Universidade Federal De Santa Catarina Centro De Comunicação E Expressão Programa De Pós-Graduação Em Literatura
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA Alencar Schueroff João Cabral e Giorgio Caproni: (des) ativações poéticas Florianópolis 2020 Alencar Schueroff João Cabral e Giorgio Caproni: (des) ativações poéticas Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de doutor em Literatura. Orientador: Prof.ª Dra. Patricia Peterle Figueiredo Santurbano. Florianópolis 2020 Alencar Schueroff João Cabral e Giorgio Caproni: (des) ativações poéticas O presente trabalho em nível de doutorado foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros: Profa. Dra. Lucia Wataghin Universidade de São Paulo – USP Profa. Dra. Prisca Rita Agustoni de Almeida Pereira Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Profa. Dra. Ana Luiza Britto Cezar de Andrade Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Prof. Dr. Sérgio Luiz Rodrigues Medeiros Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção do título de doutor em Literatura. ________________________ Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Literatura ________________________ Profa. Dra. Patricia Peterle Figueiredo Santurbano Orientadora Florianópolis, 2020 Para Fernanda, Luiza e Davi. AGRADECIMENTOS À minha esposa, Fernanda Balem Tagliari Schueroff, paciente e amorosa incentivadora. Aos meus filhos, Luiza e Davi, por darem sentido e alegria à vida. Aos meus pais, Apolônia e Avelino, pelos fundamentos morais e culturais. Aos meus sogros, Paula e Jorge, pelo constante apoio. Ao professor Sérgio Medeiros, quem primeiro acreditou neste projeto. À professora Patricia Peterle, minha orientadora, pela dedicação e incalculável generosidade. Ao Programa de Pós-Graduação em Literatura da UFSC, pelos auxílios. Às equipes da Fundação Casa de Rui Barbosa, da Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina, do Gabinetto Scientifico Letterario G. P. Vieusseux (Florença) e da Biblioteca Marconi (Roma). A Enrico Testa, Adele Dei, Anna Dolfi, Luigi Surdich e Fabrizio Miliucci, pelo acolhimento na Itália. A Antônio Carlos Secchin, da ABL, pela solicitude. À Inez Cabral, pelas conversas. Autocrítica Só duas coisas conseguiram (des) feri-lo até a poesia o Pernambuco de onde veio e aonde foi, a Andaluzia. Um, o vacinou do falar rico e deu-lhe a outra, a fêmea e viva, desafio demente: em verso dar a ser Sertão e Sevilha. (João Cabral de Melo Neto. A escola das facas) Gastronomica Le parole vive. Le parole ardenti. Le parole mute Rimaste fra i denti. (Giorgio Caproni. Res amissa) RESUMO Esta pesquisa se propõe a analisar, simultaneamente, as produções de João Cabral de Melo Neto e de Giorgio Caproni, a fim de tentar perceber suas (des) ativações poéticas, ao longo desses diferentes percursos. Com o passar dos anos, em decorrência de diversas experiências vividas, o poder fazer poesia foi se modificando, à medida que novas potências foram sendo ativadas. O contato direto do italiano com a guerra, através da luta armada partigiana, e as atividades diplomáticas do brasileiro, as quais o aproximaram da Espanha, afastando-o de seu país, por exemplo, vieram a tonificar a tendência ao sintetismo que a eles parecia inerente. Assim, suas escritas vão se tornando cada vez mais potência e menos ato. Se se pensar que, de acordo com as ideias de Aristóteles, recuperadas por Giorgio Agamben, toda possibilidade de fazer/ser é, também, potência-de-não, e que, por isso, quando se vai ao ato, se leva tanto inspiração quanto impotência, o que ocorre com os poetas em cena seria uma espécie de dupla resistência. Palavras-chave: João Cabral, Giorgio Caproni, (des) ativação, potência, resistência. ABSTRACT This research proposes to analyze, simultaneously, the productions of João Cabral de Melo Neto and Giorgio Caproni, in order to try to perceive their poetic (dis) activations, along these different paths. Over the years, as a result of several lived experiences, the possibility of making poetry has changed, as new potencies have been activated. The italian's direct contact with the war, through the partigian armed struggle, and the brazilian's diplomatic activities, which brought him close to Spain, moving him away from his country, for example, came to tone the tendency to the synthesis that seemed to them inherent. Thus, their writings become more and more potency and less act. If we think that, according to Aristotle's ideas, recovered by Giorgio Agamben, every possibility of doing/being is also a potency of not, and that, therefore, when someone goes to the act, he carries both, inspiration and impotence, what happens to the poets on stage would be a kind of double resistance. Key-words: João Cabral, Giorgio Caproni, (dis) activation, potency, resistance. RIASSUNTO Questa ricerca propone di analizzare contemporaneamente le opere di João Cabral de Melo Neto e di Giorgio Caproni affinché si cerchi di percepire le (dis) attivazioni poetiche lungo questi differenti percorsi. Con il passare degli anni, a causa delle diverse esperinze vissute, il poter fare poesia si è via via modificato in base a nuove potenze che furono attivate. Il contatto diretto dell’italiano con la guerra attraverso la lotta armata partigiana e le attività diplomatiche del brasiliano che lo avvicinarono alla Spagna allontanandolo da proprio Paese, ad esempio, finirono per consolidare la tendenza al sintetismo che sembrava loro inerente. Così i loro testi diventano sempre più potenza e meno atto. Se si pensa, in linea con le idee di Aristotele recuperate da Giorgio Agamben, che ogni possibilità di fare/essere è anche potenza-di-non e che per questo, quando si passa all’atto, si porta tanto l’ispirazione quanto l’impotenza, quello che avviene con i poeti considerati sarebbe una specie di doppia resistenza. Parole chiave: João Cabral, Giorgio Caproni, (dis) attivazione, potenza, resistenza. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Desenho de Le Corbusier..............................................................................................47 Figura 2 – Casa projetada por Le Corbusier...................................................................................48 Figura 3 e 4 – Fotos do ponto final da linha Zecca-Righi, em Gênova..........................................74 Figura 5 – Ilustração de Aloísio Magalhães para Aniki Bóbó......................................................164 Figura 6 – Folheto de abertura do livro O conde de Kevenhüller, de Giorgio Caproni...............174 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................10 2 PRIMEIRAS (DES) ATIVAÇÕES.................................................................................21 2.1 PEDRA DO SONO: DESPERTAR.....................................................................................21 2.2 COMO UMA ALEGORIA: FRESCOR DIURNO..............................................................32 3 NOVAS POTÊNCIAS ATIVADAS................................................................................40 3.1 RAIMUNDO: ENGENHEIRO...........................................................................................40 3.1.1 Cabral e Le Corbusier: arquitetos..................................................................................45 3.2 CAPRONI E AS MULHERES: (DES) ATIVAÇÕES FEMININAS................................58 3.2.1 Caproni e a guerra: primeiros estilhaços.......................................................................69 4 ESPANHA E FRANÇA: PRESENÇAS E AUSÊNCIAS..............................................78 4.1 CABRAL NA ESPANHA: PRIMEIRAS DESERTIFICAÇÕES......................................78 4.2 CAPRONI NA ESPANHA: PRÓXIMA DISTÂNCIA......................................................92 4.2.1 Caproni na Espanha: distância incorporada...............................................................105 4.3 CABRAL: NARRATIVIDADE E PRIMITIVISMO ESPANHOL.................................109 4.3.1 Cabral e a Espanha: narratividade e memória...........................................................122 4.4 CAPRONI: TRADUÇÃO E NARRATIVIDADE...........................................................126 4.4.1 Caproni e a França: tradução inenarrável...................................................................140 4.5 CABRAL E SEVILHA: LIÇÕES APRENDIDAS..........................................................148 5 A PALAVRA E O ATO..................................................................................................157 5.1 CABRAL: PRESENÇA AUSENTE................................................................................157 5.2 CAPRONI: AUSÊNCIA PRESENTE..............................................................................166 6 CONCLUSÃO.................................................................................................................179 REFERÊNCIAS......................................................................................................182 ANEXO – Caderno no pesquisador, do Ensino Fundamental, contendo um poema de João Cabral de Melo Neto....................................................................190 10 1 INTRODUÇÃO Unir, em uma mesma pesquisa, dois poetas coetâneos, a fim de buscar similitudes e diferenças entre eles, não parece ser algo difícil de encontrar na academia. Torna-se, talvez, mais raro, quando eles não se conheceram, nem literariamente, nem fisicamente, pois,