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Bacia do Bol. 233:

Devonian . Montana [nxpsx, J. Press, p.

Bióglifos Evolução Geológica do Cinturão Móvel do Quipungo no Ocidente de * boto. An. J. R. TORQUATO, A. T. S. FERRF.iRA DA SILVA, U. G. CORDÃNI e %. BAWASHTTA sils. Sepa- Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA; Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e structures. Centro de Pesquisas Geocronológicas, Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP ialeoecolo- (Com 4 figuras no texto)

INTRODUÇÃO de um modelo coerente, em base aos dados geo- cronológicos aqui apresentados. Neste trabalho procura-se demonstrar a presença de um cinturão móvel de idade ebur- neana, situado no quadrante sudeste de um GEOLOGIA núcleo cratônico mais antigo, na região entre Sá da Bandeira e . RocxAs QuE CorrsTlTv~I o CI1vTURÃO MóvEI. O Cinturão móvel inicia-se um pouco a Do QUIPuxco leste de Moçâmedes, com direções mais ou Embora o mapeamento geológico da região menos E-W,~encurva-se para baixo, passando a em estudo (Fig. 1) não contenha elementos es- sul de Sá da Bandeira, bordejando a serra da truturais suficientes para a perfeita divisão da Chela e em seguida adquire a direção NE seguin- área em altos e baixos tectônicos, de acordo com do em direção à cidade de Nova Lisboa. As suas o grau de metamorfismo e granitização, é pos- dimensões, na região conhecida, são aproxima- sível encontrar rochas características de cada damente 400 km de comprimento por mais de uma dessas unidades geotectônicas. 100 km de largura. Está melhor definido na re- Como representantes dos baixos estruturais gião que está situada entre Vila Paiva Couceiro, (rochas epìzonais) observa-se a presença. de me- e (Fig. 1). O nome aqui tassedimentos, essencialmente quartzíticos, proposto de "Quipungo", é o nome nativo da nas regiões de Vila Branca, Negola, . Gando, povoação mais importante da região :Vila Paiva Cola, Calépi, Cariango-Imbanda, Volta e Ta- Couceizo. quete, entre outras de menor importância. A sudeste o cinturão contata com rochas Geralmente são acompanhadas de quartzitos mais antigas, o Complexo Gabro-Anortosítico grauvacóides, metagrauvacas, metarenitos, xis- do sul de Angola, e a sudeste e leste perde-se tos diversos e raros metaconglomerados intra- sob as formações terciárias arenítico-arcoseanas formacionais. Suas camadas orientam-se, regra do Kalahari. A oeste, eventos posteriores mar- geral, segundo N40°-70°E, com mergulho sub- caram acua evolução. Pelas relações de campo, vertical afoite para noroeste. pela extensão e zoneamento N-S que apresentam Tais rochas metasseciimentares, na região as rochas do Complexo Gabro-Anortosítico do entre Taquete e Capala, são acompanhadas sul de Angola, e ainda pela presença, ao longo por vitrófiros de natureza riolitica a andesítica, de todo o flanco oeste do cinturão geológico, de vulcano-sedimentares de composição dacítica e derrames ácidos a intermediários, procura-se pórfiros granitóides (riolíticos a andesíticos), explicar o desenvolvimento da região através enquanto que a oeste do Sendi afloram granito- pórfiros e quartzo-pórfiros na proximidade de * Recebido em 13 de setembro de 1978. testemunhos residuais de quartzitos. A norte de

An. Arad. Brasil. Ciénc., (1974), 51 (1) 134 J. R. TORQUATO, A. T. S. F. DA SILVA, U. G_ CORDANI e K. KAWASHITA

Caluquembe (Xitoma e Capala) rochas extru- para N15°-45°,E, raramente atïngindo N60°E. sivas alternam-se, gerahnente, com as rochas O seu mergulho é praticamente subvertical. metassedimentares. A sudeste de Vila Paiva Couceiro encontram-se Ainda associados às rochas metassedimen- muito mascaradas por rochas arentito-arcosea- tares, plutônicas e vulcânicas acima referidas, nas de idade cenozóica. Para sudoeste daquela afloram espilitos e albitófiros na região entre cidade as direções da xistosidade parecem Taquete e Capala, cortados por lavas e tufos de circundar o planalto da Chela, asul-sudoeste natureza riolítica. A leste da região de Vila de Sá da Bandeira, orientando-se a pouco Paiva Couceiro, em , foram detectadas e pouco para W-E e NW-SE, à medida que lavas almofadadas e outras rochas verdes alter- o Quipungo se aproxima do Sudoeste Africano. , nando com as rochas metassedimentares da Ainda na região de Vila Paiva Couceiro, mesma idade das da região aqui estudada regra geral entre as rochas gabro-anortosíticas (Koipershoek, 1970). Tais espilitos, albitófiros, e gnáissico-migmatíticas, afloram rochas char- lavas almofadadas e outras rochas verdes cor- noquíticas (enderbíticas) e afins, de composi- respondem, na opinião de Silva (1974), ao vul- ção diorítica a granodiorítica, evidenciando canismo pré-orogênico Eburneano. os mesmos aspectos estruturais dos gnaisses Ao conjunto das rochas metassedimentares regionais. Alguns granulitos ácidos também que ocorrem na região em estudo e às suas con- se associam aos migmatitos, a nordeste daquela gêneres que afloram a leste, nordeste e norte cidade, com evidências de terem sido geradas de Vila Paiva Couceiuro (Cassinga, , em condições catazonais, simultaneamente com Oendolongo, Nova Lisboa e Vila Mariano Ma- anortositização das rochas básicas remobiliza- chado) foi dado o nome de Sistema do Oendo- das do embasamento pré-existente (Silva,1974; longo (Monta e O'Donnell, ~ 1933 e Monta, Silva e Paixão, em publicação; Simões, em pu- 1954). Kopershoek (1970) criou, a partir das blicação). mesmas rochas metassedimentares, os Sistemas Os biotita-granitos, em geral de granula- de Cassinga, Chivanda e Oendolongo. Silva (em ção média e acinzentados (granito regional), publicação) denominou de Supergrupo do Oen- são as rochas de maior expressão na região. dolongo ao conjunto de metassedimentos e Ter-se-iam originado por palingênese e/ou ana- metavulcânica.s acima descrito. texìa durante a fase mais intensa do metamor- A atestar a presença de altos estruturais fismo regional Eburneano. Simultâneamente, ocorrem regionalmente rochas magmáticas re- processou-se a granitização e migmatização cristàlizadas emuito afetadas por granitização, nas rochas metamórficas antes referidas, bem rochas metamo~cas meso-catazonais (gnaisses, como a formação das rochas granitóides (a sul migmatitos, leptinitos, granulitos e charnoqui- da , sudoeste de Negola e Gando, e tos, estes últimos contíguos ao complexo gabro- outras), de composição diorítica. a granítica, e anortosítico) Brochas granitóides biotita-grani- geralmente de textura porfiritica. Estas situam- tos porfiroblásticos ou não, granitóides porfiriti- se quase sempre nas bordas dos granitos regio- cas, muscovita-granitos e pegmatitos. nais com freqüentes passagens graduais. Gnaisses (s.1.) e migmatitos foram ma- Osbiotita-granitos porf`iroblásticos (granito peados na região em redor e a nordeste de da Quibaba) englobam termos menos ácidos Vila Paiva Couceiro e anordestede . que podem chegar a quartzodioritos. Apesar Estas rochas passam de modo gradual a rochas dos seus porfiroblastos de K-feldspato se terem granitóides, ou então são intrudidas por estas. gerado por microclinização tardia (metasso- À nordeste de Caluquembe, no Sendi e no matose) considerámo-los gerados por ocasião da Lumbir, a migmati~ação das rochas meta.sse- formação do granito regional, pois sua dimentares originou migmatitos de paleossoma mesóstasis quartzodioritica à granodio- grauvacóide dominante. Na área de Vila Paiva ritica se formou durante esse período (Sil- Couceiro apresentam xistosidade geral orientada va, op. cit.). São rochas de comportamento

An. Acari. brasil. Ciénc., (1979), 51 (1) EVOLUçÃO GEOLÓGICA DO CINTURÃO MÓVEL DO QUIPUNGO NO OCIDENTE DE ANGOLA 13S intrusivo em todas as anteriormente meneio-. firóides, olivina-gabros, homblenditos, piro- nadas, incluindo as básicas e ultrabásicas rela- xenitos, olivina-diabásios e raramente trocto- cionadas ao complexo gabro-anortosítico. A litos e olivina-basaltos. Tais tipos litológicos sul e sudeste da Chicomba, embora reomo- nunca ocorrem conjuntamente no mesmo aflora- geneizando oembasamento gnáissico-migmatí- mento. São manchas reliquiares, regra geral tico, não conseguiram apagar a sua xistosidade. granitizadas e metamorfizadas, que parecem Seus afloramentos mais expressivos ocorrem a corresponder a digitações do complexo gabro- norte e nordeste de Taquete, intrusivos em anortosítico preservadas durante a gênese do quartzitos e metariolitos. Quipungo. Na região compreendida entre Quilengues Após o resfriamento do cinturão do Qui- e , aparece o muscovita-granito d~. pungo, as regiões da Cacula e da Chicaia Chicala, leucocrático, intrusivo no granito re- foram afetadas por magmatismo granítico al- gional, por vezes orientado segundo N25°E. calino que intrudiu as rochas pré-existentes. Diversos diques pégmatíticos com musco- Em sua fase tardia, ter-se-iam gerado diques vita ocorrem entre Sendi e Taquete, cortando de pegmatitos gráficos e feldspáticos, muito as rochas do Supergrupo do Oendolongo, o freqüentes entre Quilengues e Sendi. Tais peg- granito regional e rochas associadas. matitos foram por sua vez cortados por diques diabásicos, em geral oUivínicos, orientados se- RocxAs AssoclADAs Ao CnvTVRÃo MÓVEL Do gundo N50°-70°W. QumUNco Magmatismo granítico alcalino posterior, Rochas básicas e ultrabásicas do complexo e caráter anorogênico provável, foi responsá- gabro-anortosítico do sul de Angola ocorrem vel, áleste esudeste de .Vila Paiva Couceiro, na região sul de Vila Paiva Couceiro, e teriam pela intrusão de granito-pórfiros e granitos feito parte do embasamento remobilizado du- :avermelhados da Matala. Estes associam-se rante agênese do Quipungo. Delas fazem parte mesmo em direção ao sudoeste de Angola, anortositos, olivina-gabros, noritos, hiperitos, mostrando passagens graduais entre si. Seus troctolitos, olivina-diabásios, piroxenitos, horn- afloramentos orientam-se segundo NE-SW. São blenditos e wehrlitos. Foi, assim, possível a intrusivos nos complexos gabro-anortosítico anortositização deste material básico, em con- e gnáissico-migmatítico, dos quais os granito- dições catazonais. Em vista disso seu compor- pórf`Iros sofreram contaminação. tamento em relação às rochas gnáissico-mig- Magmatismo básico, também de caráter matíticas toma-se confuso, pois umas vezes anorogênico, afetou a região a norte da Cacula, parece intrusivo, mas noutras parece mobili- resultando dois importantes diques de noritos, zado por elas. As rochas diorítico-granodiorí- de orientação próxima de N15°W. Intrudiram tica.s, de fácies granulito, associam-se-lhes, nas rochas granítiças e gabróicas, rejeitaram diques imediações e à nordeste de Vila Paiva Couceiro, de olivina-diabásios, mas foram cortados por atestando sua gênese em condições de meta- diques de rochas fonoliticas orientadas segundo morfismo de alto grau (Silva, op. cit. ; Silva e N30°-50°E. Paíxão, op. cit.). O complexo, de orientação Mais recentemente, magmatismo básico e geral entre N-S à NNE-SSW, estende-se para alcalino ocasionou a formação de dìques de sul numa extensão de cerca de 350 km com olivina-basaltos orientados segundo N10°W à uma largura média de 20 km e máxima de 60 km. N20°E, e de diques e chaminés fonolíticos, entre Suas rochas exibem zoneamentos, e regional- Quilengues e Cacula, bem' como de diques de mente orientam-se paralelamente às do Quipun- diabásio orientados segundo N-S nas regiões go, embora na área estudada tal não tivesse de Vila Branca e de Múcua. sido observado. Entre Quilengues e Vila Paiva Couceiro Entre o Terciário e o Quaternário origi- afloram pequenas ocorrências de gabros por- naram-se conglomerados (Grês Polimorfos), ro-

An. Aced. basil. Cüne., (1979), 52 (1) J

136 J. R. TORQUATO, A. T. S. F. DA SILV"A, ti. G. CORDANI e K. KAWASHITA EVOLUO

chas arcosiaz ocráceas cto t~ 00 00 00 N t~ ~ ~ Q\ ~ N~ ti ^-~ M M O~~ M h 7~t vM~~ov~~ N N N ~-+~n.-.v~aM...00v.~.-+ d\ ~~ c~hv.-O , .-, v~N Vila Paiva C< ~ +i +I +I +I +I -H +I +I tf +I +I -i-1 -H -H +I +I +i +I +I +I +I +I +I

rn.a. N O h~^r V W N R N~/l M O ~O h~ 7 [~ ~n 01 h h ~O Vi ~O .--~ convencional ~O N~D H M v1 O N M h vl 00 7 .--~ M 00 O\ ~O N O o~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ .h-+ ~ N ~ N ~ ~ ~ N N ~ N ~ N N ~ RES

Idade GEN~RALIDAi

Para es1

h N M o0 V W M~ h •-+ V N~O 01 ~--~ h O 7 O~ h N~ M amostras, ezc M M N M 01 00 O~ Y1 O~ ~ N 00 b. --i .~ N 00 V; l~ 00 0 M ~D

Sr* .-i .-i .-i .-~ N .-. .--~ .-. .-i .ti .. .--~ .--i .--~ ppm A localizaçã( e os résultad

r---- I As anáT tro de Pesgiri: ~ ~ N N v1 01 M N M h~-i ~O M ~O Vl 01 pp M~ M -. N M~!1 de São Pciülc ~ ~ O~~O N N M 01 R h t? ~--~ N M 00 .-1 N ~ N N n . ~ . Ny v~ t~. o0 oa. [~. h . t~. [~. h . h . [+. o0. 00. [`-. h . h . [~. [~. ~ .-. .--i N preconizado ~ ção das razc relho marca filamento d ~ _ ~ h N N M Q\ ~ h O O~ M~O N O d' O+ 01 Oi N ~D Vl rn l~ 1974). Com ~ 00 ~~ W O\J V' ~ [~ vl O 00 7 V C~ N~D 7 h~t N V' ~ O --~ M M ~+'i [~ ~ V' Ni -+ cV .--~ (V c•i rí • cV p,~/ M M N N ~O h 00

i-. ~ ~ N N O N.° LAB. a 7 M O~ O l~ --i V N o0 ~O o0 N_ ~n M M N O o0 V' ~~ M v1 X W N N h h• --i --~ h -+ ~ M O O~ O U1 ~O [~ M ~/1 M M 7 ~--~ .--1 rl N .--1 M 7 N h M ti M .-1 —1 ~ M ~--~ ~ M O

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An. Acad. b.aril. C'~+ .. (1979). 51 (1) EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO CINTURÃO MÓVEL DO QUIPUNGO NO OCIDENTE DE ANGOLA 137 char arcosianas do Kalahari inferior e areias média de 36 determinações do padrão de Sr ocráceas do Kalahari superior na região de normal (SrCO3 Eimer & Amend) o valor de Vila Paiva Couceiro. 0.7082 ±0.0003.Os cálculos foram èfetuadas no Centro de Computação Eletrônica da Universi- RESULTADOS E DISCUSSÕES de de São Paulo, usando-se os programas identi- ficados como PRBSR e PISOSP. GENERALIDADES Igualmente, e sempre que necessário, nos Para este trabalho, foram analisadas 23 referimos a algumas das 27 análises K/Ar efe- amostras, em rocha total, pelo método Rb/Sr. tuadas na mesma região (Silva et al., 1973) e a A localização das amostras é dada na Figura I 9 determinações radiométricas K/Ar efetuadas e os resultados analíticos na Tabela I. no Laboratório de Geocronologia da Universi- As análises Rb-Sr foram obtidas no Cen- dada de Coimbra-Portugal (Silva et al., 1975), tro de Pesquisas Geocronológicas da Universidade as quais constam, respectivamente, das Tabelas de São Paulo, usando-se o tratamento químico II e III. precon»ado por Allsopp et al. (1968). A obten- ção das razões isotópicas teve lugar num apa- COMPLEXO GABRO-ÀNORTOSÍTÍCO DO SUL DE ANGOLA E ROCHAS ASSOCIADAS relho marca Varian-Mat, modelo TFiS, usando filamento duplo de rênio com 10. (Torquato, Admitimos que as rochas básicas donde 1974). Com este espectrômetro obteve-se como proveio este complexo já se encontravam pre-

TABELA II

Ar40rad 'IDADES MATERIAL N' LAB. N °CAMPO ROCHA %ó K ccSTP/g %ó Ar`Óatm. K:4r ANALISADO 10- ' m.a.

SPK2543 Gll/317 Rocha Total Fonolito 3.8110 1.3450 74.01 87 ± 11 SPK2534 G29/317 Rocha Total Fonolito 4.1200 1.3800 21.70 82 ± 3 SPK2546 G27/317 Plagioclásio Basalto 0.3420 0.1550 86.51 111 + 11 SPK2515 G33/317 Rocha Total Basalto 1.1830 3.8430 6.75 678 ± 27 SPK2521 G6 /318 Rocha Total Diabásio 0.9390 0.5104 65.77 132 ± 13 SPK2519 G12/317 Rocha Total Norito 0.9410 3.1070 6.14 704 ± 17 SPK2535 G23/317 Rocha Total Norito 0.7980 2.4410 16.39 644 ± 27 SPK2532 G17/317 Rocha Total Diabásio 0.6895 5.0370 2.76 1281 ± 22 SPK2518 G54/317 Rocha Total Diabásio 0.6605 4.2020 8.64 1157 ± 26 SPK2563 G 1/318 Rocha Total Diabásio 0.5565 2.4840 34.35 880 ± 34 SPK2537 G 5/318 Rocha Total Diabásio 0.3215 2.4040 13.59 1309 ± 99 SPK2538 G16/317 Rocita Total Diabásio 0.0920 0.5027 61.97 1031 ± 6S SPK2524 G24/317 Plagioclásio Diabásio 0.1609 1.0440 36.13 1175 ± 69 SPK2553 G28/317 Feldspato Pegmatito 0.7500 4.1500 42.58 1043 ± 57 SPK2548 G55/317 Moscovita Pegmatito 8.6700 99.8600 6.71 1753 ± 42 SPK2554 G60/337 Feldspato Peg~matito 9.0410 30.9500 9.73 708 ± 11 SPK2565 660/337 Feldspato Pegmatito 9.0410 30.9600 18.51 708 ± i 4 SPK2568 667/317 Moscovita Pegnatito 9.1730 112.5000 31.95 1825 + 61 SPK2539 G 2/337 Rocha Total Diabásio 03000 2.7760 34.05 1514 ± 36 SPK2564 G 8/317 Rocha Total Gabro 0.1775 0.7171 63.58 811 ± 26 SPK2541 618/317 Rocha Total Diabásio 0.6037 5.9380 44.90 1600 ± 60 SPK2525 636/317 Rocha Total Diabásio 0.4485 6.4192 7.67 2000 ± 250 SPK2526 640/317 Hornblenda Hornblendito 0.4570 4.7730 7.77 1643 ± 40 SPK2527 658/338 Plagioclásio Gabro 0.2955 4.0660 12.59 1964 ± 61 SPK2528 659/318 Plagioclásio Gabro 0.1785 26.5500 5.65 5718 ± 51 SPK2529 G 3/337 Plagioclásio Anortosito 0.1295 1.9930 9.24 2102 ± 51 SPK2531 G 4/337 Plagioclásio Anortosito 0.1215 1.9520 8.36 2157 ± 43

M. Arad basil. Ciénc., (1979), 51 (1) 138 7. R. TORQUATO, A. T_ S. ï:. DA SILVA, U. G. CORDAATI e K. KAWASHITA EVOLUÇ

TABELA III

Ar40rad. ~~ ,,~r IDADES IDADE N° CAMPO MATERIAL ROCHA ió K aoaom. ccSTP',, °- ~ K/Ar m.a. Rb'Sr m.a.*

PJ297 Moscovita Pegnatito 7.5479 1.0689739 .22 1996± 11.0 - G49/317 Biotita Granodiorito 5.4119 .54785546 .34 1607± ~.0 - G49/317 Biotita Granodiorito 5.4119 .56918875 22 1649± 9.0 - G75/318 Biotita Toaalito 6.5320 .72581670 .18 1710±12.0 1708±117 G91/297 Moscovita Granito 7.3976 .81510029 .32 1700± 9.5 1922± 51 G31/317 Moscovita Granito 6.7447 .81608925 .34 1807±10.0 1972±368 G50/318 Biotita Granito 6.8•$53 .64545147 27 1525± 7.0 2083± 81 G57/338 Biotita Migmatito 7.3910 .53405275 .26 1269± 7.0 2115±117 G62/337 Biotita Ortognaisse 7.2767 .46199784 .21 1153± 7.0 1906±246

* Determinações radiométricas, pelo método Rb/Sr, em rocha total, citadas na Twast,A I. trona de ref sentes quando da gênese do Quipungo, tendo do acréscimo marginal do continente, de tal 2100 m.a., m; sido remobilizadas, reativadas e essencialmente modo que as partes sul e sudeste da região de T e Fig. 2). anortositizadas durante o ciclo Quipungo. Algu- Vila Paiva Couceiro teriam constituído uma mas das suas rochas associadas, de fácies bacia oceânica. com substrato básico, sujeita às GNAISSES E N granulito, atestam terem sido submetidas a várias fases magmáticas e metamórficas da uni- Cinco a~ metamorÍ`ismo catazonal, por ocasião do Qui- dade orogênica.. e migmatito: pungo, ou até mesmo em ocasião anterior. Coucéiro, fo Análises K/Ar nos plagioclásios de oli- VrrRÓFIItOS RIOLÍTICOs E RocxAs VULCANo- Rb/Sr; á idac vina-gabros e anortositos forneceram idades SIDIMENTARES DACÌTICAS DA REGIAO DA CHI- e Fig. 3): Es aparentes de 1964 ± 61, 2102 ± 51 e 2157 ± 43 CALA-CALUQUEMBE E GRANITO-PÓRFIROS DO SEN- final . da ~'prir m.a. (Tabela II). Os dois últimos resultados, DI mo regiónai relativos a anortositos, talvez sejam indicativos As rochas totais de seis amostras analisadas imediato fecl de sua anortositização, que teria acontecido pelo método Rb/Sr, das quais 4 extrusivas, for- A rãzão há cerca de 2200 m.a_ A idade anômala e neceram-nos uma isócrona de referência de 2244 vamente. eles absurda de 5718 ± 51 m.a., fornecida pelo m.a., com uma razão inicial 8'Sr/86Sr = 0.703 rochas gnái~ plagioclásio de um dos olivina-gabros, bem (Tabela I). Considerando, apenas, a isócrona granitização como, as nove determinações radiométricas de referência relativa aos vitrófiros de natureza sito pré-exis K/Ar com excesso de argônio, efetuadas por riolítica que acompanharam a sedimentação, pelítico-grau Torquato (1974), no sudoeste de Angola, re- a idade calculada seria de 2 100 m.a. (Tabela I neano. lativamente acorpos básicos equivalentes deste, e Fig. 2). Sua razão inicial 87Sr/8fiSr = 0.708, A amos permitem-nos concluir que a mobilização do bastante elevada, mostraria que as rochas vul- situa-se aba: complexo, durante as atividades do Quipungo, cânicas teriam se originado a partir de mate- fez concentrar, em alguns de seus minerais, o rial siálico, ao mesmo tempo que alternazam Sr 87/ argônio radiogênico presente no ambiente. com os sedimentos pelitogresosos. Além dos dados da Tabela II, Mendes Na região do Chipindo, a cerca. de 100 km (1968) obteve, na biotita de um hornblenda- a leste de Caluquembe, Torquato (1974) obteve granodiorito pertencente às rochas de borda- a idade isocrônica de 2150 ± 83 m.a_ em seri- dura do complexo gabro-anortosítico, a idade cita-moscovita-xistos interestratificados eni Rb/Sr de 2079 m.a., corroborando, ainda que quartzitos, ambos pertencentes ao Supergrupo isoladamente, as determinações K/Ar. do Oendolengo. É possível que o complexo gabro-anorto- Quanto às duas amostras de quartzo-pór- sítico.tenha sido reativado, como conseqüência firos do Sendi, forneceram também uma isó-

An. Read. brasi[. C[mt., (1979), 51 (1) EVOLUÇÃO GEOLOGICA DO CNTURÃO MÓVEL DO QUIPUNGO NO OCIDENTE DE ANGOLA 139

0 $r 87/Sr 66 r2\~ c~ >.4DE ~ \~a`O \ ~o 5r m.a.~ 0.82 \~f2 G90/2970 OC7/22~\\\r\~

O / G 70/338 / OG/ 4/338 0 78 OG88/298

0.76 I-0.708 )s±u7 87 86 Razõo inícicl Sr /Sr II-0.704 OG 83/337 2± 51 0.74 G89/2970 m-o.7os

12±368 o.7z OG81/337 33± 81 o.7a l5 ±117 0.5 I I.5 2 2.5 3 3.5 4 Rb87/Sr 86 xi±246 Fig. 2 —Isócrona de Ref'erëncia dos Riodacitos da Ciúcala e dos Pórriros Grani- tóides do Sendi.

trona de referência igualmente computada em m.a., apresenta uma idade um pouco mais de tal 2100 m.a., mas com($'Sr/8óSr); = 0.704 (Tabela jovem, que poderá estar relacionada com a gião de I e Fig. 2). proximidade das rochas granitóides biotíticas ío uma porfiroblásticas, as quais sofreram microclini- GNAISSES E MIGMATITOS SIN-TECTONICOS ~jeita às zação tardia até ao foral da gênese do Quipungo. dá uni- Cinco amostras de rocha total, em gnaisses Duas determinações radiométricas K/Ar e migmatitos referentes à região de Vila Paiva nas biotitas das amostras G57/338 (migmatito) Couceiro, forneceram, pelo método isocrônico e G62/337 (ortognaisse) da região de Vila Paiva r,cr.No- Rb/Sr, a idade aparente de 2040 m.a. (Tabela I Couceiro forneceram as idades aparentes de ~~. CII1- e Fig. 3). Este resultado deve corresponder ao 1269 ± 7 e 1153 ± 7 m.a., respectivamente (Ta- DO SEN- final da primeira fase dé intenso metamorfis- bela III). Tal fato, aliado à deformação das mo regional eburneano, a que se seguiu o biotitas, demonstra, na opinião dos autores, os rlisadas imediato fecho dos sistemas. efeitos termo-tectônicos da intrusão dos gra- ras, for- A razão inicial s'Sr/86Sr = 0.7U8, relati- nito-pórfiros e granitos alcalinos da Matala, de 2244 vamente elevada, permite-nos concluir que as no extremo sudeste do Quipungo, os quais _ 0_703 rochas gnáissico-migmatíticas resultaram por apresentam idades semelhantes. sóczona granitização e migmati~ação do substrato gnáis- Iatureza. sico pré-existente, bem como, de sedimentos ~ntação, pelítico-grauvacóides do próprio cinturão ebur- BIOTITA-GRANTTOS SIN-TECTONICOS (GRANTTOS Cabela I neano. REGIONAIS) = 0:708, A amostra G61/318, cujo ponto analitico Na unidade de maior expressão na área has vul- situa-se abaixo da curva isocrônica de .2040 estudada, dos biotita-granitos regionais, foram te mate- emaram Sr87/Sr B6 ~/ 0.78 OG 57/ 338 100 km •) obteve 0.76 200 em seri- 0.74 lOS ' elrl G62/337 ~G52/338 ~ergrupo 0.72 G51/338 O~ • G 61/318 Rozão inicial Sr 87/Sr 66 =0.706

0.70 rtZO-pOI- 0.5 I L5 2 2.5 Rb 87/Sre6 una isó.- Fíg. 3— Isócrona de Re2erência dos Gnaisses e Migmatitos.

An. Acari. brasil. Ciënc., (1979). 51 (1) EVOLU( 14O J. R. TORQUATO, A. T. S. F. AA SILVA, U. G. CORDANI e&. KAWASFIITA forneceu aid Sr87/Sr66 mitindo defu o. s2 gerador dé i (Silva et al., o.so- Na rocha OG 64/338 /297), rico en o. 7a- albita, que o 0.76- obtida a idac (1- 51 0.74- 88 0.702 ± m.a.. G42/317.0 Rozõo inicial Sr 87/Sr L II - 0.705 II1_0.74 isotópica. K/ 0.72- O G 31/317 citada. 0.70 0.5 I 1.5 2 25 3 3.5 4 Ró87/Sr 86 P&GMATITOS Fig. 4 —Isócrona dos Biotita-Granitos Sintectônicos. As mus analisadas quatro amostras, pelo método Rb/Sr, Quipungo. Por exemplo, a análise da rocha rendo entre em rocha total, que nos defmiram uma isócrona porfiroblástica (G75/318) de composição tona- (Caculá), finta de 2160 ±' 42 m.a. com (g'Sr/86Sr); = 0.702 ± lítica., que aflora na região de Chicomba, for- e nas rochas ± 0.001 (Tabela 1 e Fig. 4). A baixa razão neceu aidade Rb/Sr em rocha total de 1708 ± do Oendolon inicial sugeriria que estes granitos geraram-se ± 117 m.a., concordante com o valor obtido as idàdes: ap sem a mobilização de rochas siálicas superfi- em sua biotita, pelo método K/Ar. 61 m:á: `;(Tal ciais, isto é, de origem profunda. Contudo, o As moscovitas e biotitas dos granitos se à fase;tei~i processo de granitização regional, na bordadura sin-tectônicos e tazdi-tectônicos do Quipungo à gênesè.de i desta unidade mobilizou as rochas sedimenta- forneceram, pelo método K/Ar, idades apa- tectônico. res, porfu-íticas, vulcânicas e gabróícas ai exis- rentes de 1807 ± 10 (G31/317), 1525 ± 7 (G50/ tentes, originando rochas granitóides, às vezes /318), 1710 ± 12 (G75/318) e 1700 ± 10 m.a., GRANITOS C de textura po~rítica.. Tabela resultados (G91/2977 conforme III. Tais CACULA E DP A idade isocrônica obtida deve ser consi- correspondem ao resfriamento final do Qui- Tlcos E Gx~ derada relativa ao metamorfismo regional. pungo econfirmam os valores obtidos por As idade Pelas observações de campo, e pelos corres- Mendes e Vialette (1972) em regiões circunvi- ± 52 e 1954 pondentes estudos petrológicos, os granitos zinhas do próprio cinturão. A citada idade de totais do gi são metassomáticos, originados em momento 1525 ± 7 m.a., posterior ao resfriamento do ocorre na C< de metamorfismo regional intenso, em condições Quipungo, parece ser o resultado de cloriti- opinião, um de facies anfibolito que possibilitou inclusive zação da biotita, originando evidente perda de vado (amostr fusão anatética e/ou palingênese. azgônio radiogênico. Além disso, a idade isotb- se ao baixo ~ Às rochas granitóides porfiroblásticas pica. de aproximadamente 1700 m.a. acima se considerai denominamos sintectônicas (Silva op. cit.) citada (da região de Chicamba), demonstra Sr pelo siste) porque sua mesóstasis de composição quart- que o magmatismo granítico responsável no mação. Os f zodiorítica. a granodiorítica fora gerada símul- sudeste do Quipungo pela intrusão dos granito- mobilizaram táneamente com o granito regional. A natureza pórfiros egranito alcalino avermelhados da trabásicas ali pouco ácida desta mesóstasis e o seu teor elevado Matala não se fez sentir termicamente naquela metabásico. em ferromagnesianos ricos em potássio teria região. possibilitado o desenvolvimento porf`iroblástico um metahori por microclinização tardia, que se processou idade dé':164. MUSCOVTTA-GRANITOS E PEGMATITOS MUSCO- a biotita~ de , até o foral da orogênese Ebumeana. Estes por- víTlcos TARnI-TECTôlvIcos cola pertènce firoblastos, geralmente de microclina, represen- alcalinò aver. tam amaior parte do volume destas rochas, pelo Foi datada, pelo método K/Ar, apenas nora =:1607 ± 8 e que as idades convencionais Rb/Sr, em rocha moscovita de um pegmatito intrusivo nas rochas `dëtexminaçõe total, se aproximam das do resfriamento do metavulcâ.nicas, na região de Taquete, que

Ars. Acad. brasil. CiFnc., (1979), 51 (I) EVOLUÇÃO GEOLÓGICA" DO CINTURÃO MÓVEL DO QUIPLI- TGO NO OCIDENTE DE ANGOLA 141

forneceu a idade K/Ar de 1996 ± 11 m.a., per- hornblenda e biotita, a nosso ver confirmam mitindo definir com melhor precisão o episódio de modo inequívoco a idade convencional Rb/Sx gerador de tais rochas aos 2000 ± 50 m.a. de 1631 ± 52 m.a., que parece coadunar-se (Silva et al., 1975). com a época. de formação destes granitos. (G91 / Na rocha total do moscovita-granito Relativamente aos pegmatitos feldspáticos /'297), rico em microclina, quartzo e oligoclásìo- e gráficos, associados ao térmivao deste mag- albita, que ocorre a oeste de Caluquembe, foi matismo granítico alcalino, foram obtidas as obtida a idade convencional Rb/Sr de 1922 ± idades K/Ar de 708 ± 11 e 1043 ± 57 m_a. em ± 51 m.a.. Sua moscovita forneceu a idade K-feldspatos (Tabela II). As idades aparentes m.a. acima isotópica K/Ar de 1700 ± 10 obtidas nestes K-feldspatos devem ser muito citada. inferiores à sua época. de formação, tendo em vista que cristais destes minerais perdem con- PEGMATITOS MusCOVÍTIcos Pós-TECTÔNICOs tinuamente asgônio radiogênico, mesmo à tem- peratura amliiente. Com efeito, estes pegmatitos As moscovitas destes pegmatitos, ocor- são cortados por diques de olivina-diabásios a rocha rendo entre Quilengues e Cariango-Imbandá com idade mínima de 1175 ± 69 m.a. (Tabela II). ãb tona- (Casula), intrusivos nos granitos sin-tectônicos iba, for- e nas rochas metassedimentazes do Supergrupo -1708 ± do Oendolongo, forneceram, pelo método K/Ar, GRANITO-PÓFIItos E GRANITO ALCALINO DA r obtido as idades aparentes de 1753 ± ~42 e 1826 ± MATALA 61 m.a. (Tabela II). Tais resultados reférem- Os pontos analiticos dos granito-pórfiros se àfase terminal do Quipungo no que respeita granitos que afloram na região de Vila Paiva Couceiro à gênese de rochas, dç caráter claramente pós- ~iiipungo (Tabela I e Figs. 2 e 4), situam-se próximos da tectônico. ies apa- isócrona de referência de 1600 m.a., com uma 7 (G50/ razão inicial 87Sr/86Sr = 0.705, cuja significa- 10 m_a., GRANITOS CALCO-ALCALINO E ALCALINO DA ção éobscura. No terreno, apresentam-se como :soltados CACur.A E DA CxICALA E PEGMATTTOS FELDSPÁ- diferenciações mazginais do granito alcalino Tlcos E GRÁFICOs do Qui- avermelhado da Matala, a que passam gradual- .dos por As idades convencionais Rb/Sr de 1631 ± mente. As idades convencionais Rb/Sr obtidas cïrcunvi- ± 52 e 1954 ± 51 m.a. obtidas para duas rochas neste granito, utilizando a rocha total de duas idàde de totais do granito alcalino avermelhada que amostras, foram 1220 ± 32 e 1262 ± 44 m.a. Iento do ocorre na Casula são discordantes. Em nossa (Tabela I), valores que permitem associá-los :cloziti- opinião, um dos resultados é demasiado ele- com a orogênese Quibariana (1100 ± 200 m.a.). perda de vado (amostra G39/317) o qual poderá imputaz- A confirmação destas idades apazentes é encon- de isotó- se ao baixo teor em estrôncio total (Tabela n, trada nas idades isotópica.s K/Ar das biotitas i. . acima se considerarmos a possibilidade de perda de de gnaisses e migmatitos contíguos às citadas ;monstra Sr pelo sistema, em época. posterior à sua for- rochas graníticas e porfiríticas da Matala, (Ta- sável no mação. Os granitos da Casula, intrudiram e bela III), que perderam totalmente seu argônio :-granito- mobilizaram as rochas metabásicas e metaul- radiogênico durante o aquecimento resultante (ados da trabásicas ali existentes gerando um complexo das intrusões. naquela metabásico. Neste, datou-se a honablenda de Na região de , a cerca. de 150 lan um metahornblendito, pelo método K/Ar, com a sudoeste de Vila Paiva Couceiro, afloram os idade de 1643 ± 40 m.a. (Tabela II). Além disso, mesmos tipos de rochas. Três amostras de gra- Musco- a biotitá de um granodiorito porfiróide da Ca- nito avermelhado forneceram uma idade iso- sula pertencente ao denominado granito calco- crônica Rb/Sr, em rocha total, de 1298 ± 35 alcalino avermelhado, forneceu idades K/Ar de m.a. com ($7Sr/8óSr); = 0.7107 ± 0.0009 :nasuma 1607 ± 8 e 1649 ± 9 m.a. (Tabela III). Tais (Salgueiro e Torquato, 1977). Além disso, a as rochas determinações radiométricas K/Ar, obtidas em idade convencional Rb/Sr de um granito-pór- .efe, que

An. Acari. brasil. Ciénc., (1979), 57 (1) 142 J. R. TORQUATO, A. T. S. F. DA SILVA, U. G. CORDANI e K. KAWASHITA EVOLU~ firo semelhante aos de Vila Paiva Couceiro, Paza os diabásios foi obtida a idade K/Ar, ~ 1650 m.a. forneceu 1294 ± 258 m.a. em rocha total, de 132 ± 13 m.a. (Aptiano), anorogênico ~ Pelos motivos acima expostos a idade de enquanto para os olivina-basaltos chegou-se 1700-18t 1600 m.a. para os citados granito-pórfiros é à idade de 111 ± 11 m.a. (Albiano-Cenoma- Quipungo ~ aqui considerada anômala. Vale assinalaz que niano). Por fim, utiti~ando rocha total, foram 1800-200( uma idade de cerca de 1300 m.a. poderia ser obtidas as idades K/Arde 87 ± 11 e 83 ± 3 m.a. tos tardi e pc ~ sugerida, desde que séja assumida uma razão (Senoniano) para os fonolitos constituindo um 2040 — inicial da ordem de 0.74. Como são disponíveis digtie e um cone vulcânico, respectivamente, ^- 2160 — apenas duas análises, a interpretação perma- ocorrendo entre Casula e Quilengues (Tabela In. clusive as p nece no terreno especulativo. gional do C: no) CONCLUSÕES ~. 2200 — ir DIABASIOS COM E SEM OLrvINA Dos estudos efetuados, quer das observa- rochas básic Estas rochas, regra geral filonianas, ocor- ções de campo, quer dos dados radiométricos co do ~.ul de rem na região de Vila Paiva Couceiro, mas pre- disponíveis, é possível definir a presença. de um dominam na de Quilengues. Forneceram diver- cinturão móvel de idade Eburneana (2000 ± sas idades isotópicas K/Ar em rocha total e ± 200 m.a.), rodeando a sul e a leste uma apenas nina em plagioclásio (1175 ± 69 m.a.) região cratônica. suposta mais antiga, situada Os auto~ (Tabela II). Este último valor é interpretado entre as cidades de Sá da Bandeira e Benguela. decimentos < como o de maior confiança para a época de De notar que, sobre tal unidade cratônica, as Geocronológl formação do conjunto de diques. De qualquer direções estruturais das rochas granitóides que Berenholc pe maneira, os diques podem ter idades próprias ali formam o embasamento são praticamente de IZáios X e e diferentes dos demais, e na falta de outras in- perpendiculares às do cinturão móvel. José Elmanc formações todos os valores devem ser conside- Os presentes autores admitem que o Cintu- laboraçã.o n~ mínimas rados idades rão Mónico do Quipungo se desenvolveu na qnímico da margem de tal região cratônica. de idade pos- NORITOS sivelmente ao redor de 2700 ± 200 m.a. Ao lon- go de sua borda ocorrem afloramentos de ro- As idades K/Arde 644 ± 27 e 704 ± 17 m.a. chas efusivas ácidas e intermediárias, que pro- (Tabela In, destas rochas filonianas, ocorrendo vavelmente representaram atividades pré-tectô- Este trabal entre a Cacula e Quilengues, são idades míni- lativos à região nicas do cinturão. O lado oceânico da unidade mas por se tratar de determinações em rocha Irando a existëi poderia estar representado pelas rochas do total e com certa. alteração. Eburneana, aqt complexo gabro-anortosítico do sul de Angola, pango. Na uni< Determinações radiométricas K/Ar em no- e médio a alto 'g ritos semelhantes a estes, que aparecem a sudo- seu bandeamento paralelo às rochas regionais indicaria dobramentos pelos mesmos mecanis- por intrusões di este da região de Vila Paiva Couceiro, em Vila bém, em algun mos que afetarám o cinturão. de Almoster (Torquato e Amaral, 1973), per- mente quartzíti~ Uma síntese dos geocronológicos mitiram-lhes concluir que a época mais prová- dados estudada' pred~ tirados do texto fornece-nos o seguinte esque- As rochas vel para a formação de tais rochas é a de 800 ± ma para a evolução geológica geral da área ':complexo gabrc ± 13 m.a. antigo, e qne re ~. 85 m.a. — vulca.nismo fonolitico associado Idades similares DIABÁSIOS COM MICROPEGMATITO, OìIVINA- obtidas para as à gênese das estruturas carbonatíticas BASALTOS E FONOLITOS ' tila granitos. R ~ 110 m.a. — implantação hipoabissal de oli- tricos Ebumeat Estas rochas, regra geral filonianas, que vina-basaltos paza pegmatito: se relacionam com a gênese das estruturas vul- ~- 130 m.a. — magmatismo diabásico por idades K-F Bonga e da Tchivira, ~ 800 m.a. — magmatismo norítico Fcnõmeno: cânicas cazbonatíticas da lativos à forma situadas na área vizinha, a sudoeste de Quilen- ~. 1200 m.a. — magmatismo diabásico granitos até dia gues, geraram-se durante o Cretáceo, na região ~ 1250 m.a. — magmatismo granítico alcalino des entre 1650 z entre Quilengues, Cacula e Negola. (Ciclo Qtúbariano) perior.

An. Acad. buril. CiPJlC., (1979), 51 (1) EVOLUÇÃO GEOLOGICA DO CINTURÃO MÓVEL DO QÚIPUNGO NO OCIDENTE DE ANGOLA ? 43 lé K/Ar, 1650 m.a. — magmatismo granítico alcalino SUNIlVIARY anorogênico .ptiano), This work presents the available geochronologicz] 1700-1800 resfriamento do Cinturão Negou-se data for the Paiva Couceiro azea, in Angola, and demons- enoma- Q~p~go trates the existence of a geotectonic unit of Ebumean age, 1, foram 1800-2000 — pegmatitos e moscovita-grani- here named as "Quipungo mobile belt". In this unit, meta- + 3 m_a. tos tardi epós-tectônicos morphic rocks of medium to high grade predominant. 2040 — gênese das rochas migmatíticas with associated granitoids. In some azeas, quar[zitic metas- indo um sediments, as well as acid volcanics, also occur_ Regional ti 2160 —gênese das rochas granitóides, ~ámente, in- trends are mainly NE-SW. abela II). clusive as porfiroblástica.s. Metamorfismo re- The Quipungo mobile belt is bounded to the East with gional do Cinturão Quipungo (Ciclo Eburnea- the Kunene basic complex, which is considered to be older. no) and yielded K-Ar ages of about 2200 m.y. Similar ages. .:. 2200 —implantação e/ou metamorFsmo das but by Rb-Sr whole-rock isochron work, were obtained for the volcanic-sedimentary units, and for the biotite grani- observa- rochas básicas do Complexo Gabro-Anortosíti- tes. Other Eburnean type age values were also obtained for lmétricos co do sul de Angola. the metamorphic rocks, and for pegmatites. K-Ar results ya de um on micas indicated the final cooling ages at about 1700-1800 (2000 ± m.y. ago. ~ste` uma AGRADECIMENTOS Anorogenic bodies, from granites to diabases, yielded younger appazent ages, from 1650 m.y. down to about 80 , situada Os autores desejam expressar os seus agra- m.y., well inside the Upper Cretaceous. 3enguela. decimentos ao pessoal do Centro de Pesquisas ônica, as Geocronológicas, especialmente ao Dr. Marcos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Sides que Berenholc pelas determinações de fluorescência :icamente de Raios X e aos técnicos Cláudio dos Santos e ALLsoPP, H. L. ; Ulttxcx, T. J. ; NICOLAYSEly, L. O., (1963), José Elma,no Gouveia de Almeida pela sua co- Dating some significance events in the history of the ; o Cintu- laboração na extração de argônio e tratamento Swaziland System by the Rb/Sr isochron method. Canadian Journal of Earth Science, 5, p. 605. ~olveu na químico das amostras destinadas a Rb/Sr. KOxPExsHOEK, H. R., (1970), Geology of the Cassinga iade pos- north area; explanatory note of the 1:50.000 geological i. tAo lon- map, Rel. Comp. Min. , Jamba, (inédito). .os de ro- RESUMO MENDES, F., (1968), Mésures Géochronolcgiques en Angola, que pro- Clermont-Fernand. Tese mimeografada: 21 p. Este pré-tectô- trabalho apresenta os dados geocronológicos re- MENDES, F.; VIaI,ErrE, Y., (1972), Le Précambrien de lativos àregião de Vila Paiva Couceiro, Angola, demons- I'Angola, 24`" uniclade Intern. Geol. Congr., Montreal, Sec. 1, a trando aexistência de uma unidade geotectônica de idade pp. 213-220. ochas do Eburneana, aqui denominada de Cinturâo móvel do Qui- MOtrra, F., (1954), Notícia Explicativa do Esboço Geológico e E~ngola, pungo. Na unidade predominam rochas metamórficas de de Angola (1/2.000.000), Junta de Investigações do régiònais médio a alto grau, com granitóides associados, cortados Ultramar, Lisboa, 179 p. por intrusbes diversas de caráter granítico. Apazecem tam- Motrra, F.; O'DoNNELL, H., (1933), Catre Geólogique , meCaniS- bém, em algumas áreas, metassedimentos predomºnante- de AAngola (1/2.000.000). Notice Explicative, Minis- mente quartzíticos, e rochas vulcânicas ácidas. Na região tério das Colónias, Lisboa. ~nológcos estudada. predominam as direções estruturais NE-SW. Stivw, A. T. S. F., (1974), Nota prévia sobre o Geossin- nte _esque- As rochas do cinturão delimitam-se a leste com o clinal Eburneano assinalado na região de Caluquembe l-da área: complexo gabro-anortosítico do Kunene, considerado mais (Angola), Mem. Ser. Geol. Min. Angola, , antigo, e que revelou idades K-Ar, da ordem de 2200 m_a_ 13,.10 p. . Idades similares, em isócronas Rb-Sr de rocha total, foram Siz.VA, A. T. S. F., As orogëneses assinaladas na região do `associado obtidas para as rochas vulcano-sedimentazes, e paza os bio- Cariango (Angola 1 e considerações àcerca do Sistema S .. .- tita granitos. Resultazam também outros dados radiomé- do Oeldolongo e da Série do Sansikwa (Sistema do ssái de oli- tricos Eburneanos nas rochas metamórficas regionais, e Congo Ocidental). J•Snta de investigações do Ultra- paza pegmatitos. O resfriamento da unidade Foi detectado mar, Gazeia de Orta, Lisboa. por idades K-Ar de miras, por volta de 1700-1800 m.a. Suva, A. T. S. F.; MacEDo, C. A.; FExREIIta, J. T., (1975), Fenômenos posteriores de caráter anorogênico, ~ e re- Interpretação das determinações de idades radiomé- lativos àformação de corpos de natureza variada, desde métricas K/Ar de algumas rochas do Precâmbrico da .CO granitos até diabásio, ocorreram posteriormente, com ida- região de Vila Paiva Couceiro, Quilengues, Chicomba c0 al~alino des entre 1650 m.a. e cerca de 80 m.a., já no Cretáceo Su- e Caluquembe (Angola), Mem. Ser. Geol. Min. Angola, perior_ Luanda, I5, 15 p.

An. Amd. braril. Ciénc., (1979), 51 (I) 144 J. R. TORQUATO, A. T. S. F. DA SII.VA, U. G_ CORDANI e K_ KAWASHITA

Su-vw, A. T. S. ; Pwixno, J. C. C., (em publicação), Carta ToRQuwro, J. R., (1974), Geologia do Sudoeste de Moçã- Geológica de Angola na escala 1 J250.000. Notícia medes esua relação com a evolução tectônica de Sul D-33 Angola, Tese de Doutoramento apresentada ao Insti- Explicativa da Folha (Vila Paiva Couceiro), Universidade de São Paulo, D tuto de Geociëneías da São Paulo, 243 pp. Publ. Serv. Geol. Min. Angola, Luanda. Sr<.vw, A. T. S. F.; ToxQuwro, J. R.; KaWASHITA, K., ToxQuwTo, J. R.; AMAxwi, G., (1973), Idades K/Ar em (1973), Alguns dados geocroaológicos da região de rochas das regiòes de Catanda e Vila de Ahnoster, Vila Paiva Couceiro, Quilengues e Chicomba (Angola), Bol. Inst. Xnvesr. Cienr. Angola, Luanda. Est~ Bol. Serv. Geol. Min. Angola, Luanda, 24, pp 1-20. ToxQuwTo, 1. R.; Swr,Gum~cO, M. A. A., (1977), Sobre a Sn~tõas, M. V., (em publicação), Breve achega sobre as idade de algumas rochas da região de Cahama (Folha rochas charnoquíticas e afros da área da Matala — Geologia n.° 399) —Angola, Bol. Inst. Geociëncias, Sul de Angola, Bol. Serv. Geol. Min. Angola, Luanda. USP, 8: pp. 97-106.

O minera mento de ror pelo Dr. C~ são dé Geolot temente seu e O objeti~ constantes re e sua rompa dentes, citado outras ocon saiba, esta é no Brasil.

DE: A amostz de aspecto muita tênue, por celsianita A celsia hábitos distin e diminutos superficies, q de contacto. A análise por Carlos B Tecnologia, e dos abaixo, ; teóricos para podem ser na rocha.

~` Recebido ~ pelo Académico

An. Arad. brasil. Ciénc., (1979), 51 (1)