINHO (PT – SP) – Saudações aos membros do Governo Federal...... 01413 Parlamentares, aos membros da Mesa Diretora, INOCÊNCIO OLIVEIRA (PR – PE) – Déficit ao Presidente Inocêncio Oliveira e aos servidores mundial relativo a prestação de serviços de forneci- da Casa...... 01407 mento de água e de esgotamento sanitário, segundo MARCIO JUNQUEIRA (DEM – RR) – Críticas estudo da Organização das Nações Unidas – ONU. ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Defesa de Desigualdade no processo de aproveitamento de apuração de gastos do Governo Federal...... 01407 recursos hídricos na Região Nordeste. Importância MARCELO ALMEIDA (Bloco/PMDB – PR) – do Sistema Pirapama para o fornecimento de água Importância de votação, pela Casa, de propostas potável à Região Metropolitana de Recife, Estado de destinadas à redução de acidentes de trânsito no Pernambuco e do projeto Visita às Nascentes para País...... 01407 a preservação de mananciais e matas ciliares...... 01413 GERALDO RESENDE (Bloco/PMDB – MS) – VIGNATTI (PT – SC) – Regozijo com o de- Desafio do Poder Legislativo de redução da edição sempenho da indústria nacional...... 01414 de medidas provisórias. Urgente definição do Orça- DJALMA BERGER (Bloco/PSB – SC) – Qua- mento Geral da União de 2008. Elogio a membros dro de calamidade em municípios catarinenses da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos atingidos por intempéries climáticas. Empenho do e Fiscalização. Importância da garantia de recur- orador para a liberação, pelo Governo Federal, de sos orçamentários para o setor de saúde pública. recursos para os municípios vitimados...... 01415 Oportunidade de apuração, pelo Congresso Nacio- nal, de denúncias de irregularidades na utilização CARLOS BEZERRA (Bloco/PMDB – MT) – de cartões corporativos por membros do Governo Necrológio do ex-Senador Valdon Varjão. Artigos Federal...... 01408 Valdon Varjão – uma vida e Viagem Sideral, publi- CHICO LOPES (Bloco/PCdoB – CE) – Apoio cados pela imprensa mato-grossense...... 01416 às declarações do Presidente do Centro Industrial JOSÉ PAULO TÓFFANO (PV – SP) – Trans- do Ceará, Francisco Neto, a respeito do curso do 25º aniversário de circulação da revista artigo Cartões Corporativos: CPI deve abarcar Atenção, do Município de Bauru, Estado de São todos?, publicado pelo jornal O Povo...... 01409 Paulo...... 01418 01328 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008

PERPÉTUA ALMEIDA (Bloco/PCdoB – AC) – Presidente do Congresso Nacional, Senador Ga- Anúncio de lançamento do Programa Territórios da ribaldi Alves Filho, por ocasião da abertura da 2ª Cidadania pelo Governo Luiz Inácio Lula da Silva.. 01418 Sessão Legislativa Ordinária da 53ª Legislatura.... 01425 WALDIR NEVES (PSDB – MS) – Exagero da LUCIANO PIZZATTO (DEM – PR) – Protes- carga tributária em relação ao PIB nacional. Contra- to contra veto presidencial aposto a dispositivo da riedade à proposta do Governo Federal de realiza- proposta de criação da Lei da Mata Atlântica. Impor- ção de cortes no Orçamento Geral da União 2008. tância da retomada da votação de projetos sobre o Expansão do agronegócio brasileiro em 2007...... 01419 meio ambiente. Associação ao pronunciamento do IRAN BARBOSA (PT – SE) – Transcurso do Deputado Moreira Mendes a respeito de medidas primeiro aniversário de reconhecimento da comu- adotadas pelo Governo Federal contra o desmata- nidade Maloca como remanescente de quilombos, mento no Estado de Rondônia. Caráter duvidoso de em Aracaju, Estado de Sergipe. Ações do Governo dados sobre o índice de desmatamento no País.... 01426 Luiz Inácio Lula da Silva em favor das comunida- FLAVIANO MELO (Bloco/PMDB – AC) – Ne- des quilombolas e da população afrodescendente. cessidade de votação de matérias constantes na Saudação ao líder comunitário Luís Augusto Bonfim, pauta e da proposta orçamentária de 2008. Defesa Diretor-Fundador da organização não‑governamen- de instalação da CPMI destinada à investigação de tal Criança e Liberdade – CRILIBER...... 01420 gastos do Governo Federal com cartões de crédito OSVALDO REIS (Bloco/PMDB – TO) – Re- corporativos...... 01429 sultados positivos dos investimentos realizados ERNANDES AMORIM (PTB – RO. Pela or- pelo Estado do Tocantins nas áreas de educação dem) – Ajuizamento de ação na Justiça Federal e inclusão digital...... 01420 para suspensão do processo licitatório de 96 mil PAULO ROCHA (PT – PA) – Transcurso do Dia hectares no Estado de Rondônia...... 01431 Nacional do Trabalhador Gráfico e do 28º aniversário CARLOS SOUZA (PP – AM. Pela ordem) – de fundação do Partido dos Trabalhadores – PT...... 01422 Expectativa quanto à proficuidade da Casa em 2008. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB – AM) Posicionamento do Partido Progressista no Estado – Assassinato da jovem Cristiane Dias Fernandes, do Amazonas, contrário à candidatura do orador à no Estado do Amazonas. Urgente adoção de me- Prefeitura Municipal de Manaus. Coerência do PP didas de combate à violência contra a mulher. Ne- nacional...... 01432 cessidade do cumprimento integral da Lei Maria da WALDIR MARANHÃO (PP – MA. Pela or- Penha...... 01422 dem) – Diretrizes do Partido Progressista para a MARCELO SERAFIM (Bloco/PSB – AM) – participação nas eleições municipais no Estado do Concessão, pelo Conselho Federal de Farmácia, Maranhão...... 01432 da Comenda do Mérito Farmacêutico ao Prefeito ZONTA (PP – SC. Pela ordem) – Suspensão, Municipal de Manaus, Serafim Corrêa, pela implan- pela Comunidade Européia, das importações de tação do Programa Remédio Fácil...... 01423 carne bovina brasileira...... 01433 MANUELA D’ÁVILA (Bloco/PCdoB – RS) – Acerto na decisão do Ministro do Esporte, Orlan- MANATO (Bloco/PDT – ES. Pela ordem) – De- do Silva, de ressarcimento aos cofres públicos de fesa de investigação, por CPI do Senado Federal, valores gastos com cartão de crédito corporativo. de convênio firmado entre a Fundação de Empre- Apoio à implantação de CPI destinada à investiga- endimentos Científicos e Tecnológicos – FINATEC ção de denúncias de irregularidades na utilização e a Prefeitura Municipal de Vitória, Estado do Es- de cartões de crédito corporativos por membros do pírito...... 01433 Governo Federal. Importância de acompanhamen- VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB – AM. to, pela sociedade brasileira, de gastos efetuados Pela ordem) – Defesa de exploração sustentável da pelos Governos Estaduais e Municipais...... 01423 floresta amazônica...... 01433 FELIPE BORNIER (PHS – RJ) – Empenho WILLIAM WOO (PSDB – SP. Pela ordem) – do Governador Sérgio Cabral no combate à crimi- Conveniência de criação de novo sistema de iden- nalidade no Estado do Rio de Janeiro...... 01424 tificação civil no País...... 01434 ANTONIO BULHÕES (Bloco/PMDB – SP) – ÍRIS DE ARAÚJO (Bloco/PMDB – GO. Pela Má qualidade da educação pública no País. Precarie- ordem) – Prisão de menor em cadeia pública desti- dade infra-estrutural das escolas públicas brasileiras. nada a detentos adultos no Município de Planaltina Sugestões para o aperfeiçoamento do ensino. Con- de Goiás, Estado de Goiás. Urgente ação conjunta trariedade à aprovação automática de estudantes das autoridades competentes para melhoria do sis- do ensino fundamental...... 01424 tema prisional brasileiro...... 01434 V – Grande Expediente RENATO MOLLING (PP – RS. Pela ordem) MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB – CE. – Expectativa quanto à realização das eleições Pela ordem) – Repercussão do pronunciamento do municipais de 2008. Urgente realização da reforma Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01329 tributária. Atuação da Frente Parlamentar do Setor Usou da palavra para encaminhamento da Coureiro-Calçadista e Moveleiro...... 01435 votação o Sr. Deputado FERNANDO CORUJA LINCOLN PORTELA (PR – MG. Pela ordem) (PPS – SC)...... 01448 – Avaliação positiva do sistema carcerário do Dis- Usaram da palavra para orientação das res- trito Federal...... 01435 pectivas bancadas os Srs. Deputados WILLIAM SARNEY FILHO (PV – MA. Como Líder) – WOO (PSDB – SP), GUILHERME CAMPOS Nota da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, (DEM – SP)...... 01449 a respeito de matéria publicada pelo jornal O Esta- PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Aprova- do de S. Paulo sobre a concessão, pelo Governo ção do parecer...... 01449 Federal, de anistia aos responsáveis por desmata- Votação do parecer do Relator quanto ao não- mento ilegal na região amazônica. Nota do Partido atendimento dos pressupostos constitucionais de Verde a favor da imediata declaração de moratória relevância e urgência e a sua adequação financeira do desmatamento até a realização de zoneamento e orçamentária...... 01449 ecológico-econômico na região...... 01436 Usou da palavra para orientação da respec- Apresentação de proposições: DR. UBIA- tiva bancada o Sr. Deputado CHICO ALENCAR LI, FERNANDO CORUJA, PERPÉTUA ALMEIDA, (PSOL – RJ)...... 01449 MIRO TEIXEIRA, LÁZARO BOTELHO, WALDIR PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Aprova- NEVES, SARNEY FILHO, VITAL DO RÊGO FILHO, ção do parecer...... 01449 EDINHO BEZ, FERNANDO FERRO, EVANDRO Não-submissão a votos das Emendas de nºs MILHOMEN, ALICE PORTUGAL, EDUARDO VAL- 12, 13 e 17 a 20, com parecer pela inadmissibilidade.. 01449 VERDE, CHICO ALENCAR, LUIZ CARLOS HAULY, Votação das Emendas de nºs 1 a 11, 14 a 16 ÍNDIO DA COSTA, SANDRA ROSADO, ROBERTO e 21 a 23, com parecer contrário, ressalvados os BRITTO, ZEQUINHA MARINHO...... 01437 destaques...... 01450 VI – Ordem do Dia Usaram da palavra para orientação das res- PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Manifes- pectivas bancadas os Srs. Deputados LUIZ SÉRGIO tação de boas-vindas aos Parlamentares ao ensejo (PT – RJ), HENRIQUE FONTANA (PT – RS)...... 01455 do início dos trabalhos legislativos...... 01442 PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Rejeição PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Conti- das emendas...... 01455 nuação da discussão, em turno único, da Medida Votação e aprovação da Medida Provisória Provisória nº 395-A, de 2007, que abre crédito ex- nº 395, de 2007, ressalvados os destaques...... 01455 traordinário, em favor de diversos órgãos do Poder PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Informa- Executivo, no valor global de R$3.256.764.118,00, ção ao Plenário sobre a instalação de Comissão para os fins que especifica...... 01442 Especial destinada ao exame da tramitação de Usaram da palavra para discussão da maté- medidas provisórias...... 01490 ria os Srs. Deputados VICENTINHO (PT – SP), DR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Requeri- UBIALI (Bloco/PSB – SP), BERNARDO ARISTON mento de destaque para votação em separado da (Bloco/PMDB – RJ)...... 01442 Emenda nº 4...... 01490 PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Encerra- Usou da palavra para encaminhamento da mento da discussão...... 01443 votação o Sr. Deputado FERNANDO CORUJA Votação de requerimento de adiamento da (PPS – SC)...... 01490 votação da matéria por 2 sessões...... 01447 Usaram da palavra para orientação das res- Usaram da palavra para encaminhamento da pectivas bancadas os Srs. Deputados LUIZ SÉRGIO votação os Srs. Deputados VICENTINHO (PT – SP), (PT – RJ), GUILHERME CAMPOS (DEM – SP), CHICO ALENCAR (PSOL – RJ), ANTONIO CAR- WILLIAM WOO (PSDB – SP)...... 01447 LOS PANNUNZIO (PSDB – SP), LUIZ SÉRGIO (PT PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Rejeição – RJ), BERNARDO ARISTON (Bloco/PMDB – RJ), do requerimento...... 01447 GUILHERME CAMPOS (DEM – SP), JOSÉ ROCHA Votação da medida provisória...... 01447 (PR – BA), ARMANDO ABÍLIO (PTB – PB), SIMÃO Usaram da palavra para encaminhamento da SESSIM (PP – RJ), DR. UBIALI (Bloco/PSB – SP), votação os Srs. Deputados OTAVIO LEITE (PSDB LUIZ SÉRGIO (PT – RJ)...... 01491 – RJ), LINCOLN PORTELA (PR – MG), TARCÍSIO PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Rejeição ZIMMERMANN (PT – RS)...... 01447 da emenda...... 01491 PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Votação do Requerimento de destaque para votação em parecer do Relator quanto ao atendimento dos pres- separado da expressão Programa 1036 – Funcional supostos constitucionais de relevância e urgência e Programática 18.544.1036.12EP.0020, constante de sua adequação financeira e orçamentária...... 01448 do Anexo I da Medida Provisória nº 395, de 2007.. 01491 01330 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008

Usou da palavra para encaminhamento da vo- Participação do orador de comitiva de Parlamenta- tação o Sr. Deputado AYRTON XEREZ (DEM – RJ)... 01492 res em visita à Antártida. Preocupação com o em- Usaram da palavra para orientação das res- bargo da União Européia às exportações de carne pectivas bancadas os Srs. Deputados GUILHERME bovina brasileira. Apresentação de requerimento de CAMPOS (DEM – SP), LUIZ SÉRGIO (PT – RJ), realização, pela Comissão de Agricultura, Pecuária, BERNARDO ARISTON (Bloco/PMDB – RJ), AR- Abastecimento e Desenvolvimento Rural, de audi- MANDO ABÍLIO (PTB – PB), CHICO ALENCAR ência pública para debate do assunto. Realização (PSOL – RJ), PAULO MALUF (PP – SP), ROBERTO de leilão beneficente no Município de Araçatuba, SANTIAGO (PV – SP), GORETE PEREIRA (PR – Estado de São Paulo...... 01530 CE), MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT – RJ)...... 01492 FERNANDO GABEIRA (PV – RJ. Pela ordem) PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Manu- – Solidariedade ao Presidente do Timor Leste, José tenção do texto destacado...... 01492 Ramos Horta, vítima de atentado...... 01531 Votação e aprovação da redação final...... 01493 GERALDO PUDIM (Bloco/PMDB – RJ. Pela Encaminhamento da matéria ao Senado Fe- ordem) – Descaso da Prefeitura Municipal de Cam- deral, incluindo o processado...... 01526 pos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, com a saúde pública. Motivo da suspensão, pelo Hospi- PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Discus- tal Geral Dr. Beda, do atendimento a pacientes do são, em turno único, da Medida Provisória nº 396, SUS...... 01531 de 2007, que dá nova redação aos arts. 1º e 2º da FÉLIX MENDONÇA (DEM – BA. Pela or- Lei nº 10.841, de 18 de fevereiro de 2004, que au- dem) – Necrológio do ex-Vereador Mário Cesar da toriza a União a permutar Certificados Financeiros Anunciação, do Município de Itabuna, Estado da do Tesouro...... 01526 Bahia...... 01532 ONYX LORENZONI (DEM – RS. Como Líder) JACKSON BARRETO (Bloco/PMDB – SE) – – Apoio do Democratas à proposta de instalação Dificuldades impostas pela Companhia Hidro Elé- de CPMI para a investigação de irregularidades no trica do São Francisco – CHESF para o tráfego de uso de cartões corporativos do Governo Federal. . 01526 embarcações no Rio São Francisco. Manifestação CHICO ALENCAR (PSOL – RJ. Como Líder) de pesar pelo falecimento do ex-Prefeito Jackson – Apoio à instalação de CPMI para investigação de Sá Figueiredo, do Município de Aquidabã, Estado irregularidades na utilização dos cartões corporati- de Sergipe...... 01532 vos do Governo Federal. Apresentação, pelo PSOL, MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB – CE) – de requerimentos de informações a respeito do Palestra proferida pelo Ministro Cesar Asfor Rocha assunto. Apoio ao requerimento apresentado pelo durante evento realizado em Fortaleza, Estado do Deputado Ivan Valente para a instalação de CPI Ceará...... 01533 destinada à investigação das grandes corporações CARLOS SANTANA (PT – RJ) – Participação financeiras transnacionais instaladas no País...... 01527 de candidato negro nas prévias eleitorais do Parti- PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Informa- do Democrata com vistas às eleições presidenciais ção ao Plenário sobre a celebração de acordo para dos Estados Unidos da América. Necessidade de votação de matérias constantes na pauta...... 01527 políticas afirmativas em favor da população negra Encerramento da Ordem do Dia...... 01527 no Brasil. Expectativa quanto à atuação do novo HENRIQUE FONTANA (PT – RS. Como Lí- Ministro da Secretaria Especial de Políticas de Pro- der) – Importância da discussão, pelo Congresso moção da Igualdade Racial...... 01533 Nacional, de temas de relevante interesse do País. NILSON MOURÃO (PT – AC. Pela ordem) Necessidade de aperfeiçoamento do requerimento – Aplausos ao Governo Luiz Inácio Lula da Silva de instalação de CPI destinada à investigação de pelo lançamento do Programa Territórios da Cida- irregularidades na utilização de cartões corporativos. dania...... 01534 Transparência na aplicação de recursos públicos LUIZ BASSUMA (PT – BA. Pela ordem. Dis- pelo Governo Luiz Inácio Lula da Silva...... 01528 curso retirado pelo orador para revisão.) – Lança- VII – Comunicações Parlamentares mento, pela Conferência Nacional dos Bispos do SILVIO TORRES (PSDB – SP) – Conside- Brasil – CNBB, da Campanha da Fraternidade de rações sobre as irregularidades nos gastos com 2008 sobre o tema Fraternidade e Defesa da Vida. cartões de crédito corporativo do Governo Federal. Declaração do Chefe de Gabinete Pessoal do Pre- Tentativa da gestão petista de desvio de foco do sidente da República, Gilberto Carvalho, a respeito escândalo, com injustificável responsabilização do do aborto. Posicionamento do Ministro da Saúde, Governo anterior. Defesa da criação de CPI sobre José Gomes Temporão, favorável à descriminação o tema. Transparência dos gastos públicos do Go- do aborto...... 01534 verno do Estado de São Paulo...... 01529 IVAN VALENTE (PSOL – SP. Pela ordem) – JORGINHO MALULY (DEM – SP) – Satisfação Apoio do PSOL à criação de CPI para a investiga- com o reinício dos trabalhos legislativos da Casa. ção de irregularidades na utilização de cartões de Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01331 crédito corporativos. Necessidade de criação de VIII – Encerramento CPI destinada à investigação do pagamento dos 2 – PARECER – Projeto de Lei nº 7.213- juros da dívida pública brasileira...... 01534 A/02...... 01554 LUCIANA GENRO (PSOL – RS. Pela ordem) – Defesa da criação de CPI para a investigação de COMISSÕES irregularidades na utilização dos cartões de crédito 3 – ATAS corporativos. Importância da realização de auditoria a) Comissão de Desenvolvimento Econômi- na dívida pública brasileira...... 01535 co, Indústria e Comércio, 40ª Reunião (Ordinária), PAULO TEIXEIRA (PT – SP. Pela ordem) – em 7-11-07, 41ª Reunião (Ordinária), em 13-11-07, Registro de voto...... 01535 42ª Reunião (Ordinária), em 21-11-07, 43ª Reunião CLEBER VERDE (Bloco/PRB – MA. Pela or- (Ordinária), em 22-11-07, 44ª Reunião (Ordinária), dem) – Apoio à iniciativa dos Presidentes da Câmara em 28-11-07, 45ª Reunião (Ordinária), em 5-12-07, dos Deputados e do Senado Federal de alteração e 46ª Reunião (Ordinária), em 12-12-07 e 47ª Reu- da sistemática de tramitação de medidas provisó- nião (Audiência Pública), em 12-12-07...... 01555 rias. Elogio ao trabalho desenvolvido pela Rádio Câmara e pela TV Câmara...... 01535 b) Comissão de Direitos Humanos e Minorias, SANDRA ROSADO (Bloco/PSB – RN. Pela *36ª Reunião (Audiência Pública), em 14-11-.07, ordem) – Saudações aos Parlamentares ao ensejo * 37ª Reunião (Audiência Pública), em 20-11-07, da retomada dos trabalhos legislativos de 2008. Pe- * 38ª Reunião (Audiência Pública), em 21-11-07, dido de instalação de agência da Caixa Econômica *39ª Reunião (Audiência Pública), em 28-11-07, Federal no Município de Areia Branca, Estado do 40ª Reunião (Ordinária), em 5-12-07, * 41ª Reu- Rio Grande do Norte. Reunião da bancada potiguar nião (Audiência Pública), em 6-12-07, * 42ª Reunião com a Governadora Wilma de Faria. Apresentação (Audiência Pública), em 6-12-07 e * 44ª Reunião à Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da (Audiência Pública), em 18-12-07...... 01568 República, Dilma Rousseff, de pauta de reivindica- * Atas com notas taquigráficas ções do Estado...... 01536 4 – DESIGNAÇÕES MARCELO TEIXEIRA (PR – CE. Pela ordem) – Participação de representantes do Estado do Ce- a) Comissão de Desenvolvimento Econômi- ará na Feira Internacional de Turismo realizada em co, Indústria e Comércio, 7-3; 23-5; 29-6, 22-8; 24 Madri, Espanha. Pedido à Agência Nacional de Avia- e 25-10; 8, 14, 21, 22 e 27-11; 5, 7, 12, 13 e 20-12, ção Civil de liberação das operações da empresa de 2007...... 01712 aérea Air Comet em Fortaleza, Estado do Ceará.. 01536 SEÇÃO II PROFESSOR RUY PAULETTI (PSDB – RS. Pela ordem) – Apresentação pelo orador de denún- 5 – ATOS DO PRESIDENTE cia de irregularidades na utilização de cartões de a) Dispensar: Carla Almeida Cavalcante, crédito corporativos pelo Governo Federal. Reali- Gabriela de Medeiros Araújo, Paulo Sergio Botelho, zação da Festa da Uva no Município de Caxias do Patrícia Borges de Carvalho...... 01716 Sul, Estado do Rio Grande do Sul...... 01537 b) Designar: Aécio Flávio Machado, Carla ELIENE LIMA (PP – MT. Pela ordem) – Fa- Almeida Cavalcante, Cristiane de Souza Morais lecimento do Sr. Dauri Riva, genitor do Deputado Santos, Estevam dos Santos Silva, Francisco Alves Estadual José Geraldo Riva, e do ex-Prefeito Mu- de Almeida...... 01717 nicipal de Cuiabá, Bento Machado Lobo...... 01537 c) Designar (substitutos): Alexandre Carrijo DOMINGOS DUTRA (PT – MA. Pela ordem) – Franco, Ana Beatriz de Castro Carvalho Lacerda, Conveniência de apreciação, pela Casa, da Proposta Cintia Costa de Abreu, Cristiane de Almeida Maia, de Emenda à Constituição nº 25, de 2007, sobre critérios de eleição, tempo de mandato e sistemá- Genival Jose Correia, Jasson Rocha Rodrigues tica para eleição de suplentes de Senadores...... 01537 Junior, Jurandir Machado de Sousa, Lucimar Alves VALTENIR PEREIRA (Bloco/PSB –MT. Pela dos Santos Damanti, Maria de Fatima Rosa, Neide ordem) – Transcurso do 2º aniversário de promul- Ferreira de Sousa Varjão, Ricardo Mandelli Bisi..... 01717 gação da Emenda Constitucional nº 51. Não-aten- d) Exonerar: Jose Severino Marato Motta... 01718 dimento pelo Ministro da Saúde, José Gomes Tem- e) Nomear: Daniel das Neves Gomes...... 01718 porão, de proposta em benefício dos agentes co- 6 – MESA munitários de saúde e dos agentes de combate a endemias. Convite aos Deputados para participação, 7 – LÍDERES E VICE-LÍDERES nas dependências da Câmara dos Deputados, em 8 – DEPUTADOS EM EXERCÍCIO seminário de valorização da categoria...... 01538 9 – COMISSÕES 01332 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 SEÇÃO I

Ata da 3ª Sessão, em 11 de fevereiro de 2008 Presidência dos Srs. Arlindo Chinaglia, Presidente, Inocêncio Oliveira, 2º Vice-Presidente, Manato, 1º Suplente de Secretário

ÀS 14 HORAS COMPARECEM À CASA ACRE OS SRS.: Flaviano Melo PMDB PmdbPscPtc Arlindo Chinaglia Ilderlei Cordeiro PPS Narcio Rodrigues Presentes Acre: 2 Inocêncio Oliveira TOCANTINS Ciro Nogueira Eduardo Gomes PSDB José Carlos Machado Osvaldo Reis PMDB PmdbPscPtc Manato Vicentinho Alves PR Arnon Bezerra Presentes Tocantins: 3 Partido Bloco MARANHÃO RORAIMA Davi Alves Silva Júnior PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Domingos Dutra PT Angela Portela PT Sarney Filho PV Edio Lopes PMDB PmdbPscPtc Waldir Maranhão PP Francisco Rodrigues DEM Presentes Maranhão: 4 Marcio Junqueira DEM CEARÁ Maria Helena PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Urzeni Rocha PSDB Chico Lopes PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Presentes Roraima: 6 Ciro Gomes PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Flávio Bezerra PMDB PmdbPscPtc AMAPÁ José Guimarães PT Fátima Pelaes PMDB PmdbPscPtc José Pimentel PT Janete Capiberibe PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Mauro Benevides PMDB PmdbPscPtc Presentes Amapá: 2 Paulo Henrique Lustosa PMDB PmdbPscPtc Raimundo Gomes de Matos PSDB PARÁ Presentes Ceará: 8 Bel Mesquita PMDB PmdbPscPtc PIAUÍ Gerson Peres PP B. Sá PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Zequinha Marinho PMDB PmdbPscPtc Júlio Cesar DEM Presentes Pará: 3 Marcelo Castro PMDB PmdbPscPtc AMAZONAS Mussa Demes DEM Paes Landim PTB Átila Lins PMDB PmdbPscPtc Presentes Piauí: 5 Carlos Souza PP Vanessa Grazziotin PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb RIO GRANDE DO NORTE Presentes Amazonas: 3 Henrique Eduardo Alves PMDB PmdbPscPtc João Maia PR RONDÔNIA Presentes Rio Grande do Norte: 2 Ernandes Amorim PTB Moreira Mendes PPS PARAÍBA Presentes Rondônia: 2 Armando Abílio PTB Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01333 Luiz Couto PT RIO DE JANEIRO Wilson Santiago PMDB PmdbPscPtc Ayrton Xerez DEM Presentes Paraíba: 3 Chico Alencar PSOL PERNAMBUCO Eduardo Cunha PMDB PmdbPscPtc Hugo Leal PSC PmdbPscPtc Bruno Rodrigues PSDB Jair Bolsonaro PP Eduardo da Fonte PP Léo Vivas PRB PsbPdtPCdoBPmnPrb Fernando Coelho Filho PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Luiz Sérgio PT Fernando Ferro PT Miro Teixeira PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb José Chaves PTB Pastor Manoel Ferreira PTB Maurício Rands PT Presentes Rio de Janeiro: 9 Pedro Eugênio PT Roberto Magalhães DEM SÃO PAULO Presentes Pernambuco: 8 Aldo Rebelo PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb ALAGOAS Antonio Carlos Mendes Thame PSDB Antonio Carlos Pannunzio PSDB Carlos Alberto Canuto PMDB PmdbPscPtc Carlos Sampaio PSDB Presentes Alagoas: 1 Dr. Talmir PV SERGIPE Dr. Ubiali PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Janete Rocha Pietá PT Eduardo Amorim PSC PmdbPscPtc José Aníbal PSDB Jerônimo Reis DEM José Paulo Tóffano PV Presentes Sergipe: 2 Luciana Costa PR BAHIA Marcelo Ortiz PV João Almeida PSDB Márcio França PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Jusmari Oliveira PR Milton Monti PR Jutahy Junior PSDB Paulo Pereira da Silva PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Marcos Medrado PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Silvio Torres PSDB Mário Negromonte PP Presentes São Paulo: 15 Severiano Alves PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb DISTRITO FEDERAL Uldurico Pinto PMN PsbPdtPCdoBPmnPrb Jofran Frejat PR Presentes Bahia: 7 Laerte Bessa PMDB PmdbPscPtc MINAS GERAIS Presentes Distrito Federal: 2 Ademir Camilo PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb GOIÁS Fernando Diniz PMDB PmdbPscPtc Leonardo Vilela PSDB George Hilton PP Ronaldo Caiado DEM Humberto Souto PPS Presentes Goiás: 2 Márcio Reinaldo Moreira PP Marcos Montes DEM MATO GROSSO DO SUL Maria do Carmo Lara PT Geraldo Resende PMDB PmdbPscPtc Paulo Abi-Ackel PSDB Nelson Trad PMDB PmdbPscPtc Paulo Piau PMDB PmdbPscPtc Presentes Mato Grosso do Sul: 2 Presentes Minas Gerais: 9 PARANÁ ESPÍRITO SANTO Affonso Camargo PSDB Camilo Cola PMDB PmdbPscPtc Airton Roveda PR Lelo Coimbra PMDB PmdbPscPtc Andre Vargas PT Presentes Espírito Santo: 2 Assis do Couto PT 01334 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Barbosa Neto PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb III – EXPEDIENTE Chico da Princesa PR Gustavo Fruet PSDB MENSAGEM Nº 1.018, DE 2007 Luiz Carlos Hauly PSDB (Do Poder Executivo) Marcelo Almeida PMDB PmdbPscPtc Aviso nº 1.391/2007 Moacir Micheletto PMDB PmdbPscPtc Encaminha, ao Congresso Nacional, Nelson Meurer PP o demonstrativo das emissões do Real, Ricardo Barros PP referente ao mês de novembro de 2007, as Rocha Loures PMDB PmdbPscPtc razões delas determinantes e a posição das Presentes Paraná: 13 reservas internacionais a elas vinculadas. SANTA CATARINA Despacho: Às Comissões de Desenvol- Décio Lima PT vimento Econômico, Indústria e Comércio; e Djalma Berger PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Finanças e Tributação Edinho Bez PMDB PmdbPscPtc Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, Fernando Coruja PPS Nos termos do inciso II do art. 72 da Lei nº 9.069, João Matos PMDB PmdbPscPtc de 29 de junho de 1995, encaminho a Vossa Excelên- Vignatti PT cia o demonstrativo das emissões do real correspon- Zonta PP dente ao mês de novembro de 2007, as razões delas Presentes Santa Catarina: 7 determinantes e a posição das reservas internacionais RIO GRANDE DO SUL a elas vinculadas. Brasília, 27 de novembro de 2007. – Luiz Inácio Darcísio Perondi PMDB PmdbPscPtc Lula da Silva. Henrique Fontana PT EM nº 61/2007-BCB Marco Maia PT Maria do Rosário PT Brasília, 26 de dezembro de 2007 Mendes Ribeiro Filho PMDB PmdbPscPtc Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Renato Molling PP Em cumprimento ao disposto na Lei nº 9.069, de Tarcísio Zimmermann PT 29 de junho de 1995, que estabeleceu as condições para Presentes Rio Grande do Sul: 7 emissão do Real, a fórmula de apuração das emissões I – ABERTURA DA SESSÃO realizadas e as bases para o acompanhamento e con- trole monetário, encaminho a Vossa Excelência o ane- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – A lista xo demonstrativo das emissões referentes ao mês de de presença registra na Casa o comparecimento de novembro de 2007, as razões delas determinantes e a 136 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados. posição das reservas internacionais a elas vinculadas. Está aberta a sessão. 2. Na forma do que estabelece a mencionada Sob a proteção de Deus e em nome do povo lei, o demonstrativo das emissões do Real deve ser brasileiro iniciamos nossos trabalhos. enviado aos Excelentíssimos Senhores Presidentes O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da das duas Casas do Congresso Nacional. sessão anterior. Respeitosamente, – Henrirue de Campos Mei- relles, Presidente. II – LEITURA DA ATA Anexo à EM nº 61/2007-BCB, de 26-12-2007 O SR. MANATO, 1º Suplente de Secretário, ser- vindo como 2° Secretário, procede à leitura da ata Demonstrativo das emissões do Real – da sessão antecedente, a qual é, sem observações, Mês de novembro de 2007 aprovada. I – A base monetária restrita e a emissão O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Passa- II – A base monetária ampliada se à leitura do expediente. III – Os meios de pagamento (M1) e o multipli- O SR. MANATO, 1º Suplente de Secretário, cador servindo como 1° Secretário, procede à leitura do IV – Os meios de pagamento amplos seguinte V – Anexos Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01335 01336 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01337 01338 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01339 01340 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01341 01342 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01343 Notas explicativas referentes ao 5. O papel-moeda emitido corresponde à soma demonstrativo de emissão do Real das unidades monetárias (reais) que estão fora do 1. O Conselho Monetário Nacional, conforme Voto Banco Central do Brasil. 6. As reservas bancárias expressam os depósitos nº 11/99, aprovado em 28 de janeiro de 1999, utilizando compulsórios e possíveis excessos em espécie sobre a prerrogativa que lhe confere o artigo 3º, § 4º, inciso depósitos à vista não remunerados, mantidos pelo sis- III da Lei nº 9.069, de 29-6-95, alterou o parâmetro de tema bancário no Banco Central do Brasil. vinculação entre a emissão do Real e seu lastro em 7. As operações com títulos federais referem-se ao reservas internacionais, passando a adotar a paridade resultado líquido das compras e vendas de títulos públi- cambial corrente. cos federais, bem como aos financiamentos tomados e 2. Com relação à emissão de moeda, o Artigo 4º concedidos pelo Banco Central com lastro em títulos de daquela lei estabelece que: “Observado o disposto nos emissão do próprio Banco Central do Brasil e do Tesouro artigos anteriores, o Banco Central do Brasil deverá obe- Nacional. O conjunto dessas operações visa o controle decer, no tocante às emissões de Real, o seguinte: da liquidez, a administração das taxas de juros no curto (I) limite de crescimento para o trimestre prazo e ainda a rolagem da dívida pública federal. outubro-dezembro/94 de 13,33% (treze vírgula 8. As operações do setor externo referem-se, prin- trinta e três por cento) para as emissões de Real cipalmente, às compras e vendas de moeda estrangeira sobre o saldo de 30 de setembro de 1994; pelo Banco Central do Brasil, as quais resultam dos (II) limite de crescimento percentual nulo movimentos de exportação, importação, pagamentos no quarto trimestre de 1994 para as emissões e recebimentos de serviços e das entradas e saídas de de Real no conceito ampliado; recursos de origem financeira, isto é, das aplicações (III) nos trimestres seguintes, obedecido e dos resgates dos investimentos de estrangeiros nos mercados financeiro e de capitais, bem como dos ren- o objetivo de assegurar a estabilidade da mo- dimentos obtidos nessas aplicações. eda, a programação monetária de que trata o 9. As operações com instituições financeiras englo- art. 6º desta lei estimará os percentuais de bam todas as movimentações de reservas monetárias alteração das emissões de Real em ambos entre o Banco Central e o sistema financeiro, decorrentes os conceitos mencionados acima.” do cumprimento de normas regulatórias estabelecidas No mesmo Artigo 4º, em seu § 2º, foi explicitado pelo Conselho Monetário Nacional, tais como: que o Conselho Monetário Nacional, para atender a – encaixes em espécie sobre depósitos situações extraordinárias, poderá autorizar o Banco de poupança; Central do Brasil a exceder em até 20% (vinte por cento) – encaixes em espécie sobre depósitos os valores resultantes dos percentuais previstos. a prazo; 3. A Exposição de Motivos nº 206, de 30-6-94, – encaixes em espécie sobre depósitos aprovada pelo Exmo. Sr. Presidente da República fixou à vista remunerados; os critérios a serem adotados pelo Conselho Monetário – encaixes em espécie sobre fundos de Nacional na regulamentação dos eventuais ajustes investimento; nos limites de emissão necessários para atender – assistência financeira de liquidez; circunstâncias excepcionais. – operações com derivativos; 4. Em conformidade com o expresso no § 4º do – recolhimentos compulsórios sobre defi- artigo 4º da Lei nº 9.069, o Voto CMN nº 84/94, que ciências em aplicações de crédito rural; e deu origem a Resolução nº 2.082, de 30-6-94, dis- – outras contas. pôs sobre os limites de emissão e a manter forma de 10. As operações do Tesouro Nacional refletem lastreamento da nova unidade do Sistema Monetário os pagamentos e recebimentos de recursos primários Brasileiro, determinando que, para efeito do cumpri- do Tesouro, não incluindo, por conseguinte, as operações mento dos limites de emissões autorizadas, o volume com títulos de emissão do Tesouro. Por dispositivo da de emissões realizadas será apurado pela média dos Constituição – Artigo nº 164, § 3º – esses recursos de- saldos diários da base monetária. vem estar depositados no Banco Central do Brasil. 01344 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 MENSAGEM Nº 10, DE 2008 Of. nº 32/2008/SGM/P (Do Poder Executivo) Brasília, 11 de fevereiro de 2008 Aviso nº 20/2008 – C. Civil A Sua Excelência o Senhor Comunica o Excelentíssimo Senhor Deputado Gonzaga Patriota Presidente da República que se ausentará Anexo IV – Gabinete nº 430 do País, no período de 14 a 16 de janeiro, Nesta em visitas oficiais à Guatemala e Cuba. (Publique-se.) Assunto: Devolução de Proposição Senhores Membros da Câmara dos Deputados, Senhor Deputado, Informo a Vossas Excelências que me ausenta- 1. Reporto-me ao Projeto de Lei nº 2.597, de rei do País no período de 14 a 16 janeiro, em visitas 2007, de sua autoria, que “Dispõe sobre a cobrança oficiais a Guatemala e Cuba. da Contribuição de Iluminação Pública para aqueles Brasília, 11 de janeiro de 2008. que não são de fato beneficiados pelo serviço”. 2. Informo a Vossa Excelência que não será MENSAGEM Nº 24, DE 2008 possível dar seguimento à proposição em apreço, (Do Poder Executivo) Aviso nº 42/2008 – C. Civil em virtude de ela conter matéria alheia à compe- tência da Câmara dos Deputados. Solicita a retirada do Projeto de Lei nº 3. Nesse sentido, encaminho-lhe em devolu- 2.204, de 2007, que “Dispõe sobre o Progra- ção o referido projeto, nos termos do artigo 137, § ma Nacional de Inclusão de Jovens – Pro- 1º, inciso II, alínea “a”, do Regimento Interno. jovem, instituído pela Lei nº 11.129, de 30 Atenciosamente, – Arlindo Chinaglia, Presi- de junho de 2005, altera as Leis nºs 9.311, dente. de 24 de outubro de 1996, e 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e dá outras providências”, Devolva-se a Proposição, por conter ma- enviado à Câmara dos Deputados com a téria alheia à competência da Câmara dos Mensagem nº 660, de 2007, em virtude da Deputados, nos termos do art. 137, § 1º, in- edição de medida provisória com o mes- ciso II, alínea “a” do RICD. Oficie-se e, após, mo teor. publique-se. Defiro. Esclareço, por opor- Despacho: Em 11-2-08. – Arlindo Chinaglia, Pre- tuno, que em razão da retirada do PL nº sidente. 2.204/2007, o PL nº 1.130/2007 voltará a tramitar nas Comissões de Seguridade So- PROJETO DE LEI Nº 2.597, DE 2007 cial e Família; Finanças e Tributação (art. (Do Sr. Gonzaga Patriota) 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Ci- dadania (art. 54 RICD) – proposição sujeita Dispõe sobre a cobrança da Contri- à apreciação conclusiva pelas comissões buição de Iluminação Pública para aque- – art. 24 II Regime de tramitação: ordinária. les que não são de fato beneficiados pelo Publique-se.” serviço. Senhores Membros do Congresso Nacional, O Congresso Nacional Decreta: Solicito a Vossas Excelências a retirada de Art. 1º Esta lei dispõe sobre a cobrança da Con- tramitação do Projeto de Lei nº 2.204, de 2007, que tribuição para o custeio do serviço de Iluminação “Dispõe sobre o Programa Nacional de Inclusão de Pública, nos termos do art. 149–A, da Cons- Jovens – Projovem, instituído pela Lei nº 11.129, tituição Federal. de 30 de junho de 2005, altera as Leis nº 9.311, de “Art. 2º A cobrança da contribuição 24 de outubro de 1996, e 10.836, de 9 de janeiro a que se refere o parágrafo único do art. de 2004, e dá outras providências”, enviado à Câ- 149–A, da Constituição Federal, somente mara dos Deputados com a Mensagem nº 660, de incidirá sobre os beneficiários dos serviços 2007, em virtude da edição de medida provisória de iluminação pública que residam em imóvel com o mesmo teor. localizado no perímetro de até 50 metros de Brasília, 23 de janeiro de 2008. – Luiz Inácio um poste dotado de luminária, instalado na Lula da Silva. mesma rua do favorecido.” (NR) Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01345 Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua a fim de reparar cobranças indevidas que são impos- publicação. tas aos cidadãos. Sala das Sessões, 12 de dezembro de 2007. – Justificação Deputado Gonzaga Patriota – PSB-PE. A finalidade maior deste projeto de lei é a neces- OF/GAB/I/Nº 27 sidade de isentar aqueles que não são beneficiados do pagamento da contribuição de iluminação pública, Brasília, 11 de fevereiro de 2008 a fim de igualar direitos e deveres do cidadão. A Sua Excelência o Senhor Essa contribuição foi praticamente instituída por Deputado Arlindo Chinaglia prefeitos que começaram a exercer uma intensa pres- Presidente da Câmara dos Deputados são sobre o Congresso Nacional pela pretensão de obterem nova fonte de recursos para o custeio dos Senhor Presidente, seus serviços de limpeza e de iluminação públicas. Comunico a Vossa Excelência que o Deputado Leonardo Picciani passa a integrar, na qualidade de titu- Assim, a Emenda Constitucional nº 39, de 19 de de- lar, a Comissão Especial destinada a proferir parecer à zembro de 2002, parece ter sido o meio de que se Proposta de Emenda à Constituição nº 511-A/2006, que valeu o Congresso para solucionar, ao menos em “altera o art. 62 da Constituição Federal para disciplinar parte, a carência de recursos dos municípios. A a edição de medidas provisórias”, estabelecendo que a denominada contribuição de iluminação pública medida provisória só terá força de lei depois de aprovada foi, então, a solução encontrada pelo Congresso a sua admissibilidade pelo Congresso Nacional, sendo o Nacional para atender ao reclamo dos municípios, em início da apreciação alternado entre a Câmara e o Sena- face da inconstitucionalidade da denominada taxa de do, em substituição ao Deputado Geraldo Pudim. iluminação pública. Essa emenda inseriu na Consti- Por oportuno, renovo a Vossa Excelência pro- tuição Federal de 1988 o art. 149-A, que atribui aos testos de estima e consideração. – Deputado Henrique municípios competência para “instituir contribuição, Eduardo Alves, Líder do Bloco. na forma das respectivas leis, para o custeio do ser- Publique-se. viço de iluminação pública, observado o disposto no Em 11-2-08. – Arlindo Chinaglia, Presi- art. 150, I e III.” dente. A contribuição é mal distribuída em alguns mu- nicípios, que cobram de todos, indiscriminadamente, LIDERANÇA DO PARTIDO PROGRESSISTA sendo o cidadão beneficiado ou não pela iluminação Of. nº 14 pública, e não é justo que cidadãos tenham de pagar por serviços que não lhe são oferecidos. É sabido que Brasília, 11 de fevereiro de 2008 alguns bairros mais carentes, principalmente de cida- A Sua Excelência o Senhor des menores, não são dotados de iluminação pública. Deputado Arlindo Chinaglia Ainda assim, os moradores de tais bairros pagam Presidente da Câmara dos Deputados junto com a sua conta de luz a CIP – Contribui- ção de Iluminação Pública – inclusive sem opção de Senhor Presidente, não pagá-la. Solicito tornar sem efeito a indicação do Deputa- Em alguns casos, a iluminação pública é tão ine- do Zonta (PP – SC) e indicar o Deputado Gerson Pe- ficiente que sequer ilumina o imóvel do contribuinte, res (PP – PA), para integrar, como Titular a Comissão apesar de os postes de luz ficarem relativamente Especial destinada a proferir parecer à Proposta de próximos das residências. Emenda à Constituição nº 511–A, de 2006, do Sena- A CIP, além de tudo, fere o Código de Defesa do do Federal, que “altera o art. 62 da Constituição Fede- Consumidor a partir do momento em que a contri- ral para disciplinar a edição de medidas provisórias”, buição é colocada na conta de energia elétrica do estabelecendo que a Medida Provisória só terá força cidadão, impondo-se seu pagamento, como condição de lei depois de aprovada a sua admissibilidade pelo do fornecimento da energia, constituindo uma ver- Congresso Nacional, sendo o início da apreciação al- dadeira e perversa operação casada, ainda que ternando entre a Câmara e o Senado. não reconhecida de todo pela autoridade econômica Atenciosamente, – Deputado Mário Negromon- competente. te, Líder do PP. Este projeto procura corrigir o que poderia es- Publique-se. tar errado nessa cobrança, para o que espero ter o Em 11-2-08. – Arlindo Chinaglia, Pre- apoio dos nobres pares, sem prejudicar os municípios, sidente. 01346 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Ofício GDLV nº 2/2008 para compor a Comissão Especial destinada a proferir Brasília, 11 de fevereiro de 2008 parecer à Proposta de Emenda à Constituição nº 511–A, A Sua Excelência o Senhor de 2006, do Senado Federal, que “altera o art.62 da Deputado Arlindo Chinaglia Constituição Federal para disciplinar e edição de medi- Presidente da Câmara dos Deputados das provisórias”, representando o Partido Republicano Brasília – DF Brasileiro (PRB – RJ), como membro titular. Assunto: Indicação – Comissão Especial Sem mais para o momento e certo da especial Senhor Presidente, atenção de Vossa Excelência, antecipo meu sincero Com os meus cordiais cumprimentos, venho à agradecimento. presença de Vossa Excelência apresentar o meu nome Atenciosamente, – Léo Vivas, Líder do PRB.

Publique-se. Em 11-2-08. – Arlindo Chinaglia, Presidente. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01347 Of. Pres. nº 398/2007/CTASP tar, devendo estas serem recolhidas segundo a legislação. Brasília, 19 de dezembro de 2007 Justificação A Sua Excelência o Senhor A emenda ora apresentada visa assegurar às Deputado Arlindo Chinaglia pequenas e micro livrarias e editoras a desonera- Presidente da Câmara dos Deputados ção fiscal instituída pela Lei no 11.033, de 21 de Assunto: Publicação de proposição apreciada. dezembro de 2004, que isentou livros, em geral, do Senhor Presidente, regime de incidência cumulativa e não-cumulativa Comunico a Vossa Excelência, em cumprimento da Contribuição para os Programas de Integração ao disposto no art. 58 do Regimento Interno, a apre- Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Ser- ciação do Projeto de Lei nº 7.213/2002 e seus apen- vidor Público (PASEP) e da Contribuição para o sados, os Projetos de Lei nº 1.968/2003 e 3.428/2004, Financiamento da Seguridade Social (Cofins), inci- por este, órgão técnico. dentes sobre a receita bruta decorrente da venda, Solicito a Vossa Excelência autorizar publica- no mercado interno, e das mesmas contribuições ção dos referidos projetos e do parecer a eles ofe- devidas em decorrência da importação de bens ou recido. serviços do exterior. Atenciosamente, – Deputado Nelson Marquezelli, Na prática, considerando a imunidade quan- Presidente. to à cobrança de impostos prevista no inciso VI do Publique-se. art. 150 da Constituição Federal, os livros ficarão Em 11-2-08. – Arlindo Chinaglia, Pre- totalmente desonerados de pagamento de tributos sidente. federais. O elevado fim desta providência legislativa é PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR oferecer aos pequenos e microempresários do mer- Nº 251, DE 2007 cado editorial os mesmos benefícios já assegurados (Do Sr. Antonio Palocci) aos grandes e médios e, dessa forma, estimular, cada Altera a Lei Complementar nº 123, de vez mais, a disseminação do hábito da leitura entre os 14 de dezembro de 2006. brasileiros. A média de leitura no Brasil, em 2006, era Despacho: Às Comissões de Desen- de apenas 1,8 livro por habitante ano, inferior aos in- volvimento Econômico, Indústria e Comércio dicadores verificados em diversos países do mundo, Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) inclusive na América Latina. e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. Sala das sessões, 5 de dezembro de 2007. – An- 54 RICD). tônio Palocci, Deputado Federal, (PT-SP). Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- ciação do Plenário. PROJETO DE LEI Nº 4.203-D, DE 2001 (Do Poder Executivo) O Congresso Nacional decreta: Ofício Nº 1991/2007 – SF Art. 1° A Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, passa a vigorar com a seguinte Substitutivo do Senado Federal ao modificação: Projeto de Lei nº 4.203-C, de 2001, que “Al- “Art.13 ...... tera dispositivos do Decreto-Lei nº 3.689, VIII – as atividades de edição, comercia- de 3 de outubro de 1941 – Código de Pro- lização e importação de livros serão tributadas cesso Penal, relativos ao Tribunal do Júri, na forma do inciso XII do § 12 do artigo 8º e e dá outras providências”. do inciso VI do artigo 28º da Lei 10.865, de 30 Despacho: À Comissão de Constitui- de abril de 2004, hipótese em que não estarão ção e Justiça e de Cidadania (Mérito e Art. incluídas no Simples Nacional as contribuições 54 RICD). previstas nos incisos IV e VI do caput e inciso Apreciação: Proposição sujeita à apre- XII do § 1º do artigo 13º desta Lei Complemen- ciação do Plenário. 01348 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 AUTÓGRAFOS DO PROJETO DE LEI cias requeridas pelas partes, no prazo máxi- Nº 4.203-C, DE 2001, APROVADO NA CÂMARA mo de 10 (dez) dias. (NR) DOS DEPUTADOS EM 7-3-2007 Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do Altera dispositivos do Decreto-Lei nº ofendi­do, se possível, à inquirição das tes- 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código temunhas ar­roladas pela acusação e pela de Processo Penal, rela­tivos ao Tribunal defesa, nesta ordem, bem como aos escla- do Júri, e dá outras providências. recimentos dos peritos, às aca­reações e ao O Congresso Nacional decreta: reconhecimento de pessoas e coisas, inter- Art. 1º O Capítulo II do Título I do Livro II do rogando-se, em seguida, o acusado e proce­ Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Có- dendo-se ao debate. digo de Processo Penal passa a vigorar com a se- § 1º Os esclarecimentos dos peritos de­ guinte redação: penderão de prévio requerimento e de defe- rimento pelo juiz. CAPÍTULO II 2º As provas serão produzidas em 1 Do Procedimento Relativo aos Processos da (uma) só audiência, podendo o juiz indeferir Competência do Tribunal do Júri as consideradas irrelevantes, impertinentes SEÇÃO I ou pro­telatórias. Da Acusação e da Instrução Preliminar § 3° Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o disposto no Art. 406. Oferecida a denúncia ou queixa, art. 384 deste Código. o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê- § 4° As alegações serão orais, conce­ la-á e ordenará a citação do acusado para dendo-se a palavra, respectivamente, à acu- responder à acusação, por escrito, no prazo sação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) de 10 (dez) dias, ou, no caso de citação por minutos, pror­rogáveis por mais 10 (dez). edital, do comparecimento pessoal do acu- § 5° Havendo mais de 1 (um) acusado, sado ou de defensor constituído. o tempo previsto para a defesa de cada um § 1º As testemunhas de acusação, até deles será individual. o máximo de 8 (oito), deverão ser arroladas § 6° Ao assistente do Ministério Públi­ na de­núncia. co, após a manifestação deste, serão con- § 2º Na resposta, o acusado poderá ar­ cedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se güir preliminares e alegar tudo que interesse por igual perío­do o tempo de manifestação à sua defesa, oferecer documentos e justifi- da defesa. cações, especificar as provas pretendidas e § 7° Nenhum ato será adiado, sal- arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), vo quando imprescindível a prova faltante, qualificando-as e requerendo sua intimação, determi­nando o juiz à condução coercitiva quando necessário. (NR) de quem deva comparecer. Art. 407. A exceção será processada § 8° A testemunha que comparecer será em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 inquirida, independentemente da suspensão deste Có­digo.(NR) da au­diência, observada em qualquer caso Art. 408. Não apresentada a resposta a ordem esta­belecida no caput deste artigo. no prazo legal, o juiz nomeará defensor para (NR) ofe­recê-la, concedendo-lhe vista dos autos Art. 412. O procedimento será concluído por 10 (dez) dias.(NR) no prazo máximo de 90 (noventa) dias.(NR) Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz SEÇÃO II ouvirá o Ministério Público ou o querelante Da Pronúncia, da Impronúncia e da sobre preliminares e documentos, em 5 (cin- Absolvição Sumária co) dias. (NR) Art. 410. O juiz determinará a inqui­rição Art. 413. Encerrada a instrução preliminar,­ das testemunhas e a realização das diligên­ o juiz, fundamentadamente, pronunciará o Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01349 acusado, se convencido da materialidade do ou im­pronunciar o acusado, determinará fato e da existência de indícios suficientes de o retorno dos autos ao Ministério Público, autoria ou de participação. para aditamento da inicial e demais diligên- § 1° A fundamentação da pronúncia cias.(NR) limi­tar-se-á à indicação da materialidade do Art. 418. O juiz poderá dar ao fato defi- fato e da existência de indícios suficientes nição jurídica diversa da constante da acusa­ de autoria ou participação, devendo o juiz ção, embora o acusado fique sujeito a pena declarar o dispo­sitivo legal em que julgar in- mais grave.(NR) curso o acusado e especificar as circunstân- Art. 419. Quando o juiz se convencer, em cias qualificadoras e as causas de aumento discordância com a acusação, da existência de pena. de crime diverso dos referidos no § 1º do § 2° Se o crime for afiançável, o juiz ar- art. 74 deste Código e não for competente bitrará o valor da fiança para a concessão ou para o julgamento,­ remeterá os autos ao juiz manutenção da liberdade provisória. que o seja, adotando-se,­ em qualquer caso, § 3° O juiz decidirá, motivadamente, no o rito adequado. caso de manutenção, revogação ou substitui- Parágrafo único. Remetidos os autos do ção da prisão ou medida restritiva de liberda- processo a outro juiz, à disposição deste fi- de ante­riormente decretada e, tratando-se de cará o acusado preso. (NR) acusado solto, sobre a necessidade da decre- Art. 420. A intimação da decisão de pro- tação da pri­são ou imposição de qualquer das núncia será feita: medidas previs­tas no Título IX do Livro I deste I – pessoalmente, ao acusado, ao defen­ Código.(NR) sor nomeado e ao Ministério Público; Art. 414. Não se convencendo da mate­ II – ao defensor constituído, ao quere­ rialidade do fato ou da existência de indícios lante e ao assistente do Ministério Público, na suficientes de autoria ou de participação, o forma do disposto no § 1º do art. 370 deste juiz, fundamentadamente, impronunciará o Códi­go. acusado. Parágrafo único. Será intimado por edi­ Parágrafo único. Enquanto não ocor- tal o acusado solto que não for encontrado. rer a extinção da punibilidade, poderá ser (NR) formulada nova acusação se houver prova Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia,­ nova.(NR) o processo, instruído com as provas ante­ Art. 415. O juiz, fundamentadamente, ab- cipadas, cautelares ou não repetíveis, será solverá desde logo o acusado, quando: enca­minhado ao juiz presidente do Tribunal I – provada a inexistência do fato; do Júri. II – provado não ser ele autor do fato; § 1º Ainda que preclusa a decisão de III – o fato não constituir infração penal; pronúncia, havendo circunstância superve- IV – demonstrada causa de isenção de niente que altere a classificação do crime, o pena ou de exclusão do crime. juiz orde­nará a remessa dos autos ao Minis- Parágrafo único. Não se aplica o dis­posto tério Público, para aditamento, instaurando-se no inciso IV do caput deste artigo ao caso de o contraditório. inimputabilidade prevista no caput do art. 26 § 2º Em seguida, os autos serão conclu­ do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de sos ao juiz para decisão.(NR) 1940 – Código Penal, salvo quando esta for à SEÇÃO III única tese defensiva. (NR) Da Preparação do Processo para Art. 416. Contra a sentença de impro­ Julgamento em Plenário núncia ou de absolvição sumária caberá apela­ ção.(NR) Art. 422. Ao receber os autos, o pre­sidente Art. 417. Se houver indícios de auto­ria do Tribunal do Júri determinará a intima­ção do ou de participação de outras pessoas não órgão do Ministério Público ou do quere­ in­cluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar lante, no caso de queixa, e do defensor, para, 01350 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 no prazo de 5 (cinco) dias, apresentar rol de § 2º O juiz presidente requisitará às au- teste­munhas que irão depor em plenário, toridades locais, associações de classe e de até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em bairro, entidades associativas e culturais, ins­ que poderão juntar documentos e requerer tituições de ensino em geral, universidades, diligência. sin­dicatos, repartições públicas e outros núcle- Parágrafo único. As testemunhas resi­ os comunitários a indicação de pessoas que dentes fora da comarca serão ouvidas por reúnam as condições para exercer a função carta precatória, devendo as partes ser cien- de jurado.(NR) tificadas da sua juntada com antecedência Art. 426. A lista geral dos jurados, com mínima de 5 (cin­co) dias úteis da realização indicação das respectivas profissões, será pu- do julgamento em plenário. (NR) blicada pela imprensa até o dia 10 de outubro Art. 423. Deliberando sobre os reque­ de cada ano e divulgada em editais afixados rimentos de provas a serem produzidas ou à porta do Tribunal do Júri. exibidas no plenário do júri, e adotadas as § 1º A lista poderá ser alterada, de ofício providências devidas, o juiz presidente: ou mediante reclamação de qualquer do povo, I – ordenará as diligências necessárias ao juiz presidente, até o dia 10 de novem­bro, para sanar qualquer nulidade ou esclarecer data de sua publicação definitiva. fato que interesse ao julgamento da causa; § 2º Juntamente com a lista, serão trans- II – fará relatório sucinto do proces­so, critos os arts. 436 a 446 deste Código, que determinando sua inclusão em pauta da reu- dispõem sobre a função do jurado. nião do Tribunal do Júri.(NR) § 3º Os nomes e endereços dos alistados,­ Art. 424. Quando a lei local de orga­ em cartões iguais, após serem verificados na nização judiciária não atribuir ao presidente presença do Ministério Público e de advogado do Tribunal do Júri o preparo para julga- in­dicado pela Seção local da Ordem dos Advo- mento, o juiz competente remeter-lhe-á os gados do Brasil, permanecerão guardados em autos do processo preparado até 5 (cinco) urna fechada a chave, sob a responsabilidade dias antes do sorteio a que se refere o art. do juiz presidente. 433 deste Código. § 4º Fica excluído da lista geral, pelo pra- Parágrafo único. Deverão ser remeti- zo de 2 (dois) anos, o jurado que tiver inte­grado dos, também, os processos preparados até o encerramen­to da reunião, para a realização o Conselho de Sentença no ano anterior. de julgamento, se possível. (NR) § 5º Anualmente, a lista geral de jura­dos será, obrigatoriamente, completada.’(NR) SEÇÃO IV Do Alistamento dos Jurados SEÇÃO V Do Desaforamento Art. 425. Anualmente, serão alistados pelo presidente do Tribunal do Júri de 800 Art. 427. Se o interesse da ordem pú­ (oito­centos) a (1.500) mil e quinhentos jura- blica o reclamar ou houver dúvida sobre a dos nas comarcas de mais de 1.000.000 (um impar­cialidade do júri ou a segurança pessoal milhão) de ha­bitantes, de 300 (trezentos) a do acusado, o Tribunal, a requerimento do 700 (setecentos) nas comarcas de mais de Ministério Público, do assistente, do quere- 100.000 (cem) mil habitantes­ e de 80 (oitenta) lante ou do acusado ou mediante represen- a 400 (quatrocentos) nas comarcas de menor tação do juiz competen­te, poderá determinar população. o desaforamento do julga­mento para outra § 1º Nas comarcas onde for necessário, comarca da mesma região, onde não exis- poderá ser aumentado o número de jurados tam aqueles motivos, preferencialmente as e, ain­da, organizada lista de suplentes, depo- mais próximas. sitadas as cédulas em urna especial, com as § 1º O pedido de desaforamento será cautelas mencio­nadas na parte final do § 3º distribuído imediatamente e terá preferência de do art. 426 deste Código. julgamento na Câmara ou Turma competente. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01351 § 2º Sendo relevantes os motivos alega­ § 2º O juiz presidente reservará datas dos, o relator poderá determinar, fundamen- na mesma reunião periódica para a inclusão tadamente, a suspensão do julgamento pelo de processo que tiver o julgamento adiado.’ júri. Art. 430. O assistente somente será § 3º Será ouvido o juiz presidente, quando admitido se tiver requerido sua habilitação a medida não tiver sido por ele solicita­da. até 5 (cinco) dias antes da data da sessão § 4º Na pendência de recurso contra a na qual pre­tenda atuar.’(NR) decisão de pronúncia ou quando efetivado Art. 431. Estando o processo em ordem, o julga­mento, não se admitirá o pedido de o juiz presidente mandará intimar as partes, desaforamento, salvo, nesta última hipótese, o ofendido, se for possível, as testemunhas quanto a fato ocor­rido durante ou após a re- e os peritos para a sessão de instrução e alização de julgamento anulado.’(NR) julgamento, observando, no que couber, o `Art. 428. O desaforamento também disposto no art. 420 deste Código. pode­rá ser determinado, em razão do com- Parágrafo único. Os jurados serão sor­ provado exces­so de serviço, a requerimento teados e convocados para a reunião, na for- do acusado, e ouvidos­ o juiz presidente e a ma dos arts. 432 a 435 deste Código.(NR) parte contrária, se o julgamento não puder SEÇÃO VII ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, Do Sorteio e da Convocação dos Jurados contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia. Art. 432. Em seguida à organização da § 1º Para a contagem do prazo referi- pauta, o juiz presidente designará dia e hora do neste artigo, não se computará o tempo para o sorteio dos jurados, intimando-se o de adia­mentos, diligências ou incidentes de Mi­nistério Público, os assistentes, os que- interesse da defesa. relantes e os defensores dos acusados que § 2º Não havendo excesso de serviço serão julgados na reunião periódica.(NR) ou existência de processos aguardando jul- Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, gamento em quantidade que ultrapasse a far-se-á a portas abertas, cabendo-lhe re­ possibilidade de apreciação pelo Tribunal do tirar as cédulas até completar o número de Júri, nas reuniões periódicas previstas para 25 (vinte e cinco) jurados, para a reunião o exercício, o acusado poderá requerer ao periódica ou extraordinária. Tribunal que determine a imediata­ realização § 1º O sorteio será realizado entre o do julgamento.’ (NR) 15º (décimo quinto) e o 10º (décimo) dia útil an­tecedente à instalação da reunião. SEÇÃO VI § 2º A audiência de sorteio não será Da Organização da Pauta adiada pelo não comparecimento das par- Art. 429. Salvo motivo relevante que tes. autorize alteração na ordem dos julgamen- § 3º O jurado não sorteado poderá ter tos, te­rão preferência os de: o seu nome novamente incluído para as reu- I – acusados presos; niões fu­turas.(NR) II – dentre eles, os que estiverem há Art. 434. Os jurados serão convocados mais tempo na prisão; pelo correio ou por qualquer outro meio hábil III – em igualdade de condições, os para comparecer no dia e hora designados precedentemente pronunciados. para a reunião, sob as penas da lei. § 1º Antes do dia designado para o 1° Parágrafo único. No mesmo expediente (primeiro) julgamento da reunião periódica, de convocação serão transcritos os arts. 436 será afixada na porta do edifício do Tribunal a 446 deste Código.(NR) do Júri a lista dos processos a serem julga- Art. 435. Serão afixados na porta do dos, obedecida a ordem prevista no caput edifício do Tribunal do Júri a relação dos jura­ deste artigo. dos convocados, os nomes do acusado, dos 01352 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 procura­dores das partes e das testemunhas, Defensoria Pú­blica, no Ministério Público ou além do dia, hora e local das sessões.(NR) na entidade con­veniada para esses fins. SEÇÃO VIII § 2º O juiz fixará o serviço alternati­vo Da Função do Jurado atendendo aos princípios da proporcionali- dade razoabilidade.(NR) Art. 436. O serviço do júri é obrigatório.­ Art. 439. O exercício efetivo da fun­ O alistamento compreenderá os cidadãos ção de jurado constituirá serviço público maiores de 18 (dezoito) anos de notória rele­vante, estabelecerá presunção de ido- idoneida­de. neidade moral assegurará prisão especial, § 1º Nenhum cidadão poderá ser ex- em caso de crime comum, até o julgamento cluído dos trabalhos do júri ou deixar de ser definitivo.(NR) alistado em razão de cor ou etnia, raça, cre- Art. 440. Constitui também direito do ju- do, sexo, profissão,­ classe social ou econô- rado, na condição do art. 439 deste Código, mica, origem ou grau de instrução. preferência, em igualdade de condições, nas § 2º A recusa injustificada ao serviço lici­tações públicas e no provimento, mediante do júri acarretará multa no valor de 1 (um) concur­so, de cargo ou função pública, bem a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condição econômica como nos ca­sos de promoção funcional ou do jurado.(NR) remoção voluntá­ria.(NR) Art. 437. Estão isentos do serviço do Art. 441. Nenhum desconto será feito júri: nos vencimentos ou salário do jurado sorte- I – o Presidente da República e os Mi­ ado que comparecer à sessão do júri.(NR) nistros de Estado; Art. 442. O jurado que, sem causa le­ II – os Governadores e seus respecti- gítima, deixar de comparecer no dia mar- vos Secretários; cado para a sessão não poderá exercer os III – os membros do Congresso Nacio- direitos previstos nos arts. 439 e 440 deste nal, das Assembléias Legislativas e Distrital Código. e das Câmaras Municipais; Parágrafo único. Somente será aceita IV – os Prefeitos Municipais; escusa fundada em motivo relevante devi- V – os Magistrados e membros do Minis­ damente comprovado e apresentada, res- tério Público e da Defensoria Pública; salvadas as hipóte­ses de força maior, até o VI – os servidores do Poder Judiciá- momento da chamada dos jurados.(NR) rio e do Ministério Público e da Defensoria Art. 443. O jurado que, tendo compare­ Pública; cido à sessão, retirar-se antes de ser dispen- VII – as autoridades e servidores da sado pelo presidente incorrerá na perda dos polícia e da segurança pública; direitos previstos nos arts. 439 e 440 deste VIII – os militares em serviço ativo; Código.(NR) IX – os cidadãos maiores de 70 (se­ Art. 444. O jurado somente será dis­ tenta) anos que requeiram sua dispensa; pensado por decisão motivada do juiz pre- X – aqueles que o requererem, demons­ sidente, consignada na ata dos trabalhos. trando justo impedimento.(NR) Art. 438. A recusa ao serviço do júri, (NR) fundada em convicção religiosa, filosófica Art. 445. O jurado será responsável ou po­lítica importará no dever de prestar criminalmente nos mesmos termos em que serviço al­ternativo, sob pena de perda ou o são os juizes.(NR) suspensão de di­reitos políticos. Art. 446. Aos suplentes, quando convo­ § 1º Entende-se por serviço alterna- cados, serão aplicáveis os dispositivos tivo o exercício de atividades de caráter referen­tes às dispensas, faltas e escusas administra­tivo, assistencial, filantrópico ou e à equipara­ção de responsabilidade penal mesmo produ­tivo, no Tribunal de Justiça, na prevista no art. 445 deste Código.(NR) Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01353 SEÇÃO IX so, no mesmo dia, se as partes estiverem Da Composição do Tribunal do Júri e da de acordo, hi­pótese em que seus integrantes Formação do Conselho de Sentença deverão prestar novo compromisso.(NR) Art. 447. O Tribunal do Júri é compos­ SEÇÃO X to por um juiz togado, seu presidente e por Da Reunião e das Sessões do Tribunal do Júri 25 (vinte e cinco) jurados que se sortearão dentre os alistados, 7 (sete) dos quais cons- “Art. 453. O Tribunal do Júri reunir-se-á tituirão o Conselho de Sentença em cada para as sessões de instrução e julgamento sessão de julgamen­to.(NR) nos períodos e na forma estabelecida pela Art. 448. Estarão impedidos de servir lei lo­cal de organização judiciária.” (NR) no mesmo Conselho: “Art. 454. Até o momento de abrir os trabalhos da sessão, o juiz presidente de- I – marido e mulher; cidirá os casos de isenção e dispensa de II – ascendente e descendente; jurados e o pedido­ de adiamento de julga- III – sogro e genro ou nora; mento, mandando consig­nar em ata as de- IV – irmãos e cunhados, durante o liberações.” (NR) cunhadio; “Art. 455. Se o Ministério Público não V – tio e sobrinho; comparecer, o juiz presidente adiará o jul- VI – padrasto e madrasta ou enteado. gamento para o primeiro dia desimpedido § 1º O mesmo impedimento ocorre- da mesma reunião, cientificadas as partes rá em relação às pessoas que mantenham e as testemunhas. união estável reconhecida como entidade § 1º Se a ausência não for justificada, familiar. o fato será imediatamente comunicado ao § 2º Aplicar-se-á aos jurados o dispos­ procura­dor-geral com a data designada para to neste Código sobre os impedimentos, a a nova ses­são. suspei­ção e as incompatibilidades dos juízes § 2º A intervenção do assistente do toga­dos.(NR) Ministério Público no plenário de julgamento Art. 449. Não poderá servir o jurado será requerida com antecedência, pelo me- que: nos, de 5 (cinco) dias, salvo se já tiver sido I – tiver funcionado em julgamento an­ admitido an­teriormente.”(NR) terior do mesmo processo, independente- “Art. 456. Se a falta, sem escusa legí­ mente da causa determinante do julgamento tima, for do advogado do acusado, e se ou- posterior; tro não for por este constituído, o fato será II – no caso do concurso de pessoas, imediatamente comunicado ao presidente houver integrado o Conselho de Sentença da seccional da Ordem dos Advogados do que jul­gou o outro acusado; Brasil, com a data de­signada para a nova III – tiver manifestado prévia disposi­ sessão. ção para condenar ou, absolver o acusado. § 1º Não havendo escusa legítima, o (NR) julgamento será adiado somente uma vez, Art. 450. Dos impedidos entre si por devendo o acusado ser julgado quando cha- parentesco ou relação de convivência, ser- mado novamente. virá o que houver sido sorteado em primeiro § 2º Na hipótese do 1º deste artigo, o lugar.(NR) juiz intimará a Defensoria Pública para o novo Art. 451. Os jurados excluídos por im­ julgamento, que será adiado para o 1º (pri- pedimento, suspeição ou incompatibilidade meiro) dia desimpedido, observado o prazo serão considerados para a constituição do mínimo de 10 (dez) dias.”(NR) número legal exigível para a realização da “Art. 457. O julgamento não será adiado sessão.(NR) pelo não comparecimento do acusado solto, Art. 452. O mesmo Conselho de Senten­ do assistente ou do advogado do querelante, ça poderá conhecer de mais de um proces- que tiver sido regularmente intimado. 01354 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 § 1º Os pedidos de adiamento e as jus- Art. 463. Comparecendo, pelo menos, tificações de não comparecimento deverão 19 (dezenove) jurados, o juiz presidente de- ser, salvo comprovado motivo de força maior, clarará instalados os trabalhos, anunciando previa­mente submetidos à apreciação do juiz o processo que será submetido a julgamen- presidente do Tribunal do Júri. to. § 2º Se o acusado preso não for condu­ Parágrafo único. O oficial de justiça zido, o julgamento será adiado para o 1º fará o pregão, certificando a diligência nos (primei­ro) dia desimpedido da mesma reu- au­tos.(NR) nião, salvo se houver pedido de dispensa Art. 464. Não havendo o número referi­ de comparecimento subs­crito por ele e seu do no art. 463 deste Código, proceder-se-á defensor.” (NR) ao sorteio de tantos suplentes quantos ne- “Art. 458. Se a testemunha, sem justa cessários, e designar-se-á nova data para causa, deixar de comparecer, o juiz presi- a sessão do júri. dente, sem prejuízo da ação penal pela de- Parágrafo único. Os nomes dos suplen- sobediência, poderá adotar as providências tes serão consignados em ata, remetendo- previstas no art. 218 deste Código, desde que se o expedi­ente de convocação, com obser- não impliquem adia­mento da sessão.” (NR) vância do disposto nos arts. 434 e 435 deste “Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas Código.(NR) a serviço do Tribunal do Júri o disposto no Art. 465. Os nomes dos suplentes se- art. 441 deste Código.” (NR) rão consignados em ata, remetendo-se o “Art. 460. Antes de constituído o con­ expediente de convocação, com observân- selho de sentença, as testemunhas serão cia do disposto nos arts. 434 e 435 deste recolhi­das a lugar onde umas não possam Código.(NR) ouvir os depoi­mentos das outras.” (NR) Art. 466. Antes do sorteio dos membros “Art. 461. O julgamento não será adiado do Conselho de Sentença, o juiz presidente se a testemunha deixar de comparecer, sal- escla­recerá sobre os impedimentos, a sus- vo se uma das partes tiver requerido a sua peição e as incompatibilidades constantes intimação por mandado, na oportunidade de dos arts. 448 e 449 deste Código. que trata o art. 422 deste Código, declarando § 1º O juiz presidente também advertirá não prescindir do depoimento e indicando a os jurados de que, uma vez sorteados, não sua localização. poderão comunicar-se entre si e com outrem, § 1º Se, intimada, a testemunha não nem manifes­tar sua opinião sobre o processo, comparecer, o juiz presidente suspenderá sob pena de ex­clusão do Conselho. os tra­balhos e mandará conduzi-la ou adiará § 2º A incomunicabilidade será certifi­ o julgamen­to para o 1º (primeiro) dia desim- cada nos autos pelo oficial de justiça.(NR) pedido, ordenan­do a sua condução. Art. 467. Verificando que se encontram § 2º O julgamento será realizado se a na urna as cédulas relativas aos jurados testemunha não for encontrada no local in- presen­tes, o juiz presidente sorteará 7 (sete) dicado e assim for certificado por oficial de dentre eles para a formação do Conselho justiça, com antecedência de 5 (cinco) dias de Senten­ça. úteis e expressa referência às diligências Art. 468. À medida que as cédulas forem­ realizadas e à impossi­bilidade de sua loca- sendo retiradas da urna, o juiz presidente as lização.” (NR) lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério “Art. 462. Realizadas as diligências re- Pú­blico poderão recusar os jurados sortea- feridas nos arts. 454 a 461 deste Código, o dos, até 3 (três) cada parte, sem motivar a juiz presidente verificará se a urna contém recusa.(NR) as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os sorteados, mandando que o escrivão pro- acusados, as recusas poderão ser feitas por ceda à chamada de­les.” (NR) um só defensor. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01355 § 1º A separação dos julgamentos e inquirirão as teste­munhas arroladas pela somen­te ocorrerá se, por 2 (duas) sessões acusação. consecuti­vas, em razão das recusas, não for § 1º Para a inquirição das testemunhas possível com­por o Conselho de Sentença. arroladas pela defesa, o defensor do acusa- § 2º Determinada a separação dos julga­ do formulará as perguntas antes do Minis- mentos, será julgado em 1º (primeiro) lugar tério Público e do assistente, mantidos no o acusado a quem foi atribuída a autoria do mais a ordem e os critérios estabelecidos fato ou, em caso de co-autoria, aplicar-se-á o neste artigo. crité­rio de preferência do art. 429 deste Có- § 2º Os jurados poderão formular per- digo.(NR) guntas ao ofendido e às testemunhas, por Art. 470. Desacolhida a argüição de impe- intermé­dio do juiz presidente. dimento, de suspeição ou de incompatibilidade § 3º As partes e os jurados poderão re­ contra o juiz presidente do tribunal, órgão do querer acareações, reconhecimento de pes- Ministério Público, jurado ou qualquer funcioná­ soas e coisas e esclarecimento dos peritos, rio, o julgamento não será suspenso, devendo, bem como a leitura de peças que se refiram, en­tretanto, constar da ata o seu fundamento exclusivamente, às provas colhidas por carta e a decisão.(NR)­ precatória e às pro­vas cautelares, antecipadas Art. 471. Se, em conseqüência do impe­ ou não repetíveis.”(NR) dimento, suspeição, incompatibilidade,, dis- “Art. 474. A seguir será o acusado inter- pensa rogado, se estiver presente, na forma estabe­ ou recusa, não houver número para a lecida no Capítulo III do Título VII do Livro I formação do Conselho, o julgamento será deste Código, com as alterações introduzidas adiado para o 1º (primeiro) dia desimpedi- nes­ta Seção. do, após sorteados os su­plentes, com ob- § 1º O Ministério Público, o assisten­ servância do disposto no art. 464 deste Có- te, o querelante e o defensor, nessa ordem, digo.(NR) pode­rão formular, diretamente, perguntas ao Art. 472. Formado o Conselho de Sen­ acusado. tença, o presidente, levantando-se, e, com § 2º Os jurados formularão perguntas por ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: intermédio do juiz presidente. Em nome da lei, concito-vos a examinar § 3º Não se permitirá o uso de algemas esta causa com imparcialidade e a proferir a no acusado durante o período em que per- vos­sa decisão de acordo com a vossa cons- manecer no plenário do júri, salvo se absolu- ciência e os ditames da justiça. tamente necessá­rio à ordem dos trabalhos, à Os jurados, nominalmente chamados segurança das testemunhas ou à garantia da pelo presidente, responderão: integridade física dos presentes. Assim o prometo. § 4º É vedada qualquer menção ao Parágrafo único. O jurado, em seguida, silên­cio do acusado, às algemas durante receberá cópias da pronúncia e do relatório os debates, à sentença de pronúncia ou do processo. (NR) ao acórdão que a confirme, sob pena de nulidade.”(NR) SEÇÃO XI “Art. 475. Sempre que possível, o registro­ Da Instrução em Plenário do interrogatório e dos depoimentos será feito Art. 473. Prestado o compromisso pe- pelos meios ou recursos de gravação magné­ los jurados, será iniciada a instrução plenária tica, estenotipia ou técnica similar, destinada quan­do o juiz presidente, o Ministério Público, a obter maior fidelidade e celeridade na co- o as­sistente, o querelante e o defensor do lheita da prova. acusado tomarão, sucessiva e diretamen- Parágrafo único. A transcrição do registro te, as declarações do ofendido, se possível, constará dos autos.”(NR) 01356 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 SEÇÃO XII “Art. 480. A acusação, a defesa e os ju- Dos Debates rados poderão, a qualquer momento, e por inter­médio do juiz presidente, pedir ao orador “Art. 476. Encerrada a instrução, será que in­dique a folha dos autos onde se encon- concedida a palavra ao Ministério Público, tra a peça por ele lida ou citada, facultando- que fará a acusação, nos limites da pronún- se, ainda, aos cia, sus­tentando, se for o caso, a existência jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o de circunstância agravante. escla­recimento de fato por ele alegado. § 1º O assistente falará depois do Minis- § 1º Concluídos os debates, o presidente tério Público. indagará dos jurados se estão habilitados a jul- § 2º Tratando-se de ação penal de ini- gar ou se necessitam de outros esclarecimen­ ciativa privada, falará em primeiro lugar o tos. que­relante e, em seguida, o Ministério Pú- § 2º Se houver dúvida sobre questão de blico, sal­vo se este houver retomado a titu- fato, o presidente prestará esclarecimentos à laridade da ação, na forma do art. 29 deste vista dos autos. Código. § 3º Os jurados, nesta fase do procedi- § 3º Finda a acusação, terá a palavra a mento, terão acesso aos autos e aos instru- defesa.”(NR) mentos do crime se solicitarem ao juiz presi- “Art. 477. A acusação poderá repli- dente.” (NR) car e a defesa treplicar, sendo admitida a “Art. 481. Se a verificação de qualquer reinquirição de testemunha já ouvida em fato, reconhecida como essencial para o plenário.”(NR) “Art. 478. O tempo destinado à acusação julgamen­to da causa, não puder ser realiza- e à defesa será de 2 (duas) horas para cada da imediatamen­te, o juiz presidente dissolverá 1 (uma), e de 1/2 (meia) hora para a réplica e o Conselho, ordenando a realização das dili- ou­tro tanto para a tréplica. gências entendidas necessárias. § 1º Havendo mais de 1 (um) acusador ou Parágrafo único. Se a diligência consistir mais de 1 (um) defensor, combinarão entre si a na produção de prova pericial, o juiz presidente,­ distribuição do tempo, que, na falta de acordo, desde logo, nomeará perito e formulará quesi- será dividido pelo juiz presidente, de forma a tos, facultando às partes também formulá-los não exceder o determinado neste artigo. e indicar assistentes técnicos, no prazo de 5 § 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, (cinco) dias.”(NR) o tempo para a acusação e a defesa será, SEÇÃO XIII em relação a todos, acrescido de 1 (uma) Do Questionário e Sua Votação hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1º deste “Art. 482. O Conselho de Sentença será artigo.”(NR) questionado sobre matéria de fato e se o acu- “Art. 479. Durante o julgamento não será sado deve ser absolvido ou condenado. permitida a leitura de documento ou a exibi­ção Parágrafo único. Os quesitos serão re- de objeto que não tiver sido juntado aos au­tos digidos em proposições afirmativas, simples com a antecedência mínima de 5 (cinco) dias e distintas, de modo que cada um deles pos- úteis, dando-se ciência à outra parte. sa ser respondido com suficiente clareza e Parágrafo único. Compreende-se na proi­ necessária precisão. Na sua elaboração, o bição deste artigo a leitura de jornais ou qual­ presidente levará em conta os termos da pro- quer outro escrito, bem como a exibição de núncia, do interrogató­rio e das alegações das ví­deos, gravações, fotografias, laudos, qua- partes.” (NR) dros, croqui ou qualquer outro meio asseme- “Art. 483. Os quesitos serão formulados lhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria na seguinte ordem, indagando sobre: de fato submetida à apreciação e julgamento I – a materialidade do fato; dos jurados.”(NR) II – a autoria ou participação; Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01357 III – se o acusado deve ser absolvido ou mento ou reclamação a fazer, devendo qualquer condenado; deles,­ bem como a decisão, constar da ata. IV – se existe causa de diminuição de Parágrafo único. Ainda em plenário, o pena alegada pela defesa; e juiz presidente explicará aos jurados o signifi­ V – se existe circunstância qualificadora cado de cada quesito.” (NR) ou causa de aumento de pena reconhecidas “Art. 485. Não havendo dúvida a ser es- na pronúncia. clarecida, o juiz presidente, os jurados, o Mi­ § 1º A resposta negativa, por mais de 3 nistério Público, o assistente, o querelante, o (três) jurados, a qualquer dos quesitos refe- defensor do acusado, o escrivão e o oficial de ridos nos incisos I e II do caput deste artigo justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de encerra a votação e implica a absolvição do ser procedida a votação. acusado. § 1º Na falta de sala especial, o juiz pre- § 2º Respondidos afirmativamente por sidente determinará que o público se retire, mais de 3 (três) jurados os quesitos relativos permanecendo somente as pessoas men- aos incisos I e II do caput deste artigo, será cionadas no caput deste artigo. formulado o 3º (terceiro) quesito, com a se- § 2º O juiz presidente advertirá as guinte redação: partes de que não será permitida qualquer “O jurado absolve ou condena o acu- inter­venção que possa perturbar a livre ma- sado?” nifestação do Conselho e fará retirar da sala § 3º Os quesitos referidos nos incisos I e quem se portar inconvenientemente.” (NR) II do caput deste artigo e os demais que de­vam “Art. 486. Para proceder-se à votação, ser formulados nos termos do § 5º deste artigo o presidente mandará distribuir aos jurados serão respondidos com as cédulas contendo pe­quenas cédulas, feitas de papel opaco e as palavras sim e não. facilmen­te dobráveis, contendo 7 (sete) delas § 4º O 3º (terceiro) quesito será respon- a palavra sim, 7 (sete) a palavra não, 7 (sete) dido por cédulas especiais contendo as pala­ a palavra absolvo e outras 7 (sete) a palavra vras absolvo e condeno. condeno.” (NR) § 5º Decidindo os jurados pela conde- “Art. 487. Para assegurar o sigilo do voto, nação, o julgamento prossegue, devendo ser o oficial de justiça recolherá, em urnas separa- formula­dos quesitos sobre: das, as cédulas correspondentes aos votos, I – causa de diminuição de pena alega- da pela defesa; e as não utilizadas.” (NR) II – circunstância qualificadora ou causa de “Art. 488. Após a resposta de cada quesi- aumento de pena, reconhecidas na pronúncia.­ to, e verificados os votos e as cédulas não utili- § 6º Sustentada a desclassificação da zadas, o presidente determinará que o escrivão infração para outra de competência do juiz registre no termo a votação de cada quesito, singu­lar, será incluído quesito a respeito, para bem como o resultado do julgamento. ser respondido após o 2º (segundo) ou 3º (ter- Parágrafo único. Do termo também cons- ceiro) quesito, conforme o caso. tará a conferência das cédulas não § 7º Sustentada a tese de ocorrência do utilizadas.”­ (NR) crime na sua forma tentada ou havendo diver- “Art. 489. As decisões do Tribunal do Júri gência sobre a tipificação do delito, sendo este serão tomadas por maioria de votos.” (NR) da com­petência do Tribunal do Júri, o juiz for- “Art. 490. Se a resposta a qualquer dos mulará quesito acerca destas questões, para quesitos estiver em contradição com outra ou ser respon­dido após o segundo quesito. ou­tras já dadas, o presidente, explicando aos § 8º Havendo mais de 1 (um) crime ou jura­dos em que consiste a contradição, sub- mais de 1 (um) acusado, os quesitos serão meterá no­vamente à votação os quesitos a formu­lados em séries distintas.” (NR) que se referirem tais respostas. “Art. 484. A seguir, o presidente lerá os Parágrafo único. Se, pela resposta dada quesitos e indagará das partes se têm requeri­ a um dos quesitos, o presidente verificar que 01358 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 fi­cam prejudicados os seguintes, assim o de- SEÇÃO XV clarará, dando por finda a votação.” (NR) Da Ata dos Trabalhos “Art. 491. Encerrada a votação, será o “Art. 494. De cada sessão de julgamento termo a que se refere o art. 488 deste Código o escrivão lavrará ata, assinada pelo presiden- as­sinado pelo presidente, pelos jurados e pe- te e pelas partes. las partes.” (NR) Parágrafo único. No transcorrer do jul- SEÇÃO XIV gamento, o escrivão redigirá minuta, conten- Da Sentença do um resumo dos trabalhos, das principais ocorrências e de todos os incidentes, que será “Art. 492. Em seguida, o presidente profe- submetida ao juiz presidente e às partes para rirá sentença, com observância do seguinte: verificação e assinatura e servirá de base para I – o relatório mencionará as alegações das a elaboração da ata.” (NR) partes e o respectivo fundamento jurídico; “Art. 495. A ata descreverá fielmente to- II – no caso de condenação: das as ocorrências, mencionando obrigatoria- fixará a pena-base; a) mente: b) considerará as circunstâncias agravan- I – a data e a hora da instalação dos tes ou atenuantes alegadas nos debates; trabalhos; c) imporá os aumentos ou diminuições II – o magistrado que presidiu a sessão da pena, em atenção às causas admitidas e os jurados presentes; pelo júri; III – os jurados que deixaram de compa- d) observará o disposto no art. 387 recer, com escusa ou sem ela, e as sanções deste Código, no que for cabível; e apli­cadas; e) mandará o réu recolher-se à prisão, se IV – o ofício ou requerimento de isen- presentes os requisitos da prisão preventiva; ção ou dispensa; III – no caso de absolvição: V – o sorteio dos jurados suplentes; a) mandará colocar em liberdade o acusa- VI – o adiamento da sessão, se houver do se por outro motivo não estiver preso; e ocorrido, com a indicação do motivo; b) revogará as medidas restritivas provi- VII – a abertura da sessão e a presen- soriamente decretadas. ça do Ministério Público, do querelante e do IV – imporá, se for o caso, a medida de assis­tente, se houver, e a do defensor do acu- segurança cabível. sado; § 1º Se houver desclassificação da in- VIII – o pregão e a sanção imposta, no fração para outra, de competência do juiz caso de não comparecimento; singu­lar, ao presidente do Tribunal do Júri IX – as testemunhas dispensadas de caberá proferir sentença em seguida, exceto depor; quando o de­lito resultante da nova tipificação X – o recolhimento das testemunhas for conside­rado pela lei como infração penal a lugar de onde umas não pudessem ouvir de menor poten­cial ofensivo, da competência o depoimen­to das outras; do Juizado Especial Criminal, para onde serão XI – a verificação das cédulas pelo remetidos os autos. juiz presidente; § 2º Em caso de desclassificação, XII – a formação do Conselho de Sen- o crime conexo que não seja doloso con- tença, com o registro dos nomes dos jurados tra a vida será julgado pelo juiz presidente sortea­dos e recusas; do Tribunal do Júri, salvo quando estiver in- XIII – o compromisso e o interrogató- cluído na competên­cia do Juizado Especial rio, com simples referência ao termo; Criminal.” (NR) XIV – os debates e as alegações das “Art. 493. A sentença será lida em ple- partes com os respectivos fundamentos; nário pelo presidente antes de encerrada a XV – os incidentes; sessão de julgamento. (NR) XVI – o julgamento da causa; e Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01359 XVII – a publicidade dos atos da instru- ceder até 3 (três) minutos para cada aparte ção plenária, das diligências e da senten­ requerido, que serão acrescidos ao tempo ça.”(NR) desta última.” (NR)” (NR) “Art. 496. A falta da ata sujeitará o res- Art. 2º O art. 581 do Decreto-Lei nº 3.689, de ponsável a sanções administrativa e pe­nal.”(NR) 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, passa a vi­gorar com a seguinte redação: SEÇÃO XVI “Art. 581...... Das Atribuições do Presidente do ...... Tribunal do Júri IV – que pronunciar o réu; “Art. 497. São atribuições do juiz presi- ...... dente do Tribunal do Júri, além de outras ex­ VI – (revogado); pressamente referidas neste Código: ...... ” (NR) I – regular a polícia das sessões e pren- der os desobedientes; Art. 3º Esta lei entra em vigor 60 (sessenta) II – requisitar o auxílio da força pública, dias após a data de sua publicação. que ficará sob sua exclusiva autoridade; Art. 4º Ficam revogados o inciso VI do caput III – dirigir os debates, intervindo em caso do art. 581 e o Capítulo IV do Título II do Livro III do de abuso ou excesso de linguagem; De­creto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Có- IV – resolver as questões inciden- digo de Processo Penal. tes que não dependam de pronunciamento Câmara dos Deputados, 26 de março de do júri; 2007. V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, neste caso, dis­solver o Conselho e designar novo dia para o jul­gamento, com a nomeação ou a constitui- ção de novo defensor; VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realização do julgamento, o qual prosseguirá sem a sua presença; SGM-P nº 395/07 VII – suspender a sessão pelo tempo Brasília, 29 de março de 2007 indispensável à realização das diligências À Sua Excelência o Senhor requeri­das ou entendidas necessárias, man- Senador Renan Calheiros tida a incomu­nicabilidade dos jurados; VIII – interromper a sessão por tempo Presidente do Senado Federal razoável, para proferir sentença e para re- Senhor Presidente, pouso ou refeição dos jurados; Comunico a Vossa Excelência que foi verifica- IX – decidir, de ofício ou a requerimen- do erro manifesto no texto dos autógrafos referentes to das partes, a argüição de extinção de pu­ ao Projeto de Lei nº 4.203, de 2001, da Câmara dos nibilidade; Deputados, que “altera dispositivos do Decreto-Lei nº X – resolver as questões de direito sus- 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo citadas no curso do julgamento; Penal, relativos ao Tribunal do Júri, e dá outras provi- XI – determinar, de ofício ou a requeri- dências”, encaminhado à consideração dessa Casa mento das partes ou de qualquer jurado, as em 26 de março de 2007, por meio do Ofício PS-GSE diligências destinadas a sanar nulidade ou a nº 73, de 2007. suprir falta que prejudique o esclarecimento Onde se lê: da verdade; XII – regulamentar, durante os debates, “Art. 464. Não havendo o número refe- a intervenção de uma das partes, quando a rido no art. 463 deste Código, proceder-se-á outra estiver com a palavra, podendo con- ao sorteio de tantos suplentes quantos ne- 01360 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 cessários, e designar-se-á nova data para a Penal, relativos ao Tribunal do Júri, e dá sessão do júri. outras providências.” Parágrafo único. Os nomes dos suplen- Substitua-se o Projeto pelo seguinte: tes serão consignados em ata, remetendo-se Altera dispositivos do Decreto-Lei nº o expediente de convocação, com observân- 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de cia do disposto nos arts. 434 e 435 deste Có- Processo Penal, relativos ao Tribunal do Júri, digo.(NR)” e dá outras providências. Leia-se: O Congresso Nacional decreta: “Art. 464. Não havendo o número referi- Art. 1º O Capítulo II do Título I do Livro II do De- do no art. 463 deste Código, proceder-se-á ao creto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código sorteio de tantos suplentes quantos necessá- de Processo Penal, passa a vigorar com a seguinte rios, e designar-se-á nova data para a sessão redação: do júri. (NR)” CAPÍTULO II Dando conhecimento do fato a Vossa Excelên- Do procedimento relativo aos processos cia, encaminho duas vias corrigidas da página nº 21 da competência do Tribunal do Júri dos autógrafos, em anexo, solicitando determinar as providências necessárias a fim de que seja feita a de- SEÇÃO I vida retificação. Da Acusação e da Instrução Preliminar Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa “Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia Excelência manifestações de estima e apreço. – Ar- ou a queixa, ordenará a citação do acusado lindo Chinaglia, Presidente para responder a acusação, por escrito, no Ofício nº 1.991 (SF) prazo de 10 (dez) dias. Brasília, 21 de dezembro de 2007 § 1º O prazo previsto no caput des- te artigo será contado a partir do efetivo A Sua Excelência o Senhor cumprimento do mandado ou do compare- Deputado Osmar Serraglio cimento, em juízo, do acusado ou de defen- Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados sor constituído, no caso de citação inválida Assunto: Substitutivo do Senado a projeto de lei da ou por edital. Câmara. § 2º A acusação deverá arrolar testemu- Senhor Primeiro-Secretário, nhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia Comunico a Vossa Excelência que o Senado Fe- ou ha queixa. deral aprovou, em revisão, nos termos do substitutivo § 3º Na resposta, o acusado poderá ar- em anexo, o Projeto de Lei da Câmara nº 20, de 2007 güir preliminares e alegar tudo que interesse (PL nº 4.203, de 2001, nessa Casa), que “Altera dis- à sua defesa, oferecer documentos e justifi- positivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de cações, especificar as provas pretendidas e 1941 – Código de Processo Penal, relativos ao Tribunal arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), do Júri, e dá outras providências”, que ora encaminho qualificando-as e requerendo sua intimação, para apreciação dessa Casa. quando necessário.” (NR) Atenciosamente, – Senador César Borges, Ter- “Art. 407. As exceções serão processa- ceiro Secretário, no exercício da Primeiro Secretaria. das em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.” (NR) SUBSTITUTIVO DO SENADO FEDERAL “Art. 408. Não apresentada a resposta Substitutivo do Senado ao Projeto de no prazo legal, o juiz nomeará defensor para Lei da Câmara nº 20, de 2007 (PL nº 4.203, oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo- de 2001, na Casa de origem), que “Altera lhe vista dos autos.” (NR) dispositivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 “Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz de outubro de 1941 – Código de Processo ouvirá o Ministério Público ou o querelante Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01361 sobre preliminares e documentos, em 5 (cin- “Art. 412. O procedimento será con- co) dias.” (NR) cluído no prazo máximo de 90 (noventa) “Art. 410. O juiz determinará a inquirição dias.” (NR) das testemunhas e a realização das diligências SEÇÃO II requeridas pelas partes, no prazo máximo de Da pronúncia, da impronúncia e da 10 (dez) dias.” (NR) absolvição sumária “Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do “Art. 413. O juiz, fundamentadamente, ofendido, se possível, à inquirição das tes- pronunciará o acusado, se convencido da ma- temunhas arroladas pela acusação e pela terialidade do fato e da existência de indícios defesa, nesta ordem, bem como aos es- suficientes de autoria ou de participação. clarecimentos dos peritos, às acareações § 1° A fundamentação da pronúncia e ao reconhecimento de pessoas e coisas, limitar-se-á à indicação da materialidade do interrogando-se, em seguida, o acusado e fato e da existência de indícios suficientes procedendo-se o debate. de autoria ou de participação, devendo o § 1º Os esclarecimentos dos peritos juiz declarar o dispositivo legal em que jul- dependerão de prévio requerimento e de gar incurso o acusado e especificar as cir- deferimento pelo juiz. cunstâncias qualificadoras e as causas de § 2º As provas serão produzidas em aumento de pena. uma só audiência, podendo o juiz indeferir § 2° Se o crime for afiançável, o juiz ar- as consideradas irrelevantes, impertinentes bitrará o valor da fiança para a concessão ou ou protelatórias. manutenção da liberdade provisória. § 3° O juiz decidirá, motivadamente, no § 3º Encerrada a instrução probatória, caso de manutenção, revogação ou substitui- observar-se-á, se for o caso, o disposto no ção da prisão ou medida restritiva de liber- art. 384. dade anteriormente decretada e, tratando- § 4º As alegações serão orais, conce- se de acusado solto, sobre a necessidade dendo-se a palavra, respectivamente, à acu- da decretação da prisão ou imposição de sação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) quaisquer das medidas previstas no Título minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez). IX do Livro I.” (NR) § 5º Havendo mais de 1 (um) acusado, “Art. 414. Não se convencendo da mate- o tempo previsto para a acusação e a defesa rialidade do fato ou da existência de indícios de cada um deles será individual. suficientes de autoria ou de participação, o § 6º Ao assistente do Ministério Públi- juiz, fundamentadamente, impronunciará o co, após a manifestação deste, serão con- acusado. cedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se Parágrafo único. Enquanto não ocorrer por igual período o tempo de manifestação a extinção da punibilidade, poderá ser for- da defesa. mulada nova denúncia ou queixa se houver § 7º Nenhum ato será adiado, salvo prova nova.”. (NR) quando imprescindível à prova faltante, de- “Art. 415. O juiz, fundamentadamente, terminando o juiz a condução coercitiva de absolverá desde logo o acusado, quando: quem deva comparecer. I – provada a inexistência do fato; § 8º A testemunha que comparecer será II – provado não ser ele autor ou par- inquirida, independentemente da suspensão tícipe do fato; da audiência, observada em qualquer caso a III – o fato não constituir infração pe- ordem estabelecida no caput deste artigo. nal; § 9º Encerrados os debates, o juiz pro- IV – demonstrada causa de isenção de ferirá a sua decisão, ou o fará em 10 (dez) pena ou de exclusão do crime. dias, ordenando que os autos para isso lhe Parágrafo único. Não se aplica o dis- sejam conclusos.” (NR) posto no inciso IV do caput deste artigo 01362 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 ao caso de inimputabilidade prevista no SEÇÃO III caput do art. 26 do Decreto-Lei n° 2.848, Da preparação do processo para de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, julgamento em plenário salvo quando esta for a única tese defen- “Art. 422. Ao receber os autos, o presi- siva.” (NR) dente do Tribunal do Júri determinará a inti- “Art. 416. Contra a sentença de impro- mação do órgão do Ministério Público ou do núncia ou de absolvição sumária caberá querelante, no caso de queixa, e do defensor, apelação.” (NR) para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresenta- “Art. 417. Se houver indícios de autoria rem rol de testemunhas que irão depor em ou de participação de outras pessoas não plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportu- incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar nidade em que poderão juntar documentos ou impronunciar o acusado, determinará o e requerer diligência.” (NR) retorno dos autos ao Ministério Público, por “Art. 423. Deliberando sobre os reque- 15 (quinze) dias, aplicável, no que couber, rimentos de provas a serem produzidas ou o art. 80.” (NR) exibidas no plenário do júri, e adotadas as “Art. 418. O juiz poderá dar ao fato defi- providências devidas, o juiz presidente: nição jurídica diversa da constante da acusa- I – ordenará as diligências necessárias ção, embora o acusado fique sujeito a pena para sanar qualquer nulidade ou esclarecer mais grave.” (NR) fato que interesse ao julgamento da causa; “Art. 419. Quando o juiz se convencer, II – fará relatório sucinto do processo, em discordância com a acusação, da exis- determinando sua inclusão em pauta da reu- tência de crime diverso dos referidos no § nião do Tribunal do Júri.” (NR) 1° do art. 74 e não for competente para o “Art. 424. Quando a lei local de organi- julgamento, remeterá os autos ao juiz que zação judiciária não atribuir ao presidente do o seja. Tribunal do Júri o preparo para julgamento, Parágrafo único. Remetidos os autos o juiz competente remeter-lhe-á os autos do do processo a outro juiz, à disposição deste processo preparado até 5 (cinco) dias antes ficará o acusado preso.” (NR) do sorteio a que se refere o art. 433. “Art. 420. A intimação da decisão de Parágrafo único. Deverão ser remetidos, pronúncia será feita: também, os processos preparados até o en- I – pessoalmente ao acusado, ao defen- cerramento da reunião, para a realização de sor nomeado e ao Ministério Público; julgamento.” (NR) II – ao defensor constituído, ao quere- lante e ao assistente do Ministério Público, SEÇÃO IV na forma do disposto no § 1° do art. 370. Do alistamento dos jurados Parágrafo único. Será intimado por edi- “Art. 425. Anualmente, serão alistados tal o acusado solto que não for encontrado.” pelo presidente do Tribunal do Júri de 800 (NR) (oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos) “Art. 421. Preclusa a decisão de pro- jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 núncia, os autos serão encaminhados ao (um milhão) de habitantes, de 300 (trezentos) juiz presidente do Tribunal do Júri. a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de § 1° Ainda que preclusa a decisão de 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oiten- pronúncia, havendo circunstância superve- ta) a 400 (quatrocentos) nas comarcas de niente que altere a classificação dó crime, menor população. o juiz ordenará a remessa dos autos ao Mi- § 1° Nas comarcas onde for necessário, nistério Público. poderá ser aumentado o número de jurados § 2° Em seguida, os autos serão con- e, ainda, organizada lista de suplentes, de- clusos ao juiz para decisão.” (NR) positadas as cédulas em urna especial, com Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01363 as cautelas mencionadas na parte final do “Art. 441. Nenhum desconto será feito § 3° do art. 426. nos vencimentos ou salário do jurado sortea- § 2° O juiz presidente requisitará às do que comparecer à sessão do júri.” (NR) autoridades locais, associações de classe e “Art. 442. Ao jurado que, sem causa le- de bairro, entidades associativas e culturais, gítima, deixar de comparecer no dia marca- instituições de ensino em geral, universida- do para a sessão ou retirar-se antes de ser des, sindicatos, repartições públicas e outros dispensado pelo presidente, será aplicada núcleos comunitários a indicação de pesso- multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, as que reúnam as condições para exercer a a critério do juiz, de acordo com a sua con- dição econômica.” (NR) função de jurado.” (NR) “Art. 443. Somente será aceita escusa “Art. 426. A lista geral dos jurados, com fundada em motivo relevante devidamente indicação das respectivas profissões, será comprovado e apresentada, ressalvadas as publicada pela imprensa até o dia 10 de ou- hipóteses de força maior, até o momento da tubro de cada ano e divulgada em editais chamada dos jurados.” (NR) afixados à porta do Tribunal do Júri. “Art. 444. O jurado somente será dispen- § 1° A lista poderá ser alterada, de ofí- sado por decisão motivada do juiz presidente, cio ou mediante reclamação de qualquer do consignada na ata dos trabalhos.” (NR) povo, ao juiz presidente, até o dia 10 de no- “Art. 445. O jurado, no exercício da fun- vembro, data de sua publicação definitiva. ção ou a pretexto de exercê-la, será respon- § 2° Juntamente com a lista, serão sável criminalmente nos mesmos termos em transcritos os arts. 436 a 446. que o são os juízes togados.” (NR) § 3° Os nomes e endereços dos alis- “Art. 446. Aos suplentes, quando con- tados, em cartões iguais, após serem veri- vocados, serão aplicáveis os dispositivos ficados na presença do Ministério Público, referentes às dispensas, faltas e escusas de advogado indicado pela Seção local da e à equiparação de responsabilidade penal Ordem dos Advogados do Brasil e de de- prevista no art. 445.” (NR) fensor indicado pelas Defensorias Públicas (doze) meses que antecederem a pu- competentes, permanecerão, guardados em blicação da lista geral fica dela excluído.” urna fechada a chave, sob a responsabilida- (NR) de do juiz presidente. “SEÇÃO V § 4° O jurado que tiver integrado o Con- Do desaforamento” selho de Sentença nos 12 § 2º O juiz fixará o serviço alternativo “Art. 427. Se o interesse da ordem pú- atendendo aos princípios da proporcionali- blica o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pes- dade e da razoabilidade.” (NR) soal do acusado, o Tribunal, a requerimento “Art. 439. O exercício efetivo da função do Ministério Público, do assistente, do que- de jurado constituirá serviço público rele- relante ou do acusado ou mediante repre- vante, estabelecerá presunção de idonei- sentação do juiz competente, poderá deter- dade moral e assegurará prisão especial, minar o desaforamento do julgamento para em caso de crime comum, até o julgamento outra comarca da mesma região, onde não definitivo.” (NR) existam aqueles motivos, preferindo-se as “Art. 440. Constitui também direito do mais próximas. jurado, na condição do art. 439, preferência, § 1° O pedido de desaforamento será em igualdade de condições, nas licitações distribuído imediatamente e terá preferência públicas e no provimento, mediante concurso, de julgamento na Câmara ou Turma compe- de cargo ou função pública, bem como nos tente. casos de promoção funcional ou remoção § 2° Sendo relevantes os motivos ale- voluntária.” (NR) gados, o relator poderá determinar, funda- 01364 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 mentadamente, a suspensão do julgamento clusão de processo que tiver o julgamento pelo júri. adiado.” (NR) § 3° Será ouvido o juiz presidente, quan- “Art. 430. O assistente somente será do a medida não tiver sido por ele solicita- admitido se tiver requerido sua habilitação da. até 3 (três) dias antes da data da sessão na § 4° Na pendência de recurso contra a qual pretenda atuar.” (NR) decisão de pronúncia ou quando efetivado “Art. 431. Estando o processo em or- o julgamento, não se admitirá o pedido de dem, o juiz presidente mandará intimar as desaforamento, salvo, nesta última hipótese, partes, o ofendido, se for possível, as tes- quanto a fato ocorrido durante ou após a re- temunhas e os peritos, quando houver re- alização de julgamento anulado.” (NR) querimento, para a sessão de instrução e “Art. 428; O desaforamento também julgamento, observando, no que couber, o poderá ser determinado, em razão do com- disposto no art. 420.” (NR) provado excesso de serviço, ouvidos o juiz “SEÇÃO VII presidente e a parte contrária, se o julga- Do sorteio e da convocação dos jurados” mento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em jul- “Art. 432. Em seguida à organização gado da decisão de pronúncia. da pauta, o juiz presidente determinará a § 1° Para a contagem do prazo referi- intimação do Ministério Público, da Ordem do neste artigo, não se computará o tempo dos Advogados do Brasil e da Defensoria de adiamentos, diligências ou incidentes de Pública para acompanharem, em dia e hora interesse da defesa. designados, o sorteio dos jurados que atu- § 2° Não havendo excesso de serviço arão na reunião periódica.” (NR) ou existência de processos aguardando jul- “Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, gamento em quantidade que ultrapasse a far-se-á a portas abertas, cabendo-lhe reti- possibilidade de apreciação pelo Tribunal do rar as cédulas até completar o número de Júri, nas reuniões periódicas previstas para 25 (vinte e cinco) jurados, para a reunião o exercício, o acusado poderá requerer ao periódica ou extraordinária. Tribunal que determine a imediata realização § 1° O sorteio será realizado entre o do julgamento.” (NR) décimo quinto e o décimo dias úteis ante- cedentes à instalação da reunião. “SEÇÃO VI § 2° A audiência de sorteio não será Da organização da pauta” adiada pelo não comparecimento das par- “Art. 429. Salvo motivo relevante que tes. autorize alteração na ordem dos julgamen- § 3° O jurado não sorteado poderá ter tos, terão preferência: o seu nome novamente incluído para as reu- I – os acusados presos; niões futuras.” (NR) II – dentre os acusados presos, aqueles “Art. 434. Os jurados sorteados serão que estiverem há mais tempo na prisão; convocados pelo correio ou por qualquer III – em igualdade de condições, os outro meio hábil para comparecer no dia precedentemente pronunciados. e hora designados para a reunião, sob as § 1° Antes do dia designado para o penas da lei. primeiro julgamento da reunião periódica, Parágrafo único. No mesmo expedien- será afixada na porta do edifício do Tribunal te de convocação serão transcritos os arts. do Júri a lista dos processos a serem julga- 436 a 446.” (NR) dos, obedecida a ordem prevista no caput “Art. 435. Serão afixados na porta do deste artigo. edifício do Tribunal do Júri a relação dos ju- § 2° O juiz presidente reservará da- rados convocados, os nomes do acusado e tas na mesma reunião periódica para a in- dos procuradores das partes, além do dia, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01365 hora e local das sessões de instrução e jul- SEÇÃO IX gamento.” (NR) Da composição do tribunal do júri e da formação do conselho de sentença “SEÇÃO VIII Da função do jurado” “Art. 447. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por “Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento compreenderá os cidadãos 25 (vinte e cinco) jurados que serão sortea- maiores de 21 (vinte e um) anos de notória dos dentre os alistados, 7 (sete) dos quais idoneidade. constituirão o Conselho de Sentença em § 1° Nenhum cidadão poderá ser ex- cada sessão de julgamento.” (NR) cluído dos trabalhos do júri ou deixar de ser “Art. 448. São impedidos de servir no alistado em razão de cor ou etnia, raça, cre- mesmo Conselho: do, sexo, profissão, classe social ou econô- I – marido e mulher; mica, origem ou grau de instrução. II – ascendente e descendente; § 2° A recusa injustificada ao serviço III – sogro e genro ou nora; do júri acarretará multa no valor de 1 (um) IV – irmãos e cunhados, durante o a 10 (dez) salários mínimos, a critério do cunhadio; juiz, de acordo com á condição econômica V – tio e sobrinho; do jurado.” (NR) VI – padrasto, madrasta ou enteado. “Art. 437. Estão isentos do serviço do § 1º O mesmo impedimento ocorre- júri: rá em relação às pessoas que mantenham I – o Presidente da República e os Mi- união estável reconhecida como entidade nistros de Estado; familiar. II – os Governadores e seus respecti- § 2º Aplicar-se-á aos jurados o dispos- vos Secretários; to sobre os impedimentos, a suspeição e ás III – os membros do Congresso Na- incompatibilidades dos juízes togados.” (NR) cional, das Assembléias Legislativas e das “Art. 449. Não poderá servir o jurado que: Câmaras Distrital e Municipais; I – tiver funcionado em julgamento an- IV – os Prefeitos Municipais; terior do mesmo processo, independente- V – os Magistrados e membros do Mi- mente da causa determinante do julgamento nistério Público e da Defensoria Pública; posterior; VI – os servidores do Poder Judiciá- II – no caso do concurso de pessoas, rio, do Ministério Público e da Defensoria houver integrado o Conselho de Sentença Pública; que julgou o outro acusado; VII – as autoridades e os servidores da III – tiver manifestado prévia disposi- polícia e da segurança pública; ção para condenar ou absolver o acusado.” VIII – os militares em serviço ativo; (NR) IX – os cidadãos maiores de 70 (seten- “Art. 450. Dos impedidos entre si por ta) anos que requeiram sua dispensa; X – aqueles que o requererem, demons- parentesco ou relação de convivência, ser- trando justo impedimento.” (NR) virá o que houver sido sorteado em primei- “Art. 438. A recusa ao serviço do júri, ro lugar.” fundada em convicção religiosa, filosófica ...... (NR) ou política, importará no dever de prestar “Art. 451. Os jurados excluídos por im- serviço alternativo, sob pena de suspensão pedimento, suspeição ou incompatibilidade dos direitos políticos, enquanto não prestar serão considerados para a constituição do o serviço imposto. número legal exigível para a realização da § 1° Entende-se por serviço alternativo sessão.” (NR) o exercício de atividades de caráter adminis- “Art. 452. O mesmo Conselho de Sen- trativo, assistencial, filantrópico ou mesmo tença poderá conhecer de mais de um pro- produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria cesso, no mesmo dia, se as partes o acei- Pública, no Ministério Público ou em entida- tarem, hipótese em que seus integrantes de conveniada para esses fins. deverão prestar novo compromisso.” (NR) 01366 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 SEÇÃO X “Art. 458. Se a testemunha, sem justa Da reunião e das sessões do Tribunal do Júri causa, deixar de comparecer, o juiz presi- dente, sem prejuízo da ação penal pela de- “Art. 453. O Tribunal do Júri reunir-se-á sobediência, aplicar-lhe-á a multa prevista para as sessões de instrução e julgamento no § 2º do art. 436.” (NR) nos períodos e na forma estabelecida pela “Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas lei local de organização judiciária.” (NR) a serviço do Tribunal do Júri o disposto no “Art. 454. Até o momento de abertura art. 441.” (NR) dos trabalhos da sessão, o juiz presidente “Art. 460. Antes de constituído o Con- decidirá os casos de isenção e dispensa de selho de Sentença, as testemunhas serão jurados e o pedido de adiamento de julga- , recolhidas a lugar onde umas não possam mento, mandando consignar em ata as de- ouvir os depoimentos das outras.” (NR) liberações.” (NR) “Art. 461. O julgamento não será adia- “Art. 455. Se o Ministério Público não do se a testemunha deixar de comparecer, comparecer, o juiz presidente adiará o jul- salvo se uma das partes tiver requerido a gamento para o primeiro dia desimpedido sua intimação por mandado, na oportunida- da mesma reunião, cientificadas as partes de de que trata o art. 422, declarando não e as testemunhas. prescindir do depoimento e indicando a sua Parágrafo único. Se a ausência não for localização. justificada, o fato será imediatamente comu- § 1º Se intimada, a testemunha não nicado ao Procurador-Geral de Justiça com a data designada para a nova sessão.” (NR) comparecer, o juiz presidente suspenderá os “Art. 456. Se a falta, sem escusa legí- trabalhos e mandará conduzi-la ou adiará o tima, for do advogado do acusado, e se ou- julgamento para o primeiro dia desimpedido, tro não for por este constituído, o fato será ordenando a sua condução. imediatamente comunicado ao presidente § 2º O julgamento será realizado mes- da seccional da Ordem dos Advogados do mo na hipótese de a testemunha pão ser Brasil, com a data designada para a nova encontrada no local indicado, se assim for sessão. certificado por oficial de justiça.” (NR) § 1º Não havendo escusa legítima, o “Art. 462. Realizadas as diligências re- julgamento será adiado somente uma vez, feridas nos arts. 454 a 461, o juiz presidente devendo o acusado ser julgado quando cha- verificará se a urna contém as cédulas dos mado novamente. 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, man- § 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, dando que o escrivão proceda à chamada o juiz intimará a Defensoria Pública para o deles.” (NR) novo julgamento, que será adiado para o pri- “Art. 463. Comparecendo, pelo menos, meiro dia desimpedido, observado o prazo 15 (quinze) jurados, o juiz presidente declara- mínimo de 10 (dez) dias.” (NR) rá instalados os trabalhos, anunciando o pro- “Art. 457. O julgamento não será adiado cesso que será submetido a julgamento. pelo não comparecimento do acusado solto, § 1° O oficial de justiça fará o pregão, do assistente ou do advogado do querelante, certificando a diligência nos autos. que tiver sido regularmente intimado. § 2° Os jurados excluídos por impedi- § 1º Os pedidos de adiamento e as jus- mento ou suspeição serão computados para tificações de não comparecimento deverão a constituição do número legal.” (NR) ser, salvo comprovado motivo de força maior, “Art. 464. Não havendo o número re- previamente submetidos à apreciação do juiz ferido no art. 463, proceder-se-á ao sorteio presidente do Tribunal do Júri. de tantos suplentes quantos necessários, e § 2º Se o acusado preso não for con- designar-se-á nova data para a sessão do duzido, o julgamento será adiado para o júri.” (NR) primeiro dia desimpedido da mesma reu- “Art. 465. Os nomes dos suplentes se- nião, salvo se houver pedido de dispensa rão consignados em ata, remetendo-se o de comparecimento subscrito por ele e seu expediente de convocação, com observância defensor.” (NR) do disposto nos arts. 434 e 435.” (NR) Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01367 “Art. 466. Antes do sorteio dos membros a formação do Conselho, o julgamento será do Conselho de Sentença, o juiz presidente adiado para o primeiro dia desimpedido, após esclarecerá sobre os impedimentos, a sus- sorteados os suplentes, com observância do peição e as incompatibilidades constantes disposto no art. 464.” (NR) dos arts. 448 e 449. “Art. 472. Formado o Conselho de Sen- § 1° O juiz presidente também advertirá tença, o presidente, levantando-se, e, com os jurados de que, uma vez sorteados, não ele, todos os presentes, fará aos jurados a poderão comunicar-se entre si e com outrem, seguinte exortação: nem manifestar sua opinião sobre o processo, ‘Em nome da lei, concito-vos a examinar sob pena de exclusão do Conselho e multa, esta causa com imparcialidade e a proferir a na forma do § 2° do art. 436. vossa decisão de acordo com avossa cons- § 2° A incomunicabilidade será certifica- ciência é os ditames da justiça.’ da nos autos pelo oficial de justiça.” (NR) Os jurados, nominalmente chamados “Art. 467. Verificando que se encontram pelo presidente, responderão: ‘Assim o pro- na urna as cédulas relativas aos jurados pre- meto.’ sentes, o juiz presidente sorteará 7 (sete) Parágrafo único. O jurado, em seguida, dentre eles para a formação do Conselho receberá cópias da pronúncia ou, se for o de Sentença.” (NR) caso, das decisões posteriores que julga- “Art. 468. À medida que as cédulas ram admissível a acusação e do relatório forem sendo retiradas da urna, o juiz pre- do processo.” (NR) sidente as lerá e a defesa e, depois dela, o Ministério Público poderá recusar os jurados “SEÇÃO XI sorteados, até 3 (três) cada parte, sem mo- Da instrução em plenário” tivar a recusa. “Art. 473. Prestado o compromisso pe- Parágrafo único. O jurado recusado imo- los jurados, será iniciada a instrução plenária tivadamente por qualquer das partes será quando o juiz presidente, o Ministério Público, excluído daquela sessão de instrução e jul- o assistente, o querelante e o defensor do gamento, prosseguindo-se o sorteio para a acusado tomarão, sucessiva e diretamente, composição do Conselho de Sentença com as declarações do ofendido, se possível, e os jurados remanescentes.” (NR) inquirirão as testemunhas arroladas pela “Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusação. acusados, as recusas poderão ser feitas por § 1° Para a inquirição das testemunhas um só defensor. arroladas pela defesa, o defensor do acusa- § 1° A separação dos julgamentos so- do formulará as perguntas antes do Minis- mente ocorrerá se, em razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete) tério Público e do assistente, mantidos no jurados para compor o Conselho de Sen- mais a ordem e os critérios estabelecidos tença. neste artigo. § 2° Determinada a separação dos jul- § 2° Os jurados poderão formular per- gamentos, será julgado em primeiro lugar o guntas ao ofendido e às testemunhas, por acusado a quem foi atribuída a autoria do intermédio do juiz presidente. fato ou, em caso de co-autoria, aplicar-se-á § 3° As partes e os jurados poderão re- o critério de preferência do art. 429.” (NR) querer acareações, reconhecimento de pes- “Art. 470. Desacolhida a argüição de soas e coisas e esclarecimento dos peritos, impedimento, de suspeição ou de incompa- bem como a leitura de peças processuais. tibilidade contra o juiz presidente do Tribunal § 4° Será de, no máximo, 2 (duas) ho- do Júri, órgão do Ministério Público, jurado ou ras o tempo destinado a cada parte para a qualquer funcionário, o julgamento não será leitura de peças.” (NR) suspenso, devendo, entretanto, constar da “Art. 474. A seguir será o acusado in- ata o seu fundamento e a decisão.” (NR) terrogado, se estiver presente, na forma es- “Art. 471. Se, em conseqüência do im- tabelecida no Capítulo III do Título VII do Li- pedimento, suspeição, incompatibilidade, vro I, com as alterações introduzidas nesta dispensa ou recusa, não houver número para Seção. 01368 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 § 1° O Ministério Público, o assisten- § 2° Havendo mais de 1 (um) acusado, te, o querelante e o defensor, nessa ordem; o tempo para a acusação e a defesa será poderão formular, diretamente, perguntas acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao do- ao acusado. bro o da réplica e da tréplica, observado o § 2° Os jurados formularão perguntas disposto no § 1º deste artigo.” (NR) por intermédio do juiz presidente. “Art. 478. Durante os debates as partes § 3° Não se permitirá o uso de algemas não poderão, sob pena de nulidade, fazer no acusado durante o período em que per- referências: manecer no plenário do júri, salvo se abso- I – à decisão de pronúncia, às decisões lutamente necessário à ordem dos trabalhos, posteriores que julgaram admissível a acu- à segurança das testemunhas ou à garantia sação ou à determinação do uso de algemas da integridade física dos presentes.” (NR) como argumento de autoridade que benefi- “Art. 475. O registro dos depoimentos ciem ou prejudiquem o acusado; e do interrogatório será feito pelos meios ou II – ao silêncio do acusado ou à ausên- recursos de gravação magnética, eletrônica, cia de interrogatório por falta de requerimen- estenotipia ou técnica similar, destinada a to, em seu prejuízo.” (NR) obter maior fidelidade e celeridade na co- “Art. 479. Durante o julgamento não será lheita da prova. permitida a leitura de documento ou a exibi- Parágrafo único. A transcrição do re- ção de objeto que não tiver sido juntado aos gistro, após feita a de gravação, constará autos com a antecedência mínima 3 (três) dos autos.” (NR) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. “SEÇÃO XII Parágrafo único. Compreende-se na Dos debates” proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição “Art. 476. Encerrada a instrução, será de vídeos, gravações, fotografias, laudos, concedida a palavra ao Ministério Público, quadros, croqui ou qualquer outro meio as- que fará a acusação, nos limites da pronún- cia ou das decisões posteriores que julga- semelhado, cujo conteúdo versar sobre a ram admissível a acusação, sustentando, matéria de fato submetida à apreciação e se for o caso, a existência de circunstância julgamento dos jurados.” (NR) agravante. “Art. 480. A acusação, a defesa e os § 1° O assistente falará depois do Mi- jurados poderão, a qualquer momento, e nistério Público. por intermédio do juiz presidente, pedir ao § 2° Tratando-se de ação penal de ini- orador que indique a folha dos autos onde ciativa privada, falará em primeiro lugar o se encontra a peça por ele lida ou citada, querelante e, em seguida, o Ministério Pú- facultando-se, ainda, aos jurados solicitar- blico, salvo se este houver retomado a titu- lhe, pelo mesmo meio, o esclarecimento de laridade da ação, na forma do art. 29. fato por ele alegado. § 3° Finda a acusação, terá a palavra § 1º Concluídos os debates, o presi- a defesa. dente indagará dos jurados se estão habi- § 4° A acusação poderá replicar e a litados a julgar ou se necessitam de outros defesa treplicar, sendo admitida a reinquiri- esclarecimentos. ção de testemunha já ouvida em plenário.” § 2º Se houver dúvida sobre questão de (NR) fato, o presidente prestará esclarecimentos “Art. 477. O tempo destinado à acu- à vista dos autos. sação e à defesa será de uma hora e meia § 3º Os jurados, nesta fase do proce- para cada, e de uma hora para a réplica e dimento, terão acesso aos autos e aos ins- outro tanto para a tréplica. trumentos do crime se solicitarem ao juiz § 1° Havendo mais de um acusador ou presidente.” (NR) mais de um defensor, combinarão entre si a “Art. 481. Se a verificação de qualquer distribuição do tempo, que, na falta de acordo, fato, reconhecida como essencial para o jul- será dividido pelo juiz presidente, de forma a gamento da causa, não puder ser realizada não exceder o determinado neste artigo. imediatamente, o juiz presidente dissolverá Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01369 o Conselho, ordenando a realização das di- § 5º Sustentada a tese de ocorrência ligências entendidas necessárias.” (NR) do crime na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, SEÇÃO XIII sendo este da competência do Tribunal do Do questionário e sua votação Júri, o juiz formulará quesito acerca destas “Art. 482. O Conselho de Sentença será questões, para ser respondido após o se- questionado sobre matéria de fato e se o gundo quesito. acusado deve ser absolvido. § 6º Havendo mais de um crime ou mais Parágrafo único. Os quesitos serão re- de um acusado, os quesitos serão formula- digidos em proposições afirmativas, simples dos em séries distintas.” (NR) e distintas, de modo que cada um deles pos- “Art. 484. A seguir, o presidente lerá sa ser respondido com suficiente clareza e os quesitos e indagará das partes se têm necessária precisão. Na sua elaboração, o requerimento ou reclamação a fazer, de- presidente levará em conta os termos da vendo qualquer deles, bem como a decisão, pronúncia ou das decisões posteriores que constar da ata. julgaram admissível a acusação, do interro- Parágrafo único. Ainda em plenário, o gatório e das alegações das partes.” (NR) juiz presidente explicará aos jurados o sig- “Art. 483. Os quesitos serão formulados nificado de cada quesito.” (NR) na seguinte ordem, indagando sobre: “Art. 485. Não havendo dúvida a ser I – a materialidade do fato; esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o II – a autoria ou participação; Ministério Público, o assistente, o querelante, III – se o acusado deve ser absolvido; o defensor do acusado, o escrivão e o oficial IV – se existe causa de diminuição de de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim pena alegada pela defesa; de ser procedida a votação. V – se existe circunstância qualificadora § 1º Na falta de sala especial, o juiz ou causa de aumento de pena reconhecidas presidente determinará que o público se na pronúncia ou em decisões posteriores que retire, permanecendo somente as pessoas julgaram admissível a acusação. mencionadas no caput deste artigo. § 1º A resposta negativa, de mais de 3 § 2º O juiz presidente advertirá as par- (três) jurados, a qualquer dos quesitos refe- tes de que não será permitida qualquer inter- ridos nos incisos I e II do caput deste artigo venção que possa perturbar a livre manifes- encerra a votação e implica a absolvição do tação do Conselho e fará retirar da sala quem acusado. se portar inconvenientemente.” (NR) § 2º Respondidos afirmativamente por “Art. 486. Antes de proceder-se à vota- mais de 3 (três) jurados os quesitos relati- ção de cada quesito, o juiz presidente man- vos aos incisos I e II do caput deste arti- dará distribuir aos jurados pequenas cédulas, go será formulado quesito com a seguinte feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, redação: contendo 7 (sete) delas a palavra ‘sim’, 7 ‘O jurado absolve o acusado?’ (sete) a palavra ‘não’.” (NR) § 3º Decidindo os jurados pela conde- “Art. 487. Para assegurar o sigilo do nação, o julgamento prossegue, devendo ser voto, o oficial de justiça recolherá, em urnas formulados quesitos sobre: separadas, as cédulas correspondentes aos I – causa de diminuição de pena ale- votos, e as não utilizadas.” (NR) gada pela defesa; “Art. 488. Após a resposta, verificados II – circunstância qualificadora ou cau- os votos e as cédulas não utilizadas, o pre- sa de aumento de pena, reconhecidas na sidente determinará que o escrivão registre pronúncia ou em decisões posteriores que no termo a votação de cada quesito, bem julgaram admissível a acusação. como o resultado do julgamento. § 4º Sustentada a desclassificação da Parágrafo único. Do termo também infração para outra de competência do juiz constará a conferência das cédulas não uti- singular, será formulado quesito a respeito, lizadas.” (NR) para ser respondido após o segundo ou ter- “Art. 489. As decisões do Tribunal do ceiro quesito, conforme o caso. Júri serão tomadas sempre por maioria e a 01370 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 resposta coincidente de mais de 3 (três) ju- § 2º Em caso de desclassificação, o cri- rados a qualquer quesito encerra a contagem me conexo que não seja doloso contra a vida dos votos referentes a ele.” (NR) será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do “Art. 490. Se a resposta a qualquer dos Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto quesitos estiver em contradição com outra no § 1º deste artigo.” (NR) ou outras já dadas, o presidente, explicando “Art. 493. A sentença será lida em ple- aos jurados em que consiste a contradição, nário pelo presidente antes de encerrada a submeterá novamente à votação os quesitos sessão de instrução e julgamento.” (NR) a que se referirem tais respostas. Parágrafo único. Se, pela resposta SEÇÃO XV dada a um dos quesitos, o presidente veri- Da ata dos trabalhos ficar que ficam prejudicados os seguintes, “Art. 494. De cada sessão de julgamento assim o declarará, dando por finda a vota- o escrivão lavrará ata, assinada pelo presidente ção.” (NR) e pelas partes.” (NR) “Art. 491. Encerrada a votação, será o “Art. 495. A ata descreverá fielmente to- termo a que se refere o art. 488 assinado das as ocorrências, mencionando obrigato- pelo presidente, pelos jurados e pelas par- riamente: tes.” (NR) I – a data e a hora da instalação dos SEÇÃO XIV trabalhos; Da sentença II – o magistrado que presidiu a sessão “Art. 492. Em seguida, o presidente pro- e os jurados presentes; ferirá sentença que: III – os jurados que deixaram de com- I – no caso de condenação: parecer, com escusa ou sem ela, e as san- a) fixará a pena-base; ções aplicadas; b) considerará as circunstâncias agravan- IV – o ofício ou requerimento de isen- tes ou atenuantes alegadas nos debates; ção ou dispensa; c) imporá os aumentos ou diminuições V – o sorteio dos jurados suplentes; da pena, em atenção às causas admitidas VI – o adiamento da sessão, se houver pelo júri; ocorrido, com a indicação do motivo; d) observará as demais disposições do VII – a abertura da sessão e a pre- art. 387; sença do Ministério Público, do querelante e) mandará o acusado recolher-se ou re- e do assistente, se houver, e a do defensor comendá-lo-á à prisão em que se encontra, se do acusado; presentes os requisitos da prisão preventiva; VIII – o pregão e a sanção imposta, no f) estabelecerá os efeitos genéricos e caso de não comparecimento; específicos da condenação; IX – as testemunhas dispensadas de II – no caso de absolvição: depor; a) mandará colocar em liberdade o acu- X – o recolhimento das testemunhas a sado se por outro motivo não estiver preso; lugar de onde umas não pudessem ouvir o b) revogará as medidas restritivas provi- depoimento das outras; soriamente decretadas; c) imporá, se for o caso, a medida de XI – a verificação das cédulas pelo juiz segurança cabível. presidente; § 1º Se houver desclassificação da infra- XII – a formação do Conselho de Sen- ção para outra, de competência do juiz singu- tença, com o registro dos nomes dos jurados lar, ao presidente do Tribunal do Júri caberá sorteados e recusas; proferir sentença em seguida, aplicando-se, XIII – o compromisso e o interrogatório, quando o delito resultante da nova tipificação com simples referência ao termo; for considerado pela lei como infração penal XIV – os debates e as alegações das de menor potencial ofensivo, os artigos 69 e partes com os respectivos fundamentos; seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro XV – os incidentes; de 1995. XVI – o julgamento da causa; Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01371 XVII – a publicidade dos atos da ins- requerido, que serão acrescidos ao tempo trução plenária, das diligências e da sen- desta última.” (NR) tença.” (NR) Art. 2º O art. 581 do Decreto-Lei nº “Art. 496. A falta da ata sujeitará o res- 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código ponsável a sanções administrativa e penal.” de Processo Penal, passa a vigorar com a (NR) seguinte redação: Seção XVI “Art. 581...... Das atribuições do presidente do ...... Tribunal do Júri IV – que pronunciar o réu; “Art. 497. São atribuições do juiz pre- ...... ”(NR) sidente do Tribunal do Júri, além de outras Art. 3º Esta Lei entra em vigor 60 (ses- expressamente referidas neste Código: senta) dias após a data de sua publicação. I – regular a polícia das sessões e pren- Art. 4º Ficam revogados o inciso VI do der os desobedientes; caput do art. 581 e o Capítulo IV do Título II II – requisitar o auxílio da força pública, do Livro III, ambos do Decreto-Lei nº 3.689, que ficará sob sua exclusiva autoridade; de 3 de outubro de 1941 – Código de Pro- III – dirigir os debates, intervindo em cesso Penal. caso de abuso, excesso de linguagem ou Senado Federal, 21 de dezembro de mediante requerimento de uma das partes; 2007. – Senador Garibaldi Alves Filho, IV – resolver as questões incidentes Presidente do Senado Federal. que não dependam de pronunciamento do PROJETO DE LEI Nº 4207-C, DE 2001 júri; (Do Poder Executivo) V – nomear defensor ao acusado, quan- Ofício nº 1992/2007 – SF do considerá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar novo Substitutivo do Senado Federal ao dia para o julgamento, com a nomeação ou Projeto de Lei nº 4207-B, de 2001, que a constituição de novo defensor; “Altera dispositivos do Decreto-Lei nº VI – mandar retirar da sala o acusado 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código que dificultar a realização do julgamento, o de Processo Penal, relativos à suspensão qual prosseguirá sem a sua presença; do processo, emendatio libelli, mutatio VII – suspender a sessão pelo tempo libelli e aos procedimentos.” Despacho: À Comissão de Constitui- indispensável à realização das diligências re- ção e Justiça e de Cidadania (Mérito e art. queridas ou entendidas necessárias, mantida 54 RICD). a incomunicabilidade dos jurados; Apreciação: Proposição sujeita à apre- VIII – interromper a sessão por tempo ciação do Plenário. razoável, para proferir sentença e para re- pouso ou refeição dos jurados; AUTÓGRAFOS DO PL nº 4.207-B/01, APROVA- IX – decidir, de ofício, ouvidos o Minis- DO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS EM 17-5-07 tério Público e a defesa, ou a requerimento Altera dispositivos do Decreto-Lei nº de qualquer destes, a argüição de extinção 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de punibilidade; de Processo Penal, rela­tivos à suspensão X – resolver as questões de direito sus- do processo, emendatio libelli, mutatio citadas no curso do julgamento; libelli e aos procedimentos. XI – determinar, de ofício ou a reque- rimento das partes ou de qualquer jurado, O Congresso Nacional decreta: as diligências destinadas a sanar nulidade Art. 1° Os arts. 63, 257, 363, 366, 383, 384, ou a suprir falta que prejudique o esclareci- 387, 394 a 405, 531 a 538 do Decreto-Lei nº 3.689, mento da verdade; de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo XII – regulamentar, durante os debates, Penal, passam a vigorar com a seguinte redação, a intervenção de uma das partes, quando a acrescentando-se o art. 396-A: outra estiver com a palavra, podendo con- “Art. 63...... ceder até 3 (três) minutos para cada aparte ...... 01372 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Parágrafo único. Transitada em julgado § 6º Comparecendo o acusado citado a sentença condenatória, a execução poderá por edital, em qualquer tempo, o processo ser efetuada pelo valor fixado nos termos do observará o disposto nos arts. 394 e seguin- inciso IV do caput do art. 387 deste Código tes deste código.” (NR) sem prejuízo da liquidação para a apuração “Art. 366. A citação ainda será feita por do dano efetivamen­te sofrido.”(NR) edital quando inacessível, por motivo de força “Art. 257. Ao Ministério Público cabe: maior, o lugar em que estiver o réu. I – promover, privativamente, a ação § 1º (Revogado). penal pública, na forma estabelecida neste § 2º (Revogado).” (NR) Códi­go; e “Art. 383. O juiz, sem modificar a descri- II – fiscalizar a execução da lei.”(NR) ção do fato contida na denúncia ou queixa, “Art. 363. O processo terá completada a sua poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, formação quando realizada a citação pesso- ainda que, em conseqüência, tenha de apli- al, ou com hora certa, do acusado. car pena mais grave. I – (revogado); § 1º Se, em conseqüência de defini- II – (revogado). ção jurídica diversa, houver possibilidade § 1º Não sendo encontrado o acusado, de proposta de suspensão condicional do será procedida a citação por edital. processo, o juiz procederá de acordo com o 2° Não se aplicará o disposto no § 1° disposto na lei. deste artigo se o acusado furtar-se, de qual- § 2º Tratando-se de infração da com- quer modo, a receber a citação; caso em petência de outro juízo, a este serão enca- que, certifi­cada a ocorrência pelo oficial de minhados os autos.” (NR) justiça encarregado­ da diligência, ela será “Art. 384. Encerrada a instrução proba­ efetuada com hora certa, na forma estabe- tória, se entender cabível nova definição lecida nos arts. 227 a 229 da Lei nº 5.869, jurídica do fato, em conseqüência de prova de 11 de janeiro de 1973 – Códi­go de Pro- existente nos autos de elemento ou circuns- cesso Civil. tância da infra­ção penal não contida na acu- § 3° Completada a citação com hora sação, o Ministério Público deverá aditar a cer­ta, se o acusado não comparecer, ser- denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) lhe-á nomea­do defensor, passando a cor- dias, se em virtude desta houver sido instau- rer o prazo para ofe­recimento de defesa, rado o processo em crime de ação pública, na forma da lei. reduzindo-se a termo o aditamento, quando § 4° Não comparecendo o acusado ci- feito oralmente. tado por edital, nem constituindo defensor: § 1º Não procedendo o órgão do Minis- I – ficará suspenso o curso do prazo tério Público ao aditamento, aplica-se o art. prescricional pelo correspondente ao da 28 deste código. prescri­ção em abstrato do crime objeto da § 2º Ouvido o defensor do acusado no ação (art. 109 do Código Penal); após, re- prazo de 5 (cinco) dias e admitido o adita- começará a fluir aque­le; mento, o juiz, a requerimento de qualquer II – o juiz, a requerimento do Ministé­rio das partes, designará dia e hora para conti- Público ou do querelante ou de ofício, de­ nuação da audiência, com inquirição de tes- terminará a produção antecipada de provas temunhas, novo interrogatório do acusado, consi­deradas urgentes e relevantes, obser- realização de debates e julgamento. vando a necessidade,­ adequação e propor- § 3º Aplicam-se as disposições dos §§ cionalidade da medida; 1º e 2º do art. 383 ao caput deste artigo. III – o juiz poderá decretar a prisão pre- § 4º Havendo aditamento, cada parte ventiva do acusado, nos termos do disposto poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no nos arts. 312 e 313 deste Código. prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sen- § 5º As provas referidas no inciso II do tença, adstrito aos termos do aditamento. § 4º deste artigo serão produzidas com a § 5º Não recebido o aditamento, a au- pré­via intimação do Ministério Público, do diência prosseguirá.” (NR) querelante e do defensor público ou dativo, “Art. 387...... na falta do primeiro, designado para o ato...... Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01373 II – mencionará as outras circunstân- edital, do comparecimento pessoal do acu- cias apuradas e tudo o mais que deva ser sado ou do defensor constituído.”(NR) levado em conta na aplicação da pena, de “Art. 396. A denúncia ou queixa será acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do rejeitada quando: Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de I – for manifestamente inepta; 1940 – Código Penal; II – faltar pressuposto processual ou III – aplicará as penas de acordo com condição para o exercício da ação penal; essas conclusões; ou IV – fixará valor mínimo para reparação III – faltar justa causa para o exercício dos danos causados pela infração, conside- da ação penal. rando os prejuízos sofridos pelo ofendido; Parágrafo único. (Revogado).” (NR) Parágrafo único. O juiz decidirá, funda- “Art. 396-A. Na resposta, o acusado mentalmente, sobre a manutenção ou, se for poderá argüir preliminares e alegar tudo o o caso, imposição de prisão preventiva ou que interesse à sua defesa, oferecer docu- de outra medida cautelar, sem prejuízo do mentos e justificações, especificar as provas conhecimento da apelação que vier a ser pretendidas e arrolar testemunhas, qualifican- interposta.” (NR) do-as e requerendo sua intimação, quando “Art. 394. O procedimento será comum necessário. ou especial. § 1º A exceção será processada em § 1º O procedimento comum será ordi- apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 nário, sumário ou sumaríssimo: deste código. I – ordinário, quando tiver por objeto 2º Não apresentada a resposta no prazo crime cuja sanção máxima cominada for legal, ou se o acusado, citado, não consti- igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena tuir defensor, o juiz nomeará defensor para privativa de liberdade; oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos II – sumário, quando tiver por objeto por 10 (dez) dias. crime cuja sanção máxima cominada seja § 3º Apresentada a defesa, o juiz ouvirá inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa o Ministério Público ou o querelante sobre de liberdade; preliminares e documentos, em 5 (cinco) III – sumaríssimo, para as infrações dias.” penais de menor potencial ofensivo, na for- “Art. 397. Após o cumprimento do dis- ma da lei. posto no art. 396-A, e parágrafos, deste Có- 2º Aplica-se a todos os processos o digo, o juiz poderá absolver sumariamente o procedimento comum, salvo disposições em acusado quando verificar: contrário deste código ou de lei especial. I – a existência manifesta de causa ex- § 3º Nos processos de competência do cludente da ilicitude do fato; Tribunal do Júri, o procedimento observará II – a existência manifesta de causa ex- as disposições estabelecidas nos arts. 406 cludente da culpabilidade do agente, salvo a 497 deste código. inimputabilidade; § 4º As disposições dos arts. 395 a 398 III – que o fato narrado evidentemente aplicam-se a todos os procedimentos penais não constitui crime; ou de primeiro grau, ainda que não regulados IV – extinta a punibilidade do agente.” neste código. (NR) § 5º Aplicam-se subsidiariamente aos “Art. 398. Contra a sentença de absol- procedimentos especial, sumário e suma- vição sumária ou contra a decisão que re- ríssimo as disposições do procedimento or- jeitar a denúncia ou queixa, caberá recurso dinário.” (NR) de apelação. “Art. 395. Nos procedimentos ordinário Parágrafo único. (Revogado).” (NR) e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o “Art. 399. Recebida a acusação, o juiz juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê- designará dia e hora para a audiência, or- la-á e ordenará a citação do acusado para denando a intimação do acusado, de seu responder à acusação, por escrito, no prazo defensor, do Ministério Público e, se for o de 10 (dez) dias ou, no caso de citação por caso, do querelante e do assistente. 01374 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 § 1º O acusado preso será requisitado por igual período o tempo de manifestação para comparecer ao interrogatório, deven- da defesa. do o poder público providenciar sua apre- § 3º O juiz poderá, considerada a com­ sentação. plexidade do caso ou o número de acusados, § 2º O juiz que presidiu a instrução de- conce­der às partes o prazo de 5 (cinco) dias verá proferir a sentença.” (NR) sucessivamente para a apresentação de me- “Art. 400. Na audiência de instrução e moriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) julgamento, a ser realizada no prazo máximo dias para proferir a sentença.” (NR) de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à toma- “Art. 404. Ordenada diligência conside­ da de declarações do ofendido, se possível, rada imprescindível, de ofício, ou a requeri- à inquirição das testemunhas arroladas pela mento da parte, a audiência será concluída acusação e pela defesa, nesta ordem, res- sem as ale­gações finais. salvado o disposto no art. 222 deste Código, Parágrafo único. Realizada, em segui- bem como aos esclarecimentos dos peritos, da, a diligência determinada, as partes apre- às acareações e ao reconhecimento de pes- sentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) soas e coisas, interrogando-se, em seguida, dias, suas alega­ções finais, por memorial, o acusado. e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá § 1º As provas serão produzidas numa a sentença.”(NR) só audiência, podendo o juiz indeferir as “Art. 405. Do ocorrido em audiência será considera­das irrelevantes, impertinentes ou lavrado termo em livro próprio, assinado pelo protelatórias. juiz e pelas partes, contendo breve resumo § 2º Os esclarecimentos dos peritos dos fatos relevantes nela ocorridos. § 1° Sempre que possível, o registro de­penderão de prévio requerimento das par- dos depoimentos do investigado, indicia- tes.” (NR) do, ofendido e testemunhas será feito pelos “Art. 401. Na instrução poderão ser in- meios ou re­cursos de gravação magnética, quiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas estenotipia, digi­tal ou técnica similar, inclu- pela acusação e 8 (oito) pela defesa. sive audiovisual, destinada a obter maior § 1º Nesse número não se compreen- fidelidade das informa­ções. dem as que não prestem compromisso e as § 2° No caso de registro por meio au­ referidas. diovisual, será encaminhado às partes có- § 2º A parte, com anuência da outra, pia do registro original, sem necessidade de poderá desistir da inquirição de qualquer das transcri­ção.” (NR) testemunhas arroladas, ressalvado o disposto “Art. 531. Na audiência de instrução e no art. 209 deste Código.” (NR) julgamento, a ser realizada no prazo máximo “Art. 402. Produzidas as provas, ao final­ de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada da audiência, o Ministério Público, o quere­ de de­clarações do ofendido, se possível, à lante e o assistente e, a seguir, o acusado inquirição das testemunhas arroladas pela pode­rão requerer diligências cuja necessida- acusação e pela defesa, nesta ordem, res- de ou conveniência se origine de circunstân- salvado o disposto­ no art. 222 deste Código, cias ou fatos apurados na instrução.” (NR) bem como aos es­clarecimentos dos peritos, “Art. 403. Não havendo requerimento às acareações e ao reconhecimento de pes- de diligências, ou sendo indeferido, serão soas e coisas, interrogando-se, em seguida, ofereci­das alegações finais orais por 20 (vin- o acusado e procedendo-se, final­mente, ao te) minu­tos, respectivamente, pela acusação debate.” (NR) e pela defe­sa, prorrogáveis por mais 10 (dez), “Art. 532. Na instrução, poderão ser proferindo o juiz, a seguir, sentença. inquiridas até 5 (cinco) testemunhas ar- § 1° Havendo mais de um acusado, o roladas pela acusação e 5 (cinco) pela tempo previsto para a defesa de cada um defesa.”(NR) será individual. “Art. 533. Aplica-se ao procedimento § 2° Ao assistente do Ministério Públi­ sumário o disposto nos parágrafos do art. co, após a manifestação deste, serão con- 400 deste Código. cedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se § 1º (revogado). Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01375 § 2° (revogado). Brasília, 21 de dezembro de 2007 § 3° (revogado). A Sua Excelência o Senhor § 4° (revogado).” (NR) Deputado Osmar Serraglio “Art. 534. As alegações finais serão Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados orais, concedendo-se a palavra, respecti- vamente, à acusação e à defesa, pelo pra- Assunto: Substitutivo do Senado a projeto de lei zo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por da Câmara. mais 10 (dez), profe­rindo, o juiz, a seguir, Senhor Primeiro-Secretário, sentença. Comunico a Vossa Excelência que o Senado § 1° Havendo mais de um acusado, o Federal aprovou, em revisão, nos termos do substi- tem­po previsto para a defesa de cada um tutivo em anexo, o Projeto de Lei da Câmara nº 36, será individual. de 2007 (PL nº 4.207, de 2001, nessa Casa), que § 2° Ao assistente do Ministério Públi­ “Altera dispositivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de co, após a manifestação deste, serão con- outubro de 1941 – Código de Processo Penal, re- cedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se lativos à suspensão do processo, emendatio libelli, por igual período o tempo de manifestação mutatio libelli e aos procedimentos”, que ora enca- da defesa.” (NR) minho para apreciação dessa Casa. “Art. 535. Nenhum ato será adiado, sal­ Atenciosamente, – Senador César Borges, vo quando imprescindível a prova faltante, Terceiro-Secretário, no exercício da Primeira Se- determinando o juiz a condução coercitiva cretaria de quem deva comparecer. § 1° (Revogado). SUBSTITUTIVO DO SENADO FEDERAL § 2° (Revogado).” (NR) Substitutivo do Senado ao Projeto de “Art. 536. A testemunha que compa- Lei da Câmara nº 36, de 2007 (PL nº 4.207, recer será inquirida, independentemente de 2001, na Casa de origem), que “Altera da suspensão da audiência, observada em dispositivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 qualquer caso a ordem estabelecida­ no art. de outubro de 1941 – Código de Processo 531 deste Código.” (NR) Penal, relativos à suspensão do proces- “Art. 537. O procedimento sumário será so, emendatio libelli, mutatio libelli e aos concluído no prazo máximo de 90 (noventa) procedimentos. dias. Parágrafo único. (Revogado).” (NR) Substitua-se o Projeto pelo seguinte: “Art. 538. Nas infrações penais de me­ Altera dispositivos do Decreto-Lei nº nor potencial ofensivo, quando o juizado es- 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de pecial criminal encaminhar ao juízo comum Processo Penal, relativos à suspensão do as peças exis­tentes para a adoção de outro processo, emendatio libelli, mutatio libelli e procedimento, ob­servar-se-á o procedimento aos procedimentos. sumário previsto neste Capítulo. § 1º (Revogado). O Congresso Nacional decreta: § 2º (Revogado). Art. 1º Os arts. 63, 257, 265, 362, 363, 366, § 3º (Revogado). 383, 384, 387, 394 a 397, 399 a 405, 531 a 536 e § 4º (Revogado).” (NR) 538 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de ...... 1941 – Código de Processo Penal, passam a vigo- Art. 2° Esta Lei entra em vigor 60 (ses- rar com a seguinte redação, acrescentando-se-lhe senta) di­as após a data de sua publicação. art. 396-A: Art. 3° Ficam revogados os arts. 43, “Art. 63...... 362, 498, 499, 500, 501, 502 e incisos I e ...... VI do caput do art. 581 do Decreto-Lei n° § 1º A apuração e reparação do dano 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de decorrente da infração penal deverão ser Processo Penal. promovidos no próprio juízo penal. Câmara dos Deputados, 23 de maio § 2º O arbitramento do valor do dano e de 2007. a avaliação dos bens, direitos e valores far- Ofício nº 1.992 (SF) se-ão por perito nomeado pelo juiz, onde 01376 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 não houver avaliador judicial, com a fixação cará a ocorrência e procederá à citação com de prazo para a entrega do laudo. hora certa, na forma estabelecida nos arts. § 3º Apresentado o laudo, as partes 227 a 229 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro poderão se manifestar no prazo de 10 (dez) de 1973 – Código de Processo Civil. dias, que correrá em cartório, após o que o Parágrafo único. Completada a citação juiz homologará o valor atribuído aos bens, com hora certa, se o acusado não comparecer, direitos e valores e à reparação, podendo ser-lhe-á nomeado defensor dativo.” (NR) corrigir o arbitramento do valor do dano se “Art. 363. O processo terá completada lhe parecer excessivo. a sua formação quando realizada a citação § 4º Após a sentença condenatória tran- do acusado. sitada em julgado, se o réu não depositar em § 1º Não sendo encontrado o acusado, juízo, no prazo legal, o valor da condenação, será procedida a citação por edital. o juiz determinará sejam os bens penhora- § 2º Não comparecendo o acusado citado dos e alienados em hasta pública e a quantia por edital, nem constituindo defensor: depositada em conta judicial. I – ficará suspenso o curso do processo § 5º No prazo legal, o réu poderá reque- e do prazo prescricional pelo tempo correspon- rer a intimação do ofendido para receber em dente ao da prescrição em abstrato do crime juízo o que lhe é devido conforme a decisão objeto da ação (art. 109 do Código Penal) findo ou poderá apontar bens à penhora. o qual, recomeçará a fluir; § 6º Após o trânsito em julgado da sen- II – o juiz, a requerimento da parte ou tença condenatória, qualquer questão rela- de ofício, determinará a produção antecipada cionada à reparação do dano que não tenha de provas consideradas urgentes e relevan- sido apresentada no curso da ação penal tes, observando a necessidade, adequação será resolvida no juízo cível. e proporcionalidade da medida; § 7º Nenhum recurso contra a decisão III – o juiz poderá decretar a prisão pre- referida no § 3º deste artigo será conheci- ventiva do acusado, nos termos do disposto da sem o comparecimento pessoal do réu nos arts. 312 e 313 deste Código. em juízo. § 3º As provas referidas no inciso II do § § 8º Aplicam-se subsidiariamente, no 2º deste artigo serão produzidas com a prévia que couber, as disposições da lei processu- intimação do Ministério Público, do querelante al civil.” (NR) e do defensor público ou defensor dativo de- “Art. 257. Ao Ministério Público cabe: signado para o ato. I – promover, privativamente, a ação § 4º Comparecendo o acusado citado penal pública, na forma estabelecida neste por edital, em qualquer tempo, o processo ob- Código; e servará o disposto nos arts. 394 e seguintes II – fiscalizar a execução da lei.” (NR) deste Código.”(NR) “Art. 265. O defensor não poderá aban- “Art. 366. A citação ainda será feita por donar o processo senão por motivo imperio- edital quando inacessível, por motivo de força so, comunicado previamente o juiz, sob pena maior, o lugar em que estiver o réu. de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários- § 1º (Revogado). mínimos, sem prejuízo das demais sanções § 2º (Revogado).” (NR) cabíveis. “Art. 383. O juiz poderá dar ao fato defini- § 1º A audiência poderá ser adiada se, ção jurídica diversa da que constar da queixa por motivo justificado, o defensor não puder ou da denúncia, ainda que, em conseqüência, comparecer. tenha de aplicar pena mais grave. § 2º Incumbe ao defensor provar o im- § 1º Se, em conseqüência de definição pedimento até a abertura da audiência. Não o jurídica diversa, houver possibilidade de pro- fazendo, o juiz não determinará o adiamento posta de suspensão condicional do processo, de ato algum do processo, devendo nomear o juiz procederá de acordo com o disposto na defensor substituto, ainda que provisoriamente legislação específica. ou só para o efeito do ato.” (NR) § 2º Tratando-se de infração da compe- “Art. 362. Verificando que o réu se oculta tência de outro juízo, a este serão encaminha- para não ser citado, o oficial de justiça certifi- dos os autos.” (NR) Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01377 “Art. 384. Encerrada a instrução probató- CAPÍTULO I ria, se entender cabível nova definição jurídica Disposições Aplicáveis às Formas do fato, em conseqüência de prova existente Procedimentais nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Mi- Art. 394. O procedimento será comum nistério Público poderá aditar a denúncia ou ou especial. queixa, se em virtude desta houver sido ins- § 1º O procedimento comum será ordi- taurado o processo em crime de ação pública, nário, sumário ou sumaríssimo: reduzindo-se a termo o aditamento, quando I – ordinário, quando tiver por objeto cri- feito oralmente. me cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa § 1º Ouvido o defensor do acusado no de liberdade; prazo de 5 (cinco) dias e recebido o adita- II – sumário, quando tiver por objeto crime mento, o juiz, a requerimento de qualquer das cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 partes, designará dia e hora para continuação (quatro) anos de pena privativa de liberdade; da audiência, com inquirição de testemunhas, III – sumaríssimo, para as infrações de novo interrogatório do acusado, realização de menor potencial ofensivo, na forma da legis- debates e julgamento. lação específica. § 2º Aplicam-se as disposições dos §§ 1º § 2º Aplica-se a todos os processos o e 2º do art. 383 ao caput deste artigo. procedimento comum, salvo disposições em § 3º Havendo aditamento, cada parte po- contrário deste Código ou de lei especial. derá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo § 3º Nos processos de competência do de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, Tribunal do Júri, o procedimento observará as adstrito aos termos do aditamento. disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 § 4º Não recebido o aditamento, o pro- deste Código. cesso prosseguirá.”(NR) § 4º As disposições dos arts. 395 a 397 “Art. 387...... aplicam-se a todos os procedimentos penais ...... de primeiro grau, ainda que não regulados II – mencionará as outras circunstâncias neste Código. apuradas e tudo o mais que deva ser levado § 5º Aplicam-se subsidiariamente aos em conta na aplicação da pena, de acordo procedimentos especial, sumário e sumarís- com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto- simo as disposições do procedimento ordiná- Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Có- rio.” (NR) digo Penal; “Art. 395. A denúncia ou queixa será re- III – aplicará as penas de acordo com jeitada quando: essas conclusões; I – for manifestamente inepta; IV – especificará, na parte dispositiva, o II – faltar pressuposto processual ou con- valor da reparação do dano ao ofendido; dição para o exercício da ação penal; ou ...... III – faltar justa causa para o exercício da § 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, ação penal.” (NR) sobre a manutenção ou, se for o caso, imposi- “Art. 396. Nos procedimentos ordinário ção de prisão preventiva ou de outra medida e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o cautelar, sem prejuízo do conhecimento da juiz ordenará a citação do acusado para res- apelação que vier a ser interposta. ponder à acusação, por escrito, no prazo de § 2º Para fins do que dispõe o inciso IV 10 (dez) dias. deste artigo, a sentença penal condenatória é Parágrafo único. No caso de citação por título executivo, líquido, certo e exigível, poden- edital, o prazo para a defesa começará a fluir a do ser executado nos mesmos autos.”(NR) partir do comparecimento pessoal do acusado LIVRO II ou do defensor constituído.” (NR) Do Procedimento “Art. 396-A. Na resposta, o acusado po- derá argüir preliminares e alegar tudo o que TÍTULO I interesse à sua defesa, oferecer documentos e Das Formas Procedimentais justificações, especificar as provas pretendidas 01378 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 e arrolar testemunhas, qualificando-as e reque- “Art. 401. Na instrução poderão ser inqui- rendo sua intimação, quando necessário. ridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela § 1º A exceção será processada em apar- acusação e 8 (oito) pela defesa. tado, nos termos dos arts. 95 a 111 deste § 1° Nesse número não se compreen- Código. dem as que não prestem compromisso e as § 2º Não apresentada a resposta no pra- referidas. zo legal, ou se o acusado, citado, não cons- § 2° A parte poderá desistir da inquiri- tituir defensor, o juiz nomeará defensor para ção de qualquer das testemunhas arroladas, oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos ressalvado o disposto no art. 209 deste Có- por 10 (dez) dias.” digo.” (NR) “Art. 397. Após o cumprimento do dispos- “Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante to no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o e o assistente e, a seguir, o acusado poderão juiz deverá absolver sumariamente o acusado requerer diligências cuja necessidade se ori- quando verificar: gine de circunstâncias ou fatos apurados na I – a existência manifesta de causa ex- instrução.” (NR) cludente da ilicitude do fato; “Art. 403. Não havendo requerimento de II – a existência manifesta de causa ex- diligências, ou sendo indeferido, serão ofe- cludente da culpabilidade do agente, salvo recidas alegações finais orais por 20 (vinte) inimputabilidade; minutos, respectivamente, pela acusação e III – que o fato narrado evidentemente pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), não constitui crime; ou proferindo o juiz, a seguir, sentença. IV – extinta a punibilidade do agente.” § 1° Havendo mais de um acusado, o (NR) tempo previsto para a defesa de cada um “Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, será individual. o juiz designará dia e hora para a audiência, § 2° Ao assistente do Ministério Públi- ordenando a intimação do acusado, de seu de- co, após a manifestação deste, serão con- fensor, do Ministério Público e, se for o caso, cedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se do querelante e do assistente. por igual período o tempo de manifestação § 1º O acusado preso será requisitado da defesa. para comparecer ao interrogatório, devendo § 3° O juiz poderá, considerada a com- o poder público providenciar sua apresenta- plexidade do caso ou o número de acusados, ção. conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias § 2º O juiz que presidiu a instrução de- sucessivamente para a apresentação de me- verá proferir a sentença.” (NR) moriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.” (NR) CAPÍTULO I-A “Art. 404. Ordenada diligência considera- Do Procedimento Ordinário da imprescindível, de ofício, ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as Art. 400. Na audiência de instrução e jul- alegações finais. gamento, a ser realizada no prazo máximo de Parágrafo único. Realizada, em seguida, 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de a diligência determinada, as partes apresen- declarações do ofendido, à inquirição das tes- tarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, temunhas arroladas pela acusação e defesa, suas alegações finais, por memorial, e, no nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sen- deste Código, bem como aos esclarecimentos tença.” (NR) dos peritos, às acareações e ao reconheci- “Art. 405. Do ocorrido em audiência será mento de pessoas e coisas, interrogando-se, lavrado termo em livro próprio, assinado pelo em seguida, o acusado. juiz e pelas partes, contendo breve resumo Parágrafo único. As provas serão pro- dos fatos relevantes nela ocorridos. duzidas numa só audiência, podendo o juiz § 1° Sempre que possível, o registro dos indeferir as consideradas irrelevantes, imper- depoimentos do investigado, indiciado, ofen- tinentes ou protelatórias.” (NR) dido e testemunhas será feito pelos meios ou Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01379 recursos de gravação magnética, estenotipia, caso a ordem estabelecida no art. 531 deste digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, Código.”(NR) destinada a obter maior fidelidade das infor- “Art. 538. Nas infrações penais de me- mações. nor potencial ofensivo, quando o juizado es- § 2° Às partes será disponibilizada cópia pecial criminal encaminhar ao juízo comum dos registros feitos em meio eletrônico.” (NR) as peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento “CAPÍTULO V sumário previsto neste Capítulo. Do Procedimento Sumário § 1° (Revogado). Art. 531. Na audiência de instrução e § 2° (Revogado). julgamento, a ser realizada no prazo máximo § 3° (Revogado). de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada § 4° (Revogado). “(NR) de declarações do ofendido, à inquirição das Art. 2° Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias testemunhas arroladas pela acusação e pela após a data de sua publicação. defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no Art. 3° São revogados os arts. 43, 398, 498, art. 222 deste Código, bem como aos esclare- 499, 500, 501, 502, 537, 539, 540 e 594, §§ 1° e cimentos dos peritos, às acareações e ao reco- 2° do art. 366, §§ 1° a 4° do art. 533, §§ 1° e 2° do nhecimento de pessoas e coisas, interrogando- art. 535 e §§ 1° a 4° do art. 538, todos do Decreto- se, em seguida, o acusado e procedendo-se, Lei n° 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de finalmente, ao debate.” (NR) Processo Penal. “Art. 532. Na instrução, poderão ser inqui- Senado Federal, 21 de dezembro de 2007. – Se- ridas até 5 (cinco) testemunhas arroladas pela nador Garibaldi Alves Filho, Presidente do Senado acusação e 5 (cinco) pela defesa.” (NR) Federal. “Art. 533. Aplica-se ao procedimento su- mário o disposto no parágrafo único do art. PROJETO DE LEI Nº 2.535, DE 2007 400 deste Código. (Do Sr. Vander Loubet) § 1° (Revogado). Altera a Lei nº 8.072, de 25 de julho de § 2° (Revogado). 1990, que dispõe sobre os crimes hedion- § 3° (Revogado). dos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da § 4° (Revogado).” (NR) Constituição Federal, e determina outras “Art. 534. As alegações finais serão orais, providências. concedendo-se a palavra, respectivamente, à Despacho: Deferido Requerimento nº acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) 2.091/2007 Solicitando A Retirada Deste. minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez), pro- ferindo, o juiz, a seguir, sentença. O Congresso Nacional decreta: § 1° Havendo mais de um acusado, o Art. 1º Esta lei torna hediondos os crimes de tempo previsto para a defesa de cada um falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de será individual. substância ou produtos alimentícios e o de falsifica- § 2° Ao assistente do Ministério Públi- ção, corrupção, adulteração ou alteração de produtos co, após a manifestação deste, serão conce- destinados a fins terapêuticos ou medicinais. didos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por Art. 2º O art. 1º da Lei n.º 8.072, de 25 de julho igual período o tempo de manifestação da de 1990, passa a vigorar acrescido dos seguintes in- defesa.” (NR) cisos VIII e IX: “Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo “Art. 1º ...... quando imprescindível a prova falante, deter- VIII – falsificação, corrupção, adulteração minando o juiz a condução coercitiva de quem ou alteração de substância ou produtos alimen- deva comparecer. tícios (art. 272, caput, § 1ºA e § 1º). § 1° (Revogado). IX – falsificação, corrupção, adulteração § 2° (Revogado).” (NR) ou alteração de produtos destinados a fins te- “Art. 536. A testemunha que comparecer rapêuticos ou medicinais (art. 273). será inquirida, independentemente da sus- Parágrafo único. pensão da audiência, observada em qualquer ...... (NR).” 01380 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua V – avaliação de desempenho de funcioná- publicação. rios. Art. 3º Garçom é o profissional responsável Justificação pelo atendimento à clientela nos restaurantes, ho- A inclusão da falsificação, corrupção, adulteração téis, bares e similares na área de alimentação e ou alteração de substância ou produtos alimentícios, bebida, competindo-lhe, entre outras, as seguintes bem como a falsificação, corrupção, adulteração ou atribuições: alteração de produtos destinado a fins terapêuticos ou I – atendimento a clientes, recepcionando-os e medicinais, na lista dos crimes hediondos é motivada servindo refeições e bebidas em restaurantes, ho- pelos fatos lamentáveis que estão sendo apurados em téis, bares e similares; alguns estados da federação, quanto ao leite, o qual II – montagem e desmontagem de praças, car- está perdendo seus verdadeiros nutrientes, podendo rinhos, mesas, balcões e bares; causar danos sérios à saúde das pessoas, devido à III – organização, conferência e controle de ação criminosa de algumas pessoas. materiais de trabalho, bebidas e alimentos; Essas figuras delituosas devem fazer parte do IV – elaboração de listas de espera nos esta- art. 1º da Lei n.º 8.072/90, assim como passou a belecimentos; fazer parte dela, nos termos do inciso 7º, art. 1º, a Art. 4º O exercício das profissões está condicio- epidemia com resultado morte. nado à comprovação, pelo profissional, de conclusão Afinal, o caráter hediondo da conduta é similar, do ensino fundamental e de curso profissionalizante tendo em vista o objeto jurídico tutelado, qual seja, de maitre ou de garçom, devidamente reconhecido, a incolumidade pública, especialmente no aspecto com duração mínima de 40 (quarenta) horas. da saúde pública. Parágrafo único. Poderão exercer a profissão Contamos, portanto, com o decisivo apoio dos aqueles que, independentemente da conclusão dos ilustres Pares para a aprovação deste projeto de cursos mencionados no caput, comprovem que já lei. exerciam atividades de maitre e de garçom antes Sala das Sessões, 4 de dezembro de 2007. – do início da vigência da presente lei. Vander Loubet, Deputado Federal, PT – MS. Art. 5º O exercício da atividade de maitre e de garçom em desacordo com a presente lei caracteri- PROJETO DE LEI Nº 2.569, DE 2007 za exercício ilegal de profissão. (Do Sr. Walter Brito Neto) Art. 6º O piso salarial do garçom e do maitre Regulamenta as profissões de Maitre será fixado em negociação coletiva e constará de e de Garçom, e dá outras providências. parte fixa e parte variável. Despacho: Apense-Se à(ao) PL nº § 1º A parte variável será calculada com base 965/2007. na despesa efetuada pelo usuário do serviço, em Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- percentual nunca inferior a 10% (dez por cento). ciação Conclusiva pelas Comissões – Art. § 2º A importância referida no parágrafo an- 24 II. terior será rateada entre os garçons que trabalham no mesmo horário. O Congresso Nacional decreta: Art. 7º Esta lei entra em vigor 120 (cento e vin- Art. 1º Esta lei regulamenta as profissões de te) dias após a data de sua publicação. maitre e de garçom e dá outras providências. Art. 2º Maitre é o profissional responsável pela Justificação supervisão dos trabalhos desenvolvidos pelos gar- As profissões de maitre e garçom assumem, çons, competindo-lhe, entre outras, as seguintes atualmente, relevância ímpar no cenário social. E atribuições: isso tem a sua razão de ser. I – planejamento de rotinas de trabalho em res- O maitre e o garçom, por força de seus ofícios, taurantes, hotéis, bares e similares; lidam no seu dia-a-dia com inúmeras pessoas em II – treinamento de funcionários em sua área hotéis, restaurantes, bares e outras instituições do de atuação; mesmo gênero. E essas pessoas são, muitas vezes, III – coordenação de equipes de trabalho na turistas que exigem um tratamento adequado, crite- sua área de atuação; rioso, educado. IV – atendimento a clientes em restaurantes, Ante uma política de incremento do turismo que hotéis, bares e similares; tem sido implementada em nosso País, reflexo de Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01381 uma tendência mundial, diga-se de passagem, fica Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- evidenciada uma necessidade de se estabelecer cri- ciação Conclusiva pelas Comissões – Art. térios mais rígidos para o exercício das profissões de 24 II. maitre e garçom. O turismo representa um dos princi- O Congresso Nacional decreta: pais instrumentos de captação de recursos, mas se o Art. 1º Acrescente-se o art. 3º A, à Lei nº 1.579, turista não for tratado de forma eficiente não retorna. de 18 de março de 1952, com a seguinte redação: Os profissionais objeto desta lei têm uma participação importante na construção da convicção desse turista, “Art. 3º A. Fica assegurado ao advogado pois com ele lida diretamente. o uso da palavra, nas reuniões das Comis- Assim sendo, defendemos uma formação mínima sões Parlamentares de Inquérito, sempre para os profissionais que desejem exercem atividades que necessário, para defesa dos direitos de próprias dos maitres e dos garçons, o que reverte- seus constituintes. rá em benefício do cliente. E essa preocupação não § 1º Para fazer uso da palavra, o advo- deve estar voltada tão-somente para o turista, mas gado deverá pedir, pela ordem, ao Presidente para toda e qualquer pessoa usuária dos serviços de da Comissão Parlamentar de Inquérito, sendo bares e restaurantes. que, após deferida, fará uso da mesma. Essa a razão pela qual acreditamos que a as § 2º O advogado não poderá interrom- profissões de maitre e de garçom estão a merecer per ou interpelar os parlamentares, quan- uma regulamentação específica, o que nos leva a do os mesmos estiverem fazendo uso da solicitar o apoio de nossos Pares para a aprovação palavra.”(NR) do presente projeto de lei, convictos de que ele trará Art. 2º Esta Lei entra em vigor 30 (trinta) dias grandes benefícios para a categoria e, principalmente, após a data de sua publicação. para a sociedade. É evidente a importância social e econômi- Justificação ca que a categoria profissional dos garçons vem A Constituição Federal, no seu art. 133, consa- ganhando nas últimas décadas, sobretudo com o grou os princípios da indispensabilidade e da imuni- crescimento e dinamização do setor de turismo e dade do profissional da advocacia, ao estabelecer entretenimento. que: “O advogado é indispensável à administração da No entanto, em que pese, ainda, o fato de per- justiça, sendo inviolável por seus atos e manifesta- tencerem a uma das mais numerosas das categorias ções no exercício da profissão, nos limites da lei”. profissionais do País, esses profissionais, de modo A pessoa que estiver sendo ouvida em sessão geral, trabalham de forma precária, sem garantia de de Comissão Parlamentar de Inquérito tem direito respeito aos seus direitos básicos. Nem mesmo aquilo à assistência de advogado, cuja intervenção deve- que é cobrado em seu nome, como a gorjeta, via de rá exprimir o resguardo à liberdades públicas e os regra, não lhe é repassado corretamente. direitos e garantias fundamentais. Com o presente projeto, pretendemos sanar Oportuno transcrever trecho da decisão prola- essa falha de nossa legislação laboral, dando à va- tada pelo Ministro Celso de Mello, no Mandado de lorosa categoria profissional dos garçons a garantia Segurança nº 23.576-4, STF, DJU de 3-2-2000, re- de que seu trabalho será justamente remunerado. ferente à atuação do advogado em Comissão Par- Diante do exposto, peço apoio dos nobres Pa- lamentar, citada por Alexandre Issa Kimura, em sua res para a aprovação deste projeto. obra “ CPI – Teoria e Prática”, São Paulo: Editora Sala das Sessões, 7 de fevereiro de 2008. – Juarez de Oliveira, 2001, p. 94-95, in verbis: Deputado Walter Brito Neto. “O advogado – ao cumprir o dever de PROJETO DE LEI Nº 2.646, DE 2007 prestar assistência técnica àquele que o (Do Sr. Walter Brito Neto) constituiu, dispensando-lhe orientação ju- rídica perante qualquer órgão do Estado – Acrescenta o art. 3º A, à Lei nº 1.579, converte, a sua atividade profissional, quan- de 18 de março de 1952, que dispõe so- do exercida com independência e sem in- bre as Comissões Parlamentares de In- devidas restrições, em prática inestimável quérito. de liberdade. Qualquer que seja o espaço Despacho: À Comissão de Constitui- institucional de sua atuação, ao Advogado ção e Justiça e de Cidadania (Mérito e Art. incumbe neutralizar os abusos, fazer cessar 54, RICD). o arbítrio, exigir respeito ao ordenamento ju- 01382 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 rídico e velar pela integridade das garantias cas daquele – indiciado ou testemunha – que jurídicas – legais ou constitucionais – ou- constituiu esse profissional do Direito”. torgadas àquele que lhe confiou a proteção Portanto, o advogado, sempre que necessário, de sua liberdade e de seus direitos, dentre em sessão de Comissão Parlamentar de Inquérito, os quais avultam, por sua inquestionável deve exercer o direito à palavra. importância, a prerrogativa contra a auto- Corroborando tal entendimento, cumpre men- incriminação e o direito de não ser tratado, cionar a concessão de liminar no Mandado de Segu- pelas autoridades públicas, como se culpado rança nº 23.684-1, STF, DJU de 10-5-2000, prolatada fosse, observando-se, desse modo, diretriz pelo Ministro Sepúlveda Pertence, assegurando aos consagrada na jurisprudência do Supremo advogados de inquiridos em CPI, o exercício regular Tribunal Federal. do direito à palavra, a saber: O exercício do poder de fiscalizar even- tuais abusos cometidos pela Comissão Par- “Ao conferir às CPIs os poderes de in- lamentar de Inquérito contra aquele que por vestigação próprios das autoridades judiciais ela foi convocado para depor traduz prerro- (art. 58, § 3º), a Constituição impôs ao órgão gativa indispensável do Advogado, no de- parlamentar às mesmas limitações e a mesma sempenho de sua atividade profissional, não submissão às regras do devido processo legal podendo, por isso mesmo, ser ele cerceado, a que sujeitos os titulares da jurisdição. injustamente, na prática legítima de atos que Entre umas e outras, situam-se com re- visem a neutralizar situações configuradoras levo as prerrogativas elementares do exercício de arbítrio estatal ou de desrespeito aos di- da advocacia, outorgadas aos seus profissio- reitos daquele que lhe outorgou o pertinente nais em favor da defesa dos direitos de seus mandato. constituintes. O Poder Judiciário não pode permitir Esse o quadro, defiro, em termos, a li- que se cale a voz do Advogado, cuja atu- minar, para determinar à autoridade coatora ação, livre e independente, há de ser per- que assegure ao advogado dos inquiridos pela CPI, nas sessões que vem realizando manentemente assegurada pelos juízes e no Estado de Alagoas, o exercício regular do pelos Tribunais, sob pena de subversão das direito à palavra, na conformidade do art. 7º, franquias democráticas e de aniquilação dos X e XI, da Lei nº 8.906/94”. direitos do cidadão. A exigência de respeito aos princípios consagrados em nosso sis- A proposta legislativa em comento, pretende tema constitucional não frustra e nem im- assegurar a prerrogativa do advogado ao uso da pede o exercício pleno, por qualquer CPI, palavra, nas reuniões das Comissões Parlamentares dos poderes investigatórios de que se acha de Inquérito, sempre que necessário, para resguar- investida. dar os direitos de seus constituintes, direito esse já O ordenamento positivo brasileiro ga- consagrado pelos nossos Tribunais. rante ao cidadão, qualquer que seja a ins- Diante do exposto, peço o apoio dos nobres tância de Poder que o tenha convocado, o Pares, com vistas à aprovação dessa propositura, direito de fazer-se assistir, tecnicamente, que se reveste de inegável interesse público e al- por Advogado, a quem incumbe, com apoio cance social. no Estatuto da Advocacia, comparecer às Sala das Sessões, em 18 de dezembro de 2007. reuniões da CPI, nelas podendo, dentre ou- – Deputado Walter Brito Neto. tras prerrogativas de ordem profissional, PROJETO DE LEI Nº 2.687, DE 2007 comunicar-se, pessoas e diretamente, com (Do Sr. Walter Brito Neto) seu cliente, para adverti-lo de que tem o di- reito de permanecer em silêncio (direito este Altera a redação do parágrafo único fundado no privilégio constitucional contra a do art. 445 do Decreto-Lei nº 229, de 28 de auto-incriminação), sendo-lhe lícito, ainda, fevereiro de 1967, da Consolidação das Leis reclamar, verbalmente ou por escrito, contra do Trabalho – CLT. a inobservância de preceitos constitucionais, Despacho: Apense-Se à(ao) PL nº legais ou regimentais, notadamente quando o 2.260/1989. comportamento arbitrário do órgão de inves- Apreciação: Proposição sujeita à apre- tigação parlamentar lesar as garantias bási- ciação do Plenário. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01383 O Congresso Nacional decreta: Despacho: Às Comissões de Defesa do Art. 1º Esta lei visa modificar a redação do pa- Consumidor Ciência e Tecnologia, Comunica- rágrafo único do art. 445, do Decreto-Lei nº 5.452, ção e Informática Constituição e Justiça e de de 1º de maio de 1943, da Consolidação das Leis do Cidadania (Art. 54 RICD). Trabalho – CLT, para aumentar o prazo do contrato de Apreciação: Proposição sujeita à apre- experiência. ciação conclusiva pelas Comissões – Art. 24 Art. 2º O parágrafo único do artigo 445 do Decre- II. to-Lei n5.452, de 1º de maio de 1943, da Consolida- O Congresso Nacional decreta: ção das Leis do Trabalho – CLT, passa a vigorar com Art. 1º Esta Lei inclui o art. 129-A à Lei nº 9.472, a seguinte redação: de 16 de julho de 1997, para regulamentar a cobrança “Art. 445...... de chamadas recebidas ou originadas fora de Área de Parágrafo único. O contrato de experi- Registro no Serviço Móvel Pessoal (SMP). ência não poderá exceder de 180 (cento e Art. 2º Inclua-se o art. 129-A na Lei nº 9.472, de oitenta) dias. 16 de julho de 1997, com a seguinte redação: ...... (NR)” “Art. 129-A. As empresas prestadoras Justificação do Serviço Móvel Pessoal, quando o usuá- Esta proposição tem a finalidade de aumentar rio originar ou receber chamadas fora da sua a geração de emprego e a ampliação e melhoria na Área de Registro, poderão cobrar no máximo experiência do trabalhador, pois, o contrato de expe- o valor correspondente àquele fixado por uma riência é uma modalidade do contrato por prazo de- chamada de mesmo tempo de duração, que terminado, cuja finalidade é a de verificar se o empre- tivesse origem na Área de Registro da Estação gado tem aptidão para exercer a função para a qual Móvel e destino correspondente ao local em foi contratado. que o usuário se encontra, conforme o plano Da mesma forma, o empregado, na vigência do de serviço do assinante, sendo vedada qual- referido contrato, verificará se adapta-se à estrutura quer outra cobrança adicional. hierárquica dos empregadores, bem como às condi- Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua ções de trabalho a que está subordinado. publicação. Neste sentido, nota-se que se ampliarmos o pra- zo do contrato de experiência que é de 90 (noventa) Justificação para 180 (cento e oitenta) dias, possibilitará em um A facilidade conferida ao usuário de utilizar o maior número de contratações e de profissionais com aparelho móvel celular quando está em deslocamento, um período maior de experiência, o chamado roaming, no País ou no exterior, foi uma A alteração do texto do parágrafo único “O contra- conquista na área de telecomunicações. Traduz, em to de experiência não poderá exceder de 90 (noventa) síntese, o espírito pleno de mobilidade do qual se re- dias” do art. 445, da Consolidação das Leis do Traba- veste a telefonia portátil. lho – CLT, incluído pelo art. 9º do Decreto-lei nº 229 O serviço também contribui para o desenvol- de 1967, é de grande importância para o trabalhador vimento social e econômico do País, na medida em e empregador, tornando assim um processo mais di- que alavanca especialmente o mundo dos negócios, nâmico para a efetivação do profissional em fase de que ultrapassou as fronteiras geopolíticas. experimentação. Entretanto, do ponto de vista do consumidor, Dada relevância social, peço o apoio dos nobres observamos que os altos preços cobrados pelo ser- Pares para a aprovação deste projeto. viço de roaming são um problema constante. Ape- Sala das Sessões, de de 2007. sar das reclamações sucessivas dos consumidores, – Deputado Walter Brito Neto. que são surpreendidos por contas elevadas após o PROJETO DE LEI Nº 2.705, DE 2007 retorno de suas viagens, verificamos que há pouca (Do Sr. Chico Alencar) movimentação das operadoras, do governo e do ór- gão regulador no sentido de conduzir uma discussão Inclui art. 129-A à Lei nº 9.472, de 16 de adequada sobre o tema. julho de 1997, para regulamentar a cobran- Para efeito de ilustração, conforme informações ça de chamadas recebidas ou originadas atualizadas obtidas junto a uma das maiores ope- fora de Área de Registro no Serviço Móvel radoras móveis, com cobertura nacional, o usuário Pessoal (SMP). visitante paga U$ 1,70 por minuto quando gera uma 01384 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 ligação para o Brasil. Para os Estados Unidos, o va- Pelas razões expostas, pedimos o apoio dos lor é ainda maior: U$ 3,46 por minuto. Caso receba Nobres Deputados para a APROVAÇÃO do Projeto uma ligação, o custo para o assinante do serviço de Lei que ora apresentamos. é de U$ 0,64, somado à uma taxa fixa de U$ 1,62, Sala das Sessões, 19 de dezembro de 2007. – pelo encaminhamento da chamada. A competição Deputado Chico Alencar. por si só não tem sido suficiente para reduzir os PROJETO DE LEI N.º 2.711, DE 2007 custos de roaming. (Do Sr. João Magalhães) Por isso, estamos oferecendo à esta Casa Pro- posta Legislativa que propicie uma regulação que Altera Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de contemple as necessidades das prestadoras de ser- 1990, que regula o Programa do Seguro- viços e os interesses dos usuários. Por uma questão Desemprego, o Abono Salarial, institui o de técnica legislativa, optamos pela alteração na Lei Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e Geral de Telecomunicações (Lei nº 9.472, de 16 de dá outras providências, para dispor sobre julho de 1997). as formas de pagamento do abono e dos Em primeiro lugar, pelo Projeto de Lei, o serviço rendimentos do PIS/PASEP. de reencaminhamento de chamadas, hoje previsto Despacho: Às Comissões de Trabalho, no Regulamento do Serviço Móvel Pessoal em vigor de Administração e Serviço Público; Finan- (Resolução nº 316, de 27 de setembro de 2002) e ças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD); endossado pelo novo regulamento, aprovado pela Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. Resolução nº 477, de 07 de agosto de 2007, ga- 54 RICD). nhará status legal. Apreciação: Proposição sujeita à apre- Adicionalmente, a proposta que ora apresenta- ciação conclusiva pelas Comissões – Art. mos elimina a cobrança do Adicional de Chamada, 24 II. previsto no art. 3º do de ambos regulamentos, com O Congresso Nacional decreta: a seguinte definição: “valor fixo cobrado pela Pres- Art. 1º O art. 9º da Lei n.º 7.798, de 11 de janei- tadora de SMP, por chamada recebida ou originada, ro de 1990, passa a viger acrescido do seguinte §2º quando o Usuário estiver localizado fora de sua Área remunerando-se o Parágrafo Único para §1º: de Mobilidade.” E, no intuito de remunerar o uso da “Art. 9º...... rede no caso do reencaminhamento de chamada, ...... estabelecemos como parâmetro, para efeito de roa- §1º ...... ming, a cobrança tão somente do valor corresponde ...... ao valor de um interurbano, a ser pago pelo assinan- §2º o abono Salarial que trata o caput e te, conforme seu plano de serviço. os rendimentos dos integrantes do Fundo de Atualmente, quando o usuário se encontra em Participação PIS-Pasep, serão pagos, pela condição de Usuário Visitante (em roaming), conceito Caixa Econômica Federal e pelo Banco do este adotado pelo Regulamento do Serviço Móvel Brasil S.A., na condição de agentes pagado- Pessoal, cabe a ele o pagamento do Adicional por res, de acordo com cronograma específico, Chamada – AD para cada chamada realizada ou observando-se o seguinte: recebida, além do pagamento do valor por unidade I – o pagamento independe de reque- de tempo referente ao tempo de utilização quando rimento do beneficiário; realizar uma ligação e o pagamento da “segunda II – os valores devidos devem estar chamada” quando receber uma ligação. disponíveis para saque em agência ban- Frisamos que a iniciativa de regular o reenca- caria, independentemente do domicílio de minhamento de chamadas não é nova. A Comissão inscrição; Européia apresentou, em 12 de julho de 2006, pro- III – o pagamento poderá ser feito dire- posta de Regulamento sobre o roaming. O objetivo tamente em folha de salários, por intermédio do regulamento é a redução se até 70% dos custos de convênios celebrados ente os emprega- da utilização de telefones móveis no estrangeiro. dores e os agentes pagadores; Outra finalidade é fomentar a competitividade da in- IV – o pagamento deverá ser depositado dústria européia, em especial do ponto de vista das em conta corrente ou de poupança do bene- pequenas e médias empresas, enquanto utilizadores ficiário, no banco e na agência designados, de serviços de roaming. caso ele assim o requeira.” (NR) Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01385 Art. 2º. Esta lei entra em vigor na data de sua Altera a Lei nº 8.069, de 1990 – Es- publicação. tatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras providências. Justificação Despacho: Às Comissões de Seguran- Trata-se de medida importante para agilizar o ça Pública e Combate ao Crime Organizado; pagamento e dar maior conforto e tranqüilidade ao Seguridade Social e Família Constituição e trabalhador que tenha abono salarial ou rendimen- Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD). tos do PIS/PASEP a receber. Além disso, sabe-se Apreciação: Proposição sujeita à apre- que, todo ano, centenas de trabalhadores, apesar ciação conclusiva pelas Comissões – Art. das campanhas de divulgação promovidas pela 24 II. Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil, não procuram os valores disponíveis . Este fato, faz O Congresso Nacional decreta: com que o programa não alcance totalmente seu Art. 1º O art. 81 da Lei nº 8.069, de 13 de julho objetivo, que é distribuir renda aos trabalhadores de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, beneficiários. passa a vigorar com as seguintes alterações: Em razão desses inconvenientes e com o fito “Art. 81. É proibida a venda à criança de dar mais conforto ao trabalhador e aumentar a ou ao adolescente de: eficácia do programa, apresentamos as medidas ...... inseridas na forma de um §2º, acrescido ao art. 9º II – bebidas alcoólicas ou substâncias da Lei n.º 7798/90. Note-se que tais medidas são de efeitos análogos; de fácil cumprimento e já compõem uma orientação ...... para os agentes pagadores, por meio de resoluções VII – drogas psicotrópicas depressivas, administrativas do CODEFAT. Além de transformar estimulantes ou pertubadoras do Sistema tais orientações em direitos do trabalhador devida- Nervoso Central; mente estatuídos em lei , acrescentamos a hipótese VIII – esteróides anabolizantes.” de recebimento em conta corrente. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua O avanço da informatização bancaria tornou publicação. simples e baratas as movimentações financeiras entre as instituições. Portanto, consideramos um Justificação atraso não propiciar aos beneficiários do PIS/PASEP Um dos problemas que mais aflige a nossa socie- essa ferramenta, a exemplo do que já faz a Recei- dade atualmente é o da utilização indevida e freqüente ta Federal, quando da devolução do imposto retido. de álcool e de drogas (lícitas ou ilícitas) na camada Afinal, o dinheiro do PIS/PASEP é dos trabalhado- mais jovem da população brasileira. res é não faz sentido manter a rotina burocrática de Além de acarretar aos viciados a degradação o trabalhador ter de ir pessoalmente à agência da moral e física, o uso crescente de drogas vem contri- CEF ou do BB para receber o seu dinheiro. Além buindo para o crescimento da violência no País. disso, o procedimento, ajudará a diminuir o número Parece tornar-se cada vez mais fácil a aquisição de trabalhadores que não procuram seu dinheiro de tais substâncias nas grandes cidades brasileiras, o nos bancos. Os trabalhadores de renda mais baixa que demanda sejam tomadas providências no sentido também poderão se beneficiar da medida, já que a de coibir, com coragem e determinação, a aquisição de CEF possui um formato de conta corrente específica tais drogas pelos jovens que, devido à sua inexperiên- para este público, sem custos. Portanto, os desloca- cia, não avaliam as reais conseqüências do consumo mentos e a burocracia para recebimento do abono dessas substâncias. e dos rendimentos, poderiam ser reduzidos a uma No que toca à utilização de bebidas alcoólicas única vez, quando da abertura da conta. A partir pelas crianças e adolescentes, a inclusão da vedação daí, o dinheiro já pode ser depositado diretamente no ECA foi vital para que ocorresse uma mudança de para o correntista. mentalidade no Brasil. Pelo exposto, pedimos aos nobres pares o apoio O projeto que ora submetemos a esta Casa visa, para a aprovação da matéria. primeiramente, adequar o texto do ECA aos novos Sala das Sessões, 20 de dezembro de 2007. – diplomas legais, incluindo, além do álcool, quaisquer Deputado João Magalhães. outras substâncias que promovam embriaguez ou PROJETO DE LEI Nº 2.716, DE 2007 possuam efeitos análogos, conforme prevê o Códi- (Do Sr. Onyx Lorenzoni) go Penal. 01386 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 A segunda alteração que propomos é a proibi- Lírio (trombeteira, zabumba ou saia-branca). ção da venda, à criança ou ao adolescente, de drogas – De origem sintética psicotrópicas. LSD-25. Segundo obra editada pela Unifesp1, as drogas "Êxtase". psicotrópicas “atuam sobre o cérebro, alterando de al- Anticolinérgicos guma forma o psiquismo”, dividindo-se em três grupos: Enfim, a última alteração que propomos faz-se depressivas, estimulante ou pertubadoras do Sistema necessária em virtude do aumento do consumo de Nervoso Central (SNC). substâncias com poderes anabolizantes entre os ado- As drogas depressoras da atividade do Sistema lescentes. Nervoso Central atuam na diminuição da atividade Segundo o estudo já citado, “na adolescência, cebrebral, ou seja, deprimem seu funcionamento. Os o anabolizante pode provocar maturação esqueléti- usuários ficam “desligados” e mais lentos, desinteres- ca prematura e puberdade acelerada, levando a um sando-se pelas coisas do dia a dia. crescimento raquítico, provocando baixa estatura”, além da possibilidade de causar “ciúme doentio, ilu- 1 Livreto informativo sobre drogas psicotrópicas. Departamento de sões, distorção de juízo em relação a sentimentos de Psicologia da Unifesp. invencibilidade, distração, confusão mental e esque- Já as drogas estimulantes da atividade do Sis- cimentos“. Ademais, os usuários “tornam-se clinica- tema Nervoso Central aumentam a atividade do cé- mente deprimidos quando param de tomar a droga, rebro, fazendo com que os usuários estejam sempre até porque perdem a massa muscular que adquiriram; “ligados”, “elétricos” e sem sono. um sintoma que pode contribuir para a dependência.” Finalmente, “o terceiro grupo engloba as drogas E, o mais preocupante, “alguns usuários chegam a que agem modificando qualitativamente a atividade de utilizar produtos veterinários, à base de esteróides, nosso cérebro; não se trata, portanto, de mudanças sobre os quais não se tem nenhuma idéia dos riscos quantitativas, como aumentar ou diminuir a ativida- do uso em humanos.” de cerebral. O cérebro passa a funcionar fora de seu Por todo o exposto, contamos com o apoio dos normal, e a pessoa fica com a mente perturbada. Por nobres pares para que sejam introduzidas no ECA as essa razão esse terceiro grupo de drogas recebe o vedações ora sugeridas, que – estamos certos – con- nome de perturbadores da atividade do Sistema Ner- tribuirão para diminuição do uso de drogas entre os voso Central.” jovens brasileiros. Valem ser mencionados alguns exemplos de Sala das comissões, 20 de dezembro de 2007. drogas depressoras, estimulantes e pertubadoras do – Deputado Onyx Lorenzoni, DEM-RS. SNC que vêm sendo consumidas de modo crescente PROJETO DE LEI Nº 2.721, DE 2007 entre os jovens brasileiros: (Da Comissão de Legislação Participativa) Depressores: Álcool. Sugestão nº 67/2007 Soníferos ou hipnóticos (drogas que promovem o Altera a Lei nº 9.503, de 23 de setem- sono): barbitúricos, alguns benzodiazepínicos. bro de 1997, que institui o Código de Trân- Ansiolíticos (acalmam; inibem a ansiedade). Ex.: sito Brasileiro, para revogar o instituto da diazepam, lorazepam etc. Permissão para Dirigir. Opiáceos ou narcóticos (aliviam a dor e dão so- Despacho: Às Comissões de Viação e nolência). Ex.: morfina, heroína, codeína, meperidina Transportes e Constituição e Justiça e de Ci- etc. dadania (Art. 54 RICD). Inalantes ou solventes (colas, tintas, removedo- Apreciação: Proposição Sujeita à Apre- res etc.). ciação do Plenário. Estimulantes: Anorexígenos (diminuem a fome). Ex.: dietilpro- O Congresso Nacional decreta: priona, fenproporex etc. Art. 1º Esta lei altera a Lei nº 9.503, de 23 de Cocaína. setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Perturbadores: Brasileiro, com o fim de revogar o instituto da Permis- – De origem vegetal são para Dirigir. Mescalina (do cacto mexicano). Art. 2º A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, THC (da maconha). que institui o Código de Trânsito Brasileiro, passa a vi- Psilocibina (de certos cogumelos). gorar com as seguintes alterações: Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01387 Art. 19...... § 1º Transitada em julgado a sentença ...... condenatória, o réu será intimado a entregar VII – expedir a Carteira Nacional de Ha- à autoridade judiciária, em quarenta e oito ho- bilitação, os Certificados de Registro e o de ras, a Carteira de Habilitação. Licenciamento Anual mediante delegação aos Art. 292. A suspensão ou a proibição de órgãos executivos dos Estados e do Distrito se obter a habilitação para dirigir veículo au- Federal; tomotor pode ser imposta como penalidade Art.22...... principal, isolada ou cumulativamente com ...... outras penalidades. II – realizar, fiscalizar e controlar o proces- Art. 293. A penalidade de suspensão ou so de formação, aperfeiçoamento, reciclagem de proibição de se obter a habilitação para di- e suspensão de condutores, expedir e cassar rigir veículo automotor tem a duração de dois Licença de Aprendizagem e Carteira Nacional meses a cinco anos. de Habilitação, mediante delegação do órgão § 1º Transitada em julgado a sentença federal competente; condenatória, o réu será intimado a entregar Art.148...... à autoridade judiciária, em quarenta e oito ho- § 2º Revogado. ras, a a Carteira de Habilitação. Art.159...... § 2º A penalidade de suspensão ou de § 1º É obrigatório o porte da Carteira proibição de se obter a habilitação para dirigir Nacional de Habilitação quando o condutor veículo automotor não se inicia enquanto o estiver à direção do veículo. sentenciado, por efeito de condenação penal, ...... estiver recolhido a estabelecimento prisional. § 5º A Carteira Nacional de Habilitação Art. 294. Em qualquer fase da investiga- somente terá validade para a condução de ve- ção ou da ação penal, havendo necessidade ículo quando apresentada em original. para a garantia da ordem pública, poderá o Art.162...... juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a I – sem possuir Carteira Nacional de requerimento do Ministério Público ou ainda Habilitação: mediante representação da autoridade policial, ...... decretar, em decisão motivada, a suspensão II – com Carteira Nacional de Habilita- da habilitação para dirigir veículo automotor, ção cassada ou com suspensão do direito ou a proibição de sua obtenção. de dirigir: ...... Art. 295. A suspensão para dirigir veículo III – com Carteira Nacional de Habilita- automotor ou a proibição de se obter a habilita- ção de categoria diferente da do veículo que ção será sempre comunicada pela autoridade esteja conduzindo: judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito – ...... CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado Art.256...... em que o indiciado ou réu for domiciliado ou ...... residente. VI – Revogado; Art. 296. Se o réu for reincidente na práti- ...... ca de crime previsto neste Código, o juiz poderá Art.269...... aplicar a penalidade de suspensão da habilita- ...... ção para dirigir veículo automotor, sem prejuízo VI – Revogado; das demais sanções penais cabíveis...... Art. 298. São circunstâncias que sem- § 3º Revogar pre agravam as penalidades dos crimes de ...... trânsito ter o condutor do veículo cometido a Art. 272. O recolhimento da Carteira Na- infração: cional de Habilitação dar-se-á mediante recibo, ...... além dos casos previstos neste Código, quan- III – sem possuir Carteira de Habilita- do houver suspeita de sua inautenticidade ou ção; adulteração. IV – com Carteira de Habilitação de ca- Art. 291...... tegoria diferente da do veículo; 01388 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 ...... pendem do cumprimento de exigências pré-estabe- Art. 302...... lecidas. Penas – detenção, de dois a quatro anos, A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não e suspensão ou proibição de se obter a habili- foge à regra. Para obtê-la, o candidato deve submeter- tação para dirigir veículo automotor. se a exames médicos para comprovar aptidão física Parágrafo único. No homicídio culposo e mental; prova escrita, sobre legislação de trânsito cometido na direção de veículo automotor, a e noções de primeiros socorros, e exame de direção pena é aumentada de um terço à metade, se veicular. o agente: Atualmente, pelas disposições do Código de Trân- I – não possuir Carteira de Habilitação; sito Brasileiro, que foi instituído pela Lei nº 9.503, de ...... 23 de setembro de 1997, se for aprovado nos exames Art. 303...... referidos, o candidato recebe a Permissão para Dirigir, Penas – detenção, de seis meses a dois documento de caráter temporário, com validade de um anos e suspensão ou proibição de se obter a ano, ao fim do qual lhe será conferida a CNH, desde habilitação para dirigir veículo automotor. que, ao longo desse período, o condutor não tenha co- Parágrafo único. Aumenta-se a pena de metido nenhuma infração de trânsito de natureza grave um terço à metade, se ocorrer qualquer das ou gravíssima nem reincidido em infração média, sob hipóteses do parágrafo único do artigo ante- pena de ter que reiniciar o processo de habilitação. rior. Tamanha severidade demonstra que, em seu Art. 306...... primeiro ano como condutor de veículo automotor, o Penas – detenção, de seis meses a três novo motorista continua sendo testado. Essa superpo- anos, multa e suspensão ou proibição de se sição de exigências mostra-se inaceitável, tendo em obter a habilitação para dirigir veículo auto- vista que ele foi considerado apto ao ser aprovado nos motor. exames específicos. Também é contraditória, porque o Art. 307. Violar a suspensão ou a proi- cometimento de infração de trânsito pode ser punido bição de se obter a habilitação para dirigir com as penalidades previstas no CTB, que são apli- veículo automotor imposta com fundamento cáveis a todo condutor. neste Código: Assim, não vemos razão para o candidato apro- ...... vado deixar de receber de imediato a CNH. Parágrafo único. Nas mesmas penas in- Considerando a pertinência do projeto de lei ora corre o condenado que deixa de entregar, no apresentado, contamos com o apoio dos nossos Pares prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Car- para sua aprovação. teira de Habilitação. Sala das Sessões, 20 de dezembro de 2007. – Art. 308...... Deputado Eduardo Amorim, Presidente. Penas – detenção, de seis meses a dois SUGESTÃO Nº 67, DE 2007 anos, multa e suspensão ou proibição de se (Da Associação Comunitária do obter a habilitação para dirigir veículo auto- Chonin de Cima) motor. Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via Sugere Projeto de Lei que reduz o pra- pública, sem a devida Habilitação ou, ainda, zo para obtenção definitiva da Carteira Na- se cassado o direito de dirigir, gerando peri- cional de Habilitação (CNH) de um ano para go de dano: seis meses...... (NR) I – Relatório Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. A sugestão em epígrafe, apresentada pela As- sociação Comunitária de Chonin de Cima – ACOCCI Justificação tem como principal objetivo reduzir de doze para seis Em geral, os procedimentos de habilitação im- meses, o prazo para a obtenção definitiva da Carteira põem normas, cujo atendimento credencia o preten- Nacional de Habilitação – CNH, pelo candidato apro- dente a alcançar seu objetivo. vado nos exames de direção veicular. Desse modo, a ocupação de cargo público me- Como justificação da proposta, a autora aponta diante concurso ou de uma vaga na iniciativa privada, que a redução pretendida não apresentaria prejuízos, a obtenção de documentos ou de financiamento de- pois a capacidade do candidato de dirigir foi confirma- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01389 da nos exames prestados. Por outro lado, argumenta vios expressos no Código de Trânsito para a posse do que a entrega imediata do documento ao candidato documento de habilitação. aprovado, proporcionaria tranqüilidade e segurança Assim, com fundamento no art. 254, do Regi- ao novo motorista. mento Interno da Câmara dos Deputados e art. 6º do É o relatório. Regulamento Interno desta comissão, propomos o II – Voto do Relator acolhimento da sugestão apresentada pela Associa- ção Comunitária de Chonin de Cima – ACOCCI, nos Conforme determina o art. 254 do Regimento In- termos do projeto de lei anexo. terno, com a redação dada pela Resolução nº 21, de Sala da Comissão, 7 de dezembro de 2007. – 2001, e o art. 8º do Regulamento Interno deste Órgão Deputado Guilherme Campos, Relator. Técnico, cumpre que esta Comissão de Legislação Participativa aprecie e se pronuncie acerca da Suges- PROJETO DE LEI Nº , DE 2007 tão nº 67, de 2007. (Da Comissão de Legislação Participativa) Preliminarmente, constata-se que a Sugestão Altera a Lei nº 9.503, de 23 de setem- foi devidamente apresentada no que diz respeito aos aspectos formais. Encaminhou-se de maneira correta bro de 1997, que institui o Código de Trân- o cadastro da entidade, o atestado de funcionamento sito Brasileiro para revogar o instituto da com a menção dos nomes dos membros da diretoria, Permissão para Dirigir. bem como anexou-se o registro em cartório da Asso- O Congresso Nacional decreta: ciação. Portanto, foi correto o recebimento da Sugestão Art. 1º Esta lei altera a Lei nº 9.503, de 23 de em análise, uma vez que foram seguidas as exigên- setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito cias do art. 2º do Regulamento Interno da Comissão Brasileiro, com o fim de revogar o instituto da Permis- de Legislação Participativa. são para Dirigir. Analisando a Sugestão à luz do ordenamento Art. 2º A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, jurídico em vigor, verificamos a necessidade de incor- que institui o Código de Trânsito Brasileiro, passa a vi- porá-la ao texto da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de gorar com as seguintes alterações: 2007, que institui o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Art. 19...... conforme preconiza a Lei Complementar nº 95, de 26 ...... de fevereiro de 1998, a qual dispõe sobre a elabora- VII – expedir a Carteira Nacional de Ha- ção, a redação, a alteração e a consolidação das leis, bilitação, os Certificados de Registro e o de cujo art. 7º, IV determina que “o mesmo assunto não Licenciamento Anual mediante delegação aos poderá ser disciplinado por mais de uma lei, exceto órgãos executivos dos Estados e do Distrito quando a subseqüente se destine a complementar lei considerada básica, vinculando-se a esta por remis- Federal; são expressa”. Art. 22...... A sugestão em análise pretende reduzir em seis ...... meses o período de validade da Permissão para Di- II – realizar, fiscalizar e controlar o proces- rigir, após o qual o candidato poderá obter a Carteira so de formação, aperfeiçoamento, reciclagem Nacional de Habilitação. e suspensão de condutores, expedir e cassar Quanto ao mérito, a idéia mostra-se de tal modo Licença de Aprendizagem e Carteira Nacional pertinente, que propormos abolir esse documento de Habilitação, mediante delegação do órgão temporário do texto do CTB, por entendermos que a federal competente; aprovação do candidato no processo de obtenção do Art. 148...... documento de habilitação o credencia à posse imediata § 2º Revogado. da Carteira Nacional de Habilitação. Art. 159...... Afinal, o cumprimento das exigências previstas no § 1º É obrigatório o porte da Carteira CTB atesta a qualificação do novo motorista, dispen- Nacional de Habilitação quando o condutor sando o período probatório da Permissão para Dirigir, estiver à direção do veículo. que condiciona o recebimento da CNH ao não come- ...... timento de nenhuma infração grave ou gravíssima e a § 5º A Carteira Nacional de Habilitação não reincidência em infração média. somente terá validade para a condução de ve- Pela severidade, essas imposições apresentam- ículo quando apresentada em original. se como superposição injustificável aos requisitos pré- Art. 162...... 01390 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 I – sem possuir Carteira Nacional de requerimento do Ministério Público ou ainda Habilitação: mediante representação da autoridade policial, ...... decretar, em decisão motivada, a suspensão II – com Carteira Nacional de Habilita- da habilitação para dirigir veículo automotor, ção cassada ou com suspensão do direito ou a proibição de sua obtenção. de dirigir: ...... Art. 295. A suspensão para dirigir veículo III – com Carteira Nacional de Habilita- automotor ou a proibição de se obter a habilita- ção de categoria diferente da do veículo que ção será sempre comunicada pela autoridade esteja conduzindo: judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito – ...... CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado Art. 256...... em que o indiciado ou réu for domiciliado ou ...... residente. VI – Revogado; Art. 296. Se o réu for reincidente na práti- ...... ca de crime previsto neste Código, o juiz poderá Art. 269...... aplicar a penalidade de suspensão da habilita- ...... ção para dirigir veículo automotor, sem prejuízo VI – Revogado; das demais sanções penais cabíveis...... Art. 298. São circunstâncias que sem- § 3º Revogar pre agravam as penalidades dos crimes de ...... trânsito ter o condutor do veículo cometido a Art. 272. O recolhimento da Carteira Na- infração: cional de Habilitação dar-se-á mediante recibo, ...... além dos casos previstos neste Código, quan- III – sem possuir Carteira de Habilita- do houver suspeita de sua inautenticidade ou ção; adulteração. IV – com Carteira de Habilitação de ca- Art. 291...... tegoria diferente da do veículo; § 1º Transitada em julgado a sentença ...... condenatória, o réu será intimado a entregar Art. 302...... à autoridade judiciária, em quarenta e oito ho- Penas – detenção, de dois a quatro anos, ras, a Carteira de Habilitação. e suspensão ou proibição de se obter a habili- Art. 292. A suspensão ou a proibição de tação para dirigir veículo automotor. se obter a habilitação para dirigir veículo au- Parágrafo único. No homicídio culposo tomotor pode ser imposta como penalidade cometido na direção de veículo automotor, a principal, isolada ou cumulativamente com pena é aumentada de um terço à metade, se outras penalidades. o agente: Art. 293. A penalidade de suspensão ou I – não possuir Carteira de Habilitação; de proibição de se obter a habilitação para di- ...... rigir veículo automotor tem a duração de dois Art. 303...... meses a cinco anos. Penas – detenção, de seis meses a dois § 1º Transitada em julgado a sentença anos e suspensão ou proibição de se obter a condenatória, o réu será intimado a entregar habilitação para dirigir veículo automotor. à autoridade judiciária, em quarenta e oito ho- Parágrafo único. Aumenta-se a pena de ras, a a Carteira de Habilitação. um terço à metade, se ocorrer qualquer das § 2º A penalidade de suspensão ou de hipóteses do parágrafo único do artigo ante- proibição de se obter a habilitação para dirigir rior. veículo automotor não se inicia enquanto o Art. 306...... sentenciado, por efeito de condenação penal, Penas – detenção, de seis meses a três estiver recolhido a estabelecimento prisional. anos, multa e suspensão ou proibição de se Art. 294. Em qualquer fase da investiga- obter a habilitação para dirigir veículo auto- ção ou da ação penal, havendo necessidade motor. para a garantia da ordem pública, poderá o Art. 307. Violar a suspensão ou a proi- juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a bição de se obter a habilitação para dirigir Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01391 veículo automotor imposta com fundamento com as penalidades previstas no CTB, que são apli- neste Código: cáveis a todo condutor...... Assim, não vemos razão para o candidato apro- Parágrafo único. Nas mesmas penas in- vado deixar de receber de imediato a CNH. corre o condenado que deixa de entregar, no Considerando a pertinência do projeto de lei ora prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Car- apresentado, contamos com o apoio dos nossos Pares teira de Habilitação. para sua aprovação. Art. 308...... Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2007. – Penas – detenção, de seis meses a dois Deputado Guilherme Campos. anos, multa e suspensão ou proibição de se III – Parecer da Comissão obter a habilitação para dirigir veículo auto- A Comissão de Legislação Participativa, em reu- motor. nião ordinária realizada hoje, aprovou unanimemen- Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via te a Sugestão nº 67/2007, nos termos do Parecer do pública, sem a devida Habilitação ou, ainda, Relator, Deputado Guilherme Campos. se cassado o direito de dirigir, gerando peri- Estiveram presentes os Senhores Deputados: go de dano: Eduardo Amorim – Presidente, Silvio Lopes – ...... (NR) Vice-Presidente, Fátima Bezerra, Guilherme Campos, Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua João Oliveira, José Airton Cirilo, Jurandil Juarez, Luiza publicação. Erundina, Pedro Wilson, Fernando de Fabinho e Leo- nardo Monteiro. Justificação Sala da Comissão, 19 de dezembro de 2007. – Em geral, os procedimentos de habilitação im- Deputado Eduardo Amorim, Presidente. põem normas, cujo atendimento credencia o preten- PROJETO DE LEI Nº 2.728, DE 2007 dente a alcançar seu objetivo. (Do Senado Federal) Desse modo, a ocupação de cargo público me- PLS nº 145/2007 diante concurso ou de uma vaga na iniciativa privada, Ofício (SF) nº 2.022/2007 a obtenção de documentos ou de financiamento de- pendem do cumprimento de exigências pré-estabe- Institui a obrigatoriedade de uso de lecidas. uniforme estudantil padronizado nas esco- A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não las públicas, altera o art. 70 da Lei nº 9.394, foge à regra. Para obtê-la, o candidato deve submeter- de 20 de dezembro de 1996, e autoriza a se a exames médicos para comprovar aptidão física criação, pela União, do Programa Nacional e mental; prova escrita, sobre legislação de trânsito de Uniforme Escolar. e noções de primeiros socorros, e exame de direção Despacho: Às Comissões de Educação veicular. e Cultura Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) Atualmente, pelas disposições do Código de Trân- e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. sito Brasileiro, que foi instituído pela Lei nº 9.503, de 54 RICD). 23 de setembro de 1997, se for aprovado nos exames Apreciação: proposição sujeita à apre- referidos, o candidato recebe a Permissão para Dirigir, ciação conclusiva pelas Comissões – Art. 24 documento de caráter temporário, com validade de um II. ano, ao fim do qual lhe será conferida a CNH, desde O Congresso Nacional decreta: que, ao longo desse período, o condutor não tenha co- Art. 1º É instituída a obrigatoriedade de uso de metido nenhuma infração de trânsito de natureza grave uniformes estudantis padronizados nas escolas pú- ou gravíssima nem reincidido em infração média, sob blicas de todo o País, para os alunos da educação pena de ter que reiniciar o processo de habilitação. básica, da pré-escola ao ensino médio, com exceção Tamanha severidade demonstra que, em seu dos matriculados em cursos de educação de jovens primeiro ano como condutor de veículo automotor, o e adultos, sendo o seu uso facultativo, na modalidade novo motorista continua sendo testado. Essa superpo- de educação indígena. sição de exigências mostra-se inaceitável, tendo em § 1º Os uniformes a que se refere este artigo vista que ele foi considerado apto ao ser aprovado nos serão fornecidos gratuitamente, à base de 2 (dois) exames específicos. Também é contraditória, porque o conjuntos completos por aluno, a cada ano letivo, in- cometimento de infração de trânsito pode ser punido cluindo o calçado. 01392 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 § 2º O conjunto completo do uniforme escolar III – um quinto dos valores anuais, para os loca- compreende obrigatoriamente calçado, meia, calça ou lizados no terço superior. equivalente, camisa ou equivalente e boné. § 3º Os recursos do Programa Nacional de Uni- Art. 2º O órgão responsável pela educação na forme Escolar constarão na Lei Orçamentária Anual. União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Muni- Art. 5º Esta Lei entra em vigor em 1º de janeiro cípios, definirá as especificações do uniforme escolar do ano subseqüente à sua publicação. padronizado para as escolas de sua rede. Senado Federal, 21 de dezembro de 2007. – Se- Parágrafo único. É terminantemente proibido vei- nador Garibaldi Alves Filho, Presidente do Senado cular qualquer tipo de marketing ou propaganda por Federal. meio de cores ou modelos de uniforme escolar, sen- PROJETO DE LEI Nº 2.729, DE 2007 do permitido apenas o uso de símbolos, bandeiras ou (Do Senado Federal) palavras que forem as oficiais das escolas, dos Muni- PLS nº 423/2007 cípios, dos Estados ou do Brasil. Ofício nº 2.018/2007 (SF) Art. 3º O art. 70 da Lei nº 9.394, de 20 de de- zembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte re- Institui o ano de 2007 como “Ano do dação: Cinqüentenário dos painéis Guerra e Paz”, de Candido Portinari, instalados na sede da “Art. 70...... Organização das Nações Unidas – ONU, em ...... 6 de setembro de 1957. VIII – aquisição de material didático-es- Despacho: Às Comissões de Educação colar e manutenção de programas de forne- e Cultura e Constituição e Justiça e de Cida- cimento de uniforme estudantil e transporte dania (Art. 54 RICD). escolar.” (NR) Apreciação: Proposição sujeita à apre- Art. 4º É o Poder Executivo autorizado a instituir ciação conclusiva pelas Comissões – Art. 24 o Programa Nacional de Uniforme Escolar (PNUE), II. no âmbito do Ministério da Educação, a ser executado O Congresso Nacional decreta: pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa- Art. 1º É instituído o ano de 2007 como “Ano do ção, com a finalidade de complementar as despesas Cinqüentenário dos painéis Guerra e Paz”, de Candi- decorrentes da aplicação desta Lei nos Estados, no do Portinari. Distrito Federal e nos Municípios. Art 2º É facultado ao Poder Executivo a progra- § 1º O montante dos recursos financeiros e os mação dos eventos comemorativos ao fato. valores de complementação a cada ente federado se- Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua rão calculados com base no número de matrículas da publicação. educação básica pública, conforme o disposto no art. Senado Federal, 21 de dezembro de 2007. – Se- 1º e a classificação dos alunos, segundo o disposto nador Garibaldi Alves Filho, Presidente do Senado no § 2º. Federal. § 2º Anualmente, o FNDE publicará valores nacio- PROJETO DE LEI Nº 2.730, DE 2007 nalmente unificados para os conjuntos de uniformes, (Do Senado Federal) segundo 3 (três) classes de idade, e fará a comple- PLS nº 241/2007 mentação aos entes federados, na conta do Fundo de Ofício nº 2.056/2007 (SF) Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valoração dos Profissionais da Educação (Fun- Inscreve o nome de João Cândido Fe- deb), até o último dia útil do mês de março, de acordo lisberto, líder da Revolta da Chibata, no Li- com os seguintes critérios: vro dos Heróis da Pátria. I – metade dos valores anuais, multiplicados pelo Despacho: Apense-se a Este o PL nº número de alunos nas respectivas classes de idade, 2.442/07. para os governos dos Estados e dos Municípios cujo Apreciação: Proposição sujeita à apre- valor médio por aluno, referente ao Fundeb do ano ciação conclusiva pelas Comissões – Art. 24 anterior, se localizar no terço inferior, segundo classi- II. ficação publicada pelo Ministério da Educação; O Congresso Nacional decreta: II – um terço dos valores anuais, para os locali- Art. 1º Será inscrito o nome de João Cândido zados no terço médio; Felisberto, líder da Revolta da Chibata, no Livro dos Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01393 Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade Requeiro, nos termos do art. 68 do Regimento e da Democracia, em Brasília. Interno da Câmara dos Deputados, a convocação de Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua Sessão Solene em homenagem a ENRICO GIUSTI. publicação. Solicitamos a sua realização em um dos dias 3, 5, 6 Senado Federal, 24 de dezembro de 2007. – Se- ou 7 de março de 2008. nador Mozarildo Calvalcanti, no exercício da Presi- Sala das Sessões, 20 de novembro de 2007. – dência. Deputada Luiza Erundina, PSB-SP. PROJETO DE LEI N.º 2.732, DE 2008 Justificação (Do Senado Federal) Pronunciamento realizado pela Deputada Luiza PLS nº 330/2006 Erundina em Sessão Ordinária da Câmara dos Depu- Ofício nº 2/2008 (SF) tados em 8-10-2007 às 17h12 Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezem- Sr. Presidente, bro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Registro, com emoção e pesar, o falecimento Educação, para dispor sobre a obrigato- repentino de um grande companheiro, o sindicalista riedade do ensino da música na educação italiano Enrico Giusti, na cidade de San Lázaro di Sa- básica. vena, na Itália, no último dia 4 de outubro. Despacho: Às Comissões de Educação Enrico Giusti prestou relevantes serviços ao mo- e Cultura e Constituição e Justiça e de Cida- vimento sindical brasileiro. Durante 20 longos anos, dania (Art. 54 RICD). acompanhou o movimento sindical no Brasil, a cons- Apreciação: Proposição sujeita à apre- trução da Central Única dos Trabalhadores. Por meio ciação conclusiva pelas Comissões – Art. 24 do programa de cooperação internacional com o Par- II. lamento Europeu e outras instituições européias, trou- xe para o Brasil recursos substanciais para a criação O Congresso Nacional decreta: e construção de uma escola de formação sindical, a Art. 1º O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de de- Sete de Outubro, situada em Minas Gerais. zembro de 1996, passa a vigorar acrescido dos se- Enrico Giusti esteve recentemente no Brasil. Ele guintes §§: ficava aqui alguns meses por ano e contribuía com “Art. 26...... a construção da luta dos trabalhadores brasileiros, ...... não só no movimento sindical, mas nas entidades e § 6º A música deverá ser conteúdo obri- projetos sociais financiados graças ao empenho e ao gatório, mas não exclusivo, do componente trabalho desse grande companheiro. Seu falecimen- curricular de que trata o § 2º. to significa enorme perda não só para o sindicalismo § 7º O ensino da música será ministra- italiano e europeu, mas também para o sindicalismo do por professores com formação específica brasileiro e para a luta dos movimentos sociais e po- na área.” (NR) pulares do País. Art. 2º Os sistemas de ensino terão 3(três) anos Fica registrado o nosso pesar, a nossa emoção letivos para se adaptarem às exigências estabeleci- e as nossas homenagens póstumas a esse grande das no art. 1º. brasileiro italiano que se inscreveu definitivamente na Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua história dos trabalhadores brasileiros. publicação. Obrigada, Sr. Presidente. Senado Federal, 17 de janeiro de 2008. – Se- QUEM FOI ENRICO GIUSTI nador Garibaldi Alves Filho, Presidente do Senado Nascido em Grizzana Morandi em 1938, morou Federal. por muitos anos na cidade de San Lazzaro di Savena, REQUERIMENTO Nº 2.023, DE 2007 Itália, e afetivamente em Belo Horizonte, Minas Gerais. (Da Sra. Luiza Erundina) Formado em Teologia, desde jovem seu compromisso social e profissional se realizou na defesa dos desfa- A Sua Excelência o Senhor vorecidos, antes em Bologna e sucessivamente nos Deputado Arlindo Chinaglia países em desenvolvimento. Presidente da Câmara dos Deputados Nos anos “60”, depois de ter sido padre do Onar- Nesta mo, dedicou seu trabalho à “Casa do jovem trabalhador” Senhor Presidente, na Villa Pallavicini e participou das primeiras experi- 01394 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 ências para a organização dos grupos apartamento João Batista Sérgio Murad, conhecido carinhosa- para jovens (dependentes químicos ou com outros mente por todos os brasileiros como Beto Carrero, foi problemas). Em seguida se dedicou à formação pro- vítima de uma infecção no coração e após 2 dias de fissional dos trabalhadores, à educação dos adultos, internação no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, à inserção ao trabalho dos portadores de handicap, veio a óbito, pois, infelizmente, não resistiu à cirurgia das pessoas com invalidez e dos dependentes quími- a que foi submetido. cos. A partir de 1980 foi Diretor do IAL em Bologna, Natural de São José do Rio Preto, em São Paulo, contribuindo ao início do projeto das “150 horas” e das foi criado pelo pai na companhia de mais 10 irmãos, bolsas de estudo/trabalho para jovens no período das mas, nobres colegas, começou cedo a se destacar férias escolares. e aos 14 anos de idade já fazia, nos municípios vi- Em 1987 decidiu se dedicar à Cooperação In- zinhos à sua cidade, apresentações inspiradas nas ternacional no Brasil, indo como Voluntário num pro- histórias dos rodeios e dos caubóis. Sua carreira ar- jeto do MLAL (Movimento para a América Latina) e tística prosseguiu e aos 18 anos já estava nas rádios, da FIM (Federação dos Metalúrgicos da CISL), que tocando músicas sertanejas e contando seus “causos” contribuiu de forma significativa ao duro percurso de em parceria com Tino Santana, irmão do ex-trapalhão luta dos trabalhadores; brasileiros para a reivindicação Dedé Santana. organizada e o exercício dos direitos fundamentais e Foi na década de 1980 que Beto Carrero abriu sindicais. Neste período Enrico Giusti abre o diálogo uma filial de sua agência publicitária, a JBA Murad, com o Sindicato Brasileiro, a CUT (Central Única dos que constava entre as 20 maiores do Brasil, na minha Trabalhadores), cujo líder era Luis Inácio Lula da Silva, querida Blumenau e após uma visita ao parque da o “Lula” (atual Presidente da República do Brasil), que Disney, nos Estados Unidos, Sr. Presidente, iniciou tornou-se seu grande amigo. Sempre nos mesmos sua busca por recursos para a concretização de seu anos começa a construir às bases de vários projetos sonho de abrir um parque temático no Brasil. de solidariedade ligados à tutela dos menores e dos Ele vendeu tudo que tinha e adquiriu uma área no adolescentes, com muita atenção ao trabalho. Município de Penha, situado num belo trecho do litoral Desde 1990, voltando da experiência no Brasil, catarinense, e em 28 de dezembro de 1991, com um fundou e tornou-se Diretor da Iscos Emilia Romagna, investimento inicial de US$150 milhões, foi inaugurado a entidade da CISL para a Cooperação Internacional. o maior parque temático da América Latina, o Beto Car- Neste período multiplicou sua experiência brasileira rero World. Parque este, companheiros e companhei- realizando dezenas de projetos de solidariedade, li- ras, que nestes 16 anos de funcionamento, já recebeu gados ao mundo do trabalho e à tutela das pessoas a visita de mais de 10 milhões de pessoas. mais necessitadas da sociedade, em vários países Foi um homem que sempre trabalhou para ver o do mundo. sorriso das crianças e foi pensando nelas que fundou Nestes últimos anos continuou a colaboração o Instituto Beto Carrero, que desenvolve e mantém como Coordenador dos Projetos da Iscos E.R. e da projetos de responsabilidade social, apoiado no tripé Iscos Nacional na América Latina, por isso sua deci- educação, saúde, meio ambiente, beneficiando crianças são de ficar períodos sempre mais longos no Brasil e carentes e trazendo-as para um ambiente familiar. na sua amada Belo Horizonte. Nunca deixou de lado seu amor pela arte nem pelos animais. Participou de diversos filmes e progra- Defiro. Publique-se. mas de televisão e costumava levar seus animais para Em 11-2-08. – Arlindo Chinaglia, Pre- serem benzidos na Catedral de São Paulo apóstolo, sidente. nas missas do dia 4 de outubro, dia de São Francisco O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Finda de Assis, o santo protetor dos animais. a leitura do expediente, passa-se ao O corpo do amigo Beto Carrero foi velado no Beto Carrero World e sepultado no cemitério Central IV – PEQUENO EXPEDIENTE da Penha. Concedo a palavra ao Sr. Deputado Décio Em nome de todos os brasileiros deixo meus Lima. sentimentos à sua esposa, Ethel, e a seus queridos O SR. DÉCIO LIMA (PT – SC. Pronuncia o se- filhos, Juliana, Alex e Alexandre. guinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa- Em nome de todos os catarinenses, afirmo, com dos, no primeiro dia de fevereiro deste ano, perdemos toda a certeza, que Santa Catarina nunca esquecerá um dos maiores visionários deste País. do homem que apostou e acreditou no futuro, gerou Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01395 milhares de empregos e contribui para a economia mente por meio da pesca, mas que, por força das cir- do Estado, sempre ensinando à todos que sonhar é cunstâncias, foram excluídos de seu direito natural. possível. Era o que tinha a dizer. Pena que ele se foi e deixou sem realizar tantos O SR. CARLOS SOUZA (PP – AM. Sem revisão sonhos que ainda tinha na cabeça, tais como seus pla- do orador.) – Sr. Presidente, Deputado Inocêncio Oli- nos de construir um autódromo para 60 mil pessoas, 1 veira, Sras. e Srs. Deputados, é um prazer renovado novo parque temático de aventura, 1 marina da Praia revê-los após nossas férias parlamentares. Estamos Alegre, 1 campo de minigolfe e 2 hotéis de luxo. na expectativa de que apreciaremos importantíssimas Sempre reconheci que as pessoas que têm a matérias neste plenário. coragem de perseguir os seus sonhos são especiais Sr. Presidente, nas próximas eleições, serei pré- e que por intermédio delas o mundo se torna um lu- candidato à Prefeitura da cidade de Manaus, ao lado gar melhor. Beto Carrero era uma pessoa que nunca de outros nomes ilustres, como os Deputados Silas Câ- achou que os obstáculos da sua vida eram intranspo- mara e Praciano. Aproveito o momento para agradecer níveis e sempre viu as dificuldades como um apren- e parabenizar a Executiva Nacional do meu partido, o dizado, um momento de reflexão para que pudesse PP, pela forma democrática com que vem conduzindo fazer melhor de uma próxima vez. Aprendamos com essas eleitorais, uma vez que o embate tem início nos ele, nobres colegas, a transformar erros em acertos e partidos, nas principais capitais. Infelizmente, essa de- sonhos em realidade. mocracia não está ocorrendo em âmbito regional. Era o que tinha a dizer. O SR. WALDIR MARANHÃO (PP – MA. Pronun- Muito obrigado. cia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. O SR. FLÁVIO BEZERRA (Bloco/PMDB – CE. Deputados, primeiramente, desejo a todos feliz retorno Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. às atividades parlamentares. e Srs. Deputados, marisqueiras e pescadores, como já No início dos trabalhos legislativos deste ano, na falei em discursos anteriores, fiz uma viagem ao litoral semana passada, o Presidente do Congresso Nacio- do Ceará, para receber as reivindicações dos pescado- nal, Senador Garibaldi Alves Filho, chamou todos para res e marisqueiras, e pude perceber o problema social uma oportunidade de desbravarmos os novos caminhos e econômico que aflige aquelas pessoas. que levem o Brasil à plenitude do desenvolvimento, da Pude ouvir dos pescadores que estão fora da harmonia e da justiça social. pesca da lagosta, que com ou sem permissão eles Prudente, o Sr. Garibaldi Alves Filho afirmou vão pescar. Pois desde criança sempre foram livres que não queria ensinar ninguém, mas fazer uma re- para pescar e agora, depois de criado o seguro defeso, flexão acerca da discussão do papel que o Congresso aparece grande número de pessoas que não vivem da Nacional tem exercido e deve exercer no quadro das pesca, mas que se beneficiam dela. instituições e no seu relacionamento com os demais O jangadeiro está sendo prejudicado, pois até o Poderes da República. direito constitucional de ir e vir está-lhe sendo tirado, O Presidente do Congresso foi firme, preciso e visto que, por causa da meta para redução do esforço competente nas suas ponderações. de pesca, muitos verdadeiros pescadores não recebe- Sem querer me comparar ao ilustre Parlamentar ram a permissão de pesca da lagosta. do Rio Grande do Norte, com uma imensa experiência É lamentável ver a grande quantidade de pesca- na política brasileira, que vem desde a década de 60, dores que ficaram de fora da pesca, e a única coisa que lembro que, no ano passado, fiz algumas observações, sempre fizeram na vida foi justamente pescar. neste Plenário, a respeito de nossas atividades como Com relação à pesca predatória, os próprios pes- representantes do povo brasileiro. cadores que encontrei afirmam que, mais importante Entendo ser o Parlamento a expressão máxima do que pagar seguro-desemprego, o Governo deveria da democracia, mas que continua sendo enxovalhado e intensificar a fiscalização sobre os barcos que pescam criticado pelos brasileiros. Resta‑nos somente trabalhar ilegalmente e determinar maior rigidez no cumpri- para mudar essa idéia. Como disse o Senador Gari- mento da lei, que já prevê diversas penalidades. Pois baldi, é preciso identificar as causas desse processo, quando um barco que utiliza compressor é preso, tem que atrai para a vida política do nosso País perigosos muita facilidade para ser liberado e volta a praticar a limites para a democracia, na medida em que nós, re- pesca ilegal. presentantes diretamente eleitos pelo povo, estamos Dessa forma, reafirmo o clamor desses humildes sendo alijados do processo de elaboração legislativa pescadores que sempre sustentaram a família, unica- e de tomada das decisões nacionais. 01396 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 No Brasil, não é de se ignorar que o Parlamento Atualmente, as universidades federais oferecem tem funcionado, não poucas vezes, como bode expia- 133 mil vagas, mas apenas 32 mil nos cursos noturnos. tório dos outros ramos da administração pública. A estimativa é de que esse número suba para quase Como minha modesta contribuição a esse proces- 230 mil nos próximos 5 anos. Algumas instituições es- so, apresentei, no ano passado, uma emenda ao Regi- tão planejando um aumento superior a 300%. mento Interno da Câmara dos Deputados para deixar O editorial do Estadão afirma que embora as as- mais transparente a atividade parlamentar. Acredito que sociações que representam os interesses corporativos a sugestão possa oferecer um perfil mais adequado de alunos e professores não tenham motivos para criti- de cada Parlamentar. car um plano de aumento de vagas em universidades O projeto contempla itens como fidelidade par- públicas, o projeto do MEC está sendo recebido por tidária, contribuição para o fortalecimento do partido, eles com reserva. Os líderes do movimento estudan- contribuição para a formação e o fortalecimento da ci- til e os porta‑vozes das entidades docentes afirmam dadania, defesa dos interesses nacionais e do Estado- que não há recursos disponíveis, no Orçamento Ge- membro representado, participação oficial em missões ral da União, para financiar os projetos de ampliação nacionais e internacionais, e propõe até a publicidade de vagas. da agenda parlamentar semanal, a disponibilização da O MEC alega que o dinheiro está garantido, por- declaração de bens do Congressista para a Receita que o REUNI faz parte do Plano Plurianual e foi lança- Federal, assim como dos sigilos telefônico e bancário do com base num decreto assinado pelo Presidente do Congressista, ética e decoro parlamentar. Lula. A estimativa das autoridades educacionais é de Creio que vamos ter um imenso trabalho pela que o programa exigirá um investimento total de R$2 frente neste ano. Vamos discutir e definir políticas re- bilhões, até 2012. ais para o nosso País, inclusive com a reformulação As entidades temem que, se as 53 instituições de de uma parte da Constituição. Esse tema, aliás, foi ensino superior mantidas pela União expandirem os apontado pelo Presidente do Congresso Nacional, na cursos noturnos e não receberem recursos adicionais semana passada. para contratar mais docentes e servidores técnico- O Congresso Nacional – disse Garibaldi Alves administrativos, os atuais professores e funcionários Filho – deve se debruçar sobre a discussão que se arquem com uma sobrecarga de trabalho, que com- impõe em torno da conveniência ou não de ser con- prometeria a qualidade dos cursos. sultado o eleitorado a respeito de alteração da Cons- Pelas regras do MEC, a adesão ao REUNI é vo- tituição, já tão emendada e desfigurada. Precisamos luntária. As universidades federais que quiserem re- discutir o excesso de medidas provisórias, os vetos ceber recursos do programa terão de apresentar pro- presidenciais, a atuação do Executivo e do Judiciário jetos de aumento de vagas. O REUNI também exige como legisladores. que os cursos não tenham mais que 18 alunos para Enfim, nossa tarefa será imensa, pois são gran- cada professor e uma previsão de evasão escolar de, des os problemas do Brasil. no máximo, 10%. Não podemos fugir da realidade, como afirmou O problema agora é saber se o dinheiro virá e Garibaldi. A nós, Deputados, cabe a discussão e a ela- como será aplicado. Além disso, é preciso saber se os boração da legislação por meio de um trabalho diário, cursos a serem criados atenderão efetivamente às ne- sério e competente. cessidades das regiões onde serão oferecidos ou se Aproveito a oportunidade, Sr. Presidente, Sras. serão cursos baratos e pouco profissionalizantes. e Srs. Deputados, para dizer que na edição de hoje, Como já disse, o REUNI precisa ser discutido e o respeitado jornal O Estado de S. Paulo publica um creio que a Câmara dos Deputados, por meio da Co- editorial intitulado Irrealismo no ensino superior, no qual missão de Educação e Cultura, tem capacidade e legi- faz uma ampla explanação sobre educação, centrando timidade para sugerir propostas que possam também suas observações no Programa de Apoio a Planos de contribuir com a melhoria do ensino superior. Reestruturação e Expansão das Universidades Fede- Muito obrigado. rais – REUNI. O SR. TARCÍSIO ZIMMERMANN (PT – RS. Sem O programa a cargo do Ministério da Educação revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Par- tem como meta ampliar em 72% a oferta de vagas lamentares, registro o aniversário de 28 anos de fun- nessas instituições de ensino até 2012. Este plano, dação do Partido dos Trabalhadores. que para alguns é irreal, precisa certamente ser me- Na última sexta-feira, tomou posse, no Rio Grande lhor discutido. do Sul, a nova direção estadual do Partido dos Traba- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01397 lhadores, escolhida por meio de um amplo processo mar instrumentos governamentais em um verdadeiro de eleições diretas. Essa direção, liderada por Olívio show de ostentação! Qual a necessidade de 17 cava- Dutra, já deliberou sobre uma política clara de alianças los de raça, animais exóticos e nativos, na residência do PT para as eleições municipais de 2008, estabe- do Governador? Apenas um estrondoso gasto com a lecendo um princípio de acordo entre os partidos dos infra-estrutura para cuidar desses luxos. Um gasto que campos popular e trabalhista. sai diretamente do bolso do contribuinte e envergonha O SR. BARBOSA NETO (Bloco/PDT – PR. Pro- cada vez mais todos os brasileiros, que sofrem com o nuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e estigma – e a realidade – de um país subdesenvolvido, Srs. Deputados, neste primeiro pronunciamento nesta enquanto as classes políticas, aquelas que deveriam Sessão Legislativa que se inicia, fico muito esperançoso cuidar para que a vida deles e o País se desenvolves- com o ano que começou e nos bons frutos que poderá sem, continuam pensando nos seus próprios umbigos trazer através do trabalho e da dedicação que estamos e tratando a coisa pública como se fosse particular. dispostos a dar nesta Casa de leis. É por isso, sendo Toda a sociedade brasileira tem discutido, nas úl- representante do povo paranaense nesta Casa, que timas semanas, os gastos desvairados com o dinheiro me sinto compelido a falar da fanfarronice que conti- público pelo chamado cartão corporativo. nua sendo realizada com o dinheiro dos contribuintes O Presidente Lula e o Governo Federal, assim do meu Estado – aliás, mais uma espécie nova de como o Legislativo Federal, em seu papel constitucional falcatrua que parece reinventar-se a cada momento de fiscalizador, já estão tomando providências sobre por intermédio de agentes mal-intencionados que não essa questão. Quando teremos uma atitude semelhan- deveriam chegar perto da coisa pública. te no Paraná? Quando teremos um chefe do executi- O portal Gestão do Dinheiro Público, na bus- vo no nosso Estado, digno dos maiores estadistas da ca pela transparência e pelo diálogo com o cidadão, história – como Churchill, Augusto, JK, Brizola –, que apresenta alguns gastos realizados pelo Governo pa- entendiam que a frugalidade e o bem comum de uma ranaense na sua gestão. Ora, é de se esperar que um sociedade era o principal trabalho de um líder, de um governo estadual, especialmente um tão atarefado e governante? responsável por uma das economias mais fortes do Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. País, como o paranaense, pratique os princípios consti- O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB – CE. tucionais da eficiência e economicidade. É exatamente Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. por isso que fico abismado quando vejo que os gastos e Srs. Deputados, na última semana, transcorreu o 40º com a cozinha do Palácio das Araucárias, a nova sede aniversário de fundação da Rádio Difusora Cristal, de do Governo Estadual, seja o dobro do que é consumido Quixeramobim, evento que muito significa para a his- no Palácio do Planalto, na Capital Federal. tória da radiofonia cearense, já que aquele veículo, em A desmesura com que é gasto o dinheiro dos pleno sertão central, tornou-se um órgão formador de contribuintes é assustadora! Foram nada menos que opinião, divulgando, com isenção e imparcialidade, 226.853,86 reais gastos, não só em supermercados, os fatos políticos, econômicos, sociais e culturais do mas também em estabelecimentos especializados, nosso Estado. como gastos de 32.984,60 reais com carne (equiva- Fundado por Fenelon Augusto Câmara, a emis- lente a cerca de 3 toneladas e meia de filé mignon), sora alcança ou traz comunas interioranas, graças a 27.225,11 reais com pescados (suficiente para mais uma programação tecnicamente elaborada por Getúlio de uma tonelada de camarão), 18.840,20 reais com Câmara e uma equipe de competentes profissionais, café, entre vários outros gastos. enquanto a gerência operacional fica a cargo de Vio- Os abusos não param por aí. Na residência oficial leta Câmara, já identificada com a ACERT – Associa- do Governador, a Granja do Canguiri, gasta‑se com ção Cearense de Rádio e Televisão, cujo presidente é reparos e compra de objetos de decoração a bagatela o jornalista Edilmar Norões, um dos mais prestigiosos de 81.613,81 reais – dinheiro suficiente para construir líderes de sua categoria, com projeção nacional. mais de uma dezena de casas populares, com tijolos Ligado que fui ao saudoso fundador da Rádio ecológicos e concreto celular. Cristal, acompanhei o seu permanente esforço para Esse tipo de disparate é vergonhoso, tendo em aprimorar, tecnicamente, o seu equipamento, adotando- vista o número de pessoas que ainda sofrem com a se para repercutir em uma área geográfica de maior fome no Brasil, particularmente no Paraná. Enquanto dimensionamento, o que foi obtido, gradualmente, em temos cidadãos que não têm onde morar, o nosso dig- razão de extraordinária aceitação por parte de imensa níssimo Governador Roberto Requião resolve transfor- legião de ouvintes. 01398 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Todas as postulações do sertão central são, ali, A SRA. JANETE ROCHA PIETÁ (PT – SP.) – defendidas ardorosamente, concitando os representan- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cumprimen- tes políticos, em todos os níveis, a uma ação vigilante, to V.Exas. e os demais Parlamentares da Casa pelo capaz de atender a justas aspirações locais, atingindo início de uma nova Sessão Legislativa e desejo que outras comunas do interior cearense e até unidades 2008 seja um período muito produtivo, de trabalho federadas mais próximas do Ceará. em favor do povo do nosso País, especialmente dos Recordo que, em 1992, quando o então Diretor- desfavorecidos. Geral do DNOCS, engenheiro Luis Gonzaga Nogueira Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o ano Marques, decidiu assinar os editais de concorrência de 2008 é muito relevante para a sociedade brasilei- para a construção do Açude Fogareiro, a Rádio Cristal ra: neste ano completam-se 120 anos da abolição do transmitiu aquele ato oficial, saudado como um passo regime de trabalho escravo. Para alguns, pode pare- agigantado para solucionar, definitivamente, a questão cer que muito tempo já passou, mas a abolição foi relativa à carência hídrica daquela cidade e de seus incompleta e seus efeitos se fazem sentir até hoje. À mais de 60 mil habitantes. extinção da escravidão não se seguiu a adoção de Exercendo, então, a Presidência do Congresso políticas públicas que visassem integrar mulheres e Nacional, foi-me facultada a oportunidade de proferir homens escravizados à nova ordem social, que lhes histórico pronunciamento pelos microfones da mencio- dessem condições de desfrutar da riqueza que sempre nada difusora, trazendo, assim, a boa nova, com a ga- ajudaram a produzir. rantia de sua exeqüibilidade, dentro de razoável lapso de tempo, o que veio a acontecer 3 anos depois. O Brasil tem acompanhado os eventos que le- As 4 décadas da Rádio Cristal, de Quixeramo- varam à saída da Ministra Matilde Ribeiro da Secre- bim, possuem, dessa forma, auspiciosa significação taria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade histórica para os descendentes de Fenelon Câmara, Racial – SEPPIR. Quero parabenizar Matilde Ribeiro responsáveis pela continuidade de um empreendimento pelo trabalho que realizou à frente da SEPPIR. Desde tão intrinsecamente vinculado ao desenvolvimento do a sua criação, a Secretaria, sob a liderança de Matil- Ceará e da região nordestina. de, tem-se empenhado em concretizar uma das prio- Daí o registro que entendi de fazer, desta tribuna, ridades do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da num testemunho espontâneo do esforço cumprido num Silva, a de resgatar a dívida histórica que o Brasil tem setor nevrálgico para os nossos coestaduanos. com os segmentos mais excluídos de sua população, Portanto, Sr. Presidente, é um evento que fala particularmente negros e indígenas. muito de perto ao progresso e ao desenvolvimento da Sabemos que o Brasil tem estrutura social na radiofonia cearense. qual as desigualdades são marcantes. Enormes contin- É uma homenagem que presto à Rádio Difusora gentes da população vivem em situação de exclusão e Cristal, de Quixeramobim, em meu Estado. marginalidade. Indicadores socioeconômicos elabora- O SR. MANATO (Bloco/PDT – ES. Sem revisão dos por especialistas e órgãos de pesquisa, com dados do orador.) – Sr. Presidente, é um imenso prazer estar oficiais, demonstram que a população afro-brasileira hoje aqui. Todos voltamos do recesso parlamentar com sofre com as piores condições de vida. Uma profusão muita disposição para trabalhar, se Deus quiser, para de dados e estudos podem ser citados. votar as medidas provisórias que estão trancando a Talvez o mais eloqüente deles, neste momen- pauta e, assim, apreciarmos os projetos de interesse to, seja o relatório divulgado em janeiro de 2008 pela do nosso País. UNICEF, que conclui: Sr. Presidente, a situação do Espírito Santo é um pouco diferente do que está sendo noticiado. Ano “As crianças são especialmente vulne- passado, o Estado discutiu o cartão de débito, que en- ráveis às violações de direitos, à pobreza e trou em operação este ano, com toda a sociedade e à iniquidade no País. (...) As crianças negras, com a Assembléia Legislativa. Esse cartão, fiscalizado por exemplo, têm quase 70% mais chance de e transparente, pelo que foi publicado pelo Governo viver na pobreza do que as brancas; o mes- Estadual, é totalmente diferente, tem limite de gastos mo pode ser observado para as crianças que com despesas correntes e imprevistas. Alguns não são vivem em áreas rurais” (Situação Mundial da divulgados pela Secretaria de Segurança Pública por Infância 2008 – Caderno Brasil. UNICEF; Bra- motivo de segurança. sília, 2008, p. 9). Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01399 Esses dados configuram grave situação, já que sito de fazer da inclusão e da promoção da igualdade sabemos que condições iniciais de pobreza e exclusão racial uma das marcas de seu Governo e continuará na infância indicam dificuldades durante toda a vida. apoiando o trabalho da SEPPIR. Assim, estaremos Com o objetivo de reverter essa situação, elabo- construindo as bases para uma sociedade em que rando e implementando políticas públicas de promoção todos os que participam da produção de sua riqueza da igualdade racial, o Presidente Lula criou a SEPPIR usufruam igualmente dessa mesma riqueza. e entregou o comando a Matilde Ribeiro, que desem- O PT também se solidariza com Matilde e des- penhou suas tarefas com abnegação e dedicação taca a sua dignidade e a sua competência à frente da absolutas. Nesse período, a SEPPIR promoveu a Pri- SEPPIR. meira Conferência Nacional de Políticas de Promoção A seguir, transcrevo nota do PT assinada pelo da Igualdade Racial; desenvolveu o Programa Brasil presidente do partido, Deputado Ricardo Berzoini, Quilombola, com suas diversas ações; desenvolveu em solidariedade à ex-Ministra Matilde Ribeiro, que ou apoiou programas voltados para as comunidades pediu demissão da SEPPIR na sexta-feira, dia 1º de de terreiro, para a segurança alimentar e nutricional, fevereiro de 2008: para o trabalho e a geração de renda, para a saúde “O Partido dos Trabalhadores se solida- e a qualidade de vida, para a cultura e a diversidade riza com a ministra Matilde Ribeiro e lamenta entre a comunidade afro-brasileira. Destaco também a sua saída da Secretaria Especial de Políticas criação da Política Nacional de Promoção da Igualda- de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), de Racial, que representa um novo marco regulatório pasta que comandou com dignidade e compe- do Governo Federal e levou ao desenvolvimento de tência desde o início do primeiro governo do diretrizes que buscam a ampliação de valores demo- presidente Luiz Inácio Lula da Silva. cráticos a partir de ações concretas para a superação Em sua gestão, foi dada especial aten- do racismo em todas as políticas públicas. ção a um grupo de brasileiros historicamente Obviamente, um escopo tão ambicioso de ações relegados ao esquecimento: os descendentes não é tarefa fácil de ser cumprida. Infelizmente, há de escravos moradores de áreas quilombolas, setores da sociedade, alguns bem poderosos, que se comunidades existentes em várias regiões do alimentam da pobreza e da exclusão do nosso povo. país e que somam 1,7 milhão de habitantes. A Esses setores aproveitam qualquer deslize para ata- partir de uma série de políticas públicas articu- car de forma violenta os esforços de superação des- ladas pela Seppir, estes brasileiros passaram se quadro. a ter direito à terra, à saúde, à educação e à O alarde em torno das despesas com cartão energia elétrica. corporativo exemplificam perfeitamente essa situação. Entre outras ações, Matilde Ribeiro tam- Entendo que todos os servidores públicos devem se bém tem se destacado pela defesa das co- pautar pelos mais elevados critérios de probidade, que tas para negros e índios nas universidades todas as irregularidades devem ser rigorosamente apu- brasileiras, que permitiram, nos últimos cinco radas e, se comprovadas, punidas. Entretanto, não é anos, o acesso de 40 mil pessoas ao ensino a primeira vez, nem será a última, que alguns setores superior. da sociedade aproveitam pequenos deslizes cometidos Contra tais políticas tem se insurgido, por membros do Governo do Presidente Lula para ten- desde o início, a intolerância secular que domi- tar solapar os avanços da sua administração. Basta a na parcela da sociedade brasileira. As eventu- análise das próprias notícias veiculadas para observar ais irregularidades cometidas no uso do cartão que a maioria dos gastos da SEPPIR está relacionada corporativo – que devem ser apuradas pelos às necessidades de um Ministério Extraordinário que órgãos de controle, com as medidas cabíveis não conta, nos Estados, com a mesma estrutura ad- ao final da investigação – motivaram ataques ministrativa de outros órgãos. Ressalto também que e insinuações em tom abertamente preconcei- esse escrutínio só está sendo possível graças ao com- tuoso, não só contra a ministra, mas contra a promisso com a transparência e a fiscalização que tem própria existência da Seppir. sido norma do Governo do Presidente Lula. O PT repudia esse tipo de ataque, lem- Ainda há um longo caminho a percorrer para que brando que, entre as muitas conquistas do a consolidação e a ampliação das políticas públicas de governo Lula, a Secretaria se constitui em promoção da igualdade racial venham a surtir os efeitos marco fundamental no processo de afirmação desejados. O Presidente Lula segue firme no propó- da cidadania do povo negro brasileiro. 01400 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Acompanhamos com tranqüilidade a in- semana em que se comemora o Ano Novo Chinês, o vestigação em curso, na certeza de que o Ano do Rato, foram realizadas grandes comemorações resultado, qualquer que seja, não será sufi- em todo o País. Com isso, esperamos que as relações ciente para macular a seriedade do trabalho bilaterais entre Brasil e China venham a se fortalecer de Matilde Ribeiro à frente da Secretaria nem com a aprovação do selo de qualidade para exportação sua trajetória de luta militante pela igualdade da carne brasileira para a China. É nesse intuito que o racial. Grupo Parlamentar Brasil/China, presidida pelo ilustre O PT tem a convicção de que o governo Deputado Aldo Rebelo, trabalhará este ano. do companheiro Lula dará continuidade às po- Parabenizo a comunidade chinesa do Brasil pela líticas desenvolvidas pela Seppir”. grande festa realizada em São Paulo, ontem, que con- Deputado Mauro Benevides, também em 2008 tou com a honrada presença da Ministra Marta Suplicy. completar-se-ão 20 anos da promulgação da Consti- Essa festa arrecadou toneladas de alimentos para o tuição brasileira, bem como os 40 anos do assassinato fundo de alimentos da cidade de São Paulo. de Martin Luther King. Muito obrigado, Sr. Presidente. Muito obrigada. O SR. ARNALDO JARDIM (PPS – SP. Pronun- O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB – RS. cia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a compra da Brasil Telecom pela empresa Deputados, o PMDB e os grupos de ciência e tecnolo- Oi ganhou as manchetes: “O Brasil poderá ter uma gi- gia, da saúde e da agricultura esperam que, amanhã, gante do setor de telecomunicações. Chama a atenção o Conselho Nacional de Biossegurança, o chamado o empenho do Governo Federal em garantir aportes Conselhão, do qual participam 11 Ministros, aprove a generosos de recursos e sinalizar com mudanças sig- liberação comercial dos seguintes milhos transgênicos: nificativas nas regras regulatórias do setor de - o LL, resistente a um veneno leve, quase inofensivo, e municações para concretizar o negócio”. o BT, ambos plantados no mundo, há mais de 10 anos, A grande pergunta é: quais as vantagens para o por cerca de 11 milhões de pequenos agricultores, de- povo brasileiro com essa nova empresa? vido à alta rentabilidade, melhor produtividade, menos Seus defensores argumentam que a nova empre- gasto, mais saúde, mais preservação ambiental. sa fará frente à presença do capital externo de grupos O PMDB tem confiança de que o Conselhão vo- como a Telefônica (espanhola que controla a Telefônica tará, amanhã, a liberação desses 2 tipos de milhos e a Vivo) e a Telmex (mexicana que controla a Claro e transgênicos, para felicidade de todos os agricultores. a EMBRATEL) no País, como também será competiti- Afinal, agricultor feliz é sinônimo de cidade feliz. va internacionalmente. Muito obrigado, Sr. Presidente. Sob o lastro do discurso nacionalista, o Governo O SR. JOSÉ GUIMARÃES (PT – CE. Sem revisão Federal anuncia um aporte de 8 bilhões de reais do do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, BNDES, que serão repassados aos futuros contro- com muita satisfação, registro o conjunto de obras do ladores, os empresários Sérgio Andrade, do Grupo Programa de Aceleração do Crescimento que o Go- Andrade Gutierrez, e Carlos Jereissati, da La Fonte, verno do Presidente Lula está para inaugurar. que controla, por exemplo, o Shopping Iguatemi. Im- A Oposição critica o PAC por achar que não está havendo mobilização. Há exemplos de várias ações pôs aos fundos de pensão capitaneados pela PREVI nas áreas rodoviária, ferroviária, portuária, habitacio- (dos funcionários do Banco do Brasil), que inclui ain- nal, de gasodutos e de metrô em 4 capitais do Brasil: da a PETROS (da PETROBRAS) e a FUNCEF (Caixa Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador e Recife. Econômica Federal), que cedam posições de comando Estão prontos, para serem inaugurados, 13 tre- que já detêm na Brasil Telecom para se adequarem à chos de rodovias já concluídas em 10 Estados; 249 hierarquia da nova empresa. quilômetros da Ferrovia Norte – Sul; conclusão de Sobre o negócio pairam muitas dúvidas, como o obras do Rio Grande do Norte, Maranhão, Pernambu- motivo da intromissão do Governo na discussão socie- co e São Paulo na área portuária; 1.557 quilômetros tária, seja atuando no apoio deste ou daquele interes- de gasodutos; habitação em 11 Estados para início de se comercial. Hoje são muitos os interessados nesta obras de urbanização. redefinição do setor de telecomunicações, incluindo Muito obrigado. o próprio filho do Presidente Lula, o ex-Ministro José O SR. WILLIAM WOO (PSDB – SP. Sem revisão Dirceu e outros tantos, que ora atuam para um grupo, do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na outrora para os concorrentes. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01401 Primeiramente, o argumento de que a br e a Oi todos os leilões realizados e do processo em curso de poderiam fazer frente à Telefônica e à Telmex no País convergência digital, pelos indicadores de desempe- não tem consistência. Tanto a BRT como a Oi já têm nho das companhias e, principalmente, pela clareza tamanho suficiente para atuar em todo o território na- no que diz respeito ao que falta para que o cidadão cional, mas preferiram monopolizar seus mercados possa ser mais bem atendido. regionais em vez de competir. Por tudo isso, o ente regulador precisa ter um Com relação às economias de escala, o custo no papel ativo de formulação de exigências para o setor setor de telefonia é determinado pelos investimentos de telecomunicações, no sentido de fixar um padrão em ativos fixos nas redes. Como as duas empresas de referências de custos e de qualidade dos serviços atuam em áreas totalmente distintas, os ganhos em ofertados. São premissas fundamentais, sob pena de escala se restringirão aos custos administrativos, com ficarmos sem referências específicas para escolher- participação insignificante no custo total. mos esta ou aquela empresa de telefonia. A suposta internacionalização da BRT mais a Oi Não é esse o papel que cabe a quem pensa no é outra hipótese questionável. O movimento de interna- interesse estratégico nacional. Ele não está calcado na cionalização da Telefônica e da Telmex, por exemplo, foi origem do capital, mas na capacidade de garantirmos impulsionado pela onda de privatizações ocorrida na serviços de qualidade, concorrências leais, acesso América Latina, a partir dos anos 90, quando redes de às tecnologias de ponta disponíveis no mercado, em telefonia (fixa e móveis) foram vendidas e ampliadas. assegurar que se faça, no Brasil, plataformas de de- Qualquer nova empresa que quiser entrar neste mer- senvolvimento e pesquisa, de avanço tecnológico e de cado teria de oferecer novas tecnologias ou serviços, buscas de novas fronteiras do conhecimento. inicialmente em escala muito menor, pois as posições Tudo isso precisa ser debatido para que possa- já estão consolidadas. mos, efetivamente, verificar que vantagens existem Todo o processo inicial de privatização do setor de nesta disputa de gigantes. Precisamos estar atentos telecomunicações foi pensado para assegurar a partici- porque, muitas vezes, seus defensores se esmeram pação de companhias distintas, de diversos segmentos, em mascarar a realidade ou pretensiosamente se apre- nas diferentes regiões do País, concorrendo entre si, sentam como defensores do interesse público, mas fazendo com que a qualidade e o preço pelos serviços não explicitam as vantagens que a Maria leva com oferecidos pudessem ser sempre melhorados. uma decisão tão estratégica para o Brasil. Agora, a regulamentação do setor de telecomu- Sr. Presidente, comunico a esta Casa que, a nicações precisa ser revista, não apenas pela configu- partir das 15h30min, estarei com o Dr. Ronaldo Sar- ração deste novo oligopólio, mas também pelo avanço tecnológico e o surgimento da convergência digital. denberg, Diretor-Presidente da ANATEL, para discu- Em suma, não podemos negar que existem fatos no- tirmos tais termos. vos que devem ser colocados na mesa de discussão O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – De- e que podem redefinir referências. putado Arnaldo Jardim, o discurso de V.Exa. é muito Quando os defensores dessa grande empresa importante. Realmente, o futuro do mundo e do Brasil nacional de telefonia utilizam‑se do nacionalismo para está nas telecomunicações. Daqui a algum tempo, por fundamentar sua tese, lembro-me de um exemplo re- exemplo, teremos 100 milhões de computadores de cente semelhante. Há alguns anos, se constituiu a AM- mão. V.Exa. tem toda a razão de fazer essa análise e BEV (Companhia de Bebidas das Américas), inclusive preocupar-se com esse problema. Gostaria de assis- com o apoio e os aportes de bancos oficiais. Todavia, tir também à explanação do Presidente da ANATEL, logo após a sua concretização, a mesma foi vendida à responsável por essa agência de telecomunicação no INBEV, de capital majoritariamente belga. Alguns ten- Brasil e por toda essa política. Temos interesse em que tam esquecer essa história, mas fica a indagação: que o Brasil vença todas as dificuldades e possa se inse- vantagem teve o consumidor? Não houve nenhuma me- rir nesse mundo globalizado em que vivemos. Não se lhoria quanto à variedade de produtos, nem a criação trata de um mundo de mudanças políticas com refle- de novas linhas, muito menos redução de preço. xos econômicos, nem de mudanças econômicas com Corremos o risco de reeditarmos uma falácia! reflexos políticos, mas de mudanças da informação Resta ao Congresso Nacional desempenhar o com reflexos econômicos e políticos. seu papel de zelar pelos interesses do cidadão, assim O SR. ARNALDO JARDIM – Parabenizo V.Exa., como a agência reguladora do setor, a ANATEL. Por Deputado Inocêncio Oliveira, pelo trabalho que tem de- sua expertise na discussão, no acompanhamento de senvolvido a favor do computador popular, o que tem 01402 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 demarcado intensamente os trabalhos desta Casa em cambão, ou seja, o pagamento do aluguel da terra com sintonia com as nossas preocupações. dias de trabalho gratuito. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Agra- Que terra era essa na qual o camponês precisava deço a V.Exa., Deputado Arnaldo Jardim, cujo profícuo cultivar sua subsistência? Não era mais do que o entor- trabalho acompanho e muito me orgulha, um trabalho no do próprio casebre, não mais do que uma pequena que engrandece esta Casa e todos os seus represen- faixa ao redor da casinha de taipa onde o camponês tantes. e a família moravam. Essa era a terra que usava para O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- plantar um feijãozinho, criar umas galinhas... cedo a palavra ao Sr. Deputado Luiz Couto. Pois bem. Para poder fazer isso e morar nessa O SR. LUIZ COUTO (PT – PB. Pronuncia o se- casinha, o camponês e sua família, ou seja, mulher e guinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa- filhos menores, tinham que trabalhar 2, 3 ou até 4 dias, dos, este fevereiro do ano da graça de 2008 marca a toda semana, para o “dono” da terra. E trabalhar de passagem dos 50 anos de fundação da primeira Liga graça. Isso era o cambão, também conhecido como a Camponesa da Paraíba, organizada e instalada em canga. Isso mesmo, a canga, dessas que se bota no Sapé, município localizado 40 quilômetros ao norte gado que puxa o carro de boi. da Capital do meu Estado. O negócio era tão sério e tão humilhante que o Este é o ano de também lembrarmos os 53 anos ex-Deputado Assis Lemos, ícone da luta e da história de fundação da primeira Liga Camponesa do Nordes- das Ligas Camponesas na Paraíba e no Nordeste, te, a do município pernambucano de Vitória de Santo escreveu uma vez que o cambão também era sinôni- Antão, a partir do famoso Engenho Galiléia. mo de “sujeição”, “obrigação”, “condição” ou “diária”. Sapé e Galiléia são as mais importantes refe- Segundo Dr. Assis Lemos, era comum o camponês se apresentar como “sou sujeito do proprietário tal”, “sou rências dessa história de luta pela terra, de terra para obrigado a Fulano”, “sou diarista de Beltrano”. quem trabalha, de uma luta das mais aguerridas em Outro detalhe ignominioso da condição de escra- defesa dos direitos da verdadeira classe produtora da vo que configurava as relações de produção no setor agricultura brasileira, os seus trabalhadores e não os canavieiro, e que também motivou o aparecimento das seus exploradores. ligas, era o salário sob a forma de Vale do Barracão. O Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as ligas barracão era uma bodega que pertencia ao proprietário camponesas escreveram uma das páginas mais bo- da terra e fornecia a quantidade de gêneros alimentí- nitas e, ao mesmo tempo, das mais tristes da nossa cios suficiente apenas para manter o camponês vivo contemporaneidade, mercê da glória que devemos cre- e pronto para continuar adubando com o seu suor a ditar àqueles que iniciaram e estruturaram movimento fortuna e o poder dos usineiros. social de tamanha magnitude. Claro que a mercadoria era vendida por preços A beleza dessa história está na luta dos trabalha- aviltantes, sempre acima da capacidade de pagar que dores que se organizaram sob a bandeira da defesa o patrão consentia ao camponês. Sob tal esquema, o dos direitos humanos mais comezinhos e em forma de camponês vivia eternamente endividado e dependente liga camponesa. A tristeza dessa história é o sangue do barracão. E, caso se rebelasse e resolvesse ir em- com que foi escrita, sangue todo ele fornecido pelas bora, era preso, torturado e muitas vezes morto nas vidas de humanos humildes, subtraídos do mundo dos mãos da Polícia ou dos capangas da usina. vivos pela crueldade dos que exploravam e ainda ex- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, minha ploram os nossos trabalhadores. intenção não é impressionar V.Exas. com a descrição As ligas camponesas surgiram na metade dos de todo o horror que imperava nas usinas e nos en- anos 50 para combater a exploração e a lida mais de- genhos de cana-de-açúcar em todo o Nordeste e em sumana a que estavam submetidos os trabalhos do especial na Paraíba na primeira metade do século campo, vítimas de um sofrimento imposto e patrocina- passado. Até porque sei que essa é uma história bas- do, sobretudo, por usineiros e senhores de engenho do tante conhecida – e conhecida de perto – por muitos setor canavieiro da Paraíba e de todo o Nordeste. dos nobres Parlamentares ou por meio de leituras e Tudo o que o camponês queria, Sras. e Srs. De- pesquisas por tantos outros. putados, era estender a legislação trabalhista aos tra- A minha intenção, hoje, aqui, é fazer o registro balhadores das usinas e dos engenhos. Era ter o direito dos 50 anos da criação da primeira Liga Camponesa de plantar e colher na terra que ele arrendava. Era ter da Paraíba, dos 53 anos da primeira Liga Campone- o direito de pagar o foro em dinheiro e não através do sa do Nordeste, tomando desses marcos históricos Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01403 o pretexto para mostrar ao Brasil que a realidade no conômicas do Brasil, e que contou com a inspiração do campo, tanto hoje como há meio século, é praticamen- gênio de Celso Furtado, grande economista paraibano te a mesma em alguns dos rincões mais esquecidos e seu primeiro superintendente, finalmente voltará a e desassistidos de nossa Pátria. atuar em nossa região. Falo da SUDENE – Superin- O camponês de ontem e o sem-terra de hoje são tendência de Desenvolvimento do Nordeste. protagonistas da mesma história de exploração, domi- Criada em 1959, a SUDENE fez parte do grande nação e opressão que o Brasil precisa vencer, superar, programa desenvolvimentista do Governo JK e inicial- acabar, enfim, se quiser realmente persistir na milenar mente cumpriu bem o seu papel. Seu Primeiro Plano busca humana pelo tempo em que haverá igualdade, Diretor (1961/1964) contemplava ações e investimen- fraternidade e justiça entre todas as pessoas. tos em infra‑estrutura de transportes (energia elétrica, Antes de encerrar, Sr. Presidente, quero dedicar rodovias e portos), estudos de hidrologia e hidrogeo- este meu pronunciamento a Ramiro Fernandes, João logia, aproveitamento das bacias dos açudes existen- Santa Cruz, José Gomes da Silva, Joca Vitorino, Luiz tes, modernização da indústria têxtil, aproveitamento Gonzaga, Alfredo Nascimento, João Severino Gomes, do artesanato, modernização da pesca, investimentos João Pedro Teixeira, Pedro Inácio de Araújo, João Al- em saúde pública e educação de base, levantamentos fredo Dias, Ivan Figueiredo, Leonardo Leal, Joaquim cartográficos e colonização do noroeste do Estado do Ferreira Filho e Assis Lemos. Maranhão. Foram eles, alguns anônimos, outros expoentes Mas, como acontece com muitas instituições no da vida pública de então, muitos dos quais já não con- País, a SUDENE deixou de cumprir com o seu verda- vivem materialmente conosco, os fundadores da Liga deiro papel de levar o progresso e o desenvolvimento Camponesa de Sapé. para o Nordeste. Após o Governo Militar, que teve iní- Eles todos são heróis da luta universal pela li- cio em 1964, houve um desvirtuamento das funções berdade e dignidade da pessoa humana. Mas entre primordiais daquela autarquia, que passou a notabili- eles, peço permissão a todos os demais para des- zar‑se pelos desvios de recursos do FINOR – Fundo tacar Pedro Inácio, também conhecido como Pedro de Investimentos do Nordeste, seu mais importante Fazendeiro; João Alfredo, que era sapateiro e ficou instrumento de fomento. Devo ressalvar que isso se deu conhecido como Nego Fuba; Alfredo Nascimento e em diversos momentos, ao longo de seus mais de 40 João Pedro Teixeira. anos de história, ressalvando grandes homens públi- Esses tombaram na luta. Foram assassinados a cos que ocuparam a sua superintendência, a exemplo mando de usineiros que se julgavam não apenas donos dos paraibanos Celso Furtado e Cássio Cunha Lima, das terras, mas também senhores de seus semelhantes, atual Governador da Paraíba. condição que lhes permitiria – como infelizmente permi- Todos esses erros e desacertos culminaram com tiu – dispor da vida e decidir a morte de quem ousasse a extinção pura e simples daquele órgão, o que deixou contrariá-los ou enfrentá-los de algum modo. o Nordeste carente de uma política séria e eficaz de de- Essa foi uma luta importante para que a refor- senvolvimento sustentável, com tendência a aumentar ma agrária no Brasil se iniciasse, uma luta daqueles ainda mais as desigualdades regionais e suas danosas que tombaram durante os acontecimentos, daqueles conseqüências, como a fome e o êxodo rural. que resistiram e hoje continuam trabalhando para que Em seu lugar, com os mesmos objetivos e uma efetivamente tenhamos uma profunda reforma agrária estrutura mais enxuta, o Governo criou a ADENE, por em nosso País. meio da Medida Provisória nº 2.146-1, de 4 de maio A luta dos trabalhadores demonstra que sem re- de 2001, alterada pela Medida Provisória nº 2.156-5, sistência, sem organização e sem ação não teremos de 24 de agosto de 2001, e instalada pelo Decreto nº reforma agrária no Brasil. 4.126, de 13 de fevereiro de 2002. A ADENE também Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a foi extinta. O Governo, através da Lei Complementar divulgação deste pronunciamento nos órgãos de co- nº 125, de 2007, sancionada no dia 4 de janeiro de municação da Casa. 2007, recriou a SUDENE. Era o que tinha a dizer. No dia 30 de janeiro de 2008, o Presidente da O SR. RÔMULO GOUVEIA (PSDB – PB. Pro- República nomeou o Dr. Paulo Sérgio de Noronha nuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Fontana Superintendente da SUDENE – Superinten- Srs. Deputados, um dos mais importantes instrumentos dência de Desenvolvimento do Nordeste, cuja posse criados pelo saudoso Presidente Juscelino Kubitschek ocorrerá no próximo dia 12 de fevereiro de 2008. En- para diminuir as desigualdades entre as regiões geoe- genheiro Civil formado pela Universidade Federal da 01404 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Bahia (UFBA) é também mestre em Administração dos problemas criados pela globalização econômica Pública pela Krannert School, em Indiana (EUA), e em que ameaça a soberania nacional”. Planejamento de Transporte pela Purdue University, Muito obrigado. também em Indiana. O SR. MOREIRA MENDES (PPS – RO. Sem re- Entre os vários cargos públicos que ocupou, o visão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa- novo Superintendente da SUDENE já foi Diretor do dos, depois de mês e meio de recesso, muitos assuntos DETRAN/BA, Secretário de Serviços Públicos na ci- teremos a tratar nesta Casa. Um deles diz respeito à dade de Feira de Santana (BA), Chefe de Gabinete do visita que fizemos à Antártica, tema que merece um Consórcio Rodoviário Intermunicipal da Bahia e Dire- pronunciamento mais profundo. Mas quero registrar que tor da Agência Estadual de Regulação de Serviços lá estivemos – 1 Senador e 12 Deputados – visitando Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da a Estação Antártica Comandante Ferraz. Bahia (AGERBA). Atualmente, presidia a Companhia Vimos o trabalho dos nossos pesquisadores e Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). cientistas. A Marinha, a Aeronáutica e a Força Aérea Ao fazer este registro, conclamo a todos os Par- Brasileira fazem um trabalho magnífico. Mas quero lamentares, Governadores e autoridades do Nordeste deixar para tratar desse assunto em outra oportuni- para, mais uma vez, unirem forças a fim de fortalecer dade. politicamente a nossa região e lutar, suprapartidaria- Poderia também, nesta tarde, falar do desmedido mente, em favor do órgão como forma de a região uso dos cartões corporativos pelo Governo Federal, voltar a desenvolver-se. Não existem brasis, mas sim mas hoje quero me referir à injustiça cometida contra o um único Brasil que deve crescer, criar empregos, Estado de Rondônia na questão do meio ambiente, ao distribuir renda e distribuir os direitos sociais básicos, punir 4 municípios prósperos, compostos de gente tra- igualitariamente. balhadora, que produz alimentos para este País. Essas Não podemos assistir, todos os anos, ao drama pessoas não são bandidas, mas, lamentavelmente, o da seca. Milhares de pessoas a implorar por água. Governo, com base em informações inverídicas, impró- Animais e plantas morrendo pela falta d’água, quan- prias, inadequadas, tomou providências precipitadas, do existe o Rio São Francisco que pode distribuir suas prejudicando a população daquele Estado. águas para toda a região. Não podemos mais ver o Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Rondônia êxodo rural, a mortalidade infantil, a falta de esgotos, é o único Estado brasileiro cujo Zoneamento Socioe- moradias, escolas e saúde. conômico e Ecológico está definitivamente implantado É preciso que seja implementada uma política nos termos do que determina a Medida Provisória nº nacional de desenvolvimento regional, em que os in- vestimentos sejam direcionados para ajudar as regiões 2.166, que modifica artigos do novo Código Flores- que mais necessitam, como a Norte e a Nordeste, pro- tal. Na Secretaria de Meio Ambiente, a Gerência de porcionando o seu crescimento socioeconômico. Informática, Sensoriamento Remoto e Climatologia é Enfim, é preciso coesão de todas as forças or- da mais alta qualidade, com técnicos que fazem um ganizadas da região para cobrar ações concretas e trabalho e um acompanhamento dia a dia, mês a mês, recursos do Governo Federal, para que, assim, mais ano a ano da questão ambiental do desmatamento essa tentativa de soerguimento da SUDENE tenha em Rondônia. êxito. Neste sentido, coloco-me desde já à disposição Não é verdade o que o Governo publicou sobre do órgão, na árdua tarefa de minimizar os graves pro- a questão do desmatamento no Estado. Repito: estão blemas de nossa região. punindo injustamente os Municípios de Pimenta Bueno, A SUDENE não é a panacéia do Nordeste. A Machadinho, Cujubim, Buritis, Porto Velho, na região SUDENE não acabou a fome nem a pobreza do Nor- do Jaci-Paraná. deste. Mas a SUDENE é importante instrumento para O que acontece de errado está nas áreas de re- que sejam diminuídas essas desigualdades. serva do próprio Governo Federal, pela sua incapaci- Ao parabenizar o Dr. Paulo Sérgio de Noronha dade de acompanhar efetivamente o que lá acontece. Fontana, almejando total sucesso na administração Registro o caso da Floresta Nacional do Bom Futuro. que se inicia, relembro o economista Celso Furtado, Ela está literalmente invadida há mais de 20 anos, e o numa de suas últimas palestras sobre a importância Governo Federal nunca tomou sequer uma providên- da SUDENE para o Nordeste, proferida no Rio de Ja- cia para impedir a ocupação daquela área. É lá que neiro, em 2001: “A SUDENE é uma grande conquista ocorrem o desmatamento e a ilegalidade, assim como política do Nordeste. Sua importância cresce em face acontece em outras áreas de preservação permanente, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01405 até do Estado de Rondônia, mas por falta de fiscaliza- O tráfico de mulheres, adolescentes e crianças ção, especialmente do Governo Federal. para exploração sexual na Guiana ou na Europa é um Tenho aqui todos os dados. Quisera ter oportu- dos problemas decorrentes da falta de políticas públi- nidade de usar um telão para expor esse magnífico cas para o Oiapoque. trabalho da SEDAM/RO, a fim de mostrar que o que A proximidade territorial e a similaridade cultural o Governo Federal faz com o Estado é uma injustiça. provocam a migração de brasileiros ao departamento Mais uma vez, vira as costas, trai o nosso povo, como francês. São cerca de 50 mil brasileiros, principalmente se em Rondônia só existissem bandidos. do Amapá e do Amazonas, em busca de uma condi- Aliás, quero fazer um alerta. Aqueles que ima- ção de vida melhor. Representam a mão‑de‑obra de ginam que a Amazônia é feita somente de árvores, melhor capacidade e de menor custo. Construíram, por animais, seringueiros, índios e beiradeiros estão en- exemplo, a Base de Kouru. Clandestinos, tornam-se ganados. Na Amazônia vivem mais de 22 milhões de vulneráveis, não encontram amparo no Estado francês brasileiros que precisam ser assistidos, ter voz e ser e são ignorados pelo brasileiro. ouvidos. Não é em gabinetes que se fazem propostas Surpreendeu-me, no entanto, que a primeira medi- para defender a Amazônia e o meio ambiente. da anunciada pelo Presidente Sarkozy tenha sido uma Pena que não esteja presente o Deputado Paes operação armada para tirar os brasileiros da Guiana. Landim, que faz um brilhante pronunciamento sobre Ao contrário do caminho diplomático, baseado numa o desmatamento na Amazônia. A propósito, quero relação tradicional, histórica, o Governo francês opta convidar S.Exa. para ir a Rondônia ver de perto o que pela força armada para anular laços culturais e fami- realmente acontece em nosso Estado, e também o liares formados desde muitos anos. Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, que propôs Desde 2004 levo minha preocupação com migran- a criação de uma Comissão Especial nesta Casa. Va- tes brasileiros ao Ministério das Relações Exteriores, mos a Rondônia, ao Pará, ao Acre, ao Mato Grosso mas até agora o Itamaraty não se manifestou sobre para constatar in loco a verdade. É preciso que se essas agressões. A situação toma contornos dramáti- mostre a verdade àqueles que estão equivocados so- cos. Se há uma decisão política do Governo francês de bre a Amazônia. banir os brasileiros que vivem naquele território, não é Muito obrigado. admissível que seja ratificada pelo Presidente Lula. A SRA. JANETE CAPIBERIBE (Bloco/PSB – AP. Sr. Presidente, requeiro a V.Exa. que seja trans- Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. crita nos Anais da Casa matéria que revela a opera- Parlamentares, eu estava otimista com a retomada do ção armada do Governo francês para a expulsão dos Acordo de Cooperação Brasil/França, com o lançamen- brasileiros. to da pedra fundamental para a construção da ponte Em relação ao tema, peço providências à Comis- sobre o Rio Oiapoque entre o Amapá e a Guiana. são de Direitos Humanos e Minorias e à Comissão de O acordo tem grande significado na perspectiva Relações Exteriores desta Casa, bem como a mani- de os Governos assumirem como oficial a interação festação pública do Ministério das Relações Exteriores histórica e intensa entre guianeses e brasileiros. Com- e do Governo brasileiro. partilham a cultura, as tradições, o idioma, os serviços, Sr. Presidente, solicito à Mesa que autorize a a economia. divulgação deste pronunciamento nos órgãos de co- Acreditei na retomada do acordo para além da municação da Casa. ligação rodoviária entre o Amapá e a Guiana, permi- Muito obrigada. tindo solucionar problemas graves por meio da ação conjunta entre Brasil e França. MATÉRIA A QUE SE REFERE A ORA- A ausência do Estado brasileiro naquele ponto DORA extremo provoca situações de desconforto. A região Paris, 10 fev (EFE) – O presidente francês, Ni- do Oiapoque está, há muitos anos, esquecida pelos colas Sarkozy, que iniciará amanhã uma viagem de Governos brasileiros. Exemplo recente é que a popula- dois dias à Guiana Francesa, aproveitará a visita ao ção do Oiapoque está sem energia elétrica há 10 dias. território ultramarino francês em plena floresta amazô- Só ontem a cidade recebeu um gerador, para tornar nica para lançar uma campanha contra os garimpeiros possíveis as atividades cerimoniais em decorrência da brasileiros que atuam no território. visita do Presidente Nicolas Sarkozy. Educação, Saúde Sarkozy, que se reunirá com o presidente Luiz e segurança são precários. Falta água potável onde Inácio Lula da Silva na terça-feira, apresentará ama- está a maior reserva de água doce do planeta. nhã um dispositivo de segurança para combater os 01406 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 garimpeiros de ouro que entram de forma clandestina prevê emenda para a continuação das obras da BR- a partir do Brasil. 364. Faltam apenas 105 quilômetros para que seja Após visitar Campoi, um povoado indígena em feita a ligação do Brasil ao Pacífico por meio daquela um parque nacional próximo à fronteira brasileira, onde região. A obra permitirá o escoamento da produção do mostrará seu apoio às ações a favor da manutenção da Norte e Centro‑Oeste, permitindo o desenvolvimento biodiversidade, o chefe de Estado francês anunciará o de região tão isolada. início da operação Anaconda. A obra será fundamental para a preservação O “Le Journal du Dimanche” informa hoje que da Amazônia. O Parque Nacional da Serra do Divisor dois helicópteros Puma do Exército e outro EC 145 da localiza-se naquela região e está sendo invadido dia- Gendarmaria participarão desta operação, junto com riamente pelos peruanos. Apesar disso, o Governo reforços da França continental em três aviões, contra Federal não toma providências efetivas para impedir os garimpeiros ilegais de ouro acusados de poluir os a invasão. Então, é dessa forma que o Governo vai rios com mercúrio. olhar com carinho aquela região: vai abrir essa estrada A geóloga Delphine Miau, que trabalha para as e, se Deus quiser, o desenvolvimento chegará por lá. empresas de mineração autorizadas para explorar ouro, Trata-se de uma obra importante. Eu fiz a indicação da disse ao jornal que entre outubro de 2006 e outubro de emenda na Comissão de Viação e Transportes e, se 2007 a atividade dos clandestinos se estagnou, mas Deus quiser, essa obra de tão grande plenitude para que desde essa última data “os brasileiros se reorga- a nossa região será concluída. nizaram” e sua atividade ilegal voltou a aumentar. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, minha Sarkozy prevê concretizar a cooperação com o vinda a esta tribuna também se deve à situação em Brasil sobre a questão em seu encontro com Lula, que que vivemos na região amazônica. O Brasil é penta, acontecerá em Saint-Georges de l’Oyapock, na fron- mas eu já sou tetra: por 4 anos seguidos contraio ma- teira entre os dois países. lária. Estou com malária há 13 dias. Não agüento mais, No entanto, um alto comando do Exército francês assim como não agüenta mais a população de minha não identificado, citado pelo “Le Journal du Dimanche”, região. Apesar de haver campanhas de prevenção con- se mostra cético, levando em conta que “Brasil tem tra a febre amarela na região, já houve 3, 5, 10 casos muitos outros problemas”. dessa doença. Enquanto isso, a malária é esquecida Os dois presidentes analisarão também a situa- pelas autoridades e nos persegue todos os dias. Há ção dos reféns das Forças Armadas Revolucionárias crianças morrendo, a população está sofrendo, sem da Colômbia (Farc) e a cooperação bilateral em assun- poder trabalhar, o povo está à mercê dessa situação. tos de defesa e biocombustíveis, e Lula abordará como Não agüentamos mais! retomar as negociações da Organização Mundial do Em 2005, houve 57 mil casos de malária no Acre; Comércio (OMC), segundo fontes brasileiras. em 2006, foram 93 mil. Não agüentamos mais – repito. Fontes francesas disseram que os dois chefes de Queremos que o Governo Federal tome atitudes sérias Estado querem superar a retórica de boas intenções para resolver a situação da região. que até agora caracterizou sua relação e criar uma Minha outra indignação, Sr. Presidente, é com a verdadeira associação “estratégica”. Gol Linhas Aéreas. Não suportamos mais as condições Por isso, Sarkozy expressará o apoio para que com que presta serviços à nossa população. Estamos o Brasil entre no Conselho de Segurança da ONU e cansados de ser humilhados pela empresa. Não existe para ampliar o Grupo dos Oito (G8, os sete países mais bom senso: o povo chega 1 minuto atrasado e não é desenvolvidos e a Rússia), com o objetivo de dar lugar mais atendido, mas os aviões atrasam 1 hora, 2 horas às economias emergentes. e o povo fica esperando para viajar. O SR. ILDERLEI CORDEIRO (PPS – AC. Sem Não suportamos mais esse comportamento, não revisão do orador.) – Sr. Presidente, agradeço a Deus há bom senso nas atuais empresas aéreas. A maioria por mais este dia e por este ano maravilhoso que co- dos funcionários da VARIG era qualificada. Hoje poucos meçamos e, se Deus quiser, será de grande sucesso funcionários da Gol o são. Sem esquecer que é um ab- para os Parlamentares. surdo o preço das passagens. Minha maior indignação Agradeço aos Deputados Federais que nos aju- com a irresponsabilidade da Gol aconteceu semana daram no ano passado, principalmente, aos da Co- passada. Segunda-feira, a mãe de um grande amigo missão de Viação e Transportes. Conseguimos apro- faleceu, em Manaus, às 12h40. Tentou-se despachar var importante indicação de emenda para o Brasil e o corpo, mas a prestadora de serviço estava fechada o Acre, mas especialmente para o Juruá. A indicação à tarde; na terça-feira, continuava fechada; na quarta- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01407 feira, não tinha como embargá-lo, porque o avião estava dele. Na minha terra, apropriar-se de forma indevida é partindo. Só embarcou na quinta-feira. Não é justo um roubo. Para mim, isso é roubo, e o responsável tem de corpo esperar 3 dias para embarcar. ser punido com cadeia. O que houve foi um assalto. A prestação de serviço da Gol é irresponsável. A Câmara dos Deputados tem a obrigação mo- Queremos que essa empresa aérea tenha responsa- ral e ética com o nosso País de assumir a postura de bilidade e olhe com carinho essa situação. apurar esses fatos ocorridos agora e não apenas dizer Muito obrigado. que isso também aconteceu no Governo de sicrano ou O SR. VICENTINHO (PT – SP. Sem revisão do de fulano. Quem vive de passado é museu. Quero sa- orador.) – Sr. Presidente, saúdo todos os pares. Re- ber nesta Legislatura. Eu não era Deputado há 4 ou 8 encontramo-nos para cumprir nossa missão constitu- anos. Sou Deputado agora e vou assinar todo e qual- cional e democrática: representar o interesse do povo quer requerimento para apurar o roubo, a desfaçatez, brasileiro. Reafirmo: o interesse do povo brasileiro, não a irresponsabilidade que assolou o nosso País com os interesses de grupos ou pessoais. esse Presidente irresponsável, desavergonhado. Saúdo mais uma vez os nobres pares e também O SR. MARCELO ALMEIDA (Bloco/PMDB – PR. os funcionários da Casa, que aqui têm dado importan- Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. tes contribuições, a Mesa Diretora e, sobretudo, V.Exa., Deputados, Deputado Moreira Mendes, venho a esta Sr. Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, que tem tribuna, primeiramente, para desejar que este seja um sido tão aberto, tão democrático, dando oportunidade bom ano para todos nós e que estejamos em sintonia a todos. Boa sorte! com os cidadãos brasileiros. Que 2008 seja o ano do Congresso Nacional, da Independentemente de o Congresso ter essa Câmara dos Deputados! agenda negativa – emendas individuais, fim da CPMF, Muito obrigado. criação de CPI para apurar o uso de cartões corporati- O SR. MARCIO JUNQUEIRA (DEM – RR. Sem vos, Oposição contra Situação –, podemos fazer uma revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. De- agenda muito positiva de 4, 5 tópicos para dar uma putados, iniciamos o ano sabendo, infelizmente, de resposta rápida à população. questões gravíssimas que envolvem o atual Governo do Quando falo em agenda positiva, refiro-me a uma Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sinto-me na obri- agenda focada num assunto importante. Fiquei muito gação de ocupar a tribuna da Câmara dos Deputados feliz quando o Presidente da Casa, Arlindo Chinaglia, para dizer claramente que, na condição não apenas de estabeleceu como pauta a questão dos acidentes de Deputado, mas também de contribuinte, não concordo trânsito. Tentaremos, num ano, resolver o problema dos com que o dinheiro dos brasileiros, inclusive o meu, acidentes de trânsito no País. No começo deste ano, o sirva para bancar churrasco presidencial. Executivo acabou editando uma medida provisória do Não concordo com o fato de que o dinheiro do bem em relação à taxa de alcoolemia e à proibição de povo brasileiro, que tanto sofre com a falta de segu- venda de bebida alcoólica nas estradas brasileiras. rança, de educação, de estradas, sirva para comprar O Brasil gasta 22 bilhões de reais por ano nas pão em padarias e confeitarias caras. Justo um Presi- estradas federais. Alguns especialistas afirmam que o dente eleito pelo Partido dos Trabalhadores, que sem- País gasta aproximadamente 36 bilhões de reais – va- pre falou em zelar pela coisa pública, agora banca a lor próximo do que se arrecadava com a CPMF – so- adega da sua casa com o dinheiro do povo brasileiro, mente com acidentes de trânsito. Refiro‑me ao custo compra vinhos e outras bebidas com o dinheiro do dos veículos, dos seguros, dos guinchos e de algo povo brasileiro. intangível, a dor das pessoas que têm de enterrar um Penso que está na hora de o Sr. Luiz Inácio Lula filho, uma filha, a sogra. da Silva entender que o dinheiro do povo brasileiro não Nunca se multou tanto no Carnaval, pelo menos é dele. Ele é o gerente, e as demonstrações são de nos últimos 20 anos, segundo dados da Polícia Rodo- que é um péssimo gerente. Se eu fosse o Presidente viária Federal. Vale ressaltar que nunca foi tão grande Luiz Inácio Lula da Silva, teria vergonha de saber que a diminuição do número de acidentes de trânsito em o dinheiro do nosso povo serviu para comprar beiju, decorrência da aplicação da lei e da tolerância zero tapioca, paçoca. no que se refere ao álcool. Entristece‑me ouvir alguém dizer que não sabia A meu ver, podemos discutir neste ano se não que aquilo era um cartão do povo brasileiro. O Ministro é hora de se começar a educar o motorista, aquele do Esporte disse que não sabia, mas devolveu 30 mil que vai tirar a Carteira de Habilitação, no sentido de reais, e devolveu porque houve apropriação por parte formá-lo para dirigir também em rodovias. Não adianta 01408 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 a pessoa se preparar para dirigir apenas na cidade se pronunciamentos, se for preciso, teremos de cortar a também vai trafegar numa BR. própria carne para equacionar os recursos existentes Será que não é o momento de tornar um pou- com o plano de investimentos. co mais pesadas as multas? Será que o Congresso Uma questão é essencial: a saúde não pode so- não poderia dar uma resposta rápida, nestes 6 me- frer mais do que já sofre com a falta de recursos. Con- ses, incluir a matéria Trânsito no currículo escolar das traditoriamente, a nossa maior conquista de 2007 – a crianças de 2 a 13 anos. Às vezes, Deputado, essa garantia de aumento dos investimentos federais com criança pode até mudar o comportamento de um pai base nos recursos arrecadados com a CPMF – foi por ou de uma mãe. terra antes mesmo que o ano terminasse. Na prática, Vejo que, numa agenda positiva, poderiam ser avançamos um passo e retrocedemos muitos outros. levantadas no País questões como estas: alcoolemia, Essa situação me preocupa como médico, como montadoras, condições das estradas, psicologia no Parlamentar e como cidadão. É nossa responsabilidade trânsito. Venho até me posicionando não como um De- superar as diferenças políticas que pautaram as dis- putado Federal, mas como uma pessoa apaixonada cussões recentes neste plenário e encontrar um ca- por trânsito. Ofereço meu nome ao Presidente China- minho que nos leve a garantir os avanços necessários glia como puxador desse assunto, para, independen- para que os brasileiros de todos os rincões possam temente de haver Comissão ou não, criar um grupo realmente dispor de atendimento digno e assistência na Câmara dos Deputados que dê uma resposta em médica de qualidade. relação ao trânsito. O momento é delicado porque, mal os trabalhos Essa pequena medida provisória sobre a taxa de se iniciam, já estamos diante de um novo impasse alcoolemia, para barrar a venda de álcool nas estra- político, que, se não for enfrentado com firmeza e res- das federais, já foi uma pequena resposta no que diz ponsabilidade, pode impor a todos nós, ao Congresso, respeito a como as coisas podem funcionar quando ao Judiciário e ao Governo Federal, um novo risco de o mundo político quer, quando as pessoas querem, paralisação. As novas denúncias envolvendo abuso na quando todos puxam para um lado só. utilização de cartões corporativos são graves, precisam Muito obrigado, Sr. Presidente Inocêncio Olivei- ser apuradas e exigem de nós equilíbrio e determinação ra. para encontrar as soluções para a questão. O SR. GERALDO RESENDE (Bloco/PMDB – Não é hora de aventuras. A hora é de dar respos- MS. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, tas à sociedade, que já não suporta mais essa onda Sras. e Srs. Deputados, é com imensa satisfação que de denúncias. O que está em jogo é a credibilidade retorno a esta tribuna, cumprimentando a todos e de- de uma ferramenta que já se mostrou necessária pelo sejando que este seja um período profícuo, que nos grau de transparência que tem, mas que, se for mal permita vencer os desafios claramente definidos na utilizada, é capaz de produzir um estrago sem tama- sessão de abertura dos trabalhos pelo Presidente do nhos em qualquer estrutura de governo. Congresso, Senador Garibaldi Alves Filho, reduzir o Na manhã de hoje, um acordo foi fechado no Se- volume de medidas provisórias que trava o andamento nado para que a Comissão que vai investigar o caso normal desta Casa e agir como um Parlamento legí- seja composta por Senadores e Deputados. Está em timo, atuando a tempo e com responsabilidade sobre nossas mãos dar conseqüência a esse trabalho. Eu, questões essenciais para o País. particularmente, faço um apelo para que nós não dei- Não há tempo a perder. O País precisa de res- xemos que o País pare outra vez por conta de um novo postas urgentes. A primeira delas é a definição do novo escândalo político. Já foi assim no ano passado, quan- Orçamento que vai nortear a ação do Governo Federal. do as várias denúncias contra o Presidente do Senado Está em nossas mãos aplicar o remédio que precisa paralisaram o Congresso e comprometeram ainda mais ser aplicado, amargo ou não. É preciso definir quanto a credibilidade política dos Congressistas. o País tem para gastar, de que forma vai fazer esses O País precisa avançar. Nós precisamos definir o gastos e como faremos para recompor as finanças tamanho do Orçamento de 2008. A sociedade espera federais depois do corte de 40 bilhões de reais resul- de nós avanços na garantia dos seus direitos e con- tante do fim da CPMF. quistas sociais que melhorem a vida dos brasileiros. Faço um elogio público ao empenho dos membros Vamos apurar com rigor o que aconteceu de verdade da Comissão de Orçamento que, mesmo durante o re- na utilização dos cartões corporativos. Vamos saber cesso, continuaram a trabalhar para resolver essa difícil até onde é necessário que mais de 13 mil servidores equação. Como tem dito o Presidente Lula em seus disponham de um instrumento como esse, que lhes Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01409 confere poderes de prever despesas e executá-las fazer. Então, esse órgão deveria regularmente prestar muitas vezes acobertados pelo artifício do sigilo, que contas à sociedade, multando, afastando, dizendo o que impede a transparência sobre os seus atos. deve ser feito a respeito da Lei nº 4.320 e sobre as leis Caso fique comprovada a má utilização dos car- de contabilidade. Apesar de haver no Tribunal pessoas tões corporativos, o rigor da lei deve pesar sobre quem de bem, essa instituição não cumpriu o seu papel com quer que seja que tenha agido de forma inadequada rapidez para dar resposta a essas questões. Então, no uso das suas responsabilidades e abusado do di- proponho que neste ano se faça a reforma política. nheiro público. Volto a dizer: mais do que qualquer jogo Haverá eleição para Vereadores, mas não sabemos de cena da disputa política partidária, senhores, o mo- qual o número de edis as capitais terão. mento requer de nós agilidade e clareza na apuração Fala-se muito em reforma tributária, mas não dessas novas denúncias. se acrescenta uma vírgula nela para evitar concen- O Brasil tem urgência em avançar. O País não tração de renda e aumentar o número de empregos pode parar. E nós devemos aproveitar o momento para no Brasil. dar um exemplo de seriedade no ambiente do poder Da mesma forma, fala-se muito da Amazônia. O público, coibir a ação dos maus servidores e avançar empresário tem razão: a Amazônia está sendo devas- em direção a uma relação de maior confiança com a tada e pouca coisa foi feita naquela região. sociedade brasileira. Sr. Presidente, se o Congresso Nacional conti- Muito obrigado. nuar com as mesmas propostas de 2007, este será O SR. CHICO LOPES (Bloco/PCdoB – CE. Sem mais um ano sem muita produção para a população revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. Deputadas, brasileira. Srs. Deputados, o jornal O Povo, do Estado do Cea- Muito obrigado. rá, na sua página Opinião, divulga matéria intitulada O SR. PAULO HENRIQUE LUSTOSA (Bloco/ Cartões Corporativos: CPI deve abarcar todos?, com PMDB – CE. Sem revisão do orador.) – Sr. Presiden- a declaração dos ilustres Deputados José Pimentel, te, Sras. e Srs. Parlamentares, nesta segunda-feira Raimundo Gomes de Matos, Gorete Pereira e da Se- de efetivo trabalho e maior atividade no plenário da nadora Patrícia Gomes. Câmara, em 2008, quando iniciamos mais um ano de Destaco a declaração de Francisco Baltazar Neto, trabalho, quero começar meu pronunciamento festejan- Presidente do Centro Industrial do Ceará, ao lado do do o brilhante discurso proferido na última quarta-feira, Presidente do Sindicato dos Bancários: na abertura desta Sessão Legislativa, pelo Presidente do Congresso Nacional e do Senado Federal, Senador “Considero um despropósito se abando- Garibaldi Alves Filho, do PMDB, nosso partido, pela nar grandes questões nacionais para discutir relevância dos temas abordados. CPIs midiáticas, como a do Cartão Corporativo. Muitos de nós, talvez todos nós Parlamentares, Em todo caso, ao invés de se preocupar com estamos, há muito, preocupados com esse processo a abrangência temporal desta CPI, o Senado que vem acontecendo de forma recorrente e incremental deveria debater sobre os meios de se impedir de usurpação de atribuições institucionais desta Casa a devastação desenfreada da Amazônia, o lo- por outros Poderes, fazendo com que, aos olhos do teamento de cargos em ministérios e grandes cidadão e, às vezes, aos nossos próprios olhos, não estatais e buscar mecanismos que obriguem consigamos entender adequadamente o nosso papel, o governo a investir de forma responsável na cumprir de fato as atribuições que nos foram delegadas saúde e na educação”. pelos nossos eleitores. Se fosse um petista, um comunista ou mesmo Após o pronunciamento do Presidente do Senado, qualquer outro político poderiam dizer que essa de- o Presidente da Câmara, Deputado Arlindo Chinaglia, claração é suspeita. O Sr. Baltazar é Presidente dos mostrando a pertinência e a relevância do tema, aderiu maiores sindicatos patronais, o Centro Industrial do ao discurso de S.Exa. e também assumiu como pre- Ceará, e quero dizer de público que concordo com a ocupação desta Casa o excesso de medidas provisó- preocupação daquele líder empresarial. Por que con- rias para cá enviadas pelo Executivo e as freqüentes cordo? Estou a favor disso? Não. A declaração do Sr. intromissões do Supremo Tribunal Federal, legislando Francisco Baltazar Neto, Presidente do Centro Industrial sobre diversos temas, até mesmo os de competência do Ceará, leva-me à seguinte pergunta: qual o papel exclusiva desta Casa. do TCU? É um Tribunal caro, de pessoas ilibadas, de Não podemos deixar de reconhecer, entretanto, concursados, que entendem exatamente o que têm de que a Casa tem também sua responsabilidade, que o 01410 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Congresso tem sua culpa, às vezes até perdendo o sociedade brasileira? Essa é uma preocupação que trem da história, a noção de sua responsabilidade e tenho diariamente. do seu papel a desempenhar. Ouvi o discurso proferido, de forma sintética, didá- Louvo, mais uma vez, ambos os pronunciamentos, tica e, acima de tudo, responsável e competente, pelo o do Presidente da Câmara e o do Presidente do Sena- nobre Deputado Paulo Lustosa, que me antecedeu. Eu do, por sua relevância e pertinência. Chamo a atenção me alio a S.Exa. no que diz respeito a seu pensamento, para o fato de que aquele não foi um discurso contra a seu sentimento, até porque verificamos que hoje se este ou aquele Governo, esta ou aquela Presidência procura o maior escândalo para levar à sociedade. Te- do Supremo, esta ou aquela Presidência das Casas. nho absoluta certeza de que essa questão dos cartões Não se trata de um processo que possamos perso- corporativos é infinitamente menos importante para a nalizar, que dirá que o Presidente A, ou o Secretário sociedade do que a necessidade de proporcionar à B, ou o Governador C, fez mais ou fez menos. Volto a população melhor saúde, educação e segurança. dizer: trata-se de um processo freqüente, consistente Portanto, espero que, no período legislativo que e incremental, em que os Poderes vêm perdendo a ora se inicia, as 2 Casas, o Congresso Nacional possa noção de suas atribuições e, por conseguinte, usur- produzir mais para a sociedade, levar mais esperança a pando obrigações uns dos outros. ela, e não discutir assuntos que sempre intimidam, que Como exemplo, cito a preocupação na Casa inibem a ação deste Poder. É esse o meu desejo. quanto à paternidade de CPI. Hoje em dia – isso não Espero que V.Exa., o Presidente desta Casa e o vem de agora, tem acontecido já há alguns anos –, a Presidente do Senado possam, efetivamente, levar à pauta do Congresso tem sido guiada muito mais pelo sociedade grandes projetos. Executivo, por meio de medidas provisórias, ou pela O SR. ÁTILA LINS (Bloco/PMDB – AM. Sem re- visão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Depu- preocupação acerca de qual será a CPI mais escan- tados, todo início de ano legislativo é visto com muita dalosa no próximo semestre. esperança por todos os Deputados, com a expectativa Sr. Presidente, é oportuno que todos reflitamos de que teremos um bom ano parlamentar, bem mais sobre o nosso papel, a atribuição do Congresso, e que, produtivo do que o anterior. em 2008, tenhamos, pelo nosso bem e do País, uma Aqui na Câmara, o ano de 2007 deve ser esque- atuação muito mais centrada nas responsabilidades cido. O nosso papel fundamental de legislar foi comple- desta Casa e numa pauta positiva para o desenvolvi- tamente usurpado pelo Poder Executivo, que abusou mento do Brasil. da utilização das medidas provisórias. Setenta e seis Muito obrigado. por cento das leis aprovadas na Câmara tiveram ori- O SR. FRANCISCO RODRIGUES (DEM – RR. gem no Palácio do Planalto. A nossa inação também Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Deputado permitiu que o Poder Judiciário legislasse ao interpretar Inocêncio Oliveira, Sras. e Srs. Deputados, eu me leis. Foi o Supremo Tribunal Federal que decidiu so- alinho ao pronunciamento que acaba de ser proferi- bre a fidelidade partidária e regulamentou a greve do do pelo Deputado Paulo Henrique Lustosa. Estamos servidor público, 2 temas relevantes que o Congres- iniciando a 2ª Sessão Legislativa da 53ª Legislatura e so ignorou. Assim, em 2007, os Poderes Executivo e percebemos que a sociedade brasileira está estarreci- Judiciário legislaram em nosso lugar. Houve, portan- da diante do comportamento da classe política. E isso to, um desequilíbrio de forças perigoso para a nossa não é bom para a democracia, até porque os ares que democracia, já que houve uma prevalência desses 2 sopram na direção da demanda reprimida da socieda- Poderes sobre o Legislativo. de não condizem com os ares produzidos pela classe Temos agora de olhar para o ano legislativo de política brasileira. 2008 e levar em conta que o nosso trabalho só poderá É grave este momento, pois precisamos prestar ser desenvolvido neste primeiro semestre. A partir de contas e criar mecanismos para atender, como disse julho, até outubro, as atenções estarão voltadas para as anteriormente, àquela demanda reprimida da sociedade eleições de Prefeitos e Vereadores em todo o País. nas áreas de saúde, educação, agricultura, segurança. Estou convicto de que até junho esta Casa vai Ao início de cada novo período legislativo, os grandes estar se debruçando sobre uma grande pauta de pro- escândalos começam a aflorar. jetos. Essa minha convicção decorre do anúncio oficial Ora, Sr. Presidente, será possível que não po- feito pelo nosso Presidente, Deputado Arlindo China- demos produzir, nesta Casa democrática, nesta Casa glia, de que neste início de ano seriam colocadas em do povo, algo que vá ao encontro da expectativa da prática providências para regulamentar a tramitação Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01411 de medidas provisórias, de forma a abrir espaço na reais liberados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, agenda do plenário para a discussão de projetos de graças aos esforços da Frente Parlamentar. Pudemos iniciativa dos Deputados. Prevalecendo a disposição conhecer com maior profundidade o extraordinário manifestada pelo eminente Presidente Chinaglia, os trabalho de pesquisa que vem sendo desenvolvido Deputados deixarão de ser reféns das medidas pro- pelos cientistas brasileiros. Devo dizer que os esfor- visórias, e a Câmara poderá recuperar sua própria ços conjuntos da Frente Parlamentar, do Ministério da agenda. Nada menos do que mil projetos aguardam o Ciência e Tecnologia, do Ministério do Meio Ambiente dia de serem apreciados no plenário. Eles foram, até e do CNPq não apenas têm contribuído para a manu- agora, colocados de lado para dar lugar às medidas tenção do Programa Antártico Brasileiro, como estão provisórias. possibilitando também a participação inédita do Brasil Eis aí a reforma política que temos de enfrentar, no IV Ano Polar Internacional. notadamente para aperfeiçoar as regras de fidelidade Visitamos também as estações científicas do partidária e as normas que dizem respeito aos custos Chile, da Rússia e da China e participamos de expe- das campanhas eleitorais. Está na pauta há vários dições de reconhecimento, em que vimos de perto o meses a PEC dos Vereadores, que recria vagas nas desprendimento de gelo e colhemos informações so- Câmaras Municipais de todo o País. bre a fauna e a flora locais. Também debatemos com A reforma tributária é outro tema que deveremos pesquisadores brasileiros os 25 projetos de pesquisa debater neste primeiro semestre. Será uma boa opor- desenvolvidos pelo Brasil em solo antártico. A partir tunidade para se dotar o País de uma moderna legisla- dessas experiências, definimos algumas importantes ção de impostos, simplificando toda sua estrutura, para ações parlamentares e também do Executivo para dar poder ir ao encontro de anseio da sociedade brasilei- suporte à presença brasileira na Antártica. ra, que vem a ser a redução da carga tributária, hoje Nesses 7 dias de atividades, pudemos testemu- a mais alta de todo o mundo. É uma chance para que nhar também o grande sentimento de solidariedade que haja uma distribuição mais justa dos impostos entre existe entre todos aqueles que trabalham na região e União, Estados e municípios. A Constituição de 1998 a visitam. Na Antártica, o espírito de convivência fra- assegurou poder demasiado ao Governo Federal. A terna em prol da pesquisa supera qualquer sentimento parte do leão vai para os cofres do Tesouro Nacional, de rivalidade, competição ou disputa. ficando as sobras para as Prefeituras e Estados. Portanto, somos extremamente gratos, Deputado Portanto, Sr. Presidente, temos muito a fazer neste Luciano Pizzatto, que aqui nos ouve, a todos aqueles primeiro semestre na Câmara dos Deputados. Estamos que nos acolheram e nos deram suporte durante nos- diante de uma excelente oportunidade para restabele- sa estada no continente. Eu gostaria, sim, de levar cermos a sintonia com a sociedade brasileira. nossos agradecimentos ao Comandante Jorquera, Era o que tinha a dizer. responsável pela base chilena; ao oficial Barnet e a Muito obrigado. seus auxiliares, que superaram todas as expectativas A SRA. MARIA HELENA (Bloco/PSB – RR. Sem de hospitalidade oferecidas pelos representantes do revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. De- Governo do Chile na Antártica. putados, na condição de Vice-Presidente da Frente Agradeço à Marinha do Brasil, nas pessoas do Parlamentar Mista em prol do Programa Antártico Bra- seu Comandante-Geral, Almirante Julio Soares de sileiro, integrei a delegação de 13 Parlamentares que Moura Neto; do Contra-Almirante Dilermando Ribeiro participou da recente missão à Antártica. Lima, Secretário da Comissão Interministerial para os Nossa viagem, como foi amplamente divulgado Recursos do Mar – CIRM; do Capitão-de-Mar-e-Guerra pelos veículos de comunicação, foi forçosamente pro- Comandante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque longada de 3 para 7 dias, devido à chegada de uma Júnior, Assessor-Chefe Parlamentar da Marinha e frente fria, que nos impediu de retornar ao Chile e ao Coordenador da missão; do Capitão-de-Mar-e-Guerra Brasil. No entanto, a nossa estadia na Antártica, que Comandante Geraldo Gondim Juaçaba Filho, respon- poderia ter facilmente se convertido num problema, sável pelas Relações Institucionais da Secretaria da em virtude das temperaturas extremas e do isolamen- CIRM; do Capitão-de-Mar-e-Guerra Comandante Cel- to que enfrentamos, produziu um resultado extrema- so Moraes Peixoto Serra, Supervisor de nosso vôo; mente positivo. do Capitão‑de‑Fragata Comandante Antônio da Silva Durante a semana em que permanecemos no Fraga Filho, Coordenador do vôo; do Capitão‑de‑Cor- continente, visitamos a Estação Antártica Comandante veta Comandante André Macedo, da Assessoria Par- Ferraz, recentemente revitalizada com os 10 milhões de lamentar da Marinha; dos Contra-Almirantes César 01412 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Sidônio Moreira de Souza e Jorge Mendes , Quero nominar um a um, a partir de seu treina- que compartilharam das importantes decisões tomadas dor, mas, antes, por questão de justiça e como sincero durante nossa expedição; do Comandante Serrado e agradecimento pelo muito já feito pelo futebol e pelo sua equipe, responsáveis pelo navio Ary Rongel, que desporto catarinense em geral, é preciso destacar a realiza pesquisas científicas na Antártica e levanta- gestão do Presidente Paulo Prisco Paraíso; do Presi- mentos hidroceanográficos, apoiando logisticamente dente do Conselho Administrativo, Norton Boppré; do a Estação Antártica. Presidente do Conselho Deliberativo, Nestor Lodetti; do Agradecemos também à Força Aérea Brasileira ex-Diretor de Futebol e atual integrante do Conselho o brilhante trabalho que exerceu e continua exercendo Gestor, Rodrigo Prisco Paraíso; do ex-Presidente da no continente gelado, em especial ao Brigadeiro Ker- Figueirense Participações, José Carlos Lage, e do olhei- sul, que conosco esteve nessa missão. ro Jaime Casagrande, entre tantos outros abnegados Por fim, não poderia deixar de agradecer o apoio dirigentes desse grande Figueirense, que tão bem re- das assessoras da Frente Parlamentar em prol do PRO- presenta Santa Catarina na elite do futebol brasileiro. ANTAR no Senado e na Câmara dos Deputados, Ilana Como não poderia deixar de ser, já é grande o Trombka e Maria Elisa Eichler, que muito trabalharam assédio de inúmeros clubes e seus coadjuvantes em- para o sucesso de nossa missão. presários no sentido de levar os atletas do Figueirense Quero concluir, Sr. Presidente, com uma home- para os grandes centros, inclusive, do exterior. À parte nagem especial aos nossos abnegados cientistas e de toda essa conquista, há de se registrar o inteligente, militares que, em prol da ciência, da pesquisa e do mas, infelizmente ainda pouco conhecido, programa nosso País, suportam as difíceis condições de vida no desenvolvido nas áreas de educação e saúde, além continente gelado, em cumprimento ao objetivo maior das muitas escolinhas de futebol distribuídas pelo Es- do Tratado Antártico, que é a ampliação do conheci- tado, afora outros benefícios proporcionados a esses mento, para a preservação de nosso planeta. jovens e seus familiares pela agremiação. Muito obrigada. Pois bem. Há muito, o Figueirense presta salutar O SR. EDINHO BEZ (Bloco/PMDB – SC. Pro- atendimento, razão da mantença de muitos atletas. E, nuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e para nosso júbilo, a maioria terá condições de disputar Srs. Deputados – e é com grande satisfação que os a Copa São Paulo de 2009! revejo nesta Casa –, o último dia 25 de janeiro entrou Todos nós, catarinenses, devemos formar uma para a história do desporto de Santa Catarina, com a corrente em favor da permanência desses atletas cam- já conseqüente repercussão nacional, em razão da peões no clube, a fim de não haver o desmanche des- inquestionável e consagradora conquista, pelo Figuei- sa grande plêiade, fadada a trazer maiores alegrias à rense Futebol Clube, da Copa São Paulo de Juniores, torcida Figueirense, a Santa Catarina e ao Brasil. que hoje equivale a um campeonato nacional dessa Agora, também para ficar perpetuado nos Anais importante categoria. desta Casa, com muita honra e imensa gratidão pela Por isso, o meu primeiro pronunciamento na 2ª alegria proporcionada, além do eficiente abnegado Sessão Legislativa da 53ª Legislatura será inteiramente técnico Micale, menciono todo o elenco dos 25 novos dedicado a esse grande feito. craques catarinenses. Goleiros: Gustavo Geizel e Fe- Para alguns desavisados, essa importante vitó- lipe. Laterais: Júlio César, Luan e Massari. Zagueiros: ria teria sido por acaso. Porém, para quem conhece Rafhael, Luis Eduardo e Thiago. Volantes: Ricardo, e acompanha, como eu, a competente e vitoriosa ad- Willian, Roberto, Edson Galvão e Balbino. Meias: Mai- ministração de tão consagrada agremiação esportiva con Talhetti, Bruno Vicente, Luis Carlos, Daniel e Ja- catarinense sabe muito bem ser ela fruto do bom traba- ckson. Atacantes: Marcel, Marquinhos, Luis Gustavo, lho de equipe que há vários anos vem sendo realizado Franklin, Jeferson e Joel. e que, hoje, é seguido e seqüenciado pela diretoria, Esses são os novos heróis catarinenses. do excelente corpo administrativo e, obviamente, da A todos os demais dirigentes e atletas e, com sua torcida. grande destaque, à coesa, eficiente e brava torcida O popular Figueira é, portanto, fruto de adminis- do Figueira, o meu particular e agradecido obrigado tração estruturada, correspondida pela direção téc- por mais essa grande alegria, em nome dos catari- nica e pelos 25 competentes e abnegados atletas, nenses. destaques de hoje e, com certeza, futuros craques Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. de renome nacional e internacional – esperamos nós, O SR. URZENI ROCHA – Sr. Presidente, peço a catarinenses. palavra pela ordem. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01413 O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem cimento esse que ocorre sobretudo nos países mais V.Exa. a palavra. pobres e em desenvolvimento e que são, portanto, os O SR. URZENI ROCHA (PSDB – RR. Pela ordem. mais carentes em infra-estrutura hídrica. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, querido De- A população mundial cresceu em proporções putado Inocêncio Oliveira, quero saudá-lo pelo nosso geométricas nos últimos 60 anos, ou seja, duplicou, retorno a esta Casa e dizer da nossa responsabilidade enquanto o consumo da água aumentou em 7 vezes, diante de uma pauta extremamente importante para o e as reservas da natureza permanecem as mesmas, Brasil – medidas provisórias, projetos de lei e demais naturalmente. As projeções demográficas indicam que, projetos em andamento nesta Casa –, em que vamos até o ano 2025, o que equivale a uma geração, portanto, começar a trabalhar a partir de hoje. haverá mais 2 bilhões de habitantes neste planeta terra/ O que me preocupa, Sr. Presidente, neste início água, com a maior concentração nas grandes cidades dos trabalhos, é exatamente o assunto que domina os dos países mais pobres e em desenvolvimento. noticiários do nosso País: os cartões corporativos, mais As nações emergentes e em desenvolvimento, um escândalo que envolve o Governo e incomoda e entre as quais o Brasil, são as mais vulneráveis ao preocupa a sociedade. Estou perplexo diante de mais déficits hídricos e seus efeitos destrutivos. De modo uma acusação contra Ministérios e servidores que uti- cíclico já previsível, o semi-árido nordestino padece lizaram indevidamente o cartão de crédito. historicamente dos efeitos da escassez de recursos Quero deixar bem claro que concordo com o uso hídricos e da ausência de intervenções públicas para do cartão corporativo pelos servidores que dele pre- mitigar esses fenômenos da natureza. cisam, mas é para ser utilizado em momentos opor- Nestes horizontes mundiais de escassez e per- tunos. É a forma mais transparente. O problema está plexidades, a imensidão territorial do Brasil apresenta em como ele está sendo usado. É preciso utilizá-lo de cenários paradoxais como sendo a terra da promissão, forma honesta. e ao mesmo tempo da carência de recursos hídricos Nós do PSDB preocupamo-nos com essa ques- por razões climáticas, desperdícios, poluição dos ma- tão dos cartões corporativos do Governo Federal, mais nanciais e falta de infra-estrutura para abastecimento um grave escândalo de que toma conhecimento a so- humano nas cidades e no meio rural, esgotamento ciedade brasileira. sanitário e tratamento de resíduos poluentes. Muito obrigado. Na condição de terra da promissão, o Brasil possui cerca de 12% das reservas de água doce do planeta, O Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Vice-Presi- em seus rios, lagos, açudes e aqüíferos subterrâneos. dente, deixa a cadeira da presidência, que Desse total, cerca de 11% encontram-se no Nordeste, é ocupada pelo Sr. Manato, 1º Suplente de região onde se encontra o semi-árido e que padece do Secretário. fenômeno cíclico das secas, de triste memória nacional. O SR. PRESIDENTE (Manato) – Concedo a pa- Reitero nesta oportunidade que a estiagem periódica lavra ao Sr. Deputado Inocêncio Oliveira. no semi‑árido nordestino é um fenômeno que pode ser O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PR – PE. Pronun- mitigado por meio de investimentos públicos em obras cia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. hídricas tipo a construção e ampliação de barragens Deputados, dádiva divina da natureza e bem essencial e adutoras, perenização de rios e aproveitamento de à vida, a água assume dimensão estratégica como lençóis freáticos. fator de prosperidade das nações diante do chamado O Nordeste também é região de contrastes e de- “estresse hídrico”, ou seja, a relação desigual entre a sigualdades em termos de recursos hídricos. O Ceará, disponibilidade dos mananciais, o abastecimento pú- por exemplo, possui mais de 12 bilhões de metros cú- blico, a geração de energia, a produção industrial e de bicos de água em açudes monitorados pelo DNOCS, alimentos, a poluição e os desperdícios. sendo a maior reserva o Castanhão, com capacidade Estudos da Organização das Nações Unidas – de armazenamento de 6,7 bilhões de metros cúbicos ONU revelam que atualmente cerca de 1 bilhão de de água de beber, com serventia para irrigação e pisci- pessoas no planeta não têm acesso à água de boa cultura. Em segundo lugar vem o açude de Orós, com qualidade e 2,6 bilhões de seres humanos vivem em reservas de 1,9 bilhão de metros cúbicos de água. comunidades sem saneamento e esgotamento sanitário Em Pernambuco o açude Engenheiro Francisco adequado. As projeções demográficas são de que, até Sabóia, na Bacia do Rio Moxotó, possui capacidade o ano 2025, o que significa médio prazo, a população de armazenamento de 500 milhões de metros cúbi- mundial deverá crescer em 2 bilhões de pessoas, cres- cos. O açude e barragem de Serrinha, na Bacia do 01414 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Rio Pajeú, grande empreendimento do qual tenho o quenas e médias cidades concentram lixões, quando justificado orgulho de ter sido um dos mentores, pos- deveriam existir aterros sanitários. sui capacidade de armazenamento de 320 milhões Voltando à questão central, neste novo século e de metros cúbicos de água. Essa é uma obra hídrica novo milênio, o desafio maior, em síntese, consiste em que se constitui numa redenção econômica e social universalizar o abastecimento de água de boa qualida- para a região do Pajeú, ao proporcionar as atividades de, proporcionar saneamento para a maioria das po- de pesca e ser um manancial para o abastecimento pulações e reverter as causas do aquecimento global, das populações. junto com a preservação do verde das florestas. O paradoxo consiste no descompasso entre as Era o que tinha a dizer. reservas disponíveis e a falta de infra-estrutura com- O Sr. Manato, 1º Suplente de Secretário, plementar em adutoras, estações de tratamento, sa- deixa a cadeira da presidência, que é ocupa- neamento, esgotamento sanitário e sistemas de dis- da pelo Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Vice-Presi- tribuição para levar água às populações. dente. Considerada a maior obra hídrica de abasteci- mento do Nordeste, o Sistema Pirapama está sendo O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- tocado em Pernambuco pelo Governo Eduardo Cam- cedo a palavra ao Sr. Deputado Vignatti. pos e, ao ser concluído, num prazo médio de 3 anos, O SR. VIGNATTI (PT – SC. Pronuncia o seguin- ampliará em cerca de 50% a oferta de água na Região te discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Metropolitana do Recife, com benefícios diretos para com muita satisfação, ocupo a tribuna para registrar o 3,5 milhões de pessoas. Os investimentos são de 430 bom desempenho da nossa indústria. milhões de reais oriundos do Ministério da Integração Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasi- Nacional, BNDES, Governo do Estado e COMPESA. leiro de Geografia e Estatística – IBGE, o crescimento Tendo participado da solenidade de assinatura da or- de 6% em 2007 é o melhor desde os 8,3% registrados dem de serviço e sendo um incentivador desse empre- em 2004. E é importante ressaltar que o atual cres- endimento, sou testemunha de que o Sistema Pirapama cimento é ainda mais sólido do que o registrado em é obra fundamental para acabar com o racionamento 2004, que representou uma recuperação em relação d’água na Região Metropolitana do Recife e melhorar a 2003 e foi alavancado pelas exportações. Esses 6% a qualidade de vida da população. de crescimento são oriundos da demanda doméstica, Está comprovado que, a cada real investido em o que reflete a significativa expansão do emprego ve- saneamento básico, são economizados 4 reais no sis- rificada em 2007 e a conseqüente melhoria da renda tema de saúde. Estima-se que 70% das internações do trabalhador brasileiro. na rede pública de saúde estão relacionadas com do- O maior impacto do crescimento veio do setor de enças transmitidas pela água. Lixo, contaminação dos veículos automotores, que obteve alta superior a 15%. mananciais, água sem tratamento e enchentes são Aliado a isso, há a redução dos juros, a ampliação dos problemas entrelaçados. investimentos, a melhora no mercado de trabalho e a Por meio do projeto Visita às Nascentes, que já expansão do crédito com prazos maiores, fatores que esteve presente nas cabeceiras dos principais rios alimentaram o consumo interno e que são permitidos pernambucanos e está tendo prosseguimento, de- pela estabilidade econômica. sencadeei um trabalho prático e educativo para pre- Tais dados reforçam a previsão de crescimento servação dos nossos mananciais e das matas ciliares. do PIB em torno de 5,5% em 2007, número que de- As nascentes são cercadas e os terrenos poderão ser verá ser divulgado pelo IBGE no início do segundo desapropriados pelos Poderes Públicos, para fins de trimestre deste ano. preservação. O bom desempenho da indústria mantém previ- Em termos globais ou localizados, a constatação sões otimistas para o crescimento do PIB em 2008, é de que a poluição dos mananciais e o desperdício mesmo embutindo alguma desaceleração devido à são as principais causas da escassez de recursos hí- piora do cenário internacional. dricos, fora as limitações naturais em certas regiões O resultado favorável de 2007 alimenta a expec- do planeta e do Brasil. tativa de que não haverá redução do ritmo do cresci- Dados oficiosos indicam que cerca de 45% da mento. Em dezembro último, a indústria de máquinas população residente nas Capitais brasileiras despeja e equipamentos vendeu 11,3% a mais que no mes- seus esgotos nos rios e no oceano, sem qualquer tra- mo mês de 2006. Durante o ano passado, as vendas tamento. No interior, as periferias e entradas das pe- foram 13,5% superiores às do período anterior. Parte Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01415 desse material foi exportada, mas a base principal de intempéries climáticas que assolaram o Estado de expansão dos fabricantes de bens de capital foi mes- Santa Catarina no dia 30 de janeiro. mo o mercado interno. De acordo com o Centro de Informações Mete- O crescimento generalizado da produção em orológicas da EPAGRI, em 24 horas, ou seja, das 9h 2007 veio para reafirmar o otimismo acerca das ex- do dia 30 às 9h do dia 31 de janeiro, choveu 113,19 pectativas de crescimento para o primeiro semestre milímetros por metro cúbico, quase o total esperado deste ano e, ainda que descontado o fator externo, para janeiro. possivelmente deve superar as projeções do próprio A região da Grande Florianópolis foi a que so- Governo de crescimento do PIB em 5%, conforme da- freu os maiores danos com enchentes, com quedas dos do PPA 2008/2011. de barreiras e desmoronamentos, que atingiram prin- A forte demanda mundial por alimentos em 2007, cipalmente os Municípios de Palhoça, Florianópolis, que fez o faturamento do agricultor brasileiro crescer Baguaçu, São José e Santo Amaro da Imperatriz. mais de 14% nas 25 principais culturas, deve se repe- Os impactos da chuva na Grande Florianópolis tir este ano, mesmo com a possibilidade de recessão foram discutidos em uma reunião do Governador Luiz da economia americana e do embargo à carne bovina Henrique da Silveira com os Prefeitos da região. Ficou brasileira pela União Européia. Isso porque, a favor acordado que as Prefeituras fariam o levantamento dos do Brasil, há 2 importantes fatores: o crescimento do danos para encaminhar ao Ministro da Integração Na- consumo asiático em cerca de 10% ao ano e o aqueci- cional, Geddel Vieira Lima, em audiência prevista para mento do milho para a produção de etanol nos Estados o próximo dia 13, com o objetivo de conseguir o auxílio Unidos, o que fez com que a área plantada de soja e da União para a recuperação dos estragos. algodão fosse reduzida naquele país, provocando a Os Municípios de São José, Palhoça e Biguaçu, alta dos preços dessas commodities. na Grande Florianópolis, e São Francisco do Sul, Penha Em relação à demanda, a principal preocupação e Itapoá, no norte do Estado, decretaram situação de é com a China, mas, mesmo na hipótese de desace- emergência. Navegantes decretou situação de cala- leração causada por uma queda das vendas para os midade e Anitápolis, onde houve quedas de barreiras americanos, ela não deixará de crescer. Se a China e alagamentos, decretou situação de emergência. Em não crescer 11%, crescerá 8% – e qualquer evolução Angelina, a situação também foi muito grave: metade do consumo chinês é positiva. da população ficou sem energia elétrica. E o centro da Segundo a Companhia Nacional de Abasteci- cidade de Santo Amaro da Imperatriz ficou debaixo de mento – CONAB, a safra de grãos 2007/2008 será de 1,5 metro de água. 134,8 milhões de toneladas, recorde histórico. Dados preliminares da Defesa Civil apontam que Enfim, tanto os dados apontados pelo IBGE re- 1 milhão de pessoas foram atingidas pelas chuvas que lativos ao crescimento da indústria quanto a alta nos se precipitaram sobre Estado de Santa Catarina. Em preços das commodities nos levam a crer que este Palhoça, foram contabilizados 250 desabrigados; em será um excelente ano para a nossa economia e, con- São José, 200; em Joinville, 60, e, em Itapema, 46. Em seqüentemente, para nós, brasileiros. São Francisco do Sul, Itapoá, Barra Velha, Balneário Para finalizar, Sr. Presidente, ressalto que o PAC de Piçarras e Penha, pelo menos 100 pessoas estão será o responsável por mais um ponto a favor do es- desabrigadas. Em Camboriú, deslizamentos de terra perado crescimento, uma vez que busca exatamente destruíram 2 casas na localidade de Toca. corrigir aspectos que limitam a produção e a rentabili- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, além dos dade da economia, como a histórica má condição de municípios atingidos, as rodovias federais que cortam nossas rodovias, a ineficiência dos portos e o baixo o Estado sofreram com as enchentes. Segundo dados uso de hidrovias e ferrovias, fatores que encarecem da Polícia Rodoviária Federal, o pior caso ocorreu na os insumos. rodovia BR-282, na região de Rancho Queimado. Na Portanto, há muitos motivos para estarmos oti- altura do Km 69, parte da pista afundou, interditando mistas neste início de ano. meia pista no sentido leste-oeste. Em Palhoça, nos Um bom 2008 para todos! Kms 223 e 230 da BR-101, a pista estava alagada, O SR. DJALMA BERGER (Bloco/PSB – SC. Pro- mas sem interdição do tráfego, de acordo com a PRF, nuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e que recomendava cautela e baixa velocidade no local. Srs. Deputados, nesta sessão em que iniciamos a 2ª Os motoristas encontravam a mesma situação em São Sessão Legislativa desta Legislatura da Câmara dos José, nos Kms 204 e 207 da BR-101, onde as margi- Deputados, retorno à tribuna para fazer um relato das nais estavam alagadas, sem condições de passagem, 01416 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 e em Biguaçú, no Km 191 da BR‑101, o trânsito ficou com sua família nas primeiras migrações de nordesti- lento devido a alagamento na pista. nos para o Centro-Oeste brasileiro. No Município de São José, que represento nesta Filho de Manoel Cardoso Varjão e de Maria Olím- Casa, verifiqueiin loco os danos causados e me colo- pia Varjão, Valdon iniciou a vida no Araguaia como quei à disposição da população no que diz respeito à garimpeiro; depois, foi comerciante, agropecuarista, viabilização da recuperação dos estragos. A Prefeitura tabelião, contador, contista, escritor e jornalista. Municipal decretou situação de emergência em virtude Aos 84 anos de idade, vítima de insuficiência das fortes e intensas chuvas no município e na Gran- múltipla dos órgãos, decorrente de pneumonia e soma- de Florianópolis. A Defesa Civil agiu com presteza em tização de uma depressão, morreu no Hospital Santa inúmeros bairros para retirar as famílias que residem Rosa, em Cuiabá. em áreas de risco. Essas pessoas foram levadas para Valdon Varjão teve uma vida bem vivida. Cons- unidades escolares localizadas em pontos estratégicos truiu uma bonita família, fez muitos amigos, percorreu e perfeitamente preparadas para atender os morado- trajetória das mais completas e interessantes da po- res desabrigados. lítica contemporânea de Mato Grosso e muito honrou Conforme dados da Defesa Civil, em Santa Cata- meu Estado ao cumprir 2 mandatos nesta Casa do rina há 4.328 desalojados, 922 desabrigados e 2.544 Congresso Nacional. deslocados. O Estado registrou 32 municípios em si- Valdon Varjão começou na vida pública em 1959, tuação de emergência e 2 em situação de calamida- quando foi eleito Vereador por Barra do Garças. Em de pública. 1969, elegeu-se Deputado Estadual. Na década de Em situação de emergência, estão os Municípios 70, foi Senador da República pela ARENA, como su- de Itajaí, Balneário Camboriú, Tijucas, Anitápolis, Ita- plente do saudoso Senador Gastão Muller. Foi o pri- meiro negro no Senado brasileiro e ali se destacou poá, Santo Amaro da Imperatriz, Biguaçu, Florianópolis, sobretudo pelo projeto que proíbe a venda de órgãos Palhoça, São José, Camboriú, Penha, Brusque, Ange- humanos no Brasil. lina, São Pedro de Alcântara, Antônio Carlos, Imbituba, Na década de 80, no Governo Júlio Campos, foi Piçarras, Rancho Queimado, São João do Itaperiú, eleito Deputado Federal pelo PDS. Depois, por mais Governador Celso Ramos, Canelinhas, Major Gercino, 3 mandatos, foi novamente Vereador. Santa Rosa de Lima, Corupá, Jaguaruna, Ilhota, Nova Conforme registra a imprensa mato-grossense, Trento, São Bonifácio, São João Batista, Itapema e São Valdon Varjão foi uma das personalidades mais caris- Martinho. Os Municípios de Navegantes e Jaraguá do máticas e folclóricas do Araguaia. Foi também um vi- Sul decretaram situação de calamidade pública sionário. Quando Vereador, entre 1997 e 2000, sugeriu Desta tribuna, então, Sr. Presidente, Sras. e Srs. a construção do Discoporto, uma espécie de aeroporto Deputados, quero enviar aos munícipes das cidades para discos voadores. atingidas minha irrestrita solidariedade, meu apoio aos Membro-fundador da Academia de Letras e Cul- Prefeitos Municipais e a certeza de que estou empe- tura do Centro Oeste, Valdon escreveu 28 livros re- nhado para que o Governo Federal, por meio da Se- tratando a história de Barra do Garças e do Vale do cretaria Nacional de Defesa Civil, libere os recursos Araguaia. Entre suas obras publicadas, estão: Como com a maior brevidade possível para recuperar os e Por que Trabalham os Pedreiros Livres; Barra do prejuízos causados pelas intempéries climáticas que Garças no Passado; Avante! Filhos da Viúva; Negro atingiram Santa Catarina no final de janeiro e inicio Sim, Escravo Não; A Integração Racial; Filinto Müller, de fevereiro. um Líder; Seca do Nordeste; Janela do Tempo, histó- Era o que tinha a dizer. ria e estórias. O SR. CARLOS BEZERRA (Bloco/PMDB – MT. Conheceu sua mulher, Maria do Rosário Varjão, Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. em Araguaiana e, juntos, participaram das descobertas e Srs. Deputados, faço uso deste valoroso espaço do da Expedição Roncador-Xingu, evento que marcou a Pequeno Expediente para, em rápidas palavras, regis- ocupação habitacional da região na legendária Mar- trar a história de vida de um brasileiro chamado Valdon cha para o Oeste. Varjão e o cumprimento do seu destino. Valdon Varjão deixa esposa, quatro filhos, 12 ne- No último dia 3, um domingo, Mato Grosso per- tos, 7 bisnetos e muita saudade. À família de Valdon deu Valdon Varjão, que, nascido em Cariús, Ceará, se Varjão o meu abraço. tornou mato-grossense por adoção. Chegou ele ao Vale Para concluir, Sr. Presidente, requeiro à Mesa, nos do Araguaia ainda menino, aos 5 anos de idade, veio termos do inciso I do § 2° do art. 117 do Regimento Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01417 Interno, o encaminhamento à família de Valdon Varjão Vai a matéria de Valdon Varjão, ficando para nós de votos de profundo pesar pela perda desse grande a saudade. Seu espírito foi se encontrar com seus ami- brasileiro que fez sua passagem nesta Casa do Con- gos Antonio Paulo da Costa Bilego, Heronides Araujo, gresso Nacional e incorporo a este pronunciamento Ladislon Cristino Cortes, Wilmar Peres de Farias, entre 2 matérias publicadas na imprensa de Mato Grosso: outros, que como ele, ajudaram a construir a história Valdon Varjão – uma vida, do ex‑Deputado José Ari- de Barra do Garças e Mato Grosso. matéia, e Viagem Sideral, do poeta Airton Reis. Já faz cinco anos que fui incentivado pelo amigo Muito obrigado. jornalista Paulo Batista a escrever a biografia de Val- MATÉRIAS A QUE SE REFERE O ORA- don Varjão. Por acreditar que não tinha a competência DOR exigida para tal missão, respondi ao Paulo: “Seu Valdon ainda vai longe, temos muito tempo para isso”. Valdon Varjão – Uma vida Quis Deus que eu estivesse equivocado. Cum- Valdon Varjão – nome que deverá estar normal- prindo sua missão na terra, esse bravo brasileiro, mente na memória de todos barra-garcenses como uma nascido no sertão cearense, foi tirado do vôo livre da das mais altas, nobres e significativas personalidades liberdade de viver as margens do rio que o encantava, do Vale do Araguaia e do Estado de Mato Grosso. Foi o Araguaia, para uma prisão em cadeira de rodas e ao ele sem dúvida, um apaixonado por Barra do Garças exílio em um quarto residencial e um apartamento de e sua gente. hospital, até a hora derradeira. Na adaptação social, que ilumina e transfigura Há páginas da vida tão belas que não necessitam as imagens, Varjão representa ser a espécie felina do toque decorativo dos esmaltes. Está no seu próprio em sua destinação de força. Pode-se dizer, extraordi- drama a verdade como formosura. É que a verdade nário o destino desse tenaz crioulo. Afrontou quando também pode ser bela. É esta verdade que simboliza criança e adolescente a difícil hostilidade da pobreza Valdon Varjão. Ser humano com virtudes e defeitos, e desabrochou iluminado, fazendo-se, como homem erros e acertos, mas com uma determinação profunda público, ídolo do povo. de servir o seu povo. Foi símbolo do sonho, oscilou entre o devaneio Não é tão importante escrever a história, mas, e a luta, entre a batalha e a oferenda. Viveu ancorado sim, fazer parte dela. E a mais bela verdade é, sem em uma ideologia que junta monstros e estrelas, alar- duvida, uma bela vida. Negro sim, escravo não! ga expressões e modifica conceitos. Descanse em paz. (José Arimatéia é ex-Depu- Era exatamente isso que assustava seus adver- tado Estadual.) sários políticos. “Nunca sou tão amigo de uma pessoa Viagem Sideral a ponto de não poder dar-lhe um empurrão e não tão Carnaval das Galáxias no leste de Mato Gros- inimigo que não possa dar-lhe um abraço”, afirmava. so. Barra do Garças em despedida ao som da bateria Na sua dimensão histórica, o ponto de referencia em percussão. Valdon Varjão na galeria dos ilustres será principalmente a vida pública. Inquieto, polemico, consagrados pelo voto popular de eleição em eleição. sagaz, mas, acima de tudo humano, Varjão não fugia Valdon Varjão representante de um povo irmanado no do debate político, por mais áspero que fosse. alvorecer da democracia. Afeito a desafios, após ser Vereador, Prefeito, Valdon Varjão no refrão: “Negro sim, escravo não!” Deputado Estadual e Senador da Republica, já seten- Valdon Varjão no Parlamento e no Executivo municipal. tão, volta a se eleger Vereador pela sua querida Barra Valdon Varjão no Congresso Nacional. Valdon Varjão do Garças. No exercício deste mandato apresentou e no portal das letras mato-grossenses além de uma conseguiu aprovar o polêmico projeto do “Discoporto” academia. Valdon Varjão patrono da cidadania estelar. para receber naves de outros planetas. Valdon Varjão nas páginas do Livro da Vida prefaciado Esta atitude custou-lhe algumas chacotas, mas pelo verbo representar. Valdon Varjão na fraternidade atingiu seu objetivo. Mostrou a “Princesa do Araguaia” universal conjugada em todos os tempos. Valdon Var- para o Brasil e o mundo. Como marketing turístico, foi jão na força da palavra de um sertanista. Valdon Varjão uma jogada de craque, mal aproveitada pelos admi- na morada eterna reservada a um político humanista. nistradores da época. O gancho do projeto de Valdon Valdon Varjão em samba-enredo sideral. Valdon Varjão Varjão, se bem aproveitado, era o chamariz ideal para em acolhida fraternal. Valdon Varjão em chegada ilumi- inserir Barra do Garças e o Vale do Araguaia no rotei- nada pelos astros de um mesmo firmamento. Valdon ro turístico nacional e internacional. Algum dia desses Varjão nas referências de um legislador. Valdon Varjão vou escrever sobre este assunto. na viagem com escala na Casa do Pai e Criador. 01418 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Valdon Varjão em separatas que marcaram épo- Apresentando excelente qualidade de impressão, ca pela “Integração Racial”. Valdon Varjão na “Janela seções de interesse e ótimos articulistas, a cada dia do Tempo” da humanidade irmanada em constelação a Atenção vem conquistando mais leitores de Bauru universal. Valdon Varjão no refrão da Bandeira em e região. Pavilhão Nacional iluminado. Valdon Varjão em verso Nesse período, a revista publicou várias matérias, poetizado pela rima livre. Valdon Varjão em história reportagens e entrevistas de relevância, entre as quais, sem capítulo final. Valdon Varjão na Primavera de um posso destacar as de Pelé, Edson Gasparini, Moussa jardim sideral. Valdon Varjão em pegadas trilhadas em Tobias, João Coube, Vangélio Mondelli, o astronauta direção ao social. Valdon Varjão no vértice do tempo Marcos Pontes, Duda Trevizan, entre outras. das mãos dadas. Valdon Varjão no horizonte das pa- A revista Atenção criou também um prêmio que lavras publicadas. tem o seu nome e homenageia os que se destacaram Vai Valdon Varjão, vai! Encontre a Luz do Arqui- nas áreas de Medicina, Odontologia, Arquitetura, co- teto do Universo brilhante em outras dimensões. En- mércio, imprensa, indústria, agropecuária, filantropia, cante outras platéias com as suas convicções. Diga construção civil, contabilidade e imobiliária, jurídica “sim” ao povo brasileiro esquecido em conquistas e e política. No próximo ano, mais precisamente no dia em constantes privações. Anuncie a liberdade tantas 31 de maio acontecerá a sua 25ª edição, evento que vezes calada antes e depois de uma senzala colonial. já se tornou tradicional e de muita importância para Brilhe na magnitude de uma estrela doravante dourada, Bauru e região. colossal. Adentre o portal dos mansos e dos pacíficos Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em alvorada celestial. só me resta parabenizar a Atenção e a equipe que a Comungue o pão da vida em aurora divinal. Es- compõe pelo trabalho realizado na missão de bem infor- teja sempre conosco em verso e poesia. Seja para mar, proporcionar lazer e promover Bauru e região. nós, brasileiros, o ícone consagrado pela autêntica Muito obrigado. democracia. Exerça a cidadania sem fronteira e sem A SRA. PERPÉTUA ALMEIDA (Bloco/PCdoB – olhos fechados diante da desigualdade seja ela qual AC. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, for. Aviste a Luz do Bom Pastor. Seja símbolo de um Sras. e Srs. Deputados, no Governo do Presidente tempo assinalado pela boa vontade. Esteja na memória Lula, o Brasil vem sofrendo importantes transforma- desta Capital e daquelas cidades que você viu nas- ções: o retorno do crescimento econômico, a geração cer, crescer e integrar ao lábaro estrelado que nos faz de empregos e a redução das desigualdades sociais sociedade num mesmo Estado Federado. Vai Valdon e regionais. Varjão, vai! Mato Grosso se despede em samba‑en- redo iluminado pela fênix de um Brasão institucional. Em seus relatórios, os principais institutos de Adentre o portal dos irmanados em filiação universal. pesquisas nacionais, IBGE, IPEA e FGV, bem como Pouse com suas asas prateadas na pátria espiritual. os internacionais, a exemplo da UNESCO, ressaltam Barra do Garças lhe concede o título imortal de um significativa evolução na renda do trabalhador, na redu- cidadão em viagem sideral. ção da pobreza extrema e na melhoria do saneamento (Airton Reis é poeta em Cuiabá.) básico da população brasileira. O SR. JOSÉ PAULO TÓFFANO (PV – SP. Pro- As coisas estão realmente melhorando nesta nuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e terra verde e amarela. E temos de continuar insistin- Srs. Deputados, demais autoridades presentes, ami- do em mudar a face do nosso País. Uma nação de gos e amigas que nos acompanham pelo sistema de desigualdades seculares, forjada na escravidão, e comunicação da Câmara dos Deputados, quero pa- ainda com tanta pobreza, necessita de um governo rabenizar a revista Atenção, da cidade de Bauru, São forte e presente, que se dedique especialmente aos Paulo, que completou 25 anos de sucesso. mais sofridos, aos que tiveram menos oportunidades Dirigida pelo jornalista Luiz Carlos, a Atenção de crescer e se desenvolver ao longo de uma vida de iniciou suas atividades em 1982, com a publicação de privações e preconceitos. seu exemplar nº 1, que trazia na capa figuras ilustres, Por isso, Sr. Presidente, parabenizo o Governo como Alcides Franciscato, Toninho Guerreiro e Mau- Lula que se prepara para lançar O programa Territórios rício Lima Verde Guimarães. da Cidadania, na minha opinião, de grande alcance no Agora, chega ao jubileu de prata como a mais combate à desigualdade. Não adianta promover o cres- antiga revista do gênero de circulação ininterrupta do cimento na Avenida Paulista, centro financeiro do País, Estado de São Paulo e, talvez, do Brasil. e deixar os cidadãos do campo vivendo no atraso. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01419 É necessário investir nas áreas rurais de municí- Com base em relatórios do Tesouro Nacional pios pobres. E esse programa lança um olhar sobre a e dos Governos regionais, indicaram as estimativas questão, com previsão de investimentos da ordem de 9 preliminares que, em 2007, o volume de impostos e bilhões de reais este ano para ações de ampliação da contribuições pagos pelo cidadão abocanhou, no mí- assistência técnica, construção de estradas e recupe- nimo, mais 1,14% do Produto Interno Bruto nacional. ração de infra-estrutura de assentamentos, ampliação A carga tributária, que já era de absurdos 35,9% do do Programa Luz para Todos e dos Programas Saú- PIB em 2006, saltou para mais de 37% das riquezas de da Família, Farmácia Popular e Brasil Sorridente, produzidas pelo País no ano passado, nobres cole- construção de escolas, obras de saneamento básico gas! E só não foi ainda maior graças a receitas dos e construção de cisternas, entre outros. encargos pagos por empresas do setor hidrelétrico O Programa Territórios da Cidadania, Sr. Presi- e de petróleo. Se descontadas essas receitas e as dente, vai mudar a cara do meio rural do País. E quere- multas e juros sobre as dívidas tributárias, a variação mos um meio rural justo e desenvolvimento, queremos da carga tributária seria ainda maior, ultrapassando um país que cresça para todos. Acabou aquela velha 1,25% a mais no PIB de 2007, em comparação com história de deixar o bolo crescer para dividir. Vamos o ano anterior. Lembra ainda o jornal que, não fosse dividir o bolo agora! a revisão dos valores do PIB feita pelo IBGE no início Não queremos um país onde os ganhos do de- do ano passado, já estariam sendo descontados do senvolvimento fiquem concentrados em uma pequena Produto Interno Bruto brasileiro mais de 41% apenas elite, a elite financeira, bancária. Queremos distribuir a em impostos e tributos. riqueza para toda a nossa gente. E o Acre muito precisa Esses números demonstram que realmente nun- desse programa para os seus municípios pequenos e ca passou de falácia do Governo Federal o argumento pobres, onde a maioria da população é rural e suplica de que nós, a Oposição, seríamos responsáveis pelos por assistência do Governo. cortes feitos no Orçamento em razão da não-prorro- Insinua a Oposição, alegando possíveis favore- gação da CPMF. Mesmo sem o famoso “imposto do cimentos eleitorais, que questionará o Territórios da cheque”, estimativa feita pelo nobre Senador Francis- Cidadania no STF. Isso será um desserviço dos opo- co Dornelles, Sub-Relator do Orçamento, indica que a sicionistas ao Brasil, uma falta de preocupação com receita federal passará dos 683 bilhões de reais pre- o povo pobre. O Governo promete investir bilhões em vistos pelo Governo antes da extinção da contribuição municípios com baixo índice de desenvolvimento hu- para 686 bilhões de reais este ano. Em proporção ao mano, e a Oposição quer barrar a realização do pro- PIB, a arrecadação federal embutida no Orçamento grama na Justiça! pode crescer de 24,25% em 2007 para algo em torno Vamos deixar o Presidente Lula trabalhar em de- de 24,43% em 2008. fesa dos municípios mais pobres, estejam eles onde Assim, os 20 bilhões de reais de despesas que de- estiveram, em Governos da Situação ou de Oposição. veriam ser cortados para cobrir a falta da CPMF devem O critério é a condição de pobreza. ser reduzidos pela metade. Mas, segundo o Estadão, Sr. Presidente, o Programa Territórios da Cida- o Governo não pretende reduzir os cortes. Espera que dania vem em boa hora e distribuirá os frutos do cres- o Congresso aprove o Orçamento com um corte de 10 cimento econômico que o país vive. Peço à Oposição bilhões, para, depois, cortar igual quantia em emendas que não atrapalhe o desenvolvimento de importante parlamentares por meio de decreto, evitando reduzir programa que beneficiária mais de 900 municípios seus investimentos. Para dizer o mínimo, nobres cole- pobres do Brasil. gas, é lamentável! Sabemos todos das necessidades Muito obrigada. por que passam as cidades contempladas em nossas O SR. WALDIR NEVES (PSDB – MS. Pronuncia emendas, independentemente do alinhamento ou não o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. De- com os planos do Executivo. putados, estamos no início de mais um ano e, como As estatísticas de 2007, porém, mostram que o de hábito, vemos uma inundação de estatísticas e brasileiro não se rende, nem mesmo na adversidade estimativas traçadas por órgãos e especialistas dos enfrentada por alguns setores pelos quais lutamos mais diversos setores. Infelizmente, porém, na maioria nesta Casa. das vezes não temos muito o que comemorar, como Na condição de Vice-Presidente da Comissão mostram os cálculos feitos e divulgados pelo jornal O de Agricultura, Pecuária, Abastecimento de Desen- Estado de S. Paulo, respeitado veículo de comunica- volvimento Rural, tenho a alegria de comemorar o ção da Capital paulista. crescimento de 5% da agroindústria brasileira no ano 01420 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 que passou. Em 2006, o crescimento foi bem inferior, e escolas, nos partidos políticos, no serviço público, alcançando apenas 1,5%. nas igrejas e nas instituições de poder. E esse importante setor ainda pode oferecer Quero aproveitar, também, para parabenizar o muito mais para a economia nacional! Tanto que nos Governo Lula por assegurar avanços em termos de 4 trimestres do ano passado, a variação dos resulta- políticas públicas e de auto-afirmação, por priorizar dos positivos foram significativas: 6,9% no primeiro o trabalho de reconhecimento dessas comunidades trimestre; 3,3% no segundo; irrisórios 1,8% no tercei- quilombolas e a titulação dos quilombos em todo o ro, e consideráveis 9,3% no quarto. Portanto, resta País, mesmo lidando contra forças poderosas, de lati- demonstrado que poderíamos estar comemorando fundiários e outros grupos que se dizem donos dessas números ainda mais elevados. E é por isso que nego- terras. Historicamente, bem se sabe, a maioria delas ciamos com o Governo Federal formas de alavancar foi usurpada com a força das armas e de jagunços e a agroindústria, como a questão das dívidas agrárias, a conivência do Estado, restando aos quilombolas a que já se arrasta há tempos e que esperamos ver solu- resistência e a luta, características que nunca faltaram cionada até 31 de março, prazo estendido a pedido de a esse povo, para ter suas terras reconhecidas. E, aos autoridades governamentais – e espero que, de fato, poucos, essa conquista vem se concretizando. possamos dar uma resposta definitiva a tão delicada Em suma, o que o nosso Governo vem fazendo questão nessa data. nos últimos anos com as comunidades de afro-rema- Sonho com números arrebatadores para o início nescentes deste País é reconhecer os seus direitos, do ano que vem, números que confirmem a vocação previstos na nossa Carta Maior, a Constituição Federal. do Brasil de celeiro do mundo e que ponham fim ao Além disso, vale destacar que as comunidades rema- flagelo da fome que assombra as regiões mais mo- nescentes reconhecidas passam a ser beneficiadas destas do País. com ações de promoção do desenvolvimento socio- Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. econômico e cultural empreendidas pelo Programa Muito obrigado. Brasil Quilombola, do Governo Federal, uma grande O SR. IRAN BARBOSA (PT – SE. Pronuncia o conquista social, sem sombra de dúvida. seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. De- Quero, então, mais uma vez, registrar os meus putados, ocupo hoje a tribuna desta Casa para para- sinceros parabéns a toda a comunidade da Maloca, o benizar a comunidade negra da Maloca, localizada no primeiro quilombo urbano de Sergipe e o segundo do Bairro Cirurgia, em Aracaju, Capital do meu querido Brasil. E quero fazê-lo destacando o nome de um de Estado de Sergipe, que, no dia 7 de fevereiro último, seus mais fortes e representativos líderes comunitá- comemorou um ano de reconhecimento como comu- nidade quilombola urbana – a segunda nesta condição rios, o Sr. Luís Augusto Bonfim, Diretor-Fundador da em nosso País – pela Fundação Cultural Palmares. CRILIBER (Criança e Liberdade), ONG criada há 20 Trata-se de um grande passo em direção ao re- anos com o empenho e a luta de Bonfim e de outros conhecimento dos espaços de resistência da cultura bravos integrantes da comunidade para preservar e das populações afrodescendentes brasileiras, durante valorizar a cultura negra da Maloca. Partiu da ONG muitos anos estigmatizadas e perseguidas por procu- CRILIBER, Sras. e Srs. Parlamentares, todo o proces- rarem manter as suas tradições, religião e costumes so para o reconhecimento daquela comunidade como vivos em meio a esta nossa sociedade eivada de pre- quilombo urbano. conceitos contra minorias étnicas, religiosas e tantas Para Bonfim e todos os bravos homens e mulhe- mais. O que desmonta a tão apregoada tese de que o res da comunidade Maloca, o nosso apreço e a nossa Brasil é um país onde todas as culturas e raças con- admiração. Trabalhamos para que exemplos como esse vivem em perfeita harmonia e são reconhecidas igual- se multipliquem por Sergipe e pelo Brasil afora. mente pelo Estado. Era o que tinha a registrar hoje, Sr. Presidente, Sabemos muito bem que isso não é verdade! Sras. e Srs. Parlamentares. Prova disso são os vários indicadores do IBGE rela- Muito obrigado. tivos à ocupação dos espaços em qualquer setor da O SR. OSVALDO REIS (Bloco/PMDB – TO. Pro- nossa sociedade. Os números mostram que nossa nuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e população é majoritariamente formada por negros e Srs. Deputados, compareço a esta tribuna para mani- mestiços, porém, não ocupamos, na mesma propor- festar meu regozijo pelo fato de o Tocantins ser o Es- ção, os melhores e mais representativos espaços nas tado que mais investe em educação e inclusão digital empresas, no mercado de trabalho, nas universidades neste País. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01421 Venho, também, destacar alguns resultados des- pios com os Governos Estadual e Federal, e também ses investimentos e mostrar como o meu Estado está da iniciativa privada, de modo a realizar um trabalho enfrentando os problemas da baixa qualidade de en- de parceria, comprometido com as metas e com os sino e da exclusão digital. resultados. Na sexta edição da Pesquisa de Informações Ainda que o tempo seja exíguo, faço questão de Básicas Municipais, realizada em 2006, o Instituto destacar algumas razões que, seguramente, contri- Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou buem para números tão auspiciosos. que, considerados os municípios de todos os Estados Em primeiro lugar, os municípios tocantinenses brasileiros, o maior percentual de investimentos em in- souberam assumir a crescente responsabilidade que clusão digital foi realizado no Tocantins (69%). Outros lhes coube nos últimos anos, no que tange à gestão Estados que se destacaram foram Bahia (65,6%), Rio da educação, seja no ensino fundamental, médio ou Grande do Norte (63,6%) e Acre (61,5%). educação de jovens e adultos. No Tocantins, Sr. Presidente, o acesso à informa- A partir dessa compreensão, os gestores muni- ção e ao direito à comunicação são considerados, de cipais, liderados pelo Governo do Estado, assumiram fato, direitos inalienáveis de todos. o Partido da Educação, acima de qualquer outra ban- Em razão disso, várias ações estão sendo de- deira, cor ou feição partidária, e passaram a realizar senvolvidas nos municípios, todas coordenadas e in- uma ação coordenada, ancorada nas diretrizes esta- tegradas em um amplo Programa de Inclusão Digital, belecidas pelo MEC, em prol da educação e da inclu- num esforço que inclui diversos atores, tanto do Poder são digital, cientes de que, sem esses 2 pilares, não Público, quanto da iniciativa privada. há desenvolvimento que possa se sustentar. Em relação à educação, a pesquisa mostra que As mudanças implantadas no Tocantins objeti- 85,2% dos gestores municipais do Estado investiram na vam atacar pontos nevrálgicos, que vinham reprodu- remuneração e na capacitação de professores, como zindo uma realidade de fracasso escolar no Estado, parte de um plano estadual, consonante com o Plano por exemplo: valorização dos professores; combate à Nacional de Educação. evasão e à defasagem idade/série; inclusão digital; e Reflexos desses investimentos e do esforço des- gestão compartilhada. pendido no Tocantins, para melhorar a educação e pro- Foi deflagrado, como premissa básica para a mover a inclusão digital, já aparecem nos índices de melhoria da educação, um plano de valorização dos avaliação do Ministério da Educação e Cultura (MEC), professores, que inclui: elevação do salário em 40% nobres colegas. nos últimos 4 anos; investimentos em formação inicial e Todos apontam que, enquanto cai a média no resto do País, os números do Estado crescem, com- continuada; ampliação do acesso aos bens culturais. provando que vale a pena investir em educação, de Por outro lado, a Secretaria de Educação e Cultura forma conjunta, integrada e articulada. do Estado (SEDUC) desenvolveu programas como o Os índices do Sistema Nacional de Avaliação “Evasão Escolar: Nota Zero”, que, em parceria com o da Educação Básica (SAEB) revelam que houve um Ministério Público, garante a permanência do aluno em aumento de aproximadamente 20% nos resultados do sala de aula; e “Aceleração da Aprendizagem, Se Liga Estado. No período de 2001 a 2005, o Tocantins cres- e Acelera”, em parceria com o Instituto Ayrton Senna, ceu na média de desempenho em 15,5% em Língua que visa corrigir a distorção idade/série. Portuguesa e 7,8% em Matemática. No que tange à inclusão digital, repito, o Estado O MEC constatou também que houve uma re- executa um programa ambicioso, por meio de parcerias dução significativa da evasão escolar no ensino fun- com o Governo Federal e com a iniciativa privada. damental: os números mostram uma queda de 7,8% Essas ações e muitas outras ocorrem de forma para 1,2%, entre 2002 e 2006. simultânea e integrada, em um amplo Programa de Por outro lado, os índices de aprovação subiram Gestão Compartilhada. Com a implantação do Progra- em 20% no ensino fundamental, e a distorção idade/ ma, a SEDUC delegou mais autonomia e maior res- série, no ensino médio, caiu em 26%. ponsabilidade sobre gastos aos diretores e, por outro Está claro que esses números apontam para outra lado, promoveu a participação dos pais e alunos nas realidade, já em construção, Sr. Presidente. decisões escolares. O Tocantins é, hoje, exemplo para o Brasil, não Essas são, nobres colegas, apenas algumas ra- resta dúvida. Para que assim fosse, repito, foram ne- zões do sucesso no esforço pela melhoria da educa- cessários investimentos e ação conjunta dos municí- ção no Tocantins. 01422 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Essa realidade é, para mim, motivo de orgulho e da garantia da representação da categoria e dos nos- alegria, porque mostra ao País que é possível e viá- sos direitos. vel melhorar a educação e promover a inclusão digital. Em segundo lugar, assinalo que os 28 anos do Mas há de se ter claro que isso requer investimentos e Partido dos Trabalhadores também devem ser lembra- envolvimento de todos os atores sociais, como ocorre dos como outro momento histórico para a consolida- hoje em meu querido Estado. ção de uma organização política capaz de avançar os Que o Brasil saiba, veja e siga o exemplo desse limites das entidades sindicais do campo e da cidade. jovem dinâmico, arrojado e determinado, chamado O PT foi fundado oficialmente em 10 de fevereiro de Tocantins. 1980, no memorável encontro do Colégio Sion, em Era o que tinha a dizer. São Paulo. Muito obrigado. E nós, do Partido dos Trabalhadores, queremos O SR. PAULO ROCHA (PT – PA. Pronuncia o reafirmar suas características originais: a de um par- seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. De- tido de massas, com quadros militantes, radicalmente putados, desta tribuna, faço questão de mencionar democrático, capaz de governar e transformar o Brasil 2 datas comemorativas que marcaram grandes con- e de lutar por uma sociedade mais igualitária, pois só quistas na vida do trabalhador brasileiro por meio da existe democracia onde há a participação organizada luta sindical. e consciente do povo. Refiro-me, em primeiro lugar, ao 7 de fevereiro, O cenário político que temos hoje no Brasil – e, Dia Nacional do Trabalhador Gráfico, instituído há 85 de forma especial, no Pará – nos dá a chance de rea- anos. lizar um governo voltado para as causas sociais. Para Essa data representa um pouco do que foi a sua tanto, quero atuar conjuntamente com o Presidente Lula e com o Governo do meu Estado com o objetivo luta e os motivos do movimento que resultou no legado de ampliar os investimentos nas áreas de educação, de dignidade e honradez deixado pelos companheiros saúde, infra‑estrutura, saneamento e outras que be- gráficos a partir da vitória do movimento grevista de neficiem diretamente os trabalhadores. 1923. Com muita satisfação, nós, gráficos, podemos Viva o dia 7 de fevereiro! Parabéns ao Partido afirmar que fomos os precursores da organização dos Trabalhadores! sindical no Brasil. A nossa luta promoveu mudanças Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. que culminaram em transformações sociais e políticas A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB ocorridas no Brasil ao longo das últimas décadas e que, – AM. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presiden- agora, estão se consolidando no Governo Lula. te, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para A organização e a força dessa categoria con- falar sobre um assunto de extrema gravidade que tinuam vivas. Exemplo disso é a recente vitória dos ocorreu no Estado do Amazonas, a morte de Cristia- trabalhadores gráficos da Quebecor World, de Recife, ne Dias Fernandes, uma jovem de 25 anos. Cristiane que, da mesma forma como agiram os companheiros foi encontrada enforcada dentro da própria casa, e o de 1923, ou seja, pela greve, conquistaram o direito principal suspeito do crime é o seu companheiro, que de ter sua representação sindical reconhecida pela se encontra foragido. Senhores, a violência contra a empresa. mulher é algo que envergonha todo o nosso País, e Prezados Parlamentares, a organização da nos- não pode continuar. E o que é ainda mais angustiante: sa categoria foi importante para a criação da Central enquanto nossas mulheres estão perecendo, vítimas Única dos Trabalhadores – CUT, tendo também im- da violência, a Justiça brasileira ainda mostra resis- pulsionado a constituição de vários outros sindicatos tência para aplicar a Lei Maria da Penha, fato esse e entidades de classe. lamentável. No Pará, a história não foi diferente. De 1983 a É triste ver nossas mulheres sendo agredidas 1989, presidi o Sindicato dos Gráficos, onde lutamos dentro de suas próprias casas, pelos seus maridos e muito para que a profissão fosse respeitada e valori- companheiros, e ainda tendo medo de denunciar os zada, assegurando não apenas aos trabalhadores, agressores, seja por terem vergonha, seja por consi- mas também ao povo paraense em geral melhoria de derarem que a Justiça não pode interceder por elas. condições de vida. Nossa luta aqui na Câmara como mulher Par- Por tudo isso, relembramos as históricas lutas lamentar ainda está longe de terminar. Não descan- desses valorosos companheiros e assumimos o com- saremos enquanto a Lei Maria da Penha não estiver promisso de dar continuidade a esse trabalho em prol efetivamente sendo aplicada em todo o nosso País. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01423 Era isso, Sr. Presidente. dades e unidades de saúde da família, garantindo o Muito obrigada. tratamento de doenças como hipertensão, diabetes O SR. MARCELO SERAFIM (Bloco/PSB – AM. e anemia, de infecções, inflamações e verminoses, Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e além de promover a distribuição de anticoncepcionais Srs. Deputados, ocupo a tribuna neste dia para destacar e preservativos. a homenagem feita pelo Conselho Federal de Farmá- Portanto, Sras. e Srs. Deputados, foi um ato justo cia, no mês de janeiro, ao Prefeito de Manaus, Serafim e digno a homenagem do Conselho Federal de Far- Corrêa, por conta do Programa Remédio Fácil. mácias ao Prefeito Serafim Corrêa. Desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Ma- Parabéns aos conselheiros farmacêuticos pela naus, que prioriza os investimentos na área da saúde, bela iniciativa e parabéns ao Prefeito de Manaus por o Remédio Fácil garante à população necessitada me- zelar tão bem da saúde da população amazonense. dicamentos grátis, mediante a simples apresentação Por ora, eram as considerações que tinha a fa- da receita médica. zer. A solenidade de entrega da Comenda Mérito Muito obrigado, Sr. Presidente. Farmacêutico ao Prefeito Serafim Corrêa foi realizada A SRA. MANUELA D’ÁVILA (Bloco/PCdoB – no Centro de Convenções, em Brasília. Na oportuni- RS. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, dade, o Presidente do Conselho Federal de Farmácia, Sras. e Srs. Deputados, parece-me que o início de Jaldo de Souza Santos, destacou o trabalho da Pre- cada Sessão Legislativa traz consigo o germe de mais feitura de Manaus no campo da assistência médica à uma crise. As crises, reais ou não, sempre aparecem população. em períodos de pauta escassa na política. Este ano, Sr. Presidente, o Programa Remédio Fácil merece o Congresso retoma suas atividades envolto na apu- realmente o elogio de todos por possibilitar o acesso da ração dos gastos realizados com cartões de crédito população a medicamentos considerados essenciais. corporativos. Os projetos de lei fundamentais para o Hoje são mais de 62 os medicamentos que compõem nosso País ficam mais uma vez relegados a segundo a lista do programa. Criado em 2006, somente em plano. A apreciação de medidas provisórias impor- 2007 ele respondeu pela distribuição de mais de 113 tantes como a que cria a TV pública perdem seu mais milhões de unidades de medicamentos, atendendo importante componente, o debate público. A opinião aproximadamente 265 mil receituários/mês. pública ficará mobilizada para acompanhar a apuração O Prefeito Serafim Corrêa costuma dizer que o dos gastos dos cartões de crédito corporativos. Essa objetivo do Remédio Fácil é o de fazer com que a re- apuração, na minha opinião, necessária e justa, será ceita seja atendida da forma mais facilitada possível. o centro do debate político desta Casa. Segundo S.Exa., o compromisso é o de que, de posse Digo necessária e justa pois sempre é eficaz e da receita médica, o usuário saia de qualquer unidade democrático ampliar o controle social sobre as ações de com o remédio na mão. governo. Mas é preciso ter claro que o pano de fundo Para dar uma idéia do seu alcance, ressalto que do debate sobre o uso dos cartões de crédito corpo- o programa já cresceu mais de 80% em apenas 3 rativos é a luta política contra o Governo Lula. Alguns anos. Em 2007, foram investidos R$19, 2 milhões na setores buscaram atacar um destacado militante de aquisição de medicamentos e produtos para saúde. meu partido, o Ministro Orlando Silva, desfocando e O cuidado com o programa é tanto que a reposição descontextualizando suas afirmações. de remédios, em caso de falta de algum deles, ocorre O PCdoB, por meio de seu secretariado nacio- em até 72 horas acionando-se para isso o Controle nal, manifestou sua confiança política e seu apoio ao Social, por meio de um Disque Saúde, do Conselho Ministro Orlando Silva diante dos ataques da grande Municipal de Saúde. mídia contra sua reputação. Sr. Presidente, a relação originalmente estabele- Destaco que a decisão do Ministro Orlando de cida pelo Ministério da Saúde, com 34 medicamentos, pagar com seus próprios recursos as despesas que foi cuidadosamente avaliada por uma equipe técnica da fez com o cartão de crédito corporativo, até que a Secretaria Municipal de Saúde – SEMSA e ampliada, Controladoria-Geral da União faça o devido exame inicialmente, para 58 e, posteriormente, para 62 apre- dos gastos, responde de modo objetivo aos ataques sentações diferentes. que contra ele estão sendo feitos. Os medicamentos estão disponíveis em 230 locais Não tememos investigações, não, Sras. e Srs. De- de atendimento, entre policlínicas, unidades básicas putados. Defendemos que o ente público seja transpa- de saúde, serviços de pronto atendimento, materni- rente nas suas ações. E por isso apóio a implantação 01424 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que ave- cional, temos a responsabilidade histórica de aprovar rigúe todas as denúncias, sem tratamento privilegiado a modernização das polícias. a quem quer que seja. Ademais, é necessário o empenho na constru- Temos a oportunidade de verificar se a utilização ção de medidas mais efetivas de inteligência policial, desses cartões está sendo adequada aos padrões de não podendo esquecer‑se do combate à corrupção consumo da máquina pública. política. O Governador Sérgio Cabral começou e vai Aproveito para solicitar desta tribuna que os Go- continuar desmontando as grandes redes de tráfico, vernos Estaduais e Municipais sigam o exemplo do enfrentando as causas da violência e do comércio ile- Governo Federal e criem também seus portais de gal de drogas. transparência na Internet, para permitir que um eleitor Agora, caros Deputados, é mais que fundamental de São Paulo ou de Minas Gerais possa acompanhar harmonizarmos ações sociais e estruturais que logrem os gastos realizados por meio deste instrumento pelos gerar emprego e renda e que disponibilizem saúde e Governos dos entes federativos. educação de qualidade, de tal forma a combatermos Acredito que essa iniciativa, nascida de um de- de frente a violência criminal, não apenas no Rio de sejo irrefreável de atingir o Governo Lula, pode tornar- Janeiro, mas em todo o Brasil. se numa oportunidade para que o nosso povo possa Sr. Presidente, para os cariocas, restam ainda acompanhar os gastos realizados pelos gestores pú- esperanças nas autoridades e na conquista da paz, a blicos em todos os níveis e todas as esferas. fim de que sejam garantidos os direitos básicos dos Muito obrigada. cidadãos brasileiros. O SR. FELIPE BORNIER (PHS – RJ. Pronun- Contem comigo! cia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Muito obrigado. O SR. ANTONIO BULHÕES (Bloco/PMDB – SP. Deputados, é com imensa satisfação que retorno para Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. atuar em mais uma Sessão Legislativa, com muito em- e Srs. Deputados, as notícias recentes sobre a educa- penho e muito fervor, para representar o meu povo do ção escolar brasileira têm sido muito preocupantes. A Rio de Janeiro. qualidade do ensino tem-se revelado precária. Os re- Falo agora, Sr. Presidente, sobre a preocupante sultados do último Programa Internacional de Avaliação criminalidade e violência no meu Estado, onde todos de Alunos – PISA situam os jovens brasileiros, em um nós sabemos que essa violência não surgiu da noite conjunto de 57 países, entre os 5 últimos colocados. O para o dia, ela vem se transformando ao longo dos desempenho dos estudantes nos exames do Sistema anos, não só no Rio, mas em todo o Brasil. Números Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), da Síntese de Indicadores Sociais, pesquisa feita pelo mantido pelo Ministério da Educação, tem apresentado, IBGE, mostram que a taxa de homicídios no Brasil ao longo dos últimos anos, um consistente declínio nas cresceu 130% em 20 anos, de 1980 a 2000. notas em Língua Portuguesa e Matemática. Aliás, isso muito me preocupa, senhores, pois Enfim, persistem imensos desafios de qualidade nosso País, com esses indicadores, só tende a dimi- para que o sistema educacional do País promova de fato nuir o nosso enorme potencial turístico. a aprendizagem dos estudantes brasileiros, oferecendo O Rio, cidade maravilhosa, tem como Governa- uma educação com real igualdade de oportunidades, dor o Sr. Sérgio Cabral, que está cada vez mas em- como deve ser em uma sociedade verdadeiramente penhado em fazer e acontecer para que nosso povo democrática e comprometida com a justiça social. desfrute, com segurança, das mais belas paisagens Vários são os fatores que contribuem para este e lazeres existentes por lá. Contudo, sabemos que a estado de coisas, requerendo pronta e decisiva inter- luta é árdua para combatermos a criminalidade e a venção do Poder Público. As precárias condições de violência que ainda existe. Por isso o Governador, em infra-estrutura das escolas, que permanecem em mui- sua gestão, defende a participação da sociedade na tos recantos do País, são inegáveis. discussão sobre a segurança pública, em que a voz É imperativa a necessidade de melhorar a forma- do povo é, e sempre será, a voz de Deus ção inicial e continuada dos professores, suas condi- Então, senhores, acredito que, para resolvermos ções de trabalho, sua remuneração, seus planos de esse problema, que muito aflige nosso povo, é premen- carreira e desenvolvimento profissional. te haver forte determinação política, não só do nosso É indispensável caminhar no sentido da amplia- Governador, mas também dos 3 níveis de governo e ção da jornada escolar, especialmente para os imensos dos 3 Poderes da República. Nós, do Congresso Na- contingentes populacionais agora incorporados aos Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01425 sistemas de ensino e que, por razões históricas, eco- O SR. MAURO BENEVIDES – Sr. Presidente, nômicas e sociais, não detêm os chamados “requisitos” peço a palavra pela ordem. prévios para o modelo de escola praticado no País. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem Aliás, repensar este modelo é importante. Mas V.Exa. a palavra. fazê-lo de modo a fortalecer a aprendizagem e não O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB – CE. na direção da tolerância com a dificuldade ou mesmo Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Pre- com o fracasso. sidente, Sras. e Srs. Deputados, continua a repercutir, A adoção de uma pedagogia comprometida com intensamente, em todo o País, o incisivo pronuncia- o sucesso, que contemple as necessidades específicas mento do Senador Garibaldi Alves Filho, na condição dos educandos, não pode ser confundida com projetos de Presidente do Congresso, ao ensejo da abertura pedagógicos lenientes com a falta de aprendizagem. dos trabalhos desta segunda Sessão Legislativa da Ao contrário, é preciso adotar procedimentos e meto- 53ª Legislatura. dologias que a reforcem. Dispondo pouco mais de 1 mês à frente do Par- Por isto, quero, nesta oportunidade, fazer uma lamento brasileiro, o representante potiguar teceu vigorosa manifestação contrária à adoção, como se abalizadas considerações em torno da conjuntura verifica em diversos sistemas de ensino, do mecanis- político‑institucional, apontando equívocos e omissões mo da promoção automática dos estudantes. até aqui ocorridos, para cuja correção encareceu o de- Sob o argumento de que a reprovação estigma- cidido apoio de Deputados e Senadores. tiza, desestimula os estudantes e, em muitos casos, A mídia, na semana passada, comentou alguns reflete tão‑somente a diferença de ritmos de aprendiza- trechos da oração presidencial, pronunciada diante da gem dos alunos, elimina-se a sanção acadêmica sem, Presidente do Supremo Tribunal, Ministra Ellen Gra- contudo, preencher esta lacuna com contrapartidas cie, e da Chefe da Casa Civil, Ministra Dilma Rousseff absolutamente essenciais: adequado preparo do ma- – esta a portadora formal da Mensagem do Primeiro gistério para esta sistemática; acompanhamento indi- Mandatário do País. vidualizado dos estudantes; estratégias permanentes Para reprisar alguns itens da fala de Garibaldi, de reforço ou recuperação da aprendizagem; e tantas entendi de alinhar uma série de considerações, repu- outras fundamentais para a constituição de um sistema tadas de inquestionável importância aos rumos preco- de avaliação alternativo, completo e eficaz. nizados pelo dirigente máximo do Congresso. Assim, desmonta-se um sistema de avaliação Sobre medidas provisórias afirmou S.Exa.: sem colocar em seu lugar nenhum outro que cumpra “Não é exagero afirmar que, a cada me- satisfatoriamente o seu papel. O resultado é este: alu- dida provisória editada sem os critérios de re- nos que chegam semi-analfabetos ao meio do ensino levância e urgência, a Constituição é rasgada fundamental e com imensas dificuldades de leitura e de com desprezo. Sob tal pano de fundo, o que cálculo, ao final desta etapa de ensino. Isto se reflete se distingue é um Congresso Nacional trans- nas notas do SAEB e na posição do Brasil no PISA. formado em quarto de despejo de um presi- Não há, pois, como aceitar o mecanismo da apro- dencialismo de matiz absolutista”. vação automática na educação brasileira. Ele está, na No que tange à usurpação de prerrogativas do verdade, sendo fonte de geração da ignorância. E, por- Legislativo, afirmou Garibaldi: tanto, tornando altamente antidemocrática a educação brasileira, visto que penaliza sobretudo os estudantes “Não discuto a atribuição das cortes de oriundos de ambientes culturais mais pobres. E a edu- interpretar o espírito constitucional em matéria cação, desse modo, continua a ser reprodutora das política, mas não é possível admitir que, sob o desigualdades sociais. argumento da ausência de norma, o Judiciário Estou convencido de que a responsabilidade das extrapole sua missão constitucional e passe a autoridades educacionais, em todos os níveis de go- agir como legislador”. verno, haverá de impedir que se dê seguimento a esta Relativamente ao Orçamento, enfatizou o Presi- farsa pedagógica, que é como se apresenta a aprova- dente do Senado: ção automática na maioria das escolas brasileiras. “Nada atinge mais de perto e mais de Muito obrigado. frente a independência do Parlamento, e cor- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Pas- rói de forma tão intensa a grandeza moral que sa-se ao deve nortear nossa ação, quanto o esmolar a V – GRANDE EXPEDIENTE que somos submetidos para liberar as emen- 01426 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 das orçamentárias de interesse público para o radicalismo poderá criar um modelo de desenvolvi- nossos Estados e municípios. Pior que tudo, mento sustentável para o Brasil. esse interesse público termina confundido com Cito como exemplo o que aconteceu com a Lei vantagem pessoal, como se todo Parlamentar da Mata Atlântica, aprovada aqui em 2006, da qual embolsasse esses recursos públicos, e com fui Relator na Comissão de Meio Ambiente muitos específica destinação pública”. anos atrás. Mediante um esforço da bancada verde, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as adver- do Partido Verde, de todos os partidos – Do PMDB, tências do Presidente do Congresso Nacional conti- do PT, do Democratas, do PPS –, buscou-se equilí- nuam ressoando intensivamente, obrigando-nos a um brio para escrever um texto que contemplasse vários posicionamento compatível com a realidade desenhada interesses, interesses que afetam desde o Estado através do eminente Senador, assegurando-lhe a nossa do Ceará, do Deputado Ciro Gomes, e o de Per- decidida colaboração a fim de atingir os objetivos coli- nambuco, do Deputado Inocêncio Oliveira, até o do mados pelo dirigente maior do Parlamento nacional. Rio Grande do Sul e o do Paraná, de minha família. Entre o Natal e o ano‑novo de 2006, por causa da O Congresso terá de viver novos tempos, voltan- edição de uma nota técnica errada e tendenciosa, do a deliberar sobre aquelas questões que mais de que prejudicou o Governo, foi imposto o veto ao ar- perto envolvem legítimos interesses da comunidade tigo dessa lei que determinava como poderia a Mata brasileira. Atlântica ser usada e quais os limites de uso. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- Caros companheiros, se uma lei com cerca de cedo a palavra ao ilustre Deputado Luciano Pizzatto. 80 artigos tem vetado o artigo que determina os meios O SR. LUCIANO PIZZATTO (DEM – PR. Sem de uso, ela se transforma apenas em uma lei de não revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Depu- uso. Vivemos conflitos para o uso da Mata Atlântica. tados, sistematicamente debatemos neste Parlamento, Ela tem que ser usada, até para ser conservada. Em mas principalmente ouvimos na sociedade as questões alguns momentos, há que se impedir que seja usada. que envolvem o meio ambiente e a sobrevivência do É também uma forma de uso racional a delimitação nosso País e os conflitos que envolvem esses temas. de onde seu uso será impedido. Esse veto foi uma Talvez muitas vezes nos falte um pouco de tempo e afronta ao Congresso Nacional, que, em mais de 1 bom senso para pensarmos no que vem sendo dito e década, construiu esse texto. avaliarmos as conseqüências – para nós, os nossos O Sr. Mauro Benevides – V.Exa. me permite filhos, o Brasil e todo o planeta – dos erros e exageros um aparte? que estamos cometendo ao não levarmos em consi- O SR. LUCIANO PIZZATTO – Sim, Excelên- deração os fatos na sua dimensão e, sobretudo, ao cia. desconsiderarmos os princípios de escala e tempo, O Sr. Mauro Benevides – O mais grave é que os noção de espaço e tempo, o que nos coloca como vetos, quando oferecidos pelo Sr. Presidente da Repú- seres humanos muito pequenos frente ao processo blica, não chegam a este plenário para o exame sobe- geológico e a outras transformações. rano da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Lamento profundamente, nesses 30 anos de mi- Ainda no discurso com que abriu a segunda Sessão litância formal na questão ambiental, como engenheiro Legislativa da atual Legislatura, o próprio Presidente florestal, técnico e político, ter presenciado, até com do Congresso reconheceu essa falha, essa omissão, certa complacência, o avanço de um processo em que que significa um descumprimento de norma explícita a tecnocracia, que pecava por impor noções técnicas da Constituição, que remete o Congresso para uma como se absolutas fossem, em vez de ter moderado o apreciação em 30 dias após a aposição do veto pelo processo para compreender as relações socioambien- Presidente da República. Muito obrigado. tais, acabou sendo dominada hoje por uma legiscracia, O SR. LUCIANO PIZZATTO – Quanto a esse processo em que se acredita que a lei é algo divino veto – já fiz um apelo à Ministra Dilma Rousseff e o e eterno, quando é apenas algo para regular a nossa farei novamente –, espero que todas as bancadas, a sobrevivência, principalmente ao impor normas, leis favor do Governo e contra o Governo, se unam para que não foram criadas pelo Congresso Nacional. derrubá‑lo, a fim de resgatar o texto original da Lei Infelizmente, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa- da Mata Atlântica. dos, até a vontade construída nesta Casa é destruída Outro problema neste momento grave em que por uma visão equivocada daqueles que pensam que vivemos é a omissão do Legislativo – omissão nossa, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01427 minha. Não é possível que todas as semanas tramitem a V.Exa. que explicitasse para o povo que, quando nesta Casa projetos de lei sobre questões ambientais nós, do Partido Verde, dizemos, como V.Exa. disse que no mesmo instante estão sendo transformadas há pouco, que a Amazônia tem de ser explorada, que em normas por um conselho do Poder Executivo, a Mata Atlântica tem de ser explorada, é porque há o CONAMA, que respeito e é necessário, mas não necessidade da exploração para a própria vida da tem a atribuição e o poder de substituir o Congresso Mata Atlântica, da Amazônia. Quando dizemos isso Nacional para elaborar normas e restrições de uso a uma pessoa leiga, que não tem conhecimento, ela do ambiente e, principalmente, regular as vidas e a fica admirada e pergunta: “Vocês não defendem o relação da sociedade com o meio ambiente. verde? Vocês não fazem a defesa da vida?” Então, A Constituição Federal de 1988, primeiramente, explicamos: “Sim, fazemos a defesa da vida. Muitas não recebeu o CONAMA, porque, explicitamente, deu 1 vezes, temos de retirar uma árvore para que outras ano para que todos os conselhos deliberativos fossem sobrevivam, porque essa árvore já chegou a um transformados novamente por lei ou extintos. O CONA- estado de maturação e não é mais tão necessária”. MA já deveria ter sido extinto em 1989 ou adequado. Cumprimento V.Exa. pelo pronunciamento. Mas isso seria um mal para o Brasil, pois o CONAMA é O Sr. Ernandes Amorim – Deputado Luciano Pi- importante para fazer aquilo que a Política Nacional do zzatto, sou do Estado de Rondônia e vejo muita gente Meio Ambiente determinou. O CONAMA tem de estabe- falar da Amazônia. Não sei se V.Exa. teve oportunidade lecer as normas e os padrões de qualidade dos produtos, de viver na Amazônia. Temos uma lei de exploração das dos elementos e das emissões, principalmente na área reservas florestais. Tem uma reserva nacional no meu de meio ambiente. Quanto a todas as demais normas, Estado que está sendo privatizada. São 96 mil hectares a lei determina que o CONAMA deve mandá‑las para de terras ao lado da Capital com telefonia dentro, com o Conselho de Ministros, que vai decidir o que fazer. pessoas trabalhando. Estão aniquilando 2 municípios Por que isso? Porque uma determinação do CONAMA da região com esse procedimento. Querem privatizar pode afetar o Orçamento, a agricultura, a mineração, sem respeitar a decisão das bases, dos munícipes, dos os transportes, enfim, uma série de setores. Somente Vereadores, os interesses da região. Querem passar a uma decisão coletiva poderá definir o mecanismo, uma reserva para 3 empresas, sendo que ao lado existem medida provisória, um projeto de lei, um decreto, um assentamentos de sem-terra. O Governo Federal não tem orçamento e assim por diante. dado apoio, mas quer, por decisão de uma só pessoa, Por isso, creio que deveríamos rever a nossa fazer a privatização de 96 mil hectares em 3 áreas. Só função. uma tem 46 mil hectares para entregar a uma pessoa. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero fazer um apelo. Não precisamos ser radicais e pedir Não há interesse da comunidade. Por isso, o uso disso o fim do CONAMA. Muito pelo contrário. O CONAMA deve ser bem discutido. é um fórum democrático. É preciso que o Governo re- O SR. LUCIANO PIZZATTO – Antes de conceder veja a ação do CONAMA e restitua ao Congresso Na- o aparte ao Deputado Edinho Bez, quero esclarecer a cional o poder de legislar sobre assuntos ambientais, posição do Partido Verde. como determina o art. 225 da Constituição Federal. Vou contar uma história, até porque já ficou com- Só podemos tratar de fauna, flora, impactos ambien- prometido meu tempo para seguir minha linha de racio- tais relevantes, principalmente criação de Unidades cínio. Vamos mais ao diálogo, que é o que falta nesta de Conservação, por meio de lei. O art. 225 é redun- Casa. dante, porque isso já está previsto em outros artigos Em 1988, realizei o primeiro encontro, como dire- da nossa Constituição. Isso é fundamental. tor de parques nacionais do Brasil, em Foz do Iguaçu, O Sr. Marcelo Ortiz – V.Exa. me permite um para discutir com a Argentina e o Paraguai a situação parte? do Parque Nacional. Convidei uma Deputada do Partido O SR. LUCIANO PIZZATTO – Com prazer, De- Verde da Alemanha. O auditório estava lotado, e a Depu- putado Marcelo Ortiz. tada disse o mesmo que V.Exa., declarou que o Partido O Sr. Marcelo Ortiz – Deputado Luciano Pi- Verde não estava apenas a favor do verde, que ele só zzatto, não é desta data que admiro e respeito muito poderia estar a favor do verde se defendesse também V.Exa. pela profundidade do conhecimento que tem as demais cores, principalmente o equilíbrio das rela- da matéria. Talvez nem todos que estejam me ouvindo ções econômicas e um capitalismo menos selvagem. sabem que sou do Partido Verde. Gostaria de solicitar Reparei que pessoas – muitas das que se diziam verdes 01428 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 – saiam do plenário revoltadas com a Deputada. Foi aí produziremos e analisaremos o impacto ambiental. Nós que vi quanto o Brasil precisava avançar. vivemos no planeta Terra e devemos cuidar dele. Mas, Nessa questão, o Partido Verde, como eu, que se não buscarmos o equilíbrio, não adiantará resolver o pertenço ao Democratas – defendo essa posição há problema ambiental, porque morreremos de fome. O ser décadas –, não tem muito a dizer. V.Exa. me dá a opor- humano poderá ser extinto. Eu fui Secretário de Estado tunidade de citar o que foi divulgado no The Times da da Infra‑Estrutura em Santa Catarina e dizia, ao pavi- semana passada sobre o encontro de Davos. Ele faz re- mentarmos uma estrada, que, se tivermos de derrubar ferência ao pronunciamento do Presidente da Microsoft, 100 árvores, vamos derrubá-las, mas plantaremos 500 Bill Gates, à conversa entre o cantor Bono Vox e o ex- no lugar. Era o que eu gostaria de dizer. Eu o parabeni- Vice-Presidente Al Gore e ao pronunciamento dos donos zo pela volta e pelo pronunciamento. da Google. Bill Gates disse que temos de fazer o bem O SR. LUCIANO PIZZATTO – Muito obrigado. fazendo o bem, ou seja, da forma correta, não achando Foi uma pena que o Deputado Vicentinho tenha que estamos fazendo o bem por qualquer coisa. Bono precisado ausentar‑se, embora eu já tenha tratado des- Vox disse que a política que Al Gore estava defendendo se tema com S.Exa. era muito importante para o planeta, mas acusava que Eu estive com o Deputado Moreira nessa viagem o mal uso de países da África estava aprofundando a à Antártica e aprendi mais um pouco sobre Rondônia. miséria, estava fazendo europeus não irem mais fazer A questão das florestas públicas é polêmica, eu levaria turismo naquela região, desagregando socialmente um muito tempo para abordá-la. Fico triste com as injustiças continente que já estava morrendo. que acontecem naquele Estado rico, com capacidade Essa foi a linha de todos que falaram. A miséria é de integração com o Pacífico. Sei dos problemas em um componente do meio. Se discutimos meio ambien- Guaporé, com os milhares de búfalos. Poderia haver te, não podemos esquecer a miséria, não podemos um centro de turismo, com manejo de fauna. Jamais esquecer o modelo de desenvolvimento que queremos. mataria um animal, é contra a minha índole, Deputado, Não podemos rasgar o que foi feito na China há mais mas o manejo de fauna é feito no mundo inteiro. Então, de 2 mil anos, criando o conceito de manejo para ren- por que deixar soltos aqueles búfalos que os homens dimento sustentado. Não podemos esquecer Harting, lá colocaram e que estão destruindo uma estação eco- que escreveu no final do século XIX que as florestas -de lógica? vem ser manejadas para garantir a qualidade e a saúde Gostaria de dizer ao Deputado Vicentinho que, das relações futuras. Por coincidência, quase a mesma quando pôde, S.Exa. foi buscar o saber, foi estudar. É coisa foi dita por Brundtland no seu relatório do final da um exemplo de quem quer lutar por uma causa e, ao década de 1980. Ou seja, estamos esquecendo a base da racionalidade para um momento de emoção, que é sentir sua deficiência, usa seu tempo para se formar bonito, que é necessário, até para se chamar a atenção, numa faculdade e equilibrar sua ideologia com seu co- mas está custando muito caro ao Brasil. nhecimento. Ouço o aparte do Deputado Edinho Bez. Lamentavelmente, em ecologia, Deputado Setim, O Sr. Edinho Bez – Deputado Luciano Pizzatto, ela se sobrepõe. Precisamos de um modelo sustentá- gostaria de registrar a minha satisfação de tê-lo de volta vel tecnicamente, verdadeiro, com números reais. Não a esta Casa. V.Exa. tem um marco de trabalho histórico, podemos adulterar a verdade, não podemos trabalhar de competência, de lealdade, de parceria com os cole- com a boa‑fé da população, usando números que não gas do Congresso Nacional. Falo isso porque o conhe- existem, que não são verdadeiros. ço muito bem, porque sei do seu trabalho desenvolvido Vou citar, antes de ouvir o Deputado Luiz Carlos Se- nessa área. Parabenizo V.Exa. pelo pronunciamento. Pre- tim, a questão da água. Na natureza, “nada se cria, tudo cisamos ter a coragem, mesmo desagradando alguém se transforma”. A água é um líquido constante, jamais ou um segmento ou outro, de levantar essa questão de acabará, o que vai acabar é a água potável. A questão acordo com seu conhecimento, com seu sentimento, é econômica, ou seja, quanto vai custar transformar a porque é um assunto muito importante não só para o água do mar em potável ou a água suja de um rio sem Paraná, para Santa Catarina, para o Brasil, mas para mata ciliar em água pura? Vamos parar de assustar o o mundo. Tenho dito, filosoficamente, que precisamos povo dizendo que vai parar de chover ou que não haverá discutir, que o Brasil e o mundo precisam produzir e mais água. Não é essa a discussão. O debate é sobre buscar o equilíbrio. Essa é a palavra que tem de ser re- água potável, disponibilidade de recursos para uso hu- petida, dosada nas discussões, porque com equilíbrio mano e dos animais que precisam desse padrão. Essa Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01429 é a verdade. O resto é interesse econômico, ecológico, Não podemos deixar de falar dos cavalos selvagens que é justo e deve ser discutido. que existem em Roraima, dos campos, dos cerrados do Ouço, com prazer, o aparte do nobre Deputado Amapá, da friagem do Acre. Não podemos dizer que o Luiz Carlos Setim. Deputado Roveda, ao tirar areia do fundo do rio, esteja O Sr. Luiz Carlos Setim – Deputado Luciano desassoreando, está fazendo um bem ambiental. Discu- Pizzatto, é uma satisfação tê-lo como companheiro no tível talvez seja a margem. Não podemos continuar nos Paraná, principalmente no Democratas. Os apartes, a omitindo e nos submetendo a barreiras verdes, técnicas meu ver, prejudicaram seu raciocínio. Na Mata Atlân- que deixam o nosso povo cada vez mais miserável. O tica, devemos observar esse manejo auto-sustentável. homem não consegue pensar no amanhã se não con- V.Exa., conhecedor não só da legislação, mas principal- seguir, pelo menos, comer no dia de hoje. mente da Mata Atlântica e da Amazônia, pode contribuir, Obrigado, Excelência. e muito, com seu posicionamento e conhecimento, na O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – De- Câmara dos Deputados. Acredito que já foi menciona- putado Luciano Pizzatto, agradeço a V.Exa., que pres- do, no pronunciamento do Presidente do Senado Fe- ta relevantes serviços a esta Casa e ao seu glorioso deral, Senador Garibaldi Alves Filho, na abertura des- Estado do Paraná, o belíssimo pronunciamento. Meus ta Sessão Legislativa, o posicionamento deste Poder. parabéns. Temos, como Deputados, de fazer prevalecer o Poder O SR. PRESIDENTE (Manato) – Concedo a pa- Legislativo, muito submisso não só ao Executivo, mas lavra ao segundo orador do Grande Expediente, ilustre também ao Judiciário. Parabenizo V.Exa. pelo pronun- Deputado Flaviano Melo. ciamento. Desculpe-me usar um pouco do seu tempo O SR. FLAVIANO MELO (Bloco/PMDB – AC. para parabenizá-lo e desejar-lhe sucesso nessa em- Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. preitada. Muito obrigado. Deputados, sinto-me honrado ao voltar a esta tribuna O SR. LUCIANO PIZZATTO – Deputado Setim, no início de mais um ano legislativo. é uma honra ouvi-lo. Permito-me cumprimentar todos, desejando que Como o Presidente Inocêncio Oliveira sabe, ter- os trabalhos nesta Casa concorram para o crescimento, minarei meu discurso exatamente no tempo determi- a prosperidade e a justiça social que todos almejamos nado, embora a linha de raciocínio se tenha perdido para o Brasil. um pouco. A Câmara dos Deputados dá início às suas ativi- O que estou tentando fazer, com este pronuncia- dades já com um grande desafio pela frente: analisar mento, e o farei a partir de hoje, como o fiz nos últimos e votar 7 medidas provisórias, 3 projetos com pedido anos, é dizer que estarei ao lado de qualquer partido, entidade ou ser humano que, em termos de meio am- de urgência, e a proposta orçamentária de 2008, tra- biente, fale a verdade do fundo do coração, mesmo que vada desde o episódio que resultou na derrubada da ela possa um dia ser modificada pelo conhecimento, CPMF. pela ciência. Ao mesmo tempo, parte de nossas atenções es- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cerrarei tará voltada para as eleições municipais, o que nos faz fileiras para não mais permitir que sejamos enganados. prever um ano intenso de debates e decisões. Não se pode admitir que o estudo sobre Mata Atlântica De minha parte, tenho a convicção de que estamos do Estado do Paraná diga, assinado pelo seu autor, que todos engajados no anseio de fazer o melhor, oferecen- ainda existem 22% de remanescentes de florestas de do à população brasileira as respostas que ela aguarda araucárias no Paraná, em péssimas, médias ou boas de seus representantes. condições, e o número escrito e assinado pelo Ministé- O que me traz aqui hoje é o mesmo que tem pau- rio do Meio Ambiente seja de apenas 0,8%. Isso não é tado os circuitos políticos e a imprensa nacional nos úl- verdade, isso é crime. Inclusive, está previsto na nova timos dias: as denúncias de irregularidade no uso dos Lei de Crimes Ambientais. cartões de crédito corporativos. Eu não aceitarei que denunciem o Brasil por des- Venho falar sobre este assunto porque virou tema matamento. Não posso aceitar que falem sobre a derru- nacional, seja pelo impacto das descobertas, seja pelo bada da Amazônia sem dizerem que, dos 500 milhões desgaste que vem causando ao Governo Federal, na de hectares da região, 20% são suscetíveis de uso. forma de um novo escândalo político. Num cálculo teórico, são 100 milhões de hectares. Não Esta ferramenta conhecida como “cartão corporati- é esse o número. vo”, de uma hora para outra, passou a ocupar o cotidia- 01430 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 no dos brasileiros como mais um exemplo de descaso Os gastos administrativos são e sempre foram uma com o dinheiro público. necessidade, sempre existiram, em qualquer Governo. Sr. Presidente, a essência do debate é uma só: a A diferença é que o atual Governo decidiu divulgá-los ética no uso dos recursos públicos. na Internet. O cartão funciona como um aporte de recursos, E desde que chegaram ao conhecimento da gran- disponível 24 horas por dia, que autoridades federais de maioria dos brasileiros, tornaram-se alvo de críticas têm para cobrir gastos considerados “emergenciais” ou e indignação. Revelam o lado promíscuo e deslumbra- que se encaixem no quesito “segurança”. do com que autoridades e altos funcionários tratam o O que chama a atenção nesta ferramenta é o fato dinheiro público. de que o portador do cartão é, ao mesmo tempo, o or- Se por um lado as tapiocas e os hotéis de luxo denador da despesa e seu fiscalizador. Isso caracteriza revoltam a população, por outro, não podemos esque- um privilégio sem par na história recente. cer que existem 2 aspectos fundamentais a serem es- Outra questão é a quantidade de cartões em po- clarecidos: qual a justificativa para os saques feitos na der de autoridades e funcionários do Governo Federal: boca do caixa, em dinheiro vivo? E o que significam os cerca de 11 mil, segundo está sendo divulgado. Esse gastos protegidos pela rubrica de “sigilosos”? número representa mais de um Maracanãzinho lotado. Uma investigação dessa envergadura não pode É muita gente. excluir a Câmara dos Deputados. A opinião pública brasileira está chocada com as É um direito e um dever dos Deputados Federais, informações da imprensa. Gastos que afrontam a reali- ao lado dos Senadores, apurar a razão dos saques em dade do cidadão assalariado. São compras em lojas de dinheiro, as irregularidades cometidas e o volume dos material de construção, restaurantes, free shop, clínicas gastos sigilosos. veterinárias e outras extravagâncias. Estou claramente defendendo a proposta de cria- Relatar aqui como foram utilizados os tais cartões, ção de uma CPI mista. Não podemos renunciar ao nosso quem os usou e o montante gasto seria repetir o que os papel de fiscalizadores, e tampouco podemos aceitar o jornais, as TVs, as rádios e a Internet já divulgaram. carimbo de omissos em assunto tão relevante. A nós, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, re- De acordo com o site Contas Abertas, no caso dos presentantes legítimos desta população indignada, cabe cartões de crédito corporativos, os gastos em 2007 so- uma análise mais aprofundada: esclarecer a questão e maram R$75,6 milhões, mais do que o dobro de 2006, discutir, com maturidade, para onde escoa o dinheiro R$33 milhões. Do total gasto no ano passado, 75% foram público. saques em dinheiro vivo. Esse percentual representa Mais do que isso, é preciso apontar caminhos algo em torno de R$57 milhões. para sanear distorções. Estabelecer o rumo. Moralizar Ou seja, em apenas 1 ano, funcionários públicos e reaver a confiança. federais sacaram, em espécie, 57 milhões de reais. Por A Câmara dos Deputados não pode ficar fora desta que um volume tão grande de recursos foi gasto em di- CPI, que deve ser mista. Por que só o Senado Federal nheiro vivo? E onde foi gasto esse montante? tem o direito de investigar esses fatos? Outro questionamento óbvio é saber de onde saiu Sabemos que o Governo corre contra o tempo esse dinheiro. É preciso que ele esteja disponível em para amenizar os prejuízos políticos advindos dessa uma conta corrente do Tesouro, para que não ocorra onda de denúncias. Ninguém duvida que a intenção custo financeiro. Ou o contribuinte está arcando com seja a de acertar. os altos juros cobrados pelos bancos nessa modalida- Nesse sentido, novos procedimentos administra- de de transação? tivos para o pagamento de despesas são anunciados, Uma CPI que não se contente com o raso, que para entrarem em vigor imediatamente. não se satisfaça apenas em investigar a compra de Em paralelo, o Ministério do Planejamento estuda carne para churrasco, pode dar respostas a essas per- outras alternativas, de implementação mais lenta, para guntas. o pagamento desses gastos. As despesas sigilosas do Governo, que incluem São atitudes louváveis. Como também é digna de contas da Presidência da República, vêm aumentando mérito a decisão do Governo Lula de dar transparência ano a ano. Em 2004, foram quase R$17 milhões; em a tais informações. Foi justamente em nome da transpa- 2005, quase R$21 milhões; em 2006, R$25 milhões; e, rência que os gastos realizados vieram à tona. em 2007, R$35 milhões. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01431 O Governo Federal, nos últimos 4 anos, pratica- construção de um modelo de administração baseado mente atingiu a marca de R$100 milhões em despesas no bem comum, na ética e nos valores morais. sigilosas. Os dados foram divulgados pelo jornal Folha Não se trata de uma questão simples de resolver. de S.Paulo. Implica, como tem dito o próprio Presidente Lula em Os gastos sigilosos do Governo também podem alguns momentos, cortar a própria carne. E se essa ser feitos com os cartões corporativos, mas não se res- dura missão caiu justamente em nossas mãos, Par- tringem a eles. Alguns órgãos oficiais, como a Agência lamentares, representantes do povo brasileiro, não é Brasileira de Inteligência – ABIN, têm boa parte de seus justo perdê-la. custos protegidos por segredo para garantir a eficiência Torço firmemente para que tenhamos equilíbrio, de suas atividades, consideradas estratégicas para a discernimento e grandeza política para conduzirmos o segurança nacional. debate e adotarmos as medidas necessárias para su- Apenas em 2007, a ABIN teve despesas sigilosas perar mais esta crise. de cerca de R$11,5 milhões com os cartões, mais que É nosso dever apurar o que for preciso. É nossa o dobro dos R$5,5 milhões gastos em 2006. A justifi- obrigação não frustrar os brasileiros e ajudar a fazer do cativa do Governo é que o aumento foi causado pela Brasil um país mais justo. realização dos Jogos Pan-Americanos, com a utilização Muito obrigado. de agentes. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- Mas há outros órgãos e setores do Governo com cedo a palavra, pela ordem, ao nobre Deputado Ernan- despesas protegidas pelo sigilo, como a Polícia Fede- des Amorim. ral, a Casa Civil e o próprio Gabinete da Presidência O SR. ERNANDES AMORIM (PTB – RO. Pela or- da República. dem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e O Sr. Mauro Benevides – Deputado Flaviano Srs. Deputados, há pouco, o Deputado Luciano Pizzatto, Melo, V.Exa. me permite uma breve intervenção? O uso do Paraná, abordou questão relacionada ao meio am- do cartão corporativo passou a ser disseminado pelas biente, tema que também me traz à tribuna. unidades federadas. Senão todas, pelo menos quase Na Região Norte, principalmente no Estado de todas passaram a adotar essa sistemática e geraram Rondônia, vive-se momento de indignação. Trago, pois, esses fatos que V.Exa. agora analisa com percuciên- o protesto do povo do meu Estado. cia, tranqüilidade e serenidade. Naturalmente, ao final Criando um pano de fundo, fazem denúncias e de seu pronunciamento, V.Exa. apresentará algumas mais denúncias de que Rondônia está desmatando alternativas. Mas essa prática se ampliou e alcançou além do que fazia anteriormente. Na verdade, não é vários Estados brasileiros. isso o que acontece. Pelo contrário, diminuiu o número O SR. FLAVIANO MELO – Muito obrigado, Depu- de desmatamentos no Estado. tado Mauro Benevides. Na realidade, muitas vezes se No entanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa- criam instrumentos para tornar transparentes os gastos dos, na FLONA do Jamari, uma área de 220 mil hec- públicos, mas os abusos por parte de quem os utiliza tares, ao lado da Capital, à beira de BR-364, que ocu- geram distorções como essas tão comentadas hoje. pa 2 municípios, o Governo do Estado pretende criar Muito obrigado a V.Exa. uma unidade de conservação que deverá privatizar 96 Continuando, Sr. Presidente, não pairam dúvidas mil hectares. De acordo com o modelo escolhido para sobre a necessidade de haver sigilo em despesas reali- essa privatização, os 96 mil hectares serão divididos zadas por determinados setores do Governo, como, por em 3 áreas, sendo uma delas de 46 mil hectares. No exemplo, a segurança presidencial. O questionamento entanto, conforme diz a lei, caso seja explorado esse se dá em função dos valores gastos e da progressão setor, a área terá de ser dividida entre as associações desses valores a cada ano que passa. e a comunidade local. Na verdade, a licitação elimina a Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a revelação possibilidade de os produtores dela participarem. dos gastos governamentais com os cartões de crédito Como se não bastasse, ao lado dessa reserva há corporativos e dos gastos que permanecem à sombra, vários sem-terra acampados solicitando de 10 a 50 hec- protegidos por sigilo, abre uma oportunidade sem pre- tares para fins de assentamento. E o Governo, em vez cedentes para o Brasil: a de elevar o debate sobre o uso de se preocupar com a situação, cria um pano de fundo do dinheiro que é de todos os brasileiros. para entregar 96 mil hectares de mata ou de terra a 3 A discussão no campo das idéias e a busca do empresas para exploração, em detrimento das várias consenso fazem parte do caminho da democracia, da famílias que ali querem trabalhar e de várias pequenas 01432 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 empresas madeireiras que não vão ter oportunidade de Portanto, faço questão de parabenizar o PP na- participar dessa licitação. cional pela coerência, na certeza absoluta de que esse Por isso, ingressei com ação na Justiça Federal grande partido – a quarta ou a quinta bancada na Câ- do Estado de Rondônia, a qual subiu à instância supe- mara dos Deputados – fará com que a orientação da rior. Mesmo assim, vou dar ingresso a outra ação para unidade nacional seja levada aos outros municípios e impedir essa licitação danosa, prejudicial à comunidade às outras Capitais, a fim de que a decisão popular seja rondoniense, principalmente aos que moram naquela respeitada acima de tudo. localidade, onde têm família, propriedade, criações, e Muito obrigado, Sr. Presidente. serão expulsos, como estão sendo em outros setores. O SR. WALDIR MARANHÃO – Sr. Presidente, Muito obrigado, Sr. Presidente. peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem cedo a palavra, pela ordem, ao nobre Deputado Carlos V.Exa. a palavra. Souza. O SR. WALDIR MARANHÃO (PP – MA. Pela or- O SR. CARLOS SOUZA (PP – AM. Pela ordem. dem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Sr. Deputados, venho à tribuna registrar que o fortaleci- Deputados, depois de 45 dias de recesso parlamentar, mento do Partido Progressista no Maranhão, tarefa que tenho a grata satisfação de rever V.Exas. Faço votos de está sob minha responsabilidade, será feito com base no que neste semestre, apesar de se aproximarem as elei- entendimento e no diálogo, com a proposta de participar ções municipais, possamos ter um Parlamento bastante cada vez mais da vida do Estado e do País. profícuo e dinâmico e votarmos matérias de interesse do O partido político é o caminho seguro para a efe- País e que possam engrandecer este Parlamento. tiva participação popular na vida das cidades, para a Hoje, no período do Pequeno Expediente, referin- valorização do ser humano e de sua inclusão social, do-me às eleições municipais, disse que o meu nome oferecendo opções e alternativas de poder. está em apreciação para disputar as eleições municipais No último sábado, tive a oportunidade de reunir de Manaus, cidade que abriga 62% dos habitantes do o Diretório Estadual do partido para discutirmos, à luz Amazonas. Infelizmente, porém, estou sendo preterido da realidade e da conjuntura política, nossa participa- não pela população da minha cidade, que, graças a ção nas eleições de 2008. Essa é a diretriz maior do Deus, há 5 anos, ou seja, desde o pleito anterior, me partido, e obedece à direção nacional. Assim, estamos escolheu como pré-candidato à Prefeitura da Capital, oferecendo nomes à Capital do Estado, São Luís, a assim como ao Deputado Silas Câmara, meu compa- Imperatriz e a Bacabal, participando efetivamente das nheiro de bancada, que também colocou seu nome à eleições majoritárias. disposição como pré‑candidato, o que só engrandece Ao conceber o partido com essa fisionomia, temos o processo democrático. E, há 5 anos, meu nome é o o entendimento da sua grandeza e da importância de primeiro ou o segundo colocado na cidade de Manaus sua participação na vida das nossas comunidades. para disputar sua Prefeitura. Cada vez mais, o partido tem a responsabilidade Ainda assim, venho encontrando dificuldades não de avaliar, na profundidade das suas proposições, a dis- no PP nacional, aqui representado pelos Deputados cussão de temas de interesse nacional e local. Nesse Gerson Peres e Waldir Maranhão. Encontro dificulda- sentido, valorizamos o verdadeiro sentimento e maneira des, sim, no PP regional, onde não está prevalecendo de fazer política participativa. E isso vai fazer com que, a densidade eleitoral e o respeito que o partido deve ter em São Luís do Maranhão, o nosso partido participe pela opinião pública. realmente das eleições municipais. Sr. Presidente, faço questão de vir à tribuna neste O PP ambiental terá a possibilidade de discutir momento para agradecer aos meus colegas Parlamen- com responsabilidade a expansão da ALUMAR e o tares que compõem o PP nacional e pensam diferente assoreamento do Rio Itapecuru Esse rio abastece a do PP do meu Estado a coerência e a iniciativa. Sabem ALUMAR, um grande empreendimento do Estado que esses colegas que temos a obrigação de acatar o que usa a água em detrimento da população. o povo deseja. Temos a obrigação, na condição de par- O PP também pode decidir como defender as tido e de políticos, de baixar a cabeça e acatar a deci- pessoas portadoras de deficiência, ao levar essa te- são do povo, porque é com o povo que está a verdade mática ao debate. e a nossa densidade. É o povo a nossa locomotiva e o Por tudo isso, faremos do partido uma grande es- nosso combustível. cola de formação de líderes, vamos atuar nas várzeas Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01433 e, já a partir de 2008, oferecer um projeto alternativo O SR. MANATO (Bloco/PDT – ES. Pela ordem. de poder, para chegarmos a 2010 com clareza de pro- Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. posições. Deputados, estamos vivendo a era e a onda do cartão O PP do Maranhão se renova pela educação. corporativo, o que está servindo para nos mostrar al- Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. gumas coisas. O SR. ZONTA – Sr. Presidente, peço a palavra Quando assumiu em 2005, o Prefeito de Vitória, pela ordem. Capital do Espírito Santo, João Coser, do PT, com um O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem discurso de moralidade, contratou a Fundação de Em- V.Exa. a palavra. preendimentos Científicos e Tecnológicos – FINATEC, O SR. ZONTA (PP – SC. Pela ordem. Sem revisão a mesma que gastou no apartamento do reitor da UnB do orador.) – Sr. Presidente, nobres colegas Parlamen- quase 450 mil reais. E, agora, estamos vendo para onde vai o dinheiro de uma fundação de cuja credibilidade nós, tares, senhores visitantes, funcionários da Casa, neste do Espírito Santo, tínhamos dúvidas. Contra o programa momento em que manifesto minha alegria pelo retorno do PT, que exige licitação para todos os objetos, o PT para um novo tempo nesta Casa, é necessário também de Vitória contratou a FINATEC, por mais de 3 milhões registrar algumas preocupações. de reais, sem concorrência pública, dispensando a lici- Abordarei rapidamente um assunto de interesse tação, para fazer uma consultoria. Até hoje a população nacional: a decisão da União Européia de suspender a capixaba está esperando a conclusão. O que aconte- importação de carne bovina brasileira. ceu com essa consultoria? Onde estão o relatório e os Há 60 anos o Brasil vende à Comunidade Euro- aspectos práticos dela resultantes? péia carne bovina de altíssima qualidade, com sanidade Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a CPI a assegurada. Ela é desossada e maturada, sem sinto- ser instalada no Senado terá de investigar a FINATEC, ma de qualquer doença. Como medida protecionista, para ver como ela usa o dinheiro e o que houve nes- a Europa suspendeu a importação desse produto, sob se convênio com a Prefeitura de Vitória. Além de não a alegação de que há risco de febre aftosa. Aliás, eles ter sido transparente, o convênio foi renovado depois, não podem falar em risco, porque o último país do mun- mas, até hoje, a população capixaba não foi beneficia- do a ter febre aftosa foi a Inglaterra, um dos signatários da com ele. dessa proposta de interrupção. Logicamente, há governantes e pessoas sérias Nós, do Parlamento, não podemos ficar calados. que usam bem o cartão corporativo, instrumento que Temos de cobrar posições firmes do Governo Federal, realmente é um avanço. Países desenvolvidos e grandes da área de defesa e sanidade animal, do Ministro de empresas adotam esse cartão. O que é necessário é Relações Exteriores. transparência, cumprimento de regras e divulgação dos Hoje, às 17h, faremos uma reunião na Comis- dados pela Internet, de modo que os Parlamentares e são de Agricultura. Amanhã pela manhã teremos um a população brasileira tenham acesso às informações, encontro com o Ministro da Agricultura. Precisamos como ocorre em relação à verba indenizatória que re- discutir a participação do Congresso Nacional. Temos cebemos. É só clicar e checar. de debater com o Parlamento europeu a interrupção Portanto, deixo registrada a minha sugestão para de relações comerciais em uma área tão importante, que a CPI proceda a uma investigação acerca da FI- que coloca o Brasil como maior exportador de carne NATEC. bovina do mundo. Muito obrigado, Sr. Presidente. Nenhum lugar do mundo vai encontrar abrigo em A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN – Sr. Presidente, qualquer outro país para abastecer o seu mercado. Não peço a palavra pela ordem. podemos ficar à mercê de atitudes protecionistas. Se O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem não cumprirem os tratados da Organização Mundial do V.Exa. a palavra. Comércio, vamos denunciá‑los, porque nós também so- A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB mos compradores da Europa. Se não há cumprimento – AM. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) – Sr. Pre- dos tratados, por que não denunciar os contratos com sidente, Sras. e Srs. Deputados, em decorrência de a Europa também? dados recentemente divulgados pelo Instituto Nacional Muito obrigado. de Pesquisas Espaciais – INPE, tem sido freqüente o O SR. MANATO – Sr. Presidente, peço a palavra debate não só no País, mas no mundo inteiro, acerca pela ordem. do crescimento do desmatamento da Amazônia brasi- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem leira. Diante de tais dados, muitas têm sido as propostas V.Exa. a palavra. colocadas sobre a mesa. 01434 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Farei um breve comentário acerca de entrevista condição do referido código para efetivar o combate à vio- publicada pela revista ISTOÉ, em edição desta semana, lência no País. O principal instrumento para tanto, porém, com o pesquisador do Instituto de Pesquisa da Amazô- são as ações e a participação do Executivo. nia – INPA Dr. Philip Fearnside, cientista americano que De minha parte, até o fim deste mandato, baterei vive no País desde 1976. na mesma tecla: a necessidade de um novo método de Conheço o Dr. Philip há muitos anos e sei que identificação civil. Como é possível, com toda a tecno- inúmeras idéias relativas à preservação de florestas logia de que dispomos, ainda termos um sistema em defendidas por esse pesquisador dedicado são impor- que a identidade é levantada apenas por intermédio da tantes. Entretanto, não concordo com tudo o que diz. biometria, a impressão digital? Além disso, o fato de não O Dr. Philip questiona a necessidade do PAC na Ama- haver um sistema único para todo o País possibilita a zônia, pois, segundo ele, o PAC ajudará a acelerar o ocorrência de fraudes. desmatamento. É possível tirar uma carteira de identidade em qual- Primeiro, qualquer atitude humana sobre o meio quer Estado da Federação, o que oportuniza a fraude ambiente causa impacto. Por isso mesmo, quando fa- e dificulta o combate à violência. zemos qualquer interferência no meio ambiente, pre- Repito: é inadmissível que, com o atual avanço cisamos tomar cuidado para que o impacto ambiental tecnológico atual, não tenhamos no País a maior fer- seja o menor possível. Mas não podemos defender a ramenta de combate à violência – a ação policial pela idéia de que, para preservar a Amazônia, nada pode ser informação. feito. Pelo contrário, podemos, sim, trabalhar de forma Precisamos, com urgência, implantar um sistema sustentável a Amazônia. em que cada cidadão tenha apenas uma carteira de Temos de ir além da defesa da remuneração pelos identidade, um único RG. serviços ambientais prestados pela região. Precisamos A possibilidade de se tirar um RG em qualquer enfrentar o debate que trata da necessidade do desen- posto de identificação do País, permite que, apesar de volvimento sustentável, da troca da árvore em pé por condenadas, muitas pessoas continuem soltas e, pior, pesquisa desenvolvida, da troca da árvore em pé por cometendo crimes contra a sociedade, como o homi- qualidade do sistema educacional e do sistema de saú- cídio e o latrocínio. de. É disso que precisamos na região. Precisamos, portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Nós, que realizamos grandioso debate sobre o Deputados, exigir do Governo a implantação de novo tema, queremos ter a oportunidade de falar com o Pre- regime de identificação civil no País. sidente da República acerca das nossas propostas. Muito obrigado. A Amazônia não pode ser destruída, mas também O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- não pode virar um santuário para a contemplação da cedo a palavra à nobre Deputada Íris de Araújo. humanidade. A SRA. ÍRIS DE ARAÚJO (Bloco/PMDB – GO. Muito obrigada, Sr. Presidente. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e O SR. WILLIAM WOO – Sr. Presidente, peço a Srs. Deputados, não bastasse o escândalo de proporções palavra pela ordem. internacionais acontecido no final do ano passado em O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem Abaetetuba, no Pará, onde uma menor de 15 anos ficou V.Exa. a palavra. presa durante um mês em uma cela com 20 homens, O SR. WILLIAM WOO (PSDB – SP. Pela ordem. agora se registra outro fato igualmente repugnante. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Em Planaltina de Goiás, no Entorno do Distrito Deputados, nesta semana em que retornamos aos tra- Federal, a 56 quilômetros do centro de poder da Re- balhos legislativos, muito se tem falado sobre abuso pública, uma menina de 14 anos foi lançada na cadeia verificado no uso dos cartões corporativos. O assunto pública junto com outras 3 mulheres adultas no mes- que me traz à tribuna, porém, é outro. Quero chamar a mo prédio onde se encontravam detidos 110 homens, atenção da Casa para o maior patrimônio que temos: num espaço cuja capacidade máxima é de apenas 49 a vida e a família. detentos. A garota somente foi libertada após 11 dias, Estou no meu primeiro mandato. Assumi quando a depois de denúncia formulada na Secretaria Especial sociedade brasileira, em razão da violenta morte do garoto dos Direitos Humanos. João Hélio, discutia o combate à violência. Infelizmente, Trata-se de mais um grave episódio de violação de lá para cá, pouco avançamos no Legislativo no que se aos direitos dos adolescentes, pois a menina ficou na refere à reforma do Código de Processo Penal, apesar de companhia de pessoas adultas, sujeita, portanto, às termos instalado grupo de trabalho que, após mais de 300 diversas possibilidades de constrangimento moral e horas de estudos, preparou projetos que visam melhorar a de abusos. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01435 O fato de a menina não ter se misturado com ho- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – V.Exa. mens, conforme garante o diretor da cadeia pública de será atendido, nobre Líder. Planaltina, não minimiza o teor de insensatez e irres- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Com ponsabilidade cometido pelas autoridades locais. a palavra o ilustre Deputado Renato Molling. Presa no dia 28 de janeiro após ser pega em ten- O SR. RENATO MOLLING (PP – RS. Pela ordem. tativa de roubo a uma farmácia, a menor deveria ser Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. reconduzida à família e receber imediatamente a as- Deputados, em primeiro lugar, desejo muita sorte a to- sistência do Poder Público. Em vez disso, ela se tornou dos os brasileiros neste ano que se inicia. Trata-se de mais uma vítima do inaceitável sistema carcerário bra- um ano muito importante, no qual elegeremos os admi- sileiro. A superlotação e as precárias condições físicas nistradores e representantes municipais – e considero do presídio de Planaltina são um retrato do Brasil que importante eleger pessoas que realmente apliquem bem nos entristece: uma Nação incapaz de dar solução a o dinheiro público. seus dilemas sociais. Antes disso, porém, temos importante tarefa a de- sempenhar para que o País cresça e se desenvolva da Garante o Ministério da Justiça que, em 2007, re- melhor maneira possível. Refiro-me à reforma tributária. passou para Goiás mais de 6 milhões de reais do Fundo É urgente a realização dessa reforma, para que haja Penitenciário. Mas, pelo visto, esse dinheiro não está uma distribuição mais justa da arrecadação e a diminui- sendo aplicado para resolver o caos das prisões. ção da carga tributária, especialmente para combater O fato aponta para a urgência da implementação, a sonegação, a pirataria e o contrabando, promovendo em todo o País, de um plano emergencial nos moldes a cobrança de impostos de todos. do concebido pela Comissão Externa que investigou o A Frente Parlamentar em Defesa do Setor Cou- caso da adolescente do Pará e cujo relatório, de auto- reiro-Calçadista e Moveleiro, da qual sou Presidente, ria da Deputada Luiza Erundina, obteve a aprovação tem a importante tarefa de defender setores intensivos desta Casa. Ou seja, uma ação conjunta que envolva de mão-de-obra que tanto fazem bem para o País, es- Governos Estaduais, Ministério Público, Poder Judici- pecialmente no que se refere à geração de empregos. ário, Corregedoria e Defensoria Pública, destinada a, Esperamos que a equipe econômica dê mais atenção de uma vez por todas, apontar soluções para o sistema a esses setores, para que possamos continuar compe- prisional brasileiro. tindo, vendendo sapato e couro, gerando emprego e A implantação de delegacias especializadas para promovendo inclusão social, política do Governo Lula atendimento de crianças e adolescentes em todos os de que tanto precisamos. municípios é uma premissa essencial, bem como o fun- Nobres Deputados, temos de nos empenhar para cionamento ininterrupto do Juizado, do Ministério Público que isso se torne realidade com urgência, tendo em vista e da Defensoria Pública, conforme dita a lei. que este ano será mais curto em razão das eleições. Quanto ao Congresso Nacional, que saiba fazer a Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. sua parte, por meio da votação da proposta de emenda O SR. LINCOLN PORTELA – Sr. Presidente, peço à Constituição da Defensoria Pública, bem como de 8 a palavra pela ordem. outros projetos destacados pela Comissão, propostas O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem que colaboram para proteger as crianças e os adoles- V.Exa. a palavra. centes deste País. O SR. LINCOLN PORTELA (PR – MG. Pela or- Basta de agressão aos direitos humanos, Sr. Pre- dem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e sidente! O Brasil exige Justiça. Srs. Deputados, demais presentes, pessoas que acom- Não mais podemos assistir à repetição desses panham os nossos trabalhos acessando a Internet ou fatos. Crianças não podem ficar em prisão de adultos. sintonizando a Rádio Câmara ou a TV Câmara: autorida- Se aconteceu, que se tomem as necessárias provi- des do sistema penitenciário de todo o País concordam dências. que os principais problemas do setor são as péssimas Infelizmente, esse novo caso aconteceu no meu instalações e a falta de política de valorização e aper- Estado de Goiás. E, para mim, que, por várias vezes, feiçoamento dos profissionais que lidam diariamente usei esta tribuna para denunciar o que estava ocorrendo com os presos, além da falta de pessoal. no Pará, é ainda mais lamentável. Essa carência impede, por exemplo, assistência Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. jurídica adequada aos presos e ampliação dos traba- O SR. SARNEY FILHO – Sr. Presidente, gostaria lhos de ressocialização. Assim, o calcanhar-de-aquiles de usar o tempo de Liderança do PV, após o pronuncia- do sistema carcerário é justamente essa atividade la- mento do Deputado Renato Molling. borativa e educativa. 01436 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 A título de exemplo, peguemos o caso do Distrito me faz assomar à tribuna neste momento, em nome do Federal, em que apenas 38% dos 7.680 presos traba- Partido Verde, é justamente uma nota que foi lida pela lham ou estudam. Porém, a situação deve melhorar com Ministra Marina Silva hoje, às 13h. Nela S.Exa. desmente a construção de nova penitenciária e a realização de peremptoriamente matéria publicada no domingo pelo concurso para 1.600 técnicos penitenciários. Essa medi- jornal O Estado de S. Paulo, segundo a qual o Gover- da deveria ser copiada pelos demais Estados. A resso- no iria perdoar os responsáveis pelo desmatamento cialização do preso e um maior número de funcionários ilegal na Amazônia. para cuidar da vigilância e dos aspectos administrativos É importante ressaltar esse desmentido da Ministra e operacionais das penitenciárias devem dificultar o con- Marina Silva, seguido também da assinatura do Ministro tato dos internos com o crime organizado. Reinhold Stephanes. Há 10 dias, o INPI noticiava aumen- Hoje em dia, 70% dos presos são coagidos a entrar to descomunal do desmatamento na Amazônia. Neste para o crime organizado enquanto cumprem pena; ou- momento difícil que o Brasil enfrenta perante a comu- tros 20% querem realmente participar de organizações nidade internacional para justificar a má conservação criminosas (os chamados “pilhas”); e 10% são os líderes do bioma amazônico, não seria possível que o Governo dessas organizações, que têm liderança negativa e vão viesse com uma proposta esdrúxula, sem pé nem cabe- tornar a população carcerária massa de manobra. ça, de anistia àqueles que, criminosamente, destruíram, Por exemplo, na passagem de Marcos Camacho – o ao arrepio da lei, a natureza na Amazônia. Marcola, apontado como líder da facção criminosa Primeiro Sr. Presidente, tão logo verificou-se o índice de des- Comando da Capital (PCC) – pela penitenciária de Brasí- matamento anunciado pelo INPI, o Partido Verde divulgou lia, ele conseguiu arregimentar 8 pessoas para criar uma uma nota, reafirmando o desejo de imediata declaração subfacção do PCC na Capital da República. Esses presos, de moratória do desmatamento da Amazônia até a rea- porém, foram identificados e separados dos demais. lização de zoneamento ecológico-econômico na região. Os agentes penitenciários do Distrito Federal são Por meio desse instrumento científico pode-se vocacionar policiais civis – a esmagadora maioria com nível superior aquele importante bioma, que tão relevante serviço presta e salário inicial de R$6.200,00. O sistema é custeado pelo não só aos brasileiros, mas ao planeta Terra. Governo Federal. Apesar das falhas, a reincidência no DF Acredito que esse mal-entendido, que foi ampla- é de 23%, enquanto a média nacional supera 70%, de mente divulgado e teve as piores repercussões possí- acordo com dados repassados para a CPI do Sistema Car- veis na comunidade internacional, esteja esclarecido. cerário. O ótimo salário desses policiais e a sua excelente É importante que fiquemos atentos, no momento em formação humana e profissional têm sido apontados como que, cada vez mais, o mundo se volta para o aqueci- fatores decisivos para a qualidade dos serviços prestados mento global. E vemos suas conseqüências: furacões pelo sistema carcerário do Distrito Federal. jamais vistos nos Estados Unidos e grandes enchentes. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o atual sistema No Brasil tivemos um verão‑inverno, com as maiores carcerário do Distrito Federal, que em breve será melhora- temperaturas dos últimos 50 anos. do pela contratação de servidores que comporão carreira Tudo isso ocorre por causa da ação do homem no exclusiva e com formação adequada ao tipo de função processo civilizatório. A Amazônia brasileira tem um dos que irão exercer, serve de modelo para todo o País. Em maiores estoques de carbono do mundo, de biotecno- linhas gerais, ele se caracteriza pela ótima remuneração logia, de biodiversidade, de biogenética, um dos mais salarial dos servidores, pela formação e atualização per- importantes biomas que interferem no regime de chuvas, manentes desses, pelas instalações físicas adequadas e que ajudam a melhorar o clima do planeta. Portanto, é pela ênfase na ressocialização do preso, principalmente necessário ver a Amazônia com os olhos daqueles que com atividades de educação continuada e de preparo pro- querem um futuro melhor para os brasileiros. fissional para inserção no mercado de trabalho. Sr. Presidente, o Partido Verde reafirma a sua Parabenizo o Sistema Penitenciário do Distrito luta de mais de 3 anos a favor da imediata declaração Federal, que é modelo para todo o Brasil. de moratória do desmatamento até a realização de Muito obrigado. zoneamento ecológico-econômico na região. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- Muito obrigado. cedo a palavra ao nobre Deputado Sarney Filho, para O Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Vice-Presiden- uma Comunicação de Liderança, pelo PV. S.Exa. dis- te, deixa a cadeira da presidência, que é ocu- põe de 3 minutos. pada pelo Sr. Arlindo Chinaglia, Presidente. O SR. SARNEY FILHO (PV – MA. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Apre- Deputados, senhores ouvintes e telespectadores: o que sentação de proposições. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01437 01438 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01439 VI – ORDEM DO DIA TOCANTINS

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DE- Eduardo Gomes PSDB PUTADOS: João Oliveira DEM Lázaro Botelho PP RORAIMA Moises Avelino PMDB PmdbPscPtc Vicentinho Alves PR Angela Portela PT Total de Tocantins: 5 Edio Lopes PMDB PmdbPscPtc Francisco Rodrigues DEM MARANHÃO Marcio Junqueira DEM Carlos Brandão PSDB Maria Helena PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Cleber Verde PRB PsbPdtPCdoBPmnPrb Urzeni Rocha PSDB Domingos Dutra PT Total de Roraima: 6 Flávio Dino PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb AMAPÁ Julião Amin PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Sarney Filho PV Evandro Milhomen PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Sebastião Madeira PSDB Fátima Pelaes PMDB PmdbPscPtc Waldir Maranhão PP Jurandil Juarez PMDB PmdbPscPtc Total de Maranhão: 8 Lucenira Pimentel PR Total de Amapá: 4 CEARÁ PARÁ Chico Lopes PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Ciro Gomes PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Beto Faro PT Eudes Xavier PT Gerson Peres PP Flávio Bezerra PMDB PmdbPscPtc Giovanni Queiroz PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb José Guimarães PT Lúcio Vale PR José Pimentel PT Vic Pires Franco DEM Mauro Benevides PMDB PmdbPscPtc Zequinha Marinho PMDB PmdbPscPtc Paulo Henrique Lustosa PMDB PmdbPscPtc Total de Pará: 6 Vicente Arruda PR AMAZONAS Total de Ceará: 9 Átila Lins PMDB PmdbPscPtc PIAUÍ Carlos Souza PP B. Sá PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Francisco Praciano PT Ciro Nogueira PP Silas Câmara PSC PmdbPscPtc Júlio Cesar DEM Vanessa Grazziotin PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Nazareno Fonteles PT Total de Amazonas: 5 Osmar Júnior PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb RONDÔNIA Paes Landim PTB Total de Piauí: 6 Ernandes Amorim PTB Moreira Mendes PPS RIO GRANDE DO NORTE Total de Rondônia: 2 Betinho Rosado DEM João Maia PR ACRE Total de Rio Grande do Norte: 2 Flaviano Melo PMDB PmdbPscPtc PARAÍBA Gladson Cameli PP Armando Abílio PTB Henrique Afonso PT Luiz Couto PT Ilderlei Cordeiro PPS Marcondes Gadelha PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Nilson Mourão PT Rômulo Gouveia PSDB Perpétua Almeida PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Vital do Rêgo Filho PMDB PmdbPscPtc Sergio Petecão PMN PsbPdtPCdoBPmnPrb Wilson Santiago PMDB PmdbPscPtc Total de Acre: 7 Total de Paraíba: 6 01440 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 PERNAMBUCO Bilac Pinto PR André de Paula DEM Carlos Willian PTC PmdbPscPtc Bruno Araújo PSDB Eduardo Barbosa PSDB Bruno Rodrigues PSDB Elismar Prado PT Fernando Coelho Filho PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Fábio Ramalho PV Fernando Ferro PT Fernando Diniz PMDB PmdbPscPtc Inocêncio Oliveira PR George Hilton PP José Mendonça Bezerra DEM Geraldo Thadeu PPS Maurício Rands PT Humberto Souto PPS Pedro Eugênio PT Jairo Ataide DEM Roberto Magalhães DEM Jô Moraes PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Wolney Queiroz PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb José Fernando Aparecido de Oliveira PV Total de Pernambuco: 11 Juvenil PRTB Leonardo Monteiro PT ALAGOAS Lincoln Portela PR Carlos Alberto Canuto PMDB PmdbPscPtc Márcio Reinaldo Moreira PP Cristiano Matheus PMDB PmdbPscPtc Marcos Montes DEM Francisco Tenorio PMN PsbPdtPCdoBPmnPrb Maria do Carmo Lara PT Total de Alagoas: 3 Mário Heringer PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Mauro Lopes PMDB PmdbPscPtc SERGIPE Miguel Martini PHS Eduardo Amorim PSC PmdbPscPtc Paulo Piau PMDB PmdbPscPtc Iran Barbosa PT Rodrigo de Castro PSDB Jerônimo Reis DEM Saraiva Felipe PMDB PmdbPscPtc José Carlos Machado DEM Virgílio Guimarães PT Valadares Filho PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Total de Minas Gerais: 28 Total de Sergipe: 5 ESPÍRITO SANTO BAHIA Iriny Lopes PT Antonio Carlos Magalhães Neto DEM Jurandy Loureiro PSC PmdbPscPtc Claudio Cajado DEM Lelo Coimbra PMDB PmdbPscPtc Colbert Martins PMDB PmdbPscPtc Manato PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Daniel Almeida PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Rita Camata PMDB PmdbPscPtc Edigar Mão Branca PV Sueli Vidigal PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Edson Duarte PV Total de Espírito Santo: 6 Fábio Souto DEM RIO DE JANEIRO João Almeida PSDB Jorge Khoury DEM Arnaldo Vianna PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb José Rocha PR Ayrton Xerez DEM Joseph Bandeira PT Bernardo Ariston PMDB PmdbPscPtc Luiz Bassuma PT Carlos Santana PT Luiz Carreira DEM Dr. Adilson Soares PR Marcos Medrado PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Edmilson Valentim PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Mário Negromonte PP Edson Ezequiel PMDB PmdbPscPtc Sérgio Barradas Carneiro PT Eduardo Lopes PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Severiano Alves PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Felipe Bornier PHS Veloso PMDB PmdbPscPtc Geraldo Pudim PMDB PmdbPscPtc Total de Bahia: 18 Hugo Leal PSC PmdbPscPtc Jair Bolsonaro PP MINAS GERAIS Léo Vivas PRB PsbPdtPCdoBPmnPrb Aelton Freitas PR Miro Teixeira PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Antônio Roberto PV Neilton Mulim PR Aracely de Paula PR Otavio Leite PSDB Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01441 Pastor Manoel Ferreira PTB Tadeu Filippelli PMDB PmdbPscPtc Rodrigo Maia DEM Total de Distrito Federal: 5 Silvio Lopes PSDB Vinicius Carvalho PTdoB GOIÁS Total de Rio de Janeiro: 20 Íris de Araújo PMDB PmdbPscPtc SÃO PAULO Leonardo Vilela PSDB Marcelo Melo PMDB PmdbPscPtc Antonio Bulhões PMDB PmdbPscPtc Professora Raquel Teixeira PSDB Arnaldo Jardim PPS Arnaldo Madeira PSDB Ronaldo Caiado DEM Carlos Sampaio PSDB Rubens Otoni PT Devanir Ribeiro PT Tatico PTB Dr. Talmir PV Total de Goiás: 7 Dr. Ubiali PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb MATO GROSSO DO SUL Duarte Nogueira PSDB Edson Aparecido PSDB Antonio Cruz PP Emanuel Fernandes PSDB Geraldo Resende PMDB PmdbPscPtc Frank Aguiar PTB Nelson Trad PMDB PmdbPscPtc Guilherme Campos DEM Waldemir Moka PMDB PmdbPscPtc Ivan Valente PSOL Waldir Neves PSDB Janete Rocha Pietá PT Total de Mato Grosso do Sul: 5 Jilmar Tatto PT PARANÁ Jorginho Maluly DEM José Genoíno PT Affonso Camargo PSDB José Paulo Tóffano PV Airton Roveda PR Lobbe Neto PSDB Andre Vargas PT Luciana Costa PR Barbosa Neto PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Marcelo Ortiz PV Dilceu Sperafico PP Milton Monti PR Eduardo Sciarra DEM Reinaldo Nogueira PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Gustavo Fruet PSDB Renato Amary PSDB Hermes Parcianello PMDB PmdbPscPtc Ricardo Izar PTB Luciano Pizzatto DEM Ricardo Tripoli PSDB Luiz Carlos Setim DEM Roberto Santiago PV Marcelo Almeida PMDB PmdbPscPtc Silvinho Peccioli DEM Moacir Micheletto PMDB PmdbPscPtc Valdemar Costa Neto PR Nelson Meurer PP Vicentinho PT Odílio Balbinotti PMDB PmdbPscPtc William Woo PSDB Ricardo Barros PP Total de São Paulo: 31 Total de Paraná: 15 MATO GROSSO SANTA CATARINA Carlos Abicalil PT Angela Amin PP Carlos Bezerra PMDB PmdbPscPtc Carlito Merss PT Eliene Lima PP Décio Lima PT Homero Pereira PR Djalma Berger PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Thelma de Oliveira PSDB Edinho Bez PMDB PmdbPscPtc Total de Mato Grosso: 5 João Matos PMDB PmdbPscPtc DISTRITO FEDERAL José Carlos Vieira DEM Jofran Frejat PR Nelson Goetten PR Laerte Bessa PMDB PmdbPscPtc Vignatti PT Magela PT Zonta PP Rodrigo Rollemberg PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Total de Santa Catarina: 10 01442 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 RIO GRANDE DO SUL PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 11- Adão Pretto PT 10-07 Darcísio Perondi PMDB PmdbPscPtc PRAZO NA CÂMARA: 25-10-07 Germano Bonow DEM SOBRESTA A PAUTA EM: 12-11-07 Luciana Genro PSOL (46º DIA) Manuela DÁvila PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb PERDA DE EFICÁCIA: 8-3-08 Maria do Rosário PT O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em Mendes Ribeiro Filho PMDB PmdbPscPtc discussão. Pepe Vargas PT Concedo a palavra ao nobre Deputado Tarcísio Professor Ruy Pauletti PSDB Zimmermann, que falará a favor da matéria. (Pausa.) Renato Molling PP S.Exa. está ausente de plenário. Tarcísio Zimmermann PT Concedo a palavra ao nobre Deputado Vicenti- Vieira da Cunha PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb nho, que falará a favor da matéria. Total de Rio Grande do Sul: 12 O SR. VICENTINHO (PT – SP. Sem revisão do O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – A lista orador.) – Sr. Presidente, desejo a V.Exa. e a todos os de presença registra o comparecimento de 247 Senho- Deputados desta Casa legislativa um feliz Ano-Novo, ras Deputadas e Senhores Deputados. uma feliz Legislatura e que possamos, efetivamente, O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Gos- cumprir o nosso papel de verdadeiros representantes taria de dar as boas-vindas a todas as Deputadas e a do povo brasileiro. todos os Deputados. Todos já nos cumprimentamos, Sr. Presidente, esta Medida Provisória nº 395-A, mas, de qualquer maneira, que este ano seja bastan- de 2007, trata de crédito extraordinário em favor de di- te proveitoso tanto no nosso trabalho quanto na vida versos órgãos do Poder Executivo. Ela dá continuidade pessoal de todos aqui. ao Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, já O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Passa- comprovadamente um programa extraordinário para se à apreciação da matéria sobre a mesa e da cons- que o Brasil se ponha em condições de enfrentar os tante da Ordem do Dia. desafios do novo tempo, relacionando-se com o mundo O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Item e se colocando num patamar de respeitabilidade. 1. Essa verba, no valor total de 3,256 bilhões de re- MEDIDA PROVISÓRIA Nº 395-A, DE 2007 ais, é destinada aos Ministérios da Saúde (Fundação (Do Poder Executivo) Nacional de Saúde); da Educação (403 milhões para o FNDE); dos Transportes (sobretudo para o Depar- Continuação da discussão, em tamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – turno único, da Medida Provisória nº DNIT; VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias; 395-A, de 2007, que abre crédito extra- e Administração Direta); da Integração Nacional; das ordinário, em favor de diversos órgãos Cidades; da Justiça; da Fazenda; da Defesa; do Pla- do Poder Executivo, no valor global de nejamento, Orçamento e Gestão; e à Presidência da R$3.256.764.118,00, para os fins que es- República. pecifica; tendo de parecer do relator da Um dos objetivos desses créditos é possibilitar o Comissão Mista de Planos, Orçamentos custeio da atenção de média e alta complexidade am- Públicos e Fiscalização, proferido em bulatorial e hospitalar e ampliação do acesso da po- Plenário, pelo atendimento dos pressu- pulação a medicamentos básicos e excepcionais, bem postos constitucionais de relevância e como a manutenção dos hospitais públicos federais. urgência; pela constitucionalidade, juri- Não posso, Sr. Presidente, em função do tem- dicidade e técnica legislativa; pela ade- po, ler toda a indicação. Contudo, a grande verdade quação financeira e orçamentária; pela é que esta medida provisória visa sobretudo cumprir admissibilidade das Emendas de nºs 1 o compromisso estabelecido de fazer com que este a 11, 14 a 16 e 21 a 23; pela inadmissi- País cresça, dando atenção às questões urgentes, bilidade das Emendas de nºs 12, 13 e 17 relevantes e importantes. Por isso, peço aos nobres a 20; e, no mérito, pela aprovação desta Parlamentares o voto favorável. MPV e pela rejeição das Emendas de nºs O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para 1 a 11, 14 a 16 e 21 a 23 (Relator: Dep. falar a favor da matéria, concedo a palavra ao Depu- Pedro Fernandes). tado Eduardo Valverde. (Pausa.) Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01443 Concedo a palavra ao Deputado Zé Geraldo. Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e (Pausa.) Fiscalização, proferido em plenário, pelo atendimento Concedo a palavra ao Deputado Maurício Quin- dos pressupostos constitucionais de relevância e ur- tella Lessa. (Pausa.) gência; pela constitucionalidade, juridicidade e técnica Para falar a favor da matéria, concedo a palavra legislativa; pela adequação financeira e orçamentária; ao Deputado Dr. Ubiali. e pela admissibilidade de emendas. O SR. DR. UBIALI (Bloco/PSB – SP. Sem revisão Essa medida provisória é importante porque dá do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a ao Governo condições de continuar fazendo um bom Medida Provisória nº 395, de 2007, tem por finalidade, trabalho nessas áreas fundamentais para o País. como disse o Deputado Vicentinho, fazer com que o Portanto, peço a todos que votem a favor da me- superávit financeiro do balanço patrimonial da União dida provisória. do exercício de 2006 seja empregado. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para Poderíamos aqui ler e discutir todos os detalhes falar a favor, concedo a palavra ao Deputado Celso da matéria, aliás muito bem explicados na própria Maldaner. (Pausa.) medida provisória. Mas não quero fazer isso. Quero Concedo a palavra ao Deputado Ricardo Barros. destacar 2 itens. Primeiro, o da saúde. Nós, da Frente (Pausa.) Parlamentar da Saúde, sabemos que a saúde precisa Concedo a palavra ao Deputado Virgílio Guima- muito de recursos, porque ela está subfinanciada. Uma rães. (Pausa.) medida provisória, então, que destine dinheiro para a NÃO HAVENDO MAIS ORADORES INS- saúde terá sempre o nosso apoio. CRITOS, DECLARO ENCERRADA A DIS- É insuficiente, é pouco, mas é o que estamos CUSSÃO. conseguindo neste momento. E é preciso mudar isso. Precisamos ter fonte de financiamento fixa e segura, O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Nes- que não necessite ser complementada por superávits te momento o painel eletrônico registra a presença de financeiros. Neste momento, porém, esse superávit é 268 Sras. Deputadas e Srs. Deputados. importante. Temos de aceitá-lo como sendo algo de PRESENTES OS SEGUINTES SRAS. crescente e substancial valor para a saúde. DEPUTADAS E SRS. DEPUTADOS O segundo destaque que faço é quanto à infra- estrutura urbana a cargo do Ministério dos Transportes, RORAIMA infra-estrutura fundamental para a vida das cidades. Angela Portela PT Esse dinheiro também vem em muito boa hora. Edio Lopes PMDB PmdbPscPtc Os superávits para os órgãos de pavimentação Francisco Rodrigues DEM e de irrigação são importantes, mas quero destacar Marcio Junqueira DEM esses 2 itens e pedir que os Deputados aqui presen- Maria Helena PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb tes aprovem essa medida provisória, que vem num Urzeni Rocha PSDB momento adequado atender os setores de saúde e de Total de Roraima: 6 infra-estrutura das cidades. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Con- AMAPÁ cedo a palavra ao Deputado Paulo Teixeira. (Pausa.) Evandro Milhomen PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Concedo a palavra à Deputada Cida Diogo. (Pau- Fátima Pelaes PMDB PmdbPscPtc sa.) Jurandil Juarez PMDB PmdbPscPtc Concedo a palavra ao Deputado Rodrigo Rol- Lucenira Pimentel PR lemberg. (Pausa.) Total de Amapá: 4 Concedo a palavra ao Deputado Bernardo Aris- ton. PARÁ O SR. BERNARDO ARISTON (Bloco/PMDB – Beto Faro PT RJ. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, a Me- Gerson Peres PP dida Provisória nº 395-A, de 2007, como já disseram os colegas que me antecederam, é da mais alta rele- Giovanni Queiroz PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb vância, sob vários aspectos, sobretudo porque abre Lúcio Vale PR crédito extraordinário em favor de diversos órgãos, Vic Pires Franco DEM tais como o Ministério da Saúde, no valor global de Zequinha Marinho PMDB PmdbPscPtc R$3.256.764.118,00, tendo parecer do Relator da Total de Pará: 6 01444 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 AMAZONAS PIAUÍ Átila Lins PMDB PmdbPscPtc Átila Lira PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Carlos Souza PP B. Sá PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Francisco Praciano PT Ciro Nogueira PP Silas Câmara PSC PmdbPscPtc Júlio Cesar DEM Vanessa Grazziotin PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Nazareno Fonteles PT Total de Amazonas: 5 Osmar Júnior PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Paes Landim PTB RONDONIA Total de Piauí: 7 Ernandes Amorim PTB Moreira Mendes PPS RIO GRANDE DO NORTE Total de Rondônia: 2 Betinho Rosado DEM João Maia PR ACRE Total de Rio Grande do Norte: 2 Flaviano Melo PMDB PmdbPscPtc Gladson Cameli PP PARAÍBA Henrique Afonso PT Armando Abílio PTB Ilderlei Cordeiro PPS Luiz Couto PT Nilson Mourão PT Marcondes Gadelha PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Perpétua Almeida PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Rômulo Gouveia PSDB Sergio Petecão PMN PsbPdtPCdoBPmnPrb Vital do Rêgo Filho PMDB PmdbPscPtc Total de Acre: 7 Wilson Santiago PMDB PmdbPscPtc Total de Paraíba: 6 TOCANTINS Eduardo Gomes PSDB PERNAMBUCO João Oliveira DEM André de Paula DEM Lázaro Botelho PP Bruno Araújo PSDB Moises Avelino PMDB PmdbPscPtc Bruno Rodrigues PSDB Vicentinho Alves PR Fernando Coelho Filho PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Total de Tocantins: 5 Fernando Ferro PT Inocêncio Oliveira PR MARANHÃO José Mendonça Bezerra DEM Carlos Brandão PSDB Maurício Rands PT Cleber Verde PRB PsbPdtPCdoBPmnPrb Pedro Eugênio PT Domingos Dutra PT Raul Henry PMDB PmdbPscPtc Flávio Dino PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Roberto Magalhães DEM Julião Amin PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Silvio Costa PMN PsbPdtPCdoBPmnPrb Sarney Filho PV Wolney Queiroz PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Sebastião Madeira PSDB Total de Pernambuco: 13 Waldir Maranhão PP Total de Maranhão: 8 ALAGOAS Carlos Alberto Canuto PMDB PmdbPscPtc CEARÁ Cristiano Matheus PMDB PmdbPscPtc Chico Lopes PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Francisco Tenorio PMN PsbPdtPCdoBPmnPrb Ciro Gomes PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Givaldo Carimbão PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Eudes Xavier PT Total de Alagoas: 4 Flávio Bezerra PMDB PmdbPscPtc José Guimarães PT SERGIPE José Pimentel PT Eduardo Amorim PSC PmdbPscPtc Leo Alcântara PR Iran Barbosa PT Mauro Benevides PMDB PmdbPscPtc Jackson Barreto PMDB PmdbPscPtc Paulo Henrique Lustosa PMDB PmdbPscPtc Jerônimo Reis DEM Vicente Arruda PR José Carlos Machado DEM Total de Ceará: 10 Valadares Filho PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01445 Total de Sergipe: 6 Saraiva Felipe PMDB PmdbPscPtc Virgílio Guimarães PT BAHIA Total de Minas Gerais: 29 Antonio Carlos Magalhães Neto DEM Claudio Cajado DEM ESPÍRITO SANTO Colbert Martins PMDB PmdbPscPtc Iriny Lopes PT Daniel Almeida PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Jurandy Loureiro PSC PmdbPscPtc Edigar Mão Branca PV Lelo Coimbra PMDB PmdbPscPtc Edson Duarte PV Manato PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Fábio Souto DEM Rita Camata PMDB PmdbPscPtc João Almeida PSDB Sueli Vidigal PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Jorge Khoury DEM Total de Espírito Santo: 6 José Rocha PR RIO DE JANEIRO Joseph Bandeira PT Jutahy Junior PSDB Arnaldo Vianna PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Luiz Bassuma PT Ayrton Xerez DEM Bernardo Ariston PMDB PmdbPscPtc Luiz Carreira DEM Carlos Santana PT Marcos Medrado PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Dr. Adilson Soares PR Mário Negromonte PP Edmilson Valentim PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Nelson Pellegrino PT Edson Ezequiel PMDB PmdbPscPtc Sérgio Barradas Carneiro PT Edson Santos PT Severiano Alves PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Eduardo Cunha PMDB PmdbPscPtc Veloso PMDB PmdbPscPtc Eduardo Lopes PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Total de Bahia: 20 Felipe Bornier PHS MINAS GERAIS Filipe Pereira PSC PmdbPscPtc Aelton Freitas PR Geraldo Pudim PMDB PmdbPscPtc Hugo Leal PSC PmdbPscPtc Antônio Roberto PV Jair Bolsonaro PP Aracely de Paula PR Léo Vivas PRB PsbPdtPCdoBPmnPrb Bilac Pinto PR Leonardo Picciani PMDB PmdbPscPtc Carlos Willian PTC PmdbPscPtc Marcelo Itagiba PMDB PmdbPscPtc Eduardo Barbosa PSDB Miro Teixeira PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Elismar Prado PT Neilton Mulim PR Fábio Ramalho PV Otavio Leite PSDB Fernando Diniz PMDB PmdbPscPtc Pastor Manoel Ferreira PTB George Hilton PP Rodrigo Maia DEM Geraldo Thadeu PPS Silvio Lopes PSDB Humberto Souto PPS Vinicius Carvalho PTdoB Jairo Ataide DEM Total de Rio de Janeiro: 25 Jô Moraes PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb José Fernando Aparecido de Oliveira PV SÃO PAULO Juvenil PRTB Antonio Bulhões PMDB PmdbPscPtc Leonardo Monteiro PT Arlindo Chinaglia PT Lincoln Portela PR Arnaldo Jardim PPS Márcio Reinaldo Moreira PP Arnaldo Madeira PSDB Marcos Montes DEM Carlos Sampaio PSDB Maria do Carmo Lara PT Carlos Zarattini PT Mário Heringer PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Devanir Ribeiro PT Mauro Lopes PMDB PmdbPscPtc Dr. Talmir PV Miguel Martini PHS Dr. Ubiali PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Odair Cunha PT Duarte Nogueira PSDB Paulo Piau PMDB PmdbPscPtc Edson Aparecido PSDB Rodrigo de Castro PSDB Emanuel Fernandes PSDB 01446 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Frank Aguiar PTB Nelson Trad PMDB PmdbPscPtc Guilherme Campos DEM Waldemir Moka PMDB PmdbPscPtc Ivan Valente PSOL Waldir Neves PSDB Janete Rocha Pietá PT Total de Mato Grosso do Sul: 5 Jilmar Tatto PT PARANÁ Jorginho Maluly DEM José Genoíno PT Affonso Camargo PSDB José Paulo Tóffano PV Airton Roveda PR Lobbe Neto PSDB Andre Vargas PT Luciana Costa PR Angelo Vanhoni PT Marcelo Ortiz PV Barbosa Neto PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Milton Monti PR Dilceu Sperafico PP Reinaldo Nogueira PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Eduardo Sciarra DEM Renato Amary PSDB Gustavo Fruet PSDB Ricardo Izar PTB Hermes Parcianello PMDB PmdbPscPtc Ricardo Tripoli PSDB Luciano Pizzatto DEM Roberto Santiago PV Luiz Carlos Setim DEM Silvinho Peccioli DEM Marcelo Almeida PMDB PmdbPscPtc Valdemar Costa Neto PR Moacir Micheletto PMDB PmdbPscPtc Vicentinho PT Nelson Meurer PP Walter Ihoshi DEM Odílio Balbinotti PMDB PmdbPscPtc William Woo PSDB Ricardo Barros PP Total de São Paulo: 34 Rodrigo Rocha Loures PMDB PmdbPscPtc MATO GROSSO Total de Paraná: 17 Carlos Abicalil PT SANTA CATARINA Carlos Bezerra PMDB PmdbPscPtc Angela Amin PP Eliene Lima PP Carlito Merss PT Homero Pereira PR Décio Lima PT Thelma de Oliveira PSDB Djalma Berger PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Total de Mato Grosso: 5 Edinho Bez PMDB PmdbPscPtc DISTRITO FEDERAL João Matos PMDB PmdbPscPtc José Carlos Vieira DEM Jofran Frejat PR Nelson Goetten PR Laerte Bessa PMDB PmdbPscPtc Vignatti PT Magela PT Zonta PP Rodrigo Rollemberg PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Tadeu Filippelli PMDB PmdbPscPtc Total de Santa Catarina: 10 Total de Distrito Federal: 5 RIO GRANDE DO SUL GOIÁS Adão Pretto PT Íris de Araújo PMDB PmdbPscPtc Darcísio Perondi PMDB PmdbPscPtc Leonardo Vilela PSDB Germano Bonow DEM Luiz Bittencourt PMDB PmdbPscPtc Henrique Fontana PT Marcelo Melo PMDB PmdbPscPtc Luciana Genro PSOL Professora Raquel Teixeira PSDB Manuela DÁvila PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Ronaldo Caiado DEM Maria do Rosário PT Rubens Otoni PT Mendes Ribeiro Filho PMDB PmdbPscPtc Tatico PTB Pepe Vargas PT Total de Goiás: 8 Professor Ruy Pauletti PSDB Renato Molling PP MATO GROSSO DO SUL Tarcísio Zimmermann PT Antonio Cruz PP Vieira da Cunha PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Geraldo Resende PMDB PmdbPscPtc Total de Rio Grande do Sul: 13 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01447 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Por- imprevisibilidade da despesa, por se tratar de crédito tanto há quorum para deliberar. Passa-se à votação extraordinário. da matéria. Dessa forma, pedimos o adiamento da votação, O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Sobre por novamente o Governo determinar a pauta desta a mesa requerimento no seguinte teor: Casa. Enquanto estamos aqui discutindo medidas pro- visórias, vários projetos ordinários, projetos de lei de “Requeiro a Vossa Excelência, nos ter- autoria de Parlamentares, deixam de ser discutidos e mos do art. 193, § 3º, c/c o art. 117, X, do Re- votados. Aqui apenas se votam medidas provisórias, gimento Interno da Câmara dos Deputados, o e o pior: que tratam de abertura de crédito extraordi- adiamento da votação por 2 sessões da Medida nário. Provisória nº 395/07. Por isso, Sr. Presidente, peço o adiamento da Sala das Sessões, 11 de fevereiro de votação da Medida Provisória nº 395, de 2007. 2008. – , Vice-Líder do PSDB”. Lobbe Neto O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para votação o requerimento. encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Vicenti- O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Os nho, que falará contra o requerimento. Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se O SR. VICENTINHO (PT – SP. Sem revisão do encontram. (Pausa.) orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na REJEITADO. nossa opinião, devemos votar. V.Exa. nos convidou O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em para votar. Hoje é segunda-feira. Será uma grande de- votação a matéria. monstração para a sociedade brasileira procedermos Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado às votações hoje. Há 7 medidas provisórias trancan- Otavio Leite, que falará contra a matéria. do a pauta, e votá-las será uma boa resposta à nossa O SR. O SR. OTAVIO LEITE (PSDB – RJ. Sem sociedade. A Oposição deve compreender isso, para revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. De- que esta Casa demonstre efetivamente a sua dispo- putados, gostaria de, em breves palavras, expor minha sição de votar. preocupação com o ano parlamentar que iniciamos neste instante. Confesso que o faço, apesar de ser De- A importância dessa medida provisória já está putado de primeiro mandato, na certeza de que entre clara em seu conteúdo: apoio aos Ministérios, diante as responsabilidades máximas de que a população da importância que é dada a cada aspecto do Ministé- nos incumbiu está a de legislar. rio, com os valores respectivos. Isso vai ajudar não só É óbvio que fiscalizar o Poder Executivo é outra no combate à febre amarela, mas também em outras responsabilidade igualmente importante. E sermos in- questões das áreas da saúde e da infra-estrutura, em terlocutores da sociedade organizada para interpretar cumprimento a um programa contra o qual até hoje e buscar que as leis, as regras jurídicas sejam mais não vi nenhum Deputado falar, o Programa de Acele- sábias, mais justas e mais atuais também é em si outra ração do Crescimento. responsabilidade. Mas não podemos fugir à precípua e Por essa razão, a opinião da bancada do Parti- maior das nossas responsabilidades: legislar. E, pelo do do Trabalhadores – falando aqui em nome do Líder que sei, Sr. Presidente, um conjunto muito grande de Luiz Sérgio – é de que deveremos proceder à votação, projetos está dormitando nas Comissões, muitos de- aprovando a medida provisória. les aptos a serem examinados pelo Plenário. Essa é O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para nossa tarefa primordial. encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Curiosamente, há um projeto que, devo dizer, William Woo, que falará a favor do requerimento. soube com satisfação que há pouco a reunião dos Lí- O SR. WILLIAM WOO (PSDB – SP. Sem revi- deres entendeu como prioritário para a apreciação: o são do orador.) – Sr. Presidente, por se tratar de mais que cuida da divulgação da execução orçamentária em uma medida provisória sobre abertura de crédito – e tempo real em todos os entes federativos. Essa será muito foi discutida nesta Casa a utilização de medida uma contribuição extremamente oportuna, no instante provisória por parte do Governo –, pedimos o adia- em que atravessamos nesta etapa da civilização polí- mento desta votação. Precisamos iniciar o segundo tico-administrativa brasileira a necessidade imperiosa ano desta Legislatura fortalecendo o Congresso, prin- de cada vez mais ser transparentes, claros, colocan- cipalmente. Trata-se de abertura de crédito, matéria do todos os nossos passos e dados à disposição da que não apresenta os pressupostos constitucionais de população. Falo nós, Poderes constituídos: Judiciário, relevância e urgência, mesmo que se faça presente a Legislativo e Executivo. 01448 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Portanto, quero fazer dessas minhas palavras Todos esses recursos, oriundos do crescimento um prenúncio e um brado de satisfação, na certeza de da arrecadação federal, sem aumento de alíquotas de que é preciso ter esperança, fé e otimismo, para que impostos – com o crescimento do País, a arrecadação tenhamos neste ano não os descaminhos e equívocos cresceu –, são recursos adicionais que estão sendo do passado, muitas vezes provocados pelo império alocados em vários Ministérios, sobretudo nas áreas da mídia, que faz com que as agendas sejam des- de maior carência do nosso País: educação, saúde e virtuadas do seu caminho mais correto e adequado. todo o complexo de infra-estrutura, seja o transporte Não! A opinião pública é indispensável e os meios de rodoviário, seja o transporte fluvial, sejam os portos. comunicação são fundamentais, mas devemos zelar, Por isso, nós nos manifestamos favoráveis à apro- indiscutivelmente, pelas tarefas maiores que nos di- vação desta medida provisória, que, a rigor, já foi de- zem respeito, e a que mais merece a nossa atenção batida nesta Casa ao longo de 2007. é a de legislar. Agora a retomamos para aprová-la, a fim de que Muito obrigado, Sr. Presidente. o Executivo complete a aplicação dos recursos, e os O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para projetos previstos possam ser efetivados na íntegra. encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Lincoln Votamos a favor da matéria. Esperamos aprovar Portela, que falará a favor da matéria. esta e outras tantas matérias com muita rapidez, para O SR. LINCOLN PORTELA (PR – MG. Sem revi- que nossa Casa possa, neste ano, produzir também são do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no que diz respeito às proposições dos Parlamentares, esses recursos de que trata esta medida provisória são valorizando portanto, a atividade parlamentar. de fundamental importância. Só para o Ministério da Muito obrigado, Sr. Presidente. Saúde são destinados 1 bilhão e 700 milhões de reais; O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Passa- para o Ministério da Educação, 400 milhões de reais, se à votação. para apoio ao desenvolvimento da educação básica; O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em para o Ministério dos Transportes, 215 milhões de re- votação o parecer do Relator na parte em que ma- ais; para o Sistema Único de Segurança Pública, 74 nifesta opinião favorável quanto ao atendimento dos milhões e 700 mil reais; para o Ministério da Fazenda, pressupostos constitucionais de relevância e urgên- cia e de sua adequação financeira e orçamentária, 50 milhões de reais. nos termos do art. 8º da Resolução nº 1, de 2002, do Por essa razão, Sr. Presidente, somos favoráveis Congresso Nacional. à medida provisória. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Fernando encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Zenaldo Coruja, que falará contra matéria. Coutinho, que falará contra à matéria. (Pausa.) O SR. FERNANDO CORUJA (PPS – SC. Sem Com a palavra o Deputado Waldir Neves. (Pausa.) revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Par- Com a palavra o Deputado William Woo. (Pausa.) lamentares, hoje, na reunião de Líderes, o Presidente Com a palavra o Deputado Leonardo Vilela. Arlindo Chinaglia propôs uma pauta para o Legislativo (Pausa.) para o ano de 2008. Temos percebido que o Legislativo Com a palavra o Deputado Emanuel Fernandes. não consegue pauta própria há muitos anos. Entre os (Pausa.) principais fatores que ocasionam isso está a medida Com a palavra o Deputado Antonio Carlos Men- provisória. des Thame. (Pausa.) As medidas provisórias impedem que o Legis- Com a palavra o Deputado Luiz Carlos Hauly. lativo tenha pauta. O Executivo é quem a determina. (Pausa.) Na pauta do Legislativo, proposta pelo Presidente Com a palavra o Deputado Arnaldo Jardim. Arlindo Chinaglia, com a qual concordamos, está a (Pausa.) reformulação da tramitação das medidas provisórias Está encerrado, então, o encaminhamento con- no Congresso Nacional. Mas é preciso lembrar que a trário. atual tramitação já impede que medidas provisórias O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para como a que está sendo votada hoje possam ser edi- encaminhar a favor da matéria, concedo a palavra ao tadas. Claramente, esta medida provisória não é ur- Deputado Tarcísio Zimmermann. gente, não é relevante e não tem a característica da O SR. TARCÍSIO ZIMMERMANN (PT – RS. Sem imprevisibilidade. Então, o Legislativo não tem pauta. revisão do orador.) – Sr. Presidente, cumprimento Tenta construí-la, mas, infelizmente, vai acabar sendo V.Exa. e todos os Srs. e Sras. Parlamentares neste sobrestada pelas medidas provisórias do Executivo, reinício efetivo dos trabalhos neste plenário. Temos, do Governo Federal, pelos projetos de lei em regime neste momento, a votação da Medida Provisória nº de urgência constitucional, pelas crises, pelas CPMIs 395, de 2007, que, na verdade, representa avanço no e por tantas outras coisas já presentes e que ainda sentido de dotar nosso País de melhores condições estão por vir. Nós acabamos não conseguindo fazer o em termos de infra-estrutura. que a Constituição já prevê. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01449 Esta medida provisória é inconstitucional. Como Portanto, votamos contra a medida provisória. pode ser constitucional uma medida provisória que co- O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em loca como urgente e relevante o pagamento de precató- votação. rios que dormem em berço esplêndido há muito tempo? O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Os Como pode ter a característica da imprevisibilidade a Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se extinção da Rede Ferroviária Federal, cujo processo encontram. (Pausa.) tramita aqui há longos e longos anos? A não ser que APROVADO. este Governo seja uma anarquia e não faça nenhuma O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em previsão. Não posso acreditar que o Governo brasileiro votação o parecer do Relator na parte em que mani- não possa prever o que está acontecendo. festa opinião pelo não-atendimento dos pressupostos Portanto, infelizmente, vamos continuar votando constitucionais de relevância e urgência e de sua ade- aqui – e sei que vai passar mais uma vez – a admis- quação financeira e orçamentária, nos termos do art. 8º sibilidade. da Resolução nº 1, de 2002, do Congresso Nacional. O voto é “não”. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para O SR. WILLIAM WOO – Sr. Presidente, peço a encaminhar contra, concedo a palavra ao Sr. Deputa- palavra para orientar. do Fernando Coruja. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para O SR. FERNANDO CORUJA – Sr. Presidente, orientar, PSDB. já me posicionei anteriormente em relação ao texto e O SR. WILLIAM WOO (PSDB – SP. Pela ordem. vou abrir mão de falar sobre as emendas. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, encaminho O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Agra- o voto contra a medida provisória por não encontrar deço. os pressupostos constitucionais de relevância e ur- O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para gência. encaminhar contra, concedo a palavra ao Sr. Deputado Novamente, vemos a medida provisória ser um Otavio Leite. (Pausa.) instrumento usado pelo Executivo para pautar os tra- O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em balhos da Câmara dos Deputados. Na abertura des- votação. ta Sessão Legislativa, falou-se da importância de se Para orientar a bancada, concedo a palavra ao analisarem os pressupostos de relevância e urgência Sr. Deputado Chico Alencar. das MPs. Fala-se aqui em abertura de novos créditos O SR. CHICO ALENCAR (PSOL – RJ. Pela or- para pagamento de precatórios e para o Ministério do dem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, estive- Planejamento fazer a gestão do PAC. No Ministério há mos discutindo hoje, no Colégio de Líderes, por meri- 16 mil servidores e 1.247 cargos em comissão. tória iniciativa de V.Exa., a conformação de um outro Não vemos necessidade de aprovar a medida procedimento em relação às medidas provisórias, para provisória nesta Casa. Por isso, somos contra sua ad- que não sejam um tacão do Executivo que paralisa a missibilidade. Câmara dos Deputados. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Para Esta MP é um exemplo de como operamos no orientar, Democratas. escuro. Ela traz créditos extraordinários meritórios, O SR. GUILHERME CAMPOS (DEM – SP. Pela até porque alguns são drenados do altíssimo superá- ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, mais vit primário que se pratica no Brasil para a educação uma vez nós nos posicionamos contra a reedição de e a saúde. Por outro lado, ela confirma investimentos medidas provisórias, praticada no ano passado. para a polêmica transposição de águas do Rio São Especificamente em relação à MP para abertu- Francisco e outros procedimentos duvidosos. São ra de crédito extraordinário no valor de 3,2 bilhões de 10 itens diferentes. Misturam-se alhos com bugalhos. reais, vamos nos valer do próprio relatório. Isso é ruim. A medida provisória não deveria ser usa- No anexo da página 85, no seu primeiro parágra- da dessa forma. fo, o próprio Relator diz o seguinte: Enquanto não consertamos o procedimento, o voto é “não”. “A esse respeito, ressaltamos que o Po- O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em der Executivo, não obstante fornecer, na Expo- votação. sição de Motivos que acompanhou a Medida O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Os Provisória, elementos esclarecedores para a Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como formação de um juízo acerca da urgência e se acham. (Pausa.) relevância do crédito extraordinário, se omitiu APROVADO. no tangente à exposição de imprevisibilidade O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Esta das ações do objeto das suplementações au- Presidência deixa de submeter a votos as Emendas torizadas pela medida provisória”. nºs 12, 13 e 17 a 20 por terem recebido parecer pela Sr. Presidente, o próprio Relator diz que não houve inadmissibilidade do Relator da Comissão Mista de previsibilidade. Quem somos nós para ir contra ele? Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. 01450 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Há sobre do Regimento Interno, destaque para votação a Mesa os seguintes requerimentos de destaques: em separado do programa 1036 – funcional- DESTAQUES DE BANCADAS programática 18.544.1036.12EP.0020 do Ane- xo I da Medida Provisória nº 395, de 2007 “Requeiro a Vossa Excelência, nos ter- (página 15) mos do art. 161, § 2º, do Regimento Inter- Salas das Sessões, 22 de novembro de no, destaque para votação em separado da 2007. – Onyx Lorenzoni, Líder do DEM”. Emenda nº 7, de 2007 à Medida Provisória nº 395, de 2007. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em Sala das Sessões, 20 de novembro de votação as emendas apresentadas à Comissão Mis- 2007. – Fernando Coruja, Líder do PPS”. ta de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – “Senhor Presidente, requeremos a Vos- Emendas nºs 1 a 11, 14 a 16 e 21 a 23 –, com parecer sa Excelência, nos termos do art. 161, e § 2º, contrário, ressalvados os destaques. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01451 01452 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01453 01454 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01455

O SR. LUIZ SÉRGIO – Sr. Presidente, peço a O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em palavra pela ordem. votação. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Tem O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Os V.Exa. a palavra. Srs. Deputados que as aprovam permaneçam como O SR. LUIZ SÉRGIO (PT – RJ. Pela ordem. Sem se encontram. (Pausa.) revisão do orador.) – Sr. Presidente, a bancada do PT vota “não”. REJEITADAS. O SR. HENRIQUE FONTANA (PT – RS. Pela O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, a Li- votação a Medida Provisória nº 395, de 2007, ressal- derança do Governo também vota “não”. vados os destaques. 01456 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01457 01458 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01459 01460 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01461 01462 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01463 01464 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01465 01466 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01467 01468 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01469 01470 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01471 01472 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01473 01474 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01475 01476 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01477 01478 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01479 01480 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01481 01482 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01483 01484 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01485 1486 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01487 01488 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01489 01490 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Os poderemos votar outras matérias para não parali- Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se sar a Casa. encontram. (Pausa.) Isso é fruto de reflexão com a Assessoria. Gos- APROVADA. taria muito que houvesse entendimento para produ- O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Antes zirmos o melhor. de passarmos aos destaques, aproveito o comentário O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – So- do Deputado Chico Alencar, com referência às medidas bre a mesa destaque de bancada do PPS no seguin- provisórias, para prestar um esclarecimento, indepen- te teor: dentemente da opinião de cada um. “Requeiro a V.Exa., nos termos do art. O fato é que foi criada uma Comissão Especial 161, § 2º, do Regimento Interno, destaque em outubro do ano passado. Vamos instalá-la só nes- para votação em separado da Emenda nº 4/07 ta quarta-feira, porque alguns partidos ainda não ha- à MP nº 395/07. viam apresentado seus representantes. Apresentei a Sala das Sessões, 20 de novembro de proposta a que fez referência o Deputado Chico Alen- 2007. – Fernando Coruja, Líder do PPS”. car. Quero explicá-la a todos, até porque é de suma relevância. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Infor- É público e notório que o Governo precisa de mo a V.Exas. que consta da página 8 do avulso que instrumentos ágeis, tendo em vista as situações que a emenda quer suprimir essa dotação – logo acima, tem de enfrentar e a obrigação de cumprir os ditames olhando de baixo para cima – Do “total fiscal”. Trata-se constitucionais, legais etc. da Ferrovia Norte – Sul; 100 milhões de reais. Qual é o problema? Essa agilidade do Governo O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em tem custado a paralisação da Câmara dos Deputados. votação. Muitas vezes não conseguimos votar matérias que jul- Para encaminhar contra, concedo a palavra ao gamos relevantes. nobre Deputado Eduardo Valverde, que falará contra A proposta que apresentei não está ainda deta- a matéria. (Pausa.) lhada, mas sua essência é a seguinte: podemos alterar Para encaminhar a favor, concedo a palavra ao o prazo de vigência. Hoje ele é de 120 dias; e pode nobre Deputado Fernando Coruja, que falará a favor ser de 60, 80 dias. A Comissão Especial e o Plenário da matéria. vão definir isso. O SR. FERNANDO CORUJA (PPS – SC. Sem Estou propondo que a medida provisória não revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Par- tranque a pauta. Por quê? Ela tem validade imediata, lamentares, apresentamos várias emendas para su- atendendo aos interesses do Executivo. Se o Con- primir do texto da medida provisória algumas ações gresso Nacional não aprová-la num determinado pra- para projetos que não têm a característica da urgên- zo de validade, a partir dali encerra-se o período de cia, da relevância e da imprevisibilidade. Uma delas, sua vigência. particularmente, além de não ter essas características, Portanto, inverte-se a situação. Ficam a Câma- está incluída na relação das obras que o Tribunal de ra dos Deputados e o Senado Federal com a res- Contas da União lista como irregulares. Ela está no ponsabilidade de votar. Se não votarem, tranca-se Congresso Nacional para ser deliberada. Portanto, a pauta. É legítimo que o Executivo, ao propor uma pela legislação vigente, não pode receber recursos MP, mobilize suas bases para votá-la. Não significa por este Parlamento. que a Oposição também não esteja de acordo. Se A construção da Ferrovia Norte – Sul, no tre- o Congresso Nacional não votá-la num determina- cho Aguiarnópolis – Palmas, no Tocantins, que re- do período, ela perde a validade. Portanto, é uma cebe na sua funcional programática os nºs 5 e 83, maneira de atender ao Executivo e preservar o Le- está incluída nessa lista do Tribunal de Contas da gislativo. União, na dependência de votação. Ora, como vo- Uma das conseqüências é que se mantém a tar destinando recursos a uma obra que não pode urgência. De repente, pode-se chegar à conclusão recebê-los? A legislação veda isso à Comissão de de que não está na hora de votar, de que é preciso Orçamento. E ela, quando vota o Orçamento, tem fazer algum ajuste. Mesmo mantendo a urgência, o cuidado de não destinar recursos para trechos Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01491 nessa situação. Como vamos, então, destinar re- O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – A cursos a esse trecho por meio de medida provisó- orientação do PT é “não” à emenda. ria, instrumento excepcional, que deve ser usado Pergunto aos demais partidos se vão mudar a apenas para situações urgentes e relevantes, que orientação. são imprevisíveis, em que não se pode claramente O SR. BERNARDO ARISTON (Bloco/PMDB – ser contrário à lei? RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – O PMDB, Por isso, apresentamos destaque para supri- Sr. Presidente, vota “não” à emenda. mir pelo menos esse trecho. A Liderança do PPS O SR. GUILHERME CAMPOS (DEM – SP. Pela apresentou 10 emendas, mas está propondo des- ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, “sim”, taque para suprimir o trecho específico da Ferrovia pela emenda contrária ao orçamento. Norte – Sul. O SR. JOSÉ ROCHA (PR – BA. Pela ordem. Sr. Presidente, pedimos apoiamento ao nosso Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, o PR vota destaque. “não” à emenda. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Como O SR. ARMANDO ABÍLIO (PTB – PB. Pela ordem. vota o PT? Sem revisão do orador.) – O PTB vota “não”. O SR. LUIZ SÉRGIO (PT – RJ. Pela ordem. Sem O SR. SIMÃO SESSIM (PP – RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, o PT vota “sim”, revisão do orador.) – O PP “não”, Sr. Presidente. para manter o texto. Conclamamos os Deputados do O SR. DR. UBIALI (Bloco/PSB – SP. Pela ordem. PT e da base a acompanharem o voto “sim”. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, o Bloco orien- O SR. GUILHERME CAMPOS (DEM – SP. Pela ta o voto “não”. ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, o O SR. LUIZ SÉRGIO (PT – RJ. Pela ordem. Sem Democratas vota “não” por considerar que não condiz revisão do orador.) – Sr. Presidente , o PT pede que com o que estabelece a Comissão de Orçamento. É votem “não. crédito extraordinário. Não é possível que continue- O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em mos neste mote: o Governo sempre, de cima para votação. baixo, obrigando o Congresso Nacional a fazer o O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Aque- que ele quer. les que forem pela aprovação da emenda permaneçam O SR. CHICO ALENCAR (PSOL – RJ. Pela or- como se acham. (Pausa.) dem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, este REJEITADA. é um dos casos de recursos extraordinários absolu- O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Ago- tamente questionáveis por uma obra objeto de averi- ra não é emenda, é o texto. Se alguém tiver dúvida, guação por parte do TCU. explicarei. O PSOL diz “não” ao texto, aprovando a emenda Sobre a mesa destaque de bancada do Demo- supressiva. cratas no seguinte teor: O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB “Sr. Presidente, requeremos a V.Exa., – SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presi- nos temos do art. 161, § 2º, do Regimento dente, este destaque é oportuno, muito bem lembrado, Interno, destaque para votação em separado no momento correto, pelo Líder Fernando Coruja. do Programa 1036 – funcional programática O PSDB encaminha o voto “sim”. 18.544.1036.12EP.0020 do Anexo I da MP nº O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – O pai- 395/07. nel deve registrar as orientações do PSOL, PT, PSDB Salas das Sessões, 27 de novembro de e Democratas. 2007. – Onyx Lorenzoni, Líder do DEM” O SR. LUIZ SÉRGIO (PT – RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, o que estamos vo- Está na página 15 do avulso, última dotação. tando é destaque de emenda ou destaque de texto? O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Conce- O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – É des- do a palavra, para falar contra, ao Deputado Eduardo taque de emenda. Valverde. (Pausa.) O SR. LUIZ SÉRGIO – Então quero corrigir a Concedo a palavra, para falar a favor, ao Depu- orientação: “não” à emenda. tado Onyx Lorenzoni. (Pausa.) 01492 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Concedo a palavra ao Deputado Ayrton Xerez. do Democratas é “não”, conforme foi dito por nosso O SR. AYRTON XEREZ (DEM – RJ. Sem re- colega Ayrton Xerez. visão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. De- O SR. LUIZ SÉRGIO (PT – RJ. Pela ordem. Sem putados, a bancada do Democratas chama a aten- revisão do orador.) – Sr. Presidente, votamos “sim”, ção de todos para matéria que está inserida nesta porque queremos manter o texto. medida provisória. Trata-se de obra do Projeto de O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Como Integração do Rio São Francisco com as Bacias do vota o Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC? Nordeste Setentrional. Pelo Sistema FISCOBRAS, O SR. BERNARDO ARISTON (Bloco/PMDB – RJ. do Tribunal de Contas da União, essa obra está Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, eivada de irregularidades e entra nesta MP, por si o voto é “sim”, pela manutenção do texto. só extemporânea, com uma carga orçamentária de O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Como 185 milhões de reais. vota o PTB? Nós, democratas, por conta dessa distorção, so- O SR. ARMANDO ABÍLIO (PTB – PB. Pela or- licitamos aos Srs. Parlamentares que retirem do texto dem. Sem revisão do orador.) – O PTB vota “sim”, a essa proposta, por ser imoral. De acordo com o Tribu- favor da transposição. nal de Contas da União, a matéria é viciada. Trata-se O SR. CHICO ALENCAR (PSOL – RJ. Pela de obra irregular. ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, o Portanto, aqueles que acompanharem a visão PSOL, sabendo da polêmica da transposição das do Democratas votarão “sim” ao destaque, contra a águas do São Francisco, sabendo da existência manutenção do texto. de processos judiciais ainda em curso, como as Sr. Presidente, cumprimento V.Exa. pela ini- debilitadas águas do rio, sabendo que a revitali- ciativa que acaba de tomar no sentido de dar novo zação é importante, em nome da luta não apenas molde à aceitação das medidas provisórias, que de D. Cappio, mas de toda a população ribeirinha, têm emasculado o Congresso Nacional em sua vota “não”. capacidade de produzir leis. Aliás, como disse o Nós não queremos autorizar esses recursos. Essa Presidente do Senado Federal, na histórica sessão é uma posição clara. Cada um assuma sua responsa- inaugural da atual Sessão Legislativa, as medidas bilidade em relação a esse “hidronegócio”. provisórias amesquinham a ação dos representan- O SR. PAULO MALUF (PP – SP. Pela ordem. Sem tes do povo, minam a função legislativa, impedem revisão do orador.) – O PP vota “sim”, Sr. Presidente. o debate livre e acuam o Congresso Nacional, cer- (PV – SP. Pela ceado da iniciativa de medidas reclamadas pelo O SR. ROBERTO SANTIAGO Poder Público. ordem. Sem revisão do orador.) – O PV vota “sim”, Sr. A proposta de V.Exa., Deputado Arlindo China- Presidente. glia, restitui ao Congresso Nacional, a este qualifica- A SRA. GORETE PEREIRA (PR – CE. Pela or- do Plenário de debates a perspectiva de voltarmos a dem. Sem revisão da oradora.) – O PR vota “sim”, pela ter possibilidade de trânsito livre no trato dos debates manutenção do texto, Sr. Presidente. nacionais, de interesse da sociedade brasileira, que é O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT – RJ. Pela eminentemente urbana. Noventa por cento dos brasi- ordem. Sem revisão do orador.) – O PDT vota “sim”, leiros vivem nas grandes cidades, e os temas a serem Sr. Presidente. debatidos devem ser esses. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Em Portanto, Srs. Deputados, o Democratas pede a votação. atenção de V.Exas. para essa obra irregular que está O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Os inserida no bojo da medida provisória sob exame. Srs. Deputados que forem pela manutenção do texto Votamos “não” para que se extirpe do texto essa permaneçam como se encontram. (Pausa.) obra de transposição. APROVADO. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Como Mantido o texto. votam os Srs. Líderes? O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Há O SR. GUILHERME CAMPOS (DEM – SP. Pela sobre a mesa e vou submeter a votos a seguinte ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, o voto REDAÇÃO FINAL: Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01493 01494 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01495 01496 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01497 01498 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01499 01500 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01501 01502 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01503 01504 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01505 01506 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01507 01508 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01509 01510 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01511 01512 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01513 01514 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01515 01516 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01517 01518 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01519 01520 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01521 01522 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01523 01524 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01525 01526 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Os portantes funções. A mais importante delas é fiscalizar, Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se por intermédio da Minoria, os atos do Poder Executivo encontram. (Pausa.) e daqueles que são maioria nesta Casa. APROVADA. O Democratas, por meio de sua bancada na Câ- A matéria vai ao Senado Federal, incluindo o mara dos Deputados, apoia integralmente a proposta processado. do Deputado Carlos Sampaio. Queremos, em nome da O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Item sociedade brasileira, investigar o mau uso do dinhei- 2. ro público, o que foi gasto de maneira incorreta, em proveito próprio, tudo aquilo que não foi republicano, MEDIDA PROVISÓRIA Nº 396, DE 2007 que não foi adequado, que não levou em considera- (Do Poder Executivo) ção as boas orientações, o bom uso do dinheiro e o Discussão, em turno único, da Medi- respeito ao contribuinte brasileiro. Mas, além dessas da Provisória nº 396, de 2007, que dá nova investigações, temos outra tarefa extremamente no- redação aos arts. 1º e 2º da Lei nº 10.841, bre, quanto às Comissões Parlamentares de Inquérito: de 18 de fevereiro de 2004, que autoriza a propor soluções, regras claras para a utilização desse União a permutar Certificados Financeiros importante instrumento. do Tesouro. Pendente de parecer da Comis- Todos nós temos de reconhecer que os cartões são Mista. A Emenda de nº 5 foi retirada corporativos podem ser utilizados, sim, mas com res- pelo autor. ponsabilidade, com critérios claramente estabelecidos, PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 17-10- com absoluta transparência – palavrinha importante e 07 vital – , com amplo conhecimento do público, permitindo PRAZO NA CÂMARA: 31-10-07 aos partidos políticos, às entidades civis ou ao cidadão SOBRESTA A PAUTA EM: 18-11-07 (46º comum, que acessa pela Internet o portal do Gover- DIA) no, tomar conhecimento dos gastos discriminados do PERDA DE EFICÁCIA: 14-3-08 Governo. Isso pode ajudar a melhorar a administração pública e a eficiência da gestão pública. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Conce- Por esta razão, Sr. Presidente, venho à tribuna do a palavra ao nobre Deputado Onyx Lorenzoni, para da Câmara dos Deputados registrar o integral apoio uma Comunicação de Liderança, pelo Democratas. da bancada do Democratas. Estamos empenhados O SR. ONYX LORENZONI (DEM – RS. Como no recolhimento das assinaturas. Pedimos a todos os Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Deputados que assinem o requerimento do Deputa- Deputados, nas últimas horas o Deputado Carlos Sam- do Carlos Sampaio. Trata-se de Comissão Parlamen- paio, do PSDB, conseguiu avançar na sua proposta de tar Mista de Inquérito, envolvendo Câmara e Senado. instalação de CPI para investigação de irregularidades Essa CPMI poderá, primeiro, prestar esclarecimentos no uso dos cartões corporativos. à sociedade brasileira sobre tudo aquilo que foi feito Segundo informações que recebi, esse avanço de errado; segundo, apontar regras, soluções, princi- sugere até a retirada da proposta do Líder do Gover- palmente critérios para o gasto do dinheiro público; ter- no no Senado Federal, Senador Romero Jucá. S.Exa. ceiro, reiterar que os países que conseguiram enfrentar vinha recolhendo assinaturas para a instalação de a corrupção foram aqueles que deram prioridade ao CPI que seria realizada apenas naquela Casa. Cha- controle, à transparência absoluta e principalmente à mo a atenção para o fato de que o Deputado Carlos punição dos que se desviaram das boas normas de Sampaio vem lutando, junto com os demais Líderes conduta no setor público. dos partidos de oposição, para que a CPI seja mista Países da Alemanha ao Canadá, do Chile à Itália, – composta por membros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos ao Japão, que conseguiram isolar e do Senado Federal. e controlar a corrupção, valeram-se fundamentalmente Algumas vozes do Governo questionaram a im- da transparência dos atos públicos. plantação dessa CPI, dizendo que ela deve retroagir Louvo, portanto, a preocupação do Deputado Car- até 1998, quando foi emitido o decreto que autorizou los Sampaio de buscar junto ao Senador Romero Jucá a utilização dos cartões cooperativos pelos funcioná- um caminho que permita à Câmara e ao Senado, com rios do Governo Federal. Alguns argumentam que o os olhos da imprensa e da sociedade brasileira, levantar Parlamento tem de usar o seu tempo para votações o véu que cobre a utilização dos cartões corporativos, de matérias importantes – por exemplo, a reforma tri- dando à opinião pública transparência e clareza. Os butária. Lembro que o Parlamento tem múltiplas e im- culpados serão processados e punidos. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01527 Sr. Presidente, teremos uma CPMI que irá cumprir É preciso operar com absoluta transparência, em uma das mais importantes tarefas do Parlamento bra- qualquer tempo e em qualquer situação. Ninguém vai sileiro: a fiscalização dos atos do Poder Executivo. Uma envenenar o alimento do Presidente se souber como CPMI conduzida sob esse prisma poderá contribuir de ele é comprado e a que preço. Para isso há seguran- forma extraordinária para a recuperação da credibilida- ça eficaz. de, da confiança e do respeito ao Parlamento junto à Por fim, Sr. Presidente, destaco a iniciativa do sociedade brasileira. A Câmara dos Deputados, mais Deputado Ivan Valente, da bancada do PSOL, de so- uma vez, dá importante passo nessa direção. licitar apoio das Sras. e dos Srs. Deputados para ins- Obrigado. talação de uma CPI fundamental. Ouso dizer que ela é O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Con- mais importante até do que a dos cartões corporativos. cedo a palavra ao nobre Deputado Chico Alencar, para Trata-se da CPI que investigará as grandes corpora- uma Comunicação de Liderança, pelo PSOL. ções financeiras, as transnacionais do globalitarismo. O SR. CHICO ALENCAR (PSOL – RJ. Como Essas empresas drenam, permanentemente, vultosos Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. recursos do País com o pagamento continuado e exor- e Srs. Deputados, demais pessoas que acompanham bitante de juros e serviços da nossa dívida pública. É a sessão neste início de ano legislativo, obviamente fundamental uma investigação séria do assunto. Aliás, o Partido Socialismo e Liberdade apóia a instalação tenta-se dar conta de um preceito constitucional jamais da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que vai respeitado ao longo de 20 anos. verificar eventuais abusos no uso dos cartões corpora- Por isso, solicitamos aos patriotas, aos que zelam tivos do Governo. Entretanto, esse acordo de procedi- pela soberania nacional, aos que estão preocupados mentos celebrado pelas forças políticas mais pujantes com o fato de cada brasileiro pagar hoje 4.570 reais do Congresso Nacional não pode ser de contenção. de juros da dívida, apoio para a instalação dessa CPI. Ou seja, a investigação não deve parar no jardim das Cada cidadão brasileiro que nasce já tem de pagar emas do Palácio da Alvorada. esse débito. Isso é inaceitável. Nós e a população brasileira precisamos saber Não queremos que os banqueiros continuem com se vestidos de grife, vinhos caríssimos, pratarias e bi- essa hegemonia absoluta no Brasil e no mundo. Essa juterias dispendiosas foram comprados indevidamente, CPI será muito bem-vinda. Temos certeza de que con- sem o princípio da austeridade, pelas Presidências da seguiremos o número regimental de assinaturas em República, desde a instituição do cartão, à época de todos os partidos políticos que compõem a Câmara Fernando Henrique Cardoso, até agora, na era Lula. dos Deputados. Por que não expor as demasias? Uma vez expostas, Fica o registro do PSOL de que a pauta apre- teremos mais elementos para vedá-las e corrigi-las. sentada hoje pelo Presidente Arlindo Chinaglia, con- Norberto Bobbio, que não é nenhum socialista, templando diversas questões: enfrentamento do fim diz que a democracia é o regime da transparência e do voto secreto e do nepotismo nos 3 Poderes; puni- nela não pode haver nenhum segredo. Portanto, uma ções rigorosas, até com expropriação das terras, aos CPI meia-bomba, com diques de contenção, para a que usam o trabalho escravo; realização da reforma população ver e se iludir não é bom caminho para este política para 2010 – essa matéria é muito importante Parlamento. e merece todo o nosso apoio. Obviamente, 2 CPIs seriam um absurdo. Haveria Vamos trabalhar com uma pauta pró-ativa para falta de economia processual, no mínimo. Mas uma o bem da população brasileira. CPI mista, fruto de acordo que signifique veto a de- Muito obrigado. terminadas investigações e informações, não merece O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Nós o nosso apoio. Pelo contrário, temos de estar lá para fomos informados de que há um acordo de plenário cobrar investigação séria. no sentido de que o segundo item da pauta e os se- O PSOL vai apresentar requerimento para que o guintes fiquem para a sessão de amanhã. A Ordem Plenário ouça aqui o correto e dedicado Controlador- do Dia de hoje se encerrará com a votação da medida Geral da União, Jorge Hage, além de requerimentos provisória – Item 1 da pauta. de informação sobre o contrato licitatório com a empre- Assim sendo, declaro encerrada a Ordem do sa Visa, operadora desses cartões corporativos, seus Dia. custos. Queremos saber por que não há transparência O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Con- nem portal de visibilidade para os cartões corporativos cedo a palavra ao nobre Deputado Henrique Fontana, de estatais, autarquias e fundações. para uma Comunicação de Liderança, pelo Governo. 01528 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 O SR. HENRIQUE FONTANA (PT – RS. Como Informo ao Líder Onyx Lorenzoni, que me ante- Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. cedeu, que a reestruturação da Controladoria-Geral e Srs. Deputados, primeiramente saúdo V.Exas. pelo da União foi feita exatamente pelo Governo Lula. O início do ano legislativo e reafirmo nossa disposição Presidente da República determinou que tal órgão se de, sempre que possível, buscar o entendimento nes- equipasse e se estruturasse para montar, inclusive, um ta Casa para votação de um conjunto de importantes portal de transparência. Ele foi montado, e estamos projetos para o País. analisando esse conjunto de despesas. Tecerei rápida consideração a respeito de tema Devemos ter cuidado para não transformar des- que tem dominado o noticiário nas últimas semanas. pesas corretas, feitas no exercício do interesse público, Refiro-me ao pagamento das chamadas despesas de em despesas sob suspeição. suprimento, feito de 2 formas no Brasil: pela utilização É preciso que se diga também que Governos Es- de cartões de pagamento ou pelas contas do tipo B. taduais não têm adotado sistemas de transparência, Trago o seguinte esclarecimento, na condição de como é o caso do portal feito no Governo Federal. Líder do Governo: ouve-se muito que nosso Governo Nossa idéia é que essa CPI seja utilizada para tem elevado enormemente os gastos pagos com car- analisar e investigar esse tipo de gasto ao longo dos tão. Na realidade, o que tem ocorrido é a diminuição do últimos 10 anos, por questão de equilíbrio, republicanis- total de gastos com despesas de provimento, porque, mo e profundidade na investigação. Ela deve contribuir à medida que se transferem gastos feitos nas contas especialmente para que a investigação ocorra tanto nas do tipo B, com transparência menor, para gastos fei- contas do tipo B como nas contas de pagamentos fei- tos com o pagamento por meio de cartões, chegamos tos com cartão. Se se dirigir apenas aos cartões, não a um nível maior de transparência. A soma desses 2 estará fazendo uma análise com o equilíbrio que deve gastos é que deve ser analisada pela sociedade e pelo haver em uma investigação como essa. Por isso, reitero ao Deputado Carlos Sampaio, Parlamento. Por exemplo, no ano de 2002, o total de a quem tenho procurado durante toda esta tarde, que gastos foi de aproximadamente 233 milhões de reais; precisamos sentar-nos para acordar a redação do re- durante o Governo Lula, foi de cerca de 150 milhões querimento, porque na redação que tenho em mão não de reais por ano. está clara a disposição de investigar as contas do tipo Desde o início, quando se estabeleceu o debate B. É isto que a base do Governo quer: que investigue- sobre a instalação de CPI, temos dito claramente que, mos os cartões e as contas do tipo B. para investigar o total das despesas chamadas de supri- O Parlamento deveria, na minha opinião, priori- mento, é preciso investigar os pagamentos com cartão zar uma outra agenda, de caráter estratégico para o e as contas do tipo B. Desta tribuna, peço ao Deputado País, e permitir que a Controladoria-Geral da União, o Carlos Sampaio que nos sentemos para estabelecer Ministério Público e o Tribunal de Contas concluíssem um acordo efetivo em torno da redação do pedido de as investigações que estão sendo feitas, porque têm instalação da CPMI. Na redação que tenho em mão não total competência e condições de fazê-lo. E o melhor: está a investigação sobre as contas do tipo B. Nosso não vivem num ambiente de luta entre partidos, como Governo não teme nenhum tipo de investigação, nem ocorre nesta Casa. mesmo a respeito das despesas de suprimento. Tanto A CPI, muitas vezes, é necessária, positiva. Mas é que a decisão de apoiar a CPI, devido à insistência nós também já assistimos a momentos negativos, como da Oposição, foi do próprio Presidente Lula. no caso da CPI dos Bingos, que se transformou na Sempre continuarei afirmado que o Parlamento “CPI do fim do mundo”. Por não ter foco, ela se tornou deve priorizar um conjunto de análises e votações que uma simples luta entre partidos, entre o Governo e a só ele pode fazer. Quem pode votar uma nova estrutu- Oposição, paralisando o Parlamento. ra tributária para o País é o Parlamento. E quem pode Esta é a análise que faço da tribuna, em nome fiscalizar também é o Parlamento. Mas, na medida em da Liderança do Governo. Lembro que nós não te- que ele se dedica prioritariamente ao assunto da CPI, memos as investigações. Queremos, sim, questionar terminamos perdendo a oportunidade de avançar em aquele caminho que pode ser repetido, qual seja, a relação a outras pautas – por exemplo, votar uma nova transformação da política brasileira numa espécie de estrutura tributária. A Controladoria-Geral da União, o Big Brother, em que o Parlamento abre mão do papel Tribunal de Contas da União, o Ministério Público, as- estratégico que tem para, constantemente, debater sessorados pela Polícia Federal, com sua capacidade detalhes que não se traduzem efetivamente naquilo investigativa, seguramente têm todas as condições de que todos queremos: um país que tenha ética na po- fazer essa investigação; aliás, já estão fazendo. lítica, que continue crescendo, distribuindo renda e Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01529 que consiga superar os gargalos que tem. Em muitos foi, mais uma vez, levar nossa instituição ao descré- momentos, estamos criando um ambiente de conflito dito. Se o Governo FHC vai ser investigado é porque pelo conflito; na verdade, a ante-sala da paralisação nele também existia a mesma confusão. Os políticos, do Parlamento na democracia. especialmente os do Poder Legislativo, ficam devendo Sr. Presidente, reconheço que todo temos de fazer explicações concretas, transparentes. um grande esforço para regulamentar o uso das medi- O Deputado Carlos Sampaio levou às Lideranças das provisórias, o que é um desafio do Estado brasileiro do Governo, especialmente ao Ministro José Múcio – não é deste Governo, da Oposição ou da Situação. Monteiro e ao Líder Romero Jucá, a mensagem de É um desafio para se pensar no papel do Legislativo que até mesmo o ex-Presidente Fernando Henrique e do Executivo no futuro da democracia. Cardoso não tem nada contra uma investigação do seu O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Vai-se Governo. Creio que esse encaminhamento finalmen- passar ao horário de te trouxe uma luz, e o Governo se desarmou. Agora, todos juntos, vamos tirar esses fatos lamentáveis da VII – COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES frente do vidro que está obscurecendo a transparência Tem a palavra o Sr. Deputado Silvio Torres, pelo desta Casa e do Senado Federal. PSDB. Sr. Presidente Arlindo Chinaglia, V.Exa. tem a O SR. SILVIO TORRES (PSDB – SP. Sem revisão oportunidade de começar o ano legislativo com uma do orador.) – Sr. Presidente, tratarei de tema que está CPI para prestação de contas ao povo, mostrando na ordem do dia da opinião pública nacional: os cartões que esta Casa não tem medo de investigar nada, que de crédito corporativos do Governo Federal. ela não se submete a nenhum tipo de pressão, como Iniciamos o ano legislativo sob forte e rigorosa ocorreu no final do ano passado, quando coletei assi- vigilância por parte da sociedade brasileira, à qual naturas suficientes para instalar uma CPI para inves- temos de prestar contas permanentemente. Mas, em tigar os esquemas de lavagem de dinheiro no futebol momentos como este, elas devem ser prestadas de brasileiro, de que todo mundo tem conhecimento. Esta forma muito mais transparente e responsável. Casa se submeteu a uma pressão espúria por parte Sras. e Srs. Deputados, saúdo o acordo que reuniu do Presidente da CBF. Com a justificativa de que isso Governo e Oposição em torno das investigações dos atrapalharia o Brasil a sediar a Copa do Mundo, ele gastos com cartões corporativos do Governo Federal. veio pessoalmente pressionar Deputados e Lideran- Ninguém pode, a esta altura, partidarizar em relação ças, tendo também pressionado Governadores. E a ao assunto, porque ele diz respeito à credibilidade das CPI não foi instalada. Desta vez nada vai segurar uma nossas instituições. Mais uma vez, sofremos o peso da investigação que diz respeito ao uso do dinheiro pú- responsabilidade de não termos estabelecido sintonia blico neste País. mais clara e efetiva com a população. Não se trata de Felizmente o Governo não levou a cabo uma par- crucificar Ministros, de demonstrar erros e, com base tidarização que nos levaria à realização de uma CPI neles, tripudiar sobre as pessoas que os cometeram. na Câmara e outra no Senado. Felizmente também se Realmente houve erros gravíssimos, imperdoáveis para afasta a idéia de que, para obscurecer uma investigação uma instituição que já está muito aquém do que a so- nesta Casa, estaríamos tentando também investigar o ciedade espera dela. Ocorreram fatos lamentáveis. uso de cartões nos Estados brasileiros, especialmente O Governo deveria ter-se manifestado, deixando onde o PSDB governa – mais especialmente ainda no a população mais tranqüila quanto às providências que Estado de São Paulo – , como se os 2 procedimen- iria tomar. Ele deveria ter sido o primeiro a escamotear tos fossem um só. Eles não são os mesmos. O que o de uma vez por todas essas mazelas. No entanto, veio TCU e a CGU levantaram foi que, no caso do Gover- em defesa dos próprios erros, mais uma vez, de modo no Federal, o dinheiro público foi gasto sem nenhum equivocado, na tentativa de explicar o inexplicável. De- critério ou controle, dando margem a um escândalo veria ter tomado medidas imediatamente. Houve revan- de grandes proporções. Isso mostra a vulnerabilidade che, mais uma vez, contra o Governo anterior. deste Governo, quando se trata de controlar o dinhei- De repente, tudo se justifica por erros que even- ro do povo. tualmente tenham sido praticados no passado, que No caso de São Paulo, ainda que tenha sido não foram sequer levantados. Então, o Governo pro- gasto mais, foi para economizar, ao contrário do que põe uma CPI no Senado Federal para investigar atos ocorreu com o Governo Federal. Quanto aos cartões do Governo FHC, como se só o fato de propô-la já o de débito de São Paulo, há pessoas concursadas, condenasse. Em vez de ajudar a sociedade, prestando treinadas, profissionais para controlar os gastos pú- esclarecimentos, o que fizeram neste primeiro momento blicos. Nenhum secretário tem cartão. O Governo de 01530 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 São Paulo não tem cartão, tampouco a Casa Civil. Estão envolvidos nesse projeto muitos órgãos, Esses cartões de débito de São Paulo só cobrem as principalmente o Ministério de Ciência e Tecnologia e despesas essencialmente necessárias. Não há dúvida a Marinha do Brasil. quanto à honestidade e a transparência do Governo Agradeço mais uma vez à Marinha o convite e paulista. Quem quiser pode ir lá e pedir qualquer nota. também à imprensa de maneira geral, que nos permitiu Verá que o dinheiro não foi jogado fora. tranqüilizar nossas famílias, nosso povo, porque fomos Não podemos permitir que, num momento tão apanhados de surpresa e tivemos de permanecer na grave como este, em que a sociedade, mais uma vez, Antártida por quase 1 semana, forçosamente. cobra de nós transparência e responsabilidade, faça- Por outro lado, registro fato negativo e preocu- mos disso uma disputa eleitoral. Estamos tentando pante para o País. uma disputa para ver quem se aproxima mais da opi- O mercado brasileiro de carne para exportação nião pública. Como não chegar ao final de mais um recebeu nesses últimos dias uma notícia negativa: o ano com 15%, 20%, 21% apenas de avaliação posi- mercado europeu proibiu a entrada de carne brasileira tiva da Câmara dos Deputados? Essa é, sem dúvida, naquela região. É bom deixar claro que a questão não a nossa grande tarefa, ao iniciarmos esta Legislatura, diz respeito apenas a técnicas de manuseio, combate começando com uma CPI Mista que vai juntar todos à febre aftosa, problema de saúde pública. Há por trás aqueles que querem fazer as pazes com a opinião pú- de tudo isso muito jogo político, tendo em vista que blica brasileira e com o povo brasileiro. congressistas da Escócia, Irlanda, Inglaterra, França e Muito obrigado, Sr. Presidente. Finlândia têm interesse em barrar nossa carne e, com O Sr. Arlindo Chinaglia, Presidente, deixa a ca- isso, fazer política local em seus países. Ora, como deira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Inocêncio parte da carne brasileira, oriunda de 300 produtores, Oliveira, 2º Vice-Presidente. pode entrar na União Européia? Ou se pode consumi- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- la ou não. Por trás disso está realmente o interesse cedo a palavra ao Deputado Jorginho Maluly, pelo De- econômico, mais uma vez, que se utiliza da força para mocratas. S.Exa. dispõe de até 10 minutos. barrar o crescimento do País. O SR. JORGINHO MALULY (DEM – SP. Sem Portanto, apelo ao Ministro Reinhold Stephanes, revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. De- ao Presidente da República, ao Ministro das Relações putados, manifesto minha alegria com o reinício dos Exteriores, aos sindicatos, aos produtores, à CNA, trabalhos na Casa, principalmente por mostramos ao enfim, a todos aqueles envolvidos com a questão da povo brasileiro, em uma segunda‑feira, a nossa von- cadeia produtiva da carne brasileira e da sua exporta- tade de cumprir nossa obrigação. ção que adotemos atitudes drásticas, imediatas, fortes, Tratarei de 2 fatos importantes. veementes para que o Brasil continue a ser um grande Primeiramente, agradeço à Marinha do Brasil o exportador de carne industrializada. convite para visitar nossa base de pesquisas no Con- Sr. Presidente, após este pronunciamento, par- tinente Antártico. Juntamente com 11 Parlamentares e ticiparei de uma reunião da Comissão de Agricultura, um Senador, passamos quase 7 dias ali, embora isso Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural. não tenha sido programado. Deputado Fernando Ga- Pretendo apresentar requerimento para realização beira, conhecemos um pouco mais de perto o trabalho de audiência pública com o intuito de ouvir todas as de nossos cientistas. partes envolvidas. Talvez algumas pessoas não dêem importância Não podemos ficar calados neste momento, se- ao que está ocorrendo naquele Continente. Agora, mais nhoras e senhores. Sou de uma região em que a agro- do que nunca, tenho plena convicção de que boa par- pecuária é forte, pujante, geradora de empregos. Eu, te do nosso futuro climático e alimentar, dos nossos que sou de Araçatuba, cidade conhecida nacionalmente oceanos, dos mares e marés depende das pesquisas como a capital do boi gordo, não poderia deixar de me que estão sendo feitas naquele local. posicionar em defesa da carne brasileira, dos produ- Visualizamos os 10 projetos que o Brasil enca- tores, da mão-de-obra, do emprego gerado por essa beça no Ano Polar Internacional. Ficamos felizes de atividade econômica. constatar que as nossas universidades fazem um tra- Deixo registrada minha preocupação e a de muitos balho primoroso, apesar dos poucos recursos de que que me procuraram ao longo desta semana, na minha dispõem. As universidades brasileiras formam cientis- região, para que adotássemos uma atitude, a fim de tas, doutores, pós-doutores e mestres. Após o período reverter a situação. em que lá permanecem, eles voltam às universidades É verdade que o percentual de carne brasileira para transmitir conhecimento. exportada à Comunidade Européia está por volta de Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01531 3% apenas. Mas, Deputado Setim, que milita nesta de figura exemplar, que merece de todos nós a maior área, pode haver outras iniciativas, outros boicotes e consideração e apreço, pelo muito que tem feito pela ações políticas de outros países proibindo a entrada paz mundial. da nossa carne. Isso vai gerar desemprego no Paraná, Que Deus o proteja para que ele saia dessa situ- em Goiás, no Tocantins, em Mato Grosso, em Mato ação em que se encontra, pois tem muitos serviços a Grosso do Sul e vai derrubar divisas, impostos para prestar ao seu país, o Timor Leste, e à paz mundial. o nosso País. O SR. GERALDO PUDIM – Sr. Presidente, peço Por isso, apelo a todos Deputados, independen- a palavra pela ordem. temente de serem da base do Governo ou da Oposi- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem ção, para que se envolvam nesse problema e tomem V.Exa. a palavra. atitudes, porque é o nosso País, mais uma vez, que O SR. GERALDO PUDIM (Bloco/PMDB – RJ. está sendo vilipendiado, graças ao interesse da Comu- Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, nidade Européia e de países como Inglaterra, Escócia, dedico o meu primeiro discurso nesta Sessão Legis- Irlanda e Finlândia. Esses países não têm a compe- lativa à denúncia de um gravíssimo descaso por parte tência que tem o Brasil de colocar a carne no mercado da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, internacional a preços competitivos e tentam impedir que vem negligenciando a saúde pública. que exportemos esse produto. O descaso da Prefeitura culminou na suspensão, Agradeço-lhe a oportunidade, Presidente Inocên- pelo Grupo Instituto de Medicina Nuclear e Endocri- cio Oliveira. Aproveito para parabenizar a população nologia (IMNE), do Hospital Geral Dr. Beda, do aten- de Araçatuba, que neste domingo realizou leilão be- dimento a novos pacientes de oncologia e nefrologia neficente para 4 entidades filantrópica. Foram arreca- pelo SUS. dados quase 80 mil reais. Saúdo todas as entidades Essa situação está se arrastando de tal forma que envolvidas, o povo da minha cidade e da região pela os pacientes portadores de câncer e os que necessi- manifestação de solidariedade. tam de cirurgias e outros tipos de atendimento não Peço a Deus que ilumine nossos trabalhos. O estão sendo mais atendidos. Esses pacientes estão Presidente Arlindo Chinaglia mostrou forte interesse sofrendo com essa situação. O Instituto de Medicina em impedir que a pauta desta Casa seja trancada por Nuclear e Endocrinologia é um hospital de referência medidas provisórias. É isso que o povo espera da Câ- em toda a região. Todavia, esses pacientes estão sem mara dos Deputados. atendimento. Obrigado. Hoje, a dívida da Prefeitura com o hospital, que O SR. FERNANDO GABEIRA – Sr. Presidente, vem crescendo desde 2004, já soma 1,8 milhão de peço a palavra pela ordem. reais. A despeito de a instituição haver notificado o O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem Secretário de Saúde e o Prefeito, até hoje a dívida V.Exa. a palavra. não foi sanada, evidenciando assim a omissão total O SR. FERNANDO GABEIRA (PV – RJ. Pela or- do Poder Público local, que não se dignou tentar ne- dem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, peço a gociar a dívida. Vale ressaltar que até o início deste V.Exa. que leve ao Presidente da Casa uma mensagem ano o hospital manteve o atendimento, mesmo sem nossa. Registramos nossa preocupação com o Presi- que fossem pagos os procedimentos. Porém, diante da dente do Timor Leste, que foi vítima de atentado e está falta de lisura da Prefeitura, que insiste em não honrar em estado grave num hospital no norte da Austrália. os pagamentos, a direção do Hospital Dr. Beda viu-se Talvez possamos mandar uma mensagem da Câmara obrigada a suspender o atendimento. dos Deputados brasileira a Xanana Gusmão, que está Senhoras e senhores, o Hospital Dr. Beda vem lá, expressando a nossa solidariedade. Queremos pedir prestando atendimento oncológico há mais de 30 anos ao Itamaraty, se for possível, que os nossos Embaixa- e foi precursor nesse tipo de atendimento em Campos dores na Austrália acompanhem o tratamento de José dos Goytacazes. A partir do ano de 2000, passou a Ramos Horta, que esteve recentemente no Brasil. É integrar o elenco dos estabelecimentos de referência um grande amigo do País. O Brasil foi um dos países do Ministério da Saúde, primando pela alta qualidade que mais se envolveram na construção do Timor Leste, de seu atendimento oncológico e nefrológico. que se tornou independente da Indonésia. O hospital tem hoje, entre pacientes internados e O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Faço em domicílio, 4 mil pacientes em tratamento de câncer, minhas as palavras de V.Exa. A Mesa recebe o pedido 200 pacientes dependentes de diálise, mais 70 trans- de V.Exa. e fará com que, o mais rapidamente possível, plantados. Não podemos tolerar a postura adotada pela chegue ao Presidente, Prêmio Nobel da Paz. Trata-se Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, que 01532 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 prejudica esses pacientes, cuja sobrevivência e qua- O SR. JACKSON BARRETO (Bloco/PMDB – SE. lidade de vida dependem do tratamento. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Para agravar a situação, o Estado do Rio de Ja- Deputados, aproveito este espaço do meu partido para neiro deve cerca de 600 mil reais ao Hospital Geral Dr. fazer um apelo à direção da CHESF, tendo em vista as Beda. Por isso, Srs. Deputados, estou encaminhando posições tomadas por aquele órgão tão importante do denúncia ao Ministério da Saúde, buscando, dessa Nordeste e do País com relação ao tratamento dado aos forma, solução para essa situação desesperadora. Estados que sobrevivem com o Rio São Francisco. Obrigado. Estive, por ocasião da festa de Bom Jesus dos O SR. FÉLIX MENDONÇA – Sr. Presidente, peço Navegantes, no Município de Propriá, o mais importan- a palavra pela ordem. te da região do Baixo São Francisco, já próximo à sua O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem desembocadura. E qual não foi nosso constrangimento V.Exa. a palavra. em plena procissão, com a dificuldade para as embar- O SR. FÉLIX MENDONÇA (DEM – BA. Pela or- cações trafegarem pelo São Francisco, não por causa dem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. da transposição ou da mão de Deus, mas das mãos e Srs. Deputados, quero registrar o falecimento do ex- dos homens, com as comportas das hidroelétricas que Vereador Mário Cesar da Anunciação, ocorrido em 27 a CHESF controla – Paulo Afonso, Sobradinho e Xingó de janeiro próximo passado. – deixando o rio numa situação difícil. E difícil para nós, Homem público e dileto amigo, companheiro e que somos aliados do Governo, do Presidente Lula, correligionário da minha vida pública, em especial neste momento em que se discute a transposição de quando na administração municipal de Itabuna, Bahia, águas e a revitalização do São Francisco. o Vereador Mário Cesar foi chefe do cartório de regis- Daí meu apelo para a diretoria da CHESF. É pre- tros de nascimentos, óbitos e casamentos. Começou ciso não apenas sermos tecnocratas, mas acima de tudo termos sensibilidade para entender que muita em 1962 sua vida pública como Vereador, em Itabuna, gente, uma população imensa, depende do Rio São tendo sido reeleito por mais 3 mandatos. Foi importan- Francisco, e a CHESF precisa ter sensibilidade na ge- te colaborador do então Prefeito José de Almeida Al- rência de sua posição, para não deixar em dificuldades cântara, na condição de Chefe da Fiscalização-Geral as populações das cidades ribeirinhas. do município. Deixo minha solidariedade, particularmente ao Político de grande capacidade aglutinativa, não povo de Propriá, que na procissão de Bom Jesus dos guardava ódio nem mágoa dos seus inimigos políticos, Navegantes estava realmente triste com a situação em pois encarava a vida pública como sacerdócio, para que a CHESF pôs o Rio São Francisco. servir à população mais carente. Escolheu Itajuípe Sr. Presidente, para concluir, quero deixar regis- como seu porto seguro, após longa ficha de serviços trado o falecimento do Procurador Jackson Sá Figuei- prestados ao povo de Itabuna. redo, que acaba de ser sepultado. Meu companheiro de Mário, sua falta é sentida por filhos e familiares, militância política, velho militante do Partido Comunista em especial sua esposa, a Sra. Maria de Lurdes San- Brasileiro, ex-Prefeito do Município de Aquidabã, com- tos, e também por aqueles que, na condição de homem panheiro de lutas democráticas, contemporâneo, tanto público, soube com tanto carinho amparar. na faculdade de Direito, desde a época do Golpe de Deixo, nos Anais desta Casa, esse singelo re- 1964, como também no Colégio Atheneu Sergipense, gistro como parte da homenagem a Mário Cesar da Jackson deu sua contribuição para a democracia em Anunciação, pelo que representou para Itabuna e pela nosso País. Por diversas vezes foi preso, perseguido nossa amizade de tantos anos. pela ditadura militar de então. Sem dúvida alguma, Sr. Presidente, solicito que este registro, após pu- sua passagem pelo nosso Estado e pela nossa cida- blicado nos Anais, seja enviado aos seus familiares. de contribuiu grandemente para o fortalecimento da Muito obrigado. democracia de várias gerações. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – A Vá em paz, companheiro Jackson Figueiredo. Presidência informa que vai concluir o período de Co- Você não passou; você não foi omisso; você viveu; você municações Parlamentares e, depois, concederá 1 contribuiu para a democracia em nosso País, velho minuto aos demais oradores. militante do Partido Comunista Brasileiro! O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- cedo a palavra ao Sr. Deputado Jackson Barreto, pelo cedo a palavra ao nobre Deputado Mauro Benevides, Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC. S.Exa. disporá pelo Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC. S.Exa. usará de 5 minutos. o tempo restante destinado ao partido, 2 minutos. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01533 O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB – CE. O SR. CARLOS SANTANA (PT – RJ. Sem revisão Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, e Srs. Deputados, durante evento que reuniu, em For- venho a esta tribuna hoje para me solidarizar com as taleza, alunos do curso de Direito, o Ministro Cesar prévias eleitorais que estão acontecendo nos Estados Asfor Rocha proferiu palestra de larga repercussão, Unidos da América. Os negros no Brasil este ano com- mencionando que: “os juizes são educados para julgar pletarão 120 anos de falsa libertação; os negros ame- e não para gerir”. ricanos completaram 145 anos no mês de janeiro. Posicionou-se, assim, contra a morosidade sem- São importantes as prévias eleitorais que vêm pre alegada pelos que demandam as várias instâncias, ocorrendo, tanto as do Partido Democrata quanto as quando é sabido haver sido a reforma do Judiciário a do Partido Republicano. As últimas pesquisas revelam grande incentivadora de maior celeridade à prestação que 78% da população americana dizem que já está jurisdicional, tarefa que continua a ser perseguida por na hora de ter um Presidente negro. Isso é importante juízos singulares ou colegiados. para nós, afrodescendentes. Ao realçar a imensa responsabilidade do Con- No Brasil, nós negros somos a maioria da socie- selho Nacional de Justiça, o Corregedor Asfor Rocha dade, mas não somos a maioria no Parlamento. Trata- asseverou enfaticamente: se de uma contradição. Nos Estados Unidos, onde os afrodescendentes não são a maioria, 78% do povo “Há pouco tempo não havia um órgão que americano dizem que o País já está preparado para dissesse com exatidão quantos juízes atuavam ter um Presidente negro. No Brasil, nem 10% dos Par- no Brasil, quantos processos tramitavam em lamentares são negros. cada vara. Sem essas informações não tínha- Não há muita diferença no processo de liberdade mos como traçar uma linha de ação.” entre o Brasil e os Estados Unidos, mas aqui temos No relato procedido, foi identificada a existência o segundo maior contingente de afrodescendentes de 66 milhões de processos em andamento no Brasil do mundo, e estamos aquém deles nas políticas de e cerca de 22 milhões de novos processos iniciados reparação. por ano. Não se trata de políticas afirmativas, mas de po- Em face da redemocratização – realçou com líticas de reparação ao povo negro deste País. Não clareza e precisão – “o cidadão foi tomando consci- queremos políticas afirmativas, queremos reparações ência de seus direitos, e os processos cresceram a pelo que aconteceu com nossos antepassados e pelo cada ano”. que vem acontecendo com aqueles que ainda estão Pondo-o em patamar de inquestionável relevo, o neste País. ilustre integrante do STJ identifica o CNJ como órgão Por isso, é importante acompanharmos de per- incumbido de implantar sistema de acompanhamento to essas prévias. Não temos a ilusão de que os Esta- da atividade jurídica do País. dos Unidos são exemplo para nós, porque nós ainda Em aprofundamento das diretrizes expostas, citou somos colônia econômica deles, mas é importante a o eminente conferencista que “há grande e permanente questão do avanço da liberdade de um povo, que co- conflito entre o princípio da celeridade processual e o meçou a galgá-la a partir dos anos 50, a partir das lu- princípio da segurança jurídica”. tas da Igreja Batista, com o Pastor Martin Luther King A palestra, além da imediata repercussão, deverá Jr.; com os muçulmanos, de outro lado, que tiveram ser objeto de análise por parte de juízes brasileiros, papel extremamente importante no processo de liber- advogados e quantos integram as carreiras jurídicas. tação, da mesma forma que aqui no Brasil 2 setores Mais uma vez, o Ministro Cesar Asfor Rocha foram muito importantes para nós: a Igreja Católica, comprova a sua sensibilidade, a fim de discutir temá- que ainda desenvolve trabalho nesse sentido, e as tica atualizada, de vital interesse para a sociedade, já religiões afro. que coloca à disposição de todos os segmentos da Nos Estados Unidos, a Igreja Batista realizou tra- coletividade uma autêntica e indisfarçável radiografia balho muito importante na libertação, na conquista dos da estrutura do Judiciário brasileiro. negros. Muitas igrejas locais ensinavam os negros a ler O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Con- e a escrever para que pudessem ter título de eleitor. cedo a palavra ao último orador do período de Comu- Entendemos, Sr. Presidente, a dificuldade que nicações Parlamentares, Deputado Carlos Santana, é fazer política neste País, onde se diz que o nosso que falará pelo PT. Dispõe S.Exa. de 5 minutos para o problema é meramente social e a cada momento se seu pronunciamento. esconde o racismo. Esta Casa é o grande exemplo. 01534 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Os próprios Deputados têm dificuldades de assumir muito o que se diz, e sim a ação determinada, clara e a sua raça. definida do Presidente Lula em prol dos agricultores Então, quero deixar a minha solidariedade ao Se- familiares. nador Barack Obama, que neste momento representa Muito obrigado, Sr. Presidente. para nós a possibilidade de resgate do sofrimento do O SR. LUIZ BASSUMA – Sr. Presidente, peço a povo afro. Vimos acompanhando o processo interno no palavra pela ordem. Quênia. A avó do Senador Obama ainda está lá. Por O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem isso, esse símbolo é importante para nós. V.Exa. a palavra. Termino, Sr. Presidente, dizendo que espero que O SR. LUIZ BASSUMA (PT-BA. Pela ordem. Sem a companheira ou o companheiro que assumir a Secre- revisão do orador.) - taria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade DISCURSO DO SR. DEPUTADO LUIZ Racial continue esse trabalho de resgate, de reparação BASSUMA QUE, ENTREGUE AO ORADOR do que perdemos, e faça com que aquela Secretaria PARA REVISÃO, SERÁ POSTERIORMENTE não seja somente de articulação, mas tenha política, PUBLICADO. recursos – a Secretaria tinha 22 milhões de reais de orçamento no ano passado – , uma Secretaria que con- O SR. IVAN VALENTE – Sr. Presidente, peço a siga implementar suas políticas. Hoje é meramente uma palavra pela ordem. Secretaria de articulação política com os Ministérios. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem Então, espero que o companheiro ou a companheira V.Exa. a palavra. que a assumir tenha esse compromisso de ajudar no O SR. IVAN VALENTE (PSOL – SP. Pela ordem. combate à discriminação racial no País. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Obrigado, Sr. Presidente. Deputados, todas as manchetes dos jornais e revistas O SR. NILSON MOURÃO – Sr. Presidente, peço desse fim de semana tratam da questão dos cartões a palavra pela ordem. de crédito corporativos. Em São Paulo, o Governo O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem José Serra gastou 108 milhões de reais, enquanto o V.Exa. a palavra. Governo Lula gastou 177 milhões de reais. Quero di- O SR. NILSON MOURÃO (PT – AC. Pela ordem. zer que o Partido Socialismo e Liberdade é a favor de Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. toda investigação, da punição por mal uso do dinheiro Deputados, nos próximos dias, o Presidente Lula lan- público e da transparência no gasto público. As autori- çará um programa para atender a zona rural, particular- dades estaduais e federais devem dar o exemplo para mente a agricultura familiar, algo inédito no País. Serão a sociedade brasileira. Por isso, defendemos a investi- investidos 7 bilhões de reais e atendidos 7 milhões de gação desses casos. O PSOL participará das CPIs que pessoas pelo Programa Territórios da Cidadania. vierem a acontecer. Queremos a investigação completa Trata-se, Sr. Presidente, de projeto desenvolvi- e que sejam punidos os responsáveis. do pelo Ministro da Reforma Agrária, durante muito O montante envolvido nesse escândalo é peque- tempo, para levar à população isolada da zona rural no, se comparado à riqueza nacional e a outro mon- o benefício do crédito, do Luz para Todos, da infra- tante que vou citar agora. Nos últimos 4 anos, o Brasil estrutura. O trabalho técnico é da melhor qualidade e pagou 851 bilhões de reais de juros da dívida pública, o alcança os lugares mais distantes, contemplando pra- que corresponde a 22 CPMFs. Significa que cada uma ticamente todos os Estados da Federação. É o braço das 186 milhões de pessoas que compõem a nossa do Governo Federal atendendo os agricultores fami- população tirou do bolso 4.570 reais para pagar juros liares, aqueles que sempre foram relegados, aqueles da dívida. E isso ocorreu num país em que o salário que produzem os alimentos que chegam às nossas mínimo é 380 reais e a grande maioria do povo não mesas, responsáveis por mais de 60% da produção ganha o salário mínimo. de alimentos do País. Os beneficiários do pagamento dos juros da dívi- Esse programa vai revolucionar a agricultura fa- da são apenas 0,04% dos que têm títulos dos juros da miliar brasileira, além de todos os investimentos feitos dívida pública, ou seja, os bancos e alguns rentistas. por meio do PRONAF. Mas isso não é motivo para CPI, não é motivo para Parabenizo o Presidente Lula pela coragem de investigação, não é motivo para discussão na grande lançar o Programa Territórios da Cidadania. Sabemos imprensa do País. que a Oposição vai falar. É normal. Quando não se faz Sr. Presidente, estamos propondo uma CPI para nada, a Oposição diz que não se fez nada; quando se que seja investigado o pagamento dos juros da dívida faz, a Oposição fala porque se fez. Então, não importa pública brasileira, para que seja discutido o grande Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01535 cartão nacional, para que saibamos para onde vai o dinheiro? É preciso que os jornalistas coloquem nas dinheiro, que não vai para a educação ou para a saúde manchetes o mau uso do dinheiro público porque os pública. Os municípios vêm aqui com pires na mão. Só órgãos de fiscalização do Governo fecharam os olhos o Município de São Paulo drena 13% da arrecadação para esses abusos? de impostos – trata-se do terceiro orçamento da Repú- Dizem que esse é um caso pequeno. É verdade. blica – para pagar juros da dívida. Isso não se discute, Em relação aos grandes escândalos que há no País, e é isso que queremos discutir. esse valor é muito pequeno. Mas é nos pequenos va- Peço o apoio de todos os Deputados sérios deste lores que a população pode sentir de forma mais clara País para a instituição desta CPI, que não é contra ne- como o Governo trata mau o dinheiro público. Se há nhum Governo, mas a favor do povo brasileiro, a favor esse escândalo nos pequenos gastos do Governo, o de uma política igualitária, sustentável. que se pode dizer nos grandes gastos? Muito obrigado. O Deputado Ivan Valente disse muito bem que A SRA. LUCIANA GENRO – Sr. Presidente, peço a dívida pública brasileiro é o maior escândalo deste a palavra pela ordem. Governo e também do Governo Fernando Henrique, O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem que a triplicou. O gasto do Governo Lula, de mais de V.Exa. a palavra. 800 bilhões reais, para pagar os juros da dívida, bene- A SRA. LUCIANA GENRO (PSOL – RS. Pela or- ficiando meia dúzia de banqueiros e rentistas, consti- dem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. tui-se no maior escândalo deste País. Infelizmente, a e Srs. Deputados, o ano está começando e mais um população brasileira não consegue perceber o impacto escândalo toma as manchetes dos jornais. Desta vez, desse número. Ele é tão gigantesco que não se con- é o escândalo dos cartões de crédito corporativos. segue ter noção do tamanho do roubo que está sendo Essa é mais uma demonstração da relação que a cometido contra o nosso povo. elite política brasileira tem com o dinheiro público. Não Sr. Presidente, queremos a CPI dos Cartões e a é um privilégio do Governo Lula o mau uso do dinheiro CPI da Dívida Pública; queremos que seja feita a au- público. Esse desrespeito com a população, que paga os ditoria da dívida pública, algo que a Constituição de impostos, já vem desde o Governo Fernando Henrique 1988 determinou há 20 anos, para que tenhamos claro e de Governos anteriores a esse. Sempre se governou o acontece neste País. esta País a favor dos interesses das elites econômicas Muito obrigada. e de costas para os interesses do povo. O SR. PAULO TEIXEIRA – Sr. Presidente, peço Várias irregularidades no uso dos cartões de a palavra pela ordem. crédito corporativos já ficaram claras. São exemplos (Inocêncio Oliveira) – Tem o caso da ex-Ministra Matilde Ribeiro, que usou o car- O SR. PRESIDENTE tão durante suas férias, e o caso do Ministro Orlando V.Exa. a palavra. Silva, que usou o cartão para pagar hotel para sua O SR. PAULO TEIXEIRA (PT – SP. Pela ordem. família. Esses casos evidenciam irregularidades que Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, nas votações não necessitam de investigação. Deveriam ser punidos anteriores, meu voto foi de acordo com o partido. a ex-Ministra Matilde Ribeiro, o Ministro Orlando Silva Aproveito para desejar a V.Exa. um feliz 2008. e todos os que fizeram mau uso do dinheiro público. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Mui- Não são necessárias regras para se saber que não to obrigado. se pode usar dinheiro público em benefício próprio O SR. CLEBER VERDE – Sr. Presidente, peço ou da família. a palavra pela ordem. Sr. Presidente, é preciso verificar se existem ou- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem tras irregularidades. Mas uma coisa é preciso dizer: o V.Exa. a palavra. Governo alega que é graças à transparência propiciada O SR. CLEBER VERDE (Bloco/PRB – MA. Pela por ele que os dados vieram à tona. De que adianta ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, gos- a transparência instituída pelo Governo se ele próprio taria de registrar minha satisfação de iniciarmos nes- não é capaz de utilizar essa transparência para coibir te ano a Ordem do Dia com votações que hão de se os abusos? É preciso que os jornais façam matérias desenrolar nesta Casa, ao tempo em que enalteço apontando esses escândalos no uso do dinheiro públi- o Sr. Presidente Arlindo Chinaglia e o Presidente do co para o Governo tomar providências? É preciso que Congresso Nacional, que esteve nesta Casa na quar- os jornalistas demonstrem as irregularidades cometi- ta-feira passada, falando de uma agenda positiva que das pela ex-Ministra Matilde Ribeiro ou pelo Ministro precisamos desenvolver, principalmente no tocante Orlando Silva para que ela se demita e ele devolva o às medidas provisórias, que, de alguma maneira, têm 01536 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 travado nossa pauta e, principalmente, aquilo que en- que sai de Mossoró, Areia Branca e Grossos atenda tendemos importante para a Nação. todo o País. Tenho certeza de que meus projetos e os de ou- Sr. Presidente, quero ainda, em rápidas palavras, tros Parlamentares desta Casa versam sobre os inte- falar sobre a reunião que a bancada do Rio Grande do resses sociais. Esses projetos, embora tenham relevân- Norte teve, no sábado, com nossa Governadora. cia, às vezes, deixam de ter a tramitação necessária, Na próxima quinta-feira apresentaremos à Ministra não vêm ao plenário para serem votados, em função Dilma Rousseff as reivindicações do Estado. Espera- da prioridade das medidas provisórias. mos que o Presidente Lula determine a continuidade Sr. Presidente, acredito que o problema da tra- da importante obra do Aeroporto de São Gonçalo, in- mitação das medidas provisórias será colocado como vestimentos na área da PETROBRAS, construção do prioridade, a fim de que esta Casa aprecie as matérias metrô de superfície para a área metropolitana – Capi- que tramitam nas Comissões. Elas têm importância tal e outros 8 Municípios – e também outra importan- porque visam beneficiar a população brasileira. te obra para o oeste potiguar, na área do Açu, com a Aproveito esta oportunidade para parabenizar a instalação do projeto de irrigação das barragens de imprensa desta Casa, principalmente a Rádio Câmara Santa Cruz e do Mendubim. e a TV Câmara, pela cobertura que dão aos trabalhos Esperamos que o Presidente Lula olhe cada vez dos Parlamentares. mais para nosso o Estado. Visitei o interior do Estado do Maranhão e tive a Muito obrigada. felicidade de ouvir as pessoas dizerem que acompanha- O SR. MARCELO TEIXEIRA – Sr. Presidente, ram nossos pronunciamentos, os projetos apresentados peço a palavra pela ordem. nesta Casa. Isso é fruto das nossas manifestações na O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem tribuna, dos nossos pronunciamentos veiculados pelo V.Exa. a palavra. programa A Voz do Brasil, pela Rádio Câmara. O SR. MARCELO TEIXEIRA (PR – CE. Pela or- Portanto, quero parabenizar os funcionários des- dem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, ape- ta Casa, dos menos graduados aos mais graduados, nas relato a Feira Internacional de Turismo – FITUR, pela atenção, pelo trabalho dedicado aos Parlamen- em Madri, que contou com significativa representação tares, produto que certamente chega aos Estados e do Ceará. faz com que não passem despercebidos os trabalhos Certamente o vôo da Air Comet, de Madri a Forta- dos Deputados. leza, seguindo de Fortaleza a Buenos Aires, melhorará Muito obrigado. substancialmente o turismo na Capital cearense. A SRA. SANDRA ROSADO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. Caro Presidente, estou encaminhando ofício à O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem Presidenta da ANAC, pois me parece que ainda há V.Exa. a palavra. alguma dificuldade para efetivação desses vôos. Por- A SRA. SANDRA ROSADO (Bloco/PSB – RN. tanto, aproveito o espaço para pedir à Presidenta Pela ordem. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presiden- Solange Vieira que examine com carinho a liberação te, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, gosta- imediata desses vôos, cuja freqüência será de 2 ve- ria de abraçar a todos, esperando que neste ano de zes por semana, ligando a Capital do Ceará a Madri 2008 façamos muito pelo Brasil. Que todos tenham e a Buenos Aires. Isso será muito importante para o um feliz regresso! turismo em Fortaleza. Sr. Presidente, acabei de dar entrada na Secre- Esta semana eu pretendo conversar com a ban- taria da Mesa a uma solicitação, encaminhada à Sra. cada do meu Estado e pedir apoio de todos no sentido Maria Fernanda Ramos Coelho – também venho em de encaminhar à Presidenta da ANAC, Solange Vieira, nome da Associação Comercial e Industrial de Mossoró, ofício solicitando a imediata liberação desses vôos 2 que, por meio de seu Presidente, Vilmar Pereira, fez- vezes por semana, o que vai aproximar cada vez mais me o mesmo pedido – , para que seja instalada uma a cidade de Fortaleza da Europa. Conseqüentemente, agência da Caixa Econômica Federal no Município de isso propiciará incremento muito grande ao turismo do Areia Branca, no Rio Grande do Norte. Estado do Ceará. O Município possui cerca de 25 mil habitantes Muito obrigado. e se destaca, principalmente, por seu potencial tu- O SR. PROFESSOR RUY PAULETTI – Sr. Pre- rístico e por possuir um porto-ilha, que serve para o sidente, peço a palavra pela ordem. transporte da grande produção de sal – o Estado é o O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem maior produtor do Brasil –, azendo com que o produto V.Exa. a palavra. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01537 O SR. PROFESSOR RUY PAULETTI (PSDB – um desbravador de Juara na década de 70, quando, RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presi- juntamente com sua família, deixou o Paraná e veio dente, Sras. e Srs. Deputados, o assunto que domina a investir no norte de Mato Grosso. imprensa do País e esta Casa sem dúvida alguma é o Muito conhecido pelo seu bom humor e grande dos cartões de crédito corporativos. Trata-se de um es- apreciador de modas de , Dauri foi o chefe de pes- cândalo previsto. Eu mesmo, desta tribuna, denunciei o soas trabalhadoras e guerreiras. Ele foi o esposo da excesso de gastos com a segurança da família do Pre- Dona Mariquinha por 50 anos e pai de filhos de grande sidente da República. Na mesma ocasião, denunciei o representatividade, como o ex-Prefeito de Juara Pri- uso indiscriminado dos cartões de crédito corporativos. minho Riva; o Deputado Estadual José Geraldo Riva; Mas minha fala não teve receptividade nem nesta Casa, a Bambina; a Cristina; o atual Prefeito da cidade de nem no Governo. Portanto, o Governo sabia, porque a Tabaporã, Paulo Rogério Riva; e Ângelo Sinval Riva. imprensa publicou e eu mesmo denunciei. Este último Deus levou há alguns anos. Mas meu assunto, Sr. Presidente, é outro. No Não só Juara, mas Mato Grosso todo sente essa dia 21, abre-se em Caxias a Festa da Uva, tradicional morte, não apenas por Dauri Riva ter ajudado nosso evento, realizado desde 1931, quase sempre contando Estado a crescer, mas também por ter sido uma pes- com a presença do Presidente da República, que pela soa alegre e sempre ter encarado a vida pelo lado terceira vez prestigiará aquela festa e aquela região. positivo. Em nome do Sr. Reomar Slaviero, Presidente da Sr. Presidente, Mato Grosso também perdeu festa, em nome do Prefeito José Ivo Sartori e de toda outro membro importante. No dia 5 deste mês faleceu a comissão da Festa da Uva, convido os Srs. Depu- o ex-Prefeito de Cuiabá, ex-Deputado Federal e ex- tados e a população brasileira que nos ouve e que Deputado Estadual Bento Machado Lobo, vítima de assiste a esta sessão neste momento para visitarem parada cardiorrespiratória. a Serra Gaúcha. Sem dúvida mudarão sua idéia so- Bento Lobo assumiu a Prefeitura de Cuiabá em bre o Brasil. 1969, nomeado pelo então Governador Pedro Pedros- Trata-se de população trabalhadora, de uma ci- sian. Engenheiro Agrônomo de formação, Bento foi dade com 450 mil habitantes, o primeiro pólo industrial Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado, o segundo do Brasil, onde há inúmeras do Estado de Mato Grosso – FAMATO por 4 anos, no indústrias. Região sem grandes caciques políticos, período de 1968 a 1971. sem grandes riquezas, mas onde a classe média faz Homem inteligente e cuiabano de muito orgulho, a riqueza do Brasil num trabalho diuturno. Caxias e Lobo também foi Deputado Federal, em 1978. região adormecem cedo, às 22 horas, quando não se Não resta dúvida, caros colegas, que o falecimen- vê ninguém na rua. Em compensação, às 6 horas da to dessas 2 pessoas que acabei de citar deixa grande manhã o povo levanta para trabalhar. lacuna entre as lideranças de Mato Grosso. É este o convite: visitem a Serra Gaúcha. Deixo aqui registrado meu pesar pela morte des- O SR. ELIENE LIMA – Sr. Presidente, peço a sas 2 pessoas que tanto fizeram por Mato Grosso. palavra pela ordem. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem O SR. DOMINGOS DUTRA – Sr. Presidente, peço V.Exa. a palavra. a palavra pela ordem. O SR. ELIENE LIMA (PP – MT. Pela ordem. Pro- O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem nuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Deputado V.Exa. a palavra. Inocêncio Oliveira, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, O SR. DOMINGOS DUTRA (PT – MA. Pela ordem. ocupo esta tribuna com grande pesar para dar nota do Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. falecimento de 2 pessoas importantes para o Estado Deputados, em março do ano passado, apresentei à de Mato Grosso. Casa a Proposta de Emenda à Constituição nº 25, de A primeira delas é o pioneiro Dauri Riva, pai do 2007, que estabelece forma diferente de eleição de meu companheiro de partido e de luta José Geraldo suplente de Senador. Riva, Deputado Estadual naquele Estado. No último No ano passado, esta Casa rejeitou os 5 itens dia 16, Dauri Riva, então com 72 anos, faleceu vítima da reforma política. Sabemos que o tema é complexo, de enfarto fulminante, em Cuiabá, onde estava para mas o Congresso Nacional tem de encará-lo. Se não a colação de grau do filho Deputado que se formava foi possível aprovar aqueles itens, no ano passado, Bacharel em Direito. temos de tratar pelo menos de alguns pontos que já Deixo aqui o meu pesar e aproveito para dizer estão maduros na opinião pública. Um desses pon- que Seu Dauri, como era conhecido por muitos, foi tos é a questão do suplente de Senador, que voltou à 01538 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 agenda do País quando da posse do Ministro Edison direitos e da valorização dessa categoria, esquivou-se, Lobão no Ministério de Minas e Energia e a ocupação com uma resposta lacônica e evasiva, sem dar respal- da vaga no Senado Federal por seu suplente, o Sena- do à nossa reivindicação. dor Edison Lobão Filho. Continuamos nessa luta pela valorização dos Sr. Presidente, trata-se de assunto que desgas- agentes comunitários de saúde e dos agentes de ta o Parlamento brasileiro e a imagem dos políticos. combate a endemias, no sentido de que eles tenham A Constituição Federal, em seu art. 1º, diz que “todo condições adequadas de trabalho. o poder emana do povo, que o exerce por meio de re- Esses profissionais trabalham de sol a sol. Mui- presentantes eleitos ou diretamente”. Como ainda é tos deles têm problemas oftalmológicos e passaram possível haver no Brasil políticos que exercem manda- a usar óculos, outros têm problemas de varizes, exa- to sem terem sido votados? A matéria não pode mais tamente porque sobem e descem ladeiras. Eles são ser postergada. A população já aceita que se altere a necessários na orientação para a prevenção de doen- Constituição para abolir o suplente de Senador. ças, minimizando os custos do SUS e economizando Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não faço nos gastos com a saúde pública. Portanto, precisamos nenhum tipo de avaliação da figura dos suplentes. Mui- valorizá-los. tos são extremamente competentes. O problema é o Para comemorar a data, convidamos todos para fato de haver pessoas exercendo um poder tão impor- participarem, na próxima quinta-feira, nesta Casa, de tante no Parlamento sem terem sido votadas. seminário de valorização dos agentes de saúde e de Essa matéria tem de ser submetida à Câmara combate a endemias, quando discutiremos os seus dos Deputados e ao Senado Federal. Eu ofereci uma problemas. proposta sobre a matéria. Sugiro que o partido ou a Muito obrigado. coligação registre 3 candidatos, que farão campanha e serão eleitos por meio de votos. A suplência será VIII – ENCERRAMENTO preenchida por ordem de votação: o mais votado é o O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Nada titular; o segundo mais votado é o primeiro suplente; e mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão. o terceiro mais votado, o segundo suplente. O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – COM- Não há mais motivo para que o Parlamento con- PARECEM MAIS À SESSÃO OS SRS.: tinue com esse procedimento, que é fonte permanente AMAPÁ de desgaste. O tempo de tramitação de algumas pro- postas sobre essa matéria na Casa já é de 10 anos. Janete Capiberibe PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Muito obrigado. Total de Amapá: 1 O SR. VALTENIR PEREIRA – Sr. Presidente, PARÁ peço a palavra pela ordem. Asdrubal Bentes PMDB PmdbPscPtc O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Tem Bel Mesquita PMDB PmdbPscPtc V.Exa. a palavra. Elcione Barbalho PMDB PmdbPscPtc O SR. VALTENIR PEREIRA (Bloco/PSB – MT. Paulo Rocha PT Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Total de Pará: 4 desejo bom regresso a todos. Que 2008 seja um ano bem proveitoso. AMAZONAS Ocupo a tribuna para fazer um convite a todos Marcelo Serafim PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Parlamentares. No próximo dia 14, a Emenda Consti- Total de Amazonas: 1 tucional nº 51, que trata dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate a endemias completa RONDÔNIA 2 anos em vigor. Eduardo Valverde PT Nós que trabalhamos pela valorização dessa ca- Lindomar Garçon PV tegoria, no dia 2 de outubro de 2007, recebemos mais Marinha Raupp PMDB PmdbPscPtc de 3 mil agentes comunitários de saúde e agentes de Mauro Nazif PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb combate a endemias em Brasília e levamos uma carta Natan Donadon PMDB PmdbPscPtc de reivindicação ao Ministro José Gomes Temporão, Total de Rondônia: 5 que recebeu uma comissão em seu gabinete. Sr. Presidente, há pouco, recebemos a respos- ACRE ta de S.Exa. Infelizmente, o Ministério da Saúde, que Fernando Melo PT poderia ser o grande articulador da concretização dos Total de Acre: 1 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01539 TOCANTINS Total de Sergipe: 1 Laurez Moreira PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb BAHIA Ruiz DEM Alice Portugal PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb Osvaldo Reis PMDB PmdbPscPtc Félix Mendonça DEM Total de Tocantins: 3 Fernando de Fabinho DEM MARANHÃO Guilherme Menezes PT Davi Alves Silva Júnior PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb João Leão PP Pedro Fernandes PTB José Carlos Aleluia DEM Pedro Novais PMDB PmdbPscPtc José Carlos Araújo PR Pinto Itamaraty PSDB Jusmari Oliveira PR Ribamar Alves PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Roberto Britto PP Roberto Rocha PSDB Uldurico Pinto PMN PsbPdtPCdoBPmnPrb Total de Maranhão: 6 Total de Bahia: 10 CEARÁ MINAS GERAIS Eugênio Rabelo PP Ademir Camilo PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Gorete Pereira PR Gilmar Machado PT José Airton Cirilo PT João Bittar DEM Marcelo Teixeira PR Júlio Delgado PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Narcio Rodrigues PSDB Raimundo Gomes de Matos PSDB Paulo Abi-Ackel PSDB Total de Ceará: 5 Reginaldo Lopes PT PIAUÍ Vitor Penido DEM Marcelo Castro PMDB PmdbPscPtc Total de Minas Gerais: 8 Mussa Demes DEM ESPÍRITO SANTO Total de Piauí: 2 Camilo Cola PMDB PmdbPscPtc RIO GRANDE DO NORTE Total de Espírito Santo: 1 Fábio Faria PMN PsbPdtPCdoBPmnPrb RIO DE JANEIRO Fátima Bezerra PT Andreia Zito PSDB Felipe Maia DEM Chico Alencar PSOL Henrique Eduardo Alves PMDB PmdbPscPtc Chico DAngelo PT Rogério Marinho PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Cida Diogo PT Sandra Rosado PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Fernando Gabeira PV Total de Rio Grande do Norte: 6 Fernando Lopes PMDB PmdbPscPtc PARAÍBA Indio da Costa DEM Wellington Roberto PR Leandro Sampaio PPS Total de Paraíba: 1 Luiz Sérgio PT Rogerio Lisboa DEM PERNAMBUCO Simão Sessim PP Eduardo da Fonte PP Solange Amaral DEM José Chaves PTB Total de Rio de Janeiro: 12 Marcos Antonio PRB PsbPdtPCdoBPmnPrb SÃO PAULO Raul Jungmann PPS Total de Pernambuco: 4 Abelardo Camarinha PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Aldo Rebelo PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb ALAGOAS Aline Corrêa PP Joaquim Beltrão PMDB PmdbPscPtc Antonio Carlos Mendes Thame PSDB Total de Alagoas: 1 Antonio Carlos Pannunzio PSDB Antonio Palocci PT SERGIPE Cândido Vaccarezza PT Albano Franco PSDB Celso Russomanno PP 01540 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Cláudio Magrão PPS Nelson Proença PPS Clodovil Hernandes PR Onyx Lorenzoni DEM Dr. Nechar PV Paulo Pimenta PT Dr. Pinotti DEM Paulo Roberto PTB Fernando Chucre PSDB Total de Rio Grande do Sul: 8 Francisco Rossi PMDB PmdbPscPtc DEIXAM DE COMPARECER À SESSÃO João Dado PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb OS SRS.: João Paulo Cunha PT Jorge Tadeu Mudalen DEM RORAIMA José Aníbal PSDB Luciano Castro PR José Eduardo Cardozo PT Neudo Campos PP Luiza Erundina PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Total de Roraima: 2 Márcio França PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Paulo Maluf PP AMAPÁ Paulo Pereira da Silva PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Dalva Figueiredo PT Paulo Teixeira PT Davi Alcolumbre DEM Silvio Torres PSDB Sebastião Bala Rocha PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Total de São Paulo: 25 Total de Amapá: 3 MATO GROSSO PARÁ Valtenir Pereira PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Jader Barbalho PMDB PmdbPscPtc Total de Mato Grosso: 1 Lira Maia DEM DISTRITO FEDERAL Nilson Pinto PSDB Wandenkolk Gonçalves PSDB Augusto Carvalho PPS Wladimir Costa PMDB PmdbPscPtc Total de Distrito Federal: 1 Zé Geraldo PT GOIÁS Zenaldo Coutinho PSDB Total de Pará: 7 Carlos Alberto Leréia PSDB Chico Abreu PR AMAZONAS João Campos PSDB Rebecca Garcia PP Leandro Vilela PMDB PmdbPscPtc Sabino Castelo Branco PTB Pedro Chaves PMDB PmdbPscPtc Total de Amazonas: 2 Pedro Wilson PT Sandro Mabel PR RONDÔNIA Total de Goiás: 7 Anselmo de Jesus PT Total de Rondônia: 1 PARANÁ Alfredo Kaefer PSDB MARANHÃO Assis do Couto PT Clóvis Fecury DEM Chico da Princesa PR Gastão Vieira PMDB PmdbPscPtc Luiz Carlos Hauly PSDB Nice Lobão DEM Total de Paraná: 4 Professor Setimo PMDB PmdbPscPtc Total de Maranhão: 4 SANTA CATARINA CEARÁ Fernando Coruja PPS Gervásio Silva PSDB Aníbal Gomes PMDB PmdbPscPtc Total de Santa Catarina: 2 Ariosto Holanda PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Arnon Bezerra PTB RIO GRANDE DO SUL Eunício Oliveira PMDB PmdbPscPtc Afonso Hamm PP José Linhares PP Claudio Diaz PSDB Manoel Salviano PSDB José Otávio Germano PP Zé Gerardo PMDB PmdbPscPtc Marco Maia PT Total de Ceará: 7 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01541 PIAUÍ Carlos Melles DEM Alberto Silva PMDB PmdbPscPtc Ciro Pedrosa PV Total de Piauí: 1 Edmar Moreira DEM Jaime Martins PR PARAÍBA João Magalhães PMDB PmdbPscPtc Damião Feliciano PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb José Santana de Vasconcellos PR Efraim Filho DEM Lael Varella DEM Manoel Junior PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Leonardo Quintão PMDB PmdbPscPtc Walter Brito Neto PRB PsbPdtPCdoBPmnPrb Luiz Fernando Faria PP Wilson Braga PMDB PmdbPscPtc Maria Lúcia Cardoso PMDB PmdbPscPtc Total de Paraíba: 5 Mário de Oliveira PSC PmdbPscPtc Miguel Corrêa Jr. PT PERNAMBUCO Rafael Guerra PSDB Ana Arraes PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Total de Minas Gerais: 16 Armando Monteiro PTB ESPÍRITO SANTO Carlos Eduardo Cadoca PSC PmdbPscPtc Carlos Wilson PT Luiz Paulo Vellozo Lucas PSDB Edgar Moury PMDB PmdbPscPtc Neucimar Fraga PR Gonzaga Patriota PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb Rose de Freitas PMDB PmdbPscPtc Paulo Rubem Santiago PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Total de Espírito Santo: 3 Renildo Calheiros PCdoB PsbPdtPCdoBPmnPrb RIO DE JANEIRO Total de Pernambuco: 8 Alexandre Santos PMDB PmdbPscPtc ALAGOAS Brizola Neto PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Augusto Farias PTB Deley PSC PmdbPscPtc Benedito de Lira PP Jorge Bittar PT Maurício Quintella Lessa PR Marina Maggessi PPS Olavo Calheiros PMDB PmdbPscPtc Nelson Bornier PMDB PmdbPscPtc Total de Alagoas: 4 Sandro Matos PR Solange Almeida PMDB PmdbPscPtc SERGIPE Suely PR Mendonça Prado DEM Total de Rio de Janeiro: 9 Total de Sergipe: 1 SÃO PAULO BAHIA Arnaldo Faria de Sá PTB João Carlos Bacelar PR Beto Mansur PP Lídice da Mata PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb José Mentor PT Marcelo Guimarães Filho PMDB PmdbPscPtc Julio Semeghini PSDB Maurício Trindade PR Michel Temer PMDB PmdbPscPtc Paulo Magalhães DEM Nelson Marquezelli PTB Sérgio Brito PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Paulo Renato Souza PSDB Tonha Magalhães PR Regis de Oliveira PSC PmdbPscPtc Walter Pinheiro PT Ricardo Berzoini PT Zezéu Ribeiro PT Vadão Gomes PP Total de Bahia: 9 Vanderlei Macris PSDB Total de São Paulo: 11 MINAS GERAIS Alexandre Silveira PPS MATO GROSSO Antônio Andrade PMDB PmdbPscPtc Pedro Henry PP Bonifácio de Andrada PSDB Wellington Fagundes PR 01542 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Total de Mato Grosso: 2 O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – En- cerro a sessão, designando para terça-feira, dia 12, DISTRITO FEDERAL às 14h, a seguinte Osório Adriano DEM Rodovalho DEM ORDEM DO DIA Total de Distrito Federal: 2 URGÊNCIA GOIÁS (Art. 62, § 6º da Constituição Federal)

Jovair Arantes PTB Discussão Sandes Júnior PP Total de Goiás: 2 1 MEDIDA PROVISÓRIA Nº 396, DE 2007 MATO GROSSO DO SUL (Do Poder Executivo) Antônio Carlos Biffi PT Dagoberto PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb Discussão, em turno único, da Medi- Vander Loubet PT da Provisória nº 396, de 2007, que dá nova Total de Mato Grosso do Sul: 3 redação aos arts. 1º e 2º da Lei nº 10.841, de 18 de fevereiro de 2004, que autoriza a PARANÁ União a permutar Certificados Financeiros Abelardo Lupion DEM do Tesouro. Pendente de parecer da Comis- Alex Canziani PTB são Mista. A Emenda de nº 5 foi retirada Cezar Silvestri PPS pelo autor. Dr. Rosinha PT PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 17- Giacobo PR 10-07 Max Rosenmann PMDB PmdbPscPtc PRAZO NA CÂMARA: 31-10-07 Osmar Serraglio PMDB PmdbPscPtc SOBRESTA A PAUTA EM: 18-11-07 (46º Ratinho Junior PSC PmdbPscPtc DIA) Takayama PSC PmdbPscPtc PERDA DE EFICÁCIA: 14-3-08 Total de Paraná: 9 2 SANTA CATARINA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 397, DE 2007 Celso Maldaner PMDB PmdbPscPtc (Do Poder Executivo) João Pizzolatti PP Paulo Bornhausen DEM Discussão, em turno único, da Medi- Valdir Colatto PMDB PmdbPscPtc da Provisória nº 397, de 2007, que revoga a Total de Santa Catarina: 4 Medida Provisória nº 385, de 22 de agosto de 2007, que acrescenta parágrafo único ao RIO GRANDE DO SUL art. 1º da Lei nº 11.368, de 9 de novembro Beto Albuquerque PSB PsbPdtPCdoBPmnPrb de 2006, para estender ao trabalhador rural Cezar Schirmer PMDB PmdbPscPtc enquadrado como contribuinte individual o Eliseu Padilha PMDB PmdbPscPtc prazo previsto no art. 143 da Lei nº 8.213, Enio Bacci PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb de 24 de julho de 1991. Pendente de pare- Ibsen Pinheiro PMDB PmdbPscPtc cer da Comissão Mista. Luis Carlos Heinze PP PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 22- Luiz Carlos Busato PTB 10-07 Pompeo de Mattos PDT PsbPdtPCdoBPmnPrb PRAZO NA CÂMARA: 5-11-07 Sérgio Moraes PTB SOBRESTA A PAUTA EM: 23-11-07 (46º Vilson Covatti PP DIA) Total de Rio Grande do Sul: 10 PERDA DE EFICÁCIA: 19-3-08 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01543 3 PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 11-11- MEDIDA PROVISÓRIA Nº 398, DE 2007 07 (Do Poder Executivo) PRAZO NA CÂMARA: 25-11-07 Discussão, em turno único, da Medi- SOBRESTA A PAUTA EM: 13-12-07 (46º da Provisória nº 398, de 2007, que institui DIA) os princípios e objetivos dos serviços de PERDA DE EFICÁCIA: 8-4-08 radiodifusão pública explorados pelo Po- 6 der Executivo ou outorgados a entidades MEDIDA PROVISÓRIA Nº 401, DE 2007 de sua administração indireta, autoriza o (Do Poder Executivo) Poder Executivo a constituir a Empresa Brasil de Comunicação – EBC, e dá outras Discussão, em turno único, da Medi- providências. Pendente de parecer da Co- da Provisória nº 401, de 2007, que altera as missão Mista. Leis nºs 11.134, de 15 de julho de 2005, e PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 24-10- 07 11.361, de 19 de outubro de 2006, dispõe PRAZO NA CÂMARA: 7-11-07 sobre a remuneração devida aos militares SOBRESTA A PAUTA EM: 25-11-07 (46º da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros DIA) Militar do Distrito Federal e sobre os sub- PERDA DE EFICÁCIA: 21-3-08 sídios das carreiras de Delegado de Polí- cia do Distrito Federal e de Polícia Civil do 4 MEDIDA PROVISÓRIA Nº 399, DE 2007 Distrito Federal. Pendente de parecer da (Do Poder Executivo) Comissão Mista. PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 27- Discussão, em turno único, da Medida 11-07 Provisória nº 399, de 2007, que abre crédito PRAZO NA CÂMARA: 11-12-07 extraordinário, em favor da Presidência da SOBRESTA A PAUTA EM: 10-2-08 (46º República e dos Ministérios das Relações DIA) Exteriores, dos Transportes, do Meio Am- PERDA DE EFICÁCIA: 24-4-08 biente e da Integração Nacional, no valor global de R$456.625.000,00, para os fins que URGÊNCIA especifica. Pendente de parecer da Comis- (Artigo 64, §§ 2º e 3º da Constituição Federal são Mista de Planos, Orçamentos Públicos c/c art. 155, do Regimento Interno) e Fiscalização. Discussão PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 30-10- 07 7 PRAZO NA CÂMARA: 13-11-07 PROJETO DE LEI Nº 1.990-B, DE 2007 SOBRESTA A PAUTA EM: 1-12-07 (46º (Do Poder Executivo) DIA) PERDA DE EFICÁCIA: 27-3-08 Discussão, em turno único, das Emen- 5 das do Senado Federal ao Projeto de Lei nº MEDIDA PROVISÓRIA Nº 400, DE 2007 1.990-A, de 2007, que dispõe sobre o reco- (Do Poder Executivo) nhecimento formal das centrais sindicais para os fins que especifica, altera a Consoli- Discussão, em turno único, da Medida dação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada Provisória nº 400, de 2007, que abre crédito pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de extraordinário, em favor da Presidência Re- pública e do Ministério da Saúde, no valor 1943, e dá outras providências. Pendente global de R$50.000.000,00, para os fins que de pareceres das Comissões: de Trabalho, especifica. Pendente de parecer da Comis- de Administração e Serviço Público; de são Mista de Planos, Orçamentos Públicos Finanças e Tributação; e de Constituição e e Fiscalização. Justiça e de Cidadania. 01544 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 SOBRESTA A PAUTA EM: 23-12-07 SOBRESTA A PAUTA EM: 9-12-07 (46º (11º dia) dia) URGÊNCIA URGÊNCIA (Artigo 64, § 2º da Constituição Federal c/c (Art. 62, da Constituição Federal) art. 155, do Regimento Interno) Discussão Discussão 10 8 MEDIDA PROVISÓRIA Nº 402, DE 2007 PROJETO DE LEI Nº 1.179, DE 2007 (Do Poder Executivo) (Do Sr. Rodovalho) Discussão, em turno único, da Medida Discussão, em turno único, do Pro- Provisória nº 402, de 2007, que abre crédito jeto de Lei nº 1.179, de 2007, que dispõe extraordinário, em favor de diversos órgãos sobre a criação do Regime Especial de do Poder Executivo, no valor global de R$ Tributação dos Microimportadores (Re- 1.646.339.765,00, para os fins que espe- micro) e dá nova redação ao art. 11, pa- cifica. Pendente de parecer da Comissão rágrafo único, inciso I, do Decreto-Lei nº Mista de Planos, Orçamentos Públicos e 37, de 1966. Pendente de pareceres das Fiscalização. Comissões: de Desenvolvimento Econô- PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 9-12- mico, Indústria e Comércio; de Finanças 07 e Tributação; e de Constituição e Justiça PRAZO NA CÂMARA: 23-12-07 e de Cidadania. SOBRESTA A PAUTA EM: 22-2-08 (46º Tendo apensado o PL nº 2.105/07, ao DIA) qual foi atribuída urgência constitucional. PERDA DE EFICÁCIA: 6-5-08 SOBRESTA A PAUTA EM: 10-11-07 11 (46º dia) MEDIDA PROVISÓRIA Nº 403, DE 2007 URGÊNCIA (Do Poder Executivo) (Artigo 64, § 2º da Constituição Federal c/c art. 204, I, do Regimento Interno) Discussão, em turno único, da Medi- da Provisória nº 403, de 2007, que dispõe Discussão sobre o exercício da atividade de franquia postal e dá outras providências. Pendente 9 de parecer da Comissão Mista. PROJETO DE LEI Nº 1.650, DE 2007 PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 10- (Do Poder Executivo) 12-07 PRAZO NA CÂMARA: 24-12-07 Discussão, em turno único, do Pro- SOBRESTA A PAUTA EM: 23-2-08 (46º jeto de Lei nº 1.650, de 2007, que dispõe DIA) sobre a apuração do imposto de renda PERDA DE EFICÁCIA: 7-5-08 na fonte incidente sobre rendimentos 12 de prestação de serviços de transporte MEDIDA PROVISÓRIA Nº 404, DE 2007 rodoviário internacional de carga, aufe- (Do Poder Executivo) ridos por transportador autônomo pes- soa física, residente na República do Discussão, em turno único, da Medi- Paraguai, considerado como sociedade da Provisória nº 404, de 2007, que altera o unipessoal nesse País. Pendente de pa- art. 41-A da Lei no 8.213, de 24 de julho de receres das Comissões: de Finanças e 1991, modificando a data de pagamento dos Tributação; e de Constituição e Justiça benefícios da previdência social. Pendente e de Cidadania. de parecer da Comissão Mista. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01545 PRAZO NA COMISSÃO MISTA: 6-2-08 3.474/04, 3.529/04, 3.682/04, 3.919/04, PRAZO NA CÂMARA: 20-2-08 4.112/04, 4.391/04, 4.407/04, 4.549/04, SOBRESTA A PAUTA EM: 9-3-08 (46º 4.721/04, 4.921/05, 5.713/05, 6.329/05, DIA) 6.379/05, 6.643/06, 6.807/06, 7.640/06, PERDA DE EFICÁCIA: 22-5-08 1.002/07, 1.016/07, 1.066/07, 1.925/07, 2.026/07, 2.035/07, 2.134/07, 2.369/07, AVISOS 2.549/07, 2.658/07 e 2.733/08, ao qual foi PROPOSIÇÕES EM FASE DE RECEBIMENTO DE atribuída urgência constitucional. EMENDAS OU RECURSOS SOBRESTA A PAUTA EM: 23-3-08 (46º dia) I – EMENDAS DECURSO: 3ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 1. PROJETOS COM URGÊNCIA – ART. 64, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 2. PROJETO DE RESOLUÇÃO QUE ALTERA O RICD Prazo para apresentação de emendas: 5 Sessões (Ato da Mesa nº 177, de 1989). Prazo para apresentação de emendas: 5 Sessões (Art. 216, § 1º, do RICD). PROJETO DE LEI Nº 107/07 (Raimundo Gomes de Matos) – Cria Co- Nº 4846/94 (Do Sr. Francisco Silva) – missão Permanente de Assistência Social, na Câmara Estabelece medidas destinadas a restringir dos Deputados. o consumo de bebidas alcoólicas. Tendo DECURSO: 2ª SESSÃO apensados os PLs nºs 1.602/96, 3.037/97, ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 3.042/97, 3.380/97, 3.497/97, 3.626/97, 1. CONTRA APRECIAÇÃO CONCLUSIVA DE CO- 3.852/97, 3.858/97, 3.869/97, 3.993/97, MISSÃO – ART. 24, II, DO RICD 4.062/98, 4.111/98, 4.160/98, 4.204/98, INTERPOSIÇÃO DE RECURSO: art. 58, § 3º, c/c o art. 4.215/98, 4.258/98, 4.333/98, 4.469/98, 4.528/98, 4.538/98, 4.618/98, 4.680/98, 132, § 2º (PARECERES FAVORÁVEIS), ou com o art. 4.705/98, 4.796/98, 251/99, 633/99, 806/99, 133 (PARECERES CONTRÁRIOS), todos do RICD. 931/99, 963/99, 964/99, 1.004/99, 1.056/99, Prazo para apresentação de recurso: 5 sessões (art. 1.100/99, 1.151/99, 1.160/99, 1.175/99, 58, § 1° do RICD). 1.277/99, 1.346/99, 1.382/99, 1.408/99, 1.1 COM PARECERES FAVORÁVEIS 1.490/99, 1.512/99, 1.599/99, 1.706/99, 1.761/99, 1.893/99, 1.923/99, 1.955/99, PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO 1.982/99, 2.017/99, 2.090/99, 2.130/99, Nº 73/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, 2.185/99, 2.334/00, 2.365/00, 2.389/00, Comunicação e Informática) – Aprova o ato que 2.417/00, 2.468/00, 2.613/00, 2.786/00, outorga permissão à NATUREZA COMUNICAÇÕES 2.833/00, 2.908/00, 2.919/00, 3.000/00, LTDA para explorar serviço de radiodifusão sonora em 3.067/00, 3.089/00, 3.114/00, 3.152/00, freqüência modulada, na cidade de Marília, Estado de 3.262/00, 3.354/00, 3.423/00, 3.451/00, São Paulo. 3.463/00, 3.583/00, 3.619/00, 4.046/01, DECURSO: 3ª SESSÃO 4.062/01, 4.273/01, 4.424/01, 4.461/01, ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 4.532/01, 4.745/01, 4.791/01, 4.839/01, Nº 85/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, Co- 4.955/01, 5.121/01, 5.140/01, 5.464/01, municação e Informática) – Aprova o ato que outorga 5.528/01, 5.561/01, 5.708/01, 5.792/01, 5.834/01, 5.973/01, 6.017/01, 6.218/02, concessão à Rede Metropolitana de Rádio e Televisão 6.343/02, 6.622/02, 6.729/02, 6.971/02, Ltda. para explorar serviço de radiodifusão de sons e 7.332/02, 200/03, 204/03, 212/03, 327/03, imagens, na cidade de São José de Ribamar, Estado 330/03, 412/03, 445/03, 504/03, 556/03, 871/03, do Maranhão. 928/03, 983/03, 1.168/03, 1.171/03, 1.433/03, DECURSO: 4ª SESSÃO 1.657/03, 1.774/03, 1.788/03, 1.789/03, ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 1.880/03, 1.915/03, 1.945/03, 1.998/03, Nº 126/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, 2.089/03, 2.268/03, 2.665/03, 2.807/03, Comunicação e Informática) – Aprova o ato que au- 3.080/04, 3.311/04, 3.315/04, 3.321/04, toriza a Associação de Radiodifusão de Inácio Mar- 01546 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 tins a executar, pelo prazo de dez anos, sem direito de DECURSO: 4ª SESSÃO exclusividade, serviço de radiodifusão comunitária no ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 município de Inácio Martins, Estado do Paraná. Nº 361/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, Co- DECURSO: 4ª SESSÃO municação e Informática) – Aprova o ato que renova ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 a permissão outorgada à Empresa de Radiodifusão Nº 165/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, Karandá Ltda. para explorar serviço de radiodifusão Comunicação e Informática) – Aprova o ato que ou- sonora em freqüência modulada, no município de Na- torga permissão à Rádio e TV Farol da Comunicação viraí, Estado de Mato Grosso do Sul. Ltda. para explorar serviço de radiodifusão sonora em DECURSO: 2ª SESSÃO freqüência modulada, no município de Pinheiro, Esta- ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 do do Maranhão. Nº 365/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, DECURSO: 4ª SESSÃO Comunicação e Informática) – Aprova o ato que re- ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 nova a concessão outorgada à Rádio Educadora de Nº 167/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, Dois Vizinhos Ltda. para explorar serviço de radiodi- Comunicação e Informática) – Aprova o ato que ou- fusão sonora em onda média, no município de Dois torga permissão à Rádio Novo Século Ltda. para ex- Vizinhos, Estado do Paraná. plorar serviço de radiodifusão sonora em freqüência DECURSO: 2ª SESSÃO modulada, no município de Braço do Norte, Estado ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 de Santa Catarina. Nº 380/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, DECURSO: 4ª SESSÃO Comunicação e Informática) – Aprova o ato que ou- ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 torga permissão à RÁDIO FM MEDIANEIRA S/C LTDA. Nº 301/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, Co- para explorar serviço de radiodifusão sonora em freqü- municação e Informática) – Aprova o ato que renova ência modulada, no município de Navegantes, Estado a concessão outorgada à Rede Sul Matogrossense de de Santa Catarina. Emissoras Ltda. para explorar serviço de radiodifusão DECURSO: 4ª SESSÃO sonora em onda média, no município de Aparecida do ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 Taboado, Estado do Mato Grosso do Sul. Nº 381/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, DECURSO: 2ª SESSÃO Comunicação e Informática) – Aprova o ato que ou- ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 torga permissão à SIMPATIA FM LTDA para explorar Nº 312/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, serviço de radiodifusão sonora em freqüência mo- Comunicação e Informática) – Aprova o ato que re- dulada, no município de Campos Novos, Estado de nova a concessão outorgada à Rádio Educadora de Santa Catarina. Loanda Ltda para explorar serviço de radiodifusão DECURSO: 4ª SESSÃO sonora em onda média, no município de Loanda, Es- ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 tado do Paraná. Nº 388/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, Co- DECURSO: 2ª SESSÃO municação e Informática) – Aprova o ato que outorga ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 permissão à FREQÜÊNCIA BRASILEIRA DE COMU- Nº 345/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, NICAÇÕES LTDA. para explorar serviço de radiodifu- Comunicação e Informática) – Aprova o ato que são sonora em freqüência modulada, no município de autoriza a Associação Rádio Comunitária Península Triunfo, Estado do Rio Grande do Sul. Norte a executar, pelo prazo de dez anos, sem direito DECURSO: 2ª SESSÃO de exclusividade, serviço de radiodifusão comunitária ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 em Brasília, Distrito Federal. Nº 392/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, DECURSO: 2ª SESSÃO Comunicação e Informática) – Aprova o ato que au- ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 toriza a Associação Comunitária de Comunicação de Nº 360/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, Jardim de Piranhas/RN a executar, pelo prazo de dez Comunicação e Informática) – Aprova o ato que au- anos, sem direito de exclusividade, serviço de radiodi- toriza a Associação de Difusão Comunitária Guarani fusão comunitária no município de Jardim de Piranhas, a executar, pelo prazo de dez anos, sem direito de Estado do Rio Grande do Norte. exclusividade, serviço de radiodifusão comunitária no DECURSO: 4ª SESSÃO município de Caetés, Estado de Pernambuco. ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01547 Nº 394/2007 (Comissão de Ciência e Tecnologia, Cidade), para prorrogar o prazo para a elaboração dos Comunicação e Informática) – Aprova o ato que au- planos diretores municipais. E seus apensados. toriza a Associação Comunitária e Cultural Quixaben- DECURSO: 3ª SESSÃO se a executar, pelo prazo de dez anos, sem direito de ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 exclusividade, serviço de radiodifusão comunitária na Nº 37/2007 (André de Paula) – Dá nova redação ao cidade de Quixabá, Estado de Pernambuco. art. 198 do Código de Processo Civil, para estabelecer DECURSO: 2ª SESSÃO a atuação de ofício ou por provocação de presiden- ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 te de Tribunal, nos casos de descumprimento judicial PROJETO DE LEI dos prazos. DECURSO: 1ª SESSÃO Nº 765/1995 (Júlio Redecker) – Acrescenta parágrafo ÚLTIMA SESSÃO: 18-2-08 ao artigo 71 do Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro Nº 96/2007 (Neilton Mulim) – Institui o Dia Nacional de 1966, que “dispõe sobre o Imposto de Importação, da Segurança Pública e dá outras providências. reorganiza os serviços aduaneiros e dá outras provi- DECURSO: 1ª SESSÃO dências”. ÚLTIMA SESSÃO: 18-2-08 DECURSO: 2ª SESSÃO Nº 258/2007 (Colbert Martins) – Denomina “Viaduto ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 Engenheiro Civil J.J. Lopes de Brito” o viaduto localizado Nº 4089/1998 (Enio Bacci) – SUBSTITUTIVO DO no Km 519,5 do Anel de Contorno sobre a BR-324, no SENADO FEDERAL – Institui o exame ginecológico Município de Feira de Santana, Estado da Bahia. preventivo gratuito, inclusive exame de mamografia, DECURSO: 3ª SESSÃO custeados pelo SUS. ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 DECURSO: 2ª SESSÃO Nº 291/2007 (Gorete Pereira) – Dispõe sobre a cria- ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 ção do Dia Nacional do Espiritismo. Nº 1343/1999 (Alberto Fraga) – Determina adaptação DECURSO: 3ª SESSÃO nos aparelhos com brinquedos e equipamentos dos ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 parques de diversões. Nº 394/2007 (Rubens Otoni) – Denomina “Viaduto DECURSO: 2ª SESSÃO Professora Haidêe Jayme Ferreira” o viaduto localizado ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 no km 435,55 da BR-153, que dá acesso à BR-414, Nº 2669/2000 (Senado Federal – Gerson Camata) – no Município de Anápolis – GO. Dispõe sobre a instituição do Dia Nacional do Imigrante DECURSO: 1ª SESSÃO Italiano e dá outras providências. ÚLTIMA SESSÃO: 18-2-08 DECURSO: 2ª SESSÃO Nº 732/2007 (Paulinho da Força) – Institui o Dia Na- ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 cional do Auditor-Fiscal do Trabalho. Nº 6778/2002 (TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABA- DECURSO: 1ª SESSÃO LHO) – Dispõe sobre a transformação e criação de ÚLTIMA SESSÃO: 18-2-08 funções comissionadas no Quadro de Pessoal do Tri- Nº 832/2007 (Solange Amaral) – Cria o Dia Nacional bunal Regional do Trabalho da 12a. Região e dá ou- do Ciclista. tras providências. DECURSO: 1ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 ÚLTIMA SESSÃO: 18-2-08 Nº 2392/2003 (Marcelo Ortiz) – Institui o Dia do Ad- Nº 1245/2007 (Paulo Rubem Santiago) – Institui o vogado Dia Nacional do Pescador a ser comemorado na data DECURSO: 1ª SESSÃO de 29 de junho. ÚLTIMA SESSÃO: 18-2-08 DECURSO: 1ª SESSÃO Nº 7215/2006 (Poder Executivo) – Cria cargos efeti- ÚLTIMA SESSÃO: 18-2-08 vos, cargos comissionados e funções gratificadas no Nº 2440/2007 (Poder Executivo) – Altera os incisos II âmbito do Ministério da Educação. e III do art. 11 da Lei nº 9.519, de 26 de novembro de DECURSO: 4ª SESSÃO 1997, que dispõe sobre a reestruturação dos Corpos ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 e Quadros de Oficais e de Praças da Marinha. Nº 7648/2006 (Senado Federal-Flexa Ribeiro) – Altera DECURSO: 3ª SESSÃO a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 01548 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 1.2 COM PARECERES CONTRÁRIOS ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 PROJETO DE LEI Nº 548/2007 (Marcos Medrado) – Dispõe sobre a obri- gatoriedade de as instituições financeiras instalarem Nº 3140/2000 (Chico da Princesa) – Altera a Lei nº guarda-volumes em suas agências bancárias. 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código DECURSO: 3ª SESSÃO de Trânsito Brasileiro. . E seus apensados. ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 DECURSO: 2ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 Nº 1114/2007 (Brizola Neto) – Altera a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Nº 3647/2000 (Lincoln Portela) – Dispõe sobre a obri- gatoriedade de consultas aos trabalhadores e servi- Trânsito Brasileiro, para dispor sobre equipamentos dores públicos do sexo masculino, nas situações que obrigatórios de veículos. especifica. . E seus apensados. DECURSO: 2ª SESSÃO DECURSO: 3ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 Nº 1157/2007 (Luciana Genro) – Altera a Lei nº 9.394, Nº 1175/2003 (Alberto Fraga) – Acrescenta o art. de 1996, de modo a tornar obrigatória a oferta de va- 44-A à Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998, para res- gas no ensino médio. salvar direitos de adquirentes de parcelamentos de DECURSO: 2ª SESSÃO imóveis de domínio da União, oriundos de ocupações ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 para fins residenciais, no Distrito Federal, e dá outras providências. Nº 1173/2007 (Sérgio Barradas Carneiro) – Institui DECURSO: 2ª SESSÃO Programa de Avaliação Seriada Anual para acesso às ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 Instituições de Ensino Públicas de Nível Superior, Téc- Nº 4393/2004 (Enio Bacci) – Dispõe sobre a con- nico ou Tecnológico e dá outras providências. cessão gratuita de “LIGADURA de TROMPAS”, para DECURSO: 2ª SESSÃO gestantes portadoras de Deficiência Imunológica Ad- ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 quirida – SIDA / HIV. Nº 1235/2007 (Eduardo Gomes) – Inclui a “Meta de DECURSO: 3ª SESSÃO Nível de Emprego” como um dos parâmetros para de- ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 finir a taxa de juros a ser fixado pelo Banco Central Nº 4869/2005 (Roberto Jefferson) – Acrescenta o in- do Brasil. ciso X ao art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro DECURSO: 2ª SESSÃO de 2003, que “Dispõe sobre registro, posse e comer- ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 cialização de armas de fogo e munição, sobre o Sis- tema Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e dá Nº 1287/2007 (Barbosa Neto) – Acrescenta o inciso outras providências”. E seus apensados. XI ao art. 6º, da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de DECURSO: 2ª SESSÃO 2003, que dispõe sobre o registro, posse e comercia- ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 lização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nº 5449/2005 (Max Rosenmann) – “Altera a Lei nº Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e dá ou- 9.503, de 1997, que institui o Código de Trânsito Bra- tras providências. sileiro, para incluir dispositivo retrorefletor como equi- DECURSO: 2ª SESSÃO pamento obrigatório nos veículos que especifica.” ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 DECURSO: 2ª SESSÃO Nº 1461/2007 (Leonardo Quintão) – Altera o Anexo II ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ins- Nº 5838/2005 (Antonio Carlos Pannunzio) – Acres- titui o Código de Trânsito Brasileiro, para dispor sobre centa parágrafo único ao art. 69 da Lei Federal nº 9.478, o formato da sinalização semafórica. de 06 de agosto de 1997. DECURSO: 2ª SESSÃO DECURSO: 2ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 Nº 310/2007 (Gonzaga Patriota) – Dispõe sobre o 1.3 PROPOSIÇÕES COM TRAMITAÇÃO CONJUN- parcelamento do débito de multas aplicadas por in- TA QUE RECEBERAM PARECERES FAVORÁVEIS fração de trânsito. A UMAS E CONTRÁRIOS A OUTRAS, NÃO DIVER- DECURSO: 4ª SESSÃO GENTES. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01549 PROJETO DE LEI Apensados: PL nº 987/1999 (Mendes Ribeiro Filho) Nº 1921/1999 (Senado Federal – Geraldo Melo) – Ins- PL nº 1452/1999 (Jorge Costa) PL nº 7632/2006 (Rai- titui a tarifa social de energia elétrica para consumido- mundo Santos) res de baixa renda e dá outras providências. DECURSO: 2ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 COM PARECER FAVORÁVEL: PL nº 1946/1999, PL nº 3430/2004, PL nº 4616/2004, PL nº 414/2007, PL Nº 937/2003 (Deley) – Altera a Lei nº 6.938, de 31 de nº 1001/2007, PL nº 1928/2007 e PL nº 7229/2006, agosto de 1981, prevendo o seguro de responsabilidade APENSADOS. civil por dano ambiental, e dá outras providências. COM PARECER CONTRÁRIO: PL nº 1631/1999 e PL DECURSO: 2ª SESSÃO nº 5963/2005, APENSADOS. (VIDE ITEM 2.1) ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 DECURSO: 3ª SESSÃO Nº 6003/2005 (Fernando Coruja) – Proíbe a cobrança ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 de estacionamento pelas instituições de ensino funda- No 7460/2006 (Mariângela Duarte) – Estabelece a mental, médio e superior. visão monocular como deficiência visual. DECURSO: 2ª SESSÃO COM PARECER FAVORÁVEL PL nº no 7.460/2006, ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 PRINCIPAL. PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR COM PARECER CONTRÁRIO PL nº no 7.672/2006, Nº 12/2007 (Nelson Bornier) – Altera o artigo 8º da Lei APENSADO. Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. DECURSO: 3ª SESSÃO DECURSO: 2ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 2. CONTRA PARECER TERMINATIVO DE COMISSÃO 2.2 PELA INADEQUAÇÃO FINANCEIRA E/OU OR- – ART. 54 DO RICD C/C ART. 132, § 2º DO RICD ÇAMENTÁRIA (MATÉRIAS SUJEITAS A DELIBERAÇÃO DO PLENÁ- PROJETO DE LEI RIO EM APRECIAÇÃO PRELIMINAR, NOS TERMOS DO ART.144 DO RICD) Nº 4040/2004 (Luiz Bittencourt) – Exonera do imposto INTERPOSIÇÃO DE RECURSO – PEC: art. 202, § de importação e do imposto sobre produtos industriali- 1º do RICD. zados as importações de máquinas, aparelhos, instru- mentos e demais bens de uso agropecuário. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO – DEMAIS PROPO- DECURSO: 4ª SESSÃO SIÇÕES: art. 58, § 3º, c/c o art. 132, §2º, do RICD. ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 Prazo para apresentação de recurso: 5 sessões (art. Nº 4422/2004 (Dilceu Sperafico) – Dispõe sobre o 58, § 1° do RICD). Programa Nacional de Ampliação da Capacidade de 2.1 PELA INCONSTITUCIONALIDADE E/OU INJU- Produção das Microempresas. RIDICIDADE OU INADMISSIBILIDADE DECURSO: 2ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 PROJETO DE LEI Nº 4550/2004 (Carlos Nader) – Autoriza o Poder Exe- Nº 1921/1999 (Senado Federal – Geraldo Melo) – Ins- cutivo a implantar aparelhos com sistema de raio x para titui a tarifa social de energia elétrica para consumido- inspecionar todos os objetos, bolsas e sacolas que en- res de baixa renda e dá outras providências. trarem nas penitenciárias e dá outra providências. COM PARECER PELA INCONSTITUCIONALIDA- COM PARECER PELA INADEQUAÇÃO FINANCEIRA DE: PL nº 1921/99, principal, e PL nº 2987/97, PL nº E ORÇAMENTÁRIA: PL nº 4550/2004, PRINCIPAL, PL 4083/98, PL nº 2406/00, PL nº 3124/00, PL nº 3134/00, nº 5475/2005 e PL nº 5904/2005, APENSADOS. PL nº 4068/01, PL nº 4328/01, PL nº 4366/01, PL nº DECURSO: 1ª SESSÃO 4746/01, PL nº 6202/02, PL nº 6247/02, PL nº 96/03, ÚLTIMA SESSÃO: 18-2-08 PL nº 6737/06 e PL nº 1178/07, apensados. (VIDE Nº 7073/2006 (Antonio Carlos Mendes Thame) – ITEM 1.3) Cria o Programa de Infra – estrutura e Urbanização – DECURSO: 3ª SESSÃO Prourb, para a implementação de ações voltadas para ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 a infra-estrutura urbana. Nº 856/1999 (Eduardo Jorge) – Institui o Serviço Civil DECURSO: 2ª SESSÃO Profissional e dá outras providências. ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 01550 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Nº 158/2007 (Pompeo de Mattos) – Altera o Decre- Nº 3850/2004 (Eduardo Valverde) – Modifica o art. to-lei nº 37, de 1966, e a Lei nº 8.032, de 1990, para 6º e § único da Lei nº 10.101 de 20 de dezembro de conceder isenção do Imposto de importação e do IPI 2000, que autoriza o trabalho aos domingos no comér- na importação de equipamentos de radiocomunicação cio varejista em geral e altera os artigos 1º e 9º da Lei realizada por radioamadores e para serviços de radio- nº 605, de 5 de janeiro de 1949 . difusão na faixa de rádio cidadão. ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 Apensados: PL nº 575/2007 (Wandenkolk Gon- Nº 4268/2004 (Pompeo de Mattos) – Regulamenta çalves) a publicação da lista dos cidadãos beneficiários pelo DECURSO: 4ª SESSÃO Programa Bolsa Família. ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 DECURSO: 2ª SESSÃO Nº 529/2007 (Luis Carlos Heinze) – Altera a Lei nº ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 11.116, de 18 de maio de 2005, para incentivar a Nº 4840/2005 (Senado Federal – Papaléo Paes) – produção de biodiesel para o consumo do próprio Autoriza o Poder Executivo a criar a Escola Técnica produtor rural e de associados de cooperativas agro- Federal de Macapá, no Estado do Amapá. pecuárias. ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 DECURSO: 2ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 Nº 5833/2005 (Jorge Gomes) – Altera a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Nº 1518/2007 (Arnaldo Faria de Sá) – “Dispõe sobre Trânsito Brasileiro, para disciplinar a coloração dos a isenção do IPI – Imposto Sobre Produtos Industria- veículos motorizados de duas ou três rodas utilizados lizados para a blindagem de veículos automotores de no serviço de mototáxi. Magistrados”. DECURSO: 2ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 3. CONTRA DECLARAÇÃO DE PREJUDICIALIDA- Nº 6985/2006 (Senado Federal – Rodolpho Touri- DE – ART. 164, § 2º, DO RICD nho) – Altera as Leis nºs 8.212 e 8.213, ambas de (SUJEITO A DELIBERAÇÃO DO PLENÁRIO, APÓS 24 de julho de 1991, para criar o Sistema Especial de OUVIDA A CCJC, NOS TERMOS DO ART. 164, §§ 2º Inclusão Previdenciária. e 3º DO RICD) ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 Prazo para apresentação de recurso: 5 sessões (Art. Nº 7005/2006 (Gonzaga Patriota) – Modifica a Lei 164, § 2º, do RICD). nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, estabelecendo PROJETO DE LEI pré-requisitos de habilitação para os condutores que tencionam prestar serviço de transporte remunerado Nº 1816/1999 (Raimundo Gomes de Matos) – Insitui o de bens ou passageiros em veículo automotor de três “Dia Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde”. rodas e dá outras providências. DECURSO: 4ª SESSÃO DECURSO: 2ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 Nº 1322/2003 (Ricardo Izar) – Altera a redação do art. Nº 7506/2006 (Inocêncio Oliveira) – Fixa norma para 6º da Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000, auto- o serviço de transporte individual de passageiros em rizando o trabalho no comércio varejista em geral. motocicletas de aluguel. ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 DECURSO: 2ª SESSÃO Nº 2901/2004 (Anselmo) – Altera a Lei nº 9.503, de 23 ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Nº 598/2007 (Professora Raquel Teixeira) – Dispõe Brasileiro, para disciplinar o serviço de mototáxi. sobre o sistema especial de inclusão previdenciária de DECURSO: 2ª SESSÃO trabalhadores e trabalhadoras sem renda própria que ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico Nº 3111/2004 (André Luiz) – Altera o Código de Trân- de sua residência e dá outras providências. sito Brasileiro para proibir a condução de passageiro ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 em veículo de duas rodas utilizado em serviço de en- Nº 921/2007 (Manuela D’ávila) – Altera o artigo 6º da trega. Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000, que autori- DECURSO: 2ª SESSÃO za o trabalho aos domingos no comércio varejista em ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 geral e altera a Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01551 ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Nº 1095/2007 (Angela Portela) – Dá nova redação aos Francisco e do Parnaíba – CODEVASF, e dá outras arts. 21 e 45 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, providências. e aos arts. 25 e 28 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de DECURSO: 4ª SESSÃO 1991, para dispor sobre o Sistema Especial de Inclu- ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 são Previdenciária para os trabalhadores sem renda Nº 2570/2007 (Walter Brito Neto) – Altera o art. 34 da própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976 e os arts. 46 e doméstico no âmbito de sua residência. 48 da Lei nº 10.409, de 11 de janeiro de 2002. ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 DECURSO: 4ª SESSÃO Nº 1107/2007 (Dr. Rosinha) – Revoga o art. 6º da Lei ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 nº 10.101, de 2000, que autoriza o trabalho aos do- Nº 2603/2007 (Homero Pereira) – Altera a Lei nº 9.503, mingos no comércio varejista em geral. de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 Trânsito Brasileiro, e estabelece regras gerais para a regulação dos serviços de transporte remunerado de Nº 1163/2007 (Otavio Leite) – Cria, em âmbito nacio- passageiros e mercadorias em motocicletas e moto- nal, as diretrizes para o funcionamento do Sistema de netas – moto-táxi e moto-frete. Serviços de Mototáxi. DECURSO: 2ª SESSÃO DECURSO: 2ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 4. DEVOLVIDO(S) AO(S) AUTOR(ES) Nº 1314/2007 (Paulo Pimenta) – Acrescenta dispo- sitivo à Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949, a fim de INTERPOSIÇÃO DE RECURSO – RCP: art. 35, §§ condicionar o trabalho aos domingos e feriados no co- 1º e 2º, do RICD. mércio varejista e atacadista a convenção ou acordo INTERPOSIÇÃO DE RECURSO – DEMAIS PROPO- coletivo de trabalho. SIÇÕES: art. 137, § 1º, do RICD. ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE RECURSO: 5 Nº 1400/2007 (Fernando de Fabinho) – Dispõe sobre sessões. o transporte público, para estabelecer requisitos para a prestação de serviços de transporte remunerado de INDICAÇÃO bens e de passageiros em veículos automotores de Nº 1590/2007 (Walter Brito Neto) – Sugere a Comis- duas ou três rodas. são de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado DECURSO: 2ª SESSÃO viabilização do processo de interiorização do turismo ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 no Estado da Paraíba. Nº 1576/2007 (Uldurico Pinto) – Altera a Lei nº 9.503, DECURSO: 4ª SESSÃO de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 Trânsito Brasileiro, para dispor sobre a atividade pro- PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO fissional remunerada em veículos de duas ou três Nº 204/2007 (Maurício Rands) – Dá nova redação rodas. aos arts. 23 e 144, da Constituição Federal, conside- DECURSO: 2ª SESSÃO rando competência comum da União, Estados, Distrito ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 Federal e Municípios as ações de segurança pública Nº 1809/2007 (William Woo) – Determina a obrigatorie- e incluindo as Guardas Municipais como órgãos de dade de exibição de aviso escrito sobre crimes contra segurança pública. criança e adolescente em hotéis, motéis e similares. DECURSO: 4ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 Nº 2053/2007 (Leonardo Quintão) – Regulamenta o Nº 207/2007 (Francisco Rossi) – Dá nova redação ao serviço público de transporte individual de passageiros inciso II do art. 29 da Constituição Federal, para estender por táxi especial em região metropolitana e dá outras a eleição em dois turnos para todos os Municípios. providências. DECURSO: 3ª SESSÃO DECURSO: 2ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 Nº 208/2007 (Eduardo Gomes) – Dá nova redação Nº 2557/2007 (José Guimarães) – Modifica a Lei nº ao art. 236 e acrescenta o art. 236-A à Constituição 9.954, de 06 de Janeiro de 2000, que dispõe sobre Federal. 01552 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 DECURSO: 2ª SESSÃO 15:25 REGINALDO LOPES (PT – MG) ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 Dia 14, 5ª-feira Nº 211/2007 (Eduardo Amorim) – Dá nova redação 15:00 RUBENS OTONI (PT – GO) ao § 1º e acrescenta o § 13 ao art. 37 da Constituição 15:25 LEANDRO SAMPAIO (PPS – RJ) Federal. DECURSO: 2ª SESSÃO Dia 15, 6ª-feira ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 10:00 REBECCA GARCIA (PP – AM) Nº 212/2007 (Eduardo Amorim) – Altera a redação 10:25 JOSÉ MENDONÇA BEZERRA (DEM – PE) do inciso III do art. 14 do caput do art. 61, e inclui o 10:50 MARIA LÚCIA CARDOSO (PMDB – MG) § 3° ao art. 61 da Constituição Federal de 1988, para 11:15 ELIENE LIMA (PP – MT) possibilitar a participação da sociedade civil organiza- 11:40 JOÃO CARLOS BACELAR (PR – BA) da no exercício da soberania popular e no processo Dia 18, 2ª-feira legislativo. DECURSO: 2ª SESSÃO 15:00 EUNÍCIO OLIVEIRA (PMDB – CE) ÚLTIMA SESSÃO: 15-2-08 15:25 CIDA DIOGO (PT – RJ) PROJETO DE LEI Dia 19, 3ª-feira Nº 2459/2007 (José Airton Cirilo) – Obriga os agentes 15:00 JOSÉ PIMENTEL (PT – CE) públicos que menciona a matricularem os filhos meno- 15:25 RODRIGO MAIA (DEM – RJ) res, em idade escolar, na rede pública de ensino. Dia 20, 4ª-feira DECURSO: 4ª SESSÃO 15:00 PAULO PEREIRA DA SILVA (PDT – SP) ÚLTIMA SESSÃO: 13-2-08 15:25 OTAVIO LEITE (PSDB – RJ) Nº 2560/2007 (Rodrigo Rollemberg) – Estabelece a obrigatoriedade da presença de advogado em todas Dia 21, 5ª-feira as fases do processo administrativo disciplinar, cujo 15:00 MÁRIO DE OLIVEIRA (PSC – MG) acusado seja servidor público e a infração tenha sido 15:25 PAES LANDIM (PTB – PI) praticada no exercício de suas atribuições ou que te- Dia 22, 6ª-feira nha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido. 10:00 RICARDO IZAR (PTB – SP) ÚLTIMA SESSÃO: 12-2-08 10:25 PAULO MALUF (PP – SP) 10:50 ANTONIO CRUZ (PP – MS) Nº 2597/2007 (Gonzaga Patriota) – Dispõe sobre 11:15 BRIZOLA NETO (PDT – RJ) a cobrança da Contribuição de Iluminação Pública 11:40 EUDES XAVIER (PT – CE) para aqueles que não são de fato beneficiados pelo serviço. Dia 25, 2ª-feira DECURSO: 1ª SESSÃO 15:00 CHICO ALENCAR (PSOL – RJ) ÚLTIMA SESSÃO: 18-2-08 15:25 MAURÍCIO TRINDADE (PR – BA) Nº 2625/2007 (Gonzaga Patriota) – Altera a Lei nº Dia 26, 3ª-feira 9.654, de 2 de junho de 1998, que: “cria a carreira de Policial Rodoviário Federal e dá outras providências”. 15:00 JOÃO PIZZOLATTI (PP – SC) 15:25 MARINHA RAUPP (PMDB – RO) DECURSO: 3ª SESSÃO ÚLTIMA SESSÃO: 14-2-08 Dia 27, 4ª-feira ORADORES SORTEADOS PARA O 15:00 SARAIVA FELIPE (PMDB – MG) GRANDE EXPEDIENTE DO MÊS DE FEVE- 15:25 NELSON TRAD (PMDB – MS) REIRO DE 2008 Dia 28, 5ª-feira 15:00 JANETE CAPIBERIBE (PSB – AP) Dia 12, 3ª-feira 15:25 RAUL HENRY (PMDB – PE) 15:00 ANTÔNIO ROBERTO (PV – MG) Dia 29, 6ª-feira 15:25 ROBERTO MAGALHÃES (DEM – PE) 10:00 RAUL JUNGMANN (PPS – PE) 10:25 FELIPE MAIA (DEM – RN) Dia 13, 4ª-feira 10:50 PAULO PIMENTA (PT – RS) 15:00 CARLOS ALBERTO LERÉIA (PSDB – GO) 11:15 NELSON MEURER (PP – PR) Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01553 11:40 RITA CAMATA (PMDB – ES) REUNIÃO ORDINÁRIA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA ORDEM DO DIA DAS COMISSÕES A – Audiência Pública: I – COMISSÕES TEMPORÁRIAS B – Apreciação de Requerimentos. COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR REQUERIMENTO Nº 151/07 Do Sr. Felipe Bornier – PARECER À PROPOSTA DE EMENDA À que “requer sejam convidadas autoridades e jornalis- CONSTITUIÇÃO Nº 98-A, DE 2007, DO SENHOR tas para ampla discussão sobre a questão do menor OTÁVIO LEITE, QUE “ACRESCENTA A ALÍNEA (E) infrator no Rio de Janeiro” AO INCISO VI DO ART. 150 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL”, INSTITUINDO IMUNIDADE REQUERIMENTO Nº 152/07 Da Sra. Cida Diogo – que TRIBUTÁRIA SOBRE OS FONOGRAMAS E “requer a convocação do Juiz Dr. Cláudio do Prado VIDEOFONOGRAMAS MUSICAIS PRODUZIDOS Amaral para apresentação dos dados sobre a infor- NO BRASIL, CONTENDO OBRAS MUSICAIS OU matização do Sistema Penitenciário”. LÍTERO-MUSICAIS DE AUTORES BRASILEIROS, E/OU OBRAS EM GERAL INTERPRETADAS POR REQUERIMENTO Nº 153/08 Do Sr. Domingos Dutra – ARTISTAS BRASILEIROS, BEM COMO OS que “requer sejam convocadas as pessoas abaixo para SUPORTES MATERIAIS OU ARQUIVOS DIGITAIS serem ouvidas em audiência pública a ser realizada QUE OS CONTENHAM. na Assembléia Legislativa do Estado Minas Gerais, na próxima quarta-feira, dia 13”. AVISO II – COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PROPOSIÇÃO EM FASE DE RECEBIMENTO DE PERMANENTES EMENDAS (10 SESSÕES) ENCAMINHAMENTO DE MATÉRIA ÀS DECURSO: 7ª SESSÃO COMISSÕES ÚLTIMA SESSÃO: 15-02-08 EM 11-2-08: Proposta de Emenda à Constituição Comissão de Defesa do Consumidor: (Art. 202, §3º) PROJETO DE LEI Nº 2.705/2007 PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 98/07 Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indús- – Do Sr. Otavio Leite – que “acrescenta a alínea “e” ao inciso VI do art. 150 da Constituição Federal, instituindo tria e Comércio: imunidade tributária sobre os Fonogramas e Videofono- MENSAGEM Nº 1.018/2007 gramas musicais produzidos no Brasil, contendo obras PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 251/2007 musicais ou lítero-musicais de autores brasileiros, e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, Comissão de Finanças e Tributação: bem como os suportes materiais ou arquivos digitais PROJETO DE LEI Nº 2.644/2007 que os contenham”. Comissão de Segurança Pública e Combate ao RELATOR: Deputado JOSÉ OTÁVIO GERMANO. Crime Organizado: COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO COM PROJETO DE LEI Nº 2.716/2007 A FINALIDADE DE INVESTIGAR A REALIDADE DO SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO, COM Comissão de Seguridade Social e Família: DESTAQUE PARA A SUPERLOTAÇÃO DOS PROJETO DE LEI Nº 2.638/2007 PRESÍDIOS, CUSTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS Comissão de Trabalho, de Administração e Servi- DESSES ESTABELECIMENTOS, A PERMANÊN- CIA DE ENCARCERADOS QUE JÁ CUMPRIRAM ço Público: PENA, A VIOLÊNCIA DENTRO DAS INSTITUI- PROJETO DE LEI Nº 2.711/2007 ÇÕES DO SISTEMA CARCERÁRIO, A CORRUP- Comissão de Viação e Transportes: ÇÃO, O CRIME ORGANIZADO E SUAS RAMIFICA- PROJETO DE LEI Nº 2.640/2007 ÇÕES NOS PRESÍDIOS E BUSCAR SOLUÇÕES PARA O EFETIVO CUMPRIMENTO DA LEI DE PROJETO DE LEI Nº 2.645/2007 EXECUÇÕES PENAIS. PROJETO DE LEI Nº 2.721/2007 LOCAL: Plenário 09 do Anexo II (Encerra-se a sessão às 18 horas e 57 HORÁRIO: 10h30min minutos.) 01554 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 PARECER Justificação Projeto oportuno, apresentado com a finalidade PROJETO DE LEI Nº 7.213-A, DE 2002 de incluir e alterar dispositivos da Lei nº 8.745/93, com (Do Poder Executivo) o objetivo de ampliar o rol de atividades aplicadas a Mensagem nº 833/02 modalidade de contratação temporária, contemplan- Aviso nº 1.062/02 – SAP/C. Civil do as de natureza técnica e administrativa no âmbito Altera dispositivos da Lei nº 8.745, de projetos voltados para o atingimento de objetivos de 9 de dezembro de 1993, que dispõe estratégicos previstos no Plano Plurianual, especial- sobre a contratação por tempo determi- mente, aqueles voltados a atender às necessidades nado para atender a necessidade tem- nas áreas sociais, de saúde, de meio ambiente e de porária de excepcional interesse públi- educação. co, nos termos do inciso IX do art. 37 da Com a finalidade de melhorar a proposta do Exe- Constituição; tendo parecer da Comissão cutivo, apresentamos a presente emenda, com a finali- dade da adotarmos o prazo máximo de seis anos para de Trabalho, de Administração e Servi- a contratação, por tempo determinado, e alcançarmos o ço Público, pela rejeição deste, dos de pessoal que realiza atividades especiais, principalmente nºs 1.968/03 e 3.428/04, apensados, e da nas Organizações da Forças Armadas em suas áreas emenda apresentada na Comissão (rela- industrial ou de obras e serviços de engenharia. tor: DEP. PAULO ROCHA). Esta medida se aprovada contribuirá para minorar Despacho: Às Comissões de Trabalho, a falta de servidores civis nas Organizações Militares de Administração e Serviço Público; de Fi- Prestadoras de Serviços Industriais, além de preser- nanças e Tributação (Art. 54); e Contituição e var os conhecimentos e o treinamento adquiridos por Justiça e de Redação (Art. 54). esse pessoal na área industrial da Marinha, só para Apreciação: Proposição sujeita à aprecia- exemplificar, onde os projetos de curto e médio prazos ção conclusiva pelas Comissões – Art. 24 II. sofrem solução de continuidade enquanto se aguarda Publicação do Parecer da Comissão de Trabalho, autorização para a contratação de pessoal permanen- de Administração e Serviço Público te, por concurso público. Sala da Comissão, 12 de março de 2003. – De- PROJETO DE LEI Nº 7.213 DE 2002 putado Luiz Antonio Fleury, PTB-SP. “altera dispositivos da Lei nº 8.745, I – Relatório de 9 de dezembro de 1993, que dispõe O Projeto de Lei nº 7.213, de 2002, objetiva alte- sobre a contratação por tempo determi- rar o texto da Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993, nado para atender a necessidade tem- que dispõe sobre a contratação por tempo determinado porária de excepcional interesse públi- para atender a necessidade temporária de excepcional co, nos termos do inciso IX do art. 37 da interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 Constituição.” da Constituição Federal. EMENDA MODIFICATIVA As modificações introduzidas na citada lei visam ampliar o rol de atividades às quais se aplica a moda- Acrescente-se ao “Art. 4º, da Lei nº 8. 745, de 9 lidade de contratação temporária, acrescentando as de dezembro de 1993”, contido no Artigo 1º do Pro- de natureza técnica no âmbito de projetos voltados jeto de Lei nº 7.213/2002, novas redações aos seus para o atingimento de objetivos estratégicos previstos § 2º e 5º: no Plano Plurianual. “Art. 4º...... No prazo regimental aberto para apresentação de ...... emendas aos projetos, apenas uma foi recebida, a qual § 2º No caso do inciso V do art. 2º, os objetiva ampliar o prazo máximo de contratação por contratos poderão ser prorrogados desde que tempo determinado, de quatro para seis anos, aplicável o prazo total não ultrapasse quatro anos. às atividades especiais nas organizações das Forças ...... Armadas para atender à área industrial ou a encargos § 5º No caso do inciso VI, alíneas “a” e temporários de obras e serviços de engenharia. “g”, do art. 2º, os contratos poderão ser prorro- Foram apensados à proposição principal o PL nº gados desde que o prazo total não ultrapasse 1.968/03 e o PL nº 3.428/04, ambos visando alterar o a seis e oito anos respectivamente. texto do inciso III do art. 9º da mesma lei para permitir Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01555 a recontratação antes de decorridos vinte e quatro me- III – Parecer da Comissão ses do encerramento de contrato anterior: o primeiro A Comissão de Trabalho, de Administração e direcionado aos professores e pesquisadores visitan- Serviço Público, em reunião ordinária realizada hoje, tes estrangeiros, assim como todos aqueles cuja inter- rejeitou o Projeto de Lei nº 7.213/2002, a Emendaa- rupção do contrato inviabilize a atividade, e o segundo presentada naComissão, o PL nº 1968/2003, e o PL referente aos casos em que o processo seletivo tenha nº 3428/2004, apensados, nos termos do Parecer do sido realizado por meio de concurso público. Relator, Deputado Paulo Rocha. Cabe-nos agora, na Comissão de Trabalho, de Estiveram presentes os Senhores Deputados: Administração e Serviço Público, analisar o mérito Nelson Marquezelli – Presidente, Wilson Braga e das proposições com base no que dispõe o art. 32, Paulo Rocha – Vice-Presidentes, Andreia Zito, Daniel inciso XVIII, do Regimento Interno da Câmara dos Almeida, Edgar Moury, Edinho Bez, Gorete Pereira, Deputados. Manuela D’ávila, Marco Maia, Milton Monti, Pedro Hen- É o relatório. ry, Roberto Santiago, Sandro Mabel, Tadeu Filippelli, II – Voto do Relator Tarcísio Zimmermann, Thelma de Oliveira, Vicentinho, Eduardo Barbosa, João Oliveira, Maria Helena, Nelson O crescente número de projetos específicos para Pellegrino, Pepe Vargas e Vanessa Grazziotin. prestação de serviços públicos em caráter emergen- Sala da Comissão, 19 de dezembro de 2007. – cial que não justificam a contratação definitiva de ser- Deputado Nelson Marquezelli, Presidente. vidores estáveis, assim como a necessidade de suprir alguma demanda urgente por determinado serviço COMISSÕES até que se proceda à execução do concurso público e nomeação dos servidores, consagraram o instituto ATAS da contratação por tempo determinado para atender a necessidade excepcional como vital para a adminis- COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO tração pública, mormente por suas características de ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO economia e eficácia. 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária Neste sentido, há que se ressaltar que os objeti- vos perseguidos pelos projetos sob comento, visando Ata da 40ª Reunião Ordinária, Realizada em 7 ampliar as possibilidades de contratação por tempo de Novembro de 2007 determinado, já foram atingidos com a edição, após o Às dez horas e vinte e quatro minutos do dia sete envio da proposição em epígrafe ao Congresso Nacio- de novembro de dois mil e sete, reuniu-se a Comissão nal, da Medida Provisória nº 86, de 18 de dezembro de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, de 2002, a qual foi convertida na Lei nº 10.667, de 14 no Plenário Professor Roberto Campos (nº 5) da Câ- de maio de 2003. mara dos Deputados, com a presença dos Senhores As modificações implementadas pela Lei Deputados Wellington Fagundes – Presidente; Albano 10.667/03, quando não são idênticas àquelas apre- Franco, Antônio Andrade e Vanderlei Macris – Vice- sentadas nas proposições ora sob análise, decorrem Presidentes; Dr. Adilson Soares, Dr. Ubiali, Evandro de uma evolução natural dos dispositivos ali propostos, Milhomen, João Maia, Jurandil Juarez, Lúcio Vale, de forma a torná-los menos específicos, ampliando Miguel Corrêa Jr., Osório Adriano , Reginaldo Lopes, seu alcance. Renato Molling e Rodrigo de Castro – Titulares; Ali- Quanto à emenda apresentada na CTASP, visando ne Corrêa, Carlos Eduardo Cadoca, Celso Maldaner, ampliar em dois anos o prazo máximo para contratação Fernando Coelho Filho, Guilherme Campos, Jairo Ata- nas atividades especiais das organizações das Forças íde, Miguel Martini, Rocha Loures e Vicentinho Alves Armadas, entendemos que ultrapassa o espírito da lei, – Suplentes. Compareceu também o Deputado Milton estendendo os prazos de contratação para além do Monti, como não-membro. Deixaram de comparecer que deveria ser considerado temporário. os Deputados Edson Ezequiel, Fernando de Fabinho Desta forma, ante o exposto, nosso voto é pela e Fernando Lopes. ABERTURA: Havendo número re- REJEIÇÃO, no mérito, do Projeto de Lei nº 7.213, de gimental, o senhor Presidente declarou abertos os tra- 2002, e da emenda a ele apresentada, bem como do balhos e colocou em apreciação a Ata da 39ª reunião, Projeto de Lei nº 1.968, de 2003, e do Projeto de Lei realizada no dia 31 de outubro de 2007. Por solicitação nº 3.428, de 2004, apensados ao primeiro. do Deputado Jairo Ataíde, foi dispensada a leitura da Sala da Comissão, 27 de novembro de 2007. – Ata. Em votação, a Ata foi aprovada. EXPEDIENTE: Deputado Paulo Rocha, Relator. O Presidente comunicou as designações de relatores 01556 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 realizadas nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, dastros de Inadimplentes, como o SERASA e o SPC”. para as proposições distribuídas a esta Comissão. OR- RETIRADO DE PAUTA DE OFÍCIO. D – Proposições DEM DO DIA: A – Discussão e votação das emendas Sujeitas à Apreciação Conclusiva pelas Comissões: a serem oferecidas pela Comissão ao Projeto de Lei nº ORDINÁRIA: 8 – PROJETO DE LEI Nº 808/07 – Do 30/2007-CN, Lei Orçamentária Anual (2008). ADIADA Sr. Nazareno Fonteles – que “institui a Política Nacional A DISCUSSÃO. B- Matéria sobre a Mesa: 1 – RE- de Inclusão e Promoção dos Microempreendedores QUERIMENTO Nº 83/07 – Do Sr. Albano Franco – que Urbanos”. RELATOR: Deputado JURANDIL JUAREZ. “requer audiência Pública com autoridades governa- PARECER: pela rejeição. Vista ao Deputado Miguel mentais para debater a questão da escassez de gás Corrêa Jr., em 24/10/2007. RETIRADO DE PAUTA A natural para atender ao consumo interno”. DISCUTIU REQUERIMENTO DE DEPUTADO. 9 – PROJETO DE A MATÉRIA O DEP. ALBANO FRANCO (PSDB-SE). LEI Nº 1.053/07 – Do Sr. Fernando Coruja – que “pro- APROVADO. C – Requerimentos: 2 – REQUERIMEN- íbe a comercialização de medicamentos que tenham TO Nº 77/07 – Do Sr. Vanderlei Macris – que “solicita como princípio ativo a substância etoricoxibe”. RELA- seja convocada a Sra. Ministra – Chefe da Casa Civil TOR: Deputado DR. UBIALI. PARECER: pela rejeição. para prestar esclarecimentos a esta Comissão sobre Vista conjunta aos Deputados Leandro Sampaio e os contratos de concessão de rodovias brasileiras e Osório Adriano, em 24/10/2007. DISCUTIU A MA- a empresa espanhola OHL, objeto de denúncias em TÉRIA O DEP. DR. UBIALI (PSB-SP). REJEITADO seu país de origem”. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. O PROJETO, NOS TERMOS DO PARECER DO RE- ALBANO FRANCO (PSDB-SE). RETIRADO DE PAU- LATOR. 10 – PROJETO DE LEI Nº 1.421/07 – Do Sr. TA DE OFÍCIO. 3 – REQUERIMENTO Nº 78/07 – Do Rogerio Lisboa – que “altera a Lei nº 10.438, de 26 de Sr. Vanderlei Macris – que “solicita seja convocado o abril de 2002, de forma a eliminar a necessidade da Sr. Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão nacionalização dos equipamentos e serviços referentes para prestar esclarecimentos a esta Comissão sobre à produção de energia eólica”. RELATOR: Deputado os contratos de concessão de rodovias brasileiras e a FERNANDO LOPES. PARECER: pela rejeição. Vista empresa espanhola OHL, objeto de denúncias em seu ao Deputado Guilherme Campos, em 26/09/2007. país de origem”. RETIRADO DE PAUTA DE OFÍCIO. 4 O Deputado Guilherme Campos apresentou voto – REQUERIMENTO Nº 79/07 – Do Sr. Vanderlei Macris em separado em 23/10/2007. DISCUTIRAM A MA- – que “solicita seja convocado o Sr. Ministro dos Trans- TÉRIA: DEP. JOÃO MAIA (PR-RN), DEP. GUILHER- portes para prestar esclarecimentos a esta Comissão ME CAMPOS (DEM-SP), DEP. DR. UBIALI (PSB-SP), sobre os contratos de concessão de rodovias brasileiras DEP. JURANDIL JUAREZ (PMDB-AP), DEP. MIGUEL e a empresa espanhola OHL, objeto de denúncias em CORRÊA JR. (PT-MG) E DEP. RODRIGO DE CASTRO seu país de origem”. RETIRADO DE PAUTA DE OFÍ- (PSDB-MG). RETIRADO DE PAUTA A REQUERIMEN- CIO. 5 – REQUERIMENTO Nº 80/07 – Do Sr. Vander- TO DE DEPUTADO. Neste momento o Presidente De- lei Macris – que “solicita seja convocado o Sr. Ministro putado Wellington Fagundes passa a presidência dos das Relações Exteriores para prestar esclarecimentos trabalhos para o Primeiro Vice-Presidente, Deputado a esta Comissão sobre os contratos de concessão de Albano Franco. 11 – PROJETO DE LEI Nº 1.038/03 rodovias brasileiras e a empresa espanhola OHL, objeto – Do Sr. Ricardo Izar – que “acrescenta inciso VIII e de denúncias em seu país de origem”. RETIRADO DE parágrafo único ao art. 473 da Consolidação das Leis PAUTA DE OFÍCIO. 6 – REQUERIMENTO Nº 81/07 – do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de Da Sra. Fátima Bezerra – que “solicita a realização de 1º de maio de 1943, para dispor sobre falta justificada Audiência Pública com autoridades governamentais de pais de crianças portadoras de deficiência física para tratar e debater o projeto de Construção do Ae- para acompanhamento de terapias e tratamentos mé- roporto de São Gonçalo do Amarante no Rio Grande dicos”. (Apensados: PL nº 2452/2003, PL nº 1265/2003 do Norte e sua efetiva inclusão no Plano de Acelera- e PL nº 3768/2004) RELATOR: Deputado DR. UBIALI. ção do Crescimento – PAC”. DISCUTIU A MATÉRIA PARECER: pela rejeição deste, do PL nº 1265/2003 O DEP. JOÃO MAIA (PR-RN). APROVADO. 7 – RE- e do PL nº 2452/2003, apensados, e pela aprovação QUERIMENTO Nº 82/07 – Do Sr. Leandro Sampaio do Substitutivo da Comissão de Seguridade Social e – que “solicita a realização de audiência pública, em Família e do PL nº 3768/2004, apensado, na forma conjunto com as Comissões de Constituição e Justi- do substitutivo. DISCUTIRAM A MATÉRIA: DEP. DR. ça e de Cidadania e de Finanças e Tributação, para UBIALI (PSB-SP) E DEP. MIGUEL CORRÊA JR. (PT- discutir a aplicação do artigo 46 da Lei 11.457/2007, MG). VISTA AO DEPUTADO JURANDIL JUAREZ. 12 que permite à União incluir os nomes dos contribuintes – PROJETO DE LEI Nº 6.007/05 – Do Sr. Max Rosen- cujos débitos estejam inscritos em dívida ativa em ca- mann – que “acrescenta o artigo 42-A, à Lei nº 8.078, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01557 de 11 de setembro de 1990”. RELATOR: Deputado sidente comunicou as designações de relatores reali- RODRIGO DE CASTRO. PARECER: pela aprova- zadas nos dias oito e nove de novembro, para as pro- ção. DISCUTIRAM A MATÉRIA: DEP. RODRIGO DE posições distribuídas a esta Comissão. ORDEM DO CASTRO (PSDB-MG), DEP. DR. UBIALI (PSB-SP) DIA: A – Discussão e votação das emendas a serem E DEP. JURANDIL JUAREZ (PMDB-AP). RETIRA- oferecidas pela Comissão ao Projeto de Lei nº 30/2007- DO DE PAUTA PELO RELATOR. Em seguida, nos CN, Lei Orçamentária Anual (2008). DISCUTIRAM A termos do artigo 43, parágrafo único, do Regimento MATÉRIA OS DEPUTADOS JURANDIL JUAREZ Interno, o Deputado Albano Franco passa a presidên- (PMDB-AP), MIGUEL CORRÊA JR. (PT-MG) E cia dos trabalhos ao Segundo Vice–Presidente, De- WELLINGTON FAGUNDES (PR-MT). EMENDAS DE putado Antônio Andrade. 13 – PROJETO DE LEI Nº APROPRIAÇÃO: Emenda nº 1 – Apoio ao Pequeno e 1.633/07 – Do Sr. Osmar Serraglio – que “suprime e Médio Produtor Agropecuário (Funcional Programática altera dispositivos da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro 20.605.6003.8611.0001, Seqüencial da Despesa de 2002 – Código Civil Brasileiro”. RELATOR: Depu- 01470) para o Ministério da Agricultura, Pecuária e tado ALBANO FRANCO. PARECER: pela aprovação. Abastecimento, valor de R$ 25.000.000,00 (vinte e DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. ALBANO FRANCO cinco milhões de reais). APROVADA; Emenda nº 2 (PSDB-SE). APROVADO POR UNANIMIDADE O PA- – Fortalecimento das Cadeias Produtivas (Funcional RECER. ENCERRAMENTO: Nada mais havendo a tra- Programática 22.661.0812.2768.0001, Seqüencial da tar, o Segundo Vice–Presidente encerrou os trabalhos Despesa 01976) para o Ministério do Desenvolvimen- às onze horas e trinta e oito minutos. E, para constar, to, Indústria e Comércio Exterior, valor de R$ eu ______, Lin Israel Costa dos 35.000.000,00 (trinta e cinco milhões de reais). APRO- Santos, lavrei a presente Ata, que por ter sido lida e VADA; Emenda nº 3 – Reaparelhamento da Infra- aprovada, será assinada pelo Presidente Deputado Estrutura nas Áreas sob Jurisdição (Funcional Progra- Wellington Fagundes ______, e mática 22.661.1020.10D5.0010, Seqüencial da Des- publicada no Diário da Câmara dos Deputados. pesa 02050) da SUFRAMA, valor de R$ 37.500.000,00 (trinta e sete milhões e quinhentos mil reais). APRO- COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO VADA; e Emenda nº 4 – Promoção de Eventos para ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO Divulgação do Turismo Interno (Funcional Programá- 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária tica 23.695.1166.4620.0001, Seqüencial da Despesa 05234) para o Ministério do Turismo, valor de R$ Ata da 41ª Reunião Ordinária, Realizada em 100.000.000,00 (cem milhões de reais). APROVADA. 13 de Novembro de 2007 EMENDAS DE REMANEJAMENTO: Emenda nº 5 – Às dez horas e trinta e sete minutos do dia treze Capacitação para Microempresas e Empresas de Pe- de novembro de dois mil e sete, reuniu-se a Comissão queno e Médio Porte (Funcional Programática de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, 22.128.0419.2710.0001, Seqüencial da Despesa no Plenário Professor Roberto Campos da Câmara 01961) para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria dos Deputados, com a presença dos Senhores Depu- e Comércio Exterior, valor de R$ 5.000.000,00 (cinco tados Wellington Fagundes – Presidente; Albano Fran- milhões de reais). APROVADA; Emenda nº 6 – Ener- co, Antônio Andrade e Vanderlei Macris – Vice-Presi- gização Rural (Funcional Programática dentes; Dr. Adilson Soares, Dr. Ubiali, Jurandil Juarez, 20.752.6003.5914.0001, Seqüencial da Despesa Lúcio Vale, Miguel Corrêa Jr., Reginaldo Lopes, Rena- 01471) para o Ministério da Agricultura, Pecuária e to Molling e Rodrigo de Castro – Titulares; Emanuel Abastecimento, valor de R$ 10.000.000,00 (dez mi- Fernandes, Fernando Coelho Filho, Guilherme Cam- lhões de reais). APROVADA; Emenda nº 7 – Promo- pos, Leandro Sampaio, Luiz Paulo Vellozo Lucas, Mi- ção e Participação em Exposições e Feiras Agropecu- guel Martini, Vicentinho Alves e Waldir Neves – Su- árias (Funcional Programática 20.691.6003.4756.0001, plentes. Deixaram de comparecer os Deputados Edson Seqüencial da Despesa 01464) para o Ministério da Ezequiel, Evandro Milhomen, Fernando de Fabinho, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, valor de R$ Fernando Lopes, João Maia e Osório Adriano. ABER- 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais). APRO- TURA: Havendo número regimental, o senhor Presi- VADA; Emenda nº 8 – Pesquisa e Desenvolvimento dente declarou abertos os trabalhos e colocou à apre- (Funcional Programática 20.572.1409.2D36.001, Se- ciação a Ata da 40ª reunião, realizada no dia sete de qüencial da Despesa 01496) para a Competitividade novembro de dois mil e sete. Por solicitação do Depu- e Sustentabilidade da Agroenergia para EMBRAPA, tado Jurandil Juarez, foi dispensada a leitura da Ata. valor R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais). Os re- Em votação, a Ata foi aprovada. EXPEDIENTE: O Pre- cursos para as Emendas de Remanejamento serão 01558 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 obtidos por intermédio de corte linear dos Recur- o texto do Acordo Comercial entre o Governo da Re- sos de Investimentos e Custeio dos Ministérios de pública Federativa do Brasil e o Governo da República Agricultura e de Desenvolvimento Indústria e Co- Argelina Democrática e Popular, celebrado em Argel, mércio Exterior. APROVADA. B – Requerimentos: em 8 de fevereiro de 2006”. RELATOR: Deputado CAR- 1 – REQUERIMENTO Nº 51/07 – Do Sr. Vanderlei Ma- LOS EDUARDO CADOCA. PARECER: pela aprovação. cris – que “solicita seja convocada a Sra. Ministra Che- NÃO DELIBERADO, EM RAZÃO DO INÍCIO DA OR- fe da Casa Civil, Dilma Roussef, a comparecer a esta DEM DO DIA NO PLENÁRIO DA CÂMARA. PRIORI- Comissão para prestar esclarecimentos sober a exe- DADE: 6 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº cução do PAC”. DISCUTIRAM A MATÉRIA: DEP. VAN- 375/06 – Do Poder Executivo – que “dispõe sobre a DERLEI MACRIS (PSDB-SP), DEP. MIGUEL CORRÊA composição do Conselho de Administração da Supe- JR. (PT-MG), DEP. ALBANO FRANCO (PSDB-SE), rintendência da Zona Franca de Manaus, e dá outras DEP. REGINALDO LOPES (PT-MG), DEP. GUILHER- providências”. RELATOR: Deputado JURANDIL JUA- ME CAMPOS (DEM-SP) E DEP. JURANDIL JUAREZ REZ. PARECER: pela aprovação. NÃO DELIBERADO, (PMDB-AP). O Deputado Reginaldo Lopes apresen- EM RAZÃO DO INÍCIO DA ORDEM DO DIA NO PLE- tou Questão de Ordem, conforme § 1º do artigo 46 NÁRIO DA CÂMARA. D – Proposições Sujeitas à do Regimento Interno, quando os trabalhos foram Apreciação Conclusiva pelas Comissões: ORDI- encerrados. NÃO DELIBERADO, EM RAZÃO DO NÁRIA: 7 – PROJETO DE LEI Nº 29/07 – Do Sr. Pau- INÍCIO DA ORDEM DO DIA NO PLENÁRIO DA CÂ- lo Bornhausen – que “dispõe sobre a organização e MARA. 2 – REQUERIMENTO Nº 77/07 – Do Sr. Van- exploração das atividades de comunicação social ele- derlei Macris – que “solicita seja convocada a Sra. trônica e dá outras providências”. (Apensados: PL nº Ministra – Chefe da Casa Civil para prestar esclareci- 70/2007, PL nº 332/2007 e PL nº 1908/2007) RELA- mentos a esta Comissão sobre os contratos de con- TOR: Deputado WELLINGTON FAGUNDES. PARECER: cessão de rodovias brasileiras e a empresa espanho- Parecer às emendas apresentadas ao Substitutivo do la OHL, objeto de denúncias em seu país de origem”. Relator , Dep. Wellington Fagundes (PR-MT), pela NÃO DELIBERADO, EM RAZÃO DO INÍCIO DA OR- aprovação deste, da Emenda 1/2007 da CCTCI, da DEM DO DIA NO PLENÁRIO DA CÂMARA. 3 – RE- Emenda 1/2007 da CDEIC, da Emenda 2/2007 da CC- QUERIMENTO Nº 82/07 – Do Sr. Leandro Sampaio TCI, da Emenda 2/2007 da CDEIC, da Emenda 3/2007 – que “solicita a realização de audiência pública, em da CCTCI, da Emenda 3/2007 da CDEIC, da Emenda em conjunto com as Comissões de Constituição e Jus- 4/2007 da CCTCI, da Emenda 4/2007 da CDEIC, da tiça e de Cidadania e de Finanças e Tributação, para Emenda 5/2007 da CDEIC, da Emenda 6/2007 da discutir a aplicação do artigo 46 da Lei 11.457/2007, CDEIC, da Emenda 7/2007 da CCTCI, da Emenda que permite à União incluir os nomes dos contribuintes 7/2007 da CDEIC, da Emenda 8/2007 da CCTCI, da cujos débitos estejam inscritos em dívida ativa em ca- Emenda 8/2007 da CDEIC, da Emenda 9/2007 da dastros de Inadimplentes, como o SERASA e o SPC”. CDEIC, da Emenda 10/2007 da CCTCI, da Emenda NÃO DELIBERADO, EM RAZÃO DO INÍCIO DA OR- 10/2007 da CDEIC, da Emenda 11/2007 da CCTCI, DEM DO DIA NO PLENÁRIO DA CÂMARA. 4 – RE- da Emenda 11/2007 da CDEIC, da Emenda 12/2007 QUERIMENTO Nº 84/07 – Do Sr. Miguel Corrêa Jr. – da CCTCI, da Emenda 12/2007 da CDEIC, da Emen- que “solicita que sejam convidados a Sra. Ministra- da 13/2007 da CDEIC, da Emenda 14/2007 da CDEIC, Chefe da Casa Civil, o Sr. Subchefe de Articulação e da Emenda 15/2007 da CDEIC, da Emenda 16/2007 Acompanhamento da Casa Civil, o Diretor-Geral da da CDEIC, da Emenda 17/2007 da CDEIC, da Emen- Agência Nacional de Transportes Terrestres e o Supe- da 18/2007 da CDEIC, da Emenda 19/2007 da CDEIC, rintendente de Regulação da Exploração da Infra-Es- da Emenda 20/2007 da CDEIC, da Emenda 21/2007 trutura da Agência Nacional de Transportes Terrestres, da CDEIC, da Emenda 22/2007 da CDEIC, da Emen- para prestarem esclarecimentos a esta Comissão so- da 23/2007 da CDEIC, da Emenda 24/2007 da CDEIC, bre os contratos de concessão de rodovias brasileiras, da Emenda 25/2007 da CDEIC, da Emenda 1/2007 ao inclusive sobre o que envolve a empresa espanhola PL nº 70/2007 da CCTCI, da Emenda 2/2007 ao PL OHL, objeto de denúncias em seu país de origem”. nº 332/2007 da CCTCI, do PL nº 70/2007, do PL nº NÃO DELIBERADO, EM RAZÃO DO INÍCIO DA OR- 332/2007, e do PL nº 1908/2007, apensados, e pela DEM DO DIA NO PLENÁRIO DA CÂMARA. C – Pro- rejeição da Emenda 5/2007 da CCTCI, da Emenda posições Sujeitas à Apreciação do Plenário: UR- 6/2007 da CCTCI, e da Emenda 9/2007 da CCTCI. GÊNCIA: 5 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Vista conjunta aos Deputados Albano Franco, Gui- Nº 373/07 – Da Comissão de Relações Exteriores e lherme Campos, Miguel Corrêa Jr., Reginaldo Lopes de Defesa Nacional – (MSC 389/2007) – que “aprova e Vanderlei Macris, em 31/10/2007. NÃO DELIBE- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01559 RADO, EM RAZÃO DO INÍCIO DA ORDEM DO DIA tar da pauta do dia, uma vez que fora matéria não NO PLENÁRIO DA CÂMARA. ENCERRAMENTO: apreciada na reunião ordinária anterior. Foi resolvido Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou os de comum acordo, entre o Deputado Vanderlei Macris trabalhos às onze horas e vinte e nove minutos. E, para e os deputados da base do governo desta Comissão, constar, eu ______, Lin Israel Cos- que o Requerimento nº 51/07 não seria incluído na ta dos Santos, lavrei a presente Ata, que por ter sido pauta, ficando acordado o próximo dia 5 (cinco) de lida e aprovada, será assinada pelo 2º Vice-Presiden- dezembro para realização da Reunião de Audiência te, Deputado Antônio Andra- Pública, com a presença da Ministra-Chefe da Casa de______, e publicada no Diário Civil e ainda que, caso a Ministra não compareça na da Câmara dos Deputados. data sobredita, comprometeu-se o Presidente, Depu- tado Wellington Fagundes, de subscrever o Requeri- COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO mento nº 51/07. ORDEM DO DIA: A – Requerimentos: ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 1 – REQUERIMENTO Nº 82/07 – Do Sr. Leandro Sam- 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária paio – que “solicita a realização de audiência pública, em conjunto com as Comissões de Constituição e Jus- Ata da 42ª Reunião Ordinária, Realizada em tiça e de Cidadania e de Finanças e Tributação, para 21 de Novembro de 2007 discutir a aplicação do artigo 46 da Lei 11.457/2007, Às dez horas e cinqüenta e um minutos do dia que permite à União incluir os nomes dos contribuintes vinte e um de novembro de dois mil e sete, reuniu-se cujos débitos estejam inscritos em dívida ativa em ca- a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria dastros de inadimplentes, como o SERASA e o SPC”. e Comércio, no Plenário Professor Roberto Campos DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. LEANDRO SAMPAIO da Câmara dos Deputados, com a presença dos Se- (PPS-RJ). APROVADO. 2 – REQUERIMENTO Nº 85/07 nhores Deputados Wellington Fagundes – Presidente; – Do Sr. Dr. Ubiali – que “solicita a realização de Audi- Albano Franco, Antônio Andrade e Vanderlei Macris ência Pública conjunta das Comissões de Desenvol- – Vice-Presidentes; Dr. Adilson Soares, Dr. Ubiali, Evan- vimento Econômico, Indústria e Comércio – CDEIC e dro Milhomen, Fernando de Fabinho, João Maia, Ju- Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – CMA- randil Juarez, Lúcio Vale, Miguel Corrêa Jr., Osório DS, para debater as diretrizes para uma política de Adriano, Reginaldo Lopes e Rodrigo de Castro – Titu- estímulo à migração de capitais e força de trabalho da lares; Celso Maldaner, Guilherme Campos, Leandro indústria de filmes plásticos não degradáveis para as Sampaio, Luiz Paulo Vellozo Lucas, Miguel Martini, indústrias de reciclagem, filmes plásticos reciclados e Rocha Loures e Vicentinho Alves – Suplentes. Com- filmes plásticos biodegradáveis”.DISCUTIU A MATÉ- pareceram também os Deputados Nazareno Fonteles RIA O DEP. DR. UBIALI (PSB-SP). APROVADO. B e Dr. Pinotti como não-membros. Deixaram de compa- – Proposições Sujeitas à Apreciação do Plenário: recer os Deputados Edson Ezequiel, Fernando Lopes URGÊNCIA: 3 – PROJETO DE DECRETO LEGISLA- e Renato Molling. ABERTURA: Havendo número re- TIVO Nº 373/07 – Da Comissão de Relações Exterio- gimental, o senhor Presidente declarou abertos os res e de Defesa Nacional – (MSC 389/2007) – que trabalhos e colocou em apreciação a Ata da quadra- “aprova o texto do Acordo Comercial entre o Governo gésima primeira reunião realizada no dia treze de no- da República Federativa do Brasil e o Governo da Re- vembro de dois mil sete. Por solicitação do Deputado pública Argelina Democrática e Popular, celebrado em Jurandil Juarez, foi dispensada a leitura da Ata. Em Argel, em 8 de fevereiro de 2006”. RELATOR: Deputa- votação, a Ata foi aprovada. EXPEDIENTE: O Presi- do CARLOS EDUARDO CADOCA. PARECER: pela dente comunicou as designações de relatores realiza- aprovação. DESIGNADO RELATOR SUBSTITUTO, das no dia quatorze de novembro de dois mil e sete, DEP. JURANDIL JUAREZ (PMDB-AP). DISCUTIU A para as proposições distribuídas a esta Comissão. An- MATÉRIA O DEP. JURANDIL JUAREZ (PMDB-AP). tes do início da Ordem do Dia, o Deputado Vanderlei APROVADO POR UNANIMIDADE O PARECER. PRIO- Macris suscitou Questão de Ordem acerca do Reque- RIDADE: 4 – PROJETO DE LEI Nº 139/99 – Do Sr. rimento nº 51/07, de sua autoria, que requer a convo- Alberto Goldman – que “altera a Lei nº 9.279, de 14 cação da Ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousse- de maio de 1996, que “regula direitos e obrigações ff para prestar esclarecimentos sobre o Programa de relativos à propriedade industrial”, modificando dispo- Aceleração do Crescimento – PAC, na Comissão de sitivos que dispõem sobre direitos conferidos pela pa- Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio. tente e a concessão de licença compulsória”. (Apen- Aduziu que, nos termos do parágrafo 2º, artigo 86, do sados: PL nº 3562/2000, PL nº 303/2003 e PL nº Regimento Interno, aquele requerimento deveria cons- 7066/2002) RELATOR: Deputado OSÓRIO ADRIANO. 01560 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 PARECER: pela aprovação deste, com emenda, e pela putado LÚCIO VALE. PARECER: pela aprovação des- rejeição do PL nº 3562/2000, do PL nº 303/2003. Quan- te, do Substitutivo da Comissão de Defesa do Consu- to ao PL nº 7066/2002, sem manifestação. O Deputa- midor, do PL nº 1.784/2003 e do PL nº 4.347/2004, do Ronaldo Dimas apresentou voto em separado apensados, e pela rejeição da Emenda 1/2003 da Co- em 24/11/2004. DISCUTIRAM A MATÉRIA: DEP. LE- missão de Defesa do Consumidor, do PL nº 7.277/2002 ANDRO SAMPAIO (PPS-RJ) E DEP. OSÓRIO ADRIA- e do PL nº 1.156/2003, apensados. DISCUTIRAM A NO (DEM-DF). RETIRADO DE PAUTA A REQUERI- MATÉRIA: DEP. LÚCIO VALE (PR-PA) E DEP. MIGUEL MENTO DO DEPUTADO LEANDRO SAMPAIO. 5 – CORRÊA JR. (PT-MG). RETIRADO DE PAUTA PELO PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 375/06 – Do RELATOR. 10 – PROJETO DE LEI Nº 230/03 – Do Sr. Poder Executivo – que “dispõe sobre a composição do Dr. Pinotti – que “acrescenta inciso ao art. 43 da Lei nº Conselho de Administração da Superintendência da 9.279, de 14 de maio de 1996, limitando os direitos de Zona Franca de Manaus, e dá outras providências”. proteção patentária das substâncias farmacêuticas RELATOR: Deputado JURANDIL JUAREZ. PARECER: componentes de medicamentos produzidos pelos la- pela aprovação. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. JU- boratórios estatais”. RELATOR: Deputado NELSON RANDIL JUAREZ (PMDB-AP). APROVADO POR MARQUEZELLI. PARECER: pela rejeição. O Deputa- UNANIMIDADE O PARECER. 6 – PROJETO DE LEI do Ronaldo Dimas apresentou voto em separado COMPLEMENTAR Nº 32/07 – Do Sr. Nazareno Fon- em 27/08/2003. RETIRADO DE PAUTA DE OFÍCIO. teles – que “altera a redação do art. 3º, § 4º, inciso VI, 11 – PROJETO DE LEI Nº 29/07 – Do Sr. Paulo Bor- da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de nhausen – que “dispõe sobre a organização e explo- 2006, que institui o Estatuto Nacional da Microempre- ração das atividades de comunicação social eletrônica sa e da Empresa de Pequeno Porte”. (Apensado: PLP e dá outras providências”. (Apensados: PL nº 70/2007, 74/2007) RELATOR: Deputado ALBANO FRANCO. PL nº 332/2007 e PL nº 1908/2007) RELATOR: Depu- PARECER: pela aprovação deste e pela rejeição do tado WELLINGTON FAGUNDES. PARECER: Parecer PLP 74/2007, apensado. DISCUTIU A MATÉRIA O às emendas apresentadas ao Substitutivo do Relator, DEP. ALBANO FRANCO (PSDB-SE). APROVADO Dep. Wellington Fagundes (PR-MT), pela aprovação POR UNANIMIDADE O PARECER. ORDINÁRIA: 7 dos Projetos de Lei nºs 29/07, 70/07, 332/07 e 1.908/07, – PROJETO DE RESOLUÇÃO (CD) Nº 281/06 – Do das Emendas ao Substitutivo apresentado na Comis- Sr. Ronaldo Caiado e outros – que “institui Comissão são de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Co- Parlamentar de Inquérito destinada a investigar as mércio de nºs. 2, 4, 10, 11, 12, 16, 17, 19, 20, 22, 24 causas da crise por que passa o setor produtivo de a 31 e pela rejeição das Emendas nºs. 1, 3, 5 a 9, 13 carnes no Brasil, a formação de cartel, concentração a 15, 18, 21, 23 e 32, na forma de novo Substitutivo de unidades frigoríficas, manipulação de preços no apresentado. Vista conjunta aos Deputados Albano mercado de carnes, benefícios fiscais e empréstimos Franco, Guilherme Campos, Miguel Corrêa Jr., Re- de bancos oficiais recebidos por frigoríficos, e a com- ginaldo Lopes e Vanderlei Macris, em 31/10/2007. pra do frigorífico argentino Swift Armour S/A com re- RETIRADO DE PAUTA A REQUERIMENTO DO DE- cursos do BNDES”. RELATOR: Deputado ANTÔNIO PUTADO JOÃO MAIA. 12 – PROJETO DE LEI Nº ANDRADE. PARECER: pela aprovação. RETIRADO 503/07 – Do Sr. Márcio Junqueira – que “altera a Lei DE PAUTA PELO RELATOR. C – Proposições Su- nº 8.256, de 25 de novembro de 1991, desmembra a jeitas à Apreciação Conclusiva pelas Comissões: instalação da Área de Livre Comércio no Município do ORDINÁRIA: 8 – PROJETO DE LEI Nº 573/95 – Do Bonfim, no Estado de Roraima e dá outras providên- Sr. Júlio Redecker – que “dispõe sobre o certificado de cias”. RELATOR: Deputado EVANDRO MILHOMEN. garantia de quilometragem rodada de pneus novos PARECER: pela aprovação deste, com as três emen- para carros de passeio e dá outras providências”. RE- das da Comissão da Amazônia, Integração Nacional LATOR: Deputado OSÓRIO ADRIANO. PARECER: e de Desenvolvimento Regional. RETIRADO DE PAU- pela aprovação deste, na forma do substitutivo. DIS- TA DE OFÍCIO. 13 – PROJETO DE LEI Nº 808/07 – Do CUTIRAM A MATÉRIA: DEP. OSÓRIO ADRIANO Sr. Nazareno Fonteles – que “institui a Política Nacio- (DEM-DF) E DEP. VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP). nal de Inclusão e Promoção dos Microempreendedores APROVADO POR UNANIMIDADE O PARECER. 9 – Urbanos”. RELATOR: Deputado JURANDIL JUAREZ. PROJETO DE LEI Nº 4.804/01 – Do Sr. Edinho Bez PARECER: pela rejeição. Vista ao Deputado Miguel – que “dispõe sobre a atividade de empresa emissora Corrêa Jr., em 24/10/2007. RETIRADO DE PAUTA de cartão de crédito, e dá outras providências”. (Apen- PELO AUTOR. 14 – PROJETO DE LEI Nº 1.615/07 sados: PL nº 7277/2002 (Apensado: PL nº 1156/2003), – Do Sr. Antonio Carlos Mendes Thame – que “dispõe PL nº 1784/2003 e PL nº 4347/2004) RELATOR: De- sobre a pesagem de produto em loja de auto-serviço Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01561 e supermercado”. RELATOR: Deputado LÚCIO VALE. das reservas Internacionais a elas vinculadas. Neste PARECER: pela rejeição. Vista ao Deputado Guilher- momento, assumiu a Presidência o Deputado Albano me Campos, em 26/09/2007. RETIRADO DE PAUTA Franco, nos termos do artigo 43 do Regimento Interno. A REQUERIMENTO DO DEPUTADO VANDERLEI ORDEM DO DIA: A – Proposições Sujeitas à Apre- MACRIS. 15 – PROJETO DE LEI Nº 1.758/07 – Do Sr. ciação Conclusiva pelas Comissões: ORDINÁRIA: 1 Silvinho Peccioli – que “dispõe sobre os procedimentos – PROJETO DE LEI Nº 29/07 – Do Sr. Paulo Bornhau- a serem adotados quando não for possível a devolução sen – que “dispõe sobre a organização e exploração integral do troco”. RELATOR: Deputado LÚCIO VALE. das atividades de comunicação social eletrônica e dá PARECER: pela aprovação, com emenda. DISCUTI- outras providências”. (Apensados: PL nº 70/2007, PL RAM A MATÉRIA: DEP. LÚCIO VALE (PR-PA) E DEP. nº 332/2007 e PL nº 1908/2007) RELATOR: Deputado MIGUEL CORRÊA JR. (PT-MG).APROVADO POR WELLINGTON FAGUNDES. PARECER: Pela aprova- UNANIMIDADE O PARECER. ENCERRAMENTO: ção dos Projetos de Lei nºs 29/07, 70/07, 332/07 e Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou os 1.908/07, das Emendas ao Substitutivo apresentado trabalhos às treze horas e um minuto. E, para constar, na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria eu ______, Lin Israel Costa dos e Comércio de nºs. 2, 4, 10, 11, 12, 16, 17, 19, 20, 22, Santos, lavrei a presente Ata, que por ter sido lida e 24 a 31 e pela rejeição das Emendas nºs. 1, 3, 5 a 9, aprovada, será assinada pelo Presidente, Deputado 13 a 15, 18, 21, 23 e 32, na forma de novo Substitutivo. Wellington Fagundes ______, e Vista conjunta aos Deputados Albano Franco, Gui- publicada no Diário da Câmara dos Deputados. lherme Campos, Miguel Corrêa Jr., Reginaldo Lopes e Vanderlei Macris, em 31-10-07. DISCUTIRAM A COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO MATÉRIA: DEP. WELLINGTON FAGUNDES (PR-MT), ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO DEP. JOÃO MAIA (PR-RN) E DEP. VANDERLEI MA- 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária CRIS (PSDB-SP). APROVADO POR UNANIMIDADE O PARECER, COM COMPLEMENTAÇÃO DE VOTO. Ata da 43ª Reunião Ordinária Realizada em 22 ENCERRAMENTO: Nada mais havendo a tratar, o Pre- de Novembro de 2007 sidente encerrou os trabalho às onze horas. E, para Às dez horas do dia vinte e dois de novembro de constar, eu ______, Lin Israel Costa dois mil e sete, reuniu-se a Comissão de Desenvolvi- dos Santos, lavrei a presente Ata, que por ter sido lida mento Econômico, Indústria e Comércio, no Plenário e aprovada, será assinada pelo Presidente, Deputado 4 da Câmara dos Deputados, com a presença dos Se- Wellington Fagundes ______, e nhores Deputados Wellington Fagundes – Presidente; publicada no Diário da Câmara dos Deputados. Albano Franco, Antônio Andrade e Vanderlei Macris COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO – Vice-Presidentes; Dr. Ubiali, João Maia, Jurandil ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO Juarez, Lúcio Vale, Miguel Corrêa Jr. e Osório Adria- no – Titulares; Jairo Ataíde, Leandro Sampaio, Miguel 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária Martini e Vicentinho Alves – Suplentes. Deixaram de comparecer os Deputados Dr. Adilson Soares, Edson Ata da 44ª Reunião Ordinária Realizada em 28 Ezequiel, Evandro Milhomen, Fernando de Fabinho, de Novembro de 2007 Fernando Lopes, Reginaldo Lopes, Renato Molling Às dez horas e trinta e três minutos do dia vinte e Rodrigo de Castro. ABERTURA: Havendo número e oito de novembro de dois mil e sete, reuniu-se a Co- regimental, o senhor Presidente declarou abertos os missão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e trabalhos e colocou em apreciação a Ata da quadra- Comércio, no Plenário Professor Roberto Campos da gésima segunda reunião, realizada no dia vinte e um Câmara dos Deputados, com a presença dos Senho- de novembro de 2007. Por solicitação do Deputado res Deputados Wellington Fagundes – Presidente; Al- João Maia, foi dispensada a leitura da Ata. Em vota- bano Franco, Antônio Andrade e Vanderlei Macris – ção, a Ata foi aprovada. EXPEDIENTE: O Presidente Vice-Presidentes; Dr. Adilson Soares, Fernando de comunicou as designações de relatores realizadas no Fabinho, Jurandil Juarez, Lúcio Vale, Miguel Corrêa dia dezenove de novembro de dois mil e sete, para as Jr., Osório Adriano, Reginaldo Lopes e Renato Molling proposições distribuídas a esta Comissão. Em seguida, – Titulares; Celso Maldaner, Guilherme Campos, Jairo realizou a leitura do documento em epígrafe, Mensa- Ataíde, Luiz Paulo Vellozo Lucas, Miguel Martini, Pra- gem nº 804/07 – Do Poder Executivo, o demonstrativo ciano, Rocha Loures, Vicentinho Alves e Waldir Neves das emissões do Real, referente ao terceiro trimestre – Suplentes. Compareceram também os Deputados de 2007, as razões delas determinantes e a posição Luiz Carlos Hauly e Otavio Leite, como não-membros. 01562 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Deixaram de comparecer os Deputados Dr. Ubiali, Ed- DEP. JURANDIL JUAREZ (PMDB-AP), DEP. WELLING- son Ezequiel, Evandro Milhomen, Fernando Lopes, TON FAGUNDES (PR-MT) E DEP. FERNANDO DE João Maia e Rodrigo de Castro. ABERTURA: Haven- FABINHO (DEM-BA). APROVADO, COM A MODIFI- do número regimental, o senhor Presidente declarou CAÇÃO DA “CONVOCAÇÃO” PARA “CONVITE” AO abertos os trabalhos e colocou em apreciação as Atas MINISTRO DE ESTADO EXTRAORDINÁRIO DE AS- das reuniões anteriores, realizadas nos dias vinte e SUNTOS ESTRATÉGICOS E A INCLUSÃO DO PRE- um e vinte e dois de novembro de dois mil e sete. Em SIDENTE DO IPEA, COMO CONVIDADO PARA A votação, as Atas foram aprovadas. EXPEDIENTE: O REUNIÃO. C – Proposições Sujeitas à Apreciação Presidente comunicou as designações de relatoria re- do Plenário: ORDINÁRIA: 6 – PROJETO DE RESO- alizadas nos dias dezenove, vinte e um e vinte e dois LUÇÃO (CD) Nº 281/06 – Do Sr. Ronaldo Caiado e de novembro do corrente ano, para as proposições outros – que “institui Comissão Parlamentar de Inqué- distribuídas a esta Comissão. ORDEM DO DIA: A – rito destinada a investigar as causas da crise por que Matéria sobre a Mesa: 1 – REQUERIMENTO Nº 88/07 passa o setor produtivo de carnes no Brasil, a forma- – Do Sr. Albano Franco – que “requer inclusão extra- ção de cartel, concentração de unidades frigoríficas, pauta do requerimento nº 89/07,que solicita seja con- manipulação de preços no mercado de carnes, bene- vidado o Sr. Ministro de Estado do Desenvolvimento, fícios fiscais e empréstimos de bancos oficiais recebi- Indústria e Comércio Exterior .” APROVADO. 2 – RE- dos por frigoríficos, e a compra do frigorífico argentino QUERIMENTO Nº 89/07 – Do Sr. Albano Franco – que Swift Armour S/A com recursos do BNDES”. RELATOR: “solicita seja convidado o Sr. Ministro de Estado do Deputado ANTÔNIO ANDRADE. PARECER: pela apro- Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”. DIS- vação. DISCUTIRAM A MATÉRIA: DEP. ANTÔNIO CUTIRAM A MATÉRIA: DEP. ALBANO FRANCO ANDRADE (PMDB-MG) E DEP. VICENTINHO ALVES (PSDB-SE), DEP. OTAVIO LEITE (PSDB-RJ), DEP. (PR-TO). RETIRADO DE PAUTA A REQUERIMENTO LUIZ PAULO VELLOZO LUCAS (PSDB-ES), DEP. DO DEPUTADO VICENTINHO ALVES. O Segundo OSÓRIO ADRIANO (DEM-DF), DEP. MIGUEL COR- Vice-Presidente, Deputado Antonio Andrade, assumiu RÊA JR. (PT-MG) E DEP. RENATO MOLLING (PP- a presidência dos trabalhos. D – Proposições Sujei- RS). APROVADO. B – Requerimentos: 3 – REQUE- tas à Apreciação Conclusiva pelas Comissões: RIMENTO Nº 84/07 – Do Sr. Miguel Corrêa Jr. – que ORDINÁRIA: 7 – PROJETO DE LEI Nº 4.688/01 – Do “solicita sejam convidados a Sra. Ministra-Chefe da Sr. Luiz Bittencourt – que “proíbe a comercialização Casa Civil, o Sr. Subchefe de Articulação e Acompa- de produtos ou serviços mortuários em hospitais pú- nhamento da Casa Civil, o Diretor-Geral da Agência blicos ou privados”. (Apensado: PL nº 6376/2005) RE- Nacional de Transportes Terrestres e o Superintenden- LATOR: Deputado DR. UBIALI. PARECER: pela apro- te de Regulação da Exploração da Infra-Estrutura da vação deste, do PL nº 6376/2005, apensado, na forma Agência Nacional de Transportes Terrestres, para pres- do Substitutivo da Comissão do Trabalho, Administra- tarem esclarecimentos a esta Comissão sobre os con- ção e Serviço Público, com emenda. RETIRADO DE tratos de concessão de rodovias brasileiras, inclusive PAUTA DE OFÍCIO. 8 – PROJETO DE LEI Nº 230/03 sobre o que envolve a empresa espanhola OHL, ob- – Do Sr. Dr. Pinotti – que “acrescenta inciso ao art. 43 jeto de denúncias em seu país de origem”. DISCUTI- da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, limitando os RAM A MATÉRIA: DEP. MIGUEL CORRÊA JR. (PT- direitos de proteção patentária das substâncias farma- MG) E DEP. JURANDIL JUAREZ (PMDB-AP). APRO- cêuticas componentes de medicamentos produzidos VADO, COM A INCLUSÃO, COMO CONVIDADO, DO pelos laboratórios estatais”. RELATOR: Deputado NEL- DIRETOR DO DNIT. 4 – REQUERIMENTO Nº 86/07 SON MARQUEZELLI. PARECER: pela rejeição. O De- – Do Sr. Dr. Ubiali – que “solicita ao Presidente da putado Ronaldo Dimas apresentou voto em sepa- CDEIC nomear subcomissão, a fim de realizar visita à rado em 27/08/2003. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. mina de Cana Brava, em Minaçu-GO, e às indústrias FERNANDO DE FABINHO (DEM-BA). RETIRADO de fibrocimento que utilizam o amianto crisotila”.NÃO DE PAUTA A REQUERIMENTO DO DEPUTADO FER- DELIBERADO. 5 – REQUERIMENTO Nº 87/07 – Do NANDO DE FABINHO. 9 – PROJETO DE LEI Nº Sr. Luiz Paulo Vellozo Lucas – que “requer a convoca- 1.038/03 – Do Sr. Ricardo Izar – que “acrescenta inci- ção do Ministro de Estado Extraordinário de Assuntos so VIII e parágrafo único ao art. 473 da Consolidação Estratégicos para prestar esclarecimentos a respeito das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº das dispensas de pessoal promovidas no Instituto de 5.452, de 1º de maio de 1943, para dispor sobre falta Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA” DISCUTIRAM justificada de pais de crianças portadoras de deficiên- A MATÉRIA: DEP. LUIZ PAULO VELLOZO LUCAS cia física para acompanhamento de terapias e trata- (PSDB-ES), DEP. MIGUEL CORRÊA JR. (PT-MG), mentos médicos”. (Apensados: PL nº 2452/2003, PL Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01563 nº 1265/2003 e PL nº 3768/2004) RELATOR: Deputa- Nº 1.897/07 – Do Sr. Luiz Carlos Hauly – que “altera o do DR. UBIALI. PARECER: pela rejeição deste, do PL caput do art. 294 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro nº 1265/2003 e do PL nº 2452/2003, apensados, e pela de 1976, que Dispõe sobre as Sociedades por Ações”. aprovação do Substitutivo da Comissão de Segurida- RELATOR: Deputado ALBANO FRANCO. PARECER: de Social e Família e do PL nº 3768/2004, apensado, pela aprovação. NÃO DELIBERADO. 17 – PROJETO na forma do substitutivo. Vista ao Deputado Jurandil DE LEI Nº 1.931/07 – Da Sra. Janete Rocha Pietá – Juarez, em 07/11/2007. RETIRADO DE PAUTA DE que “altera o art. 3º da Lei nº 9.867, de 10 de novembro OFÍCIO. 10 – PROJETO DE LEI Nº 503/07 – Do Sr. de 1999, para dispor sobre a inclusão dos idosos como Márcio Junqueira – que “altera a Lei nº 8.256, de 25 pessoas em desvantagem para efeito de inserção no de novembro de 1991, desmembra a instalação da mercado econômico por meio de Cooperativas Sociais, Área de Livre Comércio no Município do Bonfim, no bem como para permitir que os representantes legais Estado de Roraima e dá outras providências”. RELA- das pessoas em desvantagem e incapazes, nos ter- TOR: Deputado EVANDRO MILHOMEN. PARECER: mos do Código Civil, possam ser sócios das referidas pela aprovação deste, com as três emendas da Co- Cooperativas”. RELATOR: Deputado EVANDRO MI- missão da Amazônia, Integração Nacional e de De- LHOMEN. PARECER: pela aprovação. NÃO DELIBE- senvolvimento Regional. NÃO DELIBERADO. 11 – RADO. ENCERRAMENTO: Nada mais havendo a PROJETO DE LEI Nº 808/07 – Do Sr. Nazareno Fon- tratar o Presidente encerrou os trabalhos às onze ho- teles – que “institui a Política Nacional de Inclusão e ras e vinte e sete minutos. E, para constar, eu Promoção dos Microempreendedores Urbanos”. RE- ______, Lin Israel Costa dos San- LATOR: Deputado JURANDIL JUAREZ. PARECER: tos, lavrei a presente Ata, que por ter sido lida e apro- pela rejeição. Vista ao Deputado Miguel Corrêa Jr., vada, será assinada pelo Presidente, Deputado Welling- em 24/10/2007. RETIRADO DE PAUTA PELO RELA- ton Fagundes ______, e publicada TOR. 12 – PROJETO DE LEI Nº 1.209/07 – Do Sr. no Diário da Câmara dos Deputados. Valdir Colatto – que “revoga o art. 69 da Lei nº 9.532, COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO de 10 de dezembro de 1997, que Altera a legislação ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO tributária federal e dá outras providências”. RELATOR: Deputado DR. UBIALI. PARECER: pela aprovação. 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária NÃO DELIBERADO. 13 – PROJETO DE LEI Nº 1.421/07 – Do Sr. Rogério Lisboa – que “altera a Lei Ata da 45ª Reunião Ordinária, Realizada em 5 nº 10.438, de 26 de abril de 2002, de forma a eliminar de Dezembro de 2007 a necessidade da nacionalização dos equipamentos Às dez horas e trinta e quatro minutos do dia cin- e serviços referentes à produção de energia eólica”. co de dezembro de dois mil e sete, reuniu-se a Comis- RELATOR: Deputado FERNANDO LOPES. PARECER: são de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Co- pela rejeição. Vista ao Deputado Guilherme Campos, mércio, no Plenário Professor Roberto Campos (nº 05) em 26/09/2007. O Deputado Guilherme Campos da Câmara dos Deputados, com a presença dos Se- apresentou voto em separado em 23/10/2007. RE- nhores Deputados Wellington Fagundes – Presidente; TIRADO DE PAUTA DE OFÍCIO. 14 – PROJETO DE Albano Franco, Antônio Andrade e Vanderlei Macris LEI Nº 1.615/07 – Do Sr. Antonio Carlos Mendes Tha- – Vice-Presidentes; Dr. Adilson Soares, Fernando de me – que “dispõe sobre a pesagem de produto em loja Fabinho, João Maia, Jurandil Juarez, Lúcio Vale, Miguel de auto-serviço e supermercado”. RELATOR: Deputa- Corrêa Jr., Osório Adriano, Reginaldo Lopes, Renato do LÚCIO VALE. PARECER: pela rejeição. Vista ao Molling e Rodrigo de Castro – Titulares; Antonio Pa- Deputado Guilherme Campos, em 26/09/2007. RE- locci, Emanuel Fernandes, Guilherme Campos, Jairo TIRADO DE PAUTA A REQUERIMENTO DO DEPU- Ataíde, Leandro Sampaio, Luiz Paulo Vellozo Lucas, TADO ALBANO FRANCO. 15 – PROJETO DE LEI Nº Miguel Martini, Rocha Loures, Vicentinho Alves e Wal- 1.761/07 – Do Sr. Osmar Serraglio – que “dispõe sobre dir Neves – Suplentes. Compareceu também o Depu- o exercício da atividade de Franquia Empresarial Pos- tado Marco Maia, como não-membro. Deixaram de tal e dá outras providências”. RELATOR: Deputado comparecer os Deputados Dr. Ubiali, Edson Ezequiel, ROCHA LOURES. PARECER: pela aprovação deste, Evandro Milhomen e Fernando Lopes. ABERTURA: na forma do substitutivo anexo, e pela rejeição da Havendo número regimental, o senhor Presidente de- Emenda apresentada na Comissão. DISCUTIRAM A clarou abertos os trabalhos e colocou em apreciação MATÉRIA: DEP. ROCHA LOURES (PMDB-PR) E DEP. a Ata da quadragésima quarta reunião, realizada no LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR). VISTA AO DEPU- dia cinco de dezembro de dois mil e sete. Por solicita- TADO MIGUEL CORRÊA JR.16 – PROJETO DE LEI ção do Deputado Vanderlei Macris, foi dispensada a 01564 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 leitura da Ata. Em votação, a Ata foi aprovada. EXPE- me Campos subscreveu a matéria. DISCUTIU A MA- DIENTE: O Presidente informou as designações de TÉRIA O DEP. GUILHERME CAMPOS (DEM-SP). relatores efetuadas nos dias 27, 29 e 30 de novembro, APROVADO. 6 – REQUERIMENTO Nº 92/07 – Do Sr. para as proposições distribuídas a esta Comissão. Renato Molling – que “solicita sejam convidados Re- ORDEM DO DIA: A – Matéria sobre a Mesa: 1 – RE- presentantes do Conselho Monetário Nacional, Banco QUERIMENTO Nº 93/07 – Do Sr. Miguel Martini – que Central e Secretaria da Receita Federal para debate- “requer a inclusão na ordem do dia do Requerimento rem sobre os efeitos da entrada em vigor da Lei nº nº 94/2007, que requer seja criada Subcomissão Per- 11.312, de 27 de junho de 2006, sobre o câmbio no manente sobre Aviação Civil Brasileira”. APROVADO. mercado brasileiro”. O Deputado Guilherme Campos 2 – REQUERIMENTO Nº 94/07 – Do Sr. Miguel Mar- subscreveu a matéria. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. tini – que “requer seja criada Subcomissão Permanen- GUILHERME CAMPOS (DEM-SP). APROVADO. C te sobre Aviação Civil Brasileira, conforme disposto no – Proposições Sujeitas à Apreciação do Plenário: artigo 29, inciso I, para tratar, no âmbito das atribuições PRIORIDADE: 7 – PROJETO DE DECRETO LEGIS- desta Comissão, de assunto relativo à ordem econô- LATIVO Nº 385/07 – Do Senado Federal – Comissão mica nacional, bem como relativos a atividade econô- de Assuntos Econômicos – que “aprova a Programa- mica estatal e em regime empresarial; programas de ção Monetária para o segundo trimestre de 2007”. privatização; monopólio da União”. DISCUTIRAM A RELATOR: Deputado JURANDIL JUAREZ. PARECER: MATÉRIA: DEP. MIGUEL MARTINI (PHS-MG) E DEP. pela aprovação. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. JOÃO WELLINGTON FAGUNDES (PR-MT). A Subcomissão MAIA (PR-RN). DESIGNADO RELATOR SUBSTITU- foi sugerida para substituir a Subcomissão Permanen- TO, DEP. JOÃO MAIA (PR-RN). PARECER DO RE- te de Comércio Exterior, que foi criada por meio do LATOR, DEP. JOÃO MAIA (PR-RN), PELA APROVA- Requerimento nº 05/07, do Deputado Vanderlei Macris, ÇÃO. APROVADO POR UNANIMIDADE O PARECER. mas não foi instalada. APROVADO, COM A MODIFI- 8 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 386/07 CAÇÃO DA DESIGNAÇÃO PARA “SUBCOMISSÃO – Senado Federal – COMISSÃO DE ASSUNTOS ECO- PERMANENTE SOBRE A CRISE DO SISTEMA DE NÔMICOS – (PDC 333/2007) – que “aprova a Progra- TRANSPORTES AÉREO, TERRESTRE E AQUÁTI- mação Monetária para o terceiro trimestre de 2007”. CO”. B – Requerimentos: 3 – REQUERIMENTO Nº RELATOR: Deputado JURANDIL JUAREZ. PARECER: 51/07 – Do Sr. Vanderlei Macris – que “solicita seja pela aprovação. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. JOÃO convocada a Sra. Ministra Chefe da Casa Civil, Dilma MAIA (PR-RN). DESIGNADO RELATOR SUBSTITU- Roussef, a comparecer a esta Comissão para prestar TO, DEP. JOÃO MAIA (PR-RN). PARECER DO RE- esclarecimentos sobre a execução do PAC”. DISCU- LATOR, DEP. JOÃO MAIA (PR-RN), PELA APROVA- TIRAM A MATÉRIA: DEP. VANDERLEI MACRIS (PS- ÇÃO. APROVADO POR UNANIMIDADE O PARECER. DB-SP), DEP. OSÓRIO ADRIANO (DEM-DF), DEP. 9 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 8/03 – MARCO MAIA (PT-RS), DEP. FERNANDO DE FABI- Do Sr. Maurício Rands – que “regulamenta o inciso I NHO (DEM-BA), DEP. REGINALDO LOPES (PT-MG), do art. 7º da Constituição Federal, que protege a rela- DEP. MIGUEL CORRÊA JR. (PT-MG), DEP. MIGUEL ção de emprego contra a despedida arbitrária ou sem MARTINI (PHS-MG), DEP. ANTÔNIO ANDRADE justa causa”. RELATOR: Deputado GUILHERME CAM- (PMDB-MG), DEP. RENATO MOLLING (PP-RS), DEP. POS. PARECER: pela rejeição. VISTA AO DEPUTADO JOÃO MAIA (PR-RN), DEP. GUILHERME CAMPOS ROCHA LOURES. 10 – PROJETO DE LEI COMPLE- (DEM-SP) E DEP. ALBANO FRANCO (PSDB-SE). MENTAR Nº 109/07 – Do Sr. Fernando Coruja – que APROVADO, COM A PARTICIPAÇÃO CONJUNTA “autoriza a constituição de sociedades de garantia so- DA COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOL- lidária e dispõe sobre o seu funcionamento”. RELATOR: VIMENTO SUSTENTÁVEL. 4 – REQUERIMENTO Nº Deputado RENATO MOLLING. PARECER: pela apro- 90/07 – Do Sr. Wellington Fagundes – que “requer re- vação. VISTA AO DEPUTADO JOÃO MAIA. 11 – PRO- alização de Audiência Pública para discutir a Federa- JETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 111/07 – Do Sr. lização de Rodovias Estaduais”. DISCUTIU A MATÉRIA Geraldo Thadeu – que “revoga os art. 23 e 24 da Lei O DEP. WELLINGTON FAGUNDES (PR-MT). APRO- Complementar nº 123, de 15 de dezembro de 2006, VADO. 5 – REQUERIMENTO Nº 91/07 – Do Sr. Re- que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da nato Molling – que “solicita que seja convidado o Se- Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das nhor Miguel Jorge, Ministro do Desenvolvimento, In- Leis nº 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, dústria e Comércio Exterior, para debater o Projeto da da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprova- Nova Política Industrial que o Governo pretende enca- da pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, minhar ao Congresso Nacional”. O Deputado Guilher- da Lei nº 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01565 Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990; e re- que “altera a Lei nº 8.256, de 25 de novembro de 1991, voga as Leis nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e desmembra a instalação da Área de Livre Comércio 9.841, de 5 de outubro de 1999”. RELATOR: Deputado no Município do Bonfim, no Estado de Roraima e dá RENATO MOLLING. PARECER: pela aprovação. VIS- outras providências”. RELATOR: Deputado EVANDRO TA AO DEPUTADO MIGUEL CORRÊA JR. ORDINÁ- MILHOMEN. PARECER: pela aprovação deste, com RIA: 12 – PROJETO DE RESOLUÇÃO (CD) Nº 281/06 as três emendas da Comissão da Amazônia, Integra- – Do Sr. Ronaldo Caiado e outros – que “institui Co- ção Nacional e de Desenvolvimento Regional. NÃO missão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar DELIBERADO. 17 – PROJETO DE LEI Nº 1.209/07 as causas da crise por que passa o setor produtivo de – Do Sr. Valdir Colatto – que “revoga o art. 69 da Lei carnes no Brasil, a formação de cartel, concentração nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, que altera a de unidades frigoríficas, manipulação de preços no legislação tributária federal e dá outras providências”. mercado de carnes, benefícios fiscais e empréstimos RELATOR: Deputado DR. UBIALI. PARECER: pela de bancos oficiais recebidos por frigoríficos, e a com- aprovação. VISTA AO DEPUTADO MIGUEL CORRÊA pra do frigorífico argentino Swift Armour S/A com re- JR. 18 – PROJETO DE LEI Nº 1.421/07 – Do Sr. Ro- cursos do BNDES”. RELATOR: Deputado ANTÔNIO gério Lisboa – que “altera a Lei nº 10.438, de 26 de ANDRADE. PARECER: pela aprovação. VISTA AO abril de 2002, de forma a eliminar a necessidade da DEPUTADO GUILHERME CAMPOS. D – Proposi- nacionalização dos equipamentos e serviços referen- ções Sujeitas à Apreciação Conclusiva pelas Co- tes à produção de energia eólica”. RELATOR: Depu- missões: ORDINÁRIA: 13 – PROJETO DE LEI Nº tado FERNANDO LOPES. PARECER: pela rejeição. 4.688/01 – Do Sr. Luiz Bittencourt – que “proíbe a co- Vista ao Deputado Guilherme Campos, em mercialização de produtos ou serviços mortuários em 26/09/2007. O Deputado Guilherme Campos apre- hospitais públicos ou privados”. (Apensado: PL nº sentou voto em separado em 23/10/2007. DISCUTI- 6376/2005) RELATOR: Deputado DR. UBIALI. PARE- RAM A MATÉRIA: DEP. JOÃO MAIA (PR-RN), DEP. CER: pela aprovação deste, do PL nº 6376/2005, apen- GUILHERME CAMPOS (DEM-SP) E DEP. JURANDIL sado, na forma do Substitutivo da Comissão do Traba- JUAREZ (PMDB-AP). DESIGNADO RELATOR SUBS- lho, Administração e Serviço Público, com emenda. TITUTO, DEP. JOÃO MAIA (PR-RN). PARECER DO RETIRADO DE PAUTA A REQUERIMENTO DO DE- RELATOR, DEP. JOÃO MAIA (PR-RN), PELA REJEI- PUTADO JURANDIL JUAREZ. 14 – PROJETO DE ÇÃO. REJEITADO O PARECER. DESIGNADO RE- LEI Nº 5.823/01 – Do Sr. Luiz Carlos Hauly – que “al- LATOR DO VENCEDOR, DEP. GUILHERME CAMPOS tera o inciso VIII do art. 3º da Lei nº 9.294, de 15 de (DEM-SP). PARECER VENCEDOR, DEP. GUILHER- julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso ME CAMPOS (DEM-SP), PELA APROVAÇÃO. APRO- e a propaganda de produtos fumígeros, bebidas alco- VADO POR UNANIMIDADE O PARECER. 19 – PRO- ólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, JETO DE LEI Nº 1.615/07 – Do Sr. Antonio Carlos nos termos do § 4º do art. 220 da Constituição Fede- Mendes Thame – que “dispõe sobre a pesagem de ral”. RELATOR: Deputado RENATO MOLLING. PARE- produto em loja de auto-serviço e supermercado”. RE- CER: pela aprovação, com emenda. NÃO DELIBERA- LATOR: Deputado LÚCIO VALE. PARECER: pela re- DO. 15 – PROJETO DE LEI Nº 1.038/03 – Do Sr. Ri- jeição. Vista ao Deputado Guilherme Campos, em cardo Izar – que “acrescenta inciso VIII e parágrafo 26/09/2007. RETIRADO DE PAUTA A REQUERIMEN- único ao art. 473 da Consolidação das Leis do Traba- TO DO DEPUTADO LUIZ PAULO VELLOZO LUCAS. lho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio 20 – PROJETO DE LEI Nº 1.761/07 – Do Sr. Osmar de 1943, para dispor sobre falta justificada de pais de Serraglio – que “dispõe sobre o exercício da atividade crianças portadoras de deficiência física para acom- de Franquia Empresarial Postal e dá outras providên- panhamento de terapias e tratamentos médicos”. (Apen- cias”. RELATOR: Deputado ROCHA LOURES. PARE- sados: PL nº 2452/2003, PL nº 1265/2003 e PL nº CER: pela aprovação deste, na forma do substitutivo 3768/2004) RELATOR: Deputado DR. UBIALI. PARE- anexo, e pela rejeição da Emenda apresentada na CER: pela rejeição deste, do PL nº 1265/2003 e do PL Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria nº 2452/2003, apensados, e pela aprovação do Subs- e Comércio. Vista ao Deputado Miguel Corrêa Jr., titutivo da Comissão de Seguridade Social e Família em 28/11/2007. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. RO- e do PL nº 3768/2004, apensado, na forma do substi- CHA LOURES (PMDB-PR). APROVADO POR UNA- tutivo. Vista ao Deputado Jurandil Juarez, em NIMIDADE O PARECER. 21 – PROJETO DE LEI Nº 07/11/2007. RETIRADO DE PAUTA A REQUERIMEN- 1.897/07 – Do Sr. Luiz Carlos Hauly – que “altera o TO DO DEPUTADO JURANDIL JUAREZ. 16 – PRO- caput do art. 294 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro JETO DE LEI Nº 503/07 – Do Sr. Márcio Junqueira – de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações”. 01566 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 RELATOR: Deputado ALBANO FRANCO. PARECER: nº 9.478, de 06 de agosto de 1997, que dispõe sobre pela aprovação. VISTA AO DEPUTADO GUILHERME a política energética nacional, as atividades relativas CAMPOS. 22 – PROJETO DE LEI Nº 1.931/07 – Da ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional Sra. Janete Rocha Pietá – que “altera o art. 3º da Lei de Política Energética e a Agência Nacional do Petró- nº 9.867, de 10 de novembro de 1999, para dispor so- leo e dá outras providências”. (Apensado: PL nº bre a inclusão dos idosos como pessoas em desvan- 2296/2007) RELATOR: Deputado VICENTINHO ALVES. tagem para efeito de inserção no mercado econômico PARECER: pela aprovação deste e do PL nº 2296/2007, por meio de Cooperativas Sociais, bem como para apensado. VISTA AO DEPUTADO JOÃO MAIA. 28 – permitir que os representantes legais das pessoas em PROJETO DE LEI Nº 2.097/07 – Do Sr. Antonio Carlos desvantagem e incapazes, nos termos do Código Civil, Magalhães Neto – que “acrescenta parágrafo ao artigo possam ser sócios das referidas Cooperativas”. RE- 16 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, que dis- LATOR: Deputado EVANDRO MILHOMEN. PARECER: põe sobre a Contribuição para os Programas de Inte- pela aprovação. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. JOÃO gração Social e de Formação do Patrimônio do Servi- MAIA (PR-RN). DESIGNADO RELATOR SUBSTITU- dor Público e a Contribuição para o Financiamento da TO, DEP. JOÃO MAIA (PR-RN). PARECER DO RE- Seguridade Social incidentes sobre a importação de LATOR, DEP. JOÃO MAIA (PR-RN), PELA APROVA- bens e serviços e dá outras providências”. RELATOR: ÇÃO. APROVADO POR UNANIMIDADE O PARECER. Deputado GUILHERME CAMPOS. PARECER: pela 23 – PROJETO DE LEI Nº 1.765/03 – Da Sra. Maninha aprovação. VISTA AO DEPUTADO MIGUEL CORRÊA – que “estabelece normas para recolhimento e reem- JR. 29 – PROJETO DE LEI Nº 2.152/07 – Da Sra. Go- bolso de embalagens e dá outras providências” RELA- rete Pereira – que “dispõe sobre a venda e a transfe- TOR: Deputado OSÓRIO ADRIANO. PARECER: pela rência de propriedade de motocicletas, e dá outras rejeição. Vista ao Deputado Guilherme Campos, em providências”. RELATOR: Deputado OSÓRIO ADRIA- 17/10/2007. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. OSÓRIO NO. PARECER: pela rejeição deste e da Emenda 1/2007 ADRIANO (DEM-DF). APROVADO POR UNANIMI- da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indús- DADE O PARECER. 24 – PROJETO DE LEI Nº tria e Comércio. RETIRADO DE PAUTA A REQUERI- 6.604/06 – Do Sr. Bernardo Ariston – que “proíbe os MENTO DO DEPUTADO LÚCIO VALE. ENCERRA- fabricantes de balas, chocolates, confeitos e refrige- MENTO: Nada mais havendo a tratar, o Presidente rantes de embalarem seus produtos em embalagens encerrou os trabalhos às doze horas e quarenta e sete similares às utilizadas para embalar medicamentos”. minutos. E, para constar, eu ______, RELATOR: Deputado OSÓRIO ADRIANO. PARECER: Lin Israel Costa dos Santos, lavrei a presente Ata, que pela rejeição. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. OSÓRIO por ter sido lida e aprovada, será assinada pelo Pre- ADRIANO (DEM-DF). APROVADO POR UNANIMI- sidente, Deputado Wellington Fagundes DADE O PARECER. 25 – PROJETO DE LEI Nº 1.708/07 ______, e publicada no Diário da – Do Sr. Gonzaga Patriota – que “altera a Lei nº 9.503, Câmara dos Deputados. de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, para dispor sobre a responsabili- COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO dade por infrações cometidas na condução de veículos ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO automotores”. RELATOR: Deputado OSÓRIO ADRIA- 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária NO. PARECER: pela aprovação, com emenda modifi- cativa. DISCUTIRAM A MATÉRIA: DEP. OSÓRIO Ata da 46ª Reunião Ordinária Realizada em 12 ADRIANO (DEM-DF), DEP. WELLINGTON FAGUN- de Dezembro de 2007. DES (PR-MT), DEP. MIGUEL MARTINI (PHS-MG), Às dez horas e dezessete minutos do dia doze DEP. JOÃO MAIA (PR-RN) E DEP. ALBANO FRAN- de dezembro de dois mil e sete, reuniu-se a Comis- CO (PSDB-SE). RETIRADO DE PAUTA PELO RELA- são de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Co- TOR. 26 – PROJETO DE LEI Nº 1.899/07 – Do Sr. mércio, no Plenário nº 5 da Câmara dos Deputados, Uldurico Pinto – que “concede ao idoso prioridade no com a presença dos Senhores Deputados Wellington processo de abertura de empresa e na aprovação de Fagundes – Presidente; Albano Franco e Antônio An- linha de crédito para empreendimentos, e dá outras drade – Vice-Presidentes; Dr. Adilson Soares, Dr. Ubia- providências”. RELATOR: Deputado JOÃO MAIA. PA- li, Evandro Milhomen, João Maia, Lúcio Vale, Osório RECER: pela aprovação. DISCUTIU A MATÉRIA O Adriano, Renato Molling e Rodrigo de Castro – Titula- DEP. JOÃO MAIA (PR-RN). APROVADO POR UNA- res; Fernando Coelho Filho, Guilherme Campos, Jairo NIMIDADE O PARECER. 27 – PROJETO DE LEI Nº Ataíde, Miguel Martini, Rocha Loures, Vicentinho Alves 2.034/07 – Do Sr. Rogério Lisboa – que “altera a Lei e Waldir Neves – Suplentes. Deixaram de comparecer Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01567 os Deputados Edson Ezequiel, Fernando de Fabinho, NEVES (PSDB-MS). APROVADO. C – Proposições Fernando Lopes, Jurandil Juarez, Miguel Corrêa Jr., Sujeitas à Apreciação Conclusiva pelas Comissões: Reginaldo Lopes e Vanderlei Macris. ABERTURA: Ha- ORDINÁRIA: 6 – PROJETO DE LEI Nº 4.688/01 – Do vendo número regimental, o senhor Presidente decla- Sr. Luiz Bittencourt – que “proíbe a comercialização de rou abertos os trabalhos e colocou em apreciação a produtos ou serviços mortuários em hospitais públicos Ata da quadragésima quinta reunião, realizada no dia ou privados”. (Apensado: PL nº 6.376/2005). RELATOR: cinco de dezembro de dois mil e sete. Por solicitação Deputado DR. UBIALI. PARECER: pela aprovação do Deputado Guilherme Campos, foi dispensada a deste, do PL nº 6.376/2005, apensado, na forma do leitura da Ata. Em votação, a Ata foi aprovada. EXPE- Substitutivo da Comissão do Trabalho, Administração DIENTE: O Presidente comunicou as designações de e Serviço Público, com emenda. DESIGNADO RELA- relatores efetuadas nos dias cinco e sete de dezem- TOR SUBSTITUTO, DEP. JOÃO MAIA (PR-RN). PA- bro do corrente, para as proposições distribuídas a RECER DO RELATOR, DEP. JOÃO MAIA (PR-RN), esta Comissão. ORDEM DO DIA: A – Matéria sobre PELA APROVAÇÃO DESTE, DO PL nº 6.376/2005, a Mesa: 1 – REQUERIMENTO Nº 98/07 – Do Sr. An- APENSADO, NA FORMA DO SUBSTITUTIVO DA CO- tônio Andrade – que “requer a inclusão extra-pauta do MISSÃO DE TRABALHO, ADMINISTRAÇÃO E SER- Requerimento nº 96/07, que requer a realização de VIÇO PÚBLICO, COM EMENDA. APROVADO POR audiência pública com a sra. Elizabeth Maria Mercier UNANIMIDADE O PARECER. 7 – PROJETO DE LEI Querido Farina, Presidente do Conselho Administrativo Nº 5.823/01 – Do Sr. Luiz Carlos Hauly – que “altera o de Defesa Econômica – CADE e demais Conselheiros, inciso VIII do art. 3º da Lei nº 9.294, de 15 de julho de o Procurador-Geral e os Representantes do Ministério 1996, que Dispõe sobre as restrições ao uso e à pro- Público Federal junto ao CADE, para que seja discuti- paganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, da a participação de empresas em cartel no mercado medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos de frigoríficos”. APROVADO. 2 – REQUERIMENTO Nº termos do § 4º do art. 220 da Constituição Federal”. 99/07 – Do Sr. Antônio Andrade – que “requer a inclu- RELATOR: Deputado RENATO MOLLING. PARECER: são extra-pauta do Requerimento nº 97/07, que requer pela aprovação, com emenda. RETIRADO DE PAUTA seja convidado o Sr. Ministro da Integração Nacional, A REQUERIMENTO DO DEPUTADO GUILHERME Gedel Vieira Lima, para prestar esclarecimentos sobre CAMPOS. 8 – PROJETO DE LEI Nº 1.038/03 – Do o andamento do Projeto São Francisco”. APROVA- Sr. Ricardo Izar – que “acrescenta inciso VIII e pará- DO. 3 – REQUERIMENTO Nº 96/07 – Do Sr. Antônio grafo único ao art. 473 da Consolidação das Leis do Andrade – que “requer a realização de Audiência Pú- Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º blica com a Senhora Elizabeth Maria Mercier Queri- de maio de 1943, para dispor sobre falta justificada de do Farina, Presidente do Conselho Administrativo de pais de crianças portadoras de deficiência física para Defesa Econômica (CADE) e demais Conselheiros, o acompanhamento de terapias e tratamentos médicos”. Procurador-Geral e os Representantes do Ministério (Apensados: PL nº 2.452/2003, PL nº 1.265/2003 e Público Federal junto ao CADE, para que seja discu- PL nº 3.768/2004) RELATOR: Deputado DR. UBIALI. tido a participação de empresas em cartel no merca- PARECER: pela rejeição deste, do PL nº 1.265/2003 do de frigoríficos”. DISCUTIRAM A MATÉRIA: DEP. e do PL nº 2.452/2003, apensados, e pela aprovação ANTÔNIO ANDRADE (PMDB-MG), DEP. OSÓRIO do Substitutivo da Comissão de Seguridade Social e ADRIANO (DEM-DF) E DEP. JOÃO MAIA (PR-RN). Família e do PL nº 3.768/2004, apensado, na forma APROVADO, COM A INCLUSÃO COMO CONVIDA- do Substitutivo. Vista ao Deputado Jurandil Juarez, DO DO MINISTRO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA em 07/11/2007. RETIRADO DE PAUTA DE OFÍCIO. E ABASTECIMENTO. 4 – REQUERIMENTO Nº 97/07 9 – PROJETO DE LEI Nº 503/07 – Do Sr. Márcio Jun- – Do Sr. Antônio Andrade – que “requer seja convida- queira – que “altera a Lei nº 8.256, de 25 de novembro do o Sr. Ministro da Integração Nacional, Gedel Vieira de 1991, desmembra a instalação da Área de Livre Lima, para prestar esclarecimentos sobre o andamento Comércio no Município do Bonfim, no Estado de Ro- do Projeto São Francisco”. DISCUTIU A MATÉRIA O raima e dá outras providências”. RELATOR: Deputado DEP. ANTÔNIO ANDRADE (PMDB-MG). APROVADO. EVANDRO MILHOMEN. PARECER: pela aprovação B – Requerimentos: 5 – REQUERIMENTO Nº 95/07 deste, com as três emendas da Comissão da Amazô- – Do Sr. Waldir Neves – que “requer a convocação de nia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regio- Audiência Pública para discutir os assuntos pertinen- nal. RETIRADO DE PAUTA A REQUERIMENTO DO tes ao Projeto de Lei Complementar nº 126/2007, que DEPUTADO GUILHERME CAMPOS. 10 – PROJETO altera a Lei Complementar nº 123, de 14 de Dezembro DE LEI Nº 1.615/07 – Do Sr. Antonio Carlos Mendes de 2006”. DISCUTIU A MATÉRIA O DEP. WALDIR Thame – que “dispõe sobre a pesagem de produto em 01568 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 loja de auto-serviço e supermercado”. RELATOR: De- Guerbatin- Gerente Geral de Operação de Logística putado LÚCIO VALE. PARECER: pela rejeição. Vista de Gás Natural da Petrobras. Logo em seguida convi- ao Deputado Guilherme Campos, em 26/09/2007. dou para tomar assento à mesa os senhores: Sérgio RETIRADO DE PAUTA DE OFÍCIO. 11 – PROJETO Abramant Guerbatin – Gerente Geral de Operações DE LEI Nº 2.161/07 – Do Sr. Antonio Carlos Mendes de Logística de Gás Natural da Petrobras; João José Thame – que “dispõe sobre a economia das florestas, de Nora Souto – Secretário de Petróleo e Gás do Mi- instituindo o Programa de Apoio à Preservação de nistério das Minas e Energia e por fim o SenhorCláu - Florestas – PRÓ-FLORESTA”. RELATOR: Deputado dio Sales – Presidente do Instituto Acende Brasil e VANDERLEI MACRIS. PARECER: pela aprovação. concedeu-lhes a palavra por dez minutos para que DESIGNADO RELATOR SUBSTITUTO, DEP. EVAN- cada um fizessem suas exposições. Em seguida, o DRO MILHOMEN (PCDOB-AP). PARECER DO RE- Presidente Wellington Fagundes passou a palavra ao LATOR, DEP. EVANDRO MILHOMEN (PCDOB-AP), Deputado Albano Franco, autor do requerimento que PELA APROVAÇÃO. APROVADO POR UNANIMIDA- deu origem a Audiência Pública. Logo em seguida deu DE O PARECER. ENCERRAMENTO: Nada mais ha- início ao debate em que os Deputados Renato Molling, vendo a tratar, o Presidente encerrou os trabalhos às Osório Adriano, Arnaldo Jardim e Evandro Milhomem, dez horas e quarenta e seis minutos. E, para constar, fizeram em bloco, suas interpelações aos expositores. eu ______, Lin Israel Costa dos Logo após os expositores responderam todas as per- Santos, lavrei a presente Ata, que por ter sido lida e guntas dos deputados. Nesse momento o Deputado aprovada, será assinada pelo Presidente, Deputado Renato Molling assumiu à Presidência dos trabalhos Wellington Fagundes ______, e e para finalizar concedeu o tempo de um minuto aos publicada no Diário da Câmara dos Deputados. expositores para suas considerações finais.ENCERRA - COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO MENTO: Nada mais havendo a tratar, às treze horas e ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO cinqüenta e dois minutos, o Presidente Deputado Re- nato Molling, declarou encerrados os trabalhos. E, para 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária constar, eu ______, Lin Israel Costa dos Santos, lavrei a presente Ata, que por ter sido lida Ata da 47ª Reunião de Audiência Pública Re- e aprovada, será assinada pelo Presidente, Deputado alizada em 12 de Dezembro de 2007. Wellington Fagundes, ______, e Às dez horas e cinqüenta minutos do dia doze de publicada no Diário da Câmara dos Deputados. dezembro de dois mil e sete, reuniu-se a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, no COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS Plenário 5 da Câmara dos Deputados, com a presença 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária dos Senhores Deputados Wellington Fagundes – Pre- sidente; Albano Franco, Antônio Andrade e Vanderlei Ata da 36ª Reunião de Audiência Pública Re- Macris – Vice-Presidentes; Dr. Adilson Soares, Dr. alizada em 14 de novembro de 2007. Ubiali, Evandro Milhomen, Fernando de Fabinho, Fer- Às onze horas e cinquenta e sete minutos do nando Lopes, João Maia, Lúcio Vale, Osório Adriano, dia quatorze de novembro de dois mil e sete, reuniu- Reginaldo Lopes e Renato Molling – Titulares; Aline se a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, no Corrêa, Celso Maldaner, Fernando Coelho Filho, Gui- Plenário 09 do Anexo II da Câmara dos Deputados, lherme Campos, Jairo Ataide, Miguel Martini, Rocha com a presença dos Senhores Deputados Luiz Couto Loures, Vicentinho Alves e Waldir Neves – Suplentes. – Presidente; Pedro Wilson e Pastor Manoel Ferreira Compareceu também o Deputado Arnaldo Jardim, como – Vice-Presidentes; Chico Alencar, Iriny Lopes, Janete não-membro. Deixaram de comparecer os Deputados Rocha Pietá e Veloso – Titulares; Dr. Talmir – Suplen- Edson Ezequiel, Jurandil Juarez, Miguel Corrêa Jr. e te. Compareceram também os Deputados Domingos Rodrigo de Castro. ABERTURA: O Senhor Presidente, Dutra, Fernando Gabeira e Neucimar Fraga, como Deputado Wellington Fagundes, deu início à Audiência não-membros. Deixaram de comparecer os Deputa- Pública convocada “para discutir a questão da es- dos Antônio Roberto, Geraldo Thadeu, Joseph Ban- cassez de Gás Natural para atender ao consumo deira, Léo Vivas, Lincoln Portela, Lucenira Pimentel, interno do país”, em atendimento ao Requerimento Matteo Chiarelli, Pinto Itamaraty e Suely. ABERTURA: nº 83/07, do Deputado Albano Franco. Inicialmente, o O senhor Presidente, Deputado Luiz Couto, declarou Presidente informou que a Senhora Maria das Graças abertos os trabalhos. ORDEM DO DIA: Reunião de Silva Foster, Diretora de Gás e Energia da Petrobras Audiência Pública. TEMA: Oferecer subsídios e de- enviou como representante o Senhor Sérgio Abramant bater temas abrangidos pela missão oficial ao Brasil Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01569 do Relator Especial da ONU sobre Execuções Extra- federal no enfrentamento às execuções extrajudiciais, judiciais, Sumárias ou Arbitrárias. EXPOSITORES: Sr. sumárias ou arbitrárias. Também queremos entregar Philip Alston – Relator Especial da ONU sobre Exe- um CD com o relatório de uma CPI concluída em 2005 cuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias. Após sobre grupos de extermínio na Região Nordeste do a explanação do expositor, fizeram uso da palavra, Brasil, em que se mostra toda a realidade, com núme- por ordem de inscrição, os Deputados Chico Alencar, ros, proposições encaminhadas ao Poder Público, bem Iriny Lopes, Domingos Dutra, Pastor Manoel Ferrei- como solicitações de que inquéritos fossem abertos ra, Fernando Gabeira, Neucimar Fraga e Dr. Talmir. para que algumas autoridades fossem ouvidas. A seguir o expositor apresentou suas considerações Lembro os Srs. Parlamentares de que o Relator finais. Nada mais havendo a tratar, a presente reunião só pode permanecer até as 13 horas, porque tem uma foi encerrada às treze horas e três minutos. O inteiro audiência no STF. teor foi gravado, passando o arquivo de áudio a inte- Passo a palavra, para sua saudação inicial, ao grar o acervo documental desta reunião para degra- Sr. Philip Alston. vação mediante solicitação escrita. E, para constar, eu O SR. PHILIP ALSTON (Exposição em inglês. ______, Márcio Marques de Araújo, Tradução.) – Muito obrigado, Sr. Presidente. É uma lavrei a presente Ata, que por ter sido lida e aprovada, grande honra estar aqui. será assinada pelo Presidente, Deputado Luiz Couto Considero muito importante o trabalho desta Co- ______, e publicada no Diário da missão, assim como o do Congresso Nacional com um Câmara dos Deputados.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. todo na área de defesa dos direitos humanos. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) Já estudei cuidadosamente o relatório produzi- – Declaro abertos os trabalhos da presente reunião do sobre os extermínios no Nordeste, mesmo assim de audiência pública, que tem como finalidade deba- agradeço ter recebido uma cópia eletrônica. ter temas abrangidos pela missão oficial ao Brasil do Penso que todos têm uma boa idéia de quais Relator Especial da ONU sobre Execuções Extraju- são as questões que me preocupam na minha visita diciais, Sumárias ou Arbitrárias, o australiano Philip ao Brasil. Já conduzi muitas reuniões no País. Hoje, Alston, e oferecer a este subsídios para a elaboração às 16 horas, apresentarei à mídia minhas impressões de seu relatório. iniciais, numa coletiva para a imprensa. O mecanismo de Relatores Especiais da ONU Esse relatório inicial será bastante breve, tendo garante o monitoramento internacional das violações aproximadamente 4 páginas. O relatório final, este sim, de direitos humanos e é um dos mais bem avaliados será bem maior e será entregue no final de março. O instrumentos do sistema internacional de proteção plano é que nesse mesmo momento seja entregue desses direitos. também uma versão em português. A eficácia das visitas dos Relatores, entretan- Agradeço à Presidência pela oportunidade de me to, depende dos meios que são colocados à sua dis- reunir no Congresso. Gostaria muito de ouvir os co- posição para o fiel diagnóstico das violações e das mentários dos integrantes da Comissão, assim como medidas que vêm ou não sendo tomadas para o seu os das outras pessoas presentes. Posso responder enfrentamento. perguntas, mas não posso entrar em detalhes espe- Nesse sentido, tendo em vista que o Brasil deve cíficos sobre meu trabalho antes de efetivamente pu- reger-se nas suas relações internacionais pelo princí- blicar o relatório. Não gostaria apenas de falar e, sim, pio da prevalência dos direitos humanos, considera- de ter uma reunião interativa. mos fundamental a colaboração deste Poder Legis- O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – lativo com o Sr. Philip Alston, por meio da realização Temos uma lista de Parlamentares inscritos para falar. de audiência pública, pois o encontro proporcionará Darei a palavra aos Srs. Parlamentares por 5 minutos, a este informações relevantes para a elaboração do para que, ao final, tenhamos ainda a palavra do Sr. seu relatório. Relator da ONU. Convido para compor a Mesa o Relator sobre Concedo a palavra ao Deputado Chico Alencar, Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias da do PSOL do Rio de Janeiro. ONU, o australiano Philip Alston, e seu tradutor; o Sr. O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR – Boa- Relator da CPI do Sistema Carcerário, Deputado Do- tarde a todos, especialmente ao Sr. Philip Alston, Re- mingos Dutra; e o 3º Vice-Presidente da Comissão de lator Especial da ONU sobre Execuções Extrajudiciais, Direitos Humanos, Deputado Pastor Manoel Ferreira. Sumárias ou Arbitrárias. Em primeiro lugar, Sr. Relator, queremos entre- Em primeiro lugar, em nome do Poder Público do gar-lhe relatório sobre os esforços do Poder Legislativo Estado do Rio de Janeiro, quero pedir desculpas, sem 01570 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 estar especificamente delegado para isso, pelo fato de armamentismo ilegal. Então se diferenciam as popula- o Governador do Rio de Janeiro não ter recebido o Re- ções a serem atingidas. Um jornal de grande circulação lator da ONU, alegando, inclusive, que não tinha sido chegou a estampar a seguinte machete: “Tiroteio na formalizado o pedido. Estão aqui os Deputado Pastor Rocinha deixa moradores de São Conrado em claro a Manoel Ferreira, Fernando Gabeira e eu, todos do Rio noite toda”. Ou seja, o morador é o de São Conrado, de Janeiro. Então, por favor, V.Sa. considere-se recebi- não o da Rocinha. Gostaria de ouvir suas considera- do mais uma vez pelo Poder Público do Rio de Janeiro, ções a respeito desse problema. pois esteve lá não só numa unidade da Polícia Militar, Por fim, faço uma comparação. O Brasil tem avan- mas também na Assembléia Legislativa, onde o Esta- çado muito na questão dos direitos humanos e do cui- do de alguma maneira se fez presente. Esse gesto do dado com as populações pobres. Ouvi sua informação Governador Cabral não é estranho a nós. hoje de que países que eram violadores dos direitos Ao tempo em que encaminho mais um relato da humanos hoje já têm política de defesa desses direi- minha lavra sobre a visita à comunidade da Grota, tos. Claro que o período das ditaduras militares foi no Complexo do Alemão, na condição de mandatário superado, mas esse contexto que leva 30 jovens, prin- desta Comissão, por ocasião de uma operação mili- cipalmente, a morrer entre sexta-feira e segunda-feira tar rumorosa ocorrida ali – entregarei isso a V.Sa. –, de manhã, sobretudo nas grandes regiões metropoli- quero dizer que esta Comissão não mereceu, exceto tanas do Brasil, é comum a outros países, do Terceiro agora, há poucos dias, e de maneira pífia, resposta do Mundo pelo menos. Governador do Estado em relação a requerimentos O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – que este Poder Legislativo fez no dia 28 de junho e, Muito obrigado. depois, no dia 8 de julho, quanto a essas operações Concedo a palavra à Deputado Iriny Lopes, do no Complexo do Alemão. Então a transparência que PT do Espírito Santo. pregamos tanto na nossa República, que amanhã, A SRA. DEPUTADA IRINY LOPES – Bom-dia 15 de Novembro, faz 118 anos, não tem acontecido a todos. no nível desejado nas relações desta Comissão com Quero dar prosseguimento à linha já iniciada pelo o Governo do Rio de Janeiro e em outras situações Deputado Chico Alencar. No Brasil, temos percebido no País. Mas cumprimos nossa tarefa, nossa função, claramente um tratamento diferenciado em relação nossa obrigação. às populações de zonas em que a violência vai atin- Quero fazer uma consideração e uma indagação gindo limites insuportáveis. E essa diferenciação não e gostaria de ouvir a opinião de V.Sa. a respeito. Pare- é endereçada à proteção dos que vivem onde esse ce-me que a maioria dos casos de execução sumária, nível de violência é identificado como crescente, mas arbitrária ou extrajudicial muitas vezes têm respaldo da exatamente para proteger as populações contíguas opinião média da população, do senso comum. Há uma àquelas áreas. consigna, inclusive muita repetida no Rio de Janeiro e Assistimos a isso com preocupação e pesar, e é que já foi até objeto de campanha eleitoral, segundo a inevitável fazer uma comparação com o que aconteceu qual bandido bom é bandido morto. durante o regime de apartheid na África do Sul, onde V.Sa. percebeu no Brasil, como apreensão até esse tipo de procedimento era bastante comum. Vimos do ponto de vista sociológico, que há um pouco esse o resultado dessa segregação e da violação dos direi- respaldo da opinião média da população a esse tipo tos humanos ali. Trata-se de situação muito presente de ação? E isso não estaria sendo até estimulado por no Rio de Janeiro, mas não exclusivamente no Rio autoridades quando dizem que, na verdade, não se de Janeiro. Podemos observar o mesmo no mapa da pode receber bandido com flores? Isso, aliás, é óbvio, violência no Brasil como um todo. É fundamental que mas nesse contexto de políticas de confronto acaba essa questão seja enfrentada por todos nós. sendo um estímulo até a políticas de extermínio. Há um segundo ponto que gostaria de apresentar Há ainda o problema da invisibilidade da popula- para reflexão de todos e, se possível, para ser objeto ção mais pobre. Recentemente, o Secretário de Segu- de observação do Sr. Relator. rança do nosso Estado, uma pessoa de boas idéias, Trata-se de tema recorrente: no Brasil, não temos esclarecida, mas que, no calor da hora, tem defendido pena de morte formal, legal. Sempre que nos depara- situações meio indefensáveis, disse que uma ação mili- mos com casos rumorosos e de grande repercussão tar com tiros em Copacabana é diferente de uma ação na sociedade, o debate acerca da pena de morte e na Zona Oeste ou no subúrbio, porque lá há toda uma da redução da maioridade penal retorna à pauta, em população em torno da favela, onde haveria o núcleo especial a do Congresso Nacional. Porém, na prática, do varejo, na verdade, do tráfico ilícito de drogas e do assistimos a uma pena de morte decidida, executada Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01571 por parcela do Estado brasileiro, por meio de parte das A Comissão Parlamentar de Inquérito esteve em forças de segurança desse mesmo Estado, que tem Ponte Nova, Município do Estado de Minas Gerais, sido responsável por acentuado crescimento dos índi- onde 25 presos morreram queimados em uma cela ces de homicídios nos grandes centros urbanos. de delegacia. Quase todas as celas daquela delegacia Esse é um fenômeno recorrente na história do estavam superlotadas. Brasil, mas mais acentuado da década de 70 para cá, O prazo de conclusão dos trabalhos da CPI é 23 quando os esquadrões da morte começaram a ampliar de dezembro, e, tão logo seja concluído o relatório, sua atuação em diversos Estados. uma cópia chegará às mãos de V.Sa. O índice de punição nesses casos, se não for Outra situação que quero registrar é relativa à zero, é perto de zero. As denúncias contra agentes do execução de lideranças camponesas por meio da pis- Estado que cometem tal tipo de homicídio, em geral, tolagem. No Nordeste, no Centro-Oeste e no Norte do não têm sequer concluídos os inquéritos. Punição, en- Brasil várias lideranças camponesas foram assassina- tão, é algo raríssimo, ocorre apenas quando os casos das por pistoleiros pagos, ou seja, foram vítimas de conseguem algum nível de repercussão fora das áreas crimes encomendados em geral por latifundiários. E, de população de mais baixa renda. às vezes, isso ocorre por omissão do Estado, porque, O enfrentamento dessas questões, entre outras, em muitos casos, as lideranças registraram queixas é fundamental em nosso País. na delegacia. Eram ameaças públicas, veiculadas em Encerro, senhores, registrando fato que preocupa jornais, registradas em entidades de direitos humanos. todo militante de direitos humanos: a criminalização dos Apesar da publicidade, muitas lideranças foram exe- movimentos sociais, em especial dos movimentos de cutadas, deixando viúva e filhos. E, o mais grave: são defesa dos direitos da pessoa humana. pouquíssimos os casos em que houve julgamento de O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – mandantes e executores. Muito obrigado, Deputada Iriny Lopes. Grande parte dos casos de execução sumária no Concedo a palavra ao Deputado Domingos Dutra, campo decorre do conflito pela posse da terra, e não do PT do Maranhão. há julgamento. Portanto, existe impunidade, com preju- O SR. DEPUTADO DOMINGOS DUTRA – Bom- ízo para viúvas e órfãos, que não podem ingressar em dia a todos. juízo para que o Estado faça a reparação dos danos Saúdo, de maneira especial, o Sr. Presidente, De- materiais e morais, porque não houve julgamento. putado Luiz Couto, e os demais integrantes da Mesa Deputado Luiz Couto, precisamos tratar aqui tam- e dou boas-vindas ao Sr. Relator da ONU. bém do caso das viúvas de lideranças camponesas. Sou autor de requerimento para que se investigue Vamos retomar esse debate, para que, pelo menos, o a situação do sistema carcerário deste País e estou à Estado seja responsabilizado civilmente pelos danos frente da Relatoria da Comissão Parlamentar de Inqué- morais e materiais que as famílias sofrem por terem rito que tem o objetivo de investigar a superlotação nos perdido um ente que ousou atuar no campo na luta pela presídios e as conseqüências negativas desse fato, a reforma agrária, na luta pela justiça no campo. corrupção no sistema carcerário, o funcionamento das Era o que tinha a dizer. organizações criminosas no interior dos presídios, os Muito obrigado. custos sociais e econômicos das prisões brasileiras, O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – bem como a condição de saúde dos presidiários. Muito obrigado. Preside essa Comissão Parlamentar de Inquéri- Com a palavra o Deputado Pastor Manoel Fer- to o Deputado Neucimar Fraga, que também faz parte reira, do PTB do Rio de Janeiro. desta Mesa. O SR. DEPUTADO PASTOR MANOEL FERREI- A CPI está em andamento, mas já podemos RA – Sr. Presidente, Deputado Luiz Couto; Sr. Relator constatar 3 situações que vamos apresentar aqui ra- da ONU, Sr. Philip Alston, Sras. e Srs. Deputados, de- pidamente. mais presentes, quero referendar o que já disseram Apesar de não haver estatísticas confiáveis sobre aqui os Deputados Chico Lopes, Fernando Gabeira, Dr. vários aspectos do sistema carcerário, noticia-se que Talmir e outros no sentido de que o Sr. Philip é muito cerca de 800 detentos foram executados no interior bem-vindo ao Brasil, em especial, ao meu Estado do dos presídios. Neste momento, em Pernambuco, está Rio de Janeiro. ocorrendo uma rebelião, e a imprensa noticia que 4 A sua presença em nosso meio nos traz alguma ou 6 presos foram mortos no interior do Presídio Aní- esperança, alguma expectativa de que a ONU, toman- bal Bruno. do conhecimento da situação em que se encontra o 01572 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 nosso País, especialmente no que tange à violência, no mesmo momento em que S.Sa. chega ao Brasil, um possa nos trazer alguns benefícios no futuro. Relator brasileiro da ONU está chegando a Rangoon, Depois que a polícia carioca passou a subir os em Myanmar, o que mostra que o Brasil está perfeita- morros para enfrentar bandidos e traficantes, numa mente integrado nessa preocupação da ONU com os tática de guerra em que os soldados soltam rajadas direitos humanos. de balas de metralhadoras e de outras armas pesadas Quero apenas apresentar algumas observações sem perguntar quem está na frente, a Ordem dos Ad- bastante pessoais. vogados do Brasil – Seção Rio de Janeiro qualificou O Brasil vive hoje, Sr. Relator, aguda polaridade a existência de uma política de extermínio. E isso nos entre defensores dos direitos humanos e os que rejei- causa profunda preocupação. tam a idéia de defender esses direitos. Temos vários Evidentemente, essa política de enfrentamento caminhos pela frente. O primeiro deles é aprofundar não vai resolver o problema da violência do Estado do essa divergência; o segundo, estabelecer pontes de Rio de Janeiro. É necessário rigor na repressão, mas, entendimento, uma vez que, além da questão dos além disso – e a nossa sugestão sempre tem sido direitos humanos, temos de resolver o problema da nesse sentido –, é necessário que haja uma política segurança pública, que envolve todos. A questão dos de inteligência e de assistência às pessoas menos direitos humanos tem surgido como uma variável do possibilitadas, com menos recursos, especialmente combate à insegurança das cidades brasileiras. dos morros e das favelas. Tenho a impressão de que, nos últimos anos, Ainda recentemente, numa fala muito infeliz, disse todo o nosso trabalho em prol dos direitos humanos o Governador Sérgio Cabral que as favelas e morros no Brasil se concentrou na defesa das pessoas ame- do Rio de Janeiro são fábricas de marginais. Isso foi açadas pelo aparato estatal. Temos combatido atos manchete do jornal Folha de S.Paulo, que estampou que partem do aparato estatal. No entanto, ao longo em primeira página, em letras garrafais: Favelas e desse tempo, formaram-se instituições criminosas que morros do Rio de Janeiro são fábricas de marginais, têm grande peso em São Paulo e no Rio de Janeiro, sem nenhum respeito às pessoas pobres, aos menos e a maneira de agir dessas organizações desrespeita favorecidos pela sorte que ali vivem. A mencionada os direitos humanos. reportagem trouxe ainda uma sugestão – e o jornal Não temos tido uma resposta adequada dos mo- O Globo também noticiou: A solução para a violência vimentos quanto ao desrespeito aos direitos humanos está na legalização do aborto. Ora, essa é outra abor- praticado por esses grupos informais organizados no dagem muito infeliz, porque não dar o direito de nascer Brasil. Nem temos tido, em relação aos policiais bra- àquele que está no ventre materno, no útero, é outra sileiros atingidos em combate, o mesmo tipo de pre- agressão sem igual. ocupação que países como Israel têm com os seus Portanto, Sr. Philip, além do seu relatório à ONU, soldados. Dessa forma, às vezes, fica a impressão de é preciso que haja uma manifestação severa e segura que os direitos humanos são das pessoas protegidas com relação à violência do Rio de Janeiro. contra o Estado, mas que não há a preocupação com Finalizando, Sr. Presidente, enfatizo que não te- o bem-estar e com a situação dos que trabalham para mos um sistema carcerário digno. Temos aqui um sis- manter a segurança. tema cruel, em que não há possibilidade de recupera- Pretendo trabalhar no sentido de estabelecer pon- ção de presos e de bandidos, mas, sim, uma escola de tes e não no de aprofundar essas divergências. Existem marginalidade. Quando saem da prisão, em geral, eles algumas medidas importantes para isso, e a ONU pode estão mais terríveis e mais violentos, o que, evidente- contribuir. Uma delas – e podemos avançar mais – é mente, aumenta o risco de reincidência de crimes. rever as estruturas que cobrem os direitos humanos São as nossas preocupações e a nossa pala- no Brasil, as estruturas oficiais mantidas pelo Governo. vra, esperando que a ONU se manifeste por meio do Seria interessante que a ONU, a partir da experiência seu relatório e dê prosseguimento a esse trabalho no irlandesa, a partir da experiência da Sra. Mary Robin- Brasil. son, que esteve na ONU durante muito tempo, contri- Muito obrigado, Sr. Presidente. buísse para que o Brasil tivesse estruturas de direitos O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – humanos com orçamento próprio, independentemente Muito obrigado, Deputado Pastor Manoel Ferreira. da estrutura governamental. Isso já nos daria grande Com a palavra o Deputado Fernando Gabeira, possibilidade de avançarmos nessa questão. do PV do Rio de Janeiro. Um outro ponto que talvez valesse a pena con- O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Ini- siderar é relativo aos relatórios da ONU que foram cialmente, quero saudar o Sr. Philip Alston e dizer que, publicados no Brasil com dados que não eram muito Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01573 precisos e que, por isso, foram rejeitados pelo Estado não aplica a pena de morte, mas temos aqui a morte de São Paulo. Então, seria interessante evitar sempre sem pena. De janeiro de 2006 a junho de 2007, foram essas divergências de dados, para que os relatórios quase 1.800 as mortes ocorridas dentro do sistema não ficassem enfraquecidos quando chegassem à prisional. Não sei os países que aplicam a pena de opinião pública. morte como pena máxima alcançaram número similar No caso do Rio de Janeiro, Sr. Relator, haveria ou igual a esse com execuções garantidas por meio de uma margem de reflexão positiva. Essa é uma posição instrumentos judiciais. Se não investirmos no sistema pessoal – e não sei se os companheiros concordam carcerário, de pouco vão servir os investimentos que o comigo. Não é a minha intenção apresentar uma po- Governo está fazendo em segurança pública. Hoje, mais sição coletiva, mas acredito que há uma possibilidade de 60% dos crimes aqui registrados são comandados de avaliarmos a experiência vitoriosa do Brasil no Hai- de dentro das cadeiras públicas, de dentro do sistema ti. Estive lá por 2 vezes examinando essa experiência penitenciário – assaltos, seqüestros, tráfico de drogas, de controle da violência nas comunidades de Bel Air de armas etc. Todas essas modalidades de crimes são e Citè Soleil. comandadas de dentro das cadeias brasileiras. O fato é que ainda termos no Brasil tentativas de O sistema carcerário brasileiro, que deveria servir controle que produzem muitos mortos e muitos efei- para interromper a trajetória do criminoso, passou a tos seculares. Ao passo que lá, graças a uma estru- ser um salvo-conduto para o crime. Então, ou enfren- tura social e militar melhor montada, há um trabalho tamos esse problema ou não resolveremos o proble- de informação mais afinado, e o número de mortes é ma da segurança no Brasil. Só este ano, já ocorreram muito menor. É possível realizar o trabalho sem que mais de 30 mil fugas do sistema prisional brasileiro. As haja mortes secundárias. prisões são feitas com alguma dificuldade pela polícia, Então, dentro da sua própria estrutura, da sua a Justiça é morosa, e, mesmo nos casos julgados e própria experiência, talvez o Brasil já tenha elementos condenados, o Estado não consegue garantir que o para superar a ocorrência de mortes desnecessárias, criminoso permaneça em um local sem acarretar no- como as que muitas vezes têm acontecido nas favelas vos riscos para a sociedade. do Rio de Janeiro. A propósito, quero também fazer uma sugestão Portanto, o Brasil poderia aprender com ele pró- para a ONU: o problema da segurança no Brasil hoje prio e também com a ONU, uma vez que a nossa pre- está relacionado ao tráfico de armas, que é muito gran- sença no Haiti é um compromisso com a ONU. de. O tráfico de armas é responsável por boa parte Eram as observações que tinha a fazer, Sr. Pre- das mazelas que enfrentamos no setor de segurança. sidente. Dessa forma, é fundamental que os representantes da O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Obrigado, Deputado Fernando Gabeira. ONU pensem numa forma de proibir as exportações Com a palavra o Deputado Neucimar Fraga, do de armas para cá e para os países vizinhos, como o PR do Espírito Santo. Paraguai, a Venezuela e a Bolívia. A maior parte das O SR. DEPUTADO NEUCIMAR FRAGA – Bom- armas que chegam clandestinamente ao Brasil entra dia a todos. por intermédio desses 3 países. Cumprimento o Sr. Philip Alston, Relator da ONU; Muitas vezes, por meio de resoluções, são im- o Deputado Luiz Couto, Presidente desta Comissão; o postos boicotes econômicos a alguns países que não Deputado Domingos Dutra, Relator da CPI do Sistema respeitam os direitos humanos ou que vivem em estado Carcerário, a qual tenho a oportunidade de presidir; o de guerra. Proponho, então, que a ONU pense numa Deputado Pastor Manoel Ferreira; os demais Parla- forma de proibir a exportação de armas, principalmente mentares e convidados presentes. para o Paraguai. O Brasil já não exporta mais armas e O nosso País tem muitos desafios, e precisamos munições para o Paraguai, mas os Estados Unidos e de parceiros para nos ajudar a vencê-los. Toda aju- alguns países da Europa e da Ásia continuam venden- da, portanto, será bem-vinda no Brasil, porque temos do para aquele país, e 80% dessas armas vêm para consciência de que o problema da violência que hoje o Brasil, fazendo milhares de vítimas todos os anos. enfrentamos tem dizimado milhares de pessoas todos Quase 40 mil pessoas são assassinadas anualmente os anos, e precisamos realmente do apoio de todos aqui. Se houvesse uma resolução da ONU proibindo aqueles que se propõem a difundir a paz no mundo. a exportação de armas, principalmente para o Para- Quero falar especialmente sobre o sistema car- guai, poderíamos reduzir significativamente o número cerário. Na condição de Presidente da CPI, vejo que de mortes no Brasil, e conseguiríamos amenizar tam- estamos diante de problema muito sério. O Brasil ainda bém a violência. 01574 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – como braços armados do crime organizado e também Informo que às 12h50min, passarei a palavra para o para realizar a chamada lavagem do dinheiro. É uma Dr. Philip Alston, que terá 10 minutos para fazer suas ação articulada. Onde houver uma ação do crime or- observações finais, uma vez que às 13h S.Sa. terá ganizado, há um braço armado a serviço para matar de sair. concorrentes ou defensores dos direitos humanos ou Com a palavra o Dr. Talmir. S.Exa. disporá de 2 pessoas contrárias. São ameaçadas de morte e mui- minutos e meio. tas são executadas. O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR – Sr. Pre- É a ausência do Poder Público que faz com que sidente, pela ordem. essas organizações estejam presentes. Há um mo- Seria interessante, uma vez que o Deputado mento em que elas têm a confiança da comunidade. Neucimar Fraga falou da questão das armas, e esta- Depois, elas começam a agir contrariamente à comu- mos em vias de votar uma alteração no Estatuto do nidade. É preciso enfrentar esse esquema, em que Desarmamento no sentido de ampliar a possibilidade de um lado estão os mandantes e na outra ponta os do armamento do indivíduo, ouvir uma consideração protetores. São eles os responsáveis por isso. Dão a respeito disso. respaldo à ação da execução, dão apoio. Há autorida- O SR. DEPUTADO DR. TALMIR – Sr. Philip Als- des omissas, que sabem e não querem reconhecer, e ton, gostaria que fosse considerado o fato de que, es- autoridades coniventes, que apóiam, incentivam, até tatisticamente, o Brasil ocupa o quarto lugar em nú- investem nessas organizações. Então, deve-se fazer mero de homicídios em âmbito mundial. Isso é muito um combate aos 2 pólos: os mandantes, que nunca preocupante. aparecem, e os protetores, que não deixam que as A preocupação que tenho é no sentido de que investigações se aprofundem e cheguem aos resulta- a ONU faça uma avaliação sobre a interferência na dos que esperamos. mentalidade social do capitalismo brutal, que, no Bra- Há projeto de lei de nossa autoria para tipificar sil, hoje está traduzido por um neoliberalismo falso, o crime de extermínio. No Brasil, não há tipificação. em que a desigualdade premente leva à violência. E, Trata-se a ação como homicídio. Então, pedimos tam- como a ONU está muito próxima dos países mais ricos bém à Relatoria que recomende ao Governo brasileiro do mundo, do G-7, eu gostaria que isso fosse levado que esse projeto seja aprovado, tipificando o crime de em consideração, que fosse levado a efeito esse rela- extermínio ou de execução em nosso País. tório. Os países da América Latina são muito pressio- Concedo a palavra, para os seus comentários e nados nesse sentido. Então, a conivência de pessoas suas respostas, ao Dr. Philip Alston, Relator da ONU. infiltradas no Governo brasileiro junto com a ONU faz O SR. PHILIP ALSTON – (Exposição em inglês. com que realmente o País não saia dessa condição Tradução) – Muito obrigado. Agradeço todos os comen- de desigualdade social. tários. Com certeza, uma das coisas mais importantes Quero também dizer a V.Sa. que, no dia 20 pró- seria a transparência da sociedade brasileira de rece- ximo, realizaremos uma audiência pública sobre o ber um relatório especial das Nações Unidas ouvindo caso da Sra. Ingrid Bittencourt, presa há 5 anos pelas as suas recomendações. Concordo plenamente que FARC, e dos brasileiros presos na Venezuela e nas os dados do relatório precisam ser corretos. Guianas. Alguém mencionou que o Brasil precisa aprender A propósito, informo que representarei esta Co- do próprio Brasil. A realidade é que as únicas forças missão na Bélgica, onde discutiremos a situação dos que de fato podem mudar as coisas no Brasil são vocês brasileiros que estão sofrendo no exterior, não só na que estão aqui. O meu papel como Relator Especial Europa, mas também no Japão. é apenas enfatizar as questões mais problemáticas e Vou concluir, Sr. Presidente. No Brasil, temos agir como um catalisador para ações mais sustenta- um problema muito sério, para cuja solução gostaria das no Brasil. que houvesse a colaboração da ONU. É preciso haver Esta tarde, eu falarei mais especificamente sobre transparência nos presídios, que a mídia saiba o que muitos dos assuntos que foram tratados aqui, mas vou ocorre neles. Hoje, a imprensa não consegue entrar entrar em alguns detalhes sobre eles agora. nos presídios. Não sabemos o que ocorre lá. Há su- Foi mencionada a impunidade relativa da Polícia perlotação, não há ressocialização e não há participa- Militar. Não há dúvida nenhuma de que as estatísticas ção da imprensa. representam que o sucesso nos inquéritos policiais Obrigado, Sr. Alston. conduzidos pela Polícia Civil é impressionantemente O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – baixo. Acredito que os chamados autos de resistência Dr. Alston, no Brasil, os grupos de extermínio agem são apenas eufemismos para casos de execução por Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01575 policiais. No meu relatório final, vou analisar algumas O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – idéias segundo as quais esses autos de resistência Também agradeço e lhe entrego uma síntese da ação na realidade iniciam uma cadeia que torna bastante dos grupos de extermínio. improvável que os inquéritos cheguem a uma solu- Agradecemos ao Dr. Philip Alston, Relator Espe- ção eficaz. cial da ONU sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias Foi dito que uma das formas para melhorar seria ou Arbitrárias, e a todos os presentes. que as pessoas que defendem os direitos humanos Está encerrada a presente audiência pública. agissem de modo independente do Governo. O pro- COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS blema é que a Constituição de 1988 diz que o próprio Governo deve promover e defender os direitos huma- 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária nos, não seria possível tercerizar isso. Alguns Deputados mencionaram a militarização Ata da 37ª Reunião de Audiência Pública Re- das forças policiais. Eu ouvi de muitas pessoas com alizada em 20 de novembro de 2007. quem conversei sobre a guerra que está em andamen- Às quatorze horas e trinta e cinco minutos do to. Com relação a isso, também tenho a visão de que dia vinte de novembro de dois mil e sete, reuniu-se grande parte da opinião pública apóia essas grandes a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, no Ple- operações para matar criminosos. nário 05 do Anexo II da Câmara dos Deputados, com Esta tarde, vou tentar ver essas questões na hora a presença dos Senhores Deputados Luiz Couto – em que fizer os meus comentários e vou falar um pou- Presidente; Pedro Wilson – Vice-Presidente; Antônio quinho mais sobre isso quando analisar especificamen- Roberto, Janete Rocha Pietá, Léo Vivas, Lincoln Por- te a questão da invasão do Complexo do Alemão. tela, Lucenira Pimentel, Matteo Chiarelli, Suely e Ve- Foi mencionada por vários Deputados a questão loso – Titulares; Dr. Talmir – Suplente. Compareceram dos presídios. É uma questão muito importante no Bra- também os Deputados José Fernando Aparecido de sil que tem sido negligenciada. Isso inicia uma cadeia Oliveira, Jurandil Juarez, Nilson Mourão e Takayama, de reação que passa por toda a sociedade. como não-membros. Deixaram de comparecer os De- Pessoalmente, visitei a cadeia de detenção pro- putados Chico Alencar, Geraldo Thadeu, Iriny Lopes, visional em São Paulo. A superpopulação lá é de 3 Joseph Bandeira, Pastor Manoel Ferreira e Pinto Ita- vezes o número de vagas existentes. Pude constatar maraty. ABERTURA: O Senhor Presidente, Deputado com meus próprios olhos e também falando com os Luiz Couto declarou abertos os trabalhos e comunicou internos que de fato a situação é muito ruim. ao plenário que a reunião fora convocada nos termos Este é meu último comentário. Podemos analisar do requerimento de autoria do Deputado Dr. Talmir. OR- a questão dos presídios de 2 modos diferentes. Pri- DEM DO DIA: Reunião de Audiência Pública. TEMA: meiro do ponto de vista dos defensores dos direitos Debater a situação dos brasileiros presos no exterior. humanos: os bandidos não podem sofrer esse tipo de EXPOSITORES: Sr. Romeu Tuma Júnior – Secretário tratamento. Sou um dos que pensam assim. A pessoa Nacional de Justiça; Secretário Rubem Amaral – Chefe não pode ser tratada de modo desumano só pelo fato da Divisão das Comunidades Brasileiras no Exterior de ter sido condenada. A sociedade brasileira não apóia do Ministério das Relações Exteriores e o Sr. César esse tratamento desumano dos internos. Toselli – Chefe da Divisão de Medidas Compulsórias Vamos agora à segunda ótica, a daquele indi- do Departamento de Estrangeiros da Secretaria Nacio- víduo que diz que os presos de fato merecem tudo o nal de Justiça. Após as explanações, fizeram uso, por que recebem, que não importa a situação deles nos ordem de inscrição, os Deputados Dr. Talmir, Jurandil presídios. O problema é que essa situação acaba pio- Juarez, Takayama, Veloso, Lucenira Pimentel e Nilson rando, as pessoas que sofrem abusos acabam cau- Mourão. A seguir, os expositores apresentaram suas sando aumento da violência. A superpopulação dos considerações finais. Nada mais havendo a tratar, a pre- presídios torna os presos mais agressivos, e o fato de sente reunião foi encerrada às dezesseis horas e trinta sofrerem essa opressão faz com que a criminalidade e sete minutos. O inteiro teor foi gravado, passando o aumente fora dos presídios. Então, mesmo que você arquivo de áudio a integrar o acervo documental desta não se importe com a situação do preso em si, é pre- reunião para degravação mediante solicitação escrita. ciso cuidar dessa situação para proteger a si mesmo E, para constar, eu ______, Már- quando você não está dentro do presídio. cio Marques de Araújo, lavrei a presente Ata, que por Encerro, agradecendo a esta Comissão pela exce- ter sido lida e aprovada, será assinada pelo Presiden- lente oportunidade e aos meus intérpretes. (Palmas.) te, Deputado Luiz Couto ______, 01576 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 e publicada no Diário da Câmara dos Deputados. Temos algumas atribuições na Secretária Nacio- xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. nal de Justiça, à qual está vinculado o Departamento O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – de Estrangeiros. Declaro abertos os trabalhos da presente reunião de Diz o art. 11, III: audiência pública, que tem por finalidade debater a “Art. 11. Ao����������������������������� Departamento de Estrangei- situação dos brasileiros presos no exterior, em aten- ros compete: dimento ao requerimento do Sr. Deputado Dr. Talmir, ...... aprovado no âmbito desta Comissão. III – instruir os processos relativos à trans- É oportuna a realização deste evento, já que ferência de presos para cumprimento de pena inúmeras denúncias de familiares de brasileiros encar- no país de origem, a partir de acordos dos cerados em diferentes países chegam a esta Comis- quais o Brasil seja parte; (...).” são de Direitos Humanos e Minorias. O Ministério das Relações Exteriores vem alegando não ter condições Como sabem V.Exas., esses acordos são reali- humanas e financeiras de prestar o devido atendimen- zados com outros países, por meio da Secretaria ou to aos presos. Diante da situação por que passa essa do Departamento, e depois vêm a esta Casa para se- parcela da população carcerária, violada em seus di- rem legitimados. reitos, sem assistência de qualquer órgão brasileiro, Há alguns casos em andamento. Acordos estão inclusive de advogado, torna-se de fundamental impor- sendo realizados com esses países que foram citados tância discutir uma política de governo ou de Estado no requerimento – Venezuela e Guiana –, por iniciativa para a solução do problema. nossa, já há algum tempo, no sentido de transferir as O requerimento tem como foco principal a situa- pessoas presas para cumprir pena nos seus países ção dos brasileiros retidos na Venezuela e na Guiana de origem. Infelizmente, esses acordos estão parali- Francesa e também a da Senadora colombiana Ingrid sados. Eles são formalizados e enviados aos países. Betancourt, que se encontra em poder das Forças Ar- Cada país interessado nesses acordos bilaterais faz madas Revolucionárias da Colômbia – FARC. suas pontuações, diz o que considera pertinente ou o Convido para comporem a Mesa o Sr. Romeu que deve ser mudado. Mas não tivemos resposta até Tuma Júnior, Secretário Nacional de Justiça; o Sr. o momento. Rubem Amaral, Chefe da Divisão das Comunidades Sr. Presidente, desculpe-me a liberdade, mas o Brasileiras no Exterior, do Ministério das Relações Ex- Ministro pediu-me para dar absoluto atendimento a to- teriores; o Deputado Pedro Wilson, Vice-Presidente da das as formas da lei. Tenho origem parlamentar e sei o Comissão; e o Deputado Dr. Talmir, autor do requeri- quanto é importante estarmos presentes e prestarmos mento para realização desta audiência pública. os esclarecimentos necessários. O tempo concedido aos expositores será de 15 Por coincidência, hoje a Dra. Marcilândia de Fá- minutos. Após a exposição, será concedida a pala- tima Araújo foi nomeada a nova Diretora do Departa- vra aos Deputados presentes, respeitada a ordem de inscrição. Cada Deputado inscrito terá o prazo de 3 mento de Estrangeiros. minutos para formular suas questões ou pedidos de O Dr. César Augusto Toselli é o Chefe da Divisão esclarecimento, dispondo os expositores do mesmo de Extradição. Ele já havia preparado, em outra con- tempo para a resposta. vocação – acho que foi adiada essa reunião –, uma Informo que esta reunião está sendo gravada apresentação. Com a permissão de V.Exa., penso para posterior transcrição. Por isso, solicito a todos que é conveniente S.Sa. fazer essa exposição para que falem ao microfone. prestar maiores esclarecimentos e dar mobilidade à Concedo a palavra ao Sr. Romeu Tuma Júnior, nossa audiência. Secretário Nacional de Justiça. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – O SR. ROMEU TUMA JÚNIOR – Boa-tarde, Sr. Pois não. Presidente, Sr. Vice‑Presidente, Sras. e Srs. Deputa- Considerando que a reunião está sendo gravada, dos, Sr. Deputado Dr. Talmir, autor do requerimento peço a V.Sa. que diga no microfone o seu nome com- para realização desta audiência. pleto e a função que exerce, para posterior registro. Sr. Presidente, estou aqui na condição de Se- O SR. CÉSAR AUGUSTO TOSELLI – Boa-tarde. cretário Nacional de Justiça, representando o Ministro Sou César Augusto Toselli, Chefe da Divisão de Medi- Tarso Genro. Farei uma breve exposição sobre assunto das Compulsórias do Departamento de Estrangeiros de relevância, que está sendo tratado nesta respeitá- da Secretaria Nacional de Justiça. vel Comissão. Será necessário ligar o projetor. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01577 O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Os objetivos principais da transferência são os Solicito aos técnicos de áudio que liguem o projetor. seguintes: cunho humanitário; proximidade da família O SR. CÉSAR AUGUSTO TOSELLI – Não soli- e do seu ambiente social e cultural; facilitação da rea- citei isso antes porque não sabia se a apresentação bilitação após o cumprimento de pena. seria autorizada. Houve casos recentes, anunciados pela impren- O SR. ROMEU TUMA JÚNIOR – Enquanto isso, sa, em que as pessoas tinham inclusive dificuldades Sr. Presidente, informo que, só durante este ano, já ti- com o idioma. Em determinados países elas não têm vemos a transferência de 13 pessoas presas – tanto acesso sequer às mínimas condições de sobrevivência, as que vêm para o Brasil, quanto as que vão para o ex- tais como alimentação, produtos de higiene. Estamos terior. Nove brasileiros vieram para o Brasil cumprir as trabalhando para firmar acordo com esses países. penas a que foram condenados em outros países.. Os senhores vêem aqui os termos que utiliza- O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – mos. Passo a palavra ao Dr. Toselli. Estado remetente é aquele que transfere o preso. O SR. CÉSAR AUGUSTO TOSELLI – Farei uma Vamos remetê‑lo para outro país. Estado recebedor é breve introdução do tema. aquele que vai receber o preso. (Segue-se exibição de imagens) Deixamos bem claro nos acordos que preso, de- A transferência de pessoas condenadas surgiu tento ou condenado é a pessoa que está cumprindo em um momento importante, quando se questionava pena por força de sentença criminal com trânsito em o cunho humanitário do cumprimento de penas. julgado. Tem de haver esse requisito, porque a pessoa Como um dos objetivos principais da apenação pode ser absolvida... Enfim, vai inviabilizar sua trans- de um culpado é a sua ressocialização, estudou-se ferência no término do processo. uma forma de fazer com que isso se tornasse mais Deve ficar claro que a sentença é um órgão judi- eficaz nos casos presentes. cial devidamente organizado, previsto na Constituição Como chegamos a esse tipo de trabalho? A pes- do Estado, para que possamos aceitar aquela condição soa condenada, às vezes, está tão distante do seu país em nosso País. Tem de haver um órgão judicial regu- de origem, da sua família e do seu meio social que se lamentado para que possamos fazer a transferência e torna impossível ter uma ressocialização devida. Sen- dar continuidade ao cumprimento da pena. do assim, começamos a firmar alguns tratados. Isso Fizemos uma classificação, a título pedagógi- já vem sendo feito antes mesmo do início dos nossos co, para o trabalho do dia-a-dia. A transferência é ati- trabalhos no Ministério. No seqüestro do Sr. Abílio Diniz, va quando o brasileiro está em outro país. O doutor alguns dos seqüestradores foram beneficiados já com mencionou o número de transferências ativas. O inte- os primeiros acordos que firmamos com o Canadá e resse principal do Governo brasileiro é ter os nossos com o Chile. Dali em diante, o Ministério, o Governo, o cidadãos de volta. A transferência é passiva quando Poder Executivo começaram a desenvolver esse ins- encaminhamos o preso ao seu país de origem. Elas trumento, que é muito eficaz. ocorrem muito com a Espanha. Naquele país o acordo Vêm crescendo muito as demandas, porque o andou muito bem. Temos um trânsito muito bom com Brasil se tornou um país de emigração; não é mais a Embaixada espanhola, o que facilita a tradução da um país só de imigração. Muitos cidadãos brasileiros documentação necessária. Agora está crescendo o estão morando no exterior e às vezes se envolvem em número de transferências para Portugal. Naquele país crimes, em ocorrências criminais e são presos. foi assinado um acordo este ano, se não me falha a Atualmente, há 13 tratados de transferência de memória. Ele entrou em vigor, e já houve 7 transferên- pessoas. O que é transferência de pessoas? Estabe- cias só este ano. Há muitos brasileiros com problemas lecemos um primeiro conceito. Quando alguém é con- em Portugal. denado num país, inicia-se o processo e chega-se ao A solicitação do detento é fundamental. Ele tem de trânsito em julgado. Temos de aguardar a condenação manifestar seu desejo de ser transferido para o Brasil. com trânsito em julgado para atuarmos. Da mesma Sem isso não é possível iniciar o processo. Às vezes forma, quando se solicita ao Brasil que envie algum recebemos solicitação – não dele, mas da Embaixada estrangeiro que está preso aqui, também há neces- ou de algum parente. Pedimos que seja encaminhado sidade desse requisito, ou seja, da determinação de requerimento para que ele possa fazer a solicitação. sua pena final, senão não poderá cumprir a pena no Só depois disso é que finalizamos o processo. exterior. É o traslado de pessoa condenada num país Já falei sobre a sentença e os textos legais. Te- para o cumprimento de pena em seu país de origem. mos de verificar se os textos são compatíveis. Não 01578 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 podemos trazer um preso para o Brasil para que ele e ele vai ser processado normalmente. Com a Guiana, cumpra pena perpétua. ainda não temos. Está em tramitação. Comentei com o Dr. Tuma e com a Dra. Marci- Se houver necessidade, poderemos fornecer lândia sobre um caso em andamento, ocorrido nos material adicional para consulta. Estados Unidos. Um brasileiro recebeu pena perpétua Agradeço-lhes a atenção. por ter cometido homicídio. O interessante é que há a O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – previsão de ele ser colocado em liberdade condicional Muito obrigado. em 2018, se não me falha a memória. Então, encami- Com a palavra o Sr. Romeu Tuma Júnior. nhamos esse pedido. Os americanos o aceitaram, e O SR. ROMEU TUMA JÚNIOR – Sr. Presidente, o processo está em tramitação. Possivelmente, nos pelo que eu pude perceber, o que ensejou esta reu- próximos meses conseguiremos trazê-lo para o Bra- nião foi o fato de os brasileiros no exterior estarem sil nessas condições, se o juiz daqui aceitar e impor sofrendo maus-tratos, principalmente aqueles que uma execução, de acordo com os parâmetros da nos- foram apenados. sa legislação. Penso que isso será possível. Há até Não é atribuição do Ministério da Justiça acom- um atestado de conduta, informando se a pessoa tem panhar o problema de perto. É óbvio que podemos bom procedimento na cadeia, a certidão de pena. Te- receber denúncias ou demandas, e elas são encami- mos de saber sobre tudo isso para que ele não fique nhadas aos órgãos competentes, especialmente ao nem um dia a mais preso aqui nem vá cumprir pena Itamaraty. no exterior. É importante ressaltar que, nesses casos de co- Os gastos com a transferência são do país onde operação, como o Dr. Toselli já disse, a demonstração está o preso até o momento da entrega ao Estado re- de interesse do detento é fundamental, senão não há cebedor. O país pode cobrar as despesas com a trans- nenhum tipo de procedimento que possa ser levado ferência do preso. O Brasil não tem essa prática. adiante. Até porque existem casos em que o próprio Temos a condição soberana de aprovar ou não a detento quer ficar na condição de omisso perante o seu transferência. A autoridade central é o Secretário Na- país. Não quer que as pessoas saibam que ele está cional de Justiça, que aprova ou não a transferência. preso em outro lugar, que cometeu delito, que está Até hoje não houve nenhuma recusa. tendo problema em outro país, inclusive porque, às Todos devem ter tradução. Na Espanha houve vezes, já responde a processos no Brasil e, ao evocar muitas. Em um determinado momento, isentaram o esse direito, ele acaba sendo descoberto. Brasil da tradução do idioma espanhol. Houve várias O caso específico a que o Sr. Toselli se referiu é transferências de presos espanhóis e de presos bra- interessante e fatalmente vai ser noticiado com bastante sileiros. destaque, a respeito do brasileiro que foi condenado à Sempre há dúvida em relação ao cumprimento da prisão perpétua nos Estados Unidos. Na sentença, o pena. Predomina a execução do país recebedor. Só não juiz deixou uma brecha, ao afirmar que ele teria direito pode ser concedida anistia, graça ou indulto, porque à liberdade provisória em 2017. Isso nos possibilitou essa é uma atribuição do governo sentenciante. Mas, encaminhar ao juiz a solicitação do pedido de transfe- em termos de cumprimento de pena e tudo o mais, o rência que ele fez, obviamente para poder livrar-se da governo recebedor é que determina as regras. Então, prisão perpétua. Como existe essa brecha de que ele a execução é do Brasil, quando um preso brasileiro poderá gozar de liberdade provisória em 2017, caberá retorna para cá, e do outro país, quando encaminha- ao juiz do Brasil decidir se há uma forma de executar mos um preso para o exterior. As regras de execução essa sentença como ela foi estipulada. Temos atuado serão as do país que vai receber o preso para cum- bastante nesse caso, porque ele é interessante. Afinal prir sua pena. de contas trata-se de um brasileiro condenado à pri- Vemos aqui um apanhado geral. Temos em mídia são perpétua. Se pudermos transferi-lo para que ele e no meio físico os tratados firmados com o Brasil. cumpra pena no Brasil, com a perspectiva de se res- O Deputado Luiz Couto mencionou a questão da socializar, será muito bom. O fato é relevante. Estamos Venezuela. Temos a possibilidade de transferir presos dando total atenção ao caso. venezuelanos, porque a Venezuela é signatária da No âmbito da Secretaria Nacional de Justiça, Sr. convenção interamericana para cumprimento de pena. Presidente, a questão está mais ou menos esclareci- Ainda não temos nenhum pedido de brasileiro preso na da. Pode ser que ocorra algum questionamento mais Venezuela, nem de venezuelano preso no Brasil. Mas direto. Creio que o Itamaraty poderá complementar isso é plenamente aceitável. Será recebido o pedido, essa exposição. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01579 O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – bastante fragilizada, digamos assim, porque são pes- Com a palavra o Secretário Rubem Amaral, Chefe da soas que estão privadas de liberdade em países es- Divisão das Comunidades Brasileiras no Exterior, do trangeiros. Alguns têm culturas muito diferentes da Ministério das Relações Exteriores. S.Sa. dispõe de nossa. Também as línguas são diferentes, e eles não até 15 minutos. conseguem aprendê-las. É natural que, nessas con- O SR. RUBEM AMARAL – Sr. Presidente, De- dições, as expectativas dessas pessoas também au- putado Luiz Couto, boa-tarde. mentem, que elas esperem que o Governo brasileiro Sras. e Srs. Deputados, demais presentes, é um lhes dedique alguma atenção. prazer poder compartilhar com os senhores algumas O órgão de governo encarregado disso é o Itama- impressões sobre o trabalho de assistência que pres- raty. Para tanto, ele conta com uma rede de aproxima- tamos aos presos brasileiros no exterior, no âmbito damente 160 postos no exterior, entre embaixadas e do Itamaraty. consulados, ou então embaixadas com setores consu- O tema da assistência consular, em geral – não lares. Na medida do possível, procura-se desenvolver só a preso, mas a todo brasileiro no exterior –, está um programa específico de atendimento a presos – adquirindo uma dimensão muito grande. Tem crescido digo isso porque os postos são muito diferentes entre o número de brasileiros que vão para o exterior. si; há alguns muito maiores do que os outros, com mais O Dr. Toselli já disse que o Brasil se tornou um pessoal e mais recursos. Ou seja, haverá nas embai- país de emigração, o que é verdade. Esse fenômeno é xadas e consulados, de modo geral, alguém encarre- muito recente – iniciou-se a partir dos anos 80. Talvez gado especificamente desse trabalho. Não quer dizer a sociedade brasileira tenha demorado a perceber que que essa pessoa não vá assumir outras funções além há um número significativo de brasileiros no exterior, dessa. Ela poderá acumular as funções de assistência e eles precisam de assistência. a presos e de assistência a brasileiros em geral. Digo isso porque a assistência consular, obvia- Aquilo que o Deputado mencionou em sua fala de mente, é responsabilidade do Estado, mas também da abertura é realmente verdade. Nessas horas nós senti- sociedade. É muito difícil prestar esse serviço sem o mos falta de uma estrutura maior, com mais pessoal e apoio da sociedade. Refiro-me ao interesse da socieda- mais investimentos. Isso é de fato essencial para que de de que isso ocorra. Felizmente, o fato de estarmos a assistência seja prestada como se espera. aqui agora é prova de que isso está ocorrendo. Uma primeira dificuldade que nós temos para No que diz respeito aos aspectos gerais da as- fazer esse trabalho é saber quantos presos há no ex- sistência – justamente pelo fato de o fenômeno ser terior. Essa informação é extremamente difícil, porque, bastante recente –, especificamente às competências legais do Itamaraty, ela apresenta dificuldades de base, como acabou de dizer o Dr. Romeu Tuma, às vezes o como a inadequação da rede consular do Itamaraty – preso não quer que a embaixada ou o consulado seja que inclui também embaixadas e consulados – para informado de sua situação. Às vezes a família pede atender a esse universo que cresce sem parar. assistência para ele, e nós não podemos prestá-la por- Eu não estarei exagerando se disser que, nesses que o preso se recusa a recebê-la, o que é um dado últimos anos, o Ministério foi pego de surpresa. Não curioso. E também os Governos locais não colaboram porque não estivesse atento, mas talvez porque fosse muito. Pela Convenção de Viena, os Governos têm de difícil imaginar o quanto essa demanda cresceria. nos informar cada vez que um brasileiro é preso, mas A assistência tem vários aspectos. Existe até nem sempre o fazem. mesmo aquele trabalho de rotina das embaixadas e Portanto, uma conjunção de fatores nos impede consulados, que é atender os brasileiros que vão até de ter uma idéia clara de quantas pessoas precisam lá e pedem alguma coisa, que precisam de algum tipo de assistência. Calculamos que haja atualmente cerca de serviço ou de informação. Isso é feito diariamente. de 3 mil brasileiros presos no exterior – a margem de O trabalho consome bastante tempo e exige muita de- erro desse cálculo pode ser bastante alta. dicação de quem tem essa responsabilidade. De qualquer maneira, trouxe um pequeno le- Enquanto o trabalho se cinge às instalações fí- vantamento estatístico relativo a 2006. A maioria dos sicas de embaixadas e consulados, está sob controle. presos brasileiros no exterior está concentrada em 12 Quando são necessárias providências fora dos recin- países, começando com a Espanha, com 470 presos tos das repartições, surgem dificuldades maiores. É o no final daquele ano, e acabando com a Venezuela, caso específico dos presos. com 67 presos. Especificamente no que diz respeito à No universo de brasileiros que precisam de as- Guiana Francesa, tínhamos, em 2006, 140 presos, e sistência, os presos estão, obviamente, numa faixa menor quantidade em outros países sul-americanos. 01580 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 A primeira dificuldade é sabermos quantas pessoas condições de ter uma visão geral do que ocorre em precisam de assistência. todos os postos. Isso é essencial, porque facilita a co- Para se dar assistência a essas pessoas é pre- ordenação entre os postos. À vezes o trabalho tem de ciso deslocar funcionários até os presídios. Isso pode ser coordenado. ser fácil em alguns países da Europa, no Japão, nos Acreditamos que a partir de 2008 esse sistema Estados Unidos, onde os meios de comunicação e de consular esteja funcionando. Temos esperança de transporte funcionam muito bem, e extremamente di- que isso contribua para melhorar a assistência aos fícil em países onde o acesso é complicado, como no nossos presos. caso do Suriname e da Guiana Francesa. Estou à disposição dos senhores, caso tenham O deslocamento de funcionários é um procedi- alguma dúvida específica. mento caro. E fica mais caro ainda à medida que a Agradeço-lhes a atenção. assistência é sistematizada. Daí a necessidade de O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – investimento nessa área. A falta de pessoal que se Agradeço ao Dr. Rubens Amaral a participação. verifica em alguns postos prejudica a assistência. Te- Farei algumas indagações. mos postos que funcionam muito bem e outros que Foi dito que o primeiro passo seria a solicitação não funcionam tão bem. Obviamente, isso gera recla- do preso. E no caso do preso analfabeto ou semi-anal- mações mais do que justas. fabeto, do que não conhece a língua do país, que não A idéia que se tem de que o preso é maltratado tem advogado? O que acontece? Alguns presos estão no exterior talvez não seja a mais correta. O simples nas penitenciárias, nas cadeias. Outros, embora não fato de alguém estar preso em um país estrangeiro e tenham sido julgados ou condenados, são presos para não poder se comunicar com as pessoas que cuidam realizar trabalho escravo. É o caso de pessoas que são dele talvez seja um dos fatores que mais causam a presas em boates, em cabarés ou mesmo em casas impressão de que ele está sendo maltratado. de massagens e outras, e há a retenção do passapor- Não descarto a existência de maus-tratos. Eles te. Não têm como sair do país, porque os documentos ocorrem de fato. Todos sabemos que a prisão é um lugar estão retidos. Esse é um tipo de prisão. Também estão difícil de se ficar. Algumas prisões são mais controladas presas, embora sejam livres. Essas pessoas realizam do que outras. Podem ocorrer abusos, de fato. Sempre trabalho escravo e não têm nenhuma possibilidade que isso chega ao nosso conhecimento, procuramos de se comunicar com seus familiares. Sua situação é interpelar as autoridades competentes para saber o muito mais grave, talvez, do que a daquele preso que que ocorreu e o que pode ser feito e protestar, quando ainda pode se comunicar com a família. é o caso. Isso é feito sempre que necessário. Assim como em alguns países as condições são Perguntei quantos brasileiros estão presos no melhores do que em outros, alguns presos estão em exterior, mas o Secretário Rubem Amaral disse que melhores condições do que outros. De fato, em alguns é difícil saber ao certo. Não sei se o Dr. Romeu tem países há falta de alimentos e de condições mínimas essa informação. Segundo ele, o país que mais tem para que essas pessoas possam – se é que podemos presos brasileiros é a Espanha e o que menos tem é dizer assim – permanecer ali com dignidade. Parte do a Venezuela. nosso programa de assistência é justamente forne- Os senhores disseram que a Espanha já fez um cer a essas pessoas esses itens básicos. Fazemos o protocolo com o Brasil. Nem é preciso que haja tradu- nosso trabalho dentro dos limites orçamentários. Mas ção, porque eles já aceitam a documentação em es- ele é feito. panhol. Na Espanha existe essa possibilidade. Quais O Itamaraty está empenhado em modernizar o são os países que colocam mais restrições? sistema consular. Há 2 vertentes. Uma delas é a ver- O Brasil já fez alguma reclamação sobre o não- tente institucional. Trata-se da criação de uma subse- cumprimento da Convenção de Viena, no que diz res- cretaria específica, que cuida de questões consulares. peito à notificação? Já foi feita alguma representação O titular é o Embaixador Otto Maia, que já esteve no aos organismos internacionais pelo descumprimento Congresso Nacional em mais de uma audiência pú- da Convenção de Viena, que obriga que se notifique a blica, falando dos vários aspectos da assistência con- prisão feita em outros países? Concordo que é um pro- sular. A outra vertente é mais tecnológica. Neste mo- cedimento caro, que há necessidade de investimento, mento, estamos interligando a rede consular, ou seja, de pessoal. Nós iremos tratar dessa questão. os postos. As embaixadas e os consulados poderão Passaremos a palavra a outros Parlamentares. se comunicar entre si. Estando lá fora, saberemos o Em seguida, os senhores poderão responder as in- que ocorre em outros lugares. Em Brasília, teremos dagações. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01581 Com a palavra o autor do requerimento, Deputa- Antes de o Presidente Chávez ir para a França, do Dr. Talmir, do PV de São Paulo. afirmou, em âmbito internacional, que levaria provas O SR. DEPUTADO DR. TALMIR – Muito obrigado. contundentes da sobrevivência de Ingrid Betancourt. No Cumprimento os expositores: Sr. Romeu Tuma Jú- entanto, chegou lá sem prova documental, sem vídeo, nior, Secretário Nacional da Justiça; Secretário Rubem sem nada, considerando-se o risco que as FARC não Amaral, Chefe da Divisão das Comunidades Brasileiras queriam ter da localização dela. De alguma maneira, no Exterior, do Ministério das Relações Exteriores. existem muitas dúvidas. Sr. Presidente, farei algumas perguntas para que Também em relação ao que foi citado, o detento possamos entender o panorama geral. não solicita sua transferência. Penso não só em In- Gostaria que fossem citados todos os países onde grid Betancourt, mas na sua família. Estão dizendo, estão realmente os presos. O número de presos já foi na França, que a família dela é milionária – bilionária, citado aqui: cerca de 3 mil. Gostaria de um número mais aliás – e não está fazendo muito esforço. preciso e, se possível, dos nomes dos presos. Estamos na América Latina. Nosso País é consi- No Brasil, o Deputado Luiz Couto e eu somos ti- derado subdesenvolvido, em vias de desenvolvimento. tulares da CPI do Sistema Carcerário. Ficamos muito Morei na França durante 2 anos, em 1983 e em 1984. preocupados com a superlotação nos presídios, com o Quando havia tremor de terra no México, as pessoas processo de ressocialização do preso, com a questão me perguntavam se a minha família havia sofrido al- do estudo e do trabalho. Quais são as condições dos guma coisa. As pessoas não têm noção do que seja a presídios no exterior? Em algum país há atentado con- América Latina. No entanto, somos latino-americanos tra a dignidade do ser humano? No Brasil a situação e precisamos pensar na nossa realidade, que está é caótica. Será que algum preso no exterior, que se ligada à dos presos na Venezuela, nas Guianas, no sente confortável, talvez com estudo, com trabalho, tem México, em outros países. vontade de retornar ao Brasil? Gostaríamos de ter um Esta audiência é fundamental para nós, porque diagnóstico mais preciso quanto ao tipo de acusação, trata de direitos humanos. Nós somos da Comissão ao tempo de cumprimento das penas e à assistência de Direitos Humanos e Minorias. Esse panorama é dos consulados, das embaixadas. Desejamos saber importante para nós. Os senhores nos representam, também quais são as leis de cooperação, em relação em relação ao que ocorre no mundo. Nós, brasileiros, à permuta de presos, à extradição. temos certo desconforto de falar desse assunto, porque No Brasil fala-se muito em videoconferência. o nosso sistema é caótico. É importante entendê-lo, Em relação a esses acordos, não só pensando em em termos de relações internacionais. videoconferência, mas online, o que tem sido feito? Em breve representarei o Presidente Luiz Couto e Existe algum documento, algum relatório relacionado a Comissão, juntamente com o Deputado Geraldo Tha- ao acompanhamento dos familiares desses presos deu, na Bélgica. Discutiremos a situação dos brasileiros no exterior? na Europa. Nesse sentido, solicitamos aos senhores Também nesta audiência está sendo discutida que nos forneçam mais dados para que possamos agir, a questão de Ingrid Betancourt. Hoje, Hugo Chávez, enquanto Parlamentares, pensando não só na sobera- Presidente da Venezuela, está com Sarkozy na França. nia nacional, mas na defesa do povo brasileiro. Foi dito que, logo após o almoço, ele se encontraria Obrigado. com a família de Ingrid Betancourt. Ela foi presa pelas O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – FARC. É claro que essa é uma situação diferente, mas Obrigado, Dr. Talmir. está dentro do nosso requerimento. Com a palavra o Deputado Jurandil Juarez, do Gostaríamos que os senhores falassem sobre PMDB do Amapá. esse assunto, considerando que a ONU, de alguma O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ – Sr. maneira, pode intervir. Ocorrem conferências e trata- Presidente, Srs. Deputados, saúdo os nossos pales- dos. Qual é realmente a situação? Ouvimos dizer que trantes, Srs. Romeu Tuma Júnior e Rubem Amaral. Saú- o próprio Sarkozy, via ONU, poderia intervir de algu- do especialmente o Dr. Talmir, autor do requerimento ma maneira, junto com o Presidente da Colômbia, na para realização desta audiência, pela importância do libertação de Ingrid Betancourt. Por outro lado, existem assunto que está sendo tratado. contestações no sentido de que a própria Ingrid Betan- Não sou Deputado do Amapá, mas sou amapa- court estava seguindo, de alguma maneira, uma linha ense. Temos uma relação histórica de mau tratamento de pensamento parecida com a de alguns guerrilhei- infligido à população amapaense na Guiana Francesa. ros ligados às FARC. Queremos saber por que ela foi Talvez o Amapá seja, proporcionalmente, o Estado presa de fato e em que situação se encontra. brasileiro com maior número de residentes seus numa 01582 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 área estrangeira. Nem poderíamos chamar de país, de proteção a esses interesses escusos, quando isso porque é na Guiana Francesa. Há 15 mil residentes significa agredir o cidadão brasileiro que está lá. amapaenses na Guiana Francesa, que tem 600 mil Fico preocupado porque, se temos 140 brasileiros habitantes. Vemos que a proporção é muito alta. E há presos formalmente, deve‑se imaginar quantos estão incentivo para atrair os brasileiros. Na segunda metade presos sem culpa formada, sem processo, sem nada. do século passado, tivemos a construção da estação No gabinete, em Brasília, recebemos informações de aeroespacial de Kourou. O trabalho foi realizado basi- pessoas que querem intervenção do Itamaraty para camente por amapaenses. que consintam que um advogado brasileiro atravesse Manifesto até minha estranheza pelo fato – es- a fronteira para defender o interesse de algum réu pre- tou reproduzindo o que foi dito pelo Secretário Rubem so – vamos chamar de réu. A família sabe que ele está Amaral – de haver dificuldade de deslocamento para a preso, mas não há qualquer tipo de comunicação. Guiana Francesa, porque é uma região limítrofe com Do lado brasileiro, a presença de organismos o Brasil. Pode ser que seja difícil para Brasília, mas que marquem a posição do Estado é quase inexis- não é para o Brasil. Além do mais, há uma relação es- tente. São apenas 4 ou 5 policiais federais para cui- treita, dado que até um pedaço do Amapá foi Guiana dar de uma fronteira daquele tamanho. Esse número Francesa. Só no século passado essa questão ficou é insignificante. A Receita Federal e o Itamaraty não definitivamente resolvida. estão presentes. Na década de 70 tivemos a chamada Operação Estamos construindo, num acordo binacional, a Rebraca, de repatriamento de brasileiros de Caiena. ponte que vai ligar o Oiapoque à Guiana Francesa. O Cerca de 740 brasileiros foram repatriados compul- processo licitatório já está pronto. Será a única possi- soriamente. Foram mandados de volta para o Amapá. bilidade física de se ligar o MERCOSUL à União Eu- Isso é praticamente uma repetição, em escala menor. ropéia. Isso tem importância estratégica. O Presidente da República esteve lá. Em dezembro haverá um en- Mensalmente temos repatriamento de brasileiros de contro do Presidente Sarkosy com o Presidente Lula Caiena. Como há essa constância e já houve até essa para tratar desse assunto no Oiapoque. Não podemos Operação Rebraca, deveria haver o que eu poderia dizer que é difícil fazer o deslocamento para lá. chamar de procedimento comum da diplomacia bra- Aproveito a oportunidade e chamo a atenção para sileira para analisar esses casos. Não sei se em todas o abandono de fronteira tão importante, em que mi- as fronteiras nós temos esse problema. No caso con- lhares de brasileiros transitam anualmente. Enquanto creto do Amapá, ele existe. E ele se intensifica cada o Estado francês oferece toda a proteção – inclusive vez mais. No ano passado, houve uma ação repressora há uma legião estrangeira na região fronteiriça com da polícia fronteiriça da Guiana, que destruiu barcos, o Oiapoque –, o Estado brasileiro está praticamente prendeu pessoas. Houve até ferimentos. Foram feitas ausente. Para se ter uma idéia, é uma área de mar e agressões a muitas pessoas, e o Governo brasileiro não há nenhum destacamento da Marinha. Da Aero- não se manifestou a respeito do assunto, apenas a náutica, também não. Há destacamento do Exército sociedade local. A Guarnição do Exército, de alguma em Clevelândia, mas em circunstância muito especial, forma, colocou-se de prontidão, e a Polícia Militar tam- tratando exclusivamente da proteção do lado frontei- bém, mas muito mais para evitar que continuassem riço brasileiro. com aqueles excessos. Estive lá em algumas oportunidades, em missão Há uma fronteira aberta. Se eu quiser ir à Guiana oficial da Câmara dos Deputados. Em 2002, passei por Francesa amanhã, vou daqui para o Amapá e atraves- Portugal. No aeroporto, recebemos uma delegação de so de catraia. Então, há um consentimento mútuo. No brasileiros. Inclusive estava presente o Deputado Aldo Amapá não há nenhuma restrição para que o visitante Rebelo, que depois foi Presidente. Havia um brasilei- entre. E na Guiana há operações contra brasileiros. Em- ro preso no aeroporto há 30 dias, e queriam que nós bora oficiosamente, sabe-se que muito do que ocorre tomássemos algumas providências. Um farto material diz respeito à questão apontada pelo Presidente, não da imprensa portuguesa falava sobre trabalho escravo ao trabalho escravo. Como eles são clandestinos ou na Ilha da Madeira. considerados como tal, se a pessoa não quer pagar Essas situações demonstram que há necessidade salário a 50 trabalhadores, faz a denúncia e eles são de ação – não diria mais agressiva, mas muito mais expatriados. Eles estavam lá trabalhando normalmente. presente – Do Estado brasileiro. Reconhecer apenas a Não é possível que, na construção de um prédio em situação do condenado formalmente... Num país euro- Caiena, haja 60 ou 70 trabalhadores clandestinos e o peu, nos Estados Unidos, essa questão formal deve ser Serviço de Imigração não saiba disso. Há uma política muito presente. Mas, na Guiana Francesa, reconhecer Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01583 a formalidade de um processo contra um imigrante que Tenho visitado algumas penitenciárias, por exem- pode ser preso em qualquer circunstância é um exa- plo, nos Estados Unidos. Os brasileiros que estão lá, gero da nossa parte. Deve haver lá, pelas informações na verdade, são aqueles que foram presos de forma que temos, mais de mil brasileiros presos. irregular, sem documentos, e com certeza são repa- Aproveito a oportunidade de realização desta triados ao Brasil. Eles têm uma sistemática em que a importante audiência pública para reclamar da pre- pessoa já se entrega, quando atravessa a fronteira, sença do Itamaraty na Guiana Francesa. São muitos para a migração. Esta diz: “Você tem de retornar. Se os negócios que temos com a França. não retornar, se for pego de novo, será deportado”. Na semana passada uma delegação da Câmara Eles já fazem isso para evitar caminhar pelo deserto dos Deputados esteve na Guiana Francesa para ver a do Texas, de regiões da América. Praticamente todos situação dos brasileiros. Não sei se alguns dos senhores ficam fichados por iniciativa dos próprios brasileiros fizeram parte dela. Quer dizer, está havendo interesse que estão indo para lá. muito grande do Parlamento brasileiro de analisar es- O que me preocupa, na verdade, são os milhares sas questões. Seria de todo oportuno que os órgãos de brasileiros que estão morrendo. Existe um cemité- do Poder Executivo pudessem também dar importân- rio – não me recordo se é do lado dos Estados Unidos cia a elas. Sei que a Secretaria Nacional de Justiça ou do México; parece-me que é do lado dos Estados tem limitação específica, no que se refere apenas aos Unidos – de pessoas que morrem no deserto. E, por presos formais. Mas essa não pode ser a regra para o não terem documentos, são enterradas como indigen- Governo brasileiro, quanto à assistência aos cidadãos tes. É conhecido pelos mexicanos e pelos americanos que estão fora, especialmente nas regiões limítrofes, que estão na fronteira como cemitério de brasileiros. como é o caso da Guiana Francesa e do Amapá. Eles tentam atravessar a fronteira. E não há nenhuma Obrigado, Sr. Presidente. ação nesse sentido. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Quero fazer uma correção. O Itamaraty está re- Com a palavra o Deputado Takayama, do PSC do alizando um grande trabalho, porque esse é um fenô- Paraná. meno novo, da imigração. Já tem até uma secretaria O SR. DEPUTADO TAKAYAMA – Sr. Presiden- especial para tratar da questão do imigrante, porque te, Deputado Luiz Couto; demais membros da Mesa; nossas embaixadas não estavam preparadas para represente do Itamaraty, Secretário Rubem Amaral; esse novo fenômeno, que é a saída de brasileiros. Sr. Romeu Tuma Júnior; Deputado Dr. Talmir, autor do Estávamos acostumados a receber imigrantes e não requerimento de realização desta audiência pública: a enviá-los. Com esses problemas econômicos que o meus cumprimentos. Brasil vem atravessando ao longo desses anos, evi- Inicialmente indago à Mesa se o assunto dos apá- dentemente ocorreu o fenômeno com a vinda de ja- tridas foi mencionado, porque esse problema já está poneses, italianos e todas as demais raças, e todos resolvido. O requerimento do Deputado fala de 200 mil nós temos envolvimento. Essas pessoas vieram para brasileiros. A Emenda Constitucional nº 272, de 2002, cá construir sua herança. foi aprovada no começo do ano. Portanto, está resolvido A Comissão de Direitos Humanos e a Comissão o problema dos apátridas. Eu estava presente. de Relações Exteriores devem se esforçar, junto com o Talvez diminua um pouquinho o problema do Itamaraty, no sentido de melhorar essas relações. Por brasileiro no exterior, com a queda do dólar. Os mila- ser um fenômeno novo, precisamos avançar, e bas- gres começam a ocorrer neste País. Mas sabemos que tante. Temos problemas na Bolívia. Brasileiros estão existem milhões de brasileiros lá fora sem nenhum do- sendo deportadas por causa de um movimento possi- cumento. E não é só na Guiana Francesa, onde estive. velmente legítimo, mas que não justifica a forma como Na verdade, Guiana Francesa é um país ultramarino nossa gente está sendo tratada lá fora. São problemas da França. Consideram que quem entra na Guiana locais, e não temos o direito de entrar neles. Porém, Francesa entra na França. Também temos problemas eles também não têm o direito de tratar os brasileiros semelhantes na Bolívia. Brasileiros constituem patri- daquela forma, haja vista a contribuição que eles têm mônio nesse país e simplesmente são expulsos, sem dado a esses países. levar absolutamente nada. São trabalhadores que es- Parabenizo o companheiro Dr. Talmir. A única pre- tão lá e muitas vezes são presos, judiados. É o caso ocupação que eu tinha era com essa questão dos apá- também do Paraguai, país que tem o maior número tridas. Cheguei atrasado porque estava na Embaixada de brasileiros, pelo menos oficialmente. Os Estados Americana resolvendo uns problemas particulares. Unidos têm um número extraordinariamente grande, No Japão há mais de 300 mil brasileiros, e a cada mas ninguém sabe qual é exatamente. ano esse número aumenta. No mandato passado ha- 01584 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 via 280 mil, e agora são 310 mil. Em todos os lugares Preocupo-me com os brasileiros que estão em onde vou, como por exemplo nos Estados Unidos – outros países e com os turistas que chegam ao Bra- vou por minha própria conta; não há custo para a Casa sil. Por exemplo, quem é brasileiro tem de ouvir e se –, tenho visitado presídios. Recentemente fui com o calar, porque depende das autoridades. Preocupo-me Embaixador Adalnio, de Atlanta, visitar os presídios, com a questão dos turistas que chegam ao Brasil e onde há um imenso contingente de brasileiros – prati- são assassinados. camente todos sem documentos. Eles não estão sendo Nos Jogos Pan-Americanos, 2 boxeadores cuba- maltratados, mesmo porque os presídios americanos nos foram extraditados da noite para o dia, e até hoje têm muito conforto. Há gente aqui que não tem, fora do não se tomou providências no sentido de se saber o presídio, o conforto que eles têm dentro dos presídios porquê dessa extradição imediata, sem nenhum argu- americanos. Há até sala de ginástica com ar condicio- mento, sem nenhuma fundamentação. nado e tudo o mais. Algumas pessoas nem querem Tenho uma pergunta a fazer. Não sei se ela já sair de lá. Mas não é o caso dos brasileiros que estão foi feita por algum Deputado. O problema é somente a no Paraguai, na Bolívia, na Guiana Francesa, onde prisão de brasileiros nos diversos países ou há notícia estive. Realmente os moradores da Guiana estavam de maus-tratos, de tortura? bastante preocupados com a maneira truculenta com Muito obrigado. que as autoridades locais tratam os brasileiros. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Concordo com o companheiro Dr. Talmir. Realmen- Obrigado, Deputado Veloso. te o assunto deve ser tratado com mais meticulosidade Com a palavra a Deputada Lucenira Pimentel, para que possamos levantar a situação desses brasi- do PR do Amapá. leiros que estão lá fora e enviam bilhões para o Brasil. A SRA. DEPUTADA LUCENIRA PIMENTEL – Só os brasileiros que vivem no Japão enviam em torno Boa-tarde, Sr. Presidente, Deputados e Deputadas. Há 1 mês ouvi algumas denúncias de pessoas de 3 bilhões. Eram 2,5 bilhões no ano passado, e me que foram ao meu gabinete. Logo, por intermédio do parece que este ano subiu para 3 bilhões. Trata-se de Itamaraty, do Ministro Celso Amorim, do Ministro Edu- dinheiro totalmente limpo, que entra no Brasil de forma ardo Gradilone, que se interessou muito pelo caso, do oficial – fora os que vêm, como dizem, na cueca. Secretário Rubem Amaral, fomos a Caiena, Capital da Precisamos dar atenção especial a esses nos- Guiana Francesa. Iniciamos, de forma cabível, uma sos heróis. Não gosto nem que sejam chamados de gestão política, a fim de discutirmos a questão com brasileiros ilegais. São brasileiros sem documentos. A as autoridades francesas locais e com a comitiva de pecha de ilegal não cabe a essa gente trabalhadora, representantes do Governo brasileiro. Fomos muito que vai lá fora em busca de trabalho por causa de er- bem recebidos pelo Cônsul Geral do Brasil, Carlos ros de longa data cometidos por nós. Evidentemente, Augusto Loureiro, e seus assessores; pelo Comissário eles estão à procura de mercado de trabalho. da Polícia de Caiena, o Diretor (ininteligível) Garcia, Eu sou filho de japonês e sei o quanto a minha e pelo Presidente‑Diretor do Gabinete, (ininteligível). família foi grata a esta Nação por acolher os estran- Os denunciantes também compareceram e realizamos geiros aqui. Acho que o mesmo tratamento tem de ser uma reunião com todos os brasileiros. Após expormos dado aos brasileiros lá fora, neste momento em que o o motivo da nossa viagem, procuramos obter informa- Brasil passa por um período recessivo. ções sobre a versão daquele país quanto ao relato de Parabenizo o autor do requerimento para reali- nossos cidadãos. Tomamos conhecimento de que há zação desta audiência e os demais companheiros que brasileiros que, mesmo tendo direito à Carte de Séjour, usaram a palavra. ou seja, documento de permanência no território de O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – ultramar da França, não a têm. Obrigado, Deputado Takayama. Chegamos à conclusão de que teremos de an- Há 3 oradores inscritos: Deputado Veloso, Depu- tecipar sugestões de providência junto ao Governo, a tada Lucenira Pimentel e Deputado Nilson Mourão. Em fim de desenvolvermos, imediatamente, programas e seguida passaremos a palavra aos expositores. medidas voltadas a atender brasileiros que ali sofrem Com a palavra o Deputado Veloso, do PMDB da inúmeras discriminações sociais. Bahia, pelo prazo de até 5 minutos. Entre as minhas propostas, sugeri a criação de O SR. DEPUTADO VELOSO – Sr. Presidente Luiz uma central de atendimento, no Município do Oiapoque, Couto, demais membros da Mesa, cheguei atrasado equipada com serviço de rediscagem gratuita 0800; pá- porque estava em outra Comissão e não ouvi o início gina na Internet para contato com os familiares, a fim da exposição dos convidados. de possibilitar a esses brasileiros irregulares o direito Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01585 ao benefícios de atenção à saúde para identificação e, a partir daí, faço meus relatórios e dou minhas opini- de casos de DST/AIDS, tuberculose, malária, dengue e ões. Em função do tempo, não entrei em contato com outros; assessoria jurídica para acompanhar e defender nossa embaixada na Venezuela, mas obtive algumas os brasileiros que se encontram, hoje, nos presídios informações que considero importantes. das Guianas e cujas prisões podem ter sido arbitrárias; De fato, há um número impreciso de garimpeiros equipes disciplinares compostas de assistente social, que cruzam a fronteira de Roraima com a Venezue- psicólogo, sociólogo, membros do Conselho Tutelar la, normalmente recrutados por empresas brasileiras do Oiapoque, a fim de atender aos brasileiros e suas ou venezuelanas que não pagam impostos, operam famílias em juizados de menores dentro do centro. clandestinamente na extração de minério e submetem Acredito que o resultado dessa visita diplomática essas pessoas a trabalhos degradantes. à Guiana foi o primeiro passo para que os Governos A extração de minério na Venezuela segue uma federais, estaduais e outros poderes possam melhor legislação diferente da do Brasil. Lá, essa atividade é estimar com porcentagens reais, a fim de tentarmos expressamente proibida, portanto, é considerado cri- resolver os problemas de nossos conterrâneos em ter- minoso todo aquele que vai para os garimpos de modo ras francesas, evitando que tantos sejam injustiçados, ilegal. No Brasil houve uma fase mais ou menos se- até mesmo mortos. melhante: fechava-se os olhos em torno da realidade Agradeço especialmente ao Itamaraty pelo em- dos garimpos, depois o Governo procurou normalizar penho, na pessoa do Exmo. Sr. Ministro Eduardo Gra- um pouco. A maioria dos casos decorre desse fato. Al- dilone; às autoridades que nos recepcionaram e nos guns presos reincidentes na Venezuela são convidados acompanharam nas reuniões; a todos os que estiveram a se retirar do país, a voltar para o Brasil. Na maioria conosco na Guiana Francesa e ao Deputado Antonio das vezes eles não querem voltar, querem continuar Carlos Mendes Thame pela iniciativa. extraindo minério, e são presos. Alguns são deporta- Acho que se juntarmos nossas iniciativas, com dos, mas retornam para extraírem minério. É essa a certeza, conseguiremos não resolver, mas, pelo me- nossa realidade. nos, ver o que se pode fazer pelos nossos brasileiros Cabe uma pergunta muito importante para esta naquele país. Comissão, Presidente Luiz Couto: mesmo eles estan- Muito obrigada. do presos são submetidos a torturas ou a tratamentos O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – degradantes? Obrigado, Deputada Lucenira Pimentel. Não obtive maiores informações sobre essa ques- Concedo a palavra ao Deputado Nilson Mourão, tão. Pode ser também – acredito que esteja ocorrendo do PT do Acre. – que um ou outro brasileiro esteja preso sem muita O SR. DEPUTADO NILSON MOURÃO – Sr. Presi- dente, Deputado Luiz Couto; Sr. Rubem Amaral, ilustre justificativa, sem uma denúncia formal mais consisten- representante do Itamaraty; Sr. Romeu Tuma Júnior, te. Isso ocorre em todos os lugares. Mas a maioria das representante da Secretaria Nacional de Justiça; Depu- prisões decorre desse fator da ocupação das áreas de tado Dr. Talmir, o proponente desta audiência pública, garimpo ser proibido por lei. este assunto é realmente muito importante e deve ser Queria apenas prestar esse esclarecimento. Su- tratado pela Comissão de Direitos Humanos. giro que esta Comissão, por intermédio do Deputado Sou da fronteira do Acre com a Bolívia e o Peru Dr. Talmir e de outros interessados, verifique a eventual e lidamos com essa situação não somente agora no violação de direitos humanos desses prisioneiros, o que período do Governo Morales, antes também nós já caberia, se fosse o caso, uma visita in loco. tínhamos muitas situações. Agora, por intermédio da Creio que não é nossa função proteger pessoas Comissão de Relações Exteriores, iniciamos todo um que cometem delitos. Aqueles que ocupam ilegalmente processo de conhecimento, de debate, de discussão áreas em países estrangeiros, que lá permanecem e no que concerne aos brasileiros que estão na fronteira por isso são punidos, terão nossa proteção no sentido da Bolívia. Produzimos relatórios, que serão examina- de lhes garantir os direitos humanos, diferentemente dos e votados na Comissão de Relações Exteriores, os daqueles que são presos injustamente, como ocorreu quais posteriormente enviaremos aos senhores. nos Estados Unidos, em determinado período, quan- Sr. Presidente, quero contribuir apenas no escla- do algumas pessoas foram presas ilegalmente. E, nós, recimento da questão dos presos na Venezuela. por meio de ação da nossa comunidade em Boston e Normalmente, quando sou procurado para cola- do nosso Ministério, conseguimos soltá-los. Demons- borar nessas questões, dirijo‑me diretamente ao nosso tramos que, de fato, estavam sendo mantidos presos Embaixador naquele país. Busco todas as informações irregularmente. 01586 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Eram as informações que teria a prestar, Sr. desses brasileiros clandestinos, que, por não quererem Presidente. aparecer, não procuram nenhuma autoridade. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Sr. Presidente, talvez, no começo, eu tenha me Obrigado, Deputado Nilson Mourão. expressado de forma errônea, o que ensejou a pergun- O importante é que segundo a Convenção da ta de V.Exa. e a do Deputado Dr. Talmir, com relação ONU, tanto tratamentos desumanos, quanto degradan- a se só o preso pode... tes e cruéis equivalem à tortura. Três adjetivos. Na verdade, quando há acordo, é necessário que Passaremos agora a palavra aos nossos expo- nessa transferência haja vontade expressa do preso. sitores para que, a partir dos questionamentos, façam Mas a notícia dessa vontade pode ser dada por qual- seus comentários ou respondam às indagações. quer familiar, por qualquer advogado que represente Concedo a palavra ao Dr. Romeu Tuma Júnior. o preso, por qualquer autoridade estrangeira. Quando O SR. ROMEU TUMA JÚNIOR – Sr. Presidente, a notícia chega à Secretaria, ela é imediatamente pro- agradeço a V.Exa. e a todos os Deputados a partici- cessada e encaminhada para o setor competente do pação. Itamaraty. Então, é óbvio que, no procedimento, requer- Durante a fala de V.Exas., anotei alguns pon- se anuência expressa do preso naquela transferência. tos. Pode ser que eu cometa algum engano ou pas- Mas essa anuência expressa é no procedimento for- se despercebido, mas gostaria que os senhores me mal. A notícia da necessidade, da vontade do preso reinquirissem. pode chegar de várias formas, inclusive por telefone. Deputado Nilson Mourão, V.Exa. enfatizou que É raro, mas recebemos. Às vezes há demanda nessa alguma coisa advém dessa clandestinidade. Muitas área e a encaminhamos. reclamações são abstratas. Talvez eu consiga repro- Foram questionadas nossas leis de coopera- duzir a fala de V.Exa. É verdade que há um número im- ção. preciso de garimpeiros, que cruzam clandestinamente O Deputado se ausentou, mas quero dizer, quan- a fronteira de Roraima, recrutados por empresas que to ao Japão, que temos uma ação muito significativa, exploram clandestinamente minérios. Então, é muito em que o Brasil buscou recentemente um tratado de difícil se estabelecer alguma coisa real dentro dessa cooperação jurídica internacional com aquele país. Na clandestinidade, que já é uma indústria. área cível já se prevê a questão de assistência e a de Enfatizamos, no início desta reunião, que não alimentos. Há muitos problemas de brasileiros ou de tomamos ciência se a família do preso ou se uma au- japoneses que vão ou que vêm, que deixam parentes, toridade não informar o fato à Secretaria, dentro da mulheres, filhos, e não pagam pensão. Há uma resis- nossa pequena atuação, principalmente ao Itamara- tência grande do Japão. Eles querem cooperação em ty, para que as autoridades brasileiras efetivamente matéria penal, mas não querem em matéria civil, que possam agir. é algo que interessa ao Governo brasileiro. Isso de- A Secretaria Nacional de Justiça está atuando, manda negociações e temos nos dedicado bastante de forma bastante firme, com vários acordos interna- nessa área. cionais de cooperação; com política nacional, imple- Quanto aos acordos de cooperação e transferên- mentada por este Governo; com plano nacional, que cia de presos, apenas para atender a um questiona- será lançado pelo Presidente da República, na questão mento, eu poderia citar, Sr. Presidente, que nós temos do tráfico de pessoas, independentemente das vestes um tratado de transferência de presos com a Argentina, a que elas se vinculam, quer para exploração sexu- o Decreto nº 3.875, promulgado no dia 23 de julho de al, quer para mão-de-obra escrava. Há casos no País 2001; um tratado com o Canadá, o Decreto nº 2.547, de estrangeiros sem documentação escravizando de de 14 de abril de 1998; com o Chile, um tratado de forma ilegal. Isso acontece muito em algumas regiões transferência de presos condenados – no Canadá e de São Paulo, nessas pequenas fábricas de artigos de na Argentina são só presos –, o Decreto nº 3.002, de vestimentas, nas quais ilegais escravizam ilegais. Não 26 de março de 1999; com a Espanha, o Decreto nº se tem reclamação oficial. As pessoas têm medo de 2.576, de 30 de abril de 1998; com a OEA, a Conven- procurar as autoridades. ção Interamericana sobre o Cumprimento de Senten- Quanto ao tráfico de pessoas, com relação à ex- ças Penais no Exterior, que é o Decreto nº 5.919, de 3 ploração sexual de mulheres, muitas vezes quando a de outubro de 2006; com o Paraguai, um tratado sobre autoridade age, identifica o autor, a organização cri- transferência de pessoas condenadas e de menores minosa e tenta resgatá-las, elas vêem na autoridade sob tratamento especial, o Decreto nº 4.443, de 9 de uma pessoa perniciosa, porque, em tese, está tirando outubro de 2002; com o Peru, o Decreto nº 5.931 de 13 o seu lucro. É uma área de difícil ação, assim como a de outubro de 2006; com Portugal, o Decreto nº 5.762, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01587 de 2 de maio de 2006; com o Reino Unido, o Decreto Queria salientar, muito menos na condição de nº 4.107, de 28 de janeiro de 2002. Secretario Nacional de Justiça e muito mais na condi- E temos 4 que estão em tramitação nesta Casa ção de delegado de carreira de polícia, com 28 anos com relação a Angola, ao Suriname, um do MERCO- de carreira, acostumado a lidar na área de segurança SUL e outro com a Comunidade dos Países de Língua pública, que, por mais que existam alguns modelos Portuguesa – CPLP. Negociações em andamento, que mais adequados, aparentemente mais bonitos, talvez, obviamente ainda não foram firmados, com a África do mais limpos, presídio é presídio em qualquer lugar do Sul, Bahamas, Colômbia, Costa Rica, Equador, Ho- mundo. Então, a sensação de estar preso, para quem landa, Ilhas Cayman, Índia, Indonésia, Japão, Líbano, tem vergonha, para quem tem esse sentimento, é uma Nicarágua e Nigéria. coisa que deprime, que já deixa a pessoa em uma situ- Especificamente ao tema tratado hoje, como ação de inferioridade. Então, obviamente, às vezes, a eu disse no início, temos nossa demanda tanto para dificuldade da língua e uma série de outras dificuldades a Guiana quanto para a Venezuela e não obtivemos demandam esses problemas, essas denúncias, enfim, resposta. Mandamos as minutas já com as traduções esses casos que a Comissão, muito oportunamente, específicas requisitadas, mas, desde 2003, 2004, não está trazendo à baila. mais obtivemos resposta. O que podemos caracterizar, como órgão do Mi- Com relação à videoconferência, acho que ela nistério da Justiça e, tenho certeza, que o Itamaraty da não é possível nesses casos. Temos discussões jurí- mesma forma, é que estamos aqui para ser demanda- dicas inclusive na sua aplicação dentro do Brasil. Acho dos, qualquer caso excepcional, caso pontual, caso de que não haveria viabilidade técnica, porque, a partir do que se tenha notícia, obviamente, pois é nosso papel, momento em que nós temos a notícia de um brasileiro nossa obrigação prestar todo o apoio, dar o suporte preso, obviamente, o Itamaraty vai agir, as autoridades necessário para aquele indivíduo brasileiro que está vão agir, os tratados, se houver, vão ser efetivados e lá ou para a sua família. não haverá necessidade inclusive dessa comunicação Então, abrimos esse canal de comunicação, que porque não haverá possibilidade técnica de julgamento já existe, mas queremos estreitá-lo com esta Casa, es- de um brasileiro em outro país. Efetivamente, depois pecialmente com esta Comissão, que deve ser a mais de transitada a sentença, se o preso for transferido, demandada, para que possamos intervir nos casos que ele virá aqui cumprir a pena, adaptada à execução da efetivamente sejam comprovados e em que haja neces- nossa legislação. sidade, dentro das limitações de recurso e de pessoal Como eu disse, nós temos uma regra geral de, que temos, da presença do Ministério da Justiça e do de vez em quando, solicitar ao Itamaraty que faça a Itamaraty para sanar essas questões. comunicação às comunidades brasileiras nos outros Com relação à notícia de tortura, nunca rece- países desses acordos que nós temos, obviamente bemos. Estou há quase 90 dias na Secretaria, mas para fazer com que isso chegue a parentes de pes- não tenho notícia de que lá tenha chegado qualquer soas que estejam com a liberdade cerceada ou que denúncia. Mas, independentemente da gravidade da chegue a presídios no exterior. A Secretaria, às ve- denúncia ou do ato a que é submetido alguém de for- zes, faz essas ações, mas nós sabemos também que ma degradante, qualquer notícia envolvendo cidadão existe uma convenção de que deve ser comunicada a brasileiro que chegar à Secretaria, ela é processada prisão de todo preso ao representante do país que ali e encaminhada aos órgãos competentes para que o está. Todos os estrangeiros que são presos aqui, os Itamaraty, que é o nosso representante lá fora, possa consulados inerentes a eles são comunicados. Então, buscar a comunicação com essa pessoa para ver o que a partir daí há efetivamente essa prestação de serviço está acontecendo e tomar as providências cabíveis. que pode ser dada, mas sempre ressaltando, de forma Sr. Presidente, de forma geral, não sei se falhei absolutamente transparente, que muitas pessoas não nas minhas anotações. Algumas questões já foram re- querem esse acompanhamento, não querem essa as- petidas. O que pude anotar do que foi exposto, acho sistência, querem tentar ali permanecer. que é mais ou menos isso, e fico à disposição também Temos notícias, obviamente que não tem muita para prestar novos esclarecimentos. consistência, mas é notícia, é um informe, de pessoas Agradeço a V.Exa. e a paciência dos Srs. De- que buscam a prisão para poder ficar no outro país, para putados. tentar, de uma forma ou de outra, ganhar tempo para O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – se regularizar, buscando aquele eldorado, que, sabe- Muito obrigado. mos, não existe. É difícil, mas é um direito da pessoa O Deputado Dr. Talmir pediu a relação, se o se- entender que está fazendo o que melhor lhe convém. nhor puder encaminhá-la para nós. É importante para 01588 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 sabermos a relação de brasileiros residentes no ex- tas, peço aos senhores que, depois, refaçam a per- terior, para compararmos, é muito importante, com o gunta com o dado que estiver faltando. Deputado. Se não tiver agora, o senhor pode, depois, Antes de mais nada, sobre a condição de ilegalida- encaminhar para a Comissão de Direitos Humanos. de dos brasileiros no exterior, queria só dizer o seguinte, O SR. ROMEU TUMA JÚNIOR – Essa dos acor- nós não usamos o termo ilegal no Itamaraty. Nós não dos, eu posso deixar já, entregar para V.Exa. para fazer trabalhamos com esse conceito de ilegalidade e, sim, cópias para os senhores membros. de irregularidade. Portanto, no diálogo que nós temos Com relação aos presos, nós temos aqui um nú- com os governos estrangeiros a respeito, nós nunca mero que obviamente o Itamaraty deve ter algo mais usamos a palavra ilegal e fazemos questão de que isso concreto. O número que eu tenho é de 2006, relativo a fique bem claro para os nossos interlocutores. quase 4 mil presos, mas acho que o nosso Secretário Passo às perguntas que o Deputado Talmir fez do Itamaraty vai ter esse dado mais preciso. no início. O senhor se referiu àqueles presos que não Quanto à relação nominal de presos no exterior, estão presos, que, na verdade, são presos das cir- eu acho que é um dado que nós não temos. Nós, que cunstâncias, mas não na cadeia. Isso realmente é um militamos na segurança pública, sabemos que difi- assunto complexo até porque, como o Dr. Romeu Tuma cilmente os Estados têm a relação dos presos aqui, falou, a questão da clandestinidade introduz um fator quanto menos no exterior. de incerteza muito grande. E os brasileiros, por esta- O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – rem justamente na clandestinidade, é difícil chegar até Aquela relação a que o Dr. Rubem se referiu era uma eles, é difícil saber quantos são, o que fazem, em que estimativa, mas é importante para sabermos se tem condições eles realmente estão. mais, de acordo com aqueles dados, ou se tem me- Mas, no caso específico da documentação que nos. Era o que o Deputado Dr. Talmir estava querendo, o senhor levantou, se uma pessoa tiver o seu passa- porte retido por algum patrão que a esteja explorando porque ele vai representar a nossa Comissão, com em algum tipo de trabalho forçado, trabalho escravo, o Deputado Geraldo Thadeu, em um evento que vai ela poderá sempre se dirigir a uma repartição nossa acontecer na Bélgica, no dia 2 de dezembro, sobre os mais próxima e solicitar um documento de viagem brasileiros que estão na Europa e enfrentam diversos para o Brasil. problemas, não somente os presos, mas os que estão Esse documento será fornecido dependendo da soltos lá com diversos tipos de prisão. situação da pessoa. Ou vai ser um passaporte ou uma Com a palavra o Secretário Rubem Amaral. autorização para retorno, depende muito da circuns- O SR. RUBEM AMARAL – Começo referindo-me tancia. Mas ela não ficará indocumentada, portanto, à questão do número de presos no exterior. Esse dado não estará desassistida nesse aspecto específico da que o senhor tem, que, na verdade, repassamos, eu documentação. Ela, precisando retornar, retornará, al- falei em 3 mil presos, quando nós começamos a reu- gum documento lhe será dado para retornar. nião, e o senhor falou em 4 mil. É porque, de fato, isso Obviamente, na questão do trabalho escravo ou que tenho aqui é uma grade, um cruzamento de dados do trabalho forçado, é preciso saber se a pessoa que de um programa, que é o relatório consular, produzi- está trabalhando nessa circunstância se considera um do anualmente pelo posto individualmente. E o nosso escravo ou coisa parecida. É a questão, por exemplo, consulado em Miami introduziu aqui um número que do tráfico de pessoas. Tive oportunidade de falar com alterou muito o equilíbrio, porque eles provavelmente funcionários do Ministério da Justiça que se dedicam consideraram as pessoas que estão presas no aguardo especificamente a isso sobre a dificuldade de saber de deportação, e essas efetivamente são muitas. se a pessoa que está sendo explorada se considera Os números que eu tenho aqui são de presos explorada. Então, isso apenas para que entendamos cumprindo pena, ou seja, que estão na prisão no que é difícil até classificar, saber exatamente qual é a cumprimento de pena. Então, eu pediria que o senhor situação dessa pessoa, e que a opinião dela sobre si renovasse esse dado dos mil que Miami coloca aqui mesma não importa. Então, se a pessoa não se acha porque isso realmente foi um erro deles. Depois, in- explorada, não se acha vítima de tráfico, não tem caso. clusive, teria prazer em falar com o senhor com mais É uma coisa paradoxal, mas é exatamente assim. Não detalhe sobre isso, para o senhor poder levar uma ci- podemos ajudar essa pessoa, se ela não quiser ser fra mais confiável. ajudada ou se ela sequer se considera em situação Houve muitos questionamentos, eu vou procurar de ser ajudada. responder rapidamente às perguntas que foram feitas A questão da Convenção de Viena e da obriga- pelos Parlamentares. Se as respostas forem incomple- ção que os Estados têm de informar às representações Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01589 estrangeiras sobre as prisões dos seus nacionais. De seja, não possua recursos. Se essa pessoa possuir fato, a obrigação existe, mas, infelizmente, pela minha recursos para contratar advogado, não há razão ne- experiência em relação a isso, eu posso dizer que há nhuma para o Estado brasileiro fazer isso. falhas na comunicação. Às vezes, essa obrigação é es- Na maior parte do mundo, existe o direito a ad- quecida pelos Estados. Então, nem sempre eles cum- vogado dativo ou defensor público. São pouquíssimos prem. Alguns são muito diligentes. Temos, por exemplo, os países onde isso não ocorre. E quando não ocorre, Estados que são federações, os Estados Unidos, o contratamos advogado. Portanto, contratamos, sim, ad- Brasil mesmo é uma federação, e que são muito cio- vogados para casos específicos, mas criteriosamente, sas em cumprir isso e outras que não o são. E, de fato, ou seja, analisando caso a caso. Normalmente, isso ficamos na dependência de saber se aquela pessoa costuma ser bastante caro. está presa ou não. Às vezes, é a família que nos vai Os advogados que fazem esse trabalho de super- informar. Se a família nos informar, nós iremos atrás visão vão aos presídios, conversam com esses presos e vamos interpelar quem for necessário para saber se e produzem relatórios sobre a situação de cada um. essa pessoa está presa, em que condições ela está e Se houver alguém no Brasil que precise saber alguma o que pode ser feito por ela. Mas, de fato, pode ocorrer coisa sobre essas pessoas – ou que já tenha entrado de nós não sabermos de maneira nenhuma que alguém em contato conosco, com a minha divisão, e nos tenha está preso porque o Estado não nos informa ou até perguntado sobre a situação do seu parente que está porque a pessoa não quer que nós saibamos. Então, preso em determinado lugar –, nós lhe encaminhare- isso é um fator que dificulta a nossa assistência. mos uma mensagem, dizendo o que o advogado falou Nós sabemos, sim, onde as pessoas estão pre- sobre o preso e explicando a sua situação jurídica. sas. Elas estão presas no mundo inteiro. Eu tenho Não divulgamos os nomes dessas pessoas, até aqui uma relação do relatório consular. Na verdade, porque a Constituição não o permite. Há um sigilo de há presos em todos os países do mundo. Nessa lista dados. Uma das razões pelas quais essas pessoas mui- que eu apresentei aqui no início, que eu mencionei tas vezes concordam em que tomemos conhecimento muito brevemente, eu peguei apenas os países onde da sua situação é justamente a nossa promessa de não há maior concentração. Há países onde há 2 presos ou divulgar esses dados. Só podemos fazê-lo mediante não há preso nenhum. Mas o senhor vai ter essa idéia ordem judicial. Nesse caso, nós o fazemos. vendo essa nossa... E, como eu falei, os números são Em relação às condições dos presídios, temos de presos cumprindo pena, exceto aquele de Miami que nos dobrar ao fato de que o mundo é extrema- que tem aquela distorção. Eu vou lhe passar essa lista mente desigual. Há países com melhores condições e vou conversar com o senhor sobre isso. para proporcionar conforto aos presos do que outros. Quanto aos nomes dos presos, sabemos os no- Uma das funções do nosso serviço consular é justa- mes de alguns, não de todos, em parte pelo que eu mente acompanhar a situação dos presos na prisão, já disse aqui. Por que é difícil saber quem são essas o seu dia-a-dia, e saber se estão sendo bem alimen- pessoas? Por várias razões: porque elas não querem, tados, como estão, como dormem, se têm um abrigo, porque os países não comunicam ou porque eles não se dispõem das condições mínimas para estar lá dig- têm ninguém no Brasil que fale por eles. É uma situa- namente. Em não poucos casos, as condições são ção dramática. Vamos ver como essa situação evolui. realmente muito ruins. Quando tivermos mais meios para chegar a essas Dentro das nossas possibilidades, inclusive fi- pessoas, nós o faremos. nanceiras, procuramos minorar isso, dando a esse Temos nomes, sim, de presos. Estamos partindo preso o que ele precisa, às vezes até medicamentos. do princípio de que eles querem que nós saibamos Há alguns casos de presos que são diabéticos ou que que eles existem. Temos inclusive listas, dependendo têm necessidade de um tratamento médico complexo. do posto, porque, dentro do nosso Programa de As- Nós custeamos o tratamento, apesar de isso ser res- sistência ao Preso – não mencionei isso no início –, ponsabilidade do Estado que recebe o preso. Ora, há há uma ação de apoio jurídico a essas pessoas, ou diretores de prisão que se dirigem aos nossos côn- seja, vários postos nossos têm advogados contrata- sules e dizem: “Não tenho condição de cuidar do seu dos só para isso. preso. O senhor, por favor, ajude-o”. Às vezes essa Esses advogados não estão ali para defender atitude de colaboração é até uma humilhação. Então, presos individualmente, até porque isso seria extre- nós agimos. mamente caro. Não teríamos condições de fazê-lo. Tudo depende do quanto o país que recebe o Um princípio básico da assistência consular é que a preso quer cooperar. Há países onde a autoridade pessoa que esteja sendo assistida seja desvalida, ou carcerária não admite que interfiramos de maneira 01590 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 alguma no caso do preso. É o caso do Japão. Se um geiros são pessoas tensas por natureza. De fato, neste preso se queixa, por exemplo, de passar frio, ele não momento, pode ocorrer algum tipo de – não vou dizer está passando frio por acaso. Tudo é absolutamente abuso – tratamento indesejável em relação à pessoa calculado. Se quisermos dar ao preso algum tipo de que está tentando entrar no país e não consegue. abrigo – um cachecol, um casaco –, as autoridades Sempre que temos algum relato específico de carcerárias não permitem. Eles agem de acordo com tratamento inadequado de um oficial de imigração em a lei daquele país. relação a um brasileiro, solicitamos à nossa reparti- Estamos falando de um país onde tudo é calcu- ção no exterior mais próxima e que tenha competên- lado, ou seja, nada ocorre por acaso. Que eu saiba, cia sobre a área que interpele as autoridades locais ninguém morre disso. Realmente eles consideram o sobre aquele caso. Na maioria das vezes, recebemos preso uma pessoa apenada, que está ali para passar uma resposta. por algum tipo de constrangimento. Ainda assim, po- O problema é como agir nesse caso. Normalmen- demos dizer – e sempre o fazermos – o que pensamos te, a pessoa quer algum tipo de retratação da autoridade sobre essa situação quando necessário. migratória estrangeira, e isso não ocorre, simplesmente A questão do acompanhamento dos familiares não ocorre. Se a autoridade estrangeira agiu dentro da ocorre como eu disse: quem sabe que tem algum pa- lei, ela não vai retratar-se, mas sempre fazemos ouvir rente preso no exterior e precisa de alguma informa- a nossa voz de protesto, quando preciso. ção sobre ele pode dirigir-se à nossa divisão, mas a Deputado Jurandil Juarez, quanto à questão da informação que passaremos aos familiares estará con- Guiana Francesa, eu talvez não me tenha expressado dicionada à concordância da pessoa que está presa. direito, quando falei das dificuldades de deslocamento, Trata-se da garantia do sigilo de dados. e talvez a tenha incluído num grupo de países onde isso V.Exa. mencionou a situação da Senadora In- ocorre, mas esse não é o caso da Guiana Francesa. grid Betancourt, na Colômbia. Esse assunto escapa O que eu queria dizer é que a nossa repartição con- completamente à minha competência no Itamaraty. sular em Caiena é pequena e mal lotada, ou seja, há Não tenho como passar a V.Exa. uma posição sobre poucos funcionários. De fato, é muito difícil, com esse o caso específico da Senadora que está presa pela pequeno grupo de funcionários, prestar assistência a guerrilha colombiana há vários anos. Quanto a isso, todo um universo de brasileiros que está lá. vou ficar devendo-lhe uma informação. Podemos con- Estive no local há uns 10 dias com a Deputada versar depois. Terei o prazer de falar com a área com- Lucenira Pimentel. Tive o prazer de estar lá com S.Exa., petente, enfim, com a área política do Ministério que trocar idéias com brasileiros e verificar as condições em monitora esse assunto, para que V.Exa. obtenha as informações de que precisar. Neste momento, eu não que o nosso consulado atua. Realmente, trabalha-se tenho como fazer isso. no limite. E, por se trabalhar no limite, é extremamente V.Exa. mencionou também uma questão mais difícil deslocar funcionários para algum lugar fora da ampla: a situação dos brasileiros na Europa. Acho que sede da repartição. Era isso que eu queria dizer. Não V.Exa. se referia à obtenção da regularização migratória, que não haja infra-estrutura, é claro que há – se bem não só especificamente a presos, se entendi bem. que há certos locais na Guiana Francesa aonde só se Estamos em diálogo constante com os governos chega de helicóptero. europeus a esse respeito e fazemos a pressão política É dificílimo, por exemplo, chegar a Maripasoula, cabível nesse caso, mas as autoridades européias têm que fica no interior da Guiana Francesa, quase na fron- uma política de controle migratório cada vez mais rígi- teira com o Suriname. Ocorrendo um caso em Maripa- da, e isso causa constrangimentos terríveis aos nossos soula, se não tivermos a cooperação das autoridades nacionais. Pessoas são deportadas, sem que tivessem locais para nos ajudarem, será muito difícil deslocar nenhuma intenção de permanecer em território euro- fisicamente um funcionário para ir lá atender alguém. peu. Isso é terrível, realmente terrível. Já houve casos. Felizmente, contamos com a colabo- Temos feito o que está ao nosso alcance e es- ração da Gendarmerie, que nos ajudou. tamos sempre no pé dessas autoridades, solicitando Há sempre uma maneira de atender as pesso- que ajam dentro das leis dos países, afinal de contas as, mas é preciso levar em conta que muitas vezes a há uma legislação local que deve ser respeitada, mas assistência que oferecemos depende muito da cola- também se deve respeitar a dignidade do indivíduo. boração do outro lado e que a eventual dificuldade de Quem viaja sabe que o aeroporto é um lugar tenso relacionamento com as autoridades locais pode ser por natureza, mais tenso hoje em dia por questões de um obstáculo ao nosso trabalho de assistência. Esta- segurança. Enfim, as pessoas que lidam com estran- mos em uma outra jurisdição, em um outro país, com Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01591 outras leis. O trabalho não é só nosso, depende de Quem estiver na Guiana Francesa, na condição colaboração de autoridades estrangeiras. de clandestino, de trabalhador indocumentado, estará No caso da Guiana Francesa, é sabido que as sujeito a deportação, e a uma deportação absolutamen- autoridades locais são notoriamente difíceis nesse as- te legal, de acordo com as leis francesas. Não estou pecto. A Deputada Lucenira Pimentel talvez se lembre dizendo que o Departamento da Guiana prime pelos de que, quando estivemos lá, a Procuradora-Geral do bons exemplos nessa parte. De fato, eles são muito Departamento da Guiana simplesmente foi embora. duros. As operações “Anaconda” – acho que elas ain- Enfim, tínhamos um encontro marcado, mas ela sim- da ocorrem – foram muito violentas, mas ainda assim plesmente desapareceu, não estava lá. Também tive- previstas em lei. Isso é complicado, mas, na medida mos dificuldades em ser recebidos pelo Governador do possível, tentamos sensibilizar as autoridades es- do Departamento da Guiana. Fomos recebidos por trangeiras, francesas, guianenses, para que tratem os alguém inferior a ele. O diálogo com essas pessoas nossos nacionais com dignidade, mas eles agem de é muito difícil. acordo com a lei deles. Sendo difícil o diálogo, é também difícil para nós V.Exa. disse que não há restrição para a entrada passar as nossas preocupações. Isso é um trabalho de guianenses no Brasil. De fato, não há, mas lembre- lento. Na verdade, é um trabalho quase de negociação. mos que a Guiana é Europa, assim dizem eles. Portan- Vamos passando – e não digo impondo – as nossas to, ali se aplica a Lei de Migração Européia e, no caso preocupações para que isso produza alguma reação, específico do Departamento da Guiana, os brasileiros para que elas nos ajudem a ajudar os nossos nacio- precisam de visto para entrar. É uma situação de de- nais também, mas isso é uma dificuldade. sequilíbrio, mas sinceramente não acho que a solução Em relação à expulsão de brasileiros, digo que para isso seja adotarmos algum tipo de restrição para a Guiana é um departamento francês, um departa- a entrada de guianenses aqui. Temos de fazer o con- mento de ultramar, mas eles fazem questão de dizer trário: manter a fronteira aberta daqui para lá. que ali se aplica a legislação da metrópole, ou seja, a O SR. DEPUTADO VELOSO – É preciso visto da França. O que estão dizendo, portanto, é que eles para entrar na França? são a França. Pelo menos na cabeça deles, eles não O SR. RUBEM AMARAL – É preciso na Guiana são algo diferente da França, são a própria a França. Francesa, na França não. Aplica-se a legislação francesa e não há situação de O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – excepcionalidade para o departamento. Em algumas situações eles seguem a lei francesa; Como eu disse antes, na Europa temos uma si- em outras, não. tuação de extrema rigidez no controle migratório e isso O SR. RUBEM AMARAL – Mas não é ilegal o é sentido também na Guiana Francesa. Ali, aplica-se que eles estão exigindo. o Tratado de Schengen. Dentro do que nos é possí- O SR. DEPUTADO VELOSO – Se a Guiana é vel, procuramos manter um diálogo com as autorida- território francês e se na França entramos sem visto, des locais para que elas tratem os nossos nacionais por que não entramos sem visto na Guiana? da melhor maneira possível. Na medida em que elas O SR. RUBEM AMARAL – É um território fran- agem de acordo com a Lei Francesa, não podemos cês de ultramar que faz fronteira com o Brasil. A situ- interpelá-las ou acusá-las de está fazendo algo de ação é diferente. maneira ilegal. Não estou argumentando pelo lado francês, nem Sabemos que realmente uma grande parte da teria condições de fazê-lo. Há um desequilíbrio, sem população brasileira na Guiana é indocumentada, não dúvida alguma, já dissemos isso ao lado francês vá- possui o permis de séjour, visto de permanência. E a rias vezes, mas é muito difícil convencer o outro lado Deputada Lucenira Pimentel também se lembrará que de que é preciso mudar alguma coisa. Eles acham tocamos nesse assunto com o chefe de gabinete do que, de fato, se abrissem as fronteiras, haveria uma Préfet. Ele nos disse que, de fato, eles têm dificuldade invasão de brasileiros. O nosso consulado, em Caie- em processar esses pedidos. São muitos e eles não na, estima em 70 mil o número de brasileiros naquele têm pessoal para fazê-lo, mas ele não disse que não departamento. Esse é um número altíssimo. Não sei o faria. Portanto, temos uma admissão de incapacida- se o número é exatamente esse, provavelmente seja de do governo local para processar todos os pedidos. menos, mas essa é uma estimativa, com todas as Obviamente, não temos como fazer que isso mude, a margens de erro que as estimativas têm no caso de não ser com a pressão de sempre: a do diálogo e a de migrantes no exterior. perguntar como as coisas estão indo, se vão melhorar. Temos de evitar pensar que os brasileiros foram Isso temos feito. expulsos só porque trabalhavam. Não temos nada con- 01592 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 tra quem trabalha e quer ganhar a vida honestamente, com mais diligência e há outros que não o fazem. Te- mas essas pessoas que são expulsas são documen- mos de correr atrás. Os que são detidos por imigração tadas. Isso também é um fato. Por alguma razão, elas ilegal, às vezes, são transferidos para presídios; per- não obtêm o carnet de séjour. demos o rastro deles. É extremamente difícil localizar V.Exas. me perguntam se há alguma má dispo- essas pessoas, mas vamos até onde é possível, até sição contra os brasileiros. Oficialmente não, mas cul- onde é necessário. turalmente talvez haja, até porque esses brasileiros Sobre a última questão que anotei – milhares de são tão competentes no que fazem que chegam a se brasileiros presos –, essa cifra eu não tenho. Não tenho sobrepor aos locais. Chega-se a preferir o trabalho informação de que haja milhares de brasileiros presos de brasileiros ao trabalho dos locais. Não sei como em Caiena, na Guiana Francesa. Essa cifra é ditada a sociedade local vê isso. Provavelmente, não tolera por certos mitos que advêm da questão da clandesti- muito bem. Portanto, deve haver, sim, uma dificuldade nidade. A clandestinidade dessas pessoas realmente da parte das autoridades guianenses em documentar enseja esse tipo de informação, de que há milhares os brasileiros. Obviamente, isso não vai ser dito de de pessoas em determinada situação. maneira tão direta, mas nós sentimos isso. Isso é no- A minha percepção quanto a isso é que, de fato, se tado na dificuldade dos nossos nacionais em obter o houvesse milhares de brasileiros presos, eu teria uma permis de séjour. chuva de requerimentos na divisão de apoio a essas Não tenho notícias de caso de pessoas presas pessoas. Isso não ocorre. Não estou dizendo que não sem processo. Não nos chegou até hoje, pelo menos há, mas acho que o número está um pouco alto. No na minha divisão, uma denúncia específica de uma início, mencionei que havia 140 pessoas presas cum- pessoa que esteja presa arbitrariamente. prindo pena. Não creio que haja tantas pessoas assim. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Eu Essas pessoas estariam presas por que razão? me comprometo a encaminhar. V.Exa. tem alguma informação, Deputado? Se O SR. RUBEM AMARAL – Eu agradeço. V.Exa. tiver, eu gostaria que V.Exa. me passasse, para Não sei em relação à questão da imigração, por- verificarmos isso. que nesse caso existem normas que são aplicadas, O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ – Eu períodos de transição em que a pessoa é retida, passa citei como exemplo que a Operação Rebraca – Re- por um processo e é expulsa, pelo menos nos Estados patriamento de Brasileiros de Caiena, numa única Unidos. Essa pessoa não está presa cumprindo pena, oportunidade, na década de 70, mandou de volta 740 portanto não sei se não há um hiato na informação brasileiros que estavam presos lá. Falou-se em 140, de alguém que esteja preso arbitrariamente porque estou dizendo que são mais de mil, devido à informa- foi pego sem papéis. Não sei qual tempo se leva para ção permanente que temos de prisões e de repatria- deportar uma pessoa presa sem papéis. mentos feitos mensalmente, por volta de 50. Isso está O SR. ROMEU TUMA JÚNIOR – Eu gostaria de acontecendo. fazer um esclarecimento. Nesse caso de imigração há Sei que estou interrompendo, Sr. Presidente, e alguns problemas, mas entendo que – posso até estar isso não é regimental, mas o faço para dizer que vai enganado –, se a pessoa detida ultrapassar a frontei- ser construída uma ponte. Hoje se atravessa de ca- ra do aeroporto, eles têm que comunicar, segundo a traia, mas vai ser construída uma ponte. Temos uma convenção. Enquanto está no âmbito do aeroporto, região de litígio fronteiriço – posso assegurar-lhe que discute-se se haverá deportação, devolução. Às vezes, a situação é de litígio fronteiriço. Há 2 meses houve a tramitação desse processo dura 2 ou 3 dias, até por uma ação da polícia e da legião estrangeira lá, que causa dos vôos. Contudo, se as autoridades de imigra- destruiu dezenas de barcos. Quando a ponte estiver ção transportarem a pessoa para um presídio, elas têm pronta, esse litígio vai crescer muito mais, porque pode obrigação de comunicar. Não recebemos comunicação, ser que, do ponto de vista formal, a Guiana esteja de mas essa é uma falha de alguns países. No Brasil, se alguma forma esnobando o trabalhador brasileiro. encaminhamos uma pessoa do aeroporto para o pre- Contudo, na realidade, há um processo de recru- sídio, comunicamos ao governo estrangeiro. tamento, e não é para garimpo, não. O que vai ocorrer é O SR. RUBEM AMARAL – Realmente não co- que cada vez mais brasileiros serão chamados a traba- municam, e isso é um problema. lhar na Guiana, porque há uma demanda por trabalho Entendo, por exemplo, que no caso dos Estados lá. E, no caso da construção civil, está demonstrado Unidos, onde há milhares de pessoas nessa situação, que o trabalhador brasileiro, inclusive os empreiteiros o problema é realmente difícil. Como eu disse no início, brasileiros, são melhores, e eles são chamados para há estados da federação americana que fazem isso lá permanentemente. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01593 O Presidente Lula estará lá em dezembro e vai O SR. RUBEM AMARAL – Falo, então, sobre encontrar-se com o Presidente Sarkozy. Creio que as mortes. Felizmente, só tenho conhecimento de um será o momento de abordarmos esses assuntos às ou dois casos, e os dois no mesmo lugar, especifica- claras e dizermos que há um problema a ser resolvido. mente na Bolívia. Não sabemos bem o que ocorreu. Esse problema, levantado pelo Deputado Nilson Mou- Não sabemos se o preso foi morto ou morreu. Estamos rão, que eu havia incluído na minha fala, é que há um neste momento solicitando às autoridades bolivianas tratamento desigual. Se para entrar na França não é que nos esclareçam isso. Neste momento, realmente necessário visto, como é que os guianenses, que se não posso dizer o que houve, mas tudo indica que a julgam franceses, exigem-no? Se o território ultrama- pessoa teria sofrido maus-tratos, talvez até por parte rino é francês, como é que os guianenses têm uma dos próprios colegas de carceragem, o que ocorre. exigência maior – não vamos chamar de metrópole, Estamos em cima das autoridades bolivianas para que eu não gosto – Do que a da capital? apurar os fatos. Portanto, esse é um assunto que a diplomacia Em relação ao Japão, talvez V.Exa. possa res- brasileira tem que olhar com muito carinho, porque ponder. essa é uma das razões dos problemas fronteiriços O SR. ROMEU TUMA JÚNIOR – Em relação a que temos. presos que morreram nessas condições, precisamos O SR. RUBEM AMARAL – Sem dúvida a situação entender se as mortes ocorreram enquanto o preso é de desequilíbrio, já falei isso. O difícil é convencer estava sob a guarda do Estado, sob a guarda das au- as autoridades francesas disso, mas nós estamos no toridades. Temos mais um caso, o do Jean Charles, caminho. Vamos continuar tentando. que estava preso naquele momento e foi fuzilado. O SR. DEPUTADO DR. TALMIR – Sr. Presidente, Com relação ao Japão, estão ocorrendo visitas eu gostaria de aproveitar a presença dos expositores recíprocas. Recentemente uma delegação do Ministé- para fazer perguntar. rio, também composta pelo Itamaraty, esteve no Japão. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – As negociações estão bem avançadas, mas estamos Deputado Dr. Talmir, a Ordem do Dia já se iniciou há tentando obviamente a contrapartida, que é o que nos 21 minutos. Até agora não nos avisaram que houve interessa, no que diz respeito à cooperação civil, em votação nominal, mas a qualquer momento podem relação aos alimentos, como eu havia exposto. A par- fazê-lo. Contudo, V.Exa. pode perguntar. te penal está bem avançada, mas estamos tentando, O SR. DEPUTADO DR. TALMIR – Trata-se de uma dentro da reciprocidade, fazer com que eles também pergunta rápida. Eu gostaria de saber se os senhores aceitem essa cooperação civil, que é muito importante, têm conhecimento de presos que morreram no exterior até por conta de o Brasil ser signatário da Convenção por motivo de doença ou por homicídio. da Haia. Ela já está avançada. Temos tentado abordar Em relação à negociação com o Japão, no próxi- a nossa questão mais importante, a civil. mo ano comemoraremos Brasil-Japão 100 anos. Sou O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – de uma região que tem colonização japonesa forte, V.Sa. pode continuar, Dr. Rubem Amaral. que é Presidente Prudente, no Estado de São Paulo. O SR. RUBEM AMARAL – Eu gostaria de falar O Cônsul esteve lá com soldados japoneses, para sa- sobre dois assuntos que foram levantados. Quanto ao ber como lidar com brasileiros no Japão. É uma curio- problema da Bolívia e da expulsão de brasileiros da sidade minha saber como está a negociação com o faixa de fronteira, posso dizer a V.Exa. que não tenho Japão, considerando a comemoração dos 100 anos, notícia de que algum brasileiro tenha sido expulso da que está próxima. Bolívia por conta disso. A ameaça, sim, paira, mas te- Estou satisfeito com a audiência. Em nome do mos conseguido negociar com o lado boliviano a esse Presidente, eu gostaria de registrar o nome dos De- respeito. Até agora nada foi feito, e acredito que nada putados que aqui estiveram: além do Deputado Pedro será feito, embora eu não possa prever o futuro, mas Wilson, os Deputados Lincoln Portela, Takayama, José tudo indica que conseguimos frear aquele ímpeto do Fernando Aparecido de Oliveira, Léo Vivas e Nilson lado boliviano em expulsar os nossos co-nacionais que Mourão. E ainda está conosco a Deputada Lucenira residem no Departamento do Pando, que faz frontei- Pimentel e o Deputado Veloso, do PMDB da Bahia. ra com o Acre. Seriam aproximadamente de 3.500 a Agradeço também ao Deputado Jurandil Juarez, que 4.000 pessoas. tanto participou. Temos um acordo de regularização migratória com Seriam essas as perguntas às quais eu gostaria a Bolívia, que acaba de ser prorrogado. Esperamos que, se possível, os senhores respondessem rapida- que o lado boliviano cumpra a parte dele e comece a mente. regularizar os nossos nacionais, pessoas que moram lá 01594 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 há gerações, há 30 ou 40 anos. Têm raízes muito pro- Agradecemos a presença ao Dr. Rubem Amaral, fundas ali onde estão. Enfim, não há nenhum interesse ao Dr. Romeu Tuma Júnior, aos Srs. Parlamentares e do nosso lado em que elas sejam prejudicadas. a todos os presentes. Por último, voltando à questão da Venezuela, não Declaro encerrada a presente audiência pública. tenho notícia de tortura naquele país. Essa foi uma COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS pergunta feita especificamente pelo Deputado Nilson Mourão. Não tenho notícias disso. 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária A questão é a seguinte: se flexibilizarmos mui- Ata da 38ª Reunião de Audiência Pública Re- to o conceito de tortura, talvez tenhamos tortura alizada em 21 de novembro de 2007. no mundo inteiro. Trata-se da questão da condição Às quatorze horas e trinta e sete minutos do dia degradante do preso, da condição, enfim, de priva- vinte e um de novembro de dois mil e sete, reuniu-se ção de liberdade, de estar cumprindo uma pena no a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, no Ple- exterior. Isso freqüentemente cria o sentimento de nário 11 do Anexo II da Câmara dos Deputados, com que a pessoa está sendo torturada. Acredito que a presença dos Senhores Deputados Luiz Couto – a pessoa sinta de fato isso, ela não está dramati- Presidente; Pedro Wilson – Vice-Presidente; Antônio zando excessivamente a situação. É isso que ela Roberto, Chico Alencar, Joseph Bandeira, Léo Vivas, sente. Contudo, de fato acho que essa idéia está Lincoln Portela, Lucenira Pimentel, Pinto Itamaraty e mais ligada à condição específica do preso do que Veloso – Titulares; Dr. Talmir, Jusmari Oliveira e Paulo a ações de tortura por parte das autoridades car- Henrique Lustosa – Suplentes. Compareceram também cerárias, até porque é difícil hoje torturar alguém os Deputados Miguel Martini e Paulo Roberto, como em uma cadeia abertamente. As ONGs estão muito não-membros. Deixaram de comparecer os Deputados atentas, os governos estão atentos. Isso não tem Geraldo Thadeu, Iriny Lopes, Janete Rocha Pietá, Mat- teo Chiarelli, Pastor Manoel Ferreira, Suely e Walter Bri- ocorrido. É muito bom, na verdade, não ter notí- to Neto. ABERTURA: O senhor Presidente, Deputado cias disso. Luiz Couto, declarou abertos os trabalhos. ORDEM DO Muito obrigado. DIA: Reunião de Audiência Pública. TEMA: Debater O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – sobre mídia e diversidade religiosa. EXPOSITORES: Muito obrigado, Dr. Rubem Amaral. Sr. Sílvio Luiz Ramos Garcez – Presidente do Conse- No que se refere à tortura, o Brasil é signatário lho Nacional da Umbanda do Brasil-CONUB; Sr. Paulo e já ratificou a Convenção da ONU. Muitas vezes ve- Ayres Mattos – Bispo Emérito da Igreja Metodista do mos a tortura que deixou marcas, mas já se conside- Brasil e representante da Coordenadoria Ecumênica de ra a tortura psicológica, que é profunda e que deixa Serviço-CESE; Sr. Elianildo Nascimento – Represen- marcas indeléveis, que não aparecem no exame de tante da Iniciativa das Religiões Unidas-URI; Sr. Perly corpo de delito. Contudo, torturas foram praticadas. Cipriano – Representante da Secretaria Especial de E a Convenção considera não apenas aquela que Direitos Humanos; Dra. Ela Wiecko V. Castilho – Pro- deixa marcas físicas ou psicológicas; o tratamento curadora Federal dos Direitos do Cidadão. Após a ex- desumano que o preso sofrer é considerado tortura. planação dos expositores, fizeram uso da palavra, por O tratamento degradante ou cruel está no mesmo ordem de inscrição, os Deputados Lincoln Portela, Dr. nível da tortura. Talmir, Chico Alencar, Jusmari Oliveira, Paulo Roberto e Miguel Martini. A seguir os expositores apresentaram Nesse sentido, se um país estiver tratando os suas considerações finais. Nada mais havendo a tratar, presos brasileiros dessa forma, mesmo que exista a lei a presente reunião foi encerrada às dezessete horas e deles – e é claro que ela existe –, dentro daquilo que trinta e um minutos. O inteiro teor foi gravado, passando está na Convenção Internacional da ONU, se aquele o arquivo de áudio a integrar o acervo documental desta país também estiver na esfera da ONU, temos que re- reunião para degravação mediante solicitação escrita. presentar e chamar a atenção. Não podemos permitir E, para constar, eu ______, Már- que isso aconteça. cio Marques de Araújo, lavrei a presente Ata, que por Creio que a audiência foi importante para que da- ter sido lida e aprovada, será assinada pelo Presiden- dos fossem apresentados. Sabemos que há problemas te, Deputado Luiz Couto ______, de falta de estrutura, de investimento e de pessoal, e publicada no Diário da Câmara dos Deputados. para que possamos agir. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01595 O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Temos observado um agravamento dessas ma- Declaro abertos os trabalhos da presente audiência nifestações, que se constituem em inequívocas vio- pública, que tem como finalidade debater o tema “Mí- lações de direitos humanos. Cabe lembrar que a li- dia e Diversidade Religiosa”. berdade de fé religiosa está consagrada como direito Convido para compor a Mesa desta nossa audi- desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ência o Sr. Silvio Luiz Ramos Garcez, Presidente do passando pela nossa Constituição Federal, por diver- Conselho Nacional da Umbanda do Brasil – CONUB; sos outros instrumentos internacionais e no nosso Sr. Paulo Ayres Mattos, Bispo Emérito da Igreja Me- arcabouço legal. todista do Brasil e representante da Coordenadoria O caso do padre Júlio Lancelotti é emblemático. Ecumênica de Serviço – CESE; Sr. Elianildo Nasci- Independentemente do que as investigações venham mento, representante da Iniciativa das Religiões Unidas a comprovar no caso de extorsão em que ele foi en- – URI, organização presente em cerca de 50 Países, volvido, ele já está de alguma forma condenado pela que promove o diálogo e a cooperação inter-religiosa exploração que foi feita pela mídia em torno do caso. com base nos direitos humanos universais e com a Esse caso acabou se transformando mesmo numa participação de mais de 80 tradições espirituais; Dra. disputa de fundo religioso entre diferentes redes de Ela Wiecko V. Castilho, Procuradora Federal dos Di- televisão. reitos do Cidadão, e Sr. Perly Cipriano, representante Daí por que consideramos oportuno propor esta da Secretaria Especial dos Direitos Humanos e um audiência, pois é necessário reafirmar o direito à fé dos maiores defensores desse debate da diversidade religiosa como um direito humano. Entendemos que religiosa. (Palmas.) esta Comissão de Direitos Humanos e Minorias pode Este é um debate que a Comissão de Direitos contribuir como espaço institucional de incentivo ao Humanos está realizando juntamente com a Secre- diálogo inter-religioso e ecumênico entre as diversas experiências religiosas do povo brasileiro. Cabe a esta taria Especial dos Direitos Humanos, principalmente Comissão estimular a convivência, a tolerância e o res- através da Subsecretaria de Promoção e Defesa dos peito às manifestações religiosas, especialmente por Direitos Humanos, que tem à frente o companheiro parte da mídia. Por ser uma concessão pública, ela tem Perly Cipriano, que já tem inclusive um CD, e da Pro- uma grande capacidade de colaborar ou prejudicar esse curadora. Queremos fazer esse debate sem levar em respeito, essa tolerância, essa convivência que deve conta religião “a”, “b” ou “c”. O importante é que este existir entre as diversas manifestações religiosas. debate sobre a diversidade religiosa seja realizado, e Esta Comissão de Direitos Humanos, desde 2001, hoje queremos fazer esta inter-relação entre a mídia desenvolve a campanha Quem Financia a Baixaria é e a diversidade religiosa. Contra a Cidadania, tendo como um dos principais As manifestações de preconceito religioso nos objetivos combater todos os tipos de preconceito e meios de comunicação têm sido recorrentes no Bra- de discriminação. sil. Essas manifestações atuam de forma a propagar Infelizmente, não conseguimos abrir espaço para e reforçar estereótipos que, de várias maneiras, des- todas as religiões nesta audiência pública. O tema valorizam e chegam até a criminalizar expressões re- merece debate permanente, e por certo teremos ou- ligiosas. O órgão de comunicação de massa não cria tras oportunidades para contemplar a participação de um preconceito, mas pode multiplicar sua dimensão todas as religiões. Esta Comissão assume o compro- na medida da sua audiência. Por essa razão, a mídia misso de realizarmos um grande seminário para que deve ter uma responsabilidade especial, diferenciada, possamos ter a presença de todas as organizações no que se refere à diversidade religiosa. que trabalham a questão para que nós, a partir daí, São reconhecidos em nosso País exemplos da possamos enfrentar principalmente essa questão da desqualificação das religiões de matriz africana, tantas mídia em relação à diversidade religiosa. vezes vistas como algo diabólico ou delituoso. Os ritu- Queremos agradecer desde já a todos os com- ais de fé indígena freqüentemente são apresentados panheiros pela presença e dizer da nossa alegria, por como extravagâncias primitivas e os rituais ciganos parte da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, como espetáculos excêntricos. Na década passada, de realizar este debate. tivemos o famoso chute desferido por um desavisado Dando início às exposições de nossos convida- pastor evangélico contra uma imagem de Nossa Se- dos, esclareço que o tempo concedido aos expositores nhora Aparecida. Outros evangélicos, por sua vez, têm será de 15 minutos. Após a exposição, será concedida sido vítimas de uma imagem generalizante de pessoas a palavra aos Deputados presentes, respeitada a or- sem opinião própria. dem de inscrição. Cada Deputado inscrito terá o prazo 01596 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 de 3 minutos para formular as suas considerações ou ção, a única que não está no eixo judaico-católico- pedidos de esclarecimento, dispondo os expositores protestante é a Faculdade de Teologia Umbandista. do mesmo tempo para a resposta. Vejo isso como um grande avanço. Esclareço que esta reunião está sendo gravada Outro grande avanço é a realização desta audiên- para posterior transcrição e, por isso, solicito que fa- cia pública. Digo isso porque a umbanda se formou a lem ao microfone. partir de uma massa de excluídos. No período histórico Concedo a palavra ao Sr. Silvio Luiz Ramos Gar- em que a umbanda se construiu, que a umbanda se cez, Presidente do Conselho Nacional da Umbanda do fez, nós vivíamos um momento difícil no País. Tínha- Brasil – CONUB. V.Sa. dispõe de 15 minutos. mos o processo de dilapidação dos recursos naturais O SR. SILVIO LUIZ RAMOS GARCEZ – Agra- pelo colonizador que aqui havia chegado; tínhamos um deço a oportunidade de estar aqui e quero iniciar a problema muito sério relacionado à cultura indígena, minha fala desejando sinceros e profundos votos de praticamente dizimada, e tínhamos a escravatura, que paz na mente e no coração de todos, e que isso pos- marcou de forma indelével nosso campo astral. Essa sa se perpetuar na vida e nas ações de todos a partir massa de excluídos, essas minorias acabaram se jun- de agora. tando, se fundindo e gerando a umbanda, um culto que, O que ocorre aqui hoje é de extrema relevância na contramão das honorárias religiões do mundo, não para a umbanda, que é uma religião genuinamente tem um profeta e não tem um mártir. brasileira e que nasceu a partir da fusão de 3 etnias: a Nós esperamos efetivamente que ações possam ameríndia, a africana e a indo-européia, que geraram ser levadas a termo no sentido de coibir o preconceito uma macroetnia que hoje se expressa por meio de uma explícito que existe contra a umbanda, o preconceito grande diversidade de cultos e ritos pelo Brasil. direto que se faz pela mídia contra a umbanda e con- A umbanda completa 100 anos no próximo ano. tra todas as religiões, na medida em que, infelizmente, Ela nasceu, historicamente, no Rio de Janeiro, por existe ainda a violência religiosa. meio de manifestações que se foram desenvolvendo Hoje falava com um amigo, aqui presente, e ele e criando um corpo rito-litúrgico que hoje se manifesta dizia da violência religiosa – que é a pior das violências, pelo Brasil afora. tamanha a falta de tolerância com as diferenças e de Academicamente, a umbanda já foi reconhecida respeito à diversidade – contra a umbanda e muitas como matriz brasileira, portanto, é com alegria que outras religiões. É muito difícil para uma religião que nós hoje temos a oportunidade de falar um pouquinho se forma e que é uma unidade aberta ser taxada de sobre essa questão tão complicada que é a mídia e a baixo espiritismo, ser taxada de macumba, ser taxada diversidade religiosa. de religião que barganha coisas com o mundo espiri- É evidente que eu vou procurar falar um pouco tual, como se isso fosse algo possível. das coisas da umbanda, mas o tema envolve todas as Caros Srs. Parlamentares e demais presentes, a religiões. A questão é bem ampla, e não podemos nos desinformação gera a distorção das idéias, e a distorção focar apenas na umbanda. das idéias é a base do preconceito. É a partir daí que É evidente que hoje existe um estigma muito se faz com que as pessoas tenham uma idéia distorcida grande; a umbanda é vista como culto demoníaco, um do que a umbanda prega, do que a umbanda faz. culto atávico. Nós viemos aqui com a expectativa de A umbanda não é um culto demoníaco; a umban- que os Srs. Parlamentares possam de fato fazer com da nunca foi um culto demoníaco. Infelizmente ela é, que a Constituição brasileira seja cumprida, ou seja, como também outras religiões, alvo de um processo que todos tenhamos realmente o direito de professar de demonização, que conhecemos há muito tempo a fé que mais nos fale à alma; que, principalmente, a – eu precisaria de muito mais tempo para falar sobre liberdade de culto e rito que a Constituição dá a todos essa questão. possa ser de fato cumprida. Esta audiência pública nasceu exatamente a par- Uma das grandes conquistas que possibilitou à tir de uma pesquisa realizada pela Folha de S.Paulo umbanda sair de uma condição periférica, à margem que perguntava se a umbanda era coisa do demônio. do sistema, foi o advento da Faculdade de Teologia Segundo o Instituto Datafolha, 56% dos entrevistados Umbandista, em São Paulo, idealizada e criada por disseram que sim. Francisco Rivas Neto. A Faculdade foi credenciada e Vejam que se trata de um processo indutivo-de- autorizada pelo Ministério da Educação, o que repre- dutivo. Como eu disse, a desinformação gera o pre- sentou um grande avanço por parte do Estado, uma conceito. Quando não se conhece, observa-se o que a vez que, das 21 faculdades de teologia hoje existentes mídia apresenta, o que, muitas vezes, é um processo e devidamente autorizadas pelo Ministério da Educa- reducionista, em que não se amplia e mostra ao públi- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01597 co o que de fato é a umbanda. Aí, nós somos alvo de e se caracteriza por ser uma das instituições ecumê- ataques muito explícitos, tanto no que se refere à mídia nicas mais extraordinárias do Brasil, por trabalhar na escrita quanto, e principalmente, à mídia televisiva. promoção dos direitos humanos a partir de uma vi- Esperamos aqui não criar algum tipo de cizânia são ecumênica, com a colaboração de ONGs, igrejas ou embate – meu discurso não é um discurso bélico, e conselhos. Faço também referência ao Sr. Enilson, mas que as pessoas conheçam a umbanda, que en- já falecido, baluarte na fundação da CESE, e à Sra. tendam que a umbanda é uma religião genuinamente Eliana, dirigente. brasileira e que preserva em seu bojo as características Trabalhei com a CESE em minha militância em do povo brasileiro. Ela evidencia o mestiço, que basi- prol dos direitos humanos, e sou testemunha do que camente se faz presente nas entidades que baixam: ela representa como instituição. Ela tem uma presença os caboclos, os pretos velhos e as crianças. extraordinária junto ao Conselho Mundial de Igrejas e Então, uma religião que se forma pautando sua ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC, e linha rito-litúrgica na caridade, na fraternidade, na paz mantém um diálogo profundo com várias denomina- e no amor não pode ser um culto demoníaco, muito ções. menos pode ser chamada de baixo espiritismo, como Com a palavra o Sr. Paulo Ayres Mattos. vem sendo taxada por outras religiões que, infelizmen- O SR. PAULO AYRES MATTOS – Sr. Presidente, te, não têm a tolerância que nós temos. Sras. e Srs. Deputados, membros da Mesa e demais Com muita tranqüilidade, nosso objetivo aqui é participantes desta audiência, quero agradecer em pedir ao Poder Público que a Constituição brasileira nome da CESE o convite feito e as palavras do Presi- crie mecanismos que impeçam o preconceito e a vio- dente. Em nome da Diretoria, muito obrigado. lência explícita que sofrem hoje os umbandistas e seus Quero deixar claro que não falo em nome da templos. Isso não é algo que digo sem base; existem CESE nem em nome da Igreja Metodista, à qual per- registros de invasão de templos e terreiros, de ataques tenço. Inclusive minha Igreja, lamentavelmente, nos violentos, de agressões a sacerdotes umbandistas por últimos anos, tem tomado decisões – das quais não conta da intolerância religiosa. participo – que beiram a intolerância. Nós, do Conselho Nacional da Umbanda do Bra- A intolerância religiosa foi experimentada pelos sil, tentamos de alguma forma sensibilizar o Poder evangélicos ao chegarem ao Brasil e à América Latina Público para que tenhamos uma única coisa: liber- no início do século XIX. A verdade é que a chegada dade de expressar nosso culto e nosso rito. É isso o do protestantismo à América Latina foi o confronto en- que queremos. De forma alguma queremos aqui fazer tre 2 religiões intolerantes: de um lado o catolicismo proselitismo. tridentino e, do outro, o protestantismo missionário A umbanda está baseada num princípio básico: a norte-americano. Ambas eram manifestações religio- tolerância com as diferenças, o que gera a convivência sas intolerantes com o outro diferente. Foi muito claro, pacífica, que invariavelmente nos remete à paz, que é tanto na América Latina quanto na América do Norte, o que todos buscamos. o tremendo preconceito contra as culturas e as espi- Era o que tinha a dizer. Agradeço a todos pela ritualidades indígena e africana, assim como contra o atenção. (Palmas.) judaísmo e o islamismo. Isso levou à demonização do O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) outro diferente, e também à tentativa de fazer o outro – Boa-tarde a todos. Sou o Deputado Pedro Wilson, diferente semelhante ao poder dominador. Vice-Presidente desta Casa, e estou substituindo o Esses acontecimentos foram bem reconstituídos Deputado Luiz Couto na Presidência pois S.Exa. teve em 2 filmes:A Missão e Brincando nos Campos do Se- de comparecer a uma importante votação na Comis- nhor. O primeiro, que creio ser muito conhecido, fala são de Constituição e Justiça. sobre a destruição das missões jesuíticas. O segun- É um prazer estar com V.Sas. discutindo este tema do, se não me engano um filme de Hector Babenco, intimamente relacionado aos direitos humanos. fala sobre as missões protestantes no norte do Brasil, Agradecemos ao Sr. Sílvio Luiz Ramos Garcez, entre povos indígenas. Tanto um quanto outro falam Presidente do Conselho Nacional da Umbanda do exatamente sobre intolerância religiosa. Brasil, e passaremos a palavra, por 15 minutos, ao Sr. Ao se verem os evangélicos alvo da intolerância Paulo Ayres Mattos, Bispo Emérito da Igreja Metodista do catolicismo tridentino aqui na América Latina, eles do Brasil e representante da Coordenação Ecumênica se tornaram grandes defensores da liberdade de re- de Serviço – CESE. ligião e, no final do século XIX, aliaram-se a maçons, Antes, porém, não posso deixar de aqui fazer positivistas e republicanos para a instauração da Re- uma referência à CESE, que tem sede em Salvador pública no Brasil, como é hoje plenamente conhecido. 01598 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Entre os direitos assegurados pela República, estava católicos. De maneira particular, em nosso contexto, a liberdade de culto e religião e a separação entre a existe a questão da intolerância em certos setores Igreja e o Estado, invenção do pensamento moderno evangélicos. assumida pelos protestantes aqui no Brasil e em mui- Cabe frisar que são certos setores evangélicos, tas outras partes da América Latina. visto que nem todos os evangélicos são intolerantes, Entretanto, a atitude clássica protestante, presente e, como disse o Presidente, às vezes há também uma numa frase bem conhecida entre os evangélicos, “Só atitude de intolerância para com os evangélicos em ge- Cristo salva”, produziu durante o século XX uma te- ral, já que todos são considerados dentro do mesmo ologia cada vez mais exclusivista, o que levou a uma saco, da mesma sacola. relação extremamente conflituosa com outras religiões. Na verdade, há setores evangélicos que têm se Um estudioso do assunto mostra claramente que esse tornado extremamente intolerantes, especialmente con- conflito pode ser descrito na equação “Cristo contra a tra o catolicismo popular e as religiões afro-brasileiras. cultura”, ou seja, o Evangelho contra a cultura. Isso se tornou muito evidente em relação à questão, já Isso se deu de maneira muito particular no con- mencionada aqui, do chute à santa e, de forma muito fronto com as chamadas grandes religiões na Ásia, particular, às novas igrejas pentecostais, mais conhe- quando os cristãos protestantes chegaram a países cidas como neopentecostais. como Índia, China e Japão. O confronto com religiões Os mesmos protestantes evangélicos, que clas- como induísmo, siquismo, budismo, islamismo, confu- sicamente haviam adotado uma postura de defesa da cionismo e taoísmo provocou grande questionamen- liberdade de culto e de religião, começam a infringir to entre os missionários que tinham a idéia da terra essa liberdade. De perseguidos, passam a persegui- nula, da terra vazia. Chegavam lá e faziam o que bem dores, um problema que tem ocorrido, como foi dito entendiam, quando existiam culturas e religiões mui- aqui, em alguns setores e lugares. É claro que a mídia to mais antigas que o Cristianismo presente nesses tem tido um papel importantíssimo no que diz respeito continentes. a esse fato, até porque os novos segmentos evangéli- Outra postura desenvolvida mais recentemente é cos vieram animados pelo tele-evangelismo, invenção a do inclusivismo, que consiste na visão de sementes norte-americana que, no Brasil, foi aperfeiçoada de do Evangelho em outras religiões e no reconhecimento maneira fantástica pela Igreja Universal. das outras religiões como uma preparação para o Cris- A Igreja Universal, como diz o Prof. Leonildo de tianismo. Tanto o exclusivismo quanto o inclusivismo, Oliveira Campos, é o mais bem sucedido empreendi- de alguma forma, ressaltam a expressão ”Só Cristo mento de marketing religioso no País, que tem uma salva” – e, ao dizer que só Cristo salva, há a exclusão capacidade, bastante conhecida, de captação de re- de todas as demais religiões. Contemporaneamente, cursos que são aplicados na mídia. Torna-se muito apareceu uma terceira posição: a do pluralismo, que difícil, então, competir com um grupo poderosíssimo, consiste no fato de ver validade nas diferentes aproxi- como é o Grupo Record. mações do sagrado. Ainda que existam antagonismos Ora, nessa forma de intolerância religiosa, Deus e contradições, as diferentes religiões seriam diferentes e o diabo estão em constante luta entre si e chegam a maneiras de aproximação do sagrado. ter a mesma realidade ontológica, o que gera um con- A questão, então, é o respeito ao outro diferente. flito não somente terreno, mas cósmico. Esse conflito É possível conviver com outro diferente? É possível, se dá na chamada batalha espiritual, muito conhecida mesmo discordando de pressupostos e postulados entre os evangélicos e principalmente entre os neopen- que são fundamentais a cada uma das religiões, viver tecostais. A batalha espiritual é uma forma de combate e coexistir no mesmo espaço sem violência? Essa que vem determinada, em grande parte, por uma ideo- questão tem perturbado teólogos, antropólogos e so- logia beligerante. Da mesma maneira que se invade o ciólogos, especialmente no meio cristão. Não tem sido Iraque, invade‑se o lugar sagrado da outra religião. A questão fácil. Esse problema não é só dos evangélicos, batalha espiritual é uma batalha cósmica que justifica, mas também dos católicos. Um documento do Cardeal portanto, a violência contra o outro diferente. Raztinger, conhecido pelo nome de Dominus Iesus, Ora, como a religião hoje foi cooptada como deixa claramente expresso que só o Cristianismo leva commodity, como bem de mercado, como é parte do à verdadeira salvação. A posição do atual Papa levou à sistema capitalista e, portanto, é mercadoria, e, como punição de diversos teólogos, especialmente na Índia, mercadoria, tem valor e, como valor, gera lucro e ex- que favoreciam o diálogo inter-religioso. cedente, há uma luta pela captação desse exceden- Como disse, a intolerância religiosa está presen- te. E, nessa luta, todos nós sabemos que o capital se te não só entre os evangélicos, mas também entre os arvora no direito de destruir quem não está fazendo Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01599 o jogo do capital. Nesse contexto, temos de entender promove o diálogo e a cooperação inter-religiosa com o conflito, pois ele não é somente religioso, mas tam- base nos direitos humanos universais e conta com a bém econômico. Trata-se de um conflito pela captação participação de mais de 80 tradições espirituais. dos recursos que circulam no mercado dos bens reli- O SR. ELIANILDO NASCIMENTO – Primeira- giosos. Ora, para aqueles que têm compromisso com mente, boa-tarde a todos. Inicialmente, gostaria de justiça, paz e fraternidade, essa questão nos coloca, cumprimentar o Deputado Pedro Wilson, membro da de maneira decisiva, na luta pela construção de uma Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara sociedade mais fraterna. Não como confronto, como dos Deputados, o nosso irmão Luiz Couto, paraibano competição pelos bens do mercado religioso, mas como como eu, e o pastor metodista que acabou de se pro- podemos conviver nesse mundo de maneira harmo- nunciar. Isso me lembra um grande amigo, o Pastor niosa, no qual nem as religiões afro-brasileiras, nem Western Clay Peixoto, Secretário‑Adjunto do CONIC, o catolicismo popular nem o pentecostalismo sejam que, naquele momento de transição, foi uma pessoa alvos de discriminação e preconceitos. com a qual trabalhamos conjuntamente, além do Bispo Do meu ponto de vista, essa questão, quando Adriel. Só a título de registro, neste final de semana, considerada estritamente religiosa, não nos leva muito em evento em São Paulo pelos 25 anos do Conselho longe. Por isso, importa incluí-la no campo dos direitos Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil, ocorreu homena- humanos. Em relação à questão da liberdade de culto, gem ao Bispo Adriel pela posição dele, assim como a é preciso defender o direito das mais diferentes ma- do Presidente e a do Pastor Western Clay, no tocante nifestações religiosas de praticar suas crenças, sem ao trabalho pelo diálogo e pela cooperação ecumênica sofrer discriminação, preconceito e violência. com outras tradições. Portanto, cumprimento a Mesa, Aproveito a oportunidade para fazer uma distinção. na pessoa desses dois irmãos, e a platéia. O contrário de intolerância não é tolerância. A tolerân- Citarei o nome de algumas pessoas presentes ex- cia não satisfaz e não resolve o problema. Muito pelo tremamente representativas que fazem parte da história contrário, agrava. É preciso lutar, no campo dos direitos da diversidade religiosa, a começar pelo nosso irmão humanos, pelo direito de existência do outro diferente, Carlos Alberto, da Comunidade Bahá’aí; Sheik Jihad desde que ele não violente o próximo. Considero im- Hassan Hamadeh, da Assembléia Mundial da Juven- portante o diálogo inter-religioso. Interessante é o fato tude Islâmica, que veio de São Paulo; nosso querido de que um dos amigos metodistas mais intolerantes Shigeki Maeda, representante da Oomoto Internacional; que tenho defende radicalmente o diálogo inter‑religio- e nossa irmã Suzel Saraceni, da UNIPAZ. so no campo dos direitos humanos. Por incrível que Serei breve, até porque nosso querido pastor pareça – não consigo entender bem a esquizofrenia abordou pontos que eu havia elencado para discutir, dele – no campo dos direitos humanos, ele defende o tais como a acirrada briga por fiéis que envolve muitas diálogo inter-religioso. Apesar de não acompanhar a visões que terminam levando ao fomento da intole- sua filosofia, creio que mesmo um ensandecido teólogo rância religiosa. Como o Bispo aprofundou bastante a pode admitir a possibilidade do diálogo inter‑religioso discussão, gostaria de entrar em outro aspecto, como no campo dos direitos humanos. representante do círculo de Brasília da Iniciativa das Para nós, cristãos, o grande desafio é pensar no Religiões Unidas, organismo criado a partir do cin- diálogo inter‑religioso refletido teologicamente, mas qüentenário das Nações Unidas para estabelecer uma esse diálogo inter-religioso ser refletido teologicamente espécie de ONU das religiões, mas que se extinguiu. no campo dos direitos humanos. Essa idéia foi construída a partir do chamamento de Termino dizendo que, se esta Comissão for capaz diversas lideranças religiosas de todo o mundo, para de criar e incentivar, em diferentes níveis, não somen- que elas sugerissem como seria esse organismo. Do te na Câmara Federal, mas também nas Assembléias período de 1995, o cinqüentenário, a 1999, várias su- Legislativas e nas Câmaras de Vereadores, esse tipo gestões foram coletadas nesses eventos, e, a partir de diálogo, contribuiremos para uma sociedade mais de 2000, oficialmente, o organismo passou a existir. justa, mais fraterna e mais pacífica. Conversamos um pouco sobre a experiência dessa Muito obrigado. (Palmas.) diversidade religiosa, em especial através do diálogo O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) ecumênico e inter‑religioso, e dessa relação com outros – Obrigado, Sr. Paulo Ayres Mattos, Bispo Emérito da segmentos da sociedade, o que está sendo, graças a Igreja Metodista e representante da CESE. Deus, experiência bastante proveitosa no Brasil. Passo a palavra ao Sr. Elianildo Nascimento, re- Louvo, primeiramente, a Câmara e a Comissão presentante da Iniciativa das Religiões Unidas, URI, de Direitos Humanos e Minorias pela idéia da realiza- organização que, presente em cerca de 50 países, ção desta primeira audiência pública sobre a temáti- 01600 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 ca da mídia e da diversidade religiosa. Chego a dizer zia o Bispo de Campina Grande Dom Luiz Gonzaga mais: é um marco histórico nesta Casa o início dessa Fernandes, já falecido e um dos idealizadores das discussão, partindo especificamente do ponto de que Comunidades Eclesiais de Base. Ele cunhou o termo há uma concordância entre todos nós. A Secretaria macroecumenismo, o ecumenismo da busca do diálo- Especial de Direitos Humanos, na pessoa do Dr. Perly go com as tradições não só cristãs, mas também não Cipriano, vem arduamente buscando trabalhar o res- cristãs, que entram no contexto que o Bispo especifi- peito à diversidade religiosa. Esse é um dos direitos cou. A articulação das instituições, dos organismos e humanos que deve ser ressaltado também. das entidades vem sendo aprofundada com o Execu- Vivemos, nesse cabedal de inter-relacionamento tivo, por intermédio da Secretaria de Direitos Huma- entre as religiões, experiência ímpar no Brasil e nesta nos – cobra‑se da Secretaria também –, e fomentou Casa, através de várias áreas, o que inclusive é motivo a criação da cartilha Diversidade Religiosa e Direitos de exportação para outros países: como sociedade ci- Humanos, idéia construída com o apoio de todos esses vil e como membros de diversos organismos e igrejas organismos, e também do vídeo Diversidade Religiosa que congregam representantes de diversas tradições, e Direitos Humanos, lançado há pouco tempo. vimos aprimorando uma relação com o Parlamento E queremos aprofundar isso. Como instituições, em temáticas comuns. Como exemplo, existe a Rede organismos e Igrejas, entendemos que, para melhor Desarma Brasil. Todas essas ações estão em outra atuação da sociedade – de certa forma esta Casa tem esfera de diálogo e de cooperação inter-religiosa que obrigação de ouvir a sociedade –, devemos trabalhar existe neste País. A Rede Desarma Brasil agregou-se pela criação de um conselho da diversidade religiosa. a todos para aprovação do Estatuto do Desarmamento. Ele deverá encaminhar as denúncias e avaliar a situ- Hoje ela envolve não somente Igrejas, mas também ação de desrespeito à diversidade ainda existente. E diversas instituições. Nosso amigo Everardo Aguiar, aí surge a discussão, que pode ser aprofundada, da do Movimento Amigos da Paz, é um exemplo disso. criação do marco legal da diversidade religiosa. Estamos acompanhando diuturnamente o que tramita Não estou inventando isso. Essa discussão vem no Congresso, as mais de uma centena de leis que sendo feita há algum tempo entre os diversos orga- eventualmente mexem no Estatuto, umas buscando nismos em vários fóruns de discussão. Efetivamente, regular alguns pontos, outras mexendo de forma a é algo que entendo como o início do aprimoramento flexibilizá-lo. Portanto, há unidade desses organismos da relação entre esta Casa, por meio desta Comissão, nesse trabalho. e as lideranças religiosas. Podemos, sim, trabalhar e Também há unidade no que se refere à defesa somar esforços para que o Estado brasileiro possa da vida e contra o aborto, junto com outra Comissão. ser um exemplo também nisso. Seria um exemplo de Esse é outro exemplo de ação concreta através da o Estado e a sociedade brasileira demonstrarem cons- qual as diversidades religiosas se manifestam. Faltava ciência da necessidade e da importância, diante dos de certa forma o aprofundamento nesta Casa dessa tantos desafios da humanidade, de se buscar eliminar discussão vinculada aos direitos humanos e à diver- a violência de qualquer tipo por motivação religiosa ou sidade religiosa. Evidentemente, a mídia, de certa por desrespeito à diversidade, inclusive na mídia. forma consciente e muitas vezes inconscientemente, Não podemos aprofundar totalmente essa ques- traduz ou reflete visões equivocadas arraigadas den- tão, inclusive acerca da mídia, pela falta de marco le- tro da sociedade, e não é de uma hora para outra que gal. Como advogado, percebo que a falta de um marco efetivamente essas visões vão mudar. Temos, infeliz- legal não nos permite coibir muito do que acontece. mente, diversos exemplos de desrespeito às diversi- As emissoras de televisão e as rádios são concessões dades religiosas e a suas visões, praticados seja por publicas. Portanto, como poderemos coibir que tais nossos irmãos protestantes, seja por nossos irmãos concessões públicas, que eventualmente pertencem católicos carismáticos, seja por nossos irmãos da tra- a Igrejas ou outros organismos, desrespeitem pontos dição africana, trazidos contra a vontade para o Brasil basilares de nossa Constituição, entre eles o respeito para fazer parte de nossa história, mas que até hoje à liberdade de fé e de culto? têm seus cultos de matriz africana vistos como algo Por não existir essa definição num marco regu- demoníaco. Isso não é de agora. Essas tradições são latório, entre tantos pontos que eventualmente nele vistas como religião de pobre, dos ignorantes. Isso pudesse ser elencados, vemos situações de alguns infelizmente ainda está muito arraigado em diversos grupos alegarem que, sob a égide ou a interpretação setores da sociedade. de sua visão teológica, podem levar a tais conclusões, É claro que é papel de todos nós trabalhar esse que terminem por ser verdadeiras agressões a visões diálogo, que não é tão‑somente ecumênico, como di- da espiritualidade. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01601 Outros podem dizer que, pelo fato de termos de 2 anos, uma delegação de representantes dessas uma interlocução da sociedade, por meio de Igrejas e religiões, que veio noticiar a destruição de estátuas de de organismos, com o Executivo e com o Congresso, orixás fixadas na Prainha, próxima à segunda ponte em especial a Câmara dos Deputados e esta Comis- do Lago Paranoá. são, estaríamos ferindo o art. 19, se não me engano, Da Bahia também tivemos notícias, trazidas ao da Constituição, que estabelece o Estado laico e que Conselho Nacional de Combate à Discriminação, de não pode ter qualquer tipo de associação. que muitos terreiros têm sido apedrejados e profana- Aí, voltamos à temática. Temos, sim, esse com- dos por fundamentalistas pentecostais. promisso, que não é só das várias instituições com Inicialmente, é importante destacar que a pes- as quais estamos trabalhando hoje. E, nas ações que quisa do Instituto Datafolha sobre religião no Brasil cada uma delas desenvolve, há o compromisso ine- demonstrou a existência de preconceito contra outros quívoco, que não precisa estar no papel, de assumir e grupos sociais e religiosos, ainda que de modo distin- levar essa discussão, no País, de levantar a bandeira to. Por exemplo: 49% dos entrevistados concordaram do respeito à diversidade religiosa, às expressões da que os judeus só pensam em dinheiro, e 61%, que os espiritualidade, um dos direitos humanos que, portan- evangélicos são enganados por seus pastores. to, tem de ser respeitado. Vemos, assim, que os preconceitos não são es- Mais uma vez agradeço ao nosso irmão Luiz Cou- tranhos a qualquer grupo social. A questão, como to por esta possibilidade. Estamos à disposição para disse o antropólogo Claude Lévi-Strauss, não está na colaborar com a interlocução entre esta Comissão e existência de um certo sentimento de superioridade os diversos segmentos, aos quais nós passaremos os que os grupos humanos muito freqüentemente mani- contatos, não só dos presentes aqui, para que não só festam em relação aos outros, mas quando esse sen- outras audiências sejam feitas – porque este problema timento se transforma em uma hostilidade ativa, pois não será resolvido tão cedo –, mas para que também nada pode autorizar uma cultura a destruir, tampouco possamos avançar em ações concretas que envolvam a oprimir uma outra. a sociedade, o Congresso Nacional e, se possível, o Digo isso para evitar interpretações dessa pesqui- Executivo e o Judiciário. sa no sentido de que somos, nós brasileiros, precon- Agradeço a todos a oportunidade e parabenizo ceituosos por excelência. Na verdade não somos mais V.Exas., mais uma vez, por esta data histórica que es- nem menos preconceituosos do que outros povos. Mas tamos vivendo nesta Casa hoje. (Palmas.) a lembrança de Lévi-Strauss não foi por acaso. Creio O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – que a sua reflexão sobre esse certo etnocentrismo co- Muito obrigado, Sr. Elianildo Nascimento. Concedo a palavra à Dra. Ela Wiecko Volkmer mum a toda a sociedade humana pode nos oferecer de Castilho, Procuradora Federal dos Direitos do Ci- um bom referencial para analisar o tema proposto para dadão. esta audiência pública, e o faço a partir de um caso A SRA. ELA WIECKO VOLKMER DE CASTI- concreto em que o Ministério Público Federal atuou. LHO – Eu cumprimento o Deputado Luiz Couto e os A Procuradoria Regional dos Direitos do Cida- demais integrantes da Mesa. dão, em São Paulo, recebeu em 2003 representação Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores, com quanto a programas de televisão que estariam promo- esta audiência pública se propõe fazer um momento vendo uma campanha discriminatória contra religiões de reflexão sobre como evitar que as diferenças reli- de matriz africana no Brasil. giosas resultem em ameaça à liberdade, à diversidade O que deu origem à representação, oriunda de humana e à democracia. diversas entidades afro-brasileiras, foi a veiculação O foco na mídia deve ser precisamente a per- reiterada pelas emissoras de programas religiosos cepção de que é através dos meios de comunicação com enfoques negativos sobre as religiões de matriz social que alguns programas religiosos têm estimulado africana, valendo-se de expedientes de cunho discri- o preconceito contra as religiões de matriz africana no minatório. Brasil, gerando, assim, ambiente propício a manifes- Segundo consta da representação, as palavras, tações de intolerância. no mínimo pejorativas, “encosto”, “demônios”, “espí- Com efeito, já há alguns anos, sacerdotes e pra- ritos imundos”, “pai de encosto”, “mãe de encosto”, ticantes dessas religiões de matriz africana no Brasil “bruxaria”, ‘feitiçaria”, “sessão de descarrego”, são vêm denunciando ofensas aos terreiros e às imagens usadas com freqüência e intercaladas com o uso do de seus orixás. Aqui mesmo em Brasília, a Procurado- vocábulo “macumba” e outros, relativos às religiões ria Federal dos Direitos do Cidadão recebeu, há cerca de matriz africana. 01602 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Após instruir o procedimento administrativo, a os exus e as pombagiras, são vistos como Dra. Eugênia Fávero, à época Procuradora Regional manifestações dos demônios. Uma outra face dos Direitos do Cidadão, juntamente com duas orga- desse processo é, paradoxalmente, a incor- nizações da sociedade civil – o Instituto Nacional de poração da liturgia afro-brasileira nas práticas Tradição e Cultura Afro-Brasileira e o Centro de Estu- neopentecostais de algumas igrejas”. dos das Relações de Trabalho e de Desigualdade –, Então, esse autor destaca que a eleição das re- ajuizou ação civil pública para que fosse concedido o ligiões de matriz africana como alvos preferenciais do direito de resposta coletivo em favor das religiões de discurso proselitista do neopentecostalismo decorre matriz africana no Brasil. A ação obteve decisão favo- menos de uma disputa do mercado potencial de fiéis rável no pedido de antecipação de tutela, na Primeira do que é conseqüência do papel que as mediações Instância. Porém, as emissoras conseguiram uma li- mágicas e a experiência do transe religioso ocupam minar, no Superior Tribunal de Justiça, para sustar os na própria dinâmica do sistema neopentecostal, em efeitos dessa antecipação de tutela. contato com o repertório afro-brasileiro. Embora a ação tenha como rés as emissoras Na ação civil pública, cuidou-se de discernir a Record e Rede Mulher, sabe-se que a campanha é liberdade de crença, protegida pela Constituição Fe- movida por uma igreja neopentecostal que controla as deral, da vedação à discriminação, inicialmente reco- referidas emissoras. Em suas defesas, alegaram que nhecendo o direito ao proselitismo religioso, ainda que a ação desconhece o direito à liberdade de expressão por meio de concessões públicas, como as emissoras das emissoras de televisão e o direito à liberdade de de televisão. Na ação foi afirmado: religião da igreja que faz os programas. Quanto à liberdade de expressão, creio que não “A laicidade do Estado, se analisada iso- preciso discorrer aqui sobre a necessidade desse di- ladamente, levaria à conclusão de que con- reito se compatibilizar com outros, como a dignidade, cessões públicas não poderiam veicular men- o direito a não ser discriminado e a proteção integral sagens religiosas, a qualquer título, produção à criança e ao adolescente, pois esta Comissão de independente ou não”. Direitos Humanos tem-se dedicado muito a melhorar No entanto, tal afirmação choca-se com outro a qualidade da programação televisiva no Brasil, in- princípio fundamental: o da liberdade de expressão e clusive patrocinando a campanha Quem Financia a de manifestação do pensamento, no qual encontra-se Baixaria é Contra a Cidadania. inserido, não temos dúvida, o direito a comunicar as Assim, o que me parece mais necessário agora idéias religiosas, ou seja, o direito ao proselitismo reli- é refletir sobre a liberdade religiosa e a discriminação gioso, ou, ainda, o direito à pregação, e até o direito a sofrida pelas religiões de matriz africana. retratar a nossa cultura, pois esta, em muitos aspectos, As organizações da sociedade civil que represen- mescla-se em diversas religiões. taram ao Ministério Público Federal estavam preocupa- Mas fazer proselitismo religioso é justamente di- das com o modo pelo qual a Igreja Universal do Reino vulgar uma crença particular como superior às demais; de Deus fazia as suas práticas religiosas, vilipendian- defender que suas práticas e ritos são os únicos corre- do signos e crenças das religiões de matriz africana tos; que seu grupo religioso é que é o escolhido. Dessa no Brasil, atribuindo a algumas de suas divindades a forma, julga-se as outras crenças como inferiores, às razão pelo sofrimento das pessoas. vezes primitivas, equívocos ou fraudes. Paradoxalmente, as igrejas neopentecostais como Estamos, pois, diante de algo similar ao etno- a Igreja Universal do Reino de Deus se apropriam das centrismo a que nos referimos anteriormente, e não religiões de matriz africana, como observou o antropó- há razão alguma para imaginar que tais visões sejam logo Vagner Gonçalves da Silva, que diz o seguinte: nocivas por si. O problema, como nos disse Lévi-Strauss “O neopentecostalismo, em conseqü- sobre o preconceito étnico, é quando, a par do prose- ência da crença de que é preciso eliminar a litismo religioso, adota-se uma hostilidade ativa contra presença e a ação do demônio no mundo, tem as demais crenças. E é isto que se vê nos programas como característica classificar as outras deno- que são objeto da ação civil pública: uma campanha minações religiosas como pouco engajadas contra religiões de matriz africana. Trata-se de tentativa nessa batalha ou até mesmo como espaços de aniquilar a crença do outro, negando-lhe o direito privilegiados da ação dos demônios, os quais de existir e estimulando a discriminação das pessoas se disfarçariam em divindades cultuadas nes- adeptas dessas religiões. ses sistemas. É o caso sobretudo das religiões Precisamos atentar para o fato de que não se afro-brasileiras, cujos deuses, principalmente trata apenas de uma violência simbólica, de uma ne- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01603 gação de valores dos que professam as religiões de tes, o que vemos é que provavelmente esse Tribunal matriz africana. O discurso discriminatório é tão forte Superior não vai reconhecer o direito de resposta que acaba por fomentar que fundamentalistas passem porque não está previsto em lei. Está previsto apenas a atacar terreiros e outros locais sacralizados dessas como sanção penal, o que é discutível. Mas, enfim, religiões. há precedentes. Se sobre aquilo em que se crê não deve nem Enquanto isso, proponho o seguinte: nós sabe- pode o Estado intervir, o mesmo não acontece com o mos que o espaço da mídia, nesse tema, tem violado proselitismo religioso. Ao divulgar as suas mensagens direitos, mas é um espaço que tem potencial muito publicamente, há a obrigação de respeitar as crenças grande de promover o respeito à tolerância religiosa dos outros, ainda que a elas se oponha, devendo o por meio da divulgação de informações sobre as diver- Estado cuidar para que as ofensas sejam desencora- sas crenças e suas contribuições à formação da cul- jadas e reparadas. tura brasileira. Nós temos de fomentar uma estratégia Na ação civil pública, a Dra. Eugênia Fávero tra- que, independentemente da lei, envolva, sensibilize os tou de explicitar esses limites do direito à liberdade de radiodifusores para essa promoção de informações. crença, citando o Prof. José Afonso da Silva, que diz: Daí a importância, Deputado, daqueles canais de TV pública previstos no decreto que regula a implantação “Na liberdade de crença entra a liber- de TV digital. Na TV pública, nós podemos, com mais dade de escolha da religião, a liberdade de facilidade, promover essas informações sobre as di- aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade versas religiões professadas no Brasil. ou o direito de mudar de religião. Mas tam- Agradeço a oportunidade e a atenção a todos. bém compreende a liberdade de não aderir (Palmas.) a religião alguma, assim como a liberdade de O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – descrença, a liberdade de ser ateu e de ex- Muito obrigado, Dra. Ela Wiecko. primir o agnosticismo. Mas não compreende Com a palavra o último expositor, Dr. Perly Ci- a liberdade de embaraçar o livre exercício de priano, representante da Secretaria Especial dos Di- qualquer religião, de qualquer crença, pois aqui reitos Humanos. também a liberdade de alguém vai até onde O SR. PERLY CIPRIANO – Boa-tarde a todas não prejudique a liberdade dos outros”. e a todos. Concluindo, o cerne dessa ação civil pública é o Deputado Luiz Couto, Presidente da Comissão seguinte: se o proselitismo religioso na televisão não é de Direitos Humanos e Minorias, em nome de quem uma atividade vedada, não se pode admitir que essa saúdo os Parlamentares e as lideranças religiosas e liberdade de crença e de expressão religiosa seja ve- de outros movimentos aqui presentes. ículo para o cerceamento da liberdade de crença e a Em primeiro lugar, parabenizo-o pela realização ofensa à dignidade dos praticantes das religiões de desta audiência. É um dos temas mais complexos e matriz africana. candentes. Certamente, sobre a questão religiosa po- Nesse aspecto, acabo me reportando ao que o deriam até ser realizadas outras audiências, como o palestrante anterior se referiu: o tema da intervenção ensino religioso, a questão da saúde, da segurança, protetora dos Poderes Públicos nos limites do Estado da cultura. Em todos os temas é possível fazer essa Democrático de Direito. Quais as possibilidades de o abordagem. Estado estabelecer regras para impedir o abuso do pro- O Estado é laico: não tem nem pode ter religião. selitismo religioso, para reparar os danos causados e, Mas tem por obrigação assegurar a mais ampla liber- por outro lado, para aumentar o espaço de igualdade dade de todas as formas de manifestação religiosa. E entre todas as religiões? tem como atribuição promover o entendimento entre Esse é um tema extremamente difícil porque se as diferentes religiões, bem como trabalhar no sentido trata de conflito de direitos, de princípios constitucio- de impedir que haja qualquer tipo de discriminação e nais. Uma solução seria, como em outros países, prin- de preconceito contra religiões ou religiosos, isolada- cipalmente aqueles do Direito anglo-saxão, a de que mente. esses conflitos sejam resolvidos no Poder Judiciário, Não é muito fácil resolver um problema como este. no exame do caso concreto. Mas, infelizmente, nesse Em todos os povos, em todos os continentes, sempre caso da ação civil pública, embora o Juiz de Primeira as pessoas manifestaram as suas diferentes formas Instância tenha dado uma solução, tenha acolhido o de religiosidade. Em todas as épocas da humanidade. direito de resposta coletivo, no Superior Tribunal de Somente para citar o nosso continente, lembro que, Justiça, que ainda não se definiu, mas por preceden- quando aqui chegaram os colonizadores, portugueses 01604 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 ou espanhóis, existiam milhões de indígenas com mi- Havia muçulmanos – e o sheik Hassan está aqui lhares e diferentes manifestações religiosas. Já havia entre nós –; judeus; budistas; xintoístas; cristãos; matriz aqui uma imensa diversidade de entendimento, de visão africana; baha’is; enfim, mais de 120 expressões reli- religiosa, de compreensão e concepção do mundo. giosas participaram da discussão. Após longo período, Quando aqui chegaram a este continente, os produziu-se um material: inicialmente, uma cartilha. colonizadores trouxeram diferentes formas de mani- Posteriormente – e espero que todos tenham recebido festação religiosa: cristãos; muçulmanos que vieram –, um vídeo, com duração de 15 minutos, que serviu juntos, alguns obrigados a abdicar à religião; assim como instrumento para essa discussão. como judeus; os ciganos tiveram de abdicar à sua re- Foi elaborado também um calendário. Por exem- ligiosidade. E também, quando trouxeram os milhões plo: a Páscoa, que tem a ver com o pão, para os cris- de escravos trazidos para este continente, vieram junto tãos, coincide com a data de Oxóssi, o provedor, o suas milhares de manifestações e expressões religio- caçador que alimenta a tribo. sas, de matriz africana. Os malês, que comandaram Então, nós precisamos levar em conta essas aquele grande levante na Bahia, eram muçulmanos. particularidades e aprender a conviver com os diferen- Também havia cristãos entre os escravos. tes. No Brasil, os cristãos são maioria. Eles precisam Depois disso, o Brasil continuou a receber gente aprender a tratar os diferentes, como gostariam de de todas as partes. E aqui chegaram diferentes reli- ser tratados na Indonésia, onde os cristãos são pou- giosos. cos. Em outro país, nós somos diferentes; precisamos É necessário que o Estado laico, que não tem nem aprender a construir um país diferente, em que haja pode ter religião, comece a fazer essa discussão em respeito à diversidade. É preciso que isso seja expres- todas as áreas. O Parlamento, com este debate, tem so nos meios de comunicação. É necessário que haja dado um exemplo muito positivo. Nós ficamos muito um convencimento. Hoje, praticamente todos os jornais felizes e orgulhosos de estar nesta Casa, com os Par- do Brasil têm uma coluna sobre religião. Nos Estados, lamentares presentes, estabelecendo esta discussão. quase todos já têm. Quase todas as estações de rádio O Ministério Público aqui está representado também; têm algum programa que aborda uma visão religiosa. é uma outra face do Poder Público que lida com a Jus- Às vezes de uma ou de outra religião, ou com uma tiça. E o Poder Executivo. Os 3 juntos. Mas não farão visão mais ampla. A televisão, por exemplo, se obser- nada, se não atuarem juntamente com as diferentes varmos, também expressa aspectos da religiosidade manifestações e expressões religiosas. do povo brasileiro. São eles que vão ajudar nessa grande mobiliza- A mídia pública também tem uma tarefa importan- ção de mudança de cultura no País. Vale para a mí- te nesse sentido. Se não, vamos pensar apenas num dia. Para tratar de um tema deste com a mídia – não aspecto. Todos os aspectos da mídia precisam ser mais apenas a televisão, o rádio, o jornal, as revistas e a bem discutidos. Mas isso levará também a uma discus- mídia eletrônica; na mídia eletrônica também aparece, são maior nas universidades, em todas as áreas. agora, muita manifestação de intolerância; são crimes Nesse sentido, a Câmara dos Deputados está propostos contra diferentes formas de manifestação de parabéns por esta iniciativa. Certamente, novas religiosa –, é necessário estar atento à sociedade demandas virão. Não pensem que bastará esta au- nesse processo. diência. Daqui para frente, novas demandas virão. Em 2003, a Secretaria Especial dos Direitos Hu- Há o sonho de se criar o fórum da espiritualidade na- manos recebeu, inicialmente, um grupo de mães-de- cional e também uma batalha pela criação de fóruns santo e pais-de-santo de vários Estados – Bahia, Minas inter-religiosos, para o diálogo nos Estados – e todos Gerais, Sergipe e Rio Grande do Sul –, que se quei- podemos participar –, para a realização de trabalhos xava das ameaças e das violências praticadas contra articulados, para a produção de textos, para a garantia eles. Perguntaram o que poderiam fazer. Alguém disse: de um espaço apropriado na mídia. “Se não houver uma solução, nós vamos ter de agir da Nós precisamos sempre buscar a mídia para es- mesma maneira, com a mesma moeda”. Tivemos de tabelecer com ela o diálogo e não apenas para denun- mostrar que, se estava ruim assim, pior seria fazer o ciar. A mídia pode ser um canal que permita o diálogo mesmo. Então, iniciamos uma discussão com um grupo e a atuação articulada. bastante grande. Passamos 1 ano e meio discutindo Há também as ações na Justiça. V.Exas. acom- com representantes de 120 ou 130 diferentes igrejas, panharam o caso de São Paulo. Determinado canal de religiões, tradições. Até quero citar aqui o Reverendo televisão fazia campanha muito intensa contra religiosos Santana, uma das pessoas que mais têm contribuído de matriz africana. E houve uma ação judicial: ele teve nesse sentido e está entre nós. de ficar fora do ar. Mas não queremos que essa seja a Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01605 solução. Queremos outra solução: que se abra espaço igreja grande, eles se juntaram para erguer uma única para que as pessoas diferentes possam falar. igreja. E eles dividem o mesmo templo – há horário Este tema está em discussão nas escolas, em para os católicos, outro para os luteranos, outro para todas as partes. O professor que leciona na periferia celebrarem seus cultos juntos, e convidaram outras lida, em sala de aula, com 8 ou 10 religiões diferentes. igrejas para ir ao local. E há crianças que sofrem mais discriminação, princi- É preciso, então, trabalhar no sentido de que a palmente se a sua religião tiver matriz africana. Ima- mídia possa valorizar e disseminar mais as experiên- ginem V.Exas. se um empregado doméstico confessar cias de entendimento, de convivência, e não apenas que professa religião de matriz africana. É capaz de expressar os conflitos. Os conflitos existem, é verdade. perder o emprego. Aqui mesmo, na Capital, na Prainha – como citou a Com os muçulmanos não é diferente, dada a gra- Dra. Ela Wiecko –, destruíram imagens de santos. Não vidade dos conflitos atuais. Sempre que houver algum queremos isso. Queremos que as diferentes religiões tipo de violência, dirão que o muçulmano é o responsá- possam se expressar, pois essa diversidade faz parte vel. Mas, se um cristão bombardear um país, isso não da nossa identidade. aparecerá. Há até essa diferença. O muçulmano, por Estamos trabalhando com a lógica. E este ato natureza, não é violento, nem o católico, nem o evan- é importante, é uma demonstração disso. A religião gélico, nem o espírita, nem o ateu. Se ouvirmos todos é um direito humano muito importante, fundamental, os dias que os muçulmanos são os responsáveis por está na Declaração Universal dos Direitos Humanos, todos os atos de violência, vamos nos acostumar. As na Constituição brasileira e no Programa Nacional nossas crianças vão se acostumar com a idéia de que de Direitos Humanos. Precisamos trabalhar essa re- o muçulmano é violento. Essa visão será introduzida. lação aparentemente simples, fazer com as pessoas Assim como a de que são diabólicas as religiões de sentem, conversem, ouçam uma ás outras, rompam matriz africana. seus preconceitos, construam um país que respeite a V.Exas. podem perceber que a minha idade não é diversidade, em que todos se respeitem. muito pequena. Eu sou de uma época em que as pes- As religiões têm muito em comum. Se as pessoas soas falavam que os crentes – e ouvi muitas pessoas se ouvirem e discutirem mais descobrirão que entre dizerem isso – não eram pessoas sérias. elas há muita coisa em comum. Judeus, muçulmanos (Intervenção fora do microfone. Inaudível.) e cristãos têm uma base comum muito ampla e já con- O SR. PERLY CIPRIANO – Faz muito tempo. viveram sem conflitos. Na Espanha, durante muitos (Intervenção fora do microfone. Inaudível.) séculos, conviveram cristãos e muçulmanos. Mesmo O SR. PERLY CIPRIANO – Pelos livros. na Palestina, onde temos a impressão de existir uma Então, essa forma de preconceito é grande. E grande guerra religiosa, conviviam diferentes religiões. continua existindo. Interesses militares e políticos agravaram os conflitos, Nós precisamos também, e seria importante a mas procuram dar a eles uma conotação religiosa. mídia trabalhar nesse sentido, mostrar os exemplos Quando a religião foi utilizada para algum tipo de de integração, de ação coordenada e articulada. Aqui agravamento dos conflitos, devemos atuar no sentido de mesmo no Entorno, uma igreja evangélica muito po- que elas possam conviver de maneira harmônica, cada bre – esse exemplo foi citado nesta cartilha – não uma mantendo sua identidade. Ninguém tem de perder tinha mais como celebrar os seus cultos. Um padre sua identidade pelo fato de respeitar o próximo. ofereceu a sua igreja para essas pessoas celebrarem Mais uma vez, saúdo o Deputado Luiz Couto o seu culto. Mas na igreja do padre havia imagens de pela iniciativa. Homem religioso, S.Exa. tem uma fé santos. Então, foi feito um acordo: os evangélicos co- muito especial: fé na prática e na luta pelos direitos brem respeitosamente a imagem dos santos, celebram humanos. Sua vida inclusive já foi ameaçada por de- o seu culto e depois retiram a cobertura. Os católicos fender causas justas. Essa é mais uma. Enfim, cum- continuarão tão cristãos como antes, talvez até com primento a Comissão de Direitos Humanos por criar o coração mais aberto por tal gesto. E os evangélicos um grupo de trabalho extremamente importante para que utilizaram o espaço cedido pelos católicos também o Parlamento. estarão com o coração mais aberto, ao perceberem O Poder Público precisa se unir nessa grande que é possível trabalhar junto. caminhada pela construção de um país onde convi- Citamos também a experiência de uma comuni- vam os diferentes. Podemos servir de referência para dade de evangélicos, luteranos e católicos do Estado outras nações. Precisamos do apoio da alta cúpula do Espírito Santo. Como cada grupo, mais ou menos do MERCOSUL para inserir a temática da diversida- de 40 famílias, não tinha condições de construir uma de religiosa em sua agenda. Esses fenômenos que 01606 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 ocorrem no Brasil – diferentes formas de perseguição Nada pior do que um pastor evangélico ir á tele- e de intolerância – também sucedem no Uruguai e no visão e, abertamente, falar mal de outras religiões, da Paraguai. Não queremos que haja perseguição, mas, católica ou da espírita. sim, solidariedade, fraternidade, justiça, amor e paz, Nada pior do que alguém que professa o budis- anseio comum de todas as religiões. mo, que vai às ruas a caráter ser criticado e, às vezes, Muito obrigado. (Palmas.) até apedrejado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Nada pior do que vermos um bispo da Igreja Muito obrigado, companheiro Perly Cipriano. Universal do Reino de Deus chutar um símbolo da Passo a palavra, obedecendo à ordem de ins- Igreja Católica. crição, ao Deputado Lincoln Portela, do PR de Minas Nada pior do que vermos uma emissora de te- Gerais. levisão exibir uma minissérie que ofende símbolos da O SR. DEPUTADO LINCOLN PORTELA – Em religião protestante. primeiro lugar, parabenizo o Presidente da Comissão Nada pior do que vermos uma emissora brasileira, de Direitos Humanos, autor do requerimento de reali- na época do escândalo dos sanguessugas, fazer uma zação desta audiência pública, pela atitude e também lista de 70 sanguessugas e dizer que 25 deles eram pela condução dos trabalhos. O trabalho de S.Exa. à evangélicos, sem, no entanto, dizer qual era a religião frente desta Comissão, da qual sou titular, muito me dos outros. Isso é pura e aberta discriminação. orgulha. Saúdo os demais integrantes da Mesa, os Então, é preciso encontrarmos, sim, pontos de Parlamentares e autoridades presentes. convergência, porque, se colocarmos os gatos todos É muito difícil começar minha fala, pois corro o dentro do mesmo balaio, veremos que todos eles estão risco de discriminar ou de ser discriminado. Tenho, en- errados. O que nós, gatos – entendam bem o que eu tão, de tomar muito cuidado com o que vou dizer. Quem digo—, precisamos fazer é nos arranhar menos. me conhece nesta Casa – estou no terceiro mandato Quero parabenizar o Sr. Perly Cipriano e dizer- – sabe que sou pró-ativo. Jamais deixei de buscar a lhe que poderemos marchar em cabeça todos rumo a convivência com todos, jamais fui caracterizado nesta um sentimento melhor, a uma vida melhor, de maior Casa como alguém que discrimina e jamais discrimi- liberdade, quando cada um de nós acertar o próprio nei nenhum grupo. passo. É preciso que cada um de nós acerte seu pas- É claro que, independentemente disso, podemos so para podermos marchar unidos, cabeça a cabeça. ter idéias e posicionamentos próprios que têm de ser Precisamos encontrar pontos convergentes e não cul- respeitados, desde que não se transformem em algo tuar os pontos divergentes. para o mal e venham prejudicar as pessoas de algu- Certa vez, um sacerdote, que se encontrava com ma maneira. Nada pior do que a discriminação. É difícil falar seu auxiliar ao lado, foi procurado por um casal da igre- sobre esse assunto, porque, como eu disse, pode pa- ja. Ele não recebeu o casal junto, porque eles estavam recer que estamos discriminando. Mas não existe nada brigando muito. Primeiramente entrou o marido, e o pior do que se ligar a televisão ou ir a alguma igreja, sacerdote perguntou-lhe: “Qual é o seu problema?” E hoje o nosso maior foco, e ver o seu sacerdote ou o o marido respondeu: “É a minha mulher”. O sacerdote seu líder falar mal de outra igreja ou de outra religião. disse-lhe, então: “Irmão congregado, eu não sabia que Isso sempre me dá uma sensação de grande descon- aquela irmã era assim. Mas a irmã é assim mesmo?” forto. E nada pior do que isso ser levado para a mídia. E o marido disse que ela era assim e muito pior. O sa- E nada pior do que a mídia ser usada para discriminar cerdote, então, disse que ele tinha razão. religiões. Isso é hediondo. Em seguida, entrou a mulher, que expôs a situa- Nada pior também do que receber a notícia de ção e disse que seu marido era um “gnorante”, que já que determinada religião fez um trabalho contra mim tinha perdido até o “i” de tão estúpido que era, e que ou contra o meu grupo, além de me avisar que costu- ela não agüentava mais conviver com ele. O sacer- rou o meu nome e o nome do meu grupo na boca do dote olhou para a esposa e disse: “Então, a senhora sapo e que vai me matar. Isso é horrível. A pior forma tem razão”. Primeiro, ele deu razão para o marido e, de discriminação é espetar agulhas em um boneco depois, deu razão para a esposa. que representa certa pessoa e dizer que ela vai mor- Quando a mulher saiu, o auxiliar disse ao sacerdo- rer. Isso é um culto ao assassinato. te: “Como senhor, sendo um sacerdote de renome, faz Nada pior do que o Papa vir ao Brasil e dizer que uma coisa dessas?” O sacerdote perguntou-lhe: “Mas o a única religião certa é a católica. Senti-me profunda- que eu fiz? – “Primeiro o senhor deu razão ao homem; mente ofendido e discriminado. depois, deu razão à mulher. O senhor não pode fazer Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01607 uma coisa dessas.” O sacerdote, então disse: “Ué, não a mídia esteja aberta, de maneira muito transparente, é que o senhor também tem razão!” (Risos.) demonstrando a importância da religião na vida de Precisamos colocar todas as nossas razões – todos nós. todos nós. E nos ajustar individualmente, cada um de Temas transversais são abordados nas escolas nós, e também nos ajustar como grupo. Dessa maneira, onde não se dá uma conotação própria no sentido da estaremos marchando em cabeça para ter um Brasil religião para as crianças. Inclusive há Estados no Bra- melhor, para ter um mundo melhor, menos violento, sil onde não há ensino religioso. Isso preocupante é porque, às vezes, a violência vem por meio daqueles Estado, mesmo sendo ele laico, porque o Estado pode que pregam a paz. (Palmas.) perder a noção da religião, dar mais ênfase à questão O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – do ter do que a do ser e deixar de respeitar o ser hu- Muito obrigado, Deputado Lincoln Portela. mano em todas suas dimensões. Com a palavra o Deputado Dr. Talmir, do PV de Retomo o Prof. Eduardo Marcondes, considera- São Paulo. do dos mais importantes da Pediatria brasileira, que O SR. DEPUTADO DR. TALMIR – Gostaria de diz que devemos acompanhar a criança não só no parabenizar a Mesa. seu crescimento, mas no seu desenvolvimento físico, Ontem, tivemos a posse da Frente Parlamentar mental, social e espiritual. Nesse sentido, é muito im- Cristã Brasil-Israel pela Paz na Terra Santa, no Oriente portante ouvi-los e saber o posicionamento de cada Médio e no Mundo. um dos senhores. Sou médico, e me surpreendi com artigo do Dr. Parabéns a todos. Parabéns aos participantes, Eduardo Marcondes, segundo o qual devemos cuidar aos Deputados Lincoln Portela e Miguel Martini e aos da criança no sentido físico, mental, social e espiritual. demais presentes, que, no dia-a-dia, têm demonstra- A partir daquele dia, eu, que na faculdade entendia que do nesta Casa seriedade em relação a esse assunto. médico não pode tocar em religião, fiquei feliz e manti- O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – ve uma Bíblia em meu consultório. Essa atitude abriu Obrigado, Deputado Dr. Talmir. o diálogo com os católicos, com evangélicos, enfim, Estão inscritos os Deputados Miguel Martini e com pessoas das diferentes religiões. Para mim, foi Paulo Roberto, que também terão direito a se manifes- muito importante entender que o ser humano precisa tar Mas, como o Deputado Chico Lopes é membro da da espiritualidade, de uma religião. Comissão, ele tem precedência sobre os outros. Além A posse da Frente Parlamentar Cristã nos deu do mais, como Líder do PSOL, terá em seguida de ir muita alegria, inclusive pelo pronunciamento do De- para o plenário conduzir o processo de votação. putado Pastor Manoel Ferreira, que está sendo indi- Tem a palavra o Deputado Chico Alencar. cado, conforme disse o Presidente Arlindo Chinaglia, pelo Congresso Nacional para concorrer ao Prêmio O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR – Isso, Nobel da Paz. Alencar. Chico Lopes é outro Deputado muito valoroso, O Estado é laico, sim, mas é necessário respeitar do PC do B do Ceará. E há também o ex-Presidente a religião de todos os Deputados, independentemente do Banco Central também. Com esse eu não quero de qual ela seja. Infelizmente, existe nesta Casa uma muita ligação. tentativa de dizer que religião não é importante, que O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – argumentos religiosos não devem ser usados para Entre os Alencar, há também José de Alencar e ou- defesa da vida, da família. Um dos meu intuitos e da tros. Desculpe, Deputado Chico Alencar, do PSOL do maioria dos Deputados que estão neste plenário é o Rio de Janeiro. respeito à religião, à família, à vida. O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR – Pois Então, fico muito feliz com a condução dada aos não, Deputado Padre Luiz Couto. trabalhos pelo Presidente Deputado Luiz Couto, por- Desculpem-me a rápida passagem na Comissão. que tudo o que temos feito é com muita seriedade. Como Líder do meu partido, eu estava numa reunião Infelizmente, a população coloca a Câmara dos Depu- da Comissão de Constituição e Justiça em que se dis- tados entre as instituições de menor credibilidade na cutia a entrada da Venezuela no MERCOSUL. sociedade, mas podemos dizer que um debate como Esta audiência me é particularmente importante, este aqui é importante e dá o tom da importância que interessante e atraente, porque hoje em dia, ao con- dedicamos a um assunto tão relevante como esse: a trário do que acontecia na minha infância – num pro- religião e a mídia. cesso razoavelmente rápido –, a mídia tem relevante Sou médico pediatra e hebiatra, e vejo a influ- papel na formação religiosa e na dimensão mística da ência da mídia nas crianças. É muito importante que vida das pessoas. 01608 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Refiro-me à minha própria biografia, porque me absurdo! Você acha que seu ente querido morto vem lembro que, na minha infância e parte da juventude, comer esse arroz?” Ele respondeu assim: “Não, tan- as cidades se caracterizavam pelos seus templos, pe- to não vem ou vem quanto o seu vai sentir o cheiro los seus espaços físicos religiosos. Hoje, as cidades dessas flores”. são valorizadas pelo fato de terem ou não shopping Então, os símbolos, a diversidade, as místicas, centers. Aliás, o Pedro Casaldáliga, Bispo Emérito de os valores da expressão religiosa têm de ser absolu- São Félix do Araguaia e grande poeta, diz o seguinte: tamente respeitados. “Nas catedrais dos shopping centers comunga-se o De uns tempos para cá, as religiões afro-brasilei- McDonald’s”. ras são as mais desrespeitadas. Elas têm sido muito Hoje, a grande mídia privada no Brasil não tem desconsideradas e desvalorizadas. Isso é grave. Temos religião propriamente, mas obedece sobretudo a inte- de ter cuidado com todas as formas de imperialismo. resses dos seus anunciantes. E, numa sociedade que Esta Comissão faz muito bem. Parabenizo o Go- pratica a idolatria do mercado e a espiritualidade do verno, de forma insuspeita, porque lhe faço oposição ter, isso é avassalador. partidariamente, por essa cartilha, que é excelente. Concordando com tudo o que ouvi aqui do De- Essa diversidade religiosa tem de ser espalhada. putado Lincoln e do Deputado Dr. Talmir acerca da Acho muito saudável a dimensão religiosa e não necessidade de compreensão da diferença do outro, alienante. Marx, que dizem que era um ateu, afirmava temos de ter um patamar comum de muita atenção que a religião é o espírito de um mundo sem espírito, com referência à mercantilização das religiões. Muitas o coração de um mundo sem coração, o suspiro da vezes, até emissoras religiosas fazem proselitismo da criatura oprimida. Depois que Lênin escreveu que é economia individual da salvação, numa perspectiva que a religião é o ópio do povo, todo mundo só destaca é de não-respeito aos outros. Sou cristão de formação isso. Mas, às vezes, quando o sofrimento é demais, católica, e também concordo que muitas vezes o Papa um ópio – não estou fazendo apologia às drogas – até atual especialmente é exclusivista, é apologético da ajuda a minorar a dor. nossa religião como único caminho, o que é um ab- Coração de um mundo sem coração, espírito de surdo, é inaceitável num mundo plural. Mas há essa uma situação sem espírito, suspiro da criatura oprimi- idéia do consumo da fé, da salvação individual, onde da para se libertar! se perde qualquer dimensão mística que todas as de- Axé, benção, shalom. (Palmas.) nominações religiosas têm de ter. Se não, vira mais O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – De- uma prateleira do departamento de uma loja. putado Chico Alencar, a Ordem do Dia já foi iniciada, Há também o uso político da religião no mau sen- mas a Secretária da Comissão está atenta para, no mo- tido, porque se religião não desperta as pessoas para mento em que houver votação nominal, nos avisar. a cidadania, para a solidariedade, ela está falhando. O SR. DEPUTADO LINCOLN PORTELA – É o Muita gente usa sua própria condição religiosa para meu caso também. Tenho de estar presente no enca- fazer campanha. Isso é errado. Não se deve pedir voto minhamento da votação. Peço desculpas. de ninguém porque se é católico, umbandista, judeu, O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – ou porque ostenta sua condição respeitável de ateu. Eu quero dizer que daqui a pouco vamos ter de es- Esse é outro problema que enfrentamos. crever alguma coisa sobre diversidade religiosa com Encerro com uma história que li na folhinha do base nas histórias contadas por Chico Alencar, Lincoln Sagrado Coração, publicação bem tradicional e da Portela e outros. qual tenho a honra de ser colaborador. As pessoas Tem a palavra a Deputada Jusmari Oliveira, do estranham muito essa minha condição. Outro dia, o PR da Bahia. cartunista Jaguar, amigo que vive longe das sacristias A SRA. DEPUTADA JUSMARI OLIVEIRA – De- e mais perto dos bares, me ligou para confirmar.“Esse putado Luiz Couto, Presidente desta Comissão, auto- Chico Alencar aqui é você mesmo? Você é carola?” ridades religiosas e civis à mesa, cumprimento todos Eu falei que não, mas eu sou... na pessoa da Dra. Ela Wiecko, que nos defende em Estou lendo aqui uma pagela – é assim que se relação aos direitos humanos. chama – muito interessante. Trata-se de uma conver- Srs. Deputados, parabenizo o Deputado Luiz sa de cemitério, mas altamente viva. Alguém tinha de- Couto pela iniciativa desta audiência. Essa discussão positado flores num túmulo – católica, provavelmente tem mesmo de ser feita nesta Casa, porque ela está –, enquanto um oriental depositara um pratinho de muito latente nas nossas bases. arroz. Muito ciosos do seu poder, desde a conversão Especialmente a Dra. Ela Wiecko colocou na sua de Constantino, essa pessoa católica disse: “Mas que exposição a questão da liberdade de expressão e da Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01609 liberdade religiosa, mas eu quero destacar outros ter- eu não posso sair por aí derrubando imagens, porque mos: o direito de eu professar a minha fé. há muitos que acreditam em outras coisas. Eu já me manifestei sobre o assunto outro dia – Quero, porém, ter o direito de dizer que na Bíblia não sei se a Dra. Ela Wiecko estava presente, mas o está escrito isso. Creio que seja a salvação. Esse direito Ministro Paulo Vannuchi estava –, quando o Deputado não pode ser tirado de religião alguma. Há de se en- Luiz Couto falou sobre a necessidade de discutirmos contrar uma forma para que cada uma professe a sua essa questão. fé sem ofender as outras. Difícil? Difícil, mas acredito É realmente como o Deputado Lincoln Portela que nós brasileiros ainda somos o grande exemplo de disse: até às vezes, ficamos sem palavras, porque to- convivência, de respeito. das as palavras que falemos são capazes de ofender Existem alguns casos que podem ser conside- quando a questão é levada para determinado lado. rados desaforados, afrontas? Existem, mas são bem Uma coisa que todos as religiosos perguntam na base mais raros do que em países intolerantes. é o seguinte: “Deputada, haverá proibição de eu falar Cabe a nós, que estamos nesta Casa, tentar sobre aquilo em que acredito, de acordo com a minha sempre suplantar a dificuldade de levar à frente essa doutrina?” questão, de tentar encontrar uma forma. Essa cartilha – eu ainda não a li – deve ser o Não li ainda, mas espero que esse seja um ma- algodão entre cristais, porque essa é uma discussão terial importante até para mim. Preciso também de um difícil de ser feita. Como eu direi, por exemplo, que a manual para saber até como, porque daqui a pouco minha doutrina, a minha fé me convence de ter que serei tachada de intolerante ou de preconceituosa. dizer ao meu irmão que, diante de Deus, ele peca ao Lembro-me de que, quando era criança, o meu ser homossexual? Como calar-me diante disso? pai falava muito sobre o sofrimento dos países da E isso não quer dizer que eu deixe de amar o cortina de ferro, onde aquele que entrasse com uma meu irmão. Uma coisa é proibir o acesso das pesso- Bíblia era preso, e sobre a luta dos missionários e as a certas situações pela posição religiosa ou pela das pessoas para poder deixar uma Bíblia no banco posição que tenha assumido durante sua vida, até de uma praça. mesma a político, que é a mais é tolhida. Os fiéis de Graças a Deus, não vivemos isso, mas o avan- todas as religiões, inclusive das afro-brasileiras, têm ço desse tema e dessa discussão não pode ser no o desejo de professar sua fé, dentro da doutrina em sentido de tolher a nossa manifestação de fé, crença que acreditam. e doutrina. Para nós, e o Deputado Dr. Talmir disse muito Estamos na Comissão de Direitos Humanos des- bem, é impossível um Deputado colocar sua posição – ta Casa para colaborar com a discussão desse tema, mesmo fazendo o que faço aqui, tentando me controlar mas não posso deixar de expressar o temor que exis- como uma parlamentar que recebeu votos de eleitores te na base: “Deputada, estão discutindo na Câmara das mais diversas religiões – sobre qualquer tema sem essa questão. Será que vão nos proibir de dizer o que expressar nele a minha fé, a minha doutrina. acreditamos? Será que vão nos proibir de dizer isso Então, vejo quão espinhosa é a missão de achar- ou aquilo? De dizer que achamos que isso é ou não mos uma forma de bem convivermos. pecado e que para conquistar a salvação temos de Na condição de Deputada, quero colaborar em seguir tal caminho?” todos os momentos para que a boa convivência entre O ofício da religião é pregar a salvação, e cada as religiões não signifique me tolher o direito de dizer um prega da forma que acredita. Para professar é pre- em emissora de rádio, de televisão ou em uma praça ciso falar. Em silêncio, ninguém vai conseguir dizer o pública aquilo em que acredito, de acordo com a minha que acredita. doutrina e minha fé, porque isso, tenho certeza, será o Em todas as religiões se diz ide e pregai. Então, cúmulo da intolerância. E isso eu não quero dizer que se devemos ir e pregar, temos de ter o direito de falar. é do evangélico, do católico, do umbandista ou do es- Claro, com todos os cuidados. pírita. Sinto que todos queremos ter o direito de dizer Muito obrigada. aquilo em que acreditamos. E, as vezes, isso é impos- O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – sível ser dito sem declararmos que não acreditamos Obrigado, Deputada Jusmari. naquilo que outra religião prega. É claro que as pala- Temos inscrito os Deputados Miguel Martini e vras devem ser as certas, as corretas, sem significar Paulo Roberto. ofensa às outras pessoas. Acho intolerância apedrejar O SR. DEPUTADO PAULO ROBERTO – Só uma a igreja. Por exemplo, eu li na Bíblia – e acredito – que informação. Estamos em processo de votação no plená- ai daquele que erguer imagens a outros deuses. Mas rio. Comunicaram-me que temos votação nominal ago- 01610 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 ra. Gostaria de arrumar um termo para conseguirmos Alguém matar por intolerância religiosa, em nome de conciliar a nossa palavra com a votação nominal. uma religião, é um absurdo. Sabemos que o tempo O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – das Cruzadas já passou e as motivações não eram Pode estar no processo de orientação das bancadas bem religiosas. ainda. Seremos comunicados quando a orientação Creio que o nosso papel é velar para que o Esta- começar. Estamos entrando em contato com a Mesa do se mantenha na sua posição de não atrapalhar, de para saber sobre essa questão. não discriminar. Que se respeite a individualidade e a Com a palavra o Deputado Miguel Martini, do forma de manifestação religiosa de cada um. PHS do Estado de Minas Gerais. Em Mateus 7:21 Jesus diz: O SR. DEPUTADO MIGUEL MARTINI – As mi- “Não é o que me diz: Senhor, Senhor! que vai nhas saudações a todos. Procurarei ser mais breve entrar no céu, mas é aquele que faz a vontade do ainda. meu Pai, que está nos céus. Muitos vão dizer: mas Ouvimos muito a respeito do Estado laico. É pre- eu preguei em seu nome, expulsamos o demônio em ciso dizer que o Estado laico não deve tomar partido teu nome, curamos em teu nome. E Ele diz: ‘Eu não religioso, ao mesmo tempo não pode ser um obstáculo conheço vocês’. a manifestações religiosas. O Estado laico deve garantir, Pela manhã, debatemos com os colegas esse e todos devemos vigiar, a liberdade religiosa. Vejo que texto. Muitos vão se assustar, porque ficou num religio- muitas vezes, sob o pretexto de Estado laico, querem sismo que não incluía o amor nem a verdade. forçar um Estado a ser ateu. É muito diferente. O Es- Esses serão excluídos. (Palmas.) tado ateu não é o Estado laico, e aí tomam posições O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – contrárias àqueles que crêem em alguma coisa. Muito obrigado. Santo Agostinho tinha expressão que nos ajuda Temos agora votação nominal. Proponho parar- muito. Ele dizia: “Em tudo há caridade; na dificuldade, mos por 5 minutos. Vamos votar. Retornaremos, por- há solidariedade, e, na dúvida, há liberdade”. Nós não que é importante para os Parlamentares que ainda têm somos seres apenas materiais, mas espirituais. A liber- questões a esclarecer. Pedimos licença à Mesa. dade é o melhor modo de cada um encontrar a melhor (A reunião é suspensa.) maneira de se ligar a Deus. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) No Brasil, temos de reconhecer que, de maneira – Convidamos os senhores expositores a tomarem velada ou às vezes explícita, se impede a livre mani- assento à mesa, a fim de que possamos reiniciar os festação do que se crê. trabalhos. Ouvi afirmações de que – gostaria que ele esti- Com a palavra o Deputado Paulo Roberto, do vesse aqui, é meu amigo – o Papa veio ao Brasil para PTB do Rio Grande do Sul. dizer isso. O Papa, no Brasil, não disse isso. Temos de, O SR. DEPUTADO PAULO ROBERTO – Agrade- primeiramente, restaurar a verdade. Disseram que o ço ao Presidente desta Comissão, Padre Luiz Couto. Papa, a Igreja, os protestantes e os muçulmanos dis- Assim prefiro chamá-lo pelo respeito que tem conquis- seram isso. É uma forma discriminatória dizer o que tado, principalmente de mim, pela conduta, pelo tra- não se disse. Assim, está-se discriminando a priori. balho. Temos acompanhado mais de perto o trabalho Cada um tem a liberdade de pensar e dizer o que quer, do Padre Luiz Couto, em nome de quem quero saudar desde que se fundamente o que diz, o que pensa. O todas as autoridades religiosas presentes e também que não pode é sofismar e mentir. os componentes desta Mesa. O debate é interessante e, ao mesmo tempo, Estou bastante animado – pode-se assim dizer responsabilidade de cada um. Certa vez, numa uni- – com o debate ocorrido nesta Casa hoje, que acre- versidade, eu pude dizer que nem Jesus Cristo nem dito ser algo histórico, de iniciativa do Padre Couto. A Marcos foram bem entendidos. Disseram que tanto discussão trata de problema que muitos setores, infe- Marcos como Jesus Cisto disseram muitas coisas que lizmente, têm sofrido. não disseram. O que se faz em nome de tudo isso, de Solidarizo-me com o Dr. Talmir, que infelizmente sofismas? Parte-se da premissa de que não são ver- não está presente, em relação à questão discrimina- dadeiras e criam várias questões. tória. Infelizmente, nós, Deputados, também estamos Cada um precisa rever a sua prática religiosa e passando por uma situação discriminatória muito gran- cada religião precisa fazer a sua auto-avaliação, porque de, por influência da mídia. em nome de Deus está-se matando há muito tempo. O nosso Líder do PTB ficou bastante preocupado Não me lembro de que Deus, em algum momento da com o seu filho, que, num debate na escola sobre o que história, tenha dito “matarás”. Ele disse: “Não matarás.” queria ser, omitiu a profissão do pai, que é cirurgião Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01611 dentista, para não sofrer discriminação. Infelizmente, Casa, por esta Comissão, principalmente pelo Depu- a questão discriminatória vai muito além das religiões. tado Luiz Couto. A mídia exerce grande influência em relação a essa di- Muito obrigado. (Palmas.) versidade e à discriminação que existe nas religiões. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Parabenizo os componentes da Mesa, principal- Muito obrigado, Deputado Paulo Roberto, pelas pa- mente o autor deste requerimento, Padre Couto. Espero lavras. Quero dizer a V.Exa. que, mesmo não sendo que possa haver outras iniciativas como essa. membro da Comissão, pode apresentar requerimen- A Dra. Ela não está presente, mas ela se referiu to. Basta a assinatura de 1 membro da Comissão. O também à questão processual contra a Record. Acre- Deputado Lincoln Portela ou eu podemos assiná-lo. dito que, para abrilhantar um pouco mais essa nossa Nesse caso, V.Exa. também será um dos autores do discussão, seria interessante ouvirmos um represen- requerimento, pedindo a realização de audiência pú- tante da Record e também um da Igreja Universal. Por blica, a fim de que outras pessoas sejam convidadas que não, uma vez que temos representantes aqui? Ou para continuarmos este debate. pelo menos um representante das igrejas evangélicas O SR. DEPUTADO PAULO ROBERTO – Muito e neopentecostais. O Bispo Paulo, que representa a obrigado. Igreja Evangélica, fez uma exposição bastante impor- O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – tante sobre essa questão. Como disse no meu pronunciamento, não podemos Gostaria de propor também a participação, na parar o debate. Temos de continuá-lo. É um longo pro- discussão, de uma entidade que represente as emis- cesso de convencimento, de convicção, porque é isso soras de televisão. Acredito que haverá outras discus- que vai mudar. Não adianta apenas ter informação, mas, sões sobre o tema. sim, convencer-se efetivamente de que ela é importante O debate sobre as divergências religiosas foi para vivermos em paz e com dignidade. O SR. DEPUTADO PAULO ROBERTO – Em bastante produtivo e significativo. Infelizmente, como comunidade. alguns Deputados disseram, quando expressamos O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – nossa forma de vida religiosa, acabamos ofendendo as Isso. demais religiões. Mas a liberdade de expressão existe; V.Exa. pode apresentar o requerimento, e qual- é direito de todas as religiões se expressarem. quer Parlamentar da Comissão o assinará. Nesse Acredito que nenhuma emissora se opõe a al- caso, V.Exa. também será um dos autores da próxima guém que faça ou queira manifestar a sua religião, audiência pública. para anunciar o que pensa em relação a ela. Esse O SR. DEPUTADO PAULO ROBERTO – Muito espaço se encontra disponível em vários meios de obrigado. comunicação, principalmente no rádio, o mais usado O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – pelas igrejas. Vou passar a palavra aos expositores, lembrando que Parabenizo todos pelo alto nível deste debate. a Dra. Ela Wiecko solicitou dispensa, porque às 16 Embora não seja membro da Comissão, deixo horas – ela já estava atrasada – participará de outro registrada essa proposição. evento cuja temática é ligada à questão dos direitos Estarei sempre à disposição para ajudar a abri- do cidadão. lhantar este debate que, tenho certeza, dará um novo Na audiência pública, os expositores têm a pa- rumo à questão. A Casa tem tido iniciativas, em deter- lavra, diferentemente do seminário, no qual todos po- minadas situações, para resolver problemas sociais. dem participar. Nesse caso, sempre encontramos um caminho, um Passo a palavra ao Sr. Sheik Jihad Hassan. meio de fazer com que aquela situação seja resolvida, O SR. SHEIK JIHAD HASSAN HAMMADEH – amenizada, para que as pessoas saiam daqui conten- Em nome de Deus, clemente e misericordioso, cum- tes com as decisões tomadas. primento todos. Parabenizo o Deputado Luiz Couto, Acredito que este debate – pelo menos é o que Presidente desta Comissão, e demais participantes estamos visualizando – será o início de um acordo pela iniciativa. coletivo de algo que se possa fazer. Serei breve e objetivo em algumas questões aqui O Deputado Lincoln Portela disse muito bem que levantadas. Acredito contribuir para uma convivência todos têm razão, que cada um tem o seu pensamen- mais justa, pacífica e harmoniosa no País. Como todos to. Acredito que, se cada um respeitar o pensamento disseram, o Brasil é um grande exemplo. Comparo a do próximo, chegaremos a um denominador comum. convivência, a pluralidade aqui encontrada à do impé- Com certeza, isso será um marco, principiado por esta rio islâmico, como citou o Dr. Perly Cipriano, quando 01612 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 conviviam muçulmanos e não muçulmanos. Os muçul- ne. Um passageiro pediu que me tirassem do avião manos eram os governantes, mas todos conviveram, porque não se sentia seguro. A tripulação disse que durante 14 séculos, em perfeita harmonia. não podia, porque eu tinha sido revistado como qual- Na Espanha, durante 8 séculos, conviveram em quer pessoa e que não havia problema algum. Mas ele paz e harmonia. A arquitetura islâmica floresceu, apa- disse: “Ou eu ou ele”. Eles abriram a porta e pediram receu. Muitas teorias da Grécia antiga foram traduzi- a ele que saísse. das pelos muçulmanos e trazidas para o Ocidente. Sobre a comunidade islâmica, uma certa igreja, São inúmeras. Eu comparo o Brasil a esse Governo em um jornal dela, colocou na capa: “Temos de expulsar islâmico, com quem hoje podemos conviver em paz e os muçulmanos do Brasil”, entre outras coisas. harmonia. O que devemos fazer? Preservar essa har- Existe a discriminação, mas também há as pes- monia? De que forma? Todos os representantes dos soas conscientes, que falam a verdade, que acreditam setores da sociedade devem se unir. Debater o quê? que a ignorância é o maior inimigo do ser humano. O Falar sobre o quê? Sobre as convergências, e não sobre ser humano é inimigo daquilo que ignora, que desco- as divergências, que são muitas. Se eu debater com nhece. a minha mãe, vou encontrar várias divergências entre Por meio da conscientização podemos construir mim e ela. Só que conviver com a minha mãe é ver as uma sociedade mais harmoniosa. Se debatermos convergências: o amor que ela tem por mim; o amor as convergências – respeito, justiça, paz, harmonia, que eu tenho por ela. E assim podemos sobreviver em honestidade, combate à violência –, e se todos nós, uma sociedade pluralista, que respeita a adversidade. religiosos, cada um no seu templo, falarmos desses Acredito que a conscientização não combate. O com- temas, podemos construir uma sociedade muito mais bate pode ser usado para apagar o incêndio imediato. harmoniosa. A consciência, a conscientização, porém, a médio e a Agradeço, em primeiro lugar, a Deus e depois longo prazos, seria a melhor forma para combatermos aos demais presentes. a discriminação, a injustiça, o desrespeito, preservando Que Deus nos guie para a paz e para a justiça. a identidade religiosa de cada um. Amém. (Palmas.) Como a Deputada disse, é necessário que cada O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – um possa ter o direito de discordar do outro. A ques- Muito obrigado. tão não é essa. Nós não estamos buscando calar as Passaremos a palavra aos nossos expositores pessoas. Eu, como muçulmano, acredito que tenho o e começamos com o companheiro Perly Cipriano, re- direito de discordar do outro, mas não de desrespeitá- presentante da Secretaria Especial dos Direitos Hu- lo. O desrespeito deve ser abolido. Na minha mesquita, manos. no meu templo, posso dizer que o cristão está errado O SR. PERLY CIPRIANO – Mais uma vez, para- diante da minha argumentação, mas não posso des- béns pela iniciativa, que certamente frutificará. respeitá-lo nem ofendê-lo nem discriminá-lo. Deputado, se fosse feita uma audiência pública Por exemplo, torço para um time para o qual o sobre ensino religioso, seria fantástico. Convidaríamos outro não torce. O meu time é melhor, porém, eu con- para o debate o MEC, a SEPIR, nós, da Secretaria Es- vivo com o outro e não tento eliminá-lo. É importante pecial de Direitos Humanos, e as diferentes religiões. preservar a identidade religiosa de cada um. Esse poderia ser um bom caminho. Portanto, deixo Aqui, se falarmos de respeito e de conscien- essa sugestão. tização, vamos abolir e lutar contra a zombaria das Rapidamente, sobre o vídeo que receberam e demais religiões, já que estamos falando sobre mídia a cartilha que vocês receberam – a cartilha já está nos programas, tanto na televisão quanto em filmes, em espanhol e em inglês. Está na nossa página. Na na Internet e nos jornais. América Latina já se está distribuindo por aí afora. Há Desculpem, mas gostaria de citar um exemplo contribuição de algumas igrejas, que nos ajudaram que ocorreu com os muçulmanos. Quando me refiro nesse sentido. Os CDs, esses pequenos que estão aos muçulmanos, não quero dizer que são os únicos aí, foram produzidos pela Secretaria, mas contam atacados. De forma alguma. Mas há 1 bilhão e 350 mi- com o apoio do Ministério da Cultura, do Ministério da lhões de muçulmanos no mundo, e somos tidos como Educação e da Secretaria de Promoção da Igualdade terroristas. Se todos os muçulmanos realmente fossem Racial. Nossa idéia é de que eles circulem por todos terroristas, não estaríamos tendo esta conversa hoje; os Ministérios. eu já me teria explodido há muito tempo. (Risos.) Também, e o que é mais importante do que isso, É uma agressão. Eu já fui discriminado em um eu diria, é que o CONIC está junto. É só verificar que avião, na época do 11 de setembro e da novela O Clo- está aí. A Federação Muçulmana está junto. Os judeus, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01613 com a maior de suas instituições, estão junto. Várias O SR. SÍLVIO LUIZ RAMOS GARCEZ – Eu que- entidades e federações de matriz africana estão junto. ro me congratular com o Deputado Luiz Couto e com Nós temos indígenas, ciganos... praticamente, quase a Comissão de Direitos Humanos e Minorias pela todos puderam nos dar apoio. Alguns se queixaram no iniciativa. Espero que isso se possa perpetuar, que o sentido de que não sabiam... É assim é mesmo. Governo continue a fazer esse tipo de ação e que isso É possível reproduzir o CD. Ninguém precisa se transforme efetivamente em algo concreto. ficar com medo de reproduzi-lo, porque não é pira- Na minha primeira apresentação, falei sobre o taria. Todos estão autorizados a reproduzi-lo. Vamos preconceito. Quantos aqui sabem de fato o que é a Um- reproduzir mais, acho que uns 20 ou 30 mil CDs. Va- banda? Quantos se sentem confiantes para dizer que mos fazer alguns em inglês também, porque vai haver conhecem de fato a Umbanda? Pela desinformação, algumas conferências aqui e pretendo entregar esse que gera uma visão distorcida, o preconceito se instala. trabalho a muitas pessoas. E também o calendário Então, peço a todos que tenham pelo menos o cuidado nós vamos fazer. de procurar conhecer um pouco mais das práticas um- O mais importante é que trabalhemos – ainda bandistas. Quantos aqui sabem que a Umbanda tem hoje mantive uma conversa muito boa sobre isto – para uma Faculdade de Teologia, devidamente autorizada criar nos Estados fóruns locais consultivos, um diálogo pelo Ministério da Educação? Foi realizado todo um inter-religioso. Que o Poder Público possa se sentar ali processo, que o MEC exige. E é preciso que se diga também e aprender a ouvir as diferentes áreas, para que o nosso processo foi aprovado com louvor. saber o que pode ser feito. Nosso dever é respeitar e A comunidade umbandista espera que no Cente- valorizar as diferentes religiões. Porque é um direito nário da Umbanda, a ser comemorado no próximo ano, humano fundamental. o Governo brasileiro continue se apresentando ativo, Estamos também produzindo uma campanha na no sentido de garantir os direitos das minorias e a plu- mídia. Daqui a alguns dias, ela vai entrar em rádio e nos ralidade cultural no País, como vem fazendo através da jornais. Pela informação, mais de mil rádios, grandes e Secretaria Especial de Direitos Humanos, da Câmara pequenas, vão tê-la, nem que seja para dizer: “Religião dos Deputados e dos próprios Parlamentares. é um direito humano”. Nem que seja só isso. Mas, se Sabemos que os veículos de comunicação depen- isso estiver em todo lugar, já será algo importante. dem basicamente de concessões do Estado e devem Mas vai haver outras áreas de campanha de mí- ser permanentemente fiscalizados, a fim de se coibir dia. Temos de chamar a mídia pública e a mídia privada práticas de difamação e mesmo de demonização, que, para estarem presentes. Vamos pedir muito que traba- lamentavelmente, a Umbanda e os cultos afrodescen- lhem no sentido de valorizar e difundir as experiências dentes vêm sofrendo. exitosas. Eventualmente, uma pessoa ou outra que Na reunião de hoje, de que tenho o prazer de comete um preconceito, e a esta tentamos convencer participar, também se falou em ensino religioso. Pois de que isso não é correto. conclamo o Deputado Luiz Couto a que apresente um Vamos, portanto, divulgar e valorizar as experi- requerimento no sentido de se discutir essa questão, ências práticas de convivência. para que se evite que as pessoas tornem o espaço do Mais uma vez, agradeço ao Luiz Couto, esse ensino religioso em arena política. amigo batalhador que tem uma compreensão dessa Por fim, gostaria de dizer que nós, umbandistas, causa e uma dedicação muito grande a ela. Temos queremos de fato contribuir para que o Brasil conti- de agradecer a esta Casa e aos Parlamentares aqui nue a crescer. E, a nosso ver, esse crescimento não presentes. Vamos continuar esse diálogo e respeitar deve ser apenas econômico e feito a qualquer custo, as diferenças. dentro desse contexto capitalista em que vivemos, A Jusmari expressou o seu sentimento, a sua vida. mas deve, sim, acenar com a possibilidade de mais Ela não expressou nada que não pudesse ser expres- desenvolvimento político, social, cultural e, principal- so. Então, é preciso entender. Ninguém vai converter mente, espiritual. ou obrigar o outro; vai, sim, respeitar o próximo na sua Vivemos um regime democrático das maiorias, diversidade. Acho que é possível entre nós conviverem mas precisamos defender as minorias. Muito obriga- homens e mulheres de diferentes religiões, ou sem re- do! (Palmas.) ligião, e construir um mundo melhor. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Agradeço ao Sílvio Garcez a participação. Passamos a palavra ao Sílvio Luiz Ramos Garcez, Concedo a palavra ao Bispo Emérito da Igreja Presidente do Conselho Nacional da Umbanda do Metodista do Brasil e representante da Coordenadoria Brasil. Ecumênica de Serviço, Paulo Ayres Mattos. 01614 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 O SR. PAULO AYRES MATTOS – Mais uma Gostaria de declarar o meu respeito aos demais vez, quero agradecer o convite feito à Coordenadoria representantes das diferentes religiões aqui presentes, Ecumênica de Serviço para participar desta audiên- reconhecendo que todos estamos imbuídos de buscar cia pública. Agradecemos especialmente ao Deputado no sagrado a fonte mais vital e fundamental da nossa Luiz Couto e a todos os Parlamentares que aqui se existência. Portanto, queremos demonstrar nosso pro- fizeram presentes. fundo respeito, carinho e afeto fraternal. Em nome da CESE, posso dizer da nossa dispo- Muito obrigado! (Palmas.) sição em participar deste debate. Como foi dito pelo O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) Deputado Pedro Wilson, a CESE tem longa tradição – Agradeço ao Bispo Paulo Ayres Matos a participa- de discussão e participação em questões relaciona- ção. das com direitos humanos. Aliás, a CESE nasceu nos Concedo a palavra ao Sr. Elianildo Nascimento, re- “Anos de Chumbo” e em meio a situações bastante presentante da Iniciativa das Religiões Unidas – URI. graves. Na época, algumas igrejas cristãs no Brasil O SR. ELIANILDO NASCIMENTO – Em primeiro se juntaram para defender a dignidade humana, que lugar, quero reiterar meus cumprimentos ao querido De- estava sendo vilipendiada, violentada de forma brutal, putado Luiz Couto, Presidente da Comissão de Direitos como todos sabemos, pela ditadura militar. Na oca- Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. sião, a CESE publicou um comentário da Declaração Esta é uma data histórica, pois tem início nesta Universal dos Direitos Humanos com textos bíblicos Casa um debate com a sociedade que envolve uma e religiosos. Essa edição teve grande repercussão e questão que deve ser necessariamente trabalhada inúmeras reedições foram feitas. Milhares e milhares para que possamos levá-la às próximas gerações – e de exemplares foram distribuídos no Brasil, especial- isto é responsabilidade nossa – e evitar visões que mente nas comunidades religiosas. possam agravar a intolerância e mesmo a violência Portanto, a CESE tem essa longa história de de- religiosa no Brasil. fesa dos direitos humanos e entende que a questão de Nesse sentido, reitero, de pronto, o compromis- liberdade de culto, a liberdade religiosa está incluída so da Iniciativa das Religiões Unidas no Brasil. Te- no contexto dos direitos humanos. mos círculos de cooperação que se estendem além Esta Casa, por meio desta Comissão, ao realizar de Brasília: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, esta iniciativa, responde aos anseios de muitos seto- Curitiba, Salvador e Campinas. Há informação de que res da sociedade de ver desaparecer do nosso meio existem ainda em outras 4 capitais. É uma rede imensa essa batalha espiritual, conforme eu disse há pouco. que conta com a participação de diversos segmentos Essa é uma posição ideológica com sérias e graves religiosos. Globalmente, a URI envolve hoje 110 re- conseqüências para a sociedade como um todo, pois presentações de religiões diferentes em cerca de 70 incita a violência, a discórdia e a animosidade entre países, em quase 400 cidades mundo afora. Nesse as diferentes religiões. contexto, certamente poderemos colaborar para esta Creio, portanto, que a CESE participará desse articulação, essas iniciativas no Brasil possam rever- tipo de iniciativa sempre que for convidada e prestará berar globalmente. seu apoio. Além disso, a CESE, assim como a CENA- Em relação à proposta que foi colocada sobre CORA e outras organizações ecumênicas, tem uma a questão do ensino religioso, informo que há no Mi- rede capilar de igrejas e instituições que pode fazer nistério da Educação um departamento que estuda o chegar, nos lugares mais remotos do País, o debate tema ensino religioso nas escolas públicas, por causa sobre este tema; que isso não fique somente no nível de um artigo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação federal, como eu disse, mas que possa também chegar a esse respeito. Isso tem sido objeto de muita discus- aos níveis de Estados e municípios, especialmente, são. Existe o Fórum Nacional Permanente de Ensino onde realmente estão presentes as diferentes mani- Religioso (FONAPER), com sede em Curitiba, assim festações religiosas. como outras organizações vêm trabalhando, inclusive Esta iniciativa, como já destacaram algumas pes- com propostas pedagógicas e metodológicas. Trata- soas, marca um momento importante na vida desta se de um estudo sobre o fenômeno religioso e não da Casa. Em nome da CESE, agradeço e cumprimento questão confessional em si. a Comissão, na pessoa do Deputado Luiz Couto, e os Há, nesse aspecto, o interesse da Comissão de demais companheiros e companheiras pela iniciativa, Direitos Humanos e Minorias de ampliar o debate so- bem como o Governo, na área executiva, por apoiar bre esta questão. Nesse sentido, lembro-me de algo a iniciativa. acontecido na Assembléia Legislativa do Rio Janeiro, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01615 em face de uma situação gritante. Esta é uma das nu- Disse Jesus, em quem alguns de nós acredita- anças a serem trabalhadas. mos: “Eu vim para que todos tenham vida, vida em Por fim, devo dizer que acredito que todas as insti- abundância”. tuições com as quais todos vimos trabalhando já algum E continua dizendo o seguinte: “A maior prova de tempo estão imbuídas do desejo de criar o Conselho amor é doar a vida pelo irmão”. da Universidade Religiosa – um conselho nacional que Quando tratamos desse tema, muitas vezes al- trabalhe com essa temática. Há também a questão gumas pessoas levantam questões menores. do marco regulatório, embora seja algo que poderá Vale lembrar que o Evangelho Cristão, ao tratar demorar. Contudo, não podemos deixar de aproveitar do Julgamento Final, fala sobre uma ação de amor re- esta data, este momento histórico, aqui, para trazer à alizada ou de uma omissão, elementos considerados discussão essa proposta. em nosso Julgamento. Trata-se do seguinte trecho: Em relação a isso, ouvimos comentários dos “(...)Tive fome e me deste de comer. Tive sede e me Deputados presentes, que demonstram a sutileza do deste de beber (...)” problema, o qual deverá ser efetivamente bem discu- Hoje, poderia Jesus até dizer: eu era excluído; eu era discriminado; eu era explorado... tido, a fim de se construir um consenso que una o res- Muitas pessoas fazem seus julgamentos, enquan- peito à identidade religiosa, ao pensamento e à visão to o Cristo diz o seguinte: “(...) Eu não vim para julgar. individual, de maneira que esse respeito não venha Eu não vim para condenar. Eu vim para salvar (...)” afetar a liberdade do próximo e a própria existência e Por isso, temos de perder a visão de pretender visões de outrem. condenar alguém, por entender que nós é que somos Há diversos livros sagrados, entre eles a Bíblia, donos da verdade. o Tora, o Alcorão, o Tang Soo, a COJIC, o Nihongo, A pluralidade e o respeito são elementos impor- os quais, para suas culturas, são revelações de Deus tantes. Não há preocupação nossa em querer fazer para – assim como entende cada tradição – cristãos, com que as pessoas possam aderir à crença “A” ou judeus, muçulmanos etc. “B”, mas que respeitem todas, dentro da pluralidade; Se formos analisar a questão por esse prisma, respeitem a escolha de fé de cada um; respeitem as verificaremos a amplitude do tema, sem falar sobre as experiências individuais. tradições que não têm fundamentação histórica, ou Pretendemos, nesta Comissão, construir aquilo seja, as religiões oriundas de tradição oral, algumas que já foi dito por um dos palestrantes: uma relação com matrizes africanas. Cito as visões de espiritualida- justa, pacífica e harmoniosa entre as religiões. S.Sa. de indígena, as tradições “wiccanianas”, as ditas bru- abordou com clareza esse aspecto. xas, todas elas “escanteadas”. Há diversidade imensa Fico contente por realizar esta audiência pública. no campo da espiritualidade, com representatividade E acrescento: há caminhos que temos de construir, há no Brasil, e todos, com certeza, estarão dispostos a verdades que temos de buscar e há a vida que temos participar desse movimento, agregar conhecimento e de viver, dia a dia. Tudo isso em busca do respeito à somar-se ao nosso trabalho. (Palmas.) pluralidade, da convergência entre todos nós. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Isto posto, a Comissão de Direitos e Minorias agra- Muito obrigado. dece a presença de todos os expositores, dizendo que Concluiremos esta audiência pública, lendo um esta foi uma audiência plural. Não fizemos proselitismo trecho de Nelson Mandela, que diz o seguinte: de “A” ou de “B”. Apresentamos, sim, aqui, um aspecto importante, qual seja, o de que a diversidade religio- “Ninguém nasce odiando outra pessoa sa demonstra esta realidade brasileira: a diversidade pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda cultural, a diversidade racial. E todos nós queremos por sua religião. Para odiar, as pessoas preci- construir uma nação justa, pacífica e harmoniosa. sam aprender e, se podem aprender a odiar, Agradeço a todos pela presença e declaro encer- podem ser ensinadas a amar.” rada a presente audiência pública. (Palmas.) Nelson Mandela nos dá este exemplo! COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS À parte o que acreditamos, devemos considerar que em todas as religiões há dois aspectos importan- 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária tes: o respeito à vida e o amor, que é expressão da realização da vida. Esses 2 elementos estão presentes Ata da 39ª Reunião de Audiência Pública Re- em todas as religiões. alizada em 28 de novembro de 2007 01616 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Às quatorze horas e trinta e oito minutos do dia O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) vinte e oito de novembro de dois mil e sete, reuniu- – Declaro abertos os trabalhos da presente audiência se a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, no pública, que tem como finalidade debater as patentes Plenário 11 do Anexo II da Câmara dos Deputados, pipeline e o acesso a medicamentos, em atendimento a com a presença dos Senhores Deputados Pedro Wil- requerimento de minha autoria e de autoria dos Depu- son – Vice-Presidente; Janete Rocha Pietá, Léo Vivas, tados Luiz Couto e Paulo Teixeira, aprovado no âmbito Lincoln Portela, Lucenira Pimentel, Matteo Chiarelli e desta Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Veloso – Titulares. Dr. Talmir Suplente. Compareceu Comunico que o Deputado Luiz Couto não se também o Deputado Paulo Teixeira, como não-mem- encontra presente porque está em missão na Região bro. Deixaram de comparecer os Deputados Antônio Nordeste. Roberto, Chico Alencar, Geraldo Thadeu, Iriny Lopes, A mudança de posição do Governo brasileiro ao Joseph Bandeira, Luiz Couto, Pastor Manoel Ferreira, decretar o licenciamento compulsório do Efavirenz, Pinto Itamaraty, Suely e Walter Brito Neto. Justificaram medicamento patenteado para a AIDS, reacendeu a ausências o Deputado Luiz Couto que se encontrava discussão sobre a dificuldade da população no acesso em Missão Oficial, participando, como expositor, do ao medicamento. Na sua grande maioria, os medica- II Encontro Estadual de Direitos Humanos, em João mentos têm custos altíssimos, deixando sem alterna- Pessoa/PB, o Deputado Pinto Itamaraty por estar em tiva aqueles que precisam deles para viver. Diligência com a CPI do Sistema Carcerário em Belém- Por essa razão, propusemos a realização da refe- PA e o Deputado Henrique Afonso por está de ates- rida audiência pública, para debatermos sobre os me- tado médico. ABERTURA: Na ausência do Deputado dicamentos protegidos por patentes ou que estão com Luiz Couto o Deputado Pedro Wilson declarou abertos pedido depositado no Escritório Nacional de Patentes os trabalhos. ORDEM DO DIA: Reunião de Audiência – INPI e sobre o compromisso com o fortalecimento da Pública para debater as patentes pipeline. EXPOSI- Política Nacional de Acesso a Medicamentos. TORES: Sr. Rodrigo de Souza Pinheiro – Diretor Com o objetivo de facilitar os trabalhos, dividire- do Fórum ONG AIDS; Sr. João Carlos Beato Storti mos a audiência em 2 Mesas, uma com 5 expositores – Secretário da Divisão de Propriedade Intelectual do e outra com 4, para possibilitarmos o debate e che- Ministério das relações Exteriores; Sr. Dirceu Bras garmos a uma conclusão. Aparecido Barbano – Diretor do Departamento de Convido para compor a primeira Mesa desta Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde; Sr. audiência o Sr. Rodrigo de Souza Pinheiro, Diretor Ney Lopes – Relator da Lei de Patentes; Sra. Renata do Fórum ONG/AIDS; O Sr. João Carlos Beato Storti, Reis – representante da Associação Brasileira Inter- Secretário da Divisão de Propriedade Intelectual do disciplinar de AIDS; Sra. Ana Paula Soares Jucá de Ministério das Relações Exteriores; o Sr. Dirceu Bras Silveira e Silva -Gerente de Regulamentação Sanitá- Aparecido Barbano, Diretor do Departamento de As- ria Institucional da ANVISA; Sr. Jorge de Paula Costa sistência Farmacêutica do Ministério da Saúde; o ex- Ávila – Presidente do Instituto Nacional da Propriedade Deputado Ney Lopes, Relator da Lei de Patentes; a Sra. Industrial; Sr. Gustavo de Freitas Morais – Sócio e Renata Reis, representante da Associação Brasileira Agente da Propriedade Intelectual; Sra. Marília Coe- Interdisciplinar de AIDS. lho Cunha; representante do Conselho Nacional de Esclareço que o tempo concedido a cada exposi- Saúde. Após a explanação dos expositores, fez uso da tor será de 10 a 15 minutos. Após as exposições, será palavra o Deputado Paulo Teixeira. A seguir os exposi- concedida a palavra aos Deputados presentes, respei- tores apresentaram suas considerações finais. Nada tada a ordem de inscrição. Cada Deputado inscrito terá mais havendo a tratar, a presente reunião foi encer- o prazo de 3 minutos para formular suas considerações rada às dezoito horas e quatro minutos. O inteiro teor ou pedido de esclarecimento. foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar Informo que esta reunião está sendo gravada o acervo documental desta reunião para degrava- para posterior transcrição, por isso solicito que falem ção mediante solicitação escrita. E, para constar, eu ao microfone. Está também sendo filmada pela TV ______, Márcio Marques de Araú- Câmara. jo, lavrei a presente Ata, que por ter sido lida e apro- Mais uma vez quero agradecer a presença ao vada, será assinada pelo Segundo Vice-Presidente, Deputado Chico Dangelo, do Rio de Janeiro, e tam- Deputado Pedro Wilson ______, bém registrar a presença e agradecer o empenho ex- e publicada no Diário da Câmara dos Deputados. traordinário do Deputado Paulo Teixeira, de São Paulo, xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. que muito nos honra nesta Casa. Muitos Deputados, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01617 como o Deputado Luiz Couto, encontram-se em ou- Deve ser salientado que esse problema de aces- tras atividades. so alcança todos os que venham a fazer uso de um Sejam bem-vindos a esta audiência pública! Es- medicamento novo patenteado. Queremos dizer que pero realizar o objetivo de debater a questão e fazer isso se aplica não só aos casos de pessoas que fazem os encaminhamentos devidos. tratamento com anti-retrovirais, os portadores do vírus Mais uma vez agradeço a todos a participação, da AIDS, mas também a pessoas que tenham outros e agradeço aos servidores da Comissão de Direitos tipos de patologias e precisem de medicamentos que Humanos e Minoria a mobilização. estão patenteados, pagos pelo SUS ou pelo próprio Com muita honra, concedo a palavra ao Sr. Ro- bolso – neste caso, a situação é ainda pior. drigo de Souza Pinheiro, Diretor do Fórum de ONG/ No caso específico da AIDS, o acesso universal AIDS, pelo tempo de 10 a 15 minutos,. está ligado à Constituição Federal. Para o SUS, te- O SR. RODRIGO DE SOUZA PINHEIRO – Boa- mos as Leis nº 8.080 e nº 8.142. Temos também a Lei tarde a todos. nº 193/96. Na Política Nacional de Medicamentos, a Agradeço, em nome do Fórum ONG/AIDS do Portaria nº 3.916/98. Há também a questão do acesso Estado de São Paulo, o convite para participar desta judicial no caso de medicamentos sobre os quais não audiência pública. Trata-se de assunto bastante im- haja consenso, embora pessoas precisem utilizá-los. portante. Estamos discutindo também a garantia da Quanto à conseqüência da introdução da tera- sustentabilidade do acesso aos medicamentos, princi- pia anti-retroviral tríplice, o que aconteceu depois de palmente aos medicamentos anti-retrovirais. 1996, quando se introduziu o tratamento dos anti- Preparei uma apresentação baseada na ques- retrovirais? Aumentou a qualidade do tratamento das tão do acesso. pessoas com HIV/AIDS e houve uma queda de apro- (Segue-se exibição de imagens.) ximadamente 50% na taxa de óbito entre homens no Se hoje houvesse uma vacina contra o HIV, ela País. Esses dados aparecem entre 1995 e 1999. Na estaria disponível para todas as pessoas do mundo quarta-feira passada, saiu um boletim epidemiológico que dela precisassem? Ou haveria os mesmos proble- do programa nacional, em que há dados mais atuais mas de acesso que há em relação aos anti-retrovirais? mostrando que essa queda aumentou. Aumentou em Sabemos que nem todas as pessoas no mundo têm 85%, em média, a proporção de pessoas vivas após acesso a esses medicamentos. O Brasil é uma grande diagnóstico depois de 5 anos. exceção, no caso de pessoas que fazem uso desses A qualidade de vida dessas pessoas também au- medicamentos. mentou. O número de internações por doenças oportu- O SUS deveria importar de países desenvolvidos nistas, como a tuberculose, foi reduzido em 80%. Isso pagando o mesmo preço que se paga nesses países? é muito bom, porque há também redução com custo Como os laboratórios estabeleceriam os preços desses de internações e questões correlatas. medicamentos? Como seria a questão da vacina para Esse gráfico mostra, depois da introdução dos o problema? Seria pago pelos países desenvolvidos anti-retrovirais, a queda nos casos de internações. e pelos países em desenvolvimento o mesmo preço? Essa é uma projeção de quantas pessoas estão Seria transferida a tecnologia de produção para o Bra- fazendo uso dos anti-retrovirais. Aproximadamente 180 sil e outros países em desenvolvimento, a fim de que mil pessoas têm acesso aos medicamentos anti-retro- fabricássemos os medicamentos? virais. E a taxa é crescente! Embora desça em alguns Quanto ao acesso, como usuários e consumido- pontos, a taxa está sempre aumentando. Queremos res de medicamentos, como cidadãos destinatários do continuar tendo acesso a esses medicamentos. direito à saúde, garantido pela Constituição de 1988, Esse gráfico mostra o custo do paciente por ano. pensamos que refletir sobre o acesso é um aspecto Em 2005 e 2006, houve uma média de 5 mil reais gas- fundamental ligado ao direito saúde, principalmente tos com anti-retrovirais por paciente/ano. No ano de no caso da AIDS. Por que as patentes podem ser um 2004, essa média foi de 4 mil reais. Vale salientar que obstáculo ao acesso? Porque estabelece um mono- em 2005 e 2006 houve a queda da cotação do dólar. pólio temporário, mas que sempre visa estender-se O dólar sofreu uma baixa, mas, mesmo assim, o va- no tempo. Monopólio é a oportunidade para preços lor aumentou. Percebe-se, portanto, que o custo está abusivos e, portanto, menor acesso. Daí nossa pre- sempre aumentando. ocupação como ONG/AIDS e como pessoas vivendo Quanto aos investimentos com anti-retroviral no com o HIV/AIDS. O que queremos é continuar obtendo Brasil, em 2005 foram investidos 983 milhões de reais, acesso aos nossos medicamentos. o que equivale a 20% do gasto do Ministério da Saúde 01618 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 com assistência farmacêutica. Em 2006, foram 700 licença compulsória são os Estados Unidos, sempre milhões de reais, aproveitando a queda do dólar. para garantir a concorrência. (Intervenção fora do microfone. Inaudível.) Citamos um exemplo de abuso de poder. Em de- O SR. RODRIGO DE SOUZA PINHEIRO – Pode zembro de 2003, o laboratório Abbott decidiu aumentar estar melhorando. Poderia ter subido para 1 bilhão e o preço do Ritonavir nos Estados Unidos em 400%. 200 milhões de reais, se não tivesse havido o licencia- Esse medicamento é utilizado como reforço para al- mento compulsório do Efavirenz e a decisão da Abbott guns anti-retrovirais produzidos por outros laboratórios. de reduzir o preço Lopinavir e Ritonavir. Fez isso para promover o uso do Lapinovir/Ritonavir, Essa é a evolução de gasto da assistência far- medicamento eles estavam introduzindo, patentea- macêutica. do pelo laboratório. Felizmente, o Ritonavir não tem A próxima imagem mostra que o acesso a me- patente no Brasil e é produzido localmente. Assim, o dicamentos novos não depende só da existência de Brasil se viu livre desse abuso. Se isso acontecesse patentes, mas essas são, muitas vezes, um obstácu- com medicamentos que têm patente no Brasil, como lo para o acesso. Sem uma política clara que impeça ficaria a situação? abusos, elas constituirão obstáculos. Esse é outro exemplo de abuso econômico. Quanto às patentes no Brasil, como em quase No Brasil, no Ministério da Saúde, o Governo Lula todos os países em desenvolvimento, o Brasil é mais assinou o decreto de licenciamento compulsório do um consumidor de produtos patenteados do que um Efavirenz em 4 de maio deste ano, depois de declarar produtor de produtos patenteados. Portanto, é neces- o interesse público desse medicamento. A medida foi sário que o Brasil conceda o mínimo de patentes pelo completamente legal e não foi objetada na justiça. O mínimo de tempo. Desse modo, a lei brasileira deve Ministério da Saúde passou a pagar 0,44 centavos de contemplar todas as liberdades ou flexibilidades per- dólares, em vez de 1,6 dólares por cápsula. mitidas pelo Acordo Tríplice, e os responsáveis devem Estas são propostas para ações: apoiar os pro- utilizá-las. jetos, estabelecer a importação paralela, estabelecer Trazemos algumas propostas para ações. Com que os laboratórios públicos possam produzir para o a finalidade de manter a integralidade e a universali- SUS sem permissão do dono da patente. declarar não dade do SUS, nós usuários devemos exigir do Poder patenteáveis as medicações de AIDS, permitir a reta- Público que tome as providências necessárias para liação cruzada e permitir o licenciamento compulsório a utilização das flexibilidades da legislação, incluindo no caso em que os preços de venda forem incompa- nessa legislação aquelas que não constam. tíveis com os custos. A seguir, listamos algumas flexibilidades a serem Um exemplo a se evitar é esse caso da vacina incorporadas na legislação brasileira, explicando seu do HPV. A vacina do HPV da Merck mostrou enorme sentido e dando alguns exemplos de preço. eficácia na prevenção do câncer de colo de útero, re- Essas foram algumas moções aprovadas no En- lacionado com 4 tipos de HPV. Ela foi testada, em fase contro Nacional de ONGs em Curitiba, em 2005: modi- 3, em mulheres brasileiras, porém ela era mais cara no ficar o sistema patentário do Brasil, visando incorporar Brasil do que nos Estados Unidos. Por quê? importação paralela, simplificar o processo da licença Este é um dado para que se faça sobre ele uma compulsória, a não-concessão de patente para o se- reflexão. Um jornalista perguntou a Jonas Salk:“Quem gundo uso terapêutico, a não-concessão de patente tem os direitos da patente da vacina antipoliomielite?” para novas formulações relacionadas com o mesmo Ele respondeu: “As pessoas. Patentear a vacina seria uso terapêutico, e algumas questões para reforma da como patentear o sol”. lei brasileira. Quero agradecer às pessoas que nos ajudaram A licença compulsória é a permissão de uso de a fazer esta apresentação. um bem patenteado sem autorização do dono da pa- Esse é o meu contato. Faço parte do Fórum ONG/ tente. Ela é amplamente usada nos Estados Unidos. AIDS do Estado de São Paulo. Ela pode ser concebida pelo governo de um país por Muito obrigado. (Palmas.) emergência nacional, interesse público, abuso de po- O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Teixeira) – der econômico, uso público não comercial. Na nossa Muito obrigado, Sr. Rodrigo de Souza Pinheiro, Diretor lei, há a figura da licença compulsória, mas muito bu- do Fórum ONG/AIDS. rocratizada. Anuncio que no dia 4 de dezembro será lançada Esses são alguns exemplos de licenciamento a Frente Parlamentar de Luta contra a AIDS, que será compulsório em vários países. O país campeão em presidida pelo Deputado Chico Dangelo. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01619 Estabelecemos o tempo de 10 minutos para cada na regulamentação da propriedade intelectual quanto orador. as margens de flexibilidade que o acordo deixou às Passo a palavra ao Sr. João Carlos Beato Storti, legislações nacionais. Secretário da Divisão de Propriedade Intelectual do O Acordo Tríplice, como é notório, contém vários Ministério das Relações Exteriores. aspectos de claro interesse dos países desenvolvidos, O SR. JOÃO CARLOS BEATO STORTI – Muito devendo-se ressaltar nessa vertente do acordo a pa- obrigado, Sr. Presidente. Agradeço, em nome do Mi- tenteabilidade de produtos farmacêuticos. Ao incor- nistro Celso Amorim, o convite para participar desta porar ao ordenamento jurídico interno os padrões e audiência pública. Reitero as escusas por S.Exa. não proteção do Tríplice, a Lei nº 9.279, de 1996, introduziu estar presente, devido à agenda de compromissos um instituto temporário destinado a alterar em parte a internacionais. inexistência, na legislação anterior, de patentes para Entendo que, dentro do âmbito de competências produtos químicos e processos e produtos farmacêu- do Itamaraty, talvez seja útil para os trabalhos desta ticos e alimentares. Tal instituto, denominado pipeline, Comissão uma análise breve dos aspectos de direito teve por objetivo trazer ao sistema jurídico brasileiro as internacional relativos ao tema das patentes farma- patentes solicitadas no exterior ou no Brasil que não cêuticas, com especial atenção às chamadas patentes poderiam ser deferidas face ao não-reconhecimento pipeline e ao acesso a medicamentos. de tais matérias como patenteáveis na legislação até A internacionalização das normas que regem os então vigente no País. direitos de propriedade intelectual faz com que o debate É necessário observar, quanto à categoria das sobre patentes farmacêuticas e acesso a medicamento patentes pipeline, que não havia obrigação interna- tenha uma dimensão internacional que todos os países cional para o Brasil nesse aspecto, pelo menos não devem ter em conta na elaboração de suas legislações quanto ao reconhecimento da proteção patentária para domésticas. Com efeito, a margem de liberdade de que a matéria existente. Trata-se de patentes cujo objeto se dispõem os estados para determinar suas políticas encontrava em domínio público na aprovação da lei de nacionais de saúde pública é diretamente influencia- 1996, visto que, àquela época, o Brasil não concedia da pelas mudanças nas legislação internacional em patentes para medicamentos. matéria de propriedade intelectual. Nesse contexto, Nada obstante, o legislador brasileiro houve por a tendência verificada atualmente no sentido de uma bem decidir que para tais produtos farmacêuticos, en- maior proteção a tais direitos deve ser vista com muita tre outros, a proteção patentária poderia ser outorga- cautela, sob pena de conduzir ao desequilíbrio direitos da pelo prazo remanescente de patentes porventura e obrigações alcançados por ocasião das negociações existentes no exterior, desde que assim solicitado ao multilaterais da Rodada do Uruguai, quando foi firma- INPI no prazo e nas condições estabelecidas nas dis- do o Acordo Tríplice, equilíbrio que contempla, de um posições transitórias da lei. lado, o domínio público e, de outro, o espaço apropri- A incorporação das patentes pipeline foi assim ável pelos direitos de propriedade intelectual. concessão feita pelo Brasil, tendo presente que o acor- O advento do Acordo Tríplice deu impulso ao maior do do TRIPS não gera obrigações relativas a atos re- movimento de aproximação das legislações em ma- alizados antes da data de entrada em vigor do acordo téria de propriedade intelectual desde as convenções para o respectivo membro (art. 70, I), nem obriga ao de Paris e de Berna, no século XIX. Como sabemos, restabelecimento da proteção de matéria que nessa os compromissos assumidos pelos estados signatá- mesma data já estivesse em domínio público, (o mes- rios abrangem não apenas normas substantivas sobre mo art. 70, inciso III). marcas, patentes, indicações geográficas, desenhos Sublinhe-se, porém, que o TRIPS exige sim a industriais, mas contemplam igualmente dispositivos constituição de direitos exclusivos de comercializa- prevendo padrões de observância. ção em favor de patentes farmacêuticas já existentes O panorama atual das negociações em matéria mesmo em países‑membros que, antes da vigência de propriedade intelectual é fruto do nosso contexto do acordo, não concediam patentes para esses pro- político-jurídico inaugurado pelo Acordo Tríplice e ape- dutos, assim como exige a constituição de mecanis- nas poderá ser entendido com clareza tendo presentes mo de depósito para patentes farmacêuticas (art. 70, os parâmetros estabelecidos pelo tratado administra- incisos VIII e IX). do dela OMC. A opção do legislador nacional de conceder prote- Nesse contexto, buscarei examinar algumas das ção patentária para patentes farmacêuticas já existentes mudanças operadas com a entrada em vigor do Trípli- pelo prazo remanescente deu-se em conformidade com ce, a fim de destacar tanto as obrigações introduzidas o princípio geral do art. 1º do TRIPS, segundo o qual 01620 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 os membros podem, embora não estejam obrigados, saúde e reafirma o direito dos Estados de definir os conceder proteção mais ampla do que a prevista no regimes nacionais de exaustão de direitos e de licen- acordo. E, ao que tudo parece indicar, teve por fina- ciamento compulsório. lidade assegurar o pleno exercício das flexibilidades O § 6º da declaração instruiu o Conselho do previstas no acordo, de que passo a tratar rapidamen- TRIPS a encontrar, até o final de 2002, solução para te em seguida. o problema de países com pouca ou nenhuma capa- Mencionei que o Acordo TRIPS engloba incorpora cidade de produção no setor farmacêutico e que, por uma série de aspectos de interesse dos países desen- essa razão, têm dificuldade em fazer uso de licença volvidos, é natural, mas incorporou também aspectos compulsória. favoráveis aos países em desenvolvimento. Faço men- Os países em desenvolvimento, com ativa parti- ção aos princípios dos arts. 7 e 8, voltados à garantia cipação do Brasil, defenderam solução urgente e du- de espaço para políticas nacionais e desenvolvimento radoura para essa matéria, baseada no conjunto da tecnológico, assim como adoção de medidas necessá- declaração. Já países desenvolvidos, especialmente rias para proteger a saúde e a nutrição públicas. Estados Unidos, Suíça e Japão, esforçaram-se para A flexibilidade do art. 31, que reconhece a pos- restringir a aplicação da solução, mediante listas limi- sibilidade de adoção de medidas especiais, como as tativas de doenças a serem contempladas. licenças compulsórias, e o art. 27, que permite a exi- A rigidez da posição norte-americana de limitar gência de fabricação local do objeto de uma patente, o alcance da solução à AIDS, à malária, à tuberculo- tornaram o texto aceitável no contexto do conjunto dos se e a epidemias infecciosas e de gravidade e escala resultados da Rodada Uruguai. semelhantes gerou o impasse que impediu a adoção Embora tenha ampliado o escopo da matéria pa- de qualquer solução no prazo estabelecido – como tenteável, estendendo-a, como vimos, a produtos far- mencionei, final de 2002. macêuticos entre outros, cumpre lembrar que o TRIPS Houve uma evolução recente, em 6 de dezembro faculta às legislações nacionais excluir o patenteamento de 2005. Após intensas negociações, logrou-se acor- de métodos e de diagnósticos terapêuticos e cirúrgicos do para levar a efeito a primeira emenda ao Acordo para o tratamento de seres humanos e animais, bem TRIPS. A emenda adotada pelo Conselho Geral da como o patenteamento de plantas, animais e proces- OMC em dezembro de 2005 consiste em incluir no sos essencialmente biológicos. Ademais, recordo que texto do Acordo TRIPS o teor da decisão do Conse- o TRIPS deixa a cargo das legislações nacionais a de- lho Geral da OMC adotada em 30 de agosto de 2003, finição dos critérios de patenteabilidade. que regulamenta o § 6º da Declaração Ministerial de Além das flexibilidades que decorrem da própria Doha, mediante introdução de anexo e apêndice ao normativa do Acordo TRIPS, do texto em vigor, exis- Acordo TRIPS e modificação do art. 31, relativo ao li- tem também flexibilidades construídas ao longo das cenciamento compulsório de patentes. negociações internacionais, por conta de esforço inter- Em síntese, a emenda flexibiliza o disposto no pretativo. E aí faço menção à declaração fundamental art. 31, alíneas F e H do Acordo TRIPS. O art. 31, alí- sobre TRIPS e saúde pública. nea F, determina que o licenciamento compulsório será Em sessão especial do Conselho do TRIPS, em autorizado predominantemente para suprir o mercado junho de 2001, o Brasil, junto com grande número de interno, enquanto a alínea H do mesmo art. 31 estabe- países em desenvolvimento, apresentou documentos lece que, em caso de licença compulsória, o titular da em que se afirmava a posição desses países de que patente será adequadamente remunerado. a proteção dos direitos de propriedade intelectual não Com a aprovação da emenda – já aprovada pela impede e não deveria impedir os países de tomar as me- Câmara dos Deputados, segundo soube, e encami- didas necessárias para proteção da saúde pública. nhada ao Senado Federal –, os produtos fabricados O tema ganhou vulto a partir daí, foi levado à 4ª sob licença compulsória em um país poderão ser in- sessão da Conferência Ministerial da OMC, em Doha, tegralmente exportados para outros países. Ademais, em novembro de 2001, ocasião em que foi aprovada caso haja concessão de licença compulsória no país declaração ministerial sobre TRIPS e saúde pública, exportador e no país importador, a remuneração devida que consagrou diversos princípios referentes à com- ao titular da patente licenciada compulsoriamente deve patibilidade de aplicação do Acordo TRIPS, com ado- ser feita apenas no país exportador, tomando em conta ção de políticas públicas de saúde, em particular as o valor econômico para o país importador. de acesso a medicamentos. A emenda ao Acordo TRIPS restringe-se exclu- A declaração afirma que o acordo não impede, sivamente ao § 6º da Declaração de Doha e não diz nem deveria impedir a adoção de políticas públicas de respeito a outras flexibilidades que continuam asse- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01621 guradas por esta, entre as quais o reconhecimento tecnológico e industrial na área de fármacos e de me- de que o acordo não impede e não deve impedir a dicamentos. adoção de medidas para proteção da saúde pública, Gostaria de iniciar tratando de compartilhar um o entendimento de que o Acordo TRIPS pode e deve pouco com os presentes a compreensão que o Mi- ser interpretado e implementado de modo a apoiar o nistério da Saúde, o Ministro José Gomes Temporão, direito à saúde pública e a promover acesso a medica- o Governo Federal, o Presidente Luiz Inácio Lula da mentos e o direito que possuem os Estados‑membros Silva têm sobre as patentes de produtos e processos para conceder licenças compulsórias, aliado à liberda- relacionados à saúde. de para determinar as circunstâncias e as bases que É importante resgatar que, obviamente, sabemos ensejariam tal medida. que as legislações acerca da propriedade industrial Concluindo, Sr. Presidente, o panorama atual são importantes instrumentos que a sociedade vem das negociações internacionais, em matéria de direi- desenhando ao longo do tempo no sentido de valorizar to de propriedade intelectual, propõe aos países em e proteger inovações e inventos. De qualquer forma, desenvolvimento, de forma muito particular, desafios esse caminho é conflituoso em relação ao conceito de grande complexidade. Em jogo se encontram mui- essencial de entender o conhecimento humano e a tas das flexibilidades já garantidas pelo TRIPS, que capacidade de produção de conhecimento pela huma- atualmente são empregadas pelos países para fazer nidade como patrimônio da própria humanidade. Na face aos desafios do desenvolvimento e também às medida em que se estabelecem mecanismos de pro- exigências de formulação de políticas públicas em va- teção industrial ou intelectual, gera-se conflito natural riados campos específicos. em relação ao significado do conhecimento humano: Cabe, assim, aos países em desenvolvimento, se ele é um patrimônio da humanidade e, ao mesmo estar atentos para evitar que novos movimentos no tempo, se regulado, pode não representar um bem para a própria humanidade. sentido da ampliação dos padrões de proteção impli- A segunda questão é que medicamento é insu- quem eventual erosão da margem de discricionariedade mo essencial, que precisa ser utilizado como instru- de que ainda dispõem para consecução de políticas mento de cuidado com a vida e jamais utilizado pelas de interesse público, como saúde pública e acesso a empresas e pela humanidade como instrumento de medicamentos. dominação econômica ou tecnológica. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas. É óbvio que o Governo respeita a legislação, O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) respeita a lei de patentes vigente no País e tem traba- – Obrigado, Dr. João Carlos Beato Storti, da Divisão lhado exaustivamente para construir ambiente menos de Propriedade Intelectual do Ministério das Relações inóspito aos países em desenvolvimento e aos gover- Exteriores, pela contribuição. nos que têm interesse em proteger suas sociedades O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA – Sr. Presi- utilizando as flexibilidades previstas nos acordos in- dente, pergunto ao Dr. João Carlos se ele pode deixar ternacionais. cópia da exposição feita. Gostaria ainda de compartilhar muito rapidamente O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – com as Sras. e os Srs. Deputados e demais presentes Dr. João, agradecemos se o senhor puder passar cópia os desafios enfrentados na atualidade pelo Governo para nossa assessoria, à qual pedimos providenciar Federal e pelos Governos dos Estados e dos municí- cópias para distribuição entre os interessados. pios para garantia do acesso a medicamentos no sis- Concedo a palavra ao Dr. Dirceu Brás Apareci- tema público de saúde. do Barbano, Diretor do Departamento de Assistência Temos hoje um sistema desenhado, e podería- Farmacêutica do Ministério da Saúde, que disporá de mos dividir a disponibilidade de medicamentos em 3 10 a 15 minutos para a exposição. grupos. O SR. DIRCEU BRÁS APARECIDO BARBANO Um primeiro grupo seria composto dos medica- – Boa-tarde a todas e a todos. mentos utilizados por grande quantidade de pessoas, Em nome do Ministro José Gomes Temporão, aqueles destinados aos cuidados na atenção básica agradeço aos nobres Deputados da Comissão de Di- para tratamento da hipertensão, do diabetes, para con- reitos Humanos e Minorias, particularmente aos De- tracepção visando ao planejamento familiar, das parasi- putados Pedro Wilson, Paulo Teixeira e Luiz Couto, a toses. São medicamentos que, via de regra, não estão oportunidade dada ao Ministério da Saúde de debater mais protegidos por patentes, cujo sistema depende tema de tamanha relevância e muito atual no ambien- de produção de grandes volumes de e capacidade de te da saúde pública brasileira e do desenvolvimento financiamento, de distribuição, de prescrição apropriada 01622 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 e dispensação adequada. Ainda assim, mesmo nesse Não podemos esquecer‑nos de que o Brasil tem elenco de medicamentos, em alguns casos, como o da peculiaridades importantes. A primeira talvez seja insulina, por exemplo, assim como no de produtos para essa que acabei de dizer. Temos, no País, um sistema a saúde da mulher, vivemos situações de monopólio, público de saúde, voltado à atenção, ao cuidado e à os quais, via de regra, geram fragilidades na possibili- disponibilidade de políticas públicas para a totalidade dade de acesso e na garantia de acesso universal às da população. Num país em que o Governo Federal e pessoas que precisam desses produtos. os Governos dos Estados e municípios são grandes O outro grupo de medicamentos poderíamos compradores de medicamentos, isso tem impacto im- chamar de estratégicos. Aqui há um paradoxo enor- portante na relação entre o segmento que produz, a me. Temos os medicamentos do Programa Nacional sociedade que utiliza e o Estado que desenvolve o de DST e AIDS – um conjunto de 18 medicamentos, papel de cuidar, comprar, distribuir e disponibilizar os dos quais 9 já estão com as patentes expiradas, e os medicamentos. outros 9 são monopólios de empresas. Esse conjunto A sociedade é importante demandante de novas de produtos que são monopólio e protegidos por pa- tecnologias, incluindo de medicamentos, que, por con- tente são lançados anualmente como inovações, e o seqüência da compreensão do seu direito à saúde como programa do Ministério da Saúde vem, muito cuida- dever do Estado, demanda essas tecnologias. Assim, dosamente, incorporando aqueles que representam, muitas vezes não permite debate mais profundo e cui- efetivamente, inovações e agregam possibilidades dadoso, do ponto de vista científico, sobre o significado terapêuticas que tragam vantagens aos pacientes. dos medicamentos e das tecnologias e os impactos do Ao mesmo tempo, nesse mesmo elenco de medica- patenteamento desses produtos no Brasil. mentos, temos um grupo para os quais não existem Temos ainda situação de elevada dependência patentes porque não existem produtos, porque não há tecnológica na área de fármacos e medicamentos e interesse econômico em produzir medicamentos para baixo nível de realização de pesquisas para desen- tuberculose, hanseníase, malária, doença de Chagas volvimento de novos produtos e também de pesquisa e leishmaniose. clínicas. Isso significa dizer que o aspecto do monopólio Em relação às patentes pipeline, o Ministério da do conhecimento, da produção e da propriedade indus- Saúde tem algumas considerações a fazer. Primeiro, trial tem, sim, impacto significativo na disponibilidade elas fazem parte da Lei da Propriedade Industrial, do produto. De um lado, observa-se um mercado que aprovada da forma como vigora atualmente, apesar do quer o monopólio, porque, a partir dele, consegue-se alerta de muitos segmentos da sociedade sobre alguns crescente faturamento e crescentes lucros líquidos, instrumentos nela incluídos, os quais entendíamos que e, de outro lado, o desinteresse na produção de me- eram danosos ao desenvolvimento do País. dicamentos utilizados para tratar doenças de países A Federação Nacional dos Farmacêuticos, que pobres, sociedades mais frágeis do ponto de vista so- tem aqui a sua presidenta, coordenou, naquela oca- cial, áreas menos favorecidas do planeta. sião, um fórum que buscou alertar a sociedade. Trouxe Um terceiro grupo seria o dos medicamentos de ao Congresso Nacional muitos elementos no sentido dispensação excepcional, chamados de alto custo, de evitar o pipeline, de evitar a inclusão de elemen- que aparecem na mídia quase todos os dias, devido tos que nós chamamos plus, além daquilo de que o à dificuldade, ao embate relacionado aos monopólios, TRIPS tratava. ou duopólios, com 2 produtores, no máximo. São pro- Não foi esse o único dispositivo não-obrigatório dutos, via de regra, sob proteção de patentes. do TRIPS considerado lesivo aos interesses do de- O custo do tratamento com esses medicamen- senvolvimento do País. Podemos citar, por exemplo, tos é elevado e tem gerado conflitos muito significati- o prazo de entrada em vigência da lei. Muitos outros vos, porque vivemos num país onde o sistema público países tiveram prazos muito maiores, desenvolveram- garante o tratamento e precisamos continuar fortale- se antes de colocar em vigência as suas leis e hoje cendo a capacidade de o Estado regular o conflito de estão em situação muito mais confortável do que o interesses entre um segmento econômico que quer a Brasil. Não que sejam modelos de desenvolvimento, incorporação de seus produtos, a qualquer custo, no mas, na área de medicamentos, apresentam situação sistema público, e, de outro lado, há necessidade de mais confortável. responsabilidade técnica, científica e orçamentária na Na área de medicamentos, o monopólio é sinô- disponibilidade de produtos que sejam efetivamente nimo de obstáculo ao acesso, e a propriedade indus- necessários e significativos do ponto de vista terapêu- trial é instrumento de monopólio. As patentes pipeline tico, do cuidado com as pessoas. representam um instrumento adicional de garantia de Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01623 monopólio. Nesse sentido, preocupam-nos, porque, é Muito obrigado. (Palmas.) claro, na área da saúde, têm impacto importante. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Para finalizar, Sr. Presidente, trazemos alguns – Muito obrigado, Dr. Dirceu Brás Aparecido Barbano, elementos para reflexão. Diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica O primeiro elemento: o nosso Governo sempre do Ministério da Saúde. atuará no sentido de fazer prevalecer o interesse pú- Passamos a palavra ao ex-Deputado Ney Lopes, blico da coletividade, quando houver conflito no qual Relator da Lei de Patentes. estejam envolvidos os interesses da coletividade, da O SR. NEY LOPES – Sr. Deputado Pedro Wilson, vida das pessoas e aqueles relacionados a alguns que preside estes trabalhos, Sras. e Srs. Deputados, segmentos, principalmente a área da saúde. senhoras e senhores, inicialmente, manifesto a minha O segundo elemento: num ambiente em que a alegria em retornar a esta Casa, à qual dediquei 24 produção do conhecimento e do saber humano se dá anos da minha vida. Aqui exerci 6 mandatos, eleito quase que exclusivamente no setor privado, ou seja, pelo voto popular. E um dos maiores orgulhos que te- regulado pelo mercado; num mundo desigual em que nho, no cumprimento do meu dever, foi o de ter sido, a concentração do conhecimento representa concen- durante 4 anos, Relator de uma matéria complexa tração de riquezas, encontrar equilíbrio em relação à como esta, e de ter visto, no final, o meu substituti- propriedade industrial, principalmente na área da saú- vo aprovado por unanimidade. Nenhum partido votou de e de medicamentos, é um desafio que a sociedade contrariamente. Isso não se divulga muito, mas está não tem conseguido vencer. O encontro desse equilí- nos Anais da Casa. Foi um trabalho de consenso, de brio tem sido uma dificuldade em todos os países do racionalidade, de desmistificação das distorções que mundo, daí a necessidade de se refletir, de forma mais se faziam em torno da proteção à inteligência, à capa- profunda, sobre o significado da patente de medica- cidade inventiva do ser humano, fatores indispensáveis mentos e processos relacionados à saúde. para a preservação dos direitos humanos, do acesso O monopólio tem gerado condições para que as a medicamentos dos mais pobres, para poderem so- empresas realizem pesquisas e encontrem inovações breviver e não somente os ricos. terapêuticas? São os monopólios que geram essa ca- Foi em razão daquele esforço feito em Paris no pacidade para as empresas? E elas precisam conti- século XIX ainda – e o Brasil era um dos poucos países nuar dessa forma? Ou seja, é esse o único caminho da América Latina presentes, se não o único –, quando para a produção de inovações na área da saúde, de foi instituído o sistema patentário, que os países cresce- medicamentos? Qual é o valor justo ao qual determi- ram. E não conheço um exemplo no mundo de um país nada empresa ou companhia faz jus, a partir de uma ter alcançado patamar de crescimento, de estabilidade patente? Quanto a humanidade tem de pagar? Quan- to um país tem de pagar? Quanto uma empresa pode econômica, sobretudo em um período de globalização, ganhar de dinheiro, de lucro, a partir de uma patente conspirando contra a propriedade intelectual. Quem da qual depende a vida das pessoas? disser isso estará faltando com a verdade. A indústria farmacêutica tem faturamento e lucros Agora, a patente é instrumento de dominação? A líquidos crescentes. Quais são os compromissos des- patente de medicamentos afasta os pobres da cura? se segmento econômico com os povos dos diferentes Há muita mistificação nisso, senhoras e senhores pre- países do mundo? Essa é uma questão que precisa sentes. E vou tentar abordar, neste pouco espaço de ser respondida quando se discute patenteamento na tempo, os 2 pontos principais que me parecem orientar área de medicamentos. esta audiência pública. Por último, a Lei de Propriedade Industrial era O primeiro: a patente pipeline. Como tem gente necessária, veio com um plus em relação ao TRIPS, que fala de pipeline sem saber o que está dizendo! e hoje há solicitações das empresas no sentido de se Nós discutimos aqui durante 4 anos, ouvindo todos avançar em outros plus, relacionados também às pa- pacientemente, em reuniões que se prolongavam até tentes pipeline e às patentes de segundo uso. a madrugada, buscando o consenso, que chegou, no Esses são aspectos desafiadores que precisam Governo do Presidente Itamar Franco, em que o Líder compor o cenário das discussões no âmbito do Poder do Governo era do Partido Comunista Brasileiro – o Executivo e do Poder Legislativo, seja para discutir a Deputado Roberto Freire. E chegou-se ao consenso: lei em vigência no Brasil, seja para discutir as propo- todos votaram a favor. Por quê? O TRIPS mandou ado- sições de alteração na referida lei. tar o pipeline? Não. Remeteu a legislações nacionais. Eram essas as considerações que tinha a fa- Mas o TRIPS, o acordo do Uruguai, recomendou que o zer. sistema patentário obrigasse os países que tivessem 01624 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 firmado o texto da Conferência de Paris, entre os quais dial do Comércio, na qual agora até a China está in- o Brasil estava incluído. gressando ou já ingressou, se não referendasse o que A nossa Constituição, no capítulo dos direitos e é cláusula pétrea da sua Constituição? Ou, se agisse garantias fundamentais, está consagrando o sistema em contrário, seria aquele país sobre o qual De Gaulle da propriedade intelectual, das patentes, no inciso disse aquela frase célebre, no passado? XXIX do art. 5º. É cláusula pétrea. Não pode ser mu- Então, o pipeline, do jeito que está na lei – e foi dado nem pela manifestação constituinte derivada por incorporado por consenso; todos os partidos votaram, emenda de Parlamentar. Trata-se de cláusula pétrea! Só de Governo e de Oposição –, tem a ressalva de dar a uma Constituinte retira isso da Constituição. Por quê? proteção apenas pelo tempo que restava quando foi Porque foi o mundo, foi a ordem internacional na qual registrado no exterior; e, se existisse alguma tentativa o Brasil se inseriu em tempo; e agora está alcançan- de exploração iniciada por um empresário nacional, do os dividendos. Agora mesmo fomos incluídos no por exemplo, mesmo que fosse por cópia, seria pre- rol de países do nível de bem-estar satisfatório. Será servado – não há pipeline nessa hipótese. Ora, todas que, se estivéssemos isolados do mundo, estaríamos as cautelas foram tomadas. nessa perspectiva? O segundo elemento, o mais explosivo: acesso E o que foi o pipeline? O pipeline reconheceu o a medicamentos; preço de medicamentos; direito do privilégio de monopólios ou de grupos internacionais? pobre, do que sofre, por exemplo, com a AIDS, como Isso é uma heresia. O pipeline regulado no Brasil por foi exposto aqui – e todos nós somos humanos e temos consenso da Câmara dos Deputados tem 3 elementos, compromisso com a humanidade. É claro que esse é que estão inscritos na lei, que precisam ser esclareci- um tema absolutamente humano, justo, cristão, que dos antes de serem condenados ou criticados. deve ser enfrentado. Mas enfrentado com uma visão O primeiro: o pipeline, o reconhecimento da pa- realística. Este não é um problema brasileiro; este é um tente no Brasil, só é concedido aos produtos a partir problema do mundo. Nós estamos vinculados a regras da data do registro do depósito no exterior, aquele de tratados referendados pelo Congresso e que, por- depósito que o Tratado de Paris estabelece: pode ser tanto, têm aplicação como lei comum, erga omnes, tal feito um registro inicial para evitar a cópia e tem 1 ano como nós advogados chamamos, dentro do País. para completá-lo. Nesse período, então, quem regis- A licença compulsória existe na lei. Ela é recomen- trou no exterior – na França, nos Estados Unidos, na dada pelo TRIPS. Aqui foi exposto com propriedade: os Alemanha, onde for –, tem direito ao registro no Brasil Estados Unidos usam a licença compulsória. Ela pode só pelo tempo remanescente. Não são 20 anos, porque ser usada, mas de acordo com um princípio, é claro, que 20 anos nem os medicamentos têm; nenhum medica- não desestimule a pesquisa, que não desestimule os mento tem o privilégio de 20 anos. investimentos. Se a patente de medicamentos aprovada Quando a molécula é descoberta – e nós estu- nesta lei que eu defendo de forma incisiva – afinal de damos isso na Câmara dos Deputados –, há um pe- contas, fui o seu Relator e a submeti ao veredicto final dido inicial de patente para evitar a cópia. E a média do consenso —; se essa garantia, que não é monopó- de duração da pesquisa é de 8 a 12 anos, sem ir para lio, mas um privilégio que a lei assegura, uma garantia a prateleira o medicamento; como também ligas me- ao invento, à inteligência humana; se ela é tão nociva, tálicas, alimentos, etc., que o Brasil incorporou à sua por que até 1996 não existia patente no Brasil e nunca legislação em 1996. se fez uma pesquisa para requerer a patente de um O pipeline, portanto, é o reconhecimento de um medicamento no Brasil? E, depois da lei, a FIOCRUZ, produto que já foi registrado no exterior, pelo tempo uma entidade nacional, já obteve mais de 50 patentes, que restar. E, o mais importante, senhoras e senho- solicitadas ao Instituto de Propriedade Industrial, cujo res: a preservação do interesse nacional da forma ilustre presidente está aqui. Empresas nacionais têm mais incisiva. Somente seria concedido se não tives- mais de 20 pedidos de patentes. A pesquisa está sen- sem sido realizados por empresários brasileiros, por do desenvolvida. Por quê? Porque tem garantia. Quem grupos nacionais, sérios e efetivos preparativos para vai investir em uma pesquisa sem garantia? A garantia a exploração do objeto do pedido da patente no País. de que não será pirateado, de que não será copiado, Se existisse alguma tentativa, algum início de explo- estimula, é claro, aqueles que atuam no plano inter- ração, o pipeline não se aplicava. nacional, mas também quem atua no plano nacional. Que ressalva maior do que esta poderia existir? Temos, portanto, laboratórios nacionais com mais de Ser contra isso é ser a favor da pirataria, é ser a favor 20 patentes solicitadas. da cópia. Este é o perfil que queremos para o Brasil? A licença compulsória pode ser concedida? É cla- O Brasil teria seriedade diante da Organização Mun- ro que pode; está na lei, inclusive na hipótese do abuso Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01625 de preços, do abuso econômico. Agora, tudo isso com- Então, na verdade, a propriedade intelectual deve provado por decisão administrativa ou judicial. Patente ser encarada do lado humano, do lado cristão, do nada tem a ver, tecnicamente, com preço. É preciso lado do acesso ao medicamento, mas também sob o que se abra a cabeça! Da patente não é a culpa pelo prestígio, sob a inteligência. O que é uma patente? É preço alto dos medicamentos. Esta, sim, deve ser uma algo que alguém descobre? Não. É algo que alguém bandeira de defesa de direitos humanos. inventa. O chá de quebra-pedra pode ser patenteado? Duas coisas eu repeti muito aqui, quando era Não, porque é da natureza, e natureza não se paten- Deputado, inclusive quando fui Relator de uma CPI teia. Mas o processo molecular que venha a ter indi- sobre este tema: a carga tributária – o Governo brasi- cação para a terapêutica de rins, por exemplo, pode leiro arrecada mais da indústria farmacêutica do que ser patenteado. paga comprando medicamentos. Por que não abaixa o O capoten, remédio para hipertensão arterial imposto; e 42% do preço do medicamento que chega – eu o conheço bem –, descoberto por um cientista à farmácia ficam com o detentor da patente, quando brasileiro há alguns anos, tem origem no veneno da ele é patenteado, o restante é margem comercial ga- cobra. Sabem V.Exas. onde foi patenteado? Nos Esta- rantida por lei. Atravessadores! Por que não enfrentar dos Unidos. Quem ganhou dinheiro foram os Estados esta questão também? São 2 temas absolutamente Unidos, porque o Brasil não dava garantia. vinculados ao acesso a medicamentos. A EMBRAPA, hoje, está cheia de pedidos de Quanto à patente em si, durante a sua vigência, o patentes, estimulando o inventor, o pesquisador na- retorno feito pelo seu detentor diz respeito a 2 fatores cional. apenas. O primeiro: o investimento feito com a pesqui- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) sa. Um medicamento custa em média, hoje, de 1 bilhão – Conclua, por favor. a 1,5 bilhão de dólares, no que se refere a pesquisas, O SR. NEY LOPES – Como um país que quer até que chegue à prateleira da farmácia. ter relacionamento de alto nível com as outras nações O segundo fator: a garantia legal que os países pode limitar a inteligência e estimular a pirataria? Pode, oferecerem de que não haverá pirataria. sim, ter regras internas que coíbam excessos, inclu- Há 32 medicamentos contra a AIDS sendo pes- sive de preços, mas nunca o discurso, que pode até quisados no mundo, já em fase de teste. Se não tiverem se reverter em muitos votos talvez, de que a patente garantia, virão para o Brasil? Se adotarmos o discurso é um instrumento de dominação, de que a patente é bom para os ouvidos mas ruim para a cabeça, para um instrumento dos poderosos, das multinacionais. a inteligência, de que tudo deve ser universal, de que A patente é um instrumento de defesa do cientista tudo deve ser baratinho – e deve ser mesmo –, então, brasileiro que está pesquisando na FIOCRUZ! É um que o Governo tome atitude em relação aos impostos instrumento de defesa das empresas nacionais de que cobra; que o Governo limite as margens de comer- genéricos, que têm mais de 20 pedidos! E é um ins- cialização, altíssimas, desde os grandes revendedores trumento de convivência internacional. Desde o século até a prateleira da farmácia. XIX é cláusula pétrea. Para a licença compulsória ser concedida, é pre- Sr. Presidente, infelizmente o tempo é limitado, e ciso obedecer a um critério constitucional predefinido: eu tenho de ser disciplinado. Agradeço a V.Exa. e peço o princípio da legalidade. Antes da decretação de uma desculpas pela veemência. Mas, afinal, eu me sinto de licença compulsória é necessário passar pelo trâmite certa forma pai dessa criança. (Palmas.) da lei que regula o abuso do poder econômico, através O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) de inquéritos, de procedimentos, de regras processuais – Muito obrigado. que venham a assegurar o direito de defesa, compro- Registro a presença da nossa ilustre Deputada var que realmente está havendo abuso. Janete Rocha Pietá, de São Paulo. Seja bem-vinda. Muita gente não sabe, mas é bom que se diga Concedo a palavra à Sra. Renata Reis, repre- nestas ocasiões, que fique bem divulgado: o preço do sentante da Associação Brasileira Interdisciplinar de medicamento no Brasil é fixado pelo Governo. Nenhum AIDS. detentor de patente cobra 1 centavo a mais do limite A SRA. RENATA REIS – Boa-tarde a todos. definido pelo Governo. Ele pode até não colocar o pro- É muita responsabilidade falar depois do ex- duto dele à venda, mas o Governo estabelece aquele Deputado Ney Lopes, um orador muito enfático, mui- parâmetro, aquele marco temporal do preço. E mais: to forte... quando a venda é para o próprio Governo, há mais (Intervenção fora do microfone. Inaudível.) vantagens, definidas em legislações e normas adota- A SRA. RENATA REIS – É muita experiência das por ele mesmo, e o preço é menor. que o senhor tem. 01626 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Agradeço aos Deputados Paulo Teixeira, Luiz O TRIPS, apesar de muito restritivo, permite al- Couto e Pedro Wilson pelo convite, pela lembrança gumas flexibilidades, mas não as patentespipeline nas do meu nome. suas disposições, apesar da proposta norte-americana Eu falo aqui não somente em nome da Associa- de inserção delas no corpo do acordo. Foi rechaçado ção Brasileira Interdisciplinar de AIDS, ONG criada pelo no Acordo TRIPS; foi rechaçado em muitos países. Por Betinho, que já tem 20 anos nessa batalha o HIV, mas exemplo: a Argentina, os países andinos e vários paí- também de um grupo de trabalho que a ABIA coordena ses recusaram claramente as patentes pipeline em sua hoje, sobre propriedade intelectual, da REBRIP, uma legislação, por entenderem que são um absurdo. rede que congrega movimentos sociais, ONGs e enti- Quero falar dos aspectos éticos que envolvem dades sindicais e discute questões relacionadas a co- as patentes pipeline. Tudo o que é TRIPS-plus, na mércio e integração regional. Uma vez que os capítulos nossa avaliação, envolve questões éticas, sim. Não de propriedade intelectual são temas muito recorrentes sou eu que digo isso: muitos pesquisadores e a OMS e muito fortes nos acordos de comércio, a REBRIP se vêm discutindo isso; a própria Declaração de Doha viu com a necessidade de organizar um grupo para dis- estabelece que os países não devem tomar medidas cutir propriedade intelectual. E, pelo fato de estar tão que impactem a saúde pública. Portanto, pipeline é ligada à AIDS e à saúde pública, a ABIA se viu com a uma medida TRIPS-plus. E, como tal, tem implicações responsabilidade de coordenar esse grupo. éticas severas na saúde pública; e na questão de se- Tudo o que eu vou dizer é fruto de uma reflexão gurança alimentar também, não só no que se refere coletiva: colaboram conosco IDEC, Médicos sem Fron- a medicamentos. teiras, Conectas, uma ONG de direitos humanos de Em relação aos aspectos econômicos, eu trouxe São Paulo, e muitas ONGs de AIDS. alguns dados da Profa. Lia Hasenclever, da UFRJ, uma (Intervenção fora do microfone. Inaudível.) das mais gabaritadas pesquisadoras, que se dedicou por muito tempo a estudar o prejuízo econômico bra- A SRA. RENATA REIS – O GAPA de São Paulo; sileiro com a adoção dessa medida. a FENAFAR (Federação Nacional dos Farmacêuticos). Em relação aos aspectos jurídicos, vou me deter Então, é fruto de uma reflexão coletiva, repito. um pouco mais. Realmente, do ponto de vista jurídico, Eu queria começar falando sobre o contexto do as patentes pipeline são absolutamente indefensáveis. TRIPS. Muitos expositores já falaram sobre a mudança Conforme mencionamos anteriormente, foi uma medida de paradigma que foi o Acordo TRIPS no sentido de temporária, prevista nos arts. 230 e 231 da lei. Seria estabelecer padrões restritivos – na nossa avaliação, uma espécie de patente de revalidação, ou seja, o Brasil muito amplos, muito altos – para o patenteamento. O concedeu patentes sem permitir que o INPI, o escritó- Acordo TRIPS exigiu, por exemplo, 20 anos de prote- rio nacional de patentes, avaliasse os seus requisitos ção no mínimo; exigiu que todas as áreas e que todos de mérito. Infelizmente, nesse caso, o INPI só podia os campos tecnológicos fossem patenteados, o que avaliar a forma, não os requisitos de patenteabilidade. ampliou para a questão dos medicamentos e dos ali- Isso trouxe diretamente para o sistema brasileiro diver- mentos. Até a assinatura do Acordo TRIPS, mais de sas patentes que estavam vigendo no exterior. Nesse 50 países – não era uma questão só brasileira – não escopo, 1.182 patentes foram depositadas no Brasil, reconheciam patentes para medicamentos, entenden- no período de 1 ano, previsto pela lei. Entre elas, pelo do a essencialidade do bem. Não dá para considerar que encontrei na literatura, 7 eram brasileiras. Então, que medicamento deve ser tratado da mesmíssima não servia ao desenvolvimento nacional ter 7 patentes forma, sem nenhuma gradação, que outros bens tec- dentre 1.182; não é nada. nológicos. Em relação aos requisitos, eu não vou ter muito O Brasil, infelizmente, não aproveitou o seu pe- tempo para esclarecer o que há na legislação. Mas o ríodo de transição, ao contrário de outros países, e ex-Deputado já disse que um dos requisitos era o de adotou muito precocemente a Lei de Patentes; não que o objeto da patente não poderia estar sendo comer- preparou a indústria nacional para o que veio. Nós cializado. Conforme S.Sa. mesmo disse, demora de 8 sentimos hoje os efeitos no Programa Nacional de a 12 anos para uma patente entrar no mercado. Essas DST e AIDS e em outros programas de acesso a me- patentes eram concedidas no exterior e muito depois dicamentos. Essa mudança precoce fez com que não entravam no mercado. Então, já era um pré-requisito. concorrêssemos hoje, por exemplo, com a Índia, que Era óbvio que essas tecnologias ainda entrariam no usou todo o seu período de transição, até 2005, con- mercado. Elas não estavam no mercado. seguindo, com isso, um parque forte de genéricos e Em relação aos problemas que essas patentes de medicamentos. pipeline trouxeram, cito, logo de cara, que elas ferem Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01627 o princípio da novidade absoluta estipulado na lei bra- entregue dessa forma, sem análise técnica, ao País. sileira. Nada que o Brasil patenteia pode ter sido publi- Esse dado nos faz pensar. cado em nenhum lugar do mundo. As patentes pipeli- O efavirenz é uma patente pipeline; o nelfinavir ne, de imediato, não cumprem o requisito da novidade também; o lopinavir/ritonavir é um medicamento cale- absoluta porque já eram depositadas e concedidas no tra, que onera profundamente o Programa Nacional exterior. Portanto, já eram públicas. de DST e AIDS. Isso acarreta um problema ainda maior, que, na O kit diagnóstico, para medida de carga viral, foi minha avaliação, é o pior problema que as patentes depositado e concedido como pipeline, apesar de a pipeline trouxeram: falo do descumprimento do direito lei ser clara e dizer que não pode ser patenteado. adquirido da coletividade. Essas patentes já estavam Esses foram os resultados das 1.182 patentes. em domínio público. Portanto, elas foram retiradas da Isso foi o que conseguimos identificar. coletividade artificialmente por uma medida retroativa. O glivec é um medicamento muito caro, usado A patente já estava publicada no exterior. Essas 1.182 para o tratamento de leucemia mielóide crônica. Eu fiz tecnologias potenciais foram retiradas artificialmente essa consulta nesta semana: a caixa, com 30 dráge- do domínio público, e não lhes foi dada oportunidade as, desse medicamento custa 10 mil e 622 reais. Os para serem exploradas no Brasil por quem quisesse pacientes precisam tomar 1 drágea por dia. Esse é o – órgãos públicos ou privados. custo paciente/mês. O INCA sofre muito para comprar Em virtude disso, as patentes pipeline ferem esse remédio; e é um medicamento pipeline, que não também a Convenção de Paris, já que não cumprem o poderia ter uma patente no Brasil. Ou seja, poderíamos requisito da territorialidade das patentes, da indepen- ter um genérico. Esse genérico custa 200 dólares na dência das patentes. Transferiram o direito de avaliar Índia. – custo paciente/mês –, e pagamos esse preço os requisitos de patenteabilidade para um escritório no Brasil, porque adotamos o sistema das patentes estrangeiro e não para o escritório brasileiro. pipeline. Para terminar – eu tenho muitas outras questões Esses são os dados que a Profa. Lia Hasenclever jurídicas para mencionar, mas não vai dar tempo –, elas coletou. São dados comparativos com o menor preço tratam de forma diferenciada nacionais e não-nacionais. pago pela Organização Mundial de Saúde por esses Então, fere também o princípio constitucional da isono- medicamentos retrovirais. mia, já que os depositantes brasileiros eram obrigados A barra vermelha em cima do nome dos medica- a passar pelos trâmites de requisito de patenteabilidade. mentos significa que a Profa. Lia não conseguiu dados E os depositantes estrangeiros foram premiados: não referentes aos preços mínimos pagos pela OMS – ela precisaram provar que as suas inovações ou os seus depósitos eram novos, que tinham atividade inventiva estipulou um valor arbitrado. Tudo que está na cor vinho e aplicabilidade industrial. foi o que o Brasil pagou a mais, porque essas patentes É importante dizer que nem todos os países têm existem. Os que estão em roxo foram os preços que a exame técnico. Portanto, se uma patente foi concedi- Organização Mundial de Saúde cotou como valor de da, em primeiro lugar, na Bélgica ou em Luxemburgo, medicamento genérico para esses medicamentos. ela poderia ser automaticamente concedida no Brasil, Esses dados ainda são melhores do que os da mesmo sem a avaliação dos requisitos de patentea- próxima tabela. Essa é a tabela dos preços mínimos bilidade. Isso fere o art. 5º, que pede que as patentes pagos pelos Médicos Sem Fronteiras. Em vinho está zelem pelo interesse social e econômico e pelo desen- o que o Brasil pagou a mais. A Profa. Lia Hasenclever volvimento do País. Enfim, foi uma série de problemas é muito enfática no tocante ao prejuízo representado que as patentes pipeline trouxeram. pela concessão das patentes pipeline. Eu quero fazer a minha apresentação muito rapi- Esses são dados apenas dos retrovirais aos quais damente, somente para mostrar alguns dados, alguns a Profa. Lia se dedicou. Lembro que são 1.182 depó- exemplos, porque é bom trazer para a vida real o que sitos, muitos dos quais ainda não foram concedidos. significaram essas concessões. Ainda há patentes a serem concedidas. Portanto, o (Segue-se exibição de imagens.) problema da patente pipeline não é do passado. É um Estes medicamentos – abacavir, amprenavir e problema atual que vai impactar o Programa Nacional efavirenz – foram licenciados compulsoriamente pelo de AIDS e outros programas de distribuição universal Governo brasileiro, uma medida responsável, por en- de medicamentos. tender que os preços praticados eram absolutamente Para terminar, vou falar rapidamente sobre as di- inviáveis. Ou seja, o Governo brasileiro precisou li- retrizes do INPI. Sei que não é a tônica desta audiência, cenciar compulsoriamente um medicamento, que foi mas não posso perder esta oportunidade. 01628 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 O Acordo TRIPS deixou uma margem: o estabe- mentos capazes de, se não curar, pelo menos controlar lecimento dos conceitos de novidade, atividade inven- a doença e dar-lhes possibilidade de vida, como tem tiva e aplicabilidade industrial. Esse tema vem sendo acontecido no Brasil. Essa é uma das áreas da saúde debatido na Organização Mundial de Propriedade Inte- que o Brasil tem conquistado vitórias. lectual – OMPI, no sentido de padronizar os conceitos Nesse sentido, gostaria de fazer essa lembrança, relativos aos requisitos de patenteabilidade. Portanto, em homenagem à atuação da sociedade civil brasileira, é muito importante que os países em desenvolvimento dos técnicos do Ministério da Saúde, das Secretarias determinem seu conceito de requisito de patenteabi- de Saúde estaduais e municipais e também de orga- lidade em prol da saúde pública. nismos como o Instituto Oswaldo Cruz e outros que A OMS divulgou um documento muito interes- têm enfrentado a questão da AIDS e também busca- sante, que tenho aqui comigo. Trata-se de um Guia de do medicamentos especiais de alto custo para outras Exames de Patentes Farmacêuticas e Biotecnológicas, áreas da saúde. com vista a contemplar a saúde pública, entendendo Consulto o Deputado Paulo Teixeira, o Deputado que as regras amplas de patenteabilidade não geram Ney Lopes – seja sempre bem-vindo –, o Dr. Dirceu desenvolvimento nem ampliam o acesso. Bras Aparecido, o Dr. João Carlos Stori e o Dr. Rodrigo A sociedade civil fica muito contente por saber Pinheiro se poderíamos ouvir os outros 4 convidados que o INPI tem revisto o seu Guia de Exames. Apro- imediatamente e reservar o final da reunião para os veito, então, a oportunidade para pedir que o INPI uti- debates. (Pausa.) Muito obrigado a todos. lize o Guia publicado pela OMS para a saúde pública, Convido para tomar assento à mesa a Dra. Ana considerando a importância desse tema. Paula Soares Jucá de Silveira e Silva, Gerente de É muito importante que haja um amplo debate Regulamentação Sanitária e Institucional da ANVISA sobre as diretrizes. A sociedade civil tem muito a con- – Agência Nacional de Vigilância Sanitária (palmas.); tribuir em relação a esse tema. É necessário também o Dr. Jorge de Paula Costa Ávila, Presidente do Ins- definir regras claras para consulta pública, porque a tituto Nacional da Propriedade Industrial (palmas.); consulta pública que hoje está em curso no INPI não o Dr. Gustavo de Freitas Morais, sócio e agente da é clara. Não podemos incidir nesse debate. Propriedade Intelectual (almas.); a Dra. Marília Coe- Enfatizo ainda a reformulação dos encontros e lho Cunha, representante do Conselho Nacional de das reuniões técnicas que vêm acontecendo no INPI Saúde. (Palmas.) sobre a avaliação das novas diretrizes, tendo em vista Minha homenagem à Dra. Marília Cunha, que é conflito de interesses. A sociedade civil tem muito a de Goiás, o meu Estado, assim como a todos de ou- contribuir no desenho das novas diretrizes de paten- tros expositores. teabilidade do INPI. Com todo o respeito aos convidados, tendo em Desculpem-me por ter extrapolado o tempo. vista que certamente muitos levantarão questões, su- Muito obrigada. (Palmas.) giro que estabeleçamos o prazo de 10 minutos para O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) cada um. Além disso, peço que os outros continuem – Obrigado, Dra. Renata Reis. no plenário, porque poderão ser chamados a respon- Lembrando o querido Hebert de Souza, o Betinho, der perguntas dos participantes. fazemos uma homenagem à Dra. Renata Reis, a toda Com a palavra, Dra. Ana Paula Soares Jucá de sua equipe e àqueles que, na década de 80 do século Silveira e Silva, por 10 minutos. passado, lutaram para pôr em prática no Brasil uma A SRA. ANA PAULA SOARES JUCÁ DE SIL- extraordinária política em relação à AIDS. O trabalho VEIRA E SILVA – Muito obrigada. realizado tem nos destacado no exterior, sobretudo Começo agradecendo aos Deputados Pedro Wil- muito temos contribuído na África, que vive uma situ- son, Paulo Teixeira, Luiz Couto o convite. E o faço em ação dramática com a disseminação da AIDS. nome do Dr. Dirceu Raposo, Diretor-Presidente da AN- Cumprimento a Dra. Renata Reis em meu nome VISA, que, infelizmente, não pôde estar presente. e no dos Deputados Paulo Teixeira e Luiz Couto. Acredito que oportunidades como esta são fan- Aproveitando a oportunidade, convido todos para tásticas para que possamos não só trocar opiniões participarem de importante evento. No próximo sába- com o Poder Legislativo, que sempre tem nos ajudado do, 1º de dezembro, é o Dia de Luta contra a AIDS. No e cooperado conosco, como também fortalecer a nossa Brasil, já tivemos até a luta contra o portador da AIDS. posição como Poder Executivo, como cidadãos. Vencemos grande parte do preconceito, mas ele ainda A questão das patentes dos medicamentos é um está presente. Lutamos contra a doença e para o es- tema que nos instiga muito, em especial a figura do forço de oferecer aos portadores de AIDS os medica- pipeline, figura cuja debate se iniciou aqui, que não Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01629 foi prevista pelo Acordo TRIPS, foi uma criação nacio- já passaram por nossa avaliação. E justamente porque nal com os requisitos presentes na Lei de Propriedade temos como instrumento principal de nossa atuação a Industrial, que vou tratar mais tarde. interpretação mais benéfica da lei para garantir o aces- Inicialmente, gostaria de retomar um pouco o que so aos medicamentos, justamente porque temos em o Dr. Dirceu Barbano falou: a importância que a área do nossas mãos os arts. 230 e 231 da Lei de Patentes, Governo como um todo, sobretudo a área de saúde, dá nós nos deparamos com os requisitos para que seja a essas discussões sobre o patenteamento dos medi- possível a concessão de uma patente pipeline. camentos. De fato, precisamos ter consciência que o Entre esses requisitos, está claro – o Deputado reflexo da patente no acesso aos medicamentos é algo Ney Lopes expressou muito bem – que, no Brasil, a inclusive reconhecido no âmbito internacional. patente pipeline é concedida pelo tempo remanescen- Em 2001, os Ministros de Comércio dos países te da patente no exterior. Justamente por isso, temos formadores da OMC – Organização Mundial do Comér- buscando um entendimento dentro do Governo de que cio fizeram uma declaração, a tão falada Declaração não é possível a concessão de patentes pipeline refe- de Doha, sobre saúde pública, na qual há o reconhe- rentes a pedidos de patentes depositados no exterior, cimento desses países de que a patente afeta econo- porque a intenção do legislador – e hoje ficou ainda micamente o acesso aos medicamentos e, portanto, mais claro para mim – foi garantir que aqueles produtos os países signatários do acordo da OMC deveriam que já estavam patenteados no exterior e não poderiam envidar esforços para que nenhuma medida fosse to- ter o privilégio da patente no Brasil pudessem passar mada no sentido de prejudicar a saúde pública diante por essa excepcionalidade, a figura dopipeline , e ter da aplicação do Acordo TRIPS. sua patente concedida. Sabedores de que o nosso País respeita as re- Na realidade, grande número das patentes pi- gras internacionais e a legislação vigente, decidimos pelines depositadas no Brasil não são referentes a colocar em vigência logo a sua aplicação – por isso é patentes já concedidas no exterior. Algumas delas in- que incorporamos os resultados da Rodada ao nosso clusive aguardam a concessão da patente no exterior ordenamento jurídico. Poderíamos, como bem disse para que possam ser avaliadas no Brasil. a Dra. Renata Reis, ter nos utilizado do período de Essa é uma interpretação que o Governo tem transição, como muitos outros países em desenvolvi- de rever, porque a lei não nos obriga a isso. A lei diz: mento fizeram – a Índia é o grande exemplo –, para patente concedida no exterior, tempo remanescente nos preparar melhor para a aplicação desses ditames de proteção no Brasil. Se o tempo é remanescente, a internacionais. patente já está concedida. Essa é uma das questões E o que nos resta? Cumprir a lei. Mas, para isso, temos um meio: a interpretação da lei. E isso quem nos que temos de amadurecer. diz textualmente é a Declaração de Doha. Ela nos dá a Fora isso, há uma segunda problemática: seria a possibilidade de interpretar a lei de forma a fortalecer patente pipeline simplesmente uma patente de revali- a atuação da saúde pública, de forma a não prejudicar dação? Isso porque o § 3º diz: respeitados os arts. 10 e o acesso aos medicamentos. 18 – simplesmente. Mas há um outro parágrafo nesse Nesse sentido, o Governo brasileiro, logo após mesmo artigo – o § 6º – que diz que se aplicam a esse a edição da Lei de Propriedade Industrial, sentindo já dispositivo todos requisitos da lei, no que couber. os reflexos de sua aplicação na administração e na Sei que há muitos juristas na Casa, e podemos própria saúde pública, fez uma emenda à legislação ter interpretações jurídicas divergentes, mas, como nacional e inseriu o órgão de saúde como participante disse do Deputado Ney Lopes, a intenção do pipeline da concessão de patentes para produtos e processos era garantir o que já estava protegido, era garantir que farmacêuticos. não fossem desrespeitados aqueles 20 anos em que Trata-se do art. 229-C, inserido pela Lei nº 10.196, o Brasil ficou sem patentes. Só que, neste momento, que inclui a participação da Agência Nacional de Vi- a concessão pura e simples de uma patente de reva- gilância Sanitária na avaliação das patentes. Então, a lidação não traria nenhum tipo de benefício extra a concessão de patentes de medicamento tem de passar esses depositantes. pela avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sani- Então, que podemos concluir é o seguinte: o tária, trabalho que fazemos em conjunto com o Instituto Brasil, em nenhum momento, quis abrir mão da sua Nacional de Propriedade Industrial – INPI. soberania de avaliar os requisitos de patenteabilidade Esse trabalho começou a ser feito a partir do final de um pedido depositado, mesmo nessa figura excep- de 1999, quando foi editada medida provisória conver- cional, o pipeline. A grande excepcionalidade do pipe- tida em lei em 2001. Algumas patentes do tipo pipeline line é justamente a questão do requisito da novidade 01630 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 absoluta. Ele é a quebra à novidade absoluta, e isso economia do conhecimento de maneira mais dinâmi- ninguém pode negar. ca e positiva. Agora, a despeito de ser a quebra da novidade Vou tentar fazer uma apresentação rápida. É um absoluta, em nenhum momento o legislador proíbe que pouco didática no começo, e depois chegarei ao ponto haja uma avaliação desses pedidos à luz da legisla- central da questão dos pipelines. ção nacional. Teremos um problema sério no País se (Segue-se exibição de imagens.) a interpretação corrente for essa. Quando se trata de sistemas de inovação e de De toda a forma, justamente no sentido de tentar formalização de mecanismos de cooperação, a pro- conferir melhor interpretação à atuação do Governo priedade intelectual desempenha papel fundamental. nessa tarefa e buscar o acesso eqüitativo aos medica- A globalização e a dita economia do conhecimento se mentos, preços mais justos, apoio aos licenciamentos baseiam na cooperação entre atores. Esses atores são compulsórios que eventualmente precisarão ser feitos públicos, são privados, são de diferentes países. É a – e tomara que eles não necessitem ser feitos – é que propriedade intelectual que vai viabilizar que, tendo a área de saúde continuará prezando por uma interpre- codificado – e o Estatuto de Propriedade é claro –, se tação cada vez mais benéfica para a área social. façam acordos, se celebrem contratos, e, com isso, o O próprio Governo vem recebendo isso de for- conhecimento avance e se produza um ambiente ba- ma bastante positiva, e os reflexos disso têm se dado seado nas leis de mercado para maior disseminação nas negociações internacionais de que participamos. do conhecimento A área de saúde, hoje, é absolutamente participante O pressuposto básico do sistema de propriedade dos fóruns internacionais que versam sobre a matéria intelectual é que, ao se instituir regimes bem delimita- de propriedade industrial e intelectual. Foi o reconheci- dos de propriedade, se viabiliza maior disseminação mento do Governo e do Estado de que é necessário o do conhecimento, e não o oposto. equilíbrio de forças entre as questões econômicas e as A patente em si é uma forma de publicação. A sociais. E o setor saúde continuará nessa luta, nessa patente surgiu no mundo no século XV, e ao longo do busca pelo equilíbrio tão difícil, mas tão desejado. tempo ela vem se firmando como alternativa viável Quanto à questão dos pipelines, existe sempre a para se contrapor ao chamado segredo industrial ou saída de que os legitimados possam propor algum tipo segredo de negócio. Na medida em que não se tenha de ação contra essa figura excepcional, porque hoje nenhum tipo de regime de proteção, os atores econô- ele é um requisito legal. A nós, membros do Governo, micos são instados a manter seu conhecimento em resta cumprir os requisitos legais, mas da maneira sigilo. Esse conhecimento mantido em sigilo não fa- adequada, com a interpretação mais favorável para o vorece a disseminação do conhecimento e o avanço setor social, para que seja possível a garantia do bem- da técnica. A patente é um mecanismo de promoção estar social, para que seja possível o cumprimento da da disseminação do conhecimento. cláusula pétrea da função social da propriedade, para O objetivo social fundamental é criar um ambien- que seja possível o cumprimento do art. 196 da Cons- te que estimule a inovação e a cooperação entre os tituição Federal. atores econômicos, ampliando o estoque social de co- Agradeço a todos e peço desculpas pelo tempo nhecimento e criando as condições para um mercado excedente. (Palmas.) em que esses conhecimentos possam ser combinados O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) em produtos úteis para a população. – Nós que pedimos, Dra. Ana Paula. Agradecemos a Quando se fala em sistema de patentes, não se sua contribuição. está falando puramente de promoção de privilégios Imediatamente, passo a palavra ao Dr. Jorge de econômicos. O que se está perseguindo é um bem Paula Costa Ávila, Presidente do Instituto Nacional de maior. Na verdade, há uma discussão entre o curto e Propriedade Industrial, por 10 minutos. o longo prazo. A patente gera efetivamente um custo O SR. JORGE DE PAULA COSTA ÁVILA – Muito no curtíssimo prazo sobre o que foi naquele momento obrigado, Sr. Presidente Pedro Wilson. desenvolvido. No entanto, ela tem um suposto retorno Srs. Deputados, senhoras e senhores, para mim, muito maior do que esse custo, que é o de propiciar é uma satisfação sempre renovada voltar à Câmara que surjam novos produtos de maneira mais rápida. dos Deputados e ter oportunidade de participar de um Quando se particulariza isso para a questão da AIDS, debate que tem sido muito positivo para o País. por exemplo, dos anti-retrovirais, há um trade-off muito Aumentar a compreensão sobre a propriedade claro entre baratear totalmente os medicamentos que intelectual é absolutamente fundamental neste mo- já existem e incentivar o desenvolvimento de medi- mento em que o País tenta se inserir na chamada camentos que venham a substituir os que já existem Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01631 quando esses não estiverem mais sendo capazes de a melhor qualidade de vida entre os brasileiros, o au- solucionar o problema. É nesse trade-off que o siste- mento do nível de renda e o aumento do emprego de ma deve buscar seu equilíbrio. qualidade no Brasil dependem fundamentalmente de Há uma questão muito clara do que seja o papel que as empresas brasileiras possam participar das da propriedade intelectual nos sistemas de inovação. redes globais da produção de inovação. A geração de conhecimento é o objetivo dos esforços Na inovação farmacêutica, a propriedade intelec- de pesquisa e desenvolvimento das empresas. O que tual desempenha papel relevantíssimo. É muito interes- se vai chamar de inovação é aquilo o que de fato re- sante ver as discussões recentes sobre patenteamento sulta do esforço de pesquisa e desenvolvimento e é no mundo. Pessoas tão eminentes quanto o Dr. Joseph capaz de chegar à sociedade na forma de um produto Stiglitz e Richard Nelson, economistas do maior relevo, ou de um serviço útil. A propriedade intelectual surge têm discutido os problemas do sistema de patentea- nesse contexto como um regime institucional que via- mento. Em um entendimento em que todos são unâni- biliza a inovação. mes: se existe uma indústria que pôde se desenvolver Vale a pena recordar a experiência brasileira com graças à existência da propriedade intelectual, essa é propriedade intelectual. Na política de substituição de a indústria farmacêutica. Ela é claramente a indústria importações, que podemos talvez datar do Estado Novo que mais se beneficiou do sistema de patentes. Por e que dura por 50 anos – uma trajetória de sucesso conseguinte, a humanidade pôde se beneficiar dos de industrialização – tivemos um contexto institucional seus resultados, ou seja, a produção de um imenso alicerçado na idéia de que éramos um país de muito pipeline de produtos farmacêuticos que solucionaram baixo desenvolvimento científico e tecnológico e que problemas seriíssimos da humanidade, como é o caso nos cabia, por conseguinte, a imitação como ferra- dos próprios anti-retrovirais. Todos os anti-retrovirais menta de aprendizado. As estratégias imitativas foram existentes no mercado são tributários não de um sis- adotadas por todos os países em desenvolvimento, e tema público de financiamento da pesquisa, mas de mesmo pelos países hoje desenvolvidos, muitos deles um sistema público-privado em que a parte privada foi num estágio de desenvolvimento semelhante ao que viabilizada com o instituto das patentes. o Brasil tinha em 1930. Acredito que essa política te- O objetivo social das patentes, no caso da inova- nha sido adequada, e um dos seus alicerces foi uma ção farmacêutica, é viabilizar os investimentos necessá- limitação muito grande do sistema de patentes, como rios durante o período de desenvolvimento do resultado em qualquer processo de substituição de importações da pesquisa básica. A pesquisa básica farmacêutica praticado em qualquer país. aponta possibilidades de entidades químicas para so- Durante os últimos anos, houve uma mudança na lucionar determinados problemas. Mas desenvolver percepção que temos das possibilidades de inserção essas entidades em medicamentos requer um volume do Brasil na economia internacional. O Brasil inaugurou substantivo de investimentos, essencialmente nas fa- uma política de inovação. Na verdade, instrumentos ses de teste, que se diz levar de 8 a 12 anos. Há toda novos de fomento à ciência e à tecnologia foram cria- uma cadeia de desenvolvimento, a partir da molécula dos no começo da década de 90 do século passado. até ter um produto no mercado, em que morrem mui- No começo do primeiro Governo Lula, esse conjunto tas entidades. Quando se fala de custo elevado, como de experiências foi consolidado numa política industrial o Deputado Ney Lopes comentou, na verdade se está que tem como alicerce central a promoção da inovação falando de um custo agregado no esforço de P&D di- e não mais a substituição de importações. vidido pelo número de entidades químicas que de fato Dentro desse contexto, é evidente que a proprie- chegam ao mercado como produtos farmacêuticos. dade intelectual desempenha outro papel. Numa po- É evidente que a prática de patentes introduz um lítica centrada no fomento à inovação, a propriedade custo durante um certo período, que é a prática de pre- intelectual já não deve mais ser pensada como aquele ços mais elevados; e este é, na verdade, seu objetivo, minimum minimorum, porque a propriedade intelectu- para que se tenha retorno sobre o investimento reali- al deixa de ser um custo à política de desenvolvimento zado durante o período de desenvolvimento. e passa a ser uma ferramenta dessa política. O acesso a medicamentos, não há dúvida ne- Esse é o contexto em que vivemos hoje. O maior nhuma, como o acesso a qualquer bem, é condicio- esforço a que o INPI se dedica hoje, ao lado da conces- nado pelo preço. Quanto mais caro é um bem, menos são de títulos como qualidade e eficiência, é disseminar pessoas têm acesso a ele – e isso ocorre não só com entre as empresas brasileiras a cultura de proteção medicamentos, mas com qualquer outro bem. Ago- da sua propriedade intelectual. A partir do diagnóstico ra, no caso específico dos medicamentos, no que diz precípuo da política industrial brasileira hoje vigente, respeito à relação entre acesso e preços, o Governo 01632 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 dispõe de alguns instrumentos. A prática internacional instituiu como sendo pela duração vigente, pela dura- consagra o controle de preços como ferramenta efeti- ção restante no país onde ela tenha sido originalmente va para que se minimize o problema, no caso de bens concedida. Nossa leitura disso é de que o legislador essenciais, como são os medicamentos. O Brasil efe- brasileiro quis que aquele produto ficasse protegido tivamente pratica o controle de preços, que é, repito, a por até 20 anos após sua primeira prioridade interna- ferramenta adequada quando se trata de medicamen- cionalmente obtida. Acontece que em vários países tos que vão para o varejo. há dispositivos que prorrogam o prazo da primeira Para medicamentos cuja demanda se dá essen- patente. Nós entendemos que não houve intenção do cialmente pelo Poder Público há outras ferramentas que legislador brasileiro de que essa prorrogação se trans- o Brasil também utiliza, como, por exemplo, a negocia- mitisse para o Brasil. Então temos brigado ativamente ção com base no volume da demanda. Nossa legisla- na Justiça, e com bastante sucesso – o Procurador do ção dota o Poder Público com o dispositivo da licença INPI, Mauro Maia, que aqui estava até há pouco, tem compulsória. Então, a negociação, que, em princípio, tido uma bonita história de sucesso na discussão do poderia ser desequilibrada, volta a se equilibrar em ca- prazo justo de vigência dos pipelines. sos extremos, pelo dispositivo que esta Casa inseriu Concluo, Presidente, dizendo que temos avan- na Lei de Propriedade Industrial, o que permite que o çado muito na compreensão das relações entre aces- Governo Federal disponha de uma ferramenta funda- so, patenteabilidade, fomento à inovação e bem-estar mental para negociar em melhores condições com os público e interesse social, e acho que nós devemos laboratórios farmacêuticos. continuar nessa trajetória. Os pipelines constituem um caso particular des- Debates como este são sempre muito bem-vin- sa história. Na verdade, a relação entre uma patente dos, e o INPI vai estar sempre à disposição desta Casa pipeline e o acesso a medicamentos é exatamente a para qualquer discussão que se faça necessária ou mesma que a relação entre uma patente qualquer de conveniente. medicamento e o acesso a medicamentos. O proble- Obrigado. (Palmas.) ma dos pipelines não é, portanto, ligado ao acesso O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – a medicamentos; o problema central dos pipelines é Nossos agradecimentos ao Sr. Jorge de Paula Costa a eventualidade de, ao retirar matéria do domínio pú- Ávila, Presidente do INPI. blico, comprometer investimentos já realizados pela Lamentamos a restrição de horário diante de uma indústria brasileira de inovação. Mesa tão rica. Mas vamos procurar ouvir a todos e ainda Embora a intenção do legislador tenha sido a de permitir debates e apresentação de sugestões. preservar tais investimentos, o que nós observamos Gostaria de registrar a presença do ilustre De- foi que praticamente não houve utilização daquele re- putado Veloso. curso da lei. Eu acredito que se tenha configurado uma Com a palavra o Sr. Gustavo de Freitas Morais, grande dificuldade demonstrar que havia sido realizado Sócio e Agente da Propriedade Intelectual. S.Sa. dis- um esforço sério para o desenvolvimento, e, por con- põe de 10 minutos. seguinte, talvez tenha havido empresas e instituições O SR. GUSTAVO DE FREITAS MORAIS – Sr. brasileiras de pesquisa que, em virtude do pipeline, Presidente, Sras. e Srs. Deputados, demais presentes, tenham perdido seus investimentos. minhas saudações. No entanto, isso é coisa de que talvez nós nunca Agradeço pela oportunidade de falar sobre o venhamos a ter certeza. E o pipeline, de fato, é uma sempre espinhoso tema das patentes pipelines, ou matéria que se está exaurindo como privilégio paten- de revalidação. tário para aquelas inovações que não puderam ser (Segue-se exibição de imagens.) privilegiadas em virtude das restrições da lei brasileira Antes de mais nada, gostaria de me apresentar pré-1996 mas pós-1988. como representante do Instituto Dannemann Siemsen Há, então, alguns problemas com os pipelines, de Estudos de Propriedade Intelectual, um instituto e é provável que durante algum tempo tenhamos de dedicado ao estudo dos mais variados temas de pro- manter essa discussão acesa, apesar de o pipeline priedade intelectual no Brasil. E, hoje, acho que eu me estar em fim de trajetória. impus a difícil tarefa de falar sobre patentes pipelines A principal discussão que mantemos hoje no INPI de maneira técnica e a mais objetiva perante a lei. Sei com relação aos pipelines tem a ver com evitar que que isso é algo difícil, sobretudo num tema tão emo- a duração desse privilégio se estenda para além do cional como é o das patentes de medicamentos. que nós acreditamos tenha sido o desejo do legislador Antes de abordar patentes de medicamentos, brasileiro. Ao instituir o pipeline, o legislador brasileiro gostaria de situar o conceito de propriedade intelectual, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01633 porque obviamente o sistema de patentes não existe o requisito da novidade absoluta. Eu, particularmente, fora do alcance das influências de outros institutos de não consigo enxergar, pelo menos não na Constituição. propriedade intelectual, institutos esses que seriam a Mas vamos em frente. soma de direitos que incidem sobre as concepções da Está na lei, no seu art. 8º. Se tivesse que escolher inteligência e sobre ativos intangíveis – ativos estes que um artigo importante da lei, acho que sem dúvida seria cresceram, nas últimas décadas, tremendamente em o art. 8º da Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279), importância. Se nós verificamos entidades, empresas, que diz que é patenteável a invenção que atenda a es- vemos que muitas delas não sobrevivem mais venden- ses 3 requisitos. E sem que se atenda aos 3 requisitos do produtos; sobrevivem, sim, vendendo a inteligência de patenteabilidade realmente fica difícil entender com incorporada a esses produtos, inteligência essa que mais profundidade o instituto da patente. nós mesmos queremos – porque talvez o custo mais Vamo-nos ater hoje ao instituto da novidade, alto para qualquer produto seja o custo infinito do pro- que está definido lá no art. 11: a invenção ou modelo duto que não existe, e que não existe porque não foi de utilidade, tipo de patente específica que existe no inventado, e que não foi inventado porque não houve Brasil, será patenteável no País quando for nova no estímulo para sua invenção. âmbito mundial – e daí o termo absoluto. Absoluto não Obviamente, o instituto das patentes se situa den- é relativo versus relativo, eis que em alguns países, tre outros institutos de propriedade intelectual que são antigamente, a novidade era relativa neste sentido, tratados já há muitas décadas pela legislação brasileira porque bastava ser novo apenas naquele país. Hoje e, como muitos disseram aqui, também pelo Tratado em dia é regra, diria global, o requisito da novidade Tríplice. Deve-se notar, entretanto, que a Lei de Paten- absoluta, no sentido de que a invenção deve ser nova tes brasileira não apareceu com o Tratado Tríplice; a em âmbito mundial. E esta, obviamente, é a situação Lei de Patentes brasileira existe desde 1809, ou seja, do Brasil. completa 200 anos daqui a 2 anos. E aí há outros artigos que falam dos demais re- Qual seria, filosoficamente, o intuito do sistema quisitos principais de patenteabilidade, sem os quais de patentes? O intuito é estabelecer uma troca: o in- obviamente não se pode conceder patente. E todos ventor dá à sociedade algo que ela não tem, e daí o esses requisitos normalmente são examinados pelo requisito da novidade – veremos o quão absoluta; e Instituto Nacional da Propriedade Industrial. a sociedade dá em troca um monopólio, uma exclu- O exame é muito importante e se vale muito de sividade temporária, após a qual a sociedade poderá busca de fatos anteriores para se determinar o que já utilizar livremente aquele invento. existe em âmbito mundial. E daí novamente enfatizo A idéia é criar um círculo virtuoso: ao invés de o termo “novidade absoluta”. Esse esforço do INPI, um ato único, pontual, ao invés de um herói da noite, sobretudo a qualidade do seu exame, foi reconhecido como meu pai gosta de dizer, cria-se um ciclo em que recentemente. O INPI foi reconhecido como autoridade há invenção, recuperação do investimento por meio de de exame internacional e pode examinar pedidos de uma exclusividade temporária e reinvestimento de parte patente do chamado sistema PCT. Eu, como brasileiro, desse lucro em novas invenções. O principal beneficiá- sinto-me até orgulhoso por isso. rio desse círculo virtuoso é a própria sociedade. Outro ponto interessante que sempre gosto de Alguns concordam, outros não, mas esse pelo mencionar: a patente não assegura a exploração. Quem menos tem sido o motivador filosófico dos institutos de tem uma patente não tem direito automático de explo- patentes, cujos resquícios arqueológicos, como bem rar a invenção. Por quê? Porque pode existir uma outra mencionou o Sr. Jorge Ávila, podem ser rastreados patente anterior mais ampla – e isso é relativamente desde a Lei de Veneza, no Século XV – que, aliás, tem comum – que impeça a utilização de um determinado muitas similaridades com nossa lei atual. produto por um determinado detentor de patente. O fundamento principal da Lei de Patentes, no Agora, partindo especificamente para a questão nosso sistema jurídico, é a própria Constituição. Como sobre as patentes de pipeline, às quais muitos se re- já mencionado pelo Deputado Ney Lopes, está ali no ferem como patentes de revalidação, o ponto princi- inciso XXIX, art. 5º – e perdoem-me os presentes aqui pal de olhar é o art. 230, já mencionado várias vezes pelos slides, por tantas informações. Mas, por ser ad- durante esta audiência. E como já foi mesmo mencio- vogado, gosto de me ater principalmente ao que está nado, o legislador teve o cuidado de assegurar deter- na lei, e acho que fica mais fácil olhando tudo isso. E lá minados direitos que estão aqui em negrito. A patente está o inciso XXIX mencionando especificamente que será concedida desde que seu objeto não tenha sido a lei assegurará aos autores de eventos industriais o colocado em qualquer mercado, desde que o produto privilégio temporário. Alguns querem ver nesse inciso não esteja a venda em qualquer lugar do mundo. Mas 01634 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 tudo isso fica resguardado como direito adquirido, be- Portanto, e aqui também falo como advogado, é neficiando aqueles já estejam em vias de produzir ou bom privilegiar a segurança jurídica, porque a mudança produzindo o produto objeto daquela patente pipeli- de regras no meio do caminho pode ser extremamente ne aqui no Brasil. Já verifiquei diversos processos de lesivo a todos nós. patente pipeline, nos quais existia, sim, manifestação Muito obrigado pela atenção dos senhores. de terceiros afirmando que haviam feito sérios efeti- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – vos preparativos para utilização dessa patente, mas Agradecemos ao Dr. Gustavo de Freitas Morais, sócio que o INPI acabou concedendo a patente pipeline, e agente da propriedade intelectual. acertadamente, a meu ver, porque não houve a com- Com muita honra, concedo a palavra à Dra. Marília provação. E não entendo por que essa comprovação Coelho Cunha, representante do Conselho Nacional seria especialmente difícil. de Saúde, por 10 minutos. A patente pipeline vigorou por apenas 1 ano, foi Comunico que a Ordem do Dia já foi instalada. um dispositivo temporário. E o § 2º deixa claro que a Há encaminhamento de Lideranças, pelos Deputados sociedade poderia intervir no processo e apresentar Paulo Teixeira e Veloso. Mas vamos continuar aqui com seus argumentos neste sentido, de que o pedido de a última exposição e, depois, abrir o debate. patente não estaria atendendo aos requisitos do ca- Com a palavra a Dra. Marília Cunha. put. E o § 3º deixa claro que a patente pipeline só A SRA. MARÍLIA COELHO CUNHA – Cumpri- seria concedida aqui após a concessão da patente mento a todos na figura do meu conterrâneo e amigo, correspondente no exterior. Portanto, surpreende‑me de certa forma um ícone, grande liderança goiana, um pouco a afirmação de que o INPI teria concedido ex‑Presidente do Comitê Goiano de Anistia, do qual patente pipeline sem a comprovação de que já havia participamos juntos, tendo sido prefeito da melhor ci- sido concedida a patente lá no exterior. dade do Brasil. O art. 231 é um tipo de pipeline específico, este Foi interessante o debate porque, entre várias sim específico para os nacionais. discussões, observamos aqui as dimensões e as vi- E aqui gostaria de concluir, se possível, Sr. De- sões do medicamento. putado, com algumas estatísticas. Vocês observaram que temos 2 visões: a visão Há uma estatística um pouco diferente da repre- dos servidores, dos trabalhadores da saúde, que enten- sentante da ABIA: 1.198 pedidos de patente pipeline dem que o medicamento é um agente terapêutico... depositados, e, destes, 816 concedido. Uma estatís- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) tica muito informal diria que algo em torno de 50% já – Sra. Marília Cunha, permita‑me registrar, com muita se expirou; mesmo com aquele prazo concedido pelo honra, a presença do Deputado pelo Paraná, Dr. Ro- INPI, já teria sido expirado esse tanto. De certa forma, sinha, membro do Parlamento Latino-americano, no falamos sobre o passado. âmbito do MERCOSUL, que tem atuado muito na área Para terminar, verificamos algumas situações que da saúde. E lembro que o Deputado Dr. Talmir também demonstram que a novidade também não é algo tão esteve presente entre nós. imutável assim. A própria Convenção de Paris nos dá A SRA. MARÍLIA COELHO CUNHA – O Dr. Ro- o prazo de 1 ano, durante o qual nenhuma divulgação sinha também é um lutador conosco pela melhoria da afetará a possibilidade de se conceder a patente, não saúde pública. afetará a novidade do pedido de patente posteriormente Nós, profissionais de saúde, entendemos o me- concedida. A própria Lei de Propriedade Industrial nos dicamento como agente terapêutico com um dos fato- dá o período de graça, o que, de certa forma, também res de maior impacto nos serviços de saúde, porque é uma flexibilização do requisito de novidade, além da ele tem uma importância terapêutica na atenção. Não possibilidade de restauração das patentes. consigo montar um hospital, fazer uma cirurgia, fazer Só para concluir, mostrando meu último slide. Tal- qualquer intervenção cirúrgica se eu não contar com vez seja bom fazer algum comentário sobre o que tanto o medicamento. Não tenho como resolver isso. se fala hoje em dia em matéria de inovação neste País, Também temos aqui a visão do medicamento principalmente inovação na área de biocombustíveis. O como mercadoria. Brasil realmente tem um know-how, um conhecimento São estas as 2 visões aqui bem claras: aquele muito interessante e muito avançado nesse tema. Sem que entende o medicamento como agente terapêutico o investimento nessa área específica, por exemplo, os e aquele que o entende como mercadoria. biocombustíveis, em pouco tempo, o único diferencial O faturamento mundial, em 1999, na área de me- que o nosso País teria seria a terra, a nossa própria dicamentos, foi de 327 bilhões de dólares. A previsão, extensão territorial. em 2004, pelos dados da FEBRAFARMA, foi de 506 Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01635 bilhões de dólares. Gasta-se com publicidade de me- médico a receita de um ansiolítico. Com o remédio, a dicamento entre 15% a 20% do faturamento. E 80% da pobre dormia o dia todo. Pedi-lhe que parasse de to- produção mundial está nos países desenvolvidos, assim mar o tal remédio. como o consumo. E mais: 90% das pesquisas hoje de Portanto, temos que tomar cuidado. Há um quan- medicamentos estão sob a proteção de patentes. titativo muito grande. O Dr. Dirceu, no Ministério, vem É importante mostrarmos – e aproveito para fazer desenvolvendo um projeto muito importante, na tenta- um pedido aos Srs. Deputados – esse quadro do tipo de tiva de montar um programa de uso racional dos me- necessidades atendidas pelo mercado farmacêutico. dicamentos, porque há estímulo ao consumo indiscri- Sou servidora da ANVISA. Pois digo que hoje minado de medicamentos. não existe nenhum registro de pedido do setor privado Segundo o Governo Federal, a cada 25 minutos, para produção de medicamentos voltados, por exem- uma pessoa é intoxicada por medicamento. E vejam: plo, para a tuberculose e a hanseníase. são dados do Ministério da Saúde. Hoje não há nenhuma pesquisa sobre tuberculo- Temos, então, 2 vertentes claras na questão do se no Brasil. A tuberculose faz parte da chamada Lista medicamento: uma enquanto mercadoria e outra en- C, ou seja, de doenças extremamente negligenciadas quanto bem social. É difícil para nós, da Saúde, com- pelo mercado farmacêutico. Para os senhores terem preender por que, por exemplo, um pendrive que há uma idéia, há hoje 50 milhões de brasileiros infectados pouco tempo 1 mil reais hoje custa apenas 50 reais. pelo bacilo da tuberculose. São dados do Ministério da Por que na Saúde a inovação tecnológica significa sem- Saúde. A cada ano surgem 85 mil casos de tuberculo- pre maior custo? Por que a Saúde é tão cara? Por que se no País. Foram a óbito, em 2007, 6 mil brasileiros cada vez que surge uma inovação isso não significa por causa da tuberculose. O que quero dizer é que redução de custo, pelo contrário? não se discute sobre patente de medicamentos para Quando houve o aumento do dólar, a indústria o tratamento da tuberculose. Os pobres dos hanse- fez a justificativa, pedindo aumento dos preços dos nianos já foram adotados pelo Deputado Tião Viana. medicamentos com base nisso, o que foi concedido na Pois lembro que os tuberculosos também precisam época. O Governo, em 2004, reduziu os impostos em de um padrinho. 11%. Podem pegar a tabela da ABCFARMA, os dados Quando se propagou a AIDS, na década de 1980, do IDUM, que estuda medicamentos, e verão que es- vimos que ela afetava várias personalidades e pessoas ses 11% não foram repassados, na forma de descon- importantes no mundo. Lembram-se? Foi um drama to, para o consumidor. O dólar caiu. Esteve a quase 4 quando o Rock Hudson morreu de AIDS. No Brasil, reais e agora baixou para menos de 2 reais. Pergunto: perdemos o Henfil e o Betinho, que eram formadores baixou o preço do medicamento? Não baixou. de opinião nacional. E muitos dos pacientes de AIDS, Percentual de consumo de medicamento. Quem no início da propagação da doença, eram pessoas que hoje tem uma renda acima de 10 salários mínimos, o conheciam seus direitos de cidadão. Agora, quem tem percentual de consumo é de 48%. Os mais pobres não tuberculose é pobre, catarrento, desdentado... A indús- chegam a consumir nem 16% dos medicamentos. Isso tria farmacêutica não está nem aí para eles, porque hoje em dia, porque a população de 0 a 4 anos tem essas pessoas não têm dinheiro para comprar remé- acesso a medicamentos do SUS. dio. Esta é a verdade. O CONAS fez uma pesquisa com 3.200 questio- No Brasil, por sorte, surgiu a Lei Sarney, que obri- nários para avaliar quem usava o SUS ou não. Mesmo gou o Ministério da Saúde, corretamente, a garantir o não sendo uma maravilha, 94,3% da população usam tratamento de AIDS para todo mundo. o SUS. Uns, sempre; outros, de vez em quando. Portanto, este é um problema grave. São doenças Para se ter uma idéia, dos procedimentos de alto órfãs a hanseníase, a malária, a tuberculose... custo, os planos de saúde são responsáveis por ape- O mercado brasileiro, por exemplo, ocupa o 10º nas 24%; o restante fica com o SUS. Nenhum plano lugar entre os países em aquisição de medicamentos. de saúde faz transplante nem garante atendimento Temos hoje cerca de 60 mil farmácias no País. Calcu- domiciliar. la‑se que a indústria brasileira invista em marketing Por isso, quando se mostra uma pesquisa dizendo 20% do seu faturamento. E 40% das pessoas tomam que a falta de medicamento é o segundo maior pro- medicamentos de forma desnecessária. blema que o SUS precisava resolver, vamos primeiro Minha mãe, por exemplo, recentemente foi inter- observar se o Ministério começou mesmo a comprar nada com problema neurológico. Quando vi a prescri- medicamentos para a Atenção Básica. Essa compra ção do médico, tive vontade de matá-lo! Minha mãe, passou de 1.922 milhões de reais, em 2002, para 4.144 que nunca teve problema de depressão, recebeu do milhões. Não sei quanto está sendo gasto este ano. Sei 01636 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 que em 2004 gastavam‑se 30 milhões de reais com Este debate é da maior importância, Srs. Deputa- tuberculose e, segundo dados, 700 milhões de reais dos, senhores expositores e demais participantes deste para atender 180 mil pacientes portadores do HIV, por debate, pelos aspectos aqui já mencionados, como o causa das patentes e alto custo dos medicamentos. de que a saúde pública gasta muito em medicamentos. Para se ter uma idéia, em 2005, só para o custo E hoje temos um problema de financiamento da saú- hospitalar, foram repassados para Estados e municí- de pública no Brasil. Temos problemas gravíssimos no pios cerca de 12 bilhões de reais. Desse montante, Nordeste. Discutimos hoje a Emenda Constitucional nº 35% para aquisição de medicamentos. 29. O País não tem condições de sustentar gasto na Portanto, discutir assistência farmacêutica e ques- saúde pública como está previsto para o futuro. tão de patente é discutir se vamos encarar o medi- O segundo debate é sobre o direito ao desen- camento como mercadoria ou como um bem social. volvimento. O País tem direito ao desenvolvimento. Mesmo como mercadoria, deveríamos questionar por Duas visões dividiram os debates. Quero lembrar que que a inovação tem de ser considerada como algo de ninguém aqui é contra o direito de propriedade, nin- custo elevado. Por que na área tecnológica e em ou- guém combateu o direito de propriedade intelectual, tras áreas inovação significa, muitas vezes, redução todos são favoráveis. Há 2 visões que nos dividem: a de custos, e na saúde não? do direito de propriedade rígida e a da flexibilidade do Por fim, quero ressaltar que a assistência farma- direito de propriedade. cêutica é responsabilidade de todos nós. Hoje, o Con- Os que aqui defendem a visão rígida do direito selho Nacional de Saúde tem uma proposta de que de propriedade certamente se contrapõem à do direi- haja ampliação do acesso à assistência farmacêutica to de desenvolvimento. Essa visão rígida do direito de no SUS. É necessário que gestores invistam na ques- propriedade não é comungada no mundo inteiro. Inclu- tão da gestão da assistência farmacêutica. Não adianta sive, no que diz respeito a saúde, na Rodada Doha, a só comprar medicamento, ele tem de ser muito bem OMC adotou uma série de interpretações da sua fle- cuidado. Por isso é preciso profissionais farmacêuticos xibilização. Mas, surpreendem‑me algumas posições na rede administrando, coordenando, buscando o uso governamentais de rigidez no direito da propriedade racional do medicamento. E precisamos, sim, estar dis- que, a meu ver, advogam contra o interesse do desen- cutindo o custo do medicamento. Trinta e oito por cento volvimento nacional. da população brasileira só usa medicamento do SUS, Não é um debate do passado, é um debate do porque não tem condições de comprar medicamento presente e do futuro. Ainda quero voltar ao debate nem na Farmácia Popular. sobre estratégia e desenvolvimento. Stiglitz está pu- Trouxemos esses dados porque entendemos que blicando um livro. Na pauta de Stiglitz qual é um dos o medicamento é um bem social. Portanto, a questão aspectos do desenvolvimento? É exatamente a questão da patente deve ser encarada também observando‑se dos medicamentos, flexibilização do direito de proprie- o medicamento como instrumento de saúde pública, dade na área de medicamentos, sem deixar de levar um bem social. em consideração que se tem de financiar a pesquisa. Obrigada. (Palmas.) Agora, o mercado atual não permite mais que os po- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – vos em desenvolvimento e os pobres tenham direito Agradeço a participação à Dra. Marília Coelho Cunha, a medicamentos. representante do Conselho Nacional de Saúde. Também é importante dizer que a OMC incorpora Renovo nossos agradecimentos aos demais con- uma visão rígida de propriedade intelectual, na medida vidados, Dr. Gustavo de Freitas, Dr. Jorge de Paula, em que os países desenvolvidos já alcançaram capa- Dra. Ana Paula Soares, Dra. Renata Reis, Deputado cidade de produção, de desenvolvimento tecnológico. Ney Lopes, Dr. Dirceu Bras Barbano, Dr. João Carlos Como dizem, está chutando a escada: “Já adquirimos Storti e Dr. Rodrigo de Souza Pinheiro. esse direto, vocês não podem adquiri‑lo”. Para iniciar o debate, concedo a palavra ao De- Na nossa legislação – o nosso “filho”, como disse putado Paulo Teixeira. carinhosamente o Deputado Ney Lopes –, assumimos O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA – Obrigado, uma postura, e outros países assumiram outra. A Índia, Sr. Presidente. Por intermédio de V.Exa., cumprimento por exemplo, optou por transição de 11 anos. Qual o todos os presentes. resultado da postura indiana? Uma indústria nacional Deputado Pedro Wilson, quero dizer que é uma de fármacos. Inclusive, o Brasil importa fármacos gené- felicidade tê-lo como Presidente dessa Mesa. V.Exa. ricos da Índia. Qual foi a nossa postura? A aceitação de representa para nós o mesmo que representa a Dra. cerca de 1.100 remédios como patentários. Poderiam Marília, uma pessoa exemplar na vida pública. estar em domínio público. De 1.198, 816 patentes já Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01637 foram concedidas. É um crime o que foi feito aqui no Questiono aqui esses processos de reconhe- que se refere às patentes pipeline! É um crime! cimento de patente no mecanismo da pipeline. São Nós temos de questionar a constitucionalidade cerca de 800. O Estado brasileiro tem dificuldade para das pipeline. Advogou‑se contra os interesses do povo ser célere em inúmeras questões. Ora, que enorme brasileiro e contra os interesses do desenvolvimento. celeridade para conceder essas patentes! Ora, até quem tem uma visão mais rígida de patentes O que queremos discutir? O povo brasileiro tem reconheceu que as pipeline contrariaram o interesse 2 direitos na Constituição, e os contratos do povo da indústria farmacêutica brasileira, que se estava de- brasileiro têm que ser mantidos. O primeiro é o direi- senvolvendo. Ora, não há condição política nem cien- to universal à saúde, previsto nos arts. 194 a 196. O tífica de defender isso sob a égide da segurança dos segundo é o direito ao desenvolvimento. Sob a égide contratos. Os Estados Unidos foram condenados pela dessa dura legislação, não nos vamos desenvolver. O OMC porque dão subsídios ao algodão, no caso de uma Chile, que tem acordo de livre comércio com os Es- proposição que o Brasil já ganhou nessa organização. tados Unidos, tem uma legislação muito mais flexível Mas os Estados Unidos descumprem a decisão. que a nossa. Estamos aqui, então, renunciando a favorecer a O TRIPS não previa pipeline. Nós incluímos isso. saúde do povo brasileiro e o nosso desenvolvimento, Somos mais realistas que o rei ao prever pipeline. sob a égide de uma idealização de uma legislação Neste País 2 direitos precisam ser contemplados: que serve aos países que querem assegurar sua ri- o direito à saúde e o direito ao desenvolvimento. queza, o seu desenvolvimento, por meio da lei rígida Quero estabelecer um diálogo com o Sr. Jorge de patentes. Ávila, membro do Governo, já que o INPI é uma insti- Não estamos aqui discutindo o desrespeito à tuição governamental. Os discursos dos Ministérios da propriedade intelectual. Devemos adotar alguns en- Saúde e das Relações Exteriores vão numa direção. caminhamentos. Mas, antes de discuti-los, vou falar Já o discurso do INPI vai condenar precisamente ao sobre o diagnóstico. Não é possível não reconhecer atraso a indústria nacional farmacêutica. Surpreendi- que há oligopólios e monopólios na área de produção me. O INPI deveria abrir‑se ao questionamento. Por de medicamentos. Se não se reconhecer isso, fica‑se que o INPI não deixa que as entidades da sociedade nesse discurso de que o Brasil tem instrumentos como civil que fazem parte do Fórum Nacional de Saúde controle de preços. Ora, se o Brasil controlar preço participem das suas reuniões? de medicamento e a indústria não fornecer o medi- Quero discutir, Srs. Jorge Ávila e Gustavo Morais, camento, qual o instrumento que se tem para brigar a possibilidade da diminuição tributária citada por V.Sas. com a indústria farmacêutica? Não há alternativa de como instrumento. Se fizermos uma avaliação, vere- fornecimento. mos que há 30%, 40% de tributo no remédio. Como é Portanto, primeiro, temos de questionar a cons- que o povo brasileiro vai ter acesso a um remédio para titucionalidade dos artigos que previram as patentes combater câncer que custa 10 mil reais ou, sem os pipeline. Se não me engano, são os arts. 203 e 204. tributos, 6 mil reais? É possível tabelar o preço desse Temos que estimular o Estado brasileiro, o Governo, remédio? Há possibilidade de acesso à saúde? o Ministério Público, as entidades nacionais a ques- Concluo dizendo isto: há 2 visões, uma delas, tionar a constitucionalidade das pipeline, porque as a meu ver, atende ao desenvolvimento, a outra visão legislações a respeito desse tema estão em desacor- atende ao status quo, aquele da exclusão do povo bra- do com a Constituição brasileira. São abertamente sileiro da possibilidade de produzir remédio e de ter inconstitucionais, ilegais. Temos de fazer isso daqui acesso a ele. Essa é a minha preocupação. para frente. Em relação ao INPI, registro que farei questiona- Segundo, temos de estimular o Ministério da mentos mais duros, não apenas nesta reunião, mas Saúde a usar os mecanismos previstos na legislação durante meu mandato, por achar que V.Sas., como re- de patentes, como importação paralela, para fazer o presentantes de órgãos de Estado, têm de representar embate com a indústria de medicamentos. a sociedade brasileira. Quero saudar o Ministro Temporão e o Presidente Gostaria que V.Sas. explicassem se há a possi- Lula por terem quebrado a patente do Efavirenz. bilidade de qualquer entidade de âmbito nacional de Em terceiro lugar, destaco que o INPI precisa ser portadores de câncer ou do vírus da AIDS, por exem- transparente nesse debate, nesse questionamento. plo, questionar essas patentes. Como foi mostrado A posição desse instituto me pareceu alinhada. Pre- aqui, os remédios são caríssimos. Isso inclusive exigiu tendo que o INPI se alinhe mais ao desenvolvimento que o Brasil quebrasse a patente para fornecê-los ao nacional. povo brasileiro. 01638 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – Os aspectos econômicos, a meu ver, são os que Obrigado, Deputado Paulo Teixeira. V.Exa. rememora efetivamente justificam a patente. Dizem que a patente essa grande luta pelo direito à vida, ao desenvolvimen- é necessária para a divulgação do conhecimento. Sin- to, que pressupõe o direito à saúde. ceramente, não consigo admitir que esse seja o prin- Como V.Exa. citou de início 2 pessoas que partici- cipal objeto da patente de medicamentos. O principal param do debate, abro espaço para outras intervenções, objeto é, sim, o retorno econômico e a manutenção cada uma respeitando o limite de 2, 3 minutos. do domínio econômico, porque, sem dúvida, o retor- Inicialmente passarei a palavra ao Dr. Jorge Ávila e no se dá com prazo muito menor do que o concedido ao Dr. Gustavo Morais e, em seguida, aos demais mem- pelas patentes. bros da Mesa e aos que quiserem manifestar‑se. Parece-me, então, que esse debate é permanen- O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA – Deputado te, enquanto tivermos uma lei de patentes que permita Pedro Wilson, posso apresentar uma proposta? determinadas situações, como a que presenciamos. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Infelizmente, a questão da patente foi concedida com – Pois não. uma série de privilégios. Enfim, tais concessões não O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA – Como deveriam ter sido concedidas. Lutamos, à época, contra acho que outros gostariam de falar e que S.Sas. po- a instituição da lei de patentes para os medicamentos. dem responder em bloco as perguntas, sugiro ouvirmos Na impossibilidade disso, pelo menos não deveria ter antes os representantes das entidades. Depois S.Sas. sido feita da maneira como foi. Espero que este Parla- responderiam em bloco as perguntas e, inclusive, o mento possa ainda rever algumas questões relativas à meu questionamento. Lei de Patentes. Nunca é tarde. Se houve erro no pas- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) sado, nunca é tarde para esse erro ser revisto. – Como há apenas 2 Deputados aqui – V.Exa., que Enfim, faço um apelo não só em nome da cate- goria farmacêutica, mas da sociedade brasileira, para fez a proposta, e eu –, no máximo terminaria empa- que comecemos a pensar o medicamento como um tada a votação se eu votasse contra. Peço desculpas bem de saúde. Esta Casa tem essa obrigação, essa ao Sr. Barbano e aos demais presentes. Depois, se responsabilidade. Parabenizo todos os que pensam todos os citados quiserem usar da palavra, no final, dessa maneira e lutam, cada vez mais, nesse sentido. para encaminharmos, estejam à vontade. Todos con- Ao mesmo tempo, peço aos que ainda não têm essa cordam? (Pausa.) visão que reflitam profundamente. Esta, a meu ver, de- Algum representante de entidade gostaria de fa- veria ser a única maneira de vermos o medicamento zer uso da palavra? (Pausa.) e a saúde no País, não como mercadoria, não como Identifique-se, por favor, diga seu nome e o ór- ganho para monopólios, para meia dúzia de detentores gão que representa. A reunião está sendo gravada e desse poder no mundo, e sim como um bem social que filmada. atinja todos os brasileiros, não só os pobres. A SRA. CÉLIA CHAVES – Boa-tarde a todos. Essa é outra questão, muitas vezes há esse viés. Srs. Deputados, senhoras e senhores, meu nome Pelo preço que estão os medicamentos, principalmen- é Célia Chaves, sou Presidente da Federação Nacional te os excepcionais, nenhum brasileiro tem capacida- dos Farmacêuticos. de econômica de comprá-los. Isso realmente se torna Antes de mais nada, parabenizo os Deputados uma questão de soberania nacional, de segurança que propuseram a realização desta audiência públi- nacional. ca, que, sem dúvida, está mais do que na ordem do Eu não farei uma pergunta específica, porque já dia, apesar de alguns acharem que ela está ultrapas- foram feitas muitas. Talvez eu fizesse uma pergunta para sada. o representante do INPI, que me parece que destoou A maioria das exposições aqui apresentadas mos- dos demais representantes do Governo. Mas acho que trou que ainda estamos sofrendo não só em relação às essa pergunta já foi feita, e eu a referendo. patentes concedidas no caso pipeline. Na realidade, Enfim, faço um apelo a esta Casa para que re- estamos sofrendo todo o processo advindo da ques- pense todas essas questões. tão do patenteamento dos medicamentos. A maioria Muito obrigada. das pessoas que fizeram tal menção apontou muito O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) bem as questões éticas, econômicas, legais, sociais – Agradeço à representante da associação dos far- e, principalmente, as ligadas à saúde, mostrando que macêuticos. o medicamento não pode ser considerado uma mer- Peço ao próximo orador que se identifique, por cadoria como outra qualquer. favor. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01639 O SR. CARLOS PASSARELLI – Meu nome é uma conta muito alta pela defesa da propriedade in- Carlos Passarelli, sou responsável pela Assessoria de telectual. Estou dando um único exemplo, o Dr. Dirceu Cooperação Internacional do Programa Nacional de pode dar outros. DST e AIDS do Ministério da Saúde e fui Diretor‑Ad- Eu gostaria de lembrar que a patente do Efavirenz junto desse programa até maio deste ano. é uma patente pipeline. E existem na lei brasileira – é Não tenho uma pergunta a apresentar, mas que- um pouco diferente do que o ex‑Deputado Ney Lopes ro fazer alguns comentários para esclarecer alguns falou – vários requisitos para licenciamento compulsório. pontos apontados em algumas apresentações que, O Governo brasileiro, neste caso, optou pelo interesse parece‑me, obscureceram um pouco as razões de público, que está previsto no art. 71. estarmos aqui. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Antes eu gostaria de parabenizar a Casa, na pes- – Obrigado pela participação. soa do Sr. Presidente, pela iniciativa desta audiência, Estão inscritos o Dr. Jorge, o Dr. Gustavo, o Dr. na medida em que ela pode trazer luzes para corrigir Barbano. alguns erros na nossa legislação. Essa correção impli- Vou passar a palavra ao Dr. Jorge de Paula, pe- ca maior benefício para a população brasileira no que dindo a todos que já considerem o encerramento desta diz respeito à saúde pública. audiência, que, levando‑se em conta as exposições A Comissão de Propriedade Intelectual e Ino- e, agora, as contribuições de outros participantes, já vação em Saúde Pública da Organização Mundial da alcança com êxito o seu objeto, que é o debate e o Saúde reconheceu em relatório que as patentes têm, aprofundamento dessa questão tão importante para a sim, um impacto no preço de medicamentos. Reco- população brasileira, não só nessas áreas que estamos nhece também que o sistema vigente de proteção à discutindo aqui, relativas a AIDS, câncer, tuberculose, propriedade intelectual não redunda, necessariamente, malária, mas principalmente na dos chamados doen- em inovação, principalmente para as doenças que afe- tes crônicos, dos renais crônicos, dos transplantados, tam países em desenvolvimento. Então, algumas afir- que em cada Capital de cada Estado têm problema mações aqui feitas de que patente e preço não estão sério de acesso a remédio. Menciono a discussão vinculados, de que patente promove necessariamen- sobre remédios com nome de fantasia e genéricos. te a inovação científica e tecnológica são mentirosas Nesse caso, existe até uma discussão ideológica. ou não são comprovadas, segundo especialistas das Questiona‑se até mesmo se tem o remédio genérico mais diversas ordens. efetividade farmacêutica. Outra questão importante é que a Declaração Com a palavra o Dr. Jorge de Paula. de Doha foi assinada pelos países membros, como o O SR. JORGE DE PAULA COSTA ÁVILA – De- Brasil, justamente a partir do reconhecimento de que putado, eu agradeço o seu questionamento, que nos o sistema atual de proteção intelectual tem impacto no dá oportunidade de falar com um pouco mais de calma acesso aos medicamentos. Reconhece-se na Declara- sobre o que temos feito nesse sentido no INPI. ção de Doha que a proteção à propriedade intelectual De fato, o INPI durante muitos anos, provavel- impacta negativamente o acesso e positivamente os mente desde o período da discussão da Lei de Paten- preços, ou seja, diminui a possibilidade de acesso e tes, alheou‑se, em grande medida, de todos os atores aumenta os preços. sociais e mesmo dos atores que conduziam a política Vivemos isso no dia-a-dia do Programa Nacional brasileira de inovação. No começo deste Governo, eu de AIDS. E não foi por outro motivo que o Governo bra- tive a honra de coordenar um grupo de trabalho para sileiro lançou mão da decisão de licenciar compulso- fazer um diagnóstico da situação do INPI, e a principal riamente o medicamento Efavirenz em maio deste ano, constatação a que pudemos chegar, ao lado da evi- considerando que o preço praticado pelo laboratório dente ineficiência do INPI, foi o seu isolamento total era insustentável para o Programa Nacional de AIDS. dentro do aparelho do Estado brasileiro. A justificativa para o preço era justamente o retorno Então, esse diagnóstico foi apresentado. Eu tive do investimento na inovação. a oportunidade de ser nomeado Vice-Presidente do A decisão do Governo brasileiro redundou numa Instituto. Roberto Jaguaribe foi nomeado Presidente. economia da ordem de 30 milhões de dólares somente Ele acumulava a função de Secretário de Tecnologia em 2007. Até 2012, será algo em torno de 200 milhões Industrial no Ministério. Nós começamos a atuar em 2 de dólares. Não dá para termos um raciocínio simplis- frentes: uma para reequipar o INPI do ponto de vista ta e dizermos: vamos proteger tudo, porque isso não humano e material, para que ele pudesse exercer o tem nada a ver com preço, não tem nada a ver com seu papel com mais qualidade e com mais eficiência, acesso. Tem, sim. O Governo brasileiro está pagando e outra para articular o INPI no Sistema Nacional de 01640 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Inovação, no sistema do Estado brasileiro de manei- do, como o Zimbabwe, onde não há nenhum tipo de ra geral. avanço científico e tecnológico e onde, seguramente, Isso se deu no mesmo momento em que surgia todos os direitos de propriedade intelectual deveriam no plano internacional a oportunidade de o Brasil levar ser excepcionalizados. E há países em situação difícil a discussão, que até então tinha ficado restrita à área de definir. Os principais exemplos são, provavelmente, da saúde pública, em Doha, para um cenário mais am- Índia, China, Brasil, Rússia, África do Sul e algumas plo sobre o impacto social da propriedade intelectual. economias em transição do Leste da Europa. Nessas Eu tive a honra de participar de maneira muito ativa situações, não é absolutamente claro se devemos da elaboração dos primeiros documentos que foram ter um comportamento como o dos Estados Unidos, encaminhados pelo Brasil à Organização Mundial da como o dos países menos desenvolvidos ou se deve- Propriedade Intelectual, questionando justamente o mos perseguir o equilíbrio entre essas 2 possibilida- isolamento do Sistema de Propriedade Intelectual com des extremas. relação às demandas sociais. A posição a que o debate tem nos levado é a de A busca dessa maior articulação é meta desta que se deve buscar o equilíbrio. Um exemplo disso é a gestão do INPI tanto no plano interno, nacional, quanto biotecnologia. O Brasil, diferente de muitos outros pa- no plano internacional. Agora, isso ocorre no contexto íses em desenvolvimento, tem investimento acumula- de articulação do INPI com o conjunto de entidades do bastante considerável em ciência e tecnologia, em que trabalham no desenvolvimento. Nós refizemos o particular nas ciências biológicas. Esse conhecimento plano estratégico do INPI. A missão do INPI é atrelada pode ser posto a serviço dos brasileiros, do desenvol- umbilicalmente ao desenvolvimento. Somos partidários vimento nacional e do bem-estar da humanidade, de de uma ação ativa do Estado na promoção do desen- maneira mais ampla. Para que isso aconteça é preci- volvimento, diferentemente de outras correntes, que so que o regime de apropriação e a possibilidade de acreditam que o mercado possa resolver as questões transferência desse conhecimento para as empresas sozinho. Entendemos que, dos mecanismos da promo- ocorra em nosso País de maneira fluida, fácil e moti- ção do desenvolvimento, a propriedade intelectual é vadora. Sem isso, o conhecimento dos brasileiros vai um dos principais. Então, é um instrumento do Estado ficar na prateleira, em detrimento do desenvolvimen- na promoção do desenvolvimento econômico e da ino- to brasileiro e mundial, que poderia se beneficiar dos vação. E, como tal, deve ser utilizado. O desafio é com- avanços da biotecnologia na saúde, na agricultura e preender como equilibrar as diferentes demandas que em inúmeros outros campos da vida social. convergem para o Sistema de Propriedade Intelectual. Então, a gente tem buscado efetivamente esse Esse é um problema no mundo inteiro e particularmen- equilíbrio, num país onde, por tradição, ainda encon- te crítico nos países em desenvolvimento. tramos um preconceito muito grande quanto ao papel Eu acabo de voltar da Índia. Fui convidado pelo da propriedade intelectual dentre os instrumentos de Governo indiano e pela Organização Mundial da Pro- desenvolvimento. priedade Intelectual para fazer uma apresentação so- Lembro que, quando o Deputado Roberto Freire bre o que significa uma frase, em princípio, misteriosa apresentou o projeto de lei de inovação, fez um discur- na agenda para o desenvolvimento: “ajustar o sistema so dizendo que, como comunista histórico, tinha todo de propriedade intelectual aos diferentes estágios de tipo de prevenção contra a propriedade intelectual. desenvolvimento dos países”. Então, mergulhar nes- Foi quando se expôs a um debate na França sobre a sa pergunta e nas possibilidades de resposta é o que necessidade de o Estado apoiar os atores privados temos feito no INPI, com a participação da academia, e contar com o instrumento privado para promover o de maneira muito ampla. Tive, pessoalmente, a oportu- bem-estar, o avanço da técnica e o crescimento das nidade de organizar com um professor da Universida- empresas, que ele pôde compreender o papel da pro- de de Colúmbia, um debate internacional sobre esse priedade intelectual. tema. Estamos radicalmente abertos à discussão do O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA – Posso que isso significa. fazer uma pergunta a V.Exa.? Tive a oportunidade de discutir isso na África. O SR. JORGE DE PAULA COSTA ÁVILA – Pois “Ajustar a diferentes estágios de desenvolvimento” não. equivale a dizer que há países, como os Estados Uni- O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA – Este é dos e a Bélgica, onde o sistema de propriedade inte- um debate necessário, mas ouvi de usuários, de enti- lectual é absolutamente rígido, com direitos muito bem dades de portadores de doenças crônicas, que foram constituídos e muito amplos – é a melhor opção. Há retirados, impedidos de participar do debate do INPI. os chamados LDC, os menos desenvolvidos do mun- Não sei se podemos comprovar isso. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01641 Estamos discutindo o papel das agências. Vimos O SR. JORGE DE PAULA COSTA ÁVILA – Está aí todos os problemas que tivemos com a agência ali a Eliane, uma das biólogas químicas do INPI. aérea, a ANAC, a captura pelo interesse econômico A SRA. ELIANE LAGE – Sr. Presidente, eu gos- daqueles que deveriam regular. Causa-me estranheza taria também de um aparte, já que fui envolvida. não ouvir entidades de portadores de doenças crônicas A SRA. RENATA REIS – Obviamente, sabemos num debate sobre o licenciamento. Então, queria fazer que essas reuniões não eram uma consulta pública. A essa pergunta, já que aqui procurei ver se esse fato é consulta pública foi disponibilizada no site através de verdadeiro e me foi confirmado que eles foram impedi- e-mail – “Faça as suas contribuições através do e-mail dos de participar de debate sobre licenciamento. [email protected]”. O SR. JORGE DE PAULA COSTA ÁVILA – Pos- Esse é outro problema, porque acreditamos que so comentar, Deputado? uma consulta pública não é feita através de e-mail. Está Primeiro, o debate com a ABIA, em particular, a aberta no site como consulta pública, e temos acesso gente trava desde o primeiro momento em que cheguei ao INPI pelo que está no site. A questão é: soubemos ao INPI. Tive a oportunidade de receber o Dr. Passarelli, que estavam acontecendo reuniões no INPI, que, cla- na ocasião um dos diretores da ABIA, e o Dr. Veriano. ro, tem toda a liberdade de convidar quem quiser para Temos conversado, por exemplo, com o Médicos sem discutir questões ligadas ao interesse do órgão, mas Fronteiras desde o primeiro momento. entendemos que a discussão sobre diretrizes é muito Depois me relataram esse episódio e, segundo o importante para a sociedade em geral. Ligamos para relato que recebi, parece que havia a intenção de fazer o INPI e solicitamos ingresso em uma das reuniões, um debate com um grupo de advogados. Foram me e a diretora de patentes me informou que eu pessoal- contar a versão, enfim, se não for exatamente assim, mente não poderia ir porque era advogada. Foi essa me corrijam. Não advogo que tenhamos agido correta- a justificativa. mente o tempo todo, em todos os momentos. Acredito e Realmente entendemos isso como cerceamento advogo que as pessoas têm agido com a melhor inten- de direito. Havia advogados de escritórios que repre- ção, que os funcionários do INPI que conduzem essa sentam a indústria, como, por exemplo, o Dr. Jorge discussão não são, Deputado, de maneira nenhuma, Raimundo, com quem estive em outro evento, e ele aprisionados por interesses econômicos. comentou que estava na reunião. Por que não os ou- Quem estava nesse debate eram biólogos far- tros? Não entendemos por que a sociedade civil não macêuticos, representantes da Associação Brasileira pode ser ouvida no momento em que se vão discutir das Indústrias de Química Fina – ABIFINA, que, em as diretrizes para abertura de consulta pública. En- geral, são fabricantes de genéricos e representam o tendemos que esse é um assunto da sociedade civil, pensamento mais tradicional da indústria brasileira de sim. Gostaríamos que essas consultas fossem mais medicamentos; o representante da INTERFARMA, in- abertas e mais amplas. dústria de inovação e, em sua maioria, empresas mul- Como, infelizmente, não tivemos acesso, porque tinacionais; a ANALAC, que representa os laboratórios eu era advogada, pedi a uma farmacêutica que trabalha nacionais de pesquisa; e a Fundação Oswaldo Cruz. comigo que fosse ao evento. Ela foi à primeira consulta. Então, o sistema público de pesquisa, o sistema Mas foi realmente uma situação muito constrangedora privado de pesquisa, as empresas privadas nacionais e porque não nos sentimos bem-vindos naquele encontro, as estrangeiras estavam num debate que ainda não é a tendo em vista o problema anteriormente citado. consulta pública. Qual foi a nossa constatação? O INPI O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – tinha um conjunto de práticas que eram vistas pela so- Acho que é uma questão que podemos esclarecer. ciedade como uma caixa-preta – essa é a constatação Já ocorreu na CTNBio, quer dizer, em outras anterior. Então, vamos abrir essa caixa-preta, entender áreas, a necessidade da publicização do debate e do quais princípios estão organizados, quais princípios acesso das organizações interessadas. Parece-me que estão regendo essa organização, vamos colocar isso é uma questão talvez não de se contrapor, mas de se no papel e fazer uma consulta pública. ter acesso para inclusive participar do debate. O momento em que essa reunião ocorre não é o Estamos meio anárquicos. Teve aqui a palavra, da consulta pública, mas de preparação do documento para identificação, o Deputado Paulo Teixeira, o Dr. para consulta pública. Os técnicos do INPI entende- Jorge Ávila, a Dra. Renata Reis. Está inscrita a Dra. ram por bem convidar... Se não me engano, a própria Eliane Lage e alguém mais está se inscrevendo. Vou ABIA foi convidada... fazer uma meia subversão aqui na ordem, e depois A SRA. RENATA REIS – Não. Não foi, não. retornamos para ouvir os demais. 01642 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Com a palavra a Dra. Eliane Lage. Identifique- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) se, por favor. – Com a palavra o Dr. Ronaldo Pires, da INTERFAR- A SRA. ELIANE LAGE – Sou servidora pública, MA. Chefe da Divisão de Química, que trata da área farma- Falou agora a Dra. Eliane Lage, que levanta um cêutica. Realmente estou coordenando, junto com a tema para outra audiência: a questão ideológica, técni- responsável pela área, esses encontros. A idéia, des- ca e... (Risos.) O Deputado Ney Lopes sabe como voa de o início, foi que houvesse uma discussão técnica. a discussão nesta Casa, mas acho que a audiência é Não há a menor condição de se fazer uma discussão para isto: esclarecer os temas, colocá-los à mesa. técnica num auditório cheio. Então, no que pensa- Peço desculpas, mas precisamos também cami- mos? Como foi a primeira vez que nos posicionamos nhar para o encerramento. no sentido de fazer uma abertura para trabalhar junto Vou conceder a palavra ao Dr. Ronaldo e depois com a sociedade as diretrizes do INPI, cometemos volto ao Dr. Jorge, ao Dr. Gustavo, à Dra. Marília e ao diversos erros, até talvez em nomes. Por exemplo, a Dr. Bernardo Barbano. Por favor, identifiquem-se. idéia era fazer 3 reuniões, e essa idéia permanece, O SR. RONALDO LUIZ PIRES – É apenas um com convidados que pudessem levar contribuições esclarecimento. Meu nome é Ronaldo, sou advogado técnicas. Tem participado a ANVISA e vários órgãos. da INTERFARMA e farei apenas um pronunciamento Como diz o Dr. Ávila, todos têm participado no sentido em defesa do INPI. da contribuição técnica. Depois desses subsídios, nós, Eu também, advogado da INTERFARMA, não técnicos do INPI, porque essa é a nossa atribuição, engenheiro químico, não químico de única formação, faríamos uma primeira minuta a ser publicada e que tive o meu pedido de inscrição negado. Também não iria à consulta pública. pude participar. Então – eu me sinto na obrigação de Ficamos imaginando como poderíamos fazer isso falar –, também não fiquei contente com a decisão, e abrimos o site do INPI às contribuições daqueles que mas não foi uma postura do INPI exclusivamente vol- não puderam estar presentes nessa primeira etapa. Por tada para a entidade “A”, “B” ou “C”. Nós também, da isso, abrimos via e-mail para recebermos contribuições, INTERFARMA, não pudemos participar. Só isso. não ideológicas, mas técnicas. Houve talvez uma difi- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) culdade de entendimento entre as partes. – Obrigado, Dr. Ronaldo. Num terceiro momento, discutiríamos interna- Com a palavra o Dr. Jorge. mente no INPI qual seria a diretriz proposta e, aí sim, O SR. JORGE DE PAULA COSTA ÁVILA – É só abriríamos uma consulta pública. Pretendemos fazer para dar um pouco mais de clareza a um ponto citado correções para daqui para a frente trabalharmos den- pela Eliane e que acho que provocou certo espanto, tro dessa linha. quando ela citou a palavra ideológica. Na verdade, o Quando fizemos uma primeira proposta para tor- debate estritamente técnico é um debate centrado em nar o processo o mais transparente possível, criou-se entender do ponto de vista técnico se se justifica ou um tumulto desnecessário. O objetivo não era esse, não a patente. Quer dizer, se há esforço técnico en- mas ser transparente na discussão. Quando apareceu o volvido em determinado tipo de desenvolvimento ou pessoal da ABIA para discutir, a menina me disse que: se não há esforço técnico envolvido e, nesse caso, a “Na próxima reunião vamos trazer os nossos advogados patente é prescindível. Ela será concedida no caso de porque eu acho que tinha um advogado presente”. a lei assegurar essa patente. Mas, do ponto de vista (Intervenção fora do microfone. Inaudível.) econômico e técnico, a patente é absolutamente ne- A SRA. ELIANE LAGE – Bom, havia advogados cessária se há um esforço técnico custoso envolvido presentes, mas vocês têm que entender que diversos naquele desenvolvimento. advogados da área de propriedade industrial também Nós não temos absolutamente nada contra a ex- são químicos. É uma coisa que talvez vocês tenham pansão. Pelo contrário, acho que o técnico é menor do que levantar para ver que muitos desses advoga- que – e eu não usaria a palavra ideológico – o político. dos presentes tinham uma formação dupla e tinham Ou seja, para além de uma certa convicção técnica, como contribuir. Agora, se a ABIA ou qualquer outra acho que há razão de ordem maior que precisa ser entidade tem contribuições técnicas – é essa a nossa considerada. Este é o momento da audiência pública. dificuldade, porque somos técnicos e não advogados Eu devo registrar que o Ministério da Saúde me pediu – para discutir, nós vamos fazê-lo, porque é difícil dis- um procedimento parcimonioso na condução da audiên- cutir uma questão técnica com advogados. É essa a cia pública, para que houvesse aprofundamento maior nossa posição. dentro do Governo da discussão antes de abri-la para Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01643 o público de maneira geral. Então, a audiência pública Primeiro, não sou representante da indústria, não teve o seu cronograma um pouco atrasado. sou economista, sequer sou advogado tributarista. Sou Agora eu acho que isso é natural. O Governo pre- um humilde advogado na área de propriedade intelec- cisa se coordenar internamente de maneira um pouco tual. E, como tal, um estudioso. Há mais de 20 anos mais clara num assunto que é muito controverso. Então, trabalho no tema e, obviamente, tenho certa afeição não há nenhuma intenção de impedir a participação com o funcionamento do sistema. Gostaria até de abs- de quem quer que seja. trair um pouco o tema patente da questão específica Em minha defesa própria e dos técnicos do INPI, dos medicamentos, porque várias das observações devo dizer que o INPI, pela primeira vez, colocou em feitas aqui me parecem uma crítica, uma perplexidade discussão as suas diretrizes. As diretrizes do INPI genérica com o sistema de patentes. E aí eu chego nunca tiveram nenhum tipo de discussão pública; era ao ponto ao qual gostaria de me ater, que é o fato de discussão zero. Então, eu peço perdão por uma certa que isso está na lei. falta de jeito da nossa parte, dos técnicos, pela falta de A lei foi aprovada – e me parece que sem vícios experiência da instituição com esse tipo de coisa. Agora aparentes – por esta própria Casa. A patente pipeli- eu gostaria que fosse reconhecido que é um esforço ne constava do projeto de lei original – corrija-me o sincero de abrir um debate que nunca houve. ex-Deputado Ney Lopes, se eu estiver enganado. A O INPI não fez o primeiro planejamento estratégi- questão da pipeline estava lá desde o início. Vi o his- co. Se não me engano esse é o terceiro. E nenhum pla- tórico legislativo, a quantidade de emendas que foram nejamento estratégico esteve aberto ao público, desde propostas tratando daquele artigo específico – inicial- o seu primeiro momento, como o nosso, que está na mente era o art. 198 e depois mudou para o 230. Não Internet, aceitando contribuições até hoje. E qualquer participei ativamente do processo, porque era muito pessoa que tenha interesse em conversar conosco, em novo no escritório naquela época, mas me parece que particular com o presidente, com os diretores, é muito o assunto foi bastante debatido. bem-vindo em qualquer momento. Quanto ao INPI ter concedido... O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA – Presi- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) dente, V.Exa. me permite só um minuto? – Permita-me uma interrupção. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – O ex-Deputado Ney Lopes viajará agora para Pois não. Tem a palavra o Deputado Paulo Teixeira. Natal e precisa sair. Gostaria de agradecer muitíssimo O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA – Se um a S.Sa., em nome da Comissão de Direitos Humanos advogado de uma associação de empresas estrangei- e Minorias, em meu nome e no dos Deputados Luiz ras pode discutir o aspecto técnico, uma advogada de Couto, Paulo Teixeira e outros, a presença e a contri- uma associação de usuários ou portadores de doenças buição. Muito obrigado. Estamos sempre a sua dispo- crônicas, que atua no meio, poderia também, porque sição aqui. Parabéns pela contribuição. esse termo “técnico” pode ser lido de inúmeras manei- Volto a palavra ao Dr. Gustavo de Freitas Morais. ras, assim como os termos “político” e “econômico”. O SR. GUSTAVO DE FREITAS MORAIS – Obri- Então, eu só queria dizer que esse corte pode excluir gado. Já estou encerrando. quem deveria estar dentro e colocar dentro quem, Quanto às estatísticas que mencionei, parece- eventualmente, poderia estar fora. me que não restava outra coisa ao INPI, atendidos O SR. JORGE DE PAULA COSTA ÁVILA – Eu os requisitos expressos nos arts. 230 e 231, senão acho que isso para nós funciona como um aprendiza- conceder aquelas patentes pipeline, sob pena de, aí do. Precisamos tomar um pouquinho mais de cuidado sim, cometer um crime ao não atender à lei no que no desenho dessas consultas. ela mandava. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – Mais uma vez, tenho de unir-me aos parabéns Obrigado, Dr. Jorge e Deputado Paulo Teixeira. dados a esta Casa, aos Deputados que propuseram Peço aos próximos oradores que observassem este debate. Nesta Casa, caixa de ressonância da so- o tempo. As últimas pessoas a falar enfrentam 2 pro- ciedade, parece-me que está clara certa perplexida- blemas: um é que todo mundo já falou tudo; o outro é de da própria sociedade brasileira com o sistema de que vai diminuindo o tempo. patentes, neste momento de globalização, em que a Passo a palavra ao Dr. Gustavo de Freitas. tecnologia avança nas nossas vidas. Sim, há um mo- O SR. GUSTAVO DE FREITAS MORAIS – Mui- mento, de curta duração, em que há exclusividade, e to obrigado. Já que o meu nome foi citado pelo nobre isso certamente cria tensões. Obviamente, temos de Deputado Paulo Teixeira, eu gostaria de mencionar debater isso e adequar-nos, sempre dentro da lei. alguns pontos rapidamente. Muito obrigado. 01644 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – para depois descobrir, entre as mil, aquela que porven- Obrigado ao Dr. Gustavo de Freitas Morais. tura não matava as pessoas e que poderia ter efeito Passo a palavra ao Dr. Dirceu Bras Aparecido farmacológico e ser usada como medicamento. Isso Barbano, Diretor do Departamento de Assistência Far- custava muito caro mesmo; gastava-se muito. Hoje, a macêutica do Ministério da Saúde. tecnologia de desenvolvimento de fármacos trabalha O SR. DIRCEU BRAS APARECIDO BARBANO num ambiente virtual de modelagem molecular fei- – Só vou lembrar uma questão emblemática. No ato do ta em computador, onde o tiro é muito mais certeiro. licenciamento compulsório, na assinatura do decreto, Ninguém tem grandes laboratórios. Trabalha-se com o Presidente da República disse que o seu Governo grandes softwares, grandes sistemas, que, na mode- sempre estará, em situações de conflito, ao lado do lagem molecular, indicam as alterações das moléculas interesse público. e o que se pode fazer para que elas se transformem Nós, do Ministério da Saúde, não temos outra de maneira muito mais rápida em medicamento. É um orientação, senão a daquele que é o Primeiro Man- mito dizer que se gasta 1 bilhão de dólares para se datário da Nação, eleito pela expressiva maioria da desenvolver um novo medicamento. população para conduzir o País e que o vem fazendo Em relação à carga tributária, já temos no Brasil com todo o respeito e cuidado. Acho que não temos uma lista de isenção. E o nosso Governo criou inclusi- que discutir aqui qual é a orientação do Governo nes- ve a lista da isenção de PIS/COFINS há pouco tempo. se sentido. A orientação é essa. Há imensa gama de medicamentos para oncologia e De outro lado – e fico triste com o fato de que o para doenças raras já isentos de impostos. ex-Deputado Ney Lopes tenha saído –, vou registrar Em relação à questão que o Deputado Paulo Tei- outros 2 pontos muito rapidamente. Primeiro, é claro xeira levanta, monopólio é monopólio, e aí vale o quanto que a sociedade toda reconhece o papel importante que custa. No debate entre quem tem um produto essencial o ex-Deputado Ney Lopes cumpriu naquele momento. à vida das pessoas e que diz: “Este é o meu preço”, Ele conduziu a votação de um projeto de lei realmente onde ficamos? E se ele disser: “Eu não comercializo polêmico, difícil e que, naquele momento, traduzia um a esse preço?”. O próprio Jorge disse que, se não ti- embate muito grande entre um sentimento muito libe- véssemos a lei, o que seria das pesquisas que foram ral, aliado ao entendimento de que a Lei de Patentes feitas, dos medicamentos desenvolvidos? Será que era uma saída para o desenvolvimento do País, e o viriam para o Brasil? Mas num ambiente de fragilidade entendimento de uma série de pessoas no sentido de de quem compra, estamos quase na mesma posição. que tínhamos de encontrar equilíbrio maior para re- Quem vende pode dizer: “Não vou vender”. O que se conhecer o grau de desenvolvimento do nosso País. deve discutir objetivamente é o significado da patente Uma lei que não reconhecesse isso poderia implicar na área de medicamentos. Isso é o importante. conseqüências negativas, principalmente em áreas Uma última questão que também acho emblemá- emblemáticas, como biotecnologia, saúde etc. tica é o fato de se dizer que o chá de quebra-pedra, Eu, na condição de pai, posso dizer que, quan- por exemplo, não será patenteado. Mas as moléculas do um filho nasce, sempre achamos que seus feitos do quebra-pedra e de mais uma infinidade de plantas todos farão bem à sociedade. Depois, eles crescem da nossa biodiversidade que estão sendo extraídas ile- e só o tempo mesmo pode dizer se eles foram filhos galmente da Floresta Amazônica, do Cerrado, da Zona que produziram apenas bondade ou se, em algum da Mata, no Nordeste, estão sendo levadas embora e momento da vida, produziram alguma coisa que não depois patenteadas, se não lá fora, aqui mesmo, com deu certo. Acho que o ex-Deputado Ney Lopes tem um debate intenso no Conselho de Gestão do Patri- de reconhecer, como fazemos com os nossos filhos, mônio Genético. De fato, a patente é um prestígio à os defeitos que os filhos muitas vezes desenvolvem inteligência, mas também gera iniqüidades importan- ao longo do tempo e que, por conseqüência, acabam tes, e temos de reconhecer isso. se traduzindo não apenas em atos que geram coisas O Governo não combate a propriedade industrial boas às pessoas. – o Jorge foi muito feliz na sua consideração em rela- Nesse sentido, como o ex-Deputado usou o ter- ção a isso – e não estimula a pirataria. O ex-Deputado mo “mistificação”, vou usar o termo “desmitificação”. O Ney Lopes escreveu um artigo num jornal de grande primeiro mito é o de que se gasta 1 bilhão de dólares circulação dizendo isso. Na verdade, o Governo tem para se desenvolver um medicamento novo. Sou ex- financiado institutos de pesquisa. Li num jornal da mi- professor universitário, fiz pesquisa na área de medi- nha cidade, São Carlos, no interior de São Paulo, que camentos e por isso posso dizer que isso é da época aquela é a cidade que mais pede patentes no Brasil. em que tínhamos de sintetizar mil moléculas diferentes Lá está a USP, a Universidade Federal. Se temos mais Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01645 patentes sendo pedidas hoje é porque voltamos a ter ativismo e luta contra a violência à mulher em todo o universidade pública com corpo docente capaz, sufi- Brasil. ciente, com espaço para fazer pesquisa e ensino. Isso A SRA. MARÍLIA COELHO CUNHA – Eu gostaria quem está fazendo é o Governo. Portanto não estimu- de esclarecer, primeiro, que quem produz medicamento lamos a pirataria. contra a tuberculose no Brasil são somente os labora- Quando fizemos o licenciamento compulsório, tórios oficiais, públicos, e que só existe medicamento adotamos uma medida muito cirúrgica num caso muito para tuberculose na rede SUS. emblemático, porque a prática do Governo para baixar Também gostaria de informar que, até 2004, 83% custo de medicamentos é fazer compra inteligente e dos medicamentos utilizados no programa da AIDS negociar à exaustão com as empresas. Hoje temos no- eram fabricados pelos laboratórios oficiais, e foi isso toriedade no mundo todo como um Governo que nego- o que garantiu o êxito do programa. Os 83% dos me- cia de forma efetiva, sem ceder às pressões de âmbito dicamentos produzidos por esses laboratórios consu- meramente econômico da indústria farmacêutica. miam 30% dos custos totais do programa, e os 70% O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – restantes ficavam com os medicamentos patenteados. Obrigado ao Dr. Dirceu Bras Aparecido Barbano pela Portanto cerca de 70% desses 700 milhões de reais sua contribuição. se concentram em um grupo muito pequeno de medi- Quero apenas registrar que, quando usamos as camentos, produzidos em quantidades pequenas, os palavras “técnico”, “ideológico”, “político” e quando se medicamentos patenteados. Ou seja, é grave o pro- diz: “Não sou político, sou técnico, sou ideológico” é blema da patente. porque houve e há uma discussão muito forte na Casa. Na condição de membro do Conselho Nacional Uma notícia desta semana sobre uma descoberta gerou de Saúde, eu gostaria de fazer uma sugestão. Um dos o esvaziamento de um debate. Havia um debate sobre pilares da Lei Orgânica da Saúde é a questão do con- trole social, que realmente existe. Não é o Executivo células-tronco, com o aspecto religioso. Saiu a notícia de quem indica os representantes dos Conselhos Muni- que não é preciso mais células-tronco e que as células cipais e Estaduais e do Conselho Nacional de Saúde, da pele valem. Vi um Deputado muito religioso dizer: o Executivo indica o gestor e 25% dos conselhos. Ou- “Acho que dessa nós nos livramos”. (Risos.) tros 25% são integrados por trabalhadores da área da Agradeço ao Jorge, que também tem de viajar. saúde, e 50% são usuários. Uma coisa está clara para nós: temos de fazer Não sei por que o Governo fica buscando ou- essa discussão com mais representação da socieda- tras alternativas. Não entendo por que o Conselho de. Acho que ninguém pode negar isso. Nacional de Educação não admite que os conselhos Tem a palavra a Renata Reis. Por último falará de profissões regulamentadas tratem da questão da a Dra. Marília. regulamentação de cursos. Não consigo entender por A SRA. RENATA REIS – Eu só queria fazer o co- que órgãos do Governo Federal têm dificuldades de municado de que nós da REBRIP, juntamente com a discutir com a sociedade organizada, se esse é um Federação Nacional de Farmacêuticos, estamos indo dos principais instrumentos de avanço da democracia agora à Procuradoria-Geral da República, para entre- e da liberdade de um povo. gar uma representação, pedindo ao Procurador-Geral Sou técnica, farmacêutica com 5 especializações que ingresse com uma Ação Direta de Inconstitucio- e mestrado, e não consigo compreender a alegação da nalidade contra as patentes pipeline. discussão técnica. Não existe discussão técnica sem O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) discussão política. Não é mais possível ao Governo, – Gostaria de solicitar uma cópia para a Comissão de hoje, não admitir a discussão com o usuário em várias Direitos Humanos e Minorias. áreas e setores. A SRA. RENATA REIS – É fruto do trabalho téc- Sou diretora-executiva do sindicato dos servi- nico, político, ideológico, sensível e emocional de um dores das agências reguladoras, que promoveu, na grupo que acredita que esse mecanismo feriu a Cons- semana passada, um seminário sobre Estado e re- tituição brasileira. Portanto gostaríamos de contar com gulação. Na condição de profissionais e técnicos não o apoio desta Casa para que o Procurador-Geral apre- aceitamos mais que a regulação seja capturada pelo sente essa ação junto ao Supremo Tribunal Federal. setor regulado. Precisamos de regulação, mas não a O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – que foi criada no Governo do Sr. Fernando Henrique Agradeço à Dra. Renata Reis a participação. Cardoso. Precisamos de uma regulação em que o Es- Concedo a palavra à Dra. Marília Cunha, antes tado garanta o controle para a sociedade, bem como homenageando todas as mulheres pelos 16 dias de o equilíbrio entre o conveniado e o convenente. Além 01646 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 disso, esperamos que os contratos sejam cumpridos, possibilidade de acesso a medicamentos para garantir observando-se a questão social. qualidade de vida. Talvez exista também inquietação Já pensaram se a ANVISA ouvisse apenas o lado com nosso nível de subdesenvolvimento. E uma ter- do setor regulado? Por exemplo, por que o Conselho ceira inquietação é no sentido de que os interesses Consultivo da ANVISA é indicado pelo Ministério da brasileiros são aqueles que garantem direitos, inclu- Saúde, e o usuário, os servidores da saúde e a indús- são social e desenvolvimento. A razão de organiza- tria farmacêutica não têm o mesmo peso na compo- ção desta audiência está baseada nessa inquietação. sição do conselho? Quero portanto parabenizar os Deputados Pedro Wil- Por isso, Deputado, proponho que a questão da son e Luiz Couto, 2 expressões da luta pelos direitos patente seja discutida, inclusive, sob o ponto de vis- humanos no Brasil. ta do Estado e da regulação. Que Estado queremos? Outro aspecto para o qual gostaria de chamar Que Estado defendemos? Que regulação queremos? a atenção, na condição de advogado, é o respeito ao Há vários instrumentos, institutos e setores do Gover- Direito, e respeitar o Direito é respeitar a justiça, como no que fazem regulação, não só o INPI ou o DNPM. É a finalidade do Direito. Quando o direito contraria o pró- preciso discutir melhor com a sociedade organizada prio Direito, ele tem que ser questionado. Quero por- o papel regulador do Estado. tanto saudar o questionamento, no Supremo Tribunal Em nome do Conselho Nacional de Saúde, agra- Federal, através do Procurador-Geral da República, a deço e parabenizo o Deputado Paulo Teixeira pela ini- uma legislação que contraria o Direito brasileiro. Cabe ciativa de realização desta audiência. Colocamo-nos aos formuladores, aos operadores do Direito e aos le- à disposição para discussão e debate. gisladores usar o mecanismo de controle de constitu- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – cionalidade quando a lei é inconstitucional. Agradeço à Dra. Marília Cunha a participação. O exame da constitucionalidade da legislação Parece que há aqui uma espécie de tática do sobre patentes pipeline será interessante, assim como Dunga, de ficar no empate. Mesmo sendo corinthiano, modificarmos ou aperfeiçoarmos a lei. Como disse o acredito que a melhor tática é a do São Paulo, a do Dr. Dirceu ao se referir ao filho, o filho pode ter sido Flamengo – sou Vasco e Goiás, então estou na pen- criado com carinho, mas alguma coisa pode ter dado dura. (Risos.) Temos que avançar e analisar todos os errado. Parece-me que esse é o sentimento com re- fatores. O desejo da Comissão de Direitos Humanos lação à legislação de propriedade intelectual. Há uma e Minorias é abrir o debate sobre os direitos e deveres rigidez tal que ela pode estar prejudicando o País, o da sociedade e do Parlamento. que pode ser observado no balanço dos seus 11 anos Em meu nome agradeço a todos a participação e quero homenagear a este Deputado que tem feito de vida. trabalho extraordinário, inclusive na área de energia, Por último, temos que zelar pelo bom funciona- o Deputado Paulo Teixeira. Muitos estão discutindo mento do Estado brasileiro e estimulá-lo a agir dentro petróleo, e o Deputado Paulo Teixeira está discutindo das possibilidades legais e a adotar uma regulação energias renováveis – eólica, de biomassa, solar etc. forte. Precisamos de uma regulação que atenda à so- É esse o trabalho que queremos fazer transparecer no ciedade e que não seja aprisionada, capturada. Nes- Congresso, porque o povo no Brasil pratica o esporte ses termos, creio que temos que continuar construindo nacional de xingar Deputado e Vereador. essa pauta, doravante para o aperfeiçoamento legal e De todo modo, quero registrar meu agradecimento o estímulo ao Estado brasileiro para que permita que a todos e pedir desculpas, pois creio que havia ainda a sociedade brasileira discuta seus problemas em de- muito a discutir. Mas quem falou contribuiu, e imagino fesa de seu próprio interesse. também que quem ouviu, certamente, vai levar mais Parabenizo todos os que participaram pelas con- raiva ou mais alegria para casa. (Risos.) tribuições. Gostaria de saber se essas contribuições Deputado Paulo Teixeira, que honra a Câmara estarão disponíveis a todos. Também gostaria de dar dos Deputados, V.Exa. tem a palavra para as consi- continuidade a esse debate e para tanto convido V.Exa., derações finais. Sr. Presidente, como sempre o faço nas questões das O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA – Depu- energias renováveis. V.Exa. sabe que tenho um com- tado Pedro Wilson, primeiro quero agradecer a V.Exa. promisso enorme com o Cerrado brasileiro e quero a e ao Deputado Luiz Couto a demonstração de que a aprovação da PEC que transforma o Cerrado em bioma Comissão de Direitos Humanos e Minorias está pronta nacional, com garantia constitucional. Quero convidá- para atender aos clamores e inquietações da socieda- lo também a prosseguir nesse debate de acesso para de. A maior inquietação da nossa sociedade hoje é a todos aos medicamentos no País. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01647 O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – Titulares; Claudio Cajado, Janete Capiberibe, Jusmari Agradeço ao Deputado Paulo Teixeira a participação. Oliveira e Paulo Henrique Lustosa – Suplentes. Dei- Só para explicar, há 12 anos tramita na Casa xaram de comparecer os Deputados Antônio Roberto, projeto que torna o Cerrado um bioma nacional. Em Janete Rocha Pietá, Léo Vivas, Lincoln Portela, Pastor 1988, houve omissão e preconceito contra o Cerrado, Manoel Ferreira, Pinto Itamaraty e Walter Brito Neto. a Caatinga, o Semi-Árido do Nordeste e o Pampa, por- ABERTURA: Havendo número regimental, o senhor que não foram considerados biomas. Há um grupo que Presidente declarou abertos os trabalhos e colocou à acredita que criar um bioma ou implantar uma política apreciação as Atas das reuniões anteriores, realizadas de preservação e exploração adequada é engessar o nos dias 19 de setembro e 08 de novembro de 2007. desenvolvimento. Com isso, muito da biodiversidade Em votação, as Atas foram aprovadas por unanimidade que poderia servir à Medicina e à alimentação está dos presentes. ORDEM DO DIA: A – Requerimentos: desaparecendo. Não quero criar a visão de catástrofe, 1 – REQUERIMENTO Nº 145/07 – Do Sr. Henrique mas estamos caminhando nesse sentido. Afonso – que “requer a participação da Comissão de Discutimos, ontem, no Comitê de Bacias do Rio Direitos Humanos e Minorias em audiência pública Paranaíba, o fato de que dois terços da economia de na cidade de Anajás, no estado do Pará, para discutir Goiás e a metade da economia de Minas Gerais estão o alarmante número de mortes sem causas determi- vinculadas a esse rio. O representante da Perdigão nadas naquela região”. O requerimento foi subscrito disse: “Vocês vão acabar impedindo a indústria de es- pelo Deputado Pedro Wilson. Em discussão, ninguém tar presente na região”. E eu respondi: “Não. Vamos fez uso da palavra. Em votação, o requerimento foi impedir a indústria de lançar elementos químicos nos aprovado por unanimidade dos presentes. 2 – RE- córregos e rios próximos. Por que vocês não fazem o QUERIMENTO Nº 146/07 – Do Sr. Pedro Wilson – que que é adequado? Já existem meios, tecnologia, ciência “requer, nos termos regimentais, a realização de au- e máquinas para isso”. diência pública para discutir a situação da saúde dos Foram registradas 2 sugestões, a da Dra. Marí- trabalhadores em mineração no Brasil”. Em discussão, lia, no sentido de haver maior presença da sociedade ninguém fez uso da palavra. Em votação, o requeri- nas discussões; e a de trabalharmos com propostas mento foi aprovado por unanimidade dos presen- de modificar a lei. Estamos em uma Casa de leis. Se tes. 3 – REQUERIMENTO Nº 147/07 – Da Sra. Janete houver interesse, poderão dirigir sugestões à Comis- Capiberibe – que “requer a visita “in loco” da Comis- são ou ao Deputado Paulo Teixeira, para que se faça são de Direitos Humanos e Minorias, para verificar e uma releitura da lei. Ainda que essa lei tenha sido acompanhar as denúncias de maus-tratos no Instituto aprovada por unanimidade, temos o dever de relê-la de Administração Penitenciário do Amapá, feitas pelo e aperfeiçoá-la diante da conjuntura e dos interesses Deputado Estadual Camilo Capiberibe”. A Deputada de desenvolvimento do Brasil. Temos que cumprir a lei, Janete Capiberibe encaminhou o requerimento. Em mas, como dizem por aí, “dura lex é de látex”, ou seja, discussão, ninguém fez uso da palavra. Em votação, a lei é dura, mas pode ser esticada. (Risos.) o requerimento foi aprovado por unanimidade dos Agradeço a todos a participação, em nome da presentes. 4 – REQUERIMENTO Nº 148/07 – Da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Sra. Janete Rocha Pietá – que “requer a constituição Declaro encerrada a presente reunião de audi- de representação da CDHM para acompanhar as in- ência pública. vestigações sobre a prisão e violências sofridas por COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS uma adolescente na delegacia de Abaetuba/PA”. O requerimento foi subscrito pela Deputada Janete Ca- 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária piberibe. Em discussão, ninguém fez uso da palavra. Em votação, o requerimento foi aprovado por una- Ata da 40ª Reunião Ordinária Realizada em 5 nimidade dos presentes. A seguir, a Presidência foi de dezembro de 2007. assumida momentaneamente pelo Deputado Paulo Às quatorze horas e cinqüenta e oito minutos do Henrique Lustosa. 5 – REQUERIMENTO Nº 149/07 dia cinco de dezembro de dois mil e sete, reuniu-se a – dos Srs. Pedro Wilson e Luiz Couto – que “requer a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, no Plená- realização de audiência pública em comemoração ao rio 09 do Anexo II da Câmara dos Deputados, com a Dia Internacional dos Direitos Humanos, para apresen- presença dos Senhores Deputados Luiz Couto – Pre- tar um balanço e perspectivas do colegiado e lançar sidente; Pedro Wilson – Vice-Presidente; Chico Alen- um novo prêmio de Direitos Humanos, a ser concedi- car, Geraldo Thadeu, Iriny Lopes, Joseph Bandeira, do anualmente pela Comissão de Direitos Humanos Lucenira Pimentel, Matteo Chiarelli, Suely e Veloso – e Minorias a partir de 2008”. Em discussão, ninguém 01648 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 fez uso da palavra. Em votação, o requerimento foi operação a ser desencadeada pela Polícia Militar no aprovado por unanimidade dos presentes. A seguir, Complexo do Alemão, RJ, no sentido de que a ação o Deputado Luiz Couto reassumiu a presidência. 6 – seja bem planejada e que não haja morte de inocentes. REQUERIMENTO Nº 150/07 – dos Srs. Dr. Rosinha A Deputada Janete Capiberibe solicitou providências e Adão Pretto – que “solicitam a aprovação de Moção no sentido de prevenir uma situação de execução de de Repúdio contra a agressão sofrida por cinegrafista lideranças que estão na defesa dos direitos humanos, em Curitiba/PR”. Em discussão, ninguém fez uso da mais especificamente que haja uma proteção especial palavra. Em votação, o requerimento foi aprovado ao Frei Henri des Roziers, advogado da Comissão Pas- por unanimidade dos presentes. 7 – REQUERI- toral da Terra, o qual está sofrendo ameaças de morte. MENTO Nº 151/07 – Da Sra. Iriny Lopes – que “requer O Deputado Luiz Couto informou que a CDHM já havia a realização de audiência pública para tratar sobre o tomado as devidas providências, solicitando proteção tema “Ameaça aos defensores de direitos humanos no ao mesmo, e manifestou preocupação em desvendar campo””. Em discussão, ninguém fez uso da palavra. quem seriam os possíveis mandantes e executores. O requerimento foi encaminhado pela Deputada Iriny A seguir, a Deputada Jusmari Oliveira falou acerca de Lopes. Em votação, o requerimento foi aprovado sua viagem ao Pará, representando a presidência da por unanimidade dos presentes. B – Proposições CDHM na Comissão Externa criada para averiguar a Sujeitas à Apreciação do Plenário: ORDINÁRIA 8 – prisão de uma menor adolescente numa cela com cer- PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 48/07 – Do ca de trinta homens, na cidade de Abaetetuba/PA, mo- Sr. Valdir Colatto – que “susta os efeitos da Portaria nº mento em que manifestou sua perplexidade com tudo 793, de 19 de abril de 2007, do Ministério da Justiça, que foi relatado naquele lugar. Nada mais havendo a que homologa a demarcação da área denominada pela tratar o Sr. Presidente encerrou os trabalhos às quinze Funai como Terra Indígena Toldo Imbu, no Município de horas e cinqüenta e três minutos. E, para constar, eu Abelardo Luz, Estado de Santa Catarina, declarando-a ______, Márcio Marques de Araújo, de posse permanente do grupo indígena Kaingang”. lavrei a presente Ata, que por ter sido lida e aprovada, RELATOR: Deputado PEDRO WILSON. PARECER: será assinada pelo Presidente, Deputado Luiz Couto pela rejeição. RETIRADO DE PAUTA PELO RELA- ______, e publicada no Diário da TOR. 9 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº Câmara dos Deputados.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. 70/07 – Do Sr. Waldir Neves – que “susta a aplicação da Portaria n° 791, de 2007, do Ministro de Estado da COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS Justiça, que declara de posse permanente dos índios 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária Terena a “Terra Indígena Cachoeirinha”, localizada nos Municípios de Aquidauana e Miranda, no Estado Ata da 41ª Reunião de Audiência Pública Re- do Mato Grosso do Sul”. RELATORA: Deputada IRINY alizada em 6 de Dezembro de 2007. LOPES. PARECER: pela rejeição. VISTA CONCEDIDA Às dez horas e treze minutos do dia seis de de- À DEPUTADA JUSMARI OLIVEIRA. C – Proposições zembro de dois mil e sete, reuniu-se a Comissão de Sujeitas à Apreciação Conclusiva pelas Comissões: Direitos Humanos e Minorias, no Plenário 09 do Ane- ORDINÁRIA 10 – PROJETO DE LEI Nº 1.363/07 – Do xo II da Câmara dos Deputados, com a presença dos Sr. Waldir Neves – que “altera a Lei n° 6.001, de 19 Senhores Deputados Luiz Couto – Presidente; Pe- de dezembro de 1973”. RELATORA: Deputada IRINY dro Wilson – Vice-Presidente; Lincoln Portela, Matteo LOPES. PARECER: pela rejeição. VISTA CONCEDIDA Chiarelli, Suely, Veloso e Walter Brito Neto – Titulares; À DEPUTADA JUSMARI OLIVEIRA. INFORMES DA Eduardo Barbosa – Suplente. Compareceram também PRESIDÊNCIA: O Presidente, Deputado Luiz Couto, os Deputados Ivan Valente e Paulo Teixeira, como lembrou aos membros da CDHM, designados para não-membros. Deixaram de comparecer os Deputa- missões oficiais, acerca da entrega dos relatórios de dos Antônio Roberto, Chico Alencar, Geraldo Thadeu, viagem os quais serão encaminhados para a Presi- Iriny Lopes, Janete Rocha Pietá, Joseph Bandeira, dência da Câmara dos Deputados. INFORMES DOS Léo Vivas, Lucenira Pimentel, Pastor Manoel Ferreira DEPUTADOS: O Deputado Chico Alencar manifestou e Pinto Itamaraty. O Deputado Henrique Afonso justifi- interesse em participar do Seminário em comemora- cou ausência por está de licança médica. ABERTURA: ção ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, orga- O Deputado Pedro Wilson declarou abertos os traba- nizado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio lhos. ORDEM DO DIA: Reunião de Audiência Pública. de Janeiro, no dia 10 de dezembro, momento em que TEMA: Debater a presença da tropa de choque da foi designado para representar a CDHM. O Deputado Polícia Militar de São Paulo na Faculdade de Direito Chico Alencar também demonstrou preocupação com do Largo São Francisco e na Faculdade de Filosofia, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01649 Ciências e Letras do Centro Universitário de Santo An- a situação da saúde dos trabalhadores em mineração dré, no ABC Paulista. EXPOSITORES: Sr. Walter de no Brasil, os quais enfrentam sérios problemas em de- Andrade – Diretor do Centro Acadêmico XI de Agos- corrência da falta de segurança para executar tarefas to; Sr. Rafael Villas Boas – Representante do MST; cotidianas de seus ofícios, que vão deste a falta de Sra. Lúcia Stump – Presidente da UNE e o Sr. Alziro equipamentos básicos adequados para proteção físi- – Representante da Educafro. A palavra foi concedida ca do trabalhador até a inexistência de uma legislação aos expositores. Ao término das explanações, fizeram eficiente para coibir a exposição cumulativa de seres uso da palavra, por ordem de inscrição, os Deputados humanos a determinados tipos de minerais, como, por Luiz Couto, Ivan Valente, Paulo Teixeira e Veloso. A se- exemplo, a amônia. guir os expositores apresentaram suas considerações A invalidez, por contaminação com metais pesa- finais. Nada mais havendo a tratar, a presente reunião dos, de trabalhadores em mineração levou o Sindicato foi encerrada às doze horas e dez minutos. O inteiro dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Nique- teor foi gravado, passando o arquivo de áudio a inte- lândia, no Estado de Goiás, a realizar, em meados de grar o acervo documental desta reunião para degra- outubro, um encontro para reivindicar o fim do uso vação mediante solicitação escrita. E, para constar, da amônia nos processos de mineração. O índice de eu ______, Márcio Marques de amônia na corrente sangüínea de alguns mineradores Araújo, lavrei a presente Ata, que por ter sido lida e afastados do ofício passa de 300 mg, quantidade con- aprovada, será assinada pelo Segundo Vice-Presidente, siderada altamente cancerígena. Deputado Pedro Wilson ______, Segundo o sindicato, só em Niquelândia foram e publicada no Diário da Câmara dos Deputados. mais de 50 casos de morte decorrentes dessa expo- xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. sição à amônia. O minério tem que trazer benefícios EXPOSITORES: para o País sem comprometer a saúde dos profissio- Sr. Walter de Andrade – Diretor do Centro Aca- nais envolvidos na extração. No Município de Catalão, dêmico XI de Agosto; Goiás, por exemplo, a produção de liga ferro-nióbio, Representante da Educafro. aplicada em diversos setores da economia, como au- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – tomobilística, produção de tubos de grandes diâme- Boa-tarde a todos. Sejam bem-vindos. Estamos com tros e de construção civil, já é exportada para mais de dificuldade em relação ao espaço. Quem quiser po- 50 plantas siderúrgicas na Europa, América do Norte, derá ficar na sala em frente, no Plenário 10, e assistir Ásia, Austrália, África e Oriente Médio. pelo telão. Infelizmente não temos cadeiras suficientes Atualmente são produzidas 6 mil toneladas da nesta sala. É desagradável, mas fica à consideração liga por ano. Queremos que o minério traga riquezas dos senhores ocuparem a sala em frente, do outro para todo o Brasil, a exemplo de Goiás, Minas, Pará, lado, onde teremos um telão que transmitirá o debate Bahia, São Paulo, Santa Catarina. Porém, não pode- de nossa audiência on line. Se alguém quiser, poderá mos admitir que esse progresso venha acompanhado revezar, ou poderá ficar de pé para pagar um pouco os da morte ou da incapacitação de trabalhadores. pecados, se for corinthiano. Posso falar, porque, como Gostaria de comunicar, mais uma vez, que o o Presidente Lula, sou Corinthians, mas torço para o sentido desta audiência é ouvir as partes e buscar o Goiás, meu Estado. melhor entendimento. Conversei muito com o sindica- Sejam bem-vindos. Vamos aguardar mais alguns to de Niquelândia, bem como com outras empresas, minutos para começar nossa audiência. inclusive com os representantes da Votorantim. Convi- (Pausa prolongada.) daram-me para visitar a indústria e falei que logo após O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) a audiência eu teria a melhor intenção de estar lá. Fui – Mas uma vez boa-tarde a todos os presentes, ho- convidado também para visitar outras mineradoras, mens e mulheres que vêm a esta Comissão de Di- como a SAMA e outras mais. reitos Humanos e Minorias. Em nome do Deputado No caso, estivemos na cidade de Niquelândia em Luiz Couto, Presidente da Comissão, e na condição um debate com o sindicato dos trabalhadores e outros de Vice-Presidente assumo a coordenação desta reu- dirigentes, advogados e delegados do trabalho que fo- nião de audiência pública, requerida e articulada com ram convidados, inclusive havia um convite também os Deputados Rubens Otoni e Leonardo Monteiro, de à empresa. Nosso sentimento é que esta audiência Minas Gerais. seja o momento de abrirmos os olhos, verificarmos Declaro abertos os trabalhos da presente reu- se procedem ou não as denúncias. Há pontos de vista nião de audiência pública da Comissão de Direitos contraditórios, a empresa alegou que essas questões Humanos e Minorias que tem como finalidade debater não estão comprovadas e que inclusive em disputas 01650 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 judicias tem-se comprovado isso. De tal sorte que a Mais uma vez está sendo providenciado um te- Câmara dos Deputados, por intermédio da Comissão lão para o plenário à frente, porque não temos cadei- de Direitos Humanos, tem o papel de ouvir. ra para todos. Ficamos incomodados, mas, por outro Hoje mesmo, pela manhã, ouvimos estudantes de lado, respeitamos. Quem quiser ficar no Plenário 10, São Paulo que tiveram a Faculdade de Direito do Largo em frente, poderá fazê-lo, porque ouvirá todo o relato São Francisco e a Faculdade de Santo André tomadas de nossa audiência pública. pela tropa de choque da Polícia Militar. Então, convi- O SR. CÍCERO JOVENTINO DE OLIVEIRA – damos estudantes, como convidamos autoridades de Quero, nesta oportunidade, cumprimentar o Deputado São Paulo. As autoridades não quiseram comparecer, Pedro Wilson por ter a hombridade e a responsabili- é direito de cada um comparecer ou não, mas o nosso dade de procurar ajudar e atender o pedido do Sindi- papel de Deputado são duas coisas básicas – o pes- cato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de soal fala que Deputado não trabalha, às vezes algum Niquelândia, através... não trabalha, mas muita gente trabalha: elaborar leis, O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) boas leis, para o País, e fiscalizar a sua execução, que – Gostaria de registrar a presença do Deputado Chico vai desde uma lei de proteção do trabalhador a uma lei D’Angelo, do Rio de Janeiro. como a que se encontra agora em apreciação, o Or- O SR. CÍCERO JOVENTINO DE OLIVEIRA – çamento que vai representar os recursos que o Brasil Gostaria de cumprimentar o Deputado Pedro Wilson; irá aplicar no ano que vem, no âmbito dos Governos o Presidente da Central Única dos Trabalhadores, José Federal, Estadual e Municipal. Antônio; o Vice-Presidente do Sindicato de Catalão, Saúdo a todos e convido, para fazerem parte da Filomeno; Walter, representante do Departamento Mesa, o Sr. Cícero Joventino de Oliveira, represen- Nacional de Produção Mineral; Luiz Roberto, repre- tante do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias sentante da empresa; companheiros e companheiras de Niquelândia, de Goiás, do Brasil inteiro. Extrativas de Niquelândia (palmas); o Sr. Walter Lins Tomando conhecimento de várias denúncias de Arcoverde, Diretor de Fiscalização Mineral do Departa- problemas de saúde dos companheiros, dos trabalha- mento Nacional de Produção Mineral; o Sr. Luiz Roberto dores e ex-trabalhadores da Votorantim Metais, desde Reuter, representante do Grupo Votorantim Metais e 1992, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Ex- professor da Fundação José Silveira (Palmas); José trativas de Niquelândia vem fazendo um apanhado; vem Calixto Ramos, Presidente da Confederação Nacional trabalhando para buscar solução para os problemas dos Trabalhadores na Indústria, que está a caminho; de saúde dos trabalhadores, inúmeros apresentando Sr. José Antônio Oliveira Lobo, Presidente da Central os mesmos sintomas. Única dos Trabalhadores de Goiás (Palmas); Sr. Filo- É objetivo e obrigação do sindicato defender os di- meno Francisco dos Santos, Vice-Presidente do Sindi- reitos e os interesses dos trabalhadores. Na ocasião em cato METABASE de Catalão. (Palmas.) Depois vamos que procuramos a empresa, em 1992, para tratar única registrar a presença de representantes de entidades e exclusivamente da saúde do trabalhador, a empresa oficiais, de empresas e sindicatos. não fez absolutamente nenhuma ação que favoreces- Dando início à exposição de nossos convidados, se a saúde do trabalhador. Portanto, nós continuamos que será feita nessa ordem que li, esclareço que o tem- lutando para descobrir as causas que vinham prejudi- po concedido aos expositores será de 10 a 15 minutos. cando os trabalhadores, porque todos apresentavam Após a exposição, será concedida a palavra a Deputa- os mesmos problemas, os mesmos sintomas. dos presentes, respeitada a ordem de inscrição. A partir de 1996, nós decidimos, com um grupo Comunico também que aqui normalmente falam maior de trabalhadores, com mais denúncias, com mais os Deputados e convidados, mas, por decisão minha, problemas, com companheiros que inclusive hoje são ao final do debate, se alguém da plenária quiser usar falecidos – muitos dos que fizeram as denúncias hoje a palavra, terá essa oportunidade. Cada Deputado terá não estão mais entre nós – continuar buscando uma um prazo de 3 minutos. solução. Através de muitos exames, de laudos médi- Esclareço que esta reunião está sendo gravada cos e depoimento de muitos companheiros é que nós para posterior transcrição. Por isso é necessário que chegamos até aqui. cada orador fale seu nome e a entidade. Procuramos todas as autoridades competentes Concedo a palavra ao nosso convidado Cícero deste País, entre elas o companheiro Deputado Pedro Joventino de Oliveira, representando o Sindicato dos Wilson e o Deputado Rubens Otoni. Todas as autori- Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Niquelân- dades que nós procuramos mostraram interesse em dia, pelo prazo de até 15 minutos. descobrir a causa desses problemas que atingem e Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01651 prejudicam a saúde de todos os trabalhadores e ex- nham condições de trabalhar, tenham condições de trabalhadores da Votorantim Metais. ter o seu lucro, de produzir, mas que também dêem Diante dessa situação, nós tomamos a decisão... condições de vida e de saúde aos trabalhadores. Ou E já rolam com os trabalhadores e com muitos advo- seja, trabalhar com segurança, com qualidade de vida gados no Estado de Goiás muitas causas na Justiça, e de saúde e de meio ambiente. protocoladas e algumas já em andamento, com audi- Temos uma situação caótica do meio ambiente ências concluídas. no Município de Niquelândia. Precisamos que tudo Temos o prazer e o compromisso de, enquanto isso seja corrigido, porque, a partir do momento em representante dos trabalhadores, de uma entidade que for corrigida a questão do meio ambiente, da saú- que não é omissa quanto às causas, aos problemas de do trabalhador, teremos menos problemas sociais sociais, seja de qual natureza for, que venham a afligir e de saúde na nossa população, principalmente entre os nossos companheiros trabalhadores, hoje coloca- os nossos profissionais. dos pelas empresas como colaboradores... Portanto, Quem vive o dia-a-dia é quem produz, é quem o sindicato, diante de... dá lucro para as empresas, é quem faz a riqueza des- Fizemos 3 audiências públicas em Niquelândia. te País. O País cresce, mas o trabalhador também Para uma delas, convidamos oficialmente todas as autoridades. Para as outras duas não convidamos precisa crescer. São os trabalhadores que fazem o oficialmente. Em nenhuma das audiências... Temos crescimento, que fazem a riqueza, que produzem o o convite, a resposta da empresa do porquê não iria lucro e fazem este País andar para o Primeiro Mundo, participar. Temos o documento. com qualificação profissional e social. Nós queremos Na terceira audiência que fizemos em Niquelân- e precisamos que este País ande dessa maneira. Não dia, estavam presentes os Deputados Pedro Wilson e queremos que isso venha a matar os companheiros Rubens Otoni, o companheiro José Antonio, Presiden- que deram lucro e fizeram a riqueza deste País. te da Central Única dos Trabalhadores, e o Filomeno Muito obrigado, Deputado Pedro Wilson e De- Francisco, Vice-Presidente do Sindicato METABASE putado Rubens Otoni pelo empenho, assim como os de Catalão, também presente à Mesa. demais companheiros que formam esta Mesa e todos Esta audiência de hoje é fruto da terceira audi- os companheiros que fizeram o sacrifício de estar hoje ência que fizemos em Niquelândia e está muito bem nesta audiência. Agradecemos a todos. Pedimos a organizada, com a participação pacífica de todos os Deus que ilumine todos nós, inclusive as autoridades trabalhadores e ex-trabalhadores da Votorantim Me- constituídas deste País, e que as coisas andem da tais, como era de se esperar, e estamos vendo aqui os forma que precisamos, ou seja, cada um respeitando companheiros que buscam, única e exclusivamente, o o direito do outro e não tendo de prejudicar nenhum direito de continuar vivendo. ser humano para que a empresa ou quem quer que Temos aqui – mas não tenho condição de pas- seja tenha lucro neste País. (Palmas.) sar para todo o mundo – a pasta que estamos prepa- Muito obrigado. rando e que será entregue para o Ministério Público O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – do Trabalho, para a Comissão de Direitos Humanos Obrigado, Cícero Joventino de Oliveira, Presidente do e também para a Câmara dos Deputados, através do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas Deputado Pedro Wilson. Vai ser entregue a ele essa de Niquelândia. documentação. Registro a honrosa presença do jornalista João Queremos, junto a todas as autoridades consti- Carvalho, do Jornal Diário do Norte; do Sr. Adilson tuídas deste País, aos trabalhadores, aos sindicatos, achar uma solução que venha a favorecer, a facilitar, Santana, do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria a dar melhores condições de vida e de saúde aos tra- da Extração de Minerais não Metálicos de Minaçu; de balhadores deste País. assessores do Deputado Rubens Otoni, que por outro Em momento algum, nem os trabalhadores, nem compromisso não pôde estar aqui; do Sr. Alexandre as autoridades, nem o sindicato... Não estamos aqui Trajano de Arruda, do DNPM do Distrito Federal, e do para prejudicar, para fechar, para fazer nenhum depoi- Sr. Luiz Flávio Rainho, da FUNDACENTRO. mento que venha a prejudicar as riquezas deste País. Passo a palavra ao Sr. Filomeno Francisco dos Não queremos fechar nenhuma empresa. Não quere- Santos, Vice-Presidente do Sindicato METABASE de mos também prejudicar nenhuma empresa neste País. Catalão, por até 15 minutos. Queremos, sim, que as empresas, que as autoridades O SR. FILOMENO FRANCISCO DOS SANTOS constituídas deste País façam... Que as empresas te- – Boa-tarde, companheiros. 01652 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Gostaria de cumprimentar a Mesa, na pessoa representantes de mineradores e demais entidades. do Deputado Federal Pedro Wilson, e os demais pre- Trabalhamos esse assunto de forma articulada com sentes. todos os envolvidos. Em nome do Sindicato METABASE de Catalão, Todos aqui devem conhecer, mas ressalto que o gostaria de agradecer, por meio da sua diretoria, ao DNPM é o órgão responsável pela gestão dos recursos sindicato de Niquelândia a iniciativa de ter provocado minerais do País, ou seja, todo processo de outorga e esta audiência pública para discussão desse problema fiscalização da produção mineral é responsabilidade tão terrível que é a morte dos nossos trabalhadores por do DNPM. falta de condições ideais de trabalho. Entendemos que O DNPM é um órgão antigo – criado em 1934, esta audiência pública é de fundamental importância tendo até hoje o mesmo nome, mudando alguma razão não só para os trabalhadores de Catalão e Niquelân- social – e tem diversos trabalhos de grande relevância dia, mas para todos os trabalhadores do setor mineral deixados para o País. Saíram inúmeras empresas esta- do País – embora entendamos que ela veio um pouco tais do DNPM. As diversas gerações que por ele pas- tarde, porque, ao longo desses 25 anos, houve cente- saram deixaram muito para a mineração brasileira. nas de morte de trabalhadores por problemas que vão No tema específico de saúde e segurança, que- ser discutidos nesta audiência pública. Mas, como dizia remos ressaltar o trabalho focado num problema sé- o velho poeta, antes tarde do que nunca. rio, que vejo se assemelha ao dos senhores, e serve A minha fala será curta, porque há vários com- como exemplo. O DNPM tem participação história na panheiros que vão falar. elaboração da portaria interministerial – Ministério de Aproveito para colocar o Sindicato METABASE Minas e Energia e Ministério do Trabalho e Emprego de Catalão à disposição da companheirada, porque – de 1985, ou seja, tem já 20 anos. Deputado Pedro nós também temos problemas sérios lá com amônia e Wilson, essa portaria estabeleceu o controle da poeira outros agentes que tiram a vida do trabalhador. em minas de carvão – repito, isso em 1985. Muito obrigado. (Palmas.) Tínhamos problemas sérios de acidentes e de O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – pneumoconiose. Deu-se um corte a partir dessa por- Agradecemos ao Sr. Filomeno Francisco dos Santos, taria. A comissão técnica interministerial que regula- Vice-Presidente do Sindicato METABASE de Catalão, mentou a NR nº 22, do Ministério do Trabalho... a participação. Nessa época, mudaram-se no carvão os padrões Passamos a palavra ao Sr. Walter Lins Arcoverde, técnicos. Eliminou-se a furação a seco, passou-se a Diretor de Fiscalização do Departamento Nacional de instalar a furação úmida, com todo controle da poeira. Produção Mineral. Com isso, temos hoje resultados bastante positivos na O SR. WALTER LINS ARCOVERDE – Boa-tarde melhoria da saúde ocupacional dos trabalhadores. a todos. O DNPM é membro da Comissão Permanente Estamos aqui representando o engenheiro Mi- Nacional da Mineração – CPNM, coordenada pelo Mi- guel Nery, Diretor-Geral do Departamento Nacional nistério do Trabalho. Por isso, seria interessante a pre- de Produção Mineral, que foi convidado pelos Depu- sença de um representante do Ministério do Trabalho tados Pedro Wilson e Luiz Couto. Passo às suas mãos a esta reunião, tendo em vista que é quem coordena a nossa apresentação narrando a atuação do DNPM todo esse assunto no Governo Federal. no assunto saúde e segurança nas minas. O DNPM, como parte da Comissão Regional do O Departamento Nacional de Produção Mineral, Setor Mineral, em Santa Catarina, atua nessa comis- órgão gestor dos recursos minerais, tem o maior cari- são diretamente. Vou falar mais adiante sobre o que nho para com esse tema. Como já foi dito aqui, temos é essa comissão, o que pode até ser um exemplo de a mesma posição de que a riqueza tem de ser gerada proposta de evolução para Goiás. em benefício de todos e com o menor custo possível O DNPM, além desse trabalho com o carvão, na de vidas humanas. área de saúde e segurança, cuja evolução foi grande O DNPM tem como atribuição baixar normas em a partir de 2001, baixou as normas reguladoras de caráter suplementar com os demais órgãos respon- mineração. sáveis pela higiene, segurança e saúde ocupacional Essas normas hoje têm um padrão internacional, dos trabalhadores. A lei que constituiu o DNPM como e determinam uma série de obrigações aos titulares autarquia em 1994 definiu isso. Assim, trabalhamos de concessões minerais e também direitos e respon- esse assunto em articulação com o Ministério do Tra- sabilidades aos trabalhadores das minas. Elas visam balho e Emprego, com o Ministério da Saúde, a FUN- disciplinar o aproveitamento racional das jazidas com DACENTRO, sindicatos de trabalhadores, entidades a preocupação de buscar, permanentemente, a pro- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01653 dutividade, a preservação ambiental, a segurança e a populacional, conforme estabelecido na NR 7 do Mi- saúde dos trabalhadores. nistério do Trabalho. Especificamente no que se refere à saúde dos Esse programa é parte integrante de um con- trabalhadores, a Norma 07 prevê as vias de saída de junto mais amplo de iniciativas da empresa no campo emergência nas minas; a Norma 08 trata da prevenção da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado contra incêndio, explosões e inundações; a Norma 09, com o disposto nas demais normas do Ministério do da prevenção contra poeiras; a Norma 10, do sistema Trabalho. O programa de controle médico e de saúde de comunicação; a Norma 11, da iluminação; a Norma ocupacional deve ter caráter de prevenção, rastrea- 12, da sinalização de áreas de trabalho e circulação; a mento e diagnóstico precoce dos agravos da saúde Norma 13 prevê a circulação e transporte de pessoas relacionados ao trabalho, em conformidade com as e materiais; a Norma 15 prevê a instalação elétrica; a normas do Ministério do Trabalho. Norma 22 prevê operações com explosivos e acessó- As normas reguladoras de mineração do DNPM rios de proteção ao trabalhador. exige do empreendedor: a organização e manutenção As normas definem que tem de haver o controle de de uma comissão interna de prevenção de acidente risco na atividade. Nesse sentido, deve haver um progra- da mineração – CIPAMIN. A empresa de mineração ma de gerenciamento que preveja os riscos físicos, quí- ou permissionária de lavra garimpeira, inclusive que micos e biológicos; proteção respiratória; investigação e administra trabalhadores como empregados, deve or- análise de acidente do trabalho; ergonomia e organização ganizar e manter em regular funcionamento em cada do trabalho. O programa de gerenciamento de risco deve estabelecimento uma CIPAMIN. preocupar-se ainda com o risco decorrente do trabalho A CIPAMIN tem por objetivo observar e relatar em altura; com o risco decorrente da utilização de energia condições de risco no ambiente de trabalho. Os setores elétrica, de máquinas, equipamentos, veículos e trabalhos de maiores riscos deverão ser definidos pela CIPAMIN manuais. Deve haver equipamentos de proteção individual; com base nos dados do programa de gerenciamento de bem como a estabilidade do maciço na mina e um plano risco, no relatório anual do programa médico de saú- de emergência. Desse modo, deve ser elaborado um pla- de ocupacional, na estatística de acidente do trabalho no de gerenciamento de risco conforme a programação elaborado e em outros dados de infração relativos à prevista na norma. segurança. O presidente da CIPAMIN será indicado pelo Quanto aos direitos dos trabalhadores, as normas empregador e o vice-presidente será escolhido entre estabelecem que eles podem interromper as suas tare- os representantes titulares dos trabalhadores. fas assim que sejam constatadas evidências de riscos A NR estabelece a prevenção contra as poeiras graves e iminentes para a sua segurança e saúde ou minerais; medidas de proteção ao trabalhador; medi- de terceiros, com a devida comunicação do fato ao seu das de operação de emergência para os problemas de superior hierárquico, que diligenciará as medidas ca- inundações, incêndios, explosões e desabamentos; a bíveis. Ao mesmo tempo, os trabalhadores devem ser elaboração de um plano de emergência; a necessidade informados sobre os riscos existentes no local de tra- da informação, qualificação e do treinamento. balho que possam afetar a sua segurança e saúde. Isso é muito importante porque a mineração, há As normas estabelecem as seguintes respon- de se convir, é uma atividade perigosa. Juntamente sabilidades dos trabalhadores: zelar pela sua própria com a construção civil, temos os mais altos índices de segurança e saúde e as de terceiros que possam ser acidentes de trabalho no País. É preciso dar um basta. afetados por suas ações ou omissões no trabalho, co- É preciso mudar esse quadro e, para isso, é preciso a laborando com o empreendedor para o cumprimento participação de todos os envolvidos. Daí, Deputado, é das disposições legais e regulamentares, inclusive um prazer o DNPM estar presente a esta reunião da das normas internas de segurança e saúde; comu- maior relevância, convocada por V.Exa. Estivemos aqui nicar, imediatamente, ao seu superior hierárquico as há dois meses para debater tema semelhante relativo situações que representar risco iminente para a sua ao carvão, em Santa Catarina. segurança e saúde ou de terceiros. A qualificação, formação e treinamento, com a As normas exigem do empreendedor as seguin- conscientização dos responsáveis pelos projetos, é a tes responsabilidades: implementação do programa saída para a redução ao máximo dos acidentes ocor- de controle médico e saúde ocupacional; em locais de ridos em minas. trabalho com risco à saúde do trabalhador a empresa O DNPM criou, ano passado, um comitê de segu- deve possuir um sistema de monitoramento do am- rança e higiene no trabalho na mineração. Ele já vem biente e controle dos parâmetros que afetam a saúde trabalhando em alguns pólos mineiros, como é o caso com a implementação do controle médico de saúde de Santa Catarina, de forma exemplar. 01654 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Quando assumimos, nos últimos anos, a gestão Na minha apresentação, que entrego a esta Co- em Brasília, nossa preocupação foi disseminar expe- missão, estão todos os atos necessários para a consti- riências positivas para o resto do País. Na ocasião, tuição da comissão regional do setor mineral de Santa realizamos ações em algumas regiões do distrito mi- Catarina. É interesse do DNPM tratar desse assunto. neiro, no Quadrilátero Ferrífero, na região dos Carajás, Na semana que vem estaremos em Nova Venécia, no de Rochas Ornamentais no Espírito Santo e em San- Espírito Santo, para tratar desse mesmo assunto, com ta Catarina, com a questão do carvão. Esse comitê, vistas à implantação de comissão semelhante no Espírito composto por 6 profissionais engenheiros, geólogos Santo. E percebo que há demanda em Goiás. Antes de do departamento, mais os representantes do Ministé- iniciar a minha fala, telefonei para o chefe do distrito do rio de Minas e Energia que vieram dos sindicatos dos DNPM em Goiânia. Fiquei surpreso ao saber que ele trabalhadores, visa ao monitoramento dos problemas não recebeu demanda alguma dos senhores, nem do de saúde e de acidentes das minas. sindicato nem da empresa, sobre o problema. O DNPM Para isso, há indicadores precisos. Porque essa é a de Goiás realmente não participou dessas audiências, grande dificuldade, tendo em vista o tema ser muito inte- o que é uma pena, porque já estaríamos juntos. ressante. No Ministério do Trabalho e no da Previdência Estou representando o departamento, que está estão os indicadores. Por outro lado, esses indicadores às ordens para participar de todos os trabalhos que precisam ser aperfeiçoados para que sejam transparen- vierem a ser feitos. tes; no momento em que se identifica o problema, ele se Quero terminar, dizendo que no carvão conse- torna transparente. Com isso, a sociedade cobra. Hoje, guimos mensurar os problemas por meio de exames é uma dificuldade ver esses indicadores com transpa- técnicos e médicos. Há 25 anos, quando foram feitos rência. Então, essa é a nossa sugestão. vários exames de raios X no pulmão, verificaram-se Esse comitê está trabalhando para levantar esses problemas. Hoje, está sendo feita nova bateria de exa- dados de maneira a priorizar ações de fiscalização, mes, para que seja constatada a evolução. Há inclusive um projeto da CRSM com o Ministério da Saúde, que, definir trabalhos preventivos, trabalhados de capaci- por meio do SUS, vai realizar esses exames de raios X tação, de treinamento. nos pulmões. Esse exame será realizado pelo mesmo Em 2007, realizamos uma campanha nacional nos profissional que há 25 anos constatou os problemas. Os principais distritos mineiros que citei. Agora, em 2008, primeiros resultados obtidos, apesar de menores, são iremos fazer a capacitação de cada distrito nosso de bastante interessantes, na medida em que mostram maneira que possamos implementar, em algumas re- que não têm ocorrido casos de pneumoconiose. giões, a experiência da CRSM de Santa Catarina. Eram essas as palavras que queríamos deixar A CRSM, a Comissão Regional do Setor Mineral, é para a Comissão. uma comissão tripartite. Ela foi fruto de uma portaria do O Ministério de Minas e Energia, em conjunto Delegado Regional do Ministério do Trabalho, que instituiu com entidades do setor mineral e trabalhadores, como uma comissão ampla, a qual se reúne 3 vezes ao ano. o IBAM, Instituto Brasileiro de Mineração, que congre- Nessas reuniões são feitas vistoriais conjuntas nas minas ga as empresas brasileiras de mineração, está estru- com representantes dos sindicatos dos trabalhadores, com turando um programa de mobilização de redução de engenheiros de segurança e de minas das empresas e acidentes na mineração. As reuniões já ocorreram este técnicos engenheiros de minas e segurança do DNPM. ano. A partir do ano que vem, o Ministério de Minas Dessas reuniões participam o Ministério Público e Energia, o Ministério do Trabalho e as entidades do do Trabalho e demais entidades envolvidas. As decisões setor criarão um programa de mobilização, que terá são todas tomadas por consenso. As vistoriais nas minas início com a realização de seminários. são feitas por consenso. Tudo é consenso. A interdição ou Eram essas as palavras que tínhamos a dizer. não, a resolução de determinado problema, bem como Estamos às ordens para os debates. a formulação de exigência a ser feita pelo DNPM, pelo Obrigado. (Palmas.) Ministério do Trabalho ou por quem mais. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Com isso, reduziram-se demais os acidentes com – Obrigado, Dr. Walter Lins Arcoverde. o carvão. Hoje, temos um acidente com óbito a cada três Antes de passar a palavra ao Dr. Luiz Roberto anos. Em países considerados grandes produtores de Reuter, eu gostaria de registrar a presença do Sr. Jo- carvão, como a China, a situação é muito grave. No Brasil, nas Duarte, advogado; do Sr. Rogério Tomás Júnior, pequeno produtor de carvão, havia muito acidente, mas da Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos; houve redução. Ainda há acidentes, mas sem óbitos. do Sr. Eduardo Salgado, dirigente sindical; e de Iranil- Esta Comissão, além de dar transparência ao des, de Goiânia. problema, conseguiu debater com as partes envolvi- Eu gostaria de chamar para compor a Mesa o Sr. das e encontrar soluções. José Calixto Ramos, Presidente da CNTI. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01655 Passo a palavra ao Dr. Luiz Roberto Reuter, que Com grande propriedade, o Exmo. Sr. Deputado representa o Grupo Votorantim. S.Sa. dispõe de 15 Pedro Wilson, na abertura desta reunião, deixou claro minutos. que neste País muitas coisas ocorrem devido a dificul- O SR. LUIZ ROBERTO REUTER – Inicialmente, dades de comunicação. Devido a essas dificuldades, o quero agradecer ao Presidente da Comissão dos Direi- nosso Congresso, por meio de audiências como esta, tos Humanos e Minorias, Deputado Pedro Wilson. promove o diálogo, uma vez que essa falta de infor- Cumprimento os Exmos. Srs. Deputados presen- mação, por vezes, leva as pessoas a entendimentos tes, os representantes de órgãos públicos, os direto- equivocados ou a um distanciamento desnecessário. res de sindicatos, os representantes de empresas, as Entendi que as palavras do DNPM propõem que esse lideranças sindicais e os trabalhadores. processo de comunicação seja viabilizado não só nas Quero fazer uma pequena correção. Não me en- unidades que já o processam mas também em outras, contro aqui na condição de representante da Votorantim, o que é extremamente salutar. mas como pessoa indicada pelo Sistema Votorantim. O direito à informação ao trabalhador consta na Encontro-me aqui como um profissional estudioso da nossa norma regulamentadora mãe, que é a de núme- questão, para promover um tipo de contribuição a res- ro um: “(...) informar os trabalhadores sobre os riscos peito da segurança e da saúde dos trabalhadores na a que estão expostos e os controles (...)”. O primeiro atividade de mineração. mandato é esse. Ao ser convidado, verifiquei que havia um re- No caso específico, em função da limitação do querimento que motivava esta reunião. Nesse mesmo tempo eu gostaria de fazer algumas abordagens bem requerimento, divulgado na Internet, constava citação rápidas, que estão apresentadas nesse audiovisual. sobre a amônia. Por conta disso, dispus-me a promover (Segue-se exibição de imagens.) um esclarecimento sobre essa questão, por ter atuado Inicialmente, vemos no eslaide a problemática da como Gerente de Segurança, Saúde e Meio Ambiente situação da mineração no País. Concordo plenamente da maior unidade de produção de amônia do nosso com o Dr. Walter quando S.Sa. aponta a atividade de mineração como preocupante, juntamente com a ati- País durante 16 anos, juntamente com minha equipe de vidade da construção civil e da área de gás e energia, médicos do trabalho, engenheiros e profissionais diver- porque hoje são as atividades econômicas que mais sos. Senti-me no dever de trazer algum esclarecimento atingem os trabalhadores sob forma de acidente de especificamente a respeito do produto amônia. trabalho. Contudo, digo que há uma percepção muito Quero deixar claro que pertenço à Fundação clara de que o País está caminhando em sentido mui- José Silveira. Trata-se de uma instituição de utilidade to positivo, seja por ter a Norma Regulamentadora nº pública, sem fins lucrativos, conveniada a várias uni- 22, bastante sólida, seja pelo fato de que nós já ob- dades do Ministério Público em alguns Estados e ao servamos claramente que principalmente os grandes Ministério Público Federal, cujo órgão funciona como empreendimentos industriais no País – e os senhores auditor em algumas questões. sabem quais são – já investem fortemente em unidades Por vezes, essa instituição foi convocada pelo de mecanização e em equipamentos cabinados. Instituto Nacional de Previdência Social para, de cer- Existe uma mineração – e não vou citar o nome, ta forma, contribuir na formação dos peritos médicos. porque não vim para falar de empresas – que tem 100% Prestou também alguns trabalhos ao Poder Judiciário, de seus equipamentos cabinados. Isso significa que para dirimir dúvidas. Atuou, para o DNPM, como audi- o trabalhador trabalha com temperatura climatizada e tora, ocasião em que verificou a incidência de silicose em ambiente com um nível mínimo de ruído, porque na nas minerações subterrâneas do País. Trouxe contri- cabine do equipamento há uma proteção de natureza buições específicas ao Ministério do Trabalho. acústica. Isso ainda é raro na maior parte das mine- Quero dizer que fiquei muito satisfeito em verifi- rações, mas conheci uma que emprega esse equipa- car a explanação do representante do DNPM, porque mento, e vejo outras no mesmo caminho. sou testemunha da dedicação daquele departamento Outra questão é o envolvimento com relação à à segurança e à saúde dos trabalhadores na atividade tendência de automação de algumas atividades que mineração. impõem maior risco. Como estudioso dessa questão – O nosso País conta com uma legislação invejável leciono há mais de 25 anos em cursos de formação de sobre segurança e saúde na área de mineração. Dificil- engenheiros de segurança e médicos do trabalho, em mente os senhores encontrarão legislação como a nos- mais de quatro universidades no País –, eu diria que a sa Norma Regulamentadora nº 22. Além dessa norma, minha preocupação maior é com relação aos peque- contamos com outros instrumentos regulatórios. nos empreendedores na área de mineração, que talvez 01656 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 por falta de conhecimento ou preparo, ou por falta de e esgoto. Em muitas cidades do País, a amônia está capital, não investem adequadamente na proteção à sendo utilizada para tratar água e esgoto. segurança e à saúde dos trabalhadores. Como essa Além disso, a amônia é utilizada em sistemas é uma atividade que envolve uma quantidade muito de refrigeração, para a produção de gelo, e em pro- grande de empresas, porque absorve inclusive as pe- dutos farmacêuticos, inclusive os sais de amônia, que dreiras, a grande parcela de empresas de pequeno algumas pessoas conhecem. Também é utilizada na e médio porte que ainda não investem na proteção à indústria alimentícia, na produção de papel, celulose, segurança e à saúde dos trabalhadores puxa os indi- coque, e na fabricação de ácido fosfórico, bem como cadores para níveis preocupantes. na geração de potássio, e assim por diante. Hoje temos grandes grupos empresariais – de eu Portanto, não estamos falando da amônia exclusi- poderia seguramente citar oito, mas não vou fazê-lo, vamente na indústria metalúrgica, onde a propriedade porque não estou aqui para citar grupos empresariais dela é utilizada basicamente com o poder de absorção – que têm padrões comparáveis aos internacionais. e desabsorção e em algumas etapas do processo. Esse A nossa atividade de mineração no País é referência é o cenário inicial. para muitos países. Evidentemente me reporto à situ- A amônia, de certa forma, vem sendo entendida ação presente, ou seja, ao tempo em que comecei a como um risco social, uma vez que ela está presente me inteirar dessa situação da mineração, os últimos inclusive no nosso corpo. Se uma pessoa nunca traba- 20 ou 25 anos. lhar em uma unidade que tenha amônia, por exemplo, Não sei se há representante do IBRAM presente, uma pessoa que nunca viu amônia, ainda assim ela mas eu gostaria de parabenizar esse órgão, que hoje fabricará amônia. Na urina dela sairá amônia. O gado desenvolve um programa base que serve de modelo gera amônia e algumas plantas geram amônia; trata- para aquelas empresas que estão desnorteadas e se de um elemento natural. Muitos autores consideram querem saber como agir. O IBRAM já está orientando a amônia um risco social. as empresas nesse sentido. Creio que, dessa maneira, ficou mais ou menos Com esse outro eslaide, vou tentar de certa ma- esclarecido o que é essa tal de amônia. É um produto neira falar sobre a questão da amônia. Peço compre- não cancerígeno. Não há no mundo inteiro nada que ensão. Evidentemente, tudo que estou falando não é diga que a amônia seja cancerígena. Na literatura técni- propriedade do meu conhecimento. Hoje, com a evo- ca disponível – torno a dizer, os senhores podem verifi- lução da Internet neste País, os senhores podem fazer car na Internet – consta que não se trata de substância buscas e estudar perfeitamente não só a amônia mas cancerígena nem tem qualquer tipo de efeito mutagê- qualquer outra coisa. nico, ou seja, que gere alterações nos filhos ou netos A amônia é um gás irritante, presente na natu- das pessoas que lidam com esse produto. reza, gerado por processos naturais ou por proces- A amônia não tem propriedade cumulativa: não sos artificiais. Isso quer dizer que, mesmo que não fica no nosso corpo, é eliminada. Outro dia, conversan- se produzisse amônia no País nem em lugar algum do com um médico sobre o cigarro, indaguei: “Mas a do mundo, a amônia existiria. A amônia é um produto vontade de fumar continua e tal?” Ele respondeu-me: químico, não é um mineral, não é metal. A amônia é “Não, a razão é outra.” É por “maneísmo”, porque o largamente conhecida e estudada na indústria quími- corpo elimina rapidamente. ca e petroquímica, porque o volume produzido e ope- Geralmente, o lado nocivo da atuação da amônia rado é imenso. é relacionado à exposição aguda. Porém, os efeitos A utilização predominante da amônia se dá prin- da exposição à amônia, exceto queimaduras por con- cipalmente na indústria química, na petroquímica e tato com o líquido, são efeitos reversíveis. Como eu também na indústria de fertilizantes, como produto que disse aos senhores, trabalhei 16 anos na maior plan- gera a uréia, um dos principais fertilizantes utilizados ta de produção de amônia. Eu andava na área. Não no País. Nesse sentido, a PETROBRAS foi a grande sou engenheiro de ficar em gabinete, sou de estar lá, responsável pelo desenvolvimento do parque de fer- conversando com o trabalhador, discutindo, ouvindo a tilizantes no País, por meio da antiga Petrofértil, que opinião dele, e não sou louco. me deu a honra de abrigar-me por um bom tempo e Evidentemente, se a amônia fosse cancerígena formar-me em várias áreas. ou tivesse determinados efeitos, as pessoas pensariam A amônia está presente também na fabricação duas vezes. Tenho certeza de que o próprio Congres- de desinfetantes, detergentes, papel, celulose, de- so não permitiria a utilização ou de que haveria algum sengraxantes, ácido nítrico, e no tratamento de água processo mais forte com relação à exclusão dessas Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01657 questões. Existem outras, mas vamos tentar ser mais vai sair, porque o segundo sinal vai ser ardor no nariz, objetivos. ardor na garganta, um leve ardor na visão, e assim por O odor da amônia é perceptível a partir de 5 ppm, diante. Se ela ainda quiser continuar, vai sentir ardor ou seja, cinco partes por milhão da amônia no ambien- na axila e na região dos órgãos genitais. Ela não con- te. Eu cheiro e sei se há amônia. Contudo, o limite de seguirá ficar, diferentemente de outros produtos aos tolerância para a exposição à amônia, definido pelo quais o indivíduo se expõe indevidamente. Ministério do Trabalho, é de 20 partes por milhão, de A detecção da amônia por meio de exames de maneira contínua e por 48 horas semanais. Nós sa- urina, conforme apresentado no segundo parágrafo, bemos que, infelizmente, ainda há algumas empresas é algo interessante, porque para cada produto quí- que têm esse regime de 48 horas, mas boa parte das mico existe um indicador biológico que goza de uma empresas já não mais praticam as 48 horas. Assim, no especificidade, ou seja, é adequado medir cada pro- caso, o limite de tolerância para a amônia é 20 ppm. duto químico por intermédio de determinado método, Quando eu cheiro, quando eu sinto, eu não atingi 20 para que se obtenha um valor confiável. Infelizmente, ppm, que é quatro vezes acima de 5 ppm. Digo isso como nosso corpo gera amônia, se eu fumasse uma porque considero importante esclarecer e tranqüilizar ou duas carteiras de cigarro por dia, mesmo que nun- as pessoas. ca tivesse trabalhado com amônia em qualquer indús- No Brasil, a maior utilização ocorre em pólos pe- tria, minha concentração de amônia atingiria índices troquímicos localizados em Camaçari, que tem grandes incríveis, já saindo de urina para sangue: atingiria 350, plantas de amônia; em Cubatão, Triunfo, Baixada Flumi- porque o papel do cigarro é tratado com amônia. Ela nense; e em algumas empresas específicas, como uma fica ali impregnada. Quando se chupa o cigarro, ela unidade da PETROBRAS em Laranjeiras, a FAFEN em vai para dentro. Sergipe, e a FOSFERTIL localizada em Minas Gerais. Algumas doenças que ocorrem nos rins, doen- Nessas empresas, o volume transitado, fabricado de ças hepáticas, e doenças musculares determinam por amônia é espetacular. Nós estamos falando da ordem parte do corpo geração de amônia. É importante que de 300, 400, 500 toneladas. Em uma empresa em que saibamos disso, porque muitas vezes ficamos desin- estive – e acredito seja objeto dessas considerações –, formados. a quantidade transitada por dia, em termos de adição, Tenho de respeitar, e sempre respeitei, a opinião é de 25 toneladas. Portanto, estou lidando com quem do trabalhador, não porque necessariamente ela esteja gera amônia, com quem trabalha geralmente com 400 certa – como também a minha não estará necessa- toneladas por dia, e estou falando de 25 toneladas por riamente certa. Muitas vezes trabalhadores disseram dia. Precisamos ter essa visão. que o ruído estava alto e eu disse que aquilo não era Há outra questão interessante com relação à amô- possível, que não estava alto. Eu ia para o lugar e nia. Como posso sentir a amônia? A primeira forma já atestava que o ruído não estava alto. Contudo, havia foi dita: pelo odor. Isso não significa que as empresas um ruído. (O orador reproduz um ruído intermitente.). venham a utilizar o odor para saber se há ou não amô- O trabalhador não agüentava, saía estressado. Para nia; estou dizendo que esse aspecto é positivo, porque ele o ruído incomodava, isso era o que importava . a amônia tem um odor característico, perceptível por Aprendi isso com o trabalhador. qualquer ser humano, distinguível. Todos sabem que É importante também dizer que muitas vezes eu aquele odor é o da amônia. tinha de dar esclarecimento às pessoas, até mesmo E existe um outro fator positivo: por ter um odor porque esse era o meu dever, como engenheiro de pungente, incomodativo, a amônia faz com que as segurança. Isso era de natureza obrigatória, conforme pessoas se resguardem, porque o odor incomoda, assevera o Conselho de Engenharia. diferentemente de outros químicos – e neste ponto Assim, fica claro que a detecção da amônia por está a minha preocupação –, como, por exemplo, os meio da urina é um pouco questionável, até mesmo aromáticos benzeno, tolueno, xileno e outros que são porque pode depender da dieta alimentar, que pode agradáveis, que têm cheiro de flor e perfume. Muitos ocasionar maior ou menor produção de amônia. No trabalhadores infelizmente se expõem a esses produ- caso do sangue, ocorre a mesma coisa. Se a ampola tos e não sabem que trazem problema. A amônia, ao que recolheu o sangue não for preenchida quase to- contrário, tem a propriedade de mostrar-se presente talmente e colocada imediatamente na geladeira, para e alertar: “Afaste-se!” ficar em temperatura inferior a zero grau, essa amostra Se a pessoa não quiser afastar-se, se quiser pode sofrer adulteração. É preciso tomar cuidado com continuar no lugar, vai continuar cheirando amônia. essas coisas. É importante que discutamos isso, para Contudo, se a concentração porventura aumentar, ela podermos decidir. 01658 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Já estou finalizando. Nova Central Sindical de Trabalhadores – NCST, o Sr. Nessa imagem há vários pontos. A amônia é fa- José Calixto Ramos, que dispõe de 15 minutos. bricada também pelo nosso corpo. Há a influência de Depois falará o Presidente da CUT de Goiás e, doenças hepáticas, do fumo, de doenças do coração em seguida, abriremos ao plenário para o debate. e outras mais. Até mesmo a hidratação, a quantidade Agradeço à assessoria do nosso Gabinete, ao de água que inalamos diariamente influencia na quan- Sr. Ruben Otoni e à Comissão de Direitos Humanos a tidade de produção de amônia. ajuda para realização desta audiência. Essa apresentação está à disposição nos com- Quem quiser fazer uso da palavra deve inscrever- putadores da Casa. Esse foi o último eslaide. se junto aos assessores. Agradeço a oportunidade dada à Engenharia de O SR. JOSÉ CALIXTO RAMOS – Sr. Presidente, Segurança de se fazer presente, para tentar produzir senhores membros da Mesa, companheiros, dirigentes alguns esclarecimentos aos senhores. sindicais, trabalhadores de Niquelândia, primeiramente Parabenizo o Ministério do Trabalho e Emprego louvo a iniciativa de V.Exa. em promover esta audiência pelas atividades desenvolvidas, especialmente pela pública, para que se possa nela, ou por meio dela, tirar elaboração da Norma Regulamentadora nº 22. as dúvidas concernentes às preocupações que são tra- Parabenizo o DNPM, porque tenho acompanho zidas pelo sindicato dos trabalhadores daquela cidade, de perto o trabalho desse departamento, e parabenizo deste setor especifico da extração do níquel. também alguns órgãos ambientais que, nos processos A bem da verdade, Sr. Presidente, eu teria de de licenciamento, têm sido rigorosos nessa questão. dizer que estou presente nesta audiência por uma De certa forma, quero dizer aos senhores o se- questão de dever, porque tomamos conhecimento da guinte: creio que o assunto amônia pode ser objeto gravidade dos problemas que têm ocorrido com os tra- de um fórum mais amplo, para o qual seria trazida a balhadores desse setor. Todavia, eu não seria a pessoa indicada para entrar nos detalhes correspondentes aos indústria química e a petroquímica. efeitos maléficos da forma de trabalho utilizada pela Sinceramente – e eu gostaria que os senhores empresa a que nos estamos referindo, mas, como a não me entendessem mal –, na atividade de minera- Confederação envolve no seu universo de represen- ção eu ainda me preocuparia muito com a questão da tação trabalhadores industriais de forma geral e como silicose. Evidentemente, esta atividade dos senhores o sindicato dos trabalhadores ligado à referida empre- refere-se à mineração a céu aberto, mas me preocu- sa está também no nosso plano, nossa Confederação pa muito a situação dos trabalhadores que atuam em não poderia deixar de vir a esta Comissão, para pelo minerações subterrâneas, principalmente aquelas em menos oferecer apoio incondicional ao sindicato que que as características minerais levem a uma alta con- está trazendo a público os grandes efeitos maléficos centração de sílica livre. Essa proposta já foi feita pelo que estão apavorando uma comunidade. DNPM, a quem parabenizo. Sem demagogia, olhando o semblante desses Se eu puder ser útil na fase dos questionamen- companheiros – perdoem-me a sinceridade –, parece- tos, eu gostaria de atendê-los. Desculpem-me qualquer me que todos estão doentes. Acompanho esse traba- coisa, mas acho que a nossa obrigação é andar com a lho na mina de carvão há cerca de 50 anos. Conforme verdade, porque quem fala hoje a verdade não precisa comentou o Presidente do DNPM, é possível notar a se preocupar com o que falou ontem. gravidade desse problema. Por isso, S.Sa. sugeriu a Muito obrigado. (Palmas.) criação de uma comissão regional. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Dizer que a amônia não fica acumulada no cor- – Muito obrigado, Dr. Luiz Roberto, representante do po das pessoas pode ser verdadeiro tecnicamente, Grupo Votorantim Metais e professor da Fundação mas não na prática. Não fora assim, o sindicato não José Silveira. estaria denunciando que cerca de 450 trabalhadores Saúdo todos os convidados, trabalhadores e as- foram atingidos pelo fator da amônia, fora os que já sessores que estão no Plenário 10, assistindo a esta perderam a vida. audiência pública. Quem estiver de pé pode dirigir-se Trago um assunto muito semelhante: o amianto. para aquele plenário. Peço-lhes desculpas. Contudo, parece-me que o problema da amônia é muito Saúdo também o Dr. Arquicelso Bites, do Mi- pior do que o do amianto. No entanto, foi criada uma nistério do Desenvolvimento Agrário, que esteve pre- comissão de trabalhadores com o objetivo de impedir sente. – e o conseguiram – que algumas empresas, por não Passo a palavra ao Presidente da Confederação utilizarem cuidados necessários com o amianto, con- Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI e da tinuassem trabalhando. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01659 Entretanto, esse não é o caso da amônia. Pelas Boa-tarde, companheiras e companheiros de informações trazidas, não há muita facilidade para con- Niquelândia, que deixaram a família para virem aqui, trolar o sistema. Por conta disso, é evidente que não se certamente, não por brincadeira. Conforme disse o pode pensar em banir o níquel, conforme fazem com o companheiro Calixto, dá para notar o problema no amianto. Pensam até em bani-lo, substituí-lo, porque o semblante de cada um. amianto utilizado na telha pode causar problemas aos Cumprimento o Deputado Pedro Wilson; o Sr. moradores. Ninguém nunca ouviu falar nisso. É claro Reuter, um grande técnico; o companheiro Cícero, que há problema de ordem ideológica e de ordem mer- presidente do sindicato; o companheiro Calixto, da cadológica. Talvez esse caso da amônia não seja um Nova Central; o companheiro Filomeno, de Catalão; problema específico, mas ele tem de ser tratado de todo este Plenário e o companheiro Adilson, ex-pre- imediato, a fim de que esse processo não continue. sidente do sindicato dos trabalhadores em mineração Como ficam esses mais de 400 trabalhadores de Minaçu, o qual parabenizo pela luta em defesa dos afetados? Quem tomará conta deles e de suas famí- trabalhadores. lias? Parece-me que esta audiência pública veio em O companheiro Cícero e eu chegamos a um hora providencial, talvez com atraso, não por conta ponto comum: realizarmos uma audiência pública em desta Comissão, mas quem sabe o problema não te- nosso sindicato, convidarmos as autoridades locais e nha chegado a tal gravidade que motivou o presidente um Deputado Federal, porque esse problema não deve da entidade dos trabalhadores a procurar exatamente ser só em Niquelândia, mas está instalado em outros essa providência. lugares do Brasil. Sr. Presidente, se V.Exa. permitir, seria mais im- O companheiro Pedro Wilson, Deputado que portante ouvirmos o depoimento desses companhei- respeitamos, é membro da Comissão de Direitos Hu- ros que estão sentindo o problema na pele. É relativo manos. dizerem que tecnicamente o produto não incomoda; Ontem, na nossa marcha, companheiro Calixto, que o cheiram, mas não podem continuar cheirando; gritamos por direitos sociais e sindicais. Essa audi- que não é acumulado no corpo nem transferido para ência pública, Deputado, casa com o nosso grito. No os familiares etc. Na prática, quero saber quem está movimento sindical, temos travado uma grande luta sujeito a aspirar permanentemente essa matéria quí- pela representação do sindicato no local de trabalho, mica, que não é mineral. o chamado delegado sindical. Ainda não conseguimos A Confederação Nacional dos Trabalhadores na colocar isso na legislação. Muitos sindicatos já têm Indústria e a Nova Central Sindical dos Trabalhadores algumas representações. No meu, SINTEL Goiás/To- trabalharão com o sindicato da categoria profissional cantins, por exemplo, nos acordos coletivos, temos a para solucionar esse problema o mais rápido possí- vel. Não queremos, absolutamente, o fechamento da participação dos delegados sindicais. empresa, como dizem, o banimento da Níquel. Mas Não sou médico nem engenheiro, mas estou com temos de tomar providências para que os que traba- 60 anos de idade e tenho travado uma luta no movimen- lham nessa exploração sejam considerados humanos to sindical de mais de 30 anos. Por isso, entendo que e não descartáveis. Trabalham um período e depois os o uso da amônia é como o colesterol: o bom não nos jogam fora, como se fossem copo plástico. prejudica de jeito nenhum, ajuda‑nos; e o ruim provoca Sr. Presidente, eram essas as palavras que gos- até enfarto. Estou fazendo uma comparação grosseira, taria de deixar registradas. (Palmas.) mas que tem de ser levada em consideração. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Temos de ter o nosso representante no local de – Obrigado, Sr. José Calixto Ramos, da Confederação trabalho, o que, inclusive, ajudará a empresa. Nacional dos Trabalhadores na Indústria e da Nova Os companheiros disseram que não querem fe- Central Sindical dos Trabalhadores. char a empresa. A Central Única dos Trabalhadores Nosso sentimento, a partir desta audiência, ou- – estou falando em nome da CUT/Goiás e do compa- vindo as partes, buscando diálogo e participação, é o nheiro Arthur Henrique, Presidente Nacional da CUT de encontrarmos a melhor solução para proteger esses – também não quer, de forma alguma, fechá-la. Quere- trabalhadores e a própria empresa. mos que todas empreguem cada vez mais, mas que os Concedo a palavra ao Sr. José Antônio de Oliveira nossos trabalhadores sejam respeitados e que tenham Lobo, Presidente da Central Única dos Trabalhadores poder de participação nos seus locais de trabalho e de Goiás, pelo prazo de 15 minutos. autonomia para dizerem que é preciso consultar um O SR. JOSÉ ANTÔNIO DE OLIVEIRA LOBO – técnico para saber até que ponto a amônia pode ser Sr. Presidente, peço licença para falar de pé. utilizada. Esse o nosso grande eixo. 01660 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Este debate será positivo a partir do momento nio Espíndola, Renaldo Ferreira, Darciro Batista, José em que os trabalhadores tiverem participação em seu Marques, Vilmar Bruno, Joaquim Avelino, Sobelino local de trabalho e em que os sindicatos participem da Francisco, Donizete Alves e Joaquim Peixoto. eleição dos companheiros da CIPA – Comissão Interna Em função do horário, peço a cada um dos ex- de Prevenção de Acidentes. Essa deve ser composta positores que seja breve, para que possamos ouvir por trabalhadores que tenham conhecimento e con- todos. dição de informar ao sindicato como o trabalho está Feitas as exposições, este é um momento a mais, sendo feito ali. vamos ter outros. O Reuter não está aqui, mas estão A partir desse momento, Calixto, conseguiremos o Walter Arcoverde e o Chaves, da DRT – um é repre- fazer com que a amônia seja utilizada de forma ade- sentante de Goiás e outro nacional. quada nos ambientes de trabalho. Estive em Niquelân- Hoje Goiás é um dos Estados que têm o maior dia com os companheiros que estavam aqui e nós nos número de mineradoras, umas 20, 30. Gostaria que comovemos com as declarações dos trabalhadores e acionassem o Denilson, em Goiânia, ou o representante das trabalhadoras. A realidade é que eles já perderam da CPRN, o Correntino, e a Delegacia do Trabalho – a visão, têm problema nos membros superiores e infe- está aqui o Dr. Almir –, para que as representações dos riores e têm sinais assustadores no abdômen. Ministérios de Minas e Energia e do Trabalho possam Qual era o sentido quando Deus nos colocou na estar no Estado, um dos que mais têm expandido na terra? A vida e em abundância. Partindo desse princípio, área de mineração. Temos Minaçu, Niquelândia, Barro queremos que as empresas tenham lucro, mas que os Alto, Orizona, Crixás, Jaupaci, Catalão. trabalhadores tenham vida digna. Para se ter vida, não Se quiserem, poderemos oficializar esse pedido. pode acontecer o que ocorreu com esses mais de 400 Já que há outros Estados, isso seria importante para trabalhadores, os quais já estão com problema sério. acompanhar as atividades e termos o melhor. Não podemos deixar que mais trabalhadores fiquem Com todo respeito, peço aos senhores que sejam doentes, encostados pela Previdência. Isso causa ou- breves, a fim de que todos possam usar da palavra. tros problemas. Por que não fiscalizar de perto, realizar O nosso objetivo não é só ouvir a Mesa, mas ouvi-los um acordo entre empresa e trabalhador? também. Se for preciso, vamos banir a amônia! Nossa vida Quero dizer do nosso empenho, hoje e amanhã, é muito mais importante do que a amônia. Vamos en- nessa linha de proteção do trabalho e da saúde. Vamos contrar um produto que não tenha amônia. Se o nível dialogar o máximo possível para encontrar soluções. dela no produto é muito alto e não há como prevenir, De tal sorte, quero até adiantar minha proposta, ape- vamos bani-la. Agora, se existe uma técnica para que a sar de o Dr. Reuter não estar mais presente: formar amônia não cause problemas aos trabalhadores, tanto uma comissão do sindicado e da empresa para, em os que estão aqui como os que não vieram, tudo bem. mesa-redonda a ser realizada em Niquelândia, encon- A mensagem que deixo em nome da Central Única dos trarmos a melhor maneira de encaminhar o problema. Trabalhadores, companheiro Calixto, é essa. A melhor coisa é o diálogo, a negociação. Estamos, neste País, dando exemplo de unidade Quero informar-lhes que convidamos para esta dos trabalhadores na luta por conquistas, pensando audiência os Ministérios Públicos Federal e Estadual. que as empresas têm de sobreviver e gerar emprego O Ministério Público deve ser acionado sempre quando e renda, mas os trabalhadores têm de ser valorizados. o direito de um cidadão está sendo postergado. Con- É por isso que estamos juntos em âmbito nacional e vidamos muitas pessoas. Algumas não vieram porque regional. estavam desavisadas ou porque não quiseram. Não Parabenizo os trabalhadores que estão aqui. vamos jogar pedra. Vamos abrir o caminho. A Central Única dos Trabalhadores está com vocês Com a palavra o Sr. Raimundo Antônio da Silva. nesta luta. O SR. RAIMUNDO ANTÔNIO DA SILVA – Quero Muito obrigado. (Palmas.) dizer a todas as pessoas que estão aqui, às autorida- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – des, um pouquinho do que houve, do que sentimos. Agradeço a participação ao Sr. José Antônio de Oliveira A Níquel Tocantins, hoje, diz: “mijou, a amônia Lobo, Presidente da CUT/Goiás que falou também em sai”. O médico, que tirou pele das minhas manchas, nome da CUT nacional. disse para mim: “produto químico. Você está contami- Registro a presença do dinâmico Vereador Mar- nado”. Agora, em mim estava saindo de dentro para condes, da Cidade Ocidental, vizinha de Brasília. fora. Não era no mijo. Temos inscritos Raimundo Antônio da Silva, Aldo Outra: estou com toda documentação. Tenho todos Salvador, Antônio dos Passos, Pedro Raul Faria, Efigê- os documentos de vista. Estou ficando cego. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01661 Com muito respeito digo que as autoridades da O SR. ALDO SALVADOR – Boa-noite a todos. Níquel Tocantins, que devem estar aqui, dizem: “fuma, Também fui funcionário da companhia por 18 anos. Eu bebe, vem através disso aí as doenças”. Eu sou uma militava na área de elétrica e instrumentação. A pala- pessoa que não bebo, não fumo, prestava um dos vra‑chave da instrumentação é controle de processos melhores serviços, que hoje é operador de guindaste, industriais ou automação. de 60 toneladas até 300 toneladas. Eu prestava ser- Como foi citado nesta reunião, a 900 geralmente viço pela César Transportes até a Vale do Rio Doce. tem por média 2.500 instrumentos. Isso variando do Hoje não presto nem para pegar um copo de água na instrumento de campo até o painel. Se compararmos minha casa. Meus filhos é que pegam e entregam na pela malha, diríamos que os instrumentos – principal, minha mão. Está aqui o exame de vista. Tenho exame primário, secundário e assim sucessivamente – são de tudo o que vocês pensarem. São 8 mil reais que intermediários. gasto do meu bolso, que pego do INSS para gastar Falando da amônia, nós todos estamos num bar- com doença adquirida em 15 anos que trabalhei na co. Lá ela tem o título de NH3. Ela é recuperada nas Níquel Tocantins. Hoje pago o preço disso. Está aqui; é torres 43, 46, 47 e assim sucessivamente. Saí de lá prova. Quem quiser, pode ver. E falar que isso é pinga, há muitos anos e não sei se foi ampliado para mais é cigarro! Não fumo. torres. O processo se dá por 2 vias: seca e úmida. As- Digo aos senhores que já há 6 meses – está sim, tudo o que não presta lá dentro existe. Inclusive constatado por médico – não sou homem mais para alguns dos administradores. fazer sexo. E aqui há vários que podem levantar a mão. Fui ao Departamento de Pessoal para fazer plano Alguns médicos dizem que a amônia entra pelo san- de saúde, e eles falaram que meu plano de saúde era a gue, vai pelos ossos e agrava. rua. E me mandaram embora. Tinha 18 anos de traba- Não é com 3 dias, não é com 1 dia que os se- lho. Para mim, era como se trabalhasse lá por apenas 18 dias. Eu pensava que tinha de lutar pela vida. nhores vão visitar a Níquel Tocantins. Vão chegar lá e Quando descobriram que estávamos doentes, encontrar muitas coisas. Podem até beber um copo eles me trataram de 2 doenças: hanseníase e pênfigo. com leite. Mas passem 15 anos, companheiros, traba- Quando me mandaram embora, fui fazer uma triagem lhando como trabalhei, como todos que trabalharam médica. O médico queria acionar a empresa, mas eu lá! Hoje, estão pagando o preço. não deixei. Disse: “Não. Vamos fazer os exames porque Falam para nós que amônia não tem nada. Mas preciso saber o que é. Se for hanseníase ou pênfigo, não é só amônia, gente! Lá há vários tipos de produ- morreu aqui. Vou tomar os remédios e vou assumir a tos químicos. Trabalhei na Níquel Tocantins com sul- minha responsabilidade”. O CID da doença deu into- feto, com MAP, pior veneno que tem na 800 e 900. Os xicação por metais pesados e outros. Eu e o advoga- senhores podem pegá-lo, colocá‑lo numa vasilha, pôr do, folheando o livro, vimos que o CID correspondia a água e vejam se não desmaiam na hora. O MAP e o intoxicação por metais pesados e outros. sulfeto. Tem aqui encarregado que cuida dessa ação e Trabalhei com temperatura elevada, trabalhei vai falar sobre esse tipo de coisa. Fala-se só da amô- com amônia. Lá existe solução‑mãe, solução primária nia, mas não é só ela. e solução secundária. Então, de uma se distribui para É esse tipo de coisa que acontece conosco, com várias. No processo em si, quando se diz via úmida, 15 anos de trabalho. é injetado amônia. Agora, tem vários departamentos, Prezados amigos representantes da Níquel To- como a lixiviação, em que se injeta ar comprimido. cantins, hoje, meus filhos põem a mão na minha ca- Até mesmo em um compressor funcionando. A beça e dizem: “Pai, não morre”. Eu já passei 2 vezes amônia está em suspensão dentro da fábrica, o com- pelo vale da morte. Hoje ainda estou andando porque pressor a puxa e já cai no ar comprimido. Automatica- Deus me ajudou, e vai me ajudar, porque ainda vou mente, o camarada vai fazer um serviço ali e precisa criar meus filhos de qualquer forma. de segurança. Eles pegam uma maquininha, que se O Cícero Joventino me trouxe do Maranhão. Ele chama arco frio, e engatam um vinil de um quarto ou é pequeno, mas dêem valor a esse caboclo aí, gente! três oitavos. Aí o camarada bota a máscara, aquele ar Ele está lutando por nós. está puxando na corrente, automaticamente ele está É só isso o que queria dizer aos senhores: “Olhem ingerindo ela. Ar comprimido, inala-se e não resolve, por nós, tenham dó!” (Palmas.) porque entra e queima você. Agora, o doutor disse que O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) ela às vezes dá só um pequeno pigmento nos olhos, – Obrigado, Raimundo Antônio da Silva. mas meus olhos estão todos arrebentados e eu pres- Com a palavra o Sr. Aldo Salvador. tava serviço lá. 01662 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Dizem que o cigano foi vender uma égua e di- porque não há nada escrito – uma comissão composta zia para o comprador que o defeito dela estava nas por pessoas da Tesouraria, do Departamento Pessoal, vistas. Mas para não enxergar o meu problema só se por médico, por engenheiro de segurança. Quiseram for cego. Olhem as condições. E a companhia diz que me convencer a assinar o aviso. Eu disse que não, que não é problema de lá. Agora, no meu caso, que não é adoeci lá dentro, que estava em tratamento, que sou o de todos aqui, eles diziam que era hereditário, mas uma pessoa pobre, que preciso do trabalho. Acho que na minha família nunca existiu isso. a pessoa se tratar não é caso de ser um mau elemen- Eles não me deixaram entrar lá para trabalhar. to, um profissional ruim, porque Deus disse: “Daí ao Aí fiz uma matéria no Diário do Norte. Fui ao jornal, doente o repouso”. reclamei, e eles publicaram a matéria. Eles me coagiram a assinar, porque disseram Recentemente, eles fizeram uma matéria em que quando interessasse à companhia ela mandava Goiânia. Achei até engraçado porque não nos procu- o preto, o feio, o bonito até o defunto embora. Eu dis- raram para ter direito de resposta. Quando eu abordei se para ele sorrindo: “Uai, doutor, então vou assinar, o problema no jornal, eles foram à companhia para ela porque eu não morri ainda e defunto não assina”. Aí ter direito de resposta. A companhia disse que sem- fui buscar recurso onde me atendiam da hanseníase pre foi exigente com seu sistema de segurança. Aí eu e do pênfigo. Cheguei lá, deram o laudo, mas eles não provei por “a” mais “b” que não era bem assim, que eu me atenderam, fiquei só sofrendo. Coloquei a empresa trabalhei lá com a roupa social, calçado social e só falo na Justiça, porque se não é hanseníase nem pênfigo a verdade, porque não gosto de mentira. E ainda dis- eu estava cometendo o suicídio ao tomar remédio er- se que o que ela deu para nós usarmos foi capacete, rado. Quando nós íamos ao médico da base, ele dizia óculos e às vezes um abafador. Isso eu posso provar, que nós estávamos com preguiça ou que era da idade. porque tenho a minha fotografia usando roupa social. Aí, quando me estourou tudo, eu fui atrás dele e dis- Na fotografia, eu estava perto de uma água jorrando. se que a nossa idade era mais ou menos a mesma e Disse que estava pegando água para beber. Há 18 perguntei se ele sentia os mesmos sintomas que eu, anos não, mas hoje a turma lá bebe água mineral. Por e ele baixou a cabeça. Mas, na primeira oportunidade que mudou? Porque a água também é contaminada em que tiveram condições, me mandaram embora. com o gás de amônia. É muito fácil saber. Lá dentro (Palmas.) da fábrica, onde há um azulzinho, ela já infiltrou ali. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Então, ela infiltra no ar comprimido, ela infiltra na rede – Obrigado, Sr. Aldo Salvador. de água e assim sucessivamente. Concedo a palavra ao Sr. Antônio dos Passos. Agora, quando se sai da área, por exemplo, da via seca, cai na via úmida, ali começa a receber o O SR. ANTÔNIO DOS PASSOS – Olha, eu quero processo de amônia. Aí vem o sistema de liquidifica- agradecer aos cinegrafistas daTV Câmara, ao Depu- ção, os decantadores são feitos em diferentes níveis, tado Pedro Wilson, que é uma pessoa de muita qua- a lama sai por baixo por bombeamento e o minério sai lidade, ao Cícero Joventino e a todos da Mesa, aos por cima, pela gravidade, e assim é todo o processo. sindicalistas, aos Deputados e a todos os meus com- Da 600 até chegar à 900 você passa por um sistema panheiros presentes. de amônia. Pergunto: como é que a amônia não mata, não Lá existem umas tomadas de impulso, onde eram prejudica? Lá os ferros são isolados, senão a amônia adaptados os transmissores de nível ou vazão ou tem- come todos. Então, se come ferro, não come material peratura. Você tinha que ir lá no orifício dele, às vezes humano? ele tampava, porque ela dá uma incrustação na tubu- A amônia já me derrubou. Uma vez eu e meu lação, desobstruir, para ter indicação lá no painel. Ela companheiro íamos passado em frente ao almoxarifa- derramava na sua pele. Aquele lugar ali queimava. do – e, antigamente, nós não tínhamos uma máscara, Eu fui acidentado com a lama lá no 716 e fiquei não tínhamos nada; hoje a empresa investiu em mui- mais de 3 anos tendo duas estações: uma hora era frio; tas coisas da área da saúde, mas, na nossa época, outra, calor, e essa febre me acompanhou por muitos não, era na mão bruta mesmo, cheirando a amônia, anos. Hoje, dos meus poros – parece que por causa e passávamos por vários problemas de saúde. Nós da lama a que a gente estava exposto – estão saindo tirávamos a carteira de saúde em Uruaçu, porque ali umas manchas pretas de dentro para fora. não tinha exame de nada. Chegava lá, parecia que o Mas meu caso foi muito antes. Quando eles me médico era comprado também. Perdi 6 dias de serviço, mandaram embora eu já estava nessa proporção. Dis- porque o médico não me deu atestado, e a companhia seram para mim que fizeram – eu não posso provar não colaborava conosco. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01663 Eu mexi com um tal solvente na seção 200 que lharam a conhecem e sabem do que se trata: o local me prejudicava muito. em que exatamente, até hoje, faz-se descarregamento

Como a amônia não faz mal, se eu começava a de NH3, para quem não sabe, a amônia. desmaiar, se me sentia mal, se dava vômito? Por que Na função de operador, presenciei – e muitos essas coisas não prejudicam nós, trabalhadores? dos presente também – o não-uso do equipamento Penso que viemos aqui com o objetivo de buscar obrigatório de proteção. Depois de uma temporada, ao os nossos direitos, porque temos família, que no dia-a- retirar-me da Companhia Níquel Tocantins, fiz um curso dia precisam de coisas que não podemos dar por causa técnico na cidade de Uberlândia e retornei à empresa da contaminação da amônia. Digo a verdade para os na função de técnico de produção. Lá, eu me deparei senhores: eles têm de encontrar uma forma de eliminar com muitas irregularidades, muitas mesmo. Entre as esse tipo de coisa, para que mais companheiros nossos irregularidades, posso citar uma: a limpeza das torres não fiquem nessa situação em que estamos. e das bandejas da Seção 900. Meu boa-tarde a todos. (Palmas.) Em alguns pontos, vou discordar de algumas pes- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) soas. A teoria, às vezes, não bate com a prática. – Obrigado, Sr. Antônio dos Passos. Disse o engenheiro de segurança que trabalhou Com a palavra o Sr. Pedro Raul Faria. 16 anos na área que a amônia não é tão prejudicial. O SR. PEDRO RAUL FARIA – Boa-tarde a todos, Isso foi o que entendi. Isso é teoria. Devo dizer-lhe que ao Sr. Deputado Pedro Wilson e aos demais compo- a prática é bem diferente da teoria. nentes da Comissão; ao pessoal da Níquel Tocantins, Vale lembrar a todos que eu e outros presentes a quem agradeço a presença, e ao Cícero Joventino, que trabalharam na mesma seção muitas vezes nos que nos deu essa oportunidade de vir aqui. deparamos com companheiros desmaiados devido ao Eu saí da Níquel Tocantins há 20 anos e tenho um cheiro forte da amônia. Alguns companheiros jogavam problema no sangue, estou contaminado com amônia, água nos olhos naquela seção, porque o gás amoniacal e, como meus colegas têm dito, ficam saindo tumores prejudica tanto os olhos quanto a garganta, as virilhas, de dentro para fora. Além disso, tenho problemas de as axilas e outros órgãos. alergia, problemas no olho – coceira e dores –, inclu- Resumindo tudo – serei breve –, devo dizer-lhe, sive eu estive no médico de Uruaçu, e ele me disse engenheiro, que seus argumentos foram muito bons, que me daria um laudo, que verificaria bem o proble- mas a realidade da companhia atualmente é outra. Dis- ma para ver se não precisava fazer uma cirurgia no se o Parlamentar que visitará a empresa em breve e, lá, olho. Aí, como eu tinha de ir a Goiânia, eu estava fa- repito, verá outra realidade, não aquela de 1978 a 1980 zendo um tratamento e com uma cirurgia de ombro já e de 1985 a 1992, ocasiões em que lá trabalhei. marcada, eu não pude voltar lá até hoje, mas, assim Dr. Cícero Joventino, advogado e nosso assessor que tiver oportunidade, vou voltar. Ele me disse que jurídico, conte comigo e com a minha presença para vai me dar um laudo constatando realmente o que é depoimento, porque, dentro do meu conhecimento, o meu problema. terei o maior prazer em fazê-lo. Estou pensando que seja a amônia. Não fiz um Boa-tarde a todos, e até uma próxima oportuni- exame perfeito, porque ainda não encontrei um médico dade. (Palmas.) especialista no caso pelo SUS. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – Era o que tinha a dizer aos senhores. Agradeço ao Sr. Espíndola o depoimento. Muito obrigado. (Palmas.) Passo a palavra ao Sr. Renauro Ferreira. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) O SR. RENAURO FERREIRA – Cumprimento – Agradeço ao Sr. Pedro Raul Faria. o Sr. Presidente, Deputado Federal Pedro Wilson, e Passo a palavra ao Sr. Efigênio Espíndola. os componentes da Mesa. Devo ainda agradecer ao O SR. EFIGÊNIO ESPÍNDOLA – Sr. Presidente, Presidente da CUT e ao Presidente do Sindicato de Deputado Federal Pedro Wilson, em nome de quem Niquelândia, Sr. Cícero Joventino, que nos têm dado cumprimento a Mesa. muita força nesse trabalho em busca dos nossos di- Em nome do Sr. Cícero Joventino, grande ami- reitos e da nossa saúde, porque realmente há perda, go e companheiro, que vem lutando por essa causa, algo constatado pelos exames médicos. cumprimento os demais amigos de Niquelândia, com Devo agradecer também ao Presidente do Sindi- um grande abraço, cumprimento também todos os cado, cujo nome não mencionei, a colaboração. presentes. E devo agradecer muito – muito mesmo – a Deus Sou ex-funcionário da Votorantim Metais, ex-ope- pela luz que nos proporciona conhecer o Sr. Deputa- rador da Seção 900. Todos os presentes que lá traba- do Federal, o Presidente do Sindicato e o Presidente 01664 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 da CUT. Realmente, essas pessoas são luz para nós. e da nossa perda de saúde. Os danos à saúde que Apenas nós podemos relatar o que estamos passan- sofremos, conforme, emocionados, relataram os com- do devido às condições de saúde. Refiro-me ao fato panheiros, só Deus pode nos ajudar, considerando que de sermos lesionados pela empresa Níquel Tocantins, as condições para nos tratar são pequenas, porque que hoje tem o nome de Votorantim Metais. esse tratamento é muito caro. Da forma como esboçou o problema o represen- Então, talvez com o reconhecimento das auto- tante da Níquel Tocantins, parece que o produto não ridades – quem sabe? –, possamos conseguir um faz mal. A grande prova de que isso não é verdade é seguro de saúde para termos um resto de vida com o testemunho vivo que estamos vendo. Verificamos o mais dignidade. quanto é grande a nossa perda de saúde. Inclusive, Sr. Presidente, demais autoridades, agradeço devo relatar para a comitiva presente e para as autori- muito pelo reconhecimento. dades que a empresa Níquel Tocantins, por descuido, Que Deus os abençoe! (Palmas.) um dia, deixou derramar uma quantidade de rejeitos O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) num córrego, causando a morte de animas. Alguns – Agradeço ao Sr. Renauro Ferreira. amigos que têm fazenda na parte baixa da região re- Passo a palavra ao Sr. Darciro Batista. clamaram muito porque perderam seu gado, que con- O SR. DARCIRO BATISTA – Cumprimento todos sumiu a água contaminada. Vale acrescentar que se os componentes da Mesa principalmente o Sr. Depu- alguém quiser fazer uma pesquisa na região verificará tado Federal Pedro Wilson, que marcou junto, com o que no córrego não há peixes. Eles morreram devido Presidente do nosso Sindicato, Cícero Joventino, esta à contaminação. audiência pública. Lamento mais a perda da nossa saúde. Os tra- Nesta audiência, venho dizer que trabalhei na balhadores têm recurso financeiro pequeno e grande Níquel Tocantins durante alguns anos e, quando sai, dificuldade no que diz respeito à oportunidade de tratar sequer exame médico foi feito em mim. do assunto, como está ocorrendo hoje. Refiro-me ao Há algum tempo, vêm aparecendo alguns proble- fato do acesso ao Deputado Federal Pedro Wilson e mas no meu corpo, para os quais os médicos recei- outros Parlamentares, além de outras pessoas, como tavam remédios, sem saber do que se tratava. Além o Sr. Cícero Joventino, o grande homem que nos trou- disso, a visão vem ficando muito fraca. Entre outros xe até aqui. problemas, tenho caroços no corpo, coceira, proble- Estamos muito honrados e agradecidos às pes- mas na veias, no sangue e outros sintomas, conforme soas citadas por encontramos o caminho e o reconhe- também relatado por alguns companheiros. cimento por parte das autoridades. Fazer mais um depoimento é perda de tempo, con- Encerro meu depoimento com essas poucas pa- siderando tudo o que disseram nossos companheiros: lavras, agradecendo a todos pela atenção. (Palmas.) sofremos perda de visão – vejo os componentes da O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Mesa de forma um pouco embaçada, devido à perda – Agradeço ao Sr. Darciro Batista. da visão –, temos dores constantes no corpo, zoeira Tem a palavra o Sr. José Marques. na cabeça, parece que há um caminhão acelerando O SR. JOSÉ MARQUES – Sr. Presidente, falarei na minha cabeça. Um médico me disse que esse é um a respeito de meu problema de saúde. problema crônico, que ocorre por causa do produto Fui fichado na companhia por 3 vezes. Antes, não químico no sangue, o que não se consegue retirar. se fazia exames como hoje. Em 1995, quando entrei Conforme disse o nosso Presidente do Sindicado, na empresa pela última vez, fiz os exames exigidos e até fazendo uma relação graciosa: tudo demais passa. fui considerado apto em todos eles. Contudo, pela fato Assim como há o colesterol alto, há o colesterol bai- de ter trabalhado em áreas contaminadas, no período xo. Os nosso exames acusam que estamos com alta de 1983 a 1987, na Área nº 4.600, que lidava somen- quantidade do produto no organismo, o que proporciona te com venenos como o brometo de metila, aldrin e dores, zoeira, baixa potência sexual e outros proble- iscas. Inclusive – e aqui está o meu companheiro que mas. Tudo isso ocorre devido à presença do produto era mecânico, o Cirilo, o caminhão que carregava as químico no nosso organismo. Como disse, tudo está nossas comidas... Nós éramos bóia-frias, trabalháva- constatado pelos exames médicos. mos nas fazendas, e os caminhões saiam com os cai- Agradeço muito a Deus a atuação do Deputado xotes cheios de marmitas, as máquinas de combater Federal Pedro Wilson. Desejo que V.Exa. tenha muita as formigas para não cortar os eucaliptos, as nossas felicidade na vida. Realmente, V.Exa. e outras autori- comidas e água, era tudo misturado. E dava dor de dades estão tendo conhecimento do nosso sofrimento cabeça, tonturas. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01665 Nessa última vez, inclusive, desmaiei lá no servi- boratório, fiz o exame da amônia, e ele constatou um ço, a companhia me levou ao hospital, e, do hospital, índice um pouco alto desse produto. Conversei com eles me encaminharam para Brasília. Em Brasília, fiz alguns médicos, disse que sentia esses sintomas – dor vários exames, estive internado, fiz até cateterismo, nas juntas, muita dor de cabeça, ardor nas vistas, dor surgiu problema até de coração. Mas não deu a me- na coluna e outros e outros sintomas –, e os médicos dida certa, o médico não quis me operar, a empresa me disseram que esses eram os sintomas provocados não colaborou, descontou do salário que eu recebia, pela amônia. de cooperativa e férias vencidas, e me roubaram esse Quero dizer que não consegui me ver livre da dinheiro. Não me pagaram e ainda descontaram 5.500 amônia facilmente. Já faz 12 anos, e até agora isso não reais, fizeram‑me pagar do meu bolso. Foi por isso que aconteceu, estou apenas sentindo piorar. Quer dizer, procurei a Justiça para me dar apoio, procurei o Cícero não me vi livre. Como o senhor citou ali, pelo que en- Joventino, e ele me indicou o Dr. Nélio como advogado, tendi, ficou parecendo que a amônia não é um líquido e nos encaminharam para chegarmos até aqui. perigoso, mas um líquido comum; ficou parecendo que Até hoje sinto tontura, desmaio e tenho perda dos a pessoa não se contamina ou, se ela se contamina, sentidos. Às vezes, estou na minha casa e fico pedindo ela se vê livre disso com o passar do tempo. No meu para a minha família: Quero ir embora para a minha caso, até agora, nestes 10 ou 12 anos, muito pelo con- casa. Direto, tenho esse tipo de passamento. Quanto trário, está piorando cada vez mais. às coceiras, tem dia que só falto arrancar o couro do Se o senhor puder nos responder... (Palmas.) corpo, porque coça demais. Além disso, há o problema O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) da amônia, porque constantemente eu estava dentro da – Obrigado, Sr. Vilmar. usina. Eu trabalhava na área como encarregado, mas Com a palavra o Sr. Joaquim Avelino. também mexia com as equipes, e as equipes todas O SR. JOAQUIM AVELINO – Quero cumprimentar precisavam de auxílio. Por isso, eu estava em contato a todos e parabenizar os funcionários da Votorantim constantemente com aquilo ali. Metais que hoje estão lá trabalhando, porque hoje eles Portanto, ajudamos a companhia com sinceridade, têm bons engenheiros de segurança, bons técnicos. Na com dignidade. E ela não nos deu o devido valor. Pro- nossa época, não conhecemos isso, não, viu doutor? curei a empresa para que me ajudasse nesse sentido, Quero dizer ao senhor que faz 15 anos que saí e eles disseram que não me tinham na consideração da Votorantim Metais, e ainda hoje consta um índice como funcionário mais, porque eu já estava aposenta- muito alto de contaminação de amônia no meu corpo, do. Fiquei 2 anos encostado, e o INSS me aposentou. assim como de vários outros tipos de metais e produ- E cortaram todos os direitos que eu tinha, mas conti- tos químicos. nuo fichado na empresa. Mesmo assim, eles disseram que não me têm mais na contagem como funcionário. Quero dizer ao senhor que acho que esses mé- E não me pagaram as férias nem o dinheiro da coope- dicos que estão fazendo esses exames em nós estão rativa que eu tinha, que era um desconto de mais ou correndo um grande risco, um risco judiciário, porque, menos 50 a 60 reais por mês do meu salário. E eles se essa amônia sai tão rápido do nosso corpo, acho que me roubaram isso. temos de olhar melhor os exames desses médicos. Ve- Era o que eu tinha a dizer aos senhores. (Pal- jam que depois de 15 anos, estou com 388 miligramas mas.) de amônia no sangue, com problema no coração, com O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) problema nos ossos, com problema na mente. Isto aqui – Obrigado, Sr. José Marques. tudo é exame, e tudo tirado do meu bolso. A CNTI não Com a palavra o Sr. Vilmar Bruno. pagou nenhum. Estou com problema nas veias, entu- O SR. VILMAR BRUNO – Boa-tarde a todos. pimento de veias, problema nas vistas, não enxergo A minha pergunta eu quero dirigir ao Prof. Luiz mais nada, tudo isso foi adquirido lá dentro. Roberto, enviado da empresa. E há outra coisa: a Níquel Tocantins tirou esse Agora há pouco, o senhor esteve falando e mos- problema lá de dentro, sabem por quê? Porque, quando trou vários objetos que contêm amônia. O senhor mos- ela percebeu que esses velhos funcionários estavam trou que pegamos essa amônia e facilmente nos des- contaminados, ela pôs tudo para fora. Hoje, qualquer fazemos dela, que ela sai do corpo. Às vezes, como fiscalização que for feita na CNTI não vai encontrar o rapaz citou ali, até pela urina, a pessoa se vê livre esse problema mais, porque eles mudaram os proces- da amônia. samentos, mudaram os equipamentos, tiraram aqueles Quero dizer ao senhor que há cerca de 10, 12 equipamentos que davam problema e jogaram tudo fora, anos, fui funcionário da Níquel. Procurei um certo la- enterraram. Não vão mais encontrar esse problema lá. 01666 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Quero, inclusive, dizer aos fiscais que forem fiscalizar O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) isso lá hoje que não vão encontrar mais isso. – Obrigado, Jovelino Francisco. Na nossa época, não havia nada disso, não sa- Com a palavra o último a falar, Sr. Donizeti Alves, bíamos o que eram fiscais, o que eram engenheiros, já que o outro inscrito, o Sr. Joaquim Peixoto, emocio- o que eram técnicos mecânicos, fazíamos tudo com a nou-se e está sendo atendido. cara e a coragem, não havia equipamentos individuais, O SR. DONIZETI ALVES – Boa-noite a todos, EPIs. Hoje já há tudo isso. vou reforçar as palavras dele sobre a corrosividade. Como o nosso colega estava dizendo, bebíamos Trabalhei vinte e seis anos e pouco nessa área, tra- água do cano, misturada com amônia. Hoje ela forne- balhei até ce água mineral lá dentro. Fornece até para quebrar com esse decantador com borracha sintética. no meio da rua, como aconteceu numa manifestação Isso era corrosivo. Até as borrachas e as tubulações esses dias: levaram um caminhão de água mineral e de paredes grossas se corrompiam. quebraram tudo no meio da rua, desperdiçando água Sobre saúde, tenho problemas de coluna, tontu- mineral. ras, coceira no corpo, como várias pessoas têm, dores E é só isso mesmo. e formigamento nas pernas, vistas que lacrimejam, dor Muito obrigado. (Palmas.) nos braços e muitos outros sintomas. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – – Obrigado, Sr. Joaquim Avelino. Antes de passar a palavra ao Sr. Luiz Roberto Reuter, Com a palavra o Sr. Jovelino Francisco. para demonstrar a seriedade desta audiência, gostaria O SR. JOVELINO FRANCISCO – Boa-tarde, de registrar que foram convidadas, além das que estão Deputado Pedro Wilson. presentes, as seguintes pessoas: Sr. Josimar Souza Em nome dos demais colegas, agradeço a todos Pires, do Grupo Votorantim; Sr. Cícero Joventino de que compõem a Mesa, agradeço também ao Cícero, Oliveira; Sr. José Albenir Ribeiro Pereira, do Sindicato que nos tem dado muita força e nos ajudado muito. METABASE; Sr. José Calixto Ramos; Sr. Miguel Antônio Também quero dizer ao senhor que fui funcionário Cedraz Nery, Sr. Denilson Martins Arruda e Walter Lins da Níquel Tocantins e mexia com amônia na área da Arcoverde, do Departamento Nacional de Produção Níquel. Intoxiquei-me duas vezes e hoje também me Nacional; Sr. Bernardo Borges, da Promotoria Pública encontro nessa situação em que não agüento mais tra- de Niquelândia; Sr. Walter Linzmaeyer Meyer Otsuka, balhar, sinto muita dor nas costas, nas pernas, dores de Crixás, e Fábio Bonas, de Catalão; os Prefeitos e de cabeça. Além disso, duas meninas minhas foram Presidentes da Câmara de Niquelândia, de Crixás contaminadas por amônia, e minha esposa também. e de Catalão; os representantes do jornal Diário do Eu mexia com produto radioativo, entrava em torre de Norte; a diretoria de várias entidades, tais como Leô- lama, desentupia, trabalhava de “zero hora”. Hoje não nidas Rui Inocêncio e Luiz Fernando; Sr. Ridoval Darci agüento mais, não agüento nem dar uma carreira, Chiareloto, da Secretaria de Indústria e Comércio do perco o fôlego... E deu amônia, deu níquel, deu ácido Estado de Goiás; Sr. Adilson Santana, do Sindicato de sulfúrico, mexi com vários produtos químicos. Minaçu; Sr. José Antônio, da CUT; Sr. Jonas Duarte; E também não concordo com a afirmação de que Pastor Alvessimo; Frei Stanislaw Ocetek; Sra. Júnia, a amônia saia assim fácil, porque, se fosse assim fácil, Sr. Rainho e Sr. Marco Peres, do Ministério da Saúde; companheiros que trabalhavam ao nosso lado não ha- Sr. Milton Freitas, da FUNDACENTRO; Padre Edilson veriam morrido. E há outros que não estão agüentando José dos Santos; radialista Odair José; Sr. Nélio; Sr. mais nada. Em mim foi encontrado níquel, amônia e Ivan Marcos; novamente Sr. José Calixto; Sr. Otávio ácido sulfúrico, e acredito que a amônia não seja fácil Brito Lopes, Procurador-Geral do Trabalho; Sr. Filo- de sair assim, no vento, não. meno, da Superintendência do IBAMA em Goiás; Sr. E não concordo também com a afirmação de que Jair Bala, do Sindicato dos Servidores Municipais de as comidas e outras coisas tenham amônia. Essa amô- Niquelândia; representante da Delegacia Regional do nia que usávamos furava decantador, comia os canos, Trabalho; e Sr. Almir Augusto Chaves e Sr. André Luiz eu via muitas vezes, e outros companheiros também Cardoso, da Agência de Atendimento de Catalão. viam A amônia comia os decantadores, causava vaza- Passo a palavra agora aos membros da Mesa, mento, estourava canos, e até hoje há muitos compa- começando pelo Sr. Luiz Roberto Reuter. Depois, bus- nheiros doentes lá na cidade, em Niquelândia. caremos alguns encaminhamentos. Já há duas propos- Agradeço ao Deputado Pedro Wilson e agradeço tas. A primeira delas, direcionada ao Dr. Walter Lins a todos os companheiros. Arcoverde, é no sentido de que a Delegacia Regional Essas são as minhas palavras. (Palmas.) do Trabalho e o DNPM encaminhem já a instalação, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01667 em Goiás, de uma comissão para solucionar essa O segundo ponto é que jamais fui defensor da questão. A segunda é para que se abra uma mesa de Votorantim ou de qualquer outra empresa. No muito, negociação entre o sindicato e a empresa em Nique- talvez hoje, defenda a mim próprio e à minha família. lândia, convidando as pessoas de direito, a fim de se Vim a esta Comissão, na condição de convidado buscar um entendimento. da empresa, para prestar esclarecimentos técnicos, o É uma solução negociada com base no diálogo e que foi feito. Reafirmo: não estou aqui para defender visa encontrar respostas, seja por parte da empresa, a Votorantim ou qualquer grupo empresarial que seja. seja por parte do sindicato, seja por parte do próprio Entretanto, evidentemente, quando apresentamos al- Governo de Goiás e do Governo Federal, no caso o gumas considerações, elas nem sempre agradam. Em INSS, o Ministério do Trabalho, o DNPM e o Ministério alguns pontos elas podem agradar; em outros, não, e da Saúde, que têm interface com essa questão. assim por diante. O que posso imaginar é que alguns Queremos buscar uma alternativa positiva diante depoimentos feitos tenham clara validade devido às das denúncias feitas. Pelo semblante das pessoas que propriedades do produto. Foi dito, por exemplo, que a falaram nesta reunião, não podemos deixar de reco- amônia tem um efeito agudo. Principalmente em forma nhecer o seu drama. É preciso buscar alternativas, e líquida, a amônia é altamente hidroscópica. Quando a primeira delas é sempre o diálogo. É possível che- ela entra em contato com a pele, rouba a umidade garmos a bom termo, se assim concordarem o Sr. Cí- e provoca uma sensação similar à da queimadura. cero e o Sr. Roberto Reuter e se for estabelecida uma Portanto, é verdade o que um trabalhador aqui disse mesa de discussão. As pessoas estão aí, as questões ao contar o que aconteceu com ele quando escorreu são recorrentes, e é necessário encontrar uma solu- amônia em seu braço. ção. Não queremos condenar ninguém, mas apenas É verdade também o que outro trabalhador falou chegar a uma alternativa para quem trabalhou e quer no sentido de que, às vezes, quando havia um vaza- conhecer o último critério, o da Justiça. mento de amônia, ardiam seus olhos, e ele tinha de Como o papel da Comissão também é o de fisca- jogar água. Como já disse, a amônia é altamente hi- lizar, aqui estamos para ouvir atentamente todo mundo. droscópica e dá essa sensação de ardor – inclusive, Os senhores podem confirmar o rol de pessoas que nesse caso, uma das técnicas recomendadas é jogar convidamos, e, no futuro, elas não poderão dizer que água nos olhos. Mas existe uma diferença muito gran- não foram convidadas. de entre situações como essas e outras. A nossa primeira proposta, portanto, é a de que Em nenhum momento nego que alguém tenha haja diálogo com a DRT e o DNPM, a fim de que ins- dor de coluna. Se ele está dizendo que tem dor é por- talem imediatamente uma comissão para tratar do que tem. O mesmo ocorre em relação à dificuldade assunto. Se precisarem de ofício por escrito, posso respiratória aqui relatada, o que não vou questionar. fazê-lo. No entanto, como as autoridades estão teste- Jamais poderia fazê-lo. Mas acho que, às vezes, as munhando essa necessidade, a melhor coisa a fazer pessoas podem estar equivocadas. Podem estar sen- é buscarmos uma resposta para esse trabalho. Assim tindo alguma coisa e, de alguma maneira, pensando como o Sindicato procurou a DRT e o DNPM para ou até imaginando que isso tenha associação com a melhor encaminhar a questão, também convidamos amônia. mais uma vez a empresa. O nosso objetivo não é jo- Digo aos senhores que boa parte dos sintomas gar bomba ou fazer algo parecido, mas buscar uma relatados não têm relação com o produto. Acreditem em alternativa, um esclarecimento. mim. Os senhores podem procurar na Internet, podem Feito o registro, com a palavra o Sr. Luiz Roberto pesquisar à vontade. Não estou querendo dizer que Reuter para suas considerações finais. os senhores não sintam isso. Os senhores devem ter O SR. LUIZ ROBERTO REUTER – Inicialmente, os seus motivos, motivos dos mais diversos, que aqui gostaria de fazer alguns esclarecimentos. Primeiro, não me cabe apurar, mesmo porque essas apurações vejo à minha frente vários senhores e várias senho- normalmente são feitas por meio de perícias designa- ras, muitos de cabelos brancos, e sei que as pessoas, das pelo juiz, pela empresa, pelos trabalhadores ou especialmente a partir de certa idade, até por ensina- até mesmo pelo próprio sindicato. mentos ou por deveres familiares, não iriam se prestar Deixo claro, porém, que boa parte dos sintomas a dizer coisas que eventualmente não fossem verdade. aqui apresentados não têm relação com o produto Meu respeito a essas pessoas. amônia, como os senhores podem constatar por meio Em nenhum momento, passou pela minha ca- da Internet, onde vão encontrar essas informações. beça que os senhores não estivessem sentindo o que Sempre defendi o diálogo. Sempre. Empresa e traba- narraram. lhador têm de dialogar de todas as formas possíveis, 01668 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 seja da forma direta, na parte interna da empresa, seja sempre ao DNPM porque venho acompanhando seu indiretamente, através do sindicato. trabalho há muito tempo. A questão da segurança e da saúde do trabalha- Com relação às atividades da Central Única dos dor é um inimigo comum. É um inimigo da empresa Trabalhadores, tenho ali vários amigos, como o Vicen- porque afeta a sua produtividade, às vezes acarretando tinho. Muito me honra também o Exmo. Sr. Presidente danos e prejuízos altíssimos, e é também um inimigo da República, com quem outrora trocava idéias sobre do trabalhador. Empresa e sindicato – sempre defen- essa questão da segurança dos trabalhadores. di isso – deveriam dar as mãos para buscar soluções Parabenizo ainda os outros órgãos presentes e para esses problemas. esta Comissão de Direitos Humanos e Minorias pela Então, deixo claro que não sou defensor da Voto- brilhante iniciativa. rantim – não tenho essa incumbência –, mesmo porque Recebi aqui a incumbência de levar um recado a defesa é uma atividade dos senhores advogados, e eu à empresa. Até levaria esse recado a empresas que sou engenheiro. Evidentemente, existem engenheiros nunca conheci na minha vida se fosse para melhorar que ocupam o cargo de assistente técnico de empresa, as condições de segurança e de saúde dos trabalha- mas nem por isso eles têm a propriedade de não se dores. Levarei esse recado, essa proposta. Considero conduzir pela verdade, até porque eles respondem a as pessoas com quem tenho relacionamento nessa um conselho e podem ser punidos. empresa sérias e responsáveis. Pelo menos até o mo- O que fiz foi apresentar as informações disponí- mento, não vi nada que as desabonasse. veis. Faço questão que os senhores pesquisem. Pes- Alguns falam de passado, outras falam de pre- quisem à vontade. Quero ver se algum dos senhores sente. E tenho de falar do que vejo, ouço e sinto. Não vai encontrar que a amônia gera problema de coluna. posso falar sobre coisas que não vi e não ouvi. O que Quero ver se algum dos senhores vai encontrar que posso dizer é que, pelo que observei na unidade, a amônia gera problema no coração. Podem procurar empresa está caminhando para alcançar padrões que à vontade. considero internacionais. Não citei isso no início, por- Não critico quem assim pense. Afinal, se pen- que não seria correto da minha parte. sa assim é porque não tem informação. Sei que os Existem algumas empresas no Brasil de que nós, senhores querem resolver os seus problemas, mas trabalhadores em geral – eu me considero um traba- certamente estão confundindo os sintomas que têm lhador –, deveríamos nos orgulhar. Isso não quer di- com os efeitos causados pela amônia, e não é pro- zer que existe empresa à prova de acidente. Isso não priamente isso. existe, e não é só no Brasil, não, mas em qualquer Com relação à queimadura e ao ardor nos olhos, lugar do mundo. concordo. Esses sintomas são altamente claros. Tam- O ideal seria manter a nossa luta. É a minha luta, bém sei que, em caso de vazamento muito grande, a o meu sonho, a minha razão de existir. As empresas amônia pode ser letal. Mas são efeitos agudos, de alta têm de procurar os mínimos níveis possíveis, até mes- exposição do indivíduo ao produto. No entanto, não mo para se justificarem perante a sociedade. Nenhum se pode dizer que a amônia permanece no sangue empreendimento e nenhum empreendedor recebeu li- da pessoa por todo esse tempo – 3, 5, 6, 10 ou 20 cença ambiental ou de qualquer ordem da sociedade anos. Procurem se informar. Esta não é a realidade. para lhe trazer qualquer prejuízo. Nenhum. Nenhum Desculpem-me. órgão governamental dá essa licença. Então, é obriga- Em nenhum momento, torno a dizer, desqualifi- ção social das empresas investir em prol da segurança co ou coloco em dúvida os sintomas que os senhores e da saúde do trabalhador e do meio ambiente. alegaram. Afinal, os senhores não vieram até aqui para Agradeço a presença dos senhores. Esta au- não dizer o que sentem. A questão é a causa. Quanto diência muito me ajudou como ser humano. Renovo aos sintomas, acredito na palavra dos senhores. Mas os meus parabéns à iniciativa da Comissão. No que acho que está havendo algum engano em relação à puder, continuarei contribuindo. E podem acreditar causa que merece ser estudado e pesquisado. nessas informações que deixo aqui, porque traduzem Parabenizo a atuação do sindicato dos senhores, a verdade. porque acho que essa é a sua função. Também para- Muito obrigado. (Palmas.) benizo a empresa, porque buscou pelo menos enviar O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) alguém para trazer algum esclarecimento. – Com a palavra o Sr. Walter Lins Arcoverde, Diretor Parabenizo ainda o IBRAM porque já caminha a de Fiscalização Mineral do Departamento Nacional passos fortes, principalmente nas minerações de pe- de Produção Mineral, DNPM, para as considerações queno e médio portes. Os meus aplausos continuados finais. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01669 O SR. WALTER LINS ARCOVERDE – Sr. Presi- Regional do Trabalho em Niquelândia, em Catalão, em dente, segundo as manifestações da Mesa e do Plená- Minaçu e nas demais cidades para autuar a empresa. A rio, parece-me que há 2 momentos. A meu ver, havia norma é linda e perfeita, mas, na prática, não funciona uma atividade que se dava de uma forma – o senhor para nós que estamos no chão da fábrica. ali mencionou isso –, mas atualmente existe outro ce- Outra indagação é com relação à ponderação do nário. hoje a atividade se dá em outro padrão. nobre Dr. Luiz Roberto Reuter, quando diz que as NRs Tivemos aqui declarações de impacto que pre- referentes ao setor mineral são invejáveis e mais atu- cisam ser averiguadas. O DNPM encaminhará a su- antes do mundo. Pergunto: se essas normas são tão gestão do Deputado Pedro Wilson, em parceria com perfeitas, por que o nosso País é recordista mundial a Delegacia Regional do Trabalho de Goiás, o que já em acidente de trabalho? Por que temos dezenas de era nosso objetivo. Fico muito satisfeito com o fato de, milhares de trabalhadores mortos, mutilados e cegos com a realização desta audiência, as nossas metas que adquiriram essas doenças em seus ambientes de terem sido aceleradas, tendo em vista que Goiás é um trabalho? Se essas normas são tão invejáveis, por que Estado minerador, com inúmeras unidades de minera- não vemos isso acontecer em outros países? ção, beneficiamento de minérios, produtos metalúrgi- Outra questão, conforme a palavra do próprio Dr. cos, a partir da mineração, caso do ferro-níquel e do Reuter, é se não há relação entre a NH3, amônia, e os carbonato de níquel obtido do minério de níquel, em sintomas relatados aqui pelos companheiros. Por que Niquelândia e em Catalão. só os ex-trabalhadores dessa empresa de Niquelândia Vamos dar esse encaminhamento, ou seja, insta- têm esses sintomas? Se assim não fosse, a cidade lar a Comissão Regional do Setor Mineral do Estado de toda teria os mesmos sintomas. Goiás. Trata-se de um processo e não somente do ato Gostaria de dizer ao nobre Dr. Luiz Roberto Reu- de se baixar uma portaria. Convidamos as instituições ter que a Internet aceita tudo. e os representantes das empresas e trabalhadores, Muito obrigado. (Palmas.) em parceria com o Ministério do Trabalho, o DNPM e O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – outras instituições, para instalarmos essa Comissão, Com a palavra o Sr. José Calixto Ramos, Presidente darmos início a um plano de trabalho e, a partir daí, da CNTI, da nova Central Sindical. promovermos vistorias conjuntas nas áreas. O SR. JOSÉ CALIXTO RAMOS – Sr. Presidente, Fico feliz pelo fato de essa proposta ter sido acei- não quero absolutamente polemizar este debate, mas, ta por esta Comissão. com todo respeito que nós temos às ponderações do Estamos à disposição de todos, no que for ne- nobre técnico, o Dr. Reuter, eu já tive dificuldades em cessário. aceitá-las do ponto de vista técnico, quanto mais na Muito obrigado. (Palmas.) prática. Uma coisa é o livro, outra coisa é o que o tra- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) balhador passa é o que ele sente. – Dr. Walter Lins, peço a V.Sa. que autorize a nova Na verdade, eu não tinha conhecimento mais de- Central Sindical, a CUT e os Sindicatos de Catalão talhado sobre o problema e nem idéia a respeito dos e Niquelândia a acompanharem a formação dessa depoimentos que iria ouvir aqui – companheiros quase comissão, no intuito de darmos o melhor encaminha- cegos e outros que, quando falam, o corpo todo treme. mento possível. Trata-se de uma situação que emociona qualquer ser Registro a presença do dirigente da CUT, José humano. Cada um desses companheiros, sem dúvida, Wilton, de Brasília, Goiânia e Porangatu. tem um depoimento a prestar. Será que tudo isso foi Com a palavra ao Sr. Filomeno Francisco dos decorrência de uma doença natural ou uma doença Santos, Vice-Presidente do METABASE de Catalão. causada pelo trabalho? A meu ver, data venia, fica O SR. FILOMENO FRANCISCO DOS SANTOS bem claro que se trata de uma doença profissional. – Sr. Presidente, tenho alguns questionamentos em Não tenho dúvida quanto a isso. Não sei se um médico relação às falas dos companheiros da Mesa. especialista nessas matérias teria a mesma opinião do Primeiro, foi dito pelo nobre representante do engenheiro. Parece-me haver uma diferença entre o DNPM que as NRs determinam que, se um trabalha- médico de determinada especialidade e o engenheiro, dor estiver sob risco eminente, deve parar o trabalho mesmo que seja um engenheiro de Medicina e Se- e comunicar ao seu chefe imediato. Para nós que tra- gurança do Trabalho. Como disse antes, não é para balhamos no chão da fábrica, o que acontece se fi- acalentar os senhores absolutamente, mas é para a zermos isso? Rua. A norma é bonita, mas, na prática, própria Comissão e o nosso departamento. não funciona. De que precisamos para isso ocorrer? Existem outros minérios. Cito aqui rapidamente o Necessitamos da presença de um fiscal da Delegacia benzeno, o mercúrio, o chumbo e o cobre, que trazem 01670 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 também conseqüências mais ou menos parecidas e res a, infundadamente, acionarem a empresa que lamentavelmente também não estão sendo tra- junto à Justiça do Trabalho. tados com o cuidado devido. Parece-me que o mes- Atualmente, das ações que tramitam na mo ocorria com a amônia, ou seja, não estava sendo Vara da Justiça do Trabalho de Uruaçu, no tratada com o devido cuidado. Somente após algum Estado de Goiás, 33 já foram julgadas impro- tempo, depois de analisar todas as conseqüências, cedentes em primeira instância, ou seja, a despertou-se o interesse em tomar providências em favor da Votorantim, e as demais devem ter o relação ao problema para que outras pessoas não se- mesmo desfecho por não terem nexo causal jam contaminadas. com o trabalho realizado, segundo apontam A meu ver, ficou claro em alguns depoimentos os laudos técnicos apresentados por peritos de ex-empregados que, de alguma forma, a empre- nomeados pela Justiça do Trabalho. sa tentou minorar um pouco essa situação. Todavia, A Votorantim Metais ratifica o seu com- ouvi também depoimentos de empregados que estão promisso com o desenvolvimento sustentável, sentindo os mesmos sintomas. Será que, tratando-se investindo constantemente nas áreas de saúde, uma só empresa, essa é uma coincidência? Não é pos- segurança e meio ambiente. A empresa realiza sível. Portanto, por mais respeito que nós tenhamos de forma voluntária e com empresas indepen- às opiniões técnicas, preferimos ficar com o que está dentes auditorias anuais em sua planta, com ocorrendo na prática. E creio que a própria Comissão o objetivo de certificar-se da normalidade de vai se encarregar de solicitar depoimentos de outros seus processos produtivos e do atendimento das determinações legais, dos quesitos am- médicos, que nem sempre têm as mesmas opiniões bientais e de saúde e segurança do trabalho. do nobre Dr. Luiz Roberto Reuter. A Votorantim tem a transparência com um dos Sr. Presidente, reafirmo que, logo que tomamos seus valores, e a empresa se coloca à dispo- conhecimento desse problema, nós nos pusemos à sição para qualquer esclarecimento.” disposição. A nossa entidade começou a colaborar no esclarecimento dessa questão. Vamos continuar tra- Essa nota nos foi passada por meio da Assessoria balhando nesse sentido até que se contornem essas de Imprensa. Entendo que é um documento público. situações dos empregados, muitos talvez já ausentes, Se alguém desejar a cópia dessa nota, no final, e para que se evite, se possível, a utilização desse tipo poderemos disponibilizá-la. de matéria-prima, que, a nosso juízo, tem trazido pre- Concedo a palavra ao Sr. José Antônio, Presi- juízos – benefícios talvez apenas para a produção, a dente da CUT, de Goiás. exploração de níquel ou coisa que o valha. O SR. JOSÉ ANTÔNIO DE OLIVEIRA LOBO – Muito obrigado. (Palmas.) Sr. Presidente, não há dúvida a respeito das pondera- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) ções do Dr. Luiz Roberto Reuter. Todavia, normas são – Estamos fazendo o jogo da verdade. Podemos ter elaboradas para serem cumpridas. Se elas tivessem contradições (falha na gravação.) Temos aqui o posi- sido cumpridas da forma que, tecnicamente, deveriam cionamento da Votorantim. E entendo que é bom alvitre ter sido, certamente não haveria trabalhador com pro- que eu proceda à leitura dessa nota, de 6 de dezembro blemas. Com certeza, o nível de amônia a ser utilizado de 2007, para conhecimento de todos: excedeu. A causa das doenças vem de vários fatores. Há vários tipos de doenças, inclusive depressão, e “A Votorantim Metais segue rigorosamen- outras questões. Esse é um problema. Não estamos te as melhores práticas de saúde, segurança aqui duvidando das ponderações do Dr. Reuter. Por e meio ambiente em todas as suas unidades, outro lado, a empresa deveria estar sentada à mesa. e é reconhecida pelos seus níveis de exce- Queremos cobrar isso, como representante dos tra- lência na gestão dessas áreas. A empresa balhadores, da classe trabalhadora, porque nós nos está disposta a participar de todos os fóruns deslocamos de nosso local de trabalho para vir até democráticos de debates, com a participação aqui e ir a Niquelândia, como fomos. A presença da de todos os segmentos ligados ao tema, tais empresa em si fortalece o debate. como mineradoras, indústrias, autoridades Quero dizer que essa luta depende de cada tra- públicas e entidades representativas. balhador e trabalhadora. A marcha que realizamos em Não há evidência de qualquer ocorrência Brasília, com a participação de mais de 40 mil trabalha- de doenças ocupacionais relacionadas à amô- dores, foi justamente para (falha na gravação). Nesse nia em suas unidades. A falta de informação sentido, parabenizo todos os trabalhadores que estão sobre a amônia tem levado alguns trabalhado- presentes nesta audiência. A Central Única dos Traba- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01671 lhadores está à disposição de todos. Esta Comissão porque os Poderes se respeitam. Mas eu queria falar terá certamente a participação de um técnico – vou sair por uma pessoa que eu conheço e sei da sua história daqui e conversar com companheiro que atua nessa como trabalhador e que hoje ocupa o cargo máximo área, a fim de que possamos indicar um técnico para neste País e foi vítima de acidente de trabalho. Eu não trabalhar em conjunto essas questões. poderia sair daqui ouvindo dizer que a norma regula- Aproveito a oportunidade para reivindicar a per- mentadora 22 é a responsável pela situação que os manência de um representante dos trabalhadores no senhores estão apresentando aqui. Isso não é verda- local de trabalho. Em 1998, estive em Minaçu, quando de. Só pode ser dito por quem não está atualizado. A o companheiro Adilson presidia o sindicato. Naquele norma regulamentadora 22 é uma das melhores nor- município, existia um acompanhamento do sindicato mas regulamentadoras do mundo, e ela é nova. Então, dentro da fábrica. É preciso que nós tenhamos essa ninguém pode dizer que essa norma é de 20 a 30 anos questão, no próximo acordo coletivo, debatida com os atrás e que é responsável por isso. Ela é nova. empresários. Entendo necessária a presença de um O Ministro do Trabalho é comprometido com a delegado sindical, de acordo com o número de tra- causa dos trabalhadores, e eu aqui o defendo porque balhadores, no local de trabalho, além dos diretores conheço a dignidade dele e dos senhores delegados de cada setor, a fim de acompanhar os trabalhos na regionais do Trabalho. Tenho certeza de que essa fis- fábrica e acabar com as diferenças existentes entre calização existe, é progressiva e, muitas vezes, com- nós. Assim, o trabalhador será informado do nível de binada, como registrei aqui, pela atuação do Depar- amônia que está sendo utilizado. Uma coisa é a em- tamento Nacional de Pesquisas Minerais. presa enviar um documento como esse; outra coisa é Faço este registro para que fique claro que não vermos trabalhadores inutilizados, cada um com seus se pode imputar à norma regulamentadora 22 a res- problemas. Não podemos dizer que está tudo bem, que ponsabilidade por isso. É uma norma boa, é orgulho do as normas existem, não fazem mal. Concordo com o povo brasileiro, e tenho certeza de que este Governo Dr. Reuter. Mas será que foram utilizados os padrões honra a preocupação com a segurança da saúde dos corretos? Não foram, e a prova está aqui dentro desta trabalhadores. Quem disser o contrário não conhece a sala. Quero acreditar que o sindicato está atuando e realidade das definições políticas deste Governo. vai atuar mais. Tivemos a informação naquela audiên- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – cia de que um trabalhador, contratado recentemente, Obrigado mais uma vez ao Dr. Luiz Roberto Reuter. também está com problemas. Passo a palavra ao Sr. Cícero, representante do Entendo que devemos fazer reivindicações para Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas diminuir esses problemas. Nós, que somos represen- de Niquelândia. tantes de centrais, propomos a atuação direta do de- O SR. CÍCERO JOVENTINO DE OLIVEIRA – legado sindical na fábrica, com respeito, autonomia Quero deixar claro, primeiro, que a empresa não pode e estabilidade. Caso contrário, a empresa demitirá discutir, não pode falar que é uma empresa transparente mesmo o trabalhador, como disse muito bem o com- e honesta. Se ela fosse transparente e honesta nunca panheiro Filomeno. Além disso, que tenhamos um di- se teria negado a discutir esse assunto em todas as álogo mais concreto. instâncias por onde já passamos, inclusive nas audi- Muito obrigado. (Palmas.) ências públicas que fizemos. Ela nunca compareceu, O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – manda documentos iguais a esse que tenho na pasta, Tentamos fazer o caminho inverso agora. Normalmente, justificando que não participa (falha na gravação) por o pessoal expõe de um jeito. não concordar com as atitudes dos trabalhadores e do Com a palavra, para as considerações finais, sindicato – palavras da empresa. o Sr. Cícero Joventino de Oliveira, representante do Por outro lado, não posso concordar, em momen- Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas to algum, com a empresa quando diz que investe, que de Niquelândia. trabalha. Acredito que ela investe, só que o dinheiro é O SR. CÍCERO JOVENTINO DE OLIVEIRA – investido sem responsabilidade com relação ao meio (Falha na gravação) ...pelo INSS, o mesmo problema. ambiente, que hoje é a maior preocupação no mundo. O juiz e o perito disseram que nós não estamos do- Se o meio ambiente realmente usar o seu nome meio entes. Estão aqui os meus documentos. ambiente e fizer uma fiscalização, vai comprovar que O SR. LUIZ ROBERTO REUTER – Pedi ao di- 99,99% do que está sendo feito hoje estão completa- retor do sindicato que me permitisse ter só um minuto mente errados. da fala, porque eu ia dizer outra coisa. Eu não posso Em relação à saúde do trabalhador, se a empresa discutir aqui o Poder Judiciário, até seria deselegante, tivesse cuidado com a saúde do trabalhador e quando 01672 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 eles estavam doentes não os tivesse mandado embo- Desde 1992 estamos chamando essa empresa ra, hoje esse grupo de trabalhadores não estaria com para discutir o problema de saúde do trabalhador – te- esses vários problemas sociais e de saúde, não só mos publicação no jornal que está na nossa pasta. E deles, mas de todas as famílias. Esse é um problema a empresa nunca fez nada disso e não reconhece os que a empresa tem que assumir. Isso só será reparado companheiros que já faleceram, a criança que mor- a partir do momento em que ela não se utilizar de um reu na amônia, dentro da própria barragem de rejeito, antiprofissional, que tem a coragem de assinar laudo não reconhece os companheiros que morreram com modificado, porque não é possível que 10, 15 ou 20 amônia, que foram queimados nos primeiros cami- laboratórios, todos estejam mentindo, não estejam di- nhões que foram descarregados em Niquelândia. Ela zendo a verdade, e não se comprou exame de nenhum alega que não tem culpa alguma e que o trabalhador médico aqui, todos foram pagos pelas suas consultas, está mentindo. e o médico disse o que ele sabe da situação da saúde Sinceramente, eu não poderia deixar de falar do trabalhador e do ser humano. numa situação dessas, porque é desagradável e é Por isso, não podemos permitir. A empresa é uma falta de respeito não só com o trabalhador, mas ausente e não responde pelo que faz. É muito fácil com o ser humano. mandar um documento para qualquer lugar dizendo Os 29 bilhões de lucro que ela teve em 2006 estão que não podemos comparecer. A empresa é omissa registrados em documentos na nossa pasta. Qualquer sim neste momento. E, em relação ao dinheiro que a um de vocês pode verificar que ela teve 29 bilhões de empresa está apostando hoje, os 60 milhões de lucro lucro líquido em 2006 no grupo, e esse valor não dá líquido por mês vão comprar todo o País e vão deixar para pagar a saúde desses trabalhadores que estão o trabalhador chorando como vocês estão, no plená- hoje pleiteando seus direitos na Justiça. E ainda al- rio, em suas casas, em Niquelândia, em todo lugar por guns vêm dizer que todos os pareceres estão sendo a favor da empresa. Então, não podemos acreditar na onde passam. É uma vergonha para uma empresa que Justiça. Eu ainda quero ter fé em Deus. Que Ele po- se diz honesta e que faz investimento na saúde ver os nha a mão para que essa injustiça venha, realmente, seus funcionários e ex-funcionários lamentando por virar justiça neste País e que vocês sejam acolhidos uma saúde que não existe mais. como seres humanos e como imagem e semelhança Isso não vai acontecer, porque Deus é maior, de Deus, como Cristo mesmo disse. Deus é grande, e nós temos muita fé em Deus. O di- Por último, quero agradecer e pedir a Deus que nheiro dela vai ser queimado, mas não usado contra o nos continue dando força, saúde, coragem e vontade trabalhador neste País. Temos muita fé em Deus, e a para lutar e ver o resultado do que estamos cons- justiça vai ser feita em relação a esses médicos, esses truindo. peritos que estiverem se passando por profissionais Agradeço a participação ao nosso companheiro e que estiverem dando laudos, pareceres e perícias de Catalão, Filomeno, assim como agradeço também sempre a favor da empresa e nunca a favor do traba- a participação e o empenho ao nosso companheiro e lhador, que muitas vezes não consegue ficar em pé presidente da CUT de Goiás, José Antônio. Que Deus diante do próprio perito durante os 30 minutos em que ilumine seus passos, para que ele não faça apenas um ele está falando. Se assim não ocorrer, precisamos requerimento, como fez, aliás, convidando‑nos para par- acreditar que não existe mais solução para este País. ticipar desta audiência pública, mas faça um projeto de Mas existe, e nós, com fé em Deus, sabemos que isso lei para banir muitas coisas neste País. Que seja feita vai ser resolvido. uma lei para que a empresa, realmente, pague o que Para encerrar, queria agradecer primeiro a Deus deve com relação à saúde dos trabalhadores. por ter‑nos dado muita vida, saúde e coragem para não Tenho o prazer de chamar de companheiro o ter cisma de ser ameaçado, de ter diretor de empresa Deputado Federal Pedro Wilson, professor com dou- levantando o dedo no nosso nariz e dizendo: “Você não torado em Educação e cientista político. E também o tem o direito de falar da Votorantim Metais em público Deputado Federal que não está aqui, o grande com- ou em lugar algum”. Nós não nos calamos, não nos panheiro que nos vem ajudando, o Deputado Federal curvamos, porque não é a ameaça que assusta um ho- Rubens Otoni. Quero aqui dizer a todos os compa- mem. O que assusta um homem é ele não ter coragem nheiros – trabalhador é companheiro – que temos aqui de dizer a verdade. E nós temos coragem, nós vamos outro amigo e companheiro por mais de 50 anos de dizer a verdade até o dia em que a própria morte nos luta no meio do sindicato: o Presidente Lula, o grande fizer calar. Jamais empresa vai fazer nós nos calarmos. líder político deste País. E José Calixto Ramos, para Aceitamos e chamamos para o diálogo. os trabalhadores de Niquelândia, é o maior líder sin- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01673 dical, com mais de 50 anos de luta – temos por ele vem. É a luta que concederá os direitos e os deveres muita consideração. e concretizará os sonhos de uma sociedade mais jus- Quero agradecer também ao companheiro Wal- ta e mais fraterna. ter, do DNPM, pela colaboração, pela exposição e Agradeço a todos a presença. pelas propostas. Ao Prof. Dr. Roberto agradeço tam- Felicidades e bom fim de semana. bém a participação. Parabéns! Fez o seu papel e o fez Nada mais havendo a tratar, está encerrada a bem‑feito. Isso é o que importa. Temos nosso papel, e presente audiência. (Palmas.) cada um tem suas idéias, que devem ser defendidas. COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS Ruim para aqueles que têm as idéias, mas nem eles mesmos as defendem. 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária Muito obrigado. Que Deus ilumine a todos nós. (Palmas) Ata da 42ª Reunião de Audiência Pública Re- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – alizada em 6 de dezembro de 2007. Obrigado, Cícero Joventino de Oliveira, representante Às quatorze horas e vinte e três minutos do dia do sindicato. seis de dezembro de dois mil e sete, reuniu-se a Co- Quero agradecer a todo o pessoal da Mesa, àque- missão de Direitos Humanos e Minorias, no Plenário les que falaram, aos que não falaram e só ouviram e 09 do Anexo II da Câmara dos Deputados, com a pre- aos que vieram aqui. Em nome do Presidente da Co- sença dos Senhores Deputados Pedro Wilson – Vice- missão de Direitos Humanos e Minorias, Deputado Luiz Presidente. Deixaram de comparecer os Deputados Couto, como Vice‑Presidente, em nome da Comissão Antônio Roberto, Chico Alencar, Geraldo Thadeu, Iriny de Direitos Humanos e Minorias e em nome do Pre- Lopes, Janete Rocha Pietá, Joseph Bandeira, Léo Vi- sidente da Câmara dos Deputados, Deputado Arlindo vas, Lincoln Portela, Lucenira Pimentel, Luiz Couto, Chinaglia, quero agradecer a todos a confiança. Matteo Chiarelli, Pastor Manoel Ferreira, Pinto Itama- A luta continua. Queremos que cada um, na sua raty, Suely, Veloso e Walter Brito Neto. O Deputado área de influência, busque a melhor solução para esse Luiz Couto teve sua ausência justificada por estar em drama inacabado. Nosso sentimento é de que a Co- missão oficial, participando da solenidade de encer- missão tem todo o respeito. Por isso, fiz questão de ramento da V Conferência Municipal de Cidadania e ler, para que todos saibam de todas as posições. A Direitos Humanos de Santo André/SP e o Deputado Comissão vai acompanhar esse caso e colaborar no Henrique Afonso por estar de licença médica. ABER- sentido de chegarmos à verdade, à justiça e à solida- TURA: O Presidente em exercício, Deputado Pedro riedade humana. Wilson, declarou abertos os trabalhos e comunicou ao Agradeço a vinda a todos os trabalhadores e plenário que a reunião fora convocada nos termos do suas famílias. Levem o abraço e a confiança de que a requerimento de sua autoria. ORDEM DO DIA: Reu- luta faz a lei ser mudada, para ser uma lei mais justa nião de Audiência Pública. Tema: Debater a situação e fraterna, dentro da democracia, da cidadania e da da saúde dos trabalhadores em mineração no Brasil. liberdade. Já fizemos 2 apelos no sentido de que a EXPOSITORES: Sr. Cícero Joventino de Oliveira – empresa abra uma mesa de negociação, de diálogo Representante do Sindicato dos Trabalhadores nas com o sindicato. Não somos os mandachuvas. O sin- Indústrias Extrativas de Niquelândia; Sr. Filomeno dicato é o melhor instrumento de negociação com as Francisco dos Santos – Vice-Presidente do Sindicato autoridades responsáveis. METABASE de Catalão; Sr. Walter Lins Arcoverde – Peço à Mesa e ao Plenário que busquemos a Diretor de Fiscalização Mineral do Departamento Na- melhor solução. cional de Produção Mineral; Sr. Luiz Roberto Reuter Mais uma vez, agradeço a todos a presença – Representante do Grupo Votorantim Metais e Pro- e peço desculpas por alguma falha. Esta audiência fessor da Fundação José Silveira; Sr. José Calixto marca o rumo da Comissão de Direitos Humanos e Ramos – Presidente da Confederação Nacional do Minorias. Trabalhadores na Indústria – CNTI; e Sr. José Antô- No dia 10 de dezembro de 1948, foi inscrita a nio de Oliveira Lobo – Presidente da CUT/Goiás. Ao Declaração Universal dos Direitos Humanos. O que término das explanações, fizeram uso da palavra os são direitos humanos? São o direito à vida, ao traba- ouvintes da presente reunião, os quais apresentaram lho, à saúde, à moradia, à educação, à participação suas considerações e questionamentos. A seguir, os da sociedade. Grande parte da Declaração de 1948, expositores Luiz Roberto Reuter e Cícero Joventino de que fará 60 anos no ano que vem, está incluída na Oliveira procederam às considerações finais. Nada mais Constituição de 1988, que fará 20 anos no ano que havendo a tratar, o Deputado Pedro Wilson encerrou os 01674 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 trabalhos às dezessete horas e quarenta e um minutos. amônia na corrente sangüínea de alguns mineradores O inteiro teor foi gravado, passando o arquivo de áudio afastados do ofício passa de 300 mg, quantidade con- a integrar o acervo documental desta reunião para de- siderada altamente cancerígena. gravação mediante solicitação escrita. E, para constar, Segundo o sindicato, só em Niquelândia foram eu ______, Márcio Marques de mais de 50 casos de morte decorrentes dessa expo- Araújo, lavrei a presente Ata, que por ter sido lida e sição à amônia. O minério tem que trazer benefícios aprovada, será assinada pelo Presidente em exercício, para o País sem comprometer a saúde dos profissio- Deputado Pedro Wilson______, nais envolvidos na extração. No Município de Catalão, e publicada no Diário da Câmara dos Deputados. Goiás, por exemplo, a produção de liga ferro-nióbio, xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. aplicada em diversos setores da economia, como au- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – tomobilística, produção de tubos de grandes diâme- Boa-tarde a todos. Sejam bem-vindos. Estamos com tros e de construção civil, já é exportada para mais de dificuldade em relação ao espaço. Quem quiser po- 50 plantas siderúrgicas na Europa, América do Norte, derá ficar na sala em frente, no Plenário 10, e assistir Ásia, Austrália, África e Oriente Médio. pelo telão. Infelizmente não temos cadeiras suficientes Atualmente são produzidas 6 mil toneladas da nesta sala. É desagradável, mas fica à consideração liga por ano. Queremos que o minério traga riquezas dos senhores ocuparem a sala em frente, do outro para todo o Brasil, a exemplo de Goiás, Minas, Pará, lado, onde teremos um telão que transmitirá o debate Bahia, São Paulo, Santa Catarina. Porém, não pode- de nossa audiência on line. Se alguém quiser, poderá mos admitir que esse progresso venha acompanhado revezar, ou poderá ficar de pé para pagar um pouco os da morte ou da incapacitação de trabalhadores. pecados, se for corinthiano. Posso falar, porque, como Gostaria de comunicar, mais uma vez, que o o Presidente Lula, sou Corinthians, mas torço para o sentido desta audiência é ouvir as partes e buscar o Goiás, meu Estado. melhor entendimento. Conversei muito com o sindica- Sejam bem-vindos. Vamos aguardar mais alguns to de Niquelândia, bem como com outras empresas, minutos para começar nossa audiência. inclusive com os representantes da Votorantim. Convi- (Pausa prolongada.) daram-me para visitar a indústria e falei que logo após O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) a audiência eu teria a melhor intenção de estar lá. Fui – Mas uma vez boa-tarde a todos os presentes, ho- convidado também para visitar outras mineradoras, mens e mulheres que vêm a esta Comissão de Di- como a SAMA e outras mais. reitos Humanos e Minorias. Em nome do Deputado No caso, estivemos na cidade de Niquelândia em Luiz Couto, Presidente da Comissão, e na condição um debate com o sindicato dos trabalhadores e outros de Vice-Presidente assumo a coordenação desta reu- dirigentes, advogados e delegados do trabalho que fo- nião de audiência pública, requerida e articulada com ram convidados, inclusive havia um convite também os Deputados Rubens Otoni e Leonardo Monteiro, de à empresa. Nosso sentimento é que esta audiência Minas Gerais. seja o momento de abrirmos os olhos, verificarmos Declaro abertos os trabalhos da presente reu- se procedem ou não as denúncias. Há pontos de vista nião de audiência pública da Comissão de Direitos contraditórios, a empresa alegou que essas questões Humanos e Minorias que tem como finalidade debater não estão comprovadas e que inclusive em disputas a situação da saúde dos trabalhadores em mineração judicias tem-se comprovado isso. De tal sorte que a no Brasil, os quais enfrentam sérios problemas em de- Câmara dos Deputados, por intermédio da Comissão corrência da falta de segurança para executar tarefas de Direitos Humanos, tem o papel de ouvir. cotidianas de seus ofícios, que vão deste a falta de Hoje mesmo, pela manhã, ouvimos estudantes de equipamentos básicos adequados para proteção físi- São Paulo que tiveram a Faculdade de Direito do Largo ca do trabalhador até a inexistência de uma legislação São Francisco e a Faculdade de Santo André tomadas eficiente para coibir a exposição cumulativa de seres pela tropa de choque da Polícia Militar. Então, convi- humanos a determinados tipos de minerais, como, por damos estudantes, como convidamos autoridades de exemplo, a amônia. São Paulo. As autoridades não quiseram comparecer, A invalidez, por contaminação com metais pesa- é direito de cada um comparecer ou não, mas o nosso dos, de trabalhadores em mineração levou o Sindicato papel de Deputado são duas coisas básicas – o pes- dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Nique- soal fala que Deputado não trabalha, às vezes algum lândia, no Estado de Goiás, a realizar, em meados de não trabalha, mas muita gente trabalha: elaborar leis, outubro, um encontro para reivindicar o fim do uso boas leis, para o País, e fiscalizar a sua execução, que da amônia nos processos de mineração. O índice de vai desde uma lei de proteção do trabalhador a uma lei Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01675 como a que se encontra agora em apreciação, o Or- O SR. CÍCERO JOVENTINO DE OLIVEIRA – çamento que vai representar os recursos que o Brasil Gostaria de cumprimentar o Deputado Pedro Wilson; irá aplicar no ano que vem, no âmbito dos Governos o Presidente da Central Única dos Trabalhadores, José Federal, Estadual e Municipal. Antônio; o Vice-Presidente do Sindicato de Catalão, Saúdo a todos e convido, para fazerem parte da Filomeno; Walter, representante do Departamento Mesa, o Sr. Cícero Joventino de Oliveira, represen- Nacional de Produção Mineral; Luiz Roberto, repre- tante do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias sentante da empresa; companheiros e companheiras Extrativas de Niquelândia (palmas); o Sr. Walter Lins de Niquelândia, de Goiás, do Brasil inteiro. Arcoverde, Diretor de Fiscalização Mineral do Departa- Tomando conhecimento de várias denúncias de mento Nacional de Produção Mineral; o Sr. Luiz Roberto problemas de saúde dos companheiros, dos trabalha- Reuter, representante do Grupo Votorantim Metais e dores e ex-trabalhadores da Votorantim Metais, desde professor da Fundação José Silveira (Palmas); José 1992, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Ex- Calixto Ramos, Presidente da Confederação Nacional trativas de Niquelândia vem fazendo um apanhado; vem dos Trabalhadores na Indústria, que está a caminho; trabalhando para buscar solução para os problemas Sr. José Antônio Oliveira Lobo, Presidente da Central de saúde dos trabalhadores, inúmeros apresentando Única dos Trabalhadores de Goiás (Palmas); Sr. Filo- os mesmos sintomas. meno Francisco dos Santos, Vice-Presidente do Sindi- É objetivo e obrigação do sindicato defender os di- cato METABASE de Catalão. (Palmas.) Depois vamos reitos e os interesses dos trabalhadores. Na ocasião em registrar a presença de representantes de entidades que procuramos a empresa, em 1992, para tratar única oficiais, de empresas e sindicatos. e exclusivamente da saúde do trabalhador, a empresa Dando início à exposição de nossos convidados, não fez absolutamente nenhuma ação que favoreces- que será feita nessa ordem que li, esclareço que o tem- se a saúde do trabalhador. Portanto, nós continuamos po concedido aos expositores será de 10 a 15 minutos. lutando para descobrir as causas que vinham prejudi- Após a exposição, será concedida a palavra a Deputa- cando os trabalhadores, porque todos apresentavam dos presentes, respeitada a ordem de inscrição. os mesmos problemas, os mesmos sintomas. Comunico também que aqui normalmente falam A partir de 1996, nós decidimos, com um grupo os Deputados e convidados, mas, por decisão minha, maior de trabalhadores, com mais denúncias, com mais ao final do debate, se alguém da plenária quiser usar problemas, com companheiros que inclusive hoje são a palavra, terá essa oportunidade. Cada Deputado terá falecidos – muitos dos que fizeram as denúncias hoje um prazo de 3 minutos. não estão mais entre nós – continuar buscando uma Esclareço que esta reunião está sendo gravada solução. Através de muitos exames, de laudos médi- para posterior transcrição. Por isso é necessário que cos e depoimento de muitos companheiros é que nós cada orador fale seu nome e a entidade. chegamos até aqui. Concedo a palavra ao nosso convidado Cícero Procuramos todas as autoridades competentes Joventino de Oliveira, representando o Sindicato dos deste País, entre elas o companheiro Deputado Pedro Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Niquelân- Wilson e o Deputado Rubens Otoni. Todas as autori- dia, pelo prazo de até 15 minutos. dades que nós procuramos mostraram interesse em Mais uma vez está sendo providenciado um te- descobrir a causa desses problemas que atingem e lão para o plenário à frente, porque não temos cadei- prejudicam a saúde de todos os trabalhadores e ex- ra para todos. Ficamos incomodados, mas, por outro trabalhadores da Votorantim Metais. lado, respeitamos. Quem quiser ficar no Plenário 10, Diante dessa situação, nós tomamos a decisão... em frente, poderá fazê-lo, porque ouvirá todo o relato E já rolam com os trabalhadores e com muitos advo- de nossa audiência pública. gados no Estado de Goiás muitas causas na Justiça, O SR. CÍCERO JOVENTINO DE OLIVEIRA – protocoladas e algumas já em andamento, com audi- Quero, nesta oportunidade, cumprimentar o Deputado ências concluídas. Pedro Wilson por ter a hombridade e a responsabili- Temos o prazer e o compromisso de, enquanto dade de procurar ajudar e atender o pedido do Sindi- representante dos trabalhadores, de uma entidade cato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de que não é omissa quanto às causas, aos problemas Niquelândia, através... sociais, seja de qual natureza for, que venham a afligir O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) os nossos companheiros trabalhadores, hoje coloca- – Gostaria de registrar a presença do Deputado Chico dos pelas empresas como colaboradores... Portanto, D’Angelo, do Rio de Janeiro. o sindicato, diante de... 01676 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Fizemos 3 audiências públicas em Niquelândia. te País. O País cresce, mas o trabalhador também Para uma delas, convidamos oficialmente todas as precisa crescer. São os trabalhadores que fazem o autoridades. Para as outras duas não convidamos crescimento, que fazem a riqueza, que produzem o oficialmente. Em nenhuma das audiências... Temos lucro e fazem este País andar para o Primeiro Mundo, o convite, a resposta da empresa do porquê não iria com qualificação profissional e social. Nós queremos participar. Temos o documento. e precisamos que este País ande dessa maneira. Não Na terceira audiência que fizemos em Niquelân- queremos que isso venha a matar os companheiros dia, estavam presentes os Deputados Pedro Wilson e que deram lucro e fizeram a riqueza deste País. Rubens Otoni, o companheiro José Antonio, Presiden- Muito obrigado, Deputado Pedro Wilson e De- te da Central Única dos Trabalhadores, e o Filomeno putado Rubens Otoni pelo empenho, assim como os Francisco, Vice-Presidente do Sindicato METABASE demais companheiros que formam esta Mesa e todos de Catalão, também presente à Mesa. os companheiros que fizeram o sacrifício de estar hoje Esta audiência de hoje é fruto da terceira audi- nesta audiência. Agradecemos a todos. Pedimos a ência que fizemos em Niquelândia e está muito bem Deus que ilumine todos nós, inclusive as autoridades organizada, com a participação pacífica de todos os constituídas deste País, e que as coisas andem da trabalhadores e ex-trabalhadores da Votorantim Me- forma que precisamos, ou seja, cada um respeitando tais, como era de se esperar, e estamos vendo aqui os o direito do outro e não tendo de prejudicar nenhum companheiros que buscam, única e exclusivamente, o ser humano para que a empresa ou quem quer que direito de continuar vivendo. seja tenha lucro neste País. (Palmas.) Temos aqui – mas não tenho condição de pas- Muito obrigado. sar para todo o mundo – a pasta que estamos prepa- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – rando e que será entregue para o Ministério Público Obrigado, Cícero Joventino de Oliveira, Presidente do do Trabalho, para a Comissão de Direitos Humanos Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas e também para a Câmara dos Deputados, através do de Niquelândia. Deputado Pedro Wilson. Vai ser entregue a ele essa Registro a honrosa presença do jornalista João documentação. Carvalho, do Jornal Diário do Norte; do Sr. Adilson Queremos, junto a todas as autoridades consti- Santana, do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria tuídas deste País, aos trabalhadores, aos sindicatos, da Extração de Minerais não Metálicos de Minaçu; de achar uma solução que venha a favorecer, a facilitar, assessores do Deputado Rubens Otoni, que por outro a dar melhores condições de vida e de saúde aos tra- compromisso não pôde estar aqui; do Sr. Alexandre balhadores deste País. Em momento algum, nem os trabalhadores, nem Trajano de Arruda, do DNPM do Distrito Federal, e do as autoridades, nem o sindicato... Não estamos aqui Sr. Luiz Flávio Rainho, da FUNDACENTRO. para prejudicar, para fechar, para fazer nenhum depoi- Passo a palavra ao Sr. Filomeno Francisco dos mento que venha a prejudicar as riquezas deste País. Santos, Vice-Presidente do Sindicato METABASE de Não queremos fechar nenhuma empresa. Não quere- Catalão, por até 15 minutos. mos também prejudicar nenhuma empresa neste País. O SR. FILOMENO FRANCISCO DOS SANTOS Queremos, sim, que as empresas, que as autoridades – Boa-tarde, companheiros. constituídas deste País façam... Que as empresas te- Gostaria de cumprimentar a Mesa, na pessoa nham condições de trabalhar, tenham condições de do Deputado Federal Pedro Wilson, e os demais pre- ter o seu lucro, de produzir, mas que também dêem sentes. condições de vida e de saúde aos trabalhadores. Ou Em nome do Sindicato METABASE de Catalão, seja, trabalhar com segurança, com qualidade de vida gostaria de agradecer, por meio da sua diretoria, ao e de saúde e de meio ambiente. sindicato de Niquelândia a iniciativa de ter provocado Temos uma situação caótica do meio ambiente esta audiência pública para discussão desse problema no Município de Niquelândia. Precisamos que tudo tão terrível que é a morte dos nossos trabalhadores por isso seja corrigido, porque, a partir do momento em falta de condições ideais de trabalho. Entendemos que que for corrigida a questão do meio ambiente, da saú- esta audiência pública é de fundamental importância de do trabalhador, teremos menos problemas sociais não só para os trabalhadores de Catalão e Niquelân- e de saúde na nossa população, principalmente entre dia, mas para todos os trabalhadores do setor mineral os nossos profissionais. do País – embora entendamos que ela veio um pouco Quem vive o dia-a-dia é quem produz, é quem tarde, porque, ao longo desses 25 anos, houve cente- dá lucro para as empresas, é quem faz a riqueza des- nas de morte de trabalhadores por problemas que vão Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01677 ser discutidos nesta audiência pública. Mas, como dizia No tema específico de saúde e segurança, que- o velho poeta, antes tarde do que nunca. remos ressaltar o trabalho focado num problema sé- A minha fala será curta, porque há vários com- rio, que vejo se assemelha ao dos senhores, e serve panheiros que vão falar. como exemplo. O DNPM tem participação história na Aproveito para colocar o Sindicato METABASE elaboração da portaria interministerial – Ministério de de Catalão à disposição da companheirada, porque Minas e Energia e Ministério do Trabalho e Emprego nós também temos problemas sérios lá com amônia e – de 1985, ou seja, tem já 20 anos. Deputado Pedro outros agentes que tiram a vida do trabalhador. Wilson, essa portaria estabeleceu o controle da poeira Muito obrigado. (Palmas.) em minas de carvão – repito, isso em 1985. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – Tínhamos problemas sérios de acidentes e de Agradecemos ao Sr. Filomeno Francisco dos Santos, pneumoconiose. Deu-se um corte a partir dessa por- Vice-Presidente do Sindicato METABASE de Catalão, taria. A comissão técnica interministerial que regula- a participação. mentou a NR nº 22, do Ministério do Trabalho... Passamos a palavra ao Sr. Walter Lins Arcoverde, Nessa época, mudaram-se no carvão os padrões Diretor de Fiscalização do Departamento Nacional de técnicos. Eliminou-se a furação a seco, passou-se a Produção Mineral. instalar a furação úmida, com todo controle da poeira. O SR. WALTER LINS ARCOVERDE – Boa-tarde Com isso, temos hoje resultados bastante positivos na a todos. melhoria da saúde ocupacional dos trabalhadores. Estamos aqui representando o engenheiro Mi- O DNPM é membro da Comissão Permanente guel Nery, Diretor-Geral do Departamento Nacional Nacional da Mineração – CPNM, coordenada pelo Mi- de Produção Mineral, que foi convidado pelos Depu- nistério do Trabalho. Por isso, seria interessante a pre- tados Pedro Wilson e Luiz Couto. Passo às suas mãos sença de um representante do Ministério do Trabalho a nossa apresentação narrando a atuação do DNPM a esta reunião, tendo em vista que é quem coordena no assunto saúde e segurança nas minas. todo esse assunto no Governo Federal. O Departamento Nacional de Produção Mineral, O DNPM, como parte da Comissão Regional do órgão gestor dos recursos minerais, tem o maior cari- Setor Mineral, em Santa Catarina, atua nessa comis- nho para com esse tema. Como já foi dito aqui, temos são diretamente. Vou falar mais adiante sobre o que a mesma posição de que a riqueza tem de ser gerada é essa comissão, o que pode até ser um exemplo de em benefício de todos e com o menor custo possível proposta de evolução para Goiás. de vidas humanas. O DNPM, além desse trabalho com o carvão, na O DNPM tem como atribuição baixar normas em área de saúde e segurança, cuja evolução foi grande caráter suplementar com os demais órgãos respon- a partir de 2001, baixou as normas reguladoras de sáveis pela higiene, segurança e saúde ocupacional mineração. dos trabalhadores. A lei que constituiu o DNPM como Essas normas hoje têm um padrão internacional, autarquia em 1994 definiu isso. Assim, trabalhamos e determinam uma série de obrigações aos titulares esse assunto em articulação com o Ministério do Tra- de concessões minerais e também direitos e respon- balho e Emprego, com o Ministério da Saúde, a FUN- sabilidades aos trabalhadores das minas. Elas visam DACENTRO, sindicatos de trabalhadores, entidades disciplinar o aproveitamento racional das jazidas com representantes de mineradores e demais entidades. a preocupação de buscar, permanentemente, a pro- Trabalhamos esse assunto de forma articulada com dutividade, a preservação ambiental, a segurança e a todos os envolvidos. saúde dos trabalhadores. Todos aqui devem conhecer, mas ressalto que o Especificamente no que se refere à saúde dos DNPM é o órgão responsável pela gestão dos recursos trabalhadores, a Norma 07 prevê as vias de saída de minerais do País, ou seja, todo processo de outorga e emergência nas minas; a Norma 08 trata da prevenção fiscalização da produção mineral é responsabilidade contra incêndio, explosões e inundações; a Norma 09, do DNPM. da prevenção contra poeiras; a Norma 10, do sistema O DNPM é um órgão antigo – criado em 1934, de comunicação; a Norma 11, da iluminação; a Norma tendo até hoje o mesmo nome, mudando alguma razão 12, da sinalização de áreas de trabalho e circulação; a social – e tem diversos trabalhos de grande relevância Norma 13 prevê a circulação e transporte de pessoas deixados para o País. Saíram inúmeras empresas esta- e materiais; a Norma 15 prevê a instalação elétrica; a tais do DNPM. As diversas gerações que por ele pas- Norma 22 prevê operações com explosivos e acessó- saram deixaram muito para a mineração brasileira. rios de proteção ao trabalhador. 01678 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 As normas definem que tem de haver o controle As normas reguladoras de mineração do DNPM de risco na atividade. Nesse sentido, deve haver um exige do empreendedor: a organização e manutenção programa de gerenciamento que preveja os riscos de uma comissão interna de prevenção de acidente físicos, químicos e biológicos; proteção respiratória; da mineração – CIPAMIN. A empresa de mineração investigação e análise de acidente do trabalho; ergo- ou permissionária de lavra garimpeira, inclusive que nomia e organização do trabalho. O programa de ge- administra trabalhadores como empregados, deve or- renciamento de risco deve preocupar-se ainda com ganizar e manter em regular funcionamento em cada o risco decorrente do trabalho em altura; com o risco estabelecimento uma CIPAMIN. decorrente da utilização de energia elétrica, de má- A CIPAMIN tem por objetivo observar e relatar quinas, equipamentos, veículos e trabalhos manuais. condições de risco no ambiente de trabalho. Os setores Deve haver equipamentos de proteção individual; bem de maiores riscos deverão ser definidos pela CIPAMIN como a estabilidade do maciço na mina e um plano com base nos dados do programa de gerenciamento de de emergência. Desse modo, deve ser elaborado um risco, no relatório anual do programa médico de saú- plano de gerenciamento de risco conforme a progra- de ocupacional, na estatística de acidente do trabalho mação prevista na norma. elaborado e em outros dados de infração relativos à Quanto aos direitos dos trabalhadores, as normas segurança. O presidente da CIPAMIN será indicado pelo estabelecem que eles podem interromper as suas tare- empregador e o vice-presidente será escolhido entre fas assim que sejam constatadas evidências de riscos os representantes titulares dos trabalhadores. graves e iminentes para a sua segurança e saúde ou A NR estabelece a prevenção contra as poeiras de terceiros, com a devida comunicação do fato ao seu minerais; medidas de proteção ao trabalhador; medi- superior hierárquico, que diligenciará as medidas ca- das de operação de emergência para os problemas de bíveis. Ao mesmo tempo, os trabalhadores devem ser inundações, incêndios, explosões e desabamentos; a informados sobre os riscos existentes no local de tra- elaboração de um plano de emergência; a necessidade balho que possam afetar a sua segurança e saúde. da informação, qualificação e do treinamento. As normas estabelecem as seguintes respon- Isso é muito importante porque a mineração, há sabilidades dos trabalhadores: zelar pela sua própria de se convir, é uma atividade perigosa. Juntamente segurança e saúde e as de terceiros que possam ser com a construção civil, temos os mais altos índices de afetados por suas ações ou omissões no trabalho, co- acidentes de trabalho no País. É preciso dar um basta. laborando com o empreendedor para o cumprimento É preciso mudar esse quadro e, para isso, é preciso a das disposições legais e regulamentares, inclusive participação de todos os envolvidos. Daí, Deputado, é das normas internas de segurança e saúde; comu- um prazer o DNPM estar presente a esta reunião da nicar, imediatamente, ao seu superior hierárquico as maior relevância, convocada por V.Exa. Estivemos aqui situações que representar risco iminente para a sua há dois meses para debater tema semelhante relativo segurança e saúde ou de terceiros. ao carvão, em Santa Catarina. As normas exigem do empreendedor as seguin- A qualificação, formação e treinamento, com a tes responsabilidades: implementação do programa conscientização dos responsáveis pelos projetos, é a de controle médico e saúde ocupacional; em locais de saída para a redução ao máximo dos acidentes ocor- trabalho com risco à saúde do trabalhador a empresa ridos em minas. deve possuir um sistema de monitoramento do am- O DNPM criou, ano passado, um comitê de segu- biente e controle dos parâmetros que afetam a saúde rança e higiene no trabalho na mineração. Ele já vem com a implementação do controle médico de saúde trabalhando em alguns pólos mineiros, como é o caso populacional, conforme estabelecido na NR 7 do Mi- de Santa Catarina, de forma exemplar. nistério do Trabalho. Quando assumimos, nos últimos anos, a gestão Esse programa é parte integrante de um con- em Brasília, nossa preocupação foi disseminar expe- junto mais amplo de iniciativas da empresa no campo riências positivas para o resto do País. Na ocasião, da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado realizamos ações em algumas regiões do distrito mi- com o disposto nas demais normas do Ministério do neiro, no Quadrilátero Ferrífero, na região dos Carajás, Trabalho. O programa de controle médico e de saúde de Rochas Ornamentais no Espírito Santo e em San- ocupacional deve ter caráter de prevenção, rastrea- ta Catarina, com a questão do carvão. Esse comitê, mento e diagnóstico precoce dos agravos da saúde composto por 6 profissionais engenheiros, geólogos relacionados ao trabalho, em conformidade com as do departamento, mais os representantes do Ministé- normas do Ministério do Trabalho. rio de Minas e Energia que vieram dos sindicatos dos Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01679 trabalhadores, visa ao monitoramento dos problemas no Espírito Santo, para tratar desse mesmo assunto, de saúde e de acidentes das minas. com vistas à implantação de comissão semelhante no Para isso, há indicadores precisos. Porque essa Espírito Santo. E percebo que há demanda em Goiás. é a grande dificuldade, tendo em vista o tema ser Antes de iniciar a minha fala, telefonei para o chefe muito interessante. No Ministério do Trabalho e no da do distrito do DNPM em Goiânia. Fiquei surpreso ao Previdência estão os indicadores. Por outro lado, es- saber que ele não recebeu demanda alguma dos se- ses indicadores precisam ser aperfeiçoados para que nhores, nem do sindicato nem da empresa, sobre o sejam transparentes; no momento em que se identi- problema. O DNPM de Goiás realmente não partici- fica o problema, ele se torna transparente. Com isso, pou dessas audiências, o que é uma pena, porque já a sociedade cobra. Hoje, é uma dificuldade ver esses estaríamos juntos. indicadores com transparência. Então, essa é a nos- Estou representando o departamento, que está sa sugestão. às ordens para participar de todos os trabalhos que Esse comitê está trabalhando para levantar esses vierem a ser feitos. dados de maneira a priorizar ações de fiscalização, Quero terminar, dizendo que no carvão conse- definir trabalhos preventivos, trabalhados de capacita- guimos mensurar os problemas por meio de exames ção, de treinamento. Em 2007, realizamos uma campanha nacional nos técnicos e médicos. Há 25 anos, quando foram feitos principais distritos mineiros que citei. Agora, em 2008, vários exames de raios X no pulmão, verificaram-se iremos fazer a capacitação de cada distrito nosso de problemas. Hoje, está sendo feita nova bateria de exa- maneira que possamos implementar, em algumas re- mes, para que seja constatada a evolução. Há inclusive giões, a experiência da CRSM de Santa Catarina. um projeto da CRSM com o Ministério da Saúde, que, A CRSM, a Comissão Regional do Setor Mineral, por meio do SUS, vai realizar esses exames de raios X é uma comissão tripartite. Ela foi fruto de uma portaria nos pulmões. Esse exame será realizado pelo mesmo do Delegado Regional do Ministério do Trabalho, que profissional que há 25 anos constatou os problemas. Os instituiu uma comissão ampla, a qual se reúne 3 vezes primeiros resultados obtidos, apesar de menores, são ao ano. Nessas reuniões são feitas vistoriais conjun- bastante interessantes, na medida em que mostram tas nas minas com representantes dos sindicatos dos que não têm ocorrido casos de pneumoconiose. trabalhadores, com engenheiros de segurança e de Eram essas as palavras que queríamos deixar minas das empresas e técnicos engenheiros de minas para a Comissão. e segurança do DNPM. O Ministério de Minas e Energia, em conjunto Dessas reuniões participam o Ministério Público com entidades do setor mineral e trabalhadores, como do Trabalho e demais entidades envolvidas. As deci- o IBAM, Instituto Brasileiro de Mineração, que congre- sões são todas tomadas por consenso. As vistoriais ga as empresas brasileiras de mineração, está estru- nas minas são feitas por consenso. Tudo é consenso. turando um programa de mobilização de redução de A interdição ou não, a resolução de determinado pro- acidentes na mineração. As reuniões já ocorreram este blema, bem como a formulação de exigência a ser ano. A partir do ano que vem, o Ministério de Minas feita pelo DNPM, pelo Ministério do Trabalho ou por e Energia, o Ministério do Trabalho e as entidades do quem mais. setor criarão um programa de mobilização, que terá Com isso, reduziram-se demais os acidentes início com a realização de seminários. com o carvão. Hoje, temos um acidente com óbito a Eram essas as palavras que tínhamos a dizer. cada três anos. Em países considerados grandes pro- Estamos às ordens para os debates. dutores de carvão, como a China, a situação é muito grave. No Brasil, pequeno produtor de carvão, havia Obrigado. (Palmas.) muito acidente, mas houve redução. Ainda há aciden- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) tes, mas sem óbitos. – Obrigado, Dr. Walter Lins Arcoverde. Esta Comissão, além de dar transparência ao Antes de passar a palavra ao Dr. Luiz Roberto problema, conseguiu debater com as partes envolvi- Reuter, eu gostaria de registrar a presença do Sr. Jo- das e encontrar soluções. nas Duarte, advogado; do Sr. Rogério Tomás Júnior, Na minha apresentação, que entrego a esta Co- da Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos; missão, estão todos os atos necessários para a consti- do Sr. Eduardo Salgado, dirigente sindical; e de Iranil- tuição da comissão regional do setor mineral de Santa des, de Goiânia. Catarina. É interesse do DNPM tratar desse assunto. Eu gostaria de chamar para compor a Mesa o Sr. Na semana que vem estaremos em Nova Venécia, José Calixto Ramos, Presidente da CNTI. 01680 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Passo a palavra ao Dr. Luiz Roberto Reuter, que Com grande propriedade, o Exmo. Sr. Deputado representa o Grupo Votorantim. S.Sa. dispõe de 15 Pedro Wilson, na abertura desta reunião, deixou claro minutos. que neste País muitas coisas ocorrem devido a dificul- O SR. LUIZ ROBERTO REUTER – Inicialmente, dades de comunicação. Devido a essas dificuldades, o quero agradecer ao Presidente da Comissão dos Direi- nosso Congresso, por meio de audiências como esta, tos Humanos e Minorias, Deputado Pedro Wilson. promove o diálogo, uma vez que essa falta de infor- Cumprimento os Exmos. Srs. Deputados presen- mação, por vezes, leva as pessoas a entendimentos tes, os representantes de órgãos públicos, os direto- equivocados ou a um distanciamento desnecessário. res de sindicatos, os representantes de empresas, as Entendi que as palavras do DNPM propõem que esse lideranças sindicais e os trabalhadores. processo de comunicação seja viabilizado não só nas Quero fazer uma pequena correção. Não me en- unidades que já o processam mas também em outras, contro aqui na condição de representante da Votorantim, o que é extremamente salutar. mas como pessoa indicada pelo Sistema Votorantim. O direito à informação ao trabalhador consta na Encontro-me aqui como um profissional estudioso da nossa norma regulamentadora mãe, que é a de núme- questão, para promover um tipo de contribuição a res- ro um: “(...) informar os trabalhadores sobre os riscos peito da segurança e da saúde dos trabalhadores na a que estão expostos e os controles (...)”. O primeiro atividade de mineração. mandato é esse. Ao ser convidado, verifiquei que havia um reque- No caso específico, em função da limitação do rimento que motivava esta reunião. Nesse mesmo re- tempo eu gostaria de fazer algumas abordagens bem querimento, divulgado na Internet, constava citação rápidas, que estão apresentadas nesse audiovisual. sobre a amônia. Por conta disso, dispus-me a promover (Segue-se exibição de imagens.) um esclarecimento sobre essa questão, por ter atuado Inicialmente, vemos no eslaide a problemática da situação da mineração no País. Concordo plenamente como Gerente de Segurança, Saúde e Meio Ambiente com o Dr. Walter quando S.Sa. aponta a atividade de da maior unidade de produção de amônia do nosso mineração como preocupante, juntamente com a ati- País durante 16 anos, juntamente com minha equipe de vidade da construção civil e da área de gás e energia, médicos do trabalho, engenheiros e profissionais diver- porque hoje são as atividades econômicas que mais sos. Senti-me no dever de trazer algum esclarecimento atingem os trabalhadores sob forma de acidente de especificamente a respeito do produto amônia. trabalho. Contudo, digo que há uma percepção muito Quero deixar claro que pertenço à Fundação clara de que o País está caminhando em sentido mui- José Silveira. Trata-se de uma instituição de utilidade to positivo, seja por ter a Norma Regulamentadora nº pública, sem fins lucrativos, conveniada a várias uni- 22, bastante sólida, seja pelo fato de que nós já ob- dades do Ministério Público em alguns Estados e ao servamos claramente que principalmente os grandes Ministério Público Federal, cujo órgão funciona como empreendimentos industriais no País – e os senhores auditor em algumas questões. sabem quais são – já investem fortemente em unidades Por vezes, essa instituição foi convocada pelo de mecanização e em equipamentos cabinados. Instituto Nacional de Previdência Social para, de cer- Existe uma mineração – e não vou citar o nome, ta forma, contribuir na formação dos peritos médicos. porque não vim para falar de empresas – que tem 100% Prestou também alguns trabalhos ao Poder Judiciário, de seus equipamentos cabinados. Isso significa que para dirimir dúvidas. Atuou, para o DNPM, como audi- o trabalhador trabalha com temperatura climatizada e tora, ocasião em que verificou a incidência de silicose em ambiente com um nível mínimo de ruído, porque na nas minerações subterrâneas do País. Trouxe contri- cabine do equipamento há uma proteção de natureza buições específicas ao Ministério do Trabalho. acústica. Isso ainda é raro na maior parte das mine- Quero dizer que fiquei muito satisfeito em verifi- rações, mas conheci uma que emprega esse equipa- car a explanação do representante do DNPM, porque mento, e vejo outras no mesmo caminho. sou testemunha da dedicação daquele departamento Outra questão é o envolvimento com relação à à segurança e à saúde dos trabalhadores na ativida- tendência de automação de algumas atividades que de mineração. impõem maior risco. Como estudioso dessa questão – O nosso País conta com uma legislação invejável leciono há mais de 25 anos em cursos de formação de sobre segurança e saúde na área de mineração. Dificil- engenheiros de segurança e médicos do trabalho, em mente os senhores encontrarão legislação como a nos- mais de quatro universidades no País –, eu diria que a sa Norma Regulamentadora nº 22. Além dessa norma, minha preocupação maior é com relação aos peque- contamos com outros instrumentos regulatórios. nos empreendedores na área de mineração, que talvez Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01681 por falta de conhecimento ou preparo, ou por falta de e esgoto. Em muitas cidades do País, a amônia está capital, não investem adequadamente na proteção à sendo utilizada para tratar água e esgoto. segurança e à saúde dos trabalhadores. Como essa Além disso, a amônia é utilizada em sistemas é uma atividade que envolve uma quantidade muito de refrigeração, para a produção de gelo, e em pro- grande de empresas, porque absorve inclusive as pe- dutos farmacêuticos, inclusive os sais de amônia, que dreiras, a grande parcela de empresas de pequeno algumas pessoas conhecem. Também é utilizada na e médio porte que ainda não investem na proteção à indústria alimentícia, na produção de papel, celulose, segurança e à saúde dos trabalhadores puxa os indi- coque, e na fabricação de ácido fosfórico, bem como cadores para níveis preocupantes. na geração de potássio, e assim por diante. Hoje temos grandes grupos empresariais – de eu Portanto, não estamos falando da amônia exclusi- poderia seguramente citar oito, mas não vou fazê-lo, vamente na indústria metalúrgica, onde a propriedade porque não estou aqui para citar grupos empresariais dela é utilizada basicamente com o poder de absorção – que têm padrões comparáveis aos internacionais. e desabsorção e em algumas etapas do processo. Esse A nossa atividade de mineração no País é referência é o cenário inicial. para muitos países. Evidentemente me reporto à situ- A amônia, de certa forma, vem sendo entendida ação presente, ou seja, ao tempo em que comecei a como um risco social, uma vez que ela está presente me inteirar dessa situação da mineração, os últimos inclusive no nosso corpo. Se uma pessoa nunca traba- 20 ou 25 anos. lhar em uma unidade que tenha amônia, por exemplo, Não sei se há representante do IBRAM presente, uma pessoa que nunca viu amônia, ainda assim ela mas eu gostaria de parabenizar esse órgão, que hoje fabricará amônia. Na urina dela sairá amônia. O gado desenvolve um programa base que serve de modelo gera amônia e algumas plantas geram amônia; trata- para aquelas empresas que estão desnorteadas e se de um elemento natural. Muitos autores consideram querem saber como agir. O IBRAM já está orientando a amônia um risco social. as empresas nesse sentido. Creio que, dessa maneira, ficou mais ou menos Com esse outro eslaide, vou tentar de certa ma- esclarecido o que é essa tal de amônia. É um produto neira falar sobre a questão da amônia. Peço compre- não cancerígeno. Não há no mundo inteiro nada que ensão. Evidentemente, tudo que estou falando não é diga que a amônia seja cancerígena. Na literatura técni- propriedade do meu conhecimento. Hoje, com a evo- ca disponível – torno a dizer, os senhores podem verifi- lução da Internet neste País, os senhores podem fazer car na Internet – consta que não se trata de substância buscas e estudar perfeitamente não só a amônia mas cancerígena nem tem qualquer tipo de efeito mutagê- qualquer outra coisa. nico, ou seja, que gere alterações nos filhos ou netos A amônia é um gás irritante, presente na natu- das pessoas que lidam com esse produto. reza, gerado por processos naturais ou por proces- A amônia não tem propriedade cumulativa: não sos artificiais. Isso quer dizer que, mesmo que não fica no nosso corpo, é eliminada. Outro dia, conversan- se produzisse amônia no País nem em lugar algum do com um médico sobre o cigarro, indaguei: “Mas a do mundo, a amônia existiria. A amônia é um produto vontade de fumar continua e tal?” Ele respondeu-me: químico, não é um mineral, não é metal. A amônia é “Não, a razão é outra.” É por “maneísmo”, porque o largamente conhecida e estudada na indústria quími- corpo elimina rapidamente. ca e petroquímica, porque o volume produzido e ope- Geralmente, o lado nocivo da atuação da amônia rado é imenso. é relacionado à exposição aguda. Porém, os efeitos A utilização predominante da amônia se dá prin- da exposição à amônia, exceto queimaduras por con- cipalmente na indústria química, na petroquímica e tato com o líquido, são efeitos reversíveis. Como eu também na indústria de fertilizantes, como produto que disse aos senhores, trabalhei 16 anos na maior plan- gera a uréia, um dos principais fertilizantes utilizados ta de produção de amônia. Eu andava na área. Não no País. Nesse sentido, a PETROBRAS foi a grande sou engenheiro de ficar em gabinete, sou de estar lá, responsável pelo desenvolvimento do parque de fer- conversando com o trabalhador, discutindo, ouvindo a tilizantes no País, por meio da antiga Petrofértil, que opinião dele, e não sou louco. me deu a honra de abrigar-me por um bom tempo e Evidentemente, se a amônia fosse cancerígena formar-me em várias áreas. ou tivesse determinados efeitos, as pessoas pensariam A amônia está presente também na fabricação duas vezes. Tenho certeza de que o próprio Congres- de desinfetantes, detergentes, papel, celulose, de- so não permitiria a utilização ou de que haveria algum sengraxantes, ácido nítrico, e no tratamento de água processo mais forte com relação à exclusão dessas 01682 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 questões. Existem outras, mas vamos tentar ser mais vai sair, porque o segundo sinal vai ser ardor no nariz, objetivos. ardor na garganta, um leve ardor na visão, e assim por O odor da amônia é perceptível a partir de 5 ppm, diante. Se ela ainda quiser continuar, vai sentir ardor ou seja, cinco partes por milhão da amônia no ambien- na axila e na região dos órgãos genitais. Ela não con- te. Eu cheiro e sei se há amônia. Contudo, o limite de seguirá ficar, diferentemente de outros produtos aos tolerância para a exposição à amônia, definido pelo quais o indivíduo se expõe indevidamente. Ministério do Trabalho, é de 20 partes por milhão, de A detecção da amônia por meio de exames de maneira contínua e por 48 horas semanais. Nós sa- urina, conforme apresentado no segundo parágrafo, bemos que, infelizmente, ainda há algumas empresas é algo interessante, porque para cada produto quí- que têm esse regime de 48 horas, mas boa parte das mico existe um indicador biológico que goza de uma empresas já não mais praticam as 48 horas. Assim, no especificidade, ou seja, é adequado medir cada pro- caso, o limite de tolerância para a amônia é 20 ppm. duto químico por intermédio de determinado método, Quando eu cheiro, quando eu sinto, eu não atingi 20 para que se obtenha um valor confiável. Infelizmente, ppm, que é quatro vezes acima de 5 ppm. Digo isso como nosso corpo gera amônia, se eu fumasse uma porque considero importante esclarecer e tranqüilizar ou duas carteiras de cigarro por dia, mesmo que nun- as pessoas. ca tivesse trabalhado com amônia em qualquer indús- No Brasil, a maior utilização ocorre em pólos pe- tria, minha concentração de amônia atingiria índices troquímicos localizados em Camaçari, que tem grandes incríveis, já saindo de urina para sangue: atingiria 350, plantas de amônia; em Cubatão, Triunfo, Baixada Flumi- porque o papel do cigarro é tratado com amônia. Ela nense; e em algumas empresas específicas, como uma fica ali impregnada. Quando se chupa o cigarro, ela unidade da PETROBRAS em Laranjeiras, a FAFEN em vai para dentro. Sergipe, e a FOSFERTIL localizada em Minas Gerais. Algumas doenças que ocorrem nos rins, doen- Nessas empresas, o volume transitado, fabricado de ças hepáticas, e doenças musculares determinam por amônia é espetacular. Nós estamos falando da ordem parte do corpo geração de amônia. É importante que de 300, 400, 500 toneladas. Em uma empresa em que saibamos disso, porque muitas vezes ficamos desin- estive – e acredito seja objeto dessas considerações –, formados. a quantidade transitada por dia, em termos de adição, Tenho de respeitar, e sempre respeitei, a opinião é de 25 toneladas. Portanto, estou lidando com quem do trabalhador, não porque necessariamente ela esteja gera amônia, com quem trabalha geralmente com 400 certa – como também a minha não estará necessa- toneladas por dia, e estou falando de 25 toneladas por riamente certa. Muitas vezes trabalhadores disseram dia. Precisamos ter essa visão. que o ruído estava alto e eu disse que aquilo não era Há outra questão interessante com relação à amô- possível, que não estava alto. Eu ia para o lugar e nia. Como posso sentir a amônia? A primeira forma já atestava que o ruído não estava alto. Contudo, havia foi dita: pelo odor. Isso não significa que as empresas um ruído. (O orador reproduz um ruído intermitente.). venham a utilizar o odor para saber se há ou não amô- O trabalhador não agüentava, saía estressado. Para nia; estou dizendo que esse aspecto é positivo, porque ele o ruído incomodava, isso era o que importava . a amônia tem um odor característico, perceptível por Aprendi isso com o trabalhador. qualquer ser humano, distinguível. Todos sabem que É importante também dizer que muitas vezes eu aquele odor é o da amônia. tinha de dar esclarecimento às pessoas, até mesmo E existe um outro fator positivo: por ter um odor porque esse era o meu dever, como engenheiro de pungente, incomodativo, a amônia faz com que as segurança. Isso era de natureza obrigatória, conforme pessoas se resguardem, porque o odor incomoda, assevera o Conselho de Engenharia. diferentemente de outros químicos – e neste ponto Assim, fica claro que a detecção da amônia por está a minha preocupação –, como, por exemplo, os meio da urina é um pouco questionável, até mesmo aromáticos benzeno, tolueno, xileno e outros que são porque pode depender da dieta alimentar, que pode agradáveis, que têm cheiro de flor e perfume. Muitos ocasionar maior ou menor produção de amônia. No trabalhadores infelizmente se expõem a esses produ- caso do sangue, ocorre a mesma coisa. Se a ampola tos e não sabem que trazem problema. A amônia, ao que recolheu o sangue não for preenchida quase to- contrário, tem a propriedade de mostrar-se presente talmente e colocada imediatamente na geladeira, para e alertar: “Afaste-se!” ficar em temperatura inferior a zero grau, essa amostra Se a pessoa não quiser afastar-se, se quiser pode sofrer adulteração. É preciso tomar cuidado com continuar no lugar, vai continuar cheirando amônia. essas coisas. É importante que discutamos isso, para Contudo, se a concentração porventura aumentar, ela podermos decidir. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01683 Já estou finalizando. Nova Central Sindical de Trabalhadores – NCST, o Sr. Nessa imagem há vários pontos. A amônia é fa- José Calixto Ramos, que dispõe de 15 minutos. bricada também pelo nosso corpo. Há a influência de Depois falará o Presidente da CUT de Goiás e, doenças hepáticas, do fumo, de doenças do coração em seguida, abriremos ao plenário para o debate. e outras mais. Até mesmo a hidratação, a quantidade Agradeço à assessoria do nosso Gabinete, ao de água que inalamos diariamente influencia na quan- Sr. Ruben Otoni e à Comissão de Direitos Humanos a tidade de produção de amônia. ajuda para realização desta audiência. Essa apresentação está à disposição nos com- Quem quiser fazer uso da palavra deve inscrever- putadores da Casa. Esse foi o último eslaide. se junto aos assessores. Agradeço a oportunidade dada à Engenharia de O SR. JOSÉ CALIXTO RAMOS – Sr. Presidente, Segurança de se fazer presente, para tentar produzir senhores membros da Mesa, companheiros, dirigentes alguns esclarecimentos aos senhores. sindicais, trabalhadores de Niquelândia, primeiramente Parabenizo o Ministério do Trabalho e Emprego louvo a iniciativa de V.Exa. em promover esta audiência pelas atividades desenvolvidas, especialmente pela pública, para que se possa nela, ou por meio dela, tirar elaboração da Norma Regulamentadora nº 22. as dúvidas concernentes às preocupações que são tra- Parabenizo o DNPM, porque tenho acompanho zidas pelo sindicato dos trabalhadores daquela cidade, de perto o trabalho desse departamento, e parabenizo deste setor especifico da extração do níquel. também alguns órgãos ambientais que, nos processos A bem da verdade, Sr. Presidente, eu teria de de licenciamento, têm sido rigorosos nessa questão. dizer que estou presente nesta audiência por uma De certa forma, quero dizer aos senhores o se- questão de dever, porque tomamos conhecimento da guinte: creio que o assunto amônia pode ser objeto gravidade dos problemas que têm ocorrido com os tra- de um fórum mais amplo, para o qual seria trazida a balhadores desse setor. Todavia, eu não seria a pessoa indicada para entrar nos detalhes correspondentes aos indústria química e a petroquímica. efeitos maléficos da forma de trabalho utilizada pela Sinceramente – e eu gostaria que os senhores empresa a que nos estamos referindo, mas, como a não me entendessem mal –, na atividade de minera- Confederação envolve no seu universo de represen- ção eu ainda me preocuparia muito com a questão da tação trabalhadores industriais de forma geral e como silicose. Evidentemente, esta atividade dos senhores o sindicato dos trabalhadores ligado à referida empre- refere-se à mineração a céu aberto, mas me preocu- sa está também no nosso plano, nossa Confederação pa muito a situação dos trabalhadores que atuam em não poderia deixar de vir a esta Comissão, para pelo minerações subterrâneas, principalmente aquelas em menos oferecer apoio incondicional ao sindicato que que as características minerais levem a uma alta con- está trazendo a público os grandes efeitos maléficos centração de sílica livre. Essa proposta já foi feita pelo que estão apavorando uma comunidade. DNPM, a quem parabenizo. Sem demagogia, olhando o semblante desses Se eu puder ser útil na fase dos questionamen- companheiros – perdoem-me a sinceridade –, parece- tos, eu gostaria de atendê-los. Desculpem-me qualquer me que todos estão doentes. Acompanho esse traba- coisa, mas acho que a nossa obrigação é andar com a lho na mina de carvão há cerca de 50 anos. Conforme verdade, porque quem fala hoje a verdade não precisa comentou o Presidente do DNPM, é possível notar a se preocupar com o que falou ontem. gravidade desse problema. Por isso, S.Sa. sugeriu a Muito obrigado. (Palmas.) criação de uma comissão regional. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Dizer que a amônia não fica acumulada no cor- – Muito obrigado, Dr. Luiz Roberto, representante do po das pessoas pode ser verdadeiro tecnicamente, Grupo Votorantim Metais e professor da Fundação mas não na prática. Não fora assim, o sindicato não José Silveira. estaria denunciando que cerca de 450 trabalhadores Saúdo todos os convidados, trabalhadores e as- foram atingidos pelo fator da amônia, fora os que já sessores que estão no Plenário 10, assistindo a esta perderam a vida. audiência pública. Quem estiver de pé pode dirigir-se Trago um assunto muito semelhante: o amianto. para aquele plenário. Peço-lhes desculpas. Contudo, parece-me que o problema da amônia é muito Saúdo também o Dr. Arquicelso Bites, do Mi- pior do que o do amianto. No entanto, foi criada uma nistério do Desenvolvimento Agrário, que esteve pre- comissão de trabalhadores com o objetivo de impedir sente. – e o conseguiram – que algumas empresas, por não Passo a palavra ao Presidente da Confederação utilizarem cuidados necessários com o amianto, con- Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI e da tinuassem trabalhando. 01684 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Entretanto, esse não é o caso da amônia. Pelas Boa-tarde, companheiras e companheiros de informações trazidas, não há muita facilidade para con- Niquelândia, que deixaram a família para virem aqui, trolar o sistema. Por conta disso, é evidente que não se certamente, não por brincadeira. Conforme disse o pode pensar em banir o níquel, conforme fazem com o companheiro Calixto, dá para notar o problema no amianto. Pensam até em bani-lo, substituí-lo, porque o semblante de cada um. amianto utilizado na telha pode causar problemas aos Cumprimento o Deputado Pedro Wilson; o Sr. moradores. Ninguém nunca ouviu falar nisso. É claro Reuter, um grande técnico; o companheiro Cícero, que há problema de ordem ideológica e de ordem mer- presidente do sindicato; o companheiro Calixto, da cadológica. Talvez esse caso da amônia não seja um Nova Central; o companheiro Filomeno, de Catalão; problema específico, mas ele tem de ser tratado de todo este Plenário e o companheiro Adilson, ex-pre- imediato, a fim de que esse processo não continue. sidente do sindicato dos trabalhadores em mineração Como ficam esses mais de 400 trabalhadores de Minaçu, o qual parabenizo pela luta em defesa dos afetados? Quem tomará conta deles e de suas famí- trabalhadores. lias? Parece-me que esta audiência pública veio em O companheiro Cícero e eu chegamos a um hora providencial, talvez com atraso, não por conta ponto comum: realizarmos uma audiência pública em desta Comissão, mas quem sabe o problema não te- nosso sindicato, convidarmos as autoridades locais e nha chegado a tal gravidade que motivou o presidente um Deputado Federal, porque esse problema não deve da entidade dos trabalhadores a procurar exatamente ser só em Niquelândia, mas está instalado em outros essa providência. lugares do Brasil. Sr. Presidente, se V.Exa. permitir, seria mais im- O companheiro Pedro Wilson, Deputado que portante ouvirmos o depoimento desses companhei- respeitamos, é membro da Comissão de Direitos Hu- ros que estão sentindo o problema na pele. É relativo manos. dizerem que tecnicamente o produto não incomoda; Ontem, na nossa marcha, companheiro Calixto, que o cheiram, mas não podem continuar cheirando; gritamos por direitos sociais e sindicais. Essa audi- que não é acumulado no corpo nem transferido para ência pública, Deputado, casa com o nosso grito. No os familiares etc. Na prática, quero saber quem está movimento sindical, temos travado uma grande luta sujeito a aspirar permanentemente essa matéria quí- pela representação do sindicato no local de trabalho, mica, que não é mineral. o chamado delegado sindical. Ainda não conseguimos A Confederação Nacional dos Trabalhadores na colocar isso na legislação. Muitos sindicatos já têm Indústria e a Nova Central Sindical dos Trabalhadores algumas representações. No meu, SINTEL Goiás/To- trabalharão com o sindicato da categoria profissional cantins, por exemplo, nos acordos coletivos, temos a para solucionar esse problema o mais rápido possí- vel. Não queremos, absolutamente, o fechamento da participação dos delegados sindicais. empresa, como dizem, o banimento da Níquel. Mas Não sou médico nem engenheiro, mas estou com temos de tomar providências para que os que traba- 60 anos de idade e tenho travado uma luta no movimen- lham nessa exploração sejam considerados humanos to sindical de mais de 30 anos. Por isso, entendo que e não descartáveis. Trabalham um período e depois os o uso da amônia é como o colesterol: o bom não nos jogam fora, como se fossem copo plástico. prejudica de jeito nenhum, ajuda‑nos; e o ruim provoca Sr. Presidente, eram essas as palavras que gos- até enfarto. Estou fazendo uma comparação grosseira, taria de deixar registradas. (Palmas.) mas que tem de ser levada em consideração. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Temos de ter o nosso representante no local de – Obrigado, Sr. José Calixto Ramos, da Confederação trabalho, o que, inclusive, ajudará a empresa. Nacional dos Trabalhadores na Indústria e da Nova Os companheiros disseram que não querem fe- Central Sindical dos Trabalhadores. char a empresa. A Central Única dos Trabalhadores Nosso sentimento, a partir desta audiência, ou- – estou falando em nome da CUT/Goiás e do compa- vindo as partes, buscando diálogo e participação, é o nheiro Arthur Henrique, Presidente Nacional da CUT de encontrarmos a melhor solução para proteger esses – também não quer, de forma alguma, fechá-la. Quere- trabalhadores e a própria empresa. mos que todas empreguem cada vez mais, mas que os Concedo a palavra ao Sr. José Antônio de Oliveira nossos trabalhadores sejam respeitados e que tenham Lobo, Presidente da Central Única dos Trabalhadores poder de participação nos seus locais de trabalho e de Goiás, pelo prazo de 15 minutos. autonomia para dizerem que é preciso consultar um O SR. JOSÉ ANTÔNIO DE OLIVEIRA LOBO – técnico para saber até que ponto a amônia pode ser Sr. Presidente, peço licença para falar de pé. utilizada. Esse o nosso grande eixo. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01685 Este debate será positivo a partir do momento nio Espíndola, Renaldo Ferreira, Darciro Batista, José em que os trabalhadores tiverem participação em seu Marques, Vilmar Bruno, Joaquim Avelino, Sobelino local de trabalho e em que os sindicatos participem da Francisco, Donizete Alves e Joaquim Peixoto. eleição dos companheiros da CIPA – Comissão Interna Em função do horário, peço a cada um dos ex- de Prevenção de Acidentes. Essa deve ser composta positores que seja breve, para que possamos ouvir por trabalhadores que tenham conhecimento e con- todos. dição de informar ao sindicato como o trabalho está Feitas as exposições, este é um momento a mais, sendo feito ali. vamos ter outros. O Reuter não está aqui, mas estão A partir desse momento, Calixto, conseguiremos o Walter Arcoverde e o Chaves, da DRT – um é repre- fazer com que a amônia seja utilizada de forma ade- sentante de Goiás e outro nacional. quada nos ambientes de trabalho. Estive em Niquelân- Hoje Goiás é um dos Estados que têm o maior dia com os companheiros que estavam aqui e nós nos número de mineradoras, umas 20, 30. Gostaria que comovemos com as declarações dos trabalhadores e acionassem o Denilson, em Goiânia, ou o representante das trabalhadoras. A realidade é que eles já perderam da CPRN, o Correntino, e a Delegacia do Trabalho – a visão, têm problema nos membros superiores e infe- está aqui o Dr. Almir –, para que as representações dos riores e têm sinais assustadores no abdômen. Ministérios de Minas e Energia e do Trabalho possam Qual era o sentido quando Deus nos colocou na estar no Estado, um dos que mais têm expandido na terra? A vida e em abundância. Partindo desse princípio, área de mineração. Temos Minaçu, Niquelândia, Barro queremos que as empresas tenham lucro, mas que os Alto, Orizona, Crixás, Jaupaci, Catalão. trabalhadores tenham vida digna. Para se ter vida, não Se quiserem, poderemos oficializar esse pedido. pode acontecer o que ocorreu com esses mais de 400 Já que há outros Estados, isso seria importante para trabalhadores, os quais já estão com problema sério. acompanhar as atividades e termos o melhor. Não podemos deixar que mais trabalhadores fiquem Com todo respeito, peço aos senhores que sejam doentes, encostados pela Previdência. Isso causa ou- breves, a fim de que todos possam usar da palavra. tros problemas. Por que não fiscalizar de perto, realizar O nosso objetivo não é só ouvir a Mesa, mas ouvi-los um acordo entre empresa e trabalhador? Se for preciso, vamos banir a amônia! Nossa vida também. é muito mais importante do que a amônia. Vamos en- Quero dizer do nosso empenho, hoje e amanhã, contrar um produto que não tenha amônia. Se o nível nessa linha de proteção do trabalho e da saúde. Vamos dela no produto é muito alto e não há como prevenir, dialogar o máximo possível para encontrar soluções. vamos bani-la. Agora, se existe uma técnica para que a De tal sorte, quero até adiantar minha proposta, ape- amônia não cause problemas aos trabalhadores, tanto sar de o Dr. Reuter não estar mais presente: formar os que estão aqui como os que não vieram, tudo bem. uma comissão do sindicado e da empresa para, em A mensagem que deixo em nome da Central Única dos mesa-redonda a ser realizada em Niquelândia, encon- Trabalhadores, companheiro Calixto, é essa. trarmos a melhor maneira de encaminhar o problema. Estamos, neste País, dando exemplo de unidade A melhor coisa é o diálogo, a negociação. dos trabalhadores na luta por conquistas, pensando Quero informar-lhes que convidamos para esta que as empresas têm de sobreviver e gerar emprego audiência os Ministérios Públicos Federal e Estadual. e renda, mas os trabalhadores têm de ser valorizados. O Ministério Público deve ser acionado sempre quando É por isso que estamos juntos em âmbito nacional e o direito de um cidadão está sendo postergado. Con- regional. vidamos muitas pessoas. Algumas não vieram porque Parabenizo os trabalhadores que estão aqui. estavam desavisadas ou porque não quiseram. Não A Central Única dos Trabalhadores está com vocês vamos jogar pedra. Vamos abrir o caminho. nesta luta. Com a palavra o Sr. Raimundo Antônio da Sil- Muito obrigado. (Palmas.) va. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – O SR. RAIMUNDO ANTÔNIO DA SILVA – Quero Agradeço a participação ao Sr. José Antônio de Oliveira dizer a todas as pessoas que estão aqui, às autorida- Lobo, Presidente da CUT/Goiás que falou também em des, um pouquinho do que houve, do que sentimos. nome da CUT nacional. A Níquel Tocantins, hoje, diz: “mijou, a amônia Registro a presença do dinâmico Vereador Mar- sai”. O médico, que tirou pele das minhas manchas, condes, da Cidade Ocidental, vizinha de Brasília. disse para mim: “produto químico. Você está contami- Temos inscritos Raimundo Antônio da Silva, Aldo nado”. Agora, em mim estava saindo de dentro para Salvador, Antônio dos Passos, Pedro Raul Faria, Efigê- fora. Não era no mijo. 01686 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Outra: estou com toda documentação. Tenho todos Com a palavra o Sr. Aldo Salvador. os documentos de vista. Estou ficando cego. O SR. ALDO SALVADOR – Boa-noite a todos. Com muito respeito digo que as autoridades da Também fui funcionário da companhia por 18 anos. Eu Níquel Tocantins, que devem estar aqui, dizem: “fuma, militava na área de elétrica e instrumentação. A pala- bebe, vem através disso aí as doenças”. Eu sou uma vra‑chave da instrumentação é controle de processos pessoa que não bebo, não fumo, prestava um dos industriais ou automação. melhores serviços, que hoje é operador de guindaste, Como foi citado nesta reunião, a 900 geralmente de 60 toneladas até 300 toneladas. Eu prestava ser- tem por média 2.500 instrumentos. Isso variando do viço pela César Transportes até a Vale do Rio Doce. instrumento de campo até o painel. Se compararmos Hoje não presto nem para pegar um copo de água na pela malha, diríamos que os instrumentos – principal, minha casa. Meus filhos é que pegam e entregam na primário, secundário e assim sucessivamente – são minha mão. Está aqui o exame de vista. Tenho exame intermediários. de tudo o que vocês pensarem. São 8 mil reais que Falando da amônia, nós todos estamos num bar- gasto do meu bolso, que pego do INSS para gastar co. Lá ela tem o título de NH3. Ela é recuperada nas com doença adquirida em 15 anos que trabalhei na torres 43, 46, 47 e assim sucessivamente. Saí de lá Níquel Tocantins. Hoje pago o preço disso. Está aqui; é há muitos anos e não sei se foi ampliado para mais prova. Quem quiser, pode ver. E falar que isso é pinga, torres. O processo se dá por 2 vias: seca e úmida. As- é cigarro! Não fumo. sim, tudo o que não presta lá dentro existe. Inclusive Digo aos senhores que já há 6 meses – está alguns dos administradores. constatado por médico – não sou homem mais para Fui ao Departamento de Pessoal para fazer plano fazer sexo. E aqui há vários que podem levantar a mão. de saúde, e eles falaram que meu plano de saúde era a Alguns médicos dizem que a amônia entra pelo san- rua. E me mandaram embora. Tinha 18 anos de traba- gue, vai pelos ossos e agrava. lho. Para mim, era como se trabalhasse lá por apenas Não é com 3 dias, não é com 1 dia que os se- 18 dias. Eu pensava que tinha de lutar pela vida. nhores vão visitar a Níquel Tocantins. Vão chegar lá e Quando descobriram que estávamos doentes, encontrar muitas coisas. Podem até beber um copo eles me trataram de 2 doenças: hanseníase e pên- com leite. Mas passem 15 anos, companheiros, traba- lhando como trabalhei, como todos que trabalharam figo. Quando me mandaram embora, fui fazer uma lá! Hoje, estão pagando o preço. triagem médica. O médico queria acionar a empre- Falam para nós que amônia não tem nada. Mas sa, mas eu não deixei. Disse: “Não. Vamos fazer os não é só amônia, gente! Lá há vários tipos de produ- exames porque preciso saber o que é. Se for han- tos químicos. Trabalhei na Níquel Tocantins com sul- seníase ou pênfigo, morreu aqui. Vou tomar os re- feto, com MAP, pior veneno que tem na 800 e 900. Os médios e vou assumir a minha responsabilidade”. O senhores podem pegá-lo, colocá‑lo numa vasilha, pôr CID da doença deu intoxicação por metais pesados água e vejam se não desmaiam na hora. O MAP e o e outros. Eu e o advogado, folheando o livro, vimos sulfeto. Tem aqui encarregado que cuida dessa ação e que o CID correspondia a intoxicação por metais vai falar sobre esse tipo de coisa. Fala-se só da amô- pesados e outros. Trabalhei com temperatura elevada, trabalhei nia, mas não é só ela. com amônia. Lá existe solução‑mãe, solução primária É esse tipo de coisa que acontece conosco, com e solução secundária. Então, de uma se distribui para 15 anos de trabalho. várias. No processo em si, quando se diz via úmida, Prezados amigos representantes da Níquel To- é injetado amônia. Agora, tem vários departamentos, cantins, hoje, meus filhos põem a mão na minha ca- como a lixiviação, em que se injeta ar comprimido. beça e dizem: “Pai, não morre”. Eu já passei 2 vezes Até mesmo em um compressor funcionando. A pelo vale da morte. Hoje ainda estou andando porque amônia está em suspensão dentro da fábrica, o com- Deus me ajudou, e vai me ajudar, porque ainda vou pressor a puxa e já cai no ar comprimido. Automatica- criar meus filhos de qualquer forma. mente, o camarada vai fazer um serviço ali e precisa O Cícero Joventino me trouxe do Maranhão. Ele de segurança. Eles pegam uma maquininha, que se é pequeno, mas dêem valor a esse caboclo aí, gente! chama arco frio, e engatam um vinil de um quarto ou Ele está lutando por nós. três oitavos. Aí o camarada bota a máscara, aquele ar É só isso o que queria dizer aos senhores: “Olhem está puxando na corrente, automaticamente ele está por nós, tenham dó!” (Palmas.) ingerindo ela. Ar comprimido, inala-se e não resolve, O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) porque entra e queima você. Agora, o doutor disse que – Obrigado, Raimundo Antônio da Silva. ela às vezes dá só um pequeno pigmento nos olhos, Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01687 mas meus olhos estão todos arrebentados e eu pres- Mas meu caso foi muito antes. Quando eles me tava serviço lá. mandaram embora eu já estava nessa proporção. Dis- Dizem que o cigano foi vender uma égua e di- seram para mim que fizeram – eu não posso provar zia para o comprador que o defeito dela estava nas porque não há nada escrito – uma comissão composta vistas. Mas para não enxergar o meu problema só se por pessoas da Tesouraria, do Departamento Pessoal, for cego. Olhem as condições. E a companhia diz que por médico, por engenheiro de segurança. Quiseram não é problema de lá. Agora, no meu caso, que não é me convencer a assinar o aviso. Eu disse que não, que o de todos aqui, eles diziam que era hereditário, mas adoeci lá dentro, que estava em tratamento, que sou na minha família nunca existiu isso. uma pessoa pobre, que preciso do trabalho. Acho que Eles não me deixaram entrar lá para trabalhar. a pessoa se tratar não é caso de ser um mau elemen- Aí fiz uma matéria no Diário do Norte. Fui ao jornal, to, um profissional ruim, porque Deus disse: “Daí ao reclamei, e eles publicaram a matéria. doente o repouso”. Recentemente, eles fizeram uma matéria em Eles me coagiram a assinar, porque disseram Goiânia. Achei até engraçado porque não nos procu- que quando interessasse à companhia ela mandava raram para ter direito de resposta. Quando eu abordei o preto, o feio, o bonito até o defunto embora. Eu dis- o problema no jornal, eles foram à companhia para ela se para ele sorrindo: “Uai, doutor, então vou assinar, ter direito de resposta. A companhia disse que sem- porque eu não morri ainda e defunto não assina”. Aí pre foi exigente com seu sistema de segurança. Aí eu fui buscar recurso onde me atendiam da hanseníase provei por “a” mais “b” que não era bem assim, que eu e do pênfigo. Cheguei lá, deram o laudo, mas eles não trabalhei lá com a roupa social, calçado social e só falo me atenderam, fiquei só sofrendo. Coloquei a empresa a verdade, porque não gosto de mentira. E ainda dis- na Justiça, porque se não é hanseníase nem pênfigo se que o que ela deu para nós usarmos foi capacete, eu estava cometendo o suicídio ao tomar remédio er- óculos e às vezes um abafador. Isso eu posso provar, rado. Quando nós íamos ao médico da base, ele dizia porque tenho a minha fotografia usando roupa social. que nós estávamos com preguiça ou que era da idade. Aí, quando me estourou tudo, eu fui atrás dele e dis- Na fotografia, eu estava perto de uma água jorrando. se que a nossa idade era mais ou menos a mesma e Disse que estava pegando água para beber. Há 18 perguntei se ele sentia os mesmos sintomas que eu, anos não, mas hoje a turma lá bebe água mineral. Por e ele baixou a cabeça. Mas, na primeira oportunidade que mudou? Porque a água também é contaminada em que tiveram condições, me mandaram embora. com o gás de amônia. É muito fácil saber. Lá dentro (Palmas.) da fábrica, onde há um azulzinho, ela já infiltrou ali. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Então, ela infiltra no ar comprimido, ela infiltra na rede – Obrigado, Sr. Aldo Salvador. de água e assim sucessivamente. Concedo a palavra ao Sr. Antônio dos Passos. Agora, quando se sai da área, por exemplo, da O SR. ANTÔNIO DOS PASSOS – Olha, eu quero via seca, cai na via úmida, ali começa a receber o agradecer aos cinegrafistas daTV Câmara, ao Depu- processo de amônia. Aí vem o sistema de liquidifica- tado Pedro Wilson, que é uma pessoa de muita qua- ção, os decantadores são feitos em diferentes níveis, lidade, ao Cícero Joventino e a todos da Mesa, aos a lama sai por baixo por bombeamento e o minério sai sindicalistas, aos Deputados e a todos os meus com- por cima, pela gravidade, e assim é todo o processo. panheiros presentes. Da 600 até chegar à 900 você passa por um sistema Pergunto: como é que a amônia não mata, não de amônia. prejudica? Lá os ferros são isolados, senão a amônia Lá existem umas tomadas de impulso, onde eram come todos. Então, se come ferro, não come material adaptados os transmissores de nível ou vazão ou tem- humano? peratura. Você tinha que ir lá no orifício dele, às vezes A amônia já me derrubou. Uma vez eu e meu ele tampava, porque ela dá uma incrustação na tubu- companheiro íamos passado em frente ao almoxarifa- lação, desobstruir, para ter indicação lá no painel. Ela do – e, antigamente, nós não tínhamos uma máscara, derramava na sua pele. Aquele lugar ali queimava. não tínhamos nada; hoje a empresa investiu em mui- Eu fui acidentado com a lama lá no 716 e fiquei tas coisas da área da saúde, mas, na nossa época, mais de 3 anos tendo duas estações: uma hora era frio; não, era na mão bruta mesmo, cheirando a amônia, outra, calor, e essa febre me acompanhou por muitos e passávamos por vários problemas de saúde. Nós anos. Hoje, dos meus poros – parece que por causa tirávamos a carteira de saúde em Uruaçu, porque ali da lama a que a gente estava exposto – estão saindo não tinha exame de nada. Chegava lá, parecia que o umas manchas pretas de dentro para fora. médico era comprado também. Perdi 6 dias de serviço, 01688 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 porque o médico não me deu atestado, e a companhia Sou ex-funcionário da Votorantim Metais, ex-ope- não colaborava conosco. rador da Seção 900. Todos os presentes que lá traba- Eu mexi com um tal solvente na seção 200 que lharam a conhecem e sabem do que se trata: o local me prejudicava muito. em que exatamente, até hoje, faz-se descarregamento Como a amônia não faz mal, se eu começava a de NH3, para quem não sabe, a amônia. desmaiar, se me sentia mal, se dava vômito? Por que Na função de operador, presenciei – e muitos essas coisas não prejudicam nós, trabalhadores? dos presente também – o não-uso do equipamento Penso que viemos aqui com o objetivo de buscar obrigatório de proteção. Depois de uma temporada, ao os nossos direitos, porque temos família, que no dia-a- retirar-me da Companhia Níquel Tocantins, fiz um curso dia precisam de coisas que não podemos dar por causa técnico na cidade de Uberlândia e retornei à empresa da contaminação da amônia. Digo a verdade para os na função de técnico de produção. Lá, eu me deparei senhores: eles têm de encontrar uma forma de eliminar com muitas irregularidades, muitas mesmo. Entre as esse tipo de coisa, para que mais companheiros nossos irregularidades, posso citar uma: a limpeza das torres não fiquem nessa situação em que estamos. e das bandejas da Seção 900. Meu boa-tarde a todos. (Palmas.) Em alguns pontos, vou discordar de algumas pes- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) soas. A teoria, às vezes, não bate com a prática. – Obrigado, Sr. Antônio dos Passos. Disse o engenheiro de segurança que trabalhou Com a palavra o Sr. Pedro Raul Faria. 16 anos na área que a amônia não é tão prejudicial. O SR. PEDRO RAUL FARIA – Boa-tarde a todos, Isso foi o que entendi. Isso é teoria. Devo dizer-lhe que ao Sr. Deputado Pedro Wilson e aos demais compo- a prática é bem diferente da teoria. nentes da Comissão; ao pessoal da Níquel Tocantins, Vale lembrar a todos que eu e outros presentes a quem agradeço a presença, e ao Cícero Joventino, que trabalharam na mesma seção muitas vezes nos que nos deu essa oportunidade de vir aqui. deparamos com companheiros desmaiados devido ao Eu saí da Níquel Tocantins há 20 anos e tenho um cheiro forte da amônia. Alguns companheiros jogavam problema no sangue, estou contaminado com amônia, água nos olhos naquela seção, porque o gás amoniacal e, como meus colegas têm dito, ficam saindo tumores prejudica tanto os olhos quanto a garganta, as virilhas, de dentro para fora. Além disso, tenho problemas de as axilas e outros órgãos. alergia, problemas no olho – coceira e dores –, inclu- Resumindo tudo – serei breve –, devo dizer-lhe, sive eu estive no médico de Uruaçu, e ele me disse engenheiro, que seus argumentos foram muito bons, que me daria um laudo, que verificaria bem o proble- mas a realidade da companhia atualmente é outra. Dis- ma para ver se não precisava fazer uma cirurgia no olho. Aí, como eu tinha de ir a Goiânia, eu estava fa- se o Parlamentar que visitará a empresa em breve e, lá, zendo um tratamento e com uma cirurgia de ombro já repito, verá outra realidade, não aquela de 1978 a 1980 marcada, eu não pude voltar lá até hoje, mas, assim e de 1985 a 1992, ocasiões em que lá trabalhei. que tiver oportunidade, vou voltar. Ele me disse que Dr. Cícero Joventino, advogado e nosso assessor vai me dar um laudo constatando realmente o que é jurídico, conte comigo e com a minha presença para o meu problema. depoimento, porque, dentro do meu conhecimento, Estou pensando que seja a amônia. Não fiz um terei o maior prazer em fazê-lo. exame perfeito, porque ainda não encontrei um médico Boa-tarde a todos, e até uma próxima oportuni- especialista no caso pelo SUS. dade. (Palmas.) Era o que tinha a dizer aos senhores. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – Muito obrigado. (Palmas.) Agradeço ao Sr. Espíndola o depoimento. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Passo a palavra ao Sr. Renauro Ferreira. – Agradeço ao Sr. Pedro Raul Faria. O SR. RENAURO FERREIRA – Cumprimento Passo a palavra ao Sr. Efigênio Espíndola. o Sr. Presidente, Deputado Federal Pedro Wilson, e O SR. EFIGÊNIO ESPÍNDOLA – Sr. Presidente, os componentes da Mesa. Devo ainda agradecer ao Deputado Federal Pedro Wilson, em nome de quem Presidente da CUT e ao Presidente do Sindicato de cumprimento a Mesa. Niquelândia, Sr. Cícero Joventino, que nos têm dado Em nome do Sr. Cícero Joventino, grande ami- muita força nesse trabalho em busca dos nossos di- go e companheiro, que vem lutando por essa causa, reitos e da nossa saúde, porque realmente há perda, cumprimento os demais amigos de Niquelândia, com algo constatado pelos exames médicos. um grande abraço, cumprimento também todos os Devo agradecer também ao Presidente do Sindi- presentes. cado, cujo nome não mencionei, a colaboração. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01689 E devo agradecer muito – muito mesmo – a Deus dades estão tendo conhecimento do nosso sofrimento pela luz que nos proporciona conhecer o Sr. Deputa- e da nossa perda de saúde. Os danos à saúde que do Federal, o Presidente do Sindicato e o Presidente sofremos, conforme, emocionados, relataram os com- da CUT. Realmente, essas pessoas são luz para nós. panheiros, só Deus pode nos ajudar, considerando que Apenas nós podemos relatar o que estamos passan- as condições para nos tratar são pequenas, porque do devido às condições de saúde. Refiro-me ao fato esse tratamento é muito caro. de sermos lesionados pela empresa Níquel Tocantins, Então, talvez com o reconhecimento das auto- que hoje tem o nome de Votorantim Metais. ridades – quem sabe? –, possamos conseguir um Da forma como esboçou o problema o represen- seguro de saúde para termos um resto de vida com tante da Níquel Tocantins, parece que o produto não mais dignidade. faz mal. A grande prova de que isso não é verdade é Sr. Presidente, demais autoridades, agradeço o testemunho vivo que estamos vendo. Verificamos o muito pelo reconhecimento. quanto é grande a nossa perda de saúde. Inclusive, Que Deus os abençoe! (Palmas.) devo relatar para a comitiva presente e para as autori- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) dades que a empresa Níquel Tocantins, por descuido, – Agradeço ao Sr. Renauro Ferreira. um dia, deixou derramar uma quantidade de rejeitos Passo a palavra ao Sr. Darciro Batista. num córrego, causando a morte de animas. Alguns O SR. DARCIRO BATISTA – Cumprimento todos amigos que têm fazenda na parte baixa da região re- os componentes da Mesa principalmente o Sr. Depu- clamaram muito porque perderam seu gado, que con- tado Federal Pedro Wilson, que marcou junto, com o sumiu a água contaminada. Vale acrescentar que se Presidente do nosso Sindicato, Cícero Joventino, esta alguém quiser fazer uma pesquisa na região verificará audiência pública. que no córrego não há peixes. Eles morreram devido Nesta audiência, venho dizer que trabalhei na à contaminação. Níquel Tocantins durante alguns anos e, quando sai, Lamento mais a perda da nossa saúde. Os tra- sequer exame médico foi feito em mim. balhadores têm recurso financeiro pequeno e grande Há algum tempo, vêm aparecendo alguns proble- dificuldade no que diz respeito à oportunidade de tratar mas no meu corpo, para os quais os médicos recei- do assunto, como está ocorrendo hoje. Refiro-me ao tavam remédios, sem saber do que se tratava. Além fato do acesso ao Deputado Federal Pedro Wilson e disso, a visão vem ficando muito fraca. Entre outros outros Parlamentares, além de outras pessoas, como problemas, tenho caroços no corpo, coceira, proble- o Sr. Cícero Joventino, o grande homem que nos trou- mas na veias, no sangue e outros sintomas, conforme xe até aqui. também relatado por alguns companheiros. Estamos muito honrados e agradecidos às pes- Encerro meu depoimento com essas poucas pa- soas citadas por encontramos o caminho e o reconhe- lavras, agradecendo a todos pela atenção. (Palmas.) cimento por parte das autoridades. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) Fazer mais um depoimento é perda de tempo, con- – Agradeço ao Sr. Darciro Batista. siderando tudo o que disseram nossos companheiros: Tem a palavra o Sr. José Marques. sofremos perda de visão – vejo os componentes da O SR. JOSÉ MARQUES – Sr. Presidente, falarei Mesa de forma um pouco embaçada, devido à perda a respeito de meu problema de saúde. da visão –, temos dores constantes no corpo, zoeira Fui fichado na companhia por 3 vezes. Antes, não na cabeça, parece que há um caminhão acelerando se fazia exames como hoje. Em 1995, quando entrei na minha cabeça. Um médico me disse que esse é um na empresa pela última vez, fiz os exames exigidos e problema crônico, que ocorre por causa do produto fui considerado apto em todos eles. Contudo, pela fato químico no sangue, o que não se consegue retirar. de ter trabalhado em áreas contaminadas, no período Conforme disse o nosso Presidente do Sindicado, de 1983 a 1987, na Área nº 4.600, que lidava somen- até fazendo uma relação graciosa: tudo demais passa. te com venenos como o brometo de metila, aldrin e Assim como há o colesterol alto, há o colesterol bai- iscas. Inclusive – e aqui está o meu companheiro que xo. Os nosso exames acusam que estamos com alta era mecânico, o Cirilo, o caminhão que carregava as quantidade do produto no organismo, o que proporciona nossas comidas... Nós éramos bóia-frias, trabalháva- dores, zoeira, baixa potência sexual e outros proble- mos nas fazendas, e os caminhões saiam com os cai- mas. Tudo isso ocorre devido à presença do produto xotes cheios de marmitas, as máquinas de combater químico no nosso organismo. Como disse, tudo está as formigas para não cortar os eucaliptos, as nossas constatado pelos exames médicos. comidas e água, era tudo misturado. E dava dor de Agradeço muito a Deus a atuação do Deputado cabeça, tonturas. Federal Pedro Wilson. Desejo que V.Exa. tenha muita Nessa última vez, inclusive, desmaiei lá no servi- felicidade na vida. Realmente, V.Exa. e outras autori- ço, a companhia me levou ao hospital, e, do hospital, 01690 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 eles me encaminharam para Brasília. Em Brasília, fiz na coluna e outros e outros sintomas –, e os médicos vários exames, estive internado, fiz até cateterismo, me disseram que esses eram os sintomas provocados surgiu problema até de coração. Mas não deu a me- pela amônia. dida certa, o médico não quis me operar, a empresa Quero dizer que não consegui me ver livre da não colaborou, descontou do salário que eu recebia, amônia facilmente. Já faz 12 anos, e até agora isso não de cooperativa e férias vencidas, e me roubaram esse aconteceu, estou apenas sentindo piorar. Quer dizer, dinheiro. Não me pagaram e ainda descontaram 5.500 não me vi livre. Como o senhor citou ali, pelo que en- reais, fizeram‑me pagar do meu bolso. Foi por isso que tendi, ficou parecendo que a amônia não é um líquido procurei a Justiça para me dar apoio, procurei o Cícero perigoso, mas um líquido comum; ficou parecendo que Joventino, e ele me indicou o Dr. Nélio como advogado, a pessoa não se contamina ou, se ela se contamina, e nos encaminharam para chegarmos até aqui. ela se vê livre disso com o passar do tempo. No meu Até hoje sinto tontura, desmaio e tenho perda dos caso, até agora, nestes 10 ou 12 anos, muito pelo con- sentidos. Às vezes, estou na minha casa e fico pedindo trário, está piorando cada vez mais. para a minha família: Quero ir embora para a minha Se o senhor puder nos responder... (Palmas.) casa. Direto, tenho esse tipo de passamento. Quanto O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) às coceiras, tem dia que só falto arrancar o couro do – Obrigado, Sr. Vilmar. corpo, porque coça demais. Além disso, há o problema Com a palavra o Sr. Joaquim Avelino. da amônia, porque constantemente eu estava dentro da O SR. JOAQUIM AVELINO – Quero cumprimentar usina. Eu trabalhava na área como encarregado, mas a todos e parabenizar os funcionários da Votorantim também mexia com as equipes, e as equipes todas Metais que hoje estão lá trabalhando, porque hoje eles precisavam de auxílio. Por isso, eu estava em contato têm bons engenheiros de segurança, bons técnicos. Na constantemente com aquilo ali. nossa época, não conhecemos isso, não, viu doutor? Portanto, ajudamos a companhia com sinceridade, Quero dizer ao senhor que faz 15 anos que saí com dignidade. E ela não nos deu o devido valor. Pro- da Votorantim Metais, e ainda hoje consta um índice curei a empresa para que me ajudasse nesse sentido, muito alto de contaminação de amônia no meu corpo, e eles disseram que não me tinham na consideração assim como de vários outros tipos de metais e produ- como funcionário mais, porque eu já estava aposenta- tos químicos. do. Fiquei 2 anos encostado, e o INSS me aposentou. Quero dizer ao senhor que acho que esses mé- E cortaram todos os direitos que eu tinha, mas conti- dicos que estão fazendo esses exames em nós estão nuo fichado na empresa. Mesmo assim, eles disseram correndo um grande risco, um risco judiciário, porque, que não me têm mais na contagem como funcionário. se essa amônia sai tão rápido do nosso corpo, acho que E não me pagaram as férias nem o dinheiro da coope- temos de olhar melhor os exames desses médicos. Ve- rativa que eu tinha, que era um desconto de mais ou jam que depois de 15 anos, estou com 388 miligramas menos 50 a 60 reais por mês do meu salário. E eles de amônia no sangue, com problema no coração, com me roubaram isso. problema nos ossos, com problema na mente. Isto aqui Era o que eu tinha a dizer aos senhores. (Pal- tudo é exame, e tudo tirado do meu bolso. A CNTI não mas.) pagou nenhum. Estou com problema nas veias, entu- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) pimento de veias, problema nas vistas, não enxergo – Obrigado, Sr. José Marques. mais nada, tudo isso foi adquirido lá dentro. Com a palavra o Sr. Vilmar Bruno. E há outra coisa: a Níquel Tocantins tirou esse O SR. VILMAR BRUNO – Boa-tarde a todos. problema lá de dentro, sabem por quê? Porque, quando A minha pergunta eu quero dirigir ao Prof. Luiz ela percebeu que esses velhos funcionários estavam Roberto, enviado da empresa. contaminados, ela pôs tudo para fora. Hoje, qualquer Agora há pouco, o senhor esteve falando e mos- fiscalização que for feita na CNTI não vai encontrar trou vários objetos que contêm amônia. O senhor mos- esse problema mais, porque eles mudaram os proces- trou que pegamos essa amônia e facilmente nos des- samentos, mudaram os equipamentos, tiraram aqueles fazemos dela, que ela sai do corpo. Às vezes, como equipamentos que davam problema e jogaram tudo fora, o rapaz citou ali, até pela urina, a pessoa se vê livre enterraram. Não vão mais encontrar esse problema lá. da amônia. Quero, inclusive, dizer aos fiscais que forem fiscalizar Quero dizer ao senhor que há cerca de 10, 12 isso lá hoje que não vão encontrar mais isso. anos, fui funcionário da Níquel. Procurei um certo la- Na nossa época, não havia nada disso, não sa- boratório, fiz o exame da amônia, e ele constatou um bíamos o que eram fiscais, o que eram engenheiros, índice um pouco alto desse produto. Conversei com o que eram técnicos mecânicos, fazíamos tudo com a alguns médicos, disse que sentia esses sintomas – dor cara e a coragem, não havia equipamentos individuais, nas juntas, muita dor de cabeça, ardor nas vistas, dor EPIs. Hoje já há tudo isso. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01691 Como o nosso colega estava dizendo, bebíamos com esse decantador com borracha sintética. água do cano, misturada com amônia. Hoje ela forne- Isso era corrosivo. Até as borrachas e as tubulações ce água mineral lá dentro. Fornece até para quebrar de paredes grossas se corrompiam. no meio da rua, como aconteceu numa manifestação Sobre saúde, tenho problemas de coluna, tontu- esses dias: levaram um caminhão de água mineral e ras, coceira no corpo, como várias pessoas têm, dores quebraram tudo no meio da rua, desperdiçando água e formigamento nas pernas, vistas que lacrimejam, dor mineral. nos braços e muitos outros sintomas. (Palmas.) E é só isso mesmo. O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – Muito obrigado. (Palmas.) Antes de passar a palavra ao Sr. Luiz Roberto Reuter, O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) para demonstrar a seriedade desta audiência, gostaria – Obrigado, Sr. Joaquim Avelino. de registrar que foram convidadas, além das que estão Com a palavra o Sr. Jovelino Francisco. presentes, as seguintes pessoas: Sr. Josimar Souza O SR. JOVELINO FRANCISCO – Boa-tarde, Pires, do Grupo Votorantim; Sr. Cícero Joventino de Deputado Pedro Wilson. Oliveira; Sr. José Albenir Ribeiro Pereira, do Sindicato Em nome dos demais colegas, agradeço a todos METABASE; Sr. José Calixto Ramos; Sr. Miguel Antônio que compõem a Mesa, agradeço também ao Cícero, Cedraz Nery, Sr. Denilson Martins Arruda e Walter Lins que nos tem dado muita força e nos ajudado muito. Arcoverde, do Departamento Nacional de Produção Também quero dizer ao senhor que fui funcionário Nacional; Sr. Bernardo Borges, da Promotoria Pública da Níquel Tocantins e mexia com amônia na área da de Niquelândia; Sr. Walter Linzmaeyer Meyer Otsuka, Níquel. Intoxiquei-me duas vezes e hoje também me de Crixás, e Fábio Bonas, de Catalão; os Prefeitos e encontro nessa situação em que não agüento mais tra- Presidentes da Câmara de Niquelândia, de Crixás balhar, sinto muita dor nas costas, nas pernas, dores e de Catalão; os representantes do jornal Diário do de cabeça. Além disso, duas meninas minhas foram Norte; a diretoria de várias entidades, tais como Leô- contaminadas por amônia, e minha esposa também. nidas Rui Inocêncio e Luiz Fernando; Sr. Ridoval Darci Eu mexia com produto radioativo, entrava em torre de Chiareloto, da Secretaria de Indústria e Comércio do lama, desentupia, trabalhava de “zero hora”. Hoje não Estado de Goiás; Sr. Adilson Santana, do Sindicato de agüento mais, não agüento nem dar uma carreira, Minaçu; Sr. José Antônio, da CUT; Sr. Jonas Duarte; perco o fôlego... E deu amônia, deu níquel, deu ácido Pastor Alvessimo; Frei Stanislaw Ocetek; Sra. Júnia, sulfúrico, mexi com vários produtos químicos. Sr. Rainho e Sr. Marco Peres, do Ministério da Saúde; E também não concordo com a afirmação de que Sr. Milton Freitas, da FUNDACENTRO; Padre Edilson a amônia saia assim fácil, porque, se fosse assim fácil, José dos Santos; radialista Odair José; Sr. Nélio; Sr. companheiros que trabalhavam ao nosso lado não ha- Ivan Marcos; novamente Sr. José Calixto; Sr. Otávio veriam morrido. E há outros que não estão agüentando Brito Lopes, Procurador-Geral do Trabalho; Sr. Filo- mais nada. Em mim foi encontrado níquel, amônia e meno, da Superintendência do IBAMA em Goiás; Sr. ácido sulfúrico, e acredito que a amônia não seja fácil Jair Bala, do Sindicato dos Servidores Municipais de de sair assim, no vento, não. Niquelândia; representante da Delegacia Regional do E não concordo também com a afirmação de que Trabalho; e Sr. Almir Augusto Chaves e Sr. André Luiz as comidas e outras coisas tenham amônia. Essa amô- Cardoso, da Agência de Atendimento de Catalão. nia que usávamos furava decantador, comia os canos, Passo a palavra agora aos membros da Mesa, eu via muitas vezes, e outros companheiros também começando pelo Sr. Luiz Roberto Reuter. Depois, bus- viam A amônia comia os decantadores, causava vaza- caremos alguns encaminhamentos. Já há duas propos- mento, estourava canos, e até hoje há muitos compa- tas. A primeira delas, direcionada ao Dr. Walter Lins nheiros doentes lá na cidade, em Niquelândia. Arcoverde, é no sentido de que a Delegacia Regional Agradeço ao Deputado Pedro Wilson e agradeço do Trabalho e o DNPM encaminhem já a instalação, a todos os companheiros. em Goiás, de uma comissão para solucionar essa Essas são as minhas palavras. (Palmas.) questão. A segunda é para que se abra uma mesa de O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) negociação entre o sindicato e a empresa em Nique- – Obrigado, Jovelino Francisco. lândia, convidando as pessoas de direito, a fim de se Com a palavra o último a falar, Sr. Donizeti Alves, buscar um entendimento. já que o outro inscrito, o Sr. Joaquim Peixoto, emocio- É uma solução negociada com base no diálogo e nou-se e está sendo atendido. visa encontrar respostas, seja por parte da empresa, O SR. DONIZETI ALVES – Boa-noite a todos, seja por parte do sindicato, seja por parte do próprio vou reforçar as palavras dele sobre a corrosividade. Governo de Goiás e do Governo Federal, no caso o Trabalhei vinte e seis anos e pouco nessa área, tra- INSS, o Ministério do Trabalho, o DNPM e o Ministério balhei até da Saúde, que têm interface com essa questão. 01692 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Queremos buscar uma alternativa positiva diante amônia tem um efeito agudo. Principalmente em forma das denúncias feitas. Pelo semblante das pessoas que líquida, a amônia é altamente hidroscópica. Quando falaram nesta reunião, não podemos deixar de reco- ela entra em contato com a pele, rouba a umidade nhecer o seu drama. É preciso buscar alternativas, e e provoca uma sensação similar à da queimadura. a primeira delas é sempre o diálogo. É possível che- Portanto, é verdade o que um trabalhador aqui disse garmos a bom termo, se assim concordarem o Sr. Cí- ao contar o que aconteceu com ele quando escorreu cero e o Sr. Roberto Reuter e se for estabelecida uma amônia em seu braço. mesa de discussão. As pessoas estão aí, as questões É verdade também o que outro trabalhador falou são recorrentes, e é necessário encontrar uma solu- no sentido de que, às vezes, quando havia um vaza- ção. Não queremos condenar ninguém, mas apenas mento de amônia, ardiam seus olhos, e ele tinha de chegar a uma alternativa para quem trabalhou e quer jogar água. Como já disse, a amônia é altamente hi- conhecer o último critério, o da Justiça. droscópica e dá essa sensação de ardor – inclusive, Como o papel da Comissão também é o de fisca- nesse caso, uma das técnicas recomendadas é jogar lizar, aqui estamos para ouvir atentamente todo mundo. água nos olhos. Mas existe uma diferença muito gran- Os senhores podem confirmar o rol de pessoas que de entre situações como essas e outras. convidamos, e, no futuro, elas não poderão dizer que Em nenhum momento nego que alguém tenha não foram convidadas. dor de coluna. Se ele está dizendo que tem dor é por- A nossa primeira proposta, portanto, é a de que que tem. O mesmo ocorre em relação à dificuldade haja diálogo com a DRT e o DNPM, a fim de que ins- respiratória aqui relatada, o que não vou questionar. talem imediatamente uma comissão para tratar do Jamais poderia fazê-lo. Mas acho que, às vezes, as assunto. Se precisarem de ofício por escrito, posso pessoas podem estar equivocadas. Podem estar sen- fazê-lo. No entanto, como as autoridades estão teste- tindo alguma coisa e, de alguma maneira, pensando munhando essa necessidade, a melhor coisa a fazer ou até imaginando que isso tenha associação com a é buscarmos uma resposta para esse trabalho. Assim amônia. como o Sindicato procurou a DRT e o DNPM para Digo aos senhores que boa parte dos sintomas melhor encaminhar a questão, também convidamos relatados não têm relação com o produto. Acreditem em mais uma vez a empresa. O nosso objetivo não é jo- mim. Os senhores podem procurar na Internet, podem gar bomba ou fazer algo parecido, mas buscar uma pesquisar à vontade. Não estou querendo dizer que alternativa, um esclarecimento. os senhores não sintam isso. Os senhores devem ter Feito o registro, com a palavra o Sr. Luiz Roberto os seus motivos, motivos dos mais diversos, que aqui Reuter para suas considerações finais. não me cabe apurar, mesmo porque essas apurações O SR. LUIZ ROBERTO REUTER – Inicialmente, normalmente são feitas por meio de perícias designa- gostaria de fazer alguns esclarecimentos. Primeiro, das pelo juiz, pela empresa, pelos trabalhadores ou vejo à minha frente vários senhores e várias senho- até mesmo pelo próprio sindicato. ras, muitos de cabelos brancos, e sei que as pessoas, Deixo claro, porém, que boa parte dos sintomas especialmente a partir de certa idade, até por ensina- aqui apresentados não têm relação com o produto mentos ou por deveres familiares, não iriam se prestar amônia, como os senhores podem constatar por meio a dizer coisas que eventualmente não fossem verdade. da Internet, onde vão encontrar essas informações. Meu respeito a essas pessoas. Sempre defendi o diálogo. Sempre. Empresa e traba- Em nenhum momento, passou pela minha ca- lhador têm de dialogar de todas as formas possíveis, beça que os senhores não estivessem sentindo o que seja da forma direta, na parte interna da empresa, seja narraram. indiretamente, através do sindicato. O segundo ponto é que jamais fui defensor da A questão da segurança e da saúde do trabalha- Votorantim ou de qualquer outra empresa. No muito, dor é um inimigo comum. É um inimigo da empresa talvez hoje, defenda a mim próprio e à minha família. porque afeta a sua produtividade, às vezes acarretando Vim a esta Comissão, na condição de convidado danos e prejuízos altíssimos, e é também um inimigo da empresa, para prestar esclarecimentos técnicos, o do trabalhador. Empresa e sindicato – sempre defen- que foi feito. Reafirmo: não estou aqui para defender di isso – deveriam dar as mãos para buscar soluções a Votorantim ou qualquer grupo empresarial que seja. para esses problemas. Entretanto, evidentemente, quando apresentamos al- Então, deixo claro que não sou defensor da Voto- gumas considerações, elas nem sempre agradam. Em rantim – não tenho essa incumbência –, mesmo porque alguns pontos elas podem agradar; em outros, não, e a defesa é uma atividade dos senhores advogados, e eu assim por diante. O que posso imaginar é que alguns sou engenheiro. Evidentemente, existem engenheiros depoimentos feitos tenham clara validade devido às que ocupam o cargo de assistente técnico de empresa, propriedades do produto. Foi dito, por exemplo, que a mas nem por isso eles têm a propriedade de não se Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01693 conduzir pela verdade, até porque eles respondem a empresa sérias e responsáveis. Pelo menos até o mo- um conselho e podem ser punidos. mento, não vi nada que as desabonasse. O que fiz foi apresentar as informações disponí- Alguns falam de passado, outras falam de pre- veis. Faço questão que os senhores pesquisem. Pes- sente. E tenho de falar do que vejo, ouço e sinto. Não quisem à vontade. Quero ver se algum dos senhores posso falar sobre coisas que não vi e não ouvi. O que vai encontrar que a amônia gera problema de coluna. posso dizer é que, pelo que observei na unidade, a Quero ver se algum dos senhores vai encontrar que empresa está caminhando para alcançar padrões que amônia gera problema no coração. Podem procurar considero internacionais. Não citei isso no início, por- à vontade. que não seria correto da minha parte. Não critico quem assim pense. Afinal, se pen- Existem algumas empresas no Brasil de que nós, sa assim é porque não tem informação. Sei que os trabalhadores em geral – eu me considero um traba- senhores querem resolver os seus problemas, mas lhador –, deveríamos nos orgulhar. Isso não quer di- certamente estão confundindo os sintomas que têm zer que existe empresa à prova de acidente. Isso não com os efeitos causados pela amônia, e não é pro- existe, e não é só no Brasil, não, mas em qualquer priamente isso. lugar do mundo. Com relação à queimadura e ao ardor nos olhos, O ideal seria manter a nossa luta. É a minha luta, concordo. Esses sintomas são altamente claros. Tam- o meu sonho, a minha razão de existir. As empresas bém sei que, em caso de vazamento muito grande, a têm de procurar os mínimos níveis possíveis, até mes- amônia pode ser letal. Mas são efeitos agudos, de alta mo para se justificarem perante a sociedade. Nenhum exposição do indivíduo ao produto. No entanto, não empreendimento e nenhum empreendedor recebeu li- se pode dizer que a amônia permanece no sangue cença ambiental ou de qualquer ordem da sociedade da pessoa por todo esse tempo – 3, 5, 6, 10 ou 20 para lhe trazer qualquer prejuízo. Nenhum. Nenhum anos. Procurem se informar. Esta não é a realidade. órgão governamental dá essa licença. Então, é obriga- ção social das empresas investir em prol da segurança Desculpem-me. e da saúde do trabalhador e do meio ambiente. Em nenhum momento, torno a dizer, desqualifi- Agradeço a presença dos senhores. Esta au- co ou coloco em dúvida os sintomas que os senhores diência muito me ajudou como ser humano. Renovo alegaram. Afinal, os senhores não vieram até aqui para os meus parabéns à iniciativa da Comissão. No que não dizer o que sentem. A questão é a causa. Quanto puder, continuarei contribuindo. E podem acreditar aos sintomas, acredito na palavra dos senhores. Mas nessas informações que deixo aqui, porque traduzem acho que está havendo algum engano em relação à a verdade. causa que merece ser estudado e pesquisado. Muito obrigado. (Palmas.) Parabenizo a atuação do sindicato dos senhores, O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) porque acho que essa é a sua função. Também para- – Com a palavra o Sr. Walter Lins Arcoverde, Diretor benizo a empresa, porque buscou pelo menos enviar de Fiscalização Mineral do Departamento Nacional alguém para trazer algum esclarecimento. de Produção Mineral, DNPM, para as considerações Parabenizo ainda o IBRAM porque já caminha a finais. passos fortes, principalmente nas minerações de pe- O SR. WALTER LINS ARCOVERDE – Sr. Presi- queno e médio portes. Os meus aplausos continuados dente, segundo as manifestações da Mesa e do Plená- sempre ao DNPM porque venho acompanhando seu rio, parece-me que há 2 momentos. A meu ver, havia trabalho há muito tempo. uma atividade que se dava de uma forma – o senhor Com relação às atividades da Central Única dos ali mencionou isso –, mas atualmente existe outro ce- Trabalhadores, tenho ali vários amigos, como o Vicen- nário. hoje a atividade se dá em outro padrão. tinho. Muito me honra também o Exmo. Sr. Presidente Tivemos aqui declarações de impacto que pre- da República, com quem outrora trocava idéias sobre cisam ser averiguadas. O DNPM encaminhará a su- essa questão da segurança dos trabalhadores. gestão do Deputado Pedro Wilson, em parceria com Parabenizo ainda os outros órgãos presentes e a Delegacia Regional do Trabalho de Goiás, o que já esta Comissão de Direitos Humanos e Minorias pela era nosso objetivo. Fico muito satisfeito com o fato de, brilhante iniciativa. com a realização desta audiência, as nossas metas Recebi aqui a incumbência de levar um recado terem sido aceleradas, tendo em vista que Goiás é um à empresa. Até levaria esse recado a empresas que Estado minerador, com inúmeras unidades de minera- nunca conheci na minha vida se fosse para melhorar ção, beneficiamento de minérios, produtos metalúrgi- as condições de segurança e de saúde dos trabalha- cos, a partir da mineração, caso do ferro-níquel e do dores. Levarei esse recado, essa proposta. Considero carbonato de níquel obtido do minério de níquel, em as pessoas com quem tenho relacionamento nessa Niquelândia e em Catalão. 01694 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Vamos dar esse encaminhamento, ou seja, insta- Gostaria de dizer ao nobre Dr. Luiz Roberto Reu- lar a Comissão Regional do Setor Mineral do Estado de ter que a Internet aceita tudo. Goiás. Trata-se de um processo e não somente do ato Muito obrigado. (Palmas.) de se baixar uma portaria. Convidamos as instituições O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – e os representantes das empresas e trabalhadores, Com a palavra o Sr. José Calixto Ramos, Presidente em parceria com o Ministério do Trabalho, o DNPM e da CNTI, da nova Central Sindical. outras instituições, para instalarmos essa Comissão, O SR. JOSÉ CALIXTO RAMOS – Sr. Presidente, darmos início a um plano de trabalho e, a partir daí, não quero absolutamente polemizar este debate, mas, promovermos vistorias conjuntas nas áreas. com todo respeito que nós temos às ponderações do Fico feliz pelo fato de essa proposta ter sido acei- nobre técnico, o Dr. Reuter, eu já tive dificuldades em ta por esta Comissão. aceitá-las do ponto de vista técnico, quanto mais na Estamos à disposição de todos, no que for ne- prática. Uma coisa é o livro, outra coisa é o que o tra- cessário. balhador passa é o que ele sente. Muito obrigado. (Palmas.) Na verdade, eu não tinha conhecimento mais de- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) talhado sobre o problema e nem idéia a respeito dos – Dr. Walter Lins, peço a V.Sa. que autorize a nova depoimentos que iria ouvir aqui – companheiros quase Central Sindical, a CUT e os Sindicatos de Catalão cegos e outros que, quando falam, o corpo todo treme. e Niquelândia a acompanharem a formação dessa Trata-se de uma situação que emociona qualquer ser comissão, no intuito de darmos o melhor encaminha- humano. Cada um desses companheiros, sem dúvida, mento possível. tem um depoimento a prestar. Será que tudo isso foi Registro a presença do dirigente da CUT, José decorrência de uma doença natural ou uma doença Wilton, de Brasília, Goiânia e Porangatu. causada pelo trabalho? A meu ver, data venia, fica Com a palavra ao Sr. Filomeno Francisco dos bem claro que se trata de uma doença profissional. Santos, Vice-Presidente do METABASE de Catalão. Não tenho dúvida quanto a isso. Não sei se um médico O SR. FILOMENO FRANCISCO DOS SANTOS especialista nessas matérias teria a mesma opinião do – Sr. Presidente, tenho alguns questionamentos em engenheiro. Parece-me haver uma diferença entre o relação às falas dos companheiros da Mesa. médico de determinada especialidade e o engenheiro, Primeiro, foi dito pelo nobre representante do mesmo que seja um engenheiro de Medicina e Se- DNPM que as NRs determinam que, se um trabalha- gurança do Trabalho. Como disse antes, não é para dor estiver sob risco eminente, deve parar o trabalho acalentar os senhores absolutamente, mas é para a e comunicar ao seu chefe imediato. Para nós que tra- própria Comissão e o nosso departamento. balhamos no chão da fábrica, o que acontece se fi- zermos isso? Rua. A norma é bonita, mas, na prática, Existem outros minérios. Cito aqui rapidamente o não funciona. De que precisamos para isso ocorrer? benzeno, o mercúrio, o chumbo e o cobre, que trazem Necessitamos da presença de um fiscal da Delegacia também conseqüências mais ou menos parecidas e Regional do Trabalho em Niquelândia, em Catalão, em que lamentavelmente também não estão sendo tra- Minaçu e nas demais cidades para autuar a empresa. A tados com o cuidado devido. Parece-me que o mes- norma é linda e perfeita, mas, na prática, não funciona mo ocorria com a amônia, ou seja, não estava sendo para nós que estamos no chão da fábrica. tratada com o devido cuidado. Somente após algum Outra indagação é com relação à ponderação do tempo, depois de analisar todas as conseqüências, nobre Dr. Luiz Roberto Reuter, quando diz que as NRs despertou-se o interesse em tomar providências em referentes ao setor mineral são invejáveis e mais atu- relação ao problema para que outras pessoas não se- antes do mundo. Pergunto: se essas normas são tão jam contaminadas. perfeitas, por que o nosso País é recordista mundial A meu ver, ficou claro em alguns depoimentos em acidente de trabalho? Por que temos dezenas de de ex-empregados que, de alguma forma, a empre- milhares de trabalhadores mortos, mutilados e cegos sa tentou minorar um pouco essa situação. Todavia, que adquiriram essas doenças em seus ambientes de ouvi também depoimentos de empregados que estão trabalho? Se essas normas são tão invejáveis, por que sentindo os mesmos sintomas. Será que, tratando-se não vemos isso acontecer em outros países? uma só empresa, essa é uma coincidência? Não é pos- Outra questão, conforme a palavra do próprio Dr. sível. Portanto, por mais respeito que nós tenhamos às opiniões técnicas, preferimos ficar com o que está Reuter, é se não há relação entre a NH3, amônia, e os sintomas relatados aqui pelos companheiros. Por que ocorrendo na prática. E creio que a própria Comissão só os ex-trabalhadores dessa empresa de Niquelândia vai se encarregar de solicitar depoimentos de outros têm esses sintomas? Se assim não fosse, a cidade médicos, que nem sempre têm as mesmas opiniões toda teria os mesmos sintomas. do nobre Dr. Luiz Roberto Reuter. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01695 Sr. Presidente, reafirmo que, logo que tomamos Essa nota nos foi passada por meio da Assessoria conhecimento desse problema, nós nos pusemos à de Imprensa. Entendo que é um documento público. disposição. A nossa entidade começou a colaborar no Se alguém desejar a cópia dessa nota, no final, esclarecimento dessa questão. Vamos continuar tra- poderemos disponibilizá-la. balhando nesse sentido até que se contornem essas Concedo a palavra ao Sr. José Antônio, Presi- situações dos empregados, muitos talvez já ausentes, dente da CUT, de Goiás. e para que se evite, se possível, a utilização desse tipo O SR. JOSÉ ANTÔNIO DE OLIVEIRA LOBO – de matéria-prima, que, a nosso juízo, tem trazido pre- Sr. Presidente, não há dúvida a respeito das pondera- juízos – benefícios talvez apenas para a produção, a ções do Dr. Luiz Roberto Reuter. Todavia, normas são exploração de níquel ou coisa que o valha. elaboradas para serem cumpridas. Se elas tivessem Muito obrigado. (Palmas.) sido cumpridas da forma que, tecnicamente, deveriam O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) ter sido, certamente não haveria trabalhador com pro- – Estamos fazendo o jogo da verdade. Podemos ter blemas. Com certeza, o nível de amônia a ser utilizado contradições (falha na gravação.) Temos aqui o posi- excedeu. A causa das doenças vem de vários fatores. cionamento da Votorantim. E entendo que é bom alvitre Há vários tipos de doenças, inclusive depressão, e que eu proceda à leitura dessa nota, de 6 de dezembro outras questões. Esse é um problema. Não estamos de 2007, para conhecimento de todos: aqui duvidando das ponderações do Dr. Reuter. Por “A Votorantim Metais segue rigorosamen- outro lado, a empresa deveria estar sentada à mesa. te as melhores práticas de saúde, segurança Queremos cobrar isso, como representante dos tra- e meio ambiente em todas as suas unidades, balhadores, da classe trabalhadora, porque nós nos e é reconhecida pelos seus níveis de exce- deslocamos de nosso local de trabalho para vir até lência na gestão dessas áreas. A empresa aqui e ir a Niquelândia, como fomos. A presença da está disposta a participar de todos os fóruns empresa em si fortalece o debate. democráticos de debates, com a participação Quero dizer que essa luta depende de cada tra- de todos os segmentos ligados ao tema, tais balhador e trabalhadora. A marcha que realizamos em como mineradoras, indústrias, autoridades Brasília, com a participação de mais de 40 mil trabalha- públicas e entidades representativas. dores, foi justamente para (falha na gravação). Nesse Não há evidência de qualquer ocorrência sentido, parabenizo todos os trabalhadores que estão de doenças ocupacionais relacionadas à amô- presentes nesta audiência. A Central Única dos Traba- nia em suas unidades. A falta de informação lhadores está à disposição de todos. Esta Comissão sobre a amônia tem levado alguns trabalhado- terá certamente a participação de um técnico – vou sair res a, infundadamente, acionarem a empresa daqui e conversar com companheiro que atua nessa junto à Justiça do Trabalho. área, a fim de que possamos indicar um técnico para Atualmente, das ações que tramitam na trabalhar em conjunto essas questões. Vara da Justiça do Trabalho de Uruaçu, no Aproveito a oportunidade para reivindicar a per- Estado de Goiás, 33 já foram julgadas impro- manência de um representante dos trabalhadores no cedentes em primeira instância, ou seja, a local de trabalho. Em 1998, estive em Minaçu, quando favor da Votorantim, e as demais devem ter o o companheiro Adilson presidia o sindicato. Naquele mesmo desfecho por não terem nexo causal município, existia um acompanhamento do sindicato com o trabalho realizado, segundo apontam dentro da fábrica. É preciso que nós tenhamos essa os laudos técnicos apresentados por peritos questão, no próximo acordo coletivo, debatida com os nomeados pela Justiça do Trabalho. empresários. Entendo necessária a presença de um A Votorantim Metais ratifica o seu com- delegado sindical, de acordo com o número de tra- promisso com o desenvolvimento sustentável, balhadores, no local de trabalho, além dos diretores investindo constantemente nas áreas de saúde, de cada setor, a fim de acompanhar os trabalhos na segurança e meio ambiente. A empresa realiza fábrica e acabar com as diferenças existentes entre de forma voluntária e com empresas indepen- nós. Assim, o trabalhador será informado do nível de dentes auditorias anuais em sua planta, com amônia que está sendo utilizado. Uma coisa é a em- o objetivo de certificar-se da normalidade de presa enviar um documento como esse; outra coisa é seus processos produtivos e do atendimento vermos trabalhadores inutilizados, cada um com seus das determinações legais, dos quesitos am- problemas. Não podemos dizer que está tudo bem, que bientais e de saúde e segurança do trabalho. as normas existem, não fazem mal. Concordo com o A Votorantim tem a transparência com um dos Dr. Reuter. Mas será que foram utilizados os padrões seus valores, e a empresa se coloca à dispo- corretos? Não foram, e a prova está aqui dentro desta sição para qualquer esclarecimento.” sala. Quero acreditar que o sindicato está atuando e 01696 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 vai atuar mais. Tivemos a informação naquela audiên- Passo a palavra ao Sr. Cícero, representante do cia de que um trabalhador, contratado recentemente, Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas também está com problemas. de Niquelândia. Entendo que devemos fazer reivindicações para O SR. CÍCERO JOVENTINO DE OLIVEIRA – diminuir esses problemas. Nós, que somos represen- Quero deixar claro, primeiro, que a empresa não pode tantes de centrais, propomos a atuação direta do de- discutir, não pode falar que é uma empresa transparente legado sindical na fábrica, com respeito, autonomia e honesta. Se ela fosse transparente e honesta nunca e estabilidade. Caso contrário, a empresa demitirá se teria negado a discutir esse assunto em todas as mesmo o trabalhador, como disse muito bem o com- instâncias por onde já passamos, inclusive nas audi- panheiro Filomeno. Além disso, que tenhamos um di- ências públicas que fizemos. Ela nunca compareceu, álogo mais concreto. manda documentos iguais a esse que tenho na pasta, Muito obrigado. (Palmas.) justificando que não participa (falha na gravação) por O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – não concordar com as atitudes dos trabalhadores e do Tentamos fazer o caminho inverso agora. Normalmente, sindicato – palavras da empresa. o pessoal expõe de um jeito. Por outro lado, não posso concordar, em momen- Com a palavra, para as considerações finais, to algum, com a empresa quando diz que investe, que o Sr. Cícero Joventino de Oliveira, representante do trabalha. Acredito que ela investe, só que o dinheiro é Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas investido sem responsabilidade com relação ao meio de Niquelândia. ambiente, que hoje é a maior preocupação no mundo. O SR. CÍCERO JOVENTINO DE OLIVEIRA – Se o meio ambiente realmente usar o seu nome meio (Falha na gravação) ...pelo INSS, o mesmo problema. ambiente e fizer uma fiscalização, vai comprovar que O juiz e o perito disseram que nós não estamos do- 99,99% do que está sendo feito hoje estão completa- entes. Estão aqui os meus documentos. mente errados. O SR. LUIZ ROBERTO REUTER – Pedi ao di- Em relação à saúde do trabalhador, se a empresa retor do sindicato que me permitisse ter só um minuto tivesse cuidado com a saúde do trabalhador e quando da fala, porque eu ia dizer outra coisa. Eu não posso eles estavam doentes não os tivesse mandado embo- discutir aqui o Poder Judiciário, até seria deselegante, ra, hoje esse grupo de trabalhadores não estaria com porque os Poderes se respeitam. Mas eu queria falar esses vários problemas sociais e de saúde, não só por uma pessoa que eu conheço e sei da sua história deles, mas de todas as famílias. Esse é um problema como trabalhador e que hoje ocupa o cargo máximo que a empresa tem que assumir. Isso só será reparado neste País e foi vítima de acidente de trabalho. Eu não a partir do momento em que ela não se utilizar de um poderia sair daqui ouvindo dizer que a norma regula- antiprofissional, que tem a coragem de assinar laudo mentadora 22 é a responsável pela situação que os modificado, porque não é possível que 10, 15 ou 20 senhores estão apresentando aqui. Isso não é verda- laboratórios, todos estejam mentindo, não estejam di- de. Só pode ser dito por quem não está atualizado. A zendo a verdade, e não se comprou exame de nenhum norma regulamentadora 22 é uma das melhores nor- médico aqui, todos foram pagos pelas suas consultas, mas regulamentadoras do mundo, e ela é nova. Então, e o médico disse o que ele sabe da situação da saúde ninguém pode dizer que essa norma é de 20 a 30 anos do trabalhador e do ser humano. atrás e que é responsável por isso. Ela é nova. Por isso, não podemos permitir. A empresa é O Ministro do Trabalho é comprometido com a ausente e não responde pelo que faz. É muito fácil causa dos trabalhadores, e eu aqui o defendo porque mandar um documento para qualquer lugar dizendo conheço a dignidade dele e dos senhores delegados que não podemos comparecer. A empresa é omissa regionais do Trabalho. Tenho certeza de que essa fis- sim neste momento. E, em relação ao dinheiro que a calização existe, é progressiva e, muitas vezes, com- empresa está apostando hoje, os 60 milhões de lucro binada, como registrei aqui, pela atuação do Depar- líquido por mês vão comprar todo o País e vão deixar tamento Nacional de Pesquisas Minerais. o trabalhador chorando como vocês estão, no plená- Faço este registro para que fique claro que não rio, em suas casas, em Niquelândia, em todo lugar por se pode imputar à norma regulamentadora 22 a res- onde passam. É uma vergonha para uma empresa que ponsabilidade por isso. É uma norma boa, é orgulho do se diz honesta e que faz investimento na saúde ver os povo brasileiro, e tenho certeza de que este Governo seus funcionários e ex-funcionários lamentando por honra a preocupação com a segurança da saúde dos uma saúde que não existe mais. trabalhadores. Quem disser o contrário não conhece a Isso não vai acontecer, porque Deus é maior, realidade das definições políticas deste Governo. Deus é grande, e nós temos muita fé em Deus. O di- O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – nheiro dela vai ser queimado, mas não usado contra o Obrigado mais uma vez ao Dr. Luiz Roberto Reuter. trabalhador neste País. Temos muita fé em Deus, e a Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01697 justiça vai ser feita em relação a esses médicos, esses Agradeço a participação ao nosso companheiro peritos que estiverem se passando por profissionais de Catalão, Filomeno, assim como agradeço também e que estiverem dando laudos, pareceres e perícias a participação e o empenho ao nosso companheiro e sempre a favor da empresa e nunca a favor do traba- presidente da CUT de Goiás, José Antônio. Que Deus lhador, que muitas vezes não consegue ficar em pé ilumine seus passos, para que ele não faça apenas um diante do próprio perito durante os 30 minutos em que requerimento, como fez, aliás, convidando‑nos para par- ele está falando. Se assim não ocorrer, precisamos ticipar desta audiência pública, mas faça um projeto de acreditar que não existe mais solução para este País. lei para banir muitas coisas neste País. Que seja feita Mas existe, e nós, com fé em Deus, sabemos que isso uma lei para que a empresa, realmente, pague o que vai ser resolvido. deve com relação à saúde dos trabalhadores. Para encerrar, queria agradecer primeiro a Deus Tenho o prazer de chamar de companheiro o De- por ter‑nos dado muita vida, saúde e coragem para não putado Federal Pedro Wilson, professor com doutorado ter cisma de ser ameaçado, de ter diretor de empresa em Educação e cientista político. E também o Deputado levantando o dedo no nosso nariz e dizendo: “Você não Federal que não está aqui, o grande companheiro que tem o direito de falar da Votorantim Metais em público nos vem ajudando, o Deputado Federal Rubens Otoni. ou em lugar algum”. Nós não nos calamos, não nos Quero aqui dizer a todos os companheiros – trabalhador curvamos, porque não é a ameaça que assusta um ho- é companheiro – que temos aqui outro amigo e compa- mem. O que assusta um homem é ele não ter coragem nheiro por mais de 50 anos de luta no meio do sindicato: de dizer a verdade. E nós temos coragem, nós vamos o Presidente Lula, o grande líder político deste País. E dizer a verdade até o dia em que a própria morte nos José Calixto Ramos, para os trabalhadores de Nique- fizer calar. Jamais empresa vai fazer nós nos calarmos. lândia, é o maior líder sindical, com mais de 50 anos de Aceitamos e chamamos para o diálogo. luta – temos por ele muita consideração. Desde 1992 estamos chamando essa empresa Quero agradecer também ao companheiro Wal- ter, do DNPM, pela colaboração, pela exposição e para discutir o problema de saúde do trabalhador – te- pelas propostas. Ao Prof. Dr. Roberto agradeço tam- mos publicação no jornal que está na nossa pasta. E bém a participação. Parabéns! Fez o seu papel e o fez a empresa nunca fez nada disso e não reconhece os bem‑feito. Isso é o que importa. Temos nosso papel, e companheiros que já faleceram, a criança que mor- cada um tem suas idéias, que devem ser defendidas. reu na amônia, dentro da própria barragem de rejeito, Ruim para aqueles que têm as idéias, mas nem eles não reconhece os companheiros que morreram com mesmos as defendem. amônia, que foram queimados nos primeiros cami- Muito obrigado. nhões que foram descarregados em Niquelândia. Ela Que Deus ilumine a todos nós. (Palmas) alega que não tem culpa alguma e que o trabalhador O SR. PRESIDENTE (Deputado Pedro Wilson) – está mentindo. Obrigado, Cícero Joventino de Oliveira, representante Sinceramente, eu não poderia deixar de falar do sindicato. numa situação dessas, porque é desagradável e é Quero agradecer a todo o pessoal da Mesa, àque- uma falta de respeito não só com o trabalhador, mas les que falaram, aos que não falaram e só ouviram e com o ser humano. aos que vieram aqui. Em nome do Presidente da Co- Os 29 bilhões de lucro que ela teve em 2006 estão missão de Direitos Humanos e Minorias, Deputado Luiz registrados em documentos na nossa pasta. Qualquer Couto, como Vice‑Presidente, em nome da Comissão um de vocês pode verificar que ela teve 29 bilhões de de Direitos Humanos e Minorias e em nome do Pre- lucro líquido em 2006 no grupo, e esse valor não dá sidente da Câmara dos Deputados, Deputado Arlindo para pagar a saúde desses trabalhadores que estão Chinaglia, quero agradecer a todos a confiança. hoje pleiteando seus direitos na Justiça. E ainda al- A luta continua. Queremos que cada um, na sua guns vêm dizer que todos os pareceres estão sendo área de influência, busque a melhor solução para esse a favor da empresa. Então, não podemos acreditar na drama inacabado. Nosso sentimento é de que a Comis- Justiça. Eu ainda quero ter fé em Deus. Que Ele po- são tem todo o respeito. Por isso, fiz questão de ler, para nha a mão para que essa injustiça venha, realmente, que todos saibam de todas as posições. A Comissão vai virar justiça neste País e que vocês sejam acolhidos acompanhar esse caso e colaborar no sentido de chegar- como seres humanos e como imagem e semelhança mos à verdade, à justiça e à solidariedade humana. de Deus, como Cristo mesmo disse. Agradeço a vinda a todos os trabalhadores e Por último, quero agradecer e pedir a Deus que suas famílias. Levem o abraço e a confiança de que a nos continue dando força, saúde, coragem e vontade luta faz a lei ser mudada, para ser uma lei mais justa para lutar e ver o resultado do que estamos cons- e fraterna, dentro da democracia, da cidadania e da truindo. liberdade. Já fizemos 2 apelos no sentido de que a 01698 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 empresa abra uma mesa de negociação, de diálogo reunião para degravação mediante solicitação escrita. com o sindicato. Não somos os mandachuvas. O sin- E, para constar, eu, Márcio Marques de Araújo, lavrei a dicato é o melhor instrumento de negociação com as presente Ata, que por ter sido lida e aprovada, será assi- autoridades responsáveis. nada pelo Presidente, Deputado Luiz Couto, e publicada Peço à Mesa e ao Plenário que busquemos a no Diário da Câmara dos Deputados. melhor solução. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Mais uma vez, agradeço a todos a presença e peço Declaro abertos os trabalhos da presente reunião da desculpas por alguma falha. Esta audiência marca o rumo Comissão de Direitos Humanos e Minorias. da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Esta audiência pública tem como finalidade de- No dia 10 de dezembro de 1948, foi inscrita a De- bater o tema Ameaça aos defensores dos direitos hu- claração Universal dos Direitos Humanos. O que são manos no campo. direitos humanos? São o direito à vida, ao trabalho, à A defesa e a proteção dos defensores de direitos hu- saúde, à moradia, à educação, à participação da socie- manos são fundamentais para a garantia da democracia. dade. Grande parte da Declaração de 1948, que fará 60 O Estado brasileiro, infelizmente, tem sido, internacional- anos no ano que vem, está incluída na Constituição de mente, reconhecido como não‑garantidor da segurança e 1988, que fará 20 anos no ano que vem. É a luta que da proteção dos defensores de direitos humanos. Casos concederá os direitos e os deveres e concretizará os envolvendo ameaças e mortes de defensores estão tra- sonhos de uma sociedade mais justa e mais fraterna. mitando no Sistema de Proteção dos Direitos Humanos Agradeço a todos a presença. da Organização dos Estados Americanos – OEA. Felicidades e bom fim de semana. No Brasil é crescente o número de defensores que Nada mais havendo a tratar, está encerrada a são ameaçados ou mortos em razão de denúncias contra presente audiência. (Palmas.) o crime organizado e na luta pela terra. Os defensores COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS de direitos humanos são pessoas que se dedicam a lutar incansavelmente pela ética e pelos valores humanitários 53ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa Ordinária e pelo respeito aos direitos da pessoa humana. Portanto, Ata da 44ª Reunião de Audiência Pública Re- garantir a atuação dos defensores dos direitos humanos alizada em 18 de dezembro de 2007. é lutar pelo Estado Democrático de Direito. Às quatorze horas e cinquenta minutos do dia de- Sempre que um defensor sofre ameaças, é sub- zoito de dezembro de dois mil e sete, reuniu-se a Co- metido à procura de apoio em diversos órgãos públicos; missão de Direitos Humanos e Minorias, no Plenário 09 no entanto, tem sido difícil encontrar respaldo por meio do Anexo II da Câmara dos Deputados, com a presença de um programa instituído para esse fim. São muitas dos Senhores Deputados Luiz Couto – Presidente; Pe- e freqüentes as vezes em que a Comissão de Direitos dro Wilson – Vice-Presidente; Iriny Lopes, Janete Rocha Humanos e Minorias aciona autoridades federais e es- Pietá, Lincoln Portela e Veloso – Titulares; Dr. Talmir – taduais com esta finalidade: conhecer um pouco a reali- Suplente.Deixaram de comparecer os Deputados An- dade da situação de defensores de direitos humanos no tônio Roberto, Chico Alencar, Geraldo Thadeu, Joseph Brasil, o que levou a Deputada Iriny Lopes a requerer a Bandeira, Léo Vivas, Lucenira Pimentel, Matteo Chiarelli, realização desta audiência pública, aprovada por unani- Pastor Manoel Ferreira, Pinto Itamaraty, Suely e Walter midade na nossa última reunião deliberativa. Brito Neto. ABERTURA: O senhor Presidente, Deputado Ouviremos o depoimento de um defensor dos Luiz Couto, declarou abertos os trabalhos. ORDEM DO direitos humanos que está sendo ameaçado no Pará DIA: Reunião de Audiência Pública para debater sobre e um depoimento sobre o caso de vários defensores ameaça aos defensores de direitos humanos no campo. ameaçados no Paraná, onde se percebe uma nítida EXPOSITORES: Sr. José Soares de Brito – Membro do intenção de criminalização dos movimentos sociais. Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (SIN- Teremos uma visão panorâmica da situação dos de- TRAF); Sr. Darci Frigo – representante da sociedade civil fensores no País e consideraremos as proposições de na Coordenação Nacional do Programa de Proteção aos atuação governamental. Defensores de Direitos Humanos; Sr. Fernando Matos – Convido para compor a Mesa desta nossa au- Coordenador do Programa Nacional de Defensores. Após diência os seguintes expositores: Sr. José Soares a explanação dos expositores, fizeram uso da palavra, de Brito, membro do Sindicato dos Trabalhadores na por ordem de inscrição, os Deputados Pedro Wilson, Iriny Agricultura Familiar – SINTRAF; Sr. Darci Frigo, repre- Lopes e Veloso. A seguir os expositores apresentaram sentante da sociedade civil na Coordenação Nacional suas considerações finais. Nada mais havendo a tratar, do Programa de Proteção aos Defensores dos Direi- a presente reunião foi encerrada às dezesseis horas e tos Humanos; e Sr. Fernando Matos, Coordenador do trinta e seis minutos. O inteiro teor foi gravado, passando Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos o arquivo de áudio a integrar o acervo documental desta Direitos Humanos. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01699 Convido também para compor a Mesa a Deputada concedida a palavra aos Deputados presentes, respei- Iriny Lopes, propositora do requerimento de realização tada a ordem de inscrição. Cada Deputado inscrito terá desta audiência. o prazo de 3 minutos para formular suas considerações O SR. DEPUTADO PEDRO WILSON – Sr. Pre- ou pedido de esclarecimento. Disporão os expositores sidente, peço a palavra pela ordem. do mesmo tempo para a resposta. O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – Esclareço que esta reunião está sendo gravada, Tem V.Exa. a palavra. para posterior transcrição. Por isso, solicito que falem O SR. DEPUTADO PEDRO WILSON – Sr. Presi- ao microfone. dente, senhores convidados, quero inicialmente deixar Concedo a palavra ao primeiro convidado, Sr. registrado que hoje, 18 de dezembro, é o Dia Mundial José Soares de Brito, membro do Sindicato dos Tra- do Migrante. balhadores na Agricultura Familiar – SINTRAF, que Parabenizo V.Exa., Sr. Presidente, a Comissão de disporá de 20 minutos. Direitos Humanos e Minorias e a Sra. Deputada Iriny O SR. JOSÉ SOARES DE BRITO – Boa tarde Lopes. Estendo esse agradecimento ao ex‑Deputado a todos. Orlando Fantazzini, hoje militante na questão das mi- Primeiramente, agradeço à Comissão o convite grações, e também ao Deputado Geraldo Thadeu. A que nos foi feito. Agradeço a todas as entidades que Comissão de Direitos Humanos tem feito um trabalho se empenharam para que esta audiência acontecesse. extraordinário no que diz respeito às migrações, seja no Em especial, agradeço o empenho a todos os mem- Brasil, seja no exterior, onde se encontram cerca de 3 bros desta Comissão e, sobretudo, ao gabinete da milhões de brasileiros. Deputada Iriny Lopes. Parabenizo ainda os assessores da Comissão de Sou uma das pessoas que faz parte, infelizmente, Direitos Humanos – Márcio, Augustino, Amarildo, cuja de uma lista de marcados para morrer no Estado do lembrança está sempre presente, Clotilde, Terezinha Pará. A última constatação de que eles não estão para – pela realização de reconhecido trabalho. brincadeira foi o assassinato de um companheiro nosso Mais uma vez, quero registrar o trabalho extra- em Dom Eliseu, o companheiro Manoel, borracheiro. ordinário da Irmã Rosita, do Instituto de Migrações e Recentemente, sofreu ameaças e foi assassinado. Direitos Humanos. Mas a nossa luta não é de agora. Cheguei ao Es- Várias entidades têm realizado extraordinário tado do Pará em 1977, há 30 anos. Já sofri 2 atentados trabalho no Brasil e no exterior. Menciono o caso dos de morte, simplesmente porque temos a mania de sentir “brasiguaios”, dos “brasilianos” – brasileiros e bolivia- o problema dos outros. Vemos as coisas acontecendo nos –, dos brasileiros nos Estados Unidos, na Europa, e não conseguimos ficar calados. Começamos a nos na Ásia e em outros locais. empenhar, a observar, protestar, denunciar. Foi por Saúdo todos os migrantes brasileiros, que em esse motivo que, em 1991, sofri o primeiro atentado. grande parte têm demonstrado amor ao Brasil. Aliás, Atearam fogo na minha casa, cercaram a minha casa, remetem para o País, hoje, algo da ordem de 6 bilhões por pouco não me mataram. Estávamos eu, minha es- de dólares, o que favorece o desenvolvimento do Brasil, posa e um filho, hoje com 25 anos. que cada vez mais se desenvolve e gera emprego e Em 1997, sofri o segundo atentado. Esse foi mais renda. Oxalá, no futuro, os brasileiros possam ter me- forte. Parece que eles queriam me matar mesmo. Nós lhores condições de vida e trabalho neste País! reagimos. Naquela época eu era diretor do Sindicato Parabéns a V.Exa., Sr. Presidente, que também dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará. Por volta é um lutador na defesa dos migrantes, seja no Brasil, das 6h30min, 7h da noite, quando eu saía do sindicato seja no exterior, dos direitos humanos, do direito à vida, para ir até a casa de um companheiro nosso – também do direito à moradia, do direito ao trabalho, a uma vida foi assassinado, o companheiro José Dutra da Costa, digna de ser vivida. Muito obrigado. conhecido como Dezinho, cuja viúva é uma das lide- Parabéns à Deputada Iriny Lopes, mais uma vez, ranças daquela região e também está ameaçada de por nos trazer o debate em relação aos defensores do morte –, fui abordado por elementos que se apresen- povo, que, muitas vezes, são obrigados, depois de de- tavam como policiais. Na verdade, eu identifiquei eles. fender o povo, migrar para outro Estado, dadas as ame- Já imaginávamos que eles queriam fazer alguma coisa aças constantes. O Estado, muitas vezes, não lhes dá para dar um cala-boca na gente. Fui abordado por eles, a proteção que deveria dar. Muito obrigado a V.Exa. que queriam me colocar dentro de um carro. Diziam que O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) – eu tinha que ir para a delegacia de polícia porque eu Muito obrigado, Deputado Pedro Wilson. estava intimado. Eu perguntei o motivo. A acusação era Vamos dar início às exposições dos nossos con- de que eu seria um traficante de drogas. Isso foi tudo vidados. Esclareço que o tempo concedido aos expo- para eu entender que era uma cilada. Conhecendo a sitores será de 20 minutos. Após as exposições, será história, a situação, simplesmente não concordei e disse 01700 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 que não iria, porque 7h da noite não era horário para te cemitério clandestino, onde existe tudo isso, e não se intimar ninguém para levar à delegacia de polícia. se faz nada. Reagi e disse que não iria. Eles tentaram me colocar Aliás, essa pessoa de que eu estou falando já à força naquele carro, e acabamos trocando porrada, esteve em uma dessas Comissões aqui, esteve na etc. e tal. Pois bem, depois de várias tentativas de me CPI da Terra. Ele não queria vir. Não veio, não veio, dominarem, consegui me libertar deles e fui protegido não veio, até que a Comissão determinou: “Ou vem, por outras pessoas que chegaram. ou vai preso”. Aí ele veio. Daí para cá, a gente vem tentando a todo cus- Sabemos que o cara é poderoso, é violento, man- to driblar esse pessoal, que realmente não quer que da matar, e fica por isso mesmo. Ficamos nesse fogo aconteça a reforma agrária naquela região. Essa é cruzado, nessa situação toda. De um lado, os ameaça- que é a verdade. dores; do outro lado, uma Justiça que não funciona. Hoje, temos registro que identifica essas pes- Hoje, eu estou fora da minha casa. Quem mata, soas. Nós sabemos que elementos que mataram ou quem é assassino fica lá soltão. Quem defende, quem que mandaram matar o Dezinho continuam soltos lá luta é que tem fugir, tem que se esconder. (Choro.) no nosso município, na nossa região, concentrando Eu estou há mais de 60 dias fora da minha casa. terras, devastando a natureza. Continuam mandando O pessoal que nos ajuda lá no Estado, o Dr. Fernando matar trabalhadores, negando direitos, inclusive direitos e outros aqui de Brasília, tantos outros bons amigos trabalhistas, pois eles têm empresas, não mexem só e companheiros que temos, que se sensibilizam com com fazenda. Mexem com serraria. Eles mexem com esses nossos problemas, têm lutado imensamente para outros negócios. Todo mundo sabe. que consigamos fazer alguma coisa para que, pelo Parece que, para alguns, eles são heróis, porque, menos, tenhamos condições. Mas está difícil. na cabeça deles, levam desenvolvimento para a região, Algumas companheiras nossas, inclusive lá de porque enricaram demais, enricaram muito rápido, por- Tailândia, estão vivendo uma situação talvez tão difícil que são trabalhadores. Eu entendo que eles não são ou muito mais difícil do que a nossa. Estão arriscando trabalhadores, pois trabalhador é aquele que realmente a própria vida. Não conseguiram ficar. Disseram:“Não, sua. Eles se aproveitam do suor dos trabalhadores. A Brito, eu vou voltar lá para o município”. Estão com 2 gente não consegue admitir isso, e eles querem fazer policiais militares lá. Mas, se os caras entenderem de a gente calar a boca. Essa é uma situação. matar, eles matam os policiais também, porque inclu- Diante de tudo isso, temos feito algumas denún- sive Prefeito de município está envolvido. E elas têm cias. Temos procurado a Polícia, a Justiça, mas não denunciado tudo isso. A gente sabe que a coisa é muito temos visto nenhum resultado. A gente acaba se ex- perigosa, e a gente continua. pondo. Quando a gente chega à delegacia de polícia, O pessoal sempre diz: “Rapaz, você é muito co- a delegada ou o delegado que nos atende parece que rajoso”. Eu não me considero uma pessoa corajosa. já faz, assim, um tipo de gozação: “É um sem-terra, é Eu me considero uma pessoa que tem um certo co- um vagabundo, é um não sei o que e tal”. Isso foi cons- nhecimento dos nossos direitos. O dinheiro deles é tatado há pouco tempo, quando tentamos fazer uma deles, mas o dinheiro deles não pode mandar na vida ocorrência lá. Ela simplesmente discriminou a senhora da gente, não pode fazer a gente calar a boca. Eu não que queria fazer o registro, e não fez o registro. Nós já estou nem aí para o dinheiro deles. Que eles larguem denunciamos isso na Secretaria de Direitos Humanos a vida da gente de mão! Que deixem a gente viver! em Belém, que ficou de tomar as providências. Eu tenho documentos aqui. Até gostaria de per- Aqueles que ousam falar são tratados dessa for- guntar à Presidência desta Comissão se podemos ci- ma. Ou calam a boca, ou vão embora, ou, então, mor- tar nomes, porque eu sei que isso está sendo gravado. rem. Isso é o que está acontecendo na nossa região. Eu tenho documentos aqui que mostram quem são os Estou falando de uma região que é violenta, re- bandidos, quem são os criminosos, quem são os fa- gião que compreende os municípios da BR‑222, que zendeiros que mandam matar trabalhadores. vai de Dom Eliseu, Rondon do Pará, Abel Figueiredo, No último dia 14 de setembro, esses fazendeiros Bom Jesus do Tocantins até Marabá. É uma região (aqui há alguns nomes desses fazendeiros) se reuni- em que os fazendeiros são os mais reacionários pos- ram em Rondon do Pará para fazer uma avaliação e síveis. Não aceitam, não admitem essa história de disseram que quem organiza famílias para invadir ter- reforma agrária. ras (eles não falam em ocupar, mas em invadir terra) Temos conhecimento de que existe uma só pes- é Brito, é Zé da Pampa, é Manoel, que já foi assassi- soa com mais de 100 mil hectares de terra, numa só nado. Esses têm que morrer imediatamente. O Manoel fazenda. E ele possui 10, 15, 20 fazendas, onde – nós já se foi. Isso foi no dia 14 de setembro. No dia 23 de já denunciamos – existe trabalho escravo, onde exis- outubro, mataram o Manoel. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01701 Eu fui informado pela coordenação do nosso Era isso que eu queria dizer. Peço que, se houver movimento lá no Estado de que eu não posso voltar essa possibilidade, sejam tomadas as providências. para lá porque o pistoleiro já recebeu o dinheiro para Caso contrário, vai ser difícil continuarmos lá. me matar. (Choro.) (Pausa.) Muito obrigado. (Palmas.) Eu sei que não é fácil. Desistir, nunca! Eu tenho A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) – dito para o nosso pessoal: “Eu não desisto, gente”. A Sr. Brito, quero manifestar nossa total solidariedade. minha luta é a luta dos trabalhadores. Dois atentados Ao final, depois que Frigo e Fernando falarem, vamos já me dão bastante elementos para entender que eles discutir os encaminhamentos que adotaremos nos ca- querem me matar. Eles já mataram o Dezinho, lá na sos gerais e no seu em especial. minha região; já mataram, recentemente, o Manoel; Durante o seu relato, voltei no tempo e gostaria mataram a Irmã Dorothy; mataram o Padre Josimo, no de dizer que compreendo perfeitamente o seu caso, Estado do Maranhão; mataram tantos outros compa- porque vivi pessoalmente situação bastante parecida. Não sabíamos se voltaríamos para casa, se morrerí- nheiros e companheiras que tiveram coragem de falar amos na rua, se as crianças voltariam da escola ou a verdade. Acho que eles vão me matar também. Mas seriam seqüestradas. eu não desisto, eu não consigo sair. Esta Comissão, pelo seu papel, pela sua responsa- Entendo que é possível fazer alguma coisa. En- bilidade, pela sua história, e os Deputados que aqui estão, tendo que existem poderes neste País que podem fa- pela vivência pessoal, pelo compromisso que têm, com zer alguma coisa para que esses elementos impunes certeza, ao final desta audiência, tomaremos as providên- possam ir para a cadeia. Mas não vejo essa coisa fun- cias que estiverem ao nosso alcance para buscarmos a cionando. É por isso que peço aos Srs. Deputados e às proteção da sua vida e da sua família e as condições da Sras. Deputadas que aqui estão, aos companheiros e continuidade do exercício da sua militância. companheiras que hoje lutam pelos direitos humanos Essa é também uma opção que fazemos. Sobre- que possamos de fato ter um organismo poderoso que viver, às vezes, significa continuar a tarefa que estamos tenha força para poder dar um basta nessa situação. realizando. Então, compreendemos muito bem isso. Nós Quando me convidaram para vir aqui, conversei lhe manifestamos nossa total solidariedade. comigo mesmo, conversei com a minha família. Sei que Concedo a palavra ao Sr. Darci Frigo, represen- as condições não são boas. Alguns me dizem isso e tante da sociedade civil na Coordenação Nacional do me mostram na prática. Queria ter trazido a minha fa- Programa de Proteção aos Defensores de Direitos mília aqui para mostrá‑la. Na minha primeira família, eu Humanos, que disporá de 15 minutos. tenho 1 filho, o Sílvio, que está com 25 anos, já é pai. O SR. DARCI FRIGO – Boa-tarde. Tenho 1 casal, o Enzo e uma menina linda, que é a Síl- Agradeço especialmente à Deputada Iriny Lopes via Carla. Na minha segunda família, eu tenho 3 filhos e à Comissão de Direitos Humanos da Câmara esta lindos: João Vítor, de 6 anos; Pedro Henrique, de 5, e oportunidade que nos proporcionaram. o Gustavo, que nasceu há 4 meses. (Choro.) Quero ter Cumprimento o colega de lutas na sociedade civil, condições para poder continuar trabalhando e oferecer Fernando Matos, que agora está na coordenação do o mínimo de condições para os meus filhos. programa de defensores de direitos humanos. Quero ainda só lembrar uma coisa. É importante Quero dizer a José Soares de Brito que sabemos que eu diga isso aqui. O meu filho João Vítor me disse que a luta dos defensores dos direitos humanos é um desafio cotidiano. Estamos com ele e vamos, claro, algo depois que saímos de casa. São 60 dias. Ele, me aqui, somar forças para enfrentarmos os desafios que olhando, disse: “Papai, eu não vou ser doutor”. (Choro.) estão colocados para nós. Perguntei: “Por que, meu filho?” Ele respondeu: “Estou Inclusive, eu me envolvi nessa temática dos de- perdendo muita aula, não estou mais indo para a aula”. fensores dos direitos humanos desde longo tempo. Em Minha mulher pergunta onde vamos matricular nossos função de problemas de ameaças nos anos de 1999 e filhos.(Choro.) Eu sempre digo que não quero sair da 2000, tive proteção policial. A partir daí, eu me engajei minha região, do meu município, não quero. na construção do Programa Nacional de Proteção aos Encerro minhas palavras dizendo que gostaria de Defensores dos Direitos Humanos, porque entendia que deixar uma solicitação a esta Comissão, pelos poderes nós precisávamos, para desenvolver o nosso trabalho, que se tem: que a gente encontre uma alternativa para de um instrumento que permitisse que não saíssemos que eu possa voltar para a minha região e desenvolver dos locais onde desenvolvemos a nossa ação – Brito o meu trabalho com segurança, com proteção. Se eu desenvolve o seu trabalho na região sul e sudeste do voltar para lá sem essa proteção, eles vão me matar. Pará – e continuássemos enfrentando os problemas Eu digo isso aos senhores e às senhoras que estão cotidianos e buscando soluções dentro do espaço de- aqui porque sei com quem estou lidando lá. mocrático que construímos neste nosso País. 01702 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Vou fazer breves considerações sobre o Pro- País. Por isso os representantes dos movimentos so- grama Nacional de Proteção aos Defensores dos Di- ciais que articulam essas populações e têm cotidiana- reitos Humanos e vou trazer a denúncia do caso do mente seus direitos violados ou negados também são Paraná, que envolve uma transnacional, a Syngenta, considerados defensores de direitos humanos. diz respeito à execução de um defensor de direitos As pessoas estranham e dizem: “Como vocês po- humanos, uma liderança do movimento social. Agora, dem considerar como defensores de direitos humanos houve a criminalização de 2 lideranças e mais outros presidente de sindicato ou um ativista do movimento trabalhadores. social, da luta pela reforma agrária, seja do MST, seja Acompanhei desde 2003 um grupo de trabalho da Comissão Pastoral da Terra, seja do MLST, seja da que iniciou as atividades para efetivar um programa de CONTAG, seja de qualquer movimento?” Nós os con- proteção aos defensores dos direitos humanos. Foi lan- sideramos dessa forma, sim, porque essas pessoas, çado numa dessas Comissões. Estive aqui em outubro por exemplo, que lutam por terra lutam também para de 2004. No início de 2005, estivemos em Rondon do ter acesso a uma série de direitos humanos: direito à Pará para participar de uma audiência pública. Logo moradia, direito ao trabalho, direito à alimentação, en- em seguida, estivemos em Belém, para o lançamento tre outros direitos consagrados na Constituição e nos do programa, onde conheci a Irmã Dorothy, que, na pactos internacionais. semana seguinte, foi assassinada. Lembro-me bem de É fundamental, então, que esse programa seja que o Governo do Pará não queria o programa de pro- difundido na sociedade, para que os defensores dos teção aos defensores dos direitos humanos, mas, algu- direitos humanos sejam considerados pessoas exem- mas semanas depois do assassinato da Irmã Dorothy, plares, para que haja a construção de uma verdadei- mudou de posição, queria efetivar o programa porque ra democracia, para que sejam efetivados os direitos precisava de um instrumento para proteger os defen- humanos no País. sores dos direitos humanos que sofriam ameaças. Devemos também exigir que os representantes Acompanhei depois a implantação desse projeto do Estado mudem de cultura, mudem de posição, que piloto no Pará. Estive em Tailândia, onde a Toinha e a polícia local passe a considerar essas pessoas, e não outros defensores estão ameaçados, em Pernambu- só os proprietários, como parte da democracia que es- co e também no Espírito Santo. O Sr. Fernando Matos tamos construindo. Neste País, o direito de propriedade depois vai falar dos detalhes do programa. se opõe frontalmente aos direitos humanos. A garantia O programa é bastante ousado do ponto de vista absoluta do direito de propriedade é a negação total da proposta, mas encontra enorme resistência no âm- dos direitos humanos. Vejam que os casos aqui rela- bito estatal, porque exige dos agentes do Estado – digo tados pelo Brito dizem respeito claramente à proteção agentes do Estado no sentido amplo – nova atitude frente aos defensores de direitos humanos, uma atitu- do direito absoluto de propriedade, que nega, em últi- de que considere essas pessoas como fundamentais ma instância, a possibilidade de as pessoas terem os para a construção de uma nova democracia no País, seus direitos humanos respeitados. tendo como pressuposto os direitos humanos. É preciso que o programa se estruture, sim, em Os agentes públicos acham que representantes âmbito nacional, é preciso que seja fortalecido no âm- do movimento social, de uma associação de bairro, bito da Secretaria de Direitos Humanos. É preciso que do movimento indígena, do movimento de mulheres, a Polícia Federal entre também como parte concreta advogados, até mesmo representantes do Ministério na proteção dos defensores dos direitos humanos. Público, juízes ou policiais não podem ser defensores Cito como exemplo o caso do Brito. Não dá para de direitos humanos neste País. Especialmente os in- esperar só que a Polícia Militar local o proteja. É pre- tegrantes de movimentos sociais não são considerados ciso uma escolta da Polícia Federal para que ele pos- parte dessa categoria. sa voltar à região. Vimos na CPI da Terra e em outros Nós construímos, ao longo desses anos, um con- momentos que esses fazendeiros vão muito além da ceito mais amplo de defensores de direitos humanos, conta. A Sra. Maria Joel da Costa há 4 ou 5 anos está que envolve pessoas e grupos e inclui exatamente sob a proteção de 1 ou 2 policiais. Ou seja, não tem aqueles que lutam pela efetivação dos direitos econô- liberdade para viver. micos, sociais e culturais, os chamados DESCs. Por Um dos pontos do programa recomenda não só quê? Porque, via de regra, os direitos humanos são proteger o defensor de direitos humanos, investigar as entendidos como aqueles direitos civis e políticos que denúncias, os crimes ligados às ameaças que o ele so- envolvem liberdade de expressão, integridade física e fre, mas também enfrentar as causas que levam à vul- alguns outros direitos mais ligados a essa categoria de nerabilidade da ação do defensor de direitos humanos direitos civis e políticos. Hoje, sabemos que os direitos ou de um grupo de pessoas. E nessa região do Pará e econômicos, sociais e culturais são fundamentais no em outras regiões do País, como no Mato Grosso, nas Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01703 periferias urbanas, às vezes são necessárias medidas transgênico ilegal – área em torno do Parque Nacio- estruturais de outros órgãos de governo. nal do Iguaçu. Os trabalhadores, então, como forma Precisa haver proteção? Sim, mas essa prote- de protestar e denunciar, ocuparam a área durante a ção tem de ser de caráter temporário, tem de garantir realização da COP e da MOP em Curitiba. que a pessoa, num primeiro momento, seja legitimada Sabem V.Exas. que na Comissão Técnica Nacio- publicamente como defensora de direitos humanos e nal de Biossegurança há poderoso lobby dessas em- que, depois, venham as ações de políticas públicas presas para liberar os transgênicos no País. E essas para enfrentar os problemas vividos por essas pesso- empresas não têm respeitado a legislação nacional e as cotidianamente. feito, inclusive, testes fora do País para trazer produtos Nesse sentido, achamos que é preciso unificar a agrícolas geneticamente modificados para serem plan- metodologia – e já foram dados alguns passos nessa tados no Brasil. E os trabalhadores querem a proteção direção – e também promover formação específica para das suas sementes, a proteção da sua biodiversidade. os policiais que serão protetores dessas pessoas, a Esse protesto foi feito em cima dessa questão. fim de que tenham uma cultura voltada para a defesa Naquele 21 de outubro, depois de os trabalha- dos direitos humanos. dores liberarem os seguranças que estavam no local, Essas são algumas considerações que gostaria tendo apreendido suas armas, esse seguranças se de fazer sobre o programa. reuniram na sede da NF Segurança, uma empresa de Por fim, registro que estou aqui no lugar da Célia segurança de fachada contratada pela Sociedade Ru- Aparecida Lourenço, a Celinha, uma das lideranças do ral e pelo Movimento dos Produtores Rurais do oeste MST e da Via Campesina que foram alvo daquele ata- do Paraná, e voltaram às 13h, em número de 40 a 50 que no dia 21 de outubro de 2007, na sede da Syngen- homens armados, e atacaram de surpresa os trabalha- ta Seeds, empresa transnacional com várias unidades dores. Eles sequer estavam esperando que houvesse no País. A Célia não está aqui porque, apesar de estar tal ataque, apesar de em abril deste mesmo ano essa ameaçada de morte e de ter sido alvo de um ataque, o milícia já ter promovido o despejo de um acampamento Ministério Público pediu, e o Judiciário concedeu, um do MLST no Município de Lindoeste. O acampamento mandato de prisão contra ela. Por isso ela não pôde era do MLST, e não do MST. vir até aqui prestar seu depoimento. Gostaria que ela Relatório da Polícia Federal constatou a ação viesse aqui falar o que viveu nesses últimos tempos dessa milícia. Esse relatório está aqui e contém a na região oeste do Paraná, em Cascavel e municípios identificação de vários desses seguranças, dizendo vizinhos. Ela é mãe, tem 1 filho. O Keno – Valmir Mota inclusive que eles não tinham condições de exercer a oliveira –, também da liderança do MST e que foi as- profissão, já que não cumpriam os requisitos legais e sassinado lá, morreu nos braços dela. Seria fundamen- tal, então, que ela viesse aqui dar seu depoimento. E usavam armas. ela foi alvejada várias vezes. Aliás, ela não, a Isabel. Foi realizada uma inspeção pela Polícia Federal Disseram: “Ah, você que é a Célia, a ‘bocuda’, então na sede dessa empresa e foram encontrados fuzis agora você vai ver”. Aí apontaram uma arma para a contrabandeados, roubados e outras munições não cabeça da Isabel e atiraram, pensando que era a Ce- registradas. E essa milícia já vinha atuando na região linha. A Isabel perdeu um olho, a bala perfurou o pul- em nome da Sociedade Rural e do MPR – Movimento mão, mas graças a Deus ela se salvou. Quer dizer, a dos Produtores Rurais. Celinha poderia ter sido assassinada. Naquela manhã, novamente eles se reuniram na Em ataque de uma milícia privada, no dia 21 de NF Segurança e depois voltaram para fazer esse ataque. outubro, em Cascavel, um trabalhador foi assassinado, Nesse ataque, vários trabalhadores foram feridos, e o vários foram feridos e um segurança da milícia privada Keno foi executado, depois de levar um tiro na perna. foi morto. A partir desse fato, instauraram-se inquéritos, No final do ataque, ele levou um tiro à queima-roupa apuraram-se as responsabilidades, e o delegado che- no peito, mas ainda conseguiu andar um pouco. A Ce- gou à conclusão de que essa milícia armada atacou linha voltou e o encontrou ainda vivo, e ele disse suas de forma totalmente arbitrária e ilegal o acampamento últimas palavras. Antes de morrer, ele pediu que ela dos trabalhadores. Os trabalhadores chegaram à área desse atenção aos seus 2 filhos, que são pequenos de forma pacífica. Por volta das 6h, houve um pequeno ainda, entre 8 e 10 anos. A Celinha saiu do local e ligou incidente, e os seguranças foram desarmados. para a polícia, e nesse instante todos os seguranças Essa área foi ocupada em março de 2006, deso- saíram. Foi uma coisa impressionante, porque de uma cupada em julho de 2007 e reocupada no último dia hora para outra todos eles saíram do local, depois do 21 de outubro, quando aconteceu o incidente. Por que ataque. Provavelmente alguém avisou que a polícia ia essa área da empresa transnacional, de 147 hecta- se aproximar, e eles deveriam se retirar do local. Então, res, foi ocupada? Porque lá foi detectado experimento foi isso que aconteceu naquele dia. 01704 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 A polícia chegou, prendeu alguns seguranças no homicídio com dolo eventual. A Isabel, que praticamente final do dia, 4 deles sem armas, e o restante da milícia sofreu uma tentativa de homicídio, vai ser denunciada fugiu. Mas, na seqüência, conseguiram prender mais também. O mesmo vai acontecer com a Celinha, que alguns. Toda a tônica da imprensa foi no sentido de foi alvo do ataque, e com o Celso, que será denuncia- que a ação da polícia havia sido parcial, porque não do por homicídio direto, como se ele tivesse matado o tinha prendido os sem-terra, já que havia morrido um segurança. E isso é impossível, porque o Celso foi o segurança também. Acontece que a milícia não ataca primeiro a ser alvejado. Ele fugiu antes de abrirem o só numa direção. Primeiro, ela faz um ataque inicial portão. Depois que o portão foi aberto e os seguranças numa mesma direção, em seguida derruba o portão da entraram, o segurança caiu bem na entrada da guarita área e passa a atirar em todas as direções onde estão com um tiro. Portanto, o Celso, em hipótese alguma, trabalhadores e também os seguranças. Uma hipótese poderia ter assassinado o segurança. para a morte do segurança é que os sem-terra teriam Então, acreditamos que essa denúncia realmente usado uma das armas da guarita, e a outra hipótese é uma peça política de criminalização dos defensores é que os próprios seguranças executaram um compa- de direitos humanos, especialmente dessas lideranças nheiro deles por fogo amigo, em função de que não do movimento social. Naqueles dias, inclusive, enquanto havia uma única linha de tiro naquele local. o inquérito corria na região e se apuravam os fatos, o O inquérito da Polícia Civil foi concluído, depois Celso fez um pedido de proteção. Fizemos um pedido de ouvir vários desses trabalhadores e a própria Célia, às autoridades federais e estaduais, o Ouvidor Agrário os quais acompanhamos ao local para prestar todos Nacional o encaminhou ao Secretário de Segurança, os esclarecimentos à polícia. O inquérito conclui que que o deferiu, e o Celso passou a ter proteção da Po- vários desses seguranças deveriam ser indiciados lícia Militar durante todos esses dias para fazer alguns pelo homicídio do Keno. O executor, inclusive, está deslocamentos mais perigosos. Ele tinha proteção, mas identificado. E conclui também que o Celso, um dos agora está com prisão decretada pela Justiça, sendo líderes do MST, também deveria responder por esbu- acusado de homicídio. Ficamos realmente surpresos com lho possessório. No entanto, nada se fala em relação essa denúncia e acreditamos que é mais uma peça de à Syngenta, a seus diretores ou a quem determinou criminalização dos defensores de direitos humanos. alguma ação, nem quanto ao Alessandro Meneghel, E digo mais: o Celso está no exterior, acompa- o coordenador da Sociedade Rural. Se alguém quiser nhando, em nome da Via Campesina, do movimento ver, ele aparece nesta imagem do dia 30 de novembro social, a Conferência do Clima na Indonésia. Se ele for de 2006, reprimindo uma ação de trabalhadores rurais preso e levado para Cascavel, em função das ações de que estavam realizando uma manifestação pública. Eu colaboração com a polícia local para prender quadrilhas pediria para a Mariana mostrar para o pessoal. O Alessandro Meneghel é citado 3 vezes no in- de traficantes, ele será assassinado dentro do presídio quérito. Primeiro, pelos policiais militares que fizeram o pelos traficantes que ele ajudou a polícia a prender. flagrante e contaram que os 4 seguranças foram contra- Além de correr risco de ser pego pelas milícias privadas, tados pela Sociedade Rural, presidida por Alessandro ele seria assassinado hoje dentro da delegacia. Ele, a Meneghel. Depois, um pastor que cuida de uma fazenda, Celinha e outros seriam assassinados pelo narcotráfi- onde vários desses seguranças se esconderam, reclamou co, porque eles colaboraram com a polícia. que eles dariam prejuízo ao usarem as dependências da O Secretário de Segurança nos disse que o Keno fazenda e que o patrão dele poderia demiti-lo por isso. Os era uma das pessoas que colaborava permanentemente seguranças então responderam que ele podia pôr tudo com a polícia. Toda vez que a polícia tinha um caso de na conta do Meneghel que ele pagaria as despesas. O quadrilha que sumia ou se escondia eventualmente num veículo que chegou para retirar as armas e os seguranças acampamento, eles colaboravam com a polícia. Vários desta fazenda onde esse pastor trabalha era uma cami- policiais ficavam muitos dias dentro do acampamento nhonete branca de um senhor de mais ou menos 40, 45 fazendo investigação de quadrilhas. Em função disso, anos, com mais de 100 quilos. Essa é mais ou menos a polícia disse que tinha perdido uma pessoa que co- a descrição desse senhor que está nessa foto tentando laborava com ela. Eram pessoas que tinham interação esmagar um sem-terra com uma paulada, o Sr. Mene- permanente com as autoridades locais, com o Prefeito, ghel. Mas ele não foi denunciado. com a própria polícia. Não eram arruaceiros, bandidos Nós fomos surpreendidos com a notícia de que o ou pessoas que estavam envolvidas em qualquer coisa Ministério Público vai denunciar vários seguranças e o ilegal. Eram dirigentes de movimento social, ativistas, Meneghel pelo crime de formação de quadrilha, porque defensores dos direitos humanos. ele estava reunido com esse Derci de Freitas e outros O Celso, a Celinha e o Keno foram responsáveis seguranças, e vai voltar principalmente as baterias con- pelo assentamento de muitas famílias. O Keno inclusive tra os trabalhadores e denunciar também a Isabel por fazia um trabalho de merenda escolar para os assenta- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01705 mentos, para as comunidades rurais, em convênio com despejar as famílias que ocuparam a Syngenta”. E foi a Universidade Federal do Paraná, e foi assassinado. assim que aconteceu no dia 21 de outubro. Nós estamos bastante preocupados com a situ- Então, precisamos que a NF Segurança realmente ação deles, tanto que vamos ajuizar as medidas ne- não receba mais autorização da Polícia Federal para cessárias para que possam responder ao processo continuar os seus trabalhos na região. O seu proprietário em liberdade e também adotar medidas jurídicas para está preso hoje. E esperamos também que os trabalha- trancar a ação penal em relação a essa denúncia feita dores sejam descriminalizados e reconhecidos como contra eles. Mas vamos precisar da Comissão de Di- pessoas que contribuem para realizarmos os direitos reitos Humanos para algumas questões. humanos no País e para construirmos uma verdadeira Sabemos que a Comissão de Direitos Humanos democracia e não uma democracia de fachada. fez uma audiência pública, no dia 18 de outubro, 2 dias Muito obrigado. (Palmas.) antes de acontecer o fato em Cascavel, 21 de outubro, A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) – recebeu uma série de denúncias contra as milícias pri- Obrigada, Frigo. vadas no Paraná, foi até as autoridades locais para pedir Aproveito para informar que o Presidente desta providências e, depois dos fatos acontecidos, também já Comissão, Deputado Luiz Couto, está reunido agora encaminhou ao Ministério da Justiça solicitação para a com o Ministro da Justiça, no Ministério, e um item da solução do problema. Mas solicitamos que a Comissão pauta é exatamente esse da não-renovação das li- neste momento intervenha no sentido de encaminhar o cenças para funcionamento de diversas empresas de caso ao CDDPH, para que o Conselho de Defesa dos Di- segurança, entre elas a NF Segurança. reitos da Pessoa Humana também passe a tratar esse fato Passo a palavra ao Sr. Fernando Matos, Coorde- como caso grave de violação dos direitos humanos, que nador do Programa Nacional de Defensores de Direitos coloca em risco a vida de defensores desses direitos. Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos Está aqui o representante do programa, então da Presidência da República. O SR. FERNANDO MATOS – Boa-tarde a todos. pedimos que o Celso e a Celinha passem a ser tra- Gostaria de agradecer o convite para participar desta tados como defensores dos direitos humanos, neste audiência pública da Comissão de Direitos Humanos momento, e que passem a receber atenção especial, e Minorias, em especial, ao Deputado Luiz Couto, Pre- com as medidas necessárias para que não percam a sidente desta Comissão. Trago os cumprimentos e as vida. E, se possível, solicitamos que se designe um homenagens do Ministro Paulo Vannuchi, que infeliz- membro da Comissão para ir averiguar a situação in mente não pôde comparecer e pediu-me que viesse loco, além de solicitar desde logo informações ao juiz aqui, como coordenador do programa, representá-lo. e ao Ministério Público sobre o porquê dessa prisão Deputada Iriny Lopes, gostaria de publicamente e sobre a razão por que o Ministério Público e o juiz reconhecer o papel de V.Exa. como defensora dos di- de Cascavel pouparam os mandantes. Porque a de- reitos humanos e como Parlamentar por sua trajetória núncia vai numa direção, e todos os fatos são na linha pessoal. Eu a conheci em 2002, na condição de defen- de criminalizar inclusive os mandantes, mas quando sora de direitos humanos protegida no Espírito Santo. chega ao final eles criminalizam os trabalhadores. Eu Sei que V.Exa. possui toda a sensibilidade sobre esse tenho a denúncia aqui. É uma coisa impressionante. tema, e isso se confirma com o fato de ter sido a pio- Algo aconteceu no meio do caminho, e eles pouparam neira na apresentação de proposta de marco legal para a Syngenta, a Sociedade Rural, os mandantes do cri- a criação do Programa de Proteção aos Defensores de me, e jogaram toda a fúria, vamos dizer assim, todo o Direitos Humanos em nosso País. Minhas homenagens rigor da lei contra os pobres, porque é fácil criminalizar e meu reconhecimento por essa iniciativa. os pobres, difícil é enfrentar os poderosos. Cumprimento o meu amigo Darci Frigo, que tem Então, nesse sentido, é preciso que a Comissão ao longo da sua atuação como defensor de direitos tome essas medidas para enfrentarmos de forma firme humanos, em especial no período em que estou na a ação dessas milícias privadas. E queria dizer mais: é Coordenação Nacional do Programa, contribuído de preciso reforçar junto ao Ministério da Justiça e à Polícia forma inestimável para que esse programa se torne Federal o pedido para que não renovem a licença da política pública. NF Segurança, empresa de fachada contratada para Sou testemunha, na condição de Presidente do dizer à sociedade que os seguranças são legalmente Conselho de Direitos Humanos de Pernambuco, do contratados. Porém fazem o seguinte: eles têm meia seu esforço para ajudar nosso Estado a implantar o dúzia de seguranças contratados, irregulares na sua programa lá. Receba os nossos agradecimentos. maior parte, mas no dia em que agem, eles contratam Brito, você está vendo uma situação que ninguém várias pessoas como bóias-frias da pistolagem e di- no mundo merece viver. Sabemos que os defensores zem: “Você vai receber 50 reais, e o teu serviço hoje é de direitos humanos não querem ser heróis e não estão 01706 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 nessa situação porque queiram holofotes ou troféus. guém quer passar 2 ou 3 anos acompanhado de um Uma pessoa como o Brito, com toda essa carga de policial, seja militar, seja federal. Essa é uma atuação emoção, nos ensina o que é ser defensor dos direitos que deve ser breve, temporária, provisória. Entretanto, humanos. Eles estão aí porque têm compromisso com se há denúncia, deve haver proteção do defensor de uma luta, com um sonho, com a utopia de um País direitos humanos, seja ele agente público, seja ele um melhor e mais justo para todos os seus filhos, mesmo cidadão ligado aos movimentos sociais. Hoje temos tendo de enfrentar as ameaças que enfrentam. juízes de direito, índios, militantes dos mais diversos Assumi um espaço na Comissão Nacional, Sra. movimentos sociais protegidos, mas ninguém quer Presidenta, em 2005, para representar a sociedade civil passar a vida protegido por um aparato policial. Agora, de Pernambuco. Em 2007, assumi, a convite do Go- a quantidade de defensores de direitos humanos que vernador Eduardo Campos, a Secretaria Executiva de tombaram no País não nos permite brincar com esse Justiça e Direitos Humanos do Estado de Pernambuco tema. A proteção tem de ser efetivada. e continuei na Comissão Nacional para representar o Como lembrou o Darci Frigo, o defensor de di- Governo de Pernambuco. Atendendo a convite muito reitos humanos é incômodo, polêmico, levanta teses e honroso do Ministro Vannuchi, assumi a coordenação histórias que muitas vezes uma parte, a que chamo de do programa, em 16 de setembro deste ano. Já esti- violadora de direitos, não quer que venham à tona, que ve, nesse breve período, entre meados de setembro a sociedade e o próprio Estado tomem conhecimento. e final de novembro, 4 vezes no Pará. Nesse sentido, a legitimidade da atuação do defensor Fui, no dia 3 de outubro, realizar o primeiro moni- de direitos humanos se concretiza quando sua denún- toramento do programa na minha gestão. Tive oportu- cia passa a ser de interesse público, quando a causa nidade de reunir-me com autoridades públicas; com a que ele apresenta, a missão que ele constrói, deixa Defensoria Pública, que tem convênio com a Secretaria de ser um problema individual, isolado, e se torna algo para executar o programa no Estado; com a Secretária de interesse da sociedade e do Estado. de Segurança Pública; e com representantes da socie- Dessa forma, temos de atuar de maneira integra- dade civil – inclusive o Brito esteve presente, porque a da. Não é, portanto, uma situação que diz respeito ape- Federação que representa é grande parceira junto com nas à Secretaria de Direitos Humanos ou ao Governo o Ibiriba. Aliás, nós nos conhecemos no dia 30, já na do Estado “A”, “B” ou “C”. Precisamos da atuação inte- nossa segunda ida ao Estado, quando o coordenador do grada de organismos federais, como os Ministérios do programa, o Defensor Público Antônio Cardoso, o levou Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente, INCRA, você, a Concita, a Toinha, para tentarmos já encaminhar IBAMA, FUNAI, Polícia Federal, Ministério Público Fe- uma situação para as ameaças que estavam sofrendo. deral, Ministério Público Estadual, polícias estaduais. E, desde aquela ocasião, vimos tentando articular ações Sem essa conjugação de forças, pode-se simplesmente em nível estadual e junto ao Governo Federal. resolver a parte menos complexa desse programa, que Retornamos ao Pará no dia 23 de novembro, aí é disponibilizar 1 ou 2 policiais para acompanhar um já com a força-tarefa que o Ministro determinou, para defensor de direitos humanos, mas as causas estru- retirar do Estado a jovem de Abaetetuba que se en- turais continuarão se reproduzindo e se perpetuando contrava presa na cadeia pública daquela cidade. E com base na impunidade ou na omissão. logo no dia 26 retornamos para o Encontro Nacional Temos certeza de que o Governo Federal não está das Coordenações, onde mais uma vez recebemos omisso. O Presidente Lula editou, em 17 de fevereiro a presença do Brito e de mais uns 6 ou 7 defensores deste ano, o Decreto nº 6.044, que firmou as diretri- de direitos humanos que estavam numa situação re- zes da Política Nacional de Proteção aos Defensores almente muito grave de ameaça. de Direitos Humanos. A participação da Deputada Nesse período, entre os dias 3 e 30 de outubro, Iriny Lopes e desta Comissão é essencial para a cria- aconteceu em Brasília a reunião da Coordenação Na- ção do marco legal desse programa. Já mantivemos cional, em que tivemos a representação tanto da so- contato com diversas autoridades públicas de vários ciedade civil quanto do Governo do Estado do Pará. Estados, como São Paulo, que nos informaram que Nessa ocasião, o caso do Manoel borracheiro foi apre- estão aguardando uma legislação a fim de iniciarem sentado à Coordenação Nacional. os programas estaduais. Esse programa, Deputada Iriny Lopes e demais No próximo ano, comemoraremos os 60 anos da presentes, não pode ser um simples programa de Declaração Universal dos Direitos Humanos, e esta proteção. É preciso realmente uma tarefa um pouco Casa poderá dar grande contribuição ao País se discutir mais ambiciosa, eu diria, porque temos de buscar uma a proposta da Deputada Iriny Lopes ou algum substi- mudança de paradigma, como bem destacou o Darci tutivo que esta Casa venha a elaborar. No final do mês Frigo. Temos de buscar articular políticas públicas que de novembro, a Comissão Nacional e as Coordenações possam atuar na origem, na raiz das ameaças. Nin- Estaduais do programa elaboraram proposta que será Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01707 encaminhada à Deputada Iriny Lopes, para que seja proteção dignitária envolve uma série de veículos e analisada e avaliada a melhor maneira de apresentar- um número xis de policiais. mos um marco legal para esse programa. Em Pernambuco, buscou-se incentivar os movi- A Secretaria também está desenvolvendo um mentos sociais a fazerem parte da capacitação e es- diagnóstico nacional. Sabemos que, infelizmente, os timular os policiais a deixarem de lado a idéia de que Estados estão na frente nesse ranking terrível das vio- não podem proteger defensor de direitos humanos lações contra os defensores de direitos humanos. Tanto indígenas, líderes de sem-terra, líderes dos sem-teto, é que há hoje experiências-piloto em 3 Estados – Pará, representantes do movimento GLBT, alguém que tra- Espírito Santo e Pernambuco –, por indicação do Comi- balhe com a questão da criança e do adolescente e tê Brasileiro de Defensores e Defensoras dos Direitos tantos outros movimentos sociais no País. Humanos. Além disso, estamos empenhados em firmar Creio que esses são os desafios. A Comissão convênio com o Estado da Bahia e com o Governo do poderá contribuir muito se agendar uma visita ao Pará Mato Grosso para a implantação do programa. e ao Paraná, a fim de mantermos contato com as au- O Ministro tem dado todo o apoio à ampliação da toridades, como sugeriu o Dr. Darci Frigo, ouvirmos a rede de Estados que integram essa política de proteção, sociedade civil e juntos buscarmos soluções. dentro das limitações orçamentárias. O diagnóstico nacio- No caso do Pará, onde está em processo a re- nal vai fornecer informações e dados que nos ajudarão a novação do convênio que permite aumentar a atuação planejar essas ações, a definir prioridades e a atuar. Darci do Estado, mantivemos contato com as Secretarias Frigo acompanha há muito tempo o nosso programa e de Justiça e de Segurança Pública. Hoje o convênio sabe que ele possui estrutura ainda bastante modesta no foi firmado com a Defensoria Pública. Nossa idéia é âmbito governamental. Mas o Ministro já nos autorizou a descentralizar a atuação, para que ela não fique ape- buscar os meios para ampliar a equipe. Recebemos soli- nas em Belém e apenas de lá partam as missões, e citações quase semanalmente, mesmo dos Estados onde criar mais de uma, digamos assim, área de atuação do programa, atraindo e comprometendo ainda mais não há sequer programas-piloto. O Paraná, por exemplo, o Governo do Pará com essa política. solicitou proteção para a Célia, defensora de direitos O caso do Paraná será, com certeza, levado pelo humanos. Enviamos correspondências ao Governo do Dr. Darci Frigo à Coordenação Nacional do Programa, Estado e vamos até lá o mais breve possível. e nós buscaremos as medidas concretas possíveis É necessário termos um pouco mais de pernas para o acompanhamento dos fatos. Inclusive, solicito para conseguirmos fazer a entrevista e a triagem des- que nos seja encaminhada cópia da denúncia. Isso, ses defensores de direitos humanos que estão nos para nós, seria muito importante. Estados onde ainda não existem programas estadu- Mais uma vez, agradeço à Comissão e coloco-me ais. Estamos buscando nos articular internamente, na à disposição para qualquer esclarecimento posterior. própria Secretaria, no sentido de apoiar programas já Muito obrigado. (Palmas.) existentes, como o PROVITA e o PPCAM. Isso é im- A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) – prescindível. Há no Maranhão, por exemplo, um pro- Obrigada, Fernando. grama estadual de proteção a testemunhas. Podemos Voltarei a palavra ao Sr. Darci Frigo, que acres- conseguir que essa equipe faça a atividade inicial de centará algumas informações. Em seguida, abrirei o entrevista com o defensor de direitos humanos, mes- debate, seguindo a ordem de inscrições. mo que não seja um caso de proteção à testemunha, O SR. DARCI FRIGO – Pedi à Deputada Iriny Lopes apesar de, no caso do defensor de direitos humanos, a a gentileza de me conceder a palavra a fim de acrescentar metodologia ser bastante distinta. Além disso ele pre- alguns elementos, já que nossa discussão é sobre ame- cisa e deve permanecer na sua área, para continuar aças aos defensores de direitos humanos no campo. sua luta. Mas ganharíamos tempo e economizaríamos Quais os cenários que, na seqüência, vejo que esforços e recursos ao utilizar essa estrutura que já estão agravando ou que poderão agravar a vulnerabi- está implantada em 17 Estados da Federação. lidade dos defensores de direitos humanos? Este foi Também é altamente necessário reformular a ca- o pior dos últimos 13 anos no que se refere à reforma pacitação de policiais para atuar nesses programas. agrária no País. Foi o ano no qual menos assenta- Para tanto temos mantido contato, desde o início, com mentos se fez. Portanto há problemas como os que a SENASP. A experiência que tivemos em Pernambu- foram relatados agora no Pará. À medida que não há co – e isso nos foi relatado também no Pará – foi de assentamentos das famílias, apresentam-se os proble- capacitação nos moldes daquela que a Polícia Federal mas no campo. Então, é preciso retomar as ações de tem para a proteção de dignitários. Infelizmente isso reforma agrária, pois a falta delas é uma das causas não se aplica à realidade, por exemplo, de pessoas que podem vulnerabilizar a situação dos defensores que estão em Tailândia ou em Dom Eliseu, onde a de direitos humanos no campo. 01708 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 A avalanche dos agrocombustíveis tomando ter- O Estado do Pará, região em que a So- ras, expulsando camponeses ou chegando a áreas de ciedade Paraense de Defesa dos Direitos Hu- quilombolas e comunidades tradicionais e, indiretamen- manos e o Centro de Estudo e Defesa do te, à Amazônia brasileira também pode ser uma das Negro do Pará atuam, possui a marca de um causas de vulnerabilização da ação dos defensores dos Estados da Federação com maior índice de direitos humanos. O desmatamento na Amazônia de execução e ameaças aos defensores de ou a ação dos madeireiros e a falta de um programa direitos humanos. de combate eficiente à grilagem de terras, ou seja, à O número de defensores de direitos hu- bandidagem institucionalizada, defendida hoje por Xico manos ameaçados no Estado do Pará alcança Graziano, em seu artigo semanal nos grandes jornais, mais de 80 pessoas. Destas, apenas 10% estão atacando os movimentos sociais e dizendo: “Coitados sob proteção, apesar de recorrentes solicitações dos grileiros, eles não podem sofrer nenhum ataque”. de providências a autoridades competentes, A bandidagem institucionalizada que toma terras no no sentido de garantir a integridade física e a País é uma das causas permanentes de vulnerabiliza- vida dos defensores dos direitos humanos no ção dos defensores de direitos humanos. Estado do Pará. Outra questão que também está hoje nos jornais e Nesses termos, aproveitamos o ensejo é gravíssima é a revisão do Decreto nº 4.887, de 2003, para reiterar os protestos de estima e consi- que cria uma série de empecilhos para o reconhecimento deração. das comunidades quilombolas. Considero ser esse um Atenciosamente (...).” retrocesso gravíssimo. Em nome da defesa do direito de propriedade, diria que temos, hoje, na bancada ruralista, Assina pelo SPDDH o Sr. Marco Apolo Santana a recomposição dos neo-escravagistas em nosso País. Leão; pelo CEDENPA, a Coordenadora Zélia Amador Na verdade, em nome desse tal direito de propriedade, de Deus. são retomadas as teses históricas de defesa da oligar- Vou passar à Comissão, vou entregar ao Már- quia, de defesa dos interesses já estabelecidos, e são cio, para registrar, porque, além do caso do Brito, que criados empecilhos para uma população, especialmen- temos aqui, teremos que tratar do caso de cerca de te a negra, que, neste momento, via na possibilidade de 80 pessoas mais, segundo o relato feito aqui. Poste- reconhecimento das suas áreas o reconhecimento de riormente o Sr. Fernando poderá nos dizer se esse é direitos e até o pagamento de uma dívida histórica. É o número de pessoas que eles estão acompanhando, realmente lamentável esse retrocesso. Espero que isso para podermos ver o que esta Comissão, ao final, terá não aconteça e que a sociedade coloque realmente a de demanda a encaminhar. questão do negro, neste momento, representada pelas Vamos ouvir o Deputado Veloso e, em seguida, comunidades quilombolas, como uma necessidade de o Deputado Pedro Wilson. Depois, vamos passar aos garantir os direitos deles, para que tenhamos democra- encaminhamentos, com a contribuição da Mesa. cia de qualidade no País. Eu não vou usar aquele padrão de considera- Muito obrigado. ções finais, porque não se trata propriamente de um A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) debate. Aqui estamos tratando de questões bastante – Antes de passar a palavra ao primeiro Deputado objetivas e concretas, e o que nos interessa é algum inscrito, registro que recebemos ofício da Sociedade encaminhamento factível assumido pela Secretaria com Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SPDDH os Governos dos Estados do Pará e do Paraná, com o e do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará – Ministério Público dos 2 Estados e com a Polícia Fede- CEDENPA, que diz o seguinte: ral. Ou seja, é uma reunião de trabalho em que vamos Cumprimentando-lhes, vimos, por meio do procurar encaminhamentos bastante concretos. presente ofício, agradecer o convite para par- Com a palavra o Deputado Veloso. ticiparmos da audiência pública na Comissão O SR. DEPUTADO VELOSO – Sra. Presidenta, de Direitos Humanos e Minorias para discutir a Deputada Iriny Lopes; Sr. José Soares de Brito, membro situação dos defensores de direitos humanos no do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Fami- Brasil, bem como justificar nossa ausência. liar; Sr. Darci Frigo, representante da sociedade civil na A ausência se justifica em razão da falta de Coordenação Nacional do Programa de Proteção aos recursos financeiros para custear a ida das orga- Defensores de Direitos Humanos; Sr. Fernando Matos, nizações a Brasília. Contudo, reconhecemos e Coordenador do Programa Nacional de Defensores de ressaltamos a importância deste momento para Direitos Humanos; Deputado Pedro Wilson; minhas se- o Estado brasileiro, que ainda tem muito o que nhoras e meus senhores, plagiando Fagner, quero dizer fazer para garantir a defesa de atores sociais que homem também chora. O homem chora porque tão importantes para a democracia. todos nós somos sensíveis aos problemas. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01709 Sr. Brito, eu também me emocionei com o seu ao fato de que há no Pará e no Paraná uma situação problema, porque, neste País, quem não é ameaça- dramática, recorrente. Cabe ao Estado e à União – ao do? É ameaçado o senhor, somos ameaçados todos Governador Requião, à Governadora Ana Júlia e à Se- nós. Como disse um dos membros da Mesa, juízes, cretaria Nacional de Direitos Humanos e ao Ministério desembargadores, todos nós somos ameaçados, até da Justiça – não diria a tomada de providências, que aqueles que estão encarcerados, devido à superlota- já estão sendo tomadas, mas a responsabilidade com ção nos presídios deste País. a solução. Nosso Presidente recorreu ao Ministério da Sinto profundamente, porque eu também fui, du- Justiça para buscar saídas. rante 18 anos, membro de sindicato na minha cidade, Neste final de ano, entretanto, afronta-nos profun- Ilhéus, o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Por- damente a prática recorrente de convidarmos algumas tuário de Ilhéus, e sei das dificuldade que passamos. pessoas a esta Casa, principalmente as ameaçadas, o Quero dizer ao senhor que é difícil sair do seio da que parece aumentar o grau de ameaça, caso a pes- família, do lugar em que o senhor reside, ameaçado soa denuncie atitudes de violência. de morte. Nós notamos, pelo seu semblante, que essa Solidarizo-me com as entidades de direitos huma- ameaça tem sido um transtorno para o senhor. nos do Paraná e aproveito a ocasião para lembrar que Se todos nós seguíssemos o mandamento de Deus: temos de agir, Dr. Fernando. Nós não podemos esperar “Não matarás”, não haveria homicídio na face da Terra. nem que chegue segunda-feira. Temos de trabalhar vi- Eu quero dizer que estamos solidários com o sando não apenas à proteção, mas também à pressão senhor, ao tempo em que afirmamos à Presidenta no sentido contrário. Senão, continuaremos assistindo desta Comissão que, se formos ao Pará ou ao Para- a esta deturpação que houve nesse processo. Segun- ná, eu também gostaria de integrar a comissão. Sou do relato do Sr. Frigo, a investigação começou numa membro da Comissão de Direitos Humanos, da qual direção e depois mudou completamente. gosto muito, e gosto de ajudar os meus semelhantes, Quero manifestar minha solidariedade ao senhor principalmente no caso em apreço, diante das ame- e aos companheiros, mas apenas solidariedade não aças que sofrem os defensores de direitos humanos, basta. Precisamos fazer algo, porque a luta da civiliza- principalmente no campo. ção e dos direitos humanos é fruto da cultura histórica Quero dizer ao Sr. José Soares que quem crê do mundo – o direito à vida, à liberdade, à cidadania, em Deus, quem crê em Jesus, não pode ficar receoso, à democracia. O apelo do Sr. José Soares é para ter como está o senhor. É preciso confiar em que Deus o o direito de ter família, trabalho. ajudará, bem como à sua família e, quem sabe, um dia Parabenizo todos pela audiência, mas reitero o seu filho possa lhe dizer:“Meu pai, graças a Deus hoje que precisamos fazer mais do que apenas prestar so- eu sou um doutor; graças a Deus, Deus nos ajudou”. lidariedade, pois ficaremos numa situação dramática, É isto que eu desejo ao senhor: tenha fé em Deus e na medida em que não vemos os direitos humanos nada lhe acontecerá. fluírem como dizia, no final do século passado, Nor- Aos demais membros da Mesa oferecemos a nossa berto Bobbio: o século XXI será o século dos direitos solidariedade. Nós estamos aqui para defender aqueles humanos e do amor. que defendem os direitos humanos no campo. Apelo, portanto, ao Sr. Fernando Matos, à Sra. A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) – Valéria Getúlio, militante dos direitos humanos, os 2 Muito obrigada, Deputado Veloso. com experiência em Brasília, Goiás, Pernambuco, a Antes de o próximo orador se pronunciar, informo fim de que o Estado recorra à Polícia Federal, ao Ju- a todos que já se inicia a Ordem do Dia. Nós vamos diciário, ao Ministério Público. Onde estão os Minis- ouvir o próximo orador e, em seguida, faremos os en- térios Públicos do Pará e do Paraná, tão falantes, tão caminhamentos. Acho difícil haver alguma votação, expressivos? Nós ficamos assustados. porém temos de nos dirigir ao plenário. Nós não queremos julgar ninguém, mas esta me Com a palavra o Deputado Pedro Wilson. parece um questão tão dramática quanto o caso da O SR. DEPUTADO PEDRO WILSON – Sra. Pre- moça presa em Abaetetuba, no Pará. E continuam, em sidente, parabéns a V.Exa. por trazer à tona este as- relação a esse caso, a lançar pérolas como justifica- sunto. tivas. A última é que ela é prostituta, ou débil, ou não Eu fico estarrecido diante da nossa impotência gosta da família, ou que ela quis, ou que se ria muito. ao assistir ainda, no século XXI, a uma situação como E assim se vai escondendo a violência existente no esta, em que as pessoas ainda se sentem inseguras no mundo inteiro, violência que é uma ameaça a todos País. Concordo com o ilustre Deputado Veloso, quan- nós. Eu acho que a tortura e a ameaça à vida ainda do S.Exa. diz que todos podemos ser ameaçados, ou são coisas terríveis que acontecem em todo o mundo. somos ameaçados, mas a história contada pelo Sr. Haja vista a guerra no Iraque, a realidade em que vive José Soares de Brito e pelo Sr. Darci Frigo nos remete o Afeganistão, a prisão em Guantânamo. 01710 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Hoje, fala-se na situação dos imigrantes na Eu- mento à luta. Nesse sentido, dou o meu próprio teste- ropa, nos Estados Unidos, documentada recorrente- munho. Já estive 6 anos sob proteção e, quando a situ- mente a esta Comissão. Precisamos fazer uma ava- ação ficou muito apertada, jurei a mim mesma que não liação de tudo isso. mudaria de camisa e que não seria lembrada em missa Devemos prestar solidariedade, como eu disse, de sétimo dia ou em passeata. Com a mobilização das mas fico até com medo de manifestá-la. No entanto, entidades e com participação desta Comissão, à época é o instinto mais forte de quem quer uma sociedade presidida pelo Deputado Orlando Fantazzini, consegui nova. Por outro lado, nós temos mecanismos e meios sobreviver e dar prosseguimento à luta. para resolver isso. Oxalá o Presidente Luiz Couto e o Voltando a me referir a este caso, o que temos Ministro da Justiça, a Secretaria e o programa nacio- que fazer agora é um contato com a Polícia Federal, nal de proteção aos defensores de direitos humanos com o Sr. Luiz Fernando. Pergunto ao Fernando Matos se façam presentes. Se não se pode defender a vida, se podemos fazer isso juntos, agora, na sala da Co- vai-se defender o quê? missão de Direitos Humanos. Ele tem que voltar para Eu acho que as medidas já estão sendo encami- o Pará com as coisas acertadas. Ele precisa de gen- nhadas. A Comissão poderia fazer, além das corres- te para pegá-lo. Se ele disser que precisa de mais 24 pondências, algo para responsabilizar a quem cabe. horas, é preciso acertar como serão essas 24 horas. O duro, no Brasil, é que só se dá a responsabilização Portanto, precisamos organizar fatos absolutamente dos culpados depois. concretos. Nesse sentido, gostaria de saber se pode- Nós não queremos trazer nenhuma notícia trágica mos conduzir juntos, a Comissão de Direitos Humanos para cá, nem do Pará, nem do Paraná. Mas o caso do e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Paraná é recorrente. A região vive um estado de violência República, essa questão. No caso dele, isso é o que há cerca de 2 ou 3 meses, e nós ficamos assustados. pode ser feito agora. Não há outra coisa a fazer. Não é possível esquecer a situação em que vi- O SR. FERNANDO MATOS – E não só ele. Há vem o Maranhão, o Pará e o norte de Goiás. Eu me mais 2 outros núcleos familiares em Belém. lembro bem de que, uma semana antes da morte do A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) Padre Josino – eu era Reitor da Universidade Católica – Esse seria o encaminhamento concreto da nossa de Goiás –, ele foi lá porque queria criar um centro de reunião. Trataríamos ainda – e não posso fazer esse direitos humanos no então norte de Goiás, hoje Estado encaminhamento sem que o Deputado Luiz Couto do Tocantins. E ele já estava ameaçado. Eu disse a ele esteja presente, por causa do recesso que terá iní- que podia criar o centro, mas tinha de se precaver. No cio em breve – de algumas combinações. Podemos dia 10 de maio de 1986, ele foi assassinado. Quanto tomar decisões, mas os encaminhamentos precisam ao pistoleiro, parece-me que se trata de uma pessoa ser combinados com o nosso Presidente, que não está com centenas de crimes cometidos. presente no momento, tendo em vista o contato com Eu fico com a mente e o coração apertados dian- os Governos do Pará e do Paraná e com os Ministérios te da impossibilidade de agir. Eu tinha um amigo, Dom Públicos dos 2 Estados. Fernando Gomes dos Santos, que foi bispo em Goiâ- Assim, quando o Deputado Luiz Couto retornar nia, paraibano como o nosso Presidente, e ele dizia: à Casa, hoje ou amanhã, o Presidente convocará os “O pior poder é o poder que não pode”. Esta Comissão Deputados, na sala da Comissão, para juntos decidi- tem um dever, mas nós somos um Poder não apenas rem o que será feito, visto que estamos na iminência desarmado, mas também, às vezes, sem a força da do recesso, e existem algumas questões regimentais lei, do bom senso e do critério de justiça. Muitas vezes e burocráticas que precisam ser combinadas com a vemos um pai de família num processo kafkiano, que Mesa. A Comissão não pode fazer encaminhamentos transforma pessoas inocentes em culpadas. Onde estão sem antes combiná-los com a Mesa. O Deputado Luiz o Poder Judiciário, o Ministério Público, a sociedade? Couto deve estar a par desse encaminhamento, para Onde está o Estado, para dizer não à violência? junto dele conduzirmos algumas soluções. Muito obrigado. Tem a palavra o Deputado Pedro Wilson. A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) – O SR. DEPUTADO PEDRO WILSON – De ofício, esta Obrigada, Deputado Pedro Wilson. Comissão poderia se dirigir à Comissão Representativa, Antes de passar aos encaminhamentos, gostaria que representará a Câmara durante o recesso e contará de dizer a todos, em especial ao companheiro José So- com a participação de 16 Deputados, a fim de alertá-la ares de Brito, que, apesar de ser verdade que a nossa sobre esse fato, deixando um alerta. Às vezes as coisas história está marcada por vários companheiros que não acontecem justamente na última hora ou no final de se- conseguimos proteger, porque o Estado não conseguiu mana. Portanto uma das medidas que sugiro a V.Exa. é cumprir o seu papel, temos também de considerar que no sentido de a Comissão oficiar, hoje ou amanhã, essa muitos conseguiram sobreviver, ficar e dar prossegui- questão ao Presidente da Casa e à Comissão Represen- Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01711 tativa, que responderá pelos atos da Câmara, para dar núcleos familiares em Belém. Enquanto isso a Secre- continuidade à nossa solidariedade e esta ser efetiva. taria de Segurança Pública tomaria providências ime- A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) – diatas e urgentes em relação às ameaças. Obrigada, Deputado Pedro Wilson. A Defensoria informou-nos inclusive que teria pos- No caso das demais questões apresentadas pelo sibilidade financeira de mantê‑los nesse período em Sr. Darci Frigo, as providências para o encaminhamento Belém, o que seria mais aconselhável do que promover ao CDDPH já podem ser tomadas. a tramitação de um novo processo. O Major Eduardo, Quanto às demais questões apresentadas pelo Sr. assessor da Secretaria de Segurança, e a companheira Darci Frigo, as providências para o encaminhamento Vera Tavares apoiaram a sugestão de retirada provisória ao CDDPH já podem ser tomadas, a fim de que, logo dessas pessoas da área. Disseram que estavam aguar- no início do ano, o assunto seja tratado na primeira dando a liberação de recursos da SENASP, que já ocor- reunião. Outra proposta é fazermos contato com o Mi- reu. Com eles a Secretaria teria condições de atuar na nistro Paulo Vanuque para ver como está a programa- área, para, digamos assim, tranqüilizar ou pacificar as ção dele e verificar se, de acordo com a tramitação da pessoas, a fim de que os defensores pudessem retornar. matéria no Conselho, pode ser designada comissão Nesse intervalo, uma equipe da Polícia Civil já estava para analisar o caso e propor os encaminhamentos investigando o assassinato de Manoel Borracheiro. necessários, com a devida urgência, devido às prisões Algumas medidas já foram adotadas, mas elas preventivas aqui relatadas. não são suficientes para garantir a integridade e a Em relação ao programa e ao marco legal, sugiro tranqüilidade desses defensores. que... Para apresentar o projeto que tramita na Casa, Para nós, a sugestão de manter contato com Polí- fizemos um seminário. O que me motivou a realizá-lo, cia Federal é de inteira valia, é essencial. Nós já tivemos logo no primeiro ano do mandato anterior, foi o fato contato, logo que chegamos, com o Diretor-Geral de de ser defensora ameaçada e conhecer de perto essa Operações, o Delegado Romero Menezes. Sabemos situação, e também o assassinato do Juiz Alexandre que o efetivo da Polícia Federal é pequeno para atuar Martins, grande amigo e companheiro. Nesse semi- na proteção dos defensores, mas isso será necessário. nário fizemos um balanço da situação e estudamos a A Polícia Federal não pode deixar de cumprir o seu legislação de outros países. papel de polícia. Então, se há ações de competência O que podemos fazer para enriquecer esse pro- da Polícia Federal, ela tem de agir. jeto é realizar um seminário logo no início do ano, No Pará, alguns dias atrás, houve uma operação denominada Paz no Campo. Uma parte foi realizada agregando a participação de outras Comissões pelas pela Polícia Federal e outra pela Polícia Militar. Surgi- quais ele tenha de passar, a fim de que as pessoas ram em Belém – o Brito estava presente – denúncias compreendam as emendas ou o substitutivo, o que vai e queixas de pessoas ligadas à luta pela terra. A situ- facilitar sua tramitação. O que nos interessa é a apro- ação é difícil. A polícia apreendeu armamento pesado, vação do projeto. Na nossa proposta inicial não havia prendeu pistoleiros. Mas foi em outra área. Não foi na a experiência prática. área do Brito nem na área da Concita, da Toninha. Portanto, aprendemos muita coisa nesses 3 anos. Havia a sugestão do próprio Major Eduardo de Tudo isso pode e deve ser incorporado no projeto, tor- aumentar a proteção da Toninha, além de uma série nando-o mais exeqüível e articulado nesta Casa para de sugestões. Nós já mantivemos contato formal com que sua aprovação ocorra o mais rápido possível. Com a Secretaria, mas vamos procurar saber por que, de- certeza, o Deputado Nelson Pellegrino, Relator da ma- corridos quase 60 dias, essas medidas investigativas téria na CCJ, precisa estar conosco, porque certamente e repressivas não avançaram. o substitutivo ou o novo projeto será apensado ao que A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) – S.Exa. já está relatando. Com a palavra o companheiro Frigo. Penso que no mês de março conseguiremos dar a O SR. DARCI FRIGO – Apresentarei os requeri- palavra final quanto a essa questão. Juntos tentaremos mentos à Presidenta da Comissão, Deputada Iriny Lo- fazer com que a tramitação do projeto ocorra o mais pes. Talvez a Comissão possa encaminhar um ofício ao breve possível, porque nós precisamos desse marco juiz de Cascavel e ao Ministério Público, manifestando legal para avançar com o programa no País. preocupação – a Comissão vinha acompanhando os Concedo a palavra ao Sr. Fernando Matos. fatos – com a situação dos defensores de direitos huma- O SR. FERNANDO MATOS – Sra. Presidenta, nos. Decidiu-se decretar a prisão preventiva deles. informo que, quando estivemos em Belém, no dia 30, Então, tanto o Celso como a Célia, que eram alvos apresentamos à Defensoria Pública, órgão que tem dessa proteção, em função dos ataques que vinham convênio com a Secretaria, a possibilidade de fazer- sofrendo, estão sendo criminalizados. A Comissão de mos um novo convênio para garantir a permanência Direitos Humanos poderia, então, pedir explicações e provisória do Brito, dos seus familiares e dos outros 2 manifestar sua preocupação, dizendo que essa atitude 01712 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 não contribui, neste momento, para a solução do proble- Ao Deputado João Maia ma e agrava ainda mais a situação dessas pessoas. PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº Quanto aos outros 2 requerimentos que havia 2.365/06 – Do Senado Federal – (PDS 363/2006) – feito, V.Exa. já os encaminhou anteriormente. que “aprova a Programação Monetária para o terceiro Aproveito para agradecer-lhes a oportunidade. trimestre de 2006”. Deputada Iriny Lopes, é fundamental continuarmos na Sala da Comissão, 7 de março de 2007 – Depu- construção dessa política. Espero que a Câmara dos tado Wellington Fagundes, Presidente. Deputados realmente aprecie o projeto de lei que será discutido no início do ano e que possamos ter um marco COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO legal para implantar essa política em âmbito nacional. ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO Muito obrigado. A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) – DESIGNAÇÃO DE RELATOR Muito obrigada, Sr. Frigo. Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) Com a palavra o Sr. Brito. de relatoria: O SR. JOSÉ SOARES DE BRITO – Na minha Ao Deputado Albano Franco intervenção, eu esqueci de dizer que, no dia 7 de no- PROJETO DE LEI Nº 846/91 – MENDONÇA vembro de 2007, estivemos em audiência no Departa- NETO – que “acrescenta inciso ao artigo 39 da Lei nº mento de Ouvidoria Agrária. O Dr. Gercino não estava presente, mas autorizou... Foi feita uma ata. Nela consta 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa uma proposta, que será encaminhada aos senhores. do Consumidor, e dá outras providências” (Apensados: Gostaríamos de deixar cópia desse documento aqui. PL nº 863/1995, PL nº 1299/1991 (Apensados: PL nº Ele aborda vários pontos, mas o que mais nos inte- 1464/1991, PL nº 5327/2005 e PL nº 822/2007), PL ressa é o primeiro. nº 2743/1992, PL nº 2977/1997, PL nº 4736/1994 e A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) PL nº 5246/2005) – Sr. Brito, na sua fala inicial V.Sa. disse que tinha vá- Sala da Comissão, 23 de maio de 2007. – Depu- rios documentos. Peço-lhe que deixe todos conosco tado Wellington Fagundes, Presidente. para podermos formalizar, na Comissão, inclusive os encaminhamentos que vamos adotar, em relação às COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO denúncias aqui apresentadas. ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO O SR. JOSÉ SOARES DE BRITO – Correto. É importante dizer que a FETRAF-Brasil solicita DESIGNAÇÃO DE RELATOR à Ouvidoria Agrária Nacional audiências públicas. No Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) nosso entender, isso fortalece a luta dos trabalhado- de relatoria: res e nos protege nas manifestações que fazemos, Ao Deputado Renato Molling inclusive com as autoridades presentes – entre elas, com certeza, representantes desta Comissão –, nos PROJETO DE LEI Nº 7.513/06 – Do Sr. Pompeo Municípios de Rondon do Pará, Tucuruí e Santana do de Mattos – que “dispõe sobre a obrigatoriedade da ins- Araguaia. São 3 regiões do sul e sudeste do Pará, onde talação de aparelhos sensores e bloqueadores de vaza- existe o maior número de conflitos. Então, estamos mento de gás utilizados nos locais que especifica”. solicitando à Ouvidoria Agrária Nacional que sejam Sala da Comissão, 29 de junho de 2007. – De- realizadas essas audiências. Com certeza, este ano putado Wellington Fagundes, Presidente. não será possível, mas talvez no próximo. A SRA. PRESIDENTA (Deputada Iriny Lopes) – COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO Muito obrigada, Sr. Brito. ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO Agradecemos aos Srs. Brito, Fernando e Frigo e aos Deputados que participaram desta audiência DESIGNAÇÃO DE RELATOR pública. Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) Declaro encerrada a reunião. de relatoria: DESIGNAÇÕES Ao Deputado Antonio Palocci PROJETO DE LEI Nº 1.609/07 – Do Sr. Dr. Talmir COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO – que “dispõe sobre a substituição gradativa, em todo ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO o território nacional, de combustíveis derivados de pe- tróleo por outros produzidos a partir da biomassa, e dá DESIGNAÇÃO DE RELATOR outras providências”. (Apensado: PL nº 2256/2007) Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) Sala da Comissão, 22 de agosto de 2007. – De- de relatoria: putado Wellington Fagundes, Presidente. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01713 COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO Ao Deputado Osório Adriano ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO PROJETO DE LEI Nº 2.152/07 – Da Sra. Gorete Pereira – que “dispõe sobre a venda e a transferência de DESIGNAÇÃO DE RELATOR propriedade de motocicletas, e dá outras providências”. Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) Ao Deputado Vanderlei Macris de relatoria: PROJETO DE LEI Nº 2.161/07 – Do Sr. Antonio Ao Deputado Albano Franco Carlos Mendes Thame – que “dispõe sobre a “econo- PROJETO DE LEI Nº 2.184/07 – Da Sra. Perpétua mia das florestas”, instituindo o Programa de Apoio à Almeida – que “institui taxas de autorização, registro Preservação de Florestas – PRÓ-FLORESTA”. e fiscalização relativas às atividades integrantes da Ao Deputado Wellington Fagundes indústria do petróleo e as atividades integrantes do PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº abastecimento nacional de combustíveis”. 374/07 – Do Sr. Ivan Valente – que “dispõe sobre a Ao Deputado Antônio Andrade realização de plebiscito acerca da retomada do con- PROJETO DE LEI Nº 2.060/07 – Do Sr. Carlos trole acionário da Companhia Vale do Rio Doce pelo Bezerra – que “altera o art. 1º da Lei nº 10.931, de 2 Poder Executivo”. de agosto de 2004, que “Dispõe sobre o patrimônio de Sala da Comissão, 24 de outubro de 2007. – De- putado Wellington Fagundes, Presidente. afetação de incorporações imobiliárias, Letra de Crédi- to Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário, Cédula de COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO Crédito Bancário, altera o Decreto-Lei nº 911, de 1º de ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO outubro de 1969, as Leis nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, nº 4.728, de 14 de julho de 1965, e nº 10.406, DESIGNAÇÃO DE RELATOR de 10 de janeiro de 2002, e dá outras providências””. Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 115/07 de relatoria: – Do Sr. Carlos Bezerra – que “altera a Lei Comple- Ao Deputado Guilherme Campos mentar nº 123, de 14 de dezembro de 2006”. PROJETO DE LEI Nº 2.097/07 – Do Sr. Antonio Ao Deputado Carlos Eduardo Cadoca Carlos Magalhães Neto – que “acrescenta parágrafo PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº ao artigo 16 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, 373/07 – Da Comissão de Relações Exteriores e de que dispõe sobre a Contribuição para os Programas Defesa Nacional – (MSC 389/2007) – que “aprova o de Integração Social e de Formação do Patrimônio do texto do Acordo Comercial entre o Governo da Repú- Servidor Público e a Contribuição para o Financiamento blica Federativa do Brasil e o Governo da República da Seguridade Social incidentes sobre a importação Argelina Democrática e Popular, celebrado em Argel, de bens e serviços e dá outras providências”. em 8 de fevereiro de 2006”. Ao Deputado Vicentinho Alves Ao Deputado Dr. Ubiali PROJETO DE LEI Nº 1.636/07 – Do Sr. Lúcio Vale PROJETO DE LEI Nº 2.167/07 – dos Srs. Décio – que “modifica a Lei nº 9.537, de 1997, que “dispõe Lima e Décio Lima – (PL 125/2007) – que “proíbe o uso de sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas sob amianto como matéria-prima pela indústria nacional”. jurisdição nacional e dá outras providências”, relativa- Ao Deputado Evandro Milhomen mente ao serviço de praticagem”. PROJETO DE LEI Nº 658/07 – Do Sr. Rodovalho Sala da Comissão, 25 de outubro de 2007. – De- – que “dispõe sobre o regime previdenciário e tributá- putado Wellington Fagundes, Presidente. rio do trabalhador por conta de pequena renda e dos COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO nanoempreendedores, institui o Sistema Integrado de ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO Pagamento de Tributos e Contribuições dos Trabalhado- res Independentes de Baixa Renda SIMPLESMENTE DESIGNAÇÃO DE RELATOR TRABALHADOR e dá outras providências”. Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) Ao Deputado Leandro Sampaio de relatoria: PROJETO DE LEI Nº 716/07 – Do Sr. Fernando Ao Deputado Jurandil Juarez Coruja – que “proíbe a industrialização, comerciali- PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº zação e uso de inaladores contendo propulsores de 385/07 – Do Senado Federal- Comissão de Assuntos clorofluorcarbono”. Econômicos – que “aprova a Programação Monetária PROJETO DE LEI Nº 1.636/07 – Do Sr. Lúcio Vale para o segundo trimestre de 2007”. – que “modifica a Lei nº 9.537, de 1997, que “dispõe PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 386/07 sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas sob – Senado Federal – COMISSÃO DE ASSUNTOS ECO- jurisdição nacional e dá outras providências”, relativa- NÔMICOS – (PDC 333/2007) – que “aprova a Programa- mente ao serviço de praticagem”. ção Monetária para o terceiro trimestre de 2007”. 01714 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Ao Deputado Vanderlei Macris COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 123/07 – ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO Do Sr. Antonio Carlos Mendes Thame – que “altera a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006”. DESIGNAÇÃO DE RELATOR Ao Deputado Vicentinho Alves Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) PROJETO DE LEI Nº 2.190/07 – Do Sr. Márcio de relatoria: França – que “obriga as montadoras de veículos a ofe- Ao Deputado Jurandil Juarez recer modelos já adaptados a compradores portadores PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº de deficiência com isenção de IPI, conforme a Lei nº 373/07 – Da Comissão de Relações Exteriores e de 8.989, de 24 de fevereiro de 1995”. Defesa Nacional – (MSC 389/2007) – que “aprova o Sala da Comissão, 8 de novembro de 2007. – texto do Acordo Comercial entre o Governo da Repú- Deputado Wellington Fagundes, Presidente. blica Federativa do Brasil e o Governo da República Argelina Democrática e Popular, celebrado em Argel, COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO em 8 de fevereiro de 2006”. ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO Sala da Comissão, 21 de novembro de 2007. – Deputado Wellington Fagundes, Presidente. DESIGNAÇÃO DE RELATOR Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO de relatoria: ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO Ao Deputado Armando Monteiro DESIGNAÇÃO DE RELATOR PROJETO DE LEI Nº 1.375/07 – Do Sr. Otavio Leite e outros – que “classifica como atividade econô- Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) mica exportadora, o setor de turismo receptivo”. de relatoria: Ao Deputado Jurandil Juarez Ao Deputado Guilherme Campos PROJETO DE LEI Nº 2.403/03 – Do Senado PROJETO DE LEI Nº 1.462/07 – Do Senado Federal – José Sarney – que “estende os benefícios Federal – Marcelo Crivella – (PLS 176/2005) – que fiscais concedidos pelo Decreto-Lei nº 288, de 28 de “obriga, nas hipóteses que especifica, a veiculação de fevereiro de 1967, e Decreto-Lei nº 1.435, de 16 de de- mensagens de advertência sobre o risco de escassez zembro de 1975, às áreas pioneiras, zonas de fronteira e de incentivo ao consumo moderado de água”. e outras localidades da Amazônia Ocidental e Área de Ao Deputado Miguel Corrêa Jr. Livre Comércio de Macapá / Santana, no Estado do PROJETO DE LEI Nº 4.804/01 – Do Sr. Edi- Amapá”. (Apensado: PL nº 5289/2005) nho Bez – que “dispõe sobre a atividade de empresa Ao Deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas emissora de cartão de crédito, e dá outras providên- PROJETO DE LEI Nº 1.514/07 – Do Sr. Edmil- cias”. (Apensados: PL nº 7277/2002 (Apensado: PL nº son Valentim – que “disciplina o uso de instrumentos 1156/2003), PL nº 1784/2003 e PL nº 4347/2004) de medição de energia elétrica”. Ao Deputado Vanderlei Macris Ao Deputado Vicentinho Alves PROJETO DE LEI Nº 2.338/07 – Do Sr. Gustavo PROJETO DE LEI Nº 270/03 – Do Sr. Antonio Fruet – que “altera a redação do inciso I do art. 84 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, para equipa- Carlos Mendes Thame – que “proíbe a exploração do rar os honorários periciais devidos pela massa falida jogo de bingo”. (Apensados: PL nº 1986/2003 (Apen- aos créditos extraconcursais na falência”. sados: PL nº 2254/2007 e PL nº 2429/2007), PL nº Sala da Comissão, 22 de novembro de 2007. – 2999/2004, PL nº 3492/2004 e PL nº 2944/2004) Deputado Wellington Fagundes, Presidente. PROJETO DE LEI Nº 2.153/03 – Do Sr. Coronel Alves – que “estabelece limites à exibição e comer- COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO cialização de produtos e materiais eróticos e porno- ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO gráficos, e dá outras providências”. (Apensados: PL nº 6440/2005 e PL nº 862/2007) DESIGNAÇÃO DE RELATOR Ao Deputado Waldir Neves Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 126/07 de relatoria: – dos Srs. Luiz Carlos Hauly e Luiz Carlos Hauly – (PLP Ao Deputado Lúcio Vale 88/2007) – que “altera a Lei Complementar nº 123, de PROJETO DE LEI Nº 2.403/03 – Do Senado 14 de dezembro de 2006”. (Apensados: PLP 137/2007 Federal – José Sarney – que “estende os benefícios e PLP 278/2008) fiscais concedidos pelo Decreto-Lei nº 288, de 28 de Sala da Comissão, 14 de novembro de 2007. – fevereiro de 1967, e Decreto-Lei nº 1.435, de 16 de de- Deputado Wellington Fagundes, Presidente. zembro de 1975, às áreas pioneiras, zonas de fronteira Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01715 e outras localidades da Amazônia Ocidental e Área de PROJETO DE LEI Nº 2.291/07 – Do Sr. Eliene Lima Livre Comércio de Macapá / Santana, no Estado do – que “torna obrigatória a inclusão de substância amarga Amapá”. (Apensado: PL nº 5289/2005) nos produtos que menciona e dá outras providências”. Sala da Comissão, 27 de novembro de 2007. – Ao Deputado Guilherme Campos Deputado Wellington Fagundes, Presidente. PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 138/07 – Do Sr. João Dado – que “altera a Lei Complementar COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO nº 123, de 14 de dezembro de 2006”. ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO Ao Deputado João Maia PROJETO DE LEI Nº 2.297/07 – Do Sr. Fernando DESIGNAÇÃO DE RELATOR Coelho Filho – que “dispõe sobre a criação de Zona Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) de Processamento de Exportação (ZPE) no Município de relatoria: de Petrolina, Estado de Pernambuco”. Ao Deputado Guilherme Campos Ao Deputado Jurandil Juarez PROJETO DE LEI Nº 1.421/07 – Do Sr. Rogerio PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 131/07 Lisboa – que “altera a Lei nº 10.438, de 26 de abril de – Do Sr. Rodovalho – que “altera a Lei Complementar 2002, de forma a eliminar a necessidade da nacio- nº 123, de 14 de dezembro de 2006”. nalização dos equipamentos e serviços referentes à Ao Deputado Renato Molling produção de energia eólica”. PROJETO DE LEI Nº 2.410/07 – Do Sr. Vieira da Ao Deputado João Maia Cunha – que “dispõe sobre a criação de Área de Livre PROJETO DE LEI Nº 1.421/07 – Do Sr. Rogerio Comércio e Desenvolvimento Regional em municípios da Faixa de Fronteira do Estado do Rio Grande do Sul, Lisboa – que “altera a Lei nº 10.438, de 26 de abril de pertencentes às Microrregiões Campanha Ocidental, 2002, de forma a eliminar a necessidade da nacio- Campanha Central, Campanha Meridional, Jaguarão nalização dos equipamentos e serviços referentes à e Litoral Lagunar”. produção de energia eólica”. PROJETO DE LEI Nº 2.427/07 – Do Sr. Sérgio PROJETO DE LEI Nº 1.931/07 – Da Sra. Janete Moraes – que “obriga os fabricantes de cigarros a im- Rocha Pietá – que “altera o art. 3º da Lei nº 9.867, de primirem numeração seqüencial na carteira de cigar- 10 de novembro de 1999, para dispor sobre a inclu- ro, estabelece obrigação tributária acessória e institui são dos idosos como pessoas em desvantagem para penalidades pecuniárias”. efeito de inserção no mercado econômico por meio de Sala da Comissão, 7 de dezembro de 2007. – Cooperativas Sociais, bem como para permitir que os Deputado Wellington Fagundes, Presidente. representantes legais das pessoas em desvantagem e incapazes, nos termos do Código Civil, possam ser COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO sócios das referidas Cooperativas”. ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº DESIGNAÇÃO DE RELATOR 385/07 – Do Senado Federal- Comissão de Assuntos Econômicos – que “aprova a Programação Monetária Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) para o segundo trimestre de 2007”. de relatoria: PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 386/07 Ao Deputado Evandro Milhomen – Senado Federal – COMISSÃO DE ASSUNTOS ECO- PROJETO DE LEI Nº 2.161/07 – Do Sr. Antonio Carlos Mendes Thame – que “dispõe sobre a “econo- NÔMICOS – (PDC 333/2007) – que “aprova a Programa- mia das florestas”, instituindo o Programa de Apoio à ção Monetária para o terceiro trimestre de 2007”. Preservação de Florestas – PRÓ-FLORESTA”. Sala da Comissão, 5 de dezembro de 2007. – Ao Deputado João Maia Deputado Wellington Fagundes, Presidente. PROJETO DE LEI Nº 4.688/01 – Do Sr. Luiz Bit- COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO tencourt – que “proíbe a comercialização de produtos ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO ou serviços mortuários em hospitais públicos ou pri- vados”. (Apensado: PL nº 6376/2005) DESIGNAÇÃO DE RELATOR Sala da Comissão, 12 de dezembro de 2007. – Deputado Wellington Fagundes, Presidente. Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) de relatoria: COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO Ao Deputado Albano Franco ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 130/07 – Do Sr. Guilherme Campos – que “altera a Lei Com- DESIGNAÇÃO DE RELATOR plementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006”. Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) Ao Deputado Dr. Ubiali de relatoria: 01716 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 Ao Deputado Jurandil Juarez Ao Deputado Lúcio Vale PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 405/07 PROJETO DE LEI Nº 4.804/01 – Do Sr. Edi- – Da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul. – nho Bez – que “dispõe sobre a atividade de empresa que “aprova o texto do Primeiro Protocolo Adicional ao emissora de cartão de crédito, e dá outras providên- Acordo de Complementação Econômica nº 58, assinado cias”. (Apensados: PL nº 7277/2002 (Apensado: PL nº entre os Governos da República Argentina, da Repúbli- 1156/2003), PL nº 1784/2003 e PL nº 4347/2004) ca Federativa do Brasil, da República do Paraguai, da Ao Deputado Renato Molling República Oriental do Uruguai, Estados Partes do Mer- PROJETO DE LEI Nº 2.550/07 – Do Sr. Cezar cosul e o Governo da República do Peru, celebrado em Schirmer – que “dispõe sobre a criação de Zona de Montevidéu, em 30 de novembro de 2005”. Processamento de Exportação – (ZPE) no Município Ao Deputado Renato Molling de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul”. PROJETO DE LEI Nº 2.486/07 – Do Poder Exe- Ao Deputado Vicentinho Alves cutivo – que “dá nova redação ao caput do art. 15 da PROJETO DE LEI Nº 7.375/06 – Do Senado Fe- Lei nº 7.678, de 8 de novembro de 1988, que dispõe deral – Eduardo Azeredo – (PLS 16/2004) – que “alte- sobre a produção, circulação e comercialização do ra a Lei nº 8.918, de 14 de julho de 1994, para tornar vinho e derivados da uva e do vinho, na forma que obrigatória a colocação de advertência nas embalagens especifica”. de bebida”. (Apensado: PL nº 3418/2000 (Apensados: Ao Deputado Vanderlei Macris PL nº 3876/2000, PL nº 3807/2000 (Apensados: PL PROJETO DE LEI Nº 1.142/07 – Do Sr. Henrique nº 7043/2002 e PL nº 7468/2002), PL nº 132/2003, Fontana – que “tipifica o crime de corrupção das pes- PL nº 393/2003, PL nº 1541/2003, PL nº 1817/2003, soas jurídicas em face da Administração Pública”. PL nº 2302/2003 (Apensado: PL nº 3679/2004), PL nº Ao Deputado Vicentinho Alves 2406/2003, PL nº 4624/2004 e PL nº 5922/2005) PROJETO DE LEI Nº 3.205/04 – Do Sr. Fábio Sou- PROJETO DE LEI Nº 2.049/07 – Do Sr. Édio to – que “proíbe a comercialização, no Território Nacional, Lopes – que “dispõe sobre a transferência da Área de bebidas alcóolicas, cigarros e congêneres em esta- de Livre Comércio no Município de Pacaraima para o belecimentos ou pontos de venda localizados a menos Município de Boa Vista, no Estado de Roraima, e dá de 500 metros de escolas públicas ou particulares”. outras providências”. (Apensado: PL nº 2055/2007) Sala da Comissão, 13 de dezembro de 2007. – Sala da Comissão, 20 de dezembro de 2007. – Deputado Wellington Fagundes, Presidente. Deputado Wellington Fagundes, Presidente. COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO SEÇÃO II ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO ATOS DO PRESIDENTE DESIGNAÇÃO DE RELATOR O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTA- Faço, nesta data, a(s) seguinte(s) designação(ões) DOS, no uso das atribuições que lhe confere o artigo de relatoria: 1º, item I, alínea “a”, do Ato da Mesa n.º 205, de 28 de Ao Deputado Albano Franco junho de 1990, resolve: PROJETO DE LEI Nº 2.538/07 – Da Sra. San- DISPENSAR, de acordo com o artigo 35, inciso I, dra Rosado – que “institui o Programa Nacional para da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, CARLA o Fortalecimento da Mineração de Pequeno Porte – ALMEIDA CAVALCANTE, ponto nº 6195, ocupante de Pronamin, e dá outras providências”. cargo da Categoria Funcional de Analista Legislativo - PROJETO DE LEI Nº 2.581/07 – Do Sr. Walter atribuição Fonoaudiólogo, Classe Especial, Padrão 45, Brito Neto – que “dispõe sobre a criação de Área de da função comissionada de Chefe da Seção de Rotinas Livre Comércio (ALC) no município de Campina Gran- Diagnósticas e Terapêuticas, FC-05, da Coordenação de, Estado da Paraíba”. de Emergências Médicas, do Departamento Médico, Ao Deputado Antônio Andrade do Quadro de Pessoal da Câ mara dos Deputados, a PROJETO DE LEI Nº 2.534/07 – Do Sr. Antonio partir de 01 de fevereiro de 2008. Carlos Mendes Thame – que “regula a constituição e DISPENSAR, de acordo com o artigo 35, inciso o funcionamento das entidades certificadoras de ma- I, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, GA- nejo florestal”. BRIELA DE MEDEIROS ARAÚJO, ponto nº 5812, Ao Deputado Jurandil Juarez ocupante de cargo da Categoria Funcional de Técnico PROJETO DE LEI Nº 1.179/07 – Do Sr. Rodova- Legislativo - atribuição Assistente Administrativo, Clas- lho – que “dispõe sobre a criação do Regime Especial se Especial, Padrão 30, da função comissionada de de Tributação dos Microimportadores (Remicro ) e dá Assessor de Controle Interno, FC-07, da Secretaria de nova nova redação ao art. 11, parágrafo único, inciso Controle Interno, do Quadro de Pessoal da Câ mara I, do Decreto-Lei nº 37, de 1966”. dos Deputados, a partir de 21 de janeiro de 2008. Fevereiro de 2008 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Terça-feira 12 01717 DISPENSAR, de acordo com o artigo 35, inciso DESIGNAR, na forma do artigo 13 da Resolução nº I, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, PAU- 21, de 4 de novembro de 1992, ESTEVAM DOS SANTOS LO SÉRGIO BOTELHO, ponto nº 6020, ocupante de SILVA, ponto nº 4111, ocupante de cargo da Categoria cargo da Categoria Funcional de Analista Legislativo Funcional de Analista Legislativo - atribuição Técnica - atribuição Médico, Classe Especial, Padrão 45, da Legislativa, Classe Especial, Padrão 45, para exercer, função comissionada de Diretor da Coordenação de a partir de 31 de janeiro de 2008, a função comissiona- Rádio-Imagem, FC-07, do Departamento Médico, do da de Assistente de Comissão, FC-05, da Comissão de Quadro de Pessoal da Câ mara dos Deputados, a partir Defesa do Consumidor, da Coordenação de Comissões de 01 de fevereiro de 2008. Permanentes, do Departamento de Comissões, do Qua- DISPENSAR, de acordo com o artigo 35, inciso dro de Pessoal da Câmara dos Deputados. I, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, PA- DESIGNAR, na forma do artigo 13 da Resolução TRÍCIA BORGES DE CARVALHO, ponto nº 6936, nº 21, de 4 de novembro de 1992, FRANCISCO ALVES ocupante de cargo da Categoria Funcional de Analista DE ALMEIDA, ponto nº 3060, ocupante de cargo da Legislativo - atribuição Técnica Legislativa, Classe B, Categoria Funcional de Analista Legislativo - atribuição Padrão 38, da função comissionada de Assistente de Técnica Legislativa, Classe Especial, Padrão 45, para Comissão, FC-05, da Comissão de Defesa do Con- sumidor, da Coordenação de Comissões Permanen- exercer, a partir de 21 de janeiro de 2008, a função tes, do Departamento de Comissões, do Quadro de comissionada de Assessor de Controle Interno, FC- Pessoal da Câmara dos Deputados, a partir de 31 de 07, da Secretaria de Controle Interno, do Quadro de janeiro de 2008 Pessoal da Câmara dos Deputados. O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTA- O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTA- DOS, no uso das atribuições que lhe confere o artigo DOS, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 1º , inciso I, alínea “a”, do Ato da Mesa nº 205, de 28 1º, inciso I, alínea “a”, do Ato da Mesa nº 205, de 28 de junho de 1990, e o artigo 6º da Lei nº 8.112, de 11 de junho de 1990, resolve: de dezembro de 1990, resolve: DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº 8.112, DESIGNAR, na forma do artigo 13 da Resolução de 11 de dezembro de 1990, ALEXANDRE CARRI- nº 21, de 4 de novembro de 1992, AÉCIO FLÁVIO MA- JO FRANCO, ponto nº 6209, ocupante de cargo da CHADO, ponto nº 4461, ocupante de cargo da Categoria Categoria Funcional de Técnico Legislativo - atribui- Funcional de Analista Legislativo - atribuição Técnico ção Operador de Máquinas, Classe Especial, Padrão em Material e Patrimônio, Classe Especial, Padrão 45, 30, substituto do Chefe da Seção de Recuperação para exercer, a partir de 15 de janeiro de 2008, a fun- de Dados e Documentos, FC-05, da Coordenação de ção comissionada de Assistente de Comissão, FC-05, Apoio Técnico-Legislativo, da Consultoria Legislativa, da Comissão Relações Exteriores e Defesa Nacional, do Quadro de Pessoal da Câmara dos Deputados, no da Coordenação de Comissões Permanentes, do De- período de 07 a 27 de janeiro de 2008. partamento de Comissões, do Quadro de Pessoal da DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº 8.112, Câmara dos Deputados. de 11 de dezembro de 1990, ANA BEATRIZ DE CAS- DESIGNAR, na forma do artigo 13 da Resolução TRO CARVALHO LACERDA, ponto nº 6911, ocupante nº 21, de 4 de novembro de 1992, CARLA ALMEIDA de cargo da Categoria Funcional de Analista Legislativo CAVALCANTE, ponto nº 6195, ocupante de cargo da - atribuição Técnica Legislativa, Classe B, Padrão 38, Categoria Funcional de Analista Legislativo - atribui- 1ª substituta do Chefe da Seção de Gestão de Clien- ção Fonoaudiólogo, Classe Especial, Padrão 45, para tes, FC-05, da Central de Atendimento, do Centro de exercer, a partir de 01 de fevereiro de 2008, a função comissionada de Diretor da Coordenação de Rádio- Documentação e Informação, do Quadro de Pessoal Imagem, FC-07, do Departamento Médico, do Quadro da Câmara dos Deputados, em seus impedimentos de Pessoal da Câmara dos Deputados. eventuais, a partir de 22 de janeiro de 2008. DESIGNAR, na forma do artigo 13 da Resolu- DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº ção nº 21, de 4 de novembro de 1992, CRISTIANE DE 8.112, de 11 de dezembro de 1990, CINTIA COSTA SOUZA MORAIS SANTOS, ponto nº 6047, ocupante DE ABREU, ponto nº 6743, ocupante de cargo da Ca- de cargo da Categoria Funcional de Analista Legislati- tegoria Funcional de Analista Legislativo - atribuição vo - atribuição Fonoaudiólogo, Classe Especial, Padrão Técnica Legislativa, Classe B, Padrão 40, substituta 45, para exercer, a partir de 01 de fevereiro de 2008, a do Chefe da Seção de Acompanhamento de Votação função comissionada de Chefe da Seção de Rotinas e Abertura de Prazo Recursal de Proposições, FC- Diagnósticas e Terapêuticas, FC-05, da Coordenação 05, da Secretaria-Geral da Mesa, do Quadro de Pes- de Emergências Médicas, do Departamento Médico, soal da Câmara dos Deputados, no período de 22 de do Quadro de Pessoal da Câmara dos Deputados. janeiro a 05 de fevereiro de 2008. 01718 Terça-feira 12 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro de 2008 DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº ROSA, ponto nº 4857, ocupante de cargo da Categoria 8.112, de 11 de dezembro de 1990, CRISTIANE DE Funcional de Técnico Legislativo - atribuição Agente ALMEIDA MAIA, ponto nº 6160, ocupante de cargo de Serviços Legislativos - Serviços de Atendimento, da Categoria Funcional de Analista Legislativo - atri- Classe Especial, Padrão 30, substituta do Chefe da buição Técnico em Documentação e Informação Le- Seção de Edição de Textos, FC-05, da Coordenação de gislativa, Classe Especial, Padrão 45, substituta do Apoio Técnico-Administrativo, da Consultoria Legislati- Diretor da Central de Atendimento, FC-07, do Centro va, do Quadro de Pessoal da Câmara dos Deputados, de Documentação e Informação, do Quadro de Pes- no período de 21 a 27 de janeiro de 2008. soal da Câmara dos Deputados, no período de 06 a DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº 10 de fevereiro de 2008. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, NEIDE FERREI- DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº 8.112, RA DE SOUSA VARJÃO, ponto nº 6152, ocupante de de 11 de dezembro de 1990, GENIVAL JOSÉ COR- cargo da Categoria Funcional de Analista Legislativo REIA, ponto nº 2576, ocupante de cargo da Categoria - atribuição Técnico em Documentação e Informação Funcional de Técnico Legislativo - atribuição Agente Legislativa, Classe Especial, Padrão 45, 2ª substituta de Serviços Legislativos - Serviços de Atendimento, do Chefe da Seção de Gestão de Clientes, FC-05, da Classe Especial, Padrão 30, substituto do Supervisor Central de Atendimento, do Centro de Documentação de Almoxarifado, FC-05, da Coordenação de Almoxa- e Informação, do Quadro de Pessoal da Câmara dos rifados, do Departamento de Material e Patrimônio, Deputados, em seus impedimentos eventuais, a partir do Quadro de Pessoal da Câmara dos Deputados, no de 22 de janeiro de 2008. período de 21 a 25 de janeiro de 2008. DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº 8.112, DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, RICARDO MANDELLI de 11 de dezembro de 1990, JASSON ROCHA RO- BISI, ponto nº 6781, ocupante de cargo da Categoria DRIGUES JÚNIOR, ponto nº 5519, ocupante de cargo Funcional de Analista Legislativo - atribuição Técnica da Categoria Funcional de Técnico Legislativo - atri- Legislativa, Classe B, Padrão 39, 2º substituto do Chefe buição Agente de Polícia Legislativa, Classe Especial, do Serviço de Registro e Controle das Matérias Deli- Padrão 30, 1º substituto do Diretor da Coordenação beradas e de Autógrafos, FC-06, da Secretaria-Geral de Operações Especiais, FC-07, do Departamento de da Mesa, do Quadro de Pessoal da Câmara dos De- Polícia Legislativa, do Quadro de Pessoal da Câmara putados, em seus impedimentos eventuais, a partir de dos Deputados, em seus impedimentos eventuais, a 30 de janeiro de 2008. partir de 28 de janeiro de 2008. O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTA- DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº 8.112, DOS, no uso das atribuições que lhe confere o artigo de 11 de dezembro de 1990, JURANDIR MACHADO 1º, item I, alínea “a”, do Ato da Mesa n.º 205, de 28 de DE SOUSA, ponto nº 5936, ocupante de cargo da Ca- junho de 1990, resolve: tegoria Funcional de Técnico Legislativo - atribuição EXONERAR, de acordo com o artigo 35, inciso Agente de Encadernação e Douração, Classe Especial, I, da Lei n.º 8.112, de 11 de dezembro de 1990, JOSE Padrão 30, substituto do Chefe de Serviço, FC-06, da SEVERINO MARATO MOTTA, ponto n.º 119.114, do Coordenação de Preservação de Bens Culturais, do cargo em comissão de Assistente Técnico de Gabinete Centro de Documentação e Informação, do Quadro de Adjunto D, CNE-15, do Quadro de Pessoal da Câmara Pessoal da Câmara dos Deputados, no período de 24 dos Deputados, que exercia no Gabinete do Primeiro- de dezembro de 2007 a 20 de janeiro de 2008. Secretário, a partir de 11 de fevereiro de 2008. DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº 8.112, O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTA- de 11 de dezembro de 1990, LUCIMAR ALVES DOS DOS, no uso das atribuições que lhe confere o artigo SANTOS DAMANTI, ponto nº 5727, ocupante de cargo 1º, inciso I, alínea “a”, do Ato da Mesa nº 205, de 28 da Categoria Funcional de Técnico Legislativo - atribui- de junho de 1990, e o artigo 6º da Lei nº 8.112, de 11 ção Assistente Administrativo, Classe Especial, Padrão de dezembro de 1990, RESOLVE: 30, substituta do Secretário de Comissão, FC-07, da NOMEAR, na forma do artigo 9º, inciso II, da Lei Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria n.º 8.112, de 1990, DANIEL DAS NEVES GOMES para e Comércio, da Coordenação de Comissões Perma- exercer, no Gabinete do Primeiro-Secretário, o cargo nentes, do Departamento de Comissões, do Quadro em comissão de Assistente Técnico de Gabinete Ad- de Pessoal da Câmara dos Deputados, no período de junto D, CNE-15, do Quadro de Pessoal da Câmara 31 de dezembro de 2007 a 17 de janeiro de 2008. dos Deputados. DESIGNAR, na forma do artigo 38 da Lei nº Câmara dos Deputados, 11 de fevereiro de 2008. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, MARIA DE FÁTIMA – Deputado Arlindo Chinaglia, Presidente. MESA DIRETORA Carlos Brandão, Emanuel Fernandes, Gustavo Fruet, Jutahy Presidente: Junior, Lobbe Neto, Luiz Paulo Vellozo Lucas, Paulo Renato ARLINDO CHINAGLIA - PT - SP Souza, Raimundo Gomes de Matos, Rodrigo de Castro, Vanderlei 1º Vice-Presidente: Macris e Eduardo Gomes. NARCIO RODRIGUES - PSDB - MG 2º Vice-Presidente: PR INOCÊNCIO OLIVEIRA - PR - PE Líder: LUCIANO CASTRO 1º Secretário: Vice-Líderes: OSMAR SERRAGLIO - PMDB - PR José Carlos Araújo (1º Vice), Aelton Freitas, Gorete Pereira, 2º Secretário: Sandro Mabel, Vicentinho Alves, José Rocha, Lincoln Portela, Leo CIRO NOGUEIRA - PP - PI Alcântara, Lucenira Pimentel, Maurício Quintella Lessa e Dr. 3º Secretário: Adilson Soares. WALDEMIR MOKA - PMDB - MS 4º Secretário: PP JOSÉ CARLOS MACHADO - DEM - SE Líder: MÁRIO NEGROMONTE 1º Suplente de Secretário: Vice-Líderes: MANATO - PDT - ES Benedito de Lira (1º Vice), Antonio Cruz, José Linhares, Luiz 2º Suplente de Secretário: Fernando Faria, Pedro Henry, Rebecca Garcia, Ricardo Barros, ARNON BEZERRA - PTB - CE Roberto Balestra (Licenciado), Simão Sessim, Vadão Gomes e 3º Suplente de Secretário: Vilson Covatti. ALEXANDRE SILVEIRA - PPS - MG 4º Suplente de Secretário: PTB DELEY - PSC - RJ Líder: JOVAIR ARANTES Vice-Líderes: Sérgio Moraes (1º Vice), Arnaldo Faria de Sá, Pastor Manoel LÍDERES E VICE-LÍDERES Ferreira, Armando Abílio e Paes Landim.

Bloco PMDB, PSC, PTC PV Líder: HENRIQUE EDUARDO ALVES Líder: SARNEY FILHO Vice-Líderes: Vice-Líderes: Edinho Bez, Elcione Barbalho, Fátima Pelaes, Lelo Coimbra, Edson Duarte, Roberto Santiago, Antônio Roberto e José Paulo Leonardo Quintão, Maria Lúcia Cardoso, Natan Donadon, Tadeu Tóffano. Filippelli, Vital do Rêgo Filho, Bernardo Ariston, Colbert Martins, Edson Ezequiel, Cezar Schirmer, Celso Maldaner, Filipe Pereira, PPS Hugo Leal, Francisco Rossi, Rita Camata, Marcelo Guimarães Líder: FERNANDO CORUJA Filho, Darcísio Perondi, Mauro Benevides, Pedro Novais, Mendes Vice-Líderes: Ribeiro Filho, Eunício Oliveira e Rocha Loures. Arnaldo Jardim (1º Vice), Moreira Mendes, Geraldo Thadeu e Raul Jungmann. PT Líder: LUIZ SÉRGIO Vice-Líderes: Parágrafo 4º, Artigo 9º do RICD Andre Vargas, Anselmo de Jesus, Carlos Zarattini, Dalva Figueiredo, Décio Lima, Domingos Dutra, Elismar Prado, Eudes PSOL Xavier, Magela, Iriny Lopes, José Eduardo Cardozo, Joseph Repr.: Bandeira, Leonardo Monteiro, Marco Maia, Maurício Rands, Nazareno Fonteles, Nelson Pellegrino, Reginaldo Lopes, PHS Vicentinho, Tarcísio Zimmermann e Devanir Ribeiro. Repr.: MIGUEL MARTINI

Bloco PSB, PDT, PCdoB, PMN, PRB PTdoB Líder: PAULO PEREIRA DA SILVA Repr.: VINICIUS CARVALHO Vice-Líderes: Márcio França (1º Vice), Rodrigo Rollemberg, Dr. Ubiali, Manoel PRTB Junior, Rogério Marinho, Ribamar Alves, Marcelo Serafim, Ciro Repr.: JUVENIL Gomes, Silvio Costa, Reinaldo Nogueira, Miro Teixeira, Brizola Neto, Barbosa Neto, Mário Heringer, Marcos Medrado, Renildo Liderança do Governo Calheiros, Flávio Dino e Perpétua Almeida. Líder: HENRIQUE FONTANA Vice-Líderes: DEM Beto Albuquerque, Wilson Santiago, Milton Monti e Ricardo Líder: ONYX LORENZONI Barros. Vice-Líderes: Antonio Carlos Magalhães Neto (1º Vice), Guilherme Campos, Liderança da Minoria José Carlos Aleluia, Ronaldo Caiado, Abelardo Lupion, Roberto Líder: ZENALDO COUTINHO Magalhães, Claudio Cajado, André de Paula, Marcio Junqueira, João Oliveira, Fernando de Fabinho, Paulo Bornhausen, Indio da Costa, Eduardo Sciarra e Dr. Pinotti.

PSDB Líder: ANTONIO CARLOS PANNUNZIO Vice-Líderes: Leonardo Vilela (1º Vice), Arnaldo Madeira, Bruno Rodrigues, DEPUTADOS EM EXERCÍCIO Moises Avelino - PMDB Nilmar Ruiz - DEM Roraima Osvaldo Reis - PMDB Angela Portela - PT Vicentinho Alves - PR Edio Lopes - PMDB Maranhão Francisco Rodrigues - DEM Carlos Brandão - PSDB Luciano Castro - PR Cleber Verde - PRB Marcio Junqueira - DEM Clóvis Fecury - DEM Maria Helena - PSB Davi Alves Silva Júnior - PDT Neudo Campos - PP Domingos Dutra - PT Urzeni Rocha - PSDB Flávio Dino - PCdoB Amapá Gastão Vieira - PMDB Dalva Figueiredo - PT Julião Amin - PDT Davi Alcolumbre - DEM Nice Lobão - DEM Evandro Milhomen - PCdoB Pedro Fernandes - PTB Fátima Pelaes - PMDB Pedro Novais - PMDB Janete Capiberibe - PSB Pinto Itamaraty - PSDB Jurandil Juarez - PMDB Professor Setimo - PMDB Lucenira Pimentel - PR Ribamar Alves - PSB Sebastião Bala Rocha - PDT Roberto Rocha - PSDB Pará Sarney Filho - PV Asdrubal Bentes - PMDB Sebastião Madeira - PSDB Bel Mesquita - PMDB Waldir Maranhão - PP Beto Faro - PT Ceará Elcione Barbalho - PMDB Aníbal Gomes - PMDB Gerson Peres - PP Ariosto Holanda - PSB Giovanni Queiroz - PDT Arnon Bezerra - PTB Jader Barbalho - PMDB Chico Lopes - PCdoB Lira Maia - DEM Ciro Gomes - PSB Lúcio Vale - PR Eudes Xavier - PT Nilson Pinto - PSDB Eugênio Rabelo - PP Paulo Rocha - PT Eunício Oliveira - PMDB Vic Pires Franco - DEM Flávio Bezerra - PMDB Wandenkolk Gonçalves - PSDB Gorete Pereira - PR Wladimir Costa - PMDB José Airton Cirilo - PT Zé Geraldo - PT José Guimarães - PT Zenaldo Coutinho - PSDB José Linhares - PP Zequinha Marinho - PMDB José Pimentel - PT Amazonas Leo Alcântara - PR Átila Lins - PMDB Manoel Salviano - PSDB Carlos Souza - PP Marcelo Teixeira - PR Marcelo Serafim - PSB Mauro Benevides - PMDB Praciano - PT Paulo Henrique Lustosa - PMDB Rebecca Garcia - PP Raimundo Gomes de Matos - PSDB Sabino Castelo Branco - PTB Vicente Arruda - PR Silas Câmara - PSC Zé Gerardo - PMDB Vanessa Grazziotin - PCdoB Piauí Rondônia Alberto Silva - PMDB Anselmo de Jesus - PT Átila Lira - PSB Eduardo Valverde - PT B. Sá - PSB Ernandes Amorim - PTB Ciro Nogueira - PP Lindomar Garçon - PV Júlio Cesar - DEM Marinha Raupp - PMDB Marcelo Castro - PMDB Mauro Nazif - PSB Mussa Demes - DEM Moreira Mendes - PPS Nazareno Fonteles - PT Natan Donadon - PMDB Osmar Júnior - PCdoB Acre Paes Landim - PTB Fernando Melo - PT Rio Grande do Norte Flaviano Melo - PMDB Betinho Rosado - DEM Gladson Cameli - PP Fábio Faria - PMN Henrique Afonso - PT Fátima Bezerra - PT Ilderlei Cordeiro - PPS Felipe Maia - DEM Nilson Mourão - PT Henrique Eduardo Alves - PMDB Perpétua Almeida - PCdoB João Maia - PR Sergio Petecão - PMN Rogério Marinho - PSB Tocantins Sandra Rosado - PSB Eduardo Gomes - PSDB Paraíba João Oliveira - DEM Armando Abílio - PTB Laurez Moreira - PSB Damião Feliciano - PDT Lázaro Botelho - PP Efraim Filho - DEM Luiz Couto - PT José Carlos Aleluia - DEM Manoel Junior - PSB José Carlos Araújo - PR Marcondes Gadelha - PSB José Rocha - PR Rômulo Gouveia - PSDB Joseph Bandeira - PT Vital do Rêgo Filho - PMDB Jusmari Oliveira - PR Walter Brito Neto - PRB Jutahy Junior - PSDB Wellington Roberto - PR Lídice da Mata - PSB Wilson Braga - PMDB Luiz Bassuma - PT Wilson Santiago - PMDB Luiz Carreira - DEM Pernambuco Marcelo Guimarães Filho - PMDB Ana Arraes - PSB Marcos Medrado - PDT André de Paula - DEM Mário Negromonte - PP Armando Monteiro - PTB Maurício Trindade - PR Bruno Araújo - PSDB Nelson Pellegrino - PT Bruno Rodrigues - PSDB Paulo Magalhães - DEM Carlos Eduardo Cadoca - PSC Roberto Britto - PP Carlos Wilson - PT Sérgio Barradas Carneiro - PT Edgar Moury - PMDB Sérgio Brito - PDT Eduardo da Fonte - PP Severiano Alves - PDT Fernando Coelho Filho - PSB Tonha Magalhães - PR Fernando Ferro - PT Uldurico Pinto - PMN Gonzaga Patriota - PSB Veloso - PMDB Inocêncio Oliveira - PR Walter Pinheiro - PT José Chaves - PTB Zezéu Ribeiro - PT José Mendonça Bezerra - DEM Minas Gerais Marcos Antonio - PRB Ademir Camilo - PDT Maurício Rands - PT Aelton Freitas - PR Paulo Rubem Santiago - PDT Alexandre Silveira - PPS Pedro Eugênio - PT Antônio Andrade - PMDB Raul Henry - PMDB Antônio Roberto - PV Raul Jungmann - PPS Aracely de Paula - PR Renildo Calheiros - PCdoB Bilac Pinto - PR Roberto Magalhães - DEM Bonifácio de Andrada - PSDB Silvio Costa - PMN Carlos Melles - DEM Wolney Queiroz - PDT Carlos Willian - PTC Alagoas Ciro Pedrosa - PV Augusto Farias - PTB Edmar Moreira - DEM Benedito de Lira - PP Eduardo Barbosa - PSDB Carlos Alberto Canuto - PMDB Elismar Prado - PT Cristiano Matheus - PMDB Fábio Ramalho - PV Francisco Tenorio - PMN Fernando Diniz - PMDB Givaldo Carimbão - PSB George Hilton - PP Joaquim Beltrão - PMDB Geraldo Thadeu - PPS Maurício Quintella Lessa - PR Gilmar Machado - PT Olavo Calheiros - PMDB Humberto Souto - PPS Sergipe Jaime Martins - PR Albano Franco - PSDB Jairo Ataide - DEM Eduardo Amorim - PSC Jô Moraes - PCdoB Iran Barbosa - PT João Bittar - DEM Jackson Barreto - PMDB João Magalhães - PMDB Jerônimo Reis - DEM José Fernando Aparecido de Oliveira - PV José Carlos Machado - DEM José Santana de Vasconcellos - PR Mendonça Prado - DEM Júlio Delgado - PSB Valadares Filho - PSB Juvenil - PRTB Bahia Lael Varella - DEM Alice Portugal - PCdoB Leonardo Monteiro - PT Antonio Carlos Magalhães Neto - DEM Leonardo Quintão - PMDB Claudio Cajado - DEM Lincoln Portela - PR Colbert Martins - PMDB Luiz Fernando Faria - PP Daniel Almeida - PCdoB Márcio Reinaldo Moreira - PP Edigar Mão Branca - PV Marcos Montes - DEM Edson Duarte - PV Maria do Carmo Lara - PT Fábio Souto - DEM Maria Lúcia Cardoso - PMDB Félix Mendonça - DEM Mário de Oliveira - PSC Fernando de Fabinho - DEM Mário Heringer - PDT Guilherme Menezes - PT Mauro Lopes - PMDB João Almeida - PSDB Miguel Corrêa Jr. - PT João Carlos Bacelar - PR Miguel Martini - PHS João Leão - PP Narcio Rodrigues - PSDB Jorge Khoury - DEM Odair Cunha - PT Paulo Abi-ackel - PSDB Antonio Bulhões - PMDB Paulo Piau - PMDB Antonio Carlos Mendes Thame - PSDB Rafael Guerra - PSDB Antonio Carlos Pannunzio - PSDB Reginaldo Lopes - PT Antonio Palocci - PT Rodrigo de Castro - PSDB Arlindo Chinaglia - PT Saraiva Felipe - PMDB Arnaldo Faria de Sá - PTB Virgílio Guimarães - PT Arnaldo Jardim - PPS Vitor Penido - DEM Arnaldo Madeira - PSDB Espírito Santo Beto Mansur - PP Camilo Cola - PMDB Cândido Vaccarezza - PT Iriny Lopes - PT Carlos Sampaio - PSDB Jurandy Loureiro - PSC Carlos Zarattini - PT Lelo Coimbra - PMDB Celso Russomanno - PP Luiz Paulo Vellozo Lucas - PSDB Cláudio Magrão - PPS Manato - PDT Clodovil Hernandes - PR Neucimar Fraga - PR Devanir Ribeiro - PT Rita Camata - PMDB Dr. Nechar - PV Rose de Freitas - PMDB Dr. Pinotti - DEM Sueli Vidigal - PDT Dr. Talmir - PV Rio de Janeiro Dr. Ubiali - PSB Alexandre Santos - PMDB Duarte Nogueira - PSDB Andreia Zito - PSDB Edson Aparecido - PSDB Arnaldo Vianna - PDT Emanuel Fernandes - PSDB Ayrton Xerez - DEM Fernando Chucre - PSDB Bernardo Ariston - PMDB Francisco Rossi - PMDB Brizola Neto - PDT Frank Aguiar - PTB Carlos Santana - PT Guilherme Campos - DEM Chico Alencar - PSOL Ivan Valente - PSOL Chico D'angelo - PT Janete Rocha Pietá - PT Cida Diogo - PT Jilmar Tatto - PT Deley - PSC João Dado - PDT Dr. Adilson Soares - PR João Paulo Cunha - PT Edmilson Valentim - PCdoB Jorge Tadeu Mudalen - DEM Edson Ezequiel - PMDB Jorginho Maluly - DEM Edson Santos - PT José Aníbal - PSDB Eduardo Cunha - PMDB José Eduardo Cardozo - PT Eduardo Lopes - PSB José Genoíno - PT Felipe Bornier - PHS José Mentor - PT Fernando Gabeira - PV José Paulo Tóffano - PV Fernando Lopes - PMDB Julio Semeghini - PSDB Filipe Pereira - PSC Lobbe Neto - PSDB Geraldo Pudim - PMDB Luciana Costa - PR Hugo Leal - PSC Luiza Erundina - PSB Indio da Costa - DEM Marcelo Ortiz - PV Jair Bolsonaro - PP Márcio França - PSB Jorge Bittar - PT Michel Temer - PMDB Leandro Sampaio - PPS Milton Monti - PR Léo Vivas - PRB Nelson Marquezelli - PTB Leonardo Picciani - PMDB Paulo Maluf - PP Luiz Sérgio - PT Paulo Pereira da Silva - PDT Marcelo Itagiba - PMDB Paulo Renato Souza - PSDB Marina Maggessi - PPS Paulo Teixeira - PT Miro Teixeira - PDT Regis de Oliveira - PSC Neilton Mulim - PR Reinaldo Nogueira - PDT Nelson Bornier - PMDB Renato Amary - PSDB Otavio Leite - PSDB Ricardo Berzoini - PT Pastor Manoel Ferreira - PTB Ricardo Izar - PTB Rodrigo Maia - DEM Ricardo Tripoli - PSDB Rogerio Lisboa - DEM Roberto Santiago - PV Sandro Matos - PR Silvinho Peccioli - DEM Silvio Lopes - PSDB Silvio Torres - PSDB Simão Sessim - PP Vadão Gomes - PP Solange Almeida - PMDB Valdemar Costa Neto - PR Solange Amaral - DEM Vanderlei Macris - PSDB Suely - PR Vicentinho - PT Vinicius Carvalho - PTdoB Walter Ihoshi - DEM São Paulo William Woo - PSDB Abelardo Camarinha - PSB Mato Grosso Aldo Rebelo - PCdoB Carlos Abicalil - PT Aline Corrêa - PP Carlos Bezerra - PMDB Eliene Lima - PP Ricardo Barros - PP Homero Pereira - PR Rocha Loures - PMDB Pedro Henry - PP Takayama - PSC Thelma de Oliveira - PSDB Santa Catarina Valtenir Pereira - PSB Angela Amin - PP Wellington Fagundes - PR Carlito Merss - PT Distrito Federal Celso Maldaner - PMDB Augusto Carvalho - PPS Décio Lima - PT Jofran Frejat - PR Djalma Berger - PSB Laerte Bessa - PMDB Edinho Bez - PMDB Magela - PT Fernando Coruja - PPS Osório Adriano - DEM Gervásio Silva - PSDB Rodovalho - DEM João Matos - PMDB Rodrigo Rollemberg - PSB João Pizzolatti - PP Tadeu Filippelli - PMDB José Carlos Vieira - DEM Goiás Nelson Goetten - PR Carlos Alberto Leréia - PSDB Paulo Bornhausen - DEM Chico Abreu - PR Valdir Colatto - PMDB Íris de Araújo - PMDB Vignatti - PT João Campos - PSDB Zonta - PP Jovair Arantes - PTB Rio Grande do Sul Leandro Vilela - PMDB Adão Pretto - PT Leonardo Vilela - PSDB Afonso Hamm - PP Luiz Bittencourt - PMDB Beto Albuquerque - PSB Marcelo Melo - PMDB Cezar Schirmer - PMDB Pedro Chaves - PMDB Claudio Diaz - PSDB Pedro Wilson - PT Darcísio Perondi - PMDB Professora Raquel Teixeira - PSDB Eliseu Padilha - PMDB Ronaldo Caiado - DEM Enio Bacci - PDT Rubens Otoni - PT Germano Bonow - DEM Sandes Júnior - PP Henrique Fontana - PT Sandro Mabel - PR Ibsen Pinheiro - PMDB Tatico - PTB José Otávio Germano - PP Mato Grosso do Sul Luciana Genro - PSOL Antônio Carlos Biffi - PT Luis Carlos Heinze - PP Antonio Cruz - PP Luiz Carlos Busato - PTB Dagoberto - PDT Manuela D'ávila - PCdoB Geraldo Resende - PMDB Marco Maia - PT Nelson Trad - PMDB Maria do Rosário - PT Vander Loubet - PT Mendes Ribeiro Filho - PMDB Waldemir Moka - PMDB Nelson Proença - PPS Waldir Neves - PSDB Onyx Lorenzoni - DEM Paraná Paulo Pimenta - PT Abelardo Lupion - DEM Paulo Roberto - PTB Affonso Camargo - PSDB Pepe Vargas - PT Airton Roveda - PR Pompeo de Mattos - PDT Alex Canziani - PTB Professor Ruy Pauletti - PSDB Alfredo Kaefer - PSDB Renato Molling - PP Andre Vargas - PT Sérgio Moraes - PTB Angelo Vanhoni - PT Tarcísio Zimmermann - PT Assis do Couto - PT Vieira da Cunha - PDT Barbosa Neto - PDT Vilson Covatti - PP Cezar Silvestri - PPS Chico da Princesa - PR Dilceu Sperafico - PP Dr. Rosinha - PT Eduardo Sciarra - DEM Giacobo - PR Gustavo Fruet - PSDB Hermes Parcianello - PMDB Luciano Pizzatto - DEM Luiz Carlos Hauly - PSDB Luiz Carlos Setim - DEM Marcelo Almeida - PMDB Max Rosenmann - PMDB Moacir Micheletto - PMDB Nelson Meurer - PP Odílio Balbinotti - PMDB Osmar Serraglio - PMDB Ratinho Junior - PSC COMISSÕES PERMANENTES PSB/PDT/PCdoB/PMN 8 vagas 8 vagas COMISSÃO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA, PV ABASTECIMENTO E DESENVOLVIMENTO RURAL 2 vagas 2 vagas Presidente: Marcos Montes (DEM) PSOL 1º Vice-Presidente: Assis do Couto (PT) 1 vaga 1 vaga 2º Vice-Presidente: Waldir Neves (PSDB) Secretário(a): Rejane Salete Marques 3º Vice-Presidente: Dilceu Sperafico (PP) Local: Anexo II,Térreo, Ala A, sala 21 Titulares Suplentes Telefones: 3216-6494 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB FAX: 3216-6499 21 vagas 21 vagas PSDB/DEM/PPS COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 12 vagas 12 vagas Presidente: Cezar Silvestri (PPS) PSB/PDT/PCdoB/PMN 1º Vice-Presidente: Carlos Sampaio (PSDB) 6 vagas 6 vagas 2º Vice-Presidente: Giacobo (PR) PV 3º Vice-Presidente: Walter Ihoshi (DEM) 1 vaga 1 vaga Titulares Suplentes Secretário(a): Moizes Lobo da Cunha PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Local: Anexo II, Térreo, Ala C, sala 36 11 vagas 11 vagas Telefones: 3216-6403/6404/6406 PSDB/DEM/PPS FAX: 3216-6415 6 vagas 6 vagas PSB/PDT/PCdoB/PMN COMISSÃO DA AMAZÔNIA, INTEGRAÇÃO NACIONAL E DE 3 vagas 3 vagas DESENVOLVIMENTO REGIONAL PV Presidente: Vanessa Grazziotin (PCdoB) 1 vaga 1 vaga 1º Vice-Presidente: Marcelo Serafim (PSB) Secretário(a): Lilian de Cássia Albuquerque Santos 2º Vice-Presidente: Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala C, sala 152 3º Vice-Presidente: Sebastião Bala Rocha (PDT) Telefones: 3216-6920 A 6922 Titulares Suplentes FAX: 3216-6925 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB 11 vagas 11 vagas COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, PSDB/DEM/PPS INDÚSTRIA E COMÉRCIO 6 vagas 6 vagas Presidente: Wellington Fagundes (PR) PSB/PDT/PCdoB/PMN 1º Vice-Presidente: Albano Franco (PSDB) 3 vagas 3 vagas 2º Vice-Presidente: Antônio Andrade (PMDB) Secretário(a): Iara Araújo Alencar Aires 3º Vice-Presidente: Vanderlei Macris (PSDB) Local: Anexo II - Sala T- 59 Titulares Suplentes Telefones: 3216-6432 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB FAX: 3216-6440 10 vagas 10 vagas PSDB/DEM/PPS COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, COMUNICAÇÃO E 5 vagas 5 vagas INFORMÁTICA PSB/PDT/PCdoB/PMN Presidente: Julio Semeghini (PSDB) 2 vagas 2 vagas 1º Vice-Presidente: José Rocha (PR) PHS 2º Vice-Presidente: Paulo Bornhausen (DEM) 1 vaga 1 vaga 3º Vice-Presidente: Bilac Pinto (PR) Secretário(a): Lin Israel Costa dos Santos Titulares Suplentes Local: Anexo II, Térreo, Ala A, sala T33 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Telefones: 3216-6601 A 6609 21 vagas 21 vagas FAX: 3216-6610 PSDB/DEM/PPS 12 vagas 12 vagas COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO URBANO PSB/PDT/PCdoB/PMN Presidente: Zezéu Ribeiro (PT) 6 vagas 6 vagas 1º Vice-Presidente: Angela Amin (PP) PV 2º Vice-Presidente: Luiz Carlos Busato (PTB) 1 vaga 1 vaga 3º Vice-Presidente: Edson Santos (PT) Secretário(a): Myriam Gonçalves Teixeira de Oliveira Titulares Suplentes Local: Anexo II, Térreo, Ala A, sala 49 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Telefones: 3216-6452 A 6458 10 vagas 10 vagas FAX: 3216-6465 PSDB/DEM/PPS 5 vagas 5 vagas COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PSB/PDT/PCdoB/PMN Presidente: Leonardo Picciani (PMDB) 3 vagas 3 vagas 1º Vice-Presidente: Mendes Ribeiro Filho (PMDB) Secretário(a): Romulo de Sousa Mesquita 2º Vice-Presidente: Neucimar Fraga (PR) Local: Anexo II, Pavimento Superior, Ala C, Sala 188 3º Vice-Presidente: Marcelo Itagiba (PMDB) Telefones: 3216-6551/ 6554 Titulares Suplentes FAX: 3216-6560 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB 32 vagas 32 vagas COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS PSDB/DEM/PPS Presidente: Luiz Couto (PT) 18 vagas 18 vagas 1º Vice-Presidente: 2º Vice-Presidente: Pedro Wilson (PT) Secretário(a): Maria Linda Magalhães 3º Vice-Presidente: Pastor Manoel Ferreira (PTB) Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala A, sala 161 Titulares Suplentes Telefones: 3216-6671 A 6675 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB FAX: 3216-6676 9 vagas 9 vagas PSDB/DEM/PPS COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA 5 vagas 5 vagas Presidente: Eduardo Amorim (PSC) PSB/PDT/PCdoB/PMN 1º Vice-Presidente: Carlos Willian (PTC) 2 vagas 2 vagas 2º Vice-Presidente: Silvio Lopes (PSDB) PHS 3º Vice-Presidente: Eduardo da Fonte (PP) 1 vaga 1 vaga Titulares Suplentes PRB PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB 1 vaga 1 vaga 10 vagas 10 vagas Secretário(a): Márcio Marques de Araújo PSDB/DEM/PPS Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala A, sala 185 5 vagas 5 vagas Telefones: 3216-6571 PSB/PDT/PCdoB/PMN FAX: 3216-6580 2 vagas 2 vagas PV COMISSÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA 1 vaga 1 vaga Presidente: Gastão Vieira (PMDB) Secretário(a): Miriam Cristina Gonçalves Quintas 1º Vice-Presidente: Maria do Rosário (PT) Local: Anexo II, Pavimento Superior, Ala A, salas 121/122 2º Vice-Presidente: Frank Aguiar (PTB) Telefones: 3216-6692 / 6693 3º Vice-Presidente: Osvaldo Reis (PMDB) FAX: 3216-6700 Titulares Suplentes PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 17 vagas 17 vagas SUSTENTÁVEL PSDB/DEM/PPS Presidente: Nilson Pinto (PSDB) 10 vagas 10 vagas 1º Vice-Presidente: Fábio Souto (DEM) PSB/PDT/PCdoB/PMN 2º Vice-Presidente: Ricardo Tripoli (PSDB) 4 vagas 4 vagas 3º Vice-Presidente: Gervásio Silva (PSDB) PV Titulares Suplentes 1 vaga 1 vaga PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Secretário(a): Iracema Marques 10 vagas 10 vagas Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala C, sala 170 PSDB/DEM/PPS Telefones: 3216-6622/6625/6627/6628 5 vagas 5 vagas FAX: 3216-6635 PSB/PDT/PCdoB/PMN 2 vagas 2 vagas COMISSÃO DE FINANÇAS E TRIBUTAÇÃO PV Presidente: Virgílio Guimarães (PT) 1 vaga 1 vaga 1º Vice-Presidente: Eduardo Cunha (PMDB) Secretário(a): Aurenilton Araruna de Almeida 2º Vice-Presidente: Antonio Palocci (PT) Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala C, sala 142 3º Vice-Presidente: Pedro Eugênio (PT) Telefones: 3216-6521 A 6526 Titulares Suplentes FAX: 3216-6535 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB 17 vagas 17 vagas COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA PSDB/DEM/PPS Presidente: José Otávio Germano (PP) 10 vagas 10 vagas 1º Vice-Presidente: Eduardo Valverde (PT) PSB/PDT/PCdoB/PMN 2º Vice-Presidente: Neudo Campos (PP) 4 vagas 4 vagas 3º Vice-Presidente: Vitor Penido (DEM) PV Titulares Suplentes 1 vaga 1 vaga PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB PSOL 16 vagas 16 vagas 1 vaga 1 vaga PSDB/DEM/PPS Secretário(a): Marcelle R C Cavalcanti 9 vagas 9 vagas Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala C, sala 136 PSB/PDT/PCdoB/PMN Telefones: 3216-6654/6655/6652 4 vagas 4 vagas FAX: 3216-6660 PV 1 vaga 1 vaga COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E CONTROLE Secretário(a): Damaci Pires de Miranda Presidente: Celso Russomanno (PP) Local: Anexo II, Térreo, Ala C, sala 56 1º Vice-Presidente: Márcio Reinaldo Moreira (PP) Telefones: 3216-6711 / 6713 2º Vice-Presidente: Perpétua Almeida (PCdoB) FAX: 3216-6720 3º Vice-Presidente: Leonardo Quintão (PMDB) Titulares Suplentes COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DE DEFESA PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB NACIONAL 11 vagas 11 vagas Presidente: Vieira da Cunha (PDT) PSDB/DEM/PPS 1º Vice-Presidente: Marcondes Gadelha (PSB) 6 vagas 6 vagas 2º Vice-Presidente: José Mendonça Bezerra (DEM) PSB/PDT/PCdoB/PMN 3º Vice-Presidente: Augusto Carvalho (PPS) 3 vagas 3 vagas Titulares Suplentes PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Local: Anexo II, Sala T 50 16 vagas 16 vagas Telefones: 3216-6805 / 6806 / 6807 PSDB/DEM/PPS FAX: 3216-6815 9 vagas 9 vagas PSB/PDT/PCdoB/PMN COMISSÃO DE TURISMO E DESPORTO 4 vagas 4 vagas Presidente: Lídice da Mata (PSB) PV 1º Vice-Presidente: Brizola Neto (PDT) 1 vaga 1 vaga 2º Vice-Presidente: Sueli Vidigal (PDT) Secretário(a): Fernando Luiz Cunha Rocha 3º Vice-Presidente: Fábio Faria (PMN) Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala A, sala 125 Titulares Suplentes Telefones: 3216-6739 / 6738 / 6737 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB FAX: 3216-6745 10 vagas 10 vagas PSDB/DEM/PPS COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO 6 vagas 6 vagas CRIME ORGANIZADO PSB/PDT/PCdoB/PMN Presidente: João Campos (PSDB) 3 vagas 3 vagas 1º Vice-Presidente: Pinto Itamaraty (PSDB) Secretário(a): James Lewis Gorman Junior 2º Vice-Presidente: Raul Jungmann (PPS) Local: Anexo II, Ala A , Sala 5,Térreo 3º Vice-Presidente: Laerte Bessa (PMDB) Telefones: 3216-6831 / 6832 / 6833 Titulares Suplentes FAX: 3216-6835 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB 10 vagas 10 vagas COMISSÃO DE VIAÇÃO E TRANSPORTES PSDB/DEM/PPS Presidente: Eliseu Padilha (PMDB) 5 vagas 5 vagas 1º Vice-Presidente: José Santana de Vasconcellos (PR) PSB/PDT/PCdoB/PMN 2º Vice-Presidente: Mauro Lopes (PMDB) 2 vagas 2 vagas 3º Vice-Presidente: Hugo Leal (PSC) PV Titulares Suplentes 1 vaga 1 vaga PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Secretário(a): Kátia da Consolação dos Santos Viana 16 vagas 16 vagas Local: Anexo II, Pavimento Superior - Sala 166-C PSDB/DEM/PPS Telefones: 3216-6761 / 6762 9 vagas 9 vagas FAX: 3216-6770 PSB/PDT/PCdoB/PMN 4 vagas 4 vagas COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA PV Presidente: Jorge Tadeu Mudalen (DEM) 1 vaga 1 vaga 1º Vice-Presidente: Alceni Guerra (DEM) Secretário(a): Ruy Omar Prudencio da Silva 2º Vice-Presidente: Ribamar Alves (PSB) Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala A, sala 175 3º Vice-Presidente: Cleber Verde (PRB) Telefones: 3216-6853 A 6856 Titulares Suplentes FAX: 3216-6860 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB 17 vagas 17 vagas COMISSÕES TEMPORÁRIAS PSDB/DEM/PPS 10 vagas 10 vagas COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER PSB/PDT/PCdoB/PMN À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 98-A, DE 4 vagas 4 vagas 2007, DO SENHOR OTÁVIO LEITE, QUE "ACRESCENTA A PV ALÍNEA (E) AO INCISO VI DO ART. 150 DA CONSTITUIÇÃO 1 vaga 1 vaga FEDERAL", INSTITUINDO IMUNIDADE TRIBUTÁRIA SOBRE PSOL OS FONOGRAMAS E VIDEOFONOGRAMAS MUSICAIS 1 vaga 1 vaga PRODUZIDOS NO BRASIL, CONTENDO OBRAS MUSICAIS Secretário(a): Wagner Soares Padilha OU LÍTERO-MUSICAIS DE AUTORES BRASILEIROS, E/OU Local: Anexo II, Pav. Superior, Ala A, sala 145 OBRAS EM GERAL INTERPRETADAS POR ARTISTAS Telefones: 3216-6787 / 6781 A 6786 BRASILEIROS, BEM COMO OS SUPORTES MATERIAIS OU FAX: 3216-6790 ARQUIVOS DIGITAIS QUE OS CONTENHAM. Presidente: Décio Lima (PT) COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E 1º Vice-Presidente: Arnaldo Jardim (PPS) SERVIÇO PÚBLICO 2º Vice-Presidente: Marcelo Serafim (PSB) Presidente: Nelson Marquezelli (PTB) 3º Vice-Presidente: Chico Alencar (PSOL) 1º Vice-Presidente: Sabino Castelo Branco (PTB) Relator: José Otávio Germano (PP) 2º Vice-Presidente: Wilson Braga (PMDB) Titulares Suplentes 3º Vice-Presidente: Paulo Rocha (PT) PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Titulares Suplentes Antônio Andrade Fernando Ferro PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Bilac Pinto Lincoln Portela 13 vagas 13 vagas Décio Lima Mendes Ribeiro Filho PSDB/DEM/PPS Elismar Prado Sabino Castelo Branco 8 vagas 8 vagas Frank Aguiar 5 vagas PSB/PDT/PCdoB/PMN Henrique Fontana 3 vagas 3 vagas José Otávio Germano PV Luiz Bittencourt 1 vaga 1 vaga Nelson Trad Secretário(a): Anamélia Ribeiro Correia de Araújo PSDB/DEM/PPS Albano Franco Leandro Sampaio Afonso Hamm Arnon Bezerra Arnaldo Jardim Professora Raquel Teixeira Arnaldo Faria de Sá Eduardo Valverde Marcos Montes 3 vagas Fernando Melo Fernando Ferro Otavio Leite Iriny Lopes Francisco Rossi 1 vaga Laerte Bessa José Guimarães PSB/PDT/PCdoB/PMN Marcelo Itagiba Leonardo Picciani Marcelo Serafim João Dado Nelson Pellegrino Lincoln Portela Vanessa Grazziotin 1 vaga Neucimar Fraga 2 vagas PV Vital do Rêgo Filho Edigar Mão Branca 1 vaga PSDB/DEM/PPS PSOL Jairo Ataide Alexandre Silveira Chico Alencar 1 vaga Mendonça Prado Ayrton Xerez Secretário(a): Angélica Fialho Raul Jungmann Edson Aparecido Local: Anexo II - Pavimento Superior - Sala 170-A Rodrigo de Castro Pinto Itamaraty Telefones: 3216-6218 / 3216-6232 William Woo 1 vaga FAX: 3216-6225 PSB/PDT/PCdoB/PMN Francisco Tenorio Sueli Vidigal COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER João Dado 1 vaga À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 22-A, DE PV 1999, DO SENHOR ENIO BACCI, QUE "AUTORIZA O Marcelo Ortiz Dr. Talmir DIVÓRCIO APÓS 1 (UM) ANO DE SEPARAÇÃO DE FATO OU PSOL DE DIREITO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS", ALTERANDO O Chico Alencar 1 vaga DISPOSTO NO ARTIGO 226, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO Secretário(a): Mário Dráusio Oliveira de A. Coutinho FEDERAL. Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A Presidente: José Carlos Araújo (PR) Telefones: 3216-6203 / 3216-6232 1º Vice-Presidente: Cândido Vaccarezza (PT) FAX: 3216-6225 2º Vice-Presidente: Geraldo Pudim (PMDB) 3º Vice-Presidente: Mendonça Prado (DEM) COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Relator: Joseph Bandeira (PT) À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 471-A, DE Titulares Suplentes 2005, DO SR. JOÃO CAMPOS, QUE "DÁ NOVA REDAÇÃO AO PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB PARÁGRAFO 3º DO ARTIGO 236 DA CONSTITUIÇÃO Arnaldo Faria de Sá Angela Portela FEDERAL", ESTABELECENDO A EFETIVAÇÃO PARA OS Cândido Vaccarezza Carlos Zarattini ATUAIS RESPONSÁVEIS E SUBSTITUTOS PELOS SERVIÇOS Geraldo Pudim Luciano Castro NOTARIAIS, INVESTIDOS NA FORMA DA LEI. José Carlos Araújo Mendes Ribeiro Filho Presidente: Sandro Mabel (PR) Joseph Bandeira Reginaldo Lopes 1º Vice-Presidente: Waldir Neves (PSDB) Marcelo Guimarães Filho Roberto Britto 2º Vice-Presidente: Roberto Balestra (PP) Maria Lúcia Cardoso 3 vagas 3º Vice-Presidente: Tarcísio Zimmermann (PT) Rebecca Garcia Relator: João Matos (PMDB) Sérgio Barradas Carneiro Titulares Suplentes PSDB/DEM/PPS PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Bruno Araújo Bonifácio de Andrada Alex Canziani Arnaldo Faria de Sá Fernando Coruja Otavio Leite Andre Vargas Dr. Rosinha Jutahy Junior 3 vagas João Matos João Carlos Bacelar Mendonça Prado José Genoíno Luiz Bassuma Roberto Magalhães Leonardo Quintão Moacir Micheletto PSB/PDT/PCdoB/PMN Nelson Bornier Nelson Meurer Valadares Filho 2 vagas Roberto Balestra (Licenciado) Nelson Trad Wolney Queiroz Sandro Mabel Odair Cunha PV Tarcísio Zimmermann Regis de Oliveira Roberto Santiago 1 vaga PSDB/DEM/PPS PSOL Gervásio Silva Carlos Alberto Leréia Luciana Genro Chico Alencar Humberto Souto Raul Jungmann Secretário(a): José Maria Aguiar de Castro João Campos Zenaldo Coutinho Local: Anexo II - Pavimento Superior - Sala 170-A Jorge Tadeu Mudalen 2 vagas Telefones: 3216-6232 Waldir Neves FAX: 3216-6225 PSB/PDT/PCdoB/PMN Dagoberto Djalma Berger COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Gonzaga Patriota Valadares Filho À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 308-A, DE PV 2004, DO SR. NEUTON LIMA, QUE "ALTERA OS ARTS. 21, 32 Marcelo Ortiz Ciro Pedrosa E 144, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, CRIANDO AS POLÍCIAS PHS PENITENCIÁRIAS FEDERAL E ESTADUAIS". Miguel Martini Felipe Bornier Presidente: Nelson Pellegrino (PT) Secretário(a): Aparecida de Moura Andrade 1º Vice-Presidente: Neucimar Fraga (PR) Local: Anexo II - Pavimento Superior - Sala 170-A 2º Vice-Presidente: William Woo (PSDB) Telefones: 3216-6207/6232 3º Vice-Presidente: Mendonça Prado (DEM) FAX: 3216-6225 Relator: Arnaldo Faria de Sá (PTB) Titulares Suplentes COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 483-A, DE 2005, DO SENADO FEDERAL, QUE "ALTERA O ART. 89 DO Francisco Tenorio Flávio Dino ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS Vieira da Cunha João Dado TRANSITÓRIAS", INCLUINDO OS SERVIDORES PÚBLICOS, PV CIVIS E MILITARES, CUSTEADOS PELA UNIÃO ATÉ 31 DE Marcelo Ortiz Dr. Talmir DEZEMBRO DE 1991, NO QUADRO EM EXTINÇÃO DA PRB ADMINISTRAÇÃO FEDERAL DO EX - TERRITÓRIO FEDERAL Léo Vivas Cleber Verde DE RONDÔNIA. Secretário(a): Valdivino Tolentino Filho Presidente: Mauro Nazif (PSB) Local: Anexo II - Pavimento Superior - Sala 170-A 1º Vice-Presidente: Telefones: 3216-6206/6232 2º Vice-Presidente: FAX: 3216-6225 3º Vice-Presidente: Relator: Eduardo Valverde (PT) COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Titulares Suplentes AO PROJETO DE LEI Nº 1 DE 2007, DO PODER EXECUTIVO, PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB QUE "DISPÕE SOBRE O VALOR DO SALÁRIO MÍNIMO A Anselmo de Jesus Lucenira Pimentel PARTIR DE 2007 E ESTABELECE DIRETRIZES PARA A SUA Eduardo Valverde Marcelo Melo POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DE 2008 A 2023". Ernandes Amorim Sabino Castelo Branco Presidente: Júlio Delgado (PSB) Fátima Pelaes Valdir Colatto 1º Vice-Presidente: Paulo Pereira da Silva (PDT) Gorete Pereira Zequinha Marinho 2º Vice-Presidente: Íris de Araújo (PMDB) Marinha Raupp 4 vagas 3º Vice-Presidente: Felipe Maia (DEM) Natan Donadon Relator: Roberto Santiago (PV) Rebecca Garcia Titulares Suplentes 1 vaga PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB PSDB/DEM/PPS Arnaldo Faria de Sá Aline Corrêa Andreia Zito Carlos Alberto Leréia Carlos Alberto Edgar Moury Jorginho Maluly Eduardo Barbosa Canuto Moreira Mendes Ilderlei Cordeiro Geraldo Resende vaga do PSDB/DEM/PPS Dr. Adilson Soares Urzeni Rocha 2 vagas Íris de Araújo Eudes Xavier 1 vaga Marco Maia José Guimarães PSB/PDT/PCdoB/PMN Pedro Eugênio Nelson Pellegrino Maria Helena Sebastião Bala Rocha Pedro Henry 3 vagas Mauro Nazif 1 vaga Reinhold Stephanes (Licenciado) PV Sandro Mabel Lindomar Garçon Antônio Roberto Tarcísio Zimmermann PRB PSDB/DEM/PPS Léo Vivas 1 vaga Felipe Maia Andreia Zito Secretário(a): Maria de Fátima Moreira Francisco Rodrigues Efraim Filho Local: Anexo II - Pavimento Superior - Sala 170-A José Aníbal Fernando Chucre Fernando de Telefones: 3216-6204/6232 Paulo Renato Souza FAX: 3216-6225 Fabinho (Dep. do COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB 1 vaga À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 549-A, DE ocupa a vaga) 2006, DO SR. ARNALDO FARIA DE SÁ, QUE "ACRESCENTA PSB/PDT/PCdoB/PMN PRECEITO ÀS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS, Júlio Delgado Daniel Almeida DISPONDO SOBRE O REGIME CONSTITUCIONAL PECULIAR Paulo Pereira da Silva Sergio Petecão DAS CARREIRAS POLICIAIS QUE INDICA". PV Presidente: Vander Loubet (PT) Roberto Santiago Lindomar Garçon 1º Vice-Presidente: Marcelo Itagiba (PMDB) PRB 2º Vice-Presidente: William Woo (PSDB) Léo Vivas 1 vaga 3º Vice-Presidente: José Mentor (PT) Secretário(a): Valdivino Tolentino Filho Relator: Regis de Oliveira (PSC) Titulares Suplentes COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB AO PROJETO DE LEI Nº 1610, DE 1996, DO SENADO Arnaldo Faria de Sá Angelo Vanhoni FEDERAL, QUE "DISPÕE SOBRE A EXPLORAÇÃO E O Décio Lima Eliene Lima APROVEITAMENTO DE RECURSOS MINERAIS EM TERRAS Jair Bolsonaro José Otávio Germano INDÍGENAS, DE QUE TRATAM OS ARTS. 176, PARÁGRAFO José Mentor Marcelo Melo PRIMEIRO, E 231, PARÁGRAFO TERCEIRO, DA Laerte Bessa Marinha Raupp CONSTITUIÇÃO FEDERAL". Marcelo Itagiba Paes Landim Presidente: Edio Lopes (PMDB) Neilton Mulim Sandro Mabel 1º Vice-Presidente: Bel Mesquita (PMDB) Regis de Oliveira Valdir Colatto 2º Vice-Presidente: Vander Loubet 1 vaga 3º Vice-Presidente: PSDB/DEM/PPS Relator: Eduardo Valverde (PT) Alexandre Silveira Abelardo Lupion Titulares Suplentes João Campos Carlos Sampaio PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Jorginho Maluly Pinto Itamaraty Adão Pretto Celso Maldaner Rogerio Lisboa 2 vagas Bel Mesquita Colbert Martins William Woo Dalva Figueiredo Ernandes Amorim PSB/PDT/PCdoB/PMN Edio Lopes Fernando Ferro Eduardo Valverde Homero Pereira 1999 E REGULARIZADO POR LEI MUNICIPAL, NÃO HÁ José Otávio Germano Jurandil Juarez NECESSIDADE DE APROVAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO POR Lúcio Vale Paulo Rocha OUTRO ÓRGÃO. Mendes Ribeiro Filho Simão Sessim Presidente: Maria do Carmo Lara (PT) Paulo Roberto Vignatti 1º Vice-Presidente: Marcelo Melo (PMDB) PSDB/DEM/PPS 2º Vice-Presidente: Angela Amin (PP) João Almeida Arnaldo Jardim 3º Vice-Presidente: Jorge Khoury (DEM) Marcio Junqueira Paulo Abi-ackel Relator: Renato Amary (PSDB) Moreira Mendes Pinto Itamaraty Titulares Suplentes Urzeni Rocha Waldir Neves PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Vitor Penido 1 vaga Angela Amin Alex Canziani PSB/PDT/PCdoB/PMN Carlos Eduardo Cadoca Beto Mansur Maria Helena João Dado José Eduardo Cardozo Celso Maldaner Perpétua Almeida 1 vaga José Guimarães Celso Russomanno PV Luiz Bittencourt Edson Santos José Fernando Aparecido de Oliveira Fernando Gabeira Luiz Carlos Busato Homero Pereira PHS Marcelo Melo José Airton Cirilo Felipe Bornier Miguel Martini Maria do Carmo Lara Joseph Bandeira Secretário(a): Maria Terezinha Donati Ricardo Izar Zezéu Ribeiro Local: Anexo II - Pavimento Superior - sala 170-A PSDB/DEM/PPS Telefones: 3216-6215 Arnaldo Jardim Bruno Araújo FAX: 3216-6225 Ayrton Xerez Cezar Silvestri Fernando Chucre Eduardo Sciarra COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Jorge Khoury Gervásio Silva AO PROJETO DE LEI Nº 1921, DE 1999, DO SENADO Renato Amary Ricardo Tripoli vaga do PSOL FEDERAL, QUE INSTITUI A TARIFA SOCIAL DE ENERGIA Solange Amaral ELÉTRICA PARA CONSUMIDORES DE BAIXA RENDA E DÁ PSB/PDT/PCdoB/PMN OUTRAS PROVIDÊNCIAS. Arnaldo Vianna Chico Lopes Presidente: Leandro Sampaio (PPS) Marcelo Serafim Gonzaga Patriota 1º Vice-Presidente: Luiz Carlos Hauly (PSDB) PV 2º Vice-Presidente: José Paulo Tóffano Sarney Filho 3º Vice-Presidente: João Pizzolatti (PP) PSOL Relator: Carlos Zarattini (PT) (Dep. do PSDB/DEM/PPS ocupa a Ivan Valente Titulares Suplentes vaga) PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Secretário(a): Leila Machado Campos Alexandre Santos Adão Pretto Local: Anexo II - Pavimento Superior - sala 170-A Carlos Zarattini Carlos Alberto Canuto Telefones: 3216.6212 Ernandes Amorim Neudo Campos FAX: 3216.6225 Fernando Ferro Nilson Mourão Jackson Barreto Pedro Fernandes COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER João Pizzolatti Tonha Magalhães AO PROJETO DE LEI Nº 334, DE 2007, DO SENADO Moises Avelino 3 vagas FEDERAL, QUE "DISPÕE SOBRE A IMPORTAÇÃO, Pedro Wilson EXPORTAÇÃO, PROCESSAMENTO, TRANSPORTE, Vicentinho Alves ARMAZENAGEM, LIQUEFAÇÃO, REGASEIFICAÇÃO, PSDB/DEM/PPS DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE GÁS NATURAL", Edson Aparecido Arnaldo Jardim ALTERANDO A LEI Nº 9.478, DE 1997, NO QUE DIZ José Carlos Aleluia Augusto Carvalho RESPEITO AO GÁS NATURAL, INCLUINDO O GÁS Leandro Sampaio Bruno Araújo CANALIZADO. Luiz Carlos Hauly Fábio Souto Presidente: Max Rosenmann (PMDB) Silvinho Peccioli Fernando de Fabinho 1º Vice-Presidente: PSB/PDT/PCdoB/PMN 2º Vice-Presidente: Ana Arraes Chico Lopes 3º Vice-Presidente: Sueli Vidigal Dagoberto Relator: João Maia (PR) PV Titulares Suplentes Fábio Ramalho Roberto Santiago PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB PRB Alex Canziani Arnaldo Faria de Sá Léo Vivas 1 vaga Andre Vargas Beto Mansur Secretário(a): Ana Lúcia Ribeiro Marques Bel Mesquita Carlos Zarattini Local: Anexo II - Pavimento Superior - sala 170-A Fernando Ferro Dalva Figueiredo Telefones: 3216-6214 João Maia Dr. Rosinha FAX: 3216-6225 Marcelo Guimarães Filho Geraldo Pudim Max Rosenmann João Carlos Bacelar COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Nelson Meurer Marinha Raupp AO PROJETO DE LEI Nº 3057, DE 2000, DO SENHOR BISPO Vander Loubet Paes Landim WANDERVAL, QUE "INCLUI § 2º NO ART. 41, DA LEI Nº 6.766, PSDB/DEM/PPS DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979, NUMERANDO-SE COMO Arnaldo Jardim Edson Aparecido PARÁGRAFO 1º O ATUAL PARÁGRAFO ÚNICO", Arnaldo Madeira João Almeida ESTABELECENDO QUE PARA O REGISTRO DE Eduardo Sciarra Jorge Khoury LOTEAMENTO SUBURBANO DE PEQUENO VALOR José Carlos Aleluia Leandro Sampaio IMPLANTADO IRREGULARMENTE ATÉ 31 DE DEZEMBRO DE Luiz Paulo Vellozo Lucas Luiz Carreira PSB/PDT/PCdoB/PMN Pedro Eugênio Paulo Teixeira Brizola Neto Edmilson Valentim Pedro Fernandes 2 vagas Rodrigo Rollemberg Francisco Tenorio Praciano PV PSDB/DEM/PPS José Fernando Aparecido de Oliveira Ciro Pedrosa Affonso Camargo Claudio Diaz PSOL Arnaldo Jardim Fernando Chucre Ivan Valente 1 vaga Carlos Sampaio Geraldo Thadeu Secretário(a): Fernando Maia Leão Eduardo Sciarra Nilmar Ruiz Local: Anexo II - Pavimento Superior - Sala 170-A José Carlos Vieira Vitor Penido Telefones: 3216-6205 PSB/PDT/PCdoB/PMN FAX: 3216-6225 Chico Lopes Julião Amin Marcelo Serafim Silvio Costa COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER PV AO PROJETO DE LEI Nº 3937, DE 2004, DO SR. CARLOS José Fernando Aparecido de Oliveira 1 vaga EDUARDO CADOCA, QUE "ALTERA A LEI Nº 8.884, DE 11 DE PSOL JUNHO DE 1994, QUE TRANSFORMA O CONSELHO 1 vaga 1 vaga ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA (CADE) EM Secretário(a): - AUTARQUIA, DISPÕE SOBRE A PREVENÇÃO E A REPRESSÃO ÀS INFRAÇÕES CONTRA A ORDEM COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER ECONÔMICA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". AO PROJETO DE LEI Nº 7.709, DE 2007, DO PODER Presidente: Vignatti (PT) EXECUTIVO, QUE "ALTERA DISPOSITIVOS DA LEI Nº 8.666, 1º Vice-Presidente: João Magalhães (PMDB) DE 21 DE JUNHO DE 1993, QUE REGULAMENTA O ART. 37, 2º Vice-Presidente: Eduardo da Fonte (PP) INCISO XXI, DA CONSTITUIÇÃO, INSTITUI NORMAS PARA 3º Vice-Presidente: Silvinho Peccioli (DEM) LICITAÇÕES E CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, Relator: Ciro Gomes (PSB) E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". Titulares Suplentes Presidente: Tadeu Filippelli (PMDB) PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB 1º Vice-Presidente: Augusto Farias João Maia 2º Vice-Presidente: Carlos Eduardo Cadoca Marcelo Guimarães Filho 3º Vice-Presidente: Cezar Schirmer Paes Landim Relator: Márcio Reinaldo Moreira (PP) Eduardo da Fonte Ricardo Barros Titulares Suplentes Eduardo Valverde Vadão Gomes PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB João Magalhães 4 vagas José Eduardo Hugo Leal Miguel Corrêa Jr. Cardozo Sandro Mabel Márcio Reinaldo José Santana de Vasconcellos Vignatti Moreira PSDB/DEM/PPS Milton Monti Lelo Coimbra Antonio Carlos Mendes Thame Fernando de Fabinho Paes Landim Leo Alcântara vaga do PSOL Cezar Silvestri Luiz Paulo Vellozo Lucas Paulo Teixeira Luiz Couto Efraim Filho Waldir Neves Pedro Chaves Maurício Rands Luiz Carlos Hauly Walter Ihoshi Pepe Vargas Pedro Eugênio Silvinho Peccioli 1 vaga Rita Camata Renato Molling PSB/PDT/PCdoB/PMN Tadeu Filippelli Vital do Rêgo Filho Ciro Gomes Evandro Milhomen 1 vaga Dr. Ubiali Fernando Coelho Filho PSDB/DEM/PPS PV Arnaldo Madeira Arnaldo Jardim Antônio Roberto Dr. Nechar Humberto Souto Bruno Araújo PHS Jorge Khoury Carlos Alberto Leréia Miguel Martini Felipe Bornier Jorginho Maluly Eduardo Sciarra Secretário(a): Heloisa Pedrosa Diniz. Luiz Carlos Hauly Marcos Montes Local: Anexo II - Pavimento Superior - Sala 170-A PSB/PDT/PCdoB/PMN Telefones: 3216.6201 Francisco Tenorio Osmar Júnior FAX: 3216.6225 Julião Amin Valtenir Pereira PV COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER Dr. Talmir Roberto Santiago AO PROJETO DE LEI Nº 694, DE 1995, QUE "INSTITUI AS PSOL DIRETRIZES NACIONAIS DO TRANSPORTE COLETIVO (Dep. do URBANO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". Luciana Genro PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Presidente: ocupa a vaga) 1º Vice-Presidente: Secretário(a): Maria Terezinha Donati 2º Vice-Presidente: Local: Anexo II - Pavimento Superior - sala 170-A 3º Vice-Presidente: Telefones: 3216-6215 Titulares Suplentes FAX: 3216-6225 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Angela Amin Aline Corrêa COMISSÃO ESPECIAL DESTINA A PROFERIR PARECER AO Chico da Princesa Carlito Merss PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 1, DE 2007, DO Jackson Barreto Edinho Bez PODER EXECUTIVO, QUE "ACRESCE DISPOSITIVO À LEI José Airton Cirilo Gilmar Machado COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000". Mauro Lopes Jurandy Loureiro (PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO - PAC) Pedro Chaves Jusmari Oliveira Presidente: Nelson Meurer (PP) 1º Vice-Presidente: PENA, A VIOLÊNCIA DENTRO DAS INSTITUIÇÕES DO 2º Vice-Presidente: SISTEMA CARCERÁRIO, A CORRUPÇÃO, O CRIME 3º Vice-Presidente: ORGANIZADO E SUAS RAMIFICAÇÕES NOS PRESÍDIOS E Relator: José Pimentel (PT) BUSCAR SOLUÇÕES PARA O EFETIVO CUMPRIMENTO DA Titulares Suplentes LEI DE EXECUÇÕES PENAIS. PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Presidente: Neucimar Fraga (PR) Armando Monteiro Fátima Bezerra 1º Vice-Presidente: Bruno Rodrigues (PSDB) Eduardo Valverde Gorete Pereira 2º Vice-Presidente: Flaviano Melo Luiz Fernando Faria 3º Vice-Presidente: Luiz Carlos Busato (PTB) José Pimentel Paes Landim Relator: Domingos Dutra (PT) Leonardo Quintão Rocha Loures Titulares Suplentes Lúcio Vale 4 vagas PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Mauro Benevides Afonso Hamm Arnaldo Faria de Sá Nelson Meurer Cida Diogo José Linhares (Dep. do PSB/PDT/PCdoB/PMN Domingos Dutra Lincoln Portela ocupa a vaga) Iriny Lopes Luiz Couto PSDB/DEM/PPS José Otávio Mauro Lopes Alfredo Kaefer Claudio Diaz Germano Augusto Carvalho Silvio Lopes Jusmari Oliveira Pedro Eugênio Mussa Demes 3 vagas Luciana Costa (Dep. do PSB/PDT/PCdoB/PMN ocupa a vaga) Zenaldo Coutinho Luiz Carlos 5 vagas 1 vaga Busato PSB/PDT/PCdoB/PMN Marcelo Itagiba Alice Portugal Pompeo de Mattos Maria do Carmo (Dep. do PRB ocupa a Arnaldo Vianna Lara vaga) Neucimar Fraga Paulo Rubem Santiago vaga do Rose de Freitas PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB PSDB/DEM/PPS PV Ayrton Xerez Alexandre Silveira Fernando Gabeira Edson Duarte Bruno João Campos PHS Rodrigues Felipe Bornier Miguel Martini Carlos Sampaio José Carlos Vieira PRB Jorginho Maluly Roberto Rocha Marcos Antonio vaga do Paulo Abi-ackel William Woo PSB/PDT/PCdoB/PMN Pinto Itamaraty 2 vagas Secretário(a): Angélica Fialho Raul Jungmann Local: Anexo II - Pavimento Superior - sala 170-A PSB/PDT/PCdoB/PMN

Telefones: 3216-6218 Abelardo vaga do PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Paulo Rubem Santiago FAX: 32166225 Camarinha Francisco Valtenir Pereira COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A APRECIAR AS Tenorio SOLICITAÇÕES DE ACESSO A INFORMAÇÕES SIGILOSAS Pompeo de 2 vagas PRODUZIDAS OU RECEBIDAS PELA CÂMARA DOS Mattos DEPUTADOS NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES PV PARLAMENTARES E ADMINISTRATIVAS, ASSIM COMO Dr. Talmir Fernando Gabeira SOBRE O CANCELAMENTO OU REDUÇÃO DE PRAZOS DE PHS SIGILO E OUTRAS ATRIBUIÇÕES PREVISTAS NA Felipe Bornier 1 vaga RESOLUÇÃO N º 29, DE 1993. Secretário(a): Sílvio Sousa da Silva Presidente: Paulo Teixeira (PT) Local: Serviço de CPIs - Anexo II, Sala 151-B 1º Vice-Presidente: Telefones: (0xx61) 3216-6267/6252 2º Vice-Presidente: FAX: (0xx61) 3216-6285 3º Vice-Presidente: Titulares Suplentes COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A PMDB INVESTIGAR AS CAUSAS, AS CONSEQÜÊNCIAS E OS Colbert Martins RESPONSÁVEIS PELA MORTE DE CRIANÇAS INDÍGENAS PT POR SUBNUTRIÇÃO DE 2005 A 2007. Paulo Teixeira Presidente: Vital do Rêgo Filho (PMDB) PSDB 1º Vice-Presidente: João Magalhães (PMDB) Paulo Abi-ackel 2º Vice-Presidente: Urzeni Rocha (PSDB) Secretário(a): Eugênia Kimie Suda Camacho Pestana 3º Vice-Presidente: Davi Alcolumbre (DEM) Local: Anexo II, CEDI, 1º Piso Relator: Vicentinho Alves (PR) Telefones: 3216-5600 Titulares Suplentes FAX: 3216-5605 PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Antônio Carlos Biffi Aníbal Gomes COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO COM A Carlos Souza Bernardo Ariston FINALIDADE DE INVESTIGAR A REALIDADE DO SISTEMA Dr. Rosinha Joaquim Beltrão CARCERÁRIO BRASILEIRO, COM DESTAQUE PARA A Edio Lopes Jusmari Oliveira SUPERLOTAÇÃO DOS PRESÍDIOS, CUSTOS SOCIAIS E Geraldo Resende 8 vagas ECONÔMICOS DESSES ESTABELECIMENTOS, A Janete Rocha Pietá PERMANÊNCIA DE ENCARCERADOS QUE JÁ CUMPRIRAM João Magalhães José Guimarães Telefones: (0xx61) 3216-6276 Pastor Manoel Ferreira FAX: (0xx61) 3216-6285 Rebecca Garcia Vicentinho Alves COMISSÃO EXTERNA PARA ACOMPANHAR A APURAÇÃO Vital do Rêgo Filho DAS DENÚNCIAS DE ABUSOS SEXUAIS SOFRIDOS PELA PSDB/DEM/PPS ADOLESCENTE MANTIDA EM CELA COM 20 HOMENS, NO Davi Alcolumbre Antonio Carlos Mendes Thame MUNICÍPIO DE ABAETETUBA/PA. Francisco Rodrigues Bruno Araújo Coordenador: Luiza Erundina (PSB) Ilderlei Cordeiro Vanderlei Macris Titulares Suplentes Marcio Junqueira 4 vagas PMDB Sebastião Madeira Bel Mesquita Urzeni Rocha Elcione Barbalho Waldir Neves PT PSB/PDT/PCdoB/PMN Cida Diogo Dagoberto 3 vagas Luiz Couto Marcelo Serafim Maria do Rosário Osmar Júnior Zé Geraldo PV DEM Edson Duarte Edigar Mão Branca Lira Maia PRB PSDB Cleber Verde 1 vaga Zenaldo Coutinho Secretário(a): Manoel Alvim PR Local: Serviço de CPIs - Anexo II, Sala 151-B Jusmari Oliveira Telefones: (0xx61) 3216-6210 PSB FAX: (0xx61) 3216-6285 Luiza Erundina Secretário(a): Valdivino Tolentino COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO COM A Local: Anexo II, Pavimento Superior, Sala 170-A FINALIDADE DE INVESTIGAR ESCUTAS TELEFÔNICAS Telefones: 3216-6206/6232 CLANDESTINAS/ILEGAIS, CONFORME DENÚNCIA FAX: 3216-6225 PUBLICADA NA REVISTA "VEJA", EDIÇÃO 2022, Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2007. GRUPO DE TRABALHO PARA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS. Presidente: Marcelo Itagiba (PMDB) Coordenador: Cândido Vaccarezza (PT) 1º Vice-Presidente: Hugo Leal (PSC) Titulares Suplentes 2º Vice-Presidente: Paulo Abi-ackel (PSDB) PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB 3º Vice-Presidente: Alexandre Silveira (PPS) Antonio Palocci Relator: Nelson Pellegrino (PT) Asdrubal Bentes Titulares Suplentes Cândido Vaccarezza PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB José Mentor Arnaldo Faria de Sá Carlos Willian Mauro Benevides Colbert Martins Laerte Bessa Nelson Marquezelli Hugo Leal Luiz Carlos Busato Paulo Maluf Iriny Lopes Marcelo Melo Regis de Oliveira Lincoln Portela Maurício Quintella Lessa Rita Camata Luiz Couto Nelson Bornier Sandro Mabel Marcelo Guimarães Filho Simão Sessim Sérgio Barradas Carneiro Marcelo Itagiba 5 vagas PSDB/DEM/PPS Nelson Meurer Arnaldo Jardim Nelson Pellegrino Bruno Araújo Paulo Pimenta Bruno Rodrigues Ricardo Barros José Carlos Aleluia PSDB/DEM/PPS Ricardo Tripoli Alexandre Silveira vaga do PSOL Andreia Zito 1 vaga Fernando de Fabinho Edson Aparecido PSB/PDT/PCdoB/PMN João Campos Francisco Rodrigues Ciro Gomes Jorginho Maluly Jorge Khoury Flávio Dino Marcio Junqueira Mendonça Prado Miro Teixeira Marina Maggessi Raul Jungmann PV Paulo Abi-ackel Renato Amary Marcelo Ortiz William Woo Secretário(a): Luiz Claudio Alves dos Santos PSB/PDT/PCdoB/PMN Local: Anexo II, Ala A, sala 153 Francisco Tenorio 3 vagas Telefones: 3215-8652/8 Marcos Medrado FAX: 3215-8657 1 vaga PV GRUPO DE TRABALHO PARA EFETUAR ESTUDO EM Sarney Filho Edson Duarte RELAÇÃO À EVENTUAL INCLUSÃO EM ORDEM DO DIA DE PSOL PROJETOS EM TRAMITAÇÃO NA CASA, SOBRE DIREITO (Dep. do PSDB/DEM/PPS ocupa a 1 vaga PENAL E PROCESSO PENAL, SOB A COORDENAÇÃO DO vaga) SENHOR DEPUTADO JOÃO CAMPOS. Secretário(a): Saulo Augusto Pereira Titulares Suplentes Local: Serviço de CPIs - Anexo II, Sala 151-B PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB Arnaldo Faria de Sá José Eduardo Cardozo Marcelo Itagiba Neucimar Fraga Vinicius Carvalho PSDB/DEM/PPS João Campos Raul Jungmann Roberto Magalhães PSB/PDT/PCdoB/PMN Abelardo Camarinha Flávio Dino Vieira da Cunha Secretário(a): .

GRUPO DE TRABALHO DESTINADO A ESTUDAR O REMANEJAMENTO DO ESPAÇO FÍSICO DAS LIDERANÇAS PARTIDÁRIAS. Coordenador: Hugo Leal (PSC) Titulares Suplentes PMDB Osmar Serraglio Vital do Rêgo Filho PT Walter Pinheiro PSDB Sebastião Madeira PR Luciano Castro PP Nelson Meurer PDT Mário Heringer PSC Hugo Leal PMN Silvio Costa Secretário(a): . PODER LEGISLATIVO SENADO FEDERAL SERVIÇO DE ADMINISTRAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL PREÇO DE ASSINATURA

SEMESTRAL

Diário do Senado Federal ou Diário da Câmara dos Deputados – s/o porte (cada) R$ 58,00 Porte do Correio R$ 488,40 Diário do Senado Federal ou Diário da Câmara dos Deputados – c/o porte (cada) R$ 546,40

ANUAL

Diário do Senado Federal ou Diário da Câmara dos Deputados – s/o porte (cada) R$ 116,00 Porte do Correio R$ 976,80 Diário do Senado Federal ou Diário da Câmara dos Deputados – c/o porte (cada) R$ 1.092,80

NÚMEROS AVULSOS

Valor do Número Avulso R$ 0,50 Porte Avulso R$ 3,70

ORDEM BANCÁRIA

UG – 020055 GESTÃO – 00001

Os pedidos deverão ser acompanhados de Nota de empenho, a favor do FUNSEEP ou fotocópia da Guia de Recolhimento da União-GRU, que poderá ser retirada no SITE: http://consulta.tesouro.fazenda.gov.br/gru/gru–simples.asp Código de Recolhimento apropriado e o número de referência: 20815-9 e 00002 e o código da Unidade Favorecida – UG/GESTÃO: 020055/00001 preenchida e quitada no valor correspondente à quantidade de assinaturas pretendidas e enviar a esta Secretaria.

OBS: NÃO SERÁ ACEITO CHEQUE VIA CARTA PARA EFETIVAR ASSINATURA DOS DCN’S.

Maiores informações pelo telefone (0XX–61) 3311-3803, FAX: 3311-1053, Serviço de Administração Econômica Financeira/Controle de Assinaturas, falar com, Mourão ou Solange. Contato internet: 3311-4107

SECRETARIA ESPECIAL DE EDITORAÇÃO E PUBLICAÇÕES PRAÇA DOS TRÊS PODERES, AV. N/2, S/Nº – BRASÍLIA–DF CNPJ: 00.530.279/0005–49 CEP 70 165–900

EDIÇÃO DE HOJE: 414 PÁGINAS