REVISTA MUSEU DO FUTEBOL PARA TODOS

Alex Firmino Daniela Alfonsi Conheça o jogador de fala sobre o futebol de amputados Museu do Futebol que participou do projeto Deficiente Ialê Cardoso Residente Projeto Deficiente Residente: Acessibilidade em Ação! Esporte Inclusivo Diversas modalidades para quem ama o futebol

1 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO JOÃO DORIA - Governador do Estado RODRIGO GARCIA - Vice-Governador do Estado SÉRGIO SÁ LEITÃO - Secretário de Cultura e Economia Criativa CLÁUDIA PEDROZO - Secretária Executiva de Cultura e Economia Criativa FREDERICO MASCARENHAS - Chefe de Gabinete de Cultura e Economia Criativa

IDBRASIL - CULTURA, EDUCAÇÃO E ESPORTE CARLOS ANTÔNIO LUQUE - Presidente VITÓRIA BOLDRIN - Diretora Administrativa e Financeira

MUSEU DO FUTEBOL DANIELA ALFONSI - Diretora Técnica IALÊ PEREIRA CARDOSO - Coordenadora do Núcleo Educativo

MARCELO CONTINELLI - Assistente de Coordenação do Núcleo Educativo IDBRASIL CULTURA, EDUCAÇÃO E ESPORTE​ ADEMIR SOARES, DANIEL MAGNANELLI DE ARAUJO e NÚCLEO EDUCATIVO DO MUSEU DO FUTEBOL​ TATIANE DE OLIVEIRA MENDES - Supervisores do Núcleo Educativo

CARTILHA MUSEU DO FUTEBOL PARA TODOS VOLUME IV Concepção e Elaboração - Alex Sandro Firmino da Silva, Daniel Magnanelli de Araujo, MUSEU DO FUTEBOL Débora Henrique de Oliveira, Jamil Hussein Jaber Neto, José Rodrigues Neto, Raphael Vasconcelos da Silva, Rosane Lima de Oliveira. Projeto Gráfico e Design -Pictomonster Inc. PARA TODOS​

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) Ademir Takara (CRB8-7735) N964 Volume IV Núcleo Educativo do Museu do Futebol São Paulo - SP Museu do futebol para todos: volume 4 / Núcleo Educativo do Museu do Futebol ; 2020 ilustração Fábio machado -- São Paulo : IDBrasil Cultura, Educação e Esporte, 2020. 20 p.; 21 x 29,5 cm. ISBN 978-65-87184-00-5 1. Educação 2. Educação - Museu 3. Museu do Futebol I. Título II. França, Bernardo CDD 370 CDU 376

2 3 APRESENTAÇÃO​ SUMÁRIO DANIELA ALFONSI

Você leitor certamente conhece 05 MUSEU DO FUTEBOL o futebol, o esporte mais popular Introdução a um do nosso país, mas será que museu acessível, por Daniela Alfonsi ele seria tão popular assim se não fosse inclusivo? Segundo o censo do IBGE, em 2010, mais de quinze milhões de brasileiros 06 FUTEBOL DE AMPUTADOS​ se declararam como pessoas Conheça as principais com deficiência, esse número regras da modalidade. MUSEU DO FUTEBOL representando 8,3% da população. Algumas dessas pessoas ocalizado numa área de 6.900m² no como o futebol chegou ao Brasil e se praticam esportes adaptados Lavesso das arquibancadas, na entra- tornou parte da nossa história e nossa ou não às suas deficiências. 08 PELO MUSEU DO da principal de um dos mais antigos es- cultura. Cria e desenvolve exposições Você conhece algum? Quais FUTEBOLEntrevista​ com tádios brasileiros, o Estádio Municipal temporárias, itinerantes e diversifica- tipos de mudanças - adaptações Alex Firmino, jogador do Paulo Machado de Carvalho – o Paca- da programação cultural. O Museu tem e inovações - nas regras e na Futebol de Amputados: embu, foi inaugurado em 29 de setem- como um de seus pilares a acessibilida- estrutura do jogo são necessárias olhares e reflexões sobre bro de 2008 e é um dos museus mais de e a inclusão. Foi o primeiro museu da para cada especificidade dos sua vivência no Museu. visitados do país. Concebido e realizado Secretaria de Cultura do Estado de São pela Fundação Roberto Marinho, pela Paulo, e também da Fundação Roberto atletas, considerando suas Prefeitura de São Paulo e pelo Governo Marinho, planejado para ser totalmente limitações e seus potenciais?​ do Estado, tem como missão investigar, acessível, dispondo de recursos varia- 12 ATLETA MFT ​ preservar e comunicar o futebol como dos, tanto de acessibilidade física (esca- Em 2019, a equipe do Educativo Conheça o craque expressão cultural no Brasil, em diálo- das rolantes, elevadores, piso podotátil, do Museu do Futebol realizou o Alex Firmino dentro go com todos os públicos, para instigar cadeira de rodas) quanto de acessibili- projeto Deficiente Residente e, por ​e fora de campo. e inspirar ideias sobre futebol. É um dade comunicacional (audioguias em in- cerca de 4 meses, acompanhou museu, portanto, aberto ao convívio de glês, espanhol e para cegos, maquetes de perto a vida de um craque todos os públicos, amantes ou não do táteis, materiais sensoriais etc). O Mu- da bola, Alex Firmino, jogador esporte mais popular do planeta. Apre- seu busca o constante aprimoramento e de Futebol de Amputados. 14 OUTROS FUTEBÓIS ​ senta ao público uma exposição princi- adaptação de sua expografia, conteúdos, Realizamos uma entrevista Conheça variações do pal, distribuída em 15 salas temáticas, linguagens e, principalmente, o atendi- exclusiva e descobrimos futebol para ​pessoas com que narra de forma lúdica e interativa, mento humano e atento às diferenças. informações sobre sua vida, sua deficiência ​e algumas de carreira e sobre algumas regras suas regras específicas. específicas para esta modalidade.​ O Museu tem como um de seus pilares a acessibilidade e a Conheça, descubra, reflita e 13 ”PROJETO DEFICIENTE inclusão. Foi o primeiro museu da torne-se parte desse incrível RESIDENTE: mundo da bola!​ ACESSIBILIDADE EM Secretaria de Cultura do Estado de AÇÃO!” uma crônica São Paulo, e também da Fundação Boa leitura! de Ialê Cardoso. Roberto Marinho, planejado para ser totalmente acessível

4 5 FUTEBOL DE AMPUTADOS

HISTÓRIA REGRAS E CURIOSIDADES O Futebol para Amputados é uma O TERRENO DO JOGO variação do futebol society. Para Geralmente, a prática ocorre em um ser um atleta da modalidade, é campo de futebol society com medidas necessário ser amputado ou ter um mínimas de 60m x 38m. JOGADOR DE LINHA membro com restrição significativa Não pode usar o coto da perna em suas funções, seja por questões 60 m amputada ou as muletas para tocar, congênitas (má formação) ou de maneira proposital, na bola ou adquiridas (acidentes ou doenças ao Centro de campo Marca de pênalti Linha de saída no adversário. Lateral e escanteio longo da vida) no membro inferior, 8 m 5 m Área de meta devem ser cobrados com o pé. no caso de jogador de linha, ou de 38 m algum membro superior, no caso do goleiro. A Copa do Mundo de Futebol para Amputados foi criada em 1987 pela Ampute Soccer Internacional. Atualmente, o Brasil é tetracampeão mundial (1989, 2000, 2001 e 2005). ESQUEMAS TÁTICOS Estrutura desenvolvida pela comissão EQUIPAMENTOS Ademir Cruz As cores das comemora técnica a fim de organizar sua equipe DOS JOGADORES muletas são a segunda Copa dentro de campo. Algumas variações: consecutiva A muleta padronizadas de do Brasil 2-3-1 2-1-2-1 canadense é a acordo com as em 2001 mais utilizada cores do time. para a prática do esporte. O coto deve estar Em algumas coberto com exceções, tecido da cor do utiliza-se a meião do time. muleta axilar. Muleta Muleta canadense axilar Chico Frateschi Chico Hofmann, USA Richard 3-2-1 3-1-2 GOLEIRO NÚMERO DE JOGADORES DURAÇÃO DA PARTIDA Não é permitido sair O time é formado por 7 jogadores em 2 tempos de 25 minutos, com intervalo de dentro da área. campo, sendo 6 na linha e um no gol, de 10 minutos. Cada treinador pode além dos jogadores reservas. pedir um tempo de 1 minuto por Não pode usar o coto período para orientar seus jogadores. do membro amputado para defender. SUBSTITUIÇÕES No tiro de meta, a bola Não há limite para substituições. não pode ser lançada Os jogadores substituídos podem diretamente para o retornar ao jogo. O jogo é paralisado campo de ataque. apenas para a substituição do goleiro.

6 7 ENTREVISTA ALEX FIRMINO

Durante o projeto Deficiente Residente, Alex Firmino, jogador Museu: Fica bem claro que existiu Museu: Você acha que o futebol de amputados teria um Alex antes do futebol de mais adeptos se as pessoas tivessem conhecimento do São Paulo e da Seleção Brasileira de futebol de amputados, amputados e outro muito diferente sobre o esporte?​ fala sobre vida, carreira e muito mais, confira!​ após o futebol de amputados. Qual Alex: Com certeza, né? As pessoas acham que o a importância desse esporte na futebol de amputados, por ser uma adaptação, é um sua vida?​ esporte chato, parado e que não tem contato, mas Alex: Futebol de amputados na verdade é um esporte de muito contato físico. mudou minha vida, me fez viver de Só estando lá para saber como é diferente.​ novo, foi como um recomeço, eu ​ renasci por causa daquele futebol. Museu: Depois de conhecer o esporte, quando você Depois que eu conheci o esporte decidiu jogar? Conta para a gente como foi o seu minha vida foi mudando. Antes primeiro contato como jogador. Foi fácil se adaptar?​ eu não gostava que as pessoas Alex: Uma semana depois que eu assisti o jogo de olhavam para mim, eu ficava com amputados, pela primeira vez, eu fui tentar jogar. a maior vergonha, nem queria O Bruno que me emprestou uma chuteira. Eu ainda sair de casa, depois do futebol estava me acostumando com as muletas, na época eu fui ficando menos tímido, fui eu usava a muleta axilar. No meio do treino eu conhecendo outras pessoas iguais tentei dar um “bote” e levei um drible que me deu a mim, fui me divertindo mais, uma “envergada”, travei a muleta, caí no chão e brincando, zoando, dando risada, machuquei o coto, onde tomei os pontos da cirurgia, feliz! Foi aí que notei a mudança.​ mas depois continuei treinando. Ganhei a muleta ​ canadense (de antebraço) da minha mãe e da minha Museu: No início você foi muito namorada e entrei de cabeça, me apaixonei de vez incentivado a jogar, tanto pela sua pelo esporte.​ Alex com a equipe educativa durante família, quanto por amigos. Você sua visita ao Museu do Futebol

Educativo Museu do Futebol Educativo encoraja pessoas com deficiência Museu: E aí já começou craque de bola né?​ a praticar esportes?​ Alex: Nada. Logo quando eu comecei, eu era Museu: Alex, você já jogava o futebol ​Museu: Com essa relutância de não Alex: Sim, o esporte dá condições fraquinho, não tinha muita habilidade, essas coisas, de “andantes” antes do acidente e acreditar que fosse possível, como essa para as pessoas conhecerem outras foi onde eu comecei a me adaptar. Eu ia para o campo sabemos que a versão de amputados barreira foi quebrada?​ iguais a ela, superando as mesmas ficava jogando com os moleques, via os caras jogando, não é tão popular quanto a convencional. Alex: A Marcella entrou em contato com o dificuldades, e ela acaba percebendo pegava uma bola, ficava chutando, treinando, e a De que forma você conheceu o futebol Bruno marcando um encontro comigo e no que pode viver normalmente. O cada dia fui me aperfeiçoando mais. Quando eu fui de amputados?​ mesmo dia ele queria me levar pro time (risos). esporte resgata vidas, eu recomendo ver, estava chutando tão forte que nem mesmo eu Alex: Através da minha namorada, Eu nem queria ter esse encontro, mas quando para todo mundo que esteja acreditei, “explodi” do nada. ​ Marcella. Sabendo da minha paixão pelo ele chegou já começou a brincar comigo, passando por algum problema, esporte, ela fez uma pesquisa e me ligou me incentivando a levantar da cama, a viver, porque tenho certeza que a pessoa Museu: Quando foi descoberto o seu talento para a contando sobre o time Corinthians Mogi, a jogar bola, e eu ainda seguia recusando, vai se sentir melhor.​ modalidade? Depois de tanto treinamento, em quanto de Mogi das Cruzes. No começo eu duvidei achava impossível jogar com uma perna só. Ele tempo você se percebeu como um exímio jogador da possibilidade de jogar bola, eu falava: insistiu, combinou de me buscar no sábado, O esporte dá condições e de que forma a sua carreira foi transformada?​ “Jogar futebol com uma perna só? Nada a e eu já estava preparado para inventar uma para as pessoas Alex: Três meses depois que eu estava na ver isso aí”. ​A Marcella insistiu e conseguiu desculpa pra não ir (risos). No dia marcado, Associação. Consegui entrar para o time mais forte o contato de um time mais próximo a quando ele chegou, acabou​ me convencendo superarem as dificuldades que era o São Paulo, tudo aconteceu muito rápido. minha casa, a Associação Bola Para Frente a ir assistir ao jogo, cheguei lá, era um jogo do e elas acabam Disputei o primeiro campeonato com esse time Esportes Adaptados, e de um dos jogadores , fiquei na torcida e me ficando em 4º lugar no Campeonato Brasileiro e que morava mais próximo a mim, o Bruno, espantei ao ver como eles jogavam bola muito percebendo que podem depois veio a minha convocação para a seleção e foi onde tudo começou.​ bem, mesmo sem ter uma perna. ​ viver normalmente. brasileira, de uma hora para outra. ​

8 9 ENTREVISTA ALEX FIRMINO

Museu: Quais dicas você daria para Alex: Ah, sim! Estava com meus amigos alguém que estivesse iniciando hoje na viela perto de casa, e minha família no futebol de amputados? colocou a TV para o lado de fora e todo Alex: Se esforce, aperfeiçoar os mundo do bairro ficou ali assistindo. Como fundamentos é essencial, e se não conhece eu era pequeno e o que mais gostava era algum amputado para jogar com você, jogue da bagunça, não dava muita atenção. Minha com seus amigos não amputados. Jogar lembrança era mais das brincadeiras, da com andantes me fez um melhor jogador de festa. Depois daquela copa eu comecei com futebol de amputados.​ meus amigos a arrecadar dinheiro na viela e decorar a rua inteira com fitinhas e tinta ​Museu: Teve algum jogador que marcou a verde e amarela. Essa festa na viela com a sua infância? Que acabou se tornando uma TV do lado de fora segue viva até hoje lá no inspiração?​ meu bairro.​ Alex: (Risos). Vários! Kaká, Lúcio, Vampeta, ... são meus ídolos. São caras Museu: Nessas festas você imaginava que eu lembro.​ que um dia poderia disputar uma Copa do Mundo?​ ​Museu: Na Copa de 2002 o Brasil se Alex: Eu nunca imaginei que um dia poderia tornou pentacampeão, foi uma festa no jogar uma Copa do Mundo, mas é o sonho Brasil inteiro, você se lembra dessas de todo moleque do bairro. ​ comemorações? Falando em Copa, conta para a gente como era esse clima de copa Museu: Em 2018, você realizou esse sonho do mundo onde você vivia? A sua família é de infância e disputou, no México, uma daquelas que se reúne para ver os jogos? ​ Copa do Mundo de Futebol de Amputados, conquistando o terceiro lugar. Conta para a gente como foi essa experiência. Alex: Foi tudo bem diferente pra mim. Até na hora de comer você sente que está em outro país. Lá no México eles colocam ALEX pimenta em tudo, não estava acostumado! E tem também o trânsito lá que é bem diferente daqui do Brasil, nem parece que tem lei (risos). O mais legal foi dividir o hotel com as outras seleções. Dá pra perceber FIRMINO como cada cultura é diferente e também como muda o estilo de jogo de país para país. Os russos são todos muito fortes, um jogo físico e retranqueiro, os caras batem pra caramba. Os angolanos são rápidos e tem um jeito diferente de usar a muleta. E o time da Nigéria é o mais engraçado, os jogadores dançam pra qualquer coisa, estão sempre felizes! Senti muito orgulho de representar o Brasil, queria ter sido campeão né... mas o terceiro lugar foi uma Educativo Museu do Futebol Educativo grande conquista pra nós.​​ Frateschi Chico

10 11 ALEX FIRMINO “Um dos gols mais marcantes que fiz Nome: Alex Sandro Firmino da Silva​ aconteceu em 2018, no Campeonato O GOL DA MINHA VIDA Paulista. Nós perdemos de 6 a 1 do Nascimento: 11/03/1997​ (São Paulo) ​ Corinthians Mogi mas foi o primeiro Altura: 1,80m​ gol que fiz em cima deles, que são Peso: 59,9kg​ um time muito forte no futebol de amputados. Foi um gol em que eu driblei, driblei, dei um tapinha pro Time do coração: São Paulo.​ gol, o zagueiro não conseguiu tirar a bola e empurrou pra dentro.” Posição: Meia-atacante.​

Número de camiseta predileta: 11​ Frateschi Chico

Ídolos do Futebol: Ronaldinho Gaúcho, O que gosta de comer?​ Ronaldo, Kaká, Rogério Ceni e Vampeta.​ Pastel de carne com queijo e strogonoff de frango.​ Ídolos de outras áreas: Maria da Conceição (mãe), Marcella (namorada). ​ Curiosidade?​ Comecei a torcer pro São Paulo Principais conquistas:​ com 11 anos de idade. ​ 3° lugar na Copa do Mundo de Futebol de Amputados pelo Brasil em 2018.​ Você sabia? ​ 4° lugar na de Futebol de Eu treino com os andantes no campo do Amputados pelo São Paulo FC em 2018.​ Ibirapuera de vez em quando. ​ 3° lugar no Campeonato Paulista de Futebol de Amputados pelo São Paulo FC Como gosta de jogar?​ em 2018 e em 2019.​ Meia-atacante. ​ Vice-campeão no Campeonato Brasileiro de Futebol para Amputados pelo Quais suas principais habilidades?​ São Paulo FC em 2019​. Aprender muito fácil, driblar, correr e chutar.​ Time que gostaria de jogar?​ Barcelona (ESP)​.

Para onde o futebol já te levou?​ Classificação (de 0 a 10)​ San Juan de los Lagos (México), Goiânia (GO), Cosmópolis (SP), Rio das Ostras Finalização (RJ), Leme (SP) e Maringá (PR).​ Drible Velocidade ​ Para qual país você gostaria que o Cabeceio ​ futebol o levasse? Por qual motivo?​ Habilidade ​ Turquia. Lá o futebol de amputados Marcação ​ é muito valorizado e desenvolvido.​ Passe Resistência ​ Lugares favoritos?​ Leitura de jogo Parque do Ibirapuera (SP), Avaliação Geral e Pernambuco. ​

12 13 OUTROS FUTEBÓIS

FUTEBOL Curiosidades sobre as regras:​ REFLITA SOBRE ESSAS PERGUNTAS:​ DE CEGOS​ Atletas de linha usam vendas e QUAIS REGRAS DO FUTEBOL PODEM SER ALTERADAS? ​ Este esporte é jogado tampões nos olhos para evitar por pessoas com qualquer vantagem dos que PARA QUE SERVE A NOSSA CRIATIVIDADE?​ deficiências visuais apresentem percepção luminosa. ​ com classificação oftalmológica B1, ou O goleiro não possui deficiência O QUE NOS TORNA DIFERENTES UNS DOS OUTROS? seja, cegos totais ou com percepção de luz, visual e, durante a partida, não mas sem reconhecer o formato de uma mão pode sair dos limites de sua área a qualquer distância.​ para tocar a bola. Quando jogamos futebol na rua, na praia, Entre as adaptações e variações de regras, na praça ou em outro lugar não oficial, olhares ao nosso redor e às pessoas que ​A modalidade surgiu em 1920, na Espanha, Estruturas colocadas junto às mudamos as regras de acordo com convivemos, notamos que o futebol é um e há relatos de que, no Brasil, as primeiras laterais impedem que a bola saia nossas necessidades e nem damos conta. esporte que pode ser jogado de várias partidas aconteceram nos anos 1950, com da quadra a menos que seja por cima delas ou pela linha de fundo.​ Quantidade de jogadores, com ou sem maneiras. O futebol, com as mudanças cegos praticando futebol com garrafas, goleiro, tamanho do gol, se a bola sai pela sociais e estruturais das cidades ao longo latas e bolas envolvidas com plástico em A bola emite sons a partir de lateral, entre tantas outras variações. Sabe dos anos, criou novas modalidades esportivas instituições de ensino e apoio às pessoas guizos internos para a orientação por que fazemos isso? Para tornar o futebol como o futsal, o futebol de praia e o society. E com deficiências visuais. O primeiro evento e localização dos jogadores acessível à realidade em que estamos. se pensarmos nas pessoas que convivemos, oficial ocorreu em Natal (RN) durante as em quadra.​ Em um dia, temos 6 crianças em um time será que existem Outros Futebóis?​ Olimpíadas das APAE’s de 1978.​ contra 5 e, no outro dia, jogamos em trios. A quadra é dividida em 3 terços para Em um jogo, fazemos tabela com o muro Listamos algumas das principais ​Desde que o esporte passou a fazer que as orientações sejam feitas por e, no outro, se a bola encostar nas modalidades para pessoas com deficiência parte dos Jogos Paralímpicos, a seleção pessoas específicas: o goleiro no águas do mar, o jogo para. ​ que nasceram a partir do Futebol. canarinho foi medalha de ouro em todas terço da defesa, o técnico no terço as edições disputadas até hoje: Atenas central, e o “chamador” no terço (GRE) em 2004, Pequim (CHI) em 2008, de ataque. Este fica atrás do gol VOCÊ SABIA?​ Londres (ING) em 2012 e no Rio de Janeiro adversário dando informações sobre Existem alguns critérios a serem (BRA) em 2016. a direção do gol, o posicionamento considerados no desenvolvimento de dos adversários e as possibilidades futebol para pessoas com deficiência:​ de jogadas.

Local: limitado e bem sinalizado, sem qualquer tipo de obstáculo. Geralmente, as dimensões do local de jogo são similares às do futebol de campo, society ou do futsal.​

Materiais: devem ser confeccionados de acordo com as especificidades de cada tipo de deficiência. ​

Regras de jogo: adaptação ou, se necessário, criação de novas regras para atender ao perfil, às habilidades e às limitações de cada deficiência para maior

igualdade entre os atletas. Renan Cacioli/CBDV

14 15 OUTROS FUTEBÓIS

FUTEBOL B2/B3 POWER SOCCER Curiosidades sobre as regras:​

Assim como o Futebol de Cinco – ou Futebol de Esta modalidade teve início no final dos A equipe é composta por 4 jogadores em Cegos – a modalidade é praticada por pessoas com anos 1970, a fim de atuar na reabilitação cadeiras de rodas motorizadas na quadra, deficiências visuais com a diferença da classificação de jovens com deficiências físicas sendo três na linha e um no gol. oftalmológica. Enquanto o primeiro é para atletas B1, (geralmente distrofia muscular e paralisia este é para atletas B2 (quando há a percepção de vultos) cerebral). Na França, ganhou o nome de Os atletas são divididos em duas e B3 (quando há a definição de imagens). Com essas “Powerchair Football” e, no Canadá, “Motor categorias: PF1, para pessoas com grande especificidades na deficiência visual dos atletas, a Ball”. Apesar da nomenclatura diferente, comprometimento físico e PF2, para modalidade segue muitas regras parecidas com o futsal.​ ambos esportes eram similares. pessoas com comprometimento moderado.

Em 2005, por iniciativa dos franceses, A cadeira de rodas tem, obrigatoriamente, Curiosidades sobre as regras:​ iniciou-se o processo de tornar o esporte que ser motorizada e estar equipada com uma modalidade internacional. Assim, o footguard, uma estrutura de proteção Atletas B2 e B3 atuam juntos, unidos com outros países que já praticavam colocada na frente da cadeira de rodas, sem a necessidade de venda variações do Power Soccer, também utilizada para a realização de condução para cobrir os olhos. ​ conhecido como Powerchair Football, da bola, dribles, passes, chutes e defesas. Equipes devem ter, no mínimo, estruturaram as regras para que, em dois atletas classificados como outubro de 2006, nos Estados Unidos, as A bola tem medida aproximada de 32,5cm B2 em quadra. novas regras fossem testadas e validadas. de diâmetro e seu peso a impede que saia do chão com frequência. A bola deve ter contraste com No Brasil, há relatos da prática da piso da quadra, de forma que modalidade sendo iniciada em meados Os atletas não podem ultrapassar esteja o mais visível possível. de 2010, no Rio de Janeiro. a velocidade de 10km/h com suas

Renan Cacioli/CBDV cadeiras motorizadas.

FUTSAL DOWN Curiosidades sobre as regras:​

A primeira Copa do Mundo Segue as regras oficiais do de Futsal Down aconteceu futsal com a possibilidade em 2018, na região de de sofrer alterações a fim de Viseu (POR), e contou com favorecer a prática do esporte, a participação de Portugal, a igualdade e a competitividade África do Sul, México e durante o jogo. a Itália, que sagrou-se campeã. Em 2019, em Tempo maior para a cobrança Ribeirão Preto (SP), a de lateral, escanteio e tiro de meta. segunda edição do torneio contou com 7 países: Brasil, Tempo maior de descanso Argentina, Chile, Itália, entre os dois períodos. México, Peru e Portugal. Na grande final, o Brasil A bola de jogo utilizada tem as foi campeão vencendo a medidas da bola da categoria Argentina por 7 a 5. ​ juvenil (Sub-17).

​ 16 17 OUTROS FUTEBÓIS IALÊ CARDOSO FUTEBOL FUTEBOL DE SURDOS DE SETE

Os primeiros registros são de Praticado por pessoas 1871 no Reino Unido, sendo o com paralisia cerebral e/ Glasgow DFC o primeiro time. Na ou alguma outra lesão esfera internacional, foi incluída cerebral traumática, como modalidade nas Olimpíadas surgiu em 1978, na de Surdos – ou Surdolimpíadas Escócia, como uma - desde 1924. Praticado sem a adaptação do futebol necessidade de criar adaptações durante a terceira edição dos Jogos PROJETO DEFICIENTE RESIDENTE: ou variações nas regras, exceto Internacionais para Paralisados Cerebrais. na comunicação da arbitragem, Em Nova Iorque, no ano de 1984, estreou ACESSIBILIDADE EM AÇÃO!​ é praticado no formato de futsal, como uma modalidade paralímpica, tendo a futebol de campo ou society.​ Bélgica como a primeira medalhista de ouro. com alegria e orgulho que escrevo esta Hoje, já com nove anos de atividades, A modalidade, no entanto, não fará mais É breve crônica sobre o projeto educati- este projeto que nos orgulhou ao ser lau- parte dos Jogos Paralímpicos a partir de vo Deficiente Residente, que considero o reado por dois prêmios de educação em Curiosidades sobre as regras:​ 2020 por não atender às regras estabelecidas mais importante e transformador da mi- museu, consolidou sua atuação traba- pelo Comitê Internacional que determina que nha vida profissional. Criado em 2010, o lhando a cada ano uma deficiência dife- Os árbitros utilizam bandeiras esportes coletivos devem ser praticados por, projeto atua na área comportamental e rente e convidando uma ou duas pessoas para se comunicar com as no mínimo, 24 países e em 3 continentes.​ atitudinal, transformando e qualificando com deficiência para trabalhar na equi- equipes e procuram ficar de o atendimento oferecido pela equipe do pe do Núcleo Educativo por três meses frente para os jogadores.​ No Futebol de 7, a primeira participação Museu do Futebol ao seu público visitante.​ como residente remunerado. Neste perí- do Brasil ocorreu nos Jogos Paralímpicos No processo de decidir dar vida ao odo, tanto a equipe do Museu quanto os Para competir nas Olimpíadas de Barcelona (ESP) em 1992. Desde então, projeto, investigamos a nossa prática e residentes vêm exercitando habilidades de Surdos, a única exigência é conquistou três medalhas sendo uma prata assumimos, com muita humildade, que socioemocionais tais como empatia, afe- que os atletas tenham perda em 2004 nos jogos de Atenas (GRE) e duas tínhamos dificuldades importantes na to e acolhimento, quebrando barreiras e auditiva inferior a 55 decibéis de bronze – em Sidney, Austrália (2000) e no interação com o público com deficiência, buscando contribuir cada vez mais para o no melhor ouvido. Rio de Janeiro (2016). em decorrência de preconceitos pessoais acesso pleno da pessoa com deficiência.​ e sociais, por falta de conhecimento e até Como resultado do projeto, com igual por dúvidas em relação ao vocabulário, protagonismo dos residentes e da equi- Curiosidades sobre as regras:​ comportamento e a necessidade de adap- pe de educadores e orientadores de pú- tar a linguagem. Percebemos que, para blico, passamos a entender que aces- Cada time tem sete jogadores minimizar as barreiras – visíveis e invisí- sibilidade, inclusão e diversidade são (incluindo o goleiro) e cinco reservas. veis –, era preciso con- construídas com base Os jogadores são divididos em versar a respeito do Acessibilidade, inclusão em troca de experi- categorias de acordo com o grau da assunto com o outro, ência, escuta afetiva e paralisia e o comprometimento: FT1 ou seja, com a pes- e diversidade são atenção às necessida- (severo), FT2 (mediano) e FT3 (leve). soa com deficiência e construídas com base des individuais.​ Os arremessos laterais podem ser conhecer seus pontos Tem sido emocio- cobrados com apenas uma das mãos; de vista para melhorar em troca de experiência, nante aprender que a desde que a bola toque imediatamente nossa atitude e tornar escuta afetiva e atenção convivência com as di- o solo após a sua execução​ o espaço físico do Mu- ferenças torna possí- seu adaptado e acessí- às necessidades vel respeitá-las e acei- Não há impedimento.​ vel a todos.​ individuais tá-las.​​

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Praça Charles Miller, s/n°

Estádio do Pacaembu, São Paulo, SP (11)3664-3848

www.museudofutebol.org.br

Pessoas com deficiência e um acompanhante têm entrada gratuita

Para visitas educativas o agendamento pode ser realizado de segunda à sexta-feira das 8h30 às 12h30 pelo telefone (11)3661-2273.

Esporte Inclusivo Diversas modalidades para quem ama o futebol

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